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Trabalho final de graduação do curso de arquitetura e urbanismo, desenvolvido pela aluna Leticia Alamino Alves e orientadora Hebe Olga. Este trabalho teve como avaliadores o Arquiteto Marcelo Aflalo e a Arquiteta Katia Teixeira, resultando em nota máxima (dez) por unanimidade na banca avaliadora.
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Cronourbanismo em um bairro multitemporal e multiespacial
Aluna: Leticia Alamino Alves
Orientadora: Hebe Olga
Fonte: Caco Galhardo (www.blogdogalhardo.zip.net)
Sumário
1 Introdução 2
1.1. Agradecimentos
1.2. Resumo
3
4
1.2. Metodologia 5
1.3. Justificativa 6
2 O Bairro 8
2.1. História do bairro 9
2.2. O bairro de hoje 13
2.3. Plano de Bairro da Vila Madalena 16
3 Referencias conceituais 19
3.1. Seminário da noite paulistana 20
3.2. Jan Gehl 21
3.3. SP 2040 24
4 Estudos de caso 25
4.1. Plano de bairro de Perus 26
4.2. Projeto Bairro Alto e Bica - Lisboa 28
4.3. Prospect Park West, 1st e 2nd Avenues 31
5 O recorte 34
6 Diagnóstico 38
6.1. Uso do solo 39
6.2. Gabarito 41
6.3. Áreas verdes 42
6.4. Sistema Viário 44
6.5. Sistema hidrografico 48
7 Problemáticas da área 50
8 Programa de necessidades 52
Requalificação urbana na Vila Madalena: Cronourbanismo em um bairro multitemporal e multiespacial 01
9 Projeto 56
9.1 Apresentação da proposta
9.2 Reordenação do viário
9.2.1 Sentido das vias
9.2.2 Ciclovia
9.2.3 Linhas de ônibus alternativas e estruturais
9.2.4 Estacionamentos
9.3 A vila dos pedestres
9.3.1 Parque linear – Drenagem e áreas verdes
9.3.2 Requalificação de calçadas e passeios públicos
9.3.3 Faixas de pedestres elevadas
9.3.4 Requalificação da iluminação urbana
9.4 Drenagem
9.5 Equipamentos públicos
57
58
58
59
61
63
75
76
80
86
88
91
93
9.6 Áreas a adensar 98
9.7 Zonas de eventos (fechamento de vias) 99
10
11
Resultados
Anexos
100
105
10.1. Entrevista Roberta Tasseli - Portal Vila Mundo 106
10.2. Entrevista pesquisa de campo + resultados 107
11 Referências bibliograficas 111
1. Introdução
Requalificação urbana na Vila Madalena: Cronourbanismo em um bairro multitemporal e multiespacial 02
1. Introdução
1.1. Agradecimentos
Primeiramente, agradeço a minha família, que é meu alicerce e o motivo de
minha existência e convicções. À minha mãe Patrícia, heroína qυе mе dеυ apoio, incentivo nаs
horas difíceis, de desânimo е cansaço e, que mesmo com os problemas de saúde que passou
durante este ano, me deu forças para seguir em frente. Ao mеυ pai qυе deu apoio financeiro
para minha formação e, apesar das dificuldades, me deu palavras de força nos momentos em
que fraquejei. E às minhas irmãs Karina e Gisele, que nоs momentos dе minha ausência em
que estava dedicada аоs projetos universitários, sempre fizeram entender qυе о futuro é feito а
partir dа constante dedicação nо presente.
Obrigada ao Guilherme, que me apoiou em noites de projeto, na elaboração de
maquetes, me amparou e socorreu com dedos cortados e fobia a sangue, além de entender
minha falta de paciência depois de noites mal dormidas. Também foi aquele que me fez refugio
nas horas livres e quem eu quero ter ao meu lado por toda a vida.
Agradeço àqueles que tornaram possível minha formação e a elaboração deste trabalho
no âmbito docente. À minha orientadora Hebe Olga, pelo auxilio na escolha do tema deste
trabalho, além de sua paciência e incentivo durante аs orientações. Também a todo corpo
docente do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade São Judas Tadeu, que foram tão
importantes em minha vida acadêmica. À SPTrans, CET-SP e ao Vila Mundo pelo suporte
prestado nas questões referentes ao bairro da Vila Madalena, além daqueles que responderam
a pesquisa de campo que subsidiou o desenvolvimento deste trabalho.
Por fim, a todos qυе direta оυ indiretamente fizeram parte dа minha formação, о mеυ
muito obrigada.
Requalificação urbana na Vila Madalena: Cronourbanismo em um bairro multitemporal e multiespacial 03
1.2. Resumo
O presente trabalho tem como objeto de estudo o recorte da Vila Madalena
compreendido entre a Rua Wizard, Rua Harmonia, Rua Original, Rua Cipriano Juca, Rua
Patápio Silva, Rua Luís Murat, Rua Inácio Pereira da Rocha e Rua Morás, com área total de
0,45 km².
Visa a partir área de estudo investigar o comportamento de áreas de uso misto quanto
ao desenvolvimento urbano e o recente processo de especulação imobiliária paulista, em
especial no bairro da Vila Madalena, por este apresentar vocação singular na cidade de São
Paulo, caracterizando-se como reduto boêmio.
Dada tal investigação e diagnóstico, observa-se problemáticas urbanas relacionadas a
falta de qualificação nos caminhos de bicicleta e pedestres, problemas nos espaços de
transição entre os ambientes públicos e privados, verticalização sem regras, trânsito, falta de
espaços para parada e estacionamento de carros, ausência de áreas verdes, canalização de
córregos e os consequentes pontos de alagamento, além da ausência de espaços públicos
de lazer e cultura em um bairro com grande expressividade na arte contemporânea, através
de muros e escadarias grafitadas.
A partir do levantamento de tais problemáticas, objetiva-se neste trabalho a elaboração
de propostas para requalificação urbana do recorte em estudo, concedendo-lhe qualidades
para funcionar como a essência de seu desenvolvimento: um bairro multiespacial – pela sua
diversidade de usos – e multitemporal – pelas diferentes cenas urbanas que se pode
enquadrar ao longo do dia.
As estratégias para que a requalificação aconteça são baseadas em uma nova
organização do espaço a partir de uma requalificação urbana fundamentada na melhoria dos
deslocamentos, dos espaços de permanência e da drenagem.
A proposta para a área tem como ordenamento de prioridades os
transportes sustentáveis – pedestres e ciclistas -, seguidos pelo transporte público e o
reordenamento das linhas de ônibus locais e estruturais, e por fim o transporte individual.
Para os pedestres, são propostos espaços de circulação com
requalificação de calçadas, delimitação de ruas pedonais, interrupção de quadras e melhoria
nas travessias a partir de faixas elevadas, além dos espaços de estar, que se dividem em
parklets, parque linear, praças e coworks.
Quanto aos ciclistas, é proposta uma ciclovia dividida em dois percursos,
interligando as ciclovias já existentes nos bairros próximos. Tais percursos obedecem as
normas de inclinação e largura estabelecidas pelo conselho nacional de trânsito
(CONATRAN).
Para o transporte público a proposta é que as linhas estruturais sejam
deslocadas para vias compatíveis com a escala dos ônibus. Para suprir a demanda de
transporte local, é acrescida uma linha circular com percurso entre os metrôs Vila Madalena
e Faria Lima. Todas estas linhas contarão com baias para parada dos veículos, evitando
conflitos com o transito local.
Também visando melhorar o transito local que tem como maior
problemática o trafego intenso, se propõe a alteração do sentido das vias, com binários nos
eixos com maior entroncamento, eliminação de parte das vagas das ruas - aumentando a
largura das vias e o otimizando o fluxo de veículos -, implantação de vagas rotativas zona
azul nas ruas e acréscimo de baias de carga e descarga de pessoas e mercadorias, evitando
que veículos parem em filas duplas, além da implantação de dois estacionamentos
subterrâneos em substituição das vagas retiradas da rua.
Quanto a drenagem, a proposta é dividida em conduzir, retardar,
armazenar e absorver. A condução é dada a partir do sistema de canaletas, que levarão as
águas pluviais para o destino final do Rio Pinheiros a partir da declividade da região e dos
percursos de córregos existentes. O retardamento será feito a partir de degraus, ou ladders,
que diminuem a velocidade de vazão das águas. A armazenagem é dada a partir da
implantação de um piscinão em área que atualmente é ocupada por trecho do córrego a céu
aberto. Por fim, para absorção é proposto o aumento de áreas permeáveis no bairro, sejam
vegetadas ou com pavimentos drenantes.
Requalificação urbana na Vila Madalena: Cronourbanismo em um bairro multitemporal e multiespacial 04
1.2. Método
Este trabalho se iniciou a partir do estudo acerca do bairro da Vila Madalena,
sua história, sua dinâmica urbana, econômica e populacional, bem como as diretrizes e planos
existentes para a área, que teve como metodologia a utilização de fontes de pesquisas
censitárias, dados geográficos, além de uma pesquisa de campo com a população permanente
e itinerante do bairro.
A partir deste estudo, e principalmente da dinâmica de usos revelada, foi
possível determinar uma área de intervenção com características singulares que se
distinguisse do restante do bairro em sua dinâmica de usos, o que demandou uma
aproximação do recorte em análise para entender suas essências e problemas, dentre elas a
constatação dos usos mistos, a verticalização e o adensamento que se iniciam no bairro, as
demandar por áreas verdes, além dos frequentes problemas com enchentes na região.
Com o diagnóstico elaborado para esta área de estudo, percebeu-se que,
dadas as problemáticas existentes na área, se fazia necessária uma nova organização do
espaço a partir de uma requalificação urbana fundamentada na melhoria dos deslocamentos,
dos espaços de permanência e da drenagem. Esta proposta foi elaborada com enfoques
gerais na área de estudo, além de situação a serem replicadas por este recorte.
Requalificação urbana na Vila Madalena: Cronourbanismo em um bairro multitemporal e multiespacial 05
1.2. Justificativa
A Vila Madalena localiza-se na zona oeste de São Paulo, no perímetro do
centro expandido, dentro dos limites da subprefeitura de Pinheiros, inserindo-se entre os
distritos de Pinheiros e Alto de Pinheiros. Os limites do bairro da Vila Madalena podem ser
observados na mapa 01.
Tais distritos, juntamente com o Itaim Bibi e o Jardim Paulista, são áreas
nobres na cidade, com um crescente aumento na concentração de edifícios residenciais de
alto padrão, apresentando, dentro os distritos da subprefeitura de Pinheiros, rendimentos
domiciliares superiores a média do município de São Paulo, ou seja, acima de 10 salários
mínimos, bem como os níveis de instrução, que apresentam-se em sua maioria da população
com ensino superior completo (tabelas 01 e 02). Além disso, com predomínio de atividades de
comercio e serviços (tabela 03), com edifícios verticais para tais usos.
Mapa 01: Perímetro do bairro da Vila Madalena e os respectivos limites com os bairros vizinhos.
Fonte: Ideias para o desenvolvimento sustentável da Vila.
Disponível em http://issuu.com/vilamundo/docs/plano-de-bairro.
Distritos
Domicílios particulares permanentes
Total (1)
Classes de rendimento nominal mensal domiciliar (salário mínimo) (2)
Até
1/2
Mais
de 1/2
a 1
Mais
de 1
a 2
Mais
de 2
a 5
Mais
de 5
a 10
Mais
de 10
a 20
Mais
de 20
Sem
rendimento (3)
São Paulo 3.574.286 1% 6% 16% 34% 20% 11% 6% 6%
Subprefeitura de
Pinheiros121.422 1% 1% 3% 12% 20% 25% 31% 7%
Alto de
Pinheiros15.408 0% 1% 3% 12% 18% 23% 37% 6%
Itaim Bibi 39.230 0% 2% 3% 12% 19% 26% 31% 7%
Jardim Paulista 39.701 1% 1% 2% 11% 20% 26% 31% 7%
Pinheiros 27.083 0% 2% 4% 14% 22% 25% 26% 7%
Tabela 01: Classes de rendimento mensal domiciliar em domicílios particulares permanentes. Comparação
do município de São Paulo com a subprefeitura de Pinheiros e seus respectivos distritos.
Fonte: IBGE. Censo demográfico 2.010.
(1) Inclusive os domicílios sem declaração de rendimento nominal mensal domiciliar. (2) Salário mínimo
utilizado: R$ 510,00. (3) Inclusive os domicílios com rendimento mensal domiciliar somente em benefícios.
População de 10 Anos ou Mais de Idade, por Nível de Instrução
Unidades
TerritoriaisTotal
Sem
instrução e
fundamental
incompleto
Fundament
al completo
e médio
incompleto
Médio
completo e
superior
incompleto
Superior
completo
Não
determinado
São Paulo 9.783.868 38% 18% 27% 16% 1%
Subprefeitura de
Pinheiros267.592 13% 9% 23% 54% 1%
Alto de Pinheiros 39.507 16% 11% 22% 51% 0%
Itaim Bibi 85.008 12% 9% 23% 56% 1%
Jardim Paulista 82.815 12% 7% 22% 58% 1%
Pinheiros 60.263 16% 10% 23% 51% 1%
Tabela 02: População por nível de instrução. Comparação do município de São Paulo com a subprefeitura
de Pinheiros e seus respectivos distritos.
Fonte: IBGE. Censo demográfico 2.010.
Estabelecimentos Formais por setor
Distrito Comércio Serviços Indústria de
Transformação
Construção Civil
São Paulo 38% 47% 11% 4%
Subprefeitura de
Pinheiros
24% 67% 5% 4%
Alto de Pinheiros 29% 59% 7% 5%
Itaim Bibi 22% 68% 5% 5%
Jardim Paulista 23% 70% 4% 3%
Pinheiros 28% 62% 6% 3%
Tabela 03: Estabelecimentos formais por setor. Comparação do município de São Paulo com a
subprefeitura de Pinheiros e seus respectivos distritos.
Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego. Relação Anual de Informações Sociais – Rais.(2011).
Requalificação urbana na Vila Madalena: Cronourbanismo em um bairro multitemporal e multiespacial 06
Ainda assim, mesmo em meio a bairros de edifícios luxuosos, a Vila
Madalena se destaca por sua singularidade na cidade de São Paulo, sendo conhecida e
frequentada por pessoas de todo o país por ser um reduto boêmio – com a presença de
diversos bares e restaurantes e a vida de suas calçadas -, além de contar com lojas e ateliês
de personalidades próprias e muros grafitados, características estas que revelam o espírito
particular do bairro, além da presença ativa de movimento urbano, que refletem em vida
durante o dia e a noite.
Imagem 01 e 02: Bar Jacaré Grill (a esquerda) com as mesas ocupando as calçadas e Bar Pé de manga (à
direita) com destaque para as áreas abertas de estar.
Fonte: http://vejasp.abril.com.br/materia/roteiro-vila-madalena
O bairro tem como característica local, uma população permanente –
moradores - e itinerante – comerciantes e frequentadores – que, apesar da notável diversidade
cultural, se mantém engajada nas melhorias do espaço urbano e da qualidade de vida, sendo
frequentes as mobilizações e os eventos pelo bairro que incentivam o artesanato local, a
educação, a cultura e o planejamento urbano, com a “Feira da Vila”, a ONG Cidade Aprendiz, o
centro cultural Rio Verde, a arte urbana refletida nos becos do Batman e Aprendiz, além do
Plano de Bairro que vem sendo desenvolvido desde o fim de 2012.
Entretanto, mesmo em meio à vocação, vitalidade comercial e engajamento
da população em melhorias para o bairro, a Vila Madalena apresenta problemas que são
reflexos de falta de planejamento urbano e iniciativas públicas - transito, enchentes, ausência
de áreas verdes, espaços de usos públicos e falta de hierarquia viária -, problemáticas estas
que se intensificam com a especulação imobiliária da região e sua consequente elitização.
Se faz necessário, portanto, uma intervenção de modo a requalificar este
espaço sob as diversas cenas do bairro – diurna e noturna; ambiente de trabalho, moradia e
lazer – que serão abordadas como temática neste trabalho final de graduação.
Imagem 04 e 05: Lojas que explicitam a
personalidade e diversidade de usos do bairro.
Fonte: Acervo pessoal (abril / 2014)Imagem 05, 06 e 07: Falta de qualidade de calçadas e paradas de veículos, problemas de enchentes e
especulação imobiliária expressa na verticalização.
Fonte: Acervo pessoal (março / 2014)
Requalificação urbana na Vila Madalena: Cronourbanismo em um bairro multitemporal e multiespacial 07
2. O Bairro
Requalificação urbana na Vila Madalena: Cronourbanismo em um bairro multitemporal e multiespacial 08
2. O Bairro
2.1. História da Vila Madalena
A partir da análise de mapas do início do século XX e dos mapas de
expansão urbana da região metropolitana de São Paulo (ao lado), é possível observar que até
meados da década de 1910, pouco se observava de urbanização na região pertencente à
subprefeitura de Pinheiros e não haviam resquícios ainda do bairro da Vila Madalena, além de
uma prometida linha e estação de bonde, sendo esta área ocupada, até então, por sítios, onde
se prevalecia a característica rural que se prolongou até meados da década de 1920, quando
em 1926 é implantado o cemitério São Paulo entre as ruas Cardeal Arcoverde e Luís Murat.
Como se pode observar nos mapas do recorte histórico da década de 1.930,
o desenvolvimento urbano nesta região e a consequente abertura de vias e o loteamento dos
antigos sítios e chácaras, que eram repassados, em sua maioria, à portugueses, como
descreve Ênio Squeff em seu livro “Vila Madalena: Crônica histórica e sentimental”:
“A Vila Madalena era uma área quase remota. Separada da região chique do Alto de
Pinheiros pela rua Morás (...), de um lado, a Teodoro Sampaio, de outro, e a Pedroso
de Moraes, que por sua vez chegava até a Natingui, a única rua que tinha uma certa
importância, afora a Fradique Coutinho – por onde inflectiam o fim dos trilhos do
bonde – por ser mais ou menos urbanizada, era a Mourato Coelho. Havia uma
espécie de cordão sanitário entre a região que a Companhia City organizou, abrindo
ruas, construindo casas, e as terras que se alongavam para além da Morás; e que a
mesma Companhia praticamente foi repassando a preços baixos a muitos de seus
ex-funcionários, pequenos artesãos, quase todos de origem portuguesa, espanhóis
ou mesmo algumas famílias judias.“ (SQUEFF, 2002, p. 18)
Estes lotes, se transformariam nos anos que seguiram em casas, em geral,
térreas e com edículas aos fundos, mantendo o bairro até a década de 1970 com vocação
residencial, que, apesar do crescimento do bairro, prevalecia com o caráter rural, havendo
apenas pequenas vendas de apoio a essa população.
“Galinhas, porcos, até coelhos faziam parte da cultura de subsistência da Vila. Nada
de transito, até ali, praticamente inexistente, nada de bares.” (SQUEFF, 2002, p. 19)
Distritos atuais
Parques atuais
Referências Urbanas
Corpos d’agua
Limite de área de proteção a mananciais
Área urbanizada anteriormente
Área recém-urbanizada
Limite subprefeitura de Pinheiros
Fonte: Empresa Paulista de Planejamento
Metropolitano – Emplasa
Mapas de expansão da área urbanizada da
região metropolitana de São Paulo, 2002 / 2003
Adaptação: Secretaria Municipal de Planejamento
– SEMPLA / Dipro
Re-adaptação: Letícia Alamino Alves
Mapa 02 - Área urbanizada – 1882 / 1914
Região de Pinheiros ainda sem resquícios de
urbanização.
Mapa 03 - Área urbanizada – 1915 / 1929
Região de Pinheiros em inícios de urbanização, mas
ainda não integralmente no bairro.
Mapa 03 - Área urbanizada – 1930 / 1949
Região de Pinheiros em processo de urbanização,
mas ainda não integralmente no bairro.
Mapa 04 - Área urbanizada – 1950 / 1960
Região de Pinheiros com expansão da urbanização
consolidada. A partir deste momento, a região passa
pelo processo de verticalização.
Requalificação urbana na Vila Madalena: Cronourbanismo em um bairro multitemporal e multiespacial 09
Reafirmando a vocação residencial da Vila Madalena, houve a construção
do conjunto residencial Natingui (inaugurado em 1972), financiado pelo Banco Nacional de
Habitação (BNH), que marcou o inicio da verticalização no bairro. Mas foram os estudantes da
Universidade de São Paulo (USP), que, atraídos pelos baixos valores dos alugueis, além da
sua proximidade do centro e à própria USP, atrelado à situação política que se encontrava o
país – ditadura militar que acabou por fechar o CRUSP -, mudaram o rumo do bairro, como
afirma Vanessa Dantas e Ênio Squeff nas citações abaixo.
“Ainda no que refere à moradia, um fator muito importante e que justifica a chegada
dos estudantes na Vila Madalena, foi o fechamento do Conjunto Residencial da
Universidade de São Paulo - CRUSP durante o governo militar, na década de 60,
ocasionando a migração de muitos dos estudantes que ali moravam para a Vila
Madalena. Em geral, alugavam as edículas das casas dos portugueses, e muitas
vezes montavam moradias coletivas, chamadas de “repúblicas”. Na época, esses
estudantes deram um movimento à Vila, principalmente nos bares e botecos já que
sempre se reuniam para beber e conversar.” (DANTAS, 2008, p. 45)
“É muito provável que nos fins dos anos 1970, por obra e graça da oferta de tóxicos –
do álcool à maconha – e dos alugueis baixos, a Vila Madalena reunisse, de fato, em
suas muitas mal dormidas noites, mais comunistas – ou gente de esquerda, ou
anarquistas, ou indiferentes, ou bêbados, ou todo o resto que se possa imaginar – do
que quaisquer outras noites em outros pontos de São Paulo.” (SQUEFF, 2002, p. 93)
O bairro, por se tratar de uma região ainda pouco frequentada e longe do
controle imposto pela ditadura miliar, passou a abrigar o sonho da liberdade de expressão dos
jovens e atrair pessoas de vocações artísticas e alternativas. Havia a necessidade, então, de
ocupar espaços para tais debates, fazendo com que os poucos e pequenos bares do bairro se
multiplicassem.
“A possibilidade da liberdade de expressão era, então, apenas um sonho; mas um
bar, em se tratando da Vila, nem tanto.” (SQUEFF, 2002, p. 179)
Mapa 06: Área em estudo - 1924
Nota-se a existência de urbanização ao sul da Rua
Cardeal Arcoverde (destaque), porém ainda sem
desenvolvimento no atual bairro da Vila Madalena.
Fonte: Secretaria de Estado de Economia e
Planejamento. Instituto Geográfico e Cartográfico -
IGC. Acervo - Tombo: 1162
Mapa 07: Área em estudo - 1930
O viário ainda em consolidação, apesar da ausência
do parcelamento de muitos dos lotes e quadras.
Observa-se a presença do cemitério São Paulo,
fundado em 1926.
Fonte: Mapa Topographico do Municipio de São
Paulo – Sara Brasil – Quadros 49 e 50.
Mapa 08: Área em estudo - 1943
Poucas alterações territoriais no bairro da Vila
Madalena desde o mapeamento Sara Brasil da
década de 1930
Fonte: Secretaria de Estado de Economia e
Planejamento. Instituto Geográfico e Cartográfico -
IGC. Acervo - Tombo: 1156
Mapa 09: Área em estudo - 1951
Parcelamento de quadras mais consolidado, apesar
da presença de área livres e verdes, atualmente
escassas.
Fonte: Secretaria de Estado de Economia e
Planejamento. Instituto Geográfico e Cartográfico -
IGC. Acervo - Tombo: 1171
Requalificação urbana na Vila Madalena: Cronourbanismo em um bairro multitemporal e multiespacial 10
Com os usos que o bairro apresentava até então, e o perfil de seus
moradores e frequentadores – em geral estudantes e pessoas de vocação artística, como
músicos e artistas plásticos -, não foi de se estranhar que surgissem em sequência lojas e
ateliês que seguissem esta mesma característica e que valorizassem ainda mais o bairro que
já tinha no inicio da década de 1990 a personalidade de bairro boêmio, havendo uma alta nos
alugueis e a decorrente especulação imobiliária, que substituíam as antigas casas de padrões
portugueses por edifícios verticalizados inicialmente de uso residencial e, posteriormente, de
escritórios.
“Antes de ser o que é, a Vila Madalena era um bairro de casas baixas, com grandes
quintais. O que sobreveio depois foi o de sempre numa cidade de São Paulo: a
verticalização sem muito critério, seguida evidentemente da explosão de um sem-
número de casas comerciais voltadas principalmente para o que é precípuo – a
derrubada sistemática das moradias antigas, substituídas que são por
empreendimentos de todo o tipo.” (SQUEFF, 2002, p. 196)
“No entanto, nem tudo que a Vila hoje tem representa o melhor que ela poderia ter: o
barulho aumentou, a violência também, são poucos os que se cumprimentam na rua,
perguntando pela mulher e os filhos. E o metrô que chegou sob o pomposo nome de
“Estação Vila Madalena” não está propriamente dentro da Vila, mas a muitas quadras
do seu centro, vale dizer, onde as pessoas moram, e onde funciona o melhor de seu
comercio, principalmente noturno. No mais, poucos bairros tem o transito tão intenso
quanto os da Vila.” (2002, SQUEFF, p. 160)
Ainda assim, mesmo com o crescente número de edifícios verticais, além
dos problemas urbanos decorrentes da expansão sem planejamento – como os problemas de
transito, enchentes, falta de qualidade de calçadas, ausência de espaços culturais, entre
outros, melhor discutidos no decorrer desde trabalho – a Vila Madalena continua com o charme
e a personalidade única de um bairro de vocação boêmia e artística.
“E esse talvez seja o mistério da Vila: sua descaracterização como bairro boêmio não
a fez menos atraente (...), há uma aura na Vila que a faz atraente,
independentemente do que foi feito com ela nesses últimos anos.” (SQUEFF, 2002, p.
196)
Mapa 10: Área em estudo - 1958
Nota-se na foto aérea o parcelamento de quadras
completamente consolidado. Ainda há a presença
de áreas verdes e não urbanizadas no entorno do
recorte.
Fonte: Geoportal. Disponível em
http://www.geoportal.com.br Acesso em 31/03/2014
Mapa 11: Área em estudo - 2008
Nota-se já a presença da verticalização no entorno
do recorte, apesar de dentro do perimetro a
volumetria ainda ser de baixo gabarito. Ainda,
observa-se a diminuição das praças e áreas verdes.
Fonte: Geoportal. Disponível em
http://www.geoportal.com.br Acesso em 31/03/2014
Requalificação urbana na Vila Madalena: Cronourbanismo em um bairro multitemporal e multiespacial 11
1.910 1.930 1.950 1.970 1.990 2.010
1974 – Chegada dos
hippies à Vila
Madalena, sendo
estes alunos da
Universidade de São
Paulo que deixavam
os alojamentos do
campus da
universidade, fechado
pelo regime militar.
1978 – Primeira “Feira
de Artes da Vila
Madalena”
1998 – Inauguração
da estação de Metrô
Vila Madalena.1926 – Fundação do
cemitério São Paulo..
1928 – Chegada da
energia elérica ao
bairro.
1910 – Construção
de linha e estações
de bonde na região
da Vila Madalena.
1915 – Primeiro
loteamento na região
(lotes de 10 x 50
metros)
1968 – Construção do
Conjunto Residencial
Natingui (BNH).
2005 – Desapropriação da
favela Djalma Coelho, a única
existente até então na
subprefeitura de Pinheiros.1946 – Fundação da Capela
de Santa Maria Madalena,
que em 1963 se tornaria a
Igreja da Matriz
BAIRRO DOS PORTUGUESES
ESTADO NOVO
ÁREA DE SÍTIOS
POLÍTICA DOS GOVERNADORES
BAIRRO DOS BARES
DIRETAS JÁ
ESPECULAÇÃO IMOBILIÁRIA
MANIFESTAÇÕES POPULARES
Imagem 10: 1980 - Casa tipica portuguesa com
comércio no térreo. Nota-se o inicio da
verticalização do bairro ao fundo.
Fonte: Exposição fotográfica “Vila Madalena:
Espaços da Memória”. Fotografia de Eduardo
José Afonso.
Imagem 09: 1960 – Bonde descendo a Rua
Fradique Coutinho, na altura da Rua Aspicuelta.
Fonte: SQUEFF, Ênio. “Vila Madalena: Crônica
Histórica e Sentimental”. São Paulo: Boitempo
Editorial. P. 109.
Imagem 11: 2012 – Rua aspicuelta ocupada
pelos bares e suas mesas nas calçadas.. Observa-
se movimento de carros e massa árborea na
região.
Fonte: Fernando Moraes. Disponivel em
http://vejasp.abril.com.br. Consultado em
08/04/2014
Imagem 08: 1940 – Rua Harmonia ainda com
vocação residencial e não pavimentada.
Fonte: SQUEFF, Ênio. “Vila Madalena: Crônica
Histórica e Sentimental”. São Paulo: Boitempo
Editorial. P. 105.
BAIRRO DOS HIPPIES
DITADURA MILITAR
Requalificação urbana na Vila Madalena: Cronourbanismo em um bairro multitemporal e multiespacial 12
2.2. 2.2. A Vila de hoje
O uso do bairro, população permanente e itinerante.
Como foi visto na linha do tempo da Vila Madalena, o bairro passa pelo processo de
desenvolvimento imobiliário, com as antigas casas portuguesas dando lugar a condomínios de
alto padrão de uso residencial, comercial e misto, mudando a feição de gabarito baixo e
interiorana do bairro. A valorização imobiliária faz com que a região acompanhe seus vizinhos
Pinheiros e Itaim Bibi e comece a se elitizar, não dando mais lugar aos antigos moradores e
abrindo espaço cada vez mais para a instalação de empresas, escritórios e consultórios no
bairro, ocorrendo uma dinâmica de usos bastante diferente de sua formação.
Apesar disso, o bairro continua com personalidade própria, mantendo-se como reduto
boêmio que, apesar do distanciamento dos debates políticos calorosos que existiam nos bares
das décadas de 1970 e 1980, pela alta geração de rendimentos provenientes dos
consumidores jovens de classe média a alta, permanece no bairro mesmo com os preços do
aluguel. É possível observar a partir dos gráficos¹ a seguir que mais de 50% das pessoas
ainda frequenta a Vila Madalena por seus bares e restaurantes, e que os maiores atrativos do
bairro são a qualidade gastronômica e a vida noturna.
Ainda, os comércios locais, com muitas lojinhas e ateliers de característica singular,
além da diversidade de serviços oferecidos, fazem do bairro uma região de vocação mista, o
que também atrai a população. Deve-se considerar também que a vocação cultural da Vila
Madalena é atrativa para parte de seus frequentadores e moradores, contando com feirinhas
gastronômicas e de artesanato e manifestações de arte contemporânea pelos muros dos
becos e escadões do bairro.
¹ Gráficos extraídos de pesquisa realizada pela autora deste trabalho final de graduação em
maio de 2014, com uma amostra de 105 entrevistados , realizada através de preenchimento
online em redes sociais e por e-mail, a partir da ferramenta disponível no Google drive. Os
gráficos são resultados compilados também pela autora a partir dos número obtidos nestas
pesquisas.
Obs.: A pesquisa detalhada encontra-se nos apêndices deste trabalho.
9%
10%
10%
1%
13%
57%
outros
.. mora na Vila Madalena
... trabalha na Vila Madalena
... estuda na Vila Madalena
... faz compras na Vila Madalena
... frequenta os bares e restaurantes naVila Madalena
Você...
9%
22%
20%
12%
12%
11%
12%
3%
Fácil acesso
Noite boêmia
Bons restaurantes
Grafites e manifestações culturais
Lojas e ateliês
Feirinhas e eventos
Diversidade de comércios e serviços
Oferta de emprego
O que te atrai na Vila Madalena
Gráfico 01: Dinâmica de usos pelos frequentadores da Vila Madalena.
Gráfico 02: Principais atrativos do bairro
Requalificação urbana na Vila Madalena: Cronourbanismo em um bairro multitemporal e multiespacial 13
Os frequentadores do bairro caracterizam-se em sua maioria por mulheres, entre 18 e
30 anos e das zonas norte, oeste e leste. As hipóteses que podem ser apontadas para o
público predominante ser de mulheres são o fato de que o bairro é voltado para o consumo
feminino – seja de moda, acessórios e estética. A idade que prevalece em maioria, entre 18 e
30 anos, deve-se à atividade noturna dos bares. Já as múltiplas regiões nas quais as pessoas
se deslocam para chegar ao bairro, comprovam a sua unicidade perante aos demais bairros da
cidade, além da falta de equipamentos de lazer noturno nas zonas norte e leste. Tais dados
são apontados nos gráficos¹ a seguir.
Gráfico 03: Frequentadores e moradores divididos por sexo.
Gráfico 06: Principais meios de deslocamento pelo bairro.
69%
31%
Sexo:
Feminino
Masculino
0%
73%
18%
9%
Idade:
Até 17 anos
de 18 a 30 anos
de 31 a 50 anos
Acima de 51 anos
Gráfico 04: Frequentadores e moradores divididos por idade
9%
2%
8%
23%
24%
30%
4%
0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35%
Outro municipio
Outro estado
São Paulo - Zona Sul
São Paulo - Zona Norte
São Paulo - Zona Leste
São Paulo - Zona Oeste
São Paulo - Centro
Deslocamento
Gráfico 05: Dinâmica de fluxos para a Vila Madalena.
As pessoas, em sua maioria, chegam e se deslocam pelo bairro principalmente através
de veículos particulares. Uma das causas desse diagnóstico se deve a dificuldade de acesso
por transporte público, a distância da estação de metrô Vila Madalena da área com maior
concentração de usos mistos. Além disso, a ausência de percursos ciclísticos que liguem tais
estações ao bairro também está entre as queixas dos frequentadores e moradores do bairro,
de acordo com entrevistas realizadas em maio de 2014. De acordo com o “Seminário da noite
paulistana”, a vida noturna também não é caracterizada pelo uso de transporte público, já que
este não funciona durante a madrugada.
26%
14%
6%
47%
1% 1%4%
Metrô Ônibus Taxi Veículoparticular
Motocicleta Bicicleta A pé
Locomoção
Requalificação urbana na Vila Madalena: Cronourbanismo em um bairro multitemporal e multiespacial 14
Do paradoxo entre as qualidades do bairro e as problemáticas urbanas existentes neste,
surgem uma série de debates pela população do bairro – herdeiros da intelectualidade dos
antigos hippies que o fundaram como reduto boêmio – juntamente com os frequentadores que
tem pela Vila Madalena grande apresso por sua singularidade já descrita. As discussões se
incitam nas mesas dos bares e restaurantes, mas se prolongam para a formalização das ideias
a partir de movimentos a favor do tombamento do bairro, da fundação de ONGs como o SOS
Vila Madalena e o Portal Vila Mundo, e vão para debate público com o desenvolvimento do
“Plano de Bairro da Vila Madalena”.
Na pesquisa de campo realizada durante este trabalho final de graduação foi
perguntado acerca dos problemas e possíveis soluções para o bairro. O gráfico a seguir
mostra as principais problemáticas apontadas e no apêndice deste caderno pode se observar a
descrição completa deste levantamento.
Gráfico 07: Problemáticas urbanas – pesquisa de opinião.
13%
20%
19%
9%
6%
15%
6%
1%
4%
6%
0% 5% 10% 15% 20% 25%
Má qualidade de calçadas (largura, acessibilidade,conservação...)
Falta de vagas de estacionamento público
Trânsito
Dificuldade de acesso por transporte público
Ausência de ciclovias
Alto valor de compra e locação de imóveis
Enchentes
Ausência de espaços culturais e de diversão pública
Escassez de praças e áreas verdes
Precariedade da iluminação noturna
Requalificação urbana na Vila Madalena: Cronourbanismo em um bairro multitemporal e multiespacial 15
adotadas ou propostas apresentadas.
O estudo denominado de “Ideias para o desenvolvimento sustentável da Vila”, inicia-se com as
questões intituladas de “A cidade que queremos” para se chegar “A vila que queremos”,
partindo de premissas sobre aquilo que é desejado contemporaneamente como cidade e que,
ainda, possibilitam manter e incentivar a vocação do bairro, com a diversidade de usos, o
ambiente criativo e espontâneo, o estímulo ao lugar de encontros públicos, além da
diversidade de pessoas, acentuando a personalidade da Vila Madalena a partir da
comprovação técnica por mapeamentos do bairro.
2.3. O bairro de queremos
A história do futuro “Plano de Bairro da Vila Madalena”
A população ativa da Vila Madalena tem em sua personalidade a vontade de
trazer melhorias urbanas e de lutar pela cidade que desejam, além de discutir sistemicamente
as problemáticas do bairro nas diversas ONGs existentes neste, como a Cidade Aprendiz –
que discute os problemas de educação e defende os bairros escolas pela cidade – e o SOS
Vila Madalena – que discute a poluição sonora do bairro gerada pelos bares e pelo trânsito.
Dada à diversidade da população permanente e itinerante do bairro, é evidente que tais ideais
acabem por se confrontar em debates que se tornaram ainda mais frequentes com a
especulação imobiliária e a consequente espoliação urbana e verticalização que passaram a
existir desde 2.000.
Em meio a projetos participativos dos planos de bairros - previstos em lei no
Plano Diretor Estratégico 13.430/2002 e já executado no bairro de Perus – a construtora Idea
Zarvos contratou no ano de 2012 o escritório de arquitetura norte americano “Davis Brody
Bond” para desenvolver um estudo acerca das problemáticas existentes no bairro e a
elaboração de propostas para o futuro do bairro da Vila Madalena.
O estudo preliminar desenvolvido sobre o patrocínio da incorporadora foi
apresentado publicamente em agosto de 2012 com o titulo de “Ideias para o desenvolvimento
sustentável da Vila” e, de acordo com Roberta Tasselli, gestora da área de jornalismo do Portal
Vila Mundo – site pertencente à ONG Cidade Aprendiz, que trata de temas do bairro e esteve
engajada como mediadora dos debates acerca do plano de bairro da Vila Madalena – a
apresentação das ideias não foi bem aceita pelos moradores que desde o início se opuseram
ao patrocínio da incorporadora e a presença destes em algo que deveria ser de interesse da
população. A jornalista se posiciona dizendo que eles, ao menos, demonstraram interesse em
um diálogo com a sociedade, diferente de outras construtoras que nunca se manifestaram.
A Idea Zarvos então se retirou dos debates, assim como o escritório norte
americano, e os debates prosseguiram até o fim de 2013, tendo como agentes de discussão as ONGs,
associações de bairro, moradores e comerciantes. Atualmente, os encontros não acontecem mais,
pois, também de acordo com Roberta Tasselli em entrevista realizada em março/2014, estão
paralisadas devido à revisão do plano diretor estratégico, sendo retomados assim que a revisão foi
publicada oficialmente. Ainda assim, o estudo preliminar desenvolvido para o primeiro debate é de
suma importância ser refletido, pois faz o diagnóstico de questões latentes no bairro e que serão
valiosas ao este projeto, seja nas questões que se referem ao levantamento de problemas, premissas
Mapa 12: Uso do solo presente no estudo “Ideias para o desenvolvimento sustentável da Vila”
Nota-se na imagem a prevalência residencial à norte de e a concentração à sul de usos comerciais, onde
revela-se a diversidade de usos do bairro, além da vida noturna existente a partir de bares e restaurantes.
Fonte: Davis Brody Bond. Estudos Preliminares do projeto “Ideias para um desenvolvimento sustentável da
Vila”. Disponível em http://issuu.com/vilamundo/planodebairro
Requalificação urbana na Vila Madalena: Cronourbanismo em um bairro multitemporal e multiespacial 16
Assim, as propostas apresentadas pela arquiteta Anna Dietzsch, diretora da
sede em São Paulo do escritório que elaborou tal estudo e que fez a apresentação para a
população em agosto de 2012, envolveram questões relacionadas à permeabilidade, trânsito e
pedestres, sintetizadas no diagrama 01.
Permeabilidade
Pavimento drenante
em calçadas e ciclovias
Parque linear (drenagem atrelado à cultura e
lazer)
Uso de lotes residuais
(parques e praças)
Coleta seletiva
(diminuição do lixo)
Trânsito
Transporte coletivo
condizente com a escala
do bairro
Estacionamentos público
sob edificações residenciais
Vias cicláveisIncentivo ao
uso de bicicletas
Alteração no sentido das vias (criação de binários)
Redução da velocidade de trafego
(lombo faixas)
Desenho das ruas
Bolsões de estacionam
ento
Alargar calçadas
existentes
Requalificar ruas
estreitas (convivência e encontro)
Calçadões para
pedestres em ruas de
menor circulação
Conexão de quadras
Diagrama 01: Síntese das propostas elaboradas em “Ideias para o desenvolvimento sustentável da Vila”
Diagramas 02, 03 e 04: Comparativos entre situações atuais e propostas.
Fonte: Davis Brody Bond. Estudos Preliminares do projeto “Ideias para um desenvolvimento
sustentável da Vila”. Disponível em http://issuu.com/vilamundo/planodebairro
Requalificação urbana na Vila Madalena: Cronourbanismo em um bairro multitemporal e multiespacial 17
Não descartando a necessidade de incorporar algumas das premissas do
estudo desenvolvido pelo escritório Davis Brody Bond ao projeto a ser elaborado neste
caderno, cabe ainda refletir, se as propostas apresentadas com o bairro em seu perímetro
completo podem compreender suas particularidades em diferentes recortes territoriais da Vila
Madalena, além da diversidade de vocações que em uma escala macro que não são
percebidas com tanta precisão. A partir desta conclusão, é possível discutir o estudo do bairro
a partir de setores diferentes, ou seja, recortes que delimitam as diferentes vocações da Vila
Madalena, como a existência de áreas estritamente residenciais, áreas já verticalizadas com
edifícios comerciais e de serviços e, aquela que caberá este trabalho, a Vila dos bares e
ateliês.
Diagramas 05, 06, 07 e 08: Comparativos entre situações atuais e propostas.
Fonte: Davis Brody Bond. Estudos Preliminares do projeto “Ideias para um desenvolvimento sustentável da Vila”.
Disponível em http://issuu.com/vilamundo/planodebairro
Diagramas 09 e 10: Vias pedestrealizadas
Fonte: Davis Brody Bond. Estudos Preliminares do projeto “Ideias para um desenvolvimento sustentável da
Vila”. Disponível em http://issuu.com/vilamundo/planodebairro
Requalificação urbana na Vila Madalena: Cronourbanismo em um bairro multitemporal e multiespacial 18
3. Referências Conceituais
Requalificação urbana na Vila Madalena: Cronourbanismo em um bairro multitemporal e multiespacial 19
3. Referenciais Conceituais
3.1. O “Seminário da noite paulistana” e o Cronourbanismo
O Seminário da noite paulistana foi organizado pelo “Colaboratório”, com o
intuito de refletir acerca da noite urbana e suas demandas e problemáticas econômicas, sociais
e culturais. Tal evento, que aconteceu entre 18 e 21 de março de 2.014, na Biblioteca Mário de
Andrade, contava com convidados internacionais e nacionais, sendo estes envolvidos com a
visão urbana que se relaciona com o tempo e espaço.
Dentre as temáticas debatidas durante o seminário, é possível extrair
conceitos e problemáticas que serão de extrema importância para este trabalho, dada a
diversidade de usos que o bairro da Vila Madalena apresenta, a mudança de cenário deste
espaço ao longo do dia e da semana e a caracterização deste recorte como uma das
centralidades noturnas na metrópole paulista.
Deve-se ressaltar que o que torna o debate ainda mais interessante a este
projeto é a discussão acerca do Cronourbanismo, que trata de como ao longo do dia um
mesmo espaço é utilizados de diferentes formas e a necessidade de na cidade contemporânea
se considerarem os conflitos que ocorrem entre vários modos de apropriação de um mesmo
espaço. O trecho a seguir, extraído do portal do colaboratório, explana a maneira que o
conceito vem sendo discutido no mundo a importância que esta reflexão tem para São Paulo.
“A noite tem se transformado, na última década, em objeto de estudo em várias cidades do
mundo, fazendo parte, inclusive, das estratégias do marketing territorial para atrair empresas, turistas, executivos
e estudantes, tornando-se, por vezes, um elemento central das políticas de transformação urbana.
No caso da cidade de São Paulo, a noite representa o momento de lazer dos moradores e atrai turistas de todo o
Brasil e do mundo que vêm à metrópole para usufruir da diversidade oferecida aqui. Apesar de pujante, a noite
paulistana segue sendo um enigma, com poucos dados disponíveis como estatísticas, métricas e mapas: uma
grande vida urbana ainda não mapeada. Por meio de conhecimentos empíricos e parciais, sabemos que a noite é,
ao mesmo tempo, o período do recolhimento, das apresentações culturais e da boemia, e que movimenta diversos
setores da sociedade, gerando empregos e projetando a imagem de uma cidade criativa com uma pluralidade
cultural única.
Sabemos que as noites de São Paulo são múltiplas. O metabolismo urbano funciona
continuamente. O que é esse funcionamento e como o poder público pode e deveria atuar de modo a manter esse
corpo vivo? Como gerar um funcionamento de acordo com a potência presente? Que políticas podem ser
estabelecidas para conjugar lazer, descanso, segurança, emprego, oportunidades e a pujança econômica para a
outra metade do dia dos 10 milhões de paulistanos que transitam e trabalham na cidade?
Diversas iniciativas têm sublinhado a relevância dessas questões vinculadas às
especificidades da vida noturna nas metrópoles contemporâneas. Há alguns anos, Amsterdã e outras cidades
europeias criaram o cargo de “Prefeito da Noite”. Em 2010, a Prefeitura de Paris realizou um importante Seminário
sobre o “Estado da Noite”. Em 2011, foi realizado em Genebra um evento similar. A economia da noite não para
de se desenvolver e seus atores se organizam. Na Europa, o trabalho noturno corresponde a 18% dos salários.
Os ritmos de nossas vidas e de nossas cidades se transformam sob a influência de
fenômenos concomitantes: individualização do comportamento, eliminação progressiva de grandes ritmos de
urbanização, o surgimento de um tempo global, a internet que não para jamais, a luz que toma conta do espaço
urbano e “diurniza” a noite, permitindo a continuação das atividades e a metamorfose do espaço público, a
ditadura da emergência etc. Essas mudanças têm transformado nossa relação com o espaço e o tempo.
Unificados pela informação, os homens nunca viveram temporalidades tão distintas. Nesse contexto, surge um
conceito que tenderá a aumentar seu significado e a colocar novos desafios aos planejadores: o cronourbanismo.
O cronourbanismo busca a confluência entre as dimensões espacial e temporal da cidade,
evitando processos de segregação temporal e remetendo à necessidade de pensar os espaços para além dos
mapas. Esse é um tema fundamental na valorização da cidade não apenas como espaço de trabalho, como o foi
durante mais de um século, mas enquanto espaço de vários usos. Com ajuda do cronourbanismo, ações
consistentes sobre o espaço e o tempo permitirão melhor organização técnica, social, estética e criativa da cidade
em prol de uma metrópole mais humana e acessível.”
[Texto extraído da pagina http://www.colaboratorio.art.br/seminariodanoite em 12/05/2014]
Problemática noturna
Insegurança
Ausência de movimentação dos corpos no espaço ou necessidade de medidas militares?
Diurnização a partir da iluminação
A cena urbana não é respeitada em sua particularidade e em seu potencial
Carência de mobilidade noturna
As pessoas não usam o transporte publico, pois não há possibilidade de volta
Ausência de rotatividade de espaços
Ocasiona a falta da sustentabilidade dos espaços, ou seja, o uso do espaço em sua máxima capacidade
em relação ao tempo
Privatização da noite
Noite sem espaços públicos e culturais
Conflito entre a cidade que dorme e a cidade que se diverte
Ausência de serviços públicos noturnos
Requalificação urbana na Vila Madalena: Cronourbanismo em um bairro multitemporal e multiespacial 20
3.2. Cidade para pessoas - Jan Gehl
A escolha de Jan Gehl como referência teórica para este trabalho é dada por
este arquiteto ser referência em consultoria de qualidade urbana, tendo diversos livros
publicados acerca dessa temática – como “Life between Buildings” e “New Cities Spaces;
Public Spaces” – além do desenvolvimento de projetos de intervenções urbanas em
Copenhage, Londres, São Francisco e Nova York.
O livro “Cities for People”, ou “Cidade para pessoas”, publicado em 2.009, é importante
fonte de pesquisa e conceituação já que é nele que o arquiteto Jan Gehl expõe sua
experiência na requalificação de diversas cidades, deixando claros os conceitos e ferramentas
necessários para trazer vida aos espaços públicos.
Ao longo de toda a narrativa de “Cidade para pessoas”, Jan Gehl explicita as causas
dos principais problemas urbanos, atribuindo ao carro e ao desenvolvimento das cidades
modernas em função dele. Ainda, não coloca como empecilho os custos e falta de
desenvolvimento financeiro das cidades, para a falta de solução para tal situação. Assim,
propõe como solução a renovação dos espaços urbanos atreladas a espaços com vitalidade e
voltados à escala do pedestre. Podemos notar a argumentativa do autor – problema,
possibilidade e solução - a partir das citações abaixo.
“Nos esforços para lidar com a maré crescente de automóveis, todo espaço
disponível da cidade era simplesmente preenchidos com veículos em movimento e
estacionados. (...) Sempre encontraremos novas formas de aumentar o uso do carro;
construir vias adicionais é um convite direto à aquisição e ao uso de mais automóveis.”
[GEHL, 2009, p. 9]
“Comparado a investimentos sociais – particularmente os de saúde e de
infraestrutura de veículos – o custo de incluir a dimensão humana é tão modesto, que os
investimentos nessa área serão possíveis a cidade no mundo todo, independente do
grau de desenvolvimento e capacidade financeira" [GEHL, 2009, p. 7]
“(...) a renovação de um único espaço, ou mesmo a mudança no mobiliário
urbano e outros detalhes podem convidar as pessoas a desenvolver um padrão de uso
totalmente novo.” [GEHL, 2009, p. 16]
Como dito, o autor acrescenta uma série de conceitos fundamentais para a
compreensão da cidade contemporânea e seus paradoxos, como atividades obrigatórias,
opcionais (recreativas) e sociais, as paradas curtas e longas, o caminhar e o andar e a vida
entre edifícios. Estes conceitos são facilmente associados à Vila Madalena, que apresenta,
dentro de um mesmo recorte na cidade, diferentes atividades - seja de trabalho, lazer ou
social -, além das sensações distintas ao longo do dia e de acordo com o uso desenvolvido,
havendo ritmos diversos em cada cena, causando múltiplas relações entre tempo e espaço.
Diagrama 11 – Atividades e ambientes
‘ Fonte: GEHL, Jan. “Cidade para pessoas. São Paulo: Perspectiva. 2013. P. 27
Também em relação aos ritmos existentes na cidade, o arquiteto pontua as
diferentes escalas entre os meios de locomoção, além das distâncias de comunicação, que
auxiliam no dimensionamento dos espaços e na escolha das sensações que se deseja obter,
melhor explanados no diagrama a seguir.
Diagrama 12 – Queda de observações de detalhes
Nota Compilação de dados elaborada pela autora
Queda da
observação
de detalhes
Modalidade Distância (m)
Intima 0 a 0,45
Pessoal 0,45 a 1,20
Social 1,20 a 3,70
Pública Maior que 3,70
Meio Velocidade
A pé 5 km/h
Bicicleta 12 km/h
Carro 60 km/h
Requalificação urbana na Vila Madalena: Cronourbanismo em um bairro multitemporal e multiespacial 21
Jan Gehl ressalta que a cidade como local de encontro pressupõe conceitos
chaves que são a sustentabilidade social, a segurança, a confiança, a democracia e a
liberdade de expressão. Assim, coloca como partido para a construção do espaço urbano a
cidade viva e convidativa, ou seja, aquela utilizada por muitos e diferentes grupos, que
apresentam atividades urbanas e de lazer combinadas, com rotas diretas, lógicas e
compactas, além de espaços de modestas dimensões e uma hierarquia de decisões e
escolhas pelo grau de importância, como se nota na citação abaixo.
“Conquanto a cidade viva e convidativa seja um objetivo em si mesmo, ela
também é um ponto de partido para um planejamento urbano holístico, envolvendo as
qualidades essenciais que tornam uma cidade segura, sustentável e saudável.” [GEHL,
2009, p. 63]
Diagrama 13 – Lista de palavras chave: 12 critérios de qualidade com respeito à´paisagem do pedestre
‘Fonte: GEHL, Jan. “Cidade para pessoas. São Paulo: Perspectiva. 2013. P. 239
‘ Para a construção de uma cidade viva, pressupõe ainda espaços de transição -
zonas por onde as atividades realizadas dentro das edificações podem ser levadas para o espaço
da cidade -, diferenciação entre as atividades que estimulam o movimento e as estacionais,
garantia das necessidades sociais de ver, ouvir e falar, adequação à escala urbana, qualidade do
caminhar e ainda o despertar do senso estético a partir da beleza destes lugares, como os muros
grafitados da Vila Madalena – sendo os dois últimos itens observados abaixo.
“A distancia que a maior parte dos pedestres considera aceitável é de quinhentos
metros, mas ela não é uma verdade absoluta, já que o aceitável sempre é uma
combinação de distancia e qualidade de percurso. Se o conforte for baixo, a caminhada
será curta, ao passo que se o percurso for interessante, rico em experiências e confortável,
os pedestres esquecem a distancia e fruem as experiências que ocorrem.” [GEHL, 2009, p.
127]
“Há sempre algo novo para se olhar, além de muitos comentários surpreendentes e
bem humorados para se descobrir sobre o local, a cidade é a vida contemporânea.”
[GEHL, 2009, p. 179]
Jan Gehl ainda apresenta em seu livro as ferramentas necessárias para a construção do
espaço urbano voltado ao pedestre, que podem ser mais bem exemplificados na citação e nos
diagramas a seguir.
“Princípios de Planejamento
1. Distribuir, cuidadosamente, as funções da cidade para garantir menores distancias entre
elas, além de uma massa critica de pessoas e eventos
2. Integrar varias funções nas cidades para garantir versatilidade, riqueza de experiências,
sustentabilidade social e uma sensação de segurança nos diversos bairros.
3. Projetar o espaço urbano de modo a torna-lo convidativo tanto para o pedestre quanto para
o ciclista.
4. Abrir os espaços de transmissão entre a cidade e os edifícios, para que a vida no interior
das edificações e a vida no espaço urbano funcionem corretamente.
5. Reforçar os convites para permanências mais longas, no espaço publico, porque algumas
pessoas por muito tempo em um local proporcionam a mesma sensação de vitalidade do
que muitas pessoas por pouco tempo. De odos os princípios e métodos disponíveis para
reforçar a vida nas cidades, o mais simples e o mais eficaz é convidar as pessoas a passar
mais tempo no espaço publico. “
[GEHL, 2009, p. 232]
Requalificação urbana na Vila Madalena: Cronourbanismo em um bairro multitemporal e multiespacial 22
Imagem 14: Reordenando prioridades, por favor
Fonte: GEHL, Jan. “Cidade para pessoas. São Paulo: Perspectiva. 2013. P. 243 a 245
Diagrama 15:: Principios de planejamento de trafego a
partir do usuário e seu grau de importância.
Fonte: GEHL, Jan. “Cidade para pessoas. São Paulo:
Perspectiva. 2013. P. 235
Nota: A proposta de presente neste trabalho, é baseada
nos últimos dois princípios de planejamento, propiciando
espaços prioritários ou exclusivos para o pedestre quanto
a abertura de vias e transformação de ruas pedonais.
Requalificação urbana na Vila Madalena: Cronourbanismo em um bairro multitemporal e multiespacial 23
3.3. SP2040 – o plano estratégico de longo prazo para São Paulo
Projetos Catalisadores “Cidade de 30 minutos” e “Rios Vivos”
O SP2040 é o plano estratégico de longo prazo para São Paulo, que tem
como objetivo orientar o futuro desejado para a cidade e articular os demais planos e decisões
setoriais vigentes, possibilitando a realização de seu potencial urbano, econômico e social.
O que é de interesse para este Trabalho Final de Graduação quanto ao
Plano SP2040 são os objetivos e propostas – explanados no capitulo 8 “Programa de
Necessidades”, neste trabalho -, bem como os projetos catalizadores “Cidade de 30 minutos” e
“Rios Vivos” – explanados neste subcapítulo e que irão convergir com as possibilidades de
requalificação urbana da Vila Madalena.
Projeto Catalisador “Cidade de 30 minutos”
“O objetivo do “Cidade de 30 minutos” é aproximar, no tempo e no espaço,
as pessoas de suas atividades cotidianas, o que alterará a lógica dos fluxos
intraurbanos, notadamente dos movimentos casa-trabalho-casa, melhorando a
qualidade dos deslocamentos na cidade.” [SP2040, 2012, p. 250]
O projeto visa estimular o desenvolvimento de usos mistos pela cidade, com
adensamento planejado em áreas com oferta de trabalho e diversão, para que se aumente o
transporte a pé, de bicicleta ou via transporte público em percursos que durem tempo inferior a
30 minutos.
Visto que, no caso da Vila Madalena, o adensamento já ocorre nas áreas
residenciais do bairro, destaca-se a importância da criação de linhas de micro ônibus que
saiam da estação vila Madalena e adentrem ao bairro, para que o transporte de alta velocidade
seja acessado por quem mora e frequenta o bairro, além da necessidade de criação de rotas
de bicicleta e da qualificação dos caminhos de pedestres. Assim, o projeto catalisador “Cidade
de 30 minutos” estabelece relação direta com o bairro em estudo, bem como com suas
necessidades melhor explanadas adiante.
“Tais planos urbanos devem ter como premissas: melhorar a acessibilidade a tais
centralidades, tanto em âmbito regional, pela presença das redes de transporte
público, quanto local, melhorando suas conexões com o entorno, seu sistema viário e
suas calçadas; criar estratégias de promoção de adensamento populacional e de
empregos nessas localidades e no seu entorno imediato; melhorar a qualidade e a
oferta de serviços e infraestrutura; e ser compatível com as expectativas e aos
valores das comunidades. Além disso, esses lugares devem ser localização
prioritária para a descentralização de serviços públicos, bem como para programas
de incentivo à localização de empresas.” [SP2040, 2012, p. 250]
Projeto catalisador “Rios Vivos”
O projeto “Rios Vivos” tem como objetivo a integração dos rios e córregos
urbanos à paisagem da cidade, com a intenção de que estas áreas sejam utilizadas para o
convívio, o lazer e a navegabilidade, fazendo necessária a limpeza de tais aguas.
De acordo com o documento oficial do “Plano SP2040”, há atualmente em
São Paulo, políticas e ações setoriais que vem sendo executados para a recuperação das
águas urbanas na cidade (p. 270), como o programa “Córrego Limpo” (SABESP e PMSP),
possibilitando a implementação de parques lineares e equipamentos de lazer nas margens
dos córregos e rios.
Dada à existência de córregos no bairro da Vila Madalena, como o
“Corujas” e o “Rio Verde” - mapeados no capitulo 6 “Diagnóstico”, ítem 6.5 “Sistema
Hidrografico” -, as politicas de limpeza e a possibilidade de execução de parques lineares são
alternativas eficientes tanto para o lazer da população, quanto para a melhoria das situações
de alagamento no bairro.
Requalificação urbana na Vila Madalena: Cronourbanismo em um bairro multitemporal e multiespacial 24
4. Estudos de Caso
Requalificação urbana na Vila Madalena: Cronourbanismo em um bairro multitemporal e multiespacial 25
4. Estudos de caso
4.1. Plano de bairro de Perus
Objetiva-se ao se analisar este estudo de caso, pesquisar acerca do
parcelamento das áreas de diferentes usos no projeto do bairro, ou seja, quanto à sua
metodologia, não cabendo a este item um estudo completo sobre este.
A partir do livro “Plano de Bairro: no limite do seu bairro, uma experiência
sem limites” - que disserta sobre a metodologia de elaboração do Plano de Bairro de Perus, o
primeiro a ser colocado em prática no município de São Paulo – é possível compreender a
conceituação do Plano de Bairro de Perus em suas diferentes divisões territoriais, que se
resumem em “unidades ambientais de moradia” e centralidades.
De acordo com Elisabeth Salgado e Francisco Salgado, a unidade ambiental
de moradia, conceituada por Cândido Malta como “ilha de tranquilidade”, deve prever um
ambiente que reduza as interferências externas nas residências – como os movimentos
intensos de veículos e comércios -, além de gerar a possibilidade de encontros entre vizinhos
nas ruas e a utilização dos ambientes públicos – como praças e calçadas. Tais unidades
podem ser melhor conceituadas a partir da citação abaixo.
“Assim nasceu o conceito da unidade ambiental de moradia composta por
residências em sua maioria, servidas por ruas com tráfego apenas dos veículos que
se dirigem ao seu interior, configurando uma ilha em relação ao tráfego de passagem
que fica fora dela.” (SALGADO, 2011, p. 12)
Porém, os autores ressaltam que “tão importante quanto morar em um local
tranquilo, é a ideia de morar perto de tudo” (p. 12), havendo a necessidade de comercio e
serviços em locais próximos às áreas residenciais, mas que mantenham a tranquilidade
requeridas para estes recortes da cidade.
Ainda, as centralidades devem ser localizadas em áreas com facilidade de
acesso e circulação já que estes usos vão em busca de movimento e atraem ainda mais
atividade para o local que se insere, acentuando a vocação do espaço e fazendo com que se
Diagrama 16: Ilhas de tranquilidade e malha de ruas internas
Diagrama 17: Nota-se os diferentes níveis de centralidade, ora mais próximos dos bolsões de
tranquilidade como comércios locais, ora mais distantes.
Fonte imagem xx e xx: SALGADO, Elizabeth. SALGADO, Francisco. “Plano de bairro: no limite do seu
bairro, uma experiência sem limites”. São Paulo: Edição do autor. P. 13. [APUD. Candido Malta].
(disponibilizado em contato com o organizador José Police Neto).
Requalificação urbana na Vila Madalena: Cronourbanismo em um bairro multitemporal e multiespacial 26
estimule mais comércios e serviços para este local.
Entretanto, Elizabeth Salgado e Francisco Salgado ressaltam que existem
diferentes tipos de centralidade presente no tecido urbano, da mais local – com serviços de
apoio aos moradores – à central – utilizada na escala da cidade.
“Uma cidade pode apresentar vários níveis de centralidades, conforme se
aglutinam o comércio e os serviços, formando ruas ou conjunto de ruas comerciais
que atendem bairros, um conjunto de bairros ou a cidade inteira.” (SALGADO, 2011,
p. 13)
Também é necessário salientar que deve-se conter na unidade ambiental de
moradia os comércios e serviços de apoio à residência, ou seja, aqueles que serão utilizados
no cotidiano da população, como escolas e de comércios de abastecimento alimentar, que não
atrapalham a tranquilidade dos moradores. Os autores ainda enfatizam que as centralidades
também devem contemplar residências para aqueles que aceitem e prefiram morar mais
próximo à agitação
“Nesse modelo de estruturação urbana, o que se tem a fazer é salvaguardar
as ilhas de tranquilidade em meio aos centros assim dispostos. Dessa forma se
garante o “morar tranquilo” e o “morar perto de tudo”. Garante-se também opções de
local de moradia ao cidadão, pois sempre haverá aqueles que preferem morar nos
centros, usufruindo da proximidade dos serviços e não se importando com a
agitação.” (SALGADO, 2011, p. 14)
Dentre os mecanismos utilizados para a regulamentação do sistema viário e
sua movimentação foi prever para as vias de comércio e serviço um fluxo de 600 veículos por
hora por faixa e, para as vias residenciais, 250 veículos por hora por faixa, fazendo com que o
fluxo nas proximidades das unidades ambientais de habitação representasse menos que a
metade das centralidades. De acordo com os autores, este mecanismo foi aprovado por 84%
da população em debate público.
Ainda, a priorização do transporte coletivo em detrimento do transporte
individual foi uma das premissas para que se tornasse harmônico o ordenamento viário entre
das zonas.
“Adotando o conceito da Unidade Ambiental de Moradia, como “ilha de
tranquilidade” o tráfego de passagem deve ficar fora dela, nas ruas e avenidas de
maior alcance. À medida que o tráfego aumente, para que essa situação seja mantida
é necessário que a capacidade dessas vias seja ampliada. Como fazê-lo sem
ocasionar sistemáticas obras de alargamento que se tornam rapidamente ineficazes?
Somente com o transporte coletivo, que transporta muito mais passageiro por veículo,
isso é possível. Por isso, o conceito de unidade ambiental de moradia está
estreitamente ligado à opção pelo transporte coletivo” (SALGADO, 2011, p. 16)
A partir deste estudo de caso, se pode tomar partido do parcelamento do
bairro em diferentes áreas, de acordo com o uso característico do local. Assim, possibilita-se a
análise de cada recorte a partir de suas potencialidades e problemáticas específicas e que
gerem benefícios ao bairro como um todo.
Requalificação urbana na Vila Madalena: Cronourbanismo em um bairro multitemporal e multiespacial 27
4.2. Plano Permenor de Reabilitação do Bairro Alto e Bica
Lisboa – Portugal
Assim como a Vila Madalena em São Paulo, o Bairro Alto em Lisboa
caracteriza-se pela diversidade de usos e sua ativa vida noturna e boêmia. O bairro
encontrava-se em situação de degradação, assim como demais áreas do centro histórico
lisboeta, até que no ano de 2010 fosse desenvolvida a proposta do “Plano Pormenor de
Reabilitação Urbana do Bairro Alto e Bica”, que surgiu como uma revisão do “Plano de
Urbanização do Núcleo Histórico do Bairro Alto e Bica” que fora elaborado em 1996.
Esta revisão teve, de acordo com seu termo de referência, o intuito de
articular as novas ferramentas legais para a promoção de uma mais efetiva qualificação do
quadro construído, a necessidade e premência de inverter a tendência de abandono que
permanece uma ameaça nesta área, além da premissa de sustentar a revitalização da função
habitacional, fazendo com que reoriente e aprofunde as antigas disposições previstas no
“Plano de Urbanização do Núcleo Histórico do Bairro Alto e Bica”, objetivando a promoção e o
desenvolvimento do turismo e da economia da região.
O recorte deste plano totaliza em sua área de intervenção 55 hectares, que
englobam as freguesias da Encarnação, Santa Catarina, Mercês e São Paulo.
Ainda de acordo com o “Termo de Referência” do “Plano Pormenor de
Reabilitação Urbana do Bairro Alto e Bica”, a urbanização do Bairro Alto se inicia no século
XVI, quando os jesuítas atraem para o bairro uma população de condição mais elevada, de
burgueses ricos e fidalgos, que construíram os seus palácios. Entretanto, com o Grande Sismo
(Século XVIII), a fisionomia social e econômica do bairro passa a se alterar, havendo abandono
progressivo das casas nobres, transformadas em prédios de alto rendimento. A partir do século
XIX, inicia-se a vocação boêmia do bairro, ainda que caracterizada pela frequência de vadios e
sem valorização urbana, que ocorrerá apenas em meados do século XX, quando o bairro
voltará a ser atrativo turístico da cidade.
Fonte mapa 13 e 14: “Termo de referência” Plano Permenor de Reabilitação do Bairro Alto e Bica.
Disponível em http://www.cm-lisboa.pt/viver/urbanismo/planeamento-urbano/planos-com-termos-de-
referencia-aprovados/plano-de-pormenor-de-reabilitacao-urbana-do-bairro-alto-e-bica [consulturado em
06/05/2014]
Mapa 13: Recorte do “Plano Permenor de Reabilitação do Bairro Alto e Bica.
Escala 1:10.000
Mapa 14: Recorte do “Plano Permenor de Reabilitação do Bairro Alto e Bica” e áreas verdes
Escala 1:10.000
Requalificação urbana na Vila Madalena: Cronourbanismo em um bairro multitemporal e multiespacial 28
“O Bairro Alto convertia-se num sítio de boémia e de fado, de rufias e vadios
frequentadores de tabernas. A instalação das redações e tipografias dos mais
relevantes periódicos de oitocentos e de grande parte da centúria seguinte,
contribuíram ainda mais para a animação noturna da zona, tradição, aliás, que
remonta ainda a Setecentos, com a transformação do palácio do conde de Soure em
teatro.” [2010, Termo de Referência, p. 9]
“Nos anos de 1940-50 surgem as casas de fado e os restaurantes típicos,
associadas à revalorização social da canção de Lisboa. As transformações sociais
produzidas após a Revolução dos Cravos (1974) e o incremento do turismo
trouxeram outro tipo de vida nocturna, e as antigas casas de pasto e tabernas, assim
como muitas das lojas de comércio tradicional, progressivamente têm vindo a dar
lugar a pequenos restaurantes, bares e discotecas que, a par de um novo tipo de
comércio e dos estilistas da moda, o transformaram num bairro cosmopolita.” [2010,
Termo de Referência, p. 9]
Dado o histórico da área e a necessidade de requalificação desta, objetiva-
se a partir do plano de urbanização medidas que podem ser esquematizadas nos seguintes
blocos:
Bairro
Equipamentos de
proximidade
Melhoria do espaço
público com aumento das
áreas de pedestres, ou de uso misto
Aproveitamento do
património municipal
(introdução de programas e
atividades inovadoras)
Sustentabilidade Ambiental
Área permeável
global
Estacionamento de
residentes
Vias com velocidade máxima de
30km/h
Aproveitamento e
reutilização de águas
Prevenção de riscos
Redução de risco de incêndio
Redução de risco de
inundação
Redução de risco de
derrocada
Prevenção anti-sísmica
A partir de então, é atribuído pelo documento do termo de referência de tal
proposta a seguinte base programática, na qual estão em destaque os itens que convergem
com as necessidades do bairro da Vila Madalena:
BASE PROGRAMÁTICA
Plano Permenor de Reabilitação do Bairro Alto e Bica
Preservar o conjunto urbano na essência das suas características ambientais e
patrimoniais, onde se destacam a morfologia e traçados urbanos pré-terramoto;
Definir as normas de identificação, protecção e salvaguarda dos elementos de valor
arquitectónico, histórico e arqueológico;
Definir as regras e condições a que devem obedecer as intervenções no edificado,
com o propósito de garantir a preservação do património, o reforço da segurança e a
adaptação a novos usos e condições de conforto;
Conciliar os incentivos à reabilitação com a defesa do património e a sustentabilidade
ambiental no que respeita a manutenção de áreas permeáveis, eficiência energética
e redução da poluição sonora e do ar associada à circulação automóvel;
Eliminar as dissonâncias no ambiente urbano, definindo os critérios e situações a ser
rectificadas de forma a restabelecer o equilíbrio volumétrico e coerência formal do
conjunto onde se inserem;
Satisfazer as necessidades básicas da população residente e das novas gerações,
dotando as habitações de condições de habitabilidade e conforto próximo dos níveis
de exigência actuais;
Prever a introdução de normativa e acções que promovam a redução de riscos de
sinistros associados a incêndios, derrocadas, sismos e deslizamentos;
Promover a revitalização funcional da área de intervenção, definindo a afectação
ponderada dos usos de comércio, habitação, serviços e equipamentos, com vista a
criar condições de atractividade e equilíbrio das várias funções urbanas,
assegurando a mistura de funções;
Recuperar a vocação residencial da área, através da possibilidade de
refuncionalização de edifícios de terciário ou indústria devolutos;
Reordenar o trânsito automóvel e o estacionamento, definindo de forma mais
rigorosa os locais de parqueamento e dando prioridade ao transporte público e à
mobilidade suave, com privilégio da circulação pedonal e em bicicletas, onde se
verifique viável, criando condições para a melhoria da qualidade do ar e diminuição
do ruído;
Criar um conjunto de equipamentos públicos, de carácter cultural e turístico,
potenciadores das características e identidade local;
Requalificação urbana na Vila Madalena: Cronourbanismo em um bairro multitemporal e multiespacial 29
Tabela 05 – Desenvolvida pela autora de acordo com o programa presente no “Plano Permenor
de Reabilitação do Bairro Alto e Bica”.
Além de tal base programática, o plano prevê a melhoria de diversos
indicadores, entre eles a manutenção da construção e do traçado urbano, melhorando os
índices de espaços verdes e públicos, o aumento da eficiência energética e introdução de
medidas de regulação climática, a redução da pegada de carbono através do uso de energias
alternativas, a redução de ruído e melhoria da qualidade do ar, a recuperação e valorização do
Património Arquitetônico e a melhoria do ambiente urbano através da qualificação do espaço
público e ordenamento de tráfego. Estes melhorias também estão de acordo com as
necessidades da Vila Madalena e do recorte em estudo.
Assim, o “Plano Permenor de Reabilitação do Bairro Alto e Bica” por
contribuir para este trabalho final de graduação em sua programática de melhorias, que
converge em parte com a Vila Madalena, podendo apontar como causas desta semelhança a
similaridade de usos do espaço – misto e de característica boêmia – e portanto, também as
consequentes problemáticas adjacentes deste tipo de ocupação.
Promover a requalificação e criação de equipamentos públicos de proximidade,
nomeadamente, de ensino, desporto, saúde e sociais em articulação com as
zonas envolventes de forma a satisfazer as necessidades da população;
Recuperar os espaços públicos, tendo em consideração o significado histórico e
ambiental do local, conferindo à zona, em simultâneo, melhores condições de
segurança no que toca a condições de acessibilidade para socorro em caso de
sinistro;
Definir as condições e normas de construção de caves de forma a garantir a
preservação do património arqueológico e hidrogeológico da zona;
Recuperar a rede de infra-estruturas de saneamento básico com vista a eliminar
as estruturas obsoletas com grande recorrência de roturas;
Promover a actualização de redes de infra-estruturas e a eliminação das redes
aéreas de electricidade ou telecomunicações através da realização de valas ou
caleiras técnicas;
Definir as condições e regras de introdução de equipamentos de aproveitamento
de energias renováveis na construção, preservando os valores patrimoniais;
Imagem 12: Bairro Alto em rua não
pedestrealizada e com presença de
pichações nos edificios e a
degradação das fachadas.
Fonte: http://cool-
lisbon.blogspot.com.br/2012/03/bairro-
alto.html [consultado em 06/05/2014]
Imagem 13: Bairro Alto em rua que se
evidencia o uso misto das edificações
e a multidão que se aglomera na
atividade boêmia do bairro.
Fonte:
http://www.publico.pt/local/noticia/baru
lho-nas-ruas-e-bares-do-bairro-alto-e-
cais-do-sodre-vai-ter-redea-curta-
1566036 [consultado em 06/05/2014]
Imagem 14: Rua Diário de Notícias
no Bairro Alto em atividade diurna, no
qual pode se notar um melhor
ordenamento viário, com demarcação
das áreas de mesas e circulação.
Fonte:
http://www.joggingroutes.org/2012/06/l
isbon-bairro-alto-running-route.html
[consultado em 06/05/2014]
Requalificação urbana na Vila Madalena: Cronourbanismo em um bairro multitemporal e multiespacial 30
4.3. Prospect Park West, 1st e 2nd Avenues
DOT – Department of Transportation, Nova York, Estados Unidos
O projeto de requalificação das ruas de Nova York partiu do enfrentamento
das mesmas problemáticas existentes na cidade de São Paulo, o que inclui também o bairro
da Vila Madalena. Entre estes problemas, destacavam-se as dificuldades de mobilidade e suas
relações intermodais no espaço urbano, ou seja, falta de ordenação e qualidade do sistema
viário e de ligação entre os diferentes transportes.
Buscando a resolução de tais problemáticas, foi desenvolvido o PlaNYC com
metas a serem cumpridas até o fim de 2030, que envolvem questões de ambientais e de
qualidade de vida – o que inclui a mobilidade. Acerca das metas deste plano, Mariana Siqueira,
em matéria para a revista AU de fevereiro de 2012, torna mais explicito sua abordagem,
sintetizados na citação abaixo.
“A cidade mais cosmopolita do mundo resolveu investir em suas ruas e as vem
remodelando desde 2007, quando foi lançado o plano de sustentabilidade da cidade,
o PlaNYC. O plano prevê, além dos clássicos plantio de árvores e redução das
emissões de CO2, a criação de políticas para o espaço público, creditando-o como
um dos principais fatores para a estabilidade ambiental e econômica da cidade.”
(SIQUEIRA, 2012, p. 36)
A fim de simplificar este estudo de caso, foram recortados os projetos da
Prospect Park West, 1st e 2nd Avenues, que sintetizam as resoluções desenvolvidas pelo
escritório dinamarquês Gehl Architects, além de manter, em sua iniciativa a partir de
moradores da região afetada, extrema relação com o engajamento da comunidade da Vila
Madalena.
“O Departamento de Transportes foi procurado pelo Conselho Comunitário da região,
que reclamava do abuso de velocidade dos veículos na via e consequentes
acidentes. Propunha, também, melhoria de acesso de ciclistas ao parque.”
(SIQUEIRA, 2012, p. 39)
As respostas podem ser melhor explicitadas nos diagramas ao lado, mas
podem ser resumidas com um termo: reordenação do sistema viário. Tal reordenação gerou
qualidade de passeio com o alargamento de calçadas e afastamento dos veículos desta área,
Imagens 15, 16 e 17: Nota-se nas fotografias, respectivamente, a clareza de ordenamento viário, a faixa
de pedestre elevada para diminuir a velocidade dos veículos e o caminho da calçada e ciclovia
arborizados.
Diagrama 18: Esquema antes x depois da proposta de novas políticas para o espaço público de Nova
York, que tem como objetivo a priorização do pedestre e incentivo ao transporte através do ciclismo.
Fonte: SIQUEIRA, Mariana. Prospect Park West, 1st e 2nd Avenues. Revista AU. São Paulo: Editora PINI.
P. 36. Fevereiro de 2012.
Requalificação urbana na Vila Madalena: Cronourbanismo em um bairro multitemporal e multiespacial 31
a partir da implementação de áreas cicláveis entre estas. Ainda, deve se destacar os artifícios
para se melhorar a drenagem nestes espaços a partir da criação de canteiros nas áreas de
proteção – que auxiliam na travessia dos pedestres. No artigo já citado, Mariana Siqueira
sintetiza tais transformações.
“A resposta foi a remoção de uma das três faixas de trânsito ao longo dos 2,8 km da
Prospect Park West e a inserção de uma ciclovia de mão dupla, de 2,40m de largura,
protegida por uma área destinada à estacionamento, de igual medida. [...] Entre
estacionamento e ciclovia, foi locada uma zona de amortecimento de 0,90m, que são
marcas viárias pintadas no asfalto, tecnicamente denominadas canteiro fictício. Além
da facilidade de instalação, o canteiro fictício oferece as vantagens de não obstruir a
drenagem e de se somar à ciclovia para circulação de veículos de emergência,
funcionando, também, como uma área auxiliar na limpeza da rua e nos processos de
carga e descarga." (SIQUEIRA, 2012, p. 39)
O resultado de tais transformações se dá exatamente naquilo que buscava a
comunidade local, a facilidade na intermodalidade do transporte público a partir da
implementação de artifícios urbanos. Prova disso é que, de acordo com Mariana Siqueira¹
(2012), o abuso da velocidade na Prospect Park West teve uma redução drástica, o número de
ciclistas mais que triplicou, e a conectividade em toda a área melhorou, já que a nova ciclovia
está ligada a uma rede já existente modal.
O que se pode aproveitar deste projeto para a cidade de São Paulo e, mais
precisamente, o bairro da Vila Madalena, é a interligação das áreas cicláveis já existentes na
proximidade – Avenida Faria Lima e Henrique Schaumann - com o bairro, além da
possibilidade de se implementar, a partir da requalificação viária, uma rota dá área em recorte
com as estações de metrô.
“Tudo isso, unindo vários modais, e oferecendo ao cidadão a possibilidade de escolhe
e de combinação entre eles, seja bicicleta mais metrô, ou bicicleta mais ônibus e
trens, ou mesmo uma calçada amigável para caminhar até o transporte público mais
próximo.” (SIQUEIRA, 2012, p. 40)
¹ SIQUEIRA, Mariana. Prospect Park West, 1st e 2nd Avenues. Revista AU. São Paulo: Editora
PINI. P. 36 – 41. Fevereiro de 2012.
Diagrama 19, 20, 21 e 22: Prospect Park West e seus cruzamentos. Nota-se a calçada afastada do leito
carroçável a partir da área de ciclovia, com artefatos de transposição entre estas que se assemelham à
Parklets. A área de estacionamento de veículos é delimitada por tais equipamentos, de modo a fazer uma
transição gradual do pedestre, para o ciclista, o veículo parado e o veículo em movimento, trazendo um
afastamento ainda maior do trânsito.
Fonte: SIQUEIRA, Mariana. Prospect Park West, 1st e 2nd Avenues. Revista AU. São Paulo: Editora PINI. P.
39. Fevereiro de 2012.
Requalificação urbana na Vila Madalena: Cronourbanismo em um bairro multitemporal e multiespacial 32
Diagrama 23, 24, 25 e 26: Antes e depois da 1st Avenue. Nota-se que a intervenção foi feita apenas em um
dos lados da via, mantendo o corredor de ônibus pré existente. Nestes diagramas, explicita-se a prevalência de
transportes públicos e sustentáveis em detrimento do transporte individual por automóveis. Ainda, neste
esquema é possível notar a transição do ambiente do pedestre para o veículo de maneira gradual.
Fonte: SIQUEIRA, Mariana. Prospect Park West, 1st e 2nd Avenues. Revista AU. São Paulo: Editora PINI. P.
38. Fevereiro de 2012.
Requalificação urbana na Vila Madalena: Cronourbanismo em um bairro multitemporal e multiespacial 33
5. O recorte
Requalificação urbana na Vila Madalena: Cronourbanismo em um bairro multitemporal e multiespacial 34
5. O recorte
Como foi visto no sub capítulo sobre o Plano de Bairro da Vila Madalena, se
faz necessário a delimitação de recortes no perímetro do bairro para possibilitar o estudo das
especificidades de diferentes áreas, que resultarão em diferentes estratégias de projeto
urbano.
A intenção deste trabalho final de graduação é, como demonstrado desde a
justificativa, estudar a personalidade da Vila Madalena e sua vocação comercial, boêmia e
cultural, que demanda a dinâmica de usos em diferentes horários do dia, fazendo com que
hajam múltiplas cenas urbanas e fluxos de pessoas, como demonstrado no diagrama abaixo.
O estudo parte da delimitação da concentração de tais usos, tendo como
premissa a não invasão do espaço predominantemente residencial – indo de encontro com a
setorização do Plano de Bairro de Perus e o conceito de centralidades e unidades ambientais
de moradia.
Diagramas 27: Dinâmica de usos
Fonte: Davis Brody Bond. Estudos Preliminares do projeto “Ideias para um desenvolvimento sustentável da
Vila”. Disponível em http://issuu.com/vilamundo/planodebairro
Para um levantamento inicial, o Portal Vila Mundo disponibiliza o “Mapa da
Vila”, um aplicativo em que se pode filtrar os atrativos do bairro a partir de seu uso. Com os
filtros “bares” e “baladas” é possível observar o predomínio de tais usos nas proximidades da
Rua Aspicuelta, entre a Rua Harmonia e Fidalga, perpendiculares a esta.
Imagem 18 e 19: Aplicativo “Mapa da Vila” com os filtros “baladas” e “bar” ativados respectivamente,
demonstrando a concentração de tais usos no bairro.
Fonte: Portal Vila Mundo – Mapa da Vila. Disponível em http://vilamundo.org.br/mapadavila. Consultado em
22.02.2014
Requalificação urbana na Vila Madalena: Cronourbanismo em um bairro multitemporal e multiespacial 35
Ainda, de acordo com o estudo preliminar realizado pelo escritório de David
Brody Bond que apresenta um levantamento de uso do solo do ano de 2.012, demostra-se que
a centralidade do bairro da Vila Madalena encontra-se predominantemente entre a Rua
Wizard, Rua Aspicuelta e a interligação entre as ruas Luis Murat e Inácio Pereira da Rocha,
como se pode observar no mapa 12, elaborado pelo projeto “A Vila que queremos”
Ao se analisar o mapa de zoneamento disponibilizado no Plano Regional
Estratégico da Subprefeitura de Pinheiros, observa-se que a área com predominância de tais
usos é caracterizada como zona mista de média densidade (ZM-2), o que orienta o desenho do
recorte, juntamente com as características já estudadas.
Na delimitação do perímetro foi considerado também a área do Beco do
Batman, na Rua Gonçalo Afonso, que apesar apresentar o uso residencial e zoneamento ZM-1
(baixa densidade), o espaço tem como vocação o uso cultural que deve ser incorporado à noite
da Vila Madalena, já que não há esse tipo de uso até então.
Portanto, o recorte da centralidade do bairro se dá pelo perímetro
compreendido entre a Rua Wizard, Rua Harmonia, Rua Original, Rua Cipriano Juca, Rua
Patápio Silva, Rua Luís Murat, Rua Inácio Pereira da Rocha e Rua Morás, como demonstrado
na próxima pagina, no mapa xx, representando 24,32% do bairro da Vila Madalena, 1,41% da
área da Subprefeitura de Pinheiros e, apesar da expressividade na significação do recorte para
a cidade, apenas 0,03% da área total do municipio de São Paulo. 0,03% .
Mapa 15: Zoneamento
Fonte: Davis Brody Bond. Estudos Preliminares do projeto “Ideias para um desenvolvimento sustentável da
Vila”. Disponível em http://issuu.com/vilamundo/planodebairro
Imagem 20 e 21: Rua Gonçalo Afonso, conhecida popularmente como Beco do Batoman. A região conta com
muros grafitados e atrai turistas de todo o país para a Vila Madalena.
Fonte: http://vilamundo.org.br
Local Área (km²) % - São Paulo % - Sub. Pinheiros % - Vila Madalena
São Paulo 1.523,00 100% - -
Subprefeitura de Pinheiros 31,70 2,08% 100% -
Vila Madalena 1,85 0,12% 5,84% 100%
Recorte de projeto 0,45 0,03% 1,42% 24,32%
Tabela 06: Oupação do recorte na cidade
Fonte: Tabela elaborada pela autora a partir de dados fornecidos no site do IBGE e Mapa Digital da Cidade
Requalificação urbana na Vila Madalena: Cronourbanismo em um bairro multitemporal e multiespacial 36
Mapa 16: Delimitação do perímetro de estudo
Fonte da base: Google Maps
(intervenções da autora)
Norte
Requalificação urbana na Vila Madalena: Cronourbanismo em um bairro multitemporal e multiespacial 37
6. Diagnóstico
Requalificação urbana na Vila Madalena: Cronourbanismo em um bairro multitemporal e multiespacial 38
Gráfico 08: Uso do solo específico
Fonte: Desenvolvido pela autora a partir do levantamento de uso do solo
Obs.: Utiliza-se neste gráfico também a mesma divisão de usos presente na proposta de Plano de Bairro da Vila
Madalena, “Ideias para um desenvolvimento sustentável da Vila” e no mapa de uso do solo presente neste
trabalho.
A partir deste gráfico nota-se que, apesar do caráter residencial da área em recorte, o uso é consideravelmente
diversificado, fazendo com que o limite objeto de estudo deste trabalho tenha vocação à centralidade, em
especial na área em destaque no mapa de uso de solo.
45,89%
10,65%
12,12%
0,57%
0,90%
11,35%
1,35%5,95%
0,59% 1,25%
0,20%
0,69%
6,19%
1,52% 0,77%
Uso do soloGráfico especifico
Residencial
Comercial
Bar / restaurante
Postos de gasolina
Mercado / padaria
Serviços
Empresas
Estacionamentos
Escolas
Escolas geral
Igrejas
Industria criativa
Misto
Sem uso / não identificado
Praças e áreas verdes
45,89%
24,24%
18,65%
2,05%
0,69%
6,19%
1,52%0,77%
Uso do solo Gráfico geral
Residencial
Comercio
Serviço
Instituições
Industria
Misto
Sem uso / não identificado
Praças e áreas verdes
Gráfico 09: Uso do solo geral.
Fonte: Desenvolvido pela autora a partir do levantamento de uso do solo
Obs.: Considera-se nos usos resultantes as seguintes junções a partir do mapeamento:
Comercio: Comercial, bar / restaurante, postos de gasolina e mercados e padarias
Serviços: Serviços, empresas e estacionamentos
Instituições: Escolas, escola geral e igrejas.
Os usos residencial, industrial, misto, sem uso / não identificado e praças e áreas verdes foram mantidos
como no mapeamento e gráfico 01;
Requalificação urbana na Vila Madalena: Cronourbanismo em um bairro multitemporal e multiespacial 40
6.3. Áreas verdes
6.3.1. Praças no entorno
Mapa 21 – Áreas verdes no perímetro e no
entorno de projeto.
Escala 1:10.000
Fonte da base: Mapa digital da cidade
Obs.: Perímetro de escassez de áreas verdes
delimitado no estudos preliminares desenvolvidos pelo
escritório “Davis Brody Bond” em “Ideias para um
desenvolvimento sustentável da Vila.”
42
Norte
Requalificação urbana na Vila Madalena: Cronourbanismo em um bairro multitemporal e multiespacial
6.4. Diagnóstico sistema viário e de
mobilidade urbana
6.4.1. Viário principal
Mapa 23 – Circulação e viário de escala
metropolitana
Escala 1:10.000
Fonte da base: Mapa digital da cidade
Norte
Requalificação urbana na Vila Madalena: Cronourbanismo em um bairro multitemporal e multiespacial 44
Fonte da base: Mapa digital da cidade
Detalhe 01: Rua Deputado Lacerda
Franco, Rua João do Rio e Rua Hermes
Fontes
Escala 1:1.000
Detalhe 02: Cruzamento entre a Rua
Inácio Pereira da Rocha e Rua Mourato
Coelho
Escala 1:1.000
Detalhe 03: Entroncamento da Rua Luís
Murat, Harmônia e Medeiros de
Albuquerque.
Escala 1:1.000
Detalhe 04: Área conhecida
popularmente como Beco do Batman,
situada na Rua Gonçalo Afonso.
Escala 1:1.000
6.4.2. Detalhes do viário do perimetro
Mapa 24 – Localização do detalhamento do
sistema viário
Escala 1:5.000
Localização dos detalhes
Proibição de estacionamento
Guias baixas
Obs.: Não foram identificadas áreas
destinadas a estacionamento a partir da
compra de cartão zona azul, não havendo
portanto áreas com estacionamento
rotativo na rua.
Norte
Requalificação urbana na Vila Madalena: Cronourbanismo em um bairro multitemporal e multiespacial 45
Detalhe 05: Rua Wizard na altura da Rua
Luís Anhaia.
Escala 1:1.000
Detalhe 06: Rua Fradique Coutinho nas
proximidades da Rua Filipe de Alcacova.
Escala 1:1.000
Detalhe 07: Rua Filipe de Alcacova e
Rua Fidalga.
Escala 1:1.000
Detalhe 08: Rua Girassol na altura da
Rua Faizão.
Escala 1:1.000
Detalhe 09: Cruzamento entre a Rua
Inácio Pereira da Rocha e Rua Mourato
Coelho
Escala 1:1.000
Detalhe 10: Rua Laboriosa, que apesar
de sem saída, possui grande movimento
devido à parada de veículos para
estacionamento.
Escala 1:1.000
Detalhe 11: Rua Simpatia na altura do
alargamento que atualmente designa-se
a estacionamento.
Escala 1:1.000
Detalhe 12: Rua Medeiros de
Albuquerque, também na altura de seu
alargamento de mesmo uso da Simpatia.
Escala 1:1.000
Detalhe 13: Rua Aspicuelta.
Escala 1:1.000
Detalhe 14: Entroncamento da Rua
Simpatia e Rua Aspicuelta.
Escala 1:1.000
Requalificação urbana na Vila Madalena: Cronourbanismo em um bairro multitemporal e multiespacial 46
6.4.3. Mobilidade
Mapa 25 – Percursos das linhas de ônibus
e ciclovias em escala local.
Escala 1:5.000
Fonte da base: Google Maps
Obs.: Acréscimo de informações de ciclovias e pontos
de retiradas de Bike do programa Bike Sampa (Banco
Itaú) levantadas pela autora para efeito de diagnóstico.
Norte
Requalificação urbana na Vila Madalena: Cronourbanismo em um bairro multitemporal e multiespacial 47
6.5. Sistema Hidrografico
Mapa 26 – Percurso dos corrégos e rios,
áreas com declividade acentuada e pontos
de alagamento no recorte de estudo e em
suas proximidades.
Escala 1:10.000
Fonte da base: Mapa digital da cidade
Fonte de dados:
a) Mapa 01 – Rede estrutural hídrica e ambiental.
Secretaria Municipal de Planejamento Urbano. Plano
Regional Estratégico, Subprefeitura de Pinheiros.
b) Mapa 06 – Saneamento e Hidrografia. Atlas
ambiental do município de São Paulo.
Obs.: Compilação de dados e de informações
elaborados pela autora para efeito de diagnóstico.
Norte
Requalificação urbana na Vila Madalena: Cronourbanismo em um bairro multitemporal e multiespacial 48
Levantamento de pontos de enchente no recorte dos últimos três anos (desde o ano de 2011)
a partir de publicações em portais de jornalismo e informação.
A partir do mapa de diagnóstico do sistema hidrico e da tabela com pontos
de enchente no bairro, se pode observar que a maior parte das áreas afetadas por enchente
encontram-se dentro do perímetro de recorte deste projeto.
Dentre as causas de tal problemática, atribui-se a presença de córregos
canalizados, áreas com topografia acentuada que aumentam a velocidade das correntezas de
água pluvial, além da falta de áreas verdes e drenantes e a presença de lixos nas ruas e
obstrução de bocas de lobo. .
Imagem 23 – Enchente em 2014 arrasta carros
pela Rua Harmonia até proximidades da Rua
Luis Murat.
Fonte: G1 – Globo.com
Notícia publicada em 19/03/2014
Disponível em: http://g1.globo.com/sao-paulo/
noticia/2014/03/chuvas-deixam-regiao-de-sao-
paulo-em-estado-de-atencao.html
Data Local Fonte
18/03/2014 Rua Harmonia x Rua Luis Murat G1 - Globo.com
18/03/2014 Beco do Batman - Rua Gonçalo Afonso Cruzeirodosul.inf
18/03/2014 Luis Murat x Rua Belmiro Braga VilaMundo.org
15/02/2013 Rua Harmonia x Rua Luis Murat VilaMundo.org
14/12/2012 Rua dos Pinheiros VilaMundo.org
14/12/2012 Rua Simão Álvares VilaMundo.org
14/12/2012 Rua Belmiro Braga VilaMundo.org
14/12/2012 Beco do Aprendiz VilaMundo.org
14/12/2012 Beco do Batman - Rua Gonçalo Afonso VilaMundo.org
14/12/2012 Rua Joaquim Antunes VilaMundo.org
17/02/2012 Rua Girassol Grupo1info
17/02/2012 Rua Harmonia Grupo1info
17/02/2012 Rua Medeiros de Albuquerque Grupo1info
17/02/2012 Beco do Batman - Rua Gonçalo Afonso Grupo1info
19/11/2011 Rua Harmonia Folha.com
19/11/2011 Beco do Batman - Rua Gonçalo Afonso Folha.com
27/02/2011 Rua Padre João Gonçalves VilaMundo.org
27/02/2011 Rua Medeiros de Albuquerque G1 - Globo.com
16/02/2011 Rua Belmiro Braga VilaMundo.org
16/02/2011 Rua Abegoária Folha.com
16/02/2011 Rua Simpatia Folha.comTabela 07 – Pontos de enchente no bairro da Vila Madalena
Imagem 24 – Registo do ano de 2013 mostra
que enchente traz prejuízos à bares e
comércios da Rua Harmonia.
Fonte: Portal Vila Mundo
Notícia publicada em 15/02/2013
Disponível em: http://vilamundo.org.br/2013/
02/nunca-vi-enchente-como-essa-diz-comercian
te-da-vila-madalena-em-sp/
Imagem 25 – Enchente em 2012 no “Beco do
Aprendiz”, atingido por ser percurso natural
do Corrego do Rio Verde I.
Fonte: Portal Vila Mundo
Notícia publicada em 14/02/2012
Disponível em: http://vilamundo.org.br/2012/12/
pinheiros-enfrenta-tarde-de-chuva-e-
alagamentos/
Imagem 26 – Atingida por enchente em 2011,
área da Rua Belmiro Braga inundada próximo
ao acesso do “Beco do Aprendiz”.
Fonte: Portal Vila Mundo
Notícia publicada em 15/02/2013
Disponível em: http://vilamundo.org.br/2011/04/
um-abaixo-assinado-contra-as-enchentes-na-vila-
madalena/
Requalificação urbana na Vila Madalena: Cronourbanismo em um bairro multitemporal e multiespacial 49
7. Problemáticas da área
Requalificação urbana na Vila Madalena: Cronourbanismo em um bairro multitemporal e multiespacial 50
7. Problemáticas da área
Pedestre
Calçadas sem padronização e manutenção
Travessias desqualificada
s
Escala inadequada
ao transporte a pé
(iluminação e edificações)
Grandes percursos
(Ausência de conexão de
quadras)
Ausência de espaços de
estar (praças e ambientes
culturais) Drenagem
Falta de áreas verdes
Pontos de enchentes (córregos
canalizados e lixo nas ruas)
Densidade de construção
(ausência de pavimentação
permeável)
Mobilidade
Escala do ônibus
inadequada ao sistema
viário
Falta de abrangência do transporte
de escala metropolitana
Ausência de estacionamentos rotativos
Ausência de espaços
adequados ao ciclista
Desenho das ruas
Ruas estreitas
Mesas nas calçadas
Grandes declividades
Edificações
Adensamento e
verticalização
Conflito de usos
Terrenos ociosos
(estacionamentos)
Requalificação urbana na Vila Madalena: Cronourbanismo em um bairro multitemporal e multiespacial 51
8. Programa de Necessidades
Requalificação urbana na Vila Madalena: Cronourbanismo em um bairro multitemporal e multiespacial 52
8. Programa de necessidades
a) Pedestres
b) Sistema viário
Objetivo previsto no “Plano Regional Estratégico”* da
Subprefeitura de PinheirosObjetivo previsto no “Plano SP2040” Proposta de projeto
Estimular o pedestrealismo e a retomada dos espaços
públicos
Promover espaços públicos abertos, convidativos e seguros
“A melhoria das calçadas, a implementação de mobiliário
urbano (por exemplo, bancos de rua, lixeiras, bicicletários e
iluminação pública) e a adaptação de ambos para pessoas
com deficiência, idosos e crianças são ações que qualificam o
espaço público como ambiente convidativo a todos.” [2012,
SP2040, p. 84]
Melhoria nas condições de acessibilidade, com rampas e
faixas de pedestres elevadas.
Recuperação de calçadas, hierarquização e padronização da
pavimentação para as normas municipais.
Instalação de mobiliário urbano adequado ao uso da região,
fazendo que não seja necessária a colocação de mesas nas
calçadas por iniciativa privada - organização do espaço do
pedestre.
Acréscimo de iluminação pública voltada à escala do pedestre
e do ciclista e que valorize as obras de arte urbana do bairro.
Reestudar a questão dos estacionamentos -
Aumento na largura das calçadas em áreas com maior
número de bares em detrimento do espaço do veículo.
Criação de parklets em esquinas e áreas com maior
densidade de ocupação de solo. "Respiro" urbano.
Objetivo previsto no “Plano Regional Estratégico”¹ da
Subprefeitura de PinheirosObjetivo previsto no “Plano SP2040”² Proposta de projeto
Transporte - Mobilidade e acesso dentro da estrutura urbana
da cidade-
Requalificação dos percursos de ônibus dentro do perímetro,
de modo a diminuir a melhorar o nó viário existente entre as
ruas Aspicuelta, Mourato Coelho e Fradique Coutinho com
adequação de escala dos veículos com as ruas do bairro, a
partir da reformulação do trajeto de linhas estruturais e
acréscimo de trajeto de linha circular local.
Trocar o automóvel por modos alternativos de viagem -
Estimular o ciclismo Promover o transporte não motorizado
Desenvolver ligação entre os percursos de ciclismo já
existentes na proximidade do perímetro, obecendo as normais
de inclinação para o conforto do usuário.
Implantação de Bike pontos para retirada de bicicletas
Requalificação urbana na Vila Madalena: Cronourbanismo em um bairro multitemporal e multiespacial 53
d) Cultura e inserção social
d) Uso e ocupação do solo
Objetivo previsto no “Plano Regional Estratégico”¹ da
Subprefeitura de PinheirosObjetivo previsto no “Plano SP2040”² Proposta de projeto
Controle e regulamentação das atividades nos eixos
comerciais-
Delimitação da zona de promoção de eventos, com previsão
de fechamento de ruas, como aconteceu da Copa do Mundo
de Futebol de 2014.
-
Acomodar o crescimento da cidade com qualidade urbanística
nas áreas dotadas de infraestrutura
“O adensamento nas áreas com infraestrutura deverá,
portanto, considerar novos parâmetros de desenho urbano,
nos quais estejam contemplados: o provimento de áreas
verdes e de lazer; a recuperação da ocupação das várzeas; a
criação de espaços públicos seguros e atraentes; e a busca
pela mistura de usos e de classes de renda.” [2012, SP2040,
p. 50]
Delimitação de área a ser estimulado o adensamento,
considerando as medidas de novos parâmetros de desenho
urbano, principalmente quanto ao estimulo ao uso misto no
interior do recorte de projeto, como proposto do Plano Diretor
Estratégico aprovado em 2014
Objetivo previsto no “Plano Regional Estratégico”¹ da
Subprefeitura de PinheirosObjetivo previsto no “Plano SP2040”² Proposta de projeto
Maximizar e ampliar recursos para atender a parcelas de
menor poder aquisitivo ao acesso à cultura a ao lazer
Valorização da diversidade, da memória e do sentimento de
pertencimento à cidade
“Promover a produção e a difusão das produções artísticas e
culturais na cidade, bem como sua integração nos espaços
públicos de interação criativa.” [2012, SP2040, p. 89]
Estimulo as áreas de becos de uso público e voltado à escala
do pedestre, inclusive no período noturno.
Estimulo acesso dos bares pelas ruas com grafite, estimulando
o uso noturno destes espaços
Inclusão cultural a partir de espaços de debates e de acesso à
informação
Regulamentar as feiras de artesanato da região -
Criação espaço para feiras de artesanato - estimulo da
atividade artística presente no bairro – sob as áreas de
estacionamento subterrâneo e ao longo das ruas pedonais e
dos parques lineares
Requalificação urbana na Vila Madalena: Cronourbanismo em um bairro multitemporal e multiespacial 54
e) Infraestrutura e áreas verdes
f) Estacionamentos
¹ Documento “Plano Regional Estratégico”¹ da Subprefeitura de Pinheiros disponível no site http://prefeitura.sp.gov.br/subprefeituras/pinheiros [acessado em março de 2014).
² Documento “Plano SP 2040” disponível no site http://www.habisp.inf.br/theke/documentos/outros/sp2040-acidadequequeremos [acessado em maio de 2014]
Objetivo previsto no “Plano Regional Estratégico”¹ da
Subprefeitura de PinheirosObjetivo previsto no “Plano SP2040”² Proposta de projeto
Melhoria na qualidade de drenagem
Implementar infraestrutura verde e ampliar o sistema de áreas
verdes
“Implementar uma infraestrutura verde, com ênfase nas
intervenções às margens de rios e córregos, por meio da
construção de parques, e também na implementação de
corredores verdes e arborização urbana.” [2012, SP2040, p.
131]
Criação de parques lineares em percurso dos córregos e
pontos de alagamento, respeitando as áreas de preservação
permanente, sendo necessária a remoção de alguns dos lotes
próximos aos córregos, com a intenção de absorver e
armazenar as águas das chuvas
Estimulo ao uso de pavimentos drenantes para absorver as
águas pluviais
Implantar o controle de inundações
“Medidas de recuperação ambiental das bacias hidrográficas
urbanas, inclusive quando não houver outras soluções
técnicas, reassentando moradias de áreas sujeitas à
inundação.” [2012, SP2040, p. 128]
Criação de áreas com ladders, ou degraus, que visam diminuir
as correntezas em dias de chuva, diminuindo a velocidade das
águas pluviais nos trechos de maior declividade, trazendo o
efeito de retardo destas ao seu destino final e evitando as
enchentes.
Implantação de canaletas para condução das águas ao seu
destino final, o Rio Pinheiros.
Objetivo previsto no “Plano Regional Estratégico”¹ da
Subprefeitura de PinheirosObjetivo previsto no “Plano SP2040”² Proposta de projeto
Reestudar a questão dos estacionamentos -
Criação de áreas com estacionamento zona azul, fazendo com
que as paradas sejam mais rotativas do que extensas.
Criação de áreas de estacionamento exclusivo de carga e
descarga, evitando o estacionamento em filas duplas pelo
bairro.
Proibição de estacionamento em ruas estreitas ou com
circulação de ônibus, melhorando o tráfego de veículos.
Planejamento de bolsões de estacionamento, evitando tal uso
de maneira dispersa e compensando as vagas retiradas das
ruas pela proibição.
Requalificação urbana na Vila Madalena: Cronourbanismo em um bairro multitemporal e multiespacial 55
9. Projeto
Requalificação urbana na Vila Madalena: Cronourbanismo em um bairro multitemporal e multiespacial 56
Requalificação urbana na Vila Madalena: Cronourbanismo em um bairro multitemporal e multiespacial 57
Diagrama 01
Ruas pedonais e
Parque Linear
Diagrama 02
Trajeto de
Ciclovias
Diagrama 03
Trajeto de Linhas
Circulares de
Micro-ônibus
Diagrama 04
Trajeto de Linhas
Estruturais
Diagrama 05
Localização de
estacionamento
s subterrâneos
Diagrama 06
Localização
coworks
9.1. Apresentação da Proposta
A partir do estudo da dinâmica de usos da Vila Madalena, foi possível determinar uma
área de intervenção com características singulares que se distingue do restante do bairro em sua
dinâmica de usos. Com o diagnóstico elaborado para este recorte, percebe-se que, dadas as
problemáticas existentes na área, se faz necessária uma nova organização do espaço a partir de uma
requalificação urbana fundamentada na melhoria dos deslocamentos, dos espaços de permanência e da
drenagem.
A proposta para a área tem como ordenamento de prioridades os transportes
sustentáveis – pedestres e ciclistas -, seguidos pelo transporte público e o reordenamento das linhas de
ônibus locais e estruturais, e por fim o transporte individual.
Para os pedestres, são propostos espaços de circulação com requalificação de
calçadas, delimitação de ruas pedonais, interrupção de quadras e melhoria nas travessias a partir de
faixas elevadas, além dos espaços de estar, que se dividem em parklets, parque linear, praças e
coworks.
Quanto aos ciclistas, é proposta uma ciclovia dividida em dois percursos, interligando
as ciclovias já existentes nos bairros próximos. Tais percursos obedecem as normas de inclinação e
largura estabelecidas pelo conselho nacional de trânsito (CONATRAN).
Para o transporte público a proposta é que as linhas estruturais sejam deslocadas
para vias compatíveis com a escala dos ônibus. Para suprir a demanda de transporte local, é acrescida
uma linha circular com percurso entre os metrôs Vila Madalena e Faria Lima. Todas estas linhas
contarão com baias para parada dos veículos, evitando conflitos com o transito local.
Também visando melhorar o transito local que tem como maior problemática o trafego
intenso, se propõe a alteração do sentido das vias, com binários nos eixos com maior entroncamento,
eliminação de parte das vagas das ruas - aumentando a largura das vias e o otimizando o fluxo de
veículos -, implantação de vagas rotativas zona azul nas ruas e acréscimo de baias de carga e descarga
de pessoas e mercadorias, evitando que veículos parem em filas duplas, além da implantação de dois
estacionamentos subterrâneos em substituição das vagas retiradas da rua.
Quanto a drenagem, a proposta é dividida em conduzir, retardar, armazenar e
absorver. A condução é dada a partir do sistema de canaletas, que levarão as águas pluviais para o
destino final do Rio Pinheiros a partir da declividade da região e dos percursos de córregos existentes.
O retardamento será feito a partir de degraus, ou ladders, que diminuem a velocidade de vazão das
águas. A armazenagem é dada a partir da implantação de um piscinão em área que atualmente é
ocupada por trecho do córrego a céu aberto. Por fim, para absorção é proposto o aumento de áreas
permeáveis no bairro, sejam vegetadas ou com pavimentos drenantes.
Diagrama 01 – Sobreposição de sistemas
Escala 1:10.000
Requalificação urbana na Vila Madalena: Cronourbanismo em um bairro multitemporal e multiespacial 61
Percurso micro-ônibus – Linha Circular Faria Lima – Vila Madalena
Remanejamento percurso ônibus – Linhas estruturais existentes
Percurso de ônibus sem remanejamento – Linhas estruturais existentes
Dada a incompatibilidade de escala dos ônibus que
atualmente atravessam o bairro da Vila Madalena, é proposto o remanejamento
das linhas estruturais que cortam o bairro para ruas que comportem a escala
destes veículos, mudando minimamente o percurso e mantendo a origem e
destino de cada uma destes linhas, como demostrado na implantação ao lado
(linhas vermelhas).
A problemática apontada na pesquisa de campo – que pode
ser observada nos anexos deste trabalho - acerca da longa distância entre as
estações de metrô e a área boêmia do bairro, é solucionada com a proposta de
linha circular de menor escala – utilizando a modalidade de micro-ônibus para
circulação – que fazem a ligação entre as estações de metrô Vila Madalena e
Faria Lima, facilitando a chegada no bairro através de metrô e possibilitando a
transferência dos usuários que utilizam atualmente as linhas estruturais que
foram deslocadas da área de estudo, através da baldeação entre os modais, já
que o percurso de tais linhas convergem nas estações de metrô interligadas.
Em contato com a SP Trans com o Eng. João Crozariollo,
responsável pela subprefeitura de Pinheiros e consequentemente pela Vila
Madalena, foi confirmada tal incompatibilidade e informado que há uma série de
reclamações e ocorrências nesta área quanto ao trajeto das linhas. O
engenheiro disse ser inviável a substituição dos modais das linhas estruturais por
micro-ônibus, mas que com a implantação de tal proposta, seria possível o
remanejamento destes percursos sem que prejudique o usuário que desembarca
dentro do perímetro. Hoje, isto não é aplicado, apenas por uma questão
burocrática e financeira do órgão e da Prefeitura do Município de São Paulo.
As baias de ônibus, apresentadas nos detalhes 01, 02 e 03 a
seguir, estão de acordo com o Manual de Projeto Geométrico de Travessias
Urbanas, desenvolvido pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de
Transportes, no capítulo que trata de ônibus e baias de ônibus, pagina 156.
9.2.3. Linhas de Ônibus
Trajeto estrutural e circular
Requalificação urbana na Vila Madalena: Cronourbanismo em um bairro multitemporal e multiespacial 62
Requalificação urbana na Vila Madalena: Cronourbanismo em um bairro multitemporal e multiespacial 64
Visando o incentivo de estacionamentos rotativos no bairro, no qual
as pessoas estacionem seus carros por apenas uma fração de horas e não ao longo
do dia, são propostas nas ruas de maior dinâmica de usos (principalmente no que diz
respeito a compras e boemia), vagas com cobrança de zona azul.
Ainda, objetiva-se nestas mesmas ruas áreas de carga e descarga,
seja de mercadorias (em suma durante o dia) ou de pessoas (ao longo do dia e
principalmente a noite devido ao uso dos bares). A partir da demarcação destas áreas,
evita-se que hajam filas duplas nas ruas para estas atividades.
Nas ruas mais estreitas ou com maior fluxo de veículos e problemas
com trânsito, o estacionamento fica proibido. Para suprir a demanda por estas vagas
que foram retiradas, são propostos dois estacionamentos subterrâneos detalhados a
seguir.
Requalificação urbana na Vila Madalena: Cronourbanismo em um bairro multitemporal e multiespacial 65
O estacionamento 01 (sinalizado na implantação ao lado) está
em uma área que atualmente é utilizada por um estacionamento particular no
térreo e não utiliza o subsolo. Este terreno não conta com construção, apenas
elementos de cobertura, guaritas e cancelas.
Já o estacionamento 02 está localizado em um terreno que
atualmente conta com a construção de um galpão de dois pavimentos de uso
para estocagem, o que se diferencia da vocação do bairro, fazendo com que sua
remoção não impacte na dinâmica do recorte.
A localização destes estacionamentos coletivos teve como
estratégia serem implantados nas extremidades do da área em estudo, com um
raio máximo de deslocamento de 500 metros pelo usuário (como demonstrado
na implantação). Este limite de deslocamento é o aconselhado por Gehl, como
descrito do capitulo de referências teóricas, e pode ser prolongado de acordo
com a qualidade do passeio e a dinâmica de usos deste espaço, o que é o
objetivo trazer com este projeto.
Buscando a utilização das áreas térreas pela população e o
afastamento do carro do ambiente do pedestre, as lajes dos estacionamentos
subterrâneos são praças onde pode ocorrer diversos eventos como as feiras de
artesanato que já acontecem hoje pela Vila Madalena, eventos com projeções
nos muros e apresentações artísticas,. Nestas praças, também foram previstos
canteiros que poderão ser cultivados em conjunto pela população, com jardins
ou hortas coletivas, estimulando a população a se apropriar do bairro.
A capacidade de vagas nestes estacionamentos subterrâneos
está descrita na tabela abaixo.
¹Indice de rotatividade das vagas igual a 2
Estacionamentos Subterrâneos
Buscando suprir a demanda por vagas na Vila Madalena, explicitados principalmente na
pesquisa de campo – presente no capitulo de anexos - , na qual ficou constatado que, na opinião dos
usuários do bairro, o maior problema encontrado é a falta de locais adequados de estacionamento, são
propostos dois estacionamentos subterrâneos nas extremidades do local estudado, vizando também a
compensação das áreas com proibição de estacionamento propostas neste trabalho.
Para a escolha dos terrenos a serem implantados os estacionamentos subterrâneos, foi
adotado como pressuposto a busca por lotes ociosos ou de baixo gabarito, para que não impactasse em
remoções de atividades comerciais ou afetasse a dinâmica do bairro.
Área Terreno
(m²)
Área
Construida.
(m²)
Capacidade³
(vagas)
Capacidade x
Rotatividade¹
(vagas)
Terreno 01 2.024,92 6.074,76 224 448
Terreno 02 966,19 2.898,57 110 220
Total 2.991,08 8.973,24 334 668
Requalificação urbana na Vila Madalena: Cronourbanismo em um bairro multitemporal e multiespacial 66
Requalificação urbana na Vila Madalena: Cronourbanismo em um bairro multitemporal e multiespacial 67
Requalificação urbana na Vila Madalena: Cronourbanismo em um bairro multitemporal e multiespacial 68
Requalificação urbana na Vila Madalena: Cronourbanismo em um bairro multitemporal e multiespacial 69
Requalificação urbana na Vila Madalena: Cronourbanismo em um bairro multitemporal e multiespacial 70
Requalificação urbana na Vila Madalena: Cronourbanismo em um bairro multitemporal e multiespacial 71
Requalificação urbana na Vila Madalena: Cronourbanismo em um bairro multitemporal e multiespacial 72
Requalificação urbana na Vila Madalena: Cronourbanismo em um bairro multitemporal e multiespacial 73
Requalificação urbana na Vila Madalena: Cronourbanismo em um bairro multitemporal e multiespacial 74
Requalificação urbana na Vila Madalena: Cronourbanismo em um bairro multitemporal e multiespacial 77
Requalificação urbana na Vila Madalena: Cronourbanismo em um bairro multitemporal e multiespacial 78
Requalificação urbana na Vila Madalena: Cronourbanismo em um bairro multitemporal e multiespacial 79
9.3.2. Requalificações das calçadas
Situações a serem replicadas pelo bairro
Requalificação urbana na Vila Madalena: Cronourbanismo em um bairro multitemporal e multiespacial 80
Requalificação urbana na Vila Madalena: Cronourbanismo em um bairro multitemporal e multiespacial 81
1) Faixas de Serviços: Área onde são colocados os mobiliários urbanos - como árvores, rampas de
acesso para pessoas com deficiência, poste de iluminação, sinalização de trânsito, bancos, floreiras,
telefones, caixa de correio e lixeiras. Esta faixa deve ter no mínimo 0,70 m de largura.
2) Faixa Livre: Área destinada a circulação de pedestres, com no mínimo 1,20 m de largura, sem
desníveis (ver situação 05), obstáculo de qualquer natureza ou vegetação.
3) Faixa de Acesso: Área em frente ao lote, que pode receber vegetação, rampas, toldos, propaganda e
mobiliário móvel como mesas de bar e floreiras, desde que não impeçam o acesso às edificações. Esta
faixa é dispensável em calçadas com menos de 2 m
Obs.: Calçadas com áreas ajardinadas ou com arborização dever ter largura mínima de 2,00 metros e o
espaço de plantio e árvores deve ser previsto com em espaço de no mínimo 0,70 x 0,70 metros.
Regulamentação do dimensionamento das calçadas e faixas descritos pela Prefeitura Municipal de São
Paulo, disponível em http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretari-as/subprefeituras/calcadas/
Materiais utilizados: Tanto nas vias coletoras com comércio, quanto nas vias locais, são propostos
pavimentos permeáveis, já que constatados os problemas de infiltração das águas pluviais em
diagnóstico. De tal modo, a infiltração destas águas será otimizada, juntamente com outros artifícios
descritos adiante no capitulo 9.4. Tais pavimentos devem ter diferenciação de cor para que se destaque as
diferenças entre as faixas de serviço, livre e acesso.
Diagrama: Bloco intertravado drenante com infiltração da
água da chuva
Fonte: Catálogo Braston, 2014, pagina 08.
Imagem: Bloco intertravado drenante com diferenciação de
cores e possibilidade de piso tátil.
Fonte: Catálogo TECPAR Pavimentos, 2014, pagina única.
Requalificação urbana na Vila Madalena: Cronourbanismo em um bairro multitemporal e multiespacial 82
PARKLETS
Utilizados desde o ano 2.005 em diversas cidades no mundo, os Parklets (extensões
das calçadas destinadas para pessoas) ficaram regularizados na cidade de São Paulo a partir do Decreto
Municipal Nº55.045 / 2014. De acordo com o decreto, estes equipamentos serão mantidos pelo poder
público ou por iniciativa privada, mas terão como premissa serem plenamente acessíveis ao uso público.
Considera-se parklet a ampliação do passeio público, realizada por meio da implantação
de plataforma sobre a área antes ocupada pelo leito carroçável da via pública, equipada com
bancos, floreiras, mesas e cadeiras, guardasóis, aparelhos de exercícios físicos, paraciclos ou
outros elementos de mobiliário, com função de recreação ou de manifestações artísticas.
[Art. 2º do decreto n° 55.045/14]
A proposta para a Vila Madalena é a implantação de Parklets inicialmente nas ruas
Aspicuelta e Fildalga, áreas que concentram uso misto com atividades ao longo do dia e da noite e com
largura de leito suficiente para fazer este tipo de prolongamento. Entretanto, tais equipamentos podem ser
replicados pelo bairro e pela cidade toda, como já vem acontecendo na cidade deste a aprovação do
decreto, como se pode observar nas imagens da pagina a seguir. .
De acordo com o “Manual Operacional para Implantar um Parklet em São Paulo”,
desenvolvido pela Prefeitura Municipal de São Paulo, os parklets devem ocupar a área de duas vagas
para veículo, adotando uma distância de no mínimo 15 metros da esquina e mantendo como dimensões
máximas 2,20 x 10,00 metros, como pode ser observado no diagrama abaixo.
Diagramas ilustrativos para implementação de Parklets ocupando uma vaga de veículo.
Disponivel em: http://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/manual-de-implementacao-parklets/
Consultado em outubro de 2014.
Requalificação urbana na Vila Madalena: Cronourbanismo em um bairro multitemporal e multiespacial 83
Parklet localizado na Rua Padre João Manoel, 47 – próximo à
Avenida Paulista.
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/saopaulo/2014/09/1518236-
conheca-os-parklets-minipracas-instaladas-em-vagas-de-carros.shtml
Consultado em outubro de 2.014.
Parklet localizado na Rua Coronel Oscar Porto, 630 – no bairro da
Vila Mariana.
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/saopaulo/2014/09/1518236-
conheca-os-parklets-minipracas-instaladas-em-vagas-de-carros.shtml
Consultado em outubro de 2.014.
Parklet localizado na Rua Fidalga na Vila Madalena por iniciativa
privada, mostrando que é possível a mobilização do comércio local.
Fonte: https://catracalivre.com.br/arquitetura/indicacao/na-vila-madalena-
rua-fidalga-ganha-parklet-sp-contara-com-30-ate-o-fim-do-ano
Consultado em outubro de 2.014.
Diagrama de implantação de parklet
Notam-se nesta imagem a síntese dos objetivos na implementação de
equipamentos como os parklets, que são a ampliação da oferta de espaços
públicos, a promoção de convivência nas ruas, o estímulo aos transportes
não motorizados e a criação de novos cenários para as ruas da cidade.
Disponivel em: http://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/manual-de-
implementacao-parklets/
Consultado em outubro de 2014.
Requalificação urbana na Vila Madalena: Cronourbanismo em um bairro multitemporal e multiespacial 84
Situação 05 – Readequação da declividade das calçadas com degraus
Situação atual em trecho da Rua Aspicuelta
Situação proposta em trecho da Rua AspicueltaA ) Faixa Livre com declividade continua / B) Ladders para retardo no escoamento das águas da chuva / C) = Faixa de serviços
Requalificação urbana na Vila Madalena: Cronourbanismo em um bairro multitemporal e multiespacial 85
Situação atual em trecho da Rua Girassol
Situação proposta em trecho da Rua GirassolCalçada com declividade continua, com demarcação que respeite a faixa livre e de serviços.
Detalhe de sinalização em faixas elevadas a serem replicadas pelo recorte na Vila Madalena.
Fonte: CONATRAN. Resolução Nº495, 5 de junho de 2014 (p. 8).
Disponível em http://www.denatran.gov.br/download/resolucoes/resolucao4952014.pdf
.Requalificação urbana na Vila Madalena: Cronourbanismo em um bairro multitemporal e multiespacial 86
9.3.3. Faixas de pedestres elevadas
As faixas de pedestres elevadas são um modelo a ser replicado pela área
estudada visando melhorar o caminhar do pedestres e diminuir a velocidade dos carros,
trazendo maior segurança aos transportes sustentáveis.
Este modelo teve como base a Resolução N° 495 , DE 5 DE JUNHO DE
2014, desenvolvida pelo Conselho Nacional de Trânsito (CONATRAN) e apresentada no
Código de Trânsito Brasileiro, no qual estabelece os padrões e critérios para a instalação de
faixa elevada para travessia de pedestres em vias públicas,
Foram consideradas para efeito de inclinação de rampas a altura máxima
de calçadas de 15 cm uma inclinação de 10%. Como largura máxima da faixa de pedestre a
Resolução Nº 495 fixa 7 metros, sendo que a sinalização de faixas deva ser de no mínimo 4
metros. Para este projeto, dada a convergência em alguns pontos das faixas de pedestres e
de ciclistas, fixa fixada uma largura de 5 metros de plataforma, podendo ser prolongada em
trechos de convergência de sistemas, onde se chegará a tal largura máxima fixada pelo
CONATRAN. Tais regras podem ser melhor observadas no corte abaixo, retirado do anexo
da Resolução Nº 495.
Dentre os critérios para instalação de faixa elevada para travessias de
pedestres em vias públicas, também encontra-se a disposição de placas de sinalização que
devem ser previstas na instalação das faixas pelo recorte estudado na Vila Madalena, além
de indicação do sentido das vias pintados no solo e a sinalização nos passeios através de
piso tátil. Também deve se prever grelhas para drenagem de água nas laterais da faixa,
como pode ser observado no desenho de situação a ser replicado.
CORTE AA - Disposições para implantação de faixas elevadas para travessia de pedestres em vias públicas.
Fonte: CONATRAN. Resolução Nº495, 5 de junho de 2014 (p. 5).
Disponível em http://www.denatran.gov.br/download/resolucoes/resolucao4952014.pdf
.
Requalificação urbana na Vila Madalena: Cronourbanismo em um bairro multitemporal e multiespacial 87
Requalificação urbana na Vila Madalena: Cronourbanismo em um bairro multitemporal e multiespacial 88
9.3.4. Requalificação da iluminação urbana
Atualmente, a situação da luz urbana na Vila Madalena é insuficiente Nas
ruas de maior fluxo, apesar de existente, a iluminância é baixa e as luminárias com
tecnologia ultrapassada, resultando em uma baixa eficiência energética e luminosa. Em ruas
de menor fluxo, como o Beco do Batman, a iluminação pública é inexistente.
Em comparação com a vocação do bairro, com usos ao longo do dia e da
noite, esse situação revela-se contraditória, já que a vida boêmia do bairro acaba prejudicada
e até inexistente em certos pontos do bairro, como nas galerias de grafite na região dos
becos.
Dado este panorama, verifica-se que um projeto de requalificação da
iluminação pública na recorte é necessário.
Para isso, há dois cenários a serem replicados pelo bairro. O primeiro se
trata da iluminação nas áreas comerciais e de circulação onde há um fluxo intenso no
período noturno com uso boêmio, no qual é necessária uma iluminação funcional para
segurança na locomoção e para o reconhecimento de faces. Já o segundo, nas obras de
arte espalhadas pelos muros do bairro, onde deve-se aplicar uma iluminação arquitetônica,
que favoreça a contemplação dos grafites, sendo necessários equipamentos com um alto
índice de reprodução de cor, e que permita a circulação de pedestres.
O cenário 01 será apresentado em trecho da Rua Aspicuelta entre as
ruas Fradique Coutinho e Fidalga , no qual é possível observar uma diversidade de situação
que podem ser resolvidas pelo bairro, dada a sobreposição de sistemas de mobilidade e
estar desta área, que apresenta Parklets, circulação de pedestres, ciclovias e circulação de
veículos. De acordo com a NBR 5101 / 1992, estabelece-se como parâmetro de iluminância
média mínima para circulação de veículos 30 lux, para circulação de pedestres 20 lux e para
circulação de bicicletas 10 lux, sendo o fator de uniformidade da luz mínimo de 0,30.
O cenário 02 será apresentado em trecho do Beco do Batman, no qual é
possível observar a iluminação nos muros, vegetação e na circulação voltada para os
pedestres. De acordo com a NBR 5101 / 1992, estabelece-se como parâmetro de iluminância
média mínima 10 lux, sendo o fator de uniformidade da luz mínimo de 0,20. Neste caso, a
disposição da luz deverá ser dada de maneira transversal por catenárias, já que os percursos
são estreitos e arborizados.
Para se elaborar o cálculo lumínotécnico destas áreas foi utilizado o
método de cálculos fotométricos, que utiliza a seguinte fórmula:
ΦT = E . S/ η . Ut
Onde:
ΦT = fluxo luminoso total (lm);
Φ1 = fluxo luminoso por luminária
E = iluminância requerida para a área (lux);
S = área a ser iluminada (m2);
η = fator de depreciação;
Ut = coeficiente de utilização.
N = ΦT / Φ1
Onde:
ΦT = fluxo luminoso total (lm);
Φ1 = fluxo luminoso por luminária
N = número de luminárias
Estes cálculos foram feitos, tomando como base as normas da NBR5101
já descritas quanto a iluminancia e coeficiente de utilização. O fator de depreciação adotado
corresponde a luminárias com índice de proteção (IP) 67. Os cálculos foram feitos em
trechos da via que podem ser replicados pelo bairro, sendo consideradas as áreas cotadas
nos desenhos a seguir. O resultado final é um fluxo luminoso mínimo por luminária em cada
ambiente, que deve ser escolhida buscando sistemas eficientes, ou seja, com um baixa
consumo (W) para o fluxo adequado (lumens). As sugestões de luminárias encontram-se no
capítulo 9.5 Equipamentos Públicos – luminárias, na pagina 94.
Requalificação urbana na Vila Madalena: Cronourbanismo em um bairro multitemporal e multiespacial 89
Cálculo de fluxo luminoso
para áreas de circulação de
veículos
ΦT = 30 . (29 . 8)/ 0,90 . 0,30
ΦT = 6960 / 0,27
ΦT = 25 778 lm
3 = ΦT / Φ1
3 = 25778 / Φ1
Φ1 = 8592 lm (mínimo)
Cálculo de fluxo luminoso
para áreas de circulação de
pedestres
ΦT = 20 (29 . 2,80) / 0,90 . 0,30
ΦT = 1682 / 0,27
ΦT = 6030
N = ΦT / Φ1
3 = 6030 / Φ1
Φ1 = 2010 lm (mínimo)
Cálculo de fluxo luminoso
para áreas de circulação de
ciclistas
ΦT = 10 (29 . 3) / 0,90 . 0,30
ΦT = 870 / 0,27
ΦT = 3222
N = ΦT / Φ1
3 = 3222 / Φ1
Φ1 = 1024 lm (mínimo)
Requalificação urbana na Vila Madalena: Cronourbanismo em um bairro multitemporal e multiespacial 90
Cálculo de fluxo luminoso para
áreas de circulação de pedestres
ΦT = 10 (147) / 0,90 . 0,20
ΦT = 1470 / 0,27
ΦT = 5445
N = ΦT / Φ1
12 = 5445 / Φ1
Φ1 = 453,75 lm (mínimo)
Requalificação urbana na Vila Madalena: Cronourbanismo em um bairro multitemporal e multiespacial 91
9.4) Drenagem no bairro
Como pode ser observado no diagnóstico levantado neste trabalho, o
problema da drenagem na Vila Madalena se deve a situação topográfica do bairro e a existência
do córrego Rio Verde que corta a região, o que, potencializado pela falta de áreas verdes e
superfícies permeáveis nas quadras, resulta em pontos de enchente e fortes correntezas em
dias de chuva.
Para solucionar tal problemática, deve-se adotar métodos com a finalidade de
armazenar, absorver, retardar e conduzir as águas pluviais.
águas às áreas mais baixas e evitando a concentração destes e as enchentes na região. Os
ladders podem ser melhor observados na perspectiva na página 85, com a situação 05 que
corresponde a requalificação das calçadas em áreas com inclinações acentuadas, por onde
eles devem ser implantados. Na página a seguir, nota-se a situação destes em planta e a
disposição nas calçadas detalhadamente.
• Armazenar: Como já pode ser observado no item 9.3.1 Parques Lineares - detalhe 02, a
partir da abertura de trecho do Córrego Rio Verde e aumento de suas margens com a
desapropriação de edificações em faixa de 15 metros, propõe-se o armazenamento de
parte das águas pluviais, buscando conduzi-las ao seu destino final, Rio Pinheiros.• Conduzir: O destino das águas pluviais e
fluviais na Vila Madalena é o Rio
Pinheiros, para isso, é necessário criar
canaletas que auxiliem no trajeto em
direção a este ponto, fazendo com que as
águas não fiquem dispersas pelo bairro e
evitando os pontos de alagamento. Para
isso, propõe-se sarjetas que induzam a
este percurso, quando somadas ao
sistema de ladders já proposto para esta
requalificação. Este percurso pode ser
observado na implantação a seguir. É
importante ressaltar que estas propostas
devem ser replicadas pela subprefeitura
de Pinheiros, que possui situação similar
ao bairro da Vila Madalena.
• Retardar: Atualmente, devido a situação
topográfica da Vila Madalena, a vazão da
água das chuvas acontece com uma alta
velocidade, gerando correntezas que
resultam em grandes prejuízos para os
frequentadores da região. Visando
diminuir a velocidade dessa vazão da
água, propõe-se ladders (degraus),
retardando o tempo de chegada das
Canaletas para condução das águas pluviais
Canaletas para condução das águas pluviais
(externas ao recorte)
Áreas com ladders
Requalificação urbana na Vila Madalena: Cronourbanismo em um bairro multitemporal e multiespacial 92
Absorver
A potencialização da absorção das águas é dada pela criação do
Parque Linear Rio Verde, delimitado no item 9.3.1, além da implantação de
pavimentos drenantes, como pode ser observado no item 9.3.2, “Requalificação das
Calçadas”. A abertura de vias pedonais também com pavimentos permeáveis,
aumenta a superfície de infiltração, melhorando a absorção das águas pluviais.
Além disso, as atuais bocas de lobo serão substituídas por grelhas ou “bocas de
leão”, que possuem maior superfície de vazão, tem uma vida útil mais longa sem
manutenções e dificultam o entupimento quando comparadas as convencionais.
Sala compartilhada do Coworking B4i-HUB - SP
Imagem disponível em http://www.b4i.com.br/
Requalificação urbana na Vila Madalena: Cronourbanismo em um bairro multitemporal e multiespacial 93
9.5) Equipamentos Públicos
9.5.1. Coworkings
Buscando atender a demanda da Vila Madalena por espaços de trabalho de
caráter público e compartilhado, e estender as conversas das mesas dos bares para espaços
com vocação coorporativa, sem deixar de lado o ambiente de troca de ideias, é proposto para a
área de estudo a implantação de coworkings, que são espaços para compartilhar experiências
profissionais e desenvolver o trabalho cotidiano em um espaço físico com este vocação.
Estes equipamentos tem como programa espaços de reuniões, pequenos
auditórios, áreas com wi-fi e estações de trabalho. Podem ser geridos por iniciativa pública ou
privada, visando o lucro a partir da locação das estações de trabalho rotativas ou não, e já
estão sendo implantados em diversos países no mundo.
A intenção também é estimular a circulação pedonal ou por ciclovias pelo
bairro, fazendo com que aqueles que moram nas zonas residenciais próximas à área de estudo,
se desloquem para estes equipamentos, deixando os home offices em busca de lugares onde
hajam relação interpessoal. Também foi considerada a vocação do bairro para a implantação de
escritórios e edifícios coorporativos, que, por vezes em pequenas salas não contam com
espaços de reuniões. Assim, estes usuários contarão com estes equipamentos em raios de até
250 metros.
Além da facilidade de acesso aos coworkings a pé ou de bicicleta, eles
também podem ser acessados por transporte público através da linha circular local ou por
transporte individual, deixando o veículo em um dos bolsões de estacionamento.
Assim como no caso da requalificação de calçadas e implantação de parklets
(espaços de convívio e ativação da circulação de pedestres), esta proposta é uma sugestão de
soluções que podem ser replicadas pelo bairro e pela cidade.
Sala de reuniões do Coworking Link2U - SP
Imagem disponível em http://www.link2u.com.br/
Cozinha e sala compartilhada do Coworking Lab e Factory - SP
Imagem disponível em http://www.labfactorysp.com/
Jardim do Coworking Space242 - SP
Imagem disponível em http://www.space242.com.br
SUGESTÃO DE LOCAL DE IMPLANTAÇÃO DOS COWORKINGS
Requalificação urbana na Vila Madalena: Cronourbanismo em um bairro multitemporal e multiespacial 94
9.5.2. Mobiliário Urbano
Equipamento e localização
Fonte e fornecedor
Imagem do
equipamento
Descrição
Características técnicas
Bancos metálicos sem
encosto
Localização: Calçadões,
parklets e parques lineares
DIEMMEBI Urban Time
http://www.diemmebi.com
Banco metálico sem encosto,
disponível em diversas cores e
módulos, retos ou em curva.
Obs.: A ausência de encosto
favorece diferentes interações se
sentando voltado às edificações
ou à circulação.
Mesas metálicas para
espaços públicos
Localização: Calçadões,
parklets e parques lineares
DIEMMEBI Urban Time
http://www.diemmebi.com
Mesa metálica com bancos com
ou sem encosto, disponível em
diversas cores.
Obs.: Cores criam a atmosfera do
bairro e mesas podem ser
também grafitadas pelos artistas
locais.
Espreguiçadeiras metálicas
Localização: Parques lineares
e praças
DIEMMEBI Urban Time
http://www.diemmebi.com
Espreguiçadeira metálica
disponível em diversas cores.
Cadeira ergonômica, ideal para
leitura e banhos de sol ao ar livre.
Pode ser colocada em áreas
verdes e ajardinadas.
Bicicletário (Bikes Sampa)
Localização: Ao longo de
ciclovias.
Inciativa Privada: Bancos
como Itaú e Bradesco
http://www.mobilicidade.co
m.br/bikesampa.asp
Estações inteligentes, conectadas
a central de operações wifi e
alimentadas por energia solar. Os
clientes cadastrados podem retirar
a bicicleta e devolvê-la na mesma,
ou em outra Estação.
Equipamento e localização
Fonte e fornecedor
Imagem do
equipamento
Descrição
Características técnicas
Bicicletário Público
Localização: Ao longo de
ciclovias junto aos parklets
Z-Black – Cover Bike
http://www.archello.com/en
/product/cover-bike
Feito de bicicletas recicladas, o
suporte comporta até oito
veículos. Possui proteção contra o
sol e é iluminado para as cenas
noturnas a partir de lâmpadas de
LED alimentadas por energia solar.
Canaletas de elevação de
bicicletas
Localização: Escadarias
Fonte: Ciclovia marginal
Pinheiros Ponte Estaiada
Canaletas dispostas nas laterais da
escadaria do Percurso 01 da
ciclovia proposta e detalhada no
item correspondente.
Lixeira com cuba de concreto
subterrâneo¹
Localização: Todas as
quadras, a cada 200 metros.
SOTKON: Coleta Moderna
http://www.sotkon.com/pt
Acoplada a um reservatório
subterrâneo, recebe dejetos
domiciliares e de pedestres, ela
reduz os investimentos em
transporte, pois não obriga as
visitas diárias de caminhões de lixo
aos locais de coleta
¹Guia do sistema de coleta*
Requalificação urbana na Vila Madalena: Cronourbanismo em um bairro multitemporal e multiespacial 95
9.5.3. Luminárias
Equipamento e
localização
Fonte e fornecedor
Imagem
do equipamento
Descrição
Características técnicas
Grelha Boca de Leão
Padrão PMSP
Localização: Calçadas em
substituição a bocas de
lobo. Em sequencia de no
máximo 3 unidades (não
ultrapassando 3 metros) e
retomada conforme
detalhe em item referente
a drenagem.
FUMINAS
http://www.fuminas.com.b
r
GR135 para bueiros de
capitação de águas de chuva,
evitando a entrada de grandes
objetos, e assim inundações.
Seguindo padrões estabelecidos
pela Prefeitura Municipal de São
Paulo, em ferro fundido nodular
Fe 50007, com resistência CL
C250 articulada e simples e
fechamento por encaixe e pino
anti-furto
Paradas de Ônibus
Padrão High Tech proposto
pela PMSP para Centros
Urbanos, já implantado em
alguns pontos da Avenida
Paulista e Berrine.
Localização: Junto às baias
de ônibus detalhadas na
pagina 62.
Criado pelo designer Guto
Índio da Costa.
Modelos disponíveis em
http://arktetonix.com.br
Ponto de ônibus proposto pela
Prefeitura Municipal de São
Paulo para implantação junto a
consórcios privados, com áreas
destinadas à publicidade.
Os equipamentos possuem
proteção ao sol, iluminação para
noite acoplada, banco para os
usuários, além de painel
eletrônico com horário dos
ônibus e itinerários.
Equipamento e localização
Fonte e fornecedor
Imagem
do equipamento
Descrição
Características técnicas
Luminária para áreas de
circulação de veículos
Localização: Cenário 01 com
altura de instalação igual a 8
metros.
Cálculo do fluxo luminoso
(lm) na página 89)
Schreder – Luminária a LED
77W - LENSOFLEX2 Confort
http://www.schreder.com/
Luminária LENSOFLEX 2 Midi, linha
Confort, com 48 LEDs ,
Temperatura de Cor de 4.000K
(branco neutro), Potência de 77W
e Fluxo Luminoso de 9500 lumens
estimado para corrente de 500mA.
Possui dimming interno para
controle de iluminação ao longo
da tarde e noite, gerando
economia energética e fluxo
adequado. Dimensões: 677 x 276 x
87 mm Em corpo de alumínio com
IP66
Luminária para áreas de
circulação de pedestres e
ciclistas
Localização: Cenário 01 com
altura de instalação igual a 4
metros.
Cálculo do fluxo luminoso
(lm) na página 89)
Schreder – Luminária a LED
26W - LENSOFLEX2 Confort
http://www.schreder.com/
Obs.: Acima do fluxo
estimado pois tecnologia LED
gera altos fluxos.
Luminária LENSOFLEX 2 Mni, linha
Confort, com 16 LEDs ,
Temperatura de Cor de 4.000K
(branco neutro), Potência de 26W
e Fluxo Luminoso de 3100 lumens
estimado para corrente de 500mA.
Possui dimming interno para
controle de iluminação ao longo
da tarde e noite, gerando
economia energética e fluxo
adequado.
Dimensões: 585 x 276 x 87 mm
Em corpo de alumínio com IP66
Requalificação urbana na Vila Madalena: Cronourbanismo em um bairro multitemporal e multiespacial 96
9.5.4. Pavimentos
Equipamento e
localização
Fonte e fornecedor
Imagem
do equipamento
Descrição
Características técnicas
Luminária para áreas de
circulação de pedestres
Localização: Cenário 02
com altura de instalação
igual a 4 metros em
catenárias.
Cálculo do fluxo luminoso
(lm) na página 90
Philips – MASTER LEDbulb
– 8W
http://www.ecat.lighting.p
hilips.com.br/
Lâmpada a ser fixada em
catenária Philips Master Bulb,
Temperatura de Cor de 3.000K
(branco neutro), Potência de
8W e Fluxo Luminoso de 600
lumens estimado para corrente
de 500mA. Vida útil de 45.000
horas. Pode ser usada com a
maioria dos dimerizadores de
ponta, aumentando ainda mais
a eficiência
Luminária Wall Washer
Localização: Cenário 02 –
Iluminação de muros
Philips - Graze MX
Powercore – high-intensity
illumination of multi-
storey façades and
surfaces
http://www.ecat.lighting.p
hilips.com.br/
Luminária Wall Washer em
corpo de alumínio com pintura
cinza, 12 lâmpadas de LED, com
driver dimerizável embutido, IP
66, Potência por módulo de
15W. Temperatura de cor de
4.000K. IRC 80.
Dimensões de cada módulo
igual a 1210 x 53 x 48 mm.
Equipamento e localização
Fonte e fornecedor
Imagem
do equipamento
Descrição
Características técnicas
Pavimento Drenante – Piso
Intertravado
Localização¹: Calçadas nas
faixas livres e nas Faixas de
pedestres elevadas.
Localização²: Calçadas nas
faixas de serviços
Localização²: Ciclovias
TECPAVI – PAVI TIJOLO
DRENANTE
http://www.tecpavi.com.br/
linhadrenante.htm
Possui alta aderência e alta
resistência ao atrito e por ser de
concreto possui um melhor
conforto térmico em relação a
superfícies asfalticas, ajudando a
combater inundações e
enchentes, permitindo a micro-
drenagem das águas pluviais.
Dimensões: 20 x 10 x 8 cm
Cor¹: Cinza Natural
Cor²: Vermelho
Cor³: Terracota
Requalificação urbana na Vila Madalena: Cronourbanismo em um bairro multitemporal e multiespacial 97
9.5.5. Vegetação Urbana
Imagem Nome e Origem Descrição
Helicônia-papagaio
Heliconia psittacorum
Árbusto nativo do Brasil. Atinge de 0,90
a 1,20 metros de altura. Com floração
alaranjada que ocorre no verão.
Arbustos baixos para separação entre
o trafego de veículos e tráfego
ciclovia. Localizada entre a faixa
ajardinada de 60 centímetros.
Algodoeiro da Praia
(Hibiscus pernambucensis)
Árvore nativa brasileira, com ocorrência
do nordeste do país até São Paulo.
Atinge 3 metros de altura e tem floração
amarela.
Árvore baixa com floração, presentes
nas praças sobre os bolsões de
estacionamento subterrâneo, nas ruas
pedonais e parque linear.
Fedegoso
(Senna macranthera)
Arvore nativa brasileira, com ocorrência
do Ceará a São Paulo. Atinge 8 metros de
altura e tem floração amarela.
Árvore alta, que garante
sombreamento e qualidade no
caminhar, localizada junto ao parklets,
ruas pedonais, parque linear e na Rua
Gonçalo Afonso, Beco do Batman.
Horta urbana cultivada na cobertura do
Shopping Eldorado, em caixotes
plásticos. Este modelo pode ser
replicado na laje dos estacionamentos
da Vila Madalena.
Hortas urbanas, conforme previsto no
Plano Diretor Estratégico aprovado
em 2.014, a serem implantadas nas
praças sobre os bolsões de
estacionamento subterrâneo.
Informações sobre árvores retiradas de http://www.vivaterra.org.br/arvores_nativas.htm#algodoeiro
Requalificação urbana na Vila Madalena: Cronourbanismo em um bairro multitemporal e multiespacial 98
9.6. Áreas de adensamento
1* Lotes com área superior a 5.000
m2 podem ter no máximo 25% de
sua testada fechada por muros
2* Os parâmetros mínimos definidos
para os lotes deverão ser aplicados
aos novos parcelamentos.
COTA MÁXIMA
DE TERRENO
POR UNIDADE
HABITACIONAL
INCENTIVOS
PARA USO
MISTO
FRUIÇÃO
PÚBLICA
AMPLIAÇÃO DO
COEFICIENTE DE
APROVEITAMENTO (CA)
FACHADA ATIVA +
PROIBIÇÃO DE MURO
CONTÍNUO*
DESINCENTIVOS
PARA GARAGENS
TAMANHO
DE LOTE
MÍNIMO
LARGURA
MÍNIMA DE
CALÇADA
TAMANHO
MÍNIMO DE
TESTADA*
Elaboração: SMDU, 2014
Diagrama com descrição dos incentivos urbanísticos para os “Eixos de Estruturação
Urbana”, afixados em uma faixa de 150 metros a partir das linhas de ônibus. Este
modelo deve ser incentivado na Vila Madalena, nas áreas propostas no mapa ao
lado, “Delimitação de áreas a adensar”, proposto neste trabalho.
Fonte: Prefeitura Municipal de São Paulo. PMSP. Plano Diretor Estratégico de São
Paulo. Disponível em
http://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/arquivos/PDE_lei_final_aprovada/
EIXOS DE ESTRUTURAÇÃO DA TRANSFORMAÇÃO URBANA
Incentivos e instrumentos de regulação para qualificação urbana
Requalificação urbana na Vila Madalena: Cronourbanismo em um bairro multitemporal e multiespacial 99
9.7. Demarcação de zonas de eventos para fechamento de vias
Delimitação de área com uso com vocação boêmia de bares e restaurantes,
o que atrai multidões em eventos como Carnaval e Copa do Mundo de Futebol.
GLOBO.COM
VILAMADALENA.COM²
PORTAL VILA MUNDO²GLOBO.COM¹
Adensamento de área com uso com vocação a bares e restaurantes e que já há um histórico em
comportar multidões, como demonstrado nas imagens ao lado, publicadas em site de
conhecimento popular.
¹ Copa do Mundo de Futebol 2014. Disponivel no portal globo.com. ² Copa do Mundo de Futebol 2014, projeções nas
fachadas dos bares. Disponível no portal vilamundo.org.br ³ Multidão no evento “Artesanato da Vila”. Disponível no
portal vilamadalena.com. Imagens consultadas em julho de 2.014.
10. Resultados
Requalificação urbana na Vila Madalena: Cronourbanismo em um bairro multitemporal e multiespacial 100
Requalificação urbana na Vila Madalena: Cronourbanismo em um bairro multitemporal e multiespacial 101
10. Resultados
GLOBO.COM
38% 62%
Pedestre Carro
100%
Pedestre
Requalificação urbana na Vila Madalena: Cronourbanismo em um bairro multitemporal e multiespacial 102
GLOBO.COM
42% 58%
Pedestre Carro
45% 18% 37%
Pedestre Ciclista Carro
Requalificação urbana na Vila Madalena: Cronourbanismo em um bairro multitemporal e multiespacial 103
GLOBO.COM
Requalificação urbana na Vila Madalena: Cronourbanismo em um bairro multitemporal e multiespacial 104
GLOBO.COM45% 55%
Pedestre Carro
38% 36% 30%
Pedestre Onibus Carro
52% 48%
Pedestre Carro
11. Anexos
Requalificação urbana na Vila Madalena: Cronourbanismo em um bairro multitemporal e multiespacial 105
10.1. Entrevista Roberta Tasseli – Portal Vila Mundo
Ao conversar com a Mayara no telefone, ela citou que a ONG Aprediz mudou um pouco seu
foco e não é mais um projeto voltado ao bairro-escola. Como este projeto funcionou na Vila
Madalena e por que ele deixou de existir?
O foco da ONG Cidade Aprendiz sempre foi a divulgação de um ensino aberto, que extrapole
os limites da escola em função do bairro. Hoje a ONG faz a divulgação de tais atitudes a partir
de plataformas, além de garantir o acesso à informações acerca da Vila Madalena.
Então qual é o foco agora do projeto aprendiz no bairro e o que ele faz pelo bairro, além do
Portal Vila Mundo? Qual o envolvimento destes programas com a educação, a comunidade e o
bairro?
Hoje o aprendiz colabora com iniciativas de implantação do bairro escola pelo Brasil, como
aconteceu na prefeitura de Belo Horizonte e do Rio de Janeiro, mas não é mais uma voz ativa
em São Paulo, apenas se for convocada pela prefeitura ou governo.
No site do Vila Mundo diz que sua missão é “valorizar e potencializar elementos que refletem a
riqueza cultural do bairro”. Quais são as iniciativas que o “Vila Mundo” estabelece para que
estes elementos sejam potencializados?
O Vila Mundo colabora com as iniciativas de moradores e frequentadores, com participação
ativa nestas ações, como, por exemplo, a elaboração do plano de bairro participativo. Neste
sábado (29/03), haverá uma ação de revitalização da Praça Belmiro Braga, também chamada
de praça do aprendiz, que era mantida pela ONG até pouco tempo. Abrimos esta praça para
uma contribuição conjunta das pessoas que estão no bairro, sendo discutido o que cada um
quer para um espaço que é de todos.
Entrando um pouco mais na temática do Plano de Bairro, qual é o nível de envolvimento do
Vila Mundo e da ONG Aprendiz com o Plano de Bairro da Vila Madalena?
Acompanhamos os debates públicos desde o inicio do plano de bairro, quando a Idea Zarvos
pediu para que intermediássemos o debate e convocássemos os moradores do bairro. A partir
de então fizemos esta mediação e fomos voz ativa neste processo, mesmo após a Zarvos se
afastar para amenizar os debates...
Qual é o status desse plano de bairro em nível publico? Ainda estão havendo debates
públicos ou isto já está encerrado? Qual a previsão de uma publicação oficial deste plano?
O plano está parado, estamos aguardando a revisão do plano diretor estratégico ser publicada
para darmos continuidade. Vimos que podíamos propor algo que não entraria dentro das
premissas desta lei e decidimos dar uma pausa.
Qual é a relação com a ong tem com a Idea Zarvos? Como as intervenções que a
incorporadora vem fazendo no bairro são encaradas pela comunidade local?
Foi a Idea Zarvos que idealizou o plano e o único documento existente (aquele que te enviei)
foi feito pelo escritório contratado por eles. A população não viu bem a participação da Zarvos
no plano, mas eles – dentre todas as construtoras que estão no bairro – foi a única que quis
estabelecer ao menos um dialogo com a população. Mas eles tiveram que parar de participar
dos debates públicos após a terceira reunião, pois não havia como estabelecer diálogo,
queriam apenas demonizar a zarvos...
Vi que no portal vila mundo há uma matéria sobre o historiador e publicitário Eduardo, que tem
fotos de mesmas cenas na Vila Madalena, em diferentes períodos da história do bairro. Vocês
tem algum material dele? Há algum meio de contato com o fotografo? Ele é acessível?
Tem várias pessoas que fazem o mesmo tipo de trabalho na Vila Madalena, posso te passar o
contato.
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10.2. Entrevista pesquisa de campo + Resultados
Requalificação urbana na Vila Madalena: Cronourbanismo em um bairro multitemporal e multiespacial 107
10.2. Entrevista pesquisa de campo + Resultados
Requalificação urbana na Vila Madalena: Cronourbanismo em um bairro multitemporal e multiespacial 108
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12. Referências Bibliográficas
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Livros
• GEHL, Jan. “Cidade para pessoas”. São Paulo: Perspectiva, 2013. 263 p.
• GODOY, Plinio, CANDURA, Paulo. Iluminação Urbana: Conceitos e Análises de Casos. São
Paulo: VJ Marketing Institucional Ltda, 2009.
• SALGADO, Elizabeth. SALGADO, Francisco. “Plano de bairro: no limite do seu bairro, uma
experiência sem limites”. São Paulo: Edição do autor.
• SQUEFF, Ênio. “Vila Madalena: Crônica Histórica e Sentimental”. São Paulo: Boitempo;
Editorial.
Publicações
• BOND, Davis Brody. Estudos preliminares do projeto “Ideias para um desenvolvimento
sustentável da Vila”.
Disponivel em http://issu.com/vilamundo/docs/plano-de-bairro. Consultado em março
de 2014
• DANTAS, Vanessa Pinheiro. Vila Madalena: Imagens e representações de um bairro
paulistano. São Paulo: Universidade Anhembi Morumbi. 159 p.
Matérias / periódicos
• SIQUEIRA, Mariana. Prospect Park West, 1st e 2nd Avenues. Revista AU. São Paulo: Editora
PINI. P. 35 a 39. Fevereiro de 2.012.
Documentos Oficiais, leis e normas
• ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR5101: Iluminação Pública,
Procedimentos. Rio de Janeiro, 1992.
• CONATRAN. Resolução Nº495 / 2014 – Diretrizes para implantação de faixas de pedestres
elevadas.
Disponível em http://www.denatran.gov.br/download/resolucoes/resolucao4952014.pdf
Consultado em outubro de 2014
• Dimensionamento de baias de ônibus e micro-ônibus e imensionamento e inclinações de
ciclovias.
Disponível em
http://www.sinaldetransito.com.br/normas/Manual_Projeto_Geometrico_DNIT.pdf
Consultado em setembro de 2014
• IBGE – Censo Demográfico 2010
Disponivel em http://www.ibge.com.br. Consultado em março de 2014.
• EMPLASA. Mapas de expansão da área urbanizada da região metropolitano de São Paulo,
2002 / 2003. Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano – EMPLASA. Adaptação:
Secretaria Municipal de Planejamento – SEMPLA / Dipro.
Disponível em http://smdu.prefeitura.sp.gov.br/historico_demografico/. Consultado em
março de 2014
• PLANO Regional Estratégico da Subprefeitura de Pinheiros
Disponivel em http://subprefeitura.sp.gov.br/subprefeituras/pinheiros . Consultado em
março de 2014.
• PLANO SP2040.
Disponível em http://www.habisp.inf.br/theke/documentos/outros/sp2040-
acidadequequeremos. Consultado em abril de 2014.
• Prefeitura Municipal de São Paulo - Especificações técnicas de calçadas
Disponível em
http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/subprefeituras/calcadas/index.php?p
=37136
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• Prefeitura Municipal de São Paulo. Manual de Arborização Urbana da Cidade de São Paulo.
Disponível em
http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/manual_arborizacao_1253202
256.pdf. Consultado em outubro / 2014
• Prefeitura do Municipio de São Paulo - Guia para implantação de Parklets no município de São
Paulo
Disponível em http://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/wp-
content/uploads/2014/04/MANUAL_PARKLET_SP.pdf. Consultado em outubro de
2014.
• TERMO de referência do Plano Permenor de Reabilitação do Bairro Alto e Bica.
Disponível em http://www.cm-lisboa.pt/viver/urbanismo/planeamento-urbano/planos-
com-termos-de-referencia-aprovados/. Consultado em maio de 2014
Sites
• GEOPORTAL. Fotos aéreas de São Paulo 1958 / 2008
Disponivel em http://www.geoportal.com.br. Consultado em março de 2014
• PORTAL Vila Mundo.
http://vilamundo.org.br.
• SEMINÁRIO da noite paulistana.
Informações sobre o evento disponíveis em
http://www.colaboratorio.art.br/seminariodanoite
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