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en t rev i s t a Geraldo Alckmin fala sobre eficiência e gestão
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ioSERVIÇOSBENS&
Revista da Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul
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O72 0 0 5
NOVEMBRO
O equilíbrio entredívidas e investimentos
s umá r i oexpediente
12c o m é r c i o
Prevenção de golpesNo final de ano, com um maior fluxo de compras
e procura de serviços, o comércio se transforma
em um cenário propício aos falsários, que
aproveitam a agitação e a desatenção das
equipes nessa época para aplicar golpes
Publicação mensal do Sistema Fecomércio-RS
Federação do Comércio de Bens e Serviços
do Rio Grande do Sul
Rua Alberto Bins, 665 – 11º andarCentro – CEP 90030-142Porto Alegre/RS – BrasilFone: (51) 3286-5677Fax: (51) 3286-2143www.fecomercio-rs.org.brredacao@fecomercio-rs.org.br
Presidência: Flavio Roberto Sabbadini
Vice-presidência: Antônio Trevisan, Ary Costa de Souza, DarciAlves Pereira, Flávio José Gomes, Ivo José Zaffari, Jorge LudwigWagner, José Alceu Marconato, José Vilásio Figueiredo, JulioRicardo Mottin, Luiz Caldas Milano, Luiz Carlos Bohn, ManuelSuarez, Moacyr Schukster, Olmiro Lautert Walendorff, Renato TurkFaria, Valcir Scortegagna, Zildo De Marchi
Diretoria: Adelmir Freitas Sciessere, Airto José Chiesa, AlbinoArthur Brendler, Alécio Lângaro Ughini, Arnildo Eckhardt, ArnoGleisner, Carlos Raimundo Calcagnotto, Celso Ladislau Kassick,Dagoberto de Oliveira Machado, Derli Neckel, Edson Luis daCunha, Eroci Alves dos Santos, Eugênio Arend, Francisco Amaral,Francisco de Paula Cantaluppi, Francisco José Franceschi,Gilberto Antônio Klein, Gilberto José Cremonese, GiseleMachado de Oliveira, Hans Georg Schreiber, Hélio Berneira,Hélio José Boeck, Henrique Gerchmann, Ibrahim Muhud AhmadMahmud, Ildoíno Pauletto, Itamar José Oliveira, Ivar AnélioUllrich, João Francisco Micelli Vieira, João Oscar Aurélio, JoarezMiguel Venço, Joel Carlos Köbe, Joel Vieira Dadda, Jorge AlbertoMacchi, Jovir Pedro Zambenedetti, Julio Roberto Lopes Martins,Lauro Fröhlich, Leonardo Ely Schreiner, Leonides Freddi, LevinoLuiz Crestani, Liones Bittencourt, Lucio Flávio Bopp Gaiger, LuisAntônio Baptistella, Luis Fernando de Mello Dalé, Luis Zampieri,Luiz Alberto Rigo, Luiz Henrique Hartmann, Marcos Rodrigues,Marice Fronchetti Guidugli, Maurício Eduardo Keller, Nelson LídioNunes, Nilton Luiz Bozzetti, Níssio Eskenazi, Olemar Antônio F.Teixeira, Pascoal Bavaresco, Paulo Roberto Käfer, Paulo RobertoKopschina, Paulo Saul Trindade de Souza, Regis Luiz Feldmann,Renzo Antonioli, Ricardo Machado Murillo, Ricardo Pedro Klein,Ricardo Tapia da Silva, Roberto Simon, Robson AthaydesMedeiros, Rodrigo Selbach da Silva, Rogério Fonseca, RudolfoJosé Mussnich, Rui Antônio dos Santos, Sergio José Abreu Neves,Sérgio Luiz Rossi, Sérgio Roberto H. Corrêa, Sírio Sandri,Susana Gladys C. Fogliatto, Valdo Dutra Alves Nunes, VilmarAlves Vieira, Walter Seewald
Conselho Editorial: Antonio Trevisan, Derly Cunha Fialho,Everton Dalla Vecchia, Flavio Roberto Sabbadini, Ivo José Zaffari,José Paulo da Rosa, Luiz Carlos Bohn, Manuel Suarez, MoacyrSchukster e Zildo De Marchi
Assessoria de Comunicação: Catiúcia Ruas, FernandaRomagnoli e Simone Barañano. Aline Guterres e Juliana Maiesky(estagiários)
Produção e Execução:
Edição: Fernanda Reche (MTb 9474) e Svendla Chaves (MTb 9698)
Reportagem: Fernanda Reche, Marianna Senderowicz, RenataGiacobone, Svendla Chaves
Colaboração: Dagoberto Lima Godoy, Edgar Vasques, Francine deSouza, Laura Schenkel, Luciana Rangel, Moacyr Scliar, Roberto Luis Troster
Revisão: Flávio Dotti Cesa
Edição de Arte: Silvio Ribeiro
Capa: Silvio Ribeiro
Tiragem: 22.000 exemplares
É permitida a reprodução de matérias, desde que citada a fonte.
Fone: (51) 3346-1194www.tematica-rs.com.br
Em xeque, o equilíbrioEmbora o endividamento seja um problema para boa
parte dos brasileiros, famílias, empresas e governos
podem utilizar os recursos externos sem temor se
souberem administrar suas finanças com habilidade
FecomércioSERVIÇOSBENS &
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Cuidando do que é nossoFórum Permanente de Gestão Pública reúne prefeitos
gaúchos para discutir novas formas de gestão e apresentar
experiências de sucesso na administração municipal
16
32 As duas faces do espelhoO mercado da beleza vem ganhando espaço
na economia brasileira. A profissionalização
no setor, no entanto, não cresce na mesma
medida que as empresas da área
40p r o f i s s i o n a l i z a ç ã o
Formação profissional dia e noiteAntecipando as comemorações dos seus 60 anos, o
Senac-RS anuncia a criação de uma escola 24 horas na
zona norte de Porto Alegre
e n t r e v i s t a
Eficiência e trabalhoO governador do Estado de São Paulo, Geraldo
Alckmin, é o candidato favorito à Presidência da
República na visão de executivos de grandes
empresas brasileiras. Confira entrevista exclusiva
f é r i a s
Sombra e água frescaPacotes da temporada de férias do Sesc-RS proporcionam
lazer e diversão para milhares de famílias, facilitando o
turismo para os empregados do comércio
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Ros
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7 p a l a v r a d o p r e s i d e n t e
e s p a ç o d o l e i t o r
n o t í c i a s & n e g ó c i o s
o p i n i ã oRoberto Luis Troster15
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c r ô n i c a
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o p i n i ã oDagoberto Lima Godoy
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Mensagens podem ser
enviadas para o e-mail
redacao@fecomercio-rs.org.br,
fone (51) 3284-2143, fax (51)
3346-1194 ou para Rua
Alberto Bins, 665/ 11° andar –
Centro – CEP 90030-142 –
Porto Alegre/RS, com o assunto
“Revista Fecomércio Bens &
Serviços”. Acrescente à sua
carta nome completo, forma-
ção ou atividade que exerce e
cidade em que reside. Por
motivo de espaço, os textos
poderão sofrer cortes.
“Moro em Londres
há quase dois anos
e tive acesso à re-
vista Bens & Serviços
por meio de um
amigo. Achei a pu-
blicação muito interessante, por abor-
dar, além dos temas relativos ao co-
mércio, os serviços prestados à comu-
nidade. A parte que mais me agradou
foi a seção Eu, empreendedor. Acredito
que ela pode se tornar um incentivo
para aqueles que, como eu, pretendem
ser, um dia, donos do próprio negócio.”
Erika Neres Markuart
Estudante – Inglaterra
“Gostaria de parabenizar, mais uma
vez, a Fecomércio-RS por suas inicia-
tivas. A revista Bens & Serviços tem
se posicionado de maneira brilhante
diante dos assuntos mais polêmicos.
Na edição de outubro gostei muito da
maneira como trataram o referendo, é
uma forma de sociabilizar o assunto e
mostrar que os co-
merciários estão de
olhos abertos para
questões maiores
que não só o pró-
prio umbigo.”
Thiago Oliveira
Comerciário – Osório/RS
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esde o plano individual até a
esfera governamental é pre-
ciso saber administrar o que
se recebe e o que se gasta. Despesa
maior que receita é resultado de má
administração de recursos – e falên-
cia na certa. Qualquer chefe de fa-
mília ou empresário sabe que, quan-
do não se tem dinheiro para investir
no próprio patrimônio, seja ele for-
mado por pessoas ou por bens, não
se podem esperar bons frutos. Para
proporcionar um futuro melhor para
nossos filhos, gastamos com educa-
ção e saúde. Se almejamos o cresci-
mento de uma empresa, precisamos
garantir investimentos em sua infra-
estrutura e na ampliação da produção.
Para atingir esses objetivos, se-
guidamente recorremos a financia-
mentos e empréstimos, por vezes
necessários ao desenvolvimento de
uma sociedade. Quando bem plane-
jados, se tornam dívidas saudáveis,
pois visam ao lucro posterior. O en-
dividamento deve ser utilizado para
ampliar recursos, não para sanar sua
falta. Se não há dinheiro sequer para
pagar as contas, pedir um empréstimo não é a saída: é ne-
cessário realocar os investimentos, administrar as despesas
e, principalmente, apertar o cinto nos gastos supérfluos.
Quando pedimos um financiamento, sabemos que ele
nos dará um retorno: a casa própria, o carro novo, a forma-
ção de um jovem ou o desenvolvimento de uma empresa.
O problema é quando gastamos o nosso dinheiro sem pers-
pectiva de ganho. Hoje, investimos no Estado sem saber
se teremos retorno, pois grande parte da receita é consu-
mida na máquina pública, mesmo com os recordes de arre-
cadação. Quanto mais se arrecada, mais se gasta. Assim, o
Estado não vai conseguir pagar suas dívidas e nem investir
os recursos que lhe são dados pela população.
Toda sociedade nasce a partir de uma estrutura de pes-
soas, e a parte não pode ser diferente do todo. Os gover-
nos não são mais importantes que nós. A administração
pública precisa ser uma reprodução do povo que repre-
senta: da sociedade, pela sociedade e para a sociedade.
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Flavio Roberto Sabbadini
Presidente do Sistema Fecomércio-RS
finançasControlando as
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Você e o seu bancoDireitos do usuário, pro-
cedimentos de seguran-
ça, operações financeiras,
informações sobre crédi-
to: estes são alguns dos
itens que compõem a car-
tilha Você e o seu Banco,
da Federação Brasileira de
Bancos (Febraban). A pu-
blicação está em sua terceira edição e tem como
objetivo esclarecer as dúvidas mais comuns da po-
pulação sobre o acesso aos serviços bancários. Para
consultar a cartilha, que também pode ser impressa
em papel, basta acessar o site da entidade:
www.febraban.org.br.
Culinária na OktoberfestA gastronomia alemã teve destaque na 21ª Oktoberfest de San-
ta Cruz do Sul, encerrada no 16 de outubro. Promoção da Coor-
denação Executiva da festa com apoio do Senac-RS, o 1º Con-
curso de Culinária Alemã - Categoria Cucas premiou a receita
mais criativa e saborosa apresentada na Escola de Culinária Ale-
mã, instalada no parque da feira. A aposentada Lorena Maria
Henn, 56 anos, conquistou o primeiro lugar com sua Cuca
Integral. A Escola promoveu workshops gratuitos de gastro-
nomia, ensinando como fazer cucas e biscoitos. O Sistema Feco-
mércio-RS também
esteve presente
com estante institu-
cional, onde foram
divulgados os pro-
dutos e serviços do
Senac e do Sesc.
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Mercopar 2005A 14ª edição da Feira de
Subcontratação e Integra-
ção Industrial – Mercopar
2005, realizada entre os
dias 18 e 21 de outu-
bro em Caxias do Sul, apresentou um crescimento de
20,2% em volume de negócios fechados durante o perí-
odo em relação à edição anterior. O evento, promovido
pelo Sebrae-RS, contou com 368 expositores do setor
de plástico, borracha, automação industrial, eletroele-
trônico, metal-mecânico e serviços industriais e reuniu
23.759 participantes. Na foto acima, autoridades pre-
sentes na abertura do evento.
Fórum de PlanejamentoO 8° Fórum Estadual de Planejamento, promovido pelo
Sistema Fecomércio-RS, será realizado no dia 25 de no-
vembro. O encontro acontece na sede da entidade em
Porto Alegre e é voltado aos dirigentes dos 109 sindica-
tos filiados à Fecomércio.
Sesc e Senac Uruguaiana são modernizadosA comunidade de Uruguaiana rece-
beu, no dia 21 de outubro, as novas
instalações do Sesc e do Senac no
município. “Investimos R$ 1 milhão,
entre Sesc e Senac, para oferecer uma
tecnologia moderna e, assim, assegu-
rar melhor capacitação e qualificação
para o mercado de trabalho”, diz o
presidente do Sistema Fecomércio,
Flavio Sabbadini.
O Sesc atua desde 1956 no município
e oferece serviços de odontologia, aca-
demia de ginástica, atividades de recre-
ação, torneios, competições esportivas,
palestras, seminários, jornadas e encon-
tros, entre outros. O Senac, presente em
Uruguaiana há 44 anos, disponibiliza
cursos em diversas áreas e tem o foco
em Gestão, Comércio, e Saúde, além de
oferecer cursos técnicos de Comércio
Exterior e Enfermagem.
A nova estrutura disponibiliza uma sala
da direção, uma sala do setor pedagógi-
co, uma biblioteca, uma sala de pro-
fessores, dois laboratórios de informá-
tica, uma secretaria, um setor adminis-
trativo, nove salas de aula, um labora-
tório de enfermagem e um auditório
para 120 pessoas.
Semana do ComerciárioDe 24 a 30 de outubro, o Sesc-RS promoveu a Semana
do Comerciário, com atividades artístico-culturais e de
promoção da qualidade de vida no ambiente de trabalho.
A programação contou com espetáculos teatrais, Projeto
Spa para Você e as entregas do Prêmio Comerciário do
Ano 2005 nas 29 cidades gaúchas em que o Sesc possui
Centros de Atividades. No dia 30 – data em que se co-
memora o Dia do Comerciário –, o Sesc realizou o Show
do Comerciário, em parceria com o Jornal Diário Gaú-
cho e Lojas Multisom. O evento ocorreu no Anfiteatro
Pôr-do-Sol, em Porto Alegre, e foi comandado pelo comu-
nicador Gugu Streit e André Araújo.
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Ressuscitada aMP do BemDepois de perder sua validade no dia
13 de outubro, por não ter sido vota-
da dentro do prazo necessário, a “MP
do Bem” (Medida Provisória 252/05)
teve vários de seus pontos recupera-
dos pela MP 255/05, aprovada pelo
Congresso no final de outubro. A me-
dida, entre outros aspectos, concede
benefícios tributários para vários seto-
res. Entre eles, estão a redução de PIS/
Cofins para o setor de informática e a
duplicação do teto do Simples, que
passa a ser de R$ 240 mil para micro-
empresas e de R$ 2,4 milhões para
empresas de pequeno porte.
Crimes contra aadministraçãoEstá em análise no Senado projeto do
senador Jefferson Péres que tem
como objetivo reforçar o combate a
crimes contra a administração públi-
ca. A proposição classifica como ato
de improbidade administrativa e cri-
me de responsabilidade o uso de pu-
blicidade oficial para promoção pes-
soal, alcançando todas as esferas do po-
der executivo. A prática já é proibida
pela Constituição, mas Jefferson des-
taca que a norma é seguidamente des-
respeitada, pela falta de tipificação ex-
plícita como ato ilícito.
Comemorações em Canoas
Responsabilidade socialA Associação dos Dirigentes de Vendas e Ma-
rketing do Brasil (ADVB) divulgou no final de
outubro a relação dos vencedores do Prêmio Top
de Marketing 2005. Avaliado por executivos e pro-
fissionais de marketing renomados no Estado, o case
“Sorrindo para o futuro”, do Sesc-RS, foi classificado como Destaque
Responsabilidade Social. A entrega do prêmio será no dia 17 de novem-
bro, às 19h30min, na sede do Grêmio Náutico União, na capital gaúcha.
Na comemoração de seus 30 anos,
o Sindilojas Canoas promoveu um
encontro com a imprensa local com
o objetivo de apresentar as ativida-
des desenvolvidas em prol do co-
mércio no município. O bate-papo
com os jornalistas foi conduzido
pelo presidente do Sindicato, Ro-
bson Medeiros, que falou das ban-
deiras defendidas pela entidade,
como combate à informalidade e a
alta carga tributária, do aquecimen-
to na economia do comércio de Ca-
noas e da readequação do Senac local.
O Senac Canoas, que completa dez
anos, está expandindo a sua estrutu-
ra e ampliando o leque de opções em
formação profissional. No próximo
ano, será disponibilizado curso supe-
rior na área de Moda.
Linha de crédito para o 13ºAs empresas clientes do Ban-
co do Brasil podem contratar fi-
nanciamento para o pagamento
do 13º salário aos seus funcio-
nários. Por meio da linha de cré-
dito, disponibilizada aos em-
presários há dez anos, já foram
contratadas cerca de 51 mil
operações, totalizando mais de
R$ 1,5 bilhão aplicado.
O limite para contratação do fi-
nanciamento é o valor da folha de
pagamento da empresa, acresci-
do dos encargos sociais. Para cli-
entes que efetuam o pagamento
da folha no BB, os encargos finan-
ceiros são TR + 1,80% a.m e, para
os demais clientes, TR + 2,70%
a.m., com pagamento em até 12
parcelas mensais e consecutivas.
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n o t í c i a s & n e g ó c i o s
Varejo na mídiaNo segundo trimestre de 2005, o varejo respondeu por
27,9% dos investimentos publicitários no país, com apli-
cação de mais de R$ 2,4 bilhões, segundo dados do Ibope
Monitor. A publicidade do setor é alavancada pelas lojas
de departamentos, que investiram aproximadamente R$ 1
bilhão entre abril e junho deste ano. Segundo o Ibope, o
crescimento nos investimentos deste segmento está rela-
cionado ao aumento da renda dos consumidores de clas-
ses mais baixas e às estratégias de mercado das grandes
redes, que figuram entre os principais anunciantes do Bra-
sil. Os segmentos de revendedoras e concessionárias de
veículos e supermercados e hipermercados também têm
participação significativa no bolo publicitário do varejo.
Principais Categorias setor Comércio Varejo – R$ (000)
Fonte: IBOPE Monitor - setor Comércio Varejo
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uatrocentos milhões de dólares é o
prejuízo contabilizado anualmente
no Brasil, por causa de fraudes, golpes
e estelionatos. A maioria deles poderia ser evi-
tada com atitudes de prevenção simples.
Quem faz o alerta é o perito grafotécnico
Arnaldo Ferreira dos Santos, membro do
Instituto Brasileiro de Criminalística. Só em
supermercados, as fraudes causam um rom-
bo de 1% no faturamento. No comércio em
geral, esse número chega a 3,2% (somando
roubos). Para os golpes, os expedientes uti-
lizados são os mais diversos: cheques e car-
tões clonados, notas falsas, identidades rou-
badas. Alguns deles são articulados por meio
de esquemas sofisticados e formação de qua-
drilhas especializadas.
As maiores vítimas das ações
ilícitas são prestadoras de servi-
ço: postos de gasolina, bares, res-
taurantes. “Lugares onde só de-
pois da compra se discutem as
formas de pagamento”, comen-
ta Santos. O grafotécnico res-
salta que 86% dos casos de
fraudes não acontecem neces-
sariamente por habilidade do
falsário. A ingenuidade, a boa
fé, o julgamento pela aparên-
cia e a desinformação são gran-
des aliados dos golpistas.
“O alvo favorito dos contraventores são as grandes
cidades”, afirma Lorenzo Parodi, especialista em comba-
te de fraudes e lavagem de dinheiro e autor do livro “Ma-
nual das Fraudes” (Editora Brasport). Ambientes cheios,
com grandes filas e, por conseqüência, nível de atenção
mais baixo dos atendentes facilitam a ação dos golpistas.
No final do ano, a agitação é ainda maior. Santos ressalta
que nesta época o comércio tem uma população flutuan-
te. “Colocam-se novos atendentes e às vezes não existe a
preocupação em passar informações mínimas necessárias
para o pessoal”, adverte. O grande número de novos
empregados, muitos deles despreparados em relação à
identificação de documentos fraudados, torna-se, então,
um dos motivos para o sucesso dos golpes.
“Orientações que levam, em geral, de duas a três ho-
ras poderiam impedir prejuízos”, comenta Parodi. As ve-
rificações de segurança, que durariam no máximo um mi-
nuto, acabam sendo relegadas a segundo plano por causa
da pressão para atender rapidamente. “Assim, abre-se uma
brecha para que falsários passem tranqüilamente”, escla-
rece Parodi, que acrescenta: “Nos horários de pico, o in-
dicado seria aumentar o número de caixas ou haver um
back office encarregado de verificar os dados”.
A recomendação dos especialistas é que os estabele-
cimentos sempre solicitem o documento de identifica-
ção do cliente. Uma vez com a cédula nas mãos, conse-
gue-se inibir um ato fraudulento. A falsificação da cartei-
ra de identidade, por exemplo, ainda é responsável por
72% dos golpes aplicados no comércio e nos bancos. Ob-
servar se a data de nascimento e data de expedição do
documento são verossímeis, e tatear o campo da foto para
No final de ano,
aumenta o fluxo
de compras e a
procura de
serviços em geral.
Nesta época, o
comércio se
transforma em
terreno fértil para
os falsários, que
aproveitam a
agitação e
desatenção para
aplicar golpes
Prevenção de
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checar indício de relevo
excessivo (resultado de
uma foto colada sobre
outra) são algumas das
dicas a serem seguidas.
“O golpista, via de
regra, tem um nome
hoje, ontem era outro e
amanhã também”, expli-
ca Santos. Acostumado
a responder a questões
a respeito do número do
RG ou telefone, o falsário é surpreendido quando alguém
sai desse script. Desta forma, só o fato de pedir a carteira
de identidade e fazer perguntas como “Qual o nome de
sua mãe?” ou, de repente, “o senhor é filho da dona Fula-
na?” pode desmascarar um falsário. “Isso tudo deve ser fei-
to com sutileza e habilidade, para que não haja o constran-
gimento a uma pessoa idônea”, lembra o perito.
Pódio nada bem-vindoO cartão de crédito é um dos recursos cada vez mais
usados para golpes. Santos ressalta que o Brasil é o pri-
meiro no ranking de falsificações de cartão. É comum que
golpistas efetuem várias compras em um curto espaço de
tempo quando se utilizam de cartões adulterados ou rou-
bados. “Geralmente, eles adquirem produtos de fácil re-
venda”, afirma Santos. “É inadmissível entregar produtos
sem que haja cuidado no que diz respeito a se pessoa é
dona do cartão”, complementa ele ao esclarecer que hoje
é predominante a venda com cartão sem que se peça a
identidade. Isso causa insegurança também no cliente, uma
vez que qualquer pessoa, estando de posse do seu cartão,
poderia fazer uso fraudulento, com sucesso.
No golpe do cartão clonado, o falsário rouba os da-
dos de um cartão sem que o titular perceba e registra as
informações em outro. Desta forma, os dados regis-
trados na banda magnética são diferentes dos apre-
sentados no cartão físico. Verificar se os dados estam-
pados no cartão físico coincidem com os impressos pela
máquina no recibo de compra é um processo de alguns
segundos que pode evitar danos de R$ 4 mil, R$ 6 mil
reais (valor das aquisições geralmente efetu-
adas com cartões clonados) às empresas.
A tecnologia propicia que falsificações de
maior qualidade estejam em circulação.
A maioria delas são de notas de R$ 10 e R$
50. Estimativas apontam que a falsificação
equivale a 0,01% do total de cédulas circu-
lantes no país. No ano de 2003, foram apre-
endidas aproximadamente 450 mil cédulas fal-
sificadas, representando mais de R$ 14 milhões.
Antes de aplicar o golpe da nota falsa, o
falsário normalmente faz um teste com uma
verdadeira. Efetua uma compra de pequeno
valor e observa o comportamento do aten-
dente: se tem alguma artimanha para identi-
ficar alterações, se apenas usa o tato. Depois
disso, tenta passar a cédula falsa. Parodi
orienta que com a checagem de três ou qua-
tro pontos de controle de segurança (impres-
são em relevo, marca d’agua, fio de seguran-
ça e microcaracteres) pode-se reconhecer
uma cédula forjada.
Scanners de alta resolução e fotocopia-
doras coloridas com 98% de resolução gráfi-
ca facilitam, também, a reprodução de che-
ques. Identificar adequadamente o cliente, ve-
rificar na margem esquerda do cheque se exis-
te uma microsserrilha (os clonados não têm
essa característica), atentar-se a possíveis al-
Cuidado na internetom o uso cada vez maior da internet para efetuar serviços
financeiros e compras, os golpes via web também
aumentaram. Segundo Arnaldo Ferreira dos Santos, existem no
Brasil mais de 12 milhões de pessoas que usam serviços financeiros
via web e cerca de 3 milhões que fazem compras on-line. Ele alerta
que roubos de contas bancárias por fraudes via e-mail, chamados
Phishing Scam, já foram responsáveis por prejuízos superiores a
R$ 100 milhões. “Em 2005 esse valor deve ser maior, pelo que
temos visto nesses primeiros meses”, alerta o perito.
C
Lorenzo Parodi
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terações no valor (R$ 3 mil pode virar R$
13 mil) ou ao preenchimento com caneta
de cor diferente pode ajudar a evitar sur-
presas na hora de descontar um cheque.
Golpe desmascaradoE quando for identificado um falsário,
o que fazer? Santos explica que não é res-
ponsabilidade do estabelecimento pren-
der o falsário. “O que é importante é ini-
bir a fraude”, esclarece. Assim que o gol-
pista perceber que foi desmascarado, su-
mirá rapidamente. Ele ressalta que, em alguns
casos, chamar o segurança ou fechar a porta
da empresa pode resultar em desconforto aos
demais clientes. Para evitar confrontos físicos
desnecessários, pode-se observar as caracte-
rísticas do golpista e reportar aos órgãos res-
ponsáveis. Uma vez que a fraude não teve sucesso, o fal-
sário tentará aplicá-la em outros locais. Se a atenção fosse
redobrada na hora da identificação, a redução do número de
fraudes poderia chegar à marca de 32%. “Muitos empresári-
os, no entanto, esquecem que evitar prejuízo também é lu-
cro”, conclui Santos.
Como detectar um falsárioPreste atenção para as seguintes características. Elas
podem ajudá-lo na hora de reconhecer um suspeito falsário:
Bem vestido
Olhar nervoso
Pressa
Explicações demasiadas
Mão trêmula ao assinar
Olha para o cartão ao assinar (documento)
Compra produtos de fácil revenda
opinião
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custo do dinheiro é uma variável cha-
ve em qualquer análise sobre a econo-
mia brasileira. Quanto mais elevado for,
maiores serão os índices de inadimplência e
desemprego, e observaremos valores menores
de investimento, de consumo e de produção.
Com um alto nível de taxas, não há desenvolvi-
mento sustentado. São muitas as variáveis que
devem ser consideradas ao se definir a taxa de
juros. Todavia, as três causas mais importantes
para explicar o patamar dos juros no
Brasil são o quadro institucional, a fra-
gilidade do equilíbrio macroeconô-
mico e a tributação.
O quadro institucional dos ban-
cos é uma colcha de retalhos, resulta-
do de ações e intervenções imediatistas,
e não de um planejamento cuidadoso.
São necessárias regras específicas que
dêem um tratamento justo ao toma-
dor de recursos, garantam o retorno dos depó-
sitos e diminuam riscos. Boas regras promovem
uma boa intermediação e têm de ser fundamen-
tadas nos princípios de estabilidade, eficiência
e justiça. Algumas distorções fazem com que a
aplicação da justiça seja cara e lenta. O impacto
jurídico-institucional dessas distorções pode ser
aferido na estrutura dos juros. Quanto maior é
a segurança jurídica das garantias de um em-
préstimo, menor é a taxa exigida.
A segunda causa de taxas elevadas é a fragi-
lidade do quadro macroeconômico. Nossa his-
tória está permeada de relatos de inflação, moratórias, cri-
ses cambiais e surtos de crescimento seguidos de reces-
sões. Todos são sintomas do mesmo mal: o descontrole
das finanças do governo. Melhorias consistentes e dura-
douras nos indicadores macroeconômicos demandam de-
terminação política para baixar o patamar de juros básico
de forma segura e alargar nossos horizontes temporais.
O terceiro motivo do nível elevado de juros é a tri-
butação direta e indireta das operações bancárias. São
muitos impostos e contribuições, cujas condições são
alteradas com freqüência. Tam-
bém há tributos implícitos, tais
como depósitos compulsórios
que equivalem a empréstimos vo-
lumosos a custo abaixo da capta-
ção, aplicações obrigatórias defi-
citárias e a proibição de deduzir
algumas despesas incorridas.
A tributação distorcida acaba re-
duzindo a arrecadação do gover-
no e uma cunha muito elevada acaba por diminuir a ofer-
ta de crédito. O resultado é menos crescimento, mais
inadimplência e mais desemprego.
Nos últimos anos, houve avanços na diminuição do
spread, todavia há muito para ser feito ainda. Para isso, é
necessária uma política macroeconômica boa e consisten-
te; uma tributação justa e eficiente que maximize receitas
tributárias ao longo do tempo; restrições operacionais que
promovam a eficiência e estabilidade bancária e manuten-
ção da competitividade do setor bancário.
ORoberto Luis Troster*
Quanto mais elevado
o custo do dinheiro,
maiores os índices
de inadimplência e
desemprego
* Economista chefe da Febraban e professor titular da PUC-SP
Div
ulga
ção
Febr
aban
O custo do dinheiro
no Brasil
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G e r a l d o A l c k m i n
Geraldo Alckmin Filho, governador do Estado de São Paulo, tem 53 anos e começou sua vida
política aos 19. Possível candidato à Presidência da República nas eleições de 2006, o
governador aguarda definição do seu partido, PSDB, e é o favorito entre executivos de
grandes empresas brasileiras. No final de outubro, Alckmin esteve em Porto Alegre e, após
palestra na Federasul, concedeu entrevista exclusiva à revista Bens & Serviços.
Ros
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B S O senhor foi recentemente apontado
por dirigentes das maiores empresas brasi-
leiras como candidato favorito à Presidên-
cia da República, conforme a Pesquisa Exa-
me/Vox Populi. A que atribui tanto prestí-
gio no meio empresarial?
A l c k m i n Na realidade, eu até me sur-
preendi com essa pesquisa, mas entendo
que nós temos todas as condições para dar
um salto de qualidade no Brasil na questão
do emprego, da renda, do trabalho e de
oportunidades para as pessoas. Há necessi-
dade de se buscar a eficiência tributária, ad-
ministrativa, de infra-estrutura e logística.
Esse é o bom caminho. Estas crises todas mos-
traram que não há “salvador
da pátria”. Nem de direita
nem de esquerda. O caminho
é trabalho, trabalho e trabalho.
B S A sua forma de adminis-
trar o Estado é, por vezes,
comparada à forma de admi-
nistrar uma empresa. O senhor
já teve uma breve passagem
pelo mundo do empreende-
dorismo. É possível traçar um paralelo entre a gestão
na esfera pública e na iniciativa privada?
A l c k m i n A eficiência vale para todos, tanto na ini-
ciativa privada quanto na administração pública. Eu
diria o seguinte: não há governo ético se ele não é
eficiente. A eficiência faz parte do novo conceito da
ética, porque dinheiro público é sagrado. Você pre-
cisa fazer mais com o mesmo dinheiro. É necessário
Eficiência
e trabalho“As crises mostraram que não
há ‘salvador da pátria’.
Nem de direita nem de
esquerda. O caminho é
trabalho, trabalho e trabalho.”
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melhorar o custo/benefício das coisas. En-
tão você deve incorporar novos modelos ge-
renciais, tecnologia da informação, compras
eletrônicas, enfim. E também é preciso es-
colher bem. Governar é escolher. Deve-se
priorizar a questão social. Eu não sou fa-
vorável ao Estado Mínimo ou à desregula-
ção do Estado. Eu sou favorável à regulação
eficiente, que é diferente. O governo tem um
papel importante, mas uma regulação efi-
ciente é necessária.
B S Como melhorar a qualidade do gasto público, in-
dependentemente da esfera de governo?
A l c k m i n Fechando todas as torneiras do desperdício,
enxugando as estruturas e trazendo o setor privado para
ser parceiro também, porque não é possível imaginar que
o governo tenha condições de fazer toda a infra-estrutu-
ra de que o país precisa. Então é importante aumentar
fortemente o investimento público e implementar o in-
vestimento privado, seja através de concessões, seja por
meio de parcerias público-privadas.
B S Quais as características de um bom gestor da má-
quina pública?
A l c k m i n O governo tem de interagir com a socieda-
de. Aí se erra menos. Não se extinge a possibilidade
de erro, mas se acerta mais. É preciso deixar de lado
o “governo de gabinete”, estar sempre ouvindo e tomar
decisões rápidas.
B S A quais áreas o senhor daria maior prioridade e que
medidas tomaria se fosse hoje o presidente da República?
A l c k m i n Prioridade é emprego, emprego e empre-
go. Renda, renda e renda. Aí se tem um conjunto de
áreas: educação, saúde, segurança pública... São diver-
sas questões, mas eu acredito que o foco central é a
questão do desenvolvimento, setores mais estrutu-
rantes, e educação. É necessário um mutirão, uma ob-
sessão pela qualidade educacional.
B S Enquanto alguns estados apostaram no aumento
de alíquotas de impostos vislumbrando uma maior ar-
“É necessário encontrar formas
para evitar a informalidade.
É preciso dar condições para
que ela venha para dentro da
economia formal.”
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recadação, o senhor fez o inverso, redu-
zindo a alíquota do ICMS para diversos
setores, e alcançou o mesmo objetivo. O se-
nhor acredita que a sonegação e a informa-
lidade diminuem se o empresário tiver uma
carga tributária mais leve?
A l c k m i n A carga tributária empurra para
a informalidade, mas eu diria que o aumen-
to de carga tributária no Brasil não ocor-
reu pelos estados, e sim na área federal atra-
vés das contribuições: CPMF, PIS, Cofins
e CSLL. Nesse campo, tivemos um gran-
de aumento de carga tributária.
B S Mas a alíquota do ICMS aqui no Rio
Grande do Sul sofreu aumento em alguns
setores...
A l c k m i n É, este foi um caso específico e
em uma circunstância também mais comple-
xa, não é possível comparar as coisas. Em São
Paulo são doze anos de esforço, a administra-
ção do imposto não foi feita do dia para a noite.
B S E qual a sua opinião sobre a criação de
uma alíquota única de ICMS para todos os
estados brasileiros?
A l c k m i n Sou plenamente favorável, a re-
forma do ICMS é positiva. O nosso siste-
ma tributário precisa ser simplificado, pois
ele favorece sonegação e tem custo muito
alto. Só a reforma do ICMS pode ser pou-
co, mas é melhor do que nada. A reforma
fiscal é, sobretudo, importante, pois dis-
cute receita e despesa, e precisamos discu-
tir também a qualidade do gasto público.
B S E como o senhor vê a questão da informalidade?
A l c k m i n É preocupante, em alguns setores a infor-
malidade tomou conta. Precisamos diminuir a informa-
lidade, não só reduzindo a carga tributária, como deso-
nerando a folha de salários na medida do possível. É ne-
cessário encontrar outras formas para poder incorporar,
proteger os trabalhadores, evitar esta informalidade tão
alta. Ela não tem inovação tec-
nológica, não exporta e não
protege o trabalhador. Ela é,
muitas vezes, a sobrevivência,
então é preciso dar condições
para trazê-la para dentro da
economia formal.
B S O senhor apóia a apro-
vação da Lei Geral das Mi-
cro e Pequenas Empresas,
que visa desburocratizar e
incentivar o empreendedo-
rismo no país?
A l c k m i n Apóio. Em São
Paulo até já nos antecipamos.
A microempresa já tem o li-
mite de até 240 mil no Sim-
ples, e para a pequena já é de
R$ 2,4 milhões, sendo que o
benefício é cumulativo. É fun-
damental apoiar o pequeno
empreendedor. Ele tem que
ter tratamento diferenciado:
tributário, creditício, apoio
“Apoiar o pequeno
empreendedor em todas as áreas
– agricultura, comércio, serviços,
indústria – é um dever. Ele tem
que ter tratamento diferenciado.”
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tecnológico. Apoiar o empreendedor em
todas as áreas – agricultura, comércio, ser-
viços, indústria – é dever.
B S Com quase dois mandatos no governo
de São Paulo, o senhor acredita que já con-
seguiu cumprir suas principais metas, seus
objetivos iniciais?
A l c k m i n Não, falta muito. Mas o Estado
melhorou.
B S O que o senhor ainda gostaria de fazer?
A l c k m i n Nós temos grandes desafios. Por
exemplo: a segurança pública, embora os
índices estejam em queda há cinco anos,
ainda precisa melhorar mais. Em saúde, a mortalida-
de infantil caiu. A expectativa de vida subiu. O nosso
esforço agora é oferecer o avanço tecnológico para o
conjunto da população do SUS. Estamos procurando
localizar os novos hospitais em regiões bem periféri-
cas, para atender mais a população.
B S Quais as suas principais críticas ao governo Lula?
A l c k m i n Ao Lula? Olha, pessoal eu não tenho ne-
nhuma. Agora, o governo não funciona, o presidente
não comanda, e o país está estupefato com a dis-
seminação da questão da corrupção, fruto de uma
mistura indevida público-privado, partido-governo.
Aí está o âmago disso: uma mistura indevida para con-
fundir o partido que é parte, o governo que é todo e
o público-privado.
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Ronda Alta e Santiago abordarão os cases de
desenvolvimento sustentável implantados
em seus municípios. O novo modelo de ges-
tão de Porto Alegre faz ainda parte da pro-
gramação, que destacará momentos especí-
ficos para a apresentação de projetos espe-
ciais relativos à gestão pública, como o Prê-
mio Sebrae Prefeito Empreendedor Lourei-
ro da Silva e o Prêmio de Qualidade em Ges-
tão Pública, do PGQP. Outra iniciativa a ser
destacada é o Programa Gestão Municipal
Empreendedora, parceria entre Sebrae-RS,
PGQP e Sistema Fecomércio-RS.
Levando informação aos prefeitos gaúchos e
estimulando a troca de experiências, o Fórum
Permanente de Gestão Pública terá sua segunda
edição no dia 29 de novembro, em Porto Alegre
Cuidando do que
é nossoromover o desenvolvimento social e econômico
nas comunidades gaúchas. Este é um dos objeti-
vos da Fecomércio-RS ao promover o Fórum Per-
manente de Gestão Pública, que acontece no próximo
dia 29, no Centro de Eventos do hotel Plaza São Rafael,
em Porto Alegre. Realizado pela primeira vez em 2004,
o evento é resultado de uma parceria com o Sebrae-RS
e o Programa Gaúcho da Qualidade e Produtividade
(PGQP) e vai reunir os prefeitos gaúchos para discutir
temas ligados à administração governamental e ao de-
senvolvimento sustentável. A intenção é firmar agendas
positivas que atendam às demandas de cada localidade,
em consonância com os empreendedores locais. Para au-
xiliar os prefeitos, a Fecomércio-RS preparou, no ano pas-
sado, a publicação Gestão Pública e Perfil dos Municípios Gaú-
chos, diagnosticando a situação das cidades gaúchas no que
diz respeito a temas como responsabilidade fiscal, capaci-
dade de investimento, arrecadação e indicadores sociais.
Para o presidente da Fecomércio-RS e do Conselho
Deliberativo do Sebrae-RS, Flavio Sabbadini, as melho-
rias necessárias em cada município dependem, em gran-
de parte, da criatividade dos administradores públicos:
“Não existe uma receita que se aplique em todos os lu-
gares. É necessário que os prefeitos conheçam suas co-
munidades, tenham indicadores de qualidade e executem
ações que possam dar resultado também a longo prazo”.
Entre os palestrantes programados para o Fórum des-
te ano está o jornalista Arnaldo Jabor, que deverá dis-
correr sobre a crise política brasileira. Os prefeitos de
P
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ro/F
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Fórum de Gestão Pública realizado em 2004 reuniu mais de 200 prefeitos
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riada em 1991, a Lei Federal de Incenti-
vo à Cultura é resultado de projeto sub-
metido pelo então secretário de Cultura
do governo Collor, Sérgio Paulo Rouanet, que
acabou cedendo seu nome à legislação. Desde
então, a Lei foi alterada diversas vezes, mas ain-
da mantém sua idéia básica: promover a parti-
cipação da iniciativa privada no financiamento
de atividades culturais, usando o mecanismo
de renúncia fiscal. Em 2004, a Lei Rouanet ba-
teu recordes de captação de recursos, reunindo
R$ 490 milhões em benefício de 5.243 projetos
culturais. Para este ano, a expectativa do Minis-
tério da Cultura é chegar a 8 mil iniciativas.
Reunindo artes e
financiamento
C
Enquanto aguarda o trâmite de um decreto que
irá regulamentá-la, a Lei Rouanet de incentivos
fiscais à cultura bate recordes em número de
projetos inscritos e captação de recursos
Uma ação de peso que tem a chancela da Lei é a
5ª Bienal do Mercosul, evento de arte em curso em
Porto Alegre até 4 de dezembro. O ministro da Cultu-
ra, Gilberto Gil, esteve na capital gaúcha para a abertu-
ra da Bienal, firmando também protocolos de inten-
ções do Sistema Nacional de Cultura (SNC), com o
governo do Rio Grande do Sul e 30 municípios gaú-
chos. O objetivo do SNC é envolver União, estados e
municípios na articulação e gestão das políticas públi-
cas de cultura, criando integração nacional. “É nas pe-
quenas comunidades, nos agrupamentos humanos, que
se faz a cultura, não no gabinete dos ministros ou dos
governadores. A cultura se manifesta onde estão os ci-
dadãos. E a unidade política básica da vida dos indiví-
duos é a municipalidade”, justifica o ministro.
Gil garante que o sistema vai auxiliar os investido-
res a selecionar as atividades mais adequadas para cada
município e reage às críticas de que o SNC possa do-
tar o Estado de um instrumento dirigista, que bene-
ficie apenas determinadas iniciativas. Segundo o mi-
nistro, mesmo com o sistema, as empresas poderão
continuar optando pelos projetos que preferirem: “O
que temos de buscar junto ao empresariado brasileiro
é que ele, ao lado de fazer seu marketing cultural, faça
também política pública”.
Está em trâmite no governo federal o decreto que
vai regulamentar a Lei Rouanet. Entre as alterações,
estão medidas que pretendem descentralizar ainda mais
a utilização dos incentivos, beneficiando regiões que
não têm tradição na captação de recursos.Ministro Gilberto Gil esteve em Porto Alegre na abertura da Bienal do Mercosul
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gaçã
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iante da globalização da economia, as
empresas brasileiras estão acuadas por
muitas demandas contraditórias. Com-
petitividade é a palavra de ordem, utilizada por
todos, porém em contextos e com significados
diversos. O governo que escancara nossas fron-
teiras comerciais – justificando a
abertura como meio de obrigar-nos
a ser mais competitivos – é o mes-
mo responsável pela escalada de
impostos que já consome mais de
30% do PIB e pouco investe para
enfrentar as deficiências de infra-
estrutura social e econômica.
Também nas relações do traba-
lho se sobressaem as contradições.
Enquanto a Europa social-democrata revisa seu
mito do “welfare state” e suas rígidas regras de
contratação do trabalho, a fim de conter o de-
semprego e recuperar a competitividade, inclu-
sive diante da ameaça chinesa, no Brasil, o que
temos? Continua prevalecendo o paternalismo,
encostado na legislação anacrônica e na velha
cultura de políticos e sindicalistas. Estes exi-
gem das empresas eficiência suficiente para pa-
gar impostos, salários, contribuições e benefí-
cios sociais, mas investem com fúria contra a
“frieza” do estressado empresário que é forçado a enxugar
seu quadro de pessoal.
Até há pouco, a OIT era uma fonte realimentadora
dessa visão equivocada. Desde a década de 90, entretanto,
a luta desenvolvida pelos empregadores, entre os quais, os
brasileiros representados na OIT pelas confederações em-
presariais, começou a obter resultados. É claro que as evi-
dências impostas pela globalização dos mercados foi, tam-
bém, fundamental. O certo é que a OIT vem, aos poucos,
flexibilizando sua cultura paternalista para pôr em primei-
ro plano os objetivos da geração
de empregos e da prevalência dos
acordos negociados coletivamente.
Foi com esse novo respaldo da
OIT que se instalou o Fórum Na-
cional do Trabalho. Nele temos ba-
talhado para remover a barreira da
cultura antiga, que se aferra ao cli-
chê “capital versus trabalho” e vê
no empresário não um empreen-
dedor, mas um ganancioso explorador do empregado “hi-
possuficiente”. Essa cultura preconceituosa não enxerga a
realidade escancarada: empresa bem-sucedida, no novo mi-
lênio, é aquela que descobriu que é indispensável fazer o
mesmo com seus colaboradores tanto quanto conquistar e
encantar seu cliente. Precisamos reformar a legislação que
pressupõe o conflito, a fim de dar espaço à cooperação e à
sinergia no seio das empresas – por isso e só assim – bem-
sucedidas em promover riqueza e bem-estar social.
D
Dagoberto Lima Godoy*
A OIT vem se
flexibilizando para pôr
em primeiro plano os
objetivos da geração
de empregos
*Membro do Conselho de Administração da OIT
Div
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Cai
xa-R
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Competitividade e
trabalho
g u i a d e g e s t ã o
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oi-se o tempo em que, para se ter uma
boa imagem perante o mercado, basta-
va oferecer bons produtos e serviços,
tratar de forma coerente seus fornecedores e
parceiros e contar com uma boa política de
recursos humanos. Hoje em dia, para ganhar
o respeito dos clientes e do público em geral,
a empresa precisa adicionar às suas compe-
tências básicas a chamada responsabilida-
de social. Mas aqui entra uma pergunta:
como o empreendedor de empresas de mi-
cro e pequeno portes, que não conta com
recursos extras nem excesso de capital hu-
mano, pode ajudar a melhorar a sociedade na
qual está inserido?
Antes de tudo, cabe ressaltar que respon-
sabilidade social não é caridade nem filantro-
pia – é compromisso social. “A maioria das em-
presas pensa em responsabilidade social como doações
de dinheiro, mas esta é uma concepção equivocada. Exis-
tem várias outras formas de se contribuir para o desen-
volvimento de entidades sem que se gaste muito dinhei-
ro, principalmente com trabalho”, afirma a consultora do
Sebrae-RS Nara Liane Prieto Silveira.
“Há uma grande diferença entre a ação social, que é
pontual, com atividades específicas, e a responsabilidade
social, que envolve metas de gestão compatíveis com de-
senvolvimento da sociedade e do meio ambiente em que
estamos inseridos”, destaca Emilio Martos, coordenador do
núcleo de articulação de redes e parcerias do Instituto Ethos
de Empresas e Responsabilidade Social. “Isso não significa
que uma doação de alimentos não seja importante, princi-
palmente porque é uma forma de ajudar quem tem fome, e
sim que uma política de responsabilidade social deve, além
de planejar ações como esta, monitorar seus resultados e
garantir o desenvolvimento daquela comunidade”, explica.
Somos todos
responsáveisF
Cada vez mais
organizações
ampliam seu ramo
de atuação para
ações que visam à
melhoria da
comunidade, mas
muitas ainda não
sabem como gerir
seus negócios de
forma socialmente
responsável
g u i a d e g e s t ã o
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É bom lembrar que todo empresário em dia com suas
obrigações fiscais e trabalhistas já faz, de alguma forma,
sua parte. E não é só isso: as empresas do comércio de
bens e de serviços, não optantes do Simples, contribuem
com o Sesc, que reverte esta receita em ações sociais. “As
atividades desenvolvidas pelo Sesc, que são custeadas pe-
los empresários do comércio, já são uma forma de prati-
car a responsabilidade social. Os empresários a prati-
cam e nem sabem”, conta o diretor regional do Sesc-
RS, Everton Dalla Vecchia. “A responsabilidade social
empresarial é uma forma de conduzir os negócios que
torna a empresa parceira e co-responsável pelo desen-
volvimento social. Caracteriza-se como empresa so-
cialmente responsável aquela que possui capacidade
de ouvir e procurar atender às necessidades de seus
diferentes públicos”, acrescenta o diretor.
Para os empresários, outra boa maneira de aderir a uma
gestão socialmente responsável é promovendo um trabalho
de conscientização entre seus colaboradores, que podem
se transformar em excelentes propagadores da idéia, além
de se sentirem felizes por ajudar a quem precisa. “O traba-
lho voluntário, além de essencial para aqueles que não têm
como pagar, traz uma sensação de bem-estar inigualável a
quem o realiza, e pode melhorar a vida não só de quem é
beneficiado, mas de quem se doa um pouco em função de
uma sociedade melhor”, garante a consultora Nara. “Entre-
tanto, é importante que toda essa mobilização seja feita por
vontade própria, sem impor ordens aos funcionários. Só
assim eles saberão que estão contribuindo”, acrescenta.
“Que tal convidar seus colaboradores para passar um
dia por mês em alguma instituição beneficente? Em apenas
12 visitas anuais é possível ajudar a manter o jardim bonito,
as salas limpas ou as paredes bem pintadas”, destaca Nara.
“Recreação com crianças carentes também é uma opção,
assim como promover dias para contar histórias ou apenas
conversar”, lembra ela. “O importante é saber que a ajuda
não precisa ser em dinheiro, nem todos os dias, mas deve
ser mantida, para não criar falsas expectativas naqueles que
não têm mais a quem recorrer.”
Outras formas de se exercer a responsabilidade social
estão ao nosso alcance diariamente, mas muitas vezes são
desmerecidas por empresários e funcionários. “Evitar o
desperdício, seja de materiais, água ou ener-
gia elétrica, também é um passo para um mun-
do sustentável. Muitos empresários nem se dão
conta, mas reduzir os custos, que é u m dos
objetivos principais de qualquer empresa, é de
extrema importância ambiental”, ressalta o
consultor do Sebrae-RS Ivan Lopes Silveira.
De acordo com ele, ao separar o lixo, por
exemplo, estamos contribuindo com o meio
ambiente e gerando emprego para quem atua
na reciclagem, além de ser uma ferramenta
para atuar com responsabilidade perante o pú-
blico interno da empresa: “Uma idéia é ven-
der as sobras de papel, latas e vidro e aplicar
esse dinheiro diretamente em ações sociais
para famílias de funcionários carentes”, suge-
re o consultor, segundo o qual também se
pode aderir à cultura de utilizar materiais re-
cicláveis, que estimulam a prática da recicla-
gem e não agridem o meio ambiente, assim
como racionalizar o uso de veículos, para di-
minuir a poluição. “É tudo uma questão de
conscientização, que só será absorvida com
muita insistência”, adverte Ivan.
A responsabilidade social pode ser exercida de diversas maneiras,
desde que haja comprometimento. Veja abaixo alguns exemplos
de políticas socialmente responsáveis:
Separação do lixo
Combate ao desperdício
Doações de dinheiro ou materiais, desde que seu uso e
resultado sejam acompanhados
Auxílio no planejamento financeiro de entidades carentes
Levantamento de necessidades da instituição e organização de
ações de marketing, como manutenção de site na Internet,
produção de folders, etc.
Conserto de móveis ou utensílios
Realização de palestras, oficinas e recreação
Manutenção de jardim e horta
Planejamento de estoque de bens duráveis, como alimentos e
produtos de limpeza
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ívida externa, empréstimos a juros al-
tos, inadimplência, nome sujo na pra-
ça. Termos que já parecem fazer par-
te do vocabulário até das crianças,
tão correntes que são. Mesmo quem
não entende de economia já partici-
pou de alguma conversa sobre o as-
sunto, ou mesmo viveu uma situação
deste tipo, quer seja por um cheque
sem fundo, quer seja pela necessidade de dinheiro ex-
tra. Dessa maneira, temos sempre a impressão de que
dívida é algo ruim para as finanças, sejam elas pessoais,
empresariais ou governamentais. A realidade, no en-
tanto, é que as dívidas são o reflexo de uma necessida-
de anterior, de comprar, de fazer, de produzir, o que
Ddá outra dinâmica à relação entre aquele
que pede dinheiro emprestado e aquele que
não consegue pagar.
Segundo levantamento da Serasa, o nú-
mero de cheques devolvidos em setembro
deste ano teve um acréscimo de 4,3% em
relação ao mês anterior. Isso significa que
a cada mil cheques emitidos no Brasil, 19
não tinham fundos. Embora o índice pare-
ça baixo visto desse modo, é indicativo de
uma realidade desconfortável. “Infelizmen-
te, os brasileiros não foram ensinados a li-
dar com dinheiro”, acredita o consultor fi-
nanceiro Cláudio Boriola. Segundo ele, 42
milhões de famílias sofrem de endividamen-
Em xeque, o
O Brasil tem fama de país endividado desde a chegada dos portugueses, em 1.500.
Inicialmente centradas no governo, as dívidas estão disseminadas em todos os níveis da
sociedade brasileira, mas nem sempre são sinônimo de desequilíbrio financeiro
equilíbrioPor Renata Giacobone
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to crônico no país, um número bastante ele-
vado. Um dos motivos para este quadro é
o fato de as pessoas contraírem emprésti-
mos para pagar outras dívidas, em vez de
investir o dinheiro em atividades ou bens
que gerem frutos positivos. Com as eleva-
das taxas de juros embutidas nas parcelas
de financiamentos, grande parte dos ren-
dimentos fica comprometida.
Preocupado com isso, Boriola criou um
projeto para incorporar a disciplina de Edu-
cação Financeira no currículo das escolas
públicas do país. A idéia é aproveitar as
matérias convencionais, como História,
Geografia e Matemática, para ensinar as cri-
anças sobre a importância de planejar gas-
tos. E, realmente, planejamento é a palavra
de ordem, ainda mais em uma sociedade em
que os ganhos são baixos e os gastos, mui-
tos. De acordo com pesquisa coordenada
pela professora Cláudia Lima Marques, da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
(Ufrgs), 36,2% dos endividados gaúchos
contraem dívidas em função do desemprego. Além dis-
so, 47% são autônomos ou profissionais liberais, e
48,8% devem para bancos ou financeiras.
Cautela nas empresas“O nosso consumidor é um pouco afoito. Já o em-
presário está mais cauteloso”, analisa o diretor-executi-
vo do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento In-
dustrial (IEDI), Júlio Gomes de Almeida. O comporta-
mento dos consumidores se explica, na opinião de Al-
meida, em virtude da baixa renda da população. “Só as-
sim é possível adquirir um bem com valor unitário um
pouco maior. Numa fase de maior disponibilidade de cré-
dito, este consumidor vai com muita ‘sede ao pote’, e,
eventualmente, terá que colocar o pé no freio”, afirma.
Os empresários brasileiros, por outro lado, já pare-
cem mais preparados para administrar os recursos que
pedem emprestados. De acordo com Almeida, a razão da
cautela do empresariado é a instabilidade histórica da
economia nacional. Assim, mesmo quando planeja os
investimentos, o empresário corre o risco de ser pego
de surpresa diante de uma conjuntura desfavorável.
“São inúmeros os casos em que isso acontece. Contu-
“Se o seu negócio
proporciona uma
rentabilidade
maior do que o
custo do capital,
é preciso saber o
limite, mas
é possível arriscar
o endividamento.”
José Galló
Diretor-presidente da
Lojas Renner
o final de outubro, a indústria de
alimentos Sadia obteve um finan-
ciamento junto ao Banco Nacional do
Desenvolvimento Econômico e Social
(Bndes), no valor de R$974 milhões. A
empresa pretende aplicar esse dinheiro
na melhoria de suas unidades.
A Sadia ainda destinará R$ 442 mi-
lhões oriundos de recursos próprios, so-
mando um investimento de R$1,4 bi-
lhão. A verba tem como objetivo a
modernização e a ampliação de uni-
dades localizadas em oito estados
brasileiros, além da reestruturação da
Sem medo de pedir emprestadosede administrativa, em São Paulo. Com
a medida, deve crescer o potencial de
produção anual de alimentos industriali-
zados e a capacidade de abate de aves,
suínos e bovinos, com crescimento tam-
bém da produção anual de rações.
Outra parte do valor será utilizada
pelo Instituto Sadia de Sustentabilida-
de na instalação de biodigestores nas
propriedades de 3,2 mil criadores de
suínos que fazem parte da cadeia de
produção da empresa. Com isso, es-
tes locais ganham em qualidade ambi-
ental, visto que os biodigestores elimi-
nam a contaminação do solo e dos ma-
nanciais hídricos, geram energia própria
para as propriedades, aproveitam biofer-
tilizantes para uso na agricultura e pos-
sibilitam a geração e comercialização de
créditos de carbono, graças à redução de
75% dos gases emitidos na atmosfera.
Toda a ação deve gerar cerca de 4.124
empregos diretos, elevando para mais de
48 mil o número de funcionários da em-
presa. A expectativa é que os recursos
do Bndes sejam liberados em duas par-
celas. A Sadia já contrata recursos do
Banco há 14 anos.
N
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do, desde 2003 temos um quadro de economia está-
vel, o que favorece investimentos”, salienta.
Embora as empresas também utilizem as alternativas
de crédito para sair de situações emergenciais, recorrer a
empréstimos e financiamentos, no setor produtivo, pode
ser o caminho para incrementar os negócios, gerando mais
recursos. Para o presidente da Fecomércio-RS, Flavio
Sabbadini, dívida não é sinônimo necessariamente de mau
gerenciamento: “No caso empresarial, um empréstimo vai
gerar uma dívida, mas também pode fazer com que sejam
feitos investimentos na produção, aumentando os recur-
sos da empresa. No plano individual, o financiamento de
um imóvel, que gera dívida, pode ser mais vantajoso do
que pagar aluguel, por exemplo”. Aproveitando o perío-
do de calmaria, que parece vir se mantendo, a iniciativa
privada pode investir sem tantas restrições. “Quando a
capacidade de produção já não atende mais à demanda,
este é o momento de, inclusive, se for o caso, fazer um
financiamento para ir adiante”, comenta Almeida.
Quem seguiu esta orientação à risca foi a Lojas Ren-
ner. “Chegou um determinado momento em que vimos
que ser uma empresa regional era algo vulnerável”, conta
José Galló, diretor-presidente da empresa.
Finanças em diaEm meados dos anos 90, com a intenção de se nacio-
nalizar, a Renner buscou uma parceria com a J.C. Penney,
empresa norte-americana que passou a ser sócia contro-
ladora. Desta forma, foi possível expandir a rede de lojas
até a região Centro-Oeste. Para isto, a em-
presa ficou com uma dívida no valor de US$
80 milhões junto à J.C. Penney. “Esta dívida
financiou o crescimento da empresa na épo-
ca”, comenta Galló. A parceria durou cer-
ca de sete anos, terminando em meados de
2005, com a pulverização das ações do gru-
po na Bolsa de Valores de São Paulo. “Hoje,
o endividamento da companhia é zero, e
temos dinheiro em caixa para investir. Este
investimento deve chegar a R$ 50 milhões
em expansão, reformulação de lojas e siste-
mas”, comemora o executivo.
A meta é abrir, no mínimo, oito novas
lojas em 2006, e chegar ao Nordeste. Cada
unidade custa, em média, R$ 5 milhões, e
emprega 80 pessoas. A médio prazo, a idéia
Gasto que se
transforma em
ativo, ou seja,
que tem
utilidade futura,
gerando bens
ou recursos.
Ex.: construção
de um hospital
Gasto para
prover a
administração,
não relaciona-
do diretamente
à produção.
Ex.: pagamento
de pessoal
administrativo
Gasto para
obter um
produto ou
serviço que
será usado na
produção de
outro produto
ou serviço
Ex.: compra de
matéria-prima
Termo que
significa dispên-
dio financeiro
em geral.
Ex.: compra de
matéria-prima,
construção de um
hospital, paga-
mento de pessoal
administrativo
Gasto
Custo
Despesa
Investimento
Para onde vai o dinheiro
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é chegar a 100 lojas. Para atingir os objeti-
vos, não está fora dos planos contrair no-
vos empréstimos. “Dependendo do custo do
dinheiro, é até salutar ter um endividamento.
Se o seu negócio proporciona uma rentabili-
dade maior do que o custo do capital, é preci-
so saber o limite, mas é possível arriscar”, diz.
Para ele, o endividamento excessivo é uma
conseqüência da falta de um modelo de ges-
tão eficiente. “Não existem problemas finan-
ceiros. O que há são problemas mercadológi-
cos e estratégicos que geram dificuldades fi-
nanceiras”, garante Galló.
Um fato importante a ser destacado é que,
mesmo com o elevado número de pessoas e
empresas em situação de endividamento, o
percentual do Brasil em relação a outros paí-
ses é baixo. A avaliação é feita a partir da rela-
ção entre o volume de crédito na economia e
o PIB do local. “No nosso caso, estamos pró-
ximos a 29% do PIB. Em outros países, isso
raramente é inferior a 80%”, pontua Almeida.
Segundo ele, a explicação para este fato está
no alto valor do crédito no país. “Em média,
num empréstimo, o consumidor paga uma
taxa de juros de 65% ao ano. O mesmo cré-
dito, em um país europeu, sairia, no máxi-
mo, por 9%”, salienta. Dessa forma, quem
pode comprar à vista, evita fazê-lo a prazo.
“Isto também afugenta as empresas. Elas pre-
cisam ser pouco endividadas, senão seu custo
financeiro fica muito alto”, diz o diretor-exe-
cutivo do IEDI. Contudo, ele chama a aten-
ção para o fato de que esta é a realidade de
pessoas físicas e jurídicas: “Com o gover-
no, é outra coisa”.
Falta de equilíbrioO maior problema dos governos brasi-
leiros é o déficit crônico, ou seja, situação
em que a arrecadação não é suficiente para
cobrir todas as despesas, sem contar os ju-
“Aqui, em um
empréstimo, se
paga uma taxa de
juros de 65% ao
ano. O mesmo
crédito, em um
país europeu,
sairia, no máximo,
por 9%.”
Júlio Gomes de
Almeida
Diretor-executivo do
Instituto de Estudos para o
Desenvolvimento Industrial
Controlando o orçamentoSeguindo estes passos, é possível não só reequili-
brar finanças, mas também economizar. As dicas va-
lem para pessoas, empresas e governos:
Tenha controle sobre suas operações
financeiras, avaliando a relevância e o peso
de cada gasto no orçamento
Reduza os gastos supérfluos ou excessivos
Otimize as despesas: planeje e execute ações
que permitam você fazer mais com menos
Reserve recursos para investimentos que
tragam retorno efetivo e também para o
caso de emergências financeiras
Quando detectar desequilíbrio financeiro,
ou seja, despesa maior que receita, pense
bem antes de recorrer a empréstimos.
Prefira, neste caso, cortar despesas
Se for contrair um dívida, planeje antes
como o dinheiro será utilizado, informe-se
sobre os juros cobrados e já faça a previsão
de pagamento
ros. “Esta é uma situação que vai existir enquanto o
governo não conseguir, depois de gastar com custos e
investimentos, guardar uma quantia que garanta o pa-
gamento do serviço da dívida”, afirma o economista
Raul Velloso, especialista em finanças públicas. A ra-
zão do déficit, segundo ele, está na herança de endivi-
damento dos governos, que só pode ser amenizada com
rolagem. “Enquanto a dívida não for reduzida, ela ten-
de a aumentar, por conta do pagamento dos juros”,
aponta Velloso. Falta ao Brasil conseguir gerar recur-
sos que sejam capazes de pagar a despesa de juros.
Condição delicada, visto que a dívida federal estava
em torno de R$ 920,79 bilhões em agosto deste ano.
Outros pontos que afligem os governos são os al-
tos custos de manutenção da estrutura estatal e o pou-
co foco na hora de investir. Somente com folha de pa-
gamento, o governo federal deve gastar mais de R$ 98
bilhões neste ano, segundo cálculos da Secretaria de
Recursos Humanos do Ministério do Planejamento.
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roblemas com orçamentos esta-
duais são crônicos na história do
Brasil. Contudo, a cada ano que pas-
sa, as opções para equilibrar as contas
vão se escasseando. Sem poder recor-
rer aos artifícios utilizados na década
de 90 (empréstimos, privatizações e
recursos do caixa único), o governo
do Rio Grande do Sul tem considera-
do o bom e velho “aperto de cinto”
para sanar suas contas e diminuir o
déficit do Estado. Com uma receita
corrente líquida de R$10 bilhões em
Rio Grande do Sul: apertando o cinto
P
Por outro lado, os investimentos na sociedade ficam
aquém do necessário, visto que a prioridade é pagar
os juros. “Nesta hora, há uma contenção de gastos,
mas nem sempre no local certo”, comenta Velloso.
O economista avalia que os investimentos em infra-
estrutura, em especial, têm sido contidos além do ne-
cessário: “Com essa escassez de recursos, seria apro-
priado saber gastar melhor; cortar despesas que não
são tão importantes assim para a sociedade, e concen-
trar o pouco que se tem no que for essencial”. Velloso
ainda ressalta que o investimento na sociedade e o re-
torno em arrecadação serão possíveis menos pela for-
ma de se usar o dinheiro e mais com a busca de uma
imagem positiva junto aos credores, economizando.
De olho no déficitPlanejar e economizar: duas palavras de ordem que
podem evitar os riscos do endividamento crônico ou
excessivo e que parecem ser capazes de dar novos ru-
mos para pessoas, empresas e governos. Antes de con-
trair dívidas, é preciso analisar riscos, resultados, ju-
ros e perspectivas de retorno. “O planejamento estra-
tégico de uma grande empresa pode ser utilizado como
modelo para uma família ou para um Estado, em seus
vários aspectos”, sugere Sabbadini. Se o
endividamento se torna um investimento
consistente, ele é mais do que bem-vindo.
A dificuldade se instala na medida em que
não se conhecem os próprios limites. Quan-
do as despesas ultrapassam a receita – o que
na esfera governamental se chama déficit, e
na empresarial é o famigerado prejuízo –, não
é possível sequer tomar as medidas necessá-
rias à manutenção cotidiana de uma casa, de
uma empresa ou de um país, quanto mais pa-
gar as dívidas. É preciso administrar com sa-
bedoria os recursos disponíveis e otimizar os
investimentos, sem desperdício. Os recur-
sos de empréstimos e financiamentos de-
vem ser investidos para dar um retorno
maior do que o necessário para pagar as con-
tas. Dessa forma, pessoas que desejem pro-
curar qualificação para melhorar sua renda,
empresários que pretendam aumentar sua
produtividade e governos que se compro-
metam a diminuir os gastos com a máquina
pública e melhorar a infra-estrutura local não
precisam temer o endividamento.
2004, os gastos ultrapassam este valor
em 13%. Só com folha de pagamento,
o Rio Grande do Sul compromete 70%
da sua receita liquida, o que significou
um total de cerca de R$7 bilhões no
ano passado. Com a dívida consolidada,
correspondente aos valores devidos à
União, o gasto foi de R$1,4 bilhão.
Em contrapartida, o governo fede-
ral não tem repassado os valores refe-
rentes à Lei Kandir, o que resultou em
perda de R$1,29 bilhão para o Estado em
2004. Este valor, somado ao IPI, repre-
senta uma perda líquida estimada em
R$1,5 bilhão. Para encontrar alívio en-
quanto o dinheiro não chega, algumas
ações vem sendo colocadas em prática.
Dentre elas, a fixação de cotas mensais
de desembolso por órgão, a extinção de
sete secretarias e a suspensão de con-
cursos, contratações e nomeações, além
de programas de incentivo ao desenvol-
vimento e aumento da carga tributária.
Medidas paliativas, com retorno duvido-
so, mas que mantêm a balança financei-
ra pendendo menos para o vermelho.
b e l e z aN
úm
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32 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
os últimos anos, o mercado de produ-
tos e serviços voltados para a beleza
tem crescido de forma considerável no
Brasil. De acordo com dados da Associação
Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Per-
fumaria e Cosméticos (Abihpec), entre 1999
e 2004, o índice de crescimento atingiu os
8,2%, o que representou um faturamento de
R$ 13,1 bilhões no ano passado. Estes números estão as-
sociados, entre outros fatores, à segmentação do setor
para atender a demandas específicas, à valorização da apa-
rência no mercado de trabalho e, claro, à crescente vaida-
de, não só feminina, como masculina.
O Rio Grande do Sul é o quarto colocado no ranking
dos estados com maior concentração de empresas de cos-
méticos, em um total de 95. Isto sem contar o segmento
de estéticas e salões de beleza, o que aumentaria drasti-
camente esse número. Segundo dados da Smic, somente
em Porto Alegre existem cerca de 5 mil estabelecimentos
do ramo. Para o presidente do Sindicato dos Salões de
Barbeiros, Cabeleireiros, Institutos de Beleza e Similares
do Estado (Sinca), Rui Antônio dos Santos, é preciso ter
cautela na comemoração. Ele aponta que, assim como
outros setores da economia nacional, o mercado de bele-
za tende a sofrer com eventuais crises financeiras: “Em
um momento de crise, se eu tenho cem clientes que cor-
tam o cabelo todo mês, este número é reduzido à meta-
As duas faces do
espelhoN
O mercado da
beleza vem
ganhando espaço
na economia
brasileira. Tanto a
venda de produtos
quanto a procura
por serviços
crescem na medida
em que a aparência
se torna requisito
até mesmo para
conseguir
um emprego. A
profissionalização
no setor, no
entanto, não
cresce no
mesmo passo
Ros
i B
onin
segn
a/Fe
com
érci
o-R
S
Ros
i B
onin
segn
a/Fe
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érci
o-R
S
be l e z a
Núm
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33FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
de”. Outro dado importante apresentado por Santos diz
respeito à procura pelo emprego nesta área. Ele afirma
que a falta de oportunidades de trabalho faz o mercado
“inchar”, e a qualidade dos serviços fica comprometida:
“As pessoas estão desempregadas e, de uma forma ou de
outra, vão buscar espaço neste nicho. Falta, contudo, pro-
cura por qualificação”. Santos alerta para a necessidade de
se buscar formação adequada, e não só para cabeleireiros:
“Na área de cosméticos, por exemplo, é preciso ter for-
mação de vendedores, pois estes precisam conhecer um
pouco sobre a área de embelezamento, sobre química,
para repassar o produto”.
Procurando suprir essas carências, há três anos o Sinca
promove o Festbeleza, congresso que reúne profissionais
de todo o Rio Grande do Sul. Durante dois dias, o público
participa de palestras, workshops e demonstrações de di-
versas áreas, como estética facial, corporal, maquiagem, ca-
belo, manicure e podologia. O evento teve sua mais recen-
te edição nos dias 30 e 31 de outubro e, além
de apresentar as novidades do setor, ofereceu
outras informações. “Por ser organizado por ins-
tituições, o Festbeleza pretende levar ao co-
nhecimento da categoria dados pedagógicos e
científicos, além de treinamento para qualificar
cada vez mais os profissionais”, afirma Santos.
E parece que o esforço vem sendo recompen-
sado. Somente no ano passado, o evento teve
mais de 2 mil participantes. Mesmo assim, ain-
da falta um passo importante: regulamentar a
profissão. “Na situação atual, qualquer um
pode se intitular profissional de beleza. Para
mudar essa realidade, estamos buscando um
selo de qualidade para os estabelecimentos”,
conta Santos. Com a concretização dessa
medida, tanto a classe quanto os clientes po-
derão contar com melhores serviços.
fér
ias
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FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
á quase 60 anos promovendo o turis-
mo social, o Sesc propicia às famílias
dos comerciários lazer e diver-
são durante os períodos de férias. O esforço
para oferecer pacotes de qualidade para o pú-
blico-alvo vem rendendo frutos: somente na
temporada passada, quase dez mil pessoas
participaram do projeto, totalizando mais
de 69 mil diárias em 19 hotéis, entre con-
veniados e unidades do próprio Sesc-RS. Es-
H
Sombra e água
frescaO Sesc-RS lança a temporada de férias 2005/06,
projeto que contempla trabalhadores do
comércio de bens e de serviços de todo o
Estado, além de comerciantes e público em geral
ses números representam um crescimento de 134% em
relação a 2003/04 e um investimento de R$ 8 milhões.
Para a temporada 2005/06, que vai de 20 de outubro
a 31 de março, os números aumentam bastante. Serão
investidos R$ 12 milhões em toda a cadeia de turismo,
englobando desde acomodações até transporte e guias
especializados. A previsão é de que 15 mil pessoas parti-
cipem do programa, o que totalizará cerca de 105 mil
diárias até o final do período. O número de leitos em
hotéis da rede Sesc cresceu de 4,1 mil na temporada pas-
sada para 5,9 mil, já que outra unidade foi acrescentada à
rede. O antigo hotel Laghetto, localizado na cidade de
Gramado, começará a operar como Hotel Sesc em 18
de novembro, oferecendo 98 apartamentos. Para o dire-
tor regional da entidade, Everton Dalla Vechia, esses
números são indicadores de qualidade: “Nosso objetivo
é proporcionar lazer para os empregados do comércio
de bens e de serviços, melhorar sua qualidade de vida, o
que é a função primeira do Sesc”. Contudo, a grande
notícia é o aumento de hotéis conveniados: de 17 para
23, distribuídos desde a Serra até o litoral norte e sul do
Estado e em Santa Catarina.
De acordo com pesquisa realizada pelo Sesc em maio
deste ano, 94% dos hoteleiros encontravam-se satisfei-
tos com a parceria da Temporada de Férias, e 59% deles
proporiam a ampliação de números de leitos disponibili-
zados para o programa. É o caso do Kolman Hotel, de
Capão da Canoa. Com uma infra-estrutura que abrangeHotel Sesc Torres oferece diversas opções de lazer
Arq
uivo
Ses
c-R
S
f é r i a s
35
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piscina, sala de jogos, restaurante e estacionamen-
to, o hotel inicia o segundo ano da parceria com o
Sesc. “Tem sido ótimo, muito bom mesmo! Tanto é
que, este ano, aumentamos em 20% as vagas desti-
nadas para o convênio”, informa a gerente-geral do
estabelecimento, Vera Lucia Nascimento. Outro ho-
teleiro satisfeito é Rubens De Rose, proprietário da
rede de hotéis que leva seu sobrenome. Parceiro do
Sesc há cinco anos, ele conta que os leitos destina-
dos para o projeto Temporada de Férias sempre são
plenamente utilizados. “Normalmente, temos cedi-
do mais alguns leitos. Ano passado, ficamos um pou-
co apreensivos em função da abertura do Hotel Sesc,
mas o trabalho da entidade foi muito bom e resul-
tou novamente em lotação total”, relata De Rose.
Essas experiências motivam outros empresários do
ramo a firmarem acordos com a entidade, como
Maria Teresa Venzke, proprietária da Pousada Ve-
lho Estaleiro, em São Lourenço do Sul. Investin-
do em um atendimento diferenciado, familiar, a
pequena pousada deve receber turistas de todo
o Estado. “A expectativa é de que haja um gran-
de incremento na comercialização de diárias, gra-
ças a este convênio”, afirma Maria Teresa.
E não é apenas a cadeia de turismo que
sai ganhando com o programa do Sesc. Na
avaliação de Dalla Vecchia, toda a economia
das regiões integrantes sai beneficiada. “É um
ciclo. Na medida em que os municípios re-
cebem os turistas, geramos, indiretamente,
empregos que significam crescimento para
o setor do comércio de bens e de servi-
ços”, avalia o diretor. Ele ressalta que há
uma busca do Sesc para manter o merca-
do de turismo ativo também na baixa tem-
porada. “Não necessariamente as pessoas
tiram férias no período de verão. Queremos
dar condições para que elas possam usufruir
o programa durante qualquer período do
ano”, comenta Dalla Vecchia.
Contudo, nem só de destinos se fazem
as férias – a questão financeira também é im-
portante. Pensando nisso, a Temporada de
Férias do Sesc também se preocupa em ofe-
recer pacotes com preços e condições de
pagamento acessíveis. As inscrições para
adquirir pacotes podem ser feitas pelo site
www.sesc-rs.com.br.
Quem sabe aproveitarcomerciária porto-alegrense
Elci de Souza Pena está sem-
pre antenada às oportunidades ofe-
recidas pelo Sistema Fecomércio.
Integrante de um dos grupos do pro-
jeto Maturidade Ativa do Sesc, ela
também já freqüentou diversos cur-
sos oferecidos pelo Senac. Porém, as
atividades que mais atraem a atenção
de Elci são as viagens.
A Há 16 anos ela adquire pacotes
turísticos oferecidos pelo Sesc, apro-
veitando destinos estaduais e nacio-
nais. No Rio Grande do Sul, seu des-
tino preferencial é Veranópolis, onde
passa temporadas com o marido. Sua
paixão por conhecer lugares é tanta que
não consegue escolher qual viagem foi
mais marcante. Para Elci, as formas de
pagamento e os valores diferenciados
Elci durante a temporada de férias do Sesc
Arq
uivo
pes
soal
que o Sesc oferece são um incentivo para
continuar conhecendo novos destinos:
“Eu sempre digo que a gente tem que
aproveitar essas facilidades. Afinal, é exa-
tamente isso que o Sesc propõe, né?”.
e u , e m p r e e n d e d o r
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FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
pés no chãoAos 40 anos, Eduardo Bier Corrêa é o que se chama
de “hit” empresarial. Proprietário da microcervejaria
DaDo Bier, o empresário transforma em
sucesso tudo aquilo a que associa seu nome
á onze anos, os gaúchos foram apresen-
tados a um novo conceito de entreteni-
mento noturno: a microcervejaria DaDo
Bier, primeira iniciativa do gênero em todo o
Brasil, reunia música, ambiente diferenciado e
produção artesanal de cerveja. À frente desta
operação ousada estava o jovem empresário
Eduardo Bier Corrêa, de 28 anos. Desde en-
tão, o negócio vem aumentando: hoje, sete uni-
dades levam a marca DaDo Bier, desde casas
noturnas até restaurantes. Contudo, esta his-
tória teve início alguns anos antes.
“Comecei com 17 anos, como representante comer-
cial. Vendia artigos para surfe e também blusas da malha-
ria da minha mãe”, conta Bier. Na mesma época, iniciou
um estágio na empresa Link, experiência que define como
importante na carreira: “Pude entender bem o funciona-
mento de uma empresa organizada”. Quando o trabalho
de representante começou a alcançar proporções maio-
res, Eduardo tomou a primeira de uma série de decisões
que o levariam até o posto que ocupa atualmente: “Co-
mecei a fazer uma certa confusão na casa da minha mãe. En-
tão, consegui um sócio e, com um dinheiro que havia pou-
pado, montei a minha primeira loja de artigos esportivos”.
O pioneirismo também é marca registrada de Bier.
Sua loja foi a primeira a vender bicicletas importadas em
Porto Alegre, no período em que houve o “boom” das
mountain bikes. Esse pensamento visionário alavancou os
negócios. Três anos mais tarde, Bier surpreendeu ao di-
versificar o ramo de atividade. Ele instalou na capital ga-
úcha a primeira loja de conveniência da cidade, a General
Store. “Foi o meu primeiro sucesso. O negócio era algo
entre uma loja de conveniência e um minimercado e se
transformava num point à noite.”. Em pouco tempo, am-
pliou os negócios, construindo mais três lojas. Atuar em
todas as frentes não foi fácil. “Comecei a me atrapalhar,
pois não tinha capacidade de gerir tudo. Trabalhava de
manhã, à tarde e à noite, e não tinha estrutura administra-
tiva, ou experiência”, comenta Bier, que cursou oito se-
mestres de Direito.
No final de 1992, durante uma conversa com o tio –
o também empresário Jorge Gerdau Johannpeter –, Bier
Olhos no futuro,
H
Eduardo Bier em frente à obra da primeira microcervejaria, em 1994
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começou a definir os contornos de seu negócio mais
duradouro. “Eu e meus primos sempre brincávamos
que faríamos cerveja por já ter isso até no nome, pois
Bier significa cerveja em alemão. Então, o tio Jorge
perguntou quando eu iria abrir a minha cervejaria, e
respondi que faria quando tivesse dinheiro. Ao que
ele respondeu: ‘E se eu financiar?’. Alguns dias de-
pois, voltei a falar com ele, e a proposta se confir-
mou”, relembra. No começo do ano seguinte, teve
início a gestação do projeto. Eduardo viajou à Eu-
ropa e aos Estados Unidos para fazer pesquisas so-
bre o segmento de cerveja. “Descobri que o merca-
do não era tão concentrado quanto aqui, e que as
pequenas cervejarias iam muito bem.” A inaugura-
ção da primeira unidade da DaDo Bier aconteceu
em 22 de março de 1995.
Atualmente, além das sete casas de entretenimento
e gastronomia, a DaDo Bier também comercializa cer-
veja no varejo, com sucesso. “Já fomos por três vezes
a marca mais vendida na rede de supermercados em
que estamos presentes. Essa é a validade da estratégia
que adotamos, de construir uma marca de cerveja atra-
vés do entretenimento”, avalia Bier. Para manter a ren-
tabilidade, há três anos ele vem investindo fortemen-
te em tecnologia de gerenciamento. Eduardo parece
acreditar no ditado que diz que o gado só engorda
sob o olhar do dono. Além da rotina diária no escritó-
rio, ele costuma visitar as casas, para conversar com a
equipe e com os clientes, e também verifica se os pa-
drões de qualidade são seguidos à risca. Segundo Bier,
a receita da empreitada está resumida em um concei-
to: “Técnica, bodeguerismo e trabalho. Nunca per-
demos essa característica de ‘barriga no balcão’, e pro-
curamos manter a simplicidade. Temos na empresa uma
política sem frescuras, sem muita burocracia”.
E o trabalho tem rendido frutos. Afora os objeti-
vos alcançados no mercado estadual, a DaDo Bier tem
reconhecimento no centro do país. Tanto é assim que
Eduardo cita, além da aber-
tura da primeira casa, a inau-
guração das lojas em São
Paulo e no Rio de Janeiro
como momentos marcantes
de sua trajetória. Outro fato
importante foi o contrato
assinado com a AmBev, que
possibilitou a entrada da
marca no varejo.
Para quem tem uma ro-
tina corrida como a de
Eduardo, a tendência é que
não sobrem horas vagas.
No caso do empresário,
acontece o contrário. “Sou
muito disciplinado”, afirma. O tempo livre ele
dispensa ao esporte e à família. Preocupado
com qualidade de vida, procura cuidar da saú-
de praticando exercícios e cuidando da alimen-
tação. Além disso, costuma fazer um intervalo
no final da tarde: “Hoje, já que as coisas estão
mais organizadas, não venho todas as noites”.
E o que ainda falta realizar? “Nossa, muita
coisa!”, ele responde. O primeiro plano é pas-
sar a produzir e distribuir a própria cerveja,
agora que o contrato com a AmBev está ter-
minando, mas não é só isso. “Temos ainda muita
oportunidade para crescer na área de gastro-
nomia e entretenimento, mas estamos preo-
cupados com a solidez deste crescimento.
Queremos fazer bem feito”, sinaliza Bier. Para
quem está começando, ele avisa, o importante
é ter conhecimento de causa. “Tem que estu-
dar. As pessoas têm entrado em negócios com
muita euforia e pouquíssimo planejamento.
Acho que dá pra sonhar grande, mas é preciso
ter os dois pés muito no chão”, finaliza.
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m janeiro deste ano, a multinacional
Nestlé anunciou interesse em instalar
mais uma unidade no Rio Grande do Sul.
Operando uma fábrica em Camaquã, a em-
presa pretende investir cerca de R$ 120 mi-
lhões no novo empreendimento, destinado à
fabricação de leite em pó, leite condensado e
creme de leite. O anúncio trouxe à tona a riva-
lidade entre os municípios gaúchos, todos in-
teressados em atrair grandes empresas para suas
regiões. O exemplo mais evidente desta rivali-
dade é o caso da instalação da fábrica da Gene-
ral Motors, disputada na década de 90 pelos
municípios de Eldorado do Sul e Gravataí.
A novidade, contudo, vem do noroeste do Estado.
As cidades da região da Grande Santa Rosa e os municí-
pios das Missões uniram forças para batalhar pela fábrica
da Nestlé. “A nossa região é a maior bacia leiteira do Rio
Grande do Sul, além de ter um programa de melhora-
mento da qualidade do leite bastante evoluído. Isso atrai
as atenções para cá”, avalia o empresário e engenheiro
agrônomo Carlos Hermanns, integrante do Sindilojas
de Santa Rosa. Ele comenta que a cidade apresenta
motivos logísticos para sediar a indústria: “Santa Rosa
fica situada exatamente no centro da região, além de
acolher as quatro maiores cooperativas de produtores
de leite do Estado”.
Ao todo, 46 municípios farão parte desta parceria.
O acordo prevê que as cidades devem aumentar sua pro-
dução anual em 10%, por cinco anos, em troca de uma
parcela do ICMS arrecadado. O valor fica atrelado à quan-
tidade de litros de leite produzida em cada município.
Além disso, a ida da Nestlé para a região trará benefícios
em outras áreas, não só para a arrecadação. “Teremos a
geração de, aproximadamente, 400 empregos diretos e
mais de 2,5 mil indiretos em toda a rede de produção
leiteira. Também a tecnologia de ponta trazida pela mul-
tinacional deve agilizar o desenvolvimento das universi-
dades da região”, explica o prefeito de Santa Rosa, Alci-
des Vicini. Para ele, esta união é um diferencial que pode
ser fundamental no momento da decisão.
Municípios da
região noroeste do
Rio Grande do Sul
deixam de lado a
histórica disputa
por investimentos
e criam
bloco único,
demonstrando
solidez
na busca de
desenvolvimento
econômico
Crescendo
juntosE
Associação da Grande Santa Rosa teve papel decisivo no acordo
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comun i d ad e
Quem compartilha desta opinião é o prefeito de Boa
Vista do Buricá e presidente da Associação dos Municí-
pios da Grande Santa Rosa, Jorge Klockner. “Levamos
um documento para a diretoria da Nestlé, firmando a par-
ceria. Para eles, foi algo inusitado, até porque não exis-
tem casos no Brasil deste tipo de iniciativa. Isso é positi-
vo, e pode fazer com que a empresa decida pela nossa
região”, acredita. Um desdobramento importante dessa
iniciativa é a possibilidade de discutir outras questões re-
ferentes à região. Segundo Klockner, a união realmente
trará força para os municípios: “Antes, estávamos geográ-
fica e politicamente divididos. Agora, estamos unidos, ao
menos politicamente”.
Já o prefeito de Santo Ângelo, Eduardo Loureiro, acre-
dita que esta sociedade não poderia ter acontecido em
outro momento: “Isso é fruto de um amadurecimento das
lideranças. Chegou o momento de reconhecer que a união
é necessária para que não se perca mais nenhum investi-
mento”. Ele ressalta que a questão
da Nestlé é apenas um desdobra-
mento desta parceria; a idéia é que
as microrregiões continuem se
apoiando em outras oportunidades.
“Temos pela frente outro desafio.
Criamos uma comissão de 12 pre-
feitos, seis da Grande Santa Rosa e
seis aqui das Missões, para estabe-
lecer uma agenda comum, uma
pauta de assuntos estratégicos para
a região”, conta Loureiro. O pró-
ximo passo é resolver a localização de uma
ponte que ligue Brasil e Argentina. “Esta ques-
tão já se arrasta há 30 anos, e o custo nem é
tão alto. É a disputa que a tem inviabiliza-
do, mas graças ao acordo referente à Nestlé
poderemos avançar nesta questão”, finaliza.
Alcides Vicini, prefeito de Santa Rosa
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vida das pessoas neste início de século
está cada vez mais corrida. Para melhor
servir um público altamente atarefado,
muitas empresas têm adotado o conceito de
loja 24 horas, como academias e supermer-
cados. Atento a esta tendência, o Senac-RS
lança a sua primeira escola 24 horas, para aten-
der um novo tipo de profissional que desponta
no mercado: multifuncional, flexível e com me-
nos tempo livre para buscar qualificação.
A
Formação profissional
dia e noiteAntecipando as comemorações dos seus 60 anos,
o Senac-RS prepara-se para lançar uma unidade
24 horas. A escola contará com tecnologia
de ponta para atender um público diferenciado
Serviço único no Brasil, o Senac 24h funcionará
no Shopping Lindóia, na zona norte da capital gaú-
cha. A escolha do local obedeceu a critérios como
segurança e infra-estrutura disponível. “Além disso,
o shopping está localizado em uma zona com alta
concentração de profissionais liberais, muito movi-
mentada e de fácil acesso”, avalia o diretor regional
do Senac-RS, José Paulo da Rosa. Também a flexi-
bilidade da direção do shopping foi decisiva. Ceder
vagas no estacionamento e permitir a construção de
uma entrada externa – para que as pessoas possam
acessar a escola depois das 22 horas – foram ações
importantes para a concretização do projeto.
Com o objetivo de atender não só comerciários e
profissionais liberais, mas também estudantes e co-
munidade, a nova unidade 24 horas terá um sis-
tema didático inovador, centrado no ritmo de
aprendizagem individual. Afora turmas fechadas,
será oferecido atendimento personalizado, em
que o aluno poderá montar um programa especí-
fico, de acordo com suas necessidades e gostos.
“Queremos inserir a figura do personal teacher”, relata
Rosa. Segundo o diretor, a metodologia terá foco
no desenvolvimento por competências, daí a impor-
tância de um plano de estudos individual. Também
serão contemplados cursos com aulas a distância, e
todo o suporte técnico para este tipo de atividade
estará sediado na escola.
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Além de utilizar a infra-estrutura do shopping,
como a praça de alimentação e as áreas de convi-
vência, os alunos contarão com instalações que
primam pelo conforto e pela tecnologia. As salas
de aula terão equipamentos de ponta e rede wire-
less (sem fios), para otimizar o espaço. Também
será utilizada lousa eletrônica importada do Ca-
nadá, equipamento que permite ao professor
acessar, com apenas um toque na tela, progra-
mas de computação e mesmo a internet. Uma
equipe de 30 pessoas, entre professores e qua-
dro administrativo, estará na unidade durante as 24
horas do dia, prestando atendimento aos alunos e
informando os interessados sobre cursos oferecidos
no local e nas demais escolas do Senac.
Serão disponibilizados cursos nas áreas de in-
formática, idiomas, aprendizagem comercial e
gestão. Gestão Financeira, Atendimento ao Cli-
ente, Formação do Preço de Venda, Técnicas de
Vendas, Planejamento Estratégico, Design e Pro-
motor de Vendas são alguns dos cursos ofereci-
dos. Um dos destaques é o curso de Gestor Jú-
nior de Vendas no Varejo (Programa de Apren-
dizagem Comercial), voltado para jovens a par-
tir dos 16 anos e totalmente gratuito. Em in-
formática, haverá atividades de Desenvolve-
dor de Games, Cad Designer, Pacote Office,
Project e Informática para a Melhor Idade. Na
área de idiomas está previsto inglês para via-
gens, cursos para proficiência, mandarim e idio-
mas para a melhor idade. “A partir das 22 horas,
de duas em duas horas, teremos a abertura de
uma turma. Já os atendimentos individuais acon-
tecerão em horários pré-agendados, durante qual-
quer período do dia”, informa o diretor da uni-
dade, Marcelo Gomes.
Para o diretor do Senac-RS, a concretização
de uma escola 24 horas vem da experiência do
Senac com educação a distância: “Há uma
série de alunos que só têm o horário da
madrugada para fazer determinado progra-
ma. Como precisamos dar o suporte para
quem faz cursos em educação a distância,
entendemos que cabia, também, oferecer
esta opção presencial, já que temos equi-
pamentos e pessoas disponíveis”. Ele ain-
da acredita que a presença das pessoas em
aulas durante a madrugada pode ser garan-
tida por meio de uma estratégia de marke-
ting: “Sabemos que a melhor propaganda
é o boca-a-boca. Assim, a idéia é que as
pessoas que procurem o Senac gostem e
falem bem do seu atendimento, e que isso
faça com que outras pessoas procurem os
serviços 24 horas”.
A inauguração da nova escola está pre-
vista para o início de 2006. “Por ser verão,
o clima favorece a permanência das pes-
soas na rua até mais tarde”, justifica Rosa.
Serão investidos R$ 500 mil em instalações
e equipamentos. A meta é ter, ao menos,
uma turma de dez alunos funcionando no
período da madrugada e formar 2,2 mil
pessoas por ano. Os cursos terão duração
estimada de 30 a 100 horas totais.
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empre entendemos que o sócio reti-
rante da sociedade não poderia ser
responsabilizado subsidiariamente
ou solidariamente por débito trabalhista de
forma perpétua, sem limite temporal. Toda-
via, mesmo diante do silêncio da legislação
trabalhista sobre o tema, os tri-
bunais trabalhistas, de forma
majoritária, sempre entende-
ram o contrário.
Neste cenário, é importan-
te ressaltar uma novidade nor-
mativa quanto ao tema, inscri-
ta no parágrafo único do artigo
1003 do Código Civil. O indi-
gitado dispositivo prevê que
até dois anos depois de averbada a modifica-
ção do contrato responde o cedente soli-
dariamente com o cessionário, perante a so-
ciedade e terceiros, pelas obrigações que ti-
nha como sócio. Trata-se de um avanço em
termos de segurança jurídica, garantia essen-
cial para os empreendedores.
Recentemente, os juízes da Seção Espe-
cializada do Tribunal Regional do Trabalho da
2ª Região, ao apreciar um caso concreto de
responsabilidade do ex-sócio, aplicaram o dis-
posto no artigo supracitado do Código Civil, e assim
decidiram: “Se a reclamação não se iniciou no período
contemporâneo à gestão do sócio, muito menos nos dois
anos subseqüentes à sua saída, não há como responsabi-
lizá-lo, subsidiária ou solidariamente, por eventual débi-
to trabalhista” (TRT 2ª R – 10981200400002004).
A decisão limita a responsabilidade do ex-sócio em
dois anos e declara que não existe responsabilidade per-
pétua, conforme ora transcrevemos: “Não há dúvidas de
que o sócio retirante responde subsidiariamente por atos
de gestão em face da moderna teo-
ria da despersonalização da pessoa
jurídica. Ocorre, todavia, que não
existe responsabilidade perpétua.
O direito consagra a existência da
prescrição e decadência, visando à
tranqüilidade social”.
Acreditamos que, com a deci-
são do Tribunal Regional e com a
nova legislação sobre a matéria, a
jurisprudência trabalhista se modifique, respeitando
os princípios da vontade das partes, do negócio jurí-
dico perfeito e da boa-fé, e como bem relata o julga-
do: “O judiciário deve buscar a satisfação do julgado,
todavia, não pode, nesse intento, gerar situações absur-
das, como na hipótese presente, onde o ex-sócio teve o
seu patrimônio atingido para satisfação de um débito tra-
balhista originário de uma ação proposta mais de dois
anos após o seu desligamento do quadro societário”.
Responsabilidade de
ex-sócioAntônio Job Barreto*
Consultor trabalhista da Fecomércio-RS*
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A decisão do Tribunal
Regional do
Trabalho limita a
responsabilidade do
ex-sócio em dois anos
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atual Governo edita uma média de 4,73
medidas provisórias por mês. Esse dado
muitas vezes deixa de ser considerado
quando se discute a crise de representativida-
de por que passam as instituições políticas bra-
sileiras, não obstante esteja diretamente ligado
à causa de problemas reiteradamente identifi-
cados por críticos, como os citados a seguir.
Investimentos produtivosUm país carente de investimentos dire-
tos não pode possuir um ordenamento jurídi-
co alterado do dia para noite por meio de MPs.
A confiança do investidor estrangeiro não está
apenas ligada à estabilidade econômica e cam-
bial, mas à previsibilidade do percentual que
será abocanhado pelo seu sócio oculto estatal.
A não-cumulatividade do PIS e da Cofins é
exemplo disso: inserida através de MPs, au-
mentou drasticamente a carga tributária das
empresas brasileiras, sendo uma das causas do
crescente superávit primário.
RepresentatividadeO sistema de separação entre os poderes,
no Brasil, possui na legalidade o motor propul-
sor da representatividade democrática. Aos ve-
readores, deputados e senadores são delegados
os poderes ordinários de alteração do sistema normativo
tributário. A MP configura medida excepcional, cuja apli-
cação reclama urgência. Quando o sistema normativo pas-
sa a ser definido pelo Executivo, a representatividade ínsi-
ta à legalidade é quebrada, as funções perdem referência, e
o controle do jogo se torna mais difícil, sobretudo pela
população, de quem o poder algum dia emanou.
Segurança jurídicaA proliferação e a constante alteração das regras tri-
butárias dificultam o acompanhamento das obrigações
vigentes e a compreensão do conteúdo das normas ju-
rídicas pela população. Conjugadas com a baixa qualidade
dos textos normativos e a ambigüidade inerente à lingua-
gem, criam um verdadeiro pântano significativo, no qual o
conteúdo das obrigações tributárias é estabelecido atra-
vés de espécies normativas constitucionalmente inade-
quadas, fixadas pelo Executivo (decretos, portarias etc.).
Mito da reformaA busca pela justiça por meio de mudanças no mundo
normativo é outra falácia que está caindo por terra. Esse
recurso retórico desvia o foco do verdadeiro problema:
fiscalização de condutas e cumprimento de metas e com-
promissos. A candidatura é feita num ordenamento jurídi-
co vigente, que deve servir como instrumento de estudo
e realização dos projetos. Deve-se governar a partir do
ordenamento, e não sobre ele. As alterações normativas
não podem ser utilizadas como esperança para solução de
problemas cuja essência é ética e representativa.
O
normativaRafael Pandolfo*
Estabilidade
*Consultor tributarista da Fecomércio-RS
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pe s qu i s a
diferença de três dias úteis no mês de
setembro em relação a agosto deste
ano provocou a queda de 1,65% nas
vendas do comércio varejista. Esse foi um dos
resultados apresentados pela Pesquisa Con-
juntural do Comércio Varejista da Região Me-
tropolitana de Porto Alegre, realizada pelo
Instituto Fecomércio de Pesquisa (Ifep).
Entre os dados destacados no levantamen-
to esteve a alteração de tendência nas formas
de pagamento, que indicava representativida-
de crescente para as compras à vista. Em se-
tembro, os consumidores apostaram mais no
parcelamento, o que pode ser explicado pela
recuperação de crédito para as compras de fim
de ano. “O gaúcho respeita o fornecedor, só
compra o que sabe que pode pagar, a nossa
Cautela no
mercadoA
Volume de vendas apresenta pequena queda em
setembro, mas diminui a diferença em relação ao
mesmo período do ano anterior
inadimplência é eventual e baixa. O final do ano é uma
época boa para a quitação das dívidas, porque o consumi-
dor precisa comprar, então limpa seu nome no mercado”,
explica o vice-presidente do Ifep, Leonardo Schreiner.
Mesmo com a queda, no volume de vendas o comér-
cio tem a expectativa de reverter o quadro. “Tanto é que
a nossa perspectiva é de contratação de 4 mil pessoas
em Porto Alegre neste final de ano”, destaca Schrei-
ner. A manutenção das contratações vai depender das
vendas de final de ano e da estabilidade do comércio nos
primeiros meses de 2006, relacionada ao volume de massa
financeira circulante no mercado.
p e s q u i s a c o n j u n t u r a l
Volume de vendas em relação ao mês anterior (%)* Volume de vendas em relação ao mesmomês do ano anterior (%)*
*Variação do faturamento deflacionado pelo IPCA/IBGE – Região Porto Alegre
p e s q u i s a
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Detalhe sobre o volume de vendas
Variação do faturamento, deflacionado pelo IPCA/IBGE –Região: Porto Alegre.
Grupos e Classes Set/05 Set/05 Acumulado
de Atividades Ago/05 Set/04 no Ano
Comércio Geral -1,65% -6,11% -5,85%
Bens Duráveis 3,46% -22,47% 2,57%
Utilidades Domésticas -5,05% 2,14% 22,06%Cine-Foto-Som 0,17% -0,77% -13,94%Ópticas -3,57% 37,59% 29,45%Informática 11,64% - -24,50%Móveis e Decorações -4,50% -0,20% -Bens Semiduráveis -4,84% 4,58% -8,82%
Vestuário 0,95% 26,76% -1,73%Tecidos 5,46% 9,65% -18,16%Calçados -2,59% 39,94% 21,03%Livraria, Papelaria e Materialde Escritório -10,06% -20,97% -21,37%Bens Não-Duráveis -0,70% -6,35% -11,38%
Supermercados -3,91% -8,66% -8,16%Massas, Frios, Laticíniose Açougue -6,08% -37,29% -Farmácias e Perfumarias -3,23% 23,58% 15,85%Combustíveis, Lubrificantes e GLP 3,36% -15,12% -23,55%Comércio Automotivo -6,28% -11,70% -6,14%
Concessionárias de Veículos -5,85% -12,84% -7,20%Autopeças -7,74% -7,81% -2,55%Material de Construção 0,50% 4,23% 5,52%
Volume de vendas
A queda no volume de vendas do comércio
varejista da região metropolitana de Porto Ale-
gre que aconteceu em setembro, em relação a
agosto, não foi nenhuma surpresa para quem
acompanha o setor. O mês de setembro teve
três dias úteis a menos, o que diminui os dias
de faturamento das empresas. Além disso, em
agosto o Dia dos Pais teve uma influência posi-
tiva sobre as vendas daquele mês. Já em relação
a setembro de 2004, a queda de 6,11% não era
esperada, mesmo se sabendo que as conseqü-
ências da estiagem do início do ano ainda não
foram completamente dissipadas, ou seja, toda
a economia ainda está sofrendo seus efeitos.
Aqui também se faz necessário salientar que o
volume de vendas de setembro de 2004 em re-
lação ao mesmo mês de 2003 foi positivo em
7,2%; então, para que pudéssemos ter, neste
ano, resultados melhores que os de 2004 tería-
mos de ter resultados muito expressivos, pois é
forte a base de comparação. Contudo, os ramos
de Vestuário e Calçados apresentaram resultados
muito positivos, favorecidos, em grande parte,
pelas coleções da nova estação.
Inadimplência
O índice de inadimplência de setembro teve
significativa queda: passou de 2,11% em agosto
para 1,18% naquele mês. Essa queda é resulta-
do da redução no percentual de cheques devol-
vidos, que, em agosto, representou 9,3% do to-
tal de cheques recebidos e, em setembro, caiu
para 5,8%. O setor que apresentou a maior
inadimplência (1,9%) foi o de bens não-durá-
veis. Isso ocorre porque nessa área os produtos
Representatividade das formas depagamento no faturamento
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pe s qu i s a
Nível de emprego
Variação do nível de emprego
Grupos e Classes Ago/05 Set/05
de Atividades
Comércio Geral 0,03% 0,04%
Bens Duráveis -0,52% 0,14%
Utilidades Domésticas 0,00% -3,19%Cine-Foto-Som -0,62% -1,98%Ópticas 3,98% -1,13%Informática 1,22% 0,66%Móveis e Decorações -6,08% 3,80%Bens Semiduráveis -0,41% -1,56%
Vestuário -0,94% -2,48%Tecidos 0,00% -2,28%Calçados -0,57% -1,87%Livraria, Papelaria e Material de Escritório 0,00% -0,78%Bens Não-Duráveis 1,82% -0,46%
Supermercados 4,70% -1,59%Massas, Frios, Laticínios e Açougue -1,08% 1,43%Farmácias e Perfumarias 1,73% -2,00%Combustíveis, Lubrificantes e GLP -0,32% 1,00%Comércio Automotivo -0,58% 0,98%
Concessionárias de Veículos -0,91% 1,27%Autopeças 0,56% 0,00%Material de Construção -3,13% 2,41%
comercializados são de menor valor e as com-
pras são feitas geralmente sem programação
prévia. Em contraposição, no setor de materi-
ais de construção os produtos têm valores bem
mais expressivos, e costumeiramente as com-
pras ocorrem após programação orçamentária
por parte dos consumidores. Em nível nacio-
nal, a Serasa aponta um crescimento da inadim-
plência nos cheques. Para o órgão, no mês de
agosto a inadimplência foi de 1,86%, passando
para 1,94% em setembro. Vale lembrar que o
cálculo do índice de inadimplência da Serasa é
diverso do praticado por esta pesquisa, além de
ter área de abrangência diferente.
Formas de pagamento
A representatividade das compras a prazo
teve significativa alteração entre as formas de
pagamento nas vendas praticadas no comércio
varejista da região metropolitana em setembro.
A elevação de mais de cinco pontos percentu-
ais nas vendas a prazo pode ser explicada pelas
facilidades dessa forma de pagamento, com di-
latação de prazos e simplificação dos procedi-
mentos. As vendas a prazo, mesmo com o risco
de inadimplência, vêm ganhando o espaço dos
cartões de crédito, pois os custos destas opera-
ções não estão compensando os de outras for-
mas de recebimento. Outro aspecto a destacar
em relação à elevação das vendas a prazo é o
fato de que em setembro a crise política já ha-
via perdido importância na mídia, aumentando
a confiança dos consumidores, pois a turbulên-
cia parece não representar ameaça ao desempe-
nho da economia. Esse aumento da confiança
leva os consumidores a assumirem compromis-
sos futuros com maior facilidade.
Variação do nível de emprego (%)
Inadimplência – cheques (%)
pa
ra
le
r que você precisa para ter mais su-
cesso em sua vida profissional e
para ter mais felicidade em sua vida pes-
soal: uma evolução ou uma revolução?
Esta é a questão central do livro A (R)evo-
lução – Uma jornada em busca do crescimento
profissional e pessoal, escrito pelo empresá-
rio gaúcho Eduardo Tevah. O autor pro-
porciona ao leitor a possibilidade de ser
co-autor desta obra, podendo escolher
seu verdadeiro título. Se as informações
transmitidas já estiverem em sintonia
com o estilo de vida do leitor e ainda
assim ele encontrar dicas relevantes na
obra, o seu caminho é o da evolução.
Caso contrário, se uma grande mudan-
ça for necessária em sua trajetória, o
caminho é o da revolução. Para Tevah, é
por meio da nossa capacidade de me-
lhorar que conseguimos êxitos na vida.
Para falar das necessidades de mu-
danças e dar dicas de crescimento pes-
soal e profissional, o autor conta a his-
tória de André, um jovem que busca
respostas para se tornar vencedor em um
cenário em que o desemprego impera.
O leitor de A (R)evolução poderá encon-
trar elementos para fazer um balanço de
sua vida nos mais diferentes aspectos.
Este é o segundo livro de Eduardo Te-
vah, que há dois anos publicou Os dife-
renciais das pessoas de sucesso.
OEvolução ou revolução
“Em Paixão por
vencer, Jack Welch
demonstra com
clareza por que
merece o título de
Executivo do Século.
É um livro fascinante, indicado para
toda pessoa que queira entender a arte
do sucesso no meio empresarial. Além
disso, em vários momentos, ele permite
uma reflexão sobre como obter o
melhor das pessoas. Prepare-se para
devorar o livro, pois a leitura é atraente
e remete cada um de nós a uma série de
reflexões sobre como estamos condu-
zindo nossa vida profissional em tempos
tão complexos como estes.”
Eduardo Tevah
Vice-presidente do grupo Tevah
Eu recomendo
Livro: A (R)evolução –Uma jornada em buscado crescimento pessoal
e profissionalAutor: Eduardo TevahEdição independente
198 páginas
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Núm
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FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
Pequena história
das dívidasPor Moacyr Scliar
ontrair uma dívida é, antes de tudo, um
ato de otimismo, de confiança no futu-
ro. Tudo dando certo, pensa o devedor,
eu saldarei o débito, e terei desenvolvido meu
negócio ou adquirido coisas que desejava.
E tudo indica que isto acontece na maioria
dos casos; entre dois terços e três quartos dos
brasileiros pagam regularmente suas dívidas
com lojas, com os bancos, com os cartões de
crédito. Mas o que acontece quando as coi-
sas não dão certo? Quando a pessoa perde o
emprego, quando o negócio vai mal, quando
sobrevém algum catastrófico imprevisto?
A humanidade tem uma longa história de li-
dar com devedores. Longa e contraditória. Do
ponto de vista espiritual, havia uma atitude
de tolerância: a cada sete anos, segundo a pres-
crição bíblica, as dívidas eram canceladas; a
cada 25 anos, as terras voltavam a seus pro-
prietários: era o jubileu, uma prática que é
central nas prédicas em que Jesus recomen-
dava caridade para com os devedores.
Com o tempo a caridade ficou em segun-
do plano; o castigo do devedor passou a ser a
regra. Na Itália medieval, quando um comer-
ciante não pagava as dívidas seu estabeleci-
mento (“banca”) era destruído; daí vem a pa-
lavra bancarrota (“banca rotta”). Na Inglater-
ra, os devedores iam para a cadeia; no século
dezoito, eles constituíam a maioria dos prisio-
neiros. Além disto, e ao contrário dos crimi-
nosos comuns, não tinham “hotelaria” gratuita; ironica-
mente, eram forçados a pagar um aluguel pelo cárcere, o
que obrigava os coitados a vender aos outros prisionei-
ros as poucas coisas que lhes restavam. Nas colônias
americanas, os devedores igualmente iam para a prisão.
Não é pecado ser pobre, disse em 1715 o Reverendo
Samuel Moody, acrescentando: “Mas dever dinheiro é
pecado”. Após a Revolução Americana veio um perío-
do de depressão econômica, durante a qual muitos fa-
zendeiros ficaram inadimplentes. Revoltados, ocuparam
o tribunal onde eram julgados os casos de dívidas, impe-
dindo assim os processos judiciais.
Países também podiam se tornar devedores, e o Bra-
sil é um exemplo clássico. Quando da independência,
Portugal exigiu uma grande indenização, paga pela In-
glaterra, interessada no comércio com nosso país. Daí
resultou uma enorme dívida, que aumentou muito com
a guerra do Paraguai. No começo do século 20 veio a
crise. Com o Rio de Janeiro e Santos às voltas com epi-
demias (febre amarela, peste, varíola), os navios estran-
geiros se recusavam a ali aportar. O café, principal “com-
modity” brasileira, não podia ser exportado, as divisas
não entravam, o Brasil tornou-se inadimplente, e a In-
glaterra chegou a ameaçar com intervenção militar. Fe-
lizmente Oswaldo Cruz, que era o ministro da Saúde,
conseguiu controlar as doenças.
Hoje em dia as coisas não são tão drásticas. O co-
mércio, por exemplo, é flexível, e as pessoas podem com-
prar de acordo com vários esquemas de pagamento. Mas
um pouco de prudência sempre faz bem. E ajuda a pessoa
a dormir em paz, sem passar a noite fazendo cálculos.
C
AGENDA
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FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
n o v emb r o
8NatalÀs 19h30min, o Senac Gravataí
realiza a palestra Revolucionando
as vendas no Natal e fidelizando
clientes para todo o ano, com
Eduardo Tevah. Informações:
(51) 3488-8860.
10O Poder da AtitudeO Senac e o Sesc promovem às
20h, em Carazinho, a palestra
O Poder da Atitude, com
Eduardo Tevah. Informações:
(54) 3331-5557.
12Olimpíadas ComerciáriasÀs 19h30min, no Sesc Campestre,
em Porto Alegre, ocorre a cerimô-
nia de abertura das finais das
Olimpíadas Comerciárias.
Informações: (51) 3284-2047.
FenamilhoDe 12 a 20/11, o Sistema Feco-
mércio (Sesc e Senac) participa da
Fenamilho de Santo Ângelo.
Informações: (55) 3312-4411.
18Hotel Sesc GramadoO Hotel Sesc Gramado
será inaugurado às 19h.
Informações: (54) 286-0503.
Vestibular SenacAté o dia 13 janeiro de
2006 está aberto o
período de inscrições para o
vestibular das Faculdades do
Senac-RS. Informações:
www.senacrs.com.br.
RS, Assembléia-Geral de diretoria
e Fórum de Planejamento. Infor-
mações: (51) 3286-5677.
EcoturcentroO Senac Santa Maria realiza o 1°
Ecoturcentro – Seminário de Ecotu-
rismo e Turismo Aventura da Região
Central do RS entre os dias 25 e 27.
Informações: (55) 3225-2121.
29OdontoSescLançamento da Carreta Odonto
Sesc em Frederico Westphalen.
Informações: (54) 3331-2451.
30Estatuto do IdosoÀs 14h, acontece o Fórum Estatuto
do Idoso em Rio Grande. Promoção
do Sesc e do governo do Estado.
Informações: (53) 3231-6011.
3
Foto
Roc
ha
Minimaratona SescÀs 9h, acontece em Torres a Etapa
Litoral do Circuito Sesc de Minimara-
tona. Informações: (51) 3664-1811.
20Festival de TurismoO Sistema Fecomércio (Sesc, Senac
e Sebrae) estará com um estande
institucional no Festival de Turismo,
em Gramado. Informações:
(51) 3541-5370.
21Novo Balcão Sesc/SenacInauguração do Balcão Sesc/Senac
em Frederico Westphalen. Informa-
ções: (54) 3331-2451.
22Maturidade AtivaClube Sesc Maturidade Ativa é
lançado em Carazinho. Informações:
(54) 331-2451.
23Maturidade AtivaLançamento do Clube Sesc Maturida-
de Ativa de Erechim. Informações:
(54) 522-1033.
25Sistema FecomércioEm Porto Alegre acontece a festa de
final de ano do Sistema Fecomércio-
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