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júbilo, memória, noviciado da paixão
hilda hilst
poesia de bolso
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Copyright © 2018 by Daniel Bilenky Mora Fuentes
Grafia atualizada segundo o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990, que entrou em vigor no Brasil em 2009.
Capa e projeto gráficoElisa von Randow
PreparaçãoHeloisa Jahn
RevisãoHuendel VianaValquíria Della Pozza
[2018]Todos os direitos desta edição reservados àeditora schwarcz s.a.Rua Bandeira Paulista, 702, cj. 3204532-002 — São Paulo — spTelefone: (11) 3707 3500www.companhiadasletras.com.brwww.blogdacompanhia.com.brfacebook.com/companhiadasletrasinstagram.com/companhiadasletrastwitter.com/cialetras
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (cip)(Câmara Brasileira do Livro, sp, Brasil)
Hilst, Hilda, 1930-2004. Júbilo, memória, noviciado da paixão / Hilda Hilst. — 1ª ed. — São Paulo : Companhia das Letras, 2018.
isbn 978-85-359-3096-2
1. Poesia brasileira i. Título.
18-13622 cdd-869.1
Índice para catálogo sistemático:1. Poesia : Literatura brasileira 869.1
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sumário
Júbilo, memória, noviciado da paixão. . . . . . . . . 11Dez chamamentos ao amigo.... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13O poeta inventa viagem, retorno, e sofre de saudade.... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29Moderato cantabile... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49Ode descontínua e remota para flauta e oboé. De Ariana para Dionísio.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57Prelúdios-intensos para os desmemoriados do amor.... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69Árias pequenas. Para bandolim... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79Poemas aos homens do nosso tempo... . . . . . . . . . . . . . . . . 103
Sobre a autora. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 127
Índice de primeiros versos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 129
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A M. N.porque ele existe.
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Deliberei amar. Corto em pedaçoso músculo sangrento, alheio e triste
a quem por isso culpo. Irmão, um diaaprenderemos a entender a entranha.
E nunca mais seremos diferentes.renata pallottini
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dez chamamentos ao amigo
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Love, love, my season.Sylvia Plath
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i
Se te pareço noturna e imperfeitaOlha-me de novo. Porque esta noiteOlhei-me a mim, como se tu me olhasses.E era como se a águaDesejasse
Escapar de sua casa que é o rioE deslizando apenas, nem tocar a margem.
Te olhei. E há tanto tempoEntendo que sou terra. Há tanto tempoEsperoQue o teu corpo de água mais fraternoSe estenda sobre o meu. Pastor e nauta
Olha-me de novo. Com menos altivez.E mais atento.
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ii
Ama-me. É tempo ainda. Interroga-me.E eu te direi que o nosso tempo é agora.Esplêndida avidez, vasta venturaPorque é mais vasto o sonho que elabora
Há tanto tempo sua própria tessitura.
Ama-me. Embora eu te pareçaDemasiado intensa. E de aspereza.E transitória se tu me repensas.
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iii
Se refazer o tempo, a mim, me fosse dadoFaria do meu rosto de parábolaRede de mel, ofício de magia
E naquela encantada livrariaOnde os raros amigos me sorriamOnde a meus olhos eras torre e trigo
Meu todo corajoso de PoesiaTe tomava. Aventurança, amigo,Tão extremada e larga
E amavio contente o amor teria sido.
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iv
Minha medida? Amor.E tua boca na minhaImerecida.
Minha vergonha? O versoArdente. E o meu rostoReverso de quem sonha.
Meu chamamento? SagitárioAo meu ladoEnlaçado ao Touro.
Minha riqueza? ProcuraObstinada, tua presençaEm tudo: julho, agostoZodíaco antevisto, página
Ilustrada de revistaEditorial, jornalTeia cindida.
Em cada canto da CasaEvidência veementeDo teu rosto.
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v
Nós dois passamos. E os amigosE toda minha seiva, meu suplícioDe jamais te ver, teu desamor tambémHá de passar. Sou apenas poeta
E tu, lúcido, fazedor da palavra,Inconsentido, nítido
Nós dois passamos porque assim é sempre.E singular e raro este tempo inventivoCircundando a palavra. Trevo escuro
Desmemoriado, coincidido e ardenteNo meu tempo de vida tão maduro.
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vi
Sorrio quando pensoEm que lugar da salaGuardarás o meu verso.DistanciadoDos teus livros políticos?Na primeira gavetaMais próxima à janela?Tu sorris quando lêsOu te cansas de verTamanha perdiçãoAmorável centelhaNo meu rosto maduro?E te pareço belaOu apenas te pareçoMais poeta talvezE menos séria?O que pensa o homemDo poeta? Que não há verdadeNa minha embriaguezE que me preferesAmiga mais pacíficaE menos aventura?Que é de todo impossívelGuardar na tua salaVestígio passionalDa minha linguagem?Eu te pareço louca?Eu te pareço pura?Eu te pareço moça?
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*
Ou é mesmo verdadeQue nunca me soubeste?
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