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RESPONSABILIDADE DOS AGENTES PÚBLICOS EM
PROCESSO DE LICITAÇÃO PÚBLICA E CONTRATO
ADMINISTRATIVO
Prof. Dr. Joel de Menezes Niebuhr
INSEGURANÇA JURÍDICA
- legislação
- excessos e subjetividade do controle
- planejamento deficiente e interferência política
- desconfiança em relação aos agentes públicos e moralismo
COMISSÃO DE LICITAÇÃO E PREGOEIRO
Lei nº 8.666/93
Art. 6o Para os fins desta Lei, considera-se:
XVI - Comissão - comissão, permanente ou especial, criada
pela Administração com a função de receber, examinar e julgar
todos os documentos e procedimentos relativos às licitações e
ao cadastramento de licitantes.
Lei nº 10.520/02
Art. 3º A fase preparatória do pregão observará o seguinte:
I - a autoridade competente justificará a necessidade de
contratação e definirá o objeto do certame, as exigências de
habilitação, os critérios de aceitação das propostas, as sanções
por inadimplemento e as cláusulas do contrato, inclusive com
fixação dos prazos para fornecimento;
IV - a autoridade competente designará, dentre os servidores
do órgão ou entidade promotora da licitação, o pregoeiro e
respectiva equipe de apoio, cuja atribuição inclui, dentre outras,
o recebimento das propostas e lances, a análise de sua
aceitabilidade e sua classificação, bem como a habilitação e a
adjudicação do objeto do certame ao licitante vencedor.
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Relatório
32. Não entendemos que uma comissão permanente de
licitação - que normalmente licita desde parafusos até
computadores de última geração - tenha a obrigação de
conhecer, a fundo, cada item licitado. Por esse motivo,
concluímos que os membros da CPL não podem ser apenados
(neste particular) por confiar na especificação do objeto,
realizado pelas autoridades superiores da Fundação, e que
contava com o aval da assessoria jurídica.
(Tribunal de Contas da União, Acórdão 687/2007, Relator(a):
Augusto Nardes, Órgão Julgador: Plenário, Sessão:
25/04/2007)
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
REPRESENTAÇÃO. LICITAÇÃO. VEDAÇÃO DE EXIGÊNCIA
DE DOCUMENTOS E INFORMAÇÕES JÁ CONSTANTES DO
SICAF. RESPONSABILIDADE DE PREGOEIRO PELAS
EXIGÊNCIAS DO EDITAL. FIXAÇÃO DE PRAZO PARA
ADOÇÃO DE PROVIDÊNCIAS.
(...)
2. O pregoeiro não pode ser responsabilizado por
irregularidade em edital de licitação, já que sua elaboração
não se insere no rol de competências que lhe foram
legalmente atribuídas.
(Tribunal de Contas da União, Acórdão 2389/2006, Relator(a):
Ubiratan Aguiar, Órgão Julgador: Plenário, Sessão: 06/12/2006)
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Analisando as peças constitutivas dos autos, a relatora
consignou a inexistência de qualquer comprovação de coerção
por superiores hierárquicos, descaracterizando, assim, possível
excludente de culpabilidade. Ademais, no que respeita às
alegações da ex-presidente da comissão, registrou que “todos
os vícios inerentes aos procedimentos adotados na licitação,
incluindo a escolha inadequada da modalidade licitatória e a
inobservância da apresentação, pelos licitantes, de
documentos exigidos para participação dos certames, lhes são
imputáveis”
(TCU, Acórdão 65/2014-Plenário, TC 010.514/2008-2, relatora
Ministra Ana Arraes, 22.1.2014.)
PREGOEIRO E COMISSÃO
- Ressalvar suas posições por escrito, inclusive quanto ao
edital;
- Requerer parecer jurídico sobre aspectos controvertidos;
- Motivar suas decisões;
- Não se apegar a formalismos excessivos, atuando em prol da
competitividade e da obtenção da proposta mais vantajosa.
FISCAL DO CONTRATO
Lei nº 8.666/93
Art. 67. A execução do contrato deverá ser acompanhada e
fiscalizada por um representante da Administração
especialmente designado, permitida a contratação de terceiros
para assisti-lo e subsidiá-lo de informações pertinentes a essa
atribuição.
§ 1o O representante da Administração anotará em registro
próprio todas as ocorrências relacionadas com a execução do
contrato, determinando o que for necessário à regularização
das faltas ou defeitos observados.
§ 2o As decisões e providências que ultrapassarem a
competência do representante deverão ser solicitadas a seus
superiores em tempo hábil para a adoção das medidas
convenientes.
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
5.7.7. O servidor designado para exercer o encargo de
fiscal não pode oferecer recusa, porquanto não se trata de
ordem ilegal. Entretanto, tem a opção de expor ao superior
hierárquico as deficiências e limitações que possam
impedi-lo de cumprir diligentemente suas obrigações. A
opção que não se aceita é uma atuação a esmo (com
imprudência, negligência, omissão, ausência de cautela e de
zelo profissional), sob pena de configurar grave infração à
norma legal (itens 31/3 do voto do Acórdão nº 468/2007-P).
(TCU, Acórdão nº 2.917/2010, Plenário, Rel. Valmir Campelo,
Data: 09/11/2010)
FISCAL DO CONTRATO
- Ato de designação que limite sua competência;
- Especializar e dividir a fiscalização;
- Reduzir tudo a termo, com a assinatura do preposto;
- Comunicar todas as ocorrências à autoridade superior,
também por escrito e com protocolo;
- Não tomar providências e decisões estranhas a sua
competência;
- Não permitir a execução diferente do contratado até que se
formalize termo aditivo;
ASSESSORIA JURÍDICA
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Acórdão nº 206/2007 – Plenário
Voto
8. Quanto ao segundo argumento, que diz respeito ao fato de
ter agido com respaldo em pareceres técnicos elaborados por
engenheiros da área de engenharia portuária e por pareceres
jurídicos elaborados pela procuradoria do órgão, cabendo a ele
apenas agir como agente operador, cabe consignar que o
argumento invocado não tem força para impor ao administrador
a prática de um ato manifestamente irregular, uma vez que a
este cabe, em última instância, decidir sobre a conveniência e
oportunidade de praticar atos administrativos, principalmente os
concernentes a contratações, que vão gerar pagamentos.
9. O fato de o administrador seguir pareceres técnicos e
jurídicos não o torna imune à censura do Tribunal. Esta Corte
evoluiu o seu posicionamento no sentido de que tal
entendimento somente pode ser admitido a partir da análise de
cada caso, isto é, deve-se verificar se o parecer está
devidamente fundamentado, se defende tese aceitável e se
está alicerçado em lição de doutrina ou de jurisprudência.
Presentes tais condições, não há como responsabilizar os
técnicos e os advogados, nem, em conseqüência, a autoridade
que se baseou em seu parecer.
10. Ao contrário, se o parecer não atende a tais requisitos, e a
lei o considerar imprescindível para a validade do ato, como é o
caso do exame e aprovação das minutas de editais e contratos,
acordos, convênios ou ajustes, os advogados ou os técnicos
deverão responder solidariamente com o gestor público que
praticou o ato irregular, mas em hipótese alguma será afastada
a responsabilidade pessoal do gestor, razão pela qual não
assiste razão ao recorrente em relação a tal argumento.
(Relator: Aroldo Cedraz; Data do Julgamento: 28/02/2007)
ASSESSOR JURÍDICO
- Fundamentar os seus pareceres em doutrina e jurisprudência;
- Conhecer o posicionamento do Tribunal de Contas a que está
sujeito e referi-lo expressamente no parecer;
- Ressalvar expressamente os aspectos eminentemente
técnicos (não jurídicos);
- Requerer justificativas e explicações sobre os aspectos
técnicos que influem nas razões jurídicas.
AUTORIDADE COMPETENTE
- Investir na capacitação da sua equipe (comissão, pregoeiro,
técnicos, advogados e fiscais);
- Exigir pareceres bem fundamentados;
- Ter bom conhecimento sobre licitações e contratos;
- Planejamento e antecedência;
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Nas hipóteses de alterações contratuais consensuais,
qualitativas e excepcionalíssimas de contratos de obras e
serviços, é facultado à Administração ultrapassar os limites
aludidos no item anterior [§§ 1º e 2º do art. 65 da Lei nº
8.666/93], observados os princípios da finalidade, da
razoabilidade e da proporcionalidade, além dos direitos
patrimoniais do contratante privado, desde que satisfeitos
cumulativamente os seguintes pressupostos:
I - não acarretar para a Administração encargos contratuais
superiores aos oriundos de uma eventual rescisão contratual
por razões de interesse público, acrescidos aos custos da
elaboração de um novo procedimento licitatório;
II - não possibilitar a inexecução contratual, à vista do nível de
capacidade técnica e econômico-financeira do contratado;
III - decorrer de fatos supervenientes que impliquem em
dificuldades não previstas ou imprevisíveis por ocasião da
contratação inicial;
IV - não ocasionar a transfiguração do objeto originalmente
contratado em outro de natureza e propósito diversos;
V - ser necessárias à completa execução do objeto original do
contrato, à otimização do cronograma de execução e à
antecipação dos benefícios sociais e econômicos decorrentes;
VI - demonstrar-se – na motivação do ato que autorizar o
aditamento contratual que extrapole os limites legais
mencionados na alínea "a", supra – que as consequências da
outra alternativa (a rescisão contratual, seguida de nova
licitação e contratação) importam sacrifício insuportável ao
interesse público primário (interesse coletivo) a ser atendido
pela obra ou serviço, ou seja gravíssimas a esse interesse;
inclusive quanto à sua urgência e emergência. (Tribunal de
Contas da União, Decisão nº 215/99.)
Lei nº 8.666/93
Art. 57 (...) § 1o Os prazos de início de etapas de execução,
de conclusão e de entrega admitem prorrogação, mantidas as
demais cláusulas do contrato e assegurada a manutenção de
seu equilíbrio econômico-financeiro, desde que ocorra algum
dos seguintes motivos, devidamente autuados em processo:
I - alteração do projeto ou especificações, pela Administração;
II - superveniência de fato excepcional ou imprevisível,
estranho à vontade das partes, que altere fundamentalmente
as condições de execução do contrato;
III - interrupção da execução do contrato ou diminuição do ritmo
de trabalho por ordem e no interesse da Administração;
IV - aumento das quantidades inicialmente previstas no
contrato, nos limites permitidos por esta Lei;
V - impedimento de execução do contrato por fato ou ato de
terceiro reconhecido pela Administração em documento
contemporâneo à sua ocorrência;
VI - omissão ou atraso de providências a cargo da
Administração, inclusive quanto aos pagamentos previstos de
que resulte, diretamente, impedimento ou retardamento na
execução do contrato, sem prejuízo das sanções legais
aplicáveis aos responsáveis.
Lei nº 8.666/93
Art. 79 (...) § 5o Ocorrendo impedimento, paralisação ou
sustação do contrato, o cronograma de execução será
prorrogado automaticamente por igual tempo.
EXTINÇÃO DO CONTRATO
Extinção normal do contrato ➔ Execução do contrato
Extinção anormal do contrato
EXTINÇÃO ANORMAL DO CONTRATO
CAUSAS DE EXTINÇÃO ANTERIORES OU CONTEMPORÂNEAS À SUA
FORMAÇÃO
- Nulidade
- Condição resolutiva
- Direito de arrependimento
CAUSAS DE EXTINÇÃO SUPERVENIENTES À SUA FORMAÇÃO
- Resolução por inexecução voluntária do contrato
- Resolução por inexecução involuntária do contrato
- Resolução por onerosidade excessiva
- Resilição bilateral ou distrato
- Resilição unilateral
- Morte de um dos contratantes
Lei nº 8.666/93
Art. 79. A rescisão do contrato poderá ser:
I - determinada por ato unilateral e escrito da Administração,
nos casos enumerados nos incisos I a XII e XVII do artigo
anterior;
II - amigável, por acordo entre as partes, reduzida a termo no
processo da licitação, desde que haja conveniência para a
Administração;
III - judicial, nos termos da legislação;
APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Acórdão nº 361/2007 – Plenário
Relatório
18.2.1. No que se refere à alínea “a” deste ponto de audiência,
entendo que os responsáveis não lograram êxito em
demonstrar que houve acerto na decretação da rescisão dos
contratos com a (...).
18.2.2. Os escólios doutrinários invocados, apesar de
aventarem, seja indireta ou diretamente, a possibilidade de
capitular rescisão contratual com o concurso do disposto no art.
55, inciso XIII, com o estipulado no art. 78, inciso I da Lei
8.666/93, não contemplam especificamente que a falta de
comprovação da regularidade fiscal poderia ser subsumida em
tal capitulação.
18.2.3. Na verdade, uma leitura mas atenta e sistêmica do que
lecionam os doutrinadores a respeito da matéria conduz a uma
interpretação restritiva desses escólios, de forma que não
abarquem a hipótese de o descumprimento da condição de
habilitação recair sobre a regularidade fiscal.
(...)
18.2.5. O próprio Marçal Justen, no seguimento do trecho
colacionado pelos responsáveis, quase que textualmente exclui
a possibilidade de a não-preservação da regularidade fiscal dar
causa à rescisão:
18.2.6. Podemos perfilhar também, como argumento para
excluir a falta de comprovação da regularidade fiscal como
causa rescisória, o fato de a desconformidade contratual que
ela encerra não ser pertinente à obrigação principal do
contrato, “in casu”, prestar serviços de manutenção predial. E
essa pertinência é posta em realce pela doutrina referente à
exegese do art. 78, inciso I, como se depreende da seguinte
lição de Marçal Justen Filho:
“O inciso I alude, portanto, à hipótese de inadimplemento
absoluto. Indica a situação em que o sujeito pratica condutas
que tornam inviável a execução do contrato.
Ou seja, não são apanhados pelo inc. I todos os
comportamentos desconformes com o contrato ou com a Lei.
Se, por exemplo, o particular tinha o dever de enviar à
Administração aviso do início da execução de uma obra e
deixar de remetê-lo, isso é secundário - desde que tenha
iniciado a execução da obra. O mesmo se diga quanto a todos
deveres cujo descumprimento produz efeito sobre a própria
parte, tais como o dever de apresentar os documentos
probatórios da execução da prestação como pressuposto para
receber o pagamento.” (Comentários à Lei de Licitações e
Contratos Administrativos, 9ª edição, Editora Dialética - SP
2002, pág. 526).
LEI Nº 8.666/93
Art. 79. (...)
§ 2º Quando a rescisão ocorrer com base nos incisos XII a
XVII do artigo anterior, sem que haja culpa do contratado, será
este ressarcido dos prejuízos regularmente comprovados que
houver sofrido, tendo ainda direito a:
I - devolução de garantia;
II - pagamentos devidos pela execução do contrato até a data
da rescisão;
III - pagamento do custo da desmobilização.
Art. 80. A rescisão de que trata o inciso I do artigo anterior
acarreta as seguintes conseqüências, sem prejuízo das
sanções previstas nesta Lei:
I - assunção imediata do objeto do contrato, no estado e local
em que se encontrar, por ato próprio da Administração;
II - ocupação e utilização do local, instalações, equipamentos,
material e pessoal empregados na execução do contrato,
necessários à sua continuidade, na forma do inciso V do art. 58
desta Lei;
III - execução da garantia contratual, para ressarcimento da
Administração, e dos valores das multas e indenizações a ela
devidos;
IV - retenção dos créditos decorrentes do contrato até o limite
dos prejuízos causados à Administração.
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
EDcl no REsp nº 440.500/SP – Segunda Turma
Ementa
EMBARGOS DECLARATÓRIOS. EFEITO MODIFICATIVO.
ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL. RESCISÃO DE
CONTRATO ADMINISTRATIVO. INDENIZAÇÃO. LUCROS
CESSANTES.
1. Os lucros cessantes por descumprimento de contrato
administrativo para construção de obra pública são devidos
até o momento em que haveria extinção da obrigação em
razão do advento do termo contratual. Tal matéria encontra
regulamentação nos artigos 1.059 do Código Civil de 1616,
em razão da aplicação subsidiária de que trata o artigo 44
do Decreto-Lei n. 2.300/86.
2. Por lucros cessantes, deve-se entender o que razoavelmente
se deixou de lucrar – essa é a dicção do artigo 1.059 do Código
Civil de 1916. Todavia, isso não autoriza que tais lucros sejam
hipotéticos. Ao contrário, devem ser previsíveis já na
celebração do contrato, ou seja, são indenizáveis os lucros que
o contratante obteria com a execução direta do contrato, e não
os que seriam obtidos em decorrência de fatores diversos ou
indiretos aos efeitos do contrato.
3. Embargos declaratórios acolhidos com efeito modificativo.
(Relator: João Otávio de Noronha; Data do Julgamento:
23/10/2007)
PENALIDADES
Lei nº 8.666/93
Art. 87. Pela inexecução total ou parcial do contrato a
Administração poderá, garantida a prévia defesa, aplicar ao
contratado as seguintes sanções:
I - advertência;
II - multa, na forma prevista no instrumento convocatório ou no
contrato;
III - suspensão temporária de participação em licitação e
impedimento de contratar com a Administração, por prazo não
superior a 2 (dois) anos;
IV - declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com a
Administração Pública enquanto perdurarem os motivos
determinantes da punição ou até que seja promovida a
reabilitação perante a própria autoridade que aplicou a
penalidade, que será concedida sempre que o contratado
ressarcir a Administração pelos prejuízos resultantes e após
decorrido o prazo da sanção aplicada com base no inciso
anterior.
LEI Nº 10.520/02
Art. 7º Quem, convocado dentro do prazo de validade da sua
proposta, não celebrar o contrato, deixar de entregar ou
apresentar documentação falsa exigida para o certame, ensejar
o retardamento da execução de seu objeto, não mantiver a
proposta, falhar ou fraudar na execução do contrato,
comportar-se de modo inidôneo ou cometer fraude fiscal, ficará
impedido de licitar e contratar com a União, Estados, Distrito
Federal ou Municípios e, será descredenciado no SICAF, ou
nos sistemas de cadastramento de fornecedores a que se
refere o inciso XIV do art. 4º desta Lei, pelo prazo de até 5
(cinco) anos, sem prejuízo das multas previstas em edital e no
contrato e das demais cominações legais.
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
REsp nº 151.567/RJ – Segunda Turma
ADMINISTRATIVO – MANDADO DE SEGURANÇA –
LICITAÇÃO – SUSPENSÃO TEMPORÁRIA – DISTINÇÃO
ENTRE ADMINISTRAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA –
INEXISTÊNCIA – IMPOSSIBILIDADE DE PARTICIPAÇÃO DE
LICITAÇÃO PÚBLICA – LEGALIDADE – LEI 8.666/93, ART. 87,
INC. III.
- É irrelevante a distinção entre os termos Administração
Pública e Administração, por isso que ambas as figuras
(suspensão temporária de participar em licitação (inc. III) e
declaração de inidoneidade (inc. IV) acarretam ao licitante a
não-participação em licitações e contratações futuras.
- A Administração Pública é una, sendo descentralizadas as
suas funções, para melhor atender ao bem comum.
- A limitação dos efeitos da “suspensão de participação de
licitação” não pode ficar restrita a um órgão do poder público,
pois os efeitos do desvio de conduta que inabilita o sujeito para
contratar com a Administração se estendem a qualquer órgão
da Administração Pública.
- Recurso especial não conhecido.
(Relator: Francisco Peçanha Martins; Data do Julgamento:
25/02/2003)
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ACÓRDÃO Nº 3243/2012 – PLENÁRIO
10. Não me parece, portanto, ser a melhor exegese aquela que
busca equiparar, quanto aos seus efeitos, as sanções dispostas
no art. 87, III e IV, da Lei de Licitações e Contratos. Ora, se o
próprio legislador distinguiu tais sanções, conferindo-lhes
alcance diferenciado, certamente em função da gravidade da
conduta perpetrada pela sociedade apenada, não caberia ao
intérprete, ainda que movido pelo ímpeto moralizador,
desconsiderar tal distinção para, mediante simples esforço exegético, igualar seus efeitos.
Não se pode olvidar ainda que, à luz das melhores técnicas de
interpretação, a lei não contém palavras inúteis. Nesse
diapasão, a gravidade do ilícito praticado deve, sim, nortear a
abrangência da sanção imputada ao seu autor.
11. Por fim, gostaria de externar meu receio de que, a
prevalecer a interpretação inaugurada no Acórdão nº
2.218/2011-1ª Câmara, particulares que perpetraram condutas
não tão reprováveis a ponto de serem excluídos de
licitações/contratações junto a todos os órgãos/entidades da
Administração Pública passem a ser apenados na esfera
municipal - infelizmente mais suscetível a ingerências políticas
e a violações ao princípio do devido processo legal - com fulcro
justamente no art. 87, III, da Lei nº 8.666/93, haja vista a sua
máxima abrangência territorial.
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
Mandado de segurança. Declaração de inidoneidade. Descumprimento
de contrato administrativo. Culpa da empresa contratada.
Impossibilidade de aplicação da penalidade mais grave a
comportamento que não é o mais grave. Ressalvada a aplicação de
outra sanção pelo Poder Público.
Não é lícito ao Poder Público, diante da imprecisão da lei, aplicar os
incisos do artigo 87 sem qualquer critério. Embora não esteja o
administrador submetido ao princípio da pena específica, vigora no
Direito Administrativo o princípio da proporcionalidade. Não se
questiona, pois, a responsabilidade civil da empresa pelos danos, mas
apenas a necessidade de imposição da mais grave sanção a conduta
que, embora tenha causado grande prejuízo, não é o mais grave
comportamento.
(STJ, MS 7311/DF, Relator(a): Garcia Vieira, 1ª Seção, Julgamento:
28/08/2002)
CRITÉRIOS
- antecedentes
- boa ou má-fé
- meios utilizados
- prejuízos causados à Administração
LEI ANTICORRUPÇÃO
Lei nº 12.846/13
Art. 1o Esta Lei dispõe sobre a responsabilização objetiva
administrativa e civil de pessoas jurídicas pela prática de atos contra a
administração pública, nacional ou estrangeira.
Principais aspectos:
- Responsabilidade objetiva das pessoas jurídicas
- Penalidades rigorosas – multa de 20% do faturamento bruto (inciso I
do art. 6º), suspensão ou interdição parcial de atividades (inciso II do
art. 19), dissolução compulsória (inciso III do art. 19)
- Acordo de leniência (art. 16)
REPONSABILIDADE OBJETIVA
Lei nº 12.846/13
Art. 1o Esta Lei dispõe sobre a responsabilização objetiva
administrativa e civil de pessoas jurídicas pela prática de atos contra a
administração pública, nacional ou estrangeira.
Art. 2o As pessoas jurídicas serão responsabilizadas objetivamente,
nos âmbitos administrativo e civil, pelos atos lesivos previstos nesta Lei
praticados em seu interesse ou benefício, exclusivo ou não.
Elementos essenciais da responsabilidade civil:
ação ou omissão
culpa ou dolo
relação de causalidade
dano
Código Civil
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a
outrem, fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano,
independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou
quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano
implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.
Lei nº 12.846/13
Art. 5o Constituem atos lesivos à administração pública, nacional ou
estrangeira, para os fins desta Lei, todos aqueles praticados pelas
pessoas jurídicas mencionadas no parágrafo único do art. 1o, que
atentem contra o patrimônio público nacional ou estrangeiro, contra
princípios da administração pública ou contra os compromissos
internacionais assumidos pelo Brasil, assim definidos:
I - prometer, oferecer ou dar, direta ou indiretamente, vantagem
indevida a agente público, ou a terceira pessoa a ele relacionada;
II - comprovadamente, financiar, custear, patrocinar ou de qualquer
modo subvencionar a prática dos atos ilícitos previstos nesta Lei;
III - comprovadamente, utilizar-se de interposta pessoa física ou
jurídica para ocultar ou dissimular seus reais interesses ou a
identidade dos beneficiários dos atos praticados;
IV - no tocante a licitações e contratos:
a) frustrar ou fraudar, mediante ajuste, combinação ou qualquer outro
expediente, o caráter competitivo de procedimento licitatório público;
b) impedir, perturbar ou fraudar a realização de qualquer ato de
procedimento licitatório público;
c) afastar ou procurar afastar licitante, por meio de fraude ou
oferecimento de vantagem de qualquer tipo;
d) fraudar licitação pública ou contrato dela decorrente;
e) criar, de modo fraudulento ou irregular, pessoa jurídica para
participar de licitação pública ou celebrar contrato administrativo;
f) obter vantagem ou benefício indevido, de modo fraudulento, de
modificações ou prorrogações de contratos celebrados com a
administração pública, sem autorização em lei, no ato convocatório da
licitação pública ou nos respectivos instrumentos contratuais; ou
g) manipular ou fraudar o equilíbrio econômico-financeiro dos contratos
celebrados com a administração pública;
V - dificultar atividade de investigação ou fiscalização de órgãos,
entidades ou agentes públicos, ou intervir em sua atuação, inclusive no
âmbito das agências reguladoras e dos órgãos de fiscalização do
sistema financeiro nacional.
BDI
TCU, SÚMULA Nº 253/2010
Comprovada a inviabilidade técnico-econômica de parcelamento do
objeto da licitação, nos termos da legislação em vigor, os itens de
fornecimento de materiais e equipamentos de natureza específica que
possam ser fornecidos por empresas com especialidades próprias e
diversas e que representem percentual significativo do preço global da
obra devem apresentar incidência de taxa de Bonificação e Despesas
Indiretas - BDI reduzida em relação à taxa aplicável aos demais itens.
Lei nº 8.666/93
Art. 40. O edital conterá no preâmbulo o número de ordem em série
anual, o nome da repartição interessada e de seu setor, a modalidade,
o regime de execução e o tipo da licitação, a menção de que será
regida por esta Lei, o local, dia e hora para recebimento da
documentação e proposta, bem como para início da abertura dos
envelopes, e indicará, obrigatoriamente, o seguinte:
X - o critério de aceitabilidade dos preços unitário e global, conforme o
caso, permitida a fixação de preços máximos e vedados a fixação de
preços mínimos, critérios estatísticos ou faixas de variação em relação
a preços de referência, ressalvado o dispossto nos parágrafos 1º e
2º do art. 48;
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
5. É que as empresas de construção civil, quando adquirem bens
necessários ao desenvolvimento de sua atividade-fim, não são
contribuintes do ICMS. Consequentemente, "há de se qualificar a
construção civil como atividade de pertinência exclusiva a serviços,
pelo que 'as pessoas (naturais ou jurídicas) que promoverem a sua
execução sujeitar-se-ão exclusivamente à incidência de ISS, em razão
de que quaisquer bens necessários a essa atividade (como máquinas,
equipamentos, ativo fixo, materiais, peças, etc.) não devem ser
tipificados como mercadorias sujeitas a tributo estadual' (José Eduardo
Soares de Melo, in 'Construção Civil - ISS ou ICMS?', in RDT 69, pg.
253, Malheiros)." (EREsp 149.946/MS).
(STJ. RMS 23.799/PE, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA,
julgado em 16/11/2010, DJe 01/12/2010).
REGIME DIFERENCIADO DE CONTRATAÇÕES Lei nº 12.462/11
Artigo 1º (...) § 2o A opção pelo RDC deverá constar de forma
expressa do instrumento convocatório e resultará no afastamento das
normas contidas na Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993, exceto nos
casos expressamente previstos nesta Lei.
Características Principais:
- inversão das fases
- etapa de lances
- única oportunidade para interposição de recurso
- preferência à disputa eletrônica
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