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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
FORMAÇÃO DOCENTE E PERSPECTIVAS DO LETRAMENTO
Janete Aparecida Laitharth e Silva Vial1
Iara Aquino Henn2
RESUMO
A aquisição da linguagem é uma das formas mais eficazes de
desenvolvimento dos indivíduos. Tendo essa noção por pressuposto o processo de
aprendizagem na prática do letramento torna-se desafio para o professor, com a
preocupação em contribuir com a sua disciplina no conjunto de saberes. Ensinar na
perspectiva do letramento, não é apenas repassar conteúdos, mas ter ao mesmo
tempo, um discurso e uma proposta adequada a superar os obstáculos da
aprendizagem. O letramento é responsabilidade do professor de língua portuguesa e
dos demais educadores que trabalham com leitura e escrita. Por tanto, cabe a todos
os professores, oferecer oportunidades de acesso à cultura escrita, ampliando as
capacidades e as experiências dos educandos, nas diferentes linguagens e áreas do
conhecimento, de modo que eles possam ler e escrever com autonomia, sendo
capazes de fazerem suas interferências na realidade. Por isso, o letramento é um
fenômeno social; logo, essa intervenção se faz necessária. Falamos, portanto, em
uma prática de letramento que envolve todos os campos disciplinares a partir do
trabalho docente na perspectiva da coletividade. Assim sustentamos a ideia de que
o letramento se estende ao longo da vida, para uma melhor inserção do sujeito na
sociedade.
PALAVRAS-CHAVE: Formação Docente e Letramento
1. INTRODUÇÃO
A necessidade de conhecer melhor os processos de alfabetização/letramento
dos educandos justifica-se pelo papel constitutivo que a linguagem tem na criação
1 Professora PDE, Colégio Estadual de Marmeleiro – PR- Graduada em Língua Portuguesa e
Literatura Brasileira E-mail: janetevial@hotmail.com. 2 Professora orientadora. Graduação em Pedagogia. Mestre em Educação nas Ciências pela
Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande Do Sul. Doutorado em Antropologia Social pela Universidade Nacional de Misiones – Argentina. Professora colaboradora na Unioeste.
do sujeito e, por isso, a importância de contínuas revisões nas práticas do trabalho
docente em todos os segmentos de ensino.
Embora a sociedade nunca tenha sido estática, a verdade é que nenhuma
outra época experimentou-se um desenvolvimento científico e tecnológico como nas
últimas décadas. Este desenvolvimento, evidentemente passou a exigir da
educação, especialmente dos educadores novas posturas. O ensino agora precisa
fundamentar-se na reflexão sistemática e contextualizada da realidade.
A problemática que envolve esta pesquisa surgiu da minha vivência e
experiência como alfabetizadora e professora nos anos finais Ensino Fundamental.
O conteúdo a ser abordado no estudo se entrelaça formando o fio condutor da
pesquisa: letramento e formação do professor.
Alguns professores consideram-se competentes o suficiente para o exercício
da docência e desconsideram a formação continuada, sendo que em alguns casos,
há pouco interesse em trabalhar com a sequência do letramento nos anos finais do
Ensino Fundamental. Atentam pouco para as dificuldades que o educando
apresenta na compreensão da linguagem que compõem o campo disciplinar
curricular, de um lado, por causa do pouco aprofundamento nessa temática do
letramento no processo de formação continuada e, por outro, pelas “limitações” que
carregam de sua formação inicial, sendo que esta perspectiva não pautava os
currículos dos cursos de licenciatura no Brasil. Ainda, muitos pensam que o
processo de alfabetização e letramento termina nos anos iniciais do Ensino
Fundamental.
Tudo isso afeta o cotidiano da escola. O exercício da docência encontra
limitações para desempenhar seu papel na apropriação de conhecimentos e na
reconstrução dos discursos. O denominado espontaneísmo pedagógico impede
avanços e a escola oferecida às classes populares, reforça de tal forma a
reprodução da desigualdade social. Neste sentido, cabe-nos indagar: o que a escola
básica vem fazendo para superar estas dificuldades?
O ensino padronizado que não considera a cultura e os conhecimentos
prévios vêm sendo questionado. Os professores são formados, na maioria das
vezes, para o trabalho pedagógico que não considera os diferentes tempos, ritmos e
condições de aprendizagem do educando. Outra perspectiva vem possibilitar a todos
o acesso aos bens da humanidade, inclusive, os culturais em que se inserem os
conhecimentos. Questiona-se o fato de apenas alguns aprenderem e chegarem ao
que se denomina de “sucesso escolar”. Neste sentido, é direito de todos se
apropriarem dos conhecimentos historicamente acumulados pela humanidade.
Diante disso, vale questionar; até que ponto os indicadores de rendimento
escolar trazem a tona a “verdade” sobre a aprendizagem que vem sendo trabalhada
na educação básica? O fato de depender da adesão de governos estaduais e
municipais pode desencadear medidas, ora mais efetivas, ora menos sistemáticas,
ou não acontecer de fato. (BRASIL, 1999).
O trabalho docente é complexo e único, sendo prática educativa e social deve
ser contínua. É urgente repensar essas exigências e buscar alternativas de melhorar
a qualidade, pois a prática docente reflete na sociedade. À medida que cresce a
necessidade de repensar a formação docente, crescem também as críticas sobre o
trabalho do professor e da escola como um todo. Porque isso está ocorrendo?
Enquanto docente sabemos que há pouco tempo para estudar, pesquisar,
planejar e aprofundar-se em questões que envolvem o exercício da profissão devido
ao excesso da carga horária em sala de aula, pouco tempo para organizar e corrigir
atividades didáticas, pela escassez de momentos de estudo e planejamento coletivo,
pelo trabalho realizado em diversas escolas, número excessivo de educandos por
sala ou professor e o montante de avaliações a serem analisadas.
Isso tudo impede o professor de buscar novas alternativas e possibilidades de
ensinar. As questões aqui levantadas podem ter novo respaldo na proporção que
novos estudos sejam realizados e novas possibilidades possam ser encontradas. O
sistema educacional vem sendo questionado. O desafio maior é qualificar a
educação para modificar os índices na qualidade de aprendizagem. A formação
acadêmica do professor atende a essas exigências? Como os professores exercem
a docência socializando o conhecimento? Por que a escola não reconhece o
educando como sujeito social e atribui a ele o fracasso escolar? Em que momento o
educando se apropria e utiliza o letramento na vida cotidiana? O que a falta do
letramento incidem na formação do professor nos anos finais do Ensino
Fundamental? É possível alterar a forma de trabalho tendo em vista o letramento?
Acrescenta-se ao que já foi abordado, o distanciamento, a prática e a teoria
que norteiam o letramento, constituindo-se um entrave na realização do trabalho
docente, além de reconhecer que faltou esse estudo ao professor na escola de
formação. Por essa razão não seria exagerado pensar nos desafios que serão
enfrentados na realização das estratégias de ações. É indiscutível que o referencial
teórico opere mudanças no exercício da docência.
Foi necessário, portanto, compreender como está sendo proporcionando aos
educandos as práticas do letramento. Como a escola vem cumprindo seu papel ao
oferecer condições para formar sujeitos letrados? Continua sendo transmissora de
conhecimento, sem considerar o educando como sujeito do seu próprio
conhecimento e de seu processo educacional? A leitura pode ser considerada
necessária e significativa ação pedagógica de todos os professores.
As respostas para essas questões exigiram uma atitude investigativa e
disposição para o diálogo. É preciso conhecer o cotidiano escolar, o que os
professores pensam, o que os educandos sabem. Demarcando as fronteiras do
conhecimento, o professor pode encontrar a direção para a prática pedagógica.
Nessa perspectiva foi desenvolvido com um grupo de professores do Colégio
Estadual de Marmeleiro – PR, um estudo das concepções que orientam a
aprendizagem, o ensino da língua e da leitura, tendo troca de experiências, saberes,
reflexões e leituras de textos referentes ao tema proposto.
A busca pela formação do professor e o não distanciamento das concepções
educacionais defendidas na contemporaneidade foram de grande relevância para o
estudo. O que aqui está sendo mencionado significa dizer que o professor está em
constante reconstrução em função dos avanços da ciência e das construções
teóricas internalizadas ao longo dos anos de serviço. É preciso estreitar as relações
entre ambas, para que haja proximidade entre elas e as exigidas pelo sistema atual
de educação.
Para atingir o objetivo inicial algumas ações estão pautadas, como a
investigação da formação em serviço e do crescimento profissional dos professores
deste colégio, por meio de uma abordagem histórica-metodológica, crítica e
condizente à pratica educativa nos diversos campos disciplinares, incidindo na
formação e profissionalização da docência pela análise dos referenciais teóricos que
se referem ao processo de letramento das diferentes ciências, linguagens e
necessidades dos educandos para o exercício da cidadania e competências
comunicativa.
Na linha apontada é necessário discutir a base teórica organizada para
investigar como se adquire o modo de ser letrado no espaço educativo em virtude
das dificuldades apresentadas no atual sistema de ensino, tal como o fato de que
tem o seu progresso educacional comprometido em decorrência da pouca
apropriação do conhecimento, da falta de interesse de algumas instituições onde
estão inseridos e pela formação profissional com limitações.
Com base no estudo observa-se que o letramento em todos os campos
disciplinares se constitui como fator relevante para o estudo. A discussão que
envolve a noção de letramento e formação docente é, portanto, densa e complexa,
atravessada pelo viés político-ideológico. Verificamos então a necessidade de
ampliar essa discussão, por meio de contribuições teóricas, principalmente no
sentido de refletir sobre a participação dos envolvidos nos espaços educativos e na
construção do processo de letramento. Pode-se afirmar que a posição aqui
defendida é de oferecer aos profissionais da educação, a formação continuada, pelo
viés das pesquisas realizadas, já que os resultados desta têm demostrado as
dificuldades que os docentes têm em trabalhar com as demandas impostas pelas
politicas educacionais vigentes no país. Falta-lhe base conceitual e estrutural para
trabalhar com o currículo. Há um despreparo profissional para o trabalho com as
práticas de leitura, escrita e letramento nos diferentes campos do conhecimento,
isso traz inseguranças à prática docente. Parece-nos então que é fundamental que o
professor avance no processo de qualificação profissional.
Nessa perspectiva foi desenvolvido com os professores um estudo das
concepções que orientam a aprendizagem, o ensino da língua e da leitura, refletindo
sobre a ação pedagógica dos envolvidos em educação, por meio de grupo de estudo
dirigido com troca de experiências, saberes, reflexões e leituras de textos referentes
ao tema proposto.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2 1. Aquisição da linguagem – Um processo ininterrupto
Ao pesquisarmos sobre o tema Letramento percebemos que ele possui
semelhança no que se propõe a concepção de escrita enquanto prática social. A
escola enquanto espaço e tempo privilegiado da democratização e acesso ao saber,
abrange uma concepção curricular rígida, separada por disciplinas, sistemas de
classificação de ensino e fragmentada em conteúdos. Pouco considera a bagagem
cultural diversificada que o educando constrói fora dela, visto que ele já nasce
participante de uma sociedade letrada.
A função primordial da escola seria para grande parte dos educadores,
propiciar aos estudantes caminhos para que estes aprendam de forma consciente os
mecanismos de apropriação de conhecimentos. Assim como, a de possibilitar que
atuem criticamente em seu espaço social. Essa também é a nossa perspectiva de
trabalho, pois, uma escola transformadora é a que está consciente de seu papel
político na luta contra as desigualdades sociais e assumem a responsabilidade de
um ensino eficiente para capacitar seus educandos na conquista da participação
cultural e na reivindicação social. (Soares, 1998). O aprendizado fora dos limites da
instituição escolar é mais motivador, pois a linguagem da escola nem sempre é a do
estudante. Dessa maneira percebemos a escola que exclui, reduz, limita e expulsa
os estudantes, seja pelo aspecto físico, seja pelas condições de trabalho dos
professores, seja pelos altos índices de repetência e evasão escolar ou pela
inadaptabilidade dos educandos, pois a norma culta padrão é a única variante
aceita, e os mecanismos de naturalização dessa ordem da linguagem são
apagados, sem a preocupação de ampliar as linguagens “maternas” trazidas das
vivências. (Soares, 2003).
A análise das questões sobre leitura e escrita está fundamentalmente ligada à
concepção que se tem sobre o que é a linguagem e, o que é ensinar e aprender.
Essas concepções passam, obrigatoriamente, pelos objetivos que se atribuem à
escola e à escolarização. Muitas das abordagens escolares derivam de concepções
de ensino e aprendizagem da palavra escrita que reduz o processo da alfabetização
e leitura à decodificação dos símbolos linguísticos. A escola transmite uma
concepção de que a escrita é a transcrição da oralidade. (Cagliari, 1989: 26)
As dificuldades de aprendizagem na alfabetização poderão ser vistas a partir
da ideia de que a apropriação da linguagem escrita, na perspectiva das práticas
sociais letradas, vem sendo estudadas como uma aprendizagem conceitual de
grande complexidade. É possível constatarmos que há um alto índice de fracasso
escolar, principalmente nas classes de alfabetização, realidade esta que preocupa
muito a escola e a sociedade. MORAIS (1994), afirma:
(...) com frequência os professores procuram explicar por que o
educando não aprende, atribuindo a culpa, apressadamente, a aspectos
isolados, deficiências de natureza biológica, psicológica e cultural, carências
de diferentes tipos, em detrimento de pesquisas mais abrangentes e de
análises mais criteriosas capazes de esclarecer a situação. (MORAIS,
1994).
Já para FONSECA (1995) “(...) as dificuldades de aprendizagem aumentam
na presença de escolas superlotadas e mal equipadas, além de contarem com
muitos professores desmotivados”. A escola não pode continuar a ser uma fábrica
de “insucesso”. A responsabilidade é de todos. Cada um faz a sua parte, uma vez
que o educando está em processo de aprendizagem.
O trabalho com o letramento necessita estar presente em todos os campos
disciplinares para que o educando se aproprie dos termos específicos e a linguagem
em geral de cada disciplina. Uma vez que a nossa língua sofre alterações devido às
necessidades sociais, políticas e econômicas, isto não pode impedir a busca da
proficiência e a qualidade do ensino.
Ler e escrever proporciona a circulação e transferência de informações,
portanto não pode ser tarefa exclusiva da língua portuguesa. Partindo desse
pressuposto, não podemos perceber as disciplinas como simples transmissoras de
saber fragmentado, uma vez que as Diretrizes Curriculares propõem um trabalho
baseado na diversidade textual. A cada tema trabalhado podem ser utilizadas
inúmeras atividades que contribuem para o desenvolvimento da leitura e da escrita
nos diferentes campos disciplinares. Com isso, efetiva-se o papel dinâmico que a
leitura deve exercer na vida dos educandos. Com esse propósito, o professor
efetivamente estará investindo na formação de leitores ativos e críticos, capazes de
interagir com os diferentes textos presentes no mundo atual. Não basta ao sujeito
saber escrever o nome, ler e compreender textos simples. É preciso que ele seja
capaz de executar as práticas de leitura e de escrita, como saber localizar e obter
uma informação, pois o efetivo domínio da língua garante maior capacidade de
análise e compreensão do mundo, além de viabilizar uma atuação mais consciente
como cidadão, pois segundo Soares (1998, p. 20): “[...] não basta apenas saber ler e
escrever, é preciso também fazer uso do ler e escrever, saber responder as
exigências de leitura e escrita que a sociedade faz continuamente”.
Cada professor precisa priorizar dentro do contexto de sua disciplina a
promoção da leitura e da escrita, como possibilidade de apropriação das diferentes
linguagens das ciências, para que este se familiarize com os diversos, sinais e
símbolos próprios de cada disciplina, percebendo como se articulam e expressam
conhecimentos adquiridos no contexto escolar.
O desenvolvimento de uma nova consciência sobre os conhecimentos
científicos e com intervenção da tecnologia no cotidiano leva a retomada dos
objetivos gerais do ensino. Os educandos têm uma curiosidade aguçada de buscar
informações e fazer descobertas sobre o mundo que os rodeia. Como afirma LOPES
(2006), “Ler o mundo pode significar apropriar-se das diversas formas de explicar os
fenômenos que ocorrem no cotidiano, assim estabelecer relações entre os diferentes
saberes que fazem parte da nossa cultura”. O papel do professor na escola é dar
continuidade à aprendizagem do educando, reelaborando conceitos com saberes da
escola, tornando-o letrado para atuar e transformar a realidade em que vive.
O processo de aprendizagem na prática do letramento torna-se desafio
permanente para o professor, que deve ter a preocupação em contribuir com a sua
disciplina no conjunto de saberes. Ensinar na perspectiva do letramento, não é
apenas dominar conteúdos, mas ter ao mesmo tempo um discurso e uma proposta
adequada a superar os obstáculos da aprendizagem.
O letramento é responsabilidade do professor de língua portuguesa e dos
demais educadores que trabalham com leitura e escrita. Por tanto, cabe aos
professores, oferecer oportunidades de acesso à cultura escrita, ampliando as
capacidades e as experiências dos educandos de modo que eles possam ler e
escrever com autonomia, sendo capazes de fazerem suas interferências na
realidade. Por isso que o letramento é um fenômeno social; logo, essa intervenção
que se faz necessária.
Entretanto, para alguns educadores, o letramento é uma tarefa difícil de ser
exercida, pois sabemos que alguns desses profissionais, num determinado
momento, se colocam em uma posição quase inatingível, completo de suas
certezas. Porém, se há mutações contínuas na sociedade contemporânea, e essas
refletem em todos os setores, inclusive na escola, é lógico que a cristalização dos
saberes do educador é um equivoco, pois o conhecimento nunca se completa, ou se
finda, e o letramento é um exemplo claro disso.
Paulo Freire (1990), afirma que para o educador, o ato de aprender "é
construir, reconstruir, constatar para mudar, o que não se faz sem abertura ao risco
e à aventura do espírito". Esta constatação não está relacionada somente ao
educando, pois sabemos que o educador tem que estar sempre adquirindo novos
aprendizados, lançando-se a novos saberes, e isto resultam em mudanças de vários
aspectos, como também, gera o enriquecimento tanto para o educador quanto para
o educando, que com certeza lucrará com esse desenvolvimento. Então, necessário
é que o educador atente-se para aquilo que é sumariamente importante na sua
formação, ou seja, "o momento fundamental é o da reflexão crítica sobre a prática",
e, "quanto mais inquieta for uma pedagogia, mais crítica ela se tornará". (Freire,
1990).
O Letramento abrange a amplitude linguística e social do individuo. Nessa
perspectiva KLEIMAN (1995), define que o termo letramento como uma das
vertentes que busca unir interesses teóricos e interesses sociais, a fim de que a
situação de marginalizado por não dominar a leitura e a escrita possa mudar. Nas
palavras da autora:
[...] o conceito de letramento começou a ser usado nos meios acadêmicos
numa tentativa de separar os estudos sobre o „impacto social da escrita‟ dos
estudos sobre a alfabetização, cujas conotações escolares destacam as
competências individuais no uso e na prática da escrita (KLEIMAN, 1995, p.
15).
Essa noção acaba elevando toda a discussão acerca do letramento ao
patamar educacional, uma vez que suscita questionamentos a respeito do porquê
as pessoas que são alfabetizadas, não necessariamente adquirem competência
para usar a leitura e a escrita nas práticas sociais, envolvidas nos diversos contextos
em que a linguagem escrita se manifesta. Nesse sentido, a prática em sala de aula,
mais especificamente no que diz respeito ao ensino tradicional da escrita precisa ser
redimensionada.
É importante destacar ainda, que, alguns autores consideram que o
letramento inicia-se muito antes da alfabetização, ou seja, quando uma pessoa
começa a interagir socialmente com as práticas sociais que fazem uso da e da
escrita, provando que não existe um nível zero de letramento, já que uma pessoa
pode não ser alfabetizada, e ser letrada, trazendo consigo uma bagagem social de
conhecimentos.
Compreendendo que o letramento está relacionado à apropriação de
conhecimentos que constituem a cultura chamada letrada, o estudo realizado na
escola pública, Colégio Estadual de Marmeleiro, levam-nos a dimensionar o
relevante papel da escola, especialmente para as classes populares, na constituição
de sujeitos letrados. Podemos entender tal relevância no sentido da participação
crítica nas práticas sociais que envolvem a escrita, também no sentido de considerar
o diálogo entre os conhecimentos da vida cotidiana, constitutivos de nossa
identidade cultural primeira, com os conhecimentos de formas mais elaboradas de
explicar aspectos da realidade.
A necessidade de conhecer melhor os processos de alfabetização/letramento
do educando justifica-se pelo papel constitutivo que a linguagem tem na criação dos
sujeitos e, por isso, a importância de contínuas revisões nas práticas de trabalho
com a linguagem na escola em todos os segmentos de ensino.
Foi necessário, portanto, compreender como está sendo proporcionando aos
educandos as práticas do letramento. Como a escola vem cumprindo seu papel ao
oferecer condições para formar sujeitos letrados? Continua sendo transmissora de
conhecimento, sem considerar o educando como sujeito do seu próprio
conhecimento e de seu processo educacional? A leitura pode ser considerada
necessária e significativa ação pedagógica de todos os professores.
As respostas para essas questões exigem uma atitude investigativa,
disposição para o diálogo. É preciso conhecer o cotidiano escolar, o que os
professores pensam, o que os educandos sabem. Demarcando as fronteiras do
conhecimento, o professor pode encontrar a direção para a prática pedagógica.
Alguns aspectos foram considerados a partir de entrevistas realizadas com os
professores da escola sobre conhecimento individual que o docente tem com
relação às concepções referentes à escola, letramento, leitura, disciplina de atuação,
práticas pedagógicas adotadas e os desafios encontrados no cotidiano para o
exercício da docência. Diante dos conhecimentos e experiências dos educadores
que atuam nos anos finais da educação básica no Colégio Estadual de Marmeleiro,
verificou-se que o grande desafio para o momento é estabelecer políticas públicas
capazes de levar à superação dos problemas educacionais existentes. É evidente
que o papel do professor muda na perspectiva de ensino voltado para a prática
social e letramento. O professor assume, nesse caso, um lugar no sistema
educacional como profissional que decide com base na observação, análise e
diagnóstico da situação, questões relativas à seleção dos saberes e práticas Uma
mudança na atuação do professor depende, necessariamente, de mudanças a partir
do curso universitário de formação.
A Língua Portuguesa tem sido objeto de pesquisas nas últimas décadas.
Aumentou as exigências sociais em relação ao uso e domínio pelos falantes. A
escola não dá conta de ensinar com os conteúdos e metodologias que vem
utilizando. Estudos esclarecem que os processos de aprendizagem evidenciam que
o ensino da língua materna deve ser objeto de ensino aprendizagem todas as
disciplinas. Quando o professor propõe atividades de mera repetição, quando não
ousa argumentar, não estimula e nem permite tempo para que os educandos
comentem e compare o que já sabem, o professor está limitando o conhecimento.
Fica evidente no exposto a necessidade de continuar oferecendo a prática do
letramento nos diversos campos disciplinares na segunda fase do Ensino
Fundamental. Sendo para isso necessário, um olhar constante e renovado, sobre o
planejamento coletivo das ações e da intervenção pedagógica, a ponto de tornar
possível o letramento.
O trabalho com os professores neste processo de formação, problematizou
limites encontrados na ação pedagógica, criando assim, condições para mudanças
na sua prática e por meio de estudos teóricos, encontrar o aporte necessário para
tornar real o letramento. Muitas práticas estão sendo exercidas na escola de
maneira espontaneísta, esvaziando-se em certo senso comum dos professores
decorrentes do processo de formação em que a perspectiva não priorizava o
letramento. Isso se não considerada nos processos de formação continuada passam
a fazer parte de uma visão consensual sobre o papel da educação e da escola, que
muitas vezes impede os avanços educacionais.
Todavia é na escola, um dos espaços primordiais, que ocorre a ampliação e
aprofundamento da leitura, da escrita e do uso social da língua. Nela se aprimora a
competência comunicativa3, a qual designa o conhecimento que a pessoa tem da
língua, quer dizer, o conhecimento do seu vocabulário corrente e do domínio das
regras com que a mesma língua processa o encadeamento das palavras na frase e
no discurso. Nesse sentido PRETI (1974), afirma:
Nas grandes civilizações, a língua é o suporte de uma dinâmica
social, que compreende não só as relações entre os membros da
3 Competência Comunicativa é, portanto a habilidade não apenas de empregar as regras gramaticais
de uma língua com o objetivo de formar sentenças gramaticalmente corretas, mas também, de saber
quando, onde e para quê usar estas sentenças. COSTES (1997), para que se tenha acesso a uma
discussão detalhada acerca da noção de competência comunicativa e, também, outra forma de
conceber os sistemas de conhecimentos que ela envolve.
comunidade, como também uma atividade intelectual, que vai desde o fluxo
informativo dos meios de comunicação de massa, até a vida cultural,
científica ou literária. ( PRETI, 1974, p. 7).
Ao longo do percurso o professor vai tornando-se um profissional único, não
sendo possível superar a dimensão pessoal da profissional, constrói sua identidade
baseada em saberes prático e teórico, com princípios e valores que podem ser
modificados ou perpetuados durante sua carreira profissional. Nas palavras de
PIMENTA (2002), a identidade profissional se constrói:
[...] pelo significado que cada professor, enquanto ator /autor
confere à atividade docente no seu cotidiano, a partir de seus valores, de
seu modo de situar-se no mundo de sua história de vida, de suas
representações, de seus saberes, de suas angustias e seus anseios, no
sentido que tem em sua visa o ser professor. (PIMENTA, 2002, p 19).
Ao problematizar os limites encontrados no processo pedagógico, bem como,
refletir as mudanças na sua prática pedagógica e, por meio da reflexão teórica
encontrar o aporte necessário para tornar o letramento uma prática social de
aprendizagem/interação. Nada pode substituir o trabalho do professor em sala de
aula. A interação entre educando/professor/conhecimento leva a construção das
aprendizagens e a descoberta de aspirações e necessidades dos educandos.
Vygotsky (1994) defende que a construção do conhecimento ocorre a partir de sua
interação na cultura, a criança vai se desenvolvendo por meio da interação social
com as pessoas e o meio sociocultural em que convive. Aprimorando as práticas
culturais estabelecidas, ela vai evoluindo para formas abstratas que a ajudarão a
conhecer, a controlar e a interagir na realidade. O autor destaca a importância do
outro na construção do conhecimento e na constituição do próprio sujeito e de sua
forma de agir. Portanto, a apropriação do conhecimento não é algo isolado das
vivências e tão pouco uma construção individualizada/solitária. Este só acontece na
interação.
Na pesquisa, ora desenvolvida, que partiu dos estudos dos pressupostos
teóricos metodológicos, embasados nos documentos oficiais que norteiam a ação do
professor, entre eles as DCE. (PARANÀ, 2008) esse processo de formação docente
abrangeu as concepções que orientam o ensino e a aprendizagem da língua
portuguesa, bem como, a apropriação e utilização do sistema de escrita enquanto
meio de interação social dos sujeitos. Tudo isso, foi pautado e discutido com os
professores nos momentos estudos e reflexões durante implementação da Proposta-
didática-Pedagógica na escola.
Um dos objetivos focados foi o de construir com os professores a perspectiva
do ensino da língua, por meio do letramento em todos os campos disciplinares. Essa
realidade, por sua vez orienta os educadores que trabalham em outras ciências do
conhecimento a reconhecer a importância da leitura e da escrita na formação dos
educandos sob o prisma dos diversos campos disciplinares. Afinal ler, interpretar e
escrever, no processo escolar, é forma de apropriação de diferentes linguagens
cientificas. Por exemplo, é tão importante estar apropriado da linguagem
matemática, quanto da história, da geografia, entre outras. Sob nosso entendimento,
a prática da leitura e da escrita, deve estar integrada a todas as áreas do
conhecimento humano, são linguagens a serem apropriadas pelos educandos na
perspectiva ser um letrado na sociedade. Permitindo-os autonomia progressiva da
linguagem e consequentemente o letramento.
Assim sendo, a promoção da leitura é uma responsabilidade de todo corpo
docente de uma escola. Ações isoladas, não superam e nem redimensionam as
práticas leitoras dos estudantes. A leitura e a escrita propiciam a circulação, a troca
de informações e a apropriação do conhecimento. Essas práticas não podem ser
tarefas exclusivas da língua portuguesa. As demais disciplinas que integram o
currículo não podem ser apenas transmissoras de um saber fragmentado e
desconexos das linguagens cientificas.
Nessa perspectiva, na segunda fase do Ensino Fundamental, faz-se
necessário refletir sobre o processo de letramento e a aquisição da linguagem nas
diferentes ciências trabalhadas. Os educandos precisam estar preparados para o
exercício da cidadania e da competência comunicativa, sendo que esta deve ser
entendida como as capacidades dos falantes em utilizar vários recursos linguísticos de forma adequada em situações comunicativas. A língua portuguesa precisa ser
trabalhada de modo que os educandos alcancem a condição de falante competente,
conheçam a nomenclatura, pois a decoreba e a memorização de regras é
insuficiente para a competência comunicativa.
Segundo TRAVAGLIAS (1996), a competência comunicativa implica na
capacidade que o falante tem de gerar sequências linguísticas e habilidades de
interagir e reproduzir bons textos. Já para ALMEIDA FILHO (2008), a aquisição da
competência comunicativa, parte dos conhecimentos e experiências que o educando
traz para a escola ocupando um papel central na aprendizagem, pela auto
descoberta, pelo domínio de regras gramaticais, chega-se a competência
comunicativa. Vale dizer que o professor pode aproveitar as diferentes teorias sobre
o ensino da língua e das linguagens das diversas ciências para viabilizar a
aquisição, competência comunicativa e os usos sociais dos conhecimentos, inclusos
da leitura e da escrita dos diversos gêneros textuais.
De acordo com os estudos linguísticos presentes nas Diretrizes Curriculares,
o ensino dos gêneros textuais que circulam socialmente, precisam ser priorizados na
escola, dando ênfase à prática da oralidade, leitura e escrita. Para o educando ter
compreensão do que é a língua escrita, torna-se necessário que as reflexões sejam
feitas a partir do texto, que é a unidade de estudo da língua. É preciso ir além,
exercer práticas de leitura e de escrita presentes nas diferentes esferas sociais.
Nessa nova dimensão, “o mundo da escrita ganha espaço e o termo letramento vem
juntar-se ao conceito de alfabetização”. Referindo-se a prática social da leitura e da
escrita. SOARES afirma:
Um indivíduo alfabetizado não é um individuo letrado: alfabetizado é
um individuo que sabe ler e escrever, já o indivíduo letrado vive em estado
de letramento, é, não só aquele que sabe ler e escrever, mas aquele usa
socialmente a leitura e a escrita, responde adequadamente as demandas
sociais da leitura e da escrita [...]. Enfim, letramento é o estado ou condição
de quem se envolve nas numerosas e variadas práticas sociais de leitura e
de escrita. (SOARES, 1998, pp.39 e 40).
O letramento é um desafio contemporâneo, diante de um grande aporte de
material impresso exposto à população. Assim, estar letrado, é participar da vasta
cultura escrita existente. Uma vez que, o ensino da língua portuguesa vista como
Expressão do Pensamento, priorizou por longo período, o ensino de regras da
gramática normativa e a análise de textos literários. Posteriormente passou a
denominação de Comunicação e Expressão, a língua sofreu alterações, como
exercícios estruturais, técnicas de redação e também treinamento para habilidades
de leitura oral. Com os estudos linguísticos, por sua vez, o ensino da língua deixa de
ser vista como sistema de regras estáveis para ser concebida como processo de
interação entre sujeitos. Isso vem ganhando corpo, embora não sendo em ritmo
desejável. “Por meio da língua o sujeito que fala, pratica ações que não conseguirá
levar a cabo, a não ser falando; com ela o falante age sobre o ouvinte, construindo
compromissos e vínculos que não preexistiam à fala”. (GERALDI, 2001, p. 41).
Portanto, o conceito de língua vai além do seu uso para expressar
pensamento e ainda mais do que possibilitar uma transmissão de informação de um
emissor a um receptor, a linguagem é vista como um lugar de interação humana.
Segundo CASTILHO (1998), essas duas primeiras concepções de linguagem e de
gramática, no seu conjunto, mostram a língua como um fenômeno homogêneo,
como um produto que deve ser examinado independentemente de suas condições
de produção. Já na terceira concepção a linguagem e a gramática mostram a língua
como um fenômeno heterogêneo, representável por meio de regras variáveis,
inspirada socialmente. A língua é, em síntese, uma enunciação um elenco de
processo.
Na perspectiva do letramento como modalidades de práticas sociais de
leituras e escritas, proporcionadas pelo momento atual, os sujeitos da aprendizagem
precisam estar preparados para ler, compreender e interagir diante de textos que
presentes em diferentes esferas sociais. (COSTA_HÜBES, 2008; VALENÇA, 2013).
Um professor, crítico e reflexivo, torna esse pensar significativo, vê além do
óbvio. Segundo Freire: “É pensando criticamente a prática de hoje ou de ontem que
se pode melhorar a próxima prática. O próprio discurso teórico, necessário à
reflexão critica tem que ser de tal modo concreto que quase se confunda com a
prática.” (FREIRE, 1996, p. 38-39).
3. IMPLEMENTAÇÃO DO PROJETO NA ESCOLA
3.1 A proficiência vista pela profissionalização docente em exercício
Para realizar o trabalho pedagógico, a escola está como espaço de
aprendizagem e o professor, como mediador do conhecimento. Sem eles qualquer
recurso didático ou proposta pedagógica não tem sentido. Isso requer do professor
um olhar sobre a realidade da escola e o pensamento voltado para a coletividade.
Os aportes teórico-metodológicos proporcionam aos educadores um novo pensar
sobre a educação.
À medida que o estudo com o grupo foi avançado o interesse e a
participação docente se cristalizava. Para um professor de matemática, o estudo
proporcionou uma nova visão do trabalho coletivo e a importância de aprimorar o
trabalho com a leitura e escrita para aquisição da linguagem. Nas palavras de outro
participante “para que o sujeito atue numa sociedade excludente a escola precisa
oferecer práticas de letramento condizentes com a realidade que o cerca”. Assim foi
possível verificar que a sociedade pode mudar a partir de um novo olhar sobre o
campo educacional.
Esses dados foram considerados elementos fundamentais, significativos e
asseguraram presença no estudo desenvolvido. Chamar o professor ao estudo
coletivo e a formação, é sem dúvida, dizer que a educação está em debate, embora
pareça desafiador.
Durante o estudo priorizou-se as concepções de ensino contidas nas
Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná (DCE), e demais referenciais teóricos
que discorrem sobre a formação docente, letramento e as práticas de oralidade,
leitura e escrita nos diversos campos disciplinares. As formas disponibilizadas foram
momentos de leituras individuais coletivas, debates referentes aos que foi proposto,
análise de material didático utilizado pelos educandos, tocas de experiências, vídeos
que traduziam o pensamento de autores pesquisadores das temáticas em estudo.
A elaboração deste trabalho envolveu a busca de dados sobre a formação e
prática docente referentes a leitura e letramento, gravação de depoimento de
professores quanto as expectativas do curso e a organização da proposta curricular..
No início do ano letivo, durante a semana pedagógica foi feito a apresentação
da proposta e das entrevistas realizadas com educandos e professores, também foi
estendido o convite aos profissionais de educação que atuam no colégio Estadual de
Marmeleiro a participarem da formação continuada. Assim a educação oferecida na
escola aos educandos toma nova dimensão, trilha novos caminhos e renova-se
constantemente.
O grande desafio para o momento é estabelecer políticas públicas capazes de
levar à superação dos problemas educacionais existentes. É evidente que o papel
do professor muda na perspectiva de ensino voltado para a prática social. Um
enfoque socialmente contextualizado pode conceder ao professor autonomia no
planejamento das unidades de ensino e na escolha de materiais didáticos.
O professor assume, nesse caso, um lugar no sistema educacional como
profissional que decide com base na observação, análise e diagnóstico da situação,
questões estas relativas à seleção dos saberes e práticas Uma mudança na atuação
do professor depende, necessariamente, de mudanças a partir do curso universitário
de formação.
Pode-se afirmar que a posição aqui defendida é/foi a de oferecer aos
profissionais da educação, a formação continuada, uma vez que pela pesquisa
realizada os resultados demonstram certas dificuldades que os docentes têm em
trabalhar com o letramento. O despreparo profissional para o trabalho com as
práticas de leitura, escrita e letramento geram inseguranças na aplicação da prática
docente.
A formação continuada é uma exigência nas atividades profissionais do
mundo atual, não podendo ser reduzida a uma ação compensatória de fragilidades
da formação inicial. A Universidade tem também um papel de compromisso com a
formação continuada dos docentes. As instituições universitárias se limitam a
ensinar o futuro professor a tomar decisões que visam a aplicação técnica de
conhecimentos científicos, como se assim fosse possível solucionar problemas da
vida real. Não tem como falar em educação de qualidade sem mencionar uma
formação continuada aos professores, juntamente com a formação inicial, uma
questão fundamental nas políticas públicas para a educação.
O professor tem um papel central, sendo este, responsável também pela
mudança, atitude e pensamento dos educandos. Isso requer aprimoramento
profissional, reflexões sobre a prática e que este seja também um pesquisador de
suas próprias ações.
O conhecimento adquirido na formação inicial se reelabora e se especifica na
atividade profissional para atender a complexidade e a diversidade das situações
que solicitam intervenções adequadas. Assim, a formação continuada desenvolve
uma atitude investigativa e reflexiva, sendo que o exercício da docência é um campo
de produção do conhecimento e aprendizagens que vão além da simples aplicação
do que foi estudado. Sendo assim, a formação continuada de caráter reflexivo,
considera o professor sujeito da ação, valoriza suas experiências pessoais, seus
saberes da prática, além de no processo, possibilitar-lhe que atribua novos
significados à sua prática e ainda compreenda e enfrente as dificuldades com as
quais se depara no dia-a-dia. Não se pode perder de vista a articulação entre
formação e profissionalização, uma vez que a política de formação implica ações
efetivas, no sentido de melhorar a qualidade do ensino, as condições de trabalho e
ainda contribuir para a evolução funcional dos professores.
Outra visão sustenta que no foco das averiguações mais atuais sobre
formação de professores, encontra-se como questão-chave a necessidade do
professor desempenhar uma atividade profissional ao mesmo tempo teórica e
prática, visto que:
A profissão de professor combina sistematicamente elementos
teóricos com situações práticas reais. É difícil pensar na possibilidade de
educar fora de uma situação concreta e de uma realidade definida. Por essa
razão, a ênfase na prática como atividade formativa é um dos aspectos
centrais a ser considerado, com consequências decisivas para a formação
profissional (LIBANEO, s/d, p.230).
Diante destas discussões, a profissão docente abrange singularidades que a
diferencia dos demais profissionais, ou seja, não é suficiente apenas carregar um
título acadêmico, é preciso dedicação, compromisso deste profissional consigo
mesmo, sob uma ação pautada pela ética e pelo compromisso de crescer tanto no
plano profissional quanto pessoal. É dessa forma, que a formação continuada
encontra o seu espaço nas necessidades pedagógicas, Libâneo afirma:
[...] a formação continuada pode possibilitar a reflexividade e a mudança
nas práticas docentes, ajudando os professores a tomarem consciência das
suas dificuldades, compreendendo-as e elaborando formas de enfrentá-las.
De fato, não basta saber sobre as dificuldades da profissão, é preciso
refletir sobre elas e buscar soluções, de preferência, mediante ações
coletivas. LIBÂNEO (s/d, p. 227)
Alguns professores deixaram transparecer que adotam em seu trabalho de
sala de aula uma prática didático-pedagógica de caráter empírico-intuitiva para
exercer a profissão docente de modo satisfatório. Entende-se que a formação inicial
se dá a partir da graduação e é base importante para o exercício da docência. Mas,
sendo insuficiente, requer do professor uma atitude de busca de uma formação
continuada, ao longo de todo o exercício profissional. Neste sentido, NÓVOA
(1992), afirma que:
A formação não se constrói por acumulação de cursos, conhecimentos ou técnicas, mas sim através de um trabalho de reflexividade crítica sobre as práticas e de (re) construção permanente de uma identidade pessoal. Por isso é tão importante investir na pessoa e dar um estatuto de saber a experiência. (NÓVOA,1992. P.25)
Nesta perspectiva, esta formação não depende apenas e diretamente de
cursos propostos pela instituição a qual o professor esteja vinculado. Outros fatores
interferem dificultam o processo de formação. Todavia, é preciso que a formação
continuada seja vista como uma prática docente, visando à melhoria do ensino,
porque, ser professor, é muito mais que ser um profissional do ensino.
A formação dos professores está relacionada com o trabalho docente das
agências formadoras, estas instituições de ensino superior formam profissionais que
retornarão para as redes escolares, dando sequência ao ciclo de ensino e utilizando
a formação que tiveram em sua graduação. Portanto, se não houver prioridades na
realização de cursos adequados, consequentemente resultará em formações de
profissionais insatisfeitos para atuarem na rede de ensino. As condições de trabalho
e as experiências práticas nas escolas influenciam diretamente a sua formação em
processo, por isso a importância da realização dos estágios (SAVIANI, 2009).
Saviani (2009), afirma ainda que o grande desafio é conseguir atingir
formações de professores e condições de trabalho adequadas, sendo que são
necessários recursos financeiros suficientes, ao mesmo tempo, as políticas estão
sempre buscando a redução de custos, cortando investimentos que poderiam tornar
possíveis os que proclamam necessário, uma sociedade em busca do
conhecimento.
Pelo estudo de formação docente realizado nesta pesquisa, constatou-se que
vários documentos oficiais discutem a leitura e a escrita enquanto processo de
formação do leitor. Entre eles temos as Diretrizes Curriculares estaduais – DCE
(PARANÁ, 2008). O conceito de leitura apresentado nesse documento é a
Concepção Interacionista e no Colégio Estadual de Marmeleiro nem todos os
professores procuram priorizar essa prática.
As estratégias de leitura não podem ser esquecidas quando a leitura é
trabalhada no contexto escolar. Alguns autores, LEFFA (1996), KLEIMAN (1999),
apresentam propostas para que a leitura possa ser trabalhada na perspectiva
interacionista dando ênfase para o tripé autor-texto-leitor. De antemão, o trabalho
com a leitura deve ter a finalidade de formar leitor competente. O educando
necessita passar pelas fases de formação, lendo diferentes textos até atingir níveis
mais avançados, para no momento da leitura fazer inferências enquanto leitor
competente.
O diálogo entre os conhecimentos ensinados na escola e os trazidos pelos
educandos precisa ser defendido e priorizado na concepção de linguagem
apresentada nas DCE (Paraná, 2008).
Na sala de aula é necessário analisar, nas atividades de interpretação e
compreensão de um texto: os conhecimentos de mundo do educando, os
conhecimentos linguísticos e a situação comunicativa, os interlocutores
envolvidos, os gêneros e a esfera social, o suporte em que o gênero está
publicado, entre outros (intertextualidade). (PARANÁ, 2008, p. 73)
Se o contexto escolar for considerado como ambiente de múltiplas formas de
interlocuções com textos, as DCE apresentam alguns aspectos a serem
considerados nas propostas de atividades de leitura: De acordo com SOUZA (2010),
as diversas versões das Diretrizes Curriculares Estaduais de Língua Portuguesa
adotam a Teoria Enunciativa de linguagem que, no Brasil, nos aspectos relativos ao
ensino de línguas, assume a nomenclatura de interacionista. Para as DCE
(PARANÀ, 2008, p. 1-81), “[...] é animador o fato de a maioria dos professores
reconhecer que, no atual contexto, a concepção/teoria que mais se presta ao
processo de ensino aprendizagem de língua é a Interacionista ou da
Enunciação/Discurso” (PARANÁ, 2008).
Diante do exposto, percebe-se a preocupação em efetivar o processo de
leitura centrado no diálogo, com ênfase na formação e desenvolvimento do leitor, a
partir da concepção internacionalista.
Durante implementação da unidade didática pedagógica, cada professor teve
oportunidade de relatar como a leitura está sendo trabalhada na sua disciplina de
atuação. Cabe lembrar que a escola tem um projeto de leitura com uma hora/aula
semanal onde os educandos leem independente da disciplina. No momento está
sendo oferecido momento de leitura, mas na prática isso pouco acontece. Alguns
professores que não priorizam a leitura como prática no seu dia a dia sentem
dificuldade em conduzir esses momentos de leitura na sala de aula. Assim, o
trabalho coletivo fica fragmentado e comprometido. Já para alguns professores esse
é um momento único, os estudantes estão se habituando a ler, demostram interesse
e esperam por esse momento. Para outros docentes, esse momento precisa ser
revisto, há falta de interesse dos educandos e compromisso de alguns educadores.
A proposta apresentada nas DCE (2008), a leitura se constitui, “no ato de recepção”,
sendo o texto uma responsabilidade significativa e o leitor, um atualizador dos
sentidos por meio de atividades responsivas.
A prática de leitura feita no espaço escolar vem sofrendo inúmeras críticas,
embora mereça destaque, uma vez que deve ter prioridade e ser ensinada por todos
os professores em qualquer área do conhecimento. Os educadores sabem que a
prática da leitura é importante para a apropriação do saber. Essa situação reflete a
própria formação do professor que se dá sobre uma área especifica do
conhecimento. O professor como mediador do conhecimento precisa orientar o
educando a estabelecer relações, a interpretar o que lê. Assim, torna-se necessário
apontar estratégias de leitura que conduz o educando a atingir a competência
comunicativa.
Para isso, segundo ROJO (2004), o professor precisa ativar a capacidade
leitora do estudante, falar sobre o tipo de material (livro/texto) a ser lido, apontar
finalidades e intenções do autor, contextualizar o que foi produzido, levantar
hipóteses, ativar os conhecimentos prévios, enfatizando também os valores éticos,
sociais e culturais presentes na leitura, para que o educando possa relacionar o
conhecimento adquirido com suas vivências, transformando-se em um ser crítico e
participativo.
Os professores participantes vivenciaram a prática de analisar o material
didático utilizado na escola e verificaram qual concepção de leitura está sendo
proposta para ser trabalhada com os educandos. Reorganizaram a metodologia para
melhor trabalhar com a leitura uma vez que a perspectiva interacionista não está
comtemplada em grande parte do material analisado.
O ato de ensinar a escrever deve ser considerado e compreendido pelo
professor como uma necessidade de escrever. Isto é, implica sempre saber por que
escrever, o que escrever, para que escrever e o que se escreve. O uso eficaz da
língua escrita atende as mais variadas necessidades pessoais, determinadas de
acordo com as demandas sociais de cada momento histórico. Atualmente, a
sociedade deu a palavra escrita uma nova e revolucionária dimensão. Apesar de
evoluir ao longo da história a escrita é um instrumento que fixa, conserva e aprimora
a língua.
A escrita alfabética é caracterizada pelo uso de letras. O sistema de escrita
alfabética usado hoje provém do sistema greco-latino, derivada da escrita fenícia.
Verificamos nas palavras de KATO (1986), que embora haja inúmeras variedades de
alfabeto no mundo que apresentam diferenças formais externas, todas ainda usam
os mesmos princípios estabelecidos pela escrita grega.
A utilização da escrita pelo educando, para registrar o saber produzido pela
humanidade, vem acompanhada por uma transformação gradativa. Inicia a partir do
processo de assimilação (alfabetização) e vai criando possibilidades de gerar novos
conhecimentos a partir do acervo já disponível. O importante nesse contexto é que o
professor consiga desenvolver nos aprendizes a competência comunicativa, ou seja,
a capacidade de empregar adequadamente a língua, nas mais diversas situações
comunicativas. O ato de escrever exige planejamento e verbalização do pensamento
enquanto escreve para que o texto torne-se legível no momento da leitura que é
deter minada pelo ritmo individual de cada leitor.
O tema em estudo é longo e temos muito a complementar. Mas voltando o
olhar para as concepções do ensino da Língua portuguesa, percebemos que ela
também passou por diferentes concepções de língua e de gramática onde o
momento histórico estava representado. Entre essas concepções estão: a língua
como Expressão do Pensamento, a língua como Instrumento de Comunicação e a
língua como Forma de Interação. (C0STA-HÜBES, 2008; VALENÇA, 2013)
A escola procura cada vez mais oportunizar o uso da escrita. Isso significa
dizer que o cidadão não consegue mais viver sem o contato direto com a escrita,
seja ela virtual ou mecânica. Nessa visão CARVALHO (2004), diz que: “na língua
tudo é socializado. Isso significa dizer que o falante, escritor de uma comunidade,
precisa aceitar o que o seu grupo linguístico consagrou”.
Na segunda concepção de língua como, Instrumento de Comunicação,
diferentemente da pedagogia tradicional, embora privilegiasse o estudo da gramática
normativa e a variante padrão, afastava o educando vindo de classes populares,
menos favorecidas. O educando passa a ser o centro das atenções. O professor é
um técnico que organiza e transmite as informações e o educando recebe, aprende
de forma isolada as regras e fixa o conhecimento. De acordo com as DCE (2008),
nessa concepção, a educação gerou um ensino baseado em exercícios estruturais
de memorização.
O estudo da literatura nessas concepções de ensino da Língua Portuguesa,
conforme apresentada nas DCE (2008), eram as antologias literárias, com base nos
cânones.
Apresentamos agora a terceira concepção, entendida como Forma de
Interação ou Interacionista. Defende uma pedagogia cujo lócus é a interação
humana que leva a uma reflexão acerca dos usos da linguagem oral e escrita como
meio de interação e inserção na sociedade. Segundo SAVIANE (2007, p. 420): “A
prática social, põe-se, portanto, como ponto de partida e ponto de chegada da
prática educativa”. A linguagem centra-se como lugar das relações sociais nas
práticas discursivas.
Esta concepção defende o estudo linguístico denominado, Linguística da
Enunciação. A gramática sendo vista como um conjunto de variação e estudos
linguísticos que precisa ser articulada com do texto oral e escrito. Sendo assim,
pode-se dizer que a língua é um jogo interativo, cujas regras estão no interior do seu
funcionamento. A língua é defendida como produto social, possibilita a comunicação.
Sendo social ela independe dos sujeitos que a usam, mesmo considerando a
existência das variações.
Portanto, o conceito de língua vai além do seu uso para expressar
pensamento e ainda mais do que possibilitar uma transmissão de informação de um
emissor a um receptor, a linguagem é vista como um lugar de interação humana.
“Por meio da língua o sujeito que fala, pratica ações que não conseguirá levar a
cabo, a não ser falando; com ela o falante age sobre o ouvinte, construindo
compromissos e vínculos que não preexistiam à fala”. (GERALDI, 2001, P. 41).
Durante o processo da formação docente, foi também analisado no material
didático adotado pela escola e verificado que esta concepção foi priorizada pelo
autor, uma vez que está sendo instrumento de ensino-aprendizagem. Então
discutiram o que pode ser modificado.
O desenvolvimento e aprimoramento da escrita vêm modificando-se dentro da
área educacional, ele acompanha certas formas e necessidades sociais,
econômicas políticas do país, mas não impede a busca da proficiência.
De acordo com SOARES (2004), “Alfabetização” é a aquisição convencional
da escrita e “Letramento”, função social da escrita, que oportuniza a criança
apropriar-se do sistema de escrita e da leitura, sendo possível assim, participar da
cultura escrita.
O termo letramento dentro da área da educação pode ser considerado
recente, referir-se ao sujeito que é capaz de ler relacionando as informações como
contexto. Ser letrado é, portanto, participar ativamente e inserir-se numa sociedade
letrada.
O grande desafio é entender que, falamos de um jeito e escrevemos de outro.
No contexto de alfabetização as situações comunicativas de oralidade, leitura e
escrita precisam ser envolvidas. Expandir esse objetivo deve ser meta de todo o
professor, que visa à aprendizagem do educando.
A alfabetização é o início da busca de habilidades para chegar à competência
comunicativa. O letramento é um processo contínuo, precisa ir além das séries
iniciais. O centro das discussões refere-se ao uso das metodologias e concepções
utilizadas para alfabetizar. É preciso priorizar o uso da oralidade e da escrita em
contextos sociais. “A tendência no mundo é ensinar lendo e escrevendo do todo
para as partes”, BOZZA (2008), especialista em alfabetização e consultora em
metodologia de ensino da língua portuguesa. Não se pode falando em alfabetização,
esquecer as metodologias fônicas, complementa a autora.
A leitura e a escrita são processos complexos, devem ser planejados,
organizados, é tarefa contínua de todos os que buscam a aprendizagem
significativa. O nível de letramento varia para cada pessoa, é um termo complexo,
prévio e do grau de compreensão do sujeito nas práticas de leitura e escrita. Por
meio e uso dessas práticas o indivíduo pode tomar consciência da realidade
podendo transformá-las, ou seja, promover mudanças sociais.
Um sujeito é considerado letrado quando faz uso das práticas sociais de
leitura e escrita, portanto, não lê sempre da mesma forma, precisa contextualizar as
informações, assim, torna-se um sujeito proficiente. Temos hoje um termo novo na
questão de aprendizagem, é o letramento digital, este não substitui o letramento
tradicional, mas acrescenta uma série de conhecimentos. Segundo SOARES, (2004)
o processo de alfabetização no Brasil passou por sucessivas mudanças conceituais
e metodológicas.
Atualmente estamos vivenciando um novo momento na educação básica
quando se trata de alfabetização e letramento. Com a aplicação do PENAIC,
proposto como uma política pública do governo federal, que tem por objetivo
alfabetizar a criança até oito anos. Um momento como este é, sem dúvida,
desafiador. O Letramento, enquanto condição de ascensão social do sujeito precisa
ser trabalha de todos na Escola.
4. SOCIALIZAÇÃO DO PROJETO NO GTR
A partir das discussões ocorridas durante os estudos do (GTR) Grupo de
Trabalho em Rede, percebeu-se que é necessário valorizar o conhecimento que o
educando possui ao ingressar na II Fase do Ensino Fundamental e oportunizá-lo a
ampliar sempre mais seus conhecimentos linguísticos no decorrer da vida escolar
para que as dificuldades apresentadas por diferentes motivos sejam na medida do
possível minimizadas. Para um cursista: “[...] refletir o nosso papel enquanto
educador é algo interessante e precisa ser uma constante no trabalho docente.
Assim somos capazes de observar e fazer reflexões sobre nossas ações enquanto
educadores. A partir da década de 90 com a chamada „Educação para todos‟, a
escola vem sofrendo consequências que precisam ser observada e revistas. O atual
sistema educacional exige que o saberes transmitidos pela escola atinja a todos os
educandos. Acredito que enquanto professor a luta é para que isso
aconteça.[...]”. Um outro cursista conclui com estas palavras: “Realmente o processo
do Letramento antecede o processo de aprendizagem na escola, ele ocorre em
diferentes situações. Na escola o professor é o mediador, daí a necessidade de
haver um bom entrosamento entre o docente e os educandos para que a
aprendizagem aconteça.” As discussões e apontamentos feitos no GTR, firmou a
importância do estudo sobre a temática do Letramento bem como, da formação
docente em exercício.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo dessa temática proporcionou ao grupo de professores em exercício,
no Colégio Estadual de Marmeleiro – PR, uma reflexão sobre a prática em sala de
aula, vindo esta a contribuir para o sucesso da aprendizagem dos educandos.
Através da realidade que se faz presente nas escolas é fundamental que os
professores compreendam a importância do Letramento para assim desenvolver as
práticas educativas visando à inserção social do sujeito.
. Formar sujeitos reflexivos, atuantes e capazes de interagir no seu espaço
de vivência é uma das funções que a escola precisa evidenciar. O fato de estar
envolvido nesse processo faz com que nem sempre tenhamos um olhar crítico para
a tentativa de mudança. A apropriação da linguagem é efetivada ou afetada
ideologicamente pelas escolhas que são realizadas e priorizadas pelos
educadores.
O trabalho docente é complexo, único e contínuo, devendo este ser
compartilhado entre os sujeitos num movimento histórico inesgotável. Com base
nestes princípios visando qualificar o ensino na escola pública é que foi construída
esta proposta de formação docente, cuja finalidade é contribuir para a qualidade do
trabalho docente, e uma compreensão mais ampla das demandas educacionais
vigentes.
O estudo evidencia que, apesar da insegurança e do despreparo para o
trabalho na perspectiva do Letramento, essa temática precisa ser levada a
discussão os cursos de formação docente, de modo que gere reflexões. Foram
feitos importantes apontamentos sobre as dificuldades, incertezas, o desinteresse
de alguns docentes, além das limitações na própria formação profissional. Aliados
a esses fatores constatou-se também a necessidade do trabalho coletivo
envolvendo os diferentes campos disciplinares, onde a leitura e escrita são
essenciais para o desenvolvimento dos educandos.
As leituras dos referenciais teóricos realizadas nesse período indicam que o
letramento no espaço escolar, especialmente na II Fase do Ensino Fundamental,
ainda se configura de forma restrita uma vez que a temática requer atenção e
torna-se desafio. Os professores participaram de uma nova experiência de
formação continuada
Concluímos então, que foi de momento proveitoso para a interferência e
formação. O exercício da docência necessita de contínua formação, assim a prática
educativa é aprimorada e efetivada com sucesso.
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