História da Cultura e das Artes módulo n.º 1

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Módulo n.º 1 – A Cultura da Ágora

A Civilização Grega, ou Helénica, foi uma das mais brilhantes que, na antiguidade;

Floresceu na bacia do Mediterrâneo, importante foco aglutinador e dispersor de povos e culturas, desde a Pré-História.

Nos séculos V e IV a. C., a Cidade-Estado de Atenas, situada na Ática, detinha um lugar de destaque entre as restantes pólis gregas.

Condições GeográficosCondições Geográficos

A Grécia localiza-se na Península Balcânica, no mediterrâneo Oriental;

O Solo da Grécia é muito montanhoso (cerca de 80% do território);

Difícil acesso;

Os cursos de água são raros;

Entre as montanhas existem pequenas planícies pouco férteis e, na costa, o litoral é muito recortado;

Assim, devido às condições geográficas, as populações isolaram-se.

Localizadas em lugares estratégicos, as aldeias cresceram e, no séc. VIII a.c.,deram origem a cidades – estados, independentes umas das outras;

Cada cidade - estado ou pólis tinha um território de extensão variável, formado por três partes bem distintas:

acrópole – a parte alta da cidade – centro da vida religiosa e que servia de refúgio às populações, em caso de necessidade;

zona urbana – a parte baixa da cidade – onde vivia a população e ficava a ágora ou praça pública;

zona rural – constituída por terras de cultivo, de pastoreio e bosques.

Cada cidade - estado tinha a sua forma de governo independente;

Entre as mais de duas mil pólis que existiam na Grécia, destacavam-se Atenas, Esparta e Corinto;

Em todas havia um forte sentido de independência, mas também tinham costumes, crenças religiosas e uma língua comuns;

Atenas – alcançou no séc. V a.C. o seu apogeu.

Recursos económicosRecursos económicos

O solo de Atenas era pobre;

Apesar disso, a maior parte da população vivia da agricultura e da criação de gado;

Dedicavam-se ao cultivo de cereais, da vinha e da oliveira e à criação de cabras e carneiros;

O artesanato estava muito desenvolvido;

Os artesãos fabricavam vasos cerâmicos, armas, estátuas e navios. Para o efeito utilizavam madeiras, metais e rochas ornamentais, como o mármore.

Mas a cidade-estado de Atenas não era auto-suficiente em produtos agrícolas e matérias-primas para o artesanato;

Logo, desenvolveu um activo comércio com muitas regiões do Mediterrâneo;

Os atenienses exportavam vinho, azeite e produtos de artesanato e importavam bens alimentares (trigo, gado), matérias-primas (metais) e produtos de luxo, como marfins e perfumes.

Assim, no séc. V a.C

., graças à força da sua economia, Atenas era a cidade mais poderosa do mundo grego.

A sociedade ateniense era, então, constituída por 3 grupos sociais distintos:

Escravos - não tinham direitos  e eram utilizados como mão de obra para os trabalhos mais pesados e para outras tarefas como a educação dos jovens. Existiam em Atenas 120 000 escravos.

Metecos - estrangeiros residentes em Atenas, eram obrigados a prestar serviço militar e a pagar um imposto à cidade. Não tinham direitos políticos e eram geralmente comerciantes ou artesãos.

  Cidadãos - homens com mais de 18 anos, filhos de pai e mãe

atenienses eram os únicos com direitos políticos, podiam eleger e ser eleitos para qualquer cargo  público. Eram os únicos que podiam ter terras na Ática.

Direito à liberdade – ser livre era a condição essencial para se ser cidadão;

Direito à propriedade – apenas os cidadãos tinham direito à livre posse de bens fundiários rurais ou urbanos;

Isonomia - igualdade perante a lei;

Isocracia - igualdade de Acesso aos cargos públicos;

Isegoria – igual direito ao uso da palavra, à liberdade de expressão

“Quem melhor falava, melhor convencia…”

ORATÓRIA – Arte de discursar em público.

Os Limites da Participação Democrática

A democracia ateniense era uma democracia limitada;

Era uma democracia só para os cidadãos;

As mulheres não eram detentoras da cidadania;

Os metecos não possuíam direitos políticos e estavam privados de alguns direitos civis;

A democracia ateniense e o pensamento grego de uma forma geral, foram sempre concordantes com a escravatura.

Até finais do séc.VI a.C., Atenas foi governada por reis, aristocratas e tiranos;

No séc. V a.C., estabeleceu-se na cidade-estado de Atenas

O órgão-base da soberania era a Eclésia, assembleia popular, composta por todos os cidadãos do sexo masculino com o serviço militar já cumprido, inscritos nos vários demos (tribos) atenienses;

Colina de Pnyx

A Eclésia possuía funções legislativas e deliberativas:

- propunha, discutia e aprovava as leis e o ostracismo;

- designava, por eleição ou sorteio, os magistrados e fiscalizava a sua actuação;

- decidia sobre a guerra e a paz;

- negociava e ratificava os tratados;

- controlava as finanças e as obras públicas;- julgava os crimes políticos.

As suas decisões eram tomadas por maioria de votação, e esta fazia-se geralmente de braço

no ar.

A Eclésia era coadjuvada pela Bulé ou Assembleia dos 500, órgão deliberativo e executivo (assegurava a governação no intervalo das sessões da assembleia do povo), composto por representantes dos demos, na proporção de 50 por cada tribo.

A escolha dos membros da Bulé fazia-se anualmente, por sorteio, na Eclésia, entre os cidadãos com mais de 30 anos;

Aos buleutas (membros da Bulé) cabia, entre outras coisas, mandar reunir a Eclésia e preparar antecipadamente a agenda dessas reuniões.

Corpo de Magistrados – executava todo o tipo de funções públicas e faziam cumprir as leis;

Eram designados por eleição ou por sorteio, consoante os cargos, e possuíam mandatos anuais;

O seu desempenho era rigorosamente fiscalizado pela Bulé e pela Eclésia;

No corpo de magistrados os mais importantes eram: os Arcontes e os Estrategos.

ARCONTES – (10 em cada ano) eram sorteados na Eclésia, a partir de listas fornecidas pelos demos (um por cada tribo). Organizavam as grandes cerimónias religiosas, fúnebres e presidiam aos tribunais, preparando os processos judiciários.

ESTRATEGOS – Também em número de 10, ocupavam-se das questões militares, na chefia da marinha e do exército e regiam a política externa.

Pela responsabilidade das funções que desempenhavam, os estrategos não eram sorteados, mas eleitos, mediante listas propostas pelas tribos, podendo cumprir vários mandatos.

Os escolhidos eram, quase todos, descendentes das famílias nobres, com fortuna pessoal e prestígio social.

Péricles (495 – 429 a.C.)

Foi o estratega mais conhecido, no século V a.C., que foi eleito durante 15 anos consecutivos.

Inicialmente, as magistraturas, tal como os restantes cargos públicos, não eram remuneradas;

Logo, o acesso a estes cargos era limitado, por parte de alguns cidadãos;

Foi Péricles que instituiu as mistoforias (remunerações pecuniárias para os que exerciam cargos públicos).

AREÓPAGO – era formado pelos arcontes que haviam cessado funções e que nele possuíam assento vitalício;

Julgava os crimes religiosos, os homicídios e os de incêndio.

HELIEU (Helieia) – Julgava todos os restantes delitos; compunham-no 6000 juízes (600 por cada tribo) e eram sorteados anualmente.

O princípio da soberania popular está demonstrado na importância atribuída à Eclésia, onde todos os cidadãos tinham assento e participação activa, não apenas como direito, mas também como um dever;

O uso do sorteio, na escolha de alguns magistrados, garantia a isenção das designações e a igualdade no acesso aos cargos;

O carácter transitório e rotativo dos cargos não só obrigava a que mais cidadãos fossem chamados a desempenhar cargos, como evitava a corrupção;

As leis – nomos na língua grega – eram sugeridas, discutidas e aprovadas por todos na Assembleia.

Estas características tornaram o cidadão ateniense consciente da sua

responsabilidade cívica e membro activo da comunidade.

As grandes manifestações cívico-religiosas

Amantes do ócio e do convívio social, os gregos organizaram nas suas pólis, numerosas festividades que se distribuíam por todo o calendário anual;

Estas possuíram um carácter essencialmente religioso porque: eram dedicadas aos deuses ou homenageavam heróis míticos;

Realizavam-se em recintos considerados sagrados e tinham uma série de rituais e cerimónias religiosas;

A maioria destas festividades realizava-se no espaço circunscrito de uma cidade-Estado e faziam parte integrante do seu culto cívico,

Estas festividades eram uma factor de União e Identidade de cada pólis;

Algumas tiveram um carácter mais alargado, atraindo devotos e participantes de todo o mundo grego.

Festivais Pan-helénicos – entre os quais se destacam os Jogos Olímpicos, realizados de 4 em 4 anos, na cidade de Olímpia.

Discóbulo (ca. 450 a.C.)

Os Festivais Áticos eram celebrados na pólis de Atenas;

A sua organização ficava a cargo dos magistrados da cidade ou dos cidadãos mais ricos;

As festas simbolizavam a devoção aos seus deuses, mas simultaneamente dignificavam e exaltavam a pólis;

Entre os Festivais Áticos destacamos as Panateneias e as Grandes Dionísias urbanas.

Fídias: Procissão das Panateneias

As Panateneias foram as maiores festas atenienses, pois eram dedicadas à padroeira da cidade, da deusa Atena, filha de Zeus;

Aconteciam todos os anos, em torno do dia 28 de Julho, aniversário da Deusa

Eram festas dedicadas ao Deus Dioniso e realizavam-se todas as primaveras, durante o mês de Março.

Iniciavam-se com o transporte da estátua do deus para o pequeno templo a ele dedicado, que ficava no recinto do teatro.

Seguiam-se declamações de Versos Religiosos e concursos Teatrais.

• É na Grécia que começa a "História da Educação" com sentido na nossa realidade educativa actual.

De facto, são os Gregos quem, pela primeira vez, coloca a educação como problema.

Já na literatura grega se vêm sinais de questionamento do conceito, seja na poesia, seja na tragédia ou na comédia.

Mas é no século V a. C., com os Sofistas e depois com Sócrates, Platão, Isócrates e Aristóteles que o conceito de educação alcança o estatuto de uma questão filosófica.

 É claro que os ideais educativos da paideia que vão ser desenvolvidos no século V a. C. se baseiam em práticas educativas muito anteriores.

"Não se pode utilizar a história da palavra paideia como fio condutor para estudar a origem da educação grega, porque esta palavra só aparece no século V" (Jaeger, 1995: 25).

A educação antiga não era um sistema desenvolvido nem rigidamente definido. 

Em geral, até aos sete anos, as crianças eram educadas no gineceu, na companhia da mãe e das outras mulheres da casa.

Depois dessa idade, as raparigas continuavam em casa, onde aprendiam os trabalhos domésticos e música. 

Para os rapazes, entre os 7 e os 14 anos, embora não houvesse um programa obrigatório, o ideal era que fossem ocupadas na prática da Ginástica (gymnastiké) e da Música (mousiké).

Para além dos professores de ginástica ou paidotribés (paidotribes) e dos de música ou kitharistés (kitharistes), no final do século V a.C. surge a figura dos grammatistés (grammatistes) para ensinar as crianças a escrever e a ler.

  Todos estes professores eram

contratados directamente pela família o que faz com que a educação que cada criança recebia dependesse directamente da vontade e da capacidade financeira da família.

Programa de Estudos

Nas palestras, os rapazes aprendiam a ler, a escrever, a contar e a recitar de cor os poemas antigos (principalmente Homero e Hesíodo), cuja tradição heróica encerrava um elevado conteúdo moral.                                                                                       

Estudavam música, aprendendo a tocar pelo menos a lira e iniciavam-se nos exercícios atléticos. Os mais ricos tinham um escravo ao seu serviço - pedagogo - que os acompanhava e, certamente, os ajudava ou mesmo obrigava a repetir as lições                         

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