View
215
Download
2
Category
Preview:
Citation preview
OFICINA MITOS E VERDADES DA BIOLOGIA INVISÍVEL
Lívia Borges dos Santos (Universidade Federal de Uberlândia)
Kamilla Paes de Siqueira (Universidade Federal de Uberlândia)
Resumo
A compreensão da microbiologia é de grande importância, porém este tema é
negligenciado no ensino fundamental e médio. Este é o relato de experiência sobre a oficina
“Mitos e Verdades da Biologia invisível”, oferecida a alunos da rede estadual de Uberlândia-
MG. O objetivo da mesma foi investigar os conceitos espontâneos dos alunos acerca do tema
e propor uma metodologia diferenciada para seu ensino: Simulações. O assunto foi tratado de
modo a aproximá-lo ao cotidiano dos estudantes e instigar sua curiosidade. Foi possível
perceber que os conceitos espontâneos dos estudantes sobre o tema prevaleciam sobre os
científicos e que as simulações e jogos foram uma excelente ferramenta para a construção do
conceito cientifico de fato, pois proporcionaram um aprendizado prazeroso aos mesmos.
Palavras-chave: Oficina, simulações, conceitos espontâneos, cotidiano.
Introdução
As bactérias, os fungos e os vírus estão presentes em nosso dia a dia promovendo tanto
benefícios, quanto malefícios (LINHARES; GEWANDSZNAJDER, 2010). Deste modo, a
compreensão da microbiologia é de grande importância para a sociedade, por ser um tema
relacionado com questões básicas de cidadania, envolvendo o meio ambiente, o cotidiano, a
higiene pessoal, aconservação e higienização de alimentos, etc (PRADO et al., 2004).
Apesar disso, alguns autores alertam para a negligência com que o tema é tratado nas
escolas, principalmente no ensino fundamental e médio (CASSANTI et al., 2006; MARQUES
e MARQUES, 2007). Fato preocupante visto que a percepção e compreensão do mundo
microscópico pelos alunos não é fácil, tendo em vista que vivem no mundo com dimensão
oposta à dos micro-organismos.
O ensino das ciências, além de ser voltado para o cotidiano do aluno, deve conduzi-lo
a perceber o mundo que o cerca. A falta de laboratórios e de materiais didáticos promoveu
mudanças metodológicas em alguns educadores, que passaram a usar a criatividade para
contextualizar o conteúdo com o cotidiano do aluno e inserindo experiências simples de baixo
custo (BORGES e CESAR, 2001). Assim, os professores ao preparar e ministrar suas
aulastentamfugir das aulas expositivas com cópias e uso exclusivo do livro didático. Esse tipo
4853
de aula tem promovido desinteresse no aluno, capacidade baixa de reflexão, de julgamento e
compreensão da realidade de seu meio.
Nesse contexto, o estudo de microbiologia necessita de novas propostas de
desenvolvimento dos conteúdos ministrados em sala de aula, como alternativas ao modelo
tipicamente expositivo que encontramos na grande maioria das escolas (SILVA e BASTOS,
2012), como a simulação. A simulação é um recurso utilizado para que os participantes
derivam modelos abstratos de situações concretas. Na escola, seu uso em processos de ensino-
aprendizagem nos ensinos fundamental e médio não é comum (MARINHO, 2006).
A simulação é uma poderosa ferramenta para a aprendizagem, ajustando-se bem a uma
proposta de educação construtivista (POOLE, 1997), permitindo atividades de aprendizagem
menos estruturadas e mais centradas nos alunos (ROBLYER; EDWARDS; HAVRILUK,
1997).
É consenso na comunidade de pesquisadores em educação em Ciências que os
estudantes vão para a sala de aula com o seu repertório de explicações para os fenômenos
(conceitos espontâneos) que são diferentes daqueles ensinados na escola (conceitos
científicos) (SCHROEDER, 2007). Assim, cabe ao professor estimular seu aluno a pesquisar
e produzir, propondo diretamente a vinculação dos conceitos científicos com os conceitos
espontâneos, construindo uma aprendizagem significativa.
Nessa perspectiva, o presente trabalho vem relatar a experiência de cinco graduandas
da disciplina Projeto Integrado de Práticas Educativas 7 (PIPE 7), cursada no 7º Período da
modalidade Licenciatura do curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal de
Uberlândia (UFU). Realizamos a oficina intitulada “Mitos e Verdades da Biologia Invisível”,
com duração de duas horas, oferecida para alunos da rede estadual do 1º ano do ensino médio
regular noturno,no ano de 2014.
Materiais e métodos
Durante o curso da disciplina PIPE 7, foi acordado com a docente responsável o
oferecimento de apenas 15 vagas, para que a interação com os participantes ocorressem de
fato. A divulgação da oficina em questão foi feita em concomitante com a divulgação de
outras duas oficinas oferecidas pelos alunos da disciplina. Os estudantes da escola escolhida
foram convidados a participarem das oficinas pelos integrantes e uma breve apresentação da
mesma, com o lembrete que as vagas eram limitadas.
Devido à grande importância dos conceitos espontâneos no processo de ensino-
aprendizagem, buscamos, através da oficina, utilizar esses conceitos como ponto de partida
4854
para que os alunos aprendessem de fato os conceitos científicosalmejados. A oficina ofereceu
uma conexão do conteúdo de Microbiologia com o cotidiano dos estudantes, para o ensino ter
sentido para os mesmos.
Como incentivo à participação, a curiosidade dos alunos foi instigada durante a
oficina, tanto pelo tema, como pelas estratégias utilizadas: jogos, brincadeiras, simulações,
experimentos. Desta maneira, dividimos a oficina em quatro momentos:
Primeiro Momento -Dinâmica Quebra-Gelo: Os participantes foram recepcionados com uma
dinâmica de aproximação, em que todos se apresentavam. Concomitantemente, com o
objetivo de “quebrar o gelo”, curiosidades gerais da Biologia foram rapidamente expostas a
partir de imagens e vídeos.
Para isso, foi utilizada uma caixa de sapato com uma divisão no meio, de modo que a
caixa ficasse com dois compartimentos. Em uma metade havia frases para incentivar o
estudante a se apresentar, enquanto a outra tinha frases de descontração com curiosidades
inusitadas da Biologia, como pode ser observado na Tabela 1.
Frases Curiosidade/Descontração Frases Apresentação O animal mais barulhento do mundo. Eu sou... O animal mais forte do mundo. Eu quero... O animal mais feio do mundo. Eu penso... O menor animal do mundo. Eu gosto... O animal mais venenoso do mundo. Eu odeio... Os elefantes bebem água pela tromba? Eu acredito... O animal mais rápido do mundo. Eu sonho... O animal mais lento do mundo. Eu desejo... Como a girafa bebe água? Eu tenho... Os eternos namorados do mundo animal. Eu fui/era... O Michael Jackson da floresta. Os filhotes mais fofos do mundo animal. A teia de aranha. Porque fechamos os olhos quando espirramos? O músculo mais potente do corpo humano. O coração funciona com uma bomba hidráulica. Maior órgão do corpo humano. O que aconteceria se não piscássemos os olhos. O que fazer quando for picado por uma cobra?
Tabela 1. Frases utilizadas na Dinâmica Quebra-Gelo.
Desta maneira, a caixa passava por cada estudante, e este tirava, ao acaso, uma frase
de cada metade da caixa. O participante se apresentava, lia a frase da curiosidade e
4855
comentava, se soubesse, algo sobre a mesma. Após a fala do aluno, utilizávamos recursos
audiovisuais para demonstrar e explicar curiosidade sorteada.
Segundo momento – Dinâmica Mitos e Verdades: Cada participante recebeu um questionário
múltiplaescolha (Figura 1) que foi respondido neste momento e, novamente no quarto
momento. Também foram entregues placas escritas Mito/ Verdade, cada palavra em um lado
da mesma. Assim, o aluno respondia ao questionário e depois, conforme as frases eram
expostas no data show, indicavam suas respostas com a placa para que as mesmas fossem
contabilizadas em um questionário controle do grupo e para que os participantes interagissem
entre si, olhando as respostas que os colegas indicaram.
Terceiro momento - Vivência das temáticas: Os participantes foram separados em quatro
grupos. Cada grupo, com uma ministrante responsável, teve quatro práticas/demonstrações
associadas a quatro das 16 questões apresentadas anteriormente. Neste momento, os
participantes tiveram a oportunidade de verificar se o que foi respondido anteriormente estava
correto. A estratégia utilizada para cada frase consta na tabela 2.
Consideração: Em todas as demonstrações, os participantes eram incentivados a
interagir com as demonstrações, bem como cortá-las e etc. Havia as informações necessárias
para que os alunos entendessem a simulação. Por exemplo, o significado de cada material
estava devidamente indicado, e os participantes tinham acesso a essas informações antes de
iniciarem as atividades. A ministrante responsável pela mesa esteve disponível para eventuais
dúvidas, e verificou tudo o que estava sendo feito.
Ao final de cada prática/demonstração, o grupo discutiu, olhou as respostas do
questionário respondido no segundo momento, para concluir qual era a resposta correta – com
base no verificado na prática/simulação e assim, responderam ao questionário novamente.
Portanto, no quarto momento, puderam expor ao restante da turma o que foi testado e
aprendido.
Quarto Momento - Exposição das conclusões: Cada grupo deveria expor para o restante da
sala os conhecimentos obtidos pelas práticas. Concomitantemente, o restante deveria
responder ao questionário novamente, para verificação das respostas previamente
respondidas.
4856
Figura 1. Questionário múltipla escolha utilizado na Dinâmica Mitos e Verdades e Vivência das temáticas.
4857
Frases Dinâmica Mitos e Verdades Estratégia utilizada na Vivência das temáticas
1 É possível pegar gripe andando descalço ou saindo de um ambiente quente para o frio?
Teatro com fantoche. Duas situações: 1ª, um boneco gripado com o vírus da gripe (demonstrado pela purpurina) e; 2ª, um boneco saindo do banho quente e abrindo a geladeira, que não fica doente, pois não tem o vírus (Figura 2B).
2 O lugar correto dos ovos é na porta da geladeira.
Com uma geladeira representativa, demonstramos a mudança de temperatura na porta, coforme a mesma abre e fecha. De frio (indicado pela luz azul) para quente (indicado pela luz vermelha), e em ambos foram observadosos aspectos dos ovos (apenas no quente haviamicroorganismos) (Figura 2B).
3 Podemos retirar o fungo de uma parte do alimento e reaproveitar o restante?
Através de uma esponja, representamos um alimento fungado em grande escala. Foi possível cortar este “alimento” para observar seu aspecto interno (hifas “invisíveis” representadas por linhas finas) e externo (Estado vegetativo “visível” representado por linhas grossas) (Figura 2C e 2F).
4 As formigas são inofensivas quando o assunto é contaminação?
Com simulações de formiga em macroescala(massa de modelar), fungos (farinha de trigo) e bactérias (purpurina), foi feita uma demonstração da formiga passando por ambientes quehá fungos e bactérias, e os mesmos se fixando a ela. Posteriormente, a formiga, ao andar sobre um alimento (utilizamos um pão de forma), deixa sobre ele os microorganismos que nela estavam (Figura 2B).
5 É necessário trocar a esponja de cozinha de mês em mês? Demonstramos uma esponja nova (sem microorganismos) e uma após um mês de uso (com microorganismos representados por miçangas) (Figura 2A).
6 Fungos e bactérias não são transmitidos através do sabonete?
Teatro com fantoche. Duas situações: 1ª, boneco lavando as mãos e, deixando no sabonete microrganismos (purpurina); 2ª, outro boneco lavando as mãos e se contaminando com os microrganismos presentes no sabonete (Figura 2A).
7 A tampa do vaso sanitário pode ficar aberta? Vídeo demonstrativo: Dr. Bactéria ensina a cuidar do banheiro, de 3 minutos e 15 segundos até 5:00 minutos (Figura 2A).
8 Lavar o lençol elimina os ácaros. Simulação de duas lavagens de tecido, uma com água quente e outra com água fria. Os microorganismos (tinta fluorescente) serão visualizados apenas após a lavagem com água fria (com o auxílio de luz negra) (Figura 2C).
9 Pode-se pegar DST’s (Doença Sexualmente Transmissível) pela toalha de banho.
Teatro com fantoche representando uma pessoa com DST, que ao tomar banho e se enxugar com a toalha, deixa sobre a mesma fluído contaminado (purpurina) (Figura 2D).
10 Não são todos os mosquitos da Dengue que transmite Dengue.
Dois modelos em macro escala de mosquito e epiderme humana, para verificação da saliva do mosquito entrando em contato com a corrente sanguínea. Um mosquito
4858
terá apenas a saliva (água) e outro estará com a saliva contaminada com parasitas (água com purpurina).
11 Na água, salgada e/ou doce, existem animais que não são visíveis a olho nu.
Os participantes olham 2 mL de água no estereomicroscópio, e verificam a existência dos organismos, como crustáceos que são invisíveis a olho nu (que devem ser previamente coletados com as técnicas adequadas) (Figura 2D).
12 Lavar os alimentos com água corrente é suficiente?
Com tinta fluorescente previamente fixada no alimento, os participantes irão lavar este alimento e, posteriormente utilizaremos a luz negra para verificar se toda tinta saiu. Depois, um vídeo didático-explicativo mostrará a forma correta de lavar os alimentos: Aprenda a higienizar frutas e verduras -- SenacMinas_MGTV, vídeo completo (Figura 2C).
13 Todas as bactérias nos causam doença.
Modelo humano tamanho real em madeira PVC com indicações das diferentes colônias de bactérias que existe em diferentes regiões do corpo humano. Em cada região havia um texto explicativo à respeito de sua importância para os seres humanos (Figura 2E).
14 Pode pegar doença brincando na areia da praia. Caixa com areia (simulação areia da praia) para que os alunos procurem, com luva cirúrgica e palito de picolé, os microrganismos (miçangas) que estarão enterrados apenas no fundo da caixa.
15 Beber líquidos na garrafa pode causar problemas de saúde?
Simulação da fixação de microrganismos/sujeira na garrafa, através de tinta fluorescente e luz negra. Todos da mesa vão passar tinta na mão, e uma garrafa vai passar na mão de todos. Depois, com o auxílio da luz negra, o aspecto da garrafa é observado (Figura 2C).
16 O ideal é trocar a escova de dente de três em três meses? Com um modelo de escova e microrganismos (miçangas) em macro escala, utilizaremos um texto autoexplicativo sobre a propagação dos mesmos sobre a escova após três meses de uso.
Tabela 2. Frases e estratégias utilizadas para a vivência das temáticas pelos participantes.
4859
Figura 2. Fotos da Vivência de temáticas. A) Frases 5, 6 e 7. B) Frases 1, 2 e 4. C) Frases 3, 8, 12 e
15. D) Frases 9 e 11. E) Frase 13. F) Frase 3. G) Socialização do aprendido durante o terceiro
momento.
Resultados e Discussão
O assunto demonstrou ser de grande interesse para os alunos, pois de 15 vagas
disponibilizadas para a oficina, doze foram preenchidas, diferentemente das outras oficinas
oferecidas, que abordaram assuntos sobre a Ecologia. Os estudantes participaram de todos os
momentos da oficina, e a dinâmica quebra gelo se mostrou uma ótima ferramenta para deixar
os alunos à vontade.
Na dinâmica Mitos e Verdades, constatamos a forte presença dos conceitos
espontâneos dos alunos sobre o tema. Muitos acreditavam em informações familiares, como
4860
por exemplo, que é possível pegar gripe andando descalço e que o fungo só está presente em
uma parte do alimento.
Durante a Exposição das conclusões, foi possível perceber que a maioria dos alunos
conseguiu assimilar e compreender o conteúdo proposto. Desta maneira, o objetivo da oficina
foi alcançado: por meio dos conceitos espontâneos, os alunos vivenciaram as situações que os
levaram aos conceitos científicos, como pode ser observado na tabela a seguir:
Segundo
momento Quarto momento
Mito Verdade Mito Verdade Sem resposta
1. É possível pegar gripe andando descalço e/ou saindo de um ambiente quente para o frio? 6 6 12 0 0
2. O lugar correto dos ovos é na porta da geladeira. 11 1 11 1 0 3. Podemos retirar o fungo de uma parte do alimento e reaproveitar o restante? 11 1 12 0 0
4. As formigas são inofensivas quando o assunto é contaminação? 6 6 12 0 0
5. É necessário trocar a esponja da cozinha de mês em mês? 1 11 10 1 1 6. Fungos e bactérias não são transmitidos através do sabonete? 10 2 10 1 1
7. A tampa do vaso sanitário pode ficar aberta? 9 3 12 0 0
8. Lavar o lençol elimina os ácaros. 7 5 12 0 0 9. Pode-se pegar DST’s (Doença Sexualmente Transmissível) pela toalha de banho. 3 8 0 12 0
10. Nem todo mosquito da Dengue transmite Dengue. 8 4 0 12 0 11. Na água, salgada e/ou doce, existem animais que não são visíveis a olho nu. 1 11 0 12 0
12. Lavar os alimentos com água corrente é suficiente. 11 1 12 0 0
13. Todas as bactérias nos causam doença. 10 2 11 1 0
14. Pode pegar doença brincando na areia da praia. 1 11 0 12 0
15. Beber líquidos na garrafa pode causar problemas de saúde? 8 4 0 12 0
16. O ideal é trocar a escova de dente de três em três meses? 1 11 0 12 0 Tabela 3. Quantidade de respostas por frase, obtida nos diferentes momentos da oficina. Legenda: A resposta correta está indicada pela cor vermelha.
Foi possível verificar o entusiasmo dos alunos com as demonstrações/simulações.
Todos participaram e pareceram gostar muito. As questões que eram de menor conhecimento
por parte dos alunos (nº 1, 4, 5, 10 e 15) , foram corretamente respondidas pela grande
maioria após as demonstrações. Desta maneira, as demonstrações são um excelente recurso
pedagógico de incentivo e aprendizagem. Como já dito por Fisher, Dwyer e Yocam (1996), a
simulação é a chave para que os aprendizes explorem novas situações, permitindo que tentem
4861
cursos diferentes de ação e fornecendo uma flexibilidade para lidar com muitas situações
diferentes, concretizando o aprendizado.
Uma minoria dos alunos mantiveram seus conceitos espontâneos, demonstrado a
importância do uso de diferentes técnicas de ensino, para atender as diferentes preferencias de
aprendizado. Conforme coloca Raasch (1999), cada aluno tem um modo particular de receber
informações, e a cada nova experiência ele reorganiza as estruturas mentais para se adaptar ao
mundo.
Além disso, dentre as metodologias usadas, à exemplodo jogo da Dinâmica mitos e
verdades, constatamos a eficiência das mesmas em prender a atenção dos alunos. O mesmo
relato evidenciado em trabalhos de Bianconi e Caruso (2005), que nos coloca que aulas com
metodologias não tão formais(como jogos, experimentos, brinquedos) podem e são um ótimo
recurso pedagógicopara complementar o ensino das ciências, tornando-o mais prazeroso e
aumentando ointeresse dos alunos pelo mesmo.
Ao investigar os conceitos espontâneos dos alunos, antes de iniciar a aula/oficina,
percebemos que os mesmos se entusiasmaram por terem o momento de mostrar o que sabiam.
E ainda, o tempo disponível para o ensino foimelhor utilizado,pois, sabíamos o que os
estudantes pensavam sobre o tema e, assim, não perdemos tempo ensinando o que já sabiam
ou até mesmo – o que ocorre com frequência nas escolas - o que não entenderiam devido à
carência em outros conteúdos interligados.
Nosso resultado vai de acordo com resultados obtidos em outros trabalhos, é exemplo
no trabalho de Lessa et al (2008), que antes de ensinar a alunos do ensino fundamental e
médio sobre o sistema imunológico, analisaram sua concepções alternativas sobre o tema. Os
resultados, mais que denúncias, apontam a importância para os professores de Ciências e de
Biologia de considerarem as concepções alternativas de seus estudantes a fim de buscarem
formas de incentivá-los a refletirem estas concepções no confronto com as concepções
científicas (LESSA,et al.,2008)
Desta maneira, pretendemos utilizar as estratégias utilizadas na oficina em nossa
futura carreira docente: Investigação dos conceitos espontâneos e metodologias alternativas
(ex: jogos, demonstrações), pois as mesmas se mostram muito eficientes para o ensino da
biologia.
Conclusões
A experiência de ministrar a oficina utilizando metodologias diferenciadas e partindo
dos conceitos espontâneos dos alunos acerca do tema, foi muito gratificante para nós
4862
enquanto futuras professoras. Foi possível perceber que o interesse dos alunos está
intimamente ligado com a qualidade da aula e que é possível ensinar de outras maneiras além
do quadro negro.
Referências Bibliográficas
BIANCONI, M.L.; CARUSO, F. Educação não formal. Ciência e Cultura, São Paulo, v. 57,
n. 4, p. 1-3, 2005.
BORGES, M.C.; CÉSAR, M. Experimentar Interagindo: Processos inovadores de apropriação
de conhecimentos em Ciências. In:B.D. DA SILVA; L.S. ALMEIDA (Eds.),Actas do VI
congresso galaico-português de psicopedagogia (vol.II, pp. 323-336). Braga: Universidade
do Minho.2001.
CASSANTI, A.C. ;CASSANTI, A.C. ;DE ARAUJO, E.E.Microbiologia Democrática:
estratégias de ensino-aprendizagem e Formação de professores. Colégio Dante Alighiei – São
Paulo, 2006.
FISHER, C.; DWYER, D.C,; YOCAM, K. Education and technology; reflections on
computing in classrooms.San Francisco: Apple Press/Jossey-Bass Publishers, 1996.
LESSA, D. B. et al. Como se “pega” gripe?Um estudo das concepções alternativas de
estudantes sobre sistema imunológico. In: ENCONTRO NACIONAL DE ENSINO DE
QUÍMICA, 2008, Curitiba. Anais…Curitiba: UFPR/DQ, 2008. Disponível em
<http://www.quimica.ufpr.br/eduquim/eneq2008/resumos/R0676-1.pdf> Acesso em 02 mai.
2014.
LINHARES, S. & GEWANDSZNAJDER, F. Biologia Hoje. Volume 1. 1ª ed. São Paulo:
Ática, 2010.
MARINHO, S.P.P.Usando o carbópolis, simulação no ensino de biologia – Manual do
professor. Instituto de Ciências Biológias, Belo Horizonte. 2006.
MARQUES, A.S.; MARQUES, M. C. Conhecer os micróbios- iniciação à microbiologia
no ensino básico. Ciência Viva- Agência Nacional para a Cultura científica e Tecnológica In:
VII MINI FÓRUM CIÊNCIA VIVA, 2007.
POOLE, Bernard J. Education for an Information Age; teaching in the computerized
classroom.2.ed. Boston: WCB McGraw-Hill, 1998.
PRADO, I.C.; RODRIGUES, T.G.; KHOURI, S. Metodologia do ensino de microbiologia
para ensino Fundamental e Médio. In: VII encontro Latino Americano de Iniciação
4863
Científica e IV encontro Latino Americano de Pós-graduação. Universidade do Vale do
Paraíba. 2004.
RAASCH, L. A motivação do aluno para a aprendizagem. Disponível em:
<http://tupi.fisica.ufmg.br/ >. Acessoem: 02 mai. 2014.
ROBLYER, M.D.; EDWARDS, J.; HAVRILUK, M.A. Integrating educational technology
into teaching.UpperSaddle River (USA): Merrill, 1997.
SCHROEDER, E. Conceitos espontâneos e conceitos científicos: O processo da construção
conceitual em Vygotsky. Atos de pesquisa em educação – PPGE/ME FURB. V.2, nº 2, p.
293-318, 2007.
SILVA, M.S.; BASTOS, S.N.D. Ensino de Microbiologia: Percepção de docentes e
discentes nas escolar públicas de Mosqueiro, Belém, Pará. III Encontro Nacional de Ensino
de Ciências da Saúde e do Ambiente, Niterói/RJ, 2012.
4864
Recommended