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Décio Sena
COLEÇÃO PROVAS COMENTADAS
3a edição
Conforme o Novo Acordo Ortográfico
Editora Ferreira
Rio de Janeiro 2010
Copyright© Editora Ferreira Ltda., 2007-2010
1. ed. 2007,1. reimpressão 2007; 2. ed, 2009; 3. ed. 2010
CapaDiniz Comes dos Santos
Diagramação Diniz Cornes dos Santos
Revisão APED Apoio Produção Ltda.
Esta edição foi produzida em dezembro de 2009, no Rio de Janeiro, com as famílias tipográficas Syntax (8/9,6) e Minion Pm (12/14), e impressa nos papéis
Chambril 70g/mJ e Caroíina 240g/mJ na gráfica Sermograf.
CXP-BRASIL, CATALOGAÇÃO-NA-FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DÊ LIVROS, R3.
S477p3.ed.
Sena, Décio, 1945*Português FCC / Décio Sena. - 3.ed. - Rio de Janeiro: Ed. Ferreira, 2010.45Sp. '(Provas comentadas / da FCC)
ISBN 978-85-7842-115-1
1. Ungua portuguesa - Problemas, questões, exercícios. 2. Serviço público - Brasil - Concursos, L Fundação Carfos Chagas. H. Titulo. III. Série.
09-6258. CDD; 469.5COU: 811.134.3*36
07.12.09 10.12.09 016630
Editora Ferreira contato@editoraferreira.com.br
www.editoraferreira.com.br
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS - ê proibida a reprodução total ou parcial, de qualquer forma ou por qualquer meio. A violação dos direitos de autor
(Lei n° 9.610/98} é crime estabelecido peto artigo 184 do Código Penal.
Depósito legal na Biblioteca Nacional conforme Decreto 1.825, de 20 de dezembro de 1907.
impresso no 8rasil/Prínted irt Brsxit
Para Maria Cristina é Márcio, que possibilitaram Helena; minha presença no futuro.
Prefácio
Em nossas aulas preparatórias para concursos públicos, sempre recomendamos aos alunos que procurem resolver um bom número de provas de Português elaboradas pelas Bancas Examinadoras que têm a responsabilidade de selecionar candidatos para um dado cargo.
Justifica-se este pedido pela observação levada a efeito, em nossa trajetória profissional, de que as provas de cada uma das Bancas Examinadoras têm espe- cükidades naturais, apresentam características bastante definidas, que são estabelecidas pelas inclinações a que se submetem os eminentes professores que as constituem: cada um deles tem preferência por esta ou aquela passagem do estudo da gramática de nossa língua; cada um deles tem gosto mais ou menos acentuado por determinados modelos de questões.
Deste modo, moveu-nos desta feita a intenção em ajudar o candidato a eventuais concursos que estejam sob responsabilidade da Banca Examinadora da Fundação Carlos Chagas. Assim, comentamos neste volume um conjunto de dez provas bastante representativas do estilo desta Instituição.
Tanto quanto já fomos úteis em trabalho anterior, destinado à Banca Examinadora da ESAF, esperamos que nosso empenho seja convertido em boas provas para aqueles que nos dignarem com sua atenção.
Boa sorte a todos!Décio Sena
VII
A presentè edição deste trabalho já surgiu sob a vigência dp Acordo Ortográfico da lííngua Portuguesa, com vigor a partir de 2009. j
A ortografia empregada anteriormente ao Acordo Ortográfico pode seraceita até 2012, entretanto. j |
Adotamos] assim} os seguintes critérios quanto à grafia em nosso livro:1} Preservámos os textos de prova como originalmente foram displstos
em sua aplicação. | j2) Adotanhos, em nossos comentários, os preceitos do novo Acordo
Ortográfico. jj iSempre que necessário, aproveitamos passagens dos textos originaiá das
provas para reportarmos ao estudante a devida atualização ortográfica.
Sumário
Prova 1 -Agente Fiscal de Rendas/Secretaria de Estado de Fazenda/Sefaz~SP/FCC/2009...01
Prova 2 - Analista Judiciário/Tribunal Regional do Trabalho da 4a Região/FCC/2Q09...39
Prova 3 - Analista Superior III/Infraero/FCC/2009........................ *........ .... .................. 61
Prova4 - Analista Judiciário/Tribunal Regional do Trabalho da 15a Região/FCC/2009...79
Prova 5 - Agente de Fiscalização Financeira/TCE-SP/2COS......................... ......................89
Prova 6 -Analista Judiciário/Bibliotecârio/TRT da 2a Região/2008........ ................... 101
Prova 7 - Secretário de Diligências/MPE-RS/2008.,.......................................................119Prova 8 ~ Assessor/Área: Direito/MPE-RS/2008.......................................................... ,..133
Prova 9 -Analista Administrativo/MPU/2007................................................................... .... .............159
Prova lõ -Audiior-Fiscalde Tributos Municipais/ISS-SP/2007.................................... 189
Prova II - Técnico Judiciário/TRE~SP/20Q6......................................... ................. ......217
Prova 12 - Analista Judiciário/TRE~SP/2006................................................................ 263
Prova 13 - Técnko Judiciário/TRF da Ia Região/2006..................................................... 2S3
Prova 14-Analista Judiciário/TRF da Ia Região/2006.........................................................*... ............ ............. 301
Prova 15 - Analista/Banco Central/2006......... .............. ..............................................321Prova 16 - Agente de Fiscalização Financeira/TCE~SP/2006.......................................... 349
Prova 17 -Agente Fiscal de Rendas/ICMS~SP/2006...................................................... 367
Prova 18 - Técnico Jndtciário/TRT4a da Região/2005..................................................... 425
XI
| Prova 1
Agente Fiscal delRendas/Secretajria. de Estado de Fazendja/Sefàz-SP/FCd/2009
Instruções: Cohsidereo texto abaixo para responder às questões delnúmeros 1 a 10. j
Esgotado por sucessivas batalhas, convencido da inutilidade de seguir lutando e tendo decidido ser preferível capitular a perder não só a liberdade como a vida, no verão de 1520 o rei asteca Montezúmaj pri- sioneiro dós espanhóis, concordou em entregar a Hernán Cortes o vas-
5 to tesouroj que seu pai, Axayáctl, reunira com tanto esforço, e em p ra r lealdade ao rei dà Espanha, aquele monarca distante e invisível cujo poder Cortés representava. Comentando a cerimônia, o cronista espinhol Fernando jde Oviedo relata que Montezuma chorou o tempó toáo, e, apontando a diferença entre o encargo que é aceito voluntariamente por
io uma pessoa livre e o que é pesarosamente executado por alguém jacor- rentndo, Oviedo cita o poeta romano Marcus Yarro, “O que é entregue à força não é serviço, mas espoliação”, j j
Segundo todos os testemunhos,j o tesouro real asteca era magnífico e ao ser reunido diante dos espanlióis formou três grandes; pillias de
is ouro compostas, iem grande parte, dé utensílios requintados, que jsuge- riam sofisjticadascerimônias sociais: colares intrincados, braceletes, ce- tros e leques decorados com penas multicoloridas, pedras preciosajs, pérolas, pássaros e flores cuidadosamente cinzelados. Essas peças, segundo o próprio jCortési “além de seu valor, jeram tais e tão maravilhosas, que,
20 consideradas por sua novidade e estranheza, não tinham preço, nem é de acreditàr que algum entre todos osí Príncipes do Mundo de que se tem notícia pudesse tê-las tais, e de tal quálidade”
Montezuma pretendia que o tes)ouro fosse um tributo de sua corte ao rei espànhol. Mas os soldados dê Cortés exigiram que o tesouro fos-
25 se tratado! como butim e que cada um deles recebesse uma parte do ouro. Feita a pajrtilha entre o rei da Espanha, o próprio Cortés e tantos outrosenvolvidos, chegava-se a cem pesos para cada soldado raso, uma tão insignificante diante de suas expectativas que, no fim, muitos cusaram à aceitá-la. j
soma se re-
30 Cedendo à vontade de seus homens, Cortés ordenou aos afamados ourives de Azcapotzaico que convertessem os preciosos objetos de Montezuma em lingotes, em que se estamparam as armas reais. Os ourives levaram três dias para realizar a tarefa. Hoje, os visitantes do Museu do Ouro de Santa Fé de Bogotá podem ler, gravados na pedra sobre a porta, os se-
35 guintes versos, dirigidos por um poeta asteca aos conquistadores espanhóis: “Maravilho-me de vossa cegueira e loucura, que desfazeis as joias bem lavradas para fazer delas vigotes’:
(Aàaptaào âe Alberto Manguei, À mesa com o Cka-peleiro Maluco; ensaios sobre corvos e escrí va-ninhas, TracLjfosely Viamta Baptista, São Paulo: Companhia das Letras, 2Ü09t p. 21-22)
01. No texto, o autor
(A) atribui à diferença de cultura a capitulação de Montezuma ao soberano espanhol, figura de contornos fantasmagóricos ao olhar do rei asteca.
(B) evidencia que homens que se dedicam às armas, como o poderoso Cortés, por força do próprio ofício, não mani£estam sensibilidade para as formas artísticas.
(C) disserta sobre a apreciação da matéria-prima de tesouros em distintas sociedades, circunscrevendo seus comentários ao século XVI.
{D} relata e comenta um episódio histórico que torna clara a ideia de que produções culturais e ações humanas não têm valor absoluto.
(E) toma o caráter mercenário do colonizador como causa do seu olhar apurado, responsável, em ultima instância, pela sofisticação dós artífices em metais preciosos.
Analisemos cada uma das afirmativas que se estabeleceram nos itens de (A) a<E):
(A) Errada. Conforme o texto possibilita entender, a capitulação de Montezuma ocorreu pela sua compreensão, advinda de inúmeras tentativas de rachaçar os invasores espanhóis, de que, prosseguindo com tais esforços, perderia não só a liberdade como também a vida.
(B) Errada. Evidentemente percebe-se que Cortés e seus soldados não foram tocados pela arte das jóias ástecasV No entanto, estender essa insensibilidade a todos os homens que se dedicam à$ armas ultrapassa as ídeias desenvolvidas no texto.
Décio Sena 2
riuvtt i rracai ue r\orucis/^ct.idiiiia ue c^icsuu uc rciéenaa/.^gr;*?-^ /r -i_^ /^ u u a
(C) Errada. Não há cotejo quanto à forma como distintas sociedades apreciam a matéria-prima com que se elaboram tesouros, apenas a apresentação de um fato histórico que evidencia o alheamento à arte por parte de um grupo de invasores frente às maravilhas da joalheria de um dado povo.
(D) Certa. Entendemos, dado o fato histórico apresentado, que todo o requinte da produção de joias entre os astecas não foi suficiente para que se evitasse a cobiça meramente material demonstrada pelo invasor europeu, interessado, apenas, no valor material da matéria-prima com que as joias tinham sido produzidas. Assim, percebemos distintas valo- rações que se atribuem ao conjunto de joias: enquanto para os astecas o tesouro era, antes de tudo, razão de deleite artístico, para os espanhóis significava, unicamente, valor pecuniário.
(E) Erradá. Afirmativa inteiramente descabida, era que se estabelece relação rigorosamente absurda entre o caráter mercenário do colonizador e a sofisticação dos artífices em metais preciosos
02. Esgotado por sucessivas batalhas, convencido da inutilidade de seguir lutando e tendo decidido ser preferível capitular a perder não só a liberdade como a vida, no verão dé 1530 o rei asteca Montezuma, prisioneiro dos espanhóis, concordou em entregar a Hernán Cortes o vasto tesouro que seu pai, Axayáctl, reunira com tanto esforço, e em jurar lealdade ao rei da Espanha, aquele monarca distante e invisível cujo poder Cortés representava.
Sobre o fragmento acima, em seu contexto, é correto afirmar:
(A) as orações iniciais (linhas 1 a 2 da transcrição acima) constituem seqüência que vai do acontecimento mais determinante para o menos determinante da ação de “concordar”;
(B) não só e como introduzem os complementos verbais exigidos por ser preferível;
(C) as formas verbais tendo decidido e concordou expressam ações concomitantes;
(D) em perder não só a liberdade, o elemento destacado tem o mesmo valor e função dós notados nà frase “Estava só, mas bastante tranqüilo”;
(E) em tanto esforço, está expresso um juízo de valor.
3 Português
Provas Comentadas da FCC
Vejamos todas as alternativas da questão:(A) Errada. Ocorreu a inversão no ato de atribuir-se às circunstâncias ex
pressas por Esgotado por sucessivas batalhas, convencido da inutilidade de seguir lutando e tendo decidido ser preferível capitular a perder não só a liberdade como a vida referências semânticas que vão do mais para o menos determinante. Notamos, na verdade, uma seqüência semântica com nítido valor ascendente, no sentido de que as sucessivas batalhas travadas por Montezuma e os invasores provocaram o conhecimento de, para o primeiro, seria inútil continuar lutando, o que provocou a decisão de capitular, indusive para não perder só a liberdade, mas também a vida. Há, assim, apresentação de fatos que vão do menos determinante para o mais determinante relativamente à opção por concordar,
(B) Errada. Não é possível aceitarmos a tese de que não só e como introdu- zem os complementos verbais exigidos por ser preferível* na medida em que o vocábulo preferível - adjetivo - apresenta-se com sujeito oracio- nal (capitular) e com complemento nominal também oracional (a perder não só a liberdade como a vida).
(C) Errada. Percebemos que o que se enuncia com a locução tendo decidido precede a ação de concordar. Como sabemos, ações concomitantes são aquelas que ocorrem ao mesmo tempo, vale dizer, simultaneamente.
(D) Errada. Em perder não só a liberdade o vocábulo só, palavra denotativa de exclusão, tem valor semântico que o aproxima de apenas. Em Estava só, mas bastante tranqüilo a palavra só> adjetivo, tem equivalência semântica com sozinho.
(E) Certo. Denominamos juízo de valor às passagens textuais em que se evidenciam inserções do pensamento do redator relativamente a qualquer circunstância textual. Eventualmente, os juízos de valores são pertinentes às próprias impressões do articulista. Em outras circunstâncias, são atribuídas aos personagens pelos produtores do texto. De qualquer modo, sempre refletem opiniões carregadas de subjetividade. É o que ocorre na passagem em que se atribui a Axayâctl ter reunido todas as joias que compunham o acervo asteca com tanto esforço.
)3. No contexto do primeiro parágrafo, é aceitável — por resguardar o sentido originai — a substituição de
(A) (linha 7) Comentando por “Mesmo ao comentar”(B) (linha 8) o tempo todo por “intermitentemente”.
•édo Sena 4
Prova 1 - Agente Rscal de Rendas/Secretaria dé Estado de Fazenda/Sefaz-SP/FÇC/2009
(C) (linha 9)\voluntariamente por “obstinadamente”.(0) (linha lfl|) o por daquilo”. j(E) (linhas 10-11) acorrentado por “subjugado”
; ; rMais uma vei, analisemos todas as altemàtivas da qiiestão: j(A) Inaceitável. Obsérvamos em Comentando a cerimônia valor semântico: |
temporall o que não é referendado por Mesmo ao comentar, em qu se percebe vjalor semântico concessivo; | . |
(B) Inaceitável Como sabemos, o adjetivo intermitente faz menção; àquiloque sofreiinterrupções, que não é contínuo. A forma adverbial intenni- teníemente, por óbvio, carrega a mesma valoração semântica. Por ouiro lado, em b tempo todo dá-se conta de àlgo que ocorreu sem soliição jde continuidade. . > •- i
(C) Inaceitávd. Voluntariamente ~r advérbio formado por derivação súfixal a partir do adjetivo voluntário- designa 6 que é feito por livre vontade, sçm coerção. Obstinadamente - advérbio pròvindo do adjetivo obstinado - reporta o que é feito com denodo, com pertinácia, com firmeza de propósito.
(D) Inaceitável. O vocábulo o destacado pda eminente Banca Examihadcjraé pronome demonstrativo, qutí faz referência a encargo. |
(E) Aceitávelj Embora do ponto de vistai : estritamente denotativo ios Vocábulos acorrentado e subjugado não jse apresentem como sinôhimçs, contextuálmente, ;o valor semântico apresentado pelo primeiro; é pèr- fdtamente aceitáyel como sendo de substituição correta pelo segundo.Esta é a resposta da questão. ■ [.. !
' ) I04. No início do jparágrafo 2> o segmentoqiie corresponde a uma circmís-
tância de terajpo é j
(A) Segundo todos os testemunhos. |(B) o te$ouro\real asteca era magnífico, I(C) ao ser retinido diante dos espanhóis, j(D) formou trçs grandes pilhas de ouro(E) que sugeriam sofisticadas cerimòníasisociais. j
I i ; |Em Segundo iodos os\testemunhos> o tesoilro real asteca era magnífico e ao ser reunido diante dos espanhóis formou tçès grandes pilhas de oura\ a oração ao ser retinido diante dos espanhóis formou três grandes pilhas de ouro apresenta-se sób forma reduzida. Apresenta nítida ideia temporal, ;que se
PrirfnerííÊc
traduziria mais claramente com seu desdobramento em Segundo todos os testemunhos, o tesouro réal àsteca era magnífico e ao ser reunido diante dos espanhóis formou três grandes pilhas dé ouro a oração e quando fo i reunido diante das espanhóis formou três grandes pilhas de ouro. À resposta da questão está, assim, na alternativa (C).Nas demais alternativas, apontamos:(A) Segundo todos os testemunhos introduz circunstância identificada como
conformativa.(B) o tesouro real àsteca era magnífico é fragmento qüè compõe a oração
inicial do período {Segundo todos os testemunhos,, o.tesouro real asteca era magnífico), não se percebendo nele qualquer valor temporal
(D) formou três grandes pilhas âe ouro é parte da oração que se iniciou com a conjunção coordenativa aditiva e ; {e form ou ; três grandes pilhas de ouro)y em que não se observa qualquer nuance semântica temporal.
(E) que sugeriam sofisticadas cerimônias sociais ê oração subordinada adjetiva explicativa, relativamente ao substantivo utensílios> também desprovida de qualquer possibilidade de conter nexo semântico temporal.
05. Afirma-se com correção que, no segiíndd jpàrágrafo do textó,
(Á) (linha 13) houve deslize com relação ao padrão culto escrito - os testemunhos pois “testemunha” é palavra usada somente no feminino.
(B) (linha 14) houve deslize com relação ào padrãõ culto escrito - formou pois a única forma aceita como correta é “formaram-se”.
(C) (Unha 16) os dois-põntos iritroduzem citação direta do depoimento de uma testémühha.
(D) (linha 21) a determinação de PHncipes - aígtim entre todos os Príncipes do Mundo de que se tem notícia - inclui uma condição restritiva.
(E) (linha 22) o pronome as (tê-las) remete atãò maravilhosas.
Mais uma vez, vejamos todas as assertivas feitas nas alternativas da questão, em busca da que contém afirmativa correta:(A) Incorreta. Ê preciso observarmos a existência do substantivo testemu
nha - de gênero fenüninò qüé significa, rio mais das vezes, a pessoa que assistiu a um éventój du que dèle vai dár testemunho. E, assim, já empregamos o também:Wbstantivó :feUémímkò ^ esse,'de gèriero masculino-, o qual faz mêiri ãò àiini^èpoimenfô,Máfe:ou a uma décla-
Décio Sena 6
nw d r - «gente rtsca* ae Kenaas/beaetaria de Estado de Fazenda/Sefaz-SP/FCC/2009
ração provinda de uma testemunha. Ho texto de onde foi extraído o vocábulo testemunhos observa-se clara associação semântica entre tal vocábulo e o substantivo relatos.
(B) Incorreta. Não ocorre, no fragmento referido, existência de voz passiva pronominaL Observemos que o sujeito da forma verbal formou está sendo indicado pelo sintagma o tesouro real Com tal sujeito, a forma verbal citada concorda de forma rigorosamente correta.
(C) Incorreta. Os dois-pontos preparam o leitor para a enumeração aposi- tiva feita com respeito ao substantivo utensílios.
(D) Correta, Â determinação a que se refere a afirmativa contida na presente opção faz-se, em relação ao substantivo Príncipes (do Mundo), por meio dà expressão algum entre e introduz sensível valor restrivo ao substáhtivo mencionado. Esta é a resposta da questão.
(E) Incorreta. Não seria possível aceitar-se a indicação de que uma forma .. . pronominal - no caso, o pronome oblíquo átono as, modificado grafi-
..camente em -las - pudesse ser remissivo a um adjetivo (maravilhosas, no caso). Como sabemos, pronomes fazem referência a substantivos. Na presente passagem, o pronome indicado é alusivo ao substantivo peças, que surgiu na linha 18 do texto.
Pode-se eritender corretamente como expressão de causa a seguinte pas- sagem,em seucontexto:
(A) Qmhií 23) Montezuma pretendia que o tesouro fosse um tributo de sua corte ao rei espanhoL
(B) (linha 27) chegava-se & cem pesos para cada soldado raso.(C) (Unha 28) no fim , muitos se recusaram a aceitá-la.QD) (linha 30) Cedendo ã vontade de seus homens.(E) (linha 35) dirigidospor um poeta asteca aos conquistadores espanhóis.
A oração reduzida de gerúndio apontada (Cedendo à vontade de seus homens) traduz a causa para o fato de Cortés ter autorizado que os ourives astecas convertessem as joias em lingotes de ouro. Há assim, uma evidente nuance semântica causai na referida oração.Nas demais alternativas, temos: .
7 Português
Provas Comentadas da FCC
(A)
(B)
(C)
(E)
Montezuma pretendia que o tesouro fosse um tributo de sua corte ao
rei espanhol.
chegava-se a cem pesos para cada soldado raso.
no fim> muitos se recusaram a aceitá-la.
dirigidos por um poeta asteca aos
conquistadores espanhóis
Nenhuma possibilidade de admitir-se valor semântico tradutor de causa pode haver nessa afirmativa que abre 3o parágrafo. Na verdade, sua mensagem dá conta de um intento que sofre, logo a seguir, o acréscimo de uma informação adversa.
Lê-se fato indicativo de conseqüência a que se chega após a menção feita a uma circunstância temporal» indicada por Feita a partilha entre o rei da Espanha, o próprio Cortês e tantos outros envolvidos.
O fragmento transcrito está contido na oração que, no fim , muitos se . recusaram a aceitá-la» na verdade a conseqüência para a constatação de que a soma a ser distribuída para cada um dos invasores era insignificante.
O fragmento transcrito na presente alternativa representa uma explicação. Trata-se de oração subordinada adjetiva explicativa, reduzida de particípio.
07. Está corretamente entendida a seguinte expressão do texto;(A) que o tesouro fosse tratado como butim / que o tesouro fosse conside
rado pilhagem.(B) sugeriam sofisticadas cerimonias sociais / convidavam a comemora
ções da aita sociedade.(C) pássaros eflores cuidadosamente cinzetados / pássaros e flores sober-
bamente adornados.(D) tendo decidido ser preferível capitular / tendo optado por fazer conchavo.(E) soma tão hisignificante diante de suas expectativas / quantia irrisó
ria considerada a carência dos espanhóis.
Vejamos cada uma das alternativas, em busca da que contém o entendimento correto acerca de passagem textual inicialmente transcrita:
Décio Sena 8
Prova 1 - Agente Fiscal de Rendas/Secretaria de Estado de Fazenda/Sefaz-SP/FCC/2009
(À) Correto.\Butim]é substantivo que significa, em conformidade com o Dicionáijio Houaiss, conjimto de bens materiais e de escravos,\ ou prisioneiros! lha,atende pèrfeitamente à necessidade dá manutenção do sentido original. Esta é a resposta da questão. j I
(B) Incorreto. Está indevida a substituição de sugeriam por convidavam,vocábulo! que séqtier com emprego èonotativo teria encaixe iio fikg- mento original,; sob pena de alterarão significativa. Por outro ialio, também |não é correta a equiparação jde sofisticadas cerimônias sociais com comemorações de alta sociedade. |
(C) Incorreto. O adjetivo “cinzelado” diz-rdspeito à característico do que é feito com cifízek instrumento próprio para o entalhe ou a gravação feita manualmente em metal resistente; É indevida sua equiparação a adomacíos. Também hão é correta a substituição de 'cuidadosamente por soberbamente.
(D) Incorreto] O vocábulo conchavo vem sendo empregado, ultimamente, apenas como; sinônimo de conluio, combinação com fins.escusos. Sem dúvicja é isso, também, Mas significa, iguaJmentej, a concórdia, a união, o acordo entre partesi De qualquer modo, é absolutamente equivocado tentar-sé igualar ser preferível capitular - considepndo-sej que capitular significa, entre outros. valores semânticos, render-se, entregai~sè em rendição - com fazer conchavo.
(E) Incorreto. É muito ..óbvia a impropriedade de se equiparar âianie\ desuas expèctativas com carência dos; espanhóis, ainda que se levem èm conta valores semânticos subjacentes leitura do texto. |
; : : . s j: . • i08. Feita a partilha entre o rei da Espanha, p próprio Cortés e tantos outros
envolvidos, c}tegavà~se a cem pesos pára cada soldado raso, uma soinatão insignificante diante de sms expectativas que, no fim, muitos se recusaram a aceiiá-la. : |É afirmação correta sobre o fragmento abima:
] í : \ '(A) muitos sç recasdram a aceitá-la expressa uma finalidade.(B) a correlação instaurada por tão cumpre-se pela associação entre esse
ter mo e no fim. ; j |(C) no fim eqüivale a “finalmente” exprimindo que o deseniace dá situa
ção ocorreu exatamente como todois desejavam. J(D) chegava-sé a cem pesos para cada soldado raso exprime consequen-
cia de condição anteriormente cumprida.(E) a eliminação da primeira vírgula èm que, no fim, muitos se recusa
ram a aceitá-la mantém a pontuação correta.
9 Português
Ao analisarmos cada uma das alternativas, em busca da que contém assertiva correta, encontramos;(A) Incorreto. O fragmento transcrito faz parte de oração que, coitio já sa
lientamos no comentário da alternativa (C) da: questão 6, expressa matiz semântico tradutor de conseqüência.
(B) Incorreto. O advérbio tão acentua a insignificância da soma a ser distribui- da entre os soldados espanhóis, o que faz surgir, em conseqüência, a recusa de muitos em aceitá-la. Podemos, então, que a associação existente se dá entre o advérbio citado e a conjunção subordinativa consecutiva: que.
(C) Incorreto. A locução adverbial No fim introduz, no fragmento textual em que se fundamenta a questão aideia de ao término. É absurda a possibilidade de darmos como correta â asserção de qúè túdó ocorreu como estava sendo esperado, igualmente.
(D) Correto. Como já apontamos no comentário da alternativa (B) da questão 6 da presente prova, chegàva-se a cem pesos para cada soldado raso reflete a conseqüência de Féità z partilha entre ó rei dàBspanha> ppró-
. prio Cortés e tantos outros envólvidos. Esta é a respóstada questão. .(E) Incorreto. É necessário qüe o par de vírgulas empregado na passagem
tem por fim sinalizar a prêseriçá de üm adjunto adverbial. É emprego que põe em evidência, em relevo literário Ò adjunto adverbial por fim. Assim, poder-se-ia optar pela supressão de tàl relevo. Para tal, entretanto, haveria necessidade da eliminação do par de vírgulas, e naò só de uma delas,
. o que promoveria ó déslizé dé promover-se a séparáção entre a conjunção..■subordinativaconsecütivá qüee áÒíaçãopõr elàintroduzida.
09. Maravilho-me dé vósisa cegueira e íoiicuia, que ãesfazeis as jo ias bem la- vfàdás para fazer delas vigotes.
Se o poeta astecá tivesse se dirigido a seus iiitèriocütòrès, os còáquis- tadores espanhóis, por meio deoutropronome, a correlação entre esse novo pronome e á forina verbal, respeitado o contexto* estaria totalmente adèquáda ao pàdrãò cülto escrito em:
(A) Maravilho-me dé sua cegueira e loucura, qúe desfai ás joias...(B) Maravilho-me da cegueira e loucura de yocêsaque desfazeisas joias...(C) BÍÍáravilhò-me de tua cegueira é Ioudira, que desfaz as joias...(D) Maravilho~me de sua cegueira e loucura, que desfazem as joias...(E) Maravilho-me de sua cegueira: è loucuraj que desíazes as joias...
Dédo Sena 10
nu™ « - agente riscai oe nenaas/iecretana ae tstado de Fazenda/Sefa2-SP/FCC/2009
Vejamos todas as alternativas da questão;(À) Incorreto. O sujeito da forma verbal relativa ao verbo desfazer está indi
cado pelo pronome relativo que, por sua vez alusivo a cegueira e loucura. Tal fato implica a obrigatória do verbo citado em terceira pessoa do plural: desfazem. Não procede, nesse caso, a atribuição ao pronome da substituição unicamente do substantivo loucura, haja vista o paralelismo encontrado no fragmento cegueira e loucura.
(B) Incorreto. Há equivoco na correlação entre vocês e desfazeis.(C) Incorreto. Ocorreu nesta alternativa o mesmo erro que se apontou na
alternativa (À) da presente questão.(D) Correto. . Como vimos no comentário da alternativa (A) da presente
questão, a forma desfazejn, de emprego obrigatório, concorda com o pronome relativo que - seu sujeito o qual representa semanticamen- te cegueira e loucura.
(E) Incorreto. Houve equívoco na correlação que se estabeleceu entre sua e desfazes.
10. ...aquele monarca distante e invisível cujo poder Cortés representava.
Considerado do ponto de vista estritamente gramatical, o segmento acima mantém a correção se a formà verbal representava for substituída por
(A) contestava.(B) se curvava.(C) desconfiava.(D) fazia frente.(E) se apoiava.
A questão aborda princípios de regência.Observemos que a forma verbal representava, de regime transitivo direto, tem por complemento - objeto direto, no caso - a expressão cujo poder.Assim, considerando-se que nenhuma outra alteração textual foi comandada, além da simples substituição da forma verbal representava, deveremos ver como ficariam os textos após as trocasVejamos tódáè as suas alternativas:(A) ...aquele monarca distante e invisível cujo poder Cortés contestava. —
Correto. Á regência igualmente transitiva direta do verbo contestar preservou o acerto gramatical da passagem. Esta é a resposta da questão.
11 Português
Provas Comentadas da FCC
(B) ...aquele monarca distante e invisível cujo poder Cortés se curvava. — Incorreto. Agora, o emprego de se curvava exige que surja no texto não mais um objeto direto - que passou a ser indicado pelo pronome reflexivo se mais um adjunto adverbial de lugar, o qual será introduzido por uma preposição ou, mesmo, por locução prepositiva. Apontamos possibilidades para a elaboração correta do fragmento:...aquele monarca distante e invisível ante cujo poder Cortés se curvava ou ...aquele monarca distante e invisível diante de cujo poder Cortés contestava.
(C) ...aquele monarca distante e invisível cujo poder Cortés desconfiava. — Incorreto. A regência transitiva indireta da forma verbal desconfiava exige a presença de um complemento indireto - objeto indireto - regido pela preposição de. O fragmento ficará retificado em ...aquele monarca distante e invisível de cujo poder Cortés desconfiava.
(D) ...aquele monarca distante e invisível cujo poder Cortés fazia frente, — Incorreto. O expressão fazia frente demanda a obrigatória presença da preposição a, o que faria surgir o texto corretamente grafado deste modo: ...aquele monarca distante e invisível a cujo poder Cortés fazia frente.
(E) ...aquele monarca distante e invisível cujo poder Cortés se apoiava. — Incorreto. Agora, há exigência da preposição em para a introdução do adjunto adverbial indicada por em cujo poder. O texto se retificará em ...aquele monarca distante e invisível em cujo poder Cortês se apoiava.
Instruções: Considere o texto a seguir para responder às questões de núme- ros 11 a 22.
A arrogância da interpretação a posteriori
A história não se repete, mas rima.MarkTwam
 história repete-se; essa é uma âas coisas erradas da história.
Cíarence Barrow
A história tem sido definida como uma coisa depois da outra. Essa ideia pode ser considerada um alerta contra duas tentações, mas eu, devidamente alertado, flertarei cautelosamente com ambas. Primeiro, o his-
Décio Sena 12
Prova 1 - Agente Fiscal de Rendas/Secretaria:dd Estado de Fazenda/Sefaz-SP/FCC/2009! ! ! i • : i - . il í ; ' " ■' i ' ' i ’ I
toriador é teiitado a vasculhar o passado à procura de padrões qúe se repetem; ou, pejo menos, como diria Mark Twain, ele tende a buscar tasao e rima em tudo. Esse (ipetite por padrões afronta quem achaque a historia não vai a lugar nenhum e tiâo segue regrai - “a história costuma ser um negócio aleatório, confuso” como também disse o próprio Mark Twaih. A segunda tentação do Historiador é a soberba do presente: achar que o passado teve por objetivo p tempo atual, coniol se os personagens do enredo da história não tivessem nada melhor afazer da vida do que prenunciár-nos.
Sob nomes que não vêm ao caso p>ara nós, essas são questões atua- líssimas na hjstóría humana, e surgem mais fortes e polêmicas naescqla temporal mais longa da evolução. A histeria evolutiva pode ser representada como uma espécie depois dã outra. Mas muitos biólogos hão de concordar comigo que se trata de uma ideia tacanha. Quem olha a evolução dessa perspectiva deixa passar a maior pkrte do que é importante.A evolução rima, padrões se repetem. E não simplesmente por acaso. Isso ocorre por razões\bem compreendidas, sobreiudo razões danvinianasypoú a biologia, ao contrário da evolução humana ou mesmo da física, já tetn a sua grande teoria unificada, aceita por todos os profissionais bem informados no ramo, embora em várifis versões e interpretações. Ao escrever a história evolutiva^não me esquivo a bitscarpadrões e princípios, irias procuro fazê-lo com cautela. ; j ; ..
E quantolà segunda tentação, a presunção da interpretação aiposte- riori, a ideia de que o passado atua para\produzir nosso presente específico? O falecido Stephen Jay Gould salientou, com acerto, que uni ícone dominante dá evolução na mitologia popular, uma caricatura quase tão ubíquaquanipadeleminguesatirando-seàopenhasco (aliás> outipmito falso), é a de uma fila de ancestrais simiescos a andar desajeitadaineme, ascendendo tia esteira da majestosa figtira que os encabeça num andar ereto e vigoroso: o Homo sapiens sapiens - o homem como a última palavra da evolução (e nesse contexto é sempre um homem, e não unia mju- lher), o homeht como o alvo de todo o einpteenâimetito, o homem como um magneto, atraindo a evolução do passado em direção àproeminênci^i.
! : | * 1 Obs. lemiiiguek: designação comum á diversos jpequenos roedores.
i ! ■ - 1 M| (Rlchard Dawkms, tom a colaboração de Yan Wong,í Ai grande história da evolução: Na trilha dos nossos ances
trais. TradL Laura Teixeira Moita. São Paulo: Companhia das Letras, 2009, p. 17-18) j
11. Entende-se corretamente que, no texto, o autor
(A) parte de uma concepção bastante difundida e analisa meticulosamente as suas facetas, provando sua definitiva inaceitabilidade,
(B) declara sua disposição para enfrentar com estilo próprio práticas suscetíveis de serem tomadas como não recomendáveis.
(C) faz um alerta contra a aceitação de conceito ultrapassado sobre a história, responsável, inclusive, por alguns equívocos em sua própria atitude de estudioso.
(D) assume a posição de defensor intransigente da pesquisa feita sob critérios controversos, considerada perspectiva ímpar a garantir qualidade.
(E) repele veementemente o comportamento dé pesquisadores que veem o passado como fóiitè de qualquer beneficio para o avanço da ciência.
Ao investigarmos as diversas afirmativas contidas nos itens de (A) a (B),encontramos:
(A) Incorreto. De início, observemos que não há um ponto de partida para as considerações do articulista, mas dois: a busca por padrões que se repetem e a soberba do presente. Não se pode afirmar, igualmente, ser o texto portador de uma análise meticulosa de cada uma dessas premissas falsas - segundo a visão do redator. E> por fim, não se pode, também, ser o texto provocador da aceitação da definitiva inaceitação das duas tentações que acometem os historiadores.
(B) Correto. Ao estabelecer, inicialmente, que a história tem sido definida como uma coisa depois da outra, o autor fundamenta a afirmativa de que tal concepção possibilita o advento de dois perigos aos historiadores, vale dizer, duas visões acerca da ciência histórica que trazem - ou podem trazer - práticas suscetíveis de serem vistas como não recomendáveis. No entanto, apesar de assim abrir o texto, ó articulista nos dá conta de que, no seu trabalho, irá flertar cautelosamente com ambas, sugerindo què não se deixara impregnar peíás abordagens que considera nocivas àqueles qüe se dedicam à èstüdar a ciência histórica, o que sugere um estilo próprio na aproximação corri tal estudo» Esta é a resposta da questão.
(C) Incorreto. O alerta, como vimos no comentário da alternativa (A) é feito com respeito a duas concepções usualmente aceitas no estudo da
Décio Sena 14
Prova 1 ~ Agente Fiscal de Rendai/Secretaria de Estado de Fazenda/Sefaz-SP/FCC/2G09
História, Por outro lado, é absurda a afirmativa de que o próprio autor já se viu adotando tais conceitos em sua trajetória de historiador.
(D) Incorreto. Em nenhum momento pode-se aceitar a tese de que o articulista defende intransigentemente critérios controversos, dando-os, na aceitação deles, como garantia de qualidade. Há, sim, a menção ao fato de que os dois conceitos considerados perigosos para aqueles que estudam História serão alvo de uma aproximação cuidadosa por parte dele.
(E) Incorreto, Ê absurda a aproximação entre o comportamento de pesquisadores que veem o passado como fonte de qualquer beneficio para o avanço da ciência. Não há qualquer passagem textual que possibilite essa inferência.
12. No primeiro parágrafo,
(A) ao citar duas vezes Mark Twain, o autor busca legitimação para seu entendimento de que o já vivido não é passível de cognição.
(B) o autor ciiá Mark Twain, à linha 8, como prova inconteste de que a história definitivamente não pode oferecer paradigmas.
(C) ao valer-se de Mark Twain, às linhas 5 e 8, o autor busca expressar metaforicamente certa limitação a pensamento enunciado antes.
(D) o autor usa tom coloquial - como se os personagens do enredo da história não tivessem nada melhor afazer da vida ~ para reforçar o desacerto de quem atribui soberba a historiadores.
(E) o autor toma como afronta pessoal a sugestão para a busca de modelos comportamentais, ideia que rejeita sem concessões.
Observemos cada uma das assertivas estabelecidas na presente questão:(A) Incorreto. A menção a Mark Twain não apresenta qualquer vinculação
com uma hipotética aceitação - não observável em qualquer passagem textual quanto ao autor, do entendimento de que o já vivido não é passível de cognição.
(B) Incorreto. O presente item traz afirmativa bastante perigosa. Rejeitamo- la em função do emprego da definitivamente, em seu cotejo cora o emprego da locução verbal contida na afirmativa de Mark Tvvain (,ca história costuma ser um negócio aleatório, confuso”), na qual o verbo auxiliar destacado faz caracterizar evento comum, mas não obrigatório, o que impede a aceitação da forma adverbial contida na enunciação da alternativa e transcrita acima.
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(Q Correto, Ao comparar metaforicamente a História com um negócio, cuja característico é a de costumar ser aleatório, confuso, o fragmento de Mark Twain transcrito vem exatamente pôr um limite na afirmativa de que a história se repete por padrões pré-determinados. Esta é a resposta da questão.
(D) Incorreto. Inversamente ao que lemos na presente alternativa, o fragmento pinçado pela eminente Banca Examinadora - como se os personagens do enreâo da história não tivessem nada melhor a fazer da vida ~ vem ao encontro do pensamento dos adeptos da tese de que tudo o que foi vivido apenas teve por objetivo o momento presente; A presente afirmativa está, como podemos observar, exatamente em oposição ao que texto permite depreender-se.
(E) Incorreto. A presente afirmativa é absolutamente fora de qualquer possibilidade de entendimento textual: a menção a uma afronta pessoal não tem a mínima sustentação.
13. Considere o segundo parágrafo è às afirmações que seguem.
(I) Na frase Sob nomes que não vêm ao caso para nós, o autor exprime opção pelo silêncio, mas sinaliza ter conhecimento acerca do que silencia.
(II) No parágrafo, o autor realiza um afunilamento do assunto “história”, com que, no primeiro parágrafo, iniciou sua exposição.
(III) O emprego do pronome nós é recurso para promover aproximação mais estreita com o leitor, tomando o discurso mais intimo.
(IV) Em A história evolutiva pode ser representada como uma espécie depois da outra, o autor explicita que a ideia de sucessão é inerente à evolução dos seres vivos e exclusiva dela.
O texto abona a correção do que se afirma APENAS em:
(A )Ie IIr(B) I, I le lU ;(C)I,HIeIV;(D) II e III;(E) II, III e IV.
Analisemos a correção de cada uma das afirmativas estabelecidas nos itensde I a IV;(A) Correto. Está claro o entendimento, possibilitado pela passagem Sob
nomes que não vêm ao caso para nós que o autor conhece tais nomes,
Dério Sena
Prova 1 - Agénte Fiscal de Rendas/Secretaria de Estado de Fazenda/Sefa2“SP/FCC/20u9
adotando,| entretanto, a opção de não citá-los por considerá-los desnecessários á sua argumentação. j ]
(B) Correto. No primeiro parágrafo, o autor lança, de início, a afirmativa que deflagrará todo o processo de reflexão estabelecido pelo! texto. Referimo-nos ao período A história tem sido definida como uma coisa depois jla outra. Tal afirmativa enseja, ainda no primeiro parágrafo, considerações quê se põem de forma ampla, quanto aos perigos advindos da aceitação da tese lançada. No seguindo parágrafo, contudo, o autor detêm-íse em situar a História sob oiprisma evolutivo. Assim, itemos de inicio a! apresentação da ciência histórica em sentido amplo e, èm sp- guida, a cônduçãò do raciocínio para ajparticularização de um aspecto em que a mesma pode ser estudada. | |
(C) Correto. Ê freqüente o emprego da primeira pessoa do plural como rfe-curso emfjregadoípara envolver o leitor nas teses discutidas em passk- gens textuais. j ;
(D) A passagem inerente à evolução dos seres, vivos e exckísiva dela, particularmente pelei emprego do adjetivo destacado faz-nos rejeitar o presente item. Na verdade, ao atrelar a sua argumentação às ideiasde Darwin (sobretudo razões darivinianas), o autor em muito ultrapassa a afirmativa transcrita]
Estão corretos! os itens I, II e III. A resposta se faz presente, assim, ná alternativa B. ! : ! i
i i : : ! :14. Sob nomes que não vêm ao caso para nós» jessas são questões atualíssimás
na história humana, è surgem mais fortes je polêmicas na escala temporjal mais longa daj evolução. A história evolutiva pode ser representada;como uma espécie depois da outra. Mas muitosj biólogos hão de concordar comigo que se trata de ama ideia tacanha, j |Considerado ò fragmento, em seu contexto, é correto afirmar: I
i : : j [(A) em essas são questões atualíssimas, o pronome remete a assuntos que
serão anunciados a seguir; ; ; |. |(B) nele está rejeitadia, de modo subentendido, a ideia de que a história
humana pjoderia abrigar mais de uma escala de tempo; i(C) como estai empregado com o mesmo j valor e função observados no
primeiro parágráfo à linha 5; | |(D) a expressão hão de concordar expressa convicção acercada inevitabli-
lidade da ação; ; ' ’ I j(E) como wná espécie\ depois da outra pode} ser substituído, sem prejuízo da
correção e do sentido originais, por “como espécies contíguas das outras”.
Analisemos todas as alternativas da presente questão:
(A) Incorreto. Ó pronome demonstrativo citado (Essas) é remissivo a questões citadas antecedentemente ao seu emprego. Aliás, esse é o emprego comumente adotado para tal pronome, ou seja, caracteriza-se por trazer referência anafóríca.
(B) Incorreto* Inicialmente apontada pela Banca Examinadora como resposta da questão - assim constava do gabarito oficial preliminar a afirmativa contida neste item não encontra suporte no fragmento lido, por não haver possibilidade de que se possa afirmar que a iàeia âe que a história humana poderia abrigar mais de uma escala de tempo.
(C) Incorreto. Em "a história costuma ser um negócio aleatório, confuso”, como também disse o próprio Mark Twain * (linhas 7 e 8) o vocábulo em grifo é conjunção subordinativa introdutora de matiz semântico tradutor de ideia de conformidade. Já na passagem do fragmento textual transcrito especificamente para a formulação da presente questão, em A história evolutiva pode ser representada como uma espécie depois da outra, o vocábulo assinalado, também conjunção subordinativa, introduz valor semâtico comparativo.
(D) Correto. Relembremos que a locução verbal hão de concordar é seman- ticamente equiparada a concordarão* na verdade o futuro do presente do indicativo, modo da certeza, ou seja, o que exprime ações presentes, pretéritas ou futuras consideradas como certas em sua aplicação.
(E) Incorreto. O adjetivo contíguo significa vizinho, gêmeo. Está associadoa percepções espaciais. Assim, é rigorosamente descabida a tentativa de sua equiparação com a ideia expressa pela passagem depois da outra, que sugere efeito.temporal. . , .
15. No segundo parágrafo, a alteração que mantém o sentido e a correçãooriginais é a de:
(A) (linha 15) Mas por “Apesar de”;(B) (linha 16) Quem por “Muitos biólogos”;(C) (linha 22) embora por “não obstante”;(D) (linha 22) Ao escrever por “Salvo se escrever”;(E) (linhas 23-24) mas procuro por “ainda que procure”
Observemos as modificações propostas:
Déao Sena 18
i iw»u i — rtgtstikv; i tjv-ar uc ivctiuojí jcucuuis uc ciusuu uc rdu.diuü/3eraz-ir/'UUy
(A)
(B)
CC)
<D)
(E)
Passagem original
A história evolutiva pode ser representada como tíma espécie depois da outra. Mas
muitos biólogos hão de concordar comigo que se trata de uma ideia tacanha,
Mas muitos biólogos hão de concordar comigo que se trata de uma ideia tacanha.
Quem olha a evolução dessa perspectiva deixa passar a maior parte do que ê
importante.
Isso ocorre por razões bem compreendidas, sobretudo rasôes âanviniattús, pois a biologia* ao contrário da evolução
humana ou mesmo da física, já tem a sua grande teoria unificada, aceita par todos os profissionais bem informados no ramo, embora em várias versões e interpretações.
Ao escrever a história evolutiva, não me esquivo a buscar padrões e princípios, mas
procuro faze-lo com cautela. vAo escrever a história evolutiva, não me
esquivo a buscar padrões e princípios, mas procuro fazê-lo com cautela.
Passagem modificadaA história evolutiva pode ser representada
como uma espécie depois da outra. Apesar de muitos biólogos hão de
concordar comigo que se trata de uma ideia tacanha.
Mas muitos biólogos hão de concordar comigo que se trata de uma ideia
tacanha. Muitos biólogos olha a evolução dessa perspectiva deixa passar a maior
parle do que ê importante.
Isso ocorre por razões bem compreendidas, sobretudo razões
darwinianas, pois a biologia, ao contrário da evolução humana ou mesmo da física,
já tem a sua grande teoria unificada, aceita por todas os profissionais bem
informados no ramo, não obstante em várias versões e interpretações.
Salvo se escrever a história evolutiva, não me esquivo a buscar padrões e princípios,
mas procuro fazê-lo com cautela.
Ao escrever a história evolutiva, não me esquivo a bitscar padrões e princípios, ainda que procure fazé-lo com cautela.
Podemos, então> apontar as seguintes impropriedades nas alternativas queestão incorretas:(A) A substituição sugerida, além de não preservar a mensagem original,
uma vez que se procedeu à troca de um conectivo de valor adversativo por um outro de natureza semântica concessiva, provocou equívoco de estruturação, já que o emprego do Apesar de exigiria emprego da forma verbal da oração em que se situaria no infinitivo: Apesar de muitos biólogos haverem de concordar comigo que se trata de uma ideia tacanha.
(B) O emprego de Muitos biólogos provocaria um visível equívoco de concordância verbal, pela não observância do emprego em terceira pessoa do plural na forma verbal olha: Muitos biólogos olham a evolução dessa perspectiva deixa passar a maior parte do que é importante.
(D) A troca sugerida alteraria o valor semântico temporal introduzido pela
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oração reduzida Ao escrever a história evolutiva para uma outra de nexo semântico semântico, implementado pela locução Salvo se.
(E) A alteração indicada, semelhantemente ao que ocorreu no item (A), promoveria a troca de uma oração adversativa, introduzida pela conjunção coordenativa adversativa mas, por uma outra de valor semântico concessivo, introduzido pela locução conjuntiva ainda que, o que implicaria radical alteração semântica no fragmento apresentado.
No item (C), que é a resposta da questão, a substituição de embora por não obstante, ambas expressões portadoras de valor significativo ligado à área concessiva, nenhum prejuízo gramatical ou mesmo semântico acarretaria para o fragmento transcrito. Esta é a resposta da questão.
16. Sobre a presunção da interpretação a posteriori (linhas 25-26), é legítimo afirmai* que:
(A) traduz apreciação crítica sobre tomar o momento presente como fim último da história;
(B) é ideia adotada pelo autor como decorrência de sua cautela;(C) é negada pelo que se afirma acerca da caricatura da fila de ancestrais
simiescos;(D) por efeito da argumentação desenvolvida no texto, é concepção que
contradiz a anunciada no título;(E) denomina o raciocínio que, à luz das conquistas teóricas do presen
te, apreende adequadamente o passado.
Encontraremos as seguintes percepções, ao analisarmos as diversas assertivas contidas nas alternativas de (A) a (E):(A) Correto. No fragmento em que surge a expressão presunção ãa inter
pretação a posteriori, podemos íer, logo em seguida, o que o autor do texto assim considera. Vemos então que a interpretação a posteriori consiste em se considerar que tudo que ocorreu antes de nós serviu apenas como elemento que fundamentou o atual estágio em que nos encontramos. Isso foi alvo de crítica logo no primeiro parágrafo, com a passagem achar que o passado teve por objetivo o tempo atual como se os personagens do enredo da história não tivessem nada melhor afazer da vida do que prenunciar~nos. Assim, a expressão citada na presente alternativa insere-se na ambiência crítica em relação à concepção tam-
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Prova 1 - Agente Fiscal de Rendas/Secretariade Estado de Fazenda/Sefaz-SP/FCO^OS
bem denòminadapelo autor do texto [como a soberba do presente. Esta é a resposta da questão. • : [ j
(B) IncorretcL O autor não adota a ideia lugerida pela expressão interpjre-tação apbsteriori. Antes, põe-na sob entica, como podemos lerino texto e como pudemos comprovar no èomentário da alternativá a esta precedente. ; j |
(C) Incorretd. A intèrpretação a posteriori é criticada pelo autor do texto,que se utiliza doiargumento de Stephen Jay Gouid, que se refere ;aos Ancestrais simiescos a anâar desajeitadamente como um ícone da evolução na mitologia popular,. | |
(D) Incorretd. Leitura atenta revelará que|a afirmativa está indo desencontro ao pensamento desenvolvido peío jàutor e que se traduz com o título A arrogância da inteipretação a pokeriorL j
(E) Incorretd O raciocínio predóminaiite quanto às relações que envolvem o presentb e o paissado é o de que o £as sado não conta, exceto como íe - mento qáe pré-anunciou o presente, Ou seja, que, precedendo-o, não teve valor em si, ;mas apenas oportúnizou a existência o tempo presente, esse sim o que predomina.
' I17. Está corretamente entendida a seguinte expressão do texto:; i s
(A) (linha 9} jsoberba do presente /aura de mistério com que os fatos atuais desafiam; o conhecimento do historiajdor, seduzido pelo passado.
(B) (linhas 27-28} ícone dominante / iraàgem emblemática pelo ácert & ebeleza dá representação. i j-
(C) (linha 28-29) quase tão ubíqua / próxima da perfeição desejável dareprodução. |
(D) (Unha 34-35) como um magneto ■/ j à ■ semelhança de um nkateijialimaníado. j i
(E) (linha 35) em direção à proeminência ( com vistas ao que está por vir}
Comentamos os itens que compõem a questão, em busca daquele que contém entendimento correto acerca de passajgem textual:
(A) Incorreto. A expressão soberba do presente faz menção à uma das tentações que ipodem; acometer aos que se jdedicam a estudar História, qual s e ja a dei considerar que só o momento atual é relevante, por j reflètir como que momento culminante de lim processo do qual os acontecimentos passados foram meros elementos preparadores.
í Í {21 Português
(B) Incorreto. A expressão ícone emblemática foi empregada em relação ao . que Stephen Jay Gould considerava com respeito à imagem dos ancestrais simiescos a andar desajeitadaáiénie e sugerindo ürhaevolução que culmina no homem. É de se ressaltar que o autor citado no presente comentário situa 0 ícone descrito como algo como algo componente da mitologia popular.
(C) Incorreto. De início, esclareçamos que o adjetivo ubíquo diz respeito àquilo que está ou existe ao mesmo tempo em toda parte; onipresente (cf. Houaiss, Dicionário Eletrônico). No texto, faz alusão ao fato de a referida imagem dos ancestrais simiescos ser uma presença muito presente no pensamento ocidental, quando pensamos em evolução.
(D) Correto. Mais uma vez situemo-nos com respeito ao significado de um vocábulo. Desta vez, relembremos que magneto é o mésrilo que ímã, ou seja, algo que atrai. Desse modo, a tradução sugerida {como umtnag- neto - à semelhança de um material imantado) é perfeitamente válida. Esta é a resposta da questão.
(E) Incorreto. A passagem em direção kproemtnênáa poderia ser substituída, por exemplo, em rumo ao superior: Isso porque o substantivo próemi- nência tem, entre suas acepções possíveis, a de elevado, superior,: É inaceitável a tentativa de associá-lo ao que está por vir.
18. É correto afirmar que, independentemente do estrito significado do verbo, a estrutura que expressa continuidade da ação é:
(A) (linha 26) o passado atua;(B) (linha 26) para produzir;(C) (linha 30) a andar;(D) (linha 31) os éncabeça;(E) (linha 33) nesse contexto ê.
Está bastante clara a ideia de ação em progresso indicada pela forma a an- dar, na alternativa (C), Quando contextualizamos tal expressão, encontramos o texto uma fila de ancestrais simiescos a andar desajeitadamente, no qual se pode constatar a ação contínua de andar. No Brasil, vera sendo mais freqüente a substituição do infinitivo preposicionado pelo gerúndio, para sugerir tal ação contínua. Encontraremos, mais recorrentemente passagens grafadas na forma mna fila de ancestrais simiescos andando desajeitadamente dando conta da mesma ação em progresso.
Décío Sena 22
Prova 1 - Agente Fiscal de Rendas/Secretaria de Estado de Fazenda/Sefaz-SP/FCC/2009
Nas demais alternativas, encontramos:
(A) Incorreto; Em o passado atiia-, o presente do indicativo da forma verbal faz menção a ação que ocorre no presente,
(B) Incorreto, Não se observa ideia de ação tradutora de continuidade no fragmento colhido na alternativa ora estudada. Em para produzir a forma em infinitivo alude a ação verbal que ocorre como decorrência de outra.
(D) Incorreto. O presente do indicativo em os encabeça impede a existência do entendimento de ação que ocorre em continuidade.
(E) Incorreto. Na presente alternativa transcreveu-se fragmento textual que contém verbo de ligação, ou seja, não há sequer ação narrada.
19. Afirma-se corretamente que, no último parágrafo,
(A) o ponto de interrogação (linha 27) sinaliza a pergunta que foi diretamente respondida porStephen Jay.
(B) os parênteses às linhas 29-30 acolhem retificação, realizada de modo idêntico ao que se nota em uEu a vi ontem, aliás, anteontem”.
(C) os dois-pontos, à Unha 32, introduzem uma citação latina que é traduzida com objetividade no trecho após o travessão.
(D) a colocação de uma vírgula antes do pronome que, à linha 27, é optativa, por isso a frase alterada manteria rigorosamente o sentido original.
(E) os parênteses, às linhas 33, acolhem comentário considerado pertinente, mas digressivo com relação ao fio principal da argumentação.
Vejamos cada uma das alternativas da questão:
(A) Incorreto. Embora a citação feita a entendimento atribuído a Stephen Jay Gold esteja contida no ambiente semântico de crítica à denominada presunção a posteríori, nenhum vínculo existe entre a pergunta estabelecida no inicio do ultimo parágrafo - e sinalizada pelo ponto de interrogação - e o pensamento do estudioso citado.
(B) Incorreto. Na verdade, a expressão posta entre parênteses - aliás, outro mito falso - introduz ressalva no sentido de confirmar a justeza do argumento de que também é errônea o pensamento que produz a tentação da soberba do presente.
(C) Incorreto, Diríamos que a expressão latina teria sido traduzida com objetividade caso o autor se dedicasse a enunciá-la vertida para a língua portuguesa.
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(D) Incorreto. O pronome relativo mencionado introduz de teor semântico restritivo - trata-se de uma subordinada adjetiva restritiva. Sendo assim, a inserção da vírgula sugerida conduziria a mencionada oração para área semântica - de explicação, no caso - absolutamente inviável para a situação textual em que se encontra.
(E) Correto. Embora a observação Homo homo sapiens esteja sofrendo uma intervenção cabível, já que todas as representações gráficas que vemos têm como elemento culminante na escala evolutiva que procede dos primeiros símios um homem, o comentário não tem relevância para o conteúdo que foi discutido no artigo. Seria adequado, por exemplo, em um texto que abordasse a predominância do homem sobre a mulher na cultura ocidental. Desse modo, representa uma digressão, ou seja, uma fuga ao assunto que se está discutindo.
20» Quem olha a evolução dessa perspectiva deixa passar a maior parte do que é importante.Alterando-se as formas verbais da frase acima, a correlação entre as novas formas ainda estará em conformidade com o padrão culto escrito em:(A) olharia - deixava passar - foi;(B) olhasse - deixaria passar - é;(C) olhe - deixava passar - seja;(D) olharia - deixou passar - fosse;(E) olhar - deixou passar - era.
Está correta a correlação das formas verbais sugerida na opção (B), que feria resultar Quem olhasse a evolução dessa perspectiva deixaria passar a maior parte do que é importante.Nas demais alternativas, apontamos as formas verbais inaceitáveis, já indicando suas substitutas corretas entre parênteses ao lado:
(A) deixava passar (deixaria passar) - Quem olharia a evolução dessa perspectiva deixaria passar a maior parte do que foi importante.
(C) olhe (olha) - Quem olha a evolução dessa perspectiva deixa passar a maior parte do que seja importante.
(D) deixou passar (deixaria passar) - Quem olharia a evolução dessa perspectiva deixaria passar a maior parte do que fosse importante.
(E) deixou passar (deixará passar) - Quem olha a evolução dessa perspectiva deixará passar a maior parte do que é importante.
Décio Sena 24
Prova 1 - Agénte Fiscal de Rendas/Secretaria de Estado de Fazenda/Sefaz-SP/FCC/2009
5 ' ' - \ I21. Essa ideia pode ser considerada um alerta contra duas tentações, mas eu. devidamente alertado, flertarei cautelosamente com ambas.
TJma outra redação còrreta para o que se afirma no segmento destacado e:
(A) mas, quanto à mim, alerta que estou, terei cautela ao flertar cojm ambas. j j
(6) mas eu, consciente do dever, busco flertar com as duas, embora cauteloso. | j
(C) mas dado a mim, vigilante na medida certa, flertarei com uma óuoutra cuidadosamente. j j
(D) mas no que se refere à minha pessoa, pá advertido somente flertarei ecom ambas, cautelosamente. j j
(E) mas eu, convenientemente prevenidti, flertarei cautelosamente comuma e outra. j I
Podemos obsêrvar así seguintes análises ;em cada um;dos itens da presentequestão, tendò em vista encontrar aquela çm que se encontra correta redação alternativa para o fragmento original: j.
; j ;(A) Incorreto] Há impropriedade quanto a|ó emprego do acento grave indi
cativo de jcrase diante do pronome pessoal oblíquo tônico mim^Como sabemos, inão po;de haver emprego dental acento diante de prononies pessoais, üma vez que não são antecédijdos por artigos definidos, kssiln, o vocábüljo a que:os antecede só pode ser preposição. j
(B) Incorretoj Houvé desvio semântico. À expressão consciente do. dever não guarda aproximação significativa bom devidamente alertado.
(C) Incorretoi A passagem dado a mim não tem suporte nas estruturas ora-cionais dà língua portuguesa. Ha continuidade, também não hf paráfrase para devidamente alertado emyigilante na medida certa. ! |
(D) Incorretoi A passagem mas no que se\refere à minha pessoa não parafraseia corretaménte o que se dispôs nb texto original com mas eu. riá, também, incorreção quanto a aspectosj de pontuado: a oração j á advertido, por estar intercalada, deveria estar isolada pbr vírgulas. O empíe- go de umk só vírgula não promove o isolamento desejável. j
(E) Correto. A substituição de devidamente alertado por convenientementeprevenido é perfeitamente válida, asisiin como é legítimo o emprego jde flertarei cautelosamente com uma e oitira em lugàr de flertarei cautelosamente com ambas> Não se notam èqjiívocos gramaticais. Esta e a resposta da questão. ] j
2 5 Poríugüês
22. Mas muitos biólogos hão de concordar...
Diferentemente do que se tem acima» a frase que, consoante o padrãoculto escrito, exige o emjprégo do verbo “haver” no singular é:
(A) Muitas teorias já,_____ sido submetidas à sua anáüse quando ele expressou essa convicção.
(B) Talvez______ algumas versões da teoria citada, mas certamente poucos as conhecem.
(C) Quantos biólogos______ pesquisado o assunto e talvez não tenham amesma opinião.
(D) Alguns mitos falsos_____ merecido representação artisticamenteirrepreensível.
(E) Nós_____ de corresponder às expectativas depositadas em nossaequipe.
Trata-se de uma clássica questão de concordância verbal- Vamos procederaos preenchimentos daS lacunas constantes na questão, páica apontarmos oitem que é a resposta da questão:
(A) incorreto. Muitas teorias já haviam sido submetidas à sua análise quando ele expressou essa convicção. - O emprego do verbo tem de se dar, obrigatoriamente, no plural, para que se promova sua concordância com o sujeito indicado pelo sintagma Muitas teorias. Observemos que neste caso o verbo haver é verbo auxiliar de locução verbal, não portando o significado de existir.
(B) Correto. Talvez haja algumas versões da teoria citada, mas certamente poucos as conhecem. - Ocorreu, neste caso, o emprego do verbo impessoal haver, empregado com sentido de existir.; Por ser impessoal, não pode sofrer flexão. Esta é a resposta da questão.
(C) Incorreto. Quantos biólogos haverão pesquisado o assunto e talvez não tenham a mesma opinião. ~ Novamente temos o emprego do verbo haver auxiliar de forma verbal composta. Sua ílexão em plural deve-se à necessidade de se fazer a concordância com o sujeito Quantos biólogos.
(D) Incorreto. Alguns mitos falsos hão merecido representação artisticamente irrepreensível - Outra passagem em que o verbo haver è verbo auxiliar de forma verbai composta que, por te de concordar com o su
Décio Sena 26
ríuvd i — igciae riii-at ue rsenuab/zKíçrtíiaria ae tstaao ae t-azenaa/i)eíaZ“SP/FCC/2009
jeito Alguns mitos falsos, surge com o referido verbo flexionado obrigatoriamente em plural.
(E) Incorreto. Nós haveremos de corresponder às expectativas depositadas em nossa equipe, - Nesta última alternativa temos, novamente, emprego do verbo haver como auxiliar de uma locução verbal, no caso haveremos de corresponder e tendo de concordar com o sujeito da oração, indicado por Nós,
Instruções: Considere o texto a seguir para responder às questões de números 23 a 27,
[14 de fevereiro]
Conheci ontem o que é celebridade. Estava comprando gazetas a um homem que as vende na calçada da Rua de S. José, esquina do Largo da Carioca> quando vi chegar uma mulher simples e dizer ao vendedor com voz descansada:
s - Me dá uma folha que traz o retrato desse homem que briga lá fora.-Quem? '~ Me esqueceu o nome dele.Leitor obtuso, se não percebeste que “esse homem que briga lá fora” é
nada menos qúe o nosso Antônio Conselheiro, crê-me que és ainda mais io obtuso do que pareces. A mulher provavelmente não sabe ler, ouviu fa
lar da seita de Canudos, com muito pormenor misterioso, muita aurêo- la} muita lenda, disseram-lhe que algum jornal dera o retrato do Messias do sertão, e foi comprá-lo, ignorando que nas ruas só se vendem as folhas do dia. Não sabe o nome do Messias; ê “esse homem que briga lá fora”.
15 A celebridade, caro e tapado leitor, é isto mesmo. O nome de Antônio Conselheiro acabará por entrar tia memória desta mulher anônima, e não sairá mais, Ela levava uma pequena, naturalmentefilha; um dia contará a história à filha, depois a neta, à porta da estalagem, ou no quarto em que residirem.
(Machado de Assis, Crônica publicada era A semana, 1897, In Obra completa, voI.III, Rio de Janeiro: Nova Àguilar, 1997, p, 763}
27 Português
Provas Comentadas da FCC
23. Está correto afirmar que, nesse fragmento da crônica,
(A) são essenciais tanto a caracterização da mulher, quanto a presença da filha a seu lado, para a construção do conceito de celebridade de que trata o autor
(B) é essencial a caracterização da mulher em oposição à do leitor-interlo- cutor na construção do conceito de celebridade de que trata o autor.
(C) se estabelece tensão contínua entre o que o autor vê e o que imagina, feto que obriga qualquer leitor crítico a rejeitar a assertiva Conheci ontem o que é celebridade.
(D) a seqüência Não sabe o nome do Messias; é “esse homem que briga lápossibilita ao autor ressaltar, ironicamente, a feita de inteligên
cia que atribui ao leitor.(E) a cena descrita, captada pelo autor como síntese de um comporta
mento exemplar, restringe o sentido atribuído à palavra celebridade pelo senso comum: fama.
Vejamos cada uma das alternativas da questão, para apontarmos o itemcorreto, em conformidade com o comando da questão:
(A) Correto. Da leitura da crônica de Machado de Assis, fica-nos a informação de que celebridade decorre de dois fatores. Em primeiro lugar, um certo alheamento, desconhecimento da realidade, no sentido de que pessoas não muito bem informadas costumam ter o comportamento de, por ouvirem falar com frequência em certos nomes, tomarem-no como importante. Em segundo lugar, a possibilidade de a notoriedade ser transmíssível às gerações sucessivas. Assim, a caracterização da mulher como tipicamente popular, inculta atende à primeira exigência e a existência de sua filha pequena - e a conseqüente possibilidade de a figura de Antônio Conselheiro passar a sucessivas gerações ~ preenche o segundo requisito.
(B) Incorreto. As figuras da mulher e do leitor-interíocutor em nada contribuem para a construção do conceito de notoriedade. Rigorosamente, observa-se - o que é característico em Machado de Assis - a ironia da suposição de que o leitor-interlocutor também desconheça quem é Antônio Conselheiro, o que o aproximaria, apesar de estar em estrato sodocultu- ral diverso, da mulher de características tipicamente populares.
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Prova 1 - Agehte Fiscal de Rendas/Secretaria de Estado de Fazenda/SefkzSP/FCC/2009
(C) Incorreto. | Não há a tensão crítica sugerida na presente alternativa. Poroutro ladó, a assertiva Conheci ontemlo.que ê celebridade é absolutja- mente crível, a partir da leitura da continuidade do texto. j
(D) Incorreto.! A fala transcrita em Não sabe o nome do Messias; è "esse Homem quelbriga la fora* emana da personagem popular, o que|imp|e- de que atribuamos ao leitor-interlocutor a pecha de inculto, ainda que ironicamente. ; j í
(E) IncorretoJ A afirmativa é incorreta tendo em vista há dois fatores apontados por jMachado para que se estabeleça o conceito de celebridade!: a notoriedade e a capacidade de ela ser levada a sucessivas gerações, o qjue está auseiite na assertiva ora comentada.
24. Considerado jo contexto, está correto o qjie se afirma em:
(A) (linha 1) Estava comprando indica, entre ações simultâneas, aquejse estava processando quando sobrevieram as demais.
(B) (linha 12) dera exprime ação ocorrida simultaneamente a disseram.(C) (linha 16) acabará por entrar expressa um desejo.(D) (linha 17) levava designa fato passado concebido como permanente.(£) (linha 19) residirem exprime'fato possível, mas improvável. ; I
(A) Correto. À locução verbal Estava comprando sugere, sem dúvida, açãoem procebso. Indica que outros fatos ôcorriam à medida que a açãoj de comprar iera realizada. Esta é a resposjta da questão. j
(B) Incorreto'. Observamos que o emprego do pretérito, mais que; perfeito em dei-a indica ser esta ação anterior à que é ;descrita por disserqm. Tal é, inclusive, ó propósito do pretérito mais que perfeito do indicativo: apontar ação pretérita ocorrida* entretanto, em momento anterior àquele em que ocorreu outra.ação, também pretérita. j
(C) Incorreto. Percebemos que a \oaição\acabará por entran por forçajdomatiz semântico introduzido pelo verbo auxiliar acabar aporita ação que ocorrerá inevitavelmente. | j
(D) Incorreto. O emprego do pretérito; imperfeito nessa passagem traáuzfato passado» sem desdobramentos pára o presente. ]
(E) Incorreto. Não há qualquer possibilidade de admitirmos comOjViávjel a menção mas improvável
29 • j Português
25. Se o cronista tivesse preferido contar com suas próprias palavras o que a mulhér disse áo véüdédor, á formulação que, em continuidade à frase... quando vi chegar uma mulher simples e pedir ao vendedor com vos descansadai, atenderia corretamente ao padrão clilto escrito é:
(A) que desse uma folha que traria o retrato desse homem que briga lá fora.(B) que lhe desse uma folhã que trazia ó retrato daquele homem que bri
gava lá fora.(C) que lhe âê uma folha que traz o retrato desse homem que briga lá fora. (£>) que me de uma folha que traz o reírato desse homemque brigaria lá fora.(E) que: Dê-me uma folha que traz o retrato daquele homem que briga
ria lá fora.
Trata-se de questão que explora as modalidades de discurso direto e indireto e a transposição do primeiro para o segundo. Vejamos as alternativas da questão:
(A) Incorreto. Considerando-se que o discurso agora é indireto, é imprescindível que a regência transitiva direta e indireta do verbo dar esteja atendida, o que demanda o emprego de uma folha como objeto direto e do pronome oblíquo átono lhe como objeto indireto. É necessário, igualmente, que se marque o distanciamento do narrador com respeito ao homem motivo do retrato, o que será atingido pelo emprego do pronome demonstrativo aquele. É indispensável, também, para a reprodução fiel da mensagem que as formas verbais relativas aos verbos trazer e brigar e passem a ser empregadas em pretérito imperfeito, para que haja a devida indicação de que tais ações foram enunciadas pela personagem feminina. Na presente alternativa, as quatro exigências acima descritas não foram atendidas.
(B) Correto. Como apontamos no comentário da alternativa anterior, todos os requisitos para a transposição do discurso direto para o indireto foram atendidas.
(C) Incorreto. Não se atendeu à obrigatoriedade de emprego dos verbos trazer e brigar em pretérito imperfeito, bem como o necessário emprego do pronome demonstrativo aquele.
(D) Incorreto. Há incorreto emprego do pronome oblíquo átono me como objeto indireto da forma verbal dê. Ocorreram, também, maus empregos dos verbos trazer e brigar e ausência do pronome demonstrativo aquele.
(E) Incorreto. O discurso indireto a ser produzido não pode sofrer a indicação dos dois-pontos. Ocorrem igualmente deslizes no emprego de me, traz e brigaria.
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r »yvo i n g u s » uvui uv, nututu; uwvivvuiia uv. u iuuu uw < u vhuuj w
26. ...crè-me que és ainda mais obtuso âo que pareces.Trocando a segunda pela terceira pessoa, a frase acima está em total conformidade com o padrão culto escrito em:(A) creia-me quê éainda mais obtuso do que parece;(B) crede-mequeé ainda mais obtuso doque parecei;(C) crê-me que é ainda mais obtuso do que parece;(D) creia-me que é ainda mais obtuso do que parecei;(E) crede-me queés ainda mais obtuso do que parecei.
Inicialmente, procuremos verificar o emprègo dás formas verbais no fragmento citado no enunciado da questão, que é ... crê-me que és ainda mais obtiíso do que pareces.Nele, a forma verbal crê surgiu em segunda pessoa do singular do imperativo afirmativo - forma que, como sabemos, procede da segunda pessoa do singular do presente do indicativo, dela excluído o 5 final. Observemos, assim, a propriedade de emprego de és e de pareces, ambas as formas também na segunda pessoa do singular. 0 texto está, consequentemente, rigorosamente correto.A sugestão que emana do comando da questão é a de que verifiquemos em qual alternativa as alterações implementadas nas formas verbais mantiveram a correção gramatical.Desse modo, analisemos cada uma das opções fornecidas nas alternativas de (A) a (E):(A) Correto - Em creia-me que é ainãa mais obtuso do que parece, "creia” é
a forma de imperativo afirmativo, na terceira pessoa do singular, procedente do presente do subjuntivo - as terceiras pessoas do singular e do plural, a primeira pessoa do plural e, ainda, a terceira pessoa do plural, na formação do imperativo afirmativo, procedem do presente do subjuntivo
o que toma válidos os empregos deéeparece, também em terceira pessoa do singular do presente do indicativo. Esta é a resposta da questão.
(B) Incorreto - Observamos em crede-me que ê ainda mais obtuso do que parecei utilizou-se, de início, o imperativo afirmativo do verbo crer na segunda pessoa do plural - forma que proveio da segunda pessoa do singular do presente do indicativo credes, da qual suprimiu-se a consoante final. Tal opção provocou o equívoco de emprego da forma pareceu considerando-se que, nesse ponto do texto, o tempo a ser empregado é o presente do indicativo, para que se estabeleça o paralelo com a anterior forma empregada é. Parecei é a forma de imperativo afirmativo do verbo parecer em segunda pessoa do plural.
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(C) Incorreto - Agora, em crê-me que é ainda mais obtuso do que parece, apontamos o mau emprego da forma crê, indicativa de segunda pessoa do singular do imperativo - provinda do descarte da consoante finai de crês, que exemplifica a segunda pessoa do singular do presente do indicativo. O comando da questão, assim, foi desrespeitado em sua exigência da necessidade de se grafar o texto com as formas verbais em terceira pessoa do singular.
(D) Incorreto - Errou-se em creia-me que ê ainda mais obtuso do que parecei o emprego da última forma verbal - parecei - pòsta em segunda pessoa do imperativo afirmativo, forma a que se chegou após a supressão da consoante final de pareceis.
(E) Incorreto. No texto crede-me que és ainda mais obtuso do que pareceu as três formas verbais empregadas não atendem à exigência do enunciado da questão, uma vez que surgem na segunda pessoa do singular (és) e na segunda pessoa do plural (crede e parecei}.
27. ... um dia contará a história k filha, depois à neta.
Transpondo para a voz passiva a frase acima, a forma verbal obtida corretamente é:(À) seriam contadas;(B) haverá de ser contada;(C) será contada;(D) haveria de ser contada;(E) poderiam ser contadas.
Ao promovermos a transposição da estrutura de uma oração redigida em voz ativa para a voz passiva analítica - o que é o desejo da eminente Banca Examinadora deveremos ter em vista algumas informações indispensáveis:1. o objeto direto existente na voz ativa se transformará, na voz passiva,
em sujeito;2. o sujeito da voz ativa vai converter-se em agente da voz passiva;3. a ação verbal expressa na voz ativa será representada na voz passiva ana
lítica por locução verbal em que o verbo auxiliar será ser ou estar e o verbo principal, que será empregado em particípio, será o que se empregou na voz ativa. Importante lembrarmos que o verbo auxiliar deverá flexionar-se concordando em número e pessoa com o sujeito da oração que estamos criando e em tempo e modo deverá surgir naqueles em que estava empregado o verbo da oração originalmente disposta em voz ativa.
Dério Sena 32
Prova 1 - Agente Fiscal de Rendas/Secretaria dejEstado de Farenda/Sefaz-SP/FctC/2009} j
4. a forma de particípio deverá concordar nominalmente com o sujeito da oração. ; ! j j
Relembrados esses fatos gramaticais, passemos a trabjalhar com o texto fir- necido, em busca de reescrevê-lo na voz pássiva: }Em... um dia contará a história àfilha, depois à neta, a forma verbal cpntdrá, que estrutura] a voz ativa - observemos qué seu sujeito, fornecido pela leitura, por ser Eld, - traduz semanticamente a autora da ação verbal, sugere quê o verbo auxiliar da locução verbal - ser, nó caso - tem de surgir em futuro do presente do iridicativo. Por outro Iádo, o objeto direto^ história, encóntrado na oração de jvoz ativa, vai-se converter ém sujeito, o que implica a concpr- dância do verbo auxiliar com ele, surgindo) assim, a locução será contada, |na qual o particípio concordou nominalmente com o referido sujeito. íA frase convertida restaria ... um dia a .história será . contada [por ela] àj/i- Iha, depois à m ia. | jA resposta está,dessemodo, na altematíva (C). |
28. Está clara e em total conformidade com |o padrão culto escrito a segup- te redação; | j - j(A) A comparação que os artistas fizeram entre as duas peças foi possí
vel perceber qué materiais distintos exigem a mesma dedicação, ainda que especificidades sejam atendidas de outra maneira.
(B) O talentjoso pintor, aos 13 de idádej partilhou com o trabalho do mestre por 7 anos, experiência qúe -rendeu conhecimento de recursos expressivos que dispôs em produções posteriores.
(C) Aludiu âe maneira discreta àquele que o havia contestado, más reconheceu tanto a pertinência quanto á importância do discordar, pjois a isso, muitas vezes, devem-se avanços na ciência. i
(D) As ações levadas a efeito pelo grupo junto aos jovens possibilitariamreconhecimento e respeito de seus direitos, o que lhes mobilizou a dar transparência ao movimento e resultados. I
(E) A rapidez das ações é relevante pará essa iniciativa, aonde o sucejsso depende da interferência imediata, jpois, caso uma das atitudes jfor adiada, muito, muitas etapas mesmo, se deixariam sem resolver, j
Vejamos todbs os itens da questão em busca do que contém texto não só; redigido nos nioldes do padrão culto, comd, também, claro. j(A) Incorreta Em A comparação que às [artistas fizeram entre as âuaslpe-
ças fo i possível perceber que materiais, distintos exigem a mesmá dedica-
• f33 j Português
ção, ainda que especiftcidades sejam atendidas de outra maneira, apontamos a ausência de preposição De regendò o sintã0ti^A: comparação,o. que fez résultar um texto sem coesão estrutural A forma corretamente redigida apontará Da comparação que os artistas fizeram entre as duas peças fo i possível perceber que materiais distintos exigem a mesma dedicação, ainda que especiftcidades sejam atendidas de outra maneira. Para melhor entendimento da necessidade de emprego da aludida preposição, providenciamos a inversão na ordem com que surgiram as orações: Foi possível perceber da comparação que os artistas fizeram entre as duas peças que materiais distintos exigem a mesma dedicação, ainda que especiftcidades sejam atendidas de outra maneira,
(B) Incorreto. Está havendo deslize de regência verbal no texto da presente alternativa. Com efeito, o verbo partilhar pode surgir com regência transitiva direta e indireta ou transitiva indireta, apenas. Ao ser empregado com regime transitivo direto e indireto, seu complemento indireto (objeto indireto) será regido pela preposição com - Eu partilhei meus parcos conhecimentos com meus alunos. Ao ser trabalhado com regime transitivo indireto, seu complemento indireto (objeto indireto) deve ser, obrigatoriamente, regido pela preposição de - Ele partilhou das idéias daquele filósofo por muitos anos. No texto da presente alternativa - O talentoso pintor, aos 13 de idade, partilhou com o trabalho do mestre por 7 anos, experiência que rendeu conhecimento de recursos expressivos que dispôs em produções posteriores observa-se uso transitivo indireto para o verbo partilhar, o que impõe a presença da preposição de, o que faria o texto ficar corretamente redigido na forma O talentoso pintor, aos 13 de idade, partilhou do trabalho do mestre por 7 anos> experiência que rendeu conhecimento de recursos expressivos que dispôs em produções posteriores
(C) Correto- Chamamos a atenção para os seguintes empregos legítimos: acento grave indicativo de crase encontrado no pronome demonstrativo àquele, resultante da contração de preposição requisitada pela forma verbal Aludiu com o a que inicia o pronome citado; emprego do pronome pessoal oblíquo átono o, complemento da forma verbal composta havia contestado, cujo verbo principal tem regime transitivo direto; utilização em terceira pessoa do plural da forma verbal devem, a qual, acompanhada do pronome apassivador se, estrutura oração de voz passiva pronominal que tem como sujeito a expressão avanços na ciência.
(D) Incorreto. Há flagrante equívoco de regência verbal, caracterizado pelo duplo complemento indireto atribuído à forma verbal mobilizou. Providenciada a retificação do texto, encontraremos As ações levadas a
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n v v a i — vic rvcnucuf «jcwi^ umi«t uc csumjv uc rcL£CilUdYOtí ici^Or/rV-W-£UU^
efeito pelo grupo junto aos jovens possibilitaram reconhecimento e respeito âe séus direitos, o que os mobilizou a dar transparência ao movimento e resultados.
(E) Incorreto. Apontam-se algumas impropriedades no fragmento ora estudado: mau emprego do pronome relativo aonde, quer pela presença da preposição ci, que não tem razão para ter surgido, já que não está sendo requisitada por qualquer traço de regência, quer pela imprópria utilização do pronome em si, já que, ainda que em nível metafórico, não se observa menção a lugares; o emprego da conjunção subordinativa condicional caso demanda o correlato uso da forma verbal relativa ao verbo ser em presente do subjuntivo; má utilização de vírgulas isolando o adjunto adverbial muito, que, considerando-se o feto de haver, na seqüência a expressão muitas vezes, prejudicou a clareza da mensagem; mau emprego da vírgula após a expressão muitas etapas mesmo, que funciona como sujeito de se deixariam. Apontamos uma possibilidade de redação correta para o fragmento ora estudado: A rapidez das ações é relevante para essa iniciativa, em que o sucesso depende da interferência imediata, pois, caso uma das atitudes seja muito adiada, muitas etapas mesmo se deixariam sem resolver.
A frase que está em total conformidade com o padrão culto escrito é:(A) A sua crescente habilidade para o diálogo ao mesmo tempo franco e poli
do foi atribuído aos ambientes em que freqüentava por conta da profissão.(B) Hão vai fazer diferença, a essa altura, os pareceres desfavorável ao
projeto, pois grande parte dos consultores reconheceu a possibilidade de implementá-lo.
(C) Esses argumentos em estilo tão requintado é fatal para convencer aqueles que os consideram mais pela aparência que pela consistência, que é um grande equívoco.
(0) Em favor à ideia ele expôs uma dezena de fatores, cujo teor poucos tinham tido acesso antes da polêmica reunião.
(£} O foco dos debates era aquela teoria, e ninguém dentre eles poderia alegar que não fora avisado da necessidade de a ele se ater, para que se evitassem situações embaraçosas.
Analisemos todas as alternativas da questão, em busca daquela em que senota texto produzido em total confonniàade com o padrão culto escrito.(A) Incorreto. Apontam-se erros de concordância nominal e de regência ver
bal, que serão retificados e realçados, no fragmento redigido com correção: A sua crescente habilidade para o diálogo ao mesmo tempo franco e
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polido fo i atribuída aos ambientes que freqüentava por conta da profissão, Como podemos verificar, o verbo principal da locução verbal passi- va/oi atribuída deve concordar» no particípio, com o sujeito cujo núdeo é o substantivo habilidade. Por outro lado, o verbo freqüentar tem emprego transitivo direto, o que impede a presença da preposição em que surgiu regendo-o, no texto original.
(B) Incorreto. Está havendo deslize de concordância verbal, pela inobservância da obrigatoriedade de o verbo auxiliar da locução verbal vai fazer surgir em terceira pessoa do plural, de modo que se estabeleça seu vínculo com o sujeito ospareceres desfavoráveis ao projeto. Retificado o texto, encontraremos Hão vão fazer diferença, a essa altura, ospareceres desfavorável ao projeto, pois grande parte dos consultores reconheceu a possibilidade de implementá-lo. À guisa de lembrança, salientemos que o sujeito da forma verbal reconheceu, por ser grande parte dos consultores, permitiria o emprego igualmente correto do verbo citado em terceira pessoa do plural
(C) Incorreto. Apontam-se dois equívocos: concordância verbal incorretamente efetuada na forma verbal é, cujo sujeito é Esses argumentos em estilo tão requintado; concordância nominal incorreta no prèdicativo do sujeito citado, que está representado pelo adjetivo fatak ausência do pronome demonstrativo o - em função de aposto resumitivo antecedendo o pronome relativo que, empregado após consistência. Redigido com as retificações necessárias, o texto ficará assim: Esses argumentos em estilo tão requintado são fatais para convencer aqueles que os consideram mais pela aparência que pela consistência, o que é um grande equívoco.
(D) Incorreto. Ocorreu deslizes de regência nominal: o substantivo favor deve reger, na passagem que estudamos, a preposição d e e o substantivo acesso, por sua vez, demanda o emprego da preposição a. Providenciadas ás retificações, teremos o texto corretamente redigido Em favor da ideia ele expôs uma dezena de fatores, a cujo teor poucos tinham tido acesso antes da polêmica reunião,
(E) Correto. Frisamos a concordância corretamente efetuada do pronome oblíquo tônico ele, vinculado ao substantivo/oco e a correta concordância feita na oração de vo2 passiva pronominal para que se evitassem situações embaraçosas. Esta é a resposta da questão.
30. À frase que respeita Inteiramente o padrão culto escrito é:
(A) Nada disso influe no que foi acordado já faz mais de dez dias, mas eles qtiizerara que eu reiterasse a sua disposição de manter o que foi estabelecido.
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Prova 1 - Agente Fiscal de Rendas/Secretaria de (Estado de Fazenda/Sefaz-SP/FCC/2009: % r
(B) Gás iacrlmogêaiò foi usado para dispersar os grupos que cultivavamantiga richa, reforçando a convicçãojde que dali há anos ainda esta- riam de Iàdos opostos. ; ■ jI i \
(C) Ficou na dependência de ele redigir tudo o que os acionistas màis antigos se dpsporam a oferecer, se, e só se, os mais novos não detiveram o curso das negociações. ; j j
(D) Semeemos a ideia de que tudo será resolvido de acordo com os itepsconsiderados prioritários, nem que para isso precisamos apelar paira a decência de todos. j I
(E) Vocês divergem,1 mas agora é necessário que seremedeie a sitúacáo;por isso, façam novos contratos e provejam o setor de profissioniis competeiites. ■
I j | |Mais uma vez verifiquemos todas as alternativas da questão, para apontarmos aquela em que sé respeita inteiramente o paârão culto escrito.i • ■ ■ | I(A) Incorreto] Há deslizes ortográficos em\influe e qaizeram. O texto retifi
cado apontará Nada disso influi no que fo i acordado já fa z mais de dez dias, mas\eles quiseram que eu reiterasse a sua disposição de manter, o que fo i estabelecido. ; |- I
(B) Incorretoj,Há equívocos ortográficos jem lacrimogênio, richajiá e ha opção pelo emprego da preposição dè na. expressão estariam de lados opostos, dom respeito ao deslize de eniprego de háfa, que aliás é assunto muito [frequentemente solicitado,, ein concursos públicos, deverrios relembrai? que menções a tempos decorridos apresentam o emprego ào verbo haver. Moro aqui há anos. Em expressões indicativas de témpo a transcorrer, entretanto, emprega-se a preposição; a: Daqui a cinco dias chegarei la. O texto ficará corrigido: sób a forma Gás lacrimogêneo fo i usado para dispersar os grupos que culkvavam antiga rixa, reforçando a convicçãoj de que dali a anos ainda estariam em lados opostos. |
(C) Incorreto] Há mau emprego de. forma| verbal: o verbo dispor, derivado de pôr, assim como este» nãoapresentji em nenhuma passagem ide sua conjugação a letra z. Retificado o equivoco, temos Ficou na dependência de ele j:redigir tudo o que os acionistas mais antigos se dispuseram a oferecer, se, e só se, os mais novos não detiverem o curso das negociações.
(D) Incorretoj Ocorreu, equívoco de emprego de modo verbal. Observemos que a açãb de apelar é colocada em nível hipotético, o que acakreta o emprego áo verbo auxiliar - precisar] - da locução verbal de que faz parte emjsubjuntivo. Ressaltamos o;açerto do emprego de Semeemos, forma arrizotônica do verbo semear e, por isso mesmo, não passível
*: * !; I *
3 7 ; Pórtugàès
de ter seu radical alterado. Como sabemos, os verbos que terminam em BAR, quando conjugados nas formas rizòtônicas, têm seus radicais alterados com=a inclusão de um í rio radical, como, por exemplo, em semeio. A título de rememoração, salientamos qué formas rizòtônicas são aquelas em que a vogal tônica está contida no radicai do vocábulo. Inversamente, as formas arrizotônicas são aquelas em que a vogal tônica do vocábulo surge fora do radical. Retificado o equívoco, teremos Semeemos a ideia de que tudo será resolvido de acordo com os itens considerados prioritários, nem que para isso precisemos apelar para a decência de todos.
(E) Correto. Empregaram-se corretamente três verbos muito recorrentes em provas de concursos públicos; divergir, remediar e prove?'. Com respeito a divergir, vale lembrar a forma irregular com que se apresenta na primeira pessoa do singular do presente do indicativo: divirjo. Este fato provoca o surgimento do r&dical divirj em toda a conjugação do presente do subjuntivo, tempo derivado, como sabemos, do radical da primeira pessoa do singular do presente do indicativo. O verbo remediar integra conhecido grupo de verbos - juntamente com mediar (e seu derivado intemediar), ansiar, incendiar e odiar. Tais verbos têm como característica a transformação em seus radicais da vogal i em ei, na conjugação das formas rizòtônicas. Assim, temos, por exemplo, medeio, anseio, incendeio, odeio. Nas formas arrizotônicas este fato não ocorre, como podemos ver em mediava, ansiava, incendiava, odiava. Finalmente, o verbo prover tem conjugação semelhante à do verbo ver, da qual se afasta, entretanto, no modo indicativo (pretérito perfeito e pretérito mais que perfeito), no subjuntivo (pretérito imperfeito e futuro) e no particípio. Em tais passagens, as conjugações desse verbo são, respectivamente: provi, proveste, proveu, provemos, provestes, proveram; provera, proveras, provera, provêramos, provêreis, proveram; provesse, provesses, provesse, provêssemos, provêsseis, provessem; prover, proveres, prover, provermos, proverdes, proverem; provido.
Gabarito oficial definitivo
01) D 06) D 11) B 16) A 21) E 26) A02) E 07) A 12) C 17) D 22) B 27) C03) E 08) D 13) B 18) C 23) A 28) C04) C 09) D 14) D 19) E 24) A 29) E05) D 10) A 15) C 20) B 25) B 30) E
Décio Sena 38
Prova 2
Trabalho da 4a região/FCC/20fl>9
Atenção : As questões de números 1 a 12 referem-se ao texto que segue.
Janelas quebradas
 deterioração da paisagem urbana é lida como ausência dos poderes públicos, portanto enfraquece os controles impostos pela comunidade, aumenta a insegurança e convida à prática de crimes. Essa tese, defendida pela primeira vez em 1982 pelos americanos James Wilson e George
5 Kelling, recebeu o nome de “teoria das janelas quebradasSegundo ela, a presença de lixo nas ruas e de grafite sujo nas paredes provoca mais desordem, induz ao vandalismo e aos pequenos crimes. Com base nessas iãeias, a cidade de Nova York iniciou, nos anos 1990, uma campanha para remover os grafites do metrô que restãtou numa diminuição dos cri-
io mes realizados em suas dependências.O sucesso da iniciativa serviu de base para a política de “tolerância
zero” posta em prática a segtdr. Medidas semelhantes foram adotadas em diversas cidades dos Estados Unidos, da Inglaterra, da Holanda, da Indonésia e da África do Sul. Mas, apesar da popularidade, a teoria das
is janelas quebrada gerou controvérsias nos meios acadêmicos, por falta de dados empíricos capazes de comprová-la.
Mas houve, sim, alguns experimentos bem sucedidos. Na Holanda, um deles foi conduzido numa área de compras da cidade de Groningeti. Para simular ordem, os pesquisadores limparam a área e colocaram um
20 aviso bem visível de que era proibido grafitar, Para a desordem, grafita- ram as paredes da mesma área, apesar do aviso para não fazê-la. A p-a- fitagem constava apenas de rabiscos malfeitos, para evitar confusão com arte. Em ambas as situações, penduraram um panfleto inútil nos guidões de bicicletas, de modo que precisasse ser retirado pelo ciclista antes de
25 partir. Não havia lixeiras no local. Na situação ordeira> sem grafite, 77% dos ciclistas levaram o panfleto embora. Na presença do grafite, apenas 31% o fizeram, os demais jogaram-no no chão.
39
Provas Comentadas da FCC
Em outra experiência holandesa, foi colocado, numa caixa de correio da rua, um envelope parcialmente preso à boca da caixa (como se tives-
30 se deixado de cair para dentro dela) com uma nota de 5 em seu interior, em local bem visível para os transeuntes. Na situação ordeira, a caixa estava sem grafite e sem lixo em volta; na situação de desordem, a caixa estava grafitada e com lixo em redor. Dos transeuntes que passaram diante da caixa limpa, 13% furtaram o dinheiro. Esse número aumentou para
35 27% quando havia grafite e sujeira. A mensagem ê clara: desordem e sujeira nas ruas mais do que duplicam o número de pessoas que praticam contravenções ou pequenos crimes no espaço público.
(Adaptado de Brauzio Varella, Folha de S. Paulo, 1S/07/2009)
01. De acordo cora o contexto, deve-se entender que a “teoria das janelas quebradas” sustenta a tese de que:
(A) o espaço público deve ser administrado a partir de iniciativas dos cidadãos;
(B) a concentração urbana é fator determinante para os serviços dos poderes públicos;
(C) a atitude dos indivíduos é influenciada pela ação ou omissão dos poderes públicos;
(D) a deterioração do espaço público decorre da ação irresponsável da maioria dos cidadãos;
(E) a iniciativa dos cidadãos é determinante para a formulação de políticas públicas.
Vejamos cada uma das alternativas propostas como resposta para a questão:(A) Incorreto. Em nenhuma passagem do texto lido pode-se fundamentar a
afirmativa presente na alternativa ora estudada. Rigorosamente, não há qualquer ligação entre o que se entende por teoria das janelas quebradas, que diz respeito à tendência por parte das pessoas em respeitarem mais ou menos os ambientes que estiverem bem ou mal conservados.
(B) Incorreto. Não há vinculação entre a concentração urbana e a existência de políticas públicas no texto lido.
(C) Correto. Como podemos ler no texto, os ambientes urbanos que se encontram preservados, limpos, cuidados são, naturalmente, mais respei
Dério Sena 40
Prova 2 - Analista Judiciário/Tribunal RegibnaJ do Trabalho da 4a região/FCC/2j)09
tados pelos cidadãos, ao passo que ihá uma inclinação por transgredi- rem-se as normas de civilidade quando os lugares já estão degradaqos. Este é a cònclusão a que chega a teorià dasjanelas quebradas. '■
(D) Incorreto. Não há como, a partir dá leitura do texto lido, se possa atribuir-se à teoria das janelas a afirmativa de que a deterioração dos espaços públicos decorra da ação da maiona dos cidadãos. ]
(E) Incorretq. A afirmativa inexiste no testo lido, no qual se toma conhecimento de que existe uma relação dé causalidade a envolver a iniciativa dos cida4ãos e eventuais adoções de políticas públicas. j
02. Deve-se deduzir quê a expressão janelas quebradas aponta para um jfenômeno típico dos espaços urbanos indiciados, também, pela expressão:
(A) aviso bem visível;| !(B) situação ordeira;(C) caixa de orreio da rua;(D) lixo em redor; \(E) envelopelparcialmente preso,
A expressão janelas quebradas, em si mesma; é sugestiva de situação em que se observam daiios impostos a propriedades; Ao lermos o texto em que se fundamenta a presente questão, somos informados de que há uma natural inclinação por se desrespeitarem; normas em lugares ionde as pessoas observam qtie o poder público não se fazjpresente, deixando-aslficar degradadas. Assim, é natdral que procuremjos, dentre as opções oferecidas* aquela cuja expressão pòssa jser vinculada a déscaso dás autoridades com respeito ao espaço público. jLendo as diversas alternativas, percebemõs que a alternativa (D) faz menção exatamente a situação exemplificadòra do desleixo público: lixo. em fedor. As demais alternativas não estão assodadas à ausência do poder público na manutenção dó espaço público. : ; j
! '| !03. Atente para as seguintes afirmações: | j
i I II. O relato das duas experiências ocorridas na Holanda fornece sérios fundamentos para que se rechace a “teoria das janelas quebradas" ]
H. A tese defendida: pelos americanos James Wilson e George Keiiing encontra sustentação na remoção dos grafites do metrô de Nova Yórlc. j
III. A rejeiçãodos meios acadêmicos à “tese das janelas quebradas” Gé- veu-se à frágil sistematização teóric^ dos experimentos holandesas.
I |41 í PòrtueUês
Em relação ao texto, está correto o que se afirma em:
(A) I, II e III;(B) I e II, somente;(C) le r i l , somente;(D) II e III, somente;(E) II, somente.
Analisemos cada uma das alternativas numeradas de I a III:I. Incorreto. Rechaçar significa repelir, opor resistência. As experiências
holandesas, no sentido oposto, reforçam a teoria áas janelas quebradass fazem-na crível.
II. Correto. James Wilson e George Kelling são dois americanos que, pela primeira vez, defenderam a teoria das janelas quebradas, segundo a qual há uma tendência de as pessoas mais intensamente desrespeitarem os espaços públicos que se mostrem degradados. Fundamentadas nessa suposição, as autoridades nova-iorquinas promoveram a limpeza, no metrô da cidade, dos grafites ali existentes. A experiência revelou-se exitosa a ponto de ser, posteriormente, transportada, sob o nome de política de tolerância zero, para toda a cidade.
III. Incorreto. Podemos ler no texto que no meio acadêmico a teoria das ja nelas quebradas provocou controvérsias, pela ausência de dados empíricos que a comprovem. Como sabemos, o empirismo caracteriza-se por ser um saber que decorre da observação de fatos repetidos com frequência, obtidos, assim, sem fundamentação teórica, mas com suporte na pura observação dos fenômenos.
Está correta unicamente a afirmativa contida no item IL A resposta está naalternativa E.
04. Entre as situações referidas como de ordem ou de desordem, verifica-seuma relação de:(A) franca oposição, caracterizada pelos tipos de indivíduos que são in
citados a delas participarem;(B) franca oposição, caracterizada pelos elementos físicos que qualifi
cam os espaços;(C) complementaridade, dado que se aplicam a indivíduos de índoles
semelhantes*(D) complementaridade, visto que a qualidade do espaço urbano real
não encontra gradações entre uma e outra;
Décio Sena 42
rrova 2 - Analista Judiciário/Tribunal Regional do Trabalho da 4a região/FCC/2009
(E) subordinação, pois é a existência da segunda situação que determina a da primeira.
Vejamos todos os itens da questão, em suas afirmativas:
(A) Incorreto. Não há menção, no texto, a tipos físicos que são incitados a enquadrarem-se em um quadro de ordem ou de desordem.
(B) Correto. As noções de ordem e desordem já são> por si sós» antagônicas. A leitura do texto permite a afirmativa de que esta oposição está sendo reforçada peíos estados físicos que, em cada espaço, sugerem zelo ou desalinho.
(C) Incorreto, Não há qualquer menção à índole dos indivíduos que se enquadram no grupo da ordem ou no da desordem.
(D) Incorreto. A relação de complementaridade entre a ordem e a desordem, sugerida na presente alternativa é rigorosamente absurda.
(E) Incorreto. Não é possível entendermos ser a ordem subordinada à desordem, ou vice-versa.
05. Do relato dó experimento realizado em Groningen (3o parágrafo), deve-se deduzir que;
(A) os rabiscos mal feitos funcionaram como índices de desordem;(B) a maior parte dos ciclistas na situação desordeira interessou-se pelo
que dizia o panfleto;(C) há muita gente que considera artísticos os grafites mal rabiscados;(D) a existência ou não de lixeiras foi a variável mais relevante;(E) nem mesmo os avisos bem visíveis impedem a ação dos grafiteiros.
Mais uma vez, reportemo-nos a todas as afirmativas lançadas na presente questão:(A) Correto. No texto, a alusão a rabiscos mal feitos estabelece a intenção
dos pesquisadores em não possibilitarem o entendimento de que os mesmos eram obras de arte, Com isso, buscavam simular um quadro de desordem urbana, o que foi atingido, dada a resposta dos cidadãos envolvidos na pesquisa.
(B) Incorreto. A partir do descarte dos panfletos, feito na maior parte por pessoas que estavam no ambiente simulador de desordem, entendemos que o desinteresse pela sua leitura foi a tônica.
(C) Incorreto. A intenção em estabelecer grafites mal rabiscados era exatamente, como já comentamos na alternativa (A) desta questão, para que não fossem considerados de teor artístico.
43 Português
Provas Comentadas da FCC
(D) Incorreto. Não é cabível a presente afirmativa uma vez que o texto deixa clara a informação de que não existiam lixeiras no local.
(E) Incorreto. A presente afirmativa nenhuma tangência tem com as idéias apreendidas da leitura do texto.
06. Com base no relato da segunda experiência holandesa (4° parágrafo), comprova-se que há uma relação causai entre:
(A) palavras grafitadas e eficácia das caixas de correio;(B) qualidade do meio urbano e comportamento moral;(C) dinheiro exposto e criminalidade urbana;(D) aumento da segurança e índice de criminalidade;(E) incitamento ao furto e situação ordeira.
A experiência holandesa a que se refere o enunciado diz respeito ao fato de se ter comprovado que em lugar degradado houve maior tendência ao furto, vale dizer, o ambiente físico descuidado leva à existência de um quadro de perda da honestidade, o que comprova que há uma relação de causa entre a qualidade do meio urbano e o comportamento moral das pessoas, A resposta da questão, assim, está na alternativa (B).Nas demais alternativas, encontramos:
(A) Incorreto. Não é possível, a partir da leitura do texto fornecido» e&tabe- lecer-se qualquer relação de causalidade entre as palavras grafitadas e a eficácia das caixas de correio.
(C) Incorreto. Não é possível vincular-se a criminalidade urbana à existência de dinheiro exposto, por relação de causa. Inclusive porque a proposta da pesquisa era verificar se haveria maior incidência de forto em locais nos quais imperasse o ambiente sugestivo de desordem.
(D) Incorreto. Em nenhum momento o texto aborda as questões de aumento da segurança e de índice de criminalidade.
(E) Incorreto. Não há nexo causai entre o incitamento ao furto e situação ordeira, o que seria, diga-se de passagem, absurdo.
07. Considerando-se o contexto, está INCORRETA a tradução de sentido do segmento sublinhado em:(A) a deterioração da paisagem urbana é lida como ausência dos poderes
públicos = é interpretada como omissão;(B) convida à prática de crimes - estimula a;
Décio Sena 4 4
Prova 2 - Analista Judiciário/Tribunal Regional do Trabalho da 4a região/FCC/2(!>09
(C) induz ao vandalismo ~ acomete com;(D) constavalapenas de rabiscos malfeitos ~ constituía-se tão somente;(E) Na situação ordeira, apenas 31% oi fizeram = levaram o pá
embora.inflito
Vejamos todas as alternativas da questão: í
(A) Correto. Ó fragmento ê lida como ausência porta o mesmo significado que seria depreensível com é interpretada como omissão, Nele, a forma verbal lida apresenta a vàloração semântica àe\entmdida, apreendida, ou seja, interpretada. Por outro lado, a substituiçãp de ausência por omissão, no sentido de traduzir o. alheamento do poderjpúblico é, igualmente, perfeita, j
(B) Correto. È legítima a substituição de convida a por estimula a, A ausência do acento grave indicativo de crasè na segunda forma deve-se à regência transitiva: direta do verbo estimular, impeditiva da presença da preposição a. !
(C) Incorretoj Não é; válida a substituição! de induz ao - que traduz a id sia de implicç, o, acarreta o» leva ao ~ por 'acomete com - o verbo acometer, que pode; significar, entre outros valores, atacar* .assaltar, hostilizar, 'injuriar, cometer, tem regência transitiva direta, o que impede, por cima, o emprego da preposição com utilizad a. Esta é a resposta da questão!
(D) Correto. A substituição de constava apenas por constituía-se tão somente preservará o. exato sentido da mensagem original j
(E) Correto. Reportando-nos à leitura dcj texto, observaremos que' o pronome oblíquo átono encontrado em o\fizeram faz menção anafóricajao feto de levar o panfleto embora. [ \ j
08. As normas dç concordância verbal estão plenamente observadas na frajse: ! j ■ •
(A) Sem o concurso! do poder público hão se implanta políticas dje segurança e não $e impede a deterioração do espaço urbano. j
(B) Não deixaram de harver experimentos bem sucedidos, apesar de a comunidade acadêmica ter acusado falta de comprovação da teòria.|
(C) Logo se veriíicáram que médidasi semelhantes foram tomadas |>oroutros países, como a Inglaterra, a Holanda e á África do SuL j
(D) O que se; conclui das experiências relatadas é que cabe aos poderes públicos tomar iniciativas que nos levem a respeitar o espaço urbano.
(E) O fato dejhaver desordem e sujeira noj espaço urbano acabam pór incitar o cidadão a reagir como um contraventor ott pequeno criminoso.
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rrovas> ^ui»çmu»um «*»«* *
Analisemos as concordâncias verbais efetuadas nos textos contidos de (A) a(E), buscando encontrar a alternativa correta.
(A) Incorreto. A forma verbal relativa ao verbo implantar está estruturando oração de voz passiva pronominal, cujo sujeito é políticas de segurança. Desse modo, toma-se obrigatório o seu emprego em terceira pessoa do plural. Retificado o texto teremos Sem o concurso do poder público não se implantam políticas de segurança e não se impede a deterioração do espaço urbano.
(B) Incorreto. Em deixaram de haver está ocorrendo mau emprego do verbo auxiliar, já que, na locução verbal de que faz parte, o verbo principal é haver, empregado com sentido de existir e, portanto, impessoal. Como sabemos, as locuções verbais cujos verbos principais são impessoais são invariáveis em número. Desse modo, a frase correta será Não deixou de haver experimentos bem sucedidos, apesar de a comunidade acadêmica ter acusado falta de comprovação da teoria.
(C) Incorreto. Temos nesta alternativa mais uma incidência de oração de voz passiva pronominal. Agora, no período composto que forma o texto estudado, a primeira oração ~ principal, no caso.-, que é Logo se verificaram,, tem como sujeito a : oração que. seilxe .segue,: a subordinada substantiva subjetiva que medidas semelhantes foram tomadas por outros países, comó a Inglaterra, a Holanda e a África do Sul Orações subjetivas conduzem os verbos das principais às quais se ligam para a terceira pessoa do singular. Assim, o texto ficará correto redigido deste modo: Logo se verificou que medidas semelhantes foram tomadas por outros países, como a Inglaterra, a Holanda e a África do Sul.
(D) Correto. Para melhor observação do acerto das concordâncias efetuadas no presente texto, vamos transcrevê-lo, apontando suas orações constitutivas. Em seguida, apontaremos os sujeitos de cada verbo contido nas respectivas orações: [O [que se conclui das experiências relatadas] ê) [que cabe aos poderes públicos] [tomar iniciativas) [que nos levem a respeitar o espaço urbano]. Na primeira oração - O é~ o sujeito é o pronome demonstrativo O- Na segunda oração - que se conclui das experiências relatadas - o sujeito está indicado pelo pronome relativo que, representante semântico do demonstrativo que. o antecede. Em seguida, para a terceira oração - que se conclui das experiências relatadas - apontamos como sujeito a oração seguinte tomar iniciativas. A quarta oração, já citada - tomar iniciativas - tem como sujeito implícito a expres-
Décio Sena 46
Prova 2 - Anaiista judicíário/Tribunal Regional do Trabalho da 4a região/FCC/2009
são poderes públicos. Finalmente, na quinta e última oração, o sujeito para a locução verbal levem a respeitar está sendo indicado pelo pronome relativo que, que, semanticamente, traduz iniciativas. Por oportuno, vale recordar fato interessante ocorrido com respeito ao sujeito da quarta oração: tomar iniciativas: como podemos verificar, a forma verbal tomar é de infinitivo; isso faz com que seu emprego, considerando- se ser seu sujeito expressão plural - poderes públicos no entanto ausente da oração de que faz parte o infinitivo, possa se dar no infinitivo impessoal, como ocorreu, ou no infinitivo flexionado, o que implica dizer que a forma tomarem estaria igualmente bem aplicada. Esta é a resposta da questão.
(E) Incorreto. Em O fato de haver desordem e sujeira no espaço urbano acabam por incitar o cidadão a reagir como um contraventor ou pequeno criminoso o sujeito da locução verbal acabam por incitar está indicado pelo substantivo fato, o que, necessariamente, impõe emprego em terceira pessoa do singular para o verbo auxiliar da locução citada. Assim, o texto se retificará com o emprego da locução verbal redigida em acaba por incitar.
09. Está inteiramente clara e correta a redação do seguinte comentário sobreo texto:
(A) Dráuzio Vareila, a par de ser um médico competente, é um ótimo cronista e um cidadão preocupado com a qualidade do espaço urbano.
(B) Há quem admire os grafites, embora os artísticos sejam difíceis de separar dos rabiscos que sujam as paredes, aonde se degrada o espaço público.
(C) Pelo que afirma o texto se deduzem que as situações de ordem e desordem concitam a todos a agir de forma algo semelhante, espelhando-as.
(D) Nossas cidades ostentam, cada vez mais, a presença de grafites e outros elementos cuja degradação do espaço público é mais que visível.
(E) Os índices percentuais conclamados no texto não deixam dúvida diante da desagregação, associado à falta de controle e higiene do espaço urbano.
Vejamos todas as alternativas da questão, procurando aquela em que o texto se fez claro e correto.
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Provas Comentadas da FCC
(A) Correto. Em um texto no qual inexistem erros gramaticais, a mensagem está perfeitamente bem lançada. Vale a pena, apenas, salientar o emprego da locução a par de, que significa, em geral, junto, ao lado de, nesta passagem aproximada semanticamente a além de. Este é a resposta da questão.
(B) Incorreto. Está ocorrendo deslize de natureza gramatical, caracterizando pela presença injustificável da preposição a, regendo o pronome relativo onde.
(C) Incorreto. Surgiu, neste item, erro de concordância verbal; o sujeito de deduzem, presente na oração se deduzem está sendo indicado pela oração seguinte que as situações de ordem e desordem concitam a todos, o que torna necessário o emprego da forma verbal relativa ao verbo deduzir na terceira pessoa do singular,
(D) Incorreto. Está havendo problema de coesão textual, caracterizado pela má concatenação do fragmento que tem inicio no pronome relativo cuja.
(E) Incorreto. Há equívoco de concordância nominal: o particípio associa- do, por se referir ao vocábulo desagregação, deveria ter surgido na forma feminina singular: associada.
10. Todas as formas verbais estão corretamente flexionadas na frase:
(A) O progresso que não advir de boas políticas públicas dificilmente advirá de iniciativas meramente individuais.
(B) Já se comprovou que não constitue boa prática política permitir que o espaço público seja degradado.
(C) Se ao poder público não convir enfrentar a ação de contraventores, que aja de modo a não favorecê-la.
(D) Se alguém se deter diante de uma caixa de correio toda grafitada, tal- vez hesite em deixar nela sua correspondência.
(E) O que a nós couber fazer para dignificar o espaço público» façamo-lo» sem qualquer hesitação.
Analisando cada uma das alternativas, encontramos as seguintes passagens:
(A) Incorreto. O verbo advir tem sua conjugação assentada na do verbo vir. Assim, a frase corretamente redigida restará O progresso que não advier de boas políticas públicas dificilmente advirá de iniciativas meramente individuais.
(B) Incorreto. Ocorreu desvio ortográfico na grafia da forma verbal pertinente a constituir. Retificado o erro, teremos Já se comprovou que
Décio Sena 48
Prova 2- - Anaíista iudiciário/Tribunai Regional do Trabalho da 4a reglão/FGC/2009
não constitui boa prática política peiynitir que o espaço público seja degradado. f ;
(C) Incorreto O verbo convir é mais umjdos inúmeros derivados ide ijir.A frase escrita após a correção necessária ficará Se ao poder público não convier enfrentar a ação de contrapentores, que aja de modo a não favorecê-la. ■■ j j
(D) IncorretoJ Não se respeitou o fato de d verbo deter, ser um derivado deter. Após à retificação devida, teremos! o texto correto Se alguém se de- tiver diante de uma caixa de cotreio toãa grafitada, talvez hesite em deixar nela m a c o r r e s p o n d ê n c i a . j-. |
(E) Correto, ijão há equívocos no emprego da forma irregular do futuro do subjuntivo do verbo caben nem no emprego em presente do subjuntijo- com pronome endítico - âo verbo fàze?'. Esta é a resposta da questão.
| : j t-11. Atente para as seguintes frases: j j
I. As omissões do pòdèr público levamiquase sempre, a ações que de- gradam ^cenário urbano. ; | |
IL Não fosse a vigilância dos cidadãos, atentos à conservação do espado público, 6 cenário urbano estaria ainda mais degradado. j
m . Nas duasí experiências holandesas; relatadas no texto, veriíicou-jse dara conexão entre ação pública e reíção popular.
A supressão das vírgulas altera o sentido jdo que está SOMENTE em:
(A) li(B) II.;(C) OI;(D) I e II;(E) H eIII.
Estudemos caçla um dos empregos de pontuação, levados a efeito em exemplos apontados nos itens de I a III, com: respeito a verificar se a supressão das vírgulas njeles existentes alteraria ou hão a mensagem original : j
I. Não alteraria. Vemos no fragmento contido no item I a presença ;de ujm par de vírgulas isolando o adjunto advèrbial quase sempre. Como sabemos, as vírgulas que isolam adjuntos adverbiais têm a função de colb- cá-los emjrelevo. Sua supressão em nada alteraria, desse modo, a mensagem originalmente disposta.
49 I Pòríugúês
riuvds
II. Alteraria. A presença do par de vírgulas isolando a expressão atentos à conservação do espaço público informam o leitor de que a referida expressão reveste-se de valor semântico explicativo, vale dizer, entende-se que é característica intrínseca aos cidadãos - sem exceção - a vigilância com respeito à preservação do espaço público. A supressão desse par de vírgulas feria com que a expressão destacada reportasse informação restritiva, no sentido de que haveria cidadãos atentos à conservação do espaço público e outros não.
III. Não alteraria. Apesar de a supressão das vírgulas marcarem valor semântico explicativo para a expressão relatadas no teXto, o seu significado não ficaria prejudicado com- a süprèssão das mesmas; isso porque a menção feita a Nas duas experiências holandesas, fràgmento que abre o período, impede que se modifique seu valor semântico final. ,
Altera o sentido original apenas a supressão das vírgulas do item JL A resposta está na alternativa B.
12. NÃO admite transposição para a voz passiva a forma verbal da seguinte frase:
(A) Mas houve, sim, alguns experimentos bem sucedidos;(B) (...) a presença de lixo nas ruas (...) provoca mais desordem;(C) (...) a teoria das janelas quebradas gerou controvérsias (...);(D) (...) penduraram um panfleto inútil nos guidões de bicicletas (...);(E) Dos transeuntes, (...) 13% furtaram o dinheiro,
Temos nesta questão a presença de um fato interessante.Sabemos que orações viáveis quanto a serem convertidas da voz ativa para a voz passiva são as que se estruturam com verbos de regência transitiva direta ou transitiva direta e indireta. No entanto, alguns verbos de regência transitiva direta - haver e ter, por exemplo *- não permitem a transposição. São verbos que fogem à sistemática de conversão de vozes verbais, então.Vista essa observação, passemos à análise das alternativas da presente questão:
(A) Conversão inválida, como explicado na observação que abre o comentário da presente questão. Esta é a resposta da questão.
(B) Conversão válida. A natureza transitiva direta da forma verbal provoca autoriza a conversão, que faria resultar mais desordem éprovocada pela presença de lixo nas ruas.....
Décio Sena 50
nuva - /-iiicufóid iu m u ã fio / mouriai Kegronaj ao iraoaino aa 4“ região/FCC/2009
(C) Conversão válida. Temos em gerou outra forma verbal transitiva direta. A voz passiva correspondente à originalmente disposta em ativa será controvérsias foram geradas pela teoria das janelas quebradas.
(D) Conversão válida. A forma verbal penduraram, também transitiva direta, permite a conversão, da qual resultará um panfleto inútil fo i pendurado nos guidões de bicicletas.
(E) Conversão válida. Mais uma forma verbal transitiva direta, dessa vez furtaram , possibilita o surgimento da voz passiva o dinheiro fo i furtado por 13% dos transeuntes.
Atenção; As questões dé números 13 a 20 referem-se ao texto seguinte.
Velocidade das imagens
Quem folheia um daqueles velhos álbuns de fotografias logo nota que as pessoas fotografadas prepararam-se longamente para o registro solene, As roupas são formais, os corpos alinham-se em simetria, os rostos adotam uma expressão sisuda. Cada foto corporifica um evento espe-
5 ciai, grava um momento que aspira à eternidade. Parece querer garantir a imortalidade dos fotografados. Dificilmente alguém ri nessas fotos: sobra gravidade, cerimônia, ou mesmo uma vaga melancolia.
Nada mais opostos a esse pretendido congelamento do tempo do que a velocidade, o improviso e a multiplicação das fotos de hoje, tiradas por
io meio de celulares. Todo mundo fotografa tudo, vê o resultado, apaga fotos, tira outras, apaga, torna a tirar. Intermináveis álbuns virtuais desaparecem a um toque de dedo, e as pouquíssimas fotografias eventualmente salvas testemunham não a severa imortalidade dos antigos, mas a brincadeira instantânea dos modernos. As imagens não são feitas para durar, mas
is para brilhar por segundos na minúscula tela e desaparecer para sempre. Cada época tem sua própria concepção de tempo e sua própria forma
de interpretá-lo era imagens» Ê curioso como em nossa época, caracterizada pela profusão e velocidade das imagens, estas se apresentem num torve- linho temporal que as trata sem qualquer respeito. É como se a facilidade
20 contemporânea de produção e difusão de imagens também levasse a crer que nenhuma delas merece durar mais que uma rápida aparição.
(Bernardo Coutinho, inédito)
51 Português
Provas Comentadas da FCC
13. Expressa uma contradição interna a seguinte frase:
(A) (...) as pessoas fotografadas prepararam-se longamente para o registro solene;
(B) (...) Cada época tem sua própria concepção âe tempo e sua própria forma de interpretá-lo em imagens;
(C) intermináveis álbuns virtuais desaparecem a um toque de dedo;(D) Dificilmente alguém ri nessas fotos: sobra gravidade, cerimônia (...);(E) Todo mundo fotografa tudo} vê o resultado»apaga fotos (...)
A contradição interna apontada pela eminente Banca Examinadora está no fato de os álbuns fotográficos virtuais terem sido considerados como intermináveis, mas, apesar disso, poderem desaparecer a um toque de dedo. Apontou-se a incoerência de algo que não tem fim poder ser finalizado de modo tão simples.Evidentemente, a contradição apontada existe no sentido de qu e s e atribua ao vocábulo intermináveis um de seus significados, qual seja o que aponta para a característica de algo não ter término. Nessa ótica, sem dúvida há uma contradição na passagem.Não podemos, entretanto, deixar de registrar que o adjetivo citado foi empregado na passagem com sentido de longos, vastos, extensos♦De qualquer modo, não há como se recusar, inclusive porque as demais alternativas em nada sugerem contradição, o item (C) como a resposta da questão.
14. Atente para as seguintes afirmações:
L A melancolia é ama característica dos tempos antigos, por isso ganha tanto destaque nos velhos álbuns de fotografias.
II. A facilidade com que se tiram fotos em nossa época contrapõe-se à formalidade que caracterizava as antigas sessões de fotografia.
III. Os registros fotográficos não valem apenas pelas imagens que expõem, mas pelo modo como eles as interpretam em cada época.
Em relação ao texto, está correto o que se afirma em:
(A) I, II e 01;(B) I e II, somente;
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Prova 2 - Analista Judiciário/Tribunal Regional do Trabalho da 4a regíão/FCC/2009
(C) I e III, somjente;(D) II e III, somente;(E) II, somente.
Vejamos cada uma das ;assertlvas contidas nos itens de I a III, em busca dasque são corretas. ; |. j
I. Incorreta. Q fato dé algumas pessoas denotarem um certo ar melancólicoem fotos dejantigamente não é motivo suficiente para considerarmos ser a melancolia uma característica dos tempjos antigos. Tal afirmativa ultrapasse os liirjites de entendimento que o téxto permite alcançar. j
II. Correto. É patente essa oposição, que se [revela no quase ritual adótadopara que as (pessoas se deixassem fotografar antigamente, em contrapoj sição às fctps feitas: por aparelhos cehik^s, nos nossos dias. ! [
III. Correto. Para aceitarmos a afirmativa oíra estudada como válida,: basj ta que nos Reportemos à passagem textual Cada época tem sua própriaconcepção de tempo e sua própria forma \ãe interpretá-lo em imagens. \
1 ; : l- ;Estão corretas ais assertivas contidas nos itens II e III.
15» Considerando-Se o contexto, traduz-se corretamente o sentido de umsegmento em: j ' !
(A) alinham-se^ em sintetria = perfilam em [perspectiva;(B) uma expreésâo sisuda ~ uma fisionomia circunspecta;(C) pretendido congelamento ão tempo = suposta inserção temporal;(D) num torvélinho tetnporal = num fragmjento do tempo;(E) profusão e velocidade das imagens — dispersão e ritmo figurativo.
| ; !•. ' .Vejamos cada uma das propostas de paráfrase para passagens do textó:
(A) Incorreto. Embora; se possa admitir a sjubstituição de alinham-se porperfilam, não é admissível a equiparação de em simetria, considerahdo-j se simetria á correspondência dè elemenros que se encontram nos lados opostos de uma Unha ou de um plano, cbm em perspectiva, tendo persj pectiva valor’ semântico de ponto de vista, expectativa. i
(B) Correto. O fragmento expressão sisuda apresenta exatamente o mesmo significado àe fisionomia circunspecta. O adjetivo circunspecto - também grafá-j vel como circwispeto - porta exatamenteo significado de sério, grave, sisudo
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(C) Incorreto, A substituição de pretendido por suposta é absurda. Também está absolutamente fora de cogitação, por motivos claros, a substituição de congelamento de tempo por inserção temporal.
(D) Incorreto. O substantivo torvelinho significa redemoinho - ou sua variante gráfica rodamoinho. Não é possível aceitar-se sua substituição por fragmento.
(E) Incorreto. Profusão é substantivo que significa excesso, abundância, fartura. Nada tem a ver, portanto, com dispersão. Por outro lado, não se aproximam minimamente as expressões velocidade das imagens e ritmo figurativo.
16. O verbo entre parênteses deverá flexionar-se numa forma do plural parapreencher corretamente a lacuna da frase:
(A) Ainda em nossos dias - (parecer) transpirar daqueles velhos álbuns de fotografias um aflitivo anseio de perenidade.
(B) Não se_____ (esboçar) nas fisionomias graves dos cerimoniosos retratados qualquer vestígio de sorriso.
(C) À esmagadora maioria das fotós ___„• (caber) o destino de um rápido e definitivo esquecimento.
(D) O que mais_____ (divertir) os milhões de fotógrafos amadores é afacilidade de prodação e exclusão de fotos*
(E) _____ (despontar) em cada época não apenas novidades técnicas,mas novos modos de compreensão do mundo.
Procedamos ao preenchimento das lacunas encontradas na presente questão, era busca daquela em que se empregará forma verbal em plural.
(A) Ainda em nossos dias parece transpirar daqueles velhos álbuns de fotografias um aflitivo anseio de perenidade.—A concordância da forma verbal parece - verbo auxiliar da locução parece transpirar - deve ser feita com seu sujeito, indicado por um aflitivo anseio de perenidade, ou seja, em singular obrigatório.
(B) Não se esboça nas fisionomias graves dos cerimoniosos retratados qualquer vestígio de sorriso. - O emprego obrigatório da forma verbal esboça no singular deve-se à necessidade de promover sua concordância com seu sujeito, representado por qualquer vestígio de sorriso, em oração de voz passiva pronominal.
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>w-u. — i-Mitiiuia jvnatv.so.ii\jí luuuiicn i%cgíutia? uu iraoamo oa *v regiao/hCC/2009
(C) À esmagadora maioria das fotos cabe o destino de um rápido e definitivo esquecimento. - Temos, agora, como sujeito de cabe o sintagma o destino de um rápido e definitivo esquecimento, o que impõe o emprego do verbo na terceira pessoa do singular.
(D) O que mais diverte òs milhões de fotógrafos amadores é a facilidade de produção e exclusão de fotos. - A expressão a facilidade de produção e exclusão de fotos, com núcleo no substantivo facilidade força o emprego, mais uma vez, do verbo - agora diverte - no singular,
(E) Despontam em cada época não apenas novidades técnicas, mas novos modos de compreensão do mundo. - Nesse item, o sujeito da forma verbal Despontam está sendo indicado por não apenas novidades técnicas, mas novos modos de compreensão do mundo, daí o compulsório emprego verbal em plural. Esta é a resposta da questão.
Está adequada a correlação entre os tempos e os modos verbais na frase:
(A) Bastaria um toque de dedo e os intermináveis álbuns virtuais desaparecessem por completo.
(B) Quem viesse a folhear um desses velhos álbuns não deixaria de notar a atitude cerimoniosa dos fotògrafados.
(C) Dada a cerimônia que caracterizava os antigos registros fotográficos, não se encontraria quem esteja rindo naquelas fotos.
(D) As imagens de hoje não seriam produzidas para permanecer, uma vez que fossem apagadas tão logo alguém as registrar.
(E) É estranha a sensação que nos invade quando folheemos um velho álbum de fotos, cujas imagens pareceriam vir de outro universo.
Vejamos as correlações entre tempos e modos verbais encontradas em cadauma das frases da presente questão. Quando necessário, já apontamos a frase devidamente retificada, o que permitirá ao estudante veriScar, por confronto com a frase incorreta, perceber onde o erro foi cometido.
(A) Inadequada. A correção apontaria Bastaria um toque de dedo e os intermináveis álbuns virtuais desapareceriam por completo.
(B) Adequada. Não há nada a se retificar no texto relativo ao presente item, no qual se fez promoveu corretamente o relacionamento entre o pretérito imperfeito do subjuntivo em viesse com o futuro do pretérito do indicativo em deixaria. Esta é a resposta da questão.
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Provas Comentadas da FCC
(C) Inadequada. Aponta-se o texto já retificado: Dada a cerimônia que caracterizava os antigos registros fotográficos, não se encontraria quem estivesse rindo naquelas fotos.
(D) Inadequada. O texto será corrigido na forma As imagens de hoje não seriam produzidas para permanecer, uma vez que são apagadas tão logo alguém as registrar.
(E) Inadequada. Mais uma Vez, apontamos o texto retificado: Ê estranha a sensação que nos invade quando folheamos um velho álbum de fotos, cujas imagens parecem vir de outro universo.
18. Está correto o emprego do elemento sublinhado na frase:
(À) Há, nas velhas fotos dos álbuns amarelados, personagens que a identidade permanece misteriosa.
(B) Antigamente tratava-se com reverência as fotos de que se costumava organizar em belos álbuns.
(C) Fotografar é hoje uma; brincadeira, pela qual se entretêm milhões de pessoas, em todos os lugares.
(D) Quase todo mundo tira fotos, mas a artè da fotografia ainda se circunscreve aos que de fato são talentosos.
(E) A produção e difusão de imagens constituem operaçõès ém que hoje todos têm fácil acesso.
Trata-se de questão de regência, de modelo recorrente nas provas elaboradas pela banca examinadora da Fundação Carlos Chagas.Comentemos cada uma das alternativas, em busca da que contém corretoemprego de pronomes relativos:
(A) Incorreto. O pronome relativo a ser empregado no espaço em que surgiram os vocábulos sublinhados deverá formar um sintagma com o substantivo identidade, trazendo valor de pertencimento com respeito ao substantivo antecedente personagens. O fato de surgir ao lado de um substantivo, antecedendo-o, indica tratar-se de um pronome adjetivo relativo. Assim, é forçoso reconhecermos a necessidade de a lacuna ser preenchida com o pronome relativo cuja. Observemos o texto após a devida retificação: Há, nas velhas fotos dos álbuns amarelados, personagens cuja identidade pemtanece misteriosa.
(B) Incorreto. A regência transitiva direta da forma verbal organizar, para a qual o pronome relativo a ser inserido no espaço ocupado pelos vo-
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Prova 2 - ÁnaJtsta Judiciário/Tribunal Regional do Trabalho da 4 a regiâo/FCC/2009
1 í • : ». • cábulos sublinhados funcionará como; objéto diretó, impede a presença de qualquer preposição antecedendojò. O texto se retificará desse modo: Antigamente tratava-se com reverencia as fotos que se costumava organizar erhbelós ãlbuns. j
(C) Incorreto. Ò adjunto adverbial de meio que se ligará à forma verbal en-tretém será regido pela preposição com; Não há possibilidade de alguém entreter-se por algo. Assim, teremos o tekto corretamente redigido sob a forma Fotografar ê hoje uma brincaãeiln, com a qual se entretêm milhões de pessoas, erri todos os lugares. \
(D) Correto. O jverbo circunscrever, empregado com sentido de limitar,\restringir tem emprego transitivo direto je indireto, sendo seu comple-j mento indireto regido pelas preposições a ou em. Desse modo, õ pe-| ríodo Quase todo mundo tira fotos, mas à arte da fotografia ainda ££j circunscreve aos que de fato são talentosos nenhum equívoco apresen-l ta. Apontamos, nele» a existência de três orações, a saber: Quase todol mundo tira \fotos% mas a arte da fotografia ainda se circunscreve aos ej que de fato 'são talentosos. O fato que ensejou o presente comentário! está ocorrendo na segunda oração, ná qual se nota para a formaiver-j bal circunscrever objeto direto, indicadb pelo pronome oblíquo se, e objeto indiijeto, indicado pelo vocábulo aos, resultante da combina ção da preposição a com o pronome demonstrativo os. Esta é ajres posta da questão, i ; j í
(E) Incorreto. Q substantivo acesso .rege a preposição a. Retificado o textojteremos A produção e difusão de imagens constituem operações a que hoje todos têm fácillacesso. . j
É preciso corrigir, em nível estrutural» a tellação da seguinte frase: j I : ; j - ■
(A) Tem-se uma sensação de vaga melancolia que nos costuma passar agravidade daquelas velhas fotos amareladas. j
(B) A gravidade das pessoas fotografadas dá-nos a impressão de que se encontram tomadas pela melancolia. j - -
(C) Folhear os velhos álbuns de fotografias jé uma experiência que nós dá|a sensação de estarmos viajando no tempo. !
(D) Um forte sèntimento de melancolia pode tomar conta de nós, se fo-jlhearmos os antigos álbuns de fotografias. |
(E) Quem não gosta dé mergulhar no passado deve poupar-se de folhearesses velhos e melancólicos álbuns de fotografias. i
57 i Portüguê^
Boa questãolO item (A) apresenta-nos texto que, considerada a disposição em que surgiram seus diversos componentes, é ambíguo. Pode-se interpretar, em primeiro lugar, a expressão a gravidade daquelas velhas fotos amareladas como objeto direto da locução verbal costuma passar, de regência transitiva direta e indireta. Com essa interpretação, o sujeito da referida locução verbal fica sob encargo do pronome relativo representante semântico de ineJíinco- lia. Isto significará dizer que a gravidade daquelas velhas fotos amareladas tem valor semântico passivo, ou. seja, ela sofre a ação de costumar ser passada pela melancolia, entendida còmo o agente da ação.Em oütrá pèrcepçãoj qtiè nót párecem a^ o teordo téxtò lido e fundàmeiita ãs questões de 13 á 20 - entre ás qúáis, obviamente, se insere a que oràèsíudàmos 4 poderemos pércèber em á gràvidade daquelas velhasfotós cimàreládás ò papel de sujeito dá locução verbal já referida. Nesse caso, tètíámós còmo objétó direto da mesma locução 6 pronome relativo que, ainda representánte sémâriticò de melancolia, oque nós levaria a entender que a gravidade daquelas velhas fotos amareladas desempenha o papel de agente da ação de costumar ser passado, cújo paciente, agora, passaria a ser melancolia - indicada pelo pronome relativo mencionado.Essa dubiedade interpretativá resüítou do fátó de se ter deslocado o sujeito a gravidade daquelas velhas fotos amareladas, para posição posterior à locução verbal costuma passar, bem çòmò dá antecipação do objeto indireto da mesma locução, indicado pelo pronome obHquo átono.nos,Para se evitar essa ausência de claréza .de ménsagem, alteraremos a estrutura do período, com a colocação do sujeito e do objeto indireto mencionados
: em suas posições mais freqüentes, vále dizer, antes e após do verbo» respectivamente. Encontraremos, com essa medida, o seguinte texto, completamente isento de ambigüidades:Tem-se uma sensação de vaga melancolia que a gravidade daquelas velhas
fotos amareladas costuma passar-nos.As demais alternativas não sé apresentam com necessidades de correção, apresentando mériságens daràmenté' dispostas.
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Prova 2 - Anaíista Judíciário/Tribunaí Regtonaí do Trabalho da 4a região/FCC/2009
20* Quem não gosta de fotos antigas, não busque essas fotos nos velhos álbuns, nesses velhos álbuns nos qúais nossos avós colecionavam aquelas fotos cóm todo o amor.
Evitam-se as viciosas repetições do texto acima substituindo-se os elementos sublinhados, na ordem dada, por:
(A) busque a elas ~ em cujos - colecionavam as mesmas;(B) as busque - aonde - as colecionavam;(C) lhes busque - nos quais - colecionavam-lhes;(D) busque a elas ~ onde - lhes colecionavam;(E) as busque - em que - as colecionavam.
A presente questão aborda conhecimentos de regência verbal e de colocação pronominal.Ê modelo de questão muito presente nas provas de Língua Portuguesa elaboradas pela banca examinadora da Fundação Carlos Chagas.Ao promovermos as pronominalizações dos fragmentos textuais sublinhados, deveremos, então, estar atentos não só às regências, como também, às colocações pronominais.Vamos transcrever o texto original, já’com as passagens destacadas devidamente representadas por formas pronominais. Quando possível, apontaremos as soluções diversas para um mesmo fragmento:Quem não gosta de fotos antigas, não as busque (1) nos velhos álbuns, nos quais (ou em que) (2) «ossos avós as colecionavam (ou colecionavam-nas) (3) com todo o amor;São as seguintes as razões que nos levaram a adotar as formas acima:1. Em (1) temos a obrigatoriedade do emprego assinalado: a regência tran
sitiva direta da forma verbal busque, considerando-se que a expressão a ser pronominalizada é fotos antigas, exige a presença do pronome oblíquo átono as. Por outro lado, a presença do advérbio não impõe a obrigatoriedade da próciise.
2. Em (2) temos as possibilidades de emprego de nos quais ou de em que, ressaltando-se a inevitável presença da preposição em - lembremo-nos
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Provas Comentadas da FCC
de que em no qual a preposição está contraída com o pronome relativo para que se reja devidamente o adjunto adverbial de lugar relativo à
forma verbal colecionavam.3. Em (3), a pródíse facultativa resulta da presença de um sujeito com nú
cleo substantivo - avós - imediatamente antecedente do verbo.
O item em que se nota apresentação acertadamente combinada das possibilidades ora descritas é (E),
Gabarito oficial preliminar
01) c 06) B 11) B 16) E02) D 07) C 12) A 17) B03) E 0B) D 13) C 18) D04) B 09) A 14) D 19) A05) A 10) E 15) B 20) E
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| Prova 3
AmalibtaSiiperior:III/Infiraeroi/FCC/2Q09
Atenção: Para responder às questões de números 01 a 10, considere o texto abaixo,
s ! O primeiro voo! i
Mais do que um marinheiro dé primeira viagem, o passageiro de pri- meko voo leva consigo os tastintose os medos primitivos de uma espécie criada para andar sobre a terra. As águas podem ser vistas como extensão horizontal jde caminhos, que se exploram pouco a pouco: aprendei
s se a nadar e a navegar a partir da segurança de uma borda, arrostando j se gradualmente os perigos. Mas um voo éjcoisa mais séria: há o desafio radical da subiàa, do completo desligamento da superfície do planeta, e há o momento jcrucialjdo retomo, da reconciliação com o solo. Se a rotij na das viagens jaéreas banalizou essas operações, nem por isso o passaj
io geiro de primeira viagem deixa de experimentar as emoções de um hej roico pioneiro.] ' ' |'; !
Tudo começa pelo aprendizado dos procedimentos iniciais. Q novato pode confundir bilhete com càrjtão de embarque, ignora as siglas das placas e monitores dó aeroporto, atordoa-se com os avij-
15 sos e as chamádas dai locutora invisível. Já de frente para a escada dol i . 1avião, estima» iincrédulo, quantas toneladas de aço deverão flutuar á quilômetros d|s altura - com ele dentro, localizada a poltrona, áfivei lado o cinto com mãos trêmulas, acompanha com extrema atenção as estudadas instruções da bela comissária, até perceber que ele é a
20 única testemunha da apresentação: os demais passageiros (mal-eduj- cados!) leem Jòrnai ou conversam. Quando enfim os motores, já na cabeceira da pista, aceleram para subir é arrancam a plena potência, ele se segura nos brados dá poltrona e seu corpo sè retesa na posição seja-o-que-Deus-quiser. j |
25 Atravessadas as nuvens, encanta-se com o firmamento azul e nãò tira os olhos da janela - até perceber que é um embevecido solitário. Alguns buscam cochilo, outros conversam animadamente, todos ignoram o milagre.
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Pouco a pouco, nosso pioneiro vai assimilando a rotina do voo, degusta o lanche com o prazei: déum inéninó diàníé dá mérèndà, depois prepara-se
30 para o pouso nà mesma posição que assumirá xta decolagem. Tudo consumado, resta-lhe descer a escada, bater os pés no chão da pista e convencer-se de que o homem é um bicho éstiánho, destinado a imaginar o irrealizávei só pelo gosto de vir a realizá-lo. Nos voos seguintes, lerá jornal, cochilará e pouco olhará pela janela, que dá para o firmamento azul.
(Firmino Alves* inédito)
01, Atente para as seguintes afirmações:
I. No Io parágrafo, o segmento arrostando-se gradualmente os perigos tem o sentido de prevenindo-se passo a passo contra os riscos.
II. No 2o parágrafo, o segmento estima, incrédulo tem o sentido de apreciai duvidoso.
III. No 3o parágrafo, o segmento é um embevecido solitário tem o sentido de é o único enlevado.
Em relação ao texto, está correto o que se afirma SOMENTE em:
(A) I;(B) Hs(C) HIj(D )íe II ;(E) H eIII.
Verifiquemos o acerto ou não de cada uma das assertivas dispostas de I a 10:
I. Incorreto. Podemos ler no Dicionário Aurélio (versão eletrônica) que arrostar é sinônimo de Olhar defrente, encarar, sem medo; afrontar, fazer face a. Assim, o fragmento prevenindo-se passo a passo contraos riscos tem o mesmo sentido de, por exemplo, encarando-se, gradativamente, os perigos.
II. Incorreto. Na passagem indicada, o verbo estimar está empregado com sentido de avaliar: O adjetivo incrédulo, por sua vez, refere-se à qualidade do que não crê. Uma possibilidade de parafrasear corretamente o fragmento seria avalia, descrente.
III. Correto. O adjetivo embevecido diz respeito àquele que sofre um embe- vecimento, vale dizer, um êxtase, um enlevo. A paráfrase configurou- se, assim, correta.
Está correta unicamente a afirmativa contida no item I.
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Prova 3 - AnaJista Superior ltl/lnfraero/FCC/2009
02. Ao detalhar e comentar as experiências de um passageiro imaginário, oautor do texto vai qualificando a evolução de suas reações, deixando clara a tese de que, ao fim e ao cabo,(A) a consumação de um ato heroico inspira novas ousadias.(B) a reiteração de um feito transmuda o encantamento em indiferença.(C) o espírito heroico do pioneirismo dá lugar ao sentimentalismo piegas.(D) o fascínio de uma aventura coletiva se converte em aflição individual.(E) a expectativa dos grandes desafios leva a uma inesperada frustração.
Analisemos cada uma das alternativas da presente questão:(A) Incorreto. Não se pode entender, da leitura do texto, que o ato de viajar
de avião pela primeira vez, embora desconfortável - e mais ainda para os que o fazem pela primeira vez já que se rompe a lógica física dos pés no chão, o que se demonstra textualmente com a expressão seu corpo se retesa na posição seja-o-que-Deus-quisei\ venha a se constituir na consumação de um ato heroico. E, ainda que momentaneamente o candidato assim pensasse, não lhe seria permitido admitir que uma nova viagem aérea constituiria exemplo de novas ousadias, eis que, pelo que íemos, na segunda viagem o passageiro adota os mesmos atos de indiferença observáveis nos demais passageiros.
(B) Correto, Como vimos, tomando-se a primeira viagem de avião como um feito que demandou algum desconforto para o viajante incipiente, na segunda oportunidade, como frisamos no comentário da alternativa anterior - inspirados pelo fragmento textual Nos voos seguintes, lerá jornal, cochilará e pouco olhará pela janela, que dá para o firmamento azul - sua atitude será a de encarar o feto não mais como um feito, mas como uma rotina que ele cumprirá como todos os demais passageiros.
(C) Incorreto. Não se pode vincular a atitude que traduz sensação de rotina com sentimentalismo piegas. Por outro lado, insistimos em não aceitar - ou em achar excessiva - a caracterização da primeira viagem aérea como algo que sequer se aproxime do espírito heroico do pioneirismo.
(D) Incorreto. Não há menção a qualquer aventura coletiva, no texto lido. Também não se observa passagem que permita chegar-se à conclusão de que teria ocorrido uma aflição individual
(E) Incorreto. As idéias de grandes desafios e de inesperada frustração ine- xistem no texto. Percebe-se, isso sim, a sensação de ficar-se frente a frente com algo novo e não natural para o homem, representado pelo desligamento físico do planeta, e a percepção de que, em uma segunda oportunidade, tudo já se terá convertido em rotina.
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Provas Comentadas da FCC
03. No contexto do primeiro parágrafo, entre as expressões marinheiro âe primeira viagem epassageiro âe primeiro voo esíabelece-se uma relação de
(A) sucessivas alternâncias, pois ora se está caracterizando uma, ora se está caracterizando a outra.
(B) antagonismo de sentido, uma vez que o imobilismo de uma situação se opõe ao dinamismo da outra.
(C) analogia de sentido, em que se ressalta, todavia, uma diferença marcante entre as situações a que se referem.
(D) subordinação de sentido, uma vez que o entendimento da primeira expressão depende da compreensão da segunda.
(E) semelhança meramente formal, pois o sentido da primeira em nada lembra o sentido da segunda.
As expressões marinheiro de primeira viagem e passageiro de primeiro voo apresentam como ponto de tangência o fato de designarem pessoas que se propõem realizar, pela primeira vez, o ato de se deslocarem de um lugar para outro, com os naturais receios que acometem aos dois. Há, contudo, uma diferença crucial entre elas apontada no texto: enquanto para o marinheiro a viagem no mar representa, de certa modo, a continuidade do caminho que naturalmente trilharia na terra, uma vez que os mares representam, fisicamente, a continuidade da terra, para o passageiro de primeiro voo surge o fato desconcertante de, pela primeira vez, desligar-se do solo, em situação que afronta a gravidade e, mais ainda, a ideia de que estará a quilômetros de altura e no interior de uma aeronave que pesa algumas toneladas.Assim, lemos alternativa (C), na assertiva analogia âe sentido, em que se ressalta, todavia, uma diferença marcante entre as situações a que se referem, a resposta da questão.Os demais itens contém assertivas que não se aproximam da resposta.
04. Na frase a rotina das viagens aéreas banalizou essas operações3 o sentido do verbo banalizar é equivalente ao sentido que assume o verbo sublinhado em:
(A) O progresso trivialízoa experiências que eram vistas como temerárias.(B) A nova diretoria restringiu algumas das iniciativas programadas.(C) A agência de turismo fez de tudo para popularizar seus planos de viagem.
Décio Sena 64
Prova 3 -Analista Superior !fl/!nfraero/FCCÍ2009
(D) O comandante vulgarizou-se ao se dirigir daquele modo à tripulação(E) A companhia apequenou seus novos projetos diante da crise.
Vejamos cada um dos verbos propostos para que, corretamente, se substituíss^a forma verbal banalizou no excerto colhido np texto: j
(A) Correto. Còmo sabemos, o adjetivo trivial, faz menção ao que é cor mum, normal, rotineiro, corriqueiro. Askím, a forma verbal triviàlizou está empregada com o mesmo sentido aiitecedentemente descrito comç banalizou. Esta é a< resposta da questão, j:
(B) Incorreto. Restringir é verbo que significa, entre outras acepções, limita(C) Incorreto. Ào se dizer que a agência âè Uirismofez de tudo para pópula
rizar seus planos áè viagem, teve-se por ibtento a afirmação de que: houve a tentatrfa de tornar os planos de viagem acessíveis às pessoas, ó que é diferente Be torná-ks corriqueiras, j
(D) Incorreto. O verbd vulgarizar apresentai entre outros matizes semântjf cos, os de propagar, difundir, popularizar, o que não é condizente com a ideia da trifializaçao, ou seja, do ato dè tbmar alguma coisa uma rotina.
(E) Incorreto. Temos em apequenar um verbo que traduz a ideia de diminuir, retirar dimensão, incompatíveis para a substituição do verbo t)iviaiizar,\
l : I05. As normas de concordância verbal estão plenamente respeitadas em: I
: ; l: } í(A) Julgam os novatos que não deveriam assistir aos passageiros o direi
to de permanecerem indiferentes ao espetáculo que se vê pela janela.(B) A expectativa dos novos espetáculos jque sucederão nas alturas faz
com que esses passageiros não tirem os olhos da janeía.(C) A começarem pelos procedimentos básicos iniciais, toda operação
representa um grande desafio para um passageiro de primeiro; vooj(D) O que logl atemorizam os passageirosde primeiro voo, num aero
porto, são| as pequenas providências çjara o embarque. j(E) As nuvens*, o firmamento azul, tudò se lhe afiguram espetáculos no
vos, momentos palpitantes, emoções inesquecíveis. |i V !: l i
Vejamos todosj os itens da questão,:em busck daquela em que se observa plè-no acatamentcj às normas de, concordância jverbal: j
I í í(A) Incorreto.] O sujeito da locução verbal em que figura o verbo assistir
como principal está indicado por o direito. Assim, é obrigatória a flex^o
65 Portíigi/ês
do verbo auxiliar da referida locução na terceira pessoa do singular. O texto ficará corretamente flexionado sob a forma julgam os novatos que não deveria assistir aospasàageiros o direito de permanecerem indiferentes ao espetáculo que se vê pela janela.
(B) Correto. O sujeito da forma verbal faz é a expressão A expectativa dos novos espetáculos, o que justifica o emprego do verbo na terceira pessoa do singular. Por suã vez, ó sujéitò à t siicederão está sendo indicado pelo pronome relativo que - seu imèdiáto áiitécéssof e representante semântico de espetáculos s o que implicá sèu emprego obrigatório ná forma sucederão, de terceira pessoa do plural, Fihálmente, o sujeito de tirem é esses passageiros> daí o emprego verbal na terceira pessoa do plural. Não há o que se retificar na presente alternativa. Esta é a resposta da questão.
(C) Incorreto. O verbo atemorizar tem como sujeito, no fragmento ora estudado, o pronome relativo que, representante semântico do pronome demonstrativo O. Desse modo, há equívoco no emprego verbal em terceira pessoa do plural. O texto será retificado com a redação O que logo atemoriza os passageiros de primeiro voo, num aeroporto, são as pequenas providências para o embarque.
(D) Incorreto. Temos, nesse item, um fato gramatical de certa forma comum: sujeitos compostos e antepostos aos verbos, quando finalizados em palavra resumitiva, concordam com tal palavra* É exatamente o que está ocorrendo no texto relativo a esta alternativa, no qual o sujeito está apontado por As nuvens, ofinnamento azul, tudo„ O verbo, ao concordar com o pronome indefinido tudo, què resume a informação prestada pelos núcleos do sujeito, deve surgir eiri singular. Após retificado, o texto surgirá na forma As nuvens, o firmamento azul, tudo se lhe afigura espetáculos novos> momentos palpitantes, emoções inesquecíveis.
06. Está clara e correta a redação do seguinte comentário sobre o texto;
(A) Entre a decolagem e a aterrissagem, operações que o deixara tenso, ele se atém a contemplar o firmamento azul, cuja beleza parece hipnotizá-lo.
(B) Parece não haver, para os homens, desejos que não possam realizar-se, mormente quando sua dificuldade os tornam ainda mais inexeqtiíveis.
(C) Uma vez embarcado e vencido a preocupação, a tensão e o temor iniciais, o novato se entretia com o espetáculo cujo desenrolar assiste na janela.
Déclo Sena 66
r iu íb ialISUi JU[>cliy| fUfUlliatWJ/ri~K.féVUSf
(D) A indiferença dos passageiros que leem jornal ou conversam, parece, aos olhos do passageiro dé primeira viagèm, um descazo para a vista aérea.
(E) Tão logo o avião arranca na pista, em face de seu temor primitivo, esses passageiros retesam o corpo, na medida em que está prestes a decolagem.
Analisemos cada um dos itens da questão.
(A) Correto. Nada há a corrigir quanto a questões gramaticais no texto da . presente alternativa, que se mostra, igualmente, clara quanto à mensa
gem que pretende veicular. Esta é a resposta da questão.(B) Incorreto. Houve deslize de concordância verbal no emprego de tornam,
cujo sujeito indicado por sua dificuldade impõe seu emprego na terceira pessoa do singulan toma. O texto ficará corretamente grafado e claro sob a forma Parece não haver, para os homens, desejos que não possam realizar- se, mownente quando sua dificuldade os torna ainda mais inexequíveis.
(C) Incorreto, Está ocorrendo incorreção em aspecto de concordância nominal, caracterizada pelo emprego de vencido, particípio que deve concordar com o substantivo mais proximamente colocado em relação a ele, ou seja, na forma vencida. A recomendação gramatical é exatamente esta: adjetivo ou forma participial anteposta a uma seqüência de substantivos deve concordar com o mais próximo. Alguns admitirão, igualmente, a concordância com o conjunto dos substantivos, o que faria surgir a grafia vencidos. Também ocorre erro no emprego da forma verbal pertinente a entreteri verbo derivado de ter e, por isso, com grafia no pretérito imperfeito do indicativo em entretinha. Há, ainda, necessidade de se promover a correta correlação entre as formas verbais sugestiva de pretéritos, qual seja, entretinha e assistia. Finalmente, lembremos que a regência desse último verbo dtado, ao ser empregado com sentido de ver, presenciar é transitiva direta, o que provoca o surgimento da preposição a regendo o pronome relativo cujo. O texto corrigido apontará Uma vez embarcado e vencida (ou vencidos) & preocupação, a tensão e o temor iniciais, o novato se entretinha com o espetáculo a cujo desenrolar assistia na janela.
(D) Incorreto. Apenas um equívoco surgiu nesta redação: a má grafia do substantivo descaso. Esta correto o emprego da preposição para, solicitada pelo substantivo citado. A frase correta, após a retificação necessária, apontará: A indiferença dos passageiros que leem jomal ou conversam, parece, aos olhos do passageiro de primeira viagem, um descaso para a vista aérea.
67 Português
Provas Comentadas da FCC
(E) Incorreto. Ocorreu equívoco no emprego da locução na medida em que, comumente confundida com à medida que. Relembremos qtíè na medida em que é locução que sugere valor semântico associado à área da causalidade ou da explicação. Por exemplo: Ha medida em que não fo i possível atingir a velocidade ideal na pista, o piloto desistiu da decolagem. Por outro lado, à medida que reporta informação ligada à área da simultaneidade: A medida que o avião ganhava velocidade na pista, ficava mais próxima a decolagem. No texto que ora estudamos, fica clara a necessidade de se empregar à medida que, em vez de na medida em que. O texto ficará retificado em Tão logo o avião arranca na pista, em face de seu temor primitivo, esses passageiros retesam o corpo, à medida que está prestes a decolagem..
07. Considerando-se o sentido do contexto, nas expressões localizada a poltrona e afivelaâo o cinto, as formas sublinhadas poderiam ser precedidas por:
I. conquanto;IL «ma vez;III. tão logo;IV. ao estar sendo.Complementa corretamente o enunciado da questão o que está somente em:
(A) I e II;(B) I le lY ;(C) II e III;(D )Ie n i;(E) le lV ,
Ê imprescindível relembrarmos a passagem do texto nas quais surgem, em seqüência, as passagens localizada a poltrona e afivelado o cinto, para podermos apreender as relações semânticas que as envolvem contextuaimente:(...) O novato pode confundir bilhete com cartão de embarque, ignora as siglas das placas e monitores do aeroporto, atordoa-se com os avisos e as chamadas da locutora invisível Já de frente para a escada do avião, estima, incrédulo, quantas toneladas âe aço deverão flutuar a quilômetros de altura- com ele dentro. Localizada a poltrona, afivelado o cinto com mãos trêmulas, acompanha com extrema atenção as estudadas instruções da bela comissária, até perceber que ele é a única testemunha da apresentação: os demais passageiros (mal-educados!) leem jornal ou conversam.{..)
Décio Sena 68
f l 'Prova 3 - Analista Superior lll/infraero/FCC/2009
I ' iObserva-se que1 os particípios localizada e afivélado surgem em passagem quie narra as dificuldades por que passa um novato em viagens aéreas. Percebemos a menção a ações que'se desencadeiam cronologicamente, da mais antiga para a mais recente: a confusão em não ;d!stínguir bilhete com cartão de embarque, o desconhecimento das siglas existentes nas placas e nos mci- nitores do aeroporto,! o atordoamento com os avisos e chamadas propâ- lados pelos alto-falantes, a constatação doj imenso tamanho da aerònavje que o transpoíjtará, a localização da poltiroiia e o afivelamento do cinto de segurança. Todos essès fatos sucedem-se uns aos outros, em escala teni- poral sucessiva. . . . Sfi importante, U o , ^ e busquemos c o n jv o s que estejam ligados à áreja semântica tradutora de tempo. Assim, pinçamos dentre os que nos foraip fornecidos pela enunciação da questão, utha vez e tão logo, que sugerem exatamente tempo. Observemos como o teito ficaria coeso e coerente coma aplicação dos dois articuíadores escolhidcjs: |
j l [(...) O novato pode confundir bilhete com cartão de embarque, ignoraas siglas das placas\e monitores do aeroporto, atordoa-se com os avisos e as chamadas da locütom invisível: fá de frente f>ara a escada do avião> estima, incrédulo, quantas toneladas de aço deverão flutuar a quilômetros de alturai- com ele dentro.l Uma vez localizada apoltiotla, tão logo afivélado o cinto cotp mãos trêmtdãè, acompanha com extrema atenção as estudadas instmções da bela comissária, até perceber que ele ê q única testemunha da apresentação: os demaíspassdgeiros (mal-educados!) lèem jornal ou conversam.{...)As locuções empregadas encontram-se nós [itens II e GL
I ! •■ • =■ : : [ ' ÍOS. Ao utilizar pela primeira vez um aeroporto, o novato percorre o aero
porto como se estivesse num labirinto, buscando tornar o aeroporto fâ~ miliar aos seus olhos, aplicando seus olhos na identificação das rampas, escadas e corredores em que se sente perdido. ■; j
Evitam-se as viciosas repetições do textoj acima substituindo-se òs elementos sublinhados, na ordem dada, por:j j
(A) percorre-lhe - tornar-lhe - os aplicando;(B) o percorré-o tomar-aplicando-lhes; j j(C) percorre-o- tomár-lhe - aplicando-os;(D) o percorre- torná-lo- aplicando-lhes;j |(E) percorre-o-tomá-lo-aplicando-os. j {
i i ! I •| 1 í j
6 9 í Português
Esta questão tem modelo muito recorrente nas provas elaboradas pela banca examinadorádá Fundação Carlos CKàgás. Envolve conhecimentos de regência e colocação pronominál.Observemos o texto fornecido, com os fragmentos que devem sofrer prono- minalização já apontados:Ao utilizar pela primeira vez um aeroporto, o novato percorre-o (1) como se estivesse num labirinto, buscando torná-lo (2) familiar aos seus olhos, aplicando-os (3) na identificação das rampas, escadas e corredores em que se sente perdido.
Vejamos, agora, as justificativas para as escolhas efetuadas:1. O verbo percorrer tem regência transitiva direta. No texto original, surge
complementado pelo sintagma o aeroporto, seu objeto direto, com núcleo no substantivo aeroporto, indicativo de gênero masculino e número singular. A aplicação do pronome oblíquo átono o é, então, obrigatória. No tocante à sintaxe de colocação, lembremo-nos de que substantivos em papel de sujeito e imediatamente antecedentes aos verbos facultam a prócli- se. O sujeito de percorrer está indicado por o novato, cujo núcleo novato é um substantivo. Isso implica a dupla possibilidade de emprego do pronome citado, quanto à colocação: em pródise ao verbo, o que resultaria em o percorre? ou em ênclise à forma verbal, do qúe resultaria percorre-o.
2. Na locução buscando tornar, o verbo principal tornar tem emprego transitivo direto, o que se mostra com a presença do objeto direto o aeroporto. Pela mesmã razão já citada no comentário do item I, é imperiosa a presença do pronome oblíquo átono o. Agora, entretanto, nada justificaria uma próclise, sendo a ênclise a opção única. Ao ligarmos encliti- camente o pronome referido à forma verbal tornan finalizada em verbo, procederemos ao descarte da sua consoante final, o que fará surgir a forma torná, com obrigatório emprego de acento agudo na vogal tônica a de uma palavra oxítona. Por sua vez, o pronome será alterado graficamente em -lo. Teremos, então, a única possibilidade de pronominalização dessa passagem em torná-lo.
3. Agora temos o verbo aplicar., de regência ainda transitiva direta e empregado em forma de gerúndio: tornando. Seu objeto , direto está indicado pela expressão seus olhos, cujo núdeo olhos é sugestivo de flexão de gênero masculino e de número plural, O pronome a ser empregado é, então, os. Considerado o fragmento em que surge, não há possibilidade de emprego proclítico para o pronome mencionado, o que nos impõe, então, a ênclise obrigatória na forma tornando-os.
Décio Sena 70
Prova 3 — Anaiista Superior íll/lnfraero/FCC/2009
A alternativa que nos apresenta a combinação adequada para as possibilidades acima colocadas está em E.
Está adequada a correlação entre os tempos e os modos verbais na seguinte frase:
(A) Seria mesmo possível que alguém tome o bilhete como cartão de embarque, ou não reconhecesse as mensagens dos monitores?
(B) A quantos não terá ocorrido confundir o bilhete com o cartão de embarque, ou se embaralhando com as mensagens dos monitores?
(C) É possível que um novato venha a confundir o bilhete com o cartão de embarque, ou que ignorasse as siglas que desfilem nos monitores.
(D) Não estranha que um novato confunda o bilhete com o cartão de embarque, ou demonstre ignorar as siglas que desfilam nos monitores.
(E) Não deveria estranhar que um novato confundira o bilhete com o cartão de embarque, ou que ignora as siglas que desfilam nos monitores.
Vejamos todos os itens da presente questão, em busca do que contém textocom correta correlação entre tempos e modos verbais:
(A) Incorreto. Transcrevemos o texto com as devidas retificações: Seria mesmo possível que alguém tomasse o bilhete como cartão de embarque, ou não. reconhecesse as mensagens dos monitores?
(B) Incorreto. Temos de retificar o emprego indevido do gerúndio no final do texto, o que apontari: A quantos não terá ocorrido confundir o bilhete com o cartão de embarque, ou se embaralhado com as mensagens dos monitores'?
(C) Incorreto. Ê necessário alterarmos o emprego do verbo ignorar para o presente do subjuntivo, de modo que se estabeleça seu correto paralelo com ò também presente do subjuntivo encontrado em venha a confundir,: Retificado o texto, teremos É possível que um novato venha a confundir o bilhete com o cartão de embarque, ou que ignore as siglas que desfilem nos monitores.
(D) Correto. Não há o que se retificar no texto da presente alternativa, em que as correlações verbais mostram-se perfeitamente realizadas. Esta é a resposta da questão.
(E) Incorreto. É necessário alterar-se os verbos confundir e ignorar para o pretérito imperfeito do subjuntivo, além de empregar-se o verbo des-
71 Português
Provas Comentadas da FCC
filar em pretérito imperfeito do indicativo, o que faria resultar o texto corretamente redigido: Não deveria estranhar que um novato confundisse o bilhete com o cartão de embarque, ou que ignorasse as siglas que desfilavam nos monitores.
10. Está correto o emprego do elemento sublinhado na frase:
(A) A expressão menino diante da merenda atesta de que há ura prazer algo ingênuo e infantü no passageiro de primeiro voo.
(B) Diante do avião, em ctrio avulta a gigantesca estrutura de aço, o passageiro demonstra sua preocupação e incredulidade.
(C) Áo se valer da expressão Tudo consumado, em cujo grave sentido se manifesta na Bíblia, o autor reveste de solenidade o fmal do voo.
(D) O passageiro novato, na aterrissagem, assumiu a mesma posição de- fensiva a ® ê recorrera na decolagem.
(E) O homem é um bicho de quem a natureza imprimiu; uma obsessiva necessidade de sonhar alto.
Trata-se de questão de regência, com desdobramentos quanto ao corretoemprego de pronomes relativos, ou seja, na sintaxe dos pronomes relativos.É, também, questão freqüente nas provas da Fundação Carlos Chagas.Vejamos todas as alternativas da questão:(A) Incorreto. O verbo atestar tem regência transitiva direta, o que torna
incorreto o emprego da preposição de regendo a oração que funciona como seu objeto direto. A frase retificada restará A expressão menino diante da merenda atesta que há um prazer algo ingênuo e infantil no passageiro de primeiro voo.
(B) Incorreto. O pronome relativo cujo (e suas fíexões) é o único pronome adjetivo relativo, o que significa dizer que está sempre antecedendo um substantivo. No presente texto, temos de empregar um pronome substantivo relativo, vale dizer, um pronome que funcione como um substantivo, e não que esteja ao seu lado. Temos as seguintes possibilidades para a correta redação do texto: Diante do avião, em que (ou no qual) avulta a gigantesca estrutura de aço, o passageiro demonstra sua preocupação e incredulidade.
(C) Incorreto. Embora a escolha pelo pronome relativo cw/o seja legítimo nesse caso, já que o mesmo se relacionaria com o substantivo sentido, a presença da preposição em tomou o texto inaceitável, uma vez que a
DécSo Sena 72
Prova 3 - Analista Superior üJ/ínfraero/FCC/2oj)9l [
expressão jcüjo gràve sentido funciona cbnio sujeito da forma verbãi manifesta. Como saBemos, sujeitos nãO: podem surgir regidos por preposições. O tjexto corretamente redigido se apresentará deste modo! Ao ke valer da expressão Tado consumado} i cujo grave sentido se manifesta na Bíblia, o ãator reveste de solenidade o final do vool
(D) Correto. Em O passageiro novato, na atènissagem, assumiu a mesma posição defeàsiva a que recorrera na dècòlagem justifica-se a presença da preposição a, regèndo o pronome relativo que, em função da regência transitiva Indireta da forma verbal recorrera. Esta é a resposta da questão.
(E) Incorreto,] Optou-se por preposição indevida com o intuito de se reger o objeto indireto :da forma verbal impr imiti, como se mostra por meio da leitura do texto já retificado; O homem é um bicho a quem a riaturf- za imprínpu uma\obsessiva necessidade.de sonhar alto.
Atenção: Para responder às questões de números 11 a 15, considere o texto abais o.
| Reorganização da INERAERO |
O presidente da INFRAERO assegurou que não haverá privatização da estatal. O comunicado foi feito durante; entrevista sobre a contratação de empresa para es tudar a reestruturação da INFRAERO, cuja gestão essaprp- vidênda perniitirá aperfeiçoar. Caberá ao [BNDES coordenar os trabalhas
s dos consultores contratados e submetê-los a apreciação dos conselheiros j “Tudo o que pode ser feito para raeíhorar a empresa, viabilizando
sua entrada do mercado de capitais, já foi aprovado no conselho de administração da INFRAERO”, explicou o presidente. E acrescentou: “jO trabalho do BNDES ivai ajudá-la a se preparar ainda mais para avançar
io nos mercados'nacional e internacional’: | |O presidente do BNDES também se pronunciou: “O que nós queremps
é fortalecer a capacidade de investimento éde desenvolvimento do sistema aeroportuáriíi brasileiro.” Segundo ele, isso só poderá ser feito de maneka articulada com a principal empresa de infraestrutura portuária. I
15 A contratkção dá consultoria está prevista em um termo de cooperação técnica firmado entre o Ministério dia Defesa e o BNDES. Será concedido, aos licitantes vencedores, o pràzp de nove meses para a conclusão dos estudos; |
(Adaptado de mátérla divulgada em março/2009 no site wvw.infraero.gov.br)
73 Portugòês
provas i_omentaaas ua r>-'_
11. A entrevista concedida pelo piesidente da Infraero centra-se, fundamentalmente,(A) no anúncio de que © BNDES oferecerá seus serviços de consultoria
para o aperfeiçoamento de gestão da estatal.(B) na divulgação de medidas jurídicas que possibilitarão a entrada da
empresa no mercado de capitais.(C) no desmentido de insistentes rumores acerca da possível privatiza
ção daquela estatal.(D) no detalhamento das condições de uma licitação para contratar os
serviços de empresa de consultoria.(E) no informe acerca da contratação de consultoria especializada em
reestruturação e gestão empresarial.
A razão primordial para a existência do texto ora estudado está na informação de que a INFRAERO terá sua gestão aprimorada por. elementos que lhe chegarão vindos de empresa especializada em reestruturação.Todas as demais informações dizem respeito apenas a circunstâncias que advirão com o salto qualitativo em seu gerenciamento.A resposta está na alternativa E.
12. Atente para as seguintes afirmações;
L Caberá ao BNDES submeter aos consultores contratados o processo de aperfeiçoamento de gestão promovido pela INFRAERO.
U. As medidas necessárias para o ingresso da INFRAERO no mercado de capitais foram respaldadas pelo conselho de administração.
III. Sendo a principal empresa brasileira do setor, a INFRAERO contará com o apoio do BNDES para o fortalecimento do sistema aeroportuário.
Em reláçãó áò téxto,está correto òqúé se afirma SOMENTE em:
(a ) i; ' '
(B) II;(C) III;(D) I e II;(E) II e III.
Analisemos cada uma das alternativas numeradas dél aHI, com respeito a sua possibilidade de serem apreendidos da leitura do texto.
Décio Sena 74
r iu v c io -rtticuiaut .jupeitur ui/rm raero/r-ct«./’.iUU9
I. Incorreto. A missão do BNDES será a de coordenar os trabalhos dos consúliofès còiiirátaãos e submetê-los à apreciação dos conselheiros,
II. Córrétò. Transcrevemos passagem do texto que referenda a afirmativa presente neste item: uTudo o que pode ser feito para melhorar a empresa, viabilizando sua entrada no mercado de capitais, já fo i aprovado no conselho de administração da INFRAERO”.
III. Correto; Reproduzimos o parágrafo em que se pode atestar a validade da informação veiculada neste item: O presidente do BNDES também se pronunciou: "O que nós queremos é fortalecer a capacidade de investimento e âe desenvolvimento do sistema aeroportuário brasileiro Segundo ele, isso só poderá ser feito de maneira articulada com a principal empresa de infraestrutura portuária.
Estão corretas as afirmativas contidas nos itens II e III.
Atente para as seguintes frases:I. Se o que se deseja, é o ingresso, da INFRAERO no mercado de capi
tais, será preciso contar com o auxílio de uma consultaria especializada, para promover a reestruturação da empresa bem como a melhoria de sua gestão.
II. ,A reestruturação da empresa, assim como o aperfeiçoamento de sua gestão, e tarefa de que se ocupará uma consultoria especializada, a ser contratada proximamente, por meio de licitação pública já prevista em um termo de cooperação técnica.
III. Aproveitando a oportunidade da entrevista concedida, em que se pronunciou acerca da contratação de consultoria especializada, o presidente da INFRAERO asseverou, para dirimir dúvidas, que não se cogita de privatizar a INFRAERO.
Está plenamente adequada a pontuação do que está enunciado em:(A) II e III, somente;(B) II, somente;(C) I ,I I e III;(í>) I e II, somente;(E) I è Ilfc sòméhte.
, Analisemos a pontuação encontrada em cada um dos textos da presentequestão:I. Incorreto. Está incorreto o emprego após o substantivo ingi esso, por sepa
rar o adjunto adnominal da INFRAERO do substantivo citado, ao qual se liga por preposição. Ê de se comentar, por oportuno, o emprego da vírgula
75 Português
Provas Comentadas da FCC
posta após a forma verbal deseja, que encerra uma oração subordinada adjetiva restritiva - que se deseja. Alguns eminentes mestres, era trabalhos de grande prestígio acadêmico, ponderam ser viável o emprego de vírgula ao término de oração subordinada adjetiva restritiva. Fazem menção, quando ocorre esse iato, à existência de orações subordinadas longas contidas em períodos também longos, nos quais a vírgula promoveria uma pausa necessária à enunciação. Não nos parece ser o presente caso, pelo que optamos pela preferência da supressão da vírgula citada. Está correto o emprego da vírgula após o vocábulo capitais, sinalizando término de oração subordinada adverbial antecipada. Está correto, também, a utilização da vírgula no inído de oração subordinada adverbial final, que se inida com para. Essa é uma situação que vem sendo mal compreendida; como os textos de nossas gramáticas fezem menção ao emprego, em geral (grifo nosso), de vírgula isolando as orações subordinadas adverbiais que surgiram em ordem inversa em relação à prindpal, ou seja, antecedendo-as, pressupõem alguns - de forma equivocada - que seu emprego é proibido nas cir- cunstândas, como a presente, em que as subordinadas adverbiais surgem em ordem direta, vale dizer, após as suas prindpais,
II. Correto. As vírgulas que promovem o isolamento da expressão de natureza aditiva assim como o aperfeiçoamento de sua gestão estão perfeitas. Na seqüência isolou-se devidamente uma oração subordinada adjetiva explicativa, reduzida de infinitivo e, dentro dela, promoveu-se o isolamento - facultativo - de um adjunto adverbial.
III, Correto. Observamos o correto emprego de dois pares de vírgulas que promovem a sinalização de existência de orações intercaladas. A primeira delas - em que se pronundou acerca da contratação de consultoria especializada - é subordinada adjetiva explicativa. A segunda - para dirimir dúvidas uma subordinada adverbial final.
Estão corretas as afirmativas existentes em II e III.
14. É predso corrigir, em nível estrutural, a redação da seguinte frase:
(A) Prevê-se o auxilio de ama empresa de consultoria num termo de cooperação técnica, firmado entre o BNDES e o Ministério da Defesa.
(B) Coube à direção dalNFRAJERO, em vista dos rumores sobre a privatização da empresa, esclarecer também que a mesma será reestruturada.
(C) Em sua tarefa de coordenação, caberá ao BNDES viabilizar o ingresso da INFRAERO no mercado de capitais e aprimorar nosso sistema aeroportuário.
Décio Sena 76
Prova 3 - Ánaíísta Superior m/lnfraero/FCÇ/2009
(0) A par de desmentir kiimores sobre aprivatização da INFRAERO, seu presidente anunciou a contratação defuma empresa de consultoria]
(E) Durante à entrevista, foram desmentidos boatos sobre a privatização da INFRAERO e anunciou-se o trâmite de contratação de empresa de consultoria. j
i j iEm Coube à âjreção âa INFRAERO, em\vtstá dos rumores sobre a privatização da empresa, esclarecer também que a mesma será reestruturada, texto contido na ppção (B) da presente questão, observa-se problema quanto à clareza da mensagem, provocado pelo eráprego do vocábulo mesrria, que possibilita duplo entendimento: : j j1. a reestruturação será implementada na impresa, vale dizer, na Infraerb;2. a restruturáção atingirá a própria direçaò da empresa INFRAERO. jl * |De modo a quje se evite a dubiedade semântica apontada, torna-se necessário substituir i vocábulo citadò por um prbnome demonstrativo que, anja- foricamente, fàça clara menção a empresa qu a direção da INFRAERO. jPara expressar-se a primeira das mensagens, empregaríamos o demonstrativo esta: Coube à direção da INFRAERÔ, em vista dos rumores sobre a pk-vatização da empresai esclarecer também qfte esta será reestruturada. |
l } * Caso haja intenção deise apontar a segundajdas mensagens, empregaremos odemonstrativo jag«e/a: Coube à direção da INFRAERO, em vista dos rumores sp-bre aprivatização da empresa, esclarecer também que aquela será reestruturada.Nos demais itins nãoise notem problemas jrausados por má estruturação!
| í • |
15, O verbo indicado entre parênteses deverá flexionar-se numa forma do singular para preencher de modo corretcj a lacuna da frase:
(A) Quanto às normas de contratação da consultoria,______ (dispòr-se) de acordo com um termo de cooperação técnica já firmado. |
(B ) _____ (impor-se), para o ingresso da empresa no mercado dè capitais, reformulações de ordem técnica; e administrativa. 1
(C ) _____ (Convergir) para o ingresso da INFRAERO no mercado jdecapitais as recentes providências para a contratação de um serviço ide consultoria. j |
(D ) _______(caber) aos licitantes vencedores valer-se dos nove meses quetêm de prazo para concluir os estudos. j
(E) A orientação é a de que se______ (submeter) ao BNDES, na condição de órgão coordenador, os trabalhos dos consultores contratados.
77*
Pòrtugiiês
f"fOVtü HCi ítauai ua i '-v-
Yamos transcrever todos os textos existentes nas alternativas de (A) a (E), jácom as lacunas preenchidas/em busca daquele no qual a forma verbal indicada surgirá no singular.
(A) Quanto às normas de contratação da consultoria, dispuseram-se de acordo com um termo de cooperação técnica já firmado. ~ Emprego no plural, levando-se em consideração que o sujeito do verbo dispor está implícito e indicado pela expréssão antecedente normas de contratação da consultoria, com núcleo no substantivo normas.
(B) Impuseram-se, para,o ingresso da empresa no mercado de capitais, reformulações âe ordem técnica e administrativa, -vEmprego de verbo em oração de voz passiva pronominal em concordância com o sujeito reformulações de ordem técnica e administrativa, com núcleo em reformulações, e5 consequentemente, no plural
(C) Convergiram para o ingresso da INFRAERO no mercado de capitais as recentes providências para a contratação de um serviço de consultoiia. ~ Emprego de verbo em plural, de modo a que se providencia sua correta concordância com o sujeito as recentes providências para a contratação de um serviço de consultoria, cujo núcleo está indicado por providências.
(D) Cabe aos licitantes vencedores valer-se dos nove meses que têm âe prazo para concluir os estudos. - Emprego de verbo em singular, considerando-se que seu sujeito está indicado pela oração valer-se dos nove meses. Como sabemos, verbos cujos sujeitos são oracíonais obrigam-se a permanecer no singular. Esta é a resposta da questão.
(E) A orientação é a d e que se submetam ao BNDES, na condição de órgão coordenador, os trabalhos dos consultores contratados. - Emprego de verbo em plural, numa oração de voz passiva pronominal, cujo sujeito está indicado por os trabalhos dos consultores contratados, com núcleo no substantivo trabalhos.
Gabarito oficial definitivo01) C02) B03) C04) A05) B
06) A07) C08) E09) D10) D
11) E12) £13) A14) B15) D
Décio Sena 78
Prova 4
Trabalho ' da 15a Regiio/FCC/2009
Àtencãó: Para responder às questões de números 1 a 10, considere os textos I e l í apresentados a seguir,
. • Texto I Não despertemos o leitor
Os leitores são, por natureza, dorminhocos. Gostam de ler dormindo.Autor que os queira conservar não deve ministrar-lhes o mínimo
susto. Apenas as eternas frases feitas.WA vida é um fardo” - isto, por exemplo, pode-se repetir sempre. E
s acrescentar impunemente: “disse Bias” Bias não faz mal a ninguém, como aliás os outros seis sábios da Grécia, pois todos os sete, como há vinte séculos já se queixava Plutarco, eram uns verdadeiros chatos. Isto para ele, Plutarco. Mas, para o grego comum da época, devia ser a delícia e a tábua de salvação das conversas,
jo Pois não é mesmo tão bom falar e pensar sem esforço?O lugar-comum é a base da sociedade, a sua política, a sua filosofia, a
segurança das instituições. Ninguém é levado a sério com ideias originais.Já não é a primeira vez, por exemplo, que um figurão qualquer de
clara em entrevista:15 “O Brasil não fugirá ao seu destino histórico!”
O êxito da tirada, a julgar pelo destaque que lhe dá a imprensa, é sempre infalível, embora o leitor semidesperto possa desconfiar que isso não quer dizer coisa alguma, pois nada foge ao seu destino histórico, seja um Império que desaba ou uma barata esmagada.
(Mario Quintana. Poesia completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2005. v. único. p. 275-276)
Texto II
Clichês são expressões tão utilizadas e repetidas que se desgastaram e se afastaram de seu significado original. Essa espécie de “preguiça lin-
79
Provas Comentadas da FCC
guística” que poupa esforços, inibe a reflexão e multiplica a passividade entre interlocutor e receptor, permeia todos os níveis da linguagem, da
s conversa de elevador aos discursos políticos, passando, obviamente, pela mídia. Ao usar clichês como muletas do discurso, o testo certamente flui com facilidade - a linguagem, porém, empobrece.
O clichê nasce como uma ideia criativa, mas é repetida à exaustão e se transforma em um cacoete. Ele está inserido num contexto que a gíria
io nunca alcança e o provérbio sempre ultrapassa - a gíria pressupõe vitalidade e o provérbio, ao contrário, já nasce cristalizado. Entre os chavões mais comuns estão as locuções e combinações invariáveis de palavras (sempre as mesmas, na mesma ordem), como “frio e calculista”, “mentira deslavada" e “chuva torrencial”. Esse tipo de clichê está presente na
15 linguagem falada e escrita, seja formal ou informal.O desconforto em relação ao uso de clichês está na denotação de fal
ta de originalidade, exigindo um mínimo de produção e de interpretação. For outro lado, os clichês presentes em um texto, um ülme ou uma conversa apenas são entendidos como tal se os interlocutores tiverem re- ferências em comum. A tensão entre a necessidade de ser entendido e a vontade de fazê-lo com expedientes criativos e originais pode levar, num extremo, à adoção de uma linguagem privada e ininteligível.
Segundo o psicanalista e sociólogo alemão Alfred Lorenzer, o indivíduo se afasta da interação social por conta do uso de palavras-chave, que
25 ele emprega sem pensar no que significam e que recebe e repassa como moeda de mercado. A escassez de significado que marca o clichê representa o empobrecimento da linguagem e, por conseqüência, a incapacidade de interpretar e criticar o mundo sensível dos fatos.
Em outra visão, o sociólogo Anton C. ZijdeNeld defende que “A vida 30 social cotidiana é uma realidade impregnada por convenções e este fato
prosaico constitui a própria base da ordem social. (...) Sem dichês, a sociedade degeneraria num estranho caos”.
(Adaptado de Tatiana Napoli. língua portuguesa. Sao Paulo: Escala Educacional, n° 17. p. 48-51)
01. Ambos os textos:
(A) se aproximam quando se referem a um eventual leitor, que pode estar sonolento ao ler uma obra, e a um autor que, por ser original, se torna incompreensível;
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Prova 4 ~ Ànaiista Judiciário/Tribunal Regionalído Trabalho da 15a Regíão/FCG/2009
(B) estabelecei» uma situação paralela de compreensão mútua entre autor e leitor, no texto I, e entre interlocutor e receptor, no texto H; !
• '■ f(C) são concordes quanto ao fato de que ojlugar-comum dispensa maior
elaboração, quer da parte de quem o repete, quer da parte de quem p lê ou ouve; j |
(D) realçam a (importância da opinião dei certas pessoas, tal como a dl)“âgurão” no texto I, ou a dos especialistas que foram citados, njotexto II; i : j j
! * j(E) apontam ò sucesso incontestável das frases pronunciadas por pesso
as de presàgio, seja nos tempos antigòs, seja na atualidade. |
Vejamos cada uma das alternativas da questão, com vistas a localizarmosaquela em quej se fez assertiva correta, tendo em vista a leitura dos textoslidos: j . : | |
! ; i |(A) Incorreto, !a aproximação sugédda nãojexiste, até porque a eventual di
ficuldade de compreensão provocadaipélo emprego estilístico de clichês resulta nãi de o áutor ser original, e sim por estár, em dada situaçãj}, tentando se-io. ' j' \
(B) Incorreto, jNão há, segundo as ideiasapreensíveis.nos dois textos» umasituação de compreensão, mas tão somènte alheamento do leitor ‘quanto âs mensagens Veiculadas, no textO:I,se incapacidade de compreensão do leitor, rjo segundo texto. ' ; j : |
(C) Correto. Entendèmos que o.emprego do clichê é recurso que, pôr recorrer a situações lingüísticas já esgotadas pela abusiva repetição, abre mão de; maior capacidade' elaborativa. Esta é a resposta daquestão, j [ I
I i • | • : i(D) Incorreto. j A menção ao figurão, feita por Mário Quintana, sustenta] a
tese de que, por falar obviedade, ninguém está prestando atenção áo que diz, ojque contradiz frontalmente jo que se lê: em realçam a importância da opinião, de certas pessoas, tal\como a do “figurão”. j
(E) Incorretol Não M sucesso algum proveniente do expediente de jse lançar mio de frases em que figuram lugares comuns. Na verdade, as mehsagens por ela expressas, por serem óbvias, ganham app- nas a adesão dos ouvintes e/ou leitores que não estão propensos, à reflexão.
.81 Português
02. Fica claro, no texto II, que os cíichês:
(A) podem ser aiormula ideal pára garantir o sucesso literário de um escritor, pois é necessário que ele seja facilmente entendido pelos leitores;
(B) resultam em desconforto para quem fala e também para quem ouve, porque algumas vezes impossibilitam uma perfeita comunicação entre ambos;
(C) são convenções que, por serem originais desde o início, se estabelecem na linguagem, embora nem sempre se estabeleça a comunicação entre os interlocutores;
(D) se estruturam na linguagem cotidiana pela facilidade de entendi' mento, mas geram desconforto nos escritores, necessariamente originais e criativos;
(E) se criam e se mantêm dentro de um universo de referências comuns aos interlocutores, no momento do ato comunicativo,
Fixemo-nos na leitura do fragmento textual transcrito, :.para nos decidir- mos pela resposta para a presente questão:O desconforto em relação ao uso de clichês está na denotação de falta de ori- ginalidàâe, exigindo um mínimo de produção e de interpretação. Por outra lado. os clichês presentes em um texto. um filme ou urna conversa apenas são entendidos como tal se os interlocutores tiverem referências em comum. Â tensão entre a necessidade de ser entendido e a vontade âe fazê-lo com expedientes criativos e originais pode levar, hum extremo; à adoção de uma linguagem privada e ininteligívelLido o texto transcrito, com especial reflexão no fragmento sublinhado, não teremos dificuldade em apontar a alternativa E comò resposta para a presente questão.As demais alternativas não se aproximam do que se pretende.
03. De acordo com o texto II, clichê, gíria e provérbio:(A) podem, eventualmente, confundir-se, como fórmulas prontas de fá
cil compreensão de leitura;(B) se diferenciam por sua própria história, em sua origem e na forma
ção de seu sentido particular;(C) constituem marcas de originalidade em um discurso até mesmo por
vezes pouco compreensível;(D) cristalizam pensamentos que se fixaram e se desgastaram pelo uso
convencional ao longo do tempo;
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* Í W U - f r t M U U J U t V U U JU U M V V M IU U H tU S J V M U M U M IV \ i t i I ^ I N C g ia V /
(B) resultam de transformações no idioma em conseqüência do emprego reiterado em textos formais ou informais.
Um pormenor interessante certamente pouparia tempo ao candidato e lhe mostraria mais rapidamente a resposta procurada: da leitura do texto II, podemos perceber, com clareza, que o clichê, gíria e provérbio são coisas distintas, as quais, por sua vez, cumprem distintas funcionalidades no texto. Não há, então, como igualá-los. Isto é apreensível da leitura dos dois primeiros períodos do segundo parágrafo do texto citado, que transcrevemos:O clichê nasce como uma ideia criativa, mas é repetida à exaustão e se transforma em um cacoete. Ele está inserido num contexto que a gíria nunca alcança e o provérbio sempre ultrapassa ~ agiria pressupõe vitalidade e o provérbio> ao contrário, já nasce cristalizado.Sendo assim, devemos rejeitar alternativas em que nâo se faça menção às diferenças que existem entre os três elementos lingüísticos.A única menção que enfatiza as distinções que há entre clichê, gíria e provérbio surge na alternativa (E), que é a resposta da questão.
04. Identifica-se noção de causa (1) e conseqüência (2), respectivamente, en- tre os segmentos do texto II:
(Á) 1. são expressões tão utilizadas e repetidas;2. que se desgastaram e se afastaram de seu significado original.
(B) l . inibe a reflexão;2, e multiplica a passividade entre interlocutor e receptor.
(C) 1. O clichê nasce como uma ideia criativa;2. más ê repetida à exaustão è se transforma em um cacoete.
(0) 1. Ele èsiá inserido num contexto;2. que a giria nunca alcança e o provérbio sempre ultrapassa.
(E) I. O desconforto em relação ao uso de clichês está na denotação de fa lta de originalidade;2. exigindo um mínimo de produção e de interpretação.
Questão simples.•O fragmento textual de onde foram colhidas as orações contidas na alterna- tiva (À), já com suas orações constitutivas apontadas é [Clichês são expressões tão utilizadas e repetidas] [que se desgastaram] [e se afastaram de seu significado original].
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Provas Comentadas da FCC
Classificando suas orações, encontraremos:1. Clichês são expressões tão utilizadas e repetidas - Oração Principal das
de número 2 e 3.2. que se desgastaram ~ Oração subordinada adverbial consecutiva, com
relação à de número 1.....3. e se afastaram de seu.significado original - oração coordenada sindéti-
ca aditiva, relativamente à de número 2 e oração subordinada adverbial consecutiva, em seu relacionamento com a de número 1.
Podemos, então, observar que feto que se enunda na oração 1 é a causa pro-vocadora dos que se colocam nas orações 2 e 3. Aí está, assim, a relação decausa e conseqüência procurada.
05. 0 4 ” parágrafo do texto II justifica a afirmativa de que:
(A) as frases feitas nem sempre traduzem fielmente as imagens criadas por um escritor j
(B) o lugar-coraum pode, em determinados contextos, assegurar a interação social;
(C) os chavões, devido à combinação invariável de palavras, logram êxito na linguagem;
(D) o clichê é uma expressão desgastada, que denota dificuldade de pensamento críticoj
(E) a incapacidade de interpretar os fetos cotidianos degenera em desordem social.
Vejamos cada uma das alternativas da questão, com vistas a apontarmosaquela em que se faz assertiva fundamentada na leitura do parágrafo citado.(A) Incorreto. O uso da expressão nem sempre permite o pressuposto de
que as frases feitas, eventualmente, poderão traduzir com fidelidade as imagens elaboradas por um escritor, entendimento que ultrapassa o conteúdo do parágrafo lido.
(B) Incorreto. Não há qualquer possibilidade de se admitir essa afirmativa como correta, considerando-se seu total desligamento das ideias textuais.
(C) Incorreto. A ideia de que os chavões possam lograr êxito na linguagem é inteiramente descabida por uma interpretação correta do fragmento textual lido.
(D) Correto. O fato de o clichê ser empregado sem que o seu emissor sequer pense no que significa atesta o desgaste de que se reveste. Por outro lado,
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Prova 4 - Analista Judiciário/Tribunal Regional do Trabalho da 15a Regfão/FCC/2003
o segundo período do parágrafo1 em análise faz clara menção à possibilidade de provocar a incapacidade de critichr o mundo sensível dos fatos
(E) Incorreto. Á menção à possibilidade de j a incapacidade de interpretas os fetos cotidianos propiciar a desordem social está além do que o tex-jto permite entender. : L j
i | í06. O sentido do último parágrafo do texto l í aproxima-se, no texto I, dal
afirmativa:
(A) Os leitores são> por natureza, âorminhòcos;(B) Apenas as ètemas frases feitas;(C) Bias nãofaz mal a ninguém, comoaliás os outros seis sábios da Grééia...i(D) Mas, para à grego icomum da época, devia ser a delícia e a tábua de
salvação dasconversas; I I(E) O Uigar-conium é á base da sociedade, á sua política, a sua filosofia, a
segurança das instituições. j i j
No último parágrafo do texto H, o autor aprisenta-nos uma observação le-j vada a efeito pelb sociólogo Anton G ZijdéNdd segundo o qual as socieda-j des poderiam cjuninhár para o caos, se não houvesse os clichês, dando a entender que os|mesmòs funcionam comoípWo de equilíbrio nas relações entra aqueles que compõem uni corpo sociaLA mesma observação é; encontrada no texto jl, de Mário Quintana, najpas sagem que transcrevemos, e que se encontra jna alternativa (E);O lugar~comum\é a base da sociedade, a sua política, a sua filosofia, a segu rança das instituições. Èinguém é levado a sério com ideias originais. ;
07, O pensamento dos especialistas citados no|s dois últimos parágrafos dc texto II está sintetizado, respectivamente, nas expressões:
(A) falta de originalidade - pobreza de reèursos que permitam intensávida sodal;j ! j
(B) Incapacidade critica - fixação de sentidos que favorece o convíviosocial; r
(C) capacidade de síntese - ausência de originalidade nas relaçõescotidianas; | í I
(D) ausência de valores - manutenção de um contexto comum dereferências; |' : I
(E) exemplo de banalidade - maneira dej garantir a compreensão da realidade
85 Português
Percebemos que, no penúltimo parágrafo, a questão do uso de clichês está sendo discutida com o objetivo preponderante de apontar a impossibilidade de se estabelecer uma visão crítica da sociedade, se seus integrantes ve- em-se empobrecidos pela linguagem que advém do emprego dos chavões.No último parágrafo, fica patente que, sendo as sociedades regidas por convenções, o emprego dos clichês favorece a manutenção dessa ausência de originalidade, o que termina por propiciar melhor contato social.
08. - a linguagem, porém, empobrece. (Io parágrafo - texto 11)
O segmento Isolado pelo travessão indica, no contexto,
(A) repetição insistente da afirmativa ihiriál dò texto.(B) explicação redundante dá expressão muletas âo discurso,(C) comentário desnecessário, cajo sentido está implícito no parágrafo.(D) afirmativa que restringe o que fõi dito anteriormente no período.(E) ressalva a todo o desenvolvimento do parágrafo.:
, Observemos todas as afirmativas presentes nos itens de (A) a(£):=:
. (À) Incorreto. O fato de a linguagem , sofre processo de empobrecimento, como está claramente dito no fragmento isolado pelo .travessão, não surgira de modo explícito em passagem alguma do parágrafo, muito menosem sua afirmativa i n i c i a l . . ...... ,■ .-
(B) Incorreto. O fragmento a linguagem, porém, empobrece não nõsexplica o que são muletas âo discursói Xiú:verdade artifícios coíri que òs usuários de uma língua, pór repetirem éxpréssòès cristáiizàdas, fogem a qualquer possibilidade de construírem linguagem criativa. ■
(C) Incorreto. Lòngédé sér desnecessário, ó fragmento quesurge após o travessão tambémnao teve seusentidópostoem liível irriplícito no ixanscurso do parágrafo, cÓriiò já afirmámos no comentário dá teriiàtiva (Á)...
(D) Correto. A. .expressão a Zí/ígaflgem porert enípoòrece funciona, no tex-. ;. to, como um contrapeso ;pará o qúe, imediatámenté em àüa-ántedência,. ;:,.estabeléceú-se:.còm: a.afirmativa; o texto çerfàmenteflúi coifi facilidade.
...;:Esta.é.ajespostadaxiuestão.i;;-::U:.r:;;;::-f; (E) Incorreto. Nos comentários relativos âõé itens!(À) e (G)/já^nòs pronun
ciamos eorii respeito áó fato dê 6 fràgmèntò -textuál não áêr pertinente •ao cóntèüdò total dó parágrafo; :
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Prova 4 - Analista Judiciário/Tribuna! Regional do Trabalho da 15a Região/FCC/2009
09. Pois não é mesmo tão bom fa lar e pensar sem esforço? (4o parágrafo - texto I)
A questão acima encontra, no texto Ií> observação de sentido idêntico no segmento:
(A) Essa espécie de “preguiça lingüística” que poupa esforços, inibe a reflexão e multiplica a passividade entre interlocutor e receptor, permeia todos os níveis da linguagem ...
(B) O clichê nasce como uma ideia criativa, mas é repetida à exaustão e se transforma em um cacoete.
(C) Entre os chavões mais comuns estão as locuções e combinações invariáveis âe palavras (sempre as mesmas, na mesma ordem), como “fr io e calculista” “mentira deslavada” e “chuva torrencial”.
(D) O desconforto em relação ao uso âe clichês está na denotação de fa lta âe originalidaâe...
(E) Por outro lado, os clichês presentes em um texto, um film e ou uma conversa apenas são'entendidos como tal se os interlocutores tiverem referências em comum.
A possibilidade de fazer-se dos atos de escrever e falar simples procedimentos mecânicos, que não nos exigem qualquer investimento de raciocínio está presente no fragmento colhido do texto 1 e, também, no que se mostra no item (A) da presente questão.Observemos, inclusive, a utilização, nas duas passagens textuais, das expressões sem esforço (texto I) e poupa esforços (texto II).Ressaltamos, apenas, que no item (A) da presente questão, além de se repetir tal passagem, promoveu-se a ampliação de seu significado com a passagem , inibe a reflexão e multiplica a passividade entre interlocutor e receptor:
10, A afirmativa do texto I empregada com sentido conotativo é:
(A) Gostam ãe ler dormindo.(B) Apenas as eternas frases feitas.(C) Bias não faz mal a ninguém...(D) Ninguém é levado a sério com idéias originais.(E) “A vida ê um farâo3>...
Em “A vida é um fardo” temos uma metáfora, figura de palavras que se caracteriza por apresentar-nos comparação implícita. É exemplo caracte-
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Provas Comentadas da FCC
rlzador de passagem em que os vocábulos não devem ser tomados em sentido literal - vale dizer, denotativo mas apreendidos em sentido alegórico, o que é a característica da linguagem conotativa. A resposta está na alternativa (E).Nas demais alternativas, nota-se, unicamente, emprego denotativo vocabular.
Gabarito oficial definitivo
01) C 06) E02) E 07) B03) B 08) D04) A 09) A05) D 10) E
QO
Prova 5
Agente de Fi^calüação Financèira/TCE-SP/2008
As questões de núméros 1 a lO baseiam-se no texto apresentado abaixo.í \ ‘j O futuro do nosso petróleol - \
A recente confirmação da descobertajánunciadà inicialmente em 2006, de reservas expressivas de petróleo leve de boa qualidade e gáís na Bacia de Santos é uma notícia auspiciosa para todos os brasileiros. A possibilidade técnica de extrair petróleo a inais de 6 mil metros de pro-
5 fundidade eleva o prestígio que a Petrobras já detém, com reconhecido mérito, no restrito clube das megaempresasimundiais ide petróleo e energia, onde é vistá com o a pequena, mas muito respeitada, irmã, [...]
O Brasil tem umagrande oportunidade à frente, por dois motivos. Mais do que com dificuldades de exploraçãòe de extração, o mundo so-
io ire com a falta de capacidade de refino moderno, para produzir derivados com baixos teores de enxofre e aromáticos. ÍAo mesmo tempo, confirma- se em nosso hemisfério ia cruel realidáde dê que as reservas de gás de Bahia Blanca, ao sul de Buenos Aires, se estão esgotando. Isso sem contar ò natural aumento 4a demanda argentina porgás. Estas reservas têm sido, até
is agora, a grande fonte de suprimento de resinas termoplásticas para toda a região, sendo [cerca de um terço delas destinado ao Brasil. A delimitação do Campo de Tupi e outros adjacentes na Bacia de Santos vem em ótima hora, quando estesdois fantasmas nois assombram, abrindo, ao mesmo tempo, novas oportunidades. O gás assodado de Tupi, na proporção
20 de 15% das reservas totáis, é úmido é rico em etano, excelente matéria-prima para a petroquímica. Queimá-lo em usinas térmicas para gerar elètri- ddade ou para uso veicuíar seria um enormje desperdício.
Outra opositunidade reside em investimentos maciços em capaçida-j de de refino. O mundo está sedento por gasolina e diesel espedais, maisj
25 limpos, menos (poluentes. O maior focoídésta demanda são os Estados; Unidos, que consomem 46% de toda a gasolina do planeta, mas esta ê uma tendêndajque se vem espalhando como fogo em palha. O Brasil ainda tem a felicidade de dispor de etanoí de biomassa produzido déforJ ma competitiva, que póde somar-se aos derivados de petróleo para gerar
30 produtos de altb valor ambiental. ' . | j(Adaptado de Plínio Mario Nastari. O Estado de S. Pauló, dconomia, B2» 28 de dezerobro de2007Í
R9
provas uomemau«u> ua. r\_l-
01. Queimá-lo em usinas térmicas para gerar eletricidade ou para uso veicular sèria um enòriüé desperdício, (final do 2o párágrãfó) ;A opmiãodo articulista no segmento transcrito acima sé justifica pelo fato de que:
(A) na Argentina, além dé haver aumento da demanda por petróleo, as reservas de gás encontram-se era processo de esgotamento;
(B) os Estados Unidos são os maiores consumidores da gasolina produzida no planeta, tendência que ainda vem aumentando;
(C)as possibilidades técnicas de extração de petróleo a mais de 6 mil metros de profundidade ampliam o prestígio mundial da Petrobras;
(D) ás reservas recém-désçòbértás na^Bátía dé Sáíitòs cóhiém gás de ex-
(E) o Brasil dispõe de etanol debiomassa que,somado aos derivados de petróleo, diminui apohiiçãodomeio ambiente.
Transcrevemos o fragmento textual contido no segundo parágrafo que em- basará a resposta para esta questão:“O gás associado de Tupi, na proporção de 15% das reservas totais, é úmido e rico em etano, excelente matéria-prima para a petroquímica (grifo nosso). Queimá-lo em usinas térmicas para gerar eletricidade ou para uso veicular seria um enorme desperdício ”Não sèrá difícil a indicação da alternativa D (as reservas recém-descober- tas na Bacia de Santos contêm gás. de excelente qualidade para a indústria petroquímica) para que se justifique a afirmativa contida no enunciado da questão {Queimá-lo em usinas térmicas para gerar eletricidade ou para uso veicular seria uni enorme desperdício).
02. O Brasil tem uma grande oportunidade à frente, por dois motivos, (início do 2o parágrafo)Ocorre no contexto a retomada da afirmativa acima na frase:(A) Mais do que com dificuldades de exploração e de extração...(B) ... para produzir derivados com baixos teores de enxofre e aromáticos.(C) Estas reservas têm sido, até agora, a grande fonte de suprimento de
resinas termoplásticas para toda a região...(D) Estas reservas têm sido, até agora, a grande fonte de suprimento de
reservas termoplásticas,..(E) A delimitação do Campo de Tupi e outros adjacentes na Bacia
de Santos vem em ótima hora, qúàüdó estes dóis fantasmas nos assombram... ' .................................
Dédo Sena 90
• w vur ^ •• / \ 5 w 1 1 u u u » i j u a i f r - a ^ a u r i l f c u i m i f d / í W C - ^ r / ^ U L / O
Lemos no enunciado da questão: O Brasf/ tem uma grande oportunidade à frente, por dois (grifo nosso) motivos,Este fragmento abre o segundo parágrafo. Na seqüência, o articulista expõe as grandes dificuldades momentâneas na área petrolífera, que são a dificuldade na exploração e na extração do petróleo, além da incapacidade de refino moderno para produzir derivados com baixos teores de enxofre e aromáticos e a perspectiva de esgotamento das reservas petrolíferas da Argentina.Deste modo, a delimitação do Campo de Tupi e de outros adjacentes na Bacia de Santos surge em excelente momento, uma vez que nos proporcionarão novas oportunidades.
03. Isso sem contar o natural aumento da demanda argentina por gás. (2o parágrafo)O pronome grifado substitui corretamente, considerando-se o contexto,
(A) as dificuldades de exploração e extração de petróleo.(B) o esgotamento das reservas argentinas de gás.(C) a produção de derivados com baixos teores de enxofre e aromáticos.(D) a grande oportunidade coraeirciai que o Brasil tem pela frente.(E) a exportação de gás da Argentina para o Brasil.
Vejamos o início do segundo parágrafo do texto desta prova, no qual se situa o pronome demonstrativo requerido no enunciado da questão:O Brasil tem uma grande oportunidade à frente, por dois motivos. Mais do que com dificuldades de exploração e de extração, o mundo sofre com a falta de capacidade de refino moderno, para produzir derivados com baixos teores de enxofre e aromáticos. Ao mesmo tempo, confirma-se em nosso hemisfério a cruel realidade de que as reservas de gás de Bahia Blanca, ao sul de Buenos Aires, se estão esgotando. Isso sem contar o natural aumento da demanda argentina por gás.Podemos observar que o demonstrativo em destaque retoma a informação antecedente - a de que as reservas de gás de Bahia Blanca, ao sul de Buenos Aires, estão-se acabando ao mesmo tempo que prepara o leitor para uma afirmativa agravante à informação lida.A resposta da questão está, assim, na alternativa B: “o esgotamento das reservas argentinas de gás”
91 Português
Provas Comentadas da FCC
04. O emprego das vírgulas assinala a ocorrência de uma ressalva em;
(A) ...onde é vista como a pequena» mas muito respeitada, irmã.(B) ...que a Fetrobras já detém, com reconhecido mérito, no restrito
clube...(C) ...de que as reservas de gás de Bahia Blanca, ao sul de Buenos Aires,
se estão esgotando.(D) ...abrindo, ao mesmo tempo, novas oportunidades.(E) O gás associado de Tupi, na proporção de 15% das reservas totais, é
úmido e rico em etano...
Inicialmente, vamos recorrer a dois dos nossos melhores dicionários com vistas ao significado do verbete “ressalva”:
Houaiss1 observação escrita para emendar o que se escreveu erradamente ou para
tornar válida a inserção de palavra ou trecho.1.1 nota para validar rasuras ou emendas em documentos.
2 cláusula que modifica termos de um contrato,3 certidão que prova isenção dos deveres militares ou eleitorais.4 declaração por escrito visando à segurança de uma pessoa.5 restrição, exceção, reserva.
Aurélio1. Certidão que atesta a isenção do serviço militar ou dos deveres eleitorais.2. Nota destinada a corrigir erro naquilo que se escreveu ou publicou.
[Cf., nesta acepç., errata (1).]3. Documento para garantia de alguém ou de algo.4. Exceção, reserva, restrição.5. Cláusula restritiva.Da leitura atenta dos significados para o verbete propostos pelos excepcionais dicionários apontados, fica a percepção de que a ressalva é feita quando se quer emendar alguma passagem textual Entenda-se aqui emendar não como necessariamente retificar, mas validar, atestar a veracidade, dar- se peso a uma afirmativa.À partir desta compreensão, observemos a seguir, os diversos itens da questão:
Décfo Sena 92
!■■ ■ ■■ • 4 : I(A) A expressão wmas| muito respeitada” interposta entre “pequena” e“irmã”, de que se 'separa por vírgula, semanticamente traduz que a| Petrobras, quando comparada a megaeiàpresas doramo petrolífero, é merecedora; de respeito, apesar de ser considerada pequena. Isto impli-I ca dizer que o adjetivo “pequena” foi, dej certo modo, matizado em seu significado,|ou melhor, teve seu significado denotativo atenuado. Houvé uma visível (ressalva, então, neste item, que é a resposta da questão, j
(B) Temos, neste caso, ò emprego de vírgulas para isolar um adjunto adver-jbial. Não há qualquer ressalva no fragmènto. j
(C) A expressão “ao sul de Buenos Âires” apenas localiza as reservas de gásmencionadas Trata-se de emprego dè vírgulas que, isolando adjunto adverbial intercalado, põém-íio!em destaque. Nãò há ressalva. |
(D) Mais uma incidência de adjunto adverbill isolado pôr vírgulas para quese lhe dê ênjfase estilística. Não há ressalta na passagem. !
(E) A expressãò “na proporção dei 15% dka.reservas totais” não promoveressalva, más explica em que termos se faz a associação mencionada. I
i i !• !I- .! - M - ■■ I
05. Mais do que com dificuldades de exploração e de extração» o mundo sojfre com a falta de capaddade de refino moderno, para produzir deriva|dos com baixos teores de enxofre e aromáticos. (2a parágrafo) !! : ! íA afirmativa acima aparece reescrita em outras palavras, com clareza ecorreção, sem alteração do sentido original, em: j
(A) São maiores as dificuldades de exploração e de extração de petiróleóno mundo,; além da capaddade de refino moderno, com baixos teores de enxofre e aromáticos, j j
(B) A necessidade de refino moderno para produzir derivados comibaixos teores de enxofre e aromáticos iguala as dificuldades de ex- tração e <kj produção. : j \ \
(C) A falta de capaddade de refinò moderno para a produção de deriva!-dos com bdixos teores de enxofre e aromáticos supera as dificuldade;» de exploração e de extração do petróleo. j
(D) As dificuldades de exploração e de extração no mundo estão na capaj-ddade de Refino moderno, para produzir petróleo com baixos teores de enxofre|e aromáticos. M |
(E) A exploração e a éxtração de petróleo nó mtmdosofre com a falta dkcapacidade de refino moderno, com derivados com baixos teores <k enxofre e aromáticos. 1 :
Prova 5 - Agente deÍFiscalização Financeira/TCE-SP/2008
93 Português
nuvtü i^uuicuwuíü ua
Procuremos entender precisamente o que se lê em "Mais do .que com dificuldades de exploração e de extração, o mundo sofre com a falta de capacidade de refino moderno, para produzir derivados com baixos teores de enxofre e aromáticos ” . . .Podemos entender que o mundo sofre com dois fatores:1. Dificuldades de exploração e de extração (de petróleo);2. Falta de capacidade de refino moderno pára produzir derivados (obvia
mente do petróleo) com baixos teores de enxofre è aromáticos.Por outro lado, ao lermos o texto èm seü início somos informados de que há uma gradação nestes sofrimentos, ou seja, um é maior do qué o outro. A leitura atenta apontará que, dos dois, o segundo é o que mais provoca danos ao mundo, O oposto ocorreria se o texto se iniciasse com <rMenos do que” o que implicaria dizer que a falta de capacidade seria um problema menor do que as dificuldades de exploração e de extração de petróleo.A simples inversão na ordem com que as ideias foram lançadas talvez facilite aos que ainda não perceberam a argumentação acima:“O mundo sofre com a falta de capacidade de refino moderno, para produzir derivados com baixos teores dé enxofre è aromáticos mais do que cora dificuldades de exploração e de extração ”A resposta está indicada, então, na alternativa C, em que se empregou a forma verbal “supera" em lugar de "sofre mais” .
06. ...que consomem 46% de toda a gasolina do planeta parágrafo)O mesmo tipo de complemento exigido pelo verbo grifado acima está na frase:
(A) ...o mundo sofre com a falta dé capacidade de refino moderno.»(B) ...e outros adjacentes na Bacia dé Santos vem em ótima hora...(C) Outra oportunidade reside em investimentos maciços em capacida-
de de refino; .-.-r(D) ...mas esta é «ma tendência que se vem espalhando como fogo em
palha.(E) ... para gerar produtos de alto valor ambiental.
Em “...que consomem 46% de toda a gasolina do planeta»? verificamos emprego de forma verbal cora regime transitivo direto. Seu complemento - objeto direto, no caso - está indicado por 46% de toda a gasolina do planeta.
Dério Sena 94
Para resolvermos a questão» temos de descobrir em que alternativa observa- se outro verbo de mesma regência.Vejamos a questão, item a item:
(A) O verbo “sofrer” tem, neste fragmento textual, regência intransitiva. A expressão “com a falta de capacidade de refino moderno” é adjunto adverbial
(B) O verbo “vir”, empregado na forma “vem”, tem regência intransitiva. A expressão “em ótima hora” é adjunto adverbial.
(C) A forma verbal “reside”, pertencente ao verbo “residir”, é intransitiva. “Em investimentos maciços” é, ainda, adjunto adverbial.
(D) Temos dois verbos, nesta alternativa. O primeiro deles, o verbo “ser”, é de ligação. O segundo está indicado pela locução verbal “vem espalhando”, com emprego intransitivo. Para o primeiro apontamos o predicativo do sujeito “uma tendência”. Para o segundo, o adjunto adverbial “como fogo em palha”.
(E) A forma verbal “gerar” tem, nesta passagem, emprego transitivo direto, sendo o seu complemento - objeto direto - indicado por “produtos de alto valor ambiental”. Esta é a resposta da questão.
07. O mundo está sedento por gasolina e diesel especiais».. (3o parágrafo)
O mesmo tipo de regência exigido pelo termo grifado acima encontra-se na expressão:
(A) notícia auspiciosa para todos os brasileiros;(B) de reservas expressivas de petróleo leve de boa qualidade;(C) no restrito clube das megaempresas mundiais de petróleo e energia;(D) as reservas de gás de Bahia Blanca;(E) resinas termoplástfcas para toda a região.
A questão aborda regência nominal Para resolvè-la, o candidato deverá observar que o adjetivo “sedento” está sendo complementado pela expressão “por gasolina e diesel especiais”Sabemos que às expressões que se ligam por preposição a adjetivos são, sempre, complementos nominais, sintagmas imprescindíveis para a estru
95 Português
Provas Comentadas da FCC
turação da frase verbal e, por isso mesmo, identificados como termos integrantes pela Nomenclatura Gramatical Brasileira,A observação atenta das cinco alternativas indicará que apenás em uma delas ocorrerá um termo em comprometimento com um outro adjetivo. Nos demais casos, todas as expressões textuais se referirão a substantivos.Observemos:
(A) A expressão “para todos os brasileiros” está vinculada ao adjetivo “auspiciosa”. Trata-se de atender-se à regência do adjetivo citado. Ê, assim, um caso idêntico ao d o enunciado lido. Esta é a resposta da questão.
(B) Observemos como os adjetivos não sofrem acréscimo de termos com- plementares: o substantivo "reservas” está duplamente adjetivado» ou seja, são reservas expressivas e são reservas de petróleo. Por sua vez, o substantivo “petróleo” sofre, igualmente, dupla adjetivação, uma vez que lemos que o petróleo é leve e é de boa qualidade, Não há adjetivos complementados em seus sentidos, repetimos.
(C) Temos, neste item, o substantivo “clube” sendo adjetivado por “restrito” e por “das megaempresas” (clube restrito e clube das megaempresas), O substantivo “megaempresas, por sua vez, sofre também dupla adjetivação. Dele diz-se que são megaempresas mundiais e megaempresas de petróleo e energia. Não há adjetivos complementados em seus sentidos, igualmente.
(D) Agora, vemos uma adjetivação para o substantivo “reservas”, feita por “de gás”, Para o substantivo “gás” temos, também, uma adjetivação, a cargo de “Bahia Blanca”. Não se nota complementaçãó para adjetivo.
(E) Finalmente, vemos que o substantivo “resinas” está adjetivado por “ter- moplásticas” e> também, por “para toda a região”. Não há, ainda, qualquer adjetivo complementado em seu sentido,
08, O termo grifado que poderia ser corretamente empregado na forma de feminino plural, sem alteração do sentido original, é:
(A) A recente confirmação da descoberta, anunciada inicialmente em 2006...
(B) ...é uma noticia auspiciosa para todos os brasileiros.
Dêdo Sena 9 6
Prova 5 - Agente dè Hscaiizaçio:Ftnanceira/TCE-SP/200S
; i j(C) A possibilidade técnica de extrair petrjóleo a mais de 6 mil metros die
profundidade... •; i j(D) ...sendo cerca de úm terço delas destinado ao Brasil. j(E) ...de dispor de etanol de biomassa produzido de fôrma competitiva...[
I Í : j IAnalisemos cada uma das alternativas da;qmestão, buscando aquela em qiiea forma grifadà poderia, igualmente, ser empregada em feminino plural, j(A) Embora o yalor semântico do parfcicípio|lcanunciada" seja de certo modb
ambíguo, jã que é possível fazermos sua associação a “confirmação” oju a “descoberta” - o que nos parece a mkihor opção tal ambigüidade não interfere na obrigatória utilização da aludida forma participial eái feminino singular, uma vez que os dois. termos citados são, ambos, representativos de feminino singular. Assim, é absolutamente incoiretojo emprego, nesta passagem, de“anunciadas” ]
(B) A claríssima associação de “auspiciosa” com “notícia” invalida o em-prego do ajdjetivo na forma'-auspiciosaj;”. • j
(C) O adjetivoj “técnica” está em evidente rjeferência ao substantivo “possibilidade”, claramente indicador de feminino singular. Inviável, então,jo emprego do adjetivo mencionado naiòjrma “técnicas”. j
(D) Neste item temos o vocábulo “destinado" relacionando-se com exprek- são fracionária que se faz seguir de um; determinante. A expressão fracionária é j “um terço” e o determinante, ou seja, a expressão qüe determina acerca de que se trata a fração, à qual se liga por preposiçãb, é “delas” Nestes casos, a concordância poderá ser feita com a expressão fracionária oú com o determinantk Notamos que a forma “destinado” privilegiou a concordância com a expressão fracionária “um terço” Igualmente correta estaria a grafiá.“destinadas”, em concordânciacom o determinante “delas” Esta é a resposta da questão. j
■ : t í(E) Observenios que; o particípio “produzido” está=concordando com otermo a que se refere, que é “etanol”. |Na verdade; o período é sugestivo de outra leitura, na qual se fariaj a associação da forma partiçi- pial com o substantivo “biomassa”. Não nos parece a melhor opçãoje, além dissò, assim entendido, a alternátiva que.surgiria para o emprego de “produzido” seria “produzida” (feminino singular), em associação a “biomassa”
97 Português
09. ...de que as reservas de gás de Bahia Blanca, ao sul de Buenos Aires, se estão esgotando. (2° parágrafo)
A forma verbal grifada acima pode ser corretamente substituída, sem prejuízo dosentido origmal,por:
(A) está para esgotar;(B) vai ser esgotado;(C) estão sendo esgotadas;(D) vinham sendo esgotadas;(E) vem esgotando.
Em "... de que as reservas de gás âe Bahia Blanca, ao sul de Buenos Aires, se estão esgotando" temos, no fragmento sublinhado um locução verbal formada pelo verbo auxiliar “estar” e pelo verbo principal “esgotar” que tem regência transitiva direta. A presença dó prohomé Mse” indica estarmos com uma oração de voz passiva pronominal, sendo o pronome indicado, como sabemos, uma partícula apassivadora (ou pronome apassivador). Deste modo, a conversão da oração para a voz ativa apontará a oração w,.,as reservas de gás de Bahia Blanca, ao sul de Buenos Aires, estão sendo esgotadas”, o que aponta como resposta desta questão a opção C
10. A concordância verbo-nominal está inteiramente correia na frase:
(A) Urge que seja definido as metas de oferta de energia em quantidade suficiente e preço adequado, paira impulsionar o desenvolvimento do país.
(B) É imprescindível que se cumpram os acordos firmados em relação à oferta de energia e aos preços adequados, e que se atenda ao aumento da demanda.
(C) Uma política fiscal aplicada sobre as ofertas de energia devem controlar o cumprimento dos contratos que se estabeleceu nesse setor.
(D) Os países importadores de derivados de petróleo paga o preço estabelecido na Europa o què gera efeitos negativos na economia.
(E) Existe metas bíasilèiras que foram estabèlècidas em réláiçab à au- tossuficiência em petróleo é O momento òfetece a oportunidade de cumpri-las satisfatoriamente.
Décio Sena 98
Prova 5 - Agente de Fiscalizaçao Financeira/TCE-SP/2008
Analisemos cada um dos itens da questão, em busca daquele que não contenha deslizes de concordância.
(A) Errado. A concordância da locução verbal passiva “seja definido”, em obediência à regra geral da concordância verbal, que estipula que o sujeito é o determinante das flexões em número e pessoa dos verbos, está erroneamente realizada. Isso porque o sujeito da aludida locução está indicado por sintagma cujo núcleo é o substantivo “metas”. Deste modo» a retificação do texto apontará “Urge que sejam definidas as metas de oferta de energia em quantidade suficiente e preço adequado, para impulsionar o desenvolvimento do país”. Observe, também, a necessidade da flexão em feminino plural para a forma de particípio deíi- nidas e relembre que os partidpios verbais - formas nominais - sofrem as mesmas flexões de gênero e número que recaem sobre os nomes.
(B) Certo. As formas verbais existentes no período que forma este item es- tão corretamente empregadas e, igualmente, não se notam deslizes em concordâncias nominais. A análise do período aponta as seguintes ora- ções: “tfi imprescindível] [que se cumpram os acordos firmados em re- iaçâo à oferta de energia e aos preços adequados], [e que se atenda ao aumento da demanda]”. Assim, os sujeitos dos verbos que estruturam as três orações apontadas são apontados deste modo: o sujeito da forma verbal “É” está indicado pela oração subordinada substantiva subjeti- va “que se cumpram os acordos firmados em relação à oferta de energia e aos preços adequados”, o que justifica o uso verbal em terceira pessoa do singular; para a forma verbal “cumpram”, que organiza oração de voz passiva pronominal, aponta-se como núcleo do sujeito o substantivo “acordos”, daí o acerto na utilização verbal em terceira pessoa do plural; finalmente, o verbo “atender”, de regência transitiva indireta e acompanhado do pronome “se”, tem sujeito indeterminado. À guisa de lembrança comentamos que o pronome “se” presente nesta última oração é um índice de indeterminação do sujeito. Esta é a resposta da questão.
(C) Errado. O sujeito da locução “devem controlar” está indicado por expressão cujo núcleo é o substantivo “política”, o que requer o obrigatório emprego da locução em terceira pessoa do singular. Por outro lado, a forma verbal transitiva direta “estabeleceu”, empregada com o acréscimo do pronome apassivador "se”, gerou uma oração de voz passiva
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Provas Comentadas da FCC
pronominal, cujo sujeito está indicado pelo pronome relativo “que”, representante semântico de "contratos” o que acarreta obrigatório emprego do verbo em terceira pessoa do plural. O texto retificado apontará: “Uma política fiscal aplicada sobre as ofertas de energia deve controlaro cumprimento dos contratos que se estabeleceram nesse setor”
(D) Errado. O núcleo do sujeito da forma verbal "paga” está indicado pelo substantivo “países”, daí a obrigatória utilização do verbo em terceira pessoa do plural. Nada desabona o emprego da forma verbal "gera”, cujo sujeito, indicado pelo pronome relativo "que” e representante semântico do pronome demonstrativo “o”, surgiu corretamente empregado. O texto retificado apontará: “Os países importadores de derivados de petróleo pagam o preço estabelecido na Europa, o que gera efeitos negativos na economia”
(E) Errado. O sujeito “metas brasileiras”, cora núcleo no substantivo “metas” implica emprego da forma verbal “Existe” em pluraL A concordância de “foram estabelecidas”, cujo sujeito está indicado peío pronome relativo “que”, representante semântico de “metas”, e de “oferece”, que tem por sujeito o substantivo “momento” estão perfeitamente realizadas. Assim ficará o texto retificado: “Existem metas brasileiras que foram estabelecidas em relação à autossuficiência em petróleo e o momento oferece a oportunidade de cumpri-las satisfatoriamente”.
Gabarito:
01) D 06) E02) E 07) A03) B 08) D04) A 09) C05) C 10) B
Déclo Sena 1 nn
Prmak
| Analista Judiajário/BibHotecário/' TKljda 2a Região/2008
I 1 ; |I : I- í
As questões de números i a 8 referem-se ao texto que segue. Ií = i
O futuro encolheu 1
Nós, modernos, nos voltamos sobretudo para o futuro. Pois nos definimos pela capacidade de mudança - nãq pelo que somos, mas peló què poderíamos vir a ser. projetos e potencialidades. O tempo da nossa vidà é o futuro. M nosso despertar cotidiano, podemos ter uma experiên -
s cia fugaz e minoritária do presente» mas éj a voz do futuro que nos acorrda e nos força a sair da cama. j
A questão jé: quali faturo? Ele pode ser de longo prazo: desde o apej- Io do dever de produzir um mundo mais jpsto até o medo das águas què subirão por causa do efeito estufa. Ou então ele pode ser imediato: as taj-
io refas do dia que começa, as necessidades dio fim do mês, a perspectiva dum encontro poucas horas mais tarde.
Do século (17 ao começo do século 20»|o tempo dominante na experiência de nossa cultura parece ter sido um futuro grandioso - projetos coletivos a lon^o prazo. Hoje prevalece ò futuro dos afazeres imediatos.
15 Nada de utopia, somente a agenda do dià.i |Trata-se dè uma nova experiência do tempo: uma maneira originail
de ser e de cria|r. Como George Steiner se sjpressa a declarar em seullivrp Gramáticas dà criação, não há por que sermos nostálgicos dos futurojs que já foram. Afinal, aqueles futuros tornaram-se frequentemente cúm ~
20 plices da barbárie do século. Por que ser4 então, que acho o futuro encolhido de hoje um pouco inquietante? ; j; |
É que o futuro não foi inventado, como sugere Steiner, só para espantar a morte. O futuro nos serve também para impor disciplina a? presente. Ele i nosso; árbitro moral. Esperamos dele que avalie nòssois
25 atos. A qualidade de nossos atos de hoje depende do futuro com o qualsonhamos. Receio que futuros muito encolhidos comandem vidas francamente mesquinhas. j |
| (Contarão Calllgaris, Terra de nhignétii)
Provas Comentadas da FCC
01, A afirmação que está no título do texto faz referência ao fato de que, para o autor,
(A) já não temos quaisquer objetivos a se alcançar num futuro próximo.(B) é a força das mais altas expectativas que ainda nos mantém ativos.(C) nossa experiência do tempo implica uma maior valorização do
presente.(D) o descarte das utopias levou-nos a valorizar o imediatismo.(E) a mesquinhez da vida presente induz-nos a renegar o passado.
A resposta da questão inicial desta prova pode ser encontrada na leitura reflexiva do terceiro parágrafo do texto» que reproduzimos:Do século 17 ao começo do século 20, o tempo dominante na experiência de nossa cultura parece ter sido um futuro grandioso - projetos coletivos a longo prazo. Hoje prevalece o futuro dos afazeres imediatos. Nada de utopia, somente a agenda do dia.Ora, uma vez que hoje não há mais projetos coletivos a longo prazo, que refletiam um futuro grandioso e representavam utopias, o homem volta-se apenas para a vivência do seu dia a dia, o que o faz não mais pensar em termos de futuro. Ê como se o futuro, então, tivesse sido reduzido ao presente, ou seja, encolhido, como sugerido no título do texto.
02. Atente para as seguintes afirmações:
I. A pergunta "qual futuro?” no segundo parágrafo, expressa a perplexidade do autor diante da falta de respostas possíveis.
II. O período histórico referido rio tèrcéürò parágrafo íoi marcado, segundo o autor, pela projeção de um futuro altamente promissor.
III. A restrição à declaração 4e Geórgé Steiner, no ültimo parágrafo, deve-se à importância que o áútor do texto atribui ao tempo futuro.
Em relação ao texto, está correto o que sé afirma em:
(A) I, II e III; ■'(B) I e II, somente;(C) II e III, somente;(D) I e III, somente;(E) III, somente.
Décio Sena 102
.w » V) -• nnuium uvjk-icii [U/ uiunui.et.dt IU/ l ru oa J ." KeglaO/2UUy
Vejamos com atenção cada uma das afirmativas feitas na presente questão, em busca das que estão corretamente estabelecidas:
I. Errado. A pergunta feita não é retórica, apenas. Ela estabelece a possibilidade de o articulista desenvolver seus argumentos quanto a estarmos em um período histórico em que há um vácuo de projetos coletivos, solidários, em detrimento de projetos tão somente personalistas, individuais, apequenados, portanto. As respostas que Contardo Calligaris propõe para a pergunta motivadora deste item atestam nossos argumentos. Vejamo-las: A questão é: qual futuro? EU pôde ser de longo prazo: desde o apelo do dever de produzir um mundo mais justo até o medo das águas que subirão por causa do efeito estufa. Ou então ele pode ser imediato: as tarefas do dia que começa, as necessidades do fim do mês, a perspectiva âe um encontro poucas horas mais tarde.
II. ■ Certo. A simples leitura do fragmento citado permite a compreensãode que o aludido período histórico proporcionava um futuro altamente promissor. Vamos'lê-lo: Do século 17 ao começo do século 20, o tempo dominante tia experiência âe nossa cultura parece tersiâo um futuro grandioso -projetos coletivos a longo prazo.
III. Certo* Contrariamente ao que Steiner declara relativamente aos futuros que já passaram, no sentido de que os mesmos, contrariamente às expectativas que geraram, foram testemunhas das barbáries que nos têm acometido, o articulista argumenta que o futuro serve como elemento moral ., como árbitro que impõe disciplina ao presente, sendo merecedor, portanto, de uma valoração que escapara a Steiner.
Considerando-se o contexto, estabelecem uma franca oposição entre si as seguintes expressões:
(A) capacidade de mudança e projetos e potencialidades;(B) despertar cotidiano e experiência fugaz;(C) futuro grandioso e agenda do dia;(D) um mundo mais justo e árbitro moral;(E) vidas francamente mesquinhas e Nada de utopia.
A resposta está na alternativa “c” Confrontemos as passagens em que surgem as expressões “futuro grandioso” e “agenda do dia” para constatarmos como estão em absoluto antagonismo semântico:
103 Português
Provas Comentadas da FCC
Do século 17 ao começo do século 20, o tempo dominante na experiência de nossa cultura parece ter sido um futuro grandioso - projetos coletivos a longo prazo. Hoje prevalece o futuro dos afazeres imediatos. Nada de utopia, somente a agenda do dia. (3o parágrafo)Como vemos, do século 17 ao início do século 20, desenvolvíamos projetos coletivos a longo prazo, sugestivos de um futuro grandioso. Em contraposição, hoje, não nos resta mais a utopia - representada, evidentemente, pelo futuro grandioso - mas tão somente a agenda do dia, vale dizer, os fatos que nos são do imediato cotidiano.
04. Está clara e correta a redação do seguinte comentário sobre o texto:
(A) Com a expressão nostálgicos dos futuros que j á foram George Steiner, lembrando de que o futuro também espanta a morte, não produz com isso razões de qualquer otimismo.
(B) A expressão futuro dos afazeres imediatos traduz o encolhimento das nossas expectativas, em razão do qual as experiências de vida tornam-se cada vez mais mesquinhas.
(C) O autor do texto valoriza pedagogicamente a importância do futuro, para o qual chama nossa atenção no sentido de considerá-lo um árbitro moral onde descartaríamos nossa vida mesquinha.
(D) Mesmo o medo do efeito estufa, por conseguinte das águas que subirão, não nos leva à difusão utópica através da qual pudéssemos vir a relevar o teor mesquinho de nossas vidas.
(E) O descarte de um faturo mais promissor e longínquo, tal como acontecia desde o século 17, reduziu nosso tempo de tal modo que seu papel de árbitro moral acha-se literalmente controvertido.
O enunciado da questão solicita que o candidato aponte a redação dara e correta acerca do texto lido. Isso pressupõe duas exigências: a alternativa resposta deverá conter texto gramaticalmente correto e, além disso, ser condizente com as mensagens explicitas e implícitas contidas no fragmento lido.Assim, passemos à análise de cada uma das alternativas:
(A) Errado. Há flagrante equívoco de regência verbal na presente alternativa, caracterizado pelo emprego indevido da preposição "de” após o verbo "lembrar” - empregado na forma de gerúndio "lembrando” de regência transitiva direta. Por outro lado, é absurda a afirmativa de que
Décio Sena 104
I ! ! I1 ! ío "o futuro também espanta a morte, inão produz com isso razões dequalquer Otimismo”. j j
(B) Certo. Não há qualquer deslize gramatical no texto, que contém, pòrsua vez, aàrmativa perfeitamente coerente com o fragmento lido, exposto de modo bastante claro. É a resposta da questão. j
(C) Errado. A íòrma verbal “descartaríamos”, pela sua natureza semântica,rege a preposição “de”: alguma coisa é descartada de outra. Tal feto implicou erro de natkireza gramatical, consequentemente. j
(D) Errado. Gramaticalmente, há que se ckamar a atenção para o emprè- go indevido da expressão "através de”,[.que deveria ser substituída pòr “por meiojde”, ouj ainda, por “por intermédio de”, embora tal exigência já se configure como um certo preciosismo, contemporaneamente. Não se pode, entretanto, aceitar o fragmento lido nesta alternativa como um comentáriò claro acerca do texto fornecido para a resolução da questão, uma vez que não há qualquer tangêncià entre o qúe nele se afirma com os conteúdos explícitos e implícitos dojtexto de Contardo Cailigaris. j
(E) Errado. Não há erros de natureza gramatical no fragmento que compõe a presente! alternativa. No entanto, sua leitura aponta para mensagem rigorosamente em antagonismo comoè sentidos originalmente díspojs- tos no texto original Para tantò, confronte-se a passagem “O descarte de um futuro mais promissor e longínquo, tal como acontecia desde o século I f ” com:o segmento original |Do século 17 ao começo do século 20, o tempo dominante na experiência de nossa cultura parece ter sido um Juturdgrandioso - projetos coletivos a longo prazo
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Estão plenamente respeitadas as normas concordância verbal em:
(A) Abandonaram-se as utopias, e com isso prevalece em nossas vida^ oimediatismo dasmais rasas expectativas. i
(B) Não se oferece aó homem moderno imagens de um futuro grandib-so, e cadaj um de nós só nos preocuparmos com a agenda do dia. j
(C) A significação dè todos os nossos atos presentes, insiste o autor, deveriam determinar-se em função dos nossos projetos. j
(D) Não podem limitar-se às experiências do futuro imediato a expectativa que tèmos em relação aos nossosjprojetos. j
(E) Atribui-se ao encolhimento do futuro as razões pelas quais: nos^avida vem-jse tomando cada vez mais mesquinha. j
I I M105 | Pórtugijês
Prova 6 - Anaiista judídário/Bibilotecário/TRT da 2a Regiãò/2008
A questão versa sobre concordância verbal, solicitando que o candidatoaponte em que alternativa não se nota qualquer iiicòrreçãô.Vejamos, assim, cada uma das alternativas da questão:
(A) Certo. O período está composto por duas orações, que se estruturam em tomo das formas verbais “Abandonaram” e “prevalece”. Na primeira delas, percebe-se uma oração de voz passiva pronominal, em que o sujeito “as utopias” força o emprego verbal em terceira pessoa do plural, o que foi feito. Na segunda, o sujeito de “prevalece”, indicado por “o imediatismo das mais rasas expectativas”, com núcleo em "imediatis- mo" impõe o emprego da forma verbal citada em terceira pessoa do singular. Esta é a resposta da questão.
(B) Errado. Houve incorreção de concordância verbal no emprego da forma verbal “oferece”, resultante de não se ter observado a existência de oração de voz passiva pronominal na qual o sujeito .se fez representar por “imagens de um futuro grandioso” o que implica emprego obrigatório da forma verbal citada na terceira pessoa do plural. No seguimento do período nota-se fato interessante: o sujeito para o verbo “preocupar”, indicado por “cada rnn de nós”, faculta o emprego do verbo em primeira pessoa do plural, em concordância com “nós”, ou, ainda, na terceira pessoa do singular, concordando com “cada um". Deste modo, o texto retificado será: “Não se oferecem ao homem moderno imagens de um futuro grandioso, e cada um de nós só nos preocupamos (ou se preocupa) com a agenda do dia”
(C) Errado. O sujeito de “deveriam determinar-se” está sendo expresso por "A significação de todos os nossos atos presentes”, com núcleo em “significação”, o que demanda emprego verbal em terceira pessoa do singular. A frase corrigida apontará: “A significação de todos os nossos atos presentes, insiste o autor, deveria determinar-se em função dos nossos projetos”
(D) Errado. Neste item, temos em “a expectativa” o sujeito da locução verbal “podem limitar-se”, o que configura visível erro a ser retificado em “Não pode limitar-se às experiências do futuro imediato a expectativa que temos em relação aos nossos projetos”.
(E) Errado. Mais uma vez empregou-se oração de voz passiva pronominal. Observemos que, na primeira oração do período ora estudado, “Atribui-se ao encolhimento do futuro as razões”, está-se dizendo, com estrutura de passiva pronominal, o que se poderia dizer com estrutura-
Décio Sena 106
Prova 6 - Analista Judidário/Bibííotecário/TRT da 2a Região/2008
ção de passiva analítica: "É atribuída ao encolhimento do futuro as razões”, o que representa gritante erro pela não concordância da locução verbal passiva “É atribuída” com o seu sujeito "as razões”. Do mesmo modo que para retificar-se a oração de passiva analítica ora apresentada teremos de empregar a locução verbal em plural, na forma “São atribuídas”, também teremos de empregar o verbo "atribuir”, na mensagem original de passiva pronominal, na terceira pessoa do plural Assim, a redação correta para o presente período será: "Atribuem-se ao encolhimento do futuro as razões pelas quais nossa vida vem-se tornando cada vez mais mesquinha” Chamamos a atenção do estudante para a necessidade de estar-se atento às ocorrências de voz passiva pronominal estruturas muito frequentemente requisitadas em nossas provas.
06» Transpondo-se para a voz passiva a construção a vos âo futuro nos acorda, á forma verbal resultante será:
(A) temos acordado;(B) teremos acordadò;(C) sérèihòs acordados? ,(D) somos acordados;(B) temos sido acordados.
O enunciado da questão solicita que o candidato converta a oração “a voz do futuíò nos acorda” para a voz passiva, sem especificar se passiva analítica, cornó se pode depreender das diversas opções oferecidas nas alternativas de V a V .Como sabemos, há uma correspondência entre termos sintáticos da voz ativa e da voz passiva, que se mantém inalterada: o sujeito de uma oração de voz ativa - por indicar o autor da ação verbal nela expressa - transforma-se em agente da passiva ~ termo sintático que traduz, semanticamente, o autor da ação verbal na voz passiva. Ao mesmo tempo, o objeto direto da voz ativa- termo sintático que, semanticamente, aponta para o sofredor da ação praticada pelo sujeito ativo ~ vai-se transformar em sujeito passivo, para que continue a indicar o recebedor da ação verbalDeste modo, questões de conversão de voz ativa em passiva e vice-versa tor- nam-se mais simplificadas quando identificamos o sujeito e o objeto direto - em se tratando de conversão de ativa em passiva - ou sujeito e agente
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Provas Comentadas da FCC
da passiva - quando estamos interessados em converter oração da voz passiva para a voz ativa.Na presente oração» apontemos como sujeito o sintagma “a voz do futuro” e como objeto direto, o pronome pessoal oblíquo átono “nos” Deste modo, já estamos sabedores de que» na voz passiva que iremos construir, a expressão "a voz do futuro” funcionará como agente da passiva, ao passo que o pronome reto “Nós” - natural aproveitamento do pronome reto correspondente ao oblíquo “nos” - exercerá função de sujeito.Temos, assim, um esqueleto de oração que se desenha: “Nós___________pela voz do futuro”.Passemos agora à forma verbal. Encontramos na voz ativa o verbo “acordar”, empregado em presente do indicativo, terceira pessoa do singular, concordando com o sujeito já apontado “a voz do futuro”. Ao convertermos a oração para a voz passiva, criaremos uma locução verbal passiva, na qual empregaremos o auxiliar “ser” no tempo em que se encontra o verbo em- pregado na voz ativa que estamos transformando em passiva e concordando com o seu novo sujeito» ou seja, o pronome reto “Nós”, vale dizer, “somos” Como verbo principal da locução passiva analítica, empregaremos o verbo "acordar” no particípio, concordando nominalmente com o sujeito da oração. Teremos, então, “somos acordados”.A oração devidamente convertida restará, então: “Nós somos acordados pela voz do futuro”.A questão faz menção apenas à forma verbal resultante “somos acordados”, que se encontra na alternativa “d”, que é a resposta da questão,
07. Está inteiramente correta a construção da seguinte frase:
(A) Para nós acaba sendo mais preferível a agenda do dia do que as utopias.
(B) Steiner insiste de que somos nns nostálgicos de antigos futuros.(C) O futuro com que se almeja funciona enquanto árbitro moral do
presente.(D) Já não há utopias aonde nos impulsionemos para construir o futuro.(E) O futuro com que já não se conta implica esvaziamento de sentido
do presente.
Analisemos as construções propostas para cada um dos itens da presente questão:
Dédo Sena
Prova 6 - Analista Judícráricj/Bibüotecário/TRT da 2a Regtão/2008
(A) Errado. O adjetivo preferível” deve sér empregado com regência semej-lhante ao verbo qué lhe é cognato “preferir”, vale dizer, “alguma coisa é preferível a butra coisa”. Unicamente alpreposição "à” deve ser empregai da para regér seu complemento nominalj Além disso, é de se evitar gral dações do tipo “mais preferível”, “menos preferível”, “muito mais preferi j- vel” e outrak O texto retificado restará: “Para nós acaba sendo preferívej a agenda doj dia às utopias” . j [
(B) Errado. À regência do verbo "insistir” èmbora transitiva indireta, dej-sautoriza o jemprego da preposição "dei: Eis o texto corrigido: “Steiner insiste em que somos uns nostálgicos de antigos futuros”. I
(C) Errado. Nã0 há razão para que se empregue nesse texto a preposição“com”: a oráção “que se almeja” em voz passiva pronominal, tem comO sujeito o prònome relativo “que”, represèntante semântico do substan| tivo "futuro”. Esteíato impede que surjá a aludida preposição. A frase correta será: “O futuro que se almeja fukciona enquanto árbitro moral do presente”. j ■ ' ' j ' ' S
(D) Errado. O prononie relativo “onde” deve ser empregado em referênj-cia a lugarés. É feio que tais lugares eyentualmente, não são físicos mas virtuais. São ás circunstântías em que surgem metáforas. Nâb ve: mos possibilidade de emprego do‘pronofne relativo “onde” nessa passa gem, embora reconhecendo ser questaoj melindrosa. Algo, entretanto, mais sério invalida esta passagem. Ainda que se dê ao relativo “onde” o entendimento de que, por ser substituto de “utopias”, refira-se;a luf gar virtual de onde alguém se impulsionaria para construir o futuro, á presença da preposição “a” regendo oipionome "onde” é absolutamen te descabida, uma ;vez que nada a solicita nem a justifica. Afinal, nós não nos impulsionamos a um lugar, mas sim de um lugar. Apontamos como correrão do texto desta alternativa: “Já não há utopias de qüe (ou nas quais) nos impulsionemos para construir o futuro” j
(E) Certo. Ao analisarmos o presente período em sua estrutura, encontrarremos as orações a: seguir indicadas: [O jfuturo [com que já não seconj- ta] implica jesvaziaínento de sentido do presente], em que a oração suj- bordinada àdjetivá restritiva “com quej já não se conta” apresenta-se com pronome relativo corretamente regido pela preposição “com” que surge da demanda da forma verbal “conta”, empregada com regência transitiva indireta,- no sentido de “contar com algo” O pronome “se” é índice de indeterminação do sujeito. N p há qualquer equívoco neste item, que éj assim, ja resposta da questão. |
! : I109 i Português
I. Caberia aos homens de hoje, que despacharam as utopias, buscar revigorá-las.
II* Os sonhos coletivos, que alimentaram tempos passados, deram lugar aos afazeres imediatos.
III. Preocupa-nos, hoje, muito mais a agenda do dia do que um projeto de longo prazo.
A supressão das vírgulas altera o sentido da frase SOMENTE em:(A) I e l I ;(B )Ie lII;(C) I;(D) II;(E) III.
Vejamos os textos originalmente fornecidos pela questão, com suas pontuações empregadas:
I. As vírgulas empregadas salientam o caráter explicativo da oração subordinada adjetiva “que despacharam as utopias” Entendemos, a partir da leitura do texto com a pontuação com a qual se apresenta, que é caracterizador do homem de hoje - e isto sem exceção - o descarte das utopias. A supressão das vírgulas que isolam a aludida oráção promoveria sensível alteração semântica, que surgiria da presença, agora, de uma oração subordinada adjetiva restritiva. Assim, em "Caberia aos homens de hoje que despacharam as utopias buscar revigorá-las”, passaríamos a entender que nem todos os homens “despacharam as utopias” e que, consequentemente, somente àqueles que as despacharam caberia a tarefa de buscar revigorá-las.
II. Observamos o mesmo emprego de pontuação, neste item, do empregado no item anterior. Com efeito, a oração “que alimentaram tempos passados", isolada por um. par de vírgulas, é entendida como uma explicação para a expressão KOs sonhos coletivos” .Assim, entendemos que todos os sonhos coletivos alimentaram tempos passados e, por isso, todos eles deram lugar aos afazeres imediatos; A supressão do par de vírgulas mencionado implicaria inserção de oráção de valor restritivo, o que promoveria clara alteração semântica no período, fazendo com que o leitor entendesse que apenas os sonhos coletivos que alimentaram tempos passados - já não seriam todos os sonhos coletivos - deram lugar aos afazeres imediatos.
08. Atente para as seguintes frases:
Décio Sena 110
Prova 6 - Analista Judidário/Biblíotecário/TRT da 2a Região/2008
III. As vírgulas empregadas neste período estão a isolar adjunto adverbial, São facultativas em seu emprego e têm por finalidade realçar estilisti* camente o aludido adjunto adverbial. Sua supressão em nada alteraria o sentido final da mensagem, externada pelo período.
As questões de números 9 a 15 referem-se ao testo que segue.
Tecnologia e totalitarismo
A tecnologia e a televisão - que dela faz parte - são altas criações do espírito humano, mas não encerram, em si mesmas, nenhum valor ético. A técnica é meio, nunca fim. Ela pode trabalhar a favor do homem e de sua liberdade, na medida em que se subordina aos valores humanos.
5 A técnica pode melhorar e enriquecer extraordinariamente a vida humana, contanto que o organismo social em que se insere faça dessa meta o alvo de sua atividade global. Manipulada por uma sodedade dividida e alienante, hipertroncamente utilitária e predatória, passa a ser instrumento de opressão e alienação. Nesse caso, o homem, por melo da técni-
io ca, constrói um mundo que o coisifica e o devora como pessoa, destruin- do-o no seu centro - a liberdade.
Ao totalitarismo, e à propaganda que o serve, aborrecem a liberdade, a peculiaridade, a originalidade, a criatividade, a pluralidade dos seres, enfim, tudo aquilo que significa o esforço do homem para realizar-
15 se e conquistar-se em sua dignidade. Ê esse o grave, o terrível perigo da tecnologia posta a serviço de uma ordem de coisas desumana. É também o perigo da televisão, na medida em que trabalha para que todos, crianças e adultos, percamos nossa integridade originária e nos transformemos em números anônimos, em consumidores de mercadorias num mundo todo ele transformado em mercado.
(PéUegrino, Hélio. Lucidez embriagada. São Paulo: Editora Planeta do Brasil, 2004» p. 162/163}
09. De acordo com o autor, os recursos da tecnologia:
(A) adquirem alguma eficácia apenas quando bem manipulados;(B) adquirem alto valor ético quando postos a serviço da liberdade
humana;(C) devem ser submetidos ao controle do totalitarismo social;(D) revelam o instinto que destrói nossa integridade originária;(E) são altamente positivos quando hipertroficamente utilitários.
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Provas Comentadas da FCC
A resposta para esta questão, presente na opção “b” pode ser encontrada na leitura atenta da passagem que abaixo transcrevemos:"A tecnologia e a televisão - que dela faz parte - são altas criações do espírito humano, mas não encerram, em si mesmas, nenhum valor ético. A técnica é meio, nunca fim. Ela pode trabalhar a favor do homem e de sua liberdade, na medida em que se subordina aos valores humanos. A técnica pode melhorar e enriquecer extraordinariamente a vida humana, contanto que o organismo social em que se insere faça dessa meta o alvo de sua atividade global.”Os itens “a”, uc”, “d” e “e” trazem-nos afirmativas que vão de encontro à ideia central sugerida pelo texto, que é: a tecnologia e a televisão são instrumentos importantíssimos para o homem, desde que estejam impregnados de ética, que, sozinhas, não possuem.
10. O autor do texto estabelece um confronto entre dois tipos antagônicos de sociedade:
(A) a manipulada e a coisificada;(B) a pluralista e a criativa;(C) a predatória e a opressiva;(D) a consumista e a totalitária;(E) a libertária e a alienante.
De início, podemos apontar que os itens “a”, “b* “c” e "d” propõem como antagônicas sociedades que, na verdade, enquadram-se em um mesmo perfil: o daquelas em que a tecnologia foi posta a serviço não do homem, mas dela própria ou de interesses outros que não os da dignificação do ser humano.A resposta da questão está na opção V 5, em “libertária” - a sociedade em que a tecnologia é posta como instrumento para aprimorar o espírito humano - e "alienante”, aquela, inversamente, que torna o homem mero recebedor, passivo, das mensagens da televisão, convertendo-se, assim, em passivo consumidor de produtos em um mundo no qual o mercado torna-se o senhor.
11. No contexto do segundo parágrafo, deve-se entender que:
(A) o totalitarismo é um subproduto do excesso de propaganda;(B) as regras do mercado derivam da hipertrofia tecnológica;(C) o consumismo submete o homem ao império do mercado;
D é rin Çpna 1*»*)
Prova 6 - Analista Judiciário/Bibliotecârio/TRT da 2a Região/2008;
(D) a perda de nossa integridade torna a televisão perigosa;(E) a criatividade humana deve compatibilizar-se com o totalitarismo,
A leitura atenta j do último período do seguido parágrafo que transcrevemos fundamenta a respjosta para a presente questão:“É também o perigo dá televisão, na medida em que trabalha para que todos, crianças e ajdultos,; percamos nossa integridade originária e nos transformemos em números- anônimos, êm consumidores dè mercadorias num mundo todo elejtransformado em mercado”!Vemos, acima, % mensagem relativa à indicação do item C da questão, que; é a suaresposta:|0 consumismo submete o; homem ao império do mercado.As demais opções contemplam afirmativas qixe não encontram justificativa na leitura do texto oferecido. I
12. Manipulada por uma sociedade dividida e [alienante, hiper troficamente utilitária e predatória,; passa a ser instrumento de opressão e alienação.
A frase acima NÃO sofrerá alteração de sentido caso venhamos a iniciá- la com:
(A) conquanto; |(B) mesmo quando;(C) embora;(D) uma vez;(E) não obstante.
A questão poderia ser resolvida com certa fapidez caso se observasse que os operadores “Conquanto” “Mesmo quando’:’, '[Embora” é “Não obstante” sãoj todos portadores de uma valor semântico comum, qual seja o de concessão J Sendo todos igualados Semanticamente, não poderiam ser a resposta solici-j tada no comando da questão. ’ ; b |Por outro lado, [para que se evidencie a natdreza condicionante da oraçãoj sublinhada em iManipúlada por uma sociedlde dividida e alienante, hiper-j troficamente utilitária e predatória, como Ünstrumento de opressão e alie-j nação” relativamente à-segunda oração, o emprego de "Uma vez” torna-se muito oportunol Ê como se disséssemos: Casb seja manipulada por umã so-j ciedade divididã e alienante, hipertroficamexíte utilitária e predatória, passa' a ser instrumento de opressão e alienação. |
Pnr+itín!P<:
trovas comencaaas aa ru c
13. A tecnologia, servindo ao homem, liberta-o; mas se o homem endeusar a tecnologias pondo a tecnologia acima de sua liberdade, tornárá a tecnologia um instrumento de opressão social.Evitam-se as viciosas repetições da frase acima substituindo-se os elementos sublinhados, respectivamente, por:
(A) endeusá-la - pondo-a - torná-la-á;(B) a endeusar- a pondo-lhe tomará;(C) endeusar-lhe - pondo-a - tornar-Ihe-á;(D) lhe endeusar - pondo-lhe - tomá-la-á;(E) endeusá-la - pondo-lhe - a tornará.
Ao se proceder às pronominalizações solicitadas, surgirá o período:A tecnologia, servindo ao homem, liberta-o; más se o homem endeusá-la, pondo-a acima de sua liberdade, tomá-la-á tím iiistrumento de opressão social.As justiõcátivas são as seguintes:
1- endeusá-la: o verbo “endeusar” tem regência transitiva direta, o que fazcom que se substitua o seu complemento "a tecnologia” pelo pronome pessoal oblíquo átono “a”; a opção pela ênclise é para que se localize a resposta da questão, uma vez que a presença do sujeito indicado pelo substantivo "homem” facultaria a próclise, estando, assim, igualmente correta a forma “a endeusar”.
2. pondo-a: o complemento verbal Ma tecnologia” atende à regência transitiva direta da forma verbal “pondo”, sendo, então, um objeto direto, daí sua obrigatória substituição pelo pronome pessoal oblíquo V ; nesta passagem, a ênclise é obrigatória, pois estamos com uma oração em seu início, inexistindo vocábulo atrativo para o pronome citado.
3. torná-la-á: o verbo “tomar” tem emprego transitivo direto, assim o seu complemento "a tecnologia” deverá ser substituído, mais uma vez, pelo pronome pessoal oblíquo átono “a”. O mesmo fato descrito no item anterior - inexistência de palavra atrativa em início de oração - impede o emprego pronominal em próclise, o que implica, dado o uso do futuro do presente em "tornará”, mesóclise obrigatória. Os dois acentos agudos estão empregados em obediência às seguintes regras, respectivamente: vocábulo oxítono terminado em “a” e vocábulo monossílabo tônico terminado em “a”. Relembremos que, existindo mesóclise, cada fração verbal remanescente deverá ser considerada como uma palavra de vida própria, para efeito de acentuação gráfica.
Décio Sena 1 1 4
14. O verbo indicado entre parênteses deverá flexionar-se numa forma dosingular para preencher corretamente a lacuna da frase:
(A) Quando se_____ (deixar) encantar pela tecnologia em si mesma, oshomens tornam-se alienados.
(B) Ãos homens libertários jamais_____ (dever) incomodar o pluralismo dos valores sociais.
(C) Não se______ (compreender) as razões pelas quais os homens se encantam com o mundo da mercadoria*
(D ) ______ (decorrer) do maú emprego da tecnologia as situações em queo homem perde sua dignidade,
(E) Caso se_____ (vincular) à tecnologia os imperativos éticos, ela trabalhará a favor do homem.
Ao preenchermos as diversas lacunas encontradas na questão, teremos:
(A) O plural é obrigatório para que se promova a concordância do verbo com o. seu sujeito semântico “homens”.
(B) O sujeito da locução verbal “deve incomodar” está indicado pela expressão "o pluralismo dos valores sociais” cujo núcleo “pluralismo” acarreta obrigatório emprego do verbo em singular. Esta é a resposta da questão.
(C) O sujeito da oração de voz passiva pronominal “Não se compreendem as razões” tem como núcleo o substantivo "razões”. Observe-se a transformação da referida oração em sua correspondente voz passiva analítica: wAs razões pelas quais os homens se encantam como o mundo da mercadoria não são compreendidas”. O plural é, assim» obrigatório.
(D) O emprego em plural do verbo surge da necessidade de se fazer sua concordância com o núcleo do sujeito, que é indicado pelo substantivo “situações”
(E) A forma “vinculem” tem obrigatório emprego em plural para que se atenda, novamente, à regra geral da concordância dos verbos, uma vez que seu sujeito está indicado pela expressão “os imperativos éticos”, com núcleo no substantivo “imperativos”. Atente-se, por oportuno, para o emprego do acento grave em "à tecnologia”, que faz caracterizar tal expressão como objeto indireto da forma verbal “se vinculem”.
115 Português
Provas Comentadas da FCC
15. Justificam-se ambos os usos do sinal de crase em:
(A) Muitos ficam à vontade diante da televisão, à despeito de por ela serem manipulados.
(B) Deve-se poupar à criança do risco que representa assistir à televisão durante horas seguidas.
(C) Os recursos tecnológicos, à princípio, não têm valor em si mesmos; alcançam-no à medida que sejam utilizados.
(D) Não é caso de mandar a tecnologia às favas, pelo contrário; trata-se de bem aproveitá-la à cada vez que se faz necessária.
(E) O fato de estarmos sempre às voltas com as leis do mercado não significa que devamos nos submeter às suas determinações.
Nos diversos itens da questão, notam-se os seguintes fatos no tocante aoemprego do acento grave indicativo da crase:
(A) Na primeira passagem, o acento está adequadamente empregado, uma vez que temos uma locução adverbial (“à vontade”), formada por palavra feminina. No entanto, na segunda ocorrência há flagrante equívoco: não se emprega acento grave antes de vocábulos masculinos.
(B) Nesta alternativa, o primeiro acento está incorreto, O verbo “poupar”, de regência transitiva direta, não provoca presença de preposição em seu complemento “a criança”, o qual se analisa como objeto direto, sendo, então, o vocábulo “a” do referido sintagma apenas artigo definido e, por isso, sem acento grave. Na segunda ocorrência, a regência transitiva indireta do verbo "assistir” empregado com sentido de “ver” fez surgir a preposição "a”, que, contraída com o artigo definido “a”, antecessor do substantivo feminino "televisão”, caracterizou o fenômeno da crase, assinalado com o competente acento grave.
(C) Não pode haver emprego de acento grave na primeira ocorrência do fragmento acima: "princípio” é vocábulo masculino. Na segunda passagem, o acento é indispensável, uma vez que temos a locução conjun- tiva “à medida que”, a qual forma juntamente com "à proporção que as duas únicas locuções conjuntivas merecedoras obrigatórias do acento grave indicativo da crase.
(D) O primeiro emprego do acento grave está correto: “às favas” é uma locução adverbial formada por palavra feminina e, como já vimos, recebe obrigatório acento grave. Entretanto, a segunda ocorrência do acento
Décio Sena 116
I ' . ;grave está equivocada, uma vez que o vocábulo 'cada" é pronome indefinido e, por! isso mesmo, inviabilizadór de tal acento.
(E) Finalmente chegamos ao item em que osjdois acentos graves estão perfeitamente empregaldos. Inicialmente, empregou-se 0 acento na locução adverbial "àá voltas*;, formada por palavra feminina. Na segunda passagem, o aceníjo grave deve-se à contração da preposição *a” exigida pela regência do verbo “submeter”, com o artigo definido "as” que antecede o substantivo feminino plural “determinações” Convém recordarmos que, por estar o vocábulo "às” no plural, jnesmo havendo a presença de pronome possessivo feminino claramente expresso, o acento grave é indispensável, I uma vez que a simples indicação de plural para o vocábulo ttas” já é o| suficiente para que percebamos haver a presença de artigo definido, aojmesmo tempo que a.preposição é, igualmente, compulsória e requisitada pela regência verbal. Esta menção é importante uma vez que a presença de pronome possessivp feminino diante de substantivo claramente expresso e em singular faculta o emprego do pronome, tal qual ocorreria, por exemplo,íem “O fito de estarmos sempre àsivol- tas com as lèis do mercado não: significai que devamos nos submeter à (ou a) sua determinação.” Esta é a resposta da questão.
Prova 6 - Analista Judidário/jBifafiotecário/TRT da 2a Região/2008\
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Gabarito:
01) D 06) D 11) C02) C 07) E 12) D03) C 08) A 13) A04) B 09) B 14) B05) A 10) E 15) E
Décio Sena 118
Prova 7
Secretário de DiIigêndás/MPE-RS/2008
As questões de números 01 a 10 baseiam-se no texto apresentado abaixo.
Voluntário
O velho gaúcho foi ajudar, no posto mais próximo do hotel em que se hospedara, o serviço de assistência aos desabrigados pelo temporal. Ninguém lhe dá a idade que tem, ao vê-lo caminhar desempenado, botar colchão na cabeça, carregar dois meninos ao mesmo tempo, inclinar-se
5 até o ladrilho, reassumir a postura erecta sem estalo nas juntas. Só que não se apressa e, quando um mais afobado desanda a correr pelo pátio ou a gritar ordens, aconselha por baixo da bigodeira branca:
- Eh lá, não te apures que é lançante.E seo òütro não entende:
10 - Devagar pelas pedras, amigo!Está sempre recomendando calma e jeito; bota a mão no ombro do
voluiitáriò msòfridò è'diz-lhe, olhos nos olhos:- Não guásqüeies sem precisão nem griteis sem ocasião, homem!O outro, surpreso, ia queimar-se, mas o rosto claro e amical do ve~
is lho o desarma. Ainda assim, pergunta:- Mas pór quê?- Porque senão te abombachas no banhado, chêtComo tem prática de campo e prática de cidade, prática de enchen
te, de seca, de incêndio, de rodeio, de eleição* de repressão a contrabando 20 e prática de guerra (autobiografia oral), propõe, de saída, a divisão dos
serviços em setores bem caracterizados:»■ Pois não sabes que tropa grande se corta em mais de um lote pra
que vá mais ligeiro?Ajuda mesmo, em vez de atrapalhar, e procura impedir que outros
25 atrapalhem, o que às vezes aumenta um pouco a atrapalhação, mas tudo se resolve com bom humor. Vendo o rapazinho imberbe que queria tomar a si o caso de uma famüia inteira, que perdera tudo, afasta-o de leve, explicando:
- Isto não é cancha pra cavalo de tiro curto.
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Provas Comentadas da FCC
30 Nomeia o rapazinho sen ajudante-de-ordens, e daí a pouco a família sente que, depois de tudo perder, achara uma coisa nova: proteção e confiança.
Anima a uns e outros, não quer ver ninguém triste demais da conta. Suspende no ar o garotinho que não fala nem chora, porque ficou idio-
35 tizado de terror, puxa-lhe o queixo, dá-lhe uma pancadinha no traseiro, e diz-lhe:
- Estás que nem carancho em tronqueira, piazito! Toma lá este regalo.
O regalo é um reloginho de pulso, de carregação, que ele saca do bol- 40 so da calça como se fosse mágico - e é capaz de tirar outros, se aparece
rem mais garotos infelizes.W
(Carlos Drummond de Andrade. Prasa seleta, Mio de Janeiro: Nova Águiíar, vol único, 2003> p.570~57I)
01. Como tem prática de campo... e prática de guerra (autobiografia oral)
O comentário isolado por parênteses pressupõe que:
(A) a enumeração dos possíveis atributos é feita pela própria personagem;(B) as informações apresentadas no texto são aleatórias e desnecessárias;(C) a retificação é importante para esclarecer o que se afirma em todo o
parágrafo;(D) sua inclusão contradiz a caracterização da personagem, constante
do Io parágrafo;(E) as qualidades referidas devem ser exigidas de voluntários em situa
ções de emergência.
O fragmento textual do qual se explorou a questão ora estudada está transcrito a seguir:“Como tem prática de campo e prática de cidade, prática de enchente» de seca, de incêndio> de rodeio, de eleição, de repressão a contrabando e prática de guerra (autobiografia oral}, propõe„ de saída, a divisão dos serviços em setores bem caracterizados:**Nele percebe-se a inserção de informação contida entre parênteses, na verdade um comentário estabelecido peio autor do texto - Carlos Drummond de Andrade revelador não só de ironia - consideradas as qualidades tão
Dédo Sena 120
Prova 7 -Secretário de Difigêndas/MPE-RS/2008
: ‘distintas que atingem o ;u velho gaúcho”, comò, também, a informação crucial de, até por sèr aquela seqüência de atribiítos apenas uma autobiografia oral, ser, necessariamente, provinda do própiüo personagem.
\ 1 .
...no posto mais próximo do hotel em que se hospedara...
O emprego da forma verbal grifada acima ibdica:
(A) ação habitual e repetitiva; j(B) incerteza em relação a uma situação futura;(C) ação passada, anterior a outra, também no passado;(D) fato realizável, a depender de outro, posterior ao primeiro;(E) fato passado e terminado em um momento específico.
Deseja-se que o candidato indique o:tom semântico introduzido pela forma verbal sublinhada em “... no põsto mais próximo do hotel em que se hospeda-m ...” Na verdade, subiínhou-se um pretérito mais que perfeito do indica tivo. Por excelência, o pretérito mais que perfeito aponta um fato pretérito, vale dizer, passado, ocorrido e finalizado, pojr sua vez, antecedentemente a um outro fato tâ-mbém pretérito, também já finalizado. Estamos a falar, então, de dois pretéritos perfeitos, ou seja, de dtaas ações passadas e esgotadas no passado, sendo umaidelas anterior a outr4. j
Observemos o ekemplo que se segue: jQuando chegamos ao estádio, o jogo já começara. jPodemos verifkàr que as duas formas verbais constantes no período indicam! ações passadas: “chegamos” e “começara” sãoi sem dúvida, ações do passadoj e concluídas no passado. No confronto entre blas resta uma evidência: a cir-j cunstância de ojjogo começar é anterior à;de chegarmos ao estádio. Trata-i se, então, de um| pretérito anterior a um outró pretérito, daí a nomenclatura! apontada para aj forma verbal "começara” ser pretérito-mais-que-perfeito. íDeste modo, apòntamos como resposta paraj a presente questão o item (C): “ação passada, ajnterioría outra, também no passado”. jPara as demais alternativas, teremos as: indicações de modo e tempo'seguintes: j í
i } : I(A) O presente do indicativo é o responsável [por esta indicação: os planetas,
do sistema sblar movem-se em torno do Sol.
121 Português
(B) Esta noção é informada pelo pretérito imperfeito do subjuntivo: É provável que o doente estivesse recuperado, se o transplante houvesse sido realizado» .
(D) Mensagem obtida pelo emprego do futuro do presente do indicativo: Irei ao debate, se houver compromisso de não ser agredido.
(E) Efeito semântico obtido pelo emprego do pretérito perfeito do indicativo: Estudei naquele colégio em 1985.
03. ...puxa-lhe o queixo, dá-lhs.uma pancadinha no traseiro, e diz-lhe-
Considerando-se os pronomes grifados acima, está correto o que se afirma em:(A) Os três são exemplos de pronomes pessoais átonos de 3a pessoa, em
pregados com idêntica função sintática.(B) O antecedente comum a todos os três prononies é ninguém triste de
mais da conta.(C) Nos dois últimos exemplos, identifica-se função sintática idêntica
dos pronomes.(D) Nos dois primeiros exemplos, os pronòínes estão empregados como
possessivos, diferentemente do último, empregado como pronome pessoal.
(E) Nos dois últimos exemplos, os pronomes referem-se ao garotinho que não fala nem chora e, no primeiro, ao velho gaúcho.
Vejamos a transcrição do fragmento textual em que surgem os pronomes “lhe” motivadores da presente questão:"[O velho gaúcho] Anima a uns e outros, não quer. ver. ninguém tiiste demais da conta. Suspende no àrp garotinho que não fa la nem chora, porqueficou idioti- zado de tenor, puxa-lhe o queixo, dá-lhe uma pancadinha no traseiro, e diz-lhePassemos, agora, às suas análises morfossintáticas:Upuxa-lhe o queixo” - temos um pronome pessoal oblíquo átono que, seman- ticaménté,-indica posse; ao escrever “puxa-lhé o queixo”, Ò articulista infor- mou-nos que ó velho gàúchõ puxa o queixo do gárótinlio, oü, de outra forma, puxa o seu queixo. É fato conhecido que os pròriomés pessoais oblíquos átorios podem, sémanticamerite;vpõrtar válòr .de possé, sendo, nessas circunstâncias, sintatícamente identificados como adjuntos adnominais. Tal análise, majoritariamente adotada; não é, contudo, consensual. Há ilustres autores que veem a função de objeto indireto para tais pronomes.
Décio Sena 122
prova / - becretana de üilfgenüas/MPE-RS/2008
aâá-lhe uma pancadinha no traseiro” - novamente temos um pronome pessoal oblíquo átòno mais uma vez, semanticamente, tradutor de posse. Observemos que a mensagem produzida com a estrutura transcrita é a mesma de "dá uma pancadinha no traseiro do garotinho”, ou mesmo “dá uma pancadinha no seu traseiro. Sintaticainente, como visto na análise do primeiro pronome, temos um adjunto adominal (objeto indireto, para uns).“e d iz - lh e - outra ocorrência de pronome pessoal oblíquo átono, ainda em função de objeto indireto, desta vez em atenção à regência transitiva indireta da forma verbal transitiva indireta “diz”.Passemos, agora, às análises das diversas alternativas da questão:(A) Incorreto* Como vimos, apenas os dois últimos pronomes pessoais têm
a mesma função sintática, no caso, objeto indireto. O primeiro deles funciona como adjunto adnominal.
(B) Incorreto* Nenhum dos pronomes pessoais oblíquos átonos indicados tem o antecedente indicado, que é absolutamente despropositado, dadas as informações do texto. Na verdade, os três pronomes são alusivos a “garotinho”.
(C) Incorreto. Como já vimos, os dois primeiros pronomes pessoais oblíquos átonos - e não os dois últimos - funcionam como adjuntos adno- minais. O último deles tem funçãç de objeto indireto..
(D) Correto. Na análise efetuada antes da verificação de cada item, já apontamos este fato. Esta é a resposta da questão.
(E) Incorreto. Já vimos antecedentemente que os três pronomes são alusivos a “garotinho”.
Só que não se apressa e ...aconselha...
Observe o uso da palavra só nas frases seguintes:I. Só ele não se apressa e aconselha...II. Ele não só se apressa mas aconselha...III. Ele não se apressa só, conquanto aconselhe...Com as alterações havidas na frase original do texto, houve também alteração de sentido:
(A) apenas em I;(B) apenas em III;(C) apenas em I e II;(D) apenas em II e III;(E) em I, II e III.
123 Português
Provas Comentadas da FCC
Transcrevemos o fragmento textual em que surge o vocábulo “Só”, para sua melhor identificação semântica:O velho gaúcho fo i ajudar, no posto mais próximo do hotel em que se hospedara, o serviço de assistência aos desabrigados pelo temporal Ninguém lhe dá a idade que tem, ao vê4o caminhar âesempenado, botar colchão na cabeça, carregar dois meninos ao mesmo tempo, inclinar-se até o ladrilho, reassumir a postura erecta sem estalo nas juntas. Só que não se apressa e, quando um mais afobado desanda a correr pelo pátio ou a gritar ordens, aconselha por baixo da bigodeira branca:Como podemos observar, o vocábulo ‘'Só” introduz uma ressalva que indica, de certa forma, mensagem que se põe em oposição semântica ao enunciado antecedentemente. Era de se esperar que das inúmeras atividades por ele desempenhadas, o leitor fosse tentado a imaginar que as mesmas se dessem em um processo desenfreado, como se as ações sucedessem-se umas às outras, freneticamente. À presença do vocábulo “Só”, entretanto, indica-nos que, apesar de múltiplas as iniciativas do velho gaúcho, as mesmas se realizam calmamente, sem pressa, em um ritmo incessante, mas feito com moderação. Vejamos, agora, as opções sugeridas para emprego do mesmo vocábulo “só”, em busca daquelas nas quais há identificação com o tom semântico que se afasta do indicado no texto e ora analisado:I. incorreto. O texto agora apresentado sugere que o velho gaúcho era o
único a não se apressar e aconselhar, dedução não permitida pela passagem original, que nos afirma ser sua característica manter a calma, sem, entretanto, que se negasse tal característica a todos os demais integrantes da jornada de assistência de vítimas ao temporal.
II. Incorreta. Lemos, neste item, que o velho gaúcho apressa-se em suas atividades, o que vai de encontro ao conteúdo semântico original.
III. Incorreta. Ao lermos que ele (o “velho gaúcho”) não se apressa só, obviamente somos informados de que a pressa é apenas sua característica, o que, como já vimos, está em absoluta oposição ao informado no fragmento original.
05. Suspende no ar o garotirdioO verbo que exige o mesmo tipo de complemento que o do grifado acima está na frase:(A) ...bota a mão ao ombro do voluntário insofrido...(B) ...pra que vá mais ligeiro?(C) ...porque ficou idiotizado de terror...(D) O regalo é um reiogmho de pulso...(E) ...como se fosse mágico.
Décio Sena 124
Prova 7 - Seèreíário de D!lfgêndas/MP£-RS/2008j
tEm Suspende no, ar o gàfotinho observa-se v^rbo (“suspende”) com emprego transitivo direto, sendo seu complemento jdireto (objeto direto) indicado por “o garotinho”. A expressão “no ar”, tradütora de informação acessóriaj de lugar que se fornece ao verbo, é adjunto; adverbial de lugar. |Assim, vejamos)todas as alternativas da quejstão para localizarmos, comoj solicitado no enünciado da questão, outro verbo de mesma regência tran-! sitiva direta: j |
(A) Correto. A forma verbal "bota” tem emprego, no texto desta alternati^va, transitivo direto, também. Seu complemento direto (objeto direto)j está indicado por “a mão”. Todo o sintagma “no ombro do voluntário, insofrido” desempénha papel de adjuntcf adverbial para a forma verbal em discussão, uma; vez que introdutorajde circunstância adverbial de lugar para a mesma* Esta é a resposta daj questão* ;
(B) Incorreto. Ó verbo “ir” - na forma “vá? - é intransitivo, ou seja; nãose faz acompanhar de expressões compíementares. A expressão “mais ligeiro” traduz informação circunstancial (adjunto adverbial, portanj to), indicadora de modo. ii í • i I ; • í
(C) Incorreto. Temos, nesta opção, emprego; do verbo "ficar”, de ligação. Oadjetivo “idjiotizadó” é predicativo. j, |
(D) Incorreto, Mais um verbo de ligação, neste caso “ser” - empregado náforma “é” f surgiu nesta, opção. A expressão “um reloginho de pulso"funciona sihtaticamente como predicativo. !i r \ |. I
(E) Incorreto. Outro verbo de ligação (“fosse”, do verbo “ser”, neste caso)foi apresentado nésta opção. Desta feita, funciona como predicativo <p vocábulo “mágico”
06. O velho gaúcho foi ajudar, no posto máis próximo do hotel em que se hospedara, o serviço de assistência aos desabrigados pelo temporalL
A função sintática do jfcermo grifado aciiha é a mesma do termo, também grifado, da frase: i
(A) ...quando itm mais afobado desanda ajcorrer pelo pátio(B) Como tem prática de campo e prática de cidade ...de repressão a
contrabanido... ' ; | j(C) ...propõe, [ de saída, a divisão dos serviços em setores: bem
caracterizados... j j l I(D) ...mas tado se resblve com bom humor.(E) Nomeia o rapazinho seu amdante-de-ordens*.
125 l Português
Verifiquemos o texto fornecido no enunciado da questão, bem como a função sintática de sÜá éxprèssaò grifada:“O velho gaúcho fo i ajudar, no posto mais próximo do hotel em que se hospe- dara, o serviço de assistência aos desabrigados pelo temporal ”Trata-se de expressão preposicionada e ligada ao substantivo abstrato “assistência”, Nesses casos, recomenda-se cauteia para que se distinga o adjunto adnominal do complemento nominal.Sabemos que, caso a expressão preposicionada e ligada a substantivo abstrato por preposição tenha valor semântico ativo, será adjunto adnominal. Inversamente, havendo vaior semântico passivo na expressão, teremos um complemento nominal.Por exemplo;1. O cultivo do lavrador foi fértil, (nota-se uma expressão preposiciona
da e ligada ao substantivo abstrato ‘cultivo” tradutor de resultado de ação; entendemos que a expressão preposicionada é, neste caso, seman- ticamente observada, tradutorada ação de cultivar, ou seja, temos nessa circunstância um adjunto adnominal).
2. O cultivo de soia foi fértil, (observa-se uma expressão preposicionada e ligada ao mesmo substantivo abstrato “cultivo”, ainda portando o sentido de resultado de ação; agora, percebemos que a expressão preposicionada tem valor semântico passivo, ou seja, a soja foi cultivada e} nessa circunstância, a denominamos complemento nominal).
Aplicando os raciocínios acima descritos à passagem que ora estudamos Ç\..serviço de assistência aos desabrigados pelo temporal”) nòtamos valor semântico passivo para.“aos .desabrigados” .o que nos permite classificar a expressão çomò um.complemento nominal .Vejamos, então, as diversas opções da questão, em busca de outro complemento nominal:
(A) Incorreto. Temos, nessa opção, um adjunto adverbial.
(B) Correto. A expressão “a contrabando”, que se liga por meio da preposição “a” ao substantivo abstrato “repressão”, tem nítido valor semântico passivo, sendo, então, um complemento nominal Esta é a resposta da questão,
(C) Incorreto. Assinalou-se, nesta opção, outro adjunto adverbial(D) Incorreto. Temos, ainda, um adjunto adverbial.
(E) Incorreto. Foi posto em destaque um predicativo do objeto direto.
Décio Sena 126
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07. Percebe-se intenção irônica do autor em:
(A) Só que não se apressa e, quando um mais afobado desanda a correr pelo pátio ou a gritar ordens, aconselha por baixo da bigodeira branca...
(B) Como tem prática de campo e prática de cidade» prática de enchente, de seca, de incêndio» de rodeio, de eleição, de repressão a contrabando e prática de guerra (autobiografia oral)..,
(C) ~ Pois não sabes que tropa grande se corta em mais de um lote pra que vá mais ligeiro?
(0) Nomeia ó rapazinho seu ajudaníe-de-ordens, e daí a pouco a família sèhte quê, depois de tudo perder, achara uma coisa nova: proteção e confiança,
(E) Anima a uns e outros, não quer ver ninguém triste demais da conta.
Observemos a passagem:Como tem prática de campo e prática âe cidade, prática âe enchente, âe seca3 de incêndio, de rodeio3 de eleição, de repressão a contrabando e prática de guerra (autobiografia oral), propõe, de saída, a divisão dos serviços em setores bem caracterizados:Observa-se na atribuição de dotes que faz acerca do velho gaúcho, a interferência de Carlos Drummond de Andrade carregada de ironia, caracterizada pelo universalismo dos predicados cedidos ao personagem, que abrangem um vasto espectro de possibilidades, culminando com a menção à prática de guerra, salientada pela informação de que, neste caso, o registro é apenas autobiográfico e, mais ainda, oral.
08. Está Incorreto ò que se afirma em:
(A) O título - Voluntário - atribuído à crônica permite ao leitor uma ideia áhtecipádá dò deséhvolvimentó do texto.
(B) Proteção e confiança, termos que caracterizam as atitudes do velho gaúcho, podem sintetizar corretamente a ideia central do texto.
(C) As falas da personagem principal da narrativa, expressas em 2a pessoa, garantem a coerência de todo o texto.
(JD) O discurso direto que aparece em toda a narrativa, caracterizando os diálogos, constitui um dos recursos coesivos do texto.
(E) As palavras empregadas no diminutivo - rapazinho, garotinho, pia- zito - servem de contraponto à presunção autoritária de uma pessoa mais velha e experiente.
127 Português
Provas Comentadas da FCC
Analisemos todas as alternativas da questão» em busca daquela em que senota equívoco na apreciação do texto:(A) Correto. O título “Voluntário” já é alusivo ao caráter solidário do velho
gaúcho.(B) Correto. “Proteção" e "confiança”, atributos que se observam na perso
nalidade do velho gaúcho, formam o eixo em torno do qual se estrutura o texto.
(C) Correto. Habilmente, Carlos Drummond de Andrade optou pelo emprego da segunda pessoa do singular para as formas verbais e pronominais» o que é uma característica do falar do povo gaúcho, trazendo, deste modo, coerência entre a linguagem e o fato narrado, ocorrido no Rio Grande do Sul.
(D) Correto. A coesão é a característica que faz com que as ideias de um texto surjam logicamente encadeadas. Assim, observemos como todos os discursos diretos inserem-se no fluxo da narrativa, sendo, inclusive, prenunciados pelos dois-pontos, o que permite afirmar que promovem a ligação entre as ideias.
(E) Incorreto. Ê absurda a tentativa de associar-se ao velho gaúcho o perfil de pessoa autoritária. Trata-se de personagem caracterizado peia brandura, pelo interesse em ajudar os demais de forma desinteressada. Assim, os diminutivos são sugestivos de fala carinhosa.
09. Não guasqueies sem precisão nem grites sem ocasião, homem!
Considerando-se a frase transcrita acima» a afirmativa que NÃO está deacordo é:
(A) Os dois segmentos que a compõem apresentam paralelismo sintático, comum em ditos populares.
(B) O sentido que ela transmite retoma o que foi dito anteriormente em Está sempre recomendando calma e jeito,
(C) O emprego do ponto de exclamação introduz vivacidade na narrativa e acentua a autoridade, baseada na experiência, do velho gaúcho.
Décio Sena 128
Prova 7 - Secretário de DÍligêndas/MPE-RS>2008
(0 ) O cronista se serve de um dito popular incluso na narrativa parajus tifkar seu ponto de vista pessoal. J
(E) Ambos os verbos éstão flexionados noimperativo negativo, configurando-se aconselhamento, de acordo com o contexto.
Vejamos os divérsos itens da questão, em busca do que não contém afirmaftiva correta. : j- ■ j
(A) Correto. À jfala Não gtiasqueies seni precisão nemgrites sem ocasião,homem!” está estruturada por meio de s duas orações coordenadas ( y Não guasqüeies sem precisão) e (nem, grites sem ocasião) que formam um paralelismo sintático, com respeito ào vocativo "homem!”. Os; ditaj- dos populares são frequentemente apresentados com estrutura análoga, igualmente bimembre, ora com frases liominais (“Farinha pouca* meu pirão primjeiro”), ora com frases verbais (“Quem, com ferro fere com ferro será ^rido").i I . j
(B) Correto. Tanto M- Não guasqueies sem precisão nem grites sem ocasião,homem!”, quanto “Está sempre recomendando calma e jeito” são mensagens que tqm por finalidade acalmar, pácificar o ambiente. j
(C) Correto. Sèm dúvida a exclamação, intpdutora de valor semântico deexpressivifjade naifala, faz surgir máisjyividamente a autoridadé pro- vínda da ejqperiência do velho gaúcho, j |
(D) Incorreto. Não háquaiquer inserção deiponto de vista personalista, tradutor da visão do cronista. Esta é a resposta da questão. I
\ : i i(E) Correto. Trata-se do emprego do impeiktívo negativo, na segunda pes
soa do singular. Como sabemòs, os inlperatrvos negativos - em qualquer de suías pessoas ~ provêm do presjente do subjuntivo. Lembremos que os imperativos nem sempre sugerem ordem, comando. São, ás vezes, sugestivos deipedidos e, até mesmo, de súplica: “Por favor, nâo me esqueça”, 1 Valha-me, Nossa Senhoraf
129 Pórtuguês
10, Vendo o rapazinho imberbe que queria tomar a si o caso de uma família inteira, que perdera tudo, afasta-o de leve, explicando;
- Isto não é cancha pra cavalo de tiro curto.
Em outras palavras e com transformação de estruturas, o sentido do segmento transcrito acima encontra-se corretamente reproduzido, com clareza, em:
(A) Com pouco fôlego, vendo que o jovenzinho queria ser o responsável pelo caso de uma família inteira, ao perder tudo, afasta todos de leve, e explica que aquilo não é trabalho pra cavalo de tiro curto.
(B) Afastando todos de leve é explicando: •*> Isto üão é cancha pra cavalo de tiro curto, foi o jovenzinho quequeria resolver sozinho toda uma família, que tinha perdido tudo naquele caso.
(C) Quando viu o rapaz ainda novo pretendendo auxiliar sozinho toda uma família quehaviá perdido tudo,afãstóú-ò com delicadeza, explicando-lhe quèãijuilô^;não%ríí;'cGisã Jáira"pessoas^iirèxp^iéhtes.
(D) Qüéistoiião é cõisá prá géhtè pòucòsabi<Ía,foio qüé eledisse vendo o rapáá hoviiiliò que queria résòlver todo o caso de uma família que, ao perder tudo, afasíou-o com tal explicação.
(E) Enquanto Viáüm ràpáziiUio no çaso de uma família inteira, que perdeu rèsdité4à(sòzml^^ explicando que; istóiiãòé prágéhte de po^o fôlego. '. . V
Observemos as diversas alternativas da presente questão, em. busca daquela que contém texto coerenteménte produzido e reprodutor da mensagem originalmente' disposta no enunciado Ha questão:(A) Incorreto. Não há mençãò no -texto original que possibilite o início da
alternativa ora estudada com á passagem “Com pouco fôlego” Por ou-. . .tro lado,: a expressão ‘‘cavalo .dé.tiro ciirto”: é transcrição literal, o que
contraria a solicitação de que se deve reproduzir ‘íem outras pialavras” o texto motivador da queétão. O texto sofre, ainda, de faltá de clareza.
(B) ..Incorreto. O ,texto revela-se rigorosamèiité sem coesão. :Nãò há logici-- . ,dade, pór exemplo, na Ixansição entre “ - Isto não é cáncháprá cavalo
.. de tiro curto”- e “foi ò jovenzinho que qtiériá rêsólVèir sozinho toda uma. - família” além de íqueria resolver sozinhò tòdà-uma família” sèr pas- .. sagem desprovida de:sentido/>Rèpéte4é,:áihdà; á éxprèssãò;“càvalo de
Décio Sena 1 3 0
n u v a / — J c u c i u i tu u c i\,ia3/ <vu ^ u u o
tiro curto”, constante no fragmento originalmente proposto no enunciado da questão.
(C) Certo. Neste item, temos a exata reprodução das ideias contidas no fragmento que embasa a presente questão, disposto em outra estrutura e renovado em suas escolhas vocabulares. Esta é a resposta da questão.
(D) Incorreto. A símplesleitura do íira do texto permite a percepção de que não existe nele coerência semântica, fruto de má coesão: “vendo o rapaz novinho que queria resolver todo o caso de uma família que, ao perder tudo, afastou-o com tal explicação”.
(E) Incorreto, No seu início, o texto já se mostra precário quanto à reprodução das ideias originais: "Enquanto via ura rapazinho no caso de uma família inteira”. Com a continuidade da leitura percebe-se um texto caótico semanticamente, no qual, por exemplo, não se consegue fazer a associação devida entre o pronome “4a”, em “resolvê-la”, e o seu referente.
131 Português
Provas Comentadas da FCC
Gabarito:
01) A 06) B02) C 07) B03) D 08) B04) E 09) D05) A 10) C
I I 9 I -M'
Dédo Sena 132
I r I • . . Prova&! ; ; I
Absesáoi/Áfea: Dirèító/MPE-RS/200^
As questões de números 1 á 10 referem-se ao texto que segúe.
| Ética de princípios
As duas éticas: a que brota da contemplação das estrelas perfèitas; imutáveis e mojrtas, a que os filósofos dãó onomede ética de princípios e a que brota da contemplação dos jardins;imperfeitos e mutáveis, mas vivos ~ a que os filósofos dão o nome de ética contextual. |
5 Os jardineiros não olham para as estrelas. Eles nada sabem sobre as estrelas que alguns dizem já ter visto por revelação dos deuses. Como os homens comuns não veem essas estrelas, jel s têm de acreditar na palavra dos que dizem já as ter visto longe, muito longe... Os jardineiros só acre-j ditam no que seus olhbs veem. Pensam á pjartir da experiência: pegam a
io terra com as mãos e a cheiram. ; | ]Vou aplicai* a metáfora a uma situação: concreta. A mulher está cortí
câncer em estddo avançado. É certò que eía morrerá. Ela suspeita disso e tem medoJ O médico vái visitá-la. Olhando, do fundo do seu medoj no fundo dos cjlhos dò médico, elá pergunta: “Doutor, será que eu esca-j
is po desta?” | |Está configurada uma situação ética. Que é que ò médico vai dizeri| Se o médico for àdeptò da ética estelar de princípios, a resposta
será simples: “Não, a senhora não escapará desta. A senhora vai mor-j rer” Respondeu segundo um princípio iiiivariável para todas as situa-j
20 ções. A lealdade a umiprindpio o livra de úm pensamento perturbador; o que a verdad irá fazer com o corpo e á aJma daquela mulher? O prin-j cípio, sendo abjsoluto, não leva em consideração o potencial destruidor da verdade, j - : j ■■
Mas, se for um jardineiro, ele não se [lembrará de nenhum princí- 25 pio. Ele só pensará nos olhos suplicantes daquela mulher. Pensará que a
sua palavra teijá que produzir a bondade. E ele se perguntará: “Que pa-r lavra eu posso jdizer que, não sendo um engano (a senhora breve estará curada...), cuidará da mulher como se a palavra fosse um colo que acolhe uma criança?” jE ele dirá: “Você me faz essa pergunta porque você está
f l U V é l S ^ U U I C i u a u c t s u a
30 com medo de morrer» Também tenho medo de morrer.. * A i, então, os dois conversarão lohgaméntè - cniho se estivessem dé mãos dádas - sobre a morte que òs dois haverãò dé enfrentar. Comòsugériu o apóstolo Paulo, a verdade está subordinada à bondade. .
Peia ética de princípios, o uso da camisinha, á pesquisa das célu- 35 las-tronco, o aborto de fetos sem cérebro, o divórcio, a eutanásia são
questões resolvidas que não requerem decisões: os princípios universais os proíbem. Mas a ética contextual nos obriga a fazer perguntas sobre o bem ou mal que uma ação irá criar. O uso da camisinha contribui para diminuir a incidência da Áids? As pesquisas com célúiás-tronco contri-
40 buem paira trazer a ciirá pára uma infinidade de doenças? O aborto de um feto sem cérebro contribuirá para diminuir a dor de uma mulher? O divórcio contribuirá para que homens e mulheres possam recomeçar suas vidas afetivas? A eutanásia pode sér ó único cámiiihò pará libertar uma pessoa da dor que não a deixará?
45 Duas éticas. À uriica pergunta a se fazer é: “Qual delas está mais a serviço dó amor?”
(Rubem Álvès, Folha âe S. Paulo, 0-Í/03/20ÕS)
01. Ao tratar das duas éticas, o autor:
(A) considera-as complementares entre si e as julga com plena isenção;(B) aponta fatores de uma sutil divergência entre elas e os classifica;(C) julga-as convergentes e demonstra esse fato por meio de uma
metáfora;(D) opõe-nas a partir dos distintos compromissos de cada uma;(E) aponta drásticas divergências entre elas e propõe um modo de
conciliá-las.
Ao discorrer sobre as duas éticas - a de princípios e a contextual - o autor expõe as suas distintas naturezas: a primeira delas está vinculada à necessidade de se observarem valores consagrados como corretos e, por isso mesmo, inalteráveis, enquanto a segunda privilegia à necessidade de se avaliar cada uma das situações com respeito ao que resultaria da simples aceitação de normas dadas como corretas, ou seja, leva em conta os diversos contextos existenciais.A resposta da questão está, assim,, ná alternativa '(D), na quai se lê: "opõe- nas a partir dos distintos compromissos de cada uma”, '
Décio Sena 134
Prova 8 - Assessor/Área: Direito/MPE-RS/2008
02. Considere as seguintes afirmações:
I. Na figuração da frase os jardineiros não olham para as estrelas, a palavra sublinhada é uma metáfora dos princípios absolutos.
II. A diferença básica entre a ética de princípios e a ética contextual está no fato de que a primeira não tem aplicabilidade possível.
IÍL A frase a verdade está subordinada à bondade foi citada como contraposição a um princípio da ética estelar.
Em relação ao texto, está correto o que se afirma em:
(A) I,H eIII;(B) I e II, apenasj(C) l e HI, apenas;(D) II e III, apenas;(E) III, apenas.
Com respeito às afirmativas abaixo, feitas acerca do texto “Ética de princípios” verifiquemos quais estão corretamente apontadas:
L Certo. A ética de princípios brota da contemplação das estrelas perfeitas, imutáveis e mortas, ou seja, a ética que, por ser leal a um princípio, tem natureza absoluta, não levando em conta os possíveis danos que a verdade, em certos contextos, poderá provocar.
O. Errado. O autor defende em seu texto a ética contextual, por certo. No entanto, em nenhuma passagem autoriza o entendimento de que a ética de princípios não tenha aplicabilidade. Cita, inclusive, o fato de médicos estarem sujeitos à necessidade, por força de seu afazer profissional, de terem de empregar a ética de princípios.
III. Cérto. Como já vimos, a ética estelar está associada à noção de ética de • princípios, que se caracteriza pela necessidade de se atender a princípios
rigidamente dispostos como corretos pelo corpo social. A frase do apóstolo Paulo citada no item ora analisado está na oposição deste entendimento e, na medida em que propugna pela ascendência, em cada situação, da bondade sobre a verdade, relativiza a ética, que passa, segundo o autor, a ser ética contextual.
Estão corretas, então, as afirmativas ! é III.
135 Português
Provas Comentadas da FCC
03. Considerando-se o conjunto do texto, é correto inferir que o autor:(A) espera que o leitor responda afirmativamente a cada uma das per
guntas formuladas no penúltimo parágrafo;(B) deseja provocar em nós o mesmo dilema que o transtorna a cada vez
que se coloca diante da questão com que encerra o texto;(C) demonstra intolerância com quem costuma relativizar um princípio
ético no contexto de uma dada situação;(D) admite que só o sistema dos princípios absolutos constitui uma ética
verdadeira, ainda que longe do nosso alcance;(E) alimenta a convicção de que os filósofos e os santos desconhecem a
ética dos jardineiros.
Considerando-se o conjunto do texto, é correto inferir que ò autor,(A) Certo. A direção argumentativa do texto sobrepõe a ética contextual à éti
ca de princípios. Ê nítida a opção do autor relativamente à necessidade de o sentimento amoroso predominar sobre a pura razão, ou sobre os condicionamentos sociais historicamente dados como corretos. Para tanto, inclusi* ve, lança mão de testemunho de autoridade, ao citar o apóstolo Paulo: “a verdade está subordinada à vontade”. Esta é a resposta da questão.
(B) Errado. Pelo que entendemos da leitura atenta do texto, o dilema citado nesta alternativa simplesmente não existe para o autor, dada a sua aceitação de que a ética contextual deve prevalecer sobre a ética de princípios.
(C) Errado. Entendemos justamente o oposto: o autor defende a relatíviza- ção da ética em conformidade com as situações existenciais.
(D) Errado. Mais uma vez estabelece-se uma afirmativa que se encontra na exata oposição dos sentidos contidos no texto.
(E) Errado. A argumentação que evidencia o equívoco desta afirmativa está na citação do apóstolo Paulo, a qual serve como fundamento para o entendimento de que a vontade deve subordinar-se à bondade, ou seja, a ética deve ser relativizada em cada situação, de modo que a bondade prevaleça.
04. Considerando-se o contexto, há um aspecto causai no segmento sublinhado na frase:
(A) Os jardineiros só acreditam no que seus olhos veem.(B) Como sugeriu o apóstolo Paulo, a verdade está subordinada à
bondade.
Décio Sena 136
Prova 8 - Assessor/Área: Direito/MPE-RS/2008
(C) Mas, se for; um jardineiro, ele riaò se lembrará de nenhum princípioj.(D) Mas a ética! contextual nos obriga a fàzer perguntas sobre o bem ou ò
mal que uma ação irá criar.(E) O princípi|>, sendb absoluto, hão leva
destruidortda verdade.'em consideração o potencial
Estamos em busca da alternativa na qual fòi salientado aspecto semânticocausai. | ; j: |i í i(A) Errado. Nãjs se pojde identificar valor causai na passagem sublinhada!,
que, na verdade, contém uma palavra-dinotativa de exclusão (“só”) e o verbo que í núcleo do predicado verbal) de uma oração principal- (“Osjardineiros jsó acreditam no”). ; j : j
(B) Errado. A j passagem sublinhada é; sugestiva de valor semânticoconformatívo. í I
(C) Errado. Sutjlinhou-ise o sujeito, um adjurko adverbiál e um verbo pronoj- minai que integram uma oração principal com valor semântico de adverr sidade, resujltante de ter sido introduzida] por conjunção desta natureza. |
(D) Errado. Agora, sublinhou-se oração subordinada substantiva objetivaind ireta, j j \
(E) Certo. A oração reduzida de gerúndio "sendo absoluto” tem nítido vailor causai. jObserve-se a conseqüência ique resulta da causa expressa pela oraçãq reduzida, apontada em ”0 princípio não leva em consider ração o poiencial destruidor da verdade”. É como se disséssemos què "Por que [<?|princípio] ê absoluto, o princípio não leva em consideração o potencial! destruidor da verdade”. j j
05. Todas as fòrms(s verbais estão corretamente empregadas e flexionadas nafrase: | j
(A) Se alguém ifor umi adepto da éíica estelar e lhe convir repudiar a máj- xima do ajjóstolo Paulo, não hesitará em dizer a verdade que dói. ;
(B) A lealdadeja um princípio poderá nos livrar de pensamentos pertuij-badores, sé sobrepormos a verdade à txondade. , |
(C) Mesmo as jquestõès que requiserem uma escolha penosa levarão os adeptos daj ética de princípios a responder sem hesitação.
D) O estágio átual das pesquisas com células-tronco constitue, mais que uma esperança, a certeza de sucesso: em inúmeras terapias. j
(E) As angústias que Isobrevêm à declaração de uma verdade impiedosa não incomjodam òs adeptos dà éticade princípios.
137 Português
r i u v í d \ - u i i i c i i i a - V iC » u a > w u
A presente questão aborda as ftexões verbais. Vejamos cada uma das alternativas da questão, para podermos indicar aquela ém qué hão sé notam equívocos de tal natureza. Quando necessário, procederemos ás necessárias correções nos textos originais, as quais serão indicadas ém negrito.(A) Se alguém fo r um adepto da ética estelar e lhe convier repudiara máxi
ma do apóstolo Paulo, não hesitará em dizer a verdade que dói.(B) A lealdade a um princípio poderá nas livrar de pensamentos perturbado
res, se sobrepusermos a verdade à bondade.(C) Mesmo as questões que requererem uma escolha penosa levarão os
adeptos da ética de princípios a responder sem hesitação.(D) O estágio atual das pesquisas com céhãas-tronco constitui, mais que
uma esperança, a certeza de sucesso em inúmeras terapias.(E) As angústias que sobrevêm à declaração de uma verdade impiedosa não
incomodam os adeptos da ética de princípios.
Como vimos, apenas o item (E) está isento de equívocos de flexão verbal. Em tal item, empregou-se o verbo “sobrevir” derivado de “vir”, na terceira pessoa do plural. Este último verbo, ao ser conjugado no presente do indicativo e na terceira pessoa do plural faz surgir a forma “vêm”. O emprego de seu derivado em “sobrevêm” está perfeito, portanto.
06* As normas de concordância verbal estão plenamente respeitadas na frase:
(A) A escolha entre dois sistemas éticos, por vezes atuantes na mesma pessoa, costumam caracterizar um genuíno dilema moral.
(B) Há perguntas a que só se devem responder levando-se em conta que as verdades precisam subordinar-se à bondade*
(C) Não cabe aos médicos adeptos da ética coníextual a produção de consolos mentirosos, mas o oferecimento de um apoio verdadeiro.
(D) Atribuem-se às estrelas perfeitas» imutáveis e mortas a propriedade de figurarem os valores éticos que se julgam absolutos.
(E) Costumam haver nos jardins imperfeitos e imutáveis mais inspiração para a ética dos jardineiros do que para os adeptos da ética de princípios.
Esta questão trabalha os princípios da concordância verbal. Analisemos os seus diversos itens, em busca do que não contém deslizes dessa natureza:
Décio Sena 138
fTova y - Assessor/Area; Dirsito/MPE-RS/2008
(A) Errado. A forma verbal “costumam” está mal empregada em terceira pessoa do plural, uma vez que seu sujeito tem como núcleo o substantivo “escolha” o que acarreta o compulsório emprego de "costuma”, na terceirá.pessoa do singular. Retificado o texto, teremos: “A escolha entre dois sistemas éticos, por vezes atuantes na mesma pessoa, costuma caracterizar um genuíno dilema moral”.
(B) Errado. Observemos a análise do período, com sua conseqüente divisão em orações: [Há perguntas] [a que só se devem responder] [levando-se em conta] [que as verdades precisam subordinar-se à bondade]. Observemos, agora, que na segunda oração (“a que só se devem responder”) encontra-se uma locução verbal - “devem responder” - cujo verbo principal tem regência transitiva indireta, como o comprova a existência do termo “a que”, seu objeto indireto. Sabemos que verbos transitivos indiretos, quando acompanhados do pronome “se”, fazem surgir orações de sujeito indeterminado, o que força o emprego verbal em terceira pessoa do singular. Deste modo, o texto tem de ser retificado para “Há perguntas a que só se deve responder levando-se em conta que as verdades precisam subordinar-se à bondade.”
(C) Certo. Não há erros de concordânciaverbal neste item. O sujeito da forma verbal "cabe” está indicado por “a produção de consolos mentirosos”, com núcleo em “produção”, o que impõe a ãexão em terceira pessoa do singular para aquele verbo. Esta é a resposta da questão.
(D) Errado. Nota-se, neste item, equívoco semelhante ao que ocorreu na alternativa (B): a forma verbal "Atribuem” tem regência transitiva indireta. O emprego do pronome “se” fez surgir oração com sujeito indeterminado, o que implica obrigatório uso da forma verbal citada em terceira pessoa do singular. Assim ficará o texto corretamente redigido: “Atribui-se às estrelas perfeitas, imutáveis e mortas a propriedade de figurarem os valores éticos que se julgam absolutos”.
(E) Errado. Em “Costumam haver” temos um freqüente erro de concordância verbal, nem por isso, entretanto, atenuado. Como sabemos, o verbo “haver”, empregado com sentido de “existir”, é impessoal, vale dizer, organiza orações de sujeito inexistente, o que desautoriza sua flexão em número. Ao ser empregado com tal acepção, sempre surgirá em terceira pessoa do singular. O texto retificado restará desta forma: “Costuma haver nos jardins imperfeitos e imutáveis mais inspiração para a ética dos jardineiros do que para os adeptos da ética de princípios".
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Provas Comentadas da FCC
07. Há falta de correlação entre os tempos e os modos verbais na frase:
(A) Se o médico fosse um adepto da ética estelar de princípios, a resposta seria simples, ele não teria que decidir ou escolher.
(B) Como os homens comuns não viam essas estrelas» eles terão de acreditar nas palavras dos que diziam que as têm visto longe, muito longe.
(C) Se ele fosse um jardineiro, não lhe viria a ocorrer nenhum princípio, e sua resposta haveria de ser simples.
(D) A lealdade ao rígido princípio livrou-o da preocupação com o que a dureza da verdade poderia fazer com o corpo e a alma daquela mulher.
(E) Nesse caso, os dois conversariam longamente, como se de mãos dadas, sobre o medo da morte, que nos assalta a todos.
Vejamos em que alternativa da presente questão a correlação entre tempose modos verbais não se efetuou corretamente:
(A) Certo. Houve a devida correspondência do pretérito imperfeito do subjuntivo em “fosse” com as formas de futuro do pretérito do indicativo "seria” e “teria”.
(B) Incorreto. Não procede a relação entre o pretérito imperfeito do indicativo em “viam” com o futuro do presente encontrado em “terão”. O texto será retificado com o uso do pretérito imperfeito para os verbos “ter” e “dizer” como se mostra a seguir: “Como os homens comuns não viam essas estrelas, eles tinham de acreditar nas palavras dos que diziam que as tinham visto longe, muito longe”. Esta é a resposta da questão.
(C) Certo. Não se nota deslize na correlação do pretérito imperfeito do subjuntivo existente em “fosse” com os futuros do pretérito em “viria” e "haveria”. Neste item, repetiu-se a mesma correlação verbal empregada na alternativa (A)
(D) Certo. Não há equívoco na correlação entre o pretérito perfeito do indicativo em “livrou” e o futuro do pretérito empregado em “poderia”
(E) Certo. Há plena compatibilidade entre o futuro do pretérito encontrado em “conversariam” e o presente do indicativo empregado em “assalta”.
08. Considerando-se o contexto, o elemento sublinhado tem sentido equivalente ao do elemento em negrito no seguinte caso:
(A) a que os filósofos dão o nome de ética contextual (Io parágrafo) - a cuja;
Décio Sena 140
Prova 8 -lAssessor/Área: Direito/MPE-RS/2008
(B) como os horaens comuns não veem essas estrelas (2o parágrafo) =conquanto; j. . !
(C) que palavra eu posso dizer que, não sendo um engano (6° parágrafo)= ainda que não seja,- ' \\ |
(D) aí, então, ps dois conversarão longamente (6o parágrafo) = Emseguida; | j I
(E) a ética coniextualnos obriga a fazer pjsrguntas sobre o bem ou ma| que uma ação irá criar (7o parágrafo) = onde.
J i - I IMesta questão, devemos verificar em que alternativa o elemento sublinhadotem sentido equivalente ao do um elemento em negrito extraído do texto diRubem Alves. Analisemos, então, cada um dos itens da questão:
(A) Errado. A expressão textual sublinhada compreende uma preposiçãó e um pronome relativo. Como sabemosj, os pronomes relativos - à exceção de “cpjo” (e fiexões) - são vocábulos substitutos de termos antej- riormente empregados. Assim, caracteriZam-se por serem pronomes dç natureza substantiva. No presente caso, jpor exemplo, o pronome “quej’ sublinhado; está posto em lugar do pronome demonstrativo “a” que ò antecede, diferentemente, o pronome relativo “cujo” (e fiexões) é proj- nome adjetivo, valè dizer, surge áempre jao lado de um substantivo, an[- tecedendo-b e em relação ao qual exercerá função sintática de adjunto adnominall Não é; viável, deste modo1, a substituição proposta, qúe faí- ria resultario textoiincoerente, porque prejudicado por má substituição: “As duas éticas: a .que .brota da contemplação das estrelas perfeitas, imutáveis e màrtas, a que os filósofos dãoio nome de ética de princípios, e jí que brota da contemplação dos jardins, imperfeitos e mutáveis, mas vivo?- a cuja oslfilósofos dão o nome de ética\contextuaV\
(B) Errado. O focábulo assinalado é uma cpnjunção subordinativa càusaIntroduz uma orarão que encerra a causa para que “ eles [os homem ] têm de acreditar ria palavra dos que dizem já as ter visto longe, muito longe... SuJ substituição pelo vocábulo ^conquanto”, além de gramati- camente irjaceitávèl, uma vez que promoveria obrigatório emprego dja forma vertíal da. forma “veem* em pretérito imperfeito do subjuntivp ("vissem”),' bem como na de “têm” no futuro do pretérito do indicativjo ("teriam”)»! alteraria radicalmente a medsagem, já que o termo sugerido (“conquanto”) é conjunção subordinativa concessiva. j
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(C) Errado. É provável que a eminente banca examinadora tenha visto na oração iniciada por “não sendo” uma subordinada adverbial causai. É perfeitamente aceitável esta interpretação, cuja aceitação implica afirmar que o presente item está errado. No entanto, e esta é uma dificuldade que ocorre frequentemente com as orações reduzidas, particularmente as de particípio e gerúndio, outra leitura é igualmente válida para a presente situação. Nesta outra pode-se ver na passagem sublinhada uma oração subordinada adverbial concessiva, reduzida de gerúndio. A substituição proposta manteria então, no texto, uma subordinada adverbial concessiva, uma vez que introduzida por locução conjwitiva (“ainda que”) que porta significado desta natureza. Convenientemente, alterou-se o emprego da forma verbal relativa ao verbo "ser” para o presente do subjuntivo. Em nosso ver, a afirmativa, desta oração também está correta, o que não foi referendado pelo gabarito oficiai definitivo, no qual se vê como resposta a alternativa (D) para esta questão,
(D) Certo. A expressão “Aí, então”, no contexto em que surge* indica que, logo após certa resposta de um jardineiro a uma mulher aflita, ocorrerá uma longa conversa. Assim, sua substituição por “Em seguida” é perfeitamente aceitável.
(E) Errado. Não há a menor possibilidade de substituir-se o pronome relativo “que” sublinhado pelo também pronome relativo wonde% exclusivamente empregado para substituição de referências locativas. Voltamos a lembrar que os lugares passíveis de serem representados pelo relativo “onde” não necessariamente serão físicos. Em muitas circunstâncias, observa-se o correto emprego de “onde” em relação a lugares virtuais, metafóricos.
09. Ambos os elementos sublinhados desempenham a função de sujeito noseguinte caso:
(A) Eles nada sabem sobre as estrelas que alguns dizem já ter visto por revelação dos deuses.
(B) É certo que ela morrerá. Ela suspeite disso e tem medo.(C) Como sugeriu o apóstolo Paulo, a verdade está subordinada à
bondade.(D) E ele dirá: “Você me faz essa pergunta porque você está com medo de
morrer”.(E) Está configurada uma situação ética. Que ê que o médico vai dizer?
Décio Sena 142
rrova a - Assessor/Area: uireito/MKt-KV200B
Vejamos em que item os termos grifados desempenham, ambos, a funçãode sujeito: .(A) Inicialmente sublinhou-se um pronome reto. Sabemos que os prono
mes retos têm como característica funcionarem como sujeito. Neste caso, o pronome reto que abre o período é o sujeito da forma verbal "sabem” Depois, foi assinalado um pronome relativo. Pronomes relativos- excetuando-se “cujo” (e flexões) - são vocábulos que ocupam um certo lugar da oração em lugar de outro vocábulo que lhes é antecedente. Achar a função sintática de pronomes relativos que não sejam "cujo” (e fiexões) consiste, então, em identificar-se a função que o substantivo que ele substitui tem, na oração em que está o pronome relativo, ressalte-se, após a substituição, portanto, Por exemplo, verificamos que, neste caso, o pronome relativo "que” é referente ao substantivo que o antecede “estrelas” Na oração em que surge o substantivo "estrelas”, esse substantivo funciona como núcleo de um adjunto adverbial de assunto (“sobre as estrelas”). No entanto, precisamos saber que função desempenhará o substantivo “estrelas” quando posto em lugar do pronome relativo que o representa. Assim, ao procedermos a substituição de “que” por “estrelas”, encontraremos a segunda oração assim escrita: "estrelas alguns dizem já ter visto por revelação dos deuses”. Estamos, evidentemente, com uma oração nà qual as palavras não estão postas em ordem direta. Há necessidade de uma leve ordenação, para que a função de “estrelas” fique bem facilitada em sua identificação. Ordenando os termos da oração, teremos: "alguns dizem já ter visto estrelas por revelação dos deuses”. A função sintática de “estrelas”, nesta oração, é a de objeto direto da forma verbal composta “ter visto”. Ora, não nos esqueçamos de que o pronome relativo que buscamos analisar sintaticamen- te é apenas um substituto de "estrelas” e, por isso mesmo, terá a mesma função do substantivo que substitui, ou seja, é, igualmente, um objeto direto. Deste modo, temos, respectivamente, um sujeito e um objeto direto, o que não atende â exigência do enunciado da questão.
(B) De início, temos um grifo posto sob uma oração. Não se trata de um simples termo de uma única oração, mas de uma segunda oração de um período composto, portanto. Observemos que a ordem direta em que surgiriam as duas orações componentes deste período seria "Que ela morrerá é certo”. Isso porque não representa uma estrutura modelar na língua portuguesa abrir-se oração com verbo e, mais ainda, fazê-lo ser seguido por um adjetivo. É natural pensarmos, então, que o adjetivo “certo” funcionará como predicativo do sujeito, consideran-
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do-se que o verbo “ser” - na forma “é” - é de ligação. Deste modo, indaga-se: qual será o sujeito para a forma verbal "é”? A única resposta possível resulta do entendimento de que a oração inteira sublinhada é o sujeito do verbo “ser”. Trata-se de oração subordinada substantiva subjetiva, é um sujeito oracional. Na segunda ocorrência deste item não há dificuldade em atribuir-se ao pronome reto “Ela” o papel de sujeito, que é caracterizador de tais pronomes. Esta é, assim, a resposta da questão.
(C) O termo “verdade” funciona como núcleo do sujeito do verbo “estar”, empregado na forma “está”. Na seqüência, entretanto, impossível a aceitação de que “bondade” possa ser, igualmente, núcleo de sujeito: há uma preposição antecedendo-o, o que se faz indicar pela presença do acento grave indicativo da crase em “à” Nesta alternativa, então, surgiram pela ordem um sujeito e um objeto indireto.
(D) Temos, pela ordem, um núcleo de objeto direto e um núcleo de predí- cativo de sujeito.
(E) Desta vez assinalou-se o sujeito da locução "Está configurada” e, na seqüência, o objeto direto da locução verbal “vai dizer”
10. NÀO admite transposição para a voz passiva a frase:
(A) Os adeptos da ética de princípios não se queixam da distância das estrelas.
(B) O uso da camisinha contribui para diminuir a propagação da Aids.(C) Essa é a única pergunta que o médico fará.(D) Ele não desviará os seus dos olhos suplicantes daquela mulher.(E) Vou aplicar a metáfora a uma situação do nosso cotidiano.
Sabemos que uma oração de voz ativa só pode ser convertida para a voz passiva caso seu verbo seja transitivo direto ou transitivo direto e indireto. Isso porque o termo sintático objeto direto - semanticamente indicativo do sofredor da ação verbal em uma voz ativa ~ surgirá como sujeito passivo. Na medida em que os objetos diretos só ocorrem com verbos transitivos diretos ou transitivos diretos e indiretos, a verdade da declaração inicial deste comentário ressalta.Assim, vejamos cada uma das alternativas da presente questão, em busca daquela em que não se nota possibilidade de conversão de uma oração de voz ativa para a voz passiva.
Décio Sena 144
Prova 8 - Assessor/Área: Direito/MPE-RS/2008
(A) CONVERSÃO IMPOSSÍVEL. Estamos [com um período simples quese estruturaj em tomo da forma verbaí <sse queixam” - do verbo “queixar-se”, essencialmente pronominal -> de regência transitiva indireta, como o atesta seu objeto indireto “da; distância dás estrelas”. Esta é a resposta da jquestãó. ; |
(B) CONVERSÃO POSSÍVEL. O verbo “diminuir” que estrutura a segunda oração do período ora estudado, item regência transitiva direta, Assim, a conversão; será possível e fará surgir “O usó da camisinha contribui para que a propagação dá Aids seja diminuída”. j
(C) CONVERSÃO POSSÍVEL. O verbo Afazer", que justifica a existênciada segunda oração do período composjto em destaque, tem regênciá transitiva direta, oique permite a conversão da oração por ele estrutuj rada em voz passiva. O texto assim ficará: “Essa é a.única pergunta que será feita pelo médico”. j I
(D) CONVERSj&O POSSÍVEL. “Desviar”, verbo que estrutura a oração abjsoluta do ppríodo simples ora estudadoi é transitivo direto e indireto! Isto permitjs, então, a conversão que fará. surgir: “Os seus olhos não sej rão desviados dos òlhos suplicantes daquela mulher”. |
(E) CONVERSÃO POSSÍVEL. O verbo “aplicar” é de regência transitiva direta e indireta, nesta passagem. Assim, será possível a conversão eteremos: “A metáfora será aplicada por cotidiano'
mim a uma situação do nosso
Ás questões de números 11 a 20 referem-se aò ' exto que segue.
Coisas vagas |
Uma carta de P. V., queixando-se de gue ainda não respondi à sua interpelação, j
Também, amigo P. V., as suas perguníàs versam assuntos tão vagos tão difíceis de iresponder: poesia e outras coisas afins... A culpa é nm tan-
s to minha, que j quase unicamente1 de tais eòisas trato nestas páginas, as quais - da mesma forma que mestre João! Ribeiro deu a um livro seu o subtítulo de “crônica de vário assunto” ; - bem poderiam denominar-s e “crônicas de vágo assánto”.
Ah, nem queira sàber como eu invejo um amigo médico que tenho je 20 que recebe cargas assiin:
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“Como posso ter certeza de que voa ter um bebê? Quais são os primeiros sinais de gravidez?”
Isso sim, que é pergunta precisa j sóbré assunto urgente, e que traz logo uma resposta exata, definitiva, única.
15 Mas poesia é coisa que não se explica: sente-se ou não se sente...P. S. - Se não quiser sentar-se, pior para você, amigo P. V.Mas, para que não se diga que só me interessam coisas vagas, eis aqui
uma notícia que acabo de ler num dos últimos números d' O Cruzeiro, na seção “O impossível acontece”:
20 “Robert Tucker, de Boston, processado por dar álcool a beber a seu filho, de três anos de idade, em vez de leite, foi absolvido porque as leis do Estado de Massachusetts proíbem ministrar álcool a menores, mas somente entre os sete e os dezessete anos”
Está vendo? Quando a lei é só a lei, inteiramente ao pé da letra, o es- 25 pírito da justiça fica uma coisa tão vaga...
(Aáaptada âe Mário Quitifann, Na volta da esquina)
11. Considere as seguintes afirmações:
I. Á imprecisão no manejo das palavras é uma característica própria da linguagem literária,
II. Há queistõès tão objetivas que podem ser respondidas dé modo a não gerar qualquer hesitação ou controvérsia.
III. A aplicação das leis só é justa e rigorosa quando se prende ao sentido literal do texto em que se formulam. ; ;
Em sua crônica, Mário Quintana sustentá Ò quèestá afirmado APENAS em:
CA) Is
(B) II;(C) III;(D) I e II;(E) II e III.
Observemos o acerto ou o erro contido em cada uma das afirmativas numeradas de I a III, na presente questão:I. Errado. Não há possibilidade de este subentendimento ser estabelecido.
O que lemos é que a poesia e coisas afins são matérias com as quais é di
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fícil trabalhar, no sentido de serem explicadas. Diz o autor, na seqüência: sente-se ou não "sé sente... A partir deste fato, generalizar-se que a linguagem literária terá como característica á imprecisão no manejo das palavras é uma inferência descabida.
II. Certo. O autor queixa-se - imputando-se, inclusive, uma dose de culpa ~ de que seiis correspondentes só lhe propõem perguntas de difíceis respostas, até porque versam sobre poesia. Relata-nos, em seguida, a inveja que sofre de um amigo médico ao qual são endereçadas perguntas que considera objetivas - há uma ponta de ironia, evidentemente, no exemplo de pergunta considerada como objetiva endereçada ao médico amigo por uma consulente tão objetivas que teriam respostas precisas, rápidas e exatas.
III. Errado. A direção argumentativa do texto conduz para entendimento exatamente oposto ao que se lê neste item.
12. Considerando-se o contexto em que se inscreve o post-scriptum de sua crônica em forma de carta, o autor explora um efeito de bem humorada ambigüidade valendo-se de:
(A) dois modos de um mesmo verbo;(B) duas formas verbais anômalas;(C) formas homônimas de verbos distintos;
. (D) antonímia entre duas formas verbais;(E) sinoníraia entre duas formas verbais.
A ambigüidade citada no enunciado da questão consistiu no emprego das formas verbais apontadas a seguir:Mas poesia é coisa que não se explica: sente-se ou não se sente...P. S. - Se não quiser sentar-se, pior para você, amiga P. VCNa verdade, Mário Quintana, de forma bem humorada, trabalhou com formas pertencentes a verbos diferentes. Na primeira passagem, empregou duas vezes o presente do indicativo do verbo “sentir” Na segunda, empregou o verbo ‘sentar” em infinitivo impessoal Tais verbos, embora distintos inclusive no tocante às conjugações a que pertencem, apresentam formas graficamente iguais. Vejamos, por exemplo, a terceira pessoa do indicativo do verbo “sentir”: “ele sente”. Agora, observemos a terceira pessoa do singular do presente do subjuntivo do verbo “sentar”: “ele sente”. Dizemos, então,
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que as duas formas citadas são homógrafos perfeitos, ou seja, apresentam a mesma grafia, têm á mesma pronúncia, mas significam coisas diferentes, Podemos dizer, igualmente, que são homônimos homógrafos homófonos.Quando, no caso do texto que ora analisamos, o autor aproximou os dois verbos, criou o efeito humorístico de induzir o leitor a pensar, de início, por que teria empregado o verbo “sentar”, na segunda passagem. Uma reflexão adiante, entretanto, fez o efeito apresentar-se: há uma forma homônima no verbo “sentar”, representada por "sente”, por sua vez também pertencente- e assim o contexto da primeira utilização orientava - ao verbo "sentir”A resposta da questão está na alternativa (C), onde se lê: "formas homônimas de verbos distintos"Por oportuno, recordamos o que são:1. formas verbais anômalas: são formas que, embora pertencentes a um
mesmo verbo, procedem de raizes diferentes, tais como “sou”, “era”, “fui” todas do verbo “ser” e nitidamente procedentes de origens distintas;
2. antonímia: característica que certos vocábulos têm quanto a apresentarem significados em oposição: belo x feio;
3> sinonímia: característica que se manifesta em vocábulos que têm significados bastante aproximados: belo x lindo,
13. A notícia transcrita da revista O Cruzeiro ilustra o fato de que, por vezes, num texto legal,
(A) há imprevisões que impedem uma justa condenação.(B) a excessiva maleabilidade da lei toma injusta a aplicação de uma
pena.(C) o alcance da lei pode ser excessivamente abrangente.(D) imputa-se o dolo até mesmo a quem age irrefíetidamente.(E) relevam-se as contravenções que ocorrem amiúde»
A passagem Está vendo? Quando a lei é só a lei, inteiramente ao pé da letra, o espirito da justiça fica uma coisa tão vaga,.. lida após a notícia de O Cruzeiro relativa ao fato de um estado nos Estados Unidos não ter conseguido condenar cidadão que dera ao filho de três anos de idade álcool para beber, porque a lei, explicitamente, rezava que crime era dar bebidas alcoólicas a menores, mas com idade entre 3 e 7 anos, remete para a compreensão
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Prova 8 - Assessor/Área: Direito/MPB-RS/2008
de que a aplicação da lei, em sua literalidade i, às vezes,; impedimento para que se punam pessoas merecedoras de efetiva condenação.A resposta para esta questão está, assim, na;alternativa (A), em que se lê: “há imprevisões quej impedem uma justa condenkção” . .
. o pai ser-j
14. A expressão conj que preenche corretameúte * lacuna da frase:
(A) Não foi discriminada, na notícia, a bebida alcoólica_____viuaofilhol . i jÈ J '
(B) O espírito da lei, _____ os juristas invocam para legitimar os códigos, nem sejmpre resulta preservado. |
(C) Os assuntos da poesia,_____ Mário Quintana diz ter insegurançípara comentar, na verdade lhe são berifamiliares.
(D) A despeito | da abrangência : se pretende emprestar a uma leiela pode acabar tendo um alcance restrito.
(£) O bom humor____ „ o cronista resolveu conduzir seu texto encontra-se também em grande parte de seus poemas.
Ao preenchermos as diversas lacunas encontradas nas alternativas da pre sente questão, taremos:
(A) Não foi discriminada, na notícia, a bebida alcoólica que (ou a qual) òpai serviu do íüho.:; [
O pronome reiátivo què completa a lacuna será representante semântico de “bebida” e exercerá papel sintático de objeto jdireto da fòrma verbal “serviu?, estando, deste jbodo, impossibilitado de suijgir preposicionado. j
(B) O espírito da lei, que (ou o qual) os juristas invocam para legitimar os códigos, ném sempre resulta preservadò.I i
A lacuna será preenchida por um pronorrfe relativo cujo referente será b substantivo "eápírito” =e funcionará sintatidamente como objeto direto da forma verbal “invocam”. Não pode haver,: déste modo, emprego de preposição antecedendo o pronome relativo. j |; I * i(C) Os assuntos da poesia, que (ou os quails) Mário Quintana diz ter inse
gurança para corrientar, na verdade lhe!são bem familiares. jDesta vez, preencheremos a lacuna com;urn pronome alusivo ao substaÀ- tivo “assuntos’!, ao qual caberá a função sintática de objeto direto da forma verbal “comentar” e, por isso mesmo, impejáido de surgir preposicionado)
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(D) A despeito da abrangência que (ou a qual) se pretende emprestar a uma lei, ela pode acabar téndòum àícáncé restrito.
Temos o preenchimento da lacuna com um pronome relativo incumbido de substituir, na oração adjetiva por ele iniciada, o substantivo "abrangência”. Funcionará como objeto direto do verbo "emprestar” e, mais uma vez, não poderá ser regido por preposição.
(E) O bom humor com que (ou com o qual) o cronista resolveu conduzir seu texto encontra-se também em grande parte de seus poemas.
Agora, vemos um pronome relativo que funcionará sintaticamente como núcleo de um adjunto adverbial de modò. É representante semântico de “humor”. A presença da preposição deve-se à necessidade de reger-se o adjunto adverbial. Para melhor entendimento, a oração a que pertence o pronome relativo citado é “com que o cronista resolveu conduzir seu texto” Efetuando-se a substituição do pronome relativo empregado pelo substantivo que ele representa e ordenando-se os termos da oração, teremos "o cronista resolveu conduzir seu texto com humor”*
15. Está clara, coerente e correta a redação da seguinte frase:
(A) O poeta assegura de que sente inveja dé um médico, amigo seu, cujas cartas ele não têm dificuldade em responder pela objetividade das perguntas.
(B) O caso de Boston, relatado em O Cruzeiro, ainda que possa ser lido com espírito cômico não deixa de assomar, entretanto, um fato digno de ser consternado.
(C) Depreende-se do texto que o autor considera os assuntos atinentes à poesia menos urgentes, menos precisos e menos definitivos que os circunscritos à área científica.
(D) No subtítulo do livro de João Ribeiro, torna-se correto, posto que inusual, o emprego dà forma singular vário como sendo equivalente ao pluralismo da mesma.
(E) O título “crônicas de vago assunto”, segundo Mário Quintana, se imbuído às páginas que costuma publicar, não deixariam de expor o teor que de fato elas assumem.
Devemos, nesta questão, observar o item em que se observa redação clara, correta e coerente.
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Analisemos todos os itens da questão:(A) Incorreta. Há erros de regência e de concordância verbal. Inicialmente»
apontamos o mau emprego da preposição que surgiu regendo a oração subordinada substantiva objetiva direta relativamente à forma verbal transitiva direta “assegura”. Em seguida» a má concordância do verbo "ter” em terceira pessoa do plural com sujeito indicado pelo pronome reto "ele”. Retificamos, assim, o texto para wO poeta assegura que sente inveja de um médico, amigo seu, cujas cartas ele não tem dificuldade em responder pela objetividade das perguntas”.
(B) Incorreta, Houve um deslize de pontuação pela ausência de vírgula delimitando, em seu término, a oração subordinada adverbial concessiva "ainda que possa ser lido com espírito cômico”, que está intercalada na principal oração do período. Retificado o deslize, teremos “O caso de Boston, relatado em O Cruzeiro» ainda que possa ser lido com espírito cômico, não deixa de assomar, entretanto, um fato digno de ser consternado”. Por oportuno» lembramos que “assomar” é verbo sinônimo, nesta passagem, de‘mostrar-se”.
(C) Correta. Não há qualquer erro de natureza gramatical no período lido, que se revela rigorosamente coerente em sua estruturação e, por conseqüência, claro em sua mensagem.
(D) Incorreta. Embora não existindo equívoco de ordem gramatical, o texto péca pela feita de clareza com respeito ao emprego da expressão “pluralismo da mesma”, que proporciona mensagem ambígua. O leitor poderá entender estar havendo contraposição entre a forma singular do vocábulo "vário” e a uma hipotética ideia de plural sugerido pelo vocábulo “mesma”. Muito mais clara seria, inequivocamente, a redação "No subtítulo do livro de joão Ribeiro, torna-se correto, posto que inusual, o emprego da forma singular vário como sendo equivalente ao plural da mesma palavra”.
(E) Incorreta. Há deslize grosseiro de concordância verbal, por não se ter feito a devida associação entre o verbo “deixar” e o seu sujeito, cujo núcleo está indicado pelo substantivo “título”. Não há problema quanto ao emprego do particípio do verbo “imbuir”, neste texto empregado com sentido de “impregnado”. O texto retificado apontará “O título ‘crônicas de vago assunto1, segundo Mário Quintana, se imbuído às páginas que costuma publicar, não deixaria de expor o teor que de fato elas assumem”.
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16. A culpa é um tanto minha, que quase unicamente de tais coisas trato nestas páginas (...)
Atentando-se para a correção da linguagem e a preservação do sentido, uma nova redação da frase acima pode ser:
(A) £ minha um pouco da culpa, posto que são coisas quase únicas de que cuido nestas páginas,
(B) Sendo estas as coisas de que quase exclusivamente referem-se estas páginas, é minha parte da culpa.
(C) Assumo parte da culpa, haja visto que são coisas que quase só eu exploro nestas páginas.
(D) Como são essas, praticamente, as únicas coisas de que cuido nestas páginas, parte da culpa é rainha.
(E) Um pouco é culpa minha, sendo que quase só dessas coisas são tratadas nestas páginas.
O enunciado da questão faz menção a duas exigências: inicialmente o texto deverá estar gramaticalmente correto; além disso, deve respeitar os sentidos originalmente dispostos na passagem A adpa ê um tanto minha, que quase unicamente de tais coisas trato nestas páginas (...)Assim, vejamos todas as alternativas da questão:(A) Incorreta. Apesar de não existir erro de natureza gramatical, observe-
se o desvio semântico em que se incorreu por não se ter observado queo advérbio “unicamente” no texto original, faz menção ao verbo “tratar”. Na alternativa que ora estudamos, atribuiu-se o adjetivo “únicas” ao substantivo “coisas”,
(B) Incorreta. Há flagrante equívoco de regência verbal, caracterizado pelo emprego da preposição “de” no lugar da que seria corretamente empregada, a preposição V*, exigida pela regência de “referir-se a”
(C) Incorreta. A expressão “haja vista” está grafada incorretamente.(D) Correta. Não há qualquer erro gramatical neste texto, que reproduz
com fidelidade as ideias originalmente dispostas.(E) Incorreta. Do escrito, entendemos que o sujeito de “são tratadas” é a
expressão “quase só dessas coisas", o que configura oração estruturada de modo tal que não encontra suporte nas estruturas da Língua Portuguesa. Além disso, não haveria manutenção do sentido original, existindo, igualmente, má coesão textual a partir do emprego do ge- rúndio “sendo"
Dério Sena 152
Prova 8 - Âssessor/Área: D i reito/MPE- R5/2008'í :1
17. Está plenamente Jadequada a pontuação em: j
(A) O amigo médico do escritor recebe caríjas em que, por exemplo: üma mulher lhe pergunta como ter certeza de que está grávida?
(B) A poesia, afirma Mário Quintana, propicia especulações vagas, tais como a que (lhe propôs, recentemente, numa carta, um tal de P.V.
(C) A notícia dá revista O Cruzeiro de que se valeu o autor, ilustra bemum caso algo bizarro mas não tão incomum, de exploração dasibre- chasdaleLj I I
(D) Apesar de afirmar que, a poesia, por siia natureza, não permite explicações, diário Quintana aqui e ali, trata dos mistérios poéticos.
(£) Na frase “Oj imposisíve! acontece”, formula-se o paradoxo, de se pontuar a evidência dé um fato, dado com© inteiramente inadmissível, i : rj [ ;
Observemos as jpontnaÇões empregadas nasj alternativas da questão, parapodermos apontar aquela em que não existe jimpropriedade:(A) Incorreta. Ajexpressao de natureza explicativa deve ser isolada do texto poi
um par de vírgulas. Por outro lado, o discurso indireto que finaliza o texto não deve seij sinalizado com ponto de interrogação. O texto corretamente pontuado reatará "O amigo médico do escritor recebe cartas em que, por exemplo, uiáa mulher lhe pergunta como jter certeza de que está grávida.”
(B) Correta. Não há deslizes de pontuação no texto desta alternativa. As vir guias, de início, isólam uma oração intercalada. Na seqüência, sépará orações coordenadas. Já no fim do texto,| nota-se emprego de dois pares de vírgulas isolando adjuntos adverbiais, festa é a resposta da questão, j
(C) Incorreta. Inicialmente, a vírgula posta jipós o substantivo “autor” estaequivocadahiente promovendo, afastamènto do sujeito “A notícia” do verbo "ilustra” Ná seqüência, não houve emprego - obrigatório j- de vírgula diante da donjunção adversativa “mas” O texto ficará corretaj mente pontuado deste modo: A notíciá dá revista O Cruzeiro de que se valeu o autor ilustra bem um caso algò bizarro, mas não tão incomumí de exploraçao das brechas da lei. : j ; j
(D) Incorreta. A vírgula posta após a conjunção subordinativa integrante “que” está separando a aludida conjunção da oração que é por ela ínf troduzida, ò que é indevido. Nota-se amda, deslize na pontuação dó adjunto adverbial ‘‘aqui e ali” que poderjia estar isolado por um par de vírgulas oU tê-las dispensado. O emprego de uma única vírgula nesj* sa passagem provocou afastamento ehtre o sujeito “Mário Quintana? e a forma verbal "trata” O texto retifiqado apontará “Apesar de; afirr
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mar que a poesia, por sua natureza, não permite explicações, Mário Quintana, aqui é ali, trata dosniistériòs poéticos” ou “Apesar de afirmar que, a poesia por sua natureza, não permite explicações, Mário Quintana aqui e ali trata dos mistérios poéticos”.
(E) Incorreta. As duas vírgulas empregadas não tem justificativa. Na primeira, separou-se uma oração completiva nominal - “de se pontuar a evidência de um fato” - do substantivo ao qual se liga. Na seqüência, isolou-se uma restrição feita a um substantivo. Eis o texto após as devidas retificações: “Na frase “O impossível acontece”, formula-se o paradoxo de se pontuar a evidência de um feto dado como inteiramente inadmissíver.
18. Estão inteiramente adequados o emprego e a forma de todas as palavrasda frase:
(A) Ao interpelado P.V. Mário Quintana preferiu, ao em vez de respon- der, tergiverçar, já que o assunto era a insondável poesia.
(B) Respostas prontas e insolfismáveis são próprias de quem se arrouga certezas, o que não é o caso de Mário Quintana.
(C) Procrastinou-sé a absolvição de Roberl Tucker em face de um entendimento ipsis litteriSy que ia de encontro ao texto legal,
(D) Ao tratar de poesia, Mário Quintana não se vale de definições ex ca- thedra: prefere o humilde tateio de quem tão-somente investiga.
(E) Terá havido mal acompanhamento do processo de Robert Tucker, caso contrário ele não seria imputado como inocente.
Olhemos com atenção todas as alternativas da presente questão, com o intento de verificarmos em qual delas temos texto isento de iinperfeição:(A) Incorreta' Há equívocos de regência verbal caracterizado por uso equi
vocado do regime do verbo “preferir” - de regência transitiva direta e indireta e com a possibilidade única de ter seu complemento indireto regido pela preposição “a” ", de impropriedáde vocabular - por não se ter atentado párá as diferenças semânticas qué envolvem ás expressões “em vez de” (tradutora de substituição) e “ao invés de “ (seiháhticamen- te indicativa da ideia de oposição), e de ortografia, na não observância da correta redação para o substantivo “tergiversar”. O texto retificado apontará “Ao interpelado P.V, Mario Quintana preferiu tergiversar a responder, já que o assunto era a insondável poesia”
(B) Incorreta. Há equívocos de ortografia nos vocábulos "insofismáveis” e “arroga” - do verbo “arrogar-se” (pronominal), que significa tomar como seu, atribuir-se indevidamente. Retificado o texto, teremos
Dédo Sena 1 5 4
t i v v a w — n 3 3 « 3 3 v * / n i w a , u i i c h v m v u u * i\ J r ^ U U o
“Respostas prontas e insofismáveis são próprias de quem se arroga certezas» o qiié não. é 6 caso de Mário Quintana”.
(C) Incorreta. O verbo “procrastinar” significa, entre outros valores, “adiar”. Por outro lado, a expressão “ir de encontro a” introduz valor semântico de oposição, de discordância e se opõe semanticamente à expressão “ir ao encontro de” tradutora de valor semântico contido na área da concordância, da convergência. Observadas essas indicações de sentido e lido com atenção o texto, vemos que o mesmo padece de equívoco no emprego de “ ia de encontro de”, que, por seu valor significativo, não constituiria motivo para adiamento da absolvição do réu. A frase estará coerentemente redigida sob a forma “Proscrastinou-se a absolvição de Robert Tucker em face de um entendimento ipsis litteris, que ia ao encontro do texto legal”.
(D) Correta. Não há qualquer equívoco no presente texto. Observe-se o emprego do verbo “preferir” em que o complemento indireto está implícito e depreensível pelo contesto frasal: prefere o humilde tateio de quem tão-somente investia (a valer-se de definição de definições ex cathedra).
(E) Incorreta. Não há emprego coerente das formas verbais “Terá havido” e "seria” Podemos apontar duas possibilidades de correção para o presente texto: “Teria havido mal acompanhamento do processo de Robert Tucker, caso contrário ele não seria imputado como inocente” ou "Terá havido mal acompanhamento do.processo de Robert Tucker, caso contrário ele não será imputado como inocente”.
19. Está inteiramente correia a seguinte construção:
(A) Se não quiserdes sentar-vos, permanecei em pé.(B) Serite-se, se quiseres, ou permaneça èm pé.(Ç) Yossâ Senhoria podereis sentar-vos, ou preferis permanecer em pé?(D) Senta-te, se prefere, ou permanece em pé.(E) Sentar-te-eis ou permanecereis em pé?
Analisemos todas as alternativas da presente questão, em busca daquela quese apresenta com construção perfeita:(A) Correta. Empregou-se a 2a pessoa do plural nas formas verbais “qui
serdes sentar” e “permanecei” sendo esta última de imperativo afirmativo. Já vimos precedentemente que o imperativo afirmativo resulta do empréstimo que se faz a dois tempos e modos verbais: nas segundas pessoas (tu e vós), recorre-se ao presente do indicativo, tendo-se o cuidado de suprimir-se o “s” final, presente em tais formas. Nas demais formas, o presente do subjuntivo, sem qualquer alteração
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Provas Comentadas da FCC
gráfica, é a base da sua formação. Desta forma, ao conjugarmos o verbo “permanecer” no presente do indicativo, e na segunda pessoa do plural, encontraremos: "permaneceis” Feita a supressão do “s” em seu final, chegamos à forma “permanecei”, empregada na presente alternativa. Observe-se, aínda, o competente emprego do pronome pessoal “vos”, de segunda pessoa do plural, Esta é a resposta da questão.
(B) Incorreta. Houve mistura de tratamentos, no tocante às pessoas verbais. Observemos que “Sente” é a terceira pessoa do singular do imperativo afirmativo, forma proveniente do presente do subjuntivo. No entanto, “quiseres”, que surge na seqüência, exemplifica emprego de segunda pessoa do singular, destoando, deste modo, da primeira utilização verbal. Na continuidade, empregou-se o verbo “permanecer” em terceira pessoa do singular do imperativo afirmativo. Podemos retificar a sentença, trabalhando com todos os verbos na terceira pessoa do singular, desta forma: “Sente-se, se quiser, ou permaneça em pé”. Igualmente correta estará a sentença “Senta-te, se quiseres, ou permanece em pé”, agora com as formas verbais em segunda pessoa do singular,
(C) Incorreta. Embora as formas verbais e pronominal empregadas nesta alternativa (“podereis sentar”, “vos” e “preferis”) estejam todas em segunda pessoa do plural, o texto contém equívocos de concordância verbal e nominal, por não se ter observado que a concordância com formas pronominais de tratamento (forma reverenciais) é feita nas terceiras pessoas (singular ou plural), dependentemente de indicarem tais flexoes de número. Deste modo, a redação correta para a presente alternativa é “Vossa Senhoria poderá sentar-se, ou prefere permanecer em pé?”
(D) Incorreta. As duas formas verbais de imperativo afirmativo (“Senta” e “permanece”) estão coerentes entre si, na medida em que surgiram na segunda pessoa do singular. Na primeira, recorreu-se ao presente do indicativo do verbo “sentar” (“sentas”), do qual se fez a supressão do V final e na segunda, ao presente do indicativo do verbo “permanecer” (“permaneces”), com igual supressão da consoante final. Está igualmente correto o emprego da forma pronominal “te”, de segunda pessoa do singular, e, por isso mesmo, de acordo com as formas verbais empregadas, No entanto, observemos que a forma verbal “prefere” não é de imperativo, mas de presente do indicativo. Isto implica seu emprego na segunda pessoa do singular, ou seja, “preferes”. Retificado o equívoco, restará o texto: “Senta-se, se preferes, ou permanece em pé”.
(E) Incorreta. “Sentar-te-eis” é o emprego da segunda pessoa do plural da forma verbal (“sentareis”) com um pronome mesoclítico equivocada- mente de segunda pessoa do singular (“te”). A segunda forma verbal
Décio Sena 156
Prova 8 - Assessor/Área: Díreíto/MPE-RS/2008
está condizente com o emprego de “Sentáreís” e não deve ser retificada. Assim, teremos k frase corretamente redigida, com as formas verbais mantidas em segunda pessoa do plural deste modo: “Sentar-vos-eis ouj permanecerèis em pé?” Seria igualmente viável a redação da mesma: sen-j tença com almanutenção do pronome pessoal de segimda pessoa do sin-i guiar, caso houvessè a necessáriá alteração das formas verbais igualmen-j te para a segunda pèssoa do singular, o que faria surgir “Sentar-te-ás ou' permanecedás em pé?” í I
20. Está empregado jem sentido conotativo o elemento sublinhado em: j
(A) As leis de Massachusetts proíbem miriistrar álcool a menores éntreos seie e osdezessete anos. j
(B) Pode causar espécie a circunstância; em que se deu a absolvição deRobert Tudcer. ; j
(C) Mário Quintana julga muito vagas as perguntasque versam assrnitos como a poesia e afins. j
(D) O poeta sente, por vezes, inveja da presteza com que um dentista pode respoiider a certas perguntas
(E) Ê no reino jda poesia que um poeta sè sente à vontade, ainda quando não encontre explicações para o, fenônieno poético.
Os empregos denotativo e conotativo das jfalavras distinguem-se na me dida em que, ao atribuir-se a um dàdo vocábulo, contextualmente, seu va - lor objetivo, referencial, encontrávei no dxdònário sem a rubrica de figura do, estar-se-á empregando denotação, vale dizer, o vocábulo foi empregado com valor denòtativo. Inversamente, caso se empregue um certo vocábulo com um valor semântico não habitual, que jrevela simbolismo, subjetividaj- de, ou seja, um jralor que não é o dicionarizado com valor real, estamos cocrio emprego da conotação, |Observemos, pjor exemplo, o emprego dó vocábulo “coração” nas sentenças que seguem: : f i
í : I1. Hoje em diaj a tecnologia associada à áreja médica tornou possível intervenções cirúrgicas no coração que, décadks atrás, eram irrealizáveis. j
2. Perdeu-se no coração da floresta. j jComo podemos comprovar, na primeira sentença o substantivo "coração*foi empregado em seui sentido real, objetive!» passível de ser investigado em um dicionário tomo “Órgão muscular situado na cavidade torácica que, nós vertebrados superiores, é constituído de duas aurículas e dois ventrfculos,
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e que recebe o sangue e o bombeia por meio dos movimentos ritmados de diástòle (q. V.) è de sístòlé (q. v . ÇDicionáiiò Eletrônico Aurélio, século XXI, versão 3X), noVembro de 1999, tèxikon Informática Ltda). Dizemos, assim, que, no exemplo 1, o vocábulo ‘‘coração” recébéu emprego denotativo.No segundo exemplo, o vocábulo “coração” não porta semanticamente seu significado real, objetivo,, mas teve, isto sim, um emprego figurado, reportando “A parte mais interna, ou a mais central, ou a mais importante, de um lugar, de uma região” (mesma fonte antecedemente citada). Usou-se, deste modo, o emprego coriotativó da palavra.Vejamos, agora, as diversas alternativas da presente questão, em busca daquela em que se nota emprego vocabular conotativo:(A) DENOTAÇÃO. O verbo “ministrar” foi empregado com senti
do de “dar”, "oferecer”, “servir” significados literais com que pode apresentar-se,
(B) DENOTAÇÃO. O substantivo “espécie” é sinônimo de “estranheza” “surpresa” A expressão “causar espécie” foi, assim, empregada com valor semântico real.
(C) DENOTAÇÃO. Entre outras acepções, o verbo “versar” significa "ter por assunto ou objeto; consistir”. Como podemos comprovar da leitura da alternativa, o verbo foi, então, empregado com valor denotativo.
(D) DENOTAÇÃO, “Presteza” é sinônimo de “celeridade” “rapidez”, "agilidade”, o que aponta, inàis ümavéz, para emprego vocabular objetivo, ou seja, denotação.
(E) CONOTAÇÃO. O vocábulo “reino” nesta passagem, tem emprego rigorosamente figurado, vale dizer, subjetivo e, por isso mesmo, conotativo. Não é possível entendermos que a poesia seja, efetivamente, um reino, ou seja, um Estado cujo soberano é um rei ou uma rainha. Trata-se de óbvia imagem, caracterizadora, então, de conotação, Esta é a resposta da questão.
Gabarito:
01) D 06) C02) C 07) B03) A 08) D04) E 09) B05) E 10) A
11) B 16) D12) C 17) B13) A 18) D14) E 19} A15) C . 20) £
Décio Sena 158
Prova 9
Analista AdmiMstrativo/MPU/2007
As questões dé números 1 a 6 referem-se ao testo apresentado abaixo
Os mitólogos costumam chamar de imagens de mundo certas estruturas simbólicas pelas quais, em todas as épocas, as diferentes sociedades humanas fundamentaram, tanto coletiva quanto individualmente, a experiência do existir. Ao longo da história, essas constelações
5 de ideias foram geradas quer pelas tradições étnicas, locais, de cada povo, quer pelos grandes sistemas religiosos. No Ocidente, contudo, desde os últimos três séculos uma outra prática de pensamento veio se acrescentar a estes modos tradicionais na função de elaborar as bases de nossas experiências címcretas de vida: a ciência. Com efeito, a partir
10 da revolução científica do Renascimento as ciências naturais passaram a contribuir de modo cada vez mais decisivo para a formulação das categorias que a cultura ocidental empregará para compreender a reali- dadee agir sobre ela.
Mas os saberes científicos têm uma característica inescapável: os is enunciados que produzem são necessariamente provisórios, estão
sempre sujeitos à superação e à renovação» Outros exercícios do espírito humano, como a cogitação filosófica, a inspiração poética ou a exaltação mística poderão talvez aspirar a pronunciar verdades últimas; as ciências só podem pretender formular verdades transitórias, sempre
20 inacabadas. Ernesto Sábato assinala com precisão que todas as vezes que se pretendeu elevar um enunciado científico à condição de dogma, de verdade final e cabal, um pouco mais à frente a própria continuidade da aplicação do método científico invariavelmente acabou por demonstrar que tal dogma não passava senão... de um equívoco. Não há
25 exemplo melhor deste tipo de superstição que o estatuto da noção de raça no nazismo.
(Luiz Alberto Oliveira. “Valorc$ deslizantesí esboço de um ensaio sobre técnica e poder”, ln O avesso da liberdade. Adauto Novaes (Org). São Paulo: Companhia das Letras, 2002. p. 191)
Provas Comentadas da FCC
01. No primeiro parágrafo, o autor:
(A) fornece uma descrição objetiva do modo como, ao longo da história, germinam e se desenvolvem as imagem âo mundo, expressão emprestada aos mitólogos;
(B) ratifica a ideia, construída ao longo da trajetória humana, de que o pensamento científico é a via mais eficaz para o conhecimento da realidade;
(C) atribui a idiossincrasias culturais as distintas representações daquilo que legitimaria as práticas humanas;
(D) defende que as sociedades humanas, apoiadas na religião ou em mitos variados, constróem imagens para autenticar a experiência individual perante a coletiva;
(E) expressa sua compreensão de que, fora do âmbito racional, não há base sólida que fundamente a vida dos seres humanos.
Vejamos todas as afirmativas feitas nos cinco itens desta questão acerca doque se lê no primeiro parágrafo do texto:(A) Afirmativa incorreta. Em seu primeiro parágrafo» o texto mostra-nos
que as imagens do mundo sempre existiram a partir das diferentes concepções com que povos diversos apreendem o mundo e, em seguida, passa a tecer considerações sobre como no ocidente a ciência, nestes três últimos séculos, passou a influir na formulação destas imagens do mundo, chegando mesmo a estar presente em todas as categorias com que a cultura ocidental tentará compreender toda a realidade.
(B) Afirmativa incorreta. Fica muito clara para nós a ideia de que o pensamento científico vem-se tornando, apenas nos três uitimos séculos, e no ocidente, fundamental na percepção do mundo.
(C) Afirmativa correta. Podemos comprovar a veracidade desta afirmativa na leitura do fragmento que transcrevemos do texto: “Ao longo da história, essas constelações de iâeias [as imagens de mundo] foram geradas quer pelas tradições étnicas, locais, de cada povot quer pelos grandes sistemas religiosos"
(D) Afirmativa incorreta. Em nenhum momento pode-se ler que a experiência individual é autenticada perante a coletiva. O que se lê, isto sim, é que as diferentes culturas fundamentaram-se nas imagens de mundo para, individual ou coletivamente, tentarem apreender a realidade.
(E) Afirmativa incorreta. Ê rigorosamente inexistente no primeiro parágrafo tal percepção. Nele, pode-se ler que diferentes culturas sempre
Détio Sena 1 6 0
Prova 9 f Analista Admlnistrativo/MPU/2007;l ' |
I : ^tentaram cojmpreeiider a realidade embasádas em cátegorias às quais os mitólogos dènòminaram imagens do mundo. Tais imagens eram provenientes das jdiversais formas como diferentes culturas se relacionavam com o mundo, particularmente sob aspectos religiosos. Depois, diz-nos o texto que,|apartir dos três últimos séculos, a estas imagens do mundo, vieram acrebcentar se pensamentos apoiados na ciência. j
l i - ■ 102. Ainda sobre o piímeírò parágrafo, é correto aêrmar:
(A) o emprego da conjunção contudo (linha 6) evidencia que o autor considera os modos tradicionais de conceber o mundo incompatíveis com a ciência, que os substitui; j j
(B) contém, implicitamente, a ideia de que a capacidade cognitiva é conj quista do mundo ocidental, principalmente nos últimos trezentos anos;
(C) o emprego |da expressão Com efeito (liiiha 9) colabora para a cpnsojÜdação da ideia â è que a observação dos fenômenos naturais foi conj- quista do Renascimento; j !
(D) sustenta a ideia de que, a partir do Renascimento, as ciências désenjvolveram iiormaspráticas para a conduta humana, com respeito á valores na esfera individual ou coletiva; |
(E) a forma verbal empregará (linha 12) evidencia que o autor dá comofato consumado o prestígio dà ciênçiai do Renascimento em diante, na constituição dò modo ocidental de pensar e agir. I
Antes de mais nada, loXivemos a iniciativa da Banca Examinadora emindij- car numericamente as linhas do texto, o qué não costuma ser feito em proj- vas da Fundaçao Carlos Chagas, conforme) destacamos no comentário da questão 2 - item (C) da prova 13. Trata-se de medida simples mas extremamente faciütadora para o candidato que Juta contra o relógio. jMais uma vez analisemos todas as alternativas da presente questão: |
(A) Afirmativa incorreta. O emprego da conjunção coordenativa adversati-va “contudò” na passagem citada tem pór interesse fazer o contrapontò entre o modo como se configuravam ;as ideias de mundo antes dós tres últimos séçulos e como a ciência, nestes: últimos trezentos anos, vem-se tornando importante na apreensão dá ijealidade. !
(B) Afirmativa incorreta. Não é possível tàl inferência. Afinal, a grandé diferença quanto às tentativas de conhecimehto do mundo que se estabeleceram nos tres último séculos diz respeitojà influência que vem sendo posta em prática pela ciência, nas diversas formas de se pensar o mundo.
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(C) Afirmativa incorreta. Em todas as épocas* não só no período do Renascimento, os fenômenos naturais foram observados. A diferença marcada peio emprego da expressão Com efeito áiz respeito ao emprego do pensamento científico, vigente a partir do Renascimento.
(D) Afirmativa incorreta. Não há qualquer passagem do texto - não apenas em seu parágrafo inicial, mas em toda a sua extensão - que possibilite tal afirmativa.
(E) Afirmativa correta. O emprego do futuro do presente do indicativo - modo verbal em que se expressam fatos dados como certos quanto a terem ocorrido, a estarem ocorrendo ou, ainda, a virem a ocorrer - mostra que, para o autor, a ciência passará a ser elemento indispensável no modo ocidental de agir e pensar.
03. No parágrafo 2,
(A) a conjunção Mas (linha 14) foi empregada não para eliminar o que foi dito anteriormente, e, sim, para introduzir uma contrapartida do objeto, fruto de distinta perspectiva dé análise.
(B) constrói-se uma relativízação das conquistas da ciência, sustentada na crítica de que ela se vale de procedimentos pouco objetivos na busca da verdade.
(C) constata-se o caráter incontrólávei das Experiências científicas, implicitamente atribuído às condições de descontinuidade em que se realizam.
(D) a expressão necessariamente provisórios (linha 15) compõe uma advertência, dirigida a filósofos, poetas e místicos, que desconsideram a objetividade na produção do saber.
(E) incentiva-se a luta do ser para a constante superação de suas fragili- dades pessoais, advindas de sua humana condição e permanente sujeição ao erro.
Vejamos todas as afirmativas que se estabeleceram nos itens desta questão,em busca da que observa corretamente uma passagem textual:
(A) Afirmativa correta. Com efeito, o emprego da conjunção adversativa indicada no início do segundo parágrafo põe em contraponto duas reflexões: inicialmente, a ideia de que a ciência* a partir dos três últimos séculos, ganhou importância nas tentativas de o homem ocidental entender a realidade que o cerca; em segunda instância, o fato de a ciência ser passível de contínuas mudanças, ou seja, de não ser verdade única e
Décio Sena 162
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imutável Sem que se elimine o que anteriormente foi afirmado, o período iniciado pela aludida conjunção traz uma notícia que se contrapõe à anterior no sentido de ser observada a partir de um outro ângulo.
(B) Afirmativa incorreta. Não há, no período que se inicia por “Mas”, qualquer relativização das conquistas da ciência, e sim a informação de que as verdades por ela reveladas não são eternas, dada a natureza mutante de que se revestem as investigações científicas.
(C) Afirmativa incorreta. Nem de longe o texto permite-nos entender que as experiências científicas têm caráter incontrolável Repetimos o argumento de que a ideia adversativa tra2ida pela conjunção “Mas” refere-se ao fato de não serem as verdades científicas eternas, mas sujeitas a periódicas revisões. Não há a mesma informação em dizer-se que a ciência tem caráter incontrolável e que a ciência está sujeita a freqüentes revisões.
(D) Afirmativa incorreta, A expressão necessariamente provisórios diz respeito à natureza não perene das verdades científicas, sempre sujeitas a mudanças.
(E) Afirmativa incorreta. Não há qualquer aproximação do que se afirma nesta alternativa com o que se lê a partir do emprego da conjunção adversativa “Mas”.
04. É correto afirmar:
(A) Infere-se do texto que os distintos discursos - religioso, filosófico, artístico, científico quando formalizam» cada um a seu modo, os dogmas da humanidade, na verdade estão conscientemente burlando o espírito que orienta cada específica prática;
(B) O texto demonstra que superstições surgem nos mais diversos campos do conhecimento, e são elas que, através do tempo, configuram o estatuto do humano;
(C) O íexto esclarece que é uma pretensão imprópria aspirar a conquistas que, duradouras, podem acabar por se constituir em meros passos de um trajeto insuperável;
(D) Seria coerente com as ideias expressas no texto o seguinte comentário, suscitado peio exemplo dado: “O nazismo, por mais assustador que seja o fato, não foi isento de racionalidade”;
(E) No texto exprime-se o entendimento de que é comum a várias práticas de pensamento, excluindo-se o mítico, defender que o espírito humano é capaz de atingir o saber pleno.
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Provas Comentadas da FCC
Para respondermos a esta pergunta, convém lermos atentamente a passagem textual que ora transcrevemos:“Ernesto Sábato assinala com precisão que todas as vezes qite se pretendeu elevar um enunciado científico à condição de dogma, de verdade final e cabal> um pouco mais à frente a própria continuidade da aplicação do método científico invariavelmente acabou por demonstrar que tal dogma não passava senão... de um equívoco. Não há exemplo melhor deste tipo de superstição que o estatuto da noção de raça no nazismo ”Ao empregar o nazismo como exemplo para a tese de que uma afirmação científica, em certos casos, pode ser elevada ao status de dogma - algo que todos aceitam sem contestação, como se fosse verdade absoluta, algo que não comporta discussões Ernesto Sábato recorre à tese de que a raça ariana, segundo os nazistas, seria a ideai, o modelo de perfeição da espécie humana, Todos sabemos que tal percepção, de fato, existiu entre os adeptos daquele regime, o que significa que, racionalmente, foi uma verdade aceita como dogma para eles. No entanto, ainda para mostrar-nos como uma verdade aparentemente científica - de tal modo considerada como correta que, neste caso, tornou-se dogma - está submetida à inevitável evolução dos conceitos científicos, apresentou-se, em seguida, o equívoco daqueles que assim pensavam, reconhecido por todos nós no presente, e ainda mais ampliado pela descoberta de que raças, na verdade, não existem, na medida em que somos todos descendentes de um mesmo ancestral.Ora, torna-se assim evidente que o nazismo, por mais assustador que esta ideia nos seja, no presente momento, foi uma concepção a que se chegou a partir do raciocínio, da razão.A resposta está, assim, na alternativa (D).
05. Ê correto afirmar que:
(A) a conjunção quer, repetida (linhas 5-6), estabelece uma comparação entre os termos aproximados, indicando a superioridade de um sobre o outro;
(B) a forma verbal têm (linha 14) está em conformidade com as normas gramaticais, assim.como a forma verbal destacada em “Embora eles não lhe dêm razão, ela sabe que está certa”;
(C) o emprego do sinal gráfico indicativo da crase está correto em sujeitos à superação (linha 16), assim como está em “Chegaram à propor um acordo, mas não foram ouvidos";
Décio Sena 164
Prova 9';~ Analista Administrativo/MPU/2007
I -(D) a transposição da frase essas consteldções de ideias foram geradas quer pelas bradições étnicas („,) quer pelos grandes sistemas religiosos (Unhas 4 a j>) paraavoz ativa gera a forma verbal “costumam gerar”;
(E) o emprego de melhor, em Não há exemplo meíhor (linhas 24-25), está em conformidade com as normas gramaticais, assim como o do segj mento assinalado èm “Foram os exemplos mais bem escolhidos”. |
Vejamos todas as afirmativas feitas com respeito a elementos textuais:; |(A) Afirmativa 'incorreta. Não há superioridade de nenhum dos elemento!
ligados pela série alternativa “quer” ... "quer”, encontrada em "Ao longò da história,\essas constelações de ideias foram geradas quer pelas tradi\ ções étnicasl locais, de cada povo, quer pelos grandes sistemas religiosos1] Pode-se perceber que "tradições étnicasl locais de cada povo” e “gran-j des sistemajs religiosos" situam-se, pará o autor, em mesmo nívèi dé descrição. [ j ' |
(B) Afirmativa mcõrrefa; O emprego de “têm” está obedecendo ao rigor for-;mal de se estabelecer a concordância do verbo “ter”, com seu sujeito, in-j dicado pelajèxpressâo “os saberes científicos”, com núcleo no substanti-j vo plural “saberes”.;No entanto, a forma de 3a pessoa do plural sugerida pelo verbo “dar” está incorreta,,e*deverájser substituída por “deem” AÍ frase fornecida estárá corretamente grafada deste modo: "Embora eles não lhe deem razão, ela sabe que está certa”. |
(C) Afirmativa incorreta. O acento grave indicativo de crase posto em “su-j jeitos à supèração”! está, sem dúvida, cqrreto e indica a contração da! preposição ja” requisitada pela regência do adjetivo “sujeitos” com ò a r - j tigo definido “a" .antecessor do substantivo “superação” Não se podej entretanto, aceitar o aceito grave posto aktes da forma verbal "propor”. A frase, apcjs a retificação necessária, rekará "Chegaram a propor um acordo, mas não foram ouvidos”.
(D) Afirmativa incorreta. Não.há:por qu€ ■surgir, após a transposição!da voz passiva em que se encontra a frase original para a voz ativa, a formai verbaí "costumavam” Na verdade, como já vimos em questões precedentes - leia-se, por exemplo, o comentário inicial da questão 13,|prova IX - o número de veprbos existentes em uma oração de voz passiva! analítica é sempré im a unidade maior do que o que se encojatra ná voz ativa. A frase .desta alternativa corretamente! transposta para a voz passiva fará com que encontremos: “os gran-i
165 Português!
Provas Comentadas da K X
des sistemas religiosos geraram essas constelações de idéias quer pelas tradições étnicas (...) qüèr pelos grandes sistemas religiosos”. Deste modo, à locução verbal passiva "foram geradas” será substituída pelo pretérito perfeito simples do indicativo "geraram”
(E) Afirmativa correta. Estão corretos o adjetivo "melhor” - qualificador do substantivo “exemplo” - e o advérbio “mais”, intensificador do também advérbio “bem”, por sua vez tradutor de valor circunstancial de modo para o adjetivo (ou forma verbal em par ticípio) "escolhidos”.
06, Ernesto Sábato assinala com precisão que todas as vezes que se pretendeu elevar um enunciado científico à condição de dogma, de verdade f i nal e cabal, um pouco mais à frente a própria continuidade da aplicação do método científico invariavelmente acabou por demonstrar que tal dogma não passava senão... de um equívoco.
O adequado entendimento daquilo que assinala Ernesto Sábato está expresso, de forma clara e correta, em:
(A) É perfeito o entendimento de dogma como verdade acabada, mas tem um desvio quando a ciência prova que o enunciado está ultrapassado, anulando o dogma equivocado, o que ocorreu em todas as vezes;
(B) Sempre que se tentou eternizar uma formulação científica, a ciência, ela mesma, desautorizou a pretensão, quando, por seus próprios instrumentos, desvelou a imperfeição daquele saber;
(C) Verdades finais e acabadas, verdadeiros dogmas, sempre existiram, mas, sendo do universo científico, a própria ciência sé incumbiu de dar continuidade, tornando obsoleto o método;
(D) Muitas vezes houve tentativa de construir dogmas, mas se revelou impossível, porque a ciência, desenvolvendío, provou mais para frente que ò enunciado cieniíficó rião tinha fundamento real;
(E) É freqüente ver o que a continuidade faz, pois a ciência, responsável pelo método, mostrà o erro dos dogmas qúe, antes precisos, acabam invariavelmente provocando equívocos, como universalmente demonstrado.
Décio Sena 166
Prova 9 - Analista Adminlstnativo/MPU/2007
O enunciado da questão pede que apontemos o entendimento expresso de formá clàíá è correta acerca da seguinte passagem do texto:“Ernesto Sábato assinala com precisão que todas as vezes que se pretendeu elevar um enunciado científico à condição de dogma, de verdade final e cabal, um pouco mais à frente apropria continuidade da aplicação do método científico invariavelmente acabou por demonstrar que tal dogma não passava senão... de um equívoco?Assim, vejamos cada uma das alternativas propostas:
(A) Alternativa incorreta. Está ocorrendo erro que consiste no emprego indevido do verbo “ter" em iugar de “haver” na passagem que se retificaria em "...mas há um desvio../'. Por outro lado, o texto sofre de problemas de coesão e está rigorosamente fora da linha argumentativa do enunciado original.
(B) Alternativa correta. O texto não contém nenhuma incorreção e está, além de claramente redigido, fiel às idéias originalmente dispostas.
(C) Alternativa incorreta. Não há justa associação das ideias a partir do emprego da conjunção adversativa, que introduz oração logo a seguir atalhada por outra reduzida de gerúndio sem encaixe semântico na passagem em que surge. Há, ainda, ausência de complementação da informação contida em “...a própria ciência se incumbiu de dar continuidade”, o que deixou esta informação incompleta. Não há no texto original, também, menção ao fato de “o método" ter-se tornado “obsoleto”.
(D) Alternativa incorreta. A ausência de sujeito explícito na oração "mas se revelou impossível” tornou-se sem sentido. Também está despropositado o emprego da oração reduzida de gerúndio “desenvolvendo”, uma vez que não surgiu o complemento para a transitividade direta deste verbo.
(E) Afirmativa incorreta. Temos agora um texto em que se faz e afirmativa incorreta, “a ciência mostra o erro dos dogmas que, antes precisos”. Os dogmas não eram precisos antes, mas dados como tal.
167 Português
Provas Comentadas da FCC
As questões de números 7 a 15 referem-se ao texto apresentado abaixo
Os vadios eram um grupo infrator caracterizado, antes de mais nada, por sua forma de vida, Era o fato de não fazerem nada, ou de nada fazerem de forma sistemática, que os tornava suspeitos ante a parte bem organizada da sociedade. Por não terem laços - a família, domicílio cer-
5 to, vínculo empregatício constituíam um grupo fluido e indistinto, difícil de controlar e até mesmo de enquadrar. Passados os primeiros tempos dos descobertos auríferos, quando, como disse o jesuíta Antonil, os arraiais foram “móveis como os filhos de Israel no deserto”, a itinerân- cia passou a ser cada vez mais tolerada. Em 1766 surge contra os vadios
10 das Minas a primeira investida oficial de que se tem notícia: uma carta régia dirigida em 22 de julho ao governador Luís Diogo Lobo da Silva, e incisiva na condenação da itinerânda de vadios e da forma peculiar de vida que escolhiam. Tais homens, dizia o documento, vivem separados do convívio da sociedade civil, enfiados nos sertões, em domicílios vo-
15 lantes, ou seja, sem residência fixa. Isto não podia ser tolerado, e deveriam passar a viver em povoações que tivessem mais de cinqüenta casas e o aparelho administrativo de praxe nas vilas coloniais: juiz ordinário, vereadores etc. Uma vez estabelecidos, ser-lhes-iara distribuídas terras adjacentes ao povoado para que as cultivassem, e os que assim não pro-
20 cedessem seriam presos e tratados como salteadores de caminhos e inimigos comuns.
(Lauru de MeJio e Sou2a. “Tensões sociais em Minas na segunda metade do século XV IIP , In Tempo e história, org. Adauta Novaes. São Paulo: Companhia das Letras/
Secretaria Municipal da Cultura, Í992. p. 358-359}
07. No texto, o autor:
(A) põe em foco um determinado estrato social, particularizando uma tentativa de disciplinamento oficialj
(B) desenvolve considerações minuciosas a respeito do tema central de seu discurso: a carta de Luís Diogo Lobo da Silva;
(C) narra um específico episódio ocorrido em Minas, tomado como exemplo do que se pode esperar da ação de grupo de infratores}
(D) lança hipóteses sobre as causas de um determinado comportamento social, depois de caracterizá-lo a partir da teoria de pesquisadores, religiosos ou não;
Prova 9j“ Analista Admínistrativo/MPU/2007
(E) toma os daaos de pesquisa histórica como apoio para expressar é justificar o seu próprio juízo de valor acerca de infratores. j
Vejamos cada dma das! afirmativas feitas acerca do texto lido: |(A) Alternativa correta. O "determinado estrato social” é o grupo dos
"vadios” e a tentativa de disciplinameiito oficial data de 1776, quan-j do se tentou impor-lhes regras com respeito à maneira toda particular como viviam. | I
(B) Alternativa jincorreta. O tema central do| texto não está na carta de; Luís Diogo Lobtj da Silva, mas na caracterização do grupo dos “vadios” ji i i | ■ . I
(C) Alternativa incorreta. Não há episódio algum sendo narrado, ; masapenas a notícia de que houve, oficialjmente, uma tentativa de; dis-j ciplinar a ida de ipessoas errantes, que se denominavam generica-j mente de “yadios”. ! \
(D) Alternativa jincorreta. Não há qüaisquèrjhipóteses aventadas quanto àscausas do surgimento do grupo errante) Muito ménos existem teorias de pesquisadores, religiososou;não, relativas às causas que deram início à sua existência. . |.
(E) Alternativa incorréta. A articulista não se posiciona de modo favoráve ou desfavorável à existência dos “vadios”, mas apenas descreve um fato ocorrido em nossa história colonial.
08, Considere as afirmações que seguem sobrejà organização do texto.I. No processo de argumentação, o autor valeu-se de testemunho
autorizado,! ; |32. A fala do jesuíta constitui argumento para a consolidação da ideia
de que a itii\erântid passou a ser cadá 4ez mais tolerada.III. A data de 1766 foi Citada como comprovação explícita de que o rei
era realmente signatário da cartá. !Está correto o que se afirma SOMENTE ènju
CA) I;(B) II;(C) III;(D) I e II;(E) H eIII.
D -^ r f í 1/TJ tBc
Provas Comentadas da FCC
Vejamos cada uma das afirmativas feitas acerca do texto:I. Afirmativa correta. Transcrevemos passageni do texto em que se nota a
utilização deste recurso: aPassados os primeiros tènipos dos descobertos auríferos, quando» como disse o jesuíta Antonil, os arraiais foram ‘móveis como os filhos de Israel no âeserto\ a itinerância passou a ser cada vez mais tolerada”
II. Afirmativa correta. Podemos recorrer à passagem textual transcrita no item I desta questão para observarmos que a fala do jesuíta Antonil diz respeito apenas ao fato de os arraiais serem “móveis como os filhos de Israel no deserto”. Observe-se, com atenção, o emprego das aspas sinalizando discurso direto. Evidentemente,, então, não podemos atribuir ao jesuíta a declaração objetiva de que a itinerância tenha passado a ser cada vez mais tolerada. No entanto, não é isto que se está lendo na afirmativa feita no presente item» Nela, afirma-se que: a fala do jesuíta constitui argumento, ou seja, favorece a existência da tese de que a itinerância passou a ser cada vez mais tolerada. Isso porque, logicamente, se os “vadios” tornaram-se móveis como os filhos de Israel no deserto”, não havia repressão para que "eles não errássèm éem destino, sem rumo determinado.
III. Afirmativa incorreta. Á simples menção ao ano em que a carta fora redigida não seria suficiente para que o leitor depreendesse que partira do rei. O que permite ésta compreensão é o emprego dò adjetivo “régia”, em “carta régia”. Como sabemos, o adjetivo “régio” significa “relativo ao rei”, “próprio do rei”.
09. Observado o contexto» está corretamente entendida a seguinte expressãodo texto:(A) nada fazerem deform a sistemática - nada produzirem de modo tec
nicamente plausível;(B) um grupo fluido e indistinto ~ um conglomerado espontâneo e
informal;(C) difícil de controlar e até mesmo de enquadrar - não passível de orga
nizar e mesmo dominar;(D) Passados os primeiros tempos dos descobertos auríferos - esgotadas
as primeiras jazidas de ouro;(E) form a peculiar de vida que escolhiam - singular maneira que se con
cediam de estar no mundo.
Décio Sena 1 7 0
Prova 9 - Analista Administrativo/MPU/2007
Vejamos as paráfrases sugeridas para passagens do texto:(A) Paráfrase incorreta, Não é possível admitirmos que o adjetivo “sistemá
tica” seja equiparado, como o foi, a "tecnicamente plausível”.(B) Paráfrase incorreta. Os adjetivos “fluido” e “indistinto” nenhuma apro
ximação semântica têm com "espontâneo” e "informal”.(C) Paráfrase incorreta, Não é viável a equiparação de "difícil” com “não
passível”.(D) Paráfrase incorreta. A menção temporal existente no fragmento origi
nal - “Passados os primeiros tempos” - não foi reproduzida corretamente em “esgotadas as primeiras jazidas de ouro”. Observe-se que “os primeiros tempos dos descobertos auríferos” não corresponde a “esgotadas as primeiras jazidas de ouro”
(E) Paráfrase correta. A expressão "forma peculiar” foi corretamente reproduzida por “singular maneira” e o fragmento “vida que escolhiam” está perfeitamente traduzido por "maneira que se concediam de estar no mundo”.
10. Mm 1766surge contra os vadios das Minas a primeira investida oficial âe mie se tem notícia. _
Considerado o contexto, umá outra redação para o segmento destacado acima, que está correta e que não prejudica o sentido original, é:
(A) cuja existência se conhece; ... ; (B) da qual a notícia foi dada;
(C) que a notícia foi veiculada;(D) naquál se temoregisíro;(E) dequeànotídachegouaténós.
Na passagem transcrita do texto "Em 1766 súrge contra os vadios das Minas a primeira investida oficial de que se tem notícia” sublinhou-se uma oração subordinada adjetiva restritiva. Nota-se que o pronome relativo “que”, seu conectivo, é representante semântico do substantivo “investida”, núcleo do sujeito - "a primeira investida oficial” - da forma verbal “surge”, presente na primeira oração do período, que é a sua oração principal.Procedendo-se à substituição do pronome relativo mencionado pelo substantivo que representa, ou, para melhor entendimento, por todo o grupo vocabular do qual o substantivo é núcleo, teremos: “da primeira investida oficial se tem notícia” já realizada a contração da preposição “de” anteces-
171 Português
Provas Comentadas da FCC
sor do pronome relativo com o artigo definido “a” presente no objeto direto da oração anterior* Evidentemente, esta nova oração não surgiu com seus termos dispostos em ordem direta. Colocando-os nesta ordem, então, teremos: “tem-se notícia da primeira investida oficial” oração de voz passiva pronominal em que o sujeito é “a notícia” e a expressão “da primeira investida oficiar* funciona como complemento nominal.Mais importante do que a percepção gramatical que ora levamos a efeito será> nesta questão, percebermos o sentido da oração sublinhada originalmente. Nela fez-se menção ao conhecimento da existência de uma primeira investida contra os vadios.Temos, então, de empregar um pronome adjetivo relativo, ou seja, um pronome que, associando-se ao substantivo “existência” - ou qualquer um que lhe seja correlato recupere a ideia de que havia este conhecimento.A única opção em que surgiu pronome adjetivo relativo é a contida no item(A), que é, então, a resposta que desejamos.Nas demais alternativas, comentamos:(B) A substituição da oração originalmente sublinhada por esta que agora se
propõe faria surgir o texto “Em 1766 surge contra os vadios das Minas a primeira investida oficial da qual a notícia foi dada” que é inaceitável, já que se emprega o pronome substantivo relativo "a qual” em lugar do pronome adjetivo relativo que comentamos. A simples leitura do texto que resultou da substituição constatará a inadequação da presentè proposta,
(C) Teremos o texto que se segue, após procedermos a substituição sugerida nesta alternativa: “Em 1766 surge contra os vadios das Minas a primeira investida oficial que a notícia foi veiculada” Como se pode verificar novamente por meio de uma simples leitura, a substituição não é viável. A sensação da inviabilidade decorre da tentativa de se substituir um pronome adjetivo relativo por um pronome substantivo relativo,
(D) Após a substituição do fragmento originalmente sublinhado pela oração que ora se propõe, teremos: “Em 1766 surge contra os vadios das Minas a primeira investida oficial na qual se tem o registro”, rigorosamente indevida. Salientamos que, caso se houvesse empregado a preposição “de” em lugar de “em” o texto assim ficaria: “Em 1766 surge contra os vadios das Minas a primeira investida oficial da qual se tem registro” e haveria acerto.
(E) Nesta última alternativa, o período que resultaria da substituição sugerida seria: “Em 1766 surge contra os vadios das Minas a primeira investida oficial de que a notícia chegou até nós”, evidentemente incorreta pela mesma razão mostrada na alternativa (B).
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Prova 9|- Analista Administrativo/MPU/2007
Observadas as 6 linhas iniciais do texto, é correto afirmar:
(A) A expressão por sim forma de vida constitui uma explicação.(B) No segmento Era o fato de não fazeremnada, ou de nadafaserém âe
forma sistemática a conjunção ou introduz uma retificação dó qui se afirmou ianteriormente. j
(C) Em que os tomava suspeitos, o deslocahiento do pronome destacadopara depois do verbo atenderia ao que a gramática aconselha comó preferência. : : : j
(D) À preposição rmfeequivale a “versus”. | j(E) Como em fluido, a; grafia do particípio jdò verbo “imbuir” não admi-j
te o acento,! estando, portanto^ correta a forma “imbuido”
Vejamos cada uma das! afirmativas feitas acirca de fatos contidos no textdde Laura de Mello e Souza: ; | : I(A) Afirmativa incorreta. Na passagèm que atre o texto lê-se que "Os vadios
eram um grjupo infrator caracterizado, antes de mais. nada, por sua for-j ma de vida”* A expressão “por sua formaj de vida” não tem natureza se-; mântica explicativa; mas sim a de caracterizar um determinado grupo social Há cliara distinção semântica entrej “caracterizar” e “explicar”. ]
(B) Afirmativa porretai Ao afirmar inicialmente que os vadios caracteri-Izavam-se por não fazerem nada, a autora não havia sido inteiramen-j te correta n i que diz respeito ao atò dè fazer alguma coisa em associa-j ção ao grupo mencionado. Algumas coisas, evidentemente, eles faziam.] No entanto,; não de; maneira organizada [ou sistematizada. Assim, a ex-j pressão que| se inicia com a conjunção |coordenativa alternativa “ou”j introduz nó texto .uma retificação do cjue anteriormente havia ;sido| estabelecidq. j j
(C) Afirmativa incorreta. A ênclise sugeridajestaria incorreta, dada a àtra-jção que exercem sobre os pronomes oblíquos átonos os pronomes relativos, comb o vocábulo “que”, antecessor neste texto da forma vérbal “tornava”. j j
(D) Afirmativa incorreta. A preposição “ante” indica “diante de”, “em jpre- sença de”, Iperante”, Obviamente a Banca Examinadora investigou,neste item, o conhecimento do candidato acerca dos significados re-i i | &portados pela preposição “ante” e pelo prefixo de origem grega “ahti”, este ultimo sim, portador do significado de oposição, ação contrária e, em conseqüência, aproximado semanticamente de “versus”.
I |[ r i173 s> Portúsuêsí
Krovas Lomenraaas aa
(E) Afirmativa incorreta. Inicialmente, um breve comentário acerca das palavras “fluido51 e “fluídòYámbas existentés no léxico da língua portuguesa. A primeira delas é o substantivo que indica substancias líquidas ou gasosas. O segundo é o particípio do verbo "fluir”. Suas pronúncias são diferentes: o substantivo é um vocábulo dissilábico paroxítono que, dividido em sílabas, faz surgir fhii-do. Contém, assim, um ditongo orai decrescente em sua primeira sílaba. O segundo vocábulo é um tris- sílabo paroxítono que exemplifica um hiato, cuja divisão silábica assim se estabelece: “flu-í-do” Neste segundo vocábulo, o emprego do acento gráfico é obrigatório em atendimento ao preceito de acentuação gráfica que envolve as segundas vogais tônicas “i” e “u” dos hiatos. E é exatamente em atenção a esta regra de acentuação gráfica que o vocábulo "imbuído” portará obrigatoriamente o acento agudo sobre a segunda vogal, tônica, do hiato,
12. Considerando as linhas 6 a 12, é correto aftraiar:
(A) Em como disse o jesuíta, como eqüivale a “mediante”(B) Em “móveis como osjilhos de Israel no deserto”, as aspas indicam que
a frase deve ser entendida em sentido figurado,(C) O emprego da palavra arraiais contribui para a produção do sentido
de “morada provisional” tratado no fragmento........(D) No segmento a itinerância passou a ser cada vez mais tolerada, a ex
pressão passou a ser é a que exprime a ideia de progressão.(E) Os dois-pontos introduzem uma citação.
Analisemos cada uma das afirmativas feitas nos itens desta questão:(A) Afirmativa incorreta. O vocábulo “como”, que se encontra em “como
disse o jesuíta”, sugere ideia de conformidade, de modo. É conjunção subordinativa conformativa. A preposição “mediante" introduz significado rigorosamente distinto, associado a ideia de “por meio de”, “por intermédio de”
(B) Afirmativa incorreta, Como podemos ler no fragmento textual a que se refere o enunciado desta questão, a passagem “móveis como os filhos de Israel no deserto” deve ser entendida com apelo denotativo, ou seja, os vadios eram tão errantes quanto os “filhos de Israel” Não há uso de linguagem figurada na passagem, mas apelo ao seu significado literal. As aspas foram empregadas para que se indicasse citação.
Dédo Sena 174
Prova 9 - Analista Adminístrativo/MPU/2007
(C) Afirmativa correta. Lê-se na passagem indicada no enunciado desta questão que “os arraiais” foram “móveis como os filhos de Israel no deserto”. Acerca do substantivo “arraial”, podemos observar no Dicionário Aurélio, Edição Eletrônica, entre outros significados, o de "povoação de caráter temporário, geralmente formada em função de certas atividades extrativas, como a lavra de minérios, ou de metais raros, etc”. Por outro lado, no mesmo dicionário encontramos para o verbete "provisionaí” além do significado com que mais comumente é empregado, que o associa à ideia de “provisório”, também o significado de “interino”, “passageiro”, "temporário”, Esta é a resposta da questão.
(D) Afirmativa incorreta. A ideia de progressão, realmente existente no fragmento transcrito, é estabelecida pela expressão “cada vez mais”.
(E) Afirmativa incorreta. Os dois pontos não introduzem qualquer citação no fragmento em que se fundamentam as diversas afirmativas feitas nesta questão. Na realidade, a citação nele existente foi sinalizada com o emprego das aspas. Os dois-pontos existentes nesta passagem do texto preparam o leitor para a explicação que será feita com respeito a qual terá sido a primeira investida oficial contra o grupo dos vadios.
13. Tais homens, dista o documento\ vivem separados do convívio da sociedade civil, enfiados nos sertõest em domicílios volantes, ou seja, sem residência fixa. Isto não podia ser tolerado, e deveriam passar a viver em povoações que tivessem mais de cinqüenta casas e o aparelho administrativo de praxe nas vilas coloniais: juiz ordinário, vereadores etc.Observado o contexto, é correto afirmar que, no fragmento acima,
(A) a expressão sociedade civil eqüivale a “conjunto de todos os membros que constituem o tecido social, unidos em tomo de ideias, pac- tos e acordos, sem hegemonia nem exclusão de nenhum grupo”.
(B) a voz do autor mistura-se à voz do remetente da carta, como o comprova o emprego, respectivamente? das formas verbais podia e vivem.
(C) a expressão ou seja introduz uma explicação, obrigatória para a compreensão do documento, visto que domicílios volantes constitui uma incompatibilidade em termos, sem possibilidade de conciliação.
(D) o emprego da expressão de praxe evidencia que, na carta, buscava-se neutralizar qualquer tom que pudesse ser entendido como intimidação.
(E) a oração deveriam passar a viver em povoações expressa uma suposição.
175 Português
Provas Comentadas da FCC
Analisemos cada uma das afirmativas feitas com respeito ao texto que abaixo transcrevemos:“Tais homens, dizia o documento> vivem separados do convívio da sociedade civil enfiados nos sertÕes} em domicílios volantes, ou seja, sem residência fixa. Isto não podia ser tolerado, e deveriam passar a viver em povoações que tivessem mais de cinqüenta casas e o aparelho administrativo de praxe nas vilas coloniais: juiz ordinário, vereadores etc(A) Afirmativa incorreta. Não seria viável que, no Brasil colonial, em uma
carta régia, o conceito de “sociedade civil” fosse apreendido deste modo.(B) Afirmativa correta. Podemos comprovar daleitura do fragmento que a for
ma verbal “vivem” fox realmente empregada no texto original, refletindo, por isso, a voz do remetente. Por outro lado, o emprego de “dizia”, no pretérito imperfeito do indicativo, indica clara participação da autora do texto.
(C) Afirmativa incorreta. A ideia de “domicílios volantes” - o adjetivo “volante” significa o que se pode mudar facilmente, o que é móvel - está suficientemente explicada pelo teor global do fragmento transcrito.
(D) Afirmativa incorreta. Empregou-se a expressão “de praxe” sem nenhuma intenção intimidadora. Pretendeu-se, apenas, indicar o aparato administrativo comumente empregado em determinadas cidades daquela época.
(E) Afirmativa incorreta. O teor da carta régia indica-nos que, impositiva- mente, os “vadios” deveriam passar a viver em povoações.
14. Uma vez estabelecidos, ser-lhes-iam distribuídas terms adjacentes ao povoado para que as cultivassem, e os que assim não procedessem seriam presos e tratados como salteadores de caminhos e inimigos comuns.Sobre o que se tem no período acima transcrito, é correto afirmar:
(A) A expressão uma vez comunica a mesma ideia que o segmento destacado exprime em “Uma vez que ele se curou, não precisa mais de cuidados médicos”.
(B) O termo destacado em os que assim não procedessem refere-se à ação de optar por ser estabelecido.
(C) A gramática prescreve que o vocábulo adjacentes seja assim separado em sílabas: “a - dja - cen - tes”.
(D) Há um subentendido no fragmento: no século XVIII, os vadios recebiam tratamento diferenciado em relação a outros grupos considerados infratores.
(E) Em tratados como salteadores, o termo destacado está empregado com o mesmo valor que se nota em “Como cheira bem a sua caldeirada!”
Décio Sena 176
Prova 9 r Analista Ad m i n i strativo/M P U/2007
Mais uma vez danscrevémos o fragmento textual em que se fundamentam' as afirmativas feitas nos diversos itens da questão: !“Uma vez estabelecidos* ser-lhes-iam distribuídas terras adjacentes ao povo-J ado para que as cultivassem, e os que assim, npo procedessem seriam presos e tratados como salteadores de caminhos e inimigos comuns ” j(A) Afirmativa incorreta. No fragmento transcrito, a expressão “Uma vez”!
contida em iUma vez estabelecidos” indita condição. Em "Uma vez quej ele se curou, não precisa mais de cuidados médicos” observa-se valorj semântico causai sendo introduzido por {“Uma vez que”. j
(B) Afirmativa incorreta. O advérbio "assim” diz respeito, no fragmen-jto lido, ao? “vadios” que não cultivasbem as terras que lhes seriai concedidas.] : j
(C) Afirmativa incorreta. A divisão silábica adequada será "ad-ja-cen-tes”(D) Afirmativa correta. :0 tratamento difereríciado em reiação a outros gru
pos considerados fica evidente a partir! da leitura do trecho que encerra o texto: % oh [vadios]' que assim não procedessem seriam presos e tratados como salteadorès de caminhbs e inimigos comuns".
(E) Afirmativa liricorréta. Em “tratados cdmo salteadores”, o vocábulo “como” introduz valor semântico comparativo. Em “Como cheira bem a sua caldeifada!” percebe-se nò advérbio "como” valor semântico: tradutor de inttnsíficação para o sentido dojadvérbio de modo “bem”.
Uma vez estabelecidos, ,ser -lhes-iam distribiiídas terras adjacentes ao povoado para quelas cultivassem.Uma outra redáção para o segmento destacado acima, que, clara e corre- ta, não prejudica o sentido original é: j
(A) sendo-lhes divididas as terraspertencéntes ao povoado, poderiam!cultivá-las. | ! i |i
(B) com o objetivo de que tornassem produtivas, receberiam, entre eles,as terras próximo à vila. j
(C) eles seriam jaquinhoados com áreas contíguas à vila, a fim de que aslavrassem, j ; |
(D) compartilhariam entre si glebas em anexo ao povoado, de modo que beneficiassem»
(E) salvo se laviassemj receberiam por distribuição áreas incorporadas ao povoado)
177 Português!
. 1-rovas comentaaas oa r^v.
Vejamos cada uma das alternativas da presente questão, já com o fragmentotextual sugerido substituindo a passagem originalmente observada:(A) Substituição incorreta. A substituição de “adjacentes* por “pertencen
tes” não é correta. Por outro lado, percebemos que as terras distribui- das teriam de ser cultivadas, não se admitindo, deste modo, a redação “poderiam cultivá-las”.
(B) Substituição incorreto. Está havendo omissão do objeto direto do verbo “tornar” Por outro lado, há deslize de concordância nominal pela inobservância da necessidade de que o vocábulo “próximo” surgisse empregado em feminino plural, para que fosse feita sua concordância com ‘"terras”
(C) Substituição correta. Reproduziu-se dessa vez o texto original com fidelidade e sem qualquer erro de natureza gramatical. Esta é a resposta da questão.
(D) Substituição incorreta. A menção “glebas em anexo ao povoado” não traduz o que se disse previamente com "adjacentes ao povoado” Ocorreu, também, erro de regência verbal, caracterizado pela ausência do complemento para a forma verbal, transitiva direta “beneficiassem”.
(E) Substituição incorreta. É indevida a equiparação entre “terras adjacentes ao povoado” com “áreas incorporadas ao povoado*.
16. A frase que está totalmente de acordo com o padrão culto é:
(A) Vossa Senhoria, senhor Ministro5 poderíeis me receber amanhã em audiência, para que lhe entregue pessoalmente meu projeto?;
(B) Ele é ambidestro, sabe até desenhar com ambas mãos, mas jamais quiz colocar sua habilidade em evidência;
(C) Queria sair com nós três, não sei bem por quê; talvez haja assuntos sobre os quais ela queira nos colocar a par;
(D) Essas pinturas são consideradas as maiores obras-de-artes do período, mas nada tem haver com a temática que você quer estudar;
(E) Ela vivia dizendo “Eu mesmo desenho meu futuro”, mas essa era uma forma dela ocultar sua relação mau resolvida com os pais.
Analisemos todas as alternativas desta questão, em busca daquela que contém frase totalmente de acordo com o padrão culto:
Décío Sena 178
prova y - Analista Administrativo/MPU/2007
(A) Alternativa incorreta. Os pronomes de tratamento, como “Vossa Senhoria”, remeteiri todas as concordâncias do texto para as terceiras pessoas do singular oü do plural. Neste caso, como "Vossa Senhoria” está empregado no singular, o verbo “poder” deveria ter surgido em 3a pessoa do singular. Está correto o emprego do pronome átono "lhe”, indicativo da pessoa gramatical adequada, ou seja, a 3a do singular. Após ser retificado, o texto ficaria deste modo redigido: "Vossa Senhoria» senhor Ministro, poderia me receber amanhã em audiência, para que lhe entregue pessoalmente meu projeto?”.
(B) Alternativa incorreta. Faltou o emprego do artigo definido “as” após o numeral dual "ambas”. Também está havendo erro de grafia na forma relativa ao verbo “querer”, que deve ser redigida com a letra “s” Em nenhuma forma dos verbos “querer” e “pôr” ocorre a letra “z”. Eis o texto corrigido: “Ele é ambidestro, sabe até desenhar com ambas as mãos, mas jamais quis colocar sua habilidade em evidência”.
(C) Alternativa correta. Observe-se o correto emprego do numeral cardinal “três”, possibilitando a forma “com nós três”. Só podemos empregar "com nós” quando após a preposição e o pronome oblíquo tônico citados surgirem os vocábulos “ambos”, “próprios”, “mesmos”, qualquer numeral ou uma oração subordinada adjetiva (“com nós ambos”, “com nós próprios”, “com nós mesmos”, "com nós dois”, “com nós que estávamos atentos”). Também está correto o emprego de “por quê”, com acento em “quê”. No comentário da questão 15, prova 17, tecemos considerações acerca do emprego de “porque”, “porquê”, “por que” e "por quê”. Ressaltemos, ainda, o correto emprego da expressão “a par”, que tem sentido bem distinto de “ao par”.
(D) Alternativa incorreta. Ocorreu, de início, erro na flexão de plural do composto “obra-de-arte”: como sabemos, em compostos ligados por preposição, apenas a primeira palavra sofre a pluralização, o que indica o correto plural em “obras-de-arte”. Cometeu-se, também, deslize ortográfico na expressão “tem haver”, que deverá ser retificada para “tem a ver”. Há, ainda, erro de concordância verba! caracterizado pela inexistência de acento circunflexo sobre a forma verbal “tem”, necessário para que se indique a Eexão em 3a pessoa do plural, o que promoverá a devida concordância de “têm” com seu sujeito, indicado por "Essas pinturas”, com núcleo em "pinturas”. O texto ficará corretamente grafado deste modo: “Essas pinturas são consideradas as maiores obras-de-arte do período, mas nada têm a ver com a temática que você quer estudar”.
179 Português
Provas Comentadas da FCC
(E) Alternativa incorreta. Ocorreu, inicialmente, deslize de concordância nominal relativamente ao emprego do vocábulo “mesmo”, que deveria ter surgido em flexão de gênero feminina, para que concordasse com o pronome reto “Ela” Há, ainda, emprego incorreto do adjetivo “mau”, empregado em lugar do advérbio "mal” já que se está traduzindo circunstância de modo relativamente à forma verbal em particípio "resolvida”. Com respeito ao lato de o pronome “ela”, sujeito de ‘'ocultar", ter surgido contraído com a preposição “de", permitimo-nos transcrever a lição do eminente Mestre Sílvio Elia, que estudou esta contração em artigo publicado no livro “Na ponta da língua”, volume I, Editora Lucerna, Rio de Janeiro, 2000, página 6:
“Regra de gramática muito conhecida é a que interdita seja o sujeito da frase regido por preposição. Invocam-se argumentos de ordem lógica, Ê que sujeito e predicado são os termos primeiros da oração. Os demais decorrem da expansão deles quer por determinação, quer por comple- mentação. São, pois, sempre termos subordinados: determinantes ou complementos, nominais ou verbais. Ora, uma das formas que tem a língua para marcar a subordinação é o recurso a um tipo de conectivo denominado preposição. Portanto termo regido (note-se o verbo: reger) é termo subordinado, o que, por suposto, não se pode aplicar ao sujeito.Mas, convém não esquecer, as línguas históricas não se estruturam em moldes puramente lógicos. O sentimento, as emoções do falante, quebram frequentemente os padrões que se queriam lógicos, sem ferir contudo o valor expressivo da frase, antes pelo contrário. Os gramáticos e os linguistas conhecem perfeitamente essas intervenções “perturbadoras” e as designam como sintaxe psicológica ou afetiva.
[...]Caso comuníssimo é o da combinação da preposição de com o artigo ou pronome o, a, os, as: áoy da, dos, das. Portanto, quando falamos, dizemos normalmente, p. ex., “Partiremos antes do sol nascer". Todavia espíritos logicistas inventaram que construções que tais padecem de erro, porque, sendo o sol sujeito do verbo nascer., não pode, segundo a regra a que aludimos no início, vir regido de preposição. Porque rege esta a oração infinitiva e não o substantivo, mandam redigir antes de o sol nascer; Na verdade, combinando-se ou não com o artigo, a preposição continua a reger toda a oração e não o seu sujeito, fenômeno puramente fonossintático. A combinação com o artigo é fenômeno de ordem fonética, que se dá na superfície, por assim dizer, e em nada altera a relação sintática.
rVrin Çpns
Prova 9 *4 Analista Administrativo/MPU/2007 Ii ( (I !
Percebemos, assiiii, a partir da muito clara exposição de Mestre Süvio Élia, que não há impropriedade em se deixar que as preposições surjam contraídas com os sujeitos nestas situações. ; jContudo, em se tratando de concursos públicos, talvez seja mais prudente mantermo-nos apegados à orientação que se disseminou. Deste modo, assim teremos a refificação do texto desta altèrnativa: “Elá vivia dizendo “Eu mesmo desenho meu futuro” mas essa era uma forma de ela ocultar sua relação mal resolvida com os pais”. ; j
I 1 ! i'17, A frase que estájpontuada de acordo com íôs preceitos da gramática é:
(A) Mas é preciso ver nos textos, como o autor apresenta a relação de conciliação essencial entre a consciência cristã; e as práticas de eficácia temporal,
(B) Pois bem: sè ele não os induziu a responderem, o que desejava que fosse respondido; o que é que ele fez?; j
(C) Basta então!, que sè conheçam as normas de organização social doperíodo para que sè;am compreendidas em suas minúcias os atritos delas decorrentes,: ; j
(D) As histórias relatadas nos seps romances iniciais - que se distinguem, sensivelmente, dos relatos mais (recentes ~ são, na sua maioria, fruto dá influência da cultura irlandesa.
(E) A ação deles é, portanto, embora pouco divulgada, digna de reconhecimento, dos que os apoiaram nas mais diversas, circunstâncias.
Vejamos as pontuações; presentes em todos ojs períodos desta questão: |
(A) Pontuação incorreta, A vírgula empregada após o substantivo “textos” separou o verbo “ver” de seu objeto diteto, indicado pela oração "comoj o autor aprèsenta á relação de conciliarão, essencial entre a consciência cristã e ás práticas de eficácia tempóral”. Tal vírgula pode permanecer no texto caso empreguemos umsL-. outra após o vocábulo ‘Ver” o que promoveria; a intercalação do:; adjunto adverbial “nos textos”! Igualmentej despropositado está o emprego do ponto-e-vírgula após o adjetivo “cristã”, uina vez que separa indevidamente os dois elementos que compõem a “relação de conciliação [essencial" indicada pelo autor, quais sejam “a consciência cristã” e “as práticas de eficácia temporal”. Q texto estará corretamente pontuado deste modo: “Mas é preciso verQ nos textos(j) como o autor apresenta a relação de conciliação essencial entre a consciência cristã e as práticas dè eficácia temporal”. j
I I |181 ; Português
(B) Pontuação incorreta. Está indevidamente empregada a vírgula após a forma verbal “responderem”, por separá-la de séá objeto direto, indicado pelo pronome demonstrativo “o”. Ò ponto e vírgula posto após “respondido” também não se justifica e deverá ser substituído por vírgula. Teremos o texto corretamente pontuado deste modo: “Pois bem: se ele não os induziu a responderem o que desejava que fosse respondido, o que é que ele fez?”.
(C) Pontuação incorreta. A única vírgula empregada após o vocábulo “então” promoveu a separação da forma verbal "Basta” de seu sujeito, que está indicado pela oração “que se conheçam as normas de organização social do período”. Tal vírgula pode ser mantida no texto caso se empregue uma outra após “Basta”. Neste caso, o vocábulo “então” estará sendo intercalado. Erro semelhante ocorreu na continuidade do texto, quando se empregou a vírgula única após a forma verbal “compreendidas”. Dessa vez separóu-se o verbo mencionado de seu objeto direto, indicado por “os atritos delas decorrentes”. A inserção de uma vírgula após o substantivo “minúcias” retificaria o erro relatado. Aliás, a forma de particípio “conhecidas” aprésenta-se incorretamente flexionada em feminino, uma vez que tem por referente o substantivo “atritos”. O texto estará corretamente pontuado deste modo: “BastaQ entãoQ que se conheçam as normas de organização social do período para que sejam compreendidos(,) em suas minúciasQ os atritos delas decorrentes”,
(D) Pontuação correta. O par de travessões empregado está correto e isolou oração subordinada adjetiva explicativa. Dentro desta oração, promoveu-se o realce semântico do adjunto adverbial “sensivelmente” com um par de vírgulas. O mesmo expediente de promoção de ênfase foi utilizado com o par de vírgulas que isolam a expressão “na sua maioria”. Esta é a resposta da questão.
(E) Pontuação incorreta. Estão corretas as vírgulas que isolam a conjunção coordenativa conclusiva "portanto” e a oração subordinada adverbial concessiva “embora pouco divulgada”. No entanto, não estão corretas as vírgulas empregadas após o substantivo “reconhecimento” - por separar o adjunto adnominaí “dos” - e após o pronome indefinido “diversas” - separando o adjunto adnominaí “circunstâncias” do núcleo “diversas”, contido no adjunto adverbial “nas mais diversas circunstâncias”. O texto estará corretamente pontuado deste modo: “A ação deles é, portanto, embora pouco divulgada, digna de reconhecimento dos que os apoiaram nas mais diversas circunstâncias”.
Dédo Sena 182
A frase era que a forma destacada está apropriada às normas gramaticais é
(A) Congregou-os o mesmo sincero desejo de fazer algo relevante pela comunidade.
(B) Quem disse que ele constroe toda essa argumentação sem apoio de advogados?
(C) Isso não é pertinente com os fins a que você visa com seu projeto.(D) Eles enganam-se a si próprios, persuadidos que tudo está sendo feito
em busca da paz.(E) Espero que ele medie a reunião com a isenção de espírito de que to
dos necessitamos.
Vejamos qual dos períodos apresentados nesta questão está apropriado àsnormas gramaticais:
(A) Período apropriado. Não há qualquer deslize gramatical no texto contido nesta alternativa. Esta é a resposta da questão.
(B) Período inadequado. Está incorreta a grafia "constroe” para a 3a pessoa do singular do presente do indicativo do verbo “construirá que deverá ser substituída por "constrói” ou, ainda, "construi”, esta última forma muito raramente usada entre nós brasileiros e freqüente em Portugal. O período estará corretamente grafado deste modo: “Quem disse que ele constrói (ou construi) toda essa argumentação sem apoio de advogados?”.
(C) Período inadequado. O adjetivo "pertinente” rege a preposição “a”. Retificado o texto, teremos: "Isso não é pertinente aos fins a que você visa com seu projeto”.
(D) Período inadequado. O adjetivo "persuadidos” rege a preposição “de”. Depois da retificação adequada encontraremos o texto corretamente redigido em “Eíes enganam-se a si próprios, persuadidos de que tudo está sendo feito em busca da paz”.
(E) Período inadequado. O verbo "mediar” irregular de primeira conjugação, tem seu radical “medi” alterado para “medei” em todas as formas rizotônicas. A grafia correta do período será: "Espero que ele medeie a reunião com a isenção de espírito de que todos necessitamos”. Para ler-se sobre este verbo em descrição mais detalhada, pode-se recorrer ã prova 17, questão 19, item (A).
1 8 3 Português
Provas Comentadas da FCC
19. A frase que está corretamente redigida é:
(A) Naquele ambiente taciturno, é como se, a cada passo, descobrimos uma possibilidade longínqua de sair ilesos,
(B) Acompanhei os noticiários, e, pelo o que está se vendo, muitos não chegarão onde desejam no horário previsto.
(C) Aquele era o hotel onde costumava freqüentar durante o período que não conhecia problemas financeiros.
(D) Os detalhes eram tão minuciosamente apresentados, que o leitor chega ter acesso até a informação de qual das mãos segurava a taça de champanhe.
(E) A maneira como os bilhetes foram escritos não deixará dúvidas acerca do que deve ser feito, sob a responsabilidade seja de quem for.
Transcrevemos a seguir cada um dos textos que surgiram nas alternativasdesta questão, para julgarmos as suas redações:
(A) Redação incorreta. Está ocorrendo mau emprego de tempo e modo verbal» em “descobrimos”, que deveria ter surgido em pretérito imperfeito do subjuntivo. Na seqüência, o infinitivo "sair” deve ser empregado em plural, considerada a existência, na oração em que aparece, do adjetivo “ilesos”, flexionado em plural O texto estará correto assim redigido: “Naquele ambiente taciturno, é como se, a cada passo, descobríssemos uma possibilidade longínqua de sairmos ilesos”.
(B) Redação incorreta. Não cabe o emprego de artigos definidos após a preposição "pelo” (e flexões). Também está ocorrendo erro de regência verbal, caracterizado pela ausência da preposição "a”, exigida pela forma verbal “chegarão", a ser empregada na palavra “aonde” Não há erro na colocação do pronome oblíquo átono em pródise ao verbo principal “vendo” da locução verbal “está vendo” o que o isentou da pródise à locução verbal, que está antecedida por pronome indefinido: trata-se de sintaxe de colocação pronominal tipicamente brasileira. Após as correções apontadas, o texto surgirá corretamente grafado deste modo: “Acompanhei os noticiários, e, pelo que está se vendo, muitos não chegarão aonde desejam no horário previsto”
(C) Redação incorreta. O pronome relativo “onde” só pode ser empregado em referência a lugares, o que não está ocorrendo nesta alternativa. Por outro lado, é imprescindível que ocorra a preposição “em” diante do pronome relativo que representa semanticamente o substantivo “período”, de modo que o adjunto adverbial de tempo que se relaciona com a forma verbal "conhecia” esteja corretamente disposta. O texto assim ficará,
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Prova 9 -| Analista Administrativo/MPU/2007
depois das correções necessárias: “Aquele era o hotel que costumava freqüentar durante o péríodo em què não conhecia problemas financeiros”.
(D) Redação incorreta, O emprego de “eram?, no pretérito imperfeito do indicativo, força ia presença do verbo “chegar”] empregado em seguida» também no pretérito imperfeito. Está havendo ausência da preposição; "a”, que vincularia os verbos da locução verbajl “chega a ter”. Por outro lado, ocorre deslize gráfico caracterizado pela ausência do acento grave indicativo de crase no vocábulo V ' que surgiujapós “até” : Este acento, de emprego obrigatório, indica a contração da preposição “aM - exigida pela regência do substantivo "acesso” com o artigo definido “a” que anteceide o substantivo “informação”. Chamamos átejação para o fato de o vocábulo “até”, que aparece antes de “a informação5’,| não ser preposição, e sim palavra denotativa de inclusão, o que retira desta passagem a possibilidade de emprego fâcuItativo;do acento grave, existènte quando a preposição “até” antecede a pklavra “a” ou “as”, Para estarmos a salvo destas situações perigosas, lemèremos ;que o vocábulo *'até”j empregado como palavra denotativa de inclusão, pode ser substituído por outra palavra denotativa de inclusão, jcomo, por exemplo, “inclusive”. Observemos a substituição neste fragmento textual: “ .,o leitor chega â ter acesso inclusive à informação O período corretamente redigido assumirá a forma: “Os detalhes; eram tão minuciosamente apresentados, jque o leitor chega a ter acesso’ até à iníòrmkção de qual das mãos segiírava a taça dè champanhe”. |
(E) Redação correta. Não há qualquer retificação a ser feita neste texto; qudse revela grámaticalmente correto, além de claro e coerente com respei-j to à informação por ele veiculado. j. j
20. A concordância está totalmente de acordojcom a norma padrão da línjgua em: j M . j
\ I *(A) Acredito que as orientações dele, porque parecem pouco claro, não
terão de seijem seguidas antes de um esclarecimento maior; j(B) Considerou digna ;de ser encaminhadaja julgamento dos avaliadores
a última versão dò projeto-piloto, pois, se podem existir fragilidaj des, elas certamente hão de ser mínimas;
(C) Elas se consideraram responsável peló erro e julgaram legítimo as cobranças que lhe serão feitas de agora em diante;
(D) Dado as contingências do momento* os diretores houveram porbeniatender aos prazos, e prometeram reavaliar, tanto quanto fossem, as demais exigências;do contrato; j. I
(E) Devem fazèr mais de três meses que não os vejo; tantos dias de iafasj-tamento póderia ser entendido como descaso, mas quero dizei* que lhes dedico muitoíafeto. |
I I '185 | Porbguês
Analisemos cada uma das alternativas desta questão para podermos descobrir em qual delas não há deslizes de concordância:(A) Concordâncias incorretas. Estão errados o adjetivo “claro” e a forma
verbal “serem”. Nó priméiro caso, o adjetivo irein de surgir concordando com o substantivo a que diz respeito, neste texto, o vocábulo “orientações”, conforme ocorreu com a forma de particípio da locução "terão [...] seguidas”. Na segunda passagem, o verbo “ser” é verbo principal de locução verbal> na qual o auxiliar é o verbo “ter”. Como já sabemos, em locuções verbais as flexões de número e pessoa incidem sempre sobre o verbo auxiliar, como ocorreu neste caso em que o verbo auxiliar surgiu sob a forma “terão”. O período estará corretamente redigido, após as devidas retificações, deste modo: “Acredito que as orientações dele, porque parecem pouco claras, não terão de ser seguidas antes de um esclarecimento maior” ,
■ (B) Concordâncias corretas. Não há náda a ser retificado nesta alternativa!.. . que é a resposta da questão. ... -.v:^ v - :
.• (C) Concordâncias incorretas; Há três concordâncias nominais equivoca- • das: inicialmente, ò adjètivó rrèsponsávérV põr sé referir a “Elas”, deve
ser empregado no plural; emíerríininó é nó plürál tèm de ser èmprega- . . .. do o adjetivo “légítimó^ pará^ue sé prómová á süá concordância com
, “cobranças”; finalmente, o prõnõme .oblíquo átóno---lhè”;também deve : ser empregado; em; plural para íconcòrdar còih seu referente, indicado
■pelo pronome reto "Elas” que abriu o período; Após as correções, o texto ficará corretamente redigido em: “Elas se consideraram responsáveis
.. pelo erro e julgaram legítimas âs cobranças que lhes serâó feitas de agoura em. diante”. , -Í.V-
(D) Concordância incorreta:: Á fòrmà dé patüidpio “Dado”, posta no inído do períodoestáincorretaiospartidpiòsvérbãis-.umã das formas no- minais do verbó;- :sofrem âs mesmás:fièxõés dé gêriero e número que
- incidem sobre adjétivos.Déstè iriodo,: còmo ò sübstáhtivõ aó qual se re- fere o párticípiõ é “contüigênciás” tornasse obrigatório ò emprego desta forma nóminal hõ femmiriò é ém pluràli;<tDádás”. A expressão “tanto quanto fossem” está iricòrrètáj Em verdáde- :tál èxprèssaó omite a pre-
; sença do adjetivo “necessário •V-“ :;pròmetéfám; reaváliáf tàhtò quanto fossé necessário i” O téxtÔ';ficàrá retificado desta forma: “Dadas as
; contingências do moinéntó, ós difétõfés hoüvéràm por bem atender aos : .prazos,: .:e proni èteram rèâvâliãr fântô^qiíánto -fijssej as^déthais exigências do-contrato” í;
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r f u v d .7 — m itu tà u i A \uiiiuilbtrauVQ(’ ÍV irU /-ÍU U /
(E) Devem fazer mais de três meses que nâo os vejo; tantos dias de afastamento poderia ser entendido como descaso, mas quero dizer que lhes dedico muito afeto,
Concordâncias incorretas. A locução verbal “Devem fazer”, cujo verbo principal é "fazer”, empregado em passagem na qual se faz menção a tempo transcorrido, não pode se apresentar flexionado, já que não tem sujeito, uma vez que, como sabemos, o verbo “fazer”, empregado em referência a tempo, é impessoal. Por outro lado, "tantos dias de afastamento” é sujeito da locução verbal “poderia ser entendido”, o que provoca obrigatória fle- são da referida locução. O texto corretamente redigido ficará deste modo: “Deve fazer mais de três meses que não os vejo; tantos dias de afastamento poderiam ser entendidos como descaso, mas quero dizer que lhes dedico muito afeto”.
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Provas Comentadas da FCC
Gabarito:
01) C 11) B02) E 12) C03) A 13) B04) D 14) D05) E 15) C06) B 16) C07) A 17) D08) D 18) A09) E 19) E10) A 20) B
Décio Sena 188
I
"5 j: . Prova 10j ' \ : ' ■ ■ ■ ' í :
Awiditor-Fiscail dé TribMosMuMdpais/ISS-SP/2007
; [Da impunidade]
O homem ainda hão encontrou uma forma de organização socialque dispense regras |de conduta, princípios de valor, discriminação objetiva de direitos e deverès comuns. Todos nós reconhecemos que, em qualquer atividade humana] a inexistência de parâmeírojs normativos implica o estado
5 de barbárie, nojqual prevalece a mais dura e irracional das justificativas: a lei do mais forte, também conhecida, nãojpor acaso, como “a lei dá selva”. É nessa conçiição que vivem os animais, relacionando-se sob o exclusivo impulso dosjmstintos. Mas o homo sapiéns afirmou-se como tal exata mente quando estabeleceu critérios de controle dos impulsos primitivos.
10 Variando de cultura para cultura, as regras de convívio existem para dar base e estabilidade às relações entre os homens. Não decorrem, aliás, apenas de iniciativas reconhecidas simplesmente como humanas: podem apresentar-se como manifestações dái vontade divina, como valo-j res supremos, por vezes apresentados como eternos. Os dez mandamen-j
15 tos ditados por Deus a Moisés são um exemplo claro de que a reiigiãos toma para si a iarefa de orientar a conduta humana por meio de princíj pios fundamentais. Nó caso da lei mosaic% um desses princípios é o da interdição: “Não matárás”, "Não cobiçaráis a mulher do próximo" etcJ Ou seja: está siiposto nesses mandamentos que o ponto de partida para
20 a boa conduta é o reconhecimento daquilo» que não pode ser permitido] daquilo que representa o limite de nossavontade e de nossas ações. • |
Nas sociedades modernas, os textos constitucionais e os regulamen-j tos de todo tipoj multiplicam-se e sofisticam-se, mas pennanece como sus j tentação delas a ideia de que os direitos e cjs deveresdizem respeito a to-j
25 dos e têm por ènalxdade o bem comum.;Para garantia do cumpriment<j dos princípios, instituem-se as sanções parajquem os ignore. A penalidade aplicada ao indivíduo transgressor é a garantia da validade social da nor-1 ma transgredida. Por isso, a impunidade, uma vez manifesta, quebra inteij ramente a relação de equilíbrio entre direitos e deveres comuns, e passa á
3o constituir um exemplo de delito vantajoso: aquele em que o sujeito pode ti| rar proveito pessoal dé uma regra exatamente por tê-la infringido. Abuso
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de poder, corrupção, tráfico de influências, quando não seguidos de punição exempl ar, íornam-se estímulos pára uinà prática delituosa generalizada. Um dos maiores desafióé dá nossã sociedade é õ de não permitir a
35 proliferação desses casos. Se o ideal da civilização é permitir que todos os indivíduos vivam e convivam sob os mesmos princípios éticos acordados, a quebra desse acordo é a negação mesma desse ideal da humanidade.
(Inácio Leal Pontes)
01. Regras de convívio e parâmetros normativos das atividades humanas são considerados, no texto,
(A) valores inerentes aos sistemas políticos cuja autoridade se manifesta pelo emprego indiscriminado da força. .
(B) elementos indispensáveis à conduta civilizada e a toda organização social orientada pelo princípio do bem comum.
(C) qualidades naturais de todo indivíduo que se preocupa em conviver com os demais segundo sua própria índole.
(D) elementos definidores de toda e qualquer forma de organização social comandada pelo princípio da repressão.
(E) valores prioritários das relações sociais cuja base ética se manifesta consoante os impulsos da ordem natural.
Vejamos as diversas alternativas desta questão com respeito ao que nos é permitido afirmar acerca do que sejam “regras de convívio e parâmetros normativos das atividades humanas”, a partir da leitura do texto:(A) Afirmativa incorreta. A aceitar-se esta afirmativa, chegar-se-ia à con
clusão de que em nosso País - entre muitos outros por exemplo, não existiriam as regras de convívio e parâmetros normativos das atividades humanas, uma vez que, em nossa sociedade, a autoridade não se manifesta pelo emprego indiscriminadamente da força.. .
(B) Afirmativa correta. Poder-se-á comprovar a veracidade da afirmativa nos dois primeiros períodos que abrem o texto: "O homem ahtda não encontrou uma forma de organização social que dispense regras de conduta, princípios de valor, discriminação objetiva de direitos e deveres comuns. Todos nós reconhecemos que, em qualquer atividade humana} a inexistência de parâmetros nonnativos implica o estado de barbárie, no qual prevalece a mais dura e irracional das justificativas: a lei do mais forte, também conhecida, não por acaso, como'a lei da selva”’
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Krova •fu-Auaitor-mcai oe moucos íviuruapais/os-ir/^uu/
(C) Afirmativa incorreta. As regras de conduta e os parâmetros normativos evitam que os homens, em uma. sociedade* obedeçam apenas aos ditames de sua própria indole. Por outro lado, tais normas não representam qualidades naturais de qualquer indivíduo, mas um acordo entre todos aqueies que convivem em uma sociedade.
(D) Afirmativa incorreta. Às regras de conduta e os parâmetros normativos das atividades humanas certamente existem, também, nas organizações sociais comandadas pelo princípio da repressão. Mas não somente nelas, e sim em todas as sociedades, na medida em que os instintos básicos humanos têm de ser submetidos a um conjunto de valores que faça surgir o bem comum.
(E) Afirmativa incorreta. A afirmativa do primeiro parágrafo de que “Todos nós reconhecemos que, em qualquer atividade humana, a inexistência de parâmetros normativos implica o estado de barbárie,... ” implica a compreensão de que as regras de conduta e os parâmetros normativos das atividades humanas não provêm dos impulsos de ordem natural.
02. São contraditórias entre si as duas situações representadas em:
(A) obediência aos ditames da lei. mosaica / acatamento do princípio da interdição;
(B) elaboração de textos constitucionais / instituição de sanções inibitó- rias para os delitos;
(C) estabilização das relações entre os homens / aplicação de princípios éticos comuns;
(D) valorização de princípios socialmente acordados / exaltação dos impulsos individuais;
(E) manifestações da vontade divina / eleição de valores acolhidos como eternos.
Observemos, de novo, todas as alternativas, em busca daquela em que senotam duas situações contraditórias entre si mesmas:(A) Afirmativas não contraditórias. Com efeito, a “obediência aos ditames
da lei mosaica” e o “acatamento do princípio da interdição” representam situações em que se traduz a submissão do homem a regras de conduta e a parâmetros que regulamentam as atividades humanas.
(B) Afirmativas não contraditórias. Tanto a "elaboração de textos constitucionais” quanto a “instituição de sanções inibitórias para os delitos” representam, contextualmente, ações que visam a instituir um conjunto
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de normas que propiciam a existência de regras de conduta e a parâmetros reguladores das atividades humanas.
(C) Afirmativas não contraditórias, A “aplicação de princípios éticos comuns”, como pudemos ler no texto, promove a “estabilização das relações entre os homens”.
(D) Afirmativas contraditórias, A "valorização de princípios socialmente acordados” é instituída exatamente para que a “exaltação dos impulsos individuais” não aconteça e possamos viver em uma sociedade preocupada com o bem comum.
(E) Afirmativas não contraditórias. Lemos no texto que a eleição de valores acolhidos como eternos (Não matarás e Não cobiçarás a mulher do próximo> entre outros) advém, às vezes, de manifestações da vontade divina.
03. Considere as seguintes afirmações:
I. Quando o homem se compara aos demais seres da natureza, deve concluir que a condição humana tomou-o imune à ação dos instintos;
II. A multiplicação e a sofisticação dos códigos e regulamentações que regem nossa vida vêm tendo como efeito a expansão da impunidade;
III. O sentido social de uma norma já instituída é reforçado quando se pune exemplarmente o indivíduo que a violentou.
Em relação ao que diz o texto, ou ao que dele pode-se depreender, estácorreto o que se afirma em:
(A) I, II e III;(B) I e n , apenas;(C) I e III, apenas;(D) II eHi, apenas;(E) III, apenas.
Analisemos cada uma das afirmativas numeradas de I a III, buscando aquelas que estabeleçam fatos que estão sendo ditos pelo texto, ou, mesmo, quedele se podem depreender:I. Afirmativa incorreta. Exatamente porque também se submete à ação
dos instintos, o homem elabora, para não viver em estado de barbá
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rie, um conjunto de normas e procedimentos que o permitem viver de modo cívilizido com seus semelhantes.- j
II. Afirmativa incorreta. A multiplicação *eja sofisticação dos códigos e regulamentações que regem nossa vida yêm impondo freios aos instintos humanos, tomando-nos capazes de viver em paz com nossos semelhantes,)
III. Afirmativa cbrreta. Podemos comprovar à veracidade do que se afirmadeste item relendo ajpassagem do texto,"Rara garantia do cumprimento j dos princípiJs, instituem-se as sanções para quem os ignore. A penalida- j de aplicada qo indivíduo transgressor é a garantia da validade social da | norma transgredida?) contida em seu 3o parágrafo. I
I : : r
04. Considerando-sej o contexto, traduz-se corretamente o sentido de uma expressão do texto em: i
í : 1 : :(A) discriminação objetiva (Io parágrafo) p [especificação tendenciosa;(B) implica o estado de barbárie (Io parágrafo) = provém de uma consti
tuição anômala; íJ : * I(C) toma para si a tarefa de orientar (2o pairágrafo) -investe-se da mís-j
são de nortear; • . I j! j(D) instituem-se as sanções (2o parágrafo) « prescrevem-se asj
prerrogativas; I !(E) seguidos delpünição exemplar (3o parágrafo) = advindos de exempli-j
ficações punitivas. • j| i . I ■, j
Vejamos todas as alternativas da questão, ènr busca daquela em que se tra-jduziu corretamente uiii fragmento transcrito do texto, ou seja, en* queocorreu paráfrase textual: : í(A) Paráfrase incorreta. Embora o vocábulo ^discriminação” esteja correta
mente representado por "especificação”, não se podè aceitar a equipara ção de “objètivai? com “tendenciosa”. j
(B) Paráfrase iiicorretá. O verbo “implicar”] que está empregado na formá "implica" assume è sentido de “acarretai:” “provocàr” ou seja, complef tamente diáinto db significado com qde o verbo “provir” ~ da fòrmá “provém” -jse apresenta, que é o de “origínar-se dé” A equiparação dé "o estado âk barbárie” - que indica umj estado em que os apetite? huj- manos preponderam - e “de uma constiíuição anômala” - que significa um conjunto de regras ou preceitos anormais” - também não é correta.
Frova 1 0 - Audítor-Físcal de Tributos Municipais/ISS-SP/2G07
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(C) Paráfrase correta. A substituição de “toma para si” por “investe-se” é perfeita. Também está correta à equiparação àe a tarefa de orientar” com “a missão de nortear”.
(D) Paráfrase incorreta. As formas verbais “instituir” e “prescrever” têm significados aproximados: a primeira significa “dar formação” “estabelecer”, “nomear”, enquanto a segunda significa “determinar”, “norma- tizar” “receitar”. No entanto, os substantivos “sanções1' - que significa “aprovações dadas à lei”, "penas que correspondem a atos de infrações de dispositivos legais’* - e "prerrogativas” - que significa “privilégios ou vantagens que possuem os indivíduos de uma determinada ciasse ou espécie”, “regalias” - têm significados bastante distintos.
(E) Paráfrase incorreta. “Seguidos” significa “aquilo (ou alguém) que vem após alguma coisa (ou alguém}”. “Advindos” está no caminho oposto deste significado, já que indica “aquilo (ou alguém) que se origina de algo ou de alguém” Também não é válida a substituição de “punição exemplar” (que indica “castigo quê pode servir de exemploT de modelo”) por “exemplificações punitivas” (que indica exemplos de punição).
05. A concordância verbal estabelece-se plena e adequadamente em:
(A) Para que o cumprimento de todos os princípios fundamentais seja garantido, devem especificar-se as sanções;
(B) No caso de que se infrinja as normas e os princípios, hão de se lançar mão das sanções correspondentes;
(C) Constituem um dos exemplos de delitos vantajosos o caso em que o detentor de um poder abuse de sua autoridade;
(D) Não houvesse sido criadas quaisquer regras de convívio, estaríamos todos vivendo sob o comando dè nossos instintos mais primitivos;
(E) O que hos mandamentos dè Moisés se impõem como um dos princípios fundamentais é a necessidade de reconhecimento dos nossos limites.
Analisemos todas as alternativas da presente questão, com vistas às concordâncias verbais nelas encontradas:(A) Concordância verbal correta. A forma verbal composta de pretéri
to perfeito do subjuntivo composto “seja garantido” está corretamente empregada na 3a pessoa do singular, concordando com o sujeito indicado pela expressão “o cumprimento de todos os princípios fundamen-
Dédo Sena 1 9 4
rjv v a iv -n ü u i iv r r ix o » uc híüuluí m uiH U pato/i^-arV^U U /
tais”, com núcleo no substantivo “cumprimento”. Na seqüência, temos uma oração de voz passiva pronominal, em que o verbo “dever”, auxiliar da locução verbal passiva "devem especificar” está acertadamente empregado na 3a pessoa do plural, caracterizando a correta concordância da locução mencionada com seu sujeito, indicado por “as sanções”
(B) Concordância verbal incorre ta. Na primeira oração, de voz passiva pronominal, o sujeito está sendo indicado por “as normas e os princípios”,o que implica emprego do verbo "infringir” em 3a pessoa do plural. Por outro lado, na segunda oração, também de voz passiva pronominal, o sujeito está indicado pelo substantivo “mão”, o que acarreta emprego da locução verbal existente na oração em 3a pessoa do singular: “há de lançar”. O período ficará corretamente redigido deste modo: “No caso de que se infrinjam as normas e os princípios, há de se lançar mão das sanções correspondentes”.
(C) Concordância verbal incorreta. O verbo “constituir” deve ser empregado na 3a pessoa do singular, para que concorde com o sujeito "um dos exemplos de delitos vantajosos”, com o núcleo em “um”. O período estará corretamente redigido desta forma: "Constitui um dos exemplos de delitos vantajosos o caso em que o detentor de um poder abuse de sua autoridade”
(D) Concordância verbal incorreta. O sujeito da locução verbal passiva en- contráda na primeira oração é “quaisquer regras de convívio” o que provoca a flexão da referida locução em 3a pessoa do plural. A forma correta de redigir-se o período é; “Não houvessem sido criadas quaisquer regras de convívio, estaríamos todos vivendo sob o comando de nossos instintos mais primitivos”.
(E) O sújéito do verbo “impor”, existente na primeira oração do período ora estudado, está sendo indicado pelo pronome relativo “que”, por sua vez representante semântico do pronome demonstrativo “O”, seu imediato antecessor. Este fato impõe o emprego do verbo citado na 3a pessoa do plural. Para que se entenda melhor a presente afirmativa, transcrevemos o período relativo a esta questão, já com o erro original retificado e, também, com as suas orações constitutivas indicadas: [O [que nos mandamentos de Moisés se impõe como um dos princípios fundamentais] é a necessidade de reconhecimento dos nossos limites.]. Já vimos outras questões em que surgiu idêntica concordância, na prova I, questão 6, item (E), na prova 2, questão 5, item (D), na prova 2, questão 12, item (C) e na prova 3, questão 5, item (D).
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Provas Comentadas da FCC
06. Está bem observada a correlação entre os tempos e modos verbais na construção do período:
(A) Se não variassem de cultura para cultura, as regras de convívio terão alcançado, efetivamente, a chamada validade universal.
(B) Tendo cabido ao homo sapietts discriminar critérios de convívio, conseguiu ele criar uma organização social que, até hoje, não abdica de punir quem os desrespeite.
(C) A relação de equilíbrio entre direitos e deveres comuns estava sendo prejudicada caso se viesse a permitir a existência de privilégios.
(D) Para que não se consagrasse o péssimo exemplo da impunidade, faz- se necessária a sanção dos que vierem a cometer delitos.
(E) Enquanto os animais continuam regulando-se pela "lei da selva", os homens estariam sempre se esforçando para tê-la superado.
Observemos as correlações entre tempos e modos verbais existentes em todas as alternativas desta questão:(A) Correlação verbal incorreta, O pretérito imperfeito do subjuntivo em
pregado em “variassem” demanda o emprego da forma verbal composta da oração seguinte em futuro do pretérito composto. A frase estaria corretamente grafada assim: “Se não variassem de cultura para cultura, as regras de convívio teriam alcançado, efetivamente, a chamada validade universal”
(B) Correlação veibal correta. Não há qualquer forma verbal desta alternativa que necessite de reparo. Esta é, então, a resposta da questão.
(C) Correlação verbal incorreta. A forma de pretérito imperfeito com que surgiu a locução “viesse a permitir” exige o emprego da locução verbal passiva da oração precedente em futuro do pretérito. Assim ficaria o texto, após a retificação necessária: “A relação de equilíbrio entre direitos e deveres comuns estaria sendo prejudicada caso se viesse a permitir a existência de privilégios”.
(D) Correlação verbal incorreta. O emprego da forma “consagrasse”, em pretérito imperfeito do subjuntivo, impõe o uso do verbo “fazer” em pretérito imperfeito do indicativo, bem como o do pretérito imperfeito do subjuntivo para o verbo "vir”, auxiliar de uma locução verbal. O texto retificado resultará em: “Para que não se consagrasse o péssimo exemplo da impunidade, fazia-se necessária a sanção dos que viessem a cometer delitos”.
Décio Sena 1 9 6
I : IProva 10 - Auditor-Fiscai de Tributos Municípais/ISS-SP/2007
(E) Correlação' verbal jincorreta. O presente do indicativo encontrado em ”continuaih” verbb auxiliar de uma locução verbal, demanda o emprego, igualmente no presente do indicáüyo, para o verbo “estar”. Deveí- se, tambéni, substituir a formáde infinitivo composto ("ter superado’]) pela de infinitivo simples do verbo “superar”. Deste modo ficaria á frase após a retificação: Enquanto os animais continuam regulando-se pela ‘lei da selva’, os homens estão sempre se esforçando para superarem-naf.
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07. Expressa uma finalidade a oração subordinada adverbial sublinhada em:
(À) (...) a religião toma para si a tarefa de orientar a conduta humana: j(B) (...) o sujeito pode tirar proveito pessoal de uma regra por tê-la
infringido: í I(C) (...) o ponto de pàrtida para a boa Conduta é o reconhecimento dá-
quilo que hão pode ser permitido; ji T i :(D) (...) as regras de convívio existem pára dar base è estabilidade às re
lações entife os homens: j(E) (...) o ideal da civilização é permitir que todos os indivíduos vivam
sob os mesmos princípios éticos acordados. j
Vejamos os valbres semânticos e sintáticos â e todas as.orações sublinhadasda presente questão: i : ! j(A) Temos, nesta alternativa, uma oração principal de período compostò
por subordinação, em que a segunda oração (“de orientar a conduta humana”) iexerce função sintática de complemento nominal. Não hjá valor semântico dè finalidade.' ! j
(B) Neste itenJ, a oração sublinhada deseilvolve valor semântico de catj-sa. Trata-sê de unia oração subordinada adverbial causai, reduzida d;e infinitivo. | j ’ |
(C) Desta vez a oração sublinhada, que se inicia por um pronome relativo,tem valor ádjetívo, em relação ao pronome substantivo demonstrativp “aquilo”, que surgiu contraído*com a; preposição “de”. É oração suboi-- dinada adjetiva restritiva e não contém vaior semântico de finalidade, portanto. [ j
(D) A oração sublinhada “para dar base e estabilidade às relações entre qshomens” indica, com bastante clareza, õ fim para que existem as regreis de convívib. Trata-se de oração subordinada adverbial final, reduzida de infinitivo. Esta;é a resposta da questão. j
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rrovas v^UU leu u *U ctò Utt rv_>_
(E) A oração sublinhada desta alternativa exerce papel sintático de objeto direto da--forma verbal “permitir”. Trátá-se de oração subordinada substantiva objetiva direta. Não sé nota nela5èvidentemente, vaíor semântico de finalidade.
08. Considerando-se o contexto, deve-se entender que o sentido do elementosublinhado em:
(A) (...) mas o homo sapiens afirmou-se como tal (1° parágrafo) é equivalente ao de do mesmo modo.
(B) Não decorrem, aliás»apenas de iniciativas reconhecidas simplesmente como humanas (2o parágrafo) é equivalente ao de p or conseguinte.
(C) (...) a impunidade, uma vez manifesta, quebra inteiramente a relação de equilíbrio (3°parágrafo) é equivalente ao de auando.
(D) (...) um exemplo de delito vantajoso: aauele em que o sujeito pode tirar proveito pessoal (3o parágráfo) é equivalente ao á é aónde.
(E) (...) a quebra desse acordo é a negação mesmá desse ideal da humanidade (3o parágrafo) é equivalente aò de idêntica.
Observemos todas as afirmativas dà prèséhte questão, com respeito às equi-valências semânticas promovidas entre os termos sublinhados, que aparecem no texto da prova, com os qué isão sugeridos: ..(A) Afirmativa incorreta. A leitura do texto faz-nos entender que a expres
são “como tal” retoma, por anáfora, o valor de “homo sapiens”.(B) Afirmativa, incorreta. O vocábulo “aliás” (pàlavra: denótàtiva de retifi
cação), no texto, tem equivalência semântica com “aiém disso” enquanto “por conseguinte” conjunção coordenativa conclusiva, introduz valor semântico de conclusão, semelhante a “portanto”, por exemplo. A substituição de um vocábulo pelo outro na passagem textual transcrita nesta alternativa mostrará o equívoco da afirmativa.
(C) Afirmativa correta. A expressão “uma vez” introdutora de valor semântico tradutor de tempo, é, semanticamente, reproduzida fielmente pelo advérbio "quando”. Esta é a resposta da questão.
(D) Afirmativa incorreta. Como sabemos, o vocábulo “onde” (ora advérbio, ora pronome relativo) só pode ser empregado para referências a lugares. Está-se propondo que substitua expressão em que se nota pronome demonstrativo seguido por pronome relativo preposicionado, sendo o conjunto formado pela preposição e pronome relativo, alusivo a “exem-
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Prova 10 — Audítor-Físca! de Tributos Munídpais/ISS-SP/2007
pio de delito vantajoso”, que, obviamente, não se trata de iugar, o que impede o emprego do vocábulo “onde” sugerido. Lembramos que a palavra “aonde” representa uma combinação da preposição “a” com o advérbio (ou pronome relativo) “onde”.
(E) Afirmativa incorreta. O vocábulo "mesma” é, neste fragmento textual, um pronome demonstrativo que recupera o antecedente “negação”. Alguns o classificam, nesta situação, como pronome demonstrativo re- forçativo (ou pronome demonstrativo de reforço). A sua substituição por “idêntica” transtornaria por completo o sentido do texto original.
09. Transpondo-se para a voz passiva a construção O homo sapiens estabeleceu critérios âe controle âos impulsos primitivos, a forma verbal resultante será:
(A) foi estabelecido;(B) são estabelecidos;(C) tem estabelecido;(D) têm sido estabelecidos;
Já fizemos algumas questões de conversão de vozes verbais antes desta. Citamos a questão 13 da prova 7, a questão 6 da prova 8, a questão 6 da prova 9 e a questão 7 da prova 10.Passemos à presente questão.Na oração fornecida no enunciado desta questão, que se encontra na voz ativa, o sintagma “critérios de controle dos impulsos primitivos” desempenha papel sintático de objeto direto da forma verbal “estabeleceu”.Sabemos que, na transposição da voz ativa para a voz passiva, o termo objeto direto da voz ativa irá transformar-se no sujeito desta última oração. Desta forma, já sabemos que o sujeito da oração que iremos construir - de voz passiva - terá como sujeito a expressão "critérios de controle dos impulsos primitivos”, o que, por sua vez, faz-nos deduzir que a locução verbal passiva terá de surgir na 3a pessoa do plural.Passemos agora, então, à modificação da forma verbal. Encontramos na voz ativa constante na enunciação da questão a forma verbal “estabeleceu”, que se encontra em pretérito perfeito do indicativo. Este verbo surgirá em uma locução verbal passiva, funcionando como verbo principal, no particípio
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Provas Comentadas da FCC
e concordando em gênero e número com o sujeito, cujo núcleo é "critérios”, substantivo masculino plural. Logicamente, a forma a vir a ser adotada pelo verbo "estabelecer”, ria locução verbal passiva a que desejamos chegar é “estabelecidos”.Falta-nos, agora, determinar como estará o verbo auxiliar da locução verbal passiva que estamos construindo. Sabemos que os verbos auxiliares de voz passiva são "ser” e “estar”, O contexto desta frase só nos faculta o emprego de “ser”, que será empregado no tempo e modo em que se encontrava o verbo da oração de voz ativa inicial, mas concordando com o sujeito da oração, que, recordando, está indicado em seu núcleo, por “critérios”. Surgirá, consequentemente, na forma de pretérito perfeito do indicativo e na 3a pessoa do plural “foram”A locução verbal passiva que queremos é, assim, "foram estabelecidos”.
10.0 verbo indicado entre parênteses deverá flexionar-se numa forma do singular para preencher corretamente a lacuna da frase:
(A) Nunca___ __(haver) de prosperar as sociedades cujos princípios sejam frágeis.
(B) ______ (caber) aos animais viver segundo os impulsos de seus instintos primários.
(C ) ______-se (estipular) na lei mosaica, como se sabe, princípios deinterdição.
(D) Pela lei mosaica,_____ (cuidar) os homens de observar rígidosditames.
(E) A nenhum de nós _____ (deixar) de afetar os rigores das sanções previstas.
Vejamos em que alternativa da presente questão a forma verbal sublinhada surgirá numa forma de singular. Para tanto, apresentamos todas as alternativas da questão, com as lacunas já corretamente corrigidas.
(A) Empregamos o verbo auxiliar da locução verbal “hão de prosperar” em plural, atendendo à exigência de concordarmos a locução verbal com seu sujeito, indicado pela expressão “as sociedades”, com núcleo em “sociedades”. Observemos que, na locução verbal reportada, o verbo principal “prosperar” não é impessoal e o verbo “haver” é um mero verbo auxiliar.
D^rin Çpna onn
Prova 10 — Auditor-Físckl de Tributos Municipais/tSS-SP/2007
singular decorre da exigênr . de procèder-se à sua concordânda;CÓm o sujeito oracional "viver sei
gundo os impulsos de seus instintos primários" A expressão “aos anij- mais” deseinpenha papel sintático de;objeto indireto de “caber” Èsta e a resposta da questão. | j
I : ' - i : J; ■' J(C) Temos nesta alternativa uma voz passiva pronominal Podemos Verifij-
car o seu acerto observando a voz passiva analítica que corresponde à de voz passiva pronominal citada: “Os princípios de interdição, comó se sabe, são estipulados na lei mosaicat Comprovada a afirmativa dè que temos juma oração de voz passiva pronominal, identificamos seu sujeito na ejxpressão em plural ‘'princípibs de interdição”, daí o obriga» tório emprego do verbo “estipular” naj3Í pessoa do plural. Recordemos, aproveitando a .oportunidade, que o pronome "se” integrante deíumi oração de vpz passiva pronominal, denojoaina-se partícula apassivadorá (ou pronon^e apassivador). t.. i ]
(D) Deve-se o émpregò da forma vèrbál''cuidam” na 3a pessoa do pliiral ànecessidade de qud se proceda à sua cònçórdânda com o sujeito indicar do pela expressão “os homens” | j
(E) Temos, nesta alternativa, a presença dejüma locução verbal ("deixam de afetar”), jcujo verbo principal - "afetar1 - não é impessoal. Isto équij- vale a dizer|que há ;sujeito na oração que [ora se estuda. Está ele indicado pela exprespão "osírigores das sanções grevistas” com núcleo no subs| tantivo em]fiexão de número plural “rigores” Este sujeito provocou a obrigatóriajflexão do verbo auxiliar da ibcução (“deixar”) na 3a pessoa do plural.
XI. Não decorrem, | aliás, apenas de iniciativas reconhecidas simplesmente como humanas (...)* ; jO elemento sublinhado na frase acima; poderá permanecer o mesmo caso substituamos Nãò decorrem por: ■
(À) Não advêm;(B) Não implicam;(C) Não têm oijigera; ;(D) Não se devem;(E) Não se atribuem. \
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Provas Lomentaaas cia K_c
A presença da preposição “de” regendo o complemento indireto (objeto indireto) da forma verbal “decorrem” resulta, naturalmente, de ser este verbo de regência transitiva indireta e de seu complemento surgir regido pela preposição citada.Procuraremos, agora, nas diversas alternativas da questão, aquela em que ocorre verbo ou nome que igualmente demande preposição “de” regendo seu complemento.(A) O verbo “advir” pode ter regência transitiva indireta. Quando esta re
gência ocorre, seu complemento surge a ele ligado pela preposição “de”. Nesta passagem, teríamos a frase corretamente escrita deste modo: “Não advém, aliás, apenas de iniciativas reconhecidas simplesmente como humanas (...)” Esta é, então, a resposta dá questão.
(B) O verbo “implicar” - empregado com sentido de “acarretar” - tem regência transitiva direta, quando se contempla o nível formal da linguagem. Modernamente, vem sendo costumeiro seu emprego transitivo indireto, como este sentido, sendo, neste caso, seu complemento regido pela preposição “em”. Várias questões de diversas Bancas Examinadoras já assim o empregaram. Deste modo, as formas possíveis para o emprego do verbo “implicar” nesta passagem seriam: “Não implicam, aliás, apenas iniciativas reconhecidas simplesmente como humanas („)**, que seria a recomendada pelo emprego culto formal da linguagem, ou, ainda, “Não implicam, aliás, apenas em iniciativas reconhecidas simplesmente como humanas (...)”, conforme modernamente este verbo vem sendo empregado, no tocante à suá regência.
(C) Agora, á preposição a reger o substantivo “iniciativas” seria “em” e demandada pelo substantivo “origem”. Teríamos a frase que se segue: “Não têm origem, aliás, apenas em iniciativas reconhecidas simplesmente como humanas (...)”.
(D) A forma verbal “dever-se” (pronominal), empregada nesta alternativa, faria surgir a preposição “a” e o texto ficaria sob a forma: “Não se devem, aliás, apenas a iniciativas reconhecidas simplesmente como humanas (...)”
(E) Tanto quanto na alternativa anterior, a forma “atribuir-se” (pronominal) faria surgir a preposição “a”, restando, assim, a frase: “Não se atribuem, aliás, apenas a iniciativas reconhecidas simplesmente como humanas
Estamos à frente de uma questão de regência verbal.
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Prova 10-Auditor-Fiscai de Tributos Municipaí5/l5S-SP/2007
12.0 termo sublinhado constitui o sujeito da seguinte construção:(A) Não se encontrou uma forma definitiva de organização social;(B) Ê nessa condição qiie vivem os animais;(C) Tais delitos acabam tornando-se estímulos para a banalização das
transgressõesi(D) Ocorre isso por conta dás reiteradas situações de impunidade;(E) Deve-se reconhecer na interdição um princípio da lei mosaica.
Observemos todas as alternativas da presente questão, com respeito à análise sintática das expressões sublinhadas, Estamos em busca dos sujeitos decada oração.(A) Afirmativa incorreta. O pronome sublinhado é partícula apassivado-
ra (ou pronome apassivador). Estamos com uma oração de voz passiva pronominal» que tem sua correspondente passiva analítica em “Não foi encontrada uma forma definitiva de organização social5’. Como podemos ver» o sujeito das duas orações de voz passiva está indicado pelo sintagma “uma forma definitiva de organização social”
(B) Afirmativa incorreta. Observemos, de início, a existência de expleti- vo (expressão de realce, para üns) formada por "É (...) que”. A estrutura da oração que forma esta alternativa, suprimido o expletívo, é “Nessa condição vivem os animais” em que o sujeito está indicado por “os animais1’. O substantivo “condição” sublinhado, desempenha papei de núcleo de adjunto adverbial de modo.
(C) Afirmativa incorreta. O substantivo sublinhado (“estímulos”) desempenha papel sintático de predicativo do sujeito “Tais delitos”, ao qual se uniu por meio da forma verbal de ligação “tornando-se”.
(D) Afirmativa correta. O pronome demonstrativo sublinhado “isso” é o sujeito da forma verbal “Ocorre”, em relação à qual surgiu posposto. A expressão “por conta das reiteradas situações de impunidade” desempenha papel sintático de adjunto adverbial de causa. Esta é a resposta da questão.
(E) Afirmativa incorreta, A oração está em voz passiva pronominal, o que se comprova pela possibilidade de a reescrevermos sob a forma de passiva analítica “Deve ser reconhecido uni princípio da lei mosaica na interdição”. O substantivo “interdição” funciona sintaticamente como núcleo de adjunto adverbial de lugar.
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Provas Comentadas da FCC
13. Está correta a grafia de todas as palavras na frase
(A) Não constitui uma primasia dos animais a satisfação dos impulsos instintivos: também o homem regozija-se em atender a muitos deles.
(B) As situações de impunidade infligem sérios danos à organização das sociedades que tenham apretenção da exemplarídade.
(C) Ê difícil atingir uma relação de complementaridade entre a premên- sia dos instintos naturais e a força da razão,
(D) Se é impossível chegarmos à abstensão completa da satisfação dos instintos, devemos, ao menos, procurar constringir seu poder sobre nós.
(E) A dissuasão dos contraventores se faz pela exemplaridade das sanções, de modo que a cada delito corresponda uma justa punição.
Observemos todas as alternativas da presente questão, com respeito à grafiadas palavras que nelas foram empregadas- Estamos em busca da alternativaem que não se nota deslize ortográfico.(A) Alternativa incorreta. Ocorreu erro de grafia no vocábulo “primazia1',
que deve ser grafado com a letra V\(B) Alternativa incorreta. O vocábulo "pretensão” é grafado corretamente
com a letra “s”(C) Alternativa incorreta. No vocábulo “premência”, deve ser empregada a
letra V .(D) Alternativa incorreta. A palavra “abstenção” é grafada corretamente
com “ç”(E) Alternativa correta. Não há equívocos no texto desta alternativa.
14. Está inteiramente adequada a pontuação do seguinte período:
(A) Embora sejamos tentados, frequentemente, a qualificar como cruel ou maldoso o comportamento de certos animais, o fato é que, para eles, só há os instintos.
(B) Por mais que difiram entre si, as constituições, nenhuma delas deixa-se reger, por princípios que desfavoreçam, ou impeçam algum equilíbrio nas relações sociais.
(C) Via de regra o abuso de poder constitui um caso difícil de ser apurado, uma vez que, o próprio agente do delito, costuma exercer forte influência, na investigação dos fatos.
Dério Sena 204
Prova 10 - Auditor-Fisçal de Tributos Municipais/ISS-SP/2007
(0) Ê muito comum nas conversas mais mformais, os indivíduos sé refí rirem a casos públicos de impunidadel tomando-os como justificat- vaSj de s e n i s delitos pessoais. I
(E) Não é fácií, submeter-se ao equilíbrio j entre o direito e o dever,; pois, a tendência é de um lado, valorizar o direito, e de outro minimizar b dever que lhe corresponde. I !
! ! : ! !Analisemos as pontuações propostas para ais alternativas da presente qued-tão, buscando ó item em que não haja errosJ I(A) Pontuação 'correta; Empregou-se corretamente um par de vírgulas para
dar-se ênfalse ao adjunto adverbial “frequentemente” Sinalizou-sé corj- retamente com uma vírgula a antecipação da oração subordinada adverbial conjressiva que se iniciou com;a bonjunção “Embora” e teve setk fim em "animais” Promoveu-se, ainda] o isolamento com um par dk vírgulas dp adjunto adverbial "para èíep”. |
(B) Pontuação Incorreta. A vírgula posta após o pronome oblíquo tônico "si” promoveu, equivocadamente, a separação da: forma verbal “difij ram” e seu sujeito, indicado por “as constituições”. Está incorreta, jtam[ bem, a vírgula posíra após o verbo “regei-”, uma vez que separa, indevij- damente, o| agente ida passiva da oração em que sürge o verbo citada Está ainda èquivocado o emprego da vírgula antes da conjunção coorj denativa altjeraativá "ou” Por sua vez, à vírgula encontrada após “cons j tituições” ebtá correta e indicando o ítérmino de oração subordinada adverbial antecipada. O texto estará ;re|tificado, quanto à pontuaçãoj deste modo: “Por mais que difiram entrè si as constituições, nenhuma delas deixajse reger por princípios que desfavoreçam ou impeçam algum equilíbrio nas relações sociais” : !
(C) Pontuação incorreta. O emprego da víJgula após a locução conjünti- va "uma vez que” separou o articulador bitado do corpo da oração que é por ele introduzida, o que é incorretoj, A vírgula encontrada após o substantivo |,cdelitof está separando o sdjeito “o próprio agente do de-, lito” do verio de qúe é sujeito (‘'costuma”). A vírgula posta após “apu-j rado” está correta e isola, ainda em caráter facultativo, a oração subor-j dinada adverbial que a ela se segue, posta em ordem direta. O texto! poderia aprèsentar-se com uma vírgula de natureza facultativa isolan-j do o adjunto adverbial de modo antecipado “Via de regra”. A vírgula encontrada após o substantivo “influência” está incorreta pois isolá ad-j
205 s Portusuêsi
Provas Comentadas da H-i_
junto adnominal que surge ligado por preposição ao substantivo influência”, do qual é adjunto. O ritmo com que lemos.este período desaconselharia, no entanto, esta vírgula. O texto estaria com a sua pontuação correta deste modo: “Via de regra(,) o abuso de poder constitui um caso difícil de ser apuradoQ uma vez que o próprio agente do delito costuma exercer forte influência na apuração dos fatos” Indicamos com um par de parênteses as vírgulas âe emprego facultativo.
(D) Pontuação incorreta. A vírgula unicamente posta após o adjetivo “informais” separou indevidamente a forma verbal *É*de seu sujeito, indicado pela oração “os indivíduos se referirem a casos públicos de impunidade”. Esta vírgula pode ser mantida, caso haja a inserção de uma outra após o adjetivo “comum”. Deste modo, haveria a intercalação do adjunto adverbial “nas conversas mais informais”, o que é facultativo. Também está incorreto o emprego da vírgula após o vocábulo “justificativas”, uma vez que o separa de seu adjunto ad- nomínal “de seus delitos pessoais”. Está correto o emprego da vírgula após o substantivo “impunidade”, incumbida de isolar oração reduzida de gerúndio, subordinada adverbial, posta em ordem direta. O texto teria sua pontuação retificada deste modo: “Ê muito co- mum(,) nas conversas mais informaisQ os indivíduos se referirem a casos públicos de impunidadeQ tomando-os como justificativas de seus delitos pessoais”.
(E) Pontuação incorreta. A primeira vírgula, empregada após o adjetivo “fácil”, separou indevidamente o verbo “ser” empregado na forma "é”> de seu sujeito, indicado pela oração “submeter-se ao equilíbrio entre o direito e o dever”. A vírgula posta antes da conjunção coorde- nativa explicativa “pois” éstá correta e tem emprego obrigatório. No entanto, não se pode empregar a Vírgula após esta conjunção, uma vez que, ao fazer-se isto, separa-se a conjunção da oração que por ela é introduzida, o que não é correto, Deveria ter sido empregada uma vírgula após a 2a ocorrência da forma verbal “é”, para que se promovesse a intercalação da expressão "de um lado”. O mesmo expediente de isolamento deveria ter sido empregado para isolar-se a expressão “de outro”. O texto, então, estaria corretamente pontuado deste modo: “Não é fácil submeter-se ao equilíbrio entre o direito e o dever, pois a tendência é, de um lado, valorizar o direito, e, de outro, minimizar o dever que lhe corresponde”.
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f-rova io - Auditor-Fiscal de Tributos Municipais/iSS-SP/2007
15. No caso das leis mosaicas, um desses princípios é o da interdição: “Não màtàrás”;
O pronome sublinhado na frase acima reaparece* conservando a mesma ftmção sintática que nela exerce, nesta outra frase:
(A) Para se garantir o cumprimento de um princípio, institui-se uma sanção para quem o ignore.
(B) Quànto ao abuso de poder, só rigorosas diligências e isenta apuração o evitam.
(C) Dos desafios da nossa sociedade, talvez o maior seja o de não se permitir a impunidade.
(D) O homo sapiens, que tem o dom da racionalidade criativa, nem sempre o aproveita em seu benefício.
(E) Se o indivíduo responsável pela aplicação da justiça transgride um princípio, que ninguém o acoberte.
De início, vejamos a análise sintática do pronome sublinhado no texto do enunciado da questão ora estudada:Notemos que, na oração em que o pronome aparece, ocorre o verbo de ligação “ser”, empregado na 3a pessoa do singular do presente do indicativo “é”. O sujeito deste verbo está sendo indicado pela expressão “um desses princípios” Sendo o verbo “ser" de ligação, existirá no texto, inevitavelmente, um predicativo do sujeito. Ora, a expressão que abre a oração “no caso das leis mosaicas” não é o predicativo do sujeito que procuramos: trata-se de adjunto adverbial. Resta-nos, deste modo, o pronome demonstrativo, para ser o predicativo. E, realmente, o pronome demonstrativo “o” desempenha este papel sintático,.Devemos, então, procurar a alternativa em que o pronome “o” nela existente desempenhe, também, função sintática de predicativo do sujeito.Assim, vejamos todas as alternativas da presente questão:
(A) De início, ressaltemos que existem dois vocábulos “o” nesta alternativa. O primeiro deles, no entanto, é um artigo definido. Devemo-nos preocupar com o segundo vocábulo “o”, que é pronome oblíquo átono. Sua função, no texto, entretanto, não é de predicativo do sujeito, mas sim de complemento verbal (objeto direto), relacionado com a forma “ignore", cujo sujeito está sendo indicado pelo pronome indefinido “quem”
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Provas Comentadas da FCC
(B) Temos um pronome oblíquo átono nesta alternativa, qual seja o “o” que antecede a forma verbal “evitam”. Podemos notar, mais uma vez, que o pronome citado exerce função sintática de complemento (objeto direto) da forma verbal referida. O vocábulo “o” que surge combinado com a preposição “a” - integrante da locução prepositiva "Quanto a” é artigo definido.
(C) Temos três vocábulos “o” no texto desta alternativa, Ò primeiro deles é artigo definido e surge contraído com a preposiçãó “de” resultando a palavra “Dos”. O segundo é também artigo definido, que se refere ao substantivo implícito “desafio”. O terceiro deles é, finalmente, um pronome demonstrativo que surge na oração do verbo de ligação “ser”, flexionado na forma “sejam". Na oração em que surge, que é “talvez o maior [desafio] seja o”, o pronome “o” funciona como predicativo do sujeito “o [desafio]”. Esta é, então, a resposta da questão.
(D) Nesta alternativa, encontramos dois artigos definidos “o”, respectivamente acompanhantes dos substantivos “homo sapiens” e “dom”. O terceiro vocábulo “o”, situado após o advérbio “sempre”, é pronome oblíquo átono, cuja função é de complementar a regência transitiva direta do verbo “aproveitar”, sendo, então, seu objeto direto.
(E) O primeiro vocábulo “o”, antecessor do substantivo “indivíduo” é artigo definido. O segundo vocábulo “o”, posto após o pronome indefinido “ninguém” é pronome oblíquo átono, funcionando como objeto direto da forma verbal “acoberte”.
16. Estão corretos o emprego e a flexão de todas as formas verbais na frase:
(A) Se os homens dessem ouvido à consciência e contessem seus instintos, as relações sociais seriam mais harmoniosas.
(B) Aos homens nunca aprouve respeitar os princípios coletivos quando não prescrita uma punição para quem viesse a menosprezá-los.
(C) Se os cidadãos elegerem princípios e convirem que estes são justos, só os infligirá quem se valer de má fé.
(D) No caso de evidente erro judiciário, deve-se ratificar a sanção aplicada para que a punição injusta não constitue um argumento a favor da impunidade.
(E) Quando todos revirmos o papel sociai que nos cabe e nos dispormos a exercê-lo de fato, nenhum caso de impunidade será tolerado.
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í E ;j |Voamos os empregos He todas as formas verbais encontradas nas alternativas da presente; questãò: !(A) Emprego j/erbal 'incorreto. A formai “contesse” está equivocada.
Pretendeuie, na passagem em que surge, empregar o pretérito imperj- feito do verbo “conter” que é dérivadó dé "ter”. O verbo “ter”, na 3a pesj- soa do plural do pretérito imperfeito dó subjuntivo, apresenta-se ísob a forma "tivessem”. Deste modo, deveria ter sido grafada na passagem coj- mentada a forma “contivessem”. Teríamos, então, o texto corretamente grafado deste modo: “Se os homens desdem ouvido à consciência é cont tivessem sejas instintos, as relações sociáis seriam mais harmoniosas”. |
(B) Emprego verbal correto. Não há qualquer deslize de utilização de formà verbal. Chamamos atenção paia o verbo “aprazer”, irregular no pretéj- rito perfeito do indicativo, no pretérito) mais-que-perfeito do indicatil- vo, no pretérito imperfeito do subjuntívò e no futuro do subjuntivo. Na prova 14, qjiestão 14, item (C), tecemos longo e importante comentárii acerca destè verbo<e de suas variáveisjdè conjugações, notadas em graj- máticas e dicionários diversos. Chamamos, ainda; atenção para a forjaria de particípio “prescrita” pertinente ao verbo “prescrever”.
(C) Emprego verbal incorreto. Em lugar jdè “convirem” ~ forma do. infinitivo pessòal do yerbo “convir” derivado de “vir” - deveria ter sido empregado) “convierem”, no futuro do sübjuntivo. Observe-se que “elegerem” já fora empregado no futuro do subjuntivo. Ocorreu também deslize na éscoíha do vocábulo “infligirá” que deverá ser trocado pelò seu parônimo “infringirá”. O período: ficará corretamente grafado desj te modo: “Se os cidadãos elegerem princípios e convierem que estes são' justos, só os infringirá quem se valer de ímá-fé”. j
(D) Emprego vèrbal incorreto. Em; lugar çtej “constitue” forma verbal inejxistente dolverbo “constituir” que, na;3j pessoa do singular do presenj te do indicativo, grafa-se “constitui”, deyer-se-ia ter empregado “consj titua” no niodo subjuntivo, de maneira que se marque a ação colocada! ainda, em plano dé suposição. Relembrfemos que inexiste na conjuga- ção do verbo “constituir” tempo em qué surja a vogal “e” após o radi-j cal “constitii”. O período será grafado deste modo, depois da retificação necessária: |*No caso de evidente erro judiciário* deve-se ratificar aisanj ção aplicada para que a punição injustaj não constitua um argumento em favor dá impunidade”. j . - j
(E) Emprego vérbal incorreto. A forma verbal “revirmos”, pertencente ao verbo “rever”, derivado de “ver” estáicórretamente empregada no fu-l
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turo do subjuntivo. No entanto, a forma “dispormos” embora existente na conjugação do verbo “dispor”, derivadode "pôr”, está conjugada em infinitivo pessoal. Deveria ter sido empregàdàtambém no futuro do subjuntivo» assumindo a forma “dispusermos”. Teremos o texto corrigido escrito desta forma: “Quando todos revirmos o papel social que nos cabe e nos dispusermos a exercê-lo de fato, nenhum caso de impunidade será tolerado”.
17. Não é preciso amar os princípios de convivência, como também não se deve ignorar esses princípios, pois quem não dá fé a esses princípios impede que os contraventores levem a sério esses princípios.Evitam-se as viciosas repetições da frase acima substituindo-se os segmentos sublinhados por, respectivamente,
(A) ignorá-los - lhes dá fé - os levem a sério;(B) ignorar-lhes - dá-lhes fé — levem-lhes a sério;(C) lhes ignorar - lhes dá fé - os levem a sério;(D) ignorá-los - dar fé a eles - levem-lhes a sério;(E) os ignorar — os dá fé - levem-nos a sério»
Trata-se de modélo de questão que surge com frequência nas provas elaboradas pela Banca Examinadora de Língua Portuguesa da Fundação Carlos Chagas.Exige conhecimentos de regência verbal e de colocação pronominal.Vamos proceder às substituições das “viciosas repetições” da frase contida no enunciado da questão, pélás formas pronominais oblíquas átonas convenientes.Em primeiro lugar, na passagem “ignorar esses princípios”, observamos que a expressão “esses princípios” funciona coàid objeto direto de "ignorar”. A posição em que surge será de ênclise. Ao unirmos o pronome “os” - naturalmente indicado para representar um objeto direto cujo núcleo ("princípios”, neste caso) é tradutor de masculino plural - de modo enclíticó ao verbo "ignorar”, que termina em “r”, procederemos, nó verbo, à supressão da letra citada e modificaremos graficamente o pronome para "-los”. Teremos, então, "ignorá-los”, com a colocação do acento gráfico na forma verbal que se tomou um oxítono terminado em “a”Na segunda passagem, "não dá fé á esses priricípios” temos um verbo transitivo direto e indireto (“dar”), cujos complementos são “fé” (objeto direto)
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rmva íu - Auaicor-í-iscai de Tributos Munícipais/ISS-SP/2007
e “a esses princípios” (objeto indireto), Não perderemos de vista o fato de a forma verbal estar sendo precedida de advérbio, palavra que provoca pró- dises obrigatórias dos pronomes oblíquos átonos. Como o complemento é indireto e indicativo de plural, empregaremos o pronome “lhes” Teremos, observada a pródise obrigatória: "não íhes dá fê”.Finalmente, em “levem a sério esses princípios”, a expressão “esses princípios” funciona como objeto direto da forma verbal “levem”, É, ainda, indicativo de masculino e plural. O pronome oblíquo átono que substituirá este complemento será, assim, “os”. Ao unirmos o pronome “os” à forma verbal “levem”, que termina em nasalidade marcada pela letra “m”, promoveremos a alteração da forma pronominal para “-nos”, restando a forma “levem- nos'1. Neste caso, a próclise pronominal seria também viável e facultada pela existência de sujeito representado por substantivo e encontrado imediatamente antes do verbo, o que permitiria surgir “os levem a sério”.Temos, assim, a seqüência: “ignorá-los”, “lhes dá fé” e “os levem a sério” (ou "levem-nos a sério”).
18. Está ciará, coerente e correta a redação da seguinte frase:
(A) Conquanto seja impossível a adesão de todos em que se cumpra os princípios de convívio social, ainda assim há aqueles que relutam em aceitar tais esforços.
(B) Â medida em que desceu Moisés com os mandamentos do monte Sinai, seus seguidores deram-se conta de que alguns deles palta- vam-se pelo princípio da interdição.
(C) Para que se mantenha um mínimo equilíbrio nas relações sociais, desde que não se pode permitir casos de impunidade, onde os infratores ainda pousam de vitoriosos.
(D) Não é mau auferir benefícios pessoais quando estes não acarretam, de forma alguma, qualquer tipo de prejuízo ou restrição ao pleno exercício dos direitos alheios.
(E) Emborá nem sempre seja de fácil aceitação, nem sempre as sanções deixam de ser necessárias, já que sem as mesmas correria-se o risco de se voltar ao estado da barbárie.
Vejamos cada um dos textos contidos nas diversas alternativas da questão, com respeito à sua clareza, coerência e correção:
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Provas Comentadas da FCC
(A) Alternativa incorreta. A mensagem de natureza semântica concessiva contida em “Conquanto seja impossível a adesão de todos em que se cumpra os princípios de convívio social”, considerado o contexto em que surge, não é coerente. Por outro lado, ocorreu erro de concordância no emprego do verbo “cumprir” que, por ter como sujeito a expressão “os princípios de convívio social” em oração de voz passiva pronominal, deveria ter sido empregado na 3a pessoa do plural. Apontamos, ainda, a incoerência semântica existente na mensagem na oração iniciada por "Ainda assim”. Sugerimos a seguinte correção para o texto desta alternativa, com a substituição de “relutam” por “insistem”, de modo que a 3a oração esteja coerentemente empregada, segundo o contexto: “Conquanto seja impossível a adesão de todos para que se cumpram os princípios de convívio social, ainda assim há aqueles que insistem em aceitar tais esforços”.
(B) Alternativa incorreta. O texto está iniciado por locução que não tem registro gráfico em nossa língua. Existem as locuções conjuntivas “à medida que” e "na medida em que”. A primeira delas indica proporcionalidade, enquanto a segunda traduz valor semântico causai. Hão existe, todavia, a locução “À medida em que” O texto apresenta, ainda, erro de grafia, presente na forma “paltavam-se”, que deverá ser retificado para “pautavam-se”. Para que haja mais clareza textual, é aconselhável que o sujeito “Moisés” surja em ordem direta e, principalmente, que o adjunto adverbial “do monte Sinai" surja após a forma verbal “desceu”, para que se evite a ambigüidade presente no texto. O texto ficará correto assim redigido: “À medida que Moisés desceu do Monte Sinai com os mandamentos, seus seguidores deram-se conta de que alguns deles pautavam-se pelo princípio da interdição”.
(C) Alternativa incorreta. O texto revela uma absoluta incoerência semântica, que resulta de mau emprego de elementos coesivos (locução con- juntiva “desde que” e.pronome relativo “onde”) mal escolhidos. Está ocorrendo, também, má grafia da forma verbal “pousam” em passagem na qual deveria ter sido grafada a 3a pessoa do plural do presente do indicativo do verbo “posar”: “posam” Sugerimos, como possibilidade de retificação do texto, a grafia: “Para que se mantenha um mínimo equilíbrio nas relações sociais, já que não se pode permitir casos de impunidade, em que os infratores ainda posam de vitoriosos”.
(D) Alternativa correta. Nada há, neste texto, que esteja incorreto e o mesmo se mostra claro e coerente.
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Prova 10 - Auditor-Fisçaljde Tributos Municipais/ISS-SP/2007
(E) Alternativa incorreta. De início, erroú-sè na concordância da forma verbal de presente dò subjuntivo do verbq "ser” que,.por ter como sujeito a expressãjo “as sanções”, com núcleo'no substantivo “sanções”, dève- ria ter sido grafada “sejam”. Há, ainda erro de colocação pronominal, caracterizadppela ocorrência de uma ênclise a forma verbal flexionada em futuro do pretérito. Como sabemos; as ênclises pronominais jamais poderão ocoírrer em três formas verbais: futuro do presente, futuro do pretérito e pàrticípia Corrigida a passagem citada» surgiria o pronome em mesóclise: "correr-se-iaM, Por sua vez,ja segunda oração contém informação semântica incoerente com o teor significativo do texto, o?que| será retificado com a substituição da expressão “nem sempre” (2tt ocor-1 rência) pelo iadvérbio “nunca”. Assim fkkrá o texto correto: “Embora | nem semprej sejam de fácil aceitação, as sanções nunca deixam de ser| necessárias, já que sem as mesmas correr-^e-ia o risco de se voltar ao es tado da barbárie”. . i
NÃO se justificam as ocorrências do sinal de crase em:
(Á) Não me reporto à impunidade de um ]caso particular» mas àquela que se generaliza e dissemina à descrença na justiça dos homens;
(B) È difícil admitir que vivem à solta:tantos delinqüentes, sobretudo quando se sabe que pessoas inocentes são levadas à barra dos tribunais; j jI : : I • •
(C) O autor do texto faz menção à uma sériè de princípios de interdirão, à qual teria proveniência na vontade divina;
(D) Assiste-se hoje à multiplicação de casos de impunidade, à descabida proliferação de maus exemplos de condüta social;
(E) Quem dá credito à ação da justiça nãò pjbde deixar de trabalhar para que não se furtem ás sanções os mais poderosos.
I ;Vejamos todas ajs alteriiativas desta qüestao, em busca daquela em que senota emprego indevido jdo acento grave indíqátívo de crase:(A) Alternativa çorreta.:Ocorrem crases nas duas passagens de emprego de
acento gravé. Na primeira delas, contraíram-se uma preposição - exigida pela regência da forma verbal “mè reporto”, empregada de modo pronominal com o artigo definido “a” antecessor do substantivo "impunidade”. íjía segunda, devido à contração da preposição “a”, presente! no texto pela mesma razão anteriormente apontada, com o "a” inicial
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do pronome demonstrativo "aquela”. Em “a descrença” temos o objeto direto da forma verbal "dissemina”, não havendo preposição para que ocorra o fenômeno da crase.
(B) Alternativa correta. Na primeira ocorrência do acento grave, temos uma locução adverbial formada por palavra feminina. Na segunda, uma contração da preposição “a” exigida peia regência da forma verbal em particípio "levadas”, com o artigo definido “a”, antecessor do substantivo “barra"
(C) Alternativa incorreta. Observam-se dois empregos indevidos de acentos graves indicativos de crase. No primeiro caso, empregou-se um acento grave antes de artigo indefinido, o que é vedado. No segundo caso, o pronome relativo “a qual” desempenha papei sintático de sujeito da forma verbal “teria” e, como sabemos, sujeitos não podem ser pre- posicionados, o que indica que o vocábulo Ka” é, apenas, vocábulo que integra o pronome relativo “a qual”.
(D) Alternativa correta. Os dois acentos graves encontrados nesta alternativa sinalizam crases formadas pela mesma razão: contração da preposição “a”, exigida pela regência do verbo "assistir” ~ empregado com sentido de “vér’V “presenciar” “estar presente” - com o artigo definido antecessor dos substantivos “multiplicação” e “proliferação”, respectivamente.
(E) Alternativa correta. Ná primeira ocorrência o acento grave sinaliza a contração da preposição “a”, exigida pelo objeto indireto da forma verbal transitiva dirètá e indireta “dá" - do verbo “dar” - com o artigo definido “a”, que antecede o substantivo “ação”. Na segunda ocorrência temos contração de preposição “a” exigida pela regência transitiva indireta da forma verbal “furtar-se” (pronominal), com o artigo definido “as”, que antecede o substantivo “sanções”. ... . ...
20. Está correto o uso do segmento sublinhado na frase:
(A) Trata-se de um texto em cuja tese poucos devem mostrar-se contrários.
(B) A natureza também tem seus princípios de violência, a cujos os homens precisam superar.
(C) Nos ditames da lei mosaica, cujo o rigor é indiscutível, prevalece o princípio da interdição.
Décio Sena 214
n u v a U t; ItlU U U O i i v i u n i a p a i s / t i > i - b p / ^ u ü 7
(D) As normas da ética, de emas ninguém devia se afastar, não são exa- taMeáté ás èiésmás aò longo do tempo.
(E) Os braços da justiça» a cuio alcance deveriam estar todos, tornam-se inócuos quando desprestigiados.
Esta questão trabalha a sintaxe do pronome relativo "cujo” (e eventuais flexões). Como sabemos, o pronome relativo “cujo” difere, no tocante ao emprego, de todos os demais pronomes relativos (“que”, “o qual” - e flexões -, “quem”, “quanto” - e flexões - e ‘onde”). A diferença decorre do fato de estes cinco pronomes relativos ora citados serem pronomes substantivos relativos, ou seja, surgirem sempre em lugar de um substantivo, podendo desempenhar funções sintáticas de sujeito, objeto direto, objeto indireto, complemento nominal, predicativo do sujeito e adjunto adverbial.Por sua vez, ao pronome adjetivo relativo "cujo” (além de suas eventuais flexões) caberá unicamente a função de adjunto adnominal Tal pronome, por ser pronome adjetivo, não está em lugar de um substantivo, mas sim ao lado de um substantivo. Em geral, encontramos o pronome relativo “cujo” entre dois substantivos.Observemos, agora, os empregos do pronome relativo “cujo”, nas alternativas da presente questão.
(Á) Está ocorrendo erro que se caracteriza por escolha indevida da preposição “em”, com o intuito de reger o relativo “cuja”. A preposição a ser empregada naquele espaço é exigida pelo adjetivo “contrários” e, assim sendo, tem de ser a preposição “a”. Afinal, quando nos mostramos contrários, mostramo-nos contrários a alguma coisa ou a alguém. A retificação da passagem apontará: “Trata-se de um texto a cuja tese poucos devem mostrar-se contrários”, texto em que a expressão “a cuja tese” desempenha papel de complemento nominal.
(B) Desta vez não pode haver emprego do pronome relativo “cujo”, já que se pretende recuperar o substantivo “princípios [de violência]”. Assim, teremos de utilizar um pronome substantivo relativo, que poderá ser “que” ou “os quais”. Como a forma verbal “superar”, verbo principal da locução verbal situada na oração a que pertence o pronome relativo a ser empregado, tem regência transitiva direta, o pronome relativo não poderá estar regido por preposição. Assim, teremos a alternativa retificada em: “A natureza também tem seus princípios de violência, que (os quais) os homens precisam superar”.
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Provas Comentadas da FCC
(C) Agora o erro caracterizou-se pelo emprego do artigo definido “o” após o pronome relativo “cujo”. Em nenhuma situação podem-se empregar artigos definidos após o relativo "cujo” e suas eventuais fíexões. A frase ficará retificada com a simples supressão do artigo definido citado: “Nos ditames da lei mosaica» cujo rigor é indiscutível, prevalece o princípio da interdição*.
(D) Ocorreu, neste item, erro semelhante ao que comentamos na alternativa (B), ou seja, na medida em que se pretende recuperar semanticamente o substantivo “normas”, antecessor do pronome relativo a ser empregado, deve-se recorrer ao pronome relativo “que” ou, neste caso, “as quais”. Observe-se que a regência de “afastar-se” exige a preposição “de”: afastar-se de alguém ou afastar-se de alguma coisa. Deste modo, teremos, a frase corretamente expressa desta forma: "As normas da ética, de que (ou das quais) ninguém devia se afastar, não são exatamente as mesmas ao longo do tempo”.
(E) Alternativa correta quanto ao emprego do pronome relativo. Inicialmente, observemos que o pronome “cujo” reporta-se ao substantivo “alcance”, que lhe vem após, ou seja, é um pronome adjetivo relativo. Por outro lado, a preposição “a” surge da compreensão de que todos deveriam estar ao alcance do braço da justiça, sendo imprescindível, assim, o seu emprego.
Gabarito:
01) B 11) A02) D 12) D03) E 13) E04) C 14) A05) A 15) C06) B 16) B07) D 17) A08) C 18) D09) E 19) C10) B 20) E
Décto Sena 216
Provall
As questões de números 1 a 8 baseiam-se no testo apresentado abaixo
É melhor ser alegre que ser triste, já dizia Vinícius de Moraes. Sem dúvida. O poeta pia mais longe, entoando emj rima e em prosa que tristeza não tem fim. Já a felicidade, sim. Até hojej, muita gente chora ao ouvir esses versos porque eles tocam num ponto nevrálgico da vida humana: os
5 sentimentos. E quando tais sentimentos provpcam algum tipo de dor, fica difícil esquecer -j e ainda mais suportar. Á tristeza, uma das piores sensações da nossa existência, funciona mais ouj menos assim: parece bonita apenas nas músicas. Na ividá real, ninguém éosta dela, ninguém a quer.
Tristeza é um sentimento que respondeja estímulos internos, como io recordações, memórias, vivências; òu externbs, como a perda de um em
prego ou de um pmor. Não se trata de uma èmoção, que é uma resposta imediata a um estímulo. No caso da tristeza* nosso organismo elabora e amadurece a emoção, antes de manifestá-la. ÍÉ uma resposta natural a situações de perda ou de frustrações, ejn que são liberados hormônios ce-
15 rebrais responsáveis por angústia, melancolia ou coração apertado.“A tristeza éjuma resposta que faz partè de nossa forma de ser e de
estar no mundo] Passamos o dia flutuando entre pólos de alegria e infelicidade” afirma o médico psiquiatra Rics rdo Moreno. Se passamos o dia entre esses pólos de flutuação, é bom não levar tão a sério os comer-
20 ciais de margarina em que a família é linàai perfeita, alegre e até os cachorros parecení sorrir o tempo inteiro. Vivemos uma época em que a felicidade constante é praticamente um dévir de todos. Ê fato: ser feliz o tempo todo está [virando uma obrigação a pònto de causar angústia.
Especialistas, no entanto, afirmam quef estar infeliz é mais do que 25 natural, é necessário à condição humana. iA tristeza é um dos raros mo
mentos que nos permite reflexão, uma volta para nós mesmos, uma possibilidade de nos conhecermos melhor. Dé sáber o que queremos, do que gostamos. E soniente com essa dareza de dados é què podemos buscar atividades que nos dão prazer, isto é, que nósjfazem felizes. Assim como a
3o dor e o medo, a tristeza nos ajuda a sobreviver. Sim, porque se não sentíssemos medo, poderíamos nos atirar de um penhasco. E se não tivéssemos dor, como o organismo poderia nos avísardè algo que não vai bem?
(Adaptado de Mariana Sgarioni, Emoção & inteligência, Superintessante, p. 18-20}
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01. Identifica-se a ideia principal do texto em:(A) Poetas convivem com sentimentos negativos, como a tristeza, porque
são incapazes de percebe? os momentos felizes que ocorrem normalmente no cotidiano das pessoas;
(B) Felicidade corresponde a uma forma ideal de vida, por isso peças de publicidade enfatizam os momentos mais agradáveis da vida familiar;
(C) Tristeza é um sentimento natural de reação a situações de frustração, sendo, portanto, inerente à condição humana;
(D) Tristeza e felicidade, sentimentos permanentes da vida, são os temas preferidos de poetas e músicos, por isso utilizados atualmente por publicitários;
(E) O ideal que todos devem buscar, em seu dia a dia, deve ser o de se sentirem constantemente alegres e felizes.
O enunciado da questão solicita que o candidato aponte a ideia principal do texto. Diante deste tipo de questão devemos» então, procurar descobrir qual a razão de ser do texto, no sentido de por que ele foi escrito. Estaremos, assim, em busca de quai terá sido a razão central para que o texto viesse a ser elaborado.Com este modelo de questão, frequentemente são colocadas à disposição do candidato, nas diversas alternativas, passagens que realmente estão contidas no texto, mas que não representam seu cerne, sua ideia central É sabido que, ao dissertarmos sobre alguma coisa, utilizamos argumentos para fundamentar nossos pontos de vista. Tais argumentos não devem, então, ser confundidos com a razão primordial da existência do texto, e, sim, como meros elementos hòs qúáis nós apoiamos para justificar nossa tese.No presente texto, observamos que a intenção maior é, sem dúvida, pôr-nos a par de que estarmos tristés não é uma coisa incomum, uma vez que todas as pessoas, eventualmente, são acometidas de tristeza. Até porque a tristeza significa a reação que temos, a fatos que nos são adversos. Ou seja, todos nós temos nossos momentos de tristeza. Às vezes, inclusive, alternamos tais momentos com outros momentos felizes em um dia só.Deste modo, a resposta para a presente questão encontra-se na alternativa(C), quando se afirma que a tristeza é um sentimento natural de reação a situações de frustração, sendo, portanto, inerente à condição humana.
Décio Sena 218
riuva t i — i ewifiiu juutucmu/ i iNU-ar/^vuo
Comentando as demais alternativas, observaremos:(A) Afirmativa absurda, uma vez que, em seu início, o texto afirma que
Vinícius de Moraes já dizia que é melhor ser alegre do que ser triste.(B) A afirmativa feita neste item é correta e encontra amparo no texto. Mas
não traduz a sua ideia principal, sua destinação central.(D) Há algumas falhas na presente afirmativa. Inicialmente, o texto não
nos afirma que tristeza e felicidade são sentimentos permanentes da vida. Entendemos que são sentimentos que permeiam a nossa existência, alternando-se, isto sim. Por outro lado, não há qualquer menção ao fato de os publicitários utilizarem a tristeza e a felicidade em suas campanhas publicitárias. Ocorre, apenas, breve passagem em que a autora nos alerta para o fato de ser apenas fantasia o fato de existirem famílías nas quais até os cachorros parecem sorrir.
(E) Alternativa perigosa. Evidentemente, todos nós devemos buscar ser felizes. Mas isto não representa a ideia central do texto. Há nele, inclusive, menção ao fato de que, hoje em dia, as pessoas sentem-se obrigadas a ser felizes, custe o que custar, como se fosse sua obrigação estarem felizes. Tal obrigatoriedade, segundo a autora, está, deste modo, convertendo-se em angústia. Ora, evidentemente Mariana Sgarioni não encampa esta compreensão da vida, qual seja a de que devemos buscar a felicidade a qualquer preço. Em seu último parágrafo, deixa-nos clara a ideia de que devemos aceitar a tristeza, quando ela nos chegar, e aproveitarmos para dela extrairmos lições que nos serão de grande valor no futuro. Talvez valha a lembrança: a ideia central do texto não tem de ser, necessariamente, algo que damos como natural em nossas reflexões.
02. A afirmativa correta, de acordo com o texto, é:
(A) vinícius de Moraes tinha toda a razão quando escreveu que tristeza não tem fim, mas a felicidade, sim;
(B) sentimentos de felicidade e de tristeza, embora sejam opostos entre si, provocam, ambos, sensação de dor nas pessoas;
(C) a televisão, ao mostrar situações familiares de felicidade completa, apóia-se em descobertas recentes sobre os sentimentos humanos;
(D) o choro causado pelos versos de uma música bem triste ensina as pessoas a suportarem melhor as grandes frustrações da vida real;
(E) a tristeza constitui um sentimento que propicia ao ser humano maior consciência de si próprio e de seus anseios.
219 Português
Provas Comentadas da FCC
Do que já lemos relativamente ao texto de Mariana Sgarioni e do que refletimos acerca dele, a resposta fica bastante ciara e contida na alternativa (E). Podemos encontrar ampla justificativa para ela no parágrafo final de nossa leitura.Quanto às demais alternativas, vejamos:(A) Afirmativa incorreta. Aceitá-la como correta seria aceitar a supremacia
temporal da tristeza sobre a felicidade, no curso de uma existência. E isto não é autorizado pela leitura, que nos deixa claro que os sentimentos de tristeza e de alegria são cambiáveis em nossa vida, sem que haja predomínio de um sobre o outro.
(B) Afirmativa incorreta. Não é correta a afirmativa de que a alegria provoca dor nas pessoas.
(C) Afirmativa incorreta. Não há menção a qualquer descoberta recente acerca de sentimentos humanos no texto. Nele lemos o testemunho de um médico psiquiatra, bem como afirmativas genericamente atribuídas a “especialistas”.
(D) Afirmativa incorreta. Não é o choro causado por versos de uma música bem triste que nos ensina a suportar melhor os reveses da vida, mas sim a reflexão que desenvolvemos, quando envoltos pelo sentimento da tristeza.
03. ... muita pente chora ao ouvir esses versos... (Io parágrafo)
O segmento grifado acima introduz, no contexto, a noção de:
(A) tempo;(B) restrição;(C) condição;(D) finalidade;(E) alternância.
O fragmento sublinhado é uma oração reduzida de infinitivo. Poderíamos, mantendo o mesmo sentido original, promover o desdobramento desta oração, o que faria resultar:...muita gente chora quando ouve esses versos...
Percebemos, então, claro nexo semântico temporal.
Oécio Sena 220
Prova t1 “ Técnico Judiciárro/TRE-SP/2006
04, Considerando-se o contexto, a substituição dos segmentos grifados pelopronome correspondente está INCORRETA somente em:
(A) elabora e atiiadurece a emoção — elabora e amadurece-a;(B) não levar tão a sério os comerciais - não! levá-los tão a sério;(C) a ponto de causar angústia = de cansá-la:(D) podemos buscar atividades ~ buscar-ihes;(E) se não tivéssemos dor = se não a tivéssenios.
I : IVejamos cada uma das sabstituições levadas a efeito:(A) Substituição [correta, A expressão “a emoção” funciona como objeto di
reto de “amadurece” Empregou-se, então, de forma acertada, o pronome pessoal oblíquo átono “a” para, represéntando-a, funcionar também como objetojdireto.: ! j . .
(B) Substituição j correta. A expressão “os comerciais” desempenha papei sintático de bbjeto direto da forma verbal “levar”. Sendo expressão de gênero mascjulino ei número plural, promoveu-se sua substituição pelo pronome pessoal oblíquo átono “os”. Tal pronome, ao ligar-se por êncli- se à forma vérbal “levar”, provocou a queda da consoante final do vérbo e, por sua vez, modificou-se em “-los” À presença enclítica do pronome "-los”, rriesmo com o advérbio' “não” 'antecedendo o verbo, deve-seao fato de a forma Verbal “levar” ser de infinitivo. Os infinitivos facui- i *■ tam as próchses pronominais. ;
(C) Substituição) correta, O substantivo fangústia” funciona como-objeto direto de “causar”. Sua troca, então, foi feita pelo pronome; “a”. Ocorreram, jna junção enclítica do pronome, os mesmos fatos gráficos descritos ná (alternativa anterior. ; j
(D) Substituiçãoj incorreta. “Atividades” é substantivo que exerce a função de objeto direto da forma verbal “buscarj”. Como sabemos, o pronòme “lhe” e sua firma flexionada “lhes”, quando em função de complementos verbais, ió podém ligar-se a Verbos* tjjànsitivos indiretos, o quemão ocorre com o verboÍ"buscar”, que é transitivo direto. Neste caso, déver- se-ia ter emfregado, obrigatoriamente,; o [pronome pessoal oblíquo átono “as”, o qiie faria surgir a forma “busc4-las”.
(E) Substituição |correta. O substantivo “dor”, desempenha função de objeto direto da forma verbal “tivéssemos”. Sjua substituição pelo pronòme; pessoal oblíquo átono é legítima, já que se trata de substantivo de gênero feminino e número plural. A posiçãojproclítica - obrigatória, neste caso - deve-jse à presença do advérbio “não”, que antecede “tivéssemos”.
221 Português!
05. Se passamos o dia entre esses pólos de fluU iação ... (3o parágrafo)A frase em que se emprega uma palavra acentuada pela mesma norma que justifica o acento gráéco no vocábulo grifado acima é:
(A) a tristeza é um sentimento saudável na vida das pessoas;(fí) a vida pára e perde seu significado em momentos de tristeza;(C) com frequência, sentimo-nos tristes, sem mesmo saber o motivo;(D) pesquisadores apontam com segurança o caráter inconstante da
felicidade;(E) após momentos de grande felicidade podem surgir sentimentos de
tristeza.
Inicialmente, uma observação acerca do acento gráfico em “pólos”, motivador da presente questão: esse sinal gráfico foi suprimido - juntamente com os seus correlatos empregados em “polo”, "pára”, “pêrá”, “péra”, “péla”, “pêlo”, “côa” - pelo Acordo Ortográfico vigente a partir de janeiro de 2009, ainda em caráter de transição até dezembro de 2012. Após o dia Io de janeiro de 2013, seus empregos configurarão erro de acentuação gráfica. Todos esse acentos eram - ainda poderão ser - empregados para que se procedesse à diferença entre vocábulos homógrafos átonos e tônicos. Recebiam a denominação de acentos diferenciais de intensidade. Lembramos que vocábulos homógrafos são aqueles que têm a mesma grafia e significados distintos. Foram mantidos, apenas, os acentos diferenciais dás formas verbais * pôr" (infinitivo) e “pôde” (pretérito perfeito do indicativo).: O Acordo Ortográfico também aponta a possibilidade de se empregar,, facultativamente, acento cincunflexo no substantivo “fôrma” para que se estabeleça a oposição com a forma verbal "forma”, de tèrcéirá pessoa dó singular do presente do indicativo do verbo “formar”. É, nesse caso, um acento diferenciáide timbre. Assim, a questão que ora se analisa, não teria razão de existir a partir de janeiro de 2013. Como dispusemos em nossa notà introdutória à presente edição deste trabalho, preservamos os textos originalmente empregados em cada uma das provas, o que, neste caso, levou-nos a comentar a presente questão, fazendo-lhe, contudo, essa devida observação inicial.Por óbvio, os comentários ora dispostos referem-se ao sistema ortográfico vigente na oportunidade em que a prova foi aplicada e, mais uma vez insistimos, ainda em vigor entre nós, embora com'data marcada para extinguir-se.O vocábulo “pólo”, existente na fráse que surgiu rio enunciado desta questão, recebeu o acento' diferencial de intensidade. Istò' para que se fizesse a distinção entre “pólo” (cada uma das extremidades do eixo imaginário em torno do qual a Terra executa seu movimento de rotação), “pôlo” (falcão ou gavião com menos de um ano) e “polo” (contração em desuso de preposição
Décio Sena 222
com artigo definido; o mesmo que "pelo”). Os dois primeiros vocábulos são tônicos e o terceiro, átono. Como os timbres das vogais tônicas dos dois primeiros são, respectivamente, aberto e fechado, empregou-se, também pela ordem, acento agudo e acento circunflexo.Há um grupo não muito extenso de vocábulos que se apresentam com igual acentuação gráfica, a qual tem por fim estabelecer a distinção entre palavras tônicas e palavras átonas, daí chamar-se o sinal que sobre elas se põe de acento diferencial de intensidade- Vejamos algumas: “pára” (forma verbal)- "para” (preposição); pôr (forma verbal) - por (preposição); "pêra” (fruta)- “péra” (antigo substantivo, o mesmo que “pedra”) - pera (preposição antiga, o mesmo que "para”); “pélo" (forma do verbo "pelar”) - pêlo'(substan~ tivo) - pelo (preposição)* Recomendamos uma leitura atenta do capítulo de acentuação gráfica, encontrado no volume 5 de “As Ültimas do Português Nas alternativas fornecidas, encontramos acento diferencial de intensidade no item (B), sobre a palavra "pára”.Nas demais alternativas, assim justificam-se os acentos:(A) **é” -monossílabo tônico terminado em “e”; "saudáver - paroxítono
terminado em "1”.(C) "freqüência” - o trema está aplicado sobre uma semivogal do encontro
"que” e o acento circunílexo por ser vocábulo paroxítono terminado em ditongo.
(D) "caráter” ~ paroxítono terminado em “r”.(E) "após” - oxí tono terminado em “o” seguido de "s”,
06. À concordância está inteiramente correta na frase:
(A) Ser feliz ou, pelo menos, parecer feliz, tomaram-se uma obrigação da vida moderna, tais como se observa nos comerciais divulgados na mídia;
(B) Pessoas que, a exemplo dos comerciais exibidos na televisão, busca ser feliz o tempo todo sofre mais e se distancia das pequenas alegrias da vida;
(C) Torna-se impossível quaisquer tentativas de só sentirmos alegria, pois sentimentos de tristeza aparece sempre como o outro lado da mesma moeda;
(D) Em vários estudos, aponta-se efeitos benéficos em sentimentos negativos, como o de tristeza, para a sobrevivência da espécie humana;
(E) Sentimentos de tristeza, assim como os que nos trazem alegria, fazem parte do cotidiano, pois são respostas naturais a determinadas situações vividas.
223 Português
Provas Comentadas da FCC
(A) Concordância incorreta. O sujeito do verbo “tornar-se” está indicado pela oração “Ser feliz”, retificada por outra oração: "parecer feliz”. Trata-se, então, de sujeito oracional, o que conduz o verbo para a terceira pessoa do singular. Por outro lado, não há razão para a expressão “tais como” ter surgida com o vocábulo “tais” flexionado. O texto estaria corretamente grafado assim: “Ser féliz ou, pelo menos, parecer feliz, tornou-se uma obrigação da vida moderna, tal como se observa nos comerciais divulgados na mídia.”
(B) Concordância incorreta. O sujeito do verbo “buscar”, que é o mesmo sujeito das formas verbais “sofre” e "distancia”, está representado pelo substantivo “Pessoas”, do que resulta o obrigatório emprego de tais verbos em 3a pessoa do plural. O adjetivo “feliz”, por sua vez predicativo do sujeito “Pessoas”, também deve concordar com o substantivo citado.O texto estará correto assim escrito: “Pessoas que, a exemplo dos comerciais exibidos na televisão, buscam ser felizes o tempo todo sofrem mais e se distanciam das pequenas alegrias da vida,”
(C) Concordância incorreta. O sujeito de “Torna-se” está indicado pelo sintagma “quaisquer tentativas”, isto implica a flexão verbal obrigatória em 3a pessoa do plural para a forma verbal mencionada. Igualmente em plural deverá surgir o adjetivo “impossível”, que funciona como predicativo do sujeito. Há, ainda, a necessidade de emprego do verbo “aparecer” em 3“ pessoa do plural, concordando com seu sujeito “sentimentos de tristeza”. O período estará corretamente disposto desta forma: “Tomam-se impossíveis quaisquer tentativas de só sentirmos alegria, pois sentimentos de tristeza aparecem sempre como o outro lado da mesma moeda.”
(D) Concordância incorreta, Na oração de voz passiva pronominal estruturada pelo verbo “apontar”, o sujeito é indicado por “efeitos benéficos em sentimentos negativos”, o que implica obrigatório emprego verbal em 3° pessoa do plural. O texto estará corretamente escrito sob a forma: “Em vários estudos, apontam-se efeitos benéficos em sentimentos negativos, como o de tristeza, para a sobrevivência da espécie humana “
(E) Concordância correta. O verbo “fazer” cujo sujeito é “Sentimentos de tristeza”, está corretamente empregado em 3° pessoa do plural. Igualmente correto está o emprego do verbo “trazer”, cujo sujeito é o pronome relativo “que”, representante semântico do pronome demonstrativo antecedente “os”. A expressão “Sentimentos de tristeza” é, ainda, sujeito do verbo "ser”, o que justifica seu emprego em 3a pessoa do plural.
Vejamos cada uma das alternativas da questão:
Dério Sena 224
Prov^ 11 - Técnico Judiciário/TRE-SP/2006= \ : l= i I; ! '■ !
07. Há palavras estritas dè modo INCORRETO na frase: Jl i j- I
(A) Sentir-se feliz o tempo todo, que parece ser propósito geral atualfmente, pode ser visto como privilégio, mas não deve tornar-se obsesj são para asj pessoas; ; j ]
(B) A persepçãb das razões do sentimento âetristeza que nos atinje podelevar ao controle de sua intensidade, |ná tentativa de evitar soérimenf to maior3 além de desnecessário; ; j; . j
(C) A tristeza e um sentimento natural que aflora, surgindo em conseqüência de! alguns reveses sofridos itó vida, como um desentèndij mento com a pessoa amada; |
(D) Sabe-se que artistas e intelectuais viveram o auge de sua produçãoem momentos de grande melancolia* especialmente os compositores de obras musicais; j • j
(E) O caráter éfêmero da felicidade é explicado por especialistas comò um impulso biológico que garante a perpetuação da espécie húmaj na, agindo jcomo instrumento de defesja.
Estão incorretamente grafadas as palavras “percepção” e “atinje", ambas na aljtemativa (B), as [quais devem ser reescritas nas formas “percepção” e “atinge’!
[ ; ' j |l ' * ■ í08. Ninguém recebe só bods notícias o dia todoJI í = | -
Não há como fugir do: sentlmento de tristeza.Entender as causas do sofrimento de tristeza é importante.As frases acima articulam-se em um único período, com lógica, clarezae correção, em: : j. j(A) Por que ninguém irecebe só boas notícias o dia todo, não se foge dó
sentimento de tristeza, conquanto é importante entender as causas dos seus sentimentos; ; j; ■ j
(B) Não tendo] como fugir do sentimento, de tristeza, ninguém recebesó boas nojtícías o; dia todo e mesmó que entender as causas desse f importante; | í
(C) Se ninguém recebe só boas notícias ;o jdia todo, temos que entenderas causas do sentimento de tristeza, sendo importante, onde não há como fugir desse sentimento;, ‘ j . * j
(D) É importante entender as causas do Sentimento de tristeza, pois não há como fugir dele, já que ninguém recebe só boas notícias o dia todo
(E) Ninguém recebe só boas notícias o dia todo, se não há comò fuj- gir do sentimento de tristeza, visto que entender as causas dele sãof i ’ rx i |importantes, [ \
\ í |j | ; i
2 2 5 | Português
Vejamos cada uma das alternativas que pretendem agrupar os três períodos em um só» articulando-os com lógica, clareza e correção:(A) Texto incorreto, Não há vinculação lógica entre as orações do período
formado* em cujo início, inclusive, nota-se erro de grafia, uma vez que a conjunção deveria ter sido grafada “Porque” A conjunção subordinativa concessiva "conquanto” - inadequada para a passagem em que está- exigiria, por sua vez, o emprego do verbo “ser” em subjuntivo: “conquanto seja., ”
(B) Texto incorreto, Não há qualquer coesão e coerência no fragmento em que se lê: “...ninguém recebe só boas notícias o dia todo e mesmo que entender as causas desse é importante”, no qual a forma verbal relativa ao verbo “entender”, por força da locução conjuntiva concessiva “mesmo que”, deveria, caso o texto estivesse válido, ter sido empregada em presente do subjuntivo: "entenda”.
(C) Texto incorreto. Novamente se falhou por falta de coesão e coerência no fim do período, o que prejudicou, de modo absoluto, a clareza da passagem: “...temos que entender as causas do sentimento de tristeza, sendo importante, onde não há como fugir desse sentimento”.
(D) Texto correto. As orações estão perfeitamente encadeadas e a leitura flui sem perturbação. Na verdade, parte-se de uma afirmativa inicial CÉ importante entender as causas do sentimento de tristeza”) que, logo a seguir, é justificada por oração explicativa (“pois não há como fugir dele”). A última oração dá-nos a causa (“já que ninguém recebe só boas notícias o dia todo”) do que se afirmou na oração antecedente.
(E) Texto incorreto. Mais uma vez apresentou-se um texto em que as orações não se vinculam com lógica e clareza. Neste caso, por exemplo, não se pode aceitar a mensagem expressa na segunda oração como condição do que se disse na primeira delas. Por outro lado, o articulador “visto que”, de natureza semântica causai, está com emprego inteiramente despropositado.
As questões de números 9 a 14 baseiam-se no texto apresentado abaixo:
Apesar da queda relativa* a Região Sudeste ainda responde por mais da metade do PIB nacional, O Estado de São Paulo apresentou a maior queda relativa nos últimos anos, màs responde pór cerca de um terço da riqueza produzida no País. Historicamente baseado na agri-
5 cultura e na indústria, o Sudeste está rapidamente descortinando sua vocação para os serviços.
Déçío Sena 2 2 6
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O chamado setor terciário - que engloba o comércio, a área financeira e todós os tipos dé serviços - já e majoritário nos quatro Estados da Região. Segundo o professor de economia da Universidade de São Paulo,
10 Carlos Azzoní, a região está se sofisticando e se especializando na prestação de serviços. O Sudeste está se transformando numa referência na América Latina nas áreas de saúde, educação, tecnologia e informática. O setor financeiro mais sofisticado deve permanecer concentrado na região por longos anos.
15 Para o mercado de trabalho, a mudança da vocação regional significa a perda de vagas fixas e a abertura de muitas oportunidades de trabalho menos rígidas. A agricultura deverá manter sua força na Região, mas precisa investir em culturas extensivas para garantir a competitividade. À tendência será concentrar a produção em culturas com maior produtividade
20 que se encaixam nesse perfil, como a cana-de-açúcar, a laranja e as ílores. Embora as facilidades logísticas desobriguem as empresas de produ
zir junto ao mercado, a força de consumo do Sudeste ainda cria muitas oportunidades. Alguns centros no interior de São Paulo e Minas Gerais têm força equivalente à de capitais de Estados menores. Essas cidades
25 médias possuem, além do mercado, mão-de-obra qualificada e custos reduzidos em relação aos grandes centros. Por isso, a interiorização do desenvolvimento é uma tendência irreversível, segundos os especialistas. Outra aposta recorrente está na área de logística e distribuição, da quai as empresas dependem cada vez mais, por ser um setor que se de-
30 senvolve necessariamente junto aos grandes mercados.
(Adaptado de fiaria Terra, Novo m apa do Brasil, O Estado de S. Paulo, H 2 ,11 dc dezembro dc 2005}
09.0 texto está corretamente resumido da seguinte maneira:(A) A ausência de consumidores obriga o setor industrial a uma trans
formação no mercado de trabalho, para torná-lo mais flexível;(B) As distancias entre centros produtores e os respectivos consumido
res justificam a queda relativa do PIB na Região Sudeste;(C) Estados de extensão geográfica menor, em relação aos da Região
Sudeste, ampliam oportunidades de trabalho, com a interiorização dos serviços;
(D) A queda relativa do PIB na Região Sudeste desperta interesse mais voltado para a agricultura, com a produção de alguns itens diferenciados;
(E) De base historicamente agroindústria!, o Sudeste avança pelo setor terciário, que já se tornou o mais significativo em toda a Região.
227 Português
Provas Comentadas da FCC
A leitura do texto deixa no leitor a clara percepção de que seu mote foi a questão da economia da região Sudeste. De início, o autor informa que o Sudeste é a região de maior PIB do país. Em seguida, traça um paralelo entre o perfil econômico da região observado da perspectiva de um passado próximo, que se caracterizava por ter sua forca calcada na agricultura e na indústria, e o que ora se entremostra, qual seja o de a região ter a maior parte de sua riqueza deslocando-se para o setor de serviços. As demais considerações resultaram das novas variáveis decorrentes deste deslocamento, como, por exemplo, o tipo de mão de obra que a região demandará.Deste modo, encontramos a resposta da questão na alternativa (E).Nas demais alternativas, temos:(A) Afirmativa incorreta. Em nenhuma passagem do texto existe alusão à
<causência de consumidores”(B) Afirmativa incorreta. O texto não informa qual a razão para a queda
relativa do PIB da região sudeste.(C) Afirmativa incorreta, Na única passagem em que promove comparação
entre a região Sudeste e outras áreas geográficas, o autor diz-nos que cidades do interior de São Paulo e de Minas Gerais têm força semelhante à de algumas capitais de Estados menores.
(D) Afirmativa incorreta. Não há qualquer vinculação lógica entre a queda relativa do PIB da região Sudeste e a inclinação para alguma atividade econômica. O que se diz é que há uma tendência na região para fazer do setor terciário o seu polo econômico mais importante.
10. É correto afirmar, considerando-se o contexto, que a Região Sudeste
(A) perdeu consideravelmente sua importância na área agroindústria!, com a interiorização do desenvolvimento econômico.
(B) deve ampliar sua força de consumo no mercado interno, para escoar a produção agrícola específica e recuperar a queda do PIB.
(C) representa papel de destaque na economia brasileira, com novas oportunidades de trabalho, especialmente na área de serviços.
(D) sofreu queda no PIB em conseqüência do afastamento de muitas empresas, que passaram a operar à distância do mercado consumidor.
(E) concentra sua economia em cidades menores, por seus custos reduzidos, o que leva à perda relativa de sua importância na economia nacional.
lemos que a região Sudeste, apesar de ter sofrido queda relativa no PIB nacional, ainda é a região mais rica do país, gerando mais da metade do nosso PIB.
Dédo Sena 228
Prova [11 -Técnico Judiciário/TRE-SP/2006'
Lemos, tambéml que está havendo um deslocamento das atividades econô micas desta região, tradicionalmente centradas na agricultura e indústria, para o setor de serviços1, o denominado setorj terciário.Tomamos conhecimento» ainda, no tocante j ao mercado de trabalho, que esta recente vockção da região Sudeste provocará o surgimento de inúme-jros novos postos de trabalho. j |
\ iDe tudo o que lemos, observamos que a resjiosta está contida na alternativa (C), em que se diz que o Sudeste ‘representa papel de destaque na economia brasileira, com novas oportunidades jde trabalho, especialmente na área de serviços]'. iNas demais alternativas, comentamos: . It : : |(A) Afirmativa incorreta. Não há, no testo, referência ao fato de o Sudeste!
ter perdido consideravelmente sua importância na área agroindustrial.j Muito menos existe a informação de que houve interiorização do de-j senvolvimento econômico desta região.r Aliás, a bem da verdade, os! dois fatos citados são inviáveis, à luz dá lógica econômica. |
(B) Afirmativa incorreta. Não se nota, nó texto, passagem que justifique!a afirmativa de que a região Sudeste: djéve escoar1 produção agrícola! específica. ; [' I
(D) Afirmativa incorreta. Como já.comentamos anteriormente, o texto: não nos permite! inferir á razão de pòr que à ijègião Sudeste apresentou queda relativa do PIB. Por outro lado, é désêàbida, tendo o texto como referência, a afirmativa de que muitas empresas afastaram-se desta região; e passaram k operar à distância do mercâdo consumidor.
(E) Afirmativa incorreta. O que se íê no téxfó relativamente a cidadesíme-nores é a informação de que cidades méilias do interior de São Paúlo e de Minas Gerais apresentam força ecohomica igual à de algumas capitais de Estados menores. ' ; 1
1 1 . - que etigloba o comércio, a área financeira à todos os tipos â e serviços (2o parágrafo) j
Os travessões delimitam, no contexto,(A) repetição enfática,|no contexto da ideia! principal.(B) enumeração específica, com intenção explicativa.(C) segmento opinativo, com restrição à expressão que o antecede.(D) introdução jde novós dados, importantes para a clareza do contexto.(E) reprodução
insere.de opinião alheia, para embasar a afirmativa em que se
229 Português;
Observemos o fragmento em que surgem os travessões, já submetido à indicação de suas orações constituintes: •[O chamado setor terciário - [que engloba o comércio, a área financeira e todos os tipos de serviços] - já é majoritário nos quatro Estados da Região.]Temos, como podemos ver, um período composto por duas orações, que assim se classificam:
Oração Principal:“O chamado setor terciário já é majoritário nos quatro Estados da Região.” Oração Subordinada Adjetiva Explicativa:“que engloba o comércio, a área financeira e todos os tipos de serviços”Como percebemos, o isolamento da oração subordinada adjetiva explicativa, obrigatório e em geral feito por vírgulas, está, neste caso, sendo promovido pelo par de travessões. Já podemos afirmar que os travessões, então, isolam informação explicativa.Por outro lado, notamos que a explicação que se acrescentou ao texto carac- terizou-se pela enumeração de três itens que, especificamente, esclarecem de que é composto o setor terciário da economia: “o comércio”, “a área financeira” e “todos os tipos de serviços”.A justificativa para o emprego dos travessões, deste modo, tornou-se clara. Está na alternativa (B), em que se lê “enumeração específica, com intenção explicativa”.Nas demais alternativas encontramos:(A) Afirmativa incorreta. Não há qualquer repetição. Também não se nota
nenhum interesse enfático.(C) Afirmativa incorreta. O texto posto entre travessões não indica opinião
provinda do autor, mas informação acerca de que atividades integram o setor terciário da economia.
(D) Afirmativa incorreta, Apesar de o fragmento intercalado por travessões ter, realmente, introduzido novos dados, no sentido de esclarecer que atividades compõem o setor de serviços da economia, sua presença não é importante para a clareza do texto. Até porque são informações de natureza meramente explicativa. Retirado o fragmento escrito entre os sinais de pontuação já comentados, o texto manter-se-ia rigorosamente claro.
(E) Afirmativa incorreta. A informação que nos chegou intercalada pelos travessões emanou do próprio autor do texto.
Décio Sena 230
nuvrt « i - i«wiiuj juoictano/1K&-SP/2006
...da qual as empresas dependem cada vez m ais ... (final do texto)O verbo que exige o mesmo tipo de complemento que o do grifado aci- maestáBafrase:
(A) ...a Região Sudeste ainda responde por mais da metade do PIB nacional;
(B) ...já é majoritário nos quatro Estados da Região;(C) ...a mudançada vocação regional significa a perda de vagas fixas...;(D) ...a forçá de consumo do Sudeste ainda cria muitas oportunidades;(E) ...a interiorização do desenvolvimento é uma tendência irreversível.
O verbo “depender”, citado no enunciado da questão, é transitivo indireto. Deste .modo, está sendo complementado pela expressão preposicionada "da qual”, que abre a oração em que se encontra.Para entendermos melhor a afirmativa ora feita, vejamos um pouco mais do período em que surge o fragmento pinçado pela Banca Examinadora, já dividido em suas orações constitutivas:[Outra aposta recorrente está na área de logística e distribuição,} [da qual as empresas dependem cada vez mais>][ por ser um setor] [que se desenvolve necessariamente junto aos grandes mercados.]Como podemos observar, a oração em que surge o verbo "depender” está sendo iniciada pelo pronome relativo “a qual” que, por sua vez, está contraído com a preposição "de”. Semanticamente, o pronome relativo representa o vocábulo "área”, núcleo de “área de logística e distribuição”. É, então, como se disséssemos, após fazermos a substituição do pronome relativo pelo que ele representa: “da área de logística e distribuição as empresas dependem cada vez mais”. Evidentemente, esta oração pode ser mais bem arrumada, o que fará resultar: “as empresas dependem cada vez mais da área de logística e distribuição”. Agora notamos, com facilidade, que o complemento da forma verbal “dependem” é, sem dúvida, “da área de logística e distribuição”. Por ser preposicionado, dizemos que é um objeto indireto, ou seja, é o complemento de verbo transitivo indireto. Como "da área de logística e distribuição” está, no texto original, sendo representado por “da qual” a mesma função de objeto indireto é por esta última desempenhadaTemos, agora, de procurar em que alternativa há um verbo que demande um complemento indireto. Estamos, então, em busca de verbo transitivo indireto ou de verbo transitivo direto e indireto.
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Provas Comentadas da FCC
(A) O verbo “responder" está empregado como verbo transitivo indireto. Observemos o seu complemento regido pela preposição “por”: “por mais da metade do PIB nacional. Esta é a resposta da questão.
(B) Nesta alternativa o verbo empregado é “ser11, verbo de ligação. Relembremos que os verbos de ligação, também denominados “verbos não nocionais”, têm conteúdo semântico muito esvaziado. Na verdade, não indicam ação verbal. Nunca se apresentam complementados, uma vez que cumprem a tarefa de promover o vínculo entre predicativo e outra estrutura sintática.
(C) O verbo “significar”, presente nesta alternativa, tem regência transitiva direta. Ligou-se a ele um complemento não preposicionado, que chamamos de objeto direto, no caso representado por “a perda de vagas fixas”.
(D) O verbo “criar” é, também, verbo transitivo direto. Observemos seu objeto direto indicado pela expressão “muitas oportunidades”.
(E) Nesta alternativa repetiu-se o emprego de verbo de ligação. Podemos ler sobre eles no item (B).
13. ...o Sudeste está descortinando sua vocação para os serviços, (final do Io parágrafo)
Transpondo a frase achna para a voz passiva, a forma verbal passar a ser, corretamente:
(A) estão descortinando;(B) serão descortinados;(C) vai ser descortinada;(D) está sendo descortinada;(E) está para ser descortinados.
A oração “O Sudeste está descortinando sua vocação para os serviços” apresenta-se em voz ativa.A afirmativa comprova-se quando percebemos que o sujeito “O Sudeste” é, ele mesmo, o autor da ação verbal. Dizemos que é um sujeito agente de ação verbal, vale dizer, ativo.Por sua vez, a ação verbal está sendo traduzida por uma locução verbal, em que se nota o verbo auxiliar “estar” e o verbo principal “descortinar”. Estão empregados em presente do indicativo e gerúndio, respectivamente.
Vejamos cada uma das alternativas da questão:
Décio Sena 232
Prova 11 - Técnico Judiciário/TRE-SP/2006
Observemos q ie o verbo principal da locução verbal adota regência transitiva direta, sendo seu complemento - objetó direto, no caso - indicado peía expressão “suajvocação para os serviços”,; íAo convertermos uma oração de voz ativa para voz passiva, daremos curso à correspondência entre os termos oracícínais comoimostramos a sèguií:
Termo da voz ativaSujeito
Objeto direto
passa a Termo da voz passivaAgente da passiva
Sujeito *
O conhecimento das Correspondências entp os termos sintáticos das orações de vozes ativa e passiva implica saber que a expressão “O Sudeste]’, sujeito da voz ativa, irá funcionar como agente da passiva na oração que queremos criai O mesmo conhecimentoi dá-nos a informação de què “suja vocação para os serviços”, objeto direto presjente na oração de voz ativa, será o sujeito da ordção que queremos fazer surgir.Deste modo, ja temos jdois termos da nova|oração: o sujeito (“sua voçaçãpara os serviçcjs”) e o kgente da passiva (O jSudeste). Para esta questão, emque se pede apènas a forma verbal passiva, Sabermos o sujeito desta oraçãbé fundamental] pois o verbo terá de com ele- concordar. I
j : ! |Agora, observamos um fato interessante acerca das alterações verbais na!sconversões de vozes: . [
■ IHá casos em qúe na voz ativa só temos um verbo: “Eu li o livro”.Nestes casos, ajvoz passiva terá dois verbos: í“0 livro foi lido por mim”Em outros cascjs, a voz ativa surge com doi verbos: “Eu tenho lido livros.1 As passivas decorrentes surgirão com trêsvérbos: “Livros têm sido lidos por mim” j ; j:' • |Há, ainda, situáções em que se notam três verbos, navoz ativa: “Eu devija ter lido o livro” ’ M 1Surgirão, agora, passivàs com quatro verbòs[“0 livro devia ter sido lido por
» 1 : - * I " ■ .mim • ; m i |
Podemos, então, afirmar que na voz passiva [haverá um verbo a mais do qu|e havia na voz afciva e que o verbo principal jde uma locução verbal passiva surgirá, sempre, em particípio. \ j
Na questão que estamos estudando, a vozatjiva surgiu com dois verbos:“O Sudeste está descortinando sua vocação para os serviços.”
233 Português
r i u v g j v»»v/*iiv« * i ws~
A passiva correspondente terá, então, três verbos. Por outro lado, já sabemos que o verbo principal ~ o què coiitém á mensagem fundamentai da oração - surge, ná voz passiva, xiõ particípio. Sabemos, ainda mais, que o sujeito da locução verbal estará representado por ‘sua vocação pára os serviços”.
Estamos, deste modo, em condições de proceder à conversão, atentando para a devida concordância com o sujeito da oração:“Sua vocação para os serviços está sendo descortinada pelo Sudeste ”À resposta está, assim, na opção (D).
14. Há várias questões a serem enfrentadas como custos indiretos da concentração econômica.
São Paulo sofre com os congestionamentos.A violência parece não ter limites.A Região Sudeste deve confirmar sua nova vocação.As frases acima aríiculam-se em um único período» com lógica, clareza e correção» em:(A) Enfrentando sérias questões que faz parte dos custos indiretos da
concentração econômica, São Paulo sofre com os congestionamentos, a violência parece não ter limites, e a Região Sudeste deve confirmar sua nova vocação;
(B) São Paulo, que sofre com os congestionamentos, e a violência parecendo sem limites, a Região Sudeste deve confirmar sua nova vocação, tais como enfrentar sérias questões que faz parte dos custos indiretos da concentração econômica;
(C) Para confirmar sua nova vocação, a Règião Südesté deve enfrentar sérias questões, custos indiretos da concentração econômica, como os congestionamentos em São Paulo e a violência, que parece não ter limites;
(D) Enfrentar sérias questões fazendo parte dos custos indiretos da concentração econômica, como São Paulo que sofre com os congestionamentos e a violência parecendo não ter limites, é a Região Sudeste que deve confirmar sua nova vocação?
(E) Como enfrentar sérias qúèstões fazendo parte dos custos indiretos da concentração econômica, a Região Sudeste deve confirmar sua nova vocação, como São Paulo sofrendo com os congestionamentos e a violência sem limites.
Dédo Sana 234
rrova ri - i ecnico Judiciário/1 Kfc-bP/2006
Apesar de ser um pouco maior do que a sua antecessora, mostra-se bastante simples, uma vez que a exigência de que tenhamos um texto com lógica, clareza e correção não tem agasalho em alternativas que não opõem qual-
: quer dificuldade a que se note este fato; estão muito claramente desprovidas de qualquer lógica informativa.Deste modo, apesar de ser uma questão longa, sua resolução é extremamente rápida, necessitando apenas do tempo necessário para que se leia cada opção e se promova seu descarte ou não.Ainda assim, vejamos cada uma das alternativas:
(A) O texto apresenta-se com deslize de concordância verbal que o invalida logo no início da leitura Observemos que o sujeito da forma verbal" faz” é indicado pelo pronome relativo “que”, seu imediato anteces - sor. Ocorre que este pronome é representante semântico do substantivo “questões”, o que implica obrigatória flexão em 3“ pessoa do plural para o aludido verbo, que'deveria, então, ter sido grafado “fazem”.
(B) O mesmo erro de concordância surgiu neste texto. O mesmo verbo "fazer”, agora no fim do período, deveria ter surgido em 3“ pessoa do plural, pela razão comentada antèriormente. Além disso, não há qualquer sentido na mensagem, que, por má ordenação de seus componentes, re~ vela-se caótica.
(C) Não há qualquer deslize gramatical neste texto, que se revela, além do mais, claro e com informações dispostas còm lógica. Esta é a resposta da questão.
(D) Este é um exemplo de que um texto, para ser de boa qualidade, não necessita, apenas, ser gramaticalmente correto, vale dizer, não apresentar os tradicionais deslizes gramaticais, tais como de concordância, erros de regência, má acentuação gráfica, erros ortográficos e outros. Isto porque, excetuando-se deslizes de pontuação muito claros, não há erros neste texto. No entanto, sua leitura não consegue informar-nos coisa alguma, tal a faita de lógica com que se apresentaram suas diversas informações.
(E) O comentário pertinente a esta alternativa é o de que o seu texto é tão, ou mais, confuso e ilógico quanto o do item precedente.
Como vimos, a resolução desta questão exige do candidato muito bom senso e quase nenhuma gramática.
Esta questão é idêntica à de número 8 desta prova.
235 Português
Provas Comentadas da FCC
As questões de números 15 a 20 baseiam-se no texto apresentado abaixo
Durante os períodos eleitorais, muito se fala do voto como expressão do exercício de cidadania, No entanto, o conceito de cidadania não se esgota no direito de eleger e de ser eleito para compor os órgãos estatais incumbidos de elaborar, executar ou fazer cumprir as leis. Ao contrário, o
5 conceito de cidadania, como um dos fundamentos da República, é mais que o mero exercício do direito do voto.
A cidadania compreende, além disso, o direito de apresentar projetos de lei diretamente às casas legislativas, de petidonar ou de representar aos poderes públicos. Em verdade, a cidadania exige, no Estado Democrático
10 de Direito, que os cidadãos participem nos negócios públicos - elegendo ou sendo eleitos como representantes do povo principalmente interrán- do no processo de elaboração e na fiscalização das leis, não apenas em defesa de interesses próprios, mas dos de toda a sociedade.
Vê-se, pois, como é conveniente que os cidadãos tenham pelo menos 15 boas noções de processo legislativo, para saber como e quando devem
nele intervir, em defesa do interesse comum, A educação, por exemplo, é assunto de interesse público, porque sempre foi não apenas a ferramenta essencial da construção da cultura e da civilização, mas o instrumento supremo da sobrevivência humana e de sua evolução. Foi ela que permi-
20 tiu aos homens, cada vez mais, uma elaborada adaptação ao meio ambiente, ao longo de incontáveis eras. Foi e continua sendo o grande diferencial na história evolutiva da humanidade.
Por sua reconhecida importância estratégica para a vida das pessoas e do País, a educação é apresentada como prioridade nos diferentes pro~
25 gramas de candidatos a cargos executivos e legislativos.(Adaptado de Cláudio Fonseca» Jornal dos Professores, CPP, p. 7, Julho de 2006)
15. A ideia central do texto consiste na discussão de:
(A) normas legais, especialmente em relação ao exercício do direito do voto, que compete aos cidadãos;
(B) determinados princípios democráticos a que todos devem submeter- se, especialmente nos períodos eleitorais;
(C) como os candidatos a cargos executivos e legislativos devem participar efetivamente da ordem democrática;
(D) um conceito mais amplo de cidadania e das condições para exercê-la de uma forma eficaz e participativa;
(E) uma educação pública de qualidade, como programa básico de diferentes candidatos a cargos eletivos.
Dèclo Sena 236
Prova 11 - Técnico Judicíário/TRE-SP/2006
A partir do período “No entanto, o conceito de cidadania não se esgota nb direito de elegir e de ser eleito para compor os órgãos estatais incumbidcs de elaborar, exicutar ou fazer cumprir as leis” (primeiro parágrafo), o; autor do texto dispõe-se a argumentar que, diferentemente do senso comum que temos acerca do conceito de cidadania, esta prerrogativa de cada um de nos pode - e deve - ser exercitada por meio de atividades diferentes da de sirri- plesmente atribuir mandatos a nossos representantes. IEntre outros meios de expressarmos nossa cidadania, está, inclusive, o de tani- bém podermos I apresentar projetos de lei às nossas mesas legislativas, ou sejã, o direito de também podermos legislar. É cerjto, e isto fica claro no texto, qu4, para exercermos os diversos direitos que nos qabem, além de simplesmente elegermos nossos representantes, temos de ter conhecimento do processo legislativo. E, sobretudo, argumenta o texto que a educação é o grande diferencial de um povo. Sendó assim, o tema "educação” dkverá estar, prioritariamente, nos projetos de candidatos a quaisquer cargos do Executivo e do Legislativo.Do que lemos, Apontamos, então, o item (D) como resposta,Nas demais alternativas, encontramos: I(A) Afirmativa' incorreta. Não há no texto menção às normas legais relatj-
vas, especialmente, ao exercício do direito do voto. Faz-se alusão, istp sim, à necessidade que temos de, para exercermos nosso direito de cj- dadania, conhecermos o.processo eleitoral, a fim de podermos apresentar projetos de lei;às mesas legiálativasj. peticionar ou, mesmo, podermos representar os poderes públicos.: ]; |
(B) Afirmativa incorreta. Em texto no qualja tônica é a questão dos direitcjsque têm osj cidadãos no processo legislativo, o verbo “submeter-se” nã|o tem encaixe lógicó. Muito mais do que j nos mostrar que devemos sutj- meter-nos à preceitos legais, o texto preocupa-se em mostrar-nos .direitos que teróos e qiie, costumeiramente, hão exercemos. j
(C) Afirmativa incorreta. O destinatário ;do texto é, em especial, o cidadãjo brasileiro que desconhece seus direitos jde cidadania relacionados com o processo |eleitorâl. Assim, a didática: textual encaminha-se em direçãjo a este cidadão e não aos candidatos acárgos executivos e legislativos.
(E) Afirmativd incorreta. Apesar.de o texío preocupar-se com o tema da educação, jjiele não se observa, como ideia central, a .presença da educação pública de qualidade, como programa básico, de diferentes candidatos a cargos eletivos. Faz-se menção, é certo, ao fato de os candidato , em geral, apresentarem em suas plataformas políticas a questão edii- cacional como prioritária, dada a suã relevância para nossos destinok. Mas isto sem o atfelamento à éducaçacj pública de qualidade. E, ainc a que pudéssemos, por inferência, assim raciocinar, não seria esta inter ção a ideiajcentral- do texto.
237 Português
16. Considere as afirmativas abaixo:
I. O conceito de cidadania engloba participação ativa nos negócios públicos e ultrapassa o simples ato de votar nos dias de eleição;
II. A escolha dos candidatos a cargos públicos, especialmente os que envolvem função legislativa, deve valorizar aqueles que não se preocupam prioritariamente com a educação pública;
III. A evolução da humanidade só foi coroada de êxito a partir da definição e da aceitação de ura conceito comum dé educação.
Considerando-se o contexto, esta correto o que se afirma SOMENTE em:
(A) I;(B) II;(C) III;(D) í e II;(E) H eIII.
Vamos proceder à análise de cada uma das afirmativas da questão:I. Afirmativa correta. Pode ser comprovada nas passagens textuais: “Ao
contrário, o conceito de cidadania, como um dos fundamentos da República, é mais que o mero exercício do direito do voto", (primeiro parágrafo) e “A cidadania compreende, além disso, o direito de apresentar projetos de lei diretamente às casas'legislativas, de peticionar ou de representar aos poderes públicos” (segundo parágrafo).
II. Afirmativa.incorreta, Segundo o autor dó texto, “a educação é assunto de interesse público, porque sempre foi não apenas a ferramenta essencial da construção da cultura e da civilização, mas o instrumento supremo da sobrevivência humana e de sua evolução”, (terceiro parágrafo). A partir desta compreensão, é óbvio que não devemos valorizar os candidatos que não se preocupem prioritariamente còm a educação pública.
III. Afirmativa incorreta. O grande destaque que mereceu a questão educacional no texto em nenhum momento deixou-nos perceber que a humanidade só evoluiu a par tir da definição e da aceitação de um conceito comum de educação. Falar-se da educação como conceito fundamentai para todos os povos é algo distinto de supor-se a existência de um conceito comum de educação para toda a humanidade, uma vez que as variáveis culturais dos povos criam fatores educacionais distintos.
Décio Sena 238
nwvo i i — ICUIMV.U /uuiciano/ 1 Kt-bP/2006
17. A cidadania compreende, além disso. o direito de apresentar projetos de lei.,.(míciodo2° parágrafo)A expressão pronominal grifada acima evita a repetição, no contesto, do segmento:(A) dos períodos eleitorais;(B) do conceito de cidadania;(C) do mero exercido do direito do voto;(D) do respeito aos princípios democráticos,*(E) da expressão âa vontade geral
Observemos o texto, para entendermos a referência feita pelo pronome demonstrativo "isso’*, em seu valor anafórico:“Durante os períodos eleitorais, muito se fala do voto como expressão do exercício de cidadania. No entanto, o conceito de cidadania não se esgota no direito de eleger e de ser eleito para compor os órgãos estatais incumbidos de elaborar, executar ou fazer cumprir as leis. Ao contrário, o conceito de cidadania, como um dos fundamentos da República, é mais que o mero exercício do direito do voto”.A cidadania compreende, além disso, o direito de apresentar projetos de lei diretamente às casas legislativas, de peticionar ou de representar aos poderes públicos.Como podemos notar, por meio do pronome demonstrativo promove-se a remissão a “mero exercício do direito do voto” O pronome é elemento do processo coesivo do texto.
18. Por sua reconhecida importância estratégica para a vida das pessoas e da País, a educação ê apresentada com opríoridade ... (último parágrafo)Iniciando-se o período acima por A educação é apresentada como prioridade o segmento grifado terá o mesmo sentido original, como outras palavras, era:(A) devido à sua reconhecida importância estratégica para a vida das
pessoas e do País.(B) conquanto seja reconhecida importância estratégica para a vida das
pessoas e do País.(C) embora seja reconhecida importância esti’atégica para a vida das
pessoas e do País.(D) para que fosse reconhecida importância estratégica para a vida das
pessoas e do País.(E) Caso seja reconhecida importância estmtégjrCapara a vida das pesso
as e do País.
23 9 Português
Provas Comentadas da FCC
Em “Por sua reconhecida importância estratégica para a vida das pessoas e do Pais, a educação é apresentada como prioridade ...” o segmento textual sublinhado introduz nexo semântico causai A mesma relação significativa será obtida com o emprego da locução prepositiva “devido a” Assim, o texto “Devido à sua reconhecida importância estratégica para a vida das pessoas e do País, a educação é apresentada como prioridade...” expressa exatamente a mesma ideia anteriormente veiculada.Nas demais alternativas, encontraremos;
(B) A conjunção subordinativa “conquanto” introduz valor semântico concessivo.
(C) A conjunção subordinativa “embora”, tanto quanto “conquanto”, introduz valor semântico concessivo.
(D) A locução conjuntiva “para que” introduz valor semântico indicativo de finalidade.
(E) A conjunção subordinativa “Caso” introduz nexo semântico de condição.
19. ...que os cidadãos participem nos negócios públicos», (2o parágrafo)O verbo flexionado nos mesmos tempo e modo que o do grifado acima está na frase
(A) ...às quais todos se submetem...(B) ...que os cidadãos tenham pelo menos boas noções de processo
legislativo...(C) ...como e quando devem nele intervir...(D) ...que permitiu aos homens, cada vez mais, uma elaborada adapta
ção ao meio ambiente...(E) ...e continua sendo o grande diferencial na história evolutiva da
humanidade.
Em “que os cidadãos participem nos negócios públicos” o verbo sublinhado está flexionado na 3a pessoa do plural do presente do subjuntivo.Analisemos, agora, os verbos constantes nas diversas alternativas da questão, em busca daquela na qual surja um, igualmente, no presente do subjuntivo:
(A) “...às quais todos se submetem... ” - o verbo “submeter” está empregado em presente do indicativo.
Décio Sena 2 4 0
Prova j11 -Técnico Judiáário/TR£-SP/20Q6;
(B) “ ...que os cidadãos tenham pelo menos boas noções de processo legislatiAvo... ” - o verbo “ter” surgiu em presente ido subjuntivo. Esta é a respos-j tadaquestãb. j j ;
(C) w ...como e qftando devem nele intervin.. f - nesta alternativa temos oemprego dejlocução verbal, cujo verbo alixiliar (“dévem”) está no:pre sente do indjicativo e o principal (“intervir”), no infinitivo.
(D) “ ...que pern\ithi aos homens> cada vez criais, uma elaborada adaptaçãoao meio ambiente... f - nesta alternativa,'0 verbo ‘"permitir” está empre-j gado no pretérito perfeito do indicativo, j |
(E) “ ...e contmuli sendo-o grande diferencial na história evolutiva da huma-jnidade” - temos, agora, o emprego de lòcução verbal em que o verboi principal (“continua”) está no presente do indicativo e o verbo auxiliarj (“ser”), no gerúndio. j |
j I -; I j
20. No entanto, o conceito de cidadania não se esgota no direito de elegere de ser eleito para cpmpor os órgãos estatais incumbidos de elaborarexecutar ou fazer cumprir as leis, íA frase que reproduz corretamente, em outras palavras, o sentido originai do segmento transcrito acima é:
(A) Entretanto, como no conceito dè cidadania, ele se esgota no direito de eleger e de ser eleito para os órgãósj do Estado que vão elabòrar, executar as ieis ou fazer que secumpra;
(B) O conceito ke cidadania restringe-se aoj direito de votar, no entanto,e de ser eleito aos Órgãos que se incumbiu de elaborar, executar ou cumprir as leis como se deve; |
(C) No entantoj porém, o conceito de ddadania deve esgotar-se nãó no direito dos jórgãos; estatais de eleger ie de ser eleito para compô-ias, incumbidos de elaborar, executar ou fazer cumprir as leis;
(D) Cidadania é um conceito que sè limita, íno entanto, ao direito de eleger e de ser eleito para ser incumbido não só de elaborar, executar ou fazer cumprir as leis, em órgãos estataijs; =
(E) O conceito de cidadania, porém, abrange mais do que o direito dé votar e de faz^r parté dos órgãos dos Estado aos qúais compete criar, executai* ou| fiscalizar o cumprimento das leis.
I ^Temos no enunciado a sòlicitação para que enbontremos a.paráfrase do fragmento dado. Como sabemos, paráfrase é areíescrítura de um texto, ou Iseja, é a reprodução das ideias de um texto lançando-se mão de outros vocábulos.
241 | Português
É imprescindível, para que a paráfrase esteja correta, que não haja deslizes de natureza gramatical no texto que estamos construindo. É como está no enunciado: “frase que reproduz corretamente, em outras palavras, o sentido original do segmento transcrito”.Deste modo, procederemos ao descarte de algumas alternativas por notarmos que contêm erros gramaticais. Em questões desta natureza, o reconhecimento das falhas gramaticais que geralmente ocorrem torna mais rápida a resolução da questão, já que, sem dúvid.a, o questionamento acerca do sentido de um texto, de suas relações significativas no confronto com outro, requisita tempo maior do candidato.Vejamos cada uma das alternativas da questão, priorizando as questões de natureza gramatical, inicialmente. Havendo deslizes já poderemos ir eliminando as alternativas que os contêm.(A) Está ocorrendo erro de concordância verbal no último verbo do tex
to. Com efeito, o verbo “cumprir”, que estrutura oração de voz passiva pronominal, tem como sujeito o substantivo flexionado no plural “leis”. Este fato provoca o emprego da forma verbal obrigatoriamente na 3a pessoa do plural (“cumpram). Tal fato invalida esta alternativa como resposta.
(B) Outro equívoco de concordância verbal ocorreu neste texto. Desta vez, incidindo sobre a forma verbal “incumbiu” que, por ter como sujeito o pronome relativo “que”, representante semântico de "órgãos", deveria ter sido empregado na 3a pessoa do plural (“incumbiram13)- Esta alternativa também não pode ser resposta da questão.
(C) Agora notamos emprego vocabular indevido, por redundância semântica. As conjunções “No entanto” e “porém” postas em seqüência no início do texto, são, ambas, de valor semântico adversativo. O emprego duplicado de articuladores que expressam a mesma natureza semântica implica redundância viciosa. Mais uma alternativa que não pode ser resposta para a questão..
(D) Não há equívocos de natureza gramatical neste texto. No entanto, a mensagem que expressa é, além de confusa, oposta à original, que está no enunciado da questão. A oposição se estabelece a partir do emprego da forma verbal “limita”, contrária ao conceito de “não se esgota”, existente no fragmento que serve de base para a paráfrase.
(E) Desta vez temos um texto rigorosamente correto do ponto de vista gramatical e tradutor fiel das mensagens do fragmento original. Esta é a resposta da questão.
Décio Sena 242
'U Í O I 1 — i B U II1 .U JUUiUdílO/ I RE-Jt^/iUUQ
As questões de números 21 a 30 baseiam-se no texto apresentado abaixo
Na primeira metade do século XIX, as ferrovias surgiam como o meio quase mágico que permitiria transpor enormes distâncias com rapidez e grande capacidade de carga, atravessando qualquer tipo de terreno. No Brasil, onde a era ferroviária se iniciou em 1854, algumas vozes
05 apontaram o descompasso que tenderia a se verificar entre as modestas dimensões da economia nacional e os grandes investimentos requeridos para as construções ferroviárias. Mas pontos de vista como esse foram vencidos pela fascinação exercida pelo trem de ferro e pela fé em seu poder de transformar a realidade.
io De um ponto de vista econômico, não seria propriamente incorreto dizer que a experiência ferroviária no Brasil não passou de um relativo fracasso ~ que se traduziria, hoje, no predomínio das rodovias, ao contrário do ocorrido em outros países de grandes dimensões. De acordo com supostas explicações, o triunfo das rodovias no Brasil teria sido
is obtido graças a um complõ que envolveria governos e grandes empresas petrolíferas e automobilísticas. Mas a verdade é que, além de outras deficiências estruturais, o setor ferroviário nacional nunca chegou a formar uma autêntica rede cobrindo todo o território. Como a economia dependia da agroexportação, o problema-consistia simplesmente em ligar as
20 regiões produtoras aos portos marítimos.A parür dos anos 30, quando se colocou o desafio da efetiva integração
econômica dõ país como parte do processo de expansão do mercado interno, ôs transportes rodoviários - mais ágeis, necessitando de uma infra-estrutura muito menor que a das vias férreas ~ demonstraram uma flexibi-
25 lidade que o trem não tinha como acompanhar. Isso não significa que as ferrovias não tenham desempenhado um importante papel econômico no país. Elas foram fundamentais no período dominado pela agro exportação e continuaram a ser importantes no contesto da industrialização acelerada.
Mas as estradas de ferro não podem ser analisadas apenas median- 30 te critérios estritamente econômicos. No Brasil, as ferrovias criaram no
vas cidades, como Porto Velho, e revitalizaram antigas. Representaram uma experiência indelével, frequentemente dramática, para os trabalhadores mobilizados nas construções. Objeto de fascínio, elas impuseram um novo ritmo de vida, marcado pelos horários dos trens, e reorganiza-
35 ram espaços urbanos, nos quais as estações se destacavam como “catedrais” da ciência e da técnica.
(Adaptado áe Paulo Roberto Cimó Queiroz, Folha (Sinapse), p. 20-22,22 de fevereiro de 2005)
243 Português
Provas Comentadas da FCC
2 1 .0 autor do texto
(A) apoia as opiniões contrárias à construção ide ferrovias pèlo alto custo dos investimentos necessários, tendo em vista a falta de produtos a serem transportados.
(B) defende, com argumentos consistentes, a utilização de trens no transporte das atuais safras, por ser o único meio capaz de vencer com certa facilidade as enormes distâncias no Brasil.
(C) considera, embora aponte algumas desvantagens das ferrovias no Brasil, que elas permanecem ainda hoje como meio de transporte mais favorável em todo o Pais.
(D) aponta fatos históricos referentes à utilização de ferrovias, analisando aspectos econômico-sociais positivos e negativos desse meio de transporte no Brasil.
(E) conclui, a partir de informações objetivas, que a opção por rodovias no Brasil não trouxe os benefícios que acompanharam a expansão da rede ferroviária.
No inído do texto, seu autor faz um sumário da história do transporte ferroviário no mundo e no Brasil. Diz-nos, a seguir, em outra informação de natureza histórica, que a partir de 1930, quando o desafio da integração nacional realmente começou a existir, as rodovias, por serem mais ágeis e exigirem menor infraestrutura, acabaram por impor-se como o meio de deslocamento que mais se expandiu em nosso pais. Em seu último parágrafo, o autor ata alguns méritos sociais (imposição de novo ritmo de vida, reorganização do espaço urbano) e econômicos (revitalização de cidades e criação de outras) pertinentes às ferrovias. Por tudo isso, a resposta da questão está na opção (D).Vejamos as demais alternativas:
(A) Afirmativa incorreta. Em nenhum momento o autor endossa as opiniões contrárias à construção de ferrovias. Seu relato é isento quanto à sua possível predileção por uma ou outra forma de transporte.
(B) Afirmativa incorreta. Não ocorre esta defesa no texto. Em certo ponto, o autor chega a dizer que, por ser mais ágil e de menor custo, o sistema rodoviário atenderia melhor às nossas necessidades.
(C) Afirmativa incorreta. Apesar de informar que as ferrovias continuam a ser importantes no processo da industrialização acelerada, o autor, em nenhum momento do texto, afirma que elas continuam como o meio de transporte mais favorável em todo o País.
Décio Sena 244
Prova ijj - Técnico Judiriário/TRE-SP/2Ò06
(E) Afirmativa incorreta; O texto informa-nos que o transporte ferroviário não logrou o pxito qúe dele se poderia esperar e que ò transporte rodoviário acabotí por sei* mais importante do j que o primeiro.
22. De acordo com o texto, houve o predomíniodas rodovias no Brasil porque:
(A) exigiam menor infraestrutura para suá construção e manutenção, | além de facilitar a integração econômicá do País;
(B) havia enormes distâncias a serem percorridas, para tornar possível o j escoamento cia produção agrícola;
(C) inexistia um! mercado interno favorável no País, em razão das carac- j terísticas regionais de produção industrial;
(D) houve desinteresse de grupos econômicos estrangeiros em inveistir enormes quantias hum meio de transporte de menor importância;
(E) refletiam a importância da modernização dos meios de transporte |em meio a um acentuado processo de industrialização. j
I I *A resposta para esta quèstão está ná passagem - já comentada na questão J anterior - em que o autor diz que "A partir dos anos 30, quando se cólo- j cou o desafio dajefetrva integração econômica do país como parte do pro- j cesso de expansão do mercado interno, ostrànsportes rodoviários - mais ágeis, necessitando de uma infraestrutura muito menor que a das vias férreas - demonstraram uma flexibilidade que o trem não tinha como acompanhar” (grifos nossos). Isto está reproduzido lia alternativa (A), que é a res- j posta da questão!. |Nas demais alternativas temos: !(B) Afirmativa ibcorreta. As longas ;distânpias não seriam obstáculos para
as ferrovias, j O que as favoreceu foi o baiko nível de investimentos necessários - guando comparado ao necessário para o.sistema ferroviário- para a construção dé rodovias, bem cojmo maior agilidade no trãns-| porte das mercadorias. . j. j
(C) Afirmativa ibcorreta. Na verdade, quandp as rodovias impuseram-se às| ferrovias, o nosso pais era essencialmente agrário.
(D) Afirmativa ibcorreta. Atribuir ao sistema] ferroviário o rótulo de “trans porte de menor importância” nunca ocorreu, segundo o texto, aos investidores estrahgeirosí É de se supor, inclusiye, que tivessem ponto de vistaj oposto a estè, uma vez que em seus países o sistema* ferroviário tem im-j portância capital.
245 S Português
(E) Afirmativa incorreta. O predomínio do sistema rodoviário deveu-se não ao fato de ser mais moderno, mas sim ao de exigir menor nível de investíméhtos para sua implantação, além de permitir lima agilidade e flexibilização que o sistema rodoviário não pode apresentar.
23 .0 último parágrafo do texto salienta;(A) aspectos negativos da exagerada importância atribuída, na época, a
um sistema de transporte que pouco benefício trouxe aos brasileiros;(B) as dificuldades inerentes à construção de ferrovias, por falta de
mão-de-obra capacitada e qualificada, disponível para esse tipo de trabalho;
(C) as exigências de conhecimento técnico específico para a construção de ferrovias, tendo era vista as cidades abrangidas pór suas linhas;
(D) aspectos econômicos da opção pelo transporte ferroviário, mesmo considerando os problemas decorrentes da exigência de horários rígidos nas estações;
(E) a transformação sodaí provocada pela chegada dos trens, como instrumento de progresso, a centros urbanos mais afastados.
No último parágrafo do texto o autor menciona o fato de as ferrovias, a despeito de não terem conseguido alcançar o sucesso que delas se esperava» terem sido introdutoras de novos hábitos em nosso País, uma vez que impuseram um novo ritmo de vida, a partir do horário rígido das chegadas e partidas dos trens, bem como de terem criado cidades - veja-se o exemplo de Porto Velho - e revitalizado outras.A resposta da questão está, por isso, na opção (E).Nas demais alternativas, encontraremos:(A) Afirmativa incorreta. Não se fala, no último parágrafo, do texto, de as
pectos negativos» exceto pela breve passagem de não se poder julgar o sistema ferroviário a partir, apenas, da expectativa econômica não atendida: houve aspectos positivos que estão citados na alternativa resposta,
(B) Afirmativa incorreta. Não há menção, no texto, à questão de mão de obra especializada para construção de ferrovias. Fazem-se comentários, sim, relativos à necessidade de as ferrovias exigirem infraestru- tura maior do que a das rodovias, bem como ao custo de investimento maior destas em relação àquelas.
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rrova n - i ecntco JUdiciârio/TRE-SP/2006
(C) Afirmativa incorreta. Mais uma vez a Banca Examinadora elaborou alternativa que não tem suporte no texto. É áe se imaginar que a construção de ferrovias exija conhecimento técnico específico» mas não se faz menção a este fato, no texto. Além disso, também não há menção a cidades que seriam abrangidas por suas linhas, mas somente ao fato de as ferrovias terem revitalizado algumas cidades e criado outras.
(D) Afirmativa incorreta. O último parágrafo do texto não menciona qualquer aspecto econômico resultante da opção pelo transporte ferroviário, exceto» como já comentamos, pela afirmativa de que não se deve julgar o sistema ferroviário brasileiro apenas pelo critério econômico.
24, Uma das justificativas apresentadas no texto para o relativo fracasso das ferrovias brasileiras está no fato de;
(A) não haver, na época, centros urbanos desenvolvidos e capacitados a consumir a produção interna, levada pelós trens a todas as regiões do País;
(B) não ter sido criada uma malha mais extensa de transporte, pois as ferrovias buscavam apenas o escoamento de produtos agrícolas para a exportação;
(C) ter sido esse tipo de transporte o preferido por grandes grupos econômicos, interessados em obter lucros cada vez maiores no País;
(D) estarem os portos marítimos afastados dos locais de produção, exigindo altos custos de transporte para a exportação agrícola;
(E) ser necessário o aumento da produção agrícola, tendo em vista maior abertura do mercado extemo.
Para respondermos a esta questão, vamos reler, fragmentos do segundo parágrafo do texto:“De um ponto de vista econômico, não seria propriamente incorreto dizer que a experiência ferroviária no Brasil não passou de um relativo fracasso - que se traduziria, hoje, no predomínio das rodovias, ao contrário do ocorrido em outros países de grandes dimensões. De acordo com supostas explicações, o triunfo das rodovias no Brasil teria sido obtido graças a um complô que envolveria governos e grandes empresas petrolíferas e automobilísticas. Mas a verdade é que, além de outras deficiências estruturais, o setor ferroviário nacional nunca chegou a formar uma autêntica rede co
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Provas Comentadas da FCC
brindo todo o território. Como a economia dependia da agroexportação, o problema consistia simplesmente em ligar as regiões produtoras aos portos marítimos”.Como podemos ler, o relativo fracasso que se atribui ao sistema ferroviário brasileiro resulta, em conformidade com o texto lido, de ele jamais ter chegado a cobrir o território brasileiro, de nunca termos criado uma verdadeira malha ferroviária, limitando-nos a criar linhas que punham em contato, apenas, as regiões produtoras agrícolas com os portos marítimos. A resposta está na alternativa (B), portanto.Nas demais alternativas, temos:
(A) Afirmativa incorreta* Como acabamos de ler, não fomos capazes levar os trens a todas as regiões do País,
(C) Afirmativa incorreta. O suposto compiô envolvendo.interesses da indústria automobilística é descartado pelo autor como fator da não disseminação da malha ferroviária entre nós. Este descarte fica evidenciado quando iniciamos a leitura do período final do parágrafo: “Mas a verdade é que...”
(D) Afirmativa incorreta. Como já esclarecemos, a explicação dada pelo articulista para o “relativo fracasso” está vinculada à questão da inexistência de uma autêntica rede ferroviária. Não se mencionam, no texto, distâncias que separam os portos marítimos dos locais de produção,
(E) Afirmativa incorreta. Não há, no texto, qualquer menção à questão de o mercado externo estar mais ou menos receptivo.
25. Como a economia dependia da agro exportação, o problema consistia simplesmente em ligar as regiões produtoras aos portos marítimos. (final do 2o parágrafo)
As duas afirmativas do período acima transcrito denotam relação de:
(A) conclusão e ressalva;(B) condição e finalidade;(C) causa e conseqüência?(D) finalidade e conclusão;(E) conseqüência e condição.
Décio Sena 248
Prova 1 1 - Técnico judiriário/TRE-SP/2006
Observamos queja afirmativa inicial “Como a economia dependia da agro- exportação” é caúsa do que se diz na sequêncik “o problema consistia em ligar as regiões produtoras aos portos marítimòs.”A conjunção “Còmo” poderia perfeitamentejser substituída por outras de valor igualmente causai: “Já que a economia dependia...”; "Porque a economia dependia...”; “Uma vez que a economia dependia...”? "Visto que a economia dependiai”, • í
i ! ■ j
26 .0 segmento que aparece reescrito com o mesmo sentido original é:
(A) algumas vozes apontaram o descompasso = certo número de pessoasmostrou a falia de ajustamento; i
(B) pela f é em sèu podèr de transformar à realidade ~ á crença que consegue superjar os problemas existentes; j
(C) ao contrário do ocorrido em outros países de grandes dimensões - outros países extensos colocaram-se contra a ideia;
(D) De acordo\ com supostas explicações = Segundo argumentosjprocedentes; ■ ! j
(E) a ser importantes também no contexto ka industrialização acelerada = necessárias para|dar início ^indnsteikUzaçâo.
Este é um modejlo de questão muito empregádo nas provas elaboradasjpeia Fundação Carlos Chagas. Na verdade, pretende-se perceber a capacidade de o candidato bntender a mensagem origiriál e ter condições de extemá-j la com outros vocábulos. Como se estivesse parafraseando o texto original;Vejamos cada uma das alternaüvas da questão: |
i -■ ■■ \ f(A) Alternativa) correta. A substituição de “algumas vozes” por “certo nú-l
mero de pessoas” é válida, quando obsèrvamos a metonímia existenj te na passagem original; igualmente válida é a substituição de “apontaj ram o descompasso” por “mostrou a fált|i de ajustamento”. Entendemos por metonímia a figura literária que icdnsiste em designar-se alguma coisa citando-se algo que caracteriza dutra, de modo que se tróque, por exemplo, a causa pelo efeito (gostaria que você lesse meu trabàlhojl [substituiu-jse a caúsa pelo efeito, que sferia o livro]; a parte pelo; tod0 (avistei, ao longe, às velas que viriam sàlvar-me) [substituiu-se a pari- te pelo todo, que sieria a embarcação]; cj lugar pelo produto (tomei um champanha) [substituiu-se o lugar [que jseria da região de Champagne] pelo produto]. No caso da presente passagem, ter-se-á substituído o efeito (“algumas vozes”) pela causa (“certo número de pessoas”).
2 4 9 Português
(B) Alternativa incorreta. Não se pode aceitar a equiparação de “poder de transformar a realidade” com “consegue superar os problemas existentes”: as formas verbais “transformar” e “superar” (verbos principais de locuções verbais) têm valores semânticos rigorosamente distintos; também não procede a substituição de “á realidade” por "os problemas existentes”, que também são coisas absolutamente diferentes.
(C) Alternativa incorreta. As informações são completamente diferentes: em uma delas, diz-se que algo ocorreu ao contrário do ocorrido em outros paises e, em outra, diz-se que os países ficaram contrários a algo.
(D) Alternativa incorreta. Não é possível aceitar-se que a expressão “supostas explicações” se equipare a “argumentos procedentes”.
(E) Afirmativa incorreta. Não se admite a substituição de “a ser importantes” por “necessárias”, nem a de “no contexto da industrialização acelerada” por “para dar início à industrialização”
27. ...o setor ferroviário nacional nunca chegou a form ar uma autêntica rede cobrindo todo o território. (2o parágrafo)A forma verbal correta, correspondente à grifada acima q«e, introduzida por pronome, mantém o sentidò original, é:
(A) de onde cobria;(B) que cobrisse;(C) à qual icobria;(D) em que cobria;(E) de que cobria.
Em o setor ferroviário nacional nunca chegou a formar uma autêntica rede cobrindo todo o território” o verbo sublinhado estrutura uma oração reduzida de gerúndio incumbida de adjetivar o substantivo “rede”.O desdobramento da oração reduzidá apontará unicamente còmo resposta a alternativa (B), ó que faria resúítar “...o setor ferroviário nacional nunca chegou a formar unia autentica rede que cobrisse tódõ d território”.Observemos que o pronome relativo que surge de modo obrigatório no desdobramento desempenha papel sintático de sujeito do verbo “cobrir”. Este fato invalida as alternativas (C), (D) e (E), uma vez que os pronomes relativos nelas constantes estão preposicionados, fato gramatical incompatível com a função sujeito.A alternativa (A) não tem encaixe lógico no texto.
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n u v u I ( - i ecntco JUQICianO/I K t-bP/20U&
28. ...como o meio quase mágico que permitiria transpor enormes distâncias...
O emprego da forma verbal grifada acima denota, no contexto,(A) ímalidade de uma ação presente.(B) ação anterior a outra, no passado.(C) certeza futura na realização de um fato.(D) situação hipotética em relação a um fato no passado.(E) ação habitual, condicionada a um fato futuro.
Observemos que, no texto, o futuro do pretérito “permitiria” está reportando algo que, observado do passado, representaria uma possibilidade de vir a ocorrer. A resposta estã, então, na alternativa (D), em que se lê situação hipotética em relação a um fato no passado.
29. Observe a alteráçãò dos sinais de pontuação nos segmentos transcritosabaixo;I. que se traduziria} hoje, no predomínio das rodovias...
que se traduziria hoje no predomínio das rodovias...II. - mais âgeis3 necessitando de uma infraestrutura muito menor que a
das vias férreas ~(mais ágeis, necessitando de uma infraestrutura muito menor que a das vias férreas)
III. Representaram Unia experiência indelével, frequentemente dramáti- ca, para os trabalhadores...Representaram uma experiência indelével - frequentemente dramática - para os trabalhadores...
Com as alterações, mantém-se o sentido original em
(A) I, somente;(B) III, somente;(C) I e II, somente;(D) II e III» somente;(E) I, II e III.
Vejamos cada uma das alterações de pontuação impostas nas passagens selecionadas do texto, com respeito às possível mudanças dos seus sentidos originais:
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Provas Comentadas da FCC
L A mudança provocada foi, apenas, a de se promover a supressão das vírgulas que originalmente isolavam o adjunto adverbial, e que o punham em relevo estilístico. A supressão das vírgulas em nada alterou a mensagem original da passagem.
II. Desta vez, suprimiram-se os travessões que isolavam um aposto, que, por sua vez, expandiu-se por meio de duas orações - uma, reduzida de gerúndio, e outra, subordinada adverbial comparativa, com verbo implícito. No lugar dos travessões citados, foi empregado um par de parênteses, o que manteve o isolamento anteriormente promovido pelos travessões, sem nenhuma mudança no sentido do texto.
III. Inicialmente, o texto apresentou uma expressão intercalada por meio de vírgulas. Tais vírgulas foram, em seguida, substituídas por um par de travessões, o que não implicou qualquer alteração semântica para o fragmento original
Não houve, então, nenhuma modificação nos sentidos textuais.
30 .0 verbo corretamente flexionado está na frase:
(À) Em sua época, as ferrovias não satisfazeram plenamente as necessidades de transporte no Brasil;
(B) Altos custos de construção e manutenção das ferrovias interviram como agravantes para seu abandono no Pais;
(C) Ultimamente propuseram-se novos investimentos destinados a recuperar as estradas de ferro brasileiras;
(D) Empresas interessadas no desenvolvimento dos transportes provi-* ram recursos para a construção de rodovias;
(E) Vários investidores revíeram seus projetos para a área de transportes, direcionando-os para outros setores da economia.
Está correto o emprego das formas verbais empregadas na alternativa (C).O verbo “propor1" - certamente a maior dificuldade da alternativa - é conjugado tendo como modelo o verbo “pôr”. Sabemos que este verbo, na terceira pessoa do plural do pretérito perfeito do indicativo assume a forma “puseram”. Assim, seu derivado “propor” será igualmente conjugado, no mesmo tempo/modo e número/pessoa, em “propuseram”, tal como está no texto da referida alternativa. As outras formas verbais da alternativa, quais sejam “destinados” e “recuperar” nenhuma dificuldade apresentam ao candidato,
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Prova 11 ~ Técnico judiciário/TRE-SP/2006
; i uma vez que perjtencemi ã verbosregulares, dos quais representam o párti-cípio e o infinitivo, respectivamente. ; |r Vejamos, agora, bs erros das demaisalternativfas:
(A) "Em sita época, as ferrovias não ,satisfazéram plenamente as necessidades de transporte no Brasil” - está incòrieta a forma do verbo “satisfazer1’, que, por ser denvado de “fazer” deveria ter sido grafado na 3a pessoa do plurají do pretérito perfeito do indicativo, “satisfizeram”
(B) “Altos custos lde construção e manutençàoldasfenovias interviram como!agravantespfira seulabandono no País? -( está incorreta a forma doíver-j bo “intervirT, derivádo de “vir” e que, coáio tal, deveria ter surgido, em sua conjugação de 3a pessoa do plural dri pretérito perfeito do indicativo, na formá “intervieram”. [
(D) “Empresas interessadas no desenvolvimento dos transportesprovirain recursos para a construção de rodovias? - está incorreta a forma do verbo; “prover”, derivado de“ver”, de cuja conjugação, no entanto, se afasta em! cinco tempos; pretérito perfeito do indicativo - a partir da 2a pessoa do! singular pretéritp mais-que-perfeito do indicativo, pretérito imper-j feito do subjjuntivoi futuro dosubjuntivbe particípio. Nestes teniposj o verbo “próver55 difere do verbo “ver” pòr trocar avogal “i” que se segue ao radical pela vogal “e”. Deste modo, o verbo “prover”, no prétéri-j to perfeito do indicativo terá a conjugaçãb que se segue: provi, proteste,' proveu, proyemos, provestes, proveram.INo pretérito mais-que-pèrfei-J to do indicativo será conjugado desta forxna: provera, proveras, pro^eraj provêramos* provêreís, proveram. No pretérito imperfeito do subjünti-| vo assumirá as formas provesse, provesses, provesse, provêssemos,ípro-j vêsseis, provessem.iNo futuro do subjuntivo, será conjugado em proverj proveres, prpver, provermos, proverdes, proverem. Finalmente, o parti*j cípio apresentará aíforma provido. Nos demais tempos/modos, o verbo “prover” teik a mesma conjugação apresentada pelo verbo “ver”, ©este modo, podemos perceber que a.3a pessoá do plural do pretérito perfeito requisitada ka frase desta alternativa faría surgir a forma “proveram”
(E) “Vários investidoresirevieram seusprojetJspara a área de transportes, di- recionando^os parà outros setores da ecqnomia? - está incorreta a forf ma do verbp “rever”, derivado de “ver” que, na 3a pessoa plural do prej térito perfeito do indicativo, conjuga-se èm “viram”, o que dá ensejo, no verbo “rever”, à forma “reviram”. . 1
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As questões de números 31 a 38 baseiam-se no texto apresentado abaixo
A arte brasileira da conversa não é defádl aprendizado. Como toda arte, exige antes de mais nada uma verdadeira vocação,E essa vocação se aprimora ao longo do caminho que vai da inocência à experiência, Como em toda arte. [.„]
5 Falo precisamente no bate-papo, erigido numã das mais requintadasinstituições nacionais.
Mas por que arte brasileira? Os outros povos acaso não batem papo? [...] Este não devle ter finalidade alguma, senão a de matar o tempo da melhor maneira possível. É coisa de latino em geral e de brasileiro em
10 particular: fazer da conversa não um meio, mas uin fim ém si mesmo. Se não me engano, essa é a distância: que separa a ciência da arte,
No papo bem batido, a discussão não passa de «ma motivação, sem intuito de convencer ninguém, nem de provar que se tem razão. Os que nela se envolvem devem estar sempre prontos a reconhecer, no íntimo,
15 que poderiam muito bem passar a defender o ponto de vista oposto, desde que os que o defendem fizessem o mesmo. Os temas devem ser de uma apaixonante gratuidade, a ponto de permitir que, no desenrolar da conversa, de súbito ninguém mais saiba o que se está discutindo.
Além disso a discussão, ainda que gratuita, pode exaurir o papo dian- 20 te de uma impossível opção, como a de saber qual é o melhor, Tolstoi ou
Dostoievski, Corcel ou Opala, Caetano ou Chico, A menos que ocorra ao discutidor o recurso daquele outro, hábil em conduzir o papo, que teve de se calar quando, no melhor de sua argumentação sobre energia atô- mica, soube que estava discutindo com um professor de física nuclear:Você ê presidencialista ou parlamentarista? — perguntou então,— Presidencialista.— Pois eu sou parlamentarista.E recomeçaram a discutir.
30 Mais ardente praticante do que estes, só mesmo o que um dia se intrometeu na nossa roda, interrompendo animadíssima conversa:— Posso dar minha opinião?Todos se calaram para ouvi-lo. E ele, muito sério:Qual é o assunto?
(Fernando Sabino* Deixa o Alfredo falar! Record: Rio de Janeiro, 1976. p.2S-31)
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31. De acordo com o texto, ser hábil em conduzir o papo consiste em:(A) dar preferência a determinados temas que não possibilitem acordo
nas innndáveis discussões;(B) encaminhar discussões com especialistas em assuntos que exigem
um conhecimento mais profundo;(C) assumir um ponto de vista que seja, preferencialmente, próximo ao
que o outro também defende;(D) introduzir rapidamente novos elementos na conversa, como solução
imediata para um possível impasse;(E) conduzir a conversa a uma situação de escolha entre posições anta
gônicas, a fim de expor sua própria opinião.
À passagem do texto em que Fernando Sabino empregou a expressão “ser hábil em conduzir o papo” é aquela em que o personagem, vendo-se em situação de tanta inferioridade no tocante ao conhecimento do assunto que o impedia de continuar a discussão, rapidamente desvencilhou-se daquele tema, trazendo à baila, por meio de uma pergunta, outra questão - a dos regimes presidencialista e parlamentarista que possibilitaria a continuidade da conversa. Foi, então, hábil em mudar de assunto, em solucionar a dificuldade por que provavelmente passaria, no curso da conversa relativa ao assunto anterior. A resposta está na alternativa (D).Nas demais alternativas, temos:(A) Afirmativa incorreta. Apesar de os temas que não possibilitam acordo se
rem propícios para que se debata muito, a intenção maior de quem exerce o bate-papo, segundo a visão folclórica de Fernando Sabino, expressa no texto, é simplesmente conversar, sem que haja a intenção de alguém impor-se pela sua argumentação. Ou seja, não se está em busca de um acordo, mas sim usufruindo~se da agradável prática do bate-papo desinteressado.
(B) Afirmativa incorreta. Como já salientamos, o texto valoriza o bate-papo que não tem compromisso com qualquer necessidade de conhecimento aprofundado sobre o que quer que seja.
(C) Afirmativa incorreta. De preferência, para que se instale o bate-papo nos moldes em que Fernando Sabino relatou, as opiniões devem ser discordantes. Não para que alguém tente impor seu ponto de vista, insistimos, mas simplesmente para que a conversa flua por mais tempo.
(E) Afirmativa incorreta. A intenção em escolherem-se temas que criem posições antagônicas não tem por fim permitir que o conversador hábil possa expor a sua própria opinião. Isto porque o que ele mais deseja, de verdade, é conversar. Caso seja necessário, ele assumirá um lado ou outro das posições antagônicas, para que a conversa se prolongue.
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Provas Comentadas da FCC
32. Conclui-se corretamente do texto que o verdadeiro espírito da arte da conversa está em:(A) passar algum tempo discorrendo calmamente sobre qualquer assun
to, sem outra finalidade prática;(B) chegar a conclusões comuns a todos os participantes, por meio de
longas discussões sobre algum tema;(C) calar-se diante de outros participantes, ao perceber que seus conhe
cimentos a respeito do assunto são insuficientes;(D) defender seu ponto de vista, especialmente diante de um possível im
passe, no caso de envolver escolhas pessoais;(E) sustentar a discussão, ainda que alguns interlocutores desconheçam
o assunto a ser tratado.
Vamos proceder à leitura do texto que se segue, retirado do terceiro parágrafo:"Mas por que arte brasileira? Os outros povos acaso não batem papo? [...] Este não deve ter finalidade alguma, senão a de matar o tempo da melhor maneira possível”A partir desta informação, bem como do teor global do texto, vemos que a resposta da questão está na alternativa (A), quando se afirma que o verdadeiro espírito da arte da conversa está em passar algum tempo discorrendo calmamente sobre qualquer assunto, sem outra finalidade prática.Nas demais alternativas, temos:(B) Afirmativa incorreta. Como já vimos, a verdadeira arte da conversa
prescinde da obrigatoriedade de chegar-se a uma conclusão acerca de qualquer assunto.
(C) Afirmativa incorreta. O verdadeiro conversador, ao perceber que está em posição de muita desvantagem quanto aos conhecimentos necessários para manter uma conversação, rapidamente trocará de assunto, conduzindo a conversa para uma área em que se sinta mais à vontade e, por conseqüência, a conversa dure mais tempo.
(D) Afirmativa incorreta. O interesse daquele que domina a arte da conversa é, simplesmente, o de mantê-la fluindo. Diante de um possível impasse, ele fará com que a conversa tome outro rumo.
(E) Afirmativa incorreta. Como o interesse maior de quem domina a arte da conversa é, apenas, o de conversar, não há interesse em sustentar discussões em torno de assuntos acerca dos quais os demais participantes não tenham informações que propiciem a manutenção da conversa.
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Prova 11 - Técnico Judiciário/TRE-SP/2006
33. A frase do texto que pode ser interpretada como uma síntese do que o autor afirma no 4°jparágrafo é: !(A) Mas por quét arte bmsileirat; ; I .(B) É coisa de latino em geral e de brasileiro em particular;(C) — Você é presidencialista ou parlamentarista?;(D) Todos se calaram para ouvi-lo; j(E) — Qual é o àssunió? | .
Procedamos à leitura dó quarto parágrafo, paira, em seguida, podermospres- ponder à presente questão: j“No papo bem bqtido, a discussão não passa âe uma motivação, sem intuito de convencer niúguém, hem âe provar que sentem razão. Os que nela sé envolvem devem eètar sempre prontos a reconhecei; no íntimo, que poderiam muito bem passar a defendero ponto âe vistal oposto, âesâe que os que o de
fendem fizessemlo mesmo. Os temas devem ser âe uma apaixonante grqtui-i daâe, aponto de\permitir que, no desenrolar da conversa, âe súbito ninguéml mais saiba o quise está ldiscutinâo. {...]” = -Do que se lê, entíende-sè que, na visãò do autor, ò bate-pápo é algo agradável! pelo simples prazer de sèr posto em prática. Não há intenções de persuadir-se; ninguém, de mostrar-se'grande conhecimento acerca de úm determinado as-j sunto, de criarem-se polêmicas. Ao‘conversador nato interessa, apenas, con-j versar* Sobre qualquer assunto, com pessoas que, como ele, também gostem! de conversar e, por isso,íque tanto quanto ele, jestejam dispostos a gastarem d tempo falando sobre coisas de que não necessariamente conhecem, têm in-j teresse ou predileção. Qualquer tema, contanto que seja propício à conversaj serve. A resposta está, então, na alternativa (£), em que se mostra a predispo-j sição para convejrsar-se,| a partir da simples frjise “Qual é o assunto?” j
34. A justificativa apresentada pelo autor para considerar como arte o hábitaibrasileiro da conversa está no fato de quê, jàara ele, a conversa: j(A) constitui troca forinal de ideias, no senjtido de esclarecer desentendi]
raentos poi meió de discussões a respeito de temas variados; j(B) decorre como um simples bate-papo:, cpm a única intenção dosparj
ticipantes de passarem o tempo de fôrma agradável;(C) possibilita jesclarecimentos de opiniões entre vários participantes dè
um grupo, jdispostos a debater qualquér tema; |(D) se torna palavreado sem utilidade prática, que não apresenta concluf
sões plausíveis e convincentes aos participantes; j(E) desenvolve; pontos de vista necessariamente opostos, embora não se
perca a coerência que deve permear toda a discussão.i;
257 i Português
A resposta desta questão tem de ser a que contenha afirmativa que enfatize a característica de certas conversas peculiares aos latinos e aòs brasileiros em particular, nas quais não há propósito algum que não seja apenas o de fazer passar o tempo, na visão de Fernando Sabino. A resposta conveniente está na alternativa (B).Nás demais alternativas, encontramos:
(A) Afirmativa incorreta. Náo há formalismo na arte brasileira da conversa.
(C) Afirmativa incorreta. Não há intenção de. esclarecèr-se nada na arte brasileira da conversa. . ,
(D) Afirmativa incorreta. Não há interesse em chegar-se a conclusões na arte brasileira da conversa.
(E) Afirmativa incorreta. Não há necessidade de que a coerência permeie toda a conversação na arte brasileira da conversa.
35,... desde que os que os defendem fizessem o mesmo. (4o parágrafo)
O segmento grifado acima evita corretamente a repetição, considerando-se o contexto, do segmento:
(À) provassem estar com a razão;(B) soubessem o que se está discutindo;(C) passassem a defender o ponto de vista oposto;(0 ) se motivassem com as discussões;(E) aprimorassem uma verdadeira vocação.
A leitura de um fragmento do quarto parágrafo possibilitará respondermos mais rapidamente à questão:“No papo bem batido, a discussão não passa de uma motivação, sem intuito de convencer ninguém, nem de provar que se tem razão. Os que nela se envolvem devem estar sempre prontos a reconhecer, no íntimo, que poderiam muito bem passar a defender o ponto de vista oposto, desde que os que o defendem fizessem o mesmo?Do que lemos, percebemos que “fizessem o mesmo”, na passagem, estabelece que as outras pessoas envolvidas na conversação também se predispusessem a defender o ponto de vista oposto. A resposta surge, com clareza, na alternativa (C).
Décio Sena 258
A forma verbal de sentido idêntico ao da frase transcrita aciraa, considerando-se o contexto, é:
(A) se discutirá;(B) é para discutir;(C) vão ser discutidos;(D) está sendo discutido;(£) deverá serdiscutindo.
Temos em “...o que se está discutindo” uma oração subordinada adjetiva restritiva, que se inicia com o pronome relativo “que”. O vocábulo “o”, antecessor do pronome relativo, é um pronome demonstrativo. Para facilitar a compreensão do que faremos a seguir, utilizaremos» em lugar do pronome demonstrativo citado o vocábulo “aquilo”, outro pronome demonstrativo. Desta forma, assim teremos o texto:
“...aquilo que se está discutindo.”
Este artifício facilitou-nos a percepção de ser o pronome relativo “que” o sujeito da forma verbal “discutindo”, uma vez que, efetuada a substituição do relativo pelo vocábulo que é por ele representado, teremos:
“...aquilo] [aquilo se está discutindo.”]
Estamos, assim, diante de uma oração subordinada adjetiva restritiva - como já havíamos estabelecido - estruturada em voz passiva pronominal O vocábulo “se” que dela faz parte denomina-se pronome apassivador (ou partícula apassivadora). Podemos atestar isto procedendo à sua grafia em voz passiva analítica, que fará resultar:
“...aquilo] [aquilo está sendo discutido.”]
Desté modo, provamos que a forma verbal "...está discutindo”, de voz passiva pronominal, encontra correspondência de sentido na estrutura de voz passiva analítica “está sendo discutido”.
... 0 que se está discutindo, (final do 4o parágrafo)
259 Português
provas Comentadas da FCC
37, A concordância está em desacordo com a norma culta na frase:
(A) Os bate-papos devem ser reconhecidos como uma das mais requintadas instituições nacionais;
(B) Existe pessoas que desenvolvem verdadeira habilidade na arte de sustentarem bons papos;
(C) Os brasileiros mostram-se astuciosos na arte da conversa, para a qual têm verdadeira vocação;
(D) Discussões gratuitas podem não levar a nada, a não ser a situações de impasse entre os debatedores;
(E) São vários os caminhos que levam ao cultivo da arte da conversa, tal como ocorre em qualquer atividade artística.
Ocorre flagrante equívoco de concordância verbal no item (B). O sujeito do verbo “existir” está indicado pelo substantivo "pessoas” daí o emprego obrigatório do verbo flexionado em 3a pessoa do plural» restando assim a frase correta: "Existem pessoas que desenvolvem verdadeira habilidade na arte de sustentarem bons paposApesar de bastante simples, o erro desta alternativa frequentemente é explorado pelas bancas examinadoras» uma vez que ocorre, também com frequência, a confusão feita pelos candidatos com os regimes dos verbos "haver” (significando "existir”) e “existir”. Enquanto o primeiro verbo citado é impessoal, permanecendo obrigatoriamente no singular» o seu sinônimo citado em segundo lugar não tem esta característica, flexionando-se naturalmente em concordância com seu sujeito. Caso houvesse sido empregado, no texto da alternativa resposta desta questão o verbo "haver”, o texto ficaria corretamente assim redigido: “Há pessoas que desenvolvem verdadeira habilidade na arte de sustentarem bons papos ”Vale, então, a lembrança: não devemos confundir o emprego impessoal do verbo "haver” (significando "existir”) com o próprio verbo "existir”!Nas demais alternativas, nada há de incorreto, como podemos observar:
(A) "Os bate-papos devem ser reconhecidos como uma âas mais requintadas instituições nacionais3, - concordância correta: o sujeito “bate-papos” (vocábulo composto formado por forma verbal somada a substantivo e, por isso, flexionado em número plural apenas no substantivo) conduziu a locução verbal “devem ser reconhecidos” para o plural; observem-se as flexões de gênero e número perfeitamente aplicadas no particípio verbal.
Décio Sena 2 6 0
Prova [ti — Técnico Judiciário/TRE-SP/2006!
(C) “Os brasileiros mostram-se astuciosos na arte da conversa, para a qualtêm verdadeira v ocaçã o - concordância correia: o sujeito “Os brasileiros;1 remeteu corretamente as formas verbais fmostram-se” e “têm” para a 3a pessoa do plural. Nà última forma, lembremos que à flexão de número plural está sendo indicado pelo acento circunflexo posto no verbo. ::
(D) "Discussões gratuitas podem não levaria pada, a não ser a situações de impasse entre os débatedores”. - concordância correta: mais uma vez um sujeito ém plural (“Discussões gratuitas”) impôs o verbo de que é sujeito, no caso a locução verbal "podem levar”, para a 3a pessoa dojplu- ral; como sabemos,:em locuções verbais,jas flexões de número e pessoa incidem sempre nos verbos auxiliares, |neste caso o verbo “poder”, ;
I v' ' ' í(E) “São vários às caminhos que levam ao ciâiivo da conversa, tal como ocor
re em qualquer atividade a r tís t ica - cbncordância correta: o sujeito dei “São” está indicado pela expressão “os caminhos” Tal expressão surge, a seguir, representada pelo pronome relativo “que”, daí o emprego tam-| bém em 3S pessoa do.plural da forma verbal “levam5’. : |
38. Todos conhecem pessoas dispostas ...... umjbom bate-papo,......mesa dejum bar, tratando de temas que vão da previsão do tempo......sérias; dis-jcussões filosóficas. , : j !As lacunas da frase acima estão corretamente preenchidas, respectiva*! mente, por: j
(A) a - à - à;(B) à - à - a ; |(C) a - à - a;(D) a - a - à; !( E ) à ~ a - a . I
Preencheremos ja primeira lacuna apenas com a preposição “a”, exigidápekj adjetivo “dispostas”. Não há artigo definido Ta”, uma vez que após a laçuná surge a expressão masculina “um bom batejpapo” na qual ocorre, inclusií ve, o artigo indefinido “um”. . !A segunda lacuna será preenchida com a contração da preposição "a* còm o artigo definido (a”, laljartigosurgeda presença da locução adverbial de lu] gar “à mesa de um barl, que tem como núcleo o vocábulo feminino “mesani Como sabemos;, os adjuntos adverbiais forinados por palavras femininas quando introduzidos pela preposição V*, recebem acento grave. j
261 | Português
A terceira lacuna será preenchida, finalmente, com a preposição “a”, apenas. Registremos qúe, em virtüdè dáé àltérnativás, temos dè empregar apenas a preposição “a” em texto rio qualficaria mais adequado, por força de paralelismo, o uso da contração da preposição "a” com o artigo definido “as”. Assim grafado, o texto preservaria o paralelismo formado por "...vão da previsão do tempo às sérias discussões filosóficas” Como não nos foi oferecida esta alternativa, ficamosj, éntão, acenas cóm o úso da preposição,A ordem está colocada, então, em: a - à - a.
Gabarito:
01) c 11) B 21) D 31) D02) E 12) A 22) A 32) A03) A 13) D 23) E 33) E04) D 14) C 24) B 34) B05) B 15) D 25) C 35) C06) E 16) A 26) A 36) D07) B 17) C 27) B 37) B08) D IS) A 28) D 38) C09) E 19) B 29) E10) C 20) E 30) C
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Prova 12
Analista JudidUurio/TRE-SP/2006
As questões de números I a 15 referem-se ao texto seguinte:
Vocações
Na época do vestibular» minha sobrinha resolveu optar pelo curso de Enfermagem. - Por que não Medicina? - foi à infalível pergunta de muitos parentes e amigos. Moça paciente, explicou que não queria ser médica, queria ser enfermeira. Formou-se cora brilho, fez proveitoso e bem-suce-
5 dido estágio éhoje trabalha em um grande hospital de São Paulo. Mas ainda tem, vez ou outra, de explicar por que não preferiu ser médica.
Muita gente não leva a sério essa tal de vocação. Ela levou. Poderia ter entrado, sim, no curso de Medicina: sua pontuação no vestibular deixou isso claro. Mas alguma coisa dentro dela deve ter-lhe dito: serei uma
10 ótima enfermeira. E assim foi. Confesso que a admiro por ter seguido essa voz interior que nos chama pa.ra este caminho, e não para aquele. Poucas pessoas têm tal discernimento quanto ao que efetivamente querem ser. Em geral são desviadas dessa voz porque acabam cumprindo expectativas já prontas, mais convencionais. Calculam as vantagens, pecu-
is niárias ou relativas ao status, fazem contas, avaliam “objetivamente” as opções e acabam decidindo pelo que parece ser o mais óbvio. Mas se esquecem, justamente, da mais óbvia pergunta: Serei feliz? É exatamente isso o que eu quero? Da falta desse fecundo momento de interrogação saem os profissionais burocráticos, sonolentos em seu ofício, vagamente
20 conformados, que passam a levar a vida, em vez de vivê-la.Em meu último encontro com a sobrinha pude ver que ela está feliz.
Faz exatamente o que gosta, leva a sério uma das mais exigentes profissões do mundo e se realiza a cada dia com ela. E vejam que atua numa especialidade das mais penosas: oncologia infantil. Desde seu estágio, en-
25 volveu-se com seus pequenos pacientes, por quem tem grande carinho. Tenho certeza de que eles encontram nela mais do que o apoio da profissional competente? veem-na, certamente, como aquela irmã mais velha e indispensável nas horas difíceis.
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Provas Comentadas da FCC
Quando nossa vocação real é atendida, o trabalho não enfada, não 30 pesa como uma maldição. Cansativo que seja, sentimos que estamos no
ofício que é nosso, que nos ocupamos com algo que nos diz respeito e que, em larga medida, nos define como sujeitos, Não é pouco; é quase tudo, É o que parece dizer o olhar franco, aberto e feliz dessa jovem enfermeira. Ela não trabalha "para” atingir algum objetivo, não trabalha ‘‘para” viver,
35 “para” ganhar a vida. Trabalhando, ela já “é” E isso não é invejável?
(Valentlno Rodrigues)
01. Um dos entraves à realização plena de uma vocação está:
(A) no enfado que costuma advir dos trabalhos desmotivados;(B) no convencionalismo que rege os critérios de escolha;(C) na importância que conferimos à nossa realização como sujeitos;(D) no descaso que demonstramos em relação às vantagens materiais;(E) no atendimento do que identificamos como nossa voz interior.
Segundo o depoimento do autor do texto, tio da enfermeira, a felicidade desta resulta da escolha acertada da atividade profissional que iria desenvolver. E sobre esta escolha, diz ele: “Mas alguma coisa dentro dela deve ter-lhe dito: serei uma ótima enfermeira.” No prosseguimento da narrativa, diz-nos que a moça deve ter ouvido uma voz interior, e não simplesmente analisado de modo objetivo quais carreiras são mais vantajosas do ponto de vista da remuneração ou, mesmo, do status.Para o autor do texto, as pessoas escolhem suas carreiras da segunda forma citada. E, por isso, fazem escolhas que não são condizentes com suas vocações, escolhas convencionais, seguindo simplesmente critérios do que se considera, momentaneamente, uma carreira em que os profissionais são bem remunerados, disto resultando pessoas profissionalmente desmotivadas, com comportamentos burocráticos, enfadadas.Vejamos as demais alternativas da questão:(A) Afirmativa incorreta. Na verdade, esta alternativa traz-nos não o entra
ve à realização plena de uma vocação, mas a descrição de como procedem os profissionais que não fizeram escolhas acertadas, fundamentadas no compromisso com suas vocações.
(C) Afirmativa incorreta. Caso assim procedêssemos, não haveria tantos profissionais que trabalham com enfado, sem interesse maior pelo tra-
Décio Sena 264
Prova 12 - Anaíista J ud ici ário/TRE-SP/2006'
balho. Enteridámos:“nossa realização corno sujeitos” como a busca pelaj felicidade, e jnão por conquistas materiàis. j
(D) Afirmativa incorreta. Um dos entraves* talvez o maior, para uma corre-1 ta escolha profissional, segundo o texto, é exatamente valorizarmos excessivamente a questão da remuneração advirá de nossa atividade futura.
pecuniária ou o prestígio que
(E) Afirmativa ibcorreta. O que se diz no texto é exatamente o oposto.
02. Atente para as seguintes afirmações:I. O caso da sobrinha do autor é um exera pio da falta desse fecundo
momento dé interrogação;II. Depreende-se do texto que a negligência quanto à vocação autênti
ca nasce do fato de que as pessoas passam a levar a vida, em vez de vivê-la;
íIII. No trabalho vocacionado, a preocupação com metas a serem alcan
çadas dá lugar à plena realização da vivência cotidiana.Em relação ao texto, está correto SOMEN1JE o que se afirma em;
(A) I;<B) II;(C) III;(D) I e II;(E) II e III.
Vejamos cada uina das afirmativas que compõem a presente questão;
I. Afirmativa incorreta. A sobrinha do autor, ao se formar em enferma*gem, acatou! os conselhos de sua voz interior, optando por carreira quedo ponto dé vista de status, goza de menos prestígio junto à sociedadeem geral. j :
i t ' 'II. Afirmativa incorreta, O fato de as pessoas passarem a levar a vida, errivez de vivê-la decorre, de acordo com o que lemos, de terem sido negli-j gentes na escolha de suas carreiras profissionais. j
III. Afirmativa correta. Segundo o texto, para aqueles que optaram por tra balharem em áreas;profissionais em relação às quais se sentem vocacio nados, o trabalho é feito, ainda que comjcansaço, prazerosamente» sen. enfado, representando elemento motivador muito maior do que as metas de produção.
265 Português
03. Na frase Cansativo que seja, sentimos que estamos no ofício que é nosso, osentido do segmento sublinhado eqüivale ao da expressão:
(A) desde que estejamos cansados;(B) pelo fato de ser cansativo;(C) a menos que seja cansativo;(D) ainda que nos canse;(E) à medida em que seja cansativo.
O fragmento textual sublinhado traz-nos informação que, do ponto de vista semântico, está em oposição ao que se afirma a seguir com "sentimos que estamos no ofício que é nosso’1. Em verdade, observada a lógica das informações, seria um obstáculo, um empecilho a que nos sentíssemos em nosso ofício. Esta é a relação semântica introduzida pelo valor concessivo.Vejamos, agora, as alternativas da questão:
(A) A locução conjuntiva “desde que” introduz nexo semântico condicional.
(B) Observamos nexo semântico causai (ou explicativo) sendo introduzido por meio da expressão “pelo fato de”.
(C) A locução conjuntiva Ma menos que” faz surgir relação semântica de condição.
(D) A locução “ainda que” introduz nexo semântico concessivo-
(E) A locução conjuntiva “à medida que” introduz nexo semântico de proporcionalidade.
04. Considerando-se o contexto, traduz-se corretamente o sentido de uma frase ou expressão do texto em:(A) fo i a infalível pergunta (Io parágrafo) = foi o singular questionamento;(B) Poucas pessoas têm tal discernimento (2o parágrafo) = pouca gente
deixa de assim deduzir;(C) Da fa lta desse fecundo momento de interrogação (2o parágrafo) - na
ausência fecunda de tal perplexidade;(D) com algo qite nos diz respeito (4° parágrafo) - pela respeitabilidade
que evoca;(E) Trabalhando, ela já "ê” (4o parágrafo) ~ já realiza seu ser quando
trabalha.
Décio Sena 266
r i wvct i-i - r \ i itínsia juuiuano/ l K b -b P / 2 0 0 5
Vejamos cada uma das alternativas da questão, em busca da que corretamente traduz fragmènto textual:
(A) Alternativa incorreta. Não é possível aceitamos a substituição de “infalível” (aquilo que não falha, algo que é inevitável) por “singular” (aquilo que é único, excepcional).
(B) Alternativa incorreta. Inicialmente, o texto afirma que poucas pessoas têm esta capacidade de percepção do fato, têm esta compreensão. Depois tai conceito foi substituído pelo de que pouca gente não consegue inferir deste modo. São informações, obviamente, distintas.
(C) Afirmativa incorreta- A expressão “fecundo momento de interrogação”, que indica “da ausência de instante fértil de questionamento" foi substituída, de modo absolutamente incorreto por “ausência fecunda de tal perplexidade”.
(D) Afirmativa incorreta. "Algo que nos diz respeito” não tem nenhuma aproximação semântica com “respeitabilidade que nos toca”.
(E) Afirmativa correta. A forma verbal "é” foi empregada com valor semântico que a encaixa, ontologicamente, na área semântica do “ser”.
05. As normas de concordância verbal estão plenamente observadas na frase:
(A) Se nenhum desses profissionais da saúde resolvesse optar pela on- cologia infantil, de quem esperariam algum amparo os pequenos pacientes?;
(B) Caso não se considere os impulsos da verdadeira vocação, não se satisfaz nem mesmo os pequenos prazeres, impedidos pela escolha infeliz;
(C) Do fato de se envolverem efetivamente com seus pequenos pacientes não resultam que os profissionais da enfermagem sejam menos objetivos;
(D) O que define ou não os profissionais como sujeitos revelam-se já nos critérios de que se valem no momento de escolherem sua profissão;
(E) Não falta, nessa crônica de um tio visivelmente orgulhoso, razões efetivas para que se rejubile com os caminhos que vem sendo trilhados pela sobrinha.
Analisemos cada uma das alternativas com respeito às concordâncias verbais nelas existentes:
267 Português
Provas Comentadas da FCC
(A) Afirmativa correta. A forma verbal “resolvesse” está concordando de modo correto com seu sujeito, representado pela expressão “nenhum desses profissionais da saúde”, com núcleo no pronome indefinido "nenhum”. Igualmente correta está a concordância de “esperariam”, que concordou com seu sujeito, indicado pela expressão "os pequenos pacientes”, deslocado para o fim da oração.
(B) Afirmativa incorreta. Os dois verbos do texto, “considerar” e "satisfazer”, estão em orações de voz passiva pronominal. O sujeito do primeiro é indicado por “os impulsos da verdadeira vocação” è o do segundo, por “os pequenos prazeres”. Deste modo, teriam de ser empregados na 3a pessoa do plural, ficando assim a frase correta: “Caso nâo se considerem os impulsos da verdadeira vocação, não se satisfazem nem mesmo os pequenos prazeres, impedidos pela escolha infeliz”.
(C) Afirmativa incorreta. O sujeito da forma verbal “resultam” está indicado pela oração “que os profissionais da enfermagem sejam menos objetivos” Como sabemos, sujeitos oracionais fazem com que os verbos sejam empregados na 3a pessoa do singular. Assim ficaria, então, o texto após a correção: “Do fato de se envolverem efetivamente com seus pequenos pacientes não resulta que os profissionais da enfermagem sejam menos objetivos”.
(D) Afirmativa incorreta. O sujeito de "revelam-se” é o pronome demonstrativo “O”, que abre o texto. Para melhor compreensão, indicamos o período corretamente redigido, com suas orações indicadas: ["O fque define ou não os profissionais como sujeitos] revela-se já nos critérios] [de que se valem] [no momento de escolherem sua profissão”.]
(E) Afirmativa incorreta. Cometeram-se dois erros de concordância verbal. Primeiramente, a forma verbal relativa ao verbo “faltar” tem como sujeito a expressão “razões efetivas”, o que implica seu emprego na 3a pessoa do plural Em segundo lugar, o sujeito da locução “vem sendo trilhados” é o pronome relativo “que”, seu imediato antecessor. Ocorre que este pronome é representante semântico do substantivo “caminhos”, daí o obrigatório emprego da locução na 3a pessoa do plural. O texto corrigido apontará: “Não faltam, nessa crônica de um tio visivelmente orgulhoso, razões efetivas para que se rejubile com os caminhos que vêm sendo trilhados peia sobrinha”.
Dédo Sena 268
IProva 12 - Analista judiáário/TRE-SP/2006
06- Transpondo-se pàra a voz passiva a frase le\\a a séno uma das mais exigentes projt$soes\ão muhdo, a forma verbal resultante será:
(À) tem sido levado a sério;(B) tem levado aj sério;(C) são levadas á sério; J(D) é levada a sério;(E) será levada a sério.
| i Í; - Em “leva a sério juma das mais exigentes profissões do mundo”, oração; estruturada em voz ativa, a expressão ‘uma das mais exigentes profissões do mundo” exerçe a função sintática de objeto direto. O objeto direto da voz ativa transfotma-se,.; na voz passiva, em sujeito. Deste modo, teremos a oração: j.Uma das mais exigentes profissões do mundo; é levada a sério.À forma verbal éjgrafadá tal como está na alternativa (D).
07. Deve-se enteuderj no contexto do último parágrafo, que as frases Ela não trabalha apara”\atlngiir algum objetivo e não trabalha “para” viver sustentam a argumentação de que o sentido àoj trabalho da sobrinha:
(A) prende-se a inúmeras finalidades; j
(B) justifica-se em si mesmo; I(C) é buscado sem muito critério; |(D) não tem finálidadedefinida; j{£) é valorizadoj como improvisação. i
As aspas estão níarcandb clichês lingüísticos] ou seja, frases que, à força de tanto serem repetidas, acabam perdendo suaf expressividade. De modo geral, as frases “trabalha para atingir um objetivo”, “trabalha para viver’! remetem ao trabalho automatizado, robotizadi), daqueles que não ouviram seu coração para! escolher a atividade profissiònal que iríam desenvolver.A pergunta, no jsntantò, cobra-nos a relaçãaj deste emprego de frases: feitas com o trabalho da sobrinha do articulista, a qual, como já vimos, Item no seu trabalho muito mais do que a intenção de atingir um objetivo ou de simplesmente viyer. Rigorosamente, o trabalho exercido pela enfermeira é a sua própria razão de existir e não precisa de ràzões para ser exercido. É algo que faz parte de kua existência, ou seja, que sé justifica por si mesmo. Aires- posta está na alternativa (B). I
269 Português]
(-■rovas Lom eniauai u« r\~v.
Vejamos as demais alternativas:
(A) Afirmativa incorreta. Apesar de, certamente, o trabalho da personagem servir a inúmeras finalidades, não se prende a nenhuma delas, uma vez que, por ser exercido com satisfação, tem nele mesmo sua razão maior.
(C) Afirmativa incorreta. A menção feita neste item é absurda, quando entendemos o texto.
(D) Afirmativa incorreta, O trabalho da enfermeira dá os frutos que procedem da alegria cora que ele é exercido. Tem finalidade definida previamente, qual seja a de ser bem feito, de ser bem conduzido.
(E) Afirmativa incorreta. Outra menção absurda para aqueles que entenderam o texto. Não há qualquer menção ao fato de haver improvisação no trabalho desempenhado pela enfermeira.
08. Desde seu estágio, envolveu-se com seus pequenos pacientes, por quem temgrande carinho.
Estará formalmente correta a nova redação da frase acima, no caso de sesubstituírem os elementos sublinhados, respectivamente, por:(A) vem-se dedicando por - a quem tem muita atenção;(B) esteve próxima de - de quem tem multa dedicação;(C) demonstra zelo a - de cujos trata com carinho;(D) tem tipo apego para - a cujos dedica muito afeto;(E) vem assistindo - com os quais é muito carinhosa.
Vejamos cada uma das alternativas1, com as suas respectivas sugestões de re-escritura dos fragmentos textuais sublinhados:
(A) Alternativa incorreta. Nenhuma das substituições sugeridas poderia ser levada à efeito. No priméirò caso, porque aformà verbal “se dedicando” exigiria a preposição “a”. Nò segundo, porque haveria necessidade de inserção de outra formaverbálCdár”). Após as devidas alterações citadas,• teríamos ó texto correto: “Desdeseu éstágio, vem«sé dedicando a seus pequenos pacienteis, a quem teni dado miiitá atenção5’.
(B) Alternativa incorreta, A primeira sugestão de reescritura é satisfatória. A segunda, no entanto, exigiria as preposições “por” ou “a”. Teríamos, então, o texto desta forma: "Desde seu estágio, esteve próxima de seus pequenos pacientes, por quem tem muita dedicação”.
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Prova 12 - Analista Judiriário/TRE-SP/2006
(C) Alternativa incorreta. A primeira sugestão de reescritura apresenta erro na escolha da preposição “a” que deve ser substituída por "por”. Na segunda, o pronome relativo “cujos” não tém possibilidade de emprego no fragmento, uma vez que, por ser pronome adjetivo relativo, obrigatoriamente antecederá substantivo. A frase com os defeitos reparados restará: "Desde seu estágio, demonstra zelo por seus pequenos pacientes, dos quais trata com carinho”.
(D) Alternativa incorreta. A preposição “para” deverá ser substituída, na primeira sugestão de reescritura, pela preposição “a”. Na segunda, repetiu- se o mau emprego do pronome relativo, citado na alternativa anterior. Assim ficará o texto, com as devidas retificações: “Desde seu estágio, tem tido apego a seus pequenos pacientes, aos quais dedica muito afeto”.
(E) Alternativa correta. Relembremos que, na primeira reescritura, o verbo “assistir” por estar portando significado de “ajudar”, “auxiliar”, está corretamente empregado com regência transitiva direta. Pode também, com tal sentido, assumir regência transitiva indireta. A segunda reescritura também é rigorosamente correta. Deste modo, teríamos duas possibilidades de grafia: “Desde seu estágio vem assistindo seus pequenos pacientes, com os quais é muito carinhosa” que foi a sugerida pela Banca Examinadora ou “Desdê seu estágio vem assistindo a seus pequenos pacientes, com os quais é muito carinhosa” que apresentaria o verbo “assistir” com regência transitiva indireta, como comentado.
09. Se fazemos exatamente o que queremos, nosso trabalho não é penoso: acada momento vemos nele nossa realização.Manter-se-á correta a articulação entre os tempos verbais da frase acimacaso se substituam os elementos sublinhados, na ordem dada, por:
(A) fizermos - será - veremos;. (B) fizésisemos - será - teremos visto;(C) fazíam os-era-virm os;(D) fizermos - fora - viramos;(£) fizésisemos - era - tínhamos visto.
Vejamos cada uma das alternativas com as substituições propostas:
(A) Alternativa correta. As substituições propostas estão corretas, uma vez que se preservou, em todas elas, a correlação de formas verbais traduto- ras de futuro.
271 Português
Provas Comentadas da FCC
(B) Alternativa incorreta. O emprego do pretérito imperfeito do subjuntivo- “fizéssemos” - implicaria o emprego de “ser” e de “ver” em futuro do pretérito, A frase estaria correta desta forma: “Se fizéssemos exatamente o que queremos, nosso trabalho não seria penoso: a cada momento veríamos nele nossa realização”
(C) Alternativa incorreta. Os dois primeiro verbos estão corretamente relacionados, desde que se altere a forma “queremos” (de presente do indicativo) para “queríamos” (pretérito imperfeito do indicativo). A forma “virmos” - de futuro do subjuntivo - é absolutamente inadmissível para a terceira substituição. Assim teremos o texto com as correlações desejadas: “Se fazíamos exatamente o que queríamos, nosso trabalho não era penoso: a cada passo víamos nele nossa realização”.
(D) Alternativa incorreta. A opção pelo futuro - “fizermos" é futuro do subjuntivo - perpassará o texto todo. Assim, teremos: “Se fizermos exatamente o que queremos, nosso trabalho não será penoso: a cada momento veremos nele nossa realização”.
(E) Alternativa incorreta. O emprego de “fizéssemos” (pretérito imperfeito do subjuntivo) demanda o correlato emprego do futuro do pretérito do indicativo para o verbo “ser” e, ainda, o futuro do pretérito para o verbo "ver”. Como se mostrou no item (B) desta questão: “Se fizéssemos exatamente o que queremos, nosso trabalho não seria penoso: a cada momento veríamos nele nossa realização".
10. Está inteiramente correta a pontuação da seguinte frase:(A) Ao encontrar-se, o autor, pela última vez com sua sobrinha pôde
constatar: que ela estava feliz;(B) Caso as pessoas como costuma ocorrer, não calculassem tanto as
vantagens “exteriores” do trabalho, poderiam fazer opções, segundo critérios mais justificáveis;
(C) Embora tenha optado por uma especialidade penosa, que é a onco- logia infantil, a sobrinha não manifesta, de modo algum, qualquer desprazer no que faz;
(D) Com muita frequência a sobrinha tem que justificar, por que escolheu a Enfermagem quando poderia ter optado, pela Medicina;
(E) Para os pequenos pacientes, aquela jovem enfermeira, parece de fato, mais uma irmã mais velha, do que simplesmente uma profissional da área.
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Prova 12 - Analista Judiciário/TRE-SFV200€
(À) Alternativajincorreta. As vírgulas que isolam o sintagma “o autor” podej- riam ser mantidas,: caso se empregasse outra vírgula após o substantivo "vez”. Evitar-se-ia ámbiguidade;semânticía e não se promoveria a separaj- ção do sintagma citado, sujeito de "pôde constatar”, desta locução verbal. Também estão incorretos os dois-pontos (postos após "pôde constatar”, já que separam verbo' de complemento (objeto direto oracional, no caso). O texto estaria corretamente pontuado deste modo: “Ao encontrar-sèQ o autor(,) pelá última vez(}) com sua sobriiha pôde constatar que elajestaf va feliz” i '' \ :
(B) Alternativa! incorreta. A vírgula únicaposta após “costuma ocorrer” se|parou o sujleito “as pessoas” deseu verbjò “calculassem” Este equívoco deveria ter jsido reparado com à inserção de outra vírgula após o substantivo “pessoas". Deste modo, ter-sé-ik sinalizado a intercalação da oração “corno costuma ocorrer. Também não se sustenta a vírgula posf ta após o substantivo “opções”, que sepára adjunto adnominal ligado á seu núcleo por preposição. A vírgula apés o substantivo “trabalho” teni emprego obrigatório, para que se sinalizé o término da oração subòrdij- nada adverbial condicional que surgiu abrindo o texto, ou seja, anteci} pada. Corretamente pontuado, o texto ficará assim: “Caso as pessoas!, como costuma ocorrer, não calculassem tanto as vantagens do trabaj lho, poderl4m fazér opções segundo critérios mais justificáveis”. . |
(C) Alternativa] correta. A primeira vírgula! marca o fim de oração suborí dinada advprbiai ántecipada. A-oração jsubordinada adjetiva “que é á oncologia infantil” está corretámenté isòlada por um par de vírgulasl Optou-se, por questões enfáticas, por colocar-se o adjunto adverbia “de modo sjlgum” entre vírgulas, que não têm emprego obrigatório.
(D) Aiternativaj incorreta. A vírgula após á forma verbal “justificar”, está incorretamente empregada: separa verbo de complemento (objeto dij reto representado por oração, como najáltemativa (A) desta questão)! Igualmentej equivocada está a vírgula posta após “ter optado”, que pro j moveu separação de verbo e complemeíito (objeto indireto). No ihício do texto, pòder-se-Ia empregar vírgula após o substantivo “frequência”i caso se desejasse dar relevo estilístico ;ao adjunto adverbial “Com imuij ta frequência”. Caberia, ainda, vírgula facultativa no início da oração subordinada adverbial em ordem direta, iniciada: pela conjunção suj bordinativá tempotai “quando”. O texto jestaria corretamente pontuado deste modoj, então:-“Com muitá frequêríciaQ a sobrinha tem que justil
Vejamos a pontkiação adotada em todas as alternativas da questão: j
273 ! Português
ficar por que escolheu a EnfermagemQ quando poderia ter optado pela Medicina”.
(E) Alternativa incorreta. A primeira vírgula empregada é facultativa; põe em destaque um adjunto adverbial A vírgula colocada após o substantivo “enfermeira” separou o sujeito ‘aquela jovem enfermeira” do verbo “parece”. A única vírgula colocada após “fato” promoveu separação do verbo de ligação “parece” e o predicativo "uma irmã mais velha” Poder- se-iam empregar vírgulas isolando o adjunto adverbial “simplesmente”, caso se desejasse realçá-lo estiHsticamentè. Eis ó texto corretamente pontuado; “Para os pequenos pacienites(,) aquela jovem enfermeira pareceQ de fatoQ mais uma irmã mais velha do queQ simplesmenteQ uma profissional da área.
11. Considerando-se o contexto, verifica-se uma relação de causa (I) e conseqüência (II) entre os seguintes segmentos:(A) Muita gente não leva a sério essa tal de vocação. (I) / Ela levou. (II);(B) Confesso que a admiro (I) / por ter seguido essa voz interior... (II);(C) Em geral são desviadas dessa voz (I) / porque acabam cumprindo ex
pectativas já prontas... (II);(D) Da falta desse fecundo momento de interrogação (I) / saem os pro
fissionais burocráticos... (II);(E) (...) envolveu-se com seus pequenos pacientes (I) / por quem tem
grande carinho. (II).
Observemos as relações semânticas existentes entre os fragmentos textuais pinçados do texto da prova. Estamos procurando o item em que se venha a observar nexo semântico de causa - indicado pelo fragmento I- e conseqüência - presente no fragmento II.(A) Podemos observar em II informação que contraria o que se dispôs em
I. Há, então, presença de valores semânticos ádversativòs, que vêm a existir na relação entre os dois fragmentos.
(B) Podemos notar que o fragmento II diz-nos a causa daquilo que ocorre em í: observa-se nexo semântico de conseqüência e causa. Estamos procurando, relembremos, a relação causa e conseqüência.
(C) Novamente observamos que o fragmento II informa-nos a causa do que ocorre em I. Mais uma vez, então, encontramos relação semântica de conseqüência e causa.
(D) Agora, temos a relação causa e conseqüência que queríamos. Podemos observar que, em conseqüência de não haver o fecundo momento da in
Décio Sena 274
r<uvtt — r\nau>i<s. ^uuiuctMu/ í r^cor/^tuut>
terrogação, surgem os profissionais burocráticos, ou seja, tais profissionais são resultantes de não terem tido seguido a “voz interior”, como o texto da prova nos informa.
(E) Em I o autor relata uma atitude que sua sobrinha desenvolve junto a seus pacientes e, em seguida, no fragmento II traz-nos informação de natureza explicativa acerca destes últimos.
12. Para preencher corretamente a lacuna, o verbo indicado entre parêntesesdeverá flexionar-se numa forma de plural nà frase:(A) Em geral não se ______ (desconfiar) das razões que levam à escolha
de uma profissão, na época do vestibular;(B) Ê preciso que não se___ __ (ouvir), na escolha de uma profissão,
quaisquer outras vozes que não sejam as da real vocação;(C) Quando o que„____ (indicar) nossos caminhos são os apelos da voz
interior, a escolha profissional não é aleatória;( 0 )_____ (poder) haver, muitas razões para que se escolha uma profis
são, mas nenhuma delas é mais forte que a da voz interior;(E) Muitas pessoas, achando que não lhes_____ (bastar) ouvir os apelos
da vocação, valorizam as vantagens pecuniárias de uma profissão.
Vejamos o emprego das formas verbais em todas as lacunas da presentequestão:(A) Emprego obrigatório do verbo “desconfiar” na 3a pessoa do singular.
Sendo este verbo de regência transitiva indireta e estando acompanhado do pronome ‘‘se", criou-se uma oração de sujeito indeterminado, sendo o pronome citado identificado como índice de indetermi- nação do sujeito. Ora, estando o sujeito indeterminado com pronome “se”, torna-se obrigatório o emprego do verbo na 3a pessoa do singular, como afirmamos previamente.
(B) Emprego obrigatório do verbo "ouvir” na 3a pessoa do plural, concordando com seu sujeito, representado por “quaisquer outras vozes”. A oração de que o verbo citado faz parte está em voz passiva pronominal, já que este verbo, quando empregado na voz ativa, tem regência transitiva direta. Verbos de regência transitiva direta ou transitiva direta e indireta, quando acompanhados do pronome “se” estruturam orações de voz passiva pronominal (ou sintética). Diz-se pronominal porque a estrutura de tais vozes passivas apresentam-se com o pronome "se”, denominado, nesses casos, partícula apassivadora (ou pronome apassi- vador.) Diz-se voz passiva sintética porque representam uma maneira
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Provas Comentadas da FCC
íicar por que escolheu a EnfermagemQ quando poderia ter optado pela Medicina”
(E) Alternativa incorreta. A primeira vírgula empregada é facultativa: põe em destaque um adjunto adverbial. A vírgula colocada após o substantivo “enfermeira” separou o sujeito “aquela jovem enfermeira” do verbo “parece”. A única vírgula colocada após “fato” promoveu separação do verbo de ligação “parece” e o predicativo “uma irmã mais velha”. Poder- se-iam empregar vírgulas isolando o adjunto adverbial “simplesmente”, caso se desejasse reálçá-lo estilisticamente. Eis o texto corretamente pontuado: "Para os pequenos pacientesQ aquela jovem enfermeira pareceQ de fatoQ mais uma irmã mais velha do queQ simplesmenteQ uma profissional da área.
11. Considerando-se o contexto, verifica-se uma relação de causa (I) e conseqüência (II) entre os seguintes segmentos:(A) Muita gente não leva a sério essa tal de vocação. (I) / Ela levou. (II);(B) Confesso que a admiro (I) / por ter seguido essa voz interior,.. (II);(C). Em geral são desviadas dessa voz (I) / porque acabam cumprindo ex
pectativas já prontas... (II);(D) Da falta desse fecundo momento de interrogação (I) / saem os pro
fissionais burocráticos... (II);(E) (...) envolveu-se com seus pequenos pacientes (I) / por quem tem
grande carinho. (II).
Observemos as relações semânticas existentes entre os fragmentos textuais pinçados do texto da prova. Estamos procurando o item em que se venha a observar nexo semântico de causa - indicado pelo fragmento I- e conseqüência - presente no fragmento II.(A) Podemos observar em II informação que contraria o que se dispôs em
I. Há, então, presença de valores semânticos adversativos, que vêm a existir na relação entre os dois fragmentos.
(B) Podemos notar que o fragmento II diz-nos a causa daquilo que ocorre em I: observa-se nexo semântico de conseqüência e causa. Estamos procurando, relembremos, a relação causa e conseqüência.
(C) Novamente observamos que o fragmento II informa-nos a causa do que ocorre em I. Mais uma vez, então, encontramos relação semântica de conseqüência e causa.
(D) Agora, temos a relação causa e conseqüência que queríamos. Podemos observar que, em conseqüência de não haver o fecundo momento da in~
Décio Sena 274
Prova Í2 - Analista Judlcíário/TRE-SP/2006
\ - 1 •terrogação, surgem bs profissionais burocráticos, ou seja, tais profissionais são resultantes :de não terem tido seguido a "voz interior” como o texto da proya nos informa. j:
(E) Em I o autor relata! uma atitude que sua: sobrinha desenvolve junto a seus pacientès e, em seguida, no fragmento II traz-nos informação de natureza explicativa acerca destes últimojs.
I ! r1 ^12. Para preencher cprretaraente a lacuna, o verbo indicado entre parêntesesdeverá flexionar-se numa forma de plural da frase:
(Á) Em geral não se ____ (desconfiar) das razões que levam à escolhade uma profissão, na época do vestibulár;
(B) É preciso qiie não s e _____ (ouvir),; na escolha de uma profissão,quaisquer outras vozes que não sejam ais da real vocação;
(C) Quando o que___ L_ (indicar) nossos caminhos são os apelos da vozinterior, a escolha profissional não é aleatória;
(D ) _____, (podfer) haver muitas razões para que se escolha uma profissão, mas nenhuma delas é mais forte iquè a da voz interior;
(E) Muitas pessoas, achando que não lhes j" (bastar) ouvir os apelos da vocação,: valorizam as vantagens pecuniárias de uma profissão.
Vejamos o emprego das formas verbais em todas as lacunas da presentequestão; j ? j; ..(Á) Emprego obrigatório do verbo "desconfiar7’ na 3a pessoa do singular.
Sendo este Verbo de regência transitiva indireta e estando acompanhado do pronome; “se” criou-se uma oração de sujeito indeterminado, sendo o; pronome citado identificado como índice de indetermi- nação do sujeito. Ora, estando o sujeito indeterminado com pronome “se”, torna-se obrigatório o emprego dó %|erbo na 3a pessoa do singular, como afirmamos previamente. .• i".
(B) Emprego obrigatório do verbo Touvir” ria 3a pessoa do plural, concordando com]seu sujeito, representado por “quaisquer outras vozes”. A oração de que o verbo citado faz parte está em voz passiva pronominal, já que este verbo, q[uando empregado ná voz ativa, tem regência tran-j sitiva diretaí Verbos de regência transitiva direta ou transitiva direta e| indireta, quando acompanhados do pronome “se”, estruturam orações de voz passiva pronominal (ou sintética); Diz-se pronominal porque s estrutura dé tais vozes passivas apresentám-se com ò pronome “se”, de-j nominado, besses casos, partícula apassivadora (ou pronome apassi- vador.) Diz-jse voz passiva sintética porque representam uma maneira
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sintetizada de se escrever em voz passiva uma oração que, na voz passiva analítica, surgiria com locução verbal, como mostramos: "E preciso que, na escolha de uma profissão, quaisquer outras vozes que não sejam as da real vocação não sejam ouvidas”. Esta é a resposta da questão, consequentemente.
(C) Emprego obrigatório do verbo “indicar” na 3a pessoa do singular, concordando com seu sujeito, o pronome relativo “que”, representante semântico do pronome demonstrativo “o” que o antecede. Para maior facilidade de entendimento, transcreveremos o período que constitui esta alternativa, com suas orações já divididas:[Quando o [que indica nossos caminhos] são os apelos da voz interior,] [a escolha profissional não é aleatória.]É sempre mais fácil trabalharmos com o pronome demonstrativo "aquilo” em lugar do também, pronome demonstrativo “o”. Fazendo-se a substituição, encontraremos:[Quando aquilo [que indica nossos caminhos] são os apeios da voz interior,] [a escolha profissional não é aleatória.]Observemos, agora, que o pronome relativo "que”, posto no início da segunda oração, é, sem nenhuma dúvida, representante semântico do pronome demonstrativo “aquilo”, que foi posto no lugar do pronome “o”. Desta forma, a segunda oração, após a substituição do pronome relativo pelo demonstrativo que representa, veicula a seguinte informação:Aquilo indica nossos caminhos.Sendo este pronome demonstrativo, no texto original, representado pelo também pronome demonstrativo "o”, fica visível á obrigatória fie- xão da forma verbal sublinhada em terceira pessoa do singular.
(D) Emprego obrigatório do verbo sublinhado na 3a pessoa do singular. Temos, nesta alternativa, a presença de uma locução verbal (“Pode haver”) em que o verbo principal é "haver”, sendo empregado com sentido de “existir”, "ocorrer” Como sabemos, este verbo, assim empregado, é impessoal, vale dizer, não tem sujeito. A oração de que faz parte, consequentemente, não tem sujeito. Ora, não havendo sujeito, não há como se flexionar o verbo auxiliar da locução.
(E) Emprego obrigatório do verbo sublinhado na 3a pessoa do singular, concordando com seu sujeito, indicado pela oração “ouvir os apelos da vocação”. Sujeitos oracionais remetem os verbos de que são sujeitos, obrigatoriamente, para a 3a pessoa do singular.
Décio Sena 276
13. Estão corretos o emprego e a ílexão das formas verbais na frase:
(A) Considerem-se compensações adicionais as vantagens que advierem do exercício de uma profissão na qual de fato se realize uma vocação;
(B) Muitas decepções acabam por se infligir quem opta por uma profissão que não inclue o prazer do atendimento a uma vocação;
(C) Os obstáculos que se interporem entre o indivíduo e sua realização profissional proverão do desajuste entre a vocação e a escolha;
(D) Se alguém vir a refletir e conter as ambições mais materiais, será capaz de ouvir e atender aos apelos de sua vocação;
(E) Muita gente continuará escolhendo uma profissão que, em vez de lhe convier como vocação, parece-lhe mais rendosa ou prestigiosa.
Vejamos todos os itens da presente questão:(A) Emprego correto dos verbos “considerar”, “advir” e “realizar”. O pri
meiro deles está em oração de voz passiva pronominal, na qual surgiu na 3a pessoa do plural do presente do subjuntivo, concordando com seu sujeito, indicado por “compensações adicionais”. Em “advierem”, ob- serva-se o correto emprego do verbo “advir” - derivado de “vir” conjugado em 3a pessoa do plural do futuro do subjuntivo e concordando com seu sujeito, representado pelo pronome relativo "que”, representante semântico de "vantagens”. Finalmente, o último verbo, que estrutura oração de voz passiva pronominal, surgiu em 3a pessoa do singular, concordando com seu sujeito, que está indicado pela expressão “uma vocação”. Esta é a resposta da questão.
(B) A locução verbal "acabam por se infligir” está equivocadamente flexionada em 3a pessoa do plural: por ter como sujeito a oração "quem opta por uma profissão”, deveria ter sido empregada com o verbo auxiliar na 3a pessoa do singular: “acaba por se infligir”. A forma verbal “opta”, verbo “optar” empregado na 3a pessoa do singular do presente do indicativo, está corretamente empregada, concordando com seu sujeito, indicado pelo pronome “quem” Está incorreto o emprego da forma verbal “inclue”, que, por ser própria do verbo “incluir”, deveria estar grafada “inclui”, Esclarecemos que o verbo está empregado na 3a pessoa do singular do presente do indicativo. Não há, rigorosamente, na conjugação do verbo “incluir”, nenhuma forma em que surja a vogal “e” após o radical “ind” Ficará, então, deste modo a frase com as retificações necessárias: “Muitas decepções acaba por se infligir quem opta por uma profissão que
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Provas Comentadas da FCC
não inclui o prazer do atendimento a uma vocação”.(C) Está incorreto o emprego de “interporem” O verbo “interpor”, deriva
do de “pôr”, deve ser empregado, neste texto, conjugado na 3a pessoa do plural do futuro do subjuntivo. Esta forma grafa-se corretamente com o registro “interpuserem”. Por outro lado, entende-se, pelo teor semântico do texto, que se pretendeu empregar o verbo “provir”. No entanto, a forma “proverão” pertence ao verbo “prover”. Assim, o segundo verbo deveria ter sido grafado “provirão”. Teremos, então, o texto corretamente grafado assim: “Os obstáculos que se interpuserem entre o indivíduo e sua realização profissional provirão do desajuste entre a vocação e a escolha”.
(D) Está incorreta a forma verbal “vir”, que integra a locução verbal “vir a refletir”. Este verbo “vir”, conjugado, como convém neste texto, na 3a pessoa do singular do futuro do subjuntivo, faz surgir a forma “vier” Está igualmente equivocado o emprego da forma verbal “conter”, que, no futuro do subjuntivo, assume a forma “contiver”. Por outro lado, ocorre erro de regência verbal na passagem “ ... capaz de ouvir e atender aos apelos da sua vocação.” Isto porque o verbo "ouvir” tem regência transitiva direta, enquanto o verbo “atender” tem regência facultativamente transitiva direta ou transitiva indireta. Do modo que surgiu o complemento “aos apelos de sua conjugação”, e observada a existência do paralelismo estrutural, deve- se entender que o mesmo complemento indireto foi concedido ao verbo “ouvir”, o que não pode ser feito. A frase íicará corretamente escrita deste modo: “Se alguém vier a refletir e contiver as ambições mais materiais, será capaz de ouvir e atender os apelos de sua vocação”
(E) Está incorreta a forma verbal "convier”. Embora seja uma forma graficamente legítima na conjugação do verbo “convir” - derivado “de vir”
sendo o futuro do subjuntivo, o tempo a ser empregado na passagem desta alternativa é o infinitivo, e não o futuro do subjuntivo. A frase ficará retificada sob a forma: “Muita gente continuará escolhendo uma profissão que, em vez de lhe convir como vocação, parece-lhe mais rendosa ou prestigiosa”.
14. Está clara e correta a redação do seguinte comentário sobre o texto:
(A) Muitos que se queixam do enfado no trabalho, parecem ter se esquecido que levaram em conta, na escolha da profissão, atrativos que não eram os vocacionados;
Décio Sena 278
Prova 112- Analista iudiciário/TRE'SP/2006
(B) Não é que níos falta apenas discernimento, pois ocorre que na hora dejse escolher |uma profissão, somos levàc òs no entanto por vantagens ilusórias; j . |
(C) Senão fizéssemos tanta questão das ví ntagens materiais, nossa es-jcolha profissional possivelmente seria diferente, conquanto ouvisse sua vocaçãò real; ; | !
(D) Não se sabe porquê tanta gente mostra rriais preferência pelaMedicina|do que pelá Enfermagem, embora estalde fato possa ser menos iren-j dosa que àquela; ' \ !
(E) O autor está certo de que sua sobrinha poderia, se quisesse, ter segui-:do a carreira da Medicina, dado que ela obteve uma alta pontuâção| no vestibular- |
i í -Vejamos todas ás alternativas.da questão: }:
j : i(A) Não é adequado o iemprego da;vírgula após o substantivo “trabalho”
considerada a natureza restritiva da oraçao adjetiva.“que se queixam do enfado no trabalho” Tal vírgula acabou por separar o sujeito, indiòadq pelo pronome indefinido “Muitos”, da locução verbal (“parecem ter se‘ esquecido”} da qual é sujeito. Embora o jferbo “esquecer-se” (pronomi-j nal) tenha ijegênciâ transitivo Indireta, quando seu complemento é re-j presentado por unia oração, admite-se a ausência da preposição “de”j Após a devida correção, a frase assim ficará: “Muitos que se queixam do enfado no trabalho parecem ter se esquejcido (de) que levaram em conta, na escolha da profissão, atrativos qúeinão eram os vocacionados”.
(B) Há equívocb de pontuação no texto. As [conjunções coordenativas ad versativas - j “ n o entanto” é uma delas - je conclusivas que surgem no' interior dasj orações devem obrigatoriamente acontecer entre vírgulas.j Por outro liado, o texto não se apresenta coerente na vinculação das ideias que plretende externar. Isto porquê a conjunção coordenativà ex-j plicativa “pois” não tem encaixe semântico na passagem em que foi em-j pregada. Nao se percebe vinculação explicativa da oração que está|sen-j do introduzida por tal conjunção e á oração antecedente. Por outrcj lado, a vírgiila unicamente empregada ab fim do adjunto adverbial "na hora de se escolher uma profissão*’ - o [substantivo "hora”, núcleo dcj adjunto adverbial* surgiu expandido poij uma oração - promoveu a se-j paração entlre a conjunção subordinativa integrante “que” - posta ;após “ocorre” - é o corpo da oração por ela introduzida- que é “somos Ieva-j dos no entanto por> vantagens ilusórias”. ÍEste deslize se retificará com ã
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inserção de outra vírgula após a conjunção integrante já mencionada, o que promoverá o destaque estilístico para o adjunto adverbial também já citado. Dentro da oração introduzida pela conjunção subordinativa integrante "que”, também não procéde o emprego da conjunção coor- denativa adversativa “no entanto”. Uma proposta para a reescritura do texto: “Não é que nos falta apenas discernimento» ocorre que, na hora de se escolher uma profissão, somos levados por vantagens ilusórias”.
(C) Ocorre erro ortográfico no início do texto que será retificado com a grafia de dois vocábulos “Se” - conjunção subordinativa condicional - e “não".- advérbio de negação. Está mal empregada a conjunção “conquanto”, introdutorà de valor;semântico concessivo, e, como tal, sem ; encaixe lógico e coerente com. o teor do .texto ’ For outro lado, não entendemos o emprego da Ia (ou 3°?) .pessoa do singular do pretérito imperfeito do subjuntivo “ouvisse”, em texto que vem sendo conduzido na Io pessoa do plural. Igualmente não está ajustado o emprego do pronome de 3a pessoa do singular “sua” Propomos a seguinte forma para retificar o texto: “Se não fizéssemos-tantá;'questãd das vantagens materiais, nossa escolha possivelmente sériá diferente, e ouviríamos nossa vocação real”.
(D) Há erro ortográfico no emprego de “porque", já que, na passagem textual em que surgiu, há necessidade do emprego da preposição “por” e do pronome indefinido interrogativo “que”. Também não é correto o cotejo dos substantivos “Medicina” e “Enfermagem” feito pela expressão de natureza semântica comparativa “mais... do que”, bem como o emprego da preposição “pela” regendo, o substantivo "Medicina”, indicativo da atividade profissional a que se. dá preferência. Finalmente, o acento grave pòstõ sobre õ “a”.iníciái dõ pronome demonstrativo “aque-
; lã” lião tem "nenhuma raizãó pàrà:èjdstir; èstando, obviamente, érrado.Apresentamos üma proposta de correção pai-a ó texto desta alternativa: “Não sè sabe por que tanta gente demonstra preferência a Medicina sobre Enfermagem, embora esta atividade de fato possa ser menos rendosa que aqüèla V
(E) O texto desta alternativa está rigorosamente correto, claro e coerente natransmissão dás mensagens qúe: pretende veicular. Esta é, então, a resposta da questão. ;■■■■ / ■ - - v =
Dério Sena 280
15. Somos muito jovens quando elegemos nossa profissão, por isso é difícil que, ao eleger a nossa profissão* se)amos capazes de avaliar a nossa profissão como uma escolha que resulte da nossa autêntica vocação.Evitam-se as viciosas repetições da frase acima substituindo-se os segmentos sublinhados, respectivamente, por:(A) eleger-lhe - avaliar-lhe;(B) a eleger - lhe avaliar;(C) elegê-la - avaliá-la;(D) lhe eleger - a avaliar;(E) elegê-la - avaliar-lhe.
Evitaremos as repetições do complemento verbal indicado por ‘'nossa profissão” com sua substituição pelos pronomes pessoais oblíquos átonos devidos. As duas formas verbais têm a mesma regência transitiva direta. O complemento, por sua vez, diz respeito à 3a pessoa do singular. Quanto ao gênero, é feminino.Do que vimos, o pronome acertado para substituir “nossa profissão” é “a”.Ao fazermos a ligação enclítica deste pronome com as duas formas verbais, adotaremos um procedimento comum, já que ambas terminam pela letra V ’: eliminaremos esta letra representativa de um fonema consonantai e promoveremos modificação gráfica no pronome, que será grafado “-la” Não há palavras que exercem atração sobre as formas pronominais átonas. Não descuidaremos da verificação da necessidade do acento gráfico nas formas verbais resultantes da supressão da letra “r”.Teremos, então, as formas “elegê-la” e “avaliá-la”, presentes na alternativa(C), que é a resposta da questão.
281 Português
Provas Comentadas da FCC
Gabarito:
01) B 09) A02) C 10) C03) D 11) D04) E 12) B05) A 13) A06) D 14) E07) B 15) C08) E
Décio Sena 282
| ’ i .j... Prova\I3
Técnico Judiciário/T^F Ia Região/2006i : ■ |
I ; l:Às questões de número l a 15 referem-se ao textò seguinte:
í • ! ’ • j -j Janelas de ontem e de hoje
Os velhinhos de ontem costumavam, Sobretudo nos fins de tarde, abrir as janelas jdas casas e ficar ali, às vézds com os cotovelos apoiádos em almofadas esperando que algo acontecesse: a aproximação de umiconhecido, uma correria ide crianças, um cumprimento, uma conversa, o
s pôr do sol, a aparição da lua. jEles se espantariam com as crianças elos jovens de hoje, fechados ínos
quartos, que ligám o computador, abrem as janelas da Internet e navegam por horas por um mnndo de imagens, palavras e formas,quase infinitas.
O homem continua sendo um bicho muito curioso. O mundo segue 10 intrigando-o. ! ;
O que ninguém sabe é se o mundo estájcada vez maior ou menor. O que eu imagino é que,j de suas Janelas, os felhinhos viam muito pouca coisa, mas pensavam muito sobre cada uma delas. Tinham tempo para recolher as informações mínimas da vidá e matutar sobre elas. já quem
is fica nas janelas |da Internet vê coisas demais, e passa de uma para oütra quase sem se inteirar plenamente do que está vendo. Mudou o tempò interior do homein, mudou seu jeito de olhar. Mudaram as janelas para o mundo - e nós seguimos olhando, qlhandq, olhando sem parar, sempre com aquela sensação dè que somos parte de(sse espetáculo que não pòde-
20 mos parar de olhar, seja o cachorro de verdade que se coça na esquina da padaria, seja o passeio virtual por Marte, na tela colorida. j
| (Crisüano Calógeras)j
i . ... : : : : i 01. Deve-se considerar que o tema central dó texto, responsável pela suá es
truturação, é: jí ; - . : .t : • • ■ 1 • • : I(A) o antigo hábito de, das janelas ;das casap, ficar olhando tudo;(B) o hábito moderno de se ficar abrindo imagens dainternet;(C) o interesse permanente com que o olhai humano investiga o mundo;(D) a vantagem de se conhecer cada vez mais realidades virtuais;(E) a evidenciai de que; o mundo se torna cáda vez mais compreensível.
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O texto, em seu cerne, aborda a questão de o homem estar sempre olhando o mundo, observando-o, desejando conhecer o qüé ò circunda. Pára tanto, lança mão do confronto entre os olhares do homem moderno, da era da Internet, e os do homem do passado, quando havia o hábito de ficar-se observado a vida passar pelas janelas das casas, Nas duas épocas, o texto mos- tra-nos o interesse permanente em se investigar o mundo, em procurar-se entendê-lo. Neste afã, o autor propõe interessante questão: inversamente ao que ocorre hoje, o homem do passado olhava poucas coisas de seu ângulo de observação situado nas janelas de sua casa, ao passo que hoje se olham muito mais coisas pelas janelas virtuais que a Internet nos possibilita. No entanto, talvez porque houvesse menor quantidade de informação ao alcance do olhar, refletia-se mais acerca do que fora visto. Hoje, a abundância da informação faz-nos passar olhares rápidos sobre as múltiplas possibilidades trazidas pela tecnologia. A resposta está, deste modo, na alternativa (C). Nas demais alternativas, encontramos: .(A) Insistimos em chamar a atenção do candidato ipara ó enunciado da ques
tão, no qual se solicita que busquemos o tema central do testo, responsável pela sua estruturação, vale dizer,. pela ideia que motivou o texto, que o fez surgir. A afirmativa contida neste item certamente consta do texto lido. Não é, no entanto, sua ideia centr&L Na realidade, surge apenas como elemento secundário para que se desenvolva a tese central, que nos fala da permanente necessidade de o homem olhar o mundo, de procurar perceber o que ocorre à sua volta.
(B) Tanto quanto na afirmativa anterior, temos mais uma informação que é pertinente em relação ao texto lido, ou, ao menos, que se pode depreender dele. Contudo, mais uma vez lança-se mão apenas de um dos recursos por meio dos quais trabalhou-se a sua ideia fundamental.
(D) Não há qualquer passagem no texto que referende esta afirmativa, que está, assim, muito distante de ser o tema central do que se Ieu. Peio contrário, o autor critica o hábito de olharem-se muitas coisas na Internet, sem que haja a preocupação de se refletir acerca delas» o que deixa o homem contemporâneo sem inteirar-se plenamente do que viu.
(E) Outra afirmativa que não tem apoio no texto lido. Como dissemos no comentário do item anterior, o texto argumenta que a rapidez com que mudamos o foco do nosso olhar ha Internet, passando rapidamente de uma informação para outra, impede que tenhamos percepção clara sobre o que vimos. Poder-se-ia dizer que, da leitura do texto, o homem moderno recebe um número muito maior de informações, mas que reflete pouco acerca delas.
Décio Sena 284
» vv* I*wv * * M i < .w v v
L O primeiro parágrafo ilustra a afirmação de que havia mais tempo» antigamente, pata recolher ás informações mínimas da vida e refletir sobré étàsj
II. O autor do texto afirma que a unica diferença entre abrir as janelas da Internet está no tipo de imagem que é recolhido;
III. Quaisquer que sejam as janelas que o homem abra, todas lhe dão a mesma sensação de que ele pouco tem a ver com o que se observa a distância»
Em relação ao texto, está correto SOMENTE o que se afirma em:
(A) I;(B) II;(C) III;(D) I é 11;(E) H e líl.
Vejamos cadá uma das afirmativas, numeradas de I a III:I. A afirmativa está correta. Sem sombra de dúvida, antigamente, o ritmo da
vida* por ser lento, completamente .diferente, portanto, da velocidade com que vivemos a vida contemporânea, permitia que o homem que se punha à janela, com os cotovelos apoiados em almofadas - o que sugere longo tempo de permanência - pudesse observar muito menos coisas do que, hoje, sâo-lhe permitidas pela Internet. Em conseqüência, havia, também, muito mais tempo para que se meditasse acerca do que fora visto.
II. Afirmativa incorreta. Não só as imagens são distintas, já que se tornam múltiplas, infinitas, com a Internet. Mas, fundamentalmente, diferem no sentido de serem as que se obtinham por janelas bem mais pensadas e, por isso, introjetadas em nós mesmos, enquanto a velocidade frenética com que surgem hoje, por meio da Internet, faz com que sejam rapidamente descartadas, sem que tenha havido tempo para que as pudéssemos absorver convenientemente,
III. Afirmativa incorreta, O incessante movimento em saber o que ocorre à suá volta permite a inferência de qúe tudo que cerca o homem é de seu interesse. O que se nota é que, hoje em dia, as janelas abrem-se com tanta rapidez e facilidade que dificultam a reflexão sobre o que foi visto, o que, de modo algum, significa que ele nada tenha a ver com o que foi observado.
02. Considere as seguintes afirmações:
285 Português
Provas Comentadas da FCC
0 3 .0 trecho em que se expressa uma alternativa é:
(A) Eles se espantariam com as crianças e os jovens de hoje (,..);(B) O homem continua sendo um bicho muito curioso;(C) Mudou o tempo interior do homem, mudou seu jeito de olhar;(D) O que ninguém sàbe é se o mundo está maior ou menor;(E) Tinham tempo para recolher as informações mínimas da vida e ma
tutar sobre elas.
O único item em que se faz menção a uma alternativa é o (D), quando se afirma que "...ninguém sabe é se o mundo está maior ou menor”. Nesta passagem, há possibilidades - alternativas, portanto - quanto ao tamanho, metaforicamente falando-se, do mundo.Nas demais alternativas, encontramos;(A) A simples relação criada por “crianças” e “jovens” não traduz ideia al
ternativa. Na verdade, ambos os substantivos - “crianças” e “jovens”- exemplificam razão de espanto do homem de outrora caso lhe fosse permitido o conhecimento destes dois seres contemporâneos.
(B) Nenhum nexo semântico de alternância pode ser detectado neste período simples, em que se nota tão somente atributo (predicativo) endereçado ao sujeito da oração.
(C) Notam-se, neste item, duas orações que simplesmente se acrescentam uma à outra. À relação significativa desenvolvida entre as duas é de adição de informações.
(E) Mais uma vez notamos relação semântica de adição que se desenvolve a partir da soma da informação “e matutar sobre elas” como texto precedente "Tinham tempo para recolher as informações mínimas da vida".
0 4 .0 autor NÃO explora uma relação de oposição entre os segmentos:(A) Os velhinhos de ontem / as crianças e os jovens de hoje;(B) (...) nos fins de tarde/o pôr do sol;(C) (...) viam muito pouca coisa I vê coisas demais;(D) (...) seja o cachorro de verdade / seja o passeio virtual;(E) (...) fechados nos quartos / abrem as janelas.
Não existe nexo semântico de oposição entre “nos fins de tarde” e “o pôr do sol”, Até porque o pôr do sol ocorre, como sabemos, nos fins de tarde. A resposta desta questão está, então, no item (B).
Oécio Sena 286
Prova 13 -Tqcnico judiciário/TRF 1a região/2006 |
Nas demais alternativas,- sublinhamos os fraglnentos opositivos:(A) Os velhinhos! de ontem I as criancas e os íbvens de hoje.(C) (...) viam muito pouca coisa / vê coisas demais.
j = j.
(D) (...) seja o cacjhorro de verdade / seja o passeio virtual.(E) (...) fechados hos quartos / abrem as janèlás.
; ; : {As normas de concordância verbal estão plenamente respeitadas na frase
! : : I1(A) O olhar dosjvelhinhos que ficam horas nas janelas sempre expressa
ram seu interesse pelo mundo. j:(B) Pouca coisa] em méio a tantas novidades da vida moderna, são capa
zes de deixajr perplexas as crianças dé hoje.(C) Ninguém fica tanto tempo nasjanelas das casas sem matutarem so
bre o sentidb do que vêem. |(D) Não Imporíja o que sejam, se um cachorro ou o planeta Marte, qual
quer imagem são càpazes de atrair as atenções donosso olhar. I(E) Suspeitamos sempre que as riquezas que nos oferece o mundo pare-]
cem excedei* o limite da nossa compreensão. II • j i
Vejamos todas ás alternativas da questão: : j
(A) Concordância incorreta. Errou-se o emprego do verbo “expressar” naj3a pessoa do plural do pretérito perfeito do indicativo, uma vez que este! verbo, por ler comb sujeito a expressão |“0 olhar dos velhinhos”, ícujo; núcleo é o substantivo “olhar”, deveria ter sido empregado na 3a pessoa do singular: “expressou”. Está correta a jforma verbal “ficam”, concor-j dando comj seu sujeito representado pelo pronome relativo “que”, seu imediato antecessor e que é substituto Semântico de “velhinhos”. A fra-j se fica corretamente grafada, retificado [o erro de concordância, desté modo: “O cílhar dos velhinhos que ficairi horas nas janelas sempre exj pressou seu: interesse pelo mundo”. | I
(B) Concordânjcia incdrreta. O verbo “ser1- -| que surgiu na forma de 3a pesj- soa do plural do presente do indicativo “são” - tem como sujeito ia exr pressão “Pouca coisa”, o que implica seu obrigatório emprego na 3? pessoa do Mngulan Deve-se empregar jtambém no singular o adjetij- vo “capaz”, jpredicativo do sujeito já citado. Assim ficará a frase corre- ta, após a correção necessária: “Pouca coisa, em meio a tantas novidades da vida moderna, é capaz de deixar [perplexas as crianças de hoje”
287 } Português
(C) Concordâncias incorretas. Estão erradas as formas em 33 pessoa do plural em que surgiram os verbos “matutar” e “ver”. O sujeito destes dois verbos está sendo indicado pelo pronome indefinido “Ninguém”, o que provoca emprego obrigatório dos dois verbos em 3a pessoá do singular. Deste modo temos o téxto corretamente redigido: "Ninguém fica tanto tempo nas janelas das casas sem matutar sobre o sentido do que vê”.
(D) Concordâncias incorretas. As formas verbais pertinentes aos verbos "ser” deveriam ter surgido em 3a pessoa do singular. No primeiro caso, porque seu sujeito é o pronome relativo “que” seu imediato antecessor, o qual representa semanticamente o pronome demonstrativo "o”. No segundo, porque seu sujeito está sendo indicado por “qualquer imagem”. A frase correta, então, assumirá a forma: "Não importa o que seja, se um cachorro ou o planeta Marte, qualquer imagem é capaz de atrair as atenções do nosso olhar”.
(E) Concordâncias corretas. O verbo “suspeitar”, que abre o texto, tem sujeito implícito, o que se nota pela sua desinêncxa número-pessoal “-mos”. A expressão "o mundo”, por ser sujeito de “oferece55, provocou a fíexão deste verbo em 3a pessoa do singular. Por sua-vez* a locução verbal “parecem exceder” está corretamenté empregada, já que tem por sujeito a expressão “as riquezas”
06, Transpondo-se para a voz passiva a frase Os velhinhos viam muito pouca coisa, a forma verbal resultante será: •(A) era vista;(B) eram vistos;(C) fora visto;(D) tinham visto;(E) tinha sido vista.
Como iá vimos no comentário da questão 13 da prova II, ao se converter uma oração de voz ativa para a voz passiva correspondente, ocorrem as alterações de natureza sintática que se seguem:
L o sujeito da oração de voz ativa será transformado em agente àa voz passiva.
2. o objeto direto da oração de voz ativa será transformado em sujeito da voz passiva.
Deste modo, ao convertermos para a voz passiva a oração de voz ativa que é citada no enunciado da questão, percebemos que as expressões "Os ve~
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n u v a r o — r c w u w v ju u i u a M W » i\ r i r c y ia o / ^ U U o
Ihinhos” (sujeito da voz ativa) irá representar o agente da passiva da oração que surgirá, épor isso será regido pela preposição “pelos” O objeto direto da voz ativa, indicado por “muita pouca coisa” será transformado em sujeito da oração de voz passiva que queremos construir.Vimos, ainda no comentário da questão já citada, que, havendo um verbo na voz ativa, surgirão dois verbos na voz passiva. Assim, a frase ficará;"Muita pouca coisa era vista pelos velhinhos ”Observemos que na locução verbal utilizamos o verbo principal (“ver1) no particípio e o verbo auxiliar (“ser”) no mesmo tempo em que se encontrava o verbo empregado na voz ativa - pretérito imperfeito do indicativo - que deu origem à nova oração de voz passiva.
07.0 segmento sublinhado em esperando que algo acontecesse pode ser substituído, sem prejuízo para a correta articulação entre os tempos verbais do primeiro parágrafo., por:(A) algo que acontecera;(B) que álgoyiesse a acontecer;(C) que áigo tivesse acontecido;(D) que algo estiver acontecendo';(E) que algo venha a acontecer.
Inicialmente, vejamos como surge, no texto da prova, a passagem transcrita no enunciado da questão:<e0s velhinhos de ontem costumavam, sobretudo nos fins de tarde, abrir as ja nelas das casas eficar ali, às vezes com os cotovelos apoiados em almofadas esperando que alço acontecesse: a aproximação de um conhecido, uma correria de crianças, um cumprimento, uma conversa, o pôr do sol, a aparição da lua?Passemos à resolução da questão, promovendo-se a substituição da oração sublinhada pelos segmentos sugeridos nas diversas alternativas:
(A) Hão há impropriedade gramatical na passagem. No entanto, no contexto em que surgiu originalmente a oração “que algo acontecesse”, o pretérito imperfeito do subjuntivo sugere possibilidade de ação que ocorreria no passado. A utilização do pretérito mais-que-perfeito, se- manticamente, traduz ação pretérita ocorrida anteriormente a outra também pretérita, e isto é perfeito para o que queremos. No entanto, sugere que tal ação efetivamente ocorrera, o que, semanticamente, não possibilita o encaixe da expressão sugerida.
289 Português
(B) A locução “viesse a acontecer" traduz com absoluta fidelidade o que antes se afirmara com "esperando que algo acontecesse” ao realçar a hipótese, a possibilidade de acontecimento ocorrer no passado.
(C) Embora não promova erro de natureza gramatical, a substituição de “esperando que aigo acontecesse” por "esperando algo que tivesse acontecido” provoca alteração no sentido original da passagem.
(D) Desta vez ocorreu deslize de natureza gramatical. A ideia de ação hipotética deverá obrigatoriamente! neste caso, ser traduzida com o verbo auxiliar (“estar”) empregado no presente do subjuntivo: “esperando que algo esteja acontecendo”. Por outro lado, ainda que houvesse sido esta última a forma da presente alternativa, ela não estaria adequada» uma vez que promoveria prejuízo semântico em relação à passagem original.
(E) Mais uma vez não se nota impropriedade gramatical no emprego da forma verbal sugerida, no entanto renova-se o prejuízo semântico com respeito ao texto original.
08. Os velhinhos iam para as janelas, abriam as janelas, instalavam-se nas janelas e transformavam as janelas em postos de observação.
Evitam-se as viciosas repetições da frase acima substituindo-se os segmentos sublinhados, respectivamente, por:(A) abriam-lhes - instalavam-se-Ihes - transformavam-lhes;(B) as abriam - lhes instalavam-se - transforraavam-nas;(C) abriam-nas - instalavam-se nelas - transforraavam-nas;(D) lhes abriam - instalavam-se nelas - transformavam-lhes;(E) abriam-nas ~ nelas se instalavam - lhes transformavam,
A questão 15 da prova 12, já comentada, é de modelo semelhante ao da presente questão. Trata-se, na verdade, de promover-se substituição de elementos sublinhados no texto - em geral complementos verbais - por formas pronominais oblíquas átonas. Nesta questão, uma das expressões a ser substituída não é complemento verbal, mas sim adjunto adverbial de lugar. Nisto ela difere da que apareceu no exame antecedentemente citado.Passemos à resolução da presente questão.Inicialmente, deveremos substituir o complemento direto (objeto direto) da forma verbal "as janelas” Em se tratando de complemento indicativo de gênero feminino e de número plural, além de, repetindo-se, ser objeto direto, o pronome pessoal oblíquo átono obrigatório é “as”. Na passagem da ques-
Provas Comentadas da FCC
Décio Sena 290
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tão em que utilizaremos tal pronome, não liá vocábulo de atração para umaieventual próclisè. Desté modo, a sua posição relativamente ao verbo íseráj em ênclise. Ocorre que ;a forma verbal “abriam” termina na nasalídade representada pela ietra “m” Isto promove a alteração gráfica do pronome citado para M-nas’j Teremos, então, “abriam-nas”Ao fazermos a substituição do adjunto adverbial de lugar “nas janelas”; por um pronome, dèveremos observar a impossibilidade, neste caso, de empregarmos pronome átono. Não há pronome pessoal oblíquo átono que possa substituir o adjunto adverbial de lugar, neste caso. Teremos de empregar, então, o pronome “elas” transformado em oblíquo tônico em face de ter surgido antecedido ppr preposição. Ficaremos, assim, com “instalavam-se nelas”.Finalmente, voltaremos a substituir um complemento verbal direto (objeto direto) por uib pronome pessoal oblíquo átono. Semelhantemente ao que vimos na primeira substituição, o complemento tem como núcleo um subs-j tantivo femininio plural, que é “janelas”. Desta vez, o verbo está anteçedi-j do por conjunção coordenativa, o que faculta a sua pródise. Poderemos ter] então, "transfoijmavam-nas” ou, mesmo, “as .transformavam”, posição quenão surgiu em jjtenhuma das alternativas.: j. . j
l f , IFicaremos, então, com a seqüência “abriam-nàs” “instalavam-se nelas” é“transformavam-nas” ’ I I
' : >09. A expressão de mie preenche corretamente a lacuna da frase:
(A) Muita gente ignora _____ ficam refletindo os velhinhos às janelas.(B) As imagenls virtuais _ nos entregamos costumam ter força de
realidade. I j |(C) Muitos jovjens ficam imaginando | têm o mundo sob seu;con
trole, na Internet.(D) Queria adivinhar os pensamentos l se povoam as cabeças des
ses velhinhos. = j;(E) Ê visível ajansiedáde_____ as crianças manifestam, quando diantfe
de um monitor. . |
Trata-se de questão de regência. J : |Para sabermos êomo preencher corretamente às lacunas com os pronomes relativos, devemos dstar atentos para a estrutura siátática das orações que os contêm.Vejamos todosjos itens, já com os preenchimentos das lacunas efetuados: j
(A) A presençl da préposição “sobre”, qúejrege o pronome relativo ‘‘que;5,é devida àjnecessidade de o verbo “refletir”, ao ser acrescido de infor-
j j ; j
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291 l Portugup
inação acerca do assunto que levou à reflexão, vale dizer, um adjunto adverbial de assunto, exigir que surja a preposição “sobre”. Reflete-se sobre alguma coisa. Também seria conveniente a loaiçãò preposxtiva “acerca de*.
(B) O verbo “entregar-se” (pronominal) tem seu complemento indireto (objeto indireto) regido pela preposição “a” Entregamo-nos a alguma coisa ou, mesmo, a alguém. Dal o emprego da preposição “a” na lacuna originalmente existente na frase, para que se reja o pronome relativo “que”.
(C) Desta vez, o vocábulo a ser introduzido na lacuna da frase é a conjunção subordinativa integrante, introdutora de oração subordinada substantiva objetiva direta, complementar para a regência transitiva direta do verbo “imaginar” - empregado no gerúndio - e que pertence à locução verbal “ficam imaginando”, da oração precedente.
(D) A presença da preposição “de”, regendo o pronome relativo "que” neste período, decorre do entendimento de que a forma verbal “povoar- se” (pronominal) demanda tal preposição regendo seu complemento. Afinal, a cabeça dos velhinhos povoa-se de pensamentos. Esta é a resposta da questão.
(E) O pronome relativo “que”, empregado na lacuna do texto deste item, exerce função sintática de objeto direto da forma verbal “manifestam”. É representante semântico do substantivo “ansiedade” que imediatamente o antecede. Se procedermos à substituição do pronome relativo “que” pelo vocábulo que ele representa e pusermos a sua oração em ordem direta, encontraremos “as crianças manifestam ansiedade”. Assim, não é possível a presença de preposição antes do pronome relativo ora estudado.
10. Está inteiramente correta a pontuação da seguinte frase:
(A) O mundo continua sendo> como talvez seja para sempre um elemento intrigante, para o homem, esse bicho curioso.
(B) O mundo continua, sendo como talvez seja, para sempre, um elemento intrigante para o homem, esse bicho, curioso.
(C) O mundo continua sendo - como talvez seja para sempre um elemento intrigante, para o homem, esse bicho curioso.
(D) O mundo continua sendo, como talvez seja para sempre: um elemento intrigante, para o homem, esse bicho curioso.
(E) O mundo continua sendo, como talvez seja para sempre, um elemento intrigante para o homem, esse bicho curioso.
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Prova 13 - Técnico Judiciário/TRF 1a região/2006
Vejamos cada uma das alternativas da presente questão, com vistas às pontuações nelas empregadas. .
. : (A) Pontuação incorreta. À única vírgula posta após a forma verbal “sendo3’ - gerúndio do verbo de ligação “ser” - promoveu a separação entre este verbo e o predicativo do sujeito “um elemento intrigante”. Este deslize será sanado pela inserção de uma outra vírgula após o vocábulo “sempre”, a fazer com que a oração “como talvez seja para sempre”, intercalada, seja devidamente sinalizada. Por outro lado, a vírgula após o adjetivo “intrigante” provocou separação entre complemento nominal - “para o homem” - do adjetivo do'qual é complemento: “intrigante”. Está correto o emprego da última vírgula do período, posta após o substantivo “homem", a qual promove o isolamento de um aposto. O texto ficará corretamente pontuado desta forma: “O mundo continua sendo, como talvez seja para sempre, um elemento intrigante para o homem, esse bicho curioso”.
(B) Pontuação incorreta. A vírgula posta após “continua” separa indevidamente os verbos que formam uma locução verbal. Está ainda incorreta a vírgula posta após o substantivo “bicho” núcleo de um aposto, do adjunto adnominaí “curioso”. Também não se sinalizou a intercaiação da oração “como talvez seja para sempre”. O texto ficará corretamente pontuado como indicado no item '(A).
(C) Pontuação incorreta. O par de travessões que isolam a oração de tom semântico explicativo está corretamente empregado para que se promova a sinalização do fato de haver uma oração intercalada. No entanto, a vírgula que se utilizou depois do segundo travessão está incorreta, pois separa o predicativo do sujeito (“um elemento intrigante”) do verbo de ligação que surgiu em forma de gerúndio na locução “continua sendo”. Ainda está incorreta a vírgula empregada após “intrigante”, uma vez que, como já comentado no item (A) desta questão, provocou a separação entre o complemento nominal “para o homem” do adjetivo “intrigante”, que tem seu sentido complementado. O texto estaria corretamente pontuado como se indicou na alternativa (A), ou, como pudemos ler neste comentário, com a substituição das virgulas que isolam a oração intercalada por um par de travessões: “O mundo continua sendo - como talvez seja para sempre - um elemento intrigante para o homem, esse bicho curioso”.
(D) Pontuação incorreta. Não se justifica o emprego dos dois-pontos após o advérbio “sempre”, uma vez que o sinal de intercaiação da oração “como talvez seja para sempre” que se abriu com a vírgula após o gerúndio “sen
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do”, deverá ser sinalizado em seu fecho por outra vírgula. Por outro lado, voltou-se a incorrer no erro da colocação da vírgula após o adjetivo "intrigante” já explicado nas alternativas (A) e (C) desta questão. O texto ficará corretamente pontuado com a redação que se sugeriu em (A),
(E) Pontuação correta. O par de vírgulas isolando a oração de tom explicativo “como talvez seja para sempre”, que está intercalada na oração “O mundo continua sendo um elemento intrigante para o homem, esse bicho curioso” está perfeito e, por ser um par, não separou a forma de gerúndio “sendo” do predicativo do sujeito “um elemento intrigante". A vírgula empregada após o substantivo “homem”, obrigatória, isola o aposto deste substantivo.
11. Está clara, coerente e correta a redação do seguinte comentário sobre o texto:
(A) Quanto a estar maior ou menor, o mundo é sempre duvidoso, pois quanto mais se lhe conhece mais nos parece familiar.
(B) O autor vê com equiparação as janelas de uma casa tanto quanto a Internet, embora em ambas o homem se vê postado para melhor conhecer.
(C) A velocidade com que o homem passou a receber informações, sobretudo pela Internet, reduziu o tempo de reflexão sobre elas,
(D) Dois exemplos radicais de informação ~ um cachorro se coçando e a viagem por Marte - que o autor considera para ilustrar os espetáculos que temos acesso.
(E) Não significa que as coisas simples para os velhinhos de ontem viam nas janelas era menos curioso para um menino que vê o mundo na Internet.
Vejamos cada uma das alternativas da presente questão, em busca da queexponha suas ideias de modo claro, coerente e correto.(A) Alternativa incorreta. Não há coerência no texto. Afinal, diz-se que o
mundo é sempre duvidoso, pois nos parece familiar à medida que o conhecemos mais. A conjunção coordenativa explicativa “pois” não tem aplicação lógica na passagem em que surgiu. Deveria ter sido empregada uma conjunção subordinativa concessiva, para que se enfatizasse o paradoxo existente em o mundo ser sempre duvidoso, embora nos pareça mais familiar à proporção que o conhecemos.
(B) Alternativa incorreta. Ocorreu falha na elaboração do paralelismo estrutural, caracterizada pela correlação “as janelas de uma casa tanto
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Prova 13 - Técnico Judidário/TRF I a região/2006
quanto a Internet” que deveria estar escrita "as janelas de uma casa tanto quanto as da Internet” Além dissol a. conjunção subordinativa concessiva “embora” hão tem encaixe semântico viável no lugar em que foi empregadjL E> caso tivesse, forçaria; oj emprego do verbo “ver” :na forma de subjjuntivo "veja”. | j.
(C) Alternativa córreta, Não ocorre neste texto-qualquer deslize gramatical e suas ideias estão veiculadas com clareza e coerência. Esta é.a resposta da questão. |
(D) Alternativa incorreta. A leitura do texto desta alternativa deixa-nossem nenhuma mensagem absorvida, umá vez que a concatenação entre suas estruturas não se fez adequadarriènte. Parece-nos ter havido supressão vocabular; como, por exemploí a do verbo “ser”, flexionado em 3a pessoa do plural do presente doj indicativo, e abrindo o texto. Ocorreu, também, deslize de regência nominal, caracterizado péla inobservância do emprego da preposição “a” - exigida pelo substantivo “acesso” -ja reger b pronome relativo "que” posto após o substantivo "espetáculos”. O texto assim ficaria, após sua retificação: “São dòis exemplos radicais de informação - um câchorro se coçando e a viagem por Marte - que o autor considera para ilustrar os espetáculos a que temos acesso", j • . . : • • j'
(E) Alternativa incorretai. A substituição dó pjrónome relativo “que”, a ser empregado antes de “òs velhinhos” pela preposição “para”, tornou o fragmento que se inicia cjom o advérbio “Nãó”|até a expressão “nas janelas” rigorosamente sem ctíerência informativa, Por outro lado, a forma verbal “era” está equivocadamente empregada na jla pessoa do singular, já que, tendo como siijeito a expressão “as coisas simples”, deveria ter sido empregada na 3a pessoa do plural: “eram”. Finalmente, o adjetivo “curiosos” deveria estar flexionado em feminino (“curiosas”) para que se promovesse sua concordância cbm o substantivo a qiíe se refere::''coisas”
12. Representam uma causa é seu efeito, nessa ordem, os segmentos;
(A) Já quem fica nas janelas da Internet / vê coisas demais;(B) O homem coftiiraa sendo / um bicho mriito curioso;(C) Os velhinhos de ontem costumavam (...);/ abrir as janelas das casas (.(D) (...) seja o cachorro dé verdade / que se coça na esquina da padaria (..(E) (...) a aproximação de um conhecido, / uma correria de crianças (.
Português
rruvctb uuiiiw iwutb ua rv*v.
Observemos as diversas alternativas da questão, em busca daquela em quese nota relação semântica de causa e efeito, nesta ordem.(A) Entendemos que “ficar na janela” oportuniza "ver-se coisas demais”, ou
seja, o fato de ficar-se na janela é causa para verem-se coisas demais, sua conseqüência. Esta é a resposta da questão.
(B) Não há qualquer possibilidade de existir nesta oração absoluta, que constitui um período simples» nexo semântico de causa e conseqüência. O que se nota, isto sim, é uma mera afirmativa, simples atribuição de característica predicativa a um sujeito, o que não envolve os valores semânticos mencionados.
(C) O fragmento apontado nesta alternativa apresenta um sujeito - representado pela expressão "Os velhinho de ontem” - e uma ação verbal que sofre uma complementação - "costumavam abrir as janelas das casas” Não há qualquer possibilidade de se ver relação de causa e conseqüência nesta oração.
(D) Também não se nota nexo semântico de causa e conseqüência na passagem ora estudada, que, na verdade, compõe um primeiro elemento de relação semântica alternativa, expandida, por sua vez, por oração adjetiva.
(E) Leem-se, agora, informações que se acrescem uma à outra, formando uma seqüência aditiva, estando rigorosamente ausente qualquer informação de causa e conseqüência.
13. O verbo indicado entre parênteses deverá flexionar-se no plural para preencher corretamente a lacuna da frase:(A) Nunca ______(deixar) âe nos afetar oqu e virmos pelas janelas aber
tas para o mundo;(B) Sempre m e _____ (afetar) as imagens do mundo que estiver obser
vando, não importa de qual janela;(C) N ão_____ (costumar) atemorizar as crianças aquilo que elas vêem
nas janelas da Internet;(D) A mudança dasjattelas de uma casa para as da Internet_____ (im
plicar) profundas transformações nos Itábitos das pessoas;(E) N ão_____ (convir) às criançasjicar um tempo demasiadamente lon
go diante de um monitor.
Observemos os diversos empregos verbais nos textos que se transcreveramdas respectivas alternativas, já com as lacunas devidamente preenchidas.
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Prova 13 - Técnico Judlcrário/TRF 1a região/2006
(A) Emprego obrigatório da forma verbal em 3a pessoa do singular, para que sé faça sua concordância com seu sujeito, indicado pelo pronome demonstrativo “o”, que antecede o pronome relativo "que”. Para maior facilidade de entendimento» transcrevemos o texto já com suas orações divididas: [Nunca deixará de nos afetar o] [que virmos pelas janelas abertas para o mundo]. Para lermos sobre a análise sintática de pronomes relativos que se fazem anteceder pelo pronome demonstrativo “o" (e eventuais fLexões "a”, “os” e “as”) podemos retomar o comentário do item (C) da questão 12 da prova 12»
(B) Emprego obrigatório de “afetarão” na 3a pessoa do plural, para que se proceda à concordância com seu sujeito, indicado pela expressão “as imagens do mundo”.
(C) Emprego obrigatório do verbo “costumar” em 3a pessoa do singular, uma vez que seu sujeito está sendo indicado pelo pronome demonstrativo “aquilo” Transcrevemos, a seguir, o período com suas orações já apontadas* para melhor compreensão: [Não costuma atemorizar as crianças aquilo][que éles veem nas janelas da Internet].
(D) Emprego obrigatório do verbo “implicar” em 3a pessoa do singular, para que concorde com seu sujeito, representado pela expressão “A mudança das janelas de uma casa para as da Internet”
(E) Emprego obrigatório do verbo “convir” em 3a pessoa do singular, de modo que concorde com seu sujeito, representado pela oração “ficar um tempo demasiadamente longo diante de um monitor”. Mais uma vez transcrevemos, para mais clara percepção, o período com suas orações já apontadas: [Mão convém às crianças][ficar um tempo demasiadamente longo diante de um monitor].
14. Está correto o emprego da expressão sublinhada na frase:(A) Vovó é do tempo de onde as pessoas ficavam demoradamente nas ja
nelas da casa.(B) Os meninos âe hoje talvez não entendam o por que de os velhinhos f i
carem à janela*(C) Eram simpáticas aquelas casinhas aonde as janelas davam direta
mente para a calçada.(D) Praticamente não mais se constroem casas cujas as janelas se abram
sobre a calçada.(E) São raras as casas em cuias janelas as pessoas fiquem observando a
vida das ruas»
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Provas Comentadas da FCC
Vejamos cada uma das alternativas da presente questão» com respeito à correção das passagens sublinhadas:(A) Alternativa incorreta* Como sabemos, o pronome relativo “onde” só
pode ser empregado quando em alusão a lugares. A frase corretamente apontaria: "Vovó é do tempo em que (ou no qual) as pessoas ficavam demoradamente nas janelas da casa”.
(B) Alternativa incorreto* A presença do artigo definido “o” antecedendo o vocábulo seguinte torna-o substantivo. Deve, então, ser grafado "porquê”, considerando-se que é vocábulo oxítono terminado em “e” o qual, quanto ao timbre, tem pronúncia fechada. A frase correta ficará: “Os meninos de hoje talvez não entendam o porquê de os velhinhos ficarem à janeia”
(C) Alternativa incorreta. Não há razão para ter surgido a preposição "a” antecedendo o pronome relativo “onde” Tal fato ocorre quando, por questões de regência - veja-se, por exemplo, a frase “A casa aonde vais é bonita” -, a preposição passa a reger o pronome relativo. Além do mais, o pronome relativo a ser empregado no texto desta alternativa será alusivo ao substantivo “janelas”. Isto implica o obrigatório emprego do pronome adjetivo relativo “cujas”. O texto estará corretamente grafado deste modo: "Eram simpáticas aquelas casinhas cujas janelas davam diretamente para a calçada”.
(D) Alternativa incorreta. Não se admite o emprego de artigos definidos após o pronome relativo “cujo” - e eventuais flexões. A frase ficará corretamente escrita deste modo: "Praticamente não mais se constroem casas cujas janelas se abram sobre a calçada”
(E) Alternativa correta. A presença da preposição “em”, antecedendo o pronome relativo “cujas”, deve-se à necessidade de o adjunto adverbial de lugar “em cujas janelas” ser regido pela citada preposição.
15. Quanto à necessidade do uso do sinal da crase, a frase inteiramente correta é:(A) Não se sabe à partir de quando as janelas perderam a sua condição
de posto de observação do mundo;(B) Já não interessa à muita gente ficar olhando a vida a partir da janela
de uma casa;(C) Os velhinhos ficavam assistindo à tudo das janelas, para onde leva
vam almofadas;(D) Das janelas assistia-se à vontade à movimentação das pessoas na rua;(E) Antigamente, à despeito de não haver muito o que fazer, as pessoas
pareciam mais dispostas à observar os detalhes do mundo.
Dédo Sena 298
. í |! I IQuanto ao uso do acento grave indicativo da crase, vejamos cada uma dasjalternativas da presente; questão: | |(A) Alternativa incorreta. Não se pode empregar acento grave na locução “aj
partir de”, uma vez que nâo há artigo definido antecedendo o vocábulo | "partir”. A frase correto será: “Não se sabè a partir de quando as janelas; perderam a sua condição de posto de observação do mundo”. j
(B) Alternativa jbncorreta. Considerando-se p vaior semântico indefinido j da expressão “muita gente” não há artigo diante dela, o que impede j a contração jvocabuíar, do que ocasiona ja interdição do uso de acento | grave. A frase corretamente redigida seráj "Já não interessa a muita gen- j te ficar olhando a vida a partir da janela jie uma casa”.
(C) Alternativa incorreta. Não pode haver emprego de acento grave in-1dícativo de crase diante de pronomes;indefinidos, de que o vocábulo!"tudo” é exemplo. Teremos o texto corretamente redigido deste modo:MOs velhinhos ficavâm assistindo a tudo 4as janelas, para onde levaVamalmofadas”. I \
j | i(D) Alternativa correta.; Empregou-se corretamente o acento grave na lo- j
cução adverbial formada por palavra feminina “à vontade” bem como | para que se sinalizasse a contração de preposição “a”, exigida pelo ver- j bo “assistir”]- empregado, comseptido de Ver”, “presenciar” coto o j artigo definido “a”, antecessor do substanitivo “movimentação”. Está é a | resposta da questão. j
(E) Alternativa incorreta. Não se emprega; acento grave indicativo de cra- j
se diante de palavra; masculina - como, pjor exemplo “despeito” bem j como diante; de forma verbal. Assim ficatá o texto, após as devidas re- j tificações: “Antigamente, a despeito de; não haver muito o que fazer, as j pessoas pareciam mais dispostas a obseryár os detalhes do mundo”.
Prova 13 - Tjécníco Judiciário/TRF 1a região/2006j
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j \ Português j
Gabarito:
01) C 09) D02) A 10) E03) D 11) C04) B 12) A05) E 13) B06) A 14) E07) B 15) D08) C
Décio Sena 300
Prova 14
Ia Região/2fi>§6
Orgulho ferido
Ura editorial da respeitada revista britânica The Lancer sobre o futuro de Cuba acendeu uma polêmica com pesquisadores latino-americanos. O texto da revista sugeriu que o país pode mergulhar num caos após a morte do ditador Fidel Castro, que sofre de câncer, tal como ocor-
5 reu nos países do Leste Europeu após a queda de seus regimes comunistas. E conclamou os Estados Unidos a preparar ajuda humanitária para os cubanos. De quebra, a publicação insinua que há dúvidas sobre a capacidade do sistema de saúde cubano fazer frente a esse quadro.
“O editorial é um desrespeito à soberania de Cuba”, diz Maurício10 Torres Tovar, coordenador-geral da Alames (Associação Latino-
Americana de Medicina Social). “A atenção do Estado cubano para com a saúde de sua população é um exemplo para todos. Cuba tem uma notável vocação solidária, ajudando, com remédios e serviços de profissionais, diversos países atingidos por catástrofes”, afirmou. Sergio Pastrana, da
15 Academia de Ciências de Cuba, também protestou: “Temos condição de decidir se precisamos de ajuda e direito de escolher a quem pedi-la.”
(Revista Pesquisa Fapesp. Outubro 2006, n. 128}
01. A polêmica gerada pela revista The Lancer deveu-se ao fato de que seu editorial:
(A) propunha restrições ao desenvolvimento econômico do regime cubano, tal como já acontecera com outros países comunistas;
(B) buscava intervir na política externa de Cuba, denunciando os planos expansionistas do enfraquecido ditador caribenho;
(C) antecipava os acontecimentos e propunha ingerências externas, prevendo o caos do regime e do sistema de saúde cubanos;
(D) considerava que a morte do ditador cubano revelaria para o mundoo caos em que há muito mergulhara a saúde pública do país;
(E) insinuava que o povo cubano se prestaria a referendar um regime ainda mais rígido depois da morte do ditador Fidel Castro.
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Provas Comentadas da FCC
(A) Afirmativa incorreta. Não há, no texto lido, referência a supostas restrições ao desenvolvimento econômico do regime cubano, nem menção de que já houvera idênticas restrições a outros países comunistas. O polêmica, segundo o texto, surgiu da afirmativa de que Cuba entraria em colapso após a morte de Fidel Castro, tal como aconteceu antes com países do Leste Europeu que passaram por situações análogas. Propunha, além do mais, que os Estados Unidos se predispusessem a ajudar o país caribenho, uma vez que este não dispunha de sistema de saúde suficiente para fazer frente ao problema que adviria do colapso iminente.
(B) Afirmativa incorreta. O.polêmico editorial da revista The Lancer afirmava que Fidel Castro se encontrava em grave situação de saúde e lançava a hipótese de, após a sua morte, Cuba mergulhar em caos político. Exatamente o oposto à possibilidade de existirem planos expansionis- tas do ditador e de seu governo.
(C) Afirmativa correta, como já havíamos comentado na alternativa (A) desta questão.
(D) Afirmativa incorreta. Na matéria divulgada pela revista The Lancer, havia sido noticiado que, após a morte de Fídel Castro, o sistema de saúde cubano talvez não estivesse capacitado a dar conta do caos político que viria a ser instalado. Não há menção ao fato de o sistema de saúde pública cubano já estar, há muito, instalado na ilha.
(E) Afirmativa incorreta. Segundo a matéria veiculada ná revista The Lancer, provavelmente haveria colapso político após a morte de Fidel Castro, o que difere, por completo, da afirmativa deste item, segundo o qual o povo cubano se prestaria a referendar um regime político ainda mais rígido do que o atualmente existente.
02. Segundo a alegação do coordenador-geral da Alames, as experiênciascubanas» na área da saúde,
I. sempre se pautaram pela solidariedade, embora fossem muito reduzidas e contassem com recursos limitados.
II. devem ser consideradas exemplares, no quadro internacional da medicina social.
III. demonstram a eficiência interna e a vocação solidária do Estado Cubano nessa área.
Vejamos cada uma das alternativas:
Prova 1 4 - Analista Judiciário/TRF 1a região/2006'
{ }Completa corretamente o enunciado o que se afirma em:
(A) II, somente; j
(B) I e II, somente;(C) I e III, somente; j(D) II e III, somente; |(E) I, II e UL | I
I í . ;Analisemos cada uma das afirmativas numeradas de I a III.I. Afirmativa mcorreta. Sérgio Pastrana, cõordenador-geral da ALAMES
(Associaçãoj Latino-Americana de Medicina Social), afirma no texto que compõe esta prova que Cuba sempije foi solidária com os demaisj países na área da saúde, já tendo ajudadjo outros países que passavam! por dificuldades. No entanto, não faz menção ao feto de os recursos dej que dispunlia o País fossem limitados, j |
I I Afirmativa èorreta. Iremos no texto as seguintes palavras, atribuídas a! Sérgio Pastrana: ,CA atenção do Estado cúbanopara com a saúde de sua\ população é\um exemplo para todos” \ |
III, Afirmativa Çorreta. podemos comprovaç seu acerto transcrevendo pa-j lavras atribuídas a Sérgio Pastrana e colhidas no texto da nossa provarj “A atenção 4o Estado cubano para com d saúde de sua população é wn\ exemplo patp todos. Cuba tem uma notável vocação solidária, ajudan- doy com remédios e serviços de profissionais, diversos países atingidos por catástrofes j I |
Estão corretas, a;ssim> as alternativas II e III, somente. I
03. Sergio Pastrana {afirma, em relação à posição do editorial do periódico]britânico, que cj povo cubano tem: í ]
j | í(A) competência para decidir seu destino | e direito de apoiar a quem!
quiser; |(B) condição dejapoiar a quem quiser e de escolher quem venha a apoiá-lo;(C) a convfcçãojde sua autossuficiência e o direito de escolher sua área de
míluênda; | j j(D) o direito de reconhecer suas fraquezas e o dever de saná-lasj
inter-namejiite; I(E) o direito de avaliar suas necessidades e dè decidir quem as preencheria.j
303 | Português!
Observemos a afirmativa, ainda de Sérgio Pastrana, relativa à posição do povo cubano caso uma possível necessidade de ajuda externa viesse a existir: "Temos condição de decidir se precisamos de ajuãa e direito de escolher a quem pedi-laAgora, vejamos cada uma das alternativas propostas na questão 3.(A) Afirmativa incorreta. Não há na passagem transcrita menção ao fato de
Cuba ajudar qualquer outro país, mas sim a de que, sobrevindo alguma necessidade de solicitar ajuda externa, ter o direito de escolher a quem solicitá-la.
(B) Afirmativa incorreta. É falsa a afirmativa de que o texto estabeleça que Cuba tem condição de apoiar a quem quiser. Há, sim, afirmativa de que Cuba já ajudou diversos países.
(C) Afirmativa incorreta. Faz-se menção ao direto cubano de “escolher sua área de influência”, o que não está sendo veiculado no texto.
(D) Afirmativa incorreta. No texto, percebemos que o articulista não aceitou a premissa de que seu sistema de saúde público contenha fraquezas. Pelo contrário, tem-no como um modelo a ser seguido por outros países.
(E) Afirmativa correta. Podemos depreender o acerto destá aixrmativa relendo o parágrafo introdutório dos comentários desta questão.
04. Quatro ações são atribuídas, no primeiro parágrafo do texto, ao editorial da revista britânica The Lancer: acender, sugerir; conclamar e insinuar. Considerando-se o contexto, não haveria prejuízo para o sentido se tivessem sido empregados, respectivamente,(A) ensejar - aventar - convocar - sugerir;(B) instigar - propor - reiterar - infiltrar;(C) dirimir - conceder - atribuir - insuflar;(D) solapar - retificar - conceder - induzir;(E) conduzir - insinuar — proclamar — confessar.
Procedendo-se à substituição dos verbòs destacados no enunciado da questão pelos que se sugerem nas alternativas da questão, teremos:
(A) Um editorial da respeitada revista britânica The Lancer sobre o faturo de Cuba ensejou {originalmente “acendeu1’) polêmica com pesquisadores latino-americanos. O texto da revista aventou (originalmente “sugeriu”) que
Décio Sena 304
^u u ii. i u i i u í t r s r j • l« g m o / ^ U U b
o país pode mergulhar num caos após a morte do ditador Fidel Castro, que sofre âe câncer, tàlcomo ocorreu .nos países do Leste Europeu apôs a queda de seus regimes comunistas. E convocou (originalmente "conclamou”) os Estados Unidos a preparar ajuda humanitária para os cubanos. De quebra, a publicação sugere (originalmente "insinua”) que há dúvidas sobre a capacidade do sistema de saúde cubano fazerfrente a esse quadro.
Afirmativa correta. As substituições efetuadas preservaram o exato sentido do texto original.
(B) Um editorial da respeitada revista britânica The Lancer sobre o futuro de Cubà instigou (originalmente “acendeu”) uma polêmica com pesquisadores latino-americanos. O texto da revista propôs (originalmente “sugeriu”) que o país pode mergulhar num caos após a morte do ditador Fidel Castro, que sofre de câncer, tal como ocorreu nos países do Leste Europeu após a queda de seus regimes comunistas. E reiterou (originalmente “conclamou”) os Estados Unidos a preparar ajuda humanitária para os cubanos. De quebra, a publicação infiltra (originalmente “insinua”) que há dúvidas sobre a capacidade do sistema desaiíde cubano fa zer frente a esse quadro.
Alternativa incorreta. Estão indevidas as substituições propostas para as substituições feitas com "instigou”, “reiterou” e “infiltra”, por não se ajustarem semanticamente às passagens em que foram empregados.
(G) Um editorial da respeitada revista britânica The Lancer sobre o futuro de Cuba dirimiu (originalmente "acendeu”) uma polêmica com pesquisadores latino-americanos. O texto dá revista concedeu (originalmente “sugeriu”) que o país pode mergulhar num caos após a morte do ditador Fidel Castro, que sofre de câncer, tal como ocorreu nos países do Leste Europeu após a queda de seus regimes comunistas„ E atribuiu (originalmente <(conclamouu)os Estados Unidos a preparar ajuda humanitária para os cubanos. De quebra, a publicação insufla (originalmente “insinua”) que há dúvidas sobre a capacidade do sistema de saúde cubano fazer frente a esse quadro.
Alternativa incorreta. Todas as substituições efetuadas são incorretas, por apresentarem vocábulos que não se ajustam semanticamente às passagens em que foram empregados.
(D) Um editorial da respeitada revista britânica The Lancer sobre o futuro de Cuba solapou (originalmente 'acendeu”) polêmica com pesquisadores latino-americanos. O texto da revista retificou (originalmente “sugeriu”) que
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Provas Comentadas da FCC
o pais pode mergidhar num caos após a morte do ditador Fidel Castro, que sofre de câncer, tal como ocorreu nos países do Leste Europeu após a queda de seus regimes comunistas. E concedeu (originalmente *'conclamou”) os Estados Unidos a preparar ajuda humanitária para os cubanos. De quebra, a publicação inãuz (originalmente “insinua'} que há dúvidas sobre a capacidade do sistema de saúde cubano fazer frente a esse quadro.
Alternativa incorreta. Mais uma vez estão equivocadas todas as substituições propostas, que não têm adequação semântica nas passagens indicadas.
(E) Um editorial da respeitada revista britânica The Lancer sobre o futuro de Cuba conduziu (originalmente f‘acendeu’) polêmica com pesquisadores latino-americanos. O texto da revista insinuou (originalmente “sugeriu”) que o país pode mergulhar num caos após a morte do ditador Fidel Castro, que sofre de câncer, tal como ocorreu nos países do Leste Europeu apôs a queda de seus regimes comunistas. E proclamou (originalmente “conclamoua) os Estados Unidos a preparar ajuda humanitária para os cubanos. De quebra, a publicação confessa (originalmente “insinua”) que há dúvidas sobre a capacidade do sistema de saúde cubano fazer frente a esse quadro.
Alternativa incorreta. Insistiu-se em substituições completamente equivocadas semanticamente para as formas verbais originariamente empregadas.
05. O editorial é um desrespeito à soberania de Cuba.
A frase acima permanecerá formalmente correta caso se substitua o segmento sublinhado por:(A) constitui uma afronta da soberania de Cuba.(B) representa um atentado contra a soberania de Cuba.(C) estabelece uma restrição com a soberania de Cuba.(D) é uma desconsideração em meio à soberania de Cuba.(E) trata com descaso pela soberania de Cuba,
Esta questão aborda regência nominal - em quatro alternativas - e verbal - na última delas.Observemos todas as alternativas da questão:(A) Alternativa incorreta. Ocorreu erro de regência nominal. O substanti
vo “afronta” rege a preposição “a” Deste modo, a frase correta ficará: “constitui uma afronta à soberania de Cuba”.
Décio Sena 3 0 6
(B) Alternativa c-orreta. ÍA preposição “contrj” está sendo requisitada pelo substantivo latentado”. Nada existe paíajser retificado na presente alternativa, que é a resposta da questão. j
(C) Alternativa incorreta. O substantivo “restrição” rege a preposição “a”.Teríamos a frase corretamente redigida áesta formà: “estabelece uma restrição à sqberaniá de Cuba”. : j :
(D) Alternativa incorreta: O sübstantivo “desconsideração” rege a preposição "a”. A frase estaria corretamente redigida desta forma: “é uma desconsideração à soberania de Cuba’’. [
(E) Alternativa mcorretk A forma verbal "trata” tem emprego transitivo jdireto. A frase ficaria correta se fosse retificada desta-forma: “trata com i descaso a soberania de Cuba”. ■
Prova 1 4 - AríaÜsfca Judiáário/TRF 1a região/2006
* I06. Para que se respeite a concordância verbal, será preciso corrigir a frase: j(A) Têm havido duvidas sobre a capacidade do sistema de saúde cubano, j(B) Têm sido levantadas dúvidas sobre a capacidade do sistema de saúde j
cubano. j j(C) Será que o sistema de saúde cubano temj suscitado dúvidas sobre sua
eficácia? I !I ‘ ’ í ’(D) Que dúvidas têm propalado os adversários de Cuba sobre seu sistema de saúde? \
(E) A quantas djívidas tem dado margemo Sistema de saúde de Cubà?
Para resolvermos esta qüestão, é necessário lèmbramo-nos de que o verbo “haver", quando Empregado com sentido de “existir”, é impessoal. Todos os demais verbos dà questão não têm a característica de impessoalidade que existe com o verlio citado. - |Observemos, agora, todas as alternativas dá questão, com respeito às concordâncias verbais efetuadas. ' i
(A) Concordância verbal incorreta. A formà yerbal composta empregada - pretérito perfeito composto do indicativo j- está formada pelo verbo; auxiliar “ter” ej pelo verbo principal “haver?1, empregado com sentido de “existir”, que, comojsabemos, é verbo impessoal, ou seja, não pode ser flexionado, uma vezique não tem sujeito. Sendo impessoal o verbo principal da forma verbal composta, o verbó auxiliar não pode ser, também, flexionado. Na. verdade, não há =sujeito pjara que sei promova a flexão. Ora, o acento circuríflexo posto sobre a forma verbal- auxiliar “Têm”, indica flexão em terceira pessoa do plural o|que, como vimos, é indevido, j
l * 3 0 7 r Português ]
A frase ficará corretamente grafada deste modo: “Tem havido dúvidas sobre a capacidade do sistema de saúde cubano”. Esta é, então, a resposta da questão.
(B) Concordância verbal correta. Na oração ora estudada, a forma verbal composta “Têm sido levantadas” tem como seu verbo principal o par- ticípio do verbo “levantadas” do verbo “levantar”. Este verbo principal não é impessoal» o que nos faz perceber que o sujeito da oração está sendo indicado pelo substantivo “dúvidas” Observemos, ainda, que na forma verbal composta mencionada, surge uma locução verbal auxiliar, indicada por “Têm sido”. Sendo o sujeito da oração o substantivo “dúvidas”, designativo de 3a pessoa do plural, o verbo auxiliar da locução verbal auxiliar sofreu a natural flexão em 3a pessoa do plural, para que a concordância verbal fóssè corretamente efetuada, .
(C) Concordância verbal correta, o verbo “suscitar”, principal da forma verbal composta “tem suscitado” não é impessoal. O sujeito da oração está sendo indicado pela expressãó “o sistema de saúde cubano”, representado, em sêu núcleo por “sistema” substantivo designativo da 3tt pessoa do singular. O verbo auxiliar do tempo composto foi empregado corretamente em 3o pessoa do singular, para que fosse feita a devida concordância verbal.
(D) Concordância verbal correta. O verbo “propalar”, principal da forma verbal composta “têm propalado” não é impessoal. O sujeito da forma verbal composta está sendo indicado pela expressão “os adversário de Cuba”, representado, em seu núcleo, pelo substantivo “adversários”, de- signativo de 3“ pessoa do plural, o que provocou o emprego do acento circunflexo sobre a forma verbal auxiliar do tempo composto, de modo que se caracterizasse sua flexão em 3a pessoa do plural, o que torna o texto correto quanto à concordância verbal.
(E) Concordância verbal correta. O verbo “dar”, principal da forma verbal composta “tem dado”, não é impessoal. Como podemos observar, o sujeito de “tem dado” está sendo indicado pela expressão “o sistema de saúde de Cuba”, cujo núcleo “sistema” indica a 3ft pessoa do singular. A ausência de acento circunflexo na forma verbal auxiliar wtem” indica sua flexão nestas pessoa e número, caracterizando-se a concordância verbal como correta.
07. A frase que admite transposição para a voz passiva é:(A) O país pode chegar a uma situação caótica;(B) O editorial é um desrespeito à soberania cubana;
Décio Sena 308
(C) A atenção do Estado cubano para com a saúde popular é exemplo pkta todos;
(D) Houve indignação é protestos contra o editorial da revista;(E) Cúba tem auxiliado países vítimas de catástrofes.
Já vimos em questões precedentes - prova 11, questão 13; prova 12, questão 6 e prova 13, questão 6 - os mecanismos de conversão das vozes verbais, Relembremos, para a resolução desta questão, um aspecto fundamental para que haja conversão de voz ativa para a voz passiva; é imprescindível que o verbo que surge na voz ativa seja de regência transitiva direta ou transitiva direta e indireta.Passemos, agora, à observação dos diversos itens que compõem esta questão:(A) A conversão desta oração para a voz passiva é impossível. O verbo prin
cipal da locução verbal - “chegar”, no caso - tem regência transitiva indireta.
(B) A conversão desta oração para a voz passiva é impossível Na verdade, não é viável afirmarmos que esta oração esteja na voz ativa. Isto porque seu verbo - “ser” - é de ligação, Como já sabemos, verbos de ligação não apontam ação que tenha sido praticada ou sofrida pelo sujeito. São verbos em que o conteúdo semântico praticamente inexiste, o que os faz, por isso mesmo, ser denominados verbos não nocionais.
(C) A conversão desta oração para a voz passiva é impossível. O verbo desta oração é, também, de ligação. Leia-se, então, o comentário da alternativa antecedente.
(D) A conversão desta oração para a voz passiva é impossível. O verbo “haver”, empregado com sentido de “existir”, apesar de transitivo direto, não admite o trânsito da oração em que surge para a voz ativa. Na verdade, também não procede denominarmos de voz ativa a oração por ele estruturada, já que, não havendo sujeito, não podemos afirmar que a ação recaiu sobre esta função inexistente.
(E) Ê possível a conversão desta oração para a voz passiva. Desta vez temos uma oração cuja forma verbal composta - pretérito perfeito composto do indicativo com núcleo representado por “auxiliado”, tem verbo principal de regência transitiva direta. A voz passiva correspondente a esta oração será: “Os países vítimas de catástrofes têm sido auxiliados por Cuba”.
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Provas Comentadas da FCC
08. De quebra, a publicação insinua que há dúvidas sobre a capacidade do sistema de saúde cubano fazer frente a esse quadro.A frase acima conservará a correção e o sentido caso se substituam os elementos sublinhados» respectivamente, por:(A) Apesar disso - confrontar-se com esse quadro;(B) Não obstante - enquadrar esse fato;(C) Além disso - enfrentar esse quadro;(D) Ainda assim - ficar face a face com esse quadro;(E) Por isso mesmo - enquadrar-se nisso.
Observemos a frase constante do enunciado da questão:De quebra, a publicação insinua que há dúvidas sobre a capacidade do sistema de saúde cubano fazer frente a esse quadro.Agora, vejamos a mesma frase com exatamente a mesma mensagem sendo veiculada já substituída pelas expressões que mantêm o sentido originai:Além disso. a publicação insinua que há dúvidas sobre a capacidade do sistema de saúde cubano enfrentar esse quadro. A resposta da questão está na alternativa (C), consequentemente.Observemos, agora, as demais alternativas da questão, procedendo-se à substituição dos fragmentos sublinhados no texto contido no enunciado da questão pelas sugestões nelas contidas.(A) Não está correta a primeira substituição. A introdução da expressão
"Apesar disso”, de valor concessivo, não condiz com a ideia de acréscimo sugerida por “De quebra” “Confrontar-se com esse quadro" poderia ser substituto para “fazer frente a esse quadro”,
(B) As duas sugestões de substituição propostas não atendem às necessidades semânticas de se preservar o sentido do texto original. A expressão “Não obstante” tem valor concessivo - tanto quanto a anteriormente empregada "Apesar disso” - o qual não reproduz a ideia de acréscimo de informação trazida pela expressão “De quebra”» e a expressão “enquadrar esse quadro”, além de estabelecer redundância viciosa, igualmente não reproduz a mensagem veiculada por “fazer frente a esse quadro”.
(D) A expressão “Ainda assim”, também de valor concessivo, não reproduz o que se disse anteriormente com “De quebra” A substituição de “fazer frente a esse quadro” por “ficar face a face com esse quadro” também provoca desvio semântico. Afinal, “fazer frente a esse quadro” sugere o enfrentamento com o quadro, o que não é viabilizado
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Prova 14 -Analista Judiciário/TRF 1“ região/2006j
cora "ficar face a face com esse quadroTtradutor da ideia de ficar-se,! apenas, à frènte do iquadro. : ! ]
(E) Desta vez, ás duas substituições propostas não atendem às exigênciasj semânticas originalmente impostas. A expressão que exprime conteú-] do retificadór “Por ísso mesmo”tem significado completamente distin-j to de “De quebra” e a substituição de "fazer frente1 a esse quadro” por! “enquadrarie nisso” é absurda iquanto aò atendimento da exigência dei preservaçãojdo sentido originai; j j
j M |09. Está adequada a articulação entre os tempos e os modos verbais da frase:
(A) A publicação conclamaria os Estados Unidos a terem providenciadojajuda humanitária para os cubanos; j j
(B) A publicação teria conclamado os Estâdòs Unidos a que providen-jciassem ajulda humanitária para os ciibjanos; |
(C) A publicaçao conclamará os Estados Uipdos a que providenciam aju-jda humanitária para os cubanos; ; j...
(D) A publicação tinha conclamado os Estados Unidos a que providen ciariam ajuldfa humanitária para os cubfanos;
(E) A publicaçao terájconclamado os Estados Unidos a que têm provi^denciado ajuda humanitária para os cubanos. j
Vejamos cada uma das. alternativas da presejnte questão, já com as formasverbais adequadamente dispostas na articulação entre:seus tempos ejmo-jdos, quando necessário. , !
(A) A publicação conclamaria os Estados \ Unidos a providenciarem djuddhumanitária para os cubanos. ' |
(B) A publicação teria conclamado os EstaâosXínidos a que providenciassemajuda humanitária para os cubanos. . | j
(C) A publicação conclamará os Estados Unidos a que providenciem ajudàhumanitárih para às cubanos. : ! j
(D) A publicação tinhá conclamado os Estados Unidos a que providenciaslsem ajuda humanitária para os cubanos^ i
(E) A publicaçao terá conclamado os Estados Unidos a .que providenciemajuda humanitária para os cubanos. | j
! ; ■ . . ll : . ' i
Como observamos, apenas a alternativa (B) hão teve dé ser retificada.
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(A) Ficou tão evidente no texto o quanto Cuba é solidária que tem para isso uma notável vocação;
(B) Onde a vocação de Cuba é realmente notável está no fator de sua incontestável solidariedade;
(C) Amplamente vocacionada para tanto, Cuba também já demonstrou, ainda assim, o quanto é solidária;
(D) Cuba já demonstrou, sobejamente, o quanto é vocacionada para o exercício da solidariedade;
(E) Nunca faltou à solidariedade de Cuba a vocação para se mostrar respectivamente notável nisso.
Observemos todas as alternativas da questão, em busca daquela que traz redação ciara e correta.(A) Alternativa incorreta. A transição da passagem “Ficou tão evidente no
texto o quanto Cuba é solidária” para “que tem para isso uma notável vocação” não se realizou com coerência, o que provocou falta de lógica semântica textual. O texto poderia ser retificado, atentando-se para a construção paralela, com a inclusão da conjunção coordenativa aditiva V*, após o adjetivo “solidária”, bem domo da expressão reforçatlva “o quanto”, ficando àssim: “Ficou tão evidente no texto o quanto Cuba é solidária e o quanto tem para isso umá notável vocação”
(B) Alternativa incorreta. Como sabemos, o advérbio e pronome relativo “onde” deve ser empregado, unicamente, para fazer menção a lugares. O emprego do vocábulo “Onde”, neste texto, nãó atende á esta exigência e está, por isso mesmo, incorreto. Para ser corrigido, o texto demanda nova estruturação que suprima o uso do vocábulo citado. Sugerimos a frase seguinte: “A vocação de Cuba pela solidariedade é incontestável e, realmente, notável”.
(C) Alternativa incorreta. Sendo expressão de teor semântico concessivo, “ainda assim” não tem encaixe semântico lógico neste texto. Afinal, já que Cuba é amplamente vocacionada para ajudar outros países, não é lógico o emprego da expressão articüladora citada para a afirmação de “o quanto é solidária” A simples supressão de “ainda assim" tornaria o texto claro e correto: “Amplamente vocacionáda para tanto, Cuba também já demonstrou o quanto é solidária”.
(D) Alternativa correta. Nenhum reparo torna-se necessário para que este texto esteja claro e correto. Esta é, então, a resposta da questão.
10. Está ciara e correta a redação da seguinte frase:
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(E) Alternativa incorreta. Não há encaixe semântico lógico para o advérbio “respectivamente”, neste texto. For outro lado, também não é adequado o emprego do pronome demonstrativo “isso”, que surgiu contraído com a preposição “em”, uma vez que a distância em que se encontra de seus antecedentes o faz perder a clareza quanto a seu referente. Por outro lado, as duas inversões que abrem o texto não são necessárias e dificultam a apreensão imediata do sentido do texto. Sugerimos nova redação para este texto: “A vocação de Cuba à solidariedade nunca deixou de ser notável”,
11. O editorial foi considerado-um desrespeito à soberania de Cuba, trataram a soberania dé Caba como uma questão menor, pretenderam reduzir a soberania de Cuba a dimensões risíveis, como se os habitantes do país não tivessem construído a soberania de Caba com sangue, suor e lágrimas.Evitam-sé as viciosas repetições acima substituindo-se os segmentos sublinhados, respectivamente, por:
(A) trataram a ela - reduzir-lhe - a tivessem construído;(B) trataram-na - reduzi-la - a tivessem construído;(C) a trataram - a reduziram - tivessem-na construído;(D) trataram-lhe - reduziram-lhe lhe tivessem construído;(E) trataram-na - reduziram-lhe - lhe tivessem construído.
Trata-se de questão cujo modelo vem-se tornando comum nas provas elaboradas pela Banca Examinadora da Fundação Carlos Chagas,O candidato deve saber reconhecer as regências verbais e ps pronomes oblíquos átonos incumbidos de substituírem expressões que, em geral, surgem como complementos verbais dispostos de modo redundante.Já pudemos ver este modelo de questão na prova 12, questões 15 e prova 13 questão 8,Passemos à observação desta questão.Podemos observar que a expressão “a soberania de Cuba” surgiu como complemento verbal de “trataram”, “reduzir” e “tivessem construído”. As três formas verbais para as quais serviu como complemento têm a mesma regência transitiva direta. Sendo, então, a expressão "a soberania de Cuba” - com núcleo no substantivo “soberania” - indicativa de 3a pessoa e do gênero feminino, o pronome pessoal oblíquo átono devido para sua substituição é “a”.
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Provas Comentadas da FCC
Deste modo, deveremos proceder à vinculação deste pronome com as formas verbais já citadas, deste modo:“ ...trataram a soberania de Cuba... ” - ao providenciarmos a ênclise pronominal, única posição possível neste fragmento já que não há palavra de atração para o pronome, deveremos observar a obrigatoriedade existente, pelo fato de o verbo terminar em nasalldade, de transformarmos graficamente o pronome “a” em "na”. Teremos, então: “ ..trataram-na...M.“ ...pretenderam reduzir a soberania de Cuba... ” - ao providenciarmos a ênclise pronominal, única posição possível neste fragmento, uma vez que não há palavra de atração para o pronome, observaremos a obrigatoriedade da transformação gráfica deste pronome em “-law quando o juntamos de modo enclítico a formas verbais terminadas em V , “s” e V 5, Teremos, “ ...pretenderam reduzi-la...w ...não tivessem construído a soberania de Cuba... ” - ao providenciarmos a pródise do pronome relativamente ao tempo composto "tivessem construído” - pretérito mais-que-perfeito composto do subjuntivo única posição correta (levando-se em conta apenas as indicações cultas formais, da sintaxe de colocação de pronomes átonos) neste fragmento, em face de não ser possível realizar-se ênclise a formas verbais em particípio e existir vocábulo de atração (o advérbio “não”), imediatamente antes do tempo citado, teremos “ ...não a tivessem construído...Temos, então, a sequênda: “trataram-na”, “reduzi-la” e "a tivessem construído”.
12. A expressão com que preenche corretamente a lacuna da frase:
(A) Foi dura, mas justa, a réplica______ Sergio Pastrana se valeu, em desagravo à dignidade do país;
(B) Foi grande a repercussão_____ obteve o editorial da revista entrepesquisadores latino-americanos;
(C) A muitos cubanos ofenderam os termos _____ o editorial se referiu ao futuro do país;
(D) As grandes potêndas costumam ser presunçosas quando analisam otipo de sociedade_____ os pequenos países escolheram construir;
(E) A revista britânica esqueceu-se de que os cubanos notabilizaram-sepelo sentimento de solidariedade_____ já demonstraram nas últimas décadas.
Dédo Sena 314
j Prova 14 - Analista Judfdário/TRF 14 região/2006 |\ j I | |
Vejamos cada uma das sentenças contidas nas àlternativas desta questão.já jcom a lacuna preenchida corretamente, em busca daquelas na qual empre- !garemos “com que”: i ■ j: \
(A) O pronome rellativo “que” desempenha, neste item, função sintática .de |objeto indireto da forma verbal “valer-se” O verbo "valer-se” exigiu que j o pronome relativo surgisse regido da preposição "de”. Este verbo, em- j pregado de niodo pronominal, como ocolrreu, é transitivo indireto e j seu complemento surge regido da preposição citada: “Sérgio Pastrana j valea-se de uma nota de desagravo ” , poi* exemplo. j
(B) Desta vez, o pronome relativo, representante semântico de “repercus- Isão”, funciona sintaticamente como objeto direto da forma verbal “ób- j teve”, cujo sujfeito é “o editorial da revista”.! Sendo objeto direto, nenhu- j ma preposição poderá anteceder o pronome relativo citado. j
(C) O pronome rklativo deste texto classificasse sintaticamente como ad- | junto adverbial de nieio, Na oração em: que surge, o sujeito de “se re- j feriu” está sendo indicado por “o editorial”. A forma verbal “se refe- j riu” - com o jpronome em próclise - temjregência transitiva indireta, | o que faz surgir o objeto indireto “ao futiiiro do país”. Observe-se quea oração ora [analisada está-nos dizendo [que o editorial se referiu ao futuro do país com ítermos (considerandb-se que o. pronome relativo empregado é| representante semântico do substantivo que o antecede “termos”). Ajprèposíção “com” surgiu, então, para reger o adjunto adverbial “comjque” (semanticamente equiparada a “com termos”). Esta j é a resposta da questão. ! I' j
I 1 7 ■ [' - I(D) De modo semelhante ao que ocorreu na alternativa (B), o pronome1 re- j
iativo desta oração -i representante semântico do substantivo “socieda- j de” - funciona como objeto direto do vert>o principal da locução verbal j “escolheram jconstruir” Sendo objeto direto, nenhuma preposição po~; derá antecedêr o pronome relativo. : | . j
(E) Mais uma veiz, temos um pronome relati\jò funcionando sintaticamen- jte como objejto direto e, por isso, não podendo ser precedido por pre-1 posição. Observemos que o referido pronòme é representante semântico de “solidariedade”. :
: . i! ■■ r :
315 Português
I. O editorial calou fundo nos pesquisadores latino-americanos, que a ele reagiram com firmeza;
II. O povo cubano deve decidir, por si mesmo, se precisa ou não de ajuda externa;
XII. Ofertas de auxílio podem ser constrangedoras, quando não solicitadas.
A eliminação da(s) vírgula{s) altera o sentido SOMENTE do que está em:(A) I;(B) II;(C) III;(D) I e II;(E) II e III.
Observemos a razão de emprego das vírgulas encontradas nos textos numerados de I a III,I. A vírgula que surgiu após o composto “latino-americanos” tem por
fim indicar a natureza semântica explicativa da oração “que a ele reagiram com firmeza” Assim, entendemos que todos os pesquisadores latino-americanos, sem exceção, reagiram.com firmeza ao editorial veiculado pela revista K7he Lancer" e, por óbvio, o editorial calou fundo em todos eles, também. A supressão da vírgula que ora comentamos transformaria o sentido que comentamos de tal modo que se passaria a dizer que apenas os pesquisadores latino-americanos nos quais o editorial da revista inglesa calou fundo teriam reagido ao mesmo com firmeza, o que indica não ter calado fundo em todos os pesquisadores. Ou seja, transformar-se-ia uma oração subordinada adjetiva explicativa em uma oração subordinada adjetiva restritiva, o que implicaria evidente alteração de sentido do texto original.
II. As vírgulas deste texto isolam expressão de natureza explicativa, colocando-a em reievo estilístico. Sua supressão provocaria, unicamente, a retirada da ênfase que se concedeu à expressão “por si mesmo”, sem que o sentido geral do téxto viesse a ser atingido.
III. Desta vez, empregou-se uma vírgula para que se separasse de sua oração principal uma oração subordinada adverbial temporal. Ê vírgula de emprego facultativo e que tem por intenção colocar a mensagem expressa pela oração subordinada adverbial temporal em relevo esti-
13. Considere as seguintes frases:
Dédo Sena 316
lístico, A retirada da vírgula que se mencionou apenas promoveria a supressão do destaque originalmente concedido à mensagem expressa pela oração subordinada adverbial temporal, sem que o sentido geral do texto sofresse qualquer alteração.
14. Estão corretos o emprego e a flexão dos verbos na frase:(A) A polêmica que o editorial tinha aceso entre os latino-americanos
também acerrou os ânimos de intelectuais progressistas europeus.(B) Atitudes colonialistas costumam insulflar ressentimentos entre os
povos que buscam imergir de suas fundas penúrias.(C) A revista 'lhe Lancer descriminou os cubanos, tratando-os como
bem lhe aprouveu.(D) Se os cubanos interviessem em outros países do modo como já inter
vieram as grandes potências, seriam duramente rechaçados.(E) Que ninguém se surprenda se os cubanos recomporem seu estilo de
vida, após uma eventual ruptura política.
Vejamos cada uma das alternativas da questão, com respeito ao emprego e flexão das formas verbais nela encontradas.(A) Alternativa incorreta. Ocorreu erfo de grafia na forma do verbo “acir
rar” que, na 3a pessoa do singular do pretérito perfeito do indicativo, deverá ser grafada “acirrou”.
(B) Alternativa incorreta. Ocorreu erro de grafia na forma do verbo “insuflar1’. Por outro lado, o contexto semântico recomenda o emprego do verbo “emergir” (vir à tona) nesta alternativa, e não o seu parônimo “imergir” (afundar).
(C) Alternativa incorreta. Está ocorrendo deslize de grafia na forma “descriminou” pertencente ao verbo “descriminar”, que, como significa “inocentar”, não tem aplicação semântica viável no contexto em que surgiu. Ocorreu, ainda, erro na conjugação do verbo “aprazer”, que indica “causar prazer”, “ser aprazível”, “agradar”, “deleitar” (cf. Dicionário Eletrônico Aurélio - Ed. Nova Fronteira)
Este verbo, frequentemente empregado em provas de português de concursos públicos, apresenta-se, segundo a maioria das gramáticas, com emprego defectivo, vale dizer, não conjugado em todas as formas. No entanto, há vozes discordantes. Vejamos o que se lê, em nossas gramáticas e dicionários acerca dele:
317 Português
Provas Comentadas da FCC
Presente do Indicativo: apraz, aprazem____________ ___________________________Pretérito Perfeito do Indicativo: aprouve, aproiiveram (formas irregulares)_______Pretérito Imperfeito do Indicativo: aprazía, apraziam_______________________Pretérito Mais-que-Perfeito do Indicativo: aprouvera, aprouveram (formas irregulares)Futuro do Presente do Indicativo: aprazerá, aprazerão______________________Futuro do Pretérito do Indicativo: aprazeria, aprazeriam_____________________Presente do Subjuntivo: apraza, aprazam___________________Pretérito Imperfeito do Subjuntivo: aprouvesse, aprouvessem (formas Irregulares)Futuro do Subjuntivo: aprouvet, aprouverem______________________________Imperativo Afirmativo: inexistente____________________________Imperativo Negativo: inexistente __________________Infinitivo Impessoal: aprazer_______________________Infinitivo Pessoal: aprazer, aprazerem____________'_______________________,Gerúndio: aprazendo________' ___________________________________Particípio: aprazido ______________________________________________
Há algumas Incoerências na conjugação acima vista, que é a mais consen- sualmente empregada deste verbo, como podemos observar.1. Não havendo a primeira pessoa do singular do presente do subjuntivo, que
ê a forma de que se deriva o presente do subjuntivo, este último tempo não deveria apresentar forma alguma.
2. Existindo, para alguns, as formas àe presente do subjuntivo “apraza” e “aprazam”, deveria haver as formas âe imperativo negativo “não apraza você” e “não aprazam vocês”
Na gramática do eminente Mestre Evanildo Bechara (Moderna Gramática Portuguesa, 37a edição, Ed. Lucerna, Rio de Janeiro, 1999, p. 269), lemos que o verbo “aprazer” conjuga-se como o verbo “prazer”. Quando nos orienta acerca da conjugação deste último verbo, obtemos a informação de que ele é “Pouco usado na Ia e 2a pessoa”, o que implica a possibilidade de o verbo “aprazer” não ser defectivo, obrigatoriamente.Á mesma informação de que o verbo "aprazer” não é defectivo, mas sim conjugado em todas as formas, encontra-se no Dicionário Eletrônico Aurélio- EcL Nova Fronteira.Celso Cunha e Lindley Cintra, em Nova Gramática ào Português Contemporâneo, 3a edição» 12° reimpressão, Ed. Nova Fronteira, Rio de Janeiro, 2001, p. 432, informam-nos "Empregado apenas na 3a pessoa, este verbo apresenta as seguinte formas irregulares:..” em divergência à informação que nos chega das duas formas precedentemente citadas.
Dédo Sena 318
Prova 14 - Anáiista Juàláário/TRF 14 região/2006
Vera Cristina Rodrigues, no Dicionário Houaiss âe Verbòs, Conjugação e Uso de Preposições, Edj Objetiva, Ia edição, Rio de Janeiro, 2003! p. 176, ao comentar o verbo "prazer”, aiia-o ao verbo “aprazer”: ejem nota de rodapé, informa- nos que “Embora jalguns gramáticos mencionejm conjugação completa para estes verbos, constata-se no uso corrente apenas a conjugação defectiva” i No Dicionário Eletrônico Houaiss da língua portuguesa, Ed. Objetiva, temos informação coincidente com a obtida no Dicionário Hpuaiss de Verbos, Conjugação e Usp de Preposições antecedentemente citada, acrescida; de nota em que se faz menção ao fato de que, modernamente, alguns gramáticos aceitam as foijmas “apra2erá” e “aprazeram” para o pretérito mais-qüe- perfeito do indicativo. |Por outro lado, em todas as fontes acima citadas, Íê~se que o verbo “aprazer- se” (pronominalmente empregado) tem todas jas suas formas conjugadas.(D) Alternativa cprreta. Não há qualquer deslize no texto. Esta é a resposta
da questão. | j(E) Alternativa ifiCorretai Ocorreu erro de grafia na forma verbal “surpre
enda”. Por otitro lado, a forma verbal “recomporem”, pertencente a "recompor”, que, por sua vez, deriva de “pôr”, deveria ter sido grafada sob a forma “recompuserem”, por estar no futjuro do subjuntivo. j
15.0 verbo Lndicadojentre parênteses deverá flexionar-se numa forma do sin- j galar para preencher corretamentea lacuna da frase I(A) Há muito aao se I ■ (tolerar) atitudes arrogantes como a do èdi- j
torial da revjista britânica.(B) Ê natural qiie____ L (ferir) o orgulho db povo cubano as exortações j
publicadas na revistabritânica. - j- !(C) Os pesquisa|dores ríão_____ (haver) de jsé ofender, caso os termos do j
editorial dajrevista fossem menos prepotentes. 1(D) Foi precisa á argumentação de que se • j (valer) os pesquisadores j
latino -americanos em sua réplica ao editorial.(E) Aos países ricos não_____ (competir) tomar decisões que afetem a
soberania dos países em desenvolvimento. j
Vejamos o prednchimento das lacunas existentes nas alternativas destajquestão, procurando aquela em que a forma verbal empregada na lacunajassumirá, obrigitoriamente, a flexão de número singular: ! ;(A) Ao se preencher a lacuna desta sentença com o verbo “tolerar”, deve-j
se atentar pàra ò fato de o mesmo estar em oração de voz passiva pro-j nominal (oijt sintética). Observe-se, comò prova desta afirmativa, a sua possível redação em voz passiva analítica (ou com auxiliar): “Há muito.
319 j Poriiiguêá
não são toleradas atitudes arrogantes como a do editorial da revista britânica.” Asáirri, óbservamòsque à expressão "atitudes arrogantes” funciona como sujeito do verbo que devemos empregar, o qüe implica sua flexão, como foi efetuada, na 3a pessoa do plural.
(B) Observamos que o sujeito da forma verbal sublinhada, pertencente ao verbo "ferir” é a expressão “as exortações” que lhe surge posposta, o que impõe o emprego da forma verbal citada na 3a pessoa do plural. Eis a reescritura do período, com os termos das suas orações postos em ordem direta: “É natural que as exortações publicadas na revista britânica firam o orgulho dopovó cubano”
(C) Desta vez, temos uma locução verbal (“hãó de ofender”), na qual o verbo principal, “ofender”, surge no infinitivo. 0 verbo “haver” está empregado nesta locução como seu verbo auxiliar. O sujeito da locução explicitada está sendo indicado pela expressão “Os pesquisadores”, com núcleo no substantivo “pesquisadores", o que faz com que tenhamos de flexionar a locução verbal em 33 pessoa do plural. Gomo sabemos, em uma locução verbal, as flexões de número e péssòa incidem sobre o verbo auxiliar, o que justifica a forma verbal "hão”
(D) A expressão “os pesquisadores latino-americanos”, sujeito do verbo “valer-se” (pronominal), acarretou o seu obrigatório emprego também na 3a pessoa do plural.
(E) O sujeito da forma verbal concernente ao verbo “competir” está sendo indicado pela oração "tomar decisões”. Para mais fácü apreensão do que afirmamos, reescrevemos o período com suas orações já divididas e com seus termos postos em ordem direta: [“Não compete aos países ricos] [tomar decisões] [que afetem a soberania dos países em desenvolvimento.”] Assim, entendemos que “tomar decisões [que afetem a soberania dos países em desenvolvimento] não compete aos países ricos”. Como já sabemos, os sujeitos representados por orações provocam a flexão dos verbos de que são sujeitos na 3a pessoa do singular. Esta é a resposta da questão.
Gabarito:
01) C 09) B02) D 10) D03) E 11) B04) A 12) C05) B 13) A06) A 14) D07) E 15) E08) C
Décio Sena 32 0
Prova 15
Analista/Banco Cemtral/2006
As questões de números 1 a 20 referem-se ao texto apresentado abaixo
O segredo da acumulação primitiva neoliberai
Numa coluna publicada na Folha de São Paulo, o jornalista Elio Gaspari evocava o drama recente de iun navio de crianças escravas errando ao largo da costa do Benin, Ao ler o texto ~ que era inspirado o navio tornava-se uma metáfora de toda a África subsaariana: ilha à de-
5 riva, mistura de leprosário com campo de extermínio e reserva de mão de obra para migrações desesperadas.
Elio Gaspari propunha um termo para designar esse povo móvel e desesperado: “os cidadãos descartáveis” "Massas de homens e mulheres são arrancados de seus meios de subsistência e jogados no mercado de
io trabalho como proletários livres, desprotegidos e sem direitos.” São palavras de Marx, quando ele descreve a “acumulação primitiva” ou seja, o processo que, no século XVI, criou as condições necessárias ao surgimento do capitalismo.
Pará que ganhássemos nosso mundo moderno, foi necessário, por 15 exemplo, que os servos feudais fossem, à força, expropriados do pedaci
nho de terra que podiam cultivar para sustentar-se. Massas inteiras se encontraram, assim, paradoxalmente livres da servidão, mas obrigadas a vender seu trabalho para sobreviver.
Quatro ou ciaco sécülos mais tarde, essa violência não deveria ter 20 acabado? Ao que parece, o século XX pediu uma espécie de segunda ro
dada, um ajuste; a criação de sujeitos descartáveis globais para um capitalismo enôm global.
Simples continuação ou repetição? Talvez haja uma diferença - pequena, mas substancial - entre as massas do século XVI e os migrantes da
25 globalização; as primeiras foram arrancadas de seus meios de subsistência, os segundos são expropriados de seu lugar pela violência da fome, por exemplo, mas quase sempre eles recebem em troca um devaneio. O protótipo poderia ser o prospecto que, um século atrás, seduzia os emigrantes europeus: sonhos de posse, de bem-estar e de ascensão social.
30 As condições para que o capitalismo invente sua versão neoliberai são subjetivas. A expropriação que toma essa passagem possível é psico
321
lógica: necessita que sejamos arrancados nem tanto de nossos meios de subsistência, mas de nossa comunidade restrita, familiar e social, para sermos lançados numa procura infinita de status (e, hipoteticamente,
35 de bem-estar) definido pelo acesso a bens e serviços, Arrancados de nós mesmos, deveremos querer ardentemente ser algo além do que somos.
Depois da liberdade de vender nossa força de trabalho, a “acumulação primitiva* do neoiiberalismo nos oferece a liberdade de mudar e subir na vida, ou seja, de cultivar visões, sonhos e devaneios de aventura e
40 sucesso. E, desde o prospecto do emigrante, a oferta vem se aprimorando. A partir dos anos 60, a televisão forneceu os sonhos para que o campo não só devesse, mas quisesse, ir para a cidade.
O requisito para que a máquina neoliberál funcione é mais refinado do que a venda dos mesmos sabonetes ou filmes para todos. Trata-se de
45 alimentar um sonho infinito de perfectibilidade e, portanto, uma insatisfação radical. Não é pouca coisa: é necessário promover e vender objetos e serviços por eles serem indispensáveis para alcançarmos nossos ideais de status, de bem-estar e de felicidade, mas, ao mesmo tempo, é preciso que toda satisfação conclusiva permaneça impossível.
30 Para fomentar o sujeito neoliberál, o que importa não é lhe vender mais uma roupa, uma cortina ou uma lipoaspiração; é alimentar nele sonhos de elegância perfeita, casa perfeita e corpo perfeito. Pois esses sonhos perpetuam o sentimento de nossa inadequação e garantem, assim, que ele seja parte inalterável, definidora, da personalidade
55 contemporânea.Provavelmente seria uma catástrofe se pudéssemos, de repente,
acalmar nossa insatisfação. Aconteceria uma queda total do índice de confiança dos consumidores. Bolsas e economias iriam para o brejo. Desemprego, crise, etc.
60 Melhor deixar como está, No entanto, a coisa não fica bem. Do meupequeno observatório psicanalítico, parece que o permanente sentimento de inadequação faz do sujeito neoliberál uma espécie de. sonhador descartável, que corre atrás da miragem de sua felicidade como um trem descontrolado, sem condutor, acelerando progressivamente por inércia
65 - até que os trilhos não aguentem mais.
{Contardo CalHgaris, Terra de ninguém. São Paulo: Publifolha, 2002)
Nota: O autor desse texto, Contardo Calligaris, é psicanalista e foi professor de estudos culturais na New School de Nova York. Faz parte do corpo do-
Provas Comentadas da FCC
Décio Sena 322
Pro^a 15 - Analista/Banco Centrai/2006Í
cente do Instituíç fo r tire Stiiãy ofViolencel eni Boston. É também colunís-j ta da Folha de Si Paulo.; . j j
01. Considere as seguintes afirmações: ;
I. Tomando cimo ponto de partida um comentário de outro jornalista sobre umjfato recente da época, o autor dispõe-se a compreender esse fato à luz de uma expressão de Marx “cidadãos descartáveis”, que já previa o processo migratório de jrabalhadores no século XX; j
II. A expressãcj “acumulação primitiva” é considerada pelo autor como j inteiramente anacrônica, incapaz, portanto, de sugerir qualquer ca-j minho de análise do neoliberalismo contemporâneo;
III. Acredita o ktitor que na base do mund<ji moderno, do ponto de vis- j ta econômico, está o fim do feudalismo, está a transformação dos j servos feudiis em trabalhadores que precisavam vender sua força dej trabalho, j
Em relação ao texto está correto SOMENTIE o que se afirma em:
(A)I;(B) II;(C) ni;(D) I e II;(E) I Ie m .
Vejamos cada uma das afirmativas feitas nèenunciação desta questão, nu meradas de I a jíll, com respeito à correção $o que enunciaram: j
I. Afirmativa) incorreta. É verdadeira apejias a afirmativa de que oíautdrdo texto liclo o redigiu tendo còmo elemento motivador inicial a leitura do jornalista Elio Gaspari. No entanto, ;à expressão "cidadãos descarta- veis” não é originalmente atribuída a Kari Marx, mas sim ao jornalista Elio Gaspari. Também não é verdadeira a afirmativa de que Marx já havia previsto o processo migratório dé trabalhadores a que Gaspari se refere e quje aconteceu em fins do séculp XX. !
II. Afirmativa incorreta. A expressão “acumulação primitiva”, empregada por Marx para descrever o fato que deu suporte, no século XVI, ao surgimfento do capitalismo - a expijopriação dos servos feudais dàs terras quejlhe davam sustento para vifer - não está, segundo d texto
323 Portugüês
lido, anacrônica. Podemos notar isso quando o autor escreve "Quatro ou cinco séculos mais tarde, essa violêtíciáiião deveria tér acábado? Ao que parece, o século XX pediu uma espécie de segunda rodada, um ajuste: a criação de sujeitos descartáveis globais para um capitalismo enfim global.” Dois parágrafos adiante do texto ora transcrito, escreve, ainda, o articulista: “As condições para que o capitalismo invente sua versão neoliberál são subjetivas ”
III. Afirmativa correta. Como se depreende da leitura do texto, segundo Contardo Calligaris, o capitalismo ~ sistema econômico que ora vige entre nós, em escala praticamente planetária - teve seus fundamentos com a acumulação primitiva, descrita por Marx quando abordou o fim do feudalismo, momento em que os servos feudais foram expropríados das terras que lhes davam sustento, passando, então, a necessitar vender sua força de trabalho para sobreviver.
02. O específico segredo a que se refere o autor no título do texto representa- se conceitualmente em vários momentos de sua argumentação, tal como ocorre na seguinte frase:
(A) Massas inteiras se encontraram, assim, paradoxalmente livres da servidão, mas obrigadas a vender seu trabalho para sobreviver;
(B) O navio tornava-se uma metáfora de toda a África subsaariana: ilha à deriva, mistura de leprosário com campo de extermínio e reserva de mão-de-obra para migrações desesperadas;
(C) Para que ganhássemos nosso mundo moderno, foi necessário, por exemplo, que os servos feudais fossem, à força, expropríados do pedacinho de terra que podiam cultivar para sustentar-se;
(D) Ao que parece, o século X X pediu uma espécie de segunda rodada, um ajuste: a criação de sujeitos descartáveis globais para üm capitalismo enfim global;
(E) Trata-se de alimentar um sonho infinito de perfectibilidade e, portanto, um insatisfação radical.
Vejamos todas as alternativas desta questão, não nos esquecendo de que buscamos a razão do emprego do vocábulo "segredo” encontrada no título deste texto, que é “O segredo da acumulação primitiva neoliberál”
(A) Afirmativa incorreta, O fato expresso nesta alternativa diz respeito a outro momento histórico, bem anterior àquele em que se instala o neoliberalismo.
Décio Sena 324
Frova 15 — Analista/Banco Centraí/2006
(B) Afirmativa incorreta. À passagem citada nesta alternativa é fragmento do texto de Élio Gaspari, que denominou os passageiros deste navio de "cidadãos descartáveis”. Não é, assim» fato que nos esclareça acerca do que é o segredo neoliberal.
(C) Afirmativa incorreta; Temos, agora, mais uma menção a fato ocorrido em moínénto histórico no qual se instalou o neoliberalismo e, por isso, bem anterior àquele em que vivemos, o que invalida este texto como explicação para o emprego do substantivo "segredo" presente em seu título.
(D) Afirmativa incorreta, A passagem lida serve, no texto, para que se promova a ligação da violência a que estiveram submetidos os servos feudais com a violência que se abate sobre o homem contemporâneo, sem que se faça alusão ao segredo neoliberal.
(£) Afirmativa correta. O segredo a que se refere o autor do texto está fundado na sedução pela busca de um bem estar que nunca satisfaz as pessoas, üma vez que sempre surgem outros ideais de bem-estar, mais novos, mais atuais, que passam a ser, assim, novos objetos de desejo. Este moto-contínuo, fundamento principal cultivado pela propaganda contemporânea, deixa no homem moderno uma angústia, produto de constante insatisfação. Trata-s© da estratégia neoliberal de estimular o consumo, enfim, de promover o etferno desejo de adquirir novos produtos ou de as pessoas desejarem ser diferentes do que realmente são.
03, A afirmação de que As condições para que o capitalismo invente sua versão neoliberal são subjetivas tem sua coerência respaldada no desenvolvimento do texto, ;á que o autor:
(A) descarta à análise de processos históricos, para melhor se apoiar em aspectos da vida privada dos indivíduos típicos da era industrial;
(B) mostra como as exigências de satisfação pessoal vêm sendo progressivamente atendidas, desde que o homem passou a se identificar comseu status\
(C) analisa o funcionamento da máquina liberal e a considera uma tributária direta do conhecido processo da acumulação primitiva;
(D) localiza na permanência do sentimento âe nossa inadequação um requisito com que vem contando o neoliberalismo;
(E) entende que o neoliberalismo assenta sua base no princípio de que os sonhos dos cidadãos descartáveis devem ser excluídos do pragmatismo produtivista.
325 Português
Provas Comentadas da FCC
Vejamos, mais uma vez, todas as alternativas da presente questão:(A) Afirmativa incorreta. O texto tem ampla exposição de aspectos históri
cos para que suas teses sejam fundamentadas.(B) Afirmativa incorreta. Percebemos, da leitura do texto, que o segredo
para que o neoliberalismo se imponha como fato praticamente inevitável no mundo de hoje é exatamente a insatisfação pessoaL
(C) Afirmativa incorreta. Não há possibilidade de, peia leitura do texto, aceitarmos a tese de que o funcionamento da máquina liberal seja um tributário direto do processo da acumulação primitiva, expressão criada por Marx para descrever o violento processo, ocorrido no século XVI, da desapropriação dos servos feudais das terras de onde retiravam seu sustento. Na verdade, o funcionamento da máquina liberal, segundo lemos no texto, está fundamentado em algo bem rnais sutil, em que não se nota a violência, a qual existe de maneira disfarçada.
(D) Afirmativa correta. Como vimos, a estratégia capitalista, na versão neoli- beral, está fundada, segundo o texto, na eterna busca de bem estar, que faz resultar o “sentimento de nossa inadequação” e, por conseqüência, venhamos a fazer parte dos milhares de pessoas que, freneticamente, procurara a perfeição inatingível, criada pela propaganda neoliberál.
(E) Afirmativa incorreta. O sucesso do neoliberalismo assenta-se no princípio da insatisfação pessoal, o que leva as pessoas a sempre postergarem a realização de seus sonhos, o que as torna rigorosamente dependentes do produtivismo.
04. Quatro ou cinco séculos mais tarde, essa violência não deveria teracabado?
No contexto em que formula a pergunta acima, o autor, implicitamente, está questionando a tese de que os processos históricos ocorreriam:
(A) como atualização de providências já verificadas no passado;(B) numa escala de progressivo aperfeiçoamento social;(C) alternando ganhos e perdas na qualidade de vida dos cidadãos;(D) de modo a recompensar o esforço das classes dirigentes;(E) de modo a tornar cada vez mais nítidas as aspirações de cada classe
social.
Décto Sena 326
Prová 1 5 - Analista/Banco Ceníra!/2006 !
(A) Alternativa incorreta. Não há procedência no que se lê neste item, até porque não ha qualquer menção ao fató de terem sido tomadas providências no passado ou mesmo no presentd momento;
(B) Alternativa correta. Quanto o articulista faz a menção ao fato de que“quatro ou cinco séculos já passaram”, citahdo esta afirmativa para, em seguida, sugenr - observe-se o emprego da forma verbal "deveria ter acabado” em jfuturo do pretérito que o problema acerca do qual discorre já poderia (ou teria) terminado, obviamente parte do pressuposto de que, com ò passar do tempo, melhorariam as relações dos homens com elesprópjrios, ou seja, de que haveria iím natural progresso das instituições sociais. : !
(C) Alternativa incorretas O texto lido não faz menção a eventuais ganhos de qualidade reaí de vidá dos cidadão, nem permite que deduzamos isto.
(D) Alternativa incorreta: Em nenhuma passagem do texto seu autor alúdea esforços feitos por membros das classes (dirigentes, os quais nem sequer são citados. r
(E) Alternativa incorreta. A pergunta feita pdlo articulista e transcrita ;no enunciado da|questãõ remete à questão dajviolência do processo de manipulação das pessoas pelo processo capitalista, agora em sua versão neoliberal, e não às aspirações de: cada daèse social.
05. No contexto em que ocorre a afirmação de que: j \
(A) deveremos qyerer ardentemente ser algo além do que somos, o autor acusa o processo de despersonalização acionado pela máquina neoliberal. j ]
(B) a “acumulação primitiva” do neoliberalismo nos oferece a liberdade de mudar e subir na vida, o autor concede em que há uma vantagem real nesse caminho econômico.
(C) Provavelmente seria uma catástrofe se pudéssemos (...) acalmar nossa insatisfação»o autor mostra ó quanto! os neoliberais subestimam a força da nossa subjetividade. ' [ j
(D) é melhor deixar como está, o autor está tomando como pior a situação represenjada por um trem descontroladot sem condutor.
(E) esses sonhos perpetuam o sentimento de nossa inadequação, o termosonhos está representando ura caminho [alternativo para as práticas neoliberais. { í
Novamente vejamos todas as alternativas da questão:
327 I Português i
riuvaà v - u i n c K t n u o ? *
Mais uma vez, vejamos todos os itens da questão, em busca daquele que contém assertiva correta:(A) Alternativa correta. Segundo o autor, a máquina neoliberai, para poder
realizar seu objetivo de manter-se ativa, e, a partir daí, no poder, estimula, principalmente por meio dé propagandas ilusórias, o homem a consumir os produtos que supostamente trariam para ele bem-estar, que o fariam mudar de vida, ser pessoa de sucesso, ter ascensão sócio- econômica, ou seja, ser pessoa diferente daquela que realmente é.
(B) Alternativa incorreta. Çontardo Caliigaris posiciona-se exatamente na posição oposta ao que se lê neste item. Cita, inclusive: como testemunho, a experiência que obtém em seu consultório de psicanálise.
(C) Alternativa incorreta. O segredo da "acumulação primitiva” do neoli- beralismo decorre da percepção de que o homém torna-se presa fácil das técnicas propagandísticas de persuasão levadas a efeito peio referido sistema. Na realidade, os neoiiberais não subestimam a força da subjetividade humana porque sabem que os homens são prisioneiros deía, são objetos dela, e não seus agentes.
(D) Alternativa incorreta. Pior seria que percebêssemos o quanto somos manipulados em nossos desejos e pudéssemos, então, libertarmo-nos deles. Neste caso, sim, o autor, sugere que a ordem que se instalaria não seria mais a que nos faz agir buscando nossas miragens, "como trem descontrolado,1 sem condutor”.
(E) Alternativa incorreta. Os “sonhos” citados no fragmento' textual transcrito são os que resultam da estratégia neoliberai de fazer com que corramos, irrefletidamente, em busca de uííiã melhor casa, déüma melhor roupa, de um melhor corpo físico não porque delès necessitemos, mas simplesmente porque fomos á isto indúzido.São, deste modo, sonhos que “pérpetuam o sentimento de nossa inadeqiiação” séndo, por isso, elementos por meio dos quais as práticas neoiiberais se mantêm.
06. No primeiro parágrafo, o autor se valeu das formas evocava e era inspirado, referindo-se a um texto do jornalista Elio Gaspari. O emprego do tempo verbal comum a essas duas formas indica que Contardo Caliigaris está dando relevo rio texto dé seú còiéga,(A) ao aspecto durativo da narração e a uma qualidade permanente da
sua linguagem;(B) à época muito remota da ação narrada e a uma qualidade circuns
tancial do estilo;
Décio Sena 328
Prova 15 - Anaiista/Banco Central/2006
(C) a duas ações narradas simultaneamente, encerradas num passado já remoto;
(D) à rapidez com que ocorreu a ação narrada e a um mérito ocasional da linguagem;
(E) ao caráter inacabado da ação narrada e a uma passagem especial da narração.
As formas verbais assinaladas (evocava e era inspirado) estão no pretérito imperfeito do indicativo.Como babemos, entre òs valores significativos apontados pelo pretérito imperfeito do indicativo, estão:
L apontar ação passada frequentemente ou repetidamente ocorrida:
Eu estudava em colégio com regime de internato, quando minha mãe faleceu.Todo dia, ao cair da tarde, punha-se a regar as plantas de seu jardim.
2. narrar, em ações que ocorrem concomitantemente, aquela que fo i atalhada por outra:
Ria-se muito, e o professor interveio aborrecido.
. - 3, traduzirfátos pretéritos que se julgam contínuos (durativos) ou permanentes:O poeta escrevia, durante sua estada naquela pousada, seus poemas de manhã e a mocinha os lia ao fim do dia.Esta é a passagem em que surgem as formas verbais de pretérito imperfeito que deram origem à presente questão:“Numa coluna publicada na Folha de São Paulo, o jornalista Elio Gaspari evocava o drama recente de um navio de crianças escravas errando ao largo da costa do Benin, Ao ler o texto - que era inspirado o navio tornava- se uma metáfora de toda a África subsaariana: ilha à deriva, mistura de le- prosário com campo de extermínio e reserva de mão-de-obra para migrações desesperadas”Como podèmos observar, ao empregar o pretérito imperfeito, o autor do texto - Contardo Calligaris - está destacando, em relação ao texto de Elio Gaspari, o aspecto durativo da ação com o pretérito imperfeito de “evocar” (observe-se que, sendo a ação de "evocar” já ocorrida no momento em que o articulista Contardo Calligaris comentou o texto, a forma de pretérito per-
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feito “evocou” a daria como encerrada e, assim, destituída do aspecto dura- tivo que apontamos). Por outro lado, o aspecto de permanência de qualidade textual (a qualidade de o texto ser inspirado) foi alcançado com a forma verbal também de pretérito imperfeito "era”.
07. Na frase Massas inteiras se encontraram, assim, paradoxalmente livres da servidão, mas obrigadas a vender seu trabalho para sobreviver> o emprego do termo paradoxalmente justifica-se quando se atenta para a relação nuclear que entre si estabelecem» no contexto, os elementos:
(A) massas e livres;(B) vender e obrigadas-,(C) livres e obrigadas;(D) viver e vender;(E) vender e sobreviver.
Paradoxo é tudo aquilo que se opõe ao senso comum, que é absurdo, tudo aquilo que é um contra-senso, que é um disparate.É paradoxal no fragmento “Massas inteiras se encontraram, assim, paradoxalmente livres da servidão, mas obrigadas a vender seu trabalho para sobreviver” o emprego dos vocábulos "livres” e “obrigadas”» por. encerrarem a ideia de que pessoas livres eram, ainda assim, obrigadas a vender seu trabalho para viver.Os valores semânticos de “livres” e “obrigadas” são, entre si, contraditórios.
08. Na proposta de uma nova redação para uma frase do texto, cometeu-se um deslize quanto à concordância verbal em:
(A) Não teriam sido suficientes quatro ou cinco séculos para que se ex- tiiiguissem de vez as manifestações de violência principiadas no século XVI?;
(B) Fez-se necessária não só a criação, mas também a multiplicação de sujeitos descartáveis para que se caracterizassem as condições de um capitalismo globalizado;
(C) Vendam-se os mesmos sabonetes ou filmes para todos, o principal requisito dos procedimentos neoliberais vai além disso, e atende a exigências que são de alta sofisticação;
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(D) Devem-se notar, comparando-se as massas do século XVI e os mi-jgrantes da globalização, um quadro dé semelhanças que não exclui uma impoijtante diferença; ; j
(E) Áo nos agraciar com sonhos de perfectibilidade, a máquina liberaiinclui entre seus segredos estratégicos ò sentimento da insatisfação radical. I - I
! ■ I - ! ‘ ; IVejamos todas às alternativas da presente iqtíestão, com vistas a descobrirmos em qual delas é possível observar-se deslize de concordância verbal: |
!. ; i !(A) Concordâncias verbais corretas. A formaj verbal composta “teriam sido’]
está corretajmente concordando com o siujeito indicado pela expressão "quatro ou cinco séculos”. Igualmente correta está a.forma "extinguis-j sem” que, em oração de voz passiva pronominal, concorda com seu su-j jeito, representado pela expressão “as manifestações de violência", j
(B) Concordância verbais corretas. Os verbós “fazer” e “caracterizar”,; ambos em orações de voz passiva pronominal, estão concordando corretamente com seus sujeitos apontados por Tnão só a criação, mas também a multiplicação deisujeitos descartáveis” (concordância por atração) e “as condições de um capitalisrfro globalizado”, respectivamente. |
. 1 : M ■ ■(C) Concordâncias verbais corretas. As formas verbais “Vendam”, “vai” è“atende71 estão corretamente concordando com seus sujeitos représen-; tados, respectivamente, por “os mesmoé sabonetes ou filmes pará to-j dos” (primeiro verbo) e “o principal requisito dos procedimentos neoli-i berais” (segundo e terceiro verbos). No primeiro caso, temos oração em! voz passiva jpronominal. Nos outros doijS, temos orações de voz ativai Observe-se jque o sujeito de “atende” - que como já esclarecemos, é oj mesmo de “jvai” - está implícito. ’ | j
(D) Concordância verbal incorreta. O sujeito da locução “Deve-se notar”!- agora corretamente empregada cm 3a pessoa do singular - está ísen-l do indicadojpela expressão "um quadrp <jle semelhanças”, cujo núcleo éj o substantivo “quadro”. Note-se que hòúve a intercalação de umajlon~j ga oração reduzida de gerúndio entre a locução verbal e seu sujeito. A| forma verbal “exclui” está corretamente empregada em 3° pessoa doj singular, concordando com o séu sujeito; indicado por “um quadro de! semelhançaà”, com núcleo no substantivo “quadro”. Em virtude doides-j lize na concordância da primeira forma vérbaí comentada, esta é a res-l posta da questão, }
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r" i í_ ;v o ^ > u u m c i u a u c p u a i
(E) Concordâncias verbais corretas. Inicialmente, temos . uma . oração reduzida, com o verbo "agraciar” empregado em infinitivo impessoal. Depois, encontramos a forma verbal “inclui”, corretamente empregada em 3a pessoa do singular, para que concorde com seu sujeito, representado por “a máquina liberal"
09. Considerando-se o contexto, traduz-se corretamente o sentido de umaexpressão ou frase do texto em:
(A) um navio (...) errando ao lado da costa do Benin - um navio tomando um rumo equivocado junto ao litoral do Benin?
(B) Para fom entar o sujeito neoliberai = corii ò fito de estimular o homem neoliberai;
(C) arrancados de nós mesmos - arrastados por nossos próprios impulsos;
(D) Ê preciso que toda satisfação conclusiva permaneça impossível ~ é mister que não se conclua a satisfação possível;
(E) O protótipo poderia ser o retrospecto — o modelo primitivo poderia ser a ilusão.
Vejamos todas as expressões originais e suas respectivas tentativas de pa-ráfrases, com o intuito de descobrirmos em qual delas se incorreu em erro:(A) Alternativa incorreta. A forma verbal em gerúndio “errando” indi
ca, neste caso, que o navio não tinha rumo definido. À passagem “ao lado da costa do Benin” pòderíà ser substituída pòr “junto áo litoral do Benin”.
(B) Alternativa correta. O verbo “fomentar’’ significa prover de recursos que possibilitem o crescimento, promover, estimular. O valor semântico de finalidade foi preservado com a expressão “com p fito". Finalmente, o substantivo “sujeito” foi empregado no texto, original com sentido de ser humano, ou, homem, entendido como a espécie humana.
(C) Alternativa incorreta. A equivalência das expressões “de nós mesmos” e “por nossos próprios impulsos” é indevida. Por outro lado, “arrancar” também não é, exatamente, “arrastar”.
(D) Alternativa incorreta. Não é possível aceitar-se què a oração “que toda satisfação conclusiva permaneça impossível” seja, semanticamente,
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igualada a “que não se conclua a satisfação possível”. Observe-se, por exemplo, que ha oração original, ò adjetivo “conclusiva” refere-se ao .substantivo “satisfação”. Na segunda oração, não se empregou o adjetivo “conclusiva”, mas sim o verbo “concluir” o qual recebe como objeto direto o sintagma **a satisfação possível”.
(E) Alternativa incorreta. O substantivo “protótipo” não significa “modelo primitivo”, e sim o modelo inicial de alguma coisa. Em acréscimo, o substantivo “retrospecto” significa a observação ou a percepção de um fato passado e nada tem a ver com “ilusão” consequentemente.
10. Para se evitar repetição de palavras, expressões ou frases, pode-se recorrer a uma elipse: embora não se represente de novo na frase, o elemento oculto estará subentendido.Considerando-se o contexto, há a elipse de:
(A) ua vidá em Ç,-) a acumulação primitiva nos oferece a liberdade de mudar e subir na vida, ou seja, de cultivar visões, sonhos devaneios de aventura e sucesso,
(B) sonho infinito em trata-se de'alimentar um sonho infijiiio de perfcc- tibilidade e, portanto, uma insatisfação radical
(C) o que importa em (...) o que importa não é lhe vender mais uma roupa, uma cortina, uma lipoaspiração; é alimentar nele sonhos de elegância perfeita, casa perfeita, e corpo perfeito.
(D) pudéssemos em provavelmente seria uma catástrofe se pudéssemos, âe repente, acalm ar a nossa insatisfação.
(E) o sentimento em pois esses sonhos perpetuam o sentimento de nossa inadequação e garantem, assim, que ele seja parte inalterável, definidora, da personalidade contemporânea.
Podemos verificar o uso implícito de “o que importa”, na alternativa (C):“(...) o que importa não é lhe vender mais uma roupa, uma cortina, uma lipoaspiração; [o que importa] é alimentar nele sonhos âe elegância perfeitas casa perfeita, e corpo perfeito .”Nas demais opções não há possibilidade de emprego da palavra ou das expressões indicadas.
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11. Sonhos não faltara; há sonhos dentro de nós e por toda parte," razão pela qual a estratégia neoliberai convoca esses sonhos, atribui a esses sonhos um valor incoraensurável, sabendo que nunca realizaremos esses sonhos.Evitam-se as viciosas repetições dos elementos sublinhados na frase acima substituindo-os, na ordem dada, por:(A) há eles - convoca-os - atribui-lhes - realizaremo-Ios;(B) os há - os convoca - lhes atribui - realizaremo-los;(C) há-os - convoca-lhes - os atribuí - realizálos-eraos;(D) há estes ~ lhes convoca - atribui-lhes - os realizaremos;(E) há-os - os convoca - atribui-lhes - os realizaremos.
Ao procedermos às substituições das expressões sublinhadas, que3 neste fragmento textual funcionam como complementos das formas verbais a que se ligam, devemos observar de início a regência de cada uma delas, para podermos optar pelos pronomes oblíquos átonos devidos; em segundo lugar, observaremos a localização que deve ser dada a cada pronome» para que não se cometa erro de colocação pronominal.Então, vejamos cada uma das passagens sublinhadas:
1) “há sonhos”; o substantivo “sonhos” funciona como objeto direto da forma verbal “há” e indica, quanto ao gênero e número, o masculino plural. Então, o pronome a ser empregado neste caso é “os”. No tocante à colocação, ocorre nesta passagem um fato interessante: a posição recomendável, considerando-se a inexistência de palavras que atraiam o pronome, é a ênclise verbal “há-os” Contudo, em casos como este, nos quais a junção enclítica cria vocábulo que apresenta dissonância, admite-se, também, a pródise, ainda que não haja vocábulo de atração. Então, temos na primeira passagem: "há-os” ou "os há”.
2) “convoca esses sonhos”; a expressão “esses sonhos” é o objeto direto da forma verbal “convoca”. Sendo indicativo de masculino e plural, o pronome ajustado para sua substituição será, também, “os” A existência de sujeito com núcleo substantivo imediatamente antecedendo o verbo “convocar” faculta a próclise, como sabemos. Deste modo, teremos como possíveis na segunda passagem: “convoca-os” ou “os convoca”.
3) "atribui a esses sonhos”: a expressão “a esses sonhos” funciona como objeto indireto de “atribui”. Sendo objeto indireto e plural, podemos empregar a forma pronominal oblíqua átona “lhes” ou, mesmo, a forma pronominal oblíqua tônica “a eles”. Se optarmos pelo emprego da forma
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\ j í[ | ' |pronominal oblíqua: átona “lhes", a única possibilidade de colocação está em ênclise, pjela inexistência de palavra atrativa. O terceiro complemento será substituído por “lhes” ou “a eles” j; j
4} “realizaremojs esses=sonhos”: novamentej temos a expressão “esses so| nhos” funcidnando ;como objeto direto de verbo. Desta vez, é o objeto direto da forma verbal “realizaremos”. Còmo já vimos, por ser masculif no e plural, empregaremos o pronome fos” que obrigatoriamente surgif rá em próclise - embora a forma verbal Realizaremos” seja de futuro do presente - tehdo em: vista a presença dò advérbio “nunca” posto antes dó verbo e sem pausa. Teremos, então, obr-igktoriamente “os realizaremos”!
A observação da próclise obrigatória do último pronome seria sufic-ientè para que fossenj descartadas as alternativás (A), (B) e (C), já que nestas três não se nota a prpclise pronominal obrigatória. |A alternativa (Ú), considerando-se a má opçjio pelo pronome “lhes” - òbrij gatoriamente eriipregado para atender à transitividade indireta verbal em lugar da forma torreta i“os” também não pode ser aceita; Esclarecemos qué o emprego do demonstrativo “estes”, citado ineste item (D), não representai igualmente, arrielhor escolha, uma vez que tál pronome costuma ser eriaprej- gado com valor batafórico, ou seja, para anunciar algo que ainda vai seriditoj
12. Está correto o emprego de ambos os elemeiàtos sublinhados na frase j
(A) Os sonhos de cuios nos queremos alinlentar não satisfazem os desejjos com qu a eles nos moveram. j
(B) A expressãp de Elio Gaspari, áqual sejrefere o autor do texto, é ucij dadãos des;cartávéis” e alude às criaturas desesperadas cujo o riumo é inteiramente incerto.
(C) Os objetivos de qiue se propõem os neoiiberais não coincidem com aánecessidades por cuias se movem os “cidadãos descartáveis” [
(D) Ás miragens a que nos prendemos, aò lòngo da vida, são projeções deanseios cujo destino não é a satisfação Conclusiva. |
(E) A força do (nosso trabalho* de que nãò relutamos em vender, difícil} mente será|paga pelo valor em que nos;satisfaremos.
Vejamos as divèrsas alternativas, com respejíto à sintaxe dos pronomes re - lati1
(A)va 10, o prónome relativo “cujo” tem enjtprego distinto de todos os de-
I iI i
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Português= I
os apontados:
Alternativalincorreta. Como lemos no cojmentário da questão 20 da pro
mais pronomes relativos; é pronome adjetivo relativo, o que significa dizer que está, sempre, ao lado de um substantivo, o que não ocorreu neste testo. Por outro lado, também está incorreto o segundo emprego do pronome relativo, uma vez que a preposição “com” não é exigida pelo verbo “mover”, neste texto. À sua correção apontará; “Os sonhos de que (ou dos quais) nos queremos alimentar não satisfazem os desejos que a eles nos moveram”.
(B) Alternativa incorreta. A regência transitiva indireta do verbo “referir-se” contido na oração que se inicia no primeiro pronome relativo assinalado, impõe que sua forma gráfica seja “à qual” de modo que se indique a contração da preposição comentada com o Vocábulo “a” qué faz parte do pronome relativo. Por outro lado, como lemos no comentário da questão 20, prova 9, não se pode empregar artigo definido após o pronome relativo “cujo” (e eventuais flexões). Deste modo, retificaremos o texto deste modo: “A expressão de Elio Gaspari, à qual sè refere o autor do texto, é "cidadãos descartáveis”, e alude às criaturas desesperadas, cujo rumo é inteiramente incerto”
(C) Alternativa incorreta. Na primeira ocorrência de pronome relativo, lançou-se mão de preposição indevida, uma vez que não requerida pelo verbo “propor-se” (com emprego pronominal). Na segunda ocorrência, o pronome relativo "cujas”, como já sabemos, não pode ser empregado com valor substantivo. O período estará corrigido deste modo: "Os objetivos a que se propõem os neoiiberais não coincidem com as necessidades por que se movem os ‘cidadãos descartáveis7”
(D) Alternativa correta. A preposição que surge regendo o pronome substantivo relativo “que” está sendo exigida pela regime da forma verbal “prendemos”. Está perfeito o emprego do pronome adjetivo relativo “cujo” què funciona como adjunto adnominaí para o substantivo “destino”, núcleo do sujeito da forma verbal “é”. Esta é a resposta da questão.
(E) Alternativa incorreta. O primeiro pronome relativo não pode ser regido por preposição: funciona como objeto direto da forma verbal “relutamos”. A preposição exigida pela forma verbal “satisfazer”, neste texto, é “com”, e não "em”. Assim ficará o texto, após as correções necessárias: “A força do nosso trabalho, que não relutamos em vender, dificilmente será paga pelo valor com que nos satisfaremos”.
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w iu a i/zU U O
13. Para que ganhássemos o mundo moderno, foi necessário que os servn.c feudais fòssemvà forca, éxoropriados do pedacinho de terra que podiam cultivar para sustentar-se..
Conserva-se, numa outra construção correta, o sentido do trecho sublinhado na frase acima, em:
(A) foi preciso que houvesse a exproprlação, à força, do pedacinho de terra que os servos feudais podiam cultivar para seu sustento.
(B) fez-se necessário que o pedacinho de terra, cultivado para o sustento dos servos feudais, tivesse sido expropriado à força.
(C) foi preciso que se expropriassem dos servos feudais, à força, do pedacinho de terra que cultivavam para sustentar-se.
(D) houve a necessidade de se expropriar do pedacinho de terra, à força, que os servos feudais cultivavam para seu sustento.
(E) houve a necessidade do pedacinho de terra ser expropriado, à força, na qual os servos feudais cultivavam para sustentarem-se.
Em "Para que ganhássemos o mundo moderno, foi necessário que os servos feudais fossem, à forca, expropriados do pedacinho de terra que podiam cultivar para sustentar-se ”, diz-se que os servos feudais perderam, por meio de emprego de força, o pedacinho de terra que podiam cultivar para seu próprio sustento.
. Podemos ler em Dicionário Eletrônico Aurélio, Ed. Nova Fronteira: Expropriar: “Desapossar (alguém) de sua propriedade segundo as formas legais e mediante justa indenização”.Vejamos, agora, todas as alternativas da presente questão:(A) Alternativa correta. Houve a precisa reprodução do texto originalmen
te sublinhado e contido no enunciado da questão. Esta é a resposta.(B) Alternativa incorreta. A inserção de “cultivado para o sustento dos ser
vos feudais” é ambígua, com respeito aos autores do cultivo.(C) Alternativa incorreta. Como lemos no fragmento transcrito do Dicionário
Aurélio, citado no início dos comentários desta questão, o verbo "expropriar” tem regência transitiva direta e indireta. O texto está incorretamente tratando este verbo, uma vez que apresenta duas expressões preposicionadas, a saber: "dos servos feudais” e “do pedacinho de terra”. A simples supressão da preposição “de”, que rege o primeiro fragmento ora apontado, corrigiria a redação desta alternativa.
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(D) Alternativa incorreta. A coesão no fragmento citado ficou prejudicada, uma vez que a oração "que os servos feudais cultivavam para seu sustento” não tem encaixe semântico viável, no texto. Sugerimos, para que se retifique o texto, a redação: “houve a necessidade de se expropriar os servos, à força, do pedacinho de terra que cultivavam para seu sustento”.
(E) Alternativa incorreta. O texto peca, novamente, por falta de coesão e coerência. Sugerimos suareescritura deste modo: “houve a necessidade de o pedacinho de terra, o qual os servos feudais cultivaram para sustentarem-se, deles fosse expropriado, à força”
14. O requisito para que a máquina neoliberai funcione é mais refinado do que a venda dos mesmos sabonetes ou filmes para todos. Traia-se de alimentar um sonho infinito de perfectibilidade (...).Entre os dois períodos acima, há uma conexão lógica que se manteria com a substituição do segmento sublinhado por:(A) para todos; assim como há a necessidade de;(B) para todos? Não, já que se trata de;(C) para todos? Sim, a despeito de consistir em;(D) para todos, conquanto seja o caso de;(E) para todos, pois consiste em»
Constatamos a existência de nexo semântico explicativo enlaçando os dois períodos. Afinal, afirma-se que o requisito (...) é mais refinado (...) para todos, e, em seguida, explica-se a razão da afirmativa feita precedentemente.Deste modo, o articulador que estabelece o vínculo entre os dois períodos, preservando o nexo semântico já apontado é a conjunção coordenativa explicativa "pois”. A resposta está, então, na alternativa (E).Nas demais alternativas, encontramos:(A) Alternativa incorreta. Não existe, entre os dois períodos apontados, nexo
semântico de simples adição, como seria indicado pela expressão “assim como”.
(B) Alternativa incorreta. A aceitação desta alternativa, implicaria dizer-se que a afirmativa inicial estaria incorreta, o que, por se tratar da premissa em que se fundamentou o autor do texto, não pode ser aceito.
(C) Alternativa incorreta. A resposta afirmativa estaria correta, mas a expressão “a despeito de”, que porta valor semântico concessivo, invalidaria a continuidade do texto.
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(D) Alternativa incorreta. O emprego da conjunção subordinativa conces- | siva “conquanto” semelhantemente ao que vimos na alternativa prece-! dente, não pode ser àceito, uma vez que introduziria oração contendo I valor semântico em oposição ao que se bnúnciou na primeira oração, i
15. A frase inteiramente correta, coesa e coerente ê:\ i } :
(A) Depois de haver passado quatro ou cinco séculos, é de se esperar quese houvesse posto fim com tamanha violência;
(B) Já decorreram quatro ou cinco séculos e, a despeito disso, não há sinais de arrefecimento de toda essa violência;
í : i-(C) Não parece que essa violência venha:a ser dirimida, apesar dessesquatro ou ciiico séculos em que ocorreu;
(D) Muito embora tenham passado-se três jou quatro séculos, essa Violência vem ocorrendo de forma sistemática;
(E) Mesmo que j[á se passassem três ou quatro séculos, não obstante não houve indícios de que a violência tenha amenizado.
Vejamos todas as alternàtivas da presente questão, em busca daquela lemque se nota texto (inteiramente correto, coeso é coerente: 1(A) Alternativa incorreta. De iníckv çegisti-ernos o deslize de concordân
cia verbal pela não flexão do verbo auxllikr “haver” da locução “haver passado”, cujb sujeítò é “quatro du cincò séculos”. Não se deve confundir esta menção temporal com caso de sujeito inexistente. Em seguida, apontemos ol emprego indevido da preposição “com” na passagem ;em que surge. O texto, então, ficaria correto assim redigido: “Depois de haverem passaao quatro ou cinco séculos! éjde se esperar que se houvesse posto fim ja tamanha violência”* A ausência de acento grave indicativo de crase jna palavra V* que antecede b adjetivo “tamanha” devè-se ao teor indefinido do segmento, o quejnab faz surgir artigo definido, sendo a palafra “a” mencionada apenas preposição. Ê como se estivéssemos dizendo:"... é de se esperar que se houvesse posto fim a tamanho constrangimènto”. ; ; j
(B) Alternativa dorreta.jNão há qualquer deslize gramatical neste texto,que, quanto à clarezá e coerência, está, também, rigorosamente correto. Esta é a resposta da questão. \ \
(C) Alternativa ibcorreta. Observadas as cinçò alternativas, notamos que as expressões “quatrò ou cinco séculos”:- alternativas (A) e (B) - e “três ou quatro sébulos” - alternativas (D) e (É) - devem ser consideradas
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como sujeitos sintáticos de diversas formas verbais: "haverem passado” em (A), “decorreram” em (B), “tenham passado” em (D) e “passassem” em (E). Nesta alternativa, a expressão “quatro ou cinco séculos” igualmente funciona como sujeito. Desta vez, da forma verbal relativa ao verbo “ocorrer" que, por isso, deve surgir na 3a pessoa do plural, ficando o texto corretamente redigido desta forma: “Não parece que essa violência venha a ser dirimida, apesar desses quatro ou cinco séculos que ocorreram”. Comentamos, por oportuno, que a utilização da expressão “apesar de” - de valor semântico concessivo - é coerente, uma vez que, no plano lógico de articulação das idéias, não seria de se esperar que a violência, tendo ocorrido era quatro ou cinco séculos; não parecesse vir a ser dirimida. Assim, não procede a aceitação de que o texto não seria coerente e, a partir daí, a consideração da expressão “em que” como adjunto adverbial de tempo para o verbo “ocorrer”, que teria como sujeito implícito a expressão “a violência”.
(D) Alternativa incorreta. Não pode haver êncíise a formas verbais em particípio, estando, portanto, equivocada a colocação do pronome oblíquo átono em “tenham passado-se”. Caberia, neste caso, a prócllse do pronome ao pretérito perfeito composto do modo subjuntivo, motivada pela presença da conjunção subordinativa concessiva “embora” (“Muito embora se tenham p a s s a d o o u a colocação proclítica ao verbo principal da verbal citada (“Muito embora tenham se passado..”}, lembrando-se que esta última posição pronominal é caracteristicamente peculiar à sintaxe brasileira de colocação pronominal. Teríamos, então, o texto retificado deste modo: "Muito embora se tenham passado (ou "tenham se passado”) três ou quatro séculos, essa violência vem ocorrendo de forma sistemática”.
(E) Alternativa incorreta. O emprego de “não obstante” - de valor concessivo - provocou redundância que prejudicou a coesão e a coerência do texto. Sua retirada tornará o texto correto e assim redigido: “Mesmo que já se passassem três ou quatro séculos, não houve indícios de que a violência tenha amenizado”.
16. A expropriação que torna essa passagem possível é psicológica: necessita que sejamos arrancados nem tanto de nossos meios de subsistência3 mas de nossa comunidade restrita3 fam iliar e social,Na frase acima, e no contexto do parágrafo que ela integra,(A) a ação expressa em necessita deve ser atribuída a essa passagem .
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i«/-r»M cuout/octi^u .enirai/^uuo
(B) a expressão sejamos arrancados tem sentido equivalente ao de nos arranquemos. "■ ; ’
(C) a expressão arrancados nem tanto âe nosso meios de subsistência, mas de (,..)> tem sentido equivalente a arrancados, menos do que de nossos meios de subsistência, de
(D) o complemento verbal de necessita é expresso por nossa comunidade restrita, fam iliar e social.
(E) o sinal de dois-pontos pode, sem prejuízo para o sentido, ser substituído por vírgula, seguida da expressão por conseguinte.
Vejamos todas as afirmativas feitas a respeito de passagens do texto da prova:
(A) Afirmativa incorreta. A ação expressa pela forma verbal “necessita” tem como sujeito o sintagma "A expropríação” e obviamente deve ser atribuída a tai sintagma, e não a “essa passagem”
(B) Afirmativa incorreta. A expressão verbal “sejamos arrancados” representa uma locução verbal passiva, cujo sujeito - "nós" - é indicado pela desinência verbal número-pessoal “-mos”. Por outro lado, seu agente nos é desconhecido. Isto implica dizer que, ao transportarmos a locução verbal passiva citada para a voz ativa, teremos como sujeito uma in- determinação. Para que expressemos tal indeterminação, considerando-se a regência transitiva direta do verbo “arrancar” - a ser usado na voz ativa - deveremos empregar este verbo na 3a pessoa do plural O objeto direto deste verbo será representado pela expressão que, na voz passiva, representava o sujeito, o qual, como vimos precedentemente nestes comentários, é “nós”. Ficaremos, então, com “arranquem-nos”. Para lermos acerca da transposição de vozes verbais, podemos retornar, por exemplo, à prova 9, questão 9.
(C) Afirmativa correta. Para comprovarmos esta correção, convém voltarmos ao parágrafo em que surge a expressão sublinhada: “A expropria- ção que torna essa passagem possível ê psicológica: necessita que sejamos arrancados nem tanto de nossos meios de subsistência....”. Como podemos verificar, a expressão “arrancados nem tanto de nossos meios de subsistência” estabelece uma comparação, um cotejo entre aquilo que por ela é reportado e “nossa comunidade restrita, familiar e social”. Desta comparação resulta a percepção de que o que se diz a partir de “nem tanto” é menos relevante do que aquilo que se estabelece a seguir. Este confronto se marca pelo emprego das expressões “nem tanto”- que tem valor semântico tradutor de inferioridade - e pela conjunção adversativa “mas”, que fecha a comparação destacando que a mensa-
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gem por ela introduzida é oposta àquela em que se Ieu "nem tanto”, ou seja, é mensagem ascendente em relação àquela. A Banca Examinadora propôs que escrevêssemos o texto com a substítuição: de "nem tanto” por “menos do que” o que evidencia o processo descrito neste comentário. Esta é a resposta da questão.
(D) Afirmativa incorreta. Em “necessita que sejamos arrancados nem tanto de nossos meios de subsistência, mas de nossa comunidade restrita, familiar e social, para sermos lançados numa procura infinita de status (e> hipoteticamente, de bem-estar) definido peio acesso a bens e serviços” o complemento verbal de “necessita” é a oração seguinte “(de) que sejamos arrancados nem tanto de nossos meios de subsistência, mas de nossa comunidade restrita, familiar e social”. A ausência da preposição que redigimos entre parênteses é permitida em casos nos quais o objeto indireto do verbo “necessitar” faz-se representar por uma oração.
(E) Afirmativa incorreta. Vejamos como ficaria o fragmento textual, caso realizássemos a substituição sugerida: “A expropriação que torna essa passagem possível é psicológica, por conseguinte necessita que sejamos arrancados nem tanto de nossos meios de subsistência....” Como sabemos, a locução conjuntiva “por conseguinte” introduz valor semântico conclusivo. É do grupo das conjunções “logo”, “pois”, “portanto”. A alteração sugerida não pode ser feita, tendo em vista a inexistência de nexo semântico conclusivo envolvendo as afirmativas “A expropriação que torna essa passagem possível e psicológica” e “necessita que sejamos arrancados nem tanto de nossos meios de subsistência”. Originalmente, os dois-pontos preparam o leitor para a explicação trazida pelo autor para a afirmativa inicial de que "A expressão que toma essa passagem possível é psicológica”.
17. O verbo indicado entre parênteses deverá ser obrigatoriamente flexionado numa forma do plural para preencher de modo correto a frase:
(A) Quanto mais interesses____ _ (haver) em jogo, mais contundentesserão as iniciativas da máquina neoliberai.
(B) A não_____ (ser) pelas miragens que alimenta» muitas pessoas nãoconseguiriam sustentar o ânimo de viver.
(C) O que não lhes______ (dever) convir é abandonar todos esses sonhosque ajudam a viver.
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trova o - Anaiisia/Banco Central/2006
(D) Nunca me _|____(sobrevir), como agora, os sobressaltos que cáda |sonho traz consigo. 5 | : !
(B )_____ -se (deWr) a éssás miragens o eéfojrço com que muitos condu- !zem seu trabklho» : 1
i : ' í|Vejamos todas as| alternativas da questão e seiis respectivos verbos empregados, em busca (ia alternativa em que se utilizará, obrigatoriamente, a 3apessoa do plural: | ; !(A) Nesta alternativa, empregou-se o verboi “haver”, com sentido de “exis
tir” “acontecèr”, Como já vimos algumas vezes anteriormente, tratá-se de verbo impessoal, o que implica seu obrigatório emprego na 3a pessoa do singular, como indicado. : :
(B) Nesta alternativa, a forma verbal “ser" - obrigatoriamente empregada impessoalmente no infinitivo - integrã a!‘expressão’denotativa de exclusão “A nãò ser”, permanecendo sem flexão.
(C) Empregou-sej, nesta alternativa, o verbo auxiliar “dever” - na locução "deve convirj - na 3a pessoa do singularj .de modo que fosse estabelecida a concordância da referida locução com seu sujeito, indicado pelo pronome relativo “qüe” por sua. vez representante semântico do pronome demonstrativo “O”, seu antecessor imediato. Trata-se de fato lingüístico já cómentado em algumas questpes anteriores. Para que haja mais facilidade de apreensão do que comentamos, apresentamos o período da presenb alternativa, já com suas: orações dividas e devidamente apontadas: [Ò [que hão lhes deve convir] Sé][abandonar todos essesjso- nhos][que ajúdam a viver.] Podemos repojrtar-nos à prova 9, questão 5, item (E), para vermós fato idêntico ao qué agora ocorreu.
(D) Desta vez, é obrigatório do emprego da 3a pessoa do plural para o pretérito perfeito ko verbo “sobrevir”, derivado de “vir” Isto porque seu:sujeito está representado pela expréssão ‘ossobressaltos”. Esta é a resposta da questão. i
(E) Emprego obrigatório dp verbo “dever” em 3a pessoa do singular, para que seja feita a sua concordância com o sujeito que se indica com á expressão “o esjforço” ó qíxal surgiu pospostjo ao verbo. A expressão “á essas miragens”, pelo:fato de estar preposíciònada, não pode desempenhar papel dje sujeito do verbo, sèndo, ha (verdade, seu objeto indireto.
Português
18» A partir dos anos 60> a televisão forneceu os sonhos para que o campo não só devesse, mas quisesse, ir para a cidade.Na frase acima, as formas devesse e quisesse exprimem condições subjetivas, atribuídas a campo. Tal recurso estilístico está presente também no segmento sublinhado na frase:(A) O protótipo poderia ser o pròspecta que (...) seduzia os emigrantes
europeus.(B) (...) o jornalista Elio Gaspari evocava o drama recente de um navio de
crianças escravas errando ao largo da costa do Benin.(C) Não é pouca coisa: é necessário promover e vender objetos e serviços (...)(D) Aconteceria uma queda total do índice de confiança dos
consumidores,(E) que importa não è lhe vender mais uma roupa, uma cortina ou
uma lipoaspiração (...)
No fragmento o campo devesse, mas quisesse, ir. para a cidade” ocorre emprego de figura literária que cónsiste èm empregar-se um vocábulo em lugar de outro, èstaridoV heste caso, ti'Vocábulo “campo” empregado em lugar de “pessoas” Esta figura dè pensamento' dêriòminà-sè metonímia. Devemos, então, procurar em que alternativa está, igualmente, ocorrendo metonímia.Para tanto, vamos reler fragmento relativo ao 5o parágrafo do texto da prova:“Talvez haja uma diferença ~ pequenat mas substancial - entre as massas do século XVI e os migrantes da globalização: as primeiras foram arrancadas de seus meios de subsistência, os segundos são expropriados de seu lugar pela violência da fome, por exemplo, mas quase sempre eles recebem em troca um devaneio. O protótipo poderia ser o Vrasvecto que, um século atrás, seduzia os emigrantes europeus: sonhos de posse, de bem-estar e de ascensão social.”O mesmo processo de alargamento do sentido de um vocábulo, por se tê-lo empregado em lugar de outro, nota-se na passagem sublinhada, transcrita no item (À) desta questão.Observe-se que não era o prospecto que seduzia os emigrantes europeus, mas sim o teor persuasivo da sua mensagem. Temos, assim, também uma metonímia na alternativa (A) da presente questão.Não se nota, em nenhuma outra alternativa, tal figura de pensamento.
Décio Sena 344
(A) Para que xiãosobrevissem màiòres violências, seria preciso interferir nesse processo de acumulação, que a tantos destitue das mínimas condições de sobrevivência.
(B) O autor do texto e seu colega Elio Gaspari conviram em que os “cidadãos descartáveis” constituíssem o efeito vivo do funcionamento da máquina liberal.
(C) Para que se extingua essa expropriação histórica, fazer-se-ia necessário que haja pleno controle do processo de acumulação.
(D) Os sonhos que advirem da contínua sedução que sobre nós exerce a máquina neoliberal estariam condenados à insatisfação.
(E) Por não terem podido resistir à expropriação de seus pedacinhos de terra, os servos feudais não contiveram um processo que só fez crescer ao longo dos séculos.
Analisemos os empregos verbais constantes nos períodos que compõemesta questão:
(A) Emprego verbal incorreto. O.verbo “sobrevir” - derivado de “vir” por ter como sujeito a expressão “maiores violências”, deverá ser grafado na 3a pessoa do plural do pretérito imperfeito dò subjuntivo, o que faz surgir a forma “sobreviessem”. O verbo “destituir”, ao ser empregado na 3a pessoa do singular do presente do indicativo, assume a forma “destitui”. A alternativa estará retificada, então, sendo grafada deste modo: “Para que não sobreviessem maiores violências, seria preciso interferir nesse processo de acumulação, que a tantos destitui das mínimas condições de sobrevivência”.
(B) Emprego verbal incorreto. O verbo “convir”, derivado de “vir”, ao ser grafado na 3a pessoa do plural do pretérito perfeito do indicativo, assume a forma “convieram”. Está correta a forma de 3a pessoa do plural, pretérito imperfeito do subjuntivo do verbo “constituir”, grafada em “constituíssem”. O texto desta alternativa ficará corrigido, caso seja grafado desta forma: “O autor do texto e seu colega Elio Gaspari convieram em que os “cidadãos descartáveis” constituíssem o efeito vivo do funcionamento da máquina liberal”
(C) Emprego verbal incorreto. Cometeu-se erro de grafia na representação da 3a pessoa do singular do presente do subjuntivo do verbo “extin- guir *, que deve ser grafado “extinga” Por outro, lado, cometeu-se deslize no emprego de tempo verbal ao se empregar o verbo “haver” no presente do subjuntivo, em vez de no pretérito imperfeito do subjuntivo,
19. Estão corretamente flexionadas e articuladas as formas verbais da frase:
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Provas Comentadas da FCC
que seria a forma apropriada para este texto. Retificaremos o texto da presente alternativa, redigindo: “Para que se extinga essa expropriação histórica, fazer-se-ia necessário que houvesse pleno controle do processo de acumulação”.
(D) Emprego verbal incorreto, O verbo “advir” - derivado de “vir” - deve ser empregado nesta alternativa na 3a pessoa do plural do pretérito imperfeito do subjuntivo, grafado, então, na forma “adviessem”, de modo que o emprego do futuro do pretérito encontrado em “estariam” esteja adequado. A frase corretamente redigida apontará “Os sonhos que adviessem da contínua sedução que sobre nós exerce a máquina neoliberal estariam condenados à insatisfação”.
(E) Emprego verbal correto. Empregou-se convenientemente em “terem podido resistir” a locução auxiliar “terem podido” no infinitivo composto. Além disso, o verbo “conter” está corretamente utilizado na 3a pessoa do plural do pretérito perfeito do indicativo. Não há nada a ser corrigido nesta alternativa.
20. Quanto à pontuação, está inteiramente correta a frase:
(A) Ê possível que entre os leitores, haja os que não concordem com a tese esposada pelo autor; a de que as condições de atuação do neoliberalismo são subjetivas, uma vez que incorporam sonlios de realização impossível.
(B) O jornalista Elio Gaspari, citado pelo autor, acredita, a julgar pela expressão de sua própria lavra, que há sujeitos inteiramente excluídos do processo civilizatório, mercê do funcionamento da máquina neoliberal.
(C) A busca incessante de status empreendida pela maioria das pessoas, faz parte de uma estratégia, segundo a qual, há sempre uma miragem que deve ser perseguida; como se miragens pudessem de repente ganhar corpo»
(0) Continuação ou repetição das mesmas violências - não importa -o fato é que não temos conseguido incluir, a maioria dos cidadãos, num processo era que houvesse um mínimo de justiça, na distribuição das riquezas.
(E) Ao se referir ao seu observatório psicanalítico o autor expõe a perspectiva, segundo a qual, detectou razões de ordem subjetiva, para que a máquina liberal aja em conformidade com uma estratégia aliás muito bem planejada.
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Provk 15 - Analista/Banco CentraJ/2006 i
Vejamos todos os itens da presente questão; cpm respeito à pontuação ne- jles empregados: j j j(A) Pontuação inporreta; De início, não é certa a presença da vírgula posta j
após o substantivo “leitores”, uma vez qiiej promove a separação entre a | conjunção subordinativa integrante “que” e o corpo, da oração por ela ] introduzida. jTai vírgula pode permanecer no texto, desde que se empregue uma òutra após a conjunção subordinativa citada. Deste modo, estaria sendd isolada a expressão “entre jos leitores”. Lembremos que este isolamento tem hatureza facúltativá. Também não está adequado o sinal de pontjoe vírgula posto após o substantivo “autor”, que devei ser substituído pjor uma vírgula, para que se jsole o aposto resumitivo,; indicado pelo pronome demonstrativo “a" Â vírgula posta após o adjetivo “subjetivas” de emprego facultativo, :separa oração subordinada adverbial postajem ordem direta. O texto ficará correto, sendo assinalkda a facultatividàde de emprego das vírgulas jcomentadas com emprego de parênteses, deste modo: “É possível que(>) éritre os leitoresQ haja os que não concordim corri a tese esposada pelo autor* a de que as condições de atuação do neoliberalismo são subjetivàsQ uma vez que incorporam sonhos de realização impossível” | ,
(B) Pontuação correta. Nada existe para se retificar neste item, em que seintercalou com um par de vírgulas as orações intercaladas “citado pelo autor” e “a julgar pela expressão de sua própria lavra”. Promoveu-se, j ainda, o empjrego de vírgula que põe em rjelevo estilístico o adjunto ad- j verbial “mercê do funcionamento da máquina neoliberál”. j
(C) Pontuação incorreta;. Inicialmente está ocorrendo separação entre o.su- j jeito “A busca incessante de status empreendida pela maioria das pes- | soas” e a forma verbal “faz". Depois, empregou-se inconvenientemente ] vírgula entre: o pronome relativo “a quaPje a oração, subordinada adje- j tiva por ele introduzida. Pode-se aceitar o emprego do ponto e vírgula j no espaço em que surgiu. Pode-se, ainda,j aceitar que um par de vírgu- j las ponha em destaque o adjunto adverbial “de repente” O texto ficará, j então, corretp destaíforma: “A busca incejssante de status empreendida j pela maioria|das pessoas faz parte de uina estratégia segundo a qual há j sempre uma! miragem que deve ser perseguida; como se miragens ípu- j dessemQ dejrepentéQ ganhar corpo11. ['
(D) Pontuação incorreta. Não há incorreção no emprego dos travessões para que se ponha em relevo oração intèrferente. Entretanto, é indispensável emprego de vírgula após o seguindo travessão, para que se si-,
347 ! Português |
nalize o término do aposto “Continuação ou. repetição das mesmas violências”. A vírgula que surgiu separando á: fòrmá Verbal “concluir” e seu complemento; ihdicàdo pór "á maiòria dos cidadãos” ííãd está correta. Não há, também, necessidade de inserção dé vírgula após o substantivo “cidadãos”. Apontamos» assim, o téxto corretamente pontuado: "Continuação ou repetição das mesmas violências - iiãò importa o fato é que não temos conseguido incluir a :maioria dos cidadãos num processo em que houvesse um mínimo de justiça, na distribuição das riquezas”.
(E) Pontuação incorreta. É obrigatório o emprego de uma vírgula após o adjetivo "psicanalítíco” de modo que se sinalize o término de oração subordinada antecipada. Não é possível o emprego da vírgula que separa o pronome relativo ‘a qual” da oração subordinada adjetiva que por ele é introduzida. Dentro desta oração adjetiva, a palavra denotativa de retificação “aliás” deverá ser empregada entre vírgulas. A vírgula após o adjetivo “subjetiva”, de natureza facultativa quanto a seu emprego, está isolando oração subordinada adverbial que surgiu em ordem direta. O texto ficará, assim, corretamente pontuado: “Ao se referir ao seu observatório psicanalítico, o autor expõe a perspectiva, segundo a qual detectou razões de ordem subjetiva(,) para que a máquina liberal aja em conformidade com uma estratégia, aliás, muito bem planejada”.
Gabarito:
01) C IDE02) E 12) D03) D 13) A04) B 14) E05) A 15) B06) A 16) C07) C 17) D08) D 18) A09) B 19) E10) C 20) B
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Prova 16
Agente de Fiscalização Financeira/TCE-SP/2006
As questões de números 1 a 10 referem-se ao texto que segue
Maquiavel sempre vivo
Voltado para os problemas políticos específicos que viviam os pequenos principados italianos» quase todos submetidos a princípios tirânicos, Nicolau Maquiavel (1469-1527) escreveu O Príncipe, obra considerada basilar da ciência política. Não espanta que esse pequeno
s tratado, concebido na Renascença, venha até hoje servindo de inspiração para políticos de todas as inclinações e ideologias. Injustamente reconhecido como um texto de caráter maligno e cínico - qualidades que perduram no emprego do adjetivo maquiavélico - O Príncipe é, na verdade, um conjunto de argutas análises do exercício concreto do po-
10 der. Tem, também, um caráter prescritivo: dedicado ao jovem príncipe Lorenzo de Medicís, reúne inúmeros aconselhamentos pragmáticos* apresentados como lições de sabedoria política.
Uma das contribuições desse tratado foi o deslocamento do conceito de virtude, que Maquiavel passa a compreender não mais em seu sen
is tido moral, mas como discernimento político, qualidade indispensável para um bom governante. Vale dizer: o pensador italiano evitou confundir Religião e Estadoj separou essas duas instâncias e dedicou-se a uma análise inteiramente objetiva dos mecanismos práticos que tanto permitem chegar ao poder como mantê-lo.
20 O leitor de Maquiavel acaba encontrando nesse texto admirável uma série de análises e revelações que permitem desmascarar os habituais embustes das ideologias mais abstratas, dessas que se apegam a supostos princípios de validade universal para melhor encobrirem práticas de proveito particular. Ou seja: além de ser útil aos “prínci-
25 pes”, essa obra continua sendo vaiiosa para todo aquele que queira se inteirar da lógica que comanda as ações de quem deseja alcançar o poder e nele se manter.
(Dorival Santino)
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Provas Comentadas da FCC
01, Atente para as seguintes afirmações:I, O autor do texto considera que a principal contribuição de
Maquiavel foi adequar o pragmatismo político de seu tratado aos exigentes princípios morais de sua época;
II. O fato de Maquiavel preocupar-se com a análise objetiva e concreta do exercício do poder dota seu tratado de um caráter pedagógico que se tem mostrado resistente ao tempo;
UI. Em plena Renascença, Maquiavel soube ver que o piano religioso e o plano das ações políticas tecem entre si íntimas relações, sendo por isso necessário analisá-las a fundo.
Em relação ao texto, está correto APENAS o que se afirma em:
(A)I;(B) II;(C) III;(D) I e II;(E) II e III.
Analisemos cada uma das alternativas numeradas de I a III:L Afirmativa incorreta. O texto permite-nos perceber que Maquiavel, em
seu tratado, não se mostrou preocupado em adequar-se aos princípios morais de sua época, más assumiu posição de independência em relação a eles, como o prova a separação que promoveu entre Igreja e Estado.
II. Afirmativa correta. Por ter analisado de modo independente as relações de poder em sua época, Maquiavel legou-nos um tratado que, apesar de já se terem passado séculos de sua publicação, ainda se mantém atual.
III. Afirmativa incorreta. No segundo parágrafo do texto sómos informados: “Vale dizer: o pensador italiano evitou confundir Religião e Estado; separou essas duas instâncias e dedicou-se a uma análise inteiramente objetiva dos mecanismos práticos que tanto permitem chegar ao poder e como mantê-lo.n
02. De acordo com o terceiro parágrafo, as lições de Maquiavel:
(A) se apegam a supostos princípios de validade universal, para melhor exporem suas qualidades pragmáticas;
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Prova 1 6 -Agente de Fiscalização Rnanceira/TCE-SP/2006
(B) expõem com: extreràa habilidade os argumentos das ideologias mais abstratas» tornando-òs como se fossem objetivos; .
(C) mostram que não há possibilidade de qualquer proveito pessoal j quando se manipulam princípios de validade universal;
(D) são úteis tanjto para quem exerce o podér como para quem simplesmente deseja analisar os fundamentos desse exercício;
(E) fundem ideologia ejpragmatismo, obrigando o leitor a considerar os argumentos jpróprios a cada uma dessas? duas esferas.
Vejamos todas alternativas da questão, com respeito ao que nos é possível entender das lições de Maquiavel, após a leitura do 3 o parágrafo do texto:
(A) Afirmativa ilicorretá. A obra de Maquiarei, como foi concebida tendo como prerrogativa a análise objetivados mecanismos políticos, desmascara idedlogias que, interessadas em práticas de proveito particular, fundamentajn-se em supostos princípios jde validade universal
(B) Afirmativa incorreta. Como estabelecemos no item antecedente, Maquiavel, ao desmascarar ideologias abstratas, põe por terra os princípios supostamente de validade; universal em que se fundamentam.
1 f ‘(C) Afirmativa incorreta. Não há, no- 3o paragrafo de nosso texto, inten
ção de revela -se se éxisíe ou não-possibiliáade de se auferir proveito pessoal quandojse manipulam princípios supostos de validade universal.O que nele sé lê é que as ideologias que sejfundamentam em tais prihcí- pios costumam deles se utilizar para encobrirem os propósitos de proveito particular. j
í i(D) Afirmativa correta. Podemos comprovar [sua correção com a passagem
que encerra ,b 3o parágrafo: KOu seja; além de ser útil cios príncipes, essa obra continua sendo valiosa para todo ,aquele que queira se inteirar da lógica que comanda as ações de quem deseja alcançar o poder e nele se manter.
(E) Afirmativa incorreta. A leitura atenta do|3° parágrafo não nos permitetal inferêncija. Na realidade, a leitura do texto inteiro deixa-nos ciéntesj de que, em Maquiavel, os conceitos de ideologia e pragmatismo não se fundem, unia vez que a perenidade de sjia obra reside exatamente em? não ter cedido a quaiquer preceito ideológico, mas ter-se apegado, sem-j pre, à análise objetiva dos fatos políticosi |
3 5 1 Português
j 03. Uma das contribuições desse tratado fo i o deslocamento do conceito deI virtude, que Maquiavel passa a compreender não mais em seu sentido| moral» mas como discernimento político.
No contexto da frase acima,(A) a palavra que toma como referência anterior e direta a palavra
tratado.(B) o sentido da palavra deslocamento é equivalente ao de supressão.(C) a opção pela forma passiva de passa a compreender levaria a passam
a ser compreendidos.(D) seria preferível a utilização da forma plural foram , em atendimento
à expressa Uma das contribuições.(E) o sentido da expressão não mais tem como pressuposto a duração de
algo até então.
Analisemos todos os Itens da questão* que se fundamenta no texto a seguir:“Uma das contribuições desse tratado fo i o deslocamento do conceito âe virtude, que Maquiavel passa a compreender não mais em seu sentido moralmas como discernimento político,”(A) Afirmativa incorreta. O pronome relativo “que”, presente no texto da
questão, faz referência à expressão “conceito de virtude”, ou, mais especificamente, ao substantivo “conceito”
(B) Afirmativa incorreta. “Deslocamento” deve ser entendido, no texto, como sinônimo de “mudança”, “alteração”, e não de “supressão”.
(C) Afirmativa incorreta. No fragmento “...que Maquiavel passa a compreender...”, como já vimos, o pronome relativo “que” representa semantica- mente o substantivo “conceito”, ou, sendo um pouco menos exato, embora com mais propriedade, “conceito de virtude”. A função sintática exercida pelo pronome relativo citado ê a de objeto direto da' forma verbal “compreender”, verbo principal da locução vérbál de vozativa “passa a compreender”. Já vimos em questões precedentes os mecanismos necessários para a conversão das vozes verbais. Relembremos que o objeto direto existente em uma oração de voz ativa, irá converter-se, caso a oração seja escrita em voz passiva, em sujeito. Por outro lado, o sujeito de uma voz ativa corresponderá ao agente da passiva. Vimos, também, que o número de verbos encontrados em uma oráção de voz passiva analítica (ou com auxiliar) ê sempre timà unidade maior do que os que encontramos na voz ativa correspondente.
Após as rememorações acima, estamos aptos a construir a oração em quesurgirá a conversão para a forma passiva da locução verbal ativa “passa a
Décio Sena 352
Prova 1 6 - Agente ae Hscanzaçao nrianceira/ 1 Cfc-bK/zuub
compreender”, que será: “que passa a ser compreendido por Maquiavel”, com ò verbo auxiliar “passa” obrigatoriamente empregado em 3a pessoa do singular para qüé concorde com seu sujeito indicado pelo pronome relativo “que”, na verdade representante semântico de “conceito de virtude”. Como seria se substituíssemos o pronome relativo pela expressão que representa: “o conceito de virtude passa a ser compreendido por Maquiavel”.Para lermos acerca das conversões de vozes verbais, podemos retomar as provas 10 (questão 9), 11 (questão 13), 12 (questão 6), 13 (questão 6) e 14 (questão 7).(D) Afirmativa incorreta. No fragmento "Uma das contribuições desse tra
tado fo i o deslocamento do conceito de virtude,..” o núcleo do sujeito da forma verbal “foi” está indicado pelo vocábulo “Uma”, o que implica concordância verbal em 33 pessoa do singular. Observe-se, ainda, que a questão semântica é, também, referendo para o emprego na pessoa e número indicados: afinal, ao dizermos “Uma das contribuições desse tratado” estamos nos referindo apenas a um elemento.
(E) Afirmativa correta. Logicamente, o autor, ao empregar a expressão “não mais”, estava interessado em contrapor um fato que vinha ocorrendo "até então”. Há, assim, uma contraposição temporal: algo aconteceu até então e não mais acontecerá.
04. Maquiavel escreveu um tratado político, e a potência de análise desse tratado político permite considerar esse tratado político como um texto que efetivamente revela os mecanismos do poder, embora sempre haja quem julgue indevassáveis esses mecanismos do poder., pois todos os políticos buscam dissimular esses mecanismos do poder.Evitam-se as viciosas repetições do período acima substituindo-se os segmentos sublinhados, respectivamente, por:(A) cuja potência de análise / considerá-lo / os julgue indevassáveis /
dissimulá-los;(B) em cuja potência de análise / o considerar / lhes julgue indevassáveis
/ os dissimular;(C) cuja a potência de análise / considerá-lo / julgue-os indevassáveis /
dissimular-lhes;(D) que a potência de análise / considerar-lhe / os julgue indevassáveis /
dissimulá-los;(E) de cuja potência de análise / lhe considerar / os julgue indevassáveis
/ lhes dissimular.
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Provas Comentadas da FCC
Sugere a Banca Examinadora que evitemos as repetições viciosas que surgiram no texto. Procedamos, então, às medidas necessárias para que isto ocorra:
1) Inicialmente, percebemos que o “tratado político” referido em “a potência de análise desse tratado político” já fora citado antes. Temos, então, de empregar um pronome adjetivo relativo, de modo que criemos um vínculo entre duas orações, sendo a segunda delas, obviamente, adjetiva. Ficaremos, assim, com “Maquiavel escreveu um tratado político, cuja potência de análise...”. Convém que nos lembremos de que não se pode empregar artigos definidos após os pronomes relativos Kcujo” e flexões.
2) A segunda expressão “tratado político” funciona sintaticamente como objeto direto da forma verbal “considera”. Sendo objeto direto e, quanto a gênero e número, indicativo de masculino singular - considerado o seu núcleo “tratado” o pronome oblíquo átono ajustado à substituição será “o”. Como não há palavra de atração antecedendo a forma verbal a que nos referimos, será obrigatória a ênclise pronominal e teremos: “considerá-lo”.
3) Agora temos sublinhados, além do verbo (na forma de presente do subjuntivo “julgue”), o objeto direto “esses mecanismos do poder” e o pre- dicativo do objeto direto “indevassáveis”. Está passível de ser substituído por pronome o objeto direto, cujo núcleo é “mecanismos”. Deveremos, então, empregar o pronome oblíquo átono “os". Desta feita, há um pronome indefinido precedendo a forma verbal "julgue" já citada. Como sabemos, os pronomes indefinidos implicam próclises obrigatórias. Teremos, então, "os julgue indevassáveis”.
4) Finalmente, temos de pronominalizar o objeto direto do verbo “dissimular”, representado novamente pela expressão “esses mecanismos do poder”. Logicamente empregaremos, de novo, o pronome “os”. Desta vez cabem diversas posições pronominais para o relacionamento do pronome com a locução verbal “buscam dissimular”. De início, vejamos as referendadas pela gramática tradicional:
4.1 “os políticos os buscam dissimular” - próclise à locução verbal, justificada pela existência do sujeito de núcleo substantivo (“políticos”) imediatamente antecedente da locução verbal, tornando, assim, facultativa esta próclise;
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Prova 1 6 - Agente de Fiscalização Firiandeira/TCE-SP/2006
4.2 “os políticòs buscam-nos dissimular”; -j enclise aoverbo auxüiarí da Ilocução verbal, possível pela atração apenas facultativa do sujeito íde núcleo jsubstantivo, sendo o pronome “os” alterado graficamèn- jte para “nós”, em virtude de o verbo terminar em nasalidade indica- |da pela letra “m”; . f !
| ; f ; l4 .3 “os políticos buscam dissimulá-los” - enclise ao verbo principal da j
locução verbal, que surgiu em infinitivo, havendo a supressão! da j consoantejfinal dó verbo e a alteração gráfica do pronome “os” para j “-los”. Coriio sabemos, havendo locuçãb verbal ciijo verbo principal esteja no mfinitivo ou no gerúndio, á enclise a este verbo principal será sempre correta. J'
São três, assim, ás posições pronominais possíveis para esta situação, em conformidade cojm o emprego formal da linguagem.No entanto, em posição icaracterizadora da: sintaxe de colocação pronominal brasileira, aiiida encontraremos a possibilidade de deixarmos o pronome “solto” entre òs verbòs da locução verbal, ò que caracterizaremos como ] prócüse ao verbd principal da locução verbàlj surgindo á derradeira forma jpossível para este caso: "os políticos buscam ds dissimular”, |
I '■ « |. : |Temos, então as formas:; ‘ | ícuja potência de [análise - considerá-lo - os julgue indevassáveis - os bus-1cam dissimular j(ou buscam-nos dissimular bu buscam dissimulá-los: ou, |ainda,buscam os dissimular) ; j. !
i \ ■ A alternativa resposta é;(A). j jEm nossa análise da questão, preocupou-nos ó fato de explicarmos as diver-| sas passagens por meio das quais evitaríamos jas repetições viciosas, particu-| larmente aquela? concernentes :à última substituição, que.se tomou extensa. ;Em prova, no entanto,;o candidato deve hábituar-se a tentar resolver asj questões no tem^o mínimo em que isto ocorta com segurança. Nesta questão, por exemplo, o candidato consciente de que a única forma apontada| nas alternativas !era - como explicamos - “cuja potência de análise” - não! teria a obrigatoriedade ide investigar as dèniais alternativas, uma vez que;apenas o item (Á) dispqe esta forma. I !
I • : ! ' !O candidato poderá encontrar questões com este modelo nas provas 10'(questão 17), 12 (questão 15), 13 (questão 8)j lk (questão 11) e 15 (questão ll)i
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05. As normas de concordância verbal estão plenamente respeitadas na frase
(A) Compreenda-se as lições de O Príncipe não còmo exercícios de cinismo, mas como exemplos de análises a que rião se devem fartar toda gente interessada na lógica do poder, seja para exercê-lo, seja para criticá-lo.
(B) A problemática divisão da Itália em principados, que tanto preocupavam Maquiavel, fizeram com que ele se dedicasse à ciência política, em cujos fundamentos espelha-se, até hoje, aqueles que se preocupam com o poder.
(C) Integrava as qualidades morais a da virtude, tomada num sentido essencialmente religioso, até que Maquiavel, recusando esse plano de valores em que a inseriam, deslocou seu sentido para o campo da política.
(D) Todas as acepções de virtude, até o momento em que surgiu Maquiavel, compunha-se no campo da moral e da religião, e estendia-se à esfera da política, como se tudo fosse essencialmente um mesmo fenômeno.
(E) Nunca faltaram aos “príncipes” de ontem, de hoje e de sempre a ambição desmedida pelo poder e pela glória pessoal, mas couberam a poucos discernir as sutilezas da política, em que Maquiavel foi um mestre.
Vejamos todos os textos contidos nas alternativas da questão, com respeitoàs suas concordâncias verbais:(A) Concordância verbal incorreta. A ocorrência de voz passiva pronomi
nal implica a concordância da forma verbal relativa ao verbo “compreender” em 3a pessoa do plural, para que concorde com o seu sujeito, indicado por “as lições" Por outro lado, o sujeito da locução formada pelo verbo auxiliar "dever” e pelo verbo principal ‘'furtar-se” (pronominal) está sendo indicado por “toda gente interessada na lógica do poder”, cujo núcleo “poder” impõe a flexão do verbo referido em 3a pessoa do singular. Assim ficará, então, o texto correto: uCompreendam-se as lições de O Príncipe não como exercícios de cinismo, mas como exemplos de análises a que não se deve furtar toda gente interessada na lógica do poder, seja para exercê-lo, seja para criticá-lo”.
(B) Concordância verbal incorreta. O verbo “preocupar”, empregado na oração adjetiva que se iniciou com o pronome relativo "que5í, tem como sujeito exatamente este pronome relativo, o qual, por sua vez, represen-
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rrova 1 0 -a g e n te ae i-iscauzaçao Pinanceíra/TCE-SP/200õ
ta o substantivo “divisão”, núcleo do sujeito da primeira oração do perí- , odo. Este fato acarreta o obrigatório emprego verbal na 3a pessoa do sin
gular. O verbo “fazer” - pertencente à primeira oração do período - tem como éujeito a expressão “A problemática divisão da Itália em principados”, cujo núcleo, já apontado, é “divisão” Esse verbo deverá ser empregado, portanto, em 3a pessoa do singular- Finalmente, o verbo "espelhar” tem como sujeito o pronome demonstrativo "aqueles” que lhe está posposto. Isto força o seu emprego em 3a pessoa do plural Estão corretas as concordâncias dos verbos "dedicar”, concordando com o sujeito indicado pelo pronome reto “ele” e “preocupar” (empregado de modo pronominal), já que, por concordar com seu sujeito* a pronome relativo ‘‘que”, representante semântico do pronome demonstrativo anterior “aqueles”, tem de ser usado, como foi realmente, na 3a pessoa do plural. O texto corrigido apontará: “A problemática divisão da Itália em principados, que tanto preocupava Maquiavel, fez com que ele se dedicasse à ciência política, em cujos fundamentos espelham-se, até hoje, aqueles que se preocupam com o poder”.
(C) Concordância verbal correta. A forma verbal “Integrava” está concordando com seu sujeito representado pela expressão “a (qualidade] da virtude”, cujo núcleo “qualidade” está implícito, como indicamos. Igualmente correto está o emprego da forma nominal (de particípio) “tomada”, flexionada em gênero feminino para concordar com o substantivo implícito “qualidade” O gerúndio “recusando”, obviamente, está correto, assim como “inseriam”, empregado em 3a pessoa do plural para que se indetermine seu sujeito, e “deslocou”, que surgiu concordando com o sujeito "Maquiavel”, Não há qualquer modificação a ser feita, portanto.
(D) Concordância verbal incorreta. Está empregada erradamente a forma verbal “compunha” que, por ter como sujeito a expressão “Todas as acepções da virtude”, com núcleo em “acepções”, tem de surgir na 3a pessoa do plural O mesmo fato repete-se com a forma verbal “estendia”. A forma verbal “surgiu” está corretamente empregada em 3a pessoa do singular, concordando com "Maquiavel”. Deste modo, o texto ficará corretamente grafado desta forma: “Todas as acepções de virtude, até o momento em que surgiu Maquiavel, compunham-se no campo da moral e da religião, e estendiam-se à esfera da política, como se tudo fosse essencialmente um mesmo fenômeno ”
(E) Concordância verbal incorreta. O sujeito do verbo "faltar”, posto no início do período, está sendo indicado pela expressão que lhe surge pos-
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Provas Comentadas da FCC
posta “a ambição desmedida pelo poder e pela glória pessoal", cujo núcleo indicado pelo substantivo “ambição” impõe o emprego do referido verbo em 3tt pessoa do singular. Está igualmente equivocada a forma verbal “couberam”: seu sujeito é indicado pela oração “discernir as sutilezas da política”, Como sabemos, verbos que têm orações como sujeito devem ser empregados sempre na 3a pessoa do singular. A última forma verbal “foi” está corretamente concordando com “Maquiavel”. Teremos o texto corretamente redigido desta forma: “Nunca faltou aos ‘príncipes* de ontem, de hoje e de sempre a ambição desmedida pelo poder e pela glória pessoal, mas coube a poucos discernir as sutilezas da política, em que Maquiavel foi um mestre”.
06. As expressões de que e com que preenchem corretamente, nessa ordem,as iacunas da frase:
(A) O prestígio____ _ o texto de Maquiavel desfruta até hoje é merecido,pois é um tratado político_____ muitos têm muito a aprender.
(B) As qualidades morais_____ muitos estavam habituados a considerar como tais foram substituídas pelas políticas, no tratado_____Maquiavel tornou uma obra basilar.
(C) Os valores abstratos_____ muita gente costuma cultuar não tinham, para Maquiavel, qualquer aplicação_____ pudesse se valerna análise da política.
(D) O adjetivo maquiavélico, ______ muitos utilizam para denegrir o caráter de alguém, ganhou uma acepção_____ costumam discordaros cientistas políticos.
(E) A leitura de O Príncipe, ___ __ muita gente até hoje se entrega, interessa a todos_____ se sintam envolvidos na lógica da política.
Para preenchermos as lacunas existentes nos textos que compõem a questão ora analisada, temos de conhecer aspectos de sintaxe de regência verbal.Vamos aos itens, já com suas lacunas preenchidas e, em seguida, às explicações necessárias:(A) Preenchemos a primeira lacuna com o pronome relativo “que” ante
cedido pela preposição “de”, exigida em função da regência transitiva indireta do verbo “desfrutar”, verbo que, semelhantemente ao seu sinônimo “usufruir” tem regência facultativamente transitiva direta ou transitiva indireta. Sendo assim, também estaria correto o preenchi-
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Prova 16 - Agente de fiscalização Financeira/TCE'SP/2006
* • mento da primeira lacuna apenas com oi pronome relativo "que”, não precedido de preposição. Na segunda lacüna, empregaremos o prono-1 me relativo “que” precedido da preposição “com”, demanda do verbo í principal da locução, verbal "têm a aprender” Observados os valores se- j mânticos que estão sendo indicados peloépronomes relativos e apenas j as orações em que os mesmos surgiram postas em ordem direta, obte-! mos: "o texto; de Maquiavel desfruta até hoje de prestígio” e “muitos têm j muito a aprender com tratado ”, Esta é a rjesposta da questão.
(B) Desta vez, os dois pronomes relativos com que preenchemos as lacunas não puderam surgir regidos por qualquer preposição. Isto porque os dois funcionam sintaticamente como objetos diretos de formas verbaisJo que, obviamente, impede ^presença.de preposições, O primeiro deles - representante semântícò de “qualidades” - desempenha papel sintático ;de objeto direto db yerbo principal "considerar” da locução vprbal “estavam habituados á considerar”, O segundo :de- j les - representante semântico de “tratado” - é o objeto direto da for- j ma verbal “tornou”.; Procedendo-se, conio se fez na alternativa (À), à j substituição jdos pronomes relativos citados pelos termos que por eles ] se fazem repiresentar e colocando as estruturas orácionais em ordem j direta, encorltramos: “muitos estavam habituados a considerar qualidades” e “Máquiavel tornou tratado uma! obra basilar”.
I « 1(C) O primeiro pronome relativo, representante semântico de "valores”, j
funciona como objeto direto da forma verjbal "cultuar”, verbo principal j da locução verbal “costuma cultuar”, Sènjdo objeto direto, não poderá j estar preposiüonadó. O segundo pronomje relativo, por sua vez, repre- } senta semanticamente o substantivo “aplicação” e funciona como obje- | to indireto da forma verbal “valer-se” (pronominal) principal da locu- j ção verbal “pudesse se valer”. Sendo objeto indireto, a preposição “de” j surgiu naturalmente. Procedendo-se comj> fizemos nas alternativas {A) j e (B), encontramos: “muita gente costumaj cultuar valores” e “(ele - im- j plícito) pudeáse se valer de aplicação na; análise da política”.
(D) O primeiro jjronomé relativo “que”, com o qual preenchemos a lacuna inicial do texto, está; funcionando como óbjeto direto da forma verbal “utilizam” sendo, consequentemente, usadb desacompanhado de preposição, O segundo pronome relativo “que” está desempenhando papel sintático de objejto indireto da forma verbal “discordar” verbo principal da locução verbal “costumam discordar”, daí 0 emprego obrigatório da pre-
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f i u v c i s v—<-*< i t e * t i a u c u u c l
posição “de”, precedendo-o. Mais uma vez apontamos as estruturas ora- cionais em que surgem os pronomes relativos ora estudados, já com seus termos em ordem direta e com a substituição dos pronomes pelos vocábulos que representam: "muitos utilizam adjetivo” e “os cientistas políticos costumam discordar de acepção”.
(£) Finalmente, temos um primeiro pronome relativo obrigatoriamente antecedido da preposição “a” por exigência da regência da forma verbal “entregar-se” (pronominal). O segundo pronome relativo deste item não pode ser antecedido por preposição porque desempenha papei sintático de sujeito da forma verbal "sintam”. Procedendo-se como em todas as alternativas anteriores, teremos: “muita gente até hoje se entrega à leitura” e “todos se sintam envolvidos na lógica da política”,
07. A pontuação está inteiramente correta em:
(A) Nicolau Maquiavel analisando os problemas dos principados italianos, escreveu em plena Renascença» um tratado sobre os fundamentos das ações políticas.
<B) Em plena Renascença» Maquiavel, analisando os problemas dos principados italianos, escreveu O Príncipe, um verdadeiro tratado de política.
(C) Quando escreveu O Príncipe Maquiavel preocupou-se com os problemas, dos principados italianos, resultando uma obra, considerada basilar, para quem se interesse por política.
(0) Tendo escrito O Príncipe»em plena Renascença Maquiavel nos legou sem dúvida, um tratado sobre política cujo valor continua sendo reconhecido em nosso tempo.
(E) Poucos imaginariam que, aquele tratado sobre política datado da Renascença, teria um valor tal que se manteria vivo, por tantos séculos, e, continuaria atual em plena modernidade.
Vejamos todos as alternativas da questão. Estamos em busca daquela emque a pontuação está inteiramente correta.(A) Pontuação incorreta. A única vírgula posta ao fim da oração reduzi
da de gerúndio “analisando os problemas dos principados italianos” provocou a separação do sujeito “Nicolau Maquiavel” da forma verbal “escreveu”, de que é sujeito e que se encontra na segunda oração. Igualmente, a única vírgula posta no fim do adjunto adverbial “em ple-
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Prova 1 6 - Agente de Fiscalização Financeira/TCE-SP/2006
na Renascença" acarretou a separação da forma verbal “escreveu” e seu objeto direto “um tratado sobre os fundamentos das ações políticas”. O texto se retificará com a inclusão de duas outras vírgulas que sinalizarão a intercalação da oração reduzida de gerúndio e do adjunto adverbial apontados. Teremos, então: "Nicolau Maquiavel* analisando os problemas dos principados italianos, escreveu» em plena Renascença, um tratado sobre os fundamentos das ações políticas”.
(B) Pontuação correta. Inicialmente empregou-se uma vírgula - de natureza facultativa quanto ao emprego - que pôs em destaque o adjunto adverbial "Em plena Renascença”. Em seguida» colocou-se entre um par de vírgulas - como é obrigatório - uma oração reduzida de gerúndio intercalada. Finalmente, promoveu-se o isolamento do aposto “um verdadeiro tratado de política” Não há qualquer retificação a ser feita.
(C) Pontuação incorreta. A oração subordinada adverbial temporal antecipada "Quando escreveu O Principen deverá ser, forçosamente, sinalizada com vírgula em seu término. Não há, no entanto» procedência para o emprego da que surgiu após “problemas”, separando-o de seu adjunto adnominal "dos principados italianos”. Está correta a vírgula empregada ápós italianos, para que se indique início de oração reduzida de gerúndio. A vírgula colocada após o substantivo “obra” está incorretamente empregada, dada a natureza restritiva da oração reduzida de particípio "considerada basilar” Não há possibilidade de empregar-se vírgula após o adjetivo “basilar”, dada a natureza semântica também restritiva da oração “para quem se interesse por política”. Deste modo, o texto ficará corretamente pontuado deste modo: “Quando escreveu O Príncipe, Maquiavel preocupou-se com os problemas dos principados italianos, resultando uma obra considerada basilar para quem se interesse por política”.
(D) Pontuação incorreta. A oração reduzida de valor adverbial e antecipada "Tendo escrito O Príncipe em plena Renascença” será obrigatoriamente isolada do período por vírgula. Embora não esteja errada a colocação do adjunto adverbial de tempo “em plena Renascença" que se encontra no interior da oração apontada» o texto fluirá melhor em sua enunciação sem que se faça seu isolamento. A expressão “sem dúvida” ficará obrigatoriamente entre vírgulas. A oração que se inicia com o pronome relativa “cujo”» dada a natureza restritiva de sua mensagem, não será isolada da oração anterior. Assim, o texto ficará corretamente pontuado deste modo: “Tendo escrito O Príncipe em plena Renascença, Maquiavel nos legou, sem dúvida, um tratado sobre política cujo valor continua sendo reconhecido em nosso tempo”.
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Provas Comentadas da FCC
(E) Pontuação incorreta. A vírgula posta após a conjunção subordinativa integrante, responsável pela introdução de oração subordinada substantiva objetiva direta, não pode ser empregada: não se separam os conectivos do corpo das orações que por eles são introduzidas, A única vírgula posta após o vocábulo "Renascença” separou o sujeito “aquele tratado sobre polítka” da forma verbal “teria”, de que é sujeito. Este deslize será retificado com a inserção de uma vírgula após o substantivo “política5*, ficando então a oração reduzida de particípio de valor explicativo “datado da Renascença” entre vírgulas. Estão corretas as vírgulas de emprego facultativo que surgiram para realçar o adjunto adverbial (de tempo) “por tantos séculos” No entanto, a vírgula posta após a conjunção coordenativa aditiva “e” está errada, uma vez que separa conectivo da oração que por ele é introduzida. O texto ficará assim pontuado: “Poucos imaginariam que aquele tratado sobre política, datado da Renascença, teria um valor tal que se manteria vivo, por tantos séculos, e continuaria atual em plena modernidade”.
08. Deduz-se da leitura do texto que seu autor julga Maquiavel ter prestado um serviço não apenas aos poderosos governantes, mas também aqueles que têm interesse era analisar a exaustão as práticas políticas.O texto acima resultará correto caso se substitua:I. Deduz-se da leitura por Se deduz à leitura;II- julga Maquiavel ter prestado por julga ter prestado Maquiavel;III. aqueles por àqueles;IV. a exaustão por à exaustão.Impõem-se as substituições constantes em:
(A) I, II, III e IV;(B) I, II e III, somente;(C) II, III e IV, somente;(D) I, III e IV, somente;(E) HeIII,somente.
A questão sugere que façamos algumas modificações no texto original e que indiquemos quais as modificações que, se forem feitas, deixarão o texto correto.Inicialmente, transcreveremos o texto em que a questão se fundam enta e, em seguida, comentaremos as sugestões propostas:
Décio Sena 362
! | ; i“Deduz-se da lèitura do texto que seu autoi: julga Maquiavel ter prestadoum serviço nã0 apenas aos poderosos govérnantes, mas também aquelesque têm interesse em analisar a exaustão as práticas políticas*” iI. Sugestão iridevidaJ Não há qualquer irripropriedade em “Deduz-se da
leitura”. Por outro lado, a sugestão fornecida, se fosse posta em prática! provocaria èrro de;sintaxe de colocaçãoIpronominal, uma vez que nãq se pode iniciar período por pronome oblíquo átono. j
II. Sugestão correta, mas desnecessária. Ná verdade, apenas inverteu-se a ordem do sujeito dá forma verbal composta “ter prestado”, inicialmente em ordem direta, o;qual passaria a surgir posposto à referida forma ver-jbal. De qualquer modo, feita a substituição, o texto continuaria correto!
| ! ; [ : íIII. Sugestão correta ei indispensável À preposição que surge por exigên-j
cia do substantivo “serviço” rege não só à expressão “aos poderosos governantes" pomo também o pronome demonstrativo “aqueles”, çomcj demonstramos: "...julga Maquiavel. ter prestado um serviço não iape-j nas aos poderosos; governantes, mas [também ter prestado um servii ça a] aquelas que têm interesse em... A Ocorrência do paralelismo es-j trutural sintático isenta a reprodução de| todos os vocábulos em itálico] mas não deixa prescindível a preposição! Corretamente grafado, eíitãoj o texto ficaria M„.julga Maquiavel ter prestado um serviço não apenas aos poderosos governantes, mas também àqueles que têm interesse era...”, j
IV. Sugestão correta e indispensável. A expressão “a exaustão” desempenhíjpapel sintático de adjunto adverbial. Porjser adjunto adverbial formado, por palavra] feminina, o emprego do acento grave indicativo da cráse é obrigatório. : j
Assim, do que vimos, as modificações propbstas em II, III e IV deixám cjtexto correto. | ! j- •
I * í09. Está inteiramente correta a articulação entlre os tempos verbais na frase:
(A) Poucos, na| Renascença, imaginariam que um texto escrito àquela; época venha a permanecer vivo por tantos séculos.
(B) O Príncipe pão teria tido um peso tãò decisivo no caso àquela épocaj vierem a ser separados o poder do Estajdo do poder religioso. j
(C) Ainda há quem considere O Príncipe umà obra satânica, por ter desven-j dado os subterfúgios dos políticos quando se encontrarem no poder, j
(D) Não se sabei de algum pensador que pudesse ter tido influência sobre Maquiavel, jantes que este tivesse escrito O Príncipe.
(E) Se ainda boje tantos se beneficiam dá leitura desse tratado, imagine- se o quanto; haverão de se beneficiar os jque o leram àquela época.
Prova 16 - Agente de Fiscalização Financeira/TCE-SP/2006
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Vejamos as diversas alternativas, com seus respectivos textos, para podermos avaliar a correção das articulações entre as formas verbais:(A) Articulação.indevída, A forma de futuro do pretérito dó indicativo em
pregada em “imaginariam” exige o uso em pretérito imperfeito do subjuntivo para o verbo “vir”, auxiliar de locução verbal, O texto correto assim restaria: "Poucos, na Renascença, imaginariam que um texto escrito àquela época viesse à permanecer vivo por tantos séculos”
(B) Articulação indevida; O futiírodo pretérito composto"teria tido” exige, novámènté^o emprégó dópretéritò imperfeito do subjuntivo para o verbo “Vir”, auxiliar de lóCüçaò verbal.'É de se presumir, ainda, que tenha haVidó òmissãò de um tòíiectivo “ pròvávelmèhté tradutôr de tora semântico condicional, Além disso, há deslizé de cortóòrdância verbal no fragmento original da questão. Ò texto estará corretamente gra-
. fádo deste modo: “O Príncipe Vnão terià tidò um peso tão decisivo no ,; caso sé àquela epoca viesse a ser separado ò poder do Estado do poder
, (C) Articulação indevidá;: O verbo “encontrâf^tèmde surgir, paraque haja .. correto . emprego verbal, , no presente doiindicativó. icáremos, então,
com o seguinte texto corrigido: “Ainda ;há quem considere G Príncipe : ; uma obra satânica, por ter. desvendado; os subterfúgios dos políticos
quando se encontram nopòdér V';•■; (D) Articulação 'córrèta;^íéta;'piérfeitá'a corrélàçãó"^^ ‘'j^ e sse ^ r tido”
Córri “tivèssé”. NãÓ há háda à sèr retificádò hésta alternativa.. (E) Articulação indevida. Ó verbo “haver”, auxiliar da locução “haver de be
neficiar” deveria ter surgido no futurò dó pretéritò do indicativo, ficando .. assim correto o .textò: “Se airida hoje tahtos se beneficiam da leitura des- .; se tratado,dmagine-se o quanto haveriam de se beneficiar os que o leram
..... - àquelaépoca”. .•
10. No contexto do último período dó texto, o sentido dà expressão de".".V ser ííèi?é eqüivaleriteàodàé^réssSó: 7. X-'. 7 -^ í . . .,
(A) ainda que fossè ütiif : : ■'■■■v-rs:*(B) à fim dé ser útil;(C) uma vez sendo util;(D) à medida que é útil;(E) ademais de ser útil.
Décio Sena 364
fTova i b - Agente de Hscalização Fínanceira/TCE-SP/2006
O advérbio “ademais” significa “além disso”, "além do mais”. A respostaestá, então, no item (E).Nas demais alternativas, encontramos:
(A) ainda que fosse útil - ‘ainda que” introduz ideia de concessãoj incompatível com o sentido de “além de ser útil”
(B) afim d e - é locução prepositiva que traduz valor semântico de finalidade, diferente, portanto, do nexo semântico indicado no texto original.
(C) uma vez sendo útil - “uma vez' indica valor semântico causai, que também não se revela adequado para reprodução do sentido original.
(D) à medida que - é locução conjuntiva de valor proporcional e, assim, completamente distinta do que o texto afirmou.
365 Português
Provas Comentadas da FCC
Gabarito:
01} B02) D03) E04) A05) C06) A07) B08) C09) D10) E
Décio Sena
Agente-Fiscal de RenÜas/ICMS-SP/20Ó6
I = : l:" ' ■As questões de números 1 a 11 referem-se ao texto abaixo[ I ; : j:
A educação e uma função tão natural e universal da comunidade humana que» pela própria evidência, leva muito [tempo a atingir a plena consciência daqueles Ique a recebem e praticam sjèado, por isso, relativamente tardio o seu primeiro vestígio na tradição literária. O seu conteúdo, aproxi-
5 madamente o m<jsmo em todos os povos, é ao mesmo tempo moral e prático. Também entre os Gregos foi assim. Reveste, em parte, a forma de mandamentos, como holnrar osideuses, honrar pai è mãe, respeitar os estrangeiros; consiste, por outro lado,; numa série de preéeitos sobre a moralidade externa e em regras de prudência para a vida, transmitidas oralmente pelos sécu
lo los afora; e apresenta-se ainda como comunicação de conhecimentos e aptidões profissionais a cujo conjunto, na medijia em que é transmissível, os Gregos deram o nome de technê. Os preceitos' elementares do procedimento correto para com os deuses, os pais e os esjxanhos foram mais tarde; incorporados à lei escrita dos Estados. E o rico tesouro da sabedoria popular,
is mesclado de regras primitivas de conduta e preceitos de prudência enraizados em superstições populares, chegava pelá primeira vez à luz do dia, através de uma antiqiiíssima tradição oral, na poesia rural gnômica de Hesíodo. As regras das artes e ofidos resistiam naturalmente, em virtude da sua própria natureza, à exposição escrita dos seus segredos, como esclarece, no que
20 se refere à profissão médica, a coleção dos escritos hipocráticos.Da educaçãoj neste sentido, distingue-se à formação do Homem por meio
da criação de um {tipo ideal intimamente coerente e claramente definido. Essa formação não é possível sem se oferecer ao espírito uma imagem do homem tal como ele deve ser.| A utilidade lhe é indiferente ou, pelo menos, não essencial. O
25 que é fundamental nela é o kalón, isto é, abeíezaj> no sentido normativo da imagem desejada, do ideal. A formação mánifesta-se na forma integral do Homem, na sua conduta e comportamento exterior e na sua atitude interior. Nem lima nem outra nasceram do acaso, mas são antes produtos de uma disciplina consciente. Já Platão a icomparou ao adestramento de cães de raça, A princípio, èsse
30 adestramento limitava-se a uma reduzida classé social, a nóbreza.
Obs: gnômiço = sentencioso
(Adaptado de Wfcrner Jaeger, Paideia: a form ação do Homem grego. Trad. Artur M. Partreira,4.ed„ SãoJPauio: Martins Fontes, 2001, p. 23-24)
j : r ' Prova 17
3 6 7
(A) defende a ideia de que universalmente a sociedade humana se dedica à educação porque sua necessidade é inconteste;
(B) abona a grande importância de a educação tratar, como ocorre na maioria dos povos, de temas associados a questões éticas e pragmáticas;
(C) atribui o caráter, de cérta forma tardio, da referência à educação em textos escritos, ao fato de ser ela uma atividade absolutamente inerente aos grupos humános;
(D) evidencia que todo processo educativo é naturalmente longo, implicando que a conscientização dos educandos acerca do que lhes é ensinado não seja imediata;
(E) confere à tradição literária uma natureza relativamente vagarosa, visto que só registrou vestígios da atividade educativa quando cada indivíduo da comunidade humana já a praticava natural e espontaneamente.
Vamos aos diversos itens desta primeira questão, para descobrir aquele emque se faz afirmativa correta com respeito ao que se afirma no primeiro parágrafo do texto lido:(A) Afirmativa incorreta. Não existe no primeiro parágrafo, nem mesmo
em todo o texto, a menção ao fato de que a educação tem necessidade inconteste. O que se diz, isto sim, é que a educação ê"uma função (...) natural e universal da comunidade kumàtía”.
(B) Afirmativa incorreta. Em nenhum momento o autor abona, ou seja, dá como váüda ou verdadeira, a grande importância de a educação tratar, como se deu na maioria dos povos, de temas ligados a questões de ordem éticas ou pragmáticas. Existe, apenas, nó texto, a afirmativa do autor de que a educação se revestia, entre os povos antigòs e especificamente entre os gregos, destas intenções.
(C) Afirmativa correta. Encontramos a justificativa para considerarmos correta o que se expressou nesta alternativa, no primeiro período do texto lido, que transcrevemos a seguir: “A educação é uma função tão natural e universal da comunidade Jtumaná que, pelaprópria evidência, leva muitò tempo a atingir a plena consciência daqueles qiié a recebem e praticam, sendo, por isso, relativamente tardio o seu primeiro vestígio na tradição literária.”
(D) Afirmativa incorreta. A referência à questão de longo período de tempo, como podemos ler no fragmento transcrito no comentário da questão precedente, diz respeito ao fato de que, por ser uma função tão natural e universal da comunidade humana, a ieducação levou muito tempo para atingir a consciência dos que educavam e dos que eram educados.
01. No primeiro parágrafo, o autor:
Décio Sena 368
(E) Afirmativa incorreta. Não há qualquer menção ao fato de a tradição literária sér vagarosa, mas sim, como já comentamos antecedentemente,. ao fato de ter sido demorado o tempo que a educação levou para atingir plenamente a consciência dos que faziam parte de seu processo, sejam educadores ou educandos.
02. Também entre os Gregos fo i assim.Reveste, em parte, a form a de mandamentos, como honrar os deuses, honrar pai e mãe, respeitar os estrangeiros; consiste, p or outro lado, numa série de preceitos sobre a moralidade externa e em regras de prudência para a vida, transmitidas oralmente pelos séculos afora ,* e apresenta-se ainda como comunicação de conhecimentos e aptidões profissionais a cujo conjunto, na medida em que é transmissível, os Gregos deram o nome de techné.Considerados o fragmento acima e o contexto, é correto afirmar:(A) Na frase Também entre os Gregos fo i assim, o termo grifado refere-se
ao que será caracterizado posteriormente.(B) O período iniciado por Reveste constitui uma explicação.(Q O como (linha 7) foi empregado com o mesmo vaior que adqui
re em “Explicou detalhadamente o modo como tratar os animais recém-nascidos”.
(D) A correlação entre Reveste, em parte e consiste, por outro lado denota que a educação entre os gregos tinha uma aparência que não corresponde totalmente à sua essência.
(E) Em apresenta-se ainda, o termo grifado introduz um fator que, na escala argumentativa, é considerado como o mais relevante de todos.
Analisemos todas as afirmativas que foram feitas com respeito apenas ao fragmento textual transcrito:(A),Afirmativa incorreta. A assertiva “Também entre os gregos foi assim”
faz menção, ao que se dispôs anteriormente, no período antecedente àquele em que surge a declaração transcrita neste item» senão vejamos: “O seu conteúdo, aproximadamente o mesmo em todos os povos, é ao mesmo tempo moral e prático. Também entre os Gregos fo i assim?
(B) Afirmativa correta. No período que se inicia com a forma verbal “Reveste”, o autor passa a explicar-nos porque afirmou que a educação “também entre os gregos foi assim”.
(C) Afirmativa incorreta. Antes, uma observação que não está vinculada à pergunta que ora responderemos, mas à forma com que a prova se apresentou, e que é costumeira nas provas da Fundação Carlos Chagas:
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os textos não se apresentam com as suas linhas indicadas, Apesar disto, como podemos ver neste item desta questão e em muitas outras que se seguirão, há referências a iinhas do texto em que estão contidos fatos gramaticais ou semânticos que serão objeto de investigação. Deste modo, aconselhamos os candidatos que» antes de iniciarem a resolução das questões, tomem a iniciativa.de numerarem as linhas com cuidado, indicando, por exemplo» as linhas 1 ,4 ,8,12 e seguintes. No que diz respeito à presente alternativa, verificamos que o vocábulo “Como” a que se refere a presente questão, surgiu na passagem "como honrar os deuses, honrar pai e mãe, respeitar os estrangeiros” por sua vez contida em um fragmento maior de texto, em que se lê Também entre os Gregos fo i assim. Reveste, em parte, a forma de mandamentos, como honrar os deuses, honrar pai e mãe, respeitar os estrangeiros;’', Poderia ser substituído por “tal qual” (“Também entre os gregos foi assim. Reveste, em parte, a forma de mandamentos, tal qual honrar os deuses, honrar pai e mãe, respeitar os estrangeiros ”). Tem natureza semântica comparativa, o que não ocorre com o vocábulo “como” existente em “Explicou detalhadamente o modo como tratar os animais recém-nascidos”, que apresenta claro valor semântico conformativo.
(D) Afirmativa incorreta. A correlação realçada menciona os aspectos que norteavam a educação entre os gregos, inexistindo qualquer possibilidade de introduzir a afirmativa de que “a educação entre, os gregos tinha uma aparência que não corresponde totalmente à sua essência”.
(E) Afirmativa incorreta. O termo grifado faz menção a mais um aspecto que balizava o processo educacional entre os gregos e que surgiu após os que foram introduzidos pelas expressões “Reveste, em parte” e “consiste, por outro lado”, sem que haja preponderância de qualquer um deles sobre os outros.
03. A expressão a cujo conjunto os gregos deram o nome de techné está corretamente reformulada} mantendo o sentido originai, em:
(A) de cujo conjunto se sabe o nome, a que os gregos deram àe techné;(B) do qual conjunto foi nomeado, pelos gregos, como techné;(C) que, pelo conjunto, os gregos mencionaram por techné;(D) pelo conjunto dos quais os gregos nominaram de technéj(E) o conjunto dos quais recebeu dos gregos o nome de techné.
Na expressão “a cujo conjunto os gregos deram o nome de techné”, ocorrea presença do pronome adjetivo relativo “cujo”. Este pronome e o substantivo “conjunto” formam uma expressão em que se observa valor semântico
Détio Sena 370
de posse, com respeito àiexpressão “comunicações e aptidões profissionais”, | presente um poiico antes no téxto, como mostramos: consiste, por outrolado, numa séiielde preceitos sobre a moralidade externa e em regras depru - 1 dência para a vt4a, transmitidas oràlmentépèlós séculos afora; e apresenta- se ainda como co\nunicàção de conhêcimentos^e aptidões profissionais a cujo conjunto, [...], os Üregos deram o nome de techné.” Note-se, ainda, a presença da preposição] “a” antecedendo o pronomef "cujo” ;Percebem-se, assim, os valores sintáticos dê objeto direto para o sintagma | “o nome de techiné” e de objeto indireto paça "a cujo conjunto”, em uma | oração estruturada pela; forma verbal transitiva direta e indireta “deram”, j que tem como sujeito “os Gregos”. : \Ao se redigir “o conjunto dos quais recebeu dos gregos o nome de techné”, crou-se oração dje estrutura sintática perfeita[; em que a forma verbal transitiva direta e indireta “recebeu” tem como sujeito a expressão “o conjunto dos quais”, como objeto ;direto, “o nome de teçhné” e, por fim, como objeto indireto» "dos gregos”. O texto está, tanto qüáhto o seu predecessor, perfeito, do ponto de vjista da sintaxe. jIgualmente preservado estará o sentido, já quê entendemos.que em “o conjunto j dos quais”, o pronome relativo “os quais” é alusivo a “comunicação de conheci- j mentos e aptidões profissionais”. Interessanteísetá registrar que, apesar de conter exatamente a inesma informação,’ hão tem encaixe lógico no texto do qual procede a passagem *a cujo conjunto os gregos deram o nome de techné”, por razões coesivas. No (entanto, a exigência de que a nova construção deveria substituir a original emj seu textò de origem hão está presente no enunciado.As demais alternativas afastaram-se: demasiadamente de qualquer possibilidade de serem áceitas como possíveis respostas.
I ; ; I04. Considerado o processo jde argumentaçao desenvolvido no texto, é correto afirmar: j 5(A) Deuses e pais foram citados como modelos do procedimento corre- í
to, origem dios preceitos elementares do;comportamento grego. j(B) A menção àjlei dosíEstados foi feita paria realçar um típico traço da |
cultura grega, o cultivo da legalidade, j(C) A poesia rural gnômica de Hesíodo foi citada como confirmação da |
riqueza da sabedoria popular. . j j(D) A referência! à palavra de Hipócrates constitui argumento de reforço |
para o que se diz acerca das artes e ofícios. j
(E) A alusão feita a Platão constitui arguménto de autoridade para fun- j damentar a ideia de que a educação despreza o pragmatismo.
i í : I! ! I
371 | Português j
j Prova 17 - Ageínte Fisca! de Rendas/ICMS-SP/20061i i j
(A) Afirmativa incorreta. A citação a Deuses e pais diz respeito, apenas, à parte de mandamentos que representavam um dos objetivos da educação entre os gregos. Podemos ler que, mesmo nesta específica parte de mandamentos, ainda ocorre a referência, ao mandamento de respeitar os estrangeiros, não se podendo, de modo algum, acatar a informação de que “Deuses” e "pais” estão na origem dos preceitos elementares do comportamento grego.
(B) Afirmativa incorreta. A respeito de Estado e sua yinculação textual com o processo educacional entre os gregos, lê-se o fragmento que ora transcrevemos: aOs preceitos elementares do procedimento correto para com os deuses, os pais e os estranhos foram mais tarde incorporados à lei escrita dos E stadosNaò é possível, a pártír désta referenda, fazèr-sé à afirmativa de que o cultivo dá legalidade era uni típico traço dá cúlturá grega.
(C) Afirmativa incorreta. Transcrevemos a passagem do texto em que se alude à poesia rural gnômica. de Hesíodo: “E o rico tesoura da sabeâona popular, mesclado de regras primitivas de conduta epreceitos âe prudência enraizados em superstições populares, chegava pela primeira vez à luz do dia, através de uma antiquíssima tradição oral na poesia rural gnômica de Hesíodo”. Como se pode observar, a poesia rural gnômica de Hesíodo foi o veículo - de característica associada, inclusive, à oralidade - por meio dò qual o rico tesouro da sabedoria popular chegou pela primeira vez àluz do dia. Não está correta a afirmativa de que tal poesia confirmou a riqueza da sabedoria popular, mas que a tomou pública,
(D) Afirmativa correta. Acerca da palavra de Hipócrates, pode-se ler no texto que “As regms das artes e ofícios resistiam naturalmente, em virtude da sua própria natureza, A exposição escrita dos seus segredos, como esclarece, no que se refere à profissão médica t a coleção dos escritos hipo- cráticos", Vemos, assim, que a menção aos escritos hipocráticos tem por intenção o reforço a respeito da afirmativa de que as regras das artes e ofícios resistiam à exposição escrita dos seus segredos..
(E) Afirmativa incorreta. A referência a Platão tem por objetivo reforçar a tese de que, entre os gregos, a educação revestia-se fundamentalmente de uma atitude de disciplina consciente.
05. Está corretamente entendida a seguinte expressão do texto:
(A) tipo ideal intimamente coerente e claramente definida = modelo de perfeição coeso na sua essência e lixado com nitidez;
Observemos todas as alternativas da presente questão:
Décjo Sena 372
(B) na medida em que é transmissível — à proporção que se tome -corapreènsível;
(C) enraizados em superstições populares - fundamentados em profecias das massas incultas;
(D) neste sentido = com essa finalidade;(E) série de preceitos sobre a moralidade externa - conjunto de presun-
ções desfavoráveis ao modo de agir alheio.
Esta questão propõe que se parafraseie um fragmento pinçado no textoda prova.Vejamos as paráfrases propostas:(A) Paráfrase correta. A expressão "tipo ideal” foi substituída por “mode
lo de perfeição”; “intimamente coerente” por “coeso na sua essência” e “claramente definido”, por “fixado com nitidez”. Apesar de o adjetivo “coerente” não ser reprodutor exato da ideia externada pelo adjetivo “coeso" há, no presente texto, uma aproximação semântica bastante razoável, que faz a substituição ser possível,
(B) Paráfrase incorreta. A expressão “na medida em que” introduz valor semântico associado à ideia de causa ou explicação. “À medida que", por sua vez, tem valor semântico tradütor de proporcionalidade. Também não é viável a substituição de "transmissível” por “compreensível”, dados os valores semânticos rigorosamente diferentes que apresentam.
(C) Paráfrase incorreta. A substituição de “enraizados” por “fundamentados" é viável, caso se tomem os vocábulos em suas extensões de significados. No entanto, a troca de “superstições populares” por “profecias das massas incultas” é absolutamente descabida, tendo em vista os valores semânticos diferentes de “superstições” e “profecias”, bem como de “populares” e “massas incultas”
(0) Páráfrasè incorreta; A expressão “neste sentido” deve ser entendida, na passagem em que surge, como “neste entendimento”, vale dizer, com valor semântico completamente distinto da ideia de fim ou propósito introduzida peia expressão “com essa finalidade".
(E) Afirmativa incorreta, Não é possível aceitar-se a equiparação de “pre- ceitos5'’ com “presunções”, nem de “moralidade externa” com “modo de agir alheio”.
373 Português
Provas Comentadas da FCC
06. No texto, os segmentos As regras das artes e oficios resistiam naturalmente e a sua própria natureza estão em relação, respectivamente, de:
(A) fato e hipótese;(B) conseqüência e cansa;(C) condição e conclusão;(D) fato e conclusão;(E) hipótese e conseqüência.
Em uAs regras das artes e ofícios resistiam naturalmente3 em virtude da sua própria natureza, à exposição escrita dos seus segredos, como esclarece, no que se refere à profissão médica, a coleção dos escritos hipocráticos ” percebemos nexo semântico de conseqüência (wAs regras das artes e ofícios resistiam naturalmente”) e causa ("em virtude da sua própria natureza”). A compreensão deste nexo semântico foi facilitada pela presença da locução prepositiva “em virtude de”.
07. A utilidade lhe é indiferente ou, pelo menos, não essencial.É correto afirmar que, na frase acima,(A) o pronome pessoal obliquo refere-se a “homem”;(B) o lhe foi empregado com o mesmo valor que tem na frase “Ouviram-
lhe o choro convulsivo”;(C) a conjunção ou tem valor enfático (como em ttou ficar a pátria livre,
ou morrer pelo Brasil”), porque introduz uma ratificação Integral do que foi afirmado antes;
(D) a expressão pelo menos assinala que o elemento referido corresponde, numa hierarquia, àquele que pode ser desconsiderado;
(E) a expressão não essencial é sinônima de “não é indispensável”.
Voltemos a analisar todas as alternativas da questão, com o propósito de assinalarmos, em seguida, aquela em que se faz afirmativa correta com respeito ao período “A utilidade lhe é indiferente ou, pelo menos, não essencial”.
(A) Afirmativa incorreta. O pronome oblíquo átono “lhe”, presente no período ora estudado, é alusivo ao substantivo “educação”, que não está presente no período transcrito, mas no início do parágrafo do qual foi extraído, como mostramos: “Da educação, neste sentido, distingue-se a formação do Homem por meio da criação de um tipo ideal intimamente coerente e claramente definido. [...]. A utilidade lhe é indiferente ou, pelo menos, não essencial”
Décio Sena 374
Prova 17 - Agende Fiscal de Rendas/ICMS-SP/2006
(B) Afirmativa incorreta- O pronome oblíquo átono “lhe” na fráse“Onviram-lhé o choro convulsivo” tem Valor semântico tradutor dei 1posse ("Ouviram o seu choro convulsivo”) e funciona como adjunto adnominaí àò núcleo do objeto direto, indicado pelo substantivo “choro” Ho período a quê se refere a presente [afirmativa o pronome oblíquo átono “Ihje” exerèe papel sintático dè complemento nominal relativamente ao adjetivo ‘‘indiferente”. M
(C) Afirmativa incorreta. No texto em quei sé fundamentam as afirmativas desta quekão, a conjunção “óuw assúmè; valor semântico alternativo, introdutor de retificação a ser feita com respeitosa uma afirmativa anterior. ! i:
(D) Afirmativa injcorreta; Em “A utilidade lhe k indiferente ou, pelo menos, não essencial.?, o valor desempenhado pela expressão :“pelo menos” tem aproximação com a èxpressâo “no mínimõ” e, deste modo, não indica elemento que possa ser desconsiderado.! j
(E) Afirmativa correta. Algo que tem-a característica de não ser essencial se revela, também, como hão indispensável.
OB. Essa formação não é possível sem se oferecer homem tal como ele deve ser.
ao
A alternativa que traduz corretamente a ideia expressa no segmento des- í tacado acima, considerado o contexto, é: j j . j(A) não prescinde da propositura ao espírito de uma imagem idealjde |
homem; | • M . j(B) só é possível! porque uma imagem do hiomem desejado como tai é I
oferecida ao espírito; ; j(C) implica a impossibilidade de se oferecer ao espírito uma ideia do ho- |
mem sonhado; i j |(D) exige a isenção da oferta ao espírito de uma representação ideal! de |
homem; | - j-; j(E) Impossibilitá-se quándo não se oferece áo espírito uma reprodução I
do homem como tal. j
Ao lermos “Essa formação não é.possível seitf. se oferecer ao espírito uma imagem do homèm tal como ele deve sen\ entendemos que essa formação não é possibilitada sem que se oferte ao espírito úma representação humana exatamente ccjmo deve ser, ou seja» a formLção não abre mão de que se ofereça ao espírito uma imagem idealizada doí homem.
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(A) Afirmativa correta. "Não prescinde” significa “é imprescindível", vaie dizer, não se pode abrir mão. E, por outro lado, uma imagem do homem tal como ele deve ser, como já afirmamos, implica uma imagem ideal do homem.
(B) Afirmativa incorreta. Não há aproximação significativa entre “uma imagem do homem desejado como tal” e a "imagem ideal do homem”.
(C) Afirmativa incorreta. Não está semanticamente bem empregado o vocábulo “impossibilidade”, bem como a expressão “uma ideia do homem sonhado” que nada tem a ver com “a imagem do homem tal como deve ser”, ou mesmo com "a imagem ideal do homem”
(D) Afirmativa incorreta. A afirmativa se torna rigorosamente despropositada ao citar “a isenção da oferta ao espírito de uma representação ideal de homem”, que se coloca na oposição , ao que lemos no período que dá suporte a esta questão.
(E) Afirmativa incorreta. Novamente se falhou em promover-se a equiparação errada de "uma reprodução do hòmèm como tal71 com "a imagem ideai do homem”
09. Nem uma nem outra nasceram do acaso, mas são antes produtos de uma disciplina consciente. Já Platão a comparou ao adestramento de cães de raça. A principio, esse adestramento limitava-se a uma reduzida classe social, a nobreza.
Considere as afirmações que seguem sobre o fragmento transcrito, respeitado sempre o contexto,
I. A conjunção mas pode ser substituída, sem prejuízo do sentido original, por “entretanto”
II. O advérbio Já introduz a ideia de que mesmo Platão percebera a similaridade que o autor comenta, baseado na comparação feita pelo filósofo entre “cães de raça” e “nobreza”
III. Á expressão A principio leva ao reconhecimento de duas informações distintas na frase, uma das quais está subentendida.
Está correto o que se afirma APENAS em
(A) Is(B) II;
Vejamos, agora, as diversas alternativas da questão:
Dédo Sena 376
’*»*** w»- *»vuuují /aowu
'% (C) III;(D) I e II;(E) II e III
Vejamos cada uma das afirmativas feitas acerca do período que fundamenta esta questão:L Afirmativa incorreta. Embora os vocábulos “mas” e “entretanto” perten
çam ao grupo de conjunções coordenativas adversativas, neste período a conjunção “mas” introduz valor semântico de retificação da mensagem anterior, que não seria alcançado com o emprego de “entretanto”
II. Afirmativa incorreta. O vocábulo “mesmo” faz surgir valor semântico concessivo que é incompatível com a mensagem originalmente disposta no texto. O emprego do advérbio “Já” enfatiza que, em referência temporal que dá destaque ao pretérito, Platão percebera que a educação assemelha-se, pela disciplina consciente que exige do educando, ao adestramento de cães de raça.
III. Afirmativa correta. A expressão “a princípio” significa “no começo”, “no início” “na fase inicial”. Ao dizer-nos que “A princípio, esse adestramento Hmitava-se a uma reduzida classe social, a nobreza”, o autor deixa que percebamos, implicitamente, a existência de uma etapa posterior a este adestramento - na verdade, a concepção do processo de educação*
Está correto apenas o item HI.<í-- . ‘ • ___• .
10. A frase Platão a comparou ao adestramento de cães de raça está corretamente transposta para a voz passiva em:(A) O adestramento dos cãès de raçà é comparado a da por Platão;(B) A comparação entre ela e o adestramento de cães tinha sido feito por
Platão;(C) Comparou-se o adestramento de cães e ela, feito por Platão;(D) Ela foi comparada por Platão ao adestramento de cães de raça;(E) Haviam sido comparados por Platão o adestramento de cães de raça
e ela.I-| Estamos com uma questão em que se solicita que o candidato proceda àf conversão de vozes verbais. Desta vez, da voz ativa para a voz passiva.| A frase que se deseja reescrever na voz passiva é “Platão a comparou ao| adestramento de cães de raça”, na qual o sujeito está indicado por “Platão”
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Provas Comentadas da FCC
e o objeto direto pelo pronome oblíquo átono V , alusivo a "educação” Teremos, consequentemente, na voz passiva o sujeito sendo indicado pelo pronome reto “Ela” e o agente da passiva sendo indicado por "por Platão” Na voz ativa» empregou-se o pretérito perfeito simples do indicativo. Na conversão da frase para a voz passiva, empregaremos uma locução verbal passiva, em que o verbo "ser” auxiliar, será flexionado também em pretérito perfeito do indicativo. O verbo principal “comparar” será empregado no particípio e era concordância com o sujeito "Ela”Deste modo, encontraremos a oração de voz passiva: “Ela foi comparada por Platão ao adestramento de cães de caça”.Caso o candidato deseje ler acerca dos mecanismos de conversão de vozes verbais, poderá dirigir-se à prova 11, questão 13, em seu comentário inicial.
11. A afirmativa correta é:
(A) Em A educação é uma Junção tão natural e universal da comunidade humana que, pelaprópria evidência, leva muito tempo a atingir a plena consciência daqueles que a recebem epraticam, sendo, por isso, relativamente tardio o seu primeiro vestígio na tradição literária, os termos destacados remetem ao mesmo referente;
(B) Em O seu conteúdo. aproximadamente o mesmo em todos os povos, é ao mesmo tempo moral e prático, se o termo destacado fosse substituído por “A sua essência”, a palavra mesmo, nas duas ocorrências, não precisaria sofrer nenhuma alteração, para que fosse mantida a correção da frase;
(C) Em As regras das artes e ofícios resistiam naturalmente, em virtude da sua própria natureza à exposição escrita dos seus segredos, se outra vírgula fosse posta antes de naturalmente, o sentido original não sofreria alteração;
(D) Em resistiam naturalmente, em virtude da sua própria natureza à exposição escrita, na substituição do segmento destacado por “expor na escrita”, o acento indicativo da crase deveria permanecer, conforme o padrão culto da Ungua;
(E) A frase O seu conteúdo, aproximadamente o mesmo em todos os povos, é ao mesmo tempo moral e prático está clara e corretamente re- escrita assim: “Confrontando os povos, vê-se que o mesmo conteúdo é bem próximo, sendo simultâneos o moral e o prático”.
Décío Sena 378
Prova 1 7 -Agente Fiscal de Rendas/JCMS-SP/2006
Vejamos cada uma das afirmativas feitas nas [diversas alternativas da presente questão: | l
(A) Afirmativa còrreta. Os dois vocábulos sublinhados 7 pronome pessoaloblíquo átono e pronome possessivo» respectivamente - são alusivos ao mesmo referente: "educação" j
(B) Afirmativa incorreta. A substituição sugerida implicaria obrigatória flexão em gênero feminino da expressão *|a mesma” ;como mostramos:
sua essência, aproximadamente a mesma em todos os povos, é ao mesmo tempp moral e prático”. O segundo vocábulo “mesmo” nãoi so- freria qualquer modificação em sua forma.
(C) Afirmativa incorreta. Do modo como esta pontuado o texto, com apenas uma vírgula após o advérbio “naturalinente” percebemos que o; advérbio citadcj traz informação circunstanciai para a forma verbal “résis- tia” apenas. ÍA presença de uma vírgula antecedendo o advérbio, 0 jque o colocaria imolado, faria cora que entendêssemos que o advérbio soeria introdutor de informação circunstancial alusiva a toda a oração “As re- j gras das artes resistiam em virtude da sua própria .natureza à exposi- j ção escrita dos seus; segredos”. É como se' o advérbio surgisse no início ou no fim dó texto: “Naturalméhte, as regras das artes resistiam em;vir-j tude da sua própria! natureza à exposiçãd escrita dos seus segredos ’ ouj “As regras dás artes resistiam em virtude da sua própria natureza à ex-j posição escrita dos seus segredos, naturajbnaente” j
(D) Afirmativa incorreta. A substituição de “exposição escrita” por “exporjna escrita” ijmpediria a existência do acento grave indicativo do fenô-j meno da crase, qué deixaria de acontècér devido à ausência de artigo] definido antjes da forma verbaPexpor” j , j
(E) A frase O seú conteúdo, aproximadamente o mesmo em todos os povos, 4ao mesmo tempo moral e prático está cidra e corretamente reescrità as-\ sim: “Confrontando os povos, vê~se que oj mesmo conteúdo é bem prôxíj mo, sendo simultâneos 0 moral e o prático,” j
Afirmativa incojrreta. O fragmento que se sugeriu como paráfrase da passa-j gem originalmdnte retirada do texto da prova está muito afastado do sen-j tido original. Não há, inclusive, clareza no que se elaborou, que peca por princípios de coesão. j !
379 Português
Quando começa a modernidade? A escolha de uma data ou de um evento não é indiferente. O momento que elegemos como originário depende certamente da ideia de nós mesmos que preferimos, hoje, contemplar. E vice-versa: a visão de nosso presente decide das origens que con-
s fessamos (ou até inventamos). Assim acontece com as histórias de nossas vidas que contamos para os amigos e para o espelho: os inícios estão sempre em função da imagem de nós mesmos de que gostamos e que queremos divulgar. As coisas funcionam do mesmojeito para os terapos que consideramos “nossos Vou seja, para áinaodernidade.
io Bem antes qué tentassem mé convencer dé que a data denascimento da modernidade era um espirro cartesiano {...), quando era rapaz, se ensinava que a modernidade começou em outubro de 1492. Nos livros da escola, o primeiro capítulo dos tempos modernos erame são as grandes explorações. Entre elas, a viagem de Colombo ocupa um lugar muito es-
15 pecial. Descidas Saara adentro ou intermináveis caravanas por montes e desertos até a China de nada valiam comparadas com a aventura do ge~ novês. Precisa ler "Mediterrâneo” de Fernand Braudel para conceber o alcance simbólico do pulo além de Gibraltar, não costeando, mas reto para frente. Precisa, em outras palavras, evocar o mar Mediterrâneo -
20 este pátio comum navegável e navegado por milênios, espécie de útero vital compartilhado - para entender por que a viagem de Colombo acabou e continua sendo uma metáfora do fim do mundo fechado, do abandono da casa materna e paterna.
(Contardo Caliigaris, "A Psicanálise e o sujeito coloniaVVlN: Psicanálise e colonização: leituras do sintoma social no Brasil Porto Alegre; Artes e Ofícios, 1999, p.il-12.)
12. No primeiro parágrafo, o autor deixa claro que
(A) sua indagação è meramente retórica, pois imediatamente a seguir justifica tanto a sua escolha do evento iniciai dá modernidade, quanto a importância de não sermos indiferentes à data;
(B) a eleição de uma data ou evento é sempre relativa, pois aquele que elege o faz sob a pressão da imagem de si mesmo que é veiculada em seu tempo;
(C) o jogo intermitente entre presente e passado obscürece o sentido original dos eventos, motivo peio qual deve ser constantemente controlada a imagem que se tem dos marcos iniciais;
As questões de números 12 a 20 referem-se ao texto abaixo
Décio Sena 380
(D) há um mecanismo comum na demarcação de datas inaugurais: elas flutuam na dependência doaspecto particular de si mesmo que o sujeito deseja ressaltar;
(E) existem distintos marcos de origem, tanto na história individual quanto na história das nações, determinados pela indiferença com que, mais dia, menos dia, as balizas são tratadas,
Vejamos todas as alternativas da presente questão:
(A) Afirmativa incorreta. As indagações retóricas são aquelas para as quais os textos não apresentam respostas. São meros elementos utilizados para despertarmos a atenção dos leitores com respeito ao tema sobre o qual discorreremos. Neste caso, à pergunta feita corresponde uma resposta proposta pelo autor.
(B) Afirmativa incorreta. A afirmativa tornou-se equivocada com a menção de que aquele que elege uma data oü evento assim procede sob a pressão da imagem de si mesmo que é veiculada em seu tempo. Na verdade, aquele que elege uma data ou um evento o faz segundo a imagem que se faz de si próprio, e não da imagem que é veiculada em seu tempo.
(C) Afirmativa incorreta. De início, ressaltemos que o adjetivo “intermitente” faz menção ao que é descontínuo, que sofre interrupções. Deste modo, a expressão “o jogo intermitente entre presente e passado” é absolutamente Inadequada semanticamente. Além disso, não há possibilidade de percebermos que exista obscurecimento no sentido original dos eventos e, ainda mais, que a imagem que se tem dos marcos iniciais deva ser constantemente controlada.
(D) Afirmativa correta. A simples leitura atenta do período ora transcrito evidencia o acerto desta afirmativa: "A escolha de uma âata ou de um evento não é indiferente. O momento que elegemos como originário depende certamente ãa ideia de nós mesmos que preferimos, hoje., contemplar. E vice-versa: a visão de nosso presente decide das origens que confessamos (ou até inventamos) ”
(E) Afirmativa incorreta. Ê absurda a afirmativa "determinados pela indiferença com que, mais dia, menos dia, as balizas são tratadas”, como inferência permitida pela leitura do primeiro parágrafo do texto.
381 Português
Provas Comentadas da FCC
(A) Colombo, célebre pelas navegações no Mediterrâneo, deve o caráter simbólico de sua viagem à memória dos que celebram a notável transposição desse mar de uma extremidade a outra.
(B) o convencimento do autor acerca da importância da viagem de Colombo ficou abalado quando descobriu travessias de outra ordem- de montes e desertos tão ou mais relevantes que a do genovês.
(C) o autor defende que o conhecimento exato do trajeto de Colombo e da geografia do Mar Mediterrâneo só é possível a partir da dimensão simbólica dos espaços conquistados.
(D) o lugar espedal que Colombo ocupa entre os exploradores não é legitimado pelo autor, que o atribui a uma compreensão equivocada da viagem, apoiada em imagens fantasiosas.
(E) a viagem de Colombo, comumente associada ao inicio da modernidade, é uma travessia cujo caráter simbólico só pode ser elaborado quando se tem presente a imagem do Mediterrâneo.
Mais uma vez, observemos todas as afirmativas que foram feitas nos itensdesta questão, que, segundo sua enunciação, foram depreendidas a partirda leitura do segundo parágrafo do texto:(A) Afirmativa incorreta, Não há necessidade de evocarmos nosso conhe
cimento de mundo para impugnarmos a presente alternativa, uma vez que ela está flagrantemente equivocada quanto ao vaior atribuído, no texto, à viagem de Colombo.
(B) Afirmativa incorreta. O simples fato de o autor do texto não equiparar à viagem de Colombo outras viagens que foram feitas cruzando-se, por exemplo, o Saara, ou mesmo chegando-se à China por meio de intermináveis caravanas, não possibilita a inferência de que a relevância das viagens do navegador genovês, particularmente aquela em que chegou à América, em 1492, tenha-lhe ficado abalada.
(C) Afirmativa incorreta. O autor defende a tese da importância de o homem ter chegado a outras paragens a partir da saída do mar Mediterrâneo, que metaforicamente é sinalizado como “este pátio comum navegável e navegado por milênios, espécie de útero vital compartilhado" ou seja, era para o homem europeu da época um lugar em que estaria a salvo de perigos. Enfim, a dimensão simbólica que releva não está, segundo o texto, nos espaços conquistados, e sim no espaço que fora deixado para trás.
13. Entende-se corretamente do segundo parágrafo que
Décio Sena 382
Prova 17 - Agente Fiscai de Rendas/iCMS-SP/2006
(D) Afirmativa incorreta. Como lemos na explicação precedente, em nenhum momento do j texto a imagem de Colombo é posta em cheque pelo autor, j (;
(E) Afirmativa correta; Poderemos, ^hovameste, recorrer à explicação; do item (C) desíja questão para obtermos à Explicação que referenda este item como còrreto.
Precisa, em outras palavras, evocar o mar Mediterrâneo - este pátio ico~ nmtn navegável e navegado por milê?tios} espécie âe útero vital compartilhado - para entender por que a viagem de \Colombo acabou e continua senão uma metáfora do fim do mundo fechado, do abandono da casa materna epaternaJ ; i [:E correto afirmar que, iio fragmento acimaj(A) navegável e navegado por ntilêmos equiyaiè a “que poderia, um dia,
não só permitir a navegação, como também chegar a ser navegado durante milênios”;' : }
(B) para entender eqüivale a “para traduzir! corretamente em palavras”; j(C) acabou e continua settão é expressãò que alia um fato considerado
pontual (ocorreu num momento precisò do passado) e um fato con-j siderado era sua permanência; ’ M j
(D) casa materna e pátema equiválé a “casa da mãe e do pai”, assim]como do fim eqüivale a “finai”; j
(E) a composição da metáfora baseia-se ria jáproximação, por semelhan-jça, entre viagem de Colombo e inundo fechado. j
] \ : \ ! Vejamos todas as afirmativas feitas com respeito ao fragmento textual)transcrito: j ; | |
(A) Afirmativa incorreta. A expressão 'navegável e navegado por milênios” j no contexto! indica-nos que o mar Mediterrâneo esteve navegável pojq milênios e foi, efetivamente, navegado prír milênios, estando estes milê-j nios reportados a período anterior ao daá grandes navegações. Nãojpro-j cede, portanto, o emprego do futuro do pretérito “poderia permitir”, j
(B) Afirmativa incorreta. A expressão “para entender”,:empregada pelb articulista, salienta a; importância de que p leitor necessita compreender a da viagem que não simplesmente costéava o mar Mediterrâneo,1 maíi que se punia “retojpara frente”, para,:assim, ter a,correta apreensão do simbolismo desta atitude. - s
383 Português
(C) Afirmativa correta. A viagem de Colombo acabou sendo, didaticamente observado, o marcó ide início da era moderna: este é um fato pontuai, ocorreu num momento preciso do passado: Por outro lado, a viagem de Colombo continua sendo, também didaticamente observado, o marco de início da era moderna: este é um fato considerado em sua permanência.
(D) Afirmativa incorreta. Realmente, a substituição de "casa materna e paterna” por “casa da mãe e do pai” é possível no fragmento que fundamenta esta questão: <(para entender por que a viagem de Colombo acabou e continua sendo uma metáfora do fim do mundo fechado, do abandono da casa da mãe e do pai.” Entretanto a substituição de “do fim” por “final” é inviável, sob pena de se provocar desvio semântico: “para entender por que a viagem de Colombo acabou e continua sendo uma metáfora final do mundo fechado, do abandono da casa materna e paterna
(E) Afirmativa incorreta. A composição da metáfora existente no texto está fundamentada na aproximação, por semelhança, entre "mundo fechado” e “espécie de útero”
15. ...para entender por que a viagem de Colombo acabou e continua sendo uma metáfora...
No que se refere à grafia, para estar de acordo com o padrão culto, a frase que deve ser preenchida com forma idêntica à destacada acima é:
(A) Alguém poderá perguntar: — O autor citou Braudel,_____ ?;(B) Gostaria de saber _____ ele se interessou especificamente por essa
obra de Braudel acerca do mar Mediterrâneo;(C) Quem sabe o _____ da citação da obra de Braudel?;(D) Referências são sempre interessantes,_____ despertam curiosidade
acerca da obra;(E ) _____ - foi a obra que mais o teria impressionado sobre o assunto,
respondeu alguém quando indagado sobre o motivo da citação.
Esta questão explora a grafia de “por que” e de “porque”. Sabemos que, além destas duas formas gráficas, ainda poderemos encontrar “por quê” e “porquê”. Teceremos comentário acerca das duas primeiras grafias na prova 24, questão 12 , itens (B)> (C) e, principalmente (D).
Décio Sena 384
" ' ■ 1 3 '* * * " ' * * \ ^ n u c t > / I V - / V O - ^ r / j i U U O
Completamos nossos comentários relativamente à grafia de “por quê” e« - A»porque ,Empregamos “por quê” em interrogações, nas quais a preposição “por” e o advérbio (ou pronome interrogativo) “que” surgem no fim do texto, situação em que o vocábulo “que” tem enunciação tônica, diferente da átona com que soa em início de período.A grafia “porquê” é do substantivo - e, como tal, precedido de artigo que é vocábulo oxítono terminado em "e”, com o timbre da vogal tônica fechado, daí o emprego do acento circunflexo.Vejamos, agora, o preenchimento das lacunas da presente questão:(A) Temos o emprego de “por que”, em fim de oração interrogativa, e, portan
to, com pronúncia tônica para o vocábulo “quê”, que recebe acento circunflexo por ser monossüabo tônico terminado em “e” com timbre fechado.
(B) Temos, agora, emprego da preposição "por” e do pronome interrogativo “que” em oração de interrogação indireta.
(C) Desta vez surgiu o substantivo “porquê”, que porta acento circunflexo porque se trata de vocábulo oxítono terminado em “e”, com timbre fechado em sua vogal tônica.
(D) Empregou-se a conjunção coordenativa explicativa "porque”, dissílabo átono e, por isso, sem acento gráfico.
(E) Bmprégou^se novamente, nesta última lacuna» a conjunção coordenativa explicativa “porque”, tal qual na se fez na alternativa anterior.
16» A única afirmação incorreta sobre os sinais de pontuação empregados no texto é:(A) Os dois pontos após vice-versa: (linha 4) anunciam um esclareci
mento acerca do que foi enunciado;(B) Òs parênteses em (ou até inventamos) - linha 5 - incluem comentá
rio considerado um viés do que se afirma;(Ç) Ás aspas em “nossos” (linha 9) firmam o caráter irônico da expres
são, exigindo que se entenda o enunciado em sentido contrário (trata-se, assim, de “tempos que nos são estranhos”);
(D) Os travessões em - este pátio comam... compartilhado — (linhas 20 a 21) isolam uma apreciação acerca do Mediterrâneo e são equivalentes a vírgulas;
(E) A vírgula antes de não costeando (Unha 18) pode ser substituída, sem prejuízo da correção, por travessão.
385 Português
provas Comentadas da FCC
Observemos os comentários feitos acerca de passagens de pontuação rela-* tivamente ao texto de Contardo Caliigaris para, em seguida, apontarmos a alternativa em que se faz afirmação incorreta:
(A) Afirmativa correta. Ha verdade, os dois pontos preparam o leitor para o esclarecimento que se faz com o fragmento “a visão de nosso presente âeciâe das origens que confessamos (ou até inventamos)?
(B) Afirmativa correta. O substantivo “viés”, por extensão de sentido, foi empregado nesta alternativa como sinônimo de “meio furtivo ou tortuoso de se obter algo”
(C) Afirmativa incorreta. Não há qualquer ironia no emprego de "nossos” mas sim a intenção em realçar um vocábulo com emprego semântico que se afasta de seu sentido próprio, empregado com sentido diferente do que, usualmente, apresenta, que, neste caso, é a indicação da posse. Percebemos, com o emprego das aspas, que não há, efetivamente, um tempo que seja nosso, uma vez que tal nomeação resulta de critérios, antes de tudo, personalísticos.
(D) Afirmativa correta. Observemos o emprego dos travessões que isolam o fragmento “este pátio comum navegável e navegado por milênios, espécie de útero vital compartilhado" Trata-se de fragmento revestido de valor explicativo para o sintagma "o mar Mediterrâneo“ Podemos observar que está representado por duas afirmativas cujos núcleos repousam, respectivamente, no substantivo “pátio” e no grupo de valor substantivo “espécie de útero": “este pátio comum navegável e navegado por milênios” e 4‘espécie de útero vital compartilhado” Na verdade, apesar de serem dois grupos vocabulares, desempenham um único papel na estrutura da oração, já que se entrelaçam, sendo “espécie de útero vital compartilhado” como que uma ratificação do que antes se afirmou com “este pátio comum navegável e navegado por milênios” O fragmento inteiro (“este pátio comum navegável e navegado por milênios, espécie de útero vital compartilhado*) desempenha, assim, papel morfossintático de aposto e, desta forma, nenhum prejuízo adviria ao texto, caso os travessões fossem substituídos por um par de vírgulas, como está sugerido. Na verdade, o emprego de travessões deve-se ao interesse de o redator pôr em relevo estilístico - dada a menor frequência com que tais sinais surgem, no confronto com as vírgulas - o aposto mencionado.
Décio Sena 386
Prova 17 — Ageríte Fiscal de Rèndas/{CMS-SP/2006
(E) Afirmativa correta Á troca da vírgula pelb travessão sugerido não implicaria qualquer deslize de pontuação é promoveria: maior relevo estilístico para a òração reduzida de gerúndio f“não costeando5' e da expressão que a retifica, “idas reto para a frente”]
Esta questão, originalmente, teve seu gabarito divulgado pela Banca Examinadora em (D). Posteriormente, este gabarito foi alterado para o item (C). | ' :)■No comentário dfesta quéstão transcrevemos jjassagens de recurso que preparamos na época em que a prova foi aplicada, e que foi posto à disposição dos candidatos no “site” da Editora;Ferreira, onde ainda pode;ser encontrado. I • j
A frase em que a (regência está totalmente de acordo com o padrão culto é: j
(Á) Esperavam jencontrar todos os documentos que os estudiosos se | apoiaram para descrever a viagem deColombo; ; i
(B) Estavam cientes de Ique teriam muito afkzer para conseguir os regis-|tros de que dependiam; j j
(C) Encontraram-se referências à coerção1 que marinheiros mais ex-jperientes faziam contra os mais novos que trabalhassem mafsjarduamente; j jl * \
(D) Foram informados que esboços da inóspita região circundada çomjimensas pedras podiam ser consultados; |
(E) Havia registro de uma insatisfação em|que os insurretos às atitudes- arbitrárias jde um navegante foram impedidos de lhe inquirir. j
Vejamos todas ás alternativas .da questão paija podermos Indicar aquela em que não há deslizes de regência: j j
(A) Alternativajmcorreta. O pronome relativo'“que”, posto no início da ora]ção por ele iniciada, deve ser antecedido pela preposição “em”, por exij gência do regime do verbo "apoiar-se”. jA frase corretamente redigida será: “Esperavam encontrar todos os documentos em que os estudiosos se apoiarar . para descrever a viagem dei Colombo.” j
(B) Alternativa correta. Atentou-se para a exigência de os dois pronomes relativos serem igualmente regidos pela preposição “de”, exigida, res[- pectivamente, pelo adjetivo “cientes” e pela forma verbal “dependiam!
387 Português
(C) Alternativa incorreta. A partir do contexto presente nesta alternativa, pode-se observar a ausência da preposição “para" regendo a última oração do período, de natureza final . O texto assumirá a seguinte forma, após a retificação necessária: “Encontraram-se referências à coerção que marinheiros mais experientes faziam contra os mais novos para que trabalhassem mais arduamente.”
(D) Alternativa incorreta. A locução verbal passiva “foram informados”, por força de seu verbo principal “informar” exige que a conjunção subordinativa integrante “que" surja obrigatoriamente regida pela preposição “de”. O texto ficará correto com a grafia: “Foram informados de que esboços da inóspita região circundada com imensas pedras podiam ser consultados.”
(E) Alternativa incorreta. O pronome relativo “que” localizado antes de “os insurretos”, desempenha papel sintático de objeto direto da forma verbal “inquirir”, última palavra do período. Está indevidamente empregado, inclusive por excesso, o pronome oblíquo átono “lhe” Assim ficará o texto corretamente redigido e, para que haja mais facilidade de observação, com suas orações constitutivas apontadas: [“Havia registro de uma insatisfação] [que os insurretos às atitudes arbitrárias de um navegante foram impedidos de inquirir”].
18. A frase que está totalmente de acordo com o padrão culto da língua é:(A) Todos reconheceram que Vossa Senhoria, a despeito da exiguidade
do vosso tempo, sempre recebeu os estudiosos do assunto e lhes deu grande apoio;
(B) Sob a rubrica de “As grandes explorações”, o autor leu muito do que lhe sucitou interesse pelo tema e desejo de pôr em discussão algumas questões;
(C) Certas pessoas consideram ultrage a hesitação em associar o início da modernidade à Descartes, mas a questão não pára por aí: há pontos mais complexos em discussão;
(D) As reflexões do iminente estudioso, insertas era texto bastante acessível ao leigo, nada têm daquele teor iracível e tendencioso que se nota em algumas obras polêmicas;
(E) Disse adivinhar o que alguns detratores diriam acerca dé questões polêmicas como a de rever o significado assente de fatos históricos: “é mera questão de querer auferir prestígio”.
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Prova 17 - Agente Fiscal de Rendas/lCMS-SP/2006
Vamos à reescritura de cada um dos textos presentes nas alternativas dapresente questão, procedendo às correções que se fizerem necessárias:
(A) Alternativa incorreta. A concordância feita com pronomes de tratamento - como, por èxempio, "Vossa Senhoria” - exige o emprego de verbos e pronomes em terceiras pessoas do singular ou do plural. Está incorreto, então, o emprego do pronome pessoal "vosso”, de 2° pessoa do plural. Está grafado incorretamente o substantivo “apoio”, que não recebe acento circunflexo. O período corrigido assumirá a forma: “Todos reconheceram que Vossa Senhoria, a despeito da exiguidade do seu tempo, sempre recebeu os estudiosos do assunto e lhes deu grande apoio ”
(B) Alternativa incorreta. Houve erro de grafia na forma de 3a pessoa do singular do pretérito perfeito do indicativo do verbo “suscitar”. Está correta e é merecedora de atenção pela frequência com que surge em provas a forma gráfica paroxítona de “rubrica”. Devidamente retificado, o período assumirá a forma: "Sob a rubrica de ‘As grandes explorações’, o autor leu muito do que lhe suscitou interesse pelo tema e desejo de pôr em discussão algumas questões”
(C) Alternativa incorreta. Errou-se a grafia do substantivo “ultraje” Cometeu-se, ainda, equivoco no tocante ao emprego do acento grave indicativo do fenômeno da crase,'que não pode ser empregado antes de palavras masculinas, bem como antes de nomes de vultos históricos ou de entidades religiosas. O Acordo Ortográfico vigente a partir de janeiro de 2009 suprimiu o acento na forma verbal “para” (do verbo "parar”). O texto estará correto com a forma: “Certas pessoas consideram ultraje a hesitação em associar o início da modernidade a Descartes, mas a questão não para por aí: há pontos mais complexos em discussão.”
(D) Alternativa incorreta. Houve emprego inadequado de parônimos: “iminente", que significa algo que está prestes a ocorrer, e não tem emprego correto na passagem de texto em que surgiu. Deveria ter sido grafado “eminente”, que significa “proeminente”, “distinto”. Há, ainda, erro gráfico em “irascível”. Após as correções, o texto restará: “As reflexões do eminente estudioso, insertas em texto bastante acessível ao leigo, nada têm daquele teor irascível e tendencioso que se nota em algumas obras polêmicas.”
(E) Alternativa correta. Nada existe,, para ser corrigido neste item. Ressaltemos a grafia de “assente”, adjetivo que significa “firme”, “assentado” e do verbo “auferir”, que significa “obter”, “tirar” “colher”.
389 Português
Provas Comentadas da FCC
19. A frase que respeita o padrão culto no que se refere à flexão é:
(A) No caso de proporem um diálogo sem pseudodilemas teóricos, o professor visitante diz que medeia as sessões;
(B) Chegam a constituir-se como clãs os grupos que defendem opiniões divergentes, como as que interviram no último debate público;
(C) Ele era o mais importante testemunha do acalorado embate entre opiniões contrárias, de que adviram os textos de difusão que produziu;
(D) Em troca-trocas acalorados de ideias, poucos se atêem às questões mais relevantes da temática;
(E) Quando aquele grupo de pesquisadores reaver a credibilidade comprometida nos últimos revés, certamente apresentará com mais tranqüilidade sua contribuição.
Analisemos todas as alternativas desta questão» na quai se solicita que o candidato aponte a frase que respeita o padrão culto no que se refere à flexão:
(A) Flexões verbais corretas. Empregou-se o corretamente verbo “propor”, derivado de “pôr”» no infinitivo pessoal {ou flexionado) e o verbo "mediar”, na 3a pessoa do presente do indicativo, para concordar com seu sujeito, indicado pelo pronome relativo “que” representante semântico de "professor”. Convém relembrarmos que o verbo “mediar” sofre alteração em seu radical - "medi” nas formas rizòtônicas; São rizotôni- cos os vocábulos cujas vogais tônicas estejam no interior dos radicais. Assim, em “medeia”, observamos que a vogai tônica incide sobre a vogal em que, originalmente, estaria o “i" do radical. Trata-se, então, de forma rizotônica e seu radical será modificado para “medei”. Em seguida a este radical modificado surge, como naturalmente ocorre, a voz temática “a”. Mudança de radical exatamente igual a esta que ocorre nas formas verbais rizòtônicas do verbo “mediar” acontece com os verbos “ansiar”, “remediar”, “incendiar”, “odiar” e “intermediar” - que é derivado de “mediar" - além de surgir, igualmente, em todos os verbos que terminem em “ear”, como “passear”, “nomear”, “frear” e tantos outros. Está corretamente empregado o substantivo composto “pseudodilemas” em número plural e em gênero masculino.
(B) Está incorreto o emprego do verbo “intervir”. Este verbo, que é derivado de “vir”, deveria ter surgido com a grafia “intervieram”. O substantivo “clã”, corretamente empregado no plural em “clãs”, é de gênero masculino.
Décio Sena 390
í : : t : ' : I(C) Está incorreta a forma verbal “advirara! O verbo “advir”, também dej
rivado de “yir”, na 3tt pessoa do pluralidè pretérito perfeito do indicati-j vo, tempo verbal ajustado para a presente passagem, é grafado na fórmá “advieram”] Está também incorretamente flexionado em gênero mas-j culino o substantivo “testemunha” quejé sempre precedido do artigq “a”, ainda qjue, como neste caso, reportajdo a eventuais seres de gênero masculino, pizemós que é um substantivo sobrecomum.
(D) Está incorrèta a forma gráfica atêem” jjá que o verbo “ater”, deriva-;do de “ter” j- verbo; cuja 3a pessoa do plujrai do presente do indicativo é “têm” deveria tersido grafado “atem”. Está correta a flexão de plural a que se submeteu o substantivo “troca-troca”, para o qual existem as for-l mas válidas de “troca-trocas”, como surgiu nesta alternativa da questão, e "trocás-trocas”. . I
l i ■ ; t ‘
(E) Está equivocado o emprego da forma veijbal "reaver”, que, na passagemem que surgiu, por ser futuro do subjuntivo, deveria ter sido grafado “reouver” Está também incorretamente! fiexionado o substantivo; "re-j veses” grafado deste modo, no plural. É importante observarmos a fle-i xão de plurai que sé aplica em "revés”, para não a confundirmos cóm ai grafia de “revezes”, ;2a pessoa do singular do presente do subjuntivo do! verbo “revezar” j j
! ■ j-20. A frase em que a concordância está em conformidade com o padrão culto é:
(A) Os advogados reclamaram da indecisão do depoente, sem percebei]que as perguntas que a ele eram dirigidas lhes parecia obscura, difí-i ceis de serem compreendidas; . |
(B) Era intrincada a associação de ideias dcj promotor e o apelo que fazia)aos jurados o que, consideradas as circunstâncias, os conduziram aj uma decisão questionável; . ! j
(C) Ê sempre falível, a;meu ver, os juízos que se fundamentam mais naj verve do orador que no conteúdo de seu discurso, mesmo quando osj ouvintes lh neguem aquele predicado; i
(D) Suponho que devem existir sérias razões para ele ter-se comportado assim; todas as questões que lhe erampóstas ele julgava irrelevantes;
(E) O relatório,; de cujo dados discordou-sè, foi rejeitado imediatamente, tendo sido sugerido, em caráter de urgência, á sua plena revisão ou até mesmo sua substituição. [ j
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Prova 17 - Agente Fiscal de Rendas/ICMS-SP/200è
Vejamos cada um dos períodos constantes nas alternativas desta questão, procurando identificar aquele em que não ocorreram deslizes de concordância:(A) Concordâncias incorretas. Á forma verbal “parecia” tem como sujeito a
expressão “as perguntas”, com núcleo no substantivo "perguntas” Tem de ser empregada, então, em 3* pessoa do plural. Igualmente flexionado tem de surgir o adjetivo “obscura”, que se refere ao mesmo substantivo “perguntas”, já apontado. O texto ficará corretamente redigido deste modo: “Os advogados reclamaram da indecisão do depoente, sem perceber que as perguntas que a ele eram dirigidas lhes pareciam obscuras, difíceis de serem compreendidas.”
(B) Concordância verbal incorreta. Observemos de inicio, e para melhor compreensão, o período tal como se apresentou» mas com suas orações já divididas: [“Era intricada a associação de ideias do promotor e o apelo] [que fazia aos jurados, o] [que, [consideradas as circunstâncias] os conduziram a uma decisão questionável”.]. Observamos, na primeira oração, a concordância verbal e a nominal feitas por atração, o que justifica o emprego de "Era” na 3a pessoa do singular e de “intricada” em feminino singular: é que estão, ambos os vocábulos citados, concordando com o primeiro núcleo do sujeito, que lhes está mais próximo, “associação". A concordância feita de modo gramatical lógico, ou seja, com os dois núcleos também estaria correta e apontaria “Eram intricados” Na segunda oração, a forma verbal “fazia" está concordando corretamente com o seu sujeito implícito “promotor” A terceira oração apresenta fato gramatical já visto em algumas outras questões comentadas neste trabalho: está sendo intercalada por outra oração, na qual surge um pronome demonstrativo “o”, funcionando sintatícamen- te como aposto resumitivo. Assim, o pronome relativo que inicia a terceira oração é representante semântico do pronome demonstrativo “o”, que o antecede. Desse modo, o verbo “conduzir”, cujo sujeito é o pronome relativo surgido após o demonstrativo “o”, tem de surgir na terceira pessoa do singular, na forma “conduziu”. Está correto o emprego do particípio “consideradas”, concordando em gênero feminino e em número plural com o substantivo “circunstâncias” Ficará o texto deste modo redigido, após a correção necessária: “Era intricada a associação de ideias do promotor e o apelo que fazia aos jurados, o que, consideradas as circunstâncias, os conduziu a uma decisão questionável.”
(C) Concordâncias incorretas. O verbo “ser”, que abre o texto, tem como sujeito a expressão “os juízos”, que lhe surge posposta. Este fato impli-
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Prova 17 - Agente Fiscal de Rendas/iCMS-SP/2006
caemprego verbal em 3a pessoa do plural: “São”. Igualmente em plu- ràl deve ficar o predicativo "falíveis” referido ao mesmo substantivo "juízos” Observe-se a correção do emprego em singular do pronome oblíquo átono "lhe”, para concordar com o seu referente: "discurso”. O texto ficará retificado deste modo: “São sempre falíveis, a meu ver, os juízos que se fundamentam mais na verve do orador que no conteúdo de seu discurso, mesmo quando os ouvintes lhe neguem aquele predicado”
(D) Concordâncias corretas. Está correta a concordância da locução verbal "devem existir”, na qual o verbo auxiliar "devem” está em flexão de 3n pessoa do plural para que a locução concorde com o seu sujeito indicado por "sérias razões”, com núcleo no substantivo "razões”. O pronome oblíquo átono “lhe”, por se referir ao pronome reto “ele”, surgiu corre- tamente empregado no singular: “lhe”.
(E) Concordâncias nominais incorretas. Inicialmente, errou-se a flexão do pronome adjetivo relativo "cujo”, que deveria ter sido empregado em plural, uma vez que relacionado com o substantivo "dados” Além disso, a forma de particípio "sugerido” tem de ser empregada no gênero feminino, para que se promova sua devida concordância com o substantivo "revisão”, núcleo de seú sujeito. O texto estará retificado deste modo: “O relatório, de cujos dados discordou-se, foi rejeitado imediatamente, tendo sido sugerida, em caráter de emergência, a sua plena revisão ou até mesmo sua substituição ”
As questões de números 21 a 30 referem-se ao texto abaixo
Acerca do bem e do mal
Fulano é “do bem”, Sicrano è “do mal”. Não, não são crianças comentando um filme de mocinho e bandido, são frases de adultos, reiteradas a propósito das mais diferentes pessoas, i?as mais diversas situações. O julgamento definitivo e em preto e branco que elas implicam
5 parece traduzir o esforço de adotar, em meio ao caldeirão de valores da sociedade moderna, um princípio básico de qualificação moral e ética. Essa oposição rudimentar revela a necessidade que temos de estabelecer algum juízo de valor para a orientação da nossa própria conduta. Tal busca de discernimento é antiga, e em princípio é legítima: está na base
io de todas as culturas, dá sustentação a religiões e inspira ideologias, provoca os filósofos, os juristas, os políticos. O perigo está em que o movimento de busca cesse e dê lugar à paralisia dos valores estratificados.
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Provas Comentadas da FCC
O exemplo pode vir de cima: quando um chefe de poderosa nação passa a classificar países inteiros como integrantes do “eixo do mal”, es-
15 tá-se proclamando como representante dos que constituiriam o “eixo do bem”. Essa divisão tosca é, de fato, muito conveniente, pois faculta ao mais forte a iniciativa de intervir na vida e no espaço do mais fraco, sob a alegação de que o faz para preservar os chamados “valores fundamentais da humanidade” Interesses estratégicos e econômicos são, as-
20 sim, mascarados pela suposta preservação de princípios da civilização. A História já nos mostrou, sobejamente, a que levam tais ideologias ab- solutistas, que se atribuem o direito de julgar o outro segundo o critério da religião que este professa, do regime político que adota, da etnia a que pertence. A intolerância em relação às diferenças culturais, por exem-
25 pio, acaba levando o mais forte à subjugação das pessoas “diferentes” - e mais fracas. É quando a ética saí de cena, para dar lugar àbarbárie.
A busca de distinção entre o que é “do bem” e o que é “do mal” traz consigo ura dilema: por um lado, não podemos dispensar alguma bússola de orientação ética e moral, que aponte para o que parece ser o justo,
30 o correto, o desejável} por outro lado, se o norteamento dos nossos juízos for inflexível como o teimoso ponteiro, comprometemos de vez a dinâmica que é própria da história e dos valores humanos. Não h á , na rota da civilização, leis eternas, constituições que não admitam revisões, costumes inalteráveis. A escolha do critério de julgamento é sempre crítica
35 e sofrida quando responsável; dispensando-se, porém, a responsabilidade dessa escolha, restará a terrível fatalidade dos dogmas. Lembrando o instigante paradoxo de um filósofo francês, “estamos condenados a ser livres”. Nessa compulsória liberdade, de que fala o filósofo, a escolha entre o que é “do bem” e o que é “do mal” é uma questão sempre viva, que
40 merece ser analisada e enfrentada em suas particulares manifestações históricas. Se assim não for, estará garantido um espaço cada vez maior para a ação dos fundaraentalistas de todo tipo.
(Cândido Otoniel de Almeida)
21. Na argumentação com a qual o autor desenvolve o tema central do texto, há a preocupação constante de;
(A) acusar a maleabilidade dos princípios jurídicos, da qual decorrem indesejáveis ambigüidades na interpretação das leis;
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' í *(B) defender a hecessidade de paradigmas éticos e morais que despre-izem difereiiças culturais e políticas entre os povos; !
(C) condenar a jestratificação dos princípios éticos, que se devem estabe-j lecer no dinamismo que é próprio da ilistória e dia análise crítica; ‘
(D) relativizar à importância dos vaiores eticos e morais, uma vez que|não é dada ao homem a faculdade de adotá-los livremente;i ; ! j
(E) suprimir a diferença entre o que é o bem e o mal, em vista da impos-ísibilidade dje fixação de valores éticos e|morais permanentes. j
Í S ; j: !
Vejamos cada uma das afirmativas que surgiram nos itens desta questão: |
(Á) Afirmativa ihcorreta. Não há, no texto ilido, qualquer menção a suposta j maleabilidade dos princípios jurídicos, tjem como a ambigüidades in-j desejáveis na interpretação das leis. O qué.se lê acerca de leis, diz respei-| to ao fato dej não existirem leis irrevogáveis. ]
(B) Afirmativa incorreta. A direção argumeritativa do texto é rigorosamen- jte oposta à que se lê nesta alternativa. Em todo o texto, ocorre a valori-1 zação das diferenças culturais e políticas; entre os povos, no sentidò de| que não pocíem ser desconsideradas. : j !
(C) Afirmativa cíorreta. Depreendemos, da leitura do texto, que não é possível a eleição jâe um unico critério para qué se fixem os princípios éticos, antes deve-se atentai* para as diferenças culturais existentes entre osipo- vos, bem como para o próprio curso que jà História toma, a fim de que, | a partir dest;e procedimento, possa estabelecer-se análise crítica isenta j de pardaüdádes. : |: " I
| ■ ' | • i(D) Afirmativa incorreta; Como já comentamos na alternativa (B), o texto
faz a apologia das distintas valoraçõesjéticas e morais que provêm idas diferenças étjicas e culturais existentes entre povos distintos.
(E) Afirmativa incorreta. Em nenhum moiJénto o articulista prega ai supressão da diferença entre o bem e o mal| ou mesmo a inexistência deles. Afirma, claramente, isto sim, que e bastante difícil que se estabeleça esta distinção.
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I. A referência a um chefe ãe poderosa itação (2o pãrágrafo) ábre a demonstração de que há ideologias absolutistas e intolerantes que se sustentam pela força;
II. Julgamento (...) em preto é bràhco(l° parágrafo) e divisão tosca (2o parágrafo) são expressões que ajudam a esclarecer o sentido de nor- teamento (,..) inflexível (3° parágrafo);
III. A frase “estamos condenados a ser livres” (3o parágrafo) instiga o autor do texto a justificar a posição áos fimdamentalistas de todo tipo (3o parágrafo),
Em relação ao texto, está correto o que se afirma em
(A) I, II e III;(B) I e II, somente;(C) I e IIÍ, somente;(D) II e III, somente;(E) somente.
Vejamos cada uma das afirmativas presentes nos itens numerados de I a III:I Afirmativa correta. A referência feita ao chefe âe uma poderosa nação
serve para que o autor, na seqüência do 2o parágrafo, argumente que “A História já nos inostivu, sobejamente, a que levam tais ideologias absolutistas, que se attibuem o direito dejtãgaro outro segunâo a critério da religião que este professa, do regime político que adota, da etnia a que p e r t e n c e em que revela sua tese de que há ideologias absolutistas e intolerantes, exemplificadas pela posição do “chefe de poderosa nação”, que se sustentam pela força.
II. Afirmativa correta. A ideia sugerida por “norteamento” tem a ver com os sentidos de "rumo” “direção” presentes no vocábulo “norte” que lhe dá origem, e que, previamente, apontava para a informação de “julgamento (...) em preto e branco” por meio do substantivo “bússola” empregado pouco antes dè "norteamento” Do mesmo modo, ao adjetivar a classificação empregada por um governante com respeito a países integrantes de um suposto “eixo do mal”, como “tosca”, o autor está-no$ fazendo perceber a inflexibilidade da percepção do aludido dirigente.
22. Considere as seguintes afirmações:
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III Afirmativa incorreta. A menção '‘estamos condenados a ser livres” está em absoluta oposição à visão de mundo que possuem os “fundamenta- listas de todo tipo”
Estão corretas, então, as afirmativas contidas em I e II.
23. Ê quando a ética sai ãe cétiay para dar lugár à barbárie*Na frase acima, a seqüência dás ações sai ã é cena e dai' lugar estabelece uma relação(A) de justaposição de fatos independentes,(B) entre uma hipótese e um fato que a confirma;(C) de simultaneidade entre duas ocorrências interdependentes?(D) de causalidade entre valores antagônicos;(E) de alternância entre duas situações semelhantes.
Ao estabelecer que, em determinada situação (no caso, quando a intolerância em relação às diferenças culturais acaba levando o mais forte a subjugar as pessoas consideradas por ele como “diferentes”), a ética sai de cena para dar lugar à barbárie, o autor do texto estabelece uma relação de causalidade entre valores antagônicos. Causalidade decorrente de a barbárie entrar em cena, em virtude de a ética dela ter saído. Os valores antagônicos, evidentemente, são a ética e a barbárie. A resposta está na alternativa (D).Vejamos, agora, as outras alternativas:
(A) Afirmativa incorreta. Dê início, a simples justaposição de fatos seria in- . dício da ausência da relação semântica causai que envolve os fatos cita-, dos* Além disso, como vimos, o acesso da barbárie à cena e a saída dela por parte da ética não são fatos independentes, sendo o primeiro deles conseqüência do segundo.
(B) Afirmativa incorreta. Não há, para o autor, fatos hipotéticos em “Ê quando a ética sai de cena, para dar lugar à barbárie”
(C) Afirmativa incorreta. A redação UÉ quando a ética sai de cena, para dar lugar à barbárie” permite a observação de que a chegada da barbárie ocorre ápós a saída da ética da cena. Não é possível que os dois fatos ocorram simultaneamente, ou seja, ao mesmo tempo.
(E) Afirmativa incorreta. Evidentemente não há duas situações semelhantes em “a ética sai de cena para dar lugar à barbárie”
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Provas Comentadas da FCC
24. Considerando-se o contexto do primeiro parágrafo, traduz-se corretamente o sentido de uma frase ou expressão em:
(A) essa oposição rudimentar ~ esse grosseiro maniqueísmo.(B) tal busca de discernimento - essa tentativa de relativização.(C) em princípio é legítima = inicialmente é irredutível.(D) paralisia dos valores estratificados » imobilização dos atributos
improvisados.(E) provoca os filósofos - dissimula-se entre os pensadores.
Na verdade, este modelo de questão requer que se estabeleçam paráfrases de fragmentos textuais. Já vimos, antecedentemente» que paráfrase é a rees- critura de um texto»Vejamos cada uma das ,ctraduções” feitas com respeito às passagens originais do texto.
(A) Paráfrase correta. O substantivo “oposição” foi substituído por “maniqueísmo” empregado metaforicamente. Como sabemos, “maniqueís- mo” é doutrina que se apóia na existência dos princípios opostos existentes entre o bem e o mal. Assim, a ideia de “oposição” está contida em “maniqueísmo”. A substituição de “rudimentar” por "grosseiro" é pacífica.
(B) Paráfrase incorreta. Não é aceitável a substituição de “discernimento”- capacidade de compreender situações, de distinguir o certo do errado - por “relativização” - verbete encontrado no Dicionário Eletrônico Houaiss, Editora Objetiva* com sentido de “ato ou efeito de relativizar”. Esse substantivo, assim como a forma verbal cognata; não aparecem nos dicionários eletrônicos Aurélio e Michaelis.
(C) Paráfrase incorreta. Na questão 9» desta mesma prova, o candidato necessitou saber o significado da expressão “a princípio” Agora, vemos o emprego de “em princípio”. Chegou, então, o momento de estabelecermos a distinção entre “em princípio” e “a princípio”: “em princípio” significa “antes de qualquer consideração”, “em tese”, “antes de tudo”, enquanto “a princípio” - recordemos - significa “no começo”, “no início ”, “na fase inicial”. Podemos observar, então, que se empregou corretamente a expressão “em princípio”, mas que não há correspondência com “inicialmente”, mas com “em tese” Não se pode aceitar, também, a substituição de “legítima” - que significa “que tem força de lei”, “que
Décio Sena 398
I ' ! il 1 • - \é legal”, “autêntico", "genuíno” - por “irredutível” - que significa “írre-1 duzível”, "perseverante”* . | j
(D) Paráfrase incorreta; Ainda que; se aceite a substituição de “paralisia” jpor “imobilipação” -por extensão de significados -,não é viável a subs- j tituição de “piores estratificados” ou “valores estagnados" (por deriva-1 ção de sentido) pórjwatributos improvisados” ou seja» “qualidadesique! surgem sem [planejamento” \ j. |
(E) Paráfrase incorreta.; Não há tangência semântica entre “provoca” quesignifica “desafia”, “instiga” “impele” - e “dissimula" - que indica “disfarça”, "fingsj", “oculta” !
j I.25. Considere a seguinte frase:
A busca de distinção entre o que é “ão bem” e o que é “do mal” traz coiisi- go um dilema |O verbo trazer deverá ílexionar-se numa forma do plural caso se substí- |tua o elemento sublinhado por I
: ; *; \ í(A) O fato de quase todas as pessoas oscilarem entre o bem e o mal (...) |(B) A dificuldade de eles distinguirem entre as boas e as más ações (...) 1(C) Muitas pesscjas sabehi que tal alteràatíva, [nas diferentes situações, (...) I(0 ) Essa divisão| entre ó bem e o mal, à medida que se acentua nos indi- I
víduos,(...) { I(E) As osdlaçõei que todo indivíduo experimenta entre o bem e o mal (...) j
| : : I IVejamos as formajs adequadas do verbo “trazerIpara preenchimento dos espa- j ços que existem entre os parênteses das diversas alternativas desta questão: I
! } ‘ • ;(A) Emprego obcigatório do verbo em 3a pessoa do singular para que con- |
corde com o jsubstantívo “fato", que é ó niícleo do sujeito da oração do \ verbo “trazer”, indicado por “O feto” : j . |
| ■ • í ■(B) Emprego do jverbo em 3a pessoa do singular, numa alternativa cujai es
trutura textuki é idêntica à do item antericp O sujeito do verbo “trazer”, que é ‘A dificuldade” tem seu núcleo no substantivo “dificuldade”. ;
(C) Emprego do yerbo eba 3a pessoa do singular, para que concorde com oseu sujeito, que se faz representar por “tai alternativa”, com núcleo; no substantivo “alternativa”. I I
Prova 1 7 - Agânte Fiscal de Rendas/lCMS-5P/2006j
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(D) Emprego do verbo em 3a pessoa do singular, de modo que haja a devida concordância.com seu sàjeito “Essa divisão entre o bem e o mal”, cujo núcleo está indicado pèlo substantivo “divisão”.
(E) Emprego do verbo em 3a pessoa do plural, para que se estabeleça a devida concordância com seu sujeito que, dessa vez, indica plural e é representado por “As oscilações”, com núcleo no substantivo “oscilações”.
26. A escolha do critério de julgamento é sempre critica e sofrida, quando responsável; dispensando-se, porém, a responsabilidade dessa escolha, restará a terrível fatalidade dos dogmas.Mantêm-se o sentido e a correção da frase caso se substitua(A) dispensando-se, porém por se dispensarem-se, ademais.(B) dispensando-se, porém por uma vez dispensado, no entanto,(C) quando responsável por désdeque responsável(D) quando responsável pór posto que responsável,(E) quando responsável por cónquàiitó séjà responsável.
Vejamos cada uma das sugestões de substituição dé passagens originais do texto, em büscá da que mantém o sentido e a correção do período em que surgem, que transcrevemos a seguir:“A escolha ão critério de julgamento é semprè crítica e sófrida, quando responsável; dispensando-se, pórnn, a responsabilidade ãèssa èscolha, restará a terrível fatalidade dos dogmas?(A) Alternativa incorreta. Inicialmente apontemos o deslize de colocação
pronominal existente em “se dispensarem-se” provocado pela não observância dá próclise pronominal obrigatória, resultante; dá presença da conjunção subordinativa (condicional) “se”. For outro lado, a palavra "ademais”, que significa “além disso”, “além do mais”, não seria adequada para a substituição da conjunção subordinativa concessiva "porém”.
(B) Alternativa incorreta. Está ocorrendo erro de concordância nominal, que se caracteriza pelo emprego do pártídpio “dispensado”: seria imprescindível que a forma de particípio concordasse em gênero feminino com o substantivo “responsabilidade” que seria o seu sujeito. A frase correta seria: " ...uma vez dispensadá, iio entanto, a responsabilidade dessa escolha... ”,
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.wvx» ., — r>gv:t»«.c ri>vo« uc rsenaas/ JdVlb-bH/ÜOU6
(C) Alternativa correta. A substituição proposta preservaria o nexo semântico condicional que está sendo introduzido por "quando responsável”, com respeito a “Â escolha do critério de julgamento é sempre crítica e sofrida”.
(D) Alternativa incorreta. A substituição sugerida promoveria alteração semântica. O nexo condicional apontado no comentário da alternativa anterior estaria sendo substituído por oração que introduz valor semântico explicativo,
(E) Alternativa incorreta. Desta vez haveria troca de uma referência condicional, como já esclarecemos no comentário da alternativa (C) da presente questão por um outro, de natureza semântica concessiva.
27.. Nessa compulsória liberdade, de que fala o filósofo (...).Numa nova redação da frase acima, mantém-se corretamente a expressão sublinhada caso se substitua fa la o filósofo por:
^ (A) se refere o filósofo;(B) cuida o filósofo;(C) investiga o filósofo;(D) aflige o filósofo;(E) disserta o filósofo.
Trata-se de questão de regência verbal.A presença da preposição “de” antecedendo o pronome relativo "que” é devida à regência transitiva indireta com que se empregou» no fragmento textual, o verbo "falar”Vejamòs, agora, cada uma das alternativas da questão, em busca daquela em que, ao se substituir "fala o filósofo” pelas passagens indicadas, preserva-se o emprego do pronome relativo “que” precedido pela preposição "de”, como estabelecido no enunciado:(A) Alternativa incorreta. A regência transitiva indireta do verbo pronomi-
nál "réferir-se” exige que á preposição seja "a”. Deste modo, o texto ficaria grafado assim: "Nessa compulsória liberdade, a que se refere o filósofo (.„)”
(B) Alternativa correta. A regência do verbo "cuidar”, transitiva indireta, exigiria igualmente a preposição "de” para que seu complemento a ele se ligasse. O texto ficaria: “Nessa compulsória liberdade, de que cuida o filósofo (...)”.
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Provas Comentadas da FCC
(C) Alternativa incorreta. O verbo "investigar” é transitivo direto, e, em conseqüência» não poderia haver preposição regendo o pronome relativo. O texto restaria assim: “Nessa compulsória liberdade, que investiga o poeta Observemos, ainda, que nesta oração, o sujeito da forma verbal "investiga é "o filósofo”, sendo o pronome relativo “que”, representante semântico de "liberdade” o objeto direto da forma verbal mencionada,
(D) Alternativa incorreta. Semelhantemente ao item acima, empregou-se nesta alternativa o verbo “afligir”, de regência transitiva direta. O texto ficaria corretamente grafado deste modo: “Nessa compulsória liberdade, que aflige o filósofo
(E) Alternativa incorreta. O adjunto adverbial aparecerá ligando-se ao verbo "dissertar” por meio da preposição "sobre”, e o texto será grafado corretamente deste modo: “Nessa compulsória liberdade, sobre que disserta o filósofo (...)”
28. Na transposição de uma voz verbal para outra, ocorre uma improprieda-de no seguinte caso:
(A) a necessidade que temos de estabelecer algum juízo de valor = a necessidade que temos de que houvesse sido estabelecido algum juízo de valor;
(B) passa a classijicar países inteiros = países inteiros passam a ser classificados;
(C) segundo o critério da religião que este professa ~ segundo o critério da religião que por este é professada;
(D) que constituiriam o “eixo do bem” - o “eixo do bem” que seria constituído;
(E) comprometemos de vez a dinâmica - a dinâmica é por nós de vez comprometida.
Observemos todas as transposições de vozes verbais presentes nas alternativas desta questão, de modo a localizarmos o item em que ocorreu impro-priedade, conforme mencionado na sua enunciação:
(A) Conversão incorreta. Em “a necessidade que temos de estabelecer algum juízo de valor” encontramos a oração reduzida de infinitivo subordinada substantiva completiva nominal “de estabelecer algum juízo de valor”. Observemos que a preposição “de” que a introduz liga-a ao
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substantivo “necessidade” Não há por; que surgir a locução verbal ;pas4 siva "houvesse sido estabelecido”, o qúejsó seria viável se a oração re-| duzida já mencionada tivesse surgido sob a forma desdobrada "de que; houvéssemcjs estabelecido algum juízo de valor”* A correta conversãoj da oração reduzida; "de estabelecer algum juízo de valor” fará surgir oj período: "a necessidade que temos de;ser estabelecido algum juízo dej valor”. ;
(B) Conversão correta.; Como já vimos em algumas questões precedentes]a esta províi - veja-se, por exemplo, ò cjomentário. iniciai desenvolvi-l do na questão 13, prova 11 - o objeto direto existente em uma voz ativa, como, néste caso, a expressão “países inteiros”, exercerá, navozpas-j siva, a função de sujeito- Deste modo, teremos a oração assim iniciada:! "países inteiros... Vimos, no mesmo ;còmentário,;que, existindo ;dois verbos na vòz ativa* surgirão três verbosjna voz passiva corresponden-j te. Assim, a jconversão de “passa a classificar países inteiros” para á vozj passiva fará surgir a oração "países inteujos passam;a ser classificados”,! como apontado na alternativa. j j
(C) Conversão correta. Na oração subordinada adjetiva restritiva “que:;estejprofessa”, o pronome relativo que a iniciá é representante semântico do| substantivo jantecedente "religião”. Sua função sintática é a de objetoj direto da forma verbal “professa”. Ao çohvertermos a oração "que! este professa” - de voz ativa - para sua voz passiva correspondente, encon-j traremos oração em que o pronome “qüe” deverá, obrigatoriamente, desempenhar papel sintático de sujeito d.a forma verbal passiva. É exa-| tamente o que está acontecendo na oração “que por este é professada”,; na qual se constatou, também, a mudança de papel sintático do prono-j me demonstrativo "este”, originalmente sujeito da voz ativa, para agen-j te da passiva. ; |' |
(D) Conversão cprreta, embora inadequada; para inserção no fragmento; ori-j ginalmente dtado, .sem que se promová outra alteração. A expressão "o eixo do bemí’ desempenha papel de objeto direto da forma verbal "constituiriam”. Assim sendo, ao convertermos à oração em que surge tal expressão para! a voz passiva, haverá alteração de função sintática da mesma, que passará a exercer papeí sintático! de sujeito. Teremos, assim, "o eixo do bemj seria constituído” Òcorreú colocação do pronome relativo "que” entre ò sujeito e a locução verbal! passiva. Para vermos a razão de seu empregd transcrevemos o texto original da questão, um pouco am-j pliado e coni suas orações constitutivas ja apontadas: [quando um chefel
403 \ Portdguês i
de poderosa nação passa a classificar países inteiros como integrantes do "eixo do mal”} {está-se proclainando como representante das)[ que constituiriam o "eixo do bem”]. Vemos, entãoj què o pronome relativo “que”, articulador da oração subordinada adjetiva restritiva “que constituiriam o ‘eixo do bem’” é representante semântico do pronome demonstrativo “os” que o antecede. Melhor será o entendimento dos argumentos, caso substituamos o pronome demonstrativo “os” pelo também pronome demonstrativo “aqueles". Aceitando-se a troca dos pronomes demonstrativos “os” por “aqueles” e procedendo-se à substituição do pronome relativo “que” pelo vocábulo que representa, teremos a oração “aqueles constituiriam o eixo do bem”, ou seja, “os constituiriam o eixo do bem” - desfeito a troca dos vocábulos citados -, que, na voz passiva resultaria em “o eixo do bem seria constituído por os”. Procedendo-se, agora, à substituição da oração que no texto original da questão deu ensejo à conversão verbal pela oração já convertida, teremos: [quando um chefe de poderosa nação passa a classificar países inteiros como integrantes do “eixo do mal”] {está-se proclamando como representante dos}[ o eixo do bem seria constituído por os.]. O fragmento textual sugerido pela banca para a substituição promoveria, caso empregado fielmente em lugar, da oração "que constituiriam o eixo do berrí, deslize de coesão textual, com flagrante perda de coerência semântica. Comò se nota, nãó haveria coesão na transição da oração “está-se pròclámando como representante dos” e “o eixo do bem seria constituído por os”, o que prejudicaria a coerência textual Entendemos que, salvo melhor juízo, a Banca Examinadora deveria ter proposto a oração “por quem o ‘eixo do bem* seria constituído”, o que faria termos o período que segue: [quando um chefe de poderosa m ção passa a classificar países inteiros como integrantes âo “eixo do mal”] [está-se proclamando como representante dos][por quem “eixo do bem seria constituído”].
(E) Correção correta, embora inadequada, sem que se promova outra alteração, para inserção no fragmento originalmente citado. O sujeito de “comprometemos” - o pronome reto “nós” - está implícito e sendo denunciado pela desinência número-pessoai “-mos” Funcionará, então, como agente da passiva da oração que será construída. A expressão “a dinâmica” funciona como objeto direto de "comprometemos” e, deste modo, será o sujeito da voz passiva, que, assim, assumirá a forma: “a dinâmica é por nós de vez comprometida”. Ocorre que sua inserção na passagem em que surge, no texto original, não seria cabível, como podemos verificar transcrevendo
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rrova i / - Agente Hscal de Rendas/lCMS-SP/2006
o fragmento de texto original um pouco ampliado: “se o norteamento âos . nòssós juízos for inflexível cõnió o teimoso ponteiro, comprometemos de vez á dinâmica què é própria dá história e dos valores humanos”. Pela oração sugerida, teremos: “se o norteamento âos nossos juízos for inflexível como o teimoso ponteiro, a dinâmica é por nós de vez comprometiâa que é própria da história e dos valores humanos\ em que se nota deslize de coesão provocado pela separação entre o substantivo "dinâmica” e sua adjetivação, que foi feita pela oração subordinada adjetiva restritiva “que é própria da história e dos valores humanos”. A ausência de coesão entre as ideias prejudicou sensivelmente a coerência textual. Propomos, para que não haja tal prejuízo, que a oração subordinada adjetiva restritiva volte a grafar~se ao lado do substantivo “dinâmica”, o que nos dará o texto: "se o norteamento dos nossos juízos for inflexível como o teimoso ponteiro, a dinâmica que é própria da história e dos valores humanos êpor nós de vez comprometidâ\ Esta grafia seria apontada com o emprego do sinal de inserção textual no fragmento de texto sugerido para que se promovesse a alteração da voz ativa para a voz passiva, que passaria a estar assim grafado: “a dinâmica [...] é por nós de vez comprometida”.
A existência dé duas alternativas ~(D) e (E) - nas quais a conversão da voz ativa pára a voz passiva resultaria em fragmentos textuais que não poderiam ser inseridos nas posições originais não deve ser entendido como fator que anularia esta questão, uma vez que, em seu enunciado, o candidato foi apenas consultado acerca da correção das mudanças das vozes verbais nas orações, inexistindo a obrigatoriedade de suas inserções nos textos originais.
29. Alíerando-se a pontuação de um segmento do texto, ela permanecerá defensável e coerente, considerado o contexto, em
(A) A bttsca âe distinção, entre o que é “do bem”, e o que é do mal”, traz consigo, um áilema,
(B) Não, não, são crianças comentando um fihne de mocinho e bandido, são frases - de adultos, reiteradas a propósito, das mais diferentes pessoas.
(C) A escolha do critério de julgamento, é, sempre, critica e sofrida quando responsável.
(0 ) Tal busca de discernimento é antiga e, em princípio, é legítima.(E) Interesses estratégicos e econômicos são assim mascarados, pela su
posta preservação, de princípios da civilização.
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Provas Comentadas da FCC
Vejamos todas os textos contidos nas alternativas desta questão, com vistas a encontrarmos aquele em que a mudança na pontuação não implicou equívoco.
(A) Pontuação incorreta. Não há possibilidade de emprego das vírgulas que surgiram isolando a expressão “entre o que é *do bem”*: a expressão citada está iigada peía preposição “entre” ao substantivo “distinção”. Está incorreta, também, a vírgula que se pôs após o vocábulo "mal’', por separar sujeito, indicado pela longa expressão “A busca de distinção entre o e o” de seu verbo, indicado por "traz”. Observemos, no interior deste sujeito, as expansões provocadas pelas duas orações subordinadas adjetivas restritivas "que é do bem” e “que é do mal”. Finalmente, ainda está incorreta a vírgula que surgiu após o pronome oblíquo , tônico “consigo”, por separar a forma verbal “traz” de seu objeto direto "um dilema”. Corrigidos os deslizes comentados, teremos o texto agora pontuado corretamente: "A busca da distinção entre o que é do bem e o que é do mal traz consigo um dilema ”
(B) Pontuação incorreta. Está incorreto o emprego do travessão que isola o adjunto adnominaí “de adultos” do predicativo “frases” ao qual se ligou por preposição. Também está incorreto o emprego da vírgula após o vocábulo “propósito” o que provocou a separação da expressão “das mais diferentes pessoas”, que se liga pela preposição "de” ao vocábulo citado. A vírgula que isola os advérbios de negação “Não”, "não” está correta por isolar palavras repetidas. Em outra compreensão - não adequada para o conteúdo semântico do significado do texto poderíamos aceitar a vírgula após o segundo dos advérbios ora comentados. Eis o texto corretamente pontuado: “Não, não são crianças comentando um filme de mocinho e bandido» são frases de adultos, reiteradas a propósito das mais diferentes pessoas”
(C) Pontuação incorreta. Está incorreta a vírgula que se observa após o substantivo “julgamento”, já que separa o sujeito “A escolha do critério de julgamento” da forma verbal de que é sujeito: “é” Estão corretas as vírgulas que enfatizam o adjunto adverbial de tempo “sempre”: têm emprego facultativo. Poderia, ainda, haver emprego de vírgula que se faculta no início das orações subordinadas adverbiais postas em ordem direta às suas orações principais. Retificada a pontuação do texto, e indicadas as vírgulas facultativas, obteremos: “A escolha do critério de julgamento é(») sempreQ crítica e sofridaG) quando responsável ”
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Prova 17 - Agente Fiscal de Rendas/l CMS-SP/2006
(D) Pontuação cjorreta. Isolou-se com um par- de virguias a expressão inter-jcalada “em princípio". Relembremos què o emprego destas vírgulas é jfacultativo. Não há, consequentemente, ó que se retificar no texto desta!altemativa.1 I
i ■ ! ■ ; ■ ' !(E) Pontuação iiicorretà; Isolou-se um agente; da passiva - "pela supostapre-j
servação de princípios da civilização” - ojque não é permitido. Errou-se,j também, ao) se separar do substantivo “preservação” que exerce função* sintática de núcleo Ho agente da; passiva, b adjunto adnominal "de princípios da civilização” ligado ao substanüvfo núcleo dò agente da passiva - “preservaçãi” - por preposição. Ficará ccjrretamente escrito o textoldes- te modo: “Iriteresses estratégicos e econômicos sãoQ assimQ mascarados, pela supostdpreservação de princípios da Civilização “
30. O perigo está ettt que o movimento â e busca cesse e dê lugar à paralisia*dos valores estratificados. |
Alterando-se os tempos dos verbos da frase acima, a articulação entresuas novas formas estará correta em j |- j
(A) O perígo esitava em que o movimento dá busca cessava e desse lugaxj à paralisia dos valbres estratificados. [
(B) O perigo estará em que o movimento dè busca cessasse e tivesse dadoj lugar à paralisia dós valores estratificados.
(C) O perigo estaria em que o movimento jda busca cessar e dar lugar aparalisia dos valores estratificados. ; | j
(D) O perigo esitava em que o movimento da busca cessou e dera lugar a paralisia dos valores estratificados. ; |.
(E) O perígo esjaria em que o movimentõ da busca cessasse e desse liigaijà paralisia dos valores estratificados.I ;
{ | : iObservemos as jarticulâções verbais propostas nas alternativas da presen-;te questão: j . j |
\ ■ l(A) Articulaçãci incorreta. O verbo "cessar” deveria ter surgido no pretérita
imperfeito do subjuntivo, tal qual ocorreu com a fórma verbal “desse”] do verbo “dar” O texto, então, assim estaria correto: “O perigo estavaj em que o mjovimento da busca cessasse e desse lugar à paralisia dos va-j lores estratificados/’
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(B) Articulação incorreta. O emprego de “estará”, faturo do presente do indicativo» demanda o emprego do verbos “cessar" , e do tempo composto “ter dado” no presente do subjuntivo. Assim ficará a frase, após as correções necessárias: “O perigo estará ém que o movxmerito de busca cesse e tenha dado lugar à paralisia dos valores estratificados”
(C) Articulação incorreta. O emprego do verbo "estar” em futuro do pretérito do indicativo, implica emprego de pretérito imperfeito do subjuntivo para os verbos “cessar” e “dar”. Retificado o texto, teremos: “O perigo estaria em que o movimento da busca cessasse e desse lugar à paralisia dos valores estratificados”
(D) Articulação incorreta. O emprego do pretérito imperfeito do indicativo de “estava” demanda o pretérito imperfeito do subjuntivo para os verbos “cessar” e “dar”. O texto ficará correto desta forma: “O perigo estava em que o movimento da busca cessasse e desse lugar à lugar à paralisia dos valores estratificados.”
(E) Articulação correta. Na verdade, neste item temos texto que foi apontado pará a retificação dò qiié fora apontado como eqüivócádò ná alternativa (C).
As questões de números 31 a 35 referem-se ao testo abaixo
O fiscal e o menino
Já pelos meus dez anos ocupava eu um posto na Secretaria da Fazenda. A ocupação era informal, não implicava proventos ou tempo para a aposentadoria, mas o serviço era regular: acompanhava meu pai, que era fiscal de rendas, em suas visitas rotineiras aos comerciantes da cidade. Cada
5 passada dele exigia duas das minhas, e eu ainda fazia questão de carregar sua pasta, pesada de processos; Tanto esforço tinha suas compensações: nos bares ou padarias, o proprietário lembrava-se de me agradar com doce, salgado ou refrigerante-oque configurava, como se vê, uma espécie de pacto entre interesseiros. Outra compensação emroritràva eu em des-
10 frutar, ainda que vagamente, da sombra dá autoridade que emana de um fiscal de rendas. Para fazer justiçai autoridade mesmo meu pai só mostrava diante desses grandes proprietários arrogantes, que se julgam acima do bem, do mal e do fisco. E ai de quem se atrevesse a sugerir um “arranjo”, por conta da sonegação evidente...
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15 Gostava daquele fiscal. Duro no trato com os filhos e com a mulher, intempestivo e por vezes injusto ao julgar os outros, revelava-se um coração mole diante de um comerciante pobre e em débito com o governo. Nessas situações, condescendia no prazo de regularização do imposto e instruía o pòbre-diabo acerca da melhor maneira de proceder. Ao dono
20 de um botequim da zona rural - homem viúvo, carregado de filhos pequenos, em situação quase falimentar - ajudou com dinheiro do próprio bolso» para a quitação da divida fiscal.
Meu estágio em tal ocupação também aumentou meu vocabulário: conheci palavras como sisa, sonegação, guarda-livros, estampilha, mora
25 e outras tantas. A intimidade com esses termos não implicava que lhes conhecesse o sentido; na verdade, muitos deles continuam obscuros para mim até hoje. De qualquer modo, não posso dizer que nunca me interessou a profissão de fiscal de rendas.
(Júlio Pictrobou das Neves)
31. Dado o contexto, é correto afirmar que, na frase(A) o serviço era regular (Io parágrafo), há o mesmo grau de fantasia que
na frase ocupava eu um posto na Secretaria da Fazenda.(B) Tanto esforço tinha suas compensações (Xa parágrafo), o termo esforço
já anuncia as duras atividades do menino, discriminadas a seguir.(C) Outra compensação encontrava eu (...) (Io parágrafo), o elemen
to sublinhado indica uma alternativa que exclui a compensação já mencionada.
(D) Gostava daquele fiscal (2o parágrafo), o emprego do pronome acentua a distância que o tempo imprimiu entre o narrador e seu pai.
(E) Não posso dizer que nunca me interessou a profissão de fiscal de rendas > a dupla negativa tem o efeito de intensificação do interesse negado.
Vejamos todás as alternativas da questão, em busca daquela em que se faz afirmativa correta, com respeito a elementos textuais:
(A). Afirmativa incorreta. Não há fantasia na expressão textual “o serviço era regular” que faz parte do jogo lúdico de que participava a criança acompanhante de seu pai, fiscal de rendas» no desempenho deste ofício”. isto porque a afirmativa "o serviço era regular” está empregada em sentido denotativo: traduz o fato de haver regularidade no fato de
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o menino acompanhar sen pai, ou seja, costnmeiramente tal fato ocorria. Fantasiosa é, sem dúvida, a afirmativa “ocupava eu um posto na Secretaria da Fazenda”
(B) Afirmativa incorreta. As compensações que advinham de “tanto esforço” - expressão alusiva à necessidade de a criança, para poder acompanhar o pai, ter de acelerar a passada enquanto carregava a pasta, para ele pesada - eram traduzidas pela seqüência textual unos bares ou padarias, o proprietário lembrava-se de me agradar com doce} salgado ou refrigerante”. Como podemos notar não existiam “as duras atividades do menino”.
(C) Afirmativa incorreta. A outra compensação a que se refere o narrador está descrita na passagem “Outra compensação encontrava eu em desfrutar( ainda que vagamente, da.sombra da autoridade que emana de um fiscal de rendas” que, de modo algum, exclui a primeira delas, citada no comentário da alternativa anterior.
(D) Afirmativa correta. Como sabemos, o pronome demonstrativo "aquele” é empregado em alusão a fatos ou pessoas que estão distantes da pessoa que fala. Neste caso, o emprego do demonstrativo citado, que surgiu contraído com a preposição “de”, é sinal que reforça o distanciamento, no tempo, existente entre o narrador, que se pôs na condição da criança que acompanhava o fiscal de rendas, e a figura paterna, na verdade o fiscal mencionado.
(E) Afirmativa incorreta. A afirmativa de existir dupla negativa, resultante do advérbio de negação “Não” e do advérbio de tempo "nunca” é suscetível de questionamento: como se estabelecer dupla negativa por meio do emprego de um vocábulo realmente tradutor de valor semântico negativo e um outro que indica, semanticamente, valor temporal? Ainda que, no entanto, aceitássemos a existência da dupla negativa, não veríamos nela o resultado obtido com a intensificação do interesse de não ter, jamais, interessado ao menino a profissão de fiscal de rendas.
32. As seguintes expressões do texto mantêm entre si uma relação marcadapor oposição de sentido
(A) ocupação informal e não implicava proventos.(B) um coração mole e condescendia no prazo.
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Prova 17 - Agente Fiscal de Rendas/l CMS-SP/2006
(C) intimidade còm esses termos e continuam obscuros.(D) Duro no trato e intempestivo por vezes, j(E) pobre-diabo je situação falimentar. j
I ^Há oposição de sentido nás expressões indica&as na alternativa (C), em quese registrou intimidade com esses termos e corítinuam obscuros. Ê de se imaginar que ao se tjer ‘'intimidade com esses terinos”, seus significados sejam | conhecidos daqujeles que com eles têm intimidade. No entanto, a leitura do j texto faz-nos perceber que a intimidade com termos empregados na área da j fiscalização era presente no filho que acompânhava seu pai, fiscal de ren-1 das, apenas porque os escutava com frequência, sem, no entanto, saber-lhes | o sentido, que, pelo menos os de alguns, continuam desconhecidos até hoje j para o narrador da crônica, agora não maisnjenino, mas o adulto que pires- j ta emocionada hbmenagem a seu pai. : j- jNas demais alternativas, encontraremos: : j j
(A) Não existe ojposição de sentido neste item, uma vez que as expressões J“ocupação informal” e “não implicava: proventos” não guardam senti-i do opositivol Afinal, as ocupações informais não são remuneradas com| proventos, entendido o sentiâò de provento, neste texto, por força de suas ideias, Como a remuneração de servidor público. j
(B) Não há ideiá opositiva na associação de "um coração mole” e “condes-1 cendia no prazo” Antes, é natural que um fiscal que tenha Kum coração ] mole” seja, sim, “Condescendente no prazo”
(D) Na medida im que sábemos qué b adjetivo intempestivo significa “forajdo tempo proprio”, ^inoportuno” ficamos aptos a rejeitar, também,iesteí item em que hão sejnofca qualquer relação de oposição semântica entrej "Duro no trato” e “intempestivo por vezes”. j
(E) Mais uma aítematíva em que sé dispuseram expressões que nadai têm j de opositivajs. Na verdade, no texto em jque se fundamenta a presen~j te questão, a expressão “pobre-diabo” foi; usada em referência a coíner-\ ciante pobreleem débito com o governo. Novamente temos a citação dej expressões, desse modo, que se situamem mesmo campo semântico.
411 i Portúgúêsj
(A) Essa pequena crônica e revelãdora do modo qüé guardamos as imagens mais intensas da infância, de cujos encantos continuam a nos fascinar peio tempo a fora, sobretudo quando se tratam de relações familiares.
(B) Relatos como este vão de encontro à tese de que não se perdem em nossas memórias aquilo que realmente nos marcou, confirmando-se assim o poder seletivo démóiistrado pèlas máis fortes lembranças.
(C) Uma das artimanhas da memória aqui se confirmam por que somos capazes de guardar palavras e detalhes reveladores dos tempos da infância, onde nem suspeitávamos de quão importantes viriam a ser os mais simples elementos.
(D) Ao deter lembranças de seu pai e dele mesmo, o narrador enfatisa nos traços em que melhor se definia ele, sem forçar qualquer idealização, uma vez que chega a salientar no pai seus traços mais duros, de pouca animosidade.
(E) Eica flagrante a admiração do menino pelo pai, conservada no tempo, capaz de estimular uma crônica cujo sentimento básico é o de um antigo companheirismo, materializado numa rotina de trabalho.
A Banca Examinadora solicita que o candidato aponte a alternativa em quese lê comentário sobre o texto “O fiscal e o menino3* que esteja redigido demodo claro e correto.Vejamos cada uma das alternativas da questão:
(A) Alternativa incorreta. Podemos apontar os seguintes deslizes gramaticais. Em primeiro lugar, está incorreta a sintaxe do pronome relativo “que”, empregado após o substantivo “modo”, já que, ao representar semanticamente o substantivo a que nos referimos, o pronome relativo “que” desempenha, sintaticamente, papel de adjunto adverbial de modo, sendo obrigatoriamente regido1 pela preposição “com” Em segundo lugar, há outro equívoco no emprego do também pronome relativo “cujos”, que está acompanhando o núcleo “encantos” do sujeito da locução verbal “continuam a nos fascinar”, não sendo possível, assim, surgir preposicionado. Há, também, erro de grafia no advérbio “afora” Finalmente, cometeu-se erro de concordância verbal na forma relativa ao verbo "tratar-se”, de emprego pronominal: o sujeito da oração é indeterminado e o verbo deverá surgir obrigatoriamente na 3a pessoa do
33. Está clara e correia a redação do seguinte comentário sobre o testo:
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singular. O período contido nesta alternativa ficará corretamente redigido deste modo: "Essa pequena crônica é reveladora do modo com que guardamos as imagens mais intensas da infância, cujos encantos continuam a nos fascinar pelo tempo afora» sobretudo quando se trata de re- lações familiares.”
(B) Alternativa incorreta. Relembremos os significados das expressões “ir de encontro ao”, empregada neste item, e, “ir ao encontro de” que são muito assemelhadas na forma, mas rigorosamente opostas, quanto ao sentido. “Ir de encontro a” traduz a ideia de “ir em sentido oposto a”, “ser contrário a”. Por outro lado, “ir ao encontro de” é expressão que indica “em busca de:” “em direção a” Como podemos observar da leitura do texto, a expressão que semanticamente se ajusta ao comentário feito é “ir ao encontro de”. Não há outro deslize na alternativa, que, então, assim será retificada: "Relatos como este vão ao encontro da tese de que não se perdem em nossas memórias aquilo que realmente nos marcou, confirmando-se assim o poder seletivo demonstrado pelas mais fortes lembranças”
(C) Alternativa incorreta. Inicialmente cometeu-se equívoco de concordância verbal no emprego de “confirmam”, já que este verbo, por ter como sujeito, neste fragmento textual, a expressão “Uma das artimanhas da memória”, deveria ter sido empregado na 3“ pessoa do singular. Ocorreu, também, erro na grafia da conjunção subordinativa causai “porque” Por fim, cometeu-se deslize no emprego do pronome relativo “onde”, que só pode ser empregado em referência a lugares e deve ser substituído pela conjunção subordinativa temporal “quando”. O texto ficará correto assim grafado: “Uma das artimanhas da memória aqui se confirma porque somos capazes de guardar palavras e detalhes reveladores dos tempos da infância, quando nem suspeitávamos de quão importantes viriam a ser os mais simples elementos”.
(D) Alternativa incorreta. Ocorre, de início, mau emprego vocabular: pre- tendeu-se dizer que “ao reter lembranças de seu pai e dele mesmo...” e não “ao deter...”. Logo em seguida surge erro de grafia na forma verbal “enfatiza”, que deve ser grafada como agora, com a letra “zn. Por outro lado, o emprego do pronome reto “ele” provocou ambigüidade semântica: não sabemos exatamente a quem se refere o pronome citado, se ao pai, se ao próprio narrador, Podemos corrigir esta duplicidade semântica com o emprego do demonstrativo “aquele”, que informará com precisão que a ação indicada por “se definia” é alusiva ao pai. Há, também,
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Provas Comentadas da FCC
• a ser retificado o complemento do verbo “enfatizar” -de regência transitiva direta, o que impede o emprego da preposição regendo a expressão “os traços" incumbida de funcionar como objeto direto do verbo citado. Destaquemos outra passagem ambígua: o pronome possessivo "seus” não nos esclarece devidamente se os “traços duros” eram do pai ou, ainda, do narrador. Ainda está equivocado o emprego do substantivo “animosidade”, que significa “predisposição negativa para”, “rancor”, "má vontade” e, consequentemente, sem encaixe semântico lógico no fragmento e devendo ser substituído por “poucos amigos”. O texto ficará corretamente grafado deste modo: “Ao reter lembranças de seu pai e deie mesmo, o narrador enfatiza os traços em que melhor se definia aquele, sem forçar qualquer idealização, uma vez; que chega a salientar do pai os traços mais duros, de poucos amigos.”
(E) Alternativa correta. Nada existe para ser retificado no texto desta alternativa, em que se lê texto claro e correto gramaticalmente.
34. Outra compensação encontrava eu em desfrutar, ainda que vagamente, da sombra da autoridade que emana de um fiscal de rendas.Todas as palavras da frase acima poderão permanecer rigorosamente as mesmas caso as formas verbais sublinhadas sejam substituídas por, respectivamente(A) incorporar e projeta;(B) usufruir e provém;(C) beneficiar e instila;(D) comprazer-me e esparge;(E) deleitar-me e se associa.
É questão de semântica. Exige-se que o candidato aponte os sinônimos para os verbos “desfrutar” e “emanar”. A resposta está na alternativa (B), em que se leem os vocábulos “usufruir” e “provém” (forma do verbo “provir”).Nas demais alternativas não se encontram sinônimos para os vocábulos sublinhados.
35. Uma outra redação correta do que se afirma na frase Cada passada dele exigia duas das minhas é:
(A) Duas das minhas passadas exigia cada uma das deie;(B) Exigiam-se duas das minhas passadas cada uma das deie;
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(C) Era exigidoj a cada passada dele, duas dás minhas;(D) Duas passadas minhas exigiam cada uma das dele;(E) A cada passkda dele exigia-se duas das minhas.
j . . = . . ;Em “Cada passcifia dele exigia duas das mmhàs”, afirma-se que a passada do pai, por ser adulto, eqüivalia a duas passadas Ide seu filho.Podemos verificar a mesma informação sendo prestada na alternaüva;(A),| em que se diz que “Duàs das minhas passadas exigia cada uma das dele.”] Note-se que, nes e texto, o sujeito da forma verbal "exigia” surgiu pospostoj e está representado por “cada uma das deles?, Na verdade, o texto contido) na alternativa resposta, posto em ordem direta, apontará: "Cada uma {passada] das dele exigia duàs das minhas passadas” |Vejamos, agora, ;as demais alternativas da questão: j(B) Alternativa incorreta. Está havendo erro[de emprego verbal. O prono-j
me “se” não j tem razão para ser empregado: não é índice de indetermi-! nação do su)éito, já1 que o sujeito está explícito no período e indicado j por “cada uma das dele”; não pode ser,; também, pronome apassivador,; uma vez que em orações de voz passiva pironominal o sujeito não surge | explícito e, além doinais, caso houvesse yoz passivaípronominal, over-j bo teria de surgir em 3o pessoa do singular, já que o sujeito “cada uma| [passada] dàs dele” assim o exige: Apontamos entre colchetes o núcleo implícito do|siijeitoÍ I
(C) Alternativa incorreta. Agora, o sujeito da oração, indicado por “duasdas minhas’], impõe a flexão em 3a pessoa do plural para o verbo “ser”,!auxiliar da locução: verbal passiva “era exigido”, além de o particípio jter de surgir concordando com o feminino plural denotado por “duasj[passadas]", ÍA frase corretamente redigida seria: “Eram exigidas, a cadajpassada deli duas das minhas {passadas}?
í , • : ( ’(D) Alternativa incorreta. Novamente erroju-se a concordância verbal.
Desta vez o sujeito;da oração está sendd indicado por “cada uma dasj deles”, com jo núcleo implícito passadá. p verbo “exigir”, deste modo,] terá de ser empregado na 3a pessoa do singular, restando a frase: “Duasj passadas minhas exigia cada uma [passada] das dele”
(E) Alternativa incorreta. Estamos com umaj oração de voz passiva prono-j minai, com p sujeitò. sendo representadoj por “duas: [passadas] das; mi-j nhas” Apontamos p núcleo implícito do jsujeito passadas. Isto provoca| o obrigatório emprego da forma verbal rplativa ao verbo "exigir” na 3a j pessoa do plural Ajfrase corrigida apontará: “A cada passada deleiexi-j giam-se duàs [passadas] das minhas.” [
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O século XX: vista aérea
A destruição do passado - ou melhor, dos mecanismos sociais que vinculam nossa experiência pessoal à das gerações passadas - é um dos fenômenos mais característicos e lugubres do final do século XX. Quase todos os jovens de hoje crescem numa espécie de presente continuo, sem
5 qualquer relação orgânica com o passado público da época em que vivem. Por isso os historiadores, cujo ofício é lembrar o que outros esquecem, tornam-se mais importantes que nunca no final do segundo milênio. Por esse mesmo motivo, porém, eles têm de ser mais que simples cronistas, memorialistas e compiladores. Em 1989 todos os governos do
10 mundo, e particularmente todos os ministérios do Exterior do mundo, ter-se-iam beneficiado de um seminário sobre os acordos de paz firma- dos após as duas guerras mundiais que a maioria deles aparentemente havia esquecido.
(Eric Hobsbawm, Era dos extremos - O breve século XX. Trad. de Marcos Santarrita. São Paulo: Companhia das Letras, 2005, p. 13)
36. Considere as seguintes afirmações;
I. O pensamento do autor vai ao encontro do que afirma a seguinte frase, relativamente popularizada: Estamos condenados a repetir os erros da História que fo i esquecida;
II. Entre as ftmções essenciais deum historiador, destaca-se a de compreender rigorosamente em si mesmos os valores históricos e sociais de seu próprio presente;
III. A referência aos acordos de paz firmados depois das duas guerras mundiais vem a propósito da importância que eles deveriam conservar em todas as resoluções dé política extern^, èm nível global.
Em relação ao texto, está correto o que se afirma em:
(A) le II, apenas;(B) I, apenas;(C) II e HI, apenas;(D) I e III, apenas;(E) I ,H e III .
As questões de números 36 a 40 referem-se ao texto seguinte
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w --- -- ' - v u u iiu a s /iu v ij -jr /^ W O
Vejamos cada uma das afirmativas feitas acerca do texto “O século XX: vista aérea”:
I. Afirmativa correta. Inicialmente» retomemos os significados das expressões “ir ao encontro de”, empregada neste item, e “ir de encontro ao”, já salientados na questão 33» alternativa (B), desta prova. Podemos, agora, perceber que o texto, lamentando que os jovens de hoje praticamente vivam num presente contínuo, como se não vivessem em um tempo que é fruto das experiências de tempos que o precederam, proclama a necessidade de não nos esquecermos do passado, para que não incorramos em erros que já foram cometidos pelos que os precederam. Está correto o emprego de "vai ao encontro de”, consequentemente.
II. Afirmativa incorreta. Segundo o texto, o historiador, cujo ofício é lembrar o que outros esquecem, tem seu papel sobrelevado no fim do século XX, para que a memória do passado não seja destruída.
III. Afirmativa correta. A leitura do texto, em seu último período, dá-nos a convicção de que a afirmativa está, realmente, certa. Vamos, então, transcrevê-lo: "Em 1989 todos os governos do mundo, e particularmente todos os ministérios da Exterior do mundo, ter-se-iam beneficiado de um seminário sobre os acordos de paz firmados após as duas guerras mundiais que a maioria deles aparentemente havia esquecido "
Estão corretos, deste modo, os itens I e III.
37. Depreende-se dá leitura do texto que, se fossem sitnpíes cronistas, metno-riálistas e compiladores* os historiadores, no final do isegundo milênio,
(A) esíariam restritos à tarefa de estabelecer uma relação orgânica com o passado público de sua época.
(B) se limitariam a recompor os mecanismos sociais que vinculam as experiências de seu tempo às das gerações passadas.
(C) não èstanam comprometidos com o esclarecimento da nossa relação orgânica com o passado público que foi esquecido.
(D) não saberiam arrolar os fatos mais remotos de um passado, em vista da perda de sua relação orgânica com esses fatos.
(E) ficariam restritos a tarefas acadêmicas, como os seminários, insuficientes para avivar os mecanismos sociais que vinculam nossa experiência pessoal à das gerações passadas.
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Provas Comentadas da FCC
Vejamos cada uma das afirmativas feitas com respeito ao entendimento do texto de Eric Hobsbawm, traduzido por Marco Santarrita, relativamente ao que ocorreria se os historiadores fossem simples cronistas, memorialistas e compiladores:(A) Afirmativa incorreta. Entendemos, a partir da leitura atenta do texto,
que exatamente por serem simples cronistas, memorialistas e compiladores, não teriam tais pessoas a missão de estabelecer uma relação orgânica com o passado público de sua época, tarefa que, por óbvio, pertence aos historiadores.
(B) Afirmativa incorreta. A tarefa de recompor os mecanismos sociais que vinculam as experiências que as pessoas de um determinado momento vivem à das gerações passadas, vale dizer, de preservar a memória do passado - como se pode depreender da leitura do texto não o deixando ser destruído, é tarefa dos historiadores e não de simples cronistas, memorialistas e compiladores.
(C) Afirmativa correta* O argumento que empregamos para excluir os simples cronistas, memorialistas e compiladores do processo de esclarecimento da nossa relação orgânica com o passado público que foi esquecido, empregado na alternativa anterior, aplicado a esta afirmativa, comprova-a como correta..
(D) Afirmativa incorreta. Não há, segundo o texto, intenção em simples cronistas, memorialistas e compiladores, em nenhuma circunstância, apreenderem os processos que promovem a nossa relação orgânica com os fatos de um passado remoto. Deste modo, não poderiam perder algo que nunca tiveram.
(E) Afirmativa incorreta. Não é possível a inferência de que simples cronistas, memorialistas e compiladores viessem a ficar restritos a tarefas acadêmicas.
38. Por isso os historiadores, cujo ofício é lembrar o que outros esquecem, tornam-se mais importantes que nunca no fim do segundo milênio.
Considerando-se o contexto, não haverá prejuízo para a correção e o sentido da frase acima se se substituir
(A) cujo oficio é lembrar o que outros esquecem por a quem cabe resgatar o que é esquecido.
(B) Por isso por pela razão que se exporá♦(C) tomam-se mais importantes que nunca por mais do que nunca fa-
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Prova 1 7 - Agente Fiscal de Rendas/ICMS-SP/2006
zem-se de importantes, !(D) cujo oficio ê lembrar o que outros esquecem por aos quais cabem res
guardar o que foi esquecido.(E) tomam-se mais miportantes do que itimca por nunca se tornaram
mais importantesJ | |
Vejamos cada rnna das^proposições1 constanles nas alternativas da questão;!í : | : !
(A) A substituirão da;oração subordinadafadjetiva explicativa “cujo ofíjcio é lembrar o”, que, por sua vez, se expande por. meio da oração suj bordinada adjetiva restritiva “que outrojs esquecem” por Ma quem ícabé resgatar o que é esquecido” está perfeita. Nesta nova opçâo de texto encontramos, também, uma oração subordinada adjetiva explicativâ- “a quem cabe resgatar o” - a qual, igualmente, expandiu-se n& oraj ção subordinada adjetiva restritiva “qujb é esquecido”. Além de as esj truturas dos dois segmentos serem idênticos, observa-se, procedenj do-se à substituição, de um pelo outro, jque o teor semântico do texto permanecej inalterável: "Por isso os historiadores,, a quem cabe rèsgaj tar o que é(esquecido, tornam-se mais importantes que nunca nò firri do segundo milênio.” \ j
(B) A substituirão de “Por isso” por “Pela razão que sé exporá” não é3 evifdentementé, satisfatória. O pronome dehionstrativo “isso” está emprej gado com yalor anafórico no. texto, uma vez que remete ao que antef riormente se afirmou primordialmente (em "Quase todos os jovens de hoje crescem numa espécie de presente contínuo, sem qualquer relação orgânica com o paissado público da épofca em que yivem ” A passagerá sugerida para a troca contém verbo empregado em futuro do presente;, ou seja, sugere algo que ainda não se èstabeleceu no texto, sendo, desta forma, inadequadá a substituição. \ |- |
(C) A substituição nãó pode ser efetuada, Até porque .ocorre no fragmenj- to textual sugerido erro de colocação pronominal, que consiste nãò obj- servância da próclise obrigatória do prdnome oblíquo “se” com respeij- to à forma Verbal “fazem” motivada pela presença do advérbio “nunca}. Não haverià, aindá que inexistisse o dèsíize gramatical indicado, encaii- xe do fragrhento sugerido no texto originalmente disposto no enunciado da questão, como podemos observai* procedendo-se à alteração indicada: “Pèr isso os historiadores, cujd ofício é lembrar o que outros esquecem, Imais dò que nunca se fazeni de importantes que nunca nò
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fim do segundo milênio ”, o qual, como podemos observar, apresenta a redundância de “mais do qüè nunca” è "mais importantes que nunca”.
(D) Está ocorrendo erro de concordância verbal nó fragmento textual que se forneceu para substituir o originalmente empregado, o que invalida este item. No texto sugerido, o verbò “caber” tem como sujeito a oração reduzida de infinitivo subordinada substantiva subjetiva “resguardar o” que se expande por meio da oração subordinada adjetiva restritiva “que foi esquecido”. Sendo assim, impõe-se a flexão em 3a pessoa do singular para tal verbo. O texto poderia apresentar-se com. a hipotética substituição: “Por isso os historiadores, aos quais cabe resguardar o que foi esquecido, tornam-se mais importantes que nunca no fim do segundo milênio ”
(E) Embora não ocorra deslize gramatical no fragmento indicado para substituir a passagem original, não haverá possibilidade de que isto aconteça, uma vez que o texto sofreria sensível mudança semântica, passando a informar o oposto do que originalmente se dispôs, como podemos observar, feita a substituição: "Por isso os historiadores, cujo ofício é lembrar o que outros esquecem, nunca se tornaram mais importantes no fim do segundo milênio ”
39. Ambos os verbos indicados entre parênteses deverão flexionar-se numaforma do plural para preencherem corretamente as lacunas da frase
(A ) _____________________(ser) de se lamentar que aos jovens de hoje_____ (restar) viver o tempo como uma espécie de presente contínuo, sem qualquer conexão com o passado.
(B) Ao historiador_____ (dever) sensibilizar as omissões de toda e qualquer experiência que_______(sofrer) nossos antepassados.
(C ) _____ (aprazer) aos governantes fazer esquecer o que não lhes______(interessar) lembrar, para melhor se valerem da falta de memória histórica.
(D ) _____ (avultar), aos olhos dos próprios historiadores contemporâneos, a figura de Eric Hobsbawm como um dos intérpretes que melhor ______________________________ (compreender) o século XIX.
(E) Não....... (competir) aos historiadores exercer a mera função de arquivistas públicos; mais que isso, -se (esperar) deles uma compreensão participativa da história.
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u v w j u c rvcuuoi/ lU V D -jr ^ u u o
Vamos ao preenchimento das diversas lacunas presentes nas alternativas da questão, buscando encontrar aquela em que as duas lacunas serão preenchidas com formas verbais em plural:
(A) Empregaram-se duas formas verbais em flexão de número singular. Na primeira iacuna3 o verbo “ser” tem como sujeito a oração “que aos jovens de hoje reste” Os verbos cujos sujeitos são indicados por orações devem assumir, obrigatoriamente, a 3a pessoa do singular. Também tem como sujeito uma oração o verbo “restar”, empregado igualmente na 3a pessoa do singular- Pesta vez, o papel de sujeito está sendo exercido pela oração reduzida de infinitivo “viver o tempo como uma espécie de presente continuo, sem qualquer conexão com o passado”.
(B) As duas formas verbais desta alternativa surgiram em flexão de número plural obrigatória. No primeiro caso, “devem” é verbo auxiliar da locução “devem sensibilizar”- Como sabemos, em locuções verbais, havendo flexão de número, ela recairá sobre o verbo auxiliar. Ora, o sujeito de “devem sensibilizar” está sendo indicado pela expressão "as omissões de toda e qualquer experiência”, cujo núdeo “omissões” impõe a concordância verbal em 3a pessoa do plural, Na segunda passagem, a forma verbal "sofreram” flexionou-se em 3a pessoa do plural, para concordar com seu sujeito, que está representado por “nossos antepassados”, com núcleo (“antepassados”) traduzindo estes número e pessoa.
(C) Empregou-se o verbo "aprazer” na 3a pessoa do singular para que se efetuasse sua devida concordância com a oração “fazer esquecer o” A 3 a pessoa do singular em que se empregou o verbo “interessar” decorre da concordância que se fez com seu sujeito, o pronome relativo “que”, representante semântico do pronome demonstrativo "o”.
Neste ponto de nosso trabalho, chamamos a atenção para a conjugação do verbo “aprazer”, na qual encontramos divergências em nossas gramáticas. Recomendamos, assim, a reieitura do item (C), questão 14, prova 14.Aproveitamos a oportunidade para enfatizar a importância dó manejo com situações nas quais os pronomes relativos se vejam antecedidos por pronomes demonstrativos. É fato muito comum em nossas estruturas oracionais. Deste modo, indicamos a reieitura prioritariamente do item (E) da questão 5, na prova 10. Apontamos também á existência do mesmo fato gramatical nas provas 12 (questão 12, item (C)), 13 (questão 5, item (D)), e 9 (questão 18, item (C)).
42 1 íPpYtuguês
Provas Comentadas da FCC
(D) Utilizou-se o verbo “avultar” na 3° pessoa do singular para que se efetuasse sua concordância com seu sujeito, representado por “a figura de Eric Hobsbawm”. Também foi empregado na 3a pessoa do singular o verbo “compreender”, concordando com seu sujeito representado pelo pronome relativo “que”, representante semântico do vocábulo *um”, integrante da expressão “um dos que”. A semântica textual desaconselha, neste caso» o emprego da 3a pessoa do plural
(E) As formas verbais “compete51 e "espera” têm de surgir no presente texto em 3a pessoa do singular, como indicado. A primeira delas porque tem sujeito oracional, representado por “exercer a mera função de arquivistas públicos”. A segunda porque, estando em oração de voz passiva pronominal, tem como sujeito a expressão “uma compreensão participativa da história”.
40. Considere as seguintes frases:I. O autor lamenta a situação dos jovens de hoje, que vivem o tempo
como uma espécie de presente continuo.II. Ao final do século XIX, ocorreu o esquecimento dos mecanis
mos sociais que vinculam nossa experiência pessoal à das gerações passadas.
III. Preservemos a memória do passado, cujas experiências encerram lições ainda vivas.
A eliminação da vírgula acarretará alteração de sentido APENAS parao que está em:
(A) I;<B) II;(C) III;(D)IeII;(E) IelH.A Banca Examinadora deseja que o candidato aponte a alternativa que relaciona os textos cujos significados serão alterados, caso haja a eliminaçãoda vírgula neles presentes.Vejamos, então, cada um dos textos numerados de I a III.
I. A vírgula empregada neste texto decorre do fato de se desejar deixar claro para o leitor o fato de que a oração que a ela se segue, iniciada pelo pronome relativo “que”, é subordinada adjetiva explicativa, ou seja, traz
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Prova 17 —Agente Fiscal de Rendas/ICMS-SP/200è>
para o substantivo' á que se refere - "jovens”, no caso - apenas uma explicação, não havendo, assim, restrição! semântica. Isto significa dizer que todos os joveris de hoje, sem nenhuma exceção - entendendo-se o texto comcj está pontuado vivem o tempo como uma espécie dé presente contínuo. O que, por dedução lógita, leva à conclusão de que o autor lamenta a situação de todos os jovènis déhoje. A supressão da vírgula citada implicaria significativa alteração da mensagem textual umia vez que se passarià a observar,: na aludiBa oração subordinada adjetivja um tom sehsânticò restritivo. Passarià a ser classificada como subordinada adjetiva restritiva e, entenderíamos, em primeiro lugar, que neifi todos os jovens dè hoje vivem o tempo como uma espécie de presente contínuo. E, avançando só um poucq, entenderíamos que o autor lamentaria aj situação, apenas, dbs jovens! que vivem o tempo comó um;a espécie de jpresenté contínuo. : ! |
II. A vírgula áurgiu neste texto isolando; uin adjunto adverbial de tempo j ~“Ao final do séculb XIX’1. Já vimos precedentemente que o emprego de sinais gráficos de pontuação isolando òs adjuntos.adverbiais, mais frequentemente a vírgula, mas também os travessões, têm por fim meramente darjlhes relevo estilístico. É que à leitura de um fragmento assim disposto promove pausa na leitura dos adjuntos adverbiais. Esta pausa acentua-lhes o! aspecto semântico. Dessa forma, nenhum transtorno quantojao sentido adviria ab texto’, c(áso a vírgula em discussão fosse suprimidal Simplesmente estaria.havendo o não interesse em que o adjunto advejrbial ganhasse expressividade. j
III. De modo jsemelhante ao que ocorreu nò item I já estudado, a vírgula está-nos indicando a natureza1 semântica de explicação que o autor do período deseja que atribuamos à oraçãb subordinada adjetiva ~ iniciada pelo prjanome relativo “cujas” - “cujas experiências encerram; lições ainda vivas”. A classificação da oração áerá de oração subordinada adjp- tiva explicativa, então. Assim pontuado, o que entendemos é que as experiências da memória do passado serhpre encerram lições vivas. Isto implica dizer qué devemos preservar tp da a memória do passadò, sem nenhuma jexceçãò. Suprimidaa vírguld,o texto passará a informar-nòs algo bem | diverso. A oração “cujas experiências encerram lições ainda vivas” àerá classificada como subordinada adjetiva restritiva. Agora, é-nos reportado que há experiências da memória do passado que encerram lições ainda vivas e outras qué não as trazem. Assim se énten-
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dendo, somos aconselhados a preservar, apenas, algumas memórias do passado, não todas. Preseívatemos, apenas, ás memórias do passado que propiciam lições ainda vivas.Do que vimos, altera-se o nexo semântíco do período caso se proceda à eliminação das vírgulas encontradas nos itens I e HL
Gabarito;
01) c 11) A 21) C 31) D02) B 12) D 22) B 32) C03) E 13) E 2 3 )0 33) E04) D 14) C 24) A 34) B05) A 15) B 25) E 35) A06) B 16) C 26) C 36) D07) E 17) B 27) B 37) C08) A 18) E 28) A 38) A09) C 19) A 29) D 39) B10) D 20) D 30) E 40) E
Déclo Sena 424
Prova 18
Técnico Jtadiciário/TRT 4a Região/2005
A rotina de uma família costuma ser duramente atingida numa Copa do Mundo dé futebol. O homem da casa passa a.ter novos hábitos, prolonga seu tempo diante da televisão, disputa-a com as crianças; a mulher passa a olhar melancolicamente para o vazio de uma janela ou
5 de um espelho. E se, coisa rara, nem o homem nem a mulher se deixam tocar pela sucessão interminável de jogos, as bandeiras, os rojões e os alaridos da vizinhança não os deixarão esquecer de que a honra da pátria está em jogo nos gramados estrangeiros.
Ê preciso também reconhecer que são muito distintas as atuações dos io membros da família, nessa época de gols. Cabe aos homens personificar
em grau máximo as paixões envolvidas: comemorar o alto prazer de uma vitória, recolher o drama de uma derrota, exaltar a glória máxima da conquista da Copa, amargar em luto a tragédia de perdê-la. Quando solidárias, as mulheres resignam-se a espelhar, com intensidade muito menor,
is essas alegrias ou dores dos homens. Entre as crianças menores, a modificação de comportamento é mínima, ou nenhuma: continuam a se interessar por seus próprios jogos e brinquedos. Já os meninos e as meninas maiores tendem a reproduzir, respectivamente, algo da atuação do pai ou da mãe.
20 Claro, está-se falando aqui de uma “família brasileira padrão”, seja lá o que isso signifique. O que indiscutivelmente ocorre é que, sobretudo nos centros urbanos, uma Copa do Mundo põe à prova a solidez dos laços familiares. Algumas pessoas não resistem à alteração dos horários de refeição, à alternância entre ruas congestionadas e ruas desertas, às
25 tensas expectativas, às súbitas mudanças de humor coletivo - e disseminam pela casa uma insatisfação, um rancor, uma vingança que afetam o companheiro, a companheira ou os filhos. Como toda exaltação de paixões, uma Copa do Mundo pode abrir feridas que demoram a fechar. Sim, costumam cicatrizar esses ressentimentos que por vezes se abrem,
30 por força dos diferentes papéis que os familiares desempenham durante os jogos. Cicatrizam, volta a rotina, retornam os papéis tradicionais - até que chegue uma outra Copa.
(Itamar Rodrigo de Valença)
IÍL
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Provas Comentadas da FCC
01. Atente para as seguintes afirmações:
I. No primeiro parágrafo do texto, mostra-se como a vida rotineira dos homens, ao contrário do que ocorre com a das mulheres, sofre alterações durante uma Copa do Mundo;
II. No segundo parágrafo do texto, mencionam-se as diferentes alterações que a Copa do Mundo provoca nas atitudes de alguns membros da família;
III. No terceiro parágrafo do texto, desenvolve-se a ideia de que o equilíbrio da vida familiar fica ameaçado pelas mudanças de hábito e pelas paixões provocadas por uma Copa do Mundo.
Em relação ao texto, está correto o que se afirma em:
(A) I,HeIII;(B) Ie II, apenas;<C) le III, apenas;(D) II e III, apenas;(E) III, apenas.
Transcreveremos as afirmativas que foram feitas relativamente ao texto daprova e, em seguida, analisaremos cada uma delas, para sabermos se estãocorretas ou incorretas:L Afirmativa incorreta: No primeiro relato, logo em seu início, lê-se que
“a rotina de uma família costuma ser duramente atingida numa Copa do Mundo de futebol”. E, em seguida, o texto nos informa que as mulheres também se veem atingidas pela mudança que sofre a vida rotineira: “a mulher passa a olhar melancolicamen ie para o vazio de uma janela ou de um espelho”.
II. Afirmativa correta. Segundo o texto, o homem externa de modo efusivo as emoções que sente quando vê os jogos da Copa do Mundo em casa, pela televisão. A mulher, quando deseja mostrar-se solidária, tende a reproduzir o gestual do marido, em proporções menores. As crianças, quando pequenas, continuam a agir como sempre, não se sentem afetadas em sua rotina. As crianças maiores tendem a repetir o comportamento patemo ou materno visto por elas.
III. Afirmativa correta, Lemos no início do terceiro parágrafo que a mudança na rotina familiar, segundo o autor do texto, pode afetar o humor dos familiares, o que põe o equilíbrio familiar em prova.
Décío Sena 426
I IO texto sugere} que, durante uma Copa dójMundo, a cadeia de alteraçõesno comportamento dè uma faroíüa costiima:
(A) atingir simultaneamente a todos os membros da casa, do mèsmòmodo; j : I !
(B) começar pelo homem da casa e propágar-se pelos outros membrojsda família; j
(C) começar por influência dos alardes da! vizinhança; |(D) atingir tão-somente a rotina de grupds familiares mal constituídos;(E) atingir tão-somente as pessoas da jcasa que se interessam po|r
futebol. | |
Vejamos cada tuna das afirmativas contida sinos itens desta questão; ;(A) Afirmativa incorreta. Como já vimos| os membros de uma fámília
apresentain diferentes formas de comportamento durante umajCopja do Mundcj, sendo responsáveis por reações que vão das mais efusivas até mesmò à indiferença absoluta. | (
(B) Afirmativa correta. Segundo o texto, ppr ser o personificador em grau máximo das alterações de humor a que:estão submetidas as pessoas de uma família brasileira, o homem reagejde modo mais efusivo. Siias reações poderão, assim, atingir todos os demais membros da família, j
(C) Afirmativa incorreta. Segundo o textoi uma família, durante a transmissão doà jogos de uma Copa do Muiido, ainda que se mostre indiferente a futebol, não deixará de tomar conhecimento das emoções quejo evento proporciona, já que o compor.tajmento não só dos vizinhos, más de toda a cidade ém que vive relatará que se está a viver um momento distinto dos habituais. | I
(D) Afirmativk incorreta. Não há, no textoj qualquer indício que permita) a inferência| de que;apenas as famílias mal constituídas têm seu compojr- tamento modificado por uma Copa do; Mundo. Ao contrário, lê-se qiie as modificações descritas no texto tentam descrever o comportamenio de uma família brasileira padrão.
(E) Afirmativa incorreta- Todas as pessoas de uma família - excetuandò-se as criaáças pequenas - veem-se com os hábitos modificados durante uma Cópa do Mundo. As esposas, pòr exemplo, ainda que nâo se interessem por futebol, são afetadas pelò evento, no mínimo por; terem comprometido o iacesso à televisão nos horários dos jogos. |
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I
03. Considerando-se o contexto, traduz-se corretamente o sentido da frase Cabe aos homens personificar em grau máximo ás paixões envolvidas nesta outra redação:
(A) Ê intenção dos homens envolver outras pessoas nas intensas paixões que ele vive;
(B) Ê umdireito masculino fazer de outras pessoas o centro de suas paixões;
(C) B nos homens que as mais intensas paixões despertadas costumam corporiücar-se;
(D) Atribui-se aos homens o dever de partilhar çom os outros as mais violentas emoções;
(E) Atribui-se à personalidade masculina aobrigação de conter ao máximo suas emoções.
Ao escrever que “Cabe aos homens personificar em grau máximo as paixões envolvidas...” o autor relata que os homens são, em uma família, os membros sobre os quais as paixões provocadas pelos jogos de uma Copa do Mundo mais se fazem intensas. A resposta da questão está, assim, na alternativa C.Nas demais alternativas, vemòs:
(A) Afirmativa incorreta. O texto não nos permite compreender que os homens têm a intenção de envolver outras pessoas nos sentimentos por eles vividos durante uma Copa do Mundo, embora realmente o façam.
(B) Afirmativa incorreta. Nenhuma passagem do texto dá-nos suporte para podermos aceitar esta afirmativa. Convém não confundirmos um fato que ocorre mais frequentemente com certos indivíduos com o direito que estes indivíduos têm de poder ser os agentes desse fato.
(D) Afirmativa incorreta. Não há, também, no texto» qualquer passagem que autorize esta afirmativa.
(E) Afirmativa incorreta. Além de não ter suporte em qualquer passagem do texto, o que se afirma nesta alternativa contraria algo que nos é informado, qual seja o fato de o homem ser o.grande protagonista das pessoas que; em uma família, veem-se modificadas em seu comportamento.
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04. Há uma relação de causa (I) e efeito (II) entre os segmentos da seguinte formulação:
(A) A rotina de Umafamília (I) / costmna ser duramente atingida numa Copa do Mundo (II)*
(B) (...) retornam os papéis tradicionais (I) / até que chegue uma outra Copa (11}.
(C) Ê preciso também reconhecer (I) / que são muito distintas as atuações dos membros da fam ília (II).
(D) (...) são muito distintas as atuações dos membros da fam ília (I) nessa época de gols (II).
(E) Como toda exaltação de paixões (I), / uma Copa pode abrir feridas què demoram a fechar (II).
Vejamos tòdas as alternativas da questão» com o objetivo de descobrirmos aquela em que se observa nexo semântico de causa e efeito, indicado, respectivamente por (I) e (II).(A) Alternativa incorreta. Não há qualquer nexo semântico adverbial en-
volvendo as passagens da oração transcrita, em que se destacou um sujeito e um predicado,
(B) Alternativa incorreta. Podemos observar, neste item, a existência de uma relação semântica temporal, que é viabilizada pela segunda oração.
(C) Alternativa incorreta. Não há nexo semântico indicativo da relação causa e efeito envolvendo os dois fragmentos apontados. Note-se que o que se afirma era II é o complemento da forma verbal “reconhecer”.
(D) Alternativa incorreto. Notamos nexo semântico adverbial de tempo, que se indica por “nessa época de gols”.
(E) Alternativa correta. Podemos notar, neste item, que a expressão “Como toda exaltação de paixões” representa a causa para o efeito "uma Copa pode abrir feridas que demoram a fechar”.
05. Transpondo-se para a voz passiva a frase uma Copa do Mundo põe à prova a solidez dos laços familiares, a forma verbal deverá ser substituída por;
(A) é posta;(B) são postos;(C) era posta;(D) tem posto;(£) tem sido posto.
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Provas Comentadas da FCC
À oração “uma Copa do Mundo põe à prova a solidez dos laços familiares” está estruturada em voz ativa. Nela, o sujeito indicado por “uma Copa do Mundo” é o agente da ação de “pôr à prova”. Esta ação, por sua vez, tem seu objeto em “a solidez dos laços familiares”. Como sabemos, ao transpormos uma oração de voz ativa para a voz passiva, o sujeito da voz ativa transforma-se em agente da passiva e o objeto direto da voz ativa, em sujeito da voz passiva. Quanto à forma verbal, se a voz passiva por que estamos interessados for analítica (ou com auxiliar), havendo um verbo na voz ativa, encontraremos dois verbos na passiva, ou seja, uma locução verbal em que seu verbo auxiliar (“ser” ou “estar”) surgirá no tempo em que estava o verbo da voz ativa e seu verbo principal no particípío.Observadas estas indicações, teremos a seguinte oração como resultante da transformação da voz ativa já citada em sua forma correspondente de voz passiva:“A solidez dos laços familiares é posta à prova por uma Copa do Mundo ”Outras questões de conversão de vozes verbais poderão ser encontradas nas provas 11 (questão 13), 12 (questão 6), 13 (questão 6), e 14 (questão 7).
06. O verbo indicado entre parênteses deverá ser obrigatoriamente flexionado numa forma do plural para preencher de modo correto a lacuna da frase:
(A) Qualquer súbita alteração nos hábitos familiares _____ (poder)afrouxar os vínculos entre as pessoas de uma casa.
(B) Não______ (costumar> afetar a quem não gosta de futebol as vibrações dos torcedores durante uma Copa do Mundo.
(C) As emoções que_____ (demonstrar) a mulher da casa costumam sermenos intensas que as do homem.
(D) Diante das televisões, em todas as casas,_____ -se (aglomerar) umaimensa torcida nacional.
(E) Sempre______ (faltarh aos torcedores mais fanáticos» a convicção deque os jogadores deram o melhor de si.
Transcrevemos a seguir as alternativas da questão, já com os verbos indicados preenchendo as lacunas respectivas e as devidas justificativas.(A) Empregou-se o verbo auxiliar da locução “pode afrouxar5’ na 3a pessoa
do singular para que fosse efetuada a concordância da locução mencionada com o sujeito indicado por “Qualquer súbita alteração nos hábitos familiares”
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(B) A locução| verbal I "costumam e afetar” íjeve seu verbo auxiliar (“costumam”) flexionado na 3a pessoa do piuijai para que se procedesse à sua concordância com o sujeito indicado por "as vibrações dos torcedores”.
(C) Empregoujse o verbo “demonstrar” na{3° pessoa do singular para que fosse feita a sua concordância com o sujeito "a mulher da casa”. Neste item, há perigo dei o candidato deixar-se trair pela observação equivocada de que p sujeito da forma verbal pertencente ao verbo “demonstrar” esteja sendp indicado pelo pronome relativo “que”> =na verdade representante semâjntico de "emoções” Observemos, então a divisão do período, para podermos melhor entender a afirmativa acima: ["As emoções [qüe demonstra; a muHier da casa] [costumam .ser menos intensas] [do que âs do homem” ] Notemos, agora, que na 2\. oração - a que se inicia com jo pronome relativo à que já nos referimos o sujeito “a mulher da casa” está posposto à forma verbal “demonstra”. Este verbo, de regência transitiva direta, | tem como objeto direto exatamente o pronome relativo iquej”, o qual, como já vimos, substitui o substántivo “as emoções”. Assim, promovendo-se a substituição do pronome relativo pela expressão que ele representa e pondo-se a 2a oração disposta com seus termos em ordém direta, terembs: "a mulher da casa demonstra emoções”.
(D) Deve-se o | emprego do verbo “aglomerar” (utilizado de modo pronominal) emÍ3tt pessoa do singulaf - “aglomera” - à necessidade deique p mesmo concorde com o sujeito “uma imensa torcida nacional”. [
I i(E) Empregou)-se o vérbo “faltar” na 3a pessoa do singular (“falta”) paraque se fizesse de modo correto a suai concordância com o sujeito indicado pela expressão "a convicção”. I
M íA expressão de que preenche corretamentp a lacuna da seguinte fráse: |
(A) Nenhumaípaixão______ se pode imaginar é, para ele, comparável |àque lhe dejsperta uma Copa do Mundo; j
(B) A expectativa_____ nós alimentávamos em relação a esta Copa ré-sultou emjfrancadecepção; j [
(C) As paixões____ trata o texto talvez pareçam incompreensíveispara outros povoS; : |
(D) A expressão “família brasileira padrão” ______sè refere o autor, nemmesmo para ele parece fazer muito sentido; j
(E) As emoçõès_____ os torcedores se deixam arrastar, numa Copa doMundo sãb exacerbadas e incontroláyeis. i
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Trata-se de questão de regência verbal.Transcrevemos a seguir todas as alternativas da questão, já com as lacunaspreenchidas com os pronomes relativos necessários. Em seguida, explicamos a razão de seus empregos.(A) Empregamos o pronome relativo sem qualquer preposição antece
dendo-o. Isto porque o sujeito da oração de voz passiva pronominal em que surge está representado justamente por ele, pronome relativo. Procedendo-se à substituição do pronome relativo pelo vocábulo que representa na oração de que faz parte e dispondo-a em ordem direta» encontraremos a oração de voz passiva pronominal: “pode-se imaginar paixão”, ou seja “paixão pode ser imaginada”, se optarmos por escrever a oração em voz passiva analítica.
(B) O pronome relativo "que” representante semântico de “expectativa” funciona neste texto como objeto diréto da forma verbal “alimentávamos55, o que impede a presença de qualquer preposição antecedendo-o. Procedendo-se à substituição do pronome relativo pelo vocábulo que representa na oração de que faz parte e dispondo-a em ordem direta, encontraremos: “nós alimentávamos expectativa em relação a esta Copa”
(C) Desta vez, obrigatoriamente o pronome relativo “que*, representante semântico de “paixões”, estará antecedido pela preposição “de” já que funciona como objeto indireto da forma verbal “tratar11, empregado com a acepção de "tratar de algo”. Procedendo-se à substituição do pronome relativo pelo vocábulo que representa na oração de que faz parte e dispondo-a em ordem direta, encontraremos: "o texto trata de paixões”.
(D) O pronome relativo “que” representante semântico de “expressão” surgiu preposicionado nesta opção para que atendêssemos à regência transitiva indireta do verbo “referir-se1’ (pronominal), empregado em "se refere”. Procedendo-se à substituição do pronome relativo pelo vocábulo por ele representado na oração de que faz parte e dispondo-a em ordem direta, encontraremos: “o autor se refere à expressão*1. O acento grave resulta da contração da preposição “a” exigida pela transitividade verbal com o artigo definido “a" que antecederia o substantivo "expressão”.
(E) Nesta alternativa, o pronome relativo “que”, representante semântico de “emoções” surgiu antecedido pela preposição “por”, de modo que se atenda à exigência do verbo principal da locução verbal “se deixam arrastar”, empregado com o sentido de “se deixam arrastar por alguma coisa”.
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Está clara e correta a redação do seguinte comentário sobre o texto:(A) Se nós revêssemos nosso comportamento durante uma Copa, pode
ser que fôssemos corrigir alguns excessos deles;(B) Não é muito fácil encontrar alguma família em cuja não exista al
gum torcedor mais fanático, no qual se deixe levar a quase histeria;(C) É incrível como as crianças muito pequenas não se incomodam, ao
passo que uma Copa seja assistida pelos adultos com mais emoção;(D) É apenas por solidariedade a seus maridos que muitas mulheres bus
cam se abrir às emoções de uma Copa do Mundo;(E) Talvez seja um exagero do autor do texto achar que os próprios laços
familiares se ameacem devido as frustações do futebol.
Observemos as redações propostas para os textos contidos nas alternativasdesta questão. Estamos em busca da alternativa em que se constatará a presença de texto claro e correto.(A) Alternativa insatisfatória. O texto apresenta algumas impropriedades.
Inicialmente, cometeu-se equívoco na grafia da forma verbal “revêssemos1’ do verbo "rever”, derivado de “ver” Dever-se-ia ter utilizado a forma “revíssemos”. Por outro lado, não procede o emprego de "fôssemos corrigir”» que sugere hipotética .ação pretérita. Em seu lugar, empregaremos a forma simples de pretérito imperfeito do subjuntivo do verbo "corrigir”. A frase ficará corretamente redigida* então, deste modo: “Se nós revíssemos nosso comportamento durante uma Copa, pode ser que corrigíssemos alguns excessos deles”.
(B) Alternativa insatisfatória. Estão incorretos os dois empregos de pronomes relativos constantes no texto. Primeiramente, o pronome relativo “cujo” é pronome adjetivo relativo, e, deste modo, sempre se emprega antecedendo substantivo. O mesmo fato, obviamente, ocorrerá para suas flexões: “cuja”, “cujos” e “cujas” No fragmento em que surgiu o pronome relativo “cuja”, dever-se-ia ter empregado o pronome substantivo relativo “que” (ou “a qual”), que se fariam anteceder, evidentemente, pela preposição “em” Em segundo lugar, o pronome relativo wo qual” - que surgiu contraído com a preposição “em”, do que resultou “no qual” - não pode estar, naquela passagem, preposicionado. Na verdade, esse pronome relativo wo qual”, representante semântico de “torcedor”, funciona como sujeito da locução verbal “se deixe levar” (empregada pronominalmente). Há, ainda, deslize que se caracteriza pela ausência do acento grave indicativo de crase no vocábulo “a” antecessor de "quase histeria”, que se faz
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Provas Comentadas da FCC
necessário para que se indique a contração da preposição “a” exigida pela locução "se deixe levar” (com emprego pronominal, repetimos) e o artigo definido “a” que antecede o substantivo “histeria" Teremos, desse modo, a correção do período assim representada: “Não é muito fácil encontrar alguma famíüa em que não exista algum torcedor mais fanático, o qual se deixe levar à quase histeria”
(C) Alternativa insatisfatória. O texto revela-se caótico, vale . dizer, não há clareza com respeito ao que pretendeu veicular. Sugerimos outra elaboração para ele, supondo que se tenha querido .afirmar “Ê incrível como as crianças muito pequenas nâo se incomodam com uma Copa do Mundo, enquanto os adultos assistem-na com grande emoção”.
(D) Alternativa satisfatória. Não há qualquer deslize gramatical no período que surgiu nesta alternativa, o qual apresenta as suas ideias com clareza. Aproveitamo-lo apenas para comentar o correto emprego do acento grave indicativo de crase decorrente da presença da preposição “a”, que é exigida pela forma verbal "abrir-se” (pronominal) e do artigo “as”, que antecede o substantivo “emoções”.
(E) Alternativa insatisfatória. Estão ocorrendo dois deslizes de natureza gramatical Há exigência de acento grave indicativo de crase no vocábulo “as5’ que antecede o substantivo “frustrações”. Tal acento grave indicará a contração da preposição “a” presente na locução prepositiva "devido a” com o artigo definido "as” antecessor do substantivo “frustrações”. Ocorreu, também, deslize de grafia no substantivo “frustrações” O texto ficará correto assim escrito: “Talvez seja um exagero áo autor do texto achar que o$ próprios laços familiares se ameacem devido às frustrações dofuteboT.
09. Estão corretamente flexionadas as formas verbais da frase:
(A) Mesmo quem não tenha querido ou podido acompanhar a última Copa do Mundo certamente não ficou indiferente às irritações que ela suscitou entre nós.
(B) Quem não se disporá torcei* numa Copa terá dificuldade era se isolar num canto aonde nâo cheguem as ressonâncias da competição.
(C) Se os policiais não detessem os torcedores mais exagerados, certamente não se veriam tantas famÜias nos estádios alemães.
(D) Os torcedores brasileiros ainda reteem, como glória máxima, a imagem do nosso capitão erguendo a taça da penúltima Copa.
(E) É comum que os meninos menores não se detenhem diante da televisão, quando se trata de um jogo da Copa do Mundo.
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Prova 18 -Técnico Judidário/TRT 4a região/2005
Vejamos cada úm dos textos que surgiram nas alternativas da questão, buscando aquele ekt que as formas verbais estejam corretamente flexionadas;](A) Alternativa correta. Não há um único senão a se registrar neste texto. È,
assim, a resposta da questão. I j(B) Alternativa! incorreta. Cometeu-se umí equívoco na conjugação do :verbjo
“dispor” - derivado de “pôr” - no futuro <fo subjuntivo. Está correta aígrafia “aonde”, que indicaja Combinação da prépòsição “a” exigida pela regência do verbo “chegar” com o pronome relativo “onde”. Assim ficará o período, apos a correção: “Quem não se dispuser a torcer numa Copa terá dificuldade eija se isolar nuin canto aonde não cheguem as ressonâncias da competição”. I
(C) Alternativa incorreta. Errou-se o emprego do verbo “deter”, derivado de“ter” no pretérito imperfeito do subjuntivo. Retificado o erro, teremos jo período: “Se os policiais não detivessemj .os torcedores mais exagerados, certamente não se veriam tantas famílias nos estádios alemães” : j
(D) Alternativa incorreta. Cometeu-se erro|na flexão do verbo “reter”; derivado de “ter”, na 3a pessoa do plural dò presente do indicativo. Apósja devida correção, d texto ficará com esta forma: “Os torcedores brasileiros ainda retêm, Como glória máxima,já imagem do nosso capitão erguendo a taça da penúltima Copa”. j
(E) Alternativ incorreta. Cometeu-se erro - grosseiro, por sinal - na fíé- xão de 3a pessoa do plural do presente do subjuntivo do verbo “deter”, derivado de “ter V O período, após a devida retificação, surgirá: sob ja forma: “É çomum|que os meninos menores não se detenham diante da televisão, quando se trata de um jogo dà Copa do Mundo”.
Às normas de jpontuáção estão plenamente atendidas na frase: j(A) Os jogos díe uma Copado Mundo, qúajse sempre costumam provocar
altas emoções nãò apenas, nos fãs do [futebol, mas também nos que não costumam se animar com esse esporte. j
(B) Ainda que com menor ânimo,do que seus maridos, as mulherestambém costumam torcer pela seleCãó no caso áe esta revelaralgii- ma qualidade de jogo. ! j !
(C) Não há dúvida, de que a mídia tornou-se responsável, por um crescente intdresse internacional no acompanhamento dos jogos d[a CopadoMundoJ M
(D) Nos grandes centros urbanos, o trânsito em dias de jogos do Brasil,costuma siofrer nervosas oscilações,1 entre o máximo de movimento, e o total esvaziamento das ruas. j
(E) O autor do texto nota, com razão, as várikções do humor público que, durante a Copa, traduzem as distintas emoções que os jogos nos despertam.
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Procederemos à análise dos diversos empregos da vírgula observados nos textos das alternativas desta questão. Estamos procurando a alternativa em que não se nota qualquer impropriedade de emprego.(A) Pontuação incorreta. Não se justifica o emprego da única vírgula posta
após o nome próprio “Copa do Mundo”, já que está provocando separação entre o sujeito "Os jogos de uma Copa do Mundo” da locução verbal “costumam provocar”. Pode-se admitir a presença da vírgula apontada, desde que se ponha outra após o vocábulo “sempre’7. Agindo-se deste modo, o adjunto adverbial “quase sempre” ganharia relevo estilístico. A vírgula posta após o vocábulo “apenas” por sua vez, deverá ser deslocada para após o vocábulo “emoções”, para que se indique o início da correlação aditiva marcada por "não apenas” e “mas também”. O texto ficará corretamente pontuado deste modo: "Os jogos de uma Copa do MundoG) quase sempreQ costumam provocar altas emoções» não apenas nos fãs do futebol, mas também nos que não costumam se animar com esse esporte”. . . .
(B) Pontuação incorreta. Não procede a vírgulá posta após o substantivo “ânimo”. Utilizaremos uma vírgula após o substantivo “maridos” para que se sinalize o fim do adjunto adverbial "Ainda que com menor ânimo do que seus maridos”. Pode-se empregar, facultativamente, uma vírgula após o substantivo “seleção”, de modo que se indique início de oração subordinada adverbial condicional posta em ordem direta. Temos, assim, o texto corretamente pontuado deste modo: “Ainda que com menor ânimo do que seus maridos, as mulheres também costumam torcer pela seleção(,) no caso de esta revelar alguma qualidade
- de jogo”.(C) Alternativa incorreta. Não se pode isolar a oração subordinada substan
tiva cómpletiva nominal “de que a mídia tornou-se responsável por um crescente interesse internacional no acompanhamento dos jogos da Copa do Mundo” do substantivo “dúvida” para o qual serve como complemento. Está ainda incorreta a vírgula colocada após o adjetivo “responsável”, que, igualmente, separou complemento nominal. O texto ficará, então, corretamente pontuado sem emprego de qualquer vírgula: “Não há dúvida de que a mídia tornou-se responsável por um crescente interesse internacional no acompanhamento dos jogos da Copa do Mundo”.
(D) Alternativa incorreta. Está correta a primeira vírgula que indica fim de adjunto adverbial antecipado, embora não seja obrigatório o seu emprego. A vírgula após o substantivo “Brasil” está separando o sujeito “o
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trânsito” da locução verbal “costuma sofrer”. Tal vírgula poderia ficar no texto, caso se empregasse outra após o substantivo “trânsito”. Deste modo, o adjunto adverbial “em dias de jogos do Brasil” ficaria isolado. Relembremos que é facultativo este isolamento e que o mesmo apenas põe em destaque o adjunto adverbial. Não há justificativa para o emprego das vírgulas após “oscilações” e “movimento”. O texto estará corretamente pontuado deste modo: “Nos grandes centros urbanosQ o trân- sitoQ em dias de jogos do BrasilQ costuma sofrer nervosas oscilações entre o máximo de movimento e o total esvaziamento das ruas”.
(E) Pontuação correta. Não ocorre nenhum deslize neste texto. As vírgulas isolando o adjunto adverbial “com razão” têm emprego facultativo. Também têm emprego facultativo as vírgulas que promoveram o isolamento do adjunto adverbial "durante a Copa”.
A coerência da frase está prejudicada pelo emprego da expressão sublinhada era;
(A) A rotina familiar é alterada durante á Copa, tanto assim que há casos de ressentimentos gerados pelo excesso das paixões;
(B) A despeito de serem os torcedores mais inflamados, os homens costumam deixar-se arrebatar pelo entusiasmo numa Copa do Mundo;
(C) Muito embora as mulheres não sejam, via de regra, torcedoras fanáticas, há sempre aquelas que sofrem com os maus resultados da nossa seleção;
(D) À medida que transcorrem os jogos, vai subindo o grau de emoção e de nervosismo dos torcedores mais preocupados;
(E) É comum ocorrerem desavenças familiares durante uma Copa, visto que muito poucas pessoas mantêm o espírito sereno durante os jogos.
A questão procura aferir o conhecimento do candidato acerca de expressões articuladoras. Vejamos todas as suas alternativas:(A) Emprego correto. A expressão “tanto assim que” introduz valor semân
tico causai, rigorosamente pertinente ao sentido da mensagem.(B) Emprego incorreto. O tom semântico concessivo que é sugerido pela
expressão "A despeito de” não tem encaixe no texto, já que a oração que se segue àquela introduzida pela aludida expressão não contém mensagem contraditória em relação à anterior.
------- ■« . «H..WU Juun.tano/ iKl 4“ regrão/2005
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(C) Emprego correto. Como o teor semântico contido em "há sempre aquelas que sofrem com os maus resultados da nossa seleção” está em franca oposição àquele que se lê na oração que abre o período, está perfeito o emprego de “Muito embora”, articuiação que indica valor significativo de concessão.
(D) Emprego correto. A locução “À medida que” é responsável por introdução de tom semântico indicativo de proporcionalidade, ou seja, de ação que ocorre simultaneamente a outra. A leitura do texto contido nesta oração indica claramente que o grau de emoção e de nervosismo dos torcedores mais preocupados ocorre ao mesmo tempo em que o transcurso dos jogos se realiza.
(E) Emprego correto. O articulador "visto que” introduz nexo semântico causai, em perfeita consonância com o que se lê no texto.
12. Está correto o emprego de ambas as formas sublinhadas na frase:(A) Assisti ao jogo, mas não o dei toda a atenção que queria, pois a cor
reria das crianças não me permitiu concentrar-lhe.(B) Queria saber porque algumas pessoas torcem contra seu país, con
tra a seleção que, afinal de contas, lhes representa numa Copa do Mundo.
(C) Sem explicar o porquê de tanta indiferença, muita gente, enquanto transcorrem os jogos da Copa do Mundo, ignora-os por completo.
(D) Os laços familiares são importantes, não há porque relegar-lhes a um segundo piano, por mais intensas que sejam as emoções de uma Copa.
(E) Os homens ligam a televisão, mantêm-lhe o olhar nela sem piscar, nada lhes afasta de seu posto, durante uma Copa.
Vejamos o emprego de cada uma das palavras sublinhadas:(A) Empregos incorretos. O primeiro pronome oblíquo átono deve ser
substituído por “lhe”, para que se atenda à transitividade indireta do verbo "dar”, que é transitivo direto e indireto e, neste caso, surge com complemento direto indicado por “toda a atenção” O segundo pronome oblíquo átono deve ser substituído por “me” para que se faça a devida correspondência com a anterior forma pronominal "me”. A frase ficará correta, após as correções, deste modo: "Assisti ao jogo, mas não lhe dei toda a atenção que queria, pois a correria das crianças não me permitiu concentrar-me”
Provas Comentadas da FCC
Déao Sena 438
Prova 18 Técnico Judícíário/TRT 4a reg?ãó/20C[5
(B) Empregos |Incorretos/ Primeiramente, Beve-se empregar a preposição “por”, que introduzirá adjunto adverbial ie o pronome indefinido interrcj- gativo " q u e h Depois, deve-se substituir o pronome oblíquo átono ?lhes” pelo também oblíquo átono "os”, o qual se ajustará à exigência da foij- ma verbal transitiva direta “representa". (Teremos, então, o texto correto: "Queria s a t e r por que algumas pessoàs torcem contra s e u pais, contra a seieção què, afinal ide contas, os representa numa Cópa do Mundo”
(C) Empregos]corretos. O vocábulo “porquê”, substantivo, está corretamente grafado com o acento circunfieto que indica o timbre fechadb de sua vogal tônica. Por outroj lado, a règência transitiva direta da forma verbal [‘ignora” está complementáda convenientemente com o pronome oblíquo átono "os” ; j |
(D) Empregos incorretos. De início, deve-sè grafar a preposição “por” responsável pjela introdução de adjunto adverbial. e o pronome indefinido interrogativo “que” Costumamos , dar a nossos alunos, em sala dje aula, uma jorientação prática para o emprego de “por que” a qual cori- siste no seguinte: jtodas as vezes que: pudermos substituir um hipotético “porque” por; “por que motivo”: ou por “pelo qual” (e variações, como "pela qual” : "pelos quais” e "pelas, quais”) deveremos grafar “por que". Aplicaríamos a orientaçãov passada nesta frase: “Os laços familiares são importantes, não há por que mótivo relegar-lhes... ” A possibilidade de grafarmos “por que motivo” indica-nos a grafia de “por; que” Na continuidade da nossa análise destejitem, apontamos o emprego incorreto do|pronome oblíquo átono “lhes”, que deve ser substituído pelò também oblíquo átono “os” para qué se indique com correção o ;corti- plemento direto do verbo “relegar” de Regência transitiva direta. Ò pé- ríodo estará corretamente grafado desté modo: "Os laços familiares sãi> importantes, não há por que reiegá-losja um segundo plano, por; maik intensas que sejam as emoções de unia popa”. j
(E) Empregos incorretos. Deve-se suprimirão pronome oblíquo átono!“lhe”que está em enclise à forma verbal "mantêm”, Já que sua intenção em apontar o adjunto; adverbial está sendo alcançada pela presença dá contração “nela”. Por;outro lado, o prononie oblíquo "lhes” que surgiu em próciise ao verbo í “afastar” tem de ser [substituído pelo também; oblíquo átono pos”, dê modo que se atenda jà regência transitiva direta desite verbo. Tjeremos; a correção do período» quando- assim o redigirmos: “Os homens ligam a televisão, mantém p olhar nela sem piscar, náda os afasta de sêus postos, durante uma Copa” j
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439 i Português
Gabarito:
01) D 07) C02) B 08) D03) C 09) Á04) E 10) E05) A 11) B06) B 12) C
Décio Sena 440
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