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Trabalho de mapeamento
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TF 2015 – ÁREA XI
1
Mapeamento Geológico Final
Projeto Paraíso 2015
ANDRÉ LUIZ SILVA CAMPANHOLO
GUSTAVO ROSA DE ALMEIDA
TF 2015 – ÁREA XI
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Relatório do Trabalho do Mapeamento Geológico Final - 2015
Projeto Paraíso do Tocantins
Área XI
André Luiz Silva Campanholo
Gustavo Rosa de Almeida
Coordenador:
Prof. Dr. Elton Luiz Dantas
Orientadores:
Prof. Dr. Claudinei Gouveia de Oliveira
Prof. Dr. Elder Yokoyama
Profa. Dra. Lucieth Cruz Vieira
Profa. Dra. Natalia Hauser
Prof. Dr. Nilson Francisquini Botelho
Profa. Dra. Roberta Mary Vidotti
Prof. Dr. Valmir da Silva Souza
Banca Examinadora:
Prof. Dr. Elton Dantas
Profa. Dra. Julia Curto
Profa. Dra. Paola Barbosa
TF 2015 – ÁREA XI
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“O mundo não é um mar de rosas; é um lugar sujo, um lugar cruel, que não
quer saber o quanto você é durão. Vai botar você de joelhos e você vai ficar de
joelhos para sempre se deixar. Você, eu, ninguém vai bater tão forte quanto a
vida. O que importa é o quanto você consegue apanhar e seguir em frente, o
quanto você é capaz de aguentar e continuar tentando. É assim que se
consegue vencer ”
Rocky Balboa
TF 2015 – ÁREA XI
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Agradecimentos
André Luiz Campanholo: Gostaria de agradecer primeiramente à minha família,
a Braz e Ana Maria por terem me dado a vida, além da honra e da
responsabilidade de carregar seus sobrenomes. À Ana Beatriz, pelo exemplo
de dedicação, esforço, simplicidade e genialidade que me dá todos os dias. Ao
João Vítor, por todas as conversas e discussões encorajadoras a continuar
buscando e amando as verdades da natureza. Ao colega e irmão Gustavo
Rosa, por todo o trabalho duro compartilhado e por sua extrema paciência com
a minha falta dela. Aos colegas Marco Almeida e Luiz Claudio Daldegan, pelas
risadas e pelos tapas na cara mais importantes da minha vida. Ao amigo e
mestre Luiz D’el-Rey, por me ensinar a paciência, o cuidado e o carinho com o
que se faz. Carregarei para a vida toda a alegria e a empolgação de conseguir
ouvir a história contada por linhas e superfícies. Aos colegas da área XIII,
Guilherme Neiva e Samuel Oliveira, por fazer com que as viagens fossem mais
divertidas e cheias de novas dúvidas geológicas.
Gustavo Rosa: Primeiramente, agradeço à toda família pelo apoio em todas as
escalas que, sem ele, não teria realizado o sonho cursar geologia na UnB. A
todos círculos de amizade e a vivência que essa universidade propicia, assim
como àqueles compartilhados nos corredores do Instituto de Geociências
(segunda casa). Aos amigos que dividiram a república ao longo desses anos
de graduação. Aos amigos e professores do TF, que sanaram dúvidas e
auxiliaram em cada parte do trabalho. Ao parceiro de TF, André, pela paciência
e pelos dias compartilhados no calor de Tocantins e nas madrugadas de
trabalho.
Agradecemos aos professores Elton Dantas, Claudinei Gouveia, Elder
Yokoyama, Natalia Hauser, Lucieth Cruz, Nilson Botelho e Valmir da Silva por
todo o auxílio durante as etapas deste trabalho. Agradecemos também aos
funcionários do Instututos de Geociências por todos esses anos, aos motoristas
Mendes, Serjão, Seu Amadeu, Péricles, Luiz e em especial ao Senhor Zilberto,
que enfrentou dificuldades perceptíveis durante o TF, mas ainda assim
mantinha o sorriso no rosto e as brincadeiras na ponta da língua.
TF 2015 – ÁREA XI
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Sumário
1. Introdução ............................................................................................................................. 7
1.1 Apresentação ................................................................................................................ 7
1.2 Justificativa .................................................................................................................... 8
1.3 Objetivos ....................................................................................................................... 9
1.4 Localização e vias de acesso .......................................................................................... 9
1.5 Metodologia .................................................................................................................... 11
1.5.1 Etapa pré-campo ..................................................................................................... 11
1.5.2 Período de campo ..................................................................................................... 11
1.5.3 Etapa pós-campo ....................................................................................................... 12
1.6 Aspectos fisiográficos .................................................................................................. 12
1.6.1 Clima ........................................................................................................................... 12
1.6.2 Geomorfologia .................................................................................................... 13
1.7 Hidrografia................................................................................................................... 16
1.8 Vegetação .................................................................................................................... 17
2. Geologia Regional .................................................................................................................... 20
2.1 Contexto Geotectônico ..................................................................................................... 20
2.2 Unidades Litoestratigráficas .............................................................................................. 24
2.2.1 Embasamento do Cinturão Araguaia ......................................................................... 24
2.2.2 Segmento Setentrional ............................................................................................... 25
2.2.3 Segmento Meridional ................................................................................................. 26
2.2.4 Supergrupo Baixo Araguaia ........................................................................................ 31
2.2.5 Bacia do Parnaíba ....................................................................................................... 32
2.2.6 Complexos Ofiolíticos ................................................................................................. 36
3. Geotecnologias ........................................................................................................................ 39
3.1 Introdução ......................................................................................................................... 39
3.2 World Imagery ................................................................................................................... 39
3.3 LANDSAT-8 ........................................................................................................................ 40
3.4 SRTM ................................................................................................................................. 41
3.5 Google Earth Pro ............................................................................................................... 42
3.6 Geofísica ............................................................................................................................ 43
3.6.1 Métodos Geofísicos .................................................................................................... 43
3.6.2Processamento de dados ............................................................................................ 44
3.6.3 Interpretações ............................................................................................................ 46
TF 2015 – ÁREA XI
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4. Geologia Local ......................................................................................................................... 50
4.1 Geologia do Projeto..................................................................................................... 50
4.1.1 Unidades Litológicas ............................................................................................ 50
4.2 Geologia Local ................................................................................................................... 58
4.2.1 Complexo Rio dos Mangues ....................................................................................... 58
4.2.2 Granito Serrote ........................................................................................................... 75
4.2.3 Grupo Tocantins ......................................................................................................... 79
4.2.4 Diques Máficos ........................................................................................................... 88
4.2 Metamorfismo ............................................................................................................ 91
5. Geologia Estrutural .................................................................................................................. 92
5.1 Introdução ......................................................................................................................... 92
5.2 Eventos de Deformação .................................................................................................... 95
5.2.1 Fase de Deformação D3 .............................................................................................. 97
5.2.2 Fase de Deformação D4 .............................................................................................. 98
5.2.3 Fase de Deformação D5 ............................................................................................ 102
6. Geologia Econômica .......................................................................................................... 106
6.1 Ocorrências Minerais Regionais ..................................................................................... 106
6.2 Ocorrências Minerais Locais ........................................................................................... 111
6.2.1 Complexo Rio dos Mangues ..................................................................................... 111
6.2.2 Granito Serrote ......................................................................................................... 113
6.2.3 Sequência Metavulcanossedimentar Rio dos Cocos ................................................ 114
6.2.4 Formação Pequizeiro ................................................................................................ 117
6.2.5 Diques Máficos ......................................................................................................... 117
7. Evolução Tectônica ............................................................................................................ 118
8. Discussões e Conclusões ................................................................................................... 121
8.1. Discussões e Conclusões ........................................................................................... 121
8.2. Mudanças cartográficas ............................................................................................ 121
8.3. Estratigrafia ........................................................................................................... 124
8.4. Sequência Vulcanossedimentar Rio do Coco ........................................................ 126
9. Bibliografia ........................................................................................................................ 130
10. Anexos ........................................................................................................................... 135
. Mapa Geológico Final Projeto Paraíso ................................................................................ 135
. Mapa Estrutural Projeto Paraíso ......................................................................................... 135
. Mapa Geológico Final Área XI ............................................................................................. 135
TF 2015 – ÁREA XI
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1. Introdução
1.1 Apresentação
TF 2015 – ÁREA XI
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O Trabalho de Mapeamento Geológico Final de 2015 da Universidade de
Brasília teve início em março do mesmo ano com uma área compreendida nos
entornos do município de Paraíso do Tocantins -TO.
O Projeto contou com a orientação de professores doutores do quadro do
Instituto de Geociências (IG) sendo eles: Elton Luiz Dantas, Claudinei Gouveia,
Lucieth Cruz Vieira, Roberta Vidotti, Natália Hauser, Elder Yokoyama, Valmir da
Silva Souza e Nilson Botelho, além da ajuda de outros funcionários do IG.
Foram realizados, primeiramente, o sorteio das 18 áreas (Fig.1.1)- com
dezessete duplas e um trio – totalizando 2.337 km², seguido das interpretações
dos diversos tipos de imagens de satélite e do processamento e interpretação
de dados de geofísica aérea. As atividades de campo foram realizadas entre os
dias 7 a 22 de julho.
Figura 1.1 – Disposição das subáreas do Projeto Paraíso de Tocantins.
1.2 Justificativa
A região norte do Brasil é dentre as cinco regiões, a que possui a história
mais recente de ocupação do território nacional , além disso, sua maior parte é
de difícil acesso o que acaba dificultando trabalhos de mapeamento geológico.
TF 2015 – ÁREA XI
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No entanto, apesar da escolha da área ter sido numa região onde predomina-se
pastagem artificial ou cerrado senso strictu (fácil acesso), trata-se do primeiro
mapeamento em escala de semi-detalhe (1:50.000) e de domínio público na
porção central do Estado do Tocantins.
O único trabalho de mapeamento geológico realizado anteriormente na
região foi na escala de 1:250.000 pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM).
Assim, este projeto, além de agregar experiência para os formandos em
geologia, irá refinar o conhecimento geológico-prospectivo e evolução tectônica
da Faixa Araguaia, assim como os limites da porção sudoeste da Bacia do
Parnaíba.
1.3 Objetivos
Realizado anualmente, o trabalho de mapeamento geológico final consiste
em etapas pré-campo, onde se realizam o processamento e a interpretação de
dados de geofísica aérea, a análise de imagens de sensores remotos e a
elaboração de mapas-base. Em seguida, será realizada a etapa de campo para
coleta de dados e então fazer a caracterização petrográfica e estrutural e por fim,
o levantamento sobre a gênese e evolução geológica.
Tais procedimentos permitem simular como se deve fazer um
mapeamento geológico, além de possibilitar ao estudante aplicar na prática todo
conhecimento adquirido ao longo da graduação.
O “Projeto Paraíso” objetiva contribuir com o conhecimento da geologia
da porção central do Estado de Tocantins, até então pouco detalhada, gerando
informações para o melhor entendimento da evolução da Faixa de Dobramentos
Araguaia.
1.4 Localização e vias de acesso
A cidade de Paraíso do Tocantins, sede da equipe do Projeto, encontra-
se a 75 km a oeste de Palmas e a 770 km de Brasília. O deslocamento do Distrito
TF 2015 – ÁREA XI
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Federal para a sede do Projeto se dá, primeiramente, pela BR-080 até o
município de Uruaçu-GO e por seguinte pela BR-153. Sendo o caminho de
Palmas-TO até a cidade de Paraíso do Tocantins unido pela rodovial estadual
TO-080 (Figura 1.2).
Figura 1.2: (A) Localização do estado de Tocantins no Brasil; (B) localização da área no estado de Tocantins; (C) localização da subárea XI e (D) vias de acesso à sede do Projeto Paraíso e as principais cidades de referencia.
Para acessar a subárea XI (presente relatório) existem três alternativas,
sendo elas - para alcançar o oeste da subárea utiliza-se a BR-153 até o povoado
de Pugmil, onde segue-se para o município de Pium-TO pela TO-354 e por fim,
as rodovias estaduais TO-164 e TO-447, ambas não pavimentadas. Já para
acessar a porção central e leste da subárea utiliza-se uma estrada não
pavimentada que liga o povoado de Campo Maior (situado entre o município de
Pium e o povoado de Pugmil) até a cidade sede do Projeto. A partir dessa última,
ramifica-se para outras estradas e caminhos da subárea.
TF 2015 – ÁREA XI
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1.5 Metodologia
O Trabalho de Mapeamento Geológico Final de 2015 (Projeto Paraíso do
Tocantins) teve suas etapas de trabalho divididas em três períodos distintos ao
longo do ano, compreendendo período pré-campo, campo e pós-campo.
1.5.1 Etapa pré-campo
Etapa dividida ao longo do primeiro semestre de 2015, engloba desde o
processamento das imagens de geofísica (Aerogamaespectrometria e
Aeromagnetometria em escala 1:100.000), revisão bibliográfica, pré-
interpretação das imagens de sensoriamento remoto e geofísica aérea e a
construção de mapa base preliminar.
Nessa fase inical do Projeto, com duração de março até o começo julho de
2015, se deu o agrupamento de conhecimentos geológicos da área
(caracterização de litologias e estruturas regionais) identificadas com a ajuda da
Folha Porto Nacional (CPRM) em escala 1:250.000, produzido pela Companhia
de Pesquisa de Recursos Minerais –CPRM.
O reconhecimento geológico prévio das unidades e domínios regionais foi
adquirido através da revisão bibliográfica.
Para a elaboração do mapa base preliminar contou-se com a ajuda de
Softwares como Google Earth, ArcGis 10.3 e imagens de sensor remoto para a
identificação de vias de acesso, drenagens e localidades com o intutito de
facilitar o deslocamento e a orientação em campo, além da fotointerpretação.
1.5.2 Período de campo
O produto final obtido pelos dados de campo consiste em um mapa
geológico , que abrange as litotipos encontradas em campo e estruturas
observadas por cada subárea do Projeto, de modo a esclarecer as relações entre
as unidades mapeadas em campo em conjunto com os dados obtidos pela
CPRM.
TF 2015 – ÁREA XI
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O reconhecimento geológico de cada subárea (escala de 1:50.000)
ocorreu no período de 07 a 23 de julho de 2015. Esta etapa abrange a coleta de
amostras de rochas e solos para posterior análise petrográfica e de difratometria
de Raio-X, além de elementos estruturais tais como: Foliações, dobras,
lineações, falhas, fraturas e indicadores cinemáticos. Para realização dos
trabalhos de campo eram utilizados para transporte as camionetas e ônibus do
Instituto de Geociências da Universidade de Brasília e ora o acompanhamento e
auxílio dos professores participantes do Projeto.
1.5.3 Etapa pós-campo
O período pós-campo é realizado durante o segundo semestre de 2015
(agosto a dezembro), sendo que ao longo desse período serão feitas análises
petrográficas, de difratometria de Raio-X e re-avaliação da interpretação de
geofísica aérea a partir da correlação com os dados coletados em campo e
análises estruturais dos estereogramas obtidos a partir das medidas obtidas em
campo.
1.6 Aspectos fisiográficos
1.6.1 Clima
Abordaremos o clima com referência aos dados do município de Pium, pela
maior proximidade da subárea em questão. Segundo a classificação de Köppen
e Geiger de 1957 (baseado no pressuposto de que a vegetação natural de cada
grande região da Terra é essencialmente uma expressão do clima nela
prevalecente) a região se enquadra no tipo climático Aw, ou seja, clima tropical
com estação seca de inverno.
Apresenta temperatura média e pluviosidade média anual de 26,7 °C e
1.960 mm, respectivamente. O mês de julho é o mês mais seco com precipitação
referente a 5 mm, sendo Dezembro o de maior precipitação, apresentando média
de 338 mm (Fig. 1.3).
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Fig. 1.3: Gráfico climático do município de Pium referente ao ano de 2014. A linha vermelha mostra a variação da temperatura e as barras azuis os valores de pluviosidade de cada mês (Fonte: pt.climate-data.org).
1.6.2 Geomorfologia
Os processos de intemperismo e erosão que levaram a formação do relevo
na área do Projeto esculpiram de forma distinta cada Unidade Geomorfológica.
Assim, é possível individualizar 4 grandes Unidades que apresentam formas
semelhantes de relevo : Aquela representada pelas rochas metassedimentares
da Faixa de Dobramentos Araguaia, a Unidade Geomorfológica das rochas
gnáissicas do Complexo Rio dos Mangues, a das rochas sedimentares da Bacia
do Parnaíba e a Unidade destacada pelos diferentes corpos graníticos da região
(Fig. 1.4)
TF 2015 – ÁREA XI
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Figura 1.4: Imagem Landsat Google Earth, mostrando diferentes domínios geomorfológicos interpretados
.
Unidade Geomorfológica da Faixa Araguaia (Domínio 1)
É representada por superfícies de pediplanação com modelados
dissecados e está localizada nas subáreas à oeste do Projeto. Essa porção é
constituída por xistos das Formações Pequizeiro e Xambioá da Faixa de
Dobramentos Araguaia. Apresenta pediplanos ou colinas na cota de
aproximadamente 300 m, os quais são sustentados por crostas lateríticas com
espessuras de até 3 m e/ou veios de quartzo de espessura métrica (Figura 1.5).
TF 2015 – ÁREA XI
15
Fig.1.5: Foto com visada para oeste mostrando os pediplanos dissecados da Unidade Geomorfológica da Faixa Araguaia, Formação Pequizeiro
Unidade Geomorfológica do Complexo Rio dos Mangues (Domínio 2)
Também é caracterizada por superfícies de pediplanação , porém
menos dissecadas. Localiza-se na porção central do polígono do Projeto, sendo
a Unidade Geomorfológica de maior representatividade areal. É representada
por gnaisses e xistos do Complexo Rio dos Mangues, onde pediplanos estão em
geral numa cota média de 320 m (com capeamento laterítico) e também ocorre
de forma ocasional alguns morrotes representados por gnaisses graníticos ou
rochas paraderivadas - mais resistentes a erosão.
Unidade Geomorfológica da Bacia do Parnaíba (Domínio 3)
A Bacia do Parnaíba ocorre de forma restrita no extremo nordeste do
polígono do Projeto Paraíso do Tocantins. Comporta-se como uma superfície de
aplanamento parcialmente conservada com cotas de até 600 m.
Unidade Geomorfológica dos Corpos Graníticos (Domínio 4)
Essa Unidade Geomorfológica se restringe a domínios
geomorfológicos em feições do tipo Pão-de-Açúcar de dimensões variadas que
TF 2015 – ÁREA XI
16
se destacam do relevo predominante da região por apresentarem cotas que
variam de 400 a 600 m. É representada por corpos graníticos como o Granito
Serrote (de maior altitude e expressão areal, mostrado na Figura 1.6) e o Granito
Santa Luzia.
Fig. 1.6 – Foto tirada de cima da Serra do Estrondo mostrando a dimensão do Granito Serrote, porção central da área do Projeto.
1.7 Hidrografia
Os rios, ribeirões e outros pequenos afluentes que drenam a área do
Projeto estão situados na grande Região Hidrográfica do Tocantins-Araguaia.
Abrangendo os estados de Goiás (21%), Tocantins (30%), Pará (30%),
Maranhão (4%), Mato Grosso (15%) e o Distrito Federal (0,1%), essa Região
Hidrográfica possui uma área de 918.822 km² e possui uma configuração
alinhada no sentido norte-sul, sendo essa, a mesma direção que predominam os
rios que dão o nome a essa grande Região Hidrográfica (Fonte: Agência
Nacional das Águas). O mapa abaixo representa as bacias hidrográficos do
Estado do Tocantins (Fig. 1.7)
TF 2015 – ÁREA XI
17
Fig. 1.7 - Bacias hidrográficos do Estado do Tocantins.
Os principais rios e ribeirões que drenam a área do Trabalho de
Mapeamento Geológico Final são : Rio dos Mangues, Rio do Coco, Rio Pium,
Ribeirão São José, Ribeirão Coquinho, Ribeirão Campeiro e Ribeirão
Gameleira..
1.8 Vegetação
Apesar da maior porcentagem da vegetação nativa ter sido substituída
por pastagem artificial, ainda ocorre na área do Projeto os mais diversos tipos de
fitofisionomias do bioma cerrado, que variam de acordo com o substrato e a
posição no relevo.
No centro-oeste da subárea XI, onde ocorrem as rochas
metassedimentares das Formações Pequizeiro e Xambioá, encontra-se o
cerrado sentido restrito no topo dos pediplanos – variando desde denso, típico,
ralo – sendo que nos pedimentos observa-se geralmente a ocorrência de
formações campestres, como campo sujo e limpo.
Já no substrato derivado das rochas gnáissicas de composição variada
do Complexo Rio dos Mangues, observa-se desde campos sujos a cerrado
TF 2015 – ÁREA XI
18
senso restrito (no domínio dos gnaisses de composição granítica e quando nos
altos de porções acima da cota de 320m), além de formações florestais como
cerradão e mata secas, em que o substrato é composto por solos derivados de
rochas máficas ou calcissilicáticas (Fig. 1.8).
Figura 1.8– Foto com visada de sul para norte tirada da porção centro-leste da subárea XI, no domínio do Complexo Rio dos Mangues . Note a variação dos tipos de fitofisionomias encontrada nessa porção.
Nos locais de ocorrência das rochas graníticas (como no Granito
Serrote situado no extremo leste da subárea) encontra-se comunidade
herbáceo-arbustiva do tipo campo rupestre que ocorre em meio a afloramentos
rochosos (Fig. 1.9).
Figura 1.9 – Vegetação típica encontrada em meio aos matacões do Granito Serrote.
TF 2015 – ÁREA XI
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As matas de galeria são encontradas relacionadas aos menores cursos
d’água e se distribuem por toda área. Já as matas ciliares ocorrem associadas
as drenagens perenes, como o Rio Pium.
TF 2015 – ÁREA XI
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2. Geologia Regional
2.1 Contexto Geotectônico
A área de estudo faz parte da Província Tocantins que está situada entre
os crátons Amazônico (oeste), São Francisco (leste) e Paranapanema (sul). É
resultado do choque entre as massas continentais durante o ciclo Brasiliano na
formação do supercontinente Gondwana. O evento é responsável pela geração
das faixas de dobramento Paraguai, Araguaia e Brasília, parcialmente cobertas
por depósitos fanerozóicos das bacias do Paraná e do Parnaíba.
Figura 2.1: O supercontinente Gondwana num mosaico dos fragmentos continentais que colidiram durante o neo-proterozóico (Valeriano et al., 2012; adaptado de Unrug, 1996).
São reconhecidas 3 regiões estruturais distintas na província: a Faixa
Brasília, a Faixa Paraguai e a Faixa Araguaia. Almeida (1980) dividiu
anteriormente a faixa em: Maciço de Goiás, Faixas de Dobramento Uruaçu e
Brasília e Faixas de Dobramento Araguia-Paraguai. Porém, o próprio Almeida
(1985) reconheceu a falta de continuidade entre as faixas, as quais passaram a
ser estudadas como unidades geotectônicas distintas.
TF 2015 – ÁREA XI
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A Faixa de Dobramentos Araguaia (Almeida et al, 1976) constitui uma
unidade geotectônica situada no Brasil central, nos estados de Tocantins, Pará
e Maranhão. Possui 1200 km de extensão e cerca de 100 km de largura, com
direção principal NS, fruto da justaposição das unidades litoestratigráficas
(Pierin, 2011). Perfaz o braço norte da Província Tocantins e geologicamente é
limitada a leste pela Bacia do Parnaíba, a sul pelo Lineamento Transbrasiliano e
a oeste pelo Cráton Amazônico (Almeida & Hasui, 1984). A origem e evolução
da Faixa Araguaia está relacionada aos processos colisionais entre os Crátons
Amazônico e São Francisco, correspondente às orogêneses Brasiliano/Pan-
Africano de idade neoproterozóica (Strieder & Suita, 1999).
A evolução do Cinturão Araguaia primeiramente remete ao Arqueano,
com a formação do Complexo Colméia e do Greenstone Belt Rio do coco (Hasui,
2012). O Ciclo Transbrasiliano foi o gerador do Complexo Rio dos Mangues e
dos enclaves de alto grau do Complexo Porto Nacional, assim como as intrusões
máficas-ultramáficas do Carreira Comprida (Alvarenga et al, 2000).
Moura & Gaudette (1993) descrevem o embasamento da Faixa Araguaia
como sendo formado por ortognaisses com assinatura TTG do Complexo
Colméia, datados em 2,86 Ga, e por sequências metavulcanosedimentares do
Complexo Rio do Coco, o qual tem sido interpretado como um remanescente de
um greenstone belt arqueano (Barreira & Dardenne 1981). Ao norte são
encontradas rochas ultramáficas das sequências Serra do Tapa e Quatipuru
(Paixão & Nilson 2001). Há também gnaisses tonalíticos e cálcio-silicáticos
agrupados no Grupo Rio dos Mangues e datados em 2.1 a 2.0Ga, e o granito
Serrote com idade aproximada de 1.8Ga Alvarenga et al. (2000) citam Moura &
Gaudette (1999) que descrevem como gnaisse Cantão, de 1,85 Ga, também
pertencente ao embasamento da faixa. Moura & Gaudette (1993) descrevem
rochas intrusivas, hoje gnaissificadas, de nefelina sienito de Monte Santo e Serra
da Estrela. Estas unidades foram datadas em 1,0 Ga e estão dispostas
perpendicularmente aos Complexos Colméia e Rio dos Mangues. Sobrejacente
ao embasamento encontra-se o Grupo Estrondo, composto pelas Formações
Morro do Campo, na base, e Xambioá no topo. Herz et al. (1989) ainda inserem
a Formação Canto da Vazante no grupo citado. O Grupo Tocantins é interpretado
como unidade estratigráfica superior, composto pelas Formações Pequizeiro, na
TF 2015 – ÁREA XI
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base, e Couto Magalhães no topo. Os Grupos Tocantins e Estrondo estão
reunidos no Supergrupo Baixo Araguaia, conforme Abreu (1978). Zircões
detríticos de quartzitos do Grupo Tocantins têm idades na faixa entre o Arqueano
e tardi-Mesoproterozóico (Moura et al., 2008). Araújo (2001) e Schobbenhaus
Filho (1975), após mapeamentos das folhas Conceição do Araguaia e
Araguaína, pela CPRM, sugerem uma reestruturação do Grupo Estrondo,
subdividindo-o em: formações Morro do Campo, Xambioá e Pequizeiro. O Grupo
Tocantins ficaria limitado, nestas áreas, à Formação Couto Magalhães. Para os
autores não se constatou a passagem gradual entre as formações Pequizeiro e
Couto Magalhães, de forma a sugerirem o abandono do termo Supergrupo Baixo
Araguaia (Pierin, 2011).
TF 2015 – ÁREA XI
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Figura 2.2: Mapa simplificado de parte da Província Tocantins enfatizando os domínios lito-estruturais da Faixa Brasília, as faixas Araguaia, Brasília e Paraguai, os cratons Amazônico e São Francisco, e as bacias fanerozóicas do Paraná e Parnaiba (baseado em Marini et al., 1984; Fuck et al., 1994, 2006; Dardenne, 2000).
A história deformacional inclui 4 fases de deformação dentro da sequência
supracrustal: dobras recumbentes com vergência para oeste; redobramento com
trend N-S; intenso episódio de crenulação; e empurrões tardios de leste para
oeste. O metamorfismo é de grau intermediário a intermediário-alto com
isógradas da granada, clorita e sericita sucedidas por uma zona de baixo a
nenhum metamorfismo, de leste para oeste.
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Figura 2.3: Localização da Faixa Araguaia em contato com o Cráton Amazônico e com a Bacia do Parnaíba, além das Faixas Brasília, Araçuaí e Ribeira (Valeriano et al., 2012).
Corpos ultramáficos serpentinizados são comumente associados ao
Grupo Tocantins, sendo considerados: ou intrusivos em metassedimentos
antigos (Hasui et al., 1984), ou corpos imbricados tectonicamente em
metassedimentos como uma parte de um Complexo Ofiolítico desmembrado
(Moura et al. 2008; Paixão et al., 2008). Datações de zircões associados a corpos
gabróicos apresentam idades de 817±5 Ma (Gorayeb et al., 2004 em Moura et
al., 2008) similarmente a idades de 757±49 Ma provenientes de datações Sm-
Nd de rocha total realizadas em diques máficos do Complexo Quatipuru (Paixão
et al., 2008).
2.2 Unidades Litoestratigráficas
2.2.1 Embasamento do Cinturão Araguaia
As rochas pertencentes ao embasamento do Cinturão Araguaia e algumas
de suas unidades supracrustais vem sendo investigadas desde meados da
TF 2015 – ÁREA XI
25
década de 1990 (Souza & Moura 1996, Arcanjo & Moura 2000, Arcanjo et. al
2001). O embasamento é composto por um segmento norte e outro sul.
2.2.2 Segmento Setentrional
Estudos realizados em ortognaisses do interior de estruturas dômicas
mostraram que o embasamento do Cinturão Araguaia, na sua parte setentrional,
é arqueano (2,85 Ga) e Paleoproterozóico (1,85 Ga), (Moura & Gaudette,1993).
Nessa porção, especificamente mais a leste, rochas gnáissicas consideradas
como representantes do embasamento, foram reunidas em duas unidades
litoestratigráficas distintas: Complexo Colmeia e Gnaisse Cantão (Costa 1980,
Souza et al. 1985, Dall'Agnol et al. 1988). A primeira reúne ortognaisses de idade
arqueana (2,85 Ga) e compreende majoritariamente gnaisses trondhjemíticos e,
em menor proporção, gnaisses tonalíticos e granodioríticos (TTG), com raros
anfibolitos. O Gnaisse Cantão, constituído por ortognaisses graníticos, intrude o
Complexo Colmeia e seu protólito foi formado no Paleoproterozóico(~ 1,85
Ga)(Moura & Gaudette 1993). A porção norte do Cinturão Araguaia foi
considerada por Moura & Gaudette(1994) como uma extensão do Cráton
Amazônico , em função da similaridade geocronológica e composicional entre
esses ortognaisses e os granitóides arqueanos e proterozóicos da parte sudeste
da Amazônia oriental.
Complexo Colméia
Litologicamente é composta de gnaisses e granitoides migmatizados, além
de biotita xistos feldspáticos, quartzitos micáceos intercalados a anfibolitos
associados. Os gnaisses apresentam granualção grosseira e são compostos
essencialmente de quartzo, plagioclásio, biotita e microclinio, geralmente
apresentando textura lepidoblástica e em menor proporção granoblástica.
Petrograficamente pode ser caracterizado como um biotita gnaisse.
Os granitoides são compostos essencialmente de quartzo, plagioclásio,
biotita, microclino e muscovita. Nessas rochas ocorre uma foliação penetrativa
desenvolvida na direção leste-oeste, formada pela orientação preferencial de
biotita e muscovita.
TF 2015 – ÁREA XI
26
Os anfibolitos aparecem na forma de corpos lenticulares em meio aos
gnaisses e granitoides, sendo compostos por hornblenda, diopsídeo,
plagioclásio e quartzo. Biotita-quartzo xistos feldspáticos e lentes de quartzito
micáceos aparecem , por vezes, intercalados aos gnaisses.
Na região de Colméia-TO, os gnaisses e granitóides foram gerados num ciclo
mais antigo do que as rochas metassedimentares sobrejacentes por
apresentarem um comportamento geométrico distinto marcado por uma
discordância estrutural (Costa, 1980).
Gnaisse Cantão
Conforme Souza et al. (1984) existe uma discordância estrutural entre o
Gnaisse Cantão e o Complexo Colméia, a qual é evidenciada pela existência de
foliações e de duas gerações de dobras de direções E-W no Complexo Colméia,
ausentes no Gnaisse Cantão, cujas estruturas são de igual forma submeridianas.
Apresenta xistosidade orientada submeridianamente, ora para nordeste, ora
para sudeste.
Com base na composição mineralógica, o Gnaisse Cantão foi dividido em
dois grandes grupos de rochas. O primeiro deles é granodiorítico e rico em
máficos, encontrando-se perto dos contatos com a Formação Morro do Campo
e o Complexo Colméia. O segundo grupo, mais distribuído na área, faz contato
com a Formação Morro do Campo, e localmente com a Formação Xambioá e
com o Complexo Colméia. Foi classificado como biotita gnaisses
monzograníticos, biotita-muscovita gnaisses monzograníticos e em menor
ocorrência, gnaisses sienograníticos (Souza, 1985).
2.2.3 Segmento Meridional
Na porção sul do Cinturão as rochas do embasamento possuem uma área
de afloramento significativamente maior, fazendo contato tectônico a leste com
as sequências de alto grau metamórfico do Maciço de Goiás (Hasui et al. 1984a).
TF 2015 – ÁREA XI
27
Os levantamentos geológicos realizados no embasamento dessa porção
permitiram o reconhecimento de pelo menos cinco unidades litoestratigráficas
distintas. Essas sequências foram consideradas inicialmente por como sendo de
idade arqueana (Costa et. al 1983, Hasui et al 1984, Costa 1985, Hasui & Costa
1990 e Abreu et. al 1994) e, pelo menos em parte, correlacionáveis às rochas
arqueanas do segmento norte do cinturão, com base em dados estruturais e
litológicos (Costa et al. 1983, Hasui et al. 1984a,b). Porém a extensão dessas
sequências para a porção sul do embasamento do Cinturão Araguaia não é
validada segundo dados geocronológicos obtidos por Arcanjo,2000.
Assim, o Complexo Colméia que, inicialmente se estendia para sul do
embasamento do Cinturão Araguaia ( Costa et al, 1983 e Hasui et. al 1984), teve
sua área reduzida, onde no seu lugar (onde agora são agrupados gnaisses
calcissilicáticos e ortognaisses de composição tonalítica e granodioríticos de
cerca de 2,1 Ga) foi agrupado o Complexo Rio dos Mangues.
Na região central do estado do Tocantins, que compreende parte da
segmento meridional do Cinturão Araguaia, Arcanjo et.al (2000) agrupou cinco
unidades do embasamento. São elas:
Grupo Rio do Coco
Formado por um núcleo arqueano restrito de 2,6 Ga (Arcanjo, 2002), é
caracterizado como uma sequência metavulcano-sedimentar do tipo greenstone
belt (Barreira & Dardenne, 1981) composto pelas unidades basal e uma superior.
A primeira é caracterizada por sedimentos pelíticos e químicos e intercalações
de xistos magnesianos; a superior apresenta xistos feldspáticos e rochas
máficas. Compreende também rochas komatiíticas, intercaladas com
sedimentos químicos e pelíticos, assentadas sobre um embasamento siálico que
é intrudido por álcali-feldspato granitos (Costa et al. 1983). Entre os metapelitos
se destacam quartzo-mica xistos com ou sem granada de coloração cinza
escura, constituídos por quartzo, biotita, moscovita, plagioclásio, granada,
epidoto, clorita, calcita, turmalina e opacos. Rochas metabásicas foram datadas
por Arcanjo et al. (2000), na localidade de Monte Santo e podem ser
correlacionadas à unidade superior da sequência estratigráfica, proposta por
Barreira & Dardene (1981).
TF 2015 – ÁREA XI
28
Complexo Rio dos Mangues
O Complexo Rio dos Mangues (CRM) é composto por uma faixa estendida
de direção NW-SE e ocorre inicialmente nas proximidades da vila de Monte
Santo, onde bifurca para NE, na altura do povoado Pugmil, seguindo para sul
até a região de Gurupi-TO. É formado por gnaisses tonalíticos a granodioríticos
associados (Souza, 1996), granada biotita paragnaisses, ortoquartzitos e
granito-gnaisses com anfibolitos subordinados (Costa et al.1983).
Todas essas rochas, em diferentes graus, estão migmatizadas onde veios
pegmatíticos são restritos, concordantes com a foliação milonítica que, embora
variando localmente, mostra regionalmente uma feição de orientação NNE e NE
com mergulhos médios dominantemente para leste. A migmatização e a
milonitização podem ser compreendidas como processos sincrônicos que
ocorreram em episódios de mobilização em ambiente caracterizado por fluxo
plástico.
Os gnaisses tonalíticos descritos por Costa et al. (1983) nas proximidades de
Porto Nacional, estão contextualizados no CRM e não correspondem ao Grupo
Rio do Coco conforme supunham anteriormente.
Granito Serrote
O Granito Serrote ocorre intrudido no Complexo Rio dos Mangues, nas
adjacências a NNE-SSW do povoado de Pugmil-TO, porção centro-norte do
CRM, está alojado um corpo elíptico com eixo maior (19 km) e o eixo maior
alcança 14km (Costa,1985) . São plútons com tramas augen-porfiroides e
miloníticas representados por microclínio granitos e leucogranitos potássicos
(Gorayeb 1996). O corpo apresenta foliação incipiente, que se torna mais
evidente e com características anastomosadas em suas bordas (Souza 1996). É
constituído essencialmente por rochas de granulação grossa, de coloração rósea
a cinza claro. Texturalmente são caracterizados por ocelos e barras de quartzo
e plagioclásio, envolvidos por agregados de grãos com contatos poligonais de
quartzo e por cristais de biotita, hornblenda e muscovita (Costa, 1985). O Granito
TF 2015 – ÁREA XI
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Serrote (1,86 Ga) e corpos restritos de natureza tonalítica e granítica (1,85 – 1,82
Ga), resultantes da fusão parcial de compartimentos crustais com colisões,
cavalgamentos e imbricações tectônicas, associados ao fechamento de
domínios oceânicos e a um evento metamórfico regional que atingiu condições
de alto grau há 2,1 Ga (Arcanjo,2013).
Suítes Alcalinas
Gnaisses alcalinos, representados pelos corpos de nefelina-sienito-
gnaisses da Serra da Estrela e de Monte Santo foram reunidos na Suíte Monte
Santo. O primeiro intrude o Complexo Rio dos Mangues, enquanto o segundo
aflora entre os metassedimentos do Supergrupo Baixo Araguaia. (Costa, 1983 ;
Arcanjo e Moura, 2000).
Estas rochas ocorrem sob a forma de lentes inclinadas para sudeste,
configurando na interpretação de Costa (1985) um aleitamento tectônico. Entre
os litotipos estão nefelinólitos, nefelina sienitos, sienitos com nefelina e álcali-
sienitos, retrabalhados por metamorfismo e metassomatismo (Iwanuch 1991).
Os gnaisses sieníticos, às proximidades da Vila de Monte Santo são
mesocráticos com coloração rosa predominante e variações para cinza.
Apresentam granulação média a grossa e são compostos por plagioclásio (15%),
microclíneo (55%), quartzo (2%), moscovita (5%), biotita (20%), além de opacos,
zircão e epídoto. A textura é grano-lepidoblástica com orientação de agregados
quartzo-feldspáticos e bandas milimétricas de biotita. A orientação geral da
foliação milonítica é NE-SW e mergulhos baixos da lineação de estiramento para
SSW.
O gnaisse sienítico associado ao corpo de nefelina gnaisse da Serra da
Estrela é caracterizado por uma coloração rosa predominante, destacando-se
cristais orientados de feldspato que se intercalam com leitos acinzentados
constituídos de minerais máficos. Mineralogicamente é constituído por cristais
de albita, microclínio, titanita, aegirina-augita, biotita e opacos automorfos
(magnetita).
As rochas alcalinas das Suítes Monte Santo (1,05 Ga) e Serra da Estrela
(1,01 Ga) são correlacionáveis e seus protólitos foram gerados durante o
Mesoproterozóico de ~ 1.6 Ga( Arcanjo, 2013) . A Suíte Monte Santo pela sua
TF 2015 – ÁREA XI
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natureza, idade e vinculação com a formação de bacias tafrogênicas é
considerada reflexo da fragmentação do Supercontinente Rodínia, na região
central do Brasil (Brito Neves et al. 1999) e aponta o “emplacement” na fase
precoce da fissão do supercontinente, durante o Toniano.
Granito Matança
O Granito Matança (Costa et al. 1984) sustenta parte da Serra das
Cordilheiras, na porção leste da área. Seus contatos, a oeste com o CRM e a
leste com o Complexo Porto Nacional e a Formação Morro o Aquiles, são
inferidos e tectônicos, por meio de zonas de cisalhamento. De coloração rosada,
é rico em microclínio, com textura porfirítica com mega cristais deformados.
Composicionalmente varia para álcali-feldspato granito, sienogranito, quartzo
monzonito a granodiorítico, que representariam emanações tardias, durante a
evolução do corpo maior (Gorayeb 1996).
O padrão regional da foliação, de natureza milonítica, bem como do
bandamento gnáissico a ela paralelizado, varia de NW-SE a NE-SW, mantendo
um persistente mergulho, da ordem de 20 – 40º, para leste (Arcanjo et al. 2013).
Esse autor classificada esse corpo como sendo formado no final do
Neoproterozóico (5,5 Ma).
Grupo Tucuruí
O Grupo Tucuruí está localizado no setor norte da Faixa Araguaia,
disposto ao
lado do Complexo Xingu. Matta & Hasui (1984) subdividiram o Grupo Tucuruí
em Formações Caraipé e Morrote. Tratam-se de rochas vulcano-sedimentares
com baixo grau metamórfico. A Formação Caraipé está posicionada na base do
Grupo Tucuruí. É formada por metagrauvacas que apresentam grãos angulares
de albita, quartzo e microclínio numa matriz fina composta por clorita, sericita e
stilpnomelano. Observa-se laminação com variações de granulação areia a
argila. A Formação Morrote posiciona-se sobre a Formação Caraipé. Apresenta
metabasalto maciço com presença de amigdalas e destaca-se, em sua
composição, fenocristais de labradorita.
TF 2015 – ÁREA XI
31
2.2.4 Supergrupo Baixo Araguaia
O Supergrupo Baixo Araguaia é composto por rochas
metassedimentares divididas em dois grupos principais: Estrondo e Tocantins.
Grupo Estrondo
O Grupo Estrondo está disposto numa estreita faixa ao longo da parte
leste do Cinturão Araguaia, por cerca de 60km. Subdivide-se nas formações
Morro do Campo, Xambioá e Canto da Vazante (Abreu 1978, Costa 1980).
Datações geocronológicas K/Ar, efetuadas por Hasui et al. (1975),
diagnosticaram idades entre 434 e 581 Ma. Pelo método Rb-Sr, Hasui et al.
(1980) construíram uma isócrona de referência de 1.050Ma para xistos do
Grupo Estrondo (região de Paraíso do Norte). Datações em granitos que
ocorrem próximos às bordas da estrutura de Colméia indicaram idades de
1.834 ± 34Ma, com razão inicial 0,715 (Cunha et al. 1981), relacionadas a
migmatização da base do Grupo Estrondo, o que refletiria numa idade
deposicional destas rochas em mais de 1.850Ma. A Formação Morro do
Campo é representada por ortoquartzitos, metaconglomerados oligomíticos e
xistos (Abreu, 1978). Para Araújo (2001), a Formação Morro do Campo possui
relações de contato discordantes com os gnaisses e migmatitos do Complexo
Colméia, ou com o gnaisse Cantão. O contato com a Formação Xambioá é
transicional. A Formação Xambioá inclui muscovita-biotita xistos, cálcio-xistos e
restritos corpos de mármores, anfibolitos, granada xistos e grafita xistos (Abreu,
1978). Para os litotipos da Formação Xambioá, Araújo (2001) identificou, na
parte leste, recobrimento discordante pela Formação Pimenteiras, da Bacia do
Parnaíba, enquanto na parte oeste está sotoposta aos sedimentos de cobertura
arenosa de idade terciária-quartenária que ocupam o leste do Gráben do
Muricizal.
O contato com a Formação Piauí da Bacia do Parnaíba, a sudeste, é
discordante e por vezes tectônico. A Formação Canto do Vazante é composta
por finas camadas de feldspato xistos com intercalação de quartzito, biotita
xisto e cálcio xisto (Abreu, 1978).
TF 2015 – ÁREA XI
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Grupo Tocantins
O Grupo Tocantins compõe o setor oeste da Faixa Araguaia. Subdivide-
se nas Formações Couto Magalhães e Pequizeiro. Ainda é escasso o número
de dados geocronológicos para o Grupo Tocantins. Trouw et al. (1976)
determinaram idades K/Ar de 510 Ma para metabasaltos da Formação Tucuruí.
Hasui et al. (1980), a partir de idades Rb-Sr em filitos, atribuíram a idade de 850
Ma. Para as rochas básicas intrusivas em quartzitos da Formação Couto
Magalhães, chegaram a idades K/Ar de 780, 560 e 480Ma, sendo este um
possível atestado de rejuvenescimento isotópico. Araújo (2001) ressalta a
datação realizada por Tassinari (1980) - sem especificação do método
empregado - em amostras de diques básicos coletadas na Folha Conceição do
Araguaia, que ressaltou idades de 1.006,5 ± 15,3Ma e 545,4 ± 7,6Ma,
o que define uma idade superior a 1000Ma para a deposição da Formação Couto
Magalhães, base do Grupo Tocantins.
A Formação Couto Magalhães é constituída de ardósias, meta-siltitos,
metaarcósios, meta-grauvacas e quartzito, com intercalações de calcário,
hematita quartzito e meta-chert (Abreu 1978).
A Formação Pequizeiro inclui clorita xistos e sericita quartzo clorita xisto
(Abreu, 1978). Na descrição da Folha Araguaia, Araújo (2001) considera a
Formação Pequizeiro como topo do Grupo Estrondo, e a relação de contato entre
a formação e unidades vizinhas, no caso Formação Couto Magalhães e
Formação Pedra do Fogo (Bacia do Parnaíba), são tectônicas.
2.2.5 Bacia do Parnaíba
A Bacia do Parnaíba é uma grande bacia cratônica Paleo-Mesozóica
localizada no centro-nordeste brasileiro, a qual cobre grábens Cambrianos-
Ordovicianos e vastas áreas do embasamento Precambriano. Sua sucessão de
rochas sedimentares e magmáticas pode ser disposta em cinco
superseqüências: Siluriana, Mesodevoniana-Eocarbonífera, Neocarbonífera-
Eotriássica, Jurássica e Cretácea, que são delimitadas por discordâncias que se
TF 2015 – ÁREA XI
33
estendem por toda a bacia ou abrangem regiões extensas. Sua história
deposicional estende-se sobre o início do Paleozóico ao Mesozóico.
A transição do Neoproterozoico para o início do Fanerozóico foi marcado
por uma quebra continental, separando Laurentia e Baltica da porção oeste de
Gondwana. A tectônica resultante formou sistemas de riftes, que não evoluíram
para a formação de bacias de margem passiva.
As falhas dos riftes reativaram grandes zonas pré-existentes de fraqueza,
em particular as zonas de cisalhamento dúctil, do Brasiliano, relacionadas à
província Borborema. Algumas exposições orientadas NE a E-W do gráben
Cambriano-Ordoviciano relacionado a essa reativação de falhas são
encontradas nas bordas leste e sul da Bacia do Parnaíba. Tais grábens
compreendem espessas unidades de sedimentos clásticos imaturos e rochas
provenientes de magmatismo bimodal, intrudidos por granitos.
Dados de poços profundos, seções sísmicas, gravimétricos e
aeromagnéticos indicam diversas áreas em que estruturas tipo gráben podem
ocorrer sobre a Bacia do Parnaíba (Vaz et al., 2007)
Figura 2.4: Seção esquemática da Bacia do Parnaíba (adaptado de Goés et al., 1990)
No período Jurássico, com o início da desintegração da Pangea, ocorreu
um evento de subsidência na porção central da Bacia do Parnaíba, em que um
sistema de riftes orientado ENE e NNE foi instalado. Diques basálticos e fluxos
de lava formam os limites inferior e superior da sequência Jurássica de
sedimentos eólicos. Grandes exposições vulcânicas ocorrem junto a um largo
TF 2015 – ÁREA XI
34
cinturão (orientação E-W) na parte central da bacia, enquanto exposições
secundárias ocorrem no canto NE e na borda SE da bacia.
São encontrados pipes kimberlíticos ao longo do Lineamento
Transbrasiliano. Durante o Aptiano-Albiano, ocorreu um amplo soerguimento na
porção central da Bacia do Parnaíba, ativando uma deposição sedimentar
continental. Uma fase extensiva mais intensa, associada com subsidência
termal, levou a um maior ciclo deposicional após o Albiano.
Os stresses extensonais, que culminaram na abertura do Atlântico sul,
levaram à origem de novas áreas de sedimentos intracontinentais por toda
Gondwana, durante o início do Cretáceo. Uma estreita bacia rifte orientada N-S,
denominada Bacia Sanfranciscana, se estabeleceu na borda sul da Bacia do
Parnaíba e ao longo da margem oeste do Cráton São Francisco.
Figura 2.5: Coluna estratigráfica e cronoestratigráfica da Bacia do Parnaíba (Petrobras – Vaz et al., 2007)
Ademais, sedimentos cenozóicos recobrem amplas áreas da Bacia do
Parnaíba e os arredores do embasamento Precambriano. Unidades
sedimentares da Bacia do Amazonas e sedimentos costeiros repousam sobre os
limites entre a Bacia do Parnaíba, o Cráton São Luís e a Faixa Gurupi.
Na área do mapeamento geológico do Trabalho Final, destacam-se
sequências Mesodevonianas-Eocarboníferas, com maior expressão das
Formações Pimenteiras, Cabeças e Longá.
TF 2015 – ÁREA XI
35
Formação Pimenteiras
A Formação Pimenteiras consiste, principalmente, de folhelhos cinza-
escuros a pretos, esverdeados, em parte bioturbados. São radioativos, ricos em
matéria orgânica e representam a ingressão marinha mais importante da bacia.
Notam-se intercalações de siltito e arenito, e a sedimentação aconteceu num
ambiente de plataforma rasa dominada por tempestades. As feições
grafoelétricas indicam ciclicidade deposicional, e uma mudança de tendência
transgressiva para regressiva na passagem gradacional para a Formação
Cabeças, que lhe é sobreposta (Della Fávera, 1990).
Formação Cabeças
Na Formação Cabeças, o litotipo predominante consiste de arenitos cinza-
claros a brancos, médios a grossos, com intercalações delgadas de siltitos e
folhelhos. Diamictitos ocorrem eventualmente e com maior freqüência na parte
superior. Tilitos, pavimentos e seixos estriados denotam um ambiente glacial ou
periglacial (Caputo, 1984). Estratificação cruzada tabular ou sigmoidal
predomina, e tempestitos ocorrem na transição para a Formação Pimenteiras
(Della Fávera, 1990). Um ambiente plataformal sob a influência preponderante
de correntes desencadeadas por processos de marés é defendido por Góes e
Feijó (1994) como o mais importante nessa unidade. Fácies flúvio-estuarinas
também ocorrem.
Formação Longá
O litotipo da Formação Longá é caracterizado por folhelhos cinza-escuros
a pretos, em parte arroxeados, homogêneos ou bem laminados, bioturbados. Em
sua porção média comumente apresentam um pacote de arenitos e siltitos cinza-
claros a esbranquiçados, laminados (Lima e Leite, 1978). Um ambiente
TF 2015 – ÁREA XI
36
plataformal dominado por tempestades foi interpretado por Góes e Feijó (1994)
para essas rochas.
Rochas Magmáticas
Devido ao evento de desintegração da Pangea, reativação de falhas
antigas e o surgimento de fraturas, houve um intenso magmatismo básico
caracterizando a etapa mesozóica da evolução da área. Nesse contexto
tectônico, na Bacia do Parnaíba acomodaram-se as ígneas intrusivas (diques e
soleiras) e extrusivas, de composição básica, as quais do ponto de vista
estratigráfico foram divididas em duas unidades: Formação Mosquito e
Formação Sardinha. Em subsuperfície, os diques e soleiras estão presentes em
maior quantidade na Seqüência Mesodevoniana-Eocarbonífera e ocorrem
também na Seqüência Siluriana, sendo muito raros na Neocarbonífera-
Eotriássica. Formação Mosquito foi o termo proposto por Aguiar (1971) para
identificar derrames basálticos com intercalações de arenitos que afloram no rio
homônimo, ao sul da cidade de Fortaleza dos Nogueiras (MA). Aguiar (1971)
denominou Formação Sardinha a corpos de basalto, preto a roxo, mapeados
entre as cidades de Fortaleza dos Nogueiras e Barra do Corda. A espessura
média em afloramento é de 20 m e o nome da unidade homenageia o local da
primeira observação, a Aldeia do Sardinha.
2.2.6 Complexos Ofiolíticos
A norte da área de estudo, afloram os Complexos Quartipuru e o Morro
do Agostinho, respectivamente no município de Conceição do Araguaia (Pará) e
Araguacema (Tocantins) .
Esses tratos oceânicos entre os blocos continentais descenderam do
supercontinente Rodínia e é registrado na Faixa Araguaia por meio de corpos
ofiolíticos, tais corpos frequentemente não apresentam a clássica pseudo-
estratigrafia de ofiolítos. Os dois complexos ofiolíticos da Faixa Araguaia
compreendem uma associação de peridotitos serpentinizados e pillow-lavas
basálticas. A sequência mantélica é composta por um arranjo intercamadado de
TF 2015 – ÁREA XI
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harzburgito e dunito. Tais rochas abrigam uma suíte de diques e sills
piroxeníticos e gabroícos, além de pods de cromitito com texturas nodulares e
envelopes duníticos, típicos de complexos ofiolíticos. As relações litoestruturais
entre os peridotitos mantélicos, a suíte de diques e os pods de cromitito apontam
uma associação característica da zona de transição da Moho, e relatam uma
história de múltiplos estágios magmáticos e tectônicos operantes durante a
edificação de litosfera oceânica (Paixão, 2009).
Um importante depósito de níquel laterítico é o deposito Serra do Tapa
que está associado a um complexos ofioliticos, e localiza-se no município de
Sapucaia no estado do Pará.
TF 2015 – ÁREA XI
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Figura 2.6: Mapa geológico adaptado da Folha Porto Nacional (CPRM) com enfoque nas datações já publicadas.
TF 2015 – ÁREA XI
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3. Geotecnologias
3.1 Introdução
No Projeto Paraíso, foi imprescindível o uso das geotecnologias para a
confecção do relatório final. Tal ferramenta foi utilizada tanto na etapa pré-campo
quanto nas etapas de campo e pós-campo para a confecção do mapa base e do
mapa geológico da área, utilizando das ferramentas World Imagery, imagens de
Landsat-8, SRTM, Google Earth Pro, além de produtos geofísicos como o Mapa
Radiométrico e o Mapa Magnetométrico.
Os mapas foram georreferenciados a partir da projeção Universal
Transversa de Mercator (UTM) no datum WGS-84 e na zona 22S. Tais
ferramentas foram de suma importância para a observação de contrastes
geológicos, grandes estruturas e diferenças nas composições dos terrenos.
3.2 World Imagery
As imagens do World Imagery são imagens fornecidades pelo software de
gerenciamento de dados espaciais ArcGis 10.2 e consistem em imagens de
satélites periodicamente atualizadas com diferentes resoluções.
Figura 3.1: Imagem de satélite da área XI obtida a partir do World Imagery no ArcGis 10.2.
TF 2015 – ÁREA XI
40
Na Amércia do Sul, as imagens do World Imagery apresentam resolução de 1m
e foram atualizadas pela última vez no ano de 2011.
3.3 LANDSAT-8
O satélite Land Remote Sensing Satellite, ou LANDSAT é um satélite
norte-americano gerenciado pela National Aeronautics and Space Admnistration
(NASA) e o United States Geological Survey (USGS), sendo a agência espacial
norte-americana e o Serviço Geológico dos Estados Unidos respectivamente.
O LANDSAT-8 é o oitavo satélite do programa, sendo o sétimo a atingir a
órbita da Terra com sucesso. Contém dois sensores, um multiespectral e um
termal, que produzem imagens com 11 bandas espectrais e possuem grande
capacidade de representar contrastes nos terrenos. Tais sensores são o
Operational Land Imager (OLI) e o Thermal Infrared Sensor (TIRS). As imagens
utilizadas no Projeto Paraíso pertecem à órbita 067 e aos pontos 222 e 223, e
foi utilizada a composição RGB 564 para que houvesse maior contraste em
feições geomorfológicas.
O processamento das imagens foi feito pela Professora Tati de Almeida
utilizando os softwares ArcGis 10.1 e ENVI 4.7. A tabela 3.1 mostra os intervalos
espectrais e resolução de cada banda.
Figura 3.2: Imagem Landsat-8 da área XI utilizando as bandas 564.
TF 2015 – ÁREA XI
41
Banda
Espectral
Comprimento
de onda (μm) Resolução Espacial (m)
1 0,433-0,453 30
2 0,450-0,515 30
3 0,525-0,600 30
4 0,630-0,680 30
5 0,845-0,885 30
6 1,560-1,660 30
7 2,100-2,300 30
8 0,500-0,680 15
9 1,360-1,390 30
10 10,6-11,2 100
11 11,5-12,5 100
Tabela 3.1: Comprimento de onda e resolução espacial de cada banda espectral produzida pelo LANDSAT-8.
3.4 SRTM
A Shuttle Radar Topography Mission (SRTM) foi um projeto liderado pela
NASA e pela National Geoespatial Intelligence Agency (NGA) desenvolvido ao
longo do mês de fevereiro de 2000 e teve como objetivo a obtenção de dados
topográficos digitais de alta resolução a bordo da espaçonave Endeavour.
Os dados do projeto são distribuídos através do USGS e abrangem as
áreas situadas entra as latitudes 56º Sul e 60º Norte. Para o Projeto Paraíso,
foram gerados produtos com ângulos de incidência de iluminação de 45º nas
direções de azimutes de 125º, 45º, 305º, 215º e 80º, que também foram
processadas pela Professora Tati de Almeida utilizando o software ENVI 4.7. Os
mapas elaborados pela área XI foram confeccionados pelo software ArcGis 10.2.
TF 2015 – ÁREA XI
42
Figura 3.3: Imagem SRTM da área XI. Os traços azuis dividem tipos diferentes de relevo.
3.5 Google Earth Pro
O Google Earth Pro é um software desenvolvido pela empresa norte-
americana Google em 2001 (com o nome anterior de Earth Viewer) que modela
a superfície da Terra em 3D a partir de fotografias aéreas e imagens de satélite.
A partir do Google Earth Pro, foi possível obter uma visão detalhada da
geomorfologia da área, como drenagens e relevo. Além disso, o software
também foi de grande ajuda na confecção do mapa base, onde foi possível
observar com mais precisão localidades de fazendas, cercas e estradas não-
pavimentadas, possibilitando uma comparação com as imagens do World
Imagery para o melhor conhecimento da área.
Figura 3.4 Mapa de pontos com organização por unidades litoestratigráficas no Google Earth Pro.
TF 2015 – ÁREA XI
43
3.6 Geofísica
O projeto Paraíso contou com os dados de dois levantamentos
aerogeofísicos, magnéticos e gamaespectrométricos, realizados pela
Universidade de São Paulo (USP) em convênio com a Agência Nacional do
Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e pelo Serviço Geológico do
Brasil (CPRM).
O projeto de levantamentos realizado pela USP em convênio com a ANP
foi denominado Projeto Levantamentos Aerogeofísicos da Bacia do Parnaíba e
foi realizado entre setembro de 2004 e novembro de 2006, utilizando três
aeronaves Cessna Grand Caravan – C208B. As aeronaves foram equipadas
com um magnetômetro tipo Scintrex CS-3, de bombeamento ótico com vapor de
césio, e um gamaespectrômetro PicoEnvirotec GRS 410. Para a aquisição de
dados, foi utilizado o sistema AEROMASTER. As linhas de voo foram espaçadas
em 500m e as linhas de controle em 4000m, com altura de voo de 100 m.
O projeto de levantamentos realizados pela CPRM, que fazem parte do
Programa Geologia do Brasil (PGB), foi denominado Projeto Tocantins e foi
realizado entre julho de 2005 e janeiro de 2006. A área do projeto é contígua à
área do Projeto Levantamentos Aerogeofísicos da Bacia do Parnaíba e, por meio
de acordo de cooperação entre a CPRM, o convênio entre a ANP e a USP e o
Ministério de Minas e Energia, o Projeto Tocantins utilizou da estrutura
mobilizada para a execução daquele projeto, ambos através da empresa
AeroGeoPhysica Latino América (AGP-LA). O Projeto Tocantins utilizou,
portanto, duas das três aeronaves utilizadas no Projeto Levantamentos
Aerogeofísicos da Bacia do Parnaíba, além dos mesmos magnetômetros,
gamaespectrômetros e do sistema de aquisição de dados. O espaçamento das
linhas e altura de voo foi o mesmo, diferindo apenas no espaçamento das linhas
de controle, que foi de 10000m.
3.6.1 Métodos Geofísicos
TF 2015 – ÁREA XI
44
A gamaespectometria baseia-se na medida de ocorrência e abundância
em equivalentes (em ppm) de Tório e Urânio (baseado na série de decaimento
desses elementos) e em porcentagem de Potássio em rochas, solos e outros
materiais na superfície, a até cerca de 40 centímetros de profundidade. A
medição é feita através da detecção dos raios gama emitidos pelo decaimento
natural destes elementos, sendo a concentração de tório e urânio expressa em
partes por milhão e de potássio expressa em porcentagem (Minty, 1997)
Já a magnetometria baseia-se na medição da intensidade do campo
magnético, que tem mais de uma fonte. O campo medido inclui o campo da terra
e o campo externo, o campo gerado por indução e o campo gerado pelo
magnetismo remanescente nas rochas, solos e matérias. O que interessa, ao
fim, é o campo gerado pelos materiais, comumente gerado por minerais
magnéticos como ilmenita, pirrotita e magnetita (Blum et al. 1999)
3.6.2Processamento de dados
Os dados brutos gravados em formato binário na aeronave são
convertidos para ASCII ou GBN e, a partir destes arquivos, é gerado o banco de
dados OASIS MONTAJ (GDB) (Geosoft, 2005), onde estão agrupadas
informações de posicionamento corrigidas e todos os demais canais de
informação registrados a bordo da aeronave, quais sejam: tempo GPS,
coordenadas geográficas, intensidade total do campo magnético, componentes
do magnetômetro fluxgate, espectros de 512 canais do gamaespectrômetro,
altura e altitude de voo, temperatura, pressão atmosférica, etc.
Foi feita a conversão das coordenadas para o sistema WGS84 UTM 22 S.
Então foram processados os dados, magnéticos e gamaespectrométricos. No
levantamento aerogeofísico, foI utilizada a aeronave modelo Cessna C208B
Grand Caravan, equipados com magnetometros de combeamento ótico de vapor
de césio da SCINTREX, modelo CS-3 e gamaespectômetros da Pico Envirotec,
modelo GRS 410, com 512 canais espectrais. Os dados obtidos foram
processados pela Professora da UnB Roberta Vidotti com auxílio do software
Geosoft Oasis Montaj 7.1.5. As figuras X e Y mostram as etapas no
processamento das imagens dos levantamentos gamaespectométricos
emagnetométricos respectivamente. No levantamento gamaespectométrico
foram gerados os mapas Kperc, eTh, eU, eU/eTh, CTEXP, RGB e CMY
TF 2015 – ÁREA XI
45
enquanto no magnetométrico os mapas CMA, DX, DY, DZ, AGHT, ASA, IGHT,
RP e ISA.
Figura 3.5 - Fluxograma mostrado o processo de geração dos mapas radiométricos.KPECR = Percentual de potássio; eTh = equivalente de tório; eU = equivalente de Urânio; eU/eTh = equivalente de Urânio/equivalente de tório; CTEXP = contagem total dos três elementos; RGB= KPERC (em vermelho) + eTh (em verde) + eU (em azul); CMY = KPERC (em ciano) + eTh (em magenta) + eU (em amarelo).
Figura 3.6- Fluxograma mostrado o processo de geração dos mapas magnetométricos. CMA = campo magnético anômalo; DX = Derivada em X; DY = Derivada em Y; DZ = Derivada em Z; AGHT = amplitude do gradiente horizontal total; ASA = amplitude do sinal analítico; IGHT = inclinação do gradiente horizontal total; RP = campo magnético anômalo reduzido ao polo; ISA = inclinação do sinal analítico.
TF 2015 – ÁREA XI
46
3.6.3 Interpretações
Tendo como base as informações advindas a partir dos dados
aerogeofísicos, gerados após a etapa de processamento, e a partir do
conhecimento de trabalhos de mapeamento regional realizados anteriormente
e disponíveis na literatura, foram feitas interpretações qualitativas de domínios
magnéticos, gamaespectrométricos e de estruturas lineares.
Aeromagnetometria
A Faixa de Dobramentos Araguaia possui , de maneira geral, uma
estruturação Norte-Sul, sendo o polígono com as 18 subáreas do Projeto Paraíso
do Tocantins situado numa porção dessa Faixa onde uma série de lineamentos
de direção N-S e relevo magnético alto chamam atenção, em produtos como a
Amplitude do Sinal Analítico (ASA) e Amplitude do Gradiente Horizontal Total
(AGHT).
Além da imagem obtida a partir desses produtos, também foram
utilizados outros, tais como a Inclinação do Sinal Analítico (ISA), a Amplitude do
Gradiente Total Horizontal (AGHT) e as derivadas (Dx, Dy e Dz), para auxiliar na
interpretação de domínios morfoestruturais e lineamentos.
Dos mapas aeromagnetométricos, foi interpretado o mapa da Gradiente
Horizontal Total, em domínios que respondem como altos magnéticos.(Fig. X).
Assim, relaciona-se os Domínios 1 a diques, os Domínio 2 ao Granito Serrote,
ao Domínio 3 o Complexo Rio dos Cocos e ao Complexo Serra da Estrela o
Domínio 4.
TF 2015 – ÁREA XI
47
Figura 3.7 - Mapa do gradiente horizontal total (GHT) do Projeto Paraíso.
Em relação a subárea XI, nota-se que há um espalhamento difuso do
do gradiente horizontal total (de baixo a moderado) de difícil interpretação das
de algumas porções (Figura X) . A oeste esse espalhamento atrapalha o
entendimento da relação de corte entre o lineamento magnético N-S
(interpretado como dique máfico) e essa unidade a oeste, a qual é interpretada
como sendo composta de rochas metassedimentares da Formação Pequizeiro
que sofreram algum processo de magnetização. Nota-se também nessa porção,
uma estruturação NE e NW. Já a porção centro-leste, apresenta um
espalhamento onde é possível visualizar trends N-S, assim como NE-SW.
Sugere que esse domínio esteja associado a alguma estruturação das rochas
orto ou paraderivadas do Complexo Rio dos Mangues. Por fim, a leste, nota-se
uma maior amplitude desse gradiente que provavelmente possui relação com o
Granito Serrote.
TF 2015 – ÁREA XI
48
Fig. 3.8 – Mapa do Gradiente Horizontal Total - subárea XI – utilizado por ressaltar domínios e lineamentos magnéticos.
Aerogamaespectrometria
Na interpretação das imagens de aerogamaespectrometria, foram
utilizadas os produtos %K, eTh, eU e a composição ternária RGB para auxiliar
na interpretação dos domínios aflorantes da subárea XI. Aqui, será mostrado as
imagens do produto RGB em escala 1:100.000 – área total do Projeto – com
grandes domínios selecionados (Figura X.2) e outra imagem, com foco na
subárea desse relatório, onde são pormenorizadas algumas unidades que serão
descritas a seguir, baseando-se no conhecimento teórico e na literatura.
Analisando primeiramente os grandes domínios da área como um todo é
possível notar porções de cores verdes claras bem distribuídas. Esses domínios
são interpretados como sendo pediplanos caracterizados por altos topográficos
em que o componente Tório se concentra em decorrência de sua baixa
mobilidade em ambiente oxidante.
Aos domínios onde predominam a cor vermelho (componente
potássica), são passíveis de se correlacionar rochas micáceas , como xistos ou
mesmo corpos de composição granítica. O Granito Serrote foi um dos domínios
em que a gamaespectrometria teve importante papel na delimitação do corpo.
TF 2015 – ÁREA XI
49
Fig. 3.9 – Composição RGB da gamaespectrometria da área total do Projeto. As linhas pretos separam os grandes domínios interpretados preliminarmente. A seta amarela indica a subárea do presente relatório.
Na subárea XI, ocorrem domínios que possibilitam obter
interpretações mais confiáveis, ao passo que outras não. Assim, além da
composição ternária RGB, também foram utilizados outros produtos para auxiliar
a interpretação.
Obseva-se na figura X.4 , que a porção centro-leste e leste da
subárea XI apresenta com cores mais isoladas. Sugere-se que os domínios nº2
(com respostas baixas na composição RGB) possam estar relacionados a
possíveis rochas de composição máfica do Complexo Rio dos Mangues. Já os
domínio nº4 e nº5, com resposta alta em %K, provavelmente estão associados a rochas
de composição granítica do Complexo Rio dos Mangues e do Granito Serrote.
TF 2015 – ÁREA XI
50
Fig. 3.10 – Imagem aerogamaespectrométrica da subárea XI com domínios interpretados.
4. Geologia Local
4.1 Geologia do Projeto
Com base nos trabalhos de campo e ferramentas de sensoriamento
remoto e aerogeofísica foi possível a elaboração do mapa geológico integrado
do Projeto Paraíso (Anexo 2).
As estruturas mais expressivas, na área do Projeto Paraíso, são grandes
zonas de cisalhamento de direção aproximada N-S, com destaque para a Zona
de Cisalhamento Rio do Coco, Zona de Cisalhamento Pium e Zona de
Cisalhamento Paraíso, haja vista sua extensão regional, com mais de 30 km.
Ocorrem também zonas de cisalhamento e falhas menores, que afetam as
grandes estruturas localmente, como a Zona de Cisalhamento Chapada de
Areia, Zona de Cisalhamento Serrote, Zona de Cisalhamento Estrela e Falha
Sequestro.
A seguir irá ser descrita de forma sucinta todas as litológias mapeadas no
Projeto Paraíso – TO.
.
4.1.1 Unidades Litológicas
TF 2015 – ÁREA XI
51
Complexo Rio dos Mangues
O complexo Rio dos Mangues é localizado, principalmente, a lesta da
Zona de Cisalhamento Rio do Coco e oeste da Zona de Cisalhamento Paraíso,
contendo também porções à leste da Zona de Cisalhamento Paraíso.
Essa unidade de mapeamento é composta por diversos gnaisses e xistos
de protólito ígneo ou sedimentar, sendo assim dividida em quatro unidades
mapeáveis, duas unidades ortoderivadas, xistos carbonosos e uma unidade
paraderivada.
Unidade Ortoderivada 2 PP2rm(o2)
A Unidade Ortoderivada 2 é composta de biotita gnaisses que afloram ao
longo de uma faixa contínua de direção aproximadamente N-S, nessa unidade é
encontrada também em alguns pegmatitos.
Unidade Ortoderivada 1 PP2rm(o1)
As rochas dessa unidade são gnaisses de protólito ígneo que afloram em
porções restritas na área pertencente ao Complexo Rio dos Mangues mapeada
pelo Projeto Paraíso.
A unidade Ortoderivada 1 é composta de álcali-feldspato gnaisses,
sienogranito gnaisses, monzogranito gnaisses e anfibólio gnaisses.
Xistos Carbonosos xc
Essa unidade de mapeamento é representada por pequenas lentes de
xistos carbonosos aflorantes em meio à Unidade Paraderivada pertencente ao
Complexo Rio dos Mangues.
Unidade ParaderivadaPP2rm(p)
TF 2015 – ÁREA XI
52
Essa unidade é composta de associações de xistos, gnaisses
calcissilicáticos e quartzitos, representados por hematita muscovita quartzo
xistos, hornblenda gnaisses, epidoto hornblenda gnaisses, anfibolitos, biotita
anfibolitos, granada biotita gnaisses, epidoto anfibolitos e tremolita quartzitos.
Suíte SerrotePP3se.
A Suíte Serrote é representada por três corpos intrusivos, o maior com
cerca de 20 km de comprimento, um intermediário, com aproximadamente 6 km
de comprimento e um menor de 4 km de comprimento. Esses corpos são
intrusivos no Complexo Rio dos Mangues e o maior corpo intrusivo apresenta
uma zona de cisalhamento associado à sua borda oeste.
A unidade é representada por álcali-feldspato granitos, monzogranitos e
sienogranitos de granulação fina a grossa.
Formação Xambioá
Pertencente ao Grupo Estrondo, a Formação Xambioá aflora na região de
Paraíso do Tocantins como uma faixa de rochas metassedimentares e,
localmente lentes calcissilicáticas e metaultramáficas, orientada segundo N-S e
NW-SE e contidas a leste da Zona de Cisalhamento Paraíso. Essa unidade
apresenta-se metamorfizada sob fácies anfibolito e foi subdividida em quatro
unidades mapeáveis, sendo essas as unidades Metaultramáfica, Calcissilicática,
Quartzito e Xistos.
Unidade Metaultramáficaum
Essa unidade é representada por pequenas lentes de talco xistos e
tremolita clorita xistos aflorantes na porção noroeste da Formação Xambioá.
Unidade Calcissilicáticacs
TF 2015 – ÁREA XI
53
A Unidade Calcissilicática é representada por lentes de anfibolitos e
anfibolitos calcissilicáticos aflorantes na porção central da Formação Xambioá.
Unidade Quartzitoqz
Os quartzitos mapeados na Formação Xambioá ocorrem relacionados às
serras presentes ao longo de toda a formação. Essa unidade foi escolhida como
a camada guia da Formação Xambioá no Projeto Paraíso e apresenta as
litologias como quartzito e quartizo micáceo.
Unidade XistoNP2x(x)
A Unidade Xisto representa a maior parte da área definida como
Formação Xambioá, e apresenta uma grande diversidade de xistos com caráter
pelítico a psamopelítico, paragnaisses e lentes de xistos grafitosos.
As litologias presentes nessa unidade de mapeamento são quartzo
muscovita xistos, granada muscovita biotita xistos, granada biotita quartzo xistos,
granada biotita estaurolita xistos, biotita muscovita xistos feldspáticos, granada
biotita paragnaisses, biotita muscovita paragnaisses e lentes de xistos grafitosos.
Sequência Metavulcanossedimentar Rio do Coco
A Sequência Vulcanossedimentar Rio do Coco é uma faixa de rochas
metassedimentares, metamáficas e metaultramáficas de orientação preferencial
N-S, contida entre as zonas de cisalhamento Rio do Coco e Pium. Essa unidade
apresenta-se metamorfizada sob fácies anfibolito e foi subdividida entre quatro
unidades de mapeamento, denominadas Unidade Filitos Carbonosos, Unidade
Metacherts, Unidade Máfica-ultramáfica e Unidade Sedimentar.
Unidade Filitos Carbonososfc
TF 2015 – ÁREA XI
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Essa unidade é representada por lentes de filitos carbonosos e xistos
carbonosos que afloram em meio as rochas das unidades Metassedimentar e
Metamáficas-ultramáficas da Sequência Vulcanossedimentar Rio do Coco.
Unidade Metachertsmc
A Unidade Metachert aflora restritamente em meio à Unidade Metamáfica-
Ultramáfica, como lentes de metacherts, tremolita metacherts, clorita xistos e
óxido de manganês metacherts.
Unidade Máfica-ultramáficaNP2rc(mum)
A Unidade Máfica-ultramáfica aflora como corpos isolados em meio à
Unidade Sedimentar da Sequência Vulcanossedimentar Rio do Coco. Essa
unidade é composta de nove pequenos corpos alongados, com no máximo 1 km
de comprimento e um grande corpo maior dobrado com cerca de 11 km de
comprimento, onde nesse, estão presentes pequenas lentes da Unidade
Metassedimentar.
Essa unidade de mapeamento é composta por tremolita serpentina xistos,
talco xistos, talco serpentina xistos, actinolita xistos, talco tremolita xistos,
clorititos e xistos carbonosos.
Unidade MetassedimentarNP2rc(ms)
A Unidade Metassedimentar compõe a maior parte da área mapeada
como Sequência Vulcanossedimentar Rio do Coco, apresentando quartzo biotita
xistos, granada biotita xistos, biotita muscovita quartzo xistos com epidoto,
muscovita biotita quartzo xistos com epidoto, granda mica xistos feldspáticos
com carbonato, biotita quartzo xistos com magnetita e epidoto muscovita biotita
quartzo xistos com granada.
TF 2015 – ÁREA XI
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Formação Pequizeiro (Grupo Tocantins)
A Formação Pequizeiro, pertencente ao Grupo Tocantins, é contida em
uma faixa de rochas metassedimentares orientadas segundo, aproximadamente
N-S e contidas a oeste da Zona de Cisalhamento Pium. Essa unidade é
subdividida em duas unidades de mapeamento: a Unidade Xisto e a Unidade
Magnetita Quartzito.
Unidade Magnetita Quartzitomq
Essa unidade apresenta lentes orientadas de dimensões decamétricas
segundo N-S, compostas de quartzitos de granulação média e moderadamente
selecionados.
Unidade XistoNP2pq(x)
A Unidade Xisto representa quase a totalidade da área mapeada como
Formação Pequizeiro e apresenta rochas metapelíticas metamorfizadas em
fácies xisto verde, sendo composta de biotita-muscovita xisto com magnetita e
muscovita xisto.
Suíte Monte Santo
A Suíte Monte Santo é representada por intrusões sieníticas que formam
dois complexos distintos, o Complexo Alcalino Monte Santo e o Complexo
Alcalino Serra da Estrela.
Complexo Alcalino Serra da EstrelaNPse.
NPse.
TF 2015 – ÁREA XI
56
O Complexo Alcalino Serra da Estrela é representado por corpos
alongados de rochas alcalinas, intrusivas no Complexo Rio dos Mangues e
orientados segundo a Zona de Cisalhamento Estrela.
É representado por sienitos, nefelina sienitos e pegmatitos alcalinos e
biotititos subordinados, havendo diferenciação de bordas sódicas e centro mais
potássico.
Complexo Alcalino Monte Santo
O Complexo Alcalino Monte Santo é representado por um corpo ígneo de
formato semi-circular, intrusivo na Formação Xambioá e na Sequência
Metavulcanossedimentar Rio do Coco. Esse complexo apresenta três fácies
principais, denominadas Magnetitito, Feldspato Alcalino Sienito e Nefelina
Sienito.
Magnetititomgtt
Devido à escassez de afloramentos, a fácies Magnetitito é definida
segundo suas respostas gamaespectrométricas e magnetométricas,
apresentando altas contagens dos radioelementos Th e altas respostas
magnéticas. Essa unidade apresenta magnetititos e rochas compostas de
ilmenita, columbita e monazita.
Feldspato Alcalino SienitoNPms(fas)
Essa fácies representa a porção de centro do Complexo Alcalino Monte
Santo, e é representada por biotita feldspato alcalino sienitos, taramita feldspato
alcalino sienitos com nefelina e biotita feldspato alcalino sienitos com nefelina.
Nefelina SienitoNPms(ns)
A fácies Nefelina Sienito representa as bordas da intrusão sienítica, sendo
representada por magnetita nefelina sienitos, biotita magnetita nefelina sienitos,
TF 2015 – ÁREA XI
57
magnetita biotita nefelina sienitos, muscovita magnetita nefelina sienitos e
taramita magnetita nefelina sienitos.
Suíte Santa Luzia
A Suíte Santa Luzia é representada por granitos e pegmatitos intrusivos
no Complexo Rio dos Mangues, essa suíte é subdividida em duas unidade
mapeáveis, a Fácies Porfirítica e a Fácies Pegmatítica.
Fácies PorfiríticaNP32sl(por)
A fácies porfirítica compõe a porção de borda da intrusão e é
representada por monzogranitos e granodioritos.
Fácies PegmatíticaNP32sl(peg)
A fácies pegmatítica ocorre no centro da intrusão e é representada por
granodioritos.
Bacia do Parnaíba
A Bacia do Parnaíba, na região do Projeto Paraíso, é representada
apenas por suas formações Pimenteiras e Cabeças.
Formação PimenteirasD23p
A Formação Pimenteiras é representada por conglomerados ferruginosos,
siltitos ferruginosos e arenitos ferruginosos.
Formação CabeçasD23c
A Formação Cabeças é composta por arenitos intercalados com siltitos e
argilitos.
TF 2015 – ÁREA XI
58
Diques Máficosdq
Os Diques Máficos, na região de Paraíso do Tocantins, ocorrem como
corpos tabulares orientados segundo N-S e E-W e ocorrem cortando as unidades
do Complexo Rio dos Mangues, Suíte Serrote e Formação Pequizeiro.
Os diques são representados por diabásios de granulação fina a média,
em sua maioria apresentando cristais augita e pigeonita, sendo na subárea XI
tendo como clinopiroxênio, apenas augita.
4.2 Geologia Local
Na subárea XI afloram diferentes unidades, sendo elas – Complexo Rio dos
Mangues, Granito Serrote (a leste e na porção centro-sul), a Sequência
Metavulcanossedimentar Rio dos Cocos e a Formação Pequizeiro (Grupo
Tocantins) e Diques Máficos. Abaixo, o mapa geológico da área mostra essas
diferentes unidades, sendo os pontos amarelos nele inseridos, os locais onde
foram realizadas lâminas delgadas (Fig. 4.1).
Figura 4.1 – Mapa geológico da subárea XI. As setas vermelhas na parte superior do mapa indicam onde lâminas delgadas foram realizadas fora dos limites da subárea.
4.2.1 Complexo Rio dos Mangues
Essa unidade compreende a parte centro-leste e leste da área de estudo e
apresenta uma geodiversidade complexa, com rochas paraderivadas como
TF 2015 – ÁREA XI
59
gnaisses psamo-pelíticos, gnaisses calcissilicáticos e xistos pelíticos, assim
como ortognaisses félsicos e anfibolitos máficos. A pastagem antrópica é
predominante, porém ainda estão preservados alguns diferentes tipos de
fitofisionomias do bioma cerrado.
Distingui-se, no geral, das unidades situadas a oeste por suas
características geomorfológicas , onde apresenta relevo mais acentuado com
cotas que chegam a altitudes médias em torno de 360 m(Fig. 4.2).
Figura 4.2 - Fotos mostrando visão geral do padrão geomorfológico e de vegetação do Complexo Rio dos Mangues na subárea XI. Em [A] nota-se o Granito Serrote a leste e em [B] destaca-se a falha de direção WSW (contato entre o Complexo Rio dos Mangues com a Sequência Metavulcanossedimentar Rio dos Cocos) , onde encaixa-se o Rio Pium. Os ortognaisses félsicos e paragnaisses afloram, quase sempre, em altos topográficos e relevo suave ondulado, respectivamente.
Rochas Paraderivadas Psamo-Pelíticas
TF 2015 – ÁREA XI
60
As rochas paraderivadas são as mais comumente encontradas nessa
unidade e abrangem gnaisses psamo-pelíticos, mica xistos e em menor
proporção quartzitos e xistos carbonosos. O mapa geológico a seguir mostra a
abrangência desses litotipos, sendo incluído também as rochas calcissilicáticas
e os ortognaisses máficos nesse domínio (Fig. 4.3).
Figura 4.3 – Mapa geológico mostrando o domínio das rochas paraderivadas.
Os paragnaisses psamo-pelíticos apresentam, no geral, textura
granoblástica e granolepidoblástica e ocorrem intercalados metricamente com
mica quartzo xistos. No morrote que aflora na parte central dessa unidade e que
representa um alto topográfico da subárea (localizado na zona de transcorrência
dextral que corta as rochas paraderivadas – especificamente onde desenhou-se
a setas), foi realizado uma lâmina de gnaisse psamo-pelítico composto de 60%
de quartzo, 20% de muscovita, 10% de microclínio e 5% de biotita, 5% de
plagioclásio, sendo epidoto, allanita e apatita ocorrendo como minerais
acessórios (Fig. 4.4).
TF 2015 – ÁREA XI
61
Figura 4.4 – Na fotomacrografia, um pequeno quadrado vermelho mostra o corte realizado (banda clara e escura) para laminação do paragnaisse . A coloração escura das bandas de maior espessura deve-se à presença de cristais de biotita e assim como também restringe-se a esses níveis cristais de microclínio, possuindo como paragênese Kfs+ Bt + Msc + Plg + Qtz + Ep. A bandas de coloração clara apresentam em sua paragênese Msc + Plg + Qtz (Ponto 103 – Coordenadas: 715037 E , 8856736 S).
Grande parte das rochas que apresentam xistosidade, ficam no limiar
entre mica quartzo xistos e mica quartzitos, sendo encontrada pouca ocorrência
de xistos puramente pelíticos.
Dos xistos psamo-pelíticos encontra-se granada-mica xisto, biotita-
muscovita xisto e xistos carbonosos, sendo selecionados para análise
petrográfica um granada-mica-quartzo xisto e um xisto carbonoso (TF-15-XI-131
e 140, respectivamente). O primeiro apresenta textura granolepidoblástica
impressa por cristais de quartzo (49%), muscovita (35%) e Ti-biotita (14%), e
rara textura porfiroblástica onde ocorrem cristais anédricos de granada (Fig. 4.5).
Intercalada a biotita-muscovita xistos, a segunda rocha (TF-15-XI-140),
apresenta-se crenulada, com textura granolepidoblástica marcada por
intercalação de cristais de muscovita (35%), material carbonoso (35%) e finos
cristais quartzo (Fig. 4.5). Essas rochas ocorrem na porção nordeste da subárea,
sendo a lente marrom a NE da subárea, representada pelo xisto carbonoso.
TF 2015 – ÁREA XI
62
Figura 4.5 – Alguns do xistos pelíticos encontrados no Complexo Rio dos Mangues. Em [A] e [B], a macro e fotomicrografia de granada-mica xisto com paragênese Grt+Bt+Msc+Qtz (Ponto 131 – Coordenadas: 718462 E,8858424 S). Em [C] mostra-se intercalação métrica entre biotita-muscovita xisto e xisto carbonoso, onde em [D] a fotomicrografia mostra crenulação marcante desse xisto carbonoso (Ponto 140 - Coordenadas: 718462 E, 8858424 S ).
Gnaisses Calcissilicáticos
As rochas calcissilicáticas possuem grande distribuição ao longo da
porção centro-leste e leste da subárea XI, ocorrendo tanto no entorno dos
paragnaisses e xistos psamo-pelíticos como em contato com ortognaisses
félsicos da parte centro-sul e centro norte (Fig. 4.6)
Fig. 4.6 – Domínios Centro-Norte e Centro-Sul dos gnaisses calcissilicáticos, circunscritos em verde.
TF 2015 – ÁREA XI
63
Essas rochas, quando afloram em locais de mata nativa preservada,
ocorrem sombreadas por vegetação do tipo Mata Seca ou Cerradão,
apresentando árvores de grande porte como Aroeira (Myracrodruon urundeuva)
e Angico (Anadenthera falcata). Essas plantas são típicas de solos com pH
menos ácido, derivados de rochas com maior presença de Cálcio.
Apesar da distribuição aleatória de alguns afloramentos desses litotipos
na área, grande parte desses gnaisses calcissilicáticos afloram em setores e
serão descritos aqui por locais de ocorrência, sendo eles: Domínio Centro-Norte
– Nas proximidades do Granito Serrote da parte centro-norte da área; Domínio
Centro-Sul – Rochas calcissilicáticas presentes entre a Sequência
Metavulcanossedimentar Rio dos Cocos e os ortognaisses félsicos da porção
centro-sul – próximo ao limite com a subárea XIII.
Domínio Centro-Norte
No Domínio Centro-Norte essas rochas ocorrem num alto topográfico
sustentado pelo Granito Serrote e por ortognaisses félsicos. Verifica-se nesse
setor, gnaisses que apresentam uma ampla variação composicional de fácies,
tanto em escala métrica como milimétrica. São rochas de granulação fina a
média, com textura granoblástica impressa por cristais de quartzo, epidoto (teor
médio de 35%), microclínio, diopsídeo, plagioclásio e zoisita. De menor
ocorrência, as texturas nematoblástica e lepidoblástica ocorrem associadas aos
cristais de hornblenda (com bandas chegando a teores de 40%) e biotita,
respectivamente. Ocorrem como minerais acessórios calcita, titanita e apatita.
Abaixo estão alguns desses litotipos que afloram no Domínio Centro-Norte (Fig.
4.7).
Devido a diversidade composicional desses diferentes litotipos no
Domínio Centro-Norte, realizou-se 3 lâminas delgadas de diferentes gnaisses
calcissilicáticos que afloram na encosta desse alto topográfico. As lâminas
delgadas pertencem as rochas dos pontos TF-15-XI-187, 195 e 196, sendo aqui
mostrado as duas últimas (Fig.4.8).
TF 2015 – ÁREA XI
64
A rocha TF-15-XI-196 da Fig.4.8 (fotos A e B) apresenta textura
granoblástica, sendo composta por cristais inequigranulares de diopsídeo (33%)
e cristais equigranulares de zoisita (33%) e quartzo (30%), ocorrendo como
minerais acessórios titanita e calcita. Na mesma figura (fotos C e D), aparece
representando a textura granoblástica ocorre epidoto (55%), microclínio (25%) e
em menor proporção cristais de quartzo e plagioclásio. Em textura lepidoblástica,
vista então nesse Domínio apenas nessa rocha, estão os cristais de biotita (4%)
que são notáveis em amostra de mão.
Figura 4.7 – Fotos mostrando alguns do vários gnaisses calcissilicáticos encontrados nessa porção. Em [A], um pouco mais a sul desse domínio, aflora rocha com bandas verdes com Ep + Qtz e cristais de titanita visíveis a olho nu e bandas rosadas com maior presença Kf + Qtz e muita calcita (TF-XI-15-194 – Coord.: 715848 E, 8857732 S). Em [B], gnaisse com bandas claras representadas por Plg+Qtz+Calcita e níveis esverdeados com Ep+Plg+Qtz+Cpx (TF-15-XI-196 – Coordenadas: 714566 E, 8859332 S).
TF 2015 – ÁREA XI
65
Figura 4.8 – Foto macro e micrografias de gnaisses calcissilicáticos do Domínio Centro Norte no Complexo Rio dos Mangues. Essas rochas representam bandas centimétricas desses gnaisses, e também apresentam variações composicionais em escala milimétrica (Coordenadas fotos A,B – TF- 15-XI-196: 714566 E, 8859332 S ; fotos C,D - TF-15-195: 714685 E, 8859294 S)
Domínio Centro-Sul
As rochas calcissilicáticas do Domínio Centro-Sul afloram próximo as
margens do Rio Pium e fazem limite oeste com as rochas da Sequência
Metavulcanossedimentar Rio dos Cocos e a leste com os ortognaisses félsicos.
São gnaisses de granulação fina a média, textura granoblástica,
compostos por cristais de quartzo, plagioclásio, epidoto, tremolita, feldspato
potássico e titanita. A figura 4.9 mostra alguns desses litotipos encontrados no
Domínio Centro-Sul.
TF 2015 – ÁREA XI
66
Figura 4.9 – Alguns dos gnaisses calcissilicáticos encontrados no Domínio Centro-Sul do Complexo Rio dos Mangues. Em [A], nota-se rocha com intercalações milimétricas composta de Plg+Bt+Qtz+Ep (TF-15-XI-79 - Coord.: 711677 E, 8855020 S) . Em [B], gnaisse com intercalação entre bandas rosadas mais ricas em Kf+Plg+Qtz e esverdeadas com Qtz+Plg+Ep+Titanita (TF-15-XI-86 - Coord.: 713734 E, 8855718 S).
Nesse domínio, foi realizado uma lâmina delgada do ponto TF-15-XI-
83 (Fig.4.10). Trata-se de uma rocha alterada de granulação fina, composta por
cerca de 94% de cristais de tremolita equigranulares em textuta diablástica, e
por cristais de clorita (3%) e magnetita (3%).
Figura 4.10 – Fotos macro e micrográficas do ponto TF-15-XI-83 (Coord.: 713238 E, 8855246 S).
Quando analisado o mapa da composição ternária RGB, nota-se uma
certa correlação dos gnaisses do Domínio Centro-Sul com a porção da área que
apresenta baixos valores em eTh, eU e %K (Fig.4.11). Os três pontos amarelos
indicam, da esquerda para direita, os locais onde afloram as rochas TF-15-XI-
79, 83 e 86, respectivamente, descritas acima nesse Domínio.
TF 2015 – ÁREA XI
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Figura 4.11 – Mapa de composição ternária RGB, com o quadrado amarelo delimitando o Domínio Centro-Sul das rochas calcissilicáticas. Os três pontos amarelos indicam, da esquerda para direita, os locais onde afloram as rochas TF-15-79, 83 e 86, respectivamente.
Em meio a pastagem, sempre estavam associadas a essas rochas
árvores como Aroeira, Angico e Cega-Machado (Physocalymma sacaberrimum),
que comumente aparecem em regiões do bioma cerrado cujo substrato
corresponde, por exemplo, a rochas carbonáticas e máficas.
Ortognaisses Félsicos
Os ortognaisses félsicos são separados em três domínios de ocorrência,
sendo eles: Domínio Centro-Sul, Centro-Norte e Nordeste. Abaixo, esses
domínios estão delimitados no mapa geológico (Fig. 4.12).
Figura 4.12 – Mapa geológico mostrando os Domínios Centro-Sul e Centro-Norte. O Domínio Nordeste não foi inserido no mapa por sua pequena abrangência. Este localiza-se nas adjacências a SE da lente de xisto carbonoso no domínio das rochas paraderivadas.
TF 2015 – ÁREA XI
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Domínio Centro-Sul
Os ortognaisses félsicos do Domínio Centro-Sul afloram dispostos num
alto topográfico em formato de uma crista de direção norte-sul, onde predomina-
se vegetação do tipo campo sujo e senso restrito (Fig.4.13).
Fig. 4.13 – Foto mostrando o alto topográfico em forma de crista N-S, associado aos álcali-granito gnaisses do Domínio Centro-Sul (tracejado em rosa). Ao fundo, nota-se morrote (alto tográfico da área, ponto 103) onde afloram gnaisses psamo-pelíticos. São encontrados protomilonitos nesse trend na subárea XI e IX, a norte.
A imagem RBG da gamaespectometria possui uma alta resposta em % K
nos entornos desse Domínio (Fig. 4.14).
Figura 4.14 – Imagem RGB com alta resposta em %K (tracejado amarelo) nas proximidades do Domínio Centro-Sul.
TF 2015 – ÁREA XI
69
São gnaisses álcali-graníticos de granulação média a grossa, ora
porfíriticos e pegmatóides, ora protomiloníticos, com textura granoblástica e
granolepidoblástica comuns e nematoblástica menos frequente. Uma lâmina
delgada de um álcali-granito gnaisse protomilonítico (TF-15-XI-211) evidencia
rocha com cerca de 65% de cristais de quartzo ocorrendo tanto em textura
nematoblástica (cordões de quartzo) como granoblástica, cristais de microclínio
(cerca de 32%) marcam, juntamente com cristais de muscovita (5%) e quartzo,
a textura granolepidoblástica característica dessa rocha. Ocorre como minerais
acessórios plagioclásio e biotita (Fig. 4.15)
Figura 4.15 – Fotos dos álcali-granito gnaisses do Domínio Centro-Sul. Em [A], estão algumas das diferentes fácies desses rochas do Domínio Centro-Sul. Em [B], [C] e [D] estão mostrados fotos macro e micrográficas do protomilonito (TF-15-XI-211). Notar em [B] , o tracejado em amarelo mostrando cordão de quartzo (Coord.: 715299 E, 8854544 S).
TF 2015 – ÁREA XI
70
Domínio Centro-Norte
Os ortognaisses do Domínio Centro-Norte Norte (divisa com a subárea
IX) ocorrem no contato com o Granito Serrote e com os gnaisses calcissilicáticos
do domínio de mesmo nome (Fig. 4.16).
Figura 4.16 – Contato geológico entre álcali-granito gnaisse porfirítico e gnaisse calcissilicático, ambos do Domínio Centro-Norte (próximo a divisa com a subárea IX).
Essas rochas apresentam as mesmas características texturais dos
ortognaisses a sul, porém apresentam maior proporção de filossilicatos
(muscovita e biotita) além de minerais acessórios como granada. Foi encontrado
nesse Domínio, diferentes gerações de injeções pegmatíticas de composição
álcali-granítica cortando rocha de granulação média com cristais de
Kf+Qtz+Bt+Plg. Algumas dessas injeções (menos espessas), encontram-se
totalmente transpostas e apresentam-se concordantes com o bandamento
gnáissico (Fig. 4.17-[A] , TF-15-XI-196 - Coordenadas: 714566 E, 8859332 S).
TF 2015 – ÁREA XI
71
Figura 4.17 – Fotos mostrando alguns dos diferentes ortognaisses do Domínio Centro-Norte no Complexo Rio dos Mangues.
No mesmo local onde ocorrem esses diques de composição álcali-
granítica, encontra-se ortognaisse com porfiroclastos de K-feldspato (círculo
amarelo – Fig. 4.17 [B]), juntamente com cristais de Qtz+Bt+Plg.
Em outro ponto nesse domínio (divisa com a subárea a norte), foi
realizado uma lâmina delgada da rocha mostrada na Fig. 4.17-[C], onde nota-se
cristais reliquiares de microclínio de até 5 cm. Em lâmina, essa rocha apresenta
cristais de microclínio (59%) de granulação grossa (reliquiares) e outros de
granulação fina em textura granoblástica. Cristais de quartzo apresentam-se em
textura nematoblástica e granoblástica (30%). Em menor proporção, os cristais
de muscovita não chegam a formar textura granolepidoblástica e ocorrendo em
teores próximos de 10%. Como minerais acessórios ocorrem granada, biotita e
titanita (TF-15-XI-61- Coord.: 713302 E, 8860978 S).
Domínio Nordeste
O Domínio Nordeste, apresenta ortognaisses de ocorrência mais restrita,
sendo caracterizado por gnaisses de granulação fina a média, variando
composicionalmente bandas de coloração rosa e branca e localmente
intercalados a bandas de coloração esverdeada. As bandas de coloração rosada
TF 2015 – ÁREA XI
72
e branca apresentam (em ordem descente) cristais de Qtz+Kf+Plg, sendo os
minerais dos níveis milimétricos de difícil identificação . A figura 4.18 mostra a
semelhança da rocha [A], encontrada nesse domínio, com a rocha [A’]
encontrada na subárea XII (vizinha a leste), também associada os ortognaisses
félsicos do Complexo Rio dos Mangues.
Uma lâmina delgada dessa rocha (A’) indica, cerca de 45% de cristais de
quartzo, 30% de microclínio, 15% de plagioclásio, e tendo hornblenda e biotita
como minerais acessórios. Assim, pela composição, sugeriu-se que essa rocha
possui como protólito um sieno-granito.
Figura 4.18 – Comparação entre rochas da subárea XI e XII. Em [A], apresenta-se ortognaisse predominante do Domínio Nordeste (TF-15-XI-135. Coord.: 719202 E, 8858484 S). Ao lado [A’], gnaisse sieno-granítico encontrado na subárea XII, descrito acima.
No Domínio Nordeste foi realizada uma lâmina delgada, no contato
entre bandamento de coloração rosa e verde (Fig.4.19). Trata-se de uma rocha
onde predomina-se textura granoblástica marcada por cristais de quartzo (40%)
– igualmente distribuído entre as bandas - e microclíneo (19%) representando
as bandas rosadas, ao passo que os cristais de epidoto (35%) dispõem-se em
arranjo nematoblástico e “tingem” as bandas esverdeadas. Como minerais
acessórios ocorrem titanita, allanita e apatita.
TF 2015 – ÁREA XI
73
Figura 4.19 – Fotos macro e micrográficas de gnaisse do Domínio Nordeste, interpretada com uma ocorrência de caráter local, nesse domínio (TF-15-XI-134 – Coord.: 719331 E, 8858496 S).
Anfibolitos Máficos
Os anfibolitos máficos afloram associados ao domínio das rochas
paraderivadas no Complexo Rio dos Mangues. Apresentam ocorrência restrita,
com afloramentos de dimensões métricas, sendo encontrado na área apenas
duas ocorrências (Fig. 4.20).
Figura 4.20 – Mapa geológico mostrando ocorrência dos anfibolitos máficos.
São rochas isotrópicas, de granulação fina a média , sendo distintas uma
das outras tanto em relação a cor como em paragênese. O anfibolito máfico que
aflora na parte centro-leste da área (TF-XI-15-193), apresenta-se na forma de
afloramento rasteiro em estrada e ocorre em contato com biotita-muscovita
quartzito (Fig.4.21). Essa rocha de provável protólito máfico é caracterizada
como quartzo anfibolito, apresentando coloração preta, de granulação fina a
média, composta predominantemente por cristais de hornblenda em textura
diablástica (cerca de 85%), e em menor proporção por cristais de quartzo (10%).
Como acessórios ocorre plagioclásio, epidoto, e titanita (Fig.4.22).
TF 2015 – ÁREA XI
74
Fig.4.21 – Contato geológico entre rocha paraderivadas psamítica e ortoderivada máfica no Complexo Rio dos Mangues.
Fig.4.22 – Quartzo Anfibolito, encontrado no domínio das rochas paraderivadas no Complexo Rio dos Mangues (TF-15-XI-193).
Outra rocha interpretada como tendo protolito de origem máfica, foi
encontrada a NE, já dentro dos limites da subárea IX. Apresentam-se isotrópica,
com granulação média e textura diablástica comum representada por cristais de
actinolita (60%), além de cristais de epidoto (34%), zoizita (5%) e titanita
dispostos em textura granoblástica (Fig. 4.23).
TF 2015 – ÁREA XI
75
Figura 4.23 - Afloramento de dimensões métricas na forma de blocos soltos a NE da subárea , em [A]. Em [B], [C] e [D] evidencia-se rocha isotrópica , além das texturas diablástica e granoblástica que caracterizam essa rocha , composta de Act+Ep+Zo+Ttn. (TF-15-XI-144 – Coord.: 717606 E, 8860334 S).
4.2.2 Granito Serrote
O Granito Serrote aflora tanto no limite leste com a Área XII como na parte
centro-norte da área, na divisa com a Área IX. A leste, ocorre na forma de relevo
tipo Pão-de-Açucar, com boas exposições rochosas e com vegetação do tipo
Campo Rupestre (Fig. 4.24) - e faz limite com o Complexo Rio dos Mangues por
meio da Zona de Cisalhamento Serrote, que será descrita no final dessa unidade.
Figura 4.24 - Foto mostrando a vegetação e a forma dos afloramentos (Ponto 105 – Coord.: 721255 E, 8853430 S).
TF 2015 – ÁREA XI
76
Composicionalmente são álcali-feldspato granitos de coloração rosada ora
porfiríticos, apresentando cristais de microclíneo (50%) ocorrendo tanto como
cristais relictos como cristais em textura granoblástica. Os cristais de quartzo
(40%) ocorrem em textura granoblástica e em menor frequência nematoblástica.
Em menor teor aparecem cristais de plagioclásio (5%) e como acessórios biotita,
titanita e magnetita (Fig. 4.25).
Figura 4.25 – Foto macro e micrográficas do Granito Serrote. Em (A) , álcali-granito protomilonítico e em (B),granito porfirítico com cristais de K-feldspato de até 5 cm. Em (C) e (D), fotomicrografia a N// e NX mostrando os porfiroclastos de K-feldspato e um cristal de magnetita (TF-15-XI-106).
O Granito Serrote da parte centro-norte também apresenta-se com as
mesmas características dos granitos da parte leste e ora são difíceis de serem
distinguidos dos ortognaisses do Complexo Rio dos Mangues (Figura 4.26).
Apesar de composicionalmente semelhantes, apresentam respostas distintas no
produto geofísico da composição ternária RGB. O Granito Serrote da porção
leste da subárea, apresenta resposta alta em %K e em algumas porções, alto
em eTh (verde), ao passo que o Granito Serrote da porção Centro-Norte
apresenta resposta alta em eTh, eU e %K (Fig. 4.27).
Análises utilizando gamaespectômetro portátil no Granito Serrote a leste,
mostram variação na resposta de eTh na rocha em escala métrica. Amostras em
espécie de aluvião de granumoletria areia, coletadas entre matacões de granito,
mostram valores de eTh: 2000 ppm e %K: 5,0. Essa análise, realizada no ponto
TF 2015 – ÁREA XI
77
105 (Coord.: 721255 E, 8853430 S), a leste da subárea, está de acordo com a
resposta em eTh (verde) da composição ternária RGB (Fig. 4.27).
Figura 4.26 – Álcali-granito porfirítico deformado (Granito Serrote) da porção centro-norte, mostrando cristais de quartzo em textura nematoblástica e cristais reliquiares de feldspato potássico. (TF-XI-15-64 – Coord.: 714732 E, 88859540 S).
Fig. 4.27 – Composição ternária RGB, mostrando (quadrado amarelo) na porção Centro-Norte, local de ocorrência do Granito Serrote com alta resposta em eTh, eU e %K. A leste, o tracejado amarelo mostra área aflorante do Granito Serrote, com predominânca na resposta em alto %K.
TF 2015 – ÁREA XI
78
Zona de Cisalhamento Serrote
No contato entre o Granito Serrote a leste e o Complexo Rio dos Mangues
- a NE da subárea (Fig. 4.28) - ocorrem protomilonitos intercalados
paralelamente a milonitos aflorando numa faixa de 300 m, com strike e mergulho
variando 280-320° e 12-25°, respectivamente. A Figura 4.29 mostra seções
dessas rochas em escala macro e microscópica.
Figura 4.28 – Mapa geológico mostrando a leste - pequena circunferência branca - onde encontra-se os proto e ortomilonitos. Os pontos amarelos inseridos na circunferência, representam essas rochas descritas a seguir.
Figura 4.29 – Proto (A- B) e ortomilonitos (C-D) que afloram na divisa do Granito Serrote – a NE - com o Complexo Rio dos Mangues.
Nota-se em campo que o xisto protomilonito (Fig. 4.29,[A-B]) aflora nas
bordas dessa faixa , ao passo que o xisto milonítico (Fig. 4.29,[C-D]) encontra-
TF 2015 – ÁREA XI
79
se associado internamente a essa faixa. Os primeiros, apresentam xistosidade
marcada por cristais de muscovita e biotita envolvendo amêndoas
(porfiroclastos de composição quartzo-feldspáticos) com geometria sigmoidal de
até 2 cm . Grande parte desses filossilicatos ocorrem intercalados e marcam a
textura lepidoblástica na rocha, chegando medir até ~ 1 cm.
Já os xisto milonítico, apresenta coloração esverdeada de granulação
fina a grossa, composta predominante cristais de muscovita e biotita de
aproximadamente 1 cm que alternam-se com níveis milimétricos granoblásticos
de composição quartzo-feldspática Nota-se na fotomacrografia (retângulo
amarelo), a presença de sigmoides de composição quartzo-feldspática.
4.2.3 Grupo Tocantins
Sequência Metavulcanossedimentar Rio do Coco
A Sequência Metavulcanossedimentar ocorre na parte central da área
(Fig. 4.30) ocorrendo em relevos suavemente ondulados. Ocorre vegetação do
tipo cerrado senso restrito e cerradão e seus afloramentos rochosos –
geralmente decamétricos - ocorrem sempre em encostas ou ao lado de
drenagens (Fig. 4.31).
Fig. 4.30 – Mapa geológico ressaltando o domínio de ocorrência da Sequência Metavulcanossedimentar Rio do Coco na subárea XI.
TF 2015 – ÁREA XI
80
Figura 4.31 – Forma de ocorrência dos afloramentos (rochas meta-pesamopelíticas) da Sequência Metavulcanossedimentar Rio do Coco (Ponto 70. Coord.: 709448 E, 8854006 S).
São rochas metapsamo-pelíticas associadas a lente de rocha
metamáfica (Domínio Central) e lente de rochas como magnetita quartzito,
quartzito manganesífero, tremolita-metachert e meta-ultramáficas (Domínio
Oeste), a qual está inserida na Formação Pequizeiro. As rochas metapsamo-
pelíticas representam a maior distribuição espacial dessa sequência, mostrando
variação de fácies em escala centimétrica a métrica, granulação fina a média,
ocorrendo como epidoto-mica-quartzo xistos (ou quartzitos, dependendo da
proporção entre cristais de quartzo e mica) com e sem granada e muitas vezes
com carbonato. A foto abaixo mostra intercalação entre mica quartzito com
magnetita e granada-epidoto-mica xisto (Fig - 4.32-[A], TF-15-XI-51, Coord.:
709565 E, 8854872 S). Abaixo – na mesma figura, 4.32[B] - também estão
representadas diferentes litofácies que ocorrem nessa unidade.
TF 2015 – ÁREA XI
81
Figura 4.32- Fotos mostrando algumas das litofácies mais comumente encontradas nessa unidade . Foto acima registrada no Ponto 70. Coord.: 709448 E, 8854006 S).
Foi feito uma lâmina delgada da fácies mais predominante dessa
unidade (indicada pela seta amarela, Fig.4.32[B]), mostrando rocha
caracterizada por apresentar intercalações milimétricas entre níveis de textura
granoblástica e granolepidoblástica. Os primeiros são compostos por cristais de
quartzo (50%) e em menor proporção por cristais de calcita (5%), sendo os níveis
granolepidoblásticos caracterizados por cristais de muscovita (16%) e biotita
(16%), que intercalam-se em menor proporção com cristais de epidoto, (10%) os
quais marcam textura nematoblástica sutil. Os minerais acessórios existentes
são granada, turmalina, allanita e zircão (Fig. 4.33).
TF 2015 – ÁREA XI
82
Figura 4.33 - Fotomicrografias a nicóis paralelos de granada-epidoto-mica quartzito carbonático. Em (A), nota-se textura granolepidoblástica predominante. Em (B), nota-se nível granoblástico com predomínio de cristais de quartzo e em menor proporção de calcilta (Cc). Apresenta paragênese composta por Grt+Bt+Ms+Qtz, caracterísitca da fácies xisto verde, zona da granada.
Além desses litotipos, ocorre em forma de lente (verde no mapa -
Domínio Central) no centro dessa unidade, xisto de coloração cinza escuro e de
granulação fina (Fig. 4.34).
Fig.4.34 – Afloramento rasteiro de dimensões decamétricas de xisto que aflora entre as rochas meta-psamopelíticas da Sequência Metavulcanossedimentar Rio dos Cocos (TF-15-XI-47- Coord.: 709015 E, 8856900 S).
TF 2015 – ÁREA XI
83
Uma análise utilizando difratometria de Raio X indicou picos
representativos de minerais como hornblenda, montmorillonita e quartzo (Fig.
4.35). Assim, afim de visualizar a mineralogia dessa rocha, foi utilizado lupa e
microscópio eletrônico, onde verificou-se presença comum de cristais de
hornblenda e secundariamente a presença de cristais de biotita.
Portanto, devido a essa paragênese e associação com subáreas
vizinhas a norte, onde também encontra-se litotipos de mineralogia semelhante
inseridos nessa sequência, sugere-se que esse xisto tenha como protólito rocha
de composição máfica. Porém, não é descartado a possibilidade dessa
ocorrência ser uma rocha calcissilicática, com protólito metassedimentar
margoso.
Fig. 4.35 – Análise de difratometria de raio X da amostra TF-15-XI-47.
Observa-se, que associado a essa lente inserida no domínio das rochas
meta-psamopelíticas, ocorre uma resposta de baixo eTh , baixo eU e baixo %K
na composição ternária RGB (Fig. 4.36)
TF 2015 – ÁREA XI
84
Figura 4.36 – Círculo amarelo mostrando um baixo na resposta aerogamaespectrométrica da composição ternária
RGB, associado a lente de rocha metamáfica da Sequência Metavulcanossedimentar Rio dos Cocos.
Por associação com rochas que afloram próximas umas das outras em
subáreas a norte (como as subáreas V e VII) e na mesma unidade, considera-
se no mapa do Projeto que a lente do Domínio Oeste, inserida na Formação
Pequizeiro, também pertence a Sequência Metavulcanossedimentar Rio dos
Cocos.
Essa lente apresenta uma associação de rochas completamente distintas
em relação aos litotipos da Formação Pequizeiro, a qual está inserida. Esse
domínio apresenta cerca de 2 km de extensão N-S e fitofisionomias do tipo
campo sujo a senso restrito. Estão presentes nessa lente, diversos litotipos
diferentes que foram descritos tanto pela subárea do presente projeto como pela
subárea IX (limite a norte). São, no geral, afloramentos encontrados na forma de
blocos rolados ou remexidos por máquinas agrícolas.
Predomina-se nessa lente, rochas como magnetita-quartzito e
secundariamente, quartzito manganesífero, tremolita metachert, biotita-clorita-
talco xisto e clorita xisto. As rochas meta-ultramáficas foram descritas pela
subárea IX, por posicionarem-se a norte dessa lente, ou seja, fora dos limites da
área do presente relatório.
Nessa lente, apesar dos afloramentos rochosos disporem-se, muitas
vezes, remexidos, nota-se que os litotipos encontrados ali encontram-se
intercalados ou associados de alguma forma. Por exemplo, encontra-se in situ
TF 2015 – ÁREA XI
85
magnetita quartzito ao lado (cerca de alguns metros) de biotita-clorita-talco xisto
(Fig. 4.37). Na mesma figura, mostra-se fotos macro e micrografias de magnetita
quartzito (B e C), o qual apresenta granulação média, grãos moderadamente
selecionados e apresentando acamamento marcado por cristais de magnetita e
óxidos de ferro.
Figura 4.37 – Em (A), biotita-clorita-talco xisto com veio de quartzo com magnetita. Em (C), fotomicrografia de magnetita quartzito (TF-15-XI-24a, Coord.: 703903 E, 8859688 S).
Também foram encontrados nessa lente, tremolita metachert e quartzito
manganesífero. Há dúvidas em relação à, se essa segunda rocha pode ser
considerada um metachert manganesífero, no entanto em lâmina delgada essa
rocha apresenta grãos de quartzo arredondados , em contatos côncavo-
convexos e suturados, diferentemente da forma como se dão os contatos entre
os cristais de quartzo do tremolita metachert (Fig. 4.38)
TF 2015 – ÁREA XI
86
Fig. 4.38 – Fotos macro e micrografias mostrando : Em (A) e (B), tremolita metachert com paragênese Tre+Bt+Qtz (TF-15-XI-38(A)- Coord.: 704200 E, 8860825 S) . Em (C) e (D), quartzito manganesífero mostrando no canto superior à esquerda da fotomicrografia, grãos de quartzo em contato côncavo-convexo (TF-15-XI-24a – Coord.: 703903 E, 8859688 S).
Formação Pequizeiro
A Formação Pequizeiro situa-se a oeste da subárea (Fig. 4.39) e possui
relevo suave ondulado com cotas em torno de 300 m. As pequenas ilhas de
vegetação nativa restantes são típicas de fitofisionomias como campo sujo.
Figura 4.39– Mapa geológico ressaltando o domínio de ocorrência da Formação Pequizeiro na subárea XI.
Nessa unidade ocorre amplo capeamento laterítico, com crostas ferro-
aluminosas e ferro-mangano-aluminosas com espessura em torno de 3 m e
TF 2015 – ÁREA XI
87
geralmente incorporando fragmentos angulosos de quartzo leitoso, sendo esses
lateritos encontradas tanto in situ como coluvionares (Fig. 4.40).
Figura 4.40 – Visão geral do padrão geomorfológico dessa unidade, mostrando ao fundo pediplanos sustentados por capeamento laterítico.
Apesar da escassez de afloramentos nessa unidade é comun a
ocorrência de veios de quartzo de direção N-S. As rochas encontradas
apresentam-se saprolitizadas , de coloração cinza a avermelhada, de granulação
fina a média, e são caracterizadas por apresentar xistosidade marcada
predominantemente por cristais de muscovita de granulação fina, além de
porfiroblastos de bioita em textura diablástica. Observações em campo, mostram
que as rochas metapelíticas dessa unidade possuem variação de fácies em
escala decamétrica entre quartzo-muscovita xisto e biotita-muscovita xisto, com
magnetita sempre “acompanhando” (como acessório) essa segunda litofácies.
As fotos a seguir mostram biotita-muscovita xisto em macro e micro
escala. Na figura 4.41-B, visualiza-se rocha de coloração avermelhada, com
porções de coloração esbranquiçada e granulação fina composta por cristais de
muscovita e, em vermelho, cristais diablásticos de biotita. São compostas
predominantemente (60%) por cristais de muscovita de granulação fina em
textura lepidoblástica e diablástica. Já intemperizados, os cristais de biotita
(25%) possuem granulação fina a média, dispostos em textura diablástica. Em
menor proporção aparecem cristais de quartzo (7%), clorita (5%) e magnetita.
TF 2015 – ÁREA XI
88
Nessa unidade, as litofácies que apresentam porfiroblastos de biotita,
sempre mostram esses cristais já intemperizados, dificultando sua identificação.
Assim, para constatar a mineralogia desses cristais, realizou-se uma análise de
difratometria de raio-X, onde foi confirmado a presença desse filossilicato (em
anexo).
Fig. 4.41 - As fotos (A) e (B) mostram a forma dos afloramentos dessa unidade e a fácies mais comumente encontrada na Formação Pequizeiro, respectivamente. Nota-se a grande proporção de minerais de composição aluminosa nessa unidade (TF-15-XI-167-Coord.: 701509 E, 8858460 S).
4.2.4 Diques Máficos
Os diques de diabásio afloram na porção nordeste da subárea, sendo
encontrados dois afloramentos rasteiros de dimensões decamétricas distantes
um do outro cerca de 1,3 km, sendo um a sul, nas proximidades do Granito
Serrote e outro a norte, no domínio das rochas paraderivadas do Complexo Rio
dos Mangues.
Apesar de ocorrerem em locais de vegetação nativa degradada, ainda
ocorrem nesses locais árvores relictas como Angicos e Aroeiras que ajudam a
TF 2015 – ÁREA XI
89
mapear ocorrências como estas. As fotos abaixo mostram a disposição desses
afloramentos em campo (Fig. 4.42).
Fig. 4.42- Fotos mostrando os afloramentos rasteiros dos diques de diabásio. Em (A), as setas vermelhas mostram afloramentos rasteiros de diabásio indicando direção N-S (TF-15-XI- 127, Coord.: 721010 E, 8859072).
São encontrados tanto na parte sul como norte, rochas isotrópicas de
coloração cinza e granulação fina a média. Foram realizadas duas seções
delgadas - uma de ocorrência a sul, de rocha de granulação média (TF-15-XI-
122) e outra a norte (TF-15-XI-127), de granulação fina (Fig. 4.43).
TF 2015 – ÁREA XI
90
Figura 4.43 – Macro e fotomicrografias do dique de diabásio mostrando rochas com diferentes granulações. Em campo, observa-se que as rochas de granulação fina aparecem nas margens desse corpo.
Tanto a rocha de granulação média (Fig. 4.43-[A-B]) como a de
granulação fina apresentam como cristais de piroxênio, apenas augita (30-35%)
e, em relação aos cristais de plagioclásio(55-60%), os teores de anortita indicam
composição transicional andesina-labradorita (An 52). Essas rochas apresentam
textura sub-ofítica comum, sendo que o gabro de granulação média mostra com
frequência textura de intercrescimento (simplectito, textura gráfica) entre cristais
de plagioclásio e quartzo.
TF 2015 – ÁREA XI
91
4.2 Metamorfismo
No Projeto Paraíso-TO, as rochas encontram-se deformadas e
metamorfisadas em um contexto de metamorfismo regional progressivo de baixo
a médio grau. As fácies metamórficas variam de xisto verde baixo chegando a
anfibolito superior (Figura 4.44).
Figura 4.1: Diagrama de pressão por temperatura de metamorfismo regional. O tracejado vermelho-amarelo sugere e faz referência às fácies metamórficas em que as rochas do Projeto estão inseridas.
Na subárea XI, sugere-se que as rochas da Formação Pequizeiro
apresentam-se metamorfizadas em fácies xisto verde (zona da biotita, TF-15-XI-
167), sendo que as rochas da Sequência Metavulcanossedimentar Rio dos
Cocos, estão inseridas na transição entre a fácies xisto verde/anfibolito (zona da
granada, TF-15-XI-70), o que condiz com o metamorfismo regional da área.
No Complexo Rio dos Mangues, encontra-se rochas metamorfisadas
desde a fácies xisto verde alto, representado pelo granada-mica xisto (zona da
granada, TF-15-XI-131), à fácies anfibolito, como é indicado pela rocha
metamáfica TF-15-XI-193.
TF 2015 – ÁREA XI
92
5. Geologia Estrutural
5.1 Introdução
A área mapeada é representada por um embasamento Paleoproterozóico
formando um alto estrutural de direção principal N-S, formado pelo complexo Rio
dos Mangues e Granito Serrote. As suas margens são rodeadas a Oeste e
Noroeste pela Sequência Vulcanossedimentar Rio do Coco e Formação
Pequizeiro, alinhadas em um trend Norte-Sul. A Leste, Nordeste, Sudeste e
Norte é limitado pelo Grupo Estrondo de orientação preferencial Noroeste - Norte
Noroeste.
Os principais contatos entre essas unidades ocorrem de forma tectônica
limitados por grandes traços estruturais, obtidos a partir das principais direções
e estruturas encontradas. Ao todo, foram individualizadas seis zonas principais
(Figura 5.1) denominados: Zona de Cisalhamento Paraíso (ZCPa), Zona de
Cisalhamento Pium (ZCPi), Zona de Cisalhamento Rio do Coco (ZCRC), Zona
de Cisalhamento Serrote (ZCS), Zona de Cisalhamento Chapada de Areia
(ZCCA) e Zona de Cisalhamento Estrela (ZCE).
A ZCPa está situada na parte Leste da área com direção principal NNW-
NW com uma inflexão sútil causada pela ZCE, que será abordado mais à frente.
Esse cisalhamento é característico por ser de baixo ângulo mergulhando para
ENE, com linhas de estiramento tipicamente down-dip e indicador cinemático de
transporte de ENE para WSW, caracterizando rampas frontais em uma
deformação Dúctil-Rúptil. Essa ZC é associada à sobreposição das rochas do
Grupo Estrondo sobre o Complexo Rio dos Mangues, associada a série de
empurrões encontrados a leste da área mapeada.
A ZCPi está presente a Oeste da área e possui direção principal N-S com
baixo ângulo de mergulho preferencial para Leste. Possui lineamento mineral
preferencial Dow-Dip a levemente obliquo com mergulho também para Leste,
interpretado como rampas frontais em uma deformação Dúctil-Rúptil. Essa ZC é
associada a sobreposição da Sequência Vulcanossedimentar Rio do Coco
(SVRC) sobre a Formação Pequizeiro. A principal diferença entra a ZCPi e a
ZCPa está na orientação N-S e NNW-NW, respectivamente.
TF 2015 – ÁREA XI
93
Figura 5.1: Zonas de cisalhamento da área do Projeto Paraíso.
TF 2015 – ÁREA XI
94
As ZCRC, ZCS e ZCCA apresentam estruturação semelhante formando
zonas de transcorrência, situadas na porção Centro Oeste da área, com
orientação N-S, NNE e NW, respectivamente. Representam um corredor de falha
com cerca de 5 km de largura, onde é comum encontrar expressões menores de
falhas transcorrentes subparalelas à direção principal N-S.
A ZCRC e CA representam zonas sub verticais com lineação de
estiramento mineral direcional e indicadores cinemáticos destrais, associado à
uma deformação Dúctil-Rúptil. Localmente, associado a ZCCA ocorrem dobras
de arrasto que indicam transporte destral. Foram interpretadas como fazendo
parte de um mesmo sistema de rampas laterais, com a ZCCA formando uma
ramificação, possivelmente em rabo de cavalo, da ZCRC.
Ainda associado as ZCRC-CA, ocorre principalmente a justaposição do
Complexo Rio dos Mangues com a Sequência Vulcanossedimentar Rio do Coco
com arrasto da ZCPi. Localmente, ocorre um regime transpressivo, responsável
por sobrepor a SVRC sobre o CRM. Em mapa, a ZCCA é representada como
uma estrutura rúptil sinistral devido à reativação posterior, sendo preservado
somente as dobras de arrasto destrais associados estruturação inicial.
Já ZCS possui orientação principal tendendo para NNE, também
formando zonas sub verticais com linhas direcionais porém com cinemática
sinistral. Faz parte do mesmo sistema dúctil-rúptil das ZCRC e ZCCA, porém a
ZCS afeta principalmente o Granito Serrote, estruturando-o como um indicador
cinemático sinistral.
A Zona de Cisalhamento Estrela (ZCE), assim como a ZCCA, ocorre de
forma pontual na área mapeada, afetando somente a porção mais a SE. É
representada por zonas subverticais de orientação N20E com movimentação
dextral ocorrendo de forma Dúctil-Rúptil. Pode ser observado que a ZCPa é
afetada pela ZCE, onde a estruturação preferencialmente NNW-NW é deslocada
de forma a ficar subparalela (N-S; NNE) à direção da ZCE. Regionalmente, a
ZCE associa-se ao Lineamento Transbrasiliano.
TF 2015 – ÁREA XI
95
5.2 Eventos de Deformação
A partir de análises das estruturas encontradas na área, foi possível
distinguir três eventos de deformação, como exposto na tabela 5.1.
TF 2015 – ÁREA XI
96
Tabela 5.1: Eventos de deformação, suas estruturas e interpretações. O Evento evidenciado na área XI está destacado em vermelho e as Fases de Deformação encontradas estão destacadas em amarelo.
Ev
ento
Tec
tôn
ico
Fases
Elementos estruturais
Foliação Lineação Dobras Indicadores
cinemáticos
Falhas e
fraturas Interpretação Unidades afetadas
Estrutras
presentes na sua
área
Ev
ento
E1
D1
Foliação S1
pervasiva
NNW e
mergulho
para ENE
Compressão
NE-SW
dúctil-ruptil.
Rio dos Mangues,
Serrote e Gr.
Estrondo
D2
Foliação S2
de baixo
ângulo e
direção
NNW
Lineação de
estiramento
mineral down dip
com mergulho
NNE
Dobras
abertas a
isoclinais
fechadas de
eixo 330 -
NNW
Sigmóides ENE-
WSW; Boudinagem
de extensão dúctil
ENE-WSW; Dobras
de arrasto
Zona de
cisalhamento
de baixo
ângulo e
falhas reversas
ZCPa
Even
to E
2
D3
Foliação S3
subparalela a
S0, de strike
N-S.
Compressão
E-W dúctil-
ruptil
Gr. Rio dos
Mangues, Gr.
Tocantins e
Sequência
vulcanossedimentar
Rio do Coco
Foliação S3
D4
Foliação S4
de baixo
ângulo N-S e
mergulho
para E;
Clivagem de
crenulação
Lineação de
estiramento
mineral down-dip
mergulhando
preferencialmente
para E; Lineação
de crenulação.
Dobras
abertas
suaves a
apertadas
isoclinais,
progressivas,
de eixo N-S.
Rompimento das
charneiras das
dobras.
Empurrões/transporte
de massa de E para
W
Formação de
ZCPi, de
baixo ângulo
Foliação S4;
Clivagem de
crenulação;
lineação de
crenulação; Dobras
F4 suaves a
isoclinais.
D5
Foliação S5
subvertical
mergulhando
para E.
Lineação de
estiramento
mineral N-S
direcional
Dobras
suaves
regionais de
eixo E-W
Sigmóides, Pares S-
C e Dobras de
arrasto todos
dextrais;
Boudinagem
indicando extensão
dúctil N-S.
Formação de
zona de
cisalhamento
de alto ângulo
(ZCRC, ZCS e
ZCCA)
Foliação S5;
Sigmóides; Dobras
de arrasto; Objetos
de giro.
Foliação S6
subvertical
com
mergulho
para E.
Lineação
subhorizontal
N20-50E
Indicadores
cinemáticos dextrais.
Transcorrência
NE de alto
ângulo ZCE
D6
Ev
ento
E3 Reativação
rúptil
Falhas de
direção N-S;
NW-SE e E-W
Extensão
TF 2015 – ÁREA XI
97
Na área XI, foi evidenciado apenas o evento E2, uma vez que o evento E1
é exclusivo da porção leste da área do projeto. Do evento E2, foi possível
observar estruturas das fases de deformação D3, D4 e D5.
5.2.1 Fase de Deformação D3
A fase de deformação D3 é caracterizada por deformação dúctil-rúptil,
gerando foliação S3 paralela ao acamamento (S3//S0) que é bem marcada nos
xistos da Formação Pequizeiro e da Sequência Vulcanossedimentar Rio do
Coco. A foliação S3 é penetrativa, de espaçamento milimétrico e marcada por
micas como sericita e muscovita (no caso da Formação Pequizeiro) ou biotita
(no caso da Sequência Vulcanossedimentar Rio do Coco), com direção de strike
N-S e mergulhos preferenciais para leste de baixo ângulo (20°). Localmente, é
possível observar injeções de quartzo no plano de S3. A foliação encontra-se
dobrada pela fase de deformação D4, gerando dobras F4 suaves nas rochas da
Formação Pequizeiro e dobras apertadas a isoclinais na formação. Localmente,
nos afloramentos mais próximos à ZCRC, a foliação S3 encontra-se paralela à
foliação S4 (S3//S4), resultado de uma intensa deformação na fase D5, que
paraleliza as foliações anteriores e as intersecta em alto ânglulo.
Figura 5.2: Foliação S3 penetrativa espaçada centimétricamente e dobrada suavemtente gerando dobra F4. Formação Pequizeiro.
TF 2015 – ÁREA XI
98
Figura 5.3: Foliação S3 marcada por filme de sericita em sericita-xisto da Formação Pequizeiro.
5.2.2 Fase de Deformação D4
A fase de deformação D4 é também caracterizada por uma deformação
dúctil-rúptil, porém mais intensa que a fase D3. Tal fase é responsável pela
geração da foliação S4, clivagem de crenulação S4 e dobras suaves a isoclinais
de eixo N-S F4, estruturas observadas na área XI. Tais estruturas estão bem
preservadas nos xistos da Sequência Vulcano Sedimentar Rio do Coco.
A foliação S4 é penetrativa, milimétrica a centimétricamente espaçada e
intersecta a foliação S3 em baixo ângulo. Tem direção de strike N-S e mergulhos
variando entre 30 e 50 graus. Em regiões onde a deformação pela fase D5 foi
intensa, a foliação S4 encontra-se paralela a S3 e com mergulhos mais altos a
subverticais (de 60 a 85 graus).
TF 2015 – ÁREA XI
99
Figura 5.4: Foliação S3//S0 intersectada pela foliação S4 em baixo ângulo.
Figura 5.5: Clivagem de crenulação S4 em biotita xisto da Sequência Vulcanossedimentar Rio do Coco.
TF 2015 – ÁREA XI
100
Localmente, quando a deformação é mais intensa, a fase de deformação
D4 gera clivagem de crenulação, restrita a biotita xistos da Sequência
Vulcanossedimentar Rio do Coco. Por consequência, gera-se também a lineção
de crenulação L4 a partir dos pontos de charneira da crenulação.
A fase de deformação D4 gera também dobras F4, comumente apertadas
de plano axial inclinado a isoclinais, podendo ser mais suaves na Formação
Pequizeiro. As dobras apertadas são assimétricas, com vergência para Oeste e
eixo B4 pouco inclinado de direção N-S, apresentando padrão M de dobra em
suas charneiras.
Figura 5.6: Dobra assimétrica F4 com vergência para oeste. A caneta marca o eixo B4 de direção N-S.
TF 2015 – ÁREA XI
101
Onde a deformação é mais intensa, normalmente próximo a afloramentos
em que a fase D4 gera clivagem de crenulação, as dobras F4 apresentam-se
isoclinais, com eixo B4 horizontal e de direção N-S.
Figura 5.7: Dobra F4 isoclinal com eixo horizontal em biotita-xisto da Sequência Vulcanossedimentar Rio do Coco. O asterisco amarelo indica o ponto de charneira.
TF 2015 – ÁREA XI
102
5.2.3 Fase de Deformação D5
A fase de deformação D5 é caracterizada por uma deforamação dúctil-
rúptil de alto ângulo, gerando as zonas de cisalhamento ZCRC (encontrada na
área XI), ZCS e ZCCA. Gera a foliação de alto ângulo S5 (60-80º), com
espaçamento centimétrico a decimétrico, mergulho para leste e direção de strike
N-S. A foliação S5 intersecta as foliações S3 e S4 e, localmente em regiões de
alta deformação (próximo à ZCRC), paraleliza as foliações anteriores gerando
sigmoides. A fase de deformação D5 é bem marcada nas rochas da Sequência
Vulcanossedimentar Rio do Coco, mas também pode ser observada no
Complexo Rio dos Mangues, onde D5 gera o bandamento gnássico.
Figura 5.8: Foliação S5 de alto-ângulo interctando e paralelizando as foliações S3 e S4. É possível observar, a partir da geração dos sigmoides, que tal deformação é causada por cisalhamento dextral.
Além disso, devido ao cisalhamento dextral, o evento de deformação D3
gera shear folds em rochas da Sequência Vulcanossedimentar Rio do Coco. As
dobras deste tipo encontradas na área XI são raras, centimétricas e também
indicam cisalhamento dextral.
TF 2015 – ÁREA XI
103
Tal cisalhamento dextral também é evidenciado em paragnaisses do
Complexo Rio dos Mangues, onde é possível observar porfiroblastos de
feldspato sendo rotacionados.
Figura 5.9: Shear Fold F5 em biotita-xisto da Sequência Vulcanossedimentar Rio do Coco. É possível observar evidências da cinemática dextral geradora da dobra.
TF 2015 – ÁREA XI
104
Figura 5.10: Porfiroclasto rotacionado em paragnaisse do Complexo Rio dos Mangues. É possível observar sobra de pressão caracterizando cinemática dextral.
Na figura 5.11, observa-se o mapa geológico da área XI, com os
estereogramas das unidades Formação Pequizeiro, Sequência
Vulcanossedimentar Rio do Coco e Complexo Rio dos Mangues e a linha AB
indicando a seção geológica, que é mostrado na figura 5.11.
Os estereogramas da Formação Pequizeiro e da Sequência
Vulcanossedimentar Rio do Coco mostram bem a tendência de foliações com
strikes de direção N-S e mergulho de moderado ângulo preferencial para leste.
Já o estereograma do Complexo Rio dos Mangues mostra tendência de foliações
mergulhando para Norte e Noroeste, o que se deve ao fato da maioria das
medidas tomadas nessa unidade geológica foram obtidas próximas ao Granito
Serrote, que faz com que a foliação seja deflectada ao longo da intrusão.
TF 2015 – ÁREA XI
105
Figura 5.11: Mapa geológico da área XI, onde é possível observar a ZCPi, ZCRC e a ZCS, além de um empurrão local associado à ZCS e outra transcorrência local restrita ao Complexo Rio dos Mangues. Estão indicados os estereogramas de cada unidade.
Figura 5.12: Seção geológica AB da área XI. Estão indicas as ZCPi, ZCRC e ZCS.
TF 2015 – ÁREA XI
106
6. Geologia Econômica
6.1 Ocorrências Minerais Regionais
O Projeto Paraíso do Tocantins está inserido na porção meridional da
Faixa Araguaia. Esta região é historicamente conhecida como sendo uma área
situada em um contexto fértil no ponto de vista de depósitos minerais. Mesmo
sendo uma área com um grande potencial, não há uma exploração expressiva
tanto para metais e gemas quanto para minerais e rochas industriais (Tab. 6.1).
Contudo, há depósitos conhecidos e explorados por atividade garimpeira e por
pedreiras (Figura 6.1).
Tabela 6.1: Relação ocorrência e depósito mineral dentro do Projeto Paraíso
Substância
Mineral Rocha Hospedeira
Associação
Mineralógica Uso
Status da
mineralização
Coord.
E
Coord.
N
Sodalita Sienito Sodalitasienito Gema Garimpo paralisado 720939 8888426
Nefelina Sienito Nefelinasienito Ornamental/
Industrial Ocorrência 722090 8888818
Ouro/Prata Talco Clorita Xisto Pirita Metal precioso Ocorrência 704030 8860764
Manganês Chert Óxido de Mn Metal ferroso Ocorrência 704030 8860764
Turmalina Veio de quartzo Turmalina Gema Garimpo paralisado 714626 8863221
Cobre Calciossilicatica Malaquita Não ferroso Ocorrência 725512 8872095
Mármore Calcissilicática Tremolita-
Mármore Ornamental Ocorrência 729984 8838844
Granito Granito Serrote Granito Industrial Pedreira ativa 727544 8853738
Talco Talco Xisto Talco Xisto Industrial Garimpo paralisado 709790 8870094
Esmeralda Anfibolito e Biotitito Anfibolito e
Biotitito Gema/Industrial Garimpo ativo 720608 8887004
Quartzo Muscovita Xisto Quartzo Gema/Industrial Garimpo paralisado 698187 8847252
TF 2015 – ÁREA XI
107
Na Suíte Monte Santo, há extensa ocorrência de nefelinasienito, rocha
que pode ter usos diversos, desde ornamental a funções industriais, como por
exemplo em indústrias de vidro e cerâmica (Fig. 6.2A). Ainda nessa suíte
intrusiva, há ocorrência de sodalitasienito, amplamente usado como gema e em
objetos ornamentais (Fig. 6.2B).
Figura 6.1: Distribuição das áreas de garimpo, pedreira e ocorrência dentro do Projeto Paraíso. As ocorrências são dadas pela presença de depósito similares nas proximidades.
A partir de diversos trabalhos desenvolvidos no final da década de
1990, foi relatada ocorrência de esmeraldas em Monte Santo (TO), o que
ocasionou um grande fluxo de pessoas para esta região. As esmeraldas,
TF 2015 – ÁREA XI
108
extraídas por meio de atividade garimpeira, possuem valor gemológico e
industrial (Fig. 6.2C e D). Tais garimpos localizam-se na porção sul da intrusão
de Monte Santo e possui contato com anfibolitos do Grupo Rio do Coco, bem
como próximo ao Grupo Estrondo.
Figura 6.2: Potencialidades econômicas do Projeto Paraíso do Tocantins. A) Ocorrência de nefelinasienito na porção norte do projeto (Área 02); B) Ocorrência de sodalitasienito na porção norte do projeto (Área 02); C) Esmeraldas extraídas do garimpo Corre-Corre (Área 04); D) Garimpo Corre-Corre com extração de esmeralda na porção norte do projeto (Área 04); E) Talco xisto (Área 5, TF15-V-110); F)Tremolita talco xisto (Área 05, TF15-V-139).
Os litotipos aflorantes encontrados no Grupo Rio do Coco compreendem
rochas de natureza máfica e ultramáfica que foram submetidas a processos
tectono-metamórficos que resultaram na geração de serpentinitos, clorita xistos,
TF 2015 – ÁREA XI
109
talco xistos (Fig. 6.2E) , tremolita-talco xistos (Fig. 6.2F), actinolita xistos e
magnetita-clorita xistos, principalmente. Ou seja, as associações mineralógicas
encontradas nestas rochas são compostas essencialmente por talco, serpentina,
tremolita, magnetita, actinolita e clorita. Apesar da indicação de possíveis
mineralizações de níquel, cobre, cobalto e ferro a partir de anomalias
geoquímicas (Barreira & Dardenne, 1980) e outras campanhas de prospecção
de ouro já realizadas na região, durante o mapeamento foi possível constatar
potencial econômico nos talco xistos e gossan relacionadas a essas rochas
máficas e ultramáficas. Outros potenciais não foram indetificados devido a não
realização de análises geoquímicas neste projeto que pudessem revelar outras
possíveis potencialidades.
Dentro dos litotipos citados, o talco xisto, rocha composta
marjoritariamente de talco, deve ser destacado por sua ocorrência em ampla
quantidade, formando até mesmo pequenos corpos que foram garimpados no
passado (Fig. 6.2D). O talco é o mineral industrial de maior ocorrência na
unidade ultramáfica, sendo utilizado na elaboração de cosméticos, tintas e
cobertura de papel; bem como em aplicações mais simples, como fundente na
indústria cerâmica ou mesmo carga inerte na fabricação de tintas, borracha,
inseticidas, fertilizantes e papel (CETEM/MCT, 2005).
O Granito Serrote, que compõe a Suíte Serrote, corresponde a um corpo
diferenciado em basicamente duas fácies; uma fácies de granulação fina e outra
grossa. As relações de campo atestam que a intrusão da fácies fina é posterior
à grossa, e que, apesar destas variações texturais, a mineralogia permanece
aproximadamente semelhante e o corpo é caracterizado majoritariamente por
uma composição sieno-granítica. Em termos econômicos, o granito Serrote é
atualmente explorado pelas empresas “Mineração Paraíso” (Fig. 6.3A e B) e
“Mineração Pugmil”, ambas voltadas para a produção de brita, além de pequenas
ocorrências de extração artesanal de granito. Pelas empresas, a extração
baseia-se basicamente na explosão, com subsequente moagem do granito para
a obtenção de brita. Este granito milonitizado e vermelho é atualmente
desconsiderado para fins ornamentais pela maioria do comércio, embora exista
a denominação “Granito Tigrão” em catálogos de rochas ornamentais da região.
Ainda no granito Serrote, existem relatos esparsos de ouro em sulfeto e
quartzo translúcido; o qual foi explorado e exportado para japoneses em tempos
TF 2015 – ÁREA XI
110
pretéritos, de acordo com o histórico mencionado por trabalhadores locais.
Ocorrem porções máficas, que por vezes se assemelham a enclaves, as
quais apresentam grande concentração de opacos, biotita e zircão, podendo ser
estudadas para fins econômicos.
Figura 6.3: Potencialidades econômicas do Projeto Paraíso do Tocantins. A e B) Pedreiras Paraíso situada no granito Serrote (Área 12); C e D) Mármore brechado do Complexo Rio dos Mangues com porções silicificadas (Área 16); E) Superfície de alteração em gnaisse calcissilicático, onde ocorre maior concentração de malaquita (Área 08, TF15-VIII-158B); F) Anfibolito do Grupo Estrodo com ocorrência de sulfetos (Área 17).
O Complexo Rio dos Mangues é composto por dois diferentes domínios,
o primeiro deles é caracterizado por rochas metamórficas ortoderivadas e o
segundo por rochas metamórficas paraderivadas. O domínio de ortoderrivadas
é marcado pela presença de ortognaisses de composição sieno-granítica e
diorítica, ambas não possuem evidências de mineralização associada. O
domínio composto pelas paraderivadas é representado por gnaisses mármores
(Fig. 6.3B e C), calcissilicáticos e biotita muscovita xistos. Nestas rochas
paraderivadas, pode-se citar o uso industrial de mármores como rocha
TF 2015 – ÁREA XI
111
ornamental e como matéria prima para produção de corretivo de solo. A respeito
dos gnaisses calssicilicáticos, também mapeados no Grupo Estrondo, podem ser
utilizados para preparação de corretivos de solo. Em certas porções estes corpos
calcissilicáticos são sulfetados, com presença de pirita e arsenopirita. Por vezes
e raramente, estas rochas calcissilicáticas possuem mineralização de cobre
associados à malaquita (Fig. 6.3E). Devido a falta de informação subsuperficiais,
não é possível estimar sua viabilidade econômica, porém vale ressaltar sua
eventualidade no contexto geológico em que se encontra.
O Grupo Estrondo, representado no projeto Paraíso do Tocantins pela
unidade mapeada Formação Xambioá, possui xistos de composição variável
abrangendo muscovita, biotita e quartzo como minerais constituintes principais,
anfibolitos, gnaisses calcissilicáticos e quartzitos micáceos. Certos corpos de
anfibolito estão sulfetados, com presença de pirita.
6.2 Ocorrências Minerais Locais
6.2.1 Complexo Rio dos Mangues
O Complexo Rios dos Mangues possui diversos tipos de rochas com
potencialidade econômica como gnaisses calcissilicáticos e anfibolitos,
ortognaisses félsicos e máficos (raros), mica xistos e xistos carbonosos.
Gnaisses Calcissilicáticas e Anfibolitos (Agromineral e Turmalina)
As rochas calcissilicáticas e anfibolitos (menos comuns), estão dispostos
nessa unidade na forma de lentes de dimensões decamétricas e por vezes até
maiores e, possuem potencial utilidade na agricultura a partir da rochagem.
Essas rochas são compostas de minerais como diopsídeo, anfibólios cálcicos,
feldspatos, carbonatos e epidoto, sendo minerais que possuem solubilidade
relativamente boa a intermediária .
Assim, podem ser utilizadas tanto pequenos produtores rurais, que
poderiam se beneficiar com a simples retirada mecânica de saprólitos derivados
TF 2015 – ÁREA XI
112
dessas rochas e os incorporando no solo juntamente com esterco ou restos
vegetais. Além disso, pequenos e médios empreendimentos poderiam se
beneficiar com o processo de britagem dessas rochas para utilização como
agrominerais, sendo o escoamento desse tipo de produto facilitado pela
proximidade da BR-153.
Dentro do domínio das rochas calcissilicáticas na parte centro-sul da
subárea, foi encontrado especificamente num ponto, a ocorrência de um veio de
quartzo de espessura em torno de 50 cm, com presença de cristais de
turmalina(shorlita) de até 7 cm. Esse veio de quartzo apresenta-se verticalizado
e de direção N-S (Fig.6.4). Esse veio está condizente com a direção de
lineamentos NNE a sudoeste da área do Projeto, bem marcado nas imagens de
LANDSAT e nos diversos produtos geofísicos. Na subárea adjacente a norte
(mesmo trend), há o registro de garimpo de turmalina em veio de quartzo, já
abandonado.
Figura 6.4: Veio de quartzo com direção N-S, com cristais de schorlita. As rochas encaixantes são gnaisses calcissilicáticos (TF-15-XI-207, Coord.: 716180 E, 8854146 S).
TF 2015 – ÁREA XI
113
6.2.2 Granito Serrote
O Granito Serrote aflora no extremo leste e na porção centro-norte da
subárea XI, possuindo nesses domínios granulação grossa e coloração rosada
impressa pelos porfirocristais de K-feldspato (microclínio). Em outras áreas
próximas onde esse granito aflora foram encontradas fácies de granulação
média e fina, sendo a composição desse granito – no geral – correspondendo a
um álcali-granito.
Brita e Tório
Além da potencial utilização como rocha ornamental e como brita para
revestimento e pavimentação de estradas, esse batólito apresenta teores
elevados de Tório que foram detectados em diversas subáreas com a ajuda de
um gamaespectrômetro portátil (Modelo RS-230 BGO). A sudeste, na divisa com
a subárea XIII (Ponto 106 – Coord.: 8853450 E, 721255 S), foi detectado uma
contagem anômala no equivalente em Tório em torno de 2000 ppm. Essa
contagem foi observada tanto na rocha, que apresentava variações (escala
centimétrica) alternadas na contagem ,possivelmente tratando-se de
segregações magmáticas de minerais ricos em Tório, como em colúvios de
granulometria areia nesse ponto. Essas observações indicam que esse corpo
têm elevado potencial para hospedar depósitos do tipo Placer em suas
proximidades.
O Tório pode estar associado a minerais como monasita e a torita e possui
diversas aplicações como na produção de energia atômica, produção de
películas de lâmpadas incandescentes , catalisador de muitos processos
químicos, entre outras.
Nesse batólito existe uma pedreira que utiliza esse granito para brita
(Mineração Pugmil) que situa-se na subárea XII e está aproximadamente 3,5 km
de distância da BR-153 (Fig.6.5)
TF 2015 – ÁREA XI
114
Figura 6.5 – Imagem Google Earth, mostrando os limites aproximados onde aflora o Granito Serrote (tracejado vermelho) e a Mineração Pugmil.
6.2.3 Sequência Metavulcanossedimentar Rio dos Cocos
Nessa unidade ocorrem rochas metapsamo-pelíticas que apresentam
variações centimétricas de fáceis, sendo encontrados granada-epidoto-mica-
quartzitos carbonáticos, mica-quartzitos com magnetita e epidoto-biotita-quartzo
xistos.
Além desses litotipos, ocorrem duas lentes : Uma situada na porção central
da área e outra situada a noroeste da subárea XI (na divisa com a subárea a
norte), inserida na Formação Pequizeiro. A primeira lente é composta por biotia-
hornblenda xistos e a segunda apresenta uma mescla de rochas como magnetita
quartzito, biotita-clorita-talco xisto, clorita xisto, tremolita metachert e quartzito
(metachert?) manganesífero.
Ouro Orogênico
Foram encontrados nessa unidade, especificamente na porção onde essas
rochas encontram-se sub-verticalizadas, veios de quartzo leitoso de espessura
métrica de direção N-S. Essas ocorrências, que encontravam-se próximas foram
TF 2015 – ÁREA XI
115
interpretadas como produtos de uma zona de transcorrência, as quais são
estruturas propícias para a mobilização de fluidos que podem carrear metais
como ouro (Fig. 6.6).
Figura 6.6 – Foto à esquerda mostrando epidoto-mica-quartzo xisto com foliação S5 verticalizada (marcada pela caneta) e à direta, veios de quartzo leitoso de espessura métrica com direção N-S (Ponto 57 – Coord.: 8857408 E, 8857408 S).
Agromineral
Interpretada como a rocha com o melhor potencial para uso agronômico, a
rocha metamáfica posicionada na parte central da sub-área possui formato de
lente de direção N-S com cerca de 500 m de extensão. Essa interpretação tem
como base o fato desse xisto possuir granulação fina, ser friável e apresentar
minerais como hornblenda, biotita (às vezes vermiculitizada) e pequenas
quantidades de sílica (Fig.6.7)
TF 2015 – ÁREA XI
116
Figura 6.7 – Biotita-hornblenda xisto de granulação fina (TF-15-XI-47. Coord.:709015 E, 8856900 S).
Óxido de Manganês
Na lente a noroeste da subárea ocorre quartzito manganesífero com
intercalações milimétricas entre cristais equigranulares de quartzo e óxido de
manganês (30%), sendo encontrada tanto a norte (Ponto 37 - Coord.: 8860825
E, 704200 S) como a sul dessa lente (Ponto 24 – Coord.: 8859688 E, 703903 S).
As figuras abaixo mostram a macro e fotomicrografia dessa rocha (Fig. 6.8).
Fig.6.8 – Macro e fotomicrografia de quartzito manganesífero.
Nessa unidade, esse litotipo apresenta ocorrência muito restrita em
comparação ao magnetita-quartzito e uma pesquisa de mais detalhe nessa
porção poderia caracterizar melhor a ocorrência desses litotipos.
TF 2015 – ÁREA XI
117
6.2.4 Formação Pequizeiro
Crostas Lateríticas
A Formação Chapada de Areia localiza-se a oeste da subárea sendo
composta essencialmente por biotita-muscovita xistos com magnetita. Essas
rochas, quando afloram, encontram-se muito saprolitizadas e são encontrados
geralmente crostas lateríticas ferruginosas imaturas alóctones e in situ (onde
podem chegar a 3 metros de espessura).
Esses lateritos estão localizados regionalmente na cota de 300 m e podem
ser utilizados na pavimentação de estradas, além de diversas outras utilidades
na construção civil por serem materiais muito duros e resistentes. Nas
propriedades rurais que se localizam nessa região foi constatado com frequência
a utilização desses lateritos na construção de currais, pontes e muros (Fig. 6.9).
Figura 6.9 – Foto a esquerda mostrando crostas ferruginosas ( Ponto 35 – Coord.: 8858500 E, 702650 S) com martelo na base da foto como escala. À direita, pequena represa fabricada a partir de crostas ferruginosas e cimento.
6.2.5 Diques Máficos
Agromineral
O dique máfico, que aflora a NE da subárea, também possui potencial para
utilização como condicionantes do solo. Sua mineralogia é composta por cristais
de plagioclásio (55-60%) e augita (30-35%), sendo que esse dique possui
espessura de mais 50m.
TF 2015 – ÁREA XI
118
7. Evolução Tectônica
Apesar da ampla bibliografia e trabalhos realizados com a tentativa de
elucidar a evolução tectônica da Faixa Araguaia, ainda não é completamente
entendida e existem muitos pontos discordantes.
A elaboração de um modelo evolutivo para a área mapeada ainda requer
muitos estudos em uma abordagem mais regional, uma vez que a área mapeada
pode significar uma particularidade em termos deformacionais. Tendo isso como
base, foi feita uma interpretação da evolução tectônica, de acordo com as
conclusões obtidas (Tabela 7.1), que aparece de forma resumida na Tabela 7.1.
Tabela 7.1: Síntese da Evolução Tectônica esperada para Faixa Araguaia. Os eventos representados estão de acordo com a Tabela Estrutural (Tabela 5.1) do Capítulo V, Geologia Estrutural. Interpreta-se que o Evento 2 esteja associado a uma só colisão com inversão do campo de esforços e partição da deformação gerando as diferentes estruturas. BAL: Bloco Alóctone. CPA: Cráton Parnaíba. CA: Cráton Amazônico. ZCPa: Zona de Cisalhamento Paraíso. ZCRC: Zona de Cisalhamento Rio do Coco. ZCPi: Zona de Cisalhamento Pium. ZCS: Zona de Cisalhamento Serrote. LTB: Lineamento Transbrasiliano. ZCE: Zona de Cisalhamento Estrela. FS: Falha Sequestro.
Colisão BAL + CPA direção NE-SW
Colisão CA + CPA-BAL de E-W, com inversão do campo de esforços N-S Abatimento
Abertura Atlântico
Evento 1 Evento 2 Evento 3
ZCPa ZCRC ZCPi
ZCS ZCCA ZCE, LTB
Falhas normais, reversas e
transcorrentes Diques
Em campo, foi observado uma diferença estrutural entre as unidades a
leste e oeste do CRM. Essa diferença foi comprovada por dados
geocronológicos, diferenças estruturais e litológicos. Estruturalmente, as
unidades a leste do CRM apresentam uma deformação com trend NNW-NW
predominando uma tectônica de baixo ângulo com a formação de rampas
frontais. Isso implica em uma compressão de NE para SW, aproximadamente,
sugerindo um primeiro evento de fechamento.
Já na porção oeste, as estruturas dominantemente aparecem orientadas
N-S com formação de tectônica de baixo ângulo quando distante do CRM, e
tectônica vertical nas bordas do CRM, ambas com direção de mergulho
preferencial para leste. De acordo com essas estruturas, interpreta-se uma
compressão E-W sugerindo um segundo evento de fechamento.
A separação das estruturas geradas nesses dois eventos distintos ocorreu
principalmente devido ao trend estrutural e devido a diferença no estilo
deformacional. Sendo que a ZCPa aparenta representar uma tectônica de baixo
TF 2015 – ÁREA XI
119
ângulo mais profunda, enquanto as ZCPi, ZCRC, ZCCA e ZCS estão associadas
a uma tectônica de baixo e alto ângulo mais rasa.
Contudo, sabe-se que tais estruturas podem ter sido geradas em um único
evento de fechamento progressivo com a rotação do campo de esforços. A
relação entre a SVRC e o Grupo Estrondo não ficou clara, sendo de fundamental
importância saber se o contato entre as duas ocorre de forma sedimentar ou
tectônica para compreender melhor como ocorre essa relação de fechamento
inicial.
Foi observado também, evidências de transpressão, responsável por
empurrar as MUM da SVRC sobre o Complexo Rio dos Mangues. Acredita-se
que essa transpressão possa ser uma partição da deformação associado a
compressão E-W, sendo gerada na direção secundária de compressão N-S. O
fato do estilo deformacional ocorrer de forma similar entre as ZCCA, ZCRC e
ZCS, sugere que possam ter sido geradas em domínios crustais próximos em
estruturas correlatas. Logo, a ZCCA seria uma ramificação da ZCRC formando
um possível escape lateral em rabo de cavalo.
A última estrutura de fechamento observada é associado ao Lineamento
Transbrasiliano, que forma uma zona de cisalhamento destral de grande
extensão, que reaproveita as Faixas móveis geradas anteriormente. Interpreta-
se que o LTB, associado a ZCE, estaria ligado ainda ao Evento de Fechamento
E-W. O fato do LTB ser observado afetando apenas as estruturas NW-NNW
indica que as rochas do Grupo Estrondo já estavam estruturadas, não observado
nas rochas do Grupo Tocantins. A relação entre a ZCE e ZCCA não fica clara,
porém sugere-se que sejam concomitantes ou que a ZCCA seja posterior.
Tendo como base o exposto à cima, adapta-se a ideia de três principais
referências como modelo (Osborne, 2001; Soares et al., 2005; Trindade et al.,
2010) em uma sugestão de evolução tectônica que se enquadre nos novos
dados encontrados. Adotam-se a existência dos Cráton São Francisco-Congo
(CSF), Parnaíba(CPA), Amazônico(CA) e Paranapanema(CPP), além da
existência de um Bloco Alóctone (BAL) associado ao CRM.
Admite-se a sedimentação inicial da Bacia do Grupo Estrondo, como
Margem passiva do CPA, que seria fechada inicialmente com a aproximação e
colisão do bloco Alóctone, formando inicialmente o extremo sul da Faixa
Araguaia. Ressalta-se que a questão do BAL não é clara e é sugerida embasada
TF 2015 – ÁREA XI
120
na bibliografia, porém sabe-se que esse BAL poderia já estar aglutinado ao CSF
e na realidade esse fechamento inicial seria representado pela colisão desses
dois crátons. Está além dos limites desse trabalho definir essa questão.
A grande questão dessa aproximação é onde está o arco? Acredita-se
que possa ser representado tanto por rochas intrusivas ao Porto Nacional ou que
esteja encoberto por bacias fanerozóicas do Parnaíba ou Paraná. O que pode
ser afirmado é que com essa colisão inicial foi gerado uma extensão e a
formação de uma bacia com fonte jovem (Back Arc) formando o Grupo
Tocantins.
O CA representa a última colisão, que ocorre de forma tardia (Pós 600Ma,
idade detrítica) em uma compressão dominantemente de E-W estruturando o
Grupo Tocantins e formando o LTB, posteriormente com a inversão do campo
de esforços associados a ZCCA como uma partição da deformação.
Ressalta-se que esta interpretação não é conclusiva, sendo necessários
mais dados para elaboração de um modelo mais robusto. A fim de poder
contribuir para futuros estudos, está exposto na Tabela 7.4 às principais
questões ainda em aberto sobre a região mapeada.
Tabela 7.2: Principais dúvidas relacionadas a região mapeada
Questões levantadas e ainda em aberto
A sequência máfica-ultramáfica Rio do Coco estaria inserida dentro do Grupo Tocantins ou representa um porção individual? Qual sua extensão?
O Granito Serrote é de fato PP ou pode possuir alguma outra idade? Seria possível ser representativo de arco?
Qual a extensão e relação estrutural/temporal das duas bacias observadas (Tocantins e Estrondo)?
O Complexo Rio dos Mangues estaria associado ao Maciço de Goiás? E ao Complexo Porto Nacional?
O CRM se comporta como um bloco alóctone durante o Neoproterozóico ou já estaria associado a uma unidade Cratônica?
Em que momento e como ocorre a estruturação Domica observada no CRM?
Como ocorre a evolução tectônica da região?
TF 2015 – ÁREA XI
121
8. Discussões e Conclusões
8.1. Discussões e Conclusões
Devido à grande quantidade de novas informações obtidas por meio
desse trabalho, foi organizado este capítulo separadamente, com o intuito de
mostrar e justificar as principais mudanças cartográficas (Tabela 7.1) assim
como suas possíveis implicações para estudos futuros.
Tabela 8.1: Resumo das principais conclusões obtidas através da realização deste trabalho.
Principais conclusões TF Paraiso 2015
Rio do coco não representa uma sequência do tipo Greenstone belt arqueano, e sim uma sequência vulcanossedimentar neoproterozóica.
Grupo Estrondo e Grupo Tocantins são formados por duas bacias com área fonte distintas, sendo Estrondo com fonte antiga e Tocantins com fonte juvenil (Arco)
Monte Santo é formado durante o final do neoproterozoico, intrusivo às Rochas do Metassedimentares do Grupo Estrondo/Grupo Tocantins. A relação Monte Santo e Estrela ainda deve ser estudada em maior detalhe para verificar se são correlatos.
O Granito Serrote possui características mineralógicas típicas de Granitos tipo I associados ao final de arco, diferente das características de Granito Tipo A esperadas. Sugere-se que novas idades sejam obtidas afim de verificar se de fato o Granito Serrote Possui idade Paleoproterozóica ou as idades obtidas seriam herdadas.
O Complexo Rio dos Mangues possui composição dominantemente Paraderivada, ao contrário do interpretado anteriormente (Maioria Ortoderivada).
A deformação antes tida como uma subducção frontal com vergência para Oeste na verdade pode ter ocorrida de forma muito mais complexa com diversos eventos associados.
8.2. Mudanças cartográficas
Em termos cartográficos, as mudanças mais significantes ocorreram
associadas ao Complexo Rio dos Mangues, ao Granito Serrote, à Suíte Santa
Luzia, a Suíte Monte Santo e a Sequência Vulcanossedimentar Rio do Coco. O
CRM teve seu limite reduzido a norte, de forma que o Monte Santo seja intrusiva
à Faixa, diferente do que se achava anteriormente quando era intrusivo ao CRM.
Isso implica que a intrusão não ocorreu ao final do Mesoproterozóico (Pb/Pb
1.006 Ga.Moura & Souza, 1996), mas sin/pós a estruturação da faixa, sendo
essas idades obtidas possivelmente herdadas. Associado ainda ao Monte Santo
foi obtido outra idade (550 Ma, Viana & Battilani, 2014) que pode representar sua
TF 2015 – ÁREA XI
122
verdadeira idade de cristalização. Já na Suíte Estrela, a única mudança foi o
aumento dos seus limites, se mantendo intrusivo ao CRM. N
Na Sequência Vulcanossedimentar Rio do Coco, o corpo principal da
unidade MUM teve seus limites reduzidos e outros corpos menores pertencentes
a sequência foram mapeadas como lentes. Outra mudança significativa é o
enquadramento do antigo Grupo Xambioá II nesta sequência, como uma
unidade metassedimentar.
Figura 8.1: Mapa comparativo da Folha Porto Nacional (CPRM) e do mapa gerado no Projeto Paraíso-TO.
Relacionado ao Granito Serrote, os limites do corpo principal foram
redefinidos de forma que aumentasse de tamanho e novas intrusões menores
TF 2015 – ÁREA XI
123
foram individualizadas. Já a suíte Santa Luzia, que possuía cinco corpos
individualizados na área mapeada, foi reduzida a um corpo situado na porção
oeste, que teve seus limites reduzidos relacionados ao mapa mais atual.
O CRM teve seus limites reduzidos, e foi observado que apresenta a
característica de domo, similar ao que ocorre mais a norte com Complexo
Colmeia. Contudo, como ocorreu à estruturação domica não foi bem definido e
ainda se encontra em aberto. Também foi observado que na porção mapeada,
o CRM apresenta composição dominantemente paraderivada com faixas
restritas de ortoderivadas, se assemelhando, em termos composicionais, com o
que é encontrado em Porto Nacional.
Os limites das rochas que compõe a faixa se mantiveram similar ao que
foi mapeado anteriormente, sendo individualizados novos corpos Máficos-
Ultramáficos e com uma pequena alteração nas rochas do Grupo estrondo, que
tiveram seu limite ampliado a oeste. Contudo, o contato e a estruturação entre
as unidades sofreram mudanças significativas.
Como observado (Capitulo 5, Geologia Estrutural), foram definidos sete
grandes traços estruturais. As principais mudanças estruturais são
representadas pelas transcorrências N-S (ZCRC e ZCS) que eram tidas
anteriormente como empurrões. Quanto a ZCCA, apenas sua reativação rúptil
era considerada, sendo agora adicionado ao mapa sua deformação incialmente
dúctil. Em detalhe, também foi modificado o sentido do empurrão das Maficas-
ultramaficas da SVRC, que antes estavam de acordo com a vergência regional
de E para W, agora estão de N para S empurrados sobre o CRM. Ademais, uma
série de falhamentos rúpteis locais foram também adicionados ao mapa.
Levando em conta apenas as mudanças cartográficas, as mudança não
foram tão significativas. Porém, as maiores implicações estão de fato nas
mudanças estratigráficas e nas implicações sobre a evolução tectônica acerca
da Faixa Araguaia e Gondwana Oeste.
TF 2015 – ÁREA XI
124
8.3. Estratigrafia
Estratigraficamente, a Faixa Araguaia já foi interpretada de diversas
formas distintas. Foi consenso durante certo tempo que o Grupo Estrondo e o
Grupo Tocantins fizeram parte da sedimentação de uma só bacia. Formavam
juntos as rochas metassedimentares da Faixa Araguaia, com o Grupo Estrondo
se estendendo a esquerda do Complexo Rio dos Mangues.
Recentemente (Frasca et al, 2014) eliminou-se a divisão anterior em
Grupo Estrondo e Tocantins, separando as rochas em quatro Formações
distintas da mesma bacia. Porém, o que foi observado neste trabalho discorda
de ambas as interpretações anteriores.
Novos dados geocronológicos de proveniência sedimentar, realizados nos
Biotita Xistos da Sequência Metavulcanossedimentar Rio do Coco, revelaram
que essas rochas possuem zircões jovens de 600 Ma (Figura 8.2), enquanto os
mesmos zircões jovens não foram encontrados nas rochas do Grupo Estrondo,
sendo dominantemente zircões Paleproterozóicos. Isso implica que a área fonte
foi diferente para as rochas datadas, sendo as rochas do Grupo Estrondo de
fonte antiga enquanto as rochas do Grupo Tocantins teriam uma fonte mais nova,
sugerindo que ao invés de uma bacia, duas bacias distintas com áreas fontes
distintas.
Para o Grupo Estrondo, devido aos zircões encontrados serem de fonte
antiga e pelas características das rochas, espera-se que a bacia seja de margem
passiva. Fato esse discorda da bacia tipo rift esperada na bibliografia, composta
por xistos mais ricos em quartzo e plagioclásio e xistos de composição pelítica
normal.
Já para o Grupo Tocantins, segundo Osborne, 2001, idades similares
foram encontradas e foi sugerido uma bacia de back arc. Essa ideia é adotada
para esse trabalho, uma vez que as evidências apontam para um fonte juvenil,
que estaria associada às rochas geradas no arco. Ademais, são encontrados
lascas de fundo oceânico, que comumente podem ser geradas em bacias de
back arc.
TF 2015 – ÁREA XI
125
Ademais, as evidências expostas (Capítulo 4, Geologia Local) mostram
que a SVRC apresenta metamorfismo em fáceis Xisto Verde Alto a Anfibolito
Baixo. A ausência de minerais índices descritos na bibliografia, característicos
do Grupo Estrondo, como Estaurolita e Aluminossilicatos, chama a atenção pois
diferencia a SVRC da Formação Xambioá ou Formação Morro do Campo(Hasui
et al., 1984), mesmo que condições similares de metamorfismo possam ter sido
atingidas. Contudo, as rochas encontradas também não se encaixam com as
rochas do Grupo Tocantins descritas na bibliografia. Isso permitiu que as rochas
fossem agrupadas em uma nova formação chamada de Sequência
Vulcanossedimentar Rio do Coco. Essa mudança implica na principal mudança
estratigráfica encontrada, eliminando o Greenstone Belt Arqueano e
posicionando-o como uma sequência vulcanossedimentar Neoproterozóica.
Figura 8.2: Zircões detríticos para Grupo Tocantins (Cima) e Grupo Estrondo (Baixo). Observa-se um pico de idades jovens em torno de 600 Ma para o Grupo Tocantins, ausente nas idade encontradas no Grupo Estrondo. A diferença evidencia uma diferença na proveniência de sedimentos para os dois Grupos, sugerindo a existência de duas Bacias distintas: jovem (Back Arck) para o Grupo Tocantins; antiga (Margem passiva) para Grupo Estrondo. (Dantas et al., inédito).
TF 2015 – ÁREA XI
126
Devido ao fato das rochas da SVRC possuírem proveniência sedimentar
similar ao Grupo Tocantins, sugere-se que façam parte de uma mesma bacia.
Contudo, ainda é necessário uma série de estudos afim de confirmar tal
afirmação. Considerando a importância dessa mudança e que a SVRC está
presente na subárea V, uma discussão mais detalhada sobre essa Sequência
foi feita.
8.4. Sequência Vulcanossedimentar Rio do Coco
A grande questão à cerca dessa unidade aborda o fato dela estar ou não
associada a um Greenstone Belt. Segundo Barreira & Dardenne 1981, as rochas
descritas nessa unidade estariam associadas a uma sequência do tipo
Greenstone Belt Arqueno, de 2.6 Ga. Essa ideia foi aceita até recentemente,
quando começou a ser questionado (Frasca et al, 2014) como sendo na verdade
uma lasca ofiolítica.
De acordo com as evidências encontradas em campo e na descrição
petrográfica, ficou claro que essa sequência de rochas máficas-ultramáficas não
é representativa de uma sequência do tipo Greenstone Belt, se aproximando
mais de rochas de fundo oceânico similar às lascas ofioliticas encontradas
regionalmente.
As principais evidências encontradas nessa discussão estão na Tabela
8.2, dispostas de forma comparativa. As litologias encontradas associadas à
SVRC são representadas por Talco Clorita Xistos, Talco Xistos, Cherts
Manganesíferos, Clorititos, Clorita Actinolititos, Granada Biotita Xistos, Granada
plagioclásio Biotita Xisto, Epidoto Quartzo Xisto e Biotita Xistos enriquecidos em
Ferro. Xistos Grafitosos foram encontrados associados ao Complexo Rio dos
Mangues na área em estudo, porém foi descrito em outras áreas associado à
SVRC.
TF 2015 – ÁREA XI
127
Tabela 8.2: Tabela 7. 2 Comparação entre as principais evidências para Greenstone Belt descritas por Barreira & Dardenne, 1981, e novos dados e interpretação obtidos nesse mapeamento. Em vermelho estão os pontos mais contraditórios e principais argumentos contra um Greenstone Belt.
Barreira & Dardenne, 1981 TF Paraíso 2015
Associação sedimentar: Cherts, Xistos Grafitosos, Grauvacas
Associação sedimentar similar, contendo Cherts, Xistos Grafitosos e
Grauvacas associado aos Biotita Xistos.
Sedimentação com brusca mudança de fáceis
A mudança brusca de fácies pode ocorrer devido ao contato tectônico
entre as MUM e os Bt Xistos
Derrames máficos e ultramáficos de natureza Komatiitica
De fato estão presentes rochas máficas e ultramáficas, porém não foi
encontrada evidencia direta para magmatismo komatiitico
Ciclicidade de sedimentos e vulcanismo
ciclicidade de sedimentos e vulcanismo foi verificado
Preservação em calhas sinclinais São preservados em lentes em discordância tectônica, não em
calhas sinclinais
Intrusão de Granito Potássico no final do Arqueano
A intrusão do Granito potássico (Sieno Granito Serrote) ocorre no
final do Paleoproterozóico (1.8 Ga., Arcanjo et al., 2013) e não foi observado intrusivo à SVRC.
Metamorfismo de grau fraco (Xisto Verde)
Metámorfismo em fácie Xisto Verde alto a anfibolito
O magmatismo máfico e ultramáfico é encontrada, porém com alteração
hidrotermal pervasiva, obliterando as estruturas ígneas primárias e gerando
paragêneses ricas em minerais hidratados como Talco e Clorita. As duas
possíveis fontes da alteração hidrotermal seriam alteração de fundo oceânico
associado com centros exalativos e/ou ligado a percolação de fluidos em
corredores de falha. A principal evidencia textural para magmatismo komatiitico,
descrita na bibliografia, é representado pela textura spinifex, mas que na verdade
TF 2015 – ÁREA XI
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consiste do crescimento metamórfico adiablástico de Tremolitas. Também cabe
ressaltar a presença de Anfibolitos Paraderivados ligados ao Complexo Rio dos
Mangues, que podem ter sido descritos como Anfibolitos Ortoderivados.
A questão da ciclicidade, observada por Barreira & Dardenne,1981
também foi observada. Porém a intercalação entre ígneas e os xistos pelíticos
na verdade não ocorre de forma sedimentar, mas sim de forma tectônica. Apenas
o Chert foi encontrado em meio às MUM, porém não foi observado relação de
contato.
A preservação em calhas, segundo o modelo domos e quilhas, não foi
observada. As rochas da SVRC estão de fato dobradas, porém não se
encontram em calhas estruturais. As rochas MUM aparecem intercaladas com
os xistos na forma de contatos tectônicos. Os migmatitos descritos não foram
encontrados, e as ortoderivadas estão associadas ao Complexo Rio dos
Mangues de idade Paleoproterozóica (2.06 Ga).
A intrusão do granito potássico, associado ao Granito Serrote, ocorre na
verdade ao final do Paleoproterozóico datado 1.8 Ga (Arcanjo et al., 2013). Além
do mais, não é observado intrusivo às rochas da SVRC, mas sim às rochas do
Complexo Rio dos Mangues. Devido ao fato do Complexo Rio dos Mangues
apresentar faixas de Anfibolitos, interpretados como paraderivados, sugere-se
que parte das rochas vulcânicas básicas descritas como Anfibolitos por Barreira
& Dardenne,1981 na verdade sejam Anfibolitos Paraderivados, encontrados em
contato com Granito Serrote.
Tendo em vista os contra argumentos e justificados os principais pontos
expostos na bibliografia, foram também encontrados zircões neoproterozóicos
dentro da SVRC de idades 752 Ma, 804 Ma e 878 Ma (U-Pb) (Barros, 2010),
demonstrando uma idade mais neoproterozóica, discordante da arqueana
encontrada. Com argumentos expostos, evidencia-se que a SVRC não
representa um Greenstone Belt Arqueano. De acordo com o que foi encontrado,
essa unidade se enquadra dentro de uma sequência metavulcanossedimentar
com possível influência de centros exalativos e hidrotermalismo de fundo
oceânico/corredores de falha.
Contudo, era de se esperar que as rochas MUM encontradas estivesse
ligadas a uma sequência ofiolítica. Devido à ausência de fácies fundamentas pra
uma sequência ofiolítica, como pillow basaltos (descritos por Barreira &
TF 2015 – ÁREA XI
129
Dardenne) e diques verticais. As rochas intrusivas que também deveriam compor
a sequência ofiolítica, como Gabros e Ultramáficas podem estar presentes,
porém a identificação precisa se torna complexa tanto devido pouca exposição
das rochas como à deformação imposta, que pode obliterar as feições ígneas
primárias.
Por fim, a SVRC de fato não representa um Greenstone Arqueano e pode
ou não fazer parte de uma sequência ofiolítica Neoproterozóica, sendo
necessários ainda mais estudos. Pode-se apenas concluir que a SVRC
representa uma sequência de fundo oceânico com sedimentos peliticos e
químicos enriquecidos em ferro com lascas máficas - ultramáficas de assoalho
oceânico.
TF 2015 – ÁREA XI
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9. Bibliografia
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10. Anexos
. Mapa Geológico Final Projeto Paraíso
. Mapa Estrutural Projeto Paraíso
. Mapa Geológico Final Área XI
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