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Universidade Metodista de São Paulo Cátedra UNESCO/UMESP de Comunicação para o Desenvolvimento Regional
Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação
PENSACOM BRASIL – São Bernardo do Campo, SP – 16 a 18 de novembro de 2015
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Reflexão Histórica da Relação do Homem com o Infográfico1
Paula Carolina Rabelo VINHAS2
Kátia ZANVETTOR3
Universidade do Vale do Paraíba, São José dos Campos, SP
Resumo
Este estudo traz um panorama da relação do homem com a ferramenta infográfico
apresentando essa trajetória no contexto histórico da comunicação. Iniciamos o estudo
buscando os elementos pré-infográficos ou infográficos primitivos que auxiliaram na
formação da ferramenta entre os séculos XIX e XX, seguindo para o desenvolvimento
da infografia no Brasil. Procuramos analisar durante cada uma destas etapas as
necessidades informacionais que levaram o homem a utilizar a infografia como
ferramenta de transmissão da informação jornalística e o antagonismo histórico presente
entre os elementos gráficos e textuais. Por fim, analisamos o cenário atual do jornalismo
e a crítica a objetividade, refletindo sobre o papel do infográfico como contraponto à
informação superficial.
Palavras-chave: infográfico; linguagem jornalística; história da infografia.
Introdução
A evolução da comunicação está ligada a evolução do homem e suas tecnologias.
Conforme crescemos como sociedade e desenvolvemos tecnologias mais complexas, os
meios de comunicação se transformam e se adaptam às possibilidades tecnológicas
criadas pelo homem, cumprindo um papel de extensão do corpo humano.
Por tecnologias entendemos instrumentos e métodos criados pelo homem para
solucionar problemas. Desde o homem primitivo e a descoberta do fogo, até soluções
atuais como a energia nuclear.
O que é o rádio, se não uma forma de ampliar a capacidade de falar - e de ouvir
- para mais indivíduos do que pode alcançar o som da voz humana, mesmo
amplificada por um megafone? Um lápis é a extensão de um dedo usado para
pintar as paredes de uma caverna. (…) O telefone ligou pessoas por meio de
fios, e hoje os celulares dispensam essa tecnologia e transmitem som e imagem
de e para qualquer ponto do planeta. E a TV? Telever nada mais é do que ver a
distância. O que significa que de onde estamos podemos receber som e imagem
1 Trabalho apresentado no GT História da Comunicação, do PENSACOM BRASIL 2015.
2 Estudante de Graduação 8°. semestre do Curso de Jornalismo da FCSAC-Univap, email: paulacvinhas@gmail.com
3 Orientador do trabalho. Professor do Curso de Jornalismo da FCSAC-Univap, email: katia.zanvettor@gmail.com
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em movimento de nossa vizinhança ou de pontos remotos em relação ao nosso.
(GONTIJO, 2004: 11)
Gondim (2012) explica que apenas o ato de se transmitir uma informação, não pode ser
considerado comunicação. Para que a comunicação aconteça é necessário que haja um
receptor para decodifica-la, podendo este ser intrapessoal, interpessoal, grupal ou
midiático. Mas, independente de quem transmite e quem recebe a mensagem, o que
iremos refletir neste capítulo é o desenvolvimento e a adaptação de um desses meios de
transmitir a mensagem: a imagem associada a informação, mais especificamente a
imagem como infográfico.
Para tal reflexão será apresentado uma perspectiva de fatos históricos que pretendem
mostrar a relevância do uso da imagem e introduzir o infográfico e seu desenvolvimento
em uma linha do tempo.
A imagem no passado
A comunicação através de imagens não é exclusiva da nossa época, desde a pré-história
o homem utiliza de desenhos e símbolos para passar uma mensagem. A comunicação
entre hominídeos se inicia com o que Gontijo (2004) chama de intenção, onde usando
de gestos, olhar, expressão corporal e até alguns grunhidos, o homem pré-histórico
transmite sua mensagem para o outro. Conforme ele se desenvolve e passa a conviver
em grupos, a fim de prezar por sua sobrevivência, a comunicação mais uma vez se
aprimora surgindo o princípio da linguagem oral. Em paralelo a isto, o homem passa a
viver em cavernas e melhora suas tecnologias, fabrica utensílios com a técnica Lavallois
de lascar o sílex e deixa registros nas paredes, as pinturas rupestres.
Apesar de não sermos capazes de decodificar a mensagem deixada por nossos
antepassados pré-históricos, alguns dos símbolos presentes ainda são intuitivos em
nossa cultura e nos permitem entender mais da flora e fauna daquela época.
Essas pinturas provêm de um processo consciente, intencional e demonstram
como aquelas pessoas registravam suas impressões sobre o mundo e sua
história para seus descendentes. É evidente que cada traço desenhado em
pedras por nossos ancestrais tinham significados. (GONDIM, 2012: 8)
Neste ponto a pintura rupestre gera uma divergência entre os pesquisadores, mesmo
sendo considerado um ato consciente e de registro histórico como apontou Gondim,
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Gontijo (2004) explica que por não haver uma padronização dos símbolos, alguns
pesquisadores não consideram a pintura rupestre uma forma de escrita.
Figura 1: Pintura rupestre / Fonte: Site brasilescola.com
Porém é importante observar que a primeira forma de registro deixada pelo homem foi
através da imagem, onde parte dos ícones visualmente fiéis a realidade, continuam
sendo cognitivos a nossa cultura.
A pré-história se encerra dando início a história à 3500 a.C com o advento da escrita.
Apesar da escrita cuneiforme, criada pelos sumérios, ter sido considerada a primeira
forma de escrita e também utilizar de símbolos, ela não será enfoque deste estudo
devido seu caráter abstrato, que se aproxima mais do nosso alfabeto (que usa de
símbolos abstratos) do que da imagem.
A forma de escrita que ressaltaremos aqui foi criada 500 anos depois pelos egípcios: os
hieróglifos.
Os hieróglifos utilizavam de três tipos de signos para compor sua mensagem: os
pictogramas, desenho que representavam seres ou objetos que quando unidos podiam
expressar ideias; os fonogramas, que representavam sons; e os determinativos que
indicavam a qual categoria pertence o objeto ou ser anteriormente registrado
(GONTIJO, 2004).
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Figura 2: Livro dos mortos / Fonte: The Guardian
Observamos então uma forma de escrita que consegue mesclar o uso dos caracteres
abstratos e a imagem na composição de sua linguagem, usando de soluções gráficas
muito semelhantes as que ainda utilizamos nos dias de hoje.
De Pablos (2010) reconhece a importância da estrutura criada pelos egípcios e a
considera como uma “infografia primitiva” devido às ilustrações que acompanham e
fazem alusão ao texto.
Guimarães (2006) vai mais além ao explicar que a produção egípcia contava com a
informação separada por colunas, que eram conduzidas por filetes. E a hierarquia da
informação contida em cada papiro podia ser medida de acordo com o tamanho e o
detalhe da ilustração que acompanhava o texto, semelhante ao realizado na estrutura de
página dupla e página simples em revistas atuais.
Com isto observamos que ainda no princípio da comunicação escrita, o homem já
buscava soluções para a transmissão da informação usando de elementos pré-
infográficos. E durante este período, ainda não há um antagonismo entre imagem e
texto, a comunicação escrita é uma combinação destes dois elementos de acordo com a
necessidade da informação a ser registrada.
Durante a idade média os livros eram produzidos através de um processo manual
realizado pelos monges copistas, estes não necessariamente sabiam ler, podiam estar
apenas realizando uma cópia dos caracteres, sem o conhecimento do que estava escrito.
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Logo, escrever ou ilustrar uma página possuía graus de dificuldade semelhantes, já que
ambos se tratavam de “desenhar” uma letra ou um objeto.
Apesar disto, as iluminuras, técnica de arte utilizada na ilustração e ornamentação dos
manuscritos, não eram tão frequentes nos livros. Já que estes, em sua maioria,
pertenciam a igreja e neste momento histórico ocorre um debate acerca da adoração de
imagens (GODOI; VISALLI, 2009).
Assim se inicia uma separação e disputa entre a imagem e o texto, que se tornou mais
evidente com o surgimento da prensa em meados de 1455, onde texto e imagem passam
a ter processos de produção distintos. A limitação dos tipos móveis atribuiu uma
vantagem à escrita verbal, pelo fato de que a imagem continuava um processo manual.
Mesmo com as dificuldades de produção atribuídas a imagem, ela não é completamente
extinta ainda por sua capacidade de assimilação por analfabetos. Sancho (2001) explica
que a prensa de Guttenberg vai aumentar a produção de livros e incentivar a
alfabetização de uma população ainda em sua maioria analfabeta. Por este motivo,
ilustrações em xilogravura, como por exemplo a Bíblia Pauperum, se tornam um recurso
comum em livros para nobres e clérigos ainda em processo de alfabetização.
Durante a revolução industrial, o forte processo de industrialização e o aumento
populacional nas cidades, gera uma demanda por informação para um público em
processo de alfabetização. Os jornais aumentam suas produções e usam a imagem na
transmissão da informação, devido a pressão imposta por este novo público ainda não
familiarizado com a leitura.
Kanno (2013) explica que em 1850 as informações numéricas e o uso de estáticas
ganham força no controle e planejamento social, político e econômico. Assim, com o
aumento das publicações científicas, surge um campo fértil para o desenvolvimento de
estéticas apresentadas em gráficos abstratos como os de linha, barra e pizza.
Alguns fatos históricos demonstram o uso do gráfico para apresentar uma informação
científica ao público não especializado. Em 1855 o médico John Snow após compilar os
casos de uma epidemia de cólera na cidade de Londres, que até o momento tinha sua
transmissão atribuída às correntes de ar, percebe uma concentração dos casos da doença
ao redor do local de abastecimento público de água. Tendo uma comprovação gráfica
visual, ele conseguiu associar o foco da doença ao sistema de distribuição de água,
fechar a bomba de agua e acabar com a epidemia.
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Outro caso semelhante aconteceu em 1857 quando a enfermeira e matemática Florence
Nightingale que cuidava de militares após a Guerra da Criméia, passou a registrar o
número de mortos por doenças e ferimentos. Ao final seu registro gráfico foi utilizado
em campanhas para melhorias das condições sanitárias no Exército.
Figura 3: Gráficos realizados por John Snow e Florence Nightingale
Estes são apenas alguns exemplos do uso do gráfico na transmissão da informação
científica, o benefício do uso de elementos gráficos para tornar a informação visual e
melhorar a comunicação científica.
O desenvolvimento gráfico
O desenvolvimento da infografia é comumente atribuído ao avanço tecnológico na
produção do impresso, tendo como um dos principais marcos a popularização dos
computadores nas redações em 1984, entretanto acreditasse que o primeiro infográfico
tenha sido produzido em 1806 no jornal londrino The Times, a infografia “The Blight’s
House” ilustrava os passos de um assassinato dentro de uma residência às margens do
Rio Tâmisa (TEIXEIRA, 2011).
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Figura 4: Infográfico “The Blight’s House”
Neto (2007) explica que este período - meados do século XIX - se mostrou propício ao
desenvolvimento da comunicação visual devido ao crescimento do número de pessoas
nas cidades e a alfabetização, que fizeram aumentar a quantidade de leitores e trouxe
novo conteúdo aos jornais.
O crescimento do número de pessoas nas cidades fez com que fosse necessário
informar aos cidadãos, por meio de composições visuais, as regiões de uma
determinada localidade, os novos produtos que surgiam e que eram de utilidade
para o grande público - por meio de anúncios -, além das notícias importantes
para os habitantes urbanos - tais como as que tratavam de doenças da época.
(NETO, 2007: 3)
Durante os anos 70 os departamentos de artes começaram a ser estruturados na maioria
das revistas e jornais norte-americanos. A Times foi uma das primeiras a aderir ao uso
do infográfico, tornando-o presente desde 1930. Em 1982, inspirados no estilo da
Times, surge o novo projeto gráfico da USA Today, que obteve um sucesso de tiragem
e circulação, influenciando outros jornais aderirem ao novo modelo.
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Este movimento inovador do USA Today - e o êxito obtido em termos de
tiragem e circulação - influenciou jornais de vários países, entre eles o Brasil, e
um exemplo claro era a presença constante dos snap shots - gráficos pequenos,
de duas colunas e leitura rápida, que vinham sempre nas primeiras páginas -
uma marca do USA Today que também estava presente na Folha de S. Paulo,
pós-reformas dos anos 80. (TEIXEIRA, 2011: 3)
O projeto gráfico da USA Today era uma resposta do meio impresso ao crescimento dos
equipamentos de televisão que começavam a dominar o mercado, ele revolucionou o
design dos jornais usando fotografias, infográficos, cores e textos mais curtos, buscando
atender os anseios de uma geração já acostumada com a linguagem televisiva.
Figura 5: Comparativo visual dos jornais
O Brasil teve seu desenvolvimento gráfico tardio devido a uma resistência histórica dos
jornais, onde os recursos visuais eram delegados a funcionários sem formação na área
gráfica (QUADROS, 2004). Um estudo realizado no jornal Folha da Noite indica que os
impressos produzidos em 1921 eram em sua maioria blocos herméticos de texto com
pouco ou nenhum espaço em branco e o único recurso gráfico presente eram arabescos
em art nouveau, utilizados principalmente no nome do jornal (NETO, 2007).
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Figura 6: Evolução do jornal / Fonte: Quadros (2004)
Em 1925 os jornais passam a sentir medo de perder o seu público para a televisão, por
este motivo iniciam mudanças no visual do jornal, implementando as primeiras fotos em
preto e branco nas páginas dos impressos. Mas foi apenas na década de 40 que o Jornal
Brasil realizou uma reformulação gráfica - com a ajuda do artista plástico Amilcar
Castro - que irá se tornar um divisor de águas e referência no desenho da informação no
país (QUADROS, 2004).
Entre os anos 50 e 60 a maioria dos jornais brasileiros aderiu a reforma gráfica,
deixando para trás os blocos herméticos de texto rebuscando e adotando uma
abordagem visual muito mais próxima das técnicas publicitárias.
Nos anos 80 a chegada do computador Macintosh irá colaborar com a evolução do
infográfico. O processo que antes era artesanal ganha velocidade e praticidade nos
computadores, para nos anos 90 se firmar nos grandes jornais, principalmente de São
Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre com as infografias de guerra.
Usar os infográficos para cobrir o conflito, apesar de toda polêmica gerada,
acabou sendo o melhor recurso disponível diante da ausência dos modelos
tradicionais e da censura imposta e isto popularizou a linguagem que aos
poucos foi se tornando mais comum. (TEIXEIRA, 2011: 4)
Além do infográfico, as páginas agora também eram coloridas, de maneira que as cores
também se tornaram um recurso para transmissão de uma ideia. Arbex Jr. (apud
NETO,2007) argumenta que essas mudanças gráficas se deram com o objetivo de
transformar o jornal em uma “televisão impressa”.
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A era da informação ou da ansiedade?
Se no passado os impressos disputaram o público com a TV, agora um novo meio entra
em campo, a internet. Amadeu (2001) explica que durante os anos 90 o alastramento da
comunicação em rede inicia uma revolução informacional, que diferente das anteriores
que alteravam a capacidade física humana, esta transforma nossa relação com o espaço
e tempo e esta diretamente ligada a comunicação.
Sabemos o que acontece em tempo real no mundo todo, estamos constantemente sendo
expostos à informações e produzindo informações. Os pontos positivos que
caracterizam a era da informação, também são o que fazem o especialista em design de
jornais Daryl Moen, autor do livro Newspaper & design, refletir e criticar este novo
momento.
Os jornais são muito lentos para os torcedores, que recorrem a outros meios em
busca de informação sobre esportes. A televisão é muito lenta para os
empresários, que podem obter informação econômica nos computadores.
Empresas jornalísticas compram empresas a cabo. Empresas a cabo compram
empresas de entretenimento. As grandes empresas parecem devorar as
pequenas num intento de chegar antes na próxima Era da Informação. Porém, a
Era da Informação se transforma na era da Informação da Ansiedade, o buraco
negro - segundo Saul Wurman - entre os dados e o conhecimento. (MOEN
apud QUADROS, 2004:5).
Conclusão
A chamada “era da informação” criou um novo perfil de consumidor da informação,
onde mais uma vez a comunicação irá se adaptar à nova tecnologia presente (a internet)
e necessidades informacionais.
Durante este artigo observamos que esta transformação não é exclusiva do nosso tempo.
Houve um momento semelhante com a chegada da televisão, quando os jornais
realizaram reformas gráficas para tornarem seu conteúdo mais atrativo e não perderem
os leitores.
Bourdie (1997) realiza uma crítica a este novo consumidor da informação, observando
que a equação “mais informação, menos tempo” gera uma superficialidade do fato e
anula a reflexão. A observação do autor nos ajuda a refletir que ainda que tenhamos a
ferramenta para nos comunicarmos sem as barreiras do espaço e tempo, estamos
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limitados por como nos comunicamos. Ou seja, é preciso refletir sobre o excesso de
informação que muitas vezes amplia a ansiedade e pouco informa.
Seria o infográfico, uma ferramenta que propõem uma leitura mais cognitiva e
amigável, capaz de auxiliar na transmissão da informação? Tornando menos superficial
a equação “mais informação, menos tempo”?
Essas são questões ainda não foram completamente respondidas, mas acreditamos que a
relação imagem e texto, principalmente quando aplicada como infográfico, se melhor
pesquisada poderá colaborar com tal reflexão.
Por se tratar de uma ferramenta que não possui uma origem ou criador específico, seu
uso foi ocorrendo de acordo com as necessidades informacionais do homem, sem que
fosse delimitado o que de fato é o infográfico, quais suas potencialidades e como deve
ser utilizado.
Em particular, no caso do jornalismo, o infográfico deve ser tratado com ainda mais
cautela devido seu potencial de transmissão da informação, que pode gerar um sentido
dúbio ou incorreto quando mal utilizado.
Referências
BOURDIE, P. Sobre a Televisão. Editora Zahar, 1997.
DE PABLOS, J. M. Infoperiodismo, El periodista como creador de Infografia. Madrid: Sintesis,
2010.
GODOI, P. W.; VISALLI, A. M. Ilustração e devoção: Estudo sobre iluminura mariana no
lecionário de Reims. VIII Jornada de Estudos Antigos e Medievais. Maringa, 2009.
GONDIM, C. G. Pinturas Rupestres, A representação da imagem do homem primitivo. Revista
Temática, v. VII, n.04, 2012.
GONTIJO, S. O livro de ouro da comunicação. Rio de Janeiro: Editouro, 2004
GUIMARÃES, L. Continuum tecnológico e universais do jornalismo visual. In: (Ed.). O futuro:
ruptura-continuidade. Desafios para a comunicação e para a sociedade. São Paulo: Annablume,
2006.
KANNO, M. Infografe. São Paulo, 2013.
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NETO, E. M. B. Por uma história da linguagem visual do jornalismo impresso. Intercom - V
Congresso Nacional de História da Mídia. São Paulo 2007.
QUADROS, I. Uma introdução ao jornalismo visual ou à tessitura gráfica da notícia. Intercom -
XXVII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação. Rio Grande do Sul, 2004.
TEIXEIRA, T. A história da infografia no Brasil – uma análise de edições d’ O Estado de S.
Paulo publicadas entre 1986 e 1994. SBPJor 9º - Encontro Nacional de Pesquisadores em
Jornalismo. Rio de Janeiro, 2011.
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