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ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO. ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA DA CPI DA RENÚNCIA E SONEGAÇÃO FISCAL PARA
REVER O PROGRAMA DE INCENTIVOS FISCAIS E ATRAÇÃO DE INVESTIMENTOS
PARA O ESTADO DE MATO GROSSO, REALIZADA NO DIA 23 DE NOVEMBRO DE 2015,
ÀS 14H.
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ATA Nº 70
PRESIDENTE – DEPUTADO ZÉ CARLOS DO PÁTIO
O SR. PRESIDENTE (ZÉ CARLOS DO PÁTIO) – Boa tarde a todos!
Invocando a proteção de Deus, em nome do povo mato-grossense, declaro aberta
esta Audiência Pública da CPI da Renúncia e Sonegação Fiscal para rever o Programa de Incentivos
Fiscais e Atração de Investimentos para o Estado de Mato Grosso.
Convido para compor a mesa o Deputado Max Russi, que presidirá esta Audiência
Pública; o Presidente do Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso, Dr. Waldir Teis; o
Presidente da AMM, Prefeito de Nortelândia Neurilan Fraga; o Sr. Jandir Milan, Presidente da
FIEMT; o Dr. Múcio Ferreira Ribas, Consultor Especialista em ICMS, palestrante.
Composta a mesa de honra, convido a todos para, em posição de respeito
cantarmos o Hino Nacional.
(EXECUÇÃO DO HINO NACIONAL.)
O SR. PRESIDENTE (ZÉ CARLOS DO PÁTIO) – Agradecemos a presença do
Sr. Rogério Romanini, Diretor de Relações Institucionais a FAMATO; do Sr. João Carlos Laino,
Presidente do Sindicato das Micro e Pequenas Empresas do Comércio e Serviços do Estado de Mato
Grosso-SIMPEC; do Sr. Fábio Silva Teodoro Borges, Vice-Presidente Conselho Tributário da
FIEMT; do Sr. Pedro de Moraes Filho, Presidente da Associação dos Cerealistas do Estado de Mato
Grosso; do Sr. Elton Pereira Cardoso, Vice-Presidente da Associação dos Cerealistas do Estado de
Mato Grosso; do Sr. Domingos Kennedy, Presidente da Associação das Empresas do Distrito
Industrial; do Sr. Ildo Piotrowski, Vice-Presidente Patronal dos Metalúrgicos de Mato Grosso; do Sr.
Fernando Kuzai, Presidente do Sindicato Patronal Metalúrgico de Mato Grosso; do Sr. Fabrício
Margreiter, Presidente do Sindicato das Indústrias de Reciclagem; do Sr. Jorge dos Santos, Diretor
Executivo do Sindicato das Indústrias Sucroalcooleiras do Estado de Mato Grosso; o Sr. Adriano
Miranda, Executivo do Sindicato das Indústrias de Vestuários-SINVEST; do Sr. Yuri de Oliveira
Bambirra, Diretor Financeiro do Sindicato dos Fiscal de Tributo do Estado-SINDIFISCO; do Sr.
Alcione Dassoler, Diretor da Dassoler Agronegócio Ltda., do Município de Lucas do Rio Verde; do
Sr. Cleber Alex Castelli, Diretor do Centro Aço Indústria e Comércio de Aço de Cuiabá; Sr. Júlio
Cesar dos Santos, Diretor da unidade Ortobom Município de Várzea Grande; do Sr. Edivaldo dos
Santos, proprietário da Bioterra Indústria, do Município de Cuiabá; do Sr. Ironei Márcio Santana,
Presidente do Sindicato das Empresas de Contabilidade - SESCON; do Sr. Alcir de Oliveira,
Presidente Municipal do Partido Solidariedade de Alto Garças; do Sr. Marcos Moreira, assessor da
Força Sindical, neste ato representando o Presidente da Força Sindical, Emanuel de Souza; do Sr.
Adilson Garcia, Secretário Adjunto da Receita Pública, neste ato representando o Secretário Estado
de Fazenda.
ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO. ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA DA CPI DA RENÚNCIA E SONEGAÇÃO FISCAL PARA
REVER O PROGRAMA DE INCENTIVOS FISCAIS E ATRAÇÃO DE INVESTIMENTOS
PARA O ESTADO DE MATO GROSSO, REALIZADA NO DIA 23 DE NOVEMBRO DE 2015,
ÀS 14H.
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Sr. Adilson Garcia, convido-o para compor mesa, representando o Sr. Paulo
Ricardo Brustolin.
Agradecemos a presença dos executivos dos Sindicatos das Indústrias de
Reciclagem do Estado de Mato Grosso-SINDIRECICLE.
Convido para compor a mesa o Sr. Ciro Rodolpho Pinto de Arruda
Siqueira Gonçalves, Secretário-Controlador Geral do Estado.
Passo a direção desta Audiência Pública ao Deputado Max Russi, convidando-o a
assumir a Presidência desta Comissão Parlamentar de Inquérito que investiga as Sonegações e as
Renúncias Fiscais.
Muito obrigado a todos.
(O SR. DEPUTADO MAX RUSSI ASSUME A PRESIDÊNCIA ÀS 13:16 HORAS.)
O SR. PRESIDENTE (MAX RUSSI) – Boa tarde a todos!
Convido o Secretário de Desenvolvimento Econômico de Mato Grosso, Sr. Seneri
Paludo, para fazer parte da mesa.
Com a palavra o primeiro orador, o Sr. Múcio Ferreira Ribas, Consultor
Especialista em ICMS, que fará uma síntese do ICMS Mato Grosso e a proposta de um novo modelo
de atração de investimento para o Estado.
Antes, porém, quero dizer que a CPI dos Incentivos Fiscal, além de fazer toda a
tratativa dos levantamentos, das investigações, desde o início, os cinco Deputados, nos propomos
também a ajudar o Estado a fazer o debate. Conseguimos fazer algumas reuniões chamando vários
segmentos, ouvindo várias propostas, fizemos uma síntese de tudo que foi ouvido durante esse
período da CPI e hoje organizamos esta Audiência Pública para falarmos um pouco sobre isso, ouvir
um pouco mais e depois ter um trabalho pronto para apresentar ao Governo do Estado.
Com a palavra, o doutor Múcio Ferreira Ribas.
O SR. MÚCIO FERREIRA RIBAS – Sr. Deputado Max Russi, que preside esta
Audiência Pública; senhores contribuintes.
Fazer realmente uma síntese tem que ser síntese da síntese do ICMS...
O som está falhando. Está saindo o som aqui. O operador deu o ok.
Senhores, realmente para falar sobre ICMS haveria a necessidade de tempo mais
longo, mas nós fizemos um trabalho por escrito, apresentamos ao Deputado Max Russi e esse
trabalho está bem mais detalhado. Aqui realmente será uma pequena síntese do que espelha o
trabalho que foi transcrito com algumas proposições, inclusive, sobre uma nova modelagem de
atração de investimento.
Primeiramente falar sobre ICMS tem algumas complexidades. O ICMS por
natureza é um tributo que tem muitas legislações. Por ser um tributo estadual, inclusive, cada Estado
tem tratativas diferentes no seu ICMS e no caso de Mato Grosso nós temos alguns aspectos ainda
mais peculiares.
O ICMS do Estado, além de ser a maior receita, tem também na sua legislação
alguns aspectos que direcionam o ICMS ou extraem receitas do ICMS para outras atividades, para
outros setores. É um instrumento também de política, inclusive de política econômica do Estado.
Neste debate naturalmente as propostas surgirão. Creio que não sairá um produto
acabado, mas servirá de base não só para a Assembleia Legislativa, mas também como um
encaminhamento para o Governo do Estado sobre alguns aspectos no que diz respeito à atração de
investimento.
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O ICMS como utilização, como política econômica e social, no nosso caso, de
Mato Grosso, tem legislações que direcionam parte do ICMS para a construção de estradas, até
mesmo por meio do FETHAB e de outras legislações para a construção de obras públicas; as cartas
de crédito, muitas vezes, têm um problema trabalhista, o Governo utilizou desse instrumento e a
própria carta de crédito é abatida do ICMS; e até questões humanitárias, muitas vezes, tem lá que vai
ajudar a Casa de Combate ao Câncer e aí reduz o tributo do Mac Dia Feliz, etc e etc, além de ter um
viés muito forte na linha de atração de investimentos.
Essa linha de atração de investimentos é o que mais nós vamos focar aqui
rapidamente, nesta tarde, até porque não temos muito tempo na parte expositiva, mas está ali no
trabalho descritivo.
Primeiramente mostrando esse quadro: é um quadro pelo qual fizemos um
levantamento que demonstra as renúncias do Brasil como um todo, de todos os estados brasileiros.
Então, nós temos aí um ranking que começa com São Paulo, Goiás, Amazonas, etc e vai até outros
estados menores. Todos os estados fazem renúncias fiscais para atração de investimento ou para
outro objetivo.
Está na ordem, e aí estão os dados de 2015, da Lei de Diretrizes Orçamentárias de
todas as unidades da Federação, de sessenta e um bilhões de reais. É a renúncia fiscal considerada
para o efeito de atração de investimentos e outros.
Temos aí os Estados do Rio Grande do Sul e do Paraná, que por algumas questões
legais, por algumas disputas jurídicas dos Estados, eles não fizeram a demonstração em suas Leis de
Diretrizes Orçamentária, mas também eles possuem um universo bem grande. Então, esse valor está
aí por baixo dizendo que todos os estados brasileiros concedem renúncia fiscal e a maioria para
atração de investimentos.
Nós temos alguns problemas, até porque não tem uma padronização, ainda, nas
leis de diretrizes orçamentárias para a divulgação dos quadros sobre renúncia fiscal. Alguns nem tem
avaliação, outros têm avaliações negativas. Existe uma vulnerabilidade jurídica, até porque todas as
reduções tributárias têm necessidade de passar pelo CONFAZ e o CONFAZ, nos últimos tempos,
não tem... Como há a necessidade de autorização por unanimidade quando se concede essa redução,
então, nem sempre aprova.
Não aprovando os estados vieram para as suas unidades e começaram a construir
leis próprias. Cada Estado fez a sua lei para conceder redução tributária, para atrair investimentos e
também para outras finalidades. Alguns estados já estão brigando com outros estados e temos várias
ações no Supremo Tribunal Federal. Tudo isso está criando a expectativa de que na reforma
tributária será tudo ajustado, mas só esse ranking demonstra que todos os estados do Brasil fazem
renúncia fiscal e fazem atração de investimentos por meio dessas renúncias. Então, tornou-se
concorrencial. Como se trata de guerra fiscal, e é guerra mesmo, cada Estado está escondendo a sua
forma de fazer essa atração de investimentos, alguns embutem na lei, outros não demonstram de
forma clara, isso trouxe muitos problemas para as unidades federadas e para as próprias empresas,
também, porque precisam ter uma segurança jurídica para fazer o investimento e implantar o seu
empreendimento em qualquer unidade federada.
Essa disposição, inclusive, dos estados de fazer essa guerra fiscal parece que não
tem fim. Cada hora um Estado oferece mais coisas que o outro. Daqui nós já começamos a entender
e, muitas vezes, é necessário que uma unidade federada estabeleça uma legislação até para se
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defender, porque, senão, a outra acaba atraindo mais investimento, atraindo mais empresas e dando
uma carga tributária menor lá nas suas unidades federadas.
A parte das legislações tributárias são receitas de bolo. Todos os estados usam os
mesmos mecanismos, ou seja: crédito presumido, redução de base de cálculo, deferimento. Alguns
estados já estão usando para atrair investimento também os empréstimos. Aqui é algo para se pensar
no Estado de Mato Grosso, porque no Estado nós concedemos ou tentamos atrair os investimentos
por meio das reduções, principalmente pelo crédito presumido. Isso, muitas vezes, se torna um
volume muito grande e também as empresas acabam não utilizando o crédito que lhe é de direito e
começa a ficar desbalanceado esse número.
Alguns estados estão permitindo que as empresa lancem débito e crédito e o
imposto apurado e a partir do imposto apurado que se faz o empréstimo ou um financiamento
daquele valor para atrair investimento. Alguns estão conseguindo sucesso por essa forma, mas não
tem um padrão no Brasil de como isso é feito. Apenas as regras tributárias são as mesmas utilizadas
por todos os estados. Sempre utilizam crédito presumido, redução de base de cálculo ou diferimento.
Essas são as principais regras utilizadas por todas as unidades da Federação, cada uma na sua
particularidade usando mecanismo que melhor lhe convém.
Nós temos três momentos importantes de coisas que afetam as nossas vidas. Eu
tenho falado muito isto em todas as minhas falas públicas. Esses momentos são muito importantes e,
muitas vezes, não têm a consideração que devem ter.
O primeiro dele é as eleições. Esse é bem participativo. A sociedade participa e
esse é um momento de decisão que afeta a vida de todo cidadão brasileiro.
Também as reformas. Quando se fala de reforma da previdência, reforma
trabalhista, reforma tributária, todo tipo de reforma afeta também a vida do cidadão e deve ser
olhada sempre com os olhos abertos.
E finalmente o orçamento. O mundo público gira em torno do orçamento. Então, o
que não está no orçamento não está no mundo real. É onde eu puxo aqui a nossa questão de atração
de investimentos, porque nós, até por determinação legal, temos que considerar, as discussões
orçamentárias têm que considerar as renúncias fiscais, a atração de investimentos, qualquer fator de
redução tributária tem uma necessidade de se constar no orçamento. Então, o que não está previsto lá
não vai acontecer no mundo real, ou se vai acontecer, vai dar muito trabalho nos períodos seguintes.
Nós temos visto mesmo a briga dos Estados, sempre tem: “há o Governo Federal
não passou a minha compensação da Lei Kandir ou do meu FEX, etc.”, e o Governo Federal, muitas
vezes, sempre utilizou esse artifício, não coloca no orçamento, quando os Estados reclamam, depois
ele gasta mais seis meses para inserir isso no orçamento e acaba atrasando os repasses que são de
direito dos Estados.
Aqui no caso é mesma coisa, se você não colocou algo no orçamento vai ter
dificuldade no ano seguinte da execução, inclusive, a questão das renúncias fiscais, a atração de
investimentos, incentivo fiscal, todo ele tem que constar do orçamento.
E aqui é onde já entra um processo de discussão para algo que seria de um novo
modelo ou na transformação desse para outro, ou na manutenção desse, mas criar um novo modelo
onde se possa ser mais atrativo.
Eu coloquei como ancora aqui, até como uma bússola, os arranjos produtivos
locais. Esse é um instrumento fortíssimo que nós, no Estado de Mato Grosso, temos aí grupos que
trabalham, SEBRAE já desenvolve trabalho nesse sentido, a Secretaria de Desenvolvimento
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Econômico também tem alguns pontos, mas ele não é utilizado como instrumento para atração de
investimento ou utilizados incentivos fiscais para dar mais vida, mais vigor a esses arranjos
produtivos locais.
Mas abaixo aqui eu vou dar um exemplo de Mato Grosso onde já poderia estar
sendo estudado esse aspecto. E na hora que nós tivermos os estudos, por meio dos arranjos
produtivos locais, ele será a bússola que vai indicar onde o Governo e a sociedade querem que os
investimentos sejam colocados ou a atração de investimentos flua para cada um desses arranjos
produtivos locais. Ele também vai trazer algo que é solução dessas diferenças regionais que nós
temos.
Enquanto servidor público, trabalhei muito nisso, nós tentávamos atrair
investimentos para uma cidade do interior, colocando num universo maior dos incentivos fiscal que
se alguém instalar a empresa dele lá na cidade do interior teria um incentivo maior. Nunca deu certo.
Porque não queira que numa cidade, vou usar o exemplo de Ribeirão Cascalheira, que vou citar
daqui a pouco, você queira atrair uma indústria de cerveja, por exemplo, de bebidas etc. Então, não
adianta, você pode dar o incentivo que for para ela que não tem jeito dela ir para lá. Isso não tem
dado certo colocar algo, um percentual maior para que a empresa se desloque para outra localidade.
O arranjo produtivo local... Têm casos de sucesso no Brasil que foi utilizado no
início dos incentivos fiscais a construção desse modelo. Então, a construção do modelo de incentivo
de atração de investimento se deu por meio dos arranjos produtivos locais. E ele seria como uma
bússola, onde a sociedade e o Governo, discutindo, trariam isso para o orçamento, definiam-se
valores, setores e produtos.
Nós precisamos começar a trabalhar mais nesse aspecto do coletivo para evitar um
pouco essa individualização que temos hoje no nosso modelo de trazer por empresa e aí causa
algumas distorções. E muitas vezes é até um tiro no pé, você tem uma empresa local e aí, de repente,
atrai outro estabelecimento que vem de outra unidade da federação e ele tem uma carga tributária
menor do que aquele que já está estabelecido aqui no Estado. Isso causa uma distorção e pode ser
corrigido por meio dos arranjos produtivos locais. É uma fala sintética no aspecto da descrição. No
projeto descritivo ele está mais detalhado com esses assuntos.
Quando eu falei de arranjo produtivo local, é interessante porque nós podemos
fazer arranjos produtivos locais tanto dos grandes negócios como dos pequenos negócios. E os
pequenos negócios são muito importantes, e está provado aí, por meio dos trabalhos publicados de
microempresas, de pequenos negócios, o quanto isso é importante para a economia local.
Usei esse exemplo, saiu esta semana um noticiário que Ribeirão Cascalheira vai
colher novecentas toneladas de pequi. Eu falei: “Opa, faz um arranjo produtivo local do pequi para
Ribeirão Cascalheira, porque aí, sim, naquela cidade, naquela localidade você não vai conseguir
levar a indústria da cerveja, mas lá tem isso, que pode produzir e agregar valores. O arranjo
produtivo local tem a capacidade de agregar vários atores, os plêiade, as pessoas, aquelas empresas
que têm conexão uma com a outra.
Então, tudo isso tem um desenho e eu coloquei esse exemplo aqui, é um exemplo
pequeno, para dizer que as pequenas coisas, os pequenos negócios podem ser também incentivados.
O incentivo fiscal poderia estar aqui, também, trazendo alguma vantagem para essa região, para esse
município, para aquelas pessoas, por meio daquilo que é a vocação daquela região, daquela
localidade. Um arranjo produtivo local do pequi, além de vender o pequi, como eles já estão
fazendo, para outras unidades federadas, também, eles podem estar agregando valores, produzindo
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outros produtos derivados do pequi e esse arranjo produtivo local poderia trazer grandes vantagens
competitivas para essas empresas e para esses negócios e aí, sim, o incentivo fiscal poderia ser mais
popularizado, atender classes menores, atender pequenos negócios e dar uma boa agilizada na
economia local.
O outro lado, você pode ter um arranjo produtivo local de grãos. Está se discutindo
bastante neste momento a questão do etanol do milho, está nos debates, os setores especializados
estão se manifestando, vários estudos estão sendo realizados, e aqui, sim, já é um grande negócio,
poderia também ter o arranjo produtivo local dos grãos. Nesse caso, fazer um arranjo produtivo
local, onde o etanol pudesse ser viabilizado, por meio de incentivos e por meio de investimentos, e
assim sucessivamente.
Isso aqui só para trazer que é algo maior que a própria legislação de incentivo. Ele
é maior. Ele está dizendo sobre a economia local, está falando sobre um aspecto que seria uma
bússola para as deliberações do Governo, das pessoas que pudessem fazer parte do Conselho para
poder decidir onde seria investido e quais seriam os setores ou produtos que receberiam. E muitas
vezes é: a redução pequena de um produto viabiliza uma grande cadeia, um grande arranjo produtivo
local.
Nós temos aqui a definição, o Estado já tem tudo isso na mesa, bem estudado,
quais as regiões que têm o que... Nós mesmos, todos aqui, certamente, vamos lembrar de alguma
coisa, que em Jaciara tem a questão do leite; em Juara tem madeira; em Lucas do Rio Verde tem
grãos, Nova Mutum, etc. Tem a região aqui do Pantanal com um arranjo produtivo local de turismo.
Então, cada local desses nós já conhecemos isso. O Governo tem isso disponível para implementar
essa ideia e fazer com que isso cresça e dê viabilidade para os negócios e para a economia do Estado
de Mato Grosso por meio de arranjo produtivo local.
Aqui já olhando um modelo que já vivemos hoje. Não é possível nós,
simplesmente, falarmos: vai acabar o incentivo fiscal. Isso não é possível. Nem legalmente não é
possível fazer isso. Então, o que já está posto tem que ser mantido, pode ser remodelado, o novo
modelo pode ser muito mais vantajoso, até porque nós temos concorrência com as outras Unidades
da Federação. Nós podemos ser mais atrativos, através disso, e com coerência equilibrarmos essa
equação, porque quando você tira receita também dos cofres do Estado, você tem que ter viabilidade
para o negócio sem prejudicar o caixa do Governo. E esses negócios têm que serem agregadores de
outras receitas, que é o que realmente ocorre.
Eu me lembro no passado, ainda quando servidor público, da preocupação que nós
tínhamos com caixa e tudo mais, mas quando começamos a estudar tudo isso, fazer projetos de
viabilidade e estudar os impactos a Secretaria de Fazenda deslanchou um pouco, permitindo que isso
fosse mais célere no sentido de que: “olha, vai abrir mão dessa receita, mas ganhará por outro lado”.
Em alguns aspectos nem abrem mão da receita, porque é um negócio novo que agrega muito mais
valores.
E com responsabilidade, sim, porque quando você tira algum recurso do ICMS,
você está tirando recursos da educação, da saúde, dos municípios, que reclamam bastante que falta
isso e aquilo. Então, tem que ser algo com bastante responsabilidade e com muito equilíbrio. Os
arranjos produtivos locais vão proporcionar isso e não precisa mudar radicalmente a linha dos
programas existentes.
Nós ainda temos a discussão - eu tenho que ser rápido aqui, e falta mais um slide.
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Definição por programas. Além dos arranjos produtivos locais, você pode ter ainda
a definição por programa, que é o modelo que existe hoje: o programa da indústria, o programa do
agronegócio, o programa dos atacadistas, dos centros de distribuição, do comércio exterior e da
tecnologia.
Cada programa desses com legislação específica, até porque tem hora que não é
muito opcional e se nós não fizermos o Estado vizinho vai fazer, e nós teremos que ceder ou perder
algum desses investimentos, porque o Estado vizinho oferece uma coisa melhor ou nós não
ofereçamos nada e eles oferecem lá alguma coisa.
Então, esses programas têm que ser individualizados.
Não é possível aproveitar um programa da indústria e aplicar para outros setores.
Isso tem causado distorções e é necessário que estudemos isso.
O SR. PRESIDENTE (MAX RUSSI) – Só para acrescentar.
Esse tema que você está entrando é muito importante porque essa é uma idéia que
a comissão trabalhou para apresentar para o Governo.
Então, esse é um debate, e depois quem quiser acrescentar, dentro dessas
proposituras que o Múcio está apresentando, terá a oportunidade de fazer isso, dentro da idéia que
nós estamos trabalhando, a comissão da nova legislação.
Só para deixar bem claro que o Múcio está apresentando alguns tópicos do que nós
estamos pensando nesse sentido.
O SR. MÚCIO FERREIRA RIBAS - Obrigado, Sr. Deputado.
Na parte descritiva é mais completo, aqui nós vamos passando rapidamente apenas
alguns pontos que eu creio que servem como sugestões para o próprio governo e para as discussões.
No caso do modelo hoje, então, creio que é importante.
A SEDEC tem instrumentos e capacidade para representar o governo e o próprio
governo para vender, no bom sentido, as potencialidades do Estado.
Só que está tudo num lugar só e hoje a mesma pessoa que vai lá ofertar para tentar
atrair investimentos daqui a alguns dias põe a notícia de que cortou investimentos, suspendeu.
É um pouco difícil para uma mesma autoridade fazer essas duas coisas ao mesmo
tempo. Não é, Secretário Seneri? Ao mesmo tempo que ele vai lá e tenta atrair a manchete do jornal
está dizendo que ele está cortando incentivos, e coisas desse gênero. Não é?
Então, eu creio que essa divisão, o executivo do programa, aquela pessoa, a
SEDEC representada por um executivo, junto com o governo, é que vai no Estado ofertar e dizer
sobre as potencialidades de Mato Grosso.
O controle, as outras coisas, vamos colocar onde tem funcionários de carreira, que
é na própria Secretaria de Fazenda, na Controladoria Geral do Estado, que têm corpo técnico com
capacidade para fazer esses relatórios, avaliar isso e depois realimentar novamente o orçamento a
cada ano, dizendo: se esse programa deu certo, vamos continuar. Está precisamos de mais ou menos,
o próprio grupo vai deliberando, através de uma comissão executiva, vai deliberando para dar um
equilíbrio nessas coisas e termos realmente uma efetividade de vender as potencialidades do nosso
Estado e deixar a SEDEC, que é uma Secretaria de Desenvolvimento, livre para continuar
conversando com os setores empresariais, junto com o Governador, e essa parte de execução ficar
com os funcionários de carreira.
Nós precisamos realmente que remodelar algumas questões, porque muitos casos
hoje nós temos visto: “Olha, faltou o documento tal.”. Uai! Então, não cumpriu e vai cortar o
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incentivo todo? Nós estamos na legislação sem a questão das proporcionalidades. Então, não vai
cortar o investimento que a empresa fez só porque faltou tal coisa.
Tem que dar gradativamente: “olha, vai perder um percentual porque faltou tal
coisa...” Dá o tempo. “Corrige isso...” E essas auditorias precisam ser feitas num curto espaço de
tempo, sob pena de demorar anos, e acontecer o que está acontecendo hoje. Muitas vezes é algo que
poderia ser resolvido de forma muito simples, apresentar um documento, apresentar isso ou aquilo.
Infelizmente, isso acabou se perdendo.
Também precisamos de cláusulas de saída, porque pode o empresário sair por
iniciativa própria, pode ter uma perda proporcional, pode ser suspenso por tais e tais motivos. Essas
regras de saídas são importantes, tanto para a segurança dos empreendimentos, como para o gestor
público.
Hoje é uma dificuldade ter um gestor público para assinar um documento desse
naipe, porque está correndo risco, sabe que tem prisões e tudo o mais quando faz um negócio desses.
Está muito difícil hoje no setor público alguém ter essa coragem de assinar um documento, com
razão, pelas circunstâncias que nós temos hoje.
Finalizando aqui, essa estrutura toda tem esse ciclo orçamentário: começa na
discussão do orçamento com o conselho, com a participação de todos, onde você define talvez,
inclusive há sugestão de ter... Ali é um teto que está colocado lá, se precisar de mais, avalia depois,
volta a legislação, aumenta de novo, o que for necessário.
A SEDEC, por meio de uma comissão executiva, trabalha com enquadramentos
para venda efetiva dos programas e atração do investimento.
A SEFAZ e a Controladoria Geral do Estado fazem a avaliação técnica com
relatórios de auditorias, e etc., demonstrando o que precisa mudar no tempo certo.
Volta de novo os conselhos e o próprio Governo, realimentando o orçamento,
fazendo um círculo virtuoso.
Nós temos certeza o Estado ganharia, todas as comunidades, as pessoas e os
investimentos teriam mais segurança para serem implementados no Estado de Mato Grosso.
Era essa minha fala.
Obrigado (PALMAS).
O SR. PRESIDENTE (MAX RUSSI) – Obrigado, Sr. Múcio Ferreira.
Eu acho que depois você vai ter que fazer parte da mesa para alguns
questionamentos.
O Sr. Múcio Ferreira é o Auditor que está comandando nossa equipe toda na CPI.
Convido o Secretário Valdiney Antônio Arruda, que fará a síntese de como os
incentivos fiscais poderiam contribuir para política de emprego.
A nossa Audiência Pública está muito representativa e para a tornamos bem
proveitosa, o Secretário Valdiney terá dez minutos, podendo ter um tempinho a mais para uma
conclusão.
O SR. VALDINEY ANTÔNIO DE ARRUDA - Boa tarde!
Quero, primeiro, parabenizar e agradecer pelo convite da Mesa e todo o trabalho
que a Presidência vem desenvolvendo nesta Casa de Leis.
Esse tema é muito importante para todos, mas especificamente para área de
trabalho, emprego e renda tem um significado especial, porque ao longo de todo incentivo fiscal,
vou demonstrar para os senhores que nunca se pensou, nunca se objetivou claramente as propostas
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Pág. 9 - Secretaria de Serviços Legislativos
voltadas ao desenvolvimento com olhar para a melhoria do trabalho, emprego e renda no Estado -
sempre com olhar para números de emprego e não para qualidade de emprego.
Como primeiro ponto eu quero dizer a todos que a ONU-Organização das Noções
Unidas tem defendido claramente a temática a nível mundial dizendo que o desenvolvimento
econômico não tem conseguido responder os problemas da pobreza e do progresso social do mundo,
que é preciso que os gestores e governantes tenham isso em foco, elaborem políticas que atendam o
aspecto da equidade e da inclusão.
Por isso em 2013 foi lançado pela Harvard um novo indicador mundial chamado
Índice de Progresso Social que quer revelar como anda a qualidade de vida nos países para que isso
seja balizador para as políticas públicas de enfreamento as duas principais causas que afetam o
mundo: clima e pobreza.
No aspecto de incentivo fiscal nós vamos tecer essas quatros linhas de reflexão
proposta pela Secretaria de Trabalho para o enfrentamento da melhoria da qualidade de vida e
garantia do emprego: a segurança alimentar; elevação educacional, e quando se fala em elevação
educacional entenda-se profissional, também, capacitação; saúde e segurança no trabalho e o fundo
de seguridade do trabalho.
A segurança alimentar nutricional consiste em garantir todas as condições de
acesso a alimentos básicos, seguros e de qualidade, em quantidade suficiente e de modo permanente
sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais com base em práticas alimentares
saudáveis, contribuindo, assim, para uma existência digna e um contexto de desenvolvimento
integral da pessoa humana.
Se a uma empresa é concedido o direito ao incentivo fiscal, nós entendemos que
minimamente ela tem que ter uma política de segurança alimentar para os seus trabalhadores e para a
família dos seus trabalhadores já que o Estado está incentivando essa empresa a se fixar em
determinado momento, em determinado ponto, dando-lhe um crédito reverso para que se estabilize.
Esse contexto não ajudará só a sociedade, a família dos trabalhadores, mas ajudará também no
desenvolvimento e na melhoria da qualidade de vida dentro das empresas.
Nós temos umas premissas importantes para refletirmos, desde a Constituição
Federal, desde a proposta da ONU em erradicar a fome, desde o sistema nacional de segurança
alimentar, a existência de comunidade sob o risco de déficit nutricional e elevação de nível de
sobrepeso e obesidade no País. Esses reflexos estão dentro, sim, das gerações trabalhistas e dentro da
empresa.
O que propomos? Estamos desenhando essa matriz em consonância com a
CEDEC. Já fizemos essa discussão com a CEDEC.
Compete à empresa: desenvolver um programa de segurança alimentar e
nutricional para os funcionários, para os colaboradores e suas famílias; erradicação do risco de
déficit nutricional dentre os funcionais, colaboradores e suas famílias; redução dos níveis de
sobrepeso e obesidade e acesso a alimentos básicos, seguros e de qualidade em quantidade
suficiente.
Importante: as ações desenvolvidas devem estar de acordo com as diretrizes do
Sistema Nacional de Segurança Alimentar – existe uma política -; a empresa deverá realizar parceria
e estabelecer uma equipe para acompanhamento e orientação sobre a segurança alimentar e
nutricional para os funcionários, para os colaboradores e suas famílias e demais normativas relativas
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ao programa virão em normas e decretos, sendo finalizado pela Secretaria de Trabalho e pelo
Governador.
Questões básicas em relação à elevação educacional.
Primeiro: estudos econômicos demonstram que uma simples análise transversal da
relação entre a escolaridade média dos trabalhos e o PIB, que não é um indicador ideal para se medir
a qualidade de vida... Para várias unidades da Federação em um ano adicional de escolaridade média
há um aumento de 34,7% do PIB por trabalhador e 39%, em 2007, segundo os dados. O acréscimo
no capital humano representa uma das maneiras de realizar ganhos de produtividade.
O contexto da elevação da escolaridade deve ser uma política adotada por todas as
empresas. Não há como colocar e obrigar todas as empresas. Nós estamos discutindo que é
importante que as empresas que têm incentivos fiscais adotem a política de elevação educacional e
profissional.
Nós temos tido dificuldade de permitir que empresas recebam uma política de um
Sistema S de elevação educacional, ou seja, de liberar seus trabalhadores para provocar essa
elevação educacional. É preciso muito diálogo, muita conquista para que eles liberem, para que eles
entendam esse processo. Isso tem dificultado imensamente a elevação produtividade/trabalhador no
período do que chamamos de producente. O trabalhador precisa produzir. Ele precisa ser
mais producente. O nosso trabalhador ter um nível de produtividade abaixo de muitos países e nós
temos uma incapacidade de fazer esse processo de elevação profissional/educacional durante o
momento que ele está trabalhando, porque se ele parar para estudar, só para estudar, ele não estuda,
porque precisa receber. Então, é preciso criar essa sistemática como em muitos primeiros países de
primeiro mundo já existe.
A proposta é: compete à empresa desenvolver o programa de elevação educacional
para os funcionários e colaboradores; adotar um programa; o programa de elevação educacional trata
de um conjunto de ações que assegurem os incentivos necessários para a elevação da escolaridade;
desenvolvimento de todos os segmentos da empresa com vista a assegurar a elevação escolar e a
empresa deverá desenvolver ações de incentivo de acordo com a necessidade de cada funcionário.
As propostas que estão sendo elaboradas partem da liberação dos trabalhadores
aluno/hora para frequentar aulas; oferecer o transporte para deslocamento dos trabalhadores/alunos
nos bairros; priorizar a permanência do quadro funcional de trabalhadores/alunos; integrar o plano
de cargos e salários e promoções profissionais relacionadas ao aumento da escolaridade; oferecer
lanches para os trabalhadores/alunos antes do início do intervalo de horário de frequência nas aulas;
reconhecer o desempenho dos melhores alunos mediante premiação; manter instalação adequada
com acesso à internet para as ações de escolarização; fornecer dispositivo de TI, materiais didáticos
necessários para que o trabalhador/aluno possa realizar esse estudo.
É importante, caso necessário, que a empresa tome outras providências para
assegurar a permanência, além das ações citadas no item anterior.
Poderá ser utilizado o modelo educacional à distância ou presencial. Nós estamos
desenvolvendo um modelo a distância com o SENAI e a qualificação. Tem sido um sucesso nesse
modelo que tem a parceria do Estado por meio da Secretaria de Trabalho na modelagem que
chamamos de Emprega a Rede.
Demais normativas relativas ao programa em decreto.
Penúltimo ponto, um ponto que para nós é muito grave...
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Antes de entrar nesse ponto, quero dizer que uma das empresas ou a atividade
econômica que recebeu um grande incentivo no passado foi o setor de frigorífico. Isso para nós é
importante, porque, segundo os últimos dados da Previdência, a atividade econômica, hoje, que mais
adoece; a máquina de fazer doentes é a atividade econômica dos frigoríficos. Resulta nisso, porque
nós demos, o Estado garantiu incentivo fiscal, mas não olhou itens importantes como segurança e
saúde do trabalhador e muitos estão adoecendo. Muitos!
Então, nós precisamos superar essa fase, também, Sr. Presidente.
Nós temos números alarmantes. A própria estimativa da OIT que 4% do Produto
Interno Bruto, cerca de dois trilhões de dólares, estão perdidos em concursos diretos e indiretos,
acidentes e adoecimentos do trabalho. Nós só acidentes, mas doenças do trabalho são comuns dentro
da temática da relação de trabalho. Nós temos um número alto na Previdência que significa custo
alto para a sociedade.
Nós temos algumas linhas de raciocínio, porque somos signatários da Convenção
155 da Nação/Fundação Internacional do Trabalho, que dispõe sobre a segurança e saúde do trabalho
e meio ambiente do trabalho. Essa Convenção exige que adotemos práticas políticas de segurança e
saúde do trabalhador.
O Brasil adotou essa Convenção, mas não implantou, ainda, a política de
segurança pública de saúde, somente as premissas. E nós temos uma chance na discussão de
incentivo fiscal de evoluirmos e Mato Grosso, mais uma vez, dar um sinal ao Brasil e ao mundo de
que nós temos condições de adotar práticas e políticas para melhorar a qualidade de vida, baseando
isso, no mínimo, para as empresas que podem receber ou entrar no incentivo fiscal, a proposta.
A política de segurança de saúde deve ser construída em conjunto com a
representação sindical, trabalhadores e empregadores; as empresas poderão construir junto com o
Governo estadual e sindicato uma câmara temática tripartite para elaboração de políticas setoriais de
segurança e saúde do trabalho. Nós já adotamos essa prática aqui no Estado de Mato Grosso. Hoje
nós instituímos a Câmara Temática dos Trabalhadores da Indústria da Alimentação; conseguimos
evoluir da prática para apresentar uma proposta, uma solução para a crise do desemprego que
ocorreu em virtude desse processo; fizemos maturação de propostas, foi muito bem aceita pela
classe dos empregadores através do setor de relações de trabalho da FIEMT e das próprias empresas
e de trabalhadores que representam sessenta mil trabalhadores aqui, significa que é uma prática que
pode ser e deve ser evoluída.
A política de segurança e saúde no trabalho deverá ser desenvolvida em conjunto
com a CIPA, e onde não houver CIPA, designado conjuntamente com o sindicato laboral da
categoria e funcionária responsável pela função, a empresa deve afirmar o compromisso com a
redução dos acidentes de trabalho; todas as ações desenvolvidas devem estar em consonância com a
legislação vigente e demãos normativas por decreto. Considerando...
Antes de entrar especificamente nesse ponto da seguridade do trabalho, o fundo da
proposta é todos os itens apresentados aqui, relativamente, não são novos, mas partiria de uma
evolução, partindo da premissa de que se bem implementado, implantado e adotada especificamente
para as empresas que adotarem e forem entrar no incentivo fiscal, significa que o retorno dessa
qualidade em segurança alimentar, em saúde e segurança, em qualidade no trabalho, ela resulta na
devolução da melhoria do trabalho da própria empresa e para a sociedade. Portanto, é uma mão
extremamente dupla.
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Incentivo fiscal para o fundo de estabilidade social, há necessidade de garantia dos
direitos sociais e do trabalho. Nós passamos por um problema agora de fechamento de empresas, e
esse fechamento pode acontecer em qualquer momento, depende da situação econômica, depende de
várias opções políticas também. Mas, nós tivemos derramamento de três a quatro mil pessoas de
frigoríficos em que nós da Secretaria Social, principalmente, tivemos que abraçar, fazer reuniões e
resolver um problema de empresas que tiveram incentivo fiscal e fecharam as portas.
Por isso, Sr. Presidente, Srs. Deputados, a necessidade de colocar esse item na
pauta como sugestão, esses considerandos: com dados empregos gerados empresas contemplados
com incentivo fiscal; o fechamento ocasional de uma porcentagem de empresas contempladas com
incentivo fiscal; o impacto social nas contas públicas dos desempregos gerados; necessidade de se
criar alternativas que garanta os direitos sociais para esses trabalhadores, é que elencamos a proposta
de criar e estabelecer, considerando um fundo de seguridade do trabalhador, com o objetivo de
custear os gastos sociais ocasionados por demissões e também para desenvolver ações necessárias e
para reinserção dos trabalhadores no trabalho.
As empresas contempladas com incentivo fiscal poderiam contribuir com um
percentual, estamos colocando 1% para esse fundo. A gestão do fundo fica com a responsabilidade
do conselho do fundo de seguridade do trabalhador a ser criado e demais normativas, por decreto.
Nós tivemos dificuldade e tivemos que conseguir fazer todo esforço político,
administrativo para conseguir dar minimamente um destino a essas mais de quatro mil pessoas que
sofreram o desemprego.
Com toda política econômica que se tem todas as empresas, mesmo com incentivo
fiscal, correm risco, como é o caso de abrir, como abriu em pouco tempo e fechou. E todo
investimento que o Estado garantiu ficou com todo passivo para ele. Então, é justo que as empresas
tenham essa seguridade, contribuam para essa seguridade e nós administremos isso de forma a
minimizar situações que possam ocorrer.
Bem, de forma breve e dentro do tempo que me foi concedido, eu faço as
observações, colocando aqui à disposição a Secretaria de Trabalho, todas as outras informações que
assim desejarem.
Desejo sucesso e todo empenho e a aplicação que os nobres Deputados estão tendo
para fazer essa discussão. Tenho certeza que temos dito várias discussões internas entre as
Secretarias em desenvolvimento de uma modelagem que permite melhoria, mas, em se tratando de
trabalhador, este é um primeiro momento que nós conseguimos olhar com foco de incentivo fiscal
para não só com desenvolvimento econômico, mas para melhoria e progresso social que o nosso
Estado precisa.
Então, estamos à disposição. Muito obrigado (PALMAS)
O SR. PRESIDENTE (MAX RUSSI) - Obrigado, Secretário Valdiney, pela
contribuição importante, um olhar social aí.
Nós trabalhamos um esqueleto aqui, o Sr. Múcio e a equipe toda trabalharam um
esqueleto na linha de incentivo e hoje está colhendo os subsídios para fazer a conclusão por meio
desta Audiência Pública.
Cumprimentar o meu amigo, Secretário Adjunto de Desenvolvimento Econômico
da minha cidade, Sr. Leopoldo Mendonça; e convidar, também, o Presidente da Federação das
Indústrias, Sr. Jandir José Milan, que fará a síntese da importância dos incentivos fiscais para o setor
industrial e a concorrência entre as unidades federadas.
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O senhor terá dez minutos, podendo se estender um pouquinho e pode falar do
local, se assim preferir.
O SR. JANDIR MILAN – Quero cumprimentar o Deputado Zé Carlos do Pátio, o
Deputado Max Russi, o Deputado Emanuel Pinheiro; o Sr. Waldir Júlio Teis, Presidente do Tribunal
de Contas; o Sr. Seneri Kernbeis Paludo, Secretário de Desenvolvimento Econômico do Estado; o
Sr. Valdiney Arruda, Secretário da SETAS; o Sr. Ciro Rodolpho Gonçalves, Secretario da
Controladoria Geral do Estado; o Sr. Romilson, representando a SEFAZ; o Sr. Neurilan Fraga,
Presidente da AMM.
Quero dar os parabéns ao Múcio Ribas pela explanação que fez aqui; e também ao
Sr. Valdiney pelos objetivos que nos explanou.
Senhoras e senhores, boa tarde!
A Federação das Indústrias, entidade que congrega trinta e sete sindicatos do setor
industrial deste Estado, vem, por intermédio do Presidente, de se dirigir a Vossas Excelências com o
intuito de manifestar a preocupação acerca do atual cenário sobre incentivos fiscais, bem como
esclarecer acerca de alguns fatores cruciais para o desenvolvimento econômico do nosso Estado para
os próximos anos.
Plenamente, é importante que seja feito um esclarecimento acerca do conceito
incentivo fiscal. Há um entendimento de que benefício fiscal é concessão de favorecimento, de
vantagens de aumentar a lucratividade. Na verdade, este conceito não é verdadeiro. Na prática não é
isso que ocorre, uma vez que para algumas unidades da federação conseguir atrair investimento, é
necessário que ela apresente algumas vantagens além daquelas que lhes foram oferecidas em outras
localidades.
Vivemos uma guerra fiscal. São vinte e sete unidades federadas, todas elas com
políticas agressivas de atração de investimento. E nesse cenário se o Estado de Mato Grosso quer
atrair investimento, deve, necessariamente, oferecer pelo menos algo semelhante que os demais
Estados oferecem.
Existe uma grande indagação que deve ser respondida pela sociedade e pelo
Governo do Estado: o que de fato a sociedade e o Governo querem em relação ao desenvolvimento
industrial do Estado de Mato Grosso? Ser um Estado produtor e exportador de matéria prima ou ser
um Estado industrializado? Se a resposta for ser produtor e exportador de matéria prima, não há
necessidade de debater questões relacionadas a incentivos fiscais. Fizemos, então, opção para ser um
Ente Federado produtor de matérias-primas.
Por outro lado, caso a resposta seja opção pelo desenvolvimento industrial, temos
a obrigação de pelo menos assegurar aos empreendimentos que aqui se instalarem e para aqueles que
pretenderem se instalar as mesmas condições que as demais Unidades da Federação oferecem para
aquelas que se instalam. Apenas isso e nada mais.
Traduzindo: segurança jurídica, tratamento tributário isonômico e simplificado,
isonomia nos custos de energia elétrica e de combustível e condições de infraestrutura.
Antes de entrarmos propriamente nas proporcionais, vamos fazer um breve
histórico acerca dos incentivos fiscais em Mato Grosso.
Como é de conhecimento de todos, a Lei nº 7.958/03 instituiu o Programa de
Desenvolvimento Industrial e Comercial do Estado de Mato Grosso – PRODEIC, que efetivamente
foi uma grande mola propulsora do desenvolvimento da indústria e da economia do nosso Estado.
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Nos últimos doze anos, foi por intermédio da concessão de incentivos fiscais que a
indústria do nosso Estado equiparou-se e equilibrou-se concorrencialmente ao nível das demais
empresas de outros Estados.
Foi pelo incentivo fiscal oferecido ao setor produtivo que centenas de empresas
foram atraídas para o Estado de Mato Grosso, em especial pelas condições de equilíbrio tributário
que o PRODEIC lhes assegurou compensando-lhes pelos custos adicionais característicos de se
implantar num Estado com infraestrutura precária, com preços maiores na aquisição de insumos,
com maiores distâncias dos grandes centros consumidores, que aumentam o custo do frete e também
com uma força de trabalho ainda em desenvolvimento.
Apesar de todos os entraves, milhares de postos de trabalho foram gerados,
contribuindo para o desenvolvimento socioeconômico do Estado e que na última análise resultou na
distribuição de rendas aos seus habitantes.
Sem a concessão desses benefícios, essa etapa do desenvolvimento do Estado de
Mato Grosso jamais teria acontecido.
Registre-se que na época essa medida foi bastante eficaz para atrair para o Estado
de Mato Grosso investimentos, que, repetimos, muito contribuíram para o desenvolvimento
econômico.
Contudo, passados os primeiros doze anos da edição da referida lei, ajuste se
fazem necessários para garantirmos que o ciclo de desenvolvimento não se interrompa, mas, ao
contrário disso, possa cada vez mais trazer dividendos à sociedade mato-grossense.
Infelizmente, nesse período de doze anos o Poder Público ainda não foi capaz de
criar em Mato Grosso um ambiente mais atrativo aos negócios de maneira geral.
O desenvolvimento da nossa infraestrutura nos últimos doze anos, a despeito de
todos os investimentos já realizados, ainda não permitiu que os custos logísticos das empresas
reduzisse aos patamares dos Estados vizinhos.
A carga tributária de ICMS sobre os principais insumos industriais, tais como, óleo
diesel e energia elétrica ainda se situam entre as mais altas do Brasil.
O desenvolvimento tecnológico das nossas empresas de uma maneira geral ainda
não é equivalente aos concorrentes de outras unidades da federação.
O nosso Estado com uma população com pouco mais de três milhões de habitantes
ainda não se apresenta como um grande mercado consumidor. Desta forma, podemos afirmar que ao
longo últimos doze anos a evolução do chamado ambiente de negócio em nosso Estado ainda não
são suficientes para dispensar incentivos fiscais que a Lei 7.958 institui às empresas que optarem por
investir no nosso Estado.
Para agravar o cenário, no ano de 2013 foi ditada a Lei 9.932/2013, que
inviabilizou completamente a atração de investimentos em decorrência da inclusão de uma extensa
relação de exigências absurdas e inexistentes nos demais Estados da federação.
Como efeito desse cenário há a necessidade urgente de que haja uma reformulação
total do programa de incentivos ou a criação de um novo programa de incentivos fiscais. Caso
contrário, o setor industrial de Mato Grosso estará totalmente inviabilizado, perdendo, como
consequência, a capacidade de competir com os seus concorrentes que, instalados em outras
unidades da federação, gozam de melhores condições, infraestrutura, disponibilidade de mão de
obra, custo de insumos e frete, entre outros, para empreendedores em que outra vertente estão
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acobertados por incentivos fiscais mais duradouras e economicamente atrativos, com segurança
jurídicas, o que infelizmente o Estado de Mato Grosso não consegue oferecer.
É evidente que se o empreedimento industrial que foi atraído porque o Estado lhe
assegurava o pagamento de menor carga tributária como forma de compensação aos maiores custos e
riscos de se implantar, ao não se garantir para as empresas o benefício fiscal concedido como
contrapartida que lhe dê competitividade equivalente às oferecidas pelos vizinhos, inevitavelmente
estaremos decretando a sua inviabilidade economia e, consequentemente, a regressão da economia
local.
Por esses fatos, o desenvolvimento industrial de Mato Grosso se deve ao programa
de incentivos fiscais do Governo do Estado criado em 2003. Sem esse, o outro instrumento legal de
atração de investimento com a certeza do nosso parque industrial não estaria no estágio de
desenvolvimento que ora se encontra, não teria gerado empregos, não teria gerado renda, não teria
verticalizado a industrialização das matérias primas de produção mato-grossense.
Seria contraditório não assegurar condições de igualdade para as empresas que
aqui se encontram instaladas, que já realizaram investimento e já estão gerando emprego e renda,
mas que também o atrativo ofertado seja suficiente para a atração de novos investimentos.
Cabe ainda ressaltar que não há o que falar em renúncia fiscal, pois a manutenção
das empresas em funcionamento continuará a contribuir para a arrecadação de tributos de maneira
direta pela tributação parcial de suas operações, e de maneira indireta dado ao impacto social que os
empregos geram, direta e indiretamente na economia local, sobretudo o setor de comércio e serviço.
Renúncia fiscal seria permitir que essa empresa encerrasse as suas atividades por
falta de competitividade, gerando demissão em massa e queda na arrecadação total de impostos em
Mato Grosso.
Assim, para que um programa de atração de investimento seja eficaz, que ele possa
atingir seus objetivos, é necessário que ele contemple as seguintes vertentes, a saber:
- garantir a isonomia temporal aos participantes do programa;
- delimitar um horizonte de tempo claro e igual para todas as empresas, que, uma
vez enquadradas no programa, em dia com as suas obrigações nos termos exigidos para usufruir o
fator fiscal, se disponham a contribuir por mais tempo com o desenvolvimento econômico deste
Estado, evitando eventuais distorções internas entre empresas do mesmo setor;
- segurança jurídica. Dado o turbulento cenário atual, um programa de atração de
investimento precisa assegurar aos leais e aos potenciais investidores a segurança necessária para
que possa ter no Estado de Mato Grosso um porto seguro para seus investimentos, livrando das
constantes ameaças de finalização abrupta de incentivos que impedem que seus planos de negócios
lhe proporcionem retorno atrativo e proporcional aos riscos que corre para implantar seus
empreendimentos em nosso Estado;
- aumentar atratividade do programa;
- desenvolver no Estado de Mato Grosso maior atratividade em relação aos
Estados vizinhos e concorrentes por terem legislação de incentivos mais recentes e modernas do que
as do nosso Estado vêm sistematicamente atraindo empresas com maiores vantagens que a atual
legislação do Estado lhe oferece;
Para que o nosso Estado possa efetivamente ser um polo de atração de
investimento, além dos incentivos fiscais oferecidos, faz-se necessário que sejam oferecidas
vantagens idênticas a dos demais Estados.
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Concluindo, enfatizamos apenas uma regra econômica, talvez a mais importante de
todas as nossas, a nossa reflexão: se se tributa riqueza, valor econômico, produção, renda, é
materialmente impossível se tributar miséria, prejuízo e desemprego. Por outro lado, se o Estado de
Mato Grosso produzir riquezas, se efetivamente houver produção, se houver renda, se houver
emprego, certamente haverá tributo, desenvolvimento e bem estar da população.
Muito obrigado (PALMAS).
O SR. PRESIDENTE (MAX RUSSI) – Muito obrigado à Federação da Indústria
por veio do seu Presidente Jandir Milan, pela contribuição. Já esteve em outra oportunidade também
dando uma contribuição a esta Comissão Parlamentar de Inquérito.
Convido o Presidente do Tribunal de Contas, Sr. Waldir Teis, para também
discorrer sobre incentivos fiscais.
O SR. WALDIR JÚLIO TEIS – Obrigado, Presidente Max Russi.
Na sua pessoa e dos Deputados Zé Carlos do Pátio e Emanuel Pinheiro
cumprimento toda a mesa, todas as pessoas, autoridades e representantes de categorias econômicas
que estão conosco.
Eu quero fazer um breve panorama aqui, Deputado Max Russi, sobre o que
ouvimos da FIEMT, o que colocou o nosso amigo Múcio e também o Valdiney, nas questões postas,
principalmente a questão do Múcio.
Quando se trata de incentivo fiscal, eu já estive no Governo e sei o quanto é difícil,
Deputado Zé Carlos do Pátio, trazer uma empresa para se instalar em Mato Grosso.
Mato Grosso, na verdade, disse o Jandir, e todos nós sabemos, tem um potencial
de consumo muito baixo dada a nossa quantidade de pessoas ou de habitantes que nós temos,
aproximadamente três milhões e cem mil, três milhões e duzentos mil habitantes.
Esses bens de consumo, na verdade, eu acho que 60%, 70%, 80% vêm de fora do
Estado, principalmente eletrodomésticos, roupas e calçados. Tudo isso é o que mais se consome.
Então, nós temos uma matriz econômica que mais ou menos 60% a 65% do PIB é gerada pelo setor
primário, na cadeia do setor primário.
O que é que ocorre com isso? Nós temos problemas muito graves, o mais grave
deles eu diria que é o de logística; outro é de fornecimento de insumos para outra atividade.
Quando eu estive Secretário, na época, se tentou trazer empresas que
desenvolvessem, montassem aqui dentro implementos e máquinas agrícolas, porque Mato Grosso
tem um potencial muito grande nisso.
Deputado Zé Carlos do Pátio, nós não conseguimos em razão da logística e do
insumo. Havia insumo que saía de Minas Gerais, ia para o Rio Grande do Sul para, depois, aportar
em Mato Grosso. Veja o passeio que faria essa matéria-prima, esse insumo para chegar aqui e
produzir uma grade, para montar um trator e assim por diante, que é um bem de consumo bastante
acentuado no Estado de Mato Grosso.
Então, nós temos esses dois problemas que é de logística e de insumos.
A energia elétrica...
Quando eu estava na Secretaria, eu acho que hoje não mudou muito o panorama,
nós tínhamos uma briga muito forte no CONFAZ, na discussão de aprovação dos incentivos fiscais.
Mato Grosso sempre teve uma pecha de agressão ao meio ambiente. E se constrói usinas e 50%
praticamente dessa produção de energia elétrica são tributadas em outros Estados. Sai daqui, porque
a tributação modelo é no destino, assim como é o ICMS da comunicação e dos combustíveis, e se
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tributa lá. Nós tínhamos essa pecha de agressores do meio ambiente na construção de usina, porque
vinha impacto na reserva dos índios não sei de onde; porque vinha impacto ambiental na Amazônia
e toda vida foram taxados – digamos – de maiores agressores.
Eu acho que nessa questão, Jandir, é um modelo complicado, mas o que, talvez,
pode ser feito para melhorar a nossa produção? Primeira coisa: não adianta querermos exportar
matéria-prima no seu estado natural, porque a arrecadação não é aquela que gostaríamos que fosse,
porque quase tudo vai para exportação.
Eu vi o Múcio colocando aqui a produção de etanol de milho. Eu conheço um
pouco desse assunto e deve ter uma empresa que, salvo engano, conseguiu incentivo, se ela já não
foi para Goiás, que era de Lucas do Rio Verde, para produzir etanol de milho. Veja bem: se nós
produzirmos etanol de milho no Estado de Mato Grosso, temos matéria-prima de sobra para produzir
isso.
Nós temos um farelo, Deputado Max Russi, que pode ser consumido aqui dentro
na produção de ração animal e pode ser até modificado ou, talvez, melhorado o conceito da nossa
pecuária quando se trata do quesito produção de carne e dessa proteína.
Então, eu acho que não se deve pensar muito se vamos conceder ou se não vamos
conceder. Nós temos empresa que produz e industrializa isso? Não! No máximo, um moinho de
milho que mói milho para consumo doméstico e acho que boa parte vem de fora. Eu não sei se Mato
Grosso tem.
Então, nós temos segmentos a serem explorados, Jandir, que podem receber
incentivos fiscais. Nós temos que diferenciar incentivo de fiscal de renúncia fiscal. E eu tenho um
conceito e esses dias eu discuti isso com o Deputado Zé Carlos do Pátio quando tive a oportunidade
de conhecer os técnicos que estão trabalhando nesse serviço da CPI. Nós discutimos muito
rapidamente isso.
Eu acho que nós temos que separar, porque temos uma LDO, uma Lei
Orçamentária, que estabelece valores e chega o momento que isso se limita. Então, incentivo eu
tenho o conceito que é uma coisa e renúncia é outra coisa, porque eu não posso renunciar aquilo que
não tenho. Se eu trago uma empresa de pneus, por exemplo, não estou tendo renúncia fiscal. Pelo
contrario! Eu vou ter arrecadação, porque tudo o que ela produzir em mão de obra dentro do
contexto de folha de pagamento vai gerar receita de ICMS. Na questão do consumo de energia
elétrica, telefonia, combustíveis, frete, vai gerar receita também...
O IPI também, mas dependendo pode ter... Mas retorna, teoricamente retorna.
Então, nós temos que tomar esses cuidados: onde podemos melhorar.
Na questão da indústria nós discutimos as cartas-consultas. Quando vinha essa
discussão para a Secretaria de Estado de Fazenda eu sempre disse: olha, não turbinem a carta-
consulta com a geração de empregos e questões sociais. Façam aquilo que for real, porque se
amanhã o Tribunal de Contas ou quem for fiscalizar uma empresa dessa e ver que está tudo
turbinado só para convencer o Governo a conceder incentivo, terá problema. Daí teoricamente você
vai quebrar a empresa e o Governador será o culpado. Não foi empresário, porque nós temos bons
empresários e temos outros que não são tão bons assim, também, em toda atividade. Buscou todas as
vantagens para que pudesse ter o incentivo, mas cumpriu com aquilo que estava na carta-consulta.
Eu acho que aqui se pode estabelecer, talvez, o seguinte modelo: eu tenho um
consumo de energia elétrica “x” para produzir isso. Até “x”, uma sugestão para se pensar, aquela
tributação normal, o que ultrapassar “x”, que vou agregar atividade com mais um turno, com mais
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um turno e meio ou dois turnos, que tenha uma diferenciação, porque se essa energia elétrica for
consumida aqui se arrecada alguma coisa. Se ela não tiver consumo aqui, ela vai gerar receita no
outro Estado e nós continuaremos sendo os maiores regressões do meio ambiente com esse potencial
de geração de riqueza que nós transportamos de graça para outro Estado.
Então, uma coisa que tem que se pensar...
Eu ouvi o Múcio falando da questão da regra de saída, mas eu diria que nós
tenhamos que ter regras de exclusão de incentivo, que é uma coisa, e regra de saída é outra. O
incentivo tem dez anos, doze anos, daí para frente como está esse setor econômico naquele
momento? Estabelecer uma saída de tributação progressiva para que não chegue o dia 31, o dia 30
do mês, que se encerrou o prazo de incentivo, e no outro dia já chega a ter que tributar 100% da sua
atividade. Poderá dar um problema muito sério de que a empresa não se mantém viabilizada e vai
embora.
Já aconteceu isso aqui. Nós temos um exemplo do Deputado Zé Carlos do Pátio,
de Rondonópolis. Eu acho que dois exemplos: a Nortrox, que é aquela empresa de tecelagem, e a
Santana. A Santana, na ocasião, tinha uma proposta de ir para a Argentina. Ainda bem que não foi,
porque lá está pior, muito pior do que aqui. Se não me engano, exauriu-se a capacidade delas de
produção, de viabilidade econômica e não se sabe por quais questões, quais as razões que foram
embora.
Então, eu acho que temos que ter essas regras de saída bem pensadas. Talvez, uma
tributação progressiva, a partir de um determinado momento, pode ser uma alternativa, porque você
anoitecer com um ICMS “x” e acordar com um ICMS duas vezes, três vezes “x” pode inviabilizar a
atividade em razão desse problema que nós temos de logística. E não adianta dizer que nós temos
ferrovia, porque a ferrovia só tira da estrada os caminhões, mas não traz economia para o setor do
agronegócio, que é, hoje, está fomentando, digamos, a atividade ferroviária. Nós temos isso!
Então, eu acho que tem que ter essa questão de fazer essa análise.
A regionalização dos sensitivos, conforme o Múcio pegou o exemplo de Ribeirão
Cascalheira ou Ribeirãozinho, um desses dois municípios, é uma coisa muito interessante, porque,
de fato, nós temos atividades...
Não adianta querermos colocar uma indústria de móveis em São Félix do
Araguaia, Jandir Milan. Não vai ser possível, não tem mão de obra, não se viabiliza pela logística,
não se viabiliza por razão nenhuma. Então, nós temos... E o Múcio tem razão! O Estado tem
mapeado quais são as regiões que têm potenciais que podem ser melhorados como atividade
econômica. Isso é muito importante que, de fato, se pense. Na época do Governo Blairo Maggi se
pensou. E sempre tem outros que dizem: olha, nós temos que ter um tratamento igualitário para
todos. Não adianta dizer que no Baixo Araguaia pode dar uma condição melhor do que para a região
do Médio Norte, porque constitucionalmente todos nós somos iguais, aquela coisa toda, o princípio
da equidade, mas tem coisas que são factíveis, porque, senão, a Amazônia não teria incentivo fiscal;
Guajará-Mirim não é zona franca, e assim por diante.
Então, é possível, a bem do desenvolvimento econômico, se fazer isso.
A segurança jurídica o Jandir mencionou duas ou três vezes na sua fala. Isso, sim,
é uma coisa que preocupa muito, porque lembro das nossas discussões quando participávamos e era
discutido no CONDEPRODEMAT a segurança jurídica. Dizia-se: não, você cumprindo aquilo que
está na legislação, dentro da sua carta-consulta, a sua segurança jurídica existe. E, de fato, não se
questionava isso daí.
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Então, é uma coisa que preocupa bastante, mas eu não vejo problema, porque nós
temos um Poder Executivo que quer melhorar a atividade econômica do Estado; nós temos um
Poder Judiciário e uma Assembleia Legislativa que são os que representam e personificam o Estado.
Então, não vejo muito problema em se dizer: tem segurança jurídica, porque a partir do momento
que não se arrecada perde todo mundo e perde a sociedade.
Na questão colocada pelo Dr. Valdiney do fomento à política de empregos, número
e qualidade, eu acho que temos vários problemas. Quando se trata de número é fácil, porque você
tem quase que uma mão de obra não qualificada, e para atividade de mão de obra não qualificada
hoje está muito difícil, até para varrer rua tem que ter certa qualificação, senão, não vai fazer o
serviço bem feito.
Então, o que falta no País? Cursos técnicos de construção de profissões, que as
pessoas entendam o mínimo de uma profissão.
O cidadão sai hoje de uma universidade, está formado em Engenharia, não sei o
que, ou Direito, faz uma especialização, faz uma Pós-Graduação e quando ingressa em uma
empresa, ela tem que investir mais oito, dez, doze meses na capacitação para que ele possa produzir
para dar resultado.
Então, o nosso sistema de ensino, Deputado Zé Carlos do Pátio, hoje, desculpe o
termo, mas está uma porcaria, não forma ninguém. Pelo contrário, concede diplomas, títulos, mas a
produção não condiz com aquilo que cai no mercado. De jeito nenhum! Em qualquer atividade, é na
Medicina, é no Direito, em qualquer atividade existe isso aí.
Essa questão da qualidade depende muito do nosso grau de qualidade do ensino
mesmo. Não tem jeito. Ou nós melhoramos, o Brasil muda o seu modelo, ou nós daqui a vinte anos,
se estivermos aqui, estaremos discutindo coisas muito piores do que se discute hoje. Essa é a minha
percepção.
Quando se fala em números, nós tivemos, numa ocasião, a palestra do Presidente
do TCU, Ministro Augusto Nardes. O TCU fez um cálculo, salvo engano, em 2050: se exaure o
modelo de sustentação social através das Bolsas no Brasil. As Bolsas absorverão toda a Receita sem
sobrar recurso para atividade de investimento, e daí está instaurado um caos.
Então, se o Brasil não começar a pensar hoje a criar atividades e formas de
melhorar a qualidade intelectual do nosso povo brasileiro que sobrevive às custas de Bolsa Família,
Bolsa Emprego, Bolsa Gás, todas as outras Bolsas que viram um cargueiro grande quando soma tudo
isso, nós teremos problema, no futuro, social muito sério. Aí os investimentos, o Brasil, talvez, vai
ser um País semelhante a Cuba, onde a sociedade vai viver de Bolsas e numa penúria danada.
Segurança alimentar e elevação educacional, isso é muito importante, mas acho
tem uma coisa que está bem pontuada: a questão das doenças no trabalho.
Dizer aqui muito rapidamente que se dentro da concessão de incentivos fiscais
houver uma política de assistência à saúde preventiva das empresas e um sistema de rodízio
constante de como se fazer essa saúde preventiva, Jandir, eu acho que pode, sim, mudar muito esse
quadro. O que acontece? Muitos empresários têm uma responsabilidade social, porque sabem que
se o empregado faltar hoje vai ter que colocar um menos capacitado do que aquele que saiu e,
consequentemente, a sua produção vai reduzir. E quando isso começa a representar três, quatro,
cinco, seis por cento, ele já vai ter dificuldade na própria viabilização. Se esse empresário tivesse o
modelo do Estado que em torno de 15 a 20% do seu quadro estar em férias ou estar encostado por
motivo de saúde ou por motivo de licença, ele quebra.
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Então, é uma forma de se indicar essa questão de nós sermos, digamos, causadores
de doenças. Têm segmentos econômicos que são causadores de doenças. Eu acho que tem que
conceder incentivo fiscal, sim, mas com responsabilidade social nessas questões também, porque a
saúde o Poder Público não dá conta de tratar das doenças que existem hoje e das pessoas que buscam
o atendimento médico ou por duas questões: uma é a questão que têm pessoas que efetivamente
ficam doentes; outras são as doentes propositais, vão ao médico, falta um dia, mas querem atestado
de três dias, de quatro dias, de cinco dias, porque não querem estar no emprego. E isso é revelação
de médico que trabalha pelo SUS. Então, não estamos dizendo que isso é utopia, são fatos mesmo
que ocorrem, que as pessoas buscam atendimento por uma dor de barriga qualquer, mas a pessoa
examina e diz: “mas, não tem nada”. “Mas, Doutor, por favor, me dê um atestado de três dias,
porque estou precisando descansar um pouco.” Não pode ser empregado.
Então, não adianta, o Poder Público sozinho não dá conta da saúde, porque nós,
infelizmente, temos a lei da vantagem e do menor esforço.
Essas são coisas que precisam ser repensadas na concessão dos incentivos fiscais.
Agora, uma coisa é certa, Mato Grosso não sobrevive se não verticalizarmos a nossa produção
primária e se não trouxermos empresas para cá. Não adianta, vai todo mundo penar. E aqueles
empresários que estiverem com suas empresas instaladas, que têm dificuldade da logística, da
concorrência, porque é muito mais fácil estar em São Paulo, no Paraná, no Rio de Janeiro, não sei
onde, perto dos portos, dos centros consumidores, produzindo sem incentivo, do que com incentivo,
ainda, é mais difícil.
Então, Deputado Max Russi, algumas ponderações, até porque eu tenho uma
reunião também com o colegiado no Tribunal de Contas agora, às 15h15min, mas pedi que atrasasse
um pouco, as ponderações que faria se vale para alguma coisa da reflexão, essa que nós fazemos
neste momento. (PALMAS)
O SR. PRESIDENTE (MAX RUSSI) – Obrigado ao Tribunal de Contas pela
ajuda, pela colaboração. Em nome do seu Presidente, Waldir Teis, obrigado pela participação e não
tenho dúvida que a sua contribuição foi importante ao nosso trabalho aqui e o senhor tem um
compromisso, nós já sabíamos, nós agradecemos a sua presença.
Convido o Benedito Dias Pereira, Diretor da Faculdade de Economia da UFMT,
que fará a síntese das diferenças regionais e a questão de agregação de valor.
O senhor dispõe de dez minutos, podendo se estender para a conclusão.
O SR. BENEDITO DIAS PEREIRA – Deputados, demais autoridades, boa tarde!
Quero parabenizar a todos pela iniciativa de estar provocando este debate. Este é
um momento oportuno extremamente oportuno para a economia de Mato Grosso.
O Múcio quando me convidou disse que seriam apenas cinco minutos, embora
sejam cinco minutos, obrigado pelo convite, a faculdade de economia agradece o convite.
Pensando nesse tema, eu preparei exatamente três slides para discutirmos.
Uma discussão extremamente importante para a economia de Mato Grosso hoje,
acho que todos nós temos que estar refletindo sobre ela, é a questão dicotomia entre o crescimento e
desenvolvimento econômico.
Numa dúvida os indicadores do IBGE, em especial da última semana, revelam isso
de forma bem nítida. A economia de Mato Grosso está crescendo a passos extremamente
promissores, crescendo muito, embora ainda represente 1,7% do PIB do Brasil, mas se você divide o
PIB de Mato Grosso pelo PIB do Brasil, você acha uma razão extremamente grande de 1,7%.
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Obviamente, olhar só para esse indicador é insuficiente. É preciso olhar a
trajetória, o caminho de expansão da economia mato-grossense. Então, ela vem crescendo a passos
extremamente largos. No entanto, os indicadores de desenvolvimento não acompanham com a
mesma velocidade os indicadores de crescimento.
Os indicadores sociais, os indicadores ambientais, progridem, melhoram, contudo,
a passos bem mais módicos que os indicadores de crescimento. Então, há essa dicotomia entre
crescimento e desenvolvimento.
Como é que nós poderíamos, num tempo diminuto como este, colocar essas
questões que são extremamente importantes para o momento atual de Mato Grosso? Porque a
palavra desenvolvimento transcende crescimento, ela vai muito mais além do crescimento.
A palavra desenvolvimento incorpora questões estruturais, que envolve
transformações.
Embora a palavra desenvolvimento seja uma jovem na história do pensamento
econômico, na história socioeconômica, ela tem aproximadamente sessenta anos, é uma questão que
faz parte do debate de qualquer gestor público, de qualquer acadêmico. Dessa forma se a palavra
desenvolvimento contempla transformações estruturais e contempla incorporação de fenômenos
sociais e ambientais desejáveis, a política economia, em particular a política industrial, e dentro dela
a política tributária, tem que estar focada exatamente nessas questões que são mais importantes para
a economia de Mato Grosso.
O que a economia de Mato Grosso tem de mais relevante do ponto de vista social?
Uma elevada desigualdade social - todos nós sabemos.
Os nossos indicadores de desigualdades são extremamente altos. Se você mede,
através do Índice de GINI, ou outro indicador qualquer, nós sabemos que a desigualdade de
distribuição de renda de Mato Grosso é extremamente alta. Obviamente que isso se explica em
grande parte pelo fato de o motor da economia de Mato Grosso estar assentado na agropecuária. A
agropecuária, por sua vez, se assenta numa estrutura fundiária extremamente alta. Ou seja, aqui em
Mato Grosso o setor mais dinâmico se assenta em um pequeno número de grandes propriedades.
Então, nós temos concentrações diversas.
Obviamente não é desejável, se nós estamos pensando em um modelo de
industrialização, que essa desigualdade se transponha de forma automática para o modelo como um
todo.
É preciso pensar que os indicadores sociais, ambientais, que seriam veiculados
para um novo modelo de incentivo fiscal, tenham obviamente como premissa, como resultado, como
metas, algumas questões que são extremamente desejáveis do ponto de vista social, se nós queremos
uma sociedade que de fato caminhe com o desenvolvimento econômico e não apenas com o
crescimento econômico.
Como é que nós poderíamos fazer a introdução dessa questão?
Existem três vertentes, três correntes teóricas que abordam política industrial: a
política evolucionista, a desenvolvimentista e uma política entendida como ortodoxa.
A ortodoxa é aquela que se apoia no liberalismo, no livre flutuar das forças de
mercado, o Estado intervindo tão somente para corrigir falhas de mercado.
Falar em correção de falhas de mercado na economia de Mato Grosso é uma
conversa absolutamente inútil, porque ela tem, como eu disse, uma estrutura fundiária extremamente
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concentrada e, portanto, os resultados, os benefícios de um apoio numa vertente teórica como essa
seria inócuas ou tímidas.
Por sua vez, se nos apoiamos na evolucionista, e aí contempla parte da
contribuição do Múcio, quando ele contempla a abordagem centrada na abordagem sistêmica,
embora ele tenha citado só a PL, muitas das discussões modernas que se faz sobre incentivos fiscais
se apoiam em outros tipos de abordagens sistêmicas, como cadeia produtiva, a própria palavra
agronegócios, sistemas agroindustriais, etc. Então, a vertente teórica mais importante hoje para
servir como suporte para uma abordagem teórica se comunica com as abordagens sistêmicas, dentre
elas a citada pelo Múcio, que é a PL.
Por sua vez, quando se contempla a abordagem desenvolvimentista se retroage
obviamente a um dos principais pensadores econômicos, segundo grande pensador da história do
pensamento econômico, que é David Ricardo, cuja discussão muitas das falas que foram colocadas
aqui se apoiam exatamente nas vantagens comparativas, nas vantagens comparativas da escola
clássica em economia.
Obviamente que quando a economia se movimenta ao sabor das vantagens
comparativas, os resultados são esses do ponto de vista das desigualdades regionais.
Verifiquem - eu acho que essa é uma questão extremamente importante para
discutirmos - o apoio dos incentivos fiscais, com suporte nas vantagens comparativas.
Veja bem, para que serve a teoria? Serve para balizar, para sinalizar, para vestir de
lógica um conteúdo aplicado ou pragmático. Toda aplicação obviamente precisa de um suporte
teórico para que a lógica que se movimenta dentro do suporte teórico antecipe determinados
resultado que vão inevitavelmente, inexoravelmente, acontecer.
Nessa perspectiva, como é que nós poderíamos estar discutindo?
As vantagens comparativas em Mato Grosso e as políticas de incentivos fiscais
concebidas originalmente como PRODEIC e PRODEIC, Pró-Arroz, Pró-madeira, Pró-café, de
incentivo e de renúncia fiscal, tinham falsamente uma abordagem sistêmica, ou seja, elas induziam
que iriam ser feitas, concebidas na cadeia produtiva, contudo tinha um recorte setorial, isto é, ela
tinha um vetor setorial à medida que privilegiava determinado elo da cadeia produtiva.
Quando se prioriza determinado elo, automaticamente usa-se a teoria como uma
falsa iluminação, como um falso vetor, um falso farol, no entanto, não contempla todos os elos da
cadeia produtiva e, portanto, descarta o que a teoria tem de mais rico, que é a abordagem sistêmica,
ou seja, considerar todos os elos da cadeia numa perspectiva de cadeia produtiva.
Nessa linha de raciocínio, quando a economia flutua ao sabor desse tipo de
movimento, automaticamente as desigualdades vão sendo geradas, as desigualdades vão sendo
germinadas e disseminadas pela economia, não só as desigualdades pessoais, funcionais e de renda,
ou seja, um Estado em que você tem poucos ricos e muitas pessoas com um nível de renda
extremamente baixo.
Essa dualização na questão distributiva, seja pessoal, seja funcional, de renda
também se transfere para as desigualdades regionais.
Esses municípios em preto, vocês verificam que cuja base econômica é a soja, o
algodão e algumas outras commodities, cujo núcleo econômico, cujo vetor econômico, cuja matriz
econômica está voltada, no caso da soja, predominante para o exterior, ou seja, uma economia
voltada para o exterior, que faz da sua base econômica um modelo dinâmico, uma região dinâmica e
que se apropria do mercado externo, do mercado mundial.
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Essas outras economias, em vermelho, cuja base econômica é a agricultura
familiar, exibem redução na participação do PIB de Mato Grosso. Enquanto essas em preto, de um
modo geral, apresentam crescimento na participação do PIB, as que estão em vermelho apresentam
redução na participação do PIB, ou seja, nós temos dois conjuntos de municípios, um crescendo bem
mais que o outro, um conjunto crescendo bem mais que o outro. Isso é resultado tanto do livre
flutuar das forças do mercado, mas da forma como o Estado vem intervindo na economia de Mato
Grosso, intervindo em setores. Se ele faz essa intervenção em setor, obviamente que ele está
alavancando com muito mais ênfase essas economias alicerçadas na soja, no algodão, no milho, ou
seja, nas commodities. Isso quer dizer o quê? Do ponto de vista da discussão de um modelo de
industrialização nós temos uma economia voltada para fora, voltada para o exterior e se estamos
pensando num modelo de industrialização, como disse o Presidente da FIEMT... Olha, nós temos
uma economia absolutamente incipiente do ponto de vista de potenciais consumidores, três milhões
e cem mil pessoas.
Então, para um mercado pífio como esse nós não temos condições de pensar num
modelo de industrialização em massa. Como uma política pública poderia contribuir para aumentar
o mercado interno e, portanto, atuar no sentido de reduzir as disparidades regionais ou pessoais de
renda? Colocando como foco, por exemplo; colocando como alvo de discussão, um assunto que
raramente é tocado em debates como este: a agricultura familiar. Isto é, os países, de modo geral,
não migraram de crescimento para desenvolvimento econômico sem incorporar a agricultura
familiar na discussão. De um modo geral, nenhum país se tornou desenvolvido sem resolver essa
questão que é discutida no âmbito das questões agrárias. Essa questão, uma vez permanecendo à
margem das discussões, deixa de lado uma fonte potencial de criação de demanda para melhorar a
demanda interna já que Mato Grosso tem uma demanda interna absolutamente incipiente.
Então, a agricultura familiar é uma forma de contribuir, veja bem, não para
resolver, mas para contribuir, para ajudar, para melhorar a criação do mercado interno e outra forma
é perseguir nessa linha de abordagem sistêmica.
Obviamente um assunto que, também, precisa ser discutido é não tão somente a
captação de investimento, ou seja, atrair investimentos externos, mas pensar, também, como o
excedente obtido internamente pode ser acumulado dentro da própria economia de Mato Grosso. Isto
é, como um incentivo pode receber um tratamento tributário diferenciado, ou melhor, o excedente
obtido internamente pode receber um tratamento tributário diferenciado de modo que haja
acumulação do excedente obtido internamente e não que esse excedente, na forma de lucro obtido
aqui, seja reinvestido fora de Mato Grosso.
Então, veja bem: é importante captar investimentos, mas é importante também
engendrar, pensar, formular políticas para manter o capital aqui e o excedente obtido por esse capital
dinamiza a economia interna e propulsa de forma muito significativa a demanda interna.
Essa questão da agricultura familiar - só para concluir - resolveria uma questão que
é histórica em Mato Grosso, especialmente em Cuiabá que exibe uma trajetória decrescente na
participação do PIB.
Cuiabá está crescendo bem menos que os demais municípios. Então, é preciso
incentivar regiões como esta definindo a agricultura familiar como elo prioritário de investimento.
Obviamente que isso resolveria a questão de Cuiabá ser historicamente importadora líquida de
hortifrutigranjeiro, por exemplo. São políticas simples de incentivo à agricultura familiar que
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deveriam ser feitas de forma articulada entre as diversas secretárias de Estado para que tivéssemos
resultados bem mais favoráveis do ponto de vista do desenvolvimento econômico.
Obrigado. (PALMAS)
O SR. PRESIDENTE (MAX RUSSI) – Obrigado à UFMT, por meio do seu
Diretor da Faculdade de Economia, Sr. Benedito Dias Pereira, que já esteve em outra oportunidade
fazendo a sua explanação e dando uma contribuição importante a nossa Comissão.
Com a palavra o Sr. Francisco Antônio de Almeida, Diretor do Porto Seco/
Cuiabá, que fará a síntese da importância dos incentivos fiscais para o comércio exterior e a
concorrência entre as unidades federadas, dispondo de dez minutos, podendo estender por mais
cinco minutos para complementar.
O SR. FRANCISCO ANTÔNIO DE ALMEIDA – Boa tarde, Sr. Deputado Max
Russi, Presidente desta Audiência Pública; Deputado Emanuel Pinheiro, em nome de quem
cumprimento todos os componentes da mesa.
Eu farei algumas considerações da importância para Mato Grosso do comércio
internacional.
Vejam bem: Mato Grosso é um Estado que grande parte da sua produção in natura
é exportada. Nós temos a necessidade de não só transformar os nossos produtos como acelerar o
intercâmbio comercial internacional por meio da carne, das commodities agrícolas e das nossas
proteínas que são vegetais, que sejam transformadas também em proteínas animais e com isso
promover o desenvolvimento humano.
Nós não somos somente produtores de soja, milho, pipoca e algodão, que é muito
importante. Nós temos uma agricultura pujante que fez com que o Estado se desenvolvesse muito
acima dos outros estados neste quesito, mas não estamos sabendo utilizar todo esse desenvolvimento
feito pelo agronegócio para darmos o segundo passo muito importante para o desenvolvimento do
Estado, que seria a transformação dos nossos produtos e das nossas proteínas vegetais em proteínas
animais e essas em proteínas humanas.
O que eu quero dizer com isto é que dentro do que nós temos, hoje, no Estado de
Mato Grosso eu ouvi uma porção de pessoas comentando...
Os que me antecederam aqui falaram bastante, inclusive o Dr. Waldir Teis, que é o
Presidente do Tribunal de Contas e foi Secretário de Estado logo no início do PRODEIC. Ele tem
um belo conhecimento disso, assim como os senhores da Assembleia Legislativa conhecem uma boa
parte dos incentivos que foram feitos no Estado. Alguns foram bem sucedidos e outros não. Nós
queremos chegar a isso daí. Por que houve sucesso em alguns setores e insucesso em outros?
Na agricultura nós tivemos sucesso esplendoroso. Graças ao nosso agricultor
Mato Grosso não é só reconhecido como grande produtor no Brasil. Nós somos reconhecidos
mundialmente com produtores de qualidade e de quantidade, com alto índice de produtividade, e
isso é muito importante que seja frisado. Não é quantidade de hectares que faz a pujança da nossa
agropecuária. O que faz a pujança da nossa agropecuária é a qualidade da nossa produção e a nossa
produtividade.
Na outra ocasião em que estive aqui presente, Deputado Max Russi, eu elogiei a
atitude da Assembleia Legislativa ao criar a CPI para corrigir os rumos do desenvolvimento do
PRODEIC, mas, mais do que isso, eu incentivo e aplaudo a iniciativa dos senhores, justamente, de
fazer esse tipo de procedimento, melhorar para que discutamos um novo plano de desenvolvimento
do Estado de Mato Grosso, vamos falar dessa forma.
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A palavra incentivo é muito relativa, o Estado pode incentivar de diversas formas
e, também, pode tirar esse incentivo de diversas formas. Nós fizemos as duas coisas no passado, nós
provocamos o desenvolvimento e em alguns casos tiramos esse desenvolvimento.
Nós temos, em primeiro lugar, quando se trata de benefício de ICMS inexiste para
o comércio mesmo quando nós achávamos que tinha um benefício de PRODEIC para o comércio,
não é verdade. O Estado... Eu me recordo bem que eu fiz essa tratativa com o Waldir Teis na época
que foi introduzido esse benefício para o comércio. Simplesmente, a palavra que nós usamos foi
diferimento que posterga a arrecadação de ICMS para a próxima operação. Não modifica
absolutamente nada, arrecada-se exatamente a mesma coisa. E o pessoal agora não está entendendo
bem isso. Então, está havendo uma confusão com relação a isso. Não tem nenhum benefício. O
benefício que existe é simplesmente diferido e postergado para a próxima operação. Diferimento
significa que é suspenso o pagamento até a próxima operação. A próxima operação de venda tem a
mesma alíquota de ICMS de todas as outras operações. Então, isso precisa ficar bem claro que não é
desta forma que nós vamos conseguir atrair empresas aqui para o Estado.
Nós temos no caso das indústrias, das empresas de prestações de serviços, algumas
arrecadações que são indiretas, o Waldir Teis até comentou aqui muito bem por sinal. Você quando
constrói uma planta industrial ou um armazém para algum comércio, alguma coisa, você já começa a
arrecadar antes do benefício. O que nós chamamos de benefício fiscal ele só virá depois que você
começou a cooperar e olhe lá. E assim mesmo é parte apenas do que o Estado pensava em arrecadar.
Então, nós temos aí uma geração de emprego e renda antes de qualquer operação
na empresa, muito antes, às vezes, um ano, dois anos, três anos, no caso de regime de hidrelétrica
cinco anos, está gerando emprego e renda, está consumindo no mercado e no entorno de onde ela
está instalada e também nas outras cidades maiores, está comprando cimento, areia, ferro, enfim,
toda uma geração de produtos que causam arrecadação bastante grande de ICMS. Isso precisa ser
levando em conta quando nós fazemos o cálculo de desoneração fiscal. Essa desoneração é muito
relativa.
Nós temos no orçamento do Estado, e aqui é a Assembleia Legislativa que tem um
envolvimento muito importante no quesito do orçamento... Nós sabemos a dificuldade que é no
Brasil todo, o orçamento costuma ser uma peça de ficção e a Assembleia Legislativa pode nos
preparar e preparar o Estado com um orçamento para promover o desenvolvimento, também, quando
fizer esse orçamento fiscal. É muito importante que a Assembleia Legislativa tenha essa visão, essa
visão do desenvolvimento até no orçamento do Estado.
Eu gostaria de comentar, falar rapidamente sobre quatro empresas que tiveram
fuga de investimento em Mato Grosso. Na verdade, foram centenas de empresas que foram embora
daqui. Centenas! Eu acho que se nós formos computar todas elas, mas eu gostaria de citar quatro,
simplesmente quatro, até porque cada uma delas tem um motivo diferente e está indo embora. Então,
para que nós tenhamos o conhecimento de todos os fatores que ocasionaram, apesar do incentivo
fiscal, a ida delas. Elas não ficaram aqui, nos abandonaram, infelizmente. Uma delas é a CASP.
A CASP é uma empresa instalada em frente ao Distrito Industrial que teve um
benefício fiscal e gozou dele acho que por nove ou dez anos e a causa dela ter ido embora foi o
contrato mal feito. Simplesmente isso.
Na época, o Governo do Estado fez um contrato de benefício fiscal, onde
autorizava que eles trouxessem a matéria-prima do exterior e fizesse a nacionalização no Porto de
Santos. Eu chiei bastante naquela época, eu me recordo bem disso, dizendo que isso era uma faca de
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dois gumes e que nós iríamos ser penalizados por isso. Não tenha dúvida nenhuma. Eles usaram a
Guia de Liberação do Regime Fiscal do Estado de Mato Grosso e liberaram o produto em Santos e
mandaram para a empresa deles perto de Campinas, na cidade de Americana, que é muito mais
perto, gerando lá emprego e renda, com energia elétrica mais barata e tudo e nós ficamos aqui vendo
navio. A empresa nada fez para cá. Vinte dias depois, pasmem os senhores, os silos lá construídos e
os nossos agricultores aqui que até hoje têm necessidade de armazéns e silos. Ainda nós somos
carentes nesse item e temos algumas empresas querendo vir para cá, deste mesmo produto, de
fabricação de silos e estão com dificuldade.
Então, é muito importante que saibamos a forma que é feita essa atração. A
atração não pode ser feita assim de qualquer jeito, não, tem que ser bem pensada.
A outra empresa é a Nutriara. A Nutriara eu acho que foi do Ratinho, da televisão,
lá no Distrito Industrial, faz ração para gatos e cachorros, é uma empresa de grande porte no setor.
Eu acho que já foi campeão de vendas no Brasil. Ela tem outras empresas no Paraná, a matriz é em
Rolândia e simplesmente fechou as portas aqui e foi embora, disse que não tinha segurança jurídica.
E nós somos um Estado que mais produz as matérias-primas para ração. Nós temos aqui farelo,
milho, enfim, todo e o mais necessário para o desenvolvimento de uma empresa deste porte.
A Preformax. A Preformax é uma empresa também no Distrito Industrial, de
amigos nossos, resolveu montar no Paraguai, porque a energia elétrica lá é uma décima parte do
valor daqui, mas foi embora daqui, porque teve um incêndio e logo quando foi lançado aqui o Fundo
de Incêndio, não sei como é... Aliás, Fundo é uma coisa que nós temos bastante, espero que não
percamos os fundilhos por causa disso. Essa empresa foi para o Paraguai, justamente, porque pegou
fogo e o Corpo de Bombeiro foi aparecer lá acho que duas horas depois, foi fazer um rescaldo
apenas, como sempre. Nós temos um Fundo, mas não temos a eficiência dos recursos do Fundo.
Certo?
A outra, essa talvez seja a mais ilustrativa de todas, é a Nortox. Ela é a única
fabricante de agroquímico que veio para o Estado de Mato Grosso.
Mato Grosso é o maior consumidor de agroquímicos do Brasil. Nós estamos
falando aqui que nós só temos três milhões de habitantes e, então, Mato Grosso não pesa muito
como grande consumidor. Ledo engano. Em alguns setores nós somos os maiores consumidores do
Brasil. O agroquímico é um deles, e nós não temos nenhuma fábrica aqui, a única que existia foi
embora, a Nortox. Os donos são meus amigos de Arapongas e eles têm me dito que a insegurança
jurídica fez com que eles assim fizessem. Talvez tenham outros motivos que eu não saiba. Mas eles
pararam por aí e não quiseram falar mais nada.
Então, é muito importante que corrijamos esses defeitos e atraiamos essas
empresas. É muito importante que atraiamos a Nortox, que atraiamos uma Bayer, uma Syngenta. É
importante que saibamos quais são as nossas reais vocações para que possamos atrair essas empresas
de uma maneira definitiva para Mato Grosso e elas se sintam bem, não só arrecadem, como também
gerem emprego e renda, porque a nossa população, todos nós estamos precisando verticalizar a
nossa produção, transformar...
Nós não podemos mais continuar, sob pena de que se tivemos uma queda no
mercado internacional das commodities agrícolas, termos problemas. Isso precisa ser bem claro.
É importante que tenhamos outras atividades e que a transformação desses
produtos consiga fazer com que a nossa economia tenha mais segurança, segurança econômica, não
é só segurança jurídica não, aliás, a econômica é muito mais importante do que a jurídica.
ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO. ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA DA CPI DA RENÚNCIA E SONEGAÇÃO FISCAL PARA
REVER O PROGRAMA DE INCENTIVOS FISCAIS E ATRAÇÃO DE INVESTIMENTOS
PARA O ESTADO DE MATO GROSSO, REALIZADA NO DIA 23 DE NOVEMBRO DE 2015,
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Alguns motivos da evasão os senhores já sabem, que é o excesso de burocracia,
contratos inadequados e dificuldade de operar.
Então, eram essas as quatro empresas sobre as quais eu gostaria de fazer essas
colocações para que não caiamos nos mesmos erros.
Eu poderia citar mais de quinhentas empresas nesses mesmos itens que foram
citados dessas quatro empresas.
Essa falta de desenvolvimento de alguns setores é justamente por causa disso.
Nós tivemos alguns erros cometidos no Governo passado quando resolveu ampliar
os nossos benefícios sem nenhum estudo criou centros de distribuição que vendia para varejistas.
Eu nunca vi centro de distribuição vender para varejistas. Eu já vi centro de
distribuição vender para outra empresa. CNPJ vendendo para CNPJ, não vendendo para consumidor
final, como nós vimos aqui, destruindo uma série de empresas de menor vulto - certo?
Nós fizemos também um benefício aqui para produto da agricultura in natura,
vendidos para outros Estados da federação, e tivemos o desplante de fazer, dar um benefício fiscal
para uma empresa que colocou no projeto que iria levar o produto daqui para industrializar no
Estado de Goiás... (RISOS) Estão entendendo? Nós demos o benefício fiscal para eles para
industrializar a matéria-prima no Estado de Goiás, gerando emprego e renda em Goiás, e não em
Mato Grosso, recolhendo ICMS sobre energia elétrica, comunicação, etc. e tal, tudo no Estado de
Goiás. E nós ficamos aqui a ver navios.
Eu gostaria de citar um...
Isto daqui é o desembaraço do Estado de Mato Grosso para produtos do comércio
e a comparação é com o Espírito Santo.
Nós temos em Mato Grosso uma alíquota de 17% para importação. Se colocarmos
um produto que custou cem mil reais, o cálculo de ICMS, tendo o diferimento - é o que temos hoje,
não é nada, nunca teve nada além disso -, nós vamos recolher quinze mil, seiscentos e sessenta e
dois reais e sessenta e cinco centavos de ICMS direto.
No Espírito Santo, que tem uma alíquota de importação de 12%, tem o mesmo
valor aduaneiro de cem mil reais, um valor de venda de cento e trinta e seis mil, quer dizer, com um
acréscimo de 36%, ele recolhe 4%, pagando cinco mil, quatrocentos e cinquenta e quatro reais e
cinquenta e cinco centavos.
Então, meus amigos, é muito difícil atrair empresas para cá, pagando energia
elétrica mais cara, pagando combustível mais caro, pagando comunicação mais cara, com diferenças
de alíquota de quinze mil para cinco mil.
Eu gostaria de me colocar à disposição dos senhores, como sempre me coloquei,
Presidente, e quero deixar claro que essa iniciativa de Vossas Excelências é muito importante, é
importante mesmo.
Eu acho que nós podemos fazer alguma coisa e desta Casa pode sair alguma coisa
que vá trazer um alento para o Estado de Mato Grosso.
A sociedade precisa disso, não só os empresários, mas acho que toda a sociedade
precisa, porque nós estamos no mesmo Estado, no mesmo terrão e é daqui que vamos tirar o
desenvolvimento e o crescimento. Enfim, é isso que todos nós buscamos e a sociedade procura
almejar alguma a mais do que nós temos hoje.
Esperamos que o projeto que sairá desta Casa seja um projeto que nos alegre e
consiga atrair as empresas que para aqui querem vir.
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Podem ter certeza que tem muita empresa querendo vir para o Mato Grosso.
Mato Grosso é um Estado que oferece oportunidades e nós não podemos tirar as
oportunidades que o Estado oferece.
Muito obrigado. (PALMAS)
O SR. PRESIDENTE (MAX RUSSI) – Obrigado ao Sr. Francisco Antônio de
Almeida, Diretor do Porto Seco, pela contribuição, que em outra oportunidade também já esteve
dando uma contribuição importante a nossa Comissão.
Nós tivemos a oportunidade de estar no Estado de Goiás, Presidente Zé Carlos do
Pátio, realmente constatamos outra realidade lá, um Porto Seco muito forte, um incentivo muito
forte, e Vossa Excelência falou da dificuldade de os silos virem para cá.
É importante que o Governo do Estado - que está aqui representado pelo Secretário
Seneri Paludo e por outros Secretários -, depois gostaria de fazer uma conversa nesse sentido para
fazermos os encaminhamentos de interesse de todos.
Inclusive quero agradecer o Governo por quatro Secretários estarem presentes.
O Governador se comprometeu com esta Comissão, inclusive na nova política de
incentivo fiscal, antes de encaminhar a esta Casa, que discutiria com os Deputados, valorizando a
nossa Comissão, e nós conseguimos encaminhar isso algumas vezes com o nosso Governador.
O Sr. Zé Carlos do Pátio – Sr. Presidente, concede-me a palavra pela Ordem?
O SR. PRESIDENTE (MAX RUSSI) – Com a palavra, pela Ordem, o Deputado
Zé Carlos do Pátio.
O SR. ZÉ CARLOS DO PÁTIO – Quanto a essa palestra do Dr. Francisco, eu tive
a oportunidade de conhecermos o Porto Seco de Anápolis e lá a importação é grande.
Se você fala em política de incentivo e política de desenvolvimento do Estado, de
agregação de valor, basta observar o Porto Seco.
Se o Porto Seco de Anápolis é um dos melhores do Brasil, é forte, e você visita o
Porto Seco de Cuiabá, um Porto Seco, me desculpe, fragilizado, demonstra claramente que a nossa
política não está bem.
Na política de desenvolvimento industrial você vê a importação da matéria-prima,
a importação de agregados, mas não vemos no Porto Seco daqui, só vemos no Porto Seco de Goiás.
Por isso que foi dito em uma palestra feita anteriormente que Goiás é o segundo
Estado que mais tem uma política de incentivo fiscal no País, porque lá, também, tem um Porto Seco
forte. Aqui o Porto Seco é fraco. Nós precisamos priorizar essa política de atração, que é muito
preponderante.
Então, eu gostaria de parabenizar a palestra do Sr. Francisco.
O SR. PRESIDENTE (MAX RUSSI) - Apesar de todo esforço, não é Francisco,
tem brigado e bastante!
Com a palavra o representante da Força Sindical, Sr. Marcos Moreira, que fará a
síntese da importância da participação dos trabalhadores no acompanhamento dos incentivos fiscais.
O senhor terá dez minutos, podendo estender para a conclusão.
Eu vou me ausentar, Deputado Zé Carlos do Pátio, e peço que assuma a
Presidência.
(O SR. DEPUTADO ZÉ CARLOS DO PÁTIO ASSUME A PRESIDÊNCIA ÀS 15H10MIN.)
O SR. PRESIDENTE (ZÉ CARLOS DO PÁTIO) – Com a palavra o Sr. Marcos
Moreira.
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O SR. MARCOS MOREIRA – Boa tarde a todos da mesa, aos membros da CPI.
Eu estava rindo comigo mesmo, porque eu vim somente com um papel e todos
com slide, mas aqui brotarão as palavras do coração, do sentimento de cada trabalhador, Deputado.
Boa tarde, senhoras e senhores!
Eu sou Marcos Moreira. Sou Assessor da Força Sindical do Estado de Mato
Grosso e do Sindicato Intermunicipal das Indústrias Metalúrgicas, Mecânica e de Manutenção
Industrial e de Material Elétrico do Estado de Mato Grosso-SINDIMEC-MT.
È com imensa satisfação que represento a Força Sindical do Estado de Mato
Grosso, em nome do Presidente, Sr. Manoel de Souza, e dos oitenta e sete Presidentes de Sindicatos
filiados a nossa central.
Eu quero pedir desculpas, porque o Sr. Manoel não pode estar presente, porque
perdeu a sua mãe e teve que viajar.
Então, nossos sentimentos a ele.
Esses sindicatos representam os trabalhadores da indústria, comércio, servidores
públicos municipal, estadual e rural.
Aqui vai um posicionamento da Força Sindical sobre os programas de incentivos
fiscais e atração de investimentos para Mato Grosso.
Nós, da Força Sindical, defendemos a permanência do atual programa de incentivo
fiscal que trouxe uma grande evolução para nós, trabalhadores. De que maneira? Geração de
emprego e melhores salários. De maneira inédita, os trabalhadores das indústrias incentivas foram
contemplados a ter participação nos lucros e resultados, pedido esse que partiu dos trabalhadores
metalúrgicos, alimentos e outros companheiros que contribuíram conosco.
Lembro-me como, hoje, Deputados e cidadãos aqui presentes, que o Manoel foi
uma das pessoas que buscou, por meio das empresas, procurar os Deputados para ser aprovado esse
incentivo em 2003. Completou dez anos em 2013 e hoje está completando doze anos com a
renovação.
Qualquer mudança que venha contra o direito adquirido para o trabalhador terá a
nossa posição contrária, a posição da Força é claro.
Quanto ao avanço do PRODEIC ou da Lei nº 7.958/2003 de 25/09/2003,
contemplando: qualificação para o trabalhador, lazer e saúde, empresas que empregam no primeiro
emprego; e também a Lei nº 9.932/2013, que renovam as empresas incentivadas a melhorar os
benefícios para permanecer na política de renovação, incluindo plano de saúde, projetos sociais que
atendam entidades filantrópicas que modéstia parte nós entendemos como obrigação do Governo
que não deixa de aumentar os custos para a empresa e assim fazer com que o empregador e o
trabalhador façam de tudo para permanecer gerando emprego e renda para o nosso Estado...
Contudo, nós entendemos que empresas abrem e outras fecham. Nesse novo modelo aplicar de
maneira transparente, o atual programa já terá um grande avanço.
O Decreto nº 1.410/2003, que aprova a composição do CEDEM, conforme o Art.
3º da Lei Complementar nº 132 de julho de 2003, tem por finalidade: 1) estudar, propor, opinar e
decidir sobre o planejamento, as políticas, as diretrizes, estratégias do desenvolvimento do Estado de
Mato Grosso nos setores industrial, comércio, minas e energia; 2) apreciar e julgar os pedidos de
incentivos fiscais e financeiros de acordo com a legislação específica.
Observação: o que nós pedimos, Deputados, é que insira, representante do
Governo, a Força Sindical no Conselho, porque a Força não faz parte desse Conselho - é claro que a
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Força, também, é nova em Mato Grosso -; que o conselho não seja somente uma ferramenta de
homologação dos incentivos fiscais e que atue conforme o Art. 3º da Lei Complementar nº 132,
exemplo os fundos FUNDEI, FUNDED, FUNDESTEC e etc.
Nós, trabalhadores, não opinamos onde serão aplicados os recursos conforme
destinação para divulgar e fomentar a política de atrativos de investimentos e melhoramento
tecnológico e pesquisa de melhoramento dos nossos produtos, principalmente investimentos na
qualificação de trabalhadores.
A nossa preocupação são com essas mudanças que começaram pelas empresas
frigoríficas.
Hoje, senhoras e senhores, é de lacrimejar os olhos quando vemos dentro do
sindicato vários pais de família demitidos, claro, pela crise, mas se essa for maior que a crise, a soma
de resultados será o tiro de misericórdia a empregados e empregadores. Nós temos que separar o joio
do trigo para que inocentes não paguem pelos pecadores. Não podemos por tudo no mesmo saco. A
Força Sindical estará sempre à disposição.
Nós concluímos que política de incentivo traz benefício direto e indireto aos
trabalhadores do nosso Estado e principalmente da indústria.
Eu encerro com a profunda convicção, senhoras e senhores, que os membros da
CPI estarão analisando cuidadosamente e com muita responsabilidade o que farão de melhor para
Mato Grosso e para nós, trabalhadores.
O nosso muito obrigado e que Deus abençoe a todos vocês. (PALMAS)
O SR. PRESIDENTE (ZÉ CARLOS DO PÁTIO) – Nós agradecemos a presença
do Movimento Sindical.
Convidamos para fazer uso da palavra o Sr. Seneri Kernbeis Paludo, Secretário de
Estado de Desenvolvimento Econômico...
Vamos deixar o Secretário por último.
Convidamos para fazer uso da palavra o Sr. Rogério Romanini, representante da
FAMATO.
Neste momento, eu repasso a direção dos trabalhos ao Deputado Max Russi.
(O SR. DEPUTADO MAX RUSSI REASSUME A DIREÇÃO DOS TRABALHOS ÀS
15H16MIN.)
O SR. PRESIDENTE (MAX RUSSI) – O Rogério Romanini fará a síntese da
importância dos incentivos fiscais para o setor do agronegócio e a concorrência entre as unidades
federadas.
O SR. ROGÉRIO ROMANINI – Boa tarde a todos!
A justificativa da ausência do Rui é por motivo de agenda. Nós tivemos um final
de semana ocupadíssimo.
Pessoal, eu não preparei nada. A grande verdade muitos já falaram das mudanças
que nós precisamos fazer no incentivo que já existe. Vários incentivos foram concedidos no passado
do PRODEIC para aquilo que não sofre transformação.
Eu sou muito conhecido do Seneri, faço parte do CEDEM, sou conselheiro e tenho
visto que muitas empresas daquelas que adentraram, que foram aprovadas no Conselho estão sendo
suspensas, agora, e desenquadradas.
Eu acho que está havendo... O Secretário Seneri está fazendo realmente um pente
fino, olhando tudo aquilo que está pendente, notificando as empresas. Acho que está sendo feito um
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bom trabalho só que temos visto não com maus olhos... A grande verdade é o seguinte: muitas
empresas estão perdendo incentivo, às vezes, por causa de poucas coisas, como o Múcio disse aqui,
por causa de pouco documento, sendo que com pouca coisa você conseguiria manter aquele
incentivo da empresa.
Nós, que somos do agronegócio, vemos que o centro consumidor não é aqui, o
centro consumidor nosso é fora. Como se diz: frango, porco, carne bovina... Nós somos meros
exportadores de matéria-prima. Por quê? Se você não der um incentivo fiscal para indústria têxtil...
Recebemos uma visita aqui, juntamente com o Seneri Paludo, com um pessoal de fora, nós vamos
continuar exportando o algodão bruto para o nordeste. Então, saem daqui aqueles rolos de algodão,
chegam lá, viram linha, viram tecido, confecção e roupas e voltam para cá para ser vendido como
roupa.
Eu acho que essas empresas que saíram daqui, nós precisamos saber o porquê
aconteceu isso, essa suspensão ou desenquadramento, e o porquê as empresas foram embora.
Agora, o incentivo fiscal é fundamental para o nosso Estado de Mato Grosso.
Escutei as palavras do Dr. Waldir Teis, do Sr. Jandir Milan, Presidente da FIEMT, e realmente o
Estado precisa dizer o que ele quer. Se realmente nós vamos passar a ser um Estado produtor de
matéria-prima para ficar exportando da forma como nós estamos exportando, se for matéria-prima
para exportação para o exterior, a Lei Kandir não paga nada, nem aqui e nem lá fora, e o duro é
voltar com a FEX, que estamos vendo a dificuldade, ou se o Estado realmente quer trazer a indústria
para cá. Eu acho que quem tem que resolver isso é o Governo. Por meio das palavras do Seneri
Paludo, vamos aguardar. O Secretário deve ser o último a falar.
Então, nós do setor produtivo vemos o seguinte: a viabilidade das indústrias aqui,
muitos precisam do incentivo fiscal. Eu acho que o imposto é necessário, foram feitas coisas erradas,
tem muita coisa errada que foi concedida para aquele que não só sofre transformação. Por exemplo,
você compra um celular deste aqui, tem incentivo fiscal para vendê-lo, você não mudou nada.
Agora, se você compra uma tonelada de soja, vira óleo, vira farelo, sofreu transformação. Então, se
na lei está escrito isso, vamos fazer o que está escrito, o que está nela.
Eu não sou contra a dar incentivo fiscal para um celular para quem é do comércio,
só que tem que ser uma lei diferente. Eu vejo que tem gente do comércio, não sou contra, só que a
lei que está escrito que o PRODEIC... Nós fizemos o desenquadramento do pessoal do comércio, eu
sou do CEDEM estava lá no dia, ficamos chocados, porque você está desenquadrando um monte de
gente que já vinha trabalhando daquela forma.
E o incentivo fiscal, eu vejo, Seneri, que os senhores têm que passar para cá - acho
que os senhores têm já um estudo -, para que a Assembleia Legislativa possa aperfeiçoar e nós
voltarmos a discutir novamente. Eu acho que hoje é o primeiro de muitos, uma Audiência Pública,
mas, depois que vimos o estudo e a ideia da Secretaria e do Governo, nós poderemos fazer
profundamente anexar alguma coisa, uma emenda daquilo que nós vemos necessária.
Então, eu vejo com bons olhos e acho que estamos caminhando para frente,
realmente, estudando a necessidade de manter um incentivo fiscal. Agora, o Estado precisa resolver
se ele quer ser um produtor de matéria-prima, exportar matéria-prima, ou vamos trazer indústrias.
Com certeza, o Governo quer trazer indústria, agregar valor naquilo que está sendo exportado daqui
para fora.
Eu vi também o Chico Paiaguás mostrando as indústrias que saíram daqui, que
foram para fora, deve ter outros motivos também, porque outras ficaram aí. O Leopoldo está aí,
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também é Secretário Adjunto... Aqueles que tinham incentivos fiscais para as empresas, que são do
beneficiamento de grãos, foram desenquadrados por quê? Porque não sofrem transformação.
Então, nós podemos ter uma lei lá na frente, fazer uma lei para aqueles, Leopoldo,
que estão estudando e para aqueles que meramente o quê? Vem ali, faz uma pré-limpeza e exporta
grãos. Realmente, eu sou contra. Sou contra, também, porque tem que ter na Lei. Agora se não está
escrito na Lei não tem como aprovarmos.
Outra coisa que eu gostaria de deixar claro, uma coisa que me incomoda muito, eu
como Conselheiro do CEDEM, na verdade, estamos indo lá referendar aquilo que a casa traz. A casa
quem? A Secretaria traz.
Como Conselheiro do CEDEM, tudo que passou lá não vou ler projeto por
projeto, saber se ela cumpriu passo a passo, critério por critério, tudo aquilo que veio ali, se a Casa
trouxe, o Secretário leu e deu parecer e estava certo, eu acho que como Conselheiro concedemos ou
não. Se tivesse atendendo o critério, tudo bem. Agora, ninguém ali se aprofundou processo por
processo.
Então, às vezes, nós sofremos acusações por outras pessoas, que não é bem assim.
Tudo aquilo que foi trazido no CEDEM foi votado conforme a casa trouxe, conforme parecer do
Secretário, conforme a casa trouxe. “Oh, isso aqui está irregular, nós não podemos mais conceder.
Nós temos um limite, ultrapassamos o limite. Essa empresa não enquadra”. Quer dizer, estou
acreditando no que o cara fala. Ou vamos conceder ou não vamos.
O Conselho, na verdade, são pessoas de boa-fé. Se eu fui levado para o erro, não
foi por mim. Eu represento uma federação, estou lá de boa-fé. Se eu for responsável por tudo aquilo
e tiver que ler papel por papel, eu faço questão de não fazer mais parte do CEDEM. Deixo claro isso,
não em meu nome, em nome da Federação. Se eu precisar ler página por página, saber se, realmente,
critério por critério... Eu não vou montar uma equipe para trabalhar lá dentro. Quer dizer, a
responsabilidade é de quem está trazendo, é da Secretaria, do Secretário, é da equipe dele e não
minha. Eu estou indo lá referendar.
É para o senhor mesmo, Seneri Paludo. Ele é meu amigo, já trabalhamos juntos, só
que estou indo lá para referendar. Eu tive uma reunião com ele, com o Secretário Adjunto, dizendo o
seguinte: Meu amigo, eu vou abster o meu voto, porque não sou responsável por tudo aquilo que
está acontecendo aqui dentro. Aqui vocês estão falando uma coisa, lá na CPI está acontecendo outra.
O Deputado Zé Carlos do Pátio nos chamou de “raposa do galinheiro”, todas as
federações. Quer dizer, eu não sou “raposa do galinheiro”. Estou fora. Se for isso, estou fora. Não
vou conceder nem para quem é do agro, nem para quem é do comércio, da indústria, nada. Eu estou
referendando aquilo que trouxeram ali, o que a casa trouxe: “olha, está enquadrado, o cara cumpriu
todos os critérios, está se enquadrando, temos nível, temos quantidade, tudo”. Eu fui e referendei ou
a favor ou contra. Agora, se for para me enquadrar nesse sentido, a FAMATO pede a cabeça e saio
fora. Não faço questão.
Obrigado a todos e desculpem-me pelo desabafo. (PALMAS)
O SR. PRESIDENTE (MAX RUSSI) – Agradecer ao Rogério Romanini pela
contribuição da FAMATO a esta Audiência Pública.
Essa ideia do Conselho é o que estamos trabalhando e, inclusive, é uma das
propostas que vamos fazer da CPI.
Vou convidar o Ciro Rodolpho Gonçalves, que é Secretário de Estado da
Controladoria-Geral, que pediu apenas cinco minutos para fazer a sua explanação. Após a fala do
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Ciro, iremos passar a palavra para os integrantes da plateia, aqueles previamente já inscritos; depois
o nosso Presidente da AMM, Neurilan Fraga, que falará em nome dos municípios e em seguida
Seneri Paludo.
O SR. CIRO RODOLPHO GONÇALVES – Boa tarde a todos os presentes nesta
Audiência Pública!
Cumprimento o Deputado Max Russi na pessoa de quem eu nome cumprimento os
demais membros e os meus colegas Secretários.
Eu pedi um aparte para externar uma abordagem sobre incentivo fiscal, não essa
abordagem que vimos até agora, a abordagem econômica e social e desenvolvimentista do Estado.
Eu acho que um bom projeto tem que começar exatamente por essa discussão dos
incentivos fiscais.
Essa não é a ceara da Controladoria-Geral do Estado, mas fizemos questão de
prestigiar com a presença, até para compreender a nova modelagem que nós estamos, de mãos dadas,
construindo, Poder Legislativo e Poder Executivo, até para que nós, enquanto profissionais de
controle, tenhamos a sensibilidade de saber em que termos se está reanalisando esse programa, um
programa que é de 2003.
Então, como todo planejamento público, ele depende disso, de um planejamento
que foi feito nos idos de 2001, 2002, posto em prática em 2003 e realmente é hora de se avaliar o
que se executou ao longo desses doze anos, a colheita de todos esses benefícios ao longo disso.
Eu acho que o que vocês estão exercitando hoje é isso, doze anos depois,
reavaliando toda essa base legal - o nosso colega Seneri Paludo está engajado nisso - calçado em
bases econômicas, sociais, de mercado, isso é importante, social com relação a empregos.
Todos os que colaboraram estão de parabéns, o setor produtivo, a FAMATO, o Dr.
Jandir Milan, pela FIEMT, o professor de Economia Dr. Múcio, então todos, pela colaboração
técnica sobre o programa em si, sobre a essência do programa, sobre a alma do programa.
Eu pedi a fala apenas por cinco minutos para expressar exatamente que os
profissionais de controle, o Presidente Waldir Teis que aqui esteve, nós da Controladoria-Geral do
Estado, a única coisa que é nativa da nossa profissão, das nossas instituições, é percorrermos a
execução do que aqui foi planejado, da lei que foi construída, percorrermos na prática, para avaliar o
grau de aderência dessas normas que vocês conceberam.
E a compreensão dessas atividades está sendo muito bem recebida por Vossas
Excelências do Legislativo, o Governo do Estado também está muito dedicado a isso, o projeto que
está sendo discutido no âmbito da SEDEC e da SEFAZ, junto com o Legislativo, é por esse
caminho.
Chegamos a um consenso que em doze anos nós precisamos modernizar a
legislação, precisamos modernizar os controles e precisamos modernizar o mercado, modernizar no
sentido de compreensão dos objetivos sociais que precisam ser alcançados pelo programa.
Então, da nossa parte em relação à Controladoria-Geral do Estado, estamos
inseridos neste momento de reflexão sobre os níveis de controle, o que é exacerbado, o que não é
exacerbado.
Quanto à análise do colega da FAMATO, colocando a preocupação de um alto
executivo fazer parte do CEDEM, confesso que o que se espera é exatamente isso, uma base técnica,
desde a carta-proposta, analisada pelos técnicos, entendendo a viabilidade daquele empreendimento,
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se atende, se alcança os preceitos legais, mas também a viabilidade social e econômica daquele
projeto.
É isso que estamos intensificando.
Estamos com métodos bem estabelecidos agora a partir de 2015, para avaliar não
só as questões formais dos enquadramentos, os aspectos formais desses enquadramentos, mas
também, e talvez mais importante de todos, avaliar se essas propostas, esses compromissos que
foram firmados de fato estão acontecendo, não só a quantidade de emprego.
Nós estamos avaliando não só se as empresas alcançaram uma quantidade de
emprego, mas todas as obrigações assumidas, obrigações assumidas, que, embora incentivadas,
tinham obrigações de manter as declarações mês a mês dos seus incentivos, dos seus incentivos.
Essa é uma obrigação que o mercado tem que entender. O mercado incentivado tem que entender
que ele tem essa obrigação, que ele precisa manter essa obrigação. Por quê? Porque existirão
instituições que testarão essas aderências e é preciso que se compreenda que aquilo que não atende
as obrigações a própria Lei de 2003, e com certeza a lei que agora está sendo debatida, trará sanções,
trará travas para que o mercado não sofra o que o Coordenador do Porto Seco colocou aqui, perder
grandes players por questões de insegurança jurídica.
Isso para nós é difícil conceber, mas é fato. Isso aconteceu.
Perder uma Nortox, uma grande player do agronegócio, em razão de falta, talvez,
de uma governança do Poder público, isso para nós, para Mato Grosso, é muito prejudicial.
Está aqui o foro Sindical, com certeza esse tipo de acontecimento prejudica, sim, a
empregabilidade, prejudica a imagem do Estado.
Então, eu percebo que nós estamos realmente num novo momento, momento de
conjugar aqui mercado, Poder Legislativo, Poder Executivo, entender o mercado, compreender o
papel do controle, entender que a única coisa que nós estamos fazendo é avaliar o que foi posto pelas
leis, pelos instrumentos legais, testar a aderência disso e a partir daí conseguir colaborar para esse
filtro.
Para isso a CPI está prestando esse trabalho, a Controladoria a mesma coisa, o
Tribunal de Contas a mesma coisa, mas nós precisamos olhar para frente.
Um abraço. Obrigado. (PALMAS)
O SR. PRESIDENTE (MAX RUSSI) – Obrigado, Dr. Ciro Rodolpho, pela
contribuição.
Vamos abrir agora o debate com os integrantes da plateia, que terão que se dirigir
ao púlpito para fazer o questionamento, com o tempo de três minutos, porque a nossa audiência está
sendo transmitida ao vivo pela TV Assembleia.
Convido para fazer uso da palavra o Marcos Aurélio Ribeiro Coelho Júnior,
Diretor da Conceito Consultoria e Assessoria.
O SR. MARCOS AURÉLIO RIBEIRO COELHO JÚNIOR – Boa tarde a todos!
Quero cumprimentar o Deputado Max Russi, o Deputado Zé Carlos do Pátio, o
Deputado Emanuel Pinheiro, o Presidente da Jandir Milan, o Secretário Seneri Paludo, o Sr. Adilson
e todos os integrantes da mesa.
Eu, graças a Deus, tive a oportunidade de participar do primeiro PRODEIC e
ainda tive a oportunidade de participar dos Pró-Leites, ainda muito jovem. Então, eu passei por todos
esses processos dos “Pró”, que o saudoso Dante de Oliveira trabalhou o desenvolvimento, quando
surgiu uma nova indústria da madeira, um novo seguimento do leite, na transformação da bacia
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leiteira, e assim foram surgindo, Deputado Zé Carlos do Pátio, os programas de incentivos fiscais, lá
atrás.
Ainda antes dos “Pró” nós tínhamos redução de alíquota para ativos quando você
fosse implantar uma indústria, redução na base de cálculos para a implantação de qualquer
empreendimento no Estado de Mato Grosso.
Nós montávamos um processo simples - não é, Ironei? - e a indústria que
comprasse equipamento para mobilizado tinha uma redução natural porque aquela máquina estaria
gerando emprego e produzir aquilo porque tudo ainda era tratado aqui de forma primária.
O PRODEIC foi uma grande inovação. O PRODEIC surgiu da necessidade
daquelas empresas que não estavam em grupos econômicos como Pró-Leite, Pró-Madeira. Como ela
iria sobreviver sem um programa de incentivo que trouxesse algo para Mato Grosso se tornar
competitivo?
Aqui nós temos vários empresários do setor metal-mecânico, que são empresas que
estão no PRODEIC, que foi o grande boom a transformação do setor metal-mecânico e outros
segmentos vieram acompanhando, juntamente o setor moveleiro, a indústria de laticínio que era uma
grande sonegadora do Estado de Mato Grosso. Quando todas se inseriram no Programa PRODEIC
uma arrecadação de menos de um milhão de reais, que passaram a contribuir por meio do PRODEIC
com o incentivo fiscal, passou para nove milhões, provando que o incentivo fiscal não tira renda do
Estado e, sim, faz com que ele aumente o que faz com que gere emprego.
O PRODEIC, por meio da Lei nº 7.958, para nós foi um grande avanço. Nós temos
indústria de transformador aqui que era simplesmente uma reformadora. Ela tinha quarenta e dois
empregados e, hoje, esse grupo emprega mais de quinhentos e vinte funcionários, mostrando que
sem incentivo fiscal ela não conseguiria atender nenhum vizinho, como Sinop, mas com o programa
de incentivo, hoje, ela atende todas as concessionárias de energia e também os países da Bolívia e do
Peru.
Então, nós que trabalhamos...
Eu trabalhei muitos anos na Federação das Indústrias, quero deixar claro isto aqui,
e passei a ser projetista de programa de incentivo fiscal. E o que mais me envergonha, hoje, é a
banalização chamada incentivo fiscal, porque todos que trabalham nesse ramo, nesse segmento, se
sentem envergonhados por serem considerados fraudulentos e envolvidos em corrupção.
Eu posso falar uma coisa: o meu patrimônio, Deputado Zé Carlos do Pátio, é o
meu caráter. O meu patrimônio é a lealdade de quatorze anos dentro da Federação das Indústrias
como Assessor Sindical.
E eu tenho orgulho desde o Clóvis, do setor cerealista; o Presidente e as indústrias
metalúrgicas aqui presentes, pois, o Deputado Zé Carlos do Pátio me pediu que eu fizesse a
convocação e aqui eles estão. Não devemos nada a ninguém, porque trabalhamos de forma
transparente, somos transparentes e atendemos todas as exigências das Leis 7.958 e 9.932. Eu falo à
CPI que se tiver algo fora da lei, está errado.
Hoje, eu quero dizer onde nós queremos manifestar, porque eu também sou
Superintendente do Sindicato Metalmecânico há dezesseis anos trabalhando nesse processo. Nós não
precisamos mudar muito a lei. Nós precisamos fazer com que o bombeiro chegue a Colniza para
conceder licença para um laticínio que tem seiscentas famílias lá no assentamento que não tem o
papel da terra, não tem nada, não tem como pegar um financiamento. O laticínio está lá bancando
seiscentos assentados de quinze a vinte e cinco litros, gerando uma renda média de seiscentos e vinte
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e cinco reais a setecentos e oitenta e oito reais, que é o salário-mínimo, fazendo com que aquela
cidade, Colniza, sobreviva; Nova Monte Verde. E quando queremos o bombeiro cadê o bombeiro?
Quando queremos o fiscal da SEMA para fazer com que o empreendimento avance cadê a SEMA?
Então, nós não precisamos de lei nova. Nós precisamos regulamentar a que existe;
fazer com que aquilo que ficou obsoleto se torne viável. Por exemplo, a lei do primeiro emprego,
nem o Ministério do Trabalho conseguiu empregar e as empresas que foram obrigados a migrar do
Simples para o PRODEIC, porque os grandes atacadistas não aceitam, pois, ela não gera o crédito...
Como uma indústria de velas, no Distrito Industrial, tem seis empregados? Está no PRODEIC e vai
atender todas as exigências do PRODEIC. Muitos falam que o PRODEIC é só para grandes
empresas mas eu bato no peito, pois, tenho várias personagens que tiveram e foram obrigados a
migrar do Simples para o PRODEIC, porque, senão, seriam fechadas. E aqui está o representante das
microempresas, o Laindo.
Para finalizar eu quero ser muito claro e objetivo à CPI, aos Deputados: nós temos
que pensar nessas indústrias que aqui estão, porque até agora trouxeram o Estado de Mato Grosso...
Está aqui a Milan; está aqui a Performax; está aqui a Açofer; está aqui a Truck Galego; está aqui a
AFERMAT; está a Perfisa, de Sinop, que foi uma humilhação passar por nove meses e tanto para
aprovar um incentivo, sendo que ela atendeu todos os pré-requisitos e um milhão por cento de todos
os investimentos que teriam que ser feitos. Está aqui o Chico Paiaguás, todo o Conselho do
CEDEM. Nós temos o exemplo de uma empresa, de uma indústria artesanal de cerveja, em Sinop,
que foi aprovada no CEDEM no dia 26 de novembro. Ela vai empregar vinte e seis empregados e
está a quatro meses...
O SR. PRESIDENTE (MAX RUSSI) – Para concluir, Sr. Marco, nós temos muitos
oradores inscritos.
O SR. MARCO AURÉLIO RIBEIRO COELHO – Tudo bem Deputado, mas vai
contribuir.
O SR. PRESIDENTE (MAX RUSSI) – Algum questionamento ou
encaminhamento.
O SR. MARCO AURÉLIO RIBEIRO COELHO – Tudo bem.
Então, o encaminhamento qual é? Nós temos que rever o que é renuncia fiscal,
porque, hoje, a renúncia fiscal está impendido que o Seneri Paludo dê sequência aos próximos
projetos que estão parados. Ele tem que aguardar o ano virar ou ele tem que pedir à Assembleia
Legislativa que reformule.
Então, esse é um dos pontos que precisa ser atacado primeiro. Por quê? O
Governador estava em nível nacional falando que Mato Grosso... O Seneri estava na China
vendendo Mato Grosso, mas se, hoje, ele trouxer alguém aqui não conceder da maneira que está.
E as nossas indústrias que aqui estão instaladas têm que ter as mesmas condições
do que está proposto n INVEST. Hoje, o INVEST, da maneira que ele está, se for aplicado, vai
colocar 25%, hoje, das empresas em condições. Se, hoje, colocar os mesmo critério do INVEST e o
PRODEIC, não está nas mesmas condições de se manter a política de atração de investimento.
Muito obrigado, que Deus abençoe a todos e parabéns pelo trabalho dos senhores.
(PALMAS)
O SR. PRESIDENTE (MAX RUSSI) – Obrigado, Marco Aurélio, pela
contribuição.
Eu quero chamar o próximo inscrito, Sr. Elton Pereira Cardoso, Vice-Presidente da
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Associação dos Cerealistas do Estado de Mato Grosso, que também terá três minutos para pergunta
ou encaminhamento.
O SR. ELTON PEREORA CARDOSO – Boa tarde a todos!
Muito obrigado pelo convite da mesa, aos colegas.
Eu estou, hoje, aqui como empresário, como representante, Vice-Presidente da
Associação dos Cerealistas do Estado de Mato Grosso, defendendo o incentivo fiscal, no caso, o
PRODEIC.
Nós temos Mato Grosso o maior produtor de milho - vamos dizer milho, que é o
mais importante hoje - e nós somos o quarto em transação interestadual.
Nós falamos em Goiás... Eu vou comentar de Goiás, também.
A Renúncia Fiscal de Goiás é oito vezes mais que a de Mato Grosso. Coloque o
Estado de Goiás como exemplo para vermos. Inclusive, diante de tudo isso, nós temos dois Estados,
Goiás e Mato Grosso Sul, que são os grandes competidores e que impedem que sejamos
competitivos interestadualmente.
Nós estamos botando a nossa exportação de milho... 70% do volume que nós
produzimos são exportados. Praticamente, estamos diminuindo o nosso poder de negociação. Nós
somos empresas médias a pequenas e estamos tendo dificuldade, porque está sendo esse incentivo da
exportação, que não paga ICMS, nem PIS, COFINS, para as grandes empresas.
Tem grandes empresas, pessoal, que estão chegando ao mercado mato-grossense,
contratam dois, três executivos em São Paulo, contratam uma secretária ou duas pessoas em Mato
Grosso e saem comprando para exportação, não deixam um real de investimento em Mato Grosso.
Nós, não. Nós temos empresas; funcionários; plano de cargos e salários; UNIMED e tudo mais.
Investimos em Mato Grosso e estamos tendo dificuldade para comercializar interestadual.
A nossa empresa, por exemplo, nós estamos esperando até hoje um incentivo
novo, estamos defendendo o PRODEIC. Tem alguma coisa errada? Beleza! Então vamos fazer outro
incentivo. Nós não estamos pedindo renúncia do Estado. Nós estamos pedindo para vocês nos
deixarem a ajudar o Estado arrecadar.
Vocês não querem arrecadação? Nós damos arrecadação. É só dar bala para
podermos fazer negócios. Nós conseguimos fazer isso. Nós temos know-how, temos tudo, só
precisamos que o Estado esteja do nosso lado. Não é arrecadação? Nós vamos arrecadar. Nós
pagamos imposto. Por que estamos sendo discriminados dessa forma?
Nós precisamos... A nossa empresa, por exemplo, nós íamos fazer um
investimento aqui no Estado, nós paramos o investimento e vamos para Goiás. Acabando o mês de
novembro, nós estaremos lá. Em Goiás nós temos uma estrada melhor, temos uma posição
geográfica melhor e temos incentivo do Estado.
Toda origem da minha empresa é em Mato Grosso. É ruim para eu dizer isso, mas
tenho que ir a Goiás comercializar, porque aqui não consigo.
E nós precisamos, realmente - já estivemos sentados várias vezes conversando com
o Secretário Seneri, com o Leopoldo, que está aqui - que vocês deem um pouco mais de atenção,
porque têm empresas que perderam, foram desenquadradas do PRODEIC, estão mandando pessoas
embora e estão fechando, porque não conseguem comercializar se não tiver o incentivo.
Então, nós pedimos realmente ao Estado que nos dê um pouco mais de prioridade.
Nós somos empresas, temos uma representação muito grande no Estado, nós somos... Nós somos
discriminados. Nós cerealistas não somos, somos muito bem organizados.
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Nós temos mais pessoas aqui presentes e gostaríamos muito que tivesse um pouco
mais de atenção conosco dentro do incentivo na comercialização. Nós vamos ajudar o Estado
arrecadar. Se é isso que precisa, nós estamos aqui. Nós sabemos trabalhar e sabemos produzir.
Muito obrigado. (PALMAS).
O SR. PRESIDENTE (MAX RUSSI) – Muito obrigado, em nome dos cerealistas
também, Sr. Elton Pereira Cardoso pela contribuição.
Convido o Sr. Pedro Moraes Filho, Presidente da Associação dos Cerealistas do
Estado de Mato Grosso
O SR. PEDRO MORAES FILHO – Boa tarde a todos!
Quero cumprimentar o Deputado Zé Carlos do Pátio, o Deputado Max Russi, o
Deputado Emanuel Pinheiro, em nome do qual cumprimento os demais.
A Associação dos Cerealistas do Estado de Mato Grosso é formada por pequenas e
médias empresas. Nós somos aquela empresa que não tem capacidade de fazer exportação e também
não tem capacidade de industrializar. Nós somos as prestadoras de serviços para aqueles produtores
que não possuem a sua unidade armazenadora.
A grande maioria dos nossos associados, também, é de produtores rurais, pessoas
que ajudaram e continuam ajudando a desenvolver este nosso Estado; 30% dos nossos associados se
enquadraram no PRODEIC com a finalidade de fazer a comercialização interestadual,
principalmente do milho.
Nós assinamos um compromisso com o Estado de Mato Grosso e isso nos assusta,
porque nós assumimos um compromisso com o Estado de Mato Grosso. O Estado de Mato Grosso
não falou para nós. Nós só colocamos no papel, porque somos mortais, o que combinarmos vale.
O Estado de Mato Grosso assinou um documento conosco para o incentivo.
Mudou o Governo e paira uma ameaça no ar de que nós vamos perder esse incentivo.
Meus amigos, nós nos enquadramos e estamos fazendo aquilo que foi combinado,
que é o primeiro emprego, é o plano de saúde para o funcionário, é a participação nos resultados e os
investimentos no social.
Além de estar fazendo aquilo que assumimos, nós contraímos dívidas; fizemos
investimentos; fomos ao Banco, financiamos silos-secadores; fizemos compromisso para, no
mínimo, cinco anos para frente. Agora o Estado de Mato Grosso fala que vai cortar isso daí. É
assustador!
Enfim, se o PRODEIC não enquadra, nós não queremos saber o nome do
programa, que o Governo nos apresente outro programa. Já estivemos reunidos com o Secretário
Seneri Paludo, estivemos reunidos até com o Vice-Governador e um dia desses consegui chegar ao
Governador e, pelo que entendi, ele nem sabia que nós tínhamos feito essas reivindicações.
Então, nós pedimos para que o Governo, esse Governo legalista, não acabe com
esses incentivos sem antes apresentar um novo incentivo. E que o programa contemple aqueles que
realmente têm estrutura, aqueles que têm investimentos, porque nós ouvimos por aí que a pessoa que
tem um telefone e uma máquina de escrever tem o mesmo incentivo de uma empresa que tem 100
funcionários, que tem investimentos enormes. Isso não é justo. E nós como associação queremos nos
colocar à disposição para ajudar a fiscalizar isso.
O nosso setor precisa de ajuda, meus amigos. Para quem olha de longe: “Ah, é
muito bonito um armazém.”.
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Meus amigos, vocês sabem o tamanho que é um investimento e eu duvido - eu
tenho 25 anos de experiência em armazém - que a pessoa construa um armazém hoje e o pague em
menos de dez anos. Duvido. Não consegue pagar. Então, meus amigos, nós precisamos que vocês
nos ajudem.
O Estado de Mato Grosso produzir 20 milhões de toneladas de milho, 12 milhões
saem na exportação, sem o Governo ver um pila. Eu assisti o Governador Pedro Taques, no Circuito
da APROSOJA, dizendo de uma briga para receber o FEX.
O nosso milho, que as nossas empresas estão mandando para Santa Catarina,
Paraná, Rio Grande do Sul, o Governo coloca, no mínimo, 70 centavos de reais no bolso de cada
saca de milho que sai do Estado.
Que conta que é essa, Romanini, de dizer que o nosso cerealista não precisa, se os
grandes exportadores levam embora – foram suas palavras – o soja e o milho daqui sem que o
Governo coloque nenhum no bolso?
O nosso negócio nós pagamos e pagamos religiosamente em dia. No mínimo
setenta centavos daquilo que nós mandamos para fora do Estado o Governo arrecada.
Quero falar para o Romanini - ele fala que nós não somos indústrias: você já
esteve, Romanini, num armazém que recebe a soja com 25%, 27%, 28% de umidade e ela fica lá
oito horas rodando, gastando a energia barata que nós temos no nosso Estado e no nosso País?! Isso
custa muito caro.
O decreto federal 7.202, de 15 de junho de 2010, regulamento do IPI, em seu art.
4º, inciso II, assim dispõe: “caracteriza a industrialização com qualquer operação que modifique a
natureza, o funcionamento, acabamento, apresentação e finalidade do produto ou aperfeiçoe o
mesmo para o consumo.”
É unânime por todos os que falaram aqui, é unânime que o Estado de Mato Grosso
precisa dos incentivos fiscais.
Nós produzimos a melhor qualidade de comida do mundo, nós produzimos o
melhor milho do mundo, a melhor soja do mundo, mas estamos mais longe do mundo, estamos
localizados no lugar mais longe do mundo.
Então, quero colocar para a nossa associação à disposição para ajudar naquilo que
for possível.
Parabéns, Deputados, pela iniciativa! Contem conosco!
Nós queremos e vamos continuar ajudando a desenvolver o Estado de Mato
Grosso.
Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE (MAX RUSSI) – Obrigado, Pedro Moraes Filho, Presidente
da Associação de Cerealistas do Estado de Mato Grosso.
Esta é a Casa do povo mato-grossense. As reclamações aqui colocadas com certeza
serão escutadas por todos os Deputados e pelo Governo do Estado.
Convido o João Carlos Laino, Presidente do Sindicato das Microempresas,
Empresas de Pequeno Porte, Comércio e de Serviços do Estado de Mato Grosso, que terá um
tempinho a mais.
Nós só temos mais quatro oradores, até porque o SEBRAE foi convidado a
participar, não sei por que não se fez presente.
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Como o senhor João Carlos é Presidente do Sindicato das Micros e Pequenas
Empresas, que entendemos como um segmento importante do nosso Estado, disporá de seis minutos
para falar.
O SR. JOÃO CARLOS LAINO – Boa tarde a todos!
Quero cumprimentar a mesa na pessoa do nosso Exmº Deputado Presidente desta
CPI, Zé Carlos do Pátio, e do Presidente que hora conduz os trabalhos, nosso Deputado Max Russi,
nas pessoas de quem cumprimento também o nosso Deputado Emanuel Pinheiro e todas as demais
autoridades presentes na mesa.
Eu, na qualidade de representante da micro e pequena empresa, um sindicato de
âmbito estadual, tenho que agradecer por esta oportunidade de estar aqui podendo falar em nome de
uma categoria que já se encontra estabelecida no Estado desde maio de 2000, mas com uma atuação
bastante discreta, tendo em vista alguns embates e alguns guarda-chuvas que fazem sombra, mas
essa é outra discussão em outro fórum.
Mas eu gostaria aqui, já que o Deputado abriu a oportunidade dizendo que aqui é a
Casa do povo e podemos reclamar, de deixar registrado isso: nós somos simplesmente 95% das
indústrias, do comércio, dos cinturões verdes do Estado de Mato Grosso e não fomos convidados
para participar de sequer uma comissão, oferecendo contribuições.
A culpa é deles? Não. Nossa também pela nossa atuação discreta. Seria eu
desonesto aqui se não fizesse um mea-culpa.
Em abril deste ano nós fomos cobrados pela nossa associação nacional a ter um
desempenho mais efetivo, mais eficaz, mais eficiente, porque a nossa associação nacional já tem
associados no Brasil inteiro praticamente, e alguns deles num estágio bastante avançado.
Para se ter uma ideia, nós temos uma câmara de comércio da micro e pequena
empresa na Florida, nós temos dois escritório dessa câmara de comércio, um no Brasil e o outro no
Canadá. O nosso Presidente de Rondônia já foi Presidente do SEBRAE em Rondônia e aqui nós não
temos sequer assento no SEBRAE.
De pronto, já eu quero deixar essa reivindicação, para registro desta CPI, que nós
queremos um assento no Conselho do SEBRAE por legitimidade.
Na verdade, discute-se a legitimidade em cima de um documento que é uma carta
sindical, um resquício da ditadura, uma interferência do Ministério do Trabalho no segmento
produtivo.
Quer dizer, o que é que o Ministério do Trabalho tem a ver com o segmento
produtivo patronal? Ele tem a ver com os segmentos do trabalho, e faz a sua organização muito bem
feita, mas no resto é apenas um cartório.
Exerceram uma pressão contrária à oxigenação do sistema sindical, com novas
representações e nós, no Brasil inteiro, salvo algumas exceções, temos carta sindical, sim, mas essa é
uma discussão que está no STF e ainda não está pacificada.
Então, eu quero aqui trazer contribuições objetivas, mas quero reivindicar a
participação também.
Peço que seja cadastrado nas agendas do Secretário Seneri Paludo, que já me
recebeu e, diga-se de passagem, muito bem; da Assembleia Legislativa, dos nossos queridos
Deputados, das outras entidades associativas que também fazem o seu papel e representam.
Quero dizer que fomos fundados em maio de 2000, o SIMP e o SIMPEC. Adotou-
se uma nova forma de sindicalismo entendendo que o Estado e os setores produtivos devem ser
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parceiros no desenvolvimento, cada um cumprindo o seu papel na visão de que precisamos entender
o papel do Estado se quisermos que o Estado entenda as nossas peculiaridades.
Nós não temos condições de prestar serviços públicos na área de educação,
segurança, saúde. Precisamos do Estado. Mas o Estado, em relação a nós, também tem que perder
um pouco dessa visão fiscalista e arrecadatória. Ele tem que ter mais uma visão de desenvolvimento
e agregar nesse desenvolvimento novos parceiros, porque o desenvolvimento não é benéfico apenas
ao Estado. Os municípios têm interesse nisso e a União também tem interesse nisso. Todos ganham.
Desenvolvimento é um jogo de ganha-ganha e o Estado precisa ter essa visão.
Então, precisamos construir o quê? Políticas de desenvolvimento industrial. Não
temos.
É o que foi dito agora há pouco: onde queremos chegar? O que é que efetivamente
nós vamos ser no futuro? Porque eu tenho quase trinta anos de Mato Grosso e ainda continuo
ouvindo, sendo cantado e decantado, os nossos potenciais. Não vi se realizar absolutamente nenhum
deles.
Aquele segmento que conseguiu desmamar, que é o agronegócio profissional, está
bastante avançado, está exportando, está dizendo para o Governo: “muito obrigado, passe bem, nós
precisamos de vocês para arrumar a infraestrutura, da porteira para dentro nós não precisamos de
nada, o nosso problema é da porteira para fora.
Nós temos que fazer o mesmo trabalho com as nossas empresas na questão da
competitividade, na questão de qualificação, e é aí que o Estado entra como grande fomentador.
O Estado tem que entender que bem ou mal existia um modelo de incentivo, que
não pode simplesmente ser interrompido. Ele precisa de uma transição. Senão, é o que está
acontecendo aí, temos uma locomotiva disparada no trilho e, de repente, a ponte cai. Quer dizer está
todo mundo caindo no precipício. Nós precisamos de uma ponte para fazer essa transição.
E nós pedimos: Estado, pelo amor de Deus, não quebre as nossas empresas!
Ofereça-nos a mão; ofereça-nos uma ponte para fazermos a travessia nesse período de crise! É disso
que estamos precisando!
Há Estados no Brasil que estão chegando ao cúmulo de negativar empresas por
atraso em conta de IPTU; por atraso em conta de luz, de água. Olhem a miopia aonde chega! Quer
dizer, você me viabiliza. Como eu posso lhe viabilizar? Como disse o nosso amigo empresário, são
as empresas que viabilizam o Estado. Ele existe, porque existe o movimento econômico. Se não
existe movimento econômico, não existe o Estado. O Estado é um prestador de serviços com o que
se arrecada do setor produtivo. E nós não conseguimos ver o setor produtivo de maneira isolada. Nós
só conseguimos vê-lo de maneira global: rural, industrial e comercial. Não há como desenvolver um
setor sem desenvolver o outro. Existe um jargão popular que diz que quando o setor rural vai bem o
comércio esvazia as prateleiras. E ao esvaziar as prateleiras o comércio faz novas encomendas e a
indústria funciona.
Então, há de se falar em incentivo setorizado para esse, mais para aquele, menos
para outro, não. Nós temos que ter uma visão de Estado, da construção de políticas.
Eu quero pular essa parte já que estou sendo cobrado e pedir para o colega colocar
essa apresentação no slide 48.
Nós trouxemos uma pesquisa Data Folha, que é uma pesquisa que o nosso
segmento faz nacionalmente e mensalmente. Essa é uma pesquisa do mês de agosto. É a mais
recente que nós temos. É uma pesquisa que tem mais de cento e quarenta itens analisados, mas eu
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quero passar só quatro slides.
Dificuldade dos impostos no desempenho da empresa. Estou falando aqui de micro
e pequena empresa.
Nós podemos ver ali que temos um sistema de nota de avaliação, sendo de 4 a 5 o
maior grau de dificuldade e de 1 a 2 de menor grau de dificuldade. Nós temos que em 72% das
empresas os impostos trazem muita dificuldade no setor de micro e pequenas empresas e
particularmente aqueles impostos são arrecadados de maneira antecipada, porque o micro e o
pequeno não são capitalizados para fazer esse desembolso. O que acontece? Ele cai na armadilha dos
atacadistas locais. Ele perde a sua competitividade e não consegue comprar onde vende mais barato.
Ele tem que comprar onde o imposto é menor. Então, ele acaba comprando dentro do Estado, onde
existe um arranjo e tem que pagar o preço que o mercado pratica, porque nunca é o micro e o
pequeno que fazem o preço de mercado. Quem faz o preço de mercado é o grande.
Eu não quero aqui demonizar o grande, porque, inclusive, um dos motivos de não
conseguirmos atrair investimentos é a pouca quantidade de micro e pequenas empresas, porque
micros e pequenas empresas todos sabem que são fornecedores subsidiários e terceirizadores de
serviço para grande empresa.
Eu fui executivo de um grupo grande e foi nessas condições que vim parar em
Mato Grosso. Aqui tinha micro e pequenas empresas suficientes para abastecer o comércio que eu
representava, senão, não teríamos vindo.
Passe para a 49, por gentileza.
Aí está dividido em micro e pequenas empresas, aquela mesma avaliação: o grau
máximo de dificuldade chega a 79% que os impostos causam para micro empresas e para as
pequenas empresas 85%, um pouco menos. Então, vejam que a questão realmente é capitalizar.
O que acontece? O ganho de negociação, o ganho de escala de uma empresa micro
ou de pequeno porte é muito menor que o ganho na negociação de uma grande empresa. Então, ele
parte de um custo muito maior que uma grande empresa parte. Ele tem que agregar custos e
impostos, mas quem faz o preço de mercado é o grande, que partiu de um custo menor, porque ao
invés de comprar uma caixa comprou uma carreta. Então, partiu de um custo menor. Ele consegue
agregar e recolher os impostos. O micro paga quem der. É no sorteio o micro e o pequeno. Eu pago o
que sobrar. Eu pago primeiro o meu funcionário, porque é o meu parceiro; pago, em segundo, o meu
fornecedor, porque é meu parceiro; e pago o imposto que conseguir pagar. O resto fica ali
arriscando. Quando o Estado ameaçar de fiscalizar eu vou correr para tentar esconder. É o que eu
digo: não sou sonegador. Eu sou inadimplente, mas na iminência de arriscar, ser pego com uma
multa que vai fechar... Porque na maioria das microempresas o “cara” tem um patrimônio que é um
freezer, um congelador, um balcão e a mulher é quem trabalha no caixa. Quer dizer, na hora que
você vai executar uma multa o “cara” fecha a empresa. Ele não tem com o que pagar.
Por gentileza, slide 129. (PAUSA)
O SR. PRESIDENTE (MAX RUSSI) – Enquanto não chega ao slide, eu quero
dizer, Sr. João, que o senhor poderá, depois, deixar alguma contribuição, alguma sugestão ao Dr.
Múcio, que será muito bem-vinda a nossa Comissão Parlamentar de Inquérito.
O SR. JOÃO CARLOS LAINO – Deputado Max Russi, eu trouxe um conjunto de
propostas, de sugestões, inclusive uma pauta de reivindicações que nós fizemos aos governadores
dos estados que conseguimos conversar com os governadores.
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Eu tenho sugestões para o segmento; tenho um documento chamado Micro e
Pequenas Empresas do Estado de Mato Grosso por um Estado socialmente mais justo; tenho uma
proposta feita pelo nosso Sindicato ao Governo do Estado de São Paulo para uma parceria de
desenvolvimento regional com o Estado mais rico que o nosso, mas que na história tem uma ligação
conosco do tempo da capitania hereditária. E é fundamental numa transação comercial você
conhecer hábitos e costumes do seu parceiro primeiro para, depois, desenvolver negócios.
Então, temos aí: a atual crise econômica está prejudicando os negócios? A maioria
avalia que a crise está prejudicando os negócios e 68% temem pelo futuro da empresa.
Nessa reunião que tivemos em abril teve empresário que disse que o sonho da vida
dele é fechar empresa, demitir e que só não faz isso, porque ele sabe que sistemicamente vai
contribuir para o caos, mas que ele não consegue dormir com o seu fluxo de caixa na cabeça, com os
cobradores, com a fiscalização. Ele falou: “O sonho da minha vida é demitir, fechar tudo e ficar em
casa.”. Para termos uma ideia...
Slide 130: Ameaça real do fechamento das empresas nos próximos três meses. Em
agosto, no total, 20%, sendo que a ameaça existe real 22% nas micro empresas e 9% nas pequenas
empresas.
Então, vejam que a preocupação nossa deve ser grande, porque cada empresa que
fecha é um pedacinho de bolo a menos para o Estado. Eu costumo usar muito como exemplo o nosso
querido DETRAN, que não é diferente do DETRAN do País. Mas o que o DETRAN tem a ver com
essa história? Miopia! Cheio de carros parados no pátio por questão de atraso de documento quando
esses carros poderiam estar rodando, consumindo gasolina, consumindo pneus, consumindo óleo,
gerando emprego de motorista, entregando mercadorias. E hoje eles são o quê? Despesa, aluguel de
pátio. Não digo 100%, lógico, tem carro roubado, tem outras infrações lá. Mas aqueles por atraso de
documento, que o cidadão está com dificuldade financeira, é um pecado que se faça isso. É miopia
do Estado. Deixa o cara trabalhar. É só o que pedimos. Deixe o empresário trabalhar. Não quebrem
as nossas empresas.
Era só. Muito obrigado! (PALMAS)
O SR. PRESIDENTE (MAX RUSSI) – Obrigado, em nome das micro e pequenas
empresas do Estado, Dr. João Carlos, pela contribuição.
Eu quero convidar, para fazer uso da palavra, o Sr. Roberto Peron, Presidente da
SINCOTEC.
O SR. ROBERTO PERON – Boa tarde a todos!
É difícil depois de mais de duas horas ouvindo não estar ansioso. E todo mundo
diz assim: quando mais demora menos assimilamos o que está sendo falado. Então, quero ser bem
sucinto, bem rápido.
Quero cumprimentar, em nome do Deputado Max Russi, os componentes da mesa,
o Deputado Emanuel Pinheiro, o nosso irmão, Prefeito de Nortelândia, Presidente da Associação dos
Municípios.
Prefeito, eu não vi a nossa cidade aqui. O nosso índice está muito baixo, Prefeito.
Eu sou de Nortelândia. Nossa cidade está um pouquinho baixa.
Eu quero cumprimentar, em nome do nosso Presidente do Sindicato do Comércio
de Atacadista, os empresários aqui, os nossos Presidentes de Sindicatos e todos os colegas do setor
do comércio.
ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO. ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA DA CPI DA RENÚNCIA E SONEGAÇÃO FISCAL PARA
REVER O PROGRAMA DE INCENTIVOS FISCAIS E ATRAÇÃO DE INVESTIMENTOS
PARA O ESTADO DE MATO GROSSO, REALIZADA NO DIA 23 DE NOVEMBRO DE 2015,
ÀS 14H.
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Sr. Presidente, Srs. Deputado, estou aqui representando a Federação do Comércio
do Estado de Mato Grosso, em nome do Sr. Hermes Martins da Cunha, que não pode estar presente
por motivos de compromissos fora, mas quero dizer que é uma satisfação muito grande trazer ao
público presente aqui, aos Deputados, ao Secretário de Estado, Seneri Paludo, ao nosso amigo Jandir
Milan, da Federação das Indústrias, aos quais cumprimento, a nossa contribuição.
O setor do comércio representa mais de 95% das empresas ativas no Estado, é o
maior setor de empregabilidade. E quando falamos em incentivo fiscal, estamos falando em
incentivo fiscal econômico para o desenvolvimento socioeconômico do nosso Estado. E o setor do
comércio não precisa de incentivo fiscal. Aí você fala: “Então, você não precisa? O que vai fazer”?
Não, precisamos de incentivos fiscais pontuados. Nós precisamos de incentivos fiscais com
isonomia para que todo o setor do comércio do Estado de Mato Grosso tenha a mesma forma de
incentivo, não seja um incentivo onde a pequena tem um incentivo, a média tem outro, a grande tem
outro.
Nós temos, sim, que ter algum incentivo diferenciado, segmentado dentro do
comércio, a exemplo do setor de distribuição de alimentos que atende as micro e pequenas empresas
dos bairros. Essa tem que ter um incentivo, porque são distribuidores, comerciantes, que distribuem
produtos para aquelas pequenas... Esse é um exemplo. Essa precisa ter um incentivo fiscal
diferenciado no sentido de que ela possa competir com os outros Estados, para que os outros Estados
não venham para o nosso Estado fazer uma comercialização de gaveta. Isso nós já sabemos e em
todos os setores já temos falado.
Nós defendemos o incentivo fiscal onde o micro e pequeno empresário, que
significa a maior parte dele, possa sair daquele incentivo e crescer, crescer sem medo.
Hoje a Lei Complementar nº 123 e a própria Constituição Federal diz que o
pequeno e o médio têm que ter um tratamento diferenciado. E a Lei Complementar fala: olha, vocês
tem um incentivo no Governo Federal que tem uma alíquota diferenciada, e taxa lá um percentual
até dois milhões e meio, três milhões e seiscentos - o nosso Presidente do Sindicato das Empresas de
Contabilidades, também, conhece muito bem o emaranhado contábil.
O Estado colocou para o pequeno e médio em torno de um milhão e oitocentos mil
e falou que eram dois milhões e meio. Colocou um milhão e oitocentos mil com uma pegadinha e o
cara se desclassifica. Quando ele passou para um milhão, oitocentos e dez mil, ele está
desenquadrado e passa a pagar dezessete, vinte e três e vinte e quatro.
Tem outra chamada, também, que é importante colocar para que isso seja bem
observado, a Lei Complementar diz que os Estados poderão utilizar do artifício do art. 14, aqueles
que fazem uma arrecadação de antecipação de ICMS podem utilizar esse artigo, que é a ST -
Substituição Tributária. E aí nós estamos falando do maior crime praticado no Estado de Mato
Grosso. Por quê?
Hoje existe uma lei da micro e pequena empresa do Estado de Mato Grosso?
Existe. Mas, pasmem os senhores, nós não temos... Só o setor do comércio de confecção, em parte,
utiliza o sistema da micro e pequena empresa. O restante tudo paga em torno de 23 a 24, até 28, até
32% de ICMS. Então, não tem incentivo nenhum, é uma mentira.
Então, nós temos que tirar isso, não pode utilizar esse artifício. O Seneri já sabe
muito bem e já sinalizou lá que vai tirar. Parabéns! Se tirar, beleza!
A ST para micro e pequena empresa não deve existir. Não deve existir. Nós temos
participado itinerantemente nesse sentido dizendo: olha, tire a ST para as micro e pequenas
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empresas, é um crime. Ela existe. A ST é um artifício legal que pode ser utilizado, mas não para
isso, mas para o cigarro ele pode ser, para a bebida pode ser. Não é, Múcio? O Múcio conhece muito
bem. Parabéns, pelo seu trabalho!
Então, eu vim trazer esta contribuição, trazer esta preocupação que a Federação do
Comércio defende, realmente, os incentivos fiscais para o setor do comércio, que seja igualitário,
isonômico para toda classe, que seja pontuado e que seja ouvido.
Em qualquer momento que tiver discussão, temos alguns problemas em alguns
setores? Temos. Vamos sentar, vamos conversar, vamos trazer à mesa para que todos tenham a
possibilidade de continuar gerando emprego e renda no Estado de Mato Grosso não com evasão
fiscal, mas, sim, com honestidade fiscal.
Para complementar um pouquinho, eu queria também dizer que além desses
incentivos fiscais, o Múcio foi muito feliz quando disse aqui sobre a questão dos arranjos
produtivos. Os arranjos produtivos são uma ferramenta importante para o Estado de Mato Grosso,
não só no que diz a respeito ao incentivo, mas ao setor do comércio.
Quando nós mandamos para fora o algodão puro e não produzimos o fio, o tecido e
não incentivamos a cadeia da confecção no Estado, nós não estamos gerando emprego aqui, nós
estamos gerando emprego lá fora. Isso é muito importante para que possamos crescer novamente.
Então, eu acho que esse é um dos incentivos que não pode ficar fora da pauta,
Múcio, tem que ficar em pauta e pode contar com o apoio da Federação do Comércio nesse sentido.
O meu muito obrigado e que Deus abençoe a todos (PALMAS).
O SR. PRESIDENTE (MAX RUSSI) – Obrigado, Roberto Peron, Presidente do
SINCOTEC, que sintetizou bastante.
Convido para fazer uso da palavra o Henrique Lopes do Nascimento, Presidente do
SINTEP Mato Grosso, que dispõe de três minutos.
O SR. HENRIQUE LOPES DO NASCIMENTO – Boa tarde a todos!
Cumprimento os componentes da mesa pela iniciativa; saudar o meu companheiro
de Sindicato e também do Fórum Sindical, o Orlando.
É obvio que vim aqui mais na condição de aprendiz, até porque o SINTEP,
historicamente, tem sido muito crítico com relação à política econômica adotada pelos sucessivos
governos que têm passado pelo Palácio Paiaguás, principalmente no que diz respeito à questão das
isenções e incentivos fiscais.
Então, é óbvio que ouvindo aqui os senhores, cada um manifesta o seu ponto de
vista, e a velha frase já dizia que cada ponto de vista refere-se à vista daquele ponto e, portanto, o
ponto de vista que vou emitir aqui é o ponto de vista daqueles que são servidores públicos, que
prestam serviços para a sociedade.
Somos funcionários do Estado e temos o nosso posicionamento de que o principal
responsável para poder promover políticas públicas é o Estado. Portanto, as indústrias e as empresas
que estão instaladas no Estado de Mato Grosso têm que ter esse compromisso social com o Estado.
Eu sou indignado com algumas questões, até porque viajo muito no Estado de
Mato Grosso. Quando você para em determinados lugares, a cada vinte segundos passa uma carreta
de soja e nós ficamos sabendo que essas riquezas que são produzidas aqui no Estado de Mato
Grosso, a um custo social alto, a um alto custo ambiental para a sociedade, pouca riqueza gera aqui
dentro.
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Então, é preciso que de fato o Estado repense o seu papel dentro daquilo que já se
discutiu hoje aqui sobre os arranjos produtivos locais, para que as riquezas que aqui são produzidas
de fato elas também sejam devolvidas aqui para a sociedade.
Então, do ponto de vista do movimento sindical, eu quero dizer que nós, do
SINTEP Mato Grosso, nunca falamos contra a existência dos incentivos fiscais. Pelo contrário! Nós
sabemos que incentivo fiscal é lei, está previsto na Constituição, inclusive do nosso próprio Estado,
mas chamamos a atenção para que ao fazer os estudos sobre os incentivos fiscais percebe-se que
alguns setores são mais beneficiados do que outros. Verifica-se que o Estado tem um olhar um
pouco mais generoso para determinados setores do que outros setores – pasmem!
Então venho a esta Audiência Pública chamar a atenção sobre a necessidade de se
observar o que está estabelecido no art. 245 da Constituição do nosso Estado, inclusive no § 3º está
dizendo que o Estado, ao lançar mão, lá fala até um termo bonito, anistia, da isenção e da anistia
fiscal ele tem que preservar, tem que observar os percentuais mínimos que são destinados para
promover educação no Estado de Mato Grosso.
Então, eu quero chamar a atenção aqui dos senhores Deputados para que na
regulamentação dos incentivos fiscais, como a educação será preservada, conforme estabelece o art.
245 da Constituição do Estado de Mato Grosso.
E quero dizer que na condição de servidor público do Estado de Mato Grosso
temos a consciência de que se não tivermos indústria forte não teremos Estado forte e se o Estado
não arrecada o serviço público tem dificuldade de sobrevivência. Temos consciência disso.
Agora também não dá para que a lógica dos incentivos e renúncia fiscal se
transforme em evasão de divisas, que é o que nós temos percebido na lógica da política de isenção e
renúncia fiscal produzida por Mato Grosso nos últimos anos.
Obrigado. (PALMAS)
O PRESIDENTE (MAX RUSSI) – Obrigado, Henrique Lopes do Nascimento,
representando o SINTEP.
Com a palavra o Sr. Edivaldo Belizário dos Santos, assessor da FAMATO - não
sei se a FAMATO já falou - por três minutos.
O SR. EDIVALDO BELIZÁRIO DO SANTOS – Boa tarde a todos!
Meu nome é Belizário.
Quero cumprimentar o Deputado Emanuel Pinheiro, que foi incentivador da
CONAB no Estado de Mato Grosso, onde trabalhei; o Neurilan Fraga, grande batalhador da nossa
Baixada Cuiabana; o nosso professor que está na ponta, o grande Seneri Paludo; o nosso Diretor da
FAMATO, Rogério Romanini.
Falar em incentivo fiscal é estar na contramão.
Quero deixar claro que represento aqui também o Conselho Estadual dos
Consumidores de Energia Elétrica do Estado de Mato Grosso.
Então, temos visto que o Estado de Mato Grosso está verdadeiramente na
contramão quando se fala de incentivos fiscais. Por quê? Nós somos produtores de energia elétrica e
consumimos apenas e tão somente 20% do que produzimos aqui. O restante entrar no SIN-Sistema
Interligado Nacional.
Por outro lado, Mato Grosso tem a energia mais cara do Brasil. Estamos na tal de
bandeira vermelha, isso é um confisco, o Governo Federal está roubando de Mato Grosso isso. Por
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quê? Porque o Estado de Mato Grosso na condição de ser um grande produtor de energia elétrica não
deveria estar na bandeira vermelha.
Essa bandeira vermelha, Deputado Emanuel Pinheiro, vai permanecer para a
eternidade. Não vai cair nunca.
Se você pega sua energia elétrica hoje, 50% você paga de encargos setoriais,
envolvido PIS, PASEP, ICMS. Isso é um agravo.
A sua conta de luz que, era quatrocentos reais do mês passado, vai para mil e
duzentos reais e ninguém reclama.
Como é que vai falar em incentivos fiscais? Nenhum empreendedor vem para o
Estado de Mato Grosso nessas condições.
Só quero fazer essa observação, porque nós estamos de fato na contramão, e esta
Casa tem que viabilizar, tem que brigar junto com Governo Federal para tirar Mato Grosso dessa
bandeira vermelha, porque isso é uma afronta ao desenvolvimento do Estado.
Por outro lado, faço parte também do CEDEM. Eu sou substituto do Dr. Rogério.
Eu quero deixar claro, Sr. Seneri Paludo, que quando se fala em APL, que são os
Arranjos Produtivos Locais, em primeiro lugar, nós temos que conceituar isso. A sociedade não sabe
o que é isso. Nós temos que viabilizar os municípios do Estado de Mato Grosso que serão
beneficiados com isso. Isso ninguém sabe. Ninguém sabe nem qual é o conceito de APL. Não existe
conceituação técnica de APL.
Outra coisa que eu quero falar, senhores: qual orçamento o Estado vai oferecer
para desenvolver esse segmento da economia? Se existe esse orçamento, que divulgue esse
orçamento para que a sociedade do Estado de Mato Grosso, eu não digo de Cuiabá, tenha
conhecimento para que ela possa pensar um dia em trazer algum incentivo para essa atividade.
Então, eu quero ser muito rápido, Sr. Deputado.
Mato Grosso, quando fala em incentivos fiscais tem que ver esses lados mais
fundamentais da sua economia, principalmente o custo que se paga, como disse aqui muito bem o
nosso representante, o custo que o empresário tem em Mato Grosso. A energia elétrica é o custo
mais caro, hoje, para se desenvolver qualquer atividade em Mato Grosso. Isso é um absurdo para um
Estado que tem excedente de energia elétrica. É diferente do meu Estado; é diferente de qualquer
outro Estado da Nação. E nós temos, ainda, como produzir mais, porque temos um lençol, vamos
dizer, hídrico muito forte de produzir ainda mais energia, mas se não abrirmos os olhos, não nos
preocuparmos com isso, o Estado vai à falência. É como disse aqui o representante da indústria que
o Estado tem um segmento apenas e tão somente na agricultura e na pecuária. No momento que falir
essa atividade, o Estado vai à falência.
Eu só queria deixar isto claro.
Muito obrigado! (PALMAS)
O SR. PRESIDENTE (MAX RUSSI) – Obrigado, Belizário, pela contribuição.
Inclusive, quanto à energia o Deputado Fábio Garcia tem feito um trabalho forte
em Brasília nessa questão levantada pelo senhor.
E os APLs a CPI trabalhou. Foi uma iniciativa e, agora, fiquei feliz que o
Secretário Seneri falou que estão trabalhando esse projeto no Governo do Estado, Deputado Zé
Carlos do Pátio.
Quero convidar o Sr. Alcir Oliveira, Advogado de Alto Garças, para fazer uso da
palavra.
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Terá três minutos para explanação. É o último inscrito da plateia.
Após, teremos a fala do Presidente da AMM, Sr. Neurilan Fraga, irmão do
Deputado Zé Domingos Fraga.
O SR. ALCIR OLIVEIRA – Eu gostaria de cumprimentar a mesa na pessoa do
Presidente.
Neste momento eu não vou defender aqui nenhuma categoria econômica em
especial. Eu quero aqui fazer a defesa da sociedade.
Eu sou de um município extremamente produtor, o município do agronegócio. Lá
nós produzimos sementes para todo o Estado de Mato Grosso e para boa parte do Brasil, mas nós
temos, também, uma saúde de péssima qualidade, uma educação de péssima qualidade, uma
infraestrutura de péssima qualidade. Por que isso se nós somos grandes produtores? É porque demos
o incentivo fiscal aos produtores de sementes que não contribuem com o ICMS, é zero, e aquilo que
sobra é exportado.
O Subsecretário nos disse aqui que tem que haver contrapartida nesses incentivos
fiscais. E que contrapartida o Município de Alto Garças está tendo nesses incentivos fiscais?
Eu não quero aqui ser contra os incentivos fiscais. Eu acho que são extremamente
importantes para que nos tornemos um Estado competitivo, mas é importante rever os conceitos de
incentivo fiscal e tem que atingir a sociedade coletiva de forma genérica. Se não tem benefício à
sociedade coletiva, que vantagem tem, então, esse incentivo fiscal? Isso é inadmissível!
Eu espero que essa Comissão possa analisar com muito carinho e restituir ao
Município de Alto Garças os 25% que lhe é direito, porque dar esse incentivo fiscal aos produtores
de semente simplesmente sangrou o Município de Alto Garças, onde temos falta de tudo, até mesmo
de medicamento nós temos falta. E essas medidas atingem, inclusive, grandes produtores que tem lá,
que não são produtores de sementes e sequer têm capacidade de exportação. Sabe por que atinge?
Porque, agora, o Município de Alto Garças criou o Imposto Territorial Rural-ITR mais caro do
Estado. Esse vai pegar de forma genérica, porque não pega só aquele que tem incentivo. Pega,
também, aqueles pequenos produtores que não têm o mesmo incentivo dos grandes.
Então, tem que haver isonomia nesses incentivos. Os incentivos têm que vir
acompanhados de isonomia, senão, não há nenhum resultado positivo.
Não é só isso, não! O Estado lesou o município em outras situações, também. Nós
temos lá um prédio antigo da Escola Estadual Dr. Ytrio Corrêa que, hoje, serve para abrigo de
marginais...
O SR. PRESIDENTE (MAX RUSSI) – Vamos para o encaminhamento, para a
pauta, senão, vamos desvirtuar.
O SR. ALCIR OLIVEIRA – Eu vou chegar lá. Eu não estou desvirtuando.
O SR. PRESIDENTE (MAX RUSSI) – Esse estudo de Alto Garças não vai
encaminhar bem na CPI.
O SR. ALCIR OLIVEIRA – Mas o que acontece? O Estado faz um comodato com
o município, mas não faz o cheque em branco, porque o município não tem dinheiro, também, para
aplicar esses recursos sociais pelo fato de o Estado ter lesado.
Há uma coisa importante! Aqui estamos falando de incentivo fiscal, mas estamos
nos esquecendo de uma coisa fundamental: nós temos o Estado de Mato Grosso do Sul e o Estado de
Goiás que têm incentivos fiscais exorbitantes e não estamos concorrendo com eles.
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Por que, então, senhores, nós não criamos uma zona de equiparação de incentivo
fiscal? O Sul do Estado é uma região boa e tem acesso a todas as regiões do País, fácil acesso. O
Vale do Araguaia inteiro pode servir para exportação, saindo pelo Nordeste. Vamos criar, então,
uma zona de equiparação. Assim, com certeza, nós vamos conseguir atrair empresas já que
ofereceremos as mesmas condições de impostos que podem ser oferecidos pelos estados vizinhos.
Muito obrigado! (PALMAS).
O SR. PRESIDENTE (MAX RUSSI) – Obrigado, Alcir Oliveira, advogado do
Município de Alta Garças.
Quero convidar para fazer uso da palavra o Sr. Alcione Dassoler, Diretor-
Presidente da Dassoler, que dispõe de três minutos.
É o último inscrito da plateia. Após, ouviremos o Neurilan e o Seneri Paludo.
O SR. ALCIONE DASSOLER – Boa tarde a todos!
O SR. PRESIDENTE (MAX RUSSI) – A Dassoler é a sua empresa?
O SR. ALCIONE DASSOLER – Eu sou da Assolar Agronegócios Ltda., em Lucas
do Rio Verde.
O SR. PRESIDENTE (MAX RUSSI) – Qual segmento?
O SR. ALCIONE DASSOLER – Cerealista.
O SR. PRESIDENTE (MAX RUSSI) – Cerealista.
O SR. ALCIONE DASSOLER - Eu quero cumprimentar, em nome do Deputado
Max Russi, todos os componentes da mesa; em nome do Secretário Seneri cumprimentar todos os
presentes.
Eu sou Alcione Dassoler, da Dassoler Agronegócios Ltda., de Lucas de Rio Verde.
A minha empresa é de pequena a média. Nós comercializamos produtos oriundos de agricultores
pequenos, médios e principalmente da agricultura familiar.
Eu quero tentar ajudar.
Eu vim aqui com o intuito de ajudar. Então, que os senhores, Deputados,
Secretário Seneri, com o que eu falar aqui me acompanhem para terem um raciocínio como é a
comercialização de grãos daqui, de Mato Grosso.
Nós estamos numa localização, no marco do Centro Geodésico da América Latina,
que é Sorriso. Então, Vossas Excelências olhem a grandeza da América Latina e estamos no Centro.
Vamos fazer as flechas para onde exportamos os nossos produtos: para o Atlântico, para o Pacífico
não vai. Vamos ver o Norte. Quem faz o Norte são as multinacionais, duas grandes multinacionais
que fazem o Norte. Nós, pequenos e médios, não temos condições, de maneira nenhuma, de
competir com eles. Eles fazem o norte.
Pegamos o porto de Minas Gerais, Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São
Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, quantos mil quilômetros dão? Vão imaginando a
distância que nós estamos. Nós estamos numa região de produção, mas não temos logística e
estamos numa região que não tem consumo, não temos boca, não temos consumo. E nós, com muito
honra, cerealistas de grãos... Eu vim do Rio Grande do Sul e só fui bem aqui quando consegui, em
2011, o PRODEIC.
Eu torço para que dê certo, Seneri Paludo, o PRODEIC, que o Estado analise, os
Srs. Deputados da CPI, porque é muito importante para o nosso Estado, a nossa localização é
distante de tudo e de todos.
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Agora, vocês me acompanhem: Mato Grosso, vamos descendo um pouco, o que
nós temos? Nós temos uma cortina que, com certeza, vocês esqueceram. Nós temos uma cortina de
produção. Paraná é o grande produtor. Mato Grosso do Sul; Goiás; Minas Gerais, e eu apito, estão
explodindo e estourando. Pertos de quem? Perto de todos os portos e perto de quem come, de quem
tem fome, de quem consome.
Nós temos consumo aqui em Mato Grosso? Não temos consumo. Muito pouco.
Logística precária e caríssima. O que nós fizemos dos nossos caminhões? Pagamos o frete muito
mais caro. Por que é mais caro? Muitos não entendem por que.
Nós pagamos o nosso frete daqui com destino a Paranaguá. Quanto nós
produzimos, Pedro? Trinta milhões de toneladas? Nós vamos consumir trinta milhões de toneladas
de retorno de consumos ou até de outras matérias que consumimos no dia a dia? Não. Os caminhões
de lá voltam, parte do retorno com cargas, quando encontram, senão, vêm vazios. Aí está o número,
mostrando que o valor do nosso frete fica muito alto.
Por isso, da nossa necessidade de continuar esse PRODEIC, sem mudança
nenhuma. E depois eu vou falar que precisaria de mais incentivo, ainda, provo com números e a
minha empresa está aberta.
Se o Governo e os Srs. Deputados quiserem ir a Lucas do Rio Verde para fazer a
conta junto com a comercialização, junto conosco, para ver o que estamos sobrando. Nós somos
quem regularizamos os preços de mercado. No passado, quem regularizava o preço, meia dúzia,
faziam o que queriam com o preço dos produtos, das matérias- primas. Nós pegamos os produtos lá
do agricultor, do armazém, e fizemos toda a parte de beneficiamento, de secagem, industrialização.
Nós temos o direito do PRODEIC. O Governo assinou para tantos anos e nós temos o direito.
Eu quero que vocês entendam por que estamos no Estado de Mato Grosso, nessa
região distante, e enfrentamos todos os obstáculos. Quem está lá no litoral está pertinho. Aqueles
Estados produzem, vendem, exportam e estão todos ali pertinho. Produzem os insumos agrícolas ou
vem do exterior e os portos estão ali pertinho. E nós, como ficamos?
Eu já falei do frete que custa caro, o nosso produto todos vem de lá, vem para o
nosso Mato Grosso caríssimo! Nós temos um custo elevado de produção. E se nós não tivermos
incentivos, o agronegócio, os cerealistas fecham, é falência total. A minha empresa se perder o
PRODEIC, falência. Não tem o que fazer.
Pessoal, nós vivemos do incentivo fiscal. Que parte deles nós usamos? Porque nós
temos também, vocês são sabedores, mas, às vezes, se esquecem que nós temos as produções
diferenciadas no nosso Brasil, que é um continente muito grande e o nosso Estado produz
quantidade e temos que exportar ou temos que comercializar. E com quem nós competimos? Com
A, B, C, as três maiores do mundo.
Não é fácil, pessoal! Nós estamos numa guerra fiscal mesmo. Guerra fiscal!
Essa nossa guerra é em dobro, Deputado, não é só essa guerra entre os Estados, a
guerra é a distância que nós estamos.
É por isso que nós precisamos de incentivos, Sr. Seneri, em função da nossa
distância. Precisamos. Se não continuar o PRODEIC, fecham muitas empresas, muitas empresas
quebram, realmente, e haverá muito desemprego. Está aí um desemprego total no Brasil por “a”,
“b”, “c” e “d”, culpa de muita gente e nós vamos amargar mais essa derrota.
Eu vim do Rio Grande do Sul, em 2000, comecei como corretor; em 2011 fui para
o ramo de compra e venda de cereais e consegui graças ao PRODEIC fazer alguma coisa para mim e
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para a minha família. Eu acredito, sim, que tenha contribuído nessa explanação para vocês terem um
conhecimento um pouquinho maior de como realmente é a comercialização.
Se quiserem fazer alguma pergunta para eu contribuir mais ainda, estou à
disposição. Ok?
Muito obrigado e um abraço a todos. (PALMAS).
O SR. PRESIDENTE (MAX RUSSI) – Muito obrigado, Alcione, da Dassoler.
Eu quero cumprimentar os cerealistas aqui. Eu sou de uma família de cerealista do
Paraná, do sudoeste do Paraná. Lá os meus pais mexiam com cereais, compra e venda de grãos.
Com a palavra, o Sr. Neurilan Fraga, Presidente da AMM, representando os
municípios de Mato Grosso. O Neurilan é irmão do Deputado Zé Domingos Fraga, um dos
Parlamentares mais preparados desta Casa de Leis.
O SR. NEURILAN FRAGA – Boa tarde a todos!
Quero aqui, em nome do Deputado Maxi Russi, saudar os componentes da mesa;
saudar, também, todos os outros participantes em nome do Roberto Peron, meu conterrâneo lá da
nossa querida Nortelândia.
Eu anotei algumas coisas que foram faladas durante esta Audiência Pública, mas
antes eu gostaria de parabenizar a Assembleia Legislativa, a Comissão Parlamentar de Inquérito,
presidida pelo Deputado Zé Carlos do Pátio e todos os seus membros, pela iniciativa de estar
promovendo esta Audiência Pública dando oportunidade para os segmentos e as representações
manifestarem os seus pontos de vista, as suas teses.
Por que eu estou aqui hoje? Eu sou representante dos cento e quarenta e um
municípios do Estado de Mato Grosso e tudo que foi falado aqui, tudo que acontece, seja na
microempresa, na grande empresa, no produtor rural, na indústria, no comércio, no setor de
prestação de serviço, acontece nos municípios. E os municípios têm um compromisso muito grande
de estar prestando serviço público de qualidade no momento em que o cidadão precisa e para isso
precisa de receita.
Então, nós temos que preocupar, sim, com a política de desenvolvimento
econômico do Estado, porque nós fazemos parte, nós como gestores fazemos parte na execução das
ações lá nos municípios.
A princípio, o nosso ponto de vista, Deputado Max Russi e demais participantes
desta CPI, nós somos favoráveis a essa remodelação na proposta dos incentivos fiscais, porque
sabemos que a lei atual prevê um determinado segmento do benefício, mas, no entanto, por uma
questão de opção política ou de interesses pessoais, estendeu isso a quem de fato não tinha direito.
Aqueles que receberam o benefício e não tinham direito, também, não podem ser penalizados neste
momento.
Como foi colocado aqui, é uma locomotiva que, de repente, cai a ponte e aí todo
mundo não pode sofrer esse acidente de percurso. Mas eu tenho certeza absoluta que o Seneri
Paludo e sua equipe, evidentemente, têm isso na pauta do trabalho que está sendo feita naquela
Secretaria.
Como colaboração, nós defendemos que o incentivo fiscal seja tratado com muito
cuidado na promoção, não só na qualidade dos empregos, mas principalmente no desenvolvimento
do Estado de Mato Grosso como um todo. Tem que ser tratado no sentido de desconcentrar os
investimentos que estão sendo feitos através de incentivo fiscal que ficaram no eixo do agronegócio,
no eixo das BRs 163/364, Rondonópolis/Cuiabá/Sinop.
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REVER O PROGRAMA DE INCENTIVOS FISCAIS E ATRAÇÃO DE INVESTIMENTOS
PARA O ESTADO DE MATO GROSSO, REALIZADA NO DIA 23 DE NOVEMBRO DE 2015,
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Tem que mudar isso, porque existem cento e quarenta e um municípios e se você
pegar nesse eixo de desenvolvimento do agronegócio nós temos menos de vinte municípios que
estão nessa base econômica, ficando cento e vinte municípios fora, marginalizados do processo de
desenvolvimento do Estado por falta de uma política de incentivo fiscal que atenda todos os
municípios, todas as regiões.
A nossa proposta da AMM é no sentido de que vamos regionalizar o Estado de
Mato Grosso, regiões em desenvolvimento, regiões já em economia consolidadas, regiões
empobrecidas, no sentido de direcionar também um percentual maior, com um atrativo maior para as
regiões menos desenvolvidas, região mais empobrecida, porque há possibilidade, sim, de aquelas
empresas se estabelecerem na minha Nortelândia, em São Félix do Araguaia, ou em Colniza, porque
quando você dá um percentual maior, você equipara a Rondonópolis, equipara a Sorriso, equipara a
Cuiabá.
Porém, também é preciso que esse incentivo fiscal seja dado através das cadeias
produtivas, dos arranjos locais, porque não é só no processo de industrialização, tem que ser no
processo da produção da matéria-prima, no processo da industrialização da matéria-prima e também
da comercialização do produto industrializado.
Então, teria que ser dois aspectos: regionalizado, para atender todo o Estado,
promover o desenvolvimento econômico de forma sustentável socialmente; e também por cadeias
produtivas porque você vai fomentar aquela cadeia, que é uma produção daquela região, pegando
tanto quem produz, como quem industrializa e quem comercializa.
Essa é proposta que nós defendemos, que achamos mais coerente para o momento
que vivemos.
E é muito importante, foi colocado aqui pelo professor Pereira, o Pereirinha, da
Universidade de Mato Grosso, meu colega de São Vicente há 50 anos, mas está na ativa ainda, muito
lúcido, que exatamente nos municípios fora do eixo do agronegócio está localizada a agricultura
família.
É importante quando se coloca que Mato Grosso tem uma base de consumo muito
pequena, nos produzimos para poder vender em outros Estados que têm uma base consumidora
maior.
Mas nós temos aqui, Deputado Zé Carlos do Pátio, 120 mil pequenos produtores.
Se através dos arranjos produtivos ou das cadeias produtivas fizermos com que esses pequenos
produtores sejam consumidores, não só produtores também de matéria-prima, depois ser
industrializada, serão mais de 120 mil famílias consumindo, enquanto o agronegócio de Mato
Grosso é gerado não por mais de 10 mil produtores, porque produtor de soja, produtor de algodão,
produz milho e agora está entrando até no confinamento de boi.
Então, não tem mais que 10 mil de grandes produtores no agronegócio e pequenos
são 120 mil que produz e não consome, não são consumidores, são potenciais consumidores. Então,
nós também começaremos a resolver o problema de consumo no próprio Estado de Mato Grosso,
começamos a sair um pouco da dependência de outros mercados, de outros Estados.
Também, para apimentar essa discussão, deixar aqui para se refletir, o meu amigo
Chico, do Porto Seco, colocou sobre uma empresa de frutas que foi incentivada para industrializar
no Estado de Goiás, gerando emprego, renda, impostos e consumir energia lá em Goiás.
E aí Chico como é que fica toda essa produção do milho, que foi colocado aqui, e
da soja, que são mandados para China para outros países através da Lei Kandir?
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Precisamos rever essa questão da Lei Kandir. “Ah! Mas o segmento produtor vai
ter dificuldade, não vai ser competitivo.” Vamos ver uma forma de calibrar essa relação, porque tem
Lei Kandir para incentivar a exportação de matéria-prima para gerar emprego fora do Brasil - você
está reclamando de Goiás, eu estou reclamando que está gerando emprego fora do país - e não tem
uma Lei Kandir para incentivar a industrialização aqui no Mato Grosso, aqui no Brasil.
Essa é a importância de se estar discutindo melhor a questão dos incentivos fiscais.
A Lei Kandir beneficia a China, a Europa.
Precisamos, sim, ter uma Lei Kandir para incentivar a industrialização dos nossos
produtos aqui. E o Estado é importante nesse processo, uma discussão em nível de Congresso
Nacional, também tem Goiás, Mato Grosso do Sul, Rondônia, e uma série de outros Estados que
também perdem receita por conta da Lei Kandir, porque desde 2010 que o valor do FEX para
retornar aos Estados é de um bilhão e oitocentos milhões de reais e não estamos nem recebendo. A
dificuldade para receber foi enorme, tanto do Governo do Estado que nós fizemos parte, e do Brasil
todo, para poder tirar essa compensação que, na verdade, hoje - não sei se o Seneri Paludo tem esses
estudos - o que está sendo compensado eu acho que é a metade do que Mato Grosso está perdendo.
(O SECRETÁRIO SENERI PALUDO RESPONDE FORA DO MICROFONE: “1/3”.)
O SR. NEURILAN FRAGA – Um terço do que Mato Grosso deveria receber se
estivesse ficando o ICMS no Mato Grosso.
Então, acho que nós precisamos estar discutindo, Deputado Zé Carlos do Pátio,
Assembleia Legislativa, Governo do Estado e todo o segmento, a questão da Lei Kandir. Ter
equilíbrio.
Não estamos aqui querendo falar que tem que deixar de ter a Lei Kandir, se é que
os nossos produtores não são mais competitivos. Eu tenho algumas dúvidas. De repente, o
agronegócio poderia estar me esclarecendo isso, porque quando criou a Lei Kandir eu estava em
Sorriso e o produtor de soja produzia vinte e cinco sacas por hectare naquela época. Era o máximo a
produtividade da soja vinte e cinco sacas. Hoje estão colhendo sessenta sacas. A média, cinquenta e
cinco sacas por hectare.
Então, essas coisas têm que ser revistas e fazer um calibramento de tal forma que
os Estados e os municípios, Mato Grosso e os municípios, não percam receitas.
Eu ouvi alguém fazendo um comentário de que o Estado não pode ver só a parte
econômica, só imposto, imposto, imposto.
Gente, a população cobra, todos nós cobramos saúde, segurança, educação,
transporte, pavimentação nas vias das cidades, praças públicas. Se não tiver receita, não tem como
fazer.
Então, tem que ter, sim, um equilíbrio nas receitas. O Estado tem que arrecadar.
Evidentemente não pode só arrecadar e não levar nada de volta em benefício da população. Foi o
que aconteceu sempre, mas, agora, temos um novo Governo, uma nova equipe. Nós estamos
acreditando, apostando muito nesse novo foco e a Assembleia Legislativa tem feito o seu papel.
Eu quero aqui, mais uma vez, parabenizar a Comissão, porque a questão dos
incentivos fiscais é decisiva para o processo de desenvolvimento do Estado de Mato Grosso, mas
não podemos nos esquecer de discutir a questão da Lei Kandir que penaliza muito Mato Grosso, gera
muito emprego, renda e negócios fora do Brasil.
Era isso que eu gostaria de dizer.
Muito obrigado e bom final de debate. (PALMAS)
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O SR. PRESIDENTE (MAX RUSSI) – Obrigado, Prefeito Neurilan Fraga,
Presidente da AMM, pela sua contribuição. Participou de toda a nossa Audiência Pública
enriquecendo bastante o debate.
Eu quero agradecer, mais uma vez, o Sr. Adilson Garcia, Exmº Secretário-Adjunto
da Receita.
Com a palavra o Sr. Seneri Kernbeis Paludo, Exmº Secretário de Estado de
Desenvolvimento Econômico.
Eu quero fazer um agradecimento ao Governo do Estado que mandou aqui quatro
Secretários das pastas que realmente nos interessam: Secretaria de Estado de Fazenda, Secretaria de
Estado de Desenvolvimento Econômico, Secretaria de Estado de Trabalho e Assistência Social e
Controladoria-Geral do Estado. O Governador fez um compromisso com esta Comissão de
encaminhamento dessa nova proposta, de um projeto de desenvolvimento para Mato Grosso com
relação aos incentivos fiscais, de que iria discutir com a Comissão, até porque desde as primeiras
reuniões eu defendi que nós tínhamos, além de fazer as investigações, que fazer proposituras que
viessem a contribuir com o desenvolvimento do Estado. E os cinco Deputados que fazem parte desta
Comissão - o Deputado Wilson Santos e o Deputado Dilmar Dal Bosco que não se fazem presentes -
entendem a importância do incentivo fiscal para o Estado de Mato Grosso e querem trabalhar uma
forma de dar uma contribuição para melhorar.
Então, Secretário Seneri Paludo, eu agradeço ao Governador em nome de Vossa
Excelência que fez parte de toda Audiência Pública. O senhor tem o tempo livre. A sua fala é
bastante esperada por todos que, ainda, se fazem presentes e, com certeza, colaborará muito para os
encaminhamentos da nossa Comissão.
O SR. SENERI KERNBEIS PALUDO – Obrigado.
Boa tarde a todos, quase boa noite a todos!
Primeiramente eu quero agradecer pelo convite e por estar tendo esta
oportunidade.
Depois, eu vou falar um pouquinho sobre essa questão da interrelação entre o
Executivo e o Legislativo, diretamente dentro da CPI.
Eu separei a minha fala em três partes.
A primeira é o conceito em relação à questão que foi muito falada aqui sobre
ambiente de negócio.
Todos estão falando e eu acho que todos estão buscando, seja o Poder Público, seja
o Legislativo, o Executivo e, também, o setor empresarial do Estado, de uma maneira geral,
melhorar o ambiente de negócio do Estado. E essa melhora do ambiente do Estado passa por cinco
pontos. Eu costumo dizer que é uma estrela de cinco pontas. E foi falado aqui também. O primeiro
ponto, não em ordem de importância, é a questão de infraestrutura, de logística. Não vamos ter um
bom ambiente de negócio, seja no setor industrial, comercial ou agro, sem uma boa malha rodoviária
dentro do Estado.
Esse é o primeiro modal. Depois, poderemos incluir para os outros.
Segundo ponto: não vamos ter um bom ambiente de negócio dentro do Estado sem
mão de obra e principalmente mão de obra qualificada. Talvez, o maior apagão que estamos tendo,
hoje, no Brasil... Fala-se muito no apagão de mão de obra, mas, talvez, o maior apagão que estamos
tendo no Brasil, hoje, é o apagão de talento; é o apagão da qualidade dessa mão de obra que está
sendo empregada.
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Nenhuma região do mundo se transformou numa potência de desenvolvimento
econômico sem pessoas de qualidade trabalhando dentro da sua economia.
O terceiro ponto com relação ao desenvolvimento trata da questão de um ambiente
econômico, da questão de ter matéria-prima, de ter insumos. Não adianta acharmos que aqui vamos
ter uma grande indústria da AppleI ou, talvez, da Google. Por quê? Porque não é esse insumo que
temos aqui; não é essa matéria-prima que nós temos aqui. Não adianta! Não é nisso que o Estado
está vocacionado, mas há outras cadeias que o Estado está bem vocacionado, que tem essas
vantagens comparativas colocadas pelo Professor Benedito. Nós temos o setor de mineração, o setor
do agro, o setor de turismo, o setor de base florestal. Esses são setores que temos vantagens
comparativas que são insumos para qualquer cadeia ou para qualquer indústria que nós temos que
aproveitar.
Por fim, nós temos o quarto pilar que é a questão da segurança jurídica. Nenhuma
região do mundo se desenvolveu sem segurança jurídica, sem regra clara de como se joga o jogo.
Perfeito! É isso que estamos buscando dentro de todo esse processo.
Infelizmente ou não o que estamos passando, hoje, no Estado – e aí estou falando
do Estado, não estou falando do Governo, do Executivo - é um processo de reavaliação de que
Estado nós queremos. Isso está acontecendo no Executivo; isso está acontecendo no Legislativo; isso
está acontecendo no Judiciário e isso está acontecendo em cada uma das empresas os senhores.
Então, nós estamos vivendo, infelizmente ou felizmente, esse momento dentro do
Estado de Mato Grosso. E, talvez, essa seja a maior transformação que nós estamos tendo.
Por fim, um dos pilares desse ambiente de negócio é o incentivo fiscal. É o
incentivo fiscal sendo um pilar. Agora, não adianta falarmos assim: ah, não, o incentivo fiscal é o
salvador da pátria e sem incentivo fiscal vai acontecer... Se fosse assim, nós seríamos um dos
estados extremamente bem industrializado. É o seguinte: apesar de não sermos Goiás, apesar de não
sermos São Paulo, o PRODEIC cumpriu o seu papel, eu estou falando somente do PRODEIC, de
2003 até aqui razoavelmente bem.
Eu tenho as minhas ressalvas olhando um pouco do que aconteceu e olhando por
dentro, falando especificamente do PRODEIC, pelo menos dos três últimos anos, mas lá atrás,
quatro, cinco anos, seis anos atrás, ele cumpriu o seu papel. No entanto, quanto o incentivo fiscal
nós estamos num momento que na nossa interpretação, não é a certa nem a errada, nós precisamos
dar o próximo passo. O mesmo tipo, o mesmo modelo de incentivo que nos trouxe até aqui não é o
mesmo modelo que vai nos guiar para o processo de desenvolvimento econômico nos próximos
vinte, trinta anos. Não é! Nós temos que olhar modelos de incentivos diferenciados, olhando não só
do ponto de vista como foi colocado pelo Professor Benedito, mas olhando do ponto de vista do
incentivo de sistema e não somente de setor ou de cadeia.
Por exemplo, resgatando um pouquinho, talvez, do que foram os programas
setoriais, mas avançando um pouquinho do que o PROALMAT. O PROALMAT cumpriu o seu
papel excepcionalmente bem. Hoje, Mato Grosso produz 59% do algodão brasileiro graças a um
programa de desenvolvimento.
Foi aqui colocada a questão das políticas do agronegócio. O agronegócio só é o
agronegócio no Estado de Mato Grosso, porque teve a Lei Kandir. Sem a Lei Kandir o agronegócio
no Estado de Mato Grosso não existiria. Não existiria! O problema não é a Lei Kandir. O problema é
que o Governo Federal, que deveria estar cumprindo a sua parte com um fundo constitucional, que
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deveria estar repassando para o Estado, não passa. Não está tendo reajuste. Se não me engano, a
última conta que teve reajuste foi em 2005.
Então, o Estado está fazendo um bocado, mas o Governo Federal não está fazendo
a sua parte para cá, mas isso é outra questão.
Com relação à questão de conceito o que nós estamos tentando buscar é melhorar
esse ambiente de negócio. Uma das ferramentas, uma das pernas é o incentivo fiscal.
Segundo, conceituando, também, uma coisa é benesse fiscal; outra coisa é
incentivo. Benesse é quando você dá alguma coisa para alguém em troca de nada. Isso é benesse.
Incentivo é quando você dá alguma coisa para alguém em troca de alguma coisa que vai ser
incentivada e vai ser produzida.
Aí eu também tenho as minhas ressalvas com relação ao que foi promovido nos
últimos anos para algumas políticas que não foi feito incentivo fiscal, foi feito benesse fiscal, é
diferente. Aí nós não podemos contaminar política de incentivo achando que tudo é benesse, não é
assim. Benesse é benesse, tem que ser separado.
Outro caso, crime é crime. Para isso, a CPI foi instalada e contribuiu muito até
para prisão de dois ex-Secretários e de um ex-Governador, aí é outra coisa. Então, não tem nada a
ver com o que estamos fazendo dentro da Secretaria. Para isso tem CPI; para isso tem Ministério
Público; para isso tem outros processos.
Mas, uma coisa que nós precisamos conceituar é o seguinte: o Estado de Mato
Grosso dentro desse ambiente de negócio não vive sem incentivo fiscal. E não é porque nós
queremos ser bonzinhos, não, não é, é porque já foi colocado aqui por muitos de vocês, por causa da
guerra fiscal, porque nós estamos longe, porque nós precisamos. Nós precisamos desse modelo.
Agora, está claro também para nós que esse modelo atual não é o modelo que vai
nos guiar para frente. Nós vamos ter que revê-lo, o que estamos fazendo aqui agora.
Eu vou falar um pouquinho depois do como fazer, de como estamos pensando, que
eu acho que contribui muito para vocês aqui. Mas, antes disso eu queria só responder algumas
provocações que foram colocadas durante o dia, primeiro, o Marco Aurélio.
O Marco Aurélio colocou algumas provocações muito boas, a primeira foi a
seguinte: Todas as empresas que ele assessora são empresas que estão 100% corretas. Permita-me
corrigir, tem empresa que não está 100% correta, tanto que foi suspensa, porque faltava a licença do
Corpo de Bombeiros.
Só que a legislação me obriga a falar o seguinte: se ela não tem a licença do Corpo
de Bombeiros não pode ter o incentivo. Agora, a legislação também fala o seguinte: que eu tinha que
desenquadrá-la. Não, espera aí, tem que ter bom senso. O que nós fizemos? Suspende. Na hora que
refazer o documento dela, pronto, ela enquadra de novo. Eu não posso penalizar uma empresa que
pode, que tem direito, que tem tudo, nós temos que ter bom senso nesse processo.
Agora, não é ignorando uma legislação que eu irei resolver o problema. Eu
simplesmente poderia fechar o olho e falar assim: não, ela não tem licença, mas é porque o Corpo de
Bombeiros não foi lá em Cotriguaçu, sei lá, onde era a cidade agora, Colniza. Realmente, o Corpo de
Bombeiros não foi lá. Mas, então, nós temos que brigar com o Corpo de Bombeiros para fazê-lo vir
e não deixar de enfrentar o problema, não fechar os olhos para isso. Mas, enquanto isso suspende a
empresa e coloca com relação a isso.
Estou dando esse exemplo, porque é assim que nós estamos encarando. E qual é o
problema da empresa? A empresa não tinha licenciamento do Corpo de Bombeiros. Por quê? Porque
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o Corpo de Bombeiro não foi lá. Beleza! Ah, porque o Corpo de Bombeiro não foi lá tenho que
fechar os olhos? Não. Vamos fazer o Corpo de Bombeiro ir lá, mas enquanto isso está suspenso.
A... errado, eu não posso fazer. Não é porque ela fez que eu vou fazer.
Então, com relação ao que foi colocado pelo Marco sobre a questão de uma
vergonha de se passar nove meses para dar um incentivo para uma empresa, quatro meses para outra
empresa que se está colocando. Eu também me sinto envergonhado, Marco, de verdade.
É por isso que temos que mudar a legislação. É exatamente por isso. Porque hoje,
do jeito que está, o processo é tão burocrático, tão lento e tão ruim, do ponto de vista da legislação,
que eu fico amarrado. E é exatamente por esses fatores que eu me sinto hoje no Poder Público
envergonhado mesmo. Porque, “cara”, faz nove meses que estou segurando uma empresa. Está
errado isso. Sério! Uma empresa que está tudo certinho, que fez o processo, isso está errado. Por isso
que nós precisamos melhorar a legislação; por isso que precisa de uma nova lei.
Então, mais uma provocação do Marco? O Marco falou assim: “ah, não, a
Legislação do PRODEIC hoje está boa”. Desculpe-me, mas não está. Está ruim, porque se ela
estivesse boa não estaríamos tendo esses problemas. Se ela estivesse boa, por exemplo, não teria
tanto obrigação que a empresa não conseguisse prestar. São umas coisas tão imbecis. Por exemplo, a
Legislação hoje obriga a empresa a comprovar que o produto dela incentivado contribuiu para o
desenvolvimento econômico do IDH do Estado.
Apresenta-me uma fórmula para ela apresentar isso? Não tem como! Mas está
escrito na Legislação.
Por isso, nós temos que melhorar a Legislação. Por isso, nós temos que evoluir,
não é culpar o PRODEIC. Mas o PRODEIC teve o seu papel até aqui e está na hora de dar o
próximo passo.
Com relação à questão dos cerealistas, a mesma coisa. Infelizmente, a Legislação
do PRODEIC não permite dar incentivo fiscal para cerealista. Não permite! É a Legislação. Aí você
fala o seguinte: “ah, eu vou fechar o olho para a Legislação”? Não posso fechar o olho para a
Legislação. Aí é o seguinte: o que era certo fazer? O certo a fazer era desenquadrar, baseado, se
fosse a ... cobrar tudo aquilo que vocês foram incentivados nos três, quatro últimos anos. Está certo
isso?
Eu não quero te quebrar, “cara”! Está errado! Você é o terceiro de boa-fé! Você é
um terceiro de boa-fé! O Estado te deu um documento que não podia ter dado? Deu. Mas ele não
podia ter dado. Agora eu como agente do Poder Público não posso atribuir olho a isso também.
Infelizmente.
Aí você fala o seguinte: então, vamos criar uma nova legislação para a questão do
cerealista.
Pessoal, eu vou falar para vocês de uma maneira que já falei várias vezes, mas no
grau de prioridade do Estado e dentro da Secretaria, ela está dez para baixo. Por quê? Porque o grau
hoje de prioridade nosso, e foi colocado aqui, é industrialização e aí eu tenho um valor num
orçamento que ele é limitado. Aí é uma escolha de Governo. Eu posso dar esse valor para uma
indústria que está industrializando ou para o cerealista. Eu prefiro dar para a indústria. Estou sendo
bem honesto, é uma escolha de Governo. Infelizmente é assim.
Se eu pudesse dar incentivo que nem em Goiás, de oito bilhões por ano ou dez
bilhões por ano, beleza! Mas não é uma das cadeias que nós estamos olhando hoje do ponto de vista
de incentivar.
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Aí se você me fala o seguinte: “não, mas é porque não estamos conseguindo
competitivo com os outros Estados”. Legal! Então, vamos baixar a alíquota do ICMS e não dar
incentivo fiscal programático setorial. Beleza! É porque nós não estamos tendo... é porque 12% é
muito caro. Então, está bom, vamos voltar para 7% para todo mundo. E aí todo mundo tem a mesma
vantagem competitiva. O Estado vai arrecadar um pouco, mas não dentro de um programa como
esse onde o recurso é limitado! Então, isso seria com relação à resposta do cerealista.
Com relação à provocação do João Laino, que também falou: “ah, existe uma
ameaça no ar que vai ser cortado os incentivos”. Não é ameaça, é fato. Eu não estou ameaçando
ninguém, é um fato.
O setor falou assim: “mas nós não concordamos, vamos entrar na justiça”. Eu acho
que é um direito, é um direito. E não vai ter retaliação do Executivo por conta disso, não. É um
direito de vocês. Agora, eu não posso fechar o olho e ir simplesmente contra uma notificação,
inclusive, de TCE, de Ministério Público, de PGE.
O SR. PRESIDENTE (MAX RUSSI) – Nós precisaríamos estudar essa questão da
alíquota do ICMS...
O SR. SENERI KERNBEIS PALUDO – Exato.
(PARTICIPANTE SE MANIFESTA)
O SR. SENERI KERNBEIS PALUDO - É o seguinte: está sendo notificado, não
está sendo? Outra coisa, vocês falaram assim: “ah, mas para o grande e para o pequeno”? “Bicho”,
do mesmo jeito que o cerealista está tendo esse incentivo, você acha que as grandonas não estão
tendo?
Esse exemplo que foi falado aqui pelo Chico é uma empresa que é uma grande
indústria que tem direito a comercializar quatro milhões de toneladas de soja e de milho para ser
industrializado em Goiás. Está errado! Desculpa, mas está errado! Isso está errado Não podemos dar
uma política como essa! Isso tem que ser cassado, infelizmente. Por quê? Porque a Legislação não
permite e nós não podemos permitir fazer isso. É gerar emprego em Goiás, como foi falado aqui.
Nada contra Goiás, mas cada um briga por seus interesses.
(MANIFESTANTE DA PLATEIA SE PRONUNCIA FORA DO MICROFONE – INAÚDIVEL.)
O SR. SENERI KERNBEIS PALUDO - Vamos pensar em uma política.
De novo, política para o setor de cerealista de comércio, sendo bem objetivo, hoje
entre nossos graus de prioridades, não está, porque volta de novo ao que Benedito falou: eu não olho
uma política de cadeia, eu olho uma política setorial. Para aquele setor eu dou. Sendo bem honesto
para vocês, já coloquei isso outras vezes, mas não é prioridade hoje.
Vamos lá...
(MANIFESTANTE DA PLATEIA SE PRONUNCIA FORA DO MICROFONE – INAÚDIVEL.)
O SR. PRESIDENTE (MAX RUSSI) – Deixem o Secretário Seneri concluir, para
não interromper a fala dele.
O SR. SENERI KERNBEIS PALUDO – Está bem.
Vamos lá, depois poderemos discutir mais sobre esse ponto específico, que é um
ponto específico dentro do que está sendo discutido aqui dentro do processo da proposta da CPI.
João, só para dar uma notícia, e o Peron também colocou isso aqui, com relação às
micros e pequenas empresas, hoje o sublimite já está feito para o ano que vem é de 2.520, sem
pegadinha. Isso nós acreditamos que é um avanço.
(MANIFESTANTE DA PLATEIA SE PRONUNCIA FORA DO MICROFONE – INAÚDIVEL.)
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O SR. SENERI KERNBEIS PALUDO - A questão do ST nós ainda estamos na
discussão.
Depende de coisas maiores, não é Adilson? Quer falar?
Então, se for conforme a Legislação Federal, não vai ter ST. Enfim, se for
conforme a Legislação Federal, não vai ter ST, mas isso ainda está. Depois o Adilson pode explicar
um pouquinho mais.
Então, com relação a isso já é um grande avanço.
Outro grande avanço para micro e pequenas empresas com relação à incentivos é a
questão da regulamentação da Lei Geral do Estado. Foi regulamentada Lei Geral Federal e nunca
tinha sido regulamentada Lei Estadual. Estamos encaminhando juntos de novo, com o trabalho que
foi feito, Executivo e Legislativo. Foi criada uma Comissão aqui com o Deputado Oscar Bezerra
como Presidente dessa Comissão, trabalhamos, sentamos e construímos um documento único, que
agora, lógico, por uma questão até de... O Executivo está mandando para cá, mas foi construído a
quatros mãos. Isso foi um bom exemplo.
O SR. PRESIDENTE (MAX RUSSI) - Inclusive foi elogiado pelo Deputado Oscar
Bezerra, numa Sessão.
O SR. SENERI KERNBEIS PALUDO - Foi construído em conjunto dentro da
Secretaria, com a SEFAZ, junto com o pessoal daqui.
Outra coisa que foi colocado aqui pelo representante dos servidores, do SINTEP.
Foi colocado que é... Me perdi. “Que não pode dar muito incentivo fiscal, senão
isso pode causar um desequilíbrio nas contas do Estado”. Para isso serve o orçamento. É exatamente
isso. Para isso serve o orçamento. Orçamento não pode ser uma peça de ficção.
Se são novecentos e trinta e dois milhões que estão lá dentro do orçamento, eu não
posso dar um bilhão e meio, como foi dado.
Está errado. Se são novecentos e trinta e dois, são porque alguém fez uma conta lá
atrás e falou assim: Olha, no máximo novecentos e trinta e dois, porque, se eu passar desse valor, eu
causo um desequilíbrio.
O SR. ZÉ CARLOS DO PÁTIO – Eu quero colocar que nas gestões anteriores, só
do PRODEIC tinha um bilhão e seiscentos milhões autorizado pela Assembleia Legislativa de
incentivos e os gestores anteriores deram quase seis bilhões sem autorização, sem procedimento
nenhum.
Então, o que ele está dizendo é isso: não se pode conceder incentivo sem
autorização orçamentária, senão, pode haver um desequilíbrio no orçamento. Então, está correto.
O SR. SENERI KERNBEIS PALUDO – Pegando essa fala, é por isso que nós
paramos este ano. Bateu no limite. Bateu no limite. Fazer o quê? “Ah, não, vamos tentar resolver o
problema.”
Aí surgiu outra dúvida com relação a isso: como se fazer o cálculo - daqui a
pouquinho vou falar sobre isso.
Então, colocando isso, é exatamente para isso que serve o orçamento. O orçamento
não pode ser peça de ficção. O orçamento sempre tem que ser uma peça de gestão.
Na hora que bater, meu amigo, infelizmente eu vou ter que falar para o
empresariado: eu não posso dar mais, porque se dermos a mais que esse incentivo, nós quebramos o
Estado e é isso que nós não queremos. E, mais, além de quebrar o Estado, vamos chamar assim,
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numa maneira chula de falar, vou cair numa ilegalidade, dando um negócio que a Assembleia
Legislativa não me autorizou.
Ah! Falta dinheiro para o incentivo? Então, eu vou ter que vir aqui junto com a
Assembleia Legislativa e discutir um incremento, mas não fechar os olhos do mesmo jeito que nós
estamos fazendo lá dentro do processo. Ah, não é por isso. É assim que está, infelizmente! Vamos
enfrentar o problema, e não correr dele.
Por fim, com relação à questão de encaminhamento, eu acho que está muito claro o
que fazer. Está muito claro aqui.
Então, o que fazer? Precisamos de uma nova legislação. Isso está claro.
O que fazer? Precisamos de uma política clara. E essa nova legislação não é só
uma legislação para substituir o PRODEIC, mas é uma legislação para as APLs, é uma legislação
específica para alguns setores que fazem sentido, como a agricultura familiar, como o turismo dentro
do Estado, como para a agricultura
Eu estava conversando com o Adilson, tem uma coisa que tanto a Secretaria de
Desenvolvimento Econômico quanto a SEFAZ defendem, e foi também colocado pelo Marcos, que
lá no passado teve é que não deveria ter imposto, ICMS, para ativo de indústria. Zero! Não deveria
ter!
Quer mais incentivo do que isso? É o ativo imobilizado da empresa que ela está
trazendo para cá e eu ainda vou cobrar dele para ele vir gerar emprego aqui? Talvez esse seja um dos
maiores incentivos que pode fazer. E simples. Simples. Mas precisa ter legislações específicas para
isso, como foi colocado pelo Múcio.
Não dá para termos a legislação da indústria e a mesma legislação para o comércio.
São coisas diferentes, são monitoramentos diferentes. Tem que fazer setorial.
Como fazer isso daqui? Como fazer? Do jeito que estamos fazendo hoje.
Parabéns! A primeira vez que foi instalada a CPI aqui o Deputado Zé Carlos do
Pátio ficou bravo comigo, depois fomos nos ajeitando dentro do processo, mas é assim, é
dialogando, é conversando Executivo, Legislativo e o setor que está produzindo esse processo.
Conversando, sentando, olhando, sem colocar os carros na frente dos bois. É fazendo o que estamos
fazendo hoje aqui.
É de tirar o chapéu!
Eu fui da FAMATO, como foi falado pelo Rogério Romanini, mas não vi nos
quatro, cinco, últimos anos, sei lá quanto tempo, um processo de discussão do jeito que está sendo
aqui, com maturidade e o processo sendo liderado por quatro, seis mãos, o que é mais bonito ainda.
Então, parabéns!
Eu acho que esse é o “como estamos fazendo.”.
Tem a outra parte, que é o “quando”. Quando temos que fazer essa alteração à
legislação de incentivos fiscais.
Eu estava defendendo e estava defendendo muito isso com o Governador Pedro
Taques, que tinha que ser este ano, porque temos que fazer uma nova legislação, tal e tal, mas fui
convencido por um fator, que é o seguinte: o PRODEIC existe, certo? Mal ou não, os outros
programas ainda estão existindo, ou seja, não está quebrando a ponte. Ainda existe. A legislação está
aí. Precisa de aprimoramento? Precisa. Mas dependerá muito de como ficará a Reforma Tributária
do Estado. Por quê? Porque se a Reforma Tributária do Estado está sendo feita e está sendo
comandada por dentro da SEFAZ e vai fazer uma nova reforma, mudando até o sistema, de repente,
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PARA O ESTADO DE MATO GROSSO, REALIZADA NO DIA 23 DE NOVEMBRO DE 2015,
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se fizermos uma legislação hoje de incentivos fiscais sem considerar a nova legislação, daqui a seis
meses teremos que fazer de novo.
O “quando” é um tema que também temos que discutir nesse processo.
Agora essa nova legislação está sendo construída muito dentro desse conceito de
tentar simplificar. Eu poderia apresentar a Minuta para vocês dessa nova legislação, já foi
encaminhada para o Múcio, ele já viu, ela está muito melhor do que é hoje, porém, há alguns para
resolver, por exemplo...
O SR. ZÉ CARLOS DO PÁTIO – Eu só quero fazer uma observação.
A CPI que está investigando o incentivo fiscal não é só do PRODEIC. Tem que
deixar isso claro porque está ficando um pouco assim... É também do regime especial, é também das
cooperativas.
O que é o regime especial? Você declara o que comercializa, principalmente na
área de grãos, e tem que ver se as notas fiscais batem com a declaração. Isso está sendo investigado.
E as cooperativas, também, pessoas que utilizam cooperativas para comercializar produtos,
principalmente grandes empresas.
Então, além do PRODEIC, está sendo investigado isso daí. Isso é para enriquecer
as novas leis, os novos procedimentos no Estado de Mato Grosso, porque realmente tinha muita
sonegação fiscal.
O SR. SENERI KERNBEIS PALUDO – E só colocar que está muito legal isso,
porque quando foi instalada a CPI o Deputado Zé Carlos do Pátio me ligou e falou: “Secretário, o
senhor pode dar um pulo aqui?”. Nós até conversamos com o Deputado Wilson Santos. Eu vim aqui
em uma noite, sentamos e conversamos. Então, é no sentido de propositura, de criar essa nova
construção.
Eu estou falando bastante dos incentivos programáticos, como PRODEIC,
PROALMAT, PRODER, porque são da pasta da SEDEC, mas tem outros incentivos que são de
outros. Então, é essa construção de como se fazer. O que eu acho que está muito bem delineado.
Todos sabem. O ponto, agora, é como – o que estamos fazendo aqui - e quando fazemos isso; qual o
melhor momento de fazer esses processos de ajuste para não colocarmos o carro na frente dos bois e,
depois, termos que sair consertando novamente. Eu acho que, às vezes, o ótimo é inimigo bom.
E só colocando duas informações que acho que são importantes a mais. A
primeira: nós tínhamos uma lacuna que era uma grande questão sobre o cálculo da renúncia fiscal.
Como se faz o bendito cálculo da renúncia fiscal? Primeiro, como se faz o cálculo individual e como
é a interpretação da Legislação, que é federal, pelo Estado? Foi publicado pelo TCE. Nós fizemos
uma consulta formal ao TCE e o TCE publicou. Hoje, está falando como é o cálculo. E o cálculo de
incentivo fiscal só pode ser feito nos primeiros anos da empresa. Por isso é incentivo. Por quê?
Porque nos primeiros anos ela é incentivada. Depois disso, ela começa a gerar receita para o Estado
e não é mais incentivo.
Então, o cálculo, do jeito que tem sido feito, agora, teremos que fazer a mudança
baseado nesse Parecer do TCE. O que é mais inteligente, porque incentivo é isso. Eu estou dando
três anos de incentivo e automaticamente, depois, a empresa começa a gerar receita para o Estado.
Ela não está mais sendo incentivada com renúncia. Esse cálculo muda totalmente o jeito que é feito.
Então, isso vai trazer um alento para grande parte das empresas e até para o
próprio Executivo. Nós estávamos em dúvida como era feito esse cálculo.
(O SR. NEURILAN FRAGA FALA FORA DO MICROFONE – INAÚDIVEL.)
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O SR. SENERI KERNBEIS PALUDO – É! Faz o planejamento. Agora, fica.
Então, essa é uma boa nova que nós temos para fazer.
Por fim colocar aqui, eu já falei até demais, para encerrar, mais uma vez, a posição
do Governador.
Eu cheguei, ontem, da China. Estava lá conversando com o pessoal para ver onde
será o escritório de representação do Governo do Estado lá. Visitei algumas cidades e conversei com
o pessoal lá.
A posição do Governador, que me ligou quando soube da Audiência... Ele falou
assim: “Seneri, é para você ir e é para contribuir em tudo que for possível dentro da Assembleia
Legislativa.”.
Então, esse é o posicionamento que nós estamos tendo com esta CPI, de casas
abertas, do que precisar, do que precisar de informação, nós trabalharmos juntos.
Eu costumo dizer o seguinte: nós não somos os senhores da verdade; nós não
sabemos de tudo. Nós podemos errar em muita coisa, mas o que nós não podemos é deixar de
discutir, de conversar. Vamos deixar a Secretaria de portas abertas para esse processo de evolução
que é importante para o desenvolvimento do Estado.
Obrigado! (PALMAS)
O SR. PRESIDENTE (MAX RUSSI) – Obrigado, Secretário Seneri Paludo.
Eu tenho só duas perguntinhas, coisa simples.
Não está liberando o PRODEIC para nenhuma empresa?
O SR. SENERI KERNBEIS PALUDO – Não está, porque bateu na lei de
responsabilidade, bateu no orçamento. O orçamento é novecentos e trinta e dois milhões. Foi dado
mais que novecentos e trinta e dois milhões.
Então, por conta da LRF nós trancamos.
O SR. PRESIDENTE (MAX RUSSI) – Com essa nova sistemática?
O SR. SENERI KERNBEIS PALUDO – Com essa nova sistemática vai voltar.
O SR. PRESIDENTE (MAX RUSSI) – Este ano, ainda, pode?
O SR. SENERI KERNBEIS PALUDO – Pode! Vai voltar. Assim, não é nenhuma
nova sistemática. É como tem... Nós conseguimos consolidar a interpretação de como tem que ser o
cálculo.
O SR. PRESIDENTE (MAX RUSSI) – Havia uma empresa, uma indústria que iria
para o município, na verdade, para o Município de Jaciara. Ele fez investimento, tinha incentivo e
falou que parou de ter esse incentivo.
Houve esse corte?
O SR. SENERI KERNBEIS PALUDO – Se não estiver enquadrada dentro do que
está no PRODEIC, sim. Pode ter sido suspensa ou desenquadrada, porque, assim, tem casos.
O SR. PRESIDENTE (MAX RUSSI) – Ele desistiu do investimento. Eu não sei
se... Eu até encaminhei um ofício para lá.
O SR. SENERI KERNBEIS PALUDO – Tem casos que são assim: que a empresa
não tinha direito ao incentivo pela legislação, por exemplo, o setor do comércio ou setor de serviço,
no caso, cerealista. É um serviço que infelizmente não poderia ter tido. Então, nesses casos nós
estamos notificando e suspendendo. Há outros casos que nós suspendemos, porque ela não cumpre
um dos ativos, como é o caso: ah, ela não tem a licença do Corpo de Bombeiros. Infelizmente terá
que ser suspensa.
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O SR. PRESIDENTE (MAX RUSSI) – Obrigado, Secretário Seneri Paludo.
Nós vamos nos reunir depois com os cerealistas. Faremos uma reuniãozinha após.
Pode ser após só para complementar aqui?
Após esta Audiência nós poderíamos fazer uma reunião só nossa. Após encerrar.
Só o Deputado Emanuel Pinheiro falará por três minutos e o Deputado Zé Carlos do Pátio por cinco.
Está livre o seu tempo, Deputado Emanuel Pinheiro, também. O Deputado
Emanuel Pinheiro tem um discurso eloqüente. É muito bom de discurso, mas faça uma síntese,
porque é importante a sua contribuição.
Com a palavra o Deputado Emanuel Pinheiro.
O SR. EMANUEL PINHEIRO – Eu farei uma síntese, Presidente.
Inicialmente o meu objetivo era saudar o criador desta CPI, o Deputado Zé Carlos
do Pátio, e Vossa Excelência como o nosso Relator geral, que está dirigindo este momento
democrático com uma maestria muito grande. É ponto para a CPI; é ponto para a Assembleia
Legislativa; é ponto para a sociedade.
Eu fiz várias anotações ao longo de toda Audiência Pública e vou deixar os elogios
a Vossa Excelência e ao propositor, sempre divergimos muito, mas, hoje, mais convergimos do que
divergimos, para fazer algumas ponderações, principalmente ao querido Secretário Seneri Paludo
que me provoca. Ele foi provocado e me provoca a fazer algumas observações no intuito
exclusivamente de ajudar.
Saiba - e Vossa Excelência sabe disso - do respeito que eu tenho por Vossa
Excelência. Eu vou falar mil vezes do respeito e da amizade que tenho pelo Governador. No mais a
distensão, a divergência é natural no processo democrático.
Então, eu ouço algumas coisas antes de entrar no mérito do incentivo fiscal e do
trabalho desta CPI, desses dois baluartes da CPI.
É o seguinte: Secretário Seneri Paludo, antes de tudo Vossa Excelência é um
Secretário de Estado. Então, Vossa Excelência tem que estar “antenado” com os acontecimentos que
são afetos a sua pasta e na conduta como Secretário de Estado - e não estou querendo impor, longe
de querer impor norma de conduta a Vossa Excelência - deve garantir a segurança, a estabilidade e o
controle do setor. Eu acho temeroso, por exemplo, Vossa Excelência falar que é fato cortar
incentivo. Cortar incentivo tem que ser uma exceção e não uma regra, sob pena de Vossa Excelência
jogar para o buraco décadas de uma política moldada no Estado, de uma política econômica moldada
no Estado. Se certo ou errado, Mato Grosso chegou nesse ponto aqui, hoje, com esse modelo que aí
está. (PALMAS)
Vossa Excelência, como Secretário falar, às vezes, dessa forma, cria uma
instabilidade que setores, hoje, que detêm o PRODEIC vão... É temeroso até investimento. Atração
nem pensar, porque ninguém virá para Mato Grosso com uma forma de política dessa adotada.
No começo, no primeiro semestre, eu pedi publicamente que o Governador Pedro
Taques parasse de dizer que Mato Grosso estava um caos. Parasse! Ele é o maior líder. Ele é o líder
nº 01 do Estado. Quem vai investir num Estado onde o Chefe do Poder Executivo diz que aqui está
uma roubalheira só; o caos está imperando e o Estado está em desequilíbrio absoluto? Olha, o líder
tem que investir na estabilidade, no otimismo, no incentivo ao investidor externo e no estímulo ao
investidor interno. Então, é essa a visão do serviço público.
Quando Vossa Excelência se refere a esse caso pontual que faltou certidão do
Corpo de Bombeiros e Vossa Excelência suspendeu o benefício...
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Secretário Seneri Paludo, o Corpo de Bombeiros é do Estado. A obrigação era do
Estado de fazer essa vistoria há quinhentos anos e a ineficiência do próprio Estado está fazendo-o
punir o empresário que só quer trabalhar, que cumpriu todas as obrigações dele, mas é impotente
diante desse Estado paquidérmico, mostrengo e ineficiente.
O princípio do direito, eu acho, Vossa Excelência não é Advogado, mas é um
brilhante executivo... Mas, eu acho que falta aí a Procuradoria do Estado juntar-se mais ao
Secretariado e dizer: “Secretário, existe um princípio da Administração Pública sagrado, chamado
Princípio da Razoabilidade, que é o princípio do bom senso”.
Ora, se a empresa fez tudo certo e o bombeiro não emitiu, jamais posso suspender
esse incentivo, esse PRODEIC - eu acho que é PRODEIC o caso. Eu vou conceder o PRODEIC e
abro um prazo para que a empresa busque junto aos Bombeiros ou o Estado busque junto aos
Bombeiros essa certidão.
Então, eu acho que esse princípio do bom senso é o apagão que estamos vivendo
hoje. O apagão não é só de talento, não. Estamos vivendo um apagão de bom senso, onde, não
obstante, o brilhantismo - e Vossa Excelência é talentoso... Digo isso muito à vontade, porque Vossa
Excelência é muito talentoso, mas essa falta de olhar de uma forma macro o interesse público e
facilitar a vida das pessoas, facilitar a vida do Estado é que está emperrando e dando a impressão por
vez que o Governo não começou até hoje. Impressão!
Quando eu digo Vossa Excelência emperrando, porque a própria natureza da
existência do Estado é para facilitar a vida das pessoas. Para que existem órgãos públicos, de
repartições, departamentos, secretarias, ministérios? Para facilitar a vida das pessoas. E a burocracia
infernal acabou criando um agente obstaculizador, dificultador da vida daqueles que querem
empreender; daqueles que querem produzir; daqueles que querem crescer.
O Estado não começou ontem, Excelência! O Estado não começou em 01 de
janeiro de 2015 com a posse de um dos mais notáveis homens públicos da história deste Estado, com
certeza será o Governador Pedro Taques. Já existia um Estado que Vossas Excelências receberam; já
existia um Estado que trabalhou demais com todas as dificuldades, com essas dificuldades mesmo
que Vossa Excelência, brilhantemente, aqui colocou, mas já existia um Estado que todos esses
homens que estão aqui ajudaram a construir. Agora, é hora de remodelar o Estado e não destruir o
que foi feito para tentar construir um Estado que não foi discutido com o nosso setor produtivo, por
exemplo.
Então, esse modelo de Estado, quando Vossa Excelência pergunta quando, eu acho
que mais importante do que perguntar quando é: como? Como? De que forma nós vamos fazer isso?
Ora, se há dez anos, oito anos, seis anos, cinco anos, quatro anos, no caso, por
exemplo, dos cerealistas, eles receberam esse incentivo? Eles contratualizaram com o Estado. Eles
não contratualizaram com o CPF do Governador à época ou com o Secretário à época, eles
contratualizaram com o Estado. E a segurança jurídica, que Vossa Excelência mesmo abordou ali,
onde está?
Então, é necessário haver essa segurança jurídica até para que possamos,
Secretário, construir esse modelo ideal de Estado que eu louvo. Quando ouço Vossa Excelência;
quando ouço o Marrafon; quando ouço o Paulo Taques; quando ouço o Pedro Taques, eu falo: nossa,
estou louco para morar nesse Estado que eles estão vendendo. Porque este Estado está longe ainda
de ser um Estado ideal, mas precisa passar por um processo de construção? Precisa. E somos todos
nós. Essa construção somos todos.
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A título de sugestão: a reforma tributária que está sendo elaborada pela Secretaria
de Fazenda, se eu não me engano, Vossa Excelência aí citou... Os segmentos já foram chamados? Já
foram ouvidos para sugerir? Para dar sugestões? Para participar? Para dar contribuição? Ou nós
vamos simplesmente dizer: olha, no arrepio da lei, sem utilizar o princípio do bom senso, da
razoabilidade, eu vou dar uma canetada só e sacrificar um setor inteiro da nossa economia, sem
sabermos ao certo qual o impacto na vida deles. Com certeza, muitos vão fechar, outros vão quebrar,
outros vão embora e nós estaremos perdendo e desaquecendo a economia do Estado.
Eu concordo com Vossa Excelência num ponto, até para não dizer que divergimos
em tudo: o incentivo fiscal tem que estar dentro de um conjunto de políticas econômicas, um
conjunto de políticas econômicas que visam facilitar o aporte de capital. Aí Vossa Excelência está
correto. O fomento da economia de um Estado não pode ficar ancorado única e exclusivamente de
forma isolada, daí os excessos, daí os abusos, daí as irregularidades, daí as corrupções, apenas do
incentivo fiscal. Mas incentivo fiscal, abuso, excesso de corrupção, repito, para mim é exceção, não
é regra.
Não foram todos os empresários do PRODEIC que receberam, por exemplo, e nem
que são corruptos, que se corromperam ou que são corrompidos. Nós temos que nos desarmar para
poder dar esse estímulo para a sociedade, dar esse incentivo para o investidor interno e atrair de fato
o investidor externo.
Eu me arrepio quando eu leio as entrevistas de Vossa Excelência que diz:
“desenquadrei mais quarenta; desenquadramos mais sessenta; desenquadramos mais cento e vinte;
desenquadramos...” Daqui a pouco, acabou. Eram oitocentos e poucas, na verdade eram
quatrocentos e sessenta e nove, já desenquadrou, só anunciado por Vossa Excelência, eu acho que
uns cento e pouco. Quer dizer, está desenquadrando todo mundo. E o impacto disso?
Eu queria fazer uma Audiência Pública com os desenquadrados para ouvir a
opinião deles, mas uma coisa sem provocação, uma coisa de alto nível, porque quem foi corrupto,
que é corrupto, não vira. Agora, quem foi injustiçado vai lotar um ambiente desses aqui ao se sentir
injustiçado.
Então, eu quero pedir, até porque eu acho... Deputado Max Russi, deixe-me falar
só mais um pouquinho, porque é importante este debate. Estou falando, porque o Secretário Seneri é
o GPS da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e sobre a fala dele está a fala do Governo. Mas
eu vou abreviar.
Eu quero dizer ao Secretario Seneri que tenho essa admiração muito grande por
ele, e por isso, até pela minha experiência - aqui estão dois ex-gestores de sucesso e um Deputado
com seis mandatos, entre Câmara Municipal e Assembleia Legislativa, extremamente experiente - eu
sei que Vossa Excelência quer acertar, e Vossa Excelência nos passa essa ânsia e nós queremos
ajudá-lo e ajudar o Governo do Estado a construir ou reconstruir o modelo ideal de incentivo fiscal.
Para isso, essa CPI nasceu.
Com esse objetivo, essa CPI nasceu da ideia genial desse brilhante Deputado Zé
Carlos do Pátio, e tínhamos em meta dois relatórios: um investigativo, evidentemente a natureza da
CPI investigativa, e outro, que é coroado aqui pelo nosso Relator Geral, que é exatamente o relatório
propositivo, porque nós sabemos e defendemos o incentivo fiscal do bem, o importante instrumento,
indispensável instrumento, para a nossa economia, gerador de emprego, gerador de renda, de
consolidação de competitividade. A guerra fiscal está aí, foi cantada em verso e prosa aqui, não
temos logística, não temos consumo, estamos longe de tudo. Como é que vamos viver sem
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incentivo? Ou vamos ser colônia de São Paulo novamente, vamos ser uma capitania hereditária,
porque não vamos dar conta de sobreviver enfraquecendo o nosso setor produtivo, os nossos
empreendedores.
Então, nós só temos é que buscar esse mecanismo e o nosso objetivo é exatamente
construir iniciativas como essa.
Por isso, quero louvar o Deputado Zé Carlos do Pátio; quero louvar o Deputado
Max Russi, porque eu acho que precisamos cada vez mais de uma política agressiva e não deixar
demonizar o incentivo fiscal. É por isso que me refiro muito ao Governo, porque ele é o nosso líder,
é o nosso espelho. Hoje, falar em incentivo fiscal é sinônimo de falar em bandido. Isso não é correto.
Isso não é justo para um Estado que cresce a passos de gigante como Mato Grosso.
Não haveremos de construir esse modelo de Estado que Vossa Excelência defende
dessa forma. Temos que buscar exatamente uma discussão democrática, uma discussão produtiva,
que na Constituição da República, no art. 3º, nos objetivos fundamentais da República Federativa do
Brasil, já prega, no princípio fundamental, base do princípio da razoabilidade, que eu falei aqui
agora há pouco, que norteia todo gestor, fala na construção de uma sociedade que, além de justa e
solidária, deve primar pela luta, pelas desigualdades regionais e sociais.
Então, é nessa construção de modelo de Estado, num conjunto de políticas
econômicas, inserindo o incentivo fiscal, que nós devemos promover aqui tudo aquilo que foi falado,
principalmente pelo nosso Presidente da AMM e por outros oradores, na relação do
desenvolvimento econômico equilibrado do Estado de Mato Grosso, reintegrando ou integrando ao
boom do agronegócio, outras regiões do Estado, como a minha região aqui da Baixada Cuiabana,
totalmente à margem desse processo, como o Médio-Norte, também outrora um dos grandes
potenciais econômicos do Estado, como a Baixada foi no início do século passado, hoje estão à
margem desse processo.
Uma política econômica, tendo incentivo fiscal como um dos instrumentos, é que
nós deveríamos e temos que discutir aqui, ou em outras Audiências Públicas semelhantes.
Então, eu gostaria de, com isso, agindo dessa forma, estaríamos potencializando as
vocações econômicas naturais como também descobrindo novas vocações econômicas, se
começarmos a chamar para dentro do contexto o setor produtivo e a sociedade.
Então, quando me refiro dessa forma, eu quero ajudar. Eu quero ajudar, eu quero
construir, eu acredito em Mato Grosso, acredito nos produtores, no setor produtivo, acredito no
incentivo fiscal do bem e acredito nessa CPI.
Então, Deputado Max Russi, já partindo para os finalmente, como diz o ditado,
parabenizo Vossa Excelência e o Deputado Zé Carlos do Pátio, Vossa Excelência por estar
conduzindo com essa habilidade que lhe é peculiar, que Deus lhe deu, que lhe consagrou em Jaciara
e de Jaciara lhe projetou para o cenário político estadual, e com certeza Vossa Excelência saberá
fazer o relatório que irá proporcionar tudo isso que estamos na Audiência Pública hoje e que
ouviremos ao longo de todo o trabalho da CPI. Vossa Excelência é brilhante, e com brilhantismo
está conduzindo esta nossa Audiência Pública e irá conduzir o nosso relatório final.
E parabenizo o Deputado Zé Carlos do Pátio, e quero aqui fazer um mea-culpa,
mea-culpa não, até porque a divergência é natural, porque eu e o Zé brigamos de manhã, a tarde e à
noite - sobra pouco tempo, de madrugada eu sou mais boêmio do que ele, ele dorme e nós não
conseguimos nos acertar -, mas nos respeitamos demais. Divergimos muito, mas sou um grande
admirador desse que reputo como mais experimentado em melhores quadros da nossa legislatura.
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Então, o Deputado Zé Carlos do Pátio foi o homem que puxou esse assunto, que o
trouxe, aflorou esse assunto para o cenário estadual, chamou a atenção da sociedade, debateu,
discutiu, conseguiu construir uma CPI, e com brilhantismo peculiar administra a CPI com a mesma
vocação e talento com que administrou a Prefeitura de Rondonópolis. Portanto, me orgulho de fazer
parte desta CPI e poder escrever essa história...
(MANIFESTANTE DA PLATEIA SE PRONUNCIA FORA DO MICROFONE – INAÚDIVEL.)
O SR. EMANUEL PINHEIRO – Mas não sou eu que concedo a palavra. É o
presidente que concede.
Eu gostaria de dizer que me orgulho de fazer parte dessa democracia...
(O PARTICIPANTE DA PLATEIA SE PRONUNCIA FORA DO MICROFONE: Ele falou do
Princípio da Razoabilidade, mas deixou vago o princípio maior de todos, que é o Princípio da
Legalidade. O Secretário, pelo que ouço, isso há muitos anos, aplicou justamente o Princípio da
Legalidade, que a Administração Pública é diretamente vinculada.)
O SR. PRESIDENTE (MAX RUSSI) – Ele vai...
(O PARTICIPANTE DA PLATEIA SE MANIFESTA: Se ele aplicasse esse princípio, ele estaria
aqui aplicando a legalidade. Só isso!)
O SR. PRESIDENTE (MAX RUSSI) – Ele vai fazer a defesa depois.
O SR. EMANUEL PINHEIRO – Está perfeito, mas o Princípio da Razoabilidade
vem após o Princípio da Legalidade, a que todo gestor deve estar submisso, mas respeito.
Está bem colocada a posição do nosso companheiro.
Obrigado.
Encerro as minhas palavras dizendo que quero construir o mesmo Estado; estou à
disposição para construir o mesmo Estado que Vossa Excelência e o Governador estão lutando para
construir, que esta CPI, que esta legislatura quer construir, mas um Estado que dê realmente
oportunidade para todos que trata o cidadão e o setor produtivo como pessoas de bem, que acredita
no seu potencial e respeita tudo aquilo que foi construído até hoje para que juntos possamos
transformar a vida da nossa população.
Finalizo, Sr. Presidente, e peço um minuto para sair do assunto.
Primeiro, gostaria de falar como um exemplo de parceria que é necessária a
discussão, o Mutirão Fiscal, um instrumento importantíssimo de arrecadação do Estado, de forma a
beneficiar a vida das empresas e das pessoas.
O Governo lançou no final de junho, com dez dias de prazo, eu apresentei uma
emenda para dilatar o prazo até 31 de dezembro. Por quê? Primeiro, em virtude do pessoal do
interior que tem que andar quilômetros até Cuiabá e teria dificuldade de vir apenas em dias. Segundo
ponto, a necessidade de conhecer melhor a proposta do Governo para saber se aceitaria ou não,
porque tinha que ter tempo para poder analisar até com a sua equipe de contabilidade. E, terceiro,
pela oportunidade de estar fazendo aquilo na Capital do Estado e se levar para o interior.
Naquele momento não houve o diálogo, a minha emenda foi derrubada e agora o
Governo encaminhou uma proposta do Executivo igualzinha a minha emenda, alegando que perdeu
três meses e faz-se necessário até 31 de dezembro de 2015. Então, se tivesse dialogado, como hoje,
com essa iniciativa da CPI, não teria acontecido e não teríamos três meses desperdiçados e mais
recursos teriam entrado nos cofres do Estado e mais empresas e pessoas estariam garantidos.
E, por último, agora para encerrar, quero falar rapidinho sobre o VLT, mas não
entrar no assunto que não tem nada a ver, mas para convidar a todos...
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Estive no Rio de Janeiro agora a convite do Prefeito Eduardo Paes para conhecer o
VLT do Rio de Janeiro, que está “bombando”, 85% pronto, inclusive participei da experiência
inicial no último sábado – os senhores vão ver na mídia, foi um momento maravilhoso, o Deputado
Max Russi ia e acabou não podendo ir – e alguns empresários que estavam lá me perguntaram sobre
Mato Grosso, a preocupação daquilo que está sendo vendido sobre o Estado.
Quer dizer, será que convém vir para Mato Grosso? Será que dar para vim? Eu me
preocupo com a forma que estão vendendo Mato Grosso, como a mídia vende Mato Grosso, como
um Estado de instabilidade. Por isso aquela minha preocupação de que os gestores devem passar
esse equilíbrio, essa segurança e essa firmeza de que as coisas estão no rumo, vão se encontrar, sem
ameaças, sem percalços, respeitando o direito adquirido, a coisa julgada, do ato jurídico perfeito à
época de tudo aquilo, enfim, toda segurança jurídica.
No próximo dia 11 de dezembro o Prefeito do Rio de Janeiro estará aqui para
lançar a Frente Parlamentar em Defesa da Retomada das Obras e da Conclusão do VLT.
Então, quero aproveitar para convidar todos aqueles que querem construir este
Estado que todos nós desejamos.
Muito obrigado a todos! (PALMAS).
O SR. PRESIDENTE (MAX RUSSI) – Obrigado, Deputado Emanuel Pinheiro,
pela contribuição, que ao longo dos seis mandatos contribui muito com esta Casa de Leis com seus
posicionamentos sempre de forma muito firme, muito coerente nas suas defesas.
Como o Secretário Seneri Paludo foi citado, concedo dois minutos, Secretário,
para fazer a sua explanação.
O SR. SENERI KERNBEIS PALUDO – Obrigado, Sr. Presidente!
Primeiro, Deputado Emanuel Pinheiro, obrigado, é assim que se constrói, sendo
sincero, sendo franco, falando o que tem que ser dito na hora. Agradeço.
Eu acho que uma das minhas posições é que eu ainda tenho muito para aprender.
Então, obrigado pelos seus apontamentos.
Eu só quero colocar que Vossa Excelência falou que tem alguns pontos... Eu acho
que estamos alinhados em tudo.
Quando Vossa Excelência falou da questão da razoabilidade, e usou o exemplo do
Corpo de Bombeiros, talvez eu não me fiz expressar bem. Nós só suspendemos porque a empresa
nem pedido tinha feito para o Corpo de Bombeiros.
Ela não tinha nem solicitado.
Uma vez que ela solicitou, só com o protocolo nós aceitamos. Isso é razoabilidade.
Então, foi desse jeito. Nós suspendemos, porque nem solicitação ela tinha feito. Estou dando um
exemplo aqui. A partir do momento que ela... Simplesmente com um protocolo nós fizemos o
acerto, porque realmente não podemos cobrar a empresa por uma incapacidade do Estado.
O Marcos eu acho pode confirmar isso daqui.
(PARTICPANTE DA PLATEIA SE MANIFESTA FORA DO MICROFONE – INAUDÍVEL)
O SR. SENERI KERNBEIS PALUDO – E nunca tinha o Corpo de Bombeiros.
Pelo menos, ela tem que cumprir a parte dela: ir lá e pedir. Então, ela fez isso com razoabilidade.
Com relação à questão da reforma que o senhor falou é o seguinte: nós fizemos
uma comissão, foi publicado Ato do Executivo, da qual participaram FAMATO, FIEMT,
FECOMÉRCIO, todas as associações e entidades de classe representativas do Estado, e nós fizemos
uma agenda de quais eram os pontos relevantes com relação à reforma tributária do Estado. E dentro
ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO. ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA DA CPI DA RENÚNCIA E SONEGAÇÃO FISCAL PARA
REVER O PROGRAMA DE INCENTIVOS FISCAIS E ATRAÇÃO DE INVESTIMENTOS
PARA O ESTADO DE MATO GROSSO, REALIZADA NO DIA 23 DE NOVEMBRO DE 2015,
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dessa comissão, desse grupo, nós achamos oito pontos e esses oito pontos também foram
encaminhados para o Deputado Oscar Bezerra, porque também faziam parte do trabalho dele.
Então, a reforma tributária que está sendo construída dentro da SEFAZ, mas com
um trabalho de todo Executivo, está sendo norteada exatamente por esse grupo de trabalho que foi
constituído desses oito pontos, dessas agendas do que era prioritário para o setor, para a reforma
administrativa. E lá está o PAD; lá está o Conselho de Contribuinte. Tem várias coisas lá dentro.
Por último, para encerrar, com relação à questão que o senhor falou que fica
arrepiado quando vê as matérias: “Eu cortei cem; cortei...”. Eu também, certo! É o seguinte: o senhor
verá que não tem nenhuma declaração minha de correlação. Como os dados são públicos, aparece
falando: ah, o CEDEM cortou tanto; o processo cortou tanto; foram cortados tantos processos, mas
todos esses processos de suspensão de renúncia são simplesmente do ponto de vista da legalidade
que está sendo colocada com isso. E eu também fico arrepiado quando vejo as manchetes falando:
“Distribuiu”. Nossa, não é isso que nós estamos fazendo, mas tudo bem. Nós entendemos, também,
como funciona.
Obrigado!
O SR. PRESIDENTE (MAX RUSSI) – Obrigado, Secretário Seneri.
Quando essa reforma chegar aqui - e o Deputado Emanuel Pinheiro deverá propor
- nós vamos propor uma Audiência, também, para discutirmos a reforma tributária quando ela
chegar nesta Casa de Leis.
Com a palavra o Deputado Zé Carlos do Pátio, para os seus encaminhamentos.
O SR. ZÉ CARLOS DO PÁTIO – Eu só quero agradecer a toda comunidade de
Mato Grosso que veio aqui dar essa riqueza de informações. De muita coisa eu não tinha
conhecimento; eu não sabia. Eu aprendi muito aqui hoje.
Então, eu quero agradecer a cada entidade. E aqui eu quero dar valor, porque teve
entidade que veio de Lucas do Rio Verde. Nós ficamos orgulhosos, porque veio de longe. Tem
entidade de Alta Garças, de Sorriso.
Então, eu quero dizer que foi muito gratificante.
Eu quero agradecer Sinop; agradecer a nossa equipe técnica que esteve aqui, que
vem contribuindo muito com esta CPI.
É bom deixar claro que a CPI não tem o objetivo da Polícia, mas, sim, de trazer
uma proposta nova para o Estado de Mato Grosso.
Eu acho que todas as mudanças têm realmente trauma, mas é importante fazermos
as mudanças que o Estado precisa para o bem do interesse público. No entanto, é bom fazer as
mudanças com participação da sociedade.
E quero aqui dizer que foi muito importante!
Eu quero enaltecer profundamente o meu colega Deputado Max Russi. Como
Presidente eu permiti que ele dirigisse os trabalhos, porque ele será o Relator desta CPI e também
porque era muito importante ele conduzir este processo, neste momento. Eu achei muito positivo
isso.
Agradecer o Deputado Emanuel Pinheiro. Eu quero aqui dizer do seu papel no
debate das ideias e nas suas colocações.
Eu quero agradecer também profundamente o Secretário Seneri Paludo, porque
realmente ele está sendo extremamente democrático conosco. Ele nos cedeu uma sala dele para a
nossa CPI trabalhar e está nos repassando material.
ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO. ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA DA CPI DA RENÚNCIA E SONEGAÇÃO FISCAL PARA
REVER O PROGRAMA DE INCENTIVOS FISCAIS E ATRAÇÃO DE INVESTIMENTOS
PARA O ESTADO DE MATO GROSSO, REALIZADA NO DIA 23 DE NOVEMBRO DE 2015,
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Eu quero dizer o seguinte, gente: que a atitude do Secretário não é só dele, não. Se,
por acaso, ele tomar uma atitude do jeito que as coisas estão acontecendo, pode comprometer até a
vida pessoal dele. Se ele por acaso...
Eu quero aqui dizer que estão todos de olho nisso.
O Secretário Valdiney, que não é por nada, e o Presidente do Tribunal de Contas
que esteve aqui, Waldir Teis... O Secretário Valdiney é uma pessoa que eu conheci e é muito
preparado.
Também, agradecer o Adilson, Secretário Adjunto, que também abriu uma sala
para nós fazermos o trabalho da CPI dentro da Secretaria de Fazenda; o Secretário Ciro Rodolpho; o
Presidente da AMM, Sr. Neurilan; o Presidente da FIEMT, Sr. Jandir Milan.
Enfim, eu quero agradecer a todos e dizer que foi muito rica esta Audiência
Pública. Ela foi muito producente. Ela cresceu mais as minhas informações.
Ao conduzirmos a confecção dessa lei ao lado do Governo do Estado, do Governo
Pedro Taques, que também está sendo extremamente democrático...
Eu quero aqui dizer que...
É interessante a informação que eu quero repassar para vocês: eu não sou da base
do Governador, mas venho tentando há muito tempo esta CPI. Em 2007 eu já sabia de vários erros
que tinha e os governadores anteriores não deixaram abrir esta CPI, mas este Governo deixou.
Então, ele mostra que quer as coisas transparentes. Este é um ponto.
Outro ponto: realmente tem muitas falhas a lei. Nós estamos vendo muitas
irregularidades. Não queremos generalizar, porque é injusto também. São coisas pontuais, mas
absurdas. A lei é frágil e realmente precisa de algo novo.
Eu acredito que após confeccionarmos a lei queremos que as entidades se sintam
representadas nessa lei.
Muito obrigado a todos!
Passo a palavra ao Deputado Max Russi, para encerrar esta Audiência Pública.
Muito obrigado. (PALMAS)
O SR. PRESIDENTE (MAX RUSSI) – Obrigado, nosso Deputado e Presidente Zé
Carlos do Pátio, que tem conduzido, como o Deputado Emanuel Pinheiro falou, muito bem os
trabalhos da CPI. Nós temos feito muitas oitivas; temos recebido muitos documentos, enfim, temos
feito encaminhamentos de forma transparente, encaminhamentos corretos. Logo que nós começamos
os trabalhos eu defendi numa reunião que nós teríamos que ser uma CPI propositiva também.
Então, o Deputado Zé Carlos do Pátio me deu a oportunidade de fazer esse
trabalho, de tocar esse encaminhamento, chamando os setores, ouvindo.
Assim como todos os Deputados, como o Deputado Emanuel Pinheiro que
contribui muito com os pontos de vista colocados, com seus conhecimentos; os demais Deputados, o
Deputado Wilson Santos que não pode se fazer presente e o Deputado Gilmar Fabris também tem
dado essa contribuição.
Eu quero agradecer o Presidente da AMM, Sr. Neurilan, que permaneceu durante
toda esta Audiência. Isso mostra a preocupação que nós temos que ter com os municípios de Mato
Grosso. Há prefeitos passando por dificuldades, mas o Neurilan está defendendo e dirigindo muito
bem a Associação Mato-grossense dos Municípios.
Agradecer os Secretários que aqui estiveram em nome do Secretário Adjunto
Adilson, da Fazenda, e também do Secretário Seneri que estiveram o tempo todo participando.
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Nós sabemos o quanto de compromisso que os senhores têm nas Secretarias de
Estado, de demandas que são muitas no Estado de Mato Grosso como também é no nosso mandato,
enquanto Deputado, mas se fizeram presentes e escutaram os encaminhamentos de todos os
segmentos.
O Presidente da Federação, Sr. Jandir, Milan, que está se recuperando, mas fez
questão de participar de toda a nossa Audiência Pública.
Eu quero agradecer a todos os senhores, a todas as senhoras, a todos que
colaboraram.
Agradecer ao Tribunal de Contas que se fez presente. A Audiência foi muito
proveitosa.
Eu não tenho que tudo que foi falado que aqui está sendo transmitido ao vivo pela
TV Assembleia. A nossa Taquigrafia está fazendo o registro e tudo fará parte do trabalho da nossa
CPI.
Agradecer o Dr. Múcio, toda a nossa equipe da CPI que vem fazendo um trabalho,
dando-nos retaguarda para que possamos fazer esse trabalho; a todos os servidores da Casa;
imprensa aqui presente.
Quero agradecer e dizer que defendemos o incentivo fiscal; defendemos que o
Estado de Mato Grosso, Seneri Paludo, desenvolva. Precisamos, sim, desenvolver o nosso Estado e
aqui foi falado das dificuldades e a CPI quer contribuir. Eu acho que nós vamos apurar o que estava
errado e melhorar o nosso Estado, melhorar as nossas leis e as nossas políticas em termo de
incentivo.
Agradeço, também, ao Cerimonial que nos auxiliam aqui; agradecer a todos.
Declaro encerrada esta Audiência Pública. (PALMAS).
Equipe Técnica:
- Taquigrafia:
- Amanda Sollimar Garcia Taques Vital;
- Ariadne Fabienne e Silva de Jesus Carvalho;
- Cristiane Angélica Couto Silva Faleiros;
- Cristina Maria Costa e Silva;
- Dircilene Rosa Martins;
- Donata Maria da Silva Moreira;
- Isabel Luíza Lopes;
- Luciane Carvalho Borges;
- Tânia Maria Pita Rocha.
- Revisão:
- Ila de Castilho Varjão;
- Regina Célia Garcia;
- Rosa Antonia de Almeida Maciel Lehr;
- Rosivânia Ribeiro de França.
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