View
213
Download
0
Category
Preview:
DESCRIPTION
Livro produzido em 2008 sobre o Projeto Ponte da Obra Social Nossa Senhora das Graças em Parceria com a Aces e Fundação Otacílio Cozer.
Citation preview
Projeto Ponte Uma Experiência em Arte - Educação
Vitória , ES - 2008
Mara Perpétua Marcela Fraga
ACESAção Comunitário da Espírito Santo
Autoras: Mara Perpétua Banhos Pereira Marcela Fraga Gonçalves
Fotografia: Luara Monteiro
Projeto Gráfico: Interativa Edson Arcanjo Luara Monteiro
Revisão de Português: 1ª Versão- Miguel Marvila 2ª Versão Raquel Loureiro
Impressão: nome da Gráfica
1ª EdiçãoVitória (ES), 2008.
Esta publicação da sistematização do Programa Ponte. Uma parceria entre Aces, Fundação
Otacílio Cozer e OSNSG. A reprodução integral ou parcial do texto sob qualquer forma ou
quaisquer meio, requer autorização por escrito das instituições.
Incapacidade de Ser Verdadeiro
Paulo tinha fama de mentiroso. Um dia chegou em casa dizendo que vira no campo dois dragões da independência cuspindo fogo e lendo fotonovelas.A mãe botou-o de castigo, mas na semana seguinte ele veio contando que caíra no pátio da escola um pedaço de lua, todo cheio de buraquinhos, feito queijo, e ele provou e tinha gosto de queijo. Desta vez Paulo não ficou só sem sobremesa como foi proibido de jogar futebol durante quinze dias.Quando o menino voltou falando que todas as borboletas da Terra passaram pela chácara de Siá Elpídia e queriam formar um tapete voador para transportá-lo ao sétimo céu, a mãe decidiu leva-lo ao médico. Após o exame, o Dr. Epaminondas abanou a cabeça.- Não há nada a fazer Dona Coló. Este menino é um caso de poesia.
Carlos Drummond de Andrade
Agradecimentos
Agradecemos a todos que compartilharam conosco essa experiência em um esforço coletivo, possibilitando às crianças e aos adolescentes o acesso à arte como forma de expressão e conhecimento, proporcionando o desenvolvimento de seus potenciais e ampliação de seus saberes.
O nosso muito obrigada e reconhecimento aos educadores sociais, estagiários e voluntários que contribuíram com suas experiências para a construção dessa proposta metodológica; às diversas instituições que estiveram presentes, compartilhando suas dificuldades e seus êxitos; à Ação Comunitária do Espírito Santo, à Fundação Otacílio Coser e à Obra Social Nossa Senhora das Graças, que em parceria, nos chamaram a aceitar o desafio de construir novas formas de pensar a ação educativa. E finalmente, às crianças e aos adolescentes, propósito deste trabalho, que nos ensinaram como trilhar este caminho.
Mara Perpétua e Marcela Fraga
com o papel artesanal fizemos , formas, texturas, cores e muitos amigos!
Ivanete MarilzaEducadora social - Brinquedoteca
APRESENTAÇÃO
O produto aqui apresentado é o resultado da co-gestão em
investimento social privado, na área da educação, entre a Ação
Comunitária do Espírito Santo –(Aces) e a Fundação Otacílio
Coser. Dirige-se a um público qualificado mostrando como
atuam estruturalmente e quais os seus princípios norteadores na
realização do Projeto Ponte. “O pro de planejar, de ter vontade
e o jecto de pôr para fora, de disseminar, de multiplicar, de doar
nossos conhecimentos aos outros” (Lima, T.B. 1999), justifica
o entendimento do termo projeto como “a possibilidade de
construir, de organizar no sentido mais profundo a partir da nossa
vida. Mas é fundamental a coragem de socializar, disseminar
conhecimentos” (Lima, T.B.1999).
A Obra Social Nossa Senhora das Graças, situada na Cidade de
Vitória, no estado do Espírito Santo, realizava em 2001 atividades
de educação não-formal, na intenção de proteger crianças e
adolescentes em situação de risco social. Cheios de determinação
todos trabalhavam naquela organização almejavam uma
transformação na comunidade, imbuídos de boa vontade e
compromisso social. A parceria com essa organização, laboratório
da experiência aqui apresentada tornou possíveis as bases do
Projeto Ponte em 2003.
No ano de 2005 foi sistematizada a proposta metodológica
do projeto e no período de 2006 a 2008 a consolidação de
forma processual. Estabelecida a aliança estratégica entre os
parceiros, aos poucos a estrutura da rotina de atendimento e
gestão institucional foi desconstruída, sob os princípios da arte
e educação e seus novos conceitos, dando lugar a um trabalho
em sintonia, resultante de um mundo de oportunidades de
participação ativa. A transformação foi marcada pela preocupação
com a determinação e clareza do foco de atuação, que
transcendeu à benemerência. Como projeto, o Ponte contribuiu
para a ampliação do papel social da escola formal de origem
da clientela assistida pela Obra, como difusor de solidariedade,
participação e exercício de direitos que promovem a cidadania,
a elevação da auto-estima, a inclusão social, a ampliação do
universo cultural e o estreitamento dos laços comunitários de 200
crianças (diretamente envolvidas), suas famílias (indiretamente
envolvidas), técnicos, gestores, educadores sociais e outros das
comunidades adjacentes.
Na prática diária, as tarefas planejadas e desenvolvidas foram
inspiradas nos conteúdos verticais e transversais do currículo de
ensino fundamental e na realidade sócio-comunitária e familiar
das crianças e adolescentes. A partir de temas-eixos foram
realizadas oficinas integradas e estruturadas em três módulos.
O encerramento de cada módulo foi em forma de um evento
aberto à comunidade e especialmente às famílias dos envolvidos.
As crianças e os adolescentes foram protagonistas das atividades
apresentadas e ao mesmo tempo anfitriões da comunidade
convidada.
Este livro é referência para educadores e outros comprometidos
Ana Beatriz Lorch Roth Seledyr de Azeredo Gomes Joel Rodrigues Pacheco
Superintendente
Fundação Otacílio Coser
Gerente de Projetos Sociais
Ação Comunitária do Espírito Santo
Presidente
Obra Social Nossa Senhora das Graças
com a educação como meio de desenvolvimento social, num
país mais preocupado com a tarefa de fazer a escola chegar às
crianças e os insumos á escola, não tendo tempo de aprofundar-
se em métodos pedagógicos.
É possível a replicabilidade da metodologia em outros espaços
educativos, salvaguardadas as especificidades desses espaços,
considerando os conceitos e práticas institucionais de forma
integrada e integradora. Confiantes os envolvidos nessa aliança
estratégica, não mediram esforços para elevar o Ponte à condição
de Programa Ponte em 2008.
Nesta oportunidade destacamos que o investimento na melhoria
de qualidade de vida na infância e na juventude impõe-se como
prioritário, para muitas empresas que, como o Grupo Coimex
sem assumir o papel do Estado, atuam no lugar de instituição
mediadora, fortalecem estrategicamente as organizações sociais
parceiras e contribuem para o desenvolvimento do Terceiro Setor.
SUMÁRIO
Introdução 11Mudando para Crescer 12
Concepção do que é Ser Criança Hoje 13Espaço Socioeducativo 14 Função do Educador 16
Arte-Educação: Uma Área de Conhecimento 17
Fazer Significativo em Arte:s 19 Interação com as Manifestações artísticas 20Contextualização: 22
A Construção do Fazer Pedagógico 24
Ações Pedagógicas 24Eventos Socioculturais: 24 Organização Interna e Planejamento: 24 Espaços Educativos: Oficinas Socioculturais 25
O Trabalho Socioeducativo Realizado em 2005 26 Módulo Comunicação é tudo 30Equipe de Trabalho 34Planejamento e Avaliação 36Criando Pontes, Estreitando Laços 41Produções do Projeto Ponte 43Referências 44Fontes Consultadas 45A Bailarina 46
Sala de Leitura- Monteiro Lobato Varal de roupas Poesiasprodução coletiva
reciclagem
Todo dia na Obra Social é muito legal.A gente aprende brincandoCom Reciclagem de pano.
Na Sala de LeituraVamos fazer costurasConstruir Brinquedos,Casas com caixas de leite.E boneca para enfeite
As tampinhas , os anéis,as garrafas e os botôes são usados todo dia,transformando em alegriaa nossa fantasia
a criança se diverteaprendendo a reciclar,nas nossas brincadeirinhastodos vão se amarrar.
INTRODUÇÃO
No ano de 2000, a Ação Comunitária do Espírito Santo, a Fundação Otacílio Coser e a Obra Social Nossa Senhora das Graças firmaram parceria e, através do Programa Educação e Ambiente, realizaram ações socioeducativas com crianças e adolescentes dos bairros Romão, Forte de São João, Cruzamento e Ilha de Santa Maria, situados na periferia de Vitória, capital do Espírito Santo.
Em 2003, como resultado da avaliação das ações socioeducativas, nasceu o Projeto Ponte com o objetivo de construir um ambiente/espaço propositor de socialização e produção do conhecimento, através do acesso ao mundo da arte em suas linguagens, tendo como alicerce os conhecimentos da arte-educação.
Com o apoio dos parceiros, com a participação das crianças e dos adolescentes e, principalmente, com o suporte de uma equipe sem medo de mudar e ousar, o Projeto Ponte passou por inúmeras transformações que culminaram em 2005 na construção coletiva da sua proposta pedagógica de arte-educação comprometida com o desenvolvimento integral do público atendido. Um espaço intencional, sistemático e, ao mesmo tempo, prazeroso, onde crianças, adolescentes e adultos podem experimentar descobrir e aprender de forma ativa, crítica e criativa. Uma alternativa pedagógica voltada para uma educação democrática, para o exercício da cidadania.
Durante 2006 e 2007 a proposta foi aprimorada e consolidada, e, em 2008, o Projeto Ponte galga o status de Programa Institucional, norteando toda a práxis pedagógica da Obra Social Nossa Senhora das Graças, ampliando o número de atendimentos e parcerias envolvidas, momento adequado à publicação da sistematização da sua práxis pedagógica, como forma de partilhar a experiência no campo socioeducacional, contribuindo, assim, para a melhoria da qualidade da educação e para o resgate da identidade cultural de nossas comunidades, nossa cidade, nosso estado e nosso país.
Para facilitar a compreensão do caminho percorrido nessa construção coletiva, o conteúdo deste livro está divido em dois capítulos. O primeiro traz o processo de construção, os conceitos, referencial teórico e princípios básicos. O segundo relata como ocorrem a estrutura do atendimento, a organização do trabalho e a ação metodológica. A práxis pedagógica é ilustrada com parte do trabalho realizado em 2005, ano do grande salto qualitativo do Projeto Ponte, tanto no que se refere à sistematização da estrutura do atendimento quanto à natureza das atividades oferecidas ao grupo, constituindo-se em importante material didático para a formação de educadores sociais, para o fomento da discussão em torno da práxis pedagógica realizada pelo terceiro setor e ainda possibilitando a replicação da metodologia desenvolvida em outros espaços socioeducativos.
MUDANDO PARA CRESCER
Em 2002, a Obra Social Nossa Senhora das Graças realizava o Projeto Mudando para Crescer – Autônomo e Cidadão com o objetivo essencial de contribuir para o avanço qualitativo no atendimento das 90 crianças e adolescentes, de 7 a 14 anos, em horário alternativo ao da escola formal, oferecendo um trabalho voltado para o “reforço escolar” em duas salas de aula com 45 crianças e adolescentes em cada uma, uma sala de informática e uma biblioteca. O trabalho era pautado em uma prática pedagógica tradicional tanto na forma de compreender o processo ensino-aprendizagem como na organização e planejamento das atividades propostas, e, além disso, utilizava o cartilhamento para o ensino dos conteúdos.
Inspiradas no nome do projeto inicial “Mudando para Crescer”, começamos a desenvolver estratégias capazes de nos levar às transformações tão desejadas.
Ainda em 2002, criamos um espaço experimental, com atividades de artes visuais, realizadas no refeitório e na sala de informática da instituição das quais as crianças e os adolescentes participavam sob forma de rodízio. O envolvimento das crianças e dos adolescentes nessa nova dinâmica interna foi o caminho para reelaborarmos o Projeto para 2003, propondo aos parceiros uma mudança que envolvia tanto a estrutura do atendimento quanto a natureza das atividades oferecidas ao grupo. Assim surgiu o Ponte, um projeto em arte-educação em que todos os espaços se constituem em salas/ambientes pelas quais as crianças e os adolescentes circulam sob forma de rodízio.
No ano de 2004, o Projeto Ponte defendeu com sucesso, juntamente com seus parceiros, uma outra mudança que foi fundamental para o êxito do trabalho: as crianças e os adolescentes que até então
ficavam diariamente na instituição, em horário alternativo ao da escola formal e circulavam por todas as salas/ambientes passavam a escolher as atividades, dentre as muitas oferecidas, de acordo com seu desejo e/ou interesse.
Nas salas/ambientes funcionaram as diversas oficinas e o grupo atendido passou a não freqüentar obrigatoriamente todos os dias a instituição. Com isso, as crianças e os adolescentes puderam escolher as atividades com as quais mais se identificavam, participar de outros projetos oferecidos em sua localidade e viver mais em comunidade. Além disso, o Projeto pôde ampliar o número de atendimentos de 90 para 140 crianças e adolescentes. Ainda nesse ano, foi formado o Grupo de Adolescentes do Projeto Ponte, que passou a ser atendido pela manhã, com as mesmas oficinas oferecidas às crianças da tarde.
À medida que os desafios eram vencidos, percebíamos a necessidade de construir, como equipe, os conceitos básicos da nossa prática pedagógica, nos aproximando como educadores, sujeitos integrantes de todo o processo pelo qual estávamos passando: medo, dúvida, angústia e muita vontade de acertar. Foi o que nos uniu.
Quatro concepções e seus respectivos referenciais teóricos foram trabalhadas e se tornaram pontos norteadores da experiência: concepção de criança e adolescente; de espaço educativo; de educador; e de arte-educação como área de conhecimento.
CONCEPÇÃO DO QUE É SER CRIANÇA HOJE
Compreendemos a criança e o adolescente como sujeitos de direito - atores sociais autônomos, solidários, criativos e dignos - que devem participar das decisões que lhes dizem respeito, e, como beneficiários de obrigações por parte da família, da sociedade e do Estado, que devem propiciar-lhes as condições para o seu desenvolvimento integral, ou seja, para a transformação da potencialidade de cada pessoa em competências, atitudes e habilidades que lhes permitam viver, conviver, produzir e ampliar cada vez mais seu autoconhecimento e o conhecimento do mundo.
Respeitar as diferenças e os interesses pessoais de cada criança e de cada adolescente é promover a inclusão social. É através da percepção e da sensibilidade, afetiva e cognitiva, que cada criança faz sua leitura de mundo, descobre os textos e ressignifica as múltiplas linguagens em diferentes contextos. Por isso, é necessário propiciar o estabelecimento de relações sensíveis e ricas com o mundo, estímulos significativos geradores de idéias, sensações, pensamentos e conhecimentos, como afirma Kramer (1986): “Adultos e crianças, ambos sujeitos nas atividades educativas, são cidadãos, criadores de e criados na cultura, produtores da e produzidos na história, feitos de e na linguagem”.
Na construção em rede desse sistema simbólico de significações é que está o jogo lúdico. Vygostsky (1984) aponta para o fato de as crianças exercerem tarefas diversas dando a elas um caráter lúdico e particular. A criança, como sujeito social, brincando, não está só fantasiando, mas trabalhando suas contradições e ambigüidades, trabalhando valores sociais. O brincar não é uma característica específica do universo infantil, mas do ser humano, constituindo-se em uma fonte de prazer, criação e descobertas.
Pensar a criança e o adolescente como cidadãos de direitos possibilita entender esse universo tão singular, pois transforma o preconceito do “menor portador de carências” em sujeito pleno de direito ao desenvolvimento integral e da “criança-problema” em cidadão com total potencialidade de futuro.
Mudar o processo metodológico, passando de uma abordagem tradicional de
ensino para uma proposta democrática e libertadora, provocou-me também
uma mudança de mentalidade.Esse trabalho sócio-educativo não se limita a
uma aprendizagem isolada (...), mas direciona-se à construção de valores fun-
damentais, para o exercício e formação da cidadania.O interessante é que nesse
processo, todos vivenciamos um aprendizado mútuo, trocando conhecimen-
tos, aonde todos se beneficiam e se desenvolvem enquanto pessoas .
Margarida Morais
Educadora Social - sala de leitura monteiro lobato
13
Entendido como lugar de construção coletiva. Assim, no espaço socioeducativo, cada sala, parede, brinquedo, móvel e livro assume múltiplas funções a cada instante em que é manipulado e explorado pelas crianças e adolescentes. O estar com o outro passa a ser um exercício de auto-conhecimento e de convívio com a diferença, sendo o educador cúmplice desse jogo: é ele quem orienta e desafia o grupo para novas descobertas.
O espaço socioeducativo é o espaço educativo transformado em um laboratório de intensas vivências coletivas, um território cultural que é bagunçado, arrumado, rearranjado, construído e reconstruído incessantemente. Um espaço/ambiente propositor e estimulador da produção do conhecimento e da interação entre sujeitos, participantes ativos na construção coletiva.
Algumas estratégias foram adotadas a fim de redimensionar os espaços, considerando-se que dinamizar o espaço físico é potencializá-lo para que se constitua em espaço social construído nas relações, no coletivo, e com o esforço de todos. Com esse objetivo, os seguintes procedimentos foram realizados:
•“mutirão” para limpeza, pintura e organização do espaço;
•troca de “mesas de braço” tradicionais por mesas coletivas;
•mudança da disposição em fileiras de cadeiras e mesas para a disposição em círculo, deixando espaço livre para usar o chão;
•exposição de jogos, brinquedos e materiais didáticos de modo a ficarem à mão, para uso de todos;
•eliminação dos quadros-negros, transformando-os em painéis de comunicação do/para o grupo;
•instalação de painéis feitos com folhas inteiras de compensados nas salas, refeitório e corredores para criar novos espaços de exposição;
•paredes livres dos desenhos estereotipados, feitos a priori pelos adultos, para dar lugar a ricas imagens de significação para as crianças e adolescentes que fizeram parte das atividades desenvolvidas;
CONSTITUIÇÃO DO ESPAÇO EDUCATIVO
•otimização de uma pequena área lateral, que, com duas mesas de cimento e banquinhos, se transformou na “Praça do Mosaico”;
•transformação da tradicional biblioteca em “Sala de Leitura Monteiro Lobato”, com uma dinâmica de atividades diversificada, sem se restringir apenas a livros e estantes, mas tornando-se um espaço propositor de acesso ao mundo das leituras e das produções textuais;
•construção, no pátio interno, de um tablado de madeira para as apresentações dos grupos de teatro, música e dança (espaço do palco);
•desmembramento, na área destinada ao refeitório, das mesas e cadeiras enfileiradas em corredores, passando as refeições a ser servidas no sistema self-service ;
•transformação de salas de aulas em salas/ambientes, passando cada uma a ter um design próprio, de acordo com a atividade desenvolvida naquele espaço.
“ Aqui a gente aprende coisas
que a gente nem imaginava
que existisse.”
Kayane - 8 anos
participante do projeto ponte
Praça do Mosaico
FUNÇÃO DO EDUCADOR
Diante das mudanças e da retomada de concepções tão importantes
para nossa prática educativa, a reflexão sobre a concepção de
educador não podia faltar. Precisávamos responder a pergunta:
Quem é o educador, qual a sua função nesse processo?
Nesse processo de construção do conhecimento, o educador é
um mediador, um provocador, tendo como base para o ensino-
aprendizagem o uso de artefatos culturais, das idéias e dos rituais
que constituem a experiência cultural da comunidade.
Sabemos que crianças e adolescentes aprendem e desenvolvem-se
à medida que vivem novas experiências, trocando afetos e saberes,
e que é através da mediação feita pelo outro que se inserem no
mundo. Aliás, é assim que nos apropriamos da cultura de nosso
grupo. Em contato com vizinhos, amigos e familiares aprendemos
as regras do viver coletivamente. O educador, no entanto, difere de
outros adultos, pois suas ações possuem uma intenção educativa.
Reconhecendo e valorizando o que as crianças e os adolescentes
sabem e trazem para o grupo, respeitando seus sentimentos e
desejos, o educador deixa de ser aquele que sabe de tudo, o que
tem as verdades prontas para serem repassadas em conteúdos fechados e compartimentados em momentos estanques, para ser alguém também em formação, em processo de transformação. Freire, em seu livro Pedagogia da Autonomia (1996), discorre sobre o educador e sua constante formação, e afirma que ensinar exige consciência do inacabamento: “Como professor crítico, sou um ‘aventureiro’ responsável, predisposto à mudança, à aceitação do diferente.” (p. 50).
Garrido (2001) faz considerações importantes quanto ao papel mediador do educador e sua relação com o conhecimento e com o ensino-aprendizagem:
É coordenador e problematizador nos momentos de diálogo em que
os alunos tentam justificar suas idéias. Aproxima, cria pontes, coloca
andaimes, estabelece analogias, semelhanças ou diferenças entre a
cultura “espontânea” e informal do aluno, de um lado, e as teorias e as
linguagens formalizadas da cultura elaborada, de outro, favorecendo o
processo interior de ressignificação e retificação conceitual. Explicita os
processos e procedimentos de construção do conhecimento em sala
de aula, tornando-os menos misteriosos e mais compreensíveis para
os alunos. Ao fazer os alunos pensarem, ao invés de pensar por eles,
está favorecendo a autonomia intelectual do aluno e preparando-o
para atuar de forma competente, criativa e crítica como cidadão e
profissional. (DOMINGUES; PESSOA, 2001, p. 130)
ARTE - EDUCAÇÃO: UMA ÁREA DE CONHECIMENTO
Definir a linha teórica suporte do nosso projeto foi o maior desafio que enfrentamos. Ter a arte-educação como área de conhecimento norteadora de todas as nossas atividades implicou na construção de um referencial a que todos tivessem acesso. Tarefa difícil, principalmente por ser essa área tão marginalizada no currículo escolar ou, quando valorizada, utilizada como meio para a auto-expressão e o espontaneísmo, em lugar de ser considerada como um corpo organizado de conhecimento.
Para construir esse novo olhar diante do ensino da arte o grupo debruçou-se sobre a literatura da área a fim de conhecer os pressupostos conceituais existentes.
Encontramos na proposta triangular para o ensino da arte, de Ana Mae Barbosa as bases para o nosso trabalho. Para ela
[...] um currículo interligando o fazer artístico, a história da arte e análise
da obra de arte estaria se organizando de maneira que a criança, suas
necessidades, seus interesses e seu desenvolvimento estariam sendo
respeitados e, ao mesmo tempo estaria sendo respeitada a matéria a
ser aprendida, seus valores, sua estrutura e sua contribuição específica
para a cultura (BARBOSA, 1991, p. 35).
Vermelho
Coração
Laranja
com
cenoura
amarelo
tranquilidade
verde
lima
limão
Verde
silvestre
lindo
flitz
Azul
da
praia
azul
tubarão
azul
chuva
roxo
do
sonho
Rosa
de
beijo
17
Assim, a proposta triangular envolve três vertentes: o fazer artístico, a leitura de imagens e a história da arte.
O intercruzamento de padrões estéticos e o discernimento de valores
devia ser o princípio dialético a presidir os conteúdos dos currículos na
escola. Através da magia do fazer, da leitura deste fazer e dos fazeres
populares e eruditos, e da contextualização destes artistas no seu
tempo e no seu espaço. (Barbosa, 1991, p. 34)
É a partir dessa proposta metodológica que desenvolvemos nossas atividades, criando momentos de interação entre os vários lados da triangulação. No Projeto Ponte a proposta triangular acontece da seguinte forma: se através da experiência sensível, da descoberta, porém sem atividades com exercícios repetitivos, modelos prontos para a mera execução ou apenas um jeito de ser.
Fundamental é a pluralidade dos modelos: um amplo leque no qual o jovem poderá fazer escolhas, em direção daquilo que melhor lhe convém. Não se trata de imitar, copiar, reproduzir certos detalhes de tais procedimentos, mas admirar sucessos de vários tipos, revivê-los, olhando-os, contemplando-os, habituando-se a isso, tentando reencontrar em si mesmo um pouco de tal estilo, de tal perspectiva sobre o mundo. (SNYDERS, 1988, p. 255)
Martins (1992) reforça o conceito do que seja o “fazer significativo” no espaço educativo quando propõe que as atividades devem propiciar o estabelecimento de relações ricas e sensíveis com o que está sendo produzido: mediar o sujeito com seu mundo, e não fazer/dever.
Nesse sentido, as atividades e os conteúdos desenvolvidos priorizam fundamentalmente a participação das crianças e dos adolescentes nas situações de verdadeira produção de sentido para todos os que estão envolvidos no processo de interação: arte e educação.
18
É através do fazer que podemos descobrir as possibilidades e as limitações das linguagens expressivas, de seus diferentes materiais e instrumentos. No entanto, essa produção artística não se refere ao aspecto decorativo ou a fixação de conteúdos: é a expressão pessoal a partir do repertório de cada sujeito, é a expressão do olhar sob o mundo das coisas e sua relação com o outro. A coordenação motora e as habilidades técnicas também serão desenvolvidas por meio da arte, porém sem atividades com exercícios repetitivos, modelos prontos para a mera execução ou apenas um jeito de ser, e sim do prazer e da liberdade em construir o seu próprio trabalho, expressar-se através da experiência sensível, da descoberta.
Fundamental é a pluralidade dos modelos: um amplo leque no qual
o jovem poderá fazer escolhas, em direção daquilo que melhor lhe
convém. Não se trata de imitar, copiar, reproduzir certos detalhes de
tais procedimentos, mas admirar sucessos de vários tipos, revivê-
los, olhando-os, contemplando-os, habituando-se a isso, tentando
reencontrar em si mesmo um pouco de tal estilo, de tal perspectiva
sobre o mundo. (Snyders,1988:255)
Martins (1992) reforça o conceito do que seja o “fazer significativo” no espaço educativo, quando propõe que as atividades devam propiciar o estabelecimento de relações ricas e sensíveis com o que está sendo produzido: mediar o sujeito com seu mundo, e não fazer/dever.
Nesse sentido as atividades e conteúdos desenvolvidos devem priorizar fundamentalmente a participação das crianças e adolescentes, situações de verdadeira produção de sentido para todos os que estão envolvidos no processo de interação: arte e educação.
FAZER SIGNIFICATIVO EM ARTES
HISTÓRIA DA ESCRITA SALA DE LEITURA MONTEIRO LOBATO
19
ser criança
criança brinca, estudacorre, passeiacanta dança e pula
passeia e tudo isso é diversãoé bom ser criança
pode ser brnca, loira ou negranão importa a cor
o importânte é sermos amigose brincar sem brigasomos felizespor sermos criançase nunca deixaremos de sermesmo adultos,queremos ser amigosdançar e brincar pra valer
Sala de Leitua - Varal de Poesias
produção coletiva
É conhecer a História da Arte e apreciar o que foi e o que é desenvolvido como produção de arte. Propõe contato com desenhos, pinturas e esculturas por meio de reproduções em livros e revistas e de visitas às ruas do bairro, a museus e a exposições. Incentiva o conhecimento da música erudita ou contemporânea, da música popular em suas várias manifestações, através de audições de CDs, rádio e também de alguém tocando algum instrumento (um colega tocando atabaque, por exemplo). Estimula, ainda, a apreciação do teatro e da dança, através de apresentações, espetáculos produzidos coletivamente na escola, assim como a fotografia, o vídeo e o cinema. Na arte, a leitura crítica do mundo que nos cerca acontece de forma subjetiva e não segue uma regra comum, uma lógica sobre o objeto em foco ou apenas um único ponto de vista. Ler a obra de arte pressupõe um mergulho dentro de cada um em busca dos próprios conhecimentos, sentimentos e desejos, e um incentivo à imaginação e à criatividade, a fim de gerar novas significações para o mundo, crescendo intelectualmente _ construir o conhecimento sobre uma experiência poética/estética. Assim, apreciar esteticamente é mais do que achar bonito ou feio, é poder olhar
criticamente a expressão artística como linguagem inserida em um determinado tempo e espaço.
A idéia de leitura da imagem é construir uma metalinguagem da
imagem. Não é falar sobre uma pintura, mas falar a pintura num outro
discurso, às vezes silencioso, algumas vezes gráfico, e verbal somente na
sua visibilidade primária.
Nossa concepção de história da arte não é linear, mas pretende
contextualizar a obra de arte no tempo e explorar suas circunstâncias.
Em lugar de estarmos preocupados em mostrar a chamada “evolução”
das formas artísticas através do tempo, pretendemos mostrar que a arte
não está isolada de nosso cotidiano, de nossa história pessoal.
Apesar de ser um produto da fantasia e imaginação, a arte não está
separada da economia, da política e dos padrões sociais que operam na
sociedade. Idéias, emoções, linguagens diferem de tempos em tempos
e de lugar para lugar e não existe visão desinfluenciada ou desolada.
Construímos a história a partir de cada obra de arte examinada pelas
crianças, estabelecendo conexões e relações entre outras obras de arte
e outras manifestações culturais (BARBOSA, 1998, p. 19).
INTERAÇÃO COM MANIFESTAÇÕES ARTÍSTICAS
21
Significa trazer esses saberes para a realidade dos educandos. Assim, seus conhecimentos produzirão sentido. A contextualização pressupõe uma abordagem de estudos realizados que sejam de conhecimento dos educandos e, a partir daí, ampliar seus saberes. Contextualizar é resgatar o contexto atual a fim de produzir significação para quem aprende. É a partir da leitura das inúmeras formas de representação humana que construímos idéias, adicionamos elementos novos ao que já sabemos, ampliamos nosso repertório pessoal e enriquecemos o mundo.
Martins (1992) contribui com nossas reflexões acerca do ensino da arte quando fundamenta as ações educativas em duas metas interdependentes como duas faces da mesma moeda:
Desvelar o repertório pessoal de cada indivíduo – é incentivar o outro a “falar”, a expressar, desafiando seu pensamento e instigando-o a socializá-lo; é dar espaço para que ele se coloque como sujeito; é conhecer mais de perto seus desejos, sua percepção de mundo e seus sentimentos.
Ampliar esse repertório pessoal – é propiciar ao outro avanço, desenvolvimento e conhecimento de novos elementos que venham a contribuir com o enriquecimento cada vez maior dos saberes que já traz o sujeito, permitindo a apropriação do objeto de conhecimento: arte, através do trabalho com os códigos das linguagens artísticas e do contato com as produções de outras crianças, adolescentes, adultos e artistas.
O desvelamento da expressão e a ampliação dos conhecimentos apenas vão ocorrer com a interferência do educador, que será o propositor e o facilitador de uma alfabetização cultural. [...] A Arte é objeto de conhecimento. É o registro da percepção inteligente, da
imaginação (MARTINS, 1992, p. 12).
Concomitante ao estudo dos conceitos básicos e do referencial teórico trabalhamos os princípios essenciais no desenvolvimento das oficinas propostas, dos conteúdos e das estratégias pedagógicas adotadas. São eles:
•a identidade cultural a partir do universo multicultural;
•a descoberta, a autonomia e a pesquisa como propulsoras do conhecimento científico e da expressão estética;
•a valorização das diferentes experiências e saberes que crianças e adolescentes trazem, proporcionando a ampliação do conhecimento através de sua contextualização;
•a ludicidade, na qual o pensar e o fazer são ações indissociáveis, voltadas para o prazer e a expressão pessoal;
•a integração das diferentes áreas do conhecimento, em um trabalho interdisciplinar;
•o desenvolvimento do potencial criativo, voltado para a superação de bloqueios e preconceitos, ressaltando a auto-confiança e a auto-imagem positiva.
•o desenvolvimento das competências básicas: relacionais, cognitivas, produtivas e pessoais.Construir em grupo as concepções acerca do universo infanto-juvenil, do espaço socioeducativo, do papel do educador, da arte educação e dos princípios essenciais ao desenvolvimento da proposta pedagógica foi extremamente importante para que tivéssemos no Projeto uma atitude reflexiva frente ao desafio que é apostar em uma educação pautada no acesso à cultura como um direito do cidadão decorrente da qualidade de vida que deve dispor.
Contextualização:
“Trabalhar no Ponte acabou me abrindo portas para desenvolver meu trabalho com Arte em outros espa-ços educativos”
Sônia Alves Educadora Social- Oficina de Artes Visuais
A CONSTRUÇÃO DO FAZER PEDAGÓGICO
A estrutura de desenvolvimento do trabalho
Ao iniciarmos o trabalho, a primeira semana foi destinada ao planejamento das ações do Projeto durante o ano. Toda a equipe envolvida reuniu-se, nessa ocasião, a fim de elaborar um calendário anual, em que foram previstas as atividades e as datas de realização. Organizamo-nos a partir de três ações integradas, aqui separadas para efeito didático:
Ações pedagógicas:
Dizem respeito às oficinas socioculturais, aos conteúdos, às estratégias pedagógicas e aos eixos temáticos que se constituirão nos módulos de trabalho. São ações que envolvem diretamente as crianças e os adolescentes.
Eventos socioculturais:
Atividades que visam a aproximar o trabalho realizado pelos grupos sociais afins, buscando ou reforçando as parcerias. Momentos de encontro entre a família, a comunidade, a escola e o Projeto, através de reuniões, palestras, apresentações, exposições e outros.
Organização interna e planejamento:
Tempo destinado à organização do espaço, a reuniões de capacitação, ao planejamento das atividades e à troca de experiências entre todos os envolvidos no trabalho.
Definidas as ações do Projeto, ficamos cúmplices quanto às atividades e ao tempo destinado a elas, facilitando o trabalho da assessoria, da coordenação e dos educadores, permitindo uma visão globalizada das atividades do grupo, e não apenas da atuação de cada um.
Espaços educativos: oficinas socioculturais
O passo seguinte foi o planejamento das atividades das oficinas socioculturais. Ao todo oito espaços foram oferecidos às crianças e adolescentes em horário alternativo ao da escola formal sendo que cada participante pôde escolher as oficinas a serem freqüentadas em horários estabelecidos.
As oficinas possuem conceitos e objetivos bem definidos por tratarem de linguagens específicas com diferentes meios e modos de existir. No entanto, a forma de organizar, planejar e desenvolver o trabalho pedagógico propõe a interação entre todas as oficinas, sem que suas especificidades se percam.
Na construção do itinerário formativo é que são enfatizados os princípios pedagógicos da interdisciplinaridade e da contextualização do conhecimento. Mesmo tendo a arte como área norteadora, as diferentes áreas de conhecimento dialogam permanentemente garantindo, a todo tempo, o cruzamento dos diferentes saberes para se investigar, problematizar e estudar um tema.
Exercitar a autonomia na escolha de um itinerário formativo talvez seja o que há
de mais difícil para muito de nós. Nós não estamos acostumados a isso por muitas
razões. A primeira delas é porque passamos muitas décadas, principalmente as duas
de ditadura, durante a qual o controle burocrático estimulou a burocratização da
escola e da própria prática docente. A segunda é porque a autonomia pressupõe
correr riscos e, eventualmente, errar; isso demanda disponibilidade ao risco e um
novo entendimento do erro, como algo construtivo, coisa fácil de dizer, mas difícil de
praticar (DOMINGUES; PESSOA, 2001, p. 44).
OFICINAS CONCEITOS CHAVES OBJETIVOS PARTICIPANTES
SALA DE LEITURA MONTEIRO
LOBATO
EscritaOralidade
Leitura
- Estimular o desenvolvimento das linguagens, como instru-
mentos de interação humana;- oportunizar o acesso ao
mundo da leitura visual, oral e escrita;
- propiciar o uso da língua materna em suas diferentes
funções sociais.
88 crianças e
40 adolescentes
INFORMÁTICA Tecnologia digitalInternet
- Possibilitar a inclusão digital das crianças e adolescentes;
- propiciar o uso do computa-dor como ferramenta para o
acesso à informação.
79 crianças e
40 adolescentes
TEATROEspaço cênico
Jogos dramáticosExpressão corporal
- Explorar a expressão corporal como forma de expressão e
comunicação;- estimular a criação e a im-provisação, através de jogos
dramáticos;- identificar os elementos com-
positores do teatro (cenário, espaço, figurino, sonoplastia,
maquiagem, adereços e iluminação);
- conhecer as diferentes mani-festações teatrais e suas vari-ações no tempo e no espaço.
37 criançase
40 adolescentes
Sem dúvida, foi em 2005 que o Projeto Ponte deu seu grande salto qualitativo, com a construção coletiva e a sistematização da sua práxis pedagógica.
O trabalho socioeducativo realizado em 2005
OFICINAS CONCEITOS CHAVES OBJETIVOS PARTICIPANTES
Musicalização Composição
InstrumentalizaçãoInterpretação
- Desenvolver o canto individual e coletivo;- possibilitar o acesso
a técnicas de instrumentalização;
- propiciar a criação e a interpretação musical;
25 criançase
18 adolescentes
PercussãoRitmos, timbres evariações sonorasSons percursivos
-Possibilitar a pesquisa de diversos sons e timbres;
- explorar a música como linguagem artística a de
comunicação e expressão humana;
- construir instrumentos sonoros a partir da
pesquisa e da experiência.
45 crianças e
40 adolescentes
Artes visuais
CorFormaLinhaPlano
Espaço
- Propiciar a construção bidimensional e tridimensional; - proporcionar a composição
a partir dos elementos da linguagem visual;
- conhecer diferentes meios e modos da produção imagética;- reconhecer nas artes visuais
uma produção ligada a um determinado tempo e espaço.
74 criançase
40 adolescentes
27
OFICINAS CONCEITOS CHAVES OBJETIVOS PARTICIPANTES
Capoeira e maculelê
Expressão corporalMovimento
Ritmo
- Promover o jogo corporal com suas regras e combinações;
- explorar o movimento ritmo da capoeira e do maculelê;- reconhecer a capoeira e o
maculelê como manifestações culturais.
48 criançase
40 adolescentes
BrinquedotecaJogos e brinquedos
- Criar um ambiente voltado para o faz-de-conta e o jogo
simbólico;- desenvolver jogos com regras e a construção de brinquedos
artesanais;- propiciar relações interativas
(criança-criança, criança-adoles-cente, criança-adulto, e o meio
41 crianças e
34 adolescentes
As inúmeras transformações pelas quais o Projeto passou demandaram da equipe de trabalho uma postura crítica e criativa diante dos desafios
que lhe eram apresentados.
Foi a partir da integração da equipe de trabalho que pudemos construir uma proposta democrática com base na diversidade cultural que já
está posta quando se reúnem diferentes adultos, crianças e adolescentes com o desejo do encontro – a troca de experiências e saberes.
Adolescentes/Manhã
40 participantesAtendimento às segundas, quartas e sextas-feiras
das 8h30 às 11h30
Crianças/Tarde
100 participantesAtendimento de segunda a sexta-feira
das 13h às 16h30
28
O Grupo de Percussão Batuquê foi uma experiência musical de pesquisa e construção de cidadânia, tanto que ele se tornou o projeto sou do som .
Igor soares educador social- Oficina de percussão
O trabalho das oficinas acontece de forma integrada, pois possui o
mesmo eixo temático, um assunto que perpassa todas elas.
O eixo temático é mais do que um tema ou um conteúdo a ser
estudado, é uma provocação para o debate, uma questão de
qualquer natureza para ser discutida e polemizada por todos os
envolvidos.
Cada eixo temático escolhido vem carregado de conhecimentos
de toda ordem, preconceitos e diversas opiniões para o mesmo
assunto. É assim que acabamos por precisar de conhecimentos de
outras áreas do saber para ampliar e construir um caminho ligado
à expressão e à produção do conhecimento. O eixo temático
funciona como um fio condutor do trabalho e a sua definição dá-
se na construção coletiva a partir de uma discussão que já tenha
sido trazida pelo grupo, que ganha espaço e se torna um foco de
estudo.
Durante o ano desenvolvemos três eixos temáticos, que são
trabalhados em módulos distintos. No entanto, o tempo destinado
a cada módulo não é previamente determinado: podemos ter um
módulo com quatro meses e outro com dois meses, de acordo
com o itinerário formativo escolhido.
Com o objetivo de mostrar a organização de um módulo de
trabalho e seu planejamento coletivo utilizamos, como exemplo,
o Módulo “Comunicação é Tudo!”, desenvolvido pelo Projeto Ponte
no ano de 2005.
Módulo: Comunicação é Tudo!
Período: 04/06 a 14/10/2005
Tema Central: Diferentes formas de comunicação e expressão
humana.
Objetivo Geral: Propiciar o conhecimento das diferentes
formas de comunicação construídas pelo homem e como estas
linguagens de expressão se interagem no cotidiano de nossas
30
OFICINA: CONTEÚDOS:ESTRÁTÉGIAS
PEDAGÓGICAS:RECURSOS DIDÁTICOS
RECURSOSO MATERIAIS
Sala de Leitura Monteiro Lobato
- História da Escrita e sua evolução ao longo dos tempos
- Código Alfabético
- Arte pré-histórica (pintura rupes-tre)
- Fontes de informação nos dias atuais
- Criação de um alfabeto pa-ralelo interno (novos signos)
- Produção de textos individu-ais e coletivos
-Produção de plaquinhas de argila (escrita cuneiforme) em
baixo relevo- Criação de um Jornal Mural
- Criação do nome e logomar-ca do Jornal (interação com a
oficina de Informática)- Construção coletiva de uma
“caverna”- Produção de desenhos e pin-
turas- Desenhos sob couro (piro-
grafia)
- ZATZ Lia, Aventura da escrita, História do desenho que virou le-
tra. São Paulo: Moderna, 1991.
- MANGE, Marilyn Diggs, Arte Bra-sileira para crianças. São Paulo:
Martins Fontes, 2002.
- PERES, Sandra; TATIT, Zé. Canti-gas de Roda, São Paulo: Coleção Palavra Cantada Produções Musi-
cais, 1998.1CD.
BEDRAM, Bia . A Caixa de Música de Bia, Rio de Janeiro: Angelus,
1996.1 CD.
- Argila- Papel Kraft
- Palitos- Lápis de cera
- Carvão- Retalho de Couro (100X80
cm)- Pirógrafo
Brinquedoteca
- A oralidade como elemento de interação com o outro
- Histórias acumulativas
-Jogos e brincadeiras coleti-vas
- Produção de brinquedos através da sucata
- Leitura do Livro: Cambaxirra (jogo dramático)
- Organização do II Acampa-mento da Paz (Manguinhos
– Serra
WEISS Luise, Brinquedos e enge-nhocas, Atividades lúdicas com sucata. São Paulo: Ed.Scipione,
1997.
- PERES, Sandra; TATIT, Zé. Can-ções de Brincar, São Paulo : Cole-ção Palavra Cantada Produções
Musicais, 1996.1CD.
-MACHADO, Ana Maria, Camba-xirra, São Paulo: Pioneira, 1980.
- Novos Brinquedos de ta-buleiro: Cara a cara, Xadrez,
Ludo e Dama
OFICINA: CONTEÚDOS:ESTRÁTÉGIAS
PEDAGÓGICAS:RECURSOS DIDÁTICOS
RECURSOSO MATERIAIS
Informática
- As novas tecnologias de informação
- Jornal virtual
- Comunicação verbal
- Enciclopédia: termos usados na informática
- Produção de um jornal virtual (nome, logo e pro-
gramação visual)
- Acesso à internet e a utilização de e-mail
- Produção de um jornal em audiovisual (gravação,
edição e exibição)
- Correio da Amizade: cor-respondências internas (código de postagem, selo,
endereço e entrega)
-Câmara de vídeo
- Fitas de vídeo VHS
-Mídias virgens
Teatro
- História do uso da máscara no teatro
-Os códigos teatrais
- Construção de Máscaras (Papietagem)
-Jogos dramáticos- Brincadeiras coletivas- III Festival de Teatro e
Dança da OSNSG - CEFETES- Cia. Teatrosnsg (Grupo de
Teatro)
- BANDA DE CONGO, panela de barro de goiabeiras. Brincar o Congo no Espírito Santo. Vitória:
Lei Rubem Braga, 2003.1 CD.
- PERES, Sandra; TATIT, Zé. Canções do Brasil, São Paulo :
Coleção Palavra Cantada Produções Musicais, 2001.1CD.
_ Cola branca- Cola quente
- TNT (várias cores)
OFICINA: CONTEÚDOS:ESTRÁTÉGIAS
PEDAGÓGICAS:RECURSOS DIDÁTICOS
RECURSOSO MATERIAIS
Musicalização
Instrumentalização: flauta Doce
- O Rádio e a sua de informar e produzir cultura
- Roteiro: Programação mu-sical e informativa
- Organização Rádio Ponte- Jingue para a rádio
- Programação semanal- Visita ao Studio de rádio do CEFE-
TES- Veiculação diária da programação
Variados CDs (diferentes gra-vações a disposição dos par-
ticipantes)
- Flautas Doces- CDs
- Mídias Virgens- Som
- Caixas de Som- Microfone
Percussão- Ritmo africano – Aponingé- Pesquisa de instrumentos
alternativos
- Grupo Batuquê de Percussão- Pesquisa de sons e produção de
instrumentos alternativos- Orquestra de Colher
MERCURY, Daniela. Música de Rua. Rio de Janeiro: Sony,
2000.1 CD.
- Colheres Inox Grandes-Arame maleável
- Prego- Fita adesiva larga- Sucatas em geral
Artes Visuais
- O Desenho como lingua-gem gráfica
-A linha como recurso ex-pressivo
- Vida e obra de Pablo Picas-so
- Construção de painel informativo: Você conhece Pablo Picasso?
- Desenho com variadas pontas fi-xas (lápis, caneta, pincel)
-Desenho com fios (arame, barban-te, lã e linhas)
-Desenhos com tinta sob vidro e es-pelho
- Leitura de imagem: Desenhos de Pablo Picasso
PICASSO Pablo, Picasso em uma só linha. Rio de Janeiro:
Ediouro, 1998.
BERNADAC Marie-Laure, Pi-casso, o sábio e o louco. Galli-
mard: Objetiva, 1986.
- Reproduções xerográficas: obras de Pablo Picasso
-Xerox colorida- Arame fino. Galvaniza-
do, maleável- Lã colorida
- Linhas coloridas- Barbante
- Tinta guache- Pinceis
- Recorte de espelho e vidro
Capoeira e Maculelê
-A Dança como manifesta-ção cultural
- a Escravidão no Brasil- Leitura de Imagem: Obra
do artista Debret- História da Capoeira e do
Maculelê
- Leitura de imagem: Obras do artis-ta de Debret
-Construção de um livro coletivo, com os registros pesquisados
- Rodas de Capoeira e Maculelê (movimento, repertório e instru-
mentos)- Construção artesanal do instru-
mento Berimbau
- Reproduções xerográficas: obras de Jean Debret
- Xerox Colorida- Papelão
- Corda fina (sisal)
EQUIPE DE TRABALHO
O papel da equipe de trabalho é “promover o outro”, o crescimento
em um movimento de superação, de criação de um meio rico e
aberto para a ampliação de oportunidades e para o acesso aos
bens culturais. Isso inclui todos os envolvidos nesse processo
construtivo.
Uma equipe que aposta em um projeto que tem como propósito o
ideal coletivo precisa estar afinada tanto em seus objetivos quanto
em suas ações, quer no sentido social, quer no sentido político.
O olhar do outro é um contraponto importante para o exame da
própria prática. O parceiro cumpre função análoga àquela que o
professor exerce junto ao aluno na perspectiva construtivista. Nesta
abordagem, a ação docente tem por finalidade estimular o pensar
dos alunos. O professor também precisa da mediação de um colega
para atenuar a subjetividade das análises, favorecer o processo de
desconstrução das certezas do senso comum pedagógico e ajudá-
lo a propor novas e melhores alternativas de ensino (DOMINGUES;
PESSOA, 2001, p. 137).
Para tal, é necessário promover a formação continuada da equipe
através de encontros periódicos, para se discutir a definição de
uma linha de trabalho que venha integrar a atuação de todos.
Em freqüente planejamento, desenvolvimento e avaliação, o
trabalho socioeducativo desenvolvido deve estar em constante
análise para que possamos comemorar as vitórias e enfrentar
os desafios, caminhando juntos em direção à tão almejada
transformação social.
Organizamos para esse fim ações que favorecem essas trocas,
constituindo-se em espaço de formação, tão essenciais para o
crescimento de nosso trabalho pedagógico:
•planejamento mensal com toda a equipe pedagógica;
•reunião semanal de planejamento com cada educador, a
coordenação pedagógica e a assessoria em arte-educação;
•leitura coletiva do “texto do mês” com um tema de interesse
do grupo;
•encontro de formação: “Repensando o papel das instituições
sociais”, realizado em três módulos com a participação de
outras instituições que desenvolvem trabalhos afins.
A perspectiva do professor reflexivo/investigativo abre a possibilidade
para a transformação da escola num espaço de desenvolvimento
pessoal, profissional e organizacional aberto a projetos emancipatórios.
Que esta via também nos permita vislumbrar na vivência da sala de aula
e nos ambientes escolares “o máximo de sabor possível” (DOMINGUES;
PESSOA, 2001, p.139)
34
PLANEJAMENTO E AVALIAÇÃO
O processo de planejar e avaliar as ações educativas desenvolvidas
pelo Projeto durante o ano não se dá em momentos estanques,
mas faz parte da dinâmica de construção das atividades propostas
e acontece de forma indissociável delas.
É por meio do planejamento envolvendo toda a equipe de
trabalho que traçamos as metas a serem alcançadas e, a partir
delas, a programação das ações para chegarmos aos objetivos
propostos.
O planejamento acontece, em um primeiro momento, com toda
a equipe pedagógica, sistematicamente uma vez a cada mês.
Nesse planejamento, são definidas a organização do cotidiano do
Projeto, a unidade da linha de trabalho, as ações coletivas quanto
aos eixos temáticos e as concepções a serem desenvolvidas nas
oficinas socioculturais. Posteriormente, o acompanhamento do
desenvolvimento das oficinas é feito semanalmente com cada
educador e a coordenação do Projeto traçando as estratégias
pedagógicas específicas para cada linguagem. Dessa forma, as
atividades propostas não ficam isoladas, as oficinas interagem umas
com as outras, trocando conhecimentos e formas de expressão.
Acreditamos que, para traçarmos o rumo do Projeto, devemos partir
de uma avaliação crítica, a fim de percebermos o impacto positivo
de nossas ações, bem como de nos reposicionarmos ou retomarmos
decisões. Avaliar, neste sentido, significa pensar no processo pelo
qual o trabalho passou, para crescermos em nossa prática com as
crianças e os adolescentes, e não apenas medir, comparar ou julgar.
Para isso é necessário que a “clássica” forma de avaliar, buscando
erros e culpados, seja substituída por uma dinâmica capaz de trazer
elementos novos que possam gerar transformações em nossa
conduta, permitindo ajustes e um novo replanejar.
Em nossa avaliação, usamos alguns instrumentos que julgamos
capazes de apontar elementos que possam ajudar a mensurar nossa
atuação pedagógica e o desenvolvimento integral das crianças e
adolescentes participantes do Projeto Ponte*:
36
Instrumentos de avaliação Objetivos Resultados qualitativo Resultado quantitativo
Fichas de acompanhamento individualConhecer e acompanhar os avanços pessoais, relacionais e superações
cognitivas.
Diagnóstico integral do grupo atendido, relacionados às competências básicas
para o desenvolvimento humano.
Intervenção pedagógica a partir de dados reais.
100% das crianças e adolescentes acom-panhados individualmente.
Relatos de crianças, adolescentes, pais e equipe pedagógica
Dimensionar o envolvimento, inter-esse e desenvolvimento das crianças e adolescentes quanto às estratégias
pedagógicas propostas.
Práxis pedagógica realizada a partir do conhecimento da realidade do grupo at-
endido.
Desenvolvimento de habilidades e ati-tudes positivas
3 Módulos de trabalho, a partir de eixos temáticos.
Promover a articulação entre o tripé público atendido, Projeto Ponte e
comunidade.
Participação e interação entre o público atendido, comunidade e Projeto Ponte.
Atendimento individual aos pais ou re-sponsáveis pelas crianças e adolescentes.
Realização de 5 eventos socioculturais ab-ertos à comunidade local.
Três reuniões trimestrais com as famílias do público atendido.
Registrar o desenvolvimento do tra-balho pedagógico.
Aprimoramento da práxis pedagógica.
Troca de experiências e saberes entre os integrantes do Projeto Ponte.
Reuniões pedagógicas coletivas mensais (10).
Reuniões semanais pedagógicas por áre-as específicas.
Instrumentos de avaliação Objetivos Resultados qualitativo Resultado quantitativo
WProdução realizada pelas crianças e adolescentes no Projeto
Possibilitar o diagnóstico da relação ensino-aprendizagem,
mediante a metodologia pedagógica utilizada.
Exposição periódica dos trabalhos realizados nas oficinas
pedagógicas.
Ampliação do repertório em arte e expressão criativa.
3 Exposições anuais abertas a Escola formal e a comunidade local.
3º Festival de Teatro e Dança do Projeto Ponte, participação de 11
instituições sociais.
4a Semana de Arte-Educação do Projeto Ponte.
5 Apresentações nas escolas públi-cas de origem.
140 crianças e adolescentes expres-sando-se plasticamente.
Lista de freqüência e pontualidadePontuar a assiduidade
das crianças e adolescentes no Projeto.
Freqüência efetiva na participação das oportunidades educativas
propostas.
140 crianças e adolescentes freqüentando semanalmente o Pro-
jeto Ponte, com 8% de evasão, 15% de faltas/mês.
Auto-avaliação das crianças e adolescentes.
Avaliar o desenvolvimento do trabalho do Projeto.
Pontuar a percepção e avaliação do Projeto como um todo através do olhar das crianças e adolescentes
participantes.
140 crianças e adolescentes aval-iando criticamente sua trajetória
educativa e o Projeto Ponte.
Registro da trajetória das crianças e adolescentes na escola pública
formal
Registro da trajetória das crianças e adolescentes na es-
cola pública formal
Impacto positivo no ano escolar.
Permanência na escola formal.
Desenvolvimento da criticidade e da criatividade das crianças e
adolescentes diante da construção do conhecimento.
140 crianças e adolescentes freqüentando a escola pública for-
mal, com repetência de 15%.
Instrumentos de avaliação Objetivos Resultados qualitativo Resultado quantitativo
Relatórios mensais de avaliação de toda equipe pedagógica
Identificar a relação planejamento, execução e avaliação de trabalho
metodológico.
Replanejamento, alteração nas estratégias pedagógicas adotadas
nos módulos de trabalho.
8 oficinas socioculturais em arte, sendo desenvolvidas em 3 módulos
anuais .
Encontro de capacitação para educadores sociais, em 3 módulos temáticos, perfazendo um total de
32 horas.
Participação de 12 instituições edu-cativas no Encontro de Capacitação
Formação continuada da equipe pedagógica.
Interação com outras instituições educativas
(ONGs e escolas públicas).
* Dados referenciais – dezembro de 2005
Através do Projeto Ponte pude experimentar trabalhar com atividades que eu nunca pensei que pudessem ser desenvolvidas com crianças e adolescentes.
Claudia Feijó educadora social - Informática
CRIANDO PONTES , ESTREITANDO LAÇOS
Ao concluirmos o relato do processo pelo qual passou o Projeto Ponte, hoje
Programa Ponte, nesses anos de construção e realização coletiva, sentimos
que plantamos em terreno fértil. O Projeto acertou ao acreditar na educação
democrática e ao apostar no encontro como um momento único, como o
maior prazer de estar vivo.
Durante esse tempo que passamos juntos, sonhamos em acolher todos em
um espaço que propiciasse esse encontro..., encontro de pessoas, de idéias,
de amigos, encontro de poesia, encontro de sujeitos tão diferentes, mas
que juntos, através das trocas, tecem uma belíssima e inigualável rede de
conhecimentos.
Temos certeza de que o processo de construção e crescimento vai continuar.
Alterações e complementações virão a partir da construção de pontes com
outras experiências e saberes. Sem medo de ousar, de voltar atrás, quando
necessário, e de transformar. Mas sempre na busca de um querer fazer da
educação um espaço intencional, sistemático e ao mesmo tempo lúdico,
voltado para vivências múltiplas, que proporcionam experimentar, descobrir
e aprender de forma plena, fazendo do Ponte um lugar de encontros e de
oportunidades para o desenvolvimento integral de crianças e adolescentes.
Hoje, fazendo uma retrospectiva dos tantos desafios que nos foram colocados
e quantos ainda estão por vir, temos a certeza que construiremos tantas pontes
quantas forem necessárias para permanecermos juntos.
III Festival de Teatro
e Dança da OSNSG
livro lendas e mitos, p.6, 2007
sala de leitura
monteiro lobato
“Quebra Queixo”Produção musical coletiva Direção: Musical Francinardo Oliveira e Igor SoaresGravado no Estúdio Nova Arte, Vitória(ES), 2003.Tiragem: 200 cópias
“Poesias de Bolsa”Produção Coletiva, Sala de leitura Monteiro Lobato, 2003.Tiragem: 180 cópias
I Festival de Teatro e Dança da Obra Social Nossa Senhora das GraçasPátio interno da Obra SocialNossa Senhora das Graças – Vitória(ES) - Ano 2003.
“Livrinho de Receitas”Produção Coletiva, Oficina de Informática, 2004.Tiragem: 140 cópias
“Jornalescência”Jornal de comunicação – Produção coletiva - 05 ediçõesTiragem por edição: 500 exemplares
II Festival de Teatro e Dança da Obra Social Nossa Senhora das GraçasAuditório do CEFETES - Vitória(ES) - Ano 2004
Livro “Crescendo”Produção Coletiva, Sala de Leitura Monteiro Lobato, 2005.Exemplar único
Coleção: “Cores”Produção Coletiva, Oficina de Artes Visuais, 2005.Exemplares Únicos, 6 Volumes.
“Capoeira, sua história!”Produção Coletiva, Oficina Capoeira e Maculelê, 2005.Exemplar único
III Festival de Teatro e Dança da Obra Social Nossa Senhora das GraçasAuditório do CEFETES - Vitória(ES) - Ano 2005.
IV Festival de Teatro e Dança da Obra Social Nossa Senhora das GraçasAuditório do CEFETES - Vitória(ES) - Ano 2006.
“ Mitos e Lendas”Produção Coletiva,Sala de Leitura Monteiro Lobato, 2007.Exemplar único
PRODUÇÕES DO PROJETO PONTE
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANDRADE,Carlos Dumond; et al .Deixa que eu conto.São Paulo: Ática, 2002.
BARBOSA, Ana Mae. Tópicos utópicos. Belo Horizonte: C. Arte, 1998.
———. A imagem no ensino da arte. São Paulo: Perspectiva, 1991.
DOMINGUES, Amélia Domingues de; PESSOA, Anna Maria de Carvalho (Org.), Ensinar a ensinar: didática para a escola fundamental e média. São Paulo: Thomson Learning, 2002.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 30ª ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
KRAMER, Sonia. A política do pré-escolar no Brasil: a arte do disfarce. São Paulo: Cortez, 1986.
MARTINS, Miriam F. Celeste. Aprendiz da arte: trilha do sensível olhar pensante. São Paulo: Espaço Pedagógico, 1992.
MEIRELES, Cecília. Ou Isto ou Aquilo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,1990.
SNYDERS, George. A alegria na escola. São Paulo: Massole, 1998.
VYGOSTSKY, Lev S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1984.
ANDRÉ, Simone; COSTA Antônio Carlos Gomes da. Educação para o desenvolvimento humano. São Paulo: Instituto Ayrton Senna, 2004.
BARBOSA, Ana Mae. (org). Arte-educação: leitura no subsolo. São Paulo: Cortez, 1997
BARTHES, R. A aula. São Paulo, Cultrix, 1977.
CANETTI, Elias. A Língua Absorvida: história de uma juventude. (Trad. Kurt Jahn). São Paulo: Companhia das Letras, 1987.
CENPEC, Guia de ações complementares à escola para crianças e adolescentes. 2. ed. São Paulo: Cenpec/Unicef, 1998.
_______, Cadernos Cenpec, Educação, Cultura e Ação Comunitária, nº 01 – primeiro semestre. São Paulo: Cenpec, 2006.
_______, Cadernos Cenpec, Educação, Cultura e Ação Comunitária, nº 02 – segundo semestre. São Paulo: Cenpec, 2006.
FUSARI, Maria F. de Rezende; FERRAZ, Maria Heloísa C. de T. Arte na educação escolar. 3. ed. São Paulo: Cortez, 1993.
GUERRA, Maria Terezinha; PICOSQUE, Gisa; MARTINS, Miriam Celeste. A língua do mundo. São Paulo: FTD, 1998.
PEREIRA, Mara Perpétua B. O Espaço escolar infantil: um território cultural de produção coletiva. Vitória: Universidade Federal do Espírito Santo, 2000.
PILLAR, Analice; VIEIRA, Denyse. O vídeo e a metodologia triangular no Ensino da Arte. Porto Alegre: Fundação Iochpe, 1992.
SOUZA, Marina de Mello e. África e Brasil africano. São Paulo: Ática. 2006.
VASCONCELOS, C. S. Avaliação da Aprendizagem: práticas de mudança. São Paulo: Libertad. 1998.
FONTES CONSULTADAS45
A BAILARINA
Esta menina tão pequenina quer ser bailarina.
Não conhece nem dó nem ré mas sabe ficar na ponta do pé.
Não conhece nem mi nem fá mas inclina o corpo para cá e para lá.
Não conhece nem lá nem si, mas fecha os ohos e sorri.
Roda, roda, roda com os bracinhos no ar e não fica tonta nem sai do lugar.
Põe no cabelo uma estrela e um véu e diz que caiu do céu.
Esta menina tão pequenina quer ser bailarina.
Mas depois esquece todas as danças, e também quer dormir como as outras crianças.
Cecília Meireles
Recommended