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O QUE ESTARIAM ENSINANDO AS REPRESENTAÇÕES DE MULHERES
NA ESFERA POLÍTICA PÚBLICA EM LIVROS DIDÁTICOS DE HISTÓRIA –
ENSINO MÉDIO?
João Carlos Amilibia Gomes
Universidade Luterana do Brasil (ULBRA)
joaogomesjcag@gmail.com
RESUMO – O presente trabalho desenvolve-se com a intenção de problematizar
representações de mulheres na esfera política pública nos textos imagéticos dos livros
didáticos – volumes 1, 2 e 3 – de História/Ensino Médio da coleção História Geral e do
Brasil, publicada pela editora Scipione em 2014. As reflexões e análises são articuladas
no campo dos Estudos Culturais, assim, valho-me de teorizações relativas aos livros
didáticos de História, dos Estudos de Gênero, de Estudos da Cultura Visual, bem como
de teorizações pós-estruturalistas. O estudo como que explicita que as construções
histórico-discursivas, nas quais se inserem os textos imagéticos examinados, são
congruentes com um determinado currículo propiciando somente “algumas”
representações de mulheres na esfera política pública.
Palavras-chave: Ensino de História; Estudos Culturais; Representações; Gênero; Livros
Didáticos.
Introdução
As discussões concernentes às questões de gênero têm enorme importância na
contemporaneidade, especialmente no campo pedagógico. Assim, o corrente trabalho
desenvolve-se com a intenção de problematizar representações de mulheres na esfera
política pública1, nos textos imagéticos de três livros didáticos disponibilizados pelo
Ministério da Educação às escolas de Ensino Médio da rede pública. Os referidos livros
1Em minha dissertação de mestrado analiso representações de feminino nas imagens de três livros
didáticos de História – Ensino Médio, situados no corte cronológico 2004/2005, quais sejam: História
para o Ensino Médio: História Geral e do Brasil, de Vicentino e Dorigo; História Global: Brasil e Geral,
de Cotrin; História: das cavernas ao Terceiro Milênio, de Mota e Braick. No presente trabalho, valho-me
de “recortes” da categoria de análise V – Mulheres no mundo do trabalho e na esfera política pública que
desenvolvi no âmbito da referida dissertação.
são os volumes 1, 2 e 3 de História/Ensino Médio da coleção História Geral e do
Brasil, de Cláudio Vicentino e Gianpaolo Dorigo publicada pela editora Scipione em
2014.
Desenvolvo as reflexões e análises no campo dos Estudos Culturais, valendo-me
de teorizações relativas aos livros didáticos de História, dos Estudos de Gênero, de
Estudos da Cultura Visual, bem como de teorizações pós-estruturalistas. Deste modo,
imagino os livros didáticos na condição de artefatos pedagógicos – que se encontram
articulados a determinadas práticas socioculturais e a certos grupos de pessoas em
especial, alunos/as e professores/as – significativamente “imbricados” na viabilização
de processos de ensino e de aprendizagem, que favorecem a “fabricação” de
determinados sujeitos em detrimento de outros. A noção de texto utilizada permite o
entendimento de que os textos não se constituem somente no âmbito da expressão
verbal, podendo ser pensados como produtos das práticas socioculturais que contêm e
produzem significados e, portanto, as imagens podem ser consideradas na condição de
textos imagéticos, tratados como construções discursivas articuladas em meio às
relações de poder, que podem ser produtivas no âmbito dos processos de formação de
identidades de gênero de alunos/as, favorecendo a normalização e fixação de
determinadas feminilidades e masculinidades.
Na análise dos textos imagéticos, atento a elementos formais como cor, espaço e
linha, bem como as relações que se estabelecem entre as imagens e os textos verbais que
lhes circundam. Utilizo o conceito de representação conforme Hall (1997, p. 61), ou
seja, considero que a representação “é o processo pelo qual membros de uma cultura
usam a linguagem para instituir significados. Essa definição carrega uma premissa: as
coisas, os objetos, os eventos do mundo não têm, neles mesmos, qualquer sentido fixo,
final ou verdadeiro”; assim, são as pessoas, nas suas práticas sociais, nos diferentes
tecidos socioculturais que atribuem sentido às coisas.
O entendimento de que a condição de mulher e/ou de homem é construída
através de práticas sociais, como que potencializa a importância de se atentar às
representações de mulheres que podem ser encontradas nos livros didáticos,
frequentemente pensados como “lugares” de verdades cientificamente estabelecidas.
Na seção que antecede a análise das referidas representações de mulheres
explicito informações concernentes à casa editorial que publicou os livros didáticos,
bem como evidencio dados relativos ao suporte de tais artefatos, aos recursos gráficos
utilizados e a organização dos conteúdos apresentados na construção histórico-
discursiva que se encontra ao longo dos três volumes da coleção História Geral e do
Brasil.
Os três artefatos pedagógicos de História/Ensino Médio da coleção História Geral e
do Brasil
Os livros didáticos que abarcam as representações de mulheres problematizadas
foram produzidos no Estado de São Paulo. A editora Scipione responsável pela
publicação de tais artefatos é uma das editoras da Somos Educação2. No site das
editoras Àtica e Scipione, ambas pertencentes a Somos Educação, pode-se ler: “as
Editoras Ática e Scipione são líderes no mercado de livros didáticos e paradidáticos e
protagonizam inúmeras inovações nas áreas editorial e de produtos educacionais”
(2016). Neste site também é explicitado que a editora Scipione a mais de quatro décadas
“desenvolve produtos didáticos e paradidáticos de autores brasileiros e estrangeiros”
(2016). No corrente milênio os livros didáticos da Àtica e da Scipione têm circulado
“em significativa medida” no âmbito de escolas da rede privada e da rede pública.
É interessante enfatizar que os artefatos em questão no corrente estudo foram
submetidos ao processo seletivo do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) – o
Programa Nacional do Livro Didático para o Ensino Médio (PNLEM) pode ser
imaginado como uma ampliação do PNLD – que, de certa forma, tem balizado a
organização e readequação de livros didáticos. Portanto, a coleção História Geral e do
Brasil que consta no Guia de livros didáticos do PNLD 2015/Ensino Médio/História é
endereçada aos/as alunos/as das escolas de Ensino Médio da rede pública. Há que se
evidenciar que atento aos livros didáticos de tal coleção que se encontram na condição
de códice3, pois no referido guia de livros do PNLD, também se encontram os livros
digitais e o manual do professor que integram a coleção.
2 O Tarpon Investimentos assumiu o controle da empresa Abril Educação em fevereiro do ano de 2015.
Assim, o grupo Abril Educação mudou sua marca para “Somos Educação”. 3 O códice favorece certa agilização em relação ao manejo, pois “possibilita a paginação, a criação de
índices e concordâncias, a comparação de uma passagem com outra, ou, ainda, permite ao leitor que o
folheia percorrer o livro por inteiro” (CHARTIER, 1994, p. 191).
No Guia de livros didáticos do PNLD 2015/Ensino Médio/História pode-se ler
que em 2015 “pela primeira vez para este nível de ensino, as coleções puderam ser
inscritas no PNLD também em formato de livro digital” (p. 7).
Atentar ao suporte no qual se encontram os textos é fundamental, pois “cada
forma, cada suporte, cada estrutura da transmissão e da recepção do escrito afeta-lhe
profundamente os possíveis usos, as possíveis interpretações” (CHARTIER, 1994, p.
193). O texto eletrônico, na tela, não é manuseado, não requer para leitura os gestos
utilizados na leitura do códice, mas exige para sua utilização habilidades relacionadas às
tecnologias da informática, bem como tem constituição significativamente diferente da
encontrada nos códices impressos.
Neste trabalho, valho-me de livros didáticos na condição de códice que devem
ser utilizados pelos/as alunos/as no decorrer dos anos letivos de 2015, 2016 e 2017. O
volume 1, com os conteúdos do 1º ano do Ensino Médio, tem 264 páginas; o volume 2,
com os conteúdos do 2º ano do Ensino Médio e o volume 3, com os conteúdos do 3º ano
do Ensino Médio têm cada um 288 páginas. Nas construções textuais das primeiras
capas dos códices – volumes 1, 2 e 3 – da coleção História Geral e do Brasil destacam-
se “recortes” de obras arquitetônicas. Nas segundas capas destes artefatos há um texto
verbal – no âmbito de um quadro – que evidencia que o livro foi adquirido e distribuído
pelo Ministério da Educação, bem como salienta que o livro deve ser preservado, pois
deve ser usado por diferentes estudantes ao longo de sua vida útil – três anos. Logo
abaixo, em um segundo quadro há espaço para registrar o nome de cada aluno/a que
utiliza o artefato didático e o ano correspondente ao uso. Nos três livros encontra-se um
texto apresentando o artefato didático, um sumário, uma seção intitulada Conheça seu
livro e a narrativa histórica é articulada no âmbito de unidades – começam com a seção
Discutindo a História – subdivididas em capítulos – iniciam com a seção Para pensar
historicamente. Os artefatos didáticos também abarcam os seguintes recursos:
glossários, boxes, quadros, esquemas-resumo, atividades e sugestões de leitura.
As construções textuais das capas e da narrativa histórica – fragmentada em três
volumes – destes livros didáticos é multissemiótica. O material imagético é
diversificado quanto à técnica e as condições contextuais de produção – conforme
Restrepo (2011, p. 7) “El contexto no es el telón de fondo, el escenario donde algo
sucede, sino sus condiciones de existencia y de transformación”. Deste modo, há
representações imagéticas constituídas por discursos que circularam no tecido
sociocultural da época em que foram criadas, assim como há representações que têm a
ver, especialmente, com os discursos que constituem o “olhar” e o tempo daquele/a que
elabora a imagem do objeto de representação. No corrente estudo problematizo um
conjunto de construções textuais imagéticas que abarca reproduções de fotografias, de
gravuras, de pinturas e de uma ilustração para um manuscrito do século XV.
Passo, então, a refletir sobre determinadas representações de mulheres na esfera
política pública, que se encontram nos textos imagéticos dos livros didáticos que
constituem a coleção História Geral e do Brasil.
Representações de mulheres na esfera política pública: o que estariam ensinando
para as/os jovens estudantes de Ensino médio?
Nas diversas sociedades, os lugares e as representações de mulheres na esfera
pública não são “naturais”, se constituem historicamente, em meio a conflitos
discursivos, tendo, portanto, existência contingente.
As próprias noções de esfera privada e esfera pública são históricas, e, portanto,
contextuais. Assim, conforme Prost (2009, p. 14), “não existe uma vida privada de
limites definidos para sempre, e sim um recorte variável da atividade humana entre a
esfera privada e a esfera pública”. Perrot (1998, p. 7-8), em sua obra Mulheres públicas,
pensa o público em dois sentidos, que, segundo ela, parcialmente se recobrem:
“esfera pública”, por oposição à esfera privada, designa o conjunto, jurídico
ou consuetudinário, dos direitos e dos deveres que delineiam uma cidadania;
mas também os laços que tecem e fazem a opinião pública [...] o “espaço
público”, amplamente equivalente à cidade, é um espaço sexuado em que
os homens e as mulheres se encontram, se evitam ou se procuram.
A situação das mulheres na esfera pública, nos tecidos socioculturais ocidentais,
desde a Antiguidade, tem sido problemática; a cidadania socialmente construída de
diferentes maneiras em variados espaços e momentos históricos foi-lhe muitas vezes
negada. Elas já foram (ou ainda são?) associadas ao campo da desordem, do instinto, e
pensadas mais articuladas ao sensível do que ao racional.
Articulo a análise das representações de mulheres na esfera política pública, que
se encontram nos textos imagéticos dos três livros didáticos da coleção História Geral e
do Brasil, agrupando tais textos – trinta e cinco ao todo – em três categorias de análise,
quais sejam: a) Mulheres manifestando-se e/ou lutando na esfera política pública –
abarca dezenove textos imagéticos; b) Mulheres na condição de líderes na esfera
política pública – envolve sete textos imagéticos e c) Mulheres na condição de
“esposas” de líderes na esfera política pública – articulada com nove textos
imagéticos.
Dentre os textos imagéticos que abarcam representações de mulheres
manifestando-se e/ou lutando na esfera política pública, a maioria se encontra no âmbito
do texto verbal articulado pelos autores dos livros. Dois se localizam em quadros que
ocupam página inteira e outros dois se encontram nas seções Discutindo a História – os
referidos quadros, bem como as seções Discutindo a História abarcam textos verbais
que não foram produzidos pelos autores dos livros didáticos.
Curiosamente, a participação de mulheres na esfera política pública
manifestando-se e/ou lutando, representada nos textos imagéticos, é evidenciada no
texto verbal das legendas e/ou no texto verbal mais amplo dos autores dos artefatos
didáticos em apenas três casos – “todos” localizados no volume 3 da coleção História
Geral e do Brasil –, que abarcam representações de mulheres na condição de mães, de
donas de casa e de modernistas destacadas.
Assim, no volume 3 encontra-se uma fotografia, na qual mães da Praça de Maio
podem ser vistas em destaque, sentadas, utilizando roupas de inverno, à frente de um
número significativo de bandeiras. O referido texto imagético é circundado por um
texto verbal intitulado América Latina: do século XX ao século XXI. Pode-se ler na
legenda do texto imagético: ”As ‘Mães da Praça de Maio’ em Buenos Aires, 2011”
(VICENTINO; DORIGO, 2014, p. 191). No texto dos autores do livro é enfatizado o
sucesso das mães na luta por elas empreendida para encontrar os filhos desaparecidos e
para punir os criminosos.
Noutro caso, no volume 3, em meio a um “recorte” de texto verbal relativo ao
Plano Cruzado, encontra-se uma fotografia que explicita a ação – parecem conferir
preços – de mulheres em um supermercado. Na legenda deste texto é salientado: “Em
todo o Brasil, donas de casa munidas com tabelas de preços da Superintendência
Nacional de Abastecimento e Preços [...] agiam como se tivessem poder de polícia [...]”
(VICENTINO; DORIGO, 2014, p. 252). No texto dos autores do material didático a
ação “das donas de casa” não é referida, sendo evidenciado que “a população” atendeu
ao apelo do presidente da República no sentido de fiscalizar o congelamento de preços e
de denunciar infratores.
Nos dois casos, o feminino está associado a um exercício de cidadania, no qual a
mulher é representada na esfera pública, mas na condição de mãe e de dona de casa, ou
seja, conectada à esfera privada.
Atentando ao texto imagético no qual se encontram representações de mulheres
modernistas – volume 3 – em primeiro plano numa fotografia, pode-se ler na legenda:
“Grupo de modernistas em São Paulo. Na foto, de 1922, destacam-se [...]Patrícia
Galvão [...], Anita Malfatti [...], Tarsila do Amaral [...]e Oswald de Andrade [...]”
(VICENTINO; DORIGO, 2014, p. 72). No texto verbal sobre a Semana de Arte
Moderna, os nomes Anita Malfatti e Tarsila do Amaral constam dentre aqueles que
seriam os “principais nomes do nascente modernismo brasileiro” (VICENTINO;
DORIGO, 2014, p. 72). Contudo, a relevância dada às mulheres modernistas na
narrativa histórica parece, em alguma medida, “borrada” por emergir no interior de uma
ordem discursiva que seria matizada pelo “androcêntrismo”.
A análise das representações de mulheres que se encontram nos textos
imagéticos da categoria Mulheres manifestando-se e/ou lutando na esfera política
pública, evidencia que a maior parte das representações não é sequer referida no texto
verbal dos autores dos livros didáticos. Os textos imagéticos que abarcam tais
representações estariam inseridos em construções histórico-discursivas que se
(re)criariam discursivamente, utilizando-os; ou seja, as referidas imagens seriam usadas
em meio a procedimentos de exclusão, como a interdição, que definiriam, por um lado,
o que não deveria ser visto pelos/as endereçados/as – aquilo que não seria focalizado
pela legenda e pelo texto verbal mais amplo – e, por outro lado, o que e como deveria
ser visto; deste modo, as mulheres estariam representadas dentro de certos limites e,
sobre elas, somente se comentariam determinadas coisas em detrimento de outras. A
presença de tais representações, assim, seria de significativa importância para a
(re)criação de construções histórico-discursivas nas quais o masculino é hegemônico.
Na seção intitulada Bastidores da História – encontrada somente no início do
volume 1 –, em meio a uma abordagem relativa à temporalidade, há uma fotografia de
mulheres numa manifestação, em destaque, usando burcas e segurando cartazes com a
mensagem The only solution REVOLUTION. A presença masculina no texto imagético
é pouco perceptível, entretanto, na legenda pode-se ler: “Manifestantes contrários à
monarquia no Bahrein protestam na capital do país, Manama, em março de 2011”
(VICENTINO; DORIGO, 2014, p. 17). Há inclusão do feminino no masculino na
linguagem verbal da legenda, e o texto verbal sobre a temporalidade não aborda
especificamente a ação das manifestantes. A inclusão do feminino no masculino na
textualidade verbal propicia que o masculino exerça como que um predomínio sobre o
feminino, pois o masculino gramatical representa o feminino, mas o contrário não
ocorre e não pode ocorrer dentro do sistema gramatical vigente. Tal sistema compõe o
próprio processo de escolarização das imagens.
Curiosamente, para além do texto “principal” dos autores dos livros didáticos,
em quadros e/ou nas seções intituladas Discutindo a História, encontram-se construções
textuais que atentam a existência da mulher na esfera política pública.
No âmbito de um quadro localizado no volume 2, encontra-se uma construção
textual intitulada As Mulheres na Revolução Francesa, que envolve uma gravura com
mulheres em marcha portando armas e/ou artefatos que podem ser utilizados como
armas – uma das mulheres carrega uma “espécie de estandarte” constituído pela imagem
de uma balança e por um barrete – em cuja legenda pode-se ler: “A marcha das
mulheres para Versalhes, gravura do século XVIII” (VICENTINO; DORIGO, 2014, p.
161). Em tal quadro o texto verbal é articulado a partir de duas fontes bibliográficas. A
atuação das mulheres francesas em meio aos processos revolucionários do final do
século XVIII é enfatizada no tecido textual que constitui o quadro. Entretanto, a
construção textual situada no interior do quadro em questão, encontra-se
“desconectada” da construção textual verbal “principal” dos autores do livro. Os fatos e
os personagens que são evidenciados na narrativa histórica de Vicentino e Dorigo, como
que explicitam uma abordagem histórica articulada a partir de um olhar masculino.
No âmbito dos quadros e das seções Discutindo a História se encontrariam
reflexões que “não poderiam” emergir em meio ao texto “principal”4 articulado pelos
autores dos livros. Pergunto: a existência destes “espaços para reflexões” não estaria
como que relacionada com a (re)criação da construção histórica que se encontra no
4 O texto que denomino “principal” – construção textual “principal” ou construção histórico-discursiva
“principal” – é aquele que teria sido escrito/articulado pelos autores do livro, que poderia existir
independentemente dos quadros e das seções. Não imagino as legendas das imagens como partes do texto
“principal”, que, portanto é o texto verbal mais amplo que circunda as imagens.
texto “principal” dos autores dos artefatos pedagógicos? A abordagem de determinadas
temáticas, em tais “espaços”, não colaboraria para que a narrativa histórica fosse
pensada como que numa condição de atualizada em relação às demandas de
determinados grupos sociais?
Em uma das seções Discutindo a História, no volume 3, numa construção
textual intitulada Novos sujeitos na política: mulheres, negros, terceiro-mundistas..., se
localiza uma fotografia, na qual há mulheres jovens manifestando-se. Na legenda do
texto imagético lê-se: “[make] Love not war, slogan-símbolo das mobilizações
antiguerra de norte-americanos na década de 1960. Foto de 1967” (VICENTINO;
DORIGO, 2014, p. 135). No texto verbal que circunda a fotografia é explicitado: “O
inconformismo expresso nos diversos movimentos sociais [...] impulsionou o ativismo
pelos direitos de negros, mulheres, homossexuais, estudantes, minorias étnicas e outros
grupos sociais” (VICENTINO; DORIGO, 2014, p. 135). Nesta seção – como no quadro
que abarca a abordagem sobre as mulheres na Revolução Francesa – a participação
política das mulheres na esfera política pública no âmbito de um determinado contexto,
seria, em dada medida, evidenciada. A seção seria um “espaço”, no qual as mulheres
poderiam ser representadas na condição de quem “faz história”. Entretanto, tal “espaço”
é limitado, pois para além da seção encontra-se uma construção histórica desenvolvida
pelos autores dos livros didáticos, como que matizada por uma visão androcêntrica.
Passando ao “pequeno conjunto” de textos imagéticos que constitui a categoria
de análise intitulada Mulheres na condição de líderes na esfera política pública, atento
a um texto que se encontra no volume 1. Trata-se de uma ilustração para um manuscrito
do século XV, na qual Joana d’Arc é representada na condição de guerreira,
empunhando numa das mãos uma espada e noutra segurando uma espécie de estandarte
com imagens que parecem relacionadas ao cristianismo.
A ilustração localiza-se no final de uma construção textual sobre a monarquia
francesa e a Guerra dos Cem Anos. No âmbito da narrativa histórica do artefato
didático, Joana d’Arc parece emergir em meio ao caos. No texto verbal, pode-se ler:
“Filha de camponeses humildes, Joana d’Arc dizia-se enviada por Deus para guiar os
franceses na expulsão do exército inglês” (VICENTINO; DORIGO, 2014, p. 240). Ora:
parece imaginável que a ascensão militar e “política” de Joana d’Arc fora uma ascensão
“possível” no âmbito de uma ordem marcada pelo predomínio masculino. Perrot (1998,
p. 131), ao falar de Thatcher, na Inglaterra, e de Édith Cresson, na França, observa
parecer-lhe que, em momentos de crise, “se prefere recorrer às salvadoras”; ela referiu-
se a isto como “síndrome de Joana d’Arc”, pois as mulheres poderiam ser pensadas para
o comando, quando nada mais parece funcionar.
Na categoria de análise que abarca a representação de Joana d’Arc, também se
encontra uma fotografia – situada no volume 3 – de Margaret Thatcher. O texto
imagético está no campo de um texto verbal intitulado O neoliberalismo e o “Estado
mínimo” que envolve observações sobre o chamado Consenso de Washington, a
chamada Terceira Revolução Industrial e o desemprego que dela decorreria, bem como
sobre os pensamentos de neoliberais e de antineoliberais. Na referida construção textual
é evidenciado que “na política, as condições favoráveis ao neoliberalismo só se
efetivaram com os governos conservadores de Margareth Thatcher, [...] no Reino
Unido; Ronald Reagan, [...] nos Estados Unidos [...]” (VICENTINO; DORIGO, 2014,
p. 238). A fotografia de Thatcher localiza-se ao lado das fotografias de Ronald Reagan e
de Helmut Kohl, e uma mesma legenda é utilizada abaixo dos três textos imagéticos
salientando que “durante os governos Thatcher, Reagan e Kohl, foram implementadas
as políticas neoliberais, impulsionando a economia de mercado, o livre-comércio e o
colapso da ordem da Guerra Fria” (VICENTINO; DORIGO, 2014, p. 239).
Thatcher fora a primeira mulher a comandar um governo na Europa Ocidental, já
no “apagar das luzes dos anos 1970” e, no entanto, segundo Perrot (1998, p. 130), ela
“não convocou nenhuma outra mulher” – a chegada de Thatcher estaria associada a uma
vontade de ruptura? O governo de Thatcher ocorreu em um período no qual o partido
conservador sofreu mudanças na sua base social. Novamente, parece imaginável que
estamos frente a uma ascensão feminina ao poder político que primaria por estar
articulada à ordem ocidental hegemônica masculina – e dela, talvez, fosse refém.
Aliás, no volume 2 da coleção História Geral e do Brasil, sob o título Inglaterra
e a Era Vitoriana é possível visualizar um texto verbal e uma pintura, na qual se
encontra uma representação da rainha Vitória – seu reinado teria colaborado para a
(re)criação do predomínio masculino na esfera política pública. No texto imagético a
rainha está sentada, com posição soberana, vestes pomposas e ostentando uma coroa.
Na legenda do texto é evidenciado que se trata de uma “pintura da rainha Vitória do
início do século XIX, de Franz Winterhalter. Seu longo reinado de 63 anos só terminou
três semanas depois de ter acabado o século XIX, o chamado ‘século britânico’”
(VICENTINO; DORIGO, 2014, p. 212). Já o texto verbal mais amplo, junto ao qual se
localiza a imagem da rainha Vitória, salienta seu longo reinado e a adoção que fizera,
junto dos gabinetes de governo, de uma política burguesa que seria impulsionadora do
liberalismo; a partir daí, são focalizados aspectos da Era Vitoriana.
Após o referido texto verbal, na página seguinte há um quadro que abarca uma
construção textual intitulada Papéis Femininos. No primeiro parágrafo de tal
construção, os autores do livro didático evidenciam que “a historiadora Catherine Hall
analisa como se processou a distinção entre os espaços públicos e privados e entre os
papéis que deveriam ser assumidos por homens e mulheres, na Inglaterra do século
XIX” (VICENTINO; DORIGO, 2014, p. 213) e logo passam a apresentar recortes de
uma abordagem de Hall. Neste quadro – como em outros, conforme já explicitado no
corrente trabalho – se encontrariam reflexões sobre determinadas temáticas, que não
seriam possíveis no âmbito da construção textual “principal” dos autores do livro
didático.
Atentando a representação da rainha Vitória, há que se considerar o que observa
Perrot (1998, p. 100), ou seja, que o “ideal vitoriano é o de um pai de família que seja o
único assalariado e de uma mãe dona de casa” – o homem é articulado ao público e a
mulher, ao privado. Assim, parece imaginável que a pintura da rainha Vitória represente
um lugar em que se (re)criariam discursos favoráveis à ordem hegemônica masculina.
Dentre os textos imagéticos da categoria Mulheres na condição de líderes na
esfera política pública, também há uma fotografia – localizada no volume 3 – na qual se
encontra representada a primeira deputada federal do Brasil, Carlota Pereira de Queirós.
Na imagem há um significativo conjunto de homens – com vestes escuras – em
meio aos quais se destaca Carlota com roupa e chapéu brancos. Na legenda da
fotografia é possível ler: “Sessão da Assembleia Constituinte de 1934. À esquerda, de
chapéu, Carlota Pereira de Queirós, primeira deputada brasileira. A Constituição de
1934 – de curta duração – trouxe inovações, como a representação classista”
(VICENTINO; DORIGO, 2014, p. 97).
O texto imagético é circundado por dois textos verbais, um relativo à
Constituição de 1934 – articulado pelos autores do livro didático – e outro que se
encontraria sob o título O voto feminino no Brasil – cuja fonte seria a Câmara dos
Deputados. O primeiro não abarca referência à Carlota, o segundo estaria separado do
texto dos autores do artefato didático por um traçado verde. Como em outros casos
tratados no corrente estudo, reflexões que “não poderiam emergir” no texto “principal”
dos autores do livro, parecem encontrar condições de existência em um “espaço” que se
encontraria para além da construção histórico-discursiva “principal” dos referidos
autores.
Por um lado, a representação de Carlota – única mulher em meio a tantos
homens – na Assembleia poderia suscitar que as mulheres estariam conquistando espaço
na política. Por outro lado, considerando-se que a fotografia em questão encontra-se
escolarizada no âmbito de uma narrativa histórica androcêntrica, não seria pensável que
poderia colaborar para a naturalização da hegemonia masculina na esfera política
pública? A ampla maioria de homens representada na Assembleia, em alguma medida,
não contribuiria para que os/as alunos/as imaginassem que a presença feminina seria
uma exceção? A maioria de homens representada na Assembleia não contribuiria para
“naturalizar” a compreensão de que a esfera pública é um espaço masculino?
Parece significativo que a fotografia de Carlota Pereira de Queirós constitua uma
construção textual que envolve uma caracterização da Constituição de 1934, no âmbito
de uma abordagem relacionada a um período de governo de Getúlio Vargas, e, que a
fotografia de Maria da Penha – situada no volume três – se encontre em um “recorte” da
narrativa histórica sobre a Constituição de 1988, em meio a considerações concernentes
ao governo de José Sarney (1985-1990).
Tais textos imagéticos são utilizados em “partes” da narrativa histórica cujo
principal objetivo seria caracterizar os governos de Vargas e de Sarney. Deste modo, as
representações de mulheres na condição de líderes na esfera pública emergem no âmbito
de considerações relativas às Constituições de 1934 e 1988 – que foram articuladas em
meio aos governos citados – , em condições periféricas no que concerne ao que estaria
em foco na construção histórico-discursiva “principal”.
Na legenda da fotografia de Maria da Penha é evidenciado que foi “[...]
homenageada com o nome da Lei n. 11340, [...] vítima dos maus-tratos de seu esposo
[...]. Liderou a luta para não somente rever a punição, mas também para coibir a
violência contra as mulheres no âmbito doméstico” (VICENTINO; DORIGO, 2014, p.
254). No texto verbal que circunda a fotografia, não há menção a mulher Maria da
Penha, mas somente a lei Maria da Penha, salientando que “aumentou o rigor da
punição dos autores de violência contra a mulher ocorrida no âmbito doméstico ou
familiar” (VICENTINO; DORIGO, 2014, p. 254).
Ainda no campo da categoria Mulheres na condição de líderes na esfera política
pública reflito sobre duas representações que envolvem Dilma Rousseff – ambas no
volume 3. No primeiro caso, em meio a uma abordagem que caracteriza os governos de
Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010) encontra-se uma fotografia, em cuja legenda
pode-se ler: “O presidente Lula discursando durante o lançamento do Programa de
Aceleração do Crescimento (PAC), em 22 de janeiro de 2007, Brasília. Na imagem
vemos também a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff [...]” (VICENTINO;
DORIGO, 2014, p. 269). Para além do explicitado, a legenda abarca o nome da
primeira-dama e de lideranças políticas. Já no final da abordagem relativa aos governos
de Lula é enfatizado que “a popularidade do presidente foi suficiente para fazer seu
sucessor: Dilma Rousseff, praticamente desconhecida no plano nacional até ser
nomeada ministra-chefe da Casa Civil em 2005” (VICENTINO; DORIGO, 2014, p.
270). No texto imagético Dilma está próxima do presidente – à direita – e na legenda, o
nome de Dilma é o primeiro a ser mencionado. Contudo, no texto “principal” sua
condição de sucessora de Lula parece decorrer fundamentalmente – senão unicamente –
da popularidade de Lula. Ora: a ministra-chefe da Casa Civil não teria realizações e/ou
méritos a serem narrados?
No segundo caso, Dilma é representada numa fotografia na condição de
presidenta da república. Conforme a legenda a “presidente Dilma Rousseff faz um
discurso no Palácio do Planalto, em dezembro de 2012, anunciando maiores
investimentos nos aeroportos brasileiros” (VICENTINO; DORIGO, 2014, p. 272). Na
construção histórico-discursiva “principal” é enfatizado que nas “eleições de 2010,
realizadas em clima de relativo otimismo em relação ao futuro do país, o presidente
Lula havia indicado como candidata à sua sucessão a economista Dilma Rousseff”
(VICENTINO; DORIGO, 2014, p. 272). Também é explicitado que a participação de
Lula na campanha de Dilma teria sido fundamental para sua vitória.
As ações de Lula, novamente são apresentadas como fundamentais para a
eleição de Dilma à Presidência da República. No decorrer do texto há considerações
sobre sua imagem de “técnica” e de “gerente”, sobre sua popularidade, bem como sobre
a economia e o combate à corrupção, todavia não há uma linha sequer sobre a
significativa participação de mulheres no âmbito do alto escalão do governo de Dilma
Rousseff. Aliás, não há no texto em questão, uma abordagem que atente de modo
especial, à ascensão de uma mulher à Presidência da República.
Considerando-se as reflexões concernentes as representações de mulheres na
condição de líderes na esfera política pública, parece imaginável que a construção
histórico-discursiva em questão é congruente com um currículo que não propicia pensar
sobre determinadas representações de mulheres.
Atentando às representações de mulheres na condição de “esposas” de líderes na
esfera política pública – terceira categoria de análise – saliento que em apenas um caso,
a mulher/esposa é referida para além da legenda do texto imagético.
O mencionado caso encontra-se em uma construção textual intitulada A América
Latina: do século XX ao século XXI, que envolve uma fotografia de Perón e de Evita.
Ele e ela parecem sorrir para manifestantes. Consta na legenda do texto imagético: “Na
foto, Juan Domingo Perón ao lado de sua mulher, Evita, em Buenos Aires, em 1950”
(VICENTINO; DORIGO, 2014, p. 190). No texto verbal “principal” que trata sobre a
Argentina pode-se ler que “Juan Domingo Perón [...] logo obteve apoio popular [...],
bem como prestígio com a atuação de sua esposa, Evita Perón” (VICENTINO;
DORIGO, 2014, p. 190). No decorrer da abordagem Evita e Isabelita – esposa de Perón
após a morte de Evita – são narradas como esposas politicamente empoderadas na
esfera pública. Contudo, ambas estariam a serviço de um modelo político que
propiciava a (re)criação da hegemonia masculina na esfera pública.
Algumas conclusões...
As representações de mulheres na esfera política pública problematizadas no
corrente trabalho encontram-se na maioria dos casos em construções textuais que
envolvem fotografias. Em dada medida, a significativa presença de fotografias
corrobora que a “emergência” das referidas representações na construção histórico-
discursiva ocorre principalmente a partir do século XX.
O conjunto de regras – oriundas do sistema gramatical vigente – que embasa as
construções textuais verbais, bem como as relações que se estabelecem entre tais textos
e os textos imagéticos, constituem a narrativa histórica que se encontra fragmentada em
três volumes da coleção História Geral e do Brasil. As regras do sistema gramatical e
as referidas relações articuladas entre os diferentes textos como que propiciam a
(re)criação da narrativa história a partir de um modo de pensar androcêntrico.
Por um lado, no texto “principal” dos autores dos livros didáticos encontram-se
abordagens que expressam a hegemonia masculina na esfera política pública, por outro
lado, encontram-se “espaços” – quadros e seções Discutindo a História - nos quais,
determinadas temáticas que “não podem” emergir no referido texto principal são
tratadas. A existência destes espaços propiciaria a (re)criação da construção histórico-
discursiva matizada pelo pensamento androcêntrico, mas sob uma “aura” de abordagem
atualizada, politicamente correta.
Na narrativa histórica dos três artefatos pedagógicos, congruente com um
determinado currículo, as mulheres se encontram representadas no âmbito da esfera
política pública, mas em condições periféricas em relação às representações de homens
na esfera política pública. Aliás, em tal narrativa, as mulheres emergem na esfera
política pública, em significativa medida, como esposas de líderes políticos.
É provável que as representações problematizadas no presente trabalho sejam
significativamente produtivas no processo de formação identitária de alunas e alunos,
mas também é possível imaginar que as/os estudantes constantemente negociem os
significados que atribuem a elas, dentro do conjunto de experiências em que estão
imersos.
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