Princípios reguladores da interação discursiva Maria Serafina Roque

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Princípios reguladores da interação discursiva

Maria Serafina Roque

Para que a comunicação entre as pessoas seja eficaz, é necessário que elas adequem a sua contribuição conversacional, no momento em que a mesma ocorre, às necessidades do propósito da troca conversacional em que participam.

Princípio de cooperação / Princípio de cortesia

Máxima da quantidade Máxima da qualidade Máxima da relevância (relação) Máxima da modalidade (modo)

Princípio de Cooperação

Máxima da quantidade

Onde vives?

Em S. Roque.

Numa casa de 7 assoalhadas de dimensões médias: 1 sala de jantar

e 1 sala de estar espaçosas; 3 quartos ; 2 WC; 1 garagem com

lugar para 2 carros, ao cimo da rua dos Piquinhos, em S. Roque do Pico, nos Açores…

No Pico.

O enunciado deve conter a informação necessária.

Máxima da qualidadePortugal

pertence à UE?

Não me lembro…

Claro que sim.Não.

O enunciado deve conter informação verdadeira.

Máxima da relevância Ainda não acabei o

relatório, meu amo…

Vamos à praia?

O meu avô nasceu em

1910.

O enunciado deve mobilizar informação pertinente, relevante.

Lamento, hoje não posso.

Máxima da modalidade

Pedi ao Pai Natal um daqueles computadores que não é bem um computador… bem, dá

para fazer coisas que se fazem no computador. Por exemplo, ouvir música, ver

revistas… e jogos. Deve haver uns jogos próprios para aquilo… Enfim, vai-se à net e está lá tudo. Aposto que aquele vírus que

está a exterminar as pens também lá estava… Pois, como eu ia dizendo, gosto do

Natal. Adorei receber as prendas no ano passado…

O enunciado deve ser ordenado, claro e breve.

A oferece um ramo de flores a B. Emocionada, B comenta:- Oh! São flores?A responde: - Não… são cenouras!

Um professor passa um exercício no quadro. Um aluno pergunta: - É para copiar para o caderno?

Responde o professor: Não. É para fotocopiar.

O humor e a violação das máximas conversacionais

Consiste na utilização de estratégias linguísticas destinadas a preservar as relações interpessoais e a evitar conflitos.

Em português são muitas as construções e os usos linguísticos motivados pela cortesia linguística.

Princípio de Cortesia

Expressões de cumprimento ou pré-sequências conversacionais (atos linguísticos rituais de natureza expressiva): Bom dia! Como está? E a família, tudo bem? Ora viva!

Sinais ou marcadores de acordoA: O governo tem tomado medidas fortemente penalizadoras!B: Ora bem! / Pois! / É verdade. / Exato… / mm mm!

EufemismosO rapaz acabou por faltar à verdade.

Tempos verbais Queria um café. Podia trazer-me um copo de água? Gostaria de me encontrar consigo. Poderia dizer-me que horas são? Tome outro café… para a viagem! ≠ Passe-me o sal.

DiminutivosSó um jeitinho (para eu poder passar)… (pedidos)Depressinha! (ordens)Juizinho nessa cabeça! (conselhos)Trago-lhe aqui um presentinho. (sinal de modéstia)Então, está boazinha? / Até loguinho! (sinal de simpatia ou de empatia).

Atos de fala indiretos Quer ler o texto? Importa-se de me passar o sal? Quer ter a gentileza de prestar atenção ao que eu digo?

Expressões de delicadezaChega-me esse caderno, por favor.Desculpe, mas não posso concordar consigo.