Ratos

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Conto de terror

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RatosNo a nada mais irritante do que o som de algo caminhando sobre a sua cabea durante a noite.Desde que nos mudamos para essa casa assim quase todos os dias da semana; som de passos irritantemente passeando sobre o teto do meu quarto. E o pior que meus pais no do a mnima para minhas reclamaes sobre isso, j colocamos veneno eles dizem o que mais voc quer que faamos?.E assim os dias passam, e a minha insnia piora at tornar-se insuportvel.Numa dessas noites quando o barulho finalmente cessa resolvo ir at o banheiro antes de tentar pegar no sono mais uma vez.Ao chegar l noto algo estranho. O alapo que leva ao sto estava aberto. Ele nunca ficava aberto.Aproximo-me e olho para cima, mas est escuro demais para ver qualquer coisa.Resolvo subir na pia e fechar logo aquilo. Observar aquele buraco escuro enquanto se est usando o banheiro era um pouco perturbador, como se a qualquer momento algum fosse aparecer ali e te encarar de volta. Cerca de uma semana se passou e os barulhos continuavam. Certo dia j mais do que irritada com aquela situao resolvi pegar uma escada e finalmente subir l em cima para ver se meu pai realmente havia posto veneno para aquelas pragas ou estava apenas brincando comigo.No consegui achar uma lanterna ento levei apenas meu celular, por mais que a luminosidade no fosse muita era melhor do que nada.Subir no foi difcil, no voltar para baixo foi parte mais complicada. Logo que pus minha cabea l em cima um cheiro terrvel de carnia invadiu minhas narinas fazendo-me recuar e por pouco no colocar meu almoo para fora, entretanto eu nunca fui o tipo de garota fresca e se havia algum animal morto ali achei que seria melhor tirar a carcaa de uma vez antes que o cheiro se espalhasse pela casa.Cobri o nariz com a minha camiseta fazendo com que o cheiro amenizasse um pouco e segui engatinhando cuidadosamente pelas finas tbuas de madeira cobertas de poeira. Estava escuro, muito escuro, no achei que haveria to pouca luminosidade mesmo de dia. O pouco que eu podia ver ali era por causa da luz do meu celular e isso se resumia a menos de um metro. Ainda assim podia enxergar as vigas de madeira, a fiao na qual eu tomava cuidado para no me aproximar e lixo como papis e embalagens de comida que eu no fazia ideia de como haviam ido parar ali, mas deduzi que tinham sido trazidas pelos ratos.Eu tinha que admitir, aquilo era um pouco perturbador. Se arrastar por um lugar pequeno e escuro enquanto seu estmago fica cada vez mais embrulhado pelo cheiro de algo morto era mais assustador do que eu havia imaginado quando decidi seguir em frente.Decidi que daria apenas mais uma olhada e caso no encontrasse nada desceria e esperaria meu pai chegar do trabalho.Virei-me para e esquerda e comecei a procurar por ali, pelas minhas contas eu deveria estar em cima do meu quarto agora e o lixo parecia estar muito mais acumulado ali do que em outros lugares. Havia at mesmo um velho cobertor jogado em um canto. Fiquei me perguntando como um rato conseguiu arrastar algo to grande at aquele lugar, mas logo ignorei o pensamento, pois algo muito mais estranho chamou minha ateno.Objetos estavam espalhados em volta de um colcho velho e estragado, coisas desde vidros de perfume at brinquedos infantis, junto tambm havia vrias embalagens de comida formando algo que lembrava quase uma espcie de ninho.Perto dos meus joelhos encontrei algo parecido com uma boneca feita de pano, seus olhos eram de botes, eu os reconheci como sendo do meu casaco que havia sumido h dois meses.Vi meu rosto assustado ser refletido em um pedao de espelho antigo, ao lado dele notei que havia algo proeminente embaixo de alguns papis sobre os quais algumas moscas sobrevoavam. Ao retirar os papis deparei-me com a carcaa de um rato, sua cabea estava esmagada fazendo meu estomago revirar mais uma vez.Meu corao martelava em meu peito, eu queria gritar, queria chorar, queria nunca ter subido ali... Mas eu sentia meu corpo paralisado pelo medo.O tempo que a luz do meu celular fica ligada acabou e a escurido completa do lugar me envolveu.O ar quente de uma respirao tocou minha nuca.No eram ratos que viviam no meu sto afinal.

Autora: Jaqueline Barcelos