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Edição de maio junho da revista Portal dos Condomínios, distribuida via mala direta para condomínios residenciais de Jundiaí-SP.
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Distribuição gratuitaAno 09 . Nº 90Mai/Jun de 2011
O seu condomínio em revista
Mais de 100 pessoas participam do Portal Debate, evento que marcou os oito anos da revista Portal dos Condomínios
DEBATE PROVOCA, VALORIZA E INTEGRA CONDOMÍNIOS DE JUNDIAÍ E REGIÃO
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3Portal dos Condomínios . Mai/Jun 2011
Dúvidas em comumAo final de março último recebemos uma
carta, escrita a próprio punho, de um morador que tinha uma dúvida sobre determinado as-sunto em seu condomínio. Para nossa equi-pe, a surpresa foi grande, pois, com a era da tecnologia, esse contato, via Correios, é cada vez mais raro. Por outro lado, a satisfação foi maior ainda, ao refletir sobre a importância da revista Portal dos Condomínios, para os mora-dores de condomínios e loteamentos residen-ciais de Jundiaí e região.
Essa importância foi reforçada no último dia 21 de maio, quando mais de 100 pessoas (entre moradores, síndicos, subsíndicos, con-selheiros, zeladores e presidentes de Associa-ção de Moradores) participaram do 1° Portal Debate, um evento organizado por esta pu-blicação e que teve como objetivo a troca de conhecimento através de três palestras.
A formatação do evento foi preparada mi-nuciosamente para oferecer a oportunidade de interatividade entre os participantes. Du-rante 30 minutos de cada palestra, o público podia fazer perguntas aos ministradores. O mais importante é que seguimos uma orga-nização impecável, desde a recepção até a me-diação com os palestrantes.
O que podemos perceber é a ligação dire-ta entre o morador que nos enviou a carta de próprio punho e os participantes do evento: a
Redação: Rua Bela Vista, 650 - Bela Vista
CEP.13207-780 - Jundiaí / - Tel: 4522-2142
contato@condominioemrevista.com.br
A revista é um produto da io! comunica
CNPJ: 06.539.018/0001-42
www.iocomunica.com.br
Jornalista Responsável: Rodrigo Góes. MTB: 41.654
Designer Gráfico: Paloma Cremonesi
Arte Final: Paloma Cremonesi
Reportagens: Rodrigo Góes
Estagiáros: Rafael Godoy e Tamara Franco Lima
Colaboradores: Márcio Lestingi e Talita Rocca
Tiragem: 7.000 exemplares.
Entrega: Mala direta e direto em caixa de correio,
Atenção síndico e administra-dor. Mantenha o cadastro do seu condomínio atualizado.Entre em contato com nosso canal direto exclusivo para você: sindico@condominioemrevista.com.br
mediante protocolo para moradores de condomí-
nios constantes em cadastro do Portal dos Condo-
mínios. Caso ainda não receba e queira o exemplar
em seu condomínio, ligue para 11. 4522-2142.
Site: www.condominioemrevista.com.br
Twitter: @pcondominios
Blog: http://portaldoscondominios.wordpress.com
Os artigos assinados são de inteira responsabilidade
do autor e não representam o pensamento a revista.
EXPEDIENTE
NA WEB
imensa quantidade de dúvidas que pairam no ar. Independentemente se a pessoa é, hoje, síndico ou morador, muitos não têm conhecimento de regras básicas de con-domínios. E o Portal Debate pode suprir essa necessidade.
Porém, para que esse trabalho não seja deixado de lado, a partir da próxima edição montaremos uma nova editoria de perguntas e respostas exclusiva para você, morador de condomínio. A cada edição, responderemos a perguntas suas que, com certeza, será a mesma dúvida do seu vizinho, seja ele vizinho de andar, condomínio, rua, bairro ou cidade. Envie sua dúvida para contato@condominioemrevista.com.br ou então ligue: 11 4522-2142.
Nesta edição, cumprindo o acordado, esta-mos respondendo todos os questionamentos deixados em aberto no Portal Debate. E agrade-cemos a participação de todos. O próximo será em 2012.
O evento Portal Debate foi promovido pela re-vista Portal dos Condomínios, com patrocínio ouro da Piacentini Administração, prata, da Jupiter De-sentupidora e bronze, da Impacto Administração de Condomínios, da LGM e da Espel Elevadores. A Associação das Empresas e Profissionais do Setor Imobiliário de Jundiaí e Região (Proempi) e a As-sociação dos Corretores de Imóveis de Jundiaí e Região (ACIJUN) apoiaram institucionalmente.
EDITORIAL ÍNDICE
CADASTRO
*Feira de Milão
*Itu Casa Decor
*As perguntas do
Portal Debate
*Capa: tudo o que acon-
teceu no Portal Debate
*Convivência com
os vizinhos
* UD: porta-chaves
* A mais doce das
orquídeas
*Crônica: a viúva
PARA ANUNCIAR11 4522.214211 4521.3670
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4 Portal dos Condomínios . Mai/Jun 2011
DECORAÇÃO & DESIGN
Direto de
Arq
uivo
pes
soal
Por Talita Rocca
Nos últimos anos, quando o assunto é de-
sign de interiores, o que mais se escuta falar
é sobre uma forte tendência em releituras aos
clássicos. E o que muito se viu na Feira Inter-
nacional de Milão foi exatamente isto. A troca
de matérias, acabamento e cores foram assun-
tos chaves no evento.
O arquiteto, Fabrício Novaes, esteve pre-
sente na feira e contou que não encontrou va-
riedades de novidade, mas ressaltou o modelo
de poltrona que mais lhe chamou atenção.
“Em destaque falo da releitura de poltrona
O acrílico, presente na década de 70,
Poltro
5Portal dos Condomínios . Mai/Jun 2011
desenhada por Phillippe Starck, em plástico e
com muitas cores vibrantes”, destaca.
O trabalho dos decoradores e arquitetos
é transformar aqueles móveis antigos que as
pessoas guardam das décadas de XIV a XVIII.
Ao laquear estes móveis com cores vibrantes,
dando brilho e vida, fazem ressurgir e desta-
cam os ambientes.
Depois de virar sinônimo de peças chama-
tivas e de cores vibrantes, o policarbonato, ou
PMMA, mais conhecido como acrílico volta à
decoração em pequenos detalhes que trazem
charme e que fazem a diferença em qualquer
ambiente a que se tem o objetivo de dar um
toque de modernidade. Basta um empurrãozi-
nho de tecnologia e os objetos ganham for-
mas mais orgânicas, que as distanciam das
chapas transparentes e de tons vibrantes que
fizeram sucesso nos anos 70 e 90.
Para o arquiteto, não há restrição na hora
de escolher o ambiente adequado para colo-
car o móvel. “Podemos utilizar em qualquer
lugar da casa, isso fica a gosto do morador”,
completa Fabrício.
O acrílico possibilita ter uma transparência
pura, diferente do vidro, além de fazer com
que a peça ganhe movimento e textura, sem
perder a leveza.
A Kartell, referência mundial em mobili-
ário de acrílico, fez uma parceria com o de-
signer francês Philippe Starck, o qual lançou
o protótipo da cadeira Mister Impossible, que
une dois tipos de plásticos sem o uso de pa-
rafusos.
Os valores dos produtos variam de
R$ 500,00 à R$ 15.000,00, e o que define
essa diferença é o tamanho, a forma e os de-
talhes das peças. Para fazer a compra online
das peças, acesse o site http://lojakartell.com.br/
na Plásticavolta à decoração com mais elegância
Milão:
6 Portal dos Condomínios . Mai/Jun 2011
Foto
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ção
+DECORAÇÃO & DESING
Itu abre as portas para o designPor Rodrigo Góes
A cidade conhecida pelos seus exageros
está sediando o Itu Casa Decor que, neste ano,
tem como tema “Uma Casa Inteligente como
Você”. O objetivo da mostra é oferecer solu-
ções criativas e referências para quem quer de-
corar, reformar ou mesmo construir a casa dos
sonhos.
Esta é a segunda edição do evento e con-
ta com 55 ambientes internos e externos. Um
dos destaques é o “Terraço dos Sentidos”, das
profissionais Ana Luisa Colin Talavera e Jane de
Cássia Sorio. Segundo elas, “o espaço foi ins-
pirado na concepção da vivência do dia a dia
aliado à sustentabilidade. O jardim foi planeja-
do para promover o bem-estar das pessoas que
por nele se reúnem e transitam”, informam.
O ambiente é reservado para entrada de
deficientes físicos e idosos e dedicado para de-
ficientes visuais. Ainda traz a ideia de desenvol-
vimento dos sentidos, que podem ser aprecia-
dos de diversas formas naturais, planejadas e
sustentáveis.
O Terraço dos Sentidos possui interativida-
de com os visitantes, pois a recepção é realiza-
da pelos deficientes visuais da Instituição Esco-
la de Cegos Santa Luzia, a qual parte da renda
do evento será destinada.
Informações:
Quando: até 19 de junho,
quarta a sexta-feira,
das 14h às 22h e sábados, domin-
gos e feriados, das 12h às 22h.
Onde: Rua Madre Maria Clemente
da Divina Providência, 152, Jardim
Faculdade. Telefones: (11)
2715.0045 e
2715.0047
Para completar, você pode visitar a cho-
peria Giovannetti, que montou um espaço de
110 metros quadrados com cozinha completa,
acompanhada do ambiente “MPB e Poesia”
que funcionará aos finais de semana.
A cidade de Jundiaí está representada pe-
los seguintes profissionais: Flavia Medina, com
o ambiente “Escada Interna” e “Lounge da Sa-
ída”, Ellen Moraes e Andre Camargo, com os
ambientes “Calçada da entrada” e “Jardim da
Harmonia”.
Para quem pretende vi-
sitar o Itu Casa Decor
o ingresso custa
R$ 20,00,
sendo que
e s t u -
dantes, idosos e crianças até 12 anos pagam
R$15,00, porém é possível retornar ao evento
(até o último dia, 19 de junho), sem custo adi-
cional.
7Portal dos Condomínios . Mai/Jun 2011
8 Portal dos Condomínios . Mai/Jun 2011
Questionamentos em comum
VIVER EM CONDOMÍNIO
Cumprindo o acordado durante o evento Portal
Debate 2011, realizado no último dia 21 de maio,
a equipe da revista Portal dos Condomínios solicitou
aos palestrantes para que respondessem as pergun-
tas que não puderam ser solucionadas no dia.
Em consequência da grande de demanda por
pedidos deste tipo de serviço, a partir da próxima
edição criaremos uma nova editoria na revista para
você solucionar as dúvidas do seu condomínio. Envie
já sua pergunta para: contato@condominioemrevis-
ta.com.br ou ligue para 11 4522-2142.
Tenho uma unidade onde há duas prostitu-tas que “trabalham em casa”, ou seja, atendem os clientes. O que fazer para expulsa-las da casa onde são proprietárias?
Portal Debate: Casos como esse são muito
delicados, pois fragilizam a segurança e desvalori-
zam o condomínio. O ideal em situações como es-
sas é investir no “constrangimento” dos clientes das
moças, isso pode ser feito tornando-se mais severas
as normas de portaria. O síndico tem poderes para
determinar que todos os visitantes sejam obrigados
a apresentar o documento de identidade e sejam
anotados no livro de entrada o nome, o RG e a uni-
dade visitada. Ainda é possível instalar uma câmera
a baixíssimo custo e assim registrar as fotos dos visi-
tantes. Essas medidas de controle mais exigente na
portaria irão diminuir a clientela das moças e pos-
sivelmente elas irão procurar um novo endereço para
se estabelecerem. Importante lembrar que não é
possível expulsá-las, pois são proprietárias, e que as
medidas de portaria devem valer para todos, sem ex-
ceção.
No final do ano os condôminos solicitaram se podiam fazer comemorações até 1h da manhã. Atendi à solicitação, porém teve um condômino que solicitou às 00h20 que parassem. Qual pro-cedimento eu deveria adotar?
PD: Primeiramente é necessário verificar a Con-
venção ou Regulamento Interno do Condomínio
para saber se existe e qual o horário determinado
para guardar silêncio. Exemplo: das 22h às 6h de
segunda a sexta feira e das 23h às 8h aos sábados,
domingos e feriados; deve-se verificar também se o
síndico tem poderes para autorizar a mudança desse
item da Convenção. O ideal seria a aprovação em as-
sembleia de uma permissão para esticar os horários
em datas festivas como Natal e Ano Novo, sempre
obedecendo à legislação e o bom senso. Na cidade
de Jundiaí ainda não temos uma lei específica para
o tema, porém perturbar o sossego alheio, mediante
gritaria, algazarra, abuso de instrumentos musicais,
sinais acústicos, dentre outras situações, é crime pre-
visto no artigo 42 do Decreto Lei 3688/41, passível
de prisão simples, de 15 dias a três meses ou multa.
O que fazer com um condômino que reclama de barulhos que não existem?
PD: O ideal em caso de reclamações é que se-
jam formalizadas por escrito, se possível informando
dia da semana e horários em que estes acontecem.
Desta forma o síndico e mais uma testemunha po-
dem ficar no apartamento do reclamante e constatar
a existência ou não de tais barulhos.
O poder legislativo do município de Jundiaí-SP aprovou a lei da coleta seletiva do óleo de co-zinha (falta aprovação do poder executivo). Quais as normas e procedimentos para depósito e ar-mazenagem no condomínio?
PD: Referida questão trata do Projeto de Lei
10.436 da Câmara Municipal de Jundiaí. Este Pro-
jeto não especifica como os condomínios deverão
proceder para armazenagem do óleo de cozinha,
desta forma seria prudente que a administração con-
dominial discuta em assembleia sobre a intenção de
aplicar um programa de coleta seletiva de óleo, for-
mando uma comissão de interessados para analisar,
estudar e colocar em prática esta coleta. É possível
ainda esta comissão entrar em contato com a Pre-
feitura Municipal de Jundiaí, através da Secretaria de
Planejamento e Meio Ambiente, e requisitar informa-
ções para implantação deste programa de recicla-
gem no seu condomínio.
A Associação de Moradores pode assumir o lugar do síndico?
PD: O Código Civil em seu artigo 1348 §2º de-
termina que: “o síndico pode transferir a outrem,
total ou parcialmente, os poderes de representação
ou as funções administrativas, mediante aprovação
da assembleia, salvo disposição em contrário da Con-
venção”. Baseados na interpretação deste artigo mui-
tos entendimentos são favoráveis a que uma pessoa
jurídica possa assumir o lugar do síndico.
Tenho no condomínio uma velocidade permi-tida por carro de 10km/hora. Isto não é respeita-do e, quando notificado, o condômino alega que eu não posso provar tal atitude. Como devo agir?
PD: Sim, seria difícil provar, aferir a velocidade
trafegada pelo condômino, pois necessitaríamos de
um radar fixo ou móvel, porém, 10km/hora é uma
velocidade muito baixa, perceptível ao olhar huma-
no e qualquer excesso é evidentemente. Trata-se de
Fotos: Paloma Cremonesi / Tamara Franco Lima
9Portal dos Condomínios . Mai/Jun 2011
uma questão complexa e deve ser provada por teste-
munhas que não sejam o vigilante, porteiro ou outro
funcionário do condomínio. Deve-se buscar o teste-
munho de outro morador, pois o condômino pode
alegar a perseguição deste ou daquele funcionário
do condomínio.
Qual o quórum qualificado para se autorizar cobertura da garagem?
PD: A cobertura de vagas de garagem em
condomínios pode ser classificada como uma obra
útil, uma vez que ela aumenta ou facilita o uso do
imóvel. Dessa forma o Código Civil em seu artigo
1.341 inciso II determina que ela seja aprovada por
maioria dos condôminos, mas há que se observar a
convenção do condomínio que pode exigir quórum
maior.
Telefone externo coletivo pode ser cortado por inadimplência?
PD: A utilização das áreas e equipamentos co-
muns do condomínio não podem ser objeto de
restrição de uso em razão do inadimplemento da
contribuição condominial, embora quando se tratar
de serviços que possam ser individualizados e a ina-
dimplência se refira especificamente a estes, a juris-
prudência tem entendido pela possibilidade de corte.
As novas regras que abordam o sistema de interfonia com sinal sonoro para incêndio e os
corrimões contínuos na caixa de escada serão itens de reprova para o AVCB agora ou no futuro?
PD: As regras do sistema de interfonia com si-
nal sonoro para incêndio e os corrimões contínuos
na caixa de escada tratam-se de medidas contidas
nas Instruções Técnicas determinadas pelo Corpo
de Bombeiros e portando devem ser instituídos pe-
los condomínios como medidas para aprovação do
AVCB.
O ex-síndico retirou o portão tipo “gaiola” sem aprovação dos condôminos. Isso pode ocor-rer?
PD: Segundo a Lei, cabe ao síndico “diligenciar
a conservação e a guarda das partes comuns”. As-
sim o síndico teria o poder de promover pequenas
alterações visando o escopo descrito. Caso essa alter-
ação tenha modificado a fachada do condomínio ou
comprometido sua segurança a assembleia de con-
domínio pode determinar que o portão seja reins-
talado.
Posso proibir o estacionamento na rua para condôminos que superam suas respectivas quan-tidades de vagas?
PD: Em condôminos fechados a questão é facil-
mente resolvida com uma alteração no regulamento
interno que pode ser aprovada por maioria simples
dos presentes. Em se tratando de loteamento fecha-
do a questão é mais polêmica, pois embora o lote-
amento seja fechado, as ruas são públicas e cabe ao
poder público regulamentar o estacionamento dos
veículos nestas vias.
É possível aprovar em assembleia algumas normas e procedimentos sem que se precise al-terar a convenção, já que é grande a dificuldade para se aprovar mudanças na convenção?
PD: Para alterar a convenção é preciso sempre
observar os quóruns determinados nesta, no entanto
para assuntos não constantes na convenção e que
possam ser passíveis de inclusão no regulamento in-
terno, basta a aprovação em assembleia por maioria
simples dos presentes em segunda chamada.
Como aferir o barulho e saber se a reclama-ção é justa ou não?
PD: A melhor maneira de aferir barulho é utili-
zando um aparelho eletrônico chamado decibelíme-
tro que mede os famosos decibéis, mas isso poderia
requerer um serviço profissional e talvez não seja o
ideal para o condomínio contratar um técnico a cada
vez que recebe uma reclamação de barulho. Melhor
seria em caso de reclamações é que estas fossem for-
malizadas por escrito, se possível informando dia da
semana e horários em que os barulhos acontecem,
desta forma o síndico e mais uma testemunha po-
dem ficar no apartamento do reclamante e constatar
a existência ou não de tais barulhos e sua intensi-
dade.
10 Portal dos Condomínios . Mai/Jun 2011
Capa
Por Márcio Lestingi
A equipe da agora revista Portal dos Condo-
mínios comemorou no último 21 de maio oito
anos de sua fundação – dos quais sete como
jornal - e presenteou seu público leitor formado
por moradores de condomínios, síndicos, sub-
síndicos, zeladores, presidente de Associação de
Moradores e prestadores de serviço com o evento
“Portal Debate: I Encontro Regional de Síndicos’’
de Jundiaí e região”. O objetivo dos organizado-
res foi trazer, através de um ciclo de três palestras
de uma hora de duração cada, a melhor infor-
mação a quem luta pelas boas práticas de ad-
ministração de seu condomínio e se depara com
problemas como a renovação do AVCB - Auto de
Vistoria do Corpo de Bombeiros – a fragilidade do
nível de segurança dos moradores e visitantes, ou
as recorrentes questões polêmicas que ressurgem
das cinzas, como Fênix, para pautar as assem-
bleias e causar alguma turbulência nos bate-pa-
pos de elevador.
O “Portal Debate” foi o primeiro evento pro-
movido pela revista Portal dos Condomínios e re-
cebeu o patrocínio ouro da Piacentini Administra-
ção, prata da Júpiter Desentupidora e bronze, da
Impacto Administração de Condomínios, da LGM
e da Espel Elevadores. A Associação das Empre-
sas e Profissionais do Setor Imobiliário de Jundiaí
e Região (Proempi) e a Associação dos Corretores
de Imóveis de Jundiaí e Região (ACIJUN) apoia-
ram institucionalmente.
Toda a organização foi impecável, com a pro-
gramação para cada palestrante ministrar o seu
tema durante 30 minutos, restando outros 30
para perguntas e respostas. O objetivo foi deixar
o evento dinâmico e interativo. O único momen-
to de ‘quebra de protocolo’ foi na última pales-
tra, quando o público consentiu em receber mais
informações valiosas dos palestrantes.
A primeira palestra foi sobre a importância
do AVCB nos condomínios, ministrada pelo cabo
da Polícia Militar do estado de São Paulo, Gho-
ren Vedovelli, para os mais de 100 presentes no
auditório principal do Hotel Serra de Jundiaí. O
grande interesse despertado por esse tema fez
o bombeiro usar todo o tempo extra de debate,
mais o chorinho do café para responder as 22
perguntas coletadas e matar a sede de conhe-
cimento dos vorazes presentes. Segundo ele, o
índice de aprovação das vistorias em Jundiaí fi-
cou abaixo de 20% em 2010, de forma que as
explicações de Ghoren trouxeram aos presentes a
certeza de que os responsáveis por construções e
manutenções prediais em condomínios ainda têm
um longo caminho a percorrer para que os sis-
temas de combate a incêndio sejam plenamente
confiáveis e para que sejam usadas a contento
as boas práticas como formação de equipes de
brigada de alta performance, uso do conceito de
compartimentação e desobstrução das rotas de
Vedovelli iniciou o evento e percebeu que muitas
pessoas não tem conhecimento sobre o AVCB
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11Portal dos Condomínios . Mai/Jun 2011
fuga. Abaixo seguem os principais pontos de im-
portância na consecução e na renovação de uma
AVCB:
“A importância do Auto de Vistoria do Cor-po de Bombeiros (AVCB) nos condomínios” Cabo da Polícia Militar do Estado de São Paulo, Ghoren Vedovelli
AVCB – Projeto, execução e vistoria “É incrível, mas muitos síndicos não sa-
bem nem o que é o AVCB”, escancara em suas
primeiras palavras o cabo Vedovelli. Por isso,
caro leitor, mantenha a atenção às linhas se-
guintes, pois o fogo camoniano que arde sem
se ver começa a se propagar quando a desin-
formação é a principal barreira ao sucesso de
uma gestão condominial.
O primeiro passo para se obter o Auto é
aprovar junto à área técnica do Corpo de Bom-
beiros um projeto do sistema de prevenção e
combate a incêndio, assinado por um enge-
nheiro ou arquiteto especializado em seguran-
ça, de acordo com o disposto no novo decreto
estadual 56819/2011 – que entrará em vigor a
partir de 15 de junho e institui o regulamento
de segurança contra incêndio das edificações
e áreas de risco e substitui o decreto estadual
46016 - e nas Instruções Técnicas 01 a 38 de
2004 (a Instrução Técnica 01/04 é a que trata
dos procedimentos administrativos e a forma
de apresentação de plantas arquitetônicas e
memoriais descritivos que compõem o projeto).
O projeto deve apresentar todo o dimen-
sionamento dos sistemas e equipamentos de
combate a incêndio, visando proteger a vida
dos ocupantes das edificações e permitir um
acesso rápido e adequado dos bombeiros nas
situações de emergência. “O que todos esque-
cem é que o prédio ou condomínio deve ser
seguro para o morador, mas também seguro
e funcional para o bombeiro poder trabalhar
numa emergência”, explica Ghoren acrescen-
tando que em Jundiaí há dois prédios que
atualmente não permitem o acesso das viatu-
ras e que precisam urgentemente ser reforma-
dos e adaptados às exigências técnicas e le-
gais. Aprovado o projeto, o solicitante deve
executá-lo e só então entrar com o pedido
da vistoria para fins de concessão do AVCB
(em seu condomínio, somente o síndico ou
a administradora condominial estão habi-
litados para tal).
O cabo do Corpo de Bombeiros expli-
ca que os decretos estaduais que regula-
mentam a atividade de fiscalização dos
sistemas de segurança e determinam
seus requisitos mínimos dos sistemas
têm sido atualizados a cada dez anos,
desde o primeiro de 1983. “O último e
recém lançado decreto teve uma inova-
ção em sua lógica, buscando o envolvi-
mento de mais profissionais, a restrição
a alguns riscos em função de acidentes
recentes no Estado de SP e foco maior
na prevenção, que é a filosofia da insti-
tuição”, ensina Vedovelli.
Um projeto padrão deve conter
como elementos básicos a sinalização
das rotas de fuga, o dimensionamento
das saídas de emergência, do conjunto
de extintores e de hidrantes (algumas
edificações são isentas desse sistema) e
da iluminação de emergência. “Cada edi-
ficação vai exigindo um critério a mais”,
acrescenta o policial ao apontar que num
condomínio comercial a aprovação do pro-
jeto pode pedir uma escada pressurizada
nas rotas de fuga. “Não havendo a concor-
dância com um ou mais itens do projeto, o
Corpo de Bombeiros aponta a irregularidade
e indica qual norma deve ser seguida para sua
aprovação. “A prevenção é fundamental para
que haja o perfeito funcionamento do sistema
e os responsáveis pelas edificações devem testar
constantemente os equipamentos”, afirma Ghoren
relatando que essa é a principal falha dos síndicos e
administradores constatada na ocasião do pedido de
renovação do AVCB.
Todos ganharam uma sacola retornável da revista com brindes, como Fernando Prado, do Alto di Felicitá
Network - encontro serviu para troca experiências durante recepção e coffee break
A frente da mediação, Marcel Piacentini com Rodrigo Goes (Portal dos Condomínios)
Aguardando o início do evento, Toshio Ishikawa acompanha o conteúdo da revista Portal dos Condomínios
12 Portal dos Condomínios . Mai/Jun 2011
Extintores de incêndioSão equipamentos para comba-
ter princípios de incêndio. “Fugiu da
capacidade do extintor, temos que
usar o sistema hidráulico, o sistema
de hidrantes. Se conseguirmos debe-
lar as chamas no início, apenas com
os extintores, já teremos solucionado
um grande problema. E pra que isso
ocorra, nós temos que ter os extintores
em perfeito estado de funcionamento”,
afirma o cabo.
Os extintores que ficam em ambientes ex-
ternos devem ser protegidos das intempéries
para que não se degrade rapidamente ou perca
sua funcionalidade antes do término do prazo de
validade. No corpo do cilindro deve-se observar
a identificação da empresa responsável e o selo
do INMETRO, que significa que, pelo menos, por
uma fiscalização esse equipamento já passou. É
obrigatória a colocação de um anel de plástico
com o ano da recarga junto ao gatilho do extin-
tor, para evitar que o mesmo seja levado para a
recarga e volte somente pintado. É importante
verificar se os dados da empresa descritos no selo
do INMETRO batem com os que a mesma forne-
ceu na contratação do serviço e também deve
inspecionar o manômetro com frequência.
Antes de entregar os extintores para a recar-
ga, descarregue-os para que se não se perca a
prática no uso do equipamento. “O extintor não
pode se um tabu ou um mistério para a pessoa
que vai utiliza-lo”, conclui Ghoren. “Antigamen-
te, muitas edificações queimavam com seus ex-
tintores e hidrantes intactos, sem serem utiliza-
dos”, completa. Por isso existem os treinamentos
de brigada, que foram criados com o intuito de
capacitar as pessoas para correto uso dos extin-
tores, hidrantes e demais equipamentos de com-
bate a incêndio.
Brigada de IncêndioA brigada é mais um artifício de prevenção
dentro do condomínio e é regulamentada pela
Instrução Técnica 17/2004, disponível nos sites
(www.ccb.polmil.sp.gov.br ou www.
bombeiros.sp.gov.br). “Antigamente
quem fazia a inspeção de todos os equi-
pamentos era o bombeiro, hoje é o bri-
gadista”, explica Vedovelli.
O curso de brigada inclui em sua
parte prática noções básicas de combate
a incêndio e primeiros socorros, enquan-
to que na parte teórica são vistas matérias
como teoria e propagação do fogo, classes
de incêndio, métodos de extinção, ventilação,
agentes extintores, análise de vítimas e reanima-
ção cardiopulmonar. Nos conteúdos desses trei-
namentos o que importa não são só as técnicas
de uso e manuseio de equipamentos de combate
a incêndio, mas também medidas preventivas.
“O pessoal faz a instalação de vários equipamen-
tos sem planejar adequadamente a operação e
sem dimensionar a fiação elétrica para recebê-
los”, ensina Ghoren, para explicar que é papel do
brigadista fazer as inspeções de rotina das insta-
lações para que não haja risco de incêndio por
superaquecimento dos fios.
Outra verificação importante é a do nível de
ventilação dos equipamentos e a orientação para
que os condôminos não deixem panelas no fogo
sem ninguém por perto. “Se a gente consegue
eliminar esses problemas na prevenção, a bri-
gada nunca vai atuar efetivamente no combate
a incêndio, o que seria ótimo pra gente. Mas se
Os presentes puderam conhecer um pouco mais da história da revista
13Portal dos Condomínios . Mai/Jun 2011
houver a falha e o incêndio por qualquer
motivo, o brigadista deve ter o conhe-
cimento para utilizar o equipamento
correto para cada tipo de fogo”, con-
clui Vedovelli que ainda ensina que, nos
condomínios, deve participar do grupo
todos os funcionários e uma pessoa por
andar. “O dono não precisa participar.
Pode ser a empregada desde que fique
constantemente no apartamento. Crianças
e idosos podem participar como ouvintes e
porteiros terceirizados também devem participar.
Para condomínio horizontal não é obrigatório,
mas é recomendável ter a brigada de incêndio”
arremata Ghoren, para apagar todas as chamas
de dúvida sobre quem deve participar.
O cabo da polícia também alerta que a vali-
dade da brigada é anual e que os condomínios
só aparecem para renová-la quando o AVCB está
para vencer. Por isso, uma obrigatoriedade legal
e uma boa prática é reciclar a equipe da briga-
da anualmente, para que um número cada vez
maior de pessoas esteja capacitado nas técnicas
de prevenção. Vedovelli ainda salienta que o
atestado de formação de brigada de incêndio,
pelo texto da instrução técnica 17/2004, deve ser
retirado seis meses antes da data do protocolo de
vistoria e que os síndicos e administradoras estão
chegando atrasados e evidenciando falhas no
planejamento e no conhecimento da legislação.
Interfones com função de alarmes
Um prédio residencial, por legislação, fica
isento do sistema de alarme de incêndios, mas
isso não quer dizer que ele não deva usar a cen-
tral de interfones em substituição, que deve ser
planejada e adequada. “Não é correto, numa
emergência, o porteiro ficar ligando de aparta-
mento em apartamento para avisar a todos para
saírem. Não funcionaria e não daria tempo para
avisar a todos”, explica Ghoren. “O correto seria
que o porteiro, através de um código ou botão
em sua central, pudesse disparar todos os inter-
fones ao mesmo tempo, e que essa função fos-
se passada no treinamento da brigada”. Por isso,
ele adianta que os bombeiros já estão
aprovando as atuais vistorias com a
ressalva de que, na próxima, este sis-
tema de alarmes nos interfones deva
ser adotado.
Novidades do novo decreto – Bombeiros agora reprovam insta-
lações elétricas Até maio desse ano, os bombeiros se
utilizavam de 38 instruções técnicas para
ampará-los nas vistorias dos sistemas de pre-
venção e combate a incêndio. Com o advento do
novo decreto, 10 novas instruções serão acresci-
das e a novidade é a que os bombeiros poderão
agora inspecionar as instalações elétricas e repro-
varem os condomínios que oferecerem risco por
baixa qualidade ou irregularidade nessas instala-
ções. Por isso é importante ter sempre a mão o
projeto da instalação elétrica respeitando a NR 10
– norma regulamentadora de segurança em ins-
talações elétricas - com a ART feita por engenhei-
ro responsável e registrada no CREA.
Sacadas e espaços gourmet – Perigo por falta de compartimentação
As sacadas gourmet – a utilização da sacada
como extensão da sala – bastante comum em
São Paulo, já preocupam também o Corpo de
Bombeiros de Jundiaí, porque ao se fazer a exten-
Sebastião (Impacto) e Alípio (Espel) estreitam relacionamento
14 Portal dos Condomínios . Mai/Jun 2011
são da sala até a sacada, envidraçando a mesma
e levando-se móveis e materiais de decoração,
se perde o efeito de prevenção por comparti-
mentação – as janelas devem distar, por norma,
no mínimo, 1,20m, de um andar ao outro - ou
seja, a propagação do fogo se dá muito mais ra-
pidamente em caso de incêndio. “Isso o Corpo de
Bombeiros não está permitindo. O que se permite
é a construção do espaço gourmet - geralmente
uma área comum do prédio – e seu mobiliamen-
to com materiais incombustíveis, ou a sacada
gourmet, legalmente envidraçada, porém com al-
guns cuidados. Em ambos os locais deve-se evitar
cortinas e sofás, mesas e cadeiras de plástico ou
de fibra natural ou piso de madeira, e permite-se
o uso de materiais de classe 1, que não pegam
ou propagam fogo”, atesta Ghoren.
Laudo de estanqueidade da central de gás – renovação anual obrigatória
Esse é o item mais esquecido pelos condo-
mínios. Pela legislação, cada edifício deve apre-
sentar anualmente um laudo técnico de estan-
queidade de sua central, seja de gás natural ou
central predial, emitido através de ART do res-
ponsável técnico do fornecedor ou de empresa
com especialista devidamente capacitado para
essa finalidade. Se o condomínio estiver com o
AVCB em dia, mas não apresentar evidências de
que renovou anualmente sua brigada e o laudo
de estanqueidade, ou não inspecionou anual-
mente suas mangueiras e hidrantes, bem como
não fez manutenção nas portas corta-fogo, ca-
racterizará abandono do sistema de combate a
incêndio e, além de ter colocado a vida dos mo-
radores em risco, não atenderá as exigências das
seguradoras em caso de um grave sinistro.
Condomínios de casas precisam de AVCB?
Pela legislação, condomínios de casas ou com
área construída menor que 750 m2 não são obri-
gados, mas Ghoren recomenda que se mantenha
e se renove periodicamente a brigada, como uma
boa prática. Outra boa dica é que, para qualquer
reforma ou alteração na arquitetura do condomí-
nio – horizontal ou vertical, seja uma mudança
de layout nas garagens, seja a construção de uma
nova área comum, deve-se realizar uma consul-
ta técnica ao Corpo de Bombeiros, para que se
providenciem as alterações adequadas para ma-
nutenção do AVCB.
ConclusãoEntre vistorias e revistorias, os bombeiros fa-
zem em Jundiaí certa de 900 visitas por ano em
empresas e prédios públicos, industriais e comer-
ciais, sem contar as dos condomínios residen-
ciais. De maneira geral, os principais motivos de
reprova dos AVCBs são a falta de brigada cons-
tituída, falta de fiscalização e inspeção anual das
mangueiras e hidrantes – o que inclui os testes
hidrostáticos - falta de manutenção nas portas
corta-fogo, falta de recarga dos extintores, queda
na sinalização de emergência, obstrução das ro-
tas de fuga com lixeiras, bicicletas e outros itens
que ali colocados como se fossem um depósi-
to, e a falta de manutenção nos sistemas como
uma etapa precedente à vistoria. ”Recentemente
cheguei num condomínio e todos os extintores
tinham sido levados para recarga, sem rodízio e
sem respeitar as especialidades do equipamento
por risco associado. Nesse caso, já fizemos de
cara a reprova da vistoria”, conta Ghoren.
Outro fator importante para eliminar ou
mitigar os riscos de incêndio é o bom senso e a
atenção redobrada, pois as duas últimas ocor-
rências lembradas pelo cabo foram causadas
por esquecimento de panela de pressão no fogo
e de ferro elétrico, também esquecido, ligado. A
contrapartida positiva é que, apesar do longo tra-
balho a ser feito, Vedovelli denota que o nível de
conscientização e informação dos síndicos sobre
sistemas de combate a incêndios melhorou mui-
to com a parceria das administradoras e com a
própria experiência profissional dos mesmos, que
quando assumem a posição de administrador de
seu condomínio, já participaram de brigadas de
incêndio em suas empresas.
Para os churrasqueiros de fim de semana que
não querem ficar sem as sobrancelhas, Ghoren
recomenda que se usem critérios mínimos de se-
gurança, deixando os líquidos inflamáveis tampa-
dos e distantes do fogo e do calor – é este líquido
que se vaporiza e incendeia - e que se acendam
as churrasqueiras ou lareiras com o álcool gel ou
com as pedras de acender. “Evitem jogar o álco-
ol direto no carvão e, especialmente, nas chur-
rasqueiras a bafo, que são ambientes propícios
a ocorrência de pequenas explosões”, finaliza o
cabo.
“Segurança Condominial”, com Paulo Sérgio Martins, delegado de polícia, vereador pelo PV, e pós-graduado em segurança pública e privada
“O que você espera quando vai procurar
um condomínio? O básico é a segurança”, afir-
ma Paulo Sérgio Martins, delegado de polícia,
vereador pelo PV e pós-graduado em segurança
pública e privada, ao iniciar sua palestra. “É a
tranquilidade, é o sossego”, continua o dele-
gado, chamando a atenção para o fato de que
não há bem-estar condominial sem segurança,
e emenda sem receio de polemizar: “O que é
que a gente tem visto aqui? As construtoras e
as empreendedoras estão mais preocupadas
com o aspecto arquitetônico, que com o da se-
gurança em si.”
Durante sua exposição, o delegado mostrou
com fatos, números e fotos que o momento é
de readequação das estruturas prediais e dos
procedimentos de portaria e de vigilância para
atendimento aos requisitos mínimos de segu-
rança. A boa notícia é que muitas das ações
custam pouco, podem ser implantadas ime-
diatamente e lhes garantirão dezenas de horas
de sono a mais no fim do ano. “O problema
da segurança dos condomínios em Jundiaí não
está alarmante, está num nível altamente con-
trolável, mas muita coisa tem que se feita em
termo de prevenção”, explica antes de destacar
os seguintes tópicos:
Distribuição gratuitaAno 01 . Nº 02Mai/Jun de 2011
Por Talita Rocca
Todos têm sonhos diferentes, mas o da casa
própria é algo comum entre os brasileiros. An-
tigamente era muito difícil adquirir um imóvel,
mas com tantos recursos existentes está cada
vez mais acessível. O governo lança inúmeros
projetos que facilitam o financiamento, como o
“Minha Casa Minha Vida”.
O crédito imobiliário é uma modalidade
de financiamento que
viabiliza a compra de
um imóvel, o qual pode
ser pronto, um lote ou
terreno urbano ou até
mesmo a construção de uma casa. Os ban-
cos têm vários planos de financiamento
para atender a sua necessidade e um dos
mais procurados é a opção de utilizar o
FGTS, o qual exige alguns pré-requisitos,
sendo eles:
- O adquirente não poderá ser detentor de
financiamento ativo do SFH – Sistema Finan-
ceiro da Habitação – em qualquer parte do ter-
ritório nacional, na data de aquisição do imóvel;
- A cota de consórcio utilizada para a
aquisição do imóvel deverá estar em nome do
trabalhador, titular da conta vinculada a ser uti-
lizada;
- O adquirente não pode ser proprie-
tário, promitente comprador, usufru-
tuário ou cessionário de outro imóvel
na mesma localidade ou no local
onde exerce a sua ocupação
principal, incluindo os mu-
nicípios limítrofes ou inte-
grantes da mesma região me-
tropolitana, na data de aquisição
do imóvel;
- O titular da conta deverá con-
tar com três anos de trabalho sob
o regime do FGTS na mesma em-
presa ou em empresas diferentes;
- O imóvel adquirido por meio
de consórcio deverá ser residencial
urbano e estar registrado no cartório compe-
tente em nome do trabalhador titular da conta
vinculada;
- O valor máximo de avaliação do imóv-
el, na data da aquisição, não pode exceder a
R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais) [valor vi-
gente em março de 2010].
Segundo o economista e corretor de
imóveis, Fernando Pereira, existem vários tipos
de financiamento imobiliário. “O financiamento
depende do tempo que o comprador irá morar
no imóvel”, diz.
Dois exemplos de financiamento são:Financiamento com taxa de juros fixa: Finan-
ciamento com taxa de juros que nunca se altera
durante o período do pagamento do emprésti-
mo. As únicas alterações são os impostos sobre
propriedade e o pagamento do seguro, ambos
incluídos nas parcelas. A duração de financia-
mento pode ser de 15, 20 ou 30 anos.
Financiamento com taxa de seguro variável:
Um financiamento com taxa de juros variável
possui taxas que variam de acordo com o mer-
cado. Geralmente no início as taxas são mais
baixas em relação a taxa de financiamento fixo,
porém não oferece a estabilidade e nem a se-
gurança de um financiamento com parcelas
fixas.
Para o economista, a vantagem de cada fi-
nanciamento está no tempo que o comprador
pretende morar no imóvel. “O financiamento
com taxa de juros fixa é vantajosa quando a
pessoa que adquire o imóvel pretende ficar bas-
tante tempo com esse imóvel, caso contrário, o
financiamento com taxa de juros variável é mais
vantajosa”, explica.
Para os imóveis ainda em construção, os
bancos financiam no máximo 80% do valor
do imóvel e os 20% restantes são feitos direta-
mente com a construtora. A entrega das chaves
geralmente é realizada após a quitação desses
20%. Para imóveis já prontos é necessário quitar
os 20% com o banco e financiar os 80% restan-
tes.
shut
ters
tock
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rgej
Kha
kim
ullin
O sonho daCASA PRÓPRIA está próximo de se realizar
01 Portal de Imóveis . Mai/Jun 2011
Por Márcio Lestingi
Esta pequena narrativa é uma tentativa de
descrever o que teria feito Celso José Coelho
em sua nova casa, desde que descansou desse
mundo, no último 26 de julho. Sua obra como
corretor de imóveis, sócio-fundador da Imóveis
Mediterrâneo, associado, diretor e presidente
em várias gestões da ACIJUN – Associação dos
Corretores de Imóveis de Jundiaí e Região- pai,
amigo, marido e avô, bem como incentivador
das boas ideias, dos sonhos e da união da classe
dos corretores, permanecerá por gerações e ge-
rações. “O Celso deixava coisas da vida particular
para cuidar de coisas do mercado”, relata Mar-
cel Piacentini, sócio-fundador da Imóveis Piacen-
tini, relembrando do dia em que decidiu abrir o
seu empreendimento e foi até a Mediterrâneo
para pedir algumas dicas ao Celso. Muito jovem
e cheio de dúvidas sobre o melhor caminho a
seguir, Marcel foi surpreendido pela atitude gra-
tuita de parceria e acolhimento: “O Celso parou
o que estava fazendo e pediu para sua secretária
trazer toda a lista de documentos necessários
para se abrir uma imobiliária, explicando logo
em seguida o que significava e como eu pro-
cederia para melhor obter cada um deles.” Mar-
cel conclui destacando que as grandes bandeiras
do renomado corretor foram a idealização da
Rede Imobiliária de Jundiaí, a luta pela profis-
sionalização do corretor de imóveis e pela ética
nas suas relações com o mercado, e o empenho
na exclusividade na captação dos imóveis.
Celso estava há 32 anos na profissão, dos
quais 29 anos com a Mediterrâneo e seu tra-
balho de construção e formação da classe não
parava nem por um dia sequer, podendo-se
dizer que era quase um trabalho de brigada dos
corretores. Thiago Zeita, seu filho que trabalha
ativamente há um ano e meio na alta admi-
nistração da imobiliária lembra que seu legado
era fruto de um caráter agregador e coletivista:
“Meu pai sempre foi um idealizador e sem-
pre gostou de capacitar pessoas pro meio. No
começo, quando não havia formação para cor-
retores, fez muitos cursos no SECOVI e no CRECI
e procurou trazê-los para Jundiaí”. Sem perder o
fôlego, Thiago ainda emenda:“(O Celso) sempre
quis tornar a parte de corretagem algo visual-
mente bom, deixando de lado a imagem de que
o corretor era uma pessoa aposentada, folgada,
que fazia um trabalho fácil.”
Na equipe da Mediterrâneo, todos ali apren-
deram muito com ele. Camila Forner, atual braço
direito de Thiago e, coincidentemente, filha de
Mal chegou, já alugara um pedacinho da porção azul do céu para fundar a associação dos corretores de
nuvens. Antes disso, pedira uma audiência com São Pedro - o primeiro papa da humanidade e atual síndico
do condomínio Maison do Olimpo - para lhe apresentar seu projeto de regulamentação e desenvolvimento da
nova profissão e de como os também chamados corretores nefelibatas poderiam melhorar o espaço imobiliário
dos céus. Na ocasião, nem precisou lembrar a Pedrão de sua luta em Jundiaí para conseguir alugar casas para
famílias carentes do São Camilo desabrigadas pelas terríveis chuvas de janeiro. Big Pedro já observara muitas
vezes de seu castelo de algodão a forma como este homem de grande coração conduzia e construía seus vínculos e
relacionamentos, transformando qualquer café informal no evento máximo da semana de quem o procurasse. De
tal forma que, sua simples presença e sua conversa conciliadora e, ao mesmo tempo empreendedora, já tinha sido
suficiente para incentivar o aparecimento de várias imobiliárias, éticas e defensoras de seus mesmo valores.
Sem perder tempo, Celso já transformara sua fração alugada – mas não por muito tempo – dos cúmulos-
nimbo em um centro de excelência do céu. Se o culto às ciências já o levara, em outras terras, a navegar soberano
pelo Mediterrâneo, não seria surpresa se, entre uma chuva e outra, dominasse ou rebatizasse uma das camadas
da atmosfera de corretosfera ou imobilisfera, só para dar dois exemplos . Na redação do jornal Diário das Nu-
vens, corre um boato de que o Olimpo e os acionistas da Pés de Feijão Joãozinho estão alvoroçados com o novo
mercado de venda e locação de nuvens que começa a se formar.
06Portal de Imóveis . Mai/Jun 2011
Patrícia Forner, a grande assessora de Celso
nos primeiros anos da imobiliária, conta que o
saudoso chefe era muito detalhista: “ A gente
sempre conferia e reconferia uma coisa mil vez-
es antes de entregar para ele”, e aprofunda: “Ele
sempre gostou muito de gráficos e relatórios e
ele batia os relatórios de todo mundo. Todo
mundo dizia que ele era estourado, mas como
sempre foi uma pessoa muito aberta, ele con-
seguira tirar o melhor de cada um.” Na ACIJUN
não foi diferente. Andréa Donofre, sua asses-
sora direta na Associação durante o último ano
e meio conta com os olhos marejados que Celso
era uma pessoa corretíssima e ao mesmo tem-
po exigente no trabalho: “Ele me ensinou mui-
ta coisa. Sempre me falava para eu levar meu
caderninho, para anotar o que ocorreu nas re-
uniões e para ser mais organizada”, e ainda
revela: “Ele sempre foi muito amigo. Na hora de
serviço era uma coisa. Seis horas da tarde, o Cel-
so era o amigo. ‘Se você precisar de mim, estou
aqui para te ajudar.’ Mas aqui na Mediterrâneo,
se ele percebia que algo não ia bem, a qualquer
hora do dia, chamava você pra conversar e para
mostrar que tava do seu lado.”
Andrea conta que a retomada da presidên-
cia na ACIJUN, em dezembro passado, não foi
uma tarefa fácil. “Ele até falou pra mim: - Vou
desistir da ACIJUN porque um sozinho não faz
nada. E aí ele foi reeleito novamente no fim do
ano.” Desde então, Celso trabalhou para colocar
no ar o portal da entidade e buscar uma sede
própria. “A ACIJUN era a menina dos olhos dele.
Era tudo aqui. E nós tínhamos que sair para ter
uma sede própria”, explica Andrea, arrematando
que a entidade foi transferida para a imobiliária
de um dos diretores atuais, em uma sala aluga-
da: “O projeto que ele tinha sempre foi montar
o portal da ACIJUN, organizar a diretoria e mon-
tar o baile dos corretores de imóveis”. Thiago
lembra o papel importante da Associação na
vida do pai: “Celso sempre brigou muito pela
ética da profissão, para tentar unir os corretores,
para tentar fazer um segmento forte, trabalhan-
do de graça na ACIJUN. De graça.”
Acreditando que os corretores devem fazer
sempre um trabalho ético, honesto e assessorar
o cliente até o final, Celso deixará saudades
na família, na Mediterrâneo, nos amigos da
ACIJUN, no CRECI e em todo o mercado imobiliário
que participou de seus bailes, sua reuniões, seus
eventos, que tomou um café, um conselho ou
que passou a dividir com o mesmo um grande
sonho.
07 Portal de Imóveis . Mai/Jun 2011
23Portal dos Condomínios . Mai/Jun 2011
O cenário dos roubos e furtos nos con-domínios em Jundiaí
Segundo o delegado, ocorrem em Jundiaí
de três a quatro roubos e assaltos a condomínios
por mês, o que representa cerca de um por se-
mana. Participaram ativamente para a construção
recente dessa estatística duas quadrilhas de Cam-
pinas que agiam premeditadamente em Jundiaí e
a principal invasora das portarias da região, co-
nhecida como “a gata do condomínio”, uma bela
moça que se fingia amiga dos porteiros para ob-
ter livre acesso ao espaço condominial. Felizmen-
te, as duas quadrilhas foram desmanteladas e a
“gata” está presa em Tupã-SP, após confessar a
execução com sucesso de mais de 30 roubos.
Enquanto Paulo Sérgio tranquilizava os pre-
sentes ao dizer que a situação em Jundiaí é al-
tamente sob controle, sua assessora exibia um
vídeo de uma reportagem exibida no ano pas-
sando, no telejornal Bom Dia Brasil. Os apresen-
tadores informavam que as grades e câmeras
já não são suficientes para intimidar os ladrões
e que sua engenhosidade os levava a encontrar
brechas na segurança, seja vigiando os morado-
res, seja fazendo amizade com prestadores de
serviço externos ou mesmo com os próprios fun-
cionários do condomínio, e até mesmo obtendo
e clonando um controle remoto, ou decorando
os nomes dos diferentes porteiros, em cada tur-
no. A mesma reportagem mostra que, segundo a
polícia, os ladrões estão migrando de outras prá-
ticas criminosas para esse tipo de furto.
Em um golpe recente, duas mulheres conven-
ciam o porteiro de que eram amigas dos mora-
dores e entravam facilmente no prédio. Em ou-
tro, ambos na cidade de São Paulo, os bandidos
aproveitavam os poucos segundos enquanto o
portão fechava para render os moradores. Para
mostrar o baixo preparo dos condomínios na pre-
venção, nesse exato momento Paulo pergunta à
platéia quem tem portão-baia ou eclusa em seu
condomínio e descobre que apenas quatro dos
mais de 100 presentes os possuem.
A sua experiência de mais de 35 anos como
delegado
de polícia
o levou a
saber qual
o custo
do favore-
cimento do
estilo, da esté-
tica e da beleza
em detrimento da
segurança em con-
domínios e residências.
“Quem não tem nada a es-
conder, não tem problema em
deixar seu RG, seu CPF, para que
todos saibam quem é”, explica o espe-
cialista em segurança, ao ensinar que o primeiro
passo na readequação dos atuais sistemas de se-
gurança e prevenção de roubos nos condomínios
é uma identificação total e irrestrita de todos que
adentrarem no espaço condominial. A preven-
ção, entretanto, vai além das portarias. Antes de
chegar ou sair de casa, recomenda-se observar os
arredores e ver se não há pessoas estranhas. Na
dúvida, dêem uma volta no quarteirão. Durante
viagens, uma dica é pedir para um vizinho reco-
lher as cartas e jornais deixados no imóvel e, em
geral, não deixar que objetos de valor sejam vis-
tos por quem está na rua. Isso chama a atenção
dos criminosos.
O papel da prevençãoA reportagem do Bom Dia Brasil mal acaba-
ra de informar que em mais de 90% dos assal-
tos os ladrões entram pela porta da frente, Paulo
Sérgio já emendou: “Muitas vezes se investe no
equipamento, mas se esquece do treinamento.
No caso da “gata” houve a falha no preparo téc-
nico dos profissionais, do porteiro e do vigilante.
Ela cumprimentava o cara, chamava o porteiro
pelo nome e usava sua beleza para atrair a aten-
ção do porteiro. Depois falava que ia no 52 ou
em qualquer outro apartamento e facilmente pas-
sava”, conta o delegado e completa com a histó-
ria por outro aspecto polêmico: “Aqui em Jundiaí
tivemos em 90% dos casos a participação de um
morador ou funcionário. Em um deles, a cober-
tura estava alugada para um traficante. Por isso
é importante saber quem é nosso vizinho. O meu
prédio não tem portão-baia na garagem, mas
tem na entrada. Isso elimina 80% de qualquer
tipo de ocorrência”. Paulo explica que é preciso
ser rigoroso com moradores que não querem se
identificar. “Uma vez que a pessoa adentra ao
condomínio ela está colocando em risco o patri-
mônio e principalmente a vida dos moradores”,
esclarece. “A polícia não pode estar em todo os
lugares ao mesmo tempo, por isso é necessário
haver um sistema de prevenção e as construtoras
também têm que se adaptar a essa situação. Se
todos se adequarem um pouquinho, acho que
poderemos reduzir em 70% ou 80% o nível de
ocorrências.”
A segurança físicaMurosSegundo o que o delegado informa em uma
de suas publicações, os muros são um dos prin-
cipais itens na segurança física externa do con-
domínio. Eles devem ser de alvenaria ou concre-
Mudança de cultura e treinamento foram
destaques da palestra sobre segurança
15Portal dos Condomínios . Mai/Jun 2011
24 Portal dos Condomínios . Mai/Jun 2011
to, com altura mínima de 2,50m, de forma que
quem está do lado de fora não consiga ver a
parte interna do condomínio. Devem ser moni-
torados através de câmeras de vigilância locali-
zadas externamente à construção, de modo que
quem está na portaria ou em um das unidades
saiba o que está acontecendo do lado de fora. O
muro sozinho, entretanto, não é suficiente para
adequação dos sistemas de segurança às neces-
sidades de hoje. “Como então fazer para se ade-
quarem os muros já existentes de alvenaria ou de
tijolo baiano?”, pergunta o vereador após expli-
car sua função. Logo a seguir o mesmo detalha
as possibilidades.
Alambrados
Os alambrados são cercas comuns constru-
ídas com arame retorcido galvanizado, servindo
como telas que protegem. “Porém, não devem
ser usados sozinhos, porque do lado de fora é
muito fácil ver o que tem dentro”, ensina Paulo
Sérgio, explicando que, por outro lado, podem
ser aplicados nos topos dos muros para aumentar
sua altura, tornando-se, então, uma ferramenta
eficiente de segurança
ConcertinasAs concertinas têm a forma de elipse e são
parecidas com um rolo de arame farpado, con-
tendo lâminas confeccionadas para penetrar e
agarrar. São fabricadas em aço inoxidável ou em
material galvanizado, e são utilizadas para di-
ficultar o acesso, por cima do muro, ao interior
do condomínio, podendo ser completadas com
cercas vivas ou vegetação. “A concertina é o por-
co-espinho. Como muitos muros são baixos, fá-
ceis de pular, é necessário usar essa concertina”,
afirma Paulo Sérgio. Aplicada sobre muros ou
cercas, ou mesmo compondo a própria cerca, a
concertina impede a entrada de invasores, sejam
eles pessoas ou animais. “Ah, mas esteticamen-
te fica feio”, afirma Paulo imitando um morador
desinformado sobre o papel da ferramenta, para
logo em seguida concluir que é feio, mas resolve
o problema da segurança.
PortariasEm Jundiaí são muito vulneráveis, com
acesso direto ao porteiro. “Em quantos condo-
mínios de vocês o acesso é direto, às vezes até
externo, à entrada? Isso tem muito aqui e tem
que ser inibido”, afirma, enfático. A portaria
deve ser construída de modo a limitar a visão
de fora para dentro e evitando-se janelas e por-
tas externas. Deve conter em seu interior inter-
fone externo, equipamentos do sistema de mo-
nitoramento e vigilância e compartimentos de
recepção de entregas, sem que haja contado
direto do porteiro com um ator externo. Outra
boa prática importante citada pelo delegado é
o uso de mais de um porteiro fixo para se evitar
distrações suficientes para se colocar em risco
a vida e o patrimônio dos condôminos. Paulo
Sérgio diz é que comum encontrar nos prédios
muitos moradores que não queiram identificar
seus visitantes. Quando isso acontece, ele dá o
exemplo do acontece no próprio prédio: “En-
trou lá tem que identificar. Se o cara passou e
não identificou, eu ligo lá perguntando quem
é esse cara. No mínimo tem que se fazer uma
planilha. Quantos fazem? Lá, visitante só en-
tra identificado. E não é falar o RG, é ver o RG,
com os dados do apto, ok do morador, horário
de entrada e horário de saída. Dá um trabalho,
mas deixa todo mundo em paz.”
Portão-baia ou portão-eclusa Em Jundiaí é difícil encontrar este equipa-
mento de segurança, porém é imperativo que os
condomínios tenham portões duplos para con-
trolar o acesso, de forma que os mesmos formem
as eclusas intertravadas, em que um dos portões
se abre quando o outro se fecha. De preferência
eles devem ser automáticos para abertura a dis-
tância pelo porteiro ou por controle remoto por
moradores. Paulo Sérgio afirma que nesse mo-
mento é importante que o porteiro identifique
quem são as pessoas que estão no veículo, seja
usando uma lanterna, seja pela abertura dos vi-
dros pelo próprio condomínio e que haja uma
frase de segurança combinada com o porteiro se
algo estiver errado.
Garagens “Um dos pontos mais frágeis na seguran-
ça”, afirma logo de cara o vereador. A garagem
é considerada um dos pontos mais vulneráveis
em condomínios pela indisciplina de seus mo-
radores que não seguem as regras de seguran-
ça e, por exemplo, chegam a emprestar seus
controles remotos para visitantes, permitindo
sua clonagem. Outro ponto importante para
proteção da garagem é o uso dos portões-baia
ou eclusas no acesso, para evitar que o melian-
te pegue “carona” - usando um jargão policial.
”Em nossas visitas quase não encontramos
portão-baia nos condomínios de Jundiaí”, evi-
dencia o especialista em segurança, acusando
sinais de preocupação
Equipamentos de segurançaCFTV
“Muitos ainda não utilizam. Uma câmera
como a night and day, de gravação noturna, ou a
de 360º tem custo baixíssimo para o condomínio.
O custo benefício é tão baixo que irrita quando a
gente vai registrar a ocorrência (na delegacia de
polícia) e a pessoa informa que não tem CFTV
porque ia dar dois reais a mais no condomínio
ou, pior, se tem, que não tava gravando nesse
dia”, assinala o delegado que também pede para
que a filmagem não seja local, porque o bandido
pode levar a câmera e os DVDs, recomendando
ainda as câmaras IP – câmaras que transmitem as
imagens remotamente, via web - para resolver
esse problema.
O especialista explica que as filmagens são
importantes ferramentas de auxílio nas investiga-
ções e que deve ser prática nas delegacias anexar
as mesmas aos BOs e, mesmo que o condomínio
ofereça ou traga prontas as imagens, o delegado
deve pedi-las por ofício, legitimando e registran-
do a ação. Para loteamentos fechados é possível
colocar as câmeras de monitoramento e vigilância
dentro das casas, em diversos pontos espalhados
pelo local, sem que isso fira a legislação. “Hoje
vivemos na era dos BBBs. Quer se esconder, vá
para a Tanzânia”, brinca de maneira séria o vere-
ador, acrescentando que o principal segredo do
sucesso na construção do sistema de segurança
é a conversa com os condôminos. “A educação
dos condôminos tem que ser o principal”, explica
Paulo.
Sensor de movimento e de presençaSensores que captam qualquer movimento,
iluminando o local para iniciar a gravação. Podem
ser acompanhados de alarmes sonoros.
Sprinklers para segurançaUm tubinho de mercúrio aquece após a pas-
sagem da fumaça e estoura liberando os borrifa-
dores de água;
Iluminação e energia elétricaNeste caso, o especialista em segurança reco-
menda que os equipamentos de segurança e de
emergência estejam sempre ligados a um gera-
dor, quando acabar a energia elétrica da rede.
Cerca elétricaSobre esse item Paulo não entra nos detalhes
técnicos, mas avisa que na casa de um conheci-
do, as invasões só cessaram quando foi posta cer-
ca elétrica em cima do muro da residência.
“Como Resolver questões polêmicas em con-domínios”, com o advogado Márcio Rachkorsky (membro efetivo da equipe “Chame o Síndico”, do Fantástico, da Rede Globo), e Carlos Eduardo Quadratti e Newton Nery F. de Sousa Neto (ad-vogados especialistas em direito condominial e de vizinhança)
A mais esperada das palestras do dia reuniu
um trio de advogados especializado em polêmi-
cas condominiais com a árdua missão de dese-
novelar os nove assuntos mais espinhosos para a
16 Portal dos Condomínios . Mai/Jun 2011
25Portal dos Condomínios . Mai/Jun 2011
26 Portal dos Condomínios . Mai/Jun 2011
gestão de um síndico. Sem mais rodeios, vamos
às principais recomendações do triunvirato jurídi-
co:
Contratos“Assinar contrato é coisa mais importante
do mandato do síndico”, sentencia Márcio Ra-
chkorsky, ao mesmo que tranquiliza seus pa-
lestrados ao explicar que
qualquer contrato assina-
do está sob a proteção
do código de defesa
do consumidor.
AnimaisSegundo Ra-
chkorsky, os animais
eram o maior pro-
blema das relações
condominiais até bem
pouco tempo e agora
são a segunda ou até
terceira querela perma-
nente da agenda do síndi-
co, pois a justiça tem entendi-
do que a permanência de animal
de estimação em apartamentos é
permitida, independente do regulamen-
to ou convenção. “Para quem tem problemas
com animais, basta aprovação de maioria sim-
ples em assembléia (50% + um dos presentes)
para um capítulo especial sobre animais no re-
gulamento interno”, explica o falante advogado,
para logo após concluir: “Se o regulamento in-
terno já fizer parte da convenção, pode-se fazer
assembleia simples para cancelar esse e implan-
tar um novo.”
Barulho“Peça a reclamação por escrito, para se ter um
documento para juntar numa possível ação judi-
cial”, orienta Newton Nery à Ana Cláudia Carneiro,
síndica há cinco anos do residencial Janaína. Para
completar: “depois de receber a reclamação de ba-
rulho por escrito, o síndico deve pedir ao próprio
reclamante que converse com seu vizinho. Se isso
não funcionar, o síndico deve entrar na relação,
sem esquecer que um dos papéis do síndico é bus-
car harmonia nas relações entre os condôminos.”
Crianças“A maioria das crianças perturba no limite res-
ponsável”, afirma Carlos Quadratti para começar o
debate, ao mesmo tempo em que orienta os sín-
dicos a terem uma primeira conversa aberta com
os pais, para qualquer tipo de situação, quando
os menores começarem a passar dos limites. “Se
o problema gerado for mais grave – como por
exemplo, uso de drogas - chame a polícia”, ensi-
na Rachkorsky. Outra boa opção para acabar com
reclamações pelo comportamento das crianças é
eleger um síndico mirim, que gosta de ser líder, de
distribuir tarefas entre os colegas, o que aplacaria
sua rebeldia.
ElevadorOs elevadores dos três grandes fabricantes
O trio de advogados deixou a palestra ‘leve’, sem perder o mérito da seriedade das questões discutidas
18 Portal dos Condomínios . Mai/Jun 2011
27Portal dos Condomínios . Mai/Jun 2011
Atlas Schindler, Tyssen e OTIS – que é a campeã
de reclamações no PROCON – é uma das princi-
pais heranças das construtoras. “O problema, de
maneira geral, é que o contrato de manutenção
e peças de reposição exclui tudo o que quebra”,
explica Márcio Rachkorsky, e ainda completa: “Cer-
ca de 77% das ações judiciais falam de multa. Se
tiver multa pra rescindir, não serve. O contrato de
prestação de serviços feito com a empresa de ele-
vadores é do tipo bilateral, e não de adesão, que
é aquele em que não se pode mexer em nenhu-
ma cláusula. Portanto, não aceitem os que tiverem
multa pra rescindir”, ensina o advogado aos sín-
dicos presentes. Uma dica dada por Márcio é ler
o contrato de trás para frente e, em último caso,
levá-los para análise do PROCON.
Garagem“Em cada quatro ações na justiça sobre os
condomínios, uma é de garagem”, afirma Márcio
e alerta aos síndicos que todo e qualquer amas-
sadinho ou batida entre os carros, não é de res-
ponsabilidade do condomínio. Uma boa dica para
quem tem problemas de garagem é contratar uma
empresa especializada em redesenhar as vagas dos
estacionamentos, aproveitando melhor o espaço
e criando mais vagas, só para o caso do prédio
ter vagas indeterminadas. Há também quem use
macacos hidráulicos, como os usados para troca
de óleo nos postos de
combustível ou pa-
letes para dobrar as
vagas disponíveis.
Se nenhuma dessas
soluções funciona-
rem, contrate um
“garagista”, atesta
Márcio, com co-
nhecimento de so-
bra e avisando que
muitos condomínios
em São Paulo estão
adotando esse novo ser-
viço.
InadimplentesAté 2002, quando vigorava a lei
4591/64, a multa para atrasos era de 20%.
Com o novo código civil, caiu para 2% e criou
uma nova categoria de inadimplente: o que en-
rola para pagar. É esse inadimplente que onera o
bom pagador. “Se você tiver inadimplentes em seu
condomínio, mande uma cartinha pro devedor ou
faça plantão de cobrança”, afirma com convicção
Newton, para o que considera a primeira medida
oficial de cobrança da dívida que tanto impacta no
fluxo de caixa dos síndicos. Se o pagamento, ainda
assim, não for realizado, o síndico pode lançar uso
de três ferramentas:
1) Protesto da dívida do condômino. Coloque
também honorários advocatícios e despesas de co-
brança no protesto. Esse protesto gerará inclusão
do nome do devedor no SERASA e o mesmo per-
derá paulatinamente o cartão de crédito e o che-
que especial.
2) Individualização do consumo da água e cor-
te. A própria empresa que instala o sistema faz o
Mais de 100 pessoas lotaram o evento para a
troca de informações
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28 Portal dos Condomínios . Mai/Jun 2011
corte, de maneira que essa despesa pode ir para o
boleto de cobrança. “Os juízes estão concordando
com o corte, por entender que o não pagamento
do condomínio impacta na manutenção de um
serviço essencial a todos os moradores”, afirma
Newton.
3) Tentar rotular o inadimplente como antis-
social. Nesse caso, Márcio explica que o não pa-
gamento consecutivo da taxa condominial é que-
bra sistemática do regulamento interno, o que
justifica a ação e as medidas legais que o condo-
mínio pode tomar
4) Proibição do uso das áreas comuns. O de-
vedor não contribui para as despesas de manu-
tenção e conservação das áreas comuns, por isso
é legal instituir a proibição como medida puniti-
va.
ObrasO quórum para aprovação de obras em as-
sembleia varia com o tipo da obra. Obras volu-
ptuárias pedem 2/3 da assembleia condominial.
Já obras úteis pedem maioria simples, ou seja,
50% mais um e, por último, obras consideradas
urgentes e necessárias podem ser executadas
como prerrogativa do cargo de síndico, sem ne-
cessidade de aprovação. Uma observação impor-
tante para entender a maneira de se classificar e
aplicar a regra do quórum mínimo para aprova-
ção é que o quórum de 50% é formado por 50%
daqueles aptos a votarem (inadimplentes não es-
tão incluídos).
Portaria“Antes de contratar um novo serviço de por-
taria fale com um ex-cliente do prestador de ser-
viços”, afirma Márcio na abertura do debate so-
bre portarias. É importante verificar a idoneidade
e a reputação do possível fornecedor no merca-
do, porque se o fornecedor ou terceiro falir, a res-
ponsabilidade é do tomador de serviços. Márcio
recomenda que o síndico exija que na nota fiscal
de serviço haja todo o recolhimento dos impos-
tos e que a mesma venha acompanhada da cópia
dos holerites dos porteiros e das guias de recolhi-
mento do FGTS.
ConclusãoA palestra dos três advogados foi a mais ex-
tensa, mas só se tornou realidade após a apro-
vação do público presente no Portal Debate. Por
este motivo, algumas perguntas não puderam ser
respondidas no dia. Porém, nesta edição, todas
estão respondidas nas páginas oito e nove.
Conclusão final Portal DebateMesmo contra a vontade dos palestrantes e
de muitos dos presentes, o Portal Debate encer-
rou por volta das 13h30 do sábado deixando um
gostinho de ‘quero
mais’. O evento
ainda contou com
alguns sorteios.
A Impacto Admi-
nistração de Con-
domínios ofere-
ceu kits vinho,
a Júpiter Desen-
tupidora sorteou
um liquidificador, a
LGM, com cestas de
frutas, e a revista Por-
tal dos Condomínios
retribuiu o apoio de to-
dos os presentes no even-
to, com o sorteio de uma TV
LCD 32’’. A sorte grande caiu
sobre Tiago Zeita, representante
da ACIJUN. Até 2012 com o 2° Portal
Debate!
Paloma Cremonesi e Rodrigo Góes (Portal dos Condomínios) com Tiago Zeita, que levou o grande prêmio do dia
Premiação da LGM
Premiação da Júpiter Desentupidora
Premiação da Impacto Administradora
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29Portal dos Condomínios . Mai/Jun 2011
Gostou deste artigo? Quer sugerir algum tema?Envie mensagem para saude@condominioemrevista.com.brVocê terá um atendimento exclusivo com o fisioterapeuta Neto Aillo
SAÚDE
Convivência com os vizinhos
Por Neto Aiello - Fisioterapeuta
Outro dia estava assistindo um telejornal, so-
bre uma briga de vizinhos que acabou em morte.
Até onde pode chegar uma desavença entre vizi-
nhos? Será que não poderia ser evitado chegar a
esse ponto? Pensando nisso, convidei a psicóloga,
Ana Cláudia Diniz, para escrever sobre o assunto,
que gentilmente me enviou o texto abaixo:
Viver em condomínios ou edifícios pode ser
seguro, mas também pode virar um problema
quando as pessoas se esquecem das pequenas
gentilezas e regras de convivência. Devemos
sempre lembrar que não estamos sozinhos e,
por isso, é bom avaliar se aquilo que estamos
fazendo pode desagradar o outro. Uma forma
é nos colocarmos no lugar das pessoas sem-
pre se perguntando: ”Isso me incomodaria?
Como eu me sentiria passando por esta si-
tuação?”.
Você não precisa ser o melhor amigo
do seu vizinho, mas educação e respeito
são fundamentais para um relacionamen-
to harmonioso. Cumprimente-o quando
encontrá-lo no elevador ou na rua; respei-
te as vagas de garagem; evite barulhos de
madrugada como os de descargas, salto
alto, gritos e som. Para quem pretende ter uma re-
lação mais próxima e harmoniosa com o vizinho, um
bom começo é tentar uma aproximação oferecendo
ajuda em caso de necessidade ou mesmo dialogar a
respeito das regras e convivência no condomínio se
forem novos moradores.
A perfeita convivência entre moradores de um
edifício é fato que dificilmente é encontrada, sempre
haverá alguma questão que atrapalha o relaciona-
mento entre todos. Dizem que “não existe casamen-
to perfeito”, imaginem então, um condomínio per-
feito!
Porém, se as pessoas tiverem boa vontade e fize-
rem algum esforço, a convivência fica bem mais fácil.
O fator barulho é um grande gerador de conflitos
entre vizinhos e este assunto, devido à sua complexi-
dade, deve ser tratado com muitas reservas.
Construir uma relação boa entre vizinhos exige,
em geral, dois ingredientes básicos: diálogo e educa-
ção. A criatividade e a paciência podem ser alternati-
vas para um convívio coletivo saudável. É importante
tentar acabar com o conflito logo no início. Assim,
evita-se um clima de tensão entre os moradores. O
ideal é uma conversa entre os próprios moradores
sobre o problema, pois quando o síndico é acionado
e vai falar com o morador, sempre ouve a frase: ”mas
por que ele não veio falar diretamente comigo?”.
Isso acaba incluindo mais um membro no conflito e
aumentando o problema.
Logo, a convivência harmônica e saudável entre
vizinhos não é algo simplório, todavia é absoluta-
mente possível e, se conquistada através de aspectos
como educação, bom humor e paciência, propor-
ciona a todos os relacionados uma vizinhança mais
agradável, reduzindo o estresse dos problemas coti-
dianos.
Participação especial: Ana Claudia Diniz
Psicóloga e Psicanálise
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UTILIDADES DOMÉSTICAS
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EDUCAÇÃO
Dianir Clari Mariani - Coordenadora Pe-
dagógica - Colégio Divino Salvador.
Feliz a escola que tem o seu fazer letivo
alicerçado na construção de conhecimentos
geradores de ilimitadas possibilidades para
o melhor viver da humanidade.
É o conhecimento que nos abre as por-
tas para a compreensão de nós mesmos e
do mundo que nos rodeia; ele é o facilitador
da construção de nossa autonomia diante
de escolhas e discernimentos; é o propul-
sor do desenvolvimento de nossas capacid-
ades para produzir, sobreviver, comunicar e
amar. O não-conhecimento nos conduz aos
porões escuros, solitários e asfixiantes da
ignorância, pois nos fechamos dentro de nós
mesmos, fechando-nos, consequentemente,
para o mundo, para o outro e, com certeza,
para Deus.
Binômio inseparável: conhecimentoe aprendizagem
De que vale um conhecimento científico
se for ele por ele mesmo?
Conhecimento e aprendizagem deman-
dam transformação e transcendência. Quan-
to o conhecimento tem tornado nossos lares
mais felizes? Nosso “ser” melhor? Nossa so-
ciedade mais tolerante? Nosso mundo mais
sustentável? A escola, em sua inteireza,
tem a real compreensão de seu papel na
construção dos conhecimentos? Como ela
conduz a aquisição dos saberes para a vida?
Que tipo de vida?
E s se s conhec imentos e s t ão dando
suporte aos aprendizes para uma com-
preensão e ação perante os desafios que
caracterizam a sociedade atual: violência,
indiferença, “normose”, incertezas, poder,
corrupção, exclusões... e tantos outros? É
fundamental que as escolas tenham pro-
gramas específicos que, através dos con-
hecimentos científicos trabalhados, possam
minimizar os estragos permitidos
pela nossa soc iedade
e x t r e m a m e n t e
excluden-
te.
Se por um lado, existe um mundo cruel
em suas articulações desumanas, por outro
há um em que pessoas e ou instituições de
corações abertos, generosos e operantes
lutam com todas as forças para produzirem
saberes capazes de transformação. E es-
ses saberes somente farão de nós agentes
transformadores se estiverem a serviço de
uma educação que privi legia, na sua es-
sência, o ser humano em sua humanidade
nobre e digna.
Feliz também é a escola que se permite
ensinante-aprendente. Estudos, reflexões,
encontros, diálogos, registros e, certamente,
auxiliarão seus educadores na aprendizagem
de uma melhor “ensinagem”.
É prec iso aprender a aprender, sem-
pre! Aprender a converter o conhecimento
científico em sabedoria compartilhada do
bem-viver.
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BEM-ESTAR
A mais doce das orquídeasPor Talita RoccaAquele cheiro de chocolate em casa vindo
da cozinha é delicioso, porém é de alguma so-
bremesa que faz com que a gente engorde. Que
tal sentir esse cheiro agradável, mas que venha
diretamente de um vaso no jardim? A orquídea
Oncidium Sharry Baby, popularmente chamada
por Orquídea Chocolate é fruto de um cruza-
mento de espécies realizado na Ásia e que exala
um perfume doce.
Com pequenas e delicadas flores em um tom
marrom avermelhado e pontas brancas, esta es-
pécie pode ser considerada uma perfeição da na-
tureza. Por possuir um aroma adocicado, pode
ser cultivada em um vaso dentro de casa, pois
a planta espalha um cheiro gostoso para o am-
biente e o tempo de permanência do perfume e
a durabilidade é de até 30 dias se bem cuidada.
A professora Angela Aparecida, morado-
ra do condomínio Santa Isabel sempre gostou
de flores, mas depois que conheceu a orquídea
Chocolate se apaixonou. “Eu costumo variar as
flores de minha casa, mas prefiro a Orquídea
Chocolate, por deixar um aroma agradável no
ambiente.
Mas, como “nem tudo são flores”, as Oquí-
dea mais comuns já necessitam de um cuidado
especial e como se trata de uma espécie exótica,
o cuidado precisa ser ainda maior.
Ventilação, iluminação, adubação, água e
temperatura são fundamentais para a durabili-
dade da Orquídea Chocolate, por isso, se atente
para escolher o lugar ideal para o seu arranjo.
Segundo Talita Saab, proprietária da Keka
Flores, como a maioria das plantas, a orquídea
precisa de ventilação, por isso prefira um local
mais arejado e próximo de uma janela. Outro
fator que também conta é a luz. “A luminosi-
dade ideal é a meia sombra, por isso coloque
o vaso no sol matinal, mas não esqueça de re-
colher, para não ficar exposto na luminosidade
intensa e direta, completa Talita.
As orquídeas, em geral, têm uma fase de
crescimento - a qual se caracteriza pela apari-
ção de brotos e das raízes - e uma de repouso.
No período de crescimento, a planta precisa ser
adubada e aguada com maior frequência. Já
quando a planta entra na fase de repouso, ou
seja, quando o crescimento começa a desacele-
rar, a rega e a adubação pode ser diminuída.
A frequencia da rega é o que traz
maior dúvida entre as pessoas que pos-
suem a Orquídea Chocolate em sua re-
sidência. A dica é regar abundantemen-
te até a água escoar pelo vaso e secar o
substrato. Mas como saber quanto tempo
demora até secá-lo?
A intensidade da luz e o material do vaso
são fatores que aumentam ou diminuem o tem-
po de secagem.
Para quem não possui muito tempo dispo-
nível para cuidar de sua orquídea, prefira o vaso
de plástico, pois por não ser poroso, vai secar
mais lentamente, o que permite ficar mais tem-
po sem regar. Já o vaso de argila seca permi-
te secar mais rapidamente, o que exige maior
atenção à rega.
Ocidium Sharry Baby é adequada à tempe-
ratura entre 15°C E 28°C, por isso, em dias em
que a temperatura do ambiente é mais eleva-
da, o ideal é borrifar água na planta regular-
mente.
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34 Portal dos Condomínios . Mai/Jun 2011
Desde que seu falecido marido foi
dessa para melhor, aquela mulher se trans-
formou. Só usava preto, era da missa para casa, salvo
a feira de terça, e o recebimento da pensão uma vez por mês, deixada pelo
falecido.As vizinhas de apartamento sempre convidavam para uma
festinha de aniversário ou mesmo um Baile, lá no Clube dos Veteranos, mas era sempre a mesma desculpa: “não tinha von-tade de nada”. Os filhos moravam todos fora, sua única irmã morava em São Paulo e nunca viera sequer para uma visita.
Certa noite parou na portaria do prédio um rapaz bem apessoado e com uma bolsa na mão dizendo ser sobrinho de Dona Jura, a viúva do apartamento 64. Como ninguém sabia da existência do tal sobrinho, o porteiro interfonou e informou da presença do familiar na portaria do prédio. Esta pediu que encaminhasse seu sobrinho até o elevador para que ela o recebesse no hall de entrada de seu andar.
Na manhã seguinte, bem cedo, “o sobrinho” desceu, cumprimentou o porteiro e foi embora, com roupa trocada e banho tomado, deixando um perfume intrigante no elevador.
Passadas mais duas semanas o mesmo sobrinho volta ao prédio e faz o mesmo ritual: cumprimenta o porteiro já com uma certa intimidade e aguarda ordem para subir. Porém, desta vez, Dona Gema, vizinha de Dona Jura, a viúva, subiu junto com o sobrinho e parabenizou-o por seu ato de visitar a tia pois, após a morte do marido, ela havia enclausurado e não saia para nada, era missa e feira, feira e missa. Quem sabe agora com a visita do sobrinho poderia sair mais de casa e abandonar o luto.
Com o passar do tempo o sobrinho já era íntimo, subia no elevador sem ser anunciado e sua tia já havia abandonado o luto, visitava as amigas, mas sempre que lembrava do falecido, chorava copiosamente.
Numa sexta-feira, quando o sobrinho já havia chegado, parou um táxi em frente ao prédio e desceu uma freira com idade avançada e pediu para falar com Dona Jura, dizendo ser sua irmã. O porteiro ponderou, avisando que a moradora estava com visita e que por sinal a freirinha deveria conhecer, pois tratava-se de seu sobrinho.
A freirinha fechou a cara, empurrou o porteiro, perguntou qual era o andar e já foi subindo. Nesse meio de tempo o porteiro já havia acionado o síndico que descera correndo de seu apartamento e encontrou Dona Gema, a vizinha, pálida amparada pelo porteiro e uma gritaria.
O suposto “sobrinho” estava apenas de cueca algemado na cama do falecido e Dona Jura de maiô preto, máscara de mulher gato e, com um chicote na mão, açoitava o “pobre” mocinho.
O pobre mocinho nunca fora seu “sobrinho” e era um amante profissional, que cada semana cumpria uma fantasia de sua cliente. Dona Jura fora desmascarada, mudou-se de prédio, mas deixou uma lição: viúva é como lenha verde: chora, mas pega fogo!
Por Dr. José Miguel Simão Advogado e cronista
CRÔNICA
A Viúva
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