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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Produções Didático-Pedagógicas
Versão Online ISBN 978-85-8015-079-7Cadernos PDE
II
FICHA PARA IDENTIFICAÇÃO PRODUÇÃO DIDÁTICA - PEDAGÓGICA TURMA- PDE/2014
Título: Entendendo a Astronomia através da história da Humanidade
Autor(a) Vanessa Viviane Tozzi
Disciplina/ Área (ingresso no PDE) Ciências
Escola de Implementação do projeto Colégio Estadual Professora Dulce
Maschio - EFM
Município Guarapuava
Núcleo Regional de Educação Guarapuava
Professor Orientador Me. Camila Maria Sitko
Instituição de Ensino Superior UNICENTRO
Relação Interdisciplinar
Resumo. Relacionando o desenvolvimento da
Astronomia com as mudanças que
ocorreram e transformaram os hábitos
humanos ao longo do tempo,
compreendemos que o pensamento
muda, e o homem precisa conhecer e
compreender o passado, presente e
anseios futuros. No 6º ano, quando o
aluno tem seu primeiro contato com a
Astronomia como Ciência, objeto de
estudo, é um momento importante devido
ser considerado o início da alfabetização
científica, e, portanto, não pode estar
preso à “decoreba” de conceitos limitados,
nem vinculado à visão única de um livro
didático, mas associado à história da
humanidade. Através das leituras das
histórias de Monteiro Lobato, busca-se
associar o ensino de Ciência e
Astronomia à Literatura. Sabe-se que a
promoção da leitura visa o
desenvolvimento cognitivo do aluno, cuja
intencionalidade é a aprendizagem
significativa, proporcionando um
encantamento e mexendo com as
emoções, o prazer e a diversão do
educando. Unindo a ludicidade da
literatura ao ensino de Ciências,
permitindo ao professor atuar como
mediador, substituindo as ideias
fantasiosas do senso comum, por
conhecimentos científicos. As técnicas de
ensino utilizadas estarão pautadas em
uma metodologia que privilegia as
discussões, debates, leituras, atividades
individuais ou grupais diferenciadas,
diálogo e integração, para a resolução
dos problemas mediante a reflexão.
Palavras chaves Astronomia. Aprendizagem. Ensino de
Ciências. História da Astronomia.
Formato do material Didático Unidade Didática
Público alvo Alunos do 6º ano do Ensino Fundamental
– Séries Finais.
Colega Professor (a):
A produção dessa unidade pedagógica tem como finalidade facilitar ao aluno
o entendimento da Astronomia a partir do contexto histórico onde o conhecimento foi
gerado, auxiliando de forma que aprenda o conteúdo de uma maneira não
fragmentada, mas sim desenvolvendo a capacidade de associar a evolução da
Astronomia às demais áreas da Ciência e as mudanças na nossa qualidade de vida.
Esse trabalho tem como objetivo propiciar condições ao aluno de, através do
ensino de Astronomia, ultrapassar as barreiras do senso comum, conhecer e
compreender os caminhos trilhados pelo homem na busca e desenvolvimento do
conhecimento ao longo da História da Humanidade.
Desenvolvendo atividades capazes de propiciar uma prática pedagógica
formativa, reflexiva e investigativa, situando o indivíduo no contexto histórico
estudado, reconhecendo a relação entre a evolução da Astronomia ao longo dos
tempos e a melhoria na nossa qualidade de vida, mediante aos avanços
tecnológicos, refletindo sobre a importância dos avanços científico-tecnológicos na
vida urbana moderna, e como estes interferem na forma com que as pessoas
observam e compreendem os fenômenos naturais.
Através das atividades propostas nesse material, busca-se demonstrar aos
alunos, que ao longo dos tempos a Ciência evoluiu, as pesquisas astronômicas
conquistaram espaços antes desconhecidos, compreendendo a forma como o
pensamento do homem evoluiu ao longo dos séculos, percebendo que no decorrer
da História da Humanidade, a Ciência permitiu as transformações e facilitações da
vida cotidiana, fazendo com que o mundo contemporâneo, repleto de conquistas
tecnológicas, seja resultante de todo o legado científico que teve início com o
homem primitivo há muito tempo atrás.
Conforme as Diretrizes Curriculares da Educação Básica de Ciências
(DCEs), “analisar o passado da Ciência e daqueles que a construíram, significa
identificar as diferentes formas de pensar sobre a Natureza, interpretá-la e
compreendê-la, nos diversos momentos históricos” (PARANA, 2008, p.42).
No 6º ano, quando o aluno tem seu primeiro contato com a Astronomia como
Ciência é um momento importante devido a ser considerado o início da alfabetização
científica, e portanto, não pode estar preso à “decoreba” de conceitos limitados, nem
vinculado à visão única de um livro didático, mas associado à História. Diante
desses fatores, apresentamos como eixo central desse trabalho a busca pela
aprendizagem significativa, articulada com o contexto histórico, passando da
concepção fragmentada e simplista para uma aprendizagem coerente, reflexiva e
sistematizada.
Compreendendo essa realidade, entendemos que existe carência de
informações nos livros didáticos, impedindo a reflexão sobre a história da disciplina
de Ciências, e assim, seu contexto histórico é deixado de lado. O impacto sobre a
sociedade causado pela evolução científica não é analisado em sala de aula, e a
“reflexão” muitas vezes é substituída pela memorização de alguns fatos,
considerados os mais relevantes. Esquecemos de que é necessário conhecer a
história do mundo que nos rodeia, de acordo com Moreira (1999, p.15), “o ser
humano tem a capacidade criativa de interpretar e representar o mundo, não
somente de responder a ele”.
A carência de um ensino de qualidade na área da Astronomia também está
presente na formação dos professores, os quais buscam o aperfeiçoamento de
forma individualizada, devido à falta de disponibilidade dentro das grades
curriculares das instituições de Ensino Superior, as quais oferecem esta como
disciplina optativa ou, por vezes, não a disponibilizam.
Diante do grande desafio de desenvolver uma prática pedagógica reflexiva,
o presente trabalho visa oportunizar ao educando condições de compreender a
evolução dos conhecimentos científicos astronômicos, através do contexto histórico
das civilizações, fazendo uso de uma metodologia interacionista que apresente
instrumentos de ensino facilitadores da aprendizagem, enfocando o lúdico e a
abordagem problematizadora dos acontecimentos, buscando, através da literatura
de Monteiro Lobato e das leituras científicas, desenvolver pesquisas, atividades em
grupo, observação de fenômenos como estimuladores da curiosidade que leva a
compreensão dos fatos, utilizando diferentes estratégias capazes de compartilhar
conhecimentos e oportunizar a aprendizagem significativa.
2. MATERIAL DIDÁTICO PEDAGÓGICO
2.1 Unidade Didática
2.1.1 Desenvolvimento das Atividades
ATIVIDADE 1
Título: Pré-teste.
Duração: 1 aula.
Local: Sala de aula.
Colega Professor(a): Você encontrará um modelo de pré-teste no anexo – I. As questões apresentadas no pré-teste foram elaboradas a partir da leitura do Currículo de Ciências do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental - Séries iniciais.
Objetivo: Apresentar a proposta de trabalho a ser desenvolvida para os alunos e
verificar seus conhecimentos prévios sobre a Astronomia, seus aspectos históricos e
sua utilização no cotidiano.
Metodologia: O pré-teste será aplicado de forma individual aos alunos do 6º ano,
participantes do Projeto de Intervenção Pedagógica na Escola, visando um
diagnóstico sobre os conhecimentos prévios que os alunos possuem em relação à
Astronomia e seus aspectos históricos, relacionando com as aplicações no dia a dia.
Objetivo: Instigar a curiosidade do aluno sobre o conteúdo Astronomia através da
Literatura de Monteiro Lobato.
Metodologia: A leitura será feita de forma coletiva visando a socialização e a
participação de todos os alunos. O capítulo do livro utilizado para a leitura será
entregue a cada aluno em forma de apostila, sendo que toda a coleção de Monteiro
Lobato estará disponível na biblioteca escolar para as futuras pesquisas.
Objetivo: Estimular o aluno a realizar pesquisas visando a aprendizagem e a
compreensão do vocabulário utilizado no texto voltado ao estudo da Astronomia.
Metodologia: Para a realização dessa atividade serão disponibilizados dicionários
de Língua Portuguesa e livros didáticos. Também poderá ser utilizado o laboratório
Colega Professor(a): A
apostila com os textos de
Monteiro Lobato utilizados
para o desenvolvimento das
atividades propostas nesse
material você encontrará no
anexo II.
ATIVIDADE 2
Título: Leitura: Capítulo XVI do Livro Serões de
Dona Benta – Título: “Na imensidão do espaço”.
Duração: 1 aula.
Local: Sala de aula.
Colega Professor(a): Você
encontrará um modelo de
Glossário no anexo III, o qual
pode ser enriquecido com
novos conceitos a partir da
leitura sugerida.
ATIVIDADE 3
Título: Produção de um Glossário referente ao
texto “Na imensidão do espaço”.
Duração: 1 aula.
Local: Sala de aula.
de informática, desenvolvendo a pesquisa de forma coletiva. Para conclusão da
atividade sugerida utilizaremos três aulas no contraturno, construindo cartazes
informativos com os termos pesquisados, os quais serão inicialmente expostos em
sala de aula e posteriormente no mural da escola.
Metodologia: Através da reflexão sobre o vídeo assistido, iniciaremos nossos
estudos buscando trabalhar com a imaginação do aluno, associando o passado e o
presente da humanidade. Na sequência, será disponibilizado em material impresso o
texto: “Arqueoastronomia e o Homem Pré-histórico” para somente então responder o
questionário, sendo divididas as atividades em duas aulas: a primeira para assistir
ao vídeo, socializar e fazer a leitura do texto, a segunda para continuar a
socialização das informações presentes no texto e desenvolver a atividade impressa.
Colega Professor(a): O vídeo
“Uhug – Na Serra da Capivara”
citado acima poderá ser
acessado no endereço :
https://www.youtube.com/watch?
v=GvwW0uRNQZ8
O texto: “Arqueoastronomia e o
homem pré-histórico” e as
questões referentes a atividade
investigativa você encontrará no
anexo IV.
ATIVIDADE 4
Título: Produção e pesquisa sobre o homem Pré-
histórico.
Duração: 2 aulas.
Local: Sala de aula.
Objetivo: Compreender a forma como o homem
evoluiu ao longo dos tempos através da análise
dos materiais: vídeo “Uhug – Na Serra da
Capivara” e do texto “Arqueoastronomia e o
Homem Pré-histórico”.
“As pinturas rupestres representam uma
ligação entre o homem pré-histórico e a
civilização moderna, elas significam as
primeiras formas de expressão humana de
que se tem registro.”
Colega Professor, caso não tenha disponível
argila para desenvolver essa atividade,
sugiro que use papel sulfite e carvão,
permite da mesma forma que os alunos
façam uso da criatividade e imaginação.
ATIVIDADE 5
Título: Arqueoastronomia
Duração: 2 aulas.
Local: Laboratório de Ciências
Biológicas, Química e Física.
Objetivo: Refletir sobre a importância
das pinturas rupestres como forma de
buscar compreender o passado.
Metodologia: Para desenvolver essa atividade será disponibilizada para cada aluno
uma barra de argila seca, tinta, pincel e carvão, para que através de sua imaginação
possa reproduzir imagens de pinturas rupestres como as observadas no vídeo
assistido na aula anterior. Como se trata de uma atividade livre, cada aluno poderá
desenvolver o seu trabalho individualmente, deixando sua produção ao término da
aula para secagem no laboratório. Na aula seguinte, será feita a socialização,
oportunizando tempo para que os alunos apresentem suas conclusões em relação à
atividade desenvolvida e possa observar as produções de seus colegas. Após isso,
assistiremos novamente ao vídeo: “Uhug – Na Serra da Capivara”, visando chamar a
atenção do aluno para uma observação mais detalhada da realidade vivenciada pelo
personagem Uhug.
Metodologia: Para o desenvolvimento dessa aula será entregue aos alunos o texto
impresso: “Contando dias, semanas, meses e anos”. Após a leitura coletiva, os
alunos construirão cartazes informativos sobre a observação dos fenômenos
celestes e o desenvolvimento da agricultura pelos povos antigos considerando a
mudança de hábitos e cultura da sociedade daquela época. As atividades serão
concluídas no contraturno fazendo uso de três aulas consecutivas.
Colega Professor(a): Sugiro que antes de
iniciar a produção dos cartazes, organize
grupos e construa no quadro negro uma
sequência de fatos considerados mais
relevantes. Dessa forma, poderá ser feita
uma exposição das produções evitando
repetições e construindo uma linha do tempo
explicativa sobre a evolução do homem, o
desenvolvimento da agricultura e da
Astronomia de forma conjunta.
ATIVIDADE 6
Título: Conhecendo a história das
Civilizações.
Duração: 2 aulas.
Local: Sala de aula.
Objetivo: Entender o desenvolvimento
da Astronomia como necessidade de
sobrevivência humana e melhoria na
qualidade de vida ao longo da História.
Colega Professor(a): O texto sugerido para
leitura você encontrará na apostila presente no
anexo II desse material. Apontamos alguns
nomes importantes dentro da História da
Ciência e da Astronomia para a realização da
pesquisa, porém, a lista pode ser ampliada.
ATIVIDADE 7
Título: Leitura do capítulo III – “AS
ESTRELAS”, Livro: Viagem ao Céu
Duração: 6 aulas.
Local: Sala de aula.
Objetivo: Conhecer, através de leituras e pesquisas, os principais personagens que
contribuíram para o desenvolvimento e evolução da Astronomia ao longo da História,
juntamente com as maiores invenções dos últimos tempos que contribuíram para a
melhoria na nossa qualidade de vida.
Metodologia: Na primeira aula faremos a leitura e a discussão do texto entregue
aos alunos de forma impressa. Na segunda aula iniciaremos a pesquisa a partir de
um levantamento bibliográfico pesquisando personagens, aspectos históricos e
contribuições para o desenvolvimento da Astronomia, enfatizando a visão cultural,
política e religiosa de cada época. Nas aulas seguintes, produziremos cartazes
informativos referentes à pesquisa realizada na aula anterior. Os alunos estarão
organizados em grupos com o objetivo de facilitar a execução das atividades.
Sugestão de nomes históricos para a pesquisa:
A partir do texto “As Estrelas”: Sócrates, Platão, Hipácia, Galileu Galilei e Giordano
Bruno.
Para complementação da pesquisa: Eratóstenes, Ptolomeu, Abd al-Rahman al-
Sufi, Cassini, Nicolau Copérnico, Tycho Brahe, Johannes Kepler, Isaac Newton,
Edmund Halley, Clarles Messier, Caroline Herschel, Henrietta Leavitt Swann, George
E. Hale, Karl Schwarzchild, Edwin Hubble, Clyde Tombaugh, Vera Rubin, Carl
Sagan, Stephen Hawking, Albert Einstein, entre outros.
Sugestão de endereços eletrônicos:
http://super.abril.com.br/galerias-fotos/16-astronomos-voce-deveria-conhecer-
melhor-733864.shtml#0
http://www.zenite.nu/
Colega Professor(a): A sequência de aulas propostas
na atividade “8” são importantes devido à
desmistificação da Astronomia e a compreensão das
diferenças existentes entre a Astronomia e
Astrologia, respeitando a cultura e os valores de
cada um, havendo grande disponibilidade de
materiais que podem ser utilizados em sala de aula.
O texto sugerido na atividade você encontrará no
anexo VI e imagens referentes aos signos do
zodíaco poderão ser encontradas no endereço
http://www.zenite.nu e utlilizadas na tv pendrive.
ATIVIDADE 8
Título: Astronomia e Astrologia
Duração: 4 aulas.
Local: Sala de aula.
Objetivo: Diferenciar Astronomia
de Astrologia a partir de
pesquisas, debates, leitura e
discussão do texto: “Astronomia e
Astrologia”. Qual a diferença?
Metodologia: A primeira aula será trabalhada com imagens representativas dos
signos do zodíaco, explicando suas posições e movimentações no céu ao longo dos
tempos, levando para a sala de aula jornais, revistas, anúncios de rádio, televisão,
celular, internet, livros didáticos e paradidáticos que permitem pesquisas orientadas
sobre o assunto proposto, buscando subsídio teórico que desperte a atenção para a
influência da Astrologia na atualidade, orientando os alunos pesquisarem junto à
família e comunidade local a forma como a Astrologia é reconhecida e utilizada, suas
crenças, valores, hábitos e costumes culturais, pedindo para que registrem os dados
levantados durante a pesquisa no caderno.
Na segunda aula, faremos a socialização das pesquisas construindo gráficos
informativos no quadro negro com o objetivo de chamar atenção para os resultados
finais do trabalho, analisando a influência da Astrologia na atualidade.
Na terceira aula trabalharemos com o texto impresso “Astronomia e
Astrologia. Qual a diferença?”, chamando a atenção para os conceitos de
Astronomia, Astrologia e suas relações com a Mitologia, analisando as mudanças
que ocorreram com o homem ao longo do tempo.
Na quarta aula será orientado aos alunos que façam uma produção textual
sobre o conteúdo abordado de forma individual, para possibilitar a compreensão por
parte da professora sobre o entendimento do aluno, com relação ao assunto
trabalhado.
FIGURA 1 - Constelações do Sistema Zodiacal, disponível em: www.zenite.nu?zodiaco
Objetivo: Estimular a curiosidade do aluno para o estudo das constelações através
da literatura.
Colega Professor(a): O texto: ”O céu de
noite”, sugerido para o desenvolvimento
dessa atividade você encontrará na
apostila elaborada para o aluno
disponível no anexo II desse material.
ATIVIDADE 9
Título: Leitura do capítulo IV, “O céu de
noite”, do livro Viagem ao Céu.
Duração: 2 aulas.
Local: Sala de aula.
Metodologia: Na primeira aula faremos a leitura do texto: “O céu de noite”, com
discussão sobre curiosidades, dúvidas e demais questionamentos. Na segunda aula
será realizada a produção de desenhos com uso de papel sulfite e lápis de cor, com
o título constelações embasados pela leitura e atividades desenvolvidas na aula
anterior.
Metodologia: A primeira aula será utilizada para apresentar aos alunos o software
Stellarium, explicando sua utilização e comandos, localizando juntamente com os
alunos curiosidades sobre o software, facilitando o manuseio e compreensão,
familiarizando-se com o recurso tecnológico, o trabalho será realizado no laboratório
de informática.
Na segunda aula, iniciaremos o trabalho com as constelações chamando a atenção
para a forma como eram vistas pelos povos antigos. Na terceira aula
apresentaremos desenhos que mostram como as constelações eram chamadas e o
que representavam para os índios brasileiros (como exemplo a figura 2 que
representa a constelação da ema), diferenciando o porquê dos nomes e
representações, conforme as realidades culturais e regionais.
Na quarta aula será realizada uma produção textual apontando as diferenças e
semelhanças presentes na forma de expressão utilizadas pelos povos estudados na
aula anterior. Na quinta e sexta aula será trabalhado com o uso do software
Stellarium em sala de aula, localizando a imagem do céu local para a escolha
aleatória de estrelas e construção de constelações individuais, usando a imaginação
ATIVIDADE 10
Título: As “Constelações” na visão dos povos
antigos.
Duração: 6 aulas.
Local: Sala de aula e laboratório de
informática com uso do software Stellarium.
Objetivo: Conhecer a história e as
curiosidades sobre as constelações na visão
dos povos antigos.
Colega Professor(a): o software
Stellarium pode ser baixado no
endereço eletrônico a seguir:
http://www.stellarium.org/pt
Sugiro também a leitura do
artigo: “As constelações Indígenas
Brasileiras” disponível em:
http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br
/arquivos/File/outubro_2012/artigos_cie
ncias/indigenas.pdf
e a criatividade, fazendo uso de cartolinas e lápis de cor, o trabalho será exposto
posteriormente em sala de aula.
FIGURA 2 – Constelações Indígenas: Constelação da Ema
http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/outubro_2012/artigos_ciencias/indigenas.pdf
Metodologia: Os trabalhos serão realizados em sala de aula, os alunos organizados
em grupos, com divisão de tarefas e orientações pedagógicas, fazendo uso dos
materiais: papel jardim, lápis, borracha, régua, giz de cera, lápis de cor, canetinhas,
entre outros. Cada grupo construirá uma página que representará uma das
atividades desenvolvidas durante a implementação do Projeto. O resultado final será
a construção de um material de uso coletivo que ficará disponível para pesquisa na
biblioteca escolar.
Colega Professor(a): essa atividade
representará a conclusão dos
trabalhos, dessa forma será necessária
atenção especial com os registros e
observações feitas pelos alunos,
permitindo assim que o professor
possa avaliar os resultados alcançados
e refletir se os objetivos foram
atingidos. Caso seja necessário, é o
momento do professor fazer novas
intervenções pedagógicas.
ATIVIDADE 11
Título: Astronomia
Duração: 4 aulas.
Local: Sala de aula.
Objetivo: Produção de uma história em
quadrinhos coletiva a partir dos conteúdos
trabalhados durante a implementação do
Projeto de Intervenção Pedagógica na
Escola.
ATIVIDADE 12
Título: Pós-teste.
Duração: 1 aula.
Local: Sala de aula.
Objetivo: Verificar se ocorreu compreensão por parte dos alunos sobre os assuntos
abordados durante a implementação da Produção Didático Pedagógica na Escola,
com o tema “Astronomia, seus aspectos históricos e sua utilização no cotidiano”.
Metodologia: A aplicação do pré-teste ocorrerá de forma individual em sala de aula.
CRONOGRAMA DE ATIVIDADE EM HORA AULA.
* ** *** PLANEJAMENTO DAS AÇÕES
01
Apresentação da Produção Didático Pedagógica, explanação de como serão realizadas as atividades e aplicação do pré-teste. Atividade I
02 Leitura e análise do pré-teste.
01 Leitura e socialização com os alunos. Atividade II.
01 Produção de Glossário. Atividade III.
03 Continuação Glossário.
02 Produção e pesquisa sobre o homem Pré-histórico. Atividade IV.
02 Leitura e análise das atividades desenvolvidas sobre o homem Pré-histórico.
02 Leitura e análise das atividades desenvolvidas sobre o homem Pré-histórico.
01 Organização de materiais e laboratório para desenvolvimento de atividades.
02 Atividade com uso de argila – tema: Arqueoastronomia. Atividade V
02 Atividades em sala, Conhecendo a história das Civilizações, com produção de cartazes. Atividade VI.
03 Continuação da pesquisa e produção de cartazes referentes a atividade VI.
06 Pesquisa sobre a história da Astronomia. Atividade VII.
02 Planejamento e seleção de materiais.
03 Conclusão das atividades referentes a história da Astronomia.
04 Astronomia e astrologia. Atividade VIII.
02 Planejamento e seleção de materiais pedagógicos.
02 Leitura e análise das produções referentes a atividade VIII.
02 Constelações. Atividade IX.
01 Leitura e análise das produções referentes a atividade IX.
Colega Professor(a): o modelo sugerido
para pós-teste será o mesmo utilizado no
pré-teste presente no anexo I desse
material.
* Atividades desenvolvidas com o público alvo. ** Atividades desenvolvidas em contra turno. *** Planejamento e análise das atividades.
3. ORIENTAÇÕES METODOLÓGICAS.
A aplicação da Proposta de Intervenção Pedagógica ocorrerá no Colégio
Estadual Profª Dulce Maschio – EFM no primeiro semestre de 2015. As atividades
foram planejadas voltadas aos alunos do 6º ano do Ensino fundamental - Séries
Finais, buscando oferecer um ensino/aprendizagem capaz de superar o problema
inicialmente pesquisado, propiciando condições ao aluno de, através do ensino de
Astronomia, ultrapassar as barreiras do senso comum, conhecer e compreender os
caminhos trilhados pelo homem na busca e desenvolvimento do conhecimento ao
longo da História da Humanidade.
As atividades foram planejadas visando o resgate histórico da disciplina de forma
interacionista com uma abordagem integradora, baseada em uma metodologia
qualitativa, respeitando o nível cognitivo, capacidades, potencialidades e limitações
dos alunos, para que o processo ocorra de forma natural. Utilizou-se os variados
instrumentos pedagógicos como leituras, produções, pesquisas orientadas, uso de
software, imagens, vídeos, entre outros recursos, que levam à aprendizagem,
considerando também o perfil sócio educacional dos alunos e propiciando atividades
enriquecedoras, que ofereçam condições ao indivíduo de compreender a Astronomia
enquanto Ciência, seus avanços e implicações no cotidiano.
* ** *** PLANEJAMENTO DAS AÇÕES
06 Constelações. Atividade X.
02 Organização de laboratório, leitura e análise de produções.
04 Astronomia. Atividade XI.
01 Seleção de materiais e organização dos trabalhos.
03 Conclusão das produções referentes a atividade XI. 02 Leitura e análise das produções. 01 Aplicação do pós-teste. Atividade XII.
03 Leitura, registros e análise das produções finais.
Total de horas trabalhadas: 32h em sala de aula com o público alvo e 32h de planejamento e continuação de atividades em contra turno. Totalizando 64h.
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
BRASIL, Parâmetros Curriculares Nacionais – Ciências Naturais, disponível em: http://www.portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro04.pdf Acessado em: 29 de Nov. 2014. DIAADIA EDUCAÇÃO http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/outubro _2012/artigos_ciencias/indigenas.pdf, acessado em 30/09/2014. DICIONÁRIO AURELIO, http://www.dicionariodoaurelio.com dicionário online. Acessado em: 15 de Ago. 2014. DICIO, http://www.dicio.com.br/ dicionário online. Acessado em: 15 de Ago. 2014. GOVERNO DO PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação do Paraná Departamento de Educação Básica. Diretrizes Curriculares da Educação Básica Ciências. Paraná 2008. INFOESCOLA, http://www.infoescola.com/historia/pre-historia/ Arqueoastronomia e o Homem Pré-Histórico. Acessado em: 27 de Set. 2014. LOBATO, Monteiro, 1982-1948. Serões de Dona Benta – São Paulo: Brasiliense, 2004 (Sítio do Picapau Amarelo), 7ª reimpr. da 22ª ed. De 1994. ISBN 85-11-19022-8. LOBATO, Monteiro, 1982-1948. Viagem ao Céu – São Paulo: Brasiliense, 2004 (Sítio do Picapau Amarelo), 9ª reimpr. da 45ª ed. de 1995. ISBN 85-11-19023-6. NOGUEIRA, Salvador e Canalle, João Batista Garcia. Astronomia: ensino fundamental e médio. Brasília: MEC, SEB; MCT ; AEB, 2009. 232 p.: il. – (Coleção Explorando o ensino; v. 11). ISBN 978-85-7783-015-2. MICHAELIS, http://www.michaelis.uol.com.br/escolar/espanhol/ dicionário online. Acessado em: 15 de Ago. 2014. MUSEU PARANAENSE, http://www.museuparanaense.pr.gov.br/modules/noticias/ article.php?storyid=86&tit=Arqueologa-do-Museu-Paranaense-registra-descoberta-historica-de-pintura-rupestre. Acessado em 15 de Set. 2014. STELLARIUM, http://www.stellarium.org/pt, Software Stellarium. Acessado em 20/08/2014. SUPER ABRIL, http://super.abril.com.br/galerias-fotos/16-astronomos-voce-deveria-conhecer-elhor-733864.shtml#0, acessado em 25/11/2014. YOUTUBE, https://www.youtube.com/watch?v=GvwW0uRNQZ8. Uhug – Na Serra da Capivara. Acessado em: 27 de Set. 2014. ZENITE, www.zenite.nu?astrologia circulo dos animais. Acessado em: 18 de Nov. 2014.
ANEXOS
ANEXO I
Modelo do pré-teste:
1) Na sua opinião, a Astronomia é uma Ciência antiga ou moderna? Justifique sua
resposta. ( ) antiga ( ) moderna
........................................................................................................................................
....................................................................................................................................
2) Na sua opinião, o homem pré-histórico contribuiu para o desenvolvimento da
Astronomia? Justifique. ( ) sim ( ) não
........................................................................................................................................
....................................................................................................................................
3) Na sua opinião, a Astronomia contribuiu para o desenvolvimento das sociedades
ao longo da história da humanidade? Justifique. ( ) sim ( ) não
........................................................................................................................................
....................................................................................................................................
4) Você costuma observar os astros e os fenômenos celestes? Justifique.
( ) sim ( ) não
........................................................................................................................................
....................................................................................................................................
5) Na sua opinião, a Astronomia enquanto Ciência contribui para a melhoria da
nossa qualidade de vida? Justifique. ( ) sim ( ) não
........................................................................................................................................
....................................................................................................................................
6) Você costuma ler notícias ou prestar atenção em noticiários que apresentam
informações voltadas a Ciência e Astronomia? ( ) sim ( ) não
Escreva qual foi a última notícia que você leu sobre Astronomia e o que mais te
chamou atenção:
........................................................................................................................................
........................................................................................................................................
....................................................................................................................................
7) Ao longo da história da humanidade o homem conquistou o espaço e na
atualidade inúmeras imagens do Universo com seus astros chegam até nós.
Represente, através de um desenho, os astros que mais te chamam a atenção. Não
se esqueça de colocar o nome em cada um.
8) Jornais, revistas, programações de rádio e televisão, entre outros, apresentam
todos os dias informações referentes aos signos do Zodíaco, representados pela
Astrologia. Em sua opinião, existe diferença entre Astrologia e Astronomia?
Justifique. ( ) sim ( ) não
........................................................................................................................................
........................................................................................................................................
....................................................................................................................................
9) Existe alguma tecnologia que faz parte do seu cotidiano que você identifica como
resultante da evolução dos estudos em Astronomia ao longo da história da
humanidade? ( ) sim ( ) não
Se a resposta for sim, escreva qual a tecnologia.
........................................................................................................................................
........................................................................................................................................
....................................................................................................................................
10) Durante os anos anteriores em que você frequentou o Ensino Fundamental –
séries iniciais, você estudou Astronomia? ( ) sim ( ) não
11) Você conhece pessoas que utilizam as informações presentes nos signos como
importantes para explicar sua personalidade? ( ) sim ( ) não
12) O que você mais gosta de estudar em Astronomia?
........................................................................................................................................
........................................................................................................................................
....................................................................................................................................
ANEXO II
Na imensidão do espaço
No dia seguinte não houve lição. Vieram visitas. Primeiro, o Chico
Pirambóia, um caboclo das vizinhanças, muito manhoso. Queria por força que dona
Benta barganhasse a vaca mocha por uma égua lazarenta que ele tinha. Amolou
duas horas, tomou café, cuspiu no chão – e afinal lá se foi sem a vaca.
Mais tarde apareceu o compadre Teodorico, para a clássica visita que fazia
à comadre cada quinzena. Também amolou, amolou, tomou café com bolinhos e lá
se foi na mesma, depois do jantar.
Felizmente o tempo havia levantado, e tiveram uma noite tão linda que dona
Benta saiu com os meninos para ver as estrelas. E a conversa recaiu sobre a
astronomia.
- Se os grandes conquistadores ou os insolentes ditadores de hoje –
começou a boa senhora – tivessem tempo de contemplar e meditar este céu
estrelado, fatalmente abaixariam a crista do orgulho e se recolheriam às suas
respectivas insignificâncias. Se a terra é um pontinho microscópico neste infinito
espaço que nos rodeia – que somos nós? Que é um ditador? Muito menos que um
micróbio imperceptível. E que é o sol, essa imensa estrela que bóia no espaço
rodeada dos planetas, seus filhos? Um micróbio do espaço infinito. Porque infinito
quer dizer o que não tem fim...
Os meninos ficaram pensativos.
- Por mais que eu reflita, vovó – disse Pedrinho – não consigo, nem de longe
compreender uma coisa sem fim. Por maior que seja o espaço, parece que há de
acabar num ponto.
- E que fica para diante? – objetou dona Benta. – Quando uma coisa acaba,
começa outra. Que coisa poderá começar depois do espaço acabar?
- Não sei. Não entendo. Se começo a pensar nisso, esbarro em dois “não –
entendimentos”: não entendo o espaço infinito e também não entendo o espaço com
um fim – disse Pedrinho. – Fico bobo...
- E bobos também ficam os maiores sábios que refletem sobre o assunto.
Por esse motivo os homens sempre olharam o céu com espanto e medo. No começo
não entendiam coisa nenhuma, e tiveram a impressão de que as estrelas existiam
para regalo dos nossos olhos – e que a terra era chata e fixa.
- Na opinião dos indianos a terra é aguentada em cima dum elefante –
lembrou Pedrinho.
- Todos os povos antigos tinham a ideia da chateza e fixidez da terra –
prosseguiu dona Benta. – Mas lá entre os gregos, o povo mais inteligente que ainda
apareceu sobre a terra, um sábio de nome Aristarco apresentou uma ideia nova: a
terra e os planetas não eram parados – giravam em redor do sol. Toda gente se
levantou contra ele, porque semelhante ideia contrariava o ensinado pela religião
grega. Mas a religião é que estava errada, não Aristarco. Certos fenômenos do céu,
como não fossem compreendidos, amedrontavam os homens. Mais de meio século
antes de Cristo houve uma batalha entre medo e lídios, durante a qual ocorreu um
eclipse total do sol; o pavor foi tamanho que os soldados interromperam a luta para
fazer as pazes.
- Ora, graças! – Exclamou Narizinho. – Pelo menos esse eclipse salvou a
vida de muita gente.
- Mais tarde, quando os turcos invadiram a Europa, surgiu no céu um
cometa. Os cristãos, apavorados, puseram-se a rezar: “Livrai-nos, Senhor, dos
turcos e do cometa”. Finalmente apareceu aquele famoso sábio do barômetro:
Galileu. Era um verdadeiro gênio, um grande inventor. Foi quem teve a ideia do
primeiro telescópio. Construiu-o e com ele deu um grande passo no estudo dos
corpos celestes. Observou as montanhas da lua e foi o primeiro a ver os quatro
satélites do planeta Júpiter. Também confirmou a ideia de Aristarco, da terra e mais
planetas girarem ao redor do sol. Foi tido como louco e obrigado pelos padres a
renegar essas ideias sob pena de ser assado vivo. Hoje Galileu está na lista de ouro
dos grandes gênios da humanidade. O seu telescópio virou um assombro. Foi-se
aperfeiçoando cada vez mais, e permitindo que cada vez o homem desvendasse os
segredos do céu.
- Está aí uma coisa que eu sempre quis – disse Pedrinho – espiar o céu pelo
telescópio. Se ficar rico, hei de ter o meu telescópio.
O lindo seria se espiássemos o céu pelo telescópio que os americanos
construíram para o observatório de Palomar, perto de San Diego, uma cidade da
Califórnia. O maior do mundo. E o custo foi de seis milhões de dólares...
- Mais de trinta milhões de cruzeiros em nossa moeda – exclamou Narizinho,
de olhos arregalados. – Por isso gosto dos americanos. Só eles têm a coragem
dessas coisas loucas. Se fosse na Europa, todo esse dinheiro iria para novos
canhões ou aviões de bombardeio ...
- Talvez no fim deste ano de 1937 esse telescópio fique pronto – continuou
dona Benta. Tenho aqui num livro a fotografia da matéria-prima da principal das suas
peças: um disco de cristal de 200 polegadas de diâmetro. Em metros, quantos é isto,
Narizinho?
A menina fez o cálculo de cabeça.
- Cada polegada tendo 2,75 centímetros, as 200 polegadas correspondem a
5 metros e meio. Maior que o mastro de Santo Antônio que Pedrinho ergueu o ano
passado.
- Para formar esse disco o cristal — prosseguiu dona Benta — teve de ser
fundido e despejado num molde; mas só para resfriar levou anos. Havia o perigo de
fender-se com o resfriamento rápido, de modo que o puseram numa câmara
aquecida, cuja temperatura, durante meses e meses, fosse descendo gradualmente.
- Que pena Galileu estar morto! — exclamou Pedrinho. -— Imaginem o seu
prazer se visse a que ponto chegou o pobre telescópio que ele construiu...
- O prazer maior de Galileu seria outro — disse dona Benta — ver sua
opinião sobre o movimento da terra aceita por todo mundo — ele que quase foi
assado vivo por dizer que a terra girava... Mas como o céu sempre interessou
profundamente ao homem, desde cedo começou a ser estudado. Surgiram os
astrólogos — os homens que entendem dos astros; e, como fossem criaturas mais
espertas que as outras, logo reduziram a nova ciência a negócio. Tornaram-se
importantes e poderosos. Os próprios reis tinham medo dos astrólogos, por causa
das previsões que faziam, de nariz para o ar e olhos nas estrelas. Até hoje existem
astrólogos, porque a raça dos espertos só desaparecerá quando desaparecer o
último tolo. Esses falsos sábios pretendiam, e ainda pretendem, conhecer o
passado, o presente e o futuro por meio da observação dos astros. Entre os
astrólogos, porém, havia espíritos sérios, que não se utilizavam da astrologia para
engazopar os ingênuos. Esses, sim, estudavam o céu, tratando de acumular fatos
que permitissem conclusões. E tanto fizeram que deram origem a uma ciência nova
— ciência de verdade — chamada astronomia.
- Quer dizer que a astronomia é filha da astrologia?
- Sim, como a Eulália, tão ajuizada e séria, é filha do Chico Pirambóia,
aquele espertalhão que tentou me impingir uma égua lazarenta e cega dum olho. Os
começos da astronomia estão no velho Egito, na velha Babilônia, entre os caldeus e
outros povos da antiguidade. Muitos séculos antes de Cristo já eles tinham ideias
certas sobre os planetas Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno, como também já
haviam batizado as constelações mais importantes. Mas os sábios da Grécia foram
os primeiros a dar forma científica a esses conhecimentos. Os gregos eram
eminentemente poéticos, de modo que reduziam todos os fenômenos da natureza a
mitos lindos. As constelações não escaparam à “mitificação”. Existem no céu duas
estrelas de primeira grandeza, chamadas Betelgeuse e Rigel, que fazem parte da
constelação da Grande Ursa, lá perto da estrela Polar. Os gregos as explicavam por
meio de um mito. Júpiter, o deus dos deuses, e também um grande pândego,
apaixonara-se por Calisto, uma bela ninfa. Mas Júpiter era marido de Juno, deusa
ciumenta como qualquer mulher de hoje — e Juno deliberou dar cabo de Calisto.
Percebendo as más intenções da esposa e querendo defender Calisto, Júpiter
transformou-a em ursa.
- Ah — exclamou Emília — então o negócio de virar uma coisa noutra, de
que as fadas tanto gostam, é invenção velha — de Júpiter...
- Sim, Júpiter virou Calisto em ursa; mas Juno veio a saber e encarregou
Diana, a caçadora, de matá-la em uma de suas caçadas. Vai Júpiter e descobre a
combinação (porque os deuses eram danados para adivinhar o pensamento uns dos
outros) e virou a ursa em estrela. Nasceu assim a Grande Ursa.
- E a Pequena Ursa?
- Um filhinho de Calisto, de nome Arcas, ficou sendo a Pequena Ursa, ao
lado de sua mãe. Mas Juno percebeu a tramóia e, furiosíssima, foi ter com Oceano,
o rei dos mares, ao qual pediu que nunca deixasse as duas Ursas “deitarem-se” no
oceano, como fazem as outras estrelas que não ficam no rumo do pólo. Por esse
motivo ficaram as duas coitadinhas perpetuamente grudadas no céu, sem poderem
nunca regalar-se com os banhos de mar que refrescam suas companheiras.
- Então os gregos, tão inteligentes, acreditavam que as estrelas se deitam no
mar?
- Poeticamente era assim. Como a terra está sempre girando, as estrelas
dão a impressão de desaparecerem no oceano para reaparecerem na noite seguinte
— como quem todas as noites vai para a cama. Juno condenou as Ursas a não
repousarem nunca...
- Interessante o mito, vovó. Um dia precisamos estudar a tal mitologia grega.
Pelo que sei dela, é das coisas mais lindas que os poetas inventaram.
- Os mitos não foram inventados pelos poetas e sim pelo povo; os poetas
apenas lhes deram forma literária. Os gregos batizaram as principais estrelas e
constelações. Por isso há tantas trazendo nomes de deuses e heróis gregos. Mas os
gregos não podiam ir longe no estudo do céu por falta de instrumentos. O telescópio
só foi inventado há uns 300 anos, e o espetroscópio é dos nossos dias.
- Que é espetroscópio? — quis saber a menina.
- Canudo de espiar os espetros ou fantasmas — disse Emília; mas dona
Benta corrigiu:
- Trata-se dum instrumento maravilhoso, que havemos de estudar no
capítulo da Ótica — a parte da Física que trata das coisas da visão.
- Mas dê uma idéia rápida, vovó.
- Bom. O espetroscópio se baseia no prisma, que é um pedaço de cristal
triangular que tem a propriedade de decompor a luz. A luz comum, ou branca, é
composta de raios de todas as cores do arco-íris: o prisma a decompõe nessas
cores. A luz entra branca por uma face do prisma e sai por outra face transformada
em luz vermelha, laranja, amarela, verde, azul, índigo e roxa.
- Isso já sei — disse Pedrinho.
- Bem. Qualquer corpo incandescente olhado através do espetroscópio
mostra uma faixa de cores na ordem que eu mencionei, o vermelho puxando fila e o
roxo no fim. Mas se um gás incandescente for olhado através do espetroscópio
mostra, em vez da faixa colorida, uma ou mais linhas coloridas — e essas linhas não
variam para um dado gás. De modo que os químicos têm nesse instrumento um
meio de conhecer que substância há num corpo qualquer. Basta que aqueçam esse
corpo até reduzi-lo a estado gasoso e examinem o gás através do espetroscópio.
Pelas linhas coloridas que aparecem eles dizem que substâncias há no gás.
- Os químicos? Mas o tal espetroscópio não é instrumento dos astrônomos?
- objetou Pedrinho.
- De ambos. Os astrônomos o utilizam para examinar a luz que vem dos
astros, e por meio das linhas coloridas que se formam conseguem saber de que
elementos esses corpos celestes são formados. Também pelo exame das linhas
podem saber se os astros estão se aproximando da terra ou se afastando — e ainda
com que rapidez estão caminhando.
- Que maravilha, vovó! — exclamou o menino. — Parece incrível que com
um instrumento tão simples o homem possa descobrir coisas tão importantes. Saber
de que elementos é formada uma estrela! É de dar tontura na gente...
- Realmente, meu filho. Com esse instrumentozinho os astrônomos calculam
o peso dos astros e determinam muitas outras coisas. Foram, portanto, essas duas
invenções, o telescópio e o espetroscópio, que permitiram o tremendo avanço da
astronomia.
- Prodigioso! — murmurou Pedrinho — com os olhos no céu. Mas por mais
que eu olhe e reolhe, vovó, não comprendo o espaço. Sinto uma tontura...
Dona Benta ia falando.
- A ideia que os sábios fazem do espaço é a de um vácuo sem fim, onde
regiram os corpos celestes. Sua imensidão não pode ser compreendida pela nossa
fraca inteligência, meu filho. Se um automóvel a 140 quilômetros por hora partisse
do Sol na direção de Mercúrio, que é o planeta mais próximo, levaria 70 anos para
chegar. E levaria 7 mil anos para chegar ao planeta Plutão, que é o mais afastado
do Sol.
- Pensei que o mais afastado fosse Netuno — disse Narizinho. — Esse
Plutão não é meu conhecido.
- É um planetinha ainda menor que a Terra e perdido a uma distância
imensa de nós. Está a 6 bilhões e 400 milhões de quilômetros de nós...
- Nossa Senhora! — exclamou a menina. — Fico tonta com esse negócio de
bilhões de quilômetros. Daqui até à fazenda do seu compadre são só quatro
quilômetros e a gente cansa quando vai a pé — imagine andar a pé daqui até
Plutão!...
- Pois bem, minha filha: apesar dessas distâncias imensíssimas, o Sol, com
os planetas e todo o espaço que eles circunscrevem nos seus giros, não passam de
pontinhos na parte do espaço que os astrônomos já conseguiram explorar com o
telescópio. Sim, porque além desse espaço que o telescópio alcança, há ainda um
infinito de espaço em todas as direções.
- Que horror, vovó! Não sei como os astrônomos não acabam loucos. Eu, se
fosse dedicar-me a essa ciência, dava com os costados no hospício do Juqueri...
- Pois o que acontece é justamente o contrário. A profissão em que há
menos loucos é a dos astrônomos. A contínua contemplação do espaço infinito faz
que eles olhem com imensa superioridade para as coisinhas mínimas a que os
homens comuns dão tanta importância — como o dinheiro, o amor e outras
preocupações de micróbios. Mas as distâncias entre os astros são realmente
tamanhas que houve necessidade de criai medidas novas. As nossas léguas e
quilômetros não passam de medidas microbianas. Daí a criação do metro dos céus:
o Ano-Luz.
- Já sei — disse Pedrinho. — Na Geografia (1) a senhora tocou nesse ponto.
A luz caminha com a velocidade de 299.820 quilômetros por segundo; e, portanto,
caminha 9.455.123.520.000 por ano. Um ano-luz corresponde a quase dez trilhões
de quilômetros!
- Isso mesmo. Pois bem: se aplicarmos essa medida para calcular certas
distâncias do céu, veremos que da Terra à estrela Alfa, da constelação do Centauro
(que é a mais próxima do Sol), a distância é de 4 anos-luz. A distância entre a Terra
e a estrela Polar é de 286 anos- luz. E o telescópio nos mostra estrelas à distância
de 100 mil anos-luz de nós! tão longe que nem sabemos se elas ainda existem...
- Como isso, se vemos a luz?
- Sim, vemos a sua luz; mas como a luz dessas remotas estrelas leva 100
mil anos-luz para chegar até nós, podemos ainda estar vendo a luz de muitas que já
desapareceram há milhares de anos...
Os meninos ficaram pensativos.
Dona Benta continuou:
- A astronomia nos mostra que as estrelas, ou sóis, variam de tamanho.
Algumas têm o tamanho dos nossos planetas; outras são imensamente maiores que
o Sol. A Betelgeuse, da constelação de Orion, é 27 milhões de vezes maior que o
Sol — e a Antares ainda é maior.
- E o Sol, quantas vezes é maior que a Terra?
- Mais de um milhão de vezes.
- Quer dizer então que a tal Betelgeuse é 27 trilhões de vezes maior que a
Terra? — calculou Narizinho.
- No mínimo — respondeu dona Benta. — Mas essas imensas estrelas não
passam de bolas gasosas incandescentes. Antares, por exemplo, é uma bola de gás
tão rarefeito que derrota o melhor vácuo que os físicos produzem nos laboratórios.
- Como isso, vovó? indagou Pedrinho. — O vácuo dos físicos não é então
completo?
- Não. Por mais que os físicos trabalhem, não conseguem produzir o vácuo
absoluto. Resta sempre um bocadinho de ar extremamente rarefeito em todos os
vácuos que o homem produz. Antares é composta dum gás um milhão de vezes
menos denso que a água. Já o Sol é uma vez e meia mais denso do que a água.
Outros astros existem tão densos que uma polegada cúbica de sua substância pesa
tanto como uma tonelada de água.
- Que horror! Então não há guindaste aqui na terra capaz de erguer um tijolo
feito de tal substância... disse Pedrinho.
- Sim. Os nossos vagões de estrada de ferro se achatariam, esmagados, se
puséssemos dentro deles tal tijolo — completou dona Benta.
A noite continuava límpida, sem uma só nuvem no céu, nem a menor bruma
na terra. O ar, parado. A temperatura, deliciosa.
O tremendo peso daquele tijolo fez que guardassem silêncio por alguns
instantes. Por fim dona Benta o rompeu.
- Que injustiça, Pedrinho, cometeu você anteontem, dizendo que este nosso
clima está mudando para pior. É lá possível imaginar noite mais linda e temperatura
mais agradável?
- Realmente, vovó — concordou a menina. — Se eu fosse encarregada de
escolher uma temperatura fixa, que não variasse nunca, escolheria a desta noite.
Está tão agradável que me parece pecado ir para a cama...
Emília olhava para o céu.
- Lá está a Via-Láctea — disse ela apontando, sem medo nenhum de criar
verrugas. — Lá estivemos brincando de fazer estrelinhas e cometas com a massa
de astros que aquilo é! Lá eu...
- Pare com os mitos — murmurou Narizinho. — Nós agora só queremos
ciência. Explique o que é a Via-Láctea, vovó.
Dona Benta apontou para certo ponto do céu.
- É aquilo esbranquiçado que vemos lá em cima. Os sábios chamam a essas
massas esbranquiçadas, Galáxias, e as consideram enormes acumulações de
estrelas no espaço. Com o telescópio verificam isso, pois distinguem várias
centenas de milhões de estrelas na nossa Via-Láctea. Talvez o novo telescópio de
Palomar nos esclareça muito a respeito. Mas no céu existem inúmeras galáxias
como essa. As estrelas que as compõem nos parecem próximas uma das outras,
embora estejam separadas por bilhões de quilômetros.
- Como a distância ilude! — exclamou a menina. — Daqui da Terra, as que
formam a Via-Láctea parecem juntinhas...
- Há um tipo de galáxias que os astrônomos chamam Nebulas — disse dona
Benta. — Existem às centenas de milhões pelo espaço — algumas contendo bilhões
de sóis...
- Mas se é assim vovó, a nossa Terra é mesmo uma isca de dar pena. E se
a Terra é uma isca, meu Deus, que seremos nós? Átomos de perninhas...
-...e Antares de presunção — completou Dona Benta. — Mas tudo é relativo,
minha filha. Suponha um átomo dentro duma molécula. Para ele a molécula é um
espaço infinito.
- Não precisa chegar ao átomo, vovó — disse Pedrinho. Para um pulgão de
roseira, a roseira é uma árvore gigantesca. Há pulgões de meio milímetro de
comprimento. Para um bichinho desses, uma roseira de dois metros de altura, como
a que abriu a primeira rosa vermelha ontem, corresponde a um jequitibá com quatro
mil vezes a altura dum homem — coisa que não existe.
- Na terra do pássaro Roca deve haver árvores desse tamanho — lembrou
Emília — senão, onde havia ele de sentar-se e fazer ninho?
Houve uma pausa. Todos estavam de nariz para o ar, com a imaginação
distante dali. Por fim dona Benta falou:
- Uma coisa grande nós temos, meus filhos: a imaginação. Se a nossa
inteligência é limitada e de todos os lados dá de encontro a barreiras, temos o
consolo de montar no cavalo da imaginação e galopar pelo infinito...
E puseram-se todos a galopar pelo infinito no cavalo da imaginação.
As Estrelas
Com o reaparecimento do Visconde, agora transformado em Dr. Livingstone,
a vida do sítio voltou a ser a mesma de outrora. Acabaram-se os suspiros de
saudades, mas o Visconde ficou sendo duas coisas: Visconde e Dr. Livingstone.
Todos o tratavam ora dum jeito, ora de outro – como saía.
Numa das noites daquele mês de abril estava Dona Benta na sua cadeira de
balanço, lá na varanda, com os olhos no céu cheio de estrelas. A criançada também
se reunira ali. Pedrinho, de cócoras no último degrau da escada, abria com a ponta
do canivete um furo no seu pião novo de brejaúva. Diante dele o Dr. Livingstone
seguia o trabalho com a maior atenção.
- Vai ser uma caviúna batuta! – exclamou o menino. – Se este piãozinho não
assobiar que nem um saci, perco até o meu canivete.
- Que quer dizer caviúna? – perguntou o novo Visconde.
- É por causa da cor preta – respondeu Pedrinho. – Aquela madeira caviúna,
ou cabiúna, tem exatinha esta cor de brejaúva madura. Há brejaúva, ou brejaúba, lá
na sua África?
- Não há coco que não haja no continente africano – respondeu o Dr.
Livingstone – mas por que essa história de caviúna ou cabiúna, brejaúva ou
brejaúba? Que preocupação é essa?
Pedrinho riu-se.
- É que o tal “b” e o tal “v” parece que são uma e a mesma coisa. As palavras
com “b” ou “v” ora aparecem dum jeito, ora de outro. Tudo que aqui dizemos com
“b”, os portugueses lá em Portugal dizem com “v”, e vice-versa; e aqui mesmo há um
colosso de palavras que a gente diz com “b” ou “v”, à vontade – como essas duas.
Dona Benta continuava com os olhos nas estrelas. Súbito, Narizinho, que
estava em outro degrau da escada fazendo tricô, deu um berro.
- Vovó, Emília está botando a língua para mim!
Mas Dona Benta não ouviu. Não tirava os olhos das estrelas. Estranhando
aquilo, os meninos foram se aproximando. E ficaram também a olhar para o céu, em
procura do que estava prendendo a atenção da boa velha.
- Que é, vovó, que a senhora está vendo lá em cima? Eu não estou
enxergando nada – disse Pedrinho.
Dona Benta não pôde deixar de rir-se. Pôs nele os olhos, puxou-o para o seu
colo e falou:
- Não está vendo nada, meu filho? Então olha para o céu estrelado e não vê
nada?
- Só vejo estrelinhas – murmurou o menino.
- E acha pouco, meu filho? Você vê uma metade do Universo e acha pouco?
Pois sabia que os astrônomos passam a vida inteira estudando as maravilhas que
há nesse céu em que você só vê estrelinhas. É que eles sabem e você não sabe.
Eles sabem ler o que está escrito no céu – e você nem desconfia que haja um
milhão de coisas escritas no céu...
- Desconfio sim, vovó, mas fico nisso. Sou muito bobinho ainda.
- Bobinho como todos os grandes astrônomos na sua idade, meu filho. Os
maiores sábios do mundo foram bobinhos como você, quando crianças – mas
ficaram sábios com a idade, o estudo e a meditação.
Narizinho interrompeu o tricô para perguntar:
- Fala-se muito em sábio aqui neste sítio, mas eu não sei, bem, bem, o que é.
Conte, vovó – e retomou o tricô.
Dona Benta, quando tinha de dar uma explicação difícil, tomava um fôlego
comprido, engolia em seco e às vezes até se assoprava resignadamente. Mas não
falhava.
- Os sábios, menina, são os puxa-filas da humanidade. A humanidade é um
rebanho imenso de carneiros tingidos pelos pastores, os quais metem a chibata nos
que andam como eles pastores querem e tosam-lhes a lã e tiram-lhes o leite, e os
vão tocando para onde convém a eles pastores. E isso é assim por causa da
extrema ignorância ou estupidez dos carneiros. Mas entre os carneiros às vezes
aparecem alguns de mais inteligência, os quais aprendem mil coisas, adivinham
outras, e depois ensinam à carneirada o que aprenderam – e desse modo vão
botando um pouco de luz dentro da escuridão daquelas cabeças. São os sábios.
- E os pastores deixam, vovó, que esses sábios descarneirem a carneirada
estúpida?- perguntou Pedrinho.
- Antigamente os pastores tudo faziam para manter a carneirada na doce paz
da ignorância, e para isso perseguiam os sábios, matavam-nos, queimavam-nos em
fogueiras – um horror, meu filho! Um dos maiores sábios do mundo foi Galileu, o
inventor da luneta astronômica, graças à qual afirmou que a Terra girava em em
redor do sol. Pois os pastores da época obrigaram esse carneiro sábio a engolir a
sua ciência.
- Por que, vovó?
- Porque a eles pastores convinha que a terra fosse fixa e centro do Universo,
com tudo girando em redor dela.
- Mas por que queriam isso?
- Para não serem desmentidos, meu filho.
Como os pastores sempre haviam afirmado que era assim, se os carneiros
descobrissem que não era assim, eles pastores ficariam desmoralizados.
— Ficariam com caras de grandes burros, que é o que eles são — berrou
Emilia indignada.
Dona Benta suspirou.
— Ah, meus filhos, eu até nem gosto de pensar no que os sábios têm sofrido
pelos séculos a fora... Aquela coitadinha da Hipácia, por exemplo...
— Quem era ela, vovó? — quis saber a menina.
— Hipácia foi uma sábia grega nascida em Alexandria no ano 370. Não só
muito culta, como de grande beleza. O pai educou-a muito bem e depois mandou-a
aperfeiçoar-se em Atenas, que era a Paris do mundo antigo. De volta a Alexandria,
Hipácia abriu uma escola onde ensinava as grandes idéias de Sócrates e Platão.
Tornou-se queridíssima do povo, sobre o qual derramava ondas de sabedoria. Pois
sabe o que aconteceu com a coitada?
— Casou-se e... — ia dizendo a Emília, mas Narizinho tapou-lhe a boca. “Que
foi, vovó?”
— Mataram-na! Um grupo de capangas, instigados por um tal bispo Cirilo,
atacou-a na rua matou-a e esquartejou-a.
Os quatro coraçõezinhos ali presentes pulsaram de indignação. Dona Benta
continuou:
— E a Sócrates, que foi um dos maiores iluminadores da ignorância dos
carneiros, os pastores da época obrigaram-no a beber cicuta, um veneno horrível. E
Giordano Bruno? Ah, este foi queimado vivo numa fogueira, no ano 1600 — sabem
por quê? Porque era um verdadeiro sábio e estava iluminando demais a escuridão
dos carneiros.
— Queimado vivo! — repetiu Narizinho com cara de horror. — Eu nem
consigo imaginar o que isso possa ser. Outro dia queimei o dedo na chapa do fogão
— e doeu tanto, tanto... Imagine-se agora uma fogueira queimando a gente inteira—
a pele, os olhos, o nariz, as orelhas, as mãos, tudo, tudo... — e a menina tapou a
cara como para não ver a cena.
Dona Benta deu um suspiro.
— Pois, minha filha, contam-se por centenas de milhares os mártires da
fogueira, e quase sempre por isso: enxergar mais que os outros e ensinar aos
ignorantes. Por felicidade minha, eu vivo neste nosso abençoado século; se eu
vivesse na Idade-Média, já estava assada numa boa fogueira — e também vocês,
pelo crime de terem aprendido comigo muita coisa. Até Quindim ia para a fogueira
como feiticeiro, se os pastores soubessem daquele passeio gramatical que ele fez
com vocês.
— E o Burro Falante, vovó? — perguntou Pedrinho.
— Também ia para a fogueira, meu filho. O simples fato de o nosso bom
burro falar, já seria considerado crime merecedor de uma dúzia de fogueiras.
— E eu? — indagou a boneca.
— Você tem dito tantas heresias, Emília, que eles a queimavam numa vela
até ficar reduzida a carvão, e depois moíam esse carvão e o assopravam aos
ventos, de medo que a poeirinha se juntasse e vivesse outra vez.
— E hoje, vovó? — quis saber Pedrinho. — Por que é que hoje não há mais
fogueiras para os sábios?
— Porque apesar de todas as perseguições os sábios foram abrindo a cabeça
dos carneiros, e os carneiros já não deixam que os pastores queimem os seus
mestres de ciência. Mas mesmo assim volta e meia um sábio vai para o beleléu,
destruído pelos pastores. Não os queimam vivos, é verdade, mas prendem-nos em
cárceres e às vezes até os fuzilam. Ou então perseguem-nos de outras maneiras,
tornando-lhes a vida difícil. Em todo caso, já melhoramos bastante, e a prova temos
aqui em nós mesmos: estamos vivos!
O Céu de Noite
Estava um céu lindo, transparente como cristal. O assanhamento do brilho
das estrelas parecia os olhos dos meninos quando viam a bandeja de doces que o
Coronel Teodorico mandava no dia dos anos de Dona Benta. Antes de levantarem a
toalha da bandeja, os olhos de todos ali no sítio ficavam como as estrelas daquela
noite.
Dona Benta tomou fôlego e falou, apontando para o céu:
— Olhem lá aquelas quatro formando uma cruz! É a Constelação do Cruzeiro
do Sul. Constelação quer dizer um grupo de estrelas. Esta Constelação do Cruzeiro
é a de maior importância para os povos que vivem do equador para o sul, como nós.
Tem a mesma importância da célebre Constelação da Ursa Maior para os povos que
vivem ao norte do equador, como os europeus e norte-americanos. O Cruzeiro do
Sul é o nosso relógio noturno. No dia 15 de maio de cada ano essa constelação fica
bem a prumo sobre as nossas cabeças, como o sol ao meio-dia, e então sabemos
que são exatamente 9 horas da noite.
— Que engraçado! — exclamou Pedrinho. — Estamos em fins de abril. Logo
chegaremos ao 15 de maio — e eu vou acertar o nosso relógio da sala de jantar
pelo Cruzeiro do Sul. Que beleza, hein, vovó?
— Sim, meu filho. Saber é realmente uma beleza. Uma isquinha de ciência
que você aprendeu e já ficou tão contente. Imagine quando virar um verdadeiro
astrônomo, como o Flammarion!
— Aí, então, ele fica com cara de bobo, a rir o dia inteiro, só de gosto da
ciência que tem lá por dentro — disse Emília.
Dona Benta achou graça e continuou a falar do Cruzeiro.
— As quatro estrelas do Cruzeiro — disse ela — são designadas por meio de
letras gregas. Gama é a estrela no topo da cruz; Alfa é a do pé da cruz; Beta e Deita
formam os braços.
— Mas por que essas estrelas são tão importantes? — quis saber Pedrinho.
— Por causa da disposição regular em forma de cruz, disposição que as torna
de fácil encontro no céu. Num instante a gente corre os olhos e encontra o Cruzeiro.
Encontrar as outras constelações já é mais difícil — exige prática; mas o Cruzeiro
até a boba. da tia Nastácia descobre no céu. Não há por aqui caboclo da roça, nem
há negro da África, nem atorrante da Argentina, nem gaúcho do Uruguai, nem índio
de todas as repúblicas da América do Sul, nem selvagem australiano, nem negro do
Congo, Moçambique ou Hotentótia, nem boer da Colônia do Cabo, nem papua da
Nova Guiné, que não conheça o Cruzeiro.
— Então Robinson Crusoe também via o Cruzeiro, vovó! — lembrou
Pedrinho. — A ilha dele era a de Juan Fernández, que fica ao sul do equador, perto
das costas do Chile.
— Exatamente, meu filho. Quantas vezes Robinson e o seu bom índio Sexta-
Feira não estiveram, como nós agora, a olhar para as quatro estrelas do Cruzeiro!
— Estou vendo-as — disse Narizinho. — Duas estrelas maiores e duas
menores...
— Sim, as maiores são a Alfa e a Gama e são também das mais brilhantes
dos céus do sul.
— E qual é a mais brilhante de todas, vovó?
— Aqui nos céus do sul é urna da Constelação do Centauro, que fica logo ao
lado do Cruzeiro.
— Qual é ela? — perguntou Pedrinho.
Dona Benta riscou o céu com o dedo, dizendo:
— Se você tirar uma linha que toque na Deita e na Beta do Cruzeiro e a
prolongar nesta direção (e o dedo de Dona Benta ia riscando), essa linha vai
encontrar duas estrelas da Constelação do Centauro, justamente a Alfa e a Beta do
Centauro — e pronto! Você terá achado a Constelação do Centauro, que é das
maiores dos céus do sul. E nessa Constelação a estrela Alfa é uma das mais
conhecidas de todas. É a terceira em brilho de todo o céu e uma das mais próximas
de nós.
— E aquela mancha negra que estou vendo lá? — perguntou a menina,
apontando.
— Pois aquilo é o célebre Saco de Carão da Via Látea. Repare na beleza da
Via Látea, que fica atrás do Cruzeiro. Em certo ponto escurece. Isso quer dizer que
naquele ponto há uma nebulosa escura que tapa as estrelas — e por isso recebeu o
nome de Saco de Carvão.
Pedrinho não tirava os olhos das estrelas da Constelação do Centauro.
— Por que, vovó, deram o nome de Centauro àquelas estrelas? Que relação
há entre elas e os monstros meio cavalos e meio homens da mitologia grega?
Dona Benta assoprou.
— Ah, meu filho, os astrônomos, que são homens de muita imaginação,
acharam que uma linha ligando todas as estrelas desse grupo lembra a forma dum
Centauro.
— Mas lembra realmente?
— Olhe e decida por si mesmo — e Dona Benta indicou as principais estrelas
da Constelação do Centauro. Pedrinho ligou-as com uma linha imaginária e não viu
formar-se centauro nenhum.
— Estou vendo, vovó, que os astrônomos possuem ainda mais imaginação do
que a Emília...
— E assim são as linhas que você tirar de todas as outras constelações —
continuou Dona Benta. — Umas dão unia vaga ideia de qualquer coisa; outras, só
com muita força de imaginação lembram as coisas indicadas pelo nome. Temos ali
(e o seu dedo apontava) a Constelação do Pavão. E temos aquela ali que é a do
Tucano... Ah, meus filhos, não há nada mais poético do que a astronomia, ou ciência
dos astros! Está aí uma aventura que vocês podem realizar um dia: um passeio
pelas constelações!... Que lindo! Podiam começar pela Estrela Polar, que nós não
vemos daqui mas que para as criaturas humanas é a mais importante.
— Por que, vovó?
— Porque foi a bússola das mais antigas civilizações. Os egípcios, os
babilônios, os chineses, os hindus, todos os velhos povos ao norte do equador,
guiavam-se por essa estrela, que está sempre visível e marca o polo. Fica bem em
cima do Polo Norte. E perto dela ficam duas constelações muito célebres, a Ursa
Menor e a Ursa Maior.
Por que têm esses nomes? — quis saber Narizinho.
— Porque os mais antigos astrônomos lhes deram esses nomes. Não podiam
dar o nome de Tucano ou qualquer bicho das zonas quentes, próximas do equador.
Deram-lhes o nome do animal que gosta de viver nos gelos — o urso polar. Por essa
estrela se guiavam os navegantes do norte, no tempo em que não havia a bússola.
Depois da bússola os navegantes dispensaram as estrelas — a agulhinha da
bússola está sempre voltada para o Norte.
— E as outras constelações?
— Ah, meu filho, há tantas... E inúmeras designadas por meio de nomes de
animais, como as do Escorpião, do Leão, do Cavalo, do Carneiro, dos Peixes, do
Cisne, da Lebre, da Hidra, do Corvo, do Peixe Voador, da Abelha, da Ave do
Paraíso, da Girafa, da Raposa, do Lagarto, da Rena, do Gato...
— E a tal Cabeleira de Berenice, que a senhora falou tanto outro dia? — quis
saber Pedrinho.
— Ah, essa constelação tem um nome muito romântico. Trata-se duma
história meio compridinha...
— Conte, conte — pediram todos — e Dona Benta contou a história dos
cabelos da Princesa Berenice, esposa de Ptolomeu Evergete, rei do Egito.
— Este Ptolomeu — disse ela — havia partido à frente duma expedição
guerreira, contra a Síria; e, tomada de medo, Berenice fez à deusa Vênus a
promessa de cortar a sua linda cabeleira e depositá-la no templo da deusa, caso
Evergete voltasse vivo e vitorioso. Ora, o rei voltou vivo e vitorioso e a rainha
cumpriu o voto: cortou os cabelos e depositou-os no templo da deusa. Mas
aconteceu uma coisa inesperada: no dia seguinte a cabeleira havia desaparecido do
templo!... E vai então, um astrônomo da Ilha de Samos, que acabava de descobrir
no céu uma nova constelação, mandou dizer ao rei que a cabeleira de Berenice
estava lá: eram as sete estrelas que ele havia descoberto entre as constelações do
Leão e de Arturus — e desde esse tempo o grupo das sete estrelas passou a ser
conhecido sob o poético nome de Cabeleira de Berenice.
— Que lindo! — exclamou a menina. — Quando eu tiver uma gatinha, vou
botar-lhe o nome de Berenice...
— Há constelações de nomes ainda mais curiosos — continuou Dona Benta
— como a da Coroa, da Lira, da Flecha, do Altar, da Balança, do Relógio, do
Telescópio, da Oficina Tipográfica, etc. E há as de nome poético, como essa da
Cabeleira de Berenice, a da Pomba de Noé, a dos Cães de Caça, a da Harpa de
Jorge, a do Buril do Gravador, a do Escudo de Sobieski, a do Coração de Carlos II, a
da Cabeça de Medusa, a do Homem Ajoelhado, etc. E há a de Sírio ou do Cão
Maior, onde aparece a mais bela estrela do nosso céu, afastadíssima de nós.
Imaginem que Sírio está a mais de 81 trilhões de km de distância isto é, a 540 mil
vezes a distância entre a Terra e o Sol...
— E qual é a distância entre a Terra e o Sol?
— É de mais de 150 milhões de quilômetros. Sírio está tão longe de nós que
sua luz gasta quase 9 anos para chegar até aqui — e no entanto a velocidade da luz
é uma coisa louca. Vamos ver quem sabe qual é a velocidade da luz. Eu já contei.
Pedrinho lembrava-se.
— É de 300 mil quilômetros por segundo — disse ele.
— Por segundo? — admirou-se Narizinho. — Então enquanto eu pisco os
olhos a luz vai daqui até.., até... Trezentos mil quilômetros é daqui até onde, vovó?
— É fora deste nosso mundinho, menina, porque você bem sabe que só com
40 mil quilômetros a gente já dá a volta em redor da Terra.
— Então quer dizer que, enquanto eu abro e fecho os olhos, a luz faz 7 vezes
e meia a volta da Terra?
— Isso mesmo
— Puxa! Já é ser apressadinha...
— É que a luz tem botas de 300 mil léguas — lembrou Emília. — Imaginem o
coitadinho do Pequeno Polegar, com suas botinhas de 7 léguas, apostando corrida
com a luz! Enquanto ele dava um passo, a luz dava 7... — Sete o que, Emília?
— Sete voltas em redor da terra. Maior danada não pode existir.
ANEXO III
Glossário Sugerido
ASTRO: Corpo celeste luminoso por si mesmo ou que recebe claridade de outro
corpo.
ASTRONOMIA: Ciência que estuda a posição, os movimentos e a constituição dos
corpos celestes.
ASTROLOGIA: Arte de predizer os acontecimentos pela observação dos astros.
ASTRÔNOMO: Especialista em Astronomia.
ASTRÓLOGO: Pessoa que se dedica à Astrologia.
ANO-LUZ: Distância percorrida pela luz no tempo de um ano, equivalente a 9,461 x
1012 quilômetros.
BARÔMETRO: Aparelho que serve para medir a pressão atmosférica e, em
consequência, a altura a que alguém se eleva, assim como para prever
aproximadamente as mudanças atmosféricas.
CÉU: Espaço infinito no qual se movem os astros.
CIÊNCIA: Conjunto organizado de conhecimentos relativos a certas categorias de
fatos ou fenômenos / Conjunto de conhecimentos humanos a respeito da natureza,
da sociedade e do pensamento, adquiridos através do desvendamento das leis
objetivas que regem os fenômenos e sua explicação.
COMETA: Astro de aspecto nebuloso, cujo brilho, geralmente fraco no momento da
descoberta, cresce rapidamente para depois decrescer lentamente até a extinção.
São raros os cometas visíveis a olho nu. Distinguem-se neles uma cabeça, com um
núcleo, às vezes pequeno, envolvido por uma nuvem de gases e vapores, a
cabeleira ou coma, e uma cauda muitas vezes extensa.
CONSTELAÇÕES: Grupo de estrelas em uma região delimitada do céu.
CONTEMPLAR: Olhar atentamente, embevecidamente e demoradamente; admirar,
apreciar.
ECLIPSE: Desaparecimento de um astro pela interposição de um corpo celeste
entre ele e o observador, o eclipse pode ser total, parcial ou anular.
ESPAÇO: Extensão indefinida que contém e envolve todos os objetos: o espaço é
imaginado, os corpos celestes rolam no espaço.
ESPETROSCÓPIO: Aparelho destinado a estudar os diferentes espectros
luminosos, particularmente a disposição das faixas que apresentam.
ESTRELA: Astro dotado de luz própria, observável sob a forma de um ponto
luminoso.
FENÔMENO: manifestação, sinal, sintoma.
GALÁXIA: Sistema estelar de forma semelhante a de um disco, com um bulbo
central, que contém bilhões de estrelas.
GÊNIO: Divindade que, segundo os antigos, presidia ao destino de cada um: o gênio
do bem ou do mal.
INCANDESCENTE: Que está em brasa, ardente.
IMAGINAÇÃO: Faculdade de representar objetos pelo pensamento: ter uma
imaginação viva. / Faculdade de inventar, criar, conceber: artista de muita
imaginação.
INFINITO: Que não tem limites, fim: o espaço é infinito.
LUA: Corpo celeste que gira em torno da Terra, sobre a qual reflete a luz que recebe
do Sol.
LUZ: Agente que torna as coisas visíveis ou produz a iluminação. Forma de energia
radiante que transmitida de um corpo luminoso, ao olho, age sobre os órgãos de
visão.
MICROSCÓPICO: Que não pode ser visto senão com o auxílio do microscópio.
Muito pequeno.
MITO: Narrativa popular ou literária, que coloca em cena seres sobre-humanos e
ações imaginárias, para as quais se faz a transposição de acontecimentos históricos,
reais ou fantasiosos.
MITOLOGIA: História fabulosa dos deuses, semideuses e heróis da Antiguidade.
Ciência dos mitos.
NEBULOSA: Massa luminosa difusa observada no céu.
OBSERVATÓRIO: Lugar, ponto elevado, de onde se observa, se vigia. Observatório
astronômico, estabelecimento com aparelhagem científica destinado a observações
astronômicas.
PLANETA: Astro sem luz própria que gira em torno do Sol. São conhecidos
atualmente oito planetas principais; em ordem de proximidade do Sol, são: Mercúrio,
Vênus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano e Netuno, a maioria deles com
satélites.
PRISMA: Sólido Geométrico limitado por dois polígonos congruentes, e três ou mais
paralelogramos. Os polígonos, que devem estar situados em planos paralelos, são
as bases, e os paralelogramos são as faces laterais.
RELIGIÃO: Fé; convicções religiosas, crença: a religião transforma o indivíduo.
SÁBIOS: Diz-se do que sabe muito, do que tem vastos e profundos conhecimentos
sobre qualquer assunto científico, literário ou artístico; erudito. Que tem a faculdade
de bem julgar. Avisado, judicioso, prudente.
SATÉLITE: Planeta secundário que gira em torno de um planeta principal e o
acompanha na sua revolução, seguindo-lhe as mesmas leis e gravitando em torno
do Sol.
SOL: O astro principal e central do nosso sistema planetário. Estrela que emite luz e
o calor.
TELESCÓPIO: Instrumento de observação astronômica, cuja objetiva é um espelho
côncavo.
TERRA: Planeta do sistema solar habitado pelo homem. A Terra é o terceiro dos
planetas principais do sistema solar, em ordem crescente das distâncias do Sol.
Situa-se entre Vênus e Marte. Gira sobre si própria, com movimento quase uniforme,
em torno de um eixo que passa por seu centro de gravidade, enquanto circula em
redor do Sol, em órbita elíptica.
VIA-LÁCTEA: Faixa brilhante de luz estelar que procede dos bilhões de estrelas de
nossa própria galáxia. A galáxia tem a forma aproximada de um disco. Mas à noite a
vemos como uma faixa leitosa de estrelas porque estamos dentro dela.
FONTE:
http://michaelis.uol.com.br
http://www.dicio.com.br/
http://www.dicionariodoaurelio.com
ANEXO IV
Arqueoastronomia e o Homem Pré-Histórico
A Pré-história é o período que compreende desde o surgimento do homem
até o aparecimento da escrita, por volta de 4000 a.C. Os vestígios encontrados em
cavernas, vales e planícies (como ossos, utensílios, armas e outros objetos) nos
ajudam a fazer um estudo mais detalhado do que foi a Pré-História e são chamados
sítios arqueológicos. O ser humano que viveu nessa época era um rude caçador e
mais tarde se tornou um primitivo agricultor.
A Pré-história no Brasil: Através de vestígios encontrados, estudiosos
acreditam que o nosso território é ocupado há cerca de 32000 anos. Todo período
anterior ao descobrimento do Brasil (1500) é chamado de Pré-história do Brasil. Não
se sabe muito a respeito desses primeiros habitantes, tudo que sabemos é devido
aos vestígios deixados pelos homens dessa época em alguns locais do nosso
território. Como exemplo: Sambaquis – Encontrados no litoral ou perto dos rios. Os
mais antigos chegam a ter cerca de 10 mil anos e os mais recentes, mais ou menos,
1500 anos. Os sambaquis são formados por montes de conchas.
- Potes de Barros e Utensílios de Pedra Lascada ou Polida: Tigelas, potes,
urnas com esqueletos dentro (estudiosos concluíram que os habitantes dessas
regiões enterravam seus mortos dentro da própria aldeia). As pontas de flechas,
machadinhas e lascas de vários tamanhos constituíam os objetos feito de pedra.
Pinturas rupestres: Feitas nas paredes das cavernas. O homem dessa época pintava
figuras humanas em grupos com cenas de caça ou guerra. Pintavam, também,
animais silvestres, como onça, paca, peixes e insetos.
http://www.infoescola.com/historia/pre-historia/.
Atividade Investigativa
1) Explique onde se passa a história de Uhug:
2) Quais as características que mais te chamaram a atenção na luta pela
sobrevivência de Uhug na pré-história brasileira?
3) No Brasil existem numerosos sítios arqueológicos que demonstram uma cultura
rica em detalhes, através das pinturas rupestres. O que você observou sobre isso no
vídeo assistido?
4) Produza um desenho explicativo, apontado os detalhes que mais chamaram a
atenção sobre a forma de vida do homem pré-histórico.
5) Pesquisando: Acesse o endereço eletrônico a seguir, faça a leitura do texto e
observe as imagens para depois conversarmos sobre o assunto em sala:
http://www.museuparanaense.pr.gov.br/modules/noticias/article.php?storyid=86&tit=
Arqueologa-do-Museu-Paranaense-registra-descoberta-historica-de-pintura-rupestre
ANEXO V
Contando Dias, Semanas, Meses e Anos
A utilidade mais óbvia da observação do céu é a marcação do tempo. Não é
difícil notar que, quando o Sol está no céu, o firmamento se torna azul claro, e o
ambiente fica iluminado. Foi essa condição que permitiu a locomoção, a caça, a
coleta e todas as atividades importantes ao ser humano primitivo, vivendo com
dificuldades na África há centenas de milhares de anos. Esmiuçando essas
observações, os antigos notaram que, ao longo do tempo, o chamado astro rei
parecia fazer uma travessia pelo céu (surgindo na região leste e se pondo para os
lados do oeste), e quando ele sumia, em seguida, caía a noite.
A não ser que houvesse nuvens encobrindo a visão, o céu azul claro era
trocado por: escuridão, salpicada de um grande número de centelhas de luzes
cintilantes. Elas também pareciam fazer uma travessia pelo firmamento ao longo da
noite, até que o Sol retornasse e mais uma vez produzisse o clarão do dia.
A contagem do tempo em termos desse ciclo é a mais elementar - surge a
noção de um dia, período de 24 horas, durante o qual, pela perspectiva daqueles
homens e mulheres da pré-história, o Sol voltava à sua posição original depois de
atravessar o céu e se esconder “sob o chão”.
A Lua, por sua vez, marcava um ritmo próprio, diferente do solar.
Comparando sua posição noite após noite, os primeiros humanos notaram que ela
demorava cerca de 30 dias até voltar à mesma posição. Esse ciclo produziu outra
noção de tempo, diferente daquela proporcionada pelo Sol, compreendida por
períodos que viriam a ser conhecidos como meses.
O aspecto lunar tinha ainda outra peculiaridade: parecia diferente a cada dia.
Ora estava com seu brilho máximo, como um disco completo, ora era apenas
parcialmente visível, ou simplesmente desaparecia. As fases da Lua – quarto
crescente, cheia, quarto minguante e nova – forneciam outra forma de marcação do
tempo. Coincidentemente, o período aproximado entre uma fase e outra era de sete
dias. Esse era o mesmo número de astros visíveis no céu (diurno e noturno) que
pareciam mudar de posição constantemente, se comparados ao fundo das estrelas
fixas. A dupla coincidência, o período entre duas fases e o número de planetas, foi
usada para criar outra unidade de marcação do tempo, a semana.
Finalmente, observações atentas revelariam que as estrelas fixas em seu
movimento aparente giram ao redor da Terra um pouquinho mais rápido que o Sol –
a cada dia, elas nascem exatamente quatro minutos mais cedo. Então, se num dia
uma dada estrela aparece no horizonte leste exatamente à meia-noite, no dia
seguinte ela aparecerá na mesma posição às 23h56, dois dias depois às 23h52, e
assim por diante. Moral da história: levam-se aproximadamente 365 dias e seis
horas para que uma estrela volte a nascer exatamente na mesma hora. Surge aí o
padrão do ano.
Perceber esses diferentes ciclos ditados pelos movimentos celestes tornou-se
extremamente útil quando os humanos primitivos começaram a notar que os
diferentes “acontecimentos” no firmamento correspondiam às situações vivenciadas
no chão. Para os caçadores e coletores essa podia ser uma percepção um pouco
mais sutil, mas ainda assim muito clara: ao longo do ciclo conhecido por nós como
ano, as plantas iam de secas a floridas, o clima ia de mais frio a mais quente, e
assim por diante.
Entretanto, é com o surgimento da agricultura, há aproximadamente 13 mil
anos, que a observação do céu ganha um valor prático imensurável. Unindo a
sofisticada noção humana de causa e efeito às estações do ano, a prática do plantio
e da colheita ganha um instrumental extremamente útil.
Foi graças às técnicas cada vez mais sofisticadas de plantio – portanto,
graças à agricultura – que a civilização pôde florescer e saltar do estágio da caça e
coleta que marcou a humanidade antes da chamada “revolução neolítica”, ocorrida
há cerca de 10 mil anos.
Para os antigos, o momento em que as estrelas nasciam ou se punham não
indicava apenas a época em que dados fenômenos aconteciam. Mais que isso, eles
acreditavam que as próprias estrelas, naquela posição, provocavam essas
ocorrências. Não é à toa que os céus, com sua aparência misteriosa e sua (então)
clara capacidade de interferir em acontecimentos terrenos, ganhariam um status
divino.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
Nogueira, Salvador e Canalle, João Batista Garcia. Astronomia: ensino fundamental e médio. Brasília: MEC, SEB; MCT ; AEB, 2009. 232 p.: il. – (Coleção Explorando o ensino; v. 11). ISBN 978-85-7783-015-2.
ANEXO VI
Astronomia e Astrologia. Qual a Diferença?
Se decidirmos descobrir através da morfologia (a formação de cada palavra),
não iremos muito longe. Astronomia vem do radical grego nomos, lei, e astér, astros:
lei dos astros.
Porém, astrologia também deriva de astér e lógos, colóquio, estudo: estudo
dos astros. Então seriam sinônimos, isto é, palavras diferentes para significar uma
mesma atividade? Não. Astronomia e Astrologia são hoje tão diferentes que não é
exagero afirmar que a única coisa em comum são as cinco primeiras letras de cada
palavra.
A definição: - Astronomia é uma ciência exata que se preocupa com a
origem, evolução, composição, classificação e dinâmica dos corpos celestes – todos
eles. O astrônomo profissional é necessariamente alguém com formação superior, e
seu trabalho inclui o domínio de Física e Matemática, aliado a um senso crítico
aguçado e boa habilidade observacional.
A Astrologia dá ênfase apenas a um certo grupo de astros. Ela busca
identificar uma relação entre suas posições e deslocamentos no céu e o destino e a
conduta moral dos seres humanos. Apenas os astrólogos constroem horóscopos e
mapas astrais. Seu trabalho está ligado ao aspecto místico que o Universo desperta
no ser humano, e não raramente os astrólogos são também praticantes de outras
artes divinatórias.
A distinção hoje é clara, mas nem sempre foi assim. O nascimento da ciência
moderna, fruto da teoria e observação, surge em meados do século XVI e início do
século XVII, com os estudos do alemão Johannes Kepler.
Naquela época as estrelas eram consideradas perfeitas, eternas, e o próprio Kepler
manteve durante toda sua vida uma relação ambígua com a Astrologia. Ele se
perguntava se não haveria aspectos ocultos nos céus que regessem o aparente
caos do dia-a-dia.
Astronomia e Astrologia possuem, portanto, uma origem em comum,
movidas pelo mesmo fascínio que uma simples noite estrelada desperta em nós.
Ambas coexistem hoje em relativa harmonia, mas seus praticantes têm formações
diferentes e objetivos muito distintos que não convém confundir.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
COSTA, José Roberto – astrologia. Disponível em: www.zenite.nu?astrologia.
Acessado em Ago. de 2014.
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