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UFOP - CETEC - UEMG
REDEMATREDE TEMÁTICA EM ENGENHARIA DE MATERIAIS
UFOP – CETEC – UEMG
Dissertação de Mestrado
Resistência à Corrosão de Aços Inoxidáveis
Ferríticos em Solução Aquosa de NaCl 3%
Autor: Daniel Ramos Coelho
Orientador: Profª. Dra. Margareth Spangler Andrade
Co-orientador: Profª. Dra. Rosa Maria R. Junqueira
Fevereiro de 2010
ii
UFOP - CETEC - UEMG
REDEMATREDE TEMÁTICA EM ENGENHARIA DE MATERIAIS
UFOP – CETEC – UEMG
Daniel Ramos Coelho
"Resistência à Corrosão de Aços Inoxidáveis Ferríticos em Solução
Aquosa de NaCl 3%"
Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa
de Pós-Graduação em Engenharia de Materiais da
REDEMAT, como parte integrante dos requisitos
para a obtenção do título de Mestre em Engenharia
de Materiais.
Área de concentração: Engenharia de Superfícies
Orientador: Profª. Dra. Margareth Spangler Andrade
Co-orientador: Profª. Dra. Rosa Maria R. Junqueira
Belo Horizonte, fevereiro de 2010.
iii
Catalogação: sisbin@sisbin.ufop.br
C672r Coelho, Daniel Ramos.
Resistência à corrosão de aços inoxidáveis ferríticos em solução aquosa de NaCl 3%
[manuscrito] / Daniel Ramos Coelho. – 2010.
xiii, 57f.: il. color., grafs., tabs.
Orientadora: Profa. Dra. Margareth Spangler Andrade
Co-orientadora: Profa. Dra. Rosa Maria Rabelo Junqueira.
Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Ouro Preto. Escola de
Minas. Rede Temática em Engenharia de Materiais.
Área de concentração: Análise e seleção de materiais.
1. Aço inoxidável - Corrosão - Teses. 2. Microestrutura - Teses. 3. Microscopia
eletrônica de varredura - Teses. I. Universidade Federal de Ouro Preto. II. Título.
CDU: 620.193-034.14
v
AGRADECIMENTOS
“O modo como enxergamos o mundo seria muito diferente se todos os nossos julgamentos
pudessem ser isolados de expectativa e baseado apenas em informações relevantes”
Leonard Mlodinow.
Agradeço à equipe do CETEC por todo o apoio técnico, em especial à Prof. Dra. Margareth
Spangler Andrade, minha amiga e orientadora. Aos amigos do mestrado, Henrique Lana,
Thiago Braga, Marcela Menezes, Michelle Duarte e Jardel Oliveira.
Agradeço à REDEMAT pela oportunidade e apoio no desenvolvimento deste trabalho, assim
como agradeço a ArcelorMittal Inox Brasil pelo fornecimento das amostras de aço estudadas
neste trabalho.
Agradeço a minha amiga Bruna pela paciência e presteza ao me auxiliar na elaboração de um
gráfico de barras. À Patrícia Sato pelo carinho, companheirismo e acesso ao portal da CAPES.
Ao meu irmão Renato por todo apoio durante os meses do mestrado.
vi
DEDICATÓRIA
Aos meus pais, Gutierrez Lhamas Coelho e
Lízia Maria Porto Ramos pelo amor, apoio,
carinho, paciência e ajuda incondicional. Aos
amigos do CETEC – MG pelo apoio técnico,
à Margareth Spangler Andrade, minha
orientadora e amiga por todo apoio, à Rosa
Maria Junqueira pela co-orientação.
vii
SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS ........................................................................................................... v
LISTA DE FIGURAS ......................................................................................................... viii
LISTA DE TABELAS ........................................................................................................... x
LISTA DE NOTAÇÕES ....................................................................................................... xi
RESUMO ............................................................................................................................ xii
ABSTRACT ....................................................................................................................... xiii
CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO ............................................................................................. 1
CAPÍTULO 2: OBJETIVOS .................................................................................................. 2
CAPÍTULO 3: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ....................................................................... 3
3.1 – Aços Inoxidáveis ....................................................................................................... 3
3.1.1 – Aços inoxidáveis ferríticos ..................................................................................... 7
3.2 – Fenômeno de corrosão ............................................................................................. 10
CAPÍTULO 4: PARTE EXPERIMENTAL .......................................................................... 15
4.1 – Preparação das Amostras ......................................................................................... 15
4.2 – Estudo dos Precipitados e Inclusões ......................................................................... 15
4.3 – Microestrutura e Tamanho de Grão.......................................................................... 16
4.4 – Ensaios de Corrosão ................................................................................................ 17
4.4.1 – Preparo das amostras para os ensaios de corrosão ............................................. 17
4.4.2 – Ensaios de polarização potenciodinâmica.......................................................... 17
4.6 – Metalografia ............................................................................................................ 18
CAPÍTULO 5: RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................. 20
5.1 – Tamanho de Grão e Microestrutura. ......................................................................... 20
5.2 – Precipitados e Inclusões. .......................................................................................... 23
5.3 – Ensaios de Polarização ............................................................................................ 27
CAPÍTULO 6: CONCLUSÕES ........................................................................................... 34
CAPÍTULO 7: RELEVÂNCIA DOS RESULTADOS ......................................................... 35
CAPÍTULO 8: SUGESTÃO DE TRABALHOS FUTUROS ................................................ 36
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: ................................................................................. 37
ANEXO I – Micrografias Eletrônicas de Varredura.............................................................. 40
viii
LISTA DE FIGURAS
Figura 3.1: Diagrama de fases do Sistema Fe-Cr (Adaptado de Leslie, 1982). ........................ 4
Figura 3.2: Diagrama de fases Fe-Ni (Adaptado de Leslie, 1982). .......................................... 5
Figura 3.3: Diagrama das composições químicas básicas dos aços inoxidáveis ferríticos
produzidos pela ArcelorMittal Inox Brasil (Adaptado de Carbó, 2006). ................................ 10
Figura 3.4: Referencia do potencial de formação de pites para ligas de aço inoxidável,
denominação ArcelorMittal Inox Brasil, em ensaio de polarização em solução de NaCl
0,02M. (Adaptada de Carbó, 2001). ..................................................................................... 13
Figura 3.5: Representação esquemática de uma curva de polarização (Adaptado de: Gentil,
1996). .................................................................................................................................. 14
Figura 4.1: Dispositivo experimental utilizado nos ensaios potenciostáticos ......................... 18
a) 1. eletrodo de platina; 2. amostra; 3. eletrodo de referência, 4. célula................................ 18
b) Potenciostato AutoLab PGSTAT20, a esquerda, conectado ao computador, a direita. ...... 18
Figura 4.2: Microscópio ótico utilizado nas análises metalográficas. .................................... 19
Figura 4.3: MEV modelo JSM-5510 fabricado pela JEOL. ................................................... 19
Figura 5.1: Amostras das chapas de aço inoxidável ferrítico com aumento de 100x em
microscopia ótica; a) 430, b) 430Nb, c) 439, d) 441 e e) 444. ............................................... 21
Figura 5.2: Micrografia eletrônica de varredura do aço 430 com voltagem de aceleração de
20kV, com representação dos espectros dos pontos 1 e 2. ..................................................... 23
Figura 5.3: Micrografia eletrônica de varredura do aço 430Nb com voltagem de aceleração de
20kV, com representação dos espectros dos pontos 1, 3, 5 e 13. ........................................... 24
Figura 5.4: Micrografia eletrônica de varredura do aço 439 com voltagem de aceleração de
20kV, com representação dos espectros dos pontos 1, 2, 3 e 5. ............................................. 25
Figura 5.5: Micrografia eletrônica de varredura do aço 441 com voltagem de aceleração de
20kV, com representação dos espectros dos pontos 2 e 5. ..................................................... 26
Figura 5.6: Micrografia eletrônica de varredura do aço 439 com voltagem de aceleração de
20kV, com representação dos espectros dos pontos 2 e 3. ..................................................... 27
Figura 5.7: Curvas típicas de polarização anódica do aço 430, varredura 1mv/s.................... 29
Figura 5.8: Curvas típicas de polarização anódica do aço 430Nb, varredura 1mv/s. .............. 29
Figura 5.9: Curvas típicas de polarização anódica do aço 439, varredura 1mv/s.................... 30
Figura 5.10: Curvas típicas de polarização anódica do aço 441, varredura 1mv/s. ................. 30
Figura 5.11: Curvas típicas de polarização anódica do aço 444, varredura 1mv/s. ................. 31
ix
Figura 5.12: Curvas típicas de polarização anódica dos aços 430, 430Nb, 439, 441 e 444..... 31
Figura 5.13: Gráfico comparativo do potencial de formação de pites dos aços inoxidáveis 430,
430Nb, 439, 441 e 444. ........................................................................................................ 33
x
LISTA DE TABELAS
Tabela III. 1: Composição química nominal típica das ligas de aço inoxidável ferrítico
produzidas pela ArcelorMittal Inox Brasil e sua nomenclatura (Adaptado de Acesita, 2006). . 8
Tabela III. 2: Relação entre adição de elementos de liga e resistência à formação de pites para
os aços inoxidáveis (Adaptada de Gentil, 1994) ................................................................... 11
Tabela IV.1: Composição química das ligas em % em massa. * Nitrogênio (N) em mg/kg. .. 15
Tabela V.1: Tempo de ataque químico necessário para revelação da microestrutura utilizando
reagente de água régia. ......................................................................................................... 20
Tabela V.2: Tamanho de grão ASTM e tamanho de grão médio (µm) das chapas cortadas em
um plano perpendicular ao de laminação na direção paralela ao sentido de laminação. ......... 20
Tabela V.3: Parâmetros eletroquímicos obtidos nos ensaios de polarização anódica dos aços
inoxidáveis 430, 430Nb, 439, 441 e 444. .............................................................................. 28
Tabela V.4: Valores médios do potencial de formação de pites e resistência à nucleação de
pites dos aços inoxidáveis ferríticos 430, 430Nb, 439, 441 e 444.......................................... 32
xi
LISTA DE NOTAÇÕES
SIGLA SIGNIFICADO
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
ASTM American Society for Testing and Materials
C Carbono
CCC
CETEC
Estrutura Cristalina Cúbica de Corpo Centrado
Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerias
CFC Estrutura Cristalina Cúbica de Face Centrada
Cr Cromo
EDS Eletron Difraction Scaner
Ecorr Potencial de corrosão
Epit Potencial de formação de pites
Fe Ferro
Icorr Densidade de corrente de corrosão
Ipit Densidade de corrente de formação de pites
M23C6 Carboneto de Cromo
MEV Microscopia Eletrônica de Varredura
MO Microscopia Ótica
Mo Molibdênio
NaCl Cloreto de Sódio
Nb Nióbio
Ni Níquel
Ti Titânio
µm Micrometro 10-6
m
xii
RESUMO
Aços inoxidáveis ferríticos são ligas do sistema Fe-Cr com estrutura cristalina do tipo
cúbica de corpo centrado e com teor de cromo superior a 11%, podendo ou não ter acréscimo
de outros elementos de liga, e com teor controlado de carbono e nitrogênio, abaixo de 0,1%.
Descobertos no inicio dos anos de 1920, os aços inoxidáveis ferríticos apenas tiveram um
incremento em aplicações e, consequentemente, pesquisas, após os anos de 1970 em função
do valor de mercado do níquel, elemento essencial aos aços inoxidáveis austeníticos. Neste
trabalho foi analisado o comportamento à corrosão por pites em solução aquosa de NaCl 3%
dos aços inoxidáveis ferríticos 430, 430 estabilizado com Nb, 439, 441 e 444, segundo
denominação da ArcelorMittal Inox Brasil, fabricante das ligas, por meio de ensaios de
corrosão potenciodinâmicos. A avaliação microestrutural dos aços foi realizada por análises
por microscopia ótica, microscopia eletrônica de varredura e microssondagem eletrônica. As
ligas estudadas apresentam diferentes composições químicas no que diz respeito ao teor de
cromo, variando entre 16 e 19%, assim como o teor dos elementos de liga, com ligas não
estabilizadas, estabilizadas com nióbio, estabilizadas com nióbio e titânio e com adição de
molibdênio. Em função destas distinções observou-se a formação na matriz ferrítica de
diferentes precipitados, muitas vezes associados a inclusões , tanto no que diz respeito à
composição química quanto à sua forma e distribuição. Dentre os resultados encontrados tem-
se a relação entre a presença de 1,8% de molibdênio e o aumento na resistência à corrosão por
pites no aço 444, promovida pela melhor estabilização do filme passivo de cromo,
responsável pela inoxidabilidade do aço. Os ensaios de corrosão apresentaram resultados em
parte esperados pela literatura, com o maior valor de potencial de formação de pites
apresentado pelo aço 444, seguido pelo 441, mas com alteração na ordem entre o 430 em
terceiro lugar onde o esperado era o aço 439, sendo o potencial mais baixo apresentado pelo
aço 430Nb com estabilização por nióbio.
xiii
ABSTRACT
Ferritic stainless steel are alloys based on iron-chromium system were the minimum of
Cr on the alloy is 11%, with or without other elements and a controlled quantity of carbon and
nitrogen, less then 0,1%. Discovered in the beginning of the years 1920 the research and use
of this alloys increased on the years 1970, after the price of nickel, used in austenitic stainless
steel, had a huge increased. In this work a study about the resistant of pit corrosion, in a NaCl
3% solution, of five types of ferritic stainless steel produced by ArcelorMittal Inox Brasil, in
potentiodynamic corrosion tests is presented. The steels are denominated 430, 430Nb or
430Nb, 439, 441 and 444 according to the ArcelorMittal Inox Brasil company nomination.
The microstructural evaluation of the steels was performed by analysis by optical microscopy,
scanning electron microscopy and electron microprobe. The alloys had different chemical
compositions, with chromium content between 16 to 19%, differences in alloying elements,
some steels containing niobium, titanium and niobium and molybdenum. Because of this
distinctions in chemical compositions, the formation of different precipitates in the ferritic
matrix was detected, both as regards the chemical composition in the form and distribution. It
was found a relation between the molybdenum content, higher than 1.8%, and the increase of
the pitting corrosion resistance in the 444 alloy. This element is efficient in the stabilization of
the chromium film. Furthermore, the alloys stabilized with niobium and titanium present
pitting resistant corrosion similar to the no stabilized alloy 430, but these elements are
important on the stabilization of ferritic structure in all temperatures, essential to 439 and 441
to be used in automotive muffler systems. The alloy 430Nb stabilized only with niobium
presented the worst result in pitting corrosion.
- 1 -
CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO
Os aços inoxidáveis ferríticos são conhecidos desde o início dos trabalhos de descobertas das
ligas inoxidáveis em geral, por volta dos anos de 1920 (Modenesi, 2001). Entretanto, sua
maior utilização, assim como avanço nas pesquisas sobre as ligas que compõem esse grupo
iniciou-se entre os anos de 1960 e 1970, quando o preço do níquel (Ni), elemento essencial à
produção dos aços inoxidáveis austeníticos, que dominavam o mercado, disparou, atingindo
valores superiores a trinta mil dólares por tonelada (Gilet, 2006).
O incremento na pesquisa de novos aços inoxidáveis ferríticos permitiu que esses, hoje em
dia, substituam as ligas austeníticas em uma série de aplicações, seja pelo menor custo da
matéria prima, seja por superioridade técnica no atendimento aos requisitos de propriedades
mecânicas e químicas necessárias à aplicação.
Sistemas de exaustão veicular, baixelas, talheres, puxadores de gavetas e armários, linha
branca de eletrodomésticos são alguns dos produtos que hoje utilizam, em sua maioria, ligas
de aço inoxidável ferrítico como matéria prima. Elevada resistência à fluência, corrosão por
pites em meio salino, baixo custo de produção em relação às ligas austeníticas, excelente
qualidade em acabamento, entre outras, são características dos aços inoxidáveis ferríticos
(Teroerd, 2006).
Neste trabalho foram analisados o comportamento à corrosão por pites em solução aquosa de
NaCl 3% (kg/L) dos aços inoxidáveis ferríticos 430, 430Nb (estabilizado com Nb), 439, 441 e
444, segundo denominação da ArcelorMittal Inox Brasil, fabricante das ligas. Outros ensaios
de microscopia foram realizados para determinação da composição química das ligas,
avaliação da microestrutura, precipitados e inclusões dessas.
- 2 -
CAPÍTULO 2: OBJETIVOS
É objetivo deste trabalho a avaliação do comportamento frente à corrosão de diferentes aços
inoxidáveis ferríticos, fabricados em escala industrial, em solução aquosa de NaCl 3% (Kg/L),
relacionando os resultados de resistência à corrosão com as composições químicas e as
características microestruturais dos aços.
- 3 -
CAPÍTULO 3: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Um estudo que objetive comparar as características dos aços inoxidáveis é de grande valia
para a Engenharia de Materiais. Isso se deve ao fato da importância do uso deste tipo de liga
no mercado de aço.
Os tópicos abordados neste capítulo foram divididos conforme estabelecido nos itens
seguintes:
Aços inoxidáveis
Fenômeno de corrosão
3.1 – Aços Inoxidáveis
Aços inoxidáveis apresentam alta resistência à corrosão em meios aquosos com presença de
inúmeros agentes orgânicos e minerais agressivos, sendo a resistência à corrosão atmosférica
um caso particular, assim como apresentam resistência à oxidação em trabalho a altas
temperaturas. Estes aços contêm teor de Cromo em sua composição química, em geral maior
que 11,5% (Wayman, 1995) podendo conter outros elementos como o Níquel, Manganês,
Titânio, Nióbio e Molibdênio. O Cr é o elemento de liga que proporciona a elevada resistência
à corrosão aos aços inoxidáveis (Teroerd, 2006).
Apesar do termo "inoxidável", estes materiais estão sujeitos a diversas formas de corrosão -
corrosão localizada sob tensão, intergranular, por pite e fresta, entre outras (Mei et al, 2006) -
dependendo fortemente da interação entre as suas características microestruturais, o meio a
que estão submetidos e as condições de operação.
O mecanismo que propicia a resistência à corrosão dos aços inoxidáveis baseia-se na
formação de uma película passivante constituída principalmente de óxido de cromo, que
protege sua superfície do meio corrosivo. Esta película é formada na presença de oxigênio por
oxidação do cromo contido no metal base e possui características protetoras como
continuidade, alta resistividade elétrica, baixa porosidade e elevada aderência (Gentil, 1994).
- 4 -
A resistência à corrosão desta classe de materiais está associada à formação desta película e à
sua dissolução no meio corrosivo. A Figura 3.1 mostra o diagrama de fase Fe-Cr.
Figura 3.1: Diagrama de fases do Sistema Fe-Cr (Adaptado de Leslie, 1982).
Observa-se no diagrama de fases Fe-Cr que a Ferrita (fase α) é estável até 800ºC, para
composição com teores de cromo menores que 14% em massa atômica, temperatura onde
pode ocorrer transição ferrita para austenita (fase γ), o que no resfriamento poderia levar à
formação de martensita nas ligas de aço inoxidável ferrítico. Para evitar este efeito, elementos
de liga, como nióbio e titânio, são acrescentados para a estabilização da ferrita, permitindo a
utilização das ligas em altas temperaturas sem transição de fase (Faria, 2006).
A película passivante possui espessura que pode variar da ordem de 30 a 80Å e sua eficiência
na proteção à corrosão depende de suas características físico-químicas (Lacombe et al, 1993).
Alguns elementos presentes no aço inoxidável como cromo, molibdênio e níquel podem
melhorar a estabilidade da película passivante, aumentando a resistência do aço inoxidável à
corrosão generalizada (Gentil, 1994). Entretanto existem certas substâncias e condições
específicas que interferem na formação e integridade dessa película. A presença de cloretos
no meio de uso dos aços inoxidáveis, por exemplo, pode levar à ruptura do filme de
- 5 -
passivação e impedir que ele se recomponha, conduzindo à corrosão localizada por pites ou
por corrosão sob tensão (Mei et al, 2006).
Figura 3.2: Diagrama de fases Fe-Ni (Adaptado de Leslie, 1982).
O diagrama de fases Fe-Ni mostra a importância do teor de níquel para os aços inoxidáveis
austeníticos, uma vez que teores mínimos de 6% são necessários para a estabilidade da fase γ
nas ligas (ASM, 1990).
Os aços inoxidáveis foram criados recentemente, surgiram no principio do século XX e foram
desenvolvidos quase que simultaneamente em uma série de países (Modenesi, 2001).
Na Inglaterra, em 1913, por Bearley, que percebeu a elevada resistência à corrosão
de um aço com 13% de cromo.
Nos Estados Unidos, em 1915, Haynes observou alta resistência à corrosão em
aços que continham 10% de cromo e 5% de cobalto.
Na Alemanha, em 1912, por Straus e Mainer, que desenvolveram uma liga Fe-Cr
com elevada resistência à oxidação que possuía aproximadamente 8% de cromo.
Na França as primeiras patentes destes aços foram registradas por Chevenard entre
1917 e 1918. Estas são sobre aços com 10 a 15% de cromo e 20 a 40% de níquel.
- 6 -
Existem diversos tipos de aços inoxidáveis sendo que estes se encontram divididos em cinco
grandes grupos principais, que são diferenciados basicamente por sua estrutura cristalina e
composição química:
Austeníticos: São as ligas formadas principalmente pelo grupo Fe-Cr-Ni, sendo
que em alguns casos o Ni foi substituído por Mn ou N. Apresentam estrutura
predominantemente austenítica, não sendo endurecíveis por tratamentos térmicos.
É o grupo mais numeroso de aços inoxidáveis e em geral possuem teor de Ni entre
6 e 26% e de Cr entre 16 e 30% (Modenesi, 2001).
Duplex: Contêm de 18 a 30%Cr, 1,5 a 4,5%Mo, e adição de elementos formadores
e estabilizadores de austenita, principalmente Ni (3,5 a 8%) e N (0 a 0,35%), de
forma a se ter uma microestrutura, à temperatura ambiente, formada de partes
aproximadamente iguais de ferrita e austenita (Modenesi, 2001).
Ferríticos: São ligas Fe-Cr predominantemente ferríticas em qualquer temperatura
até a fusão. Têm entre 10 e 30%Cr e baixo teor de C (em geral menor que 0,1%).
Como não podem ser completamente austenitizados, estes aços não são
endurecíveis por têmpera e sua granulação só pode ser refinada por uma
combinação adequada de trabalho mecânico e recozimento de recristalização.
Apresentam baixo coeficiente de expansão térmica e uma boa resistência à
corrosão e oxidação, inclusive a altas temperaturas (Modenesi, 2001).
Martensíticos: São essencialmente ligas Fe-Cr-C com 12 a 18%Cr e 0,1 a 0,5%C,
sendo que o teor deste pode chegar a 1%, e que podem ser austenitizadas se forem
aquecidas a uma temperatura adequada. Devido ao seu elevado teor de liga, estes
aços apresentam alta temperabilidade e podem apresentar uma estrutura
completamente martensítica em peças de grande espessura após resfriamento. São
ligas facilmente endurecíveis por tratamento térmico e são utilizados, em geral, no
estado temperado e revenido. Sua resistência à corrosão tende a ser inferior a dos
outros tipos, mas é satisfatória para meios fracamente corrosivos (Modenesi 2001).
Endurecíveis por Precipitação: Os aços inoxidáveis endurecíveis por precipitação
- 7 -
ou (EPP) são uma classe de ligas cujas propriedades mecânicas são obtidas através
da formação de precipitados. Vários elementos são utilizados para obter este
endurecimento como Al, Cu, Ti ou Nb. Estas ligas, que possuem teor de cromo
acima de 11%, apresentam boa ductilidade e tenacidade com moderada resistência
à corrosão (ASM, 1990).
Dentro dos cinco grupos principais descritos acima, o grupo dos aços inoxidáveis ferríticos,
foco deste trabalho, vem se destacando nas ultimas décadas devido a uma relação custo
benefício eficiente e, em função de pesquisas, mostrando-se utilizável em diversas aplicações
que antes eram exclusivas aos aços inoxidáveis austeníticos.
3.1.1 – Aços inoxidáveis ferríticos
Apesar de conhecidos desde os anos de 1940, os aços inoxidáveis ferríticos passaram a ter
maior participação no mercado de inoxidáveis, assim como intensificação na pesquisa sobre
suas ligas, a partir dos anos 1970, devido ao aumento do preço do Ni no mercado mundial,
elemento essencial à produção dos aços inoxidáveis austeníticos. Em Janeiro de 2010 o níquel
apresentou valor de 34.600,00 dólares por tonelada do produto (InfoMoney, 2010).
Aços inoxidáveis ferríticos são ligas, aparentemente simples, constituídas de uma solução
sólida de Fe-Cr com baixo teor de carbono. Possui estrutura cristalina do tipo CCC, cúbica de
corpo centrado, distribuída em grãos poliédricos. O carbono, presente em pequena quantidade
distribui-se em solução sólida e na forma de carbonetos de cromo. Uma vez que a ferrita
apresenta baixa solubilidade para o carbono e o nitrogênio, o teor destes elementos deve ser
mantido o mais baixo possível, prevenindo assim o fenômeno de sensitização da liga e
melhorando sua conformabilidade (Schmitt, 2002). Uma alternativa economicamente viável à
redução do teor dos elementos intersticiais é a estabilização da ferrita através da adição de
elementos de liga tais como titânio, nióbio, vanádio e molibdênio (Gordon, 1996).
A estabilização de ferrita contribui para melhoria da resistência à corrosão, uma vez que
gradientes de concentração de cromo nas regiões próximas aos contornos de grão são
eliminados, evitando-se o fenômeno da sensitização (precipitação de Cr23C6) tornando o filme
passivante de cromo mais uniforme ao longo da peça. Outra contribuição está no fato de
aumentarem o campo de estabilização da fase ferrita, com ligas que apresentam estrutura
- 8 -
ferrítica desde o ponto de fusão à temperatura ambiente (Schmitt, 2002).
Ligas conhecidas de inoxidáveis ferríticos, os aços 409, 410 e 430 estão disponíveis em todo
mundo. Com desenvolvimento mais recente, as ligas de inox ferrítico 439 e 441 alcançaram
uma maior área de atuação, trata-se de ligas com melhor estampabilidade e soldabilidade.
Com a adição de molibdênio desenvolveu-se a liga de inoxidável ferrítico 444 cuja resistência
à corrosão localizada é no mínimo igual à do inoxidável austenítico ABNT 316. Grande parte
desta resistência à corrosão está associada ao teor de molibdênio na liga 444, próximo a 1,8%.
Este elemento de liga tem efeito marcante na corrosão localizada e corrosão sob tensão,
melhorando também o comportamento dos aços inoxidáveis no ambiente marinho
(Santandréa, 1999). Uma vez que as ligas de inox ferrítico não possuem níquel em sua
composição, o custo de produção é menor que o das ligas de aços inoxidáveis austeníticos
(Gilet, 2006).
Em função da adoção da tabela III.1 como tabela de referencia da composição química
nominal para as ligas de aços inoxidáveis ferríticas deste trabalho, o nome das ligas serão
tratados como 430, 430Nb ou Nb, 439, 441 e 444, ao longo deste trabalho.
Tabela III. 1: Composição química nominal típica das ligas de aço inoxidável ferrítico
produzidas pela ArcelorMittal Inox Brasil e sua nomenclatura (Adaptado de
Acesita, 2006).
Um dos principais aços inoxidáveis de estrutura ferrítica é o 430 cujas aplicações variam
desde a chamada linha branca, produtos de utilidade doméstica, a aplicações mais nobres
como células de combustíveis (SOFCs – Solid Oxide Fuel Cells) (Belogolovsky et al, 2008).
As pesquisas têm mostrado que a introdução de elementos metálicos nas células de
- 9 -
combustível em substituição aos tradicionais cerâmicos reduz o custo destas, potencializando-
as como possível solução de fonte de energia num futuro próximo. Para esta aplicação, os
aços inoxidáveis ferríticos, especialmente o aço 430, mostraram-se eficientes ao serem usadas
como interconectores em função da considerável condutividade elétrica, da baixa taxa de
crescimento de Cr2O3 e do coeficiente de expansão térmica próxima ao dos outros
componentes da célula, aumentando a vida útil das mesmas (Belogolovsky et al, 2008).
Com composição química semelhante à liga 430, o aço inoxidável ferrítico 430Nb (ou
430Nb) possui em sua composição química teores de nióbio de até 0,6% como elemento de
estabilização da liga. Apesar de menos reativo que o titânio na formação de carbonetos e
nitretos, o nióbio forma precipitados desse tipo suficientes para suprimir os efeitos da
sensitização. Normalmente, estes precipitados estão na forma de bastão ou placas com
tamanho em torno de 10µm, sendo que os mesmos não diminuem significativamente a
tenacidade dos aços. Este elemento é muito eficaz para controlar o tamanho de grão, é menos
oxidante que o titânio e não tem muita afinidade com enxofre e fósforo (Faria, 2006).
Um dos aços inoxidáveis ferríticos que tem se destacado, no que diz respeito a aplicações
diversas e comercialização, é o 439, aço que contém nióbio e titânio como elementos de liga.
A dupla estabilização contribui para uma melhor condição de propriedades para o aço frente à
estabilização somente com titânio ou nióbio. O Titânio minimiza os problemas de trincamento
a quente em soldas promovido pelo nióbio enquanto este reduz o efeito deletério dos grandes
precipitados de titânio na tenacidade (Gordon, 1996). Esta liga tem-se mostrado eficiente para
utilização em sistemas de exaustão de motores cujas temperaturas de trabalho das peças
chegam a 1100°C, sistemas que usualmente utilizavam aço austenítico ABNT 304. As
vantagens do uso da liga 439 são de ordem econômica, por não conter níquel em sua
composição, e técnica, devido à maior resistência à oxidação na faixa de trabalho das peças,
mecânica, em função de menor coeficiente de expansão térmica e, devido á presença de Nb e
Ti, menor risco de corrosão intergranular e nas regiões que compõem o cordão de solda
(Huntz et al, 2007).
A utilização e o crescimento da produção dos aços inoxidáveis ferríticos em detrimento dos
austeníticos tem relação direta com o aumento do preço do Ni no mercado internacional,
tendo chegado a 35 mil dólares por tonelada no ano de 2007. Elemento essencial para
estabilização da austenita à temperatura ambiente, os percentuais de níquel presentes nos aços
- 10 -
inoxidáveis austeníticos variam, em geral, entre 8 e 12% em peso, o que elevou o valor dos
produtos que o utilizam. A evolução na pesquisa e o incremento na utilização dos aços
inoxidáveis ferríticos levaram à publicação do trabalho Solução Ferrítica no ISSF (Fórum
internacional de aços inoxidáveis) de 2006. Neste texto tem-se uma série de relatos de
aplicações na indústria de transformação dos aços inoxidáveis ferríticos, onde, mesmo com
maior custo de produção do produto final, no que refere ao gasto energético e tratamentos
térmicos pós-soldagem, o valor da matéria prima compensa essa diferença de custo produtivo.
Figura 3.3: Diagrama das composições químicas básicas dos aços inoxidáveis ferríticos
produzidos pela ArcelorMittal Inox Brasil (Adaptado de Carbó, 2006).
3.2 – Fenômeno de corrosão
Num aspecto muito difundido e aceito universalmente, pode-se definir o fenômeno de
corrosão como a deterioração de um material, geralmente metálico, por ação química ou
eletroquímica do meio ambiente aliada ou não a esforços mecânicos. A deterioração causada
pela interação físico-química entre o material e seu meio operacional representa alterações
prejudiciais indesejáveis, sofridas pelo material, tais como desgaste, variações químicas ou
- 11 -
modificações estruturais, tornando-o inadequado para o uso. Sendo a corrosão, em geral, um
processo espontâneo, está constantemente transformando os materiais metálicos de modo que
a durabilidade e desempenho dos mesmos deixam de satisfazer os fins a que se destinam
(Gentil, 1996).
A despeito do excelente desempenho em uma grande variedade de ambientes agressivos, os
aços inoxidáveis austeníticos e ferríticos são susceptíveis a uma série de formas de corrosão,
tais como corrosão uniforme, corrosão intragranular, corrosão por pites, corrosão sob tensão,
corrosão em frestas e erosão-cavitação, fenômenos que podem ocorrer de forma simultânea e,
frequentemente, de maneira combinada (Padilha, 1994).
A resistência à corrosão dos aços inoxidáveis está relacionada com a formação de uma
película passivadora na superfície do material. A formação desta película é explicada em duas
linhas de raciocínio. A primeira diz que o filme passivante, normalmente um óxido ou outro
composto produto da reação do material com o meio, é uma barreira de difusão que separa o
metal do meio e, portanto, diminui a velocidade de reação. A segunda linha de raciocínio
afirma que o material é passivado por uma película ou camada adsorvida quimicamente,
normalmente de oxigênio ou de íons passivadores, a qual diminui a velocidade de reação.
A adição de elementos de liga aos aços inoxidáveis pode alterar o comportamento de
resistência à corrosão desses. Para o caso da corrosão por pites, tem-se na tabela III.2 a
relação entre a adição dos elementos de liga e o comportamento esperado para este tipo de
corrosão.
Tabela III. 2: Relação entre adição de elementos de liga e resistência à formação de pites para
os aços inoxidáveis (Adaptada de Gentil, 1994)
Elemento Resistência à formação de Pites
Cromo Aumenta
Níquel Aumenta
Molibdênio Aumenta
Silício Diminui; aumenta na presença de Mo
Titânio e Nióbio Diminui em FeCl3; Não altera em outros meios
Enxofre e Selênio Diminui
Carbono Diminui, especialmente nos aços sensitizados
Nitrogênio Aumenta
- 12 -
A solubilidade do carbono na ferrita em temperaturas inferiores a 700ºC é muito baixa,
especialmente se comparada à austenita, e nenhum tratamento térmico pode evitar a
precipitação de carbonetos e nitretos. Assim, em 750ºC, a solubilidade dos precipitados na
matriz é alta o suficiente para colocar uma quantidade considerável de carbono e nitrogênio
em solução. No resfriamento a partir desta temperatura, ocorre a diminuição da solubilidade,
o que resulta em precipitação de carbonetos e nitretos com elevada fração de cromo. Se o
resfriamento é moderadamente rápido, este causa sensitização, formação de Cr23C6, através do
empobrecimento de cromo na matriz, na região adjacente aos precipitados o que torna estas
áreas susceptíveis à corrosão (Lee et al, 1999).
A corrosão uniforme, ou corrosão geral, ocorre quando aços inoxidáveis são expostos a meios
redutores ou oxidantes, tais como ácido clorídrico, ácido fosfórico ou ácido sulfúrico, e a
formação desta camada é dificultada ou impedida e o material corrói uniformemente. A
corrosão intergranular ocorre quando forma-se principalmente o composto precipitado
conhecido como M23C6, sensitização, em regiões adjacentes aos contornos de grão, reduzindo
o teor de Cr, com aparecimento de regiões de corrosão ao longo dos contornos. Conforme
mencionado, elementos de liga podem ser adicionados para evitar a formação desses
precipitados formando carbonitretos de Nb e Ti (Davis, 1994).
A corrosão por pites é um tipo de corrosão localizada, com diâmetro variando de alguns
mícrons até alguns milímetros e pode perfurar o material num intervalo de tempo
relativamente curto. Aços inoxidáveis imersos em soluções aquosas contendo apreciáveis
concentrações de íons halogênios, principalmente Cl- e Br
-, são susceptíveis ao ataque
localizado e puntiforme. A atuação simultânea de meios corrosivos e tensões de tração pode
acarretar a ocorrência de corrosão sob tensão em numerosos materiais. Todos os tipos de
corrosão descritos podem, em maior ou menor grau, diminuir consideravelmente a vida útil
dos componentes (Padilha, 1994). Resultados de ensaio de corrosão por pites em meio salino,
para solução de NaCl com concentração de 0,02 molar são apresentados por Carbó em um
trabalho da Acesita, hoje ArcelorMittal Inox Brasil, tanto para ligas de aço inoxidável
austeníticas quanto ferríticas, figura 3.4 (Carbó, 2001).
- 13 -
Figura 3.4: Referencia do potencial de formação de pites para ligas de aço inoxidável,
denominação ArcelorMittal Inox Brasil, em ensaio de polarização em solução de NaCl
0,02M. (Adaptada de Carbó, 2001).
Com o objetivo de obter os parâmetros eletroquímicos de um material em um meio utilizam-
se ensaios de corrosão que utilizam a técnica de curva de polarização anódica
potenciodinâmica. Essa técnica permite medir mudanças na densidade de corrente em função
do potencial, iniciando no potencial de corrosão e varrendo no sentido de potenciais mais
elevados, e então, retornando no sentindo do potencial de corrosão. Dessa forma, é possível
obter os principais parâmetros da corrosão, como potencial de proteção, potencial de
formação de pite, susceptibilidade ao pite e potencial de corrosão.
O potencial de proteção indica o potencial abaixo do qual nenhum pite se forma e os pites já
existentes serão passivados. Esta proteção é compreendida no intervalo (Epit – Ecorr), chamada
de susceptibilidade à corrosão por pite ou taxa de nucleação de pite (Mishra et al, 2007). O
potencial de proteção é obtido diretamente das curvas de polarização, no ponto de intersecção,
após a reversão da varredura do potencial. O potencial acima do qual os pites nucleiam e se
desenvolvem é definido como potencial de pite e seu valor é aquele no qual a densidade de
corrente aumenta acentuadamente, praticamente sem variação de potencial. A susceptibilidade
ao pite está relacionada com a área do laço sob a curva de polarização e, assim, quanto maior
a área do laço sob a curva, mais susceptível à corrosão por pite será o material (Mariano,
2006). A figura 3.5 abaixo expõe uma curva típica de um ensaio de corrosão de polarização.
- 14 -
Po
ten
cia
l
Log Densidade de Corrente
Po
ten
cia
l
Log Densidade de Corrente
Figura 3.5: Representação esquemática de uma curva de polarização (Adaptado de:
Gentil, 1996).
- 15 -
CAPÍTULO 4: PARTE EXPERIMENTAL
Este capítulo tem por objetivo explanar sobre os procedimentos metodológicos adotados nesta
pesquisa. Para um melhor entendimento, o capítulo é dividido, conforme estabelecido nos itens
seguintes.
4.1 – Preparação das Amostras
Amostras de diferentes ligas de aço inoxidável ferríticos foram fornecidas pela ArcelorMittal
Inox Brasil com identificação da corrida em que foram produzidas, assim como a composição
química das ligas conforme tabela IV.1. Seguindo a metodologia básica empregada no
CETEC, a preparação básica das amostras consiste em corte a laser, no plano paralelo ao de
laminação, de peças com dimensões de 10 por 10mm, com espessura variável entre 0,5 a
1,5mm, de acordo com a espessura da chapa de cada liga, indicadas na tabela IV.2. Estas
amostras são embutidas e, posteriormente, são polidas em processo mecânico ou eletrolítico
para realização dos ensaios de Microscopia Ótica e EDS.
Tabela IV.1: Composição química das ligas em % em massa. * Nitrogênio (N) em mg/kg.
Aço Elemento
C Mn Si P S Cr Ni Mo Nb Ti N*
430 0,048 0,43 0,35 0,023 0,0009 16,02 0,16 0,014 0,035 0,01 472
430Nb 0,019 0,24 0,36 0,031 0,0003 16,02 0,38 - 0,360 0,01 218
439 0,010 0,16 0,39 0,031 0,0008 17,43 0,18 0,046 0,220 0,19 109
441 0,011 0,17 0,39 0,028 0,0011 18,15 0,20 0,022 0,470 0,13 103
444 0,010 0,15 0,40 0,035 0,0018 17,62 0,22 1,820 0,170 0,13 120
4.2 – Estudo dos Precipitados e Inclusões
Precipitados são compostos eutéticos que existem na estrutura de um aço, sendo que no caso
de ligas de aço inoxidável ferrítico os compostos mais comuns são formados a base de
carbono, ferro e nitrogênio combinados os elementos de liga formando carbonetos, nitretos e
carbonitretos. A presença destes compostos tende a reduzir pontualmente o teor de cromo da
liga, podendo gerar regiões com menor resistência à corrosão e oxidação.
As inclusões são compostos oriundos do processo produtivo como resíduos dos refratários do
cadinho, carro torpedo ou da panela que mantiveram contato o aço ou ferro gusa ao longo do
- 16 -
seu processo de produção e, em geral, possuem elementos que não fazem parte da composição
química do aço como: Ca, Si, Mg, Al, S, Mn. As inclusões podem ser vistas ao microscópio
antes mesmo do ataque químico.
Os precipitados podem ser dissovidos se a temperatura do material for elevada, com o retorno
dos elementos à estrutura cristalina através de processos difusionais, por outro lado, as
inclusões não se dissolvem, mesmo em temperaturas elevadas para o aço sólido.
Para avaliação e caracterização dos precipitados e das inclusões, após o processo de
polimento das amostras, estas são levadas ao Microscópio Ótico para observação das
inclusões e ao Microscópio Eletrônico de Varredura (MEV) para estudo qualitativo das
inclusões, no que diz respeito a forma, tamanho, composições químicas e avaliação qualitativa
da distribuição em cada liga.
4.3 – Microestrutura e Tamanho de Grão
Para estudo da microestrutura de cada um das ligas, assim como para a determinação do
tamanho de grão das mesmas, após corte e polimento conforme descritos no item 4.1, as
amostras são lavadas e atacadas químicamente com reagente Vilela ou Água Régia, por tempo
variável de acordo com cada liga, para caracterização da microestrutura, tabela V.1.
Após o ataque químico as amostras foram levadas a um Microscópio Ótico para observação
da forma dos grãos e contagem e determinação do tamanho destes e ao MEV para avaliação
dos carbonitretos existentes na liga no que referem-se as suas composições químicas,
concentrações e outras características pertinentes ao projeto.
Para determinação do tamanho de grão, cada uma das amostras, após polimento e ataque
químico para revelação de sua microestrutura, é levada ao microscópio ótico e fotografada em
10 pontos distintos com aumento de 100x e, através de software, determina-se o tamanho de
grão na escala ASTM. Repetir-se-á este procedimento para as chapas cortadas e embutidas
expondo a superfície do plano paralelo ao de laminação, avaliando o tamanho de grão no
interior das chapas, tabela V.2.
- 17 -
4.4 – Ensaios de Corrosão
4.4.1 – Preparo das amostras para os ensaios de corrosão
Para realização dos ensaios de corrosão foram cortadas amostras com área de 1cm2 para
preparação de um eletrodo de trabalho. Após o corte, as amostras foram lateralmente lixadas
para retirada das rebarbas. Posteriormente, foi estabelecido um contato elétrico de cada
amostra com um fio de cobre, utilizando solda capacitiva. Em seguida foi realizado um
embutimento em resina poliéster. Foram tomados alguns cuidados durante o processo de
embutimento para evitar que a face exposta da amostra a ser testada não ficasse inclinada ou
com presença de vazios entre a borda e a resina. Terminado o período de cura da resina, as
amostras foram lixadas no mínimo doze horas antes da realização do ensaio de corrosão, na
seqüência de #180, #400, e #600, lavadas e secas.
4.4.2 – Ensaios de polarização potenciodinâmica
Foram levantadas curvas de polarização potenciodinâmica em solução de NaCl 3% (Kg/L) a
25 C, previamente desaerada por 30 minutos em nitrogênio gasoso de alta pureza. Os ensaios
foram realizados em célula convencional de três eletrodos, conforme figura 4.1, sendo o
eletrodo de trabalho representado pelas amostras de aços ArcelorMittal Inox Brasil da série
4xx; 430, 430Nb, 439, 441 e 444. O eletrodo de referência foi de Ag/AgCl e o contra-eletrodo
constituindo-se de um fio de platina. A faixa de potencial aplicado foi de -0,6 a +1,5V com
uma velocidade varredura de 1mV/s. O equipamento utilizado para realização destes ensaios
foi um potenciostato/galvanostato modelo PGSTAT 20 da AutoLab. Para cada uma das
amostras foram levantadas curvas de polarização anódica. A partir das curvas foram obtidos
os parâmetros eletroquímicos de potencial de corrosão (Ecorr) e potencial de pite (Epit) para as
amostras. As curvas de polarização foram coletadas com utilização do programa aplicativo
do sistema da AutoLab GPESe posteriormente tratadas no software Origin 6.0 e por fim
apresentadas no Excel. Aos resultados encontrados nos ensaios de polarização anódica foi
aplicado o teste de Duncan a 5% para comparação média dos parâmetros de potencial de
formação de pites (Epit) e os valores (Epit-Ecorr).
- 18 -
a) b)
Figura 4.1: Dispositivo experimental utilizado nos ensaios potenciostáticos
a) 1. eletrodo de platina; 2. amostra; 3. eletrodo de referência, 4. célula.
b) Potenciostato AutoLab PGSTAT20, a esquerda, conectado ao computador, a direita.
4.6 – Metalografia
A Microscopia Ótica foi utilizada, conforme descrito anteriormente, para avaliação da
presença de inclusão e precipitados, além do equipamento contar com uma câmera digital e
software para contagem de grão em escala ASTM. A figura 4.2 ilustra o equipamento utlizado
nesta etapa do trabalho.
- 19 -
Figura 4.2: Microscópio ótico utilizado nas análises metalográficas.
O equipamento utilizado para a Microscopia Eletronica de Varredura (MEV) foi JSM-5510 da
JEOL, pertencente ao Laboratório de Microscopia do setor de Geologia da Escola de Minas.
Este equipamento foi utilizado para localização e análise da composição química, distribuição
e forma das inclusões e precipitados presentes nos aços inoxidáveis ferríticos supracitados
com utilização da técnica de EDS. A figura 4.3 ilustra o equipamento.
Figura 4.3: MEV modelo JSM-5510 fabricado pela JEOL.
- 20 -
CAPÍTULO 5: RESULTADOS E DISCUSSÃO
Este capítulo versa sobre os resultados obtidos com a metodologia proposta no capítulo 4.
5.1 – Tamanho de Grão e Microestrutura.
Seguindo os métodos de preparação de amostras descritos no item 4.1 e os procedimentos
descritos no item 4.3; com ataque químico para revelar a microestrutura de acordo com cada
material (tabela V.1) e com coleta de dez imagens por amostra de aço com aumento de 100x e
através da contagem de interceptos de contornos de grão, via software Image-Pro Plus
determinou-se o tamanho de grão na escala ASTM das amostras de aço inoxidável ferrítico;
430, 430Nb, 439, 441 e 444, conforme apresentado na tabela V.2.
Tabela V.1: Tempo de ataque químico necessário para revelação da microestrutura utilizando
reagente de água régia.
Aço Tempo (s)
430 40
430Nb 70
439 80
441 60
444 60
Tabela V.2: Tamanho de grão ASTM e tamanho de grão médio (µm) das chapas cortadas em
um plano perpendicular ao de laminação na direção paralela ao sentido de
laminação.
Aço Espessura da Chapa (mm)
Tamanho de Grão (ASTM) Tamanho de Grão (µm) Mínimo Máximo Referência
430 0,6 9,58 10,4 10,0 8,0
430Nb 0,6 8,39 9,58 9,0 14,0
439 0,5 8,39 8,93 8,5 17,0
441 1,5 5,53 6,82 6,5 32,0
444 0,5 8,52 9,04 8,5 17,0
A avaliação da microestrutura dos aços inoxidáveis ferríticos, revelou matriz ferrítica, com
grãos equiaxiais de tamanhos variados em função da composição química e, possivelmente,
das taxas de resfriamento aplicadas a cada um dos materiais durante processo de fabricação
(figura 5.1). Observa-se ainda uma diferença significativa entre os tamanhos de grão médios
- 21 -
das chapas se avaliados no plano de laminação e no plano ortogonal a este, sendo que em três
dos cinco materiais houve uma redução no tamanho de grão da chapa na superfície em relação
ao interior dessa e em outras duas amostras observou-se comportamento inverso.
a) 430 b) 430Nb
c) 439 d) 441
e) 444
Figura 5.1: Amostras das chapas de aço inoxidável ferrítico com aumento de 100x em
microscopia ótica; a) 430, b) 430Nb, c) 439, d) 441 e e) 444.
- 22 -
As imagens mostram as distinções entre os precipitados e inclusões existentes em cada um
dos materiais, também vinculados ao processo produtivo e, neste caso, principalmente às
diversas composições químicas advindas da adição de elementos de liga.
Com relação ao tamanho de grão das amostras, observa-se que a chapa de aço inoxidável 430
apresenta o menor tamanho de grão, provavelmente, devido ao tratamento térmico de
recozimento com recristalização dos grãos após a laminação a frio. As amostras dos aços
430Nb, 439 e 444 apresentam tamanho de grão semelhantes, assim como a forma dos mesmos
também é indicio de recozimento após a laminação a frio, sendo que neste caso os
precipitados (carbonitretos) de Nb e Ti segregados ao longo dos contornos de grão
mantiveram dentro do esperado o tamanho destes. No caso da chapa do aço 441, observa-se
que apenas uma pequena parte dos carbonitretos de Nb e Ti foram segregados nos contornos
de grão, sendo assim a amostra apresenta um tamanho de grão maior que o esperado em
função dos elementos de liga agregados à composição química da liga e dos dizeres da
literatura (Faria, 2006).
Uma possível explicação para o tamanho de grão do aço 441 é a formação de precipitados de
Nb e Ti ao longo do processo produtivo se deu antes da etapa final de laminação da liga, o
que faz esses precipitados apresentarem tamanho superior a 10µm conforme esperado e se
segregarem igualmente ao longo de toda a liga, parte nos contornos de grão e parte na matriz.
A etapa de laminação não consegue quebrar esses precipitados primários e, em função da
distribuição aleatória destes, na etapa de tratamento térmico de recozimento ocorre o
crescimento exagerado dos grãos. A presença de carbonitretos primários e espalhados ao
longo da liga é observada nos outros aços, porém nestes o tamanho de grão está dentro do
esperado. Entretanto, uma justificativa possível para o tamanho de grão apresentado pela liga
441 está no fato deste aço ter aplicações de uso em alta temperatura, onde o maior tamanho de
grão é favorável na prevenção de desgastes ou fraturas causados por regime de fluência na
liga (Santandréa, 1999).
- 23 -
5.2 – Precipitados e Inclusões.
Na amostra de aço 430, observou-se a existência de precipitados e inclusões, sendo que esses
possuem em geral cerca de 30% de Cr, teor muito maior que o observado ao longo da liga, da
ordem de 16%. No que diz respeito às inclusões, próximos a precipitados, foram detectados
compostos com teores de Ca, Si e Mg, figura 5.2 e anexo I.
a)
b)
c)
Figura 5.2: Micrografia eletrônica de varredura do aço 430 com voltagem de aceleração
de 20kV, com representação dos espectros dos pontos 1 e 2.
A amostra do aço 430Nb, estabilizado com nióbio, apresentou, conforme esperado, formação
de carbonitretos de nióbio, localizados preferencialmente nos contornos de grão e, em alguns
casos, dentro do grão. Observa-se que, nos pontos próximos aos precipitados, o teor de cromo
- 24 -
da liga sofre apenas uma pequena alteração, mantendo-se próximo aos 16% esperados, o que
não ocorreu no aço 430, figura 5.3 e anexo I.
a)
b)
c)
d)
e)
Figura 5.3: Micrografia eletrônica de varredura do aço 430Nb com voltagem de
aceleração de 20kV, com representação dos espectros dos pontos 1, 3, 5 e 13.
Na amostra de aço 439, observou-se uma formação de precipitados com alto teor de Ti,
elemento de liga que é adicionado a este aço para estabilizar o teor de Cr em solução sólida no
material. A formação de carbonitretos de titânio é importante para o material manter o filme
passivo de Cr que proporciona a propriedade inoxidável do material. Estes precipitados à base
de Ti possuem forma característica, semelhante a pequenos losangos ou triângulos, quando
- 25 -
observados no MEV. Nesta amostra também foi observada a presença de inclusões a base de
Ca e Mg, figura 5.4 e anexo I.
a)
b)
c)
d)
e)
Figura 5.4: Micrografia eletrônica de varredura do aço 439 com voltagem de aceleração
de 20kV, com representação dos espectros dos pontos 1, 2, 3 e 5.
A amostra de aço 441 apresentou precipitados com alto teor de Ti e com teor significativo de
Nb, próximo a 8% da composição do precipitado. De forma semelhante aos carbonitretos de
Ti, os carbonitretos de Nb também possuem forma próxima a um quadrado. Em alguns
precipitados observou-se alto teor de Al. Possui inclusões a base de Al, Ca e Mg, sendo que
algumas inclusões apresentam teor de Mg maior que 8%, figura 5.5 e anexo I.
- 26 -
a)
b)
c)
Figura 5.5: Micrografia eletrônica de varredura do aço 441 com voltagem de aceleração
de 20kV, com representação dos espectros dos pontos 2 e 5.
A amostra de aço 444 apresentou precipitados de carbonitretos de Ti, de formato quadricular.
Como nas outras ligas, não se observou Molibdênio nos precipitados avaliados pelo MEV.
Este elemento está presente na composição química da liga 444 com teor próximo a 2%. No
que diz respeito às inclusões, observou-se compostos semelhantes aos das outras ligas, figura
5.6 e anexo I.
- 27 -
a)
b)
c)
Figura 5.6: Micrografia eletrônica de varredura do aço 439 com voltagem de aceleração
de 20kV, com representação dos espectros dos pontos 2 e 3.
5.3 – Ensaios de Polarização
Para avaliação do comportamento de corrosão das ligas de aços inoxidáveis ferriticos
apresentadas neste trabalho, ensaios de polarização anódica foram realizados utilizando o
laboratório do CETEC, equipamento com um potenciostato/galvanostato modelo PGSTAT 20
da Autolab, seguindo os procedimentos descritos no capítulo 4 deste trabalho.
Para cada um dos aços foram coletadas de 3 a 6 curvas que foram posteriormente utilizadas
para aquisição dos dados de potencial de formação de pites (Epit), potencial de corrosão (Ecorr),
resistência à nucleação de pites (Epit – Ecorr) e os valores de densidade de corrente
correspondentes aos pontos de potencial de corrosão (Icorr) e de formação de pites (Ipit). A
tabela V.3, abaixo, apresenta os dados obtidos para cada um dos aços, assim como gráficos
- 28 -
com as curvas típicas de cada um dos aços para o ensaio de polarização anódica em solução
de NaCl 3% e as curvas típicas para comparação dos cinco aços estudados, figuras 5.7 a 5.12.
Tabela V.3: Parâmetros eletroquímicos obtidos nos ensaios de polarização anódica dos aços
inoxidáveis 430, 430Nb, 439, 441 e 444.
Aço Ecorr (V) Epit (V) Epit – Ecorr (V) Icorr (A/cm²) Ipit (A/cm²)
430 -0,36 0,15 0,51 -9,03 -5,12
-0,56 0,12 0,68 -8,61 -5,77
-0,35 0,14 0,49 -7,95 -5,54
-0,39 0,17 0,56 -9,51 -5,78
430Nb -0,35 0,04 0,39 -9,51 -5,96
-0,32 0,06 0,38 -8,44 -5,80
-0,48 0,12 0,60 -8,37 -5,87
-0,51 0,12 0,63 -8,91 -5,54
439 -0,32 0,11 0,43 -8,31 -5,76
-0,39 0,09 0,48 -8,56 -5,58
-0,34 0,10 0,44 -8,81 -5,54
441 -0,28 0,15 0,43 -8,91 -5,25
-0,29 0,17 0,46 -8,73 -5,60
-0,28 0,17 0,45 -8,73 -5,55
-0,27 0,18 0,45 -8,19 -5,30
444 -0,52 0,34 0,86 -7,88 -5,38
-0,51 0,33 0,84 -8,31 -5,15
-0,52 0,37 0,89 -9,21 -5,48
-0,50 0,31 0,81 -8,81 -5,63
-0,51 0,36 0,87 -8,43 5,59
- 29 -
-1
-0,5
0
0,5
1
1,5
-10 -9 -8 -7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 0
Log corrente (A/cm2)
Po
ten
cia
l (V
) ele
tro
do
Ag
/Ag
Cl 3M
430A 1
430A 5
430A 6
Figura 5.7: Curvas típicas de polarização anódica do aço 430, varredura 1mv/s.
-1
-0,5
0
0,5
1
1,5
2
-10 -9 -8 -7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 0
Log corrente (A/cm 2)
Po
ten
cia
l (V
) ele
tro
do
Ag
/Ag
Cl 3M
430E 2
430E 4
430E 5
430E 6
Figura 5.8: Curvas típicas de polarização anódica do aço 430Nb, varredura 1mv/s.
- 30 -
-1
-0,5
0
0,5
1
1,5
-10 -9 -8 -7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 0
Log corrente (A/cm 2)
Po
ten
cia
l (V
) ele
tro
do
Ag
/Ag
Cl 3M
439 1
439 3
439 4
Figura 5.9: Curvas típicas de polarização anódica do aço 439, varredura 1mv/s.
-0,8
-0,6
-0,4
-0,2
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
1,4
-10 -8 -6 -4 -2 0
Log corrente (A/cm2)
Po
ten
cia
l (V
) e
letr
od
o A
g/A
gC
l 3
M
441 2
441 3
441 5
441 6
Figura 5.10: Curvas típicas de polarização anódica do aço 441, varredura 1mv/s.
- 31 -
-1
-0,5
0
0,5
1
1,5
2
-10 -9 -8 -7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 0
Log corrente (A/cm 2)
Po
ten
cia
l (V
) ele
tro
do
Ag
/Ag
Cl 3M
444 2
444 3
444 4
444 5
444 6
Figura 5.11: Curvas típicas de polarização anódica do aço 444, varredura 1mv/s.
-1
-0,5
0
0,5
1
1,5
2
-10 -9 -8 -7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 0
Log corrente (A/cm 2)
Po
ten
cia
l (V
) ele
tro
do
Ag
/Ag
Cl 3M
430A
430E
439
441
444
Figura 5.12: Curvas típicas de polarização anódica dos aços 430, 430Nb, 439, 441 e 444.
- 32 -
Os dados apresentados na tabela V.4 estão próximos ao esperado ao que diz respeito às
informações obtidas na literatura. O aço 444 apresentou um potencial de formação de pites
muito superior aos outros aços, isso ocorre devido ao teor de molibdênio existente na liga cuja
função é estabilização da película protetora inoxidável e aumento na resistência à formação de
pites de corrosão (Santandréa, 1999). Os aços 430Nb, 439 e 441 cujas composições químicas
apresentam adição de elementos de liga nióbio e titânio possuem potencial de formação de
pites próximos ao da liga 430 que não possui elementos estabilizadores de ferrita ou teor de
cromo em sua composição, fato que está, em parte, de acordo com a literatura, uma vez que
elementos como nióbio e titânio promovem melhor resistência a algumas formas de corrosão
de uma liga, mas não à corrosão por pites (Gentil, 1994). Entretanto, de acordo com Carbó
(Carbó, 2001), figura 3.4 deste trabalho, a ordem crescente dos potenciais de formação de
pites para os aços estudados deveria ser; 430 < 439 < 441 < 444, sendo que o aço 430, neste
trabalho, apresentou melhores resultados que as ligas 430Nb (estabilizada com Nb), talvez em
função do teor de Mo de 0,014 presente no aço 430, e 439 que deveria apresentar, em função
de sua composição química e precipitados, resultados melhores que os das ligas 430 e 430Nb.
A tabelaV.4, abaixo, apresenta os valores médios encontrados para o potencial de formação
de pites (Epit) e resistência à nucleação de pites (Epit – Ecorr) para cada um dos aços
inoxidáveis:
Tabela V.4: Valores médios do potencial de formação de pites e resistência à nucleação de
pites dos aços inoxidáveis ferríticos 430, 430Nb, 439, 441 e 444.
Aço Epit (V) Epit - Ecorr (V)
430 0,14 ± 0,03b
0,56 ± 0,12b
430Nb 0,09 ± 0,05c
0,50 ± 0,13b
439 0,10 ± 0,01c
0,45 ± 0,03b
441 0,16 ± 0,02b
0,45 ± 0,03b
444 0,34 ± 0,03a
0,85 ± 0,04a
* Em cada coluna, médias indicadas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de
Duncan em mais de 5%.
De acordo com o teste de Duncan as amostras foram separadas em três grupos para a
resistência à formação de pites e em dois grupos no que diz respeito resistência à nucleação de
pites (Epit - Ecorr). O potencial de formação de pites é entendido como o índice de proteção da
liga à ruptura da camada passiva de cromo (Santandréa, 1999 e Gentil, 1994), sendo
resistência à nucleação de pites a indicação da proteção da liga entre o inicio do processo de
- 33 -
corrosão e a ruptura pontual do filme passivo de cromo, ou formação do pite (Vasconcelos,
2005).
A figura 5.13 apresenta os resultados deste trabalho em que se utilizou solução de NaCl 3%,
ou 0,5M, estes podem ser comparados, como referência, com os resultados obtidos por Carbó
(Carbó, 2006) para solução de NaCl 0,02M, figura 3.4.
Potencial de Formação de Pites em Solução de NaCl
3%
430 430 Nb 439 441 444
0
0,05
0,1
0,15
0,2
0,25
0,3
0,35
0,4
0,45
0,5
Po
ten
cia
l d
e P
ites (
V)
Figura 5.13: Gráfico comparativo do potencial de formação de pites dos aços inoxidáveis
430, 430Nb, 439, 441 e 444.
- 34 -
CAPÍTULO 6: CONCLUSÕES
Com os dados colhidos nos ensaios realizados neste trabalho, chegou-se às seguintes
conclusões:
A ordem crescente do potencial de formação de pites dos aços analisados no trabalho
foi, 430Nb, 439, 430, 441 e 444, para o ensaio potenciodinâmico em solução de NaCl
3%, a temperatura ambiente.
A adição de apenas nióbio como elemento de liga ao aço 430Nb implicou em redução
do potencial de formação de pites.
A presença dos elementos de liga nióbio e titânio nos aços 439 e 441 não resultaram
em aumento significativo no potencial de formação de pites.
O molibdênio, elemento de liga presente na liga de aço inoxidável ferrítico 444,
aumenta consideravelmente o potencial de formação de pites e, ainda, confere maior
proteção à corrosão constatada pelo maior valor de Epit - Ecorr.
A presença de nióbio, ou nióbio e titânio, nos aços resultou em valores
estatisticamente iguais de Epit - Ecorr indicando que as ligas 430, 430Nb, 439 e 441
possuem o mesmo caráter de proteção à corrosão por pites.
- 35 -
CAPÍTULO 7: RELEVÂNCIA DOS RESULTADOS
Os resultados apresentados neste trabalho são fundamentais para o fomento de novos
trabalhos na área de corrosão de aços ferríticos. Entre os principais resultados, o mais
relevante é a importância da adição de molibdênio em teores expressivos, acima de 1,5%, na
composição química das ligas de aço inoxidável ferrítico cujas condições de trabalho
envolvem ambientes marinhos ou com alto teor de cloretos.
A adição ou presença de elementos de liga nióbio e titânio nos aços inoxidáveis ferríticos não
tem relação direta com a alteração do caráter de proteção à corrosão, possivelmente porque a
atuação destes elementos dependa dos teores de C e N presentes na liga.
- 36 -
CAPÍTULO 8: SUGESTÃO DE TRABALHOS FUTUROS
Uma vez que os aços inoxidáveis ferríticos ampliaram sua área de aplicação e o incremento
no número de trabalhos científicos ocorreu apenas após os anos de 1970, muito ainda pode ser
estudado para auxiliar no desenvolvimento de ligas destes, tendo como sugestão, trabalhos de:
Estudos voltados ao entendimento do processo de formação de pites de corrosão,
principalmente na busca dos sítios de nucleação destes.
Estudos de corrosão em outras soluções, buscando novas aplicações para as ligas de
aço inoxidável ferrítico.
Utilização de técnicas de mais alta resolução, tais como a de Impedância
Eletroquímica, para apoio ao estudo dos processos corrosivos nestes aços.
Uso de técnicas de determinação da composição química superficial, como XPS,
para entendimento das variações do teor de cromo e ferro nos processos de corrosão
nesses aços.
Realizar ensaios de polarização cíclica.
Investigar o efeito da textura através da técnica de EBSD.
- 37 -
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- 40 -
ANEXO I – Imagens obtidas por microscopia eletrônica de
varredura e correspondente análise química por EDS
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