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Universidade Estadual de Maringá 02 a 04 de Dezembro de 2015
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O CONCEITO DE EDUCAÇÃO POPULAR NA PROPOSTA EDUCACIONAL DE SIMÓN BOLÍVAR
DANCINI, Alex de Novais PEREIRA MELO, José Joaquim
1 Introdução
Este projeto de tese tem o objetivo de analisar o conceito de educação
popular na proposta educacional de Simón Bolívar, formulada durante a guerra
de independência da América espanhola. Como presidente de várias
repúblicas que foram se formando, conforme os espanhóis iam sendo
derrotados, Bolívar se tornou um estadista que colocou no centro da
administração do Estado republicano a problemática da educação. Entretanto,
a origem social de Simón Bolívar ainda hoje é objeto de questionamento sobre
sua ação política e serve parar argumentar, por exemplo, que sendo ele um
crioulo, classe economicamente dominante na época, não poderia elaborar
e/ou (tentar) executar uma proposta educacional que tivesse algum apelo
popular. A hipótese de trabalho é que Bolívar pertencia ao setor criollo, cujo
pensamento expressava progressos políticos para a Venezuela, ainda que não
propusesse mexer nas estruturas sociais de sua época. Este pensamento se confrontava com frações do setor criollo que ou não queriam romper
formalmente com a Espanha, pois entendiam que as forças sociais dos
movimentos oriundos dos setores pardos, negros e índios podiam se aproveitar
da guerra para requerer espaço político e econômico, ou aceitavam a ruptura
formal, mas sem realizar nenhuma reforma social sequer.
Dentre os avanços sociais em disputa estava a popularização da
educação escolar que até 1810 estava sob a responsabilidade da Igreja ou das
famílias proprietárias de terras, configurando-se como uma educação clerical
ou doméstica. Esta configuração excluía completamente os setores populares
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da possibilidade de acesso à educação formal, uma vez que a educação
oferecida pela Igreja aos campesinos e escravos reduzia-se aos rudimentos
elementares da leitura e da escrita para catequizá-los.Por exemplo, entre os índios que viviam nas Encomiendas, a educação era de responsabilidade da
Igreja, que ensinava a língua espanhola e a instrução religiosa a um menino
dentre cinquenta, para que este pudesse divulgar a fé aos demais indígenas
(FARIAS, 1966, p. 87).
Na sociedade colonial, os pardos, negros e mestiços eram proibidos de frequentar espaços públicos como igrejas, cabildos e fazer parte do exército.
Havia milícias compostas somente por negros, pardos e mestiços, mas os
comandantes, obrigatoriamente, tinham de ser brancos (QUINTERO, 2009).
Nesta sociedade estamental, a escola era também um espaço proibido por lei e
por costumes àqueles que pertenciam aos setores populares (SORIA, 2011).
A independência não trouxe transformações na relação de propriedade,
já que o setor que iniciou e conseguiu terminar a guerra no controle de todo processo, isto é, os criollos, não propôs, em momento algum, modificações nas
relações de propriedade. Como analisa Andre Gunder Frank (1971), os criollos
queriam controlar a alfândega, o tesouro público, as rendas fiscais, os altos
cargos públicos, o exército, os impostos sobre importação e exportação, numa
palavra, o aparelho estatal reformado a partir da estrutura do Estado colonial
que os dominava.
Mas, se a independência não trouxe mudanças nas relações de
propriedade, ao menos possibilitou a abertura das relações políticas que, na
Venezuela, significou o contraponto de ideias econômicas e políticas entre
frações dos setores dirigentes. Essas frações são adjetivadas a partir daquilo
que se convencionou denominar na América Latina de liberais e
conservadores.Embora as duas denominações se refiram a um mesmo núcleo
da sociedade, cuja característica predominante é ser proprietário dos meios de
produção dos bens necessários à reprodução da vida humana, deve-se
considerar que há diferenças históricas e ideológicas, ainda que sutis, entre
elas.
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Na Venezuela, o conflito entre liberais e conservadores começa antes da
morte de Simón Bolívar, em 1830. A oposição que enfrentou entre aqueles que
outrora comandaram fileiras de seu exército, como os generais Francisco de
Paula Santander e José Antonio Paez, é um sintoma do acirramento dos
interesses entre liberais e conservadores. Em 1846, na insurreição camponesa
liderada por Ezequiel Zamora, um dos dirigentes do Partido Liberal
venezuelano, o general Paez, antigo homem de confiança de Bolívar e, depois
da independência, seu opositor político, foi um dos principais responsáveis por
derrotar o levante camponês e manter intacto, não por muito tempo, o poder da
oligarquia venezuelana (FERREIRA, 2006).
Por outro lado, com a independência, a divisão racial existente entre os criollos e os pardos, negros e mestiços ganhou uma nova conformação. Antes
da independência, os setores populares da colônia se defrontavam com dois
inimigos políticos e sociais, já que no âmbito das leis espanholas eles estavam
proibidos da mobilidade social que os brancos tinham, e, ao mesmo tempo, enfrentavam o preconceito social arraigado nos costumes criollos.
A proclamação da república, inspirada nos ideias iluministas igualou,
ainda que no âmbito das leis, todos os cidadãos pertencentes a ela. No calor
da guerra, os patriotas conquistavam o apoio dos populares, utilizando
documentos da Coroa, os quais apresentavam o pensamento segregacionista
espanhol. Como contraponto, mostravam as atas das proclamações das
independências, nas quais constava a igualdade racial (LASSO, 2010). A
desigualdade racial continuou existindo na prática social dos venezuelanos,
tanto é que existe em grande escala até hoje, mas a dinâmica da luta entre as forças sociais representadas de um lado pelos criollos e de outro pelos setores
populares foi contraditoriamente ampliada pela limitada igualdade jurídica.
O confronto de forças sociais existente na Venezuela no período colonial
foi reconfigurado após a independência formal. Se a estrutura social não foi
transformada, mudanças importantes nas relações sociais que estabelecem a
mediação entre sociedade civil e Estado ocorreram (QUINTERO, 2009).
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É nesta base complexa de transformações políticas e sociais que
começou a ser organizada a educação escolar venezuelana como instituição
do Estado republicano. À frente desta tarefa estava Simón Bolívar, militar e
estadista que, ao longo de 14 anos de guerra contra os espanhóis, procurou
entender a dinâmica específica da formação dos estados nacionais na América espanhola a partir da configuração social sui generis existente aqui em relação
aos Estados Unidos e à Europa, dois territórios que haviam realizado a
transição para a democracia republicana.
Simón Bolívar colocava a educação da república como a primeira
preocupação que o Estado deveria ter. Seu pensamento sobre educação
adquiriu um caráter universal, gratuito e obrigatório em um período em que a
defesa da educação estatal para os setores populares não havia se
concretizado (ARRIADA; NOGUEIRA; VAHL, 2012).
O desafio de se compreender a proposta educacional de Simón Bolívar
e apreender o seu conceito de educação popular consiste na postura
metodológica e teórica, à medida que o movimento e a historicidade do objeto
devem ser abstraídos, entendidos e respeitados em sua dinâmica. Por isso, a
história da educação venezuelana, assim como a de toda a América Latina,
pode oferecer instrumentos teóricos e históricos para se pensar a práxis
educacional da atualidade. Os desafios da educação pública enfrentados pela
região na atualidade mantêm relação com a historicidade colonial e com os
desdobramentos da formação dos estados nacionais e o papel que a educação
pública assumiu nesse período.
É com este intuito que se pretende compreender o objeto em questão,
contribuindo para o debate histórico e necessário sobre a educação pública no
continente latino-americano.
2 Justificativa
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Este projeto de tese justifica-se na medida em que pretende contribuir
com o campo da historiografia da educação, produzindo conhecimento sobre
um período da história da Venezuela, cuja dinâmica social e desenvolvimento
dos acontecimentos históricos, envolvendo a educação, são cruciais para se
entender a história da educação venezuelana da segunda metade do século
XIX, de todo o século XX e sua atualidade histórica.
As guerras de independência da América espanhola não resolveram os
problemas sociais existentes na colônia. Na Venezuela, a continuidade do
regime escravocrata e da centralização da propriedade fundiária, por exemplo,
saíram deste processo intactos, ainda que as disputas sociais envolvendo o
trabalho escravo e a reforma agrária tenham se acirrado durante e depois da
independência.
Nesse contexto está também a educação pública. De uma educação
clerical e doméstica que existia no período colonial, as guerras de libertação
trouxeram, junto com o Estado republicano, a proposta de uma educação
pública universal, laica e gratuita.
Simón Bolívar, na Venezuela, por estar à frente do poder estatal durante
quase todo o período de guerra e pós-guerra até a sua morte (1830), foi um
dos primeiros responsáveis por organizar a educação escolar venezuelana sob
orientação republicana e liberal.Compreender a proposta educacional
bolivariana é entender como os setores dominantes do início do século XIX
pensavam o papel da educação em seu tempo presente e no devir histórico do
país e qual foi a participação dos setores populares, índios, negros, pardos e
mestiços, nesse processo. Ressaltando, uma vez mais, que este setor
dominante não era ideologicamente homogêneo, aspecto reproduzido pelos
projetos educacionais desenvolvidos ao longo do século XIX.
Este projeto de tese justifica-se, portanto, pelo compromisso de se
produzir um conhecimento sobre o papel que Simón Bolívar teve ao se
empenhar, como ele próprio afirma, em popularizar a educação,
compreendendo sua concepção de educação popular no início do século XIX.
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Como objetivo geral, tem-se a análise do conceito de educação popular
presente na proposta educacional de Simón Bolívar, no período em que foi
líder do exército independentista e Presidente da Grã-Colômbia. Para se
chegar a esse objetivo geral, é necessário analisar, dentre outros fatores que
possam surgir ao longo da pesquisa, como era a educação no período colonial
da Venezuela; o processo histórico que resultou na independência política da
Venezuela; quais eram as diferenças ideológicas existentes nas frações do setor criollo em relação ao projeto de desenvolvimento nacional e identificar
qual projeto Bolívar defendia. Ademais, pretende-se identificar se havia e, uma
vez existindo, quais eram as reivindicações dos setores populares relacionadas
à educação; analisar como se desenvolveu a relação entre Bolívar e os setores
populares durante e depois da guerra de independência e, por fim, analisar se
a proposta educacional bolivariana tinha um caráter popular para seu tempo
histórico.
3 Breve revisão da literatura e fundamentação teórica
O ideário bolivariano está contido nas Obras Completas, conjunto de 27
tomos, cuja produção e conservação se deram devido ao trabalho de alguns
amigos de Bolívar, aos quais eram ditados os decretos, discursos e as cartas
pelo próprio líder do exército da independência. Destacou-se, neste ofício, o
também general O’Leary, que conservou os escritos de Bolívar, mesmo contra
a vontade deste, que, em seu próprio testamento, ordenou que seus escritos
fossem destruídos. Estes documentos foram organizados e estão guardados na Casa de Nascimento do Libertador, pela Sociedad Bolivariana de
Venezuela, no centro de Caracas, constituindo-se como El Archivo del
Libertador. Neste grupo está também o historiador contemporâneo José Luis
Salcedo-Bastardo. Em seu livro El Primer Deber, Salcedo-Bastardo reuniu
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todos os documentos – 184 documentos - de que se tinha notícia até meados
da década de 1970 escritos por Bolívar sobre educação e cultura.
Além da conservação do que se pode chamar de fontes primárias,
existem biografias que possibilitam reconstruir sua trajetória política e militar,
configurando-se em fontes secundárias. Mantendo a regularidade sobre a
historiografia bolivariana, há biógrafos alinhados à construção da figura heroica
e há aqueles que são considerados os detratores de Simón Bolívar. Em relação
aos pró-bolivarianos, merecem destaque os latino-americanos Felipe Larrazábal, com os três tomos da obra Simón Bolívar vida y escritos del
Libertador, e Vicente Lecuna com a Crónica Razonada de las Guerras de
Bolívar, cujas obras representam o que há de mais detalhado sobre a vida e a
ação de Simón Bolívar. Por outro lado, tem-se o espanhol Salvador de
Madariaga que, nos dois tomos de Bolívar, configura-se como o principal autor
que contesta as virtudes heroicas do líder independentista da América
espanhola.
Dentre os comentadores da obra e da ação de Simón Bolívar, destacam-se Miguel Acosta Saignes, cuja obra Bolívar acción y utopia del hombre de las
dificultades permite entender desde como se organizava a produção
econômica da Venezuela antes da guerra de independência, passando pelas
relações de Bolívar com os setores populares, até as dificuldades políticas
enfrentadas por Bolívar no final de sua vida. Sobre o pensamento político bolivariano, pode-se citar Bolívar y el pensamento político de la revolución
hispano-americana, de Victor Belaunde. Para este autor:
Bolívar no imita ni sigue ciegamente determinadas corrientes; él presenta una concepción de incuestionable originalidad y fuerza. Otros seguirán las corrientes predominantes: jacobinismo, federalismo, tradicionalismo monárquico, imperialismo o dictatorialismo. A diferencia de los ideólogos americanos, Bolívar encarna el Programa de la democracia orgánica, jerarquizada y técnica, frente a las corrientes del democratismo individualista o de la reacción monárquica (BELAUNDE, 1977, p. 13).
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O francês Pierre Vayssière em seu recente livro, Simón Bolívar: el sueño
americano, também contribui para a análise da ação política do líder
independentista sob um ponto de vista em que o ideal heroico não se
apresenta.
Para se compreender a história da Venezuela, dois autores são fundamentais. Gillermo Moron em Historia de Venezuela apresenta um relato
que compreende desde a Venezuela pré-hispânica até inícios dos anos 1980. Ainda mais completo é o livro do historiador Salcedo-Bastardo: Historia
fundamental de Venezuela. Sem deixar de lado os aspectos históricos mais
importantes da Venezuela, o autor destaca os aspectos culturais que fizeram
parte da constituição da nação venezuelana.
Outro autor importante é Federico Brito Figueroa, historiador com duas
obras essenciais para a apreensão da história da Venezuela: Historia
económica y social de Venezuela (quatro tomos), e A proposito de las clases
sociales en Venezuela (1986). Eduardo Arcila Farias com El regimen de la
encomienda en Venezuela(1966)também se mostra como bibliografia
indispensável.
Diante da produção teórica que envolve a práxis bolivariana e que
apresenta a constituição histórica da Venezuela, cabe estabelecer a relação
entre a realidade que será analisada, da qual o objeto é produto e na qual ele
se insere, ao mesmo tempo, como produtor desta mesma realidade. Procurar
as particularidades do objeto, mas buscar entendê-lo dentro de uma relação
histórica e social ampla, da qual o objeto e a realidade que ele compõe são
diferentes, mas ao mesmo tempo uma composição social unitária da história.
4 Descrição e fundamentação de metodologia a ser utilizada
A análise que se pretende realizar da proposta educacional de Simón
Bolívar insere-se na complexa teia de relações sociais que emergiram da
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guerra de independência da Venezuela. A compreensão do papel político dos
setores sociais venezuelanos do início do século XIX e os interesses que
estavam em jogo não é algo simples e que pode ser resolvido com afirmações
genéricas segundo as quais tudo o que a independência formal produziu foi
prejudicial aos setores populares, uma vez que o processo político da guerra foi controlado pelos criollos.
Existem questões a serem respondidas e que contribuirão para se
compreender o objeto desta pesquisa, a proposta educacional de Bolívar e,
mais especificamente, seu conceito de educação popular, como também este
histórico processo da libertação política da Venezuela. Dentre estas questões,
as mais importantes são: a) Como era a educação dos setores populares no
período colonial? b) Como estavam distribuídas as frações que compunham os
setores populares no que diz respeito ao trabalho, à educação, à política e às
relações de castas e estamentos. E mais, é possível ter uma só resposta para
se referir a índios, negros, pardos, mestiços e zambos? c) Como era a
organização política destes setores, ela existia? d) Quais as reivindicações
políticas e sociais destes setores, inclusive com relação à educação? e) Por
que estes setores não fizeram da Venezuela um segundo Haiti? Referindo-se ao outro lado da pirâmide social, os criollos: a) é possível
homogeneizar este setor do ponto de vista de estratégias de desenvolvimento
social e econômico, como setor social econômica e politicamente dirigente? b)
Qual a importância que este setor dava à educação, como fator de
desenvolvimento social e econômico? c) Como os dirigentes políticos, como
Bolívar, pensavam o desenvolvimento do país, pois a educação, pensada pelos
setores dirigentes, é desenvolvida de acordo com o plano de desenvolvimento da nação. d) Bolívar propôs uma educação pública para os criollos ou sua
proposta tinha um alcance nacional, republicano, ou seja, a todo e qualquer
cidadão?
As respostas a tais perguntas, e outras mais que surgirão ao longo da
pesquisa, possibilitarão entender melhor este período histórico da Venezuela e
situar qual foi o papel político e social de Simón Bolívar nesse período. Sendo
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assim, a caracterização da proposta educacional bolivariana tem de passar
pela análise histórica do objeto, situando-o em seu devido tempo e espaço,
sem que se deixe contaminá-lo com julgamentos, muitas vezes, a-históricos.
Por isso, o conceito de educação popular presente na proposta
bolivariana de educação deve ser apreendido considerando as mediações da
época histórica da qual emerge. O conceito de educação popular com o qual se
depara hoje tem um sentido determinado pela historicidade que lhe é própria e
que pertence ao século XX. No caso de Simón Bolívar, o primeiro cuidado que
se deve ter é não transpor conceitos atuais a uma época em que as instituições
do Estado moderno e as relações sociais com base no trabalho assalariado
generalizado e a industrialização estavam começando a dar seus primeiros
passos na Venezuela e na América espanhola de um modo geral. Deve-se,
portanto, situar o conceito em um momento histórico em que era escassa a
existência de escolas, de professores e a educação pública pouco atraía os
setores populares, já que a relação entre educação formal e trabalho ainda não
fazia muito sentido para um setor produtivo nacional com base na exportação
de produtos agrícolas.
5 Originalidade da temática investigada
No Brasil, a obra de Simón Bolívar é pouco estudada, como mostra um
levantamento prévio no portal de Banco de Teses da CAPES e nos principais
periódicos de História da Educação do país.
A pesquisa no portal Banco de Teses da CAPES resultou em oito teses
e dissertações. Desse número, sete são dissertações de mestrado e uma é
tese de doutorado. Em relação ao conteúdo dos trabalhos encontrados, o tema
nacionalismo predomina, aparecendo em quatro dissertações. A análise da
apropriação histórica da figura e do pensamento de Simón Bolívar por Hugo
Chávez aparece em três dissertações; em uma tese é abordada a política
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externa entre Brasil e Venezuela e, em uma dissertação, discorre-se sobre as
transformações sociais e culturais realizadas por meio da cultura musical na
Venezuela. Ou seja, não foi encontrado nenhum resultado relacionado,
especificamente, à educação pública.
No Portal de Periódicos da CAPES, não se encontrou nenhum trabalho
cujo conteúdo estivesse diretamente ligado os pensamento educacional de Bolívar. Já no portal da Revista HISTEDBR on line, a pesquisa considerou as
publicações da revista nos últimos 10 anos e não encontrou nenhum trabalho
sobre educação venezuelana no século XIX.Na Revista Brasileira de História
da Educação (RBHE) também foram pesquisados artigos dos últimos 10 anos e o resultado foi o mesmo obtido no levantamento da Revista HISTEDBR on
line.Esta pesquisa revelou que o tema proposto pelo referido projeto de tese
mantém a exigência de sua originalidade no Brasil.
6 Referências
ARRIADA, Eduardo; NOGUEIRA, Gabriela Medeiros; VAHL, Mônica Maciel. A sala de aula no século XIX: disciplina, controle, organização. In: Conjectura, v. 17, n. 2, p. 37-54, maio/ago. 2012. BELAUNDE, Victor Andres. Bolívar y el pensamiento político de la revolución hispanoamericana. 4. ed. Lima: P. L. Villanueva, 1977. FARIAS, Eduardo Arcila. El regimen de la encomienda en Venezuela. 2. ed.
Caracas: Universidad Central de Venezuela, 1966. FERREIRA, Carla Cecília Campos. Ideologia Bolivariana: as apropriações do legado de Simón Bolívar em uma experiência de povo em armas na Venezuela. O caso da Guerra Federal (1858-1863). 188 f. Dissertação. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2006. FIGUEROA, Federico Brito. Historia económica y social de Venezuela. Caracas: Universidade Central de Venezuela, 1987.
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____________. A proposito de las clases sociales en Venezuela. Caracas: Universidad Santa Maria, 1986. GUNDER FRANK, André. Lumpen-burguesia: lumpen-dsenvolvimento. Porto: Portucalense Editora, 1971. LASSO, Marixa. Guerra Racial e Nação na Gran Colômbia caribenha, Cartagena, 1810-1832. In: Estudos Ibero-Americanos, PUCRS, v. 36, n. 1, p. 179-207, jul./dez. 2010. QUINTERO, Inés. A independência da Venezuela: resultados políticos e alcances sociais. In: Revoluções de independências e nacionalismos nas Américas: Nova Granada, Venezuela e Cuba. PAMPLONA, Marco A.; MADER, Maria Elisa (org). São Paulo: Paz e Terra, 2009). SORIA, Jaika Tejada. Pulperos pardos y independência em Venezuela: 1812-1814. In: Revista Historia y Memoria, vol. 2, 2011, p. 53-67.
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