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XV SEMINÁRIO DE HISTÓRIA DA CIDADE E DO URBANISMO
A Cidade, o Urbano, o Humano Rio de Janeiro, 18 a 21 de setembro de 2018
PRÁTICAS ARTÍSTICAS, SETOR SUL, GOIÂNIA-GO: APROPRIAÇÃO E RECONHECIMENTO DE UM BAIRRO-JARDIM PAISAGEM CULTURAL E PATRIMÔNIO PRISCILA PIRES CORRÊA NEVES
1. UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA-UFU
LUIZ CARLOS DE LAURENTIZ
2. UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA-UFU
RESUMO
De um projeto idealizado e planejado para o real uso, os miolos das quadras do Setor Sul, Goiânia-
GO representam a espiritualidade transfigurada na qualidade e desprezo de seus moradores. O
espaço urbano do bairro, com seu traçado reservado e minucioso revela a partir do fenômeno livre da
expressão urbana um museu a céu aberto, onde ruas e áreas verdes fazem papel de galerias de
expressões artísticas. Essa pesquisa revela as reais mudanças de algumas quadras selecionadas no
bairro-jardim e também o sentido de ressignificar o espaço público através do imaginário do artista.
No processo de desenvolvimento do setor, as quadras se tornaram reflexo de seus moradores o que
as fez ter aspectos particulares em seus jardins.
PALAVRAS-CHAVE: bairro-jardim, graffiti, apropriação.
1 Priscila Pires Corrêa Neves | Lattes: http://lattes.cnpq.br/2558542126767345 - Possui graduação em Arquitetura
e Urbanismo pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás- PUC-GO. Mestranda pelo Programa de Pós Graduação em Arquitetura e Urbanismo - PPGAU e pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo e Design na Universidade Federal de Uberlândia – FAUeD. 2 Luiz Carlos de Laurentiz | Lattes: http://lattes.cnpq.br/7362972303644174 - Possui mestrado em Engenharia
Civil pela Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo/USP (1987) e doutorado em Comunicação e Cultura Contemporâneas pela Universidade Federal da Bahia/UFBA (2006). É professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo e Design da Universidade Federal de Uberlândia e do Programa de Pós-Graduação da mesma Faculdade.
2
ARTISTIC PRACTICES, SOUTHERN SECTOR,
GOIÂNIA-GO: APPROPRIATION AND RECOGNITION
OF A GARDEN-NEIGHBORHOOD
ABSTRACT
From an idealized and planned project for the real use, the core of the blocks of the South
Sector represent the spirituality transfigured in the quality and contempt of its inhabitants.
The urban space of the South Sector, with its reserved and meticulous layout reveals from
the free phenomenon of urban expression an open-air museum, where streets and green
areas make it a gallery of artistic expressions. This survey reveals the actual changes of
some selected blocks in the garden-neighborhood and also the sense of re-meaning the
public spacethrough of the artist’s imagination. It portrays the reality and the magnetizing role
that the residents have in experiencing their gardens.
KEY-WORDS: Garden-city, graffiti, appropriation.
3
APROPRIAÇÃO E RECONHECIMENTO DE UM BAIRRO-JARDIM
INTRODUÇÃO
O presente artigo é resultado do estudo de campo feito para a dissertação de mestrado PRÁTICAS
ARTÍTICAS, SETOR SUL, GOIÂNIA-GO: Apropriação e Grafitagem na Fisionomia Urbana de um
Bairro-Jardim, e que tem como objetivo estudar as particularidades de algumas quadras e seus
jardins internos, assim como, retratar a personificação de cada paisagem urbana a quais estão
envolvidas na mesma sinergia de seus moradores.
Por se tratar de um setor conhecido pela sua concepção diferenciada aos demais bairros da capital,
com inúmeras áreas verdes e caminhos tortuosos, ruas e espaços públicos carregados de signos,
essa atmosfera colabora para o misticismo do cenário local e também para as particularidades de
suas quadras. Dessa forma os fatos e os meios utilizados para a investigação fluíram naturalmente
até chegar à compreensão que a pesquisa etnográfica fosse guia fundamental para o método
investigativo.
Segundo Augé, método etnográfico preocupa-se em:
“(...)recortar, no mundo, espaços significantes, sociedades identificadas com culturas concebidas,
elas próprias, como totalidades plenas: universos de sentido em cujo interior os indivíduos e os
grupos que não passam de uma expressão deles se definem em relação aos mesmos critérios,
aos mesmos valores e aos mesmos processos de interpretação.” (2012, p. 35)
Além da etnografia que é um método imprescindível para a pesquisa de campo e para a construção
desse artigo, porque leva em consideração a pesquisa-ação e as técnicas de trabalho de campo
abordaremos, também, a teoria do interacionismo simbólico. Esta teoria se apoia nos estudos de
Patrick Boumard (1999), em que o método tradicional de pesquisa não é um elemento fundamental
para a investigação, mas uma perspectiva teórica que complementa tal pesquisa etnográfica de
estudo de campo. Portanto o teórico nos esclarece sobre a teoria do interacionismo simbólico:
“Distingo, portanto, entre o simples método etnográfico, fundamentado principalmente sobre o
trabalho de campo, e a teoria do interacionismo simbólico, que dá a este trabalho de campo sua
dimensão teórica indispensável.” (BOUMARD, 1999).
“O espanto vai buscar as suas raízes bem mais longe, nas origens da filosofia, no primeiro olhar
socrático sobre a conduta dos homens.” (BOUMARD, 1999).
Nesse ponto o trabalho de campo é participativo em termos de interação com o meio estudado.
Dentro de cada vizinhança/quadra investigada reverbera diferentes sentidos que responde às práticas
adotadas por seus frequentadores. Os costumes e práticas desses grupos nas praças são
investigados conforme a condução do trabalho de campo, porém com postura diferente, o lugar é
tratado como estranho, distante, e encontra na exterioridade do investigador a reflexão necessária
para teorizar as práticas do grupo estudado com o lugar e assim desvendar os segredos de suas
vivencias. O olhar com uma lupa como forma de observação revela a realidade como “fenômeno
permanente” e traduz as contradições e os efeitos produzidos pelo objeto de estudo e os participam
4
dele. Adentrar as atmosferas místicas dos jardins internos e compreender como os moradores
interagem com o meio é uma técnica imprescindível para o método de observação na etnografia.
Sabe-se que cada grupo de moradores dispôs de uma postura para vivenciar o espaço público do
fundo de suas casas e também analisar o panorama das configurações urbanas e sociais, o sentido
de ressignificar o espaço público. De que forma o espaço negativo revela à sociedade novos
significados. Entender o processo da construção da identidade do imaginário do artista como
produção estética do local e a maneira que foi feito. Inicialmente é necessário utilizar o papel da
história de concepção do Setor para entendermos melhor como cada núcleo observado reproduziu
nos jardins-internos características particulares.
1937 – O NOVO PLANO E O BAIRRO-JARDIM, GOIÂNIA-GO
O Setor Sul, bairro residencial localizado em Goiânia, foi projetada em 1937 pelo Werner
Sonnemberg3, sobre as orientações do engenheiro Armando de Godoy
4 juntamente com a firma
Coimbra Bueno5.
Diferente do plano diretor planejado por Atílio Corrêa Lima6 1933-1935, o Setor Sul (Figuras 01 e 02),
sofreu modificações em seu traçado. O plano de Corrêa Lima era dar continuidade nas vias de linhas
retas no centro da capital.
Idealizado para ser um bairro de caráter residencial, formado por cul-de-sacs – vielas- com áreas
verdes e equipamentos urbanos comuns um bairro-jardim. Havia em sua concepção a preocupação
com os transeuntes de ter contato direto ao tráfego pesado das principais vias e por isso foi lhes
reservado passagens entre as praças e as áreas verdes.
3 Responsável pela revisão do plano de Attilio Corrêa Lima, a firma Coimbra Bueno contrata no período de 1934-
1935 o engenheiro e sanitarista alemão Werner Sonnemberg também foi o responsável pelo projeto de água e esgoto de Goiânia. 4 Armando A. de Godoy (1876-1944) formado em engenharia pela Escola Politécnica do Rio de Janeiro em 1900.
Considerado um dos profissionais mais importantes à respeito do planejamento no Rio de Janeiro nas primeiras décadas do século XX. Profissional engajado, não media esforços para difundir as teorias do urbanismo moderno preocupando-se com a luta da união entre profissionais urbanistas no Brasil. Tamanho engajamento sobre questões urbanas e interesse à respeito de moradias sociais e novos conhecimentos do urbanismo na Europa e EUA que obteve como resultado artigos divulgados em revistas especializadas. Godoy esteve envolvido desde a princípio na construção da capital do Estado de Goiás; contribuiu na escolha do sitio próximo à região de Campinas enviando ao interventor de Goiás um parecer técnico tanto para as condições físicas e geográficas da área como as econômicas. Segundo Gonçalves: “o engenheiro Armando de Godoy foi contratado como consultor técnico da Construtora Coimbra Bueno para dar continuidade à urbanização da cidade em 1936.” (GONÇALVES, 2002, p. 50). Godoy fica encarregado de prosseguir com o plano urbano de Goiânia rumo à região Sul, colocando em prática as teorias urbanas sobre Garden-City aprendidas em suas viagens para Europa e EUA. 5 A firma Coimbra Bueno e Cia Ltda. criada pelos irmãos Abelardo Coimbra Bueno e Jeronymo Coimbra Bueno
em 1933. Nascidos em Rio Verde no início dos anos 1900, eram sobrinhos de D. Gercina Borges, esposa do Interventor do Estado de Goiás. Coimbra Bueno e Cia Ltda. eram responsáveis pela direção geral das obras e após a saída do arquiteto urbanista, Attílio Corrêa Lima do planejamento da cidade, em 1936, passam a projetar também a capital. 6 Attilio Corrêa Lima nasceu em Roma em 1901 e morreu de forma trágica num acidente de avião em 27 de
agosto de 1943, na Baia de Guanabara. Filho do famoso escultor Octávio Corrêa Lima, aos 18 anos estudo na Escola Nacional de Belas Artes. Em 1926 partiu para Europa onde estudou urbanismo no Institut d’Urbanism de l’Université de Paris – IUUP, na Sorbonne, sendo o primeiro urbanista no Brasil. Nesse período que esteve na Europa trabalhou no atelier de Alfred Agache. Em 1931 volta para sua terra natal onde recebe o convite do então interventor Pedro Ludovico Teixeira para elaborar o projeto da futura capital do Estado de Goiás, em 1932.
5
Dessa maneira Armando de Godoy (Figura 03) buscou nas perspectivas utópicas de Ebenezer
Howard7, o conceito das “Garden-city” – cidades-jardim. As ideias de Howard foram concretizadas por
Unwin e Parker8 com Letchworth e Radburn por Clarence Stein
9, e seguindo caminhos diferentes dos
projetos tradicionais de traçados geométricos e racionais resgatou as teorias de Howard e as
referências citadinas de Radburn (Figura 04) e Letchworth de traçados orgânicos com intenção à
escala humana, áreas verdes com reminiscências ao campo num bairro de caráter residencial,
formado por cul-de-sacs ou ruas sem saídas, e assim como fez Stein, Unwin e Parker em seus
projetos de cidade-jardim.
Figura 01 – Plano Piloto de Attílio Corrêa Lima. Planta da Nova Capital do Estado de Goiás – GOIÂNIA, 1935, considerado o primeiro Plano Diretor de Goiânia FONTE: destaque no desenho elaborado pela autora. Arquivo SEPLAM.
Figura 02 – Legenda imagem: “Os setores Norte, Central e Sul – vê-se, ao centro a parte sombreada mais ou menos em forma de cruz, e que compreende o zoneamento comercial e de diversões, abrangendo as Avs. Goiás e Anhanguera.” Planta dos Setores Central, Norte, mais conhecido como Bairro Popular, e Sul, mais os elementos urbanos, apresentado em 1937, para aprovação do zoneamento comercial e de diversões do Setor Central 6. FONTE: destaque no desenho elaborado pela autora. Arquivo SEPLAM.
Utopias de um pensamento que não chegou a ir para frente, justamente por uma série de
contradições. Uma delas foi a falta de esclarecimento de que a entrada principal das casas seriam
7 Ebenezer Howard (1850-1928) nasceu em Londres, Inglaterra. Idealizou o modelo de cidade autogestionada,
mais conhecida como cidade-jardim, em que pelo crescente descontrole da urbanização das cidades industrializadas, propunha a criação de novas cidades planejadas com limite populacional de 30 mil a 60 mil pessoas. Excedendo esse contingente criavam-se outras cidades próximas umas das outras, entre elas haveria um cinturão verde com indústrias (situado na periferia próxima à linha férrea) e atividades agrícolas, que serviria a cidade com empregos e progresso. 8 Raymond Unwin (1863-1940) foi um importante engenheiro, arquiteto e urbanista inglês, que se associou em
1986 a Barry Parker (1867-1947) com intuito de divulgar o movimento Arts and Crafts. Em 1903 foram convidados pela Garden City Company, a construir a primeira e preeminente garden-city fundamentada nas
ideias de Ebenezer Howard. 9 Clarence Samuel Stein (1882-1975) importante arquiteto urbanista americano que colaborou para a difusão das
cidades-jardim. Fundou em 1929 Radburn, no condado de Bergen em Nova Jersey, Estados Unidos, em que priorizava a separação do tráfego de pedestres dos de veículos, “uma cidade para a era do motor”.
6
pela própria área verde e os fundos voltados para as ruas e essa situação se agravou pela falta de
manutenção destas áreas pelo poder público.
“As casas do bairro deveriam possuir cercas vivas no lugar de muros de divisa, no intuito de
ampliar a integração entre as moradias e as áreas verdes. Mas, à medida que os proprietários
foram murando seus lotes, provavelmente com medo do crescente número de assaltos na região,
as áreas internas foram sendo isoladas, o que contribuiu ainda mais para a sua deterioração”.
(GONÇALVES, 2002. p. 74)
Figura 03 – Planta do Setor Sul – Zona Sul, projetada pela firma Coimbra Bueno e Werner Sonnemberg com a orientação de Armando Augusto de Godoy, conforme Relatório de princípio de 1937, encaminhado pelo Superintendente das Obras ao Diretor da Fazenda. FONTE: SEPLAM.
Figura 04– Fundada em 1929, a comunidade não incorporada de Radburn localiza-se em Fair Lawn, no condado de Bergen, Nova Jersey, Estados Unidos. Planejada por Clarence Stein para ser "uma cidade para a era do motor", seguia o ideal de Cidade Jardim elaborado por Ebenezer Howard. FONTE: arquiscopio.com.
A ideia de bairro-jardim poderia ter sido interessante, caso não fosse a forma que o governo e seus
planejadores parcelavam o uso do solo e vendiam os loteamentos da cidade o que intensificou ainda
mais com a construção de Brasília. No caso do Setor Sul, as casas foram implantadas erroneamente
à medida que as construíam. A prefeitura à época não informou aos moradores que as casas
deveriam ser implantadas com suas frentes viradas para as áreas verdes e o fundo para as ruas, o
que resultou no abandono das áreas somado aos vazios urbanos.
O planejamento do modelo de bairro jardim foi interrompido por especulações imobiliárias. Num
determinado período, apesar do Decreto-lei nº 11 não permitir a implantação dos Setores Sul e
Oeste, em 1937 aconteceu a venda de lotes nestas regiões. O interesse pelo parcelamento estas
7
áreas pelas construtoras e políticos já era minimamente articulados e planejados, as fatias urbanas já
tinham nomes e sobrenomes.
Em 1947, com o novo Código de Edificação, a com exceção do Setor Coimbra, o Estado monopolizou
o parcelamento indiscriminado do solo e de vendas de lotes na região sul da capital. A partir de 1950,
iniciou-se o parcelamento privado. A capital com pouco menos de 20 anos já estava predestinada a
ter graves problemas urbanos, resultado de loteamentos sem critérios técnicos. A especulação
imobiliária representava novo modelo de exploração mercantil.
Contra o fluxo do esquecimento, resultado de uma ocupação desorganizada, sem informações sobre
o modelo americano de habitar e do parcelamento indiscriminado de lotes, o setor sul passou a ser
um bairro com características e identidade próprias. A atmosfera de um bairro-jardim, arborizado e
calmo decifra por meio de fenômenos urbanos contemporâneos, o diálogo que a sociedade possui
com a sua história, a cidade, a arte, o corpo e a política.
PRÁTICAS ARTÍSTICAS – REQUALIFICAR, RESSIGNIFICAR E URBANIZAR VAZIOS URBANOS
As transformações ocorridas na sociedade moderna do tipo política, econômica e sóciocultural no
final da década de 1960, no cenário europeu, americano e na América Latina, nos revelam a
construção do imaginário social representado em diferentes e despretensiosos lugares nas cidades. A
subjetividade ganha voz nos muros e nas áreas ocultas antes nunca imaginadas, e o homem se torna
interventor de lugares antes sem identidades.
Figura 05 – Acima o centro da capital Goiânia já habitado e abaixo na imagem a região sul sendo ocupada. Percebe-se que entre as quadras, nas praças e nas áreas verdes, existem caminhos reservados para transeuntes nas praças e nas áreas verdes. FONTE: SEPLAM
Figura 06 – Fotografia Aérea. Data: 24/07/1951. FONTE: Nilo Costa, doado à divisão de biblioteca e Documentação da SEPLAM
8
Os fenômenos urbanos são resultados das construções da psique individual e dos estados coletivos
dos imaginários. Pode-se dizer que os dois tipos de pensares quando se juntam, formam correntes de
memória e passam a ser um condicionante das ações sociais para a escolha arbitrária de uma
determinada área.
As transitalidades do indivíduo, feitas de um local para outro, possibilitam a reconstrução do espaço
na cidade por meio de experiências subjetivas e ideológicas. Essa característica nômade, do
indivíduo chegar ao local abandonado, intervir e ir para outra rua ou outra área carente de
reconhecimento e de memória que a identifique. O espaço de passagem ou de estar tornar-se
reconhecido e particular. Transgressor ou não, o artista constrói sua identidade onde o lugar
apresenta-se carente e necessitado.
Sabe-se que Setor Sul deixou de ser zona fechada em meados de 1950, e passou ser habitado num
processo de territorialização e ampliação da cidade, de forma mal executada pelas entidades
responsáveis, em comparação ao modo americano de implantar a frente das casas para as áreas
verdes e praças, e esse fato resultou no abandono dessas duas últimas, o projeto CURA10
surgiu
para amenizar ou melhorar o desuso delas com a implantação de equipamentos urbanos, atrativos
para indivíduos de outras localidades. Muitos desses indivíduos, verdadeiros flâneur11
da
contemporaneidade, personagens como: skatistas, poetas urbanos, grafiteiros, etc., iniciaram o
processo de desconstrução e reconstrução dos lugares que involuntariamente ressignificaram
algumas áreas.
É necessário que haja a percepção do espaço urbano no que se refere a subjetividade que está além
da representação visual e somente pode ser apreendida de forma lenta, como o individuo em trânsito
costuma fazer. Os flâneurs da contemporaneidade fazem de forma objetiva e absoluta, adquirindo
resultados finais de representações simplesmente visuais.
O flâneur da contemporaneidade, da ácida cidade, compreende-se pelo poeta urbano, dotado de
pequenas rimas de efeito, do desenho do grafitti que cria formas e maneiras de agir voluntárias,
conscientes e intencionais. Estão camuflados, anônimos e andando pela cidade, dia após dia,
desmistificando e transformando espaços esquecidos e mal vistos.
O SETOR SUL – IDENTIDADE EM CONSTRUÇÃO
Novas sociabilidades foram construídas ao longo dos anos no Setor Sul. A espera de mudanças e de dar usos para os jardins internos acarretaram na ação da própria sociedade na construção de uma identidade própria. Identidade e sujeito, segundo Sartre (1999), é o que entende-se por um ponto de referência para se ter característica ou referência
10
Projeto CURA – Programa de Complementação Urbana promovido pelo Banco Nacional de Habitação (BNH), por meio da Carteira de Desenvolvimento Urbano – CDU, tinha como objetivo fazer melhorias em determinadas áreas com investimentos em infraestruturas e equipamentos urbanos a fim de estimular a vivência dos moradores em espaços públicos. 11
Entenda-se pela palavra de origem francesa flâneur como caminhante, vadio ou observador. Segundo o site
wikipedia: “O flâneur era, antes de tudo, um tipo literário do século 19, na França, essencial para qualquer imagem das ruas de Paris. A palavra carregava um conjunto rico de significados correlatos: o homem do lazer, o malandro, a explorador urbano, o conhecedor da rua”.
9
Figura 07 – Wes Gama e Morbeck. Bosque dos Pássaros, Quadra F-38. FONTE: Autora.
O fato de procurar saídas para resgatar ou invadir as áreas são resultados visíveis que o indivíduo
busca/procura o espaço público e usa seu imaginário para construir a identidade do lugar (Figura 07).
É uma resposta da sociedade para com o poder público quanto a ânsia por espaços e formas de
urbanizar. Numa entrevista com o arquiteto e professor Bráulio Vinícius Ferreira sobre seu projeto de
sair pela cidade para reconhecer a paisagem urbana, ele retrata que uma de suas expedições
aconteceu no Setor Sul. Com o tema de “Poros dos Jardins Invisíveis”, percebeu que ao sair do
Bosque dos Pássaros para outros jardins manifestava-se um estado de abandono completo (Figura
08), quanto mais caminhava, mais percebia a degradação ambiental. Manifestou a “relevância da
requalificação do espaço pelo grafitti/arte urbana, a sensação de qualificar e ocupar e até mesmo a
sensação de pertencer/assumir como local do cidadão”. O grafiteiro, aclamando o espaço que é seu,
vê uma forma de qualificá-lo e apropriá-lo, pois é público. Desse ponto, fala que “ficou interessante,
percebi que as pessoas começaram a ir porque tinha uma arte a ser vista.”
Figura 08 – Quadra F-43. FONTE: Autora.
10
Armando de Godoy, no planejamento do bairro-jardim deixa um legado particular de ruas sinuosas,
quadras compostas internamente por áreas verdes e vielas. Numa vista aérea ou por meio de mapas
fica claro a distinção do Setor pelo seu traçado orgânico, diferente dos demais com traçados
retilíneos.
Por meio dos protagonistas sociais localizados dentro e fora do bairro, do uso atribuído pelas
mudanças político-econômicas, das representações simbólicas criadas pelos moradores e agentes
externos, o Setor Sul passou a ter características singulares. Numa dimensão menor e sobre a ótica
da escala humana os curiosos conseguem ter uma visão espetacular das ruas, vielas e jardins ao
adentrar o lugar; o sentimento de surpresa se desperta pelo contato com a atmosfera urbana.
A complexa ideia de galeria aberta de arte urbana existe pelo fato de haver inúmeras expressões
compondo muros, postes, muretas de quadras poliesportivas e caixa de energias/telefonia nos jardins
internos e, também, galeria fechada porque para se ter acesso a estes jardins as pessoas devem ser
curiosas o suficientes a ponto de adentrar pelas ruas curvilíneas, cheias de mistérios e incertezas de
ser ou não uma rua sem saída.
A serenidade encontrada nos museus e centros culturais também permeiam as galerias abertas das
áreas verdes do Setor. O silêncio da atmosfera da região apenas deixa fluir o cantar dos diferentes
pássaros que habitam as árvores. A produção do grafitti nas superfícies dos muros dos fundos das
casas expõe a relação e a identidade dos artistas e, também aproxima o espectador interessado nas
novas dimensões da arte contemporânea.
DIVERSIDADE DOS JARDINS
Ao longo do flaneurismo pelas ruas e jardins-internos do Setor foi observado que cada uma delas se
desenvolveu de forma particular, o que colocou de lado fatores que poderiam generalizar todas as
áreas verdes e suas paisagens urbanas. Quadras como a F 23, F 29, F 34, F 38 – Bosque dos
Pássaros, F 40 – Bosque dos Flamboyants, F 41 – Bacião, F 42 – Bosque do Leão (Figura 09), se
diferenciam uma da outra mesmo estando no contexto de bairro-jardim além de sofrer diversos
impactos de outros lugares da cidade no seu entorno.
11
Figura 09– Mapa com Quadras selecionadas do Setor Sul. FONTE: Destaque no desenho elaborado pela autora e mapa site portalmapa.goiania.go.gov.br/mapafacil/
Em relação a esse ponto foram feitas diversas reflexões na investigação sobre as diferenças dessas
quadras quando todas foram planejadas numa mesma época, com o mesmo intuito de convívio, lazer
e localização das mesmas com algumas diferenças. Os diferentes desenvolvimentos das quadras –
principalmente as que foram selecionadas – tecem o desempenho inconstante de suas áreas verdes.
O contexto que cada uma está inserida em seu meio é a forma adotada para a suas escolhas. São
eles:
1. a influência dos usos que compõem as quadras, se são de uso comercial e ou residencial;
2. as vias expressas que estão em seu entorno, se são de transito rápido, arterial, coletora ou local; e
3. o papel da vizinhança em cada quadra, como as posturas- positiva ou negativa age de forma ativa
na construção da identidade dos seus jardins internos?
12
A mais conhecida das Quadras investigadas é a F-41- Bacião e a F-38- Bosque dos Pássaros.
Ambos por serem mais reconhecidas automaticamente poderiam ser as mais zeladas, porém não é o
caso do Bacião. Das duas a mais bem cuidadas são o Bosque dos Pássaros em conjunto com as
quadras F-29 e F-42, recebem notoriamente atenção e capricho para os que pausam o tempo para
contemplar o espaço. Digamos que são bem-sucedidas pelo fato de ter a presença atuante de seus
moradores, que as mantém revitalizadas com uso constante e por participar dos cuidados com elas.
No caso do Bacião (Figura 09), a arte atrai as pessoas de fora para o lugar. Em uma dessas
caminhadas conhecemos dois amigos e ali mesmo trocamos uma ideia. Eles passeavam por ali
enquanto aguardavam um encaixe numa consulta médica, e foram para o lugar, pois um deles,
sabendo que ali perto havia a galeria de arte aberta- Bacião, resolveu levar o outro para até lá para
apresentar e contemplar o que havia nos muros e também pelo prazer do lazer que a o lugar oferecia.
A quantidade de arte presente no local despertou o sentimento de surpresa e curiosidade que
guardara o Setor Sul. Tantos caminhos com inúmeras expressões compõem a quadra F-41 (Figura
10). Não somente eles, mas também desconhecidos saem de suas cidades para conhecer as
galerias abertas assim como profissionais utilizam do lugar para fazer editoriais de revistas e ou
ensaios para propaganda de moda, além também de books para casamento.
Figura 10– Quadra F-41 conhecida como Bacião, pois nela há uma pista em forma de “bowl” - bacia para os skatistas usarem, porém a vegetação invadiu o lugar o que ficou improprio para a prática do esporte. FONTE: autora.
13
Figura 11 – Quadra F-41, os graffitis compõem a fisionomia urbana do lugar. FONTE: autora.
Pode se dizer que os Bosques dos Pássaros é em conjunto com a Quadra F-29 e Quadra F-42 as
quadras mais bem sucedidas, justamente pelo empenho da maioria dos moradores em tentar
conectar suas casas aos jardins- sem a timidez das pequenas aberturas, em que se segue a pureza
do projeto inicial traçado em 1937- as casas viradas de frente para os miolos das quadras. O
envolvimento magnético entre jardim e moradores demonstrou melhor desempenho em relação às
demais quadras, pois nelas há uma Associação de Moradores e também apoio de instituições que
zelam por seus espaços públicos.
Figura 12 – Quadra F- 38, conhecida como Bosque dos Pássaros. FONTE: Autora.
14
Várias das Quadras estudadas tiveram suas entradas engolidas quase que completamente pelos
próprios moradores, o que colaborou para fluir o sentimento de desconfiança e incerteza dos jardins
interna. Para os que passam pelas redondezas das quadras as entradas simbolizam o esconder ou o
mistificar o lugar- depende do ponto de vista, disso surge à indagação; “o que ocorre ali além daquela
estreita passagem?”.
Figura 13 – Quadra F- 38 Bosque dos Pássaros, os caminhos foram engolidos pelas invasões dos próprios moradores. FONTE: Autora.
Diferente do Bosque dos Pássaros por ter apoio da associação de moradores, a Quadra F-29,
conhecida como e como Espaço Cultural Professor Augusto da Paixão Fleury Curado se mantem
limpa e zelada graças Academia Feminina de Letras e Artes de Goiás- AFLAG localizada à Rua 132-
C, e pela vizinhança que em sua grande maioria, mantem viva a essência das fachadas principais de
suas casas voltadas para o miolo da quadra (Figura 09). Talvez pela força política e cultural que a
instituição possui no cenário da cidade, além da defesa e incentivo à literatura, música e artes
goianas. A praça reverbera esse espirito de viés cultural, pois nela se encontra uma geladeira de
livros, para o incentivo da leitura (Figura 15).
15
Figura 14 – Quadra F-29, Praça Espaço Cultural Professor Augusto da Paixão Fleury, residência é exemplo da essência do projeto idealizado por Armando Godoy, em que a fachada principal seria virada para os miolos das quadras. FONTE: Belkisse Lemes.
Figura 15 – Quadra F-29, à esquerda grafitada com multicores, geladeira de livros ajuda construir a espiritualidade do lugar. FONTE: Belkisse Lemes.
A Quadra F-42- Bosque do Leão (Figura 09) no ano de 2015 sofreu revitalização com o apoio do
Lions Clube. Entre todos é a praça que possui maior destaque pela qualidade das intervenções feitas
(Figura 16). A partir deste os moradores passaram a usa-las com maior frequência para lazer e a
também para fazer feiras (Figura 17). O bosque do Leão possui somente um acesso que se confunde
com uma das entradas para o prédio de uma grande concessionária, localizada neste quarteirão. A
praça, também, passa despercebida pelos que estão de carro, somente os transeuntes tomam conta
da passagem e se deparam com um jardim surpreendente e um belo acervo de grafittis (Figura 18).
16
Figura 16 – Quadra F-42, vista do alto, à esquerda concessionária de carros importados. FONTE: Tiago Noleto.
Figura 17 – Quadra F-42, feira ao ar livre promovida pelo Lions Clube para anunciar um projeto de arte urbana na praça. FONTE: Facebook @bosquedoleao.
17
Figura 18- Quadra F-42, graffiti em um dos muros do jardim-interno. Fonte: Autora.
As Quadras F-40 – Bosque dos Flamboyants (Figuras 09), e F-23 possuem características
semelhantes. O uso, em partes, dos miolos das quadras pelo comércio e o movimento intenso das
avenidas no entorno delas intensificam sua utilização para cargas e descargas, e deposito de
produtos, e principalmente estacionamento. É o típico caso do “uso fantasioso” retratado acima pela
prática de abrirem comércio para movimento de rua repudiaram a essência do “bairro-jardim” com
mudanças de uso residencial para uso comercial e também pela forma de usarem a fachada que
possui maior movimento das ruas como “vitrine”. Desse modo, mais uma vez a entrada principal foi
repudiada, sendo transformadas em áreas de serviços, depósitos e carga e descarga de mercadorias.
Como visto na, as fachadas principais, em termos de projeto ideal foram cobertas por engradados, ou
portas fechadas presas ao esquecimento (Figura 19). Tamanha ousadia de alguns donos das lojas
que a avançaram os limites de seus lotes e acharam na razão de fazê-los, pois estão contribuindo
para o movimento dos jardins internos, que as praças são privilegiadas por seus estabelecimentos.
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Figura 19 – Quadra F-40 – Bosque dos Flamboyants – comércios utilizam dos fundos das praças para depósito, carga e descarga de produtos. FONTE: Autora.
Figura 20– Bosque dos Flamboyants – em entrada do jardim interno, numa área mais residencial, os graffitis se encarregam de criar fisionomia particular para o bosque. FONTE: Autora.
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Figura 21 – Quadra F-23. FONTE: Autora.
Figura 22 – Quadra F-23. FONTE: Autora.
A Quadra F-34 (Figura 09), diferente das citadas acima, não possui a mesma sorte de ter força
magnetizante de movimentar os jardins internos. Ela remete a sensação de estarmos num submundo
aonde os capins tomam contam do vazio e o lixo se junta à paisagem silvestre (Figura 23). O jardim
parece que foi esquecido por seus moradores, pela poder público e os demais habitantes da cidade,
perdido e esquecido para acrescentar. Fica claro que os moradores não consideram a casa deles
como casa de duas fachadas. Situação particular da quadra é que nesse meio do esquecimento e do
tempo paralisado o lugar sugere pertencer a uma área rural dentro da cidade e que um dos
moradores cria, livremente, galos e galinhas, sua cozinha/varanda está conectadas diretamente ao
lugar sem nenhuma parede ou muro para limitar a casa do espaço público (Figura 24). O campo está
na cidade ou a cidade está no campo? Foi essa a surpresa revelada durante o flaneurismo.
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Figura 23 – Quadra F-34. FONTE: Autora
Figura 24- Quadra F-34. FONTE: Autora.
CONSİDERAÇÕES FİNAİS
As áreas internas do setor, por permanecerem esquecidas graças à má informação da disposição das
casas, em que a frente deveria ser voltada para praças e áreas verdes, se intensificaram por pela
manipulação do mercado imobiliário, em que determinados locais, as residências deram lugar para
clínicas e comércios.
Ao longo dos anos, as pessoas se mudaram de setor por mais que gostassem do local, das suas
casas e da proximidade do centro da cidade, porque o clima de insegurança tomou conta do lugar. As
praças abandonadas, sem iluminação, acumuladas de lixo, sem podas de árvores tornaram
favoráveis para os malandros. O sentimento de medo influenciou a maneira de habitar o bairro, não
só pelos moradores comuns, mas também, pelos fundadores do bairro que deixaram o Setor ou
reforçaram a segurança de suas casas, transformando-as em verdadeiras prisões. As residências, de
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alguma forma, mantinham o costume pacato de áreas caracteristicamente residenciais, com o novo
tipo de uso, o lugar assumiu uma dinâmica extrema de ocupação. A modificação do uso no setor em
horários comerciais ocasionaram na desertificação das áreas nos demais períodos. Essa transição
evidencia a monotonia e dilapidação de uma paisagem antes planejada. Jacobs (2011) retrata a
respeito dos parques “impopulares” no caso os nãos vistos por alguns moradores e pelo poder
público: “Eles sofrem do mesmo problema das ruas sem olhos, e seus riscos espalham-se pela
vizinhança, de modo que as ruas que os margeiam ganham fama de perigosas e são evitadas.”
Por analogia: “Os parques mais problemáticos localizam-se exatamente nos locais onde as pessoas
não passam e provavelmente nunca vão passar. Um parque urbano nessa situação, agravada
(porque nesses casos é uma desvantagem) por um terreno de bom tamanho, encontra-se,
comparativamente, na mesma situação que uma loja enorme num local comercialmente ruim. Se uma
loja dessas puder ser recuperada e fizer jus a isso, será por força de concentração total no que os
comerciantes chamam de “artigos de primeira necessidade”, e não na confiança nas “compras por
impulso”. Se esses produtos indispensáveis conseguirem atrair fregueses, é possível que, em
seguida, se obtenha um bom lucro com as compras por impulso.” (JACOBS, 2011).
Em contrapartida a desvalorização dos imóveis e a atmosfera do setor estimulam grupos de
empresários interessados em arte, cultura, vivências música e etc. a abrir seus empreendimentos no
local e também pesquisas- com a intenção de resgatar o convívio humano e atrair pessoas
interessadas em arte urbana.
A tomada do espaço público demonstra a ânsia da sociedade por lugares de estar e do sentimento de
pertencer, além da necessidade de procura e criação de memória. O processo acelerado das mídias
tecnológicas, da globalização e do crescimento dinâmico da cidade resultam no surgimento de
espaços.
Entenda-se que o conjunto das expressões e da coletividade incluídas num mesmo local, e seguindo
a ideia de Maurice Halbwachs (2004, p. 18) de que as correntes de memória são capazes de
construir lugares com potenciais enérgicos de vida, e, ainda, contrariando a ideia que é necessário
construir arquiteturas fantásticas para poder fluir o crescimento econômico ao seu entorno, o Setor
Sul concentra energia para a requalificação de suas áreas por meio do conjunto de sentimento de
pertencer e de querer estar nelas.
Dessa maneira, Nietzsche no livro Assim falou Zaratustra: um livro para todos e para ninguém, nos
exemplifica o contexto local e global de que todo infrator é criador. Dessa maneira, ressignificar,
reaver, remarcar e modificar o cenário vazio são as benfeitorias da reconstrução criada pelos
grafiteiros cujo ato é de reterriorializar o feio e o esquecido.
A intervenção do grafitti como fatos de transformação de espaço e de resgate da história é
absolutamente indispensável para a identidade de lugares e do homem. Cada praça transferiu uma
emoção particular. O único ponto em comum entre elas é a surpresa, a curiosidade e o receio de não
saber se os caminhos levarão à uma saída.
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REFERÊNCIAS
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BOUMARD, P. O lugar da etnografia nas epistemologias construtivistas. In: Revista de Psicologia Social e Institucional. v. 1, nº 2. Universidade Federal de Londrina. Disponível em <http://www.uel.br/ccb/psicologia/revista/textov1n22.htm>. Acessado em 21 ago. 2017.
CORPOS E CENÁRIOS URBANOS. Territórios urbanos e políticas culturais. (Orgs.): PIERRE,
Henri; Jacques, Paola Berenstein. (Textos): Jeudy Henri Pierre, Patrick Baudry et al. (Trad.): Rejane Janowitzer. (Revisão técnica): Lílian Fessler Vaz. Salvador: EDUFBA, PPG-AU/FAUFBA, 2006.
GONÇALVES, A.R. A construção do espaço urbano de Goiânia (1933-1968). Dissertação (mestrado). UFG. Goiânia, 2002.
JACOBS, J. Morte e vida de grandes cidades. Maria Estela Heider Cavalheiro (Trad.); Cheila Aparecida Gomes Bailão (revisão técnica). 3º ed. Coleção Cidades. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2011.
HALBWACHS, M. A memória coletiva. São Paulo: Centauro, 2004.
MOTA, J. C. O Setor Sul em Goiânia: o espaço público abandonado. [S.l.]. In: Anais do 3º Seminário. DOCOMOMO Brasil, 1999. Disponível em: < http://www.docomomo.org.br/seminario%203%20pdfs/subtema_B5F/Juliana_mota.pdf>. Acessado em 19 set. 2016.
NIETZSCHE, F. Assim falou Zaratustra: um livro para todos e para ninguém. Vol. 2 Editora Martin Claret, 2012.
SENO, E. (Ed.). Trespass: história da arte urbana não encomendada. Köln: Taschen, 2010.
ARQUIVOS
SEPLAM – Secretaria Municipal de Planejamento e Urbanismo
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