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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSECENTRO TECNOLÓGICO
MESTRADO PROFISSIONAL EM SISTEMA DE GESTÃO
GILMAR MACHADO XIMENES
GESTÃO OCUPACIONAL DA VIBRAÇÃO NO CORPO HUMANO, ASPECTOSTÉCNICOS E LEGAIS RELACIONADOS À SAÚDE E SEGURANÇA.
Niterói2006
GILMAR MACHADO XIMENES
GESTÃO OCUPACIONAL DA VIBRAÇÃO NO CORPO HUMANO, ASPECTOSTÉCNICOS E LEGAIS RELACIONADOS À SAÚDE E SEGURANÇA.
Dissertação apresentada ao Curso deMestrado em Sistemas de Gestão daUniversidade Federal Fluminense comorequisito parcial para obtenção do Graude Mestre em Sistemas de Gestão. Áreade Concentração: Sistema de Gestãopela Qualidade Total.
Orientador:Fernando Benedicto Mainier, D.Sc.
Niterói2006
GILMAR MACHADO XIMENES
GESTÃO OCUPACIONAL DA VIBRAÇÃO NO CORPO HUMANO, ASPECTOSTÉCNICOS E LEGAIS RELACIONADOS À SAÚDE E SEGURANÇA
Dissertação apresentada ao Curso deMestrado em Sistemas de Gestão daUniversidade Federal Fluminense comorequisito parcial para obtenção do Graude Mestre em Sistemas de Gestão. Áreade Concentração: Sistema de Gestão pelaQualidade Total.
Aprovado em 30 de maio de 2006.
BANCA EXAMINADORA:
____________________________________Prof.: Fernando Benedicto Mainier, D.Sc.Universidade Federal Fluminense - UFF
______________________________________Prof.: Gilson Brito Lima, D.Sc.
Universidade Federal Fluminense -UFF
________________________________________Prof.: Arthur M. B. Braga, D.Sc.
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro - PUC
DEDICATÓRIA
Às minhas três mulheres, Fátima minha companheira, Lays e Yana nossas filhas que
compõem a minha referência de família, pelo carinho, compreensão e incentivo e,
especialmente, pela paciência durante o mestrado e a fase de elaboração da minha
dissertação.
AGRADECIMENTOS
Ao meu orientador Prof. Fernando B. Mainier, D.Sc. pelo incentivo e colaboração durante a
pesquisa, dissertação e elaboração de artigos.
Ao INMETRO - Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial,
instituição onde trabalho, que me deu todo o suporte e viabilizou o curso.
Ao presidente do INMETRO Prof. João Alziro da Herz Jornada, D.Sc, meu diretor no início
do curso, por ter feito a minha indicação ao mestrado.
Ao Diretor da DIMCI – Diretoria de Metrologia Cientifica e Industrial do INMETRO, Prof.:
Humberto Brandi, D.Sc.
Aos meus amigos e colaboradores Gustavo P. Ripper, D.Sc. (parecerista), Rogério D.
Regazzi, M.Sc. (apoio técnico fundamental nas medições e revisão), o jovem Daniel C.
Oliveira e Flávio G. Meirelles por sempre estarem disponíveis a cooperar.
Pelo incentivo na participação do mestrado dos meus colegas do LAVIB / INMETRO,
Guilherme A. Garcia, D.Sc., Ronaldo S. Dias, M.Sc. e também do colega, Paulo Massarani,
D.Sc. pelas indicações de referências bibliográficas.
A todos os meus colegas da DIAVI / DIMCI/ INMETRO.
ESCALA DO SOM“O ouvido humano pode captar apenas o somde 16 mil a 20 mil vibrações por segundo.Quando a média das vibrações vai além do quechamamos “som”, começam essas vibrações amanifestar-se na forma de calor. O calorcomeça com cerca de 1.500.000 vibrações porsegundo. Quando se eleva ainda mais, aescala de vibrações começa a registrar-se sob aforma de luz. Três milhões de vibrações porsegundo criam uma luz violeta. Acima destenúmero, as vibrações produzem os raiosultravioletas (que são invisíveis a olho nu) eoutras radiações invisíveis. E, ainda mais alto,na escala – num grau que não se conheceainda, segundo parece – as vibrações criam aforça que produz o pensamento humano”.(Napoleon Hill).
RESUMO
O objetivo desta dissertação é apresentar e discutir as variáveis envolvidas na compreensão da
vibração no corpo humano na área ocupacional propondo uma melhoria da gestão dos
programas ocupacionais que devem envolver este importante agente físico. Com o
entendimento dos processos da avaliação e das conseqüências da exposição às vibrações dos
indivíduos, como também abordagem na forma de entrevistas com alguns atores na área de
vibrações ocupacionais, procurou-se incentivar a implementação de algumas medidas técnicas
e administrativas, e, criar procedimentos confiáveis usando como base a metrologia. Neste
sentido foi efetuada uma revisão inicial da literatura especializada e, em paralelo o
desenvolvimento de estudo prático sobre medição e avaliação de vibração ocupacional.
Considerando estes aspectos uma proposta de melhoria na área de gestão de saúde e
segurança apoiada em metrologia de vibração ocupacional é apresentada, de modo a
contribuir para o desenvolvimento de atividades tecnológicas e administrativas que possam
minimizar os problemas da exposição às vibrações com foco na responsabilidade social. E
desta maneira, incentivar o aprimoramento de sistemas de gestão de controle dos agentes
insalubres através da inserção mais evidente da prevenção de vibrações nos documentos
exigidos pelos órgãos governamentais responsáveis pela Segurança e Saúde Ocupacional e os
programas de prevenção, controle, gerenciamento e perfil profissiográfico recomendados pela
regulamentação brasileira. Como resultado é apresentado um programa elaborado para
controle e prevenção de risco à exposição de vibrações, que depois consolidará com as
considerações sobre os fundamentos teóricos e os casos estudados, objetivando com isso a
obtenção de conhecimentos para uma boa prática de gestão de SSO, baseada em metrologia
ocupacional de vibrações.
Palavras-chave: Gestão Ocupacional. Exposição às vibrações. Metrologia Ocupacional.
ABSTRACT
The objective of this dissertation is to present and to discuss the variables involved in the
understanding of the vibration in the human body in the occupational area proposing an
improvement of the administration of the occupational programs that should involve this
important physical agent. With the understanding of the processes of the evaluation and of the
consequences of the exhibition to the individuals' vibrations, as well as approach in the form
of interviews with some actors in the area of occupational vibrations, it tried to motivate the
implementation of some technical and administrative measures, and, to create reliable
procedures using as base the metrology. In this sense an initial revision of the specialized
literature was made and, in parallel the development of practical study about measurement
and evaluation of occupational vibration. Considering these aspects an improvement proposal
in the area of administration of health and leaning safety in metrology of occupational
vibration is presented, in way to contribute for the development of technological and
administrative activities that can minimize the problems of the exhibition to the vibrations
with focus in the social responsibility. And of this it sorts things out, to motivate the
improvement of systems of administration of the unhealthy agents' control through the most
evident insert of the prevention of vibrations in the documents demanded by the responsible
government organs by the Safety and Occupational Health and the prevention programs,
control, administration and profile profissiográfico recommended by the Brazilian regulation.
As result is presented a program elaborated for control and risk prevention to the exhibition of
vibrations, that later will consolidate with the considerations on the theoretical foundations
and the studied cases, aiming at with that the obtaining of knowledge for a good practice of
administration of SSO, based on occupational metrology of vibrations.
Keywords: Occupational Administration. Exposure to the vibrations. OccupationalMetrology.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Representação de vibração................................................................. 23Figura 2 Parâmetros característicos de um movimento senoidal...................... 28Figura 3 Domínio do tempo e da freqüência..................................................... 29Figura 4 Comparação entre escalas linear e logarítmica................................... 30Figura 5 Esquema básico de sistema de medições de vibrações....................... 31Figura 6 Esquema básico de calibração de transdutor de vibrações................. 37Figura 7 Calibração absoluta e comparativa de transdutor de
vibrações............................................................................................. 37Figura 8 Sistema biomecânico representando o corpo humano de pé
vibrando verticalmente....................................................................... 43Figura 9 Representação das ressonâncias do corpo humano de pé vibrando
verticalmente...................................................................................... 45Figura 10 Doenças causadas pela vibração sobre as mãos................................. 50Figura 11 Esquema básico de sistema biodinâmico............................................ 51Figura 12 Eixos basicêntricos do corpo humano................................................ 53Figura 13 Sistema ortogonal de coordenadas para mãos e braços...................... 55Figura 14 Guia de saúde - zonas de precaução................................................... 61Figura 15 Curva de freqüência ponderada.......................................................... 67Figura 16 Gráfico de freqüência ponderada × filtros......................................... 69Figura 17 Gráfica para dedos brancos................................................................. 70Figura 18 Guia de saúde - zonas de precaução (Diretiva Européia)................... 74Figura 19 Esquema SGSSO com base na BS 8800............................................ 86Figura 20 Esquema representação da OSHA 18000........................................... 88Figura 21 Diagrama de seqüência de prevenção de riscos de exposição às
vibrações............................................................................................. 92Figura 22 Hierarquia de controle e medição....................................................... 94Figura 23 Etapas de medição de exposição de trabalhadores à
vibração.............................................................................................. 99Figura 24 Exposição de mãos e braços a vibrações no uso de martelete em
concreto.............................................................................................. 115Figura 25 Exposição de mãos e braços a vibrações no uso de martelete em
estruturas............................................................................................. 116Figura 26 Montagem do transdutor nas ferramentas manuais
vibratórias........................................................................................... 118Figura 27 Montagem do transdutor para medição em britadeira........................ 118Figura 28 Empilhadeira à gás de movimentação de cargas................................ 123Figura 29 Operações com moto-roçadeiras - mãos, braços e ombros................ 129Figura 30 Operações com trator cortador de grama - assento, mãos e braços.... 129
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Tipos de Exposição de vibração ocupacional..................................... 47Quadro 2 Fatores que influenciam o efeito de vibração na mão........................ 48Quadro 3 Classificação de vibração induzida pelos estágios de Taylor-
Pelmear............................................................................................... 50Quadro 4 Comparação das características fundamentais de VDV e A(8).......... 59Quadro 5 Classificação nacional de atividades econômicas.............................. 82
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Níveis de referência recomendados pela norma ISO 1683................ 30Tabela 2 Efeitos no corpo de uma pessoa exposta as vibrações........................ 62Tabela 3 Limites aceitáveis considerando os locais de exposição.................... 68Tabela 4 Valores Limites de Tolerância da ACGIH......................................... 71Tabela 5 Níveis de valores de ação e valores limites - Diretiva Européia........ 74Tabela 6 Resultados de medições das vibrações na direção de maior
magnitude........................................................................................... 119Tabela 7 Resultados de vibrações medidas comparadas com os valores da
Diretiva Européia................................................................................ 119Tabela 8 Limite de esforço da ISO 2631 (1997)............................................... 121Tabela 9 Resultado de avaliações nas direções z e x - Varredora de pista........ 122Tabela 10 Resultado de avaliações nas direções z e x - Empilhadeira de cargas 123Tabela 11 Componentes de incerteza de A(8) avaliado nos diferentes
locais................................................................................................... 126
LISTA DE ABREVIATURAS, SIMBOLOS E SIGLAS
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
ACGIH American Conference of Governmental Industrial Hygienists
ANSI American National Standards Institute
A (8) Aceleração rms ponderada para exposição de 8 horas
ap(t) Aceleração rms ponderada de freqüência
BS British Standards
CCE Comunidade Comum Européia
CCOHS Canadian Center for Occupational Health and Safety
CEN Comitê Europeu de Normalização
CLT Consolidação das Leis do Trabalho
EN Normalização Européia
DE Diretivas Européias
DIAVI Divisão de Acústica e Vibrações
DIMCI Diretoria de Metrologia Cientifica e Industrial
EAV Exposure Action Value
EEC European Economic Community
ELV Exposure Limit Value
EPI Equipamento de Proteção Individual
FFT Trasnformada Rápida de Fourier
GHE Grupo Homogêneo de Exposição
HSE Health and Safety Executive
ICP Piezoeletricos com eletrônica integrada
IEC International Electrotechnical Commission
ILO International Labor Organization
ISO International Organization for Standardization
ISSL Instituto de Seguridad y Salud Laboral
IN Instrução Normativa
INMETRO Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial
LER/DORT Lesões por Esforços Repetitivos/Distúrbios Ósteo-Musculares
Leq Níveis de exposição equivalente
LTCAT Laudo Técnico das Condições Ambientais do Trabalho
LTMin Limite de Tolerância Mínima do Nivel de exposição diário
LTMax Limite de Tolerância Máxima do Nivel de exposição diário
MPAS Ministério da Previdência e Assistência Social
MTE Ministério de Trabalho e Emprego
MSDV Motion Sickness Dose Vibration
NBR Norma brasileira
Nexp,d Nivel de exposição diário
NEP Nivel de exposição permitido
NR Norma Regulamentadora do Ministério do Trabalho e Emprego
OGMO Órgão Gestor de Mão de Obra
OMS Organização Mundial de Saúde
OHSAS Occupational Safety and Health Assessment Series (USA)
OIT Organização Internacional de Trabalho
PCMSO Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional.
PCRV Programa de Controle de Risco de Vibrações
PNSST Programa de Nacional de Saúde e Segurança do Trabalhador
PGR Programa de Gerenciamento de Risco
PPP Perfil Profissiográfico Previdenciário
PPRA Programa de Prevenção de Riscos Ambientais
RMS Root Mean Square
SGSSO Sistema de Gestão de Segurança e Saúde Ocupacional
SI Sistema Internacional de Unidades de Medidas
SIG Sistema de Gestão Integrado
SSO Segurança e Saúde Ocupacional
WHO World Health Organization
VAE Valor de Ação de Exposição
VCI Vibração de corpo inteiro
VDV Valor Dose de Vibração
VDME Valor Dose de Movimento de Enjôo
VIM Vocabulário Internacional de Metrologia
VLE Valor Limite de Exposição
VMB Vibração de mãos e braços
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO............................................................................................... 171.1 CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES............................................................ 181.1.1 Histórico da origem do estudo de vibrações.................................................. 181.2 OBJETO DO ESTUDO..................................................................................... 191.3 JUSTIFICATIVAS............................................................................................ 191.4 METODOLOGIA DA PESQUISA................................................................... 201.4.1 Estrutura do Trabalho.................................................................................... 201.4.2 Métodos e técnicas aplicadas.......................................................................... 201.4.2.1 Pesquisa e Avaliação Bibliográfica................................................................... 201.5 HIPÓTESE DE TRABALHO........................................................................... 211.6 ORGANIZAÇÃO DO TEXTO......................................................................... 212. FUNDAMENTOS TEÓRICOS – VIBRAÇÕES.......................................... 232.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS......................................................................... 232.1.1 Definição Básica de Vibrações....................................................................... 242.2 CONCEITOS FÍSICOS DE VIBRAÇÕES....................................................... 262.2.1 Domínio do tempo e da freqüência................................................................ 282.2.2 Escala logarítmica e linear.............................................................................. 292.3 METROLOGIA EM VIBRAÇÕES.................................................................. 302.3.1 Instrumentos e sistemas de medição de vibrações........................................ 312.3.2 Instrumentação de Medição de Resposta Humana à Vibração.................. 332.4 CALIBRAÇÃO................................................................................................. 342.4.1 Calibração de transdutores e medidores de vibrações................................ 362.4.2 Incerteza do resultado da calibração ou da cadeia de medição.................. 382.5 VIBRAÇÃO NO CORPO HUMANO.............................................................. 392.5.1 Vibração no ambiente de trabalho................................................................. 402.6 VIBRAÇÃO OCUPACIONAL - ASPECTOS HISTÓRICOS......................... 402.6.1 Características da vibração ocupacional....................................................... 422.6.2 Efeitos das vibrações sobre o organismo....................................................... 422.6.3 Danos à saúde causados pela exposição às vibrações................................... 452.6.4 Patologias das mãos e braços.......................................................................... 472.7 AVALIAÇÃO DAS VIBRAÇÕES OCUPACIONAIS.................................... 502.7.1 Vibrações de corpo inteiro.............................................................................. 512.7.2 Vibrações de mãos e braços............................................................................ 532.7.3 Medidas técnicas de prevenção...................................................................... 542.7.3.1 Proteção do trabalhador..................................................................................... 552.8 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA EXPOSIÇÃO HUMANA ÀS
VIBRAÇÕES.................................................................................................... 562.8.1 Método básico da aceleração ponderada em rms......................................... 562.8.2 Método RMS (root mean square) ou Método A(8)........................................ 562.8.3 Método da Dose de Vibração.......................................................................... 572.8.4 Efeitos na saúde, conforto e percepção.......................................................... 592.8.4.1 Efeitos na saúde................................................................................................. 592.8.4.1.1 Redução do Tempo de Exposição...................................................................... 602.8.4.2 Efeito de conforto.............................................................................................. 612.8.4.3 Efeito de percepção........................................................................................... 62
2.8.4.3.1 Dose para Movimento de Enjôo........................................................................ 622.9 DESENVOLVIMENTO DE NOVAS TECNOLOGIAS NO ESTUDO DE
VIBRAÇÕES OCUPACIONAIS...................................................................... 633. LEGISLAÇÃO E REGULAMENTAÇÃO................................................... 673.1 LEGISLAÇÃO E REGULAMENTAÇÃO INTERNACIONAL..................... 673.1.1 Norma ISO 2631 – Corpo inteiro................................................................... 673.1.2 Norma ISO 5349 – Vibrações transmitidas às mãos e braços..................... 693.1.3 Limites ACGIH para Vibrações em mãos e braços..................................... 713.1.4 Limites ACGIH para Vibrações no corpo inteiro........................................ 723.1.5 Diretiva 2002/44/EC.da Comunidade Européia de Vibração Humana...... 733.1.5.1 Valores de exposição de vibração diária........................................................... 733.1.5.2 Valor de ação de exposição diária (VAE)......................................................... 743.1.5.3 Valor limite de exposição diária (VLE)............................................................ 753.2 LEGISLAÇÃO E REGULAMENTAÇÃO BRASILEIRA.............................. 763.3 MTE- MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO.................................... 773.3.1 Atividades e operações insalubres de vibrações – NR 15............................ 773.3.2 Equipamentos de proteção individual – NR 6.............................................. 783.3.3 Ergonomia - NR 17.......................................................................................... 783.3.4 Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) - NR 7.. 793.3.5 Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA)- NR 9................... 793.3.6 Programa de Gerenciamento de Riscos - NR 22.......................................... 803.4 MINISTÉRIO DA PREVIDÊNCIA E ASSISTÊNCIA SOCIAL.................... 803.4.1 Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP)................................................. 803.4.2 Agentes físicos Anexo IV– Classificação dos Agentes Nocivos.................... 833.4.3 Anexo V–Classificação nacional de atividades econômicas......................... 833.5 LAUDO TÉCNICO DAS CONDIÇÕES AMBIENTAIS DO
TRABALHO..................................................................................................... 843.5.1 Laudo de exposição às vibrações.................................................................... 843.5.2 Anexo nº 8 - Vibrações.................................................................................... 853.6 CUSTO - BENEFICIO DA PREVENÇÃO...................................................... 854. PROGRAMA DE CONTROLE DE PREVENÇÃO DE RISCO À
EXPOSIÇÃO DE VIBRAÇÕES.................................................................... 874.1 GESTÃO DA SEGURANÇA E SAÚDE OCUPACIONAL............................ 874.1.1 BS 8800 - Elementos Essenciais do SGSSO................................................... 894.1.2 OHSAS 18001 - Elementos de um Sistema de SGSSO................................. 904.2 PROGRAMAS DE GESTÃO SSO................................................................... 914.3 PROGRAMAS DE PROGRAMAS DE CONTROLE DE PREVENÇÃO DE
RISCO À EXPOSIÇÃO DE VIBRAÇÕES.(PCPR-EV)-CONSIDERAÇÕES GERAIS...........................................................................
92
4.3.1 Considerações................................................................................................... 924.3.2 Exigências para a Eficiência de Programas de Prevenção e Controle de
Riscos................................................................................................................93
4.3.3 Componentes do Programa............................................................................ 944.3.3.1 Reconhecimento do Problema de Vibração...................................................... 944.3.3.1.1 Considerações de avaliação do problema de vibração................................... 954.3.3.2 Seleção de Instrumentos de Medição................................................................ 964.3.3.3 Estratégias de controle e medição..................................................................... 974.3.3.4 Estratégias de controle básicas.......................................................................... 974.3.3.5 Programas de Comunicação, Educação e Treinamento de Riscos.................... 994.3.3.6 Promoção de Saúde........................................................................................... 100
4.3.3.7 Avaliação da Exposição..................................................................................... 1004.3.3.8 Grupo Homogêneo de Exposição (GHE).......................................................... 1014.3.3.9 Projeto de Estratégia de Medições..................................................................... 1024.3.3.10 Estratégias para Pesquisa de Vibrações............................................................. 1024.3.3.11 Implementação de Programas............................................................................ 1034.3.3.12 Gerenciamento de programas ........................................................................... 1044.3.3.13 Práticas de Trabalho e Controle Administrativo............................................... 1054.3.3.14 Equipe de Trabalho............................................................................................ 1064.3.3.15 Situações especiais............................................................................................ 1064.3.3.16 Cronograma....................................................................................................... 1074.3.3.17 Avaliação de Programa...................................................................................... 1074.3.3.18 Sistema de controle de monitoramento............................................................. 1084.3.3.19 Indicadores......................................................................................................... 1084.3.3.20 Vigilância no ambiente para propósito de controle........................................... 1094.3.3.21 Vigilância saúde para propósito de controle...................................................... 1094.3.3.22 Registros e Relatórios........................................................................................ 1104.3.3.23 Melhoria Contínua............................................................................................. 1124.3.3.24 Recursos Requeridos......................................................................................... 1124.3.3.24.1 Recursos humanos............................................................................................. 1124.3.3.24.2 Alocação de Recursos Financeiros................................................................... 1124.3.3.25 Educação e Treinamento................................................................................... 1144.3.3.25.1 Treinamento no local de trabalho...................................................................... 1144.3.3.25.2 Conteúdo do Treinamento................................................................................. 1134.3.3.25.3 Tempo do Treinamento...................................................................................... 1144.3.3.25.4 Grupos alvos de Treinamento no local de trabalho.......................................... 1154.3.3.25.5 Métodos de Treinamento................................................................................... 1154.3.3.25.6 Treinamento fora do local de trabalho............................................................... 1164.3.3.26 Protetores Pessoais............................................................................................ 1164.3.3.26.1 Seleção de equipamentos de proteção pessoal ou individual............................ 1165. METROLOGIA DE VIBRAÇÃO OCUPACIONAL.................................. 1175.1 ESTUDO DE CASO: EXPOSIÇÃO DE VIBRAÇÕES TRANSMITIDAS
ÀS MÃOS E BRAÇOS NA INDUSTRIA DE CONSTRUÇÃOCIVIL................................................................................................................. 118
5.1.1 Proposição do estudo de caso.......................................................................... 1185.1.2 Metodologia de medições................................................................................ 1185.1.3 Rastreabilidade................................................................................................ 1215.1.4 Montagem do sistema de medição.................................................................. 1215.1.5 Resultados de medição.................................................................................... 1215.1.6 Resultados por GHE........................................................................................ 1225.1.7 Considerações sobre o estudo de caso VMB................................................. 1245.2 ESTUDO DE CASO: AVALIAÇÃO DE EXPOSIÇÃO DE VIBRAÇÕES
DE CORPO INTEIRO (VCI)............................................................................ 1245.2.1 Metodologia...................................................................................................... 1235.2.2 Resultados de medição do estudo de VCI..................................................... 1255.2.3 Avaliação das atividades de operação de varredora de pista.................... 1255.2.4 Avaliação das atividades de operação de empilhadeira de cargas.............. 1275.3 INCERTEZA DA AVALIAÇÃO DE EXPOSIÇÃO DE VIBRAÇÕES DE
CORPO INTEIRO (VCI).................................................................................. 1285.3.1 Recomendações para medições...................................................................... 1295.3.2 Considerações sobre a incerteza à exposição de VCI................................... 131
5.3.3 Conclusões sobre o estudo de incerteza em VCI........................................... 1315.4 ENTREVISTAS................................................................................................ 1315.4.1 Excerto das entrevistas com trabalhador...................................................... 1325.4.2 Excerto das entrevistas com especialistas..................................................... 1345.5 ANÁLISE FINAL DO ESTUDO...................................................................... 1366. CONSIDERAÇÕES, CONCLUSÕES E SUGESTÕES.............................. 1446.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................ 1446.2 CONCLUSÕES................................................................................................. 1476.3 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS............................................. 151
REFERÊNCIAS.............................................................................................. 152APÊNDICE...................................................................................................... 159
17
1 INTRODUÇÃO
Esta Dissertação de Mestrado foi elaborada em seis capítulos apresentando históricos,
considerações, metodologia da pesquisa, hipóteses, teorias, gestão ocupacional e técnicas de
medições sugeridas para gestão ocupacional da vibração do corpo humano, aspectos técnicos
e legais relacionados à saúde e segurança.
No decorrer do trabalho procurou-se fazer uma apresentação sem tecnicismo dos
processos de avaliação e das conseqüências da exposição à vibração elevada, permitindo uma
análise clara da problemática envolvida na área saúde e segurança.
Através da compreensão dos documentos que gerem o assunto, somados aos
exemplos de avaliação obtidos da literatura, estudos e práticas de medição de avaliações em
campo, apresentado nesta dissertação, sugere-se a melhoria da gestão da vibração
ocupacional, propondo algumas mudanças nas normas e a criação de um procedimento
harmonizado para nossa realidade
1.1 CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
A Grande Enciclopédia Larousse Cultural de Língua Portuguesa (1995) dá as
seguintes definições para vibração.
VIBRAÇÃO s.f. (Do latim vibratio, vibrationis)1 - Ato ou efeito de vibrar.2 - Movimento oscilatório rápido.3 - Física: Vibração acústica ou mecânica, movimento das partículas de um meioelástico, de um lado e de outro de uma posição de equilíbrio. Encicl. Fis. Todo movimento periódico em que uma característica (elongação,velocidade, aceleração) é definida por uma função do tempo pode ser consideradocomo a superposição de movimentos simples descritos por uma função senoidal.Cada movimento componente se produz com uma freqüência que é um múltiplointeiro da freqüência do movimento considerado. Esta decomposição é chamadaanálise de Fourier da vibração. A medida das vibrações se efetua geralmente ao setransformar a oscilação mecânica em oscilação elétrica com o auxílio detransdutores de diferentes tipos como, por exemplo, os osciloscópios. (LAROUSSECULTURAL, p. 5934, 1995)
18
1.1.1 Histórico da origem do estudo de vibrações
De acordo com o trabalho de pesquisa de Dimaragonas (1990), a teoria da vibração, da
música e da acústica foram desenvolvidas em conjunto há 5 séculos A.C. Foi com o estudo da
música e do som emitido pelos instrumentos, que já existiam na época, que tudo começou.
Descobriu-se que as notas musicais eram função das características físicas dos
instrumentos, não dependendo necessariamente de como eram tocados. Este conceito foi
definido mais tarde como freqüência natural ou de ressonância de um corpo.
No início as referências eram as notas musicais, e cada configuração do instrumento
tinha uma característica. O termo freqüência só foi definido mais tarde, pois era necessário
primeiro medir o tempo de modo mais eficiente. Vale lembrar que a freqüência de 1 Hz
corresponde a 1 ciclo por segundo, e dezenas ou centenas de hertz significam medir tempos
da ordem de décimos ou centésimos de segundo. Até o conceito de isolamento de vibração já
era aplicado na Grécia, nas rodas de carruagens com poucos raios, aros finos e eixos flexíveis.
Este tipo de construção permitia maiores velocidades em terrenos acidentados com menores
níveis de vibração. O conceito de isolamento de vibração estava diretamente relacionado à
freqüência natural de vibração ou freqüência de ressonância da suspensão da carruagem.
1.2 OBJETIVO DO ESTUDO
O objetivo deste trabalho é realizar um estudo das técnicas, das normas, dos aspectos
legais relacionados com a gestão e medição da vibração no corpo humano com ênfase nos
aspectos metrológicos que permitirão a harmonização das normas internacionais. Através
desse pilar metrológico focado nos objetivos do trabalho será criada uma base para a
elaboração futura de procedimentos, normas técnicas e limites legais relacionando as questões
dos riscos ambientais e ergonômicos.
O que se pretende é rever conceitos adaptando-os as aplicações no país, através do
estudo de revisão e de elaboração de normas brasileiras, quando for necessário; montar base
de dados de conhecimentos tradicionais e também trabalhar informações geradas em
entrevistas com especialistas, consultores, prestadores de serviço de diferentes áreas, já que se
trata de um tema multiprofissional e nesse sentido poder-se obter uma conscientização de
todos das áreas de saúde ocupacional e engenharia envolvidas com o assunto identificando
19
diretrizes metrológicas que favoreçam a elaboração de regulamento técnico e legislação
específica de controle e prevenção de vibrações.
1.3 JUSTIFICATIVAS
Durante o nosso dia a dia, estamos expostos a vibrações, de uma forma ou de outra,
em carros, ônibus, trens, metrô etc. Outras tantas estão também expostas a outras vibrações,
durante o seu trabalho, por exemplo, as produzidas por ferramentas manuais, máquinas ou
veículos pesados. Alguns estudos desenvolvidos podem ser considerados como uma
importante investigação no estudo do efeito da exposição do corpo humano a vibrações,
especialmente no ambiente de trabalho.
A questão da vibração no corpo humano no Brasil ainda é muito pouco explorada. A
Norma Regulamentadora NR 15, Anexo nº 8, do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE)
que remete para as normas internacionais que abordam ISO 2631 (1997) vibrações no corpo
inteiro e ISO 5349 (2001) e vibrações nas mãos e braços, quando relacionado com
insalubridade. Além disso, também são aceitos os limites da norma ACGIH (1999) como
informado na introdução da NR 15, sem qualquer menção a procedimento ou equipamento de
medição. Com relação a riscos ergonômicos não existe ainda referência a normas
internacionais A importância do assunto também recai nas exigências do Ministério da
Previdência e Assistência Social (MPAS) referentes aos benefícios da aposentadoria especial
com relação à exposição à vibração no corpo humano. Na recente Instrução Normativa
(IN)118 de março de 2005 do INSS é exigida ao empregador a avaliação da exposição às
vibrações.
É interessante ressaltar que a garantia da rastreabilidade metrológica dos sistemas e
instrumentos adotados na cadeia de medições de vibrações, seria muito importante e
proporcionaria um aumento na confiabilidade metrológica aplicada, permitindo que os
aspectos técnicos, legais, periciais, judiciais tenham maior credibilidade, criando condições
vantajosas para um aprimoramento contínuo tanto na área técnica como na administrativa. Por
outro lado, as vibrações em edifícios (por exemplo, por ação de obras, explosões próximas de
edifícios, etc) começaram igualmente a ser alvo de normalização específica com indicação de
valores de vibração admissíveis.
20
1.4 METODOLOGIA DA PESQUISA
O planejamento e o desenvolvimento da dissertação procuram estabelecer uma
contribuição para a gestão ocupacional das atividades sujeitas às vibrações mecânicas,
baseadas nas estratégias de pesquisas metrológicas com relação ao controle dessas vibrações
no corpo humano.
1.4.1 Estrutura do Trabalho
A elaboração do trabalho foi desenvolvida partir de observações de pesquisa
bibliográfica, acompanhamento dos processos de medições nas situações estudadas,
resultados obtidos após a realização de medições de vibrações ocupacionais e entrevistas em
canteiro de obras de uma empresa de construção civil e em outras situações avaliadas nas
atividades de manutenção e conservação de grandes áreas jardinadas. Após a definição do
método, legislação e normalização, foram avaliadas as situações objetivando visualizar
adequações que proporcionem melhoria nos sistema e programas de controle e prevenção de
risco à exposição de vibrações.
1.4.2 Métodos e técnicas aplicadas
A metodologia referenciou-se em informações colhidas em bibliografia focadas em
elaboração de projetos de pesquisa (GIL, 2002) e na fundamentação do trabalho, foram
considerados os sentidos documentais, bibliográficos, exploratórios e causais como mostra a
descrição a seguir:
1.4.2.1 Pesquisa e Avaliação Bibliográfica
Esta etapa abrangeu consultas à legislação (como diretivas e regulamentação), livros e
artigos de autores nacionais e internacionais, abordagens a profissionais atuantes na área de
metrologia ocupacional com entrevistas sobre exposição às vibrações, normas sobre gestão de
SSO, dissertações de banco de teses, recursos disponíveis na internet. Foram realizadas,
21
dentro do possível, visitas em empresas para realização de medições ocupacionais e também
entrevistas que são muito importantes considerando a complexidade da situação em estudo.
Nas visitas, foram observadas as situações que necessitam de avaliações através de medições,
como por exemplo, nos funcionários expostos às vibrações de corpo inteiro e mãos e braços.
A abordagem diversificada da pesquisa apresenta vantagens e desvantagens próprias com
relação aos procedimentos de aquisição e análise de dados.
1.5 HIPÓTESE DO TRABALHO
O objetivo é apresentar a importância da contribuição da metrologia na melhoria de
sistema de gestão de segurança e saúde ocupacional (SGSSO) com relação à exposição aos
agentes físicos de vibrações. Desta forma, é levantada a hipótese de que é possível
desenvolver de forma alinhada, um programa de controle e prevenção de risco harmonizado
com os elementos essenciais do SGSSO que atenda às exigências normativas atualizadas,
legislação adequada, metrologia ocupacional e quando implementado, permitir o controle, a
avaliação, a prevenção e evitar quaisquer danos à saúde do trabalhador e aos negócios da
empresa.
1.6 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO
O capítulo um apresenta o objetivo do trabalho e a sua estruturação, a formulação do
problema, a definição do objetivo da pesquisa, e ainda justifica a escolha dos caminhos
pesquisados e traz algumas explicações sobre a metodologia da pesquisa empregada.
O capítulo dois contém a fundamentação teórica com terminologia - padronização de
termos da linguagem metrológica brasileira; conceitos - vibrações; definições; situações;
efeitos; conseqüências; metrologia em vibrações; métodos e sistemas de medições;
instrumentação específica; avaliação e métodos de avaliação de vibrações humanas.
O capitulo três concentra-se na compreensão de normas especificas, legislação e
regulamentação pertinentes ao estudo de vibrações ocupacionais
O capítulo quatro apresenta uma Proposta de Programa de Gestão e Controle de
Prevenção de Risco à Exposição de Vibrações baseado nas normas de gestão, abordando os
elementos essenciais de um Sistema de Gestão da Segurança e Saúde Ocupacional (SGSSO)
22
que requer uma conservação de saúde apropriada e implementação de programas de controle
de vibração sempre que um lugar de trabalho enquadrar-se na categoria de "ambiente
vibratório”
O capítulo cinco realiza análises de dados técnicos colhidos nas medições realizadas in
loco nas pessoas expostas às vibrações, e também nas entrevistas junto aos especialistas e
profissionais atuantes em tecnologia de medição de riscos físicos ambiental. Foram analisadas
algumas aplicações de medições de vibrações nos estudos de caso sobre exposição de
vibrações transmitidas às mãos e braços nas atividades da construção civil, no estudo sobre
vibração de corpo inteiro em operadores de veículos no ambiente de trabalho, e a aplicação de
estudo de incerteza na avaliação de exposição ocupacional de vibrações. Sendo as
informações colhidas e as percepções discutidas em forma de considerações.
O capítulo seis apresenta as considerações finais e, também, traz conclusões e
sugestões de melhoria na Gestão de SSO com relação à exposição às vibrações apoiada na
metrologia, feita com base na análise de normalização e legislação brasileira e internacional.
E, como sugestões para sensibilização da gestão técnica - científica, indicativos de
desenvolvimento de tecnologias de medições e calibrações aplicadas à metrologia
ocupacional de vibrações; promoção de mecanismos gerenciais de transferência de resultados;
como também indica a necessidade de capacitação e pesquisa em metrologia que possibilite
desenvolvimento e disseminação de novas tecnologias no campo da análise e medição da
vibração ocupacional.
23
2 FUNDAMENTOS TEÓRICOS – VIBRAÇÕES
2.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
De acordo com Thomson (1978) “vibração é o termo que descreve um movimento
oscilatório de um sistema mecânico em relação a uma condição de equilíbrio tomada como
referência.” Segundo Drogicina (1972) a vibração pode ser definida como um movimento
oscilatório das partículas em torno de seu ponto de referência do equilíbrio em um corpo
contínuo, em um líquido ou em um gás [...].” De acordo com Iida (2005) “vibração é qualquer
movimento que o corpo executa em torno de um ponto fixo. Esse movimento pode ser
regular, do tipo senoidal ou irregular, quando não segue nenhum movimento determinado,
como no sacolejar de um carro andando em uma estrada de terra.”
Na observação de um objeto vibrando em câmara lenta, podem-se ver movimentos em
diferentes direções. O movimento do objeto em relação à sua condição de referência, ou seja,
quanto maior for o deslocamento percebido do objeto em relação a sua referência ou quanto
maior for o nº de ciclos por segundo, desta forma será então permitido a observação das
caracacterísticas das grandezas relacionadas com a vibração. Os termos usados para descrever
esse movimento são a freqüência, amplitude, aceleração, velocidade e deslocamento.
Figura 1 - Representação da vibraçãoFonte: CCHOS (2005)
ObjetoVibrando D
eslo
cam
ento
Ciclo Ciclo Ciclo
Amplitude
Baixa
AltaTempo
24
2.1.1 Definição Básica de Vibrações
A norma ISO 5805 (1997) destaca algumas definições importantes usadas em
vibrações que são descritas a seguir:
• Um objeto vibrante move-se de um lado para o outro da sua posição de equilíbrio
normal. Um ciclo completo de vibração ocorre quando o objeto desloca-se de um extremo
para o outro, retornando para a sua posição normal, portanto, o número de ciclos que um
objeto vibrando completa por unidades de tempo é chamado freqüência. A unidade de
freqüência é hertz (Hz) e um hertz equivale a um ciclo por segundo.
• Um objeto vibrando move-se a uma distância máxima em relação a sua posição de
equilíbrio. A amplitude de deslocamento é a distância extrema em relação a posição de
equilíbrio em qualquer dos lados e é medido em metros (m). A intensidade de vibração
depende da amplitude e pode ser descrita nas seguintes magnitudes:
• A velocidade de um objeto vibrando varia de zero a um valor máximo durante cada ciclo
de vibração, movendo-se rapidamente através de sua posição de equilíbrio para uma posição
extrema. O objeto vibrando reduz a velocidade quando se aproxima do extremo, onde para e
retorna na direção oposta pela posição de equilíbrio até o outro extremo.
• A velocidade é expressa em unidades de metros por segundo (m/s). Aceleração é a medida
de como a velocidade varia com o tempo e é expressa em unidades metros por segundo ao
quadrado (m/s2). A magnitude de aceleração muda de zero para um valor máximo durante
cada ciclo de vibração, quando o objeto vibrando move-se mais distante da sua posição de
equilíbrio.
• Todo o objeto tende a vibrar em freqüências particulares que dependem da composição do
objeto, seu tamanho, estrutura, massa e forma. Estas freqüências naturais são chamadas de
freqüências de ressonância. Uma máquina vibrando transfere uma quantidade de energia a um
objeto quando a máquina vibrar na freqüência de ressonância desse objeto. Um sistema
complexo de várias massas interconectadas mediante elementos elásticos, como pode ser
simulado o corpo humano, apresentam diferentes freqüências de ressonância.
As vibrações mecânicas podem ser originadas por diversos fatores, dentre eles
destacamos as condições operacionais (máquinas e equipamentos), a natureza (excitação
eólica, ondas, abalos sísmicos, etc) e excitadores de vibrações.
De acordo com Ripper; Dias, (2000) as vibrações normalmente detectadas na indústria
são de origens diversas e podem ser classificadas nas categorias de vibrações produzidas por
25
um processo de transformação; vibrações ligadas aos modos de funcionamento das máquinas
e materiais e também pelas vibrações devidas a defeitos das máquinas.
Na prática, segundo Nepomuceno, (1989) é muito difícil evitar a vibração. Geralmente
as causas de vibrações em máquinas e equipamentos ocorrem por efeitos dinâmicos de
tolerâncias de fabricação, folgas, desalinhamentos entre equipamentos ou componentes,
atritos em rolamentos e mancais, contatos de batimentos de dentes de engrenagem, forças de
desbalanceamento, flutuação de campo eletromagnético, variação de torque, movimentos
alternativos (motores, compressores). É comum vibrações insignificantes excitarem as
freqüências naturais de outras peças da estrutura fazendo com que estas sejam ampliadas,
transformando-se em vibrações e ruídos indesejáveis para o homem.
Mas, às vezes, a vibração é desejável realizando um trabalho útil. Inclusive existem
equipamentos onde a vibração é o princípio de funcionamento ou o seu objetivo final. Por
exemplo, é provocada vibração intencional em dispositivos alimentadores de componentes ou
peças numa linha de produção, em peneiras vibratórias, em banhos de limpeza ultra-sônicos,
em compactadores de concreto, em perfuradores, em britadores e bate-estacas. Máquinas
vibratórias de ensaios são bastante usadas para transmitir níveis de vibrações controlados
durante os testes, pois é necessário analisar as respostas físicas e funcionais para assegurar a
resistência à vibração ambiental.
Com relação as vibrações Thomson (1978) apresenta duas grandes classes de
vibrações:
• vibrações livres - quando um sistema vibra sem ação de forças externas, neste caso o
sistema vai vibrar à sua freqüência natural que depende das suas propriedades próprias (massa
e rigidez).
• vibrações forçadas - quando a vibração do sistema sofre à intervenção de forças
externas. Neste caso, o sistema vai vibrar com a freqüência da força de excitação.
A vibração pode ainda ser classificada segundo diferentes critérios, alguns deles, por
exemplo, sob o ponto de vista físico, são apresentados a seguir:
• vibrações senoidais - quando a vibração segue um perfil conhecido. Nesse caso o sinal
no momento futuro é previsível a partir do histórico passado, seguindo uma relação
matemática explícita.
Ex.: excitação senoidal discretizada, varredura senoidal lenta, varredura periódica rápida,
impulso, relaxação.
26
• vibrações periódicas - O sinal se repete depois de determinado período de tempo,
podendo ser representado por uma série de Fourier.
• vibrações aperiódicas - Não existe uma caracterização da repetitividade.
• vibrações aleatórias - Vibração segue um perfil aleatório, ou seja, a previsão no
momento futuro não é possível a partir do histórico passado, exceto por características
estatísticas como: média, desvio-padrão, variância, etc.
Ex.: ruído aleatório puro, ruído aleatório transiente.
A forma mais simples de um movimento vibratório é a forma senoidal ficando
perfeitamente caracterizado pela sua amplitude (de deslocamento, velocidade ou aceleração) e
pela freqüência, ou pelo seu inverso, o período de oscilação.
A Transformada Rápida de Fourier (FFT) é um método numérico que possibilita
transformar uma onda no domínio do tempo (Tempo × Amplitude) em um espectro, ou seja,
um gráfico no domínio da freqüência (Freqüência × Amplitude).
2.2 CONCEITOS FÍSICOS BÁSICOS DE VIBRAÇÕES
Alguns conceitos básicos importantes descritos por Thomson (1978) serão
apresentados a seguir:
Supondo um movimento vibratório harmônico definido por uma senóide do tipo:
u = X sen ωt eq. (2.1)
onde, X é o deslocamento máximo do movimento e ω é a frequencia angular em radianos por
segundo. A repetição do movimento se dá quando ω t= 2π radianos, portanto:
O período T do movimento em segundos é: ωπ2
=T eq. (2.2)
A freqüência f é o inverso do período: πω2
=f eq. (2.3)
O deslocamento pode ser reescrito sob a forma : tfXu π2sen= eq. (2.4)
27
Nesse caso, podem ser derivadas a partir do deslocamento as equaçõescorrespondentes para velocidade instantânea correspondente a um tempo t:
v =dtdx
= ωX cos ωt = 2πf X cos (2πf t) eq. (2.5)
e para aceleração instantânea correspondente a um tempo t.
a =dtdv
= 2
2
dtud = - (2πf )2 X sen ωt = - 4 ω2 π 2 f 2 X sen (2πf) eq. (2.6)
A representação de um sinal de amplitude pode ser indicada de várias maneiras,
dependendo do instrumento de leitura e para avaliar um sinal vibratório devem ser conhecidas
algumas medidas:
O valor pico, que indica o valor máximo, mas não traz qualquer informação acerca da duração
ou tempo de movimento, é particularmente usado na indicação de níveis de impacto de curta
duração; o valor da raiz média quadrática (rms) ou valor eficaz, que é a raiz quadrada dos
valores quadrados médios dos movimentos, é a mais importante e a mais utilizada medida da
amplitude porque mostra a média da energia contida no movimento vibratório. Portanto,
indica o potencial destrutivo da vibração, que é considerado em análises de manutenção de
máquinas. Também é denominado aceleração equivalente quando se refere a um período de
tempo significativo. Este parâmetro é definido pela seguinte equação:
Valor eficaz (rms) aeq = [ ]21
0
2 )(1∫
Tdtta
T , eq. (2.7)
onde:
a eq = aceleração equivalente
T = período ( tempo de medição)
a(t) = aceleração instantânea correspondente a um tempo t
O valor médio indica apenas a média da exposição sem qualquer relação com a
realidade do movimento, é usado quando se quer levar em conta um valor da quantidade física
da amplitude em um determinado tempo; o valor pico a pico, indica a dupla amplitude da
onda e é usado, por exemplo, onde o deslocamento vibratório da máquina é parte crítica na
tensão máxima de elementos de máquina. A velocidade e aceleração podem ser indicadas em
28
mm/s ou m/s2 pico ou rms, respectivamente, sendo o valor de deslocamento pico a pico
indicado em mm. A figura 2 a seguir representa um movimento senoidal e os parâmetros
caracteristicos descritos anteriormente.
As relações matemáticas entre estes parâmetros são:
Amplitude pico (uma amplitude máxima): X,
Amplitude pico-a-pico (o dobro da amplitude máxima): 2 X
Amplitude rms (raiz média quadrática do sinal): XX 707,022= (Caso o sinal não seja
senoidal a equação é diferente).
Amplitude média (média retificada do sinal): 0,637 X.
Na figura 2 a seguir estão representados os parâmetros característicos de um movimento
senoidal.
Figura 2 - Parâmetros característicos de um movimento senoidalFonte: B&K, 1988.
2.2.1 Domínio do tempo e da freqüência
A relação direta, mostrada a seguir na figura 3, entre os domínios do tempo e das
freqüências nem sempre ocorre de maneira tão simples como no caso de um sinal senoidal. É
importante ter em mente que fora alguns poucos casos ideais, a análise no domínio do tempo é
muito limitada. O domínio de freqüências mostra muitas informações que o mais treinado
técnico dificilmente consegue verificar sem a sua análise.
29
Figura 3 - Domínio de tempo e freqüência
2.2.2 Escala logarítmica e linear
Pode-se utilizar a representação logarítmica ou linear na representação da amplitude de
vibração ou na freqüência, ou em ambos, dependendo da análise a ser realizada. As escalas
lineares de amplitude e freqüência são usadas em medidas de vibração quando uma alta
resolução é necessária. A escala linear ajuda a separar componentes em freqüência próximos
entre si, e facilita a visualização de componentes harmônicos em freqüência de um sinal. As
escalas logarítmicas podem ser importantes para interpretação de sinais com grande faixa
30
dinâmica e amplo espectro de freqüência, que é o caso dos acelerômetros piezelétricos. A
escala logarítmica de freqüência expande as mais baixas e comprime as mais altas, criando
uma resolução relativamente igual ao longo do eixo de freqüência. Quando a amplitude é
representada de modo logarítmico, utiliza-se o decibel (dB), que é o logaritmo da razão entre
a amplitude medida e um valor de referência. Para amplitude de vibração, tem-se a seguinte
relação:
=
ferênciadeAmplitudeMedidaAmplitudedBAmplitude
Re10log20)(
eq. (2.8)
A amplitude de vibração pode ser representada pelo deslocamento, velocidade, ou
aceleração e também em decibéis; na prática, a aceleração é usada intensamente como
unidade em vibrações, conforme apresentado na tabela 1, e de acordo com a norma ISO 1683
os níveis de referência recomendados são:
Tabela 1 - Níveis de referência recomendados pela norma ISO 1683
AMPLITUDE NÍVEIS DE REFERÊNCIA
Aceleração 10 –6· m.s-2
Velocidade 10 –9 m.s-1
Deslocamento 10 –12 m
Fonte: ISO 1983
A comparação dos gráficos na figura 4 mostra que na existência de sinais muito
pequenos junto com outros muitos grandes, a utilização de escala logarítmica permite uma
análise melhor que a linear.
Figura 4 - Comparação entre escala logarítmica e linear
31
2.3 METROLOGIA EM VIBRAÇÕES
Diferentes sistemas podem ser usados para medições de vibrações dependendo do
propósito do estudo, das características e o conteúdo das informações desejadas. Os vários
elementos em um sistema de medição são: o transdutor, que normalmente é o acelerômetro; o
condicionador de sinal para adequar o sinal do transdutor ao registro; a ponderação de
freqüência ou possibilidades de análise; facilidades de armazenagem de dados; leitura dos
dados. Segundo Ripper (2000), nem todos estes elementos são usados em todo sistema de
medição. Nos últimos anos, tecnologias de medição foram criadas, permitindo pesquisar
máquinas modernas que funcionam em alta velocidade e num ritmo elevado de solicitação. A
utilização de acelerômetros, que convertem o movimento vibratório em sinais elétricos, e a
versatilidade dos aparelhos eletrônicos, tornam mais habil a realização do processo de
medição e análise de vibrações. Os acelerômetros podem ser conectados ao medidor de níveis
de vibrações ou diretamente a um registrador de armazenagem de dados para medição futura
ou referência. Muitas vezes é necessário que o nível de vibração em determinado sistema seja
quantificado ou analisado quanto ao seu conteúdo em freqüência. Quando o interesse se tratar
de ensaio vibratório ou calibração, geralmente tem-se que gerar a vibração mecânica com
excitadores de vibração que são baseados em diferentes princípios de funcionamento.
Pela definição do Vocabulário Internacional de Metrologia (2000) um sistema de
medições compreende o conjunto completo de instrumentos de medição e outros
equipamentos acoplados para executar uma medição. O esquema abaixo de um sistema para
medições de vibrações é apresentado:
Figura 5 - Esquema básico de sistema de medições de vibrações.
32
Pode-se observar que o esquema é composto de três blocos, um transdutor (ou
captador), um dispositivo de amplificação (elétrico, mecânico ou óptico) e um indicador ou
registrador de amplitude ou de nível, que serão analisados separadamente, podendo ainda ser
composto de filtros passa bandas para selecionar freqüências especificas.
2.3.1 Instrumentos e sistemas de medições de vibrações
O sensor ou transdutor de vibrações, refere-se ao elemento da cadeia de medições
responsável pela transdução do movimento vibratório em uma grandeza mensurável. A saída
pode ser um sinal elétrico, mecânico e óptico, proporcional ao movimento ao qual foi
submetido, quando dentro da sua faixa linear de resposta. Este sinal de saída fornecido pelo
transdutor pode ser proporcional ao deslocamento, velocidade ou aceleração. São geralmente
classificados quanto à grandeza para medir aceleração, velocidade e deslocamento. Ou ainda,
outro critério normalmente utilizado, é o de serem relativos ou absolutos. O transdutor
relativo, necessita estar conectado a uma referência fixa no espaço, a partir da qual serão
feitas as medições. Os transdutores relativos podem ser classificados em: com contato e sem
contato como por exemplo: magnético, capacitivo, ultra-som e laser (deslocamento e
velocidade). Exemplos de transdutor relativo com contato são: linear voltage difference
transducer-LVDT (deslocamento). O transdutor absoluto está conectado fisicamente somente
à superfície a ser medida como por exemplo eletrodinâmico (velocidade) e acelerômetro
(aceleração). A sensibilidade do transdutor de vibrações refere-se a relação entre o sinal de
saída do transdutor e a entrada mecânica. Para um transdutor de aceleração, por exemplo, a
sensibilidade é expressa da seguinte maneira: mV/ms-2 e pC/ms-2, para tensão e carga
respectivamente no sistema de unidades SI ou mV/g e pC/g (onde g é aceleração da
gravidade, g = 9,80665 ms-2). Os acelerômetros são os transdutores mais utilizados para
medições de vibrações. O transdutor é a interface entre a vibração e o sistema de medição.
Responde à vibração mecânica e a transforma em um sinal elétrico que pode ser interpretado
pelo instrumento de medição. O melhor instrumento não pode dar um resultado melhor do que
a saída do transdutor. Os tipos mais comuns de acelerômetros são: piezoelétricos;
piezoelétricos com eletrônica integrada (ICP); piezoresistivo; capacitância variável; servo-
acelerômetro. Condicionadores de sinais são definidos como os elementos responsáveis pela
adequação do sinal fornecido pelo transdutor aos requisitos da instrumentação de registro e
/ou análise. São alguns exemplos de condicionadores de sinais: amplificadores diferenciais
33
para acelerômetros piezoresistivos; amplificadores de tensão e amplificadores de carga para
acelerômetros piezoelétricos; etc. Os filtros de ponderação de frequência são usados para
comparar as a vibração medida com as normas, sendo só permitindo a passagem de certos
componentes de frequencia pela função passa-bandas. Os medidores e analisadores de
freqüência são os instrumentos mais utilizados na prática para aquisição registro e análise de
vibrações.
As duas principais características são a resposta de freqüência e a faixa dinâmica. A
resposta de freqüência é na verdade o desvio entre o valor medido e o valor verdadeiro da
função de freqüência. A resposta de freqüência do medidor de níveis de vibrações deve ser
boa, com pequenas variações sobre a faixa dinâmica. A faixa dinâmica é aquela sobre a qual o
valor medido é proporcional ao valor verdadeiro, em uma determinada freqüência em Hz.
Esta faixa é limitada pelo nível mais baixo pelo aterramento elétrico do instrumento e nos
níveis mais altos pela distorção do sinal causado pela sobrecarga do transdutor ou
amplificador. Este instrumento para medidas gerais de vibrações em máquinas necessita ser
muito fácil de usar e extremamente robusto permitindo monitorização preventiva de vibrações
de máquinas ou motores.
2.3.2 Instrumentação de Medição – Resposta Humana à Vibração
Devido à complexidade da sensação humana de vibração não é possível projetar uma
vibração objetiva - com equipamentos e instrumentos medindo para dar resultados que são
absolutamente comparáveis, para todos os tipos de vibração, como se fossem observados por
seres humanos. Porém, é considerado essencial ter a instrumentação usada para medir
vibração em condições bem próxima das definidas por normas, de forma que resultados
obtidos por usuários de tal instrumentação sempre sejam o mesmo e dentro das tolerâncias
declaradas. A norma internacional ISO 8041 (1999) na cobertura da instrumentação
especificada mostra que há a necessidade de se ter pelo menos um dos métodos de medição
recomendados pelas normas ISO 2631(1997) e ISO 5349 (2001).
As medidas de resposta humana são realizadas na interface entre a pele e a fonte de
vibração. Há dois tipos de sensores de vibração: os sem contato (capacitivo e indutivo) e os
com contato (eletromagnético e piezoelétrico); enquanto os primeiros permitem a medição
fora do sistema vibratório, os outros são obrigatoriamente fixados no sistema vibratório.
34
Métodos sem contato, por exemplo, laser, são preferidos, mas não são normalmente utilizados
em avaliações ocupacionais.
As vibrações podem ser medidas por aparelhos portáteis como os descritos a seguir:
Medidores de vibrações (mecânicas) no corpo humano: Aparelhos de monitorização de
vibrações para controle da exposição de um trabalhador a vibrações de máquinas e
ferramentas, tais como martelos pneumáticos.
Sistema de Análise de Vibrações Ambientais (edifícios, obras em construção e
ambiente em geral): qualquer tipo de vibração pode causar, a partir de determinados níveis ou
se mantiverem num longo espaço de tempo, graves danos nas estruturas de edifícios assim
como contribuir para problemas de saúde num grupo populacional ou ainda por vibrações
provocadas por grandes máquinas ou motores num determinado local.
Os aparelhos atuais que incorporam a mais avançada tecnologia para medidas
complexas de vibrações, permitem medir em 1/3 de bandas de oitavas. A capacidade de
monitorização contínua e a capacidade de memorização de valores habilitam o equipamento
para medidas em qualquer situação e ambiente de trabalho. Os resultados podem ser
diretamente enviados para uma impressora ou para um computador para posterior análise
Medidor de vibração humana possibilita leituras simultâneas triaxiais (eixos x, y e z),
com filtros de ponderação específicos para cada eixos independentes, permitindo medir o
nível de exposição do trabalhador à vibração na palma e na mão, no braço, no corpo inteiro,
estudos e avaliações ergonômicas, estudo de performance de ferramentas manuais e
determinação de eficiência de luvas antivibração.
Sistema de Três Eixos de Vibrações: Medidor de vibrações especialmente concebido
para aqueles que usam no seu trabalho ou que exista no seu local de trabalho, maquinário que
provoque vibrações contínuas. Um menu fácil de usar e as medidas dentro da banda das 1/3
oitavas o tornam um instrumento extremamente versátil na monitorização de máquinas,
medição de vibrações em edifícios e vibrações ambientais. As medidas são realizadas
diretamente usando entre 1 a 3 acelerômetros em simultâneo. Além disso, o mesmo aparelho
pode ser usado em diferentes funcionários sendo em seguida os resultados apresentados como
um todo, num só eixo ou como uma soma de vetores XYZ, e ainda permite o cálculo de
"doses de vibração" a que um trabalhador esteja exposto ao longo do seu período de trabalho.
A calibração é realizada em conjunto e as tolerâncias são especificadas na norma ISO
8041. Deve-se definir os conjuntos de elementos em que a calibração é válida. Os
equipamentos para medição de vibração no corpo humano devem ser do tipo 1 ou do tipo 2,
como recomendado pela norma ISO 8041. A diferença está apenas na tolerância permitida de
35
± 3,5% para o tipo 1, usados em casos específicos como ambientes bem definidos e
controlados, e ± 6% para o tipo 2, usado nos casos gerais.
2.4 CALIBRAÇÃO
Como define o Vocabulário Internacional de Metrologia – VIM (2000), calibração é
um conjunto de operações que estabelece, sob condições especificadas, a relação entre os
valores indicados por um instrumento de medição ou sistema de medição e os valores
correspondentes das grandezas estabelecidas por padrões.
Com relação ao requisitos para calibração é importante que se tenha em mente que,
calibração é diferente de medição, e requer: pessoal qualificado, que domine todo o processo
e os equipamentos utilizados; equipamento especifico para calibração; método que garanta a
repetitividade e reprodutividade dos resultados; rastreabilidade a padrões nacionais, direta ou
indiretamente e incerteza conhecida dos equipamentos e do método utilizado.
O produto final de uma calibração é o certificado de calibração, que será a referência
para todas futuras medições do instrumento.
Essas calibrações podem ser classificadas quanto ao método aplicado como absoluto e
comparativo. Nos métodos absolutos a sensibilidade é obtida diretamente pela medição de
grandezas que formam a base do sistema de unidades. São métodos geralmente restritos a
institutos metrológicos nacionais e fabricantes para a calibração de acelerômetros padrão e de
referência utilizados nas calibrações comparativas. Os principais métodos de calibração
absoluta são os que utilizam técnicas interferométricas (contagem de franjas de interferência e
determinação de nulos da função de Bessel), descritos na norma ISO 16063-11 (1998) e a
técnica de reciprocidade, abordada na norma ISO 16063-12 (2002). Nos métodos
comparativos, a sensibilidade é obtida através da comparação dos sinais de saída do
transdutor a calibrar e de um transdutor de referência, o qual deve possuir características
estáveis e conhecidas. São aplicados em calibrações de transdutores de uso geral na indústria
e em laboratórios secundários. As categorias de calibrações segundo norma ANSI S2.31
(1979) são operacionais, básicas e suplementares. As calibrações operacionais são
verificações de um instrumento ou sistema de medição, ou ainda, como processo de ajuste ou
determinação da sensibilidade de um sistema feita normalmente em campo, antes ou durante
uma medição, ex: excitador manual de vibrações, calibrador portátil, simulador de transdutor
e etc.
36
As calibrações básicas definem as principais características do instrumento ou sistema,
aquelas que normalmente são levantadas para cada transdutor, individualmente. Essas
características são: sensibilidade (fator de calibração) – relação entre saída elétrica e entrada
mecânica; sensibilidade de carga (pC/ms-2); sensibilidade de voltagem (mV/ms-2); resposta em
freqüência do acelerômetro montado (ressonância); impedância elétrica (resistência,
capacitância ou indutância). As calibrações suplementares definem características que não são
medidas individualmente, mas apresentadas como características de um modelo de produto,
como sensibilidade transversal, sensibilidade a temperatura, a campos magnéticos, acústica, a
torque de montagem, a choques, etc. A abrangência da calibração envolve um elemento da
cadeia de medição (ex. transdutor), ou até a própria cadeia, de forma global.
De acordo com Ripper et al, (1995), são vários os motivos para se efetuar um processo
de calibração que estão relacionados a seguir: estabelecer relação do fenômeno a medir com
grandezas físicas conhecidas; rastreabilidade da medição; condições contratuais ou legais e
recomendações pelas normas técnicas; verificação de valores especificados pelo fabricante em
carta de calibração; levantamento de características especificadas em carta; verificação de
alteração de características de desempenho devido ao uso; confiabilidade e repetitividade dos
dados; garantia de intercambiabilidade de transdutores; checagem de erros de montagem de
vários componentes em uma cadeia. Alguns motivos contribuem de forma importante para o
crescimento da demanda por calibração como os programas de manutenção preventiva,
redução de custos da instrumentação, redução de perdas, conforto, segurança e saúde
ocupacional, competitividade de mercado, concorrência devido a abertura de mercado
(barreira técnicas internacionais), a evolução de normas de gestão de negócios e sistemas de
gestão apoiados em estratégias de controle baseadas na Metrologia.
2.4.1 Calibrações de transdutores e medidores de vibrações.
Para calibrar um transdutor de vibração, aplica-se uma vibração conhecida e mede-se a
tensão de saída, obtendo então a sensibilidade.
MecânicaVibraçãoElétricoSinaladeSensibilid =
eq. (2.8)
37
Figura 6 - Esquema básico de calibração de um transdutor de vibrações.
Precisa-se então de um sistema, conforme esquema da figura 6, que gere um nível de
vibração conhecido, que será a referência, e também leia o sinal elétrico na saída do
transdutor. O sistema de referência depende do método de calibração utilizado e da incerteza
que se deseja obter. Conforme Ripper, et al, (1995), os dois métodos de calibração são
normalmente aplicados. Métodos absolutos que consiste na medição do deslocamento da
vibração utilizando interferometria a laser e a partir desse dado calcula-se a velocidade e
aceleração (vibração harmônica senoidal v = 2πfX), obtendo-se o valor da sensibilidade com
uma incerteza menor que os métodos comparativos (± 0,5 %) e o método comparativo que por
meio de um transdutor de referência, ou padrão montado juntamente com o transdutor que
esta sendo calibrado e, ele vai indicar o nível de vibração aplicado. A figura 7 a seguir mostra
montagens dos métodos descritos anteriormente. Na prática, o acelerômetro é o transdutor
mais utilizado como padrão, e são construídos de maneira que facilite a montagem do
transdutor que se deseja calibrar sobre ele, para garantir que o nível de vibração seja o mesmo
nos dois transdutores.
Figura 7 - Calibração Absoluta e Comparativa de um transdutor de vibrações.
As tensões Vd e Vr são medidas no multímetro, os valores da sensibilidade do padrão Sr
e o ganho do amplificador do padrão Gr são conhecidos, pois são as referências para a
calibração, e tendo dois valores desconhecidos: a sensibilidade do desconhecido Sd e o ganho
do amplificador Gd. Na prática podem ocorrer os dois casos:
Calibração do conjunto desconhecido, onde quer se obter a sensibilidade do conjunto, Sd x Gd;
38
××
=−2d )G x (
msmV
VrVGS
SConjuntodoadeSensibilid drrd
eq. (2.9)
Calibração do acelerômetro desconhecido, onde se precisa do valor de Gd.
×××
=−2)(
mspC
GdVrVdGrSrGroAcelerometdoadeSensibilid d
eq. (2.10)
Na calibração de medidores de vibração, que já fornecem o valor do nível de vibração
em uma tela, por exemplo, calcula-se o nível indicado pelo acelerômetro padrão pela fórmula
da equação 2.9 e, compara-se com a indicação do instrumento. Neste caso o resultado da
calibração é o desvio entre as duas leituras. Caso a indicação do medidor seja em velocidade
ou deslocamento, converte-se com a relação de 2πf o valor lido pelo acelerômetro padrão.
( ) ( )GrSr
Vr
msVConjuntodoadeSensibilid
VSaidaaAceleração×
=
=
−2
eq. (2.11)
A norma ISO 8041 (1999) especifica testes elétricos, vibração e ambientais para
verificar conformidade com as características especificadas. Também determina o método
para calibração de sensibilidade. O propósito é assegurar consistência e compatibilidade de
resultados e reprodutibilidade realizados com diferentes instrumentos que usam os métodos de
medições em uma dada faixa de freqüência, dada na ISO 2631-1 (1997) para avaliar a
vibração percebida pelos seres humanos. Aplica-se para instrumentação de medição de
vibração de mãos e braços e/ou vibração do corpo inteiro. Para outros métodos de medição as
normas ISO 2631 (1997) e ISO 5349 -1 e 2 (2001) devem ser consultadas.
Um instrumento ou um conjunto podem ser verificados desde que preencham somente as
exigências necessárias para medida de mão-braço ou vibrações de corpo inteiro debaixo de
certas condições, por exemplo, na direção de z, contanto que o propósito seja declarado
claramente e as exigências pertinentes cumpridas. Junto com análise espectral, são aplicadas
as características próprias do filtro.
39
2.4.2 Incerteza do resultado da calibração ou da cadeia de medição
Toda calibração deve associar uma estimativa de incerteza de medição para o
resultado reportado. A Ciência da Medição explica este assunto em numerosos livros e artigos
técnicos sobre cálculo e incerteza de medição, mas atualmente a referência é o GUM (1998) e
segundo este Guia, a incerteza do resultado da calibração leva em consideração duas
componentes ou classes : aleatória (tipo A) e sistemática (tipo B). A incerteza aleatória, neste
caso, é o desvio padrão dos valores obtidos nas medições da sensibilidade, ou das medições
feitas pelo medidor de vibrações durante sua calibração. A incerteza sistemática engloba todas
as incertezas dos equipamentos que fazem parte do sistema de calibração, como multímetro,
acelerômetro padrão, gerador de sinais, etc.
De acordo com Stein (2005), a melhor descrição para as influências de vibrações está
determinada no Anexo A da norma ISO 16063 - parte 1 (1998) que para “instrumentos de
medições de vibração humana” usados para medir a influência de vibração de corpo inteiro e
vibrações de mãos e braços, as declarações específicas de incertezas são dadas na CD/ISO
8041 (2005).
As principais partes distintas da cadeia de medição a serem calibrados são:
1. O sensor e o cabo de conexão (principalmente piezo-acelerômetro com uma baixa
freqüência de corte ou um acelerômetro capacitivo/resistivo/servo acelerômetro que tem uma
resposta até DC);
2. Medidor de vibração humana como um instrumento específico ou computador dedicado
baseado em um sistema de medição;
3. Calibrador de vibração, usado para calibrar toda a cadeia de medição. A incerteza relativa
do calibrador é determinada pela calibração em laboratório metrológico e pelo fabricante e é
conhecida como Uc;
4. Os Itens 1 e 2 são normalmente calibrados como uma unidade. A incerteza relativa à cadeia
de medição é conhecida como Um ;
O calibrador e o medidor de vibração humana incluindo o acelerômetro são dois sistemas
independentes. Conseqüentemente nenhuma correlação e influência é esperada. Assim a
avaliação da medida de incerteza padrão UM é a raiz da soma dos quadrados das incertezas
relativas Ui , como mostra a equação 2.12 a seguir:
22mcM UUU += eq. (2.12)
40
2.5 VIBRAÇÃO NO CORPO HUMANO
Segundo Griffin (1990) o corpo humano é sensível a diversas influências externas,
como luz, som, etc. Se for pensado como uma estrutura, os ossos seriam os elementos de
suporte como as vigas e colunas de uma construção e os músculos seriam os “motores” que
movimentam esta estrutura articulada. Dentro desta estrutura estão todos os demais órgãos,
que podem ser comparados a elementos sólidos formando sistemas mecânicos, que reagem
como qualquer outra estrutura a estímulos físicos externos (forças). Para fim de modelação
matemática, “os elementos rígidos podem ser os ossos e os órgãos, e os elásticos a pele e os
músculos.” Conforme visto, a vibração consiste em movimento inerente aos corpos dotados
de massa e elasticidade. Portanto, o corpo humano possui uma vibração natural se uma
freqüência externa coincide com a freqüência natural do sistema, ocorrendo uma ressonância,
que implica em amplificação do movimento. Esta energia vibratória é absorvida pelo corpo,
devido à atenuação promovida pelos tecidos e órgãos.
A vibração é considerada um agente nocivo presente em várias atividades laborativas
do nosso dia a dia, mesmo assim, como menciona Griffin (1990), não há norma que mostra de
uma maneira simples como avaliar precisamente os efeitos conhecidos de vibração no corpo
humano.
2.5.1 Vibração no ambiente de trabalho
Wada (1990; apud SANTOS, 2004) define ambiente de trabalho como um conjunto de
fatores interdependentes, materiais ou abstratos, que atua direta e indiretamente na qualidade
de vida das pessoas e nos resultados dos seus trabalhos. E, segundo Santos, 2004, um local de
trabalho, seja um escritório, um laboratório, uma fábrica, um banco, deve ser sadio, seguro e
agradável. O homem precisa encontrar aí condições capazes de lhe proporcionar o máximo de
proteção e, ao mesmo tempo, satisfação no trabalho. Neste sentido, o ambiente de trabalho é
composto de um conjunto de fatores, que podem ser agrupados em dois blocos, os quais
abranjam fatores físicos e fatores organizacionais do ambiente de trabalho. É importante
salientar que, não há uma hierarquização de importância, pois um ambiente de trabalho é, na
verdade, produto da contribuição desses diversos fatores. Conforme foi definida
anteriormente, a vibração é qualquer movimento que o corpo executa em torno de um ponto
fixo. Esse movimento pode ser regular, do tipo senoidal ou irregular, quando não segue
41
nenhum padrão determinado. O ambiente onde a vibração atua diretamente denomina-se
ambiente vibratório.
2.6 VIBRAÇÃO OCUPACIONAL - ASPECTOS HISTÓRICOS
Os efeitos de vibração e de choque em seres humanos têm sido estudados por muito
tempo. No começo do século 18, B. Ramazzini, em seu exame do livro das doenças dos
artistas e dos desenhistas , descreveu resultados pós-morte dos efeitos da exposição à
vibração mecânica experimentada por instrutores de cavalo "[...] tendo por resultado as
entranhas estão sendo agitados pela força da vibração e movidos quase completamente de
sua posição normal [...]" (SAFETY LINE, 2005).
Maurice Raynaud, médico francês, foi o primeiro a descrever em 1862, os distúrbios
vasculares observados em indivíduos expostos a vibrações de mãos e braços, em sua tese
intitulada Local asphyxia and symmetrical gangrene of the extremities (VENDRAME, 2004).
Quando as ferramentas de potência foram introduzidas nos anos de 1900, os operadores
começaram a experimentar distúrbios vasculares nos dedos e nas mãos que envolveram algum
prejuízo da circulação e branqueamento dos dedos. Isto foi chamado de fenômeno de
Raynauld, ou a doença vasospastic traumatic , ou dedo branco, ou mais geralmente vibração-
induzida de dedo branco. Observou-se primeiramente este problema entre os pedreiros
quando substituíram malhos e martelos por brocas e martelos pneumáticos (SAFETY LINE,
2005). Em 1911, o trabalho pioneiro iniciado por Loriga, pesquisador italiano que descreveu a
síndrome da vibração nos trabalhadores que operavam marteletes em pedreiras,
correlacionando com o fenômeno de Raynaud, muitos pesquisadores têm estudado o assunto,
o que resultou em milhares de artigos científicos a respeito das vibrações transmitidas às mãos
e braços (NIOSH, 1997).
Em 1918, Alice Hamilton, pioneira no campo das doenças ocupacionais, avaliação e
controle dos agentes causadores, também estudou os mineiros utilizando ferramentas manuais
do tipo marteletes em pedreiras em Bedford, Indiana e descreveu uma anemia das mãos
(FANTAZZINI, 2001 e VENDRAME, 2004). Sessenta anos depois, o National Institute
Occupacional Safety and Health (NIOSH) repetiu o mesmo estudo no mesmo local e
encontrou os mesmos resultados.
42
A introdução de moto-serras na indústria da madeira nos anos 50 conduziu a uma
ocupação nova enquadrada no risco da doença da vibração. Nos anos 60 e 70, a síndrome da
vibração foi associada com a gasolina utilizada em moto-serras no trabalho florestal.
Desde então, muitas outras profissões foram identificadas como "ocupações de riscos
elevados", entre elas operadores de ferramentas pneumáticas, elétricas e diesel de mão;
condutores de caminhões, ônibus, tratores e de equipamentos pesados; e mineiros.
Em 1977, o Internacional Labor Organization (ILO) listou a vibração como um perigo
ocupacional e recomendou que:
[...]“as medidas e exames teriam que ser feitos para proteger empregados dos efeitosda vibração. As autoridades responsáveis teriam que estabelecer: critérios paradeterminar o risco; quando necessários, os limites da exposição devem ser definidospor meio destes critérios. A supervisão de empregados expostos ao perigoocupacional em conseqüência da vibração em seus lugares do trabalho deve tambémincluir um exame médico antes do começo deste trabalho particular, como tambémacompanhamento em check-ups regulares" (ILO, 1977).
2.6.1 Características da vibração ocupacional
Diferentemente de outros agentes físicos ou químicos, onde o trabalhador atua de
forma passiva, na exposição ao risco, no caso de vibrações caracteriza-se pelo contato entre o
trabalhador e o equipamento ou máquina que transmita a vibração.
Todo processo industrial pode gerar esforços dinâmicos provocados pelo funcionamento de
máquinas, veículos e manipulação de ferramentas produzindo vibrações que são transmitidas
ao conjunto do organismo, mas de forma diferente, conforme as partes do corpo, as quais não
são sensíveis às mesmas freqüências. Em termos de biodinâmica, o corpo humano pode ser
considerado como um sistema complexo formado por diferentes sub-sistemas, cujas massas
estão unidas por elementos elásticos e amortecedores. Cada parte do corpo pode tanto
amortecer quanto amplificar o movimento.
43
Figura 8 - Sistema biomecânico simplificado representando o corpo humano de pé vibrando.Fonte: B & K (1988)
2.6.2 Efeitos das vibrações sobre o organismo
As vibrações severas sofridas pelas mãos devido a ferramentas vibrantes, podem
provocar danos neurológicos, circulatórios, modificação da força muscular e da destreza
manual. Por outro lado, vibrações aplicadas em todo o corpo, como por veículos de transporte
e pisos vibrantes, podem provocar ressonâncias nas vísceras e solicitar particularmente os
músculos e o esqueleto (coluna vertebral). Diminuindo a precisão dos gestos e levando a
ocorrer problemas de equilíbrio. Podendo ocorrer danos graves que são reconhecidos como
doenças profissionais ou ocupacionais (SANTOS, 2004).
As doenças profissionais provocadas pelas vibrações transmitidas por certas
máquinas-ferramenta e ferramentas manuais são indenizáveis (código 22 da Lista das
Doenças Profissionais). Os efeitos da vibração direta sobre o corpo humano podem ser
extremamente graves, podendo danificar permanentemente alguns órgãos do corpo humano.
Nos últimos anos, diversos pesquisadores têm reunido dados sobre os efeitos fisiológicos e
psicológicos das vibrações sobre o trabalhador, como perda de equilíbrio, falta de
concentração e visão turva, diminuindo a acuidade visual e causando impotência. (MATOBA,
1994 apud FERNANDES; MORATA, 2002). As vibrações podem afetar o conforto, reduzir
o rendimento do trabalho e causar desordens das funções fisiológicas, dando lugar ao
Globo ocular (20 - 80 Hz)
Antebraço (16 – 30 Hz)
Mão e Braço (5 – 50 Hz)
Coluna vertebral (10 – 12 Hz)
Perna dobrada (2 Hz)
Ombro (4 - 5 Hz)
Parede toráxica (60 Hz)
Braço (16 – 30 Hz)
Mão e punho (50 – 200 Hz)
Perna em pé (20 Hz)
Cabeça axial (25 Hz)
Massa abdominal (4 – 8 Hz)
44
desenvolvimento de doenças quando a exposição é intensa. O homem apercebe-se das
vibrações compreendidas entre uma fração do hertz (Hz) e 1000Hz, mas os efeitos diferem
segundo a freqüência. As conseqüências das vibrações no corpo humano dependem
essencialmente de alguns fatores decisivos que são os seguintes: pontos de aplicação no
corpo; freqüência das oscilações; aceleração das oscilações; duração da ação; freqüência
própria e ressonância. As ampliações das vibrações ocorrem quando partes do corpo passam a
vibrar na mesma freqüência e, então, dizemos que entrou em ressonância. Cada sistema tem
uma freqüência própria. Quanto mais próxima a freqüência excitadora chegar à uma
freqüência natural do sistema excitado, maior será a amplitude da oscilação forçada. Com
isso, a amplitude da oscilação forçada pode vir a ser maior que a oscilação excitadora. A esta
manifestação, como já se viu, chama-se de ressonância. De maneira inversa, em cada sistema
as oscilações também podem ser diminuídas, fenômeno que se designa por amortecimento.
Por exemplo, as oscilações verticais das pernas são significativamente amortecidas na posição
de pé. É especialmente forte o amortecimento dos tecidos do corpo para as freqüências de 30
Hz. Assim, com uma freqüência de excitação de 35 Hz, as amplitudes das oscilações são
reduzidas a metade na mão e no cotovelo e a um terço nos ombros. O corpo inteiro é mais
sensível na faixa de 4 a 8 Hz, que corresponde à freqüência de ressonância na direção vertical
(eixo z). Na direção x e y, as ressonâncias ocorrem a freqüências mais baixas, de 1 a 2 Hz. Os
efeitos da vibração direta sobre o corpo humano podem ser extremamente graves, podendo
danificar permanentemente alguns órgãos do corpo humano. As vibrações danosas ao
organismo estão nas freqüências de 1 a 80 Hz, provocando lesões nos ossos, juntas e tendões.
As freqüências intermediárias, de 30 a 200 Hz, provocam doenças cardiovasculares, mesmo
com baixas amplitudes e, nas freqüências altas, acima de 300 Hz, o sintoma é de dores agudas
e distúrbios. A alteração no sistema cardíaco se manifesta com o aumento da freqüência de
batimento cardíaco. Alguns desses sintomas são reversíveis, podendo ser reduzidos após um
longo período de descanso. Acima de 100 Hz, as partes do corpo absorvem a vibração, não
ocorrendo ressonâncias, como mostrado na Figura 9.
45
Figura 9 - Representação das ressonâncias corpo humano de pé vibrando verticalmenteFonte: ISO 2361 (1997)
Segundo Harris; Crede (1961) o primeiro estudo quantitativo no assunto foi realizado
por Goldmann e publicado em 1960. os efeitos da vibração sobre o corpo humano podem ser
extremamente graves. Alguns exemplos desses efeitos são:
1- visão turva (distúrbios visuais)- o efeito das vibrações sobre a visão é de grande
importância uma vez que o desempenho do trabalhador diminui, aumentando, assim, o risco
de acidentes. As vibrações reduzem a acuidade visual e tornam a visão turva, ocorrendo a
partir de 4 Hz;
2- perda de equilíbrio - os indivíduos que trabalham com equipamentos vibratórios de
operação manual, tais como martelos pneumáticos e moto-serras, apresentam degeneração
gradativa do tecido muscular e nervoso. Simulando uma labirintite, além de lentidão de
reflexos;
3- falta de concentração- efeitos psicológicos que levam a falta de atenção para o trabalho;
4- danificação permanente de determinados órgãos do corpo - os efeitos aparecem na forma
de perda da capacidade manipuladora e do controle do tato nas mãos, conhecido,
popularmente, por "dedo branco". Essas doenças são observadas, principalmente, em
trabalhadores de minas e florestas (moto-serras à 50-200 Hz). os dedos mortos surgem no
máximo após 6 meses de trabalho com uma ferramenta vibratória.
46
A ISO 2631-1 (1997) apresenta valores máximos de vibrações suportáveis para
tempos de um minuto a 12 horas de exposição, abrangendo três critérios de severidade: limite
de conforto, sem maior gravidade (ex: veículos de transporte coletivo); limite de fadiga,
provocando redução da eficiência dos trabalhadores (ex: máquinas que vibram); limite de
exposição, correspondente ao limiar do risco à saúde.
2.6.3 Danos à saúde causados pela exposição às vibrações
A repetição diária das exposições a vibrações no local de trabalho pode levar a
modificações doentias das partes do corpo atingidas. O tipo de doença é diferente para as duas
partes do corpo mais sujeitas às vibrações e as oscilações verticais, que penetram no corpo
que está sentado ou de pé sobre bases vibratórias como em veículos, levam preferencialmente
a manifestações de desgaste na coluna vertebral; as oscilações de ferramentas motorizadas
geram majoritariamente modificações doentias nas mãos e braços; as conseqüências das
vibrações mecânicas transmitidas a todo o corpo refletem-se sobretudo ao nível da coluna
vertebral com o aparecimento de hérnias, lombalgias, etc e podem ser classificadas em duas
categorias correspondentes a duas classes de freqüências vibratórias:
• as vibrações de muito baixas freqüências (inferiores a 1 Hz) - o mecanismo de ação
destas vibrações centraliza-se nas variações de aceleração provocada no aparelho vestibular
do ouvido, sendo responsáveis pelo "mal dos transportes" (motion sickness) que se manifesta
por náuseas, vômitos e mal estar geral. Essa manifestação do mal do movimento (cinetose) ,
ocorre no mar, em aeronaves ou veículos terrestres.
• as vibrações de baixas e médias freqüências (de alguns hertz a algumas centenas de
hertz) - correspondem perturbações de tipos diferentes: - patologias diversas ao nível da
coluna vertebral; - afecções do aparelho digestivo: hemorróidas, dores abdominais,
obstipação; - perturbação de visão (diminuição da acuidade visual), da função respiratória e,
mais raramente, da função cardiovascular; inibição de reflexos.
47
EXEMPLOS DE EXPOSIÇÃO DE VIBRAÇÃO OCUPACIONAL
Industria Tipo de Vibração Fonte Comum de Vibração
Agricultura Corpo inteiro Tratores
Caldeira Mão e braço Ferramentas pneumáticas
Construção Corpo inteiro
Mão e braço
Veículos equipamentos pesados
Ferramentas pneumáticas, Britadeiras
Corte de Diamante Mão e braço Ferramenta manual vibrante;
Ferramenta pneumática
Silvicultura Corpo inteiro
Mão e braço
Tratores
Moto serra
Fundição Mão e braço Talhador Vibrante
Fabrica de móveis Mão e braço Formão Pneumático
Aço e ferro Mão e braço Ferramenta manual vibrante
Madeireira Serraria Mão e braço Serra motorizada
Maquinas ferramentas Mão e braço Ferramenta manual vibrante
Mineração Corpo inteiro
Mão e braço
Operação de Veiculo
Furadeira de rochas
Rebitagem Mão e braço Ferramentas manuais
Borracha Mão e braço Ferramentas pneumáticas de montagem
Estamparia Mão e braço Equipamento de Estampagem
Estaleiros Mão e braço Ferramentas pneumáticas manuais
Fábrica de calçado Mão e braço Máquina de bater
Lavanderia - (Pedras) Mão e braço Ferramentas pneumáticas manuais
Têxtil Mão e braço Máquinas de costura, Teares
Transporte Corpo inteiro Veículos
Quadro 1 - Tipos de Exposição de vibração ocupacional.Fonte: CCHOS
A norma ISO 9996 (1996) apresenta uma classificação simples de movimento - e a
sensibilidade humana (distúrbios) à vibração nas atividades e desempenho de tarefas. A
magnitude dos efeitos das vibrações estão determinados por alguns tipos de fatores externos e
de ordem pessoal dos trabalhadores.
48
FATORES QUE INFLUENCIAM O EFEITO DE VIBRAÇÃO HUMANA
Fatores Físicos Fatores Biodinâmicos Fatores IndividuaisAceleração de vibração;Intensidade da vibração
Força de aperto - a firmeza com
que o trabalhador segura o
equipamento vibrante.
Controle do operador deferramentas; Grau de experiência
Freqüência de vibração;Espectro de freqüências;Direção do movimento
Área de surpefície, localização, e
massa de partes da mão em contato
com a fonte de vibração.
Taxa de trabalho da máquina;
método de trabalho , operações
continua ou intermitente
Duração de exposição de cada diade trabalho
Dureza do material que esta emcontato com as ferramentasmanuais, por exemplo, metal emdesbaste.
Habilidade e produtividade;
Postura em que realiza as tarefas;
Tensão e esforço que mantém no
trabalho
Histórico profissional referente aanos de emprego envolvendoexposição à vibração
Posição da mão e braço relativos aocorpo
Susceptibilidade individual àvibração; Predisposição apatologias relacionadas com osistema nervoso e circulatório
Estado das ferramentas de
manutenção; características das
ferramentas (peso, possibilidade de
apoio, balanceada etc )
Textura da manivela – macia e
flexível versus material rígido.
Hábitos: Fumo e uso de drogas.Exposição a outros agentesfísicos e químicos, como fatoresambientais (umidade,temperatura, ruído etc )
Possibilidades de usoequipamentos de proteçãoincluindo luvas, botas e etc .Práticas de períodos de descansodo trabalho.
Histórico médico com relação aoorganismo e principalmente aosdanos nos dedos e mãos,particularmente ulceração
Doença ou dano anterior aocorpo e aos dedos e mãos.Constituição física (peso, altura,etc )
Quadro 2 - Fatores que influenciam o efeito de vibração na mãoFonte: Baseada em CCHOS e ISSL.
2.6.4 Patologias das mãos e braços
É no sistema mão e braço que as conseqüências das vibrações são mais severas. Nas
ferramentas motorizadas atingem-se altas acelerações oscilatórias nas mãos e articulações dos
pulsos. Trabalhadores que usam há anos ferramentas motorizadas (ex. moto-serras ou
martelos pneumáticos) e são submetidos a vibrações localizadas podem apresentar diversas
patologias nas mãos e braços, tais como: "dedos mortos" - doença de Raynaud.
A exposição diária a vibrações excessivas durante vários anos pode originar danos físicos
permanentes que resultam normalmente no denominado Síndrome dos dedos brancos, ou em
lesões dos músculos e articulações do pulso e/ou do cotovelo. Elas manifestam-se através da
degeneração gradativa do tecido muscular e nervoso. Com isto, alguns dedos - normalmente o
49
dedo médio - ficam brancos até azulados, frios e "sem sentidos". Após algum tempo, os dedos
voltam a ficar vermelhos e doloridos. Esta doença tem por base a contração espasmódica dos
vasos sanguíneos é conhecida também como doença de Raynaud. Estas doenças são
observadas em trabalhadores em minas, que utilizam perfuradoras leves a ar comprimido com
altas freqüências. Além disso, os trabalhadores florestais também são atingidos por estas
doenças, pois trabalham muito com moto-serras com freqüências de 50 a 200 Hz. Os "dedos
mortos" surgem no máximo após seis meses de trabalho com uma ferramenta vibratória. Para
isto, o frio parece ter uma grande importância. A doença surge mais nos países nórdicos do
que nos países quentes. Supõe-se que o frio aumenta a sensibilidade dos vasos sanguíneos às
vibrações e promove a constrição dos vasos. Em trabalhadores que usam ferramentas
motorizadas com altas freqüências, são observadas também perturbações da circulação e da
sensibilidade. Como exemplo destas máquinas, podem referir-se as polidoras com 300 a 1.000
Hz. Surgem inchaços dolorosos com perturbações da sensibilidade nas mãos, que muitas
vezes não são passageiras.
Segundo Taylor - Pelmear, a evolução da doença nos seus devidos estágios em função
da exposição diária, ao longo de meses, é o seguinte:
Os primeiros sintomas da síndrome são formigamento ou adormecimento leve e intermitente
ou ambos, que são usualmente ignorados pelo paciente por não interferirem no trabalho em
outras atividades. Mais tarde, o paciente pode experimentar ataques de branqueamento de
dedos confinados, primeiramente as pontas. Entretanto, com a continuidade da exposição, os
ataques podem se estender à base do dedo. O frio freqüente provoca os ataques, mas há outros
fatores envolvidos, como mecanismo de disparo: a temperatura central do corpo, taxa
metabólica, tônus vascular (especialmente de manhã cedo) e o estado emocional. Os ataques
usualmente duram 15 a 60 minutos, mas nos casos avançados podem durar 1 ou 2 horas. A
recuperação se inicia com um rubor, uma hipertemia reativa, usualmente vista na palma,
avançando do pulso para os dedos. O quadro 3 indica as etapas consideradas de forma geral
na progressão dos sintomas, assim como a influência do grau de severidade nas atividades
laborais e sociais. Adaptação das escalas de classificação de Taylor-Pelmear da proposta no
Workshop de Estocolmo (1986), relativas ao grau de desenvolvimento do fenômeno Raynaud
produzido por vibrações transmitidas nas mãos e braços.
50
Classificação de vibração-induzida dedo branco (RAYNAUD) pelos estágios de Taylor-
Pelmear
Estagio Grau Sinais e Sintomas Interferência nas Atividades0 Nenhum Nenhum
OT Formigamento Intermitente NenhumON Entorpecimento Intermitente Nenhum
OTN Formigamento e Entorpecimento Nenhum
1 MédioEmpalidecimento de uma ou mais pontados dedos com ou sem Formigamento eEntorpecimento
Nenhum
2 ModeradoEmpalidecimento de um ou mais dedoscom Entorpecimento, normalmentesomente durante o inverno
Interferência leve com atividadesdomestica e social; nenhumainterferência no trabalho.
3 SeveroBranqueamento Extenso com efeitosfreqüentes durante o verão e o inverno
Interferência clara nas atividadesdomestica e social;
4 MuitoSevero
Branqueamento Extenso da maioria dosdedos; efeitos freqüentes durante o verãoe o inverno; ulceração do dedo
Mudança Ocupacional énecessária para evitar exposiçãode vibração adicional.
Quadro 3 - Classificação de vibração-induzida pelos estágios de Taylor-PelmearFonte: Instituto de Seguridad e Salud Labora l (2000)
Nos casos avançados, devido aos repetidos ataques isquêmicos, o tato e a sensibilidade
à temperatura ficam comprometidos. Há perda de destreza e incapacidade para a realização de
trabalhos finos. Prosseguindo a exposição, o número de ataques de branqueamento reduz,
sendo substituído por uma aparência cianôtica dos dedos. Finalmente, pequenas áreas de
necrose da pele aparecem na ponta dos dedos (acrocianose). A figura 10 a seguir mostra os
efeitos das doenças causadas pela exposição excessiva das mãos às vibrações.
Figura 10 - Doenças causadas pela vibração sobre as mãosFonte: Syndrome Vibration (NIOSH, 1997)
51
2.7 AVALIAÇÃO DAS VIBRAÇÕES OCUPACIONAIS
À medida que as técnicas de isolação e redução da vibração vão se tornando parte
integrante do próprio projeto das máquinas e preocupadas com o conforto e a segurança, a
necessidade de proceder à medição e análise exata de vibração é cada vez maior.
O procedimento genérico para a avaliação das vibrações é similar à do ruído, conforme
denominação a seguir:
1. Medir a aceleração em valores eficazes;
2. Ponderar a aceleração em função das freqüências, no sentido de tomar em consideração as
características e reações do organismo humano
3. Considerar a exposição diária a que os trabalhadores estão sujeitos;
4. Comparar os valores ponderados com os estabelecidos pelas normas e/ou outros estudos
cientificamente fundamentados.
A vibração humana pode afetar o corpo inteiro ou apenas parte do corpo, como as
mãos e os braços. As vibrações transmitidas ao corpo humano podem ser classificadas em
dois tipos, de acordo com a região do corpo atingida:
• vibrações de corpo inteiro (VCI).
• vibrações de mãos e braços (VMB).
Figura 11 - Esquema básico de sistema biodinâmico.Fonte: Adaptado de Vendrame (2004) e CCHOS (2005)
52
2.7.1 Vibrações de corpo inteiro (1 a 80 hz)
As vibrações de afetam o corpo inteiro (VCI) são de baixa freqüência e alta amplitude,
situam-se na faixa de 1 a 80 Hz, mais especificamente 1 a 20 Hz. A VCI acontece quando há
uma vibração dos pés (posição em pé) ou do assento (posição sentada). Estas vibrações
ocorrem mais particularmente nas atividades de transporte e vibrações transmitidas por
máquinas industriais e são normatizadas pela ISO 2631- parte1 (1997). Na realidade, as
vibrações transmitem-se ao organismo segundo três eixos espaciais (x, y, z), com
características físicas diferentes, e cujo efeito combinado é igual ao somatório dos efeitos
parciais, tendo ainda em conta as partes do corpo a elas sujeitas. Uma exposição prolongada a
esta ação conjunta de vibração pode adversamente afetar diretamente as condições de
conforto, a eficiência com a diminuição da capacidade motora. Como a vibração é um
movimento, que não pode ser definida só por um número, como o nível de som. É necessário
definir a direção e o sentido do movimento.
Tomando o corpo humano como referência, denominamos de direção z, o eixo que
passa pela coluna vertebral, sendo o sentido positivo para cima, e sentido negativo para baixo,
quando ocorre a sensibilidade às vibrações longitudinais. A sensibilidade transversal ocorre a
partir do peito, aproximadamente no ponto onde está o coração, para o eixo x, paralelo ao
solo, com sentido positivo para frente e também da esquerda para a direita, na direção dos
braços estendidos, temos o eixo y, que tem sentido positivo para a direita.
A direção e o sentido do movimento da vibração são definidos por três variáveis: a
frequencia; a aceleração máxima sofrida pelo corpo e pela direção do movimento,que é dada
em três eixos: x (das costas para frente), y (da direita para frente para esquerda) e z (dos pés
para a cabeça), conforme mostra a figura 12. Em cada direção, a sensibilidade também varia
com a frequência, ou seja, para determinada frequência, a aceleração tolerável é definida
daquela em outra frequência.
53
Figura 12 – Eixos basicêntricos do corpo humanoFonte: Vendrame (2004)
2.7.2 Vibrações de mãos e braços ( 6,3 a 1250 Hz).
As vibrações de mãos e braços (VMB), também conhecidas como segmentais,
localizadas ou de extremidades, são as mais estudadas, situam-se na faixa de 6,3 a 1250 Hz,
ocorrendo nos trabalhos com ferramentas manuais e são normatizadas pela ISO 5349- parte1 e
parte 2 (2001). Como na VMB o ponto de contato são as mãos, embora a vibração se
amorteça pelo conjunto mão-braço-ombro, de forma que pode ser considerado,
aproximadamente como um sistema independente e separado do resto do corpo, seria
arriscado supor que todos os efeitos da VMB se limitam sempre aos membros superiores.
Bem, considerando somente a vibração nas mãos de acordo com os referenciais específicos,
que apresenta a norma ISO 5349-1 (2001).
54
Como já comentada, a aceleração, é a rapidez com que a velocidade varia. Sempre é preciso,
definir a vibração considerando três informações:
1) sua direção de atuação: x, y ou z;
2) sua freqüência = ciclos /segundo ou hertz;
3) sua intensidade (amplitude) como a aceleração, metros por segundo ao quadrado (m/s2 ).
Por exemplo, as mãos de uma pessoa estão submetidas a uma aceleração de baixo para
cima, sofrendo uma amplitude de aceleração no sentido do eixo z, com uma determinada
freqüência, onde a aceleração pode ser mais alta ou mais baixa, e por isto é preciso medi-la
também, conforme obsevou Maeda; Dong (2004).
Os efeitos nocivos da vibração no ser humano, além desses fatores, dependem do
tempo de exposição. Segundo Duarte et al, (2005) outros aspectos como índice de massa
corporal, atividade laborativa, gênero, faixa etária, localização etc... também influenciam no
aparecimento de patologias do trabalho, na segurança, saúde e o bem estar dos empregados.
Cada segmento do corpo humano possui resposta específica à vibração, em função da
freqüência, além do que, raramente é unidirecional, daí porque a necessidade de
estabelecimento de eixos para mensurar a exposição. Para vibração de corpo inteiro, como já
visto, o sistema de coordenadas tem centro no tronco e para a vibração de mãos e braços há
dois sistemas:
Para a vibração de mãos e braços há dois sistemas:
• o basicêntrico, localizado na interface entre a manopla e a mão;• o biodinâmico, com centro no terceiro osso metacarpiano da mão.
Na prática, o sistema basicêntrico é utilizado para avaliar a vibração no equipamento e,
o sistema biodinâmico, cuja avaliação é realizada no 3º metacarpiano da mão, considera o
efeito final no membro.
55
Figura 13 – Sistema ortogonal de coordenadas para mãos e braçosFonte: Vendrame (2004) e CCHOS (2005)
2.7.3 Medidas técnicas de prevenção
Segundo observações de Ximenes; Mainier (2005b) a primeira providência em relação
às medições e medidas de prevenção das vibrações é tentar reduzi-las junto à fonte, devendo
ser estudadas particularmente as vibrações que provocam ressonâncias. Em alguns casos, as
vibrações também podem ser eliminadas por meio de lubrificações e manutenções periódicas
das máquinas e equipamentos, ou colocando-se calços de borracha como amortecedores de
vibrações. O controle de vibrações na origem é geralmente eficiente, mas pode não ser
realizável se requerer novo projeto do equipamento ou mesmo uma modificação ergonômica
que venha a ser onerosa. Quando não for possível se eliminar a fonte de vibração esta pode
ser isolada, para que o trabalhador não entre em contacto direto com ela. Esse isolamento
pode ser feito pela distância, afastando-se a fonte ou usando-se algum tipo de material isolante
para redução do efeito gerado pela fonte de vibrações. Uma forma parcial de isolar a fonte é
conseguida evitando-se as pegas (manoplas) muito apertadas, sempre que não for necessário
evitar transmitir força para as ferramentas manuais.
Assim, quando não se pode agir sobre os esforços excitadores é necessário atuar sobre
a transmissão e a regra fundamental é combater prioritariamente o estado de ressonância. É
possível conseguir o controle de vibrações através de alterações no percurso da transmissão,
basicamente por 3 processos:
56
• redução das vibrações na origem;• diminuição da transmissão de energia mecânica a superfícies potencialmente
irradiantes;
• redução da amplitude de vibração das superfícies irradiantes anteriormente referidas.
A primeira suprimindo o meio transmissor, separando uma cabine de uma estrutura
vibrátil, anteriormente solidárias. A redução da transmissão de energia vibratória realiza-se
com montagens antivibratórias, através da introdução de elementos resilientes, tais como
molas ou apoios em borracha (ou ainda em fibra de vidro ou cortiça); tratamento de
amortecimento dos elementos estruturais que compõem o percurso de transmissão, de modo a
absorver parte da energia vibratória produzida. A redução da amplitude das vibrações de
superfícies irradiantes pode ser obtida através da adição de massas a essas superfícies ou
amortecimento.
No ambiente industrial é freqüente a simultaneidade entre ruído e vibrações, no entanto,
os efeitos que estes dois agentes podem causar aos trabalhadores são diferentes. O ruído
desenvolve a sua ação fundamentalmente em relação a um órgão, o ouvido, enquanto as
vibrações afetam zonas mais extensas do corpo, inclusive a sua totalidade.
2.7.3.1 Proteção do trabalhador
Se as providências anteriores não forem suficientes, pode-se proteger o trabalhador
individual com certos equipamentos como calçados, luvas, proteção de punho, isoladores de
vibração, sistemas de suspensão e assentos antivibratórios, que ajudam a absorver as
vibrações. O uso desses equipamentos de proteção individual deve ser cuidadosamente
considerado, pois a maioria dos trabalhadores não gosta de usá-los e eles costumam ser
eficientes apenas em determinadas freqüências de vibrações. Os EPI são projetados para
reduzir a transmissão da vibração ao corpo inteiro ou ao sistema mão-braço. É importante
considerar que, é recomendável em alguns casos a utilização desses equipamentos, porque
ainda não há projetos adequados que garantam a eliminação do risco.
57
2.8 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA EXPOSIÇÃO HUMANA AS VIBRAÇÕES
2.8.1 Método básico da aceleração ponderada em r.m.s
É considerado o método básico para avaliação da exposição humana as vibrações de
corpo inteiro, este método responde pelo conteúdo de freqüência, e é calculado como:
)(21
0
21
= ∫ dtta
Ta
T
pp eq. (2.12)
onde:
a p(t) aceleração ponderada [m/s²] ou [rad/s²];
T duração da medição [s].
Na situação onde a vibração é passageira, isto é, de duração curta causada por choques,
o valor r.m.s subestima a vibração, nesse caso é usado a relação do valor de pico máximo
dividido pelo rms, denominado fator de crista, que dá uma noção de quanto impulsivo é um
sinal e descrevendo melhor a vibração.
A norma recomenda vários métodos de cálculo da aceleração ponderada ap(t)
dependendo das características de vibração. Para os tipos de vibrações que contêm choques,
quando o fator de crista for maior do que 9, e recomendado usar métodos de avaliação
adicionais como o método r.m.s ou o método da dose de quarta potencia ou método de dose
de vibração. Se o fator de crista for abaixo ou igual a 9, o método de avaliação básico
normalmente é suficiente.
2.8.2 Método R.M.S. (Root Mean Square) ou Método A(8)
Este método leva em conta choques ocasionais e vibração transiente usando um tempo
constante de curta integração. O valor da aceleração medido usa unidades em m/s2 , sendo
normalizado para 8 horas [m/s2 A(8)] ou A(8). O método A(8) produz uma exposição
cumulativa usando uma aceleração media ajustada para representar um dia de trabalho de 8
58
horas. Então, através da equação 18 calcula-se, pelo método rms, a aceleração ponderada em
frequência:
( ) ( )( )21
2
0
0
00
1
= ∫
−
dttatat
tpp
ττeq. (2.13)
onde:
a p(t)
τ
t
t0
aceleração ponderada em freqüência instantânea
tempo de integração (normalmente recomenda-se τ de 1 segundo)
tempo (variável de integração)
tempo de observação (tempo instantâneo)
2.8.3 Método da Dose de Vibração
Este método é mais sensível a picos que o método de avaliação básico, porque usa a
quarta potência em vez de segunda potência do histórico de aceleração.
O valor da dose de vibração (VDV) de quarta potência é expresso em m/s 1.75 ou rad/s 1.75.
( )[ ] 41
0
4
= ∫T
p dttaVDV eq. (2.14)
onde:
VDV Valor da dose de vibração
a p(t) aceleração ponderada em freqüência instantânea
T duração da medição
∫T
0
integral de zero para T segundos.
59
No caso quando a exposição consistir em dois ou mais episódios, o valor total é
calculado como segue:
(( ) )441
itotal VDVVDV ∑= eq. (2.15)
Neste caso, a norma só dá orientação na probabilidade de qualquer efeito adverso em
humanos que correspondem a qualquer medição de exposição de vibração de corpo inteiro.
A norma ISO 2631 – 1 (1997) recomenda métodos particulares para calcular o ap(t) (de
aceleração ponderada) dependendo das características de vibração.
VDV A(8)• Dá um nível cumulativo • Dá um nível médio
• Sensível para choque e abalos • Insensível para choque e abalos
• Melhor medição disponível para compararrisco de veículos potencialmentesatisfatórios
• Inadequado para comparações de risco deveículo quanto a choque e abalos
• Pouco conhecido em vibração de mão-braço
• De uso familiar em vibração de mão-braço
• Não experimentado em relação à dose deresposta.
• Não é ideal para realizar relação de dose deresposta.
• Não experimentado em relação à dose deresposta
• Não é ideal para realizar relação de dose deresposta
• Boa correlação com conforto subjetivo • Pode ser um guia para conforto subjetivo• VDV mínimo facilmente estimado de dados
de padrão de trabalho e dados de vibraçãofornecidos pelos fabricantes érepresentativo das condições do local detrabalho. Mas o VDV será mais alto semedição de precisão é requerida, que seránecessária quando houver choques e abalos
• Calculado prontamente de dados do padrão detrabalho e dados de fabricantes, e érepresentativo das condições do local detrabalho
• Escolha rápida de instrumentos disponívelpara medições
• Alguma demora na escolha de instrumentosdisponível para medições
Quadro 4 Comparação das características fundamentais de VDV e A(8)Fonte: HSE
Conforme mostrado anteriormente no quadro 4 de Comparação de A(8) e VDV, o
método A(8) representa os níveis fixos de vibração razoavelmente preciso mas dá uma má
representação de choques e abalos, enquanto o VDV dá uma boa representação de ambos os
níveis de vibração fixos, choques e abalos.
60
2.8.4 Efeitos na saúde, conforto e percepção
2.8.4.1 Efeitos na saúde
Para determinar os efeitos de exposição à vibração na saúde, a aceleração ponderada
r.m.s.na faixa de freqüência de 0,5 a 80 Hz, de vibração periódica, aleatória ou transiente que
é transmitida através de assento ao corpo sentado, tem que ser calculado para cada eixo x, y e
z e o mais alto aceleração de freqüência ponderada considerada para avaliação. Para uma
pessoa sentada, deveriam ser incluídos nos cálculos os fatores multiplicadores adicionais, k:
• para o eixo x e eixo y Pxy , k = 1,4
• para o eixo z Pz , k = 1
Para a avaliação de efeitos na saúde, podem ser usadas duas relações diferentes. A
primeira relaçãoé apresentada a seguir:
ap1 (T1) ½ = ap2 (T2) ½ (Equação 1) eq. (2.16)
onde,
ap1, ap2 aceleração r.m.s ponderada em freqüência, valores para a 1ª e 2ª exposição.
T1, T2 durações correspondentes para a 1ª e 2ª exposição.
Na segunda relação, temos:
ap1 (T1)¼ = ap2 (T2)¼ (Equação 2) eq. (2.17)
A ilustração na figura 14 mostra a orientação da zona de precaução da saúde que é
indicada através de linhas vermelhas para equação 1 e linhas azuis para equação 2. Para
exposição abaixo da zona os efeitos de saúde não são claramente documentados. Dentro da
zona existe um risco potencial a saúde e sobre a zona o risco de saúde é provável. Para uma
exposição entre 4h e 8h é a zona de precaução é a o mesma para ambas as equações.
61
zona de precaução
Figura 14 - Guia de saúde - zona de precauçãoFonte: Adaptado da ISO 2631: 1997
2.8.4.1.1Redução do Tempo de Exposição
Como foi mostrado anteriormente, admite-se que a equivalência, qua
produzidos, entre duas exposições de diferentes acelerações r.m.s. p
freqüências, ap1 e ap2 que atuam durante tempos diferentes T1 e T2, pod
mediante a equação 1 (eq. 2.16 ). Desta expressão se deduz a forma imediata q
o valor da aceleração r.m.s. ponderada em freqüência, o valor do tempo de e
reduzir-se a quarta parte para que o efeito possa considerar-se equivalente. E
em conta a forma de interação da vibração com o organismo, para trabalhos co
estabelecer-se a intervalos regulares, períodos de descanso, ou de não exposiç
orientativo, se recomenda cessar a exposição durante 10 minutos por cada hora
2.8.4.2 Efeito de Conforto
Também são avaliados os efeitos de vibração no conforto de uma pe
vibração periódica, aleatória ou transiente que são avaliadas na faixa de freqüên
Hz. As freqüências ponderadas usadas são Pc (parte de trás do assento), Pxy (e
Zona de precaução
nto aos efeitos
onderadas em
e relacionar-se
ue ao duplicar
xposição deve
assim, levando
ntínuos devem
ão. Como dado
de trabalho.
ssoa exposto à
cia de 0.5 a 80
ixo de x,y), Pe
62
(rotacional), Pj (debaixo da cabeça de uma pessoa encostada) e Pz (eixo de z). Estas
ponderações deveriam ser usadas juntas com os seguintes fatores multiplicadores:
Para o eixo de x,y: Pxy, k=1 e Para o eixo de z: Pz, k=1,
Quando se avaliar os efeitos de conforto todas as direções de vibração relevantes
devem ser incluídas e o valor total de vibração obtida:
ap = (k2x a²px + k²a²py + k²z a² pz)½ eq. (2.18)
apx, apy, apz acelerações r.m.s. ponderada para os eixos de x,y,z respectivamente;
kx, ky, kz fatores multiplicadores para os eixos de x,y,z respectivamente.
O valor global da aceleração r.m.s de freqüência ponderada pode ser comparada então
com a seguinte orientação na tabela 2 a seguir:
Tabela 2 - Efeitos no conforto de uma pessoa exposta às vibraçõesLimites de Conforto
Efeitos a(P) (m/s2)sem incômodo < 0.315
um pequeno incômodo 0.315 < aP <0.63bastante incômodo 0.5 < aP <1
incômodo 0.8 < aP <1.6muito incômodo 1.25 < aP <2.5
Extremamente incômodo ap > 2.5Fonte: SafetyLine Institute (1998)
Antes de fazer comparação é importante se lembrar que as reações para as várias
magnitudes de vibrações dependem de vários fatores como expectativas de conforto,
aborrecimento e tolerância.
2.8.4.3 Efeito de Percepção
Para a avaliação de efeitos de percepção a aceleração r.m.s ponderada deveria ser
determinada na faixa de 0,5 - 80 Hz em cada eixo e o valor mais alto usado na avaliação.
63
A ponderação e os fatores multiplicadores usados foram:
Para o eixo de x e y,: Pxy, k = 1 Para o eixo de z: Pz, k = 1
2.8.4.3.1Dose para Movimento de Enjôo
Para avaliar o valor da dose do movimento de enjôo, a aceleração de r.m.s ponderada é
determinada para eixo z sobre a faixa freqüência de 0,1 - 0,5 Hz. Uma única freqüência
ponderada Pf é recomendada (veja tabela 3 e ilustração das curvas da freqüência ponderada
para principais ponderações).
Há dois métodos alternativos de calcular o valor da dose do movimento de enjôo:
1. Medição considerando o período de exposição completa
( )[ ]21
0
2
= ∫T
P dttazMSDV eq. (2.19)
MSDV valor do movimento de enjôoaP(t) aceleração ponderada em freqüência na direção z
T período total de tempo (em segundos) que o movimento ocorreu
2. Se a exposição de movimento é contínua e de magnitude relativamente constante
½TaMSDV Pz = eq. (2.20)
Em razão de existirem grandes diferenças na suscetibilidade de indivíduos para os
efeitos de oscilação de baixa-freqüência, a equação seguinte só deve ser usada como
orientação:
Porcentagem (%) das pessoas que podem vomitar = km. MSDV Z
64
Sendo que km é uma constante que varia de acordo com a população exposta (sexo,
idade, experiência, etc). Para uma população misturada de adultos e não adultos, o valor
adequado de km = 1/3.
2.9 DESENVOLVIMENTO DE NOVAS TECNOLOGIAS NO ESTUDO DE
VIBRAÇÕES OCUPACIONAIS
Segundo Rossi; Tomasini (1994), a metodologia baseada em um vibrômetro de
escaneamento a laser, que realiza medições de vibrações, sem contato, em um grande número
de pontos de uma superfície, está sendo proposto como uma nova técnica de medição para
analisar vibrações em mãos e braços. A técnica pode ser aplicada em testes de laboratórios e
também para realizar testes em campo de ferramentas de vibrações guiadas manualmente,
veículos, máquinas, luvas antivibratórias e etc. Esta técnica tem um grande potencial para
analisar as características dinâmicas de mãos e braços, e portanto, desperta um grande
interesse por ser dedicada ao monitoramento e avaliação dos níveis de vibrações no corpo
humano.
No momento, várias normas internacionais impõem limitações dos níveis de vibrações
no corpo humano. Também as diretrizes de maquinário, no âmbito da UE, impõem que os
produtores de máquinas devem medir e declarar os níveis de vibração da máquina em
condição de trabalho.
As normas ISO 5349 (2001) partes 1 e 2 discutem os aspectos gerais do problema e
identificam os principais parâmetros que necessitam ser medidos, a metodologia de medição
que pode ser implementada e a maneira que os resultados devem ser interpretados. Estas
normas focalizam os procedimentos de medição, mas não especifica qualquer limitação ao
nível de vibração. A maioria das normas são implicitamente orientadas para a aplicação de
transdutores intrusivos, como por exemplo os acelerômetros, para medição de vibrações em
partes do corpo. Assim os transdutores robustos afetam os resultados das medições, devido a
sua massa sobre o tecido (pele) humano. Desta maneira o dispositivo usado para instalar os
transdutores na superfície vibrante ou no corpo humano, onde encontra-se valores máximos,
isto é, no contato da interface entre o homem e a superfície vibrante ou em um ponto mais
próximo possível. Assim em muitos casos aproximar não é prático, é sim, importante
pressioná-lo para medir também força de contato e campos de pressão, juntos com o fluxo de
energia transferida da superfície ao tecido humano. Por não se ter o conhecimento de normas
65
elaboradas para atender os requisitos técnicos para medição desta natureza, no momento
torna-se muito difícil a realização das mesmas, sendo necessário a recomendação de
procedimentos específicos que atenda a todas as essas especificidades. Por esta razão, novos
métodos ópticos baseados em vibrometria a laser, que não contribuem como o acelerômetro
com a massa e a força aplicada na fixação, é proposto para melhor analisar vibrações humanas
para superar os limites dos acelerômetros, e desta forma resultando em avaliações com mais
exatidão.
A União Européia concluiu recentemente em 2000, um projeto de pesquisa
(DOPTEST) que estudou a forte relação entre a força de aperto, a vibração da ferramenta, a
vibração da mão e braço e o começo de disturbios vasculares nos dedos. Neste projeto, a
distribuição espacial da força de contato foi correlacionada com a distribuição da superficie da
mão pela aplicação de um vibrômetro a laser.
Diferentes propostas de documentos pre-normativos e normativos estão sendo
desenvolvidos para a normalização no campo de vibração mecânica e choque, incluindo:
métodos para a redução dos riscos resultantes da exposição à vibração mecânica e choque por
projetos de máquinas, métodos para medição e avaliação da vibração e choque da redução
pelas características de equipamento de proteção individual (EPI), como luvas, isoladores de
vibração, como proteção de punho e sistemas de suspensão, como assentos antivibratórios.
O desenvolvimento terá que direcionar o desempenho do sistema de medições,
particularmente a resposta dinâmica e estabilidade temporal, como também aspectos
ergonômicos. O que se tem como objetivo é o uso de matrizes de sensores para testes com
intrusividade mínima e efetivamente aplicável para propósitos pré- normativos ou em apoio
para normas futuras.
As principais pesquisas em curso e os temas em desenvolvimento, relativos ao campo
de vibração de mão-braço, podem ser resumidos como: avaliação dos limites de percepção de
vibração e efeitos de área de contato, associação de distúrbios vasculares a ferramentas
manuais e níveis de vibração, distúrbios e associação à exposição de vibração,
desenvolvimento de luvas de antivibração, aplicabilidade e atualização de legislação e
normas, métodos e procedimentos para avaliar a interação do sistema de mão-braço /
ferramenta.
66
3 LEGISLAÇÃO E REGULAMENTAÇÃO
3.1 LEGISLAÇÃO E REGULAMENTAÇÃO INTERNACIONAL
3.1.1 Normas ISO 2631 – Vibrações de corpo inteiro
A norma ISO 2631 (1997), considera vibrações periódicas, causais e transientes, não
apresenta limites de exposição à vibração, limitando-se a definir um método para a avaliação
de exposição à vibração de corpo inteiro, bem como indicar os principais fatores relacionados
para se determinar o nível exposição à vibração que seja aceitável.
Um resumo de seus aspectos gerais é que:
• não impõe limites de exposição à vibração;
• fornecem guias para a verificação de possíveis efeitos da vibração na saúde, conforto,
percepção e enjôo do movimento;
• estabelece que a vibração seja medida de acordo com um sistema de coordenadas que
se origina no ponto onde a vibração se incorpora ao corpo humano;
• determina que os transdutores serão posicionados na interface entre o corpo humano e
a fonte de vibração;
• utiliza o método básico da aceleração ponderada que é expressa em m/s².
O valor total da aceleração ponderada da vibração nas coordenadas ortogonais écalculado pela equação 18, considerando que:
apx, apy, apz
kx, ky, kz
aceleração r.m.s ponderada dos eixos de x, y, z, respectivamente
fatores multiplicadores. (kx e ky = 1,4 e kz= 1,0)
assim, a aceleração combinada dos três eixos é dada por:
eq. (3.1)
A maneira pela qual a vibração afeta a saúde, ao conforto, a percepção e ao enjôo é
dependente da freqüência. Há influência de diferentes freqüências para os diferentes eixos. As
curvas de ponderação em freqüências utilizadas são:
Pz, para o eixo z e Pxy, para os eixos x e y.
222 4,14,1 zyxP aaaa ++=
67
Figura 3.1 - Curva de Ponderação em FreqüênciaFonte: ISO 2631 (1997)
Figura 15 - Curva de Ponderação em FreqüênciaFonte: ISO 2631 (1997)
Os valores obtidos na avaliação devem ser comparados com o guia de saúde (zonas de
precaução), contido no Anexo B da ISO 2631 (1997), reproduzido anteriormente na figura 14,
onde a zona hachurada indica o potencial de risco à saúde. Sendo que, para exposições abaixo
da zona hachurada, os efeitos à saúde não foram claramente documentados e/ou observados
objetivamente e acima da zona hachurada indica-se prováveis riscos à saúde.
Os limites de exposição são também dependentes da classificação das áreas. Nas áreas
especiais ou residenciais estes limites são mais restritivos por caracterizar um local de
ausência de fontes de vibração. A ISO 2631 não faz discriminação entre áreas urbanas, rurais
ou qualquer tipo de zoneamento Embora, como pode ser observado na tabela 3 são
encontradas informações sobre limites aceitáveis montados por períodos diurnos e noturnos.
Os valores apresentados são os fatores de multiplicação.
Um caso interessante segundo Regazzi (1996) ocorre em hospitais. Nesses ambientes,
em geral, não se deve avaliar o nível de incômodo para os limites mais restritivos. O fato é
que evidências mostraram que os pacientes preferem sentir algum contato com o mundo
exterior. Contudo, as áreas de operações e os laboratórios devem ser considerados áreas
críticas.
Pz
Pxy
68
Tabela. 3 - Limites aceitáveis considerando os locais de exposição.
Local PeríodoVibrações contínuas,
intermitentes e impulsivasrepetidamente
Vibrações impulsivas comaproximadamente trêsocorrências por dia
Sala de operações de hospitaise áreas críticas
DiaNoite
11
11
Sala de operações de hospitaise áreas críticas
DiaNoite
11
11
Residencial DiaNoite
21,4
161,4
Escritório DiaNoite
44
128128
Oficina mecânica DiaNoite
88
128128
Fonte: Regazzi (1996)
3.1.2 Norma ISO 5349 – Vibrações transmitidas às mãos e braços
A metodologia especificada na ISO 5349 parte 1 e parte 2 (2001), consideram
vibrações periódicas, causais e impulsivas (choques repetitivos), e enumera os fatores que
influenciam os efeitos da exposição às vibrações transmitidas aos membros superiores, quais
sejam:
a) o espectro da freqüência da vibração;
b) a magnitude da vibração;
c) a duração da exposição no período de trabalho;
d) a exposição acumulada até a data.
A vibração transmitida para as mãos será medida e reportada para as três direções do
sistema ortogonal de coordenadas definidas conforme anteriormente apresentadas na figura
2.13.
A vibração nas três direções deverá ser medida de preferência simultaneamente.
Medição realizada seqüencialmente ao longo de cada eixo será aceitável, desde que a
condição de operação seja similar para todos as três medições. A medição deve ser será
realizada na superfície vibrante tão perto quanto possível do centro da zona vibratória da
máquina, ferramenta ou peça de trabalho. O acelerômetro deve ser fixado na empunhadura do
equipamento, muito próximo da mão do operador, em condições de operação. Deve ser fixado
de maneira a não influenciar o trabalho normal do operador.
A medição da aceleração em freqüência média ponderada requer a aplicação de uma
freqüência ponderada e filtro de banda (TOMIAGA, 2004). A ponderação Ph reflete a suposta
importância das diferentes freqüências em causar danos às mãos e braços, figura 3.2 a seguir:
69
Figura 16 - Gráfico freqüência ponderada x Fonte: ISO 5349 (2001)
A avaliação da exposição à vibr
eixos. Isto é, o valor total da aceleração d
raiz média quadrática dos três valores com
Os valores obtidos da avaliação de
uso da equação do valor total da aceleraçã
seguir, pelo eixo das abscissas até alcança
ordenadas obtendo-se finalmente à estima
brancos.
Os estudos sugerem que os sinto
indivíduos expostos a A(8) < 2 m/s² e sem
222hpzhpyhpxhp aaaa ++=
Ph
filtros (Ponderação para mãos e braços)
ação é baseada na quantidade combinada dos três
e vibração, ahp, para mãos e braços, é definido pela
ponentes, conforme a equação 3.2.
eq. (3.2)
vibração ocupacional de mãos e braços, através do
o de vibração, devem ser plotados no gráfico a
r a reta do 10º percentil e, rebatidos para o eixo das
tiva em anos para o aparecimento dos dedos
mas das vibrações de mãos e braços são raros em
registro para A(8) < 1 m/s².
70
Figura 17 - Gráfico para avaliação de “dedos brancos”
As normas ISO 5349 parte 1 e parte 2 (2001) são consideradas bons documentos
normativos em comparação com a ISO 2631 (1997), na verdade cobrem um campo mais
limitado, onde foram alcançados maiores conhecimentos e experiência.
3.1.3 Limites da ACGIH para vibrações de mãos e braços
A avaliação das vibrações de mãos e braços deve ser realizada com base nos critérios
da ISO 5349 de 1986. A mensuração deve ser realizada para cada eixo (x, y e z), por meio da
aceleração ponderada, rms, correspondente ao eixo dominante. No entanto, a nova versão da
ISO 5349 (2001), a ACGIH (1999) ainda utiliza em sua norma a ponderação em freqüência da
ISO 5349 (1986). Além do que, a relação dose resposta contida no anexo C é consistente com
relação à dose resposta da norma anterior.
Os limites de tolerância da ACGIH (1999), para vibrações localizadas reproduzidos a
seguir, referem-se aos níveis e tempos de exposição para os quais se acredita que a maioria
dos trabalhadores possa ser repetidamente exposta, diariamente, sem evoluir para além do
primeiro estágio da classificação de Estocolmo para o aparecimento dos “dedos brancos”
71
induzidos por vibrações. Na tabela 4 são apresentados os valores do componente de
aceleração dominante em rms, em freqüência ponderada, que não devem ser excedidos.
Tabela 4 - Valores Limites de Tolerância (VLT) da ACGIHVLT PARA EXPOSIÇÃO DE VIBRAÇÃO NA MÃO NA DIREÇÃO X, Y, OU Z,
Valor Maximo de aceleração da freqüência ponderada emqualquer direçãoDuração Total de Exposição Diária
(Tempo de exposição em horas) (m/s2) g (aceleração da gravidade)4 horas e menos de 8 horas 4 0,402 horas e menos de 4 horas 6 0,611 hora e menos de 2 horas 8 0,81
Menos de 1 hora 12 1,22Fonte: ACGIH (1999)
3.1.4 Limites da ACGIH para Vibrações de corpo inteiro
Para a vibração de corpo inteiro, a ACGIH (1999) utiliza como base a norma ISO
2631 de 1985 e não a última versão de 1997. Na versão de 1985, a norma definia três tipos de
limites, os quais foram excluídos na versão atual. Porém, no prefácio da norma atual é citado
que os limites anteriores eram seguros e preveniam efeitos indesejáveis.
Para estabelecer seu limite de tolerância, a ACGIH (1999) utilizou a experiência de
vários estudos, chegando à conclusão de que os limites da ISO 2631 (2001) não eram
suficientemente seguros; assim, optou por adotar os limites de proficiência reduzida por
fadiga, que equivale à metade do limite de exposição.
Os valores obtidos, em cada eixo, devem sofrer uma análise espectral em bandas de
terços de oitava. Os limites de tolerância da ACGIH (1999), para vibrações de corpo inteiro,
referem-se aos níveis e tempos de exposição para os quais se acredita que a maioria dos
trabalhadores possa ser repetidamente exposta, com o risco mínimo de dores ou efeitos
adversos nas costas, ou incapacidade para operar adequadamente veículos terrestres.
3.1.5 Diretiva 2002/44/EC da Comunidade Européia de Vibração Humana
A União Européia (UE) adotou sua Diretiva de Vibração Humana no dia 5 de abril de
2002, estabelecendo diretrizes com respeito a exposição humana a vibração humana de mãos,
braços e de corpo-inteiro que se tornará lei nas nações da União Européia (UE).
72
3.1.5.1 Valores de exposição de vibração diária
Os valores de exposição de vibração diária são obtidos em acordo com os
procedimentos especificados na ISO 5349 partes 1 e 2, segundo Coles (2002) os valores de
limite de exposição significam uma mudança importante na avaliação de vibrações.
A vibração é obtida pelo valor total da raiz quadrada da soma dos quadrados da
aceleração rms ponderada medida e avaliada nas direções x, y, e z. Na equação, valor total da
vibração, ahv, é determinado por:
( )21
222hwzhwyhwxhv aaaa ++=
eq. (3.3)
onde:
ahwx, ahwy, e ahwz, são os valores da aceleração ponderada rms medidos nas
direções x, y, e z, respectivamente.
Se o valor da vibração com relação a exposição de vibração associada de mão-braço
de um trabalhador for composta de várias operações, cada uma com amplitudes de vibrações
diferentes, então valor total obtido é:
21
1
21
= ∑
=
n
iihpihp Ta
Ta eq. (3.4)
onde:ahvi , é valor ponderado de aceleração de vetor-soma da operação de i vezes;
Ti, é duração de tempo da operação de i vezes;
n, é o número total de operações; e
T, é tempo total associado com as operações de n.
O valor de exposição de vibração diária, A(8), para um período de referência de 8hora, onde T é o tempo de exposição total associado com ahpi é:
( )8
8 TaA hp=eq. (3.5)
O valor total de vibração permissível quando o tempo de exposição de vibração diária,
T, for diferente de 8 horas pode ser escrito como:
73
( )T
Aahp88=
eq. (3.6)
Os valores t = 14,142 total de vibração permitido para o tempo de exposição, T,
diferente de 8 horas que são associados com os valores da ação e os valores limite de
exposição diária da Diretiva Européia são dados a seguir:
3.1.5.2 Valor de ação de exposição diária (VAE)
É um nível de exposição diária do trabalhador à vibração que garante aos
empregadores tomarem ações apropriadas para controlar a exposição, como mostrado na
equação 3.8 a seguir:
Tahp
071,7= ou 2
50
hpaT =
eq. (3.7)
3.1.5.3 Valor limite de exposição diária (VLE):
É um nível de exposição diária do trabalhador à vibração estimado como risco a saúde
por ser suficientemente alto que a exposição deve ser proibida, é calculado conforme a
equação 3.8.
Pela Diretiva européia deve ser ilegal permitir que trabalhadores se exponham a níveis
acima deste valor. Se a ação efetiva é tomada no VAE o VLE raramente deverá ser excedido.
Tahp
142,14= ou 2
200
hpaT =
eq. (3.8)
Ocorrências excepcionais dos valores totais de vibrações permitidas por períodos de
tempos diferentes de 8 horas são associadas com a ação de exposição diária e de valores
limites definidos em 8 horas. Na figura 18, a curva superior de limite de exposição é a
vibração permissível para os valores totais associados com o tempo de 8 horas, sendo o valor
de limite de exposição diário de 5,0 m/s2, conforme tabela 5 e a curva no limite inferior é a
vibração permissível dos valores totais associados com 8 horas, sendo o valor de ação de
74
exposição diária de 2,5 m/s2, conforme tabela 5 . A região entre as duas curvas é chamada de
zona de precaução.
Zona de precauçãoLimite de Ação à Vibração
Limte de exposição à Vibrações
T
empo
de e
xpos
ição
à V
ibra
ção
Tempo de exposição à vibração - horasFigura 18 - Guia de Saúde – zona de precaução (Diretiva Européia)
A Diretiva 2002/44/EC estipula os níveis de ação e limites de exposição para
vibrações de corpo inteiro e de mãos e braços, segundo quadro abaixo:
Tabela 5 Níveis de valores de ação e valores limite – Diretiva Européia 2002/44/ECTipo de vibrações Nível de ação Limite de exposição
Mãos e braços 2,5 m/s² A(8) 5,0 m/s² A(8)Corpo inteiro 0,5 m/s² A(8) ou 9,1 VDV 1,15 m/s² A(8) ou 21 VDV
Fonte: Diretiva 2002/44/EC
3.2 LEGISLAÇÃO E REGULAMENTAÇÃO BRASILEIRA
Este assunto é matéria constitucional, regulamentada e normalizada. A Constituição
Federal, em seu Capítulo II que rege sobre os Direitos Sociais, artigo 6º e artigo 7º, incisos
XXII, XXIII, XXVIII e XXXIII, dispõe, especificamente, sobre segurança e saúde dos
trabalhadores. A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) dedica o seu Capítulo V à
75
Segurança e Medicina do Trabalho, de acordo com a redação dada pela Lei 6.514, de 22 de
dezembro de 1977.
O Ministério do Trabalho, por intermédio da Portaria nº 3.214, de 8 de junho de 1978,
aprovou as Normas Regulamentadoras (NR) previstas no Capítulo V da CLT. Esta mesma
portaria estabeleceu que as alterações posteriores das NR´s seriam determinadas pela
Secretaria de Segurança e Saúde do Trabalho, órgão do Ministério do Trabalho.
A NR 17 aprovada em 19 de junho de 1990, conhecida como a norma
regulamentadora da ergonomia, regulamenta parâmetros que permitam a adaptação das
condições de trabalho às características psicofisiológicas do trabalhador, de modo a
proporcionar um máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente.
Incorporam-se às leis brasileiras, as Convenções da OIT - Organização Internacional
do Trabalho, quando promulgadas por Decretos Presidenciais. As Convenções Internacionais
são promulgadas após submetidas e aprovadas pelo Congresso Nacional.
Além dessa legislação básica, há um conjunto de Leis, Decretos, Portarias e Instruções
Normativas que complementam o ordenamento jurídico dessa matéria, Cunha (2004)
considera os principais critérios legais e técnicos sobre exposição ocupacional. Observa-se
que muitas vezes as péssimas condições de trabalho em que são submetidos os trabalhadores
brasileiros, o que nos coloca em muitas estatísticas como campeões de acidentes e de doenças
ocupacionais oriundas da maneira como o trabalho é realizado (CIPA, 2004). A BS, 8800
(BSI, 1996) e a OHSAS 18000 (1999) complementam a legislação no sentido de induzir a
empresa a implementar um Sistema de Gestão da Segurança e Saúde Ocupacional (PNSST,
2004).
3.3 MTE – MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO
3.3.1 Atividades e Operações Insalubres de Vibrações – NR 15
A Norma Regulamentadora do MTE NR-15, Anexo n.º 8, estabelece níveis máximos
de vibração, utilizando os dados especificados pelas recomendações da ISO 2631 (1997) e
ISO 5349 (2001), em pontos determinados, conforme LTCAT – Coletivo – INSS/MPAS e
PPRA.
O Laudo Técnico deve ser elaborado conforme as determinações do MTE em suas
Normas Regulamentadoras NR-9 e NR-15, com equipamentos adequados e devidamente
calibrados e as análises laboratoriais. No laudo constarão as determinações das
76
recomendações de correção ou neutralização dos riscos, em função dos resultados obtidos nas
medições, como transcrito a seguir:
“1. São consideradas atividades ou operações insalubres as que se desenvolvem:1.1 Acima dos limites de tolerância previstos nos Anexos n.ºs 1, 2, 3, 5, 11 e 12;1.2 Revogado pela Portaria nº 3.751, de 23-11-1990 (DOU 26-11-90)1.3 Nas atividades mencionadas nos Anexos n.ºs 6, 13 e 14;1.4 Comprovadas através de laudo de inspeção do local de trabalho, constantes dosAnexos nºs 7, 8, 9 e 10.1.5 Entende-se por "Limite de Tolerância", para os fins desta Norma, a concentração
ou intensidades máximas ou mínimas, relacionadas com a natureza e o tempo de
exposição ao agente, que não causará dano à saúde do trabalhador, durante a sua
vida laboral.
2 O exercício de trabalho em condições de insalubridade, de acordo com os subitensdo item anterior, assegura ao trabalhador a percepção de adicional, incidente sobre osalário mínimo da região, equivalente a:2.1 40% (quarenta por cento), para insalubridade de grau máximo;2.2 20% (vinte por cento), para insalubridade de grau médio;2.3 10% (dez por cento), para insalubridade de grau mínimo;3 No caso de incidência de mais de um fator de insalubridade, será apenasconsiderado o de grau mais elevado, para efeito de acréscimo salarial, sendo vedadaa percepção cumulativa.4 A eliminação ou neutralização da insalubridade determinará a cessação dopagamento do adicional respectivo.4.1 A eliminação ou neutralização da insalubridade deverá ocorrer:a) com a adoção de medidas de ordem geral que conservem o ambiente de trabalhodentro dos limites de tolerância;b) com a utilização de equipamento de proteção individual.4.1.1 Cabe à autoridade regional competente em matéria de segurança e saúde dotrabalhador, comprovar a insalubridade por laudo técnico de engenheiro desegurança do trabalho ou médico do trabalho, devidamente habilitados, e fixaradicional devido aos empregados expostos à insalubridade quando impraticável suaeliminação ou neutralização.4.1.2 A eliminação ou neutralização da insalubridade ficará caracterizada através deavaliação pericial por órgão competente, que comprove a inexistência de risco àsaúde do trabalhador.5. É facultado às empresas e aos sindicatos das categorias profissionais interessadasrequererem ao MTE, através das DRTs, a realização de perícia em estabelecimentoou setor deste, com o objetivo de caracterizar e classificar ou determinar atividadeinsalubre.5.1 Nas perícias requeridas as DRTs, desde que comprovada a insalubridade, operito do MTE indicará o adicional devido.6 O perito descreverá no laudo, a técnica e a aparelhagem utilizada.7. O disposto no item 5 não prejudica a ação fiscalizadora do MTE nem a realizaçãoe oficio da perícia, quando solicitado pela Justiça, nas localidades onde não houverperito.”
3.3.2 Equipamentos de Proteção Individual - NR 6
O MTE estabelece que cabe ao empregador adquirir EPI adequado à atividade; treinar
o trabalhador quanto à forma correta de utilização; tornar obrigatório o seu uso; substituí-lo
77
imediatamente quando danificado ou extraviado; responsabilizar-se pela sua higienização e
manutenção periódica; comunicar ao MTE qualquer irregularidade observada no EPI.
O EPI, de fabricação nacional ou importado, só poderá ser posto à venda ou utilizado com a
indicação do Certificado de Aprovação - CA, expedido pelo órgão nacional competente em
matéria de segurança e saúde no trabalho do MTE.
3.3.3 Ergonomia – NR 17
A NR 17 visa estabelecer parâmetros que permitam a adaptação das condições de
trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar um
máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente. As condições de trabalho incluem
aspectos relacionados aos equipamentos e às condições ambientais do posto de trabalho, e à
própria organização do trabalho. Para avaliar a adaptação das condições de trabalho às
características psicofisiológicas dos trabalhadores, cabe ao empregador realizar a análise
ergonômica do trabalho, devendo a mesma abordar, no mínimo, as condições de trabalho,
conforme estabelecido na NR 17.
3.3.4 Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional. (PCMSO) – NR 7
Todas as empresas que admitam empregados, independentes do tamanho ou grau de
risco, desde que regidos pela CLT, são obrigados a implantar e manter o PCMSO, pois na
conformidade da legislação trabalhista vigente, todos os trabalhadores devem ter o controle de
saúde de acordo com os riscos a que são expostos. Além de ser uma exigência legal prevista
no artigo 168 da CLT, esta medida fica respaldada na Convenção 161 da Organização
Internacional de Trabalho (OIT), respeitando princípios éticos, morais e técnicos.
O PCMSO tem caráter de prevenir, rastrear e diagnosticar de maneira precoce os
agravos à saúde, relacionados ao trabalho, constata casos de doenças profissionais
(ocupacionais) e danos irreversíveis à saúde dos trabalhadores.
A responsabilidade pela implementação desse programa é exclusivamente do
empregador, ficando o médico do trabalho responsável em coordenar, planejar e executar ao
empregado fica a responsabilidade de cumprir as orientações desse programa. No caso dos
trabalhadores temporários, o responsável pelo PCMSO será a empresa contratada para
fornecer a mão de obra temporária.
78
3.3.5 Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) – NR 9
Os objetivos do PPRA são a preservação da saúde e da integridade física dos
trabalhadores, através da antecipação, reconhecimento, avaliação e controle dos riscos
ambientais existentes ou que venham existir no ambiente de trabalho, tendo em consideração
a proteção do meio ambiente e dos recursos naturais.
Os riscos ambientais são os agentes físicos, químicos, biológicos e outros existentes no
ambiente de trabalho em função de sua natureza, concentração ou intensidade e tempo de
exposição como vibrações. O PPRA se articula principalmente com a NR-7, ou seja, com o
PCMSO – Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional.
3.3.6 Programa de Gerenciamento de Riscos – NR 22
O PGR é obrigatório para as atividades relacionadas a mineração, mas é importante
que quaisquer atividades insalubres ou perigosas adotem os itens que integram o PGR:
Antecipação e identificação de fatos de riscos; avaliação dos postos de riscos e da exposição
dos trabalhadores; estabelecimento de prioridades metas e cronogramas; acompanhamento das
medidas e controle implementadas; monitorização da exposição aos fatores de riscos; e
registros de manutenção de dados por no mínimo 20 (vinte) anos.
3.4 MINISTÉRIO DA PREVIDÊNCIA E ASSISTÊNCIA SOCIAL
3.4.1 Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP)
O INSS / MPAS, através da Ordem de Serviço Nº 600, de junho de 1998, conformada
pelo Decreto Nº 3048/99, estabeleceu que as empresas deverão elaborar, manter atualizado e
fornecer ao trabalhador, quando se desligar da empresa o Perfil Profissiográfico
Previdenciário (PPP). Este documento retratará as atividades exercidas pelo trabalhador e as
condições ambientais em que foram exercidas. O PPP é a descrição detalhada de uma
atividade com a finalidade de relacioná-la como sendo “nexo-causal” de uma possível lesão
ou acidente de trabalho e deve ser descrito observando todos os possíveis fatores com
potencial de acometimento de uma lesão: biomecânicos, antropométricos, fisiológicos e
79
psicológicos. Acompanharão este estudo as freqüências de ocorrências prejudiciais para os
trabalhadores da Empresa. Devendo ser emitido, necessariamente, com base nas informações
colhidas do LTCAT.
O PPP tem como finalidade:
a) comprovar as condições para habilitação de benefícios e serviços previdenciários, em
especial, o benefício a aposentadoria especial;
b) prover o trabalhador de meios de prova produzidos pelo empregador perante a Previdência
Social, a outros órgãos públicos e aos sindicatos, de forma a garantir todo direito decorrente
da relação de trabalho, seja ele individual, ou difuso e coletivo;
c) prover a empresa de meios de prova produzidos em tempo real, de modo a organizar e a
individualizar as informações contidas em seus diversos setores ao longo dos anos,
possibilitando que a empresa evite ações judiciais indevidas relativas a seus trabalhadores;
d) possibilitar aos administradores públicos e privados acesso a bases de informações
fidedignas, como fonte primária de informação estatística, para desenvolvimento de vigilância
sanitária e epidemiológica, bem como definição de políticas em saúde coletiva.
Art. 178 (IN 118 INSS, 2005) determina que a partir de 1º de janeiro de 2004, a empresa ou
equiparada à empresa deverá elaborar PPP, conforme Anexo XV da IN 118, de forma
individualizada para seus empregados, trabalhadores avulsos e cooperados, que laborem
expostos a agentes nocivos químicos, físicos, biológicos ou associação de agentes prejudiciais
à saúde ou à integridade física, considerados para fins de concessão de aposentadoria especial,
ainda que não presentes os requisitos para a concessão desse benefício, seja pela eficácia dos
equipamentos de proteção, coletivos ou individuais, seja por não se caracterizar a
permanência.
Parágrafo 1º A exigência do PPP referida no caput, em relação aos agentes químicos e ao
agente físico ruído, fica condicionada ao alcance dos níveis de ação de que trata o subitem
9.3.6, da Norma Regulamentadora - NR nº 09, do Ministério do Trabalho e Emprego - MTE,
e aos demais agentes, à simples presença no ambiente de trabalho.
Então conclui-se que no caso do agente físico vibração no corpo humano, embora
exista o limite de ação especificado nas normas internacionais (ISO 2631: 2001),não é
comentado na instrução normativa 118 sobre a exigência de que seja informado no PPP o
agente físico vibração, portanto, deve-se sempre apresentar no PPP dados quantitativos da
vibração no corpo humano quando há suspeita de exposição, mesmo que os valores fiquem
abaixo dos limites de tolerância; como acontece com os outros agentes, excluindo-se os da
exigência do § 1º.
80
§ 2º Após a implantação do PPP em meio magnético pela Previdência Social, este documento
será exigido para todos os segurados, independentemente do ramo de atividade da empresa e
da exposição a agentes nocivos, e deverá abranger também informações relativas aos fatores
de riscos ergonômicos e mecânicos.
§ 3º A empresa ou equiparada à empresa deve elaborar, manter atualizado o PPP para os
segurados referidos no caput, bem como fornecer a estes, quando da rescisão do contrato de
trabalho ou da desfiliação da cooperativa, sindicato ou Órgão Gestor de Mão de Obra -
OGMO, conforme o caso, cópia autêntica desse documento.
§ 4º O PPP deverá ser emitido pela empresa empregadora, no caso de empregado; pela
cooperativa de trabalho ou de produção, no caso de cooperado filiado; pelo OGMO, no caso
de trabalhador avulso portuário e pelo sindicato da categoria, no caso de trabalhador avulso
não portuário.
§ 5º O sindicato de categoria ou OGMO estão autorizados a emitir o PPP, bem como o
formulário que ele substitui, nos termos do parágrafo 14, somente para trabalhadores avulsos
a eles vinculados.
§ 7º O PPP deverá ser atualizado sempre que houver alteração que implique mudança das
informações contidas nas suas seções, com a atualização feita pelo menos uma vez ao ano,
quando permanecerem inalteradas suas informações.
§ 8º O PPP será impresso nas seguintes situações:
I - por ocasião da rescisão do contrato de trabalho ou da desfiliação da cooperativa, sindicato
ou OGMO, em duas vias, com fornecimento de uma das vias para o trabalhador, mediante
recibo;
II - para fins de requerimento de reconhecimento de períodos laborados em condições
especiais;
III - para fins de análise de benefícios por incapacidade, a partir de 1º de janeiro de 2004,
quando solicitado pelo INSS;
IV - para simples conferência por parte do trabalhador, pelo menos uma vez ao ano, quando
da avaliação global anual do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais - PPRA, até que
seja implantado o PPP em meio magnético pela Previdência Social;
V – quando solicitado pelas autoridades competentes.
§ 9º O PPP deverá ser assinado por representante legal da empresa, com poderes específicos
outorgados por procuração, contendo a indicação dos responsáveis técnicos legalmente
habilitados, por período, pelos registros ambientais e resultados de monitoração biológica.
81
§ 10. A comprovação da entrega do PPP, na rescisão de contrato de trabalho ou da desfiliação
da cooperativa, sindicato ou OGMO, poderá ser feita no próprio instrumento de rescisão ou de
desfiliação, bem como em recibo à parte.
§ 11. O PPP e a comprovação de entrega ao trabalhador, na rescisão de contrato de trabalho
ou da desfiliação da cooperativa, sindicato ou OGMO, deverão ser mantidos na empresa por
vinte anos.
§ 12. A prestação de informações falsas no PPP constitui crime de falsidade ideológica, nos
termos do art. 297 do Código Penal.
§ 13. As informações constantes no PPP são de caráter privativo do trabalhador, constituindo
crime nos termos da Lei nº 9.029, de 13 de abril de 1995, práticas discriminatórias decorrentes
de sua exigibilidade por outrem, bem como de sua divulgação para terceiros, ressalvado
quando exigida pelos órgãos públicos competentes.
§ 14. O PPP substitui o formulário para comprovação da efetiva exposição dos segurados aos
agentes nocivos para fins de requerimento da aposentadoria especial, a partir de 1º de janeiro
de 2004, conforme determinado pelo parágrafo 2º do art. 68 do RPS, alterado pelo Decreto nº
4.032, de 2001.
DECRETO Nº 3.048 - DE 6 DE MAIO DE 1999 - (DOU Nº 86 DE 07/05/99 - Seção I PG.
50 a 108 ) – Republicado em 12/05/99 - Alterado pelos Decretos nºs 3.265/99, 3.298/99,
3.452/2000, 3.668/2000, 4.032/2001 , 4.079/2002 , 4.729/2003 e 5.399 /2005- Atualizada até
março/2005.
3.4.2 Agentes Físicos Anexo IV - Classificação dos Agentes Nocivos
Exposição acima dos limites de tolerância especificados ou às atividades descritas.
• Ruído: 25 anos
Exposição a Níveis de Exposição Normalizados (NEN) superiores a 85 dB (A).
Alterado pelo DECRETO Nº 4.882, DE 18 DE NOVEMBRO DE 2003 - DOU DE
19/11/2003). Texto Anterior: a - exposição permanente a níveis de ruído acima de 90
decibéis.
• Vibrações: 25 anos
Exposição a níveis acima dos limites da ISO 2631 (VCI) e ISO 5349 (VMB), sendo
que utiliza os limites da ACGIH (1999) por não se tratar de um limite bem definido, pois trata
da probabilidade de ocorrência de danos a saúde.
82
3.4.3 Anexo V - Classificação nacional de atividades econômicas
O quadro 5 apresenta a relação de atividades preponderantes e os correspondentesgraus de risco ocupacionais.
ANEXO V – RELAÇÃO DE ATIVIDADES PREPONDERANTES E CORRESPONDENTESGRAUS DE RISCO
ATIVIDADE GRAU DE RISCO
XXI - Ruído e Afecção Auditiva
Mineração, construção de túneis, exploração de pedreiras(detonação, perfuração); engenharia pesada (fundição deferro, prensa de forja); trabalho com máquinas que funcionamcom potentes motores a combustão; utilização de máquinastêxteis; testes de reatores de aviões.
XXII - Vibrações(Afecções dos músculos, tendões,ossos, articulações, vasos sangüíneosperiféricos ou dos nervos periféricos)
Indústria metalúrgica, construção naval e automobilística;mineração; agricultura (motosserras); instrumentospneumáticos; ferramentas vibratórias, elétricas e manuais;condução de caminhões e ônibus. Trabalhos comperfuratrizes e marteletes pneumáticos.
QUADRO 5 - Classificação nacional de atividades econômicasFonte: MPAS (2005)
3.5 LAUDO TÉCNICO DAS CONDIÇÕES AMBIENTAIS DO TRABALHO (LTCAT)
Deve ser emitido quando existe efetiva exposição a agentes nocivos à saúde ou a
integridade física do trabalhador. Devendo ser expedido por Engenheiro de Segurança do
Trabalho, ou Médico do Trabalho, após a execução do PPRA e PCMSO. É à base de
informações para a emissão do PPP quando o trabalhador está exposto a agentes nocivos. O
LTCAT terá que conter as informações detalhadas, solicitadas pela IN-DC- 79 do INSS /
MPAS: a empresa que não mantiver o Laudo Técnico atualizado com referência aos agentes
nocivos, ou emitir documentos em desacordo com o respectivo laudo, estará sujeita a
penalidade prevista no Art. 133 Da Lei Nº 8.213 de 1991. Recentemente o MPAS através do
INNS e por meio das IN 99 e IN 100, vem exigindo das empresas LTCAT nas atividades
onde podem ocorrer exposições a vibrações elevadas. E a inexistência desses documentos
incorre numa multa vigente em 2005 de R$ 991,02 por laudo inexistente e denúncia da
empresa ao Ministério Público.
3.5.1 Laudo de Exposição às Vibrações
É uma avaliação quantitativa de exposição às vibrações, localizadas anexo nº 8, da
NR-15, do MTE. Resultando na elaboração de Laudo Técnico que constará de: critério
adotado, instrumental utilizado, metodologia de avaliação, descrição das condições de
83
trabalho e o tempo de exposição às vibrações, resultado da avaliação quantitativa e as
possíveis medidas para eliminação e ou neutralização da insalubridade, quando houver.
3.5.2 Anexo nº 8 - Vibrações
1. As atividades e operações que exponham os trabalhadores, sem a proteção adequada, às
vibrações localizadas ou de corpo inteiro, serão caracterizadas como insalubres, através de
perícia realizada no local de trabalho.
2. A perícia, visando à comprovação ou não da exposição à vibração, deve tomar por base os
limites de tolerância definidos pelas normas ISO 2631-1 (1997) e ISO 5349 (2001) ou suas
substitutas e para os fins da NR 15, a concentração ou intensidade máximas ou mínimas,
relacionadas com a natureza e o tempo de exposição ao agente, que não causará dano à saúde
do trabalhador, durante a sua vida laboral.
3. A insalubridade, quando constatada, será de grau médio, isto é, deve-se conceder ao
empregado um adicional de 20% do salário mínimo aos seus proventos.
3.6 CUSTO BENEFÍCIO DA PREVENÇÃO
A exposição a níveis elevados de vibrações pode causar problemas irreversíveis e
outros danos à saúde em geral, tornando-se imprescindível sua redução e controle. Portanto,
todo esforço deve ser realizado para que ambientes e postos de trabalho sejam adequados ao
homem. É de responsabilidade da empresa e dos profissionais envolvidos o controle da
exposição a agentes nocivos. O descumprimento das exigências legais somados a existências
de danos a saúde com indicativo laboral coloca a empresa numa situação delicada. O ônus da
falta de laudos ambientais pode acarretar em multas elevadas por laudo inexistente; podendo o
fiscal do INSS arbitrar por individualizar os laudos de medição quantitativa. O ônus da prova
ao contrário é de responsabilidade da empresa. Além disso, os passivos trabalhistas devido ao
adicional de insalubridade (MTE) e previdenciários (INSS-MPAS) relacionados à
aposentadoria especial podem ser ainda maiores. Os valores são retroativos em 20% do
salário mínimo para o primeiro caso e 6% do salário integral do colaborador para o segundo
caso desde 2001, sendo em 1999 e 2000 de 2% a 4%.
Ações indenizatórias por reparação por dano a saúde devido a atividades laboral por
omissão do empregador também são passiveis de processo judicial na vara cível.
84
As viabilidades técnicas de redução do nível de pressão sonora devem ser buscadas
incessantemente (evolução operativa), pois, normalmente, estes têm múltiplas causas e elas
devem ser objeto de estudo e intervenção.
4 PROGRAMA DE CONTROLE DE PREVENÇÃO DE RISCO À EXPOSIÇÃODE VIBRAÇÕES
4.1 GESTÃO DA SEGURANÇA E SAÚDE OCUPACIONAL
A busca pela melhoria contínua do desempenho e dos resultados nas organizações é
cada vez mais uma necessidade de sobrevivência. As pressões sofridas no ambiente interno e
externo destas organizações despertam a necessidade de mudanças revendo a sua forma de
gerenciamento. O aumento da eficiência das empresas em um ambiente de tecnologia
crescente e competitivo acelerado pela expansão dos mercados reconhece a grande
importância da qualidade, saúde, segurança e meio ambiente. A sobrevivência das empresas
não está apenas relacionada à capacidade de adequação ao ambiente tecnológico dinâmico,
também, ao bem estar de toda a sociedade, contribuindo com menos poluição e indivíduos
doentes. Uma população com saúde e segurança, vivendo e trabalhando em condições seguras
e socialmente responsáveis, com certeza, será mais produtiva e eficaz.
Na visão globalizada do mundo, barreiras técnicas são criadas para controlar o
comércio internacional em defesa dos interesses de cada país ou bloco econômico,
fundamentadas em especificações técnicas. Nesse sentido, foram desenvolvidas ferramentas
gerais e específicas para a realização do desenvolvimento organizacional objetivando atender
esta necessidade de eficácia. Dentre aquelas utilizadas as metodologias de planejamento
empresarial, controle de perdas e gestão da qualidade, meio ambiente e da segurança e mais
recentemente a responsabilidade social, ajudam na obtenção da sustentabilidade empresarial.
As várias bibliografias consultadas citam as grandes dificuldades das empresas quando se
trata do gerenciamento dos recursos humanos, sendo estas maiores no gerenciamento da
segurança e saúde ocupacional, muitas vezes em razão das dificuldades encontradas pelas
empresas no cumprimento da legislação de proteção ao trabalhador. Segundo Hinze (1997),
os acidentes ocorridos no trabalho normalmente são resultados da combinação de condições
inseguras (circunstâncias que podem permitir a ocorrência de um acidente) e atos inseguros
(comportamentos não adequados que podem permitir a ocorrência de um acidente). Sendo que
estas últimas podem ter várias causas, como falta de treinamento próprio, desatenção,
85
descuido, comportamento negligente ao risco e instruções inadequadas, representando na
maioria dos casos, falhas de gerenciamento.
O planejamento é considerado por todos, como o caminho para evitar a ocorrência
destes eventos não planejados. Um efetivo sistema de gestão de segurança e saúde
ocupacional pode ajudar a minimizar os riscos, evitando os acidentes no emprego,
melhorando o desempenho dos negócios e estabelecendo uma imagem responsável no
mercado. Um sistema de gestão deve ser completo, e deve ser aplicável a todos os aspectos do
trabalho. Este deve ser claro e uniformemente aplicado para todo o pessoal da empresa e em
todos os projetos. As recomendações normativas proporcionam maior facilidade nas
transações comerciais nacionais e internacionais. Ao mesmo tempo, elas impõem barreiras
técnicas à comercialização de produtos e serviços que não se enquadram às suas
especificações. As organizações, ao aplicá-las, apoiam-se em estratégias de controles
confiáveis baseadas na Metrologia, Normalização e Gerenciamento do Processo exigindo
sistemas reconhecidos de certificação e credenciamento. Nesse sentido, começaram a aparecer
normas de gestão ambientais ISO 14000 com a idéia do desenvolvimento sustentável, que
estabelecem novas prioridades para a ação política em função da nova concepção do
desenvolvimento. Essas normas são bastante semelhantes à série ISO 9000, contudo retratam
um fato importante: a responsabilidade internacional pelo desgaste do patrimônio natural
ambiental, assim como, a capacidade de atingir rapidamente todos os povos. A certificação
pela ISO 14000 exige das empresas fornecedoras de produtos e serviços processos de
produção e fornecimento mais específicos, isto é, além dos requisitos anteriores, um maior
conhecimento tecnológico para o desenvolvimento e controle de processos de produção não
poluidores. Isso tem impacto direto nas relações comerciais num mundo globalizado
(fenômeno financeiro com conseqüências nos sistemas de produção) e dinâmico, onde se
procura constantemente superar as expectativas dos clientes.
Atualmente, estamos no estágio de amadurecimento das normas de Sistemas de Gestão
de Saúde e Segurança Ocupacional – SGSSO, que tendem a convergir para o mesmo ponto.
Embora não exista uma norma ISO específica que trate da saúde e segurança no trabalho, já
são empregados modelos como a BS 8800, a AS 8000 (responsabilidade social) e a OHSAS
18001 em diversas organizações a nível mundial.
Diversos países têm manifestado interesse para que a ISO – International
Standardization Organization, desenvolva normas internacionais voluntárias sobre SGSSO
(possível série ISO 18000). Estudos estão sendo realizados no sentido de encontrar soluções
harmonizadas para a gestão da prevenção de acidentes e doenças ocupacionais, evitando
86
assim que requisitos divergentes possam emergir ao nível de países ou blocos regionais
(ROSEMARY, 2000). O uso de normas gerenciais como as séries ISO 9000, ISO 14000, BS
8800 e OHSA 18000 contribuem para acrescentar a confiabilidade necessária ao cliente,
evitando diferentes critérios de exigências para adquirir um produto com qualidade e
ecologicamente correto e cujo processo produtivo preserve a saúde e a segurança das pessoas
envolvidas e do meio ambiente em que vivemos.
4.1.1 BS 8800 - Elementos Essenciais do SGSSO
A norma BS 8800 (BSI,1996), que até o presente momento, é um dos documentos
normativos que trata a segurança e saúde ocupacional de forma sistêmica tem sido à base de
referência para o desenvolvimento e implementação de um SGSSO. Além disto, possui
compatibilidade com as séries de normas internacional ISO 9000 e ISO 14000, que tratam da
garantia da qualidade e da qualidade ambiental, respectivamente. Os componentes do sistema
de gestão de segurança e saúde ocupacional devem formar as bases para qualquer programa
de segurança de projeto específico. Os passos prescritos para o desenvolvimento do
gerenciamento da segurança e saúde ocupacional pela BS 8800, podem ser resumidos nas
etapas a serem continuamente revisadas e melhoradas, dentro do princípio da melhoria
contínua, conforme mostra na figura 19. Estes passos serão utilizados como base para o
desenvolvimento de um SGSSO.
87
Figura 19 - Esquema SGSSO com base na BS 8800
As organizações devem dar a mesma importância à obtenção de altos padrões de
gestão SSO que dão a outros aspectos chave de suas atividades de negócio. A BS 8800 (1996)
fornece diretrizes baseadas nos princípios gerais da boa administração e foi projetadas para
possibilitar a integração da gestão da SSO dentro de um sistema global de gestão,
perfeitamente compatível com as normas série ISO 9000 e ISO 14000.
4.1.2 OHSAS 18001 (1999) - Elementos de um SGSSO
A OHSAS 18001 (1999), cuja sigla significa Occupational Health and Safety
Assessment Series, é uma especificação que tem por objetivo fornecer às organizações os
elementos de um SGSSO eficaz, passível de integração com outros sistemas de gestão
(qualidade e meio ambiente, principalmente), de forma a auxiliá-las a alcançarem seus
objetivos de segurança e saúde ocupacional. Ela define os requisitos de um SGSSO, tendo
sido redigida de forma a aplicar-se a todos os tipos e portes de empresas, e para adequar-se a
diferentes condições geográficas, culturais e sociais. A OHSAS 18001 (1999) contém apenas
os requisitos que podem ser objetivamente auditados para fins de certificação e/ou
autodeclaração. A sua criação atendeu a um grande clamor internacional. Sua importância
pode ser aquilatada pela representatividade dos Organismos Certificadores que participaram
de sua elaboração (BSI, BVQI, DNV, Lloyds Register, SGS etc), os quais respondem por
88
cerca de 80% do mercado mundial de certificação de sistema de gestão. Foi desenvolvida para
ser compatível com as normas de Sistema de Gestão da Qualidade ISO 9001 e com as normas
de Sistemas de Gestão Ambiental ISO 14001 de modo a facilitar a integração dos sistemas de
qualidade, meio ambiente e saúde no trabalho ou seja Sistemas Integrados de Gestão (SIGs).
O sistema de gestão integrada faz parte dos novos conceitos de administração moderna e
eficaz, portanto, escolhida como tópico importante para entendimento, organização e
apresentação de documentação como os laudos técnicos de avaliação ambiental. A seguir uma
representação do esquema da OHSAS 18001 apresentando os elementos essenciais
relacionados ao SGSSO.
Figura 20 - Esqu
4.2 PROGRAMAS DE GES
Para promover a mel
de proteção da saúde e da
agente físico devido às vi
implementar programas apr
prevenção de riscos de expo
na categoria de "ambiente
Verificaçãação corre
Melhoriacontínua
ema representaçã
TÃO DE SSO
horia das condi
segurança dos
brações no lo
opriados de c
sição às vibraçõ
vibratório”. Es
Política SSO
o
o etiva
Planejament
Analise critica pelaAdministração
o da OHSA 18000
ções de trabalho a fim de garantir um melhor nível
trabalhadores expostos aos riscos associados de
cal de trabalho é recomendado desenvolver e
onservação de saúde, programas e controle de
es sempre que um local de trabalho enquadrar -se
ses programas visam não só garantir a saúde e
Implementaçãoe operação
89
segurança mas proteger contra os riscos devidos às vibrações, ao mesmo tempo em que, criam
objetivos a serem alcançados, como respeito aos princípios, valores fundamentais a serem
utilizados e exigências mínimas de proteção, incentivando melhorias da saúde e da segurança
dos trabalhadores no ambiente de trabalho.
4.3 PROPOSTA DE PROGRAMAS DE CONTROLE DE PREVENÇÃO DE RISCO ÀEXPOSIÇÃO DE VIBRAÇÕES (PCPR-EV) - CONSIDERAÇÕES GERAIS.
4.3.1 Considerações
O PCPR-EV harmoniza os elementos essenciais do sistema de gestão de SSO baseado
nas normas BS 8800 (1996) e OSHAS 18000 (1999), na norma de acústica ISO 11690 (1996),
legislação adequada e considera ainda as novas diretivas européias, procurando sempre
atender as exigências das normas específicas de vibrações humanas. Serão discutidas em
detalhes medidas específicas para a prevenção e controle de exposição para vibração; porém,
é importante se lembrar que não devem ser implementadas tais medidas com finalidade
específica ocasional, mas como parte de uma estratégia integrada.
De acordo com Ximenes; Mainier, (2005a) o objetivo do PCPR-EV é de demonstrar
os princípios básicos para prevenção de risco através de controle e de seu gerenciamento,
relacionado com a exposição de vibrações e efeitos associados aos trabalhadores no local de
trabalho. O PCPR-EV não deve ser um esforço isolado, e sim integrado em um programa de
risco global no ambiente de trabalho, devendo ser projetado para satisfazer as necessidades
específicas de cada situação, devido aos riscos existentes e dos muitos outros fatores que
caracterizam um ambiente de trabalho; além disso, os programas deveriam ser adaptáveis aos
novos desenvolvimentos científicos e tecnológicos, como também as eventuais mudanças no
contexto sócio-econômico.
Como previamente visto, são mencionados freqüentemente programas de controle de
vibração ou definidos por legislação nacional ou normalização internacional. Por exemplo, a
série de normas ISO aplicadas a vibrações mecânicas e choque mecânico estabelece que:
“Para reduzir vibração como um risco no local de trabalho, países devemindividualmente produzir legislação nacional que, geralmente, requer aimplementação de controle de vibração, através de medição, para alcançar os maisbaixos níveis razoáveis de emissão de vibração e exposição, levando em conta osseguintes aspectos: medidas disponíveis e/ou conhecidas; o estado do progressotécnico considerado; possibilidades para redução de vibração na fonte;
90
planejamento apropriado, obtenção e instalação de máquinas e equipamento (ISO,Handbook, 1995)”
Outro exemplo é a Diretiva Européia 2002/44/EEC de trabalho com vibração que
requer conservação de saúde apropriada e programas de controle de vibração sempre que um
lugar de trabalho enquadra-se na categoria de “ambiente vibratório”.
4.3.2 Exigências para a Eficiência de Programa de Prevenção e Controle de Riscos
Programas de prevenção e controle de riscos requerem: vontade política e tomada de
decisão; compromisso da alta cúpula da administração, com uma clara e bem divulgada base
política; compromisso dos trabalhadores; metas e objetivos bem definidos; recursos humanos
e financeiros adequados; experiência e conhecimento técnico; implementação adequada e
administração competente de programas; estabelecimento de equipes multidisciplinar;
mecanismos para comunicação; monitoramento dos mecanismos (indicadores); melhoria
contínua do programa.
A vontade política e motivação requerem consciência e entendimento dos problemas
causados pelo risco à exposição, neste caso para os níveis de vibração prejudicial, como
também da prevenção disponível, das soluções de controle e dos benefícios que são o
resultado de sua aplicação. No nível do ambiente de trabalho, o início do processo de decisão
começa com a consciência e aceitação de que existe um problema de vibração. Isto é seguido
pelo reconhecimento e localização das fontes de vibração e as condições de exposição, por
exemplo: duração e intensidade. Se obviamente houver sobre-exposição, uma decisão sempre
é possível depois deste primeiro passo e a próxima fase será o planejamento de uma estratégia
preventiva. Se uma decisão não for possível, a fase requererá avaliações de exposição
quantitativas; por exemplo, medições de vibração. A “decisão de realizar as etapas" pode ser
usados para analisar o processo de decisão relativo ao controle de risco em local de trabalho,
como definir onde ocorrem os bloqueios, ou provavelmente possam ocorrer, com uma visão
para evitá-los. Os “passos” a serem seguidos são:
1. Esteja atento ao problema; 6. Conheça o provedor de solução;2. Aceite o problema; 7. Finanças;3. Saiba a causa; 8. Implemente soluções;4. Aprenda sobre as possíveis soluções; 9. Avalie.5. Aceite uma solução;
91
Desde que PCPR eficientes sejam implementados, os interesses para a saúde dos
trabalhadores devem ser incluídos nas prioridades da alta cúpula da administração ao lado da
produtividade e da qualidade. Uma política clara, discutida, acordada e compreensível pelos
stakeholders é essencial. Nos objetivos do programa devem ser definidos, os passos a serem
seguidos e os mecanismos disponíveis para implementação de forma clara e apresentado para
todos os interessados, que tem que saber o que esperar e para que esperar, pois metas irreais e
inacessíveis são muito frustrantes. O projeto e implementação desses programas não só requer
envolvimento e compromisso de administração, mas de pessoal de produção, trabalhadores e
profissionais de saúde ocupacional.
4.3.3 Componentes do Programa (PCPREV)
4.3.3.1 Reconhecimento do Problema de Vibração
Reclamações de dificuldades pelos trabalhadores devem ser consideradas tardias como
um indicador de que existe um problema de vibração; porém, se isto acontecer, uma ação de
controle deve ser imediatamente ativada. O reconhecimento de um problema de vibração deve
ser considerado bem mais cedo, sempre que níveis de vibração excederem os limites
aceitáveis, ou simplesmente sempre que há um sentimento que o lugar de trabalho é muito
vibratório, particularmente se há qualquer interferência com o comportamento físico. Na
realidade, o melhor procedimento é prever problemas e os evitar; por exemplo, selecionando
equipamento e processos mais adequado, sempre que possível. O reconhecimento de que um
problema de vibração existe é através do acompanhamento de avaliação qualitativa da
situação, a identificação e localização das fontes de vibração, a definição de padrões de
exposição à vibração, incluindo o que são exposição normal e o que são condições de
exposição raras. Devido à experiência com suas tarefas, processos de trabalhos, equipamentos
e maquinaria, os trabalhadores podem fornecer uma ajuda valiosa na obtenção de informações
que são necessárias para se projetar uma estratégia adequada para qualquer avaliação
quantitativa subseqüente,e neste caso, realizar pesquisas de vibrações.
4.3.3.1.1 Considerações de avaliação de problema de vibração.
92
As estratégias para pesquisas de problema de vibração”, inclusive medições e
instrumentos, são considerados na perspectiva como elementos importantes de um programa
de controle e prevenção de vibração global. Se os riscos são óbvios e sérios, o reconhecimento
do problema deve ser seguido através de controle; a avaliação quantitativa virá depois para
verificar a eficácia do sistema de controle. Às vezes pode ser necessário mudar o conceito
clássico de "reconhecimento-controle-avaliação”. Decisão sobre ações de controle pode ter
que se basear em julgamento profissional e bom senso comum, particularmente se o
equipamento de medição não está disponível. Possibilidade que não deve ser considerada é a
medição de vibração ser uma dificuldade para corrigir situações realmente perigosas. Na
figura 21 é apresentada uma seqüência de prevenção de riscos de exposição às vibrações
baseada em um diagrama de gestão com o ciclo de controle, apresentando as práticas de
gestão e padrão de trabalho, e também o ciclo de aprendizado, onde se poderá chegar a uma
prática inovadora.
Eliminação Eliminação Tecnologia Nivelamento de rodas / terreno Leiaute ergonômico Isolamento Métodos de trabalho(velocidade) postura de trabalho Susceptibilidade Organização (procedimento de Fatores climáticos Duração da exposição manutenção) Susceptibilidade Padrões de exposição Experiência do trabalhador (Idade) (paralização) (instrução) (doenças pre-existente (intervalos) Isolamento e atenuação (fadiga dos músculos (tempo de Controle remoto das costas) recuperação) Pneus Guia médico Suspensão de veículos, cabine Treinamento e assento. Seleção Análise de projeto de trabalho Pesquisa no ambiente de trabalho Medições de vibrações Efeitos Psicológico Inspeção de saúde Avaliação tecnológica Medições de vibrações na fonte perto do trabalhador e biomecânicos Avaliação compor- Emg tamental Transmissibilidade Impedância análise no movimento da coluna
Produção
Tarefa Processo Esboço Exposição externa
Fonte de vibração Stress
Interno
Ativ
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es d
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Po
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o e
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ção
Desconforto Redução de desempenho Efeitos na saúde Agudo (temporário) Crônico (permanente)
Mudanças de comportamento
Recuperação
Figura 21 - Diagrama de seqüência de prevenção de riscos de exposição às vibrações.Fonte: Biomed 2 - Vibration Injury Network (2005)
As medições devem considerar as condições mais habituais do operador e as
mudanças devem também ser observadas cuidadosamente. Nesse caso, os dosímetros de
vibração oferecem a melhor solução de monitoramento direto nos trabalhadores. Para estudar
93
fontes de vibração e a sua importância relativa como contribuidor para a exposição, como
também conferir a eficiência de controle de medição de vibração implementada, a melhor
ação é usar medidores de níveis de vibração por integração, posicionados adequadamente,
para medição, de corpo inteiro e mão-braço do operador. A pesquisa inicial de vibração
constitui uma ferramenta de decisão, e também provê dados de linha base que, junto com
resultados de pesquisas subseqüentes, podem servir como um indicador para avaliações
futuras de qualquer estratégia de controle implementada. A pesquisa de vibração avalia se a
exposição de trabalhadores deve ser considerada por profissionais especializados, por
exemplo, higienistas ou outros profissionais de SSO com treinamento específico em medições
de vibrações. Técnicos de SSO, se especialmente treinados para este propósito, propiciam
valiosa contribuição. Importante também é a colaboração de trabalhadores voluntários que
pode ser considerada como essencial.
4.3.3.2 Seleção de Instrumentos de Medição
O tipo de risco a ser avaliado e o propósito da pesquisa determinará o tipo e a
"confiança" exigida do equipamento de medição; como por exemplo, um medidor de nível de
vibração. Se a medição qualitativa, ou semiquantitativa são suficientes, ou se as pesquisas
preliminares são uma prioridade, é desnecessário gastar dinheiro com equipamentos muitos
caros e sofisticados. Igualmente se recursos são avaliáveis, equipamento devem ser somente
adquiridos, se uma necessidade real for estabelecida, e, as capacidades operacionais forem
verificadas, incluindo a competência pessoal para propriamente operar, calibrar e manter os
equipamentos. Se um novo programa é desenvolvido, somente os equipamentos básicos
devem ser adquiridos inicialmente, mais itens serão adicionados, a partir das necessidades
levantadas, e a competência pessoal desenvolvida. Quando selecionar qualquer equipamento
de segurança ocupacional, na adição das características de desempenho, os aspectos práticos
como portabilidade; fonte de energia necessária; exigências de calibração, manutenção e
condições de uso (incluindo clima e infra-estrutura), devem ser também consideradas. Se as
exigências acima forem negligenciadas, e infelizmente freqüentemente são, o resultado deve
ser que o equipamento caro é inadequadamente utilizado, ou não utilizado em todo o seu
potencial. A importância da calibração de rotina deve ser bastante enfatizada.
Todas as etapas da avaliação devem ser igualmente bem planejadas e conduzidas; o
procedimento completo deve ser considerado como um único, pois “nenhuma corrente é mais
forte do que o seu elo mais fraco”. Seria um desperdício de recursos permitir qualidade
94
desigual nas diferentes etapas de uma mesma avaliação de vibração. Por exemplo, resultados
obtidos com um medidor de nível de vibração por integração de grande exatidão não devem
ser de confiança se este não tiver sido calibrado de maneira apropriada, ou, os resultados
devem estar longe dos representativos de exposição de trabalhadores, se a estratégia de
medição não estiver adequadamente projetada e obedecida.
4.3.3.3 Estratégias de controle e medição
Os PPCRs envolvem medidas relacionadas ao ambiente de trabalho e medidas
relacionadas com os trabalhadores. Estratégias de controle eficientes normalmente confiam
em uma combinação de engenharia (técnica) como: controle de medições; equipamento com
boa manutenção e isolado; medições de saúde pessoal; e práticas de trabalho.
As estratégias de controle e prevenção normalmente envolvem elementos dos seguintes
grupos de medições, isto é, medições que relacionam com:
• o processo de trabalho - ferramentas e maquinaria - equipamento balanceado, boa
manutenção;
• o local de trabalho, isolamento ou tratamento antivibratório;
• os trabalhadores, práticas de trabalho, e outros controles administrativos, educação dos
trabalhadores sobre proteção pessoal;
• controle de medições deve ser realmente programado para encontrar as necessidades
de cada situação particular e as diferentes opções devem ser consideradas em vista de fatores
como eficiência, custo, facilidade técnica e aspecto sócio-cultural.
4.3.3.4 Estratégia de controle básica.
A efetiva redução só será alcançada lidando com o problema de uma maneira
sistemática. Uma série de etapas que devem ser consideradas ao formular uma estratégia de
controle e de implementação de medidas de controle para novos locais de trabalho e os já
existentes:
a) Determine objetivos e estabeleça critérios;
b) Considere a avaliação identificando: as áreas interessadas; a emissão em postos de
trabalho; a contribuição de diferentes fontes para a emissão em postos de trabalho; a
exposição de pessoas; a emissão de fontes para classificá-las;
95
c) Considere medidas de controle como: controle na fonte; controle da transmissibilidade no
local de trabalho; controle nos postos de trabalho;
d) Formule um programa de controle;
e) Implemente as medidas apropriadas;
f) Verifique a redução alcançada.
A hierarquia de controle deve ser a seguinte:
Figura 22 - Hierarquia de controle e medição
O controle de vibração pode ser implementado para resolver problemas usando várias
técnicas de medições. Estas medidas são redução na fonte, em por exemplo, máquinas,
processos de trabalho; redução por prevenção ou atenuação da sua propagação por exemplo,
isolamento, fundação, material de amortecimento. Técnicas de medições para controle de
vibração devem ser aplicadas para implementar o controle de vibração. Por este motivo é
necessário comparar e determinar a eficácia das medições. Grandezas de vibrações são usadas
para este propósito, que descrevem os aspectos das fontes, as reduções detectadas no local de
trabalho, especialmente os postos de trabalho, e quando as fontes estiverem operando as
medidas de controle tem que ser implementadas. A primeira prioridade é reduzir vibrações
através de medidas técnicas. Quando o controle de engenharia não é aplicado ou não é
suficiente, a exposição deve ser reduzida através de medidas como:
Proteção física que deve ser usada, mantida e selecionada adequadamente; Controles
administrativos, como mudanças no esquema de trabalho ou na ordem de operações e tarefas,
por exemplo, ou limitação do tempo despendido em um ambiente crítico (usando proteção).
Muitas soluções são buscadas entre as medidas mais conhecidas, como isolamento e
equipamento de proteção pessoal; entretanto, o modelo pode ser muito caro e improvável, e o
último não é sempre eficiente ou aceitável pelos trabalhadores, particularmente em climas e
ambientes de trabalhos quentes. A prevenção deve ser estendida com considerações próprias
de outras opções de controle, particularmente de controle de fonte através, por exemplo,
substituição de materiais e modificação de processo, como rege as boas práticas de trabalho
(XIMENES; MAINIER, 2005b).
Controle da fonteControle do nívelno trabalhador
Controle dapropagação
96
Tanto a medida pessoal e o controle de engenharia devem ser discutidos com os
trabalhadores, desde que eles entendam sua importância, contribuem para seu projeto e
aprendam como melhor ajudar para a sua eficiência continua. Em razão de seu conhecimento
e experiência com processo de trabalho, operações e maquinaria, trabalhadores podem trazer
valiosas contribuições de projeto de estratégias de controle. Os trabalhadores devem
contribuir para, ou decrescer, a eficácia das medidas de engenharia. A experiência pessoal
com tarefas é indispensável para o projeto de adequação das praticas de trabalho,
principalmente quando existe diferente maneira de realizá-las, a maneira para operar
ferramentas e maquinaria influenciam os níveis de vibrações resultantes.
Da mesma maneira que treinamento e educação de trabalhadores, os exames de saúde
periódicos, são componentes essenciais para os programas de conservação da saúde.
4.3.3.5 Programas de Comunicação, Educação e Treinamento de Riscos.
Os programas de prevenção e controle de riscos bem sucedidos incluem comunicação
de risco, como o treinamento e educação para trabalhadores, supervisores e todas as outras
pessoas envolvidas. Se um programa é bem sucedido, todos os stakeholders devem estar
cientes desta importância e motivados para colaborar. Os trabalhadores devem ser informados
claramente de qualquer conhecimento, suspeita ou potencial de risco associado com seu
trabalho, por exemplo, níveis de vibração que eles são e podem ser expostos, e, das possíveis
conseqüências prejudiciais, por exemplo, perda da capacidade física ou acidente devido a falta
de aviso sobre este risco. Devem ser informados também sobre o melhor meio de avaliação
para prevenção e controle, e sobre como eles podem contribuir para sua implementação. Esta
informação está ligada ao propósito e ao próprio uso de qualquer sistema de controle, baseado
em controle de engenharia, práticas de trabalho e proteção pessoal. As pessoas envolvidas
com prevenção e controle devem ter oportunidades de ampliar continuamente seus
conhecimentos e devem: estar alerta para novos desenvolvimentos concernente aos efeitos de
exposição excessiva, como novos guias e novas normas que devem ser aplicados e manter
bem informado sobre os desenvolvimentos concernentes ao controle e reconhecimento de
risco que devem ser aplicados para os processos de trabalho e operações.
97
4.3.3.6 Promoção da Saúde
De acordo com os conceitos declarados na Carta de Ottawa e aceito pela OMS
(Organização Mundial de Saúde), que diz: “[...] promoção de saúde é o processo de habilitar
pessoas para aumentar o controle, pra melhorar a sua saúde [...]” No mesmo contexto é
considerado que: “[...] para chegar um estágio de bem-estar físico completo, mental e social,
um individuo ou grupo deve estar apto para identificar e realizar aspirações, para satisfazer
necessidade, e para mudar ou lutar com o ambiente [...]”.
Em vista da multiplicidade e diversidade dos determinantes dinâmico de saúde global
são necessários procedimentos para proteger e promover saúde numa maneira compreensiva.
Por exemplo, esforços para controlar vibração devem considerar as atividades “fora de
trabalho”, como pilotar motos em pisos acidentados, se praticado sem proteção pessoal
adequada. Os trabalhadores devem ser encorajados a levar suas boas praticas de conservação
para situações fora do trabalho, quando relevante.
4.3.3.7 Avaliação da Exposição
A medição da exposição à vibração atual é a segunda etapa no procedimento da
avaliação apresentada na figura 23. A estratégia de medição é projeta, e então as medições
são conduzidas usando como base os dados coletados durante a pesquisa preliminar. Que
dependem das circunstâncias do posto de trabalho para ser avaliado, isto é, o tamanho / tipo,
as máquinas / processos em uso e número de pessoas empregadas, o sistema de medições e a
reunião das informações necessárias para alcançar de maneira organizada os resultados
desejados.
A necessidade da estratégia a ser desenvolvida, que não pode ser feita a menos que,
antes das medições, seja conhecido qual o local de trabalho é de interesse, quais máquinas
estão em uso e quais posições do operador e atividades necessitam ser incluídas na avaliação.
Isto pode unicamente ser feito após estabelecer com o gerente do posto de trabalho e
operadores/maquinistas que as atividades no dia da avaliação são típicas de um dia de
trabalho normal.
98
4.3.3.8 Grupo Homogêneo de Exposição (GHE)
Em muitos postos de trabalhos, é possível dividir a população em GHE; isto é grupo
de trabalhadores expostos a vibrações em condições que podem ser considerados similares.
Segundo o Anexo da IN nº 1, de 20-12-95, do MTE a definição de GHE corresponde a um
grupo de trabalhadores que experimentam exposição semelhante, de forma que o resultado
fornecido pela avaliação de exposição de parte do grupo seja representativo da exposição de
todos os trabalhadores que compõe o mesmo grupo. Sobre estas condições, a medição pode
unicamente ser conduzida, por uma amostra bem-definida de trabalhadores no maior grupo
possível, de maneira que não exista variação sistemática da exposição entre os membros do
grupo, durante intervalo de exposição especifica (para uma dada amostra), usando materiais e
técnicas apropriadas. O objetivo é minimizar o número de medições a serem feitas para
garantir a sua representatividade, dada as mudanças na atividade e exposição identificada no
estudo preliminar. Este método é tipicamente usado em higiene industrial para reduzir o
número, e também o custo das medições de exposição.
A última restrição conduz freqüentemente para o GHE definido por uma tarefa
específica, e para os trabalhadores classificados para um GHE de acordo com a duração
específica da exposição ou para intervalos de tempo estacionários diferentes. Certos
trabalhadores são obviamente expostos as variações no nível de vibrações que não podem ser
previstas. Estes trabalhadores de equipe de manutenção, montadores, ajustadores e etc, não
podem ser colocados no mesmo grupo dos outros, pois devem ser submetidos a medições
individuais e repetidas. Se o posto de trabalho consiste de uma variedade de máquinas todas
executando diferentes tarefas então existirá a necessidade de realizar medições em todas as
máquinas e em todos operadores. Portanto, se existem muito operadores em uma área e todos
são afetados pela vibração de uma máquina ou processo então poderá ser possível selecionar
um ou dois operadores que são representativos do grupo. Em situações onde muitos
operadores estão trabalhando em uma área definida e suas atividades requerem muitos
movimentos e é razoável estabelecer exposição em uma área base e aplicar o mesmo nível de
exposição para todos.
99
4.3.3.9 Projeto de Estratégia de Medição
Exposição ocupacional é geralmente caracterizada por dois fatores: uma grande
população exposta, e uma duração de exposição que pode se estender sobre o curso de muitos
dias de trabalho. É essencial desenhar um planejamento do local de trabalho que identifique as
máquinas/processos em uso, as posições dos operadores associados com as
máquinas/processos e quaisquer outras pessoas engajadas em atividades de trabalho.
Informações relativas ao número de empregados e suas respectivas tarefas devem ser
identificadas e anotadas; é também essencial obter as horas de exposição de cada empregado
para cada dever / tarefa. Seria benéfico obter o acordo de cada empregado e do gerente da
seção antes da coleta de dados. De acordo com as informações anteriores é essencial que os
resultados da avaliação da exposição estejam sendo considerados como representativos de
uma atividade normal do dia.
4.3.3.10 Estratégias para Pesquisa de Vibrações.
O tipo e a estratégia de medição dependerá enormemente dos objetivos da pesquisa.
Quatro diferentes objetivos podem ser seguidos: a determinação da emissão de vibração de
uma dada máquina ou conjunto de máquinas; a identificação, caracterização e classificação
das fontes de vibração; a verificação de que um dado trabalhador é ou não exposto a um nível
de vibração acima dos limites legais (conformidade); a predição do risco individual de danos
causados por vibração.
A implementação de uma estratégia para a medição de exposição de vibrações inclui
várias etapas e é adaptada para diferentes tipos de vibrações. A primeira etapa consiste em se
realizar um estudo preliminar do local de trabalho e as circunstâncias que conduzem a
variações no nível de exposição. A segunda etapa consiste em se definir uma estratégia de
medida e realizar as medições para quantificar as exposições de vibrações experimentadas
pelos trabalhadores. A terceira etapa trata da interpretação dos resultados da investigação.
100
Figura 23 - Etapas de medição de exposição de trabalhadores à vibraçãoFonte: Goelzer (2005).
4.3.3.11 Implementação de Programas
Um planejamento oportuno e realista é essencial para o estabelecimento de qualquer
programa. Um plano de trabalho deve ser elaborado, de acordo com as necessidades reais e os
recursos disponíveis. Outros fatores a serem considerados incluem: exigências legais
(legislação, regulamentos e normas), infra-estrutura e serviços de apoio necessários (incluindo
manutenção de equipamento). Devemos sempre guardar em mente que a prevenção
antecipada é a melhor abordagem, pois, alcançar redução de imediato em locais de trabalho é
muito difícil e custoso. Os programas devem ser eficientes e sustentáveis, continuamente
devem ser avaliados, com a possibilidade de adaptar as novas necessidades e circunstâncias
que aparecem ao longo do caminho.
Estudo Preliminar Avaliação de Exposição Interpretação Estatística
?? Sim Não
Resultadosavaliados
TrabalhadoresDuraçãoTipo de
exposição
Grupohomogêneo de
exposição
Conscientizaçãode Medição
Amostragem
Medições
O grupo éhomogêneo?
Controle de vibrações
Nexp,d[Ntmin;Ntmax]
De acordo comNEP?
101
4.3.3.12 Gerenciamento de programas
Gerenciamento envolve decisão relativa às metas a serem alcançadas e as ações
exigidas para que isto seja feito eficientemente, através da participação ativa de todos os
interessados; também envolve prever e evitar (ou reconhecer e resolver) problemas que
podem criar obstáculos.
A boa administração deve fazer a distinção entre o "trabalho feito" e o "trabalho bem
feito." A importância de implementar procedimentos corretos não pode ser demasiadamente
enfatizada. Além disso, os reais objetivos, não são etapas intermediárias, que deveriam servir
como uma orientação para medir com sucesso. Por exemplo, a eficiência de um programa de
conservação não deveria ser avaliada pelo número de pesquisas vibratórias, mas sim pelo
número de ações preventivas de sucesso que são ativadas. Além disso, uma distinção sempre
deve ser feita entre o que é "impressionante" e o que é "importante". Uma pesquisa vibratória
muito detalhada com equipamento de medição de vibração muito exato e preciso, incluindo
análise de freqüência de banda de 1/3 de oitava, pode ser muito impressionante mas o que é
realmente importante é que seus resultados sejam adequadamente usados para um propósito
completamente justificado e pertinente.
As ferramentas de gerenciamento precisam de uma política implementada
eficientemente que inclui, por exemplo: organização transparente; procedimentos de
funcionamento claros (para operação padrão como também para manutenção, inspeção e
situações anormais); adoção de padrões e diretrizes; programa de recursos humanos (seleção,
educação e treinamento, informação, manutenção de competência de pessoal); efetivo de
linhas de comunicação; desenvolvimento de indicadores de desempenho (parâmetros de saúde
ambiental; por exemplo é o resultado de testes de saúde), e estabelecimento de mecanismos de
avaliação. A boa comunicação dentro e fora do programa é essencial se ter uma equipe de
trabalho bem coordenada, com compartilhamento de informações e aumento de colaboração.
4.3.3.13 Práticas de Trabalho e Controle Administrativo.
A avaliação do local de trabalho para exposição à vibração inclui medições
preliminares de vibrações, separação dos locais de trabalho em diferentes áreas de riscos – e
desenvolvimento de ambos em planos de gerenciamento em curto e longo prazo. Depois da
avaliação do local do trabalho, é apropriado se avaliar as possibilidades que o empregado
102
individualmente tem para controlar o seu próprio ambiente de trabalho e avaliar as medições
simples que devem resultar em uma promoção de redução de nível de vibração. Por mais que
os níveis de vibração estejam de acordo com o local de trabalho, ou tenha sido legalmente
atendido, a decisão é sempre para o empregado individual ou para um grupo especifico de
empregados nas seções definidas no local, questão de que risco é “a aceitabilidade do nível
de vibração no ambiente de trabalho”.
Todo ser humano tem o seu próprio limite de aceitação - de acordo com a sua atitude,
de sua própria vida e saúde, sua família e seus colegas. Este limite varia muito de ser humano
para ser humano, mas se o limite é excedido, o risco voltará imediatamente. O limite é
preferencialmente indefinido e sempre relativo à tradição dos trabalhadores, e das
possibilidades de encontrar outras atividades menos insalubres com grau de influência menor
no local de trabalho. O limite individual de aceitação deste modo deve ser qualquer um acima
ou inferior o que é considerado salubre ou legalmente justificável. Para obter limite individual
final de aceitação de um local de trabalho, deve ser observado que, todos obterão informações
atualizadas dos efeitos da vibração na saúde, e que existirá um alto nível de informações sobre
esforços organizacionais, gerenciais e técnicos de redução de vibrações. A própria proteção
individual é mantida útil até um certo ponto e deve ser usada quando necessária.
Os empregados devem fazer a sua própria medição de redução de exposição de
vibração para: evitar vibrações desnecessárias em transporte e manuseio parar máquinas e
equipamentos que não estão em uso no momento. Fixar partes soltas de maquinas que
chocalham; reduzir a ocupação e permanência em área de grande nível de vibração; usar
equipamento técnico apropriado; fazer suas próprias rotinas de manutenção, ajustando e
lubrificando maquinário e equipamentos, participar no desenvolvimento e avaliação de novos
esforços; se qualquer coisa é impossível, a proteção pessoal deve ser usada. Havendo qualquer
dano incipiente sério, envolva o pessoal de saúde e tenha todos os danos corretamente
investigados.
4.3.3.14 Equipe de Trabalho
O passo inicial deveria ser a criação de uma equipe multidisciplinar e a elaboração de
mecanismos para o trabalho de equipe de maneira eficiente. Uma equipe multidisciplinar
encarregada de programas de controle e prevenção de risco deve incluir profissionais de saúde
e de segurança ocupacionais, como também os representantes de administração,
gerentes/engenheiros de produção e trabalhadores. Além disso, deveriam ser envolvidas todas
103
as pessoas interessadas de alguma maneira. A equipe deveria incluir, ou ter acesso aos
profissionais com competências em: Higiene Profissional, Medicina Profissional,
Enfermagem Profissional, Ergonomia, Psicologia do Trabalho e, no caso de controle de
vibração, também engenheiro especializado em vibração, com conhecimentos de metrologia e
informado sobre fisiologia. Em todos os casos, a participação de trabalhadores é
indispensável. As pessoas escolhidas para a equipe de controle e prevenção de risco devem
ter, além do conhecimento exigido e experiência, também entusiasmo, compromisso, espírito
de colaboração e possibilidade para participar ativamente, inclusive tempo disponível. As
medidas e ações nunca devem ser impostas, mas bastante discutidas. Além disso, deveriam
ser proporcionados para as equipes e para os indivíduos, necessariamente os recursos e a
liberdade de ação para cumprir as suas responsabilidades que devem ser claramente
caracterizadas e designadas. Todos os participantes da equipe podem fazer uma contribuição e
todos têm que sentir parte do programa. Unir esforços, envolvendo todo os stakeholders, é
preciso para alcançar a proteção plena da saúde dos trabalhadores.
4.3.3.15 Situações especiais
Manutenção, reparos, e outras atividades não rotineiras normalmente recebem menos
atenção que a necessária. A experiência mostra que este tipo de trabalho pode induzir a uma
exposição excessiva aos trabalhadores que freqüentemente fazem reparos sem a proteção
pessoal exigida. O pessoal de manutenção trabalha sem qualquer proteção porque eles acham
que tem que “sentir” a maquinaria; além disso, tem que se posicionar em posições
desajeitadas e acabam também “dispensando” a carga adicional da proteção pessoal. Também
acontece que cada uma dessas operações é conduzida em horas de trabalho extraordinária, que
normalmente não são supervisionadas. Os trabalhadores de manutenção e limpeza devem ser
protegidos, quando for necessário, e receberem treinamento de segurança e saúde apropriados.
Particularmente, quando serviços de manutenção e limpeza são subcontratados (o que
acontece muito freqüentemente) regra de segurança tende a ser negligenciada. Isto é mais
critico quando se lida com riscos que causam efeitos severos na saúde, que é raramente o caso
da exposição à vibração
104
4.3.3.16 Cronograma
Uma consideração real do fator de tempo deve ser feita na fase de planejamento. É
impossível se resolver todo o problema ao mesmo tempo, particularmente quando a solução
requer intervenções a médio e longo prazo. Então, deveriam ser estabelecidas prioridades
para ação considerando aspectos que incluem o seguinte: número de trabalhadores exposto;
natureza e magnitude de exposição, conseqüentemente o grau de risco; viabilidade de ação;
disponibilidade do equipamento e materiais exigidos, e, grau de interferência com a produção.
Podem ser implementados práticas de trabalho apropriadas e o uso de equipamentos de
proteção pessoal, como luvas de proteção, em um tempo relativamente curto. Porém, a
implementação plena pode levar muito mais tempo, por depender de fatores que
freqüentemente estão fora do controle dos profissionais de higiene ocupacional, como ter
cooperação completa dos trabalhadores e supervisores e também de gerentes. Então, qualquer
ação preventiva deveria ser acompanhada por comunicação de risco adequada, treinamento e
educação de todos os stakeholders.
Por outro lado, o projeto e implementação de criar medidas de controle levam tempo e
normalmente requerem horário extraordinário de certas operações. Horários devem ser
preparados em colaboração com gerentes de produção /engenheiros e trabalhadores, e baseado
em uma avaliação real do tempo que precisam para completar a instalação dos controles.
4.3.3.17 Avaliação de Programa
Programas devem ser periodicamente e criticamente avaliados, com uma visão para
avaliar sua relevância e assegurar a melhoria continua.
4.3.3.18 Sistema de controle de monitoramento.
Uma vez que o sistema de controle foi colocado em operação, é necessário assegurar
que o nível desejado de proteção tem sido alcançado e conseqüentemente mantido. Para obter
o melhor desempenho, o controle de engenharia e os equipamentos de proteção pessoal
devem ser rotineiramente inspecionados, mantidos e, quando necessário, trocados.
105
4.3.3.19 Indicadores
Uma pesquisa inicial (envolvendo medidas de vibração ideais e testes de saúde) deve
ser considerada antes de um programa ser implementado ou reformulado. Isto provê dados
básicos bons para avaliações subseqüentes da efetividade do programa.
Indicadores que deveriam ser sensíveis a mudanças no ambiente de trabalho ou em
parâmetros de saúde, normalmente relacionam uma condição de ambiente a um efeito de
saúde (ambiente vibratório / dano de vibração), ou relacionam um certo agente ambiental
com um fator de exposição (máquinas vibratórias / nível de vibração no operador).
Alguns indicadores são usados para decidir propósitos, outros para monitorar a
eficiência de um programa preventivo. Por exemplo, a "porcentagem de trabalhadores com
um certo grau de dano" indicam a necessidade de ação imediata. Porém, isto não deveria ser
permitido acontecer e uma decisão mais aceitável pelo indicador neste caso seria “reduzir o
nível de vibração sobre um valor aceitável."
Exames iniciais e periódicos de trabalhadores contribuem com valiosos dados para os
indicadores.
Para ter relevância científica e para o usuário, indicadores devem ter características
que incluem o seguinte: baseado nos conhecimentos ligados entre, por exemplo, ambiente de
trabalho de vibração e efeitos físicos; imparcial, seguro e válido; baseado em dados de uma
qualidade conhecida e aceitável; facilmente entendido e aceitável por todos os stakeholders;
baseado em dados que estão prontamente disponíveis ou facilmente arquivados, a um custo
aceitável, ou, dados que são necessários de qualquer maneira. Além disso, indicadores devem
ser oportunos para política e decisão, e, apropriada para monitorar as ações resultantes.
Por exemplo, se o assunto for controle de vibração, não seria "oportuno" basear um "indicador
de decisão" em resultados, se não estão disponíveis; se o equipamento exigido tiver que ser
ordenado e entregue, ou as pessoas treinadas no seu uso, conseqüentemente haveria muito
tempo decorrido até que os dados pudessem ser obtidos e a decisão tomada.
4.3.3.20 Vigilância no ambiente para propósito de controle
Monitoramento de rotina (continua ou intermitente) é um meio para detectar qualquer
alteração nas condições de exposição. Isto deve resultar, por exemplo, em mudanças no
processo ou materiais utilizados, deterioração de ferramentas e maquinaria (como mancais
desbalanceados), de deficiência e avarias no sistema de controle existente, ou de qualquer
106
ocorrência de acidentes. Medidores de vibração muito sofisticados, apesar de não atender em
muito mais as normas do que os medidores normais ou de integração, tem uma larga
aplicação em pesquisa de “controle”.
Deve ser dito que avaliação quantitativa muito exata e precisa não é necessário para
verificar (checar) controles de uma rotina básica. Métodos menos sofisticados podem ser
usados para indicar alterações. Desde que alguma “inspeção prática” seja usada.
Em vista da sua familiaridade com a operação, trabalhadores normalmente estão em uma
posição privilegiada munida de informações valiosas sobre ocorrências não usuais e
alterações que devem ser investigadas para assegurar a eficiência continuada do sistema de
controle.
As técnicas de visualização, por exemplo, podem ser muito útil na demonstração da
utilidade e a relativa eficiência das diferentes medidas de controle. Este método combina uma
imagem de vídeo mostrando o trabalhador desempenhando as suas tarefas, por exemplo,
níveis que são constantemente medidos nos trabalhadores com instrumento de monitoramento
em tempo real. No caso da exposição, este método é particularmente eficiente na designação e
avaliação das práticas de trabalho, desde que tenha uma pessoa dedicada para “visualizar”
como os níveis variam enquanto uma tarefa é executada nas diferentes maneiras.
4.3.3.21Vigilância de saúde para propósito de controle
A inspeção de saúde de trabalhadores inclui exames de admissão, exames periódicos e
especiais de saúde, incluindo observações clínicas, investigações de atendimento especifico,
testes ou investigações de imagem, e detecção do prejuízo a saúde. No caso de exposição à
vibração, testes fisiológicos são um importante componente da inspeção de saúde.
A perda de saúde por causas ocupacionais pode ocorrer muito gradualmente. Uma mudança
cedo na habilidade indica superexposição e, se uma imediata ação preventiva é tomada para
prevenir a exposição, uma perda maior pode ser evitada. Apesar da detecção cedo do prejuízo
a saúde devido aos riscos a saúde ocupacional, é possível identificar trabalhadores hiper-
sensíveis e também para prevenir os danos. (prevenção secundária).
Inspeção de saúde não deve ser considerada como preparação para a prevenção de
risco primário, entretanto é um complemento essencial que contribui de várias maneiras para
as estratégias preventivas. Em primeiro lugar, resultados da Inspeção de saúde devem servir
como indicadores da necessidade de controle, e conseqüentemente da eficiência do sistema de
107
controle, pela detecção dos problemas ou falhas no sistema de controle. Comparações de
testes (do mesmo trabalhador, em um intervalo de tempo) que mostram algum dano podem
ajudar a disparar o gatilho das intervenções preventivas e motivar trabalhadores para
colaborar ativamente para prevenir prejuízo adicionais. Entretanto do ponto de vista da
higiene ocupacional, isto é muito menos desejável do que as ações disparadas pela percepção
de que existe super exposição mas depois de ocorrer danos (prejuízos) irrervesíveis.
Na responsabilidade pessoal para inspeção de saúde os trabalhadores devem ser
mantidos informados sobre qualquer avaliação de risco conduzida no local de trabalho, e
devem ter informações de exposição observada em processos específicos ou operações, e vice
versa.
Comunicações contínuas, da equipe de trabalho e troca de dados entre o pessoal da
saúde ocupacional são essenciais para o sucesso de qualquer prevenção de risco e programa
de controle. O estabelecimento de correlações entre condições de trabalho e ao status de saúde
dos trabalhadores contribui para a avaliação da exposição total e é indispensável para a
avaliação das estratégias de controle.
Trabalhadores devem sempre ser informados das razões de qualquer exame de saúde e
concordarem com o procedimento. As participações de trabalhadores em ações de inspeção e
controle devem ser declaradas em legislação nacional ou diretiva supranacional, por exemplo,
a Diretiva Européia 2002/44/EEC de vibração no trabalho.
4.3.3.22 Registros e Relatórios
É importante manter registros e relatórios claros de medições e testes, instrumentos de
medições e sistemas de controle, como também no próprio programa.
Sobre medições de vibração, os resultados devem ser bem organizados, facilmente
identificáveis e recuperáveis. Dados servem como indicadores e devem ser constantemente
coletados e analisados. Porém,a legislação nacional diverge a quem o interesse dos resultados
de testes individuais devem ser entregue. Normalmente os resultados são tratados como dados
médicos confidenciais e somente os dados de grupo são usados em conjunto com os
indicadores de sucesso (ou fracasso) de programas.
Sobre medições de vibração, os resultados devem ser bem organizados, facilmente
identificáveis e recuperáveis. Dados servem como indicadores e devem ser constantemente
coletados e analisados. Porém, a legislação nacional diverge a quem o interesse dos resultados
108
de testes individuais devem ser entregues. Normalmente os resultados são tratados como
dados médicos confidenciais e somente os dados de grupo são usados em conjunto com os
indicadores de sucesso (ou fracasso) de programas.
Sobre instrumentos de medição e proteção pessoal, (todos os detalhes relativos à
compra inclusive pessoa de contato do fabricante), como também registros adequados de
manutenção devem ser cuidadosamente mantidos. A instrumentação de medição também deve
ter seu registro de calibração rotineira e o equipamento de proteção pessoal com seus registros
contendo os prazos finais de substituição. Além disso, registros completos e precisos de
condições de trabalho, materiais usados, e desempenho de medidas de controle, devem ser
mantidos. Relatórios objetivos e claros do programa devem ser periodicamente elaborados e
analisados criticamente pela equipe.
É recomendado que nos relatórios técnicos sejam abordados minimamente os aspectos
apresentados a seguir, de forma que possibilite a compreensão, por leitor qualificado, sobre o
trabalho desenvolvido e documentar os aspectos que foram utilizados no estudo:
• introdução, incluindo o objetivo do trabalho, justificativa e datas ou períodos em que
foram desenvolvidas as avaliações;
• critério de avaliação adotado;
• instrumental utilizado;
• metodologia de avaliação;
• descrição das condições de exposição avaliada;
• dados obtidos e interpretação de resultados.
4.3.3.23 Melhoria Contínua
Para alcançar melhoria contínua é necessário realizar rotinas de avaliação de como o
programa é procedido, incluindo análise de indicadores selecionados. É importante
estabelecer um sistema adequado para o reconhecimento e a devida apreciação das falhas e
dos sucessos. Falhas devem ser consideradas como experiência de aprendizado para melhoria
de programa, mais do que razões para censura, a localização de possíveis fontes de erros, para
corrigir e evitá-los, é mais importante do que “procurar o culpado”. De um outro modo,
sucessos devem der plenamente reconhecidos, dando amplo crédito e comemorado pela
equipe; isto contribui para a satisfação no trabalho e o empenho melhorado.
109
4.3.3.24 Recursos Requeridos
4.3.3.24.1 Recursos Humanos
Do mesmo modo que a necessidade para controle de vibrações foi estabelecida e a
decisão tem que ser tomada para implementar as medidas preventivas exigidas, mas algumas
dificuldades devem ocorrer na prática. Um tropeço comum é a deficiência de treinamento
adequado de pessoal, com conhecimentos especializados. A competência científica, técnica e
gerencial deve ser avaliada entre os membros da equipe responsável. Para muitos assuntos
técnicos específicos, profissionais externos (por exemplo, engenheiros especializados em
vibrações) devem ser engajados; entretanto, seus trabalhos devem seguir a estratégia de
controle especificada e deve ser integrado na aproximação compreensiva designada pela
equipe. Para assegurar que um programa está andando de maneira eficiente, os gerentes
devem ter também , em adicional aos conhecimentos e experiência, competência gerencial.
4.3.3.24.2 Alocação de Recursos Financeiros.
Os recursos financeiros exigidos para um programa de controle e prevenção de risco
têm que ser identificados e assegurados antes de começar a sua implantação. Recursos
financeiros devem ser otimizados e cuidadosamente alocados em um organograma de
prioridades sempre mantendo o equilíbrio apropriado entre diferentes componentes,
nominalmente recursos humanos e informação, instrumentação e sistema de controle. Em
certas situações, são necessários os recursos desejados para o desenvolvimento inicial da
equipe. Para avaliar a sustentabilidade de um programa, custos operacionais devem ser Os
recursos financeiros exigidos para um programa de controle e prevenção de riscos tem que ser
identificado e assegurado antes de começar sua implantação. Recursos financeiros devem ser
otimizados e cuidadosamente alocados em um organograma de prioridades sempre mantendo
o equilíbrio apropriado entre diferentes componentes, nominalmente recursos humanos e
informação, instrumentação e sistema de controle. Em certas situações, são necessários os
recursos desejados para o desenvolvimento inicial da equipe. Para avaliar a sustentabilidade
de um programa, custos operacionais devem ser apropriadamente previstos. Isto inclui, por
exemplo, despesas para: manutenção, reparos e aquisição de componentes reserva para
instrumentos de medição; manutenção, reparos e eventual reposição de equipamento de
proteção pessoal; manutenção da competência da equipe, incluindo educação contínua e
110
participação em encontros científicos, contratação eventual de consultores externos, e, ampliar
sistemas de informações (livros, jornais, CD-ROMs, acessos à base de dados e Internet –
dependendo do tamanho e escopo do programa). Algum grau de flexibilidade financeira deve
sempre ser permitida, para responder as novas necessidades que devam eventualmente
aparecer das reavaliações periódicas.
4.3.3.25 Educação e Treinamento
Um nível muito alto de informação, treinamento e educação são definitivamente
importantes para o entendimento do significado dos efeitos da vibração na saúde e para
entender possibilidades de prevenção e na redução dos níveis de vibração. É importante
também verificar a efetividade dos acordos de regular e planejar nas empresas. Deste modo é
importante enfatizar que instrução e educação não estão visando somente o ensinamento dos
empregados como usar artifícios de proteção, mas os grupos alvo para educação e treinamento
são muito extensos: empregados; representantes da saúde e segurança; bombeiros,
supervisores, engenheiros e projetistas; gerencia e compradores da empresa; profissionais e
gerentes; engenheiro de desenvolvimento e projetistas (inventores) de máquinas.
4.3.3.25.1 Treinamento no local de trabalho
4.3.3.25.2 Conteúdo do Treinamento
O empregador deve providenciar instrução, supervisão e treinamento para todos os
empregados que trabalham em áreas de risco, para que eles possam realizar seus trabalhos de
maneira segura e sem risco para sua saúde e segurança. O empregador deve verificar se todos
os empregados com potencial de risco para exposição de vibrações no local de trabalho são
treinados em relação à vibração, as fontes e propagação de vibrações.
O principal conteúdo do treinamento deve pelo menos conter:
1. O conhecimento dos níveis dos diferentes lugares no ambiente de trabalho.
2. Identificação dos riscos a saúde e segurança associada com trabalho em áreas críticas.
3. O controle de medições e procedimentos administrativos implementados para minimizar
exposição a vibrações (incluindo demonstrações de equipamento de medição).
4. A necessidade de boas praticas de trabalho e manutenção periódica de maquinaria e
equipamento,
5. Os deveres dos fornecedores, gerência, supervisores, empregados, higienistas do trabalho,
111
6. A avaliação e uso de informação, incluindo declarações e esquemas estimativo,
7. A própria seleção, avaliação e manutenção, a proteção e a importância do uso de proteção
todo o tempo, (incluindo os exercícios práticos).
4.3.3.25.3 Tempo do Treinamento
O empregador deve assegurar que treinamento é oferecido:
• antes que um primeiro empregado comece a trabalhar em uma área de risco;
• quando nova maquinaria ou equipamento é planejado para ser instalado;
• quando existe uma mudança no controle de medição de vibração usado ou uma
mudança no regulamento ou planejamento gerencial;
• quando existe nova informação avaliável em assunto de saúde e segurança
concernente a vibração.
4.3.3.25.4Grupos alvos de treinamento no local de trabalho.
1. Todos os empregados que trabalham em área de risco e os seus representantes de saúde e
segurança.
2. Pessoas responsáveis pelo leiaute do local de trabalho, plantas, compras e manutenção de
maquinaria e equipamento, isto é, engenheiros internos, supervisores e projetistas.
3. Pessoas responsáveis para controle de medidas incluindo a aquisição e manutenção de
equipamento de proteção.
4.3.3.25.5Métodos de Treinamento
Treinamento no trabalho deve ser empreendido por um operador competente
familiarizado com efeitos da vibração, medição e controle de engenharia e familiarizado com
os planos da empresa para redução de vibração.
Outras considerações devem ser feitas em desenvolvimento e provimento de
programas de treinamento, tais como:
• Como estar seguro que o conteúdo do treinamento está claramente entendido pelos
participantes.
112
• Aqueles empregados e outras pessoas que estão sendo treinados não devem ser
exigidos para qualquer procedimento depois do treinamento podendo causar riscos à saúde e
segurança deles e dos outros empregados.
• Qualquer necessidade especial dos participantes no treinamento como habilidades
especifícas, experiência de trabalho, etnia e idioma original, aptidão e idade.
• Devendo ser um treinamento diferenciado para indivíduos, ou para grupos mistos no
local de trabalho: em muitos casos seria apropriado misturar diferentes grupos de empregados,
engenheiros e grupo administrativo para obter mais experiência, boas sugestões para redução
dos níveis de vibração e também treinar os diferentes grupos cooperativamente.
O treinamento deve ser conduzido de uma maneira que permita dois caminhos de
comunicação - como também adquirir novas idéias para os próximos treinamentos.
4.3.3.25.6 Treinamento fora do local de trabalho
Cursos de treinamento relativo à vibração, incluindo todos os tipos de nova
informação, devem ser realizados por higienistas ocupacional e executivos da área de
segurança e saúde. E de especial importância que educação nas Universidades também
incluem aspectos sobre vibração do trabalho e vibração ambientais, assim, os futuros
projetistas de maquinaria e equipamento em um estagio cedo conheça a importância da
redução da vibração. A OMS recomenda que a:
“Educação com relação ao risco da super exposição à vibração deve visar nãosomente os gerentes, trabalhadores e todos os profissionais relacionados ao local detrabalho, mas deve começar com as crianças nas escolas e também incluir o públicoem geral”.
Campanhas educacionais devem seguir estratégias adequadas e utilizar materiais
apropriados para cada grupo alvo. A mídia, por exemplo, é uma excelente ferramenta para
educar o público geral.
4.3.3.26 Protetores Pessoais
Apesar de grande progresso em controle tecnológico de vibração, existe muita situação
onde a engenharia de redução não é nem economicamente e nem tecnicamente possível.
Também em muitas situações práticas, máquinas e processos de muitos anos podem ser
113
modificados e substituídos. Portanto, nestes casos, ou durante o período em que a ação de
controle está sendo empreendida, a proteção pessoal deve ser usada como uma solução
interina. O uso de protetor pessoal é uma solução em muitas situações onde um trabalhador é
exposto para altos níveis por períodos curtos de tempo.
4.3.3.26.1 Seleção de equipamento de proteção pessoal ou individual
Um EPI corretamente selecionado deveria propiciar redução suficiente de vibração
para remover o risco de dano, e ao mesmo tempo assegurar o melhor nível disponível de
conforto. A aceitação de proteção de vibração é fortemente ligada à probabilidade de como
está sendo usado. Para obter em uso 100% de redução de vibração, o conforto deveria ser
considerado. Deve ser enfatizado que o protetor de vibração tem que ser usado por todo o
tempo que o trabalhador estiver em uma área vibratória. Se o equipamento de proteção
pessoal não for usado todo o tempo, a redução nominal não ocorrerá. Assim é muito
importante que o equipamento de proteção deva ser aceito pelo usuário. A seleção de um
equipamento de proteção pessoal de vibração deve ser feita sob de um ponto de vista global
(inclusive conforto) e não só em base da curva de redução de vibração.
Não tem sido possível achar um método de medir o conforto dos equipamentos de
proteção pessoal, pois se trata de uma avaliação objetiva, que varia significativamente de uma
pessoa para outra.
A OMS recomenda que como qualquer equipamento de proteção pessoal, estes
dispositivos de proteção de vibração devem ser considerados como medida de "último
recurso", ou para uso esporádico ou temporário. Todos os esforços deveriam ser feitos para
reduzir os níveis no ambiente de trabalho. Uma provisão de proteção de efetividade duvidosa
ou desconhecida é inaceitável. Para assegurar efetividade de dispositivos de proteção, é
imperativo que a qualidade seja avaliada, para cada tipo e fabricante, instituições nacionais
devem considerar ou requerer tais avaliações. Além disso, até mesmo equipamento de
proteção pessoal de qualidade provada precisam ser avaliados por trabalhadores individuais,
equipamentos de proteção deveriam ter selos de qualidade, marca de conformidade que são
representativos da sua performance no ambiente de trabalho. Devem ser promovidas
pesquisas sobre o desenvolvimento de novos materiais e do uso de controle ativo de vibração
para redução de vibração de larga-faixa de freqüência.
114
No Apêndice A é apresentado uma planilha do programa de controle e prevenção de
riscos da exposição às vibrações, proposto neste capítulo, considerando as informações
observadas no estudo de caso sobre vibrações ocupacionais de mãos e braços e, também nas
entrevistas realizadas durante as abordagens aos trabalhadores expostos às vibrações e aos
especialistas atuantes em prevenção da exposição às vibrações. Nesta planilha são aplicados
os dados de interesse estudados no capítulo cinco deste trabalho.
115
5 CAPITULO V - METROLOGIA DE VIBRAÇÃO OCUPACIONAL
5. 1 ESTUDO DE CASO: EXPOSIÇÕES DE VIBRAÇÃO TRANSMITIDA AS MÃOS E
BRAÇOS (VMB) NA INDÚSTRIA DE CONSTRUÇÃO CIVIL
Para avaliação da vibração transmitida às mãos e braços deve-se utilizar metodologias
adequadas a realidade encontrada no campo para que haja uma reprodutibilidade entre
avaliações realizadas por diferentes especialistas. A atividade econômica que mais expõe os
colaboradores às vibrações elevadas é a da contrução civil, onde as ferramentas vibratórias
são usadas com intermitência (MANSFIELD, 2003). Nos itens seguintes são apresentadas
medições realizadas durante a elaboração da dissertação com o apoio de uma empresa atuante
em tecnologia ambiental e de segurança ocupacional. Tal medição foi um dos requisitos da
fiscalização da DRT (Delegacia Regional do Trabalho) para permissão da obra de um
presídio.
5.1.1 Proposição do estudo de caso
O estudo de caso busca apresentar uma medição da exposição a vibrações no corpo
humano durante as atividades mais críticas por Grupo Homogêneo de Exposição (GHE), para
fins de controle e prevenção de risco à exposição de vibrações. São seguidas as
recomendações e limites das Normas ISO 2631 (1997) para o caso de corpo inteiro e
recomendações da ISO 5349 (2001) com os limites da ACGIH (1999) para vibrações
localizadas em mãos e braços.
O critério de avaliação será o mais conservador, isto é, serão consideradas as curvas
bases de ponderação da vibração no corpo humano e a medição da vibração mais elevada
devido a fontes de impactos das atividades desempenhadas pelos colaboradores.
O estudo do caso descreve exposições de trabalhadores à vibração no uso de
ferramentas manuais para concretagem, uso de martelete e serviços de serralheria para os
trabalhos em blocos de concreto reforçado e corte de madeira, respectivamente.
116
Figura 24 - Exposição de mãos e braços às vibrações no uso de martelete em concreto
5.1.2 Metodologia de medições
Inicialmente realizou-se um procedimento de verificação do sistema de medição com
um calibrador manual. Este sistema é composto por um acelerômetro marca PCB do tipo ICP,
pré-amplificado e de um analisador RTA modelo 2800 da Larson Davis. Na verificação da
cadeia de medição foi utilizado um calibrador manual “mini-shaker”, tipo 1 (incerteza de 3%),
da marca PCB modelo 394M23 como referência, que emite uma aceleração de 9,84 m/s2 na
freqüência de 79,6 Hz., com a função de fornecer nível de sinal conhecido de vibrações antes
e após as medições.
As medições foram realizadas em escala logarítmica (dB) para posteriormente serem
convertidas em aceleração rms (m/s2). A média da aceleração ponderada no tempo é obtida
medindo-se o “Leq”. Para corpo inteiro o nível medido é convertido para um nível de
aceleração ponderada (aP) e calculado o nível global correspondente para a comparação com
os níveis de exposição permitidos. Para mãos e braços a norma utilizada é a ISO 5349
(2001) que não estabelece critério limite em função do tempo de exposição na atividade.
Portanto, foram adotados os limites obtidos para aceleração global sem ponderação
estabelecidos pela ACGIH (1999), como remete a Norma Regulamentadora NR 15 para casos
específicos, conforme tabela 4.
117
Foram usados também, filtros analógicos de entrada e digitais do analisador
defrequência para minimizar a ocorrência de sobrecarga no sistema de medição. Todas as
medições foram realizadas em 1/3 de banda de oitava conforme recomendação da norma ISO
5349 (2001), muito embora no caso de VMB não hja necessidade de ponderação por banda
de 1/3 de oitava de freqüência.
Conforme a metodologia e considerando também os procedimentos de medição da
ISO 8041(1999), a medição obtida foi realizada em dB e foi convertida para aceleração “rms”
conforme conversão a seguir:
a = 10. (dB/20).9,807 Eq. (5.1)
onde: a - aceleração em m/s2
dB - aceleração em dB
Para todo os tipos de ferramentas, o operador deve mudar o aperto final dependendo
da operação. A mudança no sistema de coordenadas biodinâmicas e basicêntricas devido aos
diferentes apertos é aleatória. Porém, as “emissões” de vibrações que não são transmitidas
diretamente pelo contato não precisam ser consideradas ao executar uma avaliação de risco
segundo a Diretiva Européia.
Figura 25 - Exposição de mãos e braços no uso com martelete em estruturas
118
5.1.3 Rastreabilidade
Nas cadeia de medições de vibrações foram usados um Analisador Larson Davis 2800
de vibração humana tipo: 1 (incerteza de ±3,5%, compatível com a norma ISO 8401) e
acelerometros PCB Piezotronics SEN021F do tipo ICP (±2%) e uma base magnética triaxial
cujo o conjunto foi montado na manopla das ferramentas com uma braçadeira especial. O
calibrador PCB modelo 394M23 foi usado para garantir a rastreabilidade da cadeia de
medição. Ambos os equipamentos foram calibrado no Inmetro, conforme as boas práticas
metrológicas recomenda.
5.1.4 Montagem do sistema de medição
As medições foram realizadas no eixo x, y e z, sendo z na direção da palma da mão,
conforme figura 13, utilizando-se de uma cinta e de um circulo, ambos de aço, para
posicionamento na luva ou na ferramenta. O acelerômetro foi fixado com uma base magnética
neste circulo e as medições foram realizadas durante a atividade normal do operador.
5.1.5 Resultado das medições
Três medidas foram executadas durante a atividade do operador num intervalo mínimo
de 120 segundos. Foram realizadas medições de vibração localizada em mãos e braços nas
três direções e em quatro (4) grupos homogêneos de exposição (GHE) no canteiro de obra da
empresa de Engenharia. Verificou-se que após este tempo a média do nível de aceleração não
se altera significamente. Todos os valores de aceleração obtidos das operações realizadas com
martelete excederam o valor limite na projeção para 8 horas, além disso, tais valores também
excederam o limite de ação após o uso da ferramente durante 1 hora no caso do martelete e 4
horas para a serra circular. As ferramentas mais severas encontradas na obra foram as usadas
na concretagem e principalmente na utilização do martelo pneumático.
119
Figura 26 - Montagem do transdutor nas ferramentas manuais vibratórias
Figura 27 - Montagem para medição de transdutor em britadeira
5.1.6 Resultados por Grupo Homogêneo de Exposição (GHE)
Para cada Grupo Homogêneo de Exposição será apresentado apenas o resultado na
direção de maior vibração, conforme a metodologia de avaliação empregada. Foram avaliadas
as operações envolvidas com a atividade para segurança do trabalhador e do equipamento, e,
120
realizadas medições durante as operações mais críticas. Uma média em 1/3 de banda de oitava
da aceleração (Leq) em m/s2 das amplitudes nas freqüências de 0,8 Hz a 1250 Hz (VMB) será
o nível global que representará a exposição do GHE em análise.
Tabela 6 - Resultados de medições de vibrações na direção de maior magnitude
Operação : Máquina ou
Ferramenta Local Operador
Medição: Aceleração
Global
Recomendação
(conforme Tab 3.2)
Serra circular de mesa Serralheria da obraCarpinteiro
(alin) 4,92 m/s2
na direção z
Atividade contínua de
seralheria não deve
superar 3 horas
Ferramenta pneumática
concretagem (Vibrador)
Concretagem de
parede Servente
(alin) 4,21 m/s2
na direção y
Atividade contínua de
concretagem não deve
superar 3 horas
Martelete pneumático de
acabamento
Acabamento de
paredeServente
(alin) 22,23 m/s2
na direção z
Atividade contínua
com martelete não
deve superar 1 hora
Tabela 7 - Resultados de vibrações medidas comparados com os valores da Diretiva Européia
Máquina / Ferramenta
Aceleração Global (a lin)
Vibração no pior eixo
(ms-2 r.m.s.)
Diretiva européia
Valor do nível de
ação (8 horas)
Diretiva européia
2 Valor limite ouTolerância (8 horas)
Serra circular de mesa 4,92 m/s2 2,5 m/s2 5,0 m/s2
Ferramenta pneumática de
concretagem (Vibrador)
4,21 m/s2 2,5 m/s2 5,0 m/s2
Martelete pneumático de
concretagem
22,23 m/s2 2,5 m/s2 5,0 m/s2
Tempos permitidos para não exceder o limite de ação:
• Serra circular ~ 4 horas para uma vibração de 4,92 m/s2
• Ferramenta pneumática de concretagem ~ 4,7 horas para uma vibração de 4,21 m/s2
• Martelete pneumático de concretagem ~ 1 Hora para uma vibração de 22,23 m/s2
121
5.1.7 Considerações sobre o caso estudado
O nível de vibração medido (alin) foi obtido durante a atividade sem prejuízo na
operação. Atividades que superam o tempo recomendado para o GHE avaliados devem ser
consideradas insalubres. Medidas de controle como o uso de luvas especiais (antivibratórias),
dispositivos e filtros mecânicos podem ser empregados como medidas de controle. Caso
contrario, deve-se limitar o tempo de exposição.
Para as ferramentas avaliadas, a freqüência de vibração predominante variou de 50 a
70 Hz, o que está de acordo com a freqüência da rede elétrica.
Comprovação da neutralização do agente fisico de vibrações com o uso de EPI (Luvas)
no caso de vibrações localizadas (mão e braços) é muito complexo, pois não existe até o
momento um procedimento padronizado para a realização das medições com EPI. O que é
diferente no caso de vibração no corpo inteiro.
5.2 ESTUDO DE CASO: EXPOSIÇÕES DE VIBRAÇÕES TRANSMITIDAS AO
CORPO INTEIRO (VCI)
Para avaliação de vibrações transmitidas ao corpo inteiro (VCI) foram realizadas
medições em um aeroporto de uma capital brasileira nas atividades de operação de varredora
de pista e de empilhadeira usadas em terminal de cargas.
5.2.1 Metodologia
Para avaliação da vibração transmitida ao corpo inteiro foram utilizados
acelerômetros do tipo ICP e base magnética triaxial conforme exemplo do estudo de caso
anterior. Para a medição das operações de corpo inteiro fixou-se o transdutor no assento do
banco com adesivo tipo cianoacrilato colocando uma espuma de poliuretano entre o assento e
o corpo do operador sentado (superfície de interesse).
Conforme recomendado pela NR15, Anexo 8, foram medidas as vibrações nas três
direções (x, y, z) e escolhidas as acelerações de maiores valores para comparação com os
limites permitidos pela norma ISO 2631 (1997), que também recomenda a utilização da faixa
de medição de 0,63 Hz a 100 Hz em terças de oitava de frequencia.
122
5.2.2 Resultados de Medição
Segundo a avaliação realizada a direção mais relevante foi a do eixo “z” (coluna
vertebral). A coluna “P” da tabela a seguir é relativa a ponderação por 1/3 de banda de oitava
recomendada pela norma 2631 (1997). Os limites para aceleração ponderada em função do
tempo de exposição são estabelecidos conforme tabela a seguir:
Tabela 8 - Limites para aceleração ponderada emfunção do tempo de exposição ISO 2631 (1997)
Limites de exposição da ISO 2631
Tempo (horas) ap (m/s2) (P) Dose (%)
1 2.50 1002 1.77 1003 1.44 1004 1.25 1005 1.12 1006 1.02 1007 0.94 1008 0.88 100
5.2.3 Avaliação das atividades de operação de varredora de pista
As avaliações na varredora de pista CMV 265 ocorreram com a máquina operando na
velocidade de 1800 rpm, aproximadamente 20 km / h, sempre considerando o corpo inteiro
como região atingida. Sendo que a primeira avaliação ocorreu na direção z e a a segunda
avaliação na direção x.
123
Tabela 9- Resultados de avaliações nas direções “z”e “ x”- Varredora modelo CMV 265Eixo na Direção Z Eixo na Direção X
Hz dB a (m/s2)ap m/s2
( ISO 2631) dB a (m/s2) ap m/s2
( ISO 2631)1,0 -36,3 0,152798 0,073726 -44,2 0,061576 0,0297111,3 -36,2 0,154568 0,074924 -43,7 0,065622 0,0318091,6 -31,9 0,253582 0,125348 -39,0 0,112495 0,0556082,0 -30,8 0,287818 0,152974 -34,1 0,197360 0,1048962,5 -28,9 0,358194 0,225745 -31,0 0,283212 0,1784893,2 -21,3 0,859247 0,690428 -32,7 0,230911 0,1855434,0 -27,0 0,445778 0,431140 -37,4 0,134205 0,1297985,0 -36,1 0,154682 0,160038 -36,1 0,156901 0,1629776,3 -36,5 0,149320 0,157441 -43,2 0,069076 0,0728338,0 -41,6 0,083008 0,086024 -48,3 0,038387 0,03978110,0 -41,0 0,088944 0,087926 -44,9 0,057136 0,05648212,5 -43,1 0,069842 0,063040 -48,8 0,036117 0,03259916,0 -44,2 0,061534 0,047328 -46,4 0,047662 0,03665920,0 -42,1 0,078364 0,049845 -35,5 0,167756 0,10670325,0 -47,6 0,041602 0,021336 -42,3 0,076872 0,03942531,5 -43,7 0,065181 0,026370 -42,8 0,072826 0,02946440,0 -38,2 0,122777 0,038603 -42,6 0,074010 0,02327050,0 -37,6 0,131558 0,032331 -43,7 0,065030 0,01598163,0 -35,2 0,173428 0,032257 -35,7 0,163809 0,03046880,0 -39,4 0,106935 0,014162 -45,9 0,050722 0,006717NívelGlobal
1,21 0,94 0,57 0,39
Fonte: 3R Brasil Tecnologia Ambiental
O nível de vibração ponderado (aP) é de 0,94 m/s2 para o eixo “z”, valor foi calculado
para vibração segundo tabela 8 do limite de exposição da ISO 2631 (1997), apresentando-se
abaixo dos níveis considerados insalubres no caso da atividade diária exercida num período
menor que 7 horas. Para vibração pondarada no eixo “x”, (aP) é de 0,94 m/s2, o valor
calculado, também, está abaixo dos níveis permitidos.
5.2.4 Avaliação das atividades de operação de empilhadeira no terminal de cargas
As avaliações na empilhadeira à gás de 2,5 toneladas, usada no terminal de cargas,
ocorreram com a máquina operando na velocidade baixa, sempre considerando o corpo inteiro
como região atingida. Sendo que a primeira avaliação ocorreu na direção z e a a segunda
avaliação na direção x.
124
Tabela 10 Resultados de avaliações nas direções “z” e “x”- Empilhadeira a gás
Eixo na Direção Z Eixo na Direção X
Hz dB a (m/s2)ap m/s2
( ISO 2631) dB a (m/s2) ap m/s2
( ISO 2631)1,0 -45,1 0,055478 0,026768 -36,1 0,156357 0,0754431,3 -44,8 0,057427 0,027837 -36,9 0,142600 0,0691221,6 -44,6 0,058765 0,029048 -37,5 0,133082 0,0657842,0 -43,2 0,069043 0,036696 -38,1 0,124199 0,0660112,5 -29,1 0,350040 0,220606 -31,8 0,256518 0,1616663,2 -28,7 0,366537 0,294522 -35,8 0,161852 0,1300524,0 -25,2 0,548426 0,530418 -34,9 0,179522 0,1736275,0 -36,2 0,154568 0,160553 -38,1 0,124199 0,1290086,3 -41,7 0,082057 0,086520 -43,3 0,068252 0,0719648,0 -43,0 0,070651 0,073218 -45,4 0,053594 0,05554210,0 -42,9 0,071469 0,070651 -42,5 0,074837 0,07398112,5 -44,2 0,061534 0,055542 -44,4 0,060134 0,05427716,0 -45,3 0,054215 0,041698 -48,7 0,036654 0,02819120,0 -48,6 0,037078 0,023584 -49,5 0,033429 0,02126325,0 -46,7 0,046144 0,023666 -50,9 0,028452 0,01459231,5 -39,5 0,105711 0,042768 -44,2 0,061534 0,02489540,0 -41,1 0,087926 0,027645 -39,3 0,108173 0,03401150,0 -40,7 0,092070 0,022627 -38,8 0,114582 0,02815963,0 -39,3 0,108173 0,020120 -40,3 0,096409 0,01793280,0 -40,9 0,089974 0,011916 -37,2 0,137758 0,018244NívelGlobal
0,82 0,69 0,54 0,36
Fonte: 3R Brasil
O nível de vibração ponderado para a eixo “z” (aP) é de 0,69 m/s2 e para o eixo “x”
nível de vibração ponderada (ap) é de 0,36 m/s2. Os valores foram calculados segundo a tabela
8 de limite de exposição da ISO 2631 (1997), e se apresentaram abaixo dos níveis permitidos
para o tempo de trabalho na atividade.
Figura 28 – Empilhadeira à gás de movimentação de cargas
125
5.3 INCERTEZA NA AVALIAÇÃO DE EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL EMVIBRAÇÃO DE CORPO INTEIRO
De acordo com a Diretiva EU 44/2002 a avaliação do nível de exposição à vibração
está baseado no cálculo de exposição diária A(8) expressa como aceleração contínua
equivalente um período de oito horas, calculado de acordo com a norma ISO 2631-1(1997).
Provando que o método adotado da avaliação deve ser representativa da exposição pessoal
dos trabalhadores para a vibração mecânica. É sabido que há grandes variações da magnitude
de vibração dentre as categorias de veículos (PINTO;STACCHINI, 2005). Uma avaliação de
exposição seria incorreta, se fosse assumido que uma única medida de vibração em um
veículo representaria a exposição de vibração dos trabalhadores em todas as condições. A
incerteza na avaliação de exposição de vibração diária A(8) é influenciada pela incerteza da
avaliação de magnitude de vibração e pela incerteza da avaliação de duração da exposição.
Até que ponto estes fatores afetam a avaliação de exposição de vibração diária só pode
ser determinado em avaliação de campo em diferentes lugares de operação. Para fazer uma
avaliação mais realista das fontes pertinentes de incerteza que afeta A(8) em diferentes
condições de funcionamento, apresenta-se uma metodologia não conclusiva obtida da
literatura para complementar a estratégia de gestão pretendida na dissertação.
5.3.1 Recomendações para medições
Diariamente vários motoristas de diferentes categorias de veículo são expostos à
vibração, incluindo, empilhadeiras, tratores, máquinas de terraplanagem, caminhões,
aeronaves, e ônibus são avaliados em diferentes condições de trabalho.
Em cada medição de vibração no veículo, deve ser considerado o posicionamento na
direção dos 3 (três) eixos (assento, atrás do encosto, chão) usando acelerômetros e discos
semi-rígidos. Os sinais dos acelerômetros devem ser adquiridos por um registrador digital e
analisado preferencialmente com o uso de um computador digital conectado ao sistema de
análise. Recomenda-se a digitalização da forma de onda da aceleração com um número
grande de amostras por segundo, para avaliação dos dados de acordo com ISO 2631 (1997).
As condições ideais para obtenção das múltiplas medições em cada veículo durante
um ciclo típico de trabalho adotado nos diferentes locais, deve considerar as incertezas a
seguir:
126
1. A incerteza na estimativa da duração da exposição deve ser avaliada calculando os
seguintes componentes de influências:
• estimativas de tempo de exposição provida pelos operadores;
• variação da tarefa de trabalho de um dia para outro.
2. A incerteza das medições de vibração deve ser calculada através de repetidas medições,
buscando-se isolar as diferentes fontes de incerteza:
• Mudanças nos métodos de trabalho dos operadores: medições repetidas devem ser
realizadas no mesmo veículo e ciclo, trabalhando com diferentes motoristas;
• Mudanças nas características e condições da máquina: devem ser realizadas repetições
das medições em veículos semelhantes com os mesmos ciclos trabalhados e com o
mesmo operador;
• Mudanças nas características da superfície de trabalhos: 3-10 repetições das medições
devem ser realizadas em superfícies de trabalhos diferentes com o mesmo veículo e
com o mesmo operador.
Calcula-se então a incerteza relativa δ (A8) como mostrado na equação 5.2, aplicando
a teoria de propagação de erro de variáveis não correlacionadas:
δ (A8)/A8 = {(δ (ap ) / ap)2 +(0.5 δ (te) / te)2}1/2 (eq.5.2)
onde:
δ (ap ) = { [(δ1(ap) ]2 + [(δ2(ap) ] 2 + [(δ3(ap) ] 2 + [δinst (ap) ] 2}1/2 (eq. 5.3)
δ (ap), incerteza do valor r.m.s. da aceleração ponderada em freqüência ;
onde o índice (i =1,3) é referente aos 3 diferentes conjuntos das medições repetidas e
registradas;
δinst(ap), incerteza do valor r.m.s. da aceleração ponderada em freqüência devido ao conjunto
de medida;
te = tempo de exposição do trabalhador;
δ (te) = incerteza de te.
127
5.3.2 Considerações sobre a incerteza à exposição de VCI.
A tabela 11 mostra uma simulação utilizando os dados medidos dos estudos de caso
relativos as varredoras e empilhadeiras de aeroporto e tratores usados em manutenção de
grande área de jardins. Os resultados obtidos revelam os componentes mais relevantes de
incerteza que quando pesquisados contribuem de maneira efetiva com à incerteza de A8
avaliada nos diferentes locais de trabalho, desta forma, fornecendo informações interessantes
para algumas medidas técnicas e administrativas.
Tabela 11 - Componentes de incerteza de A8 mais relevantes em diferentes condições de trabalho.Tipo deVeículo
nº deveículos
Local detrabalho
δ3 (ap) / ap(%)
δ2 (ap) / ap(%)
δ (te)/te(%)
δ1(A8)/A8(%)
Tratores (2) Manutenção deJardins
15,1 26,5 5 31
Empilhadeira (1) Aeroporto 14,0 17 10 24
Varredora (1) Aeroporto 10,5 23,4 20 27
5.3.3 Conclusões sobre o estudo de Incerteza em VCI
Na análise dos componentes de incerteza mais pertinentes na avaliação de risco de
vibração no corpo inteiro (VCI), observou-se que possíveis mudanças nas características das
máquinas e das superfícies e tipos de pisos, parecem ser dentre todos os fatores de
contribuição os que mais influenciaram nos resultados.
Outro ponto importante que merece destaque é o caso das empilhadeiras.
Normalmente as empresas adotam os pneus duros e maciços ou invés dos pneus com câmara.
Premia-se, neste caso, a operação insegura da empilhadeira em detrimento da saúde e
segurança, visto que, é muito mais caro e improdutivo trocar constantemente os pneus por
perda devido ao mau uso do equipamento.
Deve ser observado que o ideal seria uma amostragem com um número diversificado
de veículos, conduzido por diferentes operadores, que permita conjuntos de medidas em
multieixos para análise nos diferentes campos de uso.
128
5.4 ENTREVISTAS
Procurando pesquisar e montar uma base de dados de conhecimentos e foram colhidas
informações em entrevistas com: especialistas, consultores, prestadores de serviço de
diferentes áreas que medem e ou analisam os efeitos de vibrações humanas em indivíduos
expostos a vibrações nos seus ambientes ou condições de trabalho. As entrevistas foram do
tipo semi-estruturadas e realizadas nos próprios locais de trabalho, sendo que no caso dos
profissionais consultados que atuam no controle de prevenção de riscos de exposição às
vibrações, as entrevistas foram realizadas através de contato pessoal, telefone e e-mail. As
declarações foram registradas em forma de gravação e outras observações pertinentes foram
anotadas em um caderno de pesquisa. Tomou-se o cuidado de não registrar o nome das
empresas e de não identificar os participantes das entrevistas.
Os depoimentos tomados com trabalhadores e os outros entrevistados, foram realizados com
base nos seguintes questionamentos com relação à exposição de vibração ocupacional:
• Você sente dormência ou perda da sensibilidade nas mãos após utilizar maquinas
vibratórias manuais?
• Você sente dores nas costas freqüentemente no exercício das suas atividades
profissionais?
• Você sente a visão turva, insônia, cansaço muscular, cãibras ou algum tipo de dores
localizadas ?
• É fornecido e utilizado EPI para trabalhos com ferramentas vibratórias manuais?
• Alguma informação ou treinamento é repassado sobre os riscos da exposição à
vibração?
• Existe acompanhamento médico com relação à exposição ocupacional a vibração?
• Os EPI são selecionados adequadamente?
• Quais são os efeitos na saúde da vibração de corpo inteiro e vibração de mão-braço?
• Quais são os fatores de riscos ocupacionais as vibrações mais influentes?
• Por que medir ou avaliar exposição de vibração humana?
• Como você pode medir vibração humana?
• Há métodos para controlar exposição à vibração?
• Qual a relação entre ergonomia e o controle de medições?
• A implementação de Sistemas de Gestão proporcionaria uma boa perspectiva na SSO?
129
• Qual o tipo de instrumentação usada nas medições de vibrações ocupacionais?
• Os equipamentos usados em medições de vibrações humanas são calibrados
periodicamente?
• Quais as necessidades de calibrações de instrumentação de medições de vibrações
humanas?
• A NR 15 atende as necessidades de avaliação e controle dos expostos a vibrações?
• A elaboração de normas brasileiras, regulamentos técnicos e legislação específica
atualizada seria uma boa alternativa de controle e prevenção de vibrações?
• Existem técnicas de medições de vibrações humanas mais efetivas que as comumente
usadas?
5.4.1. Excerto das entrevistas com os trabalhadores
A seguir, é apresentada uma seleção de trechos das entrevistas semi-estruturadas
realizadas com os trabalhadores onde é evidente o desconhecimento com relação aos riscos de
exposição às vibrações.
“Não sinto nada de dormência nas mãos, e sim, dor nas costas por causa da posiçãoque eu seguro a roçadeira (de fios de nylon e motor a gasolina) e o peso do motornas costas [...] mas quando estou cortando a grama com a outra roçadeira (tipohélice) e a lâmina faz vibrar o cabo sinto as mãos e os braços cansados”.(TRABALHADOR 1 - MOTO-ROÇADEIRA).
“Os equipamentos de proteção individuais usados por nós são óculos e protetorauricular (tipo plug) e luvas de tecido como prevenção [...] o uso são durante aoperação [...]” (TRABALHADOR 2 - MOTO-ROÇADEIRA).
Figura 29 - Operações com moto-roçadeira – mãos, braços e ombros
130
“O manual da roçadeira traz algumas orientações sobre como minimizar os efeitosde vibração [...] o fabricante segue os critérios americanos [...]”. (TRABALHADOR2 - MOTO-ROÇADEIRA).
“São feitas poucas paradas durante o período de trabalho, a rotina é a seguinte, ligoo trator, e fico trabalhando com ele funcionando até as paradas obrigatórias”.(TRABALHADOR 3 - TRATORISTA).
“A maior vibração que eu sinto é no assento do operador, na operação de corte dagrama [...] fico preocupado porque uma vez alguém falou que o assento tem umatremedeira (ressonância) que afeta a coluna vertebral [...] quando trabalho com oarrastro aumenta o desconforto no assento[...]” (TRABALHADOR 3 -TRATORISTA).
“O manual da roçadeira traz algumas orientações sobre como minimizar os efeitosde vibração [...] o fabricante segue os critérios americanos [...]”. (TRABALHADOR2 - MOTO-ROÇADEIRA).
“O manual da roçadeira traz algumas orientações sobre como minimizar os efeitosde vibração [...] o fabricante segue os critérios americanos [...]”. (TRABALHADOR2 - MOTO-ROÇADEIRA).
“[...] alguns colegas ficam muito mais ‘pertubados’ com o barulho e o pó que saiquando estamos quebrando o chão, isso a céu aberto, imagina em local fechado [...]então, colocamos o protetor auricular, óculos, luvas e alguns usam a mascara, eficamos mais seguro [...] agora eu , depois que acabo de trabalhar com a britadeirasinto os meus braços pulando por um bom tempo como não tivesse ainda paradocom a britadeira” (TRABALHADOR 4 – OPERADOR DE BRITADEIRA).
Figura 30 - Operações com trator cortador de grama - assento, mãos e braços
“[...] alguns colegas ficam muito mais ‘pertubados’ com o barulho e o pó que saiquando estamos quebrando o chão, isso a céu aberto, imagina em local fechado [...]então, colocamos o protetor auricular, óculos, luvas e alguns usam a mascara, eficamos mais seguro [...] agora eu , depois que acabo de trabalhar com a britadeirasinto os meus braços pulando por um bom tempo como não tivesse ainda paradocom a britadeira” (TRABALHADOR 4 – OPERADOR DE BRITADEIRA).
“A introdução de dispositivo de antivibração nas serras elétricas, melhorou oequipamento e reduziu as perdas de sensibilidade nas mãos, mas mesmo assim temcorte que parece que treme até os ossos” (TRABALHADOR 5 - SERRALHEIRO).
131
“A bancada da serra elétrica instalada na parte de fora da obra foi bom por causa dopó da madeira [...] o comando de acionamento próximo ao operador na própriabancada dá mais segurança” (TRABALHADOR 5 - SERRALHEIRO).
5.4.2 Excerto das entrevistas com especialistas
Com relação aos especialistas atuantes em medição, análise e gerenciamento de riscos,
existe realmente uma preocupação com a prevenção e controle dos riscos à exposição de
vibrações em decorrência dos inúmeros prejuízos causados tanto na saúde dos indivíduos
quanto na saúde financeira das empresas, e principalmente na perda de credibilidade do
compromisso com a responsabilidade social, conforme mostram os depoimentos:
“O problema central é definir a avaliação, quer dizer, o que vai ser medido e comoos valores medidos serão usados, de tal modo que dê uma boa correlação entremedidas e a sensação de conforto e segurança” (ENGENHEIRO 1).
“Mudanças súbitas de direção também atuam nos corpos das pessoas, tendendo alançá-los fora do equilíbrio. Assim como as acelerações verticais, geradas porirregularidades de pavimento, também são considerados eventos aleatórios, porqueeles dependem da velocidade do veículo e do fator imprevisível de quando essasirregularidades aparecem. Então a avaliação seria uma combinação de aceleraçãosimples e esses eventos aleatórios de vibrações” (ENGENHEIRO 2).
“De acordo com o Instituto Nacional de Higiene Ocupacional e Segurança (NIOSH),de 2 a 4 milhões de trabalhadores no EUA são expostos a vibrações nas mãos. Muitodestes trabalhadores tem ou desenvolverão sintomas associados com síndrome devibrações de mãos e braços. Atualmente nos EUA não há nenhum regulamentoobrigatório do governo que controla a homologação de luvas industriais. Assimmuitas luvas são comercializadas como antivibratórias não satisfazem as exigênciasdas normas ISO 10819 / ANSI S3.40. No Brasil não é diferente. Já, as luvascomercializadas na União Européia como antivibratórias tem que atender as rígidasexigências da norma ISO 10819” (ENGENHEIRO DE VENDAS DE EPI).
"Os acidentes que aparecem nos jornais envolvendo obras de construção civil sãobons exemplos para lembrar das proteções necessárias. Fazemos reuniões paralembrá-los de usar os equipamentos. Aqui na obra, quem não usar vai embora.Muitas vezes encontramos resistências por parte deles. Mas não são todos queprecisam usar os protetores. Apenas os que estão trabalhando com a britadeirautilizam essa proteção" (ENGENHEIRO DE OBRAS).
"[..]..por dificuldades técnicas e econômicas, o uso de EPI é a medida mundialmenteadotada e difundida por ser pouco dispendiosa e de fácil acesso [...]" (PROFESSORDE ACÚSTICA E VIBRAÇÕES).
“Estudos mostram que condutores de empilhadeiras são mais susceptíveis a terproblemas de dores nas costas em comparação com um motorista comum. Nomomento, o único sistema usado para reduzir a vibração transmitida ao corpo domotorista é o assento com suspensão, no entanto, outra solução em desenvolvimentosão cabines com suspensão de baixa freqüência, equipados com limitadores queprotegem o condutor contra movimento de alta amplitude ou ainda suspensão nãolinear desenvolvida com controle ativo incorporado” (ENGENHEIRO DEPROJETOS).
132
“As razões para implantar um sistema de segurança e saúde ocupacional sãomúltiplas: em primeiro lugar, ajuda cumprir a legislação com facilidade, ademais ocumprimento de qualquer norma para a qual a empresa quer subscrever, como oscódigos de boas práticas, as normas internas de grupo, etc.; em segundo lugar, ajudaa reduzir custos ao administrar a segurança e a saúde ocupacional como sistemaintegrado; em terceiro lugar apoiar a crescente pressão comercial e por último, oincremento da consciência dos investidores” (ASSESSOR e CONSULTORPRIVADO).
“As medidas são realizadas na interface entre a pele e a fonte de vibração. Há doistipos de sensores de vibração: os sem contato (capacitivo e indutivo) e os comcontato (eletromagnético e piezoelétrico); enquanto os capacitivos e indutivospermitem a medição fora do sistema vibratório, os com contato são obrigatoriamentefixados no sistema vibratório. Métodos sem contato, por exemplo, laser, seriam bemmais exatos e práticos, por não necessitar montagem especial e intrusiva, mas nãosão normalmente utilizados em avaliações ocupacionais por ser sofisticado e o custoalto à níveis operacionais e contratuais” (ENGENHEIRO METROLOGISTA).
“Até poucos anos atrás, avaliação de vibração no corpo humano era pouco realizada,visto que normalmente quando se está num ambiente com vibrações elevadas, onível de pressão sonora é bastante elevado. A avaliação da atividade por meio dadosimetria de ruído já caracterizava a atividade como insalubre” (ENGENHEIRODE SEGURANÇA 1).
Com as recentes mudanças nas leis, a necessidade de medição da vibração vemaumentando, pois caso haja um laudo com respaldo de médicos ou engenheiros desegurança comprovando a eficácia das medidas de controle coletivo ou individualpara o ruído ocupacional neutralizando a exposição e conseqüentemente ainsalubridade, fica a duvida sobre a exposição à vibração" (ENGENHEIRO DESEGURANÇA 2).
"[...]como não havia medição da vibração não houve acompanhamento médico dostrabalhadores que passaram a apresentar doenças sem saber das causas. exemplo:operadores de empilhadeiras que apresentaram problemas de coluna e foramdesviados para outras funções, sem receber nenhum benefício, pois não seestabelecia nexo causal com a atividade executada. [...] recentemente, através dasinstruções Normativas 99 e 100 de 2004, o MPAS, através do INSS vem exigindodas empresas laudos ambientais das condições de trabalho nas atividades onde podeocorrer exposição a vibrações” (ENGENHEIRO DE SEGURANÇA 3).
“O conceito de ergonomia diz que o trabalho, a ferramenta e o posto devem seajustar e se adaptar ao trabalhador. Em relação à ferramenta, a distribuição de peso,balanceamento, manuseio, tipo e tamanho, é que determina uma ferramentaergonomicamente bem desenhada e sua empunhadura permite às mãos e punhos dooperador ficar em uma posição correta para minimizar os fatores de risco paraaquisição da síndrome do túnel de carpo. [...]” (ESPECIALISTA EMERGONOMIA).
“ [...] se nenhuma tentativa for feita para amortecer e/ou isolar a fonte de vibração,o projeto ergonômico transfere vibração mais efetivamente às mãos. Por outro lado,se a preocupação for unicamente com questões de controle/atenuação de vibração eesquece as ergonômicas, o uso de ferramentas resultará em um grande número decasos da síndrome do túnel de carpo. Nesse caso, a exposição à vibração deextremidade pode produzir a síndrome de vibração e a síndrome do túnel de carpo[...] a forma de prevenção consistiria na implementação de projeto ergonômico econtrole da vibração, luvas antivibração e na redução da exposição adotandoperíodos de repouso” (ENGENHEIRO DE SEGURANÇA 4).
"Trabalhadores que operam máquinas manuais, principalmente perfuratrizespneumáticas e britadeiras – mesmo se por uma hora ao dia - podem sofrer efeitos da
133
vibração nas mãos e nos braços. A síndrome do ‘dedo branco’ ou ‘dedo morto’começa com dormência nos dedos e pode acabar em gangrena. Não há cura para asíndrome do dedo branco [...]" (MÉDICO DO TRABALHO).
"Para prevenir e controlar a síndrome do ‘dedo branco’, deve-se evitar o uso doequipamento durante longos períodos e operar com breves acionamentos; usarequipamento moderno com amortecedor de vibrações; consertar ou substituir oequipamento velho ou adaptar cabos antivibratórios; segurar o cabo da maneira maisleve possível; apoiar as ferramentas pesadas de modo que o aperto da mão sejamenos forte; manter em bom estado as ferramentas vibradoras para minimizar osníveis de vibração. Esses cuidados são necessários, porque, não há equipamento deproteção pessoal de comprovada eficácia contra a síndrome de vibração de mãos ebraços [...]" (ENGENHEIRO DE MINAS).
5.5 ANÁLISE FINAL DO ESTUDO
A coleta realizada relativa as informações observadas nos resultados de medições e
nas entrevistas são analizadas e as percepções discutidas com base no tratamento dos dados,
em forma de considerações conclusivas.
• profissionais, entidades e órgãos governamentais têm reunido forças em prol da
integridade física dos trabalhadores, normas que regulamentam o setor passam por revisão e a
implantação de sistemas de gestão também contribui para a melhoria das condições e meio
ambiente do trabalho. No entanto, há muito que se fazer, pois os acidentes e doenças
ocupacionais são preocupantes, segundo números divulgados pelo MTE, 2.898 pessoas
morreram em decorrência de acidentes de trabalho e 15.029 ficaram inválidos no ano de 2002.
Por outro lado, as informações da OIT revelam que o número pode chegar ao dobro dos que
constam nos relatórios oficiais tendo em vista o aumento significativo do mercado informal.
• O gasto com acidentes no Brasil totaliza R$ 23 bilhões, ou 2,2% do Produto Interno
Bruto (PIB), em 2003, segundo o Anuário Estatístico da Previdência Social, as lesões de
punho e da mão representaram 34,20 % dos acidentes. Entre as doenças relacionadas ao
trabalho mais freqüentes estão as Lesões por Esforços Repetitivos/Distúrbios Ósteo-
Musculares relacionados ao trabalho (LER/DORT);
• cabe ressaltar que acidentes e doenças relacionados ao trabalho são danos previsíveis
e, portanto, evitáveis. Trabalhos em máquinas e equipamentos obsoletos e inseguros são
responsáveis por cerca de 25% dos acidentes do trabalho graves e incapacitantes registrados
no país. (Mendes, et al, 2003) ;
134
• é difícil definir limites de tolerâncias para o caso das vibrações de mãos e braços nos
quais estão envolvidos vários efeitos associados, tais como, o vascular, o neurológico e o
musculoesquelético. Esses distúrbios são conhecidos impropriamente por síndrome de
Raynaud ou síndrome dos dedos brancos. As vibrações também atuam como fator de
contribuição e de agravamento das LER e DORT;
• segundo Pastore (1998), para cada real gasto com o pagamento de benefícios
previdenciários, a sociedade paga quatro reais, incluindo gastos com saúde, horas de trabalho
perdidas, reabilitação profissional, custos administrativos etc. Já a ABPA mostra que custo
com os empregados afastados por acidentes podem chegar a US$ 480 por dia. Esse cálculo
eleva a um custo total para o país de aproximadamente 92 bilhões de reais por ano. O número
de dias de trabalho perdidos em razão dos acidentes aumenta o custo da mão de obra no
Brasil, encarecendo a produção e reduzindo a competitividade do país no mercado externo. Os
dados levantados mostram o quanto é importante reconhecer o esforço daqueles que se
empenham diariamente para melhoria das condições no ambiente laboral e da qualidade de
vida. Por tudo isso, observa-se que a adoção de novas tecnologias e métodos gerenciais nos
processos de trabalho contribui para modificar o perfil de saúde, adoecimento e sofrimento
dos trabalhadores. Evitar acidentes é dever responsável de todos os trabalhadores e
principalmente dos empregadores considerados socialmente responsáveis;
• a evolução das normas, as restrições preventivas, as modificações e/ou melhorias das
máquinas quanto às vibrações mecânicas, certamente, vão contribuir, significativamente, na
redução dos acidentes e doenças ocupacionais;
• os efeitos associados da exposição ocupacional à vibração com agentes químicos e
biológicos demonstram que a severidade dos efeitos biológicos da vibração transmitida nas
condições de trabalho pode ser influenciada pela: direção da vibração transmitida à mão;
condições climáticas; o método de trabalho e a habilidade do operador e pelos agentes
químicos que afetam a circulação periférica do trabalhador (fumo, medicamentos, drogas,
álcool, etc);
• é importante assinalar que cada indivíduo reage às vibrações de modo particular,
significa que os efeitos danosos ocorrerão em função de sua sensibilidade e do tempo de
exposição.
• Nas entrevistas realizadas foram observadas a questão da instabilidade dos
empregados com relação à manutenção do posto de trabalho, ou mesmo, a retaliação da
empresa com transferência para uma outra função que não haja o percentual de gratificação e
135
também a discriminação pelos companheiros de trabalho, não permitindo, outrossim, análises
mais detalhadas dos fatores de riscos de influência com respeito às vibrações humanas.
• A preocupação com a responsabilidade ocupacional proporciona recomendações que
protegerão grupos vulneráveis de trabalhadores com hipersensibilidades ou doenças crônicas
e também com certas inaptidões. Também foi constado que há uma preferência na contratação
de trabalhadores mais jovens para operação em máquinas manuais vibratórias, como exemplo,
moto-roçadeiras.
• As entrevistas revelaram que as gerências operacionais, de certo modo, tentam
descaracterizar a atividade como insalubre e perigosa aos trabalhadores quanto à vibração
mecânica. Segundo os trabalhadores, é comum o gerente operacional dizer: “este negócio de
vista turva é bobagem”; “ estas máquinas não causam dormência ...”, “eu já trabalhei com
britadeiras e nunca tive problemas nas costas e nem dormência nas mãos...”;
• uma solução, para os problemas citados, é abolir os ambientes insalubres ou perigosos
da empresa por meio de intervenções nos equipamentos, no layout, no tipo de construção e
demais características do ambiente, podendo, assim, reduzir os agentes insalubres existentes
para situações abaixo do limite de tolerância. Algumas medidas administrativas, como por
exemplo, o rodízio de empregados numa certa atividade pode abreviar o tempo de exposição,
descaracterizando, assim, as condições de insalubridade;
• é importante assinalar o desconhecimento dos trabalhadores das características das
máquinas e conseqüentemente dos efeitos das vibrações, por exemplo, a maneira na qual o
operador aplica força de aperto e pressão de contato na empunhadura da ferramenta tem uma
forte correlação com a vibração da ferramenta, vibração de mãos e braços e o começo de
distúrbios nos dedos (Miccoli, 2004).
• Pode-se afirmar, que não existe agente agressivo que não possa ser convenientemente
controlado, a questão, na maioria das vezes, se prende à viabilidade econômica e não técnica;
• as normas e os guias internacionais (União Européia), geralmente, indicam limites de
tolerâncias para vibrações, entretanto, a legislação brasileira não define limites de tolerâncias,
mas recomenda a utilização de normas ISO 2631(1997) e 5349 (2001) que tratam do assunto;
• tem-se observado que durante as análises e medições de vibrações mecânicas
associadas ao trabalhador realizadas nos ambientes industriais, nem sempre são levados em
consideração com outros agentes nocivos, tais como: ruído, poluição do ar, exposição a
agentes químicos específicos, calor, etc. Daí a necessidade de um estudo para procurar
136
melhorar a proteção a estes riscos associados como também considerar a possibilidade das
interações do trabalho, lazer e atividades domésticas.
• A perda da sensibilidade manual, por exemplo, a síndrome dos dedos brancos, pode
influenciar negativamente na atividade laboral do trabalhador interferindo na qualidade final
dos produtos. Isto remete ao fato de ocorrências de omissões durante o processo produtivo
e/ou a falta de uma gestão integrada na preocupação de conjugar qualidade de vida com
qualidade do produto final.
• A medição e a avaliação da exposição do trabalhador a vibração mecânica, em nosso
país, ainda é realizada de forma intuitiva e sem critérios adequados quando comparados às
diretivas da União Européia. Na maioria das vezes não se leva em consideração os equívocos
praticados com a utilização inadequada da instrumentação e nos procedimentos de não
conformidades na elaboração de laudos.
• O contratante de serviços de avaliação de vibrações deve ter um cuidado especial com
empresas prestadoras de serviços que utilizam equipamentos para avaliar vibração em
máquinas, equipamentos e no corpo humano. Também há casos de instrumentos utilizados na
avaliação de vibrações desatualizados, pois seguem as normas antigas.
• Tem-se observado que nas avaliações de vibrações é comum o desconhecimento e/ou
não-familiaridade com as características operacionais dos instrumentos de medição de
vibração para análise em ambiente de trabalho, tendo em vista os ajustes necessários dos
parâmetros recomendados pelas normas técnicas.
• Muitas vezes, os resultados da exposição à vibração, durante uma jornada de trabalho,
são alterados e/ou distorcidos em função do uso de medidores, que fornecem o valor
instantâneo com detecção lenta (slow). Para calcular e projetar a avaliação da dose em
ambientes com níveis variáveis, os instrumentos devem ser dimensionados para o
monitoramento contínuo da jornada de trabalho efetiva, indicando valores máximos, médios e
mínimos da fonte de emissão de vibração.
• Um método efetivo de evitar ou minimizar as exposições à vibração mecânica é a
operação de ferramentas que tenham dispositivos de controle remoto. Infelizmente pela
natureza das operações e/ou pelos custos destes dispositivos nem sempre é possível adotá-los;
• pode-se citar como por exemplo, mandrilhadeira montada no fim de um braço
hidráulico, um martelo de asfalto montado em um pequeno veículo operado manualmente por
um controle remoto ou uma placa vibratória controlada remotamente via um cabo.
137
• É importante assinalar, que a introdução de material de amortecimento visco-elástico
na ferramenta manual é um método efetivo de redução dos níveis de altas freqüências de
vibração, entretanto, nem sempre, reduzem as baixas freqüências de vibrações. Para evitar ou
minimizar os efeitos das vibrações, é comum, a colocação de material isolante entre a
estrutura da ferramenta e a empunhadura ou revesti-la com borracha. O sistema de motor de
uma moto-serra, por exemplo, é isolado da empunhadura por uma suspensão de borracha que
reduz substancialmente o nível de vibração ponderada de 70%, ou seja, de 10 m/s2 para 3
m/s2;
• é importante informar também que não existem equipamentos de proteção pessoal que
evitem ou atenuem de forma efetiva as VMB. As luvas antivibratórias são pouco efetivas na
redução das vibrações de baixas freqüências, por outro lado, são importantes na prevenção de
vibrações que provocam a síndrome de dedos brancos.
• Os diferentes tipos de luvas antivibratórias são avaliados por meio do método de
transmissibilidade da vibração a palma da mão, porém, é importante considerar que a
transmissão através dos dedos não está demonstrada ainda a eficácia desses equipamentos,
cuja proteção é mínima para freqüências inferiores a 150 Hz. O uso de calçados projetados
com solas de material absorvente com a finalidade de reduzir os efeitos da transmissão das
vibrações aos pés apresenta resultados poucos satisfatórios. É sempre recomendável que antes
de utilizar EPI, devem esgotar-se as possibilidades técnicas e administrativas para a
eliminação ou atenuação do risco.
• Deve-se destacar a complexidade e o cuidado que envolve as medições de VCI e
VMB, por exemplo, o posicionamento e a dimensão dos acelerômetros influenciam e limitam
a realização das medições (o acelerômetro é um elemento intruso). É necessário que o
acelerômetro seja pequeno o suficiente para localizar o ponto de medição, tem que ser fixado
de maneira rígida na superfície vibrante, com curva, garantir o aperto normal na manopla da
ferramenta pelo operador de maneira que não interfira na medição.
138
6. CONSIDERAÇÕES, CONCLUSÕES E SUGESTÕES
6.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com base nos fundamentos teóricos, na elaboração de uma proposta de programa de
controle e prevenção de risco, nas entrevistas realizadas com os atuantes na área de vibrações
e nos estudos de caso sobre metrologia ocupacional aplicado à exposição às vibrações
humanas, objetivando obter conhecimentos para uma boa prática de gestão de SSO, são feitas
as seguintes considerações visando consolidar as conclusões e as propostas de trabalhos
futuros:
• O estudo de vibrações no corpo humano tem evoluído nos últimos anos, sendo que as
vibrações de corpo inteiro têm despertado um pouco menos de dedicação, inclusive em nível
internacional. No entanto, as vibrações de mãos e braços têm sido bastante pesquisadas por
apresentar danos mais imediatos. A União Européia tem apoiado uma rede de pesquisa
colaborativa envolvendo laboratórios de vários paises com o objetivo de estabelecer métodos
e procedimentos uniformes para a detecção ( medição) e prevenção de danos devidos a
exposição de vibrações de mãos e braços e corpo inteiro;
• seria interessante constituir no Brasil uma rede de pesquisa semelhante com a
participação de vários laboratórios com o objetivo de realização de estudo para
desenvolvimento de procedimentos comuns para inspeção de saúde, incluindo métodos
melhorados para a detecção e diagnósticos dos efeitos da vibração mecânica no ser humano,
investigando a relação dose-efeito entre exposição e danos, e também a interação entre
vibração e fatores de riscos ambientais, ergonômicos e individuais.
• Vibração mecânica é um agente ambiental que impacta a saúde e o bem estar. À
combinação de exposição e outros agentes podem produzir maiores efeitos à saúde do que a
vibração atuando isoladamente. Por exemplo, distúrbios associados de vibrações e químicos
podem ser mais comuns e mais severos do que a exposição de vibração de um desses agentes
somente. Em resumo o efeito de vibrações em conjunto com a poluição do ar, química, ruído,
e calor e considerado como uma necessidade de ser examinado através de pesquisa para
procurar melhorar a proteção de riscos da população e esses efeitos de vibrações na saúde
podem ocorrer das interações com trabalho, lazer e casa.
139
• O agente físico de vibração provoca desconforto e em alguns casos doenças em
trabalhadores da indústria. Nas perícias e na engenharia de segurança os problemas da
vibração já começam a ficar evidentes, devido ao aumento de reclamações e processos de
adicionais de insalubridade e aposentadoria especial;
• contudo, procedimentos padronizados para a obtenção de resultados compatíveis
necessitam ser discutido. Os dados obtidos para comparações com os limites especificados
pelas normas devem ser confiáveis exigindo metodologias e desenvolvimento de técnicas de
medição no posto de trabalho. A utilização de calibradores manuais, dispositivos ergonômicos
e de equipamentos adequados e calibrados são uma exigência a ser aplicada em qualquer
processo de medição de vibração no corpo humano;
• no entanto, as diferenças devido ao uso incorreto da instrumentação ainda são muito
grandes. Através de informações colhidas nas normas internacionais, podem ser identificadas
algumas características fundamentais para a seleção e operação correta de equipamentos de
medição e, também, dos tão conhecidos dosímetros, exigidos nas maiorias das avaliações
individuais. Mas, não se deve ter confiança única nos certificados de aprovação (CA) do
equipamento e sim medidas de controle para o verificar o uso adequado ao meio e ao
individuo como caracteriza as boas praticas de gestão. Com relação às normas brasileiras
vigentes estas não esclarecem sobre esses problemas favorecendo interpretações equivocadas
e um conjunto de laudos provavelmente com menos confiabilidade.
• No levantamento realizado no Laboratório de Vibrações do Inmetro e dos laboratórios
acreditados para calibração de transdutores, medidores, analisadores e calibradores, que são
comumente usados em medição de resposta humana a vibrações, constam um número muito
baixo de solicitação ou serviços realizados de calibração destes instrumentos vindo de
empresas ou mesmo de especialistas atuantes em perícia ocupacional na área de vibrações.
Isto significa ser muito provável que os instrumentos de medição estejam fornecendo valores
incorretos, conseqüentemente, produzindo laudos sem confiabilidade.
• No caso de empresas que já utilizam ferramentas vibratórias manuais, tem-se que ter
cuidado para não negligenciar em relação à síndrome das vibrações de mãos e braços,
devendo investir sempre em prevenção de forma proativa, primeiramente avaliando a
exposição dos trabalhadores e depois tomando as devidas medidas para minimizar os riscos.
Os usuários e compradores de ferramentas devem selecionar somente aquelas que tenham
design ergonômico e proteção antivibratórias;
140
• é bem verdade que a tecnologia avança no estudo da transmissão de vibração da
ferramenta para as mãos do operador, buscando alternativas para reduzir a vibração por meio
de soluções ergonômicas, possibilitando assim, adquirir ferramentas ou equipamentos com
baixos níveis de vibração, como resultados dos esforços no desenvolvimento de projetos
otimizados e aí, certamente a saúde do trabalhador será preservada;
• entretanto, os fabricantes devem ser advertidos de que muitas ferramentas produzem,
durante o uso normal de trabalho, níveis de vibrações declarados no manual de instrução que
são muito mais altos em relação aos níveis de vibrações transmitidas ao usuário. Por esta
razão é necessário testar as ferramentas manuais vibratórias para qualificar esses produtos e
avaliar a sua conformidade.
• Apesar de tudo isso, o investimento nas condições de segurança do trabalhador
impacta vários aspectos, por exemplo: pagamento dos adicionais de insalubridade e
periculosidade, ações trabalhistas e cíveis, taxa do seguro de acidente do trabalho, além de
benefícios indiretos como qualidade de vida no ambiente de trabalho, aumento do rendimento
e principalmente satisfação da necessidade básica de segurança. É sempre recomendável
recorrer à Gestão de Risco para o controle preventivo do processo de perda corporativa e da
própria saúde do trabalhador.
• Analisando os fatores e influências comportamentais apoiados nas técnicas da
segurança comportamental, gestão da qualidade total e da segurança busca-se a mudança para
o foco de uma segurança positiva, pró-ativa, com solução de problemas baseada em dados e
participação intensa dos funcionários, aumentando a percepção (nível de prontidão), o seu
comprometimento e desempenho. Com a potencialização e o desenvolvimento da melhoria
contínua do desempenho (comportamento), os indicadores de segurança devem melhorar
significativamente (Massera , 2005);
• Por outro lado à educação e conscientização para a segurança tem tido progressos e
equívoco no desenvolvimento de comportamentos seguros. O ensino sobre prevenção de
acidentes demonstra que alguns processos de estimulação de comportamentos seguros no
trabalho têm sido trocados por práticas pouco efetivas e de procedimentos didáticos
duvidosos. A psicologia e a educação já alcançaram grandes progressos teóricos e
metodológicos mas as práticas de treinamentos, palestras de segurança e campanhas nem
sempre demonstram ter acompanhado tais avanços. O desenvolvimento de competências para
a prevenção em Saúde e Segurança do Trabalho depende de uma visão consistente dos
141
aspectos psicossociais envolvidos e de procedimentos de ensino e aprendizagem coerentes
com a configuração humana da organização.
• O processo educativo tem que acompanhar as mudanças que estão ocorrendo no
mundo, objetivando melhorar o presente e o futuro do homen, inclusive com relação à saúde e
segurança, pois é fundamental que todos conheçam e compreendam o funcionamento dos
processos que se relacionam com a qualidade de vida. Conseqüentemente, o conhecimento da
cultura de SSO na escola para o segmento fundamental e médio deve ser a contribuição do
ensino para formar consciência crítica para prevenção de riscos ocupacionais.
• Constatou-se com base na literatura e na experiência do autor que há necessidade de
um estudo sobre certificação de pessoal para profissionais atuantes na área de análises e
medições de vibrações que venham interferir na qualidade de vida dos trabalhadores expostos
aos efeitos da vibração mecânica provocadas por quaisquer equipamentos, sejam manuais,
fixos, grandes máquinas, etc. A norma NR 15 (1983) do MTE exige engenheiro de segurança
do trabalho ou médico do trabalho, devidamente habilitados, para o desempenho desta função.
Entretanto, devido à diversidade dos efeitos causados aos trabalhadores, as avaliações das
análises e medidas nem sempre são realizadas numa visão critica que venham harmonizar
e/ou convergir às vibrações mecânicas, a prevenção de doenças e acidentes de trabalho
visando à qualidade de vida.
• A planilha resultante do PCPR-EV, considera as informações observadas nos estudos
de caso e nas entrevistas de abordagem sobre vibrações ocupacionais e sugere o
desenvolvimento de um aplicativo eletrônico com os parâmetros importantes apresentado no
programa de controle e prevenção de riscos de exposição às vibrações.
6.2 CONCLUSÕES
O estudo observou as práticas de trabalho, de controle técnico e gerencial
disponibilizadas para atender as recomendações normativas e legais pertinentes à gestão de
SSO na exposição às vibrações. A partir do referencial teórico, da elaboração de uma proposta
de programa de controle e prevenção de risco, de estudos de caso sobre medição e análise de
vibrações ocupacionais, e nas entrevistas onde foram colhidos informações com os analistas e
especialistas multidisciplinares e os profissionais que trabalham expostos a vibrações que
possibilitaram considerar as seguintes conclusões que reafirmam a hipótese da importância da
142
contribuição da metrologia na melhoria do SGSSO, quando desenvolvido um programa de
forma alinhada com as exigências de normas, legislação e a cultura do país:
• Danos e Perturbações causados pela exposição à vibração são, no momento, incurável
e irreversível, porém, definitivamente evitáveis, desta forma é essencial à implementação de
programas adequados de controle e prevenção de riscos em vibrações adequados. A
implementação de PCRV, consolidaria de maneira efetiva importantes ações relativas ao
monitoramento dos níveis de vibração, controle de engenharia e administrativo, avaliação e
controle médico, treinamento e motivação, manutenção de registros, mas para alcançar a
prevenção seria necessário comprometimento, organização e educação de diversos grupos:
administradores, médicos, engenheiros, trabalhadores expostos e todos os demais envolvidos.
• E preciso que as etapas do programa de controle de riscos ocorram dentro da estrutura
do PPRA integrada com o PCMSO. Com planejamento anual estabelecendo metas,
prioridades e cronograma para cada componente do PCRV; com priorização do agente físico
de vibrações dentro do PPRA face aos demais riscos existentes; número de trabalhadores
expostos e atingidos; danos existentes; recursos e informações técnicas disponíveis. Na
estratégia e metodologia de ação deverá ficar claro a definição de responsabilidades, serviços
especializados e consultoria.
• Caso seja possível, a preocupação com as fontes de vibrações tem que ser antecipada
desde a aquisição de equipamentos, ferramentas e acessórios novos através da correta
especificação e escolha do produto; seleção de produtos que produzem vibrações mais
reduzidas; adequação da ferramenta à tarefa, selecionando os equipamentos mais adequados;
tarefas ou processos de trabalho novos; implantação de procedimentos de manutenção
voltados à redução dos níveis de vibração.
• No reconhecimento do problema relacionado às exposições de vibrações deve ser
considerado o número de trabalhadores expostos; descrição das atividades executadas;
determinação dos tempos e características de exposição para cada situação encontrada, pausas
e tempo de exposição diário total; determinação do tipo, classificação e características dos
equipamentos utilizados pelos operadores.
• A avaliação do problema envolverá a determinação do nível de vibração para
caracterização da exposição e adoção de medidas preventivas e controle; monitoramento, ou
seja, avaliação sistemática e repetitiva; obtenção de parâmetros para avaliação da extensão e
gravidade do problema e também a priorização de ações de controle (engenharia,
administrativo e médico) e verificação da eficiência das medidas adotadas.
143
• Desde a sua aprovação, a NR-15 do MTE tem proporcionado extensas discussões
acerca da caracterização da insalubridade de forma qualitativa, ou seja, pela inspeção no local
de trabalho, representando uma abertura mantida pela legislação, herança da Portaria nº
491/65. Por meio desta forma de avaliação, a insalubridade é caracterizada pela simples
inspeção do avaliador, desprezando-se a mensuração da intensidade ou concentração do
agente. Segundo o anexo da IN nº 1, de 20-12-95, corresponde a um grupo de trabalhadores
que experimentam exposição semelhante, de forma que o resultado fornecido pela avaliação
da exposição de qualquer trabalhador do grupo seja representativo da exposição do restante
dos trabalhadores do mesmo grupo.
• Apesar de nossa legislação já fazer menção aos GHE - grupos homogêneos de
exposição - quando se trata da perícia judicial, não é conceitualmente correto o Laudo Pericial
para grupos de trabalhadores, a não ser que as condições sejam tão idênticas e que justifiquem
tal medida. Dentro de um mesmo ambiente, as condições de trabalho de vários empregados
podem ser totalmente distintas, o que pode ser revelado pela análise profissiográfica do
trabalhador. A prova emprestada não se aplica somente à perícia, mas também a documentos
e testemunhos. Em matéria de perícia, o Judiciário a tem utilizado com bastante reserva,
mesmo porque o art. 195, da CLT, obriga a designação de perito nos pleitos de insalubridade
e periculosidade. No entanto, existem casos em que não há saída, a não ser a utilização da
prova emprestada, a exemplo da perícia de insalubridade em ambiente que se encontra
totalmente descaracterizado.
• A importância da metrologia ocupacional aplicada em vibrações torna-se cada vez
mais crescente, até quando as organizações perdem de 5% a 10% do seu lucro bruto de
vendas com problemas relacionados com doenças causadas por exposições, acidentes e outras
conseqüências inseguras ou insalubres, comprometendo o maior bem que possui, os seus
funcionários. É importante destacar que muitas empresas não dispõem de condições
necessárias para negociar e obter melhores valores junto às seguradoras quando da segurança
patrimonial. A gerência da qualidade de vida do trabalhador, da sua saúde e segurança faz
parte integral do sistema global da organização e pode influenciar nas negociações junto a
seguradoras, diminuindo esses custos e assegurando o melhoramento contínuo e a
rentabilidade dos negócios.
• Mais uma razão da importância de se ter equipamentos metrológicos rastreados para
tomar decisões, analisar ou comparar resultados com critérios legais compulsórios calcados
em normas, instruções normativas ou ordens de serviços do MTE e MPAS. Os profissionais
144
devem compreender que se tratando da área de saúde e segurança do trabalhador as medições
ocupacionais e ambientais devem possuir respaldo técnico e metrológico através de
procedimentos específicos e rastreabilidade a sistemas de calibrações reconhecidos pelo órgão
competente do país; que no nosso caso é o Inmetro. Sem isso estará se discutindo sobre
serviços sem respaldo legal;
• uma outra consideração importante é que se deve realizar regularmente a calibração
dos equipamentos em um laboratório devidamente capacitado conforme recomenda as boas
práticas de utilização. A determinação da periodicidade de calibração deve seguir as
instruções dos fabricantes, considerando que em qualquer caso, o intervalo entre calibrações
não deve ser maior que dois anos.
• As normas regulamentadoras brasileiras envolvidas com a exposição de vibrações, não
fazem menção sobre equipamentos, dispositivos ou procedimentos de medição, e também
sobre a ergonomia.
• As normas de gestão apoiam-se em estratégias de controles baseadas na metrologia e
no gerenciamento do processo produtivo, exigindo sistemas reconhecidos de certificação e
acreditação. Cada vez mais é reconhecido que o aumento da eficiência das empresas num
ambiente tecnológico crescente e competitivo agravado pela progressiva expansão dos
mercados, esbarra no trinômio: saúde, segurança e meio ambiente; tendo na metrologia o pilar
da normalização do processo produtivo. Podemos afirmar que a sobrevivência das empresas
não está apenas relacionada à capacidade de adaptação num ambiente tecnológico dinâmico,
mas, também, ao bem-estar de toda a sociedade, pela geração de menos resíduos poluentes e
indivíduos doentes. Uma população com saúde, vivendo e trabalhando em condições seguras
e harmoniosas, certamente, é mais produtiva e eficaz.
• A Metrologia e as inovações tecnológicas contribuem para transformar idéias e
conceitos em serviços, processos e produtos de grande interesse para a sociedade. A atividade
de pesquisa e desenvolvimento é muito importante nesse processo, propondo inserção de
critérios ambientais, de saúde e segurança, com olhar responsável para o aprimoramento da
qualidade de vida, da saúde e do bem-estar do cidadão. Os focos dos programas de gestão em
geral convergem para os processos socialmente responsáveis, cada vez mais dinâmicos e
voltados às exigências da sociedade e da economia. A preocupação com a melhoria da
qualidade de vida resulta necessariamente na implantação de várias iniciativas de gestão
técnica nas áreas ambiental e saúde ocupacional.
145
• Outro aspecto positivo são os avanços tecnológicos, que habilitaram a globalização da
economia e que também podem ser usados mundialmente para a melhoria de condições de
trabalho e proteção ambiental. Os recentes avanços na Tecnologia da Informação, por
exemplo, facilitam enormemente os contatos entre pessoas preocupadas em torno do mundo.
Esta facilidade de comunicação é fundamental para elevar consciência, para a disseminação
mais ampla de conhecimento e compartilhamento de experiências, como também para
coordenar melhor as ações locais e globais, contribuindo mais intensamente para o
desenvolvimento de capacidades para prevenção e controle de risco. A democratização da
informação fortalece e habilita as pessoas a tomarem decisões informadas e assim
contribuírem melhor para implementação das intervenções exigidas;
• e finalmente, o conceito de excelência empresarial não só avalia as organizações por
seu desempenho produtivo e econômico, mas também pela qualidade de seus produtos, pela
responsabilidade em relação ao meio ambiente e principalmente pela saúde de seus
colaboradores.
6.3 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
• Desenvolvimento de aplicativo computacional para uso no controle administrativo de
programas de gestão de risco e em medições técnicas de vibrações ocupacionais.
• Realização de estudo para avaliação metrológica da adequação dos atuais limites de
exposição quando há exposição continuada a ruído e vibração.
• Realização de estudo para avaliação metrológica de exposição associada de vibrações
e efeitos químicos.
• Desenvolvimento de técnicas ópticas para análise de vibração baseadas em
vibrometria de escaneamento a laser para medições de vibrações no corpo humano como
também em ferramentas vibratórias manuais e equipamento de proteção pessoal.
• Construção de instrumento portátil de análise de vibração que permite registrar dados
com base em PalmTop e medir simultaneamente no local a demanda de trabalho física e a
exposição de vibração de corpo humano.
• Certificação de Pessoas em Metrologia Ocupacional de Vibrações como um meio de
propiciar adequado grau de confiança de que a pessoa certificada possa desempenhar
atividades em conformidade com uma norma ou um documento normativo. Essa confiança é
146
alcançada pela utilização de um processo amplamente aceito de avaliação, seguido do
acompanhamento e de reavaliações periódicas das competências das pessoas.
• A Organização de uma rede de pesquisa no país com participação de vários
laboratórios com o objetivo de realização de estudo para a detecção e prevenção dos efeitos da
vibração mecânica no ser humano.
• Realização de estudo para avaliação metrológica de exposição às vibrações
ambientais, que possam causar graves danos nas estruturas de edifícios, gerando problemas de
saúde em grupo populacional ou vibrações provocadas por grandes máquinas ou motores num
determinado local.
• Realização de estudo para desenvolver propostas para normalização brasileira no
campo de vibrações ocupacionais, com ênfase em medição no corpo humano; avaliações dos
limites de exposição às vibrações no corpo humano e métodos e procedimentos de avaliação
da interação do sistema
147
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153
APÊNDICE APrograma de controle de prevenções de risco de exposição às vibrações
PROGRAMA DE CONTROLE DE PREVENÇÕES DE RISCO DE EXPOSIÇÃO ÀSVIBRAÇÕES
1. Componentes Corpo inteiro Mãos e Braços Observações
1.1
Rec
onhe
cim
ento
do p
robl
ema
Exposição isolada de vibrações eassociadas com outros agentestambém extressores como ruído,calor e trabalho pesado, afetam nãoapenas o sistema nervoso periférico ,mas também o sistema nervosocentral.
1.2
Con
side
raçõ
es d
eav
alia
ção
de e
xpos
ição
Com aumento da conscientizaçãodas responsabilidades de SSO emtodos os níveis hierárquicos, osprogramas de avaliação e prevençãoda exposição as vibrações serão maiseficazes.
1.3
Sele
ção
de In
stru
men
tos
de m
ediç
ão
Analisador Larson Davis 2800 devibração humana Tipo 1.Acelerômetros PCB Piezoeletricosdo Tipo ICPCalibrador PCB 394M23; 9,84 m/s2;79,6 Hz, Tipo 1 .Ambos os equipamentos foramcalibrado no INMETRO, conformeas boas praticas metrológicasrecomenda.
1.4.1. Projeto de Estratégia de Medição:
1.4
Est
raté
gias
de
cont
role
e m
ediç
ão
1.4.2. Estratégia para pesquisa devibrações:
O critério de avaliação será o maisconservativo foram consideradas acurva base de ponderação davibração no corpo humanocombinada e a medição da vibraçãomais elevada devido a fontesprovenientes das atividades.
1.5
Prog
ram
a de
com
unic
ação
,E
duca
ção
et
it
Educação sobre saúde ocupacional;treinamento operacional;treinamento para saber como agir emsituação de emergência
1.6
Prom
oção
de S
aúde
154
APÊNDICE A /continuação
PROGRAMA E CONTROLE DE PREVENÇÕES DE RISCO A EXPOSIÇÃO DEVIBRAÇÕES
2. Implementação Corpo inteiro Mãos e Braços Observações
2.1
Ger
enci
amen
to
Planos de ação de SSO, voltadospara o controle e prevenção de riscoda exposição às vibrações.Implantação de projetos deprocessos e serviços que causemmenor efeito nocivo ao trabalhador eao seu ambiente de trabalho e devida.
2.2
Equ
ipe
de tr
abal
ho
Equipe de trabalho deve estarsempre atualizada com a legislaçãopertinente as questões do ambientede trabalho e a SSO.
2.3
Situ
açõe
s
O nível de vibração medido (a(lin))foi obtido durante a atividade semprejuízo na operação. Atividade quesuperam o tempo recomendado parao GHE avaliado deve serconsiderada insalubre.
2.4
Cro
nogr
ama
155
APÊNDICE A /continuação
PROGRAMA E CONTROLE DE PREVENÇÕES DOS RISCOS À EXPOSIÇÃO DEVIBRAÇÕES
3. Avaliação Corpo inteiro Mãos e Braços Observações
3.1
Sist
ema
deco
ntro
le e
mon
itora
men
to Necessidade de implantação demedidas de prevenção , medição econtrole da exposição à vibração.
3.2
Indi
cado
res
Não foram verificadas queixasconsideráveis que indicassem anecessidade de aplicar medidasemergenciais.
3.3
Vig
ilânc
ia a
mbi
enta
lpa
ra o
pro
pósi
to d
oco
ntro
le
Capacitação do corpo técnico egerentes para as ações relativas aoambiente de trabalho
3.4
Vig
ilânc
ia d
e Sa
úde Medidas de saúde como exames
médicos em períodos curtos devemser realizados para acompanhamentode alguma patologia ocupacional,caso seja necessário
3.5
Reg
istr
os e
rela
tóri
os
Será apresentado apenas o resultadona direção de maior vibração,conforme metodologia de avaliação,na faixa de freqüência de 0,8 Hz a1250 Hz, na região mãos e braçosatingidas.
3.6
Mel
hora
con
tínua
(apr
imor
amen
to)
A introdução de dispositivo deantivibração nas serras elétricas ,melhorou o equipamento e reduziuos sintomas de perda desensibilidadeMedidas de controle como luvasespeciais (antivibratórias),dispositivos e filtros mecânicospodem ser empregados comomedidas de controle. Caso contrario,deve-se limitar o tempo deexposição.
156
APÊNDICE A /continuação
PROGRAMA E CONTROLE DE PREVENÇÕES DOS RISCOS À EXPOSIÇÃO DEVIBRAÇÕES
4. RecursosNecessários Corpo inteiro Mãos e Braços Observações
4.1
Rec
urso
sH
uman
os
4.2
Alo
caçã
o de
Rec
urso
Fina
ncei
ros
O uso do EPI, pelas dificuldadestécnicas e econômicas, é a medidamais adotada e difundida por serpouca dispendiosa e de fácil acesso.
4.3
Prát
icas
de
Tra
balh
oe
cont
role
adm
inis
trat
ivo Os acessórios devem ser bem
selecionados:lâminas de corte balanceadas;discos de ferramentas rotativas comníveis de vibrações bastantereduzidosA manutenção cuidadosa contribuipara que não haja risco de exposiçãoa altos níveis de vibrações
4. 4 Educação etreinamento Corpo inteiro Mãos e Braços Observações
4.4.1
Tre
inam
ento
de
mét
odos
de
trab
alho
Evidenciou-se necessidade deorientação para o empregador quantopara os próprios trabalhadores emrelação às doenças ocupacionais e aexposição de vibrações
4.4.2
Gru
pos a
lvos
de
trei
nam
ento
no
loca
l
Empregador, gerentes operacionais,trabalhadores, corpo técnico de umamaneira geral
4.4.3
Mét
odos
de
trei
nam
ento
Melhor conhecimento dos manuaisde instrução das FVM que orientamsobre como minimizar os efeitos devibraçõesAcompanhamento da legislaçãosobre SSO
4.4.4
Tre
inam
ento
fora
do
loca
l de
trab
alho
Necessidade de orientação paraprograma de prevenção de doençasocupacionais compreendendotambém um programa de prevençãode exposição a vibrações
157
APÊNDICE A /continuação
PROGRAMA E CONTROLE DE PREVENÇÕES DOS RISCOS À EXPOSIÇÃO DEVIBRAÇÕES
5. Proteção Pessoal Corpo inteiro Mãos e Braços Observações
5.1
Sele
ção
de E
.P.I.
Moto-roçadeiras : os equipamentosem uso foram óculos, protetoresauriculares (tipo plug) e luvas detecido
5.2
Sele
ção
de E
.P.C
Serra elétrica: introdução dedispositivo de antivibração.;
5.3
Nív
el d
e ri
sco
G.H
.E.
Medição da exposição a vibraçõesno corpo humano com relação aavaliação da exposição dostrabalhadores de uma empresa,conforme Grupo Homogêneo deExposição (GHE) identificado comopior caso para a situação encontrada.Serão seguidas as recomendações elimites das Normas ISO 2631 (1997)para o caso de corpo inteiro erecomendações da ISO 5349 (2001)com os limites da ACGIH (1999)para vibrações localizadas em mãose braços.
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