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Superior Tribunal de Justiça
MEDIDA CAUTELAR Nº 17.108 - RN (2010/0123663-5)
RELATOR : MINISTRO ADILSON VIEIRA MACABU (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/RJ)
REQUERENTE : FRANCISCO HONÓRIO DE MEDEIROS FILHO ADVOGADO : FELIPE MACEDO DANTAS E OUTRO(S)REQUERIDO : ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE
DECISÃOVistos etc.
Trata-se de medida cautelar, com pedido liminar, ajuizada por
FRANCISCO HONÓRIO DE MEDEIROS FILHO, com o objetivo de emprestar efeito
suspensivo a recurso ordinário em mandado de segurança, interposto contra
acórdão do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Norte, que denegou a
segurança, em acórdão assim ementado, litteris :
ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA. MULTA
ADMINISTRATIVA APLICADA PELO TRIBUNAL DE CONTAS.
PRELIMINAR DE DESENTRANHAMENTO DAS INFORMAÇÕES
APRESENTADAS PELO PRESIDENTE DA CORTE DE CONTAS POR
APÓCRIFAS. REJEIÇÃO. PRELIMINAR DE ILEGITIMIDADE PASSIVA
DAS AUTORIDADES APONTADAS COMO COATORAS.
ACOLHIMENTO. DESCUMPRIMENTO POR SECRETÁRIO DO
MUNICÍPIO DE DILIGÊNCIA REQUERIDA PELA CORTE DE CONTAS.
PREVISÃO LEGAL. NATUREZA COERCITIVA. APLICAÇÃO.
FORMAÇÃO DO CONTRADITÓRIO ''A POSTERIORI". INTELIGÊNCIA
DO ART. 71, IX , 75, DA CF, 102, II, "E", 83, I E II E 97 TODOS DA LC
121/94. AUSÊNCIA DE DIREITO LÍQUIDO E CERTO. DENEGAÇÃO DA
SEGURANÇA.
A imposição de multa administrativa é ato emanado do Colegiado de
Contas, representado por seu Presidente. Ilegitimidade de Conselheiro
relator para figurar como autoridade coatora.
Considera-se legítima a imposição de multa administrativa por infração
aos prazos de cumprimento de diligências, eis que aplicada no âmbito da
competência constitucional do Tribunal de Contas do Estado, assim
como dotada de previsão legal.
A multa-coerção consubstancia mecanismo hábil a assegurar o
cumprimento da obrigação pública, de forma a inibir que o administrador
público descumpra, por reiteradas vezes, o prazo normativo, sendo o
contraditório instaurado "a posteriori".
Considera-se legítima a imposição de multa administrativa por infração
Documento: 13669328 - Despacho / Decisão - Site certificado - DJe: 04/02/2011 Página 1 de 3
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aos prazos de cumprimento de diligências, eis que aplicada no âmbito da
competência constitucional do Tribunal de Contas do Estado, assim
como dotada de previsão legal.
A multa-coerção consubstancia mecanismo hábil a assegurar o
cumprimento de obrigação pública, de forma a inibir que o administrador
público descumpra, por reiteradas vezes, o prazo normativo, sendo o
contraditório instaurado "a posteriori".
Sustenta restarem presentes os requisitos ensejadores da
concessão da medida ora pleiteada.
Quanto ao fumus boni juris aponta, em síntese, que esta Corte já
externou entendimento de que em processo administrativo, no âmbito do Tribunal
de Contas, o prazo para defesa deve ser prévia à aplicação da sanção de multa, do
contrário tal ato deve ser anulado.
No que diz respeito ao periculum in mora, afirma ser o dano
iminente e de impossível reparação, porque, tal sanção pecuniária poderá ser
descontada, de imediato, da sua remuneração de servidor público, bem como existir
a possibilidade de ser punido com mais trinta e seis execuções fiscais a ser
promovida pelo Estado do Rio Grande do Norte.
É o relatório.
Decido.
Com efeito, não se desconhece existirem precedentes no sentido da
pretensão deduzida no recurso ordinário em trâmite. Entretanto, a matéria debatida
na origem não coaduna com a tese cujo o entendimento desta Corte já se encontra
pacificado, de que no processo administrativo realizado por Tribunal de Contas a
aplicação da multa só pode ser imposta se obedecidos, previamente, os princípios
constitucionais da ampla defesa e contraditório.
Compulsando os autos, verifico que na origem foi debatido o tema
referente à suposta violação do princípio constitucional do devido processo legal e
seus desdobramentos (fls. 404/405). O Tribunal 'a quo ' entendeu que o recorrente
foi notificado do inteiro teor e foi-lhe facultado prazo para interpor recurso ou
requerer a reconsideração e somente após tais trâmites, é que ocorrera a citação
para satisfação da dívida objeto da demanda.
Desta forma, não se mostra subsistente a arguida nulidade por
pretensa falta de defesa preliminar, mormente diante da afirmação das instâncias
ordinária no sentido de que não houvera demonstração de prejuízo, tendo sido
Documento: 13669328 - Despacho / Decisão - Site certificado - DJe: 04/02/2011 Página 2 de 3
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exercida a ampla defesa e o contraditório pelo recorrente.
Nesse contexto, vê-se que a hipótese delineada nos autos não
encontra respaldo na jurisprudência desta Corte Superior de Justiça e, portanto, o
requisito do fumus boni juris não resta evidenciado na presente medida.
Ante o exposto, indemonstrada a plausibilidade das razões
recursais, INDEFIRO a liminar.
Dê-se vista ao Ministério Público Federal.
Publique-se.
Brasília (DF), 1º de fevereiro de 2011.
MINISTRO ADILSON VIEIRA MACABU (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/RJ)
Relator
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