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NOTA PÚBLICA DE FUNDAÇÃO
DO COLETIVO ROSA ZUMBI
“Não estaremos perdidos se não tivermos
desaprendido a aprender.”
Rosa Luxemburgo
1. O Coletivo Rosa Zumbi surge a partir da cisão da APS - Ação Popular Socialista. Consideramos que a
APS já não existe mais e que as duas correntes surgidas da sua cisão cometem um erro ao reivindicarem este
mesmo nome. Elas e também nós somos herdeiros do legado político da APS e, antes dela, da Força
Socialista e do Movimento Comunista Revolucionário. Contudo, as diferenças percebidas na avaliação e no
funcionamento da antiga corrente nos dividiram antes que fosse possível uma nova síntese política. De
nossa parte, optamos por constituir um coletivo para fazer frente às tarefas que nos propomos, agregando
outros militantes que não fizeram parte da APS.
2. Defendemos a construção do PSOL como tarefa fundamental. O PSOL tem potencial para ser o mais
importante instrumento da reorganização da esquerda socialista no Brasil, ao se consolidar como um partido
socialista, democrático e de massas, formador e educador dos lutadores e lutadoras sociais, referência e
organizador do movimento social e que também dispute a institucionalidade. O PSOL, no entanto, é cheio de
contradições, sofrendo tensões para um pragmatismo eleitoral, por um lado, e vanguardistas e sectárias, por
outro. Essas tensões geram constante instabilidade e comprometem a viabilidade do Partido.
3. A ação partidária deve equilibrar e buscar a interação entre construção partidária, ação institucional e
ação nos movimentos sociais. O Partido deve formar e ajudar a organizar a sua militância para a luta
anticapitalista e a disputa de hegemonia em favor do socialismo. Os seus setoriais devem ser espaços para
formação política coletiva e colaborativa, discussão no interior do Partido e diálogo com a sociedade.
O fortalecimento dos setoriais, a fim de assim superar a lógica um tanto fratricida entre as correntes, é
condição para a viabilidade do PSOL, assim como a consolidação das instâncias democráticas coletivas e das
estruturas de base. Neste sentido, constituímos nosso Coletivo como um espaço dinâmico de debate e
reflexão para incidirmos conjuntamente sobre as pautas do Partido, dos setoriais e dos movimentos sociais
em que atuamos.
4. Para que o PSOL venha a ser o instrumento de reorganização da esquerda socialista, propugnamos o
Programa Democrático-Popular para o acúmulo de forças para a Revolução Brasileira. O Programa consiste
na luta por reformas estruturais na ordem social e no Estado a partir das quais se revelam os limites da
ordem vigente, tensionando-a. São as conquistas advindas da luta que melhoram a vida do povo e criam
condições mais favoráveis para lutas mais radicais e mais profundas. O Programa Democrático-Popular não
prevê a consolidação de uma etapa “democrático-burguesa” como condição à revolução socialista e
tampouco pode ser confundido com a política levada a cabo pelo PT no governo federal, cujo tímido
reformismo não se articula com a ruptura da ordem, mas opera em sentido oposto, para a sua manutenção.
O Programa Democrático-Popular procura, no entanto, polarizar setores médios sob a hegemonia dos
trabalhadores e disputa as reformas como meio de preparação para a revolução, e não como fim. Além
disso, compreende o Estado como sujeito à infiltração, mas cuja tomada passa necessariamente pela
revolução.
Ele é democrático porque pressupõe uma estratégia na qual a democracia é meio e fim. E é popular porque
ataca as múltiplas formas de dominação, desde o nível da exploração econômica até as questões
relacionadas às identidades histórica, nacional e regional, étnicas, religiosas, de gênero e geracional, de
orientação sexual, além da classe social. É radicalmente democrática e popular ao criar mecanismos de
participação e protagonismo dos de baixo, ao disputar e consolidar valores e práticas contrários ao
conformismo e à resignação exigidos pela tecnocracia – assimilada pelos governos petistas – que é avessa à
transformação do real.
5. Defendemos o conceito de Revolução Brasileira porque cada revolução é fruto das lutas inseridas na
realidade específica de cada formação histórica, econômica, social e cultural. É unicamente do seio das lutas
do povo brasileiro que se fará a revolução no Brasil. O socialismo, no entanto, é um projeto de emancipação
de todos oprimidos da humanidade, sendo, portanto, necessariamente internacionalista.
6. O Programa Democrático-Popular foi formulado num contexto histórico diferente do atual, antes do
avanço do neoliberalismo e a consequente reestruturação do Estado que acarretou a privatização de setores
estratégicos; o fim da guerra fria a partir da derrocada dos regimes burocráticos do leste europeu; a
introdução de novas tecnologias de produção e de comunicação; recrudescimento das crises econômicas e
ambiental em escala mundial; eleição de governos com perspectivas nacional e popular na América Latina;
eleição de Lula e a adesão do PT aos limites da ordem. A partir desse quadro, é necessário, portanto, a
atualização de elementos estratégicos e programáticos do Programa Democrático-Popular, considerando
também as mudanças ocorridas ao longo dos últimos 20 anos, tarefa que deve ser assumida e compartilhada
por todas as organizações e pela militância que reivindicam esse programa. Entretanto, atualizar o programa
não pode significar inflexões estritamente conjunturais, eleitoralistas ou movimentistas, que reduzam seus
horizontes estratégicos para torná-lo mais palpável a curto e médio prazos, tampouco como um momento já
da construção do socialismo. Entendemos que o processo revolucionário não será dirigido por um único
partido ou organização, mas por uma frente de partidos, organizações e movimentos que num dado
momento terão unidade suficiente para atuar, apesar das diferenças e divergências, num mesmo sentido.
Buscamos assim a unidade no movimento social com todas as organizações e militantes que atuem na
mesma perspectiva que a nossa, independentemente de filiação partidária. Criticamos as organizações que
se veem como “A Vanguarda Revolucionária” e têm como tarefa prioritária a sua autoconstrução. A disputa
interna do PSOL está diretamente relacionada a esse vanguardismo egoísta.
Como desdobramento disto, defendemos uma política de alianças que mantenha a coerência política do
PSOL e que, desta perspectiva democrático-popular, admita a possibilidade de deslocarmos para o nosso
lado partidos originários do campo popular e que hoje estão submetidos nacionalmente ao bloco de alianças
petista/governista – embora uma possibilidade que deva ser avaliada caso a caso, e jamais tomada como
regra.
7. Reivindicamos a experiência do Governo do Povo com Edmilson Rodrigues frente à prefeitura de Belém
(1997-2005) como uma referência fundamental da luta do povo e do acúmulo de forças necessário para a
disputa de hegemonia a partir de experiências alternativas concretas.
8. Reivindicamos o mandato popular e socialista de Ivan Valente que ajudamos a eleger e continuamos a
construir como um dos mais importantes instrumentos do projeto democrático-popular. A atuação do
mandato está para além do PSOL, extrapola os limites de São Paulo e serve de referência política para toda a
esquerda brasileira, como demonstração de combatividade no parlamento e para fora dele, ao incorporar
temas de fundo estratégico como a Auditoria da Dívida Pública, o debate do Código Florestal, o Plano
Nacional de Educação, a democratização dos meios de comunicação, entre outros.
9. Reivindicamos a Intersindical e o campo surgido a partir do Encontro Nacional de Lutadores realizado no
Rio de Janeiro em abril de 2012, entendendo que continua necessária a construção de uma Central a partir
da unificação dos setores não governistas e socialistas que saíram da CUT, que tenha uma política e um
funcionamento com capacidade de ampliar e ter relevância na luta de classes baseada nos princípios
classistas, democráticos e de autonomia em relação a partidos e governos. Entendemos, porém, que no
atual momento não é viável uma unificação com a CSP/Conlutas, o que pode vir a ocorrer somente num
novo processo.
10. Reivindicamos a participação prioritária no Círculo Palmarino como instrumento do Movimento Negro do
Brasil, tendo como parceiros os setores que construíram a APS. Defendemos também a atuação conjunta a
organizações que combatem o governismo e a institucionalização do movimento negro.
11. Reivindicamos as formulações que a corrente estudantil Contraponto construiu ao longo da sua
existência.
São Paulo, 30 de junho de 2012
∎ ESPÍRITO SANTO
VILA VELHA
Allan Melo candidato a prefeito
Carolinne Ornellas candidata a vice-prefeita e do Coletivo Nacional de Mulheres do PSOL
SERRA
Gilberto Campos Setorial de Negros e Negras do PSOL, direção nacional do Círculo Palmarino
Igor Nunes PSOL de Serra
∎ RIO DE JANEIRO
MESQUITA
Ewerson Cláudio candidato a prefeito e membro do Diretório Estadual-PSOL/RJ
Sueli Rutis PSOL Mesquita
RIO DE JANEIRO
Bruno Mandelli PSOL Rio de Janeiro
Leandro Oliveira “Lelê” PSOL Rio de Janeiro Movimento de Saúde
Raphael Monteiro PSOL Rio de Janeiro
∎ SANTA CATARINA
FLORIANÓPOLIS
Alcilea Cardoso “Lea” candidata a vereadora, Executiva Estadual do PSOL/SC, ex-presidente do Sindicato dos Municipários
JOINVILE
Marianne Maier Executiva do PSOL, Setorial de Mulheres
∎ SÃO PAULO
COTIA
Damião Carlos vice-presidente do PSOL Cotia
Joselina Oliveira “Jô” candidata a vereadora, Executiva Municipal do PSOL, movimento de moradia
Matheus Lima diretor estadual da APEOESP e coordenador da Subsede de Cotia
Vanessa Silva candidata a vereadora, Setorial de Mulheres do PSOL e conselheira da APEOESP subsede
Vitor Ferreira candidato a vereador, Executiva Municipal do PSOL, diretor do Sindicato dos Funcionários Públicos
DIADEMA
Cristiane Tibúrcio “Crisinha” movimento de Saúde, diretora do Sindicato dos Funcionários Públicos
SÃO PAULO | ZONA LESTE
Felipe Almeida conselheiro da APEOESP, movimento popular
João Carlos Luz APEOESP
Josafá Rehem diretor estadual da APEOESP, Diretório Estadual do PSOL
Maria Aparecida Sales “Cidinha” Diretora do SINPEEM
Marcos Cesar conselheiro da APEOESP, Setorial de Negros e Negras do PSOL
SÃO PAULO | ZONA OESTE
Ana Morbach “Aninha” PSOL São Paulo
Bruno Ranieri PSOL São Paulo
Eduardo Amaral Setorial LGBTT do PSOL e movimento de Educação
Fernanda Fazzoli PSOL São Paulo
Guilherme Flynn Movimento novas tecnologias
Laura Cymbalista Coletivo Nacional de Mulheres do PSOL, Executiva Estadual do PSOL-SP, diretora do SINPEEM
Pedro Malavolta Oposição do Sindicato dos Jornalistas
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