View
221
Download
0
Category
Preview:
Citation preview
1
O mundo moderno no liquidificador
RESUMO: O texto traz uma breve resenha de pontos destacados na sociedade pós-
moderna e que se aglutinam em torno do consumo planejado e induzido, pela atividade
comercial; além de aspectos relacionados ao controle social repressivo, pelo viés estatal.
Este conjunto se potencializa na forma de mecanismos de exceção do atual estágio
societal verificado no entrelaçamento entre Sociedade – Estado (direito) – Capital.
Palavras-chave: vigilância líquida, consumismo; sociedade de controle; meios de exclusão/exceção.
Dois modelos ideais que se entrecruzam
Se uma particularidade da sociedade de controle (em rede) é a aplicação do
sistema panóptico (Foucault, 1987) – adestramento e docilidade –, a prisão, as escolas, a
formação militar e religiosa e os demais sistemas fechados, obviamente, são expressões
da disciplina que se impõe no sistema produtivo:
É preciso que o prisioneiro possa ser mantido sob um olhar
permanente; é preciso que sejam registradas e contabilizadas todas as
anotações que se possa tomar sobre eles. O tema do Panóptico — ao
mesmo tempo vigilância e observação, segurança e saber,
individualização e totalização, isolamento e transparência —
encontrou na prisão seu local privilegiado de realização (Foucault, 1987, p. 221 – grifo nosso).
O olhar é condicionador, mas a sociedade maquínica não pode ser reduzida a um
só instrumento ou mesmo técnica: engenharia de poder, burocracia. Porém, se é no
panóptico que a sociedade maquínica encontra uma forma privilegiada de realização, ao
menos no tempo de Foucault, então o próprio sentido industrial seria balizado por ele.
Por isso, é perfeitamente possível dizer-se que, se a religião e a educação escolar
não dão jeito no indivíduo, no sentido produtivo que se espera para o proletariado, então
a prisão dará. O grave, no entanto, é que, transportadas à vida comum do homem médio,
quando vêm equipadas do sistema panóptico, as medidas ampliam-se como mecanismos
de controle global e não permanecem adstritas ao grupo social observado:
A prisão não é uma oficina; ela é, ela tem que ser em si mesma uma
máquina de que os detentos-operários são ao mesmo tempo as
engrenagens e os produtos; ela os “ocupa” [...] Se, no fim das contas,
o trabalho da prisão tem um efeito econômico, é produzindo
indivíduos mecanizados segundo as normas gerais de uma
sociedade industrial [...] Fabricação de indivíduos-máquinas, mas
também de proletários; efetivamente, quando o homem possui apenas
2 “os braços como bens”, só poderá viver do “produto de seu trabalho,
pelo exercício de uma profissão, ou do produto do trabalho alheio, pelo ofício do roubo”; ora, se a prisão não obrigasse os malfeitores ao
trabalho, ela reproduziria em sua própria instituição, pelo fisco, essa
vantagem de uns sobre o trabalho de outros (Foucault, 1987, p. 216 – grifo nosso).
O Direito Penal por seu cunho repressor tem destaque imediato quanto à
validação dos sistemas fechados. Todavia, vendo-se o Direito um como sistema
fechado, o mecanismo regulador e repressivo não será diferente em termos de
condicionamento sistêmico e produtivo sob a luz do Direito Civil, sobretudo, a partirda
prontidão regulatória aposta a serviço do patrimonialismo.
Isto valia como modelo típico ideal – atualizando-se Max Weber (1979) – para
que a sociedade controlativa funcionasse como sociedade produtiva. Porém, quando se
reverberou como sociedade em rede, em que os meios de controle são pulverizados para
além dos sentidos do sujeito controlado, os sentidos “normalizados/normatizados” de
trabalho, política, convivialidade, produção, comunicaçãoforam fortemente alterados.
Ainda que controlados à distância, os produtores do trabalho social podem se
dedicar ao trabalho vivo (criação), por exemplo, não se limitando a produção ao estágio
do Princípio da Hierarquia e ao resultado do trabalho morto (mercadoria). Sobretudo na
informática, o trabalho morto de hoje, é o trabalho vivo de amanhã; de dia, um analista
de sistemas e, à noite, é um hacker invadindo o sistema produtivo para justificar sua
anterior contratação.
O Brasil é um caso particular
No caso brasileiro, tendo-se o sistema panóptico por referência, e como nossa
visão é punitivista, a prisão nunca será uma alternativa para o caso de o restante não
funcionar. A punição como vingança social das elites é a própria regra cega do controle
social, sempre ressurge ou se (re)afirma como modelo a ser seguido. Basta ver que
pobres e negros (desempregados) são punidos até hoje por Crime de Vadiagem
(contravenção penal), pois, historicamente, a prisão sempre foi a regra de ouro do
controle social.
3
No entanto, é cinismo dizer que os “vadios” excluídos de tudo ainda são
incluídos na cadeia1, exatamente, pelos efeitos provocados por sua exclusão, como o
desemprego e a miséria e que, certamente, presos, estarão ainda mais excluidos do
trabalho e do Político. Inclusive porque – devido ao atraso conceitual, mera ideologia ou
desvio epistemológico –, no Brasil, estuda-se Foucault (1987) como manual de
obediência ou cartilha punitiva e nao como crítica aos modelos de controle social.
Subvertemos a sutil colocação de que “as prisões são um mal necessário”, para
realocá-las como Bem Maior do sistema capitalista. Se pensarmos que temos a terceira
maior população carcerária do mundo, contabilizando todas as formas de restrição da
liberdade, é fácil perceber porque tanto se fala em privatização do sistema carcerário.
Afinal, na vida prática, já privatizamos o sistema penal, com as torturas
institucionalizadas e os linchamentos públicos.
Desse modo, no Brasil, a prisão e os sistemas ou aparatos repressivos de Estado
têm sentidos mais vastos e devastadores. Num país que sempre teve o açoite como regra
desde a escravidão - e uma herança maldita que nos persegue desde então -, com
milhares na condição de lumpemproletariado, o trabalho não é mais uma expectativa ou
categoria sociológica: estão relegados como “inimpregáveis”. E são esses mesmos que
servirão de massa de manobra do crime organizado.
O próprio trabalho se converteu em discurso elitista/fascista – e daí o cinismo –
porque esses milhares (quem sabe milhões) de “vadios excluídos” estão completamente
alijados do mesmo mundo do trabalho que a lei obriga. Portanto, o aprisionamento no
Brasil– especialmente a prisão por vadiagem – não é somente um mecanismo de
docilização para o trabalho submisso, é um mecanismo de exclusão por completo.
Do ser social ao colaborador da mais-valia
Em virtude da incidência das mais graves formas de exclusão da vida social e
produtiva que se contabilizam no estágio atual do capitalismo, a socialização, a
interação, as formas de sociabilidade elementares que os clássicos da Teoria Social
(Rousseau, 1987) sempre apontaram para o humano, como ser social, parecem perdidas.
1http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/sp/2012-05-30/defensoria-pede-habeas-corpus-para-moradores-
de-rua-do-interior.html.
4
Mais da metade da população mundial, cerca de quatro bilhões de pessoas, está
fora do Estado de Direito2. Portanto, a anomia que era exceção para o indivíduo, mesmo
que residente no interior de um sistema entrópico, afirma-se como regra. Pela lógica: se
mais da metade da população mundial está fora do alcance do Estado de Direito, logo,
estão submetidos ao Estado de Exceção. Além disso, a sociabilidade se rende à
mercadoria, a coletividade se curva à propriedade privada (Rousseau, 1988), restando a
mercantilização e o direito punitivo que vai de encontro aos “não-proprietários”.
Ou seja, o até então ambientado ser social torna-se anômico, a-social, anti-social
– o que também parecia um absurdo retórico até o século XX –, e, mesmo na condição
de sujeito inserido no mundo do trabalho/produção, precisa ser lembrado
constantemente dos feitos da sociabilidade, da potência de integração social, da inerente
interação social do homo sapiens. Com mais de 40 milhoes de refugiados/exilados no
mundo todo, agora iniciamos a fase de massificação da derrota do ser gregário. Sem
território e adensamento cultural, padecemos pela falta do Nomos da Terra – e outra vez
encontramo-nos com a anomia.
Diante disso, e, como não consegue retormar sozinho o que o sistema produtivo
retirou (em nome do lucro), o indivíduo incapaz da sociabilidade tem de se contentar em
ser um sujeito pró-ativo. Não somos mais seres sociais, somos sociáveis, na forma do
colaborador e expectador da vida social.
O resultado dessa conversão é que, também, não colaboramos com a sociedade –
como seres sociais – mas, unicamente, com a (re)produção. Resignamo-nos como
colaboradores ensimesmados que não refutam em atuar para o bem da extração da mais-
valia. Por efeito das formas mais variadas de exceção/exclusão aplicadas como
mecanismos de controle social, a autonomia se metamorfoseou em auto-extração da
mais valia3; bem como a anomia gerada pelo sistema global do capital aprimora
múltiplas formas de excessivo controle societal. Alijado do Político – como espaço
público que fora privatizado – o ser sociável, domável, será espectador do teatro da
política.
Sociedade de controle pró-ativo
2http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL588155-5602,00-
MAIORIA+DA+POPULACAO+MUNDIAL+ESTA+EXCLUIDA+DO+ESTADO+DE+DIREITO+DIZ +ONU.html. 3 Exemplo trazido pelo usuário do Google.
5
Em paráfrase a La Boetié (1986), há uma servidão voluntária4 do tipo “faça você
mesmo” (Bauman, 2013, p. 29). Mesmo excluídos pela exceção – excluídos do Político,
mas incluídos na economia de consumo – há uma alegria em ser notado.
Até prisioneiros postam fotos animadas do interior das celas ou, ainda soltos,
posam com armas e riquezas. Nesse ponto, o privado dominou o público, mas ao custo
da própria privacidade – uma vez que nao há mais invisibilidade e anonimato. Como
tudo é publicizável, e nada é mais sigiloso, sucumbiram o público e o privado.
Por seu turno, na modernidade clássica, a Razão de Estado sobreviveuà base dos
segredos de Estado (os arcana imperii), as alcovas do poder por onde se movimentava
com fluidez a iminência parda. Mas, na Modernidade Tardia, em relativa substituição
aos segredos, o poder move-se na velocidade de um sinal eletrônico e, por isso, seria ora
rizomático5 ora pós-pan-óptico – o banóptico. Portanto, superando-se Foucault
(Bauman, 2013). Hodiernamente, o anseio de controle abusivo – estatal e empresarial –
naturaliza a extração de informações e induz outras, como via de mão única que
pavimenta a obediência.
Em tempos sem segredos, a rede já substitui o vocábulo sociedade. De
substantivo, passou a adjetivo: o ser social é agora pró-ativo (ou não é nada, “um-
nada”). Na “sociedade dos indivíduos” – dos que não se percebem como “ser social” –
todos tornam-se produto e produtores da mesmice massificada e individualista.
O indivíduo, assim, apresenta-se totalmente objetivado. De Sujeitos Iluminados
– como um fim em si mesmos (Kant, 2003) – sujeitamo-nosna condição de inominados;
de sujeitos a sujeitados. De objetivos a objetos. De cidadãos do mundo (Kant, 1990), a
indivíduos sem lugar. De sujeito impar, como uma unidade biológica e psicossocial sem
equivalentes, vemo-nos como páreas, excluídos dos sentidos políticos. De zoon
politikóna aneu logou(Arendt, 1991) – e de volta ao passado. Venditio ad corpus: “Venda conforme a coisa”.
A sociedade de controle, ao utilizar drones militares, por exemplo, afastando-se
a morte dos soldados aliados e invasores, eleva a guerra para uma “era pós-heróica” (Bauman, 2013, p. 26). Sem objetivo – mas objetivados – os soldados participam de
4 “Tal é a fraqueza humana: temos frequentemente de nos curvar perante a força, somos obrigados a
contemporizar, não podemos ser sempre os mais fortes” (La Boétie, 1986, p. 21). 5 “Um rizoma não começa e nem conclui, ele se encontra sempre no meio, entre as coisas, inter-ser,
intermezzo. A árvore é filiação, mas o rizoma é aliança, unicamente aliança. A árvore impõe o verbo “ser”, mas o rizoma tem como tecido a conjunção “e...e...e...” (...) Entre as coisas não designa uma correlação localizável que vai de uma para outra e reciprocamente, mas uma direção perpendicular, um
movimento transversal que as carrega uma e outra, riacho sem início nem fim, que rói suas duras margens
e adquire velocidade no meio” (Deleuze, 1995, p. 37).
6
uma guerra sem aura (Benjamin, 1987), sem heroísmo ou culpa. O mesmo sentirá o
sujeito sem Ilustração que assiste fanatizado a morte como se participasse de jogos de
videogame – poucos assistirão à morte programada ou aos derrotados da guerra civil
global.
Dóceis para consumir o que o poder desejar
A sociedade em rede (Castells, 1999) não se contenta em exigir atenção, é
preciso fabricar desejos e atrair demandas e clientes vorazes. O consumismo se
metemorfoseia na própria mercadoria, ao produzir em si as habilidades vendáveis. Nisto
que também será uma atualização do fato social (Durkheim, 1999) pós-moderno. Há
uma coerção irresistível– superior a qualquer temor reverencial reconhecível pela
Tradição – para consumir e para controlar. Todos são colaboradores/controladores.
E nessa efervescência ocorre o disponibilizar-se para a o controle, uma
particularidade dos seres modernos, sujeitos à vigilância banóptica (BAUMAN &
LYON, 2013).
Não só “o meio é a mensagem6”, como o meio – a informatização e a
financeirização do capital – é o fim; tal qual a exceção é o meio, e o fim é o poder7.
Entretanto, é preciso reconhecer que as novas tecnologias foram e são estimuladas pela
volatilidade do capital financeiro que penetra facilmente na soberania territorial8.
Em decorrência do uso descontrolado desses capitais, devoramos o planeta –
com taxas crescentes de consumo induzido e planejado –, aproveitando o presente mas
hipotecando o futuro. Consumimos tudo, do passado ao futuro. Mas, se não há passado,
para que cultura? Se não há teleologia, para que pátria, Estado, nacionalidade9?
6 Para McLuhan a televisão contém o cinema: um meio contém outro meio. Contudo, vemos em
Benjamin (1987) que o cinema é a própria aniquilação do teatro, ou seja, um meio pode conter outro, mas devorando sua “aura”. Assim, se os meios de comunicação são extensões humanas, o controle das mídias de comunicação de massa implica em controle extensivo do Homem. E preferir o entretenimento ao Político é apenas uma das aparições controlativas que se exerce sobre o zoonpolitikóne que agora é o consumidor indignado como “cidadão do sofá” (Martinez, 2001). Na política global, o meio de exceção é a mensagem do poder e, por fim, é por isso que a exceção é a regra (Agamben, 2004). 7 Se bem que, no caso da autocracia – cesarismo, bonapartismo –, a exceção parece ser colocada como fim em si. Dado o apego extremo ao poder, o culto à personalidade é tamanho que há apologia à exceção: Hitler podia dizer, soberanamente e desbragadamente, que a lei era ele (Fest, 1976).
8 Não é à toa que a Bolsa Nasdaq é especializada em empresas de tecnologias. 9Borges analisa características do individualismo que corrompe a cultura argentina, mas serve-nos como
indicador global do estado da arte diante do Político: “O nacionalismo pretende nos encantar com a visão
7
Do cidadão solidário – presente nas cartas de direitos humanos e nas
constituições democráticas – ao cidadão solitário foi um pulo e, certamente, um passo
decisivo diante da sociedade de consumo que se enredou. Assim, os panópticos
restantes servem à retenção e ao confinamento dos “indesejáveis e excluídos” do mundo
da produção (Bauman, 2013, p. 58). Como se estissem em verdadeiros assentamentos
de sitiados, mais de 40 milhões de pessoas padecem da (i)migração (i)legal.
O controle remoto da exceção
Do lado da produção, os dominados não só desejam a dominação (Weber, 1979),
como devem fazer o trabalho dos dominadores. E novamente entra em cena a figura da
servidão voluntária (La Boétie, 1986): da imposição à tentação, da regulação normativa
à reclusão, do policiamento e do Pensamento Único à incitação do desejo compulsivo.
Por isso, sem escolha possível no mundo do trabalho e nos mercados, os pobres são “desterrados” do espaço público e guetualizados (Wacquant, 2003). Se não é mais
possível, resta um indivíduo passível.
Como funções estratégicas da arquitetura do controle ban-óptico está o uso
previsível e contínuo da exceção: incrementar poderes excepcionais em sociedades
liberais, na forma-Estado de Emergência10
; traçar perfis e excluir hostis, com a força de
lei prevista no crime de pessoa e no tipo penal em branco; “normalizar” grupos
humanos ainda não excluídos (Bauman, 2013, p. 63).
As tecnologias atuais de vigilância são, portanto, pontos bem ajustados à
exceção: cerco interno – confinamento; cerco externo – exclusão. Aumenta o cercoaos
sitiados/excluídos do Estado-Nação, como visto nos campos de refugiados – para
muitos, retidos/detidos por anos, assemelha-se aos campos de concentração. Por fim, a
exceção aproxima seu refinamento à geodemografia do poder.
O que não se discute, no entanto, é a qualidade do fascismo contemporâneo; a
quantidade de poder e da cultura política fascista, absurdamente entrópicos, são visíveis
há muito tempo. Afinal, está em jogo mais um golpe de Estado do que uma “revolução
gerencial” (Bauman, 2013, p. 70).
de um Estado infinitamente modesto; essa utopia, uma vez alcançada na Terra, teria a virtude providencial de fazer com que todos almejassem, e afinal construíssem, sua antítese” (Borges, 2007). 10
http://www.giromarilia.com.br/colunas/essa-semana-vinicio-carrilho-martinez/estado-de-emergencia-
politica/3144.
8
Tecnologias atuais de Vigilância: Janelas ou muros?
Considere-se o quadro descrito anteriormente: a tecnologia atual, a serviço de
um aparato que visa cercar, porém, ao mesmo tempo, excluir. A sociedade pós-moderna
vive sob um imperativo de adesão ao uso das tecnologias criadas. Somos bombardeados
a todo momento pelo surgimento de um novo aparato ou artefato tecnológico. Essa
explosão tecnológica - de uma forma contundente e com um elemento intensificador, o
determinismo - leva a crer que avançamos rapidamente no pleno desenvolvimento da
humanidade.
Somos empurrados para o embarque na ideologia do determinismo tecnológico e
o pensamento se forma nessa direção, em que nos abstemos de questionar as reais
necessidades de anuência em nos apropriarmos de toda essa evolução e nos inserirmos
na era do homem tecnológico. O cidadão hoje vive uma realidade que o impele a se
apropriar do uso de aparatos tecnológicos para as mínimas tarefas e ações do cotidiano.
A ideologia de obrigatoriedade de uso da tecnologia tem base no determinismo
tecnológico e consentir com esse pensamento abala o senso de liberdade em relação ao
uso da tecnologia (CHANDLER, 2012). Recursos como a competição, a dependência e
a mudança de normas e valores são desenvolvidos pelos usuários, e esses instrumentos
se tornam obrigatórios e impositivos - chegando a se colocar como dever moral - de uso
da tecnologia.
Nesse contexto, temos a ênfase na provocação de mudanças pela tecnologia em
normas sociais e valores, que podem ser impostas através de mecanismos sociais,
inclusive de leis.
O indivíduo também é impulsionado pela tecnologia a se adaptar a ela de forma
a se tornar dependente, o que pode fazer com que seja extremamente difícil
descontinuar o seu uso. Nesse cenário, é importante salientar o papel da mídia, que,
aliada à tecnologia, guia a sociedade de massa (Stivers, 2012).
O modelo pós-modernista incentiva uma forma de pensar a relação
homem/ciência e tecnologia de um modo em que há um esvaziamento desse ser social
alicerçado na razão, para lançá-lo a uma condição de máquina inteligente permutável
por outras máquinas inteligentes (Hayles, 1999). Dessa forma, abre-se espaço para a
correspondência entre verdade e tecnologia. Ou seja, ocorre um deslocamento, em que
se observa a identificação da verdade com a tecnologia. Essa nova ideologia lança bases
para se formar a atual sociedade tecnológica, que reduz o homem a um ser esvaziado e
9
sendo assim, pronto para processos de manipulação, que a mídia se encarrega de
realizar a um só tempo.
Então nesse processo de ser esvaziado e envolvido pela opinião pública
midiática, torna-se um tanto mais complicado escapar a certas influências deterministas,
que direcionam o nosso pensamento e manipulam o raciocínio sobre produtos, serviços,
eventos, oportunidades e muito mais, fazendo-nos crer sem muita resistência na
veracidade daquilo que é veiculado. Para se escapar aos apelos da mídia, especialmente
a digital, é necessário verdadeiramente ser o “diferentão”11
.
Quem resiste hoje à participação em redes sociais, por exemplo, é visto muitas
vezes com estranhamento: é raridade que se encontre alguém que não possui uma conta
no twitter, facebook, instagram ou outras redes sociais.
No que concerne a essas questões há um sentimento persistente de que o nosso
controle sobre as nossas escolhas no que diz respeito ao uso da tecnologia são limitados.
Em outras palavras, parece que o uso de tecnologias nos parece obrigatório. Existem
mecanismos que buscam explicar esse sentimento. Dentre eles estão os fatores de
competição entre indivíduos ou grupos – que impulsiona a adoção de tecnologias para
melhorar ou ampliar as capacidades humanas – ou ainda a dependência tecnológica, que
é a expectativa de satisfação de um desejo ou uma necessidade importante e
anteriormente não atendida, quem sabe por uma “versão ultrapassada”.
No nível individual, as pessoas podem usar as tecnologias para obter
vantagem competitiva no local de trabalho, em termos acadêmicos, ou
no contexto social ou político.[...] A preferência por soluções
tecnológicas envolve não apenas a fé na superioridade da solução
tecnológica, mas também uma estreiteza de imaginação que nos
impede de ver interpretações alternativas de uma situação.(Chandler
2012, p. 04)
Seguindo essa ideologia positivada pela produção do consumismo, as pessoas
contribuem indiretamente para o crescimento da sensação de que o uso de uma
tecnologia é obrigatório, pois não é fácil optar por não fazer uso dela. Somos levados de
roldão na infinidade de possibilidades que se apresentam a nós. Ainda na década de 60,
11
Expressão muito usada atualmente na linguagem de rede social para definir aquele/a que vai na contramão dos usos e costumes, principalmente aqueles expressos na inteernet.
10
Jacques Ellul (apud Stivers, 2012) notou que o fantástico e as ameaças tecnológicas de
ficção científica distraíam as pessoas sobre a forma como a tecnologia já as estava
mudando. E o elemento tecnológico mais importante nesse processo é a mídia.
Stivers (2012, p. 05) afirma que a propaganda midiática “é um método
racionalmente construído, que visa a eficiência na manipulação e controle de indivíduos
em uma sociedade de massas. O sucesso da propaganda depende da sua capacidade de
trabalhar em nossas emoções de uma forma simbólica e inconsciente: A propaganda nos
manipula antes de tentar nos convencer racionalmente.” Então, ao que parece, o sistema
banóptico da modernidade atinge também e inclusive via propaganda. E como que
hipnotizados, nos deixamos levar pela mídia, inclusive a mídia social, oferecendo-nos
em um sacrifício vivo, porém muitas vezes não percebido e com alegria.
Passamos também a fazer uma autopropaganda. Os blogs pessoais são bons
exemplos: “O blog é transmitido para qualquer um que queira lê-lo e faz propaganda de
si mesmo. Tem a ver com propaganda ou pelo menos com exposição pública” (Bauman & Lyon 2013, p. 33). O marketing pessoal - onde a pessoa é o produto - adquire uma
importância evidente. O estranhamento nesse caso não vem da possibilidade de se estar
exposto, mas da condição oposta: será que ninguém está me vendo?Ninguém curtiu ou
comentou meu post, parece que nenhum dos meus ‘amigos’ viu minha foto mais
recente... Se a propaganda não dá certo, o problema é você.
A valorização do particular adquire um outro tom e o conceito do privado passa
por um deslocamento importante. Na definição de Soffer & Cohen (2015) no exercício
da privacidade os indivíduos, grupos ou instituições determinam por si próprios quando,
como e em que medida as informações sobre eles é comunicada a outros. Nesse
conceito, a privacidade seria uma construção sociocultural, dependendo dos valores
dominantes de uma sociedade, do patrimônio sociocultural e de desenvolvimentos
tecnológicos contemporâneos.
Esta definição inclui o elemento crítico de segurança de dados que na era das
tecnologias da informação domina a discussão sobre privacidade. Porém, a
compreensão do que a privacidade é e a opção por aderir à proteção de informações
individuais dependem de diferentes fatores, individuais e também externos. Em
verdade, as alterações na percepção da privacidade podem ser entendidas em termos de
diminuição da importância atribuída a ela como um valor ou ainda pode se dever a uma
lacuna entre noção distintiva entre privacidade e comportamento autorrevelador.
11
O que se observa na atualidade é que, numa situação em que se preza pela
privacidade, colocando-a em posição de prioridade em relação à exposição nas redes,
ocorre um estranhamento, como se fosse uma sensação de isolamento. Assim, a opção
pela privacidade é:
“...lugar de encarceramento, sendo o dono do espaço privado condenado e sentenciado a padecer expiando os próprios erros;
forçado a uma condição marcada pela ausência de ouvintes ávidos por
extrair e remover os segredos que se ocultam por trás das trincheiras
da privacidade, por exibi-los publicamente e torna-los propriedade comum de todos, que todos desejam compartilhar” (Bauman & Lyon 2013, p. 34).
Então esse espaço fluido da modernidade leva a massa - devidamente manobrada
- a determinado exercício da inteligência coletiva. Esta, sendo faculdade humana que foi
formada biologicamente como individual, se torna, através do (des)envolvimento,
culturalmente coletiva12
e nessa condição se atualiza, entre outras questões, através da
percepção de que a autodisponibilização pública é algo natural. Infere-se então, que a
inserção na maioria das vezes voluntária no sistema banóptico de vigilância tornou-se
um traço cultural da modernidade e, num ato de determinação individual, o ser social
age para expor e anular sua autonomia.
Lévy (1996) já apresentava o computador conceituando-o como instrumento de
informação conectável à navegação no mundo líquido e capaz de coletar informação
através de fluxos diferenciados. Os recursos para se inserir nesse sistema, hoje, se
apresentam em tipos e formatos os mais variados. São instrumentos indispensáveis para
tarefas, que acreditamos as mais básicas, elementares. Atualmente, minha inclusão no
banóptico é garantida, seja pelo tablet, smartphone ou notebook, que me acompanham
vinte e quatro horas ao dia, aonde quer que eu vá. São dispositivos-janela para o
banóptico virtual. Lévy pontua que o alcance do movimento de virtualização hoje vai
muito além da comunicação e da informação. Ele atinge os próprios corpos e o que se
pensa coletivamente, bem como o exercício da inteligência.
Através das possibilidades que se podem constituir virtualmente estão as
próprias relações humanas, a formatação de modalidades de convivência e de
relacionamento, o exercício da cidadania e até mesmo as relações de trabalho. Nessa
conceituação, não cabe a definição do virtual como sendo o oposto de real.
12
Pierre Levy (1996) se refere à inteligência tanto enquanto atributo individual quanto a uma construção coletiva.
12 Há [...] uma interpenetração inevitável. A experiência obtida em um
universo não pode deixar de reformar a axiologia que orienta a
avaliação do outro. Parte da vida passada em um dos dois universos
não pode ser descrita corretamente, seu significado não pode ser
apreendido, nem sua lógica e sua dinâmica entendidas sem referência
ao papel desempenhado em sua constituição pelo outro universo.
Quase toda noção relacionada aos processos de vida do presente porta,
inevitavelmente, a marca de sua bipolaridade” (BAUMAN & LYON,
p. 42)
O virtual aqui é uma atualização do real e sua relação com o falso, o ilusório ou
o imaginário é pequena. Na verdade, o virtual “trata-se de um modo de ser fecundo e
poderoso, que põe em jogo processos de criação, abre futuros, perfura poços de sentido
sob a platitude da presença física imediata” (LÉVY 1996, p. 02). A virtualização é
possibilidade, potência, em analogia, é a árvore contida na semente.
O que ocorre de forma intrigante é que por vezes opõe-se o real e o virtual. Em
decorrência, nivela-se o virtual com o falso. A felicidade (ou a desgraça) e o estado de
êxtase constantemente alardeados nas redes sociais representam fatias – muitas vezes
maquiadas, é certo - de vidas e de momentos, que são lançadas para a apreciação
pública.
Ocorre assim um apagamento da consciência de que o que se encontra no plano
virtual se relaciona diretamente e aflui para as situações da esfera do real. O que se diz e
o que se faz no plano virtual têm consequências reais, concretas. Um exemplo básico
seria o de ações que têm se apresentado em juízo recentemente devido a injúrias raciais
perpetradas em redes sociais. Ou ainda um recente caso de autoexposição e de
exposição do outro, o caso Fabíola13
, em que, na intenção de escandalizar e macular a
imagem da mulher, devido a um deslize daquela, o marido se apresentou a toda uma
rede de usuários, exibindo suas fraquezas emocionais, machismo e incapacidade de
gerenciamento de situações conflituosas. Sem dúvida, a postagem em rede de momentos
e ocorrências, sejam eles pessoais ou não, contribui para a formação de imagem e
levantamento de perfil pessoal.
De igual forma, o uso de aplicativos, as atividades on line, quaisquer que sejam:
compras, contratos, solicitações de serviços diversos cooperam para captação e
disponibilização de informações que podem nos categorizar, nos incluir e nos excluir.
13
http://www.geledes.org.br/marido-de-fabiola-pagara-indenizacoes-a-ex-esposa-e-ao-cunhado/
13
O equívoco em não se compreender a interpenetração entre ambiente real e
virtual colabora para que se esboce uma condição perfeita de inserção voluntária no
sistema banóptico: a autoexposição. E aí a condição de ser observado e visto, deixa de
ser um temor e passa a ser um fascínio. “A promessa de maior visibilidade, a
perspectiva de ‘estar exposto’ para que todo mundo veja e observe, combina bem com a
prova de reconhecimento social mais avidamente desejada, e, portanto, de uma
existência valorizada – ‘significativa’” (Bauman, 2013,p. 30).
O que se observa atualmente na vigilância do tipo banóptica14
oferece elementos
para se pensar no conceito de virtual como proposto por Lévy: como árvore contida na
semente, a potência da informação contida no ambiente virtual - em que vários sistemas
coexistem e cooperam entre si - oferece possibilidades infindas de vigilância e controle.
Verdadeiramente, no contexto de virtual aqui apresentado e lançando mão da reflexão
do filósofo, faz todo o sentido afirmar que “a virtualização reinventa uma cultura
nômade, [...] fazendo surgir um meio de interações sociais onde as relações se
reconfiguram com um mínimo de inércia” (p. 10).
Em uma visão mais otimista que a de Bauman - em suas palavras, numa
“hipótese não catastrofista” - Lévy entende essa dinâmica como mais uma forma de
busca pela hominização. Essa busca pressupõe, ao modo dos antepassados, aventurar-se
em território desconhecido, empreender jornadas exploratórias. Hoje essas viagens se
realizam na liquidez – não apenas dos oceanos, mas também e principalmente no meio
virtual – deste tempo de modernidade fluida.
São idos os tempos de hermetismo da vida privada, em que a intimidade se
mantinha, ainda que se fizesse uso dos aparatos de tecnologia da época. Essas questões
estão contidas no invólucro do conceito de Destruição Criadora, que segundo
Schumpeter (1969) é o processo responsável pelas mudanças econômicas e sociais, o
cerne das constantes transformações no sistema capitalista. No sentido schumpeteriano,
a destruição seria necessária para a erradicação das imperfeições e a criação de novas
formas, novas fórmulas, necessárias e suficientes para abrir caminho rumo à perfeição. “A história da modernidade, e particularmente de seu desenredo no século XX, foi a
crônica da destruição criativa” (Bauman& Lyon 2013, p. 79).
14
Termo que Bauman & Lyon (2013) utilizam para se referir ao modo de vigilância que tem como objetivo selecionar, rotular e excluir, um tipo de vigilância a que os próprios alvos se expõem, voluntariamente, ao se lançarem no mundo virtual.
14
CONCLUSÃO
De tudo o que se discutiu até aqui, em suma, no conceito de liquidez da
modernidade (BAUMAN, 2013) está explícita a vigilância, que é fluida, onipresente;
está em todos os lugares e em lugar nenhum. É preciso que se volte o olhar para as
implicações (i)mediatas da adoção irrestrita e ingênua das novas tecnologias, que em
verdade têm o poder de solapar o senso de restrição, exclusividade e privacidade
individuais e oferecem elementos como hábitos de consumo, status financeiro,
preferências de marcas, inclinações políticas... Tudo isso e muito mais, colaborando
com o levantamento de perfis e, consequentemente, cooperando na construção do poder
de inclusão ou de exclusão de determinados grupos.
A função estratégica do diagrama ban-óptico é traçar o perfil de minorias ‘indesejadas’. Suas três características são o poder
excepcional em sociedades liberais (estados de emergência que se
tornam rotineiros), traçar perfis, (excluir certos grupos, categorias de pessoas excluídas de forma proativa em função de seu potencial
comportamento futuro) e normalizar grupos não excluídos (segundo a
crença no livre movimento de bens, capital, informações e pessoas) (BAUMAN & LYON 2013 p. 63).
Dessa forma, temos um elemento elucidativo para entender como operam os
mecanismos de segregação econômica e social que trazem em seu bojo o modus
operandi do Grande Irmão, que vigia o cidadão comum pelas teletelas. Haveria uma
forma de frear isso? Uma maneira eficaz de se estabelecer limites à realidade invasora
do ciberespaço? Na verdade, a internet como o sistema de comunicação que se espalhou
mais rápido do que qualquer outro na história e que é vital para quase qualquer
atividade hoje, não irá retroceder.
A ironia, para o tema abordado aqui, é que precisamos que ela não retroceda e
que permaneça um território cada vez mais acessível. Lévy (2015) considera que
qualquer tentativa porventura feita no sentido de controlá-la teria uma nuance de
fascismo. “Se tentássemos transformar a internet numa máquina de produzir somente a
15
verdade, o belo e o bem, só chegaríamos a um projeto totalitário, de resto, sempre
fadado ao fracasso”15
.
Nesse contexto, para a construção da consciência do que a inserção na rede
representa, parece que carecemos de educação em segurança digital. A compreensão das
especificidades dessa modernidade fluida e do quanto é real a intervenção do ambiente
virtual na vida prática pode nos levar a processos de tomada de decisão mais
emancipados da forma determinista como muitas vezes se faz acreditar em acordo com
a ideologia do progresso tecnológico. É importante que esse entendimento seja aplicado
em ambiente tecnológico e social, uma vez que proporciona ao indivíduo a participação
democrática na tomada de decisões sobre questões sociais relacionadas à ciência e à
tecnologia.
Bibliografia
AGAMBEN, Giorgio. Estado de Exceção. São Paulo : Boitempo, 2004.
ARENDT, H. A condição humana. Rio de Janeiro : Forense Universitária, 1991.
BAUMAN, Zygmunt. Vigilância Líquida. Rio de Janeiro : Zahar, 2013.
BENJAMIN, Walter. Obras escolhidas – Magia e Técnica, Arte e Política. 3ª ed. São Paulo : Brasiliense, 1987.
BORGES, Jorge Luis. Outras inquisições. São Paulo : Companhia das Letras, 2007. CASTELLS, Manuel. A Sociedade em Rede: a era da informação: economia sociedade e cultura. Vol I. São Paulo : Paz e Terra, 1999.
CHANDLER, Jennifer A. “Obligatory Technologies”: Explaining Why People Feel Compelled to Use Certain Technologies. In: Bulletin of Science, Technology &
Society 32(4) 255 –264, 2012, SAGE Publications. 10 p. Disponível em: http://bst.sagepub.com/content/32/4.toc
DELEUZE, Gilles & GUATARRI, Félix. Mil Platôs: capitalismo e esquizofrenia. Vol. 1. Rio de Janeiro: Editora 34, 1995.
DURKHEIM, Émile. As regras do método sociológico. 2ª ed. São Paulo : Martins Fontes, 1999.
15
Artigo on line disponível em: http://www.fronteiras.com/entrevistas/pierre-levy-a-revolucao-digital-so-esta-no-comeco
16
FEST, Joachim. Hitler. 4ª ed. Rio de Janeiro : Nova Fronteira, 1976.
FOUCAULT, M. Vigiar e Punir: História da Violência nas Prisões. (6ª ed.). Petrópolis-RJ : Vozes, 1987.
HAYLES, N. How we became posthuman. Chicago, IL: University of Chicago Press,
1999.
KANT, I. A paz perpétua e outros opúsculos. Lisboa : Edições 70, 1990.
______A Metafísica dos Costumes: a doutrina do direito e a doutrina da virtude. Bauru, SP : EDIPRO, 2003.
LA BOETIE, E. Discurso sobre a servidão voluntária. Lisboa-Portugal : Edições Antígona, 1986.
LÉVY, Pierre. O que é o virtual? São Paulo, Editora 34, 1996.
___________. A revolução digital só está no começo. Entrevista concedida ao Correio do Povo/Caderno de Sábado. Abril de 2015. Disponível em
http://www.fronteiras.com/entrevistas/pierre-levy-a-revolucao-digital-so-esta-no-comeco
MARTINEZ, Vinício Carrilho. A rede dos cidadãos: a política na Internet. Tese de doutorado em Educação. São Paulo : Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (FEUSP), 2001.
ROUSSEAU, Jean-Jacques. Do contrato social: ensaios sobre a origem das línguas. 4ª ed. Col. Os Pensadores. Vol. I. São Paulo : Nova Cultural, 1987.
_______ Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens. 4ª ed. Col. Os Pensadores. Vol. II. São Paulo : Nova Cultural, 1988.
SCHUMPETER, Joseph A. O Processo da Destruição Criadora. Trad. Ruy Jungmann In: Capitalismo, Socialismo Democracia, p. 108-113. Rio de Janeiro: Editora Fundo de Cultura, 1961.
SOFFER, Tal; COHEN, Anat. Privacy Perception of Adolescents in a Digital World,
inBulletin of Science, Technology & Society 2014, Vol. 34(5-6) 145 –158, 2015, 14p.
STIVERS, Richard. The Media Creates Us in Its Image. In:Bulletin of Science, Technology & Society 32(3) 203 –212, 2012 SAGE Publications, 10p. Disponível em: http://bst.sagepub.com/content/32/3/203.short
WACQUANT, Loïc. Punir os pobres: a nova gestão da miséria nos Estados Unidos. Rio de Janeiro: Editora Revan, 2003.
WEBER, MAX. Ensaios de Sociologia. Rio de Janeiro : Zahar Editores, 1979.
Recommended