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Esse trabalho reúne proposições de ações de nível municipal, com vistas a estabelecer uma política municipal de áreas protegidas.
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2014
Biólogo Paulo Carvalho Filho matrícula PMAR 3054 Prefeitura Municipal de Angra dos Reis Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano Gerência de Estudos e Projetos Ambientais 07/07/2014
Plano Municipal da Mata Atlântica
Sistema Municipal de Áreas Protegidas - SMAP
Critérios de planejamento, criação e gestão de áreas protegidas de âmbito municipal
Anexos
1 – Apresentação:
O Plano Municipal de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica é uma
estratégia do Ministério do Meio Ambiente para a recuperação da Mata Atlântica nos
vários estados da Federação, onde ela ainda é encontrada. Constitui importante
ferramenta para o envolvimento dos municípios como atores-chaves na gestão
ambiental da Mata Atlântica e no ordenamento territorial a nível local.
A Lei Federal nº 11.428/06, conhecida como Lei da Mata Atlântica, regula a
utilização e proteção de suas diferentes formas de vegetação nativa. O seu objetivo é
promover a conservação dos remanescentes de Mata Atlântica no país, nos seus
diferentes estágios de regeneração e criar meios para que áreas já desmatadas sejam
regeneradas. O Decreto nº 6.660/2008, que regulamenta a Lei nº 11.428/2006,
estabelece as condições sob as quais pode haver intervenção ou uso sustentável nos
remanescentes de Mata Atlântica.
A Lei nº 12.651/2012, que dispõe sobre a proteção da vegetação nativa e que
revogou a Lei nº 4.771/65, considera as florestas e demais formas de vegetação nativa
"bens de interesse comum a todos os habitantes" e, dessa forma, condiciona o
exercício do direito de propriedade e os usos com fins comerciais a certas exigências
legais, ratificando o papel da área de preservação permanente (APP) e da reserva legal
como figuras jurídico-ambientais fundamentais para a proteção da vegetação nativa e
estabelece a obrigatoriedade da inscrição no Cadastro Ambiental Rural (CAR) para
todos os imóveis rurais.
A bibliografia consultada apresenta diversas ações importantes que devem ser
adotadas com o intuito de salvaguardar a estratégia de recuperação e proteção a Mata
Atlântica. Citamos:
Ações que promovam a conectividade entre fragmentos;
Adoção de programas de restauração florestal;
Estratégias e ferramentas econômicas para incentivar a proteção e
recuperação da Mata Atlântica;
Fortalecimento dos Planos Municipais de Conservação e Recuperação da
Mata Atlântica;
Recuperação de bacias hidrográficas degradadas e gestão de riscos;
Ações para prevenir os efeitos da mudança climática; etc.
A Lei Municipal n° 1.965, de 24 de junho de 2008, dispõe sobre o Novo Código
Ambiental do Município de Angra dos Reis. Ela define 3 (três) situações distintas de
áreas municipais que podem ser utilizadas para a proteção da natureza, bem como ao
desenvolvimento turístico.
São elas:
1.1 ÁREAS VERDES PÚBLICAS E PARTICULARES: Áreas Verdes são espaços
livres1 citados pela Lei n° 6.766, de 19 de dezembro de 1979, e suas
modificações e terão sua regulamentação por ato do Poder Executivo
Municipal (art. 33).
1.2 ÁREAS DE PROTEÇÃO PAISAGÍSTICA: São espaços territoriais a serem
protegidos pelo Poder Público Municipal, cujos relevantes atributos naturais
ou criados, justifiquem sua qualidade como bem ambiental e/ou econômico
de uso direto ou indireto, tendo em vista a atratividade que tais atributos
possam exercer para o incremento da atividade turística, da valorização do
meio ambiente e da qualidade de vida (art. 34).
1.3 UNIDADES DE CONSERVAÇÃO: São áreas especialmente protegidas,
criadas através de legislação própria e de acordo com as diretrizes dispostas
nos artigos da Lei n° 9.995/00 que trata sobre o Sistema Nacional de
Unidades de Conservação (SNUC) e seu decreto regulamentador. Na Lei n°
1.965/08 são reguladas pelos art. 30, 31 e 32.
Angra dos Reis é um município que ainda possui cerca de 80% do seu território
recoberto por florestas de Mata Atlântica, com vegetação em bom estado de
conservação.
No ano de 2010 o Município de Angra dos Reis, foi classificado pelo Ministério
do Turismo como um dos principais indutores de turismo do Brasil, no estudo realizado
pela Fundação Getúlio Vargas.
O turismo municipal gera 6.980 empregos diretos. O município possui 239
meios de hospedagem, incluindo hotéis, pousadas, campings e resorts, com 4.258
unidades habitacionais e 12.022 leitos.
Embora o turismo possua uma procura ainda incipiente no município, muito
esforço há de ser feito pelo governo municipal, no sentido de preparar a cidade para
aumentar a atividade turística, garantindo conforto e segurança as pessoas, permitindo
que cada vez mais o nº de visitantes aumente, fazendo da atividade turística uma das
principais atividades econômicas municipais, como forma de melhor equalizar os
1 incluem-se as praças e outros espaços urbanos não edificáveis.
problemas decorrentes do crescimento municipal, com melhorias na qualidade de vida
da população local e visitante.
As áreas de Mata Atlântica representam um grande potencial para o
desenvolvimento de atividades relacionadas ao Turismo Ecológico, Turismo Natural
e/ou Rural, e as unidades de conservação servem como atrativo de um grande
contingente de visitantes, incrementando a atratividade turística regional.
A Mata Atlântica abrangia originalmente uma área equivalente a 1.296.446
Km², estendendo-se pelo território ocupado por 17 estados brasileiros. Hoje somente
22% da área original são ainda encontrados, onde vivem 123 milhões de pessoas, o
que equivale a 67% da população brasileira.
A Mata Atlântica é reconhecida como Patrimônio Nacional pela Constituição
Federal de 1988 e como Reserva da Biosfera pela UNESCO. Apesar da extinção de uma
quantidade já bastante elevada de suas espécies, a Mata Atlântica ainda acolhe uma
das maiores biodiversidades do mundo, com alta incidência de espécies endêmicas,
sendo, por isso, classificada como uma das cinco áreas prioritárias de conservação do
planeta. Ao mesmo tempo, a Mata Atlântica oferece serviços ecossistêmicos valiosos e,
sobretudo, assegura o abastecimento de água para as maiores cidades brasileiras.
A Lei Federal nº 11.428/2006, instituiu os Planos Municipais de Conservação e
Recuperação da Mata Atlântica, como instrumento de efetivação da política de
conservação e preservação desse importante bioma.
O art. 38 da referida lei, diz que "serão beneficiados com recursos do Fundo de
Restauração do Bioma Mata Atlântica os projetos que envolvam a conservação dos
remanescentes de vegetação nativa, pesquisa científica ou áreas a serem restauradas,
implementados por municípios que possuam plano municipal de conservação e
recuperação da Mata Atlântica, devidamente aprovado pelo Conselho Municipal de
Meio Ambiente. No caso de Angra, o CMUMA é o Conselho que deve aprovar o Plano.
Após essa aprovação a Administração Pública deve enviar ofício ao Instituto Chico
Mendes de Biodiversidade para ratificação da decisão municipal e averbação junto
aquele órgão.
O Plano Municipal da Mata Atlântica (Brasil, 2013) tem o importante papel de
identificar projetos e ações prioritárias a serem adotadas no território municipal para
que haja a conservação de sua vegetação nativa e para que áreas degradadas sejam
recuperadas". Esse é um dos principais objetivos da criação e implantação das
unidades de conservação da natureza de âmbito municipal, propostas para Angra dos
Reis, com vistas a proteção dos ambientes naturais cobertos por florestas em bom
estado de conservação, com grande quantidade de biodiversidade e áreas que
mereçam ser recuperadas ambientalmente, devido a sua localização e importância
estratégica local.
2 - Introdução:
Diversos trabalhos científicos que tratam sobre a vegetação e a flora sul
fluminense, bem como levantamentos de campo para a elaboração de EIA/RIMA do
licenciamento ambiental de Furnas Centrais Elétricas e do Complexo Nuclear Almirante
Álvaro Alberto em Itaorna, já foram realizados na Mata Atlântica da região. Esses
estudos, dividem o território municipal de acordo com o tipo de vegetação nele
encontrada e sua topografia, que podem variar de campos antropizados a florestas
ombrófilas, sendo essa formação florestal, sub-dividida em 5 (cinco) tipos, segundo
uma hierarquia topográfica que reflete fisionomias vegetais diferentes, de acordo com
as variações ecotípicas, resultantes de ambientes distintos.
Essas subdivisões podem ser classificadas como: 1. Floresta Ombrófila Densa;
2. Floresta Ombrófila Aberta; 3. Formação de Terras Baixas; 4. Formação Submontana;
5. Formação Montana e; 6. Formação Alto-montana.
A Mata Atlântica angrense possui alta taxa de diversidade e um n° muito
elevado de espécies endêmicas, como muitas espécies ameaçadas de extinção pela
singularidade específica ou pelo alto grau de procura. AXIMOFF et. al. (2003) registrou
em trabalho realizado na floresta do Complexo Nuclear Almirante Álvaro Alberto,
indivíduos arbóreos com DAP (diâmetro na altura do peito) de 25 e 50 cm, sendo que
alguns indivíduos podiam chegar a 112 cm de largura com altura máxima de 35
metros, bem como na floresta incluída no Parque Estadual de Cunhambebe, foi
encontrada espécie de roedor endêmica. O Livro Vermelho da fauna ameaçada de
extinção do Ministério do Meio Ambiente, informa-nos que somente na Mata Atlântica,
que é um dos ecossistemas nacionais mais ameaçados, a mastofauna tem um
percentual de 68,9% de ameaças o que justifica por si só, a preservação de áreas de
floresta do bioma Mata Atlântica com vistas ao conhecimento do potencial genético e
da classificação de espécies.
O território angrense encontra-se localizado na região sul fluminense onde o
recorte litorâneo é mais intenso, associado ao forte relevo ondulado provocado pela
dobratura do manto terrestre e devido a presença da Serra do Mar. Sendo a Mata
Atlântica um bioma singular de extrema importância nacional, os ecossistemas que a
compõe possuem um grande nº de espécies ainda desconhecidas para a ciência e
paulatinamente os seus ecossistemas dão lugar a áreas antropizadas, sem que grande
quantidade de espécies sejam identificadas e estudadas, perdendo-se para sempre um
banco genético de relevante interesse para a farmacologia e para as ciências naturais,
no que tange a descoberta de novas espécies e substâncias capazes de serem
utilizadas no combate de enfermidades tropicais e doenças ainda tidas como
incuráveis.
3 - O Sistema Nacional de Unidades de Conservação - SNUC:
No ano de 2000, o Congresso Nacional votou o Projeto de Lei nº 2892/92 que
"Dispõe sobre os Objetivos Nacionais de Conservação da Natureza, cria o Sistema
Nacional de Unidades de Conservação, estabelece medidas de preservação da
diversidade biológica e dá outras providências", aprovando a Lei nº 9.985, de 18 de
julho de 2000, que dispõe sobre o Sistema Nacional de Unidades de Conservação.
O Sistema Nacional de Unidades de Conservação - SNUC é constituído pelo
conjunto de categorias de unidades de conservação federais, estaduais e municipais e
regulamenta o art. 225, § 1º, incisos I, II, III, e VII da Constituição Federal.
As categorias de unidades de conservação constantes do SNUC dividem-se em
dois grupos: I - Unidades de Uso Sustentável e II - Unidades de Proteção Integral.
As unidade se uso sustentável são aquelas que possuem planos de manejo que
permitem conciliar o uso das áreas com a conservação dos recursos e sua
biodiversidade. Essas unidades são:
I - Área de Proteção Ambiental;
II - Área de Relevante Interesse Ecológico;
III - Floresta Nacional;
IV - Reserva Extrativista;
V - Reserva de Fauna;
VI - Reserva de Desenvolvimento Sustentável; e
VII - Reserva Particular de Patrimônio Natural.
As unidades de Proteção Integral são aquelas cujo objetivo básico é preservar a
natureza, sendo admitido apenas o uso indireto dos recursos naturais, com exceção
dos casos previstos em lei. Classificam-se nesta categoria as unidades do tipo:
I - Estação Ecológica;
II - Reserva Biológica;
III - Parque Nacional;
IV - Monumento Natural;
V - Refúgio de Vida Silvestre.
Os planos de manejo destas unidades, na maior parte das vezes, com base na
legislação, reservam às áreas protegidas, um percentual muito grande de preservação.
Por exemplo, quando a categoria de unidade é uma Reserva Biológica ou um Refúgio
de Vida Silvestre, 100% da área deverá ser de preservação permanente. Quando é
uma Estação Ecológica, 90% da área deverá ser de preservação permanente e quando
é um Parque Nacional ou um Monumento Natural, 70% da área deverá ser de
preservação permanente. A diferenciação básica entre um Parque Nacional e um
Monumento Natural é que no caso de ser a área um Parque Nacional (ou Estadual ou
Municipal), sempre deverá ocorrer desapropriação da área, já que as terras de um
Parque sempre serão públicas, o que difere de um Monumento Natural, pois se o
proprietário da área concordar em aplicar o que é definido na legislação para
Monumento Natural, não haverá necessidade de desapropriá-la.
Para a criação de uma unidade de conservação é importante que algumas
medidas sejam adotadas, seguindo-se que as características básicas do território sejam
estudadas, bem como os propósitos a que se destinam a proteção desse território.
Assim, deve-se fazer um levantamento prévio, anterior a escolha da categoria de
unidade a ser implantada, diminuindo-se os impasses que possam existir à proteção da
fauna, da flora e dos recursos naturais em geral.
4 - As Áreas Especialmente Protegidas existentes em Angra dos Reis:
Angra dos Reis possui atualmente 9 (nove) unidades de conservação em seu
território, distribuídas entre unidades de uso sustentável e unidades de proteção
integral. Essas categorias ora estão sujeitas ao Instituto Chico Mendes de
Biodiversidade (ICM-Bio), ora estão sujeitas a Secretaria de Estado do Ambiente (SEA)
e ora estão sujeitas a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento
Urbano (SMA).
4.1 Áreas Especialmente Protegidas de responsabilidade
administrativa do Instituto Chico Mendes de Biodiversidade -
ICMBio:
As unidades de conservação sujeitas ao ICM-Bio são o Parque Nacional da Serra
da Bocaina (PARNA Bocaina) e a Estação Ecológica de Tamoios (ESEC Tamoios). O
PARNA Bocaina é uma unidade de conservação criada através do Decreto Federal nº
68.172, de 04/02/71, com uma área de 134.000 ha, sendo posteriormente modificado
pelo Decreto Federal nº 70.694, de 08/06/72, reduzindo a sua área para 104.000 ha. O
PARNA Bocaina representa um importante fragmento florestal do Domínio Mata
Atlântica, agrupando ampla diversidade de tipos vegetacionais, grandes extensões
contínuas de áreas florestadas, sob diversos domínios geomorfológicos, abrangendo
desde áreas costeiras até vertentes íngremes no alto do planalto dissecado da Bocaina,
do nível do mar até 2.088 metros de altitude (IBAMA, 2002).
A Estação Ecológica de Tamoios (ESEC Tamoios) foi criada pelo Decreto Federal
nº 98.864/90 e é formada por um conjunto de 29 ilhas, ilhotes, lajes e rochedos
localizados na Baía da Ilha Grande, incluindo o entorno marinho num raio de 1 Km a
partir de cada acidente geográfico por ela protegido. A área da ESEC Tamoios é de
9.361,27 ha. A maior parte das ilhas que formam a ESEC Tamoios encontra-se
recoberta por vegetação de Mata Atlântica insular em bom estado de conservação.
Poucas são aquelas que não possuem vegetação, não por degradação antrópica, mas
pela constituição geológica da ilha que pode ser totalmente formada por rochas, não
possuindo solo nem disponibilidade hídrica.
4.2 - Áreas Especialmente Protegidas de responsabilidade
administrativa da Secretaria de Estado do Ambiente - SEA:
As unidades de conservação sujeitas a Secretaria de Estado do Ambiente (SEA)
são o Parque Estadual de Cunhambebe (PEC), o Parque Estadual da Ilha Grande
(PEIG), a Reserva Biológica da Praia do Sul (REBIO Praia do Sul), o Parque Estadual
Marinho do Aventureiro (PEMA) e a Área de Proteção Ambiental de Tamoios (APA
Tamoios).
O Parque Estadual de Cunhambebe (PEC) foi criado através do Decreto
Estadual nº 41.358, de 13 de junho de 2008. O PEC tem uma área de 38 mil ha e
abrange parte dos municípios de Angra dos Reis, Paraty, Mangaratiba, Rio Claro e
Itaguaí. O PEC protege uma área de vegetação nativa que forma um contínuo florestal
com o PARNA Bocaina e a Terra Indígena Bracuhy, assegurando a preservação de
espécies animais e vegetais ameaçadas com a fragmentação dos remanescentes da
Mata Atlântica.
O Parque Estadual da Ilha Grande (PEIG) foi criado através do Decreto Estadual
nº 15.273/71 e no ano de 2007, através do Decreto Estadual nº 40.602/07 teve a sua
área ampliada para 12.052 ha, ocupando hoje cerca de 62,5% do território da Ilha
Grande. O PEIG é o 2º maior Parque insular do Brasil e em 1992 a UNESCO
reconheceu a importância dos seus ecossistemas, incluindo-os como parte da Reserva
da Biosfera da Mata Atlântica. Quando da sua criação no ano de 1971, o PEIG tinha 15
mil ha. Mais tarde no ano de 1978, sua área foi reduzida para 5.600 ha e em 2007, sua
área foi novamente aumentada para 12.052 ha.
A Reserva Biológica da Praia do Sul (REBIO Praia do Sul), foi criada no ano de
1981 através do Decreto Estadual nº 4.972, com uma área de 3.600 ha e encontra-se
na face sudoeste da Ilha Grande. A Reserva abriga cinco ecossistemas naturais: mata
de encosta, manguezal, restinga, lagunas (com campos inundáveis) e costões
rochosos. As praias e lagunas do Sul e do Leste, o rio Capivari e a vegetação
exuberante formam o conjunto mais bem preservado do Estado do Rio de Janeiro.
Além dos atributos naturais, a Reserva protege sambaquis e sítios arqueológicos dos
antigos habitantes da região, conhecidos como "fabricantes de machados da Ilha
Grande". Além das praias do Sul e do Leste, a REBIO da Praia do Sul protege as
praias do Demo, dos Meros e do Aventureiro.
O Parque Estadual Marinho do Aventureiro (PEMA) é um Parque criado através
do Decreto Estadual nº 15.983/90, e sua área confronta-se com a área da REBIO Praia
do Sul, compreendendo toda a área de costeiras e praias desde a ponta da Tacunduba
(Parnaióca) até a Ponta do Drago. Sua área é de 15, 5 Km², equivalendo-se a 8% da
área da Ilha Grande.
A Área de Proteção Ambiental de Tamoios (APA Tamoios) foi criada através do
Decreto Estadual nº 9.452, de 5/12/86. A área da APA Tamoios foi definida como Área
de Interesse Especial do Estado do Rio de Janeiro, pela Lei Estadual nº 1.130, de
12/02/87 e pelo Decreto Estadual nº 9.760, de 11/03/1987. O Decreto Estadual nº
20.172 de 1994, instituiu o Plano de Manejo da APA de Tamoios. Como já havia se
passado mais de 10 anos da publicação do Plano de Manejo da APA de Tamoios e
devido a grande pressão econômica sobre a Ilha Grande, a Secretaria de Estado do
Ambiente (SEA) no ano de 2013, publicou novo Plano de Manejo para a APA de
Tamoios, estabelecendo novo zoneamento para as áreas nela contidas, através do
Decreto Estadual nº 44.175, de 25/04/2013.
4.3 Áreas Especialmente Protegidas de âmbito municipal de
responsabilidade administrativa da Secretaria Municipal de Meio
Ambiente e Desenvolvimento Urbano - SMA:
As unidades de conservação sujeitas a administração da Secretaria Municipal de
Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano são a Área de Proteção Ambiental da Bacia
Hidrográfica do rio Japuíba (APA Japuíba), criada através da Lei Municipal nº 1.888, de
20/12/07 e a Área de Relevante Interesse Ecológico das Ilhas Cataguás (ARIE
Cataguás), criada através da Lei nº 1.920, de 26/12/07, ambas criadas pelo Poder
Executivo municipal, com os objetivos de garantir a qualidade do manancial de
abastecimento de água dos bairros do 1º distrito municipal e permitir o ordenamento
da visitação turística nas Ilhas Cataguás, respectivamente.
No ano de 2007, o Poder Executivo publicou a Lei Municipal nº 1.889, de
20/12/07 instituindo o Projeto "Adote uma Praça", com o objetivo de garantir através
da participação da iniciativa privada, a remodelação e conservação de praças, às
expensas de empresas particulares, conforme critérios dos órgãos públicos
competentes, a serem regulamentados pelo Poder Executivo. Ao meu ver, como essa
lei não foi regulamentada é importante que seja revista, para que nos seus objetivos
sejam incluídos a participação da iniciativa privada na adoção de praças e áreas de
unidades de conservação de âmbito municipal, como medida de compensação
ambiental.
A Lei Municipal n° 1.965, de 24 de junho de 2008, dispõe sobre o Novo Código
Ambiental do Município de Angra dos Reis e no art. 33 encontramos a definição de
Áreas Verdes, que é uma categoria de uso do solo criada pela Lei nº 6.766/79, que
instituiu a Lei do Parcelamento e do Uso do Solo Urbano. O art. 34 da Lei Municipal nº
1.965/08, cria as Áreas de Proteção Paisagística, que em termos genéricos,
assemelham-se aos Monumentos Naturais do SNUC.
4.4 Proposta de criação de novas áreas especialmente
protegidas de âmbito municipal:
4.4.1 Parque Municipal da Mata Atlântica: trabalho iniciado no
ano de 2010 em decorrência da catástrofe natural que se abateu sobre Angra dos Reis
naquele ano. Proposta de criação de uma área especialmente protegida envolvendo
parte dos morros do centro do Município, que sofrem forte processo de ocupação
desordenada, englobando uma área de aproximadamente 22 milhões de m² e 4 praias
municipais localizadas na região da Estrada Vereador Benedito Adelino (antiga Estrada
do Contorno), conhecidas como Praia da Gruta, Praia da Bica, Praia do Tanguazinho e
Praia da Ribeira (Igreja), que possuem ainda excelente qualidade ambiental. O
planejamento da área que servirá ao Parque Municipal da Mata Atlântica, consta do
Processo/PMAR nº 7040/2013, aberto pela SAPE no ano de 2012 e considera a
inclusão de todas as áreas consideradas ZIAP (Zona de Interesse Ambiental de
Proteção) pela Lei nº 2.091/09 que é a Lei do Zoneamento Municipal, constante do
Plano Diretor do Município de Angra dos Reis e envolve parte dos bairros Encruzo da
Enseada, Morro da Cruz, Morro da Glória 2, Morro da Glória 1, Morro do Carmo, Morro
da Caixa D'água, Morro do Santo Antônio, Morro do Bulé, Colégio Naval, Bonfim, Praia
Grande, Vila Velha, Tanguá e Retiro. Dentre os objetivos principais da criação dessa
área especialmente protegida, destacamos a implantação de uma política
conservacionista que ao passo que proteja os mananciais de abastecimento de água
dessa região, sirva ao impedimento da expansão urbana desordenada sobre áreas
consideradas non aedificandi e de preservação permanente e a preservação de um dos
principais remanescentes da mata atlântica municipal em bom estado de conservação,
incluído no 1º distrito municipal.
A Sociedade Angrense de Proteção Ecológica - SAPÊ, ONG angrense instituída
no ano de 1985, vem trabalhando na elaboração de um projeto técnico com vistas a
concorrer à obtenção de verba junto o Fundo Municipal de Meio Ambiente - FMMA.
Esse projeto tem por objetivo o levantamento florístico, faunístico e fundiário das áreas
propostas para a criação do Parque, bem como a demarcação de trilhas e a elaboração
de Plano de Manejo.
Com vistas a iniciar os procedimentos de implantação do Parque, em 8 de maio
de 2014 a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano assinou
Termo de Cooperação Técnica com a Superintendência de Biodiversidade e Floresta
(SBF) da Secretaria de Estado do Ambiente (SEA), com o objetivo de criar, implantar e
gestionar a unidade de conservação. No dia 3 de julho a Bióloga Renata de Souza
Lopes, assessora da Superintendência de Biodiversidade e Floresta veio a Angra dos
Reis conhecer a área onde se pretende implantar o Parque Municipal e através do
Ofício SEA/SBF nº 030/2014, aquela SBF encaminhou a SMA cópia assinada do Termo
de Cooperação Técnica (anexo). Uma das estratégias que se pretende usar na
implantação do Parque Municipal é a criação de áreas-núcleo de preservação, já que o
Município de Angra dos Reis possui outras áreas florestadas, importantes de serem
preservadas e a SBF reconhece a possibilidade de que possam ser criadas outras
áreas- núcleo de preservação como forma de gestão dos ecossistemas da Mata
Atlântica municipal, que possuem características semelhantes.
4.3.2 Parque Municipal Marinho da Lagoa Azul: proposta de criação
de uma área especialmente protegida envolvendo um trecho do mar territorial da Baía
da Ilha Grande, correspondente ao entorno da Ilha de Macacos, Praia do Araçá, Praia
do Furado, Canal do Furado, Praia da Baleia, Praia do Guaxima e Ilha das Pombas na
região Nordeste da Ilha Grande. Ainda não foram demarcadas as coordenadas UTM e a
proposta já possui esboço de minuta de decreto. O objetivo da criação dessa unidade é
ordenar o uso turístico, impedindo a degradação ambiental.
4.3.3 Área de Relevante Interesse Ecológico da Enseada de
Jurubaíba: A Área de Relevante Interesse Ecológico da Enseada de Jurubaíba e dos
Calhaus, doravante denominada ARIE Jurubaíba é uma categoria de área
especialmente protegida de uso sustentável, de âmbito municipal, cujos objetivos
visam assegurar para as presentes e futuras gerações a qualidade do meio ambiente
das costeiras e praias nela contidas, através do ordenamento do uso do espaço físico
das praias e dos costões rochosos, preservando a paisagem e a biota terrestre e
marinha, controlando as atividades potencialmente poluidoras e/ou causadoras de
degradação do meio ambiente, ordenando o uso do espaço marítimo compreendido
pelas praias das Flexas, ponta da Venda, do Calhauzinho, de Jurubaíba, ponta do
Serafim, da Pitangueira, do Algodão, de Jurubaíba, saco do Pouso, de Jurubaíba e,
limitando a quantidade de pessoas que se utilizam simultaneamente das praias e a
quantidade de embarcações fundeadas simultaneamente no seu limite marítimo,
através de um plano de manejo a ser elaborado.
4.3.4 Parque Municipal do Maciço Central entre a Gamboa do
Belém e o Pontal:
Proposta de criação de área-núcleo a ser anexada como área de ampliação do
Parque Municipal da Mata Atlântica.
4.3.5: Parque Municipal da Sapinhatuba III e o Maciço Central
do Camorim:
Proposta de criação de outra área-núcleo a ser anexada como área de
ampliação do Parque Municipal da Mata Atlântica.
4.3.6: Área de Proteção Paisagística do Morro do Marinas:
Proposta de criação de um Parque Urbano nos moldes do que é previsto no art.
34 da Lei Municipal nº 1.965/08 como Área de Proteção Paisagística, com a finalidade
de oferecer laser e descontração a população residente e visitante de Angra dos Reis e
recuperar ecossistemas através de projetos de reflorestamento.
5 - Plano Municipal de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica
de Angra dos Reis:
A situação atual da Mata Atlântica requer que os governos mantenham
compromissos e responsabilidades na implementação de ações integradas visando a
proteção dos remanescentes e a restauração e conservação de sua vegetação, para
assegurar a funcionalidade dos ecossistemas e a manutenção dos serviços prestados,
essenciais para o desenvolvimento sustentável.
É sabido pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento
Urbano que para garantir que a Mata Atlântica municipal contribua com o
desenvolvimento regional é necessário que sejam implantadas ações urgentes visando
proteger e recuperar a biodiversidade que a caracteriza, mantendo os estoques e os
serviços ecossistêmicos que a Mata Atlântica presta a sociedade em geral.
Assim, em nível de resposta contra a fragmentação dos remanescentes
florestais é proposto neste Plano, que os fragmentos florestais remanescentes no
território municipal sejam interligados entre si, a fim de que seja garantida a
conectividade entre os diversos fragmentos de Mata Atlântica, garantindo-se a
preservação da biodiversidade e a formação de corredores de biodiversidade. Para que
isto aconteça, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano
deverá criar áreas especialmente protegidas adotando medidas de conectividade entre
os fragmentos florestais, quando assim permitir a ocupação do território, através da
criação de corredores ecológicos ou mosaicos de unidades de conservação, de âmbito
municipal. Se essas áreas estiverem de posse do particular, a Secretaria Municipal de
Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano deverá estimular a criação de Reservas
Particulares de Patrimônio Natural e/ou outras categorias de unidades de conservação
descritas no SNUC e/ou SMAP. Segundo a bibliografia consultada, a responsabilidade
pela criação e implantação de unidades de conservação é compartilhada entre União,
estados e municípios e os proprietários privados, devendo todos ainda aprimorar a
efetividade de gestão das UC existentes e das que vierem ser criadas.
Outra medida que a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento
Urbano (SMA) deverá adotar, será a recuperação da cobertura florestal através de um
programa de reflorestamento de áreas desflorestadas e/ou degradadas, com o objetivo
de restaurar áreas desmatadas e degradadas, utilizando, sobretudo, espécies nativas
da Mata Atlântica municipal. Para tanto, a SMA deverá implantar em conjunto com a
Subsecretaria Municipal de Agricultura, um sub-programa de implantação de viveiros
florestais municipais, com o objetivo de produzir espécimes vegetais arbóreos da Mata
Atlântica local. Como fundamento a implantação desse sub-programa, deverá ser
previsto um inventário florestal da Mata Atlântica municipal, através de campanhas de
coleta de sementes, flores e frutificações de espécies arbóreas, nos diversos
ecossistemas identificados como: 1 - Floresta Ombrófila Densa Montana; 2 - Floresta
Ombrófila Densa Sub-montana; 3 - Floresta Ombrófila Aberta; 4 - Floresta Aberta; 5 -
Floresta de Baixada Litorânea; 6 - Campo sujo; etc. Nesse levantamento, deverão ser
anotados outras características que sejam suficientes para distinguir os indivíduos no
campo, servindo como elementos de fitogeografia e botânica.
A Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano deverá
aprimorar e implantar como instrumento da Política Municipal de Meio Ambiente, um
sistema de incentivo econômico, que motive os proprietários rurais e outros atores, a
promoverem a recuperação da Mata Atlântica local, incluindo iniciativas de valoração e
pagamento por serviços ecossistêmicos. Esse sistema deverá conter normas legais e
mecanismos de implementação e financiamento de projetos de recuperação ambiental,
em face do pagamento por serviços ambientais decorrentes das várias agressões
sofridas pelo meio ambiente municipal e poderão estar associados a Termos de
Compromissos ou Termos de Ajustamento de Conduta Ambiental, assinados pela
municipalidade com a iniciativa pública ou privada.
O fortalecimento do Plano Municipal de Conservação e Recuperação da Mata
Atlântica está intimamente relacionado a Lei Federal nº 11.428/2006 (Lei da Mata
Atlântica). Para o seu fortalecimento, o Conselho Municipal de Urbanismo e Meio
Ambiente deverá instituir Câmara Temática com o objetivo de analisar o que aqui é
proposto, aprovando o texto como está ou sugerindo reforma, e deverá indicar ao
Poder Executivo Municipal, a formulação de um Projeto de Lei Municipal de criação do
Plano Municipal de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica. Após a aprovação
do Projeto de Lei, o Poder Executivo deverá regulamentar a nova lei, a partir de um
decreto municipal próprio.
Outra medida que a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento
Urbano deverá adotar é a recuperação de bacias hidrográficas degradas ou sub-bacias.
A degradação dos solos e dos rios, seja pela existência da cidade ou decorrente do
mau uso da terra, fruto da degradação das florestas e das áreas de preservação
permanente dos rios e de qualquer curso d'água, imprimem danos socioeconômicos
consideráveis e consequentemente, custos sociais como aqueles decorrentes de
inundações e deslizamentos de terra. A fim de garantir a manutenção da qualidade
ambiental das sub-bacias2, considerando que a degradação destas no território
municipal processa-se principalmente nos seus trechos finais, as sub-bacias municipais
deverão ser cartografadas tendo suas áreas medidas para conhecimento do quanto
será preciso para recuperá-las ambientalmente, considerando-se nestes casos, o
montante de investimentos necessários a recuperação das APPs e cursos d'água,
incluindo a efetiva proteção das encostas e o reassentamento de pessoas ocupantes
dessas áreas. Dessa forma, o Programa Cinturão Verde deverá ser revisto para melhor
se adequar as novas medidas propostas pela implantação do Plano Municipal de
Conservação e Recuperação da Mata Atlântica.
As mudanças climáticas hoje são um fato. Para prevenir os efeitos da mudança
climática incidente sobre o uso indevido do território, das encostas e áreas de risco
geológico, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano deverá
incorporar o planejamento territorial ao crescimento ordenado da cidade, como
ferramenta fundamental ao desenvolvimento econômico e social, associando sempre
que possível, a aplicação de medidas corretivas e de contenção de encostas a política
conservacionista, de modo a preservar a vida das pessoas e garantir o bem-estar
social, com dignidade à vida humana.
Os programas de incentivo ao plantio de ervas e uso de espécies tropicais
desenvolvidos pela Subsecretaria de Agricultura, deverão estar de acordo com o Plano
Municipal de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica. Os programas deverão
visar o fortalecimento da exploração sustentável de espécies de plantas de uso
tradicional, bem como deverá incentivar a continuidade dos plantios de palmito
pupunha e açaí incentivados pela municipalidade no passado.
5.1 Elaboração do Plano Municipal da Mata Atlântica:
A elaboração do Plano Municipal da Mata Atlântica será realizado por uma
equipe técnica da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano e
será apresentado a sociedade civil na Câmara Temática de Biodiversidade e Áreas
Especialmente Protegidas a ser criada no Conselho Municipal de Urbanismo e Meio
Ambiente e deverá conter, no mínimo, os seguintes itens:
2 No caso, consideramos que os rios municipais compõem em nível de sub-bacia a Bacia Hidrográfica da Baía da Ilha
Grande.
5.1.1 Diagnóstico da vegetação nativa do município com mapeamento dos
remanescentes florestais, em escala 1:25.000, 1:50.000 ou escala maior;
5.1.2 Indicação dos principais vetores de desmatamento ou destruição da
vegetação nativa no município;
5.1.3 Indicação de áreas prioritárias para conservação e recuperação da
vegetação nativa no município;
5.1.4 Indicação de ações preventivas aos desmatamentos ou destruição da
vegetação e de conservação e utilização sustentável da Mata Atlântica do
município;
5.1.5 Capacitação dos atores.
O Plano Municipal da Mata Atlântica é um documento técnico, cuja finalidade é
orientar a municipalidade nas intervenções de proteção aos ecossistemas florestais e a
biodiversidade, buscando sempre que possível, a aplicação na melhoria de políticas
públicas que visem garantir a conservação dos ambientes da Mata Atlântica municipal,
associando a conservação dos ecossistemas a estratégias de ação que viabilizem
ganhos econômico-financeiros a municipalidade.
6 - Sistema Municipal de Áreas Protegidas - SMAP:
O Sistema Municipal de Áreas Protegidas - SMAP é um regulamento técnico
amparado numa legislação municipal que serve ao ordenamento jurídico das áreas
municipais que merecem ser protegidas por legislação específica, criadas através de
leis ou decretos específicos à proteção de ecossistemas, biodiversidade, paisagens,
áreas verdes públicas e privadas e áreas de proteção paisagística, do Município de
Angra dos Reis.
O SMAP deverá atender ao que está previsto no Sistema Nacional de Unidades
de Conservação - SNUC (Lei nº 9.985/00) e no Decreto nº 4.430/02 que o
regulamenta, para as unidades de conservação criadas pela municipalidade para
proteção das áreas verdes públicas e privadas municipais e áreas non edificandii
descritas na Lei 6.766/79 e suas modificações, indicando no território municipal as
áreas passíveis de receber ordenamento jurídico especial, em decorrência dos atributos
ambientais que possui ou do zoneamento ambiental proposto na Lei de Zoneamento
Municipal (Lei Municipal nº 2.091/09).
O Conselho Nacional de Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, publicou com o
apoio da Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo, da UNESCO, do
Programa MAB - "Homem e a Biosfera" e do Ministério do Meio Ambiente, o Caderno
nº 18 do SNUC, contendo o seu decreto regulamentador.
Antes da edição do SNUC, porém, existia no Brasil uma gama de áreas sob
legislação específica criando uma centena de categorias de unidades de conservação
de âmbitos municipal e estadual, muitas delas propostas aleatoriamente pelos
governos, com finalidades múltiplas e, principalmente, com a finalidade de reservar
áreas ao lazer da população ou a preservação dos ecossistemas, sem que seguissem a
uma padronização metodológica definida por valores ambientalmente satisfatórios, o
que é o caso da criação do Parque da Cidade, em Niterói, RJ, que contou, para sua
criação, com o auxílio da Secretaria Especial do Meio Ambiente da Presidência da
República (SEMA-DF) e o Parque Ecológico de Paraty-Mirim e a Área de Proteção
Permanente da Baía de Paraty. Nota-se que nesses casos, parece não ter havido uma
preocupação do legislador em se ater a uma padronização específica que pudesse
diferir uma situação da outra, reunindo as modalidades de áreas protegidas em grupos
diferentes ou seguindo uma padronização de valores, com características construtivas
que apresentassem diferenças conceituais, o que denota não ter havido preocupação
com a definição de um critério básico norteador de criação das áreas protegidas.
O Parque da Cidade em Niterói foi criado com o propósito de oferecer uma área
turística de lazer e de apreciação da natureza à população. Não houve qualquer
preocupação com a proteção dos ecossistemas, já que foi implantado no ano de 1982
na área de um empreendimento hoteleiro que havia sido embargado na encosta do
Morro da Viração, em Charitas, no início da década de 80.
O Parque Ecológico de Paraty-Mirim, também conhecido como Área de Lazer
Paraty-Mirim, é resultante da transformação da antiga Área de Lazer de Paraty-Mirim e
serviu a contenção da expansão turística que ameaçava a praia, o rio e a reserva
indígena de Paraty-Mirim. Situada dentro da APA Cairuçu, contempla também a Igreja
de Nossa Senhora da Conceição e as ruínas de casarios coloniais tombados pelo Iphan.
A Área de Preservação Permanente da Baía de Paraty, criada através de lei
municipal, visa proteger a Baía de Paraty da pesca predatória, especialmente o
arrastão, definindo os locais e as épocas permitidas para esse tipo de pesca. A
competência municipal para este tipo de ação, no entanto, é questionável, haja vista
que a competência para legislar e fiscalizar o mar territorial brasileiro é do IBAMA e/ou
INEA, no caso das baías estaduais.
Na edição do SNUC e do seu decreto regulamentador (Lei nº 9.985/00 e
Decreto nº 4.320/02) notamos a preocupação do legislador com a distinção dos
critérios de criação e regulamentação das unidades de conservação, criando 2
diferentes grupos de unidades: a) uso sustentável e b) proteção integral.
Em CARVALHO FILHO, Paulo (2001) encontramos uma análise das unidades de
conservação que ocorrem no Município de Angra dos Reis, apresentando um estudo
comparativo entre as categorias propostas pela IUCN (International Union
Conservation Nature) e o sistema atualmente utilizado no país, criado através da Lei nº
9.985/00 (SNUC).
O Quadro 2.1 à página 28 da referida bibliografia, mostra as categorias de
unidades constantes das tabelas da IUCN. As categorias apresentadas são: Ia -
Reserva Natural; Ib - Área de Vida Selvagem; II - Parque Nacional; III - Monumento
Natural; IV - Área de Manejo de Espécies e/ou Ecossistemas; V - Paisagem Protegida
Terrestre/Marinha; VI - Área de Proteção e Manejo de Recursos. Quando essas
categorias são comparadas com as categorias de unidades criadas pelo SNUC, vemos
que muitas delas se sobrepõem quanto a função, porém não em relação a forma, mas
em conteúdo, guardando características que as difere basicamente em dois grupos: a)
áreas de uso direto e b) áreas de uso indireto.
Se buscarmos a legislação que criou cada categoria de unidade de conservação
no Brasil, em períodos anteriores ao SNUC (por exemplo, a Lei nº 4.771/65,
reconheceu a criação da categoria de unidade de conservação denominada Parque)
notaremos que a categoria Reserva Ecológica, por exemplo, foi "extinta" antes mesmo
de se tornar uma unidade de conservação de fato, pois o decreto de criação da
referida Reserva Ecológica, definiu "prazo de validade" para a sua existência, ao dizer
no seu Art. 1º, que era uma unidade de natureza non edificandi e no seu art. 3º, que a
Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Projetos Especiais expedirá, através de atos
normativos próprios, as instruções necessárias à efetiva implementação da Reserva
Ecológica da Juatinga, obedecendo à legislação ambiental em vigor. O Decreto nº
17.981, de 30/10/92, que criou a Reserva Ecológica da Juatinga em Paraty, parecia ter
um caráter provisório, pois o Instituto Estadual de Florestas - IEF, órgão gestor da
unidade, na época, não foi capaz de implementar o que estava previsto no art. 3º do
decreto e o governo estadual ao criar a categoria Reserva Ecológica, deu a ela a
característica de área "non aedificandii", submetendo-a ao que está previsto na Lei nº
6.766/79, para as praças e outros espaços especialmente protegidos em áreas urbanas
ou de expansão urbana e a área, não recebeu o status de área protegida como
unidade de conservação. Os Jardins Zoológicos, os Hortos Florestais e os Jardins
Botânicos não entraram especificamente na classificação de unidades de conservação
do SNUC, pois embora sejam espaços especialmente criados para a preservação in-situ
e ex-situ estão mais afins com unidades produtivas ou unidades demonstrativas, não
sendo caracterizadas como espaços reservados a proteção de espécies, ecossistemas
e/ou paisagens. As Reservas Ecológicas por conseguinte, estariam intermediariamente
relacionadas a proteção do ambiente, mas não integralmente e ficaram fora do SNUC.
Com relação a isto, o art. 55 do SNUC diz: "As unidades de conservação e áreas
protegidas criadas com base nas legislações anteriores e que não pertençam às
categorias previstas nesta Lei serão reavaliadas, no todo ou em parte, no prazo de até
dois anos, com o objetivo de definir sua destinação com base na categoria e função
para as quais foram criadas, conforme o disposto no regulamento desta Lei."
7 - Critérios Balizadores do Sistema Municipal de Áreas Protegidas -
SMAP:
Como salientado no 1º parágrafo do texto do capítulo anterior, as áreas
apropriadas a receber ordenamento jurídico especial em decorrência dos atributos
ambientais que possuem ou em decorrência do planejamento municipal, deverão ser
identificadas in-situ ou ex-situ, recebendo tratamento cartográfico apropriado, sendo
destacadas em planta cadastral, escala 1:2.000, quando se tratar de área urbana ou
de expansão urbana e 1:25.000 ou 1:50.000, quando se tratar de área natural.
As áreas indicadas pela Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento
Urbano, a abrigar categoria de Áreas Protegidas ou Área Verde ou ainda, Área de
Proteção Paisagística, de acordo com o interesse conservacionista do Governo
Municipal, deverão ser acompanhadas de projeto específico que informe dentre outras
características: a) Nome da unidade; b) Área proposta para abrigar a unidade de
conservação; c) Perímetro da área proposta para abrigar a unidade de conservação; d)
Categoria de unidade proposta; e) Vegetação característica e flora ocorrente; f) Fauna
encontrada; g) Aspectos climáticos; h) Morfologia, geologia e hidrologia; i) Aspectos
socioeconômicos; e j) Legislação incidente.
O projeto poderá ser elaborado se utilizando de dados secundários, sendo que
para a elaboração do plano de manejo da unidade, os dados a serem utilizados
deverão ser predominantemente primários.
As áreas serão escolhidas no território municipal, podendo ser indicadas para
proteger espaço marítimo ou terrestre, rios e/ou estradas e sempre de acordo com o
atributo que se pretende proteger, tomando-se como base as legislações ambientais e
urbanísticas incidentes.
É aconselhável que seja evitada a sobreposição de categorias de áreas
protegidas no território municipal, a fim de facilitar a identificação dessas áreas e
diminuir a interseção de interesses entre gestores municipais, estaduais e/ou federais.
Nos casos em que não for possível evitar interseções de interesses, a municipalidade
deverá buscar bom entendimento com os órgãos envolvidos, diminuindo tensões e
riscos de sobreposição de interesses e de responsabilidades, através da assinatura de
termos de parceria, de termos de ajustamento de conduta ambiental ou convênios,
que deverão ser assinados entre o Secretário de Meio Ambiente e Desenvolvimento
Urbano e os interessados, firmando os compromissos entre cada ente ou interessado,
no cumprimento das suas responsabilidades na gestão da unidade, com amparo legal e
respaldo jurídico da Procuradoria Geral do Município.
O SMAP será regido por lei municipal. Além das informações contidas acima,
todas as áreas que vierem servir como indicação a implantação de Áreas Verdes
Públicas ou Particulares, Áreas de Proteção Paisagística e/ou Áreas Protegidas
municipais, deverão possuir memorial descritivo que as torne diferenciáveis dentro da
área municipal, utilizando-se como base o Sistema Geodésico Brasileiro e/ou a
aplicação de coordenadas UTM, a fim de delimitar essas áreas dentro no território,
estabelecendo limites fixos e não imaginários ou seja, deverá ser priorizado o uso de
acidentes geográficos e cotas de nível para a delimitação das áreas, evitando-se que
elementos que possam ter suas localizações dúbias ou alteradas ao longo do tempo,
sejam utilizados como parâmetros de localização.
7.1 Para a criação de Áreas Protegidas de âmbito municipal:
As áreas protegidas de âmbito municipal, deverão ser criadas e regulamentadas
por ato do Poder Público, devendo sempre que necessário, ao serem criadas, manter
nos seus atos de criação, os objetivos da criação e a que se destinam, além de outras
informações julgadas necessárias pela equipe técnica que elaborar a minuta de
decreto, de criação da unidade.
Quando o documento elaborado for um Termo de Referência, norteador a
elaboração de plano de manejo ou outro documento similar, os estudos de campo
deverão priorizar a coleta de dados primários como já informado.
As categorias de áreas protegidas a serem criadas pelo Poder Público, deverão
seguir a padronização estabelecida no Sistema Nacional de Unidades de Conservação
(SNUC) e em caso de desapropriações de áreas que resultem em indenizações, a
Procuradoria Geral do Município e a Secretaria Municipal de Fazenda deverão ser
ouvidas, estabelecendo estudos de valoração, prazos para pagamentos e quantitativos,
sem que seja colocada em risco a arrecadação municipal, os investimentos sociais e de
infra-estrutura básica e o pagamento das dívidas do município, contraídas no ano
anterior a criação da unidade. Nestes casos, a Câmara Municipal de Vereadores poderá
ser ouvida, como forma de autorizar previamente a contratação de novas despesas.
Os planos de manejo das unidades de conservação, poderão ser elaborados em
até 5 (cinco) anos após a criação da unidade, conforme estabelecido no SNUC, porém
quando estes planos de manejo forem elaborados, deverão sofrer análise do poder
executivo e legislativo, a fim de autenticar as demandas propostas. As unidades que já
tiverem planos de manejo ou leis específicas que assim se equivalha, deverão ter estas
leis ou planos de manejo revisados, a fim de readequar as peculiaridades das áreas e
uso dos seus ecossistemas, com os objetivos da conservação e o interesse do governo.
O prazo para a efetivação dessas revisões, não poderá ser superior a 3 (três) anos,
após constatação técnica da necessidade de revisão dos planos de manejo das
unidades. A constatação técnica deverá ser feita através de documento enviado ao
Secretário de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano, indicando a necessidade de
se realizar revisão no plano de manejo da área protegida e os motivos que norteiam a
revisão.
7.2 Para a criação de Áreas Verdes municipais:
As Áreas Verdes públicas municipais reservam-se a implantação de praças,
conforme Lei nº 6.766/79 e suas modificações e o Estatuto da Cidade, bem como
outras que forem pertinentes. Destinam-se a criação das Praças Públicas e a
implantação de equipamentos urbanos com finalidade de lazer, recreação e a prática
desportiva, podendo também servir a implantação de equipamentos poli-esportivos,
como estádios cobertos, pistas de atletismo, piscinas olímpicas etc. Nessas áreas,
poderão ser construídas churrasqueiras para entretenimento dos visitantes e diversão
coletiva da população em geral. As áreas deverão ser padronizadas, arborizadas,
cercadas, pavimentadas com calçadas e arruamentos, com pistas para caminhadas,
ciclismo e para a prática de corridas. Os locais que virem a servir a implantação dos
projetos, deverão ser iluminados e humanizados e deverá ser prevista a presença
permanente da guarda patrimonial municipal e da defesa pública.
A Secretaria Municipal de Obras e Serviços Públicos se encarregará do projeto
das praças, da limpeza e do recolhimento dos resíduos da varrição e do lixo em geral,
devendo manter um Escritório em cada praça, quando estas tiverem área superior a
5.000 m² inclusive, para atender a gestão de uso da área. O Serviço de Parques e
Jardins se encarregará dos projetos de paisagismo, de sua implantação e manutenção.
O Escritório deverá ser servido de no mínimo, uma sala para reuniões, uma sala
administrativa, um banheiro comunitário, um banheiro de serviço, um almoxarifado e
um ponto de tomada d'água que atenda a limpeza das instalações, sendo que este
ponto de água deverá ser interno a instalação do Escritório, para evitar depredação e
desperdício de água.
O projeto de cada Escritório deverá contar com a utilização de práticas que
minimizem gastos com recursos naturais ou seja, deverão ser priorizados projetos de
iluminação que se utilizem de baterias solares, economia de água com
reaproveitamento de águas de chuva ou servidas, para utilização nos banheiros, e
estrumeiras, para produção de adubos orgânicos, para utilização no paisagismo do
Escritório e dos jardins da praça.
As Áreas Verdes privadas, equivalem-se as Reservas Particulares de Patrimônio
Natural (RPPN), devendo-se seguir as orientações para sua criação, como as
estabelecidas pela Secretaria de Estado do Ambiente (SEA). A Secretaria Municipal de
Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano, deverá estimular os proprietários de terra
no município a transformarem parte de suas propriedades em RPPN e a título de
incentivo, o Governo Municipal poderá criar mecanismos que reduzam a cobrança de
impostos, sobre aquelas propriedades que virem a transformar parte de suas áreas em
RPPN.
7.3 Para a criação de Áreas de Proteção Paisagística:
As Áreas de Proteção Paisagística poderão ser criadas em locais onde hoje a
municipalidade mantém interesse em preservar a paisagem ou conservar os atributos
ambientais mais significativos. Essas áreas deverão ser instaladas a beira-mar ou em
locais cuja elevação seja capaz de proporcionar a visão da cidade e de belas
paisagens, de um prédio histórico ou conjunto arquitetônico de grande relevância, ou
mesmo uma vegetação exuberante. As Áreas de Proteção Paisagística deverão ser
construídas de tal forma que nunca a paisagem seja desvalorizada. Não poderão ser
construídos prédios ou edificações com mais de 2 (dois) andares e estes deverão
sempre valorizar a paisagem, nunca concorrendo com ela.
As Áreas de Proteção Paisagística deverão ser criadas por ato do Poder Público
e poderão ser instituídas no mesmo nível que um Monumento Natural, independente
do tamanho da área proposta a ser protegida, devendo sempre possuir plano de
manejo. O plano de manejo dessa categoria de área protegida de âmbito municipal,
deverá seguir as características dos planos de manejo das unidades de conservação de
proteção integral, devido o seu nivelamento com a categoria Monumento Natural.
7.4 Orientação para elaboração de Projeto de Lei de Criação do
Sistema Municipal de Áreas Protegidas - SMAP:
O projeto de lei de criação do Sistema Municipal de Áreas Protegidas deverá ser
elaborado considerando a análise de diversos artigos, parágrafos, incisos e alíneas da
Lei nº 1.965/08, a fim de evitar conflito entre as legislações municipais que tratam
respectivamente sobre a matéria.
Dessa forma deverão ser estudados os assuntos a seguir, com o objetivo de
melhor instruir projeto de lei que trate sobre o Sistema Municipal de Áreas Protegidas:
1) Espaços territoriais especialmente protegidos;
2) Áreas de preservação permanente;
3) Unidades de conservação;
4) Áreas Verdes Públicas e Particulares;
5) Áreas de Proteção Paisagística;
6) Reservas Legais;
7) Áreas de Proteção de Mananciais;
8) Plano de Gestão Ambiental para Áreas Verdes;
9) Plano de Gestão Ambiental dos Serviços de Arborização Urbana;
10) Plano de Gestão Ambiental dos Serviços de Reflorestamento;
11) Fiscalização Ambiental e o Poder de Polícia;
12) Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental;
13) Florestas e demais formas de vegetação;
14) Fauna Silvestre e Animais Domésticos;
15) Gestão de Recursos Hídricos dentre outros.
Além dos itens citados acima, o estudo deverá considerar os artigos,
parágrafos, alíneas e incisos da Lei nº 9.985/00, o texto do Decreto nº 4.340/02 e o
Decreto nº 5566/05.
8 - Criação de Estrutura Administrativa Gerencial de Apoio as Áreas
Protegidas Municipais, Áreas Verdes Públicas e Privadas, Áreas de
Proteção Paisagística e Serviço de Parques e Jardins:
As Áreas Protegidas por legislação específica, Áreas Verdes Públicas e Privadas
e Áreas de Proteção Paisagística, deverão pertencer a uma estrutura administrativa
própria em nível de Gerência de Áreas Protegidas, incluída na Subsecretaria de Meio
Ambiente, da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano.
A Gerência de Áreas Protegidas, Áreas Verdes Públicas e Privadas e Áreas de
Proteção Paisagística, doravante denominada simplesmente de Gerência de Áreas
Protegidas e Áreas Verdes, deverá se responsabilizar pela elaboração de (novos)
projetos de áreas protegidas, áreas verdes públicas e privadas, áreas de proteção
paisagística e praças municipais, apresentando, seguidas de critérios, ao Secretário
Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano e ao CMUMA, para que sejam
avaliados, sendo posteriormente encaminhados a Prefeita Municipal, para apreciação e
aprovação da matéria, bem como, sempre que for solicitada, a Gerência de Áreas
Protegidas e Áreas Verdes, deverá se responsabilizar pela atuação conjunta com os
Analistas Ambientais e/ou Fiscais de Urbanismo, em assuntos que mereçam maiores
conhecimentos sobre o meio ambiente urbano e natural e/ou a Guarda Ambiental.
A Gerência de Áreas Protegidas e Áreas Verdes, também deverá se
responsabilizar pela elaboração de projetos de leis e minutas de decretos de uso de
áreas e/ou de criação e gestão das áreas protegidas, estudos do uso dos recursos
naturais de uma forma geral e elaboração de termos de referência de cunho
ambiental.
Todos os projetos da Prefeitura Municipal de Angra dos Reis que tiverem íntima
relação com qualidade ambiental, recuperação do meio ambiente e guarda ambiental,
deverão ficar sob responsabilidade da Gerência de Áreas Protegidas e Áreas Verdes,
sejam os projetos que por ventura venham ser criados e se relacionem a qualidade da
água dos mananciais, bem como a qualidade ambiental das praias municipais e dos
mananciais, aquisição e manutenção do patrimônio da Gerência, captação de recursos
para financiamento de projetos ambientais em organismos nacionais, internacionais
e/ou estrangeiros e em fundos de financiamento de projetos, tais como o Fecam, o
Fundo da Mata Atlântica, o FNMA, o FMMA e outros.
Além disso, a Gerência de Áreas Protegidas e Áreas Verdes deverá elaborar
Termos de Referência para a elaboração de planos de manejo e estudos
socioeconômicos, que subsidiem a implantação e gestão de novas áreas protegidas
municipais, responsabilizando-se pelo aprimoramento profissional dos seus integrantes
e pelo acompanhamento da contratação de empresas para o cumprimento dos Termos
de Referência, a partir dos processos licitatórios, conforme legislação pertinente.
8.1 Organograma Funcional da Gerência de Áreas Protegidas,
Áreas Verdes Públicas e Privadas e Áreas de Proteção
Paisagística.
O Organograma Funcional da Gerência de Áreas Protegidas, Áreas Verdes
Públicas e Privadas, Áreas de Proteção Paisagística e Parques e Jardins está
apresentado a seguir. É uma Gerência que se apresenta formada por 1 apoio
administrativo, 2 diretorias e 2 serviços, conforme discriminado adiante.
De acordo com o que está previsto no item 8 acima, o Serviço de Parques e
Jardins deverá integrar a Diretoria de Áreas Verdes e Arborização, considerando que
Áreas Verdes neste documento, corresponde não somente as praças públicas criadas e
mantidas pela Prefeitura Municipal de Angra dos Reis, mas toda e qualquer área
considerada como espaço livre, citada pela Lei nº 6.766, de 19 de dezembro de 1979,
e suas modificações, regidas pelo art. 33 da Lei Municipal nº 1.965, de 24 de junho de
2008 e legislação pertinente.
Organograma Funcional (proposto):
Gerência de Planejamento e Gestão
de Áreas Protegidas e Áreas Verdes
Apoio Administrativo
Diretoria de Áreas Diretoria de Áreas Verdes
Protegidas e Arborização
Serviço da Guarda Serviço de Parques e
Ambiental Jardins
Angra dos Reis, 7 de julho de 2014.
Paulo Carvalho Filho Biólogo - matr. 3054 / CRBio 00449-02 D
9 - Bibliografia Citada:
AXIMOFF, I.; VIEIRA, C.; QUINTELA, M. F. & LOUZADA, M. A. (2003) Fitossociologia de um trecho de floresta secundária na Serra da Bocaina, Angra dos Reis, RJ. Anais do VI Congresso de Ecologia do Brasil, pp. 263-265. Fortaleza, CE.
BRASIL Planos Municipais de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica: Lições aprendidas na conservação e recuperação da Mata Atlântica. Ministério do Meio Ambiente, Secretaria de Biodiversidade e Floresta, Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano. Série Biodiversidade 46. Brasília, 2013.
CARVALHO FILHO, Paulo As Unidades de Conservação da Natureza e o Desenvolvimento Sustentável local: o caso de Angra dos Reis. Paulo Carvalho Filho.___Niterói: [s.n.] - Dissertação (mestrado em Geociências - Geoquímica) - Universidade Federal Fluminense. 2001. 133 f. Acervo pessoal.
10 Anexos:
10.1 Projeto de Lei que cria o Sistema Municipal de Áreas Protegidas - SMAP, e dá
outras providências.
10.2 Ofício SEA/SBF nº 030/2014, de 8 de maio de 2014.
10.3 Termo de Cooperação Técnica firmado entre a Secretaria de Estado do
Ambiente - SEA e o Município de Angra dos Reis.
10.4 Levantamento das Áreas Municipais definidas como ZIAP (Lei nº 2.091/09).
10.5 Minuta de Decreto do Parque Municipal da Mata Atlântica.
Anexo 1:
PROJETO DE LEI
Cria o Sistema Municipal de Áreas
Protegidas - SMAP, e dá outras providências.
CAPÍTULO I DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
Art. 1º Esta Lei institui o Sistema Municipal de Áreas Protegidas de Angra dos Reis, doravante
denominado simplesmente de SMAP, estabelece critérios e normas para a criação, implantação
e gestão das áreas especialmente protegidas sob legislação específica criadas em âmbito
municipal, e dá outras providências.
§1º As áreas de preservação permanente - APP, descritas na Lei nº 12.651, de 25 de maio de
2012, que dispõe sobre o Novo Código Florestal, localizadas no território do Município de Angra
dos Reis, estão submetidas a essa Lei e ao uso específico como Zona de Interesse Ambiental de
Proteção - ZIAP, determinado conforme a Lei nº 1.754/06 que dispõe sobre o Plano Diretor de
Angra dos Reis e a Lei nº 2.091/09, que dispõe sobre o Zoneamento do Município de Angra dos
Reis;
§2º Para fins de fixação da compensação ambiental, o órgão ambiental municipal, licenciador
de atividades potencialmente poluidoras e/ou causadoras de significativo impacto ambiental no
município, estabelecerá o grau de impacto da atividade nos ecossistemas especialmente
protegidos, a partir do estudo prévio de impacto ambiental e respectivo relatório - EIA/RIMA,
realizados quando do processo de licenciamento ambiental das atividades, sendo considerados
impactos negativos e não mitigáveis aos recursos ambientais, conforme estabelecido no
Decreto nº 6.848/2009, que altera os artigos 31 e 32 do Decreto nº 4.340/02;
§3º A compensação ambiental de que trata o caput do parágrafo anterior será regida conforme
o Decreto nº 6.848, de 14/05/09 e o seu cálculo será realizado através de uma Câmara Técnica
de Avaliação de Impactos que se utilizará do método explícito no anexo do Decreto nº
6.848/2009;
§4º Em sendo o licenciamento de atividades potencialmente degradadoras do meio ambiente
municipal, realizado por órgão ambiental de outra esfera de governo, o órgão ambiental
municipal deverá oficiar o órgão ambiental licenciador da atividade potencialmente poluidora
e/ou causadora de degradação ambiental, do interesse do Município de Angra dos Reis em ser
ressarcido por danos causados ao seu meio ambiente, com base no Decreto nº 6.848, de
14/05/09;
§5º Todo recurso arrecadado a partir de fixação da compensação ambiental por danos
potencialmente ou efetivamente causados ao meio ambiente do Município de Angra dos Reis
será repassado ao Fundo Municipal de Meio Ambiente, criado pela Lei nº 1.735, de 24/11/2006,
alterada e revogada pela Lei nº 2.226, de 28/09/09, para investimentos nas áreas protegidas
municipais sob legislação específica e outros projetos definidos na Lei nº 2.226, de 28/09/09;
§6º Com a finalidade de fazer cumprir o disposto no art. 2º da Lei nº 2.226, de 28/09/09, o
Poder Executivo Municipal, a partir do mês de janeiro do exercício de 2015, fixará compromisso
no cumprimento dos repasses das receitas descritas nos incisos II, III, IV, V, VI, VII, VIII, IX,
X, XI, XII, XIII e XIV;
§7º O Poder Executivo Municipal também se comprometerá a partir da data explícita no
parágrafo anterior, em fazer cumprir as diretrizes descritas nos art. 1º, 3º e 4º da Lei nº 2.226,
de 28/09/09, dentre outras.
Art. 2º Para os fins previstos nesta Lei entende-se por:
I - unidade de conservação: espaço territorial e seus atributos ambientais, incluindo as águas
jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público,
com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual
se aplicam garantias adequadas de proteção;
II - área especialmente protegida sob legislação específica: o mesmo que unidade de
conservação, acrescido das APP definidas na Lei nº 12.651, de 25/05/12 e da Resolução
CONAMA nº 369/06;
III - conservação da natureza: o manejo do uso humano da natureza, compreendendo a
preservação, a manutenção, a utilização sustentável, a restauração e a recuperação do
ambiente natural, para que possa produzir o maior benefício, em bases sustentáveis, às atuais
gerações, mantendo seu potencial de satisfazer as necessidades e aspirações das gerações
futuras, e garantindo a sobrevivência dos seres vivos em geral;
IV - diversidade biológica: a variedade de organismos vivos de todas as origens,
compreendendo, dentre outros, os ecossistemas terrestres, marinhos e outros ecossistemas
aquáticos e os complexos ecológicos de que fazem parte; compreendendo ainda a diversidade
dentro de espécies, entre espécies e de ecossistemas;
V - recurso ambiental: a atmosfera, as águas interiores, superficiais e subterrâneas, os
estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos da biosfera, a fauna e a flora;
VI - preservação: conjunto de métodos, procedimentos e políticas que visam a proteção a
longo prazo das espécies, habitats e ecossistemas, além da manutenção dos processos
ecológicos, prevenindo a simplificação dos sistemas naturais;
VII - proteção integral: manutenção dos ecossistemas livres de alterações causadas por
interferência humana, admitindo apenas o uso indireto dos seus atributos naturais;
VIII - conservação: tipo de proteção a ecossistemas e habitats naturais, onde ocorre a
manutenção in situ e recuperação de populações viáveis de espécies em seus meios naturais e,
no caso de espécies domesticadas ou cultivadas, nos meios onde tenham desenvolvido suas
propriedades e características;
IX - manejo: todo e qualquer procedimento que vise assegurar a conservação da diversidade
biológica e dos ecossistemas;
X - uso indireto: aquele que não envolve consumo, coleta, dano ou destruição dos recursos
naturais;
XI - uso direto: aquele que envolve coleta e uso, comercial ou não, dos recursos naturais;
XII - uso sustentável: exploração do ambiente de maneira a garantir a perenidade dos
recursos ambientais renováveis e dos processos ecológicos, mantendo a biodiversidade e os
demais atributos ecológicos, de forma socialmente justa e economicamente viável;
XIII - extrativismo: sistema de exploração baseado na coleta e extração, de modo sustentável,
de recursos naturais renováveis;
XIV - recuperação: restituição de um ecossistema ou de uma população silvestre degradada a
uma condição não degradada, que pode ser diferente de sua condição original;
XV - restauração: restituição de um ecossistema ou de uma população silvestre degradada o
mais próximo possível da sua condição original;
XVI - zoneamento: definição de setores ou zonas em uma unidade de conservação com
objetivos de manejo e normas específicas, com o propósito de proporcionar os meios e as
condições para que todos os objetivos da unidade possam ser alcançados de forma harmônica
e eficaz;
XVII - plano de manejo: documento técnico mediante o qual, com fundamento nos objetivos
gerais de uma unidade de conservação, se estabelece o seu zoneamento e as normas que
devem presidir o uso da área e o manejo dos recursos naturais, inclusive a implantação das
estruturas físicas necessárias à gestão da unidade;
XVIII - zona de amortecimento: o entorno de uma unidade de conservação ou área
especialmente protegida sob legislação específica, onde as atividades humanas estão sujeitas a
normas e restrições específicas, com o propósito de minimizar os impactos negativos sobre a
unidade; e
XIX - corredores ecológicos: porções de ecossistemas naturais ou seminaturais, ligando
unidades de conservação ou áreas especialmente protegidas sob legislação específica, que
possibilitam entre elas o fluxo de genes e o movimento da biota, facilitando a dispersão de
espécies e a recolonização de áreas degradadas, bem como a manutenção de populações que
demandam para sua sobrevivência áreas com extensão maior do que aquela das unidades
individuais.
CAPÍTULO II
SISTEMA MUNICIPAL DE ÁREAS PROTEGIDAS - SMAP
Art. 3º O SMAP é constituído pelo conjunto das áreas protegidas sob legislação específica de
âmbito municipal de acordo com o disposto nesta lei.
Art. 4º O SMAP tem os seguintes objetivos:
I - contribuir para a manutenção da diversidade biológica e dos recursos genéticos no território
do Município de Angra dos Reis e nas águas jurisdicionais no seu território;
II - proteger as espécies ameaçadas de extinção no âmbito municipal;
III - contribuir para a preservação e a restauração da diversidade de ecossistemas naturais;
IV - promover o desenvolvimento sustentável a partir dos recursos naturais;
V - promover a utilização dos princípios e práticas de conservação da natureza no processo de
desenvolvimento;
VI - proteger paisagens naturais e pouco alteradas de notável beleza cênica;
VII - proteger as características relevantes de natureza geológica, geomorfológica,
espeleológica, arqueológica, paleontológica e cultural no Município de Angra dos Reis;
VIII - proteger e recuperar recursos hídricos e edáficos;
IX - recuperar ou restaurar ecossistemas degradados;
X - proporcionar meios e incentivos para atividades de pesquisa científica, estudos e
monitoramento ambiental;
XI - valorizar econômica e socialmente a diversidade biológica;
XII - favorecer condições e promover a educação e interpretação ambiental, a recreação em
contato com a natureza e o turismo ecológico;
XIII - proteger os recursos naturais necessários à subsistência de populações tradicionais,
respeitando e valorizando seu conhecimento e sua cultura e promovendo-as social e
economicamente.
Art. 5º O SMAP será regido por diretrizes que:
I - assegurem que no conjunto de áreas protegidas sob legislação específica de âmbito
municipal, estejam representadas amostras significativas e ecologicamente viáveis das
diferentes populações, habitats e ecossistemas do território municipal e das águas
jurisdicionais, salvaguardando o patrimônio biológico existente;
II - assegurem os mecanismos e procedimentos necessários ao envolvimento da sociedade no
estabelecimento e na revisão da política municipal de áreas protegidas sob legislação específica;
III - assegurem a participação efetiva das populações locais na criação, implantação e gestão
de áreas especialmente protegidas sob legislação específica;
IV - busquem o apoio e a cooperação de organizações não-governamentais, de organizações
privadas e pessoas físicas para o desenvolvimento de estudos, pesquisas científicas, práticas de
educação ambiental, atividades de lazer e de turismo ecológico, monitoramento, manutenção e
outras atividades de gestão das áreas especialmente protegidas sob legislação específica;
V - incentivem as populações locais e as organizações privadas a estabelecerem e
administrarem áreas especialmente protegidas sob legislação específica dentro do sistema
municipal de áreas protegidas;
VI - assegurem, nos casos possíveis, a sustentabilidade econômica das áreas especialmente
protegidas sob legislação específica em âmbito municipal;
VII - permitam o uso das áreas especialmente protegidas sob legislação específica para
conservação in situ, populações das variantes genéticas selvagens dos animais e plantas
domesticados e recursos genéticos silvestres;
VIII - assegurem que o processo de criação e gestão das áreas especialmente protegidas sob
legislação específica sejam feitos de forma integrada com as políticas de administração das
terras e águas circundantes, considerando as condições e necessidades sociais e econômicas
locais;
IX - consideram as condições e necessidades das populações locais no desenvolvimento e
adaptação de métodos e técnicas de uso sustentável dos recursos naturais;
X - garantam às populações tradicionais cuja subsistência dependa da utilização de recursos
naturais existentes no interior de áreas especialmente protegidas sob legislação específica,
meios de subsistência alternativos ou a justa indenização pelos recursos perdidos;
XI - garantam uma alocação adequada dos recursos financeiros necessários para que, uma vez
criadas, as áreas protegidas sob legislação específica possam ser geridas de forma eficaz,
atendendo aos seus objetivos;
XII - busquem conferir às áreas especialmente protegidas sob legislação específica, nos casos
possíveis e respeitadas as conveniências da administração, autonomia administrativa e
financeira; e
XIII - busquem proteger grandes áreas por meio de um conjunto integrado de áreas
especialmente protegidas sob legislação específica de diferentes categorias, próximas ou
contíguas, e suas respectivas zonas de amortecimento e corredores ecológicos, integrando as
diferentes atividades de conservação da natureza, uso sustentável dos recursos naturais e
restauração e recuperação dos ecossistemas.
Art. 6º O SMAP será regido pelo órgão ambiental municipal com colaboração do Conselho
Municipal de Urbanismo e Meio Ambiente e do Fundo Municipal de Meio Ambiente.
§1º A Gerência de Áreas Protegidas e Áreas Verdes será o órgão executor do Sistema Municipal
de Áreas Protegidas sob legislação específica;
§2º O órgão executor da fiscalização ambiental nas áreas protegidas de âmbito municipal será
a Guarda Ambiental municipal ou equipe técnica e fiscal equivalente, destinada através de
Portaria do Secretário de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano;
§3º O órgão ambiental municipal se encarregará de revisar a lei que criou a Guarda Ambiental
do Município de Angra dos Reis, com o objetivo de melhor adequar suas competências as
necessidades de fiscalização e controle do uso das áreas protegidas sob legislação específica e
APPs.
CAPÍTULO III
CATEGORIAS DE ÁREAS PROTEGIDAS DE ÂMBITO MUNICIPAL
Art. 7º As categorias de áreas especialmente protegidas integrantes do SMAP, correspondem
ao que é previsto no art. 7º do SNUC e dividem-se em dois grupos distintos, com características
específicas:
I - Unidades de Proteção Integral;
II - Unidades de Uso Sustentável.
§1º O objetivo básico das áreas especialmente protegidas sob legislação específica de proteção
integral é preservar a natureza, sendo admitido apenas o uso indireto dos seus recursos, com
exceção dos casos previstos em lei;
§2º O objetivo básico das áreas especialmente protegidas sob legislação específica de uso
sustentável é compatibilizar a conservação da natureza com o uso sustentável de parcela dos
seus recursos naturais.
Art. 8º O grupo das áreas especialmente protegidas sob legislação específica de Proteção
Integral é formado pelas seguintes categorias de conservação:
I - Estação Ecológica;
II - Reserva Biológica;
III - Parque Municipal;
IV - Monumento Natural;
V - Refúgio de Vida Silvestre.
Art. 9º A Estação Ecológica tem como objetivo a preservação da natureza e a realização de
pesquisas científicas.
§1º A Estação Ecológica é de posse e domínio públicos, sendo que as áreas particulares nela
incluídas serão desapropriadas, de acordo com o que dispõe a lei.
§2º É proibida a visitação pública, exceto quando com objetivo educacional, de acordo com o
que dispuser o Plano de Manejo da área protegida ou regulamento específico.
§3º A pesquisa científica a ser efetivada na área de uma Estação Ecológica de âmbito
municipal, dependerá de autorização prévia do órgão responsável pela administração da
unidade e estará sujeita às condições e restrições estabelecidas por ele, bem como àquelas
previstas em regulamento;
§4º Na Estação Ecológica só poderá ser permitidas alterações dos ecossistemas no caso de:
a) medidas que visem a restauração de ecossistemas modificados;
b) manejo de espécies com o fim de preservar a diversidade biológica;
c) coleta de componentes dos ecossistemas com finalidades científicas;
d) pesquisas científicas cujo impacto sobre o meio ambiente seja maior do que aquele causado
pela simples observação ou pela coleta controlada de componentes dos ecossistemas, em uma
área correspondente a no máximo 3 % (três por cento) da extensão total da área protegida e
até o limite de hum mil e quinhentos hectares.
Art. 10 A Reserva Biológica tem como objetivo a preservação integral da biota e demais
atributos naturais existentes em seus limites, sem interferência humana direta ou modificações
ambientais, excetuando-se as medidas de recuperação de seus ecossistemas alterados e as
ações de manejo necessárias para recuperar e preservar o equilíbrio natural, a diversidade
biológica e os processos ecológicos naturais.
§1º A Reserva Biológica é de posse e domínio públicos, sendo que as áreas particulares
incluídas em seus limites serão desapropriadas, de acordo com o que dispõe a lei;
§2º É proibida a visitação pública, exceto aquela com objetivos educacionais, de acordo com
regulamento específico;
§3º A pesquisa científica depende de prévia autorização do órgão responsável pela
administração da unidade e está sujeita às condições e restrições por este estabelecidas, bem
como àquelas previstas em regulamento.
Art. 11 O Parque Municipal tem como objetivo básico a preservação de ecossistemas naturais
de grande relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização de pesquisas
científicas e o desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental, de
recreação em contato com a natureza e de turismo ecológico.
§1º O Parque Municipal é de posse e domínio públicos, sendo que as áreas particulares
incluídas em seus limites serão desapropriadas, de acordo com o que dispõe a lei;
§2º A visitação pública está sujeita às normas e restrições estabelecidas no Plano de Manejo da
área protegida, às normas estabelecidas pelo órgão responsável por sua administração, e
àquelas previstas em regulamento;
§3º A pesquisa científica depende de autorização prévia do órgão responsável pela
administração da unidade e está sujeita às condições e restrições por este estabelecidas, bem
como àquelas previstas em regulamento;
§4º As áreas protegidas dessa categoria de unidade, quando criadas pelo município, serão
denominadas de Parque Municipal.
Art. 12 O Monumento Natural tem como objetivo básico preservar sítios naturais raros,
singulares ou de grande beleza cênica.
§1º O Monumento Natural pode ser constituído por áreas particulares, desde que seja possível
compatibilizar os objetivos da unidade com a utilização da terra e dos recursos naturais do local
pelos proprietários;
§2º Havendo incompatibilidade entre os objetivos da área e as atividades privadas ou não
havendo aquiescência do proprietário às condições propostas pelo órgão responsável pela
administração da unidade para a coexistência do Monumento Natural com o uso da
propriedade, a área deve ser desapropriada, de acordo com o que dispõe o SNUC;
§3º A visitação pública está sujeita às condições e restrições estabelecidas no Plano de Manejo
da unidade, às normas estabelecidas pelo órgão responsável por sua administração e àquelas
previstas em regulamento.
Art. 13 O Refúgio de Vida Silvestre tem como objetivo proteger ambientes naturais onde se
asseguram condições para a existência ou reprodução de espécies ou comunidades da flora
local e da fauna residente ou migratória.
§1º O Refúgio de Vida Silvestre pode ser constituído por áreas particulares, desde que seja
possível compatibilizar os objetivos da unidade com a utilização da terra e dos recursos naturais
do local pelos proprietários;
§2º Havendo incompatibilidade entre os objetivos da área e as atividades privadas ou não
havendo aquiescência do proprietário às condições propostas pelo órgão responsável pela
administração da unidade para a coexistência do Refúgio de Vida Silvestre com o uso da
propriedade, a área deve ser desapropriada, de acordo com o que dispõe a lei;
§3º A visitação pública está sujeita às normas e restrições estabelecidas no Plano de Manejo da
unidade, às normas estabelecidas pelo órgão responsável por sua administração, e àquelas
previstas em regulamento;
§4º A pesquisa científica depende de autorização prévia do órgão responsável pela
administração da unidade e está sujeita às condições e restrições por este estabelecidas, bem
como àquelas previstas em regulamento.
Art. 14 Constituem o Grupo de Unidades de Uso Sustentável as seguintes categorias de áreas
protegidas:
I - Área de Proteção Ambiental (APA);
II - Área de Relevante Interesse Ecológico (ARIE);
III - Floresta Municipal (FLOM);
IV - Reserva Extrativista (RESEX);
V - Reserva de Fauna (REFAU);
VI - Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS);
VII - Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN);
VIII - Áreas de Proteção Paisagística (APrP); e
IX - Áreas Verdes Públicas e Particulares (AVPP).
Art. 15 A Área de Proteção Ambiental é uma área em geral extensa, com um certo grau de
ocupação humana, dotada de atributos abióticos, bióticos, estéticos ou culturais especialmente
importantes para a qualidade de vida e o bem-estar das populações humanas, e tem como
objetivos básicos proteger a diversidade biológica, disciplinar o processo de ocupação e
assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais.
§1º A Área de Proteção Ambiental é constituída por terras públicas e privadas;
§2º Respeitados os limites constitucionais, podem ser estabelecidas normas e restrições para a
utilização de uma propriedade privada localizada em uma Área de Proteção Ambiental;
§3º As condições para a realização de pesquisa científica e visitação pública nas áreas sob
domínio público serão estabelecidas pelo órgão gestor da unidade;
§4º Nas áreas sob propriedade privada, cabe ao proprietário estabelecer as condições para
pesquisa científica e visitação pública, observadas as exigências e restrições legais;
§5º A Área de Proteção Ambiental disporá de um Conselho Gestor presidido pelo órgão
responsável por sua administração, constituído por representantes dos órgãos públicos, de
organizações da sociedade civil e da população residente, conforme dispuser no decreto
regulamentador da unidade.
Art. 16 A Área de Relevante Interesse Ecológico é uma área em geral de pequena extensão,
com pouca ou nenhuma ocupação humana, com características naturais extraordinárias ou que
abriga exemplares raros da biota regional, e tem como objetivo manter os ecossistemas
naturais de importância regional ou local e regular o uso admissível dessas áreas, de modo a
compatibilizá-lo com os objetivos da conservação da natureza.
§1º A Área de Relevante Interesse Ecológico é constituída por terras públicas ou privadas;
§2º Respeitados os limites constitucionais, podem ser estabelecidas normas e restrições para a
utilização de uma propriedade privada localizada em uma Área de Relevante Interesse
Ecológico.
Art. 17 A Floresta Municipal é uma área coberta por floresta, cuja vegetação é
predominantemente nativa da Mata Atlântica municipal e tem como objetivo básico o uso
múltiplo sustentável dos recursos florestais e a pesquisa científica, com ênfase em métodos de
exploração sustentável de florestas nativas.
§1º A Floresta Municipal é de posse e domínio públicos, sendo que as áreas particulares
incluídas em seus limites devem ser desapropriadas conforme dispõe o SNUC;
§2º Nas Florestas Municipais é admitida a permanência de populações tradicionais que a
habitam quando de sua criação, em conformidade com o disposto em regulamento e no Plano
de Manejo da unidade;
§3º A visitação pública é permitida, condicionada às normas estabelecidas para o manejo da
unidade pelo órgão responsável por sua administração;
§4º A pesquisa científica é permitida e incentivada, sujeitando-se à prévia autorização do órgão
responsável pela administração da unidade, às condições e restrições por este estabelecidas e
àquelas previstas em regulamento;
§5º A Floresta Municipal disporá de um Conselho Consultivo, presidido pelo órgão responsável
por sua administração e constituído por representantes de órgãos públicos, de organizações da
sociedade civil e, quando for o caso, das populações tradicionais residentes.
Art. 18 A Reserva Extrativista é uma área utilizada por população extrativista tradicional, cuja
subsistência baseia-se no extrativismo e, complementarmente, na agricultura de subsistência e
na criação de animais de pequeno porte, e tem como objetivos básicos proteger os meios de
vida e a cultura dessas populações, e assegurar o uso sustentável dos recursos naturais da
unidade.
§1º A Reserva Extrativista é de domínio público, com uso concedido às populações extrativistas
tradicionais conforme o disposto no art. 23 do SNUC e em regulamentação específica, sendo
que as áreas particulares incluídas em seus limites devem ser desapropriadas, de acordo com o
que dispõe a lei;
§2º A Reserva Extrativista será gerida por um conselho Deliberativo, presidido pelo órgão
responsável por sua administração e constituído por representantes de órgãos públicos, de
organizações da sociedade civil e das populações tradicionais residentes na área, conforme se
dispuser em regulamento e no ato de criação da unidade;
§3º A visitação pública é permitida, desde que compatível com os interesses locais e de acordo
com o disposto no Plano de Manejo da unidade;
§4º A pesquisa científica é permitida e incentivada, sujeitando-se à prévia autorização do órgão
responsável pela administração da unidade, às condições e restrições por este estabelecidas e
às normas previstas em regulamento;
§5º O Plano de Manejo da unidade será aprovado pelo seu Conselho Deliberativo;
§6º São proibidas a exploração de recursos minerais e a caça amadorística ou profissional;
§7º A exploração comercial dos recursos madeireiros só será permitida em bases sustentáveis
e em situações especiais e complementares às atividades desenvolvidas na Reserva Extrativista,
conforme o disposto em regulamento e no Plano de Manejo da unidade.
Art. 19 A Reserva de Fauna é uma área natural com populações animais de espécies nativas,
terrestres ou aquáticas, residentes ou migratórias, adequadas para estudos técnico-científicos
sobre o manejo econômico sustentável de recursos faunísticos.
§1º A Reserva de Fauna é de posse e domínio públicos, sendo que as áreas particulares
incluídas em seus limites devem ser desapropriadas de acordo com o que dispõe a lei;
§2º A visitação pública pode ser permitida, desde que compatível com o manejo da unidade e
de acordo com as normas estabelecidas pelo órgão responsável por sua administração;
§3º É proibido o exercício da caça amadorística e/ou profissional nos limites da unidade;
§4º A comercialização dos produtos e subprodutos resultantes das pesquisas obedecerá ao
disposto nesta lei, no seu regulamento e nas leis sobre fauna e outros regulamentos
específicos.
Art. 20 A Reserva de Desenvolvimento Sustentável é uma área natural que abriga populações
tradicionais, cuja existência baseia-se em sistemas sustentáveis de exploração dos recursos
naturais, desenvolvidos ao longo de gerações e adaptados às condições ecológicas locais e que
desempenham um papel fundamental na proteção da natureza e na manutenção da diversidade
biológica.
§1º A Reserva de Desenvolvimento Sustentável tem como objetivo básico preservar a natureza
e, ao mesmo tempo, assegurar as condições e os meios necessários para a reprodução e a
melhoria dos modos e da qualidade de vida e exploração dos recursos naturais das populações
tradicionais, bem como valorizar, conservar e aperfeiçoar o conhecimento e as técnicas de
manejo do ambiente, desenvolvido por populações;
§2º A Reserva de Desenvolvimento Sustentável é de domínio público, sendo que as áreas
particulares incluídas em seus limites devem ser, quando necessário, desapropriadas, de acordo
com o que dispõe a lei;
§3º O uso das áreas ocupadas pelas populações tradicionais será regulado de acordo com o
disposto no art. 23 do SNUC e em regulamentação específica;
§4º A Reserva de Desenvolvimento Sustentável será gerida por um Conselho Deliberativo,
presidido pelo órgão responsável por sua gestão e constituído por representantes de órgãos
públicos, de organizações da sociedade civil e das populações tradicionais residentes na área,
conforme se dispuser em regulamento e no ato de criação da unidade;
§5º As atividades desenvolvidas na Reserva de Desenvolvimento Sustentável obedecerão às
seguintes condições:
I - é permitida e incentivada a visitação pública, desde que compatível com os interesses locais
e de acordo com o disposto no Plano de Manejo da área;
II - é permitida e incentivada a pesquisa científica voltada à conservação da natureza, à melhor
relação das populações residentes com seu meio e à educação ambiental, sujeitando-se à
prévia autorização do órgão responsável pela gestão da unidade, às condições e restrições por
este estabelecidas e às normas previstas em regulamento;
III - deve ser sempre considerado o equilíbrio dinâmico entre o tamanho da população e a
conservação; e
IV - é admitida a exploração de componentes dos ecossistemas naturais em regime de manejo
sustentável e a substituição da cobertura vegetal por espécies cultiváveis, desde que sujeitos ao
zoneamento, às limitações legais e ao Plano de Manejo da área.
§6º O Plano de Manejo da Reserva de Desenvolvimento Sustentável definirá as zonas de
proteção integral, de uso sustentável e de amortecimento e corredores ecológicos, e será
aprovado pelo Conselho Deliberativo da unidade.
Art. 21 A Reserva Particular de Patrimônio Natural é uma área privada, gravada com
perpetuidade, com o objetivo de conservar a diversidade biológica.
§1º O gravame de que trata este artigo constará de termo de compromisso assinado perante o
órgão ambiental, que verificará a existência de interesse público, e será averbado à margem da
inscrição no Registro Público de Imóveis;
§2º Só poderá ser permitida, na Reserva Particular de Patrimônio Natural, conforme se
dispuser em regulamento:
I - a pesquisa científica; e
II - a visitação com objetivos turísticos, recreativos e educacionais.
§3º O Órgão Municipal de Meio Ambiente incentivará a criação de RPPN no território municipal
e intermediará, com prestação de orientação técnica e científica, a relação do proprietário de
terras que deseje transformar sua propriedade ou parte dela, em Reserva Particular de
Patrimônio Natural, com o órgão Estadual ou Federal de Meio Ambiente, auxiliando na
elaboração de um Plano de Manejo e de Proteção e Gestão da unidade.
CAPÍTULO IV
CRIAÇÃO, IMPLANTAÇÃO E GESTÃO DAS ÁREAS PROTEGIDAS MUNICIPAIS
Art. 22 As Áreas Protegidas do Município de Angra dos Reis, serão criadas por ato do Poder
Público.
§1º A criação de uma área protegida por legislação específica de âmbito municipal, deve ser
precedida por estudos técnicos e de consulta pública, que permitam identificar a localização, a
dimensão e os limites mais adequados para a unidade, conforme se dispuser em regulamento;
§2º No processo de consulta de que trata o §1º, o Poder Público é obrigado a fornecer
informações adequadas e inteligíveis à população local e outras partes interessadas;
§3º Na criação de Estação Ecológica ou Reserva Biológica não é obrigatória a consulta pública;
§4º As áreas protegidas de âmbito municipal do grupo de Uso Sustentável podem ser
transformadas total ou parcialmente em unidades do Grupo de Proteção Integral, por
instrumento normativo do mesmo nível hierárquico do que criou a unidade, desde que
obedecidos os procedimentos de consulta estabelecidos no §1º deste artigo;
§5º A ampliação dos limites de uma área protegida sob legislação específica, sem modificação
dos seus limites originais, exceto pelo acréscimo proposto, pode ser feita por instrumento
normativo do mesmo nível hierárquico do que criou a unidade, desde que obedecidos os
procedimentos de consulta estabelecidos no §1º deste artigo;
§6º A desafetação ou redução dos limites de uma área protegida sob legislação específica só
pode ser feita mediante lei, específica a modificação proposta.
Art. 23 O Poder Público Municipal poderá, ressalvadas as atividades agropecuárias e outras
atividades econômicas em andamento e obras públicas licenciadas, na forma da lei, decretar
limitações administrativas provisórias ao exercício de atividades e empreendimentos efetiva ou
potencialmente causadores de degradação ambiental, para a realização de estudos com vistas a
criação de áreas protegidas sob legislação específica, quando, a critério do órgão ambiental
competente, houver risco de dano grave aos recursos naturais ali existentes.
§1º Sem prejuízo da restrição e observada a ressalva constante no caput desse artigo, na área
submetida a limitações administrativas, não serão permitidas atividades que importem em
exploração a corte raso da floresta e demais formas de vegetação nativa;
§2º A destinação final da área submetida ao disposto neste artigo será definida no prazo de 7
(sete) meses, improrrogáveis, findo o qual fica extinta a limitação administrativa.
Art. 24 A posse e o uso das áreas ocupadas pelas populações tradicionais nas Reservas
Extrativistas e Reservas de Desenvolvimento Sustentável de âmbito municipal, serão reguladas
por contrato, conforme se dispuser no regulamento desta Lei.
§1º As populações de que trata este artigo obrigam-se a participar da preservação,
recuperação, defesa, e manutenção da área protegida sob legislação municipal específica;
§2º O uso dos recursos naturais pelas populações de que trata este artigo obedecerá as
seguintes normas:
I - proibição do uso de espécies localmente ameaçadas de extinção ou de práticas que
danifiquem os seus habitats;
II - proibição de práticas ou atividades que impeçam a regeneração natural dos ecossistemas;
III - demais normas estabelecidas na legislação, no Plano de Manejo da área protegida e no
contrato de concessão de direito real de uso.
Art. 25 O subsolo e o espaço aéreo, sempre que influírem na estabilidade do ecossistema,
integram os limites das áreas protegidas municipais criadas sob legislação específica.
Art. 26 As áreas municipais especialmente protegidas sob legislação específica, exceto Área de
Proteção Ambiental e Reserva Particular do Patrimônio Natural, devem possuir uma zona de
amortecimento e, quando conveniente, corredores ecológicos.
§1º O órgão responsável pela gestão da unidade estabelecerá normas específicas
regulamentando a ocupação e o uso dos recursos da zona de amortecimento e dos corredores
ecológicos de uma área protegida municipal;
§2º Os limites da zona de amortecimento e dos corredores ecológicos e as respectivas normas
de que trata o §1º desse artigo, poderão ser definidos no ato de criação da unidade ou
posteriormente.
Art. 27 Quando existir um conjunto de áreas protegidas especialmente criadas sob legislação
específica de categorias diferentes ou não, próximas, justapostas ou sobrepostas, e outras
áreas protegidas públicas ou privadas, constituindo um mosaico, a gestão do conjunto deverá
ser feita de forma integrada e participativa, considerando-se os seus distintos objetivos de
conservação, de forma a compatibilizar a presença da biodiversidade, a valorização da
sociodiversidade e o desenvolvimento sustentável no contexto regional.
Parágrafo único O regulamento da forma de gestão integrada do conjunto de unidades,
disporá conforme estabelecido no Decreto 4.340/02.
Art. 28 As áreas especialmente protegidas sob legislação específica de âmbito municipal devem
dispor de um Plano de Manejo.
§1º O Plano de Manejo deve abranger a área protegida, sua zona de amortecimento e os
corredores ecológicos, incluindo medidas com o fim de promover sua integração à vida
econômica e social das comunidades vizinhas;
§2º Na elaboração, atualização e implementação do Plano de Manejo das Reservas
Extrativistas, das Reservas de Desenvolvimento Sustentável, das Áreas de Proteção Ambiental e
quando couber, das Florestas Municipais e das Áreas de Relevante Interesse Ecológico, será
assegurada a ampla participação da população residente;
§3º O Plano de Manejo de uma área especialmente protegida sob legislação específica deve ser
elaborado no prazo de cinco anos a partir da data de sua criação.
§4º O Plano de Manejo poderá dispor sobre as atividades de liberação planejada e cultivo de
organismos geneticamente modificados nas Áreas de Proteção Ambiental e nas zonas de
amortecimento das demais categorias de áreas protegidas, observadas as informações contidas
na decisão técnica da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança - CTNBio sobre:
I - o registro de ocorrência de ancestrais diretos e parentes silvestres;
II - as características de reprodução, dispersão e sobrevivência do organismo geneticamente
modificado;
III - o isolamento reprodutivo do organismo geneticamente modificado em relação aos seus
ancestrais diretos e parentes silvestres; e
IV - situação de risco do organismo geneticamente modificado à biodiversidade.
Art. 29 São proibidas, nas áreas protegidas sob legislação específica, quaisquer alterações,
atividades ou modalidades de utilização em desacordo com os seus objetivos, o seu Plano de
Manejo e seus regulamentos.
Parágrafo único Até que seja elaborado o Plano de Manejo, todas as atividades e obras
desenvolvidas nas áreas especialmente protegidas sob legislação específica do Grupo de
Proteção Integral devem se limitar àquelas destinadas a garantir a integridade dos recursos que
a unidade objetiva proteger, assegurando-se às populações tradicionais porventura residentes
na área, as condições e os meios necessários para satisfação de suas necessidades materiais,
sociais e culturais.
Art. 30 Cada área de proteção criada sob legislação específica do Grupo de Proteção Integral
disporá de um Conselho Consultivo, presidido pelo órgão responsável por usa administração e
constituído por representantes de órgãos públicos, de organizações da sociedade civil, por
proprietários de terras localizadas em Refúgio de Vida Silvestre ou Monumento Natural, quando
for o caso, e, na hipótese prevista no §2º do art. 42 do SNUC, das populações tradicionais
residentes, conforme se dispuser em regulamento e no ato de criação da área protegida.
Art. 31 As áreas especialmente protegidas sob legislação específica municipal podem ser
geridas por organizações da sociedade civil de interesse público com objetivos afins aos da
unidade, mediante instrumento a ser firmado com o órgão responsável por sua gestão.
Art. 32 É proibida a introdução nas áreas especialmente protegidas sob legislação específica,
de espécies alóctones (não autóctones).
§1º Excetuam-se do disposto neste artigo as Áreas de Proteção Ambiental, as Florestas
Municipais, as Reservas Extrativistas e as Reservas de Desenvolvimento Sustentável, bem como
os animais e plantas necessárias a gestão e às atividades das demais categorias de áreas, de
acordo com o que dispuser em regulamento e no Plano de Manejo da unidade;
§2º Nas áreas particulares localizadas em Refúgios de Vida Silvestre e Monumentos Naturais
podem ser criados animais domésticos e cultivadas plantas considerados compatíveis com as
finalidades da unidade, de acordo com o que dispuser o Plano de Manejo.
Art. 33 O órgão municipal de meio ambiente articular-se-á com a comunidade científica com o
propósito de incentivar o desenvolvimento de pesquisas sobre a fauna, a flora e a ecologia das
áreas especialmente protegidas sob legislação específica municipal e sobre formas de uso
sustentável dos recursos naturais, valorizando-se o conhecimento das populações tradicionais.
§1º As pesquisas científicas nas áreas protegidas sob legislação específica municipal não
podem colocar em risco a sobrevivência das espécies integrantes dos ecossistemas protegidos;
§2º A realização de pesquisas científicas nas áreas protegidas sob legislação específica
municipal, exceto Área de Proteção Ambiental e Reserva Particular de Patrimônio Natural,
depende de aprovação prévia e está sujeita à fiscalização da Guarda Ambiental ou equipe
técnica e fiscal nomeada por Portaria do Secretário de Meio Ambiente e Desenvolvimento
Urbano, conforme estabelecido no §2º, do art. 6º, dessa lei.
§3º O órgão ambiental municipal pode transferir para as instituições de pesquisa nacionais,
mediante acordo, a atribuição de aprovar a realização de pesquisas científicas e de credenciar
pesquisadores para trabalharem nas áreas especialmente protegidas sob legislação específica,
de âmbito municipal.
Art. 34 A exploração comercial de produtos, subprodutos ou serviços obtidos ou desenvolvidos
a partir dos recursos naturais, biológicos, cênicos ou culturais ou da exploração da imagem da
área preservada, exceto Área de Proteção Ambiental e Reserva Particular do Patrimônio
Natural, dependerá de prévia autorização do órgão competente e sujeitará o explorador a
pagamento, conforme disposto em regulamento.
Art. 35 O órgão municipal de meio ambiente, responsável pela gestão de áreas especialmente
protegidas sob legislação específica, pode receber recursos ou doações de qualquer natureza,
nacionais ou internacionais, com ou sem encargos, provenientes de organizações privadas ou
públicas ou de pessoas físicas que desejarem colaborar com a sua conservação.
Parágrafo único A administração dos recursos obtidos cabe ao órgão gestor da área
protegida, e estes serão utilizados exclusivamente na implantação, gestão e manutenção da
área.
Art. 36 Os recursos obtidos pelas áreas protegidas sob legislação específica municipais do
Grupo de Proteção Integral mediante a cobrança de taxa de visitação e outras rendas
decorrentes de arrecadação, serviços e atividades da própria área protegida serão aplicados de
acordo com os critérios a seguir:
I - até cinquenta (50) por cento, e não menos que vinte e cinco (25) por cento, na
implementação, manutenção e gestão da área;
II - até cinquenta (50) por cento, e não menos que vinte e cinco (25) por cento, na
regularização fundiária das áreas de proteção do Grupo;
III - até cinquenta (50) por cento, e não menos que quinze (15) por cento, na implantação,
manutenção e gestão de outras áreas protegidas municipais do Grupo de Proteção Integral.
Art. 37 Nos casos de licenciamento ambiental de empreendimentos de significativo impacto
ambiental, assim considerado pelo órgão ambiental competente, com fundamento em estudo
de impacto ambiental e respectivo relatório - EIA/RIMA, o empreendedor é obrigado a apoiar a
implantação e manutenção de áreas protegidas de âmbito municipal do Grupo de Proteção
Integral, de acordo com o disposto neste artigo e no Decreto nº 6.848, de 14/05/09, que altera
e acrescenta dispositivos ao Decreto nº 4.340/02, para regulamentar a compensação ambiental
e seu anexo.
§1º O montante de recursos a ser destinado pelo empreendedor para esta finalidade não pode
ser inferior a meio por cento (0,5%) dos custos totais previstos para a implantação do
empreendimento, sendo o percentual fixado pelo órgão ambiental licenciador, de acordo com o
grau de impacto ambiental causado pelo empreendimento e de acordo com o Art. 1º do
Decreto nº 6.848/09;
§2º O órgão ambiental municipal deve manifestar-se em favor das áreas protegidas municipais,
considerando as propostas apresentadas no EIA/RIMA, as intenções do órgão licenciador de
proteção das áreas protegidas regionais, bem como na proteção de novas áreas, ouvido o
empreendedor;
§3º Quando o empreendimento afetar área protegida sob legislação específica municipal ou
sua zona de amortecimento, o licenciamento a que se refere este artigo, poderá ser concedido
mediante autorização do órgão responsável pela gestão da unidade e a área afetada, mesmo
que não pertencente ao Grupo de Proteção Integral, deverá ser uma das beneficiárias da
compensação definida no caput deste parágrafo.
CAPÍTULO V INCENTIVOS, ISENÇÕES E PENALIDADES
Art. 38 A ação ou omissão das pessoas físicas ou jurídicas que importem inobservância aos
preceitos desta lei e a seus regulamentos ou resultem em dano à flora, à fauna e aos demais
atributos naturais das áreas protegidas municipais, bem como às suas instalações e às zonas de
amortecimento e corredores ecológicos, sujeitam os infratores às sanções previstas em lei.
CAPÍTULO VI
RESERVAS DA BIOSFERA
Art. 39 As áreas protegidas de âmbito municipal sob legislação específica, passam a adotar o
modelo internacional de gestão integrada estabelecido como Reserva da Biosfera.
§1º Compete ao órgão ambiental municipal responsável pela criação, implantação e gestão das
áreas protegidas de âmbito municipal incluí-las no modelo adotado internacionalmente, de
gestão integrada participativa e sustentável dos recursos naturais, com os objetivos básicos de
preservação da diversidade biológica, desenvolvimento de atividades de pesquisas básicas e
aplicadas, fiscalização e monitoramento ambiental, educação ambiental, desenvolvimento
sustentável e melhoria da qualidade de vida das populações;
§2º O órgão municipal de meio ambiente deverá compor o Conselho Deliberativo da Reserva
da Biosfera de âmbito regional, com o objetivo de incluir as áreas protegidas municipais no
modelo de gestão integrado utilizado, protegendo os ecossistemas municipais e garantindo os
investimentos das áreas protegidas municipais criadas sob legislação específica, a partir de
repasses de recursos e verbas do Programa Intergovernamental "O Homem e a Biosfera -
MAB", estabelecido pela Unesco, organização da qual o Brasil é membro.
CAPÍTULO VII
DISPOSIÇÕES GERAIS E TRANSITÓRIAS
Art. 40 As populações tradicionais que por ventura estejam residentes nas localidades onde se
inserem as áreas protegidas de âmbito municipal criadas sob legislação específica, serão
indenizadas ou compensadas pelas benfeitorias nos seus imóveis, caso a sua permanência não
seja compatível com os objetivos da conservação daquelas áreas e serão realocadas pelo Poder
Público, para local adequado com condições acordadas entre as partes.
§1º O Poder Público Municipal, por meio do órgão ambiental competente, priorizará o
reassentamento das populações tradicionais a serem realocadas;
§2º Para o cumprimento do caput do parágrafo anterior, o órgão ambiental municipal deverá
comunicar-se com a Secretaria de Governo responsável pelos reassentamentos no município e
inscrever os interessados no programa de reassentamento, a fim de dar ordenamento no
processo e evitar conflitos;
§3º Serão estabelecidas normas e ações específicas destinadas a compatibilizar a presença das
populações tradicionais residentes com os objetivos da área protegida, sem prejuízo dos modos
de vida, das fontes de subsistência e dos locais de moradia destas populações, assegurando-se
a sua participação na elaboração das referidas normas e ações;
§4º Na hipótese prevista nos §2º e 3º, as normas regulando o prazo de permanência e suas
condições serão estabelecidas em regulamento.
Art. 41 O Poder Público Municipal fará o levantamento das áreas municipais passíveis de
receber essas populações, com o objetivo de definir a disponibilidade de terras em atendimento
a necessidade municipal.
Art. 42 O órgão ambiental municipal realizará um levantamento das áreas passíveis de receber
a implantação de áreas protegidas no Município de Angra dos Reis.
§1º O levantamento das áreas passíveis de serem transformadas em áreas especialmente
protegidas sob legislação específica municipal, deverá ser elaborado com base nas delimitações
das Zonas de Interesse Ambiental de Proteção (ZIAP), estabelecidas conforme a Lei de
Zoneamento do Município de Angra dos Reis e de acordo com as necessidades de regulação do
uso do solo e proteção dos recursos naturais;
§2º A proposição das categorias de áreas protegidas a serem implantadas no território
municipal, deverá respeitar os interesses da conservação, determinando o tipo de categoria, se
de uso sustentável ou de proteção integral, a modalidade de categoria e as características
sociais e ambientais da área;
§3º As categorias de áreas protegidas criadas através da Lei nº 1.965, de 24 de junho de
2008, de cunho estritamente municipal, denominadas de Áreas Verdes Públicas e Particulares e
Áreas de Proteção Paisagística, deverão ser reguladas através de detalhamento específico,
tomando como base as diretrizes estabelecidas nos artigos 33 e 34, partindo da premissa que
essas categorias municipais criadas têm o objetivo de incentivar o desenvolvimento do turismo
sustentável, criando áreas de lazer no município que propicie a proteção dos ecossistemas, a
educação ambiental e o desenvolvimento turístico.
Art. 43 As ilhas costeiras e oceânicas municipais destinam-se prioritariamente à proteção da
natureza e sua destinação para fins diversos deve ser precedida de autorização do órgão
ambiental competente.
Art. 44 Excluem-se das indenizações referentes à regularização fundiária das áreas
especialmente protegidas de âmbito municipal, derivadas ou não de desapropriação:
I - as espécies arbóreas declaradas imunes de corte pelo Poder Público;
II - expectativas de ganhos e lucros cessante;
III - o resultado de cálculo efetuado mediante a operação de juros compostos;
IV - as áreas que não tenham prova de domínio inequívoco e anterior à criação da área
protegida.
Art. 45 A instalação de redes de abastecimento de água, esgoto, energia e infraestrutura
urbana em geral, em áreas protegidas municipais onde estes equipamentos são admitidos,
depende de prévia aprovação do órgão ambiental municipal responsável pela gestão da área
protegida, sem prejuízo da necessidade de elaboração de estudo de impacto ambiental e outras
exigências legais.
Parágrafo único Esta mesma condição se aplica à zona de amortecimento das áreas do Grupo
de Proteção Integral, bem como às áreas de propriedade privada inseridas nos limites dessas
unidades e ainda não indenizadas.
Art. 46 Órgão ou empresa, público ou privado, responsável pelo abastecimento de água ou
que faça uso de recursos hídricos, beneficiário da proteção proporcionada por uma área
protegida de âmbito municipal, deve contribuir financeiramente para a proteção e
implementação da área protegida, de acordo com o disposto em regulamentação específica.
Art. 47 O órgão ou empresa, público ou privado, responsável pela geração e/ou distribuição de
energia elétrica, beneficiário da proteção oferecida por uma área protegida sob legislação
específica de âmbito municipal, deve contribuir financeiramente para a proteção e
implementação da unidade, de acordo com o disposto em regulamentação específica.
Art. 48 O espaço físico de uma área protegida sob legislação específica municipal é
considerada zona rural, para os efeitos legais.
Parágrafo único A zona de amortecimento das áreas protegidas de âmbito municipal de que
trata esse artigo, uma vez definida formalmente, não pode ser transformada em zona urbana;
Art. 49 O órgão ambiental municipal organizará cadastro das áreas protegidas sob legislação
específica municipal e enviará ao Ministério do Meio Ambiente e a Secretaria de Estado do
Ambiente, informando sobre a criação dessas áreas.
§1º No caso da informação ser repassada a Secretaria de Estado do Ambiente, compete ao
órgão ambiental municipal e a Secretaria Executiva do Fundo Municipal de Meio Ambiente o
acompanhamento do recebimento da informação pelo órgão estadual ambiental, como forma
de controlar os repasses dos valores referentes ao ICMS Ecológico;
§2º O cadastro a que se refere o caput desse artigo conterá os dados principais de cada área
protegida, incluindo, dentre outras características relevantes, informações sobre espécies
ameaçadas de extinção, situação fundiária, recursos hídricos, clima, solos e aspectos
socioculturais e antropológicos.
Art. 50 Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação, revogadas disposições em contrário.
Angra dos Reis, de de 2014.
MARIA DA CONCEIÇÃO CALDAS RABHA
Prefeita Municipal
Anexo 5: Minuta de Decreto de Criação do Parque Municipal da Mata Atlântica.
1.0 APRESENTAÇÃO:
Atualmente existe uma série de programas ambientais nos governos federal e
estadual que estimulam os governos municipais a investirem na qualidade do meio
ambiente, resultando em projetos de criação de áreas especialmente protegidas
municipais. O governo do Estado do Rio de Janeiro, com vistas a estimular
investimentos na melhoria da qualidade ambiental dos municípios fluminenses, no ano
de 2007, instituiu o programa do ICMS Ecológico que estimula os municípios a
cuidarem do meio ambiente, através do repasse de alíquotas do montante do ICMS
correspondente a cada município, na forma de ICMS Ecológico.
O Ministério do Meio Ambiente, através das Secretarias de Biodiversidade e
Florestas e Recursos Hídricos e Ambiente Urbano, lançou entre os anos de 2009-2012
o projeto Proteção da Mata Atlântica II, sob coordenação do Ministério do Meio
Ambiente, com o apoio da Cooperação Técnica e Financeira Brasil-Alemanha e a
participação de governos estaduais e municipais, organizações da sociedade civil e
suas redes e representantes do setor privado. Através da Superintendência de
Biodiversidade e Florestas da Secretaria de Estado do Ambiente, a Secretaria de Estado
do Ambiente (SEA) lançou no ano de 2013 um programa que visa recuperar a
cobertura florestal estadual através do reflorestamento de áreas desflorestadas e/ou
degradadas, com o objetivo de restaurar essas áreas, trazendo-as de volta ao intricado
equilíbrio natural, utilizando principalmente, espécies nativas da Mata Atlântica local.
Diversas ações e programas são estimulados pelo Ministério do Meio Ambiente
com o objetivo de recuperar áreas da Mata Atlântica que tiveram sua diversidade
biológica ameaçadas. Essas ações e programas são estratégias efetivas de recuperação
ambiental com responsabilidade, promovendo o desenvolvimento sustentável regional,
aumentando a distribuição de renda e a captação de recursos para investimentos em
meio ambiente e qualidade ambiental, dentre outros.
O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) mantém
programa de financiamento para projetos de criação de unidades de conservação e
reflorestamentos de áreas de mata atlântica, com áreas de até 5.000 ha, o que
corresponde a uma área equivalentes a 50 milhões de m².
Dentre todos os programas existentes na atualidade, destacamos os que mais
se identificam com os nossos objetivos e necessidades imediatas, que interagindo
entre si, criam oportunidades para desenvolvermos projetos de criação e implantação
de áreas verdes voltadas ao lazer da população angrense e de espaços especialmente
protegidos, cuja finalidade seja de promover a conectividade entre fragmentos
florestais locais, com a formação de corredores ecológicos, mosaicos de áreas
protegidas sob legislação específica, reservas privadas e outras categorias de áreas
para conservar o meio ambiente municipal. A responsabilidade pela criação e
implantação dessas unidades é compartilhada entre União, estados e municípios e os
proprietários privados, devendo todos aprimorar a efetividade de gestão das UCs
existentes e das recém criadas em âmbito municipal.
Complementarmente, para a efetivação das diretrizes acima elencadas, o
governo municipal deverá inicialmente criar, em nível de legislação, mecanismos que
efetivem dentre outros:
Adoção de programas de restauração florestal, nas áreas de cobertura florestal
original, com o objetivo de restaurar áreas desmatadas e degradadas com
espécies nativas da Mata Atlântica local, para que a Mata Atlântica possa
continuar prestando seus serviços ecossistêmicos.
Garantir estratégias e ferramentas econômicas para incentivar a proteção e
recuperação da Mata Atlântica, através do aprimoramento, difusão e incentivo
econômico que motive os proprietários de terras e outros atores a promoverem
a proteção e recuperação da Mata Atlântica, incluindo iniciativas de valoração e
pagamento por serviços ecossistêmicos.
Elaborar e implantar um Plano Municipal de Conservação e Recuperação da
Mata Atlântica local, fortalecendo a capacidade de gestão do meio ambiente, de
forma complementar ao Plano Diretor e a Política Municipal de Meio Ambiente.
Recuperar bacias hidrográficas degradadas pela ação antrópica desordenada e
gerir os riscos, com contenção da ocupação das áreas de risco geológico,
garantindo um melhor aproveitamento dos recursos ambientais com proteção
das florestas, do solo, dos recursos hídricos, da fauna e flora.
Implantar ações para prevenção dos efeitos das mudanças climáticas no clima
regional, estabelecendo formas de controlar a recuperação da Mata Atlântica
local, estimulando novos estudos necessários a compreensão da vulnerabilidade
de seus ecossistemas, a fragmentação ecossistêmica e a mudança do clima.
Propor a criação de áreas especialmente protegidas sob legislação específica
em locais e paisagens ameaçadas ou vulneráveis, envolvendo a efetiva
proteção das APP e reservas legais e a aplicação de boas práticas de manejo do
solo na atividade rural, contribuindo para a redução de deslizamentos de terra,
de inundação de várzeas e assoreamento de corpos d'água.
2.0 INTODUÇÃO:
O Parque Municipal da Mata Atlântica (ainda não existe um nome oficial
escolhido pela SMA) é uma unidade de conservação da natureza da categoria de
proteção integral, que tem como objetivo proteger da ação predatória do crescimento
urbano uma área com cerca de 22 milhões de metros quadrados, próxima ao Centro
Administrativo de Angra dos Reis, incluindo as praias da Gruta, Bica, Tanguazinho e
Ribeira (área da igreja). A área proposta para o Parque, envolve parte dos bairros
Encruzo da Enseada, Morro da Cruz, Morro da Glória 2, Morro da Glória 1, Morro do
Carmo, Morro da Caixa D'água, Morro do Santo Antônio, Morro do Bulé, Colégio Naval,
Bonfim, Praia Grande, Vila Velha, Tanguá e Retiro e as áreas correspondentes fazem
limite com a Estrada do Contorno.
O planejamento de uso/preservação da área que servirá a unidade de
conservação, consta do Processo/PMAR nº 7040/2013, aberto pela SAPE naquele ano e
considera a inclusão de todas as áreas consideradas como Zona de Interesse
Ambiental de Proteção (ZIAP) pela Lei nº 2.091/09 (Lei do Zoneamento Municipal),
integrante da Lei nº 1.754/06 que é o Plano Diretor do Município de Angra dos Reis.
Os objetivos primários da criação dessa área especialmente protegida estão
intimamente relacionados à preservação de ecossistemas importantes da Mata
Atlântica municipal e regional, através da criação de uma política conservacionista que
assegure a proteção de ecossistemas, da fauna e flora, do material genético que os
compõe, o estímulo a recuperação ambiental, a preservação do solo, a proteção de
significativo quantitativo de pequenos mananciais de abastecimento de água para as
populações dos bairros periféricos no Centro Administrativo, a qualidade das águas
superficiais, subterrâneas e marítimas, a contenção da especulação urbana
desordenada sobre áreas não edificantes, de risco geológico, de preservação
permanente e de alto valor econômico, assegurando a implantação de um turismo
sustentável nas áreas litorâneas vizinhas ao Parque Municipal a ser criado, a educação
ambiental da população, e uma gama de outros valores socioambientais que mereçam
ser estimulados na população angrense e visitante.
Memorial descritivo da unidade:
Estou aguardando os pontos demarcatórios para a preparação do Memorial
Descritivo (a Sandra técnica da GPT está refazendo).
MINUTA DE DECRETO
Cria no Município de Angra dos Reis o
Parque Municipal da Mata Atlântica
envolvendo parte dos morros do 1º
Distrito, com o objetivo de preservar
ecossistemas importantes da Mata Atlântica
municipal e proteger vidas, através da
desocupação de áreas de risco geológico e
de proteção a mananciais.
Considerando que:
o crescimento desordenado da cidade tem se utilizado aleatoriamente de áreas
florestadas, de preservação permanente, de mananciais e de risco ambiental
em detrimento da saúde das pessoas e da qualidade do meio ambiente,
colocando em risco de morte a vida de diversos cidadãos e destruindo as
florestas e os animais;
o crescimento desordenado da cidade causa uma série de transtornos urbanos,
tais como o acúmulo de lixo nas encostas, a abertura de vias em áreas de risco
geológico e a ocupação de áreas de manancial dentre outros, gerando muitas
vezes desconforto e sofrimento as pessoas e perdas significativas de patrimônio
genético com desequilíbrio ambiental;
o crescimento desordenado da cidade impossibilita o crescimento econômico
sustentável de modo a propiciar uma melhor qualidade de vida às pessoas e
salvaguardar a vida em todas as suas formas.
A Prefeita Municipal no suo de suas atribuições,
DECRETA:
Art. 1º Fica criado no Município de Angra dos Reis o Parque Municipal da Mata
Atlântica, envolvendo parte dos bairros Encruzo da Enseada, Morro da Cruz, Morro da
Glória 2, Morro da Glória 1, Morro do Carmo, Morro da Caixa D'água, Morro do Santo
Antônio, Morro do Bulé, Colégio Naval, Bonfim, Praia Grande, Vila Velha, Tanguá e
Retiro e as praias da Gruta, Bica, Tanguázinho e Retiro, conforme delimitado no
memorial descritivo.
§ 1º O objetivo principal da criação do Parque Municipal da Mata Atlântica é de
preservar o remanescente de floresta pluvial atlântica em bom estado de
conservação existente nos bairros supra mencionados, permitindo que o governo
do Município de Angra dos Reis desenvolva política conservacionista de cunho
socioambiental, viabilizando a implantação de projetos que impeçam a ocupação
desordenada das encostas, das áreas de risco geológico e de proteção à
mananciais e incentive o reflorestamento ecológico das encostas e o
desenvolvimento do turismo sustentável;
§ 2º O Plano de Manejo do Parque Municipal da Mata Atlântica delimitará as
áreas que poderão servir a visitação controlada e a exploração econômica a
partir da instalação de quiosques, treilers, banheiros e outros equipamentos de
uso coletivo;
§ 3º O Plano de Manejo do Parque Municipal da Mata Atlântica também deverá
tratar sobre os assuntos a seguir relacionados: - levantamento fundiário e
proposição de medidas de ajuste a delimitação da área do Parque, com
justificativa; - levantamento florístico, faunístico e áreas que mereçam receber
reflorestamentos e/ou revegetação em função do risco que oferecem, indicando
o grau de degradação a que estão submetidas; - levantamento cartográfico
detalhado das áreas que se confrontam com as ocupações do entorno direto do
Parque; - levantamento topográfico e plantas de situação das áreas que poderão
receber infraestrutura de contenção, bem como investimentos e implantação de
estruturas de uso coletivo etc;
§ 4º Os projetos de contenção das encostas nas áreas de que trata o caput do
parágrafo anterior, além das estruturas de concreto armado e/ou cortinas,
necessárias a contenção do solo nas encostas, deverão considerar as drenagens
superficiais e se utilizar de espécies arbóreas de Mata Atlântica, obedecendo a
composição florística local, sendo elaborados e acompanhados por profissionais
e/ou empresas credenciadas no CREA e na municipalidade e os profissionais
responsáveis pelos projetos de reflorestamento ou revegetação deverão ter
formação em Engenharia Agronômica ou Florestal;
§ 5º Os projetos de reflorestamento deverão ser de cunho ecológico, sendo que
nas áreas onde o terreno mostrar-se incapacitado a receber cobertura florestal
conforme descrito no parágrafo anterior, a composição florística poderá ser de
espécies agressivas e de rápido crescimento, a fim de tornar o solo capacitado a
receber, numa situação futura, espécies apropriadas da Mata Atlântica local.
Art. 2º O memorial descritivo do Parque Municipal da Mata Atlântica é assim definido:
XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX
§ 1º Perímetro e área
§ 2º As áreas do Parque Municipal da Mata Atlântica, limítrofes a cidade, que
mereçam receber cercamento em função de sua vulnerabilidade a entrada de
pessoas ou a construção de edificações, deverão receber a implantação de
projetos do Programa Cinturão Verde.
Art. 3º Toda ocupação existente no interior da área do Parque Municipal da Mata
Atlântica que não seja de uso coletivo e de interesse da municipalidade, na data de
publicação deste decreto, deverá ser retirada e se for necessário desapropriada,
incluindo cercas de arames e outros materiais que indiquem cercamento de área para
fins de ocupação e/ou especulação.
§ 1º O Poder Público Municipal não indenizará ocupações em áreas de risco
geológico e/ou de proteção a mananciais irregularmente ocupadas;
§ 2º As áreas de proteção a mananciais são aquelas incluídas num raio de 50
metros no entorno das nascentes intermitentes ou temporárias ou que se
encontram ao longo dos rios, córregos e outros cursos d'água, conforme
estabelecido na Lei nº 1.965/07 - Código de Meio Ambiente de Angra dos Reis.
Art. 4º O Poder Público Municipal deverá estimular a implantação de cercas vivas para
a delimitação da área do Parque Municipal da Mata Atlântica nas áreas confrontantes
as áreas ocupadas regularmente pela cidade, se utilizando dos critérios estabelecidos
para o Programa Cinturão Verde.
Parágrafo único O Poder Público Municipal estimulará a implantação de
projetos de educação ambiental nas comunidades circunvizinhas ao Parque
Municipal da Mata Atlântica.
Art. 5º Num prazo máximo de 540 (quinhentos e quarenta) dias a contar da data de
publicação deste decreto, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento
Urbano deverá apresentar em audiência pública, o Plano de Manejo do Parque
Municipal da Mata Atlântica, a que dará publicidade.
§ 1º Para a elaboração do Plano de Manejo do Parque Municipal da Mata
Atlântica a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano
deverá contratar empresa idônea, comprovadamente capacitada para a
elaboração de projetos dessa natureza;
§ 2º O Plano de Manejo do Parque Municipal da Mata Atlântica deverá observar
dentre os requisitos normativos referentes a Mata Atlântica e o Plano Diretor
Municipal, aqueles que contribuam com o estabelecimento de diretrizes de uso
que favoreçam o turismo ecológico e a recuperação de áreas degradadas e de
proteção de mananciais.
Art. 6° Mapa anexo a este decreto delimita cartograficamente o Parque Municipal da
Mata Atlântica.
Art. 7º Este decreto entra em vigor na data de sua publicação, revogadas as
disposições em contrário.
Angra dos Reis, XX de XXXXXXXX de 2014.
Maria da Conceição Caldas Rabha
Prefeita Municipal
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