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Judith Teixeira
POESIA E PROSA
Organização e estudos introdutórios de Cláudia Pazos Alonso e Fabio Mario da Silva
ÍNDICE
AGRADECIMENTOS 15NOTA PRÉVIA 17
ESTUDO INTRODUTÓRIO
«Judith Teixeira: um caso modernista insólito», por Cláudia Pazos Alonso 21
DECADÊNCIA (1923)Predestinada 43Onde Vou? 44Conta -me Contos 45A Estátua 47O Meu Chinês 48Os Meus Cabelos 50Flores de Cactus 52O Anão da Máscara Verde 54A Cigana 57Porquê? 59Perfis Decadentes 60Ressurgimento 62Insónias 63Fim 65A Outra 66Ruínas 68Rosas Vermelhas 69O Meu Vestido 71Ao Espelho 73O Meu Destino 75Liberta 77
O Teu Perfil 79A Minha Colcha Encarnada 81A Minha Amante 82Madrugadas 84Delírios Rubros 85Venere Coricata 86Nada 87Ansiedade 88A Mulher do Vestido Encarnado 89O Relógio 91Última Frase 92
CASTELO DE SOMBRAS (1923)Ninguém… 95Primavera 96Duma Carta 97Sonho 99Maus Presságios 100Estranha Dor 101Inverno 103TRÍPTICO 105 Alvorecer 106 Meio-Dia 107 Poente 108 Quatro Cantigas de Tristeza 109SONETOS DA MINHA DOR 111 Quem És? 112 A Sesta 113 Átomo 114 Sonhando 115 Outono 116 Crepúsculo 117 Nostalgia 118 Tédio 119 Cinzas 120 O Palhaço 121 Quando o Sol Morre 122MISTICISMO 123 Paixão 124 2 125 3 126
NUA. POEMAS DE BIZÂNCIO (1926)AMORES DE SHEHERAZADE 131 A Vida 132 Ilusão 136 O Fumo do Meu Cigarro 138 A Bailarina Vermelha 141 A Cor dos Sons 143 As Tuas Mãos 146 Um Sorriso que Passa… 148SINFONIA DO AMOR 149 Domínio 150 Sinfonia Hibernal 153 A Infanta das Mãos Pálidas 155 Outonais 156 Gomil de Graças 157 Minha Vida! 158 Incoerência 159 Sem Culpa… 160VOLÚPIA 161 Rosas Pálidas 162 Volúpia 164 Scheherazade 165 Mais Beijos 167O MEU GOMIL DE AMARGURAS 169 Saudade 170 Ausência 171 Quando, Não Sei… 172 Bailados do Luar 173 Adeus 175 Horas Nostálgicas 176 Podes Ter os Amores que Quiseres… 178 Arlequim 179 O Outro 181NOSTALGIAS DE RAÇA 183 Remorso 184 Aos Pés da Cruz 185 Maldição 186 Rajada 187 Confissão 188 Contrição 189
ESPARSOS
A Pobre mais Pobrezinha 193Enleio 195Sonetilho 196Quero -te Bem 197Sol do Oriente – Sinfonia Branca 198Na noite de S. João 199O Poemeto das Sombras 200Vaticínio 202
ESTUDO INTRODUTÓRIO
«Um caderno com poemas inéditos de Judith Teixeira: apresentação
e conclusões preliminares», por Cláudia Pazos Alonso 205
INÉDITOS
[Poemas a Tinta] 217 Noite Dolorosa 218 Quadras 220 Ao Telefone 221 A Minha Homenagem 223 Desalento 225 Às Feras 226 O Tango 227 O Tísico 229 S. João 230 Ao Meu Amigo António Boto 232 Miragem 234 Regressar à Verdade 235 Vagueando 236[Rascunhos – Fragmentos a Lápis] 239 Fulva de cabeleira ao vento 240 [Ó?] pombas de asas brancas, aladas 241 Os teus braços agora não me apertam 242 Ergo -me 243 Dois amantes 244 On dit 245 Como/ detesto 246[Poema Esparso em Folhas Soltas] 247 Porque Choro Eu?! 248
NOTA INTRODUTÓRIA
«O manuscrito Da Saudade», por Fabio Mario da Silva 253
DA SAUDADE 255
ESTUDO INTRODUTÓRIO
«Judith Teixeira: entre o modernismo e o feminismo»,
por Fabio Mario da Silva 267
DE MIM. CONFERÊNCIA EM QUE SE EXPLICAM AS MINHAS RAZÕES SOBRE A VIDA SOBRE A ESTÉTICA SOBRE A MORAL (1926) 279
SATÂNIA (NOVELAS) (1927)Satânia 299Insaciada 347
CRITÉRIOS DE EDIÇÃO E NOTAS 361
15
AGRADECIMENTOS
Gostaríamos de registar aqui os nossos agradecimentos à Univer-
sidade de Oxford e a Wadham College por terem concedido um tri-
mestre de licença sabática a Cláudia Pazos Alonso em 2014. A todos
os colegas da Sub -Faculty of Portuguese que tão generosamente
possibilitaram a concretização de três meses sem atividades docentes
ou administrativas, sem os quais não teria sido possível finalizar este
volume, um sincero obrigado. Também gostaríamos de enfatizar o
apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo
(FAPESP) pela bolsa (2013 -2016) de pós -doutoramento (Univ. de
São Paulo) concedida a Fabio Mario da Silva, o que possibilitou a sua
permanência em Portugal. Estamos gratos pela ajuda e sugestões de
vários colegas, estudiosos, amigos e familiares ao longo dos últimos
dezoito meses, nomeadamente Maria Lúcia Dal Farra, Maria Teresa
Horta, Anna Klobucka, Ana Luísa Vilela, Tom Earle, Gui Perdigão,
Phoebe Oliver, Bruno Silva Rodrigues, Ana Pires, Filipa Thompson,
Suilei Giavara, Martim Gouveia, Andreia Boia e Clara Mendes Barros.
CLÁUDIA PAZOS ALONSO
FABIO MARIO DA SILVA
17
NOTA PRÉVIA
Reúne -se aqui toda a obra literária de Judith Teixeira – à exceção
de alguns textos de prosa curtos publicados na imprensa, e outras
peças que porventura ainda estejam por identificar –, com particu-
lar destaque para uma série de inéditos que damos a conhecer pela
primeira vez. A ortografia foi modificada segundo as regras do novo
acordo ortográfico. A pontuação foi mantida conforme as edições
impressas em vida da autora, salvo nos casos de lapsos tipográficos.
Na poesia, o uso do apóstrofo foi mantido por questões de ritmo.
No que diz respeito aos inéditos, os leitores e as leitoras interessados
poderão consultar no final deste volume os critérios de transcrição
usados nesta edição.
ESTUDO INTRODUTÓRIO
21
JUDITH TEIXEIRA:
UM CASO MODERNISTA INSÓLITO
A voluptuosidade é uma arte
(Sá -Carneiro)
António Ferro, numa palestra sobre Colette proferida a 6 de
novembro de 1920, diagnosticou a impossibilidade de existir uma
escritora portuguesa moderna como ela, uma vez que Lisboa não
era Paris: «Em Portugal, Colette não seria possível. Todos os escre-
vinhadores, todos os aparos sujos da minha terra, cairiam sobre ela
acusando -a de imoral, de fútil, de extravagante!» (1921, p. 53). Visto
retrospetivamente, o alvitre de Ferro parece deveras presciente.
De facto, como é sabido, escassos anos depois, em março de 1923,
as obras de António Botto, Raul Leal e Judith Teixeira foram alvo de
uma polémica sobre a (i)moralidade da arte, que ficou conhecida
como «literatura de sodoma»1. A primeira coletânea de Teixeira,
Decadência, foi apreendida pelo Governo Civil de Lisboa e destruída.
E, tal como profeticamente antecipado por Ferro, vários escrevinha-
dores «caíram sobre ela»2, con de nan do -a ao lugar da abjeção, para
retomar aqui um conceito de Kristeva.
Teixeira tornou -se, efetivamente, um bode expiatório para a
desordem social coletivamente imaginada, tida como monstruo-
samente visível. Entretanto, Livro de «Soror Saudade», a segunda
1 Para mais informações, ver Barreto (2012) e o volume Raul Leal, Sodoma Divinizada, uma polé-mica iniciada por FERNANDO PESSOA a propósito de ANTÓNIO BOTTO, e também por ele terminada, com a ajuda de Álvaro Maia e Pedro Teotónio Pereira (da Liga de Acção dos Estudantes de Lisboa), 3.a edição, organização, introdução e cronologia de Aníbal Fernandes (Lisboa: Hiena Editora, 1989).
2 Para mais informações, ver «Scriptorium» (Jorge, 1996).
22
coletânea de Florbela Espanca publicada também no início de
1923, escapou à censura apesar de também desafiar preconceitos
vigentes acerca da sexualidade feminina, talvez porque parecesse
menos ameaçadora para as normas sociais instituídas do que a
representação do desejo de cariz homossexual verbalizado por
Judith Teixeira. Na realidade, a posterior marginalização desta
última no âmbito do cânone literário pode ser explicada, em
grande medida, pelo facto de sua poesia conter um subtexto lés-
bico nem sempre disfarçado. É certo que no resto da Europa houve
casos de censura por motivos semelhantes, como evidenciado, por
exemplo, pelo julgamento do romance de Radclyffe Hall, The Well
of Loneliness, em 1928. Porém, a supressão da memória de Teixeira
em Portugal manteve -se de forma mais severa e durante muito
mais tempo.
O momento decisivo em termos da sua recuperação literária só
ocorre já na viragem do século XX para o século XXI, em 1996, com
a reimpressão das suas três obras poéticas numa edição moderna
da &etc (hoje infelizmente mais do que esgotada), cimentada com
a inclusão de material desconhecido, mormente a conferência
De Mim. A este esforço de divulgação veio -se juntar, em 2008, a
reimpressão de duas novelas publicadas sob o título da primeira,
Satânia. O acesso aos textos juditianos abriu caminho para uma
rápida reavaliação, já no século XXI, do seu lugar na tradição literária
em geral e no âmbito do modernismo em particular: em 2002, René
P. Garay reivindica esta artista como uma importante figura para a
nossa compreensão do modernismo português no próprio título
escolhido para o seu estudo crítico, Judith Teixeira e o Modernismo
Sáfico Português, tendência essa que se tem vindo a avolumar com
trabalhos de Martim de Gouveia e Sousa – nomeadamente um livro
de 2009, meritório por reunir poemas e textos dispersos publicados
na imprensa, cujo subtítulo caracteriza Judith Teixeira como uma
«irmã de Shakespeare» no modernismo literário português. A canonização
de Judith Teixeira na história da literatura é confirmada em 2008,
com o Dicionário de Fernando Pessoa e do Modernismo Português coorde-
nado por Fernando Cabral Martins, que contém dois verbetes sobre
23
ela, um dedicada à sua obra, outro à revista literária Europa por ela
dirigida, em 1925.
O reconhecimento tardio de Teixeira é um passo imprescindível
no sentido de resgatar as escritoras da periferia do modernismo
português, numa época em que o papel atribuído às mulheres ainda
era predominantemente o do Outro imaginado. No entanto, a sua
expurgação da memória cultural durante mais de meio século sig-
nifica que reunir novos dados que permitam contextualizar melhor
a sua obra representa um enorme desafio. Daí a importância desta
nova edição, que dá a lume cerca de vinte poemas inéditos, contidos
num caderno de exercícios manuscrito, bem como uma conferência
dactilografada desconhecida, intitulada Da Saudade. Como se irá
explicar mais detidamente na secção seguinte, este novo material já
estava há muito aguardando a oportunidade certa para ser divulgado.
Mas em primeiro lugar convém situar devidamente a obra de Judith
Teixeira no Portugal dos anos vinte.
Podemos inferir que Teixeira possuía seguramente as condições
mínimas a que Virginia Woolf, sua contemporânea no tempo, se
referiu: «um quarto próprio e quinhentas libras por ano», ou seja, o
suficiente para financiar a publicação da sua obra em edições requin-
tadas, num curtíssimo espaço de tempo que vai de 1923 a 1927. Tal
inclui o lançamento, em junho de 1923, de uma segunda coleção,
Castelo de Sombras, e no final de 1923, de uma nova edição de Decadên-
cia, após o metafórico auto -da -fé ter destruído qualquer vestígio da
primeira. A isto se seguiu uma revista, Europa, transcorrido apenas
um ano e tal, em abril de 1925. Teixeira publicou ainda, em 1926,
além de uma terceira coletânea, Nua, uma conferência intitulada
De Mim, mais uma prova de um protagonismo inusitado para a época.
E finalmente em 1927 as novelas de Satânia.
Tudo leva a crer que, além de não lhe faltarem os recursos eco-
nómicos, ela fosse bastante bem relacionada. De facto, em mais de
uma ocasião, ela foi destaque na Ilustração Portuguesa, uma revista
semanal de grande circulação, que durante algum tempo foi dirigida
por António Ferro. Em 21 janeiro de 1922, identificada pelo seu nom
de plume Lena de Valois, ela é entrevistada e fotografada em casa,
24
sendo que o texto estabelece uma correlação com os seus aposentos
elegantes, descritos como um «palacete»1. Embora o entrevistador
anónimo recorde ter assistido à leitura de uma peça, o aspeto mais
curioso deste artigo é que precede a publicação de qualquer uma
das suas obras em forma de livro, dado que estas apenas começarão
a vir a lume no ano seguinte. Por altura da publicação do malfadado
Decadência, a Ilustração Portuguesa apresenta um retrato de Judith da
autoria de Carlos Porfírio (10 de fevereiro de 1923, p. 170). As cre-
denciais de Porfírio, o artista responsável pela imagem da capa da
coletânea, incluem o facto de ele ter sido «director e fundador» da
única edição de Portugal Futurista. Este dado proporciona -nos uma
primeira pista importante sobre a conexão de Teixeira com a moder-
nidade: em particular, o contacto com Porfírio sugere que ela teve
decerto conhecimento de Portugal Futurista, se não logo de imediato,
pelo menos retrospetivamente.
Num contexto literário no qual nenhuma mulher portuguesa
colaborara quer no Orpheu quer no Portugal Futurista, talvez ainda
mais relevantes sejam as contribuições poéticas de Teixeira para
Contemporânea de 1922 em diante2, que comprovam que teve acesso
em primeira mão a uma das revistas dos anos vinte que mais ajuda-
ram a moldar a modernidade. Aliás, este vínculo ajuda a entender
a impressionante semelhança no design e layout entre os poemas de
Decadência e um vasto leque de poemas publicados na Contemporânea,
semelhança essa fácil de se explicar dado o primeiro livro de Teixeira
ter sido impresso pela Imprensa Libânio da Silva em 1923, respon-
sável também pela revista.
Embora as interações de Teixeira com alguns dos seus famosos
pares modernistas estejam pouco documentadas, não havendo quase
nenhuma menção a tal na história literária posterior, os seus contac-
tos em 1923 incluíam Botto e o próprio Pessoa, como se pode facil-
mente depreender da correspondência trocada entre este último e
1 «A casa de Lena de Valois», p. 65.2 A sua primeira prestação na Contemporânea ocorre com o poema «Fim» (n.o 2, junho de 1922,
p. 59), a que se seguiram «O Meu Chinês» (n.o 6, Natal de 1922, p. 128), «A Cor dos Sons» (3.a Série, n.o 1, 1926, p. 41) e «Vaticínio» (este, previsto para o n.o 14, de 1929, nunca chegou a vir a lume).
35
BIBLIOGRAFIA
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Contemporânea, disponível em:
http://hemerotecadigital.cm -lisboa.pt/OBRAS/CONTEMPORANEA/
Contemporanea.htm
Websites
Evropa http://wwweuropa.blogspot.com
DECADÊNCIA 1923
Eu ando tão cansada de sofrere tão difícil é a minha vidanesta agonia lenta do viver,tão sem ninguém, que já começo a crerque a morte vai de mim já esquecida.
Outono – Crepúsculo Roxo1921
Ando a queimar -me… a dispersar -me –mentindo ao mundo inteiro!Vida de eterno conflito…Ó meu esfacelado coração!És um triste prisioneirodentro dum cárcere maldito!
Dezembro – Noite1922
43
Predestinada
Sou a amargura em recorte
numa sombra diluída…
Vivo tão perto da morte!
Ando tão longe da vida…
Quis vencer a minha sorte,
mas fui eu que fui vencida!
Ando na vida sem norte,
já nem sei da minha vida…
Eu sou a alma penada
de outra que foi desgraçada!
– A tara da desventura…
Sou o Castigo fatal
dum negro crime ancestral,
em convulsões de loucura!
Novembro – Tarde Cinzenta
1922
44
Onde Vou?
Onde vou eu, onde vou?
Já nem sei donde parti…
Se eu mesma não sei quem sou!
Achei -me dentro de ti.
Eu fui ninguém que passou,
eu não fui, nunca me vi…
Fui asa que palpitou –
Eu só agora existi.
Negra Dor espavorida
ou saudade dolorida
eu fui talvez no passado…
Sou triste por atavismo…
Não há ontem no cuidado
em que em cuidados me abismo.
Inverno – Hora Ignorada1922
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