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Pedro Leopoldo
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Instituto de Estudos Pr-Cidadania PR-CITT REVISO DO PLANO DIRETOR DE PEDRO LEOPOLDO
DIAGNSTICO SITUACIONAL DO PLANO
DIRETOR DE PEDRO LEOPOLDO
DIMENSOGEOAMBIENTAL E URBANSTICA VERSO FINAL
SETEMBRO/2014
ii
APRESENTAO
Este documento consiste no Diagnstico Situacional do Plano Diretor de Pedro Leopoldo, formado
por um volume relativo s dimenses socioeconmico e produtiva e por um segundo volume relativo
dimenso urbanstica e geoambiental, alm de um documento institucional de suporte anlise da dimenso
administrativa e gerencial da prefeitura.
Este Diagnstico Situacional contm as anlises tcnicas elaboradas pela equipe do Instituto de
Estudos Pr-Cidadania PR-CITT, a partir do levantamento, sistematizao e anlise de dados
secundrios, da realizao de entrevistas e de visitas e atividades de campo. Em consonncia com a
metodologia de elaborao de Planos Diretores, trata-se da viso tcnica do municpio, debatida com a
comunidade de Pedro Leopoldo no Seminrio do Plano Diretor, realizado no dia 26 de agosto de 2014, e ser
utilizado como insumo para as Oficinas de Planejamento Participativo, que acontecero ao longo das
primeiras semanas do ms de setembro.
O Plano Diretor de Pedro Leopoldo obedece aos dispositivos da legislao federal, especialmente o
Estatuto das Cidades, Lei Federal n. 10.257/2001, bem como as resolues do Conselho Nacional das
Cidades.
A promoo do desenvolvimento em bases sustentveis atravs do planejamento, necessariamente
processual e participativo, configura um processo contnuo e permanente que demanda a observao da
solidariedade entre as geraes atual e futuras, adotando uma compreenso sistmica e interdependente da
realidade social, atravs do estudo de elementos temticos que abarcam um conjunto de aspectos da vida
social: as dimenses.
O planejamento do processo de desenvolvimento, segundo essa abordagem, considera que o
conjunto da realidade social pode ser compreendido, para fins de anlise e/ou interveno, como composto
por dimenses interdependentes.
No caso do Plano Diretor de Pedro Leopoldo, considerando as caractersticas e o perfil da realidade
municipal, foram utilizadas quatro dimenses de sustentabilidade: (1) socioeconmica, (2) produtiva, (3)
urbanstica e geoambiental e (4) poltico-institucional, respondendo cada dimenso por um conjunto de
aspectos da dinmica social local, os quais se refletem e interagem com elementos, foras e atores da
realidade metropolitana, estadual, nacional e global.
No processo de elaborao do Plano Diretor, conforme informado anteriormente, sero realizadas
Oficinas de Planejamento Participativo, nas quais devero ser produzidos diagnsticos comunitrios da
realidade local, em conformidade com a metodologia proposta pelo PR-CITT e aprovada pela prefeitura.
Sero realizadas Oficinas de Planejamento Participativo nos diversos distritos de Pedro Leopoldo, buscando
abranger toda a diversidade social, econmica e ambiental das diferentes pores do territrio municipal.
iii
A equipe do PR-CITT espera contar com a interlocuo tcnica com a prefeitura e com o
envolvimento da sociedade local para que este Diagnstico subsidie, da melhor forma possvel, o processo de
reviso do Plano Diretor do Municpio de Pedro Leopoldo.
iv
LISTAS DE QUADROS
QUADROS:
Quadro 2.1 Sntese da anlise ambiental
Quadro 3.2.1. Domiclios particulares permanentes por tipo Pedro Leopoldo 2010
Quadro 3.2.2. Evoluo dos indicadores de habitao de Pedro Leopoldo 1991/2010
Quadro 3.2.3. Dficit habitacional bsico Pedro Leopoldo 2000/2010
Quadro 3.4.1. Sntese dos conflitos de uso e ocupao do solo por localidade
Quadro 3.5.1. reas de proteo ambiental, Patrimnio Cultural de Pedro Leopoldo
Quadro 3.5.2. Patrimnio mvel e imvel protegido no Municpio de Pedro Leopoldo
Quadro 3.5.3. Calendrio das principais festas e eventos de Pedro Leopoldo
v
LISTAS DE MAPAS
MAPAS:
Mapa 1.1. Insero regional do Municpio de Pedro Leopoldo
Mapa 1.2. Distritos do Municpio de Pedro Leopoldo
Mapa.1.3. Unidades de Conservao no Municpio de Pedro Leopoldo
Mapa 2.1. Microbacias do Municpio de Pedro Leopoldo
Mapa 2.2. Principais reas impactadas na microbaciado ribeiro da Mata
Mapa 2.3. Principais reas impactadas na microbacia do ribeiro Urubu
Mapa 2.4. Principais reas impactadas nas microbacias
dos ribeires das Neves e Areias
Mapa 2.5. Principais reas impactadas na regio crstica
Mapa 2.6. Principais reas impactadas nas microbacias de Pedro Leopoldo
Mapa 3.2.1. Uso e ocupao do solo: levantamento da realidade existente Fidalgo
Mapa 3.2.2. Uso e ocupao do solo: levantamento da realidade existente Regio Central
Mapa 3.2.3. Uso e ocupao do solo: levantamento da realidade existente Regio Sul
Mapa 3.2.4. Verticalizao
Mapa 3.2.5. Percentual de domiclios particulares permanentes com lixo coletado por setor censitrio Pedro Leopoldo 2010
Mapa 3.2.6. Percentual de domiclios particulares permanentes com abastecimento
de gua Pedro Leopoldo 2010
Mapa 3.2.7. Percentual de domiclios particulares permanentes com sanitrio e
esgotamento sanitrio via rede geral de esgoto ou pluvial nos setores
censitrios Pedro Leopoldo 2010
Mapa 3.2.8. reas de interesse social em Pedro Leopoldo 2014
Mapa 3.2.9. reas irregulares em Pedro Leopoldo 2014
Mapa 3.3.1. Principais eixos virios e hidrografia
Mapa 3.4.1. Distritos do Municpio de Pedro Leopoldo
Mapa 3.4.2. Conflitos entre reas de proteo ambiental e o macrozoneamento municipal
Mapa 3.4.3. Conflitos entre reas de proteo ambiental e o zoneamento municipal
vi
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E CONVENES
AABB Associao Atltica do Banco do Brasil
ACS Agente comunitrio da Sade
AIDS Sndrome da Imunodeficincia Adquirida
ANVISA Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria
APA rea de Proteo Ambiental
APAE Associao de Apoio aos Pais e Amigos dos Excepcionais
APE rea de Proteo Especial
APIWEB Sistema de Informaes do Programa de Imunizaes na WEB
APP rea de Proteo Permanente
ASSER Associao de Escolas Reunidas
BCG Bacillus Calmette-Gurin
BPC Benefcio de Prestao Continuada
CAPS Centro de Ateno Psicossocial
CAMG Cidade Administrativa de Minas Gerais
CBH Conselho de Bacia Hidrogrfica
CEI Centro de Estudos de Imagem
CEM Centro de Especialidades Mdicas
CEMAI Centro Municipal de Apoio Infantil
CEMIG Companhia Energtica de Minas Gerais
CEO Centro de Especialidades Odontolgicas
CEPEL Centro Esportivo de Pedro Leopoldo
CEPPEL Centro Poliesportivo de Pedro Leopoldo
CEPEX Centro de Pesquisa e Extenso
CIAS Consrcio Intermunicipal Aliana para a Sade
CISREC Consrcio Intermunicipal de Sade da Regio do Calcrio
CMMDA Comisin Mundial del Medio Ambiente y el Desarrollo
CMS Conselho Municipal de Sade
CNES Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Sade
COMTUR Conselho Municipal de Turismo
CONSEP Conselho Comunitrio de Segurana Pblica
vii
COPAM Conselho de Poltica Ambiental
COPASA Companhia de Saneamento de Minas Gerais
CRAS Centro de Referncia de Assistncia Social
CREA-MG Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura de Minas Gerais
CREAS Centro de referncia Especializado de Assistncia Social
CTI Centro de Tratamento Intensivo
DATASUS Departamento de Informtica do SUS / MG
DEED Diretoria de Estatsticas Educacionais
DOPEAD Delegacia Especializada em Orientao e Proteo Criana e ao
Adolescente
DST Doenas Sexualmente Transmissveis
EJA Educao de Jovens e Adultos
EMATER-MG Empresa de Assistncia Tcnica e Extenso Rural do Estado de
Minas Gerais
ESF Estratgia de Sade da Famlia
ETE Estao de Tratamento de Esgoto
FAPEMIG Fundo de Apoio Pesquisa do Estado de Minas Gerais
FIFA Fdration Internationale de Football Association
FIEMG Federao das Indstrias do Estado de Minas Gerais
FJP Fundao Joo Pinheiro
FUMTUR Fundo Municipal de Turismo
FUNDEB Fundo Nacional de Desenvolvimento e apoio Educao Bsica
HPV Vrus do Papiloma Humano
IBAMA Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renovveis
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica
ICMS Imposto Sobre Operaes Relativas Circulao de Mercadorias e
Sobre Prestaes de Servios de Transporte Interestadual,
Intermunicipal e de Comunicao
IDEB ndice de Desenvolvimento da Educao Bsica
IDHM ndice de Desenvolvimento Humano Municipal
IEF Instituto Estadual de Florestas
IEPHA Instituto Estadual do Patrimnio Histrico e Artstico de Minas
Gerais
INEP Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais
viii
IPEA Instituto de Pesquisa Econmica Aplicada
IPTU Imposto Predial Territorial Urbano
FPIC Funo Pblica de Interesse Comum
LDB Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional
LOAS Lei Orgnica da Assistncia Social
LUB Legislao Urbanstica Bsica
MEC Ministrio da Educao
MBA Master in Business Administration
MONA Monumento Natural
NASF Ncleo de Apoio Sade da Famlia
OSCIP Organizao da Sociedade Civil de Interesse Pblico
PA Pronto Atendimento
PACS Programa de Agentes Comunitrios de Sade
PAIF Programa de Ateno Integral Famlia
PAIFI Programa de Ateno Integral Famlia e Indivduos
PEA Populao Economicamente Ativa
PIB Produto Interno Bruto
PAM Pronto Atendimento Mdico
PMMG Polcia Militar de Minas Gerais
PNAS Programa Nacional de Assistncia Social
PNH Programa Nacional de Humanizao
PNUD Programa das Naes Unidas para o Desenvolvimento
PPI Programao Pactuada Integrada
PR-CITT Instituto de Estudos Pr Cidadania
PRONASCI Programa Nacional de Segurana Pblica
PSF Programa de Sade da Famlia
PUC Pontifcia Universidade Catlica
RAIS Relao Anual de Informaes Sociais
RFFSA Rede Ferroviria Federal / Sociedade Annima
RMBH Regio Metropolitana de Belo Horizonte
RPPN Reserva Particular de Proteo Natural
RVS Reserva da Vida Silvestre
SAMU Sistema de Atendimento Mvel de Urgncia
ix
SAP Sistema de reas Protegidas
SBM Sistema Brasileiro de Museus
SEBRAE-MG Servio Brasileiro de Apoio s Micro e Pequenas Empresas de
Minas Gerais
SETES Subsecretaria de Esportes do Estado de Minas Gerais
SETS Sistema Estadual de Transportes Sanitrios
SETUR Secretaria de Estado de Turismo de Minas Gerais
SAI Sistemas de Informaes Ambulatoriais
SIM Sistema de Informao de Mortalidade
SINASC Sistema de Informao sobre Nascidos Vivos
SMAS Secretaria Municipal de Assistncia Social
SMDS Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social
SME Secretaria Municipal de Educao
SMS Secretaria Municipal de Sade
SNC Sistema Nacional de Cultura
SUAS Sistema nico da Assistncia Social
SUS Sistema nico de Sade
TAC Termo de Ajuste de Conduta
TFD Tratamento Fora do Domiclio
UAE Unidade de Atendimento Especial
UDH Unidade de Desenvolvimento Humano
UC Unidade de Conservao
UNICEF Fundo das Naes Unidas para a Infncia
UTI Unidade de Terapia Intensiva
UTM Universal Transversa de Mercator
TFD Tratamento Fora do Domiclio
ZAM Zona de Adensamento Mdio
ZAR Zona de Adensamento Restrito
ZC Zona Central
SUMRIO
1. CARACTERIZAO DO MUNICPIO DE PEDRO LEOPOLDO
E SUA INSERO METROPOLITANA ...................................................................... 11 1.1. CARACTERSTICAS DO MEIO NATURAL DE PEDRO LEOPOLDO ................. 13
2. ANLISE DAS CONDIES AMBIENTAIS ............................................................. 18 2.1. ANLISE DAS CONDIES AMBIENTAIS DAS
BACIAS HIDROGRFICAS DE PEDRO LEOPOLDO ........................................... 18 2.1.1. Caracterizao da microbacia do curso principal do ribeiro da Mata ...................... 21 2.1.2. Microbacia do ribeiro Urubu ................................................................................... 24 2.1.3. Caractersticas da microbacia do ribeiro das Neves ................................................ 26 2.1.4. Caractersticas da microbacia do ribeiro das Areias ................................................ 26 2.1.5. Microbacias da drenagem subterrnea do sistema hdrico da rea crstica .............. 28 2.2. ASPECTOS RELATIVOS GESTO AMBIENTAL .............................................. 33
3. DESENVOLVIMENTO E POLTICA URBANA ......................................................... 34 3.1. EVOLUO DA OCUPAO URBANA EM PEDRO LEOPOLDO ..................... 34 3.2. USO E PADRO DE OCUPAO DO SOLO URBANO ........................................ 37 3.2.1. Condies De Moradia: Caractersticas dos Domiclios ........................................... 47 3.3. INFRAESTRUTURA SOCIAL E URBANA .............................................................. 58 3.3.1. Sistemas virio e de transporte pblico ..................................................................... 58 3.3.2. Infraestrutura de saneamento bsico.......................................................................... 65 3.4. ANLISE DA LEGISLAO URBANSTICA BSICA ......................................... 70 3.4.1. Permetros urbanos .................................................................................................... 71 3.4.2. Legislao relativa ao parcelamento do solo ............................................................. 75 3.4.3. Legislao sobe uso e ocupao do solo ................................................................... 77 3.4.4. Cdigo de Obras ........................................................................................................ 84 3.4.5. Cdigo de Posturas .................................................................................................... 86 3.5. PATRIMNIO CULTURAL DE PEDRO LEOPOLDO ............................................ 91
11
1. CARACTERIZAO DO MUNICPIO DE PEDRO
LEOPOLDO ESUA INSERO METROPOLITANA
O Municpio de Pedro Leopoldo, segundo a regionalizao do Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatstica (IBGE), localiza-se na Mesorregio Metropolitana de Belo
Horizonte, na Microrregio de Belo Horizonte, integrando a Regio Metropolitana de Belo
Horizonte (RMBH). Apresenta uma diviso territorial constituda de 5 distritos: sede,
Doutor Lund, Fidalgo, Lagoa de Santo Antnio e Vera Cruz de Minas. O Mapa 1.1 ilustra
a insero regional de Pedro Leopoldo, situado no Vetor Norte da RMBH.
Mapa 1.1 Insero regional do Municpio de Pedro Leopoldo
O municpio ocupa uma rea de 292,947km, fazendo limites com os municpios de
Matozinhos, So Jos da Lapa, Confins, Lagoa Santa, Ribeiro das Neves, Esmeraldas e
Jaboticatubas.O Mapa 1.2, na pgina seguinte, situa os distritos de Pedro Leopoldo no
municpio.
12
Mapa 1.2 Distritos do Municpio de Pedro Leopoldo
13
O Municpio de Pedro Leopoldo possui uma localizao espacial economicamente
estratgica no Vetor Norte da RMBH. Distante 46 km da capital, tem acesso atravs das
rodovias MG-010 e MG-424, e est a 15 minutos do Aeroporto de Internacional Tancredo
Neves, no municpio vizinho de Confins, por meio de estrada duplicada.
Todo este setor da regio metropolitana vem sofrendo o impacto de grandes obras do governo
estadual a implantadas, como o Centro Administrativo, obras virias de interligao metropolitana como a
Linha Verde, o programado Rodoanel de Contorno Metropolitano Norte, distrito industrial do aeroporto
metropolitano, dentre outras.
Em 2007, o governo estadual instituiu o Plano de Governana Ambiental Metropolitano, o qual
previa priorizar o Vetor Norte e a rea de influncia do Anel de Contorno Norte da RMBH. Foi ento criado
o Sistema de reas Protegidas do Vetor Norte da RMBH (SAP Vetor Norte). Este sistema consiste em uma
rede de reas protegidas e seus corredores ecolgicos, idealizados pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente
e Desenvolvimento Sustentvel, que visa garantir a conservao do patrimnio natural, histrico e cultural da
regio.
A implementao do SAP Vetor Norte constitui uma das condicionantes das obras pblicas do
governo do estado. O Municpio de Pedro Leopoldo, assim como todos os municpios que integram a sub-
bacia do ribeiro da Mata e a APA Carste de Lagoa Santa, esto inseridos na rea territorial do Vetor Norte
da RMBH.
1.1. CARACTERSTICAS DO MEIO NATURAL DE PEDRO LEOPOLDO
Geologicamente, o Municpio de Pedro Leopoldo compartimentado por dois
domnios: um associado ao complexo gnissico do embasamento cristalino, que abrange a
rea central e sul do municpio, domnio da bacia do ribeiro da Mata; outro, a Leste-
Nordeste, integra o domnio da rea Crstica de Lagoa Santa. Esta rea constituda de
rochas calcrias, pertencentes ao grupo Bambu, componente da Formao Sete Lagoas,
que afloram nesta regio, correspondendo ao extremo Sudeste da extensa bacia sedimentar
do rio So Francisco.
O efeito corrosivo da gua sobre as rochas calcrias propiciou o aparecimento do
relevo crstico nesta regio, com suas caractersticas fsicas peculiares, constituindo uma
das principais reas desse tipo de relevo no Brasil. Diversos tipos de formaes so
encontradas, sendo umas subterrneas, formando o endocarte, cujas principais feies so
as cavernas. Outras so visveis em superfcie, constituindo o que chamado de exocarte,
sendo comuns as seguintes formaes:
14
Lapis sulcos formados na superfcie das rochas calcrias, pela ao corrosiva das
guas. Esses sulcos funcionam como fonte de abastecimento do aqufero crstico,
pois a gua das chuvas que neles penetra chega at as guas subterrneas;
Dolinas depresses de formato elptico ou circular, formadas em terrenos
calcrios pela ao solvente da gua sobre a rocha ou pelo desmoronamento do teto
de cavidades. Geralmente, ocorrem em pontos onde a rocha apresenta uma juno
de fraturas. As dolinas podem formar lagoas temporrias;
Uvalas depresses constitudas pela juno de duas ou mais dolinas;
Polis depresses de grande extenso, caracterizadas por fundo plano,
atravessadas, geralmente, por um fluxo contnuo de gua e rodeadas por paredes
rochosos. Alguns polis tambm podem se transformar em lagoas temporrias;
Vales Cegos so vales onde a gua subterrnea aparece na superfcie por uma
surgncia e termina de forma repentina em um sumidouro;
Macios grandes planaltos crsticos, limitados por paredes rochosos escarpados
com lapis, que alojam vales cegos, sumidouros, cavernas e ressurgncias.
No Carste, essas formaes possuem um sistema de circulao e transmisso das
guas subterrneas que possibilitam uma maior influncia dos fatores externos, pois h
comunicao entre os aquferos e a superfcie, tornando-os mais frgeis s vrias fontes de
poluio.
Os solos do municpio so, de modo geral, no compartimento de rochas do
cristalino, argissolo vermelho-amarelo distrfico e, no compartimento de rochas calcrias,
o argissolo vermelho autrfico.
A vegetao do Municpio de Pedro Leopoldo se insere na rea de contato entre os
biomas do cerrado, com suas diversas fisionomias, e da Mata Atlntica, representada pelas
florestas estacionais semideciduais. A vegetao original foi em grande parte substituda
por pastagens, ocupao urbana, explorao mineraria (calcrio, argila e areia) e atividade
industrial. A vegetao predominante na rea crstica do municpio o Cerrado. A Mata
Seca est presente sobre os macios calcrios, e nos locais mais midos, como nas dolinas
e ao redor dos afloramentos calcrios, onde desenvolve-se uma mata mais densa. Ao longo
dos cursos de gua, a mata ciliar apresenta-se reduzida e inexistente em vrios trechos.
15
O clima do municpio conforme a classificao de Kppen tropical de altitude
Cwb, chuvas de vero e seca no inverno.
Os recursos hdricos do municpio esto inseridos na bacia hidrogrfica do rio das
Velhas, bacia do rio So Francisco, atravs de seu afluente, o ribeiro da Mata. A sua bacia
hidrogrfica abrange a rea de dez municpios, sendo que 28% esto no Municpio de
Pedro Leopoldo, ocupando toda a sua poro central e Sudoeste. A Nordeste do municpio,
predomina o sistema hdrico do relevo crstico, com drenagens com descarga final no
ribeiro da Mata a Sudoeste, ou diretamente no rio das Velhas, a Nordeste.
Considerando as caractersticas do meio fsico do municpio e de sua insero no
Vetor Norte da RMBH ele est inserido ambientalmente em uma rede de Unidades de
Conservao, que sero mencionadas por compartimento geolgico em que esto situadas.
Unidades de Conservao do compartimento de rochas calcrias do relevo crstico
do municpio:
rea de Proteo Ambiental (APA) Carste de Lagoa Santa: foi criada em
1990, pelo Decreto Federal n 98.881, de janeiro de 1990, com o objetivo de
garantir a conservao do conjunto paisagstico e da cultura regional,
proteger as cavernas e demais formaes crsticas, stios arqueolgicos e
paleontolgicos, a vegetao e a fauna. A APA, que ocupa rea de 39.000ha,
possui um Plano de Manejo aprovado em 1966 e abrange os municpios de
Lagoa Santa, Pedro Leopoldo, Confins, Matozinhos, Funilndia, Vespasiano
e Prudente de Morais;
Parque Estadual do Sumidouro: foi criado em 1980, pelo Decreto Estadual n
20.375, tendo como objetivo preservar o patrimnio cultural e natural
existente nessa regio, como as grutas e as pinturas rupestres, a fauna e a
vegetao do Cerrado. Essa Unidade de Conservao (UC), localizada nos
municpios de Lagoa Santa e Pedro Leopoldo, ocupa uma rea de 2.003,57
hectares e nela est inserida, dentre outros tesouros arqueolgicos e belezas
naturais, a Gruta da Lapinha. No total, o Parque abriga 52 cavernas e 174
stios histricos e pr-histricos. Circunscrito pela APA Carste de Lagoa
Santa e integrante do SAP do Vetor Norte, o Parque Estadual do Sumidouro
tem a maior extenso de sua rea considerada como sendo de muito alta
prioridade de conservao;
rea de Proteo Especial (APE) do Entorno do Aeroporto: foi criada em
1980, pelo Decreto Estadual n 20.597, com o objetivo de preservar os
mananciais, patrimnio cultural, histrico, e arqueolgico paisagstico e para
evitar tambm a ocupao urbana descontrolada no entorno do aeroporto
16
metropolitano. A APE ocupa uma rea de 37.631ha, abrangendo os
municpios de Lagoa Santa, Matozinhos, Confins, Funilndia e Prudente de
Morais;
Monumento Natural Lapa Vermelha: localizado na rea da Minerao Lapa
Vermelha, no limite com o Municpio de Confins, consiste num macio
calcrio com quatro grutas, sendo que em uma delas foi encontrado o crnio
de Luzia, o fssil humano mais antigo encontrado nas Amricas. Vale
salientar que nessa regio ainda esto previstas, em fase de estudos, mais
duas UCs, a Fazenda Samambaia e o Planalto das Dolinas, previstas pelo
SAP Vetor Norte;
Duas RPPNs esto localizadas nesta rea crstica; a Sol Nascente que est
situada ao lado da extrao de calcrio da Intercement, antiga Cau, com
uma rea de 60.28ha; e outra denominada Fazenda Campinho, localizada a
Sudoeste da Fazenda Samambaia, com uma rea de 43ha.
No compartimento de rochas cristalinas, na bacia hidrogrfica do ribeiro da Mata,
h ainda duas UCs:
1. rea de Proteo Especial do Ribeiro Urubu (APE Urubu): foi criada em
1981, abrangendo toda a bacia do ribeiro Urubu, um dos afluentes do
ribeiro da Mata, abrangendo os municpios de Pedro Leopoldo e
Esmeraldas. A APE visa a proteo das suas nascentes representadas pelo
ribeiro Vau do Palmital e crrego do Tijuco. A APE foi implementada aps
2007, conforme previsto no SAP do Vetor Norte;
2. Refgio da Vida Silvestre Serra das Aroeiras: criado em 2014, vinculado ao
SAP Vetor Norte, possui 93% de sua rea no Municpio de Pedro Leopoldo,
e 7% no Municpio de So Jos da Lapa. A Serra das Aroeiras o divisor de
guas das bacias do ribeiro das Neves e ribeiro Areias, no Sudeste do
Municpio de Pedro Leopoldo.
O Mapa 1.3 apresenta o conjunto de Unidades de Conservao do municpio.
Mapa 1.3 Unidades de Conservao no Municpio de Pedro Leopoldo
18
2. ANLISE DAS CONDIES AMBIENTAIS
2.1. ANLISE DAS CONDIES AMBIENTAIS DAS
BACIAS HIDROGRFICAS DE PEDRO LEOPOLDO
A caracterizao ambiental do Municpio de Pedro Leopoldo, apresentada no captulo inicial deste
documento aprofundada, neste captulo, a partir da caracterizao e da localizao espacial dos recursos
ambientais locais, seguida da avaliao das principais interaes s quais esses se encontram submetidos.
Para uma compreenso mais objetiva da questo ambiental municipal, definiu-se como unidade
bsica de trabalho as bacias e sub-bacias hidrogrficas que drenam o municpio, as quais configuram
unidades territoriais de planejamento e gesto.
O planejamento e a gesto de bacias hidrogrficas consistem em instrumentos que, a mdio e longo
prazo, orientam o poder pblico e a sociedade na utilizao e monitoramento dos recursos ambientais
naturais, econmicos e socioculturais da rea de abrangncia da bacia, contribuindo para a promoo do
desenvolvimento sustentvel.
Assim sendo, buscou-se, na anlise geoambiental das bacias existentes no municpio, identificar os
principais conflitos que comprometem e/ou podem vir a comprometer a qualidade dos ecossistemas e a
sustentabilidade do uso dos recursos ambientais locais. Este foi o conceito que norteou as discusses na
dcada passada na bacia do Rio das Velhas, e que resultou na criao dos subcomits das bacias
hidrogrficas de seus afluentes. Em 2006 foi criado o Subcomit da bacia hidrogrfica do ribeiro da Mata,
abrangendo os dez municpios de sua bacia. Mais de 50% do territrio do municpio de Pedro Leopoldo est
inserido na bacia do ribeiro da Mata.
A rede hidrogrfica do municpio de Pedro Leopoldo possui feies distintas de drenagem conforme
o compartimento geolgico em que est inserida. Na parte central, norte e sul sistema hdrico de guas
superficiais domnio da bacia hidrografia do ribeiro da Mata, a nordeste, a regio crstica de Lagoa Santa,
onde o sistema hdrico frgil, constitudo de guas superficiais e principalmente subterrneas que drenam
para o ribeiro da Mata, com exceo do crrego Samambaia, que desgua na Lagoa do Sumidouro,
desaparece no paredo calcrio e reaparece numa ressurgncia desaguando diretamente no rio das Velhas.
O Mapa 2.1, na sequncia, apresenta a rede hidrogrfica do municpio, a partir das 5 microbacias do
ribeiro da Mata, que configuram unidades de anlise ambiental: curso principal do ribeiro da Mata, ribeiro
Urubu , ribeiro das Neves, ribeiro Areias, e as microbacias da drenagem subterrnea do sistema hdrico do
relevo crstico.
A anlise ambiental do municpio, feita por bacia hidrogrfica, nas pginas seguintes, ilustrada
pelos Mapa 2.2 a 2.6, que apresentam os principais vetores de degradao ambiental do territrio municipal.
O ribeiro da Mata nasce em Matozinhos no pico da Roseira, afluente da margem
direita do rio das Velhas no qual desgua no municpio de Santa Luzia. Recebe a
contribuio de seis afluentes; crrego Boa Vista, ribeiro Urubu, crrego Branas,
19
ribeiro das Neves, crrego Areias e crrego Carrancas. A vazo mdia da nascente a foz
de 10.3m/s A bacia possui uma rea de drenagem de 789km e abrange 10 municpios:
Capim Branco, Confins, Esmeraldas, Lagoa Santa, Matozinhos, Pedro Leopoldo, Ribeiro
das Neves, Santa Luzia, So Jos da Lapa e Vespasiano.
A bacia do ribeiro da Mata est inserida numa rea de contato do Bioma do
Cerrado e o Bioma da Mata Atlntica, o tipo de solo o argissolo vermelho-amarelo
distrfico e o clima, segundo a classificao de Kppen, o Cwb tropical de altitude.
O Municpio de Pedro Leopoldo possui 218,9km de sua rea inserida na bacia
hidrogrfica do ribeiro da Mata, o que corresponde a 28% da rea total da bacia, e os
principaisafluentes do ribeiro da Mata no municpio so: ribeiro Urubu, ribeiro das
Neves e ribeiro Areias, todos da margem direita.
Mapa 2.1 Microbacias do Municpio de Pedro Leopoldo
21
Em termos de uso e ocupao do solo, a bacia do ribeiro da Mata, no Municpio de
Pedro Leopoldo, apresenta usos mltiplos, destacando-se os seguintes usos: (1) extrao
mineral; (2) uso agrcola; (3) ocupao urbana e; (4) uso industrial.
A bacia enfrenta problemas decorrentes desses usos como o assoreamento dos
cursos de gua, remoo da vegetao, eroso, parcelamento desordenado do solo urbano,
impermeabilizao do solo, contaminao do solo e das guas dos cursos de gua pelo
lanamento de esgoto industrial, domstico e lixo. Esses impactos vem ocorrendo h muito
tempo e reduziram o volume de a gua do ribeiro da Mata a 1/3 nos ltimos 30 anos.
A reduo de todos esses problemas ambientais na bacia decorrentes dos vetores
de poluio existentes de fundamental importncia para a qualidade de vida da populao
dos dez municpios que esto inseridos na bacia. Vrios programas vm sendo
desenvolvidos visando a recuperao ambiental da bacia hidrogrfica do ribeiro da Mata.
O mais importante o Programa de Saneamento Ambiental da Bacia do Ribeiro da Mata
finalizado em 2009, realizado pela Concremat com financiamento da COPASA como
condicionante da construo do Centro Administrativo do Estado. Outro evento importante
a assinatura do convnio PAC do Saneamento com as duas entidades com o Governo
Federal para a construo de 7 ETEs na bacia hidrogrfica do ribeiro da Mata.
As microbacias hidrogrficas do ribeiro da Mata que sero analisadas no
municpio so: do curso principal do ribeiro da Mata, do ribeiro Urubu, do ribeiro das
Neves, do ribeiro Areias e do sistema hdrico da rea crstica da margem esquerda.
2.1.1. Caracterizao da microbacia do curso principal do ribeiro da Mata
O curso principal do ribeiro da Mata percorre o municpio de Pedro Leopoldo na
direo noroeste-sudeste, na rea de contato entre a rea crstica na poro nordeste do
municpio e os terrenos cristalinos a sudoeste. Atravessa a rea urbana da sede, onde
ocorre a confluncia com seus dois principais contribuintes da margem direita, os ribeires
Urubu e das Neves. A margem esquerda os terrenos so mais elevados em direo MG-
424, que corta este trecho da microbacia, e esto inseridos na rea de drenagem
caracterstica do sistema hdrico do relevo crstico.
22
2.1.1.1. Anlise geoambiental da microbacia do curso principal
do ribeiro da Mata
Em termos de uso e ocupao do solo, a bacia do ribeiro da Mata apresenta usos
mltiplos: extrao mineral, ocupao urbana, indstrias.
Inmeros problemas ambientais ocorrem, sendo os principais vetores de
degradao: alto ndice de contaminao das guas pelo lanamento do esgoto domstico,
o municpio no possuem estao de tratamento de Esgoto ETE ( est em fase de
implantao pela COPASA ) e as indstrias instaladas na rea urbana, produzindo resduos
e poluio atmosfrica.
Outro problema srio de poluio o lanamento de lixo, resto de materiais de
construo, pneus, etc., nos cursos de gua desta microbacia.
Todos esses problemas ambientais provocam o assoreamento no leito dos cursos de
gua, dificultando a drenagem das guas. E este um problema srio na rea urbana de
Pedro Leopoldo, sujeita a inundaes no terrao fluvial entre a calha do rio e os trilhos da
estrada de ferro. Problema este agravado, j que os ribeires do Urubu e das Neves
desguam no ribeiro da Mata na rea urbana, tornado as reas de seus baixos cursos
tambm sujeitas a inundaes no perodo das chuvas. Esta situao tambm se estende
pela calha do rio em direo ao distrito de Dr. Lund. Na margem esquerda, j nos terrenos
tpicos do carste, as enchentes no ocorrem por serem os terrenos mais elevados em
relao a calha do ribeiro da Mata, mas outros ocorrem como os riscos geolgicos nos
terrenos calcrios, com suas fragilidades. A drenagem subterrnea da rea est sujeita a
contaminao pelo lixo, e esgoto.
23
Mapa 2.2 Principais reas impactadas na microbacia do ribeiro da Mata
24
2.1.2. Microbacia do ribeiro Urubu
O ribeiro Urubu tem suas nascentes no municpio de Esmeraldas e ocupa toda a
poro oeste do municpio de Pedro Leopoldo. O ribeiro do Urubu formado pela juno
do ribeiro Vau do Palmital e o crrego Tijuco que constituem o limite do municpio de
Pedro Leopoldo com Esmeraldas. Esses dois cursos de gua desguam no ribeiro Urubu
j no municpio de Pedro Leopoldo. Todo o alto curso do ribeiro Urubu cortado pela
BR-040 no distrito de Melo Viana, em Esmeraldas. Esta era uma antiga rea de stios, que
passou pelo processo de reparcelamento de reas transformando-se em um aglomerado em
torno de 29 de bairros de baixa renda, sem infraestrutura urbana, saneamento bsico o que
significa uma grande ameaa na qualidade e quantidade da gua da microbacia do ribeiro
Urubu, assim como da bacia do ribeiro da Mata. O ribeiro Urubu desgua no ribeiro da
Mata na rea urbana do municpio de Pedro Leopoldo depois de percorrer um trecho com
caractersticas rurais no seu mdio curso. J prximo a sua foz est instalada a fabrica de
cimento da Holcim que possui nas proximidades uma jazida de explorao de argila.
Visando proteger as nascentes do ribeiro Urubu pela importncia desse afluente do
ribeiro da Mata foi criada em 1980 a APE do ribeiro Urubu que abrange os municpios
de Esmeraldas e Pedro Leopoldo.
2.1.2.1. Anlise geoambiental na microbacia hidrogrfica do ribeiro Urubu
O uso predominante nesta microbacia o urbano no seu alto curso, com o forte
adensamento na rea das nascentes no distrito de Melo Viana em Esmeraldas, mas com
forte impacto no restante da bacia provocando srios problemas ambientais, devido a falta
de saneamento bsico, com o lanamento de esgoto domiciliar e lixo, com consequncias
para toda a microbacia do ribeiro Urubu, assim como tambm no ribeiro da Mata.
Prximo a confluncia com o ribeiro da Mata, em bairros da rea urbana de Pedro
Leopoldo tambm os principais vetores de degradao so; o lanamento de esgoto
domiciliar e industrial, lixo e restos de construo, contaminando as guas e obstruindo a
calha do ribeiro. Esta rea est sujeita inundaes peridicas.
25
Mapa 2.3 Principais reas impactadas na microbacia ribeiro Urubu
26
2.1.3. Caractersticas da microbacia do ribeiro das Neves
Este afluente do ribeiro da Mata nasce no municpio de Ribeiro das Neves,
possui uma densa rea de drenagem, e ocupa toda a rea central da poro sudoeste do
municpio de Pedro Leopoldo. Sua foz fica na rea urbana de Pedro Leopoldo, o que
mais um agravante para as condies ambientais neste trecho do ribeiro da Mata. No
limite com o municpio de Ribeiro das Neves nas proximidades da sede do distrito de
Vera Cruz e regio de Manuel Brando h uma densa ocupao urbana, agravada com a
proximidade com os bairros de Ribeiro das Neves, que geram inmeros problemas
ambientais para a microbacia. A atividade de extrao de areia intensa ao longo do
ribeiro desde o sul da bacia at as proximidades de distrito de Vera Cruz. Alguns
pequenos afluentes da margem esquerda, j no baixo curso mantm ainda algumas
caractersticas de atividade agrcola, como na bacia do crrego do Caf, nas proximidades
da Fazenda Modelo.
2.1.3.1. Anlise geoambiental da microbacia do ribeiro das Neves
O uso do solo urbano na sede e entorno, e a proximidade com os bairros de Neves
na proximidade provocam inmeros problemas ambientais, sendo os principais vetores de
degradao das guas pelo lanamento de esgoto domestico e lixo. Ao longo do curso do
ribeiro das Neves e em alguns afluentes srios danos ambientais ocorrem com a extrao
de areia, tanto de empresas de maior porte quanto de pequenos exploradores muitas vezes
clandestinos, que exploram diretamente do curso de gua, com pequenas dragas que so
facilmente escondidas nos matagais. A explorao de areia nas margens desses cursos de
gua provocam a retirada a vegetao das APPs .A grande movimentao para a retirada
da areia, gera inmeras lagoas e grandes cavidades, que no so recuperadas pelas
mineradoras. um passivo ambiental srio para o municpio que por enquanto no tem
sido solucionado. Uma das consequncias o assoreamento do leito do ribeiro e
afluentes, tornando todo seu baixo curso sujeito a inundaes.
2.1.4. Caractersticas da microbacia do ribeiro das Areias
O ribeiro das Areiasocupa uma rea bem restrita no municpio de Pedro Leopoldo
tendo suas nascentes na margem esquerda na Serra das Aroeiras divisor com a bacia do
ribeiro das Neves, na qual foi implantada uma Unidade de Conservao do tipo Refgio
de Vida Silvestre. Na margem direita h algumas nascentes no municpio de Ribeiro das
27
Neves. Todo o limite norte da bacia do ribeiro Areias est junto a vrios bairros de baixa
renda de Ribeiro das Neves. A foz do ribeiro das Areias no ribeiro da Mata localiza-se
no municpio de So Jos da Lapa.
Mapa 2.4 Principais reas impactadas nas microbacias dos ribeires das Neves e Areias
2.1.4.1. Anlise geoambiental da microbacia do ribeiro das Areias
O uso urbano nesta microbacia est concentrado nos bairros de baixa renda de
Pedro Leopoldo, praticamente conurbados com Neves e que na maior parte no possuem
saneamento bsico, o que significa inmeros problemas ambientais. Os principais vetores
de degradao so: o alto ndice de contaminao da gua pelo lanamento de esgoto
domstico e lixo. Nesse ribeiro acontece tambm com grande intensidade, a explorao
de areias nas suas margens, o que provoca a retirada de vegetao e gera grande passivo
ambiental pela no recuperao das margens.
28
2.1.5. Microbacias da drenagem subterrnea do sistema hdrico da rea crstica
Toda a poro nordeste do municpio de Pedro Leopoldo est inserida no
compartimento das rochas calcarias, que pelo efeito corrosivo da gua sobre a rocha
originou o relevo crstico com suas formas peculiares caracterstico de toda esta rea do
Vetor Norte da RMBH em que se destacam as cavernas. Nos perodos pr-histricos
abrigaram vida, da o reconhecimento, no s da sua riqueza natural, mas de sua
importncia para a Arqueologia e Paleontologia nacional e mundial. Toda esta rea de
relevo crstico est inserida na bacia hidrogrfica do ribeiro da Mata. Os recursos hdricos
do carste apresentam alta fragilidade e necessitam de monitoramento, j que o carste na
maioria dos casos contm sistemas de transmisso e comunicao como condutos, fissuras,
dolinas, cavernas e sumidouros por onde circulam as guas. Esses sistemas de transmisso,
no entanto possibilitam uma maior influncia dos fatores externos, pois h comunicao
entre os aquferos e a superfcie, tornando-os mais sensveis s vrias fontes de poluio.
Os sistemas fluviais dessa rea combinam sistemas superficiais e subterrneos, tm
descarga final no ribeiro da Mata a sudoeste ou diretamente no rio das Velhas a nordeste,
com exceo do crrego Samambaia, que desgua na lagoa do Sumidouro, desaparece no
seu paredo e reaparece numa ressurgncia nas proximidades do rio das Velhas sua
descarga final. Para proteger todo este conjunto de formaes to relevantes no mbito
regional e nacional, foram criadas vrias unidades de Conservao para Preservao, com
extenso e tipologia diversas.
2.1.5.1. Anlise geoambiental da microbacia da drenagem subterrnea
do relevo crstico
Diversas atividades geradoras de impactos ambientais so frequentes no carste da
regio. As mais comuns envolvem depredao das cavernas, pichaes e acumulo de lixo
por visitantes. A atividade mineraria tambm responsvel por impactos, uma vez que
remove a vegetao, alteram as caractersticas do solo, modifica condies de fluxo de
gua, geram depsitos de sedimentos, movimentao de mquinas pesadas, emisses
atmosfricas e detonaes. Existem problemas relacionados quantidade de gua com
bombeamento de gua sem controle que podem provocar desabamento das cavidades,
antes sustentadas pela presso da gua, resultando na formao de dolinas de abatimento
nas reas urbanas, o que pode colocar em risco a populao. A presena de fossas negras
outro fator que compromete de forma significativa a qualidade da gua subterrnea da
regio como acontece no distrito de Fidalgo assim como em outras aglomeraes urbanas.
29
Para garantir a preservao do carste necessrio que sejam implantadas medidas
que minimizem os impactos negativos abrangendo todos os agentes envolvidos como
rgos pblicos federais e estaduais que gerenciam as Unidades de Conservao, o poder
pblico municipal, as instituies de pesquisa e as Organizaes No Governamentais
municipais, para uma fiscalizao permanente e eficiente do patrimnio arqueolgico,
paleontolgico, sistema hdrico, fauna e flora, saneamento ambiental.
(As informaes referentes ao relevo crstico foram retiradas da cartilha; Regio
Crstica de Lagoa Santa: Potencialidades, Impactos Ambientais e Principais Desafios-
Publicado em 2011- pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento
Sustentvel).
Mapa 2.5 Principais reas impactadas na regio crstica
30
Quadro 2.1 Sntese da anlise ambiental (continua)
Rede Hidrogrfica Principais atividades Principais Impactos
Microbacia do curso
principal do ribeiro da Mata
Corta o permetro urbano e o distrito de
Doutor Lund. Usos
mltiplos (residencial,
comercial e industrial)
Assoreamento;
Lanamento de esgoto residencial, industrial, restos de
construo;
Assoreamento do leito do ribeiro na rea urbana;
Retirada de vegetao da APP;
rea de risco de inundao na rea urbana desde a foz do ribeiro
Urubu at o distrito de Doutor
Lund.
Microbacia do ribeiro
Urubu
Extrao de areia, argila
Uso residencial e industrial
Destruio da vegetao mata ciliar, assoreamento do leito do
ribeiro.
Lanamento de esgoto residencial, industrial, lixo,
poluio atmosfrica.
Microbacia do ribeiro das
Neves
Extrao de areia
Uso residencial na rea do Distrito de
Vera Cruz e no bairro
Manuel Brando
Assoreamento;
Retirada de vegetao;
da APP;
Desestabilizao das margens para depsito da areia, formao
de lagoas, depresses;
Movimentao de caminhes de transporte do material retirado;
Passivo ambiental abandona sem recuperao.
Lanamento de esgoto residencial, lixo, restos de material
de construo.
Elaborao: PR-CITT, 2014.
31
Quadro 2.1 Sntese da anlise ambiental (continuao)
Rede Hidrogrfica Principais atividades Principais Impactos
Microbacia do ribeiro das
Areias
Extrao de areia
Uso residencial
Assoreamento;
Alterao de vegetao da APP;
Passivo ambiental deixado pela extrao de areia nas margens.
Lanamento de esgoto, lixo.
Microbacias de drenagens
subterrneas do relevo
crstico
Extrao mineral, calcrio, pedra Lagoa
Santa
Turismo
Agricultura e pecuria
Uso residencial
Remoo de vegetao;
Alterao das caractersticas do solo;
Modificao das condies do fluxo das guas;
Promoo de detritos;
Depsito de sedimentos;
Promove detonaes;
Emisses atmosfricas;
Explorao de Pedra Lagoa Santa no Distrito de Fidalgo.
Depredao de cavernas;
Pichaes;
Acmulo de lixo;
Queima de vegetao.
Retirada de vegetao do entorno de dolinas para
agricultura ou formao de
pastagens;
Queimadas anuais no perodo da seca.
Lanamento de esgoto, lixo em bairros da rea urbana na sede do
municpio e na rea urbana do
Distrito de Fidalgo;
Bombeamento de gua para realizao de atividades
humanas;
Presena de fossas negras;
Compromete a qualidade de gua subterrnea.
Mapa 2.6 Principais reas impactadas nas microbacias de Pedro Leopoldo
33
2.2. ASPECTOS RELATIVOS GESTO AMBIENTAL
Em Pedro Leopoldo a gesto ambiental do territrio feita pela Secretaria de Meio Ambiente e
pelas Unidades de Conservao presentes no municpio.
A Secretaria de Meio Ambiente foi criada em 2011. A prioridade da atual administrao elaborar o
Programa de Saneamento e Gesto Integrada de Resduos Slidos do municpio, com orientao tcnica e
metodolgica do Comit da bacia Hidrogrfica do Rio das Velhas, CBH-Velhas.
Na estrutura da Secretaria de Meio Ambiente est a Diviso de Desenvolvimento Rural, que
desenvolve aes de fomento, produo e abastecimento, integrando as cadeias produtivas para o
desenvolvimento rural. Possui convnio com a EMATER-MG, e desenvolve alguns projetos no municpio:
projeto Barraginha; Programa Merenda Escolar em que 30% dos produtos para a merenda escolar em da
produo de pequeno produtor familiar e o Programa Hortifeira, que promove apoio a comercializao de
pequeno produtor rural , com feira de produtos rurais todo sbado no centro da cidade.
O municpio possui o Conselho Municipal de Meio Ambiente, que consultivo e deliberativo, tendo
sido reativado em 2003, e o Fundo de Meio Ambiente.
O ICMS Ecolgico do municpio, provm das Unidades de Conservao do municpio, e pela
destinao adequada do lixo. A outra fonte vem da Promotoria do Meio Ambiente de Pedro Leopoldo,
atravs de multas e TACs aplicados no municpio.
As Unidades de Conservao - UC's, outro instrumento de gesto territorial no municpio, ocupam
uma extensas reas e tm um importante papel na gesto do meio ambiente de Pedro Leopoldo, tanto para a
preservao do relevo crstico a nordeste, quanto na bacia hidrogrfica do ribeiro da Mata a sudoeste.
Criadas por decreto, as Unidades de Conservao possuem rea de atuao definida, restries de uso do solo
e fiscalizao, sob a jurisdio do Governo Federal como na APA Carste Lagoa Santa, e do Governo Estado,
em relao as Unidades Estaduais: Parque do Sumidouro, APE do Entorno do Aeroporto Tancredo Neves,
APE do ribeiro Urubu, Monumento Natural Lapa Vermelha, Refgio da Vida Silvestre Serra das Aroeiras e
quatro RPPNs estaduais.
Para o licenciamento ambiental de qualquer atividade na rea das Unidades de Conservao se faz
necessrio a anuncia dos Conselhos da APA Carste - Lagoa Santa e do Parque do Sumidouro, ou do rgo
gestor das outras Unidades de Conservao do municpio que o Instituto Estadual de Florestas IEF.
O gerenciamento das bacias hidrogrficas do municpio feito peloSubcomit da Bacia da Mata
vinculado ao CBH Velhas.
O municpio atravs da Secretaria de Meio Ambiente participa dos Conselhos da APA-Carste, do
Parque do Sumidouro, e do Subcomit do ribeiro da Mata.
34
3. DESENVOLVIMENTO E POLTICA URBANA
3.1.EVOLUO DA OCUPAO URBANA EM PEDRO LEOPOLDO
A mancha urbana de Pedro Leopoldo cresceu ocupando lentamente reas situadas
s margens do ribeiro da Mata, entre a altura da Cachoeira Grande (Cachoeira das Trs
Moas) e a barra do ribeiro das Neves. Eram terrenos que poca das chuvas e das
enchentes peridicas do ribeiro da Mata ficavam em grande parte inundados1.
Devido impreciso territorial das informaes obtidas no foi possvel produzir
um mapa de evoluo da ocupao urbana do municpio. No entanto, sabe-se que a
abertura de ruas e a construo das primeiras casas de Pedro Leopoldo dependeram da
doao de terrenos por parte da Companhia Fabril Cachoeira Grande. Em 1923, Pedro
Leopoldo foi elevado condio de municpio, emancipado de Santa Luzia e, ao longo da
dcada seguinte, a prefeitura passou a desapropriar terrenos necessrios abertura de
novas ruas e a vender lotes para a construo de edificaes. As ruas da cidade eram
ocupadas por casas modestas, de um s pavimento, feitas predominantemente em
alvenaria, muitas em estilo ecltico marcadas pela presena de alpendres laterais.
Na dcada de 1940, iniciou-se o processo de expanso da cidade. No ps-guerra, a
rea correspondente Vila So Geraldo comeou a ser ocupada. Logo em seguida, foi a
vez da Vila Magalhes, situada nos morros acima do ptio da estao ferroviria. A Vila
Magalhes abrigou muitas famlias de ferrovirios e operrios da fbrica de tecidos e, mais
tarde, da cimenteira Cau. Esta ltima indstria induziu o crescimento da cidade em sua
direo, provocando o loteamento da ampla vrzea situada nas proximidades da juno dos
ribeires das Neves e da Mata2.
At a dcada de 50, havia em Pedro Leopoldo trs praas: a praa Dr. Senra, a
praa da Estao e a praa da Igreja. Eram na verdade largos, sem maiores servios de
urbanizao. Nesta dcada, foi construda a praa Getlio Vargas, local onde pousavam
circos e parques que visitavam a cidade. Consta que, na dcada de 1930, havia um parque
municipal, em um amplo terreno situado ao lado do Moinho Campestre. Este parque
desapareceu quando o grupo escolar So Jos teve sua sede construda exatamente no
1 GRANBEL. Histria de Pedro Leopoldo/MG. Publicado em Fevereiro 2011.
2 GRANBEL. Histria de Pedro Leopoldo/MG. Publicado em Fevereiro 2011.
35
terreno por ele ocupado3.Atualmente, a cidade possui diversos espaos livres de uso
pblicode propores variadas, distribudas pela regio central e distritos, que sero
tratados mais adiante.
Unindo as duas margens do ribeiro da Mata, havia at a dcada de 1960 uma nica
ponte de construo antiga, localizada poucos metros abaixo da Cachoeira Grande, ao
fundo da praa Dr. Senra4. Hoje, so seis as opes de transposio dos cursos dgua na
regio central. As transposies so essenciais conexes com a os demais bairros e regies
do municpio.
O processo de ocupao dasmargensdos cursos dgua em Pedro Leopoldo se
assemelha quele encontrado em muitas outras cidades no pas, onde os fundos de lote se
voltam para as guas e as mesmas so utilizadas para lanamentos de esgotos, prtica ainda
existente em diversos pontos da cidade. Mesmo o esgoto coletado no municpio segue,
ainda hoje, sem tratamento para os cursos dgua, assunto que ser tratado junto ao
Diagnstico Ambiental. Justifica-se, por estas prticas, a ocorrncia de uma ocupao
urbana que no leva em conta todo o potencial paisagstico-ambiental de seus cursos
dgua. O projeto existente para a implantao de um parque linear no trecho em que os
cursos dgua percorrem a mancha urbana na rea central, foi apenas parcialmente
implantado.
No incio do sculo XXI, dois fenmenos, que sero tratados tambm junto ao
Diagnstico Socioeconmico e Produtivo, impactaram de forma significativa a estrutura
socioespacial do municpio de Pedro Leopoldo, bem como sua dinmica de produo de
moradias. Em primeiro lugar, um conjunto de importantes investimentos pblicos no vetor
Norte da Regio Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), resultou na atrao por novos
empreendimentos imobilirios privados e gerou grande valorizao especulativa no preo
da terra. Destacam-se: a via expressa que liga Belo Horizonte ao Aeroporto Internacional
Tancredo Neves, em Confins, conhecida como Linha Verde; a implantao do Aeroporto
Industrial de Confins; a nova sede administrativa do governo do estado, a Cidade
Administrativa (CAMG), na divisa entre Belo Horizonte, Vespasiano e Santa Luzia; o
Parque Tecnolgico situado no Campus da UFMG, na Pampulha; projetos de atrao de
3 GRANBEL. Histria de Pedro Leopoldo/MG. Publicado em Fevereiro 2011.
4 GRANBEL. Histria de Pedro Leopoldo/MG. Publicado em Fevereiro 2011.
36
investimentos em indstria tecnolgica; e, mais recentemente a aprovao do megaprojeto
Fashion City, no municpio de Pedro Leopoldo, como parte da implantao de uma
Aerotrpolis5, nas imediaes do Aeroporto de Confins, que impactar diretamente o
municpio.
Em segundo lugar, a conjuntura favorvel intensificao de empreendimentos
imobilirios alimentada pelo grande aumento do crdito imobilirio intensificado, no
final da dcada de 2000, com a implantao do Programa Minha Casa Minha Vida
produziu um boom imobilirio, caracterizado pela expanso territorial, intensa
incorporao de novos segmentos de mercado e disseminao da tipologia apartamentono
municpio, antes caracterizado quase exclusivamente pela moradia do tipo casa6.
Segundo dados do censo IBGE, o municpio de Pedro Leopoldo possua, em
2010,17.510 domiclios particulares permanentes, dos quais 85,4% se encontravam em
rea urbana. Em 2000, o total de domiclios no municpio era ainda de 13.939,
representando um crescimento equivalente 25,6%, no perodo intercensitrio.
No mesmo perodo, a RMBH como um todo registrou um crescimento de 29,5%. A
taxa municipal, comparativamente baixa, se deve acelerao recente do processo de
crescimento do municpio, cujos efeitos sero mais claramente observados nesta dcada e
detectados no Censo Demogrfico 2020.
Atualmente, o municpio de Pedro Leopoldo considerado uma centralidade
regional, exercendo influncia sobre seus municpios vizinhos no sentido de atrao de
investimentos e populao. Esta circunstncia de deve, especialmente sua conexo com o
colar metropolitano e a regio de Sete Lagoas, atravs da rodovia MG-424 que corta a
cidade; a facilidade de acesso e proximidade com os municpios de Lagoa Santa, Confins e
So Jos da Lapa; e especialmente a proximidade com o aeroporto de Confins.
5Aerotrpolis: termo definido pelo acadmico norte-americano John D. Kasarda, autor de Aerotropolis:
Airport-Driven Urban Development, livro que descreve como a riqueza da segmentao de servios permite que um aeroporto tenha uma dinmica tal que possa ser considerada como uma prefeitura de servios, uma
verdadeira cidade na qual, alm da atividade aeroporturia, englobe outro conjunto de servios a funcionar de
maneira integrada, como, por exemplo, zonas de desenvolvimento aeroporto/indstria, hotel, catering,
logstica, entre outros. Fonte: Aerotrpolis opo para aeroportos brasileiros, REDBARON. 6 Texto elaborado a partir da compilao de dados retirados de Costa; Mendona (2012) e Mendona; Costa;
Borges (no prelo).
37
3.2. USO E PADRO DE OCUPAO DO SOLO URBANO
Os Mapas 3.2.1 a 3.2.3, a seguir, apresentam as caractersticas predominantes do
uso e da ocupao do solo urbano atual da sede municipal de Pedro Leopoldo e de seus
distritos. A este respeito, cabe destacar que o padro de ocupao no municpio continua
sendo predominantemente residencial unifamiliar horizontal, com uma diversidade de
padres construtivos, que refletem o padro de renda dos diferentes bairros, apontado junto
ao Diagnstico Socioeconmico e Produtivo. Destaca-se o padro mais alto concentrado
especialmente na rea central e mais baixo nas reas de ocupao irregular de interesse
social, tambm mapeadas,que sero detalhadas na seo de Condies de Moradia.
Em alguns eixos virios que compem o sistema virio urbano principal, assim
como em concentraes pontuais, observa-se a ocorrncia de usos comercial e de servios,
configurando centralidades em diferentes escalas.No centro da cidade, especialmente ao
longo da rua Comendador Antnio Alves, observa-se uma expressiva concentrao, em
forma de eixo, de atividades comerciais, de servios e institucionais mais especializados.
Uma descrio mais aprofundada da especificidade deste usos tambm pode ser verificada
junto ao Diagnstico Socioeconmico e Produtivo. As Imagens 3.1, a seguir, so fotos de
algumas das centralidades identificadas no municpio a ttulo de exemplo.
Entre os espaos livres de uso pblico mapeados, destaca-se a importncia das
praas, principalmente, nos distritos, onde, ainda que de dimenses reduzidas, funcionam
como ponto de concentrao de pequenos comrcios e equipamentos pblicos, trazendo
vida s comunidades. Aponta-se tambm para a presena de reas reservadas, mas em que
as praas ainda no teriam sido implantadas, especialmente nos novos loteamentos da
regio Norte.
Optou-se por incluir junto aos espaos livres de uso pblico o mapeamento dos
espaos de lazer configurados pelos campinhos de futebol, tradio municipal, que, como
pode ser observado nos Mapas 3.2.1 a 3.2.3, se multiplicam pela malha urbana. Ainda que
em sua maioria os campinhos sejam de propriedade privada, geridos por associaes de
bairro ou clubes de vrzea, estes espaos representam uma opo relevante de acesso ao
lazer pela populao do municpio.
38
Av. Heitor Cludio Sales Av. Carmelinda Pereira Costa
Esquina Rua Pacifico Gonalves Filho com
Suzana Passos
Rua Joo Teodoro Silva
Rua Contorno Lagoa de Santo Antnio Rua Vereador Magno Claret Vieira
Praa Santo Antnio Ferreira/Tapera Rua Comendador Antnio Alves
Imagens 3.1: Centralidades do Municpio de Pedro Leopoldo, agosto de 1014. Fonte: Equipe PR-CITT e Google Maps.
39
Destaca-se tambm a relevncia do uso industrial junto mancha edificada do
municpio, especialmente marcada pela presena das cimenteiras a leste (Holcim) e a oeste
(InterCement, antiga Camargo Correa) da rea central. Estas indstrias possuem grande
parcelas de terreno nestas regies, no entanto, o uso industrial no municpio, tambm
abrange outros setores e se espalha por outros pontos da mancha edificada, como pode ser
observado nos Mapas 3.2.1 a 3.2.3, sendo importante fonte de gerao de emprego e renda
do municpio. As caractersticas do setor sero aprofundadas junto ao Diagnstico
Socioeconmico e Produtivo.
O processo de verticalizao j se encontra presente no municpio e se concentra,
sobretudo, na regio central de Pedro Leopoldo, ainda com ocorrncias consideradas
pontuais na mancha urbana, como pode ser observado em destaque no Mapa 3.2.4, a
seguir. O critrio utilizado para mapeamento das edificaes verticalizadas no foi o
nmero de pavimentos, mas o destaque em relao ao seu entorno. Assim, na rea central,
edificaes com quatro ou mais pavimentos foram mapeadas, enquanto no distrito de
Lagoa da Santo Antnio e regio norte, optou-se por mapeadas edificaes com trs ou
mais pavimentos. Os demais bairros e distritos no possuem edificaes com mais de dois
pavimentos.
Ainda que concentrado na regio central, o processo de verticalizao parece
ocorrer de forma aleatria, especialmente sem que seja considerada a capacidade das vias
ou mesmo a declividade do terreno para sua implantao. Fica claro que o zoneamento
atual no capaz de direcionar o adensamento para as reas onde o mesmo seria mais
adequado. As Imagens 3.2, a seguir, ilustram o processo heterogneo de verticalizao na
rea central.
Nos demais bairros, especialmente na regio Norte e tambm no distrito de Lagoa
de Santo Antnio, os empreendimentos viabilizados pelo Programa Minha Casa Minha
Vida marcadamente, da Construtora Probase, muito atuante no municpio para as faixas
de renda acima de 3 salrios mnimos ainda que no necessariamente verticalizados,
tambm passam a marcar a paisagem do municpio, alterando seu carter original, em
decorrncia do porte e tipologia dos empreendimentos.
40
Imagens 3.2: Verticalizao na regio central de Pedro Leopoldo. Fonte: Equipe PR-CITT, agosto de 1014.
A descontinuidade da mancha urbana faz com que a cidade seja permeada por reas
vazias, reas ainda no parceladas, ou reas de proteo, que poderiam ter papel
importante na melhoria da qualidade de vida urbana ou nas condies mobilidade do
municpio. H tambm um elevado registro de ocupaes em reas verdes e certa
dubiedade em relao aos permetros atualmente definidos como urbano e rural.
O processo mais intenso de crescimento do municpio est concentrado na regio
Norte, onde tambm se observa o surgimento de vrios novos loteamentos, alm dos
muitos outros em processo de aprovao, segundo a Prefeitura Municipal. Apenas um
41
novo loteamento se encontra em implantao fora da regio norte, no distrito de Dr. Lund.
Este crescimento direcionado especialmente para o norte se deve, em grande parte, ao
enclausuramento da regio central do municpio, isolada pelos cursos dgua, pela rodovia
MG-424 e pela linha frrea; e pela grande parcela de terreno de propriedade da Unio, ao
sul, que inclui a regio da Fazenda Modelo e do Ministrio da Agricultura; assim como
pelas j mencionadas grandes parcelas de terreno de propriedade das empresas cimenteiras,
Leste e Oeste.
Estes novos loteamentos so predominantemente voltados para classes mais altas
com lotes de dimenses superiores a 600m. Em geral, temos alguns novos loteamentos
bem localizados, no sentido de preenchimento dos vazios da mancha urbana, enquanto
outros seguem provocando o espraiamento da ocupao. O principal impacto destes novos
empreendimentos est relacionado a predominncia massiva do uso exclusivamente
residencial, caracterstica que preocupante em termos de oferta de emprego e demanda
por servios e equipamentos pblicos. Alguns destes novos loteamentos, que se
encontravam implantados ou em processo de implantao, mas ainda no ocupados
tambm podem ser observados nos mapas 3.2.2 a 3.2.4, atravs da legenda reas
urbanizadas no ocupadas.
O padro de ocupao do solo caracteriza-se pelo uso intensivo dos lotes em bairros
de ocupao mais antiga das regies Central e Norte. Isso pode ser visto, em especial, no
bairro Teotnio Batista de Freitas (conhecido como bairro da Lua), na regio norte, onde
tal padro se faz mais marcante devido dimenso reduzida de seus lotes.
No incomum observar altas taxas de ocupao do solo nessas reas, o que lhes
confere uma maior densidade de ocupao. Em contraponto, diversos bairros, tambm na
regio norte, ainda apresentam baixa densidade, com grande nmero de lotes vagos,
inclusive novos loteamentos ainda no habitados.
Observa-se que os ndices urbansticos de parcelamento atuais estipulam, de acordo
com o zoneamento urbano, as reas mnimas dos lotes. No so estipuladas reas mximas
ou testadas mximas. A testada mnima dos lotes no prevista na legislao, a no ser
para os parcelamentos de interesse social, onde a frente mnima permitida de 10 (dez)
metros.
42
Nos distritos de Lagoa da Santo Antnio e Fidalgo, o parcelamento em pores
maiores de terra, tipo chcaras, teria se subdividido informalmente, especialmente atravs
de heranas familiares, representando atualmente um difcil problema de regularizao
fundiria para o municpio.
De fato a diversidade de zoneamentos determinados pelo atual Plano Diretor no
parece refletir a heterogeneidade intrnseca prpria mancha urbana do municpio. Talvez
devido aos diversos problemas de irregularidade fundiria, relatados pela Prefeitura, que
refletem tambm na irregularidade das edificaes.
Cabe pontuar tambm que, os distritos de Fidalgo e Vera Cruz de Minas, ainda
apresentam um certo carter de ruralidade. Em Fidalgo a ocupao predominantemente
caracterizada por chcaras e stios de fim-de-semana, se mesclatambm com ocupao de
baixa renda. Em Vera Cruz de Minas e localidades do entorno a ocupao esparsa,
marcadamente de baixa renda, com pequenas propriedades familiares rururbanas.
preciso destacar ainda a ausncia de parcelamento aprovado nas reas onde esto
localizados os atuais distritos industriais, em terrenos de propriedade pblica, que
desconsiderariam tambm as delimitaes entre reas urbanas e rurais. Apesar da
irregularidade do parcelamento e, consequentemente, tambm das edificaes, os distritos
esto operantes e, segundo a Prefeitura, existe demanda para a instalao de novas
indstrias, pendentes devido a tais problemas de regularizao. A proximidade destes
distritos industriais com a ocupao urbana tambm motivo de reclamaes por parte da
populao, destacado em Seminrio Participativo deste Plano Diretor, no que tange
poluio do ar e sonora. As reas em que apresentam uso industrial podem ser observadas
tambm foram mapeadas a seguir (Mapas 3.2.1 a 3.2.3).
Especialmente no distrito de Fidalgo, existe a inteno de implantao de um
distrito industrial voltado para o beneficiamento da pedra lagoa santa, atividade
caracterstica na regio, que foi recentemente barrada pelo meio ambiente, deixando boa
parte da populao sem alternativa de gerao de renda. Tambm no distrito de Fidalgo,
foram destacados pela prefeitura, a irregularidade de edificaes e problemas para a
definio das reas em que permitida a construo em relao aos limites do Parque do
Sumidouro e sua rea de amortecimento.
43
Mapa 3.2.1 Uso e ocupao do solo: levantamento da realidade existente Fidalgo
44
Mapa 3.2.2 Uso e ocupao do solo: levantamento da realidade existente Regio Central
45
Mapa 3.2.3 Uso e ocupao do solo: levantamento da realidade existente Regio Sul
46
Mapa 3.2.4 Verticalizao
47
3.2.1. Condies De Moradia: Caractersticas dos Domiclios
Em consonncia com o conceito mais amplo de necessidades habitacionais,
odiagnstico das condies de moradia do municpio de Pedro Leopoldo se estrutura
atravs da anlise de duas dimenses: a inadequao de moradias e o dficit habitacional.
O conceito de inadequao de moradias diz respeito a domiclios onde haja
necessidade de melhorias devido a determinados tipos de precarizao que afetam a
qualidade de vida dos moradores. A identificao de moradias inadequadas busca,
portanto, implementar polticas e projetos voltados melhoria do estoque habitacional
existente.
O dficit habitacional leva em conta o total de famlias sem condies de moradia
adequada. So classificados como inadequados os domiclios com adensamento excessivo
de moradores, carncia de infraestrutura, problemas de natureza fundiria, alto grau de
depreciao ou sem unidade domiciliar exclusiva. Consideram-se como carentes de
infraestrutura todos os domiclios que no disponham de pelo menos um dos seguintes
servios bsicos: iluminao eltrica, abastecimento com redes de gua e esgoto, coleta de
lixo.
Conforme o ltimo Censo Demogrfico, Pedro Leopoldo dispunha, em 2010,de
17.510 domiclios, dos quais 14.947 esto localizados em rea urbana, totalizando um
percentual de 85,4% (IBGE 2010).
A partir da anlise da Quadro 3.2.1, observa-se que no municpio h um grande
predomnio de domiclios unifamiliares, representando 93% do total de domiclios
particulares permanentes. A existncia de residncias multifamiliares (apartamentos) ainda
reduzida e corresponde a pouco mais de 6% do total de domiclios, ainda que j
represente a segunda maior ocorrncia de tipo domiciliar na cidade.
48
Quadro 3.2.1 Domiclios particulares permanentes por tipo Pedro Leopoldo 2010 Domiclios particulares permanentes Pedro Leopoldo 2010
Total Casa % Apartamento % Casa de vila ou
em condomnio
%
Cmodos
ou cortios %
17510 16287 93,0% 1114 6,36% 69 0,39% 40 0,23% Fonte: IBGE, Resultados do Universo Censo Demogrfico 2010.
Como j destacado na seo anterior, verifica-se uma maior concentrao de
apartamentos na rea central do municpio. Tambm se pode observar uma concentrao
expressiva de residncias multifamiliares na regio ao norte do centro, tais como So
Geraldo e Campinho, alm de algumas ocorrncias no distrito de Lagoa de Santo Antnio.
No que se refere infraestrutura e adequao das moradias, Pedro Leopoldo
apresenta uma realidade relativamente satisfatria, especialmente na sede urbana. De
acordo com o Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil 2013, que relaciona dados
extrados dos Censos Demogrficos de 1991, 2000 e 2010, os indicadores de habitao de
Pedro Leopoldo mostraram melhoras significativas ao longo dos anos, como pode ser
observado na Quadro 3.1.2, percebe-se uma evoluo considervel especialmente no que
se refere coleta de resduos slidos, que em 2010 apresentava uma taxa de 99% de
domiclios com coleta de lixo por companhia de limpeza, enquanto em 1991 apenas
57,02% dos domiclios eram atendidos por esse servio.
Importante ressaltar que os dados de coleta de lixo discriminados na Quadro 3.2.2
se referem apenas aos domiclios urbanos. Ao considerarmos tambm os domiclios rurais,
localizados em territrios mais distantes da sede, o percentual de moradias contempladas
pelo servio reduz consideravelmente, como pode ser observado no Mapa 3.2.5.
Quadro 3.2.2 Evoluo dos indicadores de habitao de Pedro Leopoldo 1991/2010
Indicadores de Habitao Pedro Leopoldo - MG 1991 2000 2010
% da populao em domiclios com gua encanada 88,00 94,96 98,42
% da populao em domiclios com energia eltrica 97,70 99,61 99,90
% da populao em domiclios com coleta de lixo *Populao urbana 57,02 93,99 99,00 Fonte: Pnud, IPEA e FJP
49
Mapa 3.2.5 Percentual de domiclios particulares permanentes com lixo coletado por setor censitrio Pedro Leopoldo 2010
Fonte: PNUD/IPEA/FJP (Atlas do Desenvolvimento Humano).
50
OMapa3.2.6 ilustra os dados do Censo Demogrfico 2010 relativos cobertura do
servio de abastecimento de gua no municpio de Pedro Leopoldo por setor censitrio.
Percebe-se um percentual satisfatrio de domiclios atendidos pela rede em Fidalgo,
Quintas do Sumidouro, Lagoa de Santo Antnio, bem como na rea central e suas
imediaes. Nas demais localidades, a cobertura do servio de gua se mostra ainda
deficiente, especialmente nos territrios localizados ao sul da sede, como Dr. Lund e
Tapera, com destaque para o bairro Quintas das Palmeiras, que apresenta entre 0% e 20%
apenas de domiclios atendidos pela rede de abastecimento de gua.
Os dados relativos ao esgotamento sanitrio domstico so os que apresentam os
piores indicadores se comparados aos demais servios bsicos. A insuficincia de
esgotamento sanitrio se mantm como o principal problema de carncia de infraestrutura
do municpio.
Segundo dados do Plano de Regularizao Fundiria de Pedro Leopoldo, em 2000
havia no municpio 4.105 domiclios sem esgoto sanitrio, enquanto no ano de 2010 este
nmero subiu para 6.715 domiclios. Considerando o numero total de domiclios
particulares permanentes em cada ano, os dados apontam que, no ano de 2000, 29,44% do
total de moradias no apresentava esgotamento sanitrio, enquanto em 2010 este ndice
chega a 38,35%. O Mapa 3.2.7 ilustra mais uma vez a disparidade presente entre a
cobertura do servio de esgotamento sanitrio na rea central e arredores e nas demais
localidades. Destaca-se que, apesar da existncia da rede de esgoto em alguns locais,
apenas recentemente uma Estao de Tratamento de Esgoto (ETE) se encontra em
processo de implantao no municpio, ou seja, mesmo quando coletado, a destinao do
esgoto at ento permanecia inadequada. Estes dados se relacionam diretamente anlise
das condies dos cursos dgua, especialmente das microbacias do ribeiro da Mata, do
Urubu, das Neves e das Areias, junto ao Diagnstico Ambiental.
J os servios de iluminao eltrica na cidade se mostram muito satisfatrios. A
quase totalidade dos domiclios particulares permanentes, 17.401 do total de 17.510
domiclios, apresentava energia eltrica fornecida por companhia distribuidora em 2010.
51
Mapa 3.2.6 Percentual de domiclios particulares permanentes com abastecimento de gua da rede geral nos setores censitrios Pedro Leopoldo 2010
Fonte: PNUD/IPEA/FJP (Atlas do Desenvolvimento Humano).
52
Mapa 3.2.7 Percentual de domiclios particulares permanentes com sanitrio e esgotamento sanitrio via rede geral de esgoto ou pluvial nos setores censitrios Pedro Leopoldo 2010
Fonte: PNUD/IPEA/FJP (Atlas do Desenvolvimento Humano).
53
OQuadro3.2.3, a seguir, relaciona os dados do dficit habitacional de Pedro
Leopoldo em dois momentos: em 2000 e em 2010. Seguindo as tendncias das capitais do
pas, pode-se observar que a maior parte do dficit do municpio urbano.
Quadro3.2.3 Dficit habitacional bsico Pedro Leopoldo 2000/2010
Dficit habitacional bsico Pedro Leopoldo
2000 2010
Absoluto % total de domiclios absoluto % total de domiclios
Total 1.601 11,49% 1.822 10,40%
Urbano 1.329 11,75% 1.645 11%
Rural 272 10,37% 176 6,86% Fonte: Fundao Joo Pinheiro (FJP), Centro de Estatstica e Informaes (CEI), Dficit Habitacional no
Brasil Municpios Selecionados e Microrregies Geogrficas 2004, IBGE: Resultados do Universo do Censo Demogrfico 2010.
Em termos absolutos, observa-se um aumento do total de famlias sem condies de
moradia adequada no perodo. Entretanto, percentualmente, verifica-se uma melhora de um
ano para o outro, especialmente nos indicadores do dficit habitacional para a zona rural.
Embora o municpio tenha apresentado uma ligeira melhora ao longo dos anos em
termos relativos, o dficit habitacional de Pedro Leopoldo se v hoje prximo ao
verificado na capital, Belo Horizonte. Belo Horizonte apresentava em 2010 um percentual
de 10,30% de moradias inadequadas, enquanto os dados de Pedro Leopoldo indicaram
10,40% para o mesmo perodo (Dficit Habitacional Municipal no Brasil 2010).
Especificamente foram identificadas em campo doze reas de interesse social, entre
elas apenas uma atualmente reconhecida pela legislao municipal, a Vila Aparecida,
localizada na Rua Rivadavia, que d acesso ao distrito de Dr. Lund. Entre as demais reas
identificadas esto: o bairro Periquitos, localizado no distrito de Fidalgo; as vilas
Felicidade e Lico Diniz, localizadas no distrito de Lagoa de Santo Antnio;uma ocupao
na rea verde do loteamento Teotnio Batista de Freitas (conhecido como Bairro da Lua);
os conjuntos habitacionais Lico Diniz e uma rea no Bairro Campinho, ambos na regio
norte do municpio; avila So Joo Batista prxima ao local de implantao da ETE,
nodistrito de Dr. Lund; a Vila Horta Municipal, localizada nos limites do Bairro Santo
Antnio da Barra; uma pequena ocupao na regio de Ferreira/Tapera, prxima a uma
rea degradada pela extrao de areia; uma rea no bairro Quinta das Palmeiras, tambm
prxima rea degradada pela extrao de areia; a totalidade do bairro Manuel Brando; e,
finalmente, uma comunidade quilombola na rea rural, regiosudoeste do municpio, o
54
Quilombo do Pimentel, que estaria em conflitocom os proprietrios de terras de seu
entorno.
Estas reas tem como caracterstica comum a autoconstruo e podem ser
observadas no Mapa 3.2.8 a seguir. Destaca-se em especial a grande dimenso e
precariedade observada na rea de Manuel Brando, ilustrada pelas Imagens 3.3, a seguir.
Segundo a Secretaria Municipal de Planejamento Urbano, a premissa inicial da atual
gesto no de remoo, mas de regularizao e urbanizao destas reas.
Imagens 3.3: Bairro Manuel Brando Fonte: Equipe PR-CITT, julho de 1014.
55
Mapa 3.2.8 reas de interesse social em Pedro Leopoldo 2014
Fonte: Plano Municipal de Regularizao Fundiria e levantamento Equipe PR-CITT, julho de 1014.
56
O Municpio de Pedro Leopoldo no dispe de Plano Local de Habitao de
Interesse Social (PLHIS). Tampouco existem polticas de proviso habitacional ou
assistncia tcnica no setor. Segundo a Secretaria Municipal de Planejamento Urbano,
apesar dos indicadores do dficit habitacional da cidade, no existe previso para a
elaborao de um PLHIS para o municpio, o foco da poltica habitacional estaria
atualmente na aplicao do Plano Municipal de Regularizao Fundiria existente e nesta
reviso do Plano Diretor, para diagnosticar e conferir orientaes e diretrizes para o
planejamento habitacional local.
O Plano Municipal de Regularizao Fundiria, de 2009, j apontava para as reas
de interesse social destacadas anteriormente, assim como para um total de43 reas que
apresentavam diversos tipos de irregularidades no municpio, como apresentado no Mapa
3.2.9, a seguir. Desde a aprovao do PMRF nenhuma das reas identificadas como
irregulares foi regularizada.
57
Mapa 3.2.9 reas irregulares em Pedro Leopoldo 2014
Fonte: Plano Municipal de Regularizao Fundiria.
58
3.3. INFRAESTRUTURA SOCIAL E URBANA
3.3.1. Sistemas virio e de transporte pblico
Assim como sua mancha urbana, a rede viria de Pedro Leopoldo particularmente
descontnua, marcada pelas barreiras que representam os seus cursos dgua, em especial,
o ribeiro da Mata e seus afluentes, ribeires do Urubu e das Neves, tratados junto ao
Diagnstico Ambiental, pela ferrovia e pela rodovia MG-424, que corta a cidade no
sentido Sudeste-Noroeste e conecta o municpio capital, Belo Horizonte, e regio de
Sete Lagoas.
Alm da rodovia MG-424, destacam-se rodovias municipais, descontnuas em
denominao, mas cuja rede permite a conexo da sede do municpio com seus distritos e
alguns municpios vizinhos. A descontinuidade de nomenclatura das vias est relacionada
forma de crescimento caracterstica do municpio, em que estradas vicinais tinham suas
margens gradualmente ocupadas, se transformando em logradouros. Destaca-se tambm
um pequeno trecho, no extremo sudoeste do municpio, em que os limites do municpio
fazem fronteira com a BR-040.
Ao Sul, a continuidade das vias avenida Rmulo Joviano, rua Suzana Passos, rua
So Vicente e rua Nossa Senhora do Rosrio do acesso ao distrito Vera Cruz de Minas e
conectam o municpio Ribeiro das Neves.
A Leste, a continuidade das vias rua Rivadavia, avenida Dr. Otvio Costa, rua
Cristvo de Assis e rua Antnio Elias do acesso ao distrito de Dr. Lund e conectam o
municpio So Jos da Lapa; e a continuidade das vias rua Anhanguera e estrada para
Confins e Pedro Leopoldo, conectam a regio do bairro Parque Andyara ao local onde ser
instalado o complexo Cidade da Moda e ao municpio de Confins.
Ao Norte, a Estrada da Ciminas conecta a MG-424 ao distrito de Lagoa do Santa
Antnio; assim como a continuidade das vias rua Agenor Teixeira da Costa, rua Borors,
avenida Araguaia, avenida Heitor Cludio Sales e rua Contorno. Finalmente, a
continuidade das vias rua Jos Anacleto e rua Pacfico Rodrigues conectam o distrito de
Lagoa de Santo Antnio ao distrito de Fidalgo, que por sua vez se conectam ao municpio
de Lagoa Santa pela estrada para Lagoa Santa. H ainda vrias ramificaes e interligaes
desses corredores, alm de outros corredores e interligaes secundrios, marcadamente na
fronteira entre o distrito de Lagoa de Santo Antnio e o municpio de Matozinhos.
59
Este sistema virio de conexo intraurbano e intermunicipal se encontra
representada no mapa 3.3.1, a seguir.
A rea central do municpio de Pedro Leopoldo, que concentra a maioria das
atividades de comrcios e servios, atraindo grande volume de pessoas, encontra-se ilhada
pela rodovia MG-424, pelo ribeiro da Mata e seus afluentes e pela ferrovia, o que limitou
sua expanso e possivelmente contribuiu para o crescimento descontnuo do municpio.
Na rea central, a demanda por estacionamento compete com o trfego de
automveis e de bicicletas, com os espaos de carga e descarga (atualmente permitida em
horrio comercial e sem limitao de tempo ou tonelagem) e com os prprios pedestres
que muitas vezes so forados a caminhar pelo leito carrovel devido ao
subdimensionamento dos passeios.
O subdimensionamento dos passeios constatado em todo o municpio, trazendo
insegurana e desconforto aos pedestres. Cumpre observar as restries causadas aos
portadores de deficincia fsica, impossibilitados de trafegar com segurana nas vias
pblicas. Esta caracterstica implica tambm na falta de visibilidade nos cruzamentos e na
dificuldade de implantao de arborizao e mobilirio urbano no municpio.
A TransPL, responsvel pela gesto do transporte e trnsito no municpio, afirmou
que, atualmente, no existe um padro municipal para execuo de passeios, o que
dificulta a fiscalizao.
A rodovia MG-424, eixo de acesso principal da cidade, assim como suas principais
vias vicinais, apresentam boas condies de trafegabilidade. Destaca-se uma intercesso
perigosa na sada do bairro Maria Cndida para a MG-424, sentido Belo Horizonte,
prxima ao posto de gasolina. Um controlador eletrnico de velocidade foi instalado no
ponto e, apesar da existncia de uma transposio em desnvel que d acesso rua So
Paulo e rua Lateral que retorna rodovia mais adiante, muitos motoristas optam pelo
acesso direto potencialmente perigoso devido ao grande fluxo de veculos, inclusive de
transporte de carga. A duplicao da avenida So Paulo foi colocada por representantes do
Conselho de Poltica Urbana como uma proposta de interveno viria para facilitar a
conexo regio Norte do municpio. No entanto, supostamente, esta obra teria
intervenes com imveis de interesse histricos tombados pelo municpio na mesma via.
60
Mapa 3.3.1 Principais eixos virios e hidrografia Fonte: PNUD/IPEA/FJP (Atlas do Desenvolvimento Humano).
61
Destacam-se, alm do trecho de fronteira com a BR-040, dois outros bairros que
apresentam acesso mais fcil pelos municpios vizinhos, com os quais se encontram
conurbados, do que a partir da rea central de Pedro Leopoldo, ambos na regio Sul do
municpio a aproximadamente 18km de distncia do centro da cidade: o bairro Manoel
Brando, conurbado e absolutamente dependente da infraestrutura de comrcio e servios
do municpio de Ribeiro das Neves, cujo acesso interno ao municpio de Pedro Leopoldo
ocorre apenas por estrada no pavimentada; e o bairro Quintas das Palmeiras, situado na
fronteira trplice entre Pedro Leopoldo, Vespasiano e Ribeiro das Neves, conurbado ao
bairro Areias, tambm em Ribeiro das Neves, menos dependente de sua infraestrutura por
apresentar uma ocupao caracterizada por casas de fim-de-semana, mesclada a uma
ocupao de baixa renda.
A ferrovia que corta a cidade permanece ativa apenas para o transporte de cargas e
transposta pelo sistema virio em seis pontos: quatro na rea central um em nvel, um
em desnvel com passagem superior e dois em desnvel com passagem inferior e dois
outros pontos de transposio em nvel no distrito de Dr. Lund. O trecho da linha frrea
que corta o municpio operado pela Ferrovia Centro Atlntica (FCA), e transporta cargas
oriundas principalmente das cimenteiras Holcim e InterCement (antiga Camargo Corra
Cimentos) e da mineradora Vale. No entanto, seu funcionamento pouco frequente e no
chega a interferir na circulao interna do municpio.
Em 2011, o Ministrio dos Transportes teria anunciado um plano para revitalizao
de mais de 2 mil quilmetros de linhas frreas no pas para a reintroduo do transporte de
passageiros, entre eles o trecho que conecta Belo Horizonte ao Norte do estado, passando
por Pedro Leopoldo. No foram obtidas maiores informaes a respeito deste plano ou de
sua efetivao.
Como o relevo no municpio caracteristicamente plano, especialmente na regio
central, poucas vias foram implantadas em locais de maior declividade. Destaca-se o
potencial desta caracterstica natural para o transporte por bicicletas, tradicionalmente
utilizado pela populao, apesar da ausncia ou ms condies da infraestrutura de
ciclovias e bicicletrios. Atualmente, existem duas ciclovias implantadas curiosamente em
vias de ligao, externas ao permetro urbano. Mais especificamente na via de acesso ao
distrito de Dr. Lund e ao bairro Santo Antnio da Barra (que tem parte de seu trajeto
utilizado tambm para caminhadas).
62
Por se tratarem de vias que permitem certa velocidade, os separadores fsicos so
de especial importncia e, nesse quesito, cabe destacar que a ciclovia de acesso ao bairro
Santo Antnio da Barra apresenta trechos potencialmente perigosos.
Segundo a TransPL, a opo pela bicicleta j foi muito mais expressiva no
municpio e no existem, atualmente, aes para benefcio do ciclista. O trnsito de
bicicletas na regio central estaria concentrado especialmente na rua Comendador Antnio
Alves, principal centralidade de comrcio e servios no municpio. Atualmente, a rua
Comendador Antnio Alves funciona como mo nica e apresenta duas faixas carroveis,
com estacionamento dos dois lados. A via no possui demarcao de ciclovia ou
ciclofaixa, alm de apresentar passeios (apesar de maiores que a mdia no municpio)
estreitos para o fluxo intenso de pedestres.
Ainda segundo a TransPL, h um grande nmero de acidentes, envolvendo
bicicletas, que no registrado, pois os ciclistas estariam circulando na contramo e,
especialmente nesses casos, optariam por no prestar queixa. Isso um indicador de que
preciso uma poltica de conscientizao generalizada e adequao da infraestrutura
necessria para
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