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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS
CURSO DE ADMINISTRAÇÃO
Maiko Vilas Boas Slaviero
Logística Reversa: um estudo de caso da Empresa Hidrominas
Santa Maria Indústria e Comércio
Natal
2016
Maiko Vilas Boas Slaviero
Logística Reversa: um estudo de caso da Empresa Hidrominas
Santa Maria Indústria e Comércio
Trabalho de conclusão de curso apresentado à
Coordenação do Curso de Administração da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte,
como requisito para obtenção do título de
bacharel em Administração
Orientador: Francenildo Dantas Rodrigues MSc.
Natal
2016
Catalogação da Publicação na Fonte.
UFRN / Biblioteca Setorial do CCSA
Boas, Maiko Vilas.
Logística Reversa: um estudo de caso da Empresa
Hidrominas Santa Maria Indústria e Comércio/ Maiko Vilas
Boas. - Natal, 2016.
55f.: il.
Orientador: Prof. Me. Francenildo Dantas Rodrigues.
Monografia (Graduação em Administração) – Universidade
Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências Sociais
Aplicadas. Departamento de Ciências Administrativas.
1. Administração – Monografia. 2. Logística Reversa –
Monografia. 3. Sustentabilidade - Monografia. I. Rodrigues,
Francenildo Dantas. II. Universidade Federal do Rio Grande
do Norte. III. Título.
RN/BS/CCSA CDU 658.7
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS
CURSO DE ADMINISTRAÇÃO
Logística Reversa: um estudo de caso da Empresa Hidrominas
Santa Maria Indústria e Comércio
__________________________________________
Maiko Vilas Boas Slaviero
(autor)
Monografia apresentada em 02/12/2016 pela Banca Examinadora composta pelos
seguintes membros:
BANCA EXAMINADORA
Professor Francenildo Dantas Rodrigues, M. Sc.
Orientador – UFRN
Iris Linhares Pimenta, M. Sc.
Examinadora – UFRN
Luciana Guedes Santos, M. Sc.
Examinadora – IFRN
NATAL
2016
AGRADECIMENTOS
Gostaria de agradecer à minha família, que sempre me apoia e está sempre ao meu lado.
A Deus, por sempre guiar meu caminho e me proporcionar sempre oportunidades incríveis.
A todos meus amigos, que sempre me dão força e me motivam a seguir em frente.
Ao meu orientador, que desde o primeiro momento foi um grande parceiro e amigo e que é
um exemplo para todos de vitória.
À empresa Água Mineral Santa Maria, representada por seu presidente, senhor Roberto
Serquiz, e também o gerente da qualidade Jorge, que abriram as portas da empresa para a
realização do estudo de caso e que foram fundamentais para o sucesso do trabalho.
RESUMO
O trabalho teve como finalidade analisar como está estruturada a Logística Reversa e seus
impactos na empresa Hidrominas Santa Maria Indústria e Comércio. É desenvolvida uma
pesquisa descritiva com abordagem qualitativa. Por meio de um estudo de caso na empresa,
que explora e comercializa a atividade de água mineral, esta pesquisa busca identificar as
práticas da Logística Reversa que se relacionam com a teoria, por meio de uma entrevista
semi estruturada com o presidente e com o gerente da qualidade. No desenvolvimento da
pesquisa ficou constatado que a Logística Reversa traz diversos benefícios para a empresa,
como geração de receita, criação de diferencial competitivo, além de atender os requisitos
legais. Também ficou constatado que a atividade demanda recursos para que possa ser
executada, necessitando de bons controles de entrada, processos padronizados e mapeados,
relações colaborativas. E chegou-se a conclusão que a Logística Reversa é viável na empresa
por gerar um valor que supera os custos operacionais, sendo uma atividade fundamental para
a organização.
Palavras-Chave: Logística Reversa; Administração; Sustentabilidade.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Modelo geral da cadeia de suprimentos...................................................................21
Figura 2 - Canais logísticos reversos........................................................................................22
Figura 3 - Exemplos de canais reversos de ciclo aberto...........................................................24
Figura 4 - Etapas do processo logístico reverso........................................................................26
Figura 5 - Evolução da Logística Reversa em setores selecionados.........................................28
Figura 6 - Logística Reversa e a redução do ciclo de vida útil dos produtos............................30
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Exemplo de canais reversos de ciclo fechado..........................................................24
Tabela 2 - Estimativa da composição gravimétrica dos resíduos sólidos coletados no Brasil
em 2008.....................................................................................................................................29
Tabela 3 -Motivos estratégicos para as empresas operarem os canais reversos.......................32
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Produção e reciclagem de materiais selecionados no Brasil...................................31
Quadro 2 - Questionário e unidades de análise.........................................................................51
LISTA DE SIGLAS
ABRELPE - Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais
CEMPRE - Compromisso Empresarial para Reciclagem
CSCMP - Council of Supply Chain Management Professional
PNRS - Política Nacional de Resíduos Sólidos
SESI - Serviço Social da Indústria
SEBRAE -Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO.........................................................................................................14
1.1 Objetivos.............................................................................................................................16
1.1.1 Objetivo geral..................................................................................................................16
1.1.2 Objetivos específicos.......................................................................................................16
1.2 Justificativa.........................................................................................................................16
1.3 Estrutura do trabalho...........................................................................................................17
2. REFERENCIAL TEÓRICO..............................................................................................18
2.1 Logística..............................................................................................................................18
2.2 Gerenciamento da cadeia de suprimentos...........................................................................19
2.3 Logística Reversa................................................................................................................21
2.3.1 Logística Reversa de pós-consumo..................................................................................23
2.3.2 Logística Reversa de pós-venda.......................................................................................25
2.3.3 Etapas da Logística Reversa............................................................................................25
2.3.4 Fatores críticos para a Logística Reversa.........................................................................26
2.3.5 Panorama brasileiro..........................................................................................................26
2.3.6 Logística Reversa como geração de valor........................................................................32
2.3.7 Desafios da Logística Reversa.........................................................................................33
2.3.8 Logística Reversa e sustentabilidade...............................................................................34
3. PROCEDIMENTO METODOLÓGICOS.......................................................................36
3.1 Caracterização da Pesquisa.................................................................................................36
3.1 Caracterização da Empresa.................................................................................................37
3.3 Lócus e abrangência da pesquisa........................................................................................38
3.4 Sujeitos da pesquisa............................................................................................................39
3.5 Coleta de dados...................................................................................................................39
3.6 Análise dos resultados.........................................................................................................40
4. ANÁLISE E APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS.................................................41
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................50
REFERÊNCIAS........................................................................................................................53
APÊNDICE...............................................................................................................................56
14
1. INTRODUÇÃO
A questão do lixo é hoje um problema mundial e consequentemente no Brasil não é
diferente, o tema vem ganhando notoriedade com a publicação da Lei nº 12.305/10, que
institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), com a referida normatização ficou
constatado/acordado que o esta problemática não é apenas dos usuários dos produtos, e sim
que a responsabilidade pelo seu manuseio passou a ser de todos os atores envolvidos (clientes,
fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes).
Segundo a ABRELPE (2014), entre os períodos 2010 a 2014, a produção de resíduos
sólidos aumentou 29% enquanto o crescimento populacional foi de 6%. Sendo que 41,6%
desses resíduos ainda tem seu destino inadequado, como lixões e aterros controlados, no ano
de 2014 cerca de 30 milhões de toneladas tiveram esse destino, o que causa grandes impactos
ambientais e sociais, no ambiental pode-se destacar a contaminação do lençol freático e no
social problemas de saúde em geral causados pelo lixo.
Além desse custo ambiental e social proveniente do lixo, existe também o custo
financeiro que o governo despende para tratar dessa questão. Segundo o relatório da
ABRELPE, entre 2010 e 2011, a prefeitura de São Paulo gastou por mês R$56 milhões de
reais somente para se recolher esses resíduos.
A Logística Reversa surge como um alicerce e uma alternativa para se otimizar a
gestão desses resíduos dando um destino correto aos mesmos. Para implementar a Logística
Reversa faz-se necessário recursos como pessoal, estrutura física, sistemas e equipamentos,
além da dificuldade de gerir todos os processos desse fluxo reverso. Tudo isso representa um
custo para a organização, que muitas vezes não consegue enxergar a geração de valor nesse
processo logístico reverso. Por isso muitas organizações deixam de dar a devida atenção à
Logística Reversa.
Porém a Logística Reversa pode sim ser um fator que gera valor para a organização
sob diversos aspectos, como o valor da marca percebido pelos clientes, que estão mais
conscientes e buscam empresas com atitudes sustentáveis, além de poder reaproveitar esses
materiais como forma de redução de custo e geração de valor econômico.
15
De acordo a empresa de consultoria DOM Strategy Partners, 70% dos varejistas
percebem seus consumidores mais conscientes, e a sustentabilidade representa grande peso
nesse fenômeno, cerca de 31%, está atrelado a sustentabilidade1.
Além da melhora da imagem competitiva, a Logística Reversa pode trazer diversos
outros benefícios para a organização, como ganhos econômicos proveniente da reutilização
dos materiais, da venda de componentes, da reciclagem do produto entre outros.
A sociedade e o meio ambiente também são beneficiados com a Logística Reversa
pois a questão do lixo e da poluição são grandes problemas que impactam diretamente a
qualidade de vida dessa e das futuras gerações. Sendo a Logística Reversa um fator
fundamental para o desenvolvimento sustentável.
Nesse sentido o presente trabalho se propõe a responder à seguinte pergunta: De que
forma a implantação da Logística Reversa contribui para a concretização dos objetivos
organizacionais?
Entende-se como implantação as ações gerenciais, o conjunto de iniciativas
implementadas pela empresa visando alcançar os objetivos propostos e por objetivos, os
impactos obtidos pelas ações implementadas, principalmente no que concerne a redução dos
custos, responsabilidade ambiental, reutilização dos produtos, vantagem competitiva,
agregação de valor, sustentabilidade e possibilidade de geração de receita.
1 Informação encontrada no Portal Uol, Consumidores estão mais conscientes em relação à
sustentabilidade. Disponível em: <http://economia.uol.com.br/noticias/infomoney/2014/01/29/consumidores-
estao-mais-conscientes-em-relacao-a-sustentabilidade.htm> Acesso em: 13 de outubro de 2016.
16
1.1 OBJETIVOS
1.1.1 Objetivo Geral
O objetivo geral da pesquisa está em compreender como está estruturada a
Logística Reversa na empresa Hidrominas Mineral Santa Maria e seus impactos para
instituição.
1.1.2 Objetivos Específicos
a) Identificar os processos logísticos reversos na organização
b) Demonstrar a relação entre Logística Reversa e seus impactos dentro e
fora da instituição
c) Identificar de que forma a Logística Reversa consegue agregar valor
para a organização
1.2 JUSTIFICATIVA
A Logística Reversa vem ganhando notoriedade nas mais diversas arenas de discussão
(governo e sociedade), isso se dá por diversos motivos como, por exemplo: pressões tanto
sociais como legais, ou seja, temos os usuários (clientes) valorizando a responsabilidade
ambiental e exigindo uma atenção a destinação correta dos resíduos por parte das empresas,
do outro lado temos a legislação que aplica multas para as empresas que não estão ou não
atendem as normas regulamentadoras principalmente após a publicação da Lei nº 12.305/10,
que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS).
Apesar da notoriedade em termos da importância do tema, pode-se ver que o assunto
no Brasil ainda está em processo de crescimento em relação a outros países do mundo que já
estão na fase de maturidade, se for levar em consideração o número de publicações podemos
perceber que o tema vem ganhando destaque para isso, basta analisar os periódicos da
Biblioteca Nacional de Teses e Dissertações. Segundo pesquisa realizada no dia 25 de
novembro de 2016 havia cadastrado no sistema 75 dissertações e 15 teses de doutorado sobre
o tema, ou seja, o estudo da Logística Reversa tem muito a crescer e por isso, este trabalho
tem a contribuir com a discussão sobre o tema.
17
Além disso, a Logística Reversa é um meio muito importante para se alcançar o
desenvolvimento sustentável, onde se busca reduzir os impactos que a sociedade e as
empresas causam para que se alcance um equilíbrio maior entre sociedade e meio ambiente.
E esse tema também se encaixa com a crença do autor, de que é possível agregar a
sustentabilidade à maneira de se fazer negócio, bem como pode ser uma importante forma de
se gerar valor para a empresa. Onde responsabilidade socioambiental deixa de ser vista
somente como uma obrigação e passa a ser considerada um diferencial competitivo na
organização, que colhe benefícios por adotar práticas mais conscientes. Portanto o autor
desenvolve o trabalho como forma de contribuir com novos conhecimentos para o
desenvolvimento da Logística Reversa através de um estudo de caso analisando a teoria na
prática.
1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO
O trabalho está dividido em 05 partes, na primeira está exposta a apresentação, a
contextualização e problema de pesquisa que iremos analisar, os objetivos da pesquisa e a
justificativa para elaboração do trabalho.
A segunda parte é destinada a elaboração do referencial teórico onde iremos tratar os
temas que estão alinhados com a pesquisa, principalmente no que concerne a Logística
Reversa, que é o tema central do estudo.
A terceira parte irá tratar da metodologia, ou seja, da estruturação em termos de
características do estudo, lócus e abrangência da pesquisa, sujeitos da pesquisa, instrumentos
de coleta de dados e análise dos mesmos, ou seja, o caminho percorrido para que a pesquisa
alcance os seus objetivos.
Na quarta parte iremos discutir os dados encontrados na pesquisa e fazer uma ligação
com o conhecimento adquirido no referencial teórico.
Na quinta e última parte iremos expor as conclusões e limitações do referido estudo.
18
2. REFERENCIAL TEÓRICO
Nessa parte do trabalho iremos abordar a luz da teoria no que diz respeito à Logística
Reversa, seus impactos e suas potencialidades, porém antes de ingressar no tema
propriamente da pesquisa (Logística Reversa) é interessante e pertinente entender o
significado de Logística, cadeia de suprimentos, e por fim tratar do tema central do trabalho
que é a Logística Reversa.
2.1 Logística
A Logística Reversa tem se tornado tema cada vez mais comum e relevante no
ambiente organizacional, devido a diversos fatores, como questões ambientais, de
concorrência e também de custo. Para se tratar de Logística Reversa, se faz necessária a
apresentação e conceituação de outros conceitos que englobam esse processo, como a
Logística em si e a Gestão da cadeia de suprimentos.
Iremos iniciar a nossa discussão pela Logística, que sempre foi uma área de destaque
para as empresas independente do ramo de atuação, pois todas as empresas públicas e/ou
privadas necessitam da referida área, seja para oferecer ou receber os seus produtos ou
serviços ou seus respectivos insumos. Percebe-se então que a Logística é uma área ou
atividade organizacional que tem o papel de realizar a movimentação de bens ou insumos de
um ponto a outro dentro da cadeia de suprimentos, tema este que será abordado no decorrer
do trabalho.
Na concepção de Ballou (2006) a Logística nasceu nas atividades militares cuja
necessidade estava na obtenção, manutenção e transporte de material, pessoal e instalações
para fins específicos (vencer a guerra).
Nota-se que essa definição está defasada se compararmos o desenvolvimento da
referida área, o que vemos é que a Logística possui uma conotação mais abrangente
(gerencial), nessa linha de raciocínio ganha destaque a contribuição do Council of Supply
Chain Management Professional (CSCMP), define Logística como: “o processo de
planejamento, implantação e controle do fluxo eficiente e eficaz de mercadorias, serviços e
das informações relativas desde o ponto de origem até o ponto de consumo com o propósito
de atender às exigências do cliente”. O CSCMP é a principal associação mundial de
profissionais de gestão de cadeias de abastecimento e tem como principal objetivo
19
desenvolver os profissionais da área através da difusão dos conhecimentos sobre a área para
toda a comunidade.
Na definição do CSCMP encontramos características típicas da Administração e que
são aplicadas também à Logística. O processo de planejamento envolve a preparação e
planejamento das ações que serão desempenhadas para executar o fluxo eficiente de
mercadorias, serviços e informações. O processo de implantação é a ação, ou seja, o
transporte em si. E o controle, onde se gerenciam as variáveis para que as ações ocorram
conforme planejado. Isso tudo levando em conta a eficiência, gastando o mínimo possível e
da melhor forma possível, e de forma eficaz, atingindo o objetivo que é entregar o que o
cliente busca, quando ele busca e atendendo suas exigências.
Já Cristopher (2014), defende que a Logística é o processo de gestão da aquisição de
materiais, peças e estoques assim como os fluxos de informação pelos seus canais de
comercialização visando à maximização da rentabilidade.
Enquanto Ballou (2006) acrescenta que a Logística é o processo responsável por
disponibilizar bens e serviços para os consumidores quando e onde eles quiserem adquirir,
sendo assim apenas uma parte de um processo ainda maior, que é a gestão da cadeia de
suprimentos.
Então, pode-se entender que a Logística é o transporte de bens, serviços e informações
de um ponto a outro, feito de forma eficiente e eficaz. Porém a Logística por si só, não
consegue atender a todas as demandas da organização, e sua área de atuação está totalmente
relacionada a outras áreas da organização.
Diante disso, destaca-se a necessidade de uma nova estrutura ou processo capaz de
garantir os objetivos organizacionais de oferecer produtos e/ou serviços, a um custo acessível,
no local e na quantidade a um nível de serviço que os clientes estão demandando, nasce então
à supply chain management – no português conhecido como a gestão da cadeia de
suprimentos, em outras palavras é uma atividade que engloba a Logística como parte
integrante dos seus métodos, trazendo uma abordagem mais holística sobre os processos da
organização, portanto faz-se necessário a apresentação e conceituação.
2.2 Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos
Com os clientes mais exigentes e uma maior competitividade entre empresas, oferecer
um nível de serviço elevado, um produto de qualidade, a um preço acessível, no momento e
quantidade desejada tornou-se necessário uma maior integração entre as várias áreas da
20
organização, onde a Logística, o marketing e produção trabalham para atender à essas
demandas do novo consumidor, a gestão da cadeia de suprimentos trabalha exatamente com
esse enfoque.
Sobre essa temática iremos invocar os argumentos de Ballou (2006), o qual aponta que
o gerenciamento da cadeia de suprimentos relaciona a função Logística com o marketing e a
própria produção e suas interações, assim como os outros agentes que atuam no canal de fluxo
de produtos. Sendo a coordenação e a colaboração entre os integrantes desse canal
oportunidade para redução de custos e geração de valor. Essa cadeia abrange todas as
atividades desde a extração de matéria-prima até o usuário final, bem como os fluxos de
informação.
Já Cristopher (2014) corrobora com a definição de Ballou e destaca que o foco da
gestão da cadeia de suprimentos está na cooperação e na confiança, em outras palavras o autor
afirma que os resultados organizacionais (qualidade, redução dos custos, otimização dos
processos, gerenciamento da informação, eficiência e eficácia) só ocorreram caso os atores
(setores, níveis organizacionais, fornecedores e clientes) em pleno relacionamento.
Nessa linha de raciocínio destaca-se os argumento de Bowersox et. al.(2006) que
defendem que gestão da cadeia de suprimentos só irá obter êxito se as empresas colaboram
entre si para melhorar a eficiência nas operações, onde há uma interdependência reconhecida
e se desenvolve uma gestão de relacionamentos. Ele destaca ainda que a tecnologia da
informação é o fator mais importante para uma boa gestão da cadeia de suprimentos. E
destaca ainda quatro forças que conduzem essa cadeia: gestão integrada, capacidade de
resposta, sofisticação financeira, globalização. Tendo como principal objetivo atingir o menor
custo de todo o processo e não de etapas específicas da cadeia.
Para melhor entendimento do conceito de cadeia de suprimentos basta olhar a figura
abaixo, a qual traz uma representação da cadeia de suprimentos.
21
Figura 1- Modelo geral da cadeia de suprimentos
Fonte: Bowersox et. al. (2003)
Analisando a figura 01, pode-se destacar a importância das interações entre os atores,
a fim de proporcionar trocas de bens e informações para o publico (cliente) que está
demandando os serviços ou produtos.
Os materiais podem ser a matéria prima, os produtos acabados, as embalagens e tudo
isso tem um processo até chegar à empresa. Em uma empresa integrada os setores trabalham
de forma conjunta e interagem entre si, o setor de compras, a produção e o de distribuição são
interdependentes, e além disso, esses setores dependem de fatores externos, como os
fornecedores, fatores como qualidade, custo, tempo impactam a empresa como um todo.
Através da rede de distribuição o produto, serviço, informação, finanças ou conhecimento
chega até o consumidor, e assim como há esse fluxo direto, existe também um fluxo inverso
que retorna produtos, serviços, informações, finanças ou conhecimentos para a empresa, se
fazendo necessário também o seu controle, que se dá através da Logística Reversa.
2.3 Logística Reversa
A Logística Reversa faz parte de um sistema maior, que é a cadeia de suprimentos e a
própria Logística. Ela surge para atender novas demanda de clientes mais exigentes visando
adequar-se a legislação e também como uma forma de diferencial competitivo e redução de
custo.
Conforme o próprio nome propõe faz uma abordagem no sentido inverso da
Logística, para Rogers et. al. (1999) a Logística Reversa é o processo de planejamento,
implementação e controle do fluxo de matérias-primas, estoque em processo e produtos
22
acabados (e seu fluxo de informação) do ponto de consumo até o ponto de origem, com o
objetivo de recapturar valor ou realizar um descarte adequado.
Já Stock (1998) defende uma ampliação da atuação da Logística Reversa ao apontar
que ela pode recapturar o valor desses bens após seu retorno à organização, via reciclagem,
substituição e reutilização de materiais, ou até reformando, reparando ou remanufaturando os
mesmos.
Leite (2003) defende que a possibilidade de agregação de valor à empresa se dá por
meio dos diversos benefícios que a empresa colhe adotando a Logística Reversa, como
benefícios econômicos, legais, a melhora da imagem corporativa. E para que colher tais
benefícios, a Logística Reversa tem que planejar operar e controlar o fluxo de informações do
retorno dos bens, tanto de pós-venda como de pós-consumo, ao ciclo produtivo.
Chaves e Batalha (2006) vão de encontro ao argumento de Leite (2003), pois também
tratam a Logística Reversa como sendo a coleta dos produtos utilizados do ponto de consumo
para o ponto de origem, onde deverão ser reutilizados, reciclados ou descartados de forma
ecologicamente correta. E assim como Leite (2003), os referidos autores, reconhecerem os
valores gerados por essa atividade, como redução de custos, diferenciação da imagem
corporativa, razões competitivas e redução do impacto ambiental.
Abaixo temos a exemplificação dos canais logísticos reversos e seus respectivos
fluxos conforme mostrado na Figura 02.
Figura 2- Canais logísticos reversos
Fonte: Pereira et. al. (2012)
23
Analisando a figura 02 podemos ver a Logística direta e também os dois canais da
Logística Reversa, que são chamados de pós-venda e pós-consumo. No canal de distribuição
direto, temos os diversos agentes: fornecedores de matéria prima, o fabricante, venda por
atacado, por varejo até chegar ao cliente e consumidor final. A partir daí dá-se início a
Logística Reversa, que pode ser de pós-venda, onde há o retorno para o fabricante por algum
motivo como garantia, defeitos, avaria no transporte e então ele pode destinar para o mercado
secundário que podem ser lojas de segunda mão, outlets, leilões, intermediários, empresas que
remanufaturam ou reformam para vender. No canal reverso de pós-consumo o bem pode ser
reutilizado, desmanchado ou reciclado e também destinado ao mercado secundário.
2.3.1 Logística Reversa Pós-consumo
Segundo Leite (2003), Logística Reversa Pós-consumo é a área que equaciona e
operacionaliza o fluxo físico e de informações dos bens pós-consumo descartados pela
sociedade e que retornam ao ciclo de negócios ou produtivo através dos canais de distribuição
reversos, tais bens usados ou em fim de vida útil que não apresentam mais valor ao
proprietário original, retornam para a organização com o objetivo de se agregar valor ou dar o
destino adequado, através do reuso, desmanche, reciclagem até a destinação final.
Já Guarniere et. al. (2005) destaca que a Logística Reversa de pós-consumo é
caracterizada pelo planejamento, controle e disposição final dos bens no fim de sua vida útil
devido ao o uso, se outras pessoas virem nesse bem alguma utilidade isso prolonga sua vida
útil, e depois o destinam à coleta de lixo urbano, podendo ser reciclado ou depositado em
aterros sanitários. E também apresenta possibilidades para esses bens como o reuso,
reciclagem ou até incineração para geração de energia.
A Logística Reversa Pós-consumo apresenta duas categorias: (Leite, 2003):
Ciclos abertos: são os canais em que o objetivo é reintegrar ao ciclo produtivo os
materiais constituintes dos bens pós-consumo substituindo novas matérias primas na
fabricação de outros produtos, conforme exemplifica a imagem a seguir:
24
Figura 3- Exemplos de canais reversos de ciclo aberto
Fonte: Leite (2003)
A imagem mostra que nesse caso o principal é a matéria prima, que depois de extraída
é utilizada para fabricar produtos diferentes do que deu origem à matéria prima, como
exemplo o material metálico extraído de automóveis e navios e são utilizados para produzir
chapas e vergalhões.
Já os canais de Ciclo fechado consistem nos canais reversos em que os materiais
constituintes dos bens ao fim de sua vida útil são utilizados na fabricação de produtos
similares ao de origem, conforme exemplificado na Tabela 01.
Tabela 1- Exemplo de canais reversos de ciclo fechado
Fonte: Leite (2003)
Já no canal reverso de ciclo fechado a matéria prima extraída do produto é destinada
para a fabricação do mesmo produto, como óleos lubrificantes que após a eliminação de
25
impurezas e adição de aditivos são produzidos em novos óleos e reintegrados ao ciclo
produtivo.
2.3.2. Logística Reversa Pós-venda
A Logística Pós-venda é definida por Leite (2003), como a área que equaciona e
operacionaliza o fluxo físico e de informações dos bens pós-venda, sem uso ou com pouco
uso, que tem como objetivo agregar valor ao produto que pode ter sido devolvido por razões
comerciais, erros no processamento dos pedidos, garantia dada pelo fabricante, defeitos ou
falhas no produto, entre outros motivos.
Para Tadeu et. al. (2012) dentre os principais motivos para o retorno dos produtos de
pós-venda estão: prazo de validade expirado; erros de processamento de pedidos;
falhas/defeitos; avarias no transporte; problemas de estoque; garantias; políticas de marketing,
obsolescência.
Leite (2003) destaca os principais destinos para os bens da Logística pós-venda: venda
no mercado primário, quando os bens retornam por motivos de estoque e apresentam
condições para serem vendidos; reparação ou consertos, quando os bens necessitam de
reparos para voltarem ao mercado primário ou secundário; doação, quando a empresa quer
fixar a imagem da marca ou fazer uma boa ação; desmanche, quando o produto não apresenta
condições de funcionamento mas seus componentes ainda tem valor; remanufatura, quando os
componentes do desmanche necessitam de reparo; reciclagem industrial, quando os bens são
vendidos para empresas que reciclam o produto ou a disposição final, onde é destinado para
lixões, aterros sanitários ou incineração.
2.3.3. Etapas da Logística Reversa
A Logística Reversa é composta por diversas etapas e processos diferentes, que devem
ser estruturados para se alcançar melhor eficiência e eficácia, em cada um dos elos da cadeia
reversa.
26
Conforme podemos ver na figura abaixo:
Figura 4- Etapas do processo logístico reverso
Fonte: Lacerda (2002)
Na imagem podemos identificar as diversas atividades do processo logístico reverso,
que começa com a coleta, embalagem e expedição para que o bem possa retornar ao
fornecedor, ser revendido, recondicionado, reciclado e então vendido para mercados
secundários ou em último caso ser descartado da forma correta.
O processo de coleta é o primeiro passo para o retorno do bem do ponto de consumo
de volta para a empresa, que pode ser feito pela própria empresa, por distribuidores ou pelo
cliente que leva o bem até a empresa. Após a coleta, pode existir o processo de embalagem,
dependendo da necessidade de cada produto, e depois é feita a expedição de acordo também
com o estado que o bem se encontra ou a finalidade que se quer dar para ele, podendo retornar
ao fornecedor, ser revendido, recondicionado, reciclado ou descartado.
2.3.4 Fatores críticos para a Logística Reversa
Para que a Logística Reversa seja executada de forma eficiente, faz-se necessário
diversas práticas organizacionais que envolvem pessoas, processos e estruturas, ou seja,
diversos fatores influenciam no sucesso da Logística Reversa.
Lacerda (2002) destaca diversos desses fatores:
Bons controles de entrada: é necessário que se avalie o estado que o produto se
encontra para que seja dado o destino correto e evite futuros retrabalhos;
27
Processos padronizados e mapeados: ter os processos e procedimentos corretamente
mapeados e formalizados para que se execute da melhor forma possível e que seja
passível de melhorias;
Sistemas de informação: para que se tenha um controle dos processos de forma
eficiente através de informações úteis para o gerenciamento da Logística Reversa;
Rede Logística Planejada: é necessária toda uma infraestrutura adequada para lidar
com as entradas e saídas de materiais, como instalações de processamento e sistemas
de transporte eficientes;
Relações colaborativas entre clientes e fornecedores: essas relações tem como base
a confiança entre os envolvidos, de forma que a Logística Reversa seja executada da
forma correta e justa, gerando valor para todos os envolvidos.
Leite (2003) complementa o que foi colocado por Lacerda destacando também como
fatores necessários para a implantação da Logística Reversa:
Fatores econômicos: que dizem respeito a condições financeiras que permitem a
realização da reintegração dos bens ao processo produtivo;
Fatores tecnológicos: é necessário que se haja tecnologia disponível para o
processamento dos bens;
Fatores logísticos: tem que haver condições de organização, localização e sistemas de
transporte entre os vários elos da cadeia de distribuição reversa.
Além de apresentar condições essenciais para a implementação da Logística Reversa e
do seu canal reverso, são eles:
Remuneração em todas as etapas reversas: o processo logístico reverso deve ser
lucrativo para que atenda aos interesses econômicos dos diversos agentes envolvidos;
Qualidade dos materiais reciclados: a reintegração dos materiais reciclados deve
atender à qualidade exigida e com rendimento industrial compatível;
Escala econômica de atividade: a quantidade de material reclicado deve ser
suficiente e apresentar constância, para que se torne viável a atividade econômica e
empresarial.
Mercado para os produtos com conteúdo de reciclados: é necessário que haja um
mercado com uma demanda pelos produtos com materiais reciclados
28
2.3.5 Panorama Brasileiro
O lixo é um problema mundial, e no Brasil não é diferente, o desenvolvimento
econômico faz com que a população passe a consumir mais gerando assim mais resíduos
sólidos, para se entender o impacto que a Logística Reversa pode causar e o quanto pode se
desenvolver é relevante apresentar um panorama do Brasil sobre esses aspectos, levando em
conta o governo, as empresas e a sociedade civil.
Leite (2003) aponta que a intervenção governamental é um fator modificador e pode
ser um motor de organizações que atuam nas cadeias reversas, através da regulamentação, da
promoção, da educação e do incentivo à melhoria do retorno dos produtos ao ciclo produtivo.
No Brasil, essa intervenção governamental sobre questão de Logística Reversa ganhou
destaque com a Lei nº 12.305, promulgada em 02 de agosto de 2010, que institui a Política
Nacional de Resíduos Sólidos. A lei define Logística Reversa como: “instrumento de
desenvolvimento econômico e social caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos
e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor
empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra
destinação final ambientalmente adequada.” Além de trazer outros conceitos que serão
tratados posteriormente. Outro aspecto importante que essa lei traz é a responsabilidade
compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos, que ela define como sendo dos fabricantes,
importadores, distribuidores e comerciantes, dos consumidores e dos titulares dos serviços
públicos de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos. Ou seja, de todos, onde cada
um tem seu papel para o sucesso dessa política em prol do desenvolvimento sustentável. A
figura a seguir mostra a evolução da Logística Reversa no Brasil em alguns setores que foram
abordados na PNRS:
Figura 5- Evolução da Logística Reversa em setores selecionados
Fonte: ABRELPE (2014)
29
Na imagem podemos notar o crescimento da Logística Reversa nos setores de
embalagens de agrotóxico, de óleos lubrificantes e de pneus inservíveis. Setores que a Política
Nacional de Resíduos Sólidos trata com maior importância e cobra mais ações de Logística
Reversa, podemos ver que essa regulamentação surtiu efeito positivo gerando um grande
crescimento na quantidade coletada e destinada.
A quantidade de lixo vem crescendo de forma significativa, de acordo com a
ABRELPE (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais), a
geração total de resíduos sólidos urbanos no Brasil em 2014 foi de aproximadamente 78,6
milhões de toneladas. E essa quantidade vem crescendo de forma mais rápida que o próprio
crescimento populacional, conforme demonstra o mesmo estudo a geração de lixo no Brasil
aumentou 29% de 2003 a 2014, o equivalente a cinco vezes a taxa de crescimento
populacional no período, que foi 6%.
A Tabela a seguir mostra a quantidade de lixo produzida por dia no Brasil em 2008 e
também apresenta a porcentagem por material conforme a Tabela 2.
Tabela 2- Estimativa da composição gravimétrica dos resíduos sólidos coletados no Brasil em
2008.
Fonte: IPEA (2010)
Analisando os dados da Tabela 02, pode-se verificar que 31,9%, quase 1/3, de todo o
lixo produzido pode ser reciclado, porém no Brasil, de acordo com a ABRELPE somente 3%
de todo o lixo produzido é efetivamente reciclado, ou seja, as empresas brasileiras tem um
grande potencial para ser explorado. Em termos exatos de material com potencial de
reciclagem no Brasil é de 58527,40 (cinquenta e oito mil quinhentos e vinte e sete toneladas)
por dia.
Esse aumento desproporcional entre crescimento populacional e geração de lixo
apresentado pela ABRELPE é justificado por Mueller (2005), que aponta a diminuição do
ciclo de vida dos produtos e também o crescimento do poder de consumo gerado pelos
avanços tecnológicos que barateiam a fabricação dos produtos, assim como a concorrência
30
acirrada entre empresas que utilizam de sistemas logísticos e do marketing para conquistas
seus clientes.
Já Guarniere et. al. (2005) aponta que esse grande aumento na descartabilidade dos
bens ocorre após a segunda guerra mundial, com os avanços tecnológicos que conseguem
atender melhor as necessidades dos clientes, ao mesmo tempo que oferecem custos e vida útil
menores, tendo como consequência a rápida obsolescência dos produtos, gerando um
problema no manejo do lixo.
Para Leite (2003 p. 34) a vida útil de um bem pode ser entendida como “o tempo
decorrido desde a sua produção original até o momento em que o primeiro possuidor se
desembaraça dele”. O referido autor acrescenta ainda uma tendência a descartabilidade dos
bens, com o avanço tecnológico na produção, com o marketing que busca sempre lançar
novos produtos com uma obsolescência planejada e relacionando moda à seus produtos e
também a Logística com a utilização de embalagens descartáveis, com respostas mais rápidas
e custos menores. Com isso, a Logística Reversa assume um papel cada vez mais importante
na recuperação e destinação correta desses bens. Conforme mostra a figura 06:
Figura 6- Logística Reversa e a redução do ciclo de vida útil dos produtos
31
Fonte: Leite (2003)
Conforme a imagem explica, os avanços da tecnologia, marketing e Logística geraram
uma redução no ciclo de vida útil do produto, gerando assim maiores quantidades de produtos
de pós-venda e pós-consumo, o que acarreta na exaustão dos sistemas tradicionais de
disposição final e demanda maior velocidade Logística, sendo assim a Logística Reversa a
alternativa para se minimizar essas consequências, através do retorno, reciclagem e reuso.
Já Shibao et. al. (2010), destaca que sob ponto de vista logístico: a vida de um produto
não termina com sua entrega ao cliente ou com o fim de sua vida útil, para ele os produtos
retornam ao seu produtor por diversos motivos, como defeitos e obsolência para que se possa
dar o fim adequado, podendo ser reaproveito, reparado ou descartado.
A Tabela a seguir mostra dados quanto ao destino que se tem dado ao lixo, o seu
reaproveitamento e também o quanto ainda pode ser feito:
Quadro 1- Produção e reciclagem de materiais selecionados no Brasil
Material Produção Reciclagem
Vidro
O Brasil produz em média 980
mil toneladas de embalagens de
vidro por ano.
Cerca de 47% das embalagens de vidro
foram recicladas em 2010 no Brasil,
somando 470 mil ton/ano.
Plástico
No Brasil, em 2011, 6,5 milhões
de toneladas de resinas
termoplásticas foram
consumidas.
Cerca de 21,7 % dos plásticos foram
reciclados no Brasil em 2011,
representando aproximadamente 953 mil
toneladas por ano.
PET
O Brasil consumiu 514.000
toneladas de resina PET na
fabricação de embalagens em
2011.
59% das embalagens pós-consumo foram
efetivamente recicladas em 2012,
totalizando 331 mil toneladas.
Latas de
alumínio
O Brasil produziu 254 toneladas
de latinhas de alumínio em 2012.
Aproximadamente 97,9% da produção
nacional de latas consumidas foi reciclada
em 2012. Em números, 18,4 bilhões de
unidades da latas de alumínio, 248,7
toneladas de sucata.
Elaborado pelo autor. Fonte: CEMPRE (2016)
Conforme o quadro acima, ainda há um longo caminho a ser percorrido e explorado na
questão de reciclagem e reutilização de bens e produtos de diversas matérias prima. O Brasil
consegue ser líder mundial na questão de reciclagem latas de alumínio, porém dos materiais
vidro, plástico e PET, ainda há muito para ser feito.
32
2.3.6 A Logística Reversa como geração de valor
Após compreender a importância da Logística Reversa e seu papel fundamental na
questão do lixo, há diversos outros motivos e benefícios que fazem com que a Logística
Reversa ganhe cada vez mais importância nas organizações.
Segundo pesquisa realizada com cerca de 70 empresas, o principal motivo estratégico
para as empresas operarem os canais reversos é o aumento da competitividade, com 65,2%, e
a Tabela apresenta ainda como motivos a limpeza de canal - estoques, respeito a legislações,
revalorização econômica e recuperação de ativos, conforme o resultado da pesquisa a seguir:
Tabela 3- Motivos estratégicos para as empresas operarem os canais reversos
Motivo Estratégico Porcentagem de empresas respondentes
Aumento de competitividade 65,2%
Limpeza de canal - estoques 33,4%
Respeito às legislações 28,9%
Revalorização econômica 27,5%
Recuperação de ativos 26,5% Fonte: Rogers e Tibben-Lembke (1999)
A Logística Reversa faz parte hoje da estratégia de diversas organizações, Guarnieri
et. al. (2005) apresentam motivos para a criação e ampliação desses canais reversos dentre
eles estão: a crescente preocupação ecológica dos consumidores, as novas legislações
ambientais, os novos padrões de competitividade de serviços ao cliente e as preocupações
com a imagem corporativa.
Chaves e Martins (2005) seguem essa mesma linha, destacando a rapidez que os
produtos são lançados, os avanços tecnológicos, aumento na competitividade, crescimento da
consciência ecológica das empresas, algo que os clientes estão valorizando, além do grande
potencial econômico como fatores que têm contribuído para o avanço da Logística Reversa.
Já Leite (2003) destaca também a questão do aumento da sensibilidade ecológica da
sociedade, que se preocupa com o meio ambiente e que valoriza empresas que se preocupam
também com o aspecto ecológico. Ele aponta o fortalecimento da imagem corporativa que
proporciona um diferencial competitivo como um dos fatores que levam as organizações.
Fato esse comprovado por uma pesquisa do Cambridge Report utilizando 1250 adultos
nos Estados Unidos, em 1992, constatou que 70% concordavam em pagar preços maiores por
produtos que apresentassem menores impactos ao ambiente. (CLM, 1993:22 apud Leite, 2003
p.21).
33
O aspecto econômico pode ser analisado sob diversas formas e a utilização de matéria
prima reciclada é uma. Esse uso pode oferecer diversas vantagens, conforme apresentado pelo
IPEA (1995,1 apud Leite 2003) segundo os autores: essa matéria prima reciclada oferecer
preços menores; ocasiões de escassez da matéria-prima nova; economias de consumo de
energia elétrica, valor, água etc.; economias de insumos; apresentação de subsídios especiais
ao seu uso; apresentar uma vantagem competitiva mercadológica na venda do produto final e
também melhorar a imagem da empresa.
2.3.7. Desafios da Logística Reversa
A Logística Reversa também encontra dificuldades e desafios para que possa ser
executada de forma economicamente viável e interessante para a empresa. Nessa linha de
raciocínio Leite (2003) aponta a dificuldade de captação de produtos pós-consumo em grande
quantidade para que se atinja uma economia de escala viável, e também a característica
monopsônica ou oligopsônica de mercados de matérias-primas secundárias, onde existe um
ou poucos compradores para essas matérias-primas, e o poder de barganha fica
desproporcional.
Já Caxito (2014, p.264) apresenta outras dificuldades “o processo reverso possui um
nível de incerteza bastante alto. Questões como qualidade e demanda tornam-se difíceis de
controlar.”
O custo para se operar a Logística Reversa também é outro desafio, pois conforme
visto anteriormente, vários fatores são necessários para se executar esse ciclo reverso. Custos
com mão de obra, transporte, sistemas de informação, armazenamento acabam sendo
onerosos para a empresa que gerencia esse fluxo.
Há também a questão da coleta e do retorno dos produtos, que é um desafio em si,
conforme aponta Gonçalves-Dias (2006), mesmo com a tecnologia possível, conseguir operar
o ciclo reverso já é uma dificuldade, e destaca, o fato de um produto ser reciclável não quer
dizer que o mesmo terá esse fim. Além disso, ele diz que ainda há um preconceito do
consumidor com o produto reciclado, por acreditar que por ser proveniente do lixo não
apresenta uma qualidade tão boa.
34
2.3.8. Logística Reversa e a sustentabilidade
A Logística Reversa está totalmente relacionada à sustentabilidade corporativa, porque
oferece diversos fins para o produto, como a reciclagem, destinação correta, reutilização entre
outros. As empresas que adotam um comportamento ético e responsável colhem bons
resultados. Conforme pontuado por Barbiere e Dias (2002): a Logística Reversa deve ser
concebida como um dos instrumentos de uma proposta de produção e consumo sustentáveis.”
Já Donato (2008) destaca que a Logística Reversa é uma ferramenta operacional da
Logística verde ou ecologística utilizada para se minimizar o impacto ambiental ao longo de
todo o ciclo de vida dos produtos.
Nessa linha de raciocínio Leite (2003) aponta algumas atitudes típicas de empresas
líderes que buscam agregar valor à suas atividades:
Avaliação dos produtos e processos por meio da análise do ciclo de vida
ambiental, conforme explicado em tópicos anteriores, a vida útil de um produto
não acaba com a entrega ao cliente, a empresa tem responsabilidade sobre o
produto e deve fazer uma avaliação dos impactos do mesmo
Concepção dos produtos visando reduzir impactos sobre o meio ambiente e
facilitando o ciclo reverso pós-consumo, a etapa de projetar o produto está
totalmente relacionada com a Logística Reversa, pois leva em consideração os
materiais constituintes do produto, a facilidade de se desmontar, separação dos
materiais constituintes e identificação. Todas essas características do produto
que são levadas em conta podem tornar o ciclo reverso bem mais eficiente e
eficaz
Criação de vantagem competitiva por meio da Logística Reversa, através das
relações de parceria e constituindo a cadeia reversa de suprimentos, as
empresas obtém excelentes retornos mercadológicos e de imagem corporativa
através da criação das redes de distribuição reversas de bens duráveis e seus
componentes e das redes reversas de produtos semiduráveis e descartáveis.
Caxito (2014) complementa com algumas medidas que podem ser adotadas para se
reduzir o impacto negativo das embalagens como reduzir os resíduos em sua origem, utilizar
materiais recicláveis, reutilizar os materiais, maximizando o nível de rotação, implementar
35
sistema de recuperação e reciclar. Ele aponta ainda que existe uma tendência mundial em
utilizar embalagens retornáveis e reutilizáveis causando menos impacto negativo no ambiente.
36
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Nessa parte iremos abordar os procedimentos metodológicos, em outras palavras,
chegou o momento de discorrer como o trabalho foi organizado para fins de alcançar os
objetivos propostos, sendo o primeiro ponto a ser tratado será a caracterização do estudo.
3.1 Caracterização da Pesquisa
Antes de analisar as características do referido estudo é interessante destacar que o
mesmo é um instrumento que tem por finalidade analisar uma situação concreta e relaciona-la
com a luz da teoria, analisando esse contexto pode-se afirmar que o estudo possui uma
conotação de pesquisa cujo objetivo fazer com que o pesquisador aprimore o processo
reflexivo a fim de retirar conclusões sobre um evento a ser estudado.
Nessa linha de raciocínio é oportuno destacar os ensinamentos de Marconi e Lakatos
(1996, p. 155) ao defender que “a pesquisa é um procedimento formal, com método de
pensamento reflexivo, que requer um tratamento cientifico e se constitui no caminho para
conhecer a realidade ou para descobrir verdades parciais”.
Na mesma linha de raciocínio Gil (1996, p.19), define a pesquisa como “um
procedimento racional e sistêmico que tem como objetivo proporcionar respostas aos
problemas que são propostos”. Para tanto uma variável é fundamental para o êxito de uma
pesquisa, o fluxo a ser seguido, ou seja, uma pesquisa demanda um caminho critico a ser
trilhado visando obter as respostas aos problemas propostos.
A respeito do tema (caminho), Marconi e Lakatos (1996, p. 83) definem esse caminho
como método:
(...) conjunto das atividades sistêmica e racionais que com maior segurança e
economia, permite alcançar o objetivo – conhecimentos válidos e verdadeiros -,
traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as decisões do
cientista.
Independente da nomenclatura (caminho ou método) o importante é que ambos
buscam explicar a natureza de um determinado acontecimento.
Face ao que já foi dito pode-se continuar sobre a discussão da caracterização do
estudo, tendo em vista que o objetivo da pesquisa está em compreender os impactos da
Logística reserva na empresa Hidrominas Mineral Santa Maria. Pode-se afirmar que a
pesquisa qualitativa é a mais apropriada por permitir uma análise mais subjetiva e profunda
dos dados obtidos.
37
Ainda com base na caracterização da pesquisa, ela (pesquisa) pode ser classificada
quanto aos meios e fins. Para Vergara (2000) quanto aos meios as pesquisas podem ser de
campo, laboratório, documental, experimental, participante, pesquisa ação e estudo de caso,
este último será tratado nesse trabalho.
Quanto aos fins (Dezin; Lincoln 2006), afirma que ela pode ser exploratória e/ou
descritiva.
Analisando os objetivos desse trabalho pode-se concluir que esta pesquisa é descritiva
tendo em vista que os diversos objetivos está em analisar se as ações implementadas pela água
mineral estão produzindo os resultados esperados.
3.2. Caracterização da empresa
A Hidrominas Santa Maria Indústria e Comércio Ltda é uma empresa que explora a
atividade e, comercialização de água desde 1968. Tem como fundador o Pedro Alberto
Serquiz Elias e Júlia Pinto Serquiz Elias. Hoje quem está à frente da empresa é o filho do
casal, Roberto Serquiz, que conta com 52 funcionários.
Em 1972 a empresa envazava apenas embalagens de 500ml de vidro, atualmente com
mais de 40 anos no mercado, conta com uma gama de opções, embalagens plásticas de vários
tamanhos, embalagens de vidro retornáveis e garrafões de 10l e 20l.
É uma empresa que atua voltada para o mercado regional sendo uma das líderes do
setor na região.
A empresa ganhou vários prêmios, com destaque para os Prêmios SESI - Qualidade no
Trabalho – 2005 e 2006 (Regional) – 2007 e 2008 (Nacional) e Prêmio SEBRAE
Ecoeficiência 2004.
A Hidrominas Santa Maria Indústria e Comércio LTDA é uma empresa que se
preocupa com a sustentabilidade que, além do aspecto ambiental, também abrange a parte
social, tanto para seu público interno quanto o externo. Na parte ambiental vale ressaltar as
ações de promoção de educação ambiental dos colaboradores, comunidades e estudantes,
realização de oficinas de sensibilização ambiental, mutirões de limpeza. Na questão de
responsabilidade interna com os colaboradores, a empresa preza por garantir a qualidade de
vida, saúde e integridade dos colaboradores, oferecendo assistência odontológica e médica
oftalmológica, cartão de crédito personalizado para necessidades emergenciais. E para a
comunidade a empresa apóia e realiza eventos, oferece também projetos culturais e oficinas
de reciclagem.
38
3.3 Lócus e abrangência da pesquisa
Para fins da pesquisa o lócus será a empresa Hidrominas Santa Maria Indústria e
Comércio Ltda.
Atualmente a empresa estrutura suas atividades visando obter diferenciais
competitivos e dessa forma agregar valor a sua marca, segundo visita no site da empresa:
http://www.aguamineralsantamaria.com.br/site/index.php/welcome/pagina/3 no dia
22/11/2016 , pode-se verificar uma quantidade de ações para os mais diversos setores e atores
da sociedade, como o foco do referido estudo está na Logística Reversa iremos nos deter as
referidas ações para o tema em questão, dentre as ações destacam-se:
Promove educação ambiental dos colaboradores, comunidade,
estudantes e visitantes, melhorando a qualidade de vida dos
colaboradores e comunidade.
Desenvolver um trabalho de pesquisa, através de lev antamento
florístico de preservação ambiental, envolvendo colaboradores e
comunidade do entorno, criando um orquidário com as espécies
identificadas. Promovendo a educação através de medidas de colata
seletiva e palestras educativas.
Está sendo realizando intenso trabalho de conscientização
ambiental para a preservação da área “verde (o Riacho águas Vermelhas
e sua mata ciliar) protegida pela empresa. Ao todo estamos trabalhando
com três comunidades do entorno, contando com a colaboração de duas
escola municipais.
Realização oficinas de sensibilização ambiental com grupos de
crianças moradoras do entorno. Nas oficinas foram trabalhados de forma
lúdica, através de desenhos, aspectos relacionados à preservação do meio
ambiente, limpeza dos rios, importância da água na manutenção da vida,
destino adequado do lixo, etc.
Realização de um mutirão de limpeza no entorno do riacho das
águas Vermelhas, com mobilização dos moradores das comunidades.
Com relação à qualidade a empresa ganhou vários prêmios, com destaque para os
Prêmios SESI - Qualidade no Trabalho - 2005 e 2006 (Regional) - 2007 e 2008 (Nacional) e
Prêmio Sebrae Ecoeficiência 2004, hoje a empresa tem uma cartela de produtos com
embalagens plásticas de vários tamanhos, embalagens de vidro retornáveis e garrafões de 10l
e 20l.
39
3.4 Sujeitos da pesquisa
Visando responder aos objetivos desta pesquisa foram escolhidos inicialmente os
seguintes sujeitos de pesquisa o presidente e o gerente de qualidade, a escolha dos referidos
sujeitos não foi aleatória, e sim baseada na capacidade de oferecer as informações sobre o que
o trabalho está proposto a oferecer compreender os impactos da Logística reserva na
empresa Hidrominas Mineral Santa Maria, tendo por base o objetivo geral do trabalho
entende-se que os sujeitos são mais adequados para fornecer as informações por estarem
diretamente ligados a estruturação da Logística Reversa na empresa.
Ambos os entrevistados são homens. O presidente é filho dos fundadores da empresa e
ao longo de sua vida sempre esteve presente na organização, começando a trabalhar já na
juventude. E por isso tem uma visão holística da organização e dos seus processos. Também
tem uma visão clara de futuro e um grande conhecimento em gestão.
O gerente de qualidade ingressou na empresa como estagiário, e foi progredindo.
Também conhece muito bem todas as áreas da empresa e seus processos.
Por se tratar de uma pesquisa qualitativa não existe a necessidade de definir/delimitar
o tamanho da amostra visando dar viabilidade à realização do estudo, entende-se que para
uma melhor explanação do tema e melhor visualização dos resultados seria interessante
analisar outros sujeitos (setores e clientes), mas não foi possível obter tais informações por
diversos motivos (incompatibilidade de horários para os diretores dos demais setores) e
quanto aos clientes seria a complexidade de buscar tais informações tendo em vista a
abrangência geográfica de localização dos mesmos.
Para facilitar a análise das informações, as transcrições das entrevistas serão
denominadas de A, B, sendo A o Presidente da empresa e B Gestor da qualidade
3.5 Coleta de dados
O processo der coleta de dados, consiste na forma/método escolhido para obter as
informações necessárias para a concretização da pesquisa visando assim obter uma base de
dados capaz de tratar o problema de pesquisa proposto, ou seja, é o momento onde o
pesquisador irá utilizar de instrumentos de coleta de dados como (questionários, entrevistas,
grupo focal) a fim de coletar os dados previstos. Neste sentido Vergara (2000, p. 54) informa
que na coleta dos dados o leitor deve ser informado como você pretende obter os dados de que
precisa para responder ao problema.
40
É interessante destacar que o processo de coleta de dados se inicia antes mesmo da
realização da aplicação dos (questionários, entrevistas, grupo focal), dito isto a coleta de
dados foi relacionado à pesquisa bibliográfica e documental, aliados à aplicação de entrevistas
do tipo semi-estruturada por possibilita diversas vantagens dentre elas a capacidade de obter,
detalhar e conhecer a fundo uma informação tida como insuficiente.
Para a coleta de dados foram feitas duas entrevistas, o local escolhido foi a sede da
empresa. A primeira realizada com o gerente de qualidade no dia 03 de novembro de 2016
com duração de 40 minutos, e a segunda com o presidente no dia 24 de novembro de 2016 e
durou 20 minutos. Ambas as entrevistas foram gravadas através de um aparelho celular.
3.6 Tratamento dos dados
Nesta parte do trabalho tentar encontrar uma relação de causa efeito sobre o problema
de pesquisa que norteou à realização do referido trabalho. Na concepção de Vergara (2000,
p.59) esta fase refere-se àquela seção na qual se explica para o leitor como se pretende tratar
os dados a coletar, justificando por que tal tratamento é adequado aos propósitos do projeto.
Os dados coletados durante a gravação da entrevista foram posteriormente transcritos
para um documento de Word para que fosse possível tratar as informações e destacar os
pontos chave das respostas.
Partindo dos argumentos de Vergara (2000, p.59) a proposta de analise dos dados
escolhida está na técnica de análise de conteúdo de Lawrence Bardin que através do processo
de categorização dos dados possibilita ao pesquisador classificar os elementos, conhecer e
entender o contexto dos aspectos subjetivos pertinentes aos indivíduos entrevistados.
Ainda segundo Bardin (1977, p. 153), a análise categorial:
(...) funciona por operações de desmembramento do texto em unidades, em
categorias segundo reagrupamentos analógicos. Entre as diferentes possibilidades de
categorização, a investigação de temas, ou análise temática, é rápida e eficaz na
condição de se aplicar a discursos diretos (significações manifestas) e simples.
Para esta pesquisa optou-se pelo processo de categorias de análise, sendo que o foco
deste estudo está em compreender os impactos da Logística reserva na empresa
Hidrominas Mineral Santa Maria, por tanto, pode-se perceber que o processo de
categorização tem a possibilidade de explorar de forma significativa o tema que estiver sendo
analisado.
41
4. ANÁLISE E APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
A formulação de uma ação demanda uma visão interdisciplinar e intersetorial de todos
atores que fazem parte da cadeia de suprimentos, portanto essa parte do trabalho busca
compreender de que forma a implantação da Logística Reversa contribui para a concretização
dos objetivos organizacionais, tendo em vista que ela (Logística Reversa) envolve um
conjunto de atores para sua plena execução.
Dando inicio a discussão dos resultado o primeiro a ser discutido está em saber quais
os produtos que fazem parte da Logística Reversa da referida empresa.
1. Tratando da Logística Reversa, quais são os produtos que vocês oferecem e que
envolve esse processo logístico reverso?
A/B: Oferecemos os garrafões de 10l e 20l e as garrafas de vidro retornáveis
Podemos constatar que a empresa trabalha com a Logística Reversa somente em uma
parte dos produtos que ela oferece ao mercado. A empresa oferece ainda uma gama de
produtos que são descartáveis, como as garrafas PET de diferentes tamanhos e os copinhos.
Isso se dá principalmente pela dificuldade que se tem de controlar o descarte desses produtos,
sendo assim difícil para a empresa operar o fluxo reverso, veremos porém no decorrer que a
empresa também está desenvolvendo projetos para desenvolver a Logística Reversa também
para esse tipo de produto.
Já no caso dos garrafões e as garrafas de vidro retornáveis, o controle acaba sendo
melhor, pelo fato de a embalagem apresentar um custo maior e oferecer a possibilidade de
reutilização, sendo interessante tanto para o cliente quanto a empresa esse fluxo reverso. No
caso da garrafa de vidro os clientes são principalmente restaurantes e hotéis, o que oferece um
controle maior sobre o produto, além do que a própria empresa opera o fluxo reverso.
Após identificar quais produtos que a empresa oferece e que retornam para a mesma
após a utilização, é necessário compreender como estão estruturados os processos desse fluxo
reverso, sendo essa a próxima pergunta.
42
2. Como está estruturado fluxo reverso ?
Nesse ponto o intuito é identificar como estão estruturados os processos da Logística
Reversa na organização.
A: No caso dos garrafões de água, que são de 10l ou 20l, os próprios clientes e
distribuidores trazem o garrafão até a empresa. Na empresa os garrafões são
descarregados, e passam por um processo de triagem para se verificar a qualidade
do garrafão, esse processo de triagem é feito por pessoas de forma manual, nesse
processo é checada a validade do produto, observando o interior e exterior do
garrafão para identificar existência de perigo físico, como objetos dentro do
garrafão, e sente-se o cheiro interno para identificar perigo químico, substâncias
inadequadas dentro do garrafão. Após passar por esse processo de triagem, se o
garrafão estiver em boas condições, começam os processos automatizados, o
garrafão passa por um processo de higienização onde é lavado e por um processo
de sanitização, que envolve uma solução clorídrica para eliminar bactérias e
microrganismos. Depois ocorre o envase com água, o processo de
tamponagem(colocar a tampa), colocação do lacre, rotulagem, é feito o
carregamento e a expedição do produto. Todo esse processo leva 4:20min. Caso o
garrafão não esteja dentro do prazo de validade ou não apresente condições para
ser reutilizado, ele é vendido para uma empresa que faz a reciclagem, processo esse
que a própria empresa vai incorporar em breve.
Podemos identificar no caso dos garrafões, que o retorno da embalagem é feito pelos
próprios clientes da empresa, podendo ser pessoas físicas ou distribuidores, e então ela passa
pelo processo de descarrego, triagem, lavagem, envase, tamponagem, colocação do lacre,
rotulagem, carregamento e expedição. Podemos ver que nesse caso o processo logístico
reverso tem como principal intuito a reutilização do material. E caso o produto não seja
aprovado na triagem, ele é vendido para uma empresa de reciclagem.
B: No caso das garrafas de vidro retornáveis, a própria empresa é responsável pela
coleta dos vasilhames vazios em troca dos vasilhames cheios. Após feita a coleta, as
garrafas também passam por um processo de higienização, envase e tamponagem.
No fim de sua vida útil, ou apresentando algum problema, a garrafa também é
destinada para a reciclagem, as garrafas são vendidas para uma indústria de vidro
e que utiliza o material para produzir novas garrafas. Sendo assim parte de um
ciclo fechado. A venda das garrafas é feita a comodato, como sendo um empréstimo.
A principal diferença entre o fluxo reverso das garrafas de vidro e dos garrafões está
na coleta, como cada produto retorna para a organização, nos garrafões esse retorno é feito
pelos próprios clientes, e no caso das garrafas de vidro a própria empresa faz esse retorno.
43
Essa diferença na coleta entre os dois produtos acontece por dois fatores. O primeiro é
devido ao fato do tipo de cliente ser diferente, no caso dos garrafões os clientes são pessoas
físicas e distribuidores (distribuidores esses que tem contato direto com as pessoas físicas), e
no caso das garrafas de vidro, os clientes são outras empresas, como restaurantes e hotéis.
O segundo fator diz respeito à quem pertence o recipiente, no caso dos garrafões, a pessoa
física a partir da primeira compra passa a ser dona do recipiente, e nas próximas vezes ela só
compra e paga pela água. Os garrafões não pertencem a nenhuma empresa específica do setor,
após a venda eles são propriedade do cliente, eles são intercambiáveis entra as várias
empresas que só fazem o reabastecimento. Já no caso das garrafas de vidro, elas pertencem à
Hidrominas Santa Maria, é feito uma venda a comodato, onde é feita a venda da garrafa para
ser usada temporariamente e posteriormente ser restituída, ou seja, assim como no garrafão o
que é vendido é o líquido dentro do recipiente, a diferença está em quem tem a posse do
recipiente.
Outra observação importante é que esses produtos fazem parte da Logística Reversa de
pós-consumo, pois voltam pelo ciclo reverso para que possam ser reutilizados ou reciclados.
No caso da reciclagem, há um diferença entre os dois produtos, no caso dos garrafões se trata
de um ciclo aberto, quando a matéria prima é utilizada para a fabricação de outros produtos,
como haste de cotonete, bacias, mangueiras entre outras, pois para produtos alimentícios não
se pode utilizar esse tipo de material reciclado conforme consta em lei. No caso das garrafas
de vidro se trata de um ciclo fechado, pois a reciclagem das mesmas serve para produzir
novas garrafas.
Após entender como estão estruturados os processos da Logística Reversa, é interessante
entender quando a empresa começou a operar o fluxo reverso e o porquê, pois entendendo a
motivação da empresa, é possível analisar quais dos objetivos que levaram a empresa a
executar a Logística Reversa que foram alcançados.
3. Quando isso começou? Quais os motivos que influenciaram na decisão?
Aqui busca-se entender os motivos que levaram a empresa a adotar a Logística
Reversa em suas práticas.
A: Desde o início já se executava a Logística Reversa, pois no começo só haviam as
garrafas de vidro retornáveis, depois houve a introdução dos garrafões de 20l que
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também demandavam essa Logística Reversa, as garrafas de PET descartáveis só
surgiriam na década de 90.
A: A questão da sustentabilidade e responsabilidade socioambiental da empresa foi
um dos motivos que levaram a empresa a executar a Logística Reversa.
A: Outro fator importante foi a legislação, que torna obrigatório para as empresas
trabalharem essa questão de Logística Reversa, através da PNRS, e também a
portaria n. 387 de 2008 que estabelece vida útil dos garrafões em 3 anos também
influenciou.
A: É também uma questão mercadológica e de diferencial competitivo, já que hoje a
tendência mundial está se voltando para as garrafas retornáveis, e se evitando as
descartáveis, como vem acontecendo já há bastante tempo na Europa, e no Brasil
está mais desenvolvido em São Paulo.
B: As garrafas de vidro retornáveis começaram em 2012, e o principal motivo foi
uma questão mercadológica, já que os próprios clientes pediam as garrafas de
vidro, principalmente restaurantes e hotéis, pois viam na garrafa de vidro um
produto Premium, sinônimo de qualidade e status. Porém pelo vidro apresentar um
custo mais alto em relação ao plástico, a forma de viabilizar o negócio é através da
Logística Reversa, que proporciona a reutilização da garrafa por inúmeras vezes
reduzindo seu custo. Foi também aproveitada a questão do recém aprovado na
época, o Plano Nacional de resíduos sólidos já que a reutilização está totalmente
ligada a sustentabilidade.
B: Na questão do garrafão esse foi um processo que sempre existiu, pois a
viabilidade do mesmo está ligada a reutilização.
Como podemos ver, a adoção da Logística Reversa apresenta mais de um motivo,
destaque para a questão mercadológica, questão de custos e também a questão da
sustentabilidade.
A Logística Reversa torna viável a utilização de embalagens mais caras, que se fossem
descartadas no primeiro uso gerariam um produto caro para o consumidor, a reutilização
acaba gerando valor tanto para a empresa quanto para o cliente, já que o custo se dilui com as
várias utilizações.
A busca pela sustentabilidade e a questão da responsabilidade socioambiental também
influenciaram na decisão, já que são fatores que a empresa preza muito, e com a Logística
Reversa a empresa deixa de produzir enormes quantidades de lixo, no caso das garrafas de
45
vidro a empresa já se aproxima de 150 mil unidades em circulação. Podemos constatar que as
ações da empresa estão alinhados com os valores propostos, demonstrando integridade e
responsabilidade socioambiental.
A legislação também foi algo apontado pelos entrevistados como sendo um fator
importante, o que demonstra a importância do governo em agir em prol do desenvolvimento e
ampliação da Logística Reversa, tanto através da PNRS como também da portaria que
estabelece vida útil dos garrafões. Porém não foi um fator determinante para a empresa
estudada, já que a mesma executava a Logística Reversa antes mesmo da lei. A Hidrominas
Santa Maria já adotava as práticas exigidas por ser a coisa certa a se fazer, não vendo as
práticas como uma obrigação, mas como o papel de uma empresa responsável, consciente e
com valores éticos.
A possibilidade de se gerar valor com um produto que antes seria descartado, através de
sua venda para uma empresa de reciclagem, ou fazendo a própria reciclagem, é também um
fator muito importante para a empresa, que viu como uma oportunidade de retorno econômico
uma questão vista por muitos como um problema. Sendo essa uma característica típica de
empresas inovadoras e com orientação para solução de problemas.
Entendendo o quê levou a empresa a adotar a Logística Reversa é possível traçar um
paralelo entre os benefícios percebidos pela organização e suas motivações, para de certa
forma mensurar se os objetivos foram alcançados.
4- Quais os principais benefícios da Logística Reversa na sua organização?
Aqui busca-se entender quais os benefícios que a Logística Reversa proporciona para a
organização, esta pergunta obteve uma resposta que condiz com os motivos que se adotaram a
Logística Reversa na organização, ou seja, eles tinham objetivos ao implementar a Logística
Reversa e que foram atingidos.
A:No caso das garrafas de vidro, o principal benefício é a possibilidade de se
ofertar um produto com alto valor percebido pelo cliente, sendo isso um diferencial
competitivo.
A: No caso dos garrafões, a venda do produto ao fim de sua vida útil, o que
representa valor financeiro para a empresa, e no futuro a questão da reciclagem
que ainda gerará um retorno maior para a organização.
B: A Logística Reversa oferece uma vantagem competitiva pois viabiliza a
utilização de uma embalagem mais cara que pode ser reutilizada por diversas vezes,
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diluindo o custo do produto tanto para o consumidor quanto para a empresa. E
também proporciona a possibilidade de se gerar receita para a organização ao fim
da vida útil do produto.
O fator geração de receita é um benefício econômico da Logística Reversa através da
venda dos produtos no fim de sua vida útil para a reciclagem.
A reutilização que a Logística Reversa proporciona, diluindo o custo do produto nas
várias utilizações, proporcionando assim a oferta de outros produtos de melhor qualidade e
durabilidade, o que acaba é um diferencial competitivo.
Esses benefícios apontados pelos entrevistados estão relacionados principalmente com
a questão econômica, sendo esse um fator fundamental para atividade, tornando-a viável e
interessante para a empresa.
Porém há outros fatores que apesar de não terem sido apontados pelos entrevistados
podem ser ressaltados.
O fato de estar em conformidade com a lei sem dúvida é outro benefício que a
empresa tem, evitando assim problemas e sanções legais.
A sustentabilidade também é outro aspecto importante a ser destacado, principalmente
no campo de atuação da empresa, já que a mesma depende inteiramente de um recurso
mineral, a água, um bem que pode ser afetado pela poluição e lixo gerados, como por
exemplo através da contaminação do lençol freático e a questão das chuvas.
Mesmo com os benefícios e vantagens da Logística Reversa, há vários desafios que a
empresa enfrenta, sendo assim importante a identificação dos mesmos para que possam ser
enfrentados e superados.
5- Quais os principais desafios para se implementar a Logística Reversa?
Aqui busca-se entender quais são os desafios e problemas para se executar a Logística
Reversa.
A: A empresa na maioria das vezes não tem o controle sobre o descarte do
consumidor, principalmente na questão das embalagens descartáveis.
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A: Outro desafio é a falta de incentivo por parte do governo, existe hoje a política
nacional de resíduos sólidos, porém há pouca fiscalização e incentivo por parte do
governo para acelerar o desenvolvimento dessa área.
A: Há também a questão do custo, como no caso da garrafa de vidro que a coleta é
feita pela própria empresa, o que onera um pouco o produto, porém o valor
percebido por oferecer uma garrafa de vidro, acaba superando o fator custo. E no
caso dos garrafões ele é reutilizado tantas vezes que o custo do mesmo se dilui.
Portanto para a empresa o fator custo não chega a ser um problema.
B: A qualidade do produto que retorna para a empresa muitas vezes não é boa,
representando assim uma dificuldade a mais.
B: Muitas pessoas ainda não desenvolveram a consciência ecológica e não
entendem o valor da sustentabilidade, e muitas vezes acabam buscando somente o
produto com menor preço ao invés buscar produtos desenvolvidos com maior
consciência ambiental.
É notório que a maior parte dos desafios enfrentados são do ambiente externo, o que
acaba tornando-os mais difícil de controlar e combater, como falta de controle sobre o
descarte do consumidor, falta de incentivo governamental, a qualidade do produto que retorna
e falta de consciência ambiental dos consumidores.
A falta de consciência ambiental, apontada por um dos entrevistados ainda é um
desafio, apesar de a preocupação com meio ambiente estar crescendo no Brasil e no mundo,
ainda há um longo caminho a ser percorrido, principalmente nos países em desenvolvimento,
essa conscientização deve ser trabalhada de forma a atingir toda a população.
Com isso, faz-se necessário que a empresa pense em meios de minimizar esses fatores
que muitas vezes são incontroláveis. Encontramos meios de se fazer isso na bibliografia
estudada e que a empresa já executa.
Podemos destacar o bom controle de entrada, que é um controle sobre a qualidade do
produto que retorna, que foi apontado como um desafio, esse controle se dá através da triagem
que todo produto que retorna passa, é um trabalho manual e de extrema importância para o
fluxo reverso. Esse processo é padronizado, o que é outro meio de se minimizar os erros da
operação.
E o problema de custo que é apontado por muitos como um grande entrave para a
Logística Reversa não representa um problema para a empresa, que ao operar a Logística
Reversa consegue gerar mais valor do que o custo em si representa. Porém é outro fator
relevante pois atividades como coleta, a própria triagem que é executada manualmente, a
separação, armazenagem e movimentação representam algum custo que deve ser mapeado e
mensurado.
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A questão de legislação não é um desafio pois a empresa conforme já foi dito, atuava
de forma correta antes mesmo de ser exigido. A falta de fiscalização acaba sendo um
problema porque outras empresas do setor acabam por não atuar conforme a lei, se
beneficiando disso e prejudicando as empresas que estão corretas.
A Logística Reversa conforme apresentado ao longo do trabalho, é um fator também
ambiental, sendo interessante a reflexão da percepção dos entrevista quanto a relação entre
Logística Reversa e sustentabilidade.
6- De que forma a Logística Reversa está relacionada com a sustentabilidade ?
A: A Logística Reversa está totalmente interligada com a sustentabilidade, é a
reengenharia, trazendo de volta os produtos produzidos durante anos para colocar
no mercado novamente, tendo uma relação direta através da diminuição do
desperdício de materiais que poderiam ser reciclados e que são destinados à
aterros, cerca de 40%, então estão totalmente relacionadas.
B: Estão totalmente interligadas, já que a Logística Reversa apresenta a
possibilidade para a empresa de um produto ser reutilizado várias vezes,
produzindo assim menos lixo e também na reciclagem ou na destinação correta dos
resíduos.
Nesse ponto os entrevistados estão totalmente de acordo, ambos concordam com a
importância da Logística Reversa para o desenvolvimento sustentável já que é fundamental
para o retorno dos produtos à empresa, para que os produtos sejam reutilizados, reciclados ou
para que seja dada a destinação correta dos resíduos.
Após entender os motivos que levaram a empresa a executar a Logística Reversa, seus
benefícios, seus desafios, sua relação com a sustentabilidade, resta conhecer os próximos
projetos da empresa e de que forma ela busca ampliar sua atuação com a Logística Reversa.
7- Quais os projetos que a Hidrominas Santa Maria está desenvolvendo ou
planeja para o futuro e que envolve a Logística Reversa em seus processos ?
A: O desenvolvimento de uma unidade de reciclagem em São José, onde iremos
reciclar os garrafões e as garrafas de vidro. Hoje a empresa vende os garrafões
com prazo de validade vencido e garrafas de vidro que não servem mais para uma
empresa de reciclagem, com a unidade de reciclagem vão incorporar esse processo
gerando assim mais receita para a organização.
A: Há também um aplicativo sendo desenvolvido em parceria com o Sindicato das
Reciclagens em que escolas, condomínios, restaurantes vão dizer a quantidade de
lixo que tem e de que é composto, dando assim uma ciência do potencial de lixo e
facilitando a questão da coleta e do retorno desses produtos para os fabricantes.
49
O centro de reciclagem vai proporcionar diversos benefícios para a organização,
possibilitando uma padronização, maior controle sobre os produtos, maior receita.
No caso do aplicativo podemos ver a importância da tecnologia e de sistemas de
informação para facilitar processos da organização. Com esse sistema será possível mapear
área de maior e menor produção de lixo, e se criar estratégias para deixar a coleta mais
eficiente e melhorar os resultados.
Podemos ver que a Logística Reversa passa a ser um fator estratégico para a empresa,
que busca desenvolver novos projetos ampliar sua atuação na área.
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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente trabalho conseguiu atingir o objetivo que era responder a pergunta: De que
forma a implantação da Logística Reversa contribui para a concretização dos objetivos
organizacionais? Através da identificação e compreensão de como está estruturada a Logística
Reversa da organização e seus impactos, e relacionando os resultados obtidos no estudo de
caso com a bibliografia pesquisada, chegou-se as seguintes conclusões:
A Logística Reversa na empresa Hidrominas Santa Maria, já se encontra em um
estágio bem desenvolvido e com os processos bem estruturados. A organização já executa o
processo logístico reverso há bastante tempo, pelo tipo de produto que oferece, como o
garrafão de água, contudo a empresa vai mais além e oferece outros produtos que necessitam
também desse processo, como a garrafa de vidro retornável, sendo a única na região, e que
ainda assim busca melhorar e desenvolver novos projetos para o futuro.
Para que possa maximizar seus resultados, a empresa estuda meios para ampliar a
Logística Reversa para outros produtos oferecidos.
A Hidrominas Santa Maria reconhece o valor gerado pela Logística Reversa sob
diversos aspectos, obtendo bons resultados fruto desse processo, como o valor financeiro
gerado ao fim da vida útil dos garrafões e garrafas de vidro, além dos ganhos econômicos
provenientes da reutilização das embalagens. A Logística Reversa também oferece um
diferencial competitivo, como no caso das garrafas de vidro, já que a empresa é a única na
região a oferecer esse produto graças ao fluxo reverso bem estruturado e eficaz.
A sustentabilidade está totalmente interligada com a Logística Reversa pelo fato da
mesma proporcionar o retorno dos produtos para a empresa, podendo assim serem
reutilizados, reciclados ou terem a destinação correta, diminuindo muito a quantidade de lixo
descartada no meio ambiente. Na empresa isso é notório com os garrafões que são reutilizados
entre 100 e 150 vezes, e depois são reciclados, como também nas garrafas de vidro, que hoje
já são quase 150 mil unidades em circulação, que substituem as garrafas PET que seriam
utilizadas somente uma vez.
A organização também consegue cumprir as obrigações legais impostas pela Política
Nacional de Resíduos Sólidos e pela Portaria 387/2008, encontrando-se assim em situação
adequada para operar.
Com isso, conclui-se que a Logística Reversa tem impactos tanto no ambiente interno
da organização quanto no ambiente externo e satisfaz os diversos objetivos que se propõe:
econômicos, legais, sociais e sustentáveis.
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Uma limitação do trabalho foi o fato de não termos a percepção dos clientes sobre o
tema, o que seria uma abordagem interessante pois apresentaria a Logística Reversa sob outra
ótica. Outra possibilidade interessante para trabalhos futuros seria uma análise quantitativa
dos impactos da Logística Reversa nas organizações, na questão de custos, receitas e impacto
ambiental.
Para fins de melhor visualização é interessante analisar o quadro abaixo onde estão
localizadas as perguntas e as variáveis de análise do estudo de caso.
Quadro 2- Questionário e unidades de análise
QUADRO RESUMO
Questões Unidade de Análise
Como está estruturado o fluxo
reverso ?
Coleta, triagem, lavagem, envase,
colocação tampa, lacre e rótulo,
carregamento e expedição. Destinado a
reciclagem.
Quais motivos levaram a empresa
trabalhar o fluxo reverso ?
Questão mercadológica, diferencial
competitivo, responsabilidade
socioambiental e sustentabilidade,
legislação e retorno econômico
Quais os principais benefícios da
Logística Reversa na organização
?
Retorno financeiro, diferencial
competitivo, conformidade com a lei
Quais os principais desafios para
se implementar a Logística
Reversa?
Falta de controle sobre o descarte do
consumidor e qualidade do produto que
retorna, falta de consciência ambiental e
de incentivo governamental
De que forma a Logística Reversa
se relaciona com a
sustentabilidade ?
Possibilita a reutilização, reciclagem e a
destinação correta de resíduos. Diminuição
na quantidade de lixo jogado no meio
ambiente.
Quais os projetos que a
Hidrominas Santa Maria está
desenvolvendo ou planeja para o
futuro e que envolve a Logística
Reversa em seus processos ?
Unidade de reciclagem e aplicativo para
coleta seletiva
Fonte: Dados da Entrevista. Elaborado pelo autor.
A Logística Reversa não é apenas o retorno do produto, é um conjunto significante de
variáveis relacionadas entre si. Como um conjunto de processos como coleta, triagem,
movimentação, processamento, reciclagem. Que podem gerar um retorno financeiro, um
diferencial competitivo, além de atuar em conformidade com a lei. Porém há uma série de
desafios a serem enfrentados, como a falta de controle sobre o ambiente externo (consumidor,
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qualidade do produto que retorna), além da falta de consciência ecológica e apoio
governamental. Mas que contribui para o combate de problemas socioambientais produzidos
pelo excesso de lixo, através da reutilização, reciclagem e destinação correta de resíduos.
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56
APENDICE A- INSTRUMENTO DE PESQUISA 1 – ROTEIRO DE ENTREVISTA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
CURSO DE ADMINISTRAÇÃO
ESTUDO DE CASO SOBRE A LOGÍSTICA REVERSA
Objetivo: Identificar as práticas e características que envolvem a Logística Reversa na
organização
Questões:
1. Tratando da Logística Reversa, quais são os produtos que vocês oferecem e que
envolve esse processo logístico reverso?
2. Como está estruturado fluxo reverso ?
3. Quando isso começou? Quais os motivos que influenciaram na decisão?
4. Quais os principais benefícios da Logística Reversa na sua organização?
5. Quais os principais desafios para se implementar a Logística Reversa?
6. De que forma a Logística Reversa está relacionada com a sustentabilidade ?
7. Quais os projetos que a Hidrominas Santa Maria está desenvolvendo ou planeja para
o futuro e que envolve a Logística Reversa em seus processos ?
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