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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA ED PROJETOS ESPECIAIS INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
RELAÇÃO SOCIEDADE E NATUREZA NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL
AIANY RUTH SILVA DE ASSIS
ORIENTADOR (A): ____________________ PROFESSOR (A): Celso Sánchez
URUTAÍ-GO NOVEMBRO / 2008
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA ED PROJETOS ESPECIAIS INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
RELAÇÃO SOCIEDADE E NATUREZA NO CONTEXTO
DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL
AIANY RUTH SILVA DE ASSIS
Trabalho monográfico apresentado como requisito parcial para obtenção do Grau de Especialista em Educação Ambiental
URUTAÍ-GO NOVEMBRO / 2008
3
Agradeço a Deus pela sabedoria e disponibilidade que me concedeu durante a elaboração deste trabalho e, a todos que direta ou indiretamente contribuíram para a conclusão do mesmo.
4
Humildemente dedicamos esta pesquisa monográfica a todos os professores que nos trouxeram qualquer tipo de instruções desde a Educação Infantil até esta Pós-Graduação, bem como, a todos os colegas que se fizeram presentes durante toda essa escolarização. Esta pesquisa é o resultado total de todos os conhecimentos adquiridos ao longo de nossas vidas.
5
Resumo
É uma verdade trivial afirmar que a relação sociedade-natureza constitui a base sobre a qual relações sociais civilizadas deveriam se apoiar. Nessa perspectiva, essa dissertação aponta para a problematização e o entendimento das conseqüências de alterações no ambiente, permitindo compreende-las como algo produzido pela ação humana, em determinados contextos históricos e diferentes caminhos de superação. A primeira parte desta dissertação aborda a Educação Ambiental, considerando-a capaz de contemplar as questões ambientais inseridas na vida cotidiana das pessoas e de discutir algumas visões polêmicas sobre o meio ambiente. Visões estas que implicam fundamentalmente na relação homem-natureza. Na segunda parte são apresentados os conceitos de natureza - tudo aquilo que cerca o homem e oferece seus recursos em prol da sobrevivência humana-; meio ambiente, biosfera e biodiversidade. Na terceira parte, a dissertação focaliza um dos externos da relação sociedade-natureza porque estabelece uma relação intrínseca entre a degradação ambiental e as novas tecnologias mostrando que a humanidade chegou a um ponto da trajetória de ocupação e exploração da Terra, em que sua capacidade de suporte dá mostras inequívocas de esgotamento e que é urgente a necessidade de se rever as premissas do crescimento econômico tendo em vista o alcance de índices satisfatórios de desenvolvimento humano e de conservação ambiental. Fundamentalmente, a dissertação mostra que a sociedade deve se tornar ciente de que o desenvolvimento não deve mais ocorrer como se a natureza fosse um obstáculo e direcionar ações que possam ser desenvolvidas em sintonia com ele, aproveitando adequadamente suas potencialidades, de forma a não exaurir os recursos naturais hoje existentes.
6
Metodologia
As inter-relações do homem com a natureza, sob todas as dimensões,
mostrando-se diferentes segundo as localidades economicamente distintas. por
isso, ao observar essas discrepâncias, essa pesquisa deverá se embasar em
um referencial teórico e/ou bibliográfico que possa identificar e explicar essas
discrepâncias.
Trata-se de um tema abrangente, amplo e complexo, que pode ser
abordado em diferentes aspectos, por essa razão, a pesquisa se propõe a
contextualizar informações, dados e outros recursos qualitativos que podem
representar as peculiaridades do tema. A pesquisa deverá apresentar caráter
dedutivo e se constituir a partir de um referencial teórico em que literaturas
especializadas, livros específicos, documentos eletrônicos, entre outros, serão
utilizados. Através desse referencial, deverá descrever as características da
relação sociedade – natureza, questionando o estabelecimento de subrelacao
ente as suas variáveis.
A pesquisa deverá, ainda, prever algumas prioridades entre os eixos
temáticos a serem tratados. Entre essas prioridades, pode-se citar:
• o reconhecimento do processo histórico evolutivo das políticas públicas
de Educação Ambiental, considerando que o meio ambiente não era
concebido, como se verifica em estudos prévios, até pouco tempo atrás, como
um fator de relevância social;
• compreender as abordagens metodológicas e práticas da Educação
Ambiental, uma vez que não existiam mecanismos ou mesmo instituições
responsáveis por políticas que levassem à preservação dos recursos naturais,
controlando o desenvolvimento econômico e o crescimento desenfreado;
• enfocar o sentido histórico da noção de natureza como forma de se
compreender as etapas de organização das sociedades modernas;
• identificar as variedades dos ecossistemas, o valor econômico dessas
variedades e as ameaças à sobrevivência dos mesmos;
7• a compreensão da preservação da biodiversidade como forma de
equilíbrio na relação sociedade – natureza;
• enfocar a crise ambiental e/ou civilizatória, bem como, o surgimento da
questão ambiental a nível planetário.
É pertinente observar que esses eixos temáticos, assim como outros,
que serão sutilmente tratados na elaboração da pesquisa, são demonstrativos
da relação sociedade – natureza e isso remetem a um consenso entre os
ambientalistas, ou seja, a grande maioria dos problemas ambientais que ocorre
no mundo de hoje poderia ser evitada se o homem tivesse conscientização
ecológica. Ocorre que diante das rápidas e profundas transformações da vida
contemporânea e tendo em vista a necessidade de se compreender a
sociedade como partícipe do processo de preservação dos recursos naturais,
essa conscientização ecológica pode desenhar uma nova configuração de
mundo baseado na preservação ambiental.
A proposta de uma pesquisa qualitativa, descrita e dedutiva se aplica na
busca de novos caminhos alternativos para entender dentro dos novos espaços
de conhecimento a Educação Ambiental que, aliada à interdisciplinaridade,
pode influenciar, sobretudo, no que se refere à construção de novos
paradigmas de vida para as pessoas.
8
Sumário
Introdução..........................................................................................................09
Capítulo 01 – Fundamentos da Educação Ambiental........................................13
1.1 . A Educação Ambiental e cidadania: políticas públicas..............................16
1.2 . A Educação Ambiental na formação do sujeito ecológico..........................21
1.3 . A Educação Ambiental e as relações sociais.............................................24
1.4 . A compreensão da educação Ambiental: abordagens metodológicas e
práticas.........................................................................................................27
Capítulo 02 – Conceitualizando natureza, meio ambiente, biosfera e
biodiversidade....................................................................................................32
2.1. O sentido histórico da noção de natureza e a definição do meio
ambiente............................................................................................................33
2.2. Os recursos naturais e o meio ambiente....................................................37
2.3. O que são biosfera e biodiversidade..........................................................40
2.4. A organização das sociedades modernas..................................................46
Capítulo 03 – A degradação Ambiental e as novas tecnologias........................50
3.1. Ética e natureza: históricos confrontos.......................................................52
3.2. Crise ambiental ou falta de civilização conscientizadora?..........................56
3.3. A necessária preservação da biodiversidade.............................................59
Conclusão..........................................................................................................65
Referências Bibliográficas.................................................................................67
9
Introdução
Em seu processo de estudo e descoberta das leis da natureza a
humanidade foi progressivamente subdividindo-a e ordenando-a em função de
sua disponibilidade tecnológica e das idéias vigentes. A ciência contemporânea
divide a natureza em diversas escalas para melhor compreender o
funcionamento do todo. Esta pesquisa monográfica se propõe analisar a
relação da sociedade e/ou dos seres humanos com a ultima dessas escalas: a
biosfera ou, num sentido mais amplo, com o conjunto dos ecossistemas da
Terra.
O homem, historicamente, estabeleceu a ocupação e o uso espacial da
Terra, utilizando os recursos renováveis e não – renováveis, com interesses
voltados para a própria sobrevivência. Com a evolução dos tempos, e mais
precisamente, devido ao modelo de produção, consumo e serviços adotado
pela sociedade em geral e, tendo como um sério agravante a evolução
tecnológica que alimenta esse modelo, as alterações ambientais da paisagem
e/ou da natureza tornaram-se muito rápidas e em grande escala produzindo
conseqüências como à poluição e a destruição de diversas formas de vida,
cujos efeitos a curtos e longos prazos, por sua vez, produzirão profundas
modificações na biosfera. Percebe-se aqui, em que consiste a relação
sociedade e natureza.
Metrópoles, cidades, povoações, fazendas ou comunidades agrícolas
são ambientes resultantes dessa relação que desenvolve processos de
modificação ambiental, mas, ao mesmo tempo cria componentes culturais,
sociológicos e econômicos, onde o homem desenvolve suas atividades básicas
e nos quais está integrado. Também os demais seres vivos modificam a
natureza, porem, de forma menos avassaladora.
Trata-se de uma pesquisa qualitativa em que os estudos serão feitos à
luz de um embasamento teórico acerca do meio ambiente e das ações
humanas sobre o mesmo, estabelecendo uma relação paralela com os
objetivos da Educação Ambiental que se baseia na reflexão sobre como devem
10ser as relações humanas e ambientais. Esta reflexão permite a conscientização
na direção das metas desejadas para o crescimento cultural, a qualidade de
vida e o equilíbrio ambiental. Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais:
apresentação dos temas transversais (1998) a educação é um elemento
indispensável para a transformação da consciência ambiental, por isso, 170
países assinaram tratados nos quais se reconhece o papel central da educação
para a “construção de um mundo socialmente justo e ecologicamente
equilibrado”, o que requer “responsabilidade individual e coletiva em níveis
local, nacional e planetário”. É isso o que se espera da Educação Ambiental no
Brasil, assumida como obrigação nacional pela constituição promulgada em
1988.
O mesmo documento enfatiza ainda, que todas as decisões e tratados
internacionais sobre o meio ambiente evidenciam a importância da Educação
Ambiental como, meio indispensável para se conseguir criar e aplicar formas
cada vez mais sustentáveis de interação sociedade/natureza e soluções para
os problemas ambientais.
Entende-se que o tema em questão é significativo, pois, a compreensão
da importância da natureza no contexto da vida humana ainda não é efetiva por
mais que se propague sobre tal importância. Ocorre que cada grupo social
desenvolve um modo de vida peculiar que é expressado na natureza
modificada, implicando assim, na necessidade de estudos abrangentes sobre
esses modos de vida e modificações deles decorrentes. Sob a visão de
GEORGE (1993) desde o final do século XVIII, a sociedade urbana – industrial
se desenvolve assustadoramente sobre todo o planeta impactando-o de forma
agressiva.
Desta forma, as atividades produtivas a expansão da cultura material
fazem com que a sociedade e a natureza estabeleçam relações de
degradação, isto é, o homem dilapida a natureza e ela reage com impactos
destrutivos, tais como: erosões, tornados, tsunames, etc.
Diante dessas considerações, é pertinente buscar uma compreensão
mais ampla sobre a relação sociedade – natureza, considerando suas causas,
abrangências e conseqüências para se adotar uma postura preservacionista do
11meio ambiente. Tanto a compreensão buscada quanto as novas posturas que
poderão ser assumidas, vão ser discutidas no decorrer da pesquisa
monográfica a partir de literaturas especificas e afins (* podendo citar:
COELHO (1992); GEORGE (1993); MENDONÇA (1990); SALES (2002);
SUERTEGARAY (1995); VESENTINI (1989); TOCANTINS (2007); etc.) *
Devera discutir, ainda, um novo paradigma de civilização dentro do qual o
desenvolvimento se fará em consonância com a natureza e não contra ela;
será solidário com todos os humanos e caracterizado pelo cuidado para com
todos os seres vivos e inertes da natureza. Sendo assim, os objetivos desta
pesquisa podem ser assim listados:
• entender a complexa série de desafios ambientais que o planeta vem
sofrendo, como mudanças climáticas, administração obsoleta dos recursos
hídricos, poluição ambiental e equivocado manejo dos recursos naturais;
• compreender como a Educação Ambiental pode superar as
deficiências educacionais do povo brasileiro que fazem com que o país assuma
o papel de exportador de matérias – primas quando é detentor de uma das
mais ricas biodiversidades do planeta;
• procurar identificar se o crime ambiental pode representar uma síntese
dos impasses que o atual modelo de civilização acarreta;
• tratar significamente, da biosfera e da biodiversidade considerando os
impactos ambientais provocados pelas ações humanas contra esses contextos.
Esses objetivos deverão produzir informações e/ou conhecimentos que,
seguramente, podem confrontar a tese de que a maior parte dos problemas
atuais na (ou da) natureza pode ser resolvida pela comunidade cientifica. É que
os defensores dessa tese confiam na capacidade de a humanidade produzir
novas soluções tecnológicas e econômicas para os graves problemas
ambientais evidentes na contemporaneidade, mas, há que se enfatizar que a
humanidade em geral vivencia o mesmo paradigma civilizatório dos últimos
séculos. Porém, esse paradigma não é suficiente para se compreender os
fenômenos ambientais.
De acordo com as orientações dos PCNs: temas transversais (1998) ao
se perceber os limites e impasses desta tese, está claro que a complexidade
12da natureza e da interação sociedade/natureza exigem um trabalho que
explicite a correlação entre os seus diversos componentes, considerando que a
estrutura e o sentido de ser desses componentes parecem ser diferentes,
quando estudados a partir dessas interações. É preciso encontrar uma outra
forma de adquirir conhecimentos que possibilite enxergar o objeto de estudo
com seus vínculos e também com os contextos físico, biológico, histórico,
social e político, apontando para a superação dos problemas ambientais.
Assim sendo, a pesquisa monográfica deverá procurar abandonar esta
concepção historicamente construída de que o homem e o meio ambiente são
contextos separados que apenas se relacionam entre si. Eles, o homem e o
meio ambiente, são elementos interdependentes, mas que são inseridos num
mesmo contexto, por isso, há que estabelecer relações respeitosas.
13
Capítulo 01 - Fundamentos da Educação Ambiental
Nas últimas décadas presenciou-se a divulgação de debates sobre
problemas ambientais em todos os meios de comunicação, o que sem dúvida
tem contribuído para que os indivíduos estejam alerta, mas a simples
divulgação não assegura a aquisição de informações e conceitos referendados
pelas áreas de conhecimento que tratam o meio ambiente. Ao contrário, é
bastante freqüente a banalização do conhecimento cientifico-o emprego de
ecologia como sinônimo de meio ambiente é um exemplo-e a difusão de visões
distorcidas sobre a questão ambiental.
A partir do senso comum, os indivíduos desenvolveram representações
sobre o meio ambiente e problemas ambientais pouco rigorosas do ponto de
vista cientifico. Foi então, que a Educação Ambiental emergiu para provocar a
revisão dos conhecimentos, buscando enriquecê-los com informações
cientificas. Mesmo não sendo classificada como uma disciplina formal, a
Educação Ambiental está diante de sua inserção no currículo escolar por
intermédio do MMA (Ministério do Meio Ambiente) e pode ser trabalhada de
forma interdisciplinar.
A educação Ambiental, ainda, não é vista como uma ciência, mas, é
concebida como uma área do conhecimento que auxilia no preparo de
cidadãos capazes de ler o mundo de uma forma mais crítica, desenvolvendo
valores, habilidades, experiências e conhecimentos (LOUREIRO: 2007). Como
conteúdo escolar, a temática Ambiental focaliza as relações recíprocas entre
sociedade e ambiente, marcadas pelas necessidades humanas, seus
conhecimentos e valores.
Essa temática focaliza também as questões especificas dos recursos
tecnológicos, intimamente relacionados ás transformações ambientais.
Considerando o enfoque dessas relações e questões os Parâmetros
Curriculares Nacionais: ciências naturais (1997: p.45) enfatizam que:
Em coerência com os princípios da educação ambiental (...), aponta-se a necessidade de reconstrução da relação homem-natureza, a fim
14de derrubar definitivamente a crença do homem como senhor da natureza e alheio a ela e ampliando-se o conhecimento sobre como a natureza se comporta e a vida se processa. É necessário conhecer o conjunto das relações na natureza (...). Entretanto, um conhecimento profundo dessas relações só é possível mediante sucessivas aproximações dos conceitos, procedimentos e atitudes relativos á temática ambiental, (...).
A Educação Ambiental, portanto, se presta para buscar a consciência
crítica que permita o entendimento e a intervenção de todos os setores da
sociedade, encorajando um novo modelo de sociedade, em que a preservação
dos recursos naturais seja compatível com o bem-estar sócio-econômico da
população mundial.
A fim de se observar a abrangência dos estudos ambientais do ponto de
vista da Educação Ambiental, aqui, será analisada as relações dos seres vivos,
especialmente do homem, com ao componente abióticos diz-se do componente
do ecossistema que não inclui seres vivos - do meio. O conceito de relação da
humanidade com os componentes abióticos do meio, neste trabalho deverá
apontar como premissa da Educação Ambiental as relações entre seres vivos
entre si no espaço e no tempo, determinando a biodiversidade de ambientes
naturais específicos.
Ao PCN: ciências naturais (1997) orientam que enfoque das relações
entre a humanidade e seres não-vivos, aplicado aos múltiplos conteúdos da
Educação Ambiental, oferece subsídios para a formação de atitudes de
respeito á integridade dos ambientes naturais, ou seja, os fundamentos
científicos da Educação Ambiental devem subsidiar a formação de atitudes dos
educadores e educandos.
Para SEARA FILHO (1992: p.45) o objetivo da Educação Ambiental é:
Desenvolver no individua sua capacidade critica o espírito de iniciativa e o senso de responsabilidade, com o fim de formar uma cidadania com visão objetiva do funcionamento da sociedade, motivada para a vida coletiva e consciente de que a qualidade de vida das gerações futuras depende das escolhas que o cidadão fizer em sua própria vida.
15Desta forma, a Educação Ambiental é concebida como instrumento de
preservação e/ou de transformação da sociedade contemporânea e é objeto de
discussão desde a Antiguidade. Atualmente, está no centro das sugestões de
redefinição e/ou reorganização do pensamento da humanidade porque busca o
resgate da melhoria da qualidade de vida dos seres vivos.
Sob a visão de LOUREIRO (2007), nesse contexto, a Educação
Ambiental é uma proposta educativa que nasce em um momento histórico de
alta complexidade, pois tenta responder aos sinais de falência de um modo de
vida contextualizado em que não se sustenta às promessas de afluência,
processo e desenvolvimento.
Fundamentalmente, a Educação Ambiental é reconhecida como uma
área de conhecimento que objetiva ensinar sobre a melhoria da qualidade de
vida associada á sustentabilidade dos recursos naturais. Essa área de
conhecimento pode, simultaneamente, inserir-se em um currículo ou, se fazer
um currículo distinto o que implica em renovar práticas de ensino e conteúdos
programáticos educacionais.
SORRENTINO (1995) aponta as linhas e orientações metodológicas da
Educação Ambiental, classificando-a em quatro correntes: (1)
Conservacionista: está vinculada á biologia e voltada para as causas e
conseqüências da degradação ambiental; (2) Educação ao ar livre: envolve
desde os artigos naturalistas até os praticantes do escotismo, passando por
grupos de espeleologia, montanhismo e diversas modalidades de lazer e
ecoturismo; (3) Gestão ambiental: é mais política e envolve os movimentos
sociais; (4) Economia ecológica: desdobra-se como efeito das reflexões sobre
o desenvolvimento econômico e o meio ambiente, principalmente a partir de
1970.
Considerando que a Educação Ambiental abrange essas quatro
correntes e que estimula a ação racional sobre os problemas sócio-ambientais
com atuação dentro e fora do ambiente escolar é pertinente sublinhar que já
era trabalhada mesmo sem que se percebesse, pois, foi institucionalizada no
Brasil em 1981.
16LOUREIRO (2007) descreve a institucionalização da EA no Brasil assim:
em 1981 criou-se a Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA) (lei 6.938181)
e efetivou-se a inclusão da EA em todos os níveis de ensino; em 1989 foi
criado o Fundo Nacional do Meio Ambiente (Lei 7.797/89) que apoiaria projetos
de EA; em 1992 foi criado o Ministério do Meio Ambiente (MMA) e os núcleos
de EA do Ibama; em 1994 surgiu o Programa Nacional de EA (Pronea) - MMA,
MEC, MCT; em 1995 surgiu a Câmara Técnica Temporária de EA do Conselho
Nacional do meio ambiente (CONAMA); em 1999 foram criadas a Política
Nacional de Educação Ambiental (lei 9.795), a coordenação-geral de EA no
MEC e a Diretoria de EA no MMA; em 2000, a Educação Ambiental é
contemplada no Plano Anual (PPA); em 2002 surgiram o Órgão Gestor do
Programa Nacional de Educação Ambiental (PRONEA) e revisão do PRONEA;
em 2003, a Educação Ambiental é contemplada no PPA 2004-2007 (MEC).
Esse histórico da institucionalização da EA no Brasil mostra que as
relações da EA não se dão apenas no contexto escolar sem associação com o
mundo e o ambiente social. Desta forma, os fundamentos da EA sinalizam o
desenvolvimento de capacidades inerentes á cidadania, mostrando que o
conhecimento escolar não pode ser alheio ao debate ambiental travado pela
comunidade.
1.1. A educação Ambiental e a cidadania: políticas públicas
Nesse inicio do século, de acordo com o depoimento de vários
especialistas que vêm participando de encontros nacionais e internacionais, o
Brasil é considerado de experiências em EA, com iniciativas originais que,
muitas vezes, se associam as intervenções na realidade local. Portanto,
qualquer política nacionais, regional ou local que se estabeleça deve levar em
consideração as características e as responsabilidades do poder público e dos
cidadãos com relação á EA que foram fixadas por lei no Congresso Nacional
do Meio Ambiente (CONAMA). Este Conselho trouxe proposições, estratégias
e meios para a efetivação de uma política de Educação Ambiental no Brasil,
mas, mesmo assim, a EA está longe de ser uma ciência e/ou disciplina
17tranquilamente aceita e desenvolvida plenamente, porque ela implica
mobilização por melhorias profundas do ambiente, e nada inócuas
(inofensivas). Para os Parâmetros curriculares Nacionais: apresentação dos
temas transversais (1998). A EA quando bem realizada, leva a mudanças de
comportamento pessoal e a atitudes e valores de cidadania que podem ter
importantes conseqüências sociais.
Isso é fundamental, uma vez que, a Constituição brasileira, ao consagrar
o meio Ambiente como direito de todos, como bem uso comum e essencial á
sadia qualidade de vida, atribui à responsabilidade de sua preservação e
defesa não apenas ao poder público, mas também á coletividade, que,
paradoxalmente, precisa utilizar os bens ambientais para satisfazer suas
necessidades básicas.
Ocorre que o debate dos problemas ambientais, tem levado á formação
de alguns preconceitos e á veiculação de algumas imagens distorcidas sobre
as questões relativas ao meio ambiente sempre, em conseqüência de processo
decisório sobre a apropriação e o uso dos recursos ambientais de forma
ecologicamente correta. A distorção entre os interesses explícitos dos grupos
que atuam sobre os meios naturais, controlando, defendendo e protegendo,
coloca a coletividade como uma multiplicidade de partes com visões diferentes
sobre o meio ambiente. A isso não se pode denominar cidadania, pois, a
cidadania é a condição da pessoa natural que, como membro de um Estado,
encontra-se no jogo dos direitos que lhe permite participar da vida política
(LOUREIRO: 2007).
Em outras palavras, se a coletividade não tem a mesma autonomia no
processo decisório sobre os modos de acesso e a destinação dos recursos
ambientais tem o poder público através da Gestão Ambiental defendida pela
Constituição Federal os indivíduos não estão gozando do direito de
participação das políticas públicas relativas ao meio ambiente.
De acordo com LOUREIRO (2007: p.51)
A Educação Ambiental visando o exercício da cidadania (...) se restringe, basicamente, a ações pontuais e eventuais de mobilização/ sensibilização, também conhecidas como de “conscientização”, via de regra praticadas por órgãos ambientais, prefeituras, ONGS, etc.
18Nessas atividades, o forte é a utilização de determinados recursos e/ou estratégias pedagógicos (...) (que) abordam temas ambientais geralmente desvinculados de uma proposta educativa mais ampla.
Aqui se confirma o argumento de que a EA está longe de ser uma
atividade tranquilamente aceita e desenvolvida, mas, existem iniciativas
consideráveis a favor da EA e a cidadania. Um exemplo dessas iniciativas é a
elaboração do “Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis
e Responsabilidade Global”, de caráter não-oficial no Rio/92.
Esse tratado defende princípios e diretrizes gerais para não se reduzir a
EA a uma visão exoterico-existencial. Nessa concepção, a EA é algo que se
opõe á simples transmissão de conhecimentos científicos e se constitui num
espaço de trocas desses conhecimentos, de experiências e de envolvimento
em que as relações de poder entre os atores do processo educativo são
modificadas (PCN: temas transversais: 1998).
Tratar a questão ambiental, portanto, abrange a complexidade das
intervenções: a ação na espera pública só se consolida atuando no sistema
como um todo, afetando todos os setores humanos, entre eles, a educação.
Essa ação na esfera pública depende de políticas públicas que, historicamente,
tiveram origem por meio da carta Régia (1442) quando o governo brasileiro
quis proteger um recurso natural (a árvore).
O órgão federal IBAMA pode ser considerado o mais importante e
atuante na constituição de políticas públicas que visam à preservação do meio
ambiente. O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis (IBAMA) é, de acordo com o seu site (WWW. Ibama. Gov. Br.) uma
autarquia federal de regime especial vinculada ao Ministério do Meio Ambiente,
criada pela lei n°. 7.735, de 22 de fevereiro de 1989, e tem como principais
atribuições exercer o poder de policia ambiental; executar ações das políticas
nacionais de meio ambiente, referentes ás atribuições federais, relativas ao
licenciamento ambiental, ao controle da qualidade ambiental, á autorização de
uso dos recursos naturais e á fiscalização, monitoramento e controle ambiental,
e executar as ações supletivas de competência da união.
O Ibama tem autonomia administrativa e financeira, sede em Brasília e
jurisdição em todo o território nacional, e é administrado por um presidente e
19por cinco diretores. Sua estrutura organizacional compõe-se de: Presidência;
Diretoria de Planejamento, Administração e Logística; Diretoria de Qualidade
Ambiental; Diretoria de Licenciamento Ambiental; Diretoria de Proteção
Ambiental; Diretoria de Uso Sustentável da Biodiversidade e Florestas;
Auditoria; Corregedoria; Procuradoria Federal Especializadas;
Superintendências; Gerencias Executivas, Escritórios Regionais; e Centros
Especializados.
Atribuições
Cabe ao IBAMA propor e editar normas e padrões de qualidade
ambiental; o zoneamento e a avaliação de impactos ambientais; o
licenciamento ambiental, nas atribuições federais; a implementação do
Cadastro Técnico Federal; a fiscalização ambiental e a aplicação de
penalidades administrativas; a geração e disseminação de informações
relativas ao meio ambiente; o monitoramento ambiental, principalmente no que
diz respeito á prevenção e controle de desmatamentos, queimadas e incêndios
florestais; o apoio ás emergências ambientais; a execução de programas de
educação ambiental; a elaboração do sistema de informação e o
estabelecimento de critérios para a gestão do uso dos recursos faunisticos,
pesqueiros e florestais; dentre outros.
Para o desempenho de suas funções, no Ibama poderá atuar em
articulação com os órgãos e entidades da administração pública federal, direta
e indireta, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios integrantes do
Sisnama e com a sociedade civil organizada, para a consecução de seus
objetivos, em consonância com as diretrizes da política nacional de meio
ambiente.
Estudos mostram que no Brasil as políticas públicas de conservação do
meio ambiente só se tornaram mais efetivas após a década de 50, mas, o
governo brasileiro começou a se empenhar em ações que visavam à
conservação e preservação do meio ambiente a partir das décadas 60-70
através de convenções e reuniões internacionais (LOUREIRO:2007).
Foi A Conferência das Nações Unidas para o meio ambiente humano,
realizada em 1972 (Estocolmo/Suécia) que inspirou a delegação brasileira a
20tomar medidas efetivas com relação ao meio ambiente no Brasil (IBIDEM:
2007), isso porque nesta conferencia estabeleceram-se o “Plano de Ação
Mundial” e a “Declaração sobre o Ambiente Humano” como orientações a todos
os governos que dela participaram.
O Programa Internacional de Educação Ambiental (1975) e a
Conferencia Inter-governamental de Educação Ambiental de Ibilisi
(Geórgia/1977) também podem ser concebidos como políticas públicas da EA,
uma vez que, definiram a importância da ação educativa nas questões
ambientais e conceberam a EA como “uma dimensão dada as conteúdo e á
prática da educação, orientada para a resolução de problemas concretos do
meio ambiente por intermédio de enfoques interdisciplinares e de uma
participação ativa e responsável de cada indivíduo e da coletividade”.
Não obstante, a Conferencia Internacional sobre Educação e Formação
Ambiental convocada pela UNESCO (Moscou/1987) também foi determinante
para a EA e para a cidadania, mas, foi na Conferencia Rio/92 que documentos
foram aprovados com propostas de ação os paises e povos em geral.
Conforme os PCN: temas transversais (1998: p.229-230).
Em todos esses documentos importantes referencias para governantes e educadores nesse final de século-tanto a Educação Ambiental quanto as ações educativas, de informação e comunicação em geral, foram das mais requeridas. (...) Todos lhes mencionavam (...), a conscientização e a Educação Ambiental dirigidas desde aos técnicos, profissionais e políticos, até o cidadão comum, especialmente, os jovens.
Vale mencionar que os documentos mais importantes aprovados na
Conferencia Rio/92 são a “Agenda 21”, a “Nessa Agenda” e a “Agenda local”.
Como a sociedade já estava inserida nas políticas públicas de preservação do
meio ambiente em função da repercussão internacional das teses discutidas
em todos os eventos relativos ao meio ambiente, em 1992, criou-se no Brasil o
Ministério do Meio Ambiente, órgão de hierarquia superou, com o objetivo de
estruturar as políticas públicas para o meio ambiente no Brasil.
É sabido que, em relação ao meio ambiente, a legislação brasileira é
uma das mais avançadas do mundo. No entanto, essas leis dificilmente são
21colocadas em prática por varias razões. Uma delas é a diferença brutal de
graus de cidadania dentro da sociedade. Por isso, a EA tem que cumprir o seu
papel de instrumento de gestão ambiental, assim, a Política Nacional de
Educação Ambiental instituída pela Lei nº. 9. 795/99 e regulamentada pelo
Decreto nº. 4. 281/02 se torna presente no contexto de atividades como
conservação da biodiversidade, zoneamento, licenciamento, gerenciamento
costeiro, manejo sustentável de recursos naturais, gestação de recursos
hídricos, ecoturismo, gerenciamento de resíduos e outras (LOUREIRO: 2007).
A Política Nacional de Educação Ambiental pode ser considerada uma
das políticas públicas em favor do maio ambiente mais ativa, pois, ela faz com
que o processo educativo seja desenvolvido com grupos sociais diretamente
envolvidas com as atividades de gestação ambiental. Esses grupos sociais vão
desde os produtores rurais ate os formuladores e gestores de políticas
públicas.
Sendo assim, e tomando como referencia todos os documentos – desde
a carta Régia (1442) – pode-se dizer que a EA e cidadania só poderão compor
uma mesma concepção se o trabalho com o tema Meio Ambiente na escola e
em todos os outros espaços de aprendizagem, contribuir para a formação de
cidadãos conscientes, aptos a decidir e atuar na realidade sócio ambiental de
um modo comprometido com a vida em todas as suas formações e
manifestações.
1.2. A Educação Ambiental na formação do sujeito ecológico
O ambientalismo no Brasil tem uma história bastante recente; é da
década de 70. só ai começou efetivamente a haver algum tipo de preocupação
popular com o meio ambiente. Nessa época fora adotada uma linha
conservacionista que estava sobre tudo para a Amazônia e alguns biomas
ameaçados. A idéia era de protegê-los (KISHINAMI: 2001).
Essa, na verdade, é uma vertente do ambientalismo bastante antiga no
mundo em que a importância da luta dos resultados locais é muito grande,
primeiro, porque mexe-se com problemas concretos em que os resultados têm
22localização espacial; depois, porque ao pensar em sujeitos capazes de
desenvolver atitudes que proporcionem melhorias existenciais e ambientais
minimiza-se a influencia capitalista que absorve todo o tempo para as questões
ambientais. Mais, sujeitos com tão capacidade precisam ser formados. Para
LOUREIRO (2007: p. 41)
A formação de um sujeito capaz de “ler” seu ambiente e interpretar as relações, os conflitos e os problemas neles presentes se enquadram como a primeira idéia de sujeito ecológico que podemos ter. Assim, como sujeitos ecológicos, podem transformar a natureza em cultura, ou seja, transformar tudo que nos é dado por meio dos recursos naturais em ensinamentos capazes de nos guiar por meio de valores éticos, (...).
Ou seja, a formação de um sujeito ecológico está aderida à concepção
de ambientalismo porque leva a comportamentos ecologicamente orientados
que visam à coletividade. Todos os profissionais da educação e atores sociais
podem colaborar com a formação do sujeito ecológico.
Como esse campo temático é relativamente novo no ambiente escolar,
os profissionais da educação podem fazer da EA importante mediadora entre a
esfera educacional e campo ambiental porque ela consegue produzir novas
reflexões, concepções, métodos e experiências que desenham um novo
formato de processo educativo voltado para a preservação ambiental e/ou
preservação dos recursos naturais.
A maior preocupação da EA na formação do sujeito ecológico deve ser a
desenvolver valores, atitudes e posturas éticas, pois, os conceitos necessários
para tratar de assuntos ambientais são aprendidos em outras disciplinas. O
acesso a novas informações permite repensar a prática.
Para os PCN: temas transversais (1998) formar um sujeito
ecologicamente correto é sistematizar e problematizar suas vivencias e práticas
à luz de novas informações, ou seja, as atividades de EA são aqui
consideradas no âmbito do aprimoramento de sua cidadania já que, a própria
inserções desse sujeito em seus grupos sociais implicam algum tipo de direitos
e deveres com relação ao ambiente.
23Os PCN: temas transversais (1998) afirmam, ainda, que a construção de
uma formação consciente através da EA requer a contribuição da estrutura da
escola e da ação de outras integrantes do espaço escolar. O documento (IBID),
1998: p. 1990 enfatiza que,
(...) o ensino deve ser organizado de forma a propiciar oportunidades para que os alunos possam utilizar o conhecimento sobre Meio Ambiente para compreender a sua realidade e atuar nela, por meio do exercício da participação (...).
Aliás, um pressuposto da formação do sujeito ecológico é a participação
porque, só ela promove o desenvolvimento da sensibilidade. A compreensão
da complexidade e amplitude das questões ambientais requer participação, isto
é, maior diversidade possível de experiências e contato com diferentes
realidades.
Sob a visão de LOUREIRO (2007) a noção de sujeito ecológico indica os
efeitos do encontro social dos indivíduos com realidades que os desafiam.
Como são inúmeros os dilemas ambientais vividos pela sociedade
contemporânea, o sujeito ecológico busca responder aos apelos ético-sociais
causados pela crise sócio-ambiental e procura sugerir medidas para um mundo
socialmente justo e ambientalmente sustentável.
A formação do sujeito ecológico esbarra no enfoque ambiental que é
tipicamente dirigido à ação. No mundo há a busca de cidadania porque o
sujeito ecológico aprende a perceber os problemas ambientais, a identificar
soluções e, através da participação comunitária, passa a tomar parte em ações
que conduzem à melhorias do meio ambiente.
É o processo de transformação das relações entre a sociedade e o
ambiente.
E, embora a EA não seja uma disciplina autônoma e obrigatória –
portanto, continua fora dos currículos escolares – LOUREIRO (2007: p. 42)
argumenta que por conta da formação do sujeito ecológico,
(...) as razões de se trabalhar a EA se tornam ainda maiores, uma vez que representa a ferramenta a ser utilizada na formação e concretização desse processo, como fonte mediadora na construção
24social de uma prática político-pedagógica portadora de nova sensibilidade e postura ética, (...).
O que parece evidente é falta de interessados na formação acadêmica
que trate das questões ambientais mesmo com o crescimento dos cursos de
formação de especialista ambientais. A questão ambiental não pode ser
ensinada apenas pelo enfoque biológico sob pena de se converter apenas em
meio ambiente.
A formação de sujeito ecológico pela EA determina que o “meio
ambiente natural” seja relacionado ao “sócio-cultural”, pois, considera os
aspectos éticos, ecológico, político, econômico, social, legislativo, cultural e
estético. Isso porque no desenvolvimento da EA pode-se contar com a
interdisciplinaridade, em que a formação do sujeito ecológico perpassa pela
área de conhecimento de diversas disciplinas curriculares que podem ter inicio
no ensino infantil, aprofundando-se na graduação e pós-graduação
(LOUREIRO: 2007).
E mais, pelo fato de ser uma área de conhecimento com proposições
interdisciplinares, a EA favorece a formação do sujeito ecológico porque
permite que cada professor contribua decisivamente ao conseguir explicitar os
vínculos de sua área com as questões ambientais por meio de uma forma
própria de compreensão dessa temática e pelo apoio teórico-instrumental de
suas técnicas pedagógicas.
1.3. A Educação Ambiental e as relações sociais
Para reconhecer o papel da EA no processo das relações sociais é
fundamental conhecer o porquê da existência da mesma e sua principal função
no contexto escolar. Segundo a revista NOVA ESCOLA (1995), o prestígio da
EA está fora de dúvida pois, ela é a única disciplina com um cantinho exclusivo
na Constituição em vigor, a de 1988-o artigo 225, que estabelece como
incumbência do Poder Público “promover a Educação Ambiental em todos os
nível de ensino”. Como tudo o que é recente, a EA ainda desperta insegurança
e divergências, até porque, costuma ser ministrada paralelamente com outras
25disciplinas-por exemplo, Ciências Naturais - e seu significado ainda é pouco
claro, sendo muitas vezes confundido com o ensino de ecologia.
Na esfera do Ministério da Educação e Desporto (MEC) nota-se
crescente atenção ao tema meio ambiente a partir dos anos 70. Nada, contudo,
que se possa definir como uma diretriz estável e formal para a EA. O MEC
chegou perto disso em 1991, com um documento assinado em parceria com o
IBAMA intitulado “Projeto de Divulgação de Informações sobre Educação
Ambiental” em que a abordagem ambiental é mais integrada, pois além do
aspecto ecológico, consideram aspectos sociais, econômicos, políticos,
culturais e éticos (NOVA ESCOLA: 1995).
Tomando como referencial as considerações da revista citada, a EA é
uma disciplina, porém, não se constituem como uma ciência. Estudos provam
que a sua principal função no contexto escolar é preparar o cidadão para uma
leitura crítica de mundo, levando-o a desenvolver valores, habilidades,
experiências e conhecimentos capazes de colaborar com a preservação dos
recursos naturais (LOUREIRO: 2007).
Quando se trata de relações sociais associadas ás práticas de EA, esta
se apresenta como uma eficaz ferramenta capaz de trabalhar os remas
ambiental ou mesmo o uso racional dos recursos naturais renováveis e não-
renováveis (IBID:2007). O que se sabe é que nessas relações sociais que o
homem estabelece com o meio ambiente existe um grande desnível: O homem
sempre polui o seu ambiente, pois, enquanto organismo, ele cria lixo através de
seus processos digestivos e metabólicos e, enquanto criatura social, ele extrai
materiais do meio ambiente e deposita restos, uma vez que ele busca
habitação, vestuário, alimentação e lazer.
Os estudos mostram que enquanto a densidade populacional é baixa
numa área particular, o meio ambiente é capaz de adaptar essas alterações.
Quando a densidade cresce muito, entretanto, a deterioração do meio
ambiente natural inicia-se. É por isso que a Educação Ambiental tem que se
fazer instrumento de conscientização social.
De acordo com o Art. 1° da Lei n°. 9.795 de abril de 1999:
26Entende-se por educação ambiental os processos por meio qual o individuo e a coletividade constrói valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial á sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.
Processo em que se busca despertar a preocupação individual e coletiva
para a questão ambiental, garantindo o acesso á informação em linguagem
adequada, contribuindo para o desenvolvimento de uma consciência crítica e
estimulando o enfrentamento das questões ambientais e sociais. Desenvolve-
se num contexto de complexidade, procurando trabalhar não apenas a
mudança cultural, mas também a transformação social, assumindo a crise
ambiental como uma questão ética e política.
Os problemas causados pelo aquecimento global obrigaram o mundo a
refletir sobre a necessidade de impulsionar a educação ambiental. O cenário é
muito preocupante e deve ser levado a sério, pois as conseqüências vão atingir
a todos, sem distinção.
Importa, pois, reconhecer que para superar o desnível entre as relações
do homem com o meio ambiente é preciso entender a Educação Ambiental
com ramo da educação cujo objetivo é a disseminação do conhecimento sobre
o ambiente, a fim de ajudar à sua preservação e utilização sustentável dos
seus recursos. É uma metodologia de análise que surge a partir do crescente
interesse do homem em assunto com o ambiente devido às grandes
catástrofes naturais que têm assolados o mundo nas últimas décadas.
No Brasil a Educação Ambiental assume uma perspectiva mais
abrangente, não restringindo seu olhar à proteção e o uso sustentável de
recursos naturais, mas, incorporando fortemente a proposta de construção de
sociedades sustentáveis. Mais do que um seguimento da Educação, a
educação ambiental tornou-se Lei em 27 de abril de 1999. A Lei nº. 9.795 – Lei
da Educação Ambiental, em seu art. 2º afirma: “A educação ambiental é um
componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar
presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo
educativo, em caráter formal e não-formal”.
A educação ambiental tenta despertar em todos à consciência de que o
ser humano é parte do meio ambiente. Ela tenta superar a visão
27antropocêntrica, que fez com que o homem se sentisse sempre o centro de
tudo esquecendo a importância da natureza, da qual é parte integrante.
A educação ambiental por ser uma ação educativa permanente pela
qual a comunidade educativa tem a tomada de consciência de sua realidade
global, do tipo de relações que os homens estabelecem entre si e com a
natureza, dos problemas derivados de ditas relações e suas causas profundas,
la desenvolvem, mediante uma prática que vincula o educando com a
comunidade, valores e atitudes que promovem um comportamento dirigindo a
transformação superadora dessa realidade, tanto em seus aspectos naturais
como sociais, desenvolvendo um educando as habilidades e atitudes
necessárias pra dita transformação.
1.4. A compreensão da Educação Ambiental: abordagens
metodológicas e práticas
Como ficou evidente, na atualidade, a Educação Ambiental assume um
papel de grande relevância na formação sócio-ambiental de cidadãos
conscientes e responsáveis. Por meio da EA, é possível desenvolver uma
construção de novos conhecimentos, pois, no mundo globalizado, a EA já
ocupa, no currículo escolar, uma cadeira que integra exemplos práticos e
exemplos teóricos permitindo a visão de novas formulas de desenvolver as
atitudes humanas de desenvolver as atividades humanas visando à
preservação do meio ambiente. Para LOREIRO (2007: p. 26):
Em parceria com as demais disciplinas inclusas no currículo escolar, a Educação Ambiental, vem oferecer instrumentos que auxiliem na compreensão e intervenção na realidade social. Por meio dela, podemos identificar como a sociedade interage com a natureza na construção de seu espaço, as especificidades do lugar onde habitamos, as semelhanças e as diferenças existentes entre os diferentes lugares, ou seja, as modificações que lá já ocorreram.
Isso porque, essa modalidade e/ou tipo de educação se constitui numa
forma abrangente de ensino que se propõe atingir a todos os cidadãos, por
meio de um processo pedagógico permanente que procura incutir no educando
28uma conseqüência critica sobre a gênese, a problemática e a evolução dos
problemas ambientais.
Para a autora acima citada, o relacionamento da humanidade com a
natureza que se iniciou com o mínimo de interferências nos ecossistemas, tem
hoje culminado uma forte pressão exercida sobre os recursos naturais por isso,
à compreensão a EA com ferramenta no processo de construção do
conhecimento que é uma abertura para se compreender a perspectiva
ambiental globalizada, deve ser abrangente. Ou seja, a perspectiva ambiental
globalizada deve ser uma das muitas práticas da EA.
A perspectiva ambiental compreende uma visão de mundo que
evidencie as inter-relações e a interdependência dos diversos elementos de
constituição e manutenção da vida. Neste contexto as questões ambientais que
são de relevância mundial tendo sido mais eficatizada nas últimas décadas. Os
efeitos da degradação ambiental, com conseqüências graves também aos
seres humanos, obrigaram a sociedade a agir em busca da criação de uma
cultura preservacionista. Nessa ação a educação, adjetiva de ambiental, é o
principal mecanismo de formação dessa conseqüência e incentivando a
integração do ser humano com o ambiente em que vive. A Lei nº. 9.795 de 27
de abril de 1999, que dispõe sobre Política Nacional de Educação Ambiental,
determina que a dimensão ambiental deva constar dos currículos de formação
dos professores, em todos os níveis e em todas as disciplinas, devendo os
mesmos receber informações complementares em suas áreas de atuação.
Contudo, é pouco perceptível, no Brasil, ações claras no sentido de cumprir
esses dispositivos legais. Para tanto é necessário que a população conheça as
leis ambientais e a que recorrer para aplicá-las.
Dentro dessas afirmativas, é clara a necessidade de desenvolver para
atingir tais objetivos, novas estratégias de ensino constituídas de novas
práticas que abranjam as questões ambientais, mais precisamente a EA no
contexto escolar.
Para ilustrar com maior clareza as abordagens metodológicas e práticas
da EA pode se analisar o quanto o quadro dessas abordagens propostos pela
Unesco/Unep/Ieep apud LOUREIRO (2007: p.p. 67-69).
29
Estratégia Ocasião para uso Vantagens e desvantagens
Discussão em classe (grande Grupo).
• permite que os estudantes exponham suas opiniões oralmente a respeito de determinado problema.
• Ajuda o estudante a compreender as questões. • desenvolve autoconfiança e expressão oral. • podem ocorrer dificuldades nos alunos durante a discussão.
Discussão em grupo (pequenos grupos com supervisor-professor).
• quando assuntos polêmicos são tratados.
• estimulo ao desenvolvimento de relações positivas entre alunos e professores.
Mutirão de idéias (atividades que envolvam pequenos grupos, 5-10 estudantes para apresentar soluções possíveis para um dado problema, todas as sugestões são anotadas. Tempo limite de 10 a 15 min).
• deve ser usado como recurso para encorajar e estimular idéias voltadas á solução de certo problema. O tempo deve ser utilizado para produzir as idéias e não para avaliá-las.
• estimulo á criatividade e á liberdade. • dificuldade em evitar avaliações ou julgamentos prematuros e em obter idéias originais.
Trabalho em grupo (envolve a participação de grupos de 4-8 membros que se tornam responsáveis pela execução de uma tarefa).
• quando se necessitam executar varias tarefas ao mesmo tempo.
• permite que alunos se responsabilizem por uma tarefa por longos períodos (2 a 5 semanas) e exercitem a capacidade de organização. • deve ser monitorada de modo que o trabalho não envolva apenas alguns membros do grupo.
Debate (requer a participação de dois grupos para apresentar idéias e argumentos de pontos de vista opostos).
• quando assuntos estão sendo discutidos e existem propostas diferentes de soluções.
• permite o desenvolvimento das habilidades de falar em público e ordenar a apresentação de fatos e idéias. • requer muito tempo de preparação.
Questionário (desenvolvimento de um conjunto de
• usado para obter informações e/ou amostragem de opinião
• aplicado de forma adequada, produz excelentes resultados.
30questões ordenadas a serem submetidas a um determinado público).
das pessoas em relação a data questão.
• demanda muito tempo e experiência para produzir um conjunto ordenado de questões que cubram as informações requeridas.
Reflexão (o oposto do mutirão de idéias. É fixado um tempo aos estudantes para que sentem em algum lugar e pensem acerca de um problema especifico).
• usado para encorajar o desenvolvimento de idéias em resposta a um problema. Tempo recomendado de 10 a 15 min.
• envolvimento de todos. • não pode ser avaliado diretamente.
Imitação (estimula os estudantes a produzir sua própria versão dos jornais, dos programas de radio e TV).
• os estudantes podem obter informações de sua escolha e levá-las para outros grupos. Dependendo das circunstâncias e do assunto a ser abordado, podem ser distribuídos na escola, aos pais e á comunidade.
• forma efetiva de aprendizagem e ação social.
Projetos (os alunos, supervisionados, planejam, executam, avaliam e redirecionam um projeto sobre um tema especifico).
• realização de tarefas com objetivos a serem alcançados a longo prazo, com envolvimento da comunidade.
• as pessoas recebem e executam o próprio trabalho, assim como podem diagnosticar falhas no mesmo.
Exploração do ambiente local (prevê a utilização/exploração dos recursos locais próximos para estudos, observações, caminhadas etc.).
• compreensão do metabolismo local, ou seja, da interação complexa dos processos ambientais a sua volta.
• agradabilidade na execução. • grande participação de pessoas envolvidas. • vivência de situações concretas. • requer planejamento minucioso.
Este quadro aborda a estratégia de ensino e o uso de atividades
práticas, bem como, o apontamento das vantagens e desvantagens
encontradas na aplicação de uma atividade e, é fundamental que se entenda
que durante o processo do ensino-aprendizagem é importante que haja uma
contextualização do conteúdo a ser trabalhado na procura de um
direcionamento qualitativo dessa prática.
31Para os PCN – Temas transversais: Meio Ambiente (1998) para isso é
necessário que mais do que informações e conceitos, a escola se propõe a
trabalhar com atitudes, com formação de valores, com o ensino e
aprendizagem de procedimentos, pois, no que se refere à área ambiental, há
muitas informações, valores e procedimentos aprendidos pelo o que se e se diz
em outros ambientes. Essa vivencia permite perceber que a construção e
produção dos conhecimentos são continuas e que, para entender as questões
ambientais, há necessidade de atualização constante.
32
Capítulo 02 – Contextualizando natureza, meio
ambiente, biosfera e biodiversidade
As questões do meio ambiente constituem a nova maneira sistêmica de
se enxergar a natureza que está transpondo outros limites e provocando
profundos debates. E, essas questões, necessariamente, focalizam a história
da evolução da civilização humana. Especialistas em biologia argumentam que
o surgimento e o desenvolvimento da agricultura, desde os primórdios da
civilização até o presente, foram as principais formas que o ser humano
encontrou para interagir com a natureza visando atender suas necessidades
básicas e imediatas.
Obviamente, a interação do ser humano com a natureza nunca foi
pacifica e harmoniosa. Nestas circunstâncias, é impossível falar e acreditar em
equilíbrio entre si humano e natureza. O princípio é fundamental que se tenha
como um novo paradigma á existência e progresso humanos a transformação
do modo de viver dos indivíduos.
De certa forma, até muito recentemente o ser humano sempre viu a
natureza e principalmente seus recursos como bens infinitos e permanentes. O
meio ambiente era concebido como uma fonte inesgotável de recursos
renováveis e não-renovaveis que poderia transcender toda a existência
humana. Entretanto, pode-se verificar que nem sempre os conhecimentos
biológicos foram e são bem-utilizados, daí a necessidade de conceitualizar
natureza, meio ambiente, biosfera e biodiversidade que são termos correlatos
mas que se apresentam com implicações peculiares na relação homem-
natureza e/ou sociedade-natureza.
Para os PCNs: temas transversais (1998) as relações ser
humano/natureza e ser humano/ser humano se concretizam no cotidiano da
vida pessoal e das práticas sociais, o que implica em compreender que os
conhecimentos acerca dessas relações devem se originar na conceitualização
atualizada dos termos que se mesclam no estudo destas.
33Sobre as relações entre o homem e a natureza LENOBLE (1969)
considera que existe uma natureza pensada que se apresenta em vários
momentos como uma abstração no contexto homem-natureza. O significado da
natureza não é o mesmo para os grupos sociais de diferentes lugares e épocas
na história, pois a natureza é pensada a partir das relações sociais.
Já os PCNs: temas transversais (1998) enfatizam que o mesmo
potencial criativo dos seres humanos que possibilitou o atual padrão de
alteração ambiental permite a ele construir novas relações com a natureza,
recompô-la onde for preciso e, ainda, mudar radicalmente as relações de
produção que estruturam a situação ambiental atual.
Sendo assim, compreender a natureza, o meio ambiente e a complexa
aliança de elementos que neles se inserem é uma tentativa de ligá-los á
história e de atuar permanente e conscientemente sobre as suas bases
naturais de sustentação.
2.1. O sentido histórico da noção de natureza e a definição do
meio ambiente
A princípio, o entendimento que se tem de natureza corresponde á
forma pela qual agricultores, industriais, trabalhadores e consumidores se
relacionam com ela exercendo uma ação impactante decorrente de suas
atividades (LOUREIRO: 2007).
Quando se fala de natureza, imagina-se florestas imensas com inúmeros
quilômetros de extensão ou pequenas propriedades muito bem organizadas,
possuidoras de uma qualidade razoável de verde. É assim que a natureza
revela-se: como uma parceira da existência humana. Mas, o conceito de
natureza além de ser bastante extenso ainda inclui aspectos filosóficos,
religiosos e éticos.
Para LOUREIRO (2007: p.10) natureza pode ser tudo aquilo que nos
cerca, como solo, vegetação, recursos hídricos e a própria terra oferecendo
seus recursos em pros da existência humana, mas, segundo LENOBLE (1969)
a concepção que prevalece é a de a natureza é uma máquina que desenvolve
34seus trabalhos sem custo algum, e a ciência é a técnica de exploração dessa
máquina que passa a ser utilizada visando o seu total aproveitamento.
Apesar das divergências, o termo natureza aplica-se a tudo aquilo que
tem como característica fundamental o fato de ser natural, ou seja, envolve
todo o ambiente que não teve intervenção antropica (humana). Dessa noção da
palavra, surge seu significado mais amplo: a natureza corresponde ao mundo
material e, em extensão, ao universo físico com toda sua matéria e energia
inseridas em um processo dinâmico que lhes é próprio e cujo funcionamento
segue regras próprias (LOUREIRO:2007).
De acordo com o site WIKIPEDIA/NATUREZA a palavra natureza possui
uma série de significados relacionadas mas que, fundamentalmente, se
encerram no mundo natural. Por outro lado, a palavra meio-ambiente traduz o
conjunto de forças e condições que influenciam os seres vivos e as coisas em
geral inseridas nesse mundo natural. Segundo o mesmo site.
Os constituintes do meio ambiente compreendem fatores abióticos,
como o clima, a iluminação, a pressão, o teor de oxigênio, e bióticos, como
as condições de alimentação, modo de vida em sociedade e para o homem,
educação, companhia, saúde e outros.
Em biologia, sobretudo na ecologia, o meio ambiente inclui todos os
fatores que afetam diretamente o metabolismo ou o comportamento de um
ser vivo ou de uma espécie, incluindo a luz, o ar, a água, o solo (chamados
fatores abióticos) e próprios os seres vivos que coabitam no mesmo
ambiente, que é chamado de biótopo.
Os seres vivos ou os que recentemente deixaram de viver, constituem o
meio ambiente biótico. Tanto o meio ambiente abiótico quanto o biótico atuam
um sobre o outro para formar o meio ambiente total dos seres vivos e dos
ecossistemas.
Mas, a concepção de Ambiente foi evoluindo, existindo atualmente a
percepção de que os problemas ambientais não se reduzem apenas á
degradação do ambiente físico e biológico, mas que englobam dimensões
sociais, econômicas e culturais, como a pobreza e a exclusão, sendo a
degradação ambiental percebida como um problema placentário que decorre
35do tipo de desenvolvimento praticado pelos países. A qualidade do ambiente
passa não só por uma mudança das políticas nacionais e internacionais, que
devem privilegiar o crescimento sustentável, mas também por uma nova
consciência e atitude por parte dos cidadãos, os quais devem ter uma
participação ativa na sociedade democrática em que vivem, contribuindo para a
defesa do ambiente.
A própria Declaração do Rio (1992) realça o papel fundamental da
Informação e Educação Ambiental para maior participação pública na
resolução dos problemas ambientais e para uma implementação de um modelo
de desenvolvimento sustentável. Uma das medidas da sua aplicação local
passa pela formação dos cidadãos, em geral, e da comunidade educativa em
particular, tendo em conta o seu papel como agentes de mudança.
A partir dessa formação, as pessoas adquirem novos conhecimentos
permitindo inclusive a distinção entre meios ambientes abiótico, biótico, natural,
artificial e cultural.
Em consonância com o site da WIKIPÉDIA: Categoria:Meio Ambiente
(acesso em 24.09.08), o meio ambiente abiótico inclui fatores como solo, água,
atmosfera e Radiação. É constituído de muitos objetos e forças que se
influenciam entre si e influenciam a comunidade de seres vivos que os cercam.
Por exemplo, a corrente de um Rio pode influir na forma das pedras que fazem
ao longo do fundo do rio. Mas a temperatura, limpidez da água e sua
composição química também podem influenciar toda sorte de plantas e animais
e sua maneira de viver. Um importante grupo de fatores ambientais abióticos
constitui o que se chama de tempo.
O meio ambiente biótico inclui alimentos, plantas e animais, e suas
relações recíprocas e com o meio abiótico. A sobrevivência e o bem-estar do
homem dependem grandemente dos alimentos que come, tais como frutas,
verduras e carne. Depende igualmente de suas associações com outros seres
vivos. Por exemplo, algumas bactérias do sistema digestivo do homem
ajudam-no a digerir certos alimentos. Os fatores sociais e culturais que
cercam o homem são uma parte importante de seu meio ambiente biótico. Seu
sistema nervoso altamente desenvolvido tornou possível a memória, o
36raciocínio e a comunicação. Os seres humanos ensinam a seus filhos e aos
seus companheiros o que aprenderam. Pela transmissão dos conhecimentos,
o homem desenvolveu a religião, a arte, a música, a literatura, a tecnologia
e a ciência. A herança cultural e a herança biológica do homem possibilitaram-
lhe progredir além de qualquer outro animal no controle do meio ambiente. Nas
últimas décadas, ele começou a explorar o meio ambiente do espaço cósmico.
Todo ser vivo se encontra em um meio que lhe condiciona a evolução de
acordo com o seu patrimônio hereditário. A reação evolução sobre o
patrimônio leva á individualização dos seres e a sua adaptação ao modo de
vida. Quando o meio muda, o organismo reage através de uma nova
adaptação (dentro da faixa permitida pelo patrimônio hereditário) que, seria
sempre eficaz, mas que, na realidade pode ser prejudicial e agradar as
conseqüências da mudança. Por exemplo, alterações bruscas como as que
geralmente ocorrem em lagoas acarretam muitas mortes.
A locomoção, no reino animal, e a dispersão dos diásporos, no reino
vegetal, permitem ás espécies instalarem-se em novos ambientes, mais
favoráveis. É o aspecto principal da migração. O organismo pode, também,
diminuir as trocas ou contatos com um meio hostil através da reclusão
(construção de um abrigo, enquistamentos, anidrobiose, etc.) enfim, uma
espécie pode organizar seu meio por iniciativa própria (insetos sociais, castor e
espécie humana).
O Ambiente natural é aquele que antes mesmo do surgimento da
humanidade já existia. Os recursos naturais, de uma forma geral, bióticos ou
abióticos são componentes viscerais do meio ambiente natural. A inter-relação
entre os elementos componentes desta classe também é um fator essencial de
sua compreensão. Certamente que com o surgimento da humanidade, o
homem, como ser animal que é, acabou se tornando elemento do meio
ambiente natural.
O Ambiente artificial é aquele que, de certa forma, vem contraponto á
noção da classe de meio ambiente natural. Afinal a própria compreensão do
que pode ser o termo “artificial”, já denota ser um bem que não se harmoniza
com a idéia implícita ao “natural”.
37De uma maneira mais direta, os estudiosos costumam vincular o meio
ambiente artificial aos bens ambientais que foram modificados pelos seres
humanos. Assim, a artificialidade seria uma característica do meio ambiente
natural que foi alterado em sua intimidade pelo homem e que, por isso, não
seria mais natural.
O Ambiente cultural é aquele que, pela sua natureza peculiar, é mais
valorizado pelo sua natureza cultural. Geralmente, os estudiosos associam o
meio ambiente cultural ao meio ambiente artificial que detenha valor histórico,
cultural, estético, artístico e paisagístico. Outros valores e compreensões,
entretanto, podem ser associados á idéia de meio ambiente cultural. Alguns
inclusive, otimizam a sua concepção, de modo a que abarque duas dimensões:
uma concreta (formada pelos bens articiais de valores culturais, históricos etc.),
e outra abstrata (a exemplo da cultura propriamente dita).
Esses tipos distintos de meio-ambiente atuam em sobre o outro para
formar o meio ambiente total dos seres vivos e dos ecossistemas e, a
sociedade como um todo é responsável pela sua preservação. O espaço
ocupado pelo homem está a todo momento sofrendo modificações
relacionadas ou impostas pelo próprio homem que podem ser danosas ao meio
ambiente quando não administradas corretamente. Importa pois, compreender
objetivamente que ser humano e meio ambiente são interdependentes e
intervenientes para que o homem se possa estabelecer relações mais
respeitosas com a natureza.
2.2. Os recursos naturais e o meio ambiente
O significado da palavra recurso é compatível com algo a que se possa
recorrer para a obtenção de alguma coisa. Os indivíduos recorrem aos
recursos naturais para satisfazer suas necessidades e, em todos os meio-
ambientes há uma troca constante de recursos naturais entre os seres vivos.
Segundo LOUREIRO (2007). Os recursos naturais podem ser definidos como
os elementos da natureza úteis ao homem para o desenvolvimento da
civilização, sobrevivência e conforto da sociedade como um todo;
38Os recursos naturais, após seu uso, podem ser classificados em
renováveis (que voltam a ser disponíveis) ou não-renováveis (que não voltam a
ser disponíveis). Segundo RICKLEFS (1993, p. 48) os recursos naturais
renováveis.
Podem existir a partir de uma fonte que é externa ao sistema, fora da influência dos consumidores. (...). E podem ser gerados dentro do sistema, podendo ser repostos continuamente estando diretamente afetados pelas atividades dos consumidores.
Daí a necessidade de se conservar esses recursos o que implica em
usá-los de forma econômica e racional para que os renováveis não se
extingam por uso inadequado, e os não-renovaveis não se extingam
rapidamente.
Segundo os PCNs - temas transversais (1998) após a Segunda Guerra
Mundial, principalmente a partir da década de 60, intensificou-se a percepção
de a humanidade caminhar com pressa para o esgotamento e/ou inviabilização
dos recursos naturais. Esse tipo de constatação gerou o movimento em defesa
do (meio) ambiente que luta para diminuir o acelerado ritmo de destruição dos
recursos naturais ainda existentes.
Ocorre que em todos os espaços, os recursos naturais e o próprio
ambiente tornam-se um dos componentes mais importantes para o
planejamento político e econômico dos governos, passando então a ser
analisados em seu potencial econômico, e vistos como fatores estratégicos.
Além disso, o poderio dos grandes empreendimentos transnacionais torna os
recursos naturais e o meio ambiente capazes de influir fortemente nas decisões
ambientais que governos e comunidades deveriam tomar, especialmente
quando envolvem o uso dos recursos naturais (PCN - Temas Transversais:
1998).
Se por um lado, os recursos naturais ocorrem e distribuem-se segundo
uma combinação de processos naturais, por outro, sua apropriação ocorre
segundo valores humanos. Além da demanda, da ocorrência e de3 meios
técnicos, a apropriação dos recursos naturais pode depender também de
39questões geopolíticas, sobretudo, quando se caracterizam como estratégicos,
envolvendo disputa entre povos.
Assim sendo, pode-se falar em pouco na importância da preservação
dos recursos naturais para que o homem tenha tempo de descobrir a utilidade
das espécies para sua própria sobrevivência, por exemplo, a cura de muitos
males que hoje existe e que ainda vira a existir, pode estar em plantas em
extinção ou poderia estar em outras que já foram extintas.
O site de pesquisa WWW.gpca.com.br/gil/art 80. htm - 8k argumenta
que outro fato de relevante importância, é a manutenção das espécies originais
ainda não modificadas pelo homem; se amanhã, a engenharia genética
conseguir um tomate de grande tamanho, isso será importante para a
humanidade mas, ai, poderá estar ocorrendo uma erosão genética que
precisará ser recomposta com o tomate primitivo, sem contar que o novo fruto
é um desconhecimento alimento e não se sabe os males que possa vir a
causar. Dessa forma, são importantes as Reservas Biológicas. A rigor, a
preservação dos recursos naturais renováveis só será bem sucedida se
preservarem os ambientes primitivos, onde convivam, organizadamente,
animais e vegetais, tendo-se o cuidado para que tais ambientais, se pequenos
demais, não promovam a degenerência das espécies por serem parentes
próximos; um Zoológico ou uma “ilha” de floresta podem levar a essa
degenerência.
Em síntese, qualquer substância ou fator que é consumido por um
organismo e que sustenta taxas de crescimento populacional crescentes à
medida que sua disponibilidade no ambiente aumenta.
Conforme um recurso é consumido, sua quantidade diminui, e
consequentemente, a população é afetada por essa diminuição, reduzindo
suas taxas de crescimento populacional.
Os recursos envolvem alimentos, água, espaço, esconderijos, etc. a
temperatura não é considerada um recurso, pois apesar de ela interferir na
reprodução e sobrevivência, ela não é consumida e não pode ser mudada por
um individuo para prejudicar outro.
40De acordo com a maneira que os consumidores os afetam, os recursos
podem ser classificados em:
Recursos renováveis: são recursos que podem ser renovar, regenerar.
Esses recursos incluem novas presas nascidas, decomposição de detritos
orgânicos, etc.
Segundo os ecólogos, existem três tipos de recursos renováveis. O
primeiro possui uma fonte externa ao sistema, como é o caso da luz do sol. O
segundo tipo é grado dentro do sistema e sua abundância é diretamente
reduzida pelos consumidores, como é o caso da maioria das interações entre
os seres vivos. No terceiro tipo recurso e consumidor estão indiretamente
relacionados, como é o caso dos ciclos biogeoquimicos ou outros fatores
abióticos.
Recursos não-renovaveis: não podem ser regenerados. Isso acontece
com o espaço. Uma vez ocupado, ele torna-se indisponível para outros
indivíduos. Só pode re-utilizado quando é abandonado.
Recursos limitantes: os recursos renováveis e os não renováveis são
limitados pelo consumo. Quando um organismo o utiliza, torna-o indisponível
para outro. Conforme uma população aumenta, o consumo também aumenta, e
o recurso pode se tornar escasso, então a população para de crescer, e
algumas vezes pode até diminuir. Porem isso não ocorre com todo tipo de
recurso, como é o caso do oxigênio (Recursos Naturais – Ecologia – Info
Escola: 2008).
2.3. O que é biosfera e o que é biodiversidade
A humanidade vive a era dos computadores, dos satélites artificiais, do
raio laser e da televisão digital. Para desenvolver esta tecnologia, utiliza-se
conhecimentos acumulados durante séculos mas, nem sempre os efeitos por
ela trazidos foram benéficos. Ao construir cidades, aeroportos, represas,
parques industriais etc; derruba-se matas, provoca-se inundações e lançam-se
toneladas de substancias venenosas no ar e nas águas. Assim, tem-se
causado modificações bruscas no meio ambiente.
41Na verdade, são os seres vivos que mais rápida e profundamente
alteram a natureza, e essas alterações repercutem sobre a humanidade. Assim
como tudo que existe sobre a terra, os seres humanos também estão
submetidos ás leis naturais: somente conhecendo a Natureza e suas leis pode-
se garantir a própria sobrevivência. Os seres humanos estão ligados aos
demais seres vivos e as meio ambiente por uma intrincada teia de relações
interdependentes. E essa interdependência manifesta-se em todas as ações
humanas, mesmo nas mais simples.
Toda essa interdependência se mantém num equilíbrio delicado porém
dinâmico. A vida na Terra não se apresentou sempre como hoje, pois os seres
vivos passam por transformações através dos tempos e a superfície do nosso
planeta sofreu várias alterações no passado ou seja, inúmeras formas de vida
já surgiram e desapareceram. De acordo com MATOS (1980: p.3)
Os especialistas admitem que a aventura da vida começou há aproximadamente 2,5 bilhões de anos e que nosso planeta tem 4,5 bilhões. Portanto, foram necessários 2 bilhões de anos para a formação da crosta terrestre. E somente quando ela tornou-se suficientemente fria a vida foi possível. Então, a Biosfera começou a se formar.
Entende-se, portanto, que a palavra biosfera significa esfera da vida e se
refere á delgada camada da superfície da Terra onde a vida se manifesta. É,
pois, a camada formada por todos os seres vivos e seu ambiente físico
(MATOS: 1980).
Estudos biológicos comprovam que a biosfera depende de três
condições essenciais: a ocorrência de água, ar e radiação solar, igualmente
importantes e indispensáveis. No entanto, a vida torna-se impossível se
qualquer uma dessas condições ultrapassar certos limites.
Segundo MATOS (1980) a formação da Biosfera é irregular, isto é, não
tem a mesma espessura em todos os pontos. Os limites verticais máximos vão
8.000 metros acima do nível do mar até 5.000 metros abaixo. Acima de 8.000
metros, são encontradas apenas raras e pequeninas formas de vida com suas
atividades vitais temporariamente suspensas. Isso ocorre porque as condições
são muito severas nesta zona. Da mesma forma, abaixo de 5.000 metros da
42superfície do mar, a vida é muito improvável. Por apresentar características
diferentes e especificas em cada região, a Biosfera é dividida em zonas: eólica,
alpina, de planalto, de planície, eufótica marinha e disfótica.
Conforme o Caderno de Estados “Difusão do Ensino Atual” (2000),
biosfera é a interação conjunta dos biomas planetários, que corresponde á
porção da crosta terrestre onde se desenvolvem todas as formas de vida,
resultando neste espiral: átomo, molécula, célula, tecido, órgão, sistema,
organismo, população, comunidade, ecossistema, bioma e biosfera.
Para LOPES (2005: p.33),
Os seres vivos que existem hoje em nosso planeta encontram-se distribuídos ocupando o ambiente terrestre e também o ar. Toda a porção da Terra que contém vida recebe o nome de biosfera. Esse termo foi criado por semelhança aos utilizados para designar camadas ou esferas relacionadas aos componentes abióticos (...) da Terra, que são: • hidrosfera (...); • litosfera (...); • atmosfera.
Esses componentes confirmam porque a biosfera não é uma camada
homogênea pois, as suas condições ambientais também não são. É importante
sublinhar que os limites da biosfera são definidos em função dos registros que
indicam a presença de seres vivos. Esses limites vão desde 11.000 metros de
profundidade, nos oceanos, até cerca de 7.000 metros de altitude, na
atmosfera (LOPES: 2005)
É justamente a presença de seres vivos em maior e/ou menor
quantidade que determina o que é biodiversidade, considerando que não há
uma definição consensual deste termo. Para o site
WIKIPEDIA/BIODIVERSIDADE (acesso em junho/2008) uma definição é:
“medida da diversidade relativa entre organismos presentes em diferentes
ecossistemas”. Esta definição inclui diversidade dentro da espécie, entre
espécies e diversidade comparativa entre ecossistemas. Outra definição mais
desafiante, é “totalidade dos genes, espécies e ecossistemas de uma região”,
levando em conta que essa definição unifica os três níveis de diversidade entre
seres vivos: diversidade genética, diversidade de espécies e diversidade de
ecossistemas.
43O mesmo site mostra algumas abordagens diferenciadas da
biodiversidade, ou seja, para os biólogos geneticistas, a biodiversidade é a
diversidade de genes e organismos; para os botânicos, a biodiversidade não é
só apenas a diversidade de populações de organismos e espécies mas
também a forma como estes organismos funcionam e, para os ecólogos, a
biodiversidade é também a diversidade de interações duradouras entre as
espécies.
O que se confirma com base nessas abordagens é que a biodiversidade
não é estática, é um sistema em constante evolução tanto do ponto de vista
das espécies como também de um só organismo. A biodiversidade tem
aumentado desde a origem da vida terrestre, embora de forma descontinua,
atingindo maior número de espécies antes do aparecimento da humanidade e
tendo vindo a desaparecer desde então. De acordo com o site de pesquisa da
RPAMBIENTAL muitas atividades humanas têm contribuído para a perda de
biodiversidade (á escala temporal), sobretudo pela conseqüente destruição de
habitats (pela construção de urbanizações e infra-estruturas), sua poluição e
sobre exploração (nomeadamente por atividades industriais, pelo uso intensivo
agrícola e silvícola do solo e pesqueiro das reservas aquáticas mundiais).
A riqueza local de espécies pode variar grandemente, consoante as
condições físicas (como o clima) e espaciais assim como com a intensidade do
uso do solo.
Assim sendo, as estratégias de conservação deverão ser diferenciadas
geograficamente e adaptadas á intensidade agrícola e ás demais
características das explorações.
A agricultura pode ser vantajosa em termos de biodiversidade: apesar
de ter eliminado áreas de habitats naturais e ter trazido problemas de
contaminação desses habitats, por outro lado, também criou novos habitats
para muitas espécies. Das cerca de 453 espécies de aves que ocorrem
regulamente na Europa, a sobrevivência de 150 dependem da agricultura
sustentável, como o Peneireiro das Torres. Entre as aves mais ameaçadas
encontram-se a abetarda e a codorniz.
44De acordo com o estudiosos sobre o Ambiente, uma parte significativa
das espécies selvagens depende da manutenção dos processos de agricultura
tradicional e das explorações agrícolas de pequena e média dimensão. Os
agricultores e gestadores de zonas de caca, efetuando algumas mudanças nas
suas práticas agrícolas e de ordenamento cinegético, representam assim
importantes agentes para a conservação da natureza e diversidade biológica.
Também o turismo em massa pode exercer pressões negativas sobre a
diversidade biológica, pela fragmentação do solo, sua compactação e pela
poluição causada pelos transportes, ao passo que o turismo sustentável
promove a criação de empregos adicionais ás comunidades locais, motivando-
as para a proteção do ambiente e harmonizando os interesses do sector do
turismo com a preservação da biodiversidade (RP/AMBIENTAL: acesso em
2007).
A valorização da biodiversidade se justifica pelo fato de que na natureza
todas as espécies são importantes, mesmo as que aos olhos humanos possam
parecer insignificantes, como provam os usos que o Homem tem encontrado
para muitas espécies faunisticas e floristicas.
A manutenção da diversidade biológica reveste-se de grande
importância em termos:
• Económicos (por exemplo, nos EUA, os benefícios econômicos garantidos
pelas espécies selvagens rondam os 4,5% do seu Produto Interno Bruto):
• Valor Consultivo e Produtivo (alimentos, materiais de construção,
combustível, madeira, fibra, resina, fontes genéticas,...);
• Espaço de lazer, inspiração (pela beleza estética), turismo (observação de
aves, pesca desportiva, parques naturais,...) e criação de emprego – em 1991,
nos EUA, as atividades recreativas associadas á observação de aves gerou
mais de 20 milhões de dólares e 250.000 postos de trabalho;
• Valor cientifico e educacional;
• Valor de existência (desejo de pagar pela conservação de determinadas
espécies ou habitats).
• Sociais (tradições, simbolismo, espiritualidade).
• Ecológicos;
45• suporte da vida;
• Controle de cheias;
• Proteção do solo contra a erosão;
• Filtração da água e purificação do ar;
• Polinização;
• Regulação do clima.
Por essa razão, a sobrevivência de muitas espécies está dependente de
uma mudança de atitude por parte do Domem. Para DOBSON (1995), a
conservação da biodiversidade depende não só da mudança de atitudes
humanas como também de órgãos instituídos para esse fim. Ele afirma que
durante a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento (Eco – 92), em 1992, cerca de 175 países, incluindo o Brasil,
assinaram a Conservação da Diversidade Biológica (CDB), que foi ratificada
em 1994, pelo Brasil. A partir daí foram traçados planos de4 estratégia para a
conservação e uso sustentável da exigências da CDB.
Entre os projetos mais amplos estão aqueles que tratam da
biodiversidade dos principais biomas: Amazônia, Pantanal, Mata Atlântica,
Cerrado e Caatinga, muitos dos quais só restam áreas fragmentadas e que são
extremamente frágeis.
Depois da Convenção de Diversidade Biológica, os incentivos, por parte
do Governo Federal, para tentar reverter a situação do baixo conhecimento da
biodiversidade nacional aumentam.
Em síntese a palavra biodiversidade apareceu há não muito tempo.
Certamente, tornou-se conhecida a partir de uma reunião realizada Estados
Unidos, cujos trabalhos foram publicados em 1988, num livro organizado pelo
ecólogo Edward O. Wilson, da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos.
O conceito de biodiversidade procura referir e integrar toda variedade que
encontramos em organismos vivos, nos mais diferentes níveis. É difícil
expressar este conceito com precisão, e existem várias enunciados diferentes.
Estas definições enfatizam que a biodiversidade abrange diferentes níveis de
organização da vida. Tais níveis formam uma certa hierarquia, embora
geralmente só sejam mencionadas algumas parte de toda a seqüência (as que
46são destacadas abaixo): genes > que pertencem a organismos > que compõem
populações > que pertencem a espécies > cujos conjuntos formam
comunidades > que fazem parte dos ecossistemas. Além disto, várias
definições ressaltam que a biodiversidade não apenas uma coleção de
componentes, em vários níveis. Tão importante quanto estes componentes é a
maneira como eles estão organizados e como interagem: quer dizer, as
interações e processos que fazem os organismos, as populações e
ecossistemas preservam sua estrutura e funcionarem em conjunto. A
Conservação da Diversidade Biológica, apresenta na reunião das Nações
Unidas do Rio de Janeiro sobre o Meio Ambiente (Eco-92), é o principal
instrumento do compromisso firmado pela maioria das nações do mundo desde
então, para buscar “... a conservação da diversidade biológica, a utilização
sustentável de seus componentes e a repartição justa e equitiva dos benefícios
derivados da utilização dos recursos genéticos” (CDB, Artigo 1).(GTI Brasil:
2007) .
A grande maioria dos estudiosos concordam que a população pode
contribuir para a preservação da biodiversidade na medida em que haja uma
mudança cultural, pela qual as pessoas se dariam conta de que esse é um dos
componentes mais preciosos da Terra. Para isso, é necessário que as pessoas
conheçam melhor a importância dessa preservação porque não se pode
esperar que uma população que vive uma combinação de problemas
prementes muito forte, vá se envolver com uma causa que é muito abstrata e
remota.
2.4. A organização das sociedades modernas
A partir da compreensão de que o meio ambiente é a totalidade do
planeta e dos elementos que o compõem: físicos, químicos, biológicos, tanto os
naturais, quanto os transformados, tanto os orgânicos quanto os inorgânicos,
nos distintos níveis de sua evolução pode-se em conceber o homem e suas
formas de organização na sociedade com sua rede de inter-relações como
partes integrantes do meio ambiente.
47De acordo com TRICART (1998), como ser vivo, o homem participa de
uma solidariedade biológica com as outras espécies. É por isso que certos
autores englobam o homem na natureza e no meio natural mas, as suas
atividades intelectuais desenvolveram-se e levaram á elaboração de uma
cultura cada vez mais vasta e diversificada que comporta elementos técnicos
que permitem ao homem modificar a natureza. É, a partir dessa modificação
que ocorre a organização das sociedades modernas.
Como a natureza não é apenas um elemento da dinâmica social porque
possui sua própria dinâmica, seu encadeamento e seu equilíbrio modificados
constantemente pela ação humana, os elementos naturais se tornaram
recursos para a sociedade moderna e fazem, necessariamente, parte dessa
organização.
Constatada essa realidade, não é a partir do espaço natural que vai se
compreender a sociedade moderna. É a partir dos sistemas sócio-economicos,
do subdesenvolvimento e da sociedade de consumo que são traduzidas as
profundas alterações que ocorrem nas paisagens naturais do planeta
(VESENTINI:1996).
Sob essa visão pode-se dizer que a organização das sociedades
modernas é conseqüência do potencial de alteração dos ambientes naturais
pelo ser humano que se dá e/ou se desenvolve sempre determinado por
estruturas sócio-econômicas que vão contra o irracional. Essa organização
pode simbolizar o impacto do homem sobre a natureza que é inserido numa
rede de rivalidades de interesses, de lutas econômicas e políticas
(TRICART:1978).
Conforme aponta os PCNs – temas transversais (1998 p.p. 212 – 215):
(...) Diferentes culturas se relacionam com a natureza explorando ou não determinados recursos presentes em seu espaço, segundo sua visão de mundo. (...). É importante reconhecer as características da organização do espaço, as tecnologias associadas a essa organização e suas conseqüências ambientais. (...). O que se vê hoje, na maioria das organizações societárias, é a aglomeração em centros urbanos e a organização da área rural, incluindo as áreas naturais conservadas, em função dessa direção de desenvolvimento (...). Nas diferentes formas de ocupação dos espaços, há problemas que saltam aos olhos pela gravidade, (...).
48Sendo assim, é pertinente reconhecer que nas sociedades modernas, os
limites entre os ambientes são indefinidos, pois, em geral, a alteração
ambiental no campo é maior quanto maior o adensamento urbano com o qual
se relaciona diretamente.
Mas, as influências recíprocas entre diferentes ambientes vão além
daqueles entre as áreas urbanas e rurais e também as relações econômicas
globais ficam cada vez mais intensas, assim como, são intensas as trocas de
tecnologias que facilitam o acesso a outros modos de vida. (PCNs – Temas
Transversais:1998) – Isso caracteriza a organização das sociedades
modernas, considerando que os seus movimentos devem ser entendidos
historicamente no percurso de sua formação, bem como, seus principais
representantes e interlocutores.
O que precisa ficar sublinhada é que as sociedades modernas quando
se organizam provocam eventuais problemas ambientais. De acordo com
LOUREIRO (2007: p. 24)
O desequilíbrio entre a população rural/urbana provocado por falta de adequadas políticas públicas rurais de assentamento e manutenção do homem no campo ocasionou o êscodo rural, que provoca o inchaço urbano. (...). o adensamento populacional próximo ás regiões industriais apresenta baixíssima qualidade ambiental e decorrência da poluição. (...). a ocupação urbana desordenada e sem nenhum planejamento, também é uma fonte de inúmeros problemas ambientais. (...). Também é presente em nossa realidade sócio-ambiental um grande desperdício de matéria-prima em geral, de água e de energia (...).
Desta forma, não se pode pensar apenas nas vantagens da
contemporaneidade. É fundamental conhecer e valorizar alternativas para a
ocupação dos espaços, para a utilização dos recursos naturais e para introduzir
novas posturas aos comportamentos culturalmente cristalizados.
Não se pode omitir que além de todos os problemas que acabam sendo
gerados pela organização e incorporação das sociedades modernas, a
concentração de renda e riqueza ampliou as desigualdades sociais o que
implica na utilização inadequada dos recursos naturais e na degradação da
biodiversidade.
49Os PCNS – Temas Transversais (1998) advertem que a forma de
organização das sociedades modernas constitui-se no maior problema para a
busca da sustentabilidade porque a crise ecológica é tão abrangente que
impossibilita a promoção do desenvolvimento sustentável e essas sociedades
se vêem forçadas a desenvolver pesquisas e ações para garantir minimamente
a qualidade de vida no planeta.
50
Capítulo 03 – A degradação ambiental e as
novas tecnologias
Estudos comprovam que a superfície da Terra está em constante
processo de transformação e, ao longo de seus 4,5 bilhões de anos, o planeta
registra drásticas alterações ambientais. Essas mudanças, no entanto, são
provocadas por fenômeno geológicos e climáticas e podem ser medidas em
milhões e até centenas de milhões de anos. Com o surgimento do homem na
face da Terra, o ritmo de mudanças acelera-se. A essas drásticas alterações
ambientais provocadas por fenômenos geológicos e climáticos e, mais
especificamente, por atividades humanas dá-se o nome de degradação
ambiental.
De acordo com LOUREIRO (2007) a degradação ambiental é uma
perda, mesmo que relativa, da qualidade de vida em decorrência de mudanças
ambientais. A degradação do meio ambiente do homem provoca uma
deterioração dessa qualidade, pois condições ambientais são imprescindíveis
para a vida, tanto no sentido biológico como no social.
Também o site de pesquisa www.cabano.com.br discutem a degradação
ambiental mas,de uma forma mais delimitada focalizando-a no contexto
urbano. O site oferece informações pertinentes de serem registradas. Ele diz
que desde quando o homem começou a conviver em grandes comunidades,
ele alterou a natureza de forma a assegurar a própria sobrevivência e lhe
proporcionar conforto. A agricultura, a pecuária e a construção de cidades etc.
modificam diretamente a natureza. Assim transformando características
geográficas como vegetação, permeabilidade do solo, absortividade e
refletividade da superfície terrestre, além alterar as características do solo, ar
atmosférico e das águas, tanto pluviais, fluviais como subterrâneas.
A alteração do espaço preexistente para a habitação humana, na
criação de cidades e grandes metrópoles, causa variação climática de diversas
formas. As grandes cidades e metrópoles possuem diferenças climáticas
fundamentais das áreas de campo próximas. As temperaturas de verão e
51inverno são maiores, a unidade relativa é menor, a qualidade de poluentes no
ar é muitas vezes maior, a qualidade de nuvens e nevoeiro e as precipitações
são maiores que em áreas de campo próximas, já a velocidade dos ventos e
radiação diminuem. Sendo assim pode-se concluir que as modificações no
ambiente para a instalação de cidades densamente povoadas causam
alterações no clima e na qualidade percebida.
Problemas como chuvas intensas e torrenciais, inundações, queda de
morros, ventania em determinados locais, assim como instabilidade climática
são causas do efeito criado pela alta densidade populacional e das
transformações ambientais. A poluição é muito freqüente em grandes cidades
poluição do ar por produtos da combustão de combustível fósseis,
contaminação das águas, por resíduos químicos, esgoto industrial e domestico
etc., poluição do solo causado por lixo urbano e industrial, resíduos despejados
etc, poluição sonora de pessoas e máquinas, poluição visual causadas por
propagandas, prédios etc. poluição térmica causadas pela pavimentação das
vias públicas, prédios, equipamentos, pessoas etc.
Devido os problemas supracitados hoje as pessoas que habitam em
grandes centros, adoecem muito mais que as que vivem na zona rural, tais
doenças originadas não apenas pela vida estressante das grandes cidades,
mas também pela péssima qualidade do ar, da água e da grande população de
ratos e baratas que também fazem parte da presença desordenada do Homem.
Assim observa-se que a degradação ambiental urbana altera não
apenas as condições climáticas locais, mas também agride o meio ambiente,
poluindo-o de diversas formas e ao ser humano que nele habita resta conviver
com um ambiente bastante inóspito e que muitas vezes pode levá-lo a doenças
sérias e até a morte.
A degradação ambiental urbana foi focalizada por dois motivos distintos:
primeiro, porque ilustra bem o tipo de relação que a humanidade vem
mantendo com o meio ambiente; segundo, porque os grandes impactos
ambientais, geradores irreversíveis ocorrem também, pela inserção de
equipamentos tecnológicos de ponta que, ao serem manuseados, acabam
proporcionando a destruição das cidades (LOUREIRO: 2007).
52O site de pesquisa acima citado argumenta que a escalada do progresso
técnico humano pode ser medida pelo seu poder de controlar e transformar a
natureza. Quanto mais rápido o desenvolvimento tecnológico, maior o ritmo de
alterações provocadas no meio ambiente. Cada nova fonte de energia
dominada pelo homem produz determinado tipo de desequilíbrio ecológico e de
poluição.
A invenção da maquina a vapor, por exemplo, aumenta a procura pelo
carvão e acelera o ritmo de desmatamento. A destilação do petróleo multiplica
a emissão de gás carbônico e outros gases na atmosfera. Com a petroquímica,
surgem novas matérias-primas e substancias não-biodegradáveis, como alguns
plásticos.
Sendo assim, as inovações crescentes, no setor agrícola, industrial e
urbano de modo geral, devem ser repensadas e utilizadas dentro de um projeto
que busque a preservação dos recursos naturais existentes, ou seja, trabalhar
em prol da redução das degradações ambientais no planeta (LOUREIRO:
2007).
Portanto, é necessário repensar as ações desenvolvidas sobre o meio
ambiente, fazendo dos constantes processos de crescimento populacional e
tecnológico, o recurso que trabalhe para o aumento da qualidade de vida por
meio da preservação ambiental.
3.1. Ética e natureza: histórico e confrontos
Ao se relacionar em sociedade é pertinentemente exigido ao homem
uma certa postura e/ou posicionamento com relação a um determinado
assunto. Todas as abordagens educacionais vão ao encontro de um conjunto
de regras e conceitos. E quando se trata do assunto meio ambiente, isso não é
diferente.
Portanto, estabelecer uma relação entre ética e meio ambiente é um
processo complexo que deriva da consciência esta que permite distinguir entre
certo e errado.
Conforme afirma LOUREIRO (2007: p. 30),
53
Isso implica dizer que ética pode ser conceituada como o estudo de juízo de apreciação que se referem à conduta humana suscetível de qualificação do ponto de vista do bem e do mal. O bem é uma forma de vida que mistura inteligência e prazer. Mas, de acordo com os presentes em jornais, revistas e na própria comunidade da qual fazemos parte, nem sempre o homem tem uma relação ética para com o meio ambiente.
A prova concreta de que nem sempre o homem tem uma relação ética
para com meio ambiente é demonstrada por aqueles que justificam a
destruição intensa e extensa da natureza como forma de prover o progresso e
o crescimento econômico provocando um quadro profundo de desigualdades
sociais, econômicas e políticas.
Para LOUREIRO (2007) ao longo da história da humanidade, os valores
e padrões éticos constituídos não incorporam a dimensão ambiental. Isso
porque os paradigmas filósofos, éticos e econômicos levaram o homem a
distanciar-se da natureza. Esse distanciamente impede que a sociedade reflita
sobre a relação dos homens com a natureza.
É a partir da consciência moral que confere ao ser humano a
capacidade de julgar as suas ações e de escolher dentre as circunstancias
possíveis seu próprio caminho na vida que suas atitudes irracionais podem
provocar a degradação da natureza.
A partir do que foi exposto pode-se concordar com PARENTONI E
COUTINHO (2004) quando eles dizem que uma das questões fundamentais
sobre a ética ambiental diz respeito às circunstancias em que os ecólogos -
cientistas que estudam a estrutura e funcionamento da natureza viva –
desempenham suas atividades e as conseqüências da aplicação dos
resultados das pesquisas para o meio ambiente – relações complexas entre as
atividades de sociedades humanas e os processos biológicos naturais. Entre
tais relações, destacam-se as atividades dos ecologistas ou ambientalistas que
lutam pela conservação da natureza e pelo desenvolvimento sustentável.
Mas, essa perspectiva de desenvolvimento sustentável estaria a exigir
um processo educacional efetivo, como o que se usa para ensinar o
abecedário. Nesse processo, os valores adequados à concretização desse
54princípio deveriam estar em evidencia para fundamentar a tomada de decisões
que favoreçam o ambiente e a sociedade que dele depende. Espera-se que do
processo educacional decorra a implantação de valores e atitudes que
preparariam o cidadão para um futuro ambientalmente sustentável
(PARENTONI E COUTINHO (2004)).
Os autores argumentam ainda que o maior confronto da relação ética-
natureza, é importante analisar a crise ambiental a partir da ocorrência das
chamadas tragédias ambientais e tentar compreendê-la como resultado de
uma crise de conduta ética. De acordo com COSTA (2004)
Antes de entrar no mérito da questão ética, é preciso lembrar que a produção de riqueza é indispensável, que a natureza não deve ser isolada para ser simplesmente contemplada, essa intocabilidade também é absurdo. Nesse caso, o que deve ser questionado é a forma como esta produção vem sendo realizada, e o que tem provocado o ritmo acelerado de exploração da natureza. No final de século XVIII, o inglês Thomas Robert Malthus anunciava a tese de que o aumento populacional levaria a um esgotamento da capacidade de produção do solo, uma vez que o crescimento da população provocaria uma escassez do mesmo. Naquela época, a tese malthusiana tinha fundamento. Porém, as teses neomalthusianas, que ganharam corpo no século passado, já não dão conta de explicar tal realidade. A verdade é que as novas tecnologias produzidas proporcionaram uma produção cada vez maior de alimentos; os organismos geneticamente modificados (transgênicos), o uso de defensivos agrícolas e tecnologia de ponta possibilitam uma produtividade cada vez mais elevada para o espaço. Os avanços no campo do agronegócio, sem dúvida, seria necessário para que não existisse fome no mundo.
Em outras palavras, ao longo da história, o homem tem transformado a
natureza para produzir um ambiente propício à satisfação de suas
necessidades. No início, essas necessidades eram apenas fisiológicas.
Posteriormente, a ocupação de territórios por outras sociedades também se
tornou uma necessidade e agora, essas necessidades se associaram aos
interesses político-econômicos sempre num mesmo palco, a natureza, com as
mesmas conseqüências e/ou resultados: exploração do meio ambiente e
desigualdades sociais.
Sob a visão de COSTA (2004) o espaço geográfico mundial atual é uma
realidade explicita dessas desigualdades, marcado por pouquíssimos centros
hegemônicos de poder que dominam o mundo. O capital internacionalizado
55criou um cenário político-econômico de favorecimento das elites, e a cada dia
alargam-se as diferenças entre ricos e pobres. No mundo inteiro, a produção
da riqueza cresce paralelamente à produção da miséria. Esta realidade é
denunciada pela forma de organização do espaço, onde condomínios e
edifícios luxuosos em lugares privilegiados, se tornam verdadeiras amenidades
e abrigam moradores de rua. No campo, empresas agrícolas, que favorecem
um modo de vida urbano, contrata com a realidade da expropriação fundiária e
miséria de quem busca sobreviver no meio rural.
No Brasil, a realidade também é antiética pois, a maior parte do território
usada para o cultivo agrícola esta nas mãos dos empresários agroindustriais,
cuja produções está voltada para a exportação, enquanto isso, milhões de
brasileiros passam fome. A questão é: que ética é essa? AMÂNCIO e GOMES
(2001) observam que
De alguma maneira, a humanidade teria alcançado meios razoáveis para satisfazer suas necessidades básicas, porém, como é muito sabido, esses benefícios são distribuídos de modo muito concentrado, para poucos. Especialmente daqueles que obtiveram esta satisfação questionada (ou auto-criticada) no que concerne a moral. Contudo não é o que ocorre. Exemplificando, a mesma sociedade que condena a derrubada de árvores na Amazônia, compra a madeira clandestina para seu consumo. Estaria correto esse direcionamento da sua conduta? O Ecoturista que procura o local “selvagem” para seu desfrute, deixa, às vezes, marcas de degeneração que a população local, por muito tempo não ousou em aplicar no seu ambiente de sobrevivência.
O que se vê é que a natureza ao ser transformada pelo homem se
configura como um palco de desigualdade construído sobre uma conduta ética
questionável. Desde o principio da humanidade ela é explorada com grandes
demonstrações (impactos ambientais) mas, nem isso faz emergir um senso
comum voltada para os valores morais da humanidade, ou seja, quando se fala
de meio ambiente, por exemplo, critica-se o uso de defensivos agrícolas nas
plantações, mas nada fazem acerca da fome que também é produzida.
3.2. Crise Ambiental ou falta de civilização conscientizadora?
56Atualmente grande parte dos ambientalistas concorda com a
necessidade de se construir uma sociedade mais sustentável, socialmente
justa e ecologicamente equilibrada. Isso significa que defender a qualidade do
meio ambiente, hoje, é preocupar-se com a melhoria das condições
econômicas, especialmente da grande maioria da população mundial que, de
acordo com dados da ONV, se encontra em situação de pobreza ou miséria.
Para os PCNs – Temas Transversais (1998) a formação de um mercado
mundial instituiu relações que induziram à deterioração do ambiente e seria
ingenuidade ignorar essa dimensão do problema. No entanto, a degradação
ambiental não implica progresso. Há que se considerar a questão ecológica-
econômica-social como um problema a ser equacionado pela sociedade
moderna.
Ocorre que a questão ambiental representa quase uma síntese dos
impasses que o atual modelo de civilização acarreta por isso, a comunidade
científica considera que o que se assiste no início do século XXI não é só uma
crise ambiental, mas uma crise civilizatória. Segundo essa mesma
comunidade, para superar os problemas ambientais são exigidas mudanças
profundas na concepção de mundo, de natureza, de poder, de bem estar, etc.
tendo por base novos valores.
Para que se possam viver essas mudanças, LOUREIRO (2007: p.31)
explica que
(...) é preciso que a sociedade de resgate o pressuposto fundamental da Educação Ambiental: integração entre as partes, formando um todo em interação constante homem-ambiente, valorizando as instancias da razão, do sentimento, da afetividade e do prazer, que somarão energia para uma ação coletiva, demonstrativa de um novo modelo de sociedade (...).
Ou seja, é preciso adotar a percepção de que o ser humano não é o
centro da natureza, mas sim, parte dela.
É sabido que as civilizações apresentam-se como um conjunto de
técnicas, normas, crenças, idéias formas de organização social, etc., que se
desenvolvem através das experiências de grupos humanos em determinados
meios ambientes (VESENTINI: 1996) e que o desenvolvimento científico está
57ligado a esse conjunto mas, para compreender o que se vivencia é uma crise
ambiental ou uma crise civilizatória é preciso encontrar uma outra forma de se
adquirir conhecimentos que possibilite enxergar a questão ambiental com seus
vínculos e também com os contextos físico, biológico, histórico, social e
político.
Assim, a questão ambiental impõe às sociedades a busca de novas
formas de pensar e agir e/ou de encontrar novos caminhos e modelos de
produção de bens para suprir necessidades humanas, bem como, sociais que
garantam a sustentabilidade ecológica (PCNs – Temas Transversais: 1998).
Para uma melhor compreensão do paradoxo crise ambiental e/ou crise
civilizatória faz-se pertinente discorrer o comentário da FOLHA DE SÃO
PAULO, 05 de junho de 2005 apud LOUREIRO (2007) que diz que
Até poucos anos atrás, o Brasil era responsável por uma porcentagem do total de emissões de gases de efeito estufa do planeta. No entanto, nos últimos quatro anos, as emissões brasileiras aumentaram devido às taxas desenfreadas de desmatamento. As conseqüências disso são de estrema gravidade, não apenas com relação ao impacto ambiental global, mas também, devido à eventual perda de classificação do Brasil entre países não-anexo 1 do Protocolo de Kyoto. Isso quer dizer que o Brasil poderá perder, em pouco tempo, o seu potencial de receber recursos ponderáveis oriundos de créditos de carbono, seja pelo Protocolo de kyoto ou por qualquer outro instrumento internacional crido para redução das emissões e do efeito estufa.
O comentário demonstra claramente que em poucos anos, os interesses
econômicos brasileiros desconsideram os impactos ambientais decorrentes da
emissão de gases e provocam altas taxas de desmatamento fazendo com que
não se compreenda se esses interesses interferem na crise ambiental ou se
são constituintes da crise civilizatória, assim, acabem contribuindo para
legitimar a manipulação irrestrita da natureza.
VESENTINI (1996) e outras pesquisas demonstram que desde a década
de 70 a humanidade vem tomando consciência de que existe uma crise
ambiental planetária. Não se trata apenas de uma poluição de áreas isoladas,
mas de uma real ameaça à sobrevivência dos seres humanos e de toda a
biosfera. Muitos problemas que constituíram (e constituem) essa crise podem
ser lembrados:
58• a multiplicação de usinas nucleares que acentua o problema do escape
de radioatividade para o meio ambiente;
• o acúmulo do gás carbônico ocasionando o crescimento do efeito
estufa;
• a contaminação de alimentos por produtos químicos nocivos à saúde
humana;
• a crescente poluição dos oceanos e mares provocando a extinção de
espécies aquáticas;
• o avanço da diversificação;
• o desmatamento acelerado das últimas grandes reservas florestais
originais do planeta, a exemplo da Amazônia.
• a extinção irreversível de milhões de espécies vegetais e animais, etc.
Esses problemas associados a outros problemas locais convergem-se
no que se chama de crise civilizatória o que implica na necessidade urgente da
consciência ecológica.
Para VESENTINI (1996: p. 330),
Trata-se da consciência de estarmos numa mesma “nave espacial”, o planeta Terra, (...) que possibilitou a existência de uma biosfera. Trata-se ainda da consciência de que é imperativo para a própria sobrevivência da humanidade modificar o (...) relacionamento com a natureza. A natureza deixa aos poucos de ser vista como mero recurso inerte e passa a ser encarada como um conjunto vivo do qual fazemos parte (...).
A grande novidade da crise ambiental é que ela suscitou
questionamentos sobre a exploração da natureza. Além disso, os governos
perceberam que as ameaças de catástrofes ecológicas são serias e precisam
ser enfrentadas, e que preservar um meio ambiente sadio é condição
indispensável para garantir um futuro tranqüilo para as novas gerações
(VESENTINI: 1996).
Para solucionar e/ou minimizar o paradoxo da crise ambiental/crise
civilizatória é preciso se pensar num novo tipo de desenvolvimento que não
seja baseado na intensa utilização de recursos naturais, mas sim, em regras
civilizadas de convivência entre homem e natureza.
59
3.3. A necessária preservação da biodiversidade
Um elemento que ganha destaque dentro da questão ambiental é a
biodiversidade que necessita seriamente de ser preservada. Muitas espécies
vegetais e animais já desapareceram da Terra e outras estão ameaçadas.
Para BARROS (2000) as causas da extinção das espécies são as mais
diversas: mudanças no ambiente, falta de alimento, dificuldades de reprodução
e, sobretudo, a ação destruidora do homem que, além de lançar na água, no ar
e no solo os mais diversos tipos de substancias tóxicas e contaminadas
também agride o meio ambiente capturando e matando animais silvestres e
aquáticos e destruindo matas e florestas.
Previsões de pesquisadores apontam que até o final dos próximos vinte
e cinco anos poderá ocorrer na Terra um grande desastre biológico, com o
desaparecimento de 25% de suas espécies (animais, vegetais e
microorganismos). A biodiversidade já está diminuindo a passos largos. Uma
das causas, talvez a principal, é a destruição dos habitats.
Os biólogos esclarecem que a degradação ambiental e/ou da
biodiversidade ocorre a partir de processos naturais que alteram o ambiente,
entretanto, as maiores alterações que ocorrem são causadas pela ação do
homem, ou seja, com a derrubada das matas, com o costume indevido da caca
e da pesca, com o uso de pesticidas, com a poluição e a contaminação da
água, com a poluição do ar, etc.
De acordo com CLEMENTI no site de pesquisa RPAMBIENTAL (2007),
a biodiversidade do Planeta Terra esta debilitada. Em parte por causa da crise
climática, em parte porque o ser humano está invadindo seus habitats. Na
verdade, estamos diante de um fenômeno que os biólogos começam a chamar
de crise de extinção em massa. Atualmente, a extinção ocorre em ritmo 1.000
vezes mais acelerado do que se daria naturalmente, na ausência de influencia
humana. Em 2003 a União internacional para a Conservação da Natureza
(UICN) anunciou que cerca de 12.259 espécies de animais e plantas de todo o
mundo estão ameaçadas de extinção e 762 espécies já são consideradas
extintas.
60Entende-se que o problema da biodiversidade assumiu, nas últimas
décadas, proporções nunca antes atingidas. Segundo o site de pesquisa
WIKIPEDIA/BIODIVERSIDADE durante as ultimas décadas, uma erosão da
Biodiversidade foi observada. A maioria dos biólogos acredita que uma
extinção em massa está a caminho. Apesar de divididos a respeito dos
números, muitos cientistas acreditam que a taxa de perda de espécies é maior
agora do que em qualquer época da história da Terra.
Alguns estudos mostram que cerca de 12,5% das espécies de plantas
conhecidas estão sob ameaça de extinção. Todo ano, entre 17.000 e 100.000
espécies são varridas de nosso planeta. Alguns dizem que cerca de 20% de
todas as espécies viventes poderiam desaparecer em 30 anos. Quase todos
dizem que as perdas são devido às atividades humanas, em particular a
destruição dos habitats de plantas e animais.
Alguns justificam a situação não tanto pelo sobreuso das espécies ou
pela degradação de ecossistema quanto pela conversão deles em
ecossistemas muito padronizados. (ex.: monocultura seguida de
desmatamento). Antes de 1992, outras mostraram que nenhum direito de
propriedade ou nenhuma regularmentação de acesso aos recursos
necessariamente leva à sua diminuição (os custos de degradação têm que ser
apoiados pela comunidade).
Entre os dissidentes, alguns argumentam que não há dados suficientes
para apoiar a visão de extinção em massa, e dizem que extrapolações
abusivas são responsáveis pela destruição global de florestas tropicais, recifes
de corais, mangues e outros habitats.
A domesticação de animais e plantas em larga escala é um fator
histórico de degradação da biodiversidade, gerando a seleção artificial de
espécies, onde alguns seres vivos são selecionados e protegidos pelo homem
em detrimento de outros.
Em função desses dados e de outros que retratam a realidade da
biodiversidade emerge a consciência da sua necessária preservação. Do ponto
de vista de VESENTINI (1996: p. 334)
61Preservar a biodiversidade é condição básica para manter um meio ambiente sadio no planeta: todos os seres vivos são interdependentes, participam de cadeias alimentares ou reprodutivas, e sabidamente os ecossistemas mais complexos, com maior diversidade de espécies, são aqueles mais duráveis e com maior capacidade de adaptação às mudanças ambientais. Além disso, a biodiversidade é fundamental para a biotecnologia que, (...), é uma das indústrias mãos promissoras na Terceira Revolução Industrial que se desenvolve atualmente.
Normalmente, os processos de preservação da biodiversidade se dão
pelas unidades de conservação (Reservas biológicas, Parques Nacionais e
Áreas de proteção ambiental) administradas pelo governo.
Existem atualmente vários tipos delas, com características e finalidades
distintas.
Os parques nacionais são áreas extensas e delimitadas, dotadas de
atributos naturais excepcionais, destinadas a fins científicos, culturais,
educacionais e recreativos. O primeiro a ser criado no Brasil, em 1937, foi o de
Itatiaia, na divisa entre Rio de Janeiro e Minas Gerais. Nele estão os picos das
agulhas Negras e o Prateleiras.
As reservas biológicas são áreas demarcadas com o objetivo de
proteger amostras representativas da fauna e flora. Visam à conservação de
recursos genéticos e ao desenvolvimento de estudos e pesquisas cientificas. A
reserva biológica do auto das Rocas, um recife circular de corais, a oeste da
ilha de Fernando de Noronha, é a única reserva biológica marinha do Brasil.
As estações ecológicas dão ênfase especial à pesquisa, permitindo a
realização de manipulações e experimentos que possam modificar o ambiente
em um décimo de sua área.
As reservas ecológicas são áreas de preservação permanente,
públicas ou particulares onde se podem realizar experimentos que conduzam a
modificações profundas ou permanentes no ambiente.
As áreas de proteção ambiental (APA) têm uso restrito, para garantir o
emprego racional do solo e a proteção de mananciais, de modo a evitar a
degradação ambiental. Nelas não é permitida a instalação de indústrias
potencialmente poluidoras.
62Nas áreas de relevante interesse ecológico (Arie), são proibidas
atividades que possam pôr em risco a integridade dos ecossistemas e a
harmonia da paisagem, tais como a pesca, a competições esportivas, os
pastoreiro excessivo e a colheita de produtos naturais, quando esta coloca em
risco a conservação desta área. A principal diferença entre uma APA e uma
Arie é que nesta última a extensão protegida é muito menor (sempre inferior a
5 mil hectares), porém as restrições às atividades humanas são muito maiores.
As florestas nacionais são áreas de grandes recursos vegetais, que
não foram ainda suficientes avaliados e identificados; elas geralmente visam
garantir o espaço e os recursos naturais para existências de comunidades
indígenas. Atualmente, faz parte desses processos as ONGs (organizações
não-governamentais) sem fins lucrativos que trabalha em pesquisas e na
difusão e conhecimentos técnicos, científicos e práticos, voltados para a
preservação da natureza já que procuram transmitir conhecimentos que
ajudam o homem a explorar os recursos do ambiente sem devastá-lo.
Mas, a grande esperança para a preservação da biodiversidade é um
novo tipo de desenvolvimento, menos poluidor que o atual. Esse tipo de
desenvolvimento está na biotecnologia citada por VESETINI (1996). Ela, a
biotecnologia, é capaz de produzir fontes de energia ou plásticos a partir de
algas marinhas, remédios eficazes contra doenças que matam milhões a cada
ano originados de novos princípios ativos de microorganismos ou plantas, etc.
(VESENTINI: 1996).
Fora a intervenção da biotecnologia, a preservação de biodiversidade se
faz necessária por conta de sua importância para a sobrevivência humana.
Para MARCONDES e SARAIEGO (1996) várias entidades ambientalistas é
órgãos governamentais, como o Ibama, lutam pela preservação dos
ecossistemas, para manter a máxima biodiversidade possível. Essas ações são
importantes não por questões sentimentais. O motivo é muito mais sério. Os
ecossistemas, principalmente os de maior biodiversidade, representam um
patrimônio nacional de grande valor científico e econômico.
É importante manter a biodiversidade, porque grande parte das espécies
existentes foram pouco estudadas, e algumas não foram nem se quer descritas
63ou classificadas. A pesquisa sobre essas espécies permitira compreender
melhor o funcionamento do mundo natural, seus processos ecológicos e sua
avaliação.
A preservação da biodiversidade significa também a manutenção de um
“arquivo químico” riquíssimo. Cada tipo de espécie produz substâncias
químicas próprias, que podem ter uso variados. Com elas fabricam-se
remédios, resinas, pigmentos (tintas), inseticidas e aromatizantes. A produção
dessas substâncias em laboratório geralmente é complicada e cara. E o que
não se conhece não pode ser sintetizado artificialmente. O homem conhece
apenas quatro milésimos das substancias produzidas pelas plantas brasileiras.
Isso significa que, em um grupo de mil substancias, conhece-se apenas quatro
delas. Para se ter uma idéia da complexidade química dos vegetais, basta o
exemplo do morango. Ele possui cerca de trezentas micromoléculas diferentes,
e nenhuma delas tem, isoladamente, o gosto ou aroma da outra.
A biodiversidade representa, ainda, um patrimônio genético inestimável.
Patrimônio genético é a riqueza constituída pelo conjunto de genes que os
seres vivos possuem. Cada genes consiste em um pequenino fio de proteína e
ácido nucléico que existe no interior das células. Ele possui um código que
define as características físicas do organismo, inclusive sua capacidade de
produzir substâncias químicas úteis como medicamentos. O patrimônio
genético dos ambientes naturais pode ser empregado pela engenharia genética
e pela biotecnologia para criar novos produtos e, assim, gerar riquezas. É
possível que as espécies ainda não estudadas forneçam genes que tornem as
plantas cultivadas mais resistentes às pragas e às intempéries. Somente a
AMAZÔNIA possui um terço de todo o estoque genético do planeta.
A biodiversidade é importante, finalmente, para o controle da qualidade
da água e do ar, e como indicador do impacto ambiental da ação humana. A
poluição, por exemplo, frequentemente altera a composição em espécies de
comunidades e isso se reflete na biodiversidade, que sempre diminui.
A biodiversidade, assim, é também ema fonte potencial de imensas
riquezas e o grande problema que se coloca é saber quem vai lucrar com isso:
os países ricos, que detêm a tecnologia essencial para descobrir novos
64princípios ativos e fabricá-los, ou se os países detentores das grandes reservas
da biodiversidade, das florestas tropicais em especial (VESENTINI: 1996).
Não importando a quem os lucros são mais acentuados, o que importa é
o reconhecimento da necessidade da preservação da biodiversidade tendo
como principio o fato dela ser pertencente a toda humanidade. A
compatibilização entre a utilização dos recursos naturais existentes e a
conservação da biodiversidade, apesar de hoje ainda parecer somente uma
utopia, deve ser um compromisso da humanidade. Isso pode se concretizar por
meio e formas de produção que satisfaçam às necessidades do ser humano,
sem destruir os recursos que serão necessários às futuras gerações.
65
Conclusão
Ao longo da história, o homem tem transformado a natureza para
produzir um ambiente propicio à satisfação de suas necessidades. Foi dessa
transformação que surgiu uma natureza pensada que se apresenta em vários
momentos como um elemento separado no contexto homem-natureza.
Isso, porque, nos últimos séculos, um modelo de civilização se impôs,
alicerçado na industrialização com sua forma de produção e organização do
trabalho, a mecanização da agricultura, o uso intenso de agrotóxicos e a
concentração populacional nas cidades. A transformação inadequada da
natureza é o resultado da exploração dos recursos naturais que se intensificou
muito e adquiriu outras características. Assim, quando se trata de discutir a
questão ambiental, nem sempre se explicita o peso que realmente tem a
relação sociedade-natureza que é desenvolvida segundo os propósitos dos
grupos de interesses determinando as condições do meio-ambiente.
Pode-se dizer que a relação sociedade-natureza dá margem à
interpretação dos principais danos ambientais como fruto de uma “maldade”
intrínseca ao ser humano. Desta forma, uma primeira conclusão a que se pode
chegar através da pesquisa é de que as constantes modificações da natureza
e/ou meio ambiente levam a uma constante modificação da vida humana.
Modifica-se não só o habitat, mas a maneira de ser, de agir, de enxergar o
mundo esta sendo modificado constantemente.
Vive-se uma época em que as catástrofes naturais são cada vez mais
freqüentes e devastadoras mas, as nações começam a se importar com as
conseqüências da industrialização acelerada do último século. A emissão de
gases poluentes na atmosfera é apenas uma das várias ações do homem que
vem modificando a natureza.
Uma outra conclusão advinda da pesquisa se refere ao fato de que no
estudo ambiental, estão surgindo novas maneiras de se pensar o meio
ambiente, considerando que o seu desequilíbrio está ligado, principalmente, ás
causas sociais. Uma dessas novas maneiras é a Educação Ambiental que é
66uma prática social que estimula a reflexão crítica, a busca de soluções e a ação
racional sobre os problemas sócio-ambientais com atuação dentro e fora do
ambiente escolar.
Institucionalizada no Brasil em 1981, já era trabalhada mesmo sem que
se percebesse porque a relações do homem com o meio ambiente se
desenvolvem desde o surgimento da humanidade. Na verdade, a história da
humanidade mostra que a degradação ambiental já acontece há muito tempo.
Só que, no inicio, a degradação detectada não representava um grande
impacto na natureza, não se configurava como um problema ambiental, nos
termos como é entendido hoje.
Na história humana, o comportamento predatório não é novo. Novo é a
dimensão e extensão dos mecanismos de depredação, desde o surgimento
das grandes cidades e das imensas lavouras de monoculturas até as armas
nucleares. Isso permite concluir que no processo de transformação do meio
ambiente, de construção e reconstrução pela ação coletiva dos seres humanos,
são criados e recriados modos de relacionamento da sociedade com o meio
natural. Desse modo, o compromisso da Educação Ambiental é construir
soluções para questões ambientais e projetar ambientais que se façam
socialmente justos e ecologicamente equilibrados.
De acordo estudos bibliográficos da pesquisa, pode-se concluir que
atualmente que grande parte dos ambientalistas concorda com a necessidade
de se construir uma sociedade mais sustentável. Isso significa que defender
relações harmoniosas entre a qualidade do meio ambiente. O crescimento
econômico deve estar subordinado a uma exploração racional e responsável
dos recursos naturais, de forma a não inviabilizar a vida das gerações futuras.
Assim, a questão ambiental impõe ás sociedades a busca de novas
formas de pensar e agir, individual e coletivamente, de novos caminhos e
modelos de produção de bens, para suprir necessidades humanas, e relações
sociais que não perpetuem tantas desigualdades e exclusão social, e, ao
mesmo tempo, que garantam a sustentabilidade ecológica. Isso implica um
novo universo de valores no qual a Educação Ambiental tem um importante
papel a desempenhar.
67
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