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Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXXIX Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – São Paulo - SP – 05 a 09/09/2016
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Justin Bieber em três fases: as fachadas retratadas nas capas das revistas Billboard e
Capricho entre 2010 e 20161
Gabriel CALVINO2 3
Rafael GROHMANN4
Faculdade Cásper Líbero, São Paulo, SP
Resumo
Esse artigo analisa, a partir do conceito de fachada em Goffman, as capas das revistas
Capricho e Billboard, relacionadas ao cantor Justin Bieber, entre 2010 e 2016. Com isso,
mostramos de que maneiras a mídia colabora para a construção da imagem de celebridades,
bem como seus impactos na forma como é dada a notícia, nas palavras utilizadas, nas cores
e formatos e até nas poses dos artistas em fotografias. Justin Bieber, nesse período, transitou
por três fases distintas em sua vida e, por isso, teve alterações significativas na maneira como
era retratado pela mídia, no geral.
Palavras-chave: Justin Bieber; Capricho; Billboard; fachada; enquadramento.
Introdução
Justin Bieber é considerado hoje um dos maiores nomes da música pop internacional.
Nascido no Canadá, em 1º de março de 1994, ele alcançou o sucesso com o hit “Baby”,
lançado em 2010. O menino com então 16 anos ganhou fama rapidamente em todo o mundo.
O estrondoso sucesso chamou a atenção da mídia mundial e de todos que estavam
interessados em mostrar um pouco mais sobre o jovem cantor. Os segmentos que mais
davam atenção para a carreira de Bieber eram os veículos voltados ao cenário musical e ao
público adolescente.
Ao longo desses seis anos de carreira, Justin Bieber foi destaque nas mídias por
diversos motivos. Começou com a fase infantil, chamando a atenção do público para o seu
talento musical; passando pelo momento rebelde, e atualmente, na terceira fase, superou as
adversidades da fase anterior, com seu novo álbum “Sorry”.
Para entender essas mudanças de fachadas e diferentes enquadramentos que foi dado
ao astro teen, fizemos uma análise das revistas Capricho e Billboard entre 2010 e 2016. A
primeira se utiliza de um enfoque jovial, do cotidiano das celebridades, proporcionando um
1Trabalho apresentado na Divisão Temática de Jornalismo, da Intercom Júnior – XII Jornada de Iniciação Científica em
Comunicação, evento componente do XXXIX Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação. 2Estudante de Graduação 2º. ano do Curso de Jornalismo da Faculdade Cásper Líbero, email: gabriel.calvino96@gmail.com 3Também colaboraram nesse trabalho: Caroline Sassatelli, Fernanda Silva, Gustavo Martini, Giovanna Sutto e Lucas
Herrero. 4Orientador do trabalho. Professor do Curso de Jornalismo da Faculdade Cásper Líbero, email: rafael-ng@gmail.com
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enquadramento mais social da vida do astro, enquanto a segunda é voltada para o mundo
musical em si, recortando e selecionando acontecimentos voltados a essa temática.
1. Fachada individual e a figura pública
O sociólogo Erving Goffman (2002) explicita em sua obra os fatores preponderantes
nos menores processos de interação social - entre eles, o fenômeno da “fachada”, inserida
na microssociologia. Segundo ele, para compreender as grandes ações e atitudes das figuras
públicas, é necessário analisar os pequenos eventos, os quais não são representados nas capas
de revista, porque, afinal, chamam menos atenção do público. De acordo com o sociólogo,
esses acontecimentos dentro do micro campo revelam grandes estruturas no macro campo.
O macro se dá na repetição de padrões e da forma como a personalidade se revela
para a humanidade. Isso seria a fachada especificada por Goffman, pois os padrões são
inconscientes, mas existem no nível social, ou seja, no nível macro. Goffman (2002, p.69)
diz. “Fachada, portanto, é o equipamento expressivo de tipo padronizado intencional ou
inconscientemente empregado pelo indivíduo durante sua representação”.
Essa ferramenta subjetiva teria o objetivo de inserir o indivíduo na sociedade, pois
ele acredita que o homem sempre precisa de aceitação. Os homens fogem dos atritos sociais
e, por isso, utilizam-se de estratégias para anular o exercício da racionalidade e exaltar a
agradabilidade da vida. Em linhas gerais, muda-se a fachada, causa-se constrangimento, uma
vez que toda fachada vem acompanhada de um plano de fundo. (GOFFMAN, 2002)
Mas e se esse aborrecimento for o objetivo do indivíduo que o promove? A execução
de tal estigma causa uma marca na pessoa e a afasta do grupo social. Tratando-se de uma
figura pública, como as celebridades, esse tipo de atitude gera o distanciamento dos seus fãs,
ou da sua plateia, como diria Goffman:
A plateia percebe mistérios e poderes secretos por trás da representação e o ator sente
que seus principais segredos são insignificantes. Como demonstra um sem-número
de contos populares e de ritos de iniciação, frequentemente o verdadeiro segredo por
trás do mistério é que realmente não há mistério. O problema real consiste em evitar
que o público também aprenda isso. (GOFFMAN, 2002, p. 69).
Tal distanciamento geralmente é proposital, tanto para isolar os fãs de sua vida
particular quanto para gerar maior visibilidade ao produtor da ação. Esses atos midiáticos,
além disso, costumam ser enquadrados baseando-se em aspectos subjetivos do ser que a fará.
2. Enquadramento jornalístico e as celebridades
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Além de abordar a arte da encenação, o sociólogo também fez apontamentos a
respeito dos enquadramentos feitos pelos indivíduos. O conceito de enquadramento foi
falado inicialmente por Erving Goffman no livro “Frame Analysis”, em 1974. Segundo o
sociólogo canadense, esse conceito leva em conta o repertório individual de cada ser.
Goffman explicita seu pensamento do seguinte modo:
Parto do princípio de que as definições de uma situação são construídas de acordo
com princípios de organização que governam eventos – pelo menos os sociais – e o
nosso envolvimento subjetivo neles; enquadramento é a palavra que eu uso para
referir-se a um destes elementos básicos, tais como sou capaz de identificar. Esta é
minha definição de enquadramento. Minha expressão análise do enquadramento é
um slogan para referir-me, nesses termos, ao exame da organização da experiência.
(GOFFMAN, 2006, p. 11 apud CARVALHO, 2009, p. 4)
Essa conceituação pode ser aplicada em diversos setores tais como o jornalístico.
Noticiar algo consiste em selecionar aspectos e julgá-los, baseando-se em um repertório
individual e visando alcançar um objetivo específico, aptos a entrarem em determinada
matéria. Posteriormente, esses tópicos serão enquadrados, isto é, organizados, para então
serem publicados. Por levar em conta a subjetividade do escritor que fará aquela notícia, as
informações enquadradas apresentam mais peso que a própria realidade, pois, geralmente,
os quadros apresentam ideologias.
Por esse motivo, as celebridades tomam um extremo cuidado com as informações
que são veiculadas sobre elas na imprensa, no geral, para evitar ruídos comunicacionais, uma
vez que elas, usualmente, dependem dessas notícias para manter sua visibilidade.
Paula Guimarães Simões (2011) explicita essa capacidade da mídia de afastar ou
manter nela certas figuras. Ela afirma que a mídia define nossas orientações que temos das
coisas e dessa maneira, também molda os comportamentos das celebridades e dos seus
seguidores. Ela afirma:
Ao enquadrar a vida das celebridades e definir o que está ocorrendo em cada situação
que constrói a trajetória delas, a mídia delimita figura e fundo, colocando relevo
sobre uma forma de compreender a situação, de tornar inteligível o evento em
questão. Ao fazer isso, a mídia define os lugares e posicionamentos (footings) a
serem assumidos pelas celebridades e pelas pessoas ligadas a elas e que participam
de alguma forma da situação descrita e narrada pelos meios. (SIMÕES, 2011, p. 7)
Ela ainda completa dizendo que ao analisar a trajetória de uma personalidade, é
possível identificar vários quadros delas, e, ao modificá-los, há alterações em seu
comportamento. Por essa razão, pode-se aferir que a mídia apresenta um papel de
protagonista frente às mudanças das celebridades, já que ao alterar seu enquadramento sobre
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algo, modifica-se também a conduta desses personagens midiáticos. As revistas, como um
dos exemplos de mídia, também contribuem para essa construção imagética das celebridades
e sua modificação.
3. As revistas como veículos de comunicação
As revistas, com linguagem visual e textual, comunicam-se com grupos específicos
atraídos pelo conteúdo e estilo de cada veículo. Sob essa perspectiva, uma revista para
sobreviver no mercado editorial funciona por meio de um contrato que, conforme apontado
por José Luiz Aidar Prado (2010), estabelece um enunciador cujo papel é enquadrar
determinado assunto e um enunciatário que, a partir do que diz o enunciador, procurará ser
melhor dentro daquele quadro do qual faz parte. É como se uma publicação servisse como
guia a um determinado tipo de leitor que procura se integrar cada vez mais dentro de um
segmento.
Seguindo esta linha de pensamento, títulos como a “Capricho” ou a “Billboard” são
exemplos de revistas segmentadas que possuem, cada uma, seu público alvo – que estão
dispostos a manter seu papel de enunciatário dentro do contrato da comunicação. O fato de
uma revista ser, entre outras coisas, um produto deve ser analisado com a devida atenção
para que se possa entender o mecanismo que garante a comunicação. Conforme já dito
anteriormente, um veículo precisa sobreviver no mercado editorial e, para isso, precisa
manter seus leitores interessados em suas publicações. Para tanto, as revistas fazem uso de
dispositivos por meio dos quais a elaboração das capas acaba servindo, como coloca Prado,
de convocador, que visa capturar a atenção e a fidelidade de seu público alvo a partir de
elementos que causem identificação. Segundo Prado:
Aqui se coloca o cerne do que mais tarde consistirá o dispositivo na obra de
Agamben: a relação dos indivíduos com o elemento histórico. Nesse sentido, o
dispositivo se liga a “um conjunto de práticas, corpos de conhecimentos, medidas e
instituições que visam administrar, governar, controlar e orientar – de um modo que
pretende ser útil – os comportamentos, gestos e pensamentos dos seres humanos”
(Agamben: 12). Sendo assim, os media são dispositivos convocadores e orientadores
de ação de primeira ordem no capitalismo contemporâneo. (PRADO, 2010, p.68)
Pelo uso dos dispositivos procura-se fazer com que as revistas sejam vendidas dentro
do mercado capitalista. Primeiro o leitor se interessa pela capa (há a convocação) e, depois,
ele compra o produto para ler o conteúdo. Em ambas essas fases, seja através de imagens
e/ou texto, há comunicação entre o público alvo e o veículo. Nesse mercado editorial ao qual
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as revistas fazem parte, o mundo das celebridades e os demais assuntos voltados à cultura
pop recebem maior enfoque dessas mídias, uma vez que apresentam maior apelo comercial.
4. Cultura pop e celebridades
Estar na mídia é estar sujeito a julgamentos quase que constantemente – seja de forma
mais restrita, tal como uma rede social, ou mais abrangente, como estar na capa de uma
revista. Para uma celebridade, este fato é percebido e trabalhado com ainda maior cuidado.
Assim que uma notícia é veiculada, valores positivos ou negativos são atribuídos a ela e essa
classificação depende do grupo social que realizará a análise da notícia veiculada.
Exatamente, por isso, ou seja, por apresentar um alcance massivo, a cultura pop é idealizada
junto com o interesse social.
Fianco explicita isso na sua obra. Segundo ele, “a mercadoria cultural é, então, uma
atividade industrial que tem como finalidade primeira o lucro, e como consequência
secundária o embotamento espiritual dos espectadores” (FIANCO, 2010, p.14). Assim
sendo, é necessário, muitas vezes, que o artista se recrie. Na sociedade atual, as tendências
se modificam vertiginosamente e, visando acompanhá-las, é necessário que o artista também
mude a sua imagem perante a sociedade e, principalmente, perante seus admiradores.
As diversas mutações que acontecem durante a carreira desta figura pública podem
ocorrer no estilo de vestimentas ou na mudança das atitudes e de postura, por exemplo.
Embora algumas dessas modificações aconteçam de maneira não premeditada - como as
ocorridas devido às transições de fases da vida - outras são propositais visando adquirir
visibilidade midiática. Como algumas atitudes e o próprio estilo do artista já estão adaptados
ao público, profissionais dedicados à imagem reveem conceitos e recriam uma nova persona
para uma nova aceitação dos expectadores.
De acordo com Rodrigues, “isso revela uma faceta um tanto comercial desse sistema:
quanto mais flexíveis eles forem, mais público atrairão, construindo assim um legado
memorável” (RODRIGUES, 2015, p.2). Para o autor, “são poucos os cantores que não
tentam uma nova abordagem, portanto alguns deles alteram sua sonoridade, seu visual, seus
discursos, suas performances, etc. Afinal, os gostos da grande massa são dinâmicos e mudam
o tempo todo” (RODRIGUES, 2015, p.2). Sendo assim, como as celebridades são muito
voláteis e precisam se manter na mídia, são obrigas a se adaptar às questões exigidas por
determinado público e/ou período. Justin Bieber é um exemplo, dentre os vários, de
celebridades polêmicas em que isso pode ser aplicado, e, por essa razão, ele vai ser
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destacado. Bieber transitou por três fases distintas entre si na sua carreira em um curto
período de tempo, mudando não só os conteúdos das suas músicas como seu próprio estilo.
Isso mostrou ao público as personalidades divergentes do cantor o que, de certo modo,
aproximou-os.
5. Análise
Visando analisar essas interpretações midiáticas e do comportamento das
celebridades faladas acima, foram escolhidos dois veículos – a Billboard e a Capricho – que
se distanciam na abordagem do mundo musical por uma série de motivos. O primeiro ponto
a ser considerado é a nacionalidade dos conteúdos. A revista Billboard é estadunidense, e,
por isso, traz o pensamento e as ideologias norte-americanas sobre as atitudes do cantor. Já
a Capricho é produzida no Brasil, país fortemente atingido pelas tendências culturais
estrangeiras. Em outras palavras, justamente por ambas as revistas estarem imersas em
culturas diferentes entre si, suas abordagens serão, consequentemente, distintas.
O segundo motivo é o público alvo, uma vez que a Billboard foca suas publicações
nos jovens e adultos, fazendo uma abordagem mais conceitual e objetiva. A publicação
brasileira tem como prioridade o público jovem, com abordagem mais visual. Tanto o
editorial americano - que tem como foco a música - quanto a brasileira - que se interessa por
uma gama mais vasta de assuntos da atualidade - recebem destaque nos meios teen e musical
e são importantes para a formação da opinião pública.
Para mostrar os diferentes discursos midiáticos em uma mesma celebridade, o cantor
canadense Justin Bieber merece ser destacado. Como falado acima, o jovem apresentou três
padrões de comportamentos diferentes entre si (que serão explicitados posteriormente) muito
impulsionados pela mídia. Essas atitudes causaram consequências negativas para a sua
imagem e elas transpareceram nas capas e nas notícias dadas pelos veículos.
Mas, analisar somente o conteúdo das capas é sintomático, até porque é o primeiro
recurso das editoras para atrair os possíveis compradores. Roland Barthes, em sua seção “A
Mensagem Fotográfica”, no livro “O Óbvio e o Obtuso” (2009), averiguou a intenção da
imprensa ao veicular certos tipos de imagens, afinal, “a fotografia de imprensa é uma
mensagem. A totalidade dessa mensagem é constituída por uma fonte emissora, um canal de
transmissão e um meio receptor”. (BARTHES, 1990, p.11)
Ou seja, segundo Barthes, a emissão e a recepção da fotografia fazem parte de uma
esfera maior, que estuda os grupos humanos e lhes define motivações. Por tentar ligar o
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comportamento do estrato social à sociedade em sua totalidade, a imagem não é um resultado
isolado de outra operação, e sim, de toda uma seleção, uma interpretação e um significado
já pré-definidos pelas revistas. Tudo é pensado, desde a cor de fundo da imagem à sua pose
- ângulo do rosto do personagem e expressões faciais.
As duas estruturas da mensagem ocupam espaços reservados, contíguos, mas não
"homogeneizados", como, por exemplo, num enigma figurado que funde numa só
linha a leitura de palavras e figuras. E também, muito embora não haja foto de
imprensa sem comentário escrito, a análise deve incidir primeiro sobre cada estrutura
separada; é só quando se tiver esgotado o estudo de cada estrutura que se poderá
compreender a maneira como se completam. (BARTHES, 1990, p.12)
Portanto, para chegarmos a uma análise do conjunto, abordaremos cada um dos
elementos que compõe a imagem de capa das revistas separadamente e, desse modo,
perceber como o todo se relaciona à fachada midiática do cantor canadense.
5.1. Baby: Análise das capas da Billboard e da Capricho, entre anos de 2010 e 2013
Para a análise, achamos pertinentes os conceitos abordados por Barthes (1990) e a
noção de fachada em Goffman (2002). Eles nos auxiliam a compreender os efeitos de sentido
dos discursos das revistas em relação ao ídolo Justin Bieber.
Como já falado anteriormente, o cantor iniciou a carreira em 2007 ao ser assistido
por Scooter Braun, ex-executivo de marketing da “So So Def Records”. Em menos de dois
anos, o menino passou do anonimato para a fama, com a gravação do primeiro álbum
“Extended Play My World”, quando mostrou ao mundo canções, que ficariam
internacionalmente conhecidas, como “Baby”, seu maior sucesso, “Never Let you Go” e “U
Smile”.
Figura 1 – Ed. Março 2010 - Billboard Figura 2 – Ed. 1115 - Capricho Figura 3 – Ed.1088 – Capricho
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Seu talento musical e a imagem de garoto teen, existente até o final de 2012,
contribuíram para a sua fama e a rápida ascensão no meio musical. Bieber, na época,
proporcionou uma revolução na moda, ao ditar tendências de comportamento e de estilos
entres os adolescentes. O de maior alcance foi o cabelo liso com franja comprida em cima
da testa. Diante dessa rápida aceitação e adesão no meio adolescente, as revistas também
tentaram entender e abordar esse fenômeno.
Na capa da Billboard, edição de março de 2010, Justin Bieber é representado como
um garoto inocente, tímido, mas igualmente sério e decidido, simbolizado ainda mais pelo
rádio em primeiro plano que está segurando, como se a música fosse mais importante que a
figura dele – até então, em construção. A frase na capa “Ele tem 16 anos e está prestes a sair
de fenômeno para estrela. Ele está preparado?”5 colabora para potencializar a inocência do
menino, já que, com pouca idade, tem que enfrentar todas as consequências da vida de um
superstar. Além disso, essa frase colabora para trazer uma empatia do leitor. Essas evidências
são ainda mais certificadas, com o fundo azul claro, remetendo a calma e tranquilidade,
evidenciando ainda mais o caráter de garoto infantil.
Já no caso da revista Capricho, na edição de número 1115, Justin Bieber aparece ao
lado de Selena Gomez, cantora e ex-namorada do astro. Nessa capa, predominam as cores
amarelo e roxo, opostas e complementares no círculo de cores. De certa forma, pode-se
pensar que ambos os artistas são opostos complementares e simultaneamente a isso, as cores
deixam a capa ainda mais com um toque de adolescente.
Essas cores passam uma informação específica para os expectadores. Luciano
Guimarães (2003) explicita que as cores no jornalismo também apresentam a capacidade de
transmitir uma comunicação específica, o que ele nomeou de cor-informação. Segundo o
autor,
considera-se cor como informação todas as vezes em que sua aplicação desempenhar
uma dessas funções responsáveis por organizar e hierarquizar informações ou lhes
atribuir significado, seja sua atuação individual e autônoma ou integrada e
dependente de outros elementos do texto visual em que for aplicada (formas, figuras,
texturas, textos, ou até mesmo sons e movimentos, como em produtos multimídia).
Quando quiser enfatizar o uso desse conceito, utilizarei o termo cor-informação.
(GUIMARÃES, 2003, p.31).
Seguindo essa linha de raciocínio, a imagem do casal aliada às cores utilizadas, por
lhe atribuir um significado, pode ser entendida como “cor-informação”. Isso pode levar o
5“He’s 16 and about to jump from phenom to superstar. Is he ready?”
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expectador a compreender essa cena como um casal em um aniversário de debutante. As
roupas nos levam a pensar em uma festa de 15 anos. Associada com a pigmentação
escolhida, essa imagem também transparece a pureza dos relacionamentos adolescentes. Isso
fica ainda mais evidente com os desenhos na capa, como o cupido e os corações, já que
ambos remetem a um diário. O cadeado, por sua vez, traz um efeito de sentido de que aquilo
está guardado dentro dos corações deles, salientando a ideia de pureza.
Na frase de capa “Eles tentam esconder, mas a gente revela os detalhes dessa amizade
colorida”, evidencia-se ainda mais o caráter teen do relacionamento, já que em vez de se
utilizar o termo “namoro”, optam pela expressão “amizade colorida”, linguagem dos
adolescentes. A expressão “a gente revela os detalhes”, nos remete a olhar dentro da
fechadura, abrir esse cadeado da capa, e mostrar a intimidade do casal, que na época, era um
dos casais mais comentados pelos veículos relacionados ao mundo pop.
Observando a última capa, terceira da esquerda para a direita, nota-se que a
“Capricho” optou por destacar Bieber numa pose que simboliza alguém com atitude
confiante. Vestindo um agasalho com gorro e puxando a abertura da roupa com as mãos, o
astro parece demonstrar estar seguro de si e não ter nada a esconder sobre sua personalidade
e jeito de ser. Sua pose casa perfeitamente com a chamada da matéria que, destacada em rosa
logo abaixo de seu nome, diz que Bieber falou em uma “conversa” com a revista sobre coisas
da sua vida pessoal e social, como “garotas”, “fama” e seu “cachorrinho”. Interessante
destacar que a chamada se dirige ao astro como “o garoto mais fofo do momento”, apelido
esse que seria posto em xeque anos mais tarde.
5.2. Bad Boy: Análise das capas da Capricho nos anos de 2013 e 2014
Figura 4 – Ed. 1198 - Capricho Figura 5 – Ed. 1194 - Capricho
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Justin Bieber entrava em uma nova fase de sua carreira. Depois do lançamento do
CD “Believe”, em 2012, o cantor não parecia ser mais o adolescente que cantava “Baby”.
Com recém-completos 19 anos, Bieber passou a se envolver em diversas situações - bem
diferentes das quais a mídia e, principalmente seus fãs, estavam acostumados a encarar. Em
2013, durante a turnê de divulgação do disco que aconteceria próximos dois anos, o artista
se envolveu em grandes polemicas, que logo tomaram as capas de revistas.
A edição 1198 da Revista Capricho, publicada no início de 2013, traz em sua
chamada: “Justin mostra o seu lado mais rebelde no melhor momento de sua carreira”, além
de uma foto do cantor com uma marca de beijo no rosto, o que significa que, apesar de ter
mudado, ele ainda é querido pelas suas fãs. O conjunto dessa capa mostra que, embora Bieber
tenha se envolvido em polêmicas, como a agressão a um paparazzi, a imprensa ainda o
considerava “uma boa influência” aos seus seguidores, retratando Justin como um cantor
mais amadurecido, principalmente em sua trajetória musical.
Quando analisamos a capa dessa edição, percebemos que existe uma tentativa de
focar no amadurecimento musical do artista. “Justin mostra o seu lado mais rebelde” acaba
sendo atenuado pelo “melhor momento de sua carreira” e com a notícia que a matéria trará
informações sobre o novo show de Bieber. Em destaque, ainda, a frase “Love Bieber”
(“Amamos o Bieber”), mostra que não havia uma preocupação com as alterações no
comportamento do músico, mas, ainda, um grande afeto pela sua imagem, evidenciado pela
cor da fonte e o coração no lugar do ponto da vogal “i”.
Na edição 1194 da Capricho, de fevereiro de 2014, o editorial questionava: “Você
conhece esse cara?”, fazendo referência às mudanças emocionais causadas na transição para
a fase adulta. Souza e Bertol explicam essas transformações em seus estudos em psicologia.
De acordo com a análise delas, a transição entre adolescência e fase adulta é dada como um
período de conflitos internos. Segundo Bertol e Souza:
a transgressão e a rebeldia são características necessárias a qualquer sujeito que,
formado nos princípios do individualismo, busca a realização do ideal de autonomia
[...]. Entretanto, essas mesmas ações são condenadas pela civilização, que as enxerga
como uma ameaça para a ordem social. (BERTOL; SOUZA, 2010, p. 835)
Tal condenação é explicitada na capa da revista. A foto do cantor em preto e branco,
por si, tem um significado eminente. O efeito retira as cores da imagem e à reduz para apenas
duas tonalidades díspares. Seu passado, azul claro e sem manchas, ficou para trás, no fundo
da imagem.
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Antes retratado como menino romântico, Bieber passou a ser considerado “bad
boy”6. A revista enfatiza isso dizendo “esqueça o Justin Bieber que conquistou seu coração”.
A frase apresenta uma ambiguidade. A primeira interpretação é de que não existe mais o
garoto que conquistou o coração das fãs. A segunda é que a frase no imperativo pede às
leitoras que “esqueçam” o antigo Bieber, já que suas atitudes não conquistarão as fãs.
A foto escolhida foi tirada no dia em que Justin Bieber foi preso em Miami. Nela, o
músico aparece com o uniforme cedido aos presos, e, embora com olhar abatido e rosto
aparentemente cansado, está com um sorriso no rosto. O semblante mostra que, ainda
estando errado, o cantor está aparentemente confortável, quiçá com suas atitudes.
É importante ressaltar que, entre os anos de 2013 e 2014, aqui referidos, a revista
Billboard não teve nenhuma capa com o Justin Bieber. A editoria da revista dá prioridade
para trabalhos que estejam sendo feitos pelos artistas e as novidades em suas carreiras e,
como neste período Bieber não lançou nenhum CD novo, a publicação não abordou o cantor
em suas capas. Outra razão possível seria que as manchetes negativas que rondavam o astro
podem ter influenciado na ausência de matérias do artista na revista Billboard, já que a
imagem negativa do artista naquele período poderia não ser interessante à editoria da revista,
fato esse que se modificaria nos anos seguintes, já que a revista passou a abordá-lo.
5.3. Sorry: Avaliação das capas da Capricho e da Billboard de 2015 e 2016
Na atual fase, fica nítida a mudança de comportamento do astro. Isso foi percebido
pela mídia, no geral, inclusive pelas duas revistas abordadas. A edição de número 127 da
revista Billboard, publicada em 14 de novembro de 2014, é um desses exemplos. Sua capa
traz a imagem de Justin Bieber exibindo uma expressão amena, praticamente, arrependida.
6Em tradução livre para o português, “menino malvado”.
Figura 6 – Ed.127 - Billboard Figura 7 – Ed.77 – Capricho Week Figura 8 – Ed. 112 – Capricho Week
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A cor roxa desbotada ao fundo da figura transmite um tom de mistério, diferentemente de
outras capas já apresentadas acima.
Para mostrar o seu lado inofensivo, nessa edição, Bieber parece perdido. A expressão
corporal dele, os braços cruzados, a camiseta regata, e a posição do corpo demonstram isso.
Importante ressaltar a questão da vestimenta, afinal em muitas capas das suas fases
anteriores, Bieber aparecia sem camiseta, com uma postura mais explosiva.
Não só a linguagem visual demostra essa mudança, a textual também. Na capa está
escrito: "O renascimento de Justin Bieber - Prodígio aos 12, astro pop aos 15, bad boy aos
20. Agora, aos 22, depois de um ‘vazio’ de dois anos nos tabloides, ele está em seu caminho
para se reinventar emocional, virtuosa e musicalmente. ‘Eu estava perto de deixar a fama me
destruir’"7, diz a capa da revista americana.
O ídolo pop sofreu uma reviravolta desde o fim de 2014, tentando consertar os
deslizes cometidos pela liberdade que a fama lhe proporcionou. Bieber parece estar tentando
voltar aos hábitos que conquistou fãs ao redor do mundo todo. O discurso adotado pelo
cantor, nesse caso acima retratado, é o da superação, constantemente utilizado na mídia para
tentar justificar uma série de erros que, somados, mancharam a imagem dessas
personalidades.
Embora essas revistas tenham objetivos finais um pouco diferentes, as produções
dialogam entre si. A Capricho Week, edição 77, de 14 de julho de 2015, reitera esse
renascimento já anunciado na Billboard de novembro. Na capa da revista brasileira, o fundo
claro tem o mesmo objetivo de apontar para essas mudanças de comportamento da produção
estrangeira. Bieber aparece com uma expressão tranquila e seu estilo mais leve e descolado.
O chapéu e a camisa passam a sensação de que o cantor sossegou da sua fase rebelde.
A revista brasileira também traz uma perspectiva de mudança para o astro, a
reviravolta na carreira e um apelo à religião na tentativa de causar uma empatia e recuperar
a imagem do músico. O uso dos termos “renascimento” e “religião” carrega a ideia de que o
primeiro foi um guia na reviravolta positiva na carreira de Bieber. É como se as revistas
dessem um eixo narrativo de que é possível continuar gostando do astro mesmo depois de
alguns erros, já que agora ele se arrependeu.
Quase um ano depois, a mesma Capricho Week, edição 112, de 15 de março de 2016,
já representa o cantor em sua fase já consolidada. O fundo permanece claro e a expressão
7“The Rebirth of Justin Bieber - Prodigy at 12, superstar at 15, punchline at 20. Now, after and 'empty' two-year tabloid
spiral, he's on his way to reinventing himself emotionally, spritually and musically. 'I was close to letting fame destroy
me'”.
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continua leve. Suas roupas mudam e agora ele aparece de terno, com uma expressão mais
madura, dando a entender que Bieber cresceu e agora sabe como agir. Junto a isso, as novas
produções e o consequente sucesso trouxeram o astro de volta para o boom da popularidade.
Nesta edição o enfoque começa a mudar, os alvos não são mais sua personalidade ou
sua vida pessoal (já que os problemas foram superados) e sim, a sua música: “Justin Bieber:
O que está rolando na nova turnê do muso”.
Só que mesmo com muita informação sobre o astro, algumas outras foram deixadas
de lado. O discurso silenciado para não ferir a imagem de Bieber poderia ter muito mais a
dizer do que a imagem de redenção passada nessa reviravolta. Quando se é uma figura
pública, a liberdade de ser quem você realmente é talvez tenha que ser medida por uma
questão de aparências.
Esse jogo de cena realizado por essa celebridade, também foi captado pelas
publicações. Ambas essas revistas procuram trabalhar com a ideia de identidade social
encontrada em Goffman (2002), isto é, a construção de uma imagem para a sociedade,
visando corresponder com as expectativas dos fãs de Bieber, em que elas tentam encontrar
padrões positivos no comportamento do menino, que se destaca em seu meio de convívio,
tornando-se dessa maneira uma de referência na vida de milhões de adolescentes.
Os jovens e as celebridades, assim como a sociedade, categorizam o mundo ao seu
redor. O artista é um dos principais alvos dessa classificação e dessa expectativa criada. Por
estar sempre em destaque, ele acaba produzindo formas de comportamento em seus fãs, e,
por isso, atitudes que fogem do senso comum têm maior repercussão. Possivelmente, isso
justifique a tentativa dos meios de comunicação de suavizar as atitudes do astro. A sua
identidade real, em outras palavras, o Bieber por trás das câmaras, o público massivo nunca
terá acesso, já que as informações veiculadas são o resultado da interpretação dos fatos pela
mídia, assim como, que as escolhas das imagens e das palavras utilizadas pelas revistas
revelam os enquadramentos da vida do cantor. Porto interpreta o conceito de enquadramento
de Goffman nessa realidade. Segundo ele,
Goffman define enquadramentos como os princípios de organização que governam
os eventos sociais e nosso envolvimento nestes eventos. Segundo o autor, tendemos
a perceber os eventos e situações de acordo com enquadramentos que nos permitem
responder à pergunta: “O que está ocorrendo aqui?”. Neste enfoque, enquadramentos
são entendidos como marcos interpretativos mais gerais construídos socialmente que
permitem às pessoas dar sentido dos eventos e das situações sociais (PORTO, 2004,
p.78)
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Seguindo essa linha de pensamento, as revistas ao noticiarem o que está acontecendo
na vida do rapaz, enquadram e interpretam esses aspectos, como Prado afirma acima,
baseando-se nas ideologias sociais, fato esse que permite ao público dar um sentido subjetivo
– não distante da interpretação social – aos eventos noticiados. A ideia transmitida nessas
interpretações dos veículos é a de que Bieber superou os problemas pelos quais passou, e
eles são normais na vida de um adolescente que tem que lidar muito cedo com a fama. Por
causa disso, nessa narrativa da superação adotada atualmente, seus erros são minimizados
em detrimento dos seus acertos.
6. Considerações Finais
É possível concluir que existe um paralelismo entre as atitudes de grandes fenômenos
da cultura pop, como é o caso do cantor Justin Bieber, e a forma como sua imagem é retratada
pelas diferentes mídias, em especial, as revistas aqui abordadas.
Justin começou sua carreira em 2010, e, ao longo desses últimos seis anos, seu
sucesso esteve vinculado ao modo como suas atitudes eram retratadas. Inicialmente, ele era
o menino prodígio da música, e a mídia no geral, salientava essa imagem no jovem astro.
Conforme foi crescendo, suas atitudes passaram a ser questionadas foram tomando conta dos
tabloides, sites e revistas do mundo pop. O garoto passou a ser visto pela imprensa como um
símbolo de rebeldia e constantemente envolvido em polêmicas.
Com o lançamento de seu CD mais recente, em 2015, Justin voltou aos holofotes,
mas por um novo motivo - ele agora era visto pela mídia como um homem arrependido, que
pedia o perdão do público. O discurso elaborado pelo cantor e reafirmado pela mídia faz
referência diretas aos discursos de superação, em outras palavras, ao fato dele ter se
recuperado das mazelas causadas pela união da imaturidade com a fama. Esse argumento foi
aceito pelas fãs, no geral, e o jovem, então problemático, voltara à mídia como um ícone
reformulado da música pop. As revistas, que por sua vez, durante a fase mais rebelde do
cantor, ponderavam nas palavras adotadas, voltaram a dar destaque ao astro nas suas
publicações.
Em meio à tanta turbulência de acontecimentos, mostrar essa trajetória de superação
do Justin Bieber pela mídia acaba sendo um motivo de leitura para os respectivos públicos-
alvo de cada uma das revistas. Algumas celebridades só se mantêm na mídia pelo fato de
serem polêmicas e quanto maior a polêmica, maior a visibilidade seja ela negativa ou
positiva. Esses holofotes midiáticos são intensificados pelas revistas e pela mídia, no geral,
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pois esses fatos têm maior repercussão, e consequentemente, maior audiência, visto que o
alcance da cultura pop é massivo. Por causa disso, cada etapa da vida do garoto foi
enquadrada, exaltando os lados positivos em detrimento dos negativos, ou mesmo
suavizando-os para manter uma identidade social em que se encaixe, ou tenta, com o que os
fãs esperam das suas atitudes sociais.
7. Referências
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Janeiro: Ed. Nova Fronteira, 1990, p.11-25.
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2010. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1590/S1414-98932010000400012>. Acesso em 9 de
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