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FUNDAMENTOS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DA INCLUSÃO
Irene Carmen Picone Prestes
IESDE BRASIL S/A
Curitiba
2015
© 2015 – IESDE BRASIL S/A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito dos autores e do detentor dos direitos autorais.
Todos os direitos reservados.
IESDE BRASIL S/A.Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 Batel – Curitiba – PR 0800 708 88 88 – www.iesde.com.br
Produção
Capa: IESDE BRASIL S/A.Imagem da capa: Shutterstock
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ________________________________________________________________________P939f
Prestes, Irene Carmen Picone Fundamentos teóricos e metodológicos da inclusão / Irene Carmen Picone Prestes. - 1.
ed. - Curitiba, PR : IESDE Brasil, 2015.130 p. : il. ; 21 cm.
ISBN 978-85-387-4834-2
1. Educação especial. 2. Educação inclusiva. 3. Inclusão escolar. I. Título.15-22540 CDD: 371.94
CDU: 376.43
_______________________________________________________________________07/05/2015 5/05/2015
Apresentação
Articular de maneira criativa a prática e a teoria é um dos grandes desa-fios que a inclusão apresenta aos educadores. O Guia de Estudos da disciplina Fundamentos Teóricos e Metodológicos da Inclusão tem como objetivo disponibi-lizar recursos ao educador, que o auxiliem na operacionalização da práxis edu-cativa inclusiva.
Este Guia discorre sobre temas voltados ao trabalho do educador com alunos com necessidades educativas especiais, ou ainda, alunos com estilos cognitivos e de aprendizagem singulares. Alguns dos temas abordados são: compreender a educação e suas perspectivas no contexto cultural e histórico; conhecer as orientações das políticas educacionais inclusivas; discorrer sobre a percepção que se tem do lugar e da função do educador e do aluno com deficiência; ainda, esses saberes sustentam as propostas curriculares implantadas nas instituições escolares.
Esperamos que os temas descritos atendam às necessidades educativas, às diferenças individuais e ao estilo do educador para reflexão, planejamento e or-ganização de ações educativas na sala de aula. A singularidade de cada aprendiz deve suscitar ações específicas que respeitem a diversidade e que favoreçam a vida independente e o desenvolvimento das potencialidades de todos os alunos.
Bons estudos!
Sobre a autora
Irene Carmen Picone Prestes
Mestre em Educação pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Especialista em Antropologia Cultural pela UFPR e em Psicopedagogia pela Universidade Tuiuti do Paraná (UTP). Psicanalista. Psicóloga. Docente na UTP. Presidente da Comissão de Educação Inclusiva da UTP.
Sumário
Aula 01 EDUCAÇÃO ESPECIAL E EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO BRASIL 9
PARTE 01 | CONTEXTUALIZANDO O ESPAÇO DA EDUCAÇÃO NO BRASIL 11
PARTE 02 | ABORDAGENS DO PROCESSO DE ENSINO 15
PARTE 03 | A INSTITUIÇÃO ESCOLAR INCLUSIVA 20
Aula 02 NECESSIDADES EDUCATIVAS ESPECIAIS E FORMAÇÃO DOCENTE 25
PARTE 01 | NECESSIDADES EDUCATIVAS ESPECIAIS 27
PARTE 02 | PROCESSO DO APRENDER 30
PARTE 03 | FORMAÇÃO DOCENTE 33
Aula 03 INCLUSÃO ESCOLAR: LEGISLAÇÃO, TEORIA E PRÁTICA 37
PARTE 01 | EDUCAÇÃO PARA TODOS 39
PARTE 02 | POLÍTICAS EDUCACIONAIS 42
PARTE 03 | INCLUSÃO EDUCACIONAL 46
Aula 04 ALTAS HABILIDADES E SUPERDOTAÇÃO 51
PARTE 01 | CONCEPÇÕES TEÓRICAS 53
PARTE 02 | RECONHECENDO A CRIANÇA COM AH/SD 59
PARTE 03 | QUESTÕES ÉTICAS NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA 65
Aula 05 COMPORTAMENTO ANTISSOCIAL E A INCLUSÃO EDUCACIONAL 69
PARTE 01 | FATORES ASSOCIADOS AO COMPORTAMENTO SOCIAL INADEQUADO 71
PARTE 02 | DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM 75
PARTE 03 | SOBRE O COMPORTAMENTO E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA 78
Sumário
Aula 06 APRENDIZAGEM DAS CRIANÇAS COM HIPERATIVIDADE 81
PARTE 01 | CARACTERÍSTICAS E MANIFESTAÇÕES DO TRANSTORNO TDAH 83
PARTE 02 | CONTEXTO E PERCEPÇÃO SOCIAL 87
PARTE 03 | O PROFESSOR E O ALUNO COM TDAH 91
Aula 07 TRANSTORNOS DO NEURODESENVOLVIMENTO 95
PARTE 01 | CONHECENDO A ETIOLOGIA 97
PARTE 02 | PODE-SE APRENDER? 101
PARTE 03 | RELAÇÃO ESCOLA-FAMÍLIA NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA 104
Aula 08 HABILIDADES COGNITIVAS 107
PARTE 01 | O QUE SÃO HABILIDADES COGNITIVAS? 109
PARTE 02 | ESTILO COGNITIVO 112
PARTE 03 | PROCESSO CRIATIVO NA ESCOLARIZAÇÃO E EDUCAÇÃO INCLUSIVA 115
Aula 09 ADAPTAÇÕES CURRICULARES PARA A EDUCAÇÃO INCLUSIVA 119
PARTE 01 | OPERACIONALIZANDO AS ADAPTAÇÕES CURRICULARES 121
PARTE 02 | RECURSOS NECESSÁRIOS 124
PARTE 03 | AVALIAÇÃO NO CURRÍCULO ADAPTADO 127
Conhecer a história da educação no Brasil e entender as influências educacionais no
processo ensino-aprendizagem.
EDUCAÇÃO ESPECIAL E EDUCAÇÃO
INCLUSIVA NO BRASIL
Aula 01
Objetivos:
IESD
E BR
ASIL
S/A
FUNDAMENTOS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DA INCLUSÃO 11
EDUCAÇÃO ESPECIAL E EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO BRASIL
Pa r t e
01
CONTEXTUALIZANDO O ESPAÇO DA EDUCAÇÃO NO BRASIL
A atenção das investigações atuais acerca da História da Educação no Brasil está centrada na análise do que ocorre na interatividade do cotidiano da instituição escolar. Dessa manei-ra, as pesquisas históricas contribuem para a compreensão das mudanças filosóficas, ideológicas e culturais da prática educa-tiva, ocorridas ao longo do tempo e, consequentemente, de-senham e revelam a função do professor na sala de aula e os efeitos no aprendizado do aluno.
Historicamente, identifica-se que o comportamento con-servador e tradicional da sociedade brasileira manteve-se até o período entre 1960 e 1970, quando superou a atitude social individualista que deu lugar a convivência social voltada à cole-tividade, à solidariedade e, ao bem viver em comunidade. Isso se verificou nos efeitos produzidos na Constituição Federal do Brasil1, em 1988, que trouxe em seu bojo a ação e participa-ção política apoiada nos Direitos Humanos Universais2 (1948) e que vem sendo consolidada no século XXI. Esse movimento di-rige-se na construção de valores éticos socialmente desejáveis e incrementa a influência do cidadão nas decisões políticas, promovendo melhores condições de vida para todos, indiscrimi-nadamente, e igualdade de oportunidades educativas e sociais.
1 Constituição Brasileira, no seu Preâmbulo, institui o Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna pluralista e sem preconceitos, fundada na ordem interna e internacional.2 Declaração Universal dos Direitos Humanos proclama como o ideal a ser atingido por todos os povos e todas as nações, com o objetivo de que cada indivíduo e cada órgão da sociedade, tendo sempre em mente essa Declaração, se esforce, por meio de ensino e educação por promover o respeito a esses direitos e liberdades, e pela adoção de medidas progressivas de caráter nacional e internacional, por assegurar o seu reconhecimento e a sua observância universal e efetiva, tanto entre os povos dos próprios Estados-membros, quanto entre os povos dos territórios sob sua jurisdição.
FUNDAMENTOS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DA INCLUSÃO12
EDUCAÇÃO ESPECIAL E EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO BRASIL
Pa r t e
01Outro documento que fortalece o significado atual da edu-
cação no Brasil refere-se à Declaração de Jomtien, Tailândia, 1990, que determina o fim de preconceitos e estereótipos de qualquer natureza na educação. Nessa declaração, os países relembram que a educação é um direito fundamental de todos, mulheres e homens de todas as idades, no mundo todo.
A Declaração de Salamanca, Espanha 1994, corrobora com essas recomendações e destaca princípios, políticas e práticas voltadas às Necessidades Educativas Especiais. A escola deve adaptar-se às especificidades dos alunos e, não o contrário, independente das diferenças individuais, a educação é direito universal.
O educador e pesquisador Jamil Cury (2006) quando discu-te a concepção de Educação atual focada no desenvolvimento das habilidades e competências do aluno, entende que se trata da aquisição e da socialização em relação à ética e à moral para a convivência em sociedade articulada à produtividade e ao pleno exercício da cidadania.
Isso ocorre na escolarização do aluno nas experiências sig-nificativas do dia a dia da escola. O lugar do aluno no espaço coletivo educativo indica o grau de sua participação que é jus-tamente um dos valores que se deseja ensinar aos alunos, além disso, assinala-se que levar em conta diferentes pontos de vista, aprender a respeitar as opiniões dos demais e exercitar-se na busca de autênticos consensos são potencialidades essenciais na constituição da personalidade do aluno e do cidadão pleno. Esses aspectos são coerentes aos pressupostos do paradigma inclusivo social e educacional.
FUNDAMENTOS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DA INCLUSÃO 13
EDUCAÇÃO ESPECIAL E EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO BRASIL
Pa r t e
01A pesquisadora da educação Isabel Alarcão (2001) apresen-
ta a Educação atual voltada à nova racionalidade do século XXI, preocupada com espaços de vida saudável e articulada às tec-nologias de informação e de comunicação.
Neste contexto de profunda mudança ideológica, cultural, social e profissional, aponta-se a edu-cação como cerne do desenvolvimento da pessoa humana e da sua vivência na sociedade, socieda-de da qual se espera um desenvolvimento econô-mico acrescido e uma melhor qualidade de vida. (ALARCÃO, 2001, p. 10)
Assim, a educação é a essência do processo de humanização na sociedade. Ciente disso, a escola deve utilizar, de maneira mais adequada possível, seu espaço e tempo para facilitar e favorecer o aprendizado do aluno. A riqueza e a variedade da oferta de ativi-dades educacionais é fator de desenvolvimento de aprendizagem e de condutas pró-sociais, associada a uma prática de educadores preparados e envolvidos com as atividades escolares.
Extras
Sugestão de leitura do livro de Isabel Alarcão (Org): Escola reflexiva e nova racionalidade. Da editora Artmed, Porto Alegre, 2001.
Outra sugestão é o material Educação Inclusiva: A Fundamentação Filosófica, do Ministério da Educação e Secretaria de Educação Especial, organizado por Maria Salete Fábio Aranha, 2004. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/fundamentacaofilosofica.pdf>. Acesso em: 1 fev. 2015.
FUNDAMENTOS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DA INCLUSÃO14
EDUCAÇÃO ESPECIAL E EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO BRASIL
Pa r t e
01
Atividade
Como Isabel Alarcão descreve a nova racionalidade na educação?
Referências ALARCÃO, Isabel. (Org.) Escola reflexiva e nova racionalidade. Porto Alegre: Artmed, 2001.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Publicado no Diário Oficial da União, de 5 out.1988. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm>. Acesso em: 20 fev. 2015.
CONFERÊNCIA MUNDIAL DE EDUCAÇÃO ESPECIAL. Declaração de Salamanca. Sobre Princípios, Políticas e Práticas na Área das Necessidades Educativas Especiais. Espanha, 1994. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/salamanca.pdf>. Acesso em: 20 fev. 2015.
CURY, Jamil C. Educação escolar e educação no lar: espaços de uma polêmica. In: Revista Educação e Sociedade. v. 27. n. 96. Especial, p. 667-688, out. 2006. Campinas: CEDES – UNICAMP, 2006. Disponível em: <www.scielo.br/pdf/es/v27n96/a03v2796.pdf>. Acesso em: 20 fev 2015.
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS – ONU. Declaração Universal dos Direitos Humanos. De 10 de agosto de 1948. Disponível em <www.dudh.org.br/wp-content/uploads/2014/12/dudh.pdf>. Acesso em: 20 fev. 2015.
UNESCO. Declaração Mundial sobre Educação para Todos: satisfação das necessidades básicas de aprendizagem. Jomtien, 1990. Declaração de Jomtien. UNESCO, 1998. Disponível em: <http://unesdoc.unesco.org/images/0008/000862/086291por.pdf>. Acesso em: 20 fev 2015.
Resolução da atividade
A pesquisadora da educação Isabel Alarcão (2001) apresen-ta a educação atual voltada à nova racionalidade do século XXI, preocupada com espaços de vida saudável e articulada às tec-nologias de informação e comunicação.
FUNDAMENTOS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DA INCLUSÃO 15
EDUCAÇÃO ESPECIAL E EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO BRASIL
Pa r t e
02
ABORDAGENS DO PROCESSO DE ENSINOSão inúmeras as tendências pedagógicas que, historica-
mente, influenciam os processos de ensino e aprendizagem e interferem nas práticas educacionais escolares, na formação docente e na sala de aula. Resgatar e refletir essas tendências contribui para a identificação de suas manifestações nas prá-ticas diárias dos professores a fim de melhorar a qualidade no aprendizado dos alunos. Compreender a inter-relação com os processos de ensino que explicam a aprendizagem são essen-ciais para uma prática educacional atualizada e eficaz.
Há várias formas de se conceber o fenômeno edu-cativo. [...] É um fenômeno humano, histórico e multidimensional. Nele estão presentes tanto a dimensão humana quanto a técnica, a cogniti-va, a emocional, a sociopolítica e cultural [...] Diferentes formas de aproximação do fenômeno educativo podem ser consideradas como media-ções historicamente possíveis, que permitem explicá-lo [...] por isso, devem ser elas analisa-das, contextualizadas e discutidas criticamente. (MIZUKAMI, 1986, p. 7)
Em acordo ao proposto por Mizukami e demais pensadores da educação, abordamos algumas tendências da educação para uma reflexão crítica:
1. Teoria da educação de enfoque progressista − Representantes de destaque: Dewey, Montessori e Piaget. A função da escola visa o ajustamento social em que, por meio de experiências, a escola deve
FUNDAMENTOS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DA INCLUSÃO16
EDUCAÇÃO ESPECIAL E EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO BRASIL
Pa r t e
02retratar a vida. O papel do professor é auxiliar o de-senvolvimento livre e, a vivência do aluno, por meio de conteúdos selecionados a partir dos interesses do aluno. O ambiente é um meio estimulador à atividade do aprendiz. Valorização dos aspectos afetivos e atitu-dinais para o desenvolvimento do aluno.
2. Teoria da educação de enfoque não diretivo de Carl Rogers − Função da escola: voltada à formação de ati-tudes individuais e coletivas no espaço da instituição escolar. O professor é um especialista em relações hu-manas e visa um relacionamento autêntico e pessoal com o aluno. Aprender é refletir sobre a percepção de si mesmo no espaço social da escola, a autorrealiza-ção. Privilegia a autoavaliação.
3. Teoria da educação de enfoque diretivo tecnicista − Representantes: Skinner e Gagné. Atrelada às Leis 5.540/681 e 5.692/712,revogadas pela Lei 9.394/96 que trouxe outro direcionamento. É função da escola produzir mão de obra capacitada para o mercado de trabalho. A escola utiliza de técnicas de modelagem de comportamento para uma aprendizagem que visa o desempenho do aluno. O papel do professor é de téc-nico, que aplica instrumentos que garantem a eficiên-cia e a eficácia de ensino. Ênfase na produtividade do alunado.
1 Lei 5.540/68 – Fixa normas de organização de ensino superior e sua articulação com a escola média, e dá outras providências. 2 Lei 5 692/71 – Lei de diretrizes e base da educação nacional. Fixa diretrizes e base para o ensino de 1.º e 2.º graus e dá outras providências
FUNDAMENTOS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DA INCLUSÃO 17
EDUCAÇÃO ESPECIAL E EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO BRASIL
Pa r t e
024. Teoria da educação de enfoque progressista liberta-
dor − Representantes: Celestin Freneit, Paulo Freire e Rubem Alves. É função da escola desenvolver me-canismos de mudanças institucionais e no aluno, com base na participação grupal em que ocorre a prática de toda a aprendizagem. O conhecimento é a desco-berta às necessidades e exigências da vida social. O professor é o orientador da aprendizagem por temas geradores. A apropriação dos conteúdos somente tem sentido quando convertidos em prática.
5. Teoria da educação de enfoque histórico-crítico − Representantes: Makarenko, Saviani e Frigotto. A es-cola tem um caráter ideológico e serve para socializar o saber para todos os alunos. Professor e aluno são sujeitos em relação pedagógica. É papel do profes-sor criar as condições necessárias à apropriação do conhecimento.
6. Teoria da educação de enfoque crítico-reprodutivo − Representantes: Bourdieu, Passeron e Althusser. É fun-ção da escola reproduzir a cultura dominante. O convívio entre alunos e professores articulam as relações entre grupos sociais, reproduzindo as relações estruturais. Práticas pedagógicas fundamentadas na cultura.
Finalmente, as informações apresentadas descrevem algu-mas qualidades básicas que alicerçaram e alicerçam as insti-tuições escolares, revelam a organização social e o clima da escola, em que professor e alunos, com deficiência ou não, par-ticipam como atores no processo ensino-aprendizagem.
FUNDAMENTOS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DA INCLUSÃO18
EDUCAÇÃO ESPECIAL E EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO BRASIL
Pa r t e
02
Extra
Indicamos um vídeo do YouTube para reflexão sobre o pro-cesso do aprender nos dias atuais. O vídeo discorre sobre as diferentes formas do aprender e do ensinar ao longo da história da educação. A educação hoje visa a formação multilateral da personalidade do aluno. Título do vídeo: Processo de ensino--aprendizagem. Disponível em: <www.youtube.com/watch?v=--sqkoHerCaE>. Acesso em: 14 fev. 2015
Atividade
Sugira um esquema que demonstre a organização e o fun-cionamento do processo de ensino–aprendizagem na escola. Alguns elementos que podem ser usados: professor, aluno, mé-todo, avaliação, conteúdo, objetivo, entre outros.
Referências BRASIL. Lei n. 5.540, de 28 de novembro de 1968. Fixa normas de organização e funcionamento do ensino superior e sua articulação com a escola média, e dá outras providências. Publicado no Diário Oficial da União, 23 dez. 1968 e retificado no Diário Oficial da União, de 3 dez. 1968. Revogada pela Lei n. 9.394, de 20 nov. 1996. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L5540.htm>. Acesso em: 20 fev. 2015.
BRASIL. Lei n. 5.692, de 11 de agosto de 1971. Fixa normas de organização e funcionamento do ensino superior e sua articulação com a escola média, e dá outras providências. Publicada no Diário Oficial da União de 23 nov. 1968 e retificado no Diário Oficial da União de 3 dez. 1968. Revogada pela Lei n. 9.394, de 1996, com exceção do artigo 16, alterado pela Lei n. 9.192, de 1995. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L5692.htm>. Acesso em: 20 fev. 2015.
MIZUKAMI,M. Ensino: as abordagens do processo. São Paulo: EPU, 1986.
FUNDAMENTOS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DA INCLUSÃO 19
EDUCAÇÃO ESPECIAL E EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO BRASIL
Pa r t e
02
Resolução da atividade
Processo de ensino-aprendizagem
Objetivos
MétodosAvaliação
Recursos
Conteúdo
Professor
Grupo Aluno
FUNDAMENTOS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DA INCLUSÃO20
EDUCAÇÃO ESPECIAL E EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO BRASIL
Pa r t e
03
A INSTITUIÇÃO ESCOLAR INCLUSIVAA Escola1 organismo vivo, institucionalmente, mostra-se
como variável interveniente na aprendizagem. Atualmente, ve-rificamos que os pais/responsáveis preocupam-se com as pro-postas educativas e pedagógicas da escola e interessam-se em conhecê-la previamente. Os pais, em sua maioria, buscam uma escola que atenda às necessidades de aprendizagem do filho, que conte com recursos tecnológicos e socializadores que favo-reçam o aprendizado do aluno.
Refletir sobre a Instituição2 escolar requer ponderar sobre seus princípios filosóficos, ideológicos e culturais e apontar as características institucionais essenciais que contribuem ao su-cesso na escolarização e educação do alunado. Não há consenso sobre quais aspectos constituem uma escola eficaz, no entanto, é possível eleger alicerces fundamentais institucionais: relações e cenário sócio-histórico-cultural (dirigidos às metas e tarefas), sistema complexo aberto e funcional, formação docente, tec-nologia e informação e interatividade comunicacional.
1 Escola – de acordo a Maria Mossato (2000, p. 3.) “a escola (e seus participantes), enquanto organismo vivo,(...) Articula-se como qualquer outro sistema, na busca da manutenção de sua identidade, de seu equilíbrio, ainda que esse equilíbrio implique ônus consideráveis”.2 Instituição – a partir da Psicologia Institucional de José Bleger (1984, p. 37.) significa “o conjunto de organismos de existência física concreta, que têm um certo grau de permanência em algum campo ou setor específico da atividade ou vida humana, para estudar neles todos os fenômenos humanos que se dão em relação com a estrutura, a dinâmica, funções e objetivos da instituição”.
FUNDAMENTOS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DA INCLUSÃO 21
EDUCAÇÃO ESPECIAL E EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO BRASIL
Pa r t e
03De acordo com Aquino (1998, p. 44), “o papel da escola é o
de uma instituição socialmente responsável” e acessível (comu-nicacional, metodológica e instrumentalmente) ao aluno e aos demais atores escolares.
A organização de que a escola venha a se dotar, a cultura que molde o seu funcionamento e as de-cisões que se tomem nela acabarão de fato tendo uma influência educacional sobre os alunos por meio de uma dupla via. Em primeiro lugar, uma influência indireta ou mediada, à medida que tais fatores contribuírem para conformar, em um ou em outro sentido, a prática de cada docente com seu grupo ou seus grupos de alunos. E, em segundo lugar, uma influência direta, à medida que os alu-nos participam de atividades realizadas na escola – mesmo que fora das salas de aula e às vezes na ausência de qualquer professor −, e também à me-dida que fazem parte de uma instituição com um determinado clima social, em que regem valores e lhes são transmitidos modelos de atuação. (COLL, MARCHESI, PALACIOS & COLS. 2004, p. 394).
FUNDAMENTOS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DA INCLUSÃO22
EDUCAÇÃO ESPECIAL E EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO BRASIL
Pa r t e
03Quadro 1: Influência da escola sobre a aprendizagem dos
alunos
Influência indireta ou mediadaFavorecendo as melhores con-dições na escola para que os
professores respondam de ma-neira adequada às necessidades
educacionais de seus alunos.
Influência diretaFavorecendo a participação direta dos alunos em situações de aprendizagem complementares às da sala de aula.
Objetivo BásicoContar com um projeto de escola coerente, ajustado e viável.
Fatores: decisões do projeto− Agrupamento dos alunos− Organização do tempo− Organização dos espaços− Grau de interdisciplinaridade das matérias curriculares− Medidas de trânsito entre séries e etapas
Processos: organização e estilo da tomada de decisões do projeto− Estruturas de participação− Coordenação vertical e hori-zontal da escola− Grau de participação de toda a comunidade escolar− Estilo de liderança− Autonomia da escola e de cada professor ao longo do tempo para ajustá-las− Variação das formas de interatividade− Avaliação da escola
Normas e Modelos de comportamento
Atividades não letivas
I. Na fase de planeja-mento da prática− Intencionalidade: incluí-lo no currículo explícito− Participação− Caráter preventivo, e não meramente sancionador do RRI (Regulamento do Regimento Interno)
II. Na fase de pôr em prática− Coerência entre o que se diz e o que se faz e coerência entre o conjunto dos professores− Uso da razão dia-lógica na educação moral
− Riqueza e variedade da oferta de atividade− Complementaridade dessas atividades com as letivas− Competência educa-tiva dos responsáveis pelas atividades− Complementaridade com o ambiente
(Fonte:. Coll, Marchesi, Palacios & Cols. 2004, p. 396.)
FUNDAMENTOS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DA INCLUSÃO 23
EDUCAÇÃO ESPECIAL E EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO BRASIL
Pa r t e
03Essa estrutura e funcionamento da instituição escolar in-
clusiva deve demonstrar coerência entre o que se diz e o que se faz e isso começa no projeto pedagógico e educacional. O desenho do projeto revela o currículo escolar, as práticas edu-cacionais avaliativas e formativas com vistas à aprendizagem significativa por seus alunos, tão necessária para viver em acor-do ao paradigma da sociedade inclusiva da diversidade cultural e diferença individual no século XXI.
Extra
Pesquise no site a seguir e reflita sobre Educação inclusi-va: o que o professor tem a ver com isso? Material produzido pela Universidade de São Paulo (USP), coordenado pela profes-sora Marta Gil. Disponível em: <http://saci.org.br/pub/livro_educ_incl/redesaci_educ_incl.html>. Acesso em: 19 abr. 2015.
Atividade
Quais as três palavras-chave da escola com influência edu-cacional, segundo Coll, Marchesi e Palácios (2004)?
Referências AQUINO, Julio. (Org.) Diferenças e preconceito na escola: alternativas teóricas e práticas. São Paulo: Summus, 1998.
BLEGER, José. Psico-higiene e psicologia institucional. Porto Alegre: Artmed, 1984.
COLL, Cesar, MARCHESI, Alvaro; PALACIOS, Jesus; e Colaboradores. Desenvolvimento psicológico e educação. Porto Alegre: Artmed, 2004.
FUNDAMENTOS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DA INCLUSÃO24
EDUCAÇÃO ESPECIAL E EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO BRASIL
Pa r t e
03MOSSATO, Maria S. A escola enquanto organismo responsável pela manutenção de valores e mazelas sociais. In: Revista Na Prática Teoria do Conselho Regional de Psicologia - 8.ª Região. Curitiba-PR, Ano 20, n. 102, 2000.
Resolução da atividade
Organização, Cultura, Decisões.
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