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5/28/2018 Monografia Janailton Santos
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHOCENTRO DE CINCIAS HUMANAS
DEPARTAMENTO DE ARTESLICENCIATURA EM TEATRO
JANAILTON SANTOS DE SOUSA
Cena Expandida: interferncias de mdias e multimeios no
discurso potico da Cia Phila 7.
SO LUIS2011
5/28/2018 Monografia Janailton Santos
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHOUFMA
CENTRO DE CIENCIAS HUMANAS
DEPARTAMENTO DE ARTES
LICENCIATURA EM TEATRO
JANAILTON SANTOS DE SOUSA
CENA EXPANDIDA: interferncias de mdias e multimeios no discurso potico da
Cia Phila 7
So Lus2011
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JANAILTON SANTOS DE SOUSA
CENA EXPANDIDA: interferncias de mdias e multimeios no discurso potico da
Cia Phila 7
Monografia de concluso de cursoapresentado ao curso de Licenciatura emTeatro da Universidade Federal doMaranho, em cumprimento sexigncias para obteno do grau delicenciado em teatro.
Orientadora: Prof. Ms. Fernanda Areias
de Oliveira.
So Lus2011
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Sousa, Janailton Santos de
Cena Expandida: Interferncias de mdias e multimeios no discurso potico da CiaPhila 7 / Janailton Santos de SousaSo Lus, 2011
f. (50 folhas)
Impresso por computador (fotocpia)Orientadora: Fernanda Areias
Monografia (Graduao) Universidade Federal do Maranho, Curso de Teatro,2011.
1. MdiaTeatro. 2. Plataformas tecnologia 3. TecnologiaTeatro.I. Ttulo
CDU 792.94
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JANAILTON SANTOS DE SOUSA
CENA EXPANDIDA: interferncias de mdias e multmeios no discurso potico da Cia
Phila 7
Monografia de concluso de cursoapresentado ao curso de Licenciatura emTeatro da Universidade Federal doMaranho, em cumprimento sexigncias para obteno do grau delicenciado em teatro.
Aprovado em ____/______/2011.
BANCA EXAMINADORA
___________________________________________________
Prof Ms. Fernanda Areias de Oliveira
___________________________________________________
Prof Esp. Rodrigo Frana
__________________________________________________
Prof Ms. Michelle Cabral
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s foras da natureza
Que dia aps dia, nos fazem seguir,
A minha amiga eterna Michelle Moraes (In memorian)
E a minha me querida, minha inspirao maior.
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Os processos so os devires, e estes
no se julgam pelo resultado que os
findaria, mas pela qualidade de seus
cursos e pela potncia de sua
continuao."
GILLES DELEUZE
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RESUMO
O presente trabalho consiste na investigao dos impactos de plataformas tecnolgicasdiversas nas encenaes teatrais contemporneas, tendo como objeto a potica da CiaPaulistana Phila 7 e seu trabalho de maior efeito, a srie de espetculos Play on Earth .
Para este exerccio, a pesquisa resgata as contaminaes no teatro pelas tecnologias,observando experincias do cenrio mundial, e respaldando-se nos fazeres de grandesencenadores e a maneira como estes potencializam os seus discursos cnicos de maneiracontextual desde a metade do sculo XX at a atualidade. O trabalho busca aindainteragir o pensamento de importantes tericos das artes cnicas com pensadores dasociologia e filosofia contempornea para perceber como se d a reao do fazerartstico no territrio do teatro em suas especificidades com os paradigmas dacontemporaneidade como a internet e tecnologias digitais.
Palavras-chave:Teatro, Plataformas Tecnolgicas, Contemporaneidade, Internet.
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ABSTRACT
The present work is trying to investigate the impacts of various technology platforms incontemporary theatrical performances, getting as object the poetic of a So Paulostheater company called Phila 7 and its more effective work, the series of shows "Play
on Earth." For this exercise, the search retrieves contamination by technology in thetheater watching experience on the world stage, and backing on the doings of greatdirectors and how they leverage their speeches so scenic context since the mid-twentiethcentury to the present . The work also seeks to interact thinking of major theorists of thearts and sociology and also thinkers in contemporary philosophy to see how the reactionoccurs in the territory of making art in their specific theater with contemporary
paradigms like the Internet and digital technologies.
Keywords: Theatre, Technology Platforms, Contemporary, Internet.
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SUMRIO
p.
1 INTRODUO..........................................................................................................12
2 UM TEATRO ETERNAMENTE HBRIDO: contextualizao histrica acerca
do teatro e tecnologias...................................................................................................13
3 REVOLUES ESTTICAS NO TEATRO MODERNO: o paradigma da
luz....................................................................................................................................17
4 CONTAMINAO TECNOLGICA: experincias mltiplas e variados
contextos.........................................................................................................................19
5 TECNOLOGIAS DIGITAIS: o advento da internet...............................................29
6 PHILA 7: uma referncia brasileira.........................................................................35
7 SRIE PLAY ON EARTH: uma experincia pioneira......................................42
8 CONSIDERAES FINAIS.....................................................................................46
REFERNCIAS............................................................................................................48
ANEXOS.......................................................................................................................50
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1 INTRODUO
maneira de um caleidoscpio, estilos de representao e diferentes mdias
so continuamente integrados ao teatro contemporneo apresentado uma nova potica
da cena. Essa irradiao pelas mdias e as diversas possibilidades de manuseio e
interao por parte delas, torna a tarefa de discusso acerca de um teatro miditico
contemporneo uma necessidade pontual frente a epifania de formas de representao
em um mundo globalizado.
O advento da tecnologia, tal qual sua interferncia no campo do real, sugere
ao sujeito ps-moderno uma radical fragmentao em diversos setores de sua existncia,
onde este, e todas suas manifestaes de expressividade tendem a se adequar ao seuagora para dar vazo ao gigantesco contingente de informaes geradas e
compartilhadas nessa era atravs da internet. As transformaes sugeridas aqui apontam
para uma crescente modificao no campo da criao artstica, onde as artes cnicas se
mostram como um potencial em capacidade de interao entre campos.
O trabalho busca apresentar ainda, alguns processos de hibridizao do
teatro com relao s novas mdias, tendo como referncia as transformaes histricas
e as revolues estticas, observando que para que tais transformaes ocorram, o fazercnico, necessita se contextualizar, no sentido de se estruturar e reafirmar o seu espao,
meios as evolues da humanidade.
Sob a luz da observao de diferentes investigaes, a presente investigao
apresenta como objetivo, discutir a contaminao pela tecnologia digital, nas
encenaes da Cia brasileira Phila 7, observando a evoluo da companhia desde seu
primeiros trabalho Galileu Galilei e como a utilizao da internet se insere e
potencializa o trabalho do grupo, auxiliando de maneira contundente a comunicao dasobras encenadas por seu encenador Rubens Velloso.
O trabalho pretende ainda articular a potica do Phila 7 com diversos
pensadores do teatro e campos diversos do pensamento esttico e social, posicionando o
fazer desta Cia em um lugar revolucionrio com relao as novas tendncias e as
diversas possibilidades da cena contempornea, alm de destacar os procedimentos
metodolgicos do grupo, para observar o processo de aprendizagem destas novas
poticas.
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2 UM TEATRO ETERNAMENTE HBRIDO: contextualizao histrica acerca
do teatro e tecnologias.
Desde a Grcia, os eventos teatrais apresentam possibilidades de
hibridizao com relao a ferramentas que melhoram seu discurso, um exemplo
clssico que permeia esta idia est no Deus Ex-Machine1, que de maneira inusitada era
introduzido repentinamente ao drama para dar continuidade narrativa. No teatro grego
havia muitas peas que terminavam com um deus sendo literalmente baixado por um
maquinrio at o local da encenao. Esse deus ento amarrava todas as pontas soltas da
histria.
Revolues que vo surgindo ao longo da histria do teatrono sentido dereafirmar a cada inovao tcnica o seu potencial hbrido fazem aparecer uma
diversidade de contextos que podem ser observados ao longo de seu desenvolvimento.
Na corrente simbolista o entendimento que propunha que o novo teatro no poderiaassemelhar-se a uma fotografia do cotidiano, como era a frmula do teatro realista,
impulsinou as transformaes, e fez com que o espao do palco sofresse mudanas
revolucionrias.
Teatro Realista: Pea Um inimigo do povo de Ibsen
1Deus ex machina (literalmente o deus que desce numa mquina) uma noo dramatrgica que motivao fim da pea pelo aparecimento de uma personagem inesperada.
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Teatro Simbolista: Pea Interior de Maeterlick
Nas imagens acima podemos observar estas transformaes de maneira
plena, em se tratando pricipalmente do uso da perspectiva, em que no teatro simbolista,
esta iniciativa de exploso do espao aparece com maior clareza em detrimento do
teatro realista, no qual a representao do cotidiano reverberava em seus percursos.
Neste sentido, podemos observar ao longo da histria do teatro, que este,
mesmo mantendo sua base fixada na representao fundamenta suas formas emteatralidades evolutivas, apresentando a indissocivel necessidade de agregar
ferramentas diversas que auxiliem no estabelecimento de seu discurso.
Sem nenhuma dvida, o teatro exige a presena de um ator e de umespectador: clula mnima que define sua essncia. Mas sua histriacomprova que ele est ligado, por um lado, histria das outras artes doespetculo e, por outro lado, apropriao artstica das tecnologias, enquantonovos meios de expresso: o teatro est ligado s tecnologias da eletricidadee da iluminao, que j h muito tempo transformaram o palco, as condiesde criao e de percepo de uma obra, e est ligado tambm s tecnologiasda imagem e do som. (VALLIN, 2008. P. 108)
A partir desta noo, se entendermos o teatro como uma arte que est ligada
ao movimento e s aes da humanidade, poderemos coloc-lo em uma linha paralela
prpria histria da humanidade, no qual estabelecimentos ideolgicos e movimentos
polticos, ocasionam passagens fundamentais evoluo do conjunto humano, e sendo o
teatro uma arte representativa, este, de igual maneira tende a se apropriar dessas
transformaes na humanidade para se posicionar de forma eficaz e importante para
cada tempo.
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Estas transformaes, na medida em que avanam nos permite destacar que
uma parte da histria do teatro do sculo XX se constitui pelos avanos tecnolgicos, e
o j manifestado potencial de hibridao do teatro, este incorpora de imediato de todas
as novas tcnicas, desde a perspectiva at a internet. A aliana entre arte e tecnologia
amadurece, e a marcha inexorvel do mundo para uma cultura digital inclui a arte em
seus passos, a arte digital um meio mecanizado cujo potencial parece ilimitado
(RUSH, 2006).
Michael Rush, atenta, que as evolues da humanidade, principalmente nos
aspecto da integrao digital, seguem em um movimento irreversvel, e tais revolues
se vinculam ao fazer artstico de maneira efetiva, estabelecendo alianas que resultem
em obras significativas que representem essa evoluo. A partir disso, podemos aindaapontar neste movimentopara poder ento, integr-lo em uma perspectiva histrica
que estas evolues poderiam nos causar a sensao de estabelecimento de uma
vanguarda teatral do sculo XXI.
Oscar Conrgo Bernal2afirma em seu ensaio O corpo Invisvel: Teatro e
tecnologia da imagem, que este movimento revela uma caracterstica prpria das
vanguardas artsticas, no qual a interferncia mltipla de signos aponte para um novo
fazer cnico.Este recorte tem caracterizado igualmente as prticas artsticas nasltimas dcadas, com a intensificao das relaes entre campos diversos, normalizando uma atitude prpria das vanguardas [...] Tudo que ocupaum lugar na cena se reveste com seu manto de iluso e engano, jogo eencenao, mas tambm assume a carga de realidade e ao imediatas,devolvendo ao sujeito sua responsabilidade poltica ao situar novamente aimagem no tempo e no espao de sua produo, o que est oculto atrs desua aparncia acabada e perfeita. (BERNAL, 2008)
A noo trazida por Bernal nos permite afirmar que os meios de
comunicao, governam o mundo atual, e o teatro, na manifestao de seu potencialhbrido, tende a reagir dentre a massificao desses meios, que na medida em que
avanam, estimulam as artes performativas a formatarem um fazer que integre campos
criativos o que reflete na noo de contemporaneidade.
Para tanto, esta formatao, transcende a noo sociolgica da teoria da
vanguarda, no qual estas potencializaes estticas, ou meramente a apropriao da
2 scar Conargo doutor pelo instituto da lngua espanhola e investigador do conselho superior de
investigaes cientficas. especialista em teoria e historia do teatro contemporneo e histria comparadados meios de comunicao, alm de professor convidado do PPGT (programa de ps-graduao emteatro) no doutorado da Universidade do Estado de Santa Catarina.
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tecnologia pelo teatro, no se mostrem como o fim da linha para o fazer dramtico
tradicional que resiste adoo de suportes tecnolgicos, mas pelo contrrio, apresenta
possibilidades de evoluo dessa narrativas, no sentindo de interagir de maneira mais
contundente com o espectador na era digital.
Neste contexto, podemos nos dar conta de que o exerccio teatral atravs de
sua histria tende inevitavelmente apropriao de diferentes tcnicas e formas de
expresso, para sustentar o seu discurso e fundamentar a sua funo.
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3 REVOLUES ESTTICAS NO TEATRO MODERNO: o paradigma da luz
Dentre as principais revolues que podemos observar ao longo da histria
das artes cnicas, a que se apresenta como uma das mais marcantes , com certeza, a
insero da iluminao cnica. Deste movimento, destaca-se novamente, e de maneira
concisa, a necessidade do teatro de apropriao de novas possibilidades tcnicas, sendo
a iluminao, um dos principais fenmenos apresentado com o advento da energia
eltrica. Appia j observava no incio do sculo passado, a importncia da luz colocada
a servio do teatro.
A luz de uma flexibilidade quase milagrosa. Ela possui todos os graus declaridade, todas as possibilidades de cores, como uma palheta, todas as
mobilidades; pode criar sombras, irradiar no espao a harmonia de suasvibraes exatamente como faria a msica. Possumos nela todo o poderexpressivo do espao. (APPIA, 1954. P. 39)
A luz na cena trouxe grandes interferncias no exerccio teatral at a metade
do sculo XX, potencializando os signos j existentes e possibilitando s artes cnicas
uma descoberta esttica de grande valor. O cenrio deveria evocar imagens e originar a
ao da luz no novo conceito de espao cnico, o que se tornou primordial, pois, a partir
dos jogos de luz, configuram-se volumes e sombras alterando a noo de espao e
tempo no palco.
Como vimos nas consideraes acima, neste exerccio de smbolos visuais,
destacaram-se as contribuies deAdolphe Appia e de Gordon Craig que delinearam
caminhos inusitados cena e aos olhos do pblico a partir das primeiras dcadas do
sculo XX. Algumas das transformaes do teatro j haviam sido formuladas a partir de
experincias realizadas desde 1888, constando de trabalhos de arquitetura cnica e de
iluminao propostos por Appia. Naquela ocasio o cengrafo apresentou estudos sobre
o espao e o tempo teatral at hoje muito utilizados.Apropiando-se, portanto, dessa observao, veremos no decorrer do
trabalho, que os paradigmas que determinam as transies do fazer teatral para novas
poticas que se contextualizam a cada mover da histria, so variados, e atravessam
possibilidades inumerveis de criao no territrio das artes cnicas. Porm neste estudo
buscaremos focar na questo da contaminao tecnolgica, entendendo esses suportes
como pontos decisivos nas transformaes do mundo, logo, do teatro.
No captulo seguinte, faremos um recorte histrico, de importantes perodose protagonistas do fazer teatral, entreleando estes fazeres com os processos de
http://en.wikipedia.org/wiki/Adolphe_Appiahttp://en.wikipedia.org/wiki/Edward_Gordon_Craighttp://en.wikipedia.org/wiki/Edward_Gordon_Craighttp://en.wikipedia.org/wiki/Adolphe_Appia5/28/2018 Monografia Janailton Santos
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progresso da tecnologia, e como se d na concepo destes tericos o fenmeno da
hibridao do teatro, alm de observar como reagem os movimentos estticos, a cada
nova possibilidade apresentada por suportes tecnolgicos.
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4 CONTAMINAO TECNOLGICA: experincias mltiplas e variados
contextos
Compreender o fenmeno teatral a partir do fluxo contnuo de comunicao
estabelecido entre o espetculo e o expectador contemporneo uma tarefa urgente
dentre o aperfeioamento e do surgimento de variadas formas de interao no sculo
XXI. As evolues tecnolgicas introjetaram no incio deste sculo uma fragmentao
de olhares a respeito do que conhecemos como cultura. No entanto, esta noo de que as
atuais formas de se comunicar do homem moderno, devem ser tomadas pelo teatro
como mote irradiador de sua potica, no nova, e data de quase dois sculos passados.
Neste recorte, observaremos como se aplicam as questes tecnolgicas aofazer teatral, no sentindo de construir um discurso de potencializao embasada na
iniciativa de hibridao, tendo como objeto, importantes pensadores do teatro, que sero
apresentados, cada um em seu contexto como expoentes de processos de interao de
linguagens.
Experincias de grande valor histrico e poltico, como Erwin Piscator, ou
Vsevolod Meyerhold, passando por Antonin Artaud e Adolphe Appia, aparecem no
decorrer do captulo como suporte para essas discusses, influenciando com seuspensamentos encenadores contemporneos a eles, chegando ento na potica de Bob
Wilson e Robert Lepage. E para legitimar ainda mais este processo de contaminao na
contemporaneidade, onde a realidade humana encontra-se expandida de forma quase
integral a um novo ambiente, descreveremos o fazer do La Fura Dels Baus, e sua
contaminao pelas tecnologias digitais para ento buscarmos compreender como se
do estes processos ao longo da histria.
Encenadores como Jacques Poliere
3
, ainda no sculo passado, encenaramtrabalhos que interagiam diversos campos tecnolgicos, e podem ser apresentados como
visionrios neste sentido. Poliere de incio cengrafo e encenador, torna -se
rapidamente arquiteto de salas de espetculos, criador de acontecimentos interativos
visando ao que ele chama desde 1957 de um teatro do movimento total (VALLIN,
2008).
3 Jacques Poliere um diretor Francs, nascido em Toulouse em 1928, fundador do Lecorbusier e
festivais do avant-gard, Suas conquistas vo desde a abstrata encenao do "Livro"de Mallarm na mdia
at os "jogos de comunicao"em uma escala global. Desde1980 ele produziu uma srie de shows demultimdia completos, com transmisses de vdeos intercontinentais e imagens geradas porcomputador e
projetadas em teles,hologramas etc.
http://translate.googleusercontent.com/translate_c?hl=pt-BR&prev=/search%3Fq%3Djacques%2Bpolieri%2Bwikipedia%26hl%3Dpt-BR%26biw%3D1280%26bih%3D629%26prmd%3Dimvnso&rurl=translate.google.com.br&sl=fr&twu=1&u=http://fr.wikipedia.org/wiki/1980&usg=ALkJrhgcypTx0DjYw-cjPyBOfTDZQ09ufAhttp://translate.googleusercontent.com/translate_c?hl=pt-BR&prev=/search%3Fq%3Djacques%2Bpolieri%2Bwikipedia%26hl%3Dpt-BR%26biw%3D1280%26bih%3D629%26prmd%3Dimvnso&rurl=translate.google.com.br&sl=fr&twu=1&u=http://fr.wikipedia.org/wiki/Ordinateur&usg=ALkJrhhxNvIPDXBmUtlIHfe-qcOL_6ab1whttp://translate.googleusercontent.com/translate_c?hl=pt-BR&prev=/search%3Fq%3Djacques%2Bpolieri%2Bwikipedia%26hl%3Dpt-BR%26biw%3D1280%26bih%3D629%26prmd%3Dimvnso&rurl=translate.google.com.br&sl=fr&twu=1&u=http://fr.wikipedia.org/wiki/Hologramme&usg=ALkJrhhfplgU-1Ey61ZElvYWQSIEOOOgNwhttp://translate.googleusercontent.com/translate_c?hl=pt-BR&prev=/search%3Fq%3Djacques%2Bpolieri%2Bwikipedia%26hl%3Dpt-BR%26biw%3D1280%26bih%3D629%26prmd%3Dimvnso&rurl=translate.google.com.br&sl=fr&twu=1&u=http://fr.wikipedia.org/wiki/Hologramme&usg=ALkJrhhfplgU-1Ey61ZElvYWQSIEOOOgNwhttp://translate.googleusercontent.com/translate_c?hl=pt-BR&prev=/search%3Fq%3Djacques%2Bpolieri%2Bwikipedia%26hl%3Dpt-BR%26biw%3D1280%26bih%3D629%26prmd%3Dimvnso&rurl=translate.google.com.br&sl=fr&twu=1&u=http://fr.wikipedia.org/wiki/Ordinateur&usg=ALkJrhhxNvIPDXBmUtlIHfe-qcOL_6ab1whttp://translate.googleusercontent.com/translate_c?hl=pt-BR&prev=/search%3Fq%3Djacques%2Bpolieri%2Bwikipedia%26hl%3Dpt-BR%26biw%3D1280%26bih%3D629%26prmd%3Dimvnso&rurl=translate.google.com.br&sl=fr&twu=1&u=http://fr.wikipedia.org/wiki/1980&usg=ALkJrhgcypTx0DjYw-cjPyBOfTDZQ09ufA5/28/2018 Monografia Janailton Santos
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A noo de movimento total apresentada por Poliere revela uma encenao
potencializada, que explode a ao fsica dos atores em trnsito na cena, ligando estes
movimentos corporais aos demais signos tecnolgicos, igualmente se movimentando
em cena, neste caso as projees.
Para entendermos essas interferncias nas encenaes contemporneas
podemos observar que a inveno do cinema, aparece como um paradigma de revoluo
das teatralidades, Antonin Artaud no hesitar em sonhar com a utilizao dos
artefatos oriundos da stima arte, que podem se tornar objetos para um teatro no qual o
encenador [...] se empenharia para compor uma imagem cnica complexa. (VALLIN,
apudArtaud, 2008).
O desejo de Artaud, anunciado no seu segundo manifesto do teatro dacrueldade, Artaud nos fala de um outro teatro, aquele no qual a realidade da
imaginao e dos sonhos surgir em igualdade com a vida e no qual as grandes
transformaes sociais, as fora naturais se manifestaro, seja diretamente sob a forma
de manifestaes materiais, obtidas por meios cientficos novos4.
Este teatro miditico, que nos d a sensao de est sendo descoberto agora
pela sua recente sistematizao como j citado, um fenmeno que vem se
estendendo desde a metade do sculo XX, onde podemos constatar que a atividadeteatral profundamente arraigada pela cultura cinematogrfica.
Dentre outros precursores deste movimento, temos que apontar as
fundamentais contribuies de Adolphe Appia, no qual na ltima dcada do sculo XX
observa a contaminao do teatro pelas projees oriundas da stima arte, e para
reafirmar seu vislumbramento, no final do sculo passado Adolphe Appia escrevia:
A projeocujos efeitos alcanam uma to maravilhosa perfeio e que s explorada isoladamente para efeitos especiais (fogo, nuvem, gua etc.)
incontestavelmente um dos poderosos recursos decorativo: elo entre ailuminao e o cenrio, a projeo imaterializa tudo o que toca. Por serabsolutamente manejvel, a projeo se presta a todo tipo de utilizao [...]seu movimento deve alcanar o mximo da perfeio atualmente [...] assimestruturada, a projeo ganha um papel ativo na cena, podendo at s vezessuplantar o das personagens [...] quando a projeo for introduzida na cena, a
projeo poder dizer-se toda poderosa e poucas coisas lhe sero negada.(APPIA, 1981).
A apropriao tcnica oriunda do cinema e plataformas diversas, tambm
aparecem no teatro de Piscator como forma de potencializao. Em seu livro O Teatro
4Trecho da traduo de Teixeira Coelho, o teatro da crueldade, (segundo manifesto) em Antonin Artaud,O teatro e seu Duplo, So Paulo. Max Limonad, 1984. Pag. 155.
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poltico Piscator relembra o uso indiscriminado de todos os meios possveis: msica,
canes, acrobacias, caricaturas rapidamente esboadas, imagens projetadas, filmes,
estatstica, cenas interpretadas e discursos.
Piscator alugou o Theater AM Nollendorfplatz em Berlim e o inaugurou em 3de setembro de 1927, com a pea antiburguesa de Ernest Toller, Hoppla, wirleben (Oba! Estamos Vivos) numa montagem altamente tcnica, em quePiscator atribua a parte filmada uma acentuada funo didtica.(BERTHOLD, 2006. P. 501)
Piscator se pronunciou repetidas vezes sobre a questo de como definir o
seu estilo especfico. Sua proposta, explicava ele, era intensificar o efeito ao grau
mximo, pelo uso de meios extra-teatrais.
Alm de Erwin Piscator, podemos ainda apresentar neste processo, nomes
revolucionrios do teatro mundial para dar continuidade investigao da contaminao
no teatro por formas tecnolgicas. Dentre os mais importantes encenadores podemos
destacar ainda, Vsevolod Meyerhold e sua cultura plstica que no conhecia limites. O
desejo de Meyerhold era ultrapassar a palavra, buscando agregar elementos a encenao
que dissociassem os dois principais canais de percepo: o sonoro e o visual, chegando
a afirmar que a palavra se dirige ao ouvido, e a imagem ao olho. De certo modo, a
imaginao do espectador trabalha sob o impacto de duas impresses, a visual e a
auditiva, e o que distingue o antigo teatro do novo, que no novo, a plstica e a palavra
esto submetidas cada qual a seu prprio ritmo e at se separa dependendo das
circunstancias(VALLIN, 2006).
O desejo de Meyerhold por uma arte nova e engajada na Revoluo
Socialista conduz o seu exerccio cnico a importantes reformas artsticas na Rssia no
incio do sculo XX. As idias revolucionrias estimularam as transformaes do
espetculo e das prticas artsticas no somente atravs de sua politizao, como
tambm pela busca de uma potica inovadora e em conformidade com as aspiraes dapoca.
As consideraes teorizadas pelo encenador russo sero aprofundadas ao
longo de sua obra e depois radicalmente aplicadas por Robert Wilson, outro expoente
dos usos de imagens e tecnologias na cena.
Uma das referncias na anlise do teatro do final do sculo vinte o
espetculo Einstein on the beach, dirigido em 1976 por Robert Wilson. A pea, ou
pera, como foi chamada pelo diretor, ou ainda "evento multimdia", quando aexpresso no era to comum, foi criada em parceria com o msico Philip Glass. O
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espetculo fez uma importante carreira internacional e iniciou um processo de
transformao nos cnones dramticos herdado dos clssicos, abalando muitas das
certezas teatrais da poca. Einstein on the beach marcou, para muitos, uma espcie de
ano-zero do teatro contemporneo, assim como 1950 marcou o incio do teatro do
absurdo ou 1881, o drama realista.
Eisnten On the Beach, 19770, por Robert Wilson
Entender a natureza do percurso artstico de Bob Wilson, um meio de
compreender algumas das transformaes da arte nas ltimas dcadas do sculo XX e
comeo do XXI, afinal, a obra deste criador se espalha por trs dcadas de atividade,
sessenta espetculos e uma quantidade considervel de questes colocadas arte
contempornea.
Wilson considera a imagem o fundamento e o devir do universo cnico, e
responsvel pela renovao do pensamento teatral no ltimo tero do sculo passado,
em seu trabalho este encontra uma maneira de liberar o espectador de qualquer
pensamento racionalista ao ter contato com sua obra, convidando-o assim para uma
experincia de apreciao a partir do ver e do sentir.
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Estilo de representao de Robert Wilson: o uso da imagem
Como convite apreciao esttica a partir da esttica, a utilizao dos
silncios ou msica minimalista, os ambientes estilizados e a visualidade pontuada pelo
recurso da iluminao teatral, o encenador evoca o dilogo entre as linguagens artsticas
de campos diferentes, neste caso utilizando-se dos recursos de sua potica teatral para
apresentar contedos puramente plsticos e visuais em suas composies, obtendo
assim resultados muito semelhantes entre essas linguagens. Isso se deve ao fato de
Wilson mostrar-se sempre preocupado em pensar o Tempo e o Espao como ponto de
equilbrio de seu trabalho.
O tempo para mim uma linha vertical. O tempo algo que vai para o centroda terra e atinge o cu. csmico. E o espao algo horizontal. Mas a umno existe sem o outro. Assim o equilbrio entre esta cruz. Algo que vai
para cima e para baixo. E, ao mesmo tempo, algo que faz sair (WILSON,1993).
O trabalho de Wilson nos revela um panorama bastante rico com relao s
contaminaes aqui exploradas, mas para uma contemporaneidade recente, necessrio
ainda, que se busque evocar neste trabalho a apresentao da obra do encenador
canadense Robert Le Page, para ento concluirmos este captulo com uma insero mais
direta nos modos de utilizao de tecnologias digitais, e assim, nos lanarmos de
maneira generalizada em um contexto extremamente atual.
Em 1994, quando Robert Lepage pediu seus colaboradores para ajudar a
encontrar um nome para seu novo empreendimento, ele apresentou uma condio: o
teatro enquanto palavrano poderia ser parte do nome, assim o nome da iniciativa de
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Lepage foi batizada de Ex Machina. O grupo que se inaugura , portanto, um coletivo
multidisciplinar que rene atores, escritores, cengrafos, tcnicos, cantores de pera,
marionetistas, designers de computao grfica, os artistas de vdeo, contorcionistas e
msicos.
A equipe criativa do Ex Machina acredita que as artes cnicas dana,
pera, msica devem ser misturadas com artes gravadas - cinema, vdeo arte e
multimdia, e que devam haver reunies entre cientistas e dramaturgos, entre pintores e
arquitetos, para reafirmar de maneira prtica a interao proposta pelo grupo.
Novas formas artsticas certamente iro surgir a partir desses encontros.
E o encenador, juntamente com o Ex-Machina segue na busca de tornar-se o laboratrio
de um teatro que quer tocar o pblico neste novo milnio.
La Damnation de Faust por Robert Lepage
Na visualizao acima, podemos observar a maneira contundente em quese d esta interao de campos diversos, sobretudo os tecnolgicos, nas encenaes de
Robert Lepage. Para tal o crtico de teatro, Heidi Waleson, escreve para o jornal
americano Wall Street Journal sobre o trabalho do encenador canadense:
Nova Metropolitan,Opera de "Ring"ciclo de Robert Lepage foi uma misturadesconfortvel de cuttingedge (novas formas de tecnologia) e old-fashioned(formas antigas de encenao e representao). Com "Siegfried", a terceirapera, que estreou na quinta-feira, o Sr. Lepage e sua equipe finalmente secasou com esses elementos, em parte graas a novas tcnicas de imagens 3-D. Incndio, quedas de gua, topo de uma montanha rochosa, uma densa
floresta, at mesmo ver um subterrneo com slithering worms (vermesmicroscpicos) e skittering bugs (superfcies escorregadias) vieramvividamente vida atravs de imagens. (WALESON, 2001)
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A potica de Lepage, , sem dvida, uma das mais expressivas obras
deste milnio, e seu trabalho est atento sensibilidade inerente ao conceito universal
de teatro, que como afirmar-se frequentemente aqui, uma arte que se apropria a
diversas outras linguagens para dar vazo sua produo de subjetividades.
Por fim, e para legitimar este pensamento, importante ainda, que nos
proponhamos na pesquisa, a apresentar uma experincia de grande relevncia para o
fazer teatral na contemporaneidade, que revele a irradiao das tecnologias digitais em
territrios artsticos. Neste sentido, seria perturbadora a ausncia de uma importante
referencia; o grupo catalo: La fura dels Baus.
O La Fura comea sua atuao em 1979, como grupo de entretenimento de
rua, atuando em diferentes cidades da Catalunha regio da Espanha e esta primeirafase duraria cinco anos, e neste perodo em que o grupo experimentou muitas das
caractersticas estticas que constituriam a sua linguagem.
Os espetculos de Linguaje Furero so caractersticos nas obras do La
Fura Dels Baus, que de maneira diversificada vem experimentando linguagens diversas
e interagindo campos desde sua fundao. Dentre algumas das caractersticas que
tradicionalmente tm definido o trabalho do La Fura dels Baus, podemos destacar: o uso
no convencional de msica, espao, movimento, aplicao de materiais orgnicos eindustriais, incorporao de novas tecnologias e interao com a platia durante o que
eles classificam como show ou macro espetculo.
A partir desta proposta o La Fura tem atrado um pblico geralmente longe
do teatro, e tem proporcionado, de um certo modo, que a linguagem teatral se torne
atraente e de boa aceitao nos mais diverssos meios.
No aspecto da tecnologia digital, o grupo atribui o uso da internet como uma
nova percepo, a realidade virtual assim, se torna um ambiente de freqente apoio nascriaes de La Fura dels Baus.
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La Fura Dels Baus Espetculo BORIS GODUNOVTeatro Nacional de Catalunia
A rede, presente em todas as partes do mundo, tem sido utilizada pelo
coletivo para propor e desenvolver aes de interatividade teatral. La Fura definiu o
gnero como um teatro digital, soma de atores e bits5, e propiciou, a partir do manifesto
binrio que grupos do mundo inteiro observassem o fenmeno da internet como
possibilidade de criao e potencial expressivo.
O manifesto binrio considerado um texto revolucionrio que instiga
utilizao de meios digitais nas artes cnicas. Para melhor compreeno deste contexto,
abaixo temos o manifesto na ntegra, em uma traduo livre de um dos participantes da
Ciapaulistana Teatro para Alguem que tambm se utiliza da internet como forma de
expresso em seus trabalhos artsticos, e tm no manifesto binrio uma fonte de grande
inspirao para suas criaes.
Teatro digital a soma entre atores e bits 0 e 1, movendo-se na rede. Atoresno teatro digital podem interagir a partir de tempos e lugares diversos As
aes de dois atores em dois tempos e lugares diversos correspondem na rede
a infinitos tempos e espaos virtuais. No sculo 21, a concepo gentica doteatro (da gerao ao nascimento da cena) ser substituda por umaorganizao de atividades interativas e interculturais. Teatro digital se referea uma linguagem binria conectando o orgnico com o inorgnico, o materialcom o virtual, o ator de carne e osso com o avatar, a audincia presente comos usurios da internet, o palco fsico com o ciberespao. O teatro digital daLa Fura dels Baus permite interaes em palcos dentro e fora da rede,inventando novas interfaces hipermiditicas. O hipertexto e seus protocoloscriam um novo tipo de narrativa, mais prxima dos pensamentos ou sonhos,gerando um teatro interior em que sonhos se tornam realidade (virtual). Ainternet a realizao de um pensamento coletivo, orgnico e catico, que foidesenvolvido sem hierarquia definida. O teatro digital se multiplica em
5Bit (simplificao para dgitobinrio,"Binary digit" emingls) a menor unidade de informao quepode ser armazenada ou transmitida. Usada na Computao e na Teoria da Informao. Um bit podeassumir somente 2 valores, por exemplo: 0 ou 1, verdadeiro ou falso.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Bin%C3%A1riohttp://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADngua_inglesahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Computa%C3%A7%C3%A3ohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Teoria_da_Informa%C3%A7%C3%A3ohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Teoria_da_Informa%C3%A7%C3%A3ohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Computa%C3%A7%C3%A3ohttp://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADngua_inglesahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Bin%C3%A1rio5/28/2018 Monografia Janailton Santos
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milhares de representaes, em que os espectadores podem colocar imagensde suas prprias subjetividades, por meio de mundos virtuais compartilhados.Ser que o teatro digital vai perpetuar a Pintocracia? Ser que a Vaginocraciaeventualmente vencer? Ou ser que ambas se juntaro em perfeita harmonia0-1? No teatro digital, a abstrao absoluta coexiste com o retorno ao corpo,
que pode ter uma dimenso sadomasoquista tanto quanto uma dimensosensual, angelical ou orgistica; ou talvez uma mistura de todas elas. Pordefinio, o ato teatral envolve um excesso, um excedente de performance. o prazer de mostrar e ser mostrado. Uma sensao de identificao estabelecida entre o ator e a platia. Como essa identificao funciona noteatro digital? Como uma mo se encaixa numa luva? Como uma extenso deum ser? Pela integrao na rede? A tecnologia digital torna possvel o antigosonho de transcender o corpo humano. Assim, o ciberespao pode serhabitado por corpos com um novo invlucro de representao, entre asubjetividade e a materialidade. Temos que deixar nossa prpria pele parachegar a uma referncia comum de percepo. Os papis do ator, do autor eda platia tendem a se misturar. A cultura digital no significa mais umatecnologia de reproduo, mas a produo imediata. Enquanto no passado a
fotografia dizia era assim, congelando um instante, a imagem digital diz nopresente assim, unindo oato real, o teatro, o aqui e agora. O teatro digitalpermite que a imagem se altere de uma configurao para outra, atual evirtual, deixando-a em diversos planos: um cone da sntese que sempre serHUMANO. (MANIFESTO BINRIO, 2009)
O manifesto binrio, nos revela uma percepo latente para as artes cnicas,
frente s grande evolues da formas de se comunicar e de perceber do homem ps-
moderno, o texto aparece como uma das principais referncias do pensamento acerca do
fazer teatral contemporneo que se integre s tecnologias digitais, no sentido de dar
potncia comunicao da obra, observando o fazer humano e suas possibilidades de
estender-se com a criao da internet.
Como j citado, o manifesto de autoria do grupo catalo La fura Dels
Baus, e revela neste interim, a contextualizao dos fazeres teatrais mais atuais, no
negando a originalidade e essncia do fazer teatral como entendimento generalizado,
mas agregando a este fazer para que se cumpra novamente a funo do teatro as
aes e possibilidades do contexto em que se cria, ou se produz arte atualmente.
Neste contexto, poderamos afirmar que, o manifesto binrio, instiga muitosencenadores contemporneos a dissolver a linguagem teatral, na rede sem perder, no
entanto, a essncia do teatro, porm, sem omitir-se de transcender o corpo fsico e
reduzir espaos geogrficos, criando eventos interativos, onde a teatralidade exera a
funo de plataforma geral para todos os outros acontecimentos em cena,
contextualizando e revelando a contemporaneidade.
A partir do movimento que podemos definir como contemporneo
podemos observar que a arte teatral no hesita em se contaminar de todas aspossibilidades e evolues aparentes desde sua gnese ainda na Grcia, pois como
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podemos analisar nesta sntese, o advento da tecnologia invade a realidade concreta do
homem, o que de forma irreversvel e imediata gera ecos positivos em sua produo de
subjetividades. A arte, portanto, como movimento humano, tende inevitavelmente a
acompanhar todos esses processos em todo o mundo.
Essas revolues nas estticas teatrais ao redor do mundo, de maneira
singular, aparecem no Brasil, na medida em que, o pas se desenvolve e d abertura para
estas formas de experimentao, tendo seu contexto como plataforma desses fazeres,
Assim, veremos no desenrolar da pesquisa, como se d essas experincias no territrio
nacional tendo a contaminao pelas tecnologias digitais ou simplesmente a internet
como eixo irradiador do pensamento neste trabalho.
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5 TECNOLOGIAS DIGITAIS: o advento da internet
O desenvolvimento da computao e o avano da internet causam uma
transformao no modo como interagimos com o mundo. A internet um
conglomerado deredes em escala mundial de milhes decomputadores interligados que
permite o acesso a informaes e todo tipo detransferncia de dados.Ela carrega uma
ampla variedade de recursos e servios, incluindo os documentos interligados por meio
de hiperligaes6, e apresenta ainda, infra-estrutura para suportar correio eletrnico e
servios comocomunicao instantnea ecompartilhamento de arquivos.
Repr esentao imagti ca da i nternet e suas hiperconexes
Referindo-se a estrutura da internet em sua capacidade de conectividade
ou o suporte de conexo que ela oferece a seus usurios atravs de interaes digitais
observa-se que este fenmeno se insere no cotidiano das sociedades contemporneas de
forma consolidada e irreversvel, dando aos seres humanos um poder de comunicao
at ento desconhecido, permitindo- lhes interagir com outros usurios ao redor do
mundo em um processo de compartilhamento de dados e impresses do real. Com o
advento da internet, a consequncia que esta dinmica instala no cotidiano da
6 Hiperligaes so partes dos fundamentos das linguagens usadas para construo de pginas na Internet
e outros meios digitais e so designadas elementos clicveis, em forma de texto ou imagem, que levam a
outras partes de um stio ou para recursos variados, tambm conhecida em portugus peloscorrespondentes termos ingleses, hyperlink e link
http://pt.wikipedia.org/wiki/Rede_de_computadoreshttp://pt.wikipedia.org/wiki/Computadorhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Transfer%C3%AAncia_de_dadoshttp://pt.wikipedia.org/wiki/Hiperliga%C3%A7%C3%A3ohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Hiperliga%C3%A7%C3%A3ohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Correio_eletr%C3%B4nicohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Comunica%C3%A7%C3%A3o_instant%C3%A2neahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Compartilhamento_de_arquivoshttp://pt.wikipedia.org/wiki/Compartilhamento_de_arquivoshttp://pt.wikipedia.org/wiki/Comunica%C3%A7%C3%A3o_instant%C3%A2neahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Correio_eletr%C3%B4nicohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Hiperliga%C3%A7%C3%A3ohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Transfer%C3%AAncia_de_dadoshttp://pt.wikipedia.org/wiki/Computadorhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Rede_de_computadores5/28/2018 Monografia Janailton Santos
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humanidade, podemos afirmar, justamente a alterao das formas como este interage,
percebe e interfere em sua realidade.
A internet literalmente se instala na realidade humana, possibilitando a este
disseminar de maneira livre, seus pensamentos, idias e as formas como compreende e
se projeta para o outro. Para legitimar esta reflexo, podemos tomar como ponto de
partida o enfraquecimento da noo de presena fsica, a partir do avano da internet e a
criao das chamadas redessociais virtuais7.
A universalizao da cibercultura propaga a co-presena e a interao dequaisquer pontos do espao fsico, social ou informacional [...] O virtualencontra-se antes da concretizao efetiva ou formal (a rvore estvirtualmente presente no gro) o virtual obviamente uma dimenso muitoimportante da realidade (Lvy, 1999. Pag. 27)
O que emerge naturalmente deste entendimento no que se refere a presena,
que a interao atravs da internet, pressupe a existncia fsica de um usurio
interagindo com outros na rede suas manifestaes cognitivas e suas vontades expressas
em plataformas de comunicao especficas de interesses comuns. Estas presena
virtuais, o que poderamos chamar de dissolvimento da materialidade, no entanto, as
interaes entre estas presenas concreta / virtual nas superfcies das telas dos
computadores, de igual modo, pressupem, como j citado, uma interao cognitiva
entre dois usurios, o que inegavelmente nos apresenta transferncias de afetividade, tal
qual no mundo material.
Uma das principais referncias que podemos expor para este fenmeno
seria, portanto as redes sociais. Estas redes oportunizam os seus usurios a manipularem
suas identidades no ciberespao, possibilitando aos navegantes a criarem avatares de
suas personalidades, nas redes sociais, os usurios podem fornecer informaes de seu
universo pessoal, e ainda aglomerar em seu perfil, um histrico de suas vivncias,
pessoais e coletivas, atravs do armazenamento de arquivos como fotografias, vdeos etextos diversos.
As redes sociais possibilitam ainda, por sua utilizao em larga escala, a
propagao de informaes acerca dos usos de ferramentas diversas da vida cotidiana, e
esta possibilidade, para fundamentarmos como se do estas interferncias, modificam,
7 As Redes Sociais Virtuais so grupos ou espaos especficos na Internet, que permitem partilhar dados
e informaes, sendo estas de carter geral ou especfico, das mais diversas formas (textos, arquivos,imagens fotos, vdeos, etc.). H tambm a formao de grupos por afinidade, formando comunidades
virtuais, com ou sem autorizao, e de espaos abertos ou no para discusses, debates e apresentao detemas variados (comunidades, fruns)
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por exemplo, a maneira como se comportam os mercados, tanto no territrio do
marketing, quanto da prestao de servios, onde o eco das manifestaes na rede
interfere de forma urgente nos servios prestados por estes mercados.
Estas plataformas de interao na rede revelam a estrutura rizomtica8da
internet, no qual o estabelecimento de um terceiro ambienteou uma realidade virtual9
interaja duas formas de existncia; o orgnico e o inorgnico.
Neste contexto de contaminao tecnolgica, Pierre Lev 10 descortina as
reflexes sobre o fazer contemporneo apontando o avano da humanidade para o
estabelecimento de uma cibercultura que elege a internet como um artefato inovador o
qual estabelece um novo espao e tempo de interao social, dentre as quais emergem
novas formas de sociabilidade. As proposies do termo cibercultura abrangem osfenmenos relacionados ao ciberespao, ou seja, os fenmenos associados s formas de
comunicao mediadas por computadores.
A contribuio de Lev possibilita a reflexo sobre um panorama geral das
sociedades ao redor do globo, mas se nos focarmos no teatro, legitimando o reflexo de
seus fazeres a partir da compreenso de que todos so espectadores, chegaremos ao
espectador contemporneo, observando, alteraes marcantes em suas formas de
percepo a partir de sua prpria realidade.Nesta estrutura encontramos as redes sociais, nos forando a perceber uma
caracterstica do sujeito ps-moderno, ao criar um paralelo entre a idia de perfil on-
line ou o avatar de uma identidade do sujeitocom o conceito de identidade cultural
na ps-modernidade proposto por Stuart Hall.
8
Trata-se de um termo oriundo da botnica e diz respeito a uma estrutura que no possui um centro, maspequenas razes espalhadas pela superfcie, ampliando-se em todas as direes e no apenas na vertical,este conceito adotado por Gilles Deleuze e Guattari em sua obra Os plats. Estes filsofos propem
que o pensamento, alm da forma arborescente que implica uma hierarquizao - pode tambmconfigurar-se de outra maneira: o pensamento como rizoma, um pensamento que se faz mltiplo, se quercom diferentes formas, quer subtrair o uno da multiplicidade a ser construda. Segundo os autores, orizoma tem muitas formas diversificadas que vo desde sua extenso superficial ramificada em todos ossentidos at suas concrees em bulbos e tubrculos. (2000; 15). Acreditam que o pensamento humano
est mais para um perfil rizomtico, do que para um perfil arborescente.9 O termo oficial criado por Jaron Lanier diz que RV (realidade virtual) consiste em diferenciarsimulaes tradicionais feitas por computador de simulaes envolvendo mltiplos usurios em umambiente compartilhado. Realidade Virtual uma tecnologiasdeinterface avanada entre um usurio eumsistema computacional.O objetivo dessa tecnologia recriar ao mximo a sensao derealidadepara
um indivduo, levando-o a adotar essainterao como uma de suas realidades temporais.10 Pierre Lvy francs e um dos principaisfilsofos contemporneos da informao que se ocupa em
estudar as interaes entre aInternet e asociedade.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Tecnologiahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Tecnologiahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Interfacehttp://pt.wikipedia.org/wiki/Sistema_operacionalhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Realidadehttp://pt.wikipedia.org/wiki/Intera%C3%A7%C3%A3ohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Filosofia_da_informa%C3%A7%C3%A3ohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Internethttp://pt.wikipedia.org/wiki/Sociedadehttp://pt.wikipedia.org/wiki/Sociedadehttp://pt.wikipedia.org/wiki/Internethttp://pt.wikipedia.org/wiki/Filosofia_da_informa%C3%A7%C3%A3ohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Intera%C3%A7%C3%A3ohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Realidadehttp://pt.wikipedia.org/wiki/Sistema_operacionalhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Interfacehttp://pt.wikipedia.org/wiki/Tecnologia5/28/2018 Monografia Janailton Santos
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Stuart Hall um terico que contribui com importantes obras para os
estudos sobre a cultura e os meios de comunicao na ps-modernidade, Professor da
Open University, uma da figuras mais importantes na sistematizao do pensamento
da rea de estudos sociais na contemporaneidade.
Neste sentido, o socilogo afirma que o conceito de identidade passa a ter
carter diferenciado em relao identidade iluminista e sociolgica, j que desarticula
estabilidades e possibilita o surgimento de novas identidades que na viso do autor so
abertas, contraditrias, plurais e fragmentadas, caracterizando o sujeito ps-moderno.
Hall, portanto, apresenta uma forma dinmica de pensamento, que nos
permite refletir sobre a recepo das obras pelo espectador na contemporaneidade, dada
a contaminao pela tecnologia digital e a diversidade de formas de interaoapresentadas na ps-modernidade.
Para fundamentarmos ainda mais esta noo e de maneira a sistematizar de
forma mais objetiva a interferncia das tecnologias digitais e a contaminao do
cotidiano pela internet, podemos extrapolar o campo da identidade para refletirmos no
campo da comunicao, dando a devida ateno a este fenmeno de uma maneira geral,
sem perder, portanto, o foco da relao entre teatro e espectador que queremos tratar
aqui.Podemos afirmar que este novo modelo de existncia, que se vale de formas
tecnolgicas, surgiu a partir da noo de que todos os meios de comunicao e
tecnologias possuem uma estrutura fundamentalmente lingustica, no como linguagem
simples, mas linguagem em sua forma essencial, cuja origem est na capacidade do
homem de estender-se a si mesmo, atravs de seus sentidos.
Nesta perspectiva de auto-expanso do homem, os meios de comunicao,
tais como a televiso e o rdio, j apresentavam possibilidades de propagao deinformaes em larga escala, no entanto, somente com o advento das tecnologias
digitais e da internet, que estes meios de comunicao tradicionais, se potencializam e
atingem grandes massas em um curto perodo de tempo, at os jornais impressos,
podem se afirmar expansivos quando readquam a lgica de distribuio das notcias
digitalizando os peridicos e os distribuindo na rede.
Este fenmeno apresentado pela internet da rpida propagao de
informaes atravs do mundo nos faz perceber que essa estrutura de comunicao em
massa reduz o mundo a situao de uma aldeia, no qual a capacidade de interao de
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informaes e contedos pelo progresso tecnolgico superam grandes velocidades e
estruturam a sensao de uma aldeia global.
O conceito de aldeia global reside no princpio de um mundo interligado e
esta noo pode ser observada no pensamento do socilogo canadense Marshall
McLuhan o qual observa que oprogresso tecnolgico estava reduzindo todo o planeta
mesma situao que ocorre em uma aldeia.
Todos os modelos cientficos ocidentais de comunicao so lineares,sequenciais e lgicos como uma relao de nfase da ultima etapa medievalsobre a noo grega de casualidade eficiente. As teorias cientficas modernasabstraem a figura do fundo. Para seu uso na era eltrica, se necessita ummodelo de comunicao do hemisfrio direito do crebro, para demonstrar ocarter imediato da informao que se mova na velocidade da luz. Como avoz, a impresso, a imagem e todos os dados sensoriais procedem de forma
simultnea. (McLuhan, 1993, p. 14)
A noo geogrfica de uma aldeia nos permite imaginar um espao cuja
dinmica permite a difuso das idias de maneira generalizada dentro deste mesmo
recorte geogrfico, ou seja, as limitaes espaciais permitem na situao de uma
aldeia que as informaes trafeguem dentro deste recorte, no entanto, a noo de
McLuhan, aponta para um devir no qual a tecnologia digital se agregaria ao cotidiano
do homem, expandindo inclusive o seu potencial comunicativo. Esta noo nos clareia a
forma como a internet estabelece relaes mutuas entre seus usurios, que tal qual emuma aldeia podem intercambiar informaes e contedos.
As caractersticas de uma aldeia global atribuem ainda ao discurso o
entendimento de que tal expanso no potencial comunicativo gera transformaes
notveis na postura do sujeito ps-moderno, e que essas transformaes na postura do
sujeito, interferem na forma como ele percebe o mundo, e so estas novas formas de
percepo cuja gnese est na revoluo tecnolgica, que se vinculam criao teatral
contempornea como territrio contaminador de novas poticas da cena.Neste sentido, a importncia dos tericos citados, se configura a partir da
necessidade do teatro de interagir com o seu tempo, sem perder sua essncia, ou
enfraquecer a teatralidade, mas pelo contrrio, observando as potencialidades de cada
era, para atingir o espectador de maneira eficaz, e deste modo, no evadir as salas de
apresentao por no se fazer entender, ou seja, necessrio que o progresso
tecnolgico do sculo XXI contamine ainda mais as artes cnicas, para estabelecer de
maneira mais contundente o fluxo comunicativo entre o evento teatral e o espectador
contemporneo.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Marshall_McLuhanhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Marshall_McLuhanhttp://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Progresso_tecnol%C3%B3gico&action=edit&redlink=1http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Progresso_tecnol%C3%B3gico&action=edit&redlink=1http://pt.wikipedia.org/wiki/Marshall_McLuhanhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Marshall_McLuhan5/28/2018 Monografia Janailton Santos
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Pode-se ainda, nesta proposta, afirmar que pela velocidade cognitiva
estabelecida pelos fenmenos de propagao da comunicao igualmente em alta
velocidade, o expectador de hoje, o da era digital, se mostra desinteressado por estticas
visualmente estticas, o que para ele, se apresenta como uma atividade entediante, e por
isso, necessrio atingir a sua produo de subjetividades, apresentado poticas
potencializadas por movimentos e possibilidades que so apresentadas nas plataformas
tecnolgicas, garantindo, desta maneira, a experincia esttica que justamente o
resultado esperado pelo fazer artstico, quando este estabelece uma comunicao com o
espectador.
A presente pesquisa, portanto, est focada na revelao de como se
relaciona o espectador contemporneo com o teatro que se vale de noes e aparatosemergentes da contemporaneidade e este objetivo tem sua decorrncia em uma
experincia bastante significativa destes fazeres, e que apresenta de maneira pontual a
fertilidade do relacionamento entre teatro e tecnologia.
No captulo seguinte, esta experincia ser descrita e debatida sob a luz das
discusses travadas at aqui, no sentido de legitimar estes fazeres, observando a
necessidade de sistematizao do pensamento sobre essa atividade, tanto no universo
terico do teatro em escala mundial, mas principalmente, na demarcao de um fazerexclusivamente brasileiro que siga tendncias universais.
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6 PHILA 7: UMA REFERNCIA BRASILEIRA
Como vimos at aqui, o dilogo contundente da linguagem teatral e campos
tecnolgicos diversos, reverbera na sistematizao de um fazer teatral contemporneo, e
como citado nos captulos anteriores, na procura por este objetivo, a presente pesquisa
busca apresentar uma experincia brasileira; os processos da companhia paulistana Phila
7, no qual este trato esttico aparece com grande potencial expressivo.
A companhia Phila7 surgiu no incio de 2005 com o objetivo de pesquisar
novas linguagens e diferentes mdias. Desde seu primeiro trabalho, tem na dramaturgia
e na tecnologia ferramentas para o desenvolvimento de novos caminhos para as artes
cnicas.A primeira experincia do grupo foi ainda em 2005 na cidade de So Paulo
com a montagem de GalileuGallilei de Bertold Brecht, no qual, o encenador inseriu
uma orquestra ao vivo para fazer trilha sonora, e a aplicao do recurso do
distanciamento brechtiniano era feito com cmeras ao vivo que mostravam depoimentos
dos atores no camarim em um telo na cena e ainda com a insero de imagens oriundas
do cinema, neste trabalho, j era possvel perceber o apontamento de possibilidades de
interao entre campos diversos.
Espetculo Galileu Gallileipor Phila 7
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Deste primeiro encontro entre o encenador Rubens Velloso, dois atores,
dessa montagem, uma produtora e a light design11surge efetivamente o Phila 7.
O trabalho do encenador da Phila 7, reverbera de forma exponencial na
criao teatral contempornea. Utilizando-se de um notvel aparato tecnolgico, o
encenador reafirma o conceito de que o teatro segue a revolues histricas no sentido
de legitimar seu potencial e seu lugar em meio ao acelerado aperfeioamento das
mdias. Se nos permitirmos ir mais profundamente, trata-se de uma arte que tal qual a
realidadeest ligada ao aperfeioamento de outras tecnologias para que se estabelea
de maneira mais contextual sua produo de subjetividades.
Deste modo, o que podemos observar na esttica do Phila 7 que a
teatralidade estabelecida de maneira clara, e a relao entre atores e espectadores se dem diferentes territrios: orgnico e digital. O principal aspecto da longa histria do
teatro, neste caso, a existncia de atores e espectadores interagindo, mantido,
entretanto, a teatralidade evolutiva.
Com relao a insero de mdias no trabalho do Phila 7, podemos observar
uma caracterstica marcante do teatro contemporneo, Lehmann afirma que s quando
a imagem de vdeo se encontra em uma relao complexa com a realidade corporal,
comea propriamente uma esttica miditica do teatro (LEHMANN, 2007).A partir desta compreenso, o que se pode identificar na composio do
Phila 7, seria uma espcie de esttica que transcende as teorias conceituais do teatro em
sua essncia. Quando se discute a essncia do teatro em sua pureza, a primeira
referencia que: para que o teatro exista, necessrio que tenhamos a presena do
corpo de onde parta a ao do ator quando este inicia a construo de um personagem,
da corporalidade e organicidade ou de um movimento preciso de reflexo cerebral, esta
ento seria a melhor forma a ser utilizada para que o corpo torne-se o condutor pelo qualo espectador identifica as aes em cena.
Cabe esclarecer que este corpo condutor tambm pode ser chamado de
presena cnica. E, por presena cnica, compreendemos o ato de prender a ateno do
pblico, como que criando fios invisveis que ligam a platia ao ator, sendo esta, para o
teatro dramtico a melhor e mais eficiente forma de comunicao corporal.
11
Ligth Design um termo em ingls usado para iluminadores, a traduo em portugus design de luz,essa conotao revela a luz como um elemento autnomo e de grande eficcia nas encenaescontemporneas e que ainda permite ao profissional da luz, criaes sigunicas dos trabalhos.
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No teatro dramtico tradicional esta presena cnica a que mantm o jogo
sagrado, ritual e indefinvel do ator no palco. A presena cnica est acontecendo
quando h o estabelecimento de uma relao entre o ator e o espectador constituda
numa base de troca, onde todos os sistemas cnicos dependem do estabelecimento desta
relao.
Segundo a opinio mais recorrente entre as pessoas que optam pelo teatro
tradicional, com base irrefutvel no texto dramtico, a presena seria o bem supremo a
ser possudo pelo ator e sentido pelo espectador.
Assim, essas novas formas poticas recorrem no s tradio do teatro,como tambm aos procedimentos de outras artes, almejando a linguagemespecfica do teatro contemporneo, diversa da pintura, da literatura e dacincia, (...) em que o corpo considerado veculo privilegiado.(VALLIN,1985, p. 77)
A presena, portanto, estaria ligada a uma comunicao corporal direta com
o ator que est sendo objeto de percepo. Este aspecto trazido pela teorizao da
presena corporal do teatro, entendido no trabalho do Phila 7, como presena
carbnica, e quando est presena estendida para as superfcies em que so projetadas
as imagens do ambiente virtual, na cena, esta presena, compreendida como presena
silcica.
Tendo como referncia uma experincia prtica para dar vazo ao
pensamento sobre essas duas formas de presena, podemos observar na metodologia
desta pesquisa, uma espcie de metalinguagem, onde foi realizada uma
videoconferncia com o encenador paulistano, no qual tratamos deste assunto,
explodimos a geografia entre ns, e tomamos esta ocasio como objeto para discutir
essas questes.
Estas novas terminologias para a presena cnica, no trabalho do Phila 7,
esto ligadas a noes qumicas de materialidade do corpo, presena carbnica seriaportanto a possibilidade de interagir material orgnico de forma fsica, carbnica, um
abrao entre dois amigos seria uma bom exemplo para esta noo.
Para reafirmar a proposta, podemos observar no universo da qumica que na
maior parte das ocasies, todas as bases para as constituies de matria orgnica, tais
como clulas, tecidos e outras, possuem essencialmente em sua estrutura a presena do
carbono.
Para seguir na discusso a respeito da maneira de como o Phila 7 entende aspresenas, poderamos afirmar que a presena silcica seria, portanto, a relao entre
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dois corpos no ambiente virtual, ou seja, o dissolvimento do carter fsico, para
extenso desta presena na superfcie dos computadores, um exemplo prtico seriam,
ferramentas de comunicao on-line em tempo real, como o Skype e os Messengers.
Recorrendo novamente ao conhecimento qumico, o silcio, um
composto que est na base da fabricao de vidro, ou seja, a indstria da computao
utiliza-se deste composto para fabricao das telas dos computadores, e ele aparece nos
mais diversos tipos de superfcies, como cristal liquido (LCD, Liquid Cristal Display)
Telas de LED, etc.
Esta noo de presena, que opera como plataforma para as criaes
artsticas do grupo, sendo elas presena silcica ou carbnica, tida por eles de igual
forma como presenas concretas, e esta concretude est entrelaada nessas formas derelao e comunicao desta era que trabalhamos aqui, e pode-se afirmar que de uma
maneira efetiva, esses relacionamentos entre os seres humanos presentes no cotidiano
das sociedades, para alm de relaes concretas, ou como se define na Cia; carbnicas,
representam uma troca de afetividades.
Essas formas de presenas interativas, no qual Rubens Velloso, adota
terminologias prprias, podem ser referenciadas nos estudos da telemtica, este conceito
diz respeito a presena mediada pela informtica atravs de meios de comunicao.Experincias com o uso de telepresenas vm continuamente adentrando o espao das
novas poticas da cena atualmente.
Estas experincias consistem na Investigao sobre os novos estatutos dacomunicao e da performao no mbito das redes telemticas e das novasmdias de interao. Esto em causa o estudo da telepresena e os diversosagenciamentos do corpo e da presena nas passagens da interface orgnica
para a virtual. So nomeadas tipologias de interao que incluem ascategorias do corpo extenso, corpo hbrido, hipermdia, criao de ambientes,Interferncias eperformances em tempo real. (COHEN, 2004)
Com o objetivo de expanso dessas presenas cnicas, a Cia respalda sua
criao na noo de que a tecnologia digital deste sculo levou o espectador
contemporneo a compreender de outra maneira como se do as trocas simblicas entre
os corpos. A Internet, portanto se apresenta como uma forma de estender a presena at
outros lugares em tempo real, o que consequentemente entrega ao teatro a mesma
capacidade de operao na rede, trazendo-a para a cena, no somente como aparato
cnico, ou como plataforma tecnolgica, mas como uma fora expressiva.
Esta realidade observa o encenador do Phila 7 faz com que o eventoteatral seja forado a se potencializar de tais possibilidades, legitimando o discurso da
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contemporaneidade, no qual limitaes de formas e contedos para o fazer artstico, no
so apresentadas, e a maneira como ns nos relacionamos com os outros e com a
natureza est marcadamente alterada pelas tecnologias digitais.
O Phila 7, como j declarado, um plo irradiador de novas possibilidades
para a cena, e essa caracterstica, de maneira natural atrai artistas, tcnicos, pensadores e
muitos outros profissionais da rea das artes e da tecnologia, e por se tratar de um
trabalho de encenao diferenciado, que de maneira revolucionria extrapola os limites
da teorizao teatral, fazendo com que ainda no haja definio para o trabalho do Phila
7 ou seja, este fazer no se limita a algum jargo, ou conceituao acadmica.
O encenador trata o trabalho da Cia, no como espetculo, ou teatro digital,
mas como plataforma de eventos. Nesta terminologia, Rubens Velloso, aponta para umterritrio, que abrange diversos outros territrios e se apresenta como uma superfcie
para que outras linguagens interajam, neste caso, linguagens que no se limitam
somente a noo de arte, mas compreenses que passam pelas mdias, pela computao
as possibilidades com a tecnologia em geral indo at a neurocincia12.
Este movimento, embora seja considerado revolucionrio e como vimos
nos captulos anteriores, esto presentes ao longo da histria do teatro ainda encontra
resistncia por parte das agncias de fomento. Na ocasio da videoconferncia RubensVelloso, relembra um fato em que numa solicitao da produo do Phila 7 para a
montagem de um trabalho feita a uma agncia de fomento de So Paulo, a agencia
devolveu o projeto, alertando que havia considerado o trabalho de grande relevncia
esttica, mas que o mesmo no se enquadrava dentro das exigncias conceituais do que
seria para esta banca o teatro
Este fato, alerta para a necessidade urgente de sistematizao desses fazeres,
defendendo que a diversidade de possibilidades de encenao na contemporaneidade,transcende a noo comum a respeito do fazer teatral, que seria se daria somente com a
atividade orgnica entre atores e espectadores limitados nesta relao.
O exerccio artstico do Phila 7, podemos afirmar, se encontra na
confluncia desses fazeres, objetivando estas possibilidades de maneira prtica, como
veremos a seguir.
12 A neurocincia um termo que rene as disciplinas biolgicas que estudam osistema nervoso,normal
e patolgico, especialmente a anatomia e a fisiologia docrebro inter-relacionando-as com a teoria dainformao,semitica elingustica,e demais disciplinas que explicam o comportamento, o processo deaprendizagem e cognio humana bem como os mecanismos de regulao orgnica.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Sistema_nervosohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Anatomiahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Fisiologiahttp://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%A9rebrohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Teoria_da_informa%C3%A7%C3%A3ohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Teoria_da_informa%C3%A7%C3%A3ohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Semi%C3%B3ticahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Lingu%C3%ADsticahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Lingu%C3%ADsticahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Semi%C3%B3ticahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Teoria_da_informa%C3%A7%C3%A3ohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Teoria_da_informa%C3%A7%C3%A3ohttp://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%A9rebrohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Fisiologiahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Anatomiahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Sistema_nervoso5/28/2018 Monografia Janailton Santos
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No territrio da educao, ou seja, no que se refere pedagogia do teatro, ou
ainda seus mtodos de transferncia de conhecimentos, o encenador Rubens Velloso
revela no utilizar-se de aplicaes didticas de um mtodo cristalizado, Rubens
acredita que cada trabalho apresenta necessidades especficas de montagem em que esse
processo aparece de acordo com cada uma delas.
Os conhecimentos tcnicos, como por exemplo, a linguagem de
programao, o manuseio dos computadores, a operao dos softwares e as demais
necessidades que no so propriamente ditas do universo cnico, de responsabilidade
de profissionais especializados em cada rea, que tambm compem o coletivo, no
obstante, estes profissionais que atuam nas especificidades tcnicas das montagens do
Phila 7 esto absolutamente integrados dentro dos conceitos e das idias que permeiamas encenaes.
O processo de montagem de um trabalho no Phila, obviamente se inicia na
reunio e debate de todas as questes que permeiam a criao artstica do grupo, e a
apropriao destas noes se do em encontros frequentes na sede da Cia em So Paulo
entre todos os participantes, sejam eles atores, tcnicos de cena, de informtica,
cengrafos, produtores ou qualquer outro participante necessrio a cada processo. Este
encontro, podemos observar, uma maneira eficaz de avanar na elucidao ou aomenos processos que apontem para isso das inquietaes que permeiam o fazer
esttico do coletivo, o que gera consequentemente um resultado mais contundente nas
criaes e revela a contextualizao de seu exerccio artstico.
A estrutura de coletivo, portanto, aparece na concepo do grupo, como
uma proposta metodolgica, onde cada um se insere no processo de maneira a integrar-
se em um processo que se entende como um todo. Ainda na videoconferncia Rubens
Velloso afirma que a necessidade de entender esse processo criativo de uma formacoletiva se mostra eficaz na concretizao do trabalho, cada participante atua de forma
autnoma dentro de suas especificaes profissionais, mas os territrios dessas criaes
no so e no devem ser apartados, para no interferir na proposta principal do
grupo, que justamente a coletivizao de idias e de pessoas que pensem
expansivamente, e que imaginem a possibilidade de expandir na rede para outros
territrios uma atividade que acontece em uma sala escura, ou seja, o fenmeno do
teatro e sua efemeridade sendo explodido de um espao limitado por paredes, para
outros lugares ao redor do globo.
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Essa proposta maior do Phila 7, que justamente o trabalho com espaos
conectados, ser apresentada no captulo seguinte, e poder ser discutida de maneira
bastante clara. O objetivo debater o segundo trabalho do coletivo, a srie play on
earthque composta de duas experincias, a primeira, que leva o nome da srie; play
on earth e a segunda whats wrong with the world no qual este entendimento
materializado em uma obra, e a utilizao de tecnologias digitais adentram cena
com um potencial marcadamente expressivo.
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7 SRIE PLAY ON EARTH: uma experincia pioneira
Em 2006, com o seu segundo trabalho, a srie de espetculos "Play on
Earth", o Phila 7 tornou-se pioneira no uso da Internet para a criao e apresentao de
uma pea teatral que uniu trs elencos em trs continentes simultaneamente: Phila 7 em
So Paulo, Station House Opera (Inglaterra) e Cia Theatreworks em Cingapura. Trs
audincias, cada uma em sua cidade, assistindo as atuaes em tempo real, formando
um quarto espao imaginrio.
Espetculo da srie Play On Earth(pea na terr a) Phi la 7 (BR)
Este trabalho que rene trs audincias de expectadores em diferente
cidades, exemplifica de maneira concreta a proposta trazida pelo Phila 7. As condiestcnicas para que o trabalho acontea, apresenta uma diversificada plataforma de
tecnologias, dentre as quais a mais importante uma poderosa banda larga13que d o
suporte de transferncia de dados na rede atravs do o uso destreaming14.
13 O termo banda larga pode apresentar diferentes significados em diferentes contextos. A recomendao
I.113 do setor de Padronizao da UIT (unio internacional de telecomunicaes) define banda largacomo a capacidade de transmisso que superior quela da primria doISDN (sistema de navegao que
utiliza as redes de telefonia convencionais para transmitir dados em alta velocidade).14 Streaming (fluxo,fluxo de mdia) uma forma de distribuir informaomultimdia numarede atravsdepacotes.Ela frequentemente utilizada para distribuir contedo multimdia atravs daInternet.
http://pt.wikipedia.org/wiki/UIThttp://pt.wikipedia.org/wiki/ISDNhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Multim%C3%ADdiahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Rede_de_%C3%A1rea_localhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Pacoteshttp://pt.wikipedia.org/wiki/Internethttp://pt.wikipedia.org/wiki/Internethttp://pt.wikipedia.org/wiki/Pacoteshttp://pt.wikipedia.org/wiki/Rede_de_%C3%A1rea_localhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Multim%C3%ADdiahttp://pt.wikipedia.org/wiki/ISDNhttp://pt.wikipedia.org/wiki/UIT5/28/2018 Monografia Janailton Santos
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A pea Play On Earth com sua plataforma de tecnologia possibilita sua
expanso atravs do globo, o que novamente nos remete ao conceito de aldeia global.
Os elementos chave da encenao teatral, neste aspecto, so mantidos, no entanto, o
jogo de organicidades entre atores e sua relao com os espectadores expandido e suas
presenas fsicas ou carbnicas, so dissolvidas de modo a dar vazo ao fluxo de
comunicaes estabelecidas entre os participantes do evento em todas as audincias no
mundo, interagindo em tempo real, o que caracteriza, ainda referindo-se ao pensamento
do socilogo canadense Marshal Mcluhan, o que poderamos chamar de platia global.
Esta observao de que a internet, apresentava-se como um potencial
expressivo e como um territrio poderoso de produo de sentidos, adotada no Phila 7
a partir do processo criativo do play on earth, sendo o Phila a companhia brasileiraconvidada pelo diretor do Station House Opera da Inglaterra para participar da
experincia.
Montagem da pea Play On Earth (pea na terr a) Phi la 7 (BR) com Rubens Vell oso a dir eita
O uso e aplicao de tecnologias digitais, na srie reflete a noo de
contemporaneidade, quando no se limita a conceituaes pragmticas do universo
teatral, ou ainda no se permite enquadrar-se em terminologias determinadas pelos
jarges acadmicos.
Com isto, os espetculos da srie play on earth se apresentam como um
mix de possibilidades que transcendem essas denominaes. Basicamente, a proposta
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do play on earth fundamenta-se na aproximao junto tecnologia no apenas como
suporte, mas como ferramenta que cumpre a revitalizao esttica da expresso e, ao
mesmo tempo, amplifica sua capacidade de transmitir e trocar sensaes entre atores e
perante o pblico.
Para nos aproximarmos desta experincia, o presente trabalho, traz em seu
corpo uma possibilidade de apreciao, nas referncias videogrficas, temos uma mdia
com fragmentos das apresentaes da srie em vdeo, e a seguir poderemos verificar
tambm o relato de um espectador da srie; o pesquisador Rodolfo Gonalves Arajo,
que investiga novas possibilidades na cena contempornea e ligado a PUC-SP. O
relato do pesquisador foi apresentado no Encuentro de la RedINAV, em Bogot
Colmbia, no ano de 2008, e nesta ocasio, ele apresentou detalhes sobre suaexperincia com oPlay On earth:
Em cada localidade, os espectadores lidavam com duas dimenses bsicas denarrativa. A primeira, fsica, presencial, dava-se no palco posicionado diante da
platia. Logo acima da caixa cnica, todavia, estava instalada uma tela, na qual eramprojetadas imagens ao vivo do que ocorria nos outros dois pases, somada a umaimagem do prprio local que oferecia um outro ngulo acerca do que se poderiaenxergar materialmente. Os atores moviam-se por entre as marcas combinadas,auxiliados por pontos eletrnicos que asseguravam a sincronicidade entre gestos edilogos dados nos e entre os pases. No espao brasileiro, ao fundo, caixas echapas de madeira conferiam um ar de transitoriedade, como se o espetculo
assumisse de forma transparente seu carter provisrio. Na tela, os pases seencontravam. Imagens de Cingapura, Brasil e Inglaterra uniam-se em determinadosmomentos, formando uma espcie de quarto pas, uma materializao do
sincretismo entre global e local no mbito da narrativa. Os momentos de maiorprofuso, indubitavelmente, ocorriam nos pontos em que a comunicao dava-se deforma plena nesse sentido. Dois anos depois, o primeiro espetculo da srieapresentou sua continuidade, desta vez com sem a participao do grupo deCingapura. A nova montagem, intitulada Whats Wrong with the World?
propunha-se a aprofundar os questionamentos e a proposta estabelecida na primeirapea, tanto esteticamente a partir da manipulao de meios e recursos digitais como no campo dos contedos abordados. A dramaturgia, nas duas fases da srie,direcionou-se a explicitar, apoiada em conflitos derivados de relacionamentos, a
problemtica da incomunicabilidade no contexto ps-moderno. O primeiro ponto a
ser considerado nos elementos comuns s duas partes de Play on Earth diz respeitoaos seus fundamentos narrativos. Por ocorrerem em mais de uma localidade, osespetculos apresentam camadas dramatrgicas que se sobrepem aosacontecimentos presenciais verificveis nos palcos. As projees nas partes externasdos teatros e a transmisso das imagens internacionais criam um mosaicoentrecortado, no qual o fio condutor faz-se uno e ntegro somente se efetivamenteconectado por entre os frames que compem o drama. A conectividade, alm deadvento tecnolgico, um espao imaterial no qual o espetculo efetivamenteocorre, ou seja, um espao virtual em que os smbolos dialogam e produzemsentidos. O aspecto mais destacvel reside na quebra da narrativa teatral a partir deoutros recursos no apenas cosmticos, mas decisivos para a ampliao ecompreenso do drama (Rodolfo Arajo)
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O relato crtico do pesquisador Rodolfo Gonalves Araujo, nos revela a
maneira revolucionria no qual este experimento se constri e revalida toda a discusso
apresentada neste trabalho, sob a tica de que os processos de hibridismo ou interao
entre campos pelo teatro, constitui-se como uma mxima das artes cnicas, no sentido
de potencializao de seu discurso e na busca por contextualizao.
A experincia, nos mostra ainda, que as tecnologias digitais, so uma
condio irreversvel na ps-modernidade, e que ela proporcionam ao humano
desenvolver extenses de seu prprio crebro quando cria meios de potencializao de
suas matrizes comunicativas e sua produo de linguagens. Deste modo a percepo que
podemos constatar a respeito da experincia de play on earth se d no campo de que
ela nos mostra de que maneira essas novas poticas se instalam nos fazeres teatraiscontemporneos, no tapando as possibilidades do j debatido conceito teatral e sua
diversidade de correntes, mas coexistindo junto a essa diversas formas.
Neste contexto a arte possui a urgente tarefa de codificar essas
transmutaes para que sua produo de subjetividades crie um paralelo com o
desenvolvimento humano, no qual a tendncia, como nos revela todo esse movimento,
caminha a passos largos para um momento em que as humanidades estaro arraigadas e
fragmentadas no j conhecido e visitado ciberespao.
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8 CONSIDERAES FINAIS
O tempo um fenmeno no qual ainda apresenta-se como uma incgnita,
mesmo para as mais profundas reflexes filosficas, proposies sociolgicas ou
pensamento cientficos sobre o modo como ns transformamos, nos degradamos ou
evolumos dentro da perspectiva fundamental de compreender qual a nossa funo nessa
existncia, como humanos, como agentes de transformao e sobretudo como
pensadores.
Entender o tempo como superfcie, para nos colocarmos sob a luz do tic-tac
querendo se mostrar eterno, uma boa iniciativa para percebermos que somos mutveis,
maleveis, e toda nossa criao acompanha, em qualquer campo, as mudanas sugeridaspelos crepsculos seguidos de alvoradas, dia aps dia.
Nesta reflexo, o teatro como uma das fundamentais manifestaes do
homem, e como uma das mais difundidas artes mundiais, no se integra a formas
limitativas, mas pelo contrrio, se enraza no seu contexto de criao para se mostrar
cada vez mais potente e verdadeiro, frente aos diferentes paradigmas que surgem ao
seguir do tempo.
Apropriando-se dessa noo, esta investigao, props um recorte nopercurso do teatro mundial, no sentido de posicionar a linguagem teatral numa
perspectiva histrica, para reafirmar sua funo que extrapola os limites de sua
apresentao e se posicione de igual modo uma esfera globalizada e contempornea.
As experincias sugeridas aqui so demonstraes efetivas de que esta
capacidade de hibridao do teatro, pode-se afirmar, quase uma condio para sua
coexistncia nos contextos atuais. Se submergirmos no oceano de contaminaes
tecnolgicas ao nosso redor, poderemos observar que a existncia humana est fadada aestender-se a artefatos, superfcies e contextos tecnolgicos.
Exemplos como a medicina, cincia que ocupa da investigao acerca da
permanncia e da sade do homem, pode ser citada como um campo que no hesita em
avanar no seu progresso tecnolgico, para tornar de valor ainda mais fundamental o
seu percurso. Ou ainda para nos aproximarmos ainda mais da idia, tomemos como
referncia, os celulares e computadores a nossa volta, que so, inegavelmente, extenses
de ns mesmos, ou ainda de nossa necessidade nata de nos comunicar.
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O teatro arte do momento, da preciso, uma ferramenta poderosa no
aspecto da produo de subjetividades e afetaes didticas, necessrio, portanto, que
este se revista de possibilidades para se contextualizar e potencializar o seu efeito sobre
aquele que o faz e, sobretudo, quele que o v que so exatamente aqueles que o
sentem.
Esse debate pde ser observado ao longo da descrio de contextos diversos
do fazer cnico, legitimados por pensamentos de alto grau de importncia para a
evoluo do homem, tais como o campo da filosofia e da sociologia, trazendo uma
noo mais fundamentada em questes que so debatidas em outros territrios que no
so fundamentalmente do pensamento artstico, mas se valem da arte para avanar em
suas proposies.Finalmente, uma experincia brasileira, executada dentro das aspiraes de
nosso pas, que neste contexto, a segunda dcada do sculo XXI, avana em
crescimento econmico, desenvolvimento humano e outras transformaes
fundamentais evoluo de uma nao, colocada em voga, e discutida sob luz de
diversas possibilidades, fundamentando, assim o seu fazer.
O Phila 7, nesta investigao, o objeto de apreciao, de busca e
questionamentos acerca da compreenso do fazer teatral contemporneo, e de igualmaneira a srie de espetculos play on earth se apresentou como um oceano de
possibilidades de indagaes e contestaes a respeito destes fazeres, so poticas
potencializadas, que se contaminam das possibilidades de seu contexto e seu tempo, ou
seja, do progresso tecnolgico e do ciberespao.
Por fim, este trabalho espera contribuir, no para elucidao, mas para
enriquecimento do processo de investigao acerca das novas formas de criao artstica
e como nossos contextos podem influenciar nesses fazeres, reverberando na evoluo denossas possibilidades criativas e de nossas capacidades de produzir conhecimento.
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REFERNCIAS
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