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111 i
Universidade de Brasília
GÉDSON CARDOSO KEMPE
“IDENTIDADE DA EDUCAÇÃO FÍSICA COMO DISCIPLINA
CURRICULAR DE 5ª a 8ª SÉRIES”
Cuiabá MT 2007
111 ii
GÉDSON CARDOSO KEMPE
“IDENTIDADE DA EDUCAÇÃO FÍSICA COMO DISCIPLINA
CURRICULAR DE 5ª a 8ª SÉRIES”
Trabalho apresentado ao Curso de Especialização em Esporte Escolar do Centro de Educação à Distância da Universidade de Brasília em parceria com o Programa de Capacitação Continuada em Esporte Escolar do Ministério do Esporte para obtenção do título de Especialista em Esporte Escolar.
Orientador:
Prof. MSc. Elton Alves de Andrade
Cuiabá MT 2007
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KEMPE, GÉDSON CARDOSO IDENTIDADE NA EDUCAÇÃO FÍSICA COMO DISCIPLINA CURRICULAR DE 5ª a 8ª SÉRIES. 51 p. Monografia (Especialização) – Universidade de Brasília. Centro de Ensino a Distância, 2007.
1. Inclusão social; 2. Escola; 3. Educação Física;
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GÉDSON CARDOSO KEMPE
“IDENTIDADE NA EDUCAÇÃO FÍSICA COMO DISCIPLINA
CURRICULAR DE 5ª a 8ª SÉRIES”
Trabalho apresentado ao Curso de Especialização em Esporte Escolar do Centro de Educação à Distância da Universidade de Brasília em parceria com o Programa de Capacitação Continuada em Esporte Escolar do Ministério do Esporte para obtenção do título de Especialista em Esporte Escolar pela Comissão formada pelos professores:
Presidente:
Professor MSc. Elton Alves de Andrade Universidade Federal do Estado de Mato Grosso
Faculdade de Ciências Sociais e Aplicadas de Diamantino
Membro: Professor MSc. Edmur Carmona
Universidade Federal do Estado de Mato Grosso
Cuiabá, 30 de Julho de 2007.
111 v
DEDICATÓRIA
A Dona Erondina, minha mãe querida que sempre
esteve a meu lado, guiando meus passos e me
incentivando a vencer os obstáculos da vida. A
seu Agostinho pai sempre presente..., a Meire,
minha eterna companheira, que sempre esteve a
meu lado e a quem vivo e fez com que esse
trabalho se tornasse realidade. Dedico ainda a
nossa filha Sarah, presente dos céus que me dá
forças inspiração.
111 vi
AGRADECIMENTOS
A Deus a quem tudo devo, a minha família, D.
Cida, Senhor Miro, Sandra, Régis, Rosilene,
Jorge, Suzi, a meu irmão Gerson e Jainifer, pelos
incentivos, obrigado por vocês existirem, e a meu
orientador Professor MSc. Elton Alves de
Andrade pela ajuda nos momentos decisivos
dessa pesquisa.
111 vii
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 10
1 - REVISÃO DE LITERATURA.................................................................................. 11
1.2 - O envolvimento histórico na Educação Física...................................................... 11
1.2 - O renascimento da Educação Física....................................................................... 16
1.3 - A Educação Física no Brasil.................................................................................... 18
2 - INFLUÊNCIAS DAS ABORDAGENS..................................................................... 23
2.1 – Desenvolvimentistas................................................................................................ 23
2.2 - Construtivista-interacionista.................................................................................. 26
2.3 - Crítico-superadora................................................................................................... 28
2.4 – Sistêmica................................................................................................................... 29
3-EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR (5ª a 8ª série) COMO COMPONENTE
CURRICULAR.................................................................................................................
31
4-COLETA E ANÁLISE DOS DADOS......................................................................... 38
5-CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................... 46
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................... 49
ANEXOS........................................................................................................................... 51
111 viii
RESUMO
O objetivo principal desta pesquisa foi analisar através de fatos históricos, da Educação
Física, e principalmente por questionários qualitativos, o relacionamento aluno, com as
aulas de Educação Física e com os profissionais da área, da Escola Estadual Padre José de
Anchieta, no município de Lambari D’Oeste, Mato Grosso, nos anos de 2004 e 2006. Para
tal, foram verificados históricos referentes à Educação Física e suas principais abordagens.
De acordo com as observações, pode-se notar a falta de respeito à percepção em relação
aos alunos que possuem as dificuldades na prática esportiva, o que os leva
automaticamente à exclusão. A falta de embasamento teórico e maior conhecimento sobre
os reais objetivos da Educação Física, por parte dos professores, que na maioria das vezes
não é um profissional da área, contribuiu de forma negativa para este fato, bem como, a
própria comunidade escolar, que na grande maioria tem uma visão deturpada dos reais
benefícios e importância da Educação Física Escolar para a formação dos futuros cidadãos
brasileiro. Observa-se também que apesar de todos os empecilhos as aulas de Educação
Física são as preferidas da grande maioria dos alunos, o que é de certa forma, uma
possibilidade de afirmação, faltando apenas, para o êxito total, a melhor qualificação dos
professores, para que possam alcançar não apenas o respeito dos alunos mais de toda a
comunidade escolar, justificando assim a sua inclusão como componente curricular e
principalmente levando nossos alunos a serem inclusos em nossa sociedade.
Palavras Chave: Identidade, Educação Física, Escola.
111 ix
1 - INTRODUÇÃO
Embora haja muitos materiais a respeito da busca da identidade para o curso de
Educação Física Escolar, na faixa etária de 10 a 14 anos, especificamente não há muito.
Diga-se de passagem, o que caracteriza a existência de algo é sua necessidade de
existir que se auto- afirma enquanto existência a partir de sua identidade sua essência cujo
cerne sustenta num contexto sócio político econômico, sendo assim, pressupõe-se que a
fonte de suas raízes, são as primeiras a serem cobiçadas.
Nesse sentido o fato de no primeiro momento deste trabalho recorrer ao histórico
que envolve a Educação Física não se dá meramente por se tratar de um trabalho que
pretende ter cunho científico e que para isso deve recorrer a historicidade do tema, mas sim
porque além do histórico estar presente no tema, ainda acreditamos que é lá na fonte dos
fatos que está grande parte da resposta a nossa profissão: Educação Física ficou de certa
forma “perdida”, sem identidade, ainda mais no caso das 5ª e 8ª séries, onde exalam a
necessidade da estética com muitos conflitos a respeito da ética.
111 x
Quando nos referimos a conflitos, a impressão que nos passa é de uma pessoa
perdida buscando resposta, se sentindo num labirinto. Ao lidarmos com trabalhos
pedagógicos com pré-adolescentes, que geralmente encontram-se nesta faixa etária, é
muito comum nos depararmos com situações de conflito em todos os aspectos, pois
puberdade é descoberta, é deparar com o novo, é assumir desejos que quando não
padronizados, correm o risco de serem tachados de bichos. Novamente fortes conflitos
levam a labirintos de instintos, aparentemente sem saída, sem respostas.
A Educação Física quando trabalhada torna os desejos bastante latentes, as
sensações, o desabafo pós-vitória ou derrota é inevitável com caricatura de burros,
palavrões, declarações, ainda mais quando se trata de pré-adolescentes que não
economizam palavras, gestos para manifestar suas ansiedades, essa idade é um labirinto
social. Todos querem extrair dons, talentos dessa faixa etária, investindo caminhões de
expectativas que tombam em sonhos a serem realizados.
Na ânsia de contribuir com essas possibilidades de resposta, apresentamos esta
pesquisa, que tem por objetivo, resgatar a identidade da essência da Educação Física nas
séries de 5ª a 8ª, sendo um potente instrumento para semear respostas e saciar anseios,
enquanto professores, para que possamos dar a Educação Física à identificação para ser
inserida entre os jovens e adolescentes como uma prática de atividades planejadas e
responsáveis com sua faixa etária, orientando-os nesse momento, sobre as constantes
transformações.
111 xi
1 – REVISÃO DE LITERATURA
1.1 - O envolvimento histórico na Educação Física
Sempre trabalhei com alunos da 5ª à 8ª séries e me preocupo com o
desenvolvimento desses educandos, me sinto curioso com materiais acadêmicos que
abordam essa fase que podemos denominar de pré-adolescente, em função da faixa etária
que corresponde a essas séries. Na busca de materiais que diz respeito a essa faixa etária
especificamente, deparamos com uma escassez de material publicado sobre o assunto, ou
por falta de pesquisas que enfatizam a afirmação da Educação Física como necessária.
Quando nos referimos a “falta”, estamos falando de consistência da Educação
Física nesta faixa etária, pois vimos que este assunto sempre foi deixado de lado, talvez
111 xii
pela complicação da fase vivida pelos pré-adolescentes, talvez por despreparo dos
professores da área.
Enfim, enquanto lidamos constantemente com esses educandos, com pretensões de
enriquecer o cotidiano escolar dos mesmos, acreditamos que o caminho seja buscar formas
de contribuir para que a Educação Física apresente identidade necessária e fundamental
para essa faixa etária, assim, vimos esta pesquisa como aliada fortíssima nessa tarefa.
Através dela verificaremos as tentativas já existentes, e por que não, propormos
novas alternativas para solidificar a Educação Física da 5ª a 8ª séries.
Se a intenção é ser cúmplice na afirmação do “porque” da Educação Física nas
séries da 5ª a 8ª, começamos por fazer um resgate da historicidade da disciplina ao longo
dos tempos.
Todas as atividades humanas, durante o período que se convencionou denominar
pré-histórico, dependiam de movimentos, ato físico. Sua supremacia no reino animal
deveu-se, no plano psicomotor, ao domínio de gesto que lhe era próprio: foi capaz de atirar
objetos. Posteriormente, iniciou-se um processo de sedentarização, quando começam a
dominar técnicas de animais. Em qualquer desses momentos foi necessário o
aprimoramento das habilidades físicas para a otimização de gestos e construção de
ferramentas (Ilha das Flores)1.
O ser humano apresenta comportamentos que independem de seu estágio cultural,
principalmente jovens e adolescentes. O jogo é uma destas manifestações.
Podemos constatar desde as épocas ilustradas a existência de atividades em forma
de jogos que cumpriam um papel social da maior relevância. A sociabilidade inerente às
atividades lúdicas levava ao aparecimento de uma hierarquia de valores ético- sociais, e
tanto os vencedores quanto os vencidos deveriam aceitar os resultados com esportividade.
1 Ilha das Flores: Documentário de RS a respeito de uns povos moravam no local em Porto Alegre chamado “Ilha das Flores”.
111 xiii
Não diria raro, mas bem escassos nos dias de hoje, onde temos uma sociedade cada vez
mais capitalista onde o importante é o resultado, não importando o que façam para chegar a
ele.
Na Antiguidade Oriental, já era possível uma análise mais apurada das atividades
físicas no berço desse novo mundo, dito civilizado se for entrar no mérito do que significa
mereceria outro trabalho, basta nos atermos as palavras ditas na música do grupo Titãs
ilustrado “bichos”.
Os chineses parecem ter sido os primeiros a racionalizar o movimento humano,
emprestando-lhe, ainda, um forte conteúdo médico. Criaram, provavelmente, o mais antigo
sistema de ginástica terapêutica de que se tem noticia: era o Kong-Fou, surgido por volta
de 2.700 a. C., mas nenhuma citação específica para a 5ª e 8ª série (OLIVEIRA, 1983).
Da Índia temos que destacar a Yoga. Nesta fase da Historia da civilização, vários
povos destacaram-se pela função guerreira que era dado aos seus cidadãos. Os egípcios
estimulados por uma longa guerra de independência contra os hicsos, povo asiático que os
dominou, os egípcios foram levados a se exercitarem, provocando um treinamento muito
rigoroso dos seus soldados (OLIVEIRA, 1983).
Motivados por elementos espirituais, serviam também para avaliar o nível de
assimilação dos treinamentos físicos dos jovens, marcando profundamente a Educação
Física oriental antiga. A China talvez seja a possuidora da mais antiga história do esporte e
seguramente, foi a que mais influenciou a Educação Física no Extremo Oriente. Era a
Paidéia, os ideais da educação grega que unia a ginástica a música e que se trata de um
bom exemplo a ser seguido, pois movimento e cultura são ótimos atrativos a nossos jovens.
A civilização grega marca o início de um novo ciclo na História com o nascimento
de um mundo civilizado, agora o ocidental. É o descobrimento do valor humano da sua
individualidade e o início autêntico da história da Educação Física. A filosofia pedagógica
111 xiv
que determinou os caminhos a serem percorridos pela educação grega tem o grande mérito
de não divorciar a Educação Física da intelectual e da espiritual. Postulava, dessa forma, o
mais significativo de todos os princípios humanistas, considerando que o homem é
somente humano enquanto completo (OLIVEIRA, 1983).
Segundo o autor, a origem dos famosos Jogos Gregos- entre eles os Olímpicos- está
situado neste período e materializado nos “Jogos Fúnebres”. A educação era
marcantemente guerreira, tinha como traço essencial o mais alto ideal cavalheiresco e o
desejo de ser sempre o melhor que vieram a caracterizar o povo grego. O momento que se
segue ao homérico é o chamado histórico, com a formação das cidades-estado.
Os ideais totalitaristas levaram os cidadãos a um devotamento ao Estado e a uma
subordinação absoluta à vontade dos superiores. A educação espartana pode ser analisada
como um prolongamento da que existiu na época Homérica2. Perpetuamente a formação
cavalheiresca, militar e a aristocrática com um sensível desprezo pelo aspecto cultural, este
tomado no seu sentido mais amplo.
A concepção era baseada na comunhão do corpo e do espírito, o que a tornava a
mais humanista de todas. Contraditoriamente ao corpo universal, a educação desta época
valorizava cada vez mais o intelectual, com um crescente desinteresse do físico e do
estético. A prática das atividades físicas vai perdendo todos os seus ideais humanistas, os
atletas começam a se especializar prematuramente, surge a profissionalização e, com ela, a
corrupção dos atletas e juizes, numa evidente traição aos princípios que haviam forjado a
grandeza da civilização helênica3.
De certa forma, não difere da nossa atual realidade, onde temos vários exemplos de
profissionalização precoce de jovens talentos que desde cedo ficam nas mãos de
empresários e clubes que os “sugam” e depois os abandonam sem estudo, profissão sem 2 Época consignada pelos poemas de Homero (Ilíada e Odisséia) 3 Último capítulo da Grécia Antiga
111 xv
nada. Ainda há mais um agravante, hoje em dia tem várias escolinhas esportivas que
prometem milagres, fama e muito dinheiro e que na maioria das vezes não passa de utopias
e de certa forma acabam com os sonhos de grande parte das crianças, criando certo
bloqueio as práticas esportivas.
Os romanos copiaram, porém, um modelo já decadente, sendo levados a uma
prática deformada. Não perceberam que a grandeza do esporte não estava na sua simples
prática, mas sim no espírito que a animava.
A Idade Média tem início com a divisão do império romano. Nessas idas vemos a
Igreja como a única instituição que resistiu e, mais ainda, fortificou-se após as inovações
bárbaras. Afogadas em crenças e dogmas religiosos, surge um homem que só era
encorajado a conquista da vida celestial. O total descaso pelas coisas materiais estabelecia
um absoluto divorcio entre o físico e o intelectual. A partir do século XI aparecem grandes
personalidades como Roger Bacon, Dante Alighieri e São Tomas de Aquino, este foi o
mais influente dos pensadores de um tipo de vida intelectual. Vem da época medieval, com
o monopólio educacional exercido pela igreja, o tradicional conceito de educação com
disciplina. A Educação Física apesar de não merecer um destaque especial, recebeu uma
atenção cuidadosa na preparação dos cavaleiros. Os torneios e as justas4 representam a
culminância dos exercícios físicos dos cavaleiros medievais e servia nos tempos de paz,
como preparação para a guerra. Quando falamos em esporte não devemos nos esquecer de
fazer uma referencia especial a Inglaterra. Ao contrario dos gregos, o esporte medieval
preferiu as atividades coletivas. Dentre eles encontramos soule5. Na Itália o cálcio6, a
palma ou frontão. Encontramos ainda centenas de jogos infantis praticados nos feudos.
4 Justas – Combate entre dois homens armados. 5 Soule – Esporte praticado na França (semelhante ao futebol de Hoje), primeira por populares, sem muitas regras, depois numa grande transição passou a ser praticado nas escolas superiores. 6 Cálcio – Jogo de bola semelhante ao futebol. Jogavam 27 elementos de cada lado e o jogo durava 2 horas.
111 xvi
Apregoa-se agora, uma pedagogia liberal destituída do autoritarismo caracterizou
do ensino escolástico. Apesar da descoberta da imprensa, essa educação ainda é para
minorias, desfrutada até hoje apenas pela burguesia ascendente. A Educação Física
reintroduz-se nesse currículo elitista, onde os exercícios físicos constituem-se em
prioridades para o ideal da educação cortesã.
Grandes pensadores renascentistas dedicaram suas reflexões sobre a importância dos exercícios físicos. Da Vinci
escreveu estudo dos movimentos dos músculos e articulações. Montaigne exaltava a importância da atividade esportiva. Francis
Bacon defendia a importância da execução dos movimentos naturais, deve-se citar ainda Locke e Rousseau. Suas idéias fertilizaram
o campo onde, na segunda metade do século XVIII, foram fundamentais aos alicerces da Educação Física Escolar. A idade moderna
continuou o seu caminho, trilhando ao longo dos duzentos anos que separaram o renascimento dos tempos contemporâneos. É no
século XVIII onde podemos encontrar os reais precursores de uma Educação Física que iria se formar no horizonte pedagógico.
1.2 - O renascimento da Educação Física
Vários fatores foram determinantes para o verdadeiro renascimento físico que
ocorreu na idade contemporânea, principalmente no campo da ginástica. A corrente alemã
onde o importante era a forma o forte, o exercício físico não era meio da educação escolar,
mas sim da educação do corpo o que podemos fazer uma relação com os dias atuais onde o
importante é não ter barriga, não ter flacidez, assim será belo, se não se enquadra a isso
você será esquecido, será considerado como um fracassado. A situação se agrava quando
os envolvidos são jovens que já estão com vários problemas ocasionados pela sua idade.
Na corrente nórdica frutificaram as idéias pedagógicas alemãs. A corrente francesa
foi da maior importância, pois dela chegaram os primeiros estímulos da Educação Física
Brasileira. O que caracterizava a ginástica francesa era o seu marcante espírito militar, que
é uma preocupação básica com o desenvolvimento da força muscular, não sendo, pois,
adequada a ambientes escolares. Diferente da atual proposta da Educação Física, hoje
voltada a inclusão, torna-se um importante suporte para nos profissionais, basta que
111 xvii
sejamos suficientemente competentes para usarmos isso a nosso favor e levar a inclusão
total de nossos jovens.
Baseada nos jogos e nos esportes, a corrente inglesa é a única nesse período, com
uma orientação não ginástica. Concebida para envolver a pratica esportiva numa atmosfera
pedagógica social. Inspirada nos ingleses, Pierre de Fredy, barão de Coubertin7 ao longo
de sua rica existência lutou em duas grandes frentes: a educação popular e o esporte, o qu
pretendia colocar como elemento da Educação Física.
al
No campo especifico da ginástica o século XX registra os maiores avanços. Na
Áustria na década de Vinte, surgiram defensores dos exercícios naturais realizados ao ar
livre e fundamentaram a Educação Física. A aplicação da doutrina natural austríaca foi
interrompida por Hitler que impôs a aplicação do sistema Nevendorf 8.
A Suécia, na mesma época, reage contra a rigidez e a artificialidade da ginástica
sueca. Na França, surge outro método natural, originário da observação da vida do homem
primitivo. A terceira tendência médica teve os seus maiores representantes em médicos
franceses e dinamarqueses; a partir de estudos sobre fisiologia e biomecânica.
É fato inegável que todos esses métodos e tendências contribuíram e muito para a
atual Educação Física, pois possibilita confrontarmos erros e acertos e com os resultados
produziremos uma Educação Física, que se aproxime da perfeição.
Podemos entender que as primeiras décadas do século XX marcaram uma reação
aos movimentos estereotipados e analíticos preponderante até a 1ª guerra mundial. Estes
exercícios, com finalidades essencialmente terapêuticas e com característica quase sempre
militares, definiam um perfil eminentemente anatômico e fisiológico para os sistemas de
7 Pierre de Fredy, barão de Coubertin, era um francês que tinha formação filosófica, além de se interessar por música, poesia, literatura, história e, é claro, pela prática esportiva. 8 Nevendorf- baseado no Turnkunst- de cunho patriótico-social.
111 xviii
ginástica. A reação provocada evidenciou uma preocupação maior com o homem integral,
preterindo-se os métodos que enfatizavam o seu componente somático, mas sem uma
preocupação específica com faixas etárias e com as transformações sempre presentes,
principalmente entre adolescentes.
1.3 - A Educação Física no Brasil
A Educação Física no Brasil sofreu um processo de transplante cultural e só
recentemente tem buscado sua identidade. Sofreu condicionamento histórico. As atividades
físicas dos primeiros habitantes do Brasil eram parecidas, se não iguais, aquelas analisadas
na pré historia. Nossos indígenas ainda não conheciam os metais, estando ainda na idade
da pedra lascada. Por essas razões e por serem nômades não tinham espaço ocioso que
permitisse a criação de hábitos esportivos. Com a chegada de negros escravos, chegam
uma dança, misto de ritual, dança e luta, era a capoeira hoje um esporte institucionalizado.
A chegada dos jesuítas9 deve-se ao início oficial da história da educação brasileira.
Até serem expulso pelo marques de Pombal. Deixaram um número de colégios e
seminários que não excedem a vinte.
Instalada no Brasil, a família real portuguesa trata de estabelecer novas formas de
dominação, atendendo a interesses estranhos as necessidades brasileiras, começa um
processo de desenvolvimento cultural, com tendências elitizantes configurando um forte
motivo da falta de identidade da Educação Física ainda pertencente aquele pré-conceito de
quem pratica esportes tem que ter dinheiro. Mais ou menos, nessa época teve início,
efetivamente, a historia da Educação Física no Brasil. Os primeiros livros sobre a matéria
9 Jesuítas- Padres da Companhia de Jesus, fundada por Santo Inácio de Loyola em 1534. Catequizava os Índios.
111 xix
chegaram, incluindo em seus conteúdos assuntos absolutamente diversos da Educação
Física atual: eugenia10, puericultura11, gravidez, ginástica, ginástica alemã, meios
militares, médicos, etc.
No âmbito esportivo, o remo era mais importante. Não tinha praticamente nenhum
concorrente em popularidade. A maior manifestação a respeito da Educação Física
aconteceu por intermédio de Rui Barbosa. Baseado numa rigorosa e exaustiva analise da
história da Educação Física, e adiantado em muitos anos, aos que pensavam sobre o
assunto. Rui fez, entre outras, as seguintes citações:
a- Obrigatoriedade da Educação Física no jardim de infância;
b- Distinção entre os exercícios físicos para alunos (ginástica sueca) e para as alunas
(calistenia12) uma clara relação com os adolescentes, que nesta fase estão em
constantes mudanças, por isso tem que ter especial atenção;
c- Pratica de exercícios físicos pelo menos quatro vezes por semana, durante trinta
minutos, sem caráter acrobático;
d- Valorização do professor de Educação Física;
e- Instituição de um curso de emergência em cada escola normal para habilitar os
professores atuais de primeiras letras ao ensino da ginástica.
Após a abolição da escravatura e a Proclamação da República, as expectativas de
vida na sociedade brasileira estavam alteradas, jovens migrando aos grandes centros,
revolução nos meios de transporte e a influência de estrangeiros. O futebol exportado da
Inglaterra em 1894, começa numa escalada que o levaria, na década de trinta, a superar o
remo, a primeira paixão esportiva, antecipando impulsos decisivos em relação a uma
preocupação mais sistemática com a Educação Física.
10 Eugenia- estudo das causas e condições que podem melhorar a raça.
11 Puericultura- elemento de comportamento com o sentido da criança. 12 Calistemia- Processo de aperfeiçoamento físico pela prática da ginástica.
111 xx
As ginásticas alemã e sueca, sofreram em 1921, um golpe fatal. Um decreto
aprovava o “Regulamento de Instrução Física Militar” destinado a todas as armas é
inspirado na ginástica francesa. Finalmente em 1933, foi fundada a Escola de Educação
Física do Exercito que permitia, também, a matrícula de professores civis.
A Introdução do chamado Método Francês é, também, um fato marcante.
Originário de Joiville-le-Pont, foi trazido por militares franceses que vieram servir na
missão Militar Francesa. Adotado das Forças Armadas, a sua obrigatoriedade foi estendida
à esfera escolar em 1931, “enquanto não foi criado o Método Nacional de Educação
Física”. A década de trinta dispensa ao esporte principalmente ao futebol, uma
popularidade que já o coloca como fenômeno social.
A Educação, depois de se desvencilhar do Ministério da Instrução Pública, Correios
e Telégrafos, havia feito parte do Ministério da Educação e Saúde. Aqui estava, também, a
Educação Física. Recebem muitos incentivos depois de 1930, principalmente no capítulo
esporte. O futebol continuava monopolizando a vida esportiva nacional, mas o basquete, a
natação e o atletismo, entre outros, já despertavam atenção.
A Educação Física por ocasião da implantação ideológica, como, de resto, tudo que
pudesse vir ao mesmo fim. Pela primeira vez, a Educação Física aparece explicitamente
numa Carta Constituição (1937). Até a década de cinqüenta, a Educação Física Escolar
continuou aprisionada ao Método Francês.
Do final do Estado Novo até a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da
Educação de 1961, houve amplo debate sobre o sistema de ensino no Brasil. A partir daí, o
esporte passou a ocupar espaço nas aulas de Educação Física.
Na década de Setenta, a Educação Física ganhou, mais uma vez, funções importantes para a manutenção da ordem e do
progresso. O Governo Militar investiu na Educação Física em função das diretrizes pautadas no nacionalismo, na integração
nacional e na segurança nacional.
111 xxi
A partir da 5ª Série, tornou-se um dos eixos fundamentais de ensino, buscava-se a
descoberta de novos talentos que pudessem participar de competições internacionais.
Nesse período, o chamado “Modelo Piramidal” norteou as diretrizes políticas para a
Educação Física, mas, porém, sem um efetivo planejamento, no qual viesse priorizar o
jovem como um todo, não apenas o resultado de uma ou outra competição.
Na década de Oitenta os efeitos desse modelo começaram a ser sentidos e
contestados: o Brasil não se tornou uma nação olímpica e a competição esportiva da elite
não aumentou o número de praticantes de atividades físicas. Iniciou-se então uma profunda
crise de identidade nos pressupostos e no próprio discurso da Educação Física.
É evidente que se conseguirmos essa afirmação da Educação Física como
componente curricular, os nossos problemas não estarão todos resolvidos, pois tão
importante quanto chegar ao topo é permanecer no alto. Por isso devemos estar em
constante renovação, de conteúdos, estratégias, planos e objetivos, para que não venhamos
a nos perder novamente, pois tudo o que não tem função é descartável, e acreditamos que
Educação Física não pode jamais ser descartada.
Esperamos com essa pesquisa, não só amenizar com tentar resolver alguns
problemas da Educação Física, pois acreditamos que se cada um contribuísse, conseguiria
com maior facilidade a afirmação da Educação Física como uma disciplina curricular,
conseguiria dar uma explicação realmente convincente sobre o porquê da Educação Física
Escolar.
A Educação Física que estava voltada principalmente para a escolaridade de quinta
a oitava série, passou a priorizar o segmento de primeira a quarta série, e o foco passou a
ser o desenvolvimento psicomotor do aluno. A Lei de Diretrizes e Bases, promulgada em
20 de Dezembro de 1996, e o PCN de Educação Física prevê a dança, recreações e outros
esportes como atividades de resgate a auto- estima, respeito ao grupo e formação de
111 xxii
consciência. Dessa forma, a Educação Física deve ser exercida em todas as escolaridades
de 1ª à 8ª serie, como era anteriormente. O Esporte para Todos, implantado recentemente,
apareceu como tentativa de democratização esportiva, deve ser encarado como mais um
conteúdo da Educação Física não como o único, que associado os demais realmente
priorizam o educando.
Tentar resgatar a Educação Física de 5ªà 8ª série dando sustentação e o respeito que
merece, implica dizer que teremos jovens mais ativos, mais assíduos na participação de
atividades físicas e de vida bem mais saudável. Além de tudo, vejo na Educação Física,
espaço de contenção da violência, basta que ela deixe de ser excludente e que não pare nas
primeiras séries, mas sim prossiga lado a lado com esse jovem acompanhado onde quer
que ela vá, seja no ensino noturno e até mesmo no ensino superior.
111 xxiii
2- INFLUÊNCIAS DAS ABORDAGENS
No final da década de Setenta, surgiram novos movimentos na Educação Física
Escolar, em oposição a vertente mais tecnicista, esportivista e bioligística, que provocou
algumas mudanças na Educação de maneira geral especialmente na Educação Física.
“Atualmente existem várias concepções, que tem em comum a tentativa de
romper com o modelo mecanicista, fruto de uma etapa recente da
Educação Física, que são: Abordagem desenvolvimentista, interacional-
construtivista, crítico-superadora e sistêmica. Todas estas correntes tem
ampliado os campos de ação e reflexão para a área, o que a aproxima das
ciências humanas. Embora contenham enfoques diferenciados entre si,
com pontos de muitas vezes divergentes, tem em comum a busca de uma
Educação Física que articule as múltiplas dimensões do ser humano...”
(PCN 5ª a 8ª série,1998 pág. 22).
2.1- Desenvolvimentistas
Baseado nas teorias de psicologia da aprendizagem e do desenvolvimento, ela é
dirigida especificamente para crianças de 4 a 14 anos, sendo que o principal objetivo é
buscar nos processos de aprendizagem e desenvolvimento uma fundamentação para a
Educação Física Escolar.
111 xxiv
Autores: D. GALLAUHUE & J. CONNOLY (os fundamentais), TANI (1987) e
TANI et al.(1988) e MANOEL (1994). Estes autores defendem a idéia de que o
movimento é o principal meio e fim da Educação Física e procuram sair em defesa da
especificidade dos objetivos da Educação Física, onde seu objetivo não se destina à
conhecimentos que ajudem na alfabetização e nem no conhecimento lúdico matemático,
embora a aprendizagem deste seja uma conseqüência da prática de habilidades motoras.
A justificativa deste posicionamento é colocada da seguinte maneira pelos autores:
“... se a Educação física pretende atender às reais necessidades e
expectativas da criança, ela necessita, antes de qualquer coisa,
compreender as suas características em termos de processo... É uma
tentativa, portanto, de caracterizar a progressão normal do conhecimento
físico, no desenvolvimento fisiológico, motor, cognitivo e afetivo-social, na
aprendizagem motora e, em função destas características, sugerir
aspectos ou elementos relevantes para a estruturação da Educação Física
Escolar”(PCN 5ª a 8ª série,1998 pág. 24).
A proposta desta abordagem não é buscar, na Educação Física, soluções para
todos os problemas sociais do País. A melhor capacidade de controlar o movimento
facilita a exploração de si mesmo e isso contribui para um melhor controle e aplicação
do movimento. Na prática significa que uma aula de Educação Física deve privilegiar a
aprendizagem do movimento, embora possam estar ocorrendo outras aprendizagens em
decorrência da pratica das habilidades motoras. Afinal não somos bengalas para as
outras disciplinas, mas se acaso estivermos dando suporte ótimo, sinal de que a fome e a
vontade de comer estão se unindo como dizem os populares.
Grande parte do modelo conceitual desta abordagem se relaciona com o conceito
de habilidade motora, e com elas (habilidades) mudam ao longo da vida, ou desde a
concepção até a morte, se constituíram numa importante área do conhecimento da
111 xxv
Educação Física, que é a área de Desenvolvimento Motor, por isso, inclusive, o nome
DESENVOLVIMENTISTA.
“Para a abordagem desenvolvimentista a Educação Física deve
proporcionar ao aluno condições para que o seu comportamento motor
seja desenvolvido através da interação entre o aumento da diversificação
e complexidade dos movimentos. Assim, o principal objetivo da Educação
Física, é oferecer experiências de movimentos adequados ao seu nível de
crescimento e desenvolvimento para que a aprendizagem das habilidades
motoras seja alcançada” (PCN 5ª a 8ª séries,1998 pág. 25).
A criança deve aprender a se movimentar para se adaptar as demandas e exigências
do cotidiano em relação aos desafios motores. A partir desta perspectiva o que passou a ser
extremamente disseminado na área foi a questão da adequação dos conteúdos ao longo das
faixas etárias.
De acordo com esta proposta o oferecimento de conteúdos deve seguir uma
seqüência apoiada no modelo de taxionomia do desenvolvimento motor (Gallauhue),
obedecendo à seguinte ordem: fase dos movimentos fetais, fase dos movimentos
espontâneos e reflexos, fase dos movimentos rudimentares, fase dos movimentos
fundamentais, fase de combinação de movimentos e movimentos culturalmente
determinados.
Quanto aos conteúdos, eles podem ser desenvolvidos segundo uma ordem de
habilidades, mais simples (habilidades básicas13), para as mais complexas (habilidades
especificas14).
13 Habilidades Básicas – 1-locomotoras (andar, correr, saltar, saltitar e outros); 2-manipulativas (arremessar, chutar, rebater, receber e
outros); 3-estabilização – (girar, flexionar, realizar posições invertidas e outros). 14 Habilidade Especifica - recebem maior influência da cultura e estão relacionadas à prática de esporte, do jogo, da dança e também das atividades individuais.
111 xxvi
O professor deve observar o comportamento de seus alunos para identificar a fase
que o mesmo se encontre, deve também localizar os erros e oferecer informações
relevantes para que os erros de desempenho sejam superados. Nesta proposta o erro deve
ser compreendido como um processo fundamental para a aquisição de habilidades motoras
utilizando como instrumento a observação sistemática das fases das habilidades.
2.2 - Construtivista- interacionista
Surgiu em oposição principalmente à proposta mecanicista, que é caracterizada pela
busca do desenvolvimento do desempenho máximo, busca de padrões de comportamento
sem considerar as diferenças individuais e sem levar em conta as experiências vividas
pelos alunos, cujo esporte sempre foi o de selecionar os mais habilidosos, para
competições e esporte de alto nível. Esta proposta tem ganhado espaço principalmente no
estado de São Paulo, e tem como colaborador o Professor João Batista Freire, o qual
contribuiu para divulgação desta proposta através do livro “Educação de Corpo Inteiro”
publicado em 1989.
“No construtivismo, a intenção é construção do conhecimento a partir da
interação do sujeito com o mundo, numa relação que extrapola o simples
exercício de ensinar e aprender...Conhecer é sempre uma ação que
implica em esquemas de assimilação e acomodação num processo de
constante reorganização” (CENP; 1990 pág. 9).
Segundo BETTI (1992), existem vantagens e desvantagens nessa proposta:
111 xxvii
Como vantajoso, o autor cita a possibilidade de uma maior interação com uma
proposta pedagógica ampla e integrada da Educação Física nos primeiros anos de educação
formal.
De acordo com o autor, em contra partida, ela perde porque desconsidera a questão
da especificidade da Educação Física, ou seja, os conteúdos que não tem relação com a
pratica do movimento em si, poderiam ser aceitos para atingir objetivos que não
consideram a especificidade do objetivo, que estaria em torno do eixo corpo/movimento. O
movimento poderia ser um instrumento para facilitar a aprendizagem de conteúdos
diretamente ligados ao aspecto cognitivo, como a aprendizagem da leitura, da escrita, e da
matemática, etc.
A meta da construção do conhecimento é evidente, no objetivo da Educação Física:
proposto pelo PCN ano de 5ª a 8ª série que é:
“Respeitar o seu universo cultural (do aluno), explorar a gama múltipla
de possibilidades educativas de sua atividade lúdica espontânea, e
gradativamente propôr tarefas cada vez mais complexas e desafiadoras
com vista a construção do conhecimento.” (PCN, 5ª a 8ª série,1998 pág.
24)
Segundo BETTI (1992) a proposta construtivista procura contornar o problema da
não garantia da especificidade afirmando que apesar de tudo, a Educação Física não deve
ficar subordinada às outras disciplinas, mas declarações de intenções não fazem a
realidade.
DARIDO (1998) identificam que a concepção de Educação Física como meio para
outro fim é demasiadamente aceito e estimado por diferentes segmentos que compõem o
contexto escolar, que tiveram influencia não só do construtivismo, mas também de
discussões realizadas nas décadas de 60 e 70, relacionadas com a psicomotricidade.
111 xxviii
Nesta visão a Educação Física deveria ter a responsabilidade de trabalhar com
atividades que auxiliam o aluno na melhoria da sua lateralidade, percepção de espaço e de
tempo, coordenação óculo manual e outras. O professor deve saber quais são as finalidades
da Educação Física de modo a guardar a preocupação de introduzir o aluno as questões
relacionadas à cultura corporal guardando as suas características especificas.
Para FREIRE (1991), deve-se considerar o conhecimento que a criança já possui
independentemente da situação formal de ensino, ou seja, deve-se resgatar a cultura de
jogos e brincadeiras dos alunos envolvidos no processo ensino-aprendizagem. Além da
valorização das experiências dos alunos, e sua cultura, esta proposta propõem uma
alternativa aos métodos diretivos, onde o aluno constrói o seu conhecimento a partir de sua
interação com o meio.
Na proposta construtivista o jogo enquanto conteúdo/estratégia tem papel
privilegiado, é considerado o principal modo de ensinar, é um instrumento pedagógico, um
meio de ensino, pois enquanto joga ou brinca a criança aprende. Sendo que este aprender
deve ocorrer num ambiente lúdico e prazeroso para a criança.
2.3- Crítico- superadora
Também em oposição ao modelo tecnicista, esta proposta utiliza o discurso da
justiça social como ponto de apoio, e é baseada no marxismo e neomarxismo, tendo
recebido na Educação Física grande influencia dos educadores Joaquim Libaneo e
Demerval Saviani.
A Educação Física é entendida como um tipo de conhecimento, denominado
cultura corporal de movimento, que tem como temas os jogos, a ginástica, o esporte, a
dança, a capoeira e outras temáticas que apresentam relações com os principais
111 xxix
problemas dessa cultura corporal de movimento e o contexto histórico-social dos
alunos.
A pedagogia crítico-superadora, tem características especificas, ela é diagnóstica
porque pretende ler os dados da realidade, interpreta-los e emitir um juízo de valor, que é
dependente da perspectiva de quem julga. É judicativa porque julga os elementos da
sociedade a partir de uma ética que representa os interesses de uma determinada classe
social (PCN 5ª a 8ª séries, 1998).
Esta reflexão pedagógica é compreendida como sendo um projeto político-
pedagógico, político porque encaminha propostas de intervenção em determinadas direções
e pedagógica porque possibilita uma reflexão sobre a ação dos homens na realidade
explicitando as suas determinações. Deve-se, ainda de acordo com a proposta evitar o
ensino por etapas, os conteúdos devem ser trabalhados de maneira mais aprofundada ao
longo das séries, sem a visão de pré-requisitos.
GHIRALDELLI (1988) critica a falta de proposta pedagógica na área, afirmando
que se corre o risco dessa elaboração perder o seu sentido crítico-superador.
“Há uma corrente que chamaria Educação Física social a qual ao invés
de preocupar-se com a Educação Física em si transfere sistematicamente
a discussão de seus problemas para níveis mais abstratos e macroscópicos
onde, com freqüência, discursos genéricos e demagógicos de cunho
ideológico e político partidário, sem propostas reais de programas de
Educação Física, tem contribuído para tornar ainda mais indefinido o que
já está suficientemente ambíguo.”
As avaliações têm ênfase no reforço individual, utilizadas para selecionar os
alunos para competições e apresentações, onde o conteúdo é advindo do esporte e a forma
são os testes esportivo-motores.
111 xxx
2.4 – Sistêmica
Nesta proposta existe a preocupação de garantir a especificidade na medida em
que considera o binômio corpo/movimento como meio e fim da Educação Física
Escolar.
Segundo BETTI (1992), o alcance da especificidade se dá através da finalidade
da Educação Física na escola, é de integrar e introduzir o aluno de 1º e 2º Grau no
mundo da cultura física, formando o cidadão que vai usufruir partilhar, produzir,
reproduzir e transformar as formas culturais da atividade física (jogo, esporte, dança
ginástica, etc.).
Como exemplo de prática da Educação Física na escola, BETTI (1992) assim
coloca:
“Não basta (o aluno) correr ao redor da quadra; é preciso saber por que
se está correndo, como correr, quais os benefícios advindos da corrida,
qual intensidade, freqüência e duração são recomendáveis. Não basta
aprender as habilidades motoras especificas do basquetebol; é preciso
aprender a organizar-se socialmente para jogar, compreender as regras
como um elemento que torna o jogo possível... aprender a respeitar o
adversário como um companheiro e não como um inimigo a ser
aniquilado, pois sem ele simplesmente não há jogo... É preciso, enfim, que
o aluno seja preparado para incorporar o basquetebol e a corrida na sua
vida, para deles tirar o melhor proveito possível.”
BETTI (1992) utiliza o termo vivência do esporte, jogo, dança ginástica, etc, isto é,
deseja que as experiências dos alunos nas aulas e Educação Física perpassem tanto pelo
111 xxxi
aspecto cognitivo e conhecer as atividades da cultura corporal quando experimentar as
atividades em situação prática, viver efetivamente estas experiências.
Princípios derivados: o mais importante é o da não exclusão que sugere que
nenhuma atividade pode excluir qualquer aluno das aulas de Educação Física. Este
princípio tenta garantir o processo de democratização do acesso de todos os alunos às
atividades da Educação Física.
Princípio da diversidade propõe que a Educação Física na escola proporcione
atividades diferenciadas e não privilegie apenas um tipo, e também que a Educação Física
não trabalhe apenas com um tipo de conteúdo que é o esportivo, proporcionando assim
vivências nas atividades esportivas, atividades rítmicas e expressivas vinculadas à dança e
atividades de ginástica.
Neste trabalho a proposta engloba as anteriores porque ao mesmo tempo em que
garante a especificidade da Educação Física, está preocupada com a integração da
Educação Física na proposta educacional e considera o aspecto crítico que vai usufruir e
transformar as formas culturais da atividade física, por isso é uma proposta para a
Educação Física na escola mais abrangente.
111 xxxii
3 - EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR (5ª a 8ª série) COMO COMPONENTE
CURRICULAR
Compreender o significado da disciplina Educação Física não é tarefa fácil, pois
vêem se sugerindo, buscando, tentando, mas nem mesmo os professores de educação
Física conseguem explicar claramente o propósito de sua disciplina.
Parece-nos claro que a Matemática, a Geografia, etc, tem seus próprios objetivos
e conteúdos mais ou menos definidos, mas na Educação Física não se tem está clareza, e
aí surgem os questionamentos e criticas sobre porque da Educação Física Escolar. Com
isso cria-se um impasse: se orientam os objetivos da Educação Física para a formação
global da personalidade, assim dispersam e perde-se a especificidade. Dirigem-se para o
corpo, tornando-se estranhos a Pedagogia, existe ainda a questão de se ensinar os
movimentos pelo movimento.
“...como numa situação concreta é muito difícil separar a aprendizagem
do movimento da aprendizagem pelo movimento, visto que estes dois
aspectos estão intimamente relacionados e não podem ser mutuamente
excluídos” (TANI 1987, p. 41).
Ainda existe o questionamento da atual prática pedagógica da Educação Física
Escolar por parte dos próprios alunos que, não vendo mais significado na Educação Física,
desinteressa-se e forçam as situações de dispensa. Contudo, valorizam muito as práticas
corporais realizadas fora da escola. O número de horas-aula, geralmente é insuficiente para
atingir significativamente o objetivo da disciplina.
111 xxxiii
Tem também a questão dos graduados virem de escolas ou clubes onde, praticam
muito tempo uma modalidade esportiva, na hora de decidir o conteúdo a ser ministrado
optam por suas modalidades preferidas. Talvez, por insegurança optem pelo que mais
conheçam com isso os que possuem mais facilidade se destacam e tiram as maiores notas,
os demais, bem os demais tem que acompanhar se não conseguem estão fardados a não
mais praticar ou participar das aulas.
Ao indagarmos sobre os conteúdos, o que seria mais apropriado, por faixa etária ou
adotar outra linha outras formas de ministrar os conteúdos. O que todos concordam é que
temos que se desenvolver todas as habilidades, não privilegiando uma, nem esquecendo
outra. Em seguida refletir sobre o tipo de cultura que possui o pais, respeitando as
diferenças existentes em cada região, cidade e localidades, não podemos nos esquecer do
jogo simbólico, da fantasia, do ritmo, expressividade, criatividade, brincadeiras de rua,
corporeidade e outros. Para completar o conteúdo desta disciplina, as atividades devem ser
desenvolvidas de forma lúdica e prazerosa, que acompanhem o desenvolvimento da
criança, respeitando sua maturidade emocional-afetiva, física e cognitiva enfim integral,
desenvolvendo o seu lado social permitindo sua individualidade.
Quando uma criança se concentra em seu próprio trabalho, quando aprende a
apreciar e compreender seu ambiente, envolvendo-se nele, desenvolve atitudes humanistas
e solidárias que ajuda a analisar as necessidades do próximo. O processo criador abrange a
incorporação do eu na atividade. O próprio ato de criar fornece a compreensão do processo
por que, outros estão passando, quando enfrentam suas próprias experiências. Viver
cooperativamente, como seres bem-ajustados, contribuir, de forma criadora, para a
sociedade torna-se um dos mais importantes objetivos da educação.
Fazendo-se uma analogia com uma balança, diríamos que um pouco de cada coisa
deve ser acrescentado à aula para que tenha rumo para um peso ideal. Desenvolver por
111 xxxiv
exemplo todas as habilidades motoras, mas sem um componente lúdico ou expressivo
deslocaria o peso da balança-motora um planejamento somente sobre atividades recreativas
ou o que as crianças preferem fazer, sem levar em consideração quais habilidades
desenvolvidas levaria ao mesmo erro.
Percebe-se que, cada professor, de acordo com sua consciência e competência
deveria decidir, não apenas o quê vai ser ensinado, mas também como ensinar, embora o
fato de que não possuímos diretrizes estabelecidas nacionalmente nos aumenta ainda mais
a nossa responsabilidade do que está sendo ensinado.
Importante frizar que nem um momento está se sugerindo que não existe
planejamento, ao contrário está se enfatizando a necessidade se ser elaborado um plano de
ensino especialmente o planejamento participativo15 uma vez que este planejamento
envolve todos no processo da canalização de suas atividades, fomentar estas práticas aos
pré-adolescentes já exercita os mesmos para a prática da cidadania, lutar por seus direitos
conhecendo seus deveres.
Tem ainda a questão que em muitos lugares a Educação Física é ministrada por não
graduados, o que complica a tarefa de dar consistência para a auto- afirmação da prática
educacional uma vez que o conhecimento formal elaborado não é associado com a
experiência. Às vezes são excelentes professores, mas não sustentam suas ações com a
história da mesma, dando impressão que são atividades meramente práticas são
fundamentos e o pré-adolescente tem paixões intensas mais momentâneas, exemplo a
primeira derrota em alguma atividade física vai desanimando a continuidade dos
exercícios, lembrando o construtivismo de Vigostski sobre a interação social do homem
com o conhecimento.
15 Planejamento Participativo – Planejamento feito em conjunto professores, alunos e comunidade escolar.
111 xxxv
O fato é que da pré – escola até o 2º Grau escasseia os alunos e as aulas dessa
disciplina por inúmeros fatores: falta de preparo nas escolas de magistério, formação
excessivamente desportiva e biológica nas faculdades de Educação Física, a prática dessa
disciplina em horários diferentes das aulas separação entre meninos e meninas, conteúdos
obscuros e assim se fossemos enumerar todas as problemáticas a respeito da falta de
educandos nas aulas de Educação Física não haveria espaço suficiente em um trabalho de
especialização (PCN, 1998).
Pois bem, na qualidade de Educadores Físicos, conhecedores das inúmeras
dificuldades, para a identidade do curso, não devemos nos calar. A Educação Física,
embora com todo arsenal de pontos negativos resista, inclusive apresenta alguns pontos
positivos a seu favor: Por exemplo, no caso especifico da pré-adolescência a fome pela
descoberta corporal, que nos dá a sensação de liberdade, freqüenta regularmente as aulas
de Educação Física, participam das atividades e raramente os Educadores Físicos são mal
vistos pelos seus educando, já existe uma empatia natural por movimentos, talvez ai que
entra nosso papel de fazermos jus aos ventos que sopram ao nosso favor e construirmos
essa identidade para a nossa área, de repente não seria o caso de construir, mas de preparar
as já existentes. Como, por exemplo, os benefícios concretos que os ser humano têm
quando se movimenta. Vejamos o parágrafo seguinte.
Um bloco diz respeito ao conhecimento sobre o corpo, além dos benefícios
ocasionados pelas atividades físicas, exemplo:
• As atividades diárias queimam em média 60% das calorias ingeridas;
• A inatividade corporal é uma das principais causas de doenças da civilização
moderna, atrofia dos tecidos, diminuição da força e a elasticidade muscular,
aumenta o tecido adiposo, reduz a função cardíaca e a respiratória, deixa a pessoa
mais suscetível à fadiga;
111 xxxvi
• As atividades físicas aeróbicas, num período de 20 a 40 minutos, na freqüência
cardíaca ideal para cada idade, aumentam o volume do coração e do sangue.
• As artérias coronárias também se beneficiam, são elas que alimentam de sangue o
próprio músculo do coração;
• Os pulmões também saem ganhando, com o corpo em movimento, os alvéolos
pulmonares aumentam de volume.
Infelizmente existe uma cultura de que só devemos movimentar quando for
indicação médica ou terapêutica, esquecemos que o movimentar não necessariamente deve
ser para curar algo, ao contrário tornar mais vivo o corpo.
Em suma estando os corpos em atividade o “todo” é beneficiado. Quando dizemos
o “todo” referimo-nos a cultura corporal de movimentos.
“As práticas da cultura corporal de movimentos, competitivos ou não, são
contextos favoráveis de aprendizagem, pois permitem o exercício de uma
ampla gama de movimentos que solicitam a atenção do aluno na tentativa de
executá-lo de forma satisfatória e adequada. Elas incluem, simultaneamente,
a possibilidade de repetição para manutenção e prazer funcional e a
oportunidade de ter diferentes problemas a resolver. Além disso, pelo fato
de constituírem momentos de integração social bastante significativo, as
questões de sociabilidade constituem motivação suficiente para que o
interesse pela atividade seja mantido (PCN 5ª a 8ª séries,1998 pág. 53)”.
Devo ainda citar as danças, pois as mesmas se traduzem em vários benefícios
englobando todos os benefícios já citados e ainda compreendendo os aspectos histórico-
sociais.
Outro ponto que não pode passar despercebido é o da inclusão social,
principalmente de portadores de deficiência física.
111 xxxvii
“Por desconhecimento, receio ou mesmo preconceito, a maioria dos
portadores de deficiência física foram (e são) excluídos das aulas de
Educação Física. A participação nessas aulas pode trazer muitos
benefícios a essa criança, particularmente no que diz respeito ao
desenvolvimento das capacidades afetivas, de integração e inserção
social” (PCN, 1998 p. 56.).
Na minha concepção tais exclusões ocorrem por despreparo dos professores e
até mesmo das escolas que não tem condições físicas e humanas para atender a
demanda. O fato é que deficientes ou não tem que ser tratados com igualdade. Cabe ao
professor ser criativo, criando espaços e buscando subsídios para se qualificar e atender
a esses alunos com competência e qualidade.
“Trocando em miúdos, apesar de haver um entendimento geral quanto à
importância das atividades físicas na educação das crianças, essa
disciplina é ainda objeto de descaso muito grande” (FREIRE 1997, g.
219).
Citamos PAULO FREIRE em seu comentário, pois compartilho da mesma aflição e
anseios, pois acredito que só quando tivermos professores realmente capacitados é que essa
situação se reverterá. Cabe a cada um de nos profissionais da área buscar soluções,
podemos começar como já disse com embasamentos teóricos, maior participação na vida
escolar, não ficamos mais isolados dentro de quadras, clubes, gincanas, deixamos de ficar
só criticando, ou até mesmo, buscando outras profissões e assumirmos que realmente
somos professores e com tal devemos ter os mesmos direitos e deveres e não somos
lembrados apenas em época de festa ou torneios.
111 xxxviii
“É preciso dar a Educação Física um tratamento acadêmico, tendo no
esporte parte de seu conteúdo e seu objetivo de estudo. O ensino do
esporte proposto para a escola publica de ensino fundamental, poderá
contribuir para a democratização da mesma, à medida que possibilita a
um maior número de crianças o acesso ao conhecimento e
aprendizagem de seu saber, atualmente restrito a um segmento
privilegiado da sociedade.” (PAES 2001, p. 65).
Cabe a nós nos posicionarmos e tornar nossos alunos e comunidade escolar mais
críticos acerca de nossas ações educativas. Não se esquivar dessa responsabilidade. Você,
que tem o conhecimento, exponha-se à crítica e avança as pessoas de grande importância
pedagógica de nossas aulas.
Devemos conscientizar a comunidade escolar das importâncias das atividades,
derrubarmos paradigmas e mostrar as mudanças da Educação Física para os mais velhos
isso inclui outros professores e direção escolar e rebater as críticas que a Educação Física e
seus professores vêem recebendo a tempos à respeito de sua atuação, dentre as quais pode-
se destacar o seu caráter meramente recreativo, descompromissado, alienadamente, ou a
sua ligação exclusiva com a prática esportiva, ignorando parte dos seus alunos.Tenho
comigo que a Educação Física, por não ter delimitações, devemos estar atentos a nossa
comunidade, a nossa realidade, tanto de material quanto de espaço físico e não nos
esquecermos do que realmente são importantes, ou seja, nossos alunos, que devem ser
inseridos e tratados com prioridades em nossas aulas.
Por isso essa pesquisa se faz necessária, pois é fato que a Educação Física tem
motivos e razões de sobra para fazer parte dos currículos escolares de 5ª a 8ª série, o que
ocorre é que não podemos deixar as pessoas esquecerem de tal condição.
111 xxxix
4 – COLETA E ANÁLISE DOS DADOS
Partindo do princípio que o objetivo deste trabalho monográfico é a análise da real
situação e crise de identidade da Educação Física. Realizarei a coleta e análise dos dados
coletados mediante questionário de pesquisa, distribuídos para 80 (oitenta) alunos de
diferentes faixas etárias de 5ª a 8ª série, pertencentes ao “Programa Segundo Tempo”, sem
um critério específico para escolha, ou seja, por conveniência, optou-se por aplicar as
questões em cada sala do ensino fundamental da Escola Estadual “Padre José de
Anchieta", no município de Lambari D’Oeste. A referida escola foi escolhida, pois é a
única escola de nosso município, daremos algumas informações sobre o município com
intuito de enriquecer a pesquisa.
Lambari D’Oeste está localizado a Sudeste do Estado, na região denominada de
grande Cáceres. A cidade está situada a 343 Km da capital e possui uma área de 1.705
Km2 e possui 5.976 habitantes. O município possui divisas com o Município de Rio
Branco, Cáceres, Mirassol D’Oeste e Barra dos Bugres. Emancipou-se de Rio Branco em
20/12/1.991 pela Lei nº 5.914. As principais atividades executadas no município são: a
agricultura e a pecuária, destacando-se o cultivo de arroz, milho, feijão e cana-de-açúcar.
No município está instalada a unidade produtora de álcool da COOPERB-
Cooperativa Agrícola dos Produtores de Cana de Rio Branco. O clima é tropical chuvoso,
111 xl
tendo temperatura entre 20º C e 32ºC. O relevo apresenta áreas planas, e outras onduladas,
apresentando inclusive trechos com serras. Por se tratar de um município que ainda está se
desenvolvendo, foi escolhido de propósito, pois algumas dificuldades ficam mais visíveis,
o que torna a pesquisa mais rica e verdadeira.
Conceituar Educação Física não é tarefa fácil nem mesmo para nós profissionais da
área, que cometemos alguns equívocos. Porém para a presente pesquisa é de fundamental
importância, traçar-mos o perfil de nossos alunos e a sua relação com a disciplina.
Dos alunos entrevistados, representados na figura 1, 37,5% se referem à Educação
Física como um esporte do qual se volta para jogos, esporte competição; 15,83% apenas se
referiram a Educação Física como algo importante, sem mencionar com clareza o seu
significado; 13,33% se referiram a Educação Física com esporte integração,
professor/aluno e alunos/alunos, para uma melhor convivência e fortalecimento do trabalho
em grupo; 12,5%, como esporte que fortalece a cultura corporal de movimento; 7,5% se
referiram a Educação Física como um meio de manter a saúde corporal; 5,84% se
referiram como um exercício do corpo para manter a saúde; 4,17% a Educação Física é um
esporte, mas também deve se voltar para danças regionais e danças circulares; 2,5% não
dão a menor importância a Educação Física por que não gostam e 0,83% refere a
Educação Física como uma distração.
111 xli
37,5
15,83
13,33
12,5
7,5
5,84
4,17 2,5 0,83
esporte algo importanteesporte integraçao cultural corporal demeio de obtenção da saúde exercitar o corpodanças regionais e circulares não gostamdistação
Esse questionamento tem como base obter uma visão dos alunos, sobre a disciplina Educação Física como uma
componente do currículo escolar.
Das respostas (figura 2), 20% afirmam que é uma disciplina importante, pois ajuda
a melhorar a disciplina e o desempenho físico; 15,83% vêem a Educação Física como
essencial, pois ajuda a difundir o esporte; 12,5% a consideram ótima, pois além de
desenvolver o esporte, colabora com os estudos como um todo; 12,5% a consideram
importante para ensinar o que não sabem (provavelmente se referindo a esportes); 12,5%
há consideram como colaboradora na formação curricular dos alunos; 11,67% há
consideram importante, pois tira as crianças da rua; 8,33% apenas a mencionaram como
importante e 6,67% há consideram ruim por ter que fazer prova,
Figura 2 - dos alunos, sobre a disciplina Educação Física como uma componente do currículo escolar.
208,336,67
111 xlii
Visando buscar nos alunos a vivência com as aulas de Educação Física, sua abordagem diante das situações e das
atividades propostas.
Dos entrevistados (figura 3), 47,5% se dirigem a Educação Física como objeto para
adquirir experiências em jogos, aprendizagem esportiva; 14,17% como uma diversão
voltada para a aprendizagem esportiva; 10% como um meio de preparar o corpo para
prática esportiva; 6,67% a consideram uma disciplina difícil de aprender; 5,83% há
consideram um ensinamento claro e fundamental para todos os alunos; 5,83% há
consideram uma atividade esportiva voltada para à disciplina e o respeito mútuo entre os
colegas; 5% há consideram, além de uma atividade esportiva, aprendem regras e danças;
3,33% não praticam Educação Física e 1,67% a relacionam como uma atividade do dia a
dia.
47,56,67
5,83
5,835
3,33 1,67
Figura 3 - A Educação Física como objeto para adquirir experiências em jogos,
aprendizagem esportiva.
14,17
10
111 xliii
Com a finalidade de estar verificando o percentual de aceitação da disciplina
Educação Física entre os entrevistados, avigoremos os pontos positivos e negativos. Os
pontos positivos, figura 4: 75,83% praticam esportes; 11,67% respeito aos colegas; 9,17%
conhecimentos sobre esportes; 3,33% tirar as crianças das ruas.
Figura 4 - O percentual de aceitação da disciplina Educação Física (pontos positivos)
11,67
9,173,33
75,83
práticar esportes respeito aos colegasconhecimento sobre esportes tirar as crianças das ruas
Pontos negativos, (figura 5): 75,83% não tem pontos negativos; 8,34% risco de
acidentes; 6,67% às vezes as aulas são chatas, sem proveito; 5% não gostam de futebol;
3,33% pouco tempo de aula e 0,83% não gosta de nenhum tipo de esporte.
111 xliv
Figura 5 – Pontos negativos da Educação Física
50,83
6,67
3,33
8,34
75,83
não tem pontos negativosrisco de acidentesaulas chatasnão gosta de futebolpouco tempo de aula
Busca um conceito da importância da Educação Física para os alunos, as suas relações com outras pessoas e o seu dia a
dia.
Dos entrevistados (figura), 34,17% afirmam que Educação Física serve de base
para a escolha de sua profissão; 15,84% a consideram importante para a manutenção da
saúde; 13,33% há consideram como uma oportunidade para serem futuros atletas; 13,33%
há consideram importante por ser uma disciplina do currículo escolar; 5% acham que
Educação Física não terá importância nenhuma para sua formação e 18,33 não opinaram.
Figura 6 - importância da Educação Física para os alunos, as suas relações com outras pessoas e o seu dia a dia.
18,33
5
13,3313,33
15,84
34,17
111 xlv
Fica evidente que o conteúdo preferido dos alunos são os esportes. Poucas coisas podem ser tão úteis na formação de um
individuo quanto o esporte, que diverte e educa ao mesmo tempo.
Por outro lado temos que estarmos atentos às cobranças, a competição, para não
transformar esse momento mágico em frustração onde o pensamento eminente da criança
é: “Eu não presto para nada. Bom é o fulano que ganhou e deixou todos felizes”. É difícil,
mas, temos que aproveitar até esses momentos, tentando remomear as conquistas
anteriores e destacar que, na vida, não se ganha tudo a todo o momento.
Por isso ressalto a importância a diversificação de atividades, para que a criança
tenha várias possibilidades de êxito. A fisiologista Turíbio Leite, em entrevista concedida a
revista Isto É de Outubro de 2000, faz o seguinte comentário: “Veja o Gustavo Kiierten, o
Guga. Esse rapaz ama futebol, adora surfar, praticou os dois esportes na infância, mas
acabou se tornando um jogador de ponta no tênis. Conseguiu unir perseverança e um
conjunto de capacidades físicas especiais. Além do corpo longilíneo, Guga mostra uma
capacidade impressionante de assimilar os movimentos específicos do jogo...”.
É claro que é impossível dizer o futuro esportivo de uma criança, mas que devemos
lutar para torná-los Guga, não o super campeão, mas sim o amante do esporte, das
atividades físicas.
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Outro ponto que impressiona na pesquisa e o iminente interesse que a Educação
Física nos adolescentes, e um dos objetivos desta pesquisa é tentar despertar os
profissionais da Educação Física para esse filão, para esse trunfo que a Educação Física
possui e que está aí, clara com água cristalina e que na maioria das vezes não sabemos
aproveitar.
Quando falo em busca da afirmação, quero dizer que devemos parar de procurar
“receitas” milagrosas, e nos atentarmos ao que já temos que se for bem trabalhado é bem
mais do que o necessário para alcançarmos os verdadeiros objetivos da nossa disciplina.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como resultado, ainda embrionário de uma busca incessante da identidade da
Educação Física Escolar, apontamos alguns aspectos de mudanças a que este trabalho
proporcionou.
Os dados coletados revelam que a Educação Física Escolar tem tudo para se firmar
como disciplina, ela já é uma realidade, mas tem alguns pontos que ainda são polêmicos e
que mereceram novas pesquisas especificas. É evidente que apenas com esse trabalho não
conseguiremos a afirmação da Educação Física, mas será um meio de amenizar e fazer
com que consigamos mais respeito pela nossa profissão.
Talvez por esse trabalho ter sido pesquisado exclusivamente pré-adolescentes, que
são tão inconstantes e explosivos, mostra o quanto a Educação Física pode ampliar-se e
oferecer uma grande gama de atividades, para que seja uma Educação Física que forneça
informações relevantes a contextualização sobre os diferentes temas da cultura corporal.
Analisando os dados da pesquisa ficamos impressionados com a importância da
Educação Física para os pré-adolescentes, é claro que tem “n” fatores para serem
reformulados, para que cheguem no final do Ensino Médio com uma autonomia em relação
à cultura corporal.
Entre os fatos a serem reformulados a de citar a questão dos alunos associarem a
Educação Física a esporte de rendimento, competição. Tal associação é observada em
adultos que fazem ou fizeram parte da comunidade escolar, apesar de estarem fora da
pesquisa, convém ser citados, pois demonstram que essa visão tem que ser mudada e essa
mudança têm que ter início com os pré-adolescentes para que quando forem adultos
possam melhor se relacionar com as práticas esportivas.
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O esporte é um importante conteúdo da Educação Física, e em todas as respostas da
pesquisa o significado se mistura com o próprio da Educação Física. Por isso, nos como
Educadores Físicos devemos nos atentar mais para o fato dos esportes serem o raro chefe
da Educação Física é melhor trabalharmos com em conteúdo, exploram os seus benefícios
e minimizando os pontos negativos dentre os quais convém citar a exclusão, por se tratar
de um perigo real a Educação Física.
Outra relação feita é com a saúde. O que torna nosso desafio como educadores
físicos maior, pois esporte associado aprovação de saúde, doenças, lutas e atividades
lúdicas e corporais é o “pulo de gato” para a afirmação e o reconhecimento da Educação
Física como disciplina curricular, basta que consigamos envolva nossos alunos a cerca da
importância de todas as expressões corporais, para isso o crucial e a Diversificação,
oferecer o maior número de atividades físicas e expressivas possível, de qualidade,
orientada e encarada com responsabilidade e de relevante importância, por parte dos pré-
adolescente e principalmente dos profissionais de Educação Física.
Quem dera que em pesquisa fosse o ponto final, para a afirmação da Educação
Física, que de agora em diante a Educação Física, não sofresse mais nenhum preconceito
ou discriminação. Ponto final não, mas deve ser encarada com pedra fundamental e grito
de alerta para que mais pessoas se interessarem em trabalhar com pré-adolescentes. Por fim
cita uma frase de Silvino Santim que fez a seguinte frase:
…para mim, a ação pedagógica, que desenvolve no homem a
sabedoria de viver, um viver com felicidade e prazer…
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BETTI, M. (1992). Ensino de primeiro e segundo graus: Educação Física para que? Revista Brasileira de Ciências do Esporte, 13 (2): 282-287. DARIDO, S. C. Apresentação e análise das principais abordagens da educação física escolar. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, v.20, n.1, p.58-66, 1998. FREIRE, J. B., Educação de corpo inteiro. São Paulo: Scipione, 1.989. FREIRE, J. B. De corpo e alma: o discurso da motricidade. São Paulo: Summus. 1991. FREIRE, J. B. Educação de Corpo Inteiro – Teoria e Prática da Educação Física, Editora Scipione, São Paulo – SP, 1997 GHIRALDELLI Jr, P. Educação Física progressista. São Paulo: Loyola, 1988. MATO GROSSO, Secretaria de Estado de Educação. Escola Ciclada de Mato Grosso: novos tempos e espaço para ensinar, aprender e sentir, ser e fazer. Cuiabá. SEDUC, 2.000. MATTOS, M. G. Educação Física na adolescência: construindo o conhecimento na
escola / Mauro Gomes de Matos e Manos Garcia Neira. São Paulo: Phorte Editora. 2000.
TANI, G. Educação física na pré-escola e nas quatro primeiras séries do primeiro grau: uma abordagem desenvolvimentista I. Kinesis, v.3, p.19-41, 1987. OLIVEIRA, V. M. O que é Educação Física. São Paulo: Brasiliense, 1983.
111 l
OLIVEIRA, Z. M. R. (org.) A criança e seu desenvolvimento: perspectiva para se
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do Esporte, Campinas, V.23, n.2, p.7, 212. Janeiro, 2002. SANTIN, S. Educação Física: ética, estética, saúde. Porto Alegre. Edições est, 1995. SIQUEIRA, S. C. L. Corpos Algemados: o lúdico e a libertação do corpo. UNEMAT CÁCERES. 2002. TAFFAREL, C. N. Z. Criatividade nas aulas de Educação Física. Rio de Janeiro: Ao livro técnico, 1.985.
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ANEXOS Questionário Aplicado na pesquisa. 1-Conceitue o que significa Educação Física? 2-Como você aluno concebe a Educação Física como uma disciplina escolar? 3-Comente as suas experiências e vivências teóricas e práticas nas aulas de Educação Física? 4-Cite os pontos positivos e negativos das aulas de Educação Física? 5- Quais são as contribuições e a importância da Educação Física para sua formação profissional e pessoal?
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