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Saiba o que pode e o que não pode ao fazer o proximo IRS (2015) Portugal
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O novo IRS
9 de Janeiro de 2015
Foi publicada, no último dia de 2014, a Lei n.º 82-E/2014, que procedeu à anunciada reforma da tributação das pessoas singulares, introduzindo importantes e significativas alterações ao Código do Imposto do Rendimento das Pessoas Singulares (IRS) e a outros diplomas fiscais, com impacto já no ano de 2015.
O referido diploma legal é o culminar de um longo processo que teve por base o trabalho desenvolvido pela Comissão para a Reforma do IRS, que assumiu como vectores primordiais promover (i) a simplificação do imposto, (ii) a mobilidade soical e (iii) a protecção das famílias.
A Comissão apresentou o Anteprojecto da Reforma em Julho de 2014, o qual foi alvo de diversas alterações, no seguimento de um período de consulta e discussão pública, tendo o Projecto Final sido apresentado a 1 de Outubro do ano passado.
Por seu turno, a proposta de lei que foi, finalmente, levada pelo Governo à Assembleia da República contemplou diversas alterações ao Projecto da Comissão, sendo que o texto legal ora publicado acabou por divergir da proposta de lei submetida à apreciação parlamentar.
Portanto, um longo processo legislativo, com avanços e recuos, sendo apenas agora conhecido o efectivo alcance da tão anunciada reforma do IRS.
Largamente condicionada por constrangimentos orçamentais, as mudanças da reforma não deixam de ser importantes, com impacto directo na carga final de imposto a suportar pelas famílias.
Desde logo, são introduzidos importantes aperfeiçoamentos ao quadro legislativo anterior – v.g., clarificando ou uniformizando regimes de tributação -, regulando aspectos que, até à presente data, não dispunham de um regime de tributação específico (como é, por exemplo, o caso dos trusts), sendo ainda revistos importantes aspectos da tributação das pessoas em mobilidade internacional, que se revelam absolutamente críticos num mundo globalizado.
Por outro lado, tratando-se de uma reforma que incluiu a protecção das famílias entre os seus vectores primordiais, veio, de facto, trazer algum alívio fiscal aos agregados familiares mais numerosos, não só por via da introdução do coeficiente familiar, mas também pela revisão do anterior sistema de deduções à colecta a par do alargamento do âmbito do regime fiscal mais favorável dos chamados vales sociais.
São também alterados inúmeros aspectos procedimentais e processuais, ao nível do cumprimento das obrigações declarativas e do próprio regime de retenção na fonte, que não deixam de assumir uma importância primordial ao nível dos cidadãos e das próprias empresas.
O presente Tax Alert visa, assim, dar a conhecer as principais alterações constantes da reforma do IRS, nas suas diversas vertentes.
O Novo IRS
A Reforma do IRS
Carlos Lobo
Tax Leader
EY Portugal
Ernst & Young, S.A. | Orçamento do Estado para 2015 3
Incidência Objectiva 5
Mobilidade Internacional 10
Tributação da Família 14
Aspectos Procedimentais e Processuais
19
Sobretaxa de IRS e Taxa Adicional de Solidariedade
21
Como pode a EY ajudar? 22
Incidência Objectiva
Categorias A (rendimentos do trabalho dependente) e H (pensões)
Empréstimos sem juros ou a taxa reduzida
A Reforma do IRS comtempla alterações na tributação das importâncias atribuídas a título de empréstimos sem juros ou a taxa de juro inferior à de referência para o tipo de operação em causa, concedidos ou suportados pela entidade patronal (excepto os que se destinam à aquisição de habitação própria e permanente de montante inferior a € 180.426,40) prevendo que o rendimento de trabalho passível de tributação tenha por referência 70% da taxa mínima aplicável às operações principais de refinanciamento pelo Banco Central Europeu, ou de outra taxa legalmente fixada como equivalente, do primeiro dia útil do ano a que respeitam os rendimentos.
Atribuição de viatura automóvel
Também a forma de cálculo das importâncias referentes à atribuição de viatura automóvel pela entidade patronal é objecto de alteração, passando o rendimento anual a corresponder ao produto de 0,75% do seu valor de mercado, reportado a 1 de Janeiro do ano em causa (e já não o seu valor de aquisição ou de produção), pelo número de meses de utilização da mesma.
Mobilidade geográfica em território nacional
Prevê-se que não são considerados rendimentos do trabalho dependente as importâncias suportadas pelas entidades patronais com encargos, indemnizações ou compensações, pagos no ano da deslocação, em dinheiro ou em espécie, devidos pela mudança do local de trabalho, quando este passe a situar-se a uma distância superior a 100Km do local de trabalho anterior, na parte em que não exceda 10% da remuneração anual, com o limite de € 4.200. Esta exclusão de tributação apenas pode ser aproveitada, uma vez em cada período de 3 anos.
Indemnizações
No que se refere às importâncias atribuídas no âmbito da cessação das funções de gestor público, administrador ou gerente de pessoa colectiva bem
Ernst & Young, S.A. | O novo IRS 5
como de representante de estabelecimento estável de entidade não residente, é alterada a anterior redacção legal no sentido de clarificar que as mesmas ficam sujeitas a tributação, na totalidade, na parte que corresponda ao exercício das respectivas funções. Pelo que, na parte respeitante a períodos relativos ao exercício de funções como trabalhador por conta de outrém, a indemnização pode aproveitar da exclusão de tributação (esta alteração reveste natureza interpretativa).
Adicionalmente, passam a considerar-se rendimentos do trabalho dependente as indemnizações que visem compensar perdas de rendimentos desta categoria e que não correspondam a prestações sociais.
Conceito de entidade patronal
Para além das entidades que estejam em relação de domínio ou de grupo, passam a considerar-se as entidades em relação de simples participação.
Pensões
Passam a constituir rendimentos de pensões as indemnizações que visem compensar perdas de rendimentos desta categoria.
Por último, no âmbito do princípio da unificação do regime de tributação dos rendimentos das Categorias A e H, prevê-se:
► Manutenção da igualização das deduções específicas;
► Eliminação da regra da regressividade do montante da dedução específica da Categoria H quando o valor exceda determinado valor.
Categoria B (rendimentos empresariais e profissionais)
Dedução de contribuições obrigatórias para regimes de protecção social
Possibilidade de dedução das contribuições obrigatórias para regimes de segurança social, suportadas por sócios de sociedades sujeitas ao regime da transparência fiscal, desde que as mesmas não tenham sido objecto de dedução a outro título.
Prevê-se ainda que os sujeitos passivos tributados pelo regime simplificado que obtenham rendimentos decorrentes de actividades profissionais e outros rendimentos de prestação de serviços possam deduzir as contribuições obrigatórias para regimes de protecção social, conexas com a actividade em causa, na parte em que excedam 10% dos rendimentos brutos, quando não deduzidas a outro título.
Enquadramento nos regimes simplificado e de contabilidade organizada e opção pela tributação de acordo com as regras da categoria A
Eliminação do período mínimo de permanência (anteriormente, de 3 anos):
► No regime da contabilidade organizada ou no regime simplificado, podendo o sujeito passivo transitar de regime, mediante entrega de uma declaração de alterações, que produzirá efeitos no próprio ano, se for entregue até 31 de Março (sendo que a lei que aprovou a Reforma do IRS prevê, como disposição transitória, a possibilidade de os sujeitos passivos, enquadrados no regime simplificado, poderem optar pelo regime de contabilidade organizada até 31 de Março de 2015); e
► Na opção pela tributação de acordo com as regras da Categoria A, quando os rendimentos resultarem de serviços prestados a uma única entidade.
Indicadores objectivos de base técnica ou científica
São eliminadas as normas que remetiam para a aplicação de indicadores objectivos de base técnica ou científica (v.g., no que respeita à determinação do rendimento tributável no âmbito do regime simplificado).
Actos isolados
Os contribuintes que obtenham rendimentos superiores a € 200.000,00 decorrentes de um acto isolado, não estão obrigados a dispor de contabilidade organizada, não obstante o seu rendimento tributável ser
Ernst & Young, S.A. | O novo IRS 6
determinado segundo as regras aplicáveis aos sujeitos passivos com contabilidade organizada, com as devidas adaptações. Em contraponto, os rendimentos inferiores a € 200.000,00, obtidos em resultado de um acto isolado, continuam a ser tributados nos termos do regime simplificado, através da aplicação dos coeficientes aí previstos.
Regime Simplificado
Revisão do regime simplificado, de modo a harmonizá-lo com o regime simplificado em sede de IRC:
► Aplicação do coeficiente de 0,75 exclusivamente às prestações de serviços expressamente previstas na tabela a que se refere o artigo 151.º do Código do IRS;
► Instituição de um novo coeficiente – 0,35 – aplicável às demais prestações de serviços;
► Introdução do coeficiente de 1 para os rendimentos
decorrentes de prestações de serviços efectuadas pelo sócio a uma sociedade abrangida pelo regime da transparência fiscal.
► Clarificação da referência “ao resultado positivo de
rendimentos prediais”, no sentido de que tal rendimento corresponde ao rendimento líquido apurado nos termos previstos na Categoria F;
► Introdução de uma norma com vista a suprir a lacuna que existia relativamente aos casos em que o contribuinte, tendo, em ano(s) anterior(es), estado abrangido pelo regime da contabilidade organizada e beneficiado da exclusão de tributação de mais-valias por ter declarado a intenção de reinvestir, não concretize o reinvestimento e o prazo para tal termine em ano em que está abrangido pelo regime simplificado. Assim, tal como sucede no regime simplificado do IRC, o rendimento tributável do ano em que se verifica o incumprimento da condição de que ficou dependente a exclusão de tributação será acrescido do valor não reinvestido, majorado em 15%.
Redução da tributação para empreendedores que iniciem a actividade Tendo em vista a promoção da mobilidade social, através do incentivo da produtividade e da capacidade de iniciativa dos trabalhadores portugueses, os coeficientes de apuramento do rendimento tributável referentes a prestações de serviços e a subsídios destinados à exploração são reduzidos em 50% e em 25%, no ano de início de actividade e no segundo ano, respectivamente. Este regime é aplicável apenas aos sujeitos passivos que iniciem actividade após 1 de Janeiro de 2015 e que, nos períodos visados, não aufiram rendimentos das categorias A ou H, e desde que não tenha ocorrido cessação de actividade há menos de 5 anos.
Provisões É acrescentada uma norma que determina que qualquer importância recebida com o intuito de custear despesas da responsabilidade dos clientes será considerada como rendimento do ano posterior, se não for apresentada, até ao final desse ano, a conta final relativamente ao trabalho prestado. No entanto, a lei que aprovou a Reforma do IRS contém uma disposição transitória que adapta as situações que passem a estar previstas por esta norma ao regime de reconhecimento do rendimento já previsto no n.º 6 do artigo 3.º do Código do IRS.
Subsídios destinados à exploração
É revogada a norma que estabelece a tributação anual dos subsídios destinados à exploração em cinco fracções iguais.
Regime da contabilidade
No âmbito da norma que prevê os encargos não dedutíveis para efeitos de determinação do rendimento da categoria B, são eliminadas normas redundantes (porquanto, a não dedutibilidade de determinados encargos aí mencionados já decorre de disposições do Código do IRC aplicáveis por remissão legal), e, paralelamente, prevê-se a revogação de normas que não têm igual tratamento em sede de IRC.
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Categoria E (rendimentos de capitais)
Todos os rendimentos da Categoria E passam a ser tributados através da taxa especial ou liberatória de 28%, inclusive os de fonte estrangeira, independentemente de o seu pagamento ser efectuado, ou não, através de agente pagador residente em território português. É actualizado o elenco dos “frutos e vantagens económicas” correspondentes a rendimentos de capitais conforme se segue: ► São acrescentados os juros derivados de contas de
títulos com garantia de preço ou de outras operações similares ou afins, e ainda as indemnizações que visem compensar perdas de rendimentos da Categoria E;
► Passam a constar expressamente do elenco dos rendimentos de capitais os rendimentos distribuídos das unidades de participação em fundos de investimentos (quando a versão anterior previa genericamente a tributação, como rendimentos de capitais, dos “rendimentos de unidades de participação em fundos de investimento”).
► Deixam de ser tributados no âmbito da categoria E os ganhos decorrentes com os swaps cambiais, swaps de taxas de juro e divisas e as operações cambiais a prazo, que, desta forma, passam a ser tributados de acordo com as regras aplicáveis à generalidade dos restantes instrumentos financeiros derivados (i.e., Categoria G).
Incentivos fiscais à poupança
São reintroduzidos benefícios fiscais associados à poupança, através da possibilidade de os rendimentos derivados da remuneração de depósitos ou de quaisquer aplicações em instituições financeiras ou de títulos da dívida pública poderem beneficiar do regime previsto para os produtos de capitalização (cfr. Art.º 5.º, n.º 3, do Código do IRS), desde que tenha sido contratualmente estabelecido que: (i) o capital investido fique imobilizado por um período mínimo de 5 anos e (ii) o vencimento da remuneração ocorra no final do período contratualizado.
Ernst & Young, S.A. | O novo IRS 8
A fruição do benefício fica sem efeito caso o reembolso ocorra em violação das regras aí previstas.
Categorias E e G
“Deslocação” de categoria
Verifica-se uma “deslocação” da categoria E para a categoria G de rendimentos que, embora, não directamente resultantes da alienação do activo gerador do rendimento, derivam de situações economicamente equivalentes, como seja a extinção da fonte do rendimento. É o caso de:
► Reembolso de obrigações e outros títulos de dívida; ► Resgate de unidades de participação em fundos de
investimento e da liquidação destes fundos; ► Cessão de créditos; ► Cedência de prestações acessórias e de prestações
suplementares.
Categoria F (rendimentos prediais)
Consagra-se a admissibilidade da dedução da maioria dos gastos que sejam efectivamente suportados e pagos pelo sujeito passivo para obter tais rendimentos (inclusive os gastos suportados e pagos nos 24 meses anteriores ao início do arrendamento relativos a obras de conservação e manutenção do prédio), sujeita às seguintes condições: (i) mantém-se a necessidade de apresentação de documentos comprovativos das despesas que se pretende deduzir; e (ii) estabelece-se a regra de que os gastos apenas podem ser deduzidos aos rendimentos de cada prédio em concreto, mas com a consagração de um prazo de reporte de 6 anos para futuro (neste caso, global), desde que os prédios a que os gastos respeitem, gerem rendimentos durante, pelo menos, 36 meses, seguidos ou não, nos 5 anos subsequentes ao ano dos gastos. Não são, contudo, fiscalmente aceites os gastos de natureza financeira, os relativos a depreciações e dos relativos a mobiliário, electrodomésticos e artigos de conforto ou decoração.
Adicionalmente, prevê-se a possibilidade dos sujeitos passivos que exercem a locação imobiliária num contexto verdadeiramente empresarial, de serem tributados segundo as regras da Categoria B.
Categoria G (incrementos patrimoniais)
Conforme já referido, é reestruturada a delimitação das categorias E e G (vide supra). É ainda notório o aperfeiçoamento do quadro legal, associados, entre outros, aos seguintes temas: ► Tributação dos rendimentos decorrentes de
warrants autónomos;
► Correcção monetária do custo de aquisição das mais-valias relativas a partes sociais;
► Consideração das despesas e encargos incorridas com a aquisição de partes sociais;
► Fusões e cisões: harmonização com o Código do IRC
Mais-valias imobiliárias
No que respeita às mais-valias imobiliárias, são introduzidas diversas alterações, v.g.: ► Ajustamento do regime do reinvestimento;
► Exclusão temporária de tributação dos ganhos
obtidos com a alienação de prédios, afectos a habitação própria e permanente, quando o produto da alienação seja utilizado no pagamento ou amortização parcial de empréstimos contraídos para a aquisição do imóvel alienado, independentemente de ocorrer o reinvestimento, e desde que o sujeito passivo não seja, à data da alienação, proprietário de outro imóvel habitacional (medida prevista apenas para imóveis vendidos entre 2015 e 2020, cujos contratos de empréstimo sejam anteriores a 31/12/2014);
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► Alargamento das despesas elegíveis (passando a
abranger as indemnizações comprovadamente pagas pela renúncia onerosa a posições contratuais ou outros direitos relativos a bens imóveis, sendo que, em contrapartida, prevê-se expressamente que aquelas indemnizações constituam incrementos patrimoniais passíveis de tributação na esfera dos respectivos beneficiários) e alargamento, de 5 para 12 anos, do prazo de elegibilidade dos encargos com a valorização dos bens.
Dedução de perdas
É alargado o prazo de reporte do saldo negativo apurado com as operações previstas nas alíneas b), c), e), f), g) e h) do n.º 1 do artigo 10.º do Código do IRS para 5 anos (sendo, anteriormente, o prazo de 2 anos), quando o sujeito passivo opte pelo englobamento. Contudo, esta norma será aplicável apenas a perdas verificadas após 01/01/2015.
Ampliação da possibilidade de englobamento
É alterada a regra de englobamento no sentido de se passar a estabelecer que, quando o sujeito passivo exerça a opção pelo englobamento, fica apenas obrigado a englobar a totalidade dos rendimentos da mesma categoria de rendimentos, e não a totalidade dos rendimentos sujeitos a taxas especiais ou liberatórias.
Residência fiscal parcial
É contemplado no artigo 16.º do Código do IRS o conceito de residência fiscal parcial, i.e., com vista a permitir que um sujeito passivo seja qualificado como residente fiscal apenas durante uma determinada parte do ano. A condição de residente adquire-se desde o primeiro dia de permanência em território português, salvo quando os sujeitos passivos aí tenham sido residentes em qualquer dia do ano anterior, caso em que se tornam residentes desde o primeiro dia em que tenham permanecido mais de 183 dias seguidos ou interpolados ou tenham habitação que seja a sua residência habitual. A perda da qualidade de residente ocorre a partir do último dia de permanência em território português, excepto se o sujeito passivo permanecer em território português mais de 183 dias, seguidos ou interpolados e obtiver, no decorrer desse ano e após o último dia de permanência, rendimentos que fossem sujeitos e não isentos caso o sujeito passivo fosse residente em território português. Nestas condições, o sujeito passivo considera-se residente durante a totalidade do ano no qual perca a qualidade de residente. Esta presunção não é aplicável se o sujeito passivo demonstrar que foi tributado por um imposto sobre o rendimento idêntico ou similar ao IRS aplicado devido ao domicílio (i) noutro Estado membro da União Europeia ou Espaço Económico Europeu com intercâmbio de informações ou (ii) noutro Estado em que a taxa de tributação não seja inferior a 60% da aplicável se o sujeito passivo fosse residente em território português. O sujeito passivo considera-se ainda residente durante a totalidade do ano sempre que volte a adquirir a qualidade de residente durante o ano subsequente àquele em que perdeu aquela qualidade. Sempre que, no mesmo ano, o sujeito passivo tenha em Portugal dois estatutos de residência, prevê-se que sejam apresentadas duas declarações de IRS – Modelo 3 distintas, para cada um dos estatutos de residência, sem prejuízo da possibilidade de dispensa, nos termos gerais.
O sujeito passivo deve comunicar a alteração do estatuto de residência no prazo de 60 dias.
Contagem dos dias de presença em território português
Introduz-se um critério de determinação da contagem dos dias de presença em território português, passando a considerar-se como tal, qualquer dia, completo ou parcial, que inclua dormida em território português.
Residência por atracção
Revogação do regime de residência fiscal por atracção, i.e., deixa de considerar-se que um cônjuge é residente nos casos em que o outro permanece no território português, passando a residência fiscal a ser aferida em relação a cada um dos sujeitos passivos do agregado.
Deslocalização da residência fiscal por nacionais portugueses
Alteração do disposto no n.º 5 do artigo 16.º do Código do IRS que determina que sejam consideradas como residentes em território português as pessoas de nacionalidade portuguesa que deslocalizem a sua residência fiscal para país, território ou região, sujeito a um regime fiscal claramente mais favorável, constante de lista aprovada por portaria do Ministro das Finanças, no ano em que se verifique aquela mudança e nos quatro anos subsequentes (salvo se o interessado provar que a mudança se deve a razões atendíveis, designadamente exercício naquele território de actividade temporária por conta de entidade patronal domiciliada em território português), estabelecendo-se que a residência em Portugal deixa de subsistir no ano em que o sujeito passivo se torne residente em país, território ou região distinto daquele.
Ernst & Young, S.A. | O novo IRS 10
Mobilidade Internacional
Rendimento de fonte portuguesa
Deixam de ser considerados obtidos em território português os prémios de jogo, lotarias, rifas, totoloto e apostas mútuas, bem como importâncias ou prémios atribuídos em quaisquer sorteios ou concursos, devidos por entidade que nele tenha residência, sede, direcção efectiva ou estabelecimento estável a que deva imputar-se o pagamento.
Eliminação da dupla tributação jurídica internacional
Os titulares de rendimentos obtidos no estrangeiro correspondentes a determinadas mais-valias, rendimentos de capitais não sujeitos a retenção na fonte e rendimentos prediais, sujeitos a taxas especiais, têm direito a um crédito de imposto, dedutível até ao limite das taxas especiais aplicáveis. Introduz-se a possibilidade de se proceder à entrega da Declaração de IRS – Modelo 3, no caso de rendimentos obtidos no estrangeiro com direito a crédito de imposto por dupla tributação internacional, até 31 de Dezembro do ano seguinte. Para este efeito, o sujeito passivo deve comunicar à Autoridade Tributária que o montante de imposto suportado no estrangeiro não está determinado, devendo indicar a natureza dos rendimentos e o Estado da fonte, nos prazos legais previstos para a entrega da Declaração de Rendimentos – Modelo 3 de IRS. Com vista a harmonizar o regime do crédito de imposto por dupla tributação internacional com o regime constante do Código do IRC, prevê-se a possibilidade de reporte, para os 5 períodos de tributação seguintes, do crédito de imposto não deduzido na íntegra num determinado ano fiscal (por insuficiência de colecta). Estabelece-se que os rendimentos obtidos no estrangeiro, que por força de Convenção para evitar a dupla tributação, sejam sujeitos ao método da isenção com progressividade, sejam obrigatoriamente englobados para efeitos da determinação da taxa aplicável aos restantes rendimentos.
Regime dos residentes não habituais
Relativamente à regra da isenção com progressividade, segundo a qual os rendimentos isentos são obrigatoriamente englobados para efeitos da determinação da taxa a aplicar aos restantes rendimentos, para além das excepções já actualmente previstas, para as mais-valias e menos-valias resultante das operações previstas nas alíneas b), e), f) e g) do n.º 1 do artigo 10.º e para os rendimentos de capitais, quando não sujeitos a retenção na fonte, passa a contemplar-se igualmente uma excepção para os rendimentos prediais (i.e., estes rendimentos não são englobados para efeitos da determinação da taxa a aplicar aos restantes rendimentos). O regime dos residentes não habituais é também alterado no que respeita ao regime de retenção na fonte incidente sobre os rendimentos de fonte estrangeira.
Representação fiscal – Renúncia
Prevê-se a possibilidade de renúncia à representação por parte do representante fiscal. Tal renúncia tornar-se-á eficaz relativamente à Autoridade Tributária, quando lhe for comunicada, devendo esta, no prazo de noventa dias a contar dessa comunicação, proceder às necessárias alterações registrais.
Fim da presunção de que o representante fiscal é o gestor de bens ou direitos de não residentes
Revogação do n.º 3 do artigo 27.º da Lei Geral Tributária, deixando a lei de presumir que, salvo indicação em contrário, o representante fiscal é, também, gestor dos bens ou direitos do não residente.
Ernst & Young, S.A. | O novo IRS 11
Estruturas fiduciárias
Prevê-se a tributação das imputações ou distribuições de rendimentos a partir de “trusts” como rendimento de capital e outro ganho similar sendo o rendimento associado ao valor distribuído na liquidação, revogação ou extinção do “trust” qualificado como mais-valia mobiliária e tributado à taxa de 28% (sendo agravada para 35% caso a estrutura fiduciária – como o “trust” – seja domiciliada num país, território ou região sujeitos a um regime fiscal claramente mais favorável). O valor atribuído em resultado da liquidação, revogação ou extinção de estruturas fiduciárias a sujeitos passivos beneficiários das referidas estruturas, distintos daqueles que as constituíram, deverá ser tratado como uma transmissão gratuita sujeita às regras gerais do Código do Imposto do Selo.
Tributação à saída (exit tax)
Alteração da regra constante da alínea a) do n.º 9 do artigo 10.º do Código do IRS que impõe a tributação das mais-valias latentes em consequência de operações de permuta de partes sociais de fusão e de cisão de sociedades (i.e., entrada de património para realização do capital de sociedade) com vista a assegurar a sua compatibilização com o regime constante do Código do IRC (em conformidade com o Direito Europeu). Nos casos previstos no n.º 8 e 9 do artigo 10.º e no artigo 38.º do Código do IRS, perdendo o sócio a qualidade de residente em território português, há lugar à consideração enquanto mais-valias, no ano em que se verificar a perda da qualidade de residente, do valor que não foi tributado aquando da permuta de partes sociais, fusão ou da cisão, ou de transmissão do património. O valor a considerar como mais-valia corresponde:
► Nos casos de permuta de partes sociais ou de fusões
ou cisões a que seja que seja aplicável o artigo 74.º do Código do IRC, e havendo lugar à atribuição de partes de capital, à diferença entre o valor de mercado das partes de capital recebidas e o valor de aquisição das antigas;
► Não havendo lugar à atribuição de partes de capital, à diferença entre o valor real das partes de capital e o respectivo valor de aquisição;
► No caso de entrada de património para a realização
do capital da sociedade, à diferença entre o valor real das partes de capital recebidas e o valor líquido correspondente aos elementos do activo e do passivo transferidos.
Este regime não prejudica a requalificação do rendimento nos termos previstos no artigo 38.º do Código do IRS, nos casos em que a transferência de residência ocorra antes de decorrido o período de cinco anos aí previsto. Quando a perda da qualidade de residente decorra da transferência da residência para outro Estado membro da União Europeia ou do Espaço Económico Europeu, que esteja vinculado a cooperação administrativa no domínio da fiscalidade equivalente à estabelecida no âmbito da União Europeia, o imposto, é pago (i) imediatamente, pela totalidade do montante apurado na declaração de rendimentos apresentada, nos termos e prazo estabelecidos nos artigos 57.º e 60.º do Código do IRS; (ii) no ano seguinte àquele em que se verifique em relação a cada uma das partes de capital consideradas para efeitos do apuramento do imposto, a sua extinção ou transmissão, por qualquer título, pela parte do imposto que corresponda ao resultado fiscal de cada uma das partes individualmente identificada ou (iii) em fracções anuais de igual montante, correspondentes a um quinto do montante do imposto apurado no ano em que ocorre a transferência da residência. O exercício da opção por uma das modalidades determina o vencimento de juros, à mesma taxa prevista para os juros de mora, contados desde o dia seguinte à data prevista na alínea a) do n.º 1 do artigo 97.º do Código do IRS até à data do pagamento efectivo. A opção pela tributação diferida pode ser subordinada à prestação de garantia bancária correspondente ao valor do imposto acrescido de 25%. Os termos para o cumprimento das obrigações declarativas e prestação de garantia serão definidas por portaria.
Ernst & Young, S.A. | O novo IRS 12
Entrada de património para a realização do capital da sociedade
Estabelece-se que o regime de neutralidade fiscal, associado à transmissão de património afecto ao exercício de uma actividade empresarial para a realização do capital de uma sociedade, é igualmente aplicável aos casos em que a sociedade beneficiária seja residente noutro Estado Membro da União Europeia ou no Espaço Económico Europeu, neste último caso desde que exista intercâmbio de informações em matéria fiscal. É eliminada a penalização de 15% por cada ano, ou fracção, decorrido desde aquele em que se verificou a entrada de património para realização do capital da sociedade, anteriormente prevista na parte final do n.º 3 do artigo 38.º do CIRS.
Trabalhadores deslocados no estrangeiro
Introduz-se um regime favorável para os trabalhadores Portugueses que se encontram deslocados no estrangeiro por um período não inferior a 90 dias (dos quais 60 necessariamente seguidos), e que consiste na isenção de IRS sobre os rendimentos do trabalho dependente na parte relativa à remuneração paga exclusivamente a título de compensação pela deslocação e permanência no estrangeiro que exceda os limites legais previstos no Código do IRS. A compensação isenta não pode exceder: (i) o valor correspondente à diferença entre a remuneração anual do trabalhador sujeita a imposto, incluindo a compensação, e o montante global das remunerações regulares com carácter de retribuição sujeitas a imposto auferidas no período de tributação anterior, excluindo compensações pagas ao abrigo deste regime, e nem (ii) o montante máximo de €10.000. Podem igualmente optar por este regime, em determinadas condições, os sujeitos passivos que sejam considerados não residentes, com o limite de três anos após a data do deslocamento.
Neste caso é aplicável aos rendimentos isentos o disposto no regime opcional para os residentes noutro Estado membro da União Europeia ou do Espaço Económico Europeu. Esta isenção não é cumulável com o regime dos residentes não habituais nem com outros benefícios fiscais aplicáveis aos rendimentos do trabalho dependente. A isenção fica dependente da celebração de acordo escrito no qual seja expressamente identificado o destino e período da deslocação, bem como a remuneração total a pagar ao trabalhador e a parte relacionada com a compensação pela deslocação e permanência no estrangeiro.
Ernst & Young, S.A. | O novo IRS 13
Tributação da Família
Ernst & Young, S.A. | O novo IRS 14
Quociente familiar
Em substituição do quociente conjugal - em que a taxa de imposto é determinada mediante a divisão dos rendimentos colectáveis por 2 - é introduzido um quociente familiar, permitindo a divisão, para efeitos de determinação da taxa do imposto, do rendimento tributável por um quociente que atenda ao número de membros do agregado, incluindo pais e filhos. Prevê-se que se passe a acrescentar 0,15 por cada dependente e/ou ascendente, no caso de tributação separada, ou de 0,3, no caso de tributação conjunta ou de tributação de sujeitos passivos em famílias monoparentais. Por outro lado, da aplicação do quociente familiar, não poderá resultar uma redução à colecta superior aos seguintes limites: No caso de tributação separada:
► € 300 em agregados com um dependente ou ascendente;
► € 625 em agregados com dois dependentes ou ascendente;
► € 1.000 nos agregados com três ou mais dependentes ou ascendentes.
No caso de tributação conjunta:
► € 600 nos agregados com um dependente ou
ascendentes;
► € 1.250 nos agregados com dois dependentes ou ascendentes;
► € 2.000 nos agregados com três ou mais dependentes ou ascendentes.
Nas famílias monoparentais:
► € 350 nos agregados com um dependente ou
ascendente;
► € 750 nos agregados com dois dependentes ou ascendentes;
► € 1.200 nos agregados com três ou mais dependentes ou ascendentes.
Evolução do quociente familiar
A intenção do Governo é a de que este quociente passe, nos anos de 2016 e 2017, respectivamente, de 0,3 para 0,4 e 0,5, e de 0,15 para 0,2 e 0,25, em função da avaliação da evolução da situação económica e financeira do país. Nessa medida, devem igualmente ser aumentados em 12,5% nos anos de 2016 e 2017, os limites à aplicação do quociente familiar.
Regime de tributação dos casados
Por forma a pôr fim à situação de desigualdade entre casados e unidos de facto, é prevista a extensão da possibilidade de tributação em separado, até à data, aplicável aos unidos de facto mediante a entrega de duas declarações, também para os casados. Este regime de tributação passa a ser a regra geral – para casados e unidos de facto –, passando a tributação conjunta a ser aplicável mediante opção. A opção pela tributação conjunta é exercida através da própria declaração e é válida por apenas um ano, de modo a que os interessados possam, em cada exercício, optar pelo regime que mais se adequar à sua situação. A opção apenas será considerada se exercida dentro dos prazos de entrega da Declaração de IRS Modelo 3.
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Agregado familiar
Passam a fazer parte do agregado familiar, para efeitos de IRS os dependentes maiores, até 25 anos, independentemente de se encontrarem, ou não, a frequentar o 11.º ou 12.º ano de escolaridade ou o ensino médio ou superior, desde que não aufiram rendimentos superiores ao da retribuição mínima mensal garantida.
Os dependentes de sujeitos passivos casados que não
exercem a opção de tributação conjunta não passam a
fazer parte de mais do que um agregado familiar mas
podem integrar mais do que uma declaração de
rendimentos, em conformidade com as novas regras
propostas para a imputação de rendimentos, quociente
familiar e deduções.
União de facto
Estabelece-se a presunção da existência de união de
facto, quando invocada pelos sujeitos passivos, sempre
que exista identidade de domicílio fiscal de ambos
durante o período exigido para a verificação dos
pressupostos da união de facto.
Também os não residentes passam a poder fazer prova
da identidade de domicílio fiscal no Estado onde
residiram previamente por forma a comprovar a
verificação dos pressupostos da união de facto.
Domicílio Fiscal
É estabelecida a presunção de que o domicílio fiscal
corresponde à habitação própria e permanente do
sujeito passivo. Esta presunção pode ser afastada
mediante prova em contrário, designadamente, a prova
da localização da habitação própria e permanente
noutro imóvel ou a não disposição de habitação própria
e permanente
Vales sociais de educação
A Reforma do IRS contempla um regime de vales de
educação mediante a alteração do regime do Decreto-
Lei n.º 26/29, de 28 de Janeiro, no sentido da
ampliação das entidades aderentes de modo a abranger
as escolas (e não apenas creches, jardins-de-infância e
lactários), e da elevação da idade dos beneficiários,
passando a contemplar não apenas os menores de 7
anos (“vale infância”), mas também os menores de 25
anos, cuja educação e subsistência seja assegurada
pelo trabalhador abrangido (“vales educação”). Os
“vales educação” podem destinar-se ao pagamento de
escolas, estabelecimentos de ensino e outros serviços
de educação, bem como as despesas com manuais e
livros escolares. Não se consideram rendimentos do
trabalho dependente os correspondentes à atribuição
de vales de educação que excedam € 1.100 por
dependente.
Dedução de perdas
É introduzido um regime de dedução de perdas vertical,
i.e., relativamente a cada sujeito passivo, não se
comunicando perdas horizontalmente. Assim, o
resultado negativo de uma categoria de rendimentos de
um dos cônjuges, não é absorvido nos rendimentos
positivos da mesma categoria do outro, no caso de
tributação conjunta.
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Deduções à colecta
Prevê-se que sejam dedutíveis à colecta de IRS os
seguintes tipos de despesas:
► Deduções dos dependentes e ascendentes – Por
cada dependente, o montante fixo de € 325 e
por cada ascendente que não aufira rendimento
superior à pensão mínima do regime geral e que
viva em comunhão de habitação com o sujeito
passivo ou relativamente ao qual este incorra em
encargos com lares, o montante fixo de € 300.
A estas deduções acrescem os seguintes
montantes: (i) por cada dependente com menos
de 3 anos, o montante fixo de € 125, (ii) por
cada ascendente que viva efectivamente em
comunhão de habitação com o sujeito passivo,
desde que não aufira rendimento superior à
pensão mínima do regime geral, o montante fixo
de € 110.
► Despesas gerais familiares (onde se enquadram
as despesas enquadradas em qualquer sector de
actividade, com a ressalva das relativas a
serviços/produtos de saúde, a despesas de
formação e educaão e a encargos com imóveis,
que sejam comunicadas à Autoridade Tributária
através do sistema do e-factura) – com o limite
de 35% do valor suportado por qualquer membro
do agregado familiar, até € 250 por cada sujeito
passivo.
No caso de famílias monoparentais, a dedução
corresponde a 45% do valor suportado por
qualquer membro do agregado familiar, com o
limite global de € 335.
► Despesas de saúde – com o limite de 15% do
valor suportado por cada membro do agregado
familiar e o limite global de € 1.000,
relativamente a facturas que titulem prestações
de serviços e aquisições de bens, isentos de IVA
ou tributados à taxa reduzida, comunicados à
Autoridade Tributária pelos emitentes
enquadrados nos sectores de actividade de
saúde humana, comércio a retalho de produtos
farmacêuticos em estabelecimentos
especializados e comércio a retalho de produtos
médicos e ortopédicos em estabelecimentos
especializados.
Esta dedução compreende as despesas relativas
a prémios de seguros ou contribuições pagas a
associações mutualistas ou a instituições sem
fins lucrativos que tenham por objecto a
prestação de cuidados de saúde que, em
qualquer dos casos, cubram exclusivamente os
riscos de saúde relativamente ao sujeito passivo
ou aos seus dependentes, pagos por aquele ou
por terceiros, desde que, nestes caso, tenham
sido comprovadamente tributados como
rendimento do sujeito passivo.
► Despesas de formação e educação – são consideradas 30% das despesas suportadas, com um limite de € 800.
► Encargos com imóveis (i.e., rendas e juros de dívidas por contratos relativos a habitação própria e permanente do sujeito passivo) – são consideradas 15% das despesas, com um limite de € 502 nas rendas e € 296 nos juros (havendo lugar a majoração do limite para os contribuintes que se incluam nos primeiros 2 escalões do IRS).
► Dedução pela exigência de factura – 15% do IVA
suportado por qualquer membro do agregado familiar, com o limite global de € 250 por agregado familiar, que conste de facturas que titulem serviços nos seguintes sectores de actividades:
► Manutenção e reparação de serviços
automóveis
► Manutenção e reparação de motociclos, de suas peças e acessórios
► Alojamento, restauração e similares;
► Actividades de salões de cabeleireiro e institutos de beleza.
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► Por outro lado, são mantidas inalteradas as
deduções à colecta relativas a:
► Encargos com lares; ► Pessoas com deficiência; ► Dupla tributação internacional; e ► Benefícios fiscais.
Deduções à colecta – sistema e-factura
Tratando-se de deduções que não sejam de montante
fixo, as mesmas só podem ser realizadas se constarem
de documentos comunicados pelos emitentes à
Autoridade Tributária e Aduaneira, com a identificação
do sujeito passivo ou do membro do agregado familiar a
que se reportam através do número de identificação
fiscal correspondente, que sejam facturas ou
documentos equivalentes.
Tratando-se de despesas de saúde, de formação e
educação e com imóveis realizadas noutro Estado
membro da União Europeia ou do Espaço Económico
Europeu (desde que, neste último caso, exista
intercâmbio de informações em matéria fiscal), pode o
contribuinte comunicá-las através do Portal das
Finanças, inserindo os dados essenciais da factura que
suporte tais despesas.
Limite global das deduções à colecta
Sem prejuízo da aplicação dos limites referidos supra, a soma das deduções à colecta relativas a despesas de saúde, despesas de educação e formação, encargos com imóveis, pensões de alimentos (vide infra), relativas à exigência de factura, encargos com lares e a benefícios fiscais não poderá exceder, por agregado familiar, os seguintes limites, tendo em consideração o rendimento colectável do agregado familiar:
Pensões de alimentos
Neste âmbito, prevê-se:
► Dedução à colecta 20% das despesas com pensões de alimentos na declaração do sujeito passivo pagador da pensão (esta dedução impede a consideração das demais deduções ao dependente relativamente ao qual o sujeito passivo paga a pensão de alimentos).
► Tributação autónoma à taxa de 20% na esfera do beneficiário.
Rendimento colectável
(após aplicação do
coeficiente familiar) Limites
< 0 sem limite
> € 7.000 e < € 80.000
Limite resultante da
aplicação da seguinte
fórmula: €1.000+ [(2.500 - € 1.000) x
[€80.000 – Rendimento Colectável / €80.000 - €
7.000]]
> € 80.000 € 1.000
Majoração dos limites em 5% por cada
dependente, nos agregados com 3 ou mais
dependentes
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Rendimentos e deduções dos dependentes
Mantém-se a regra de que os dependentes apenas fazem parte de um agregado e prevê-se a imputação de rendimentos relativa aos dependentes - no caso de tributação separada em metade para cada cônjuge.
Responsabilidade pela dívida de imposto no âmbito do casamento
É consagrada uma nova disposição sobre a responsabilidade pela dívida de imposto no âmbito do casamento:
► Nos casos de opção pela tributação conjunta, a prevê-se que a responsabilidade seja sempre solidária;
► Na tributação separada, aplicar-se-á relativamente aos casados o regime da lei civil, presumindo-se o proveito comum do casal;
► Os dependentes são subsidiariamente
responsáveis pelo pagamento do imposto em falta, atá à fracção do imposto correspondente aos seus rendimentos, líquidos das deduções específicas.
Aspectos procedimentais e processuais
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Alargamento do regime de dispensa da declaração
É alargado o regime de dispensa de entrega de declaração de rendimentos aos sujeitos passivos que apenas aufiram rendimentos do trabalho dependente ou pensões (Categoria A e H) até ao montante máximo de € 8.500. Adicionalmente, é alargada a dispensa de entrega de declaração de rendimentos aos sujeitos passivos que aufiram subsídios ou subvenções no âmbito da Política Agrícola Comum (PAC) de montante anual inferior a 4 vezes o valor do IAS, desde que simultaneamente apenas aufiram, isolada ou cumulativamente, menos de € 4.104 de rendimentos de trabalho dependente ou de pensões. Ficam também dispensados os sujeitos passivos que pratiquem actos isolados de montante anual inferior a 4 vezes o valor do IAS, desde que não aufiram outros tipos de rendimentos ou apenas aufiram rendimentos tributados às taxas liberatórias. A dispensa não se mostra, contudo, aplicável em caso de opção pela tributação conjunta ou quando aufiram rendimentos em espécie, ou rendas temporárias ou vitalícias, em determinadas condições.
Prazos de entrega da declaração de rendimentos
Elimina-se a existência de prazos distintos para a entrega das declarações de rendimentos, consoante as mesmas sejam entregues em suporte papel ou por transmissão electrónica de dados. Tendo ficado estabelecidos os seguintes prazos: ► De 15 de Março a 15 de Abril (quando os sujeitos
passivos apenas hajam recebido ou tenham sido colocados à sua disposição rendimentos das categorias A e H);
► De 16 de Abril a 16 de Maio (nos restantes casos).
Os novos prazos apenas produzem efeitos a partir de 1 de Janeiro de 2016.
Reformulação do regime de retenção na fonte
Procede-se à revogação do Regime de Retenções na Fonte de IRS, constante do Decreto-Lei n.º 42/91, de 22 de Janeiro, de modo a que toda esta matéria passe a constar no Código do IRS. São previstas as seguintes alterações: ► Consagração expressa da possibilidade da entidade
sobre a qual recai a obrigação de retenção, corrigir retenções com natureza liberatória de montante excessivo nas entregas subsequentes de imposto, com o limite do último período de retenção anual;
► Clarificação de que a correcção pode ser feita em mais do que um período de retenção, sempre que o montante a entregar no primeiro período após a detecção do erro se revele insuficiente para a integral correcção;
► Afastamento da obrigação de retenção na fonte sobre os rendimentos entregues em espécie (excepto se o próprio sujeito passivo solicitar que tal ocorra);
► Uniformização do regime de responsabilidade do substituto tributário previsto no Código do IRS com o regime previsto na Lei Geral Tributária;
► Adaptação das regras de elaboração das tabelas de retenção na fonte das Categorias A e H à realidade decorrente do novo regime de deduções à colecta;
► Clarificação do regime de retenção na fonte nas situações de juros contáveis, de modo a torná-lo mais perceptível para os operadores económicos que recorrem a instrumentos de financiamento que podem gerar este tipo de rendimento.
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Obrigações de registo
São actualizadas as normas que versam sobre as obrigações de registo que impendem sobre os titulares de rendimentos da Categoria B que não possuam contabilidade organizada, em face da evolução das exigências formais em matéria contabilística. É ainda alargado o prazo de conservação dos registos contabilísticos e documentos de suporte de 10 para 12 anos.
Reforço da protecção das garantias do contribuinte
Foram simplificadas as normas processuais e reforçada da protecção dos contribuintes e das suas garantias de defesa, como é, por exemplo, o caso da fixação de um prazo (15 dias) e da possibilidade de o mesmo ser alargado, para 25 dias, por iniciativa do contribuinte, para apresentação de documentos de suporte das declarações (actualmente, tal prazo pode ser discricionariamente fixado pela Autoridade Tributária). Articulação do disposto no Código do IRS, no que respeita a normas processuais e de garantia, com as normas da Lei Geral Tributária e do Código de Procedimento e Processo Tributário.
Sobretaxa de IRS e Taxa Adicional de Solidariedade
A sobretaxa de 3,5% vai vigorar em 2015 pelo terceiro ano consecutivo.
Do mesmo modo, é mantida inalterada a taxa adicional de solidariedade, aplicável ao quantitativo do rendimento colectável superior a € 80.000.
Pelo que, em 2015, nada muda, ainda que se preveja na lei que aprovou a Reforma do IRS, que venha a ser ponderada a sua eliminação progressiva, em função dos resultados da reforma de IRS e da avaliação da situação económica e financeira do país.
Crédito fiscal
Por outro lado, a lei que aprovou o Orçamento do Estado para 2015 vem ainda estabelecer que à colecta da sobretaxa sejam deduzidas apenas, até à respetiva concorrência:
a) 2,5 % do valor da retribuição mínima mensal garantida por cada dependente ou afilhado civil que não seja sujeito passivo de IRS;
b) Um crédito fiscal correspondente à percentagem, quando positiva, da coleta da sobretaxa, após a dedução prevista na alínea anterior, determinada de acordo com a seguinte fórmula:
(RFT - RFTP) ÷ RFS × 100
Em que:
RFT – corresponde à soma das receitas do IRS e do IVA do subsector Estado em 2015 (efectivas);
RFTP – corresponde à soma das receitas do IRS e do IVA constantes do mapa I, anexo à Proposta, sendo desconsideradas eventuais rectificações das mesmas para mais no decurso do ano de 2015 (previstas);
RFS – corresponde ao valor da retenção na fonte em sede de sobretaxa, a arrecadar por referência ao período de Janeiro a Dezembro de 2015.
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A EY, dada a sua vasta experiência, está disponível para prestar todos os esclarecimentos que se mostrem adequados quanto a esta temática, nomeadamente na sua aplicação a situações específicas e na obtenção, junto da Administração Tributária e Aduaneira, de todas as informações que se mostrem necessárias para a correcta aplicação dos normativos legais.
Como a EY pode ajudar
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