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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Produções Didático-Pedagógicas
1. FICHA TÉCNICA
Título: O gênero texto argumentativo na formação crítica do aluno da escola pública.
Autor: Vilson José Ribas Padilha
Disciplina/Área: Língua Portuguesa
Escola de Implementação do Projeto
e sua localização:
Colégio Estadual de Angaí
Município da escola: Fernandes Pinheiro
Núcleo Regional de Educação: Irati
Professor Orientador: José Geraldo Marques
Instituição de Ensino Superior: Universidade Estadual do Centro-Oeste
UNICENTRO PR
Relação Interdisciplinar: Não há
Resumo:
O Caderno Pedagógico tem como proposta a
tentativa de resposta ao porquê do aluno do Ensino
Básico da Escola Pública ser um sujeito passivo,
não ter o que dizer ou dizê-lo simplesmente
repetindo a fala do outro, de modo a demonstrar
pouca autonomia. O trabalho pretende
proporcionar subsídios para que o aluno do
Colégio Estadual de Angaí da 1ª série do Ensino
Médio saiba defender o seu ponto de vista de modo
coerente e consciente. Saiba argumentar dando
efetividade à sua opinião com autoridade e, desse
modo, não seja um indivíduo que se assujeite ao
domínio, mas que participe individual e
coletivamente, que seja capaz de organizar-se, de
participar dos espaços da vida política orientada
para o bem comum. A aprendizagem terá como
aplicação metodológica a Sequência Didática,
oportunizando aos alunos a ferramenta de
socialização e atualização para que a aprendizagem
aconteça, de modo efetivo, para a vida.
Palavras-chave:
(3 a 5 palavras)
Argumentação; Sequência Didática; Autonomia;
Socialização.
Formato do Material Didático: Caderno pedagógico
Público:
Alunos da 1ª série do Ensino Médio
2. APRESENTAÇÃO
Em nosso cotidiano estamos sempre em interação dialogal com as pessoas, seja
sobre acontecimentos que nos cercam, seja sobre nossa vida pessoal. Com frequência
expressamos nossa opinião defendendo-a ou refutando a dos interlocutores ou
manifestando nossa concordância e aceitação. Esses atos de fala ocorrem no bate-papo
nas redes sociais, nos comentários sobre jogo de futebol, sobre o capítulo da novela,
sobre eventos realizados no fim de semana, etc. Para serem efetivos, eles vêm sempre
acompanhados de bons argumentos.
As opiniões não estão presentes somente na fala, elas circulam por meio de
publicações escritas. Nas revistas aparecem como opinião em seções de cartas de
leitores. No jornal, como editorial, sempre fundamentadas em argumentos a favor ou
contra determinado assunto. As opiniões colocadas em assuntos polêmicos e relevantes
podem até conduzir a levantes, a manifestações, isto é, podem mudar a opinião e a
realidade porque esclarecem e convencem sobre questões que afetam a vida das pessoas
de uma maneira ou de outra.
A preocupação com esse gênero de texto advém da prática de ensino em que
percebo, como disse no projeto, a passividade dos alunos em relação ao texto de opinião
produzido em sala de aula. Alguém pode achar estranho afirmar isso contestando que há
uma participação grande dos estudantes em redes sociais de relacionamento. É verdade
que os alunos expõem sua opinião nas redes sociais com facilidade, mesmo
empobrecidas de fundamento. Assim, percebo que nas aulas de produção textual quando
o aluno precisa emitir a sua opinião sobre os temas polêmicos, na maioria dos casos,
acaba perguntando o que deve escrever. E, com frequência, repete os argumentos que o
professor explicitou. É claro que essa maneira equivocada de responder à produção
textual é uma herança de paradigmas ainda presentes na escola, talvez advindos da
ditadura. Ainda se escreve para o professor ler. E, por isso, o aluno escreve o que o
professor espera que seja dito. Ao contrário dessa forma de proceder, o que se precisa
inovar é propiciar ao aluno ser sujeito e dono de sua opinião, de sua fala, isto é, que se
habilite para a autonomia.
Envolver os estudantes para levá-los a compreender que o texto argumentativo
comporta um material linguístico que se constrói interativamente em função das
escolhas feitas pelo locutor, imbricadas com as expectativas dos interlocutores, é a
intencionalidade do trabalho. A compreensão de texto como produto de uma situação
histórica e social, portanto, com uma multiplicidade polissêmica, requer uma concepção
de sujeito e de língua adequada a esse contexto. Dessa maneira, adota-se para esta
proposta a abordagem sociointeracional, na qual os sujeitos são autores e construtores,
influenciando e recebendo influências de diferentes vozes no interdiscurso. O texto é o
lugar de interação, de diálogo e os sujeitos que recebem ou produzem o texto agem
ativamente produzindo sentidos. O texto é a materialização linguística e resultado dessa
produção de sentidos presentes na memória do sujeito que é a sua formação discursiva.
A possibilidade de estabelecer um sentido para o texto depende da
interpretabilidade ligada à inteligibilidade numa situação comunicativa. O texto,
concebido como unidade de sentido, só é passível de compreensão se tiver uma relação
semântica e pragmática entre os atos de fala. Daqui provém a importância de se estudar
os mecanismos de coerência e de coesão como mecanismos que tecem o texto (KOCH e
TRAVAGLIA, p.21, 1991).
Convencer, persuadir, argumentar, são verbos que caracterizam o gênero
argumentativo. A intenção deste trabalho é oferecer subsídios necessários, no âmbito da
leitura e escrita para estimular o aluno à participação efetiva nos debates da comunidade
e sustentar, de forma coerente, coesa e consciente, sua opinião. Esse gênero relaciona-se
de modo direto à questão política que acompanha o ser humano desde que se
reconheceu como coletividade destinatária das ações públicas para o bem comum, seja
como corresponsável pela produção material e cultural, seja pela sustentabilidade dos
recursos naturais do planeta.
O trabalho com esse gênero textual em sala de aula na Educação Básica
instrumentaliza o educando para defender o seu ponto de vista e formar opinião.
3. MATERIAL DIDÁTICO
Dar a opinião em assuntos informais não exige formalidade porque a
expressamos quase sem sentir ou pensar. No entanto, há situações de comunicação que
requerem planejamento e formalidade. Imagine, por exemplo, um debate público em
campanha eleitoral. Uma palavra dita em contexto equivocado pode ocasionar a derrota.
Se as opiniões não forem bem sustentadas também não convencem o interlocutor. No
jogo político, geralmente vence o personagem que apresenta proficiência e
convencimento satisfatório na linguagem. É inegável que para isso tenha que usar de
estratégias de marketing, às quais se alia geralmente, nos bons exemplos, no passado e
nas boas atitudes e desempenho da pessoa em sua vida pessoal. Em um júri, advogados
de defesa e acusação se debatem num clima de convencimento entre ataques e contra-
ataques para persuadir os que decidirão o destino de seus clientes. Muitas vezes, o
resultado final nem sempre é o esperado. Depende muito da argumentação, das provas
reunidas a favor ou contra quem está sendo julgado.
Além de toda essa interatividade dos sujeitos com as opiniões faladas ou
escritas, é imprescindível às pessoas ter acesso à cultura letrada e, se possível no meio
intelectual, à aquisição e domínio da língua escrita. No ciclo da vida estudantil e para
entrar no meio acadêmico cultural não há como evitar o enfrentamento com texto que
requer opinião fundamentada em argumentos consistentes, atualizados e convincentes.
Quem quer alcançar uma posição de destaque na sociedade, exercendo uma profissão
reconhecida e bem remunerada, haverá de passar por testes de acesso, como o
vestibular, o ENEM, os concursos públicos. Em todos eles, há ênfase e peso relevante
na prova de redação. Nessas avaliações o candidato à função ou ao curso pretendido
deve demonstrar eficiência em dois fundamentos: leitura sobre conhecimento geral e
atualidades, defesa de uma tese com argumentos convincentes e conclusão do texto com
intervenção satisfatória para solucionar a problemática sugerida.
A proposta do Caderno Pedagógico é trabalhar com um dos gêneros
argumentativo escritos, o artigo de opinião. Ele é geralmente publicado em jornais,
livro, revistas e artigos na internet por pessoas que detêm autoridade sobre o assunto ou
têm relevante posição social. Toda pesquisa em educação envolve teoria e prática. A
intenção é refletir sobre a ação, experimentar novos métodos e novos resultados para
aperfeiçoar a prática e compartilhar os efeitos com a comunidade tanto para enriquecer
o conhecimento e promover articulações como para melhorar a ação educativa.
O ponto de partida é sempre uma questão polêmica, relevante socialmente, em
torno de fatos ou notícias. A questão geral, discussões a favor ou contra. Há pontos de
vista diferentes que dialogam com o assunto discutido.
Esse gênero de texto permite a formação do aluno para a cidadania. A
capacidade de participar levantando sua voz para discutir com argumentos convincentes
os problemas sociais é uma forma de colaborar para resolvê-los. Formar opiniões é
praticar a cidadania. Outra contribuição é proporcionar aos estudantes referenciais de
leitura e também mecanismos de aprendizagem estrutural do texto opinativo.
O Caderno será implementado na primeira série do Ensino Médio do Colégio
Estadual do Campo de Angaí. As atividades serão cumpridas em 32 horas-aula no
primeiro semestre de 2014. A metodologia utilizada consiste em Sequências Didáticas
(SCHNEULY & DOLZ, 2010), ou seja, um conjunto de atividades escolares
organizadas, de maneira sistemática, em torno do gênero textual argumentativo,
estruturadas em unidades.
Haverá quatro ciclos articuladores desse trabalho, distribuídos da seguinte
maneira:
a) Apresentação do texto argumentativo aos alunos;
b) Observação da produção textual inicial com o propósito de se fazer um
levantamento prévio das dificuldades em relação ao gênero;
c) Aplicação da sequência didática através de oficinas de produção;
d) Produção final com a reescrita do texto inicial e socialização dos produtos.
No primeiro momento (a), o tempo previsto será destinado à compreensão da
proposta de trabalho, do valor do texto argumentativo para o saber escolar, do contato
com o artigo de opinião e com a notícia para identificar os argumentos e as polêmicas
que eles despertam.
No segundo momento (b), as ações são direcionadas para a produção inicial do
texto opinativo, seguido das análises dessas produções em função dos objetivos e das
características do gênero. Por gênero, adotamos a definição exposta por Marcushi
(2008, p. 149):
Eles são artefatos culturais importantes como parte integrante da estrutura
comunicativa de nossa sociedade. Neste sentido, há muito a discutir e tentar
distinguir as ideias de que gênero é: uma categoria cultural, um esquema
cognitivo, uma forma de ação social, uma estrutura textual, uma forma de
ação social, uma estrutura textual, uma forma de organização social, uma
ação retórica.
E ainda Marcushi:
Gênero textual refere-se aos textos materializados em situações
comunicativas recorrentes. Os gêneros textuais são os textos que
encontramos em nossa vida diária e que apresentam padrões
sociocomunicativos característicos definidos por composições funcionais,
objetivos enunciativos e estilos concretamente realizados na integração de
forças históricas, sociais, institucionais e técnicas. Em contraposição aos
tipos, os gêneros são entidades empíricas em situações comunicativas e se
expressam em designações diversas, constituindo em princípio listagens
abertas. Alguns exemplos de gêneros textuais: telefonema, sermão, carta
comercial... (2008, p. 155).
A análise, guiada por critérios bem definidos, permitirá avaliar de maneira
bastante precisa em que ponto está a turma e quais são as dificuldades encontradas pelos
alunos.
No terceiro (c), o trabalho volta-se para as características do mecanismo do
gênero argumentativo por meio de leituras de texto para compreender e analisar o
esquema e a organização desse gênero. Serão estruturadas atividades cujo foco será o de
se apropriar de articulações que vinculam as diferentes partes de um texto
argumentativo, as expressões que o tornam coerente e coeso e as diferentes vozes que
interferem num texto polêmico. Neste bloco de atividades será previsto, também, se
houver muito insucesso nas questões de ortografia e coerência e coesão, um trabalho
mais profundo e intervenções diferenciadas no que diz respeito às dimensões mais
problemáticas.
Finalmente, o último bloco da intervenção concentra-se em avaliar, pela
retomada do texto inicial e reescrita, os pontos essenciais apreendidos pelos alunos ao
longo da sequência. Essas atividades servem para observar e avaliar as aprendizagens,
planejar a continuação do trabalho e retornar a pontos mal assimilados.
Para ficar mais explícita a prática da Sequência Didática, cito expressamente o
que dizem Sheneuwly e Dolz sobre isso:
Após uma apresentação da situação na qual é descrita de maneira detalhada a
tarefa de expressão oral ou escrita que os alunos deverão realizar, estes
elaboram um primeiro texto inicial, oral ou escrito, que corresponde ao
gênero trabalhado; é a primeira produção. Essa etapa permite ao professor
avaliar as capacidades já adquiridas e os exercícios previstos na sequência às
possibilidades e dificuldades reais de uma turma. Além disso, ela define o
significado de uma sequência para o aluno, isto é, as capacidades que deve
desenvolver para melhor dominar o gênero de texto em questão. Os módulos,
constituídos por várias atividades ou exercícios, dão-lhe os instrumentos
necessários para esse domínio, pois os problemas colocados pelo gênero são
trabalhados de maneira sistemática e aprofundados. No momento da
produção final, o aluno pode pôr em prática os conhecimentos adquiridos e,
com o professor, medir os progressos alcançados. A produção final serve,
também, para uma avaliação do tipo somativo, que incidirá sobre os aspectos
trabalhados durante a sequência. (2010, p. 84).
4. ORIENTAÇÕES METODOLÓGICAS
O ARTIGO DE OPINIÃO
Tempo de duração: duas horas-aula
Nesta unidade o aluno terá contato com o artigo de opinião e com o trabalho
didático que será exposto no desenrolar das atividades propostas.
A) É importante que o professor providencie algumas cópias de cada texto sugerido
nas atividades. Se não para a turma inteira, ao menos, divida-os em grupos de dois ou
três e, assim, todos terão acesso ao texto. Nesta atividade é importante identificar os
elementos principais do material impresso. Implicitamente estarão incluídas as
características principais do gênero:
Quem escreveu?
Em que veículo de informação o texto foi publicado?
Quais serão os prováveis interlocutores do texto?
Qual a intencionalidade do texto?
Há vozes no texto, ou seja, ele dialoga com outros textos?
B) Professor, explique que o texto de opinião pode apresentar o ponto de vista de uma
pessoa especialista no assunto ou que tenha projeção social. Esse gênero aborda quase
sempre temas polêmicos sobre a realidade social.
1. O professor deverá levar para a sala de aula, vários exemplares de jornais da
região. Procure o Editorial. É importante identificar o gênero, o assunto que é objeto da
discussão e verificar a posição do editorialista do jornal.
2. Permita um momento de leitura do editorial. Faça um levantamento de
identificação das informações principais, como descrito na atividade 1.
3. É característico desse gênero apresentar uma opinião favorável à determinada
questão que envolve um tema social. O editorial pertence ao grupo dos textos
argumentativos. Ele expressa o ponto de vista sobre o assunto abordado , seja para fazer
uma crítica ou um elogio a algo ou alguém, seja para fazer sugestões ou estimular a
reflexão. O editorial serve para o jornal ou a revista deixar claro o seu posicionamento.
Já argumento é um ponto de vista, ou seja, uma ideia, uma opinião a ser defendida a
favor ou contra determinado assunto. Em termos acadêmicos e para convencer, o
argumento precisa estar bem fundamentado. Faça um levantamento prévio dos
argumentos usados pelo articulador para convencer os leitores.
C) Outra atividade interessante: levar um texto polêmico publicado em revistas de maior
circulação, como VEJA, ISTO É, CARTA CAPITAL, entre outras.
1. Leia, com a classe, o artigo. Faça as considerações sugeridas na atividade 1.
Apresente cópia de um número seguinte à revista, que faz o comentário do texto
polêmico da revista publicada anteriormente na página do leitor.
2. Peça para que leiam todos os pontos de vista.
3. Identifique com eles os pontos de vista a favor e contra o artigo publicado
anteriormente.
4. Registre as impressões, dificuldades e recepção dos alunos para aperfeiçoar a prática,
para saber como será o progresso dos alunos
A NOTÍCIA: MATÉRIA-PRIMA DA OPINIÃO
Tempo de duração: três horas-aula
A notícia serve de suporte a um assunto polêmico. Ela está relacionada
ao gênero artigo de opinião. Por isso é importante apresentar esse gênero e as suas
principais características.
A notícia é um texto jornalístico que prioriza a informação. Segundo CEREJA
& MAGALHÃES (2005, p. 241), uma notícia compõe-se de duas partes: o lead (lê-se
“lide”) e o corpo. O lead apresenta-se no 1º parágrafo da notícia e é a parte que
apresenta um resumo, feito de poucas linhas. Nelas são fornecidas respostas às
perguntas fundamentais do jornalismo: o quê (fatos), quem (personagens/pessoas),
quando (tempo), onde (lugar), como e por quê?
O corpo da notícia é composto pelos parágrafos abaixo do lead. Às vezes o lead
apresenta subdivisões para melhor esclarecer a informação ao leitor, como no texto
abaixo. O corpo fornece informações novas ao lead em ordem de importância ou em
ordem cronológica.
A) Faça várias cópias do texto abaixo para os alunos e proponha leitura, individual
ou coletiva, em sala de aula.
Polêmica da ‘importação’ de médicos entra em nova fase
Grupo de trabalho do governo promete apresentar em dois meses solução para a falta de
profissionais em hospitais do interior do país.
Considerando que “expressiva parcela da população brasileira não tem acesso aos
serviços de saúde”, o Ministério da Saúde criou um grupo de trabalho para, em 60 dias,
apresentar caminhos para resolver a falta de médicos em áreas pobres e do interior. A
criação do grupo foi publicada no Diário Oficial da União da última quarta-feira.
O ministério promete lançar, nas próximas semanas, a polêmica medida de
“importação” de médicos para o Brasil, com o objetivo de fixá-los em áreas do interior e
periferias de grandes cidades.
Repúdio
CRM-PR discorda de medida
O Conselho Regional de Medicina do Paraná repudiou a parte do pronunciamento da
presente Dilma Rousseff, dado na noite de sexta-feira, no qual falou da contratação de
médicos estrangeiros. O conselho entende que parte do caos da saúde se deve à retirada
de 10% dos investimentos do governo no setor, o que representa mais de R$ 30 bilhões
ao ano e pesa sobre o sistema público. E afirma que a presidente ignora a opinião da
classe médica. A categoria pede a reestruturação dos estabelecimentos de saúde e um
plano de carreira para os profissionais.
Tabu
“Não pode ser tabu o Ministério da Saúde fazer uma política de atração de médicos
estrangeiros, porque não é tabu em lugar nenhum do mundo”, disse Alexandre Padilha,
titular da pasta.
“Na Inglaterra, 40% dos médicos foram formados fora da Inglaterra. E no Brasil, apenas
1% dos médicos foram formados fora”, declarou.
Padilha confirmou que o governo brasileiro já conversa com outros países para trazer
esses profissionais e citou a Espanha onde, segundo ele, há 20 mil médicos
desempregados devido à crise econômica
Publicado em 23/06/2013 pela Agência Folha
http://www.gazetadopovo.com.br/vidaecidadania/conteudo. Acesso, em 05/08/2013.
B) Converse com os alunos sobre a notícia identificando:
O lead e as subdivisões;
O fato, informação principal;
As pessoas envolvidas;
Quando ocorreu o fato;
O lugar onde ocorreu o fato;
Como aconteceu;
Por que a o fato aconteceu.
Peça para que sublinhem ou destaquem no texto esses elementos com diferentes
cores.
C) Você poderá explorar um pouco mais ainda o assunto sobre o tema e ajudá-los a
perceber a amplitude e as consequências, bem como os desdobramentos sociais que
desencadeará a vinda de médicos de fora. Verifique a opinião deles sobre o assunto.
D) Perceba, professor, o seguinte: dependendo da força midiática pela qual os
alunos tenham sido influenciados tendem a opor-se à medida tomada pelo governo em
favor dos argumentos defendidos pela categoria médica, como a não proficiência na
língua portuguesa a qual poderá gerar equívocos na comunicação e resultar em prejuízos
para a saúde das pessoas; ou, ao contrário, defender a ideia de que as periferias das
grandes cidades e municípios afastados do centro necessitam urgentemente de médicos
e isso solucionaria o atendimento básico de saúde. Observe, contudo, que o Jornal,
aparentemente, mantém a distância (algumas palavras e frases apresentam a opinião do
autor), pois na notícia, ele não toma posição. O objetivo é apresentar o fato e os dados.
ENRIQUECENDO A LEITURA: Sugere-se que o professor destaque
também com os alunos alguns elementos para auxiliar na leitura do texto: as
características da linguagem (clara, impessoal, objetiva, acessível ao leitor,
coloquial; se fez uso de gírias, as formas verbais e o tempo que predomina,
qual a pessoa), analise o título (se ele é objetivo ou subjetivo, se as palavras são
fáceis de compreender, se usa letras maiúsculas ou minúsculas, se a ordem da
oração é direta ou inversa)
O DEBATE POLÊMICO
Fonte: http://universo-cultural.com.br
Tempo de duração: cinco horas-aula
Percebemos, em nosso cotidiano, que há muitas situações de conversas
informais em que discutimos com outras pessoas e expomos nossas opiniões sobre
determinado assunto. Nem sempre há consenso. Diante da divergência, somos
compelidos a defender nosso ponto de vista com a finalidade de persuadir nossos
interlocutores a concordar com nossa ideia, mas nem sempre ganhamos. Nessas
situações, a linguagem caracteriza-se pela informalidade e espontaneidade. Há, contudo,
contextos sociais em que o que está em discussão pressupõe consequências para o bem
estar social e material dos indivíduos. Neste caso, utiliza-se o gênero oral argumentativo
chamado didaticamente de debate regrado público (cf. CEREJA & MAGALHÃES
2005, p. 250). A diferença entre uma discussão com os nossos interlocutores no
cotidiano e o debate é que aquela não exige formalidade e nem é pública. Este, ao
contrário, é organizado e tem a participação de algumas pessoas a mais. Nesta unidade,
apresentaremos duas atividades que contemplarão o gênero debate público regrado. A
primeira é um modelo de debate público oral. A segunda é um encaminhamento
didático para que o debate aconteça. Confira a seguir:
A) Conforme Cereja & Magalhães (2005, p.252), para que um debate público
aconteça é preciso um moderador e regras para o ordenamento sequencial e efetivo para
que os convidados comuniquem suas ideias e não confundam a plateia. O moderador é o
coordenador e organizador do debate. A ele cabe definir, junto com os participantes o
debate e fazer com que na prática elas funcionem. Além desse papel, ele tem a liberdade
de fazer perguntas aos debatedores se a discussão estiver perdendo força. Ele pode pedir
a um ou outro debatedor que dê exemplos ou explique melhor sua afirmação. Como
ponto de partida, o professor deverá perguntar aos alunos se alguém já participou ou
assistiu a um debate; a seguir, o professor deverá exibir os vídeos sobre o debate (ou
outro vídeo qualquer de eleição). Por exemplo, os disponíveis em:
Após a exibição do vídeo, o professor poderá dispor os alunos de forma circular
e discorrer sobre o assunto apresentado e fazer a eles as seguintes questões:
Há necessidade de planejamento em um debate? Por quê?
Todo e qualquer assunto pode ser tema de debate? Por quê?
Há necessidade de planejamento em um debate? Por quê?
Há regras nesse debate assistido? Por quê?
Por que as regras são importantes?
Qual a importância de bons argumentos para um debate?
Você defenderia uma ideia mesmo não concordando com ela?
O professor deverá pedir aos alunos que fiquem atentos às regras do debate, que
são expressas pelo apresentador/moderador, logo na introdução do debate.
B) As questões polêmicas sempre geram opiniões contrárias, isto é, diferentes
pontos de vista. Alguns exemplos:
http://youtu.be/exQ5ZvPkdnY
http://youtu.be/K-nXKRq2uil
http://youtu.be/5STjNHECON4
As manifestações da população nas ruas e as depredações dos
equipamentos públicos podem produzir efeitos?
O Brasil está pronto para aprovar o casamento entre pessoas do mesmo
sexo?
O aborto deve ser generalizado para todos os casos?
Esses e outros temas questionam a maioria das pessoas e dão possibilidades a
diversas opiniões e, portanto, a diferentes respostas. O professor poderá propor aos seus
alunos, se esses assuntos acima mencionados, não despertarem o interesse deles, outros
que estejam contextualizados com o cotidiano da escola. Por exemplo:
É importante o uso do uniforme escolar para um ambiente de aprendizagem?
Qual é a posição do aluno frente à convivência com companheiros que se
declaram homossexuais?
Você aceita a avaliação como é feita na escola? Ela realmente ajuda a pessoa a
inserir-se na sociedade ou a exclui?
A gestão municipal está administrando a prefeitura como esperado?
São apenas sugestões. O Educador poderá consultar a classe para verificar qual
assunto está chamando mais a atenção.
C) Depois que a questão foi escolhida, o melhor a fazer é se inteirar do assunto.
Permita que os alunos tenham um tempo de consulta a textos na internet ou leve revistas
já previamente selecionadas. Não se esqueça de direcioná-los com consultas que você
tenha feito, se eles têm dificuldade em procurá-las. Nessa etapa, não induza a que
procurem textos que tenham um só ponto de vista.
D) Argumentar é defender uma ideia com razões, causas, motivos para fundamentar
a sua opinião. Algumas estratégias auxiliam o convencimento do raciocínio como dados
estatísticos, resultados de pesquisas, informações de especialistas no assunto. Nesse
estágio confronte a preparação dos alunos perguntando-lhes sobre a fundamentação
argumentativa da opinião deles. Peça que justifiquem sua opinião e evitem repetir
chavões como, “porque sim”, "porque é melhor assim”, “porque eu acho”, “porque todo
mundo pensa assim”.
É uma maneira de identificar a consistência das opiniões.
E) O DEBATE DEMOCRÁTICO NA PRÁTICA
CEREJA & MAGALHÃES, em seu livro “Português Linguagens – literatura –
produção de texto – gramática”, p. 255, apresenta-nos procedimentos para a realização
efetiva de um debate. Confira e aplique com seus alunos:
Preparação da sala
•Não há uma disposição obrigatória da sala para a realização do debate. Se o número de
participantes for pequeno, é possível que todos se sentem em círculo. Se, entretanto,
forem muitos os participantes (debatedores e/ou público), as pessoas devem ocupar as
cadeiras normalmente a disposição original da sala.
O mediador do debate
•Posicione-se em pé na sala, numa posição central, de modo que possa ver e ser visto
por todos.
•Inicie os trabalhos cumprimentando o público e apresentando o tema a ser debatido.
Faça algumas considerações sobre a importância daquele debate e lembre as regras
previamente estabelecidas.
•Se julgar necessário, indique uma pessoa para secretariar os trabalhos, fazendo as
inscrições das pessoas que desejam falar.
•Ao passar a palavra a um debatedor, utilize expressões como: “Vamos ouvir a opinião
de fulano ”ou “Fulano, sua vez”.
•Faça sinais para os debatedores alguns segundos antes do término do tempo (por
exemplo, 10 ou 15 segundos), a fim de alertá-los sobre o tempo.
•Interfira no debate ao perceber que o debatedor está apresentando um argumento pouco
claro ou superficial, fazendo perguntas como “Por quê?”, peça que dê exemplo ou que
explique melhor determinada afirmação.
•Interfira sempre que houver na sala ruídos ou conversas paralelas que atrapalhem o
andamento dos trabalhos.
Tempo
•Os debatedores devem ter igualdade de condições e de tempo para expor suas ideias.
•Não se alongue com informações secundárias ou supérfluas, pois há o risco de não
concluir o pensamento por falta de tempo.
•Vá ao ponto principal logo no início da fala e, se possível, use o restante do tempo com
exemplos.
•Anote num papel o nome da pessoa e o argumento que ela apresentou. Posteriormente,
se for retomar ou combater esse argumento, consulte suas anotações.
Procedimento
•Nunca leve as discussões para o terreno pessoal. O que está em avaliação são as ideias,
não as pessoas.
•Fale livremente; é seu direito não sofrer interrupções e não ser alvo de zombaria.
Porém, manifeste-se apenas quando chegar a sua vez.
•Respeite as regras estabelecidas, caso contrário porá em risco o andamento e o sucesso
de todo debate.
Os debatedores
Expressão
•Fale alto, de modo claro e articulado. Se necessário, fale em pé para ser ouvido por
todos.
•Olhe diretamente nos olhos do mediador ou demais participantes; assim passará a
impressão de firmeza e segurança.
•Se fizer uso de anotações durante a fala, leia-as de forma rápida e sutil, sem
interromper o fluxo da fala e do pensamento. Evite abaixar a cabeça e o tom da fala,
•Evite gesticulação excessiva, que possa distrair a atenção dos ouvintes.
Uso da língua
•Use a variedade padrão, menos ou mais formal, de acordo com o perfil dos
participantes.
•Evite o uso reiterado de palavras e expressões como do tipo assim, etc., pois
atrapalham o fluxo das ideias e dispersam a atenção dos ouvintes.
•Faça referência à fala de outro debatedor, com expressões como Conforme disse
fulano..., Concordo com a opinião de fulano..., Discordo em parte do ponto de vista de
fulano..., Gostaria de acrescentar ao comentário do fulano que„,
F) Produção do texto inicial
A produção inicial é o parâmetro que aponta para as deficiências ou para a
proficiência dos alunos. Ela dará as pistas para que o professor faça uma intervenção
satisfatória no processo de aquisição da aprendizagem.
Ela permite uma avaliação das dificuldades dos alunos e o que precisa melhorar,
bem como servirá de estímulo para que os alunos se envolvam nas próximas atividades.
Lembre-se de que esse texto servirá de base comparativa para com o texto final, ao
término da aplicação da Produção Pedagógica. É muito importante também deixar claro
que o texto, no caso da produção que aqui se propõe terá como suporte textual (a
Disponível em: http://universo-cultural.com.br/index.php/atividades-
prontas/357-como-realizar-debates-em-sala-de-aula. Acesso em: 05/08/2013.
materialização da produção) folhas de papel sulfite afixadas em jornal mural e o espaço
de circulação será o pátio da escola.
Os elementos de identificação da avaliação das características do texto de
opinião a serem levantadas resumem-se em:
Há evidências de um texto com questões polêmicas de relevância social;
O leitor é capaz de localizar a questão opinada;
Está clara a posição assumida pelo autor;
Apresenta as opiniões dos opositores à questão;
Os argumentos são apresentados de forma convincente e persuasiva;
Erros de ortografia ou gramática, de concordância e de coerência ou coesão são
identificados.
O estágio seguinte, nas próximas unidades, é o da aprendizagem do passo a
passo com os alunos de todos os desencadeamentos do texto de opinião para que a
versão final de produção seja comparada com a inicial. Espera-se melhora naquela.
Tempo de duração: duas horas-aula
O ARTIGO DE OPINIÃO E SUAS CARACTERÍSTICAS
O objetivo desta unidade é ler um artigo de opinião e aprender as
características deste gênero de texto. Os alunos vão ler agora o artigo de opinião
“Batismo por secador”. Distribua o material para todos individualmente ou peça para
que trabalhem em duplas. Transcrevemos aqui somente os três primeiros parágrafos,
mas o professor poderá pesquisar o texto na íntegra no endereço abaixo identificado.
Batismo por secador
LÚCIA GUIMARÃES – O Estado de São Paulo
O padre percebeu que não íamos a lugar algum. Quando, aos 13 anos, comecei a
questionar o que ele considerava inquestionável, no retiro espiritual de Correias, o padre
deve ter contabilizado a perda de uma ovelha e desistiu. Diante da insatisfação com as
respostas, fui adiando a cerimônia de crisma, apesar de continuar sob a tutela de freiras
ursulinas e, mais tarde, padres barnabitas. Voando abaixo do radar da vigilância paterna,
desisti.
Desde então, nenhum sacramento fez parte da minha vida ou da vida da minha
nova família. Quando me perguntam se sou religiosa, neste país onde 97% da população
diz acreditar em Deus, mas 20% rejeita a religião organizada, respondo que não, com
uma ressalva. Digo que sou culturalmente católica. Essa noção ficou ainda mais clara
quando passei minha primeira temporada na Irlanda, há 20 anos. É um dialeto
psicoafetivo que compartilho com certas pessoas e nem por isso me faz discriminar
contra outras.
Lembrei desse dialeto quando assisti ao vídeo de uma cerimônia de desbatismo
promovida pela Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos, no Largo do Machado,
para coincidir com a chegada do papa Francisco. Eu cruzava aquela praça diariamente,
em minha progressiva descrença adolescente, a caminho dos colégios católicos. O
presidente da associação, um advogado simpático, disse que estava protestando contra
as políticas da Igreja Católica.
A) Peça aos alunos para que observem como a autora desenvolve seus argumentos,
enquanto leem.
B) Faça com eles o levantamento inicial perguntando sobre o título, qual será o tema a
que ele remete. Esse título remete necessariamente a uma proposta. O texto foi
publicado na seção de colunistas do Jornal. Procure levar os alunos a perceberem se o
artigo reflete a opinião do jornal ou da autora.
C) Em seguida, contextualize o texto. Ele foi publicado duas semanas após a Jornada
Mundial da Juventude realizada pelo Pontifício Conselho dos Leigos, órgão vinculado à
Santa Sé. Esse evento acontece a cada dois anos. Teve a presença do Papa Francisco,
recém-eleito no início do ano de 2013.
D) Para aprofundar a opinião da autora, identifique no texto as seguintes questões:
Fonte: http://www.estadao.com/.br/noticias/impresso,batismo-por-secador-,
105842,0.htm Acesso em 06/08/2013 (Adaptação)
A posição demonstrada pela autora;
Os argumentos que a sinalizam como especialista do assunto (ou não);
Fonte de publicação;
O acontecimento que desencadeou o interesse pelo tema;
Os argumentos utilizados pela autora;
Os argumentos de pessoas que pensam o contrário da autora;
O objetivo dela ao escrever sobre o tema;
A quem se destina um texto dessa natureza.
Fonte de publicação;
O acontecimento que desencadeou o interesse pelo tema;
Os argumentos utilizados pela autora;
Os argumentos de pessoas que pensam o contrário da autora;
O objetivo dela ao escrever sobre o tema;
A quem se destina um texto dessa natureza.
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ARGUMENTOS CONTRA E A FAVOR
Tempo de duração: duas horas-aula
O objetivo nesta unidade é levar aos alunos um texto em que aparece bem clara a
posição do autor sobre um assunto polêmico. Assunto polêmico é aquele que costuma
dividir as opiniões das pessoas, ou seja, o que se expõe não é capaz de satisfazer ou ir ao
encontro do posicionamento da maioria das pessoas.
PARA SABER MAIS...
Acesse:
http://youtu.be/1C6roWJ_wDk, Rachel Sheherazade, articulista,
comenta sobre o movimento do Desbatismo no Jornal do SBT.
http://www.mitranh.org.br/s2/index.php/tribunal-eclesiastico/262-por-
que-se-desbatizar, site da Diocese de Novo Hamburgo comenta sobre o
Desbatismo.
http://oglobo.globo.com/rio/ateus-farao-desbatismo-coletivo-no-dia-
da-chegada-do-papa-ao-rio-9059758, Henrique Gomes Batista, escreve
artigo de opinião em “O globo” sobre o desbatismo dos ateus.
A) Faça com eles, antes de ler o texto, um levantamento para verificar o que já
sabem sobre o aborto e em cada parte do quadro coloque os argumentos de quem é a
favor e de quem é contra (para isso utilize o quadro dividindo-o com uma linha).
B) Identifique com eles a questão polêmica, a opinião do autor e os procedimentos
argumentativos usados para a sua defesa.
C) Como nas unidades anteriores, solicite aos alunos que grifem o início e o final
das argumentações.
Aborto – Uma questão de opinião
Essa questão ainda divide as opiniões de brasileiros de todas as idades.
De um lado, uma parcela da sociedade conservadora e defensora da vida desde a sua
concepção, aliada aos valores da igreja e seus ideais. De outro, mulheres que se dizem
incompreendidas pela lei perante o direito de liberdade do próprio corpo e indivíduos
que acreditam cada um ter direito ao livre-arbítrio. O aborto no Brasil é uma questão
polêmica, conturbada e ainda que muita gente comente é tratada pelo governo com
muita superficialidade, dando a impressão de que movimentos, campanhas e
contestações são sempre ignorados.
O aborto é a interrupção da vida intrauterina, provocada pela própria gestante ou
por terceiros. Os artigos 124 a 128 do Código Penal brasileiro preveem o aborto como
crime, mas com duas exceções advindas de situações: quando a gravidez oferece risco
de morte para a mãe (aborto necessário) e em caso de gravidez derivada de um estupro
(aborto humanitário). Segundo estimativa da Organização Mundial da Saúde, no Brasil,
31% das gravidezes terminam em abortamento, de modo que, a cada ano, ocorrem cerca
de 1,4 milhão de abortamentos espontâneos e inseguros, com uma taxa de 3,7 abortos
para 100 mulheres entre 15 e 49 anos, fazendo desta prática a quarta causa de óbito
materno no país.
Realizam-se no Brasil, por ano, mais de um milhão de abortos clandestinos. São
mulheres que buscam em “clínicas” de fundo de quintal, com agulhas inadequadas e
médicos que na grande maioria das vezes não são habilitados para esse fim. É neste
ponto que alguns defensores da legalização desta prática argumentam, usando-se da
questão da saúde pública, afirmando que com a legalização do aborto as mortes
causadas nesses casos serão amplamente subtraídas, podendo-se fazer um aborto de
forma segura, com um médico habilitado, uma sala de cirurgia com equipamentos
adequados e medicamentos indicados corretamente. Sem contar o argumento de que
aborto quando não legalizado só deixa mais amplo o apartheid social brasileiro: quem
tem dinheiro, paga por um aborto seguro que é um crime pelo qual geralmente ninguém
vai preso. Quem não tem arrisca sua vida em qualquer beco sem a menor higienização e
com qualquer pessoa.
O que enfrenta hoje uma mulher que decide abortar? A farmacêutica Clara
Santos – nome fictício -, de 28 anos, já abortou e diz que não se arrepende: “Todos os
dias antes de dormir, eu lembro e reavalio toda minha decisão de ter abortado. Lembro
de toda dificuldade de conseguir os comprimidos, assim como a busca por informações
coerentes. Ao olhar para trás, eu consigo sentir a angústia das noites em claro, as
dúvidas martelando em minha cabeça. Hoje me reergui e decidi que nenhuma pessoa
poderia passar pelos mesmos sentimentos e sofrimentos, então me joguei na luta contra
a criminalização do aborto, me tornei uma pró-escolha, e passei a enfrentar a
constituição e ajudar de todas as formas as pessoas que se decidiram por fazer, assim
como eu”. Clara é extremamente consciente ao falar do assunto e dedica boa parte de
seu tempo ao movimento pela legalização do aborto.
Por outro lado temos aqueles que resistem a qualquer argumento e/ou
depoimento e não aceitam de forma alguma o ato do aborto. Para o estudante de
medicina Danillo Barros a legalização do aborto iria banalizar o ato, pois se hoje muita
gente deixa de usar camisinha, com o aborto liberado ninguém mais iria se preocupar.
Há quem discorde de Danillo e parte para argumentos mais consistentes. E eles existem.
Apesar da religião ser um ponto que conte muito para a criminalização do aborto,
existem ideias que balançam até os mais convictos. Um destes argumentos é o que
analisa a formação do sistema cognitivo humano e diz que até a décima oitava semana
de gestação o ser humano ainda não tem neurônios. Se matamos animais irracionais
como vacas e galinhas, porque não abortar um ser que nem sequer sabe que é um ser e
que em nada se difere dos bichos, que não passa de um corpo sem a mínima consciência
de ser? A estudante de jornalismo, Fabiane Paza, concorda dizendo que este é um
argumento forte e bom, e não acha justo atitudes exageradas de quem é contra, pois um
aborto é algo muito precoce para ser citado como assassinato.
Realmente o aborto é um dos assuntos que mais divergem opiniões. O fato é que
uma mulher morre a cada 3 minutos por conta de aborto clandestino e só isso, dizem os
entrevistados que defendem a legalização, já seria um excelente dado para que o
governo tratasse de forma mais séria o assunto, não apenas mudando normas, mas
falando sobre a legalização, ouvindo os depoimentos, os debates, levando em
consideração o que a sociedade pensa e dando um esclarecimento consistente sobre o
assunto. O estudante Gustavo Farezin diz que o governo deveria dar mais atenção a esta
questão, trabalhando com projetos relacionados diretamente na educação e fazendo a
informação chegar até as pessoas, na universidade, por exemplo, e mais tarde levar em
consideração esses debates para tomar decisões mais convincentes e objetivas.
Disponível em http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=13681,
acesso em: 06 agosto, 2013.
D) Ao lermos qualquer tema polêmico, percebemos imediatamente que as opiniões
se dividem. Nesse texto temos argumentos favoráveis ao aborto e posicionamentos
contrários ao ato abortivo. Leve o estudante a perceber que a princípio não é importante
concordar ou não com o aborto. Ele deve ser incentivado a observar quais os
argumentos contrários por aqueles que compartilham dessa ideia, em qual ou quais
parágrafos isso está explícito. Você poderá verificar as ideias das pessoas contrárias a
ele.
E) Perceba que o texto está divido em seis parágrafos (veja este esquema abaixo;
você é quem decide apresentá-lo ou não aos alunos):
1º parágrafo
Apresentação do tema com as posições favoráveis e contrárias
INTRODUÇÃO
2º Parágrafo
Definição do aborto, aspectos jurídicos e estatísticas sobre ele no Brasil.
DESENVOLVIMENTO
3º parágrafo
Argumentos favoráveis à legalização do aborto: questão de saúde pública
(diminuição da morte de milhares de mulheres por ano em clínicas clandestinas).
DESENVOLVIMENTO
4º parágrafo
Testemunho de uma pessoa para convencer
DESENVOLVIMENTO
5º Parágrafo
Aspectos contrários ao aborto: banalização do ato, uso indiscriminado de
camisinhas, a religião; Aspectos favoráveis: a não formação do sistema
cognitivo até a décima oitava semana de formação fetal (ainda é um ser
irracional).
DESENVOLVIMENTO
6º Parágrafo
Retomada sobre a ênfase dada nas estatísticas favoráveis à legalização e
decidida posição do autor mostrando ser favorável ao aborto juridicamente
aceito.
CONCLUSÃO
F) Analise a organização do texto. A primeira distinção a ser feita é perceber que o
texto de opinião pode ser argumentativo ou expositivo. No primeiro caso, tem-se a
finalidade de apoiar ou contestar uma posição, está-se a serviço da defesa de uma tese.
Entretanto, ele pode também esclarecer um assunto, dar definição, divulgar resultados
de uma pesquisa. Verifique com os alunos as partes do texto que apresenta essas duas
finalidades que acabamos de explicar. No texto, as duas funções (argumentação e
exposição) são contempladas.
G) A função da introdução, neste texto, é apresentar a tese. Aqui ela vai direto ao
ponto, sem formular o tema no desenvolvimento ou na conclusão. Analise com os
alunos como o autor faz a apresentação da temática e identifique com eles as expressões
usadas para indicar as opiniões contrárias e as favoráveis.
H) A função do desenvolvimento é reunir e examinar os argumentos que sejam
adequados para sustentar a tese. Verifique e peça aos alunos se fica claro que o peso
maior ou o maior tempo e dedicação na construção do tema é gasto na defesa da
legalização do aborto.
I) A função da conclusão não é somente ser o fechamento do texto, mas também o
ponto de chegada; em outras palavras, apresentar o posicionamento do autor. Verifique
se isso ficou claro para os alunos.
J) Retome a atividade inicial feita antes da leitura do texto e comente sobre o
resultado. Quais são os eventos, pessoas e ações responsáveis pela predominância de
opiniões com mais ou menos consenso?
PARA SABER MAIS...
O debate realizado nos congressos e as últimas considerações sobre o aborto
http://www.portalmedico.org.br/biblioteca_virtual/bioetica/ParteIIIaborto.htm
http://200.18.45.42:8080/dahora/geral/aborto-2013-uma-questao-de-opiniao/
O pensamento da Igreja Católica sobre esse tema.
http://www.alphaeomega.org.br/comunidade/formacoes.php?ler_id=434
Consulte também o texto argumentativo em:
GRANATIC, Branca. Técnicas Básicas de Redação. Editora Scipione: São
Paulo, 1995, p. 94-97.
Coletânea virtual no Caderno “Ponto de Vista” da Olimpíada Brasileira de
Língua do CENPEC, no site:
http://escrevendo.cenpec.org.br/caderno_virtual/book48/InterativeBook.htm
Tempo de duração: duas horas-aula
Produzindo o texto argumentativo na defesa de tese
Nesta etapa será disponibilizada para os estudantes uma proposta esquemática de
produção de artigo argumentativo de opinião. Ele pode ser usado como recurso
válido na defesa de uma ideia. É quase certo que todos temos uma noção sobre
qualquer tema que venha a nossa memória. Para todos os assuntos temos sempre
uma resposta. Essas respostas para questões formuladas poderão chamar-se de
argumentos. Esse modo de perceber e dar um encaminhamento positivo para a
produção textual argumentativa é explorado por GRANATIC (1995, p. 76-78). A
primeira providência para qualquer tema a ser escrito é copiá-lo em uma folha de
rascunho e fazer a pergunta: POR QUÊ?
Vejamos como isso se desenvolve na prática:
A escola não deveria permitir a troca de beijos e carícias entre os alunos no pátio do
estabelecimento escolar? Por quê?
Vamos formular três respostas.
1. Há alunos de todas as idades e poderia incentivar o relacionamento precoce entre
os que ainda não são adolescentes.
2. Lá, o estudante deve dedicar seu tempo aos estudos. Namoro pode atrapalhar e
desviar o foco.
4. O assunto complica ainda mais porque, na escola, os profissionais que ali
trabalham não sabem ainda lidar com os relacionamentos homossexuais.
Seguindo essa estrutura não parece difícil. É claro, que poderão aparecer outros
argumentos, além dos mencionados.
O Passo seguinte é começar a escrever e organizar o texto. Seguiremos, então,
este roteiro:
INTRODUÇÃO: Tema + as três respostas = 1º parágrafo
DESENVOLVIMENTO: a retomada e expansão mais pormenorizada das três
respostas.
CONCLUSÃO: reafirmação do tema e comentários dos fatos mencionados.
A) Observe e atente para o esquema acima exposto. No primeiro parágrafo
informamos ao leitor o assunto em questão. Os conectores pois e além do mais ajudam
a amarrar o parágrafo. Veja como fica:
A escola não deveria permitir a troca de beijos e carícias entre os alunos no pátio
da escola, pois há alunos de todas as idades e poderia incentivar o relacionamento
precoce entre os que ainda não são adolescentes. Acrescente-se a isso que lá o estudante
deve dedicar seu tempo aos estudos. Namoro pode atrapalhar e desviar o foco e, além
do mais, se se permitir, os estudantes poderão causar escândalos com carícias
exageradas e, se elas acontecerem entre homossexuais, os profissionais que lá trabalham
não estão preparados para lidar com essa situação.
B) Agora, nos próximos parágrafos, é necessário escrever tudo o que souber sobre
as respostas dadas. Observe com os alunos o desenvolvimento desses parágrafos, bem
como as expressões usadas no início de cada um deles. Isso ajuda a ligar o parágrafo
com a introdução e com os outros que virão, isto é, auxilia a conexão entre os
argumentos apresentados.
Embora o namoro seja uma fase de transição necessária para a união conjugal
entre duas pessoas, as crianças até a adolescência ainda não estão preparadas para
relacionamento sério e dedicarem-se com abnegação ao outro. Essa fase é marcada por
um processo de desenvolvimento pessoal que faz a pessoa voltar-se para si mesma e
para o desenvolvimento corporal. O namoro, nesse estágio, não é recomendado, e,
assim, deixaria a criança confusa visto que ela ainda não sabe lidar consigo mesma e,
dessa forma, como poderia manifestar desejo de comprometimento que o namoro exige?
Alem disso, na escola, o tempo que se passa lá é tão breve que não permite
aprofundamento sistemático e acadêmico das diversas ciências acumuladas pela
humanidade no conhecimento escolar. Dedicar-se a isso já é uma tarefa hercúlea. O
namoro pode apertar o botão da paixão, e, como sabemos, ela é involuntária. Isso pode
atrapalhar a concentração porque uma pessoa apaixonada quer estar sempre junto de seu
amado dia e noite e noite e dia.
Outra preocupação constante, na escola, é a dos coordenadores pedagógicos
em saber lidar com os limites do namoro e em, se tratando de relacionamento
homossexual, então, nem se fala. Dois meninos ou duas meninas adolescentes entre
beijos e carícias no pátio da escola, em nosso contexto social, dá o que falar. Na teoria é
aceitável, mas na prática pouca gente sabe lidar com a situação.
C) Agora vem o último parágrafo para a argumentação ficar completa. Para facilitar
a amarração com o que foi dito antes, usaremos uma locução conjuntiva conclusiva.
Ela remete ao que foi dito antes, depois segue uma retomada da reafirmação do tema e
comentário pessoal.
Dessa forma, somos levados a admitir que namoro na escola não é um assunto
que deveria fazer parte do cotidiano pedagógico e preocupação dos coordenadores
escolares. Ele mais atrapalha que ajuda. Afinal, essa deve ser uma preocupação dos
pais. São eles os primeiros responsáveis pelo acompanhamento e encaminhamento do
futuro pessoal e pelas opções dos que ainda não respondem juridicamente pelos seus
atos. Pelo menos é o que está na legislação atual.
D) Esse assunto é polêmico e tem os prós e os contras. O (a) professor (a) pode
desenvolver agora com os estudantes uma produção textual apresentando uma temática
que permita o namoro na escola e a sua argumentação ou outra temática relevante e
polêmica com a mesma sequência apresentada.
Agora, reunindo todos os parágrafos escritos, temos o texto argumentativo
completo, acrescido de um título:
Um dedo de prosa sobre o namoro na escola
A escola não deveria permitir a troca de beijos e carícias entre os alunos no pátio
da escola, pois há alunos de todas as idades e poderia incentivar o relacionamento
precoce entre os que ainda não são adolescentes. Acrescente-se a isso que lá o estudante
deve dedicar seu tempo aos estudos. Namoro pode atrapalhar e desviar o foco e, além
do mais, se se permitir, os estudantes poderão causar escândalos com carícias
exageradas e, se elas acontecerem entre homossexuais, os profissionais que lá trabalham
não estão preparados para lidar com essa situação.
Embora o namoro seja uma fase de transição necessária para a união conjugal
entre duas pessoas, as crianças até a adolescência ainda não estão preparadas para
relacionamento sério e dedicarem-se com abnegação ao outro. Essa fase é marcada por
um processo de desenvolvimento pessoal que faz a pessoa voltar-se para si mesma e
para o desenvolvimento corporal. O namoro, nesse estágio, não é recomendado, e, assim
deixaria a criança confusa visto que ela ainda não sabe lidar consigo mesma e, dessa
forma, como poderia manifestar desejo de comprometimento que o namoro exige?
Além disso, na escola, o tempo que se passa lá é tão breve que não permite
aprofundamento sistemático e acadêmico das diversas ciências acumuladas pela
humanidade no conhecimento escolar. Dedicar-se a isso já é uma tarefa hercúlea. O
namoro pode apertar o botão da paixão, e, como sabemos, ela é involuntária. Isso pode
atrapalhar a concentração porque uma pessoa apaixonada quer estar sempre junto de seu
amado dia e noite e noite e dia.
Outra preocupação constante, na escola, é a dos coordenadores pedagógicos
em saber lidar com os limites do namoro e em, se tratando de relacionamento
homossexual, então, nem se fala. Dois meninos ou duas meninas adolescentes entre
beijos e carícias no pátio da escola, em nosso contexto social, dá o que falar. Na teoria é
aceitável, mas na prática pouca gente sabe lidar com a situação.
Dessa forma, somos levados a admitir que namoro na escola não é um assunto
que deveria fazer parte do cotidiano pedagógico e preocupação dos coordenadores
escolares. Ele mais atrapalha que ajuda. Afinal, essa deve ser uma preocupação dos
pais. São eles os primeiros responsáveis pelo acompanhamento e encaminhamento do
futuro pessoal e pelas opções dos que ainda não respondem juridicamente pelos seus
atos. Pelo menos é o que está na legislação atual.
Fonte: próprio autor
PARA SABER MAIS...
Há muito material de pesquisa sobre o desenvolvimento emocional da criança e
adolescente. Sugiro alguns:
http://www.do.castroalves.br/drjair/Educ_Emociona_na_Escola%20-
%20Ed3.pdf
http://www.do.psicosomar.com.br>Textos&Criações
http://www.do.tenenbaum.med.br/dolescências/dolescência.pdf
http://youtu.be/E_LkvA1FDKs, sobre maturidade emocional no adulto e
adolescente.
ESTRATÉGIAS PARA SUSTENTAR A ARGUMENTAÇÃO
Tempo de duração: duas horas-aula
O objetivo desta unidade é relembrar alguns recursos mais comuns de
convencimento e persuasão sistematizados desde a retórica clássica para o professor
aplicá-los em suas aulas. Para aprofundar o assunto desta unidade, consultar
CITELLI (1994, pp. 68-76). Quero relembrar ao professor (a) que este tópico por si
só demanda um Caderno Pedagógico por inteiro, se o mesmo fosse sistematizado.
Por isso, aqui é só uma repassada por alto do que ele contempla:
Figuras (de linguagem, de pensamento, de sintaxe)
Metáforas, metonímias e onomatopeias contribuem para a produção de efeitos
persuasivos.
Veja estes exemplos:
“O Rato roeu o ronco da rua”. Destaque no título de matéria sobre a corrupção
no Congresso com o uso de aliteração. E metáfora de outra frase.
“Ficou claro quem manda”. Destaque no título de noticiário sobre o fechamento
da ONG AfroReggae utlizando-se do recurso da antítese. O “claro” refere-se ao
submundo do crime, o qual vive escondido na escuridão do anonimato.
“A falência do novo modelo econômico”. Se fosse novo não seria decretada a
falência. Novo ainda não foi testado. Jogo de antítese para convencer que o novo é
repetição do velho.
Instâncias gramaticais
O uso das preposições, conectivos, conjunções representam recursos
importantes, se bem articulados, na montagem dos esquemas coesivos dos textos.
Sobre isso vamos dedicar uma unidade. A interpolação ou intercalação exerce função
explicativa. Ainda que num primeiro momento pareçam dispensáveis, conferem novos
sentidos ao enunciado. Veja este exemplo para compreender:
“Lugar de dissidente é cadeia, na Rússia. Menos para Snowden, ‘o presente
natalino’ de Putin”. (Revista Veja).
Snowden era funcionário da agência americana de espionagem, acusado de
fornecer informações secretas do governo dos Estados Unidos e da Rússia a outros
países, perseguido, fugiu e ficou em área protegida em aeroporto de uma cidade da
Rússia. A expressão “presente de natal” é uma intercalação na frase que dá um novo
sentido: é presente de “grego”.
Escolha lexical
A escolha de léxico costuma, intencionalmente, significar discurso persuasivo
ideológico. Lembrado por Citelli (p. 69) é o uso que a imprensa liberal tem feito do
verbo invadir ao referir-se às ações do Movimento dos Sem-Terra. As ONGs e os
partidos de esquerda optam pelo verbo ocupar. Ambos têm conotações jurídicas. Invadir
juridicamente tem a conotação de ação que leva à criminalização e ocupar apresenta
conotação jurídica de ações em favor de direitos sociais.
Expressões de valor fixo
São termos ou expressões que possuem grande aceitabilidade. Fórmulas,
estereótipos consagrados. Aceita-se, geralmente sem questionar: “brasileiro é um povo
ordeiro”. Expressões que valorizam a vitória da justiça, do bem sobre o mal. Ou ainda
fórmulas linguísticas como “unidos venceremos”, “tudo que se planta colhe”. O
professor pode explorar as expressões de valor fixo durante o ano letivo ao analisar
campanhas publicitárias de valor comercial, ou seja, aproveitar-se do contexto
emocional que envolve o Dia das Mães, dos Pais, a Páscoa, o Natal, o dia dos
Namorados, etc.
Ironia (paródia, piada, chiste)
Muitas vezes se usa a gozação, os recursos irônicos, o humor corrosivo para
desvalorizar um discurso alheio, uma ideia, um valor. Algumas campanhas publicitárias
usam esse expediente. E as campanhas políticas muito mais ainda.
Observe este exemplo tirado da Revista Veja (edição 2331- nº 30. 24-07-2013, p. 126).
“(...) nenhum partido, em nenhuma democracia do mundo, entra numa eleição para
perder. Não quer trocar seu osso com ninguém, quando está no governo – e quando está
fora não quer trocar nada, e sim tirar o osso de quem está dentro (...). Se o PT perder a
eleição presidencial de 2014, seja com a presidente Dilma Rousseff ou com o ex-
presidente Lula, vai haver um terremoto na vida pessoal de dezenas de milhares de
pessoas, possivelmente muito mais, a começar pelos bolsos. No caso, iriam embora o
governo, os anéis e os dedos.” Trabalhe, se quiser, com os alunos esse recurso
procurando em revistas as propagandas políticas.
A ironia aqui está em utilizar a expressão “tirar o osso’’ uma conotação negativa
comparando os políticos aos cachorros que entram em disputa para não perder ou não
deixar outro cão subtrair o osso conquistado.
Citações
Este recurso é largamente utilizado nos trabalhos de pesquisa acadêmica para se
ter reconhecimento de seu estudo. É uma maneira de tornar mais convincente o ponto de
vista Em uma discussão. Existem dois tipos de citações: a direta (transcrição literal de
um texto ou parte dele; pode ser longa ou curta) e a indireta (é a reprodução das ideias
de um outro autor sem que haja transcrição literal dos termos, (deve sempre indicar a
fonte de onde foi retirada).
Exemplo de citação direta:
Sobre a formação discursiva Citelli (1994, p.18) afirma: “quando
falamos/escrevemos, ouvimos/lemos, realizamos atos de linguagem circunstanciados
por um conjunto de valores e experiências (...)”.
Exemplo de citação indireta:
O professor tem, portanto, como desafio maior integrar o trabalho da leitura
com a produção de textos em sala de aula levando o aluno a assumir crítica e
construtivamente sua função de sujeito do discurso, seja enquanto falante ou escritor,
seja enquanto ouvinte ou leitor-intérprete (GERALDI, 1984, p. 19).
Argumentos de autoridade
Os argumentos de autoridade ajudam a sustentar uma posição. A voz de um
especialista, pessoa respeitável (líder, político, artista, atleta) confere maior efeito de
convencimento ao assunto em pauta. Em nossa sociedade é valorizado o discurso de
pessoa ou instituição ligada a áreas restritas. Às pessoas ligadas a essas áreas se delega
mais valor em seus discursos. Desse modo, sobre justiça, falam os advogados; sobre
saúde, falam os médicos; sobre religião, falam padres e pastores.
O discurso publicitário tem explorado esse recurso de maneira contumaz.
Observe, por exemplo, o marketing usando o jogador Neymar como garoto-
propaganda, ou o Gianechini nos comerciais do Banco do Brasil. Esta é uma atividade
muito relevante para pesquisar com os alunos em revistas de circulação ou em
propagandas na TV.
Note um exemplo em que se invoca a opinião de uma autoridade no assunto para
explicar o desequilíbrio da dívida pública, decorrente do incentivo ao consumo,
porque traz saldos negativos ao orçamento federal:
Segundo Felipe Salto, da consultoria Tendências, os números recentes
confirmam uma política fiscal expansionista. “Existe um impacto direto sobre a
inflação, porque são gastos principalmente voltados ao consumo, como pagamento a
funcionários e despesa com a administração, e não gastos com investimento”, afirma o
economista.
Criação de inimigos: para se defender ideias ou valores, é necessário,
muitas vezes, que outros sejam atacados. Assim fez Hitler, ao incluir todos os não
arianos, como inimigos a serem vencidos. As campanhas políticas o fazem quando
negam ou desqualificam o programa do adversário. A publicidade usa esse artifício.
Cria-se inimigo como mote. Um bom exercício para o professor é verificar na
propaganda essas práxis e estratégias. Faça uma atividade relevante: leve para sala
propagandas do tempo das eleições para presidente sejam antigas ou mais recentes;
propaganda de produtos que contemplam inimigos. Aqui já temos atividades para
várias aulas, não é mesmo professor (a)?
Alusão: Aludir, segundo Citelli, (1995, p. 74-75) é fazer referência sem
designar, de forma clara, o significado. Absorver, por meio de pequenos índices,
valores, ideias ou conceitos, é a intencionalidade de uma alusão. É um expediente de
linguagem usado muito na propaganda. É uma obrigação do (a) professor (a)
reconhecer o dito e o não dito nos textos. Por isso, mãos à obra, procure ler junto com
a garotada propagandas ou discursos em que seja possível ler o não dito, o que está
subentendido, nas entrelinhas. O universo cultural escrito está repleto de recursos
desse tipo.
A propaganda, abaixo, refere-se ao dia das Mães com um show de Fabio
Júnior. Qual é a relação ou a alusão que ela faz? Certamente provoca a memória afetiva
da vida adolescente e jovem das mães embaladas por músicas românticas desse artista.
Fonte: Revista Veja. Editora Abril, Edição 2318.24/04/2013. Ano 46 – nº 17.
Recursos de coesão textual
Tempo de duração: duas horas-aula
A preocupação desta unidade é fornecer subsídios para que o aluno articule de
modo coerente e coesivo a sua produção textual. É necessário, então recorrer aos
padrões de textualidade e do processo cognitivo do texto. A coesão estabelece relações
de sentido porque liga uma sentença ao que veio antes com recursos morfológicos
gramaticais e semânticos (KOCH, 1991, p.17). A coerência é a conexão entre o
conteúdo do texto capaz de proporcionar-lhe unidade ou relação entre os elementos
(KOCH & TRAVAGLIA, 1991 p. 21).
Os articuladores são os termos (expressões, conjunções) utilizados para criar
vínculos ou costurar o texto para que ele faça sentido. Nós já vimos isso de modo
genérico ao tratar do texto argumentativo em defesa de uma tese, na unidade seis.
Como já disse, são várias as possibilidades de produzir um texto argumentativo.
Faraco e Tezza (1992) criticam a tentação didática que se tem de ensinar português com
esquemas ou técnicas dando a perceber que os problemas da educação estariam
resolvidos dessa maneira. Eles afirmam que não se pode separar o domínio das regras
da língua escrita e a opinião, ou seja, a visão de mundo de quem escreve. Assim, a
redação escolar peca em tender somente a valorizar as técnicas para levar o aluno a
dominar a língua padrão. Os modelos são inúteis se não levarem o aluno a praticar a
opinião sobre o mundo. Os esquemas podem levar o aluno a obstruir a visão de mundo.
Por limitá-lo a escrever de um só modo. Além do mais, quem escreve, escreve alguma
coisa. De nada adianta se ter uma técnica e não ter o que escrever, por isso, a prática de
leitura, seja oral, seja escrita, é importante para que o aluno sempre tenha o que dizer,
mas isso é assunto para a próxima unidade.
A) Para os alunos observarem como acontece essa amarração na língua escrita,
apresentamos o texto “Urubus e sabiás”, ele foi publicado por KOCH (1991, p. 15).
Primeiramente, explique que não é um texto argumentativo é um conto, mas serve para
explicar o conceito de coesão que explicitamos no início. Leve uma cópia aos alunos.
Eles podem trabalhar individualmente ou em duplas.
B) Não se esqueça de ler o texto antecipadamente para que você também não se
perca na hora da atividade. Lembre-se de ter à mão o resultado na sequência correta
para que não surja dúvida de sua parte e não possa solucioná-la.
C) A atividade consiste em fazer um preenchimento de lacunas das palavras
omitidas intencionalmente. Por isso, dê um tempo para os alunos realizarem a atividade.
Alerte para que haja muito empenho na construção do sentido. Sem isso, não é possível
fazer uma costura do texto. Talvez eles apresentem dificuldades para preencher certo ou
com as possibilidades que deem coesão. Mas o importante aqui é tentar.
D) Feito isso leve as cópias e distribua-as. Comente ainda que os números entre
parênteses serão usados pelo professor para corrigir o preenchimento com a palavra
errada. A sequência dos números entre parênteses informam que a palavra a ser
preenchida vem depois deles, isto é, a ordem correta para o professor está em ordem
crescente e o numeral corresponde à palavra a ser preenchida no espaço em branco após
ele. Eles terão as respostas corretas e possíveis na hora certa. Importante agora é tentar
preencher de modo que tenha sentido. As palavras em negrito ajudam a descobrir a
opção certa para preencher a lacuna.
E) Os urubus e sabiás
(1) ______ aconteceu numa terra distante, no tempo em que os bichos falavam...
(2) Os urubus, aves por natureza becadas, ________ sem grandes dotes pra o canto,
decidiram que (3) _______ contra a natureza, eles haveriam de se tornar grandes
cantores. (4) e _____________ fundaram escolas e importavam professores,
gargarejaram dó-ré-mi-fá, mandaram imprimir diplomas e fizeram competições
entre si, (5) __________ ver quais deles seriam os mais importantes e teriam a
permissão de mandar nos (6) ________. (7) _______________ eles organizaram
concursos e se deram nomes pomposos, e o sonho de cada urubuzinho, instrutor em
início de carreira, era se tornar um respeitável urubu titular, a quem todos chamavam de
Vossa Excelência. (8) Tudo ia muito bem ____________ a doce tranquilidade da
hierarquia dos urubus foi estremecida. A floresta foi invadida por bandos de pintassilgos
tagarelas, que brincavam com os canários e faziam serenatas com os sabiás... (9) Os
velhos urubus entortavam o bico, o rancor encrespou a testa, _____ eles convocaram
pintassilgos, sabiás e canários pra um inquérito. (10) ”_ onde estão os documentos de
_____ concursos?” (11) ____ as pobres aves se olharam perplexas, ________ nuca
haviam imaginado que tais coisas houvessem. (12) Não haviam passado por escolas de
canto, ________ nunca haviam passado por escolas de canto, _________ o canto
nascera com elas. (13) E nunca apresentaram diploma _______ provar que sabiam
cantar, (14) ______ cantavam, simplesmente... (15) _ Não, _________, não pode ser.
Cantar sem a titulação devida é um desrespeito à ordem.
(16) E os ___________, em uníssono, expulsaram da floresta os passarinhos que
cantavam sem alvarás...
MORAL: Em terra de urubus diplomados não se ouve canto de sabiá.
(Rubem Alves, Estórias de quem gosta de Ensinar, Cortez Editora, São Paulo, 1984, pp.
61-62).
Sequência correta (para o professor):
Tudo (1) – Mas (2) – mesmo (3) – para isto (4) – para (5) – outros (6) – foi assim que
(7) – até que (8) – e (9) – seus (10) – e (11) – porque (12) – porque (12) – para (13) –
mas (14) – assim (15)- urubus (16)
Sequência para ser distribuída pelo professor aos alunos:
Urubus, tudo, mas, assim, mesmo, mas, para, para isto, porque, para, porque, outros, foi
assim que, seus, e, até que.
F) Para provar que o texto acima não é uma sequência de frases isoladas, observe com
os alunos o seguinte:
(1) ”Tudo aconteceu”. Que tudo é esse? Que foi que aconteceu?
(4) o termo isto, isto o quê? De que está falando? Ainda em 3 qual é o
sujeito dos verbos fundaram, importaram, gargarejavam, mandaram
fizeram?
(4) fala-se em quais deles: deles quem?
E quem são os outros em (6)?
Qual é o referente de eles em (7)?
Em (8) tem-se novamente a palavra tudo “tudo ia muito bem”. Esse tudo
tem o mesmo sentido do termo tudo do início?
A que se refere o pronome seus em (10)?
Quais são “as pobres aves” de que se fala em (11)?
Elas (12) refere-se a “tais coisas” ou a “pobres aves”?
De que “passarinhos” se fala em (16)?
G) Outra atividade interessante é está: há um grupo de mecanismos cuja função é
assinalar determinadas relações de sentido entre enunciados ou parte de enunciados.
Verifique com os alunos a relação de sentido:
Oposição ou contraste: (mas, em (2); mesmo, em (3));
Finalidade: ou meta (para, em (4) e (13));
Consequência: (foi assim que, em (7) e (9));
Localização temporal (até que, em (8));
Explicação ou justificativa: (porque em (12));
Adição de argumentos ou ideias: (e, em (13)).
A esses mecanismos que dão a “tessitura” ou amarração ao texto é que se denomina
coesão textual.
A coerência textual
Tempo de duração: três horas-aula
A sequência linguística capaz de estabelecer relações de sentido entre os seus
componentes é chamada de coerência textual.
Veja este exemplo de parágrafo em que há correta sequência linguística com
unidade de sentido:
As pedras preciosas, por várias razões, ocupam o principal lugar entre os objetos
de adorno usados pelo homem. Têm uma beleza inerente; o trabalho cuidadoso do
joalheiro só realça suas qualidades naturais. São pequenas e portáteis. Sua aparência
_seu brilho, sua luz, sua cor rica e viva _ convida o olhar e o tato. Por isso tudo,
exercem sobre nós um justificável fascínio.
Segundo Moreno e Guedes (1986, p. 9) este parágrafo consiste de três estruturas:
a frase inicial, a que eles chamam de tópico frasal; o desenvolvimento, formado por
orações que esclarecem a ideia central, os detalhes da ideia; a conclusão, que está na
oração final, sintetiza o conteúdo.
Essa ideia de padronizar os parágrafos é disseminada nos manuais escolares
como um conjunto de orações que se fecham num “pensamento completo”. Segundo
Faraco e Tezza (1992, p.133) essa definição pode ser útil, mas não tem nenhum rigor
porque a própria expressão “pensamento completo” é muito vaga. Eles detalham a
questão do parágrafo, tendo em vista dois aspectos importantes;
a) Não existe “parágrafo padrão”. Isto é, uma fórmula que sirva a qualquer tipo
de texto; a quantidade de parágrafos depende da intenção, do destinatário, do
assunto.
b) O bom domínio do parágrafo não é simplesmente uma questão “técnica” da
escrita; a noção de parágrafo depende, de certo modo, de uma “hierarquia”
de ideias e de fatos, uma organização do mundo que não se reduz a um
“macete”.
Nos textos escolares, Faraco e Tezza observam que há dois problemas básicos
em relação aos parágrafos: ausência completa (bloco de linhas sem qualquer subdivisão
gráfica); presença total: cada oração corresponde a um parágrafo (1992, p. 134).
A paragrafação tem um objetivo claro na escrita, além de noção visual do texto,
costurar o assunto dando continuidade do parágrafo primeiro com os seguintes fechando
o texto em unidade, dando-lhe o arremate final, a conclusão.
São Faraco e Tezza (1992, p. 144) ainda quem dão algumas dicas úteis para a
construção do parágrafo, já que a variedade é infinita:
1. Comece familiarizando o leitor com o assunto que você vai tratar. Lembre-se
de que o leitor não pode adivinhar as informações que temos em mente antes
de escrevermos o texto. Assim a introdução deve situar com clareza as
coordenadas do texto (o assunto, a intenção, o aspecto que se pretende
abordar).
2. Evite começar o seu texto com um parágrafo que se resume a uma frase
avulsa. Exceto em alguns casos especiais (linguagem publicitária, por
exemplo), esse recurso simplesmente indica má estruturação do texto e
dificuldade de separar as informações em grupos organizados.
3. Descubra as vantagens da frase curta. Lembre-se de que períodos complexos
e prolixos, logo no primeiro parágrafo, podem espantar o leitor.
A) Permita que seus alunos produzam um parágrafo argumentativo ao seguinte
assunto: a pena de morte. Comece com o tópico frasal, semelhante ao exemplo de
Moreno e Guedes. Escreva as outras orações fazendo a costura (desenvolvimento) e
termine concluindo com a sua síntese.
B) Apresente ainda, como sugestão didática, os elementos articuladores que servem
para estruturar a coesão textual, publicados no Caderno do Professor para a Olimpíada
de Língua Portuguesa (CAGLIARDI & AMARAL, 2009, p. 42), adaptados e transcritos
abaixo:
Elementos articuladores
Uso Expressões
Tomada de posição Do meu ponto de vista/ em minha opinião/
pensamos que/ pessoalmente acho
Indicação de certeza Sem dúvida/ está claro que/ com certeza/ é
indiscutível
Indicação de probabilidade Provavelmente/me parece que/ ao que
tudo indica/ é possível que
Relação de causa e consequência Porque/pois/então/ logo/ portanto/
consequentemente/ em consequência disso
Acréscimo de argumento Além disso/ também/ ademais/
Indicação de restrição Mas / porém / todavia/ contudo/
entretanto/ apesar de/ não obstante
Organização geral do texto Inicialmente/ primeiramente/ em segundo
lugar/ por um lado/ por outro lado / por
fim
Introdução de conclusão Assim / finalmente / para finalizar/
concluindo/ em resumo/ por todos esses
aspectos/Dessa forma/ Sendo assim/ dado
o exposto
C) Professor, você pode levar esta tabela, cortá-la, conforme cada quadro, misturá-
los e levá-los aos alunos para fazê-los tentar reunir as partes. De um lado o enunciado
de uso; de outro lado as expressões que servem como articuladores. Eles perceberão que
é fácil e depois podem guardar no caderno para usarem nas produções.
D) Este é um trabalho que pode também ser feito com as conjunções coordenadas e
subordinadas. Você pode fazer o mesmo: construa uma tabela com as duas colunas; de
um lado o nome das conjunções e, do outro, a especificação delas, como fizemos aqui.
Você repetirá a atividade que fizemos acima, como no exemplo dado. Outra sugestão é
realizar um bingo com as orações coordenadas e subordinadas. Primeiro, escreva nos
cartões os nomes das conjunções e as subdivisões (faça de um modo que não repita o
cartão com as mesmas conjunções). Depois, recorte todas as conjunções em retângulos
pequenos para caber num mapa que fará em seguida. Continuando, construa um mapa
com as conjunções para você acompanhar o bingo. Agora é só “cantar” as conjunções
aos alunos e colocá-las em cada espaço do mapa para você não se perder e premiar os
ganhadores com a segurança de que você não se perdeu no jogo.
E) Observe que o poema a seguir apresenta um exemplo de como a coerência
textual acontece. Para que o sentido ocorra, é preciso que o leitor faça uma abstração
das ideias. Perceba que há ligações entre os componentes, vendo-os como coerentes e
fazendo sentido. Leve uma cópia para os alunos
A PENA DE MORTE
a análise
os aspectos
a intimidação
os presídios
a superlotação
a irrecuperação
a vida
a injustiça
a inocência
o debate
os infratores
a justiça
a eficiência
a recuperação
Fonte: o próprio autor
E) A atividade acima é um exemplo de poema em que ocorre a coerência textual.
Veja se você, professor (e aluno), consegue descobrir o nexo das opiniões. Faça um
levantamento com os alunos a quantos parágrafos corresponderia cada estrofe, se o
poema fosse transformado em prosa. Levante questionamentos de qual é a estrofe que
apresenta opinião a favor e qual é contra a pena de morte. As palavras em sentido
positivo e negativo da segunda estrofe dão a ideia de que nela há uma defesa em favor
da pena de morte. O mesmo procedimento pode ser feito na segunda estrofe: as palavras
denotam a defesa de quem é contra a pena de morte. Por fim, a última estrofe, retoma a
ideia de que é um tema sujeito a debates, mas repensa a opinião condenando a pena de
morte porque sugere a recuperação do infrator.
F) É claro, que se você quiser já temos aqui um belo tema para a produção textual.
Uma redação com quatro parágrafos. É só trabalhar os argumentos como fizemos na
unidade seis. Outra alternativa didática é a construção de um poema como este
auxiliando na produção do texto como palavras-chave de cada parágrafo. Serve de
recurso à produção textual. Que tal incentivar os alunos a fazer textos argumentativos a
partir de uma poesia, que achou professor?
A leitura comparada de texto de opinião em capa de revista
Duração: duas horas-aula
O objetivo desta unidade é mostrar ao estudante a diversidade de pontos de vista
que há entre a opinião analisando fontes diferentes sobre o mesmo assunto. É possível
descobrir a multiplicidade de enfoques e a maneira mais crítica ou não de olhar um fato.
Fonte: Ed. VEJA Nº 2331, de 24/07/2013 1 fonte: Carta Escola Edição nº 75. Abri 2013
Verifique os dois quadros seguintes antes de fazer as atividades;
Revista Veja Carta na Escola
Chamada “O papa dos Pobres” “A chegada de Francisco”
Legenda “O significado de ter
Francisco entre nós em um
momento explosivo para a
Igreja Católica”
“Um papa em busca de
apoio popular e uma igreja
à procura de reconciliação
com os fiéis”
Fonte: Veja ano 46 – nº 30
24/06/2013
Carta na Escola – Edição
nº 75 – abril 2013
A) Como podemos observar, o assunto das publicações é o mesmo. De que assunto
trabalha a chamada de capa das duas revistas?
B) Observe toda a diagramação, isto é, os detalhes das cores do espaço da foto, que
você achou de diferente em cada uma delas?
C) A que público se destina cada uma das publicações?
D) O público a que a revista se destina procura trabalhar as notícias com mais
reflexão/crítica. Qual das publicações proporciona maiores questionamentos? Por quê?
E) Que retorno os editores das revistas esperam após leitura das suas publicações?
F) Na revista Veja o papa sorri, serenamente; Carta na Escola mostra o papa de
cabeça baixa e sério. A que você atribui essa diferença?
G) Na revista Carta na Escola, o fundo é preenchido predominantemente com o
asfalto; Veja, em contrapartida, ocupa o fundo com a cor branca. Que relação há entre o
fundo da capa de Veja e o fundo da Capa da revista Carta na Escola? Você consegue
identificar a diferença?
H) A Carta na Escola destaca a Frase “A chegada de Francisco” em letras de cores
claras; em oposição, Veja escreve “O Papa dos pobres” na cor preta. Reflita sobre essas
frases e sobre a intenção dos autores em optar pelas cores branca e preta. Mesmo sem
ler o artigo interno das revistas escreva o que você entendeu de diferente nessas duas
frases.
I) Após a chamada da Capa, há uma legenda, explicando melhor o sentido da frase
maior. A Carta na escola publica: “Um papa em busca de apoio popular e uma igreja à
procura de reconciliação com os fiéis”. Observe que a palavra “igreja” está grafada com
inicial minúscula. O mesmo não acontece com a revista Veja. Ela escreve a palavra
Igreja com inicial maiúscula no comentário, abaixo da chamada (legenda). O que
significa grafar essa palavra em letras minúsculas e maiúsculas? Você consegue fazer
uma relação entre as legendas? Então a explique.
J) Na Revista Veja, a legenda diz “O significado de ter Francisco entre nós em um
momento explosivo para a Igreja Católica e para o Brasil”. A que momento a legenda se
refere? Por que ele era um “momento explosivo” para a Igreja e para o Brasil?
K) Após leitura e reflexão das duas revistas preencha o quadro comparativo a
seguir:
Veja Carta na Escola
Destinatário
Finalidade
Mais crítica
Menos crítica
Provoca reflexão
política de mudança
Não provoca reflexão
política de mudança
L) Você acompanhou pelos meios de comunicação a vinda do papa Francisco para
a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) no Brasil, o que você percebeu enquanto
assistia?
M) Independente da religião que você professa, de sua crença em Deus ou não, você
acha que o papa Francisco demonstrou ser uma pessoa compreensiva com a realidade
do Brasil? Faça um comentário.
N) Você é capaz de lembrar alguma mensagem ou ensinamento proferidos pelo papa
que você acha relevante para os cristãos do Brasil tornarem-se mais críticos com a vida
social?
O) O que você pensa sobre a atuação da Igreja Evangélica e da Igreja Católica e a
influência das duas tendências cristãs como formadoras de opinião das pessoas?
P) Finalmente, qual Capa de revista transparece uma opinião a favor ou contra as
atividades papais?
Tempo de duração: duas horas-aula
Leitura comparativa de parágrafo de artigo de opinião
Leia os trechos abaixo. Eles correspondem ao segundo parágrafo de cada artigo
do assunto mencionado na unidade anterior. Reflita sobre os questionamentos
apontados:
Revista Veja:
Título “ONDE HOUVER DÚVIDA, QUE EU LEVE A FÉ”.
Legenda Em sua tão aguardada visita ao Brasil, o papa jesuíta de alma
franciscana, defensor da humildade e das oportunidades aos
pobres, espera que suas atitudes e palavras motivem os jovens do
mundo a agir como verdadeiros cristãos.
Autor Helena Borges e Adriana Lopes
Páginas 80-83
“O papa jesuíta de alma franciscana também terá a chance de exercer aqui sua catequese
em favor dos pobres. Seu público no Rio é mais de um milhão de jovens peregrinos, que
na semana passada começavam a ser vistos na cidade fazendo turismo antes de os
trabalhos começarem. Sendo esta uma Jornada da Juventude e sendo os jovens os
motores das manifestações de rua no Brasil, o pontífice vai aproveitar para transmitir a
ambos, devotos católicos e portadores de cartazes indignados, seu apoio a quem protesta
contra a corrupção e as más condições de saúde e da educação, bandeiras defendidas
pelo paladino da justiça social que sempre foi, desde os tempos de arcebispo em Buenos
Aires. Também cobrará da classe política uma mudança de atitude.(...)”
Revista Carta na Escola
Título A MISSÃO DE FRANCISCO
Legenda O que a escolha do jesuíta como papa significa para o papel e a
influência da Igreja Católica no século XXI
Autor Marcos Antonio Lopes Veiga
Páginas 25
“O significado do papa para a cristandade foi construído ao longo de séculos e seu
reconhecimento como suprema autoridade não foi alcançado facilmente. Hoje, uma das
problemáticas enfrentadas pela Igreja está longe de ser o reconhecimento do papa como
autoridade, mas continua sendo o “descolamento” entre as práticas cristãs cotidianas e o
corpo doutrinário no qual se baseia. Essa distancia entre o que os católicos fazem e o
que a Igreja prega tem séculos de existência. Em outras palavras, o desafio de dialogar
com os diversos grupos da sociedade sem perder, em termos de doutrina, o que foi
construído pelos pais da Igreja e suas autoridades permanece”.
Comentário: as revistas foram publicadas em épocas diferentes. A revista Veja foi
produzida em junho de 2013 (antes da vinda do papa Francisco que ocorreu de 24 de
julho a 28 de julho de 2013); A revista Carta na Escola foi publicada em abril de 2013.
Ambas se preocuparam em divulgar essa vinda porque, segundo pesquisa do IBGE
(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o Brasil possui 64% de sua população
declarada como católicos.
A) Qual é a opinião emitida pelas duas revistas a respeito do papa Francisco?
B) Há alguma diferença no enfoque dado ao papa Francisco na Revista Veja?
Destaque a sua impressão e escreva-a aqui.
C) A Revista Carta na Escola destaca a missão do papa contida no trecho: “o
desafio de dialogar com os diversos grupos da sociedade sem perder, em termos de
doutrina, o que foi construído pelos pais da Igreja e suas autoridades permanece”. Essa
missão não parece corresponder no mundo atual aos compromissos atribuídos a um
papa. Quais as dificuldades que você percebe que o papa terá como desafio utilizando a
sua influência? A revista Veja apresenta expectativas exageradas a respeito do papa em
relação à política, atribuindo qualidades. Retire do texto uma palavra que o qualifica
politicamente colocando ao lado o que pode significar:
D) A revista Veja faz comentários a respeito do que é ser um papa. Em que palavras
pode ser expressa a imagem dele?
E) Em qual parágrafo há uma crítica em relação à sociedade e à Igreja? Retire do
texto esta crítica e procure justificar o motivo dela.
F) As duas revistas conseguem formar opiniões distintas e perfeitas sobre a questão
da influência da Igreja na sociedade? De que modo cada uma delas forma a opinião do
leitor?
G) Retire dos parágrafos argumentos que se manifestam contra ou a favor da influência
da Igreja.
Tempo de duração: três horas-aula
Melhorando o conteúdo textual
A intenção desta unidade é ampliar e organizar de modo mais eficiente,
coerente, coeso e com conteúdo relevante a escrita do texto final, adequando-o à
realidade local e socializar o resultado das pesquisas.
Esta unidade constitui-se de duas fases:
1ª fase
Ampliação da retomada de questões polêmicas levantadas no encadeamento das
unidades anteriores ou outras que não foram mencionadas. É o momento de pesquisar
sobre o assunto, providenciar o material, ou seja, a fonte das informações. Nesta fase,
para não dispersar demais o trabalho, é bom deixar bem claro que será escolhido um
tema.
Sugere-se que a turma seja dividida em grupos para pesquisar sobre determinado
aspecto da questão polêmica. Esses grupos fazem anotações e sínteses das
argumentações para a escrita individual. Deve-se partir de opiniões gerais sobre o
assunto e trazê-lo para a dimensão particular ou local. A socialização dos resultados
será feita em modo de assembleia com a participação de todos. Serão convidados o
Diretor da Escola e a Equipe Pedagógica, os quais poderão acrescentar conhecimento
e experiência sobre o assunto polêmico escolhido.
Nesta fase será organizada, de acordo com as pesquisas, a contextualização na
comunidade com entrevista ao presidente da câmara de vereadores e ao prefeito
Municipal (se esta entrevista com as autoridades mencionadas for inviável pode-se
entrevistar vereador próximo da comunidade escolar). Ela pode ser organizada de duas
maneiras: se eles puderem vir até escola, é uma delas; do contrário, os alunos se
deslocarão até a câmara de vereadores para realizarem esta entrevista. As perguntas
mais relevantes e coerentes com a questão polêmica serão selecionadas pelo professor
e sorteadas, (se forem em maior número que os alunos da turma), para que o aluno
individualmente a faça à autoridade. É importante que cada aluno tenha uma pergunta
a ser feita à autoridade.
2ª fase
Com os resultados obtidos sobre a pesquisa, far-se-á a síntese geral. Os
argumentos relevantes serão registrados em cartazes de diferentes tipos.
Como recurso didático para as produções, o professor relembrará aos alunos a
aplicação das estratégias de argumentação, da unidade 7.
Produção final do artigo
Tempo de duração: uma hora-aula
Depois de pesquisado o assunto relevante e polêmico e contextualizado na
realidade próxima da escola, é hora de escrever o artigo final. Agora os alunos têm o
que dizer, uma razão para dizer o que se tem a dizer, para quem dizer, um gênero
textual e como dizer. Falta executar a escrita do texto, a revisão e a reescrita, escolher
o modo e lugar de circulação, um suporte material do texto. Lembre-se de que neste
momento cada aluno vai escrever o seu texto.
Antes de começarem, algumas recomendações importantes que servem de
revisão do que já foi trabalhado (cf. Gagliardi e Amaral 2009, p. 60):
1. Partir sempre de uma opinião polêmica local e situar o leitor em relação a
ela.
2. Tomar posição em relação à questão polêmica e afirmar seu ponto de vista.
Para isso, trazer argumentos, ora de autoridade, ora por exemplificação, ora
baseados em princípios, dados em pesquisa ou em relações de causa e
consequência.
3. Incluir opiniões de adversários para contestá-las com seus argumentos, ou
desacreditá-las pelas fragilidades delas. É preciso tomar cuidado para que
não seja uma depreciação preconceituosa, até porque isso não pode ser
considerado um bom argumento.
4. Concluir o texto reforçando a posição tomada.
5. Usar elementos articuladores como os que:
Anunciam a posição do autor: “do nosso ponto de vista”, “penso
que”, “pessoalmente”, “acho que”;
Indicam certeza: “sem dúvida”, “está claro que”, “com certeza”, “é
indiscutível”;
Introduzem argumentos: “porque”, “pois”, “mas”;
Chegam à conclusão: “então”, “consequentemente”, “por isso”,
“assim”;
Marcam as diferentes vozes presentes no artigo: “como dizem os
economistas”, “segundo alguns empresários”, “muitas pessoas dizem
que”, “há pessoas que negam”, “alguns afirmam”, “para muitos é
importante... para outros”.
Ainda para enriquecer mais o texto, Granatic (1995, pp. 125-129) lembra alguns
“erros que fazem cair por terra os esforços para construir uma redação adequada”.
1. Jamais use gírias em sua produção textual. Elas são aceitáveis em
outros gêneros, mas não em texto argumentativo.
2. Não utilize provérbios ou ditos populares. Eles empobrecem a redação.
Fazem parecer que o autor do artigo não tem criatividade
3. Nunca se inclua em sua redação (contando fatos da vida particular).
Artigo de opinião deve ser feito de modo impessoal e com total
objetividade.
4. Não utilize o texto argumentativo para propagar doutrinas religiosas.
Religião é questão de fé. Texto argumentativo baseia-se na lógica.
5. Jamais analise os temas propostos movido por emoções exageradas.
As nossas emoções não devem interferir na análise equilibrada e objetiva
que precisa transparecer em nosso texto.
6. Não utilize exemplos contando fatos ocorridos com terceiros que não
sejam de domínio público. Em outras palavras, não introduzir no texto
fatos ocorridos com pessoas que conhecemos particularmente.
7. Escreva as palavras por extenso. Evite as abreviações. Se as fizer
explique o sentido delas, por exemplo, de instituições.
8. Nunca repita várias vezes a mesma palavras. Dá impressão
desagradável a quem lê e sugere pobreza de vocabulário.
9. Tente não analisar os assuntos propostos sob apenas um dos ângulos
da questão.
10. Não fuja ao tema proposto.
Revisão, reescrita e avaliação do texto.
Tempo de duração: uma hora-aula
O objetivo desta unidade, já exposto no título, é reescrever o texto com todas as
recomendações dadas. É muito importante também deixar claro que o texto, no caso da
produção que aqui se propõe, terá como suporte textual (a materialização da produção)
folhas de papel sulfite afixadas em jornal mural e o espaço de circulação será o pátio da
escola. Será constituída uma comissão julgadora, composta de três profissionais da
escola, sendo dois professores (um deles de Língua Portuguesa) e um pedagogo para
avaliar as redações. As cinco melhores produções argumentativas serão publicadas no
site da Escola, se houver permissão de liberação dos direitos autorais dos responsáveis
pelos alunos. A melhor de todas será inscrita na Olimpíada de Língua Portuguesa de
2014. Todas serão expostas em mural na entrada da prefeitura municipal
Uma confraternização com os pais de alunos para o encerramento e socialização
do material escrito será realizada. Os alunos confeccionarão cartazes com o seu texto
final, acrescido de arranjos gráficos criativos para a exposição.
Para a reescrita siga esta sequência:
Faça várias cópias do quadro abaixo e distribua duas para cada aluno;
Cada aluno fará a correção do seu texto usando uma folha com o quadro da
reescrita e o reescreverá novamente em folha de papel com pauta;
Depois, da primeira ação com os alunos, forme duplas para que ambos avaliem a
reescrita reciprocamente. Neste momento é hora de avaliar a reescrita do texto
do(a) parceiro (a) escrevendo na folha o nome do(a) companheiro (a) que o
estudante está avaliando. Por isso, utilize a segunda folha do quadro da
reescrita. Eis o motivo de haver duas folhas do quadro de reescrita;
Por fim, cada estudante confronta o quadro de avaliação da reescrita que fez
sozinho com a que foi entregue pelo (a) parceiro (a);
Feitas as correções devidas, faz-se a entrega da folha de produção final ao
professor.
Se houver dúvidas quanto à grafia ou quanto ao uso de sinônimos, o professor
poderá levar os dicionários para que cada um faça a pesquisa e se acostume a
usá-lo;
Faça uma revisão última do texto, junto à comissão julgadora, e entregue aos
alunos para reescreverem, se for o caso, a versão definitiva;
As respostas (assinalando com X) “sim” e “não” e os “comentários” confirmam
a adequação positiva ou negativa do texto aos objetivos finais da Sequência Didática, ou
seja, a apropriação do gênero argumentativo como instrumento de emancipação social e
de autonomia.
O quadro que segue e os critérios de avaliação são uma adaptação das oficinas
10 e 11 do Caderno do Professor sobre os “Pontos de vista”, da Olimpíada Brasileira de
Língua Portuguesa (cf. Gagliardi e Amaral 2009, pp. 56-65).
Quadro de avaliação da reescrita
Questões Sim Não Comentários
O título suscita curiosidade?
O Título anuncia a questão?
O Título convida o leitor a conhecer o
texto?
O autor indica claramente a questão
polêmica?
Usa linguagem própria ao artigo de
opinião?
Relaciona os problemas locais com
situações nacionais ou até
internacionais?
Levou em conta os pontos de vista de
seus opositores para construir seus
argumentos? Por exemplo: “Para fulano
de tal, a questão é sem solução. Ele
exagera, pois...”.
Há citação de autoridade para sustentar
os argumentos do texto?
Usou expressões para introduzir a
conclusão: Assim / finalmente / para
finalizar/ concluindo/ em resumo/ por
todos esses aspectos/Dessa forma/
Sendo assim/ dado o exposto.
Concluiu o texto reforçando a sua
posição?
Verificou se a pontuação está correta?
Corrigiu os erros de ortografia?
Substituiu palavras desnecessariamente
repetidas?
Escreveu com letra legível para que
todos possam entender?
O autor se incluiu na redação?
O autor usou gírias?
O autor usou provérbios?
O autor fugiu ao tema proposto no
título e primeiro parágrafo?
Utiliza expressões que introduzem
argumentos e evidenciam a posição
tomada pelo autor e a conclusão?
Quadro dos critérios de avaliação
Gênero artigo de opinião – 1º ano do Ensino Médio
Dez pontos deverão ser atribuídos aos trabalhos de acordo com os critérios descritos
abaixo
Os 07 pontos atribuídos aos aspectos próprios do gênero estão divididos em:
Pertinência ao tema
proposto
1,0
O texto está apropriado ao título e tema
proposto
Presença de elementos do
gênero “artigo de opinião”
3,0
Traz uma questão polêmica relevante e atual.
Explicita tomada de posição do autor.
Apresenta dois ou mais argumentos para
convencer o leitor.
Leva em consideração o ponto de vista dos
opositores, apresentando contra-argumentos.
Apresenta conclusão com reforço de posição
tomada
Utiliza expressões que introduzem argumentos
e evidenciam a posição tomada pelo autor e a
conclusão.
Busca de informações
sobre o tema
2,0 O texto deixa transparecer que o autor buscou
informações para produzi-lo e elas são
pertinentes e diversificadas.
Originalidade 1,0 O texto surpreende o leitor pela inovação.
O autor usou recursos que o tornam
interessante.
Os 3 pontos atribuídos aos aspectos mais gerais do texto estão divididos em:
Aspectos gerais de
gramática e ortografia
3,0
Concordância verbal e nominal, uso do pronome,
pontuação, uso de maiúscula, uso de parágrafo,
correção ortográfica.
4. REFERÊNCIAS
KOCH, Ingedore Grunfeld Villaça; TRAVAGLIA, Luiz Carlos. A coerência
textual. 3. ed. São Paulo: Contexto, 1991.
DOLZ, J.; NOVERRAZ, M.; SCHNEUWLY, B. Gêneros orais e escritos na
escola. Trad. e org. Roxane Rojo e Glais Sales Cordeiro. Campinas (SP):
Companhia das Letras, 2004.
MARCSUCHI, Luiz Antonio. Produção textual, análise de gêneros e
compreensão. São Paulo: Parábola, 2008.
CEREJA, William Roberto & MAGALHAES, Tereza Cochar. Português:
linguagens: volume 2. Ensino Médio. 5. ed. São Paulo: Atual, 2005.
GRANATIC, Branca. Técnicas básicas de redação. São Paulo: Editora
Scipione, 1995.
CITELLI, Adilson. O texto argumentativo. São Paulo: Scipione, 1994.
ALVES, Rubem. Estórias de quem gosta de Ensinar. São Paulo: Cortez
Editora, 1984.
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