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Primeira Newsletter do Projecto de Governação Democrática Local
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Newsletter do Projecto de Governação
Democrática Local Nr.1 – Dezembro 2009
GOVERNACAO DEMOCRATICA LOCALDinamizacao dos Conselhos de Auscultacao e Concertacao Social do Municipio da Ecunha e da Comuna do QuipeioUm Projecto executado pelo IMVF - Instituto Marquês de Valle Flôr, em parceria com
a Administração Municipal de Ecunha e com o co-financiamento da União Europeia.
Contrato DCI-NSAPVD/2008/165-666
A descentralização passa necessariamente por um
princípio de autonomia local, princípio que para além
de estar consagrado constitucionalmente, foi levado
à prática através de diferentes iniciativas legislati-
vas do Governo Angolano que permitem afirmar que
o surgimento de uma nova cultura do poder em Angola
já está em curso.
Insere-se neste quadro a adopção de um Programa
de Reforma Administrativa (PREA), instrumento do Go-
verno que visa transformar a Administração Pública
num meio de promoção do desenvolvimento económico
e do bem-estar social e que, simultaneamente, visa cons-
tituir-se como um factor de garantia da ordem pública
e da autoridade estatal através da participação dos cida-
dãos na vida administrativa e no aprofundamento das
garantias efectivas dos seus direitos.
Na sequência da implementação deste programa
já foi aprovada e entrou em vigor a lei que institui
os Conselhos Municipais e Comunais de Auscultação
e Concertação Social (respectivamente CMACS e CCACS),
o que representa um passo importante na configu-
ração de um poder local de acordo com o disposto
na Constituição Angolana.
Esta Lei teve como base as diversas experiências sobre
descentralização que começaram a ser desenhadas com
a desconcentração e a aprovação do Decreto-Lei 17/99,
de 29 de Outubro, referente à orgânica dos Governos
Provinciais, Administrações Municipais e Comunais.
Já neste diploma, o Governo transferia um conjun-
to de atribuições e competências para aqueles níveis.
Apesar deste exercício, as instituições administrati-
vas locais (municipal e comunal) ainda se limitavam,
em parte, a reproduzir as estruturas centrais do Esta-
do, quer nas suas formas organizativas, quer no modo
de funcionamento.
Posteriormente, a análise da situação, realizada atra-
vés de alguns estudos, resultou na elaboração do Plano
Estratégico sobre a Desconcentração e Descentralização
que enfatizou a importância e o carácter imperativo
e utilitário da sua institucionalização.
Na sequência dos problemas e recomendações iden-
tificados, o Governo de Angola decidiu aprofundar
a desconcentração e aprovou o Decreto-Lei 2/07, de 3
de Janeiro, que estabelece o quadro das atribuições,
competências e regime jurídico de organização e fun-
cionamento dos Governos Provinciais, das Administra-
ções Municipais e Comunais. Este novo diploma clarifica
princípios como o da desconcentração administrativa.
Os princípios que constam do Decreto-Lei 2/07, de 3 de
Janeiro colocam maior ênfase na criação de uma cultu-
ra de participação das populações na formulação das
decisões da Administração Local – torna-a democrática
e desburocratizada. Ao mesmo tempo prepara uma es-
trutura funcional muito próxima daquela que há-de re-
ger a Administração Autárquica. O actual contexto do
País promove a implementação do referido diploma.
Editorial
A implantação de um sistema descentralizado de admi-
nistração local é um processo gradual dadas as comple-
xidades técnicas e de gestão.
Os desafios fundamentais da Administração inscre-
vem-se nos domínios da redefinição e reordenamento
da estrutura administrativa, da criação e consolidação
dos instrumentos de gestão e de desenvolvimento dos
recursos humanos e da melhoria do funcionamento dos
serviços, com enfoque crescente para a promoção das
relações com o sector privado, sociedade civil e o cida-
dão em geral.
É no quadro do apoio a esse processo que o IMVF, em
parceria com a Administração Municipal da Ecunha
e Administração Comunal do Quipeio e com o apoio
da União Europeia (EU) e do Instituto Português de
Apoio ao desenvolvimento (IPAD) deu início, em finais
de 2005, aos projectos de apoio ao Conselho Municipal
da Ecunha e Conselho Comunal do Quipeio.
Actualmente, com este novo projecto, pretende-se
contribuir para reforçar a participação efectiva dos
cidadãos nos processos de tomada de decisão a nível
das estruturas de auscultação e concertação social do
Município da Ecunha.
2-3
O Projecto de Promoção da Governação Democrá-tica Local: Dinamização dos Conselhos de Auscul-tação e Concertação Social do Município da Ecunha e da Comuna do Quipeio, com uma duração de 30 meses, é executado pelo IMVF - Instituto Marquês de Valle Flôr, em parceria com a Administração Municipal de Ecunha e com o co-financiamentoda União Europeia.
O Projecto tem como área de intervenção o Municí-pio da Ecunha (Comuna Sede e a Comuna do Quipeio), na Província do Huambo, em Angola.
Os objectivosO Projecto tem como objectivo geral contribuir para a redução da pobreza e desenvolvimento sustentável do Município da Ecunha.
O objectivo específico é promover o reforço da gover-nação democrática local no quadro dos Conselhos de Auscultação e Concertação Social do Município da Ecunha e da Comuna do Quipeio.
Os beneficiáriosA acção visa apoiar directamente o funcionamen-to do Conselho de Auscultação Social do Município da Ecunha e do Conselho de Auscultação e Concertação da Comuna do Quipeio constituído pelos seguintes gru-pos-alvo:
- Administração Municipal da Ecunha e Administração Comunal do Quipeio- Organizações da Sociedade Civil - Autoridades Tradicionais- Sector Privado
Indirectamente, a acção beneficiará toda a população do Município da Ecunha (estimada em 73.858 habitantes).
As actividadesFormação dos Conselhos de Auscultação- Melhorar gestão organizacional e operacional-Reforçar capacidades de análise e descodificaçãoda realidade
Apoio ao Funcionamento das Organizaçõesda Sociedade Civil (OSC)- Entrega de equipamentos informáticos, energéticos, audiovisuais e de comunicação- Reabilitação dos locais de trabalho das OSC- Criação de um Fundo Bibliográfico
Reuniões dos Conselhos de Auscultação
Reforço Institucional e Capacitação de Centros de Documentação e informação (DCI)
Intercâmbios Nacionais e Internacionais
Elaboração de Ferramentas Informativas entre as quais se encontra esta Newsletter.
Apresentacao do projecto
A Conversa com…Agostinho KalikiAdministrador do Município da Ecunha
Qual o papel do Conselho Municipal de Auscultaçãoe Concertação Social (CMACS)?O Conselho de Auscultação e Concertação Social é um espaço privilegiado para a colaboração/cooperação e valorização mútua entre a Administração Municipal e a Sociedade Civil. Ele permite fazer diagnósticos realistas dos problemas do Município e tomar decisões partilhadas ou consensuais em conjunto com os mem-bros das OSC.
Qual a importância da participação da sociedade civil no CMACS?Os membros deste órgão de consulta ficam perma-nentemente informados sobre os progressos que vêem sendo alcançados pela Administração Municipal e sobre a gestão dos recursos financeiros do Estado, postos a disposição para a efectivação das competên-cias da Administração Municipal, no âmbito do Decre-to 02/07. Os membros que fazem parte dos conselhos sentem-se valorizados por sentirem que suas opiniões e ideias são tidas em conta. Deste modo as eventuais divergências no seio dos participantes, podem ser dimi-nuídas ou mesmo eliminadas.
Firmino CapitamoloResponsável de Documentação do Centro de Documen-tação e Informação (CDI)
Como vê o trabalho do CDI actualmente?Sentimos que o nosso trabalho melhorou graças ao apoio/cooperação que temos desenvolvido com o IMVF. Através desta cooperação tivemos o apoio em material informático e de uso corrente que tem estado a suportar nossas actividades laborais. Actual-mente, para o funcionamento do equipamento estamos a resolver alguns problemas com a energia eléctrica nas instalações do CDI, mas tal situação está sendo ultra-passada pelos responsáveis de tais serviços.Estamos neste momento a dar início ao trabalho de criação informatizada da base de dados e de catalo-gação das publicações.
Em termos de futuro como é que vê a evolução do CDI?Em termos de perspectivas considero que os aspectos mais importantes são os seguintes:• Formação dos quadros do CDI na área ligada a repartição.• Troca de experiência com outras administrações concretamente com o departamento do CDI.• Aquisição de mais publicações para o apetrecha- mento do CID, inclusive de documentos que retratem aspectos histórico, sociais e culturais do Município.• A ligação para o acesso a Internet. • Aquisição de máquinas para fotografias e filmagem e rádios/cassetes.
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Com o objectivo de promover o reforço da governação democrática local no quadro dos Conselhos de Auscul-tação e Concertação Social do Município da Ecunha e da Comuna do Quipeio, foram já efectuados diag-nósticos dos recursos humanos das Administrações Municipal da Ecunha e Comunal do Quipeio e das Or-ganizações da Sociedade Civil do Município da Ecunha. Este diagnóstico permitiu a detecção dos pontos fortese fracos da estrutura da Sociedade Civil e as necessida-des de intervenção para a melhoria do desempenho, nãosó das suas estruturas em si, como dos elementos que integram.
Apresentam-se agora os resultados obtidos em cada um dos casos:
Administração Municipal da Ecunha
1. A Administração do Município da Ecunha possui recursos humanos em número suficiente para o desem-penho das tarefas que lhe são actualmente incumbidas.2. O nível global dos recursos humanos em termos
de escolaridade é razoável.3. Existe um déficit em quadros técnicos com formação
superior.4. É indispensável a adopção definitiva de uma estru-
tura da Administração Municipal para se poder proceder a um enquadramento definitivo dos recursos humanos existentes com funções e tarefas bem definidas.5. Uma vez definida e implementada a estrutura have-
rá que implementar um sistema de avaliação periódica do desempenho dos recursos humanos.6. As principais necessidades de formação para
os recursos humanos que exercem funções de che-fia situam-se no domínio da informática e na área dos projectos (elaboração, gestão e avaliação).
7. As principais necessidades de formação para os recursos humanos que exercem funções administrati-vas são no domínio da informática, das tarefas puramen-te administrativas e na área dos projectos (elaboração, gestão e avaliação).8. No quadro do processo de desconcentração
e descentralização promovida pelo Governo Ango-la e do funcionamento do CMACS e de acordo com os objectivos do Projecto, torna-se necessário aprofun-dar o conhecimento desses conceitos e formas da sua aplicação na prática numa perspectiva da implementa-ção de um futuro poder local.
Administração Comunal do Quipeio
1. A Administração da Comuna do Quipeio possui recursos humanos em número superior para o desempe-nho das tarefas que lhe são actualmente incumbidas. 2. O nível global dos recursos humanos em termos
de escolaridade é razoável.3. Existem quadros com formação técnica que pode-
rão dar melhor rendimento no desempenho de tarefas técnicas específicas de acordo com a sua formação.4. É indispensável proceder a um enquadramento
dos recursos humanos existentes com funções e tarefas bem definidas. 5. Uma vez definido o enquadramento haverá
que implementar um sistema de avaliação periódica do desempenho dos recursos humanos.6. As principais necessidades de formação para
os recursos humanos que exercem funções de che-fia situam-se na área dos projectos e planos (elabo-ração, gestão e avaliação) áreas que terão de assumir ainda durante um largo período dada a dimensão da Administração da Comuna e na concepção e gestão de bases de dados. Alguma formação será necessária nas áreas Administrativas (redacção de cartas, ofícios, notas, pareceres e informações) dada a necessidade de supervisar a execução dessas tarefas.
Realizacao de Diagnosticos
7. As principais necessidades da formação destinada aos recursos humanos que exercem funções de Admi-nistrativos são nos domínios da redacção de cartas, ofícios, notas e pareceres, organização de arquivos, infor-mática, elaboração de planos de trabalho, organização dos arquivos e organizar dados estatísticos.8. No quadro do processo de desconcentração e des-
centralização promovida pelo Governo Angola e do funcionamento do CCACS e de acordo com os objec-tivos do Projecto, torna-se necessário aprofundar o conhecimento desses conceitos e formas da sua apli-cação na prática numa perspectiva da implementação de um futuro poder local.
Sociedade Civil
1. Apesar do esforço realizado no âmbito de acções an-teriores, o conhecimento do decreto-lei nº 2/07 por parte dos membros das organizações da sociedade civil ainda é muito ínfimo, o que leva a timidez dos mesmos aquando da realização do CMACS e dos CCACS, o que dificulta a sua implementação efectiva. 2 As organizações da sociedade civil não se encon-
tram em funcionamento pleno por falta de sinergias e redes de contacto entre elas.3. O inquérito demonstrou que os membros das or-
ganizações da sociedade civil apresentam grandes necessidades de superação em termos de métodos de organização e trabalho, em vários aspectos.4. As organizações da sociedade civil, com excepção
das estruturas religiosas, apresentam ainda um fun-cionamento deficiente muitas vezes devido ao facto de não terem sido criadas com base numa necessida-de evidente de cidadãos interessados em associarem-se para perseguir objectivos comuns5. No quadro do processo de desconcentração
e descentralização promovida pelo Governo Ango-la e do funcionamento do CMACS e de acordo com os objectivos do Projecto, torna-se necessário aprofun-dar o conhecimento desses conceitos e formas da sua aplicação na prática numa perspectiva da implementa-ção de um futuro poder local.
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Ficha TécnicaRedacção: IMVF (Manuel Barcelos e António Sapalo)Concepção Gráfica: Matrioska Design, Lda. Co-Financiamento: União EuropeiaDepósito Legal:Tiragem:
ContactosIMVF em Angola Avenida da Independência Prédio da Arcada-doce 2ºC Cidade do Huambo Província do Huambo, Angola Tel.: +244 924 683 040 / +244 914 113 187 E-mail: asapalo@imvf.org www.imvf.org
Administração Municipal da Ecunha Av. 11 de Novembro Município da Ecunha Província do Huambo, Angola Tel.: +244 925 500 992
ExecuçãoCo-Financiamento Parceiro
REPÚBLICA DE ANGOLAGOVERNO PROVINCIAL DO HUAMBO
ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL DA EKUNHA
Esta publicação foi produzida com o apoio da União Europeia. O seu conteúdo é da exclusiva responsabilidade do
Instituto Marquês de Valle Flôr e não pode, em caso algum, ser tomado como a expressão das posições da União Europeia.
UNIÃOEUROPEIA
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