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A senda do neófito
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Os primeiros passos do neófito na Senda
Diz um Mestre ao seu aluno: "Deves te lembrar de que estás numa
escola rigorosa e lidando com um mundo inteiramente diferente do
teu". Não há melhor exortação para um neófito que está iniciando
seus estudos. Ela é um advertência e um encorajamento. O neófito é
convidado a lembrar de que está começando um aprendizado durante
o qual deverá dar nova direção e novos objetivos a seus pensamentos
e a suas ações. Ele está encetando uma Senda completamente
diferente do caminho terreno que trilhava até então e deve estar
preparado para se ajustar a novos princípios, talvez bastante difíceis
de aceitar à primeira vista, porque alguns deles se opõem a crenças e
opiniões pessoais fortemente arraigadas.
Para o neófito a entrada na Senda é uma questão de escolha pessoal.
Ele decide passar da maturidade intelectual para a realização
psíquica e espiritual. Poderá fazê-lo com a mesma indiferença com
que mudava de classe escolar, caso em que a exortação constituirá
muito mais uma advertência, ao passo que será mais um
encorajamento para aquele que segue sua rota com a firme resolução
de tirar o máximo da magnifica oportunidade que então lhe é dada de
adquirir uma sólida e útil cultura. Qualquer que seja o destino do
primeiro tipo de neófito, o segundo encontrará em si mesmo a
paciência e a perseverança que uma escola mais elevada exigirá
dele.
O primeiro passo na Senda constitui uma nova ascensão, de certo
modo o cruzamento dos caminhos. Se o neófito o considerar somente
como um novo foco de interesse, desejável porque outros o levaram a
ele, esse estado de espírito logo poderá lhe faltar. Ele não pode ser
considerado como um passatempo como qualquer outro, sem
objetivo preciso a ser alcançado. O neófito só pode ir em frente com
sua própria força inata. Não lhe será pedido no começo que tenha
uma força excepcional, mas ele precisará ter coragem e iniciativa
para usar a força que tenha. Seus estudos logo lhe revelarão a
medida de sua força. Se ele quiser progredir a aplicará com a devida
confiança em cultivar sua alma e descobrirá que ela o desenvolve e o
prepara para graus superiores.
A primeira coisa que o neófito deve compreender é que seus estudos
o introduzirão num mundo diferente do que ele conhece. Por
ignorarem este fato, muitos neófitos foram levados a rejeitar com
impaciência o conhecimento e a disciplina de que mais necessitavam.
O neófito deve se convencer de que os estudos que ele está iniciando
são a chave de um mundo novo de progresso. Pouco importam suas
afinidades com as normas reconhecidas no campo do pensamento ou
da ação ou suas realizações em qualquer que seja o campo; ele está
preso no interior das fronteiras relativamente limitadas dessas
afinidades; não poderá ampliar suas realizações para além dessas
fronteiras enquanto não se preocupar conscientemente com o que
concerne com a sua alma, com o que é latente nele mas que ele
ignora e que permanece no segundo plano de suas atividades. Aí, um
novo mundo de pensamento, de emoção e de ação o aguarda, o qual
só poderá ser aprendido quando ele relegar ao segundo plano seus
fatores de expressão bem conhecidos e aguardar da sua alma a
revelação das faculdades superiores que com o tempo ampliarão todo
o seu horizonte mental.
INICIATIVA
Qualquer que possa ser a razão particular que atraia o neófito para a
disciplina da Senda, seu objetivo real deve ser o de servir. Seu
objetivo pode ser adquirir novas aptidões criativas e maior influência
na sua profissão ou em outras atividades ou pode ser de ordem
puramente mística e oculta; em todos os casos sua faculdade de
servir certamente se desenvolverá e, tudo bem considerado, algum
serviço universal deverá vir influenciá-lo em sua busca na Senda.
O ato de servir na Senda libera o poder da alma. A revelação não
depende somente do acúmulo dos materiais trazidos pelo neófito. O
atleta não se realiza pelo estudo exaustivo da anatomia nem pela
contemplação dos trabalhos de cultura física. Ele deve traduzi-los em
treinamento muscular e em construção cientifica do corpo,
combinados com múltiplos ajustes mentais relativos às façanhas que
deseja realizar. Acontece o mesmo com o neófito. As forças que ele
está procurando conhecer e manipular residem nele e existem ao seu
redor. O que ele precisa é de uma chave que lhe permita captar essas
fontes infinitas, que atendem ao chamado da vontade, para serem
ativamente combinadas e utilizadas.
No desenvolvimento do neófito e na utilização dos poderes, a fé
cumpre um papel muito mais ativo do que ele é levado a crer. Ele
pode ter disto muitas indicações nos momentos de urgência e de
tensão, se está atento à sua natureza profunda. O esforço regular e
sustentado no serviço, seja ele qual for, que as circunstâncias
sugerem ou apresentam na menor oportunidade, ensinará bem mais
ao neófito do que uma leitura extensa de obras de ocultismo. Ele não
faz nenhuma ideia do que é capaz até que se ergue confiante ante a
humanidade necessitada e compele o poder inato da sua alma a
corresponder a isto.
Se ele puder se impor esse comportamento e agir de modo confiante,
o aspecto da sua alma se manifestará rapidamente. Tudo dependerá
do espírito em que o neófito estiver nessa tarefa; se ele puder apelar
para essa força de vontade, limpar o terreno desde o começo do seu
noviciado em prol de uma forte determinação e proceder aos ajustes
necessários na sua vida, talvez pagando certo preço, o futuro
corresponderá à sua coragem e à sua resolução e justificará o
passado.
Na Senda não há lugar para o neófito indolente; as exigências da vida
também não têm lugar para ele. A Senda exige homens de ação.
Existem suficientes cultos, associações e círculos que oferecem com
afetação uma grande hospitalidade a quem quer passar a vida
sonhando. Mas o ser humano a que nos referimos deve deixar essas
coisas para aqueles que precisam delas, ou empregá-las para se
divertir ou se descontrair do duro esforço pessoal que realiza para se
tornar um técnico superior; ele será então de alguma utilidade no
mundo e outros imitarão seu exemplo.
(La Technique du Disciple – Raymund Andrea, Novembro 1992)
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