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FACULDADE MARIA MILZA
PÓS-GRADUAÇÃO - HISTÓRIA E CULTURA AFRO-
BRASILEIRA, AFRICANA E INDÍGENA.
EUCLIDES ALVES DE CARVALHO JÚNIOR
RESISTÊNCIA DOS NEGROS (AS) NA ESCRAVIDÃO:
ALFORRIADOS APÓS TRABALHO “LIVRE” NO EXÉRCITO
BRASILEIRO (1864 / 1870).
CRUZ DAS ALMAS-BA
2010
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EUCLIDES ALVES DE CARVALHO JUNIOR
RESISTÊNCIA DOS NEGROS (AS) NA ESCRAVIDÃO:
ALFORRIADOS APÓS TRABALHO “LIVRE” NO EXÉRCITO
BRASILEIRO (1864 / 1870).
CRUZ DAS ALMAS-BA
2010
Ensaio apresentado no Curso de Pós-graduação: História e Cultura Afro-Brasileira, Africana e Indígena. Disciplina: Trabalho e Resistência dos Negros/Negras durante o período da escravidão, ministrada pelo Profº Mestre: Hamilton Rodrigues
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RESISTÊNCIA DOS NEGROS (AS) NA ESCRAVIDÃO:
ALFORRIADOS APÓS TRABALHO “LIVRE” NO EXÉRCITO
BRASILEIRO (1864 / 1870).
EUCLIDES ALVES DE CARVALHO JUNIOR 1
1 Licenciado pleno em História, pela FAMAM, Professor Efetivo do Colégio Estadual Polivalente de Castro Alves, Ensino Médio da Rede Estadual. Doutor em Teologia, Ciências Humanas, pela Faculdade de Teologia, Seminário Teológico Lemuel, Rio de Janeiro (Lei nº 1051 – de 21/10/69). Acadêmico do curso de Pós-graduação História e Cultura Afro-brasileira, Africana e Indígena, pela FAMAM. (euclidesjunior95@hotmail.com).
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SUMÁRIO
I – INTRODUÇÃO ................................................................................................ 04
II – DESENVOLVIMENTO.................................................................................... 07
III – CONCLUSÃO................................................................................................ 15
IV – REFERÊNCIAS ............................................................................................ 17
V – APÊNDICES .................................................................................................. 18
VI – ANEXOS....................................................................................................... 21
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1 – INTRODUÇÃO
Tema: Resistência dos negros (as) na escravidão; alforriados após trabalho
“livre” no exercito Brasileiro (1864/1870).
O Hábito de subjugar outro ser humano e fazer dele um objeto é quase tão
antigo quanto à civilização. Os povos antigos da Mesopotâmia, da Índia e da China
tinham o hábito de tornar escravo parte da nação derrotada depois de uma batalha.
O Antigo Testamento apresenta inúmeros relatos de escravidão entre egípcios e
hebreus, na Grécia antiga, havia vários níveis e sistemas de escravidão, dos mais
opressivos (como os espartanos) aos mais leves – havia até regiões onde os
escravos podiam economizar para comprar sua liberdade.
No Brasil, ficou evidenciado a participação de milhares de capoeiristas
(negros) na guerra do Paraguai (1864/1870), após lhes serem prometido pelo
governo imperial à liberdade no final do conflito aqueles que participassem da
batalha. Pois foi ao final da guerra da triplica aliança que a campanha abolicionista
intensificou-se principalmente por que, na falta de voluntários para lutar no Paraguai,
o governo imperial fora obrigado a recrutar escravos em troca da sua liberdade. No
plano internacional, o Brasil já fora forçado pela Inglaterra a suspender o trafico com
a África. Além disso, o império vinha sendo unanimente condenado por ser, desde
1868, o único pais do ocidente a utilizar-se do trabalho servil – o que atraiu a
campanha abolicionista, grupos de intelectuais e de militares preocupados com a
imagem do pais no exterior. Dentro desta perspectiva, justificaríamos o tema deste
Ensaio, através da análise, das falsas dicotomias entre escravidão (o negro, um
trabalhador não-livre) e a liberdade (o negro, um trabalhador livre), bem como sua
síntese, religaçao, onde os elementos cíclicos do passado do negro podem voltar no
presente especialmente através da memória, anúncios do futuro podem ocorrer no
aqui e agora, construção esta em função dos debates abolicionistas do inicio do
século XIX. Levando-nos ao seguinte problema: No processo histórico da
evolução do capitalismo no Brasil, quais foram os principais sujeitos da
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transição do trabalho “escravo” para o trabalho “livre”, como estratégia e
resistência política e cultural (1864/1870)?
Assim, esperamos comprovar a hipótese, de que: Foram os negros (as) os
principais sujeito, através da sua resistência, e trabalho, autores da liberdade, de
suas situações históricas de escravidão (1864/1870). Através da seguinte
metodologia utilizada com base nos referenciais teóricos pesquisado: Metodologia
de estudo de caso, método indutivo de abordagem, pesquisa bibliográfica,
documental e pesquisa de campo na cidade de Castro Alves-Ba, nos abastecendo
de uma nova teoria cientifica que leve em conta os negros (as) como sujeito
analisando a fundo as representações sociais e escapando dos argumentos
biológicos e culturais da desigualdade os quais sempre tem o homem branco e/ou
mulher branca como o referencial. O exercício que se propõe aqui é um rompimento
com pensamento dicotômico: feminino em aposição ao masculino; razão/sentimento;
teoria/pratica; publico/privado, o negro, um trabalhador não – livre/ o negro, um
trabalhador livre, etc. no sistema escravista e/ou capitalista.
Os sujeitos que constituem a dicotomia não são, de fato, apenas homens e
mulheres, mas homens e mulheres de diferentes classes, raças, religiões Africanas
bíblicas, e/ou não-bíblicas, idade, etc. E suas solidariedades e antagonismos podem
provocar os arranjos mais diversos, perturbando a noção simplista e reduzida de
homem branco dominante e homem/mulher negros (as) dominado (as): Numa
demorada passagem por Foucault, que expõe nos seus livros, a rede de poder que
permeia esta questão e nos diz que os gêneros/etnias se produzem na e pelas
relações de poder. Portanto, se não são os negros (as) desprovidos (as) de poder e
o exercício do poder dá-se entre os sujeitos capazes de resistir, também é a ele
inerente a liberdade. Para Foucault “Não há poder sem liberdade e sem potencial de
revolta”, este teórico estabelece uma relação da construção das identidades de
gêneros e a questão racial, pois o foco do saber/poder, marcado pela análise dos
discursos (arqueologia do conhecimento), das investigações das correlações de
forças que permite a emergência de um discurso com ênfase na passagem do que é
interditado para o que se torna legitimo ou tolerado (genealogia), focando as
práticas, por meio das quais, os homens exercem a dominação e a subjetivação,
conceitos que podem ser equiparados assumir um papel Histórico (ética), pois
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segundo ele, seria impossível haver relação de poder sem a criação e a criação sem
o poder, na dinâmica das instituições, como por exemplo, durante a guerra do
Paraguai, no Brasil: A escravidão negra e a cidadania dos Negros na formação do
Exército Brasileiro, como um elemento unificador da Hierarquia, pois a dominação
Imperial e o poder não se originavam de uma única fonte como do Estado ou de
Classes dominantes – por que ambos eram, constantemente, exercidos em varias
direções e em múltiplas escala no dia-a-dia, mas não apenas como algo opressor, já
que se bem manipulados, também poderiam estimular a criação, no caso; um
exército formado por negros e brancos.
O foco principal deste Ensaio, não é o sujeito (O Negro) nem o objeto (o
trabalho-livre, e o trabalho escravo), mas o confronto entre os dois, frente à
realidade (Guerra do Paraguai 1864/ 1870) em que estão inseridos, tanto no Brasil
Imperial e Escravista, bem como, o Negro (a) na realidade atual, da República
Capitalista.
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2- DESENVOLVIMENTO
Este ensaio tem como objetivo geral:
Discutir as experiências dos negros (as) enquanto sujeitos da Historia
do Trabalho no Exército Brasileiro, na transição do trabalho “escravo” para o
trabalho “livre,” como processo estratégico de resistências cultural e Política,
na modernidade bem como na contemporaneidade no Brasil (1864/ 1870).
Abordado, a partir de 3 objetivos específicos:
a) Entender os conhecimentos e a cultura mítico – Religioso – Corporal do
Negro (a) Brasileiro (a), reelaborado dos Negros Africanos, constituindo um
novo saber/poder: Arte marcial da Capoeira, Jogo-Luta-Dança e Ginástica
no Exército Brasileiro.
b) Discutir a guerra do Paraguai, escravidão e cidadania do Negro (Capoeirista)
na formação do Exercito Brasileiro e transição do Trabalho Escravo para o
Trabalho Livre, durante a evolução do Capitalismo no Brasil (1864/ 1870).
c) Refletir a falsa dicotomia entre escravidão (o negro, um trabalhador não-
livre), e a liberdade (o negro, um trabalhador livre), durante o período
escravista no Brasil e na contemporaneidade (1864/ 1870).
Na visão de mundo de vários povos africanos, o corpo é o primeiro território
sagrado do qual somos responsáveis, está relacionada à existência, ao trabalho, ao
lazer e ao tempo que dedicamos a cada uma dessas funções.
Conforme, Muniz sobre, em seu livro: A Verdade Seduzida, por um conceito
de cultura no Brasil.
Sodré, Muniz (2005, p.161) diz que,
(...) De fato, no Jogo da capoeira, acha-se presente uma das singularidades da tática de combate dos negros em palmares, a que se deu o nome de Guerra-Mato e que desarvorava as expedições repressivas-táticas em que os negros raramente aceitavam combate, mantendo quando
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muito encontros rápidos e desconcertantes seguidos de fuga para o Mato (...) ou para a “Capoeira”. Faziam ali algo semelhante às táticas da Rainha de Matamba na guerra congolesa contra a invasão portuguesa e que provocaram de um padre comentário que poderia ser subscrito por Lao Tse: “A grande Arte na condução da Guerra consiste em evitar o inimigo” (...).
A palavra Capoeira, e nisto estão de acordo os mais ilustres filólogos, é
palavra genuinamente Brasileira, que provém do Tupi Caã, “Mato” + Puera, Sufixo
do pretérito Nominal “Que foi e já não é”, ou seja, a “Mata extinta”.
Parece não existir nenhuma duvida de que a arte da capoeira foi traduzida
para o Brasil pelos Negros Bantos, procedentes principalmente de Angola. Embora
originaria dos negros, a capoeira foi assimilada e desenvolvida, encontrando campo
fértil e novas qualidades a explorar, pelos mestiços-mulatos. A classe dos mulatos,
muito acima da dos negros pelas suas possibilidades naturais, encontra maiores
oportunidades para libertar-se da escravidão; ela é que fornece com efeito a maior
parte dos operários qualificados (Debret, J.B. – “Viagem pitoresca e Histórica ao
Brasil” – Livraria Martins. São Paulo. Tradução e notas de Sergio Millet. Tomo
I, pág. 108 a 109).
Durante o longo Reinado de Pedro II a Capoeira campeou com inteira
liberdade, não só entre os elementos da plebe, como entre muitas Figuras de
destaque. Por ocasião da Guerra do Paraguai, muitos capoeiras foram enviados
para a frente de batalha e lá se fizeram heróis, portadores que eram de grande
sangue frio, audácia e coragem, tendo-se em conta que as condições de guerra de
então exigiam muitos combates corpo a corpo. Conforme Salles, Ricardo (1990, p,
64, 65), Diz que,
Robert Conrad estima em 20000 o número de escravos, incluído as mulheres dos soldados, que conseguiram a liberdade com a guerra (Robert Conrad, os últimos anos da escravatura no Brasil, Rio de Janeiro, Civilização Brasileira. 2ª ED, 1978, p. 96). Richard Graham atesta que não há estimativas sobre o numero de escravos que combateram na guerra. Considera certo, no entanto, que o Governo imperial adotou uma posição em “...Que os escravos que lutassem se tornariam livres, mesmo que tivessem fugido para unir-se as fileiras “(A Escravatura Brasileira Reexaminada”, in Escravidão, Reforma e Imperialismo, São Paulo, perspectiva, São Paulo, 1979,p.37) . o aviso de 9 de outubro de 1867, do ministro da guerra, regulando o alistamento no município Neuro da Corte, dizia em seu artigo 4º “ o individuo apresentado para seguir no exercito será relacionado imediatamente, declarando-se se é recruta, voluntario,
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substituto ou liberto...” mais adiante, no artigo 10º, explicitava; “Quando for liberto o individuo julgado incapaz para o serviço do Exército, além da nota de que trata o artigo 4º, deverá acompanhá-lo a carta de sua liberdade, a qual ficará arquivada no quartel general”. Pela análise destes trechos do aviso, infere-se que de fato havia a categoria de liberto para o ex-escravo apresentado para combater.
Nas companhias de Zuavos Baianos, no assalto ao forte de Curuzu,
destacaram-se nos combates corpos a corpo, debandando os Paraguaios e até
plantando o pavilhão nacional. “Dentre os nomes que ficaram guardados pela
história, destacam-se os de: Cesario Alvaro da Costa (Negro Capoeirista, herói da
guerra do Paraguai) Cabo de esquadrão do 7º batalhão de caçadores do exercito
que enfrentou simultaneamente dois paraguaios em combate corpo a corpo,
logrando dominá-los e, por esse e outros feitos notáveis, foi condecorado com o
habito da Ordem do Cruzeiro, pelo Marechal (onde deu logrando ser promovido até
o posto de Capitão. Antonio Francisco de Melo (Negro Capoeirista, herói da guerra
do Paraguai) natural de Pernambuco primeiro Cadete – Sargento ajudante do 9º
batalhão de Caçadores do Exército. Dois notáveis Capoeiras (Annaes da imprensa
da Bahia – 1º centenário 1811 – 1911”. Organizado por João N. torre e Alfredo do de
Carvalho Bahia. TYP. Baiana, 1911, pág.80). neste sentido, a roda de capoeira é
uma pratica social, histórica, cientifica e política. Ela funciona como meio de
formação de uma identificação cultural e de representações simbólicas de valores
sociais para os seus atores. Conforme Foucault, Michel (1979, p. XXI) diz que,
Todo conhecimento, seja ele cientifico ou ideológico só pode existir a partir de condições políticas que são as condições para que se formem tanto o sujeito quanto os domínios de saber (...) não há saber Neutro. Todo saber é político. E isso não por que cai nas malhas do Estado, é apropriado por ele, que dele só serve como instrumento de dominação, descaracterizando seu núcleo essencial. Mas por que todo saber tem sua gênese em relações de poder.
Uma das formas mais eficientes de vigilância e disciplina se da no entender
de Foucault, através dos discursos e praticas cientificas, aparentes neutras e
racionais, que procuram normatizar o comportamento dos indivíduos nesse caso dos
homens e mulheres negros (as), pois era a partir da ciência que se reconheciam
diferenças raciais dos Brasileiros negros (as) e se determinavam inferioridade, a
partir de uma pseudociência, conforme Schwarcz, (1993, p.28) diz que,
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“Teoria como o evolucionismo social, o positivismo, o naturalismo e o social – darwinismo(...) tendo como horizonte de referencias o debate sobre os fundamentos de uma cultura nacional em oposição aos legados metropolitanos e á origem colonial (Ventura, 1988).
Assim, como o poder se encontra em múltiplos espaços, a resistência a esse
estado de coisa não caberia, segundo Foucault, a um partido ou uma classe
revolucionaria, pois estes se dirigiriam a um único foco de poder. Seria necessária,
portanto, a ação de múltiplos pontos de resistência. Foucault acompanha a evolução
dos mecanismos de controle social e punição (nesse caso, do homem, e/ou mulher
negro (a), que se tornaram cada vez menos visíveis e mais racionalizados,
produzindo práticas disciplinares de vigilância e controles constantes, que se
estendem a todos os âmbitos da vida dos indivíduos. E ressaltando o fato de que
nos Brasileiros temos continuamente matado nossa alma ancestral, calando os
saberes de origem, nesse caso, africano, pois a miscigenação do povo brasileiro não
se deu ao nível psicológico, mas apenas, na dimensão biológica e de modo
periférico na dimensão cultural. Sendo assim, revelar e valorizar as africanidades
brasileiras, os conhecimentos quilombolas -, dentre eles os conhecimentos
etnomatemáticos da capoeira, estratégias militares do Exército – é uma forma de
manter viva a alma brasileira. Na abolição da escravatura, não foram possibilitadas a
sobrevivência e integração social para os ex-escravizados, não houve
reconhecimento e respeito às particularidades dos modos de ser e de saber do povo
negro (a).
O Brasil tinha bons militares (No sentido Profissional, como o general Osório.
Mas o grande foi Luis Alves de Lima e Silva, o futuro Duque de Caxias. Atualmente,
grupos Ligados aos Afro-descendentes Brasileiros acusam Caxias de ter enviado os
soldados negros para as piores missões, servindo de “Bucha de Canhão” na guerra.
Dizem que era racista e que pouco se importava com a morte dos batalhões negros
enviados em missões suicidas. Conforme Salles (1990, p. 153). Diz que,
Não há estudos sérios sobre a participação de escravos e negros na guerra e na formação da instituição militar. As pinturas e referências literárias de batalhas e combates – e aqui estamos incluindo as próprias memórias dos contemporâneos e não apenas a literatura posterior – estão Longe de retratar a realidade. Significativamente, no Rio de Janeiro, durante as comemorações dos cem anos de abolição, o exército saiu às ruas diante da eventualidade de uma
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passeata do movimento negro vir a realizar protesto ante o monumento e tumulo de Caxias.
Os defensores de Caxias alegam que ele sempre se preocupou com o destino
de seus homens, independente da cor da pele. De qualquer modo é inegável que
Caxias, membro do partido conservador e da elite imperial, mantinha os sentimentos
racistas típicos de seu grupo social. Conforme Salles (1990, p. 152) Diz que,
A partir da Guerra do Paraguai, o exército passou a estar indissoluvelmente ligado à nossa História Política, e o próprio fim da Monarquia, significativamente, teve nos militares os atores imediatos de seu desfacho. Desde então, com pesos e conotações políticas distintos, o exército desempenhou importante papel em diversos períodos e conjunturas de nossa vida política: Na consolidação do regime republicano, na candidatura Hermes da Fonseca, no movimento tenentista da década de 20, na revolução de 30, no levante comunista de 35, no Golpe do Estado Novo, na democratização Pós- Segunda Guerra e, finalmente, no Golpe de 64 e nos Governos Militares que se seguiram por mais de vinte anos.
Agora, analisaremos a História através dos textos dos teóricos, trabalhando o
tema capitalismo e escravismo (Trabalho escravo e trabalho livre, 1864/ 1870) a
partir dos seus efeitos na vida cotidiana dos moradores da nação Brasileira, no que
dizem respeito a saúde, família, educação e moradia, facilitando assim o estudo da
vida dos diferentes grupos humanos, brancos, negros, etc. a partir de quatro itens:
Cenário (localizando os grupos estudados, definido a época que eles viveram),
Personagens (tipos humanos e os papeis que eles desempenharam), Trama
(características gerais das relações que os personagens estabeleceram entre si,
enfatizando a mentalidade que perpassa essas relações) e Cenas do Cotidiano do
período (apresentaremos os personagens em ação, para reforçar a visão de que
são os homens os sujeitos históricos responsáveis pela construção das tramas
analisadas pelos historiadores). Como diria um pensador chamado Walter Benjamin,
o passado é um tempo carregado de presente, isso explica por que o homem
teve e continua tendo a necessidade de estudar sua História. O município de Castro
Alves foi criado através da lei 280 de 6 de setembro de 1896, desmembrando-se de
São Feliz. Sua área territorial é de 686 Km² e situa-se numa altitude de 278 metros
acima do novel do mar. A população residente no município, segundo o ultimo senso
realizado pelo IBGE é de 26.830 habitantes, sendo 14.839 na sede e 11.991, na
Zona rural. E sobre as Cenas do Cotidiano do período, Trama, Personagens e
Cenário (1864/1870), Santana. (2009, p.s 30 e 31) Diz que,
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Quanto à sua origem, a Cidade nasceu a partir de uma fazenda no inicio do século XIX. A Fazenda Curralinho, cuja sede lhe serviu de Casa-Grande deu origem ao povoado primitivo de Nossa Senhora da Conceição de Curralinho. Construída pelo capitão-mor Antonio Brandão Pereira Marinho Falcão, a Fazenda Localizava-se perto do Rio Jaguaripe, na estrada das boiadas que vinham de Minas gerais e do alto sertão da Bahia com destino a Feira de Santana. (...) A Casa-Grande ficou conhecida como sobrado de João evangelista, que faleceu ali mesmo em 1861. Hoje esse Sobrado foi restaurado e tombado pelo patrimônio histórico estadual (IPAC). Essa mesma construção abrigou por seis meses o Poeta Castro Alves, quando escreveu 13 dos seus poemas entre os meses de fevereiro e julho de 1870. Dentre os poemas por ele escritos, encontra-se “O hospede” Dedicado a Leonidia Fraga e “Aves de Arribação” inspirado nas andorinhas que voavam em bando nos horizontes do sertão (...) Nesse mesmo sobrado nasce em 02 de abril de 1847, Dionísio Evangelista de Castro Cerqueira, primo de Castro Alves e que mais tarde, em viturde de sua participação e excelente desempenho militar na guerra do Paraguai, por ato de bravura, foi promovido a alferes, depois a 1º tenente, capitão, chegando mais tarde ao posto de General. Foi comandante da Escola Militar de Porto Alegre e no Governo do Presidente Prudente de Morais (1891 a 1898) o General Dionísio Cerqueira foi ministro das relações exteriores, ocupando depois o Ministério da aviação e o ministério da Guerra. Este grande Homem é filho deste solo de Castro Alves, nossa pátria mãe Gentil.
Na Europa, o capitalismo surgiu no interior da sociedade Feudal. Nos E.U.A,
ele surgiu numa sociedade formada por pequenos e médios proprietários rurais. No
Brasil e na América Latina, o capitalismo se desenvolveu numa sociedade
baseada no latifúndio e no trabalho forçado de negros e índios. Os intelectuais
acreditavam que o fim da escravidão abriria o caminho para o capitalismo e, junto
com ele, viria a indústria, a urbanização, a ciência, o progresso o próprio exercito
tinha voltado da guerra do Paraguai (que tinha terminado em 1870) com idéias
abolicionistas. Brancos e negros, livres e cativos, todos tinham lutado lado a lado.
Como aceitar agora que o companheiro de farda, o homem que havia saldado sua
vida, fosse acorrentado como um bicho? O exercito disse não! E quando os
fazendeiros sugeriam que o exercito perseguisse escravos foragidos, os generais
responderam que o exercito perseguisse escravos foragidos, os generais
responderam: “Soldado do exercito brasileiro não é capitão-do-mato”. Esta parceria
no exercito, é muito bem lembrado, por Salles (1990. os. 116 e 117) Diz que,
Dionísio Cerqueira, um voluntário de primeira hora, um voluntário de primeira hora, relata em seu interessante Reminiscências da Campanha do Paraguai, sua apresentação como voluntário do exercito (ainda não havia sido criados os corpos de voluntários da Pátria). “A 2 de Janeiro (...) Apresentei-me no Quartel – General para assentar praça como voluntário do exercito”.
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Levaram-me à presença. Do menor Eslebão, da repartição do ajudante-general. E, se bem recordo, secretario do general Caldwell. (...) Perguntou-me em tom áspero: - Quer assentar praça? - Sim, Senhor. - Para Estudar? - Não, Senhor, para ir para a guerra lançou-me um olhar de pouco caso e disse a Um Negro alto, de olhos vermelhos, que estava perfilado na entrada da sala: - Cabo, leva este homem para ser inspecionado. (...) Um mês depois, Dionísio Cerqueira embarcava, com outros praças da Bahia e de batalhões chegados da Bahia, para Montevidéu.
É preciso dizer que: No Nordeste, formas de trabalhos livre eram pré-
capitalistas. Afinal, os salários contribuíam pouco para a sobrevivência do
trabalhador. Seus ganhos vinham de outras fontes, como permissão par o uso de
terrenos para aqueles trabalhadores, mercado e dinheiro ainda não eram muito
importantes. Mas para o fazendeiro eram. Historiadores críticos concluíram que esta
parceria e o colonato, pois não era um sistema puro de trabalho assalariado porque
na fazenda o trabalhador tinha outras fontes de sobre trabalho livre e assalariado. O
trabalho não era individual, como no capitalismo, mas familiar. Os investimentos em
maquinas e tecnologia, visando poupar tempo de trabalho (essência do capitalismo),
ainda eram muito reduzidos. E a coação Física que chega a lembrar mais uma forma
de trabalho servil do que de um trabalho livre. Há meio século, alguns historiadores
interpretaram essas relações como uma espécie de feudalismo brasileiro, o que é
duvidoso: o trabalho era livre e grande parte da produção ligava-se ao mercado,
inclusive ao capitalismo internacional, pois na década de 1880, ainda havia muitos
escravos nos cafezais paulistas, apesar da quantidade de imigrantes trabalhando.
No livro-Trabalho-livre, Trabalho-escravo: Brasil e Europa, século XVII e XIX,
Libby (2006, pags. 12 e 13) diz que,
(...) Fica cada vez mais claro que a História dos escravos do novo mundo e a dos trabalhadores Europeus estão “Emaranhadas”, não apenas por meio das redes internacionais de comércio, mas também de variadas formas de intercambio cultural. Também, a distinção entre trabalho “livre” e trabalho “não livre” foi construída, em grande parte, em função dos debates Abolicionistas do inicio do século XIX. (...) inversamente, as visões européias da cidadania influenciaram vários tipos de protestos no Brasil (revoltas liberais e de independência), os participantes escravos nestes protestos tendiam a ser artesãos urbanos, enquanto as revoltas de escravos rurais se baseavam mais em precedentes africanos. (...) há duas maneiras de resolver este dilema. A primeira já sugerida é a análise das ligações globais entre narrativas antes consideradas distintas. A segunda é expandir os parâmetros da comparação. Esta expansão constitui o segundo fundamento para a comparação do trabalho escravo e
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livre. (...) inicia-se com a análise de dois tipos de trabalho teoricamente distintos (livre na Europa e escravo no Brasil), ou seja, a comparação de dois tipos idéias. É a comparação entre a sociedade escravista por excelência e a sociedade do trabalho livre (...) os pontos de comparação deverão envolver as estratégicas de controle de senhores/empregadores, estratégias de acomodação e resistência de escravos/empregados, bem como as relações entre escravos e trabalhadores livres. A conjugação de ocupação, gênero, religião e etnicidade nestas varias relações e as diferenças entre o Brasil e a Europa serão pontos centrais da comparação.
Um diálogo entre dois discursos como também uma distinção entre o trabalho
“livre” e trabalho “não livre”, a comparação posta a seguir, no entanto é
significativamente distintos, direcionado para uma História do trabalho
verdadeiramente global é a comparação da sociedade escravista com a
sociedade do trabalho livre.
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3 – CONCLUSÃO
A História do Trabalho e o estudo da escravidão no Brasil comprovam que
são falsas as dicotomias entre escravidão e liberdade, pois existem continuidade e
rupturas na formação política e social do Brasil moderno, temos que compreender os
postulados estruturantes mais amplos que envolvem essas alternativas: Escravidão
versus capitalismo e o contraste entre relações de trabalho escravista
assalariadas entendidas como “modernidade”. Os negros nunca aceitaram a
escravidão, eles aceitaram-se como os trabalhadores de hoje fazem com suas
escravização econômica pelo trabalho assalariado, ou seja, com revoltas continuas.
Fazendo uma comparação entre o regime escravista colonial á sua versão
contemporânea em Castro Alves, no Brasil, temos: 1) Na antiga escravidão, a) a
propriedade legal era permitida, b) o custo a de aquisição de Mão de obra alto. A
riqueza de uma pessoa podia ser medida pela quantidade de escravos, c) os lucros,
eram baixos havia custo com os escravos d) Mao de obra escassa, dependia de
trafico negreiro prisão de índios ou reprodução, e) relacionamento longo durava a
vida inteira do escravo e até a de seus descendentes, f) diferenças étnicas
relevantes, g) manutenção da ordem, com ameaças, violência psicológica, coerção
física, punições exemplares e até assassinatos.
2) Na nova escravidão, a) a propriedade legal é proibida, b) o custo de
aquisição de Mao de obra, muito baixo não há compra de escravos e as vezes se
casta apenas com transportes, c) lucros altos. Se alguém adoece, pode ser
mandado embora, d) mão de obra descartável. Há grande contingente de
trabalhadores desempregados e os escravos são baratos, e) relacionamento curto.
Terminado o serviço, ele não é mais necessário, f) diferenças étnicas rouco
relevantes, qualquer pessoa pobre ou miserável pode se tornar escrava, g)
manutenção da ordem, com ameaças, violência psicologia, coerção física, punições
exemplares e até assassinatos (Fonte: Agencia de noticia repórter Brasil,
baseado no livro: Gente descartável: A Nova Escravidão na Economia Mundial
de Kevin Bales) Assim respondemos o problema: No processo histórico da
evolução do capitalismo no Brasil, quais foram os principais sujeitos da
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transição do trabalho “escravo” para o trabalho “livre”, como estratégia e
resistência política e cultural (1864/1870)?
Conforme Salles (1990, Pag. 74 e 75) diz que,
(...) a presença dos escravos como voluntario da pátria e Heroi Nacional, assim mesmo, com as maiúsculas que o respeito da época lhe conferia, contribui para minar a estrutura social escravista, ao ser uma manifestação da contradição entre a estrutura político – jurídica liberal do império e sua base escravocrata. (...) uma interessante Litografia de Ângela Agostini, sob o titulo “De Volta do Paraguai!”, mostra um soldado que, no retorno para casa, Vê horrorizado sua mãe, no tronco, sendo chicoteada por um feitor. A ilustração traz ainda a seguinte legenda: “cheio de gloria coberto de louros depois de ter derramado seu sangue em defesa da Pátria e libertado um povo da Escravidão, o voluntário volta ao seu país natal para ver Mãe amarrada a um tronco! Horrível realidade!...
Isto é a realidade do trabalho e resistência dos negros/negras durante o
período da escravidão no Brasil, e por consequente em Castro Alves, na Bahia,
região, que segundo o IBGE (instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) de
acordo com a lei nº 5878, de 11 de maio de 1973: Anteriormente habitada pelos
índios Sabujas e Carriris, descendente dos Tupinambás. De inicio no século XVIII,
com donatário, João evangelista de Castro Tanajura incumbido o capitão-mor
Antonio Brandão Pereira Marinho Falcão de construir a Fazenda Curralinho, cuja
sede lhe serviu de Casa – Grande – Senzala, dando origem ao povoado primitivo
de Nossa Senhora da Conceição de Curralinho, a fazenda localizava-se perto do
Rio Jaguaripe, na estrada das boiadas que vinham de Minas Gerais e do alto sertão
da Bahia com destino a Feira de Santana no dia 02 de julho de 1870, quando da
sacada do sobrado, durante o cortejo cívico que passava ali em frente rumo á cidade
cachoeira para a batalha final que expulsaria os Portugueses e consolidaria de fato a
independência do Brasil, Castro Alves, o poeta, ao ver o cortejo, começou a recitar a
monumental composição Lírica “Ode ao Dous de Julho”. Mais tarde, em 1900/1910
em homenagem ao poeta Antonio Frederico de Castro Alves, o município recebeu o
nome de Castro Alves, um símbolo da libertação dos escravos.
17
REFERÊNCIAS
FOUCAULT, Michel. Microfisica do poder. Rio de Janeiro edições graal, 1979.
LIBBY, Douglas Colle. Trabalho livre, trabalho escravos Brasil e Europa, séculos
XVII e XIX. São Paulo: Annablume, 2006.
SODRÉ, Muniz. A verdade seduzida – por um conceito de cultura no Brasil. Rio
de Janeiro: 2005.
SANTANA, Eddy. Rafael Jambeiro: sua História e seu povo – Salvador, 2009.
SALLES, Ricardo. Guerra do Paraguai: escravidão e cidadania na formação do
Exército. Rio de Janeiro: paz e terra, 1990.
SCHWARCS, Lilia Moritz, O Espetáculos das Raças: Cientistas, Instituições e
Questão Racial no Brasil – 1870 – 1930: São Paulo: companhia das letras 1993.
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APÊNDICES
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ANEXOS
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Relação de escravos
pertencentes à família
Castro Tanajura,
residente no município
de Curralinho 1887.
Placa de reconhecimento
pelo Governo do Estado
da Casa Grande Senzala
da vila de Curralinho,
atual Castro Alves.
Feira Livre de
Curralinho em frente
da Casa Grande
Senzala.
23
anexo
Documentos de propriedades dos
Donatários de Curralinho. Ano 1883.
Fonte: Arquivo Morto da época da
escravidão da Vila de Curralinho
atual Castro Alves, anexo ao Fórum
Desembargador Clóvis Leoni.
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