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FORMAÇÃO E APRENDIZAGEM EM CONTEXTO DE TRABALHO
Sandra Pratas Rodrigues
Instituto da Educação da Universidade de Lisboa
RESUMO
Ideia atualmente consensual, o mundo do trabalho é um dos contextos da ação humana que mais
efeitos educativos produz, merecendo um estudo mais alargado. Assumindo-se o fim da
primazia da escola, enquanto instituição designada pelo Estado para educar os seus cidadãos, a
Educação de Adultos, enquanto campo de investigação, ganha contributos valiosos no estudo
das mais diversas instituições que tenham uma intervenção preponderante neste domínio,
nomeadamente as empresas onde os adultos trabalham e aprendem.
Nesse espaço, onde se desenrola grande parte do tempo da sua vida ativa, o adulto adapta-se e
responde a exigências constantes, não só laborais (técnicas, operativas, relacionais e outras),
mas também sociais. É também perante as mais variadas situações de trabalho que o adulto
ganha consciência dos seus deveres sociais, dos seus direitos de cidadania, do seu nível de
flexibilidade e tolerância; é no contexto do seu trabalho que assume, muitas das vezes, a sua
natureza reflexiva, crítica e criativa.
No sentido de contribuir para o entendimento do potencial formativo de uma grande empresa, a
autora está atualmente a desenvolver investigação nesta matéria, no âmbito do doutoramento em
Formação de Adultos, pelo Instituto da Educação da Universidade de Lisboa. Com vista à
problematização em redor das relações estratégicas entre formação e trabalho, o estudo traça o
retrato estrutural e cultural da organização, procurando explicitar os modelos e conceitos de
organização do trabalho, através da análise e caracterização das relações entre o sistema de
produção e os dispositivos de formação contínua da empresa.
Assim, a investigação pretende contribuir para a confirmação empírica de uma tese: a formação
em contexto profissional desempenha um papel fundamental, não só no âmbito da formação
profissional contínua, mas também no campo da educação de adultos, num sentido mais
abrangente, uma vez que as suas componentes técnica, profissional e comportamental intervêm
no processo de educação e, por inerência, de socialização ao longo da vida.
Na sequência de uma relação prévia (externa, mas continuada) da investigadora com a empresa,
foi estabelecido um protocolo de colaboração com a investigadora e o Instituto da Educação,
viabilizando a metodologia de trabalho escolhida, o estudo de caso, com algumas características
de pesquisa etnográfica. Esta metodologia tem permitido fazer uma aproximação gradual e
experiencial à realidade formativa, sobretudo através da observação direta e da participação em
ações internas de formação do Centro de Treino da Produção(PTC).
FORMAÇÃO E APRENDIZAGEM EM CONTEXTO DE TRABALHO
Sandra Pratas Rodrigues
Instituto da Educação da Universidade de Lisboa
Este Centro, construído com base em estruturas formativas em que predomina o não formal,
fundamenta-se na assunção de que é preciso aproveitar as competências, o know how dos
trabalhadores da própria empresa para garantir uma formação adequada aos que ali trabalham,
numa lógica contínua, centralizadora e “de dentro para dentro”. Assim, a metodologia de estudo
visa “conhecer por dentro” para fazer uma análise sobre a relação dinâmica entre a formação e
os objetivos estratégicos da empresa, mas também de que modo a relação formação/trabalho
define e caracteriza a empresa quanto aos modelos de organização do trabalho, numa
aproximação às definições de organização qualificante e/ou aprendente.
A problematização que se procura fazer passa por observar as dinâmicas e lógicas dominantes
da formação, por reporte ao paradigma dos “saberes da ação”, que cada vez mais se instalam
nestes contextos formativos, através de processos de transformação da experiência em saber
explícito e transferível, no reforço da importância e da formatividade da experiência e das
situações de trabalho. As grandes empresas sentem estas mudanças e promovem-nas,
entendendo que a sua capacidade de adaptação e crescimento está refém da capacidade de
adaptação e crescimento da sua massa humana, o que dependerá, em grande parte, das
estratégias de formação contínua que a organização levar a cabo.
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