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Hipnose sem segredos
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MICHAEL ARRUDA
2.0
Street Hypnosis Sem Segredos
Hipnotize Qualquer Pessoa,
em Qualquer Lugar, a Qualquer Momento
Por
MICHAEL ARRUDA
Criador do Canal
Vitria
2015
Dedico esta obra a minha amada, Rafaela Juliany Mendes,
que me hipnotiza com seu amor todos os dias.
AGRADECIMENTOS
A gratido o nico tesouro dos humildes. (William Shakespeare)
Nenhuma obra nasce sozinha, h sempre muitas pessoas por trs que ajudam direta ou
indiretamente. Este livro, que demorou muito mais que o planejado, o resultado de muito
apoio e incentivo, no s de amigos e parceiros, mas principalmente dos visitantes do (humilde)
canal Mestre da Hipnose.
Dentre muitas pessoas que ajudaram ativamente, gostaria de dizer um especial obrigado
ao Rodrigo Arajo e Luiz Souza, que esto sempre disponveis, e proporcionaram toda a
estrutura digital para que todos os projetos pudessem avanar; aos amigos Alberto Dellisola,
Douglas Solano, Thas Ribeiro e Weslley Carvalho, pois alm das timas conversas produtivas
sobre o tema, esto sempre dispostos a ajudar no for necessrio; aos recentes, mas j grande
parceiros e amigos Carlos Ribeiro e Djana Gyatsu pelas orientaes e ensinamentos na rea de
neurologia e psiquiatria respectivamente; Cheryl Elman por ser sempre receptiva e atenciosa
s informaes que eu precisava; Larry Elman por tudo o que ensinou, alm da amvel
mensagem que escreveu para este livro; ao Gerald Kein pela criao de contedos incrveis,
que foram meu principal aprendizado na hipnoterapia; ao grande amigo Pedro Olivel que
sempre acreditou e auxiliou a me tornar quem sou; a minha famlia por estar sempre presente;
Mariana do Carmo pela pacincia e interesse de realizar todo o copidesque do livro; Rafaela
Juliany, alm de ser sempre a primeira voluntria para as experincias hipnticas (tanto como
sujeito, quanto como hipnotista), realizou a formatao e finalizao do material.
SOBRE O AUTOR
Meu nome Michael Soares Arruda, natural de Campo Grande (MS), criado em
Braslia. Minha me formou-se em psicologia pela UnB, onde participava de um grupo de
estudos de hipnose teraputica. Para no ficar sozinho em casa tive de acompanh-la por
diversas vezes. Assim, durante minha infncia, tive bastante contato com o tema, o que
resultou num adolescente com grande curiosidade e interesse pelos mistrios da mente e do
comportamento humano.
Aos 13 anos, minha famlia mudou-se para uma cidade bem pequena, no interior do
Esprito Santo, chamada So Mateus. Na poca, meu interesse pelo assunto aumentava,
entretanto o local no possua livrarias, muito menos cursos sobre o assunto. Alm disso, havia
pouco material na internet, principalmente em portugus (o Youtube, por exemplo, ainda no
existia), mas acabei por encontrar um livro chamado Curso Prtico de Hipnse, que misturava
hipnose com uma espcie de poder paranormal. Dessa forma, comecei a praticar com amigos
que gostavam de experimentar minhas experincias. Obviamente, falhava quase sempre, mas
pude aprender relativamente bem com meus erros nessas brincadeiras.
Aps 2 anos neste processo, sem muita evoluo e at um pouco desanimado, vi pela
primeira vez o Fbio Puentes na televiso hipnotizando pessoas em segundos e, posteriormente,
dizendo que aprendeu o que sabia no exterior. Por curiosidade, fiz uma pesquisa sobre materiais
de hipnose em ingls e descobri que havia uma imensido de livros na internet. Meu ingls
ainda era muito bsico, apesar de sempre ter tido o interesse em aprender.
Motivado pela gama de informao que poderia obter, busquei todo o tipo de dicas,
tcnicas e mtodos de aprendizagem acelerada, passei a estudar ingls sozinho e buscando ajuda
na internet. Aps pouco mais de um ano, alcancei o domnio necessrio para ter o que precisava.
A partir da, alm do estudo dos materiais, comecei a buscar fruns de discusses ou qualquer
outra fonte de informao, apenas em ingls. Anthony Jacquin ainda no havia escrito seu livro
que mais tarde viria revolucionar a street hypnosis, logo, ele sempre discutia com outros
membros sobre tcnicas e conceitos, alm de sempre indicar os caminhos para as melhores
fontes de informaes sobre hipnose.
Havia relativamente poucos materiais lanados na internet (Igor Ledochowski ainda
possua apenas um curso, em udio), ento no foi difcil acompanhar, estudar e praticar os
lanamentos a medida que surgiam. Nesse sentido, continuei pelo caminho buscando sempre
as novidades da hipnose, apenas como um passatempo.
No mbito profissional, estive me dedicando ao mercado de investimentos,
particularmente de aes e cmbio. Quando, em 2009, fui convidado para morar em So Paulo
a fim de criar um projeto (com Hipnose e PNL) para ajudar no preparo psicolgico de
investidores desses mercados. Um dos colaboradores com quem convivia mais de 10 horas por
dia era Master Trainer em PNL, pela Sociedade Brasileira de PNL - sendo assim, no pude
deixar de aproveitar a situao para aprimorar meu conhecimento tambm nesta rea.
Paralelamente, usei o tempo livre para trabalhar com hipnoterapia, no me apaixonei pela rea.
Desse modo, passei a ensinar amigos apenas com o intuito de ter mais parceiros para hipnotizar
comigo em shoppings e festas, puramente por diverso.
Nesta poca, eu e Alberto Dell'isola j ramos amigos por conta de jogos de RPG online
e pelo meu interesse na rea de memorizao. Por acaso, comeamos a conversar sobre hipnose
e percebemos que "falvamos a mesma lngua" sobre o assunto, uma vez que ele tambm
estudara pelas mesmas fontes: os maiores mestres da hipnose do mundo. Assim sendo,
passamos a compartilhar experincias e discutir ideias, mas sem muita empolgao, pois as
novidades no eram muitas, j que o conhecimento era o mesmo.
Em 2013, surgiu novamente a curiosidade de pesquisar como estavam os materiais de
hipnose em portugus. S ento percebi que a hipnose no Brasil estava h anos de atraso em
relao ao ensinado no exterior. Havia pouca informao de qualidade em portugus. Por vezes,
tcnicas ultrapassadas eram dadas como novidades, enquanto tcnicas comuns para muitos l
fora eram desconhecidas aqui. Alm disso, no havia nenhuma fonte de informao prtica,
completa e acessvel para que qualquer um pudesse aprender hipnose.
Conversando com Alberto, descobri que partilhava da mesma opinio que a minha:
necessrio um maior e mais fcil acesso s informaes dos grandes nomes da hipnose.
Portanto, decidi contribuir de alguma forma, para que um conhecimento de qualidade estivesse
disposio de qualquer pessoa com real interesse.
Por esse motivo, surgiu a ideia do canal Mestre da Hipnose, para compartilhar os
ensinamentos dos mestres. Agora, este livro, para ser um guia completo dos "segredos"
ensinados pelos melhores do mundo.
APRESENTAO
Certa vez, um grande amigo que mora em outra cidade, aps saber que alguns de nossos
amigos em comum tinham aprendido hipnose comigo, me falou que tinha a curiosidade de
aprender hipnose, apenas para brincar em festinhas de vez em quando, assim me perguntou:
Michael, j que voc est longe, me fala um livro ou vdeo para eu aprender sozinho por aqui?
Ento percebi que no tinha uma resposta para essa pergunta. Fiquei confuso, pois ou
ele deveria ler diversos materiais e ver diversos vdeos, aproveitando um pouco de cada, ou
deveria fazer cursos (que no so baratos e muitos no ensinam o que o aluno espera). No
entanto, ele no tinha um interesse profundo na hipnose, apenas queria aprender o suficiente,
sem precisar estudar dezenas de coisas ou investir nisso. O mais prximo de uma resposta
correta pergunta dele, seria o livro Reality is Plastic do Anthony Jacquin, mas ele no
dominava o ingls.
Se fosse buscar sozinho com seu pouco interesse inicial, certamente ficaria desmotivado
e desistiria por no encontrar de forma fcil uma fonte clara e objetiva. Nessa mesma
perspectiva, pensei em outras pessoas que, por falta de oportunidade, deixariam de ser grandes
hipnotistas, ajudando ou divertindo muita gente, devido dificuldade em dar o primeiro passo.
Estas pessoas so culpadas de no terem interesse ou pacincia o bastante para filtrarem e se
aprofundarem em um monte de livros? Eu acho que no.
Ento decidi criar um material de fcil leitura, para que qualquer um possa aprender
hipnose de forma fcil e rpida. Assim sendo, acredito que com este fcil acesso ao tema,
surgiro pessoas que continuaro os estudos e faro a diferena com esta tima ferramenta. Se
este livro ajudar apenas uma pessoa a causar uma mudana positiva ao prximo, j estar pago
todo o esforo gasto na criao deste material.
PREFCIO
Geralmente, as pessoas chegam at a hipnose por meio da PNL ou do ilusionismo.
No entanto, o meu caminho foi bem diferente. Fiquei nacionalmente conhecido por ser o
primeiro brasileiro a treinar suas habilidades de memorizao a ponto de poder realizar
apresentaes consideradas impressionantes, como a memorizao da ordem de cartas de
baralho, nmeros aleatrios, binrios, datas, todos os dgitos e o respectivo produto de 500
cdigos de barra e muito mais. Quando decidi me tornar o homem-memria, decidi me
dedicar ao mximo. Para isso, em 2005, ingressei na faculdade de Psicologia da UFMG.
Foi na faculdade que tive meu primeiro contato com a fenomenologia de Husserl e,
consequentemente, a psicologia de Merleau Ponty e Carl Rogers. Ao aprofundar os estudos
na abordagem centrada na pessoa de Carl Rogers, me deparei com os trabalhos do famoso
psiquiatra Milton Erickson.
Curiosamente, a partir da hipnose Ericksoniana, acabei conhecendo a hipnose
clssica. Desde o primeiro contato com o trabalho de Erickson, passei a estudar
exaustivamente todos os grandes hipnotistas da hipnose clssica contempornea como Dave
Elman, Ormond Mcgill, Gil Boyne, Charles Tebbetts, dentre outros.
Infelizmente, grande parte dos hipnotistas do Brasil nunca ouviram falar de qualquer
um desses gnios da hipnose. Muitas vezes, a culpa no deles. Eles investem muito dinheiro
realizando cursos ministrados por outros hipnotistas que tambm nunca ouviram falar de
qualquer um desses grandes nomes da hipnose. A esses hipnotistas costumamos chamar de
os donos da hipnose.
Os donos da hipnose no querem que voc aprenda hipnose de verdade. Muitos
deles, at sabem hipnotizar. No entanto, temem que voc aprenda e possa colocar a carreira
deles em risco.
Felizmente, alguns hipnotistas no se importam com os donos da hipnose. Como
eu, esses profissionais consideram que o importante que cada dia mais pessoas saibam
sobre hipnose e, consequentemente, os mitos sobre essa prtica caiam por terra mais
rapidamente. Dentre esses profissionais, destaca-se o Michael Arruda.
Assim como eu, Michael sabe que a hipnose que costuma ser ensinada no pas
extremamente defasada em relao a hipnose praticada nos pases desenvolvidos. Alm de
ser um grande amigo, ele certamente uma das pessoas que mais conhece sobre hipnose
clssica no pas. Se voc queria aprender hipnose de uma vez por todas, certamente fez a
escolha certa. Aps essas aulas, o seu mundo nunca mais ser o mesmo.
Alberto DellIsola
SUMRIO
NOTAS DA VERSO 2.0 ....................................................................................................... 11
MENSAGEM DE ELMAN ...................................................................................................... 12
INTRODUO ........................................................................................................................ 13
TERMOS USADOS ............................................................................................................. 15
MESTRES DA HIPNOSE .................................................................................................... 15
TEORIA .................................................................................................................................. 17
AS 3 REAS DA HIPNOSE ................................................................................................ 18
A HIPNOSE DIRETA E INDIRETA ................................................................................... 19
A HIPNOSE .......................................................................................................................... 19
O TRANSE ........................................................................................................................... 20
NVEIS DA HIPNOSE ......................................................................................................... 21
O HIPNOTISTA ................................................................................................................... 22
O MAGO .............................................................................................................................. 22
MITOS DA HIPNOSE ......................................................................................................... 23
MITOS DOS MITOS DA HIPNOSE ................................................................................... 24
O CREBRO ........................................................................................................................ 27
A MENTE ............................................................................................................................. 29
AS REGRAS DA MENTE ................................................................................................... 30
O MODELO DA MENTE (por Gerald Kein) ...................................................................... 31
OS PR-REQUISITOS PARA HIPNOSE ........................................................................... 32
PRTICA ................................................................................................................................ 34
1. A ABERTURA DO GRUPO ......................................................................................... 36
2. A ESCOLHA DO SUJEITO ......................................................................................... 38
3. O TESTE DO SUJEITO ................................................................................................ 41
4. A INDUO ................................................................................................................. 44
5. APROFUNDAMENTO ................................................................................................ 52
6. O CONTROLE DA SITUAO .................................................................................. 54
7. A SUPER SUGESTO ................................................................................................. 55
8. OS FENMENOS ......................................................................................................... 56
9. O ACORDAR ................................................................................................................ 60
EXTRA .................................................................................................................................... 62
MORAL E TICA ................................................................................................................ 63
SEGURANA ...................................................................................................................... 63
POSSVEIS REAES EMOCIONAIS ............................................................................. 64
AB-REAES ..................................................................................................................... 65
MAS E O RAPPORT? .......................................................................................................... 66
HIPNOSE COM FAMILIARES .......................................................................................... 68
PERMANOSE ...................................................................................................................... 69
FENMENOS SEM TRANSE ........................................................................................... 69
MOS COLADAS (SEM TRANSE) ................................................................................... 70
FLASH HIPNTICO (Hipnose em Segundos) ................................................................. 73
PERGUNTAS ESPECFICAS ................................................................................................. 76
CONSIDERAES FINAIS ................................................................................................... 78
QUAL PRXIMO PASSO? Como ser um hipnoterapeuta ..................................................... 81
CANAIS RECOMENDADOS ................................................................................................. 84
11
NOTAS DA VERSO 2.0
Nesta verso foi atualizada a lista dos mestres da hipnose cujo contedo serviu de base para o livro. Tambm foram acrescentados os captulos: Mos coladas (sem transe),
Flash Hipntico (Hipnose em segundos), Como ser um hipnoterapeuta, Canais
Recomendados e dentro captulo A INDUO, foi acrescentado Indues de choque
Alm disso, foram alterados alguns pequenos trechos que no so relevantes de nota,
pois no alteraram o sentido anterior.
12
MENSAGEM DE ELMAN (Mensagem do filho de Dave Elman dedicada a este livro)
Estou muito empolgado e feliz por ajudar na expanso da hipnose no Brasil. Os
brasileiros que conheci quando fui estudante no MIT, e aqueles que conheci muitos anos
depois nos meus trabalhos no pentgono, eram de mentes muito abertas e grandes
visionrios. Essa exatamente a atitude que Dave Elman achava e amava quando tinha um
timo mdico em seus cursos. Meu pai sempre dizia a seus alunos na ltima aula: Estude
mais busque mais conhecimento. Ele professava que nenhum hipnotista sabia tudo, ento
mantenha uma mente aberta e aprenda com outras pessoas. Enquanto fizer, lembre-se de que
tambm aprender com seus clientes, as pessoas com quem usar a hipnose, enquanto eles se
curam, lhe ensinaro muito.
Aproveite e compartilhe os mtodos de Dave Elman. Ele ficaria honrado que seus
ensinamentos chegaram no longe.
Com meus melhores votos,
H. Larry Elman
Filho de Dave Elman
13
INTRODUO
A nica ideia deste livro fazer voc aprender Street Hypnosis (Hipnose de Rua)
sozinho e de graa, ou seja, o tornar capaz de hipnotizar qualquer pessoa, em qualquer lugar,
em qualquer situao. Aqui voc ter uma espcie de caminho das pedras para tornar-se um
grande hipnotista de rua, com a habilidade de dar experincias incrveis s pessoas a sua volta,
em qualquer momento.
Porm, caso voc seja hipnoterapeuta ou esteja interessado nesta rea, este material
tambm pode ser muito til para aprimorar sua velocidade e eficincia de induo. A ideia de
indues rpidas na clnica unnime entre os maiores hipnotistas, o motivo simples: se voc
gasta menos tempo com o processo da hipnose, possui mais tempo para o trabalho da terapia,
resultando em uma sesso de maior qualidade para o cliente.
Antes de tudo, importante ressaltar que a hipnose uma rea com uma abrangncia de
interesse cientfico enorme, porm, ao mesmo tempo, com relativamente poucas teorias
comprovadas em ambientes controlados. O resultado disso a falta de consenso entre as
definies e teorias que envolvem esta prtica. Diferentes escolas e autores muitas vezes
utilizam termos distintos para representar a mesma coisa, alm de possurem teorias diferentes
ou at contraditrias entre si. Portanto, todo contedo apresentado aqui no tem inteno de ser
considerado verdade absoluta, mas sim, ensinar a prtica da hipnose da forma mais rpida e
fcil. Praticamente 100% deste material composto de informaes objetivas, visando apenas
o necessrio para aprendizado prtico. Desta maneira, no existiro aqui contedos
motivacionais, humor, histrias, relatos, ou nenhum outro artifcio para que a leitura seja mais
prazerosa. Tambm sero evitadas teorias de senso comum (a menos que sejam realmente
significativas) e teorias de carter meramente informativo, como histria da hipnose ou as
origens das tcnicas apresentadas*. Porm, ainda sim, sero abordados e esclarecidos alguns
detalhes tericos raramente explorados, mesmo pelos mestres da hipnose, por exemplo, estudos
cientficos recentes que nunca foram citados em nenhum livro (at o momento da criao deste
livro). Saber esses detalhes o tornar um hipnotista mais seguro e embasado, e facilitar o
estudo a outras reas da hipnose.
Todas as informaes deste material so embasadas pela linha terica principalmente
do Dave Elman e linha terica/prtica do Gerald Kein, Igor Ledochowski, Jonathan Chase,
Jeffrey Steffens, Jrgen Rasmussen e Anthony Jacquin - certamente os mais renomados e
experientes do mundo em suas reas da hipnose, os mestres da hipnose. A nica coisa criada
por mim neste material a metodologia e a forma de esclarecimento de alguns conceitos. J
utilizei essa metodologia para ensinar (gastando menos de 20 minutos) pessoas sem
conhecimento algum sobre hipnose, a como colocar outras pessoas em transe em menos de 1
minuto, efetivamente.
* Caso tenha interesse na histria da hipnose, o livro em portugus mais completo sobre isso Hipnose e
Psicoterapia: Etiologia e prxis.
14
STREET HYPNOSIS SEM SEGREDOS VERSO 2.0
At hoje, nenhum material de hipnose foi escrito com uma metodologia de ensino to
clara e eficiente como a deste livro, nem mesmo os livros de hipnose em ingls. Aqui voc
aprender de forma detalhada e lgica: o que fazer, quando fazer, como fazer e por que fazer.
No decorrer do texto, poder haver links de vdeos demonstrativos ou explicaes extras (caso
esteja com a verso impressa fornecida nos cursos, ao lado do link h o nome do vdeo para ser
pesquisado no Youtube). Neste objetivo, apenas com este livro voc aprender mais do que em
muitos cursos presenciais que existem no Brasil hoje.
O presente livro dividido em 3 partes: a parte terica introduz a base necessria para
compreender exatamente os processos da hipnose; a parte prtica detalha os passos do processo;
e, por fim, a parte extra traz explicaes sobre situaes no to comuns, e comenta as principais
perguntas enviadas pelos leitores.
Esta a segunda verso do livro, que um material dinmico, atualizado sempre que
possvel, para o acrscimo de novos links ou novos contedos. Para garantir que sua verso seja
sempre a mais completa, cadastre-se em: www.mestredahipnose.com
Este livro tambm serve como material complementar para cursos em DVDs, ou para
cursos presenciais de Street Hypnosis que se baseiam nos modelos de curoso do Igor
Ledochowski, Anthony Jacquin ou Sean Michael Andrews (como os ministrados por mim,
juntamente com Alberto Dellisola), pois este material reforar, de forma mais direta, os
princpios praticados em curso.
15
STREET HYPNOSIS SEM SEGREDOS VERSO 2.0
TERMOS USADOS
Fator Crtico: Parte analtica ou racional, que busca entender, comparar, medir ideias e decidir
conscientemente.
Fenmeno: Qualquer experincia ou fato que ocorra com o sujeito por causa da hipnose, seja
intencionalmente criado, ou no (amnsia, alucinaes etc.)
Hipnose: Ato de atravessar o fator crtico e estabelecer um pensamento exclusivo. Ou estado
ou situao em que o fator crtico est sendo ignorado, ao mesmo tempo que h um pensamento
dominante.
Hipnotista: Voc, aquele que vai hipnotizar.
Sujeito: A pessoa que est sendo hipnotizada.
Transe: Estado alterado onde a atividade cerebral menor e a concentrao maior.
Transe hipntico: Estado de transe e hipnose ao mesmo tempo.
MESTRES DA HIPNOSE
Segue uma pequena descrio dos maiores mestres da hipnose clssica que serviram de
grande base para a criao deste livro. Os materiais deles representam praticamente tudo o que
h de mais atual (e confivel) hoje, na hipnose e hipnoterapia.
Dave Elman (1900 1967): Tornou-se um hipnotista de palco muito famoso ainda adolescente,
e aps vrios caminhos diferentes que percorreu na vida, nunca deixou de realmente melhorar
suas habilidades hipnticas, colocando prova todas as teorias que existiam at ento. Assim,
conseguiu sintetizar a hipnose em processos simples e claros e passou a dar cursos de hipnose
para mdicos e dentistas. Ele s considerava uma tcnica verdadeira, aps muitos de seus
alunos conseguirem aplicar com constncia. Os conhecimentos adquiridos em toda sua vida
foram publicados no livro Hypnotherapy, que ainda a maior fonte sobre a hipnose clssica,
explorando assuntos que ainda so desconhecidos por muitos, principalmente no Brasil. Aps
Elman, praticamente no houve nenhum avano prtico na hipnose clssica, infelizmente. Aqui
junto com Dave, tambm consideramos o Larry Elman e Cheryl Elman, filho e cunhada do
Dave Elman, que so os maiores divulgadores de suas tcnicas.
Milton Erickson (1901 1980): Foi um psiquiatra americano que ficou mundialmente
conhecido por suas tcnicas indiretas de hipnose, sendo muito efetivo em seus tratamentos.
Hoje, tem seus mtodos ensinados em todo o mundo. Acreditava-se que Erickson no usava a
hipnose clssica, entretanto trouxe algumas boas contribuies nesta rea.
16
STREET HYPNOSIS SEM SEGREDOS VERSO 2.0
Gerald Kein (1939 - ): Criador do mais renomado instituto de treinamento em hipnose no
mundo, OMNI Hypnosis Trainer Center. nico aluno seguidor do Elman atualmente vivo, foi
pupilo do grande mestre, e tutor de hipnotistas renomados mundialmente, como Sean Michael
Andrews, Mark Cunningham, Brain Weiss e Hansruedi Wipf. Gerald Kein pode ser
considerado o maior hipnotista atualmente.
Jrgen Rasmussen (1945 - ): Autor do livro Provocative Hypnosis, o qual explora e coloca
prova alguns conceitos ensinados por Elman. Um dos poucos hipnotistas que tentaram testar e
evoluir o conhecimento da hipnose a partir do que Elman nos deixou.
Jonathan Chase (1950 - ): Um dos maiores hipnotista de palco de Las Vegas, e tutor de
renomados hipnotistas e terapeutas, como Jeffrey Stephens.
Jeffrey Stephens (1959 2015): Considerado por Igor Ledochowski um dos hipnoterapeutas
mais rpidos do mundo. Causava mudanas permanentes em seus clientes em uma nica sesso
de 20 minutos ou menos. Tambm foi muito reconhecido pelos seus timos mtodos de ensino
da hipnose, fazendo seus alunos hipnoterapeutas incrveis em muito pouco tempo.
Hansruedi J Wipf (1965 - ): Sucessor do lendrio Gerald Kein, hoje presidente da OMNI
Hypnosis Training Center, mundialmente. Considerado por Kein e por Larry Elman um dos
maiores hipnotistas e instrutores de hipnose atualmente. Aps Hans ter se tornado responsvel
geral pela OHTC, j obteve diversas conquistas, que est fazendo a OMNI se tornar cada vez
mais o principal centro de ensino da hipnose no mundo.
Igor Ledochowski (1974 - ): Provavelmente o instrutor com mais diferentes cursos de hipnose
no mundo, com mais de 10 cursos diferentes em DVDs sobre todos os tipos de hipnose.
Desenvolveu seus prprios meios metdicos e detalhistas de ensinar os conceitos dessa arte, de
forma fcil e rpida para que qualquer um possa aprender, mesmo sozinho.
Anthony Jacquin (1974 - ): O mais famoso hipnotista de rua, autor do primeiro livro sobre o
assunto, que ainda o melhor livro sobre hipnose de rua, Reality is Plastic.
Todas as informaes contidas neste livro so ensinamentos repassados por um ou mais
dos hipnotistas acimas e resumidas de forma objetiva e clara. Por motivos prticos, no ser
especificado o nome do autor em cada conceito apresentado aqui.
17
Teoria
18
STREET HYPNOSIS SEM SEGREDOS TEORIA
AS 3 REAS DA HIPNOSE
A hipnose uma s, podendo ser usada em contextos bem diferentes que classificam-se
basicamente em 3: hipnose de palco, hipnoterapia e hipnose de rua.
A hipnose de palco uma apresentao de hipnose, com o objetivo de entreter o pblico.
Do ponto de vista prtico da hipnose, essa a rea mais fcil para hipnotizar, h um grande
nmero de pessoas, de onde o hipnotista pode selecionar o sujeito mais fcil de ser hipnotizado.
Alm disso, muitas pessoas vo ao show para serem hipnotizadas, por isso no h resistncias
praticamente.
Por outro lado, a hipnose de palco como um todo no to simples, no basta s saber
hipnotizar. Na prtica, o hipnotista est fazendo um show, necessrio ter vrias habilidades
de apresentao em pblico, para saber entreter os espectadores e lidar com o que possa ocorrer.
A hipnoterapia uma terapia usando a hipnose. Comeou a ganhar grande repercusso
por possibilitar tratamentos rpidos, s vezes com uma sesso apenas, para transtornos e fobias
que muitas vezes levam meses em terapias convencionais.
Do ponto de vista da hipnose, uma modalidade no mnimo confortvel, pois o hipnotista
espera por seu paciente e faz (ou tenta fazer) seu trabalho. Se o hipnotista no conseguir, pode
tentar novamente em outra sesso, ou at acreditar que o cliente no est ajudando ou est
resistindo.
Obviamente, necessrio ter um domnio das tcnicas de tratamento para usar aps o
sujeito estar hipnotizado. Tais tcnicas no sero tratadas neste livro, mas em breve ser
legendado um curso de um dos melhores hipnoterapeutas da atualidade, Jeffrey Stephens.
Por ltimo, a street hypnosis (hipnose de rua), tambm chamada de hipnose
improvisada, a hipnose feita em qualquer lugar que no seja um palco ou consultrio
teraputico. Considerada a rea mais difcil na parte prtica da hipnose. Normalmente, o
hipnotista introduz o assunto da hipnose, tendo que lidar com pessoas incrdulas, brincadeiras
ou at pessoas que tentam atrapalhar a demonstrao dele.
Similar s outras reas, hipnose de rua tambm no se limita apenas ao aprendizado da
hipnose em si. Street Hypnosis como um mini show improvisado de hipnose, raramente voc
estar s com o sujeito, so necessrias habilidades sociais para liderar as pessoas, divertindo
todos os presentes. Tambm preciso uma boa autoridade no assunto, para lidar com aqueles
que podem atrapalhar o processo, alm de saber como agir quando tudo d errado. Por tais
motivos, comum hipnoterapeutas com anos de experincia se recusarem fazer demonstraes
em lugares pblicos, muitas vezes at evitando o assunto para que ningum pea para ser
hipnotizado. O prprio Anthony Jacquin relata que era um desses, antes de praticar a street
hypnosis.
19
STREET HYPNOSIS SEM SEGREDOS TEORIA
A HIPNOSE DIRETA E INDIRETA
Na Hipnose direta, ou clssica dado instrues claras para o sujeito entrar em outro
estado, usado um processo chamado induo, o qual sugere diretamente qual experincia ele
ter, e geralmente o sujeito fica de olhos fechados. a hipnose como popularmente conhecida.
Hipnose indireta, ou conversacional, qualquer forma de hipnose sem mencionar
termos relacionados a hipnose tradicional, como durma, transe, relaxe. Esse um campo
bem amplo, pois qualquer tipo de convencimento ou alterao de estado em outra pessoa (com
ou sem usos de tcnicas) pode ser considerado uma hipnose indireta. Um lder religioso que
prega com a inteno de conseguir doaes ou mais fiis, est praticando uma hipnose indireta,
mesmo no tendo conscincia disso ou tendo as melhores intenes.
A Hipnose Ericksoniana normalmente usada como sinnimo de hipnose indireta.
Realmente uma hipnose indireta, porm particularmente caracterizada por um conjunto de
padres lingusticos especficos (que eram usados por Milton Erickson), mas que no
representam todas as possibilidades para uma hipnose indireta. Toda hipnose Ericksoniana
indireta, mas nem toda hipnose indireta Ericksoniana.
J outras pessoas entendem a hipnose indireta como uma forma de induzir um estado de
transe no sujeito, sem que ele perceba ou mesmo contra sua vontade. Porm, hipnose e transe
so duas coisas distintas, como ser visto a seguir. (Embora haja autores e cientistas que se
referem hipnose como sinnimo de transe e vice-versa).
A HIPNOSE
A maioria dos estudos cientficos analisam a hipnose como sendo um estado de transe,
no h ainda uma definio exata do que a hipnose ou como funciona. Porm, atravs de
escaneamentos cerebrais de sujeitos hipnotizados (hipnose clssica), foi observado uma
diminuio geral da atividade cerebral, principalmente aquela responsvel por julgamentos
(fator crtico), enquanto h aumento da atividade responsvel pela concentrao.
O interessante que essas observaes se encaixam perfeitamente com a definio de
Dave Elman, para a hipnose: atravessar o fator crtico e estabelecer um pensamento
exclusivo.
O fator crtico a parte da mente que decide se algo faz sentido ou no, se certo ou
errado, que busca a lgica das coisas. A segunda parte da definio cita um pensamento
exclusivo, que o foco em apenas uma ideia, a ateno focada em uma nica coisa. Note que,
por essa definio, em nenhum momento necessrio relaxamento ou transe para que exista a
hipnose, como comumente associado. Porm usaremos o transe como aliado, para facilitar o
processo.
20
STREET HYPNOSIS SEM SEGREDOS TEORIA
Eu considero essa definio, tambm ensinada pelos mestres da hipnose j citados,
como a melhor definio atualmente, por se encaixar mais situaes. Por esse motivo, neste
livro, nos basearemos apenas por essa definio. Lembrando que nenhuma definio at hoje
se encaixa em todos os casos, e no o objetivo deste material discutir teorias, e sim aprender
a prtica da hipnose.
Aqui usaremos a palavra hipnose para representar duas coisas: um estado e um
processo. Ser estado quando falar da situao de um sujeito que est hipnotizado (de acordo
com a definio acima), poder ser escrito, por exemplo: ele entrou em hipnose. Ser
processo quando se referir ao ato da hipnose em si, da prtica de hipnotizar, por exemplo: A
hipnose fcil.
A hipnose algo natural que acontece com todas as pessoas. O exemplo mais clssico
desse fenmeno a paixo. Quando o sujeito est apaixonado, ele sente emoes fortes pela
outra pessoa, independentemente do que sua razo diga, ou mesmo que ache que no deva
gostar da outra pessoa, as emoes esto ali, fazendo com que ache aquela pessoa mais bonita
e a mais interessante que exista. Em outras palavras, seu fator crtico est sendo ignorado, pois
no importa o que pense, as emoes pelo outro no param. E tambm, ocorre a tendncia de
pensar na pessoa amada a todo momento, ou seja, pensamento exclusivo estabelecido.
Outro exemplo a crena religiosa. Normalmente, as pessoas que possuem alguma forte
doutrina religiosa acreditam nisso sem se importarem com que outras pessoas falem, por mais
razoveis que sejam, isso quer dizer que o fator crtico est sendo ignorado. J o pensamento
exclusivo existe quando essas crenas moldam o comportamento e at alteram a personalidade
do sujeito. Exemplo: sempre realizar boas aes por acreditar que ser recompensado.
importante frisar que o fato da paixo ou religio serem exemplos de hipnose, no
significa que so coisas a serem evitadas. Pelo contrrio, em geral, o fato de podermos passar
por essas hipnoses naturalmente na vida, apenas nos fazem pessoas melhores e mais felizes.
Na hipnose clssica, o fator crtico atravessado por um processo denominado induo
e o pensamento exclusivo representa as sugestes. Mas, do ponto de vista do sujeito, em geral
a hipnose imperceptvel at o momento em que ele sinta uma sugesto significativa
funcionando, pois no h um ponto de referncia interno que diferencie o estado de no hipnose
para o de hipnose.
O TRANSE
um estado alterado principalmente da mente, mas que tambm altera o corpo. Durante
o transe, a frequncia cerebral diminui (de beta para alpha) fazendo a concentrao e
imaginao aumentarem, enquanto faz o corpo relaxar e a frequncia respiratria diminuir. O
transe ocorre naturalmente quando descansamos, deitamos para dormir, ou mesmo meditamos.
Como j foi abordado, a hipnose em si no tem relao com essa definio de transe.
Por outro lado, induzir ao transe, s vezes, pode levar hipnose. Porm, comum (e til) induzir
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STREET HYPNOSIS SEM SEGREDOS TEORIA
o transe no processo hipntico, pois normalmente facilita a concentrao e foco, o que ajuda
muito no processo. Alm disso, esse estado muito agradvel para a maioria das pessoas, ento
por que no aproveit-lo?
Quando se associa o transe hipnose, guiando o sujeito a esse estado atravs de
sugestes, ocorre alguns indcios especficos, que no podem ser fingidos, por isso podem ser
usados para identificar se o processo j est acontecendo (a ausncia de alguns sinais no quer
dizer que no funcionou ainda). Os principais sinais caractersticos de um transe hipntico so:
movimento tremulo das plpebras; aumento da lacrimao; vermelhido dos olhos; aumento da
temperatura corporal geral (em alguns sujeitos, isso causa a diminuio da temperatura das
extremidades do corpo, como as mos); tendncia dos olhos girarem para cima.
NVEIS DA HIPNOSE
H diversas escalas de hipnose, porm estas resumem praticamente todas elas, alm de
ser o padro ensinado pelos mestres da hipnose j citados.*
Leve a mdio Esses nveis considerados inteis para hipnose, uma vez que possvel alcanar
o prximo nvel com muita facilidade. Aqui possvel obter relaxamento fsico e analgesia
atravs de sugestes.
Profundo (sonamblico) o estado mais usado na hipnose, pois h uma comunicao direta
e eficiente com a mente subconsciente. Em estado de sonambulismo o sujeito consegue
alcanar, atravs de sugestes, fenmenos como: relaxamento mental, amnsia, anestesia,
regresso e qualquer tipo de alucinao.
Coma hipntico (Estado Esdaile) Descoberto por James Esdaile, posteriormente estruturado
e ensinado por Dave Elman. Nesse estado, ocorre uma anestesia geral no corpo, sem nenhuma
sugesto. H documentos comprovando que alunos do Elman, com sua superviso, fizeram uma
cirurgia cardaca apenas utilizando esse estado, pois o paciente no podia receber nenhum tipo
de anestesia qumica. Por outro lado, esse nvel to prazeroso para o sujeito que ele no se
importa tanto com as sugestes do hipnotistas, por isso no responde bem a elas.
Ultra depth (Estado de Sichort) Ultra profundo em traduo livre, descoberto por acaso por
Walter Sichort, hoje patenteado e pesquisado por James Ramey. Alegam que, aps terem feito
diversos estudos sobre esse nvel, descobriam que neste estado o corpo se recupera de 6 a 10
vezes mais do que o normal, sendo possvel realizar auto curas incrveis. Observao: Nunca
experimentei nem induzi nenhum sujeito a esse nvel.
* Neste material, o foco ser apenas o nvel de sonambulismo.
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STREET HYPNOSIS SEM SEGREDOS TEORIA
O HIPNOTISTA
Algo muito falado quando o assunto hipnose: voc deve criar expectativa.
Criar expectativa: um conceito importante e interessante. Segundo o livro do Anthony
Jacquin, voc deve se tornar O HIPNOTISTA, no um hipnotista, no algum que sabe
hipnotizar ou algum que fez um curso de hipnose. Voc deve transmitir absoluta confiana,
competncia e segurana, para que o sujeito entregue e confie a mente dele aos seus cuidados.
um conceito importante porque a expectativa criada no sujeito, de que voc ir
hipnotiz-lo rapidamente e faz-lo passar por uma tima experincia, realmente facilita o
processo. O que a mente espera tende a acontecer. Isso um dos motivos pelo qual seja mais
difcil hipnotizar amigos prximos ou familiares. Eles no conseguem enxerg-lo como o
hipnotista.
Por outro lado, um conceito interessante porque est escrito na maioria dos livros que
esse tipo de expectativa algo essencial, e isso faz muitas pessoas pensarem erroneamente que
a hipnose s um efeito placebo, que funciona porque o sujeito acredita que est funcionando.
Na verdade, esse tipo de expectativa no necessria, apesar de sempre surgir uma expectativa
mnima. A hipnose (mesmo a direta) pode acontecer sem o sujeito acreditar ou at mesmo saber
que ser hipnotizado, sendo um familiar ou no. Basta que seja usado a abordagem e o processo
correto.
De qualquer forma, fato que a expectativa e o psicolgico ajudam muito,
aproveitaremos disso no processo para sempre facilitar o que for possvel. Ainda assim, minha
ideia que voc se torne algo alm do hipnotista, voc deve buscar se tornar o mago.
O MAGO
A ideia de ser um mago na hipnose foi criada por Alberto Dellisola, aps a adaptao
de um conto do livro Estrutura da Magia I (Richard Bandler e John Grinder) e de diversas
metforas usadas por Igor Ledochowski em seus cursos.
O mago seria aquele que possui uma confiana inabalvel para hipnotizar qualquer um,
em qualquer situao. Mas para facilitar o entendimento desse conceito, dividi os nveis de
conhecimento na Street Hypnosis:
1. Curioso
2. Aprendiz
3. Um hipnotista
4. O hipnotista
5. Mago
Quando voc apenas um hipnotista, bem provvel que no consiga hipnotizar
muitas pessoas, voc passaria uma falta de segurana no que est fazendo, ento apenas as
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STREET HYPNOSIS SEM SEGREDOS TEORIA
pessoas muito interessadas, ou j preparadas conseguiriam entrar em hipnose com voc. J
quando voc o hipnotista, voc passa confiana no que faz, facilitando muito o processo,
conseguindo hipnotizar todo tipo de pessoa. Na prtica, a diferena de um hipnotista para o
hipnotista, que, apesar de ambos saberem hipnotizar, o hipnotista j falhou muito mais
vezes, pois no tem medo de tentar algo novo. Porm, quando voc se torna O MAGO, as coisas
ficam ainda melhores, pois voc hipnotiza mesmo as pessoas que no acreditam em voc.
Para se tornar O MAGO voc deve alcanar 2 coisas: confiana inabalvel, atravs do
conhecimento e prtica para agir em qualquer situao em que estiver hipnotizando; e ter
conscincia do nvel de seu conhecimento diferenciado.
Aqui voc ver como alcanar este conhecimento, porm, s a prtica e o tempo lhe
daro essa confiana inabalvel. Mas, ainda que no seja um mago completo, apenas adquirindo
o conhecimento do mago j o suficiente para fazer coisas incrveis com a hipnose, e este
material mostrar o caminho.
Nos cursos ministrados por mim ou pelo Dellisola, o conceito do mago internalizado
atravs de prticas intensas, colocando os alunos em situaes extremas para absorverem os
conceitos rapidamente. Alm disso, usamos a prpria hipnose nos alunos para os ajudarem a se
tornarem magos at o ltimo dia do curso.
Aqui, usaremos muito a denominao mago para que voc se acostume com a ideia
de se tornar o Mago da Hipnose, aquele que tem confiana para hipnotizar qualquer pessoa, em
qualquer situao.
https://www.youtube.com/watch?v=oA40lcQhZ0Y Hipnose - A confiana e a Roupa do
Mago.
MITOS DA HIPNOSE
comum a maioria dos sites e materiais sobre hipnose, explicarem e desmistificarem
muitos mitos populares da hipnose. Mas ser que as explicaes dadas s essas questes so
realmente corretas? Primeiro veremos os mitos e como so normalmente explicados:
O hipnotista pode controlar o sujeito.
Ningum faz em hipnose aquilo que no faria se estivesse acordado, no age contra suas
crenas ou vontades.
O sujeito pode contar seus segredos durante a hipnose.
Na hipnose, o sujeito tem controle de tudo, s fala o que deseja.
O sujeito perde a conscincia quando hipnotizado.
Durante a hipnose o sujeito fica num estado alterado de conscincia, na verdade a
conscincia fica at mais aflorada, ouvindo ainda mais tudo ao seu redor.
A hipnose perigosa.
Depende. Se for aplicada por pessoas sem formao adequada, ou sem cautela, pode ser
perigosa para o sujeito.
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STREET HYPNOSIS SEM SEGREDOS TEORIA
possvel nunca mais voltar do transe.
Se o sujeito estiver num transe profundo, o que pode acontecer o transe mudar para
um sono fisiolgico, e acordar aps um tempo.
MITOS DOS MITOS DA HIPNOSE
Em muitos casos, vlido no informar ao sujeito todas as possibilidades da hipnose,
pois surgiriam medos desnecessrios, por isso as explicaes acimas encontradas em sites so
ideais para o pblico geral. Da mesma forma, um mdico no informa aos pacientes os riscos
que so praticamente impossveis de acontecer em um procedimento hospitalar, por exemplo.
Porm, como um estudioso e praticante do assunto, voc deve conhecer a fundo todas as
possibilidades, verdades e mentiras que so contadas. Portanto, vamos analisar melhor algumas
das explicaes comuns dadas aos mitos populares:
Se o sujeito estiver num transe profundo, o que pode acontecer o transe mudar para um
sono fisiolgico.
Esse mito (e sua explicao) surgiu de alguns casos bem raros, em shows de hipnose,
quando pessoas hipnotizadas no despertavam com o comando do hipnotizador, vindo despertar
aps alguns minutos, ou mesmo horas (h relatos de sujeitos que s despertaram no dia
seguinte). O que acontece que essas pessoas entram num estado conhecido como coma
hipntico (ou estado esdaile), que um estado de euforia e bem-estar to intenso, onde as
pessoas param de se importar com o mundo externo. Mesmo escutando as sugestes do
hipnotista, se recusam, preferem continuar aproveitando aquele momento to prazeroso, da
mesma forma que algum em estado normal pode recusar uma sugesto de entrar em hipnose.
Sobre o sono, segundo Elman, nunca houve nenhum caso de algum dormir enquanto
estava hipnotizado, o mximo que acontece um relaxamento e at uma diminuio da
conscincia, mas o sono fisiolgico no estabelecido. O motivo disso : a hipnose aumenta a
conscincia e o foco, enquanto o sono comum causa o efeito contrrio.
O sono fisiolgico pode surgir por um relaxamento intenso e contnuo, ento o sujeito
adormece antes de se estabelecer a hipnose. Por outro lado, o contrrio possvel: associar a
hipnose ao estado do sono fisiolgico, o que nos leva ao prximo mito.
O sujeito perde a conscincia quando hipnotizado.
Na hipnose tradicional, isso realmente um mito. O sujeito nunca perde a conscincia,
ao invs disso, ela se intensifica. Porm, um ponto importante a ser frisado, pois muitos
hipnotistas parecem no entender isso na prtica, apesar de falarem isso na teoria.
Algo muito comum um hipnotista colocar o sujeito em transe, e, se precisar falar com
outra pessoa, abaixar a voz ou mesmo sussurrar, afastando-se um pouco do sujeito, na inteno
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STREET HYPNOSIS SEM SEGREDOS TEORIA
de que ele no escute. Ou ainda, assim que o sujeito parece inconsciente, o hipnotista comea
a falar dele aos outros, como se ele no estivesse escutando.
Durante o transe hipntico, a ateno e seus sentidos esto ampliados, principalmente
para a voz do hipnotista. Se outra pessoa consegue ouvir o seu sussurro, pode ter certeza que o
sujeito em transe escutar ainda melhor. Isso no mnimo perturba o sujeito, podendo at acabar
com a hipnose de sujeitos menos suscetveis.
Numa situao em que precisar falar com outra pessoa enquanto seu sujeito estiver em
transe, a melhor coisa a fazer avisar ao sujeito que ele pode aproveitar o estado sem se importar
com a sua conversa com a outra pessoa, ento converse normalmente com quem precisar.
Ainda assim, esse mito verdade para o caso comentado no tpico anterior, a hipnose
associada ao sono. Nesse estado, o sujeito est inconsciente, pois est dormindo. um timo
estado para hipnoterapia em clientes muito analticos, ou para aplicar sugestes de anestesias
para casos mais intensos, como partos. Assim, o sujeito acorda com o efeito da sugesto, mesmo
sem se lembrar dela conscientemente.
Ningum faz em hipnose aquilo que no faria se estivesse acordado, no age contra suas
crenas ou vontades. O sujeito tem controle de tudo e no contaria um segredo.
De forma nenhuma como se a pessoa estivesse em estado normal. David Spiegel, um
mdico que estuda a hipnose para tratamentos de cncer e dores crnicas, tem uma palestra que
explica um pouco sobre isso.
Durante a hipnose, nosso foco e ateno concentrado cada vez mais em uma nica
ideia, fazendo que todo o resto (crenas, vontades, inibies) fiquem mais distantes por um
momento. anlogo a quando algum est numa festa com amigos, todos se divertindo muito
no momento e acabam fazendo ou falando algo sem pensar (mesmo sem estarem bbados), e
no outro dia sempre surge aquele pensamento: Onde eu estava com a cabea quando fiz isso?.
Por isso, perfeitamente possvel algum fazer algo que no faria em estado normal. Por
exemplo, nosso fator crtico, que julga algo como sendo um segredo, est bem distante e naquele
momento e pode no se importar em compartilhar aquilo. Porm, isso no quer dizer que basta
entrar em transe hipntico que as pessoas contariam os segredos ou fariam qualquer coisa. Se
o hipnotista der uma sugesto que contra a vontade do sujeito e ele ainda no estiver com o
fator crtico bem desligado, provvel que ele rejeite a sugesto.
Alm disso, possvel criar contextos no qual o sujeito no se sente contrariando
nenhuma de suas crenas ou vontades. Derren Brown fez um experimento, conseguiu que uma
pessoa roubasse um banco e at tentasse atirar em outra pessoa, apenas usando a hipnose.
George Estabrooks, que teve a fama de programar hipnoticamente os agentes americanos na
segunda guerra mundial, bem claro em seu livro falando que totalmente possvel hipnotizar
algum para fazer qualquer coisa, at mesmo ser um espio de guerra.
Como curiosidade, h teorias que dizem que o assassinato de um presidente americano,
John Kennedy, foi cometido por um homem hipnotizado, mesmo aps condenado ele no
demonstrava nenhum tipo de remorso e insistia no lembrar do ocorrido. Isso possvel?
Segundo Estabrooks perfeitamente possvel.
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STREET HYPNOSIS SEM SEGREDOS TEORIA
Se quiser entender mais sobre isso, recomendado ver o filme alemo chamado A Onda.
Uma produo baseada em histria real, onde um professor faz a experincia de tentar criar
uma turma de seguidores fanticos, sem que eles percebessem que estavam sendo manipulados.
https://www.youtube.com/watch?v=PlFaIxTv1_w - Mind-Body Interactions (Palestra do Dr.
David Spiegel, em ingls)
https://www.youtube.com/watch?v=90xfZJQzAhc - Derren Brown ~ Assassin ~ Full Episode
(Experimento do Derren Brown, em ingls. Futuramente ser legendado pela equipe Mestre da
Hipnose)
https://www.youtube.com/watch?v=ZbyCJEIRBaA - A Onda (Die Welle) Trailer
LEGENDADO
A hipnose perigosa para o sujeito, se for aplicada por pessoas sem formao adequada,
ou sem a cautela necessria.
A hipnose algo natural de qualquer ser humano, ento no poderia ser perigosa. Como
diz Fbio Puentes: O perigoso o hipnotista.
Mas tudo o que explicado no tpico anterior no deve ser motivo de preocupao. Para
fazer tais programaes hipnticas, fazendo o sujeito agir contra suas crenas, so necessrio 3
coisas: conhecimento muito especfico e avanado; contexto e tempo. Seria raro um hipnotista
(principalmente no Brasil) ter essas habilidades. Alm disso, no fcil existir esse contexto
adequado e tempo suficiente para criar essa mudana psicolgica, ou seja, no possvel numa
nica sesso de hipnose, programar o sujeito dessa forma.
Porm, vlido salientar que o fato da pessoa ser um hipnotista ou no, irrelevante.
Existindo essas 3 coisas, no necessrio que algum seja um hipnotista tradicional para ser
perigoso, pois a manipulao acontecer de qualquer forma, como demonstrado no filme A
Onda. Um exemplo mais recorrente so lderes religiosos que fazem seus fies entregarem
praticamente todos os bens de boa vontade.
Em relao ao processo da hipnose, no h perigos comprovados para o sujeito, como
de deixar sequelas, ou criar problemas psicolgicos. Os perigos reais da hipnose de rua e de
palco so acidentes fsicos, ainda assim raros. Alm disso, h algo ainda mais raro, a ab-reao
espontnea, que acontece em mdia com 1 a cada 500 mil sujeitos hipnotizados (de acordo com
relatos dos mestres da hipnose).
Repetindo: A hipnose no perigosa e deve ser incentivada. Basta usar o bom senso,
no dar sugestes que possam ser perigosas e evitar regresses de idade (o motivo ser
comentado depois). Mesmo que voc no saiba nada sobre hipnose, pode comear a testar, sem
medo de que causar algum mal.
https://www.youtube.com/watch?v=xJDVbxPkhFI - Dicas para fazer Street Hypnosis com
segurana
https://www.youtube.com/watch?v=v_y0CZyME3s - Pastor Marco Feliciano enganando fiis
e induzindo a entregar tudo o que tem
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STREET HYPNOSIS SEM SEGREDOS TEORIA
O CREBRO
Muitos entusiastas ficam inseguros em praticar hipnose porque no entendem como algo
to simples pode fazer as pessoas dormirem, ou terem alucinaes. Hipnose no mgica,
truque, ou s efeito psicolgico. um fenmeno natural e real, que acontece no crebro de
qualquer ser humano.
No necessrio conhecer o funcionamento do crebro para hipnotizar pessoas, o
objetivo deste captulo mostrar e reforar com fatos como a hipnose real.* Voc, para ser
um mago, deve ter ao menos uma noo de como funcionam todas as partes do processo que
quer dominar. O importante aqui que voc aprenda, mesmo que de forma bem superficial, a
funo de algumas reas do crebro e como a hipnose se relaciona com elas. Para ento, ter
conscincia que voc criar um processo real no crebro do sujeito. Cada fenmeno criado com
a hipnose tem um motivo neurofisiolgico que o torna possvel como experincia para o sujeito.
Ter esse conhecimento o tornar mais competente e confiante.
Por outro lado, apesar de haver muitas comprovaes, principalmente de psiquiatras e
neurocientistas sobre o efeito da hipnose, ainda h bastantes coisas para serem descobertas
* Todas as informaes deste captulo foram revisadas por Djana Gyatsu Dasa (psiquiatra e hipnoterapeuta do EUA, conselheiro da O.M.S) e por Carlos Alberto Ribeiro (neurologista, neurocirurgio e hipnoterapeuta - CRM:
98604)
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STREET HYPNOSIS SEM SEGREDOS TEORIA
nessa rea. Algumas perguntas ainda sem respostas: Por que temos a capacidade de sermos
hipnotizados? Como a hipnose acontece no crebro? Por que as pessoas respondem de formas
diferentes aos fenmenos?
Crtex pr-frontal:
Essa regio basicamente onde mora o consciente. Essa parte do crebro est
relacionada a pensamentos complexos, tomadas de decises, criao de correlaes de causa e
efeito, manipulao social.
Em hipnose, essa regio do crebro quase desligada, assim as informaes recebidas
no so analisadas ou julgadas, permitindo se comunicar diretamente a outras reas do crebro.
Tlamo:
uma regio que funciona basicamente como uma secretria. Ele direciona os estmulos
do crebro para as demais partes do corpo, ou o inverso, estmulos sensoriais do corpo para as
suas determinadas regies no crebro. (O olfato o nico sentido que no passa pelo tlamo)
Por exemplo, quando seus olhos veem uma imagem, a informao convertida em sinal
eltrico e vai para o tlamo, ento direcionada para a parte de trs do crebro (regio occipital),
s ento, o consciente pode analisar o que est vendo.
Na hipnose, essa regio afetada principalmente em sugestes de anestesia, diminuindo
a atividade do tlamo, fazendo com que o estimulo da dor no chegue ao destino final. Tambm,
em sugestes de sinestesia, acredita-se que a atividade do tlamo alterada.
Hipotlamo:
responsvel por alguns processos metablicos e atividades do sistema nervoso
autnomo. O hipotlamo liga o sistema nervoso ao sistema endcrino, sintetizando a secreo
de neuro-hormnios, que esto relacionados tambm com as emoes. Alm disso, ele controla
a temperatura corporal, fome e sede, impulso sexual.
O prprio pensamento pode alterar a atividade do hipotlamo. Por exemplo, visualizar
mentalmente sua comida preferida por algum tempo, pode fazer voc salivar e sentir fome.
Amgdala:
Tambm ligada ao tlamo e hipotlamo, uma parte do crebro ligada ao instinto de
fugir, lutar ou parar (flight, fight or freeze). A principal funo da amigdala de criar memria
emocional, para proteger a sobrevivncia.
Por exemplo, em uma situao que o crebro entendeu como muito perigosa, a amigdala
pode criar uma forte emoo com a situao e guard-la para que a pessoa nunca mais passe
por isso, podendo assim, desenvolver uma fobia.
Durante a hipnose, a amgdala se desliga, desativando o instinto fight, flight, or
freeze impedindo que possa ocorrer qualquer gatilho emocional. Quando a amigdala est
desligada, o corpo e sistema imunolgico funcionam de forma mais efetiva.
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STREET HYPNOSIS SEM SEGREDOS TEORIA
Hipocampo:
Possui relao com a amgdala, j que tambm faz parte do sistema lmbico. O
Hipocampo tem atividades relacionadas com inibio, formao de novas memrias e
orientao espacial. Porm, ainda no h experimentos ou teorias que relacionam diretamente
o efeito da hipnose ao hipocampo.
Tambm h diferenas fsicas no crebro das pessoas que entram em hipnose mais
facilmente. Mais especificamente, no crebro dos grupos altamente hipnotizveis, o crtex pr-
frontal dorsolateral (regio responsvel pelo controle executivo e ateno) aparenta ser ativado
em conjunto com o crtex cingulado anterior (responsvel pelo foco e ateno). H uma maior
ligao neural entre essas duas regies, o que possibilita o indivduo ter um maior controle
consciente de sua ateno.
A MENTE
Antes de se pensar em um conceito para a mente, necessrio entender que no h uma
definio perfeita e funcional para todos os contextos. No existe uma parte no corpo chamada
mente, tampouco possvel coloc-la num microscpio e analis-la. Assim, cada terico
possui definies diferentes.
O crebro, juntamente com a mente, um dos maiores mistrios do universo. Ainda no
foram nem mesmo mapeadas as regies do crebro responsveis por atividades unicamente
humanas (como entender uma linguagem, pensamento moral etc.). As perguntas mais
fundamentais ainda se encontram sem resposta.
O que se pode afirmar que a mente existe como um modelo, que recebe a informao
do mundo exterior, a entende de acordo com os prprios parmetros, criando experincias
nicas. Dessa forma, cada experincia s existe efetivamente na mente e nica para cada
pessoa.
Ainda assim, fcil observar que inmeras variveis podem alterar a experincia de
algum. Por exemplo, uma pessoa num momento muito feliz e outra em um momento de tristeza
tero percepes diferentes de uma mesma festa. Provavelmente a pessoa feliz ver muitos
motivos para se animar ainda mais com a festa, e a pessoa triste achar motivos para se sentir
pior. A experincia subjetiva, pois tudo acontece na mente, antes de acontecer como realidade
(como diz o ttulo do livro do Anthony Jacquin, A Realidade Plstica*).
* Traduo do ttulo The reality is Plastic, livro publicado apenas em ingls.
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STREET HYPNOSIS SEM SEGREDOS TEORIA
AS REGRAS DA MENTE
A mente, como todas as coisas, funciona sobre regras especficas. Hipnoterapeutas, aps
muitas observaes, chegaram a alguns princpios sobre isso. E voc, como o mago, deve
conhec-las e domin-las, para que nunca aja em desacordo com nenhuma delas.
Todo pensamento ou ideia causa uma reao fsica.
O que a mente espera acontecer, tende a acontecer.
A imaginao mais poderosa do que conhecimento, quando se lida com a mente.
Cada sugesto aceita diminui a resistncia para a sugesto seguinte.
Quanto maior o esforo consciente, menor a resposta subconsciente.
Assim que uma ideia aceita pelo subconsciente, ela se mantm at que outra ideia a
substitua.
Alm disso, quando o fator crtico escuta uma sugesto, para determinar se a deixar
passar para nveis mais profundos da mente, como se tomasse alguma das 4 atitudes:
Gostar da sugesto e saber que funcionar.
Ser neutro e no se importar com o que acontecer.
Achar que desconfortvel, ou que contra as crenas morais.
Gostar da sugesto e torcer que funcione.
A mentalidade ideal do sujeito para a hipnose acontecer deve ser a primeira ou no mximo
a segunda opo. O problema da ltima opo a mente consciente tentar ajudar no processo,
por querer muito que funcione, assim, se a mente consciente est participando, o fator crtico
no pode ser atravessado.
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STREET HYPNOSIS SEM SEGREDOS TEORIA
O MODELO DA MENTE* (por Gerald Kein)
* Neste livro, para facilitar a leitura, inconsciente e subconsciente so usados como sinnimos.
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STREET HYPNOSIS SEM SEGREDOS TEORIA
OS PR-REQUISITOS PARA HIPNOSE
Segundo Jeffrey Stephens, para a hipnose ser possvel necessrio existir apenas duas
coisas: contexto e inteno. Isso seria o pr-requisito para qualquer forma de hipnose, mesmo
uma hipnose sem transe clssico, que ser visto na parte final.
O contexto surge quando as pessoas sentem que voc o mago, ou pelo menos sabem
que voc um hipnotista. A funo do contexto criar expectativa nas pessoas, e cada pessoa
tem uma expectativa do que um hipnotista faz, ou sobre o que hipnose, isso j o suficiente
para suas mentes se alinharem com o processo. Note que expectativa diferente de acreditar
em hipnose ou que podem ser hipnotizados.
A inteno j algo que est em voc, uma vontade e pensamento que aquela pessoa
ser hipnotizada. Voc deve ter em mente tudo o que pretende fazer, desde o momento que
seleciona o sujeito at o momento que vai tir-lo da hipnose e ter a expectativa de que tudo ser
como voc espera. Apesar de parecer algo subjetivo, quando voc sabe o que fazer e acredita
nisso, ocorrem mudanas sutis no seu comportamento e modo de falar, o que o faz expressar
confiana e tranquilidade (e como consequncia, aumenta a expectativa e a confiana do sujeito
em voc).
Alm disso, o Igor Ledochowski traz uma boa contribuio para a inteno, no conceito
do H+. O H (Hypnosis) a prpria inteno, e o + um desejo de dar algo positivo para aquela
pessoa, dar uma tima experincia e no esperar nada dela. Um mago sabe o poder que tem, e
como pode ajudar as pessoas com esse poder. Ele no se importa se o sujeito no quer ser
hipnotizado, ou mesmo se no seguir as instrues, pois quem perde com isso o prprio
sujeito.
A inteno voc deve carregar sempre com voc, isso natural, isso se torna
natural com a prtica e com a ideia do mago. O contexto pode ser criado facilmente, no
momento que as pessoas descobrem que voc um hipnotista. Seguindo os passos da parte
prtica, voc conseguir fazer isso sempre que desejar. Por fim, para a hipnose clssica h mais
dois pr-requisitos, alm desses: o sujeito no ter um medo real em relao experincia e
seguir as instrues que o hipnotista falar.
Segundo Elman, existe uma nica barreira que pode impedir a hipnose: o medo. Como
j foi explicado, o prprio sujeito quem se hipnotiza e todo processo acontece em sua prpria
mente. Dessa forma, a mente nunca se submeteria a algo que teme. Ento, no existir medo
tambm pode ser considerado um pr-requisito. Mas, esse o caso de um medo real, e no
apenas uma insegurana do desconhecido. Muitas pessoas falaro que tem medo, mas na
verdade esto muito interessadas em ter uma experincia, ou seja, esse tipo de medo no
atrapalha.
E, a partir do momento que voc quem sabe como dar essa experincia ao sujeito, e
ele quer experimentar isso, obviamente ele deve seguir todas as suas instrues, pois se no o
fizer, no funcionar. Em geral, isso acontece naturalmente, porque no momento voc tem a
autoridade como o especialista desse assunto.
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STREET HYPNOSIS SEM SEGREDOS TEORIA
Ento, se tiver a inteno clara e positiva, criar o contexto, o sujeito seguir suas
instrues e no tiver um medo real, voc hipnotizar SEMPRE! Agora veremos como fazer
tudo isso na prtica.
https://www.youtube.com/watch?v=2h49kYxmaJ0 - Igor Ledochowski - H+ vs Inseguranas
https://www.youtube.com/watch?v=s1HAszIHYso - J.Stephens - Congruncia na Hipnose
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Prtica
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STREET HYPNOSIS SEM SEGREDOS PRTICA
Esta parte contm a hipnose de rua em 9 passos, desde o momento em que voc decide
hipnotizar at o momento em que termina a hipnose. A metodologia em cada passo, em geral,
seguir esta sequncia:
Perguntas que voc saber como responder quando tiver aprendido aquele passo.
Objetivo geral daquele passo.
Sequncia do que deve ser feito e obtido naquele passo.
Exemplos de como poderia ser feito (famoso script, ou roteiro).
Explicao de cada ponto da sequncia que a explicar e a relacionar com o exemplo,
alm de fazer algumas observaes e explicar alguns detalhes.
Uma espcie de soluo de problemas, explicando como agir se algo ocorrer de forma
diferente do esperado.
Complemento, onde haver links para vdeos relacionados com aquele passo e
informaes gerais de contedo um pouco mais avanado, talvez no to essencial para
o funcionamento do passo.
O mais importante saber e entender a sequncia do passo em questo, todas as outras
informaes servem apenas para reforar isso.
Todo o processo ser detalhado de forma bem completa, com o mximo de detalhes e
segredos relevantes para que a hipnose seja rpida e fcil. Isso quer dizer que pode haver
muitos outros detalhes e passos extras que so ensinados em outros lugares, mas so
irrelevantes, pois praticamente no ajudam em nada, quando ajudam. A prtica ensinada aqui
a mesma usada pelos maiores mestres da hipnose. Se voc fizer corretamente apenas 50% do
que est aqui, j conseguir resultados excelentes.
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1. A ABERTURA DO GRUPO
Qual primeiro passo para hipnotizar um estranho?
Como fazer para introduzir o assunto da hipnose a estranhos?
Como deixar as pessoas interessadas serem hipnotizadas?
O objetivo iniciar o processo, criando o contexto e interesse, porque at ento os
sujeitos no sabem da sua existncia. Lembre-se de que o processo se inicia com o contexto e
que necessria a receptividade do sujeito, a fim de que sigam suas instrues.
1.1. Antes de tudo, voc deve ter em mente que voc vai hipnotizar algum, porque voc
quer hipnotizar, e que isso ser uma experincia incrvel PARA eles. Mesmo sabendo que voc
pode estar ali para praticar hipnose, tenha em mente que sua prtica ser algo bom PARA eles,
afinal, voc O MAGO.
1.2. Caminhe at o grupo, capte a ateno aplicando o eyebrow flash e sorrindo somente
aps o contato visual do grupo.
1.3. D um elogio simples e sincero ao grupo.
1.4. Se apresente, diga que um hipnotista profissional (ou crie uma denominao) e diga o
que est fazendo.
1.5. Faa uma pergunta aberta com uma sugesto indireta para se interessarem.
Exemplo 1: Ol. Vocs parecem um grupo divertido. Meu nome Michael, sou um hipnotista
profissional e estava aqui fazendo umas demonstraes. Algum de vocs sabe o que a hipnose
ou j teve curiosidade de passar por uma experincia incrvel com o poder da mente?
Exemplo 2: E a, galera. Vocs parecem um grupo interessante. Meu nome Michael, sou o
hipnotista mais rpido de So Paulo e estava aqui demonstrando o poder que a mente das
pessoas tm. Algum de vocs j pensou do que nossa mente capaz e de como possvel sentir-
se timo, agora, ativando sua mente?
Entendendo o processo:
1.1. Este ponto j deve estar claro para voc, aps ler a teoria. Quando voc faz isso voc
muda sua fisiologia e seu comportamento, se tornando mais congruente com o que falar e
demonstrando mais confiana.
1.2. A ateno captada quando o grupo olha para voc, por causa da saudao (Ol ou
E a, galera). O eyebrow flash explicado no vdeo complementar, um gesto feito por todos
os primatas, quando se reconhece que algum faz parte do seu grupo. O sorriso feito aps obter
a ateno demonstra de forma inconsciente que voc sorriu por causa deles, e no foi s sorriso
automtico que comum socialmente. algo sutil, mas as pessoas que recebem um sorriso
assim, com um pouco de atraso, se sentem melhores, sem saber explicar o porqu.
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1.3. Todas as pessoas gostam, consciente e inconscientemente, de receber elogios. Quando
recebemos elogios, nos abrimos mais para o que vir a seguir. Mas, por motivos bvios, o elogio
deve ser curto e sincero, para no soar falso ou bajulador, causando a reao oposta.
1.4. Este ponto faz voc demonstrar de forma rpida, qual sua inteno, sem levantar
nenhum tipo resistncia no grupo, alm disso, cria o contexto necessrio para hipnose. ainda
mais poderoso quando voc cria uma denominao, porque assim o grupo passa a v-lo como
um hipnotista raro. Se for do seu estilo, e ainda melhor se conseguir fazer com que riam de sua
denominao, pois isso elimina imediatamente o desconforto de estarem interagindo com um
estranho. (Dicas de denominao: hipnotista mais engraado, hipnotista mais jovem, hipnotista
mais bonito etc.)
1.5. Uma pergunta aberta, nesse caso, seria algo que os deixariam curiosos pela sua resposta.
Assim, mesmo que no queiram ser hipnotizados no momento, h uma abertura para
perguntarem mais sobre isso. A sugesto indireta acontece quando voc d a ideia de que ser
algo bom para eles, por exemplo: experincia incrvel, poder da sua mente, sentir-se
timo.
Complemento:
https://www.youtube.com/watch?v=XJJmAEqDiKg Abordagem na Hipnose de Rua
https://www.youtube.com/watch?v=KBdtfP8LtmA "Truque" para Rapport Instantneo
(Para mais detalhes sobre o eyebrow flash, veja o curso Conversational Hypnosis Mastery, do
Igor)
Um dos principais motivos que leva a hipnose falhar a abordagem. A sua inteno
conseguir total cooperao do sujeito e eliminar qualquer forma de resistncia, se estiver com
dificuldade de criar essa cooperao inicialmente, experimente no usar a palavra hipnose e
ver a diferena da cooperao do grupo. Por outro lado, quando se usa a palavra hipnose,
possvel fazer todo o processo com muito mais rapidez, pois voc no precisa explicar o que
est fazendo, as prprias pessoas criaro suas expectativas e o permitiro realizar o processo.
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2. A ESCOLHA DO SUJEITO
Como deix-los interessados a serem hipnotizados?
Como agir se estiverem com medo?
Quem devo escolher para hipnotizar?
Quais os mais fceis de serem hipnotizados?
O Objetivo selecionar a pessoa com maior chance de obter os fenmenos mais
impressionantes. Ou, se no houver uma escolha fcil, aumentar mais a expectativa e comear
a estimular a imaginao, a fim de facilitar o processo da hipnose em seguida.
Explicao e Teste de Sugestionabilidade (Opcional):
2.1. Lidar com medos e resistncias aparentes sobre a hipnose.
2.2. Oferecer um procedimento para diminuir a resistncia e obter feedback (se necessrio).
2.3. Verificar quem respondeu melhor ao procedimento anterior.
Exemplo 1: Hipnose sobre o poder do inconsciente, uma capacidade que todo ser humano possui. Quanto mais forte sua mente inconsciente, mais fcil e mais rpido voc pode entrar
num incrvel estado de transe, se desejarem. Antes de fazer a hipnose, vamos fazer s um jogo
primeiro para verem como a mente funciona, faam assim com as mos *Fazer algum teste analgico* o que sentiram?
Exemplo 2: Sabe quando est vendo um filme, ou lendo um livro muito interessante, e, quando percebe, est totalmente envolvido com aquilo, se deixando levar, talvez at se emocionando,
mesmo sabendo que no real? Isso como estar hipnotizado. Agora, a gente pode induzir o
mesmo estado, s que mais fundo e melhor. Quem j teve curiosidade de saber o poder do seu
inconsciente? Quem quiser descobrir agora, acompanhe esse teste, fazendo assim com as
mos *Fazer algum teste analgico* o que sentiram?
Entendendo o processo:
Os passos anteriores apenas devem ser executados se o grupo precisar. Aps o passo 1
(abertura do grupo) voc deve verificar, pela linguagem corporal, se o grupo est interessado e
aberto para a hipnose ou est desconfiado (Esto o olhando desconfiados? Cruzaram os braos?
Se afastam ou demonstraram medo?). Se estiverem interessados voc escolhe o sujeito e segue
para o passo 3, caso contrrio, voc far o famoso pr-talk (uma rpida conversa inicial,
introduzindo a hipnose).
2.1. A ideia aqui, alm de responder possveis perguntas, colocar a hipnose como algo
interessante, natural e bom para eles. Este ponto funciona para diminuir a resistncia e gerar
interesse por ser hipnotizado, afinal ser uma experincia agradvel. A forma que fizer isso no
importa, contando que seja breve, pois seu objetivo apenas dar a eles uma experincia e no
ensin-los sobre hipnose. Se no houverem perguntas, no gaste mais que 1 minuto neste ponto.
2.2. Esse ponto tambm conhecido como teste de sugestionabilidade, ser feito com 2
objetivos: diminuir a resistncia e verificar quem o melhor sujeito para os fenmenos. Os
testes analgicos so aqueles que os sujeitos podem responder em diferentes nveis, como as
mos magnticas. Assim, qualquer resposta mnima j pode ser considerado um sucesso, diferente de uma rotina de mos coladas, por exemplo, que sim ou no as pessoas ficam com as mos coladas ou no (fenmeno binrio).
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Em seguida, se no conseguir decidir qual sujeito escolher ou se ningum responder de
uma forma satisfatria (aproximou as mos), pode-se perguntar o que acharam e o que sentiram.
Muitas vezes, sujeitos que mexeram pouco as mos estavam resistindo s sugestes, ento
quando so feitas essas perguntas, normalmente se empolgam e acham incrvel o que sentiram,
j esperando a prxima experincia (esse seria um timo sujeito). Mas em geral, no ser
necessrio nem perguntar, porque ficar evidente quem mais gostou e mais sentiu o poder da hipnose.
2.3. Primeiro, voc deve buscar as pessoas que se focaram e se impressionaram mais com a
experincia. Dessas, voc verifica quem respondeu melhor ao teste (aproximou as mos mais
rapidamente), se houver.
Uma pessoa muito atenta e impressionada pela experincia melhor que uma pessoa que
aparentemente respondeu muito bem, mas est desconcentrada ou com pouco interesse.
Complemento:
https://www.youtube.com/watch?v=5Uind7MA2_o Anthony Jacquin escolhendo o sujeito
O vdeo acima demonstra o teste das mos magnticas e a escolha do sujeito. Desde o
incio, Anthony comea a reparar que as meninas da direita estavam animadas demais ao ponto de levar o processo na brincadeira, alm disso cruzaram as pernas sem a instruo dele,
ou seja, no estavam seguindo s suas instrues. Apesar das meninas da direita terem
respondido aparentemente melhor (as mos se juntaram mais rpido), Anthony escolheu a
menina da esquerda, sem mesmo perguntar como foi a experincia, pois percebeu que a reao
dela era genuna e estava mesmo concentrada com o processo.
Ainda no h estudos definitivos sobre a possibilidade de reconhecer um sujeito
sonamblico, sem de fato hipnotiz-lo. Alm disso, uma pessoa no sonamblica que realmente
deseje ser hipnotizada pode responder como um sonamblico. Mesmo assim, por algumas
caractersticas do sujeito, possvel saber com uma preciso relativamente boa se ele ser ou
no hipnotizado facilmente. Algumas caractersticas positivas para hipnose: crianas ou
adolescentes at por volta dos 20 anos; pessoas interessadas em misticismo; pessoas muito
emotivas ou sonhadoras; pessoas que j usaram drogas; artistas e atores em geral.
O que pessoas assim tm de diferente? Tudo se baseia nos pr-requisitos da hipnose:
quanto menor o medo e mais o sujeito seguir as instrues, melhor. Todas essas caractersticas
tendem a demonstrar esses pr-requisitos. Por exemplo, adolescentes so mais inconsequentes,
possuem mente aberta para novas experincias, por isso menor medo. Artistas, atores ou
pessoas interessadas em misticismo usam muito a imaginao, no tentam analisar e entender
tudo, o que facilitaria seguir as instrues da hipnose alm de imaginar melhor as sugestes.
Pessoas que j usaram drogas, no mnimo, o medo das consequncias no os impediram de
buscar uma nova experincia.
Isso apenas uma dica para o caso de voc querer sugerir a hipnose, a algum com essas
caractersticas, numa situao qualquer. Mas, em situaes normais, no preciso saber os
antecedentes ou profisso das pessoas para praticar a hipnose de rua.
Portanto, importante frisar que este passo sobre escolher o sujeito, e no sobre
realizar testes de sugestionabilidade ou conversar sobre hipnose, j que isso muitas vezes no
necessrio. Mas, inicialmente, faa esse passo completamente algumas vezes, no intuito de
praticar e aprender, pois com a prtica voc mesmo ver que o pr-talk e testes no so to
necessrios.
Por outro lado, h algumas situaes que, mesmo no sendo necessrio, voc deveria
conversar mais e realizar os testes. Por exemplo, quando h um grupo grande (mais de 5
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pessoas), e vrias delas demonstram grande interesse pela hipnose. Nesse caso, voc deveria
dedicar sua ateno a todos eles, e no isolar a experincia num nico sujeito. O objetivo
garantir a diverso do grupo, pois quando faz uma experincia mais abrangente, est
satisfazendo a vrias pessoas ao mesmo tempo e fornecendo valor ao grupo, antes de escolher
uma pessoa para ter as experincias sozinha.
https://www.youtube.com/watch?v=LL-RKo6jVvk Hipnose - Dedos magnticos (Uma alternativa para mos magnticas)
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3. O TESTE DO SUJEITO
Como saber se esto preparados para hipnose?
Como saber se uma induo instantnea funcionar?
Como saber se esto levando a srio?
Como saber se no esto resistindo?
O objetivo desse passo verificar se o sujeito quer e est pronto (consciente e
inconscientemente) para ser hipnotizado com uma induo instantnea.
3.1. Criar o contrato hipntico com o aperto de mo. (Verificao inicial pelas mos)
3.2. Conduzir o sujeito, dando instrues simples e verificar como ele responde. Tambm
chamado de yes-set. (Se a resposta for positiva, pular diretamente para o passo 3.3)
3.3. Eliminar sua resistncia e medos conversando mais sobre a hipnose, ento repetir o
ponto 3.1.
3.4. Fazer o olhar hipntico e verificar a respirao inconsciente.
Exemplo 1: Tudo bem? Pronto para a hipnose? *Cumprimentar* Pode dar um passo aqui?
Isso, deixa os ps juntos. Olha aqui
Exemplo 2: Tudo bem? Pronto para ser hipnotizado? *Cumprimentar* Pode dar um passo
aqui? Isso, relaxa, porque a hipnose s vai mostrar o poder da sua concentrao, para isso
acontecer voc precisa permitir e querer que acontea, tudo acontece na sua mente, vou apenas
conduzir. Voc tem alguma pergunta sobre a hipnose, antes de comear? D mais um passo,
pra c
Entendendo o processo:
3.1. Na nossa cultura, acordos so normalmente finalizados com um aperto de mo, ento,
ao perguntar se est pronto para ser hipnotizado e apertar sua mo, ele est criando uma espcie
de compromisso inconsciente com voc de que aceitar e seguir suas instrues. Apenas com
esse passo, voc elimina praticamente todo o pr-talk.
A segunda parte, verificar o estado das mos dele, se elas estiverem muito midas ou
frias, pode ser uma indicao de que o sujeito est com medo ou nervoso. Se isso acontecer,
redobre sua ateno nos passos seguintes e d preferncia induo de Elman, ao invs de uma
induo instantnea. Observao: Essa verificao das mos no funcionam muito bem em
ambientes muito frio, ou com ar condicionado.
3.2. A ideia perceber se o sujeito est seguindo suas instrues, sem hesitar (um dos pr-
requisitos). Se ele ainda no consegue seguir uma instruo simples, no conseguir seguir uma
mais complexa, para entrar na hipnose. Na verdade, isso apenas uma ltima verificao, pois
se seguiu as etapas anteriores, o sujeito dificilmente ter problemas neste ponto. Caso voc
perceba qualquer hesitao ou dvida do sujeito em seguir suas instrues, voc deve lidar com
isso no passo 3.3.
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Aqui tambm a oportunidade para voc estabelecer um contato fsico maior com o sujeito, o
deixando confortvel com seu toque. Quando movimentar o sujeito de lugar coloque a mo no
ombro dele, como se estivesse o guiando e a partir deste ponto, no perca mais o contato fsico
com ele.
3.3. Voc deve deixar o sujeito confortvel e tranquilo em relao a hipnose, talvez ele tenha
algum medo inconsciente que est o deixando hesitante, ou simplesmente no est confortvel
em fazer isso naquele lugar, com aquelas pessoas. Esse tambm o momento para perguntar se
ele tem alguma dvida, assim ele poder falar sobre o que tem medo.
3.4. O olhar hipntico o teste final. Surgir de preferncia de forma no verbal, para que
ele fixe o olhar nos seus olhos (aponte para seus olhos, enquanto o olha fixamente), ento
mantenha o olhar por aproximadamente 7 segundos. Isso causar uma situao incomum
socialmente, pois no estamos acostumados a olhar fixamente nos olhos de algum por mais de
3 segundos. Por esse motivo, se ele no estiver totalmente pronto e disposto a ser hipnotizado,
no conseguir fixar o olhar por tanto tempo. Ir rir, ficar nervoso, olhar para os amigos, ou
falar alguma coisa. Independentemente da reao do sujeito, mantenha o olhar fixo, pois cedo
ou tarde ele se focar e tambm fixar a ateno apenas nos seus olhos. Algumas observaes:
A ideia manter o olhar do sujeito focado por 7 segundos. Ou seja, se ele se focou por 6 segundos, e riu ou desviou o olhar, recomece segurando o olhar por mais 7 segundos.
Caso o sujeito ria, interessante falar Tudo bem, voc pode rir, sempre o deixe vontade, mas continue olhando fixamente seus olhos, assim ele comear a se focar.
Durante o olhar, no recomendado contar o tempo, apenas tenha em mente sua inteno (H+). 7 segundos o tempo mximo aproximado que algum consegue fixar o olhar
sem estar confortvel com a outra pessoa. Se o sujeito segura o olhar por 7 segundos, sem rir
ou sem desviar, provavelmente conseguiria por 60 segundos sem problemas.
Mantenha as mos nos ombros do sujeito e se aproxime um pouco mais do que o normal enquanto o estiver olhando. Isso ajuda aumentar o desconforto do olhar, fazendo aumentar a
expectativa de que algo est prestes a acontecer ou o forando a desistir se no estiver
realmente preparado.
Aps esse olhar, o sujeito estar pronto para uma induo instantnea. O que acontece que voc fora uma situao desconfortvel socialmente enquanto se coloca numa posio de
autoridade, e a nica forma dele eliminar o desconforto desistir, desviando o olhar e recuando,
ou se entregar parando de se importar com a situao (diminuindo o prprio fator crtico) e
confiando em voc.
Ainda neste ponto, h algo extra que foi chamado de verificar a respirao
inconsciente. Isso , aps a fixao do olhar, voc respira profundamente e verifica se o sujeito
acompanha sua respirao, tambm respirando profundamente. Se o fizer, bem provvel que
seja um sonamblico (dica do Jeffrey Stephens). Saber isso serve apenas para agilizar ainda
mais o processo dos fenmenos, como ser visto no passo 8.
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Observao: este processo um teste para uma induo instantnea, que so as recomendadas
na rua. Porm, caso opte pela induo de Elman, s necessrio o passo 3.1.
Complemento:
https://vimeo.com/116645077 - Testando o sujeito pelo aperto de mo
Elman explicava que uma temperatura um pouco acima do normal representava um bom
sujeito, pois o aumento da temperatura corporal um dos sinais de hipnose, ento se o sujeito
j estivesse com a temperatura um pouco acima, ele seria mais suscetvel. Porm, ainda estou
buscando evidncias prticas sobre isso, pois nem mesmo seu filho Larry Elman, ou seu aluno
Gerald Kein relatam essa relao. Porm, a relao de uma baixa temperatura nas mos com
medo, isso fato.
https://www.youtube.com/watch?v=2mtXI4XeV-M Fazendo o teste do sujeito
(complacncia)
Como dito, este pon
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