Ser jovem, ser pobre +® ser perigoso

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Psicologia.

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Ser jovem, ser pobre ser perigoso ?Ceclia M. B. CoimbraMaria Lvia do NascimentoCoimbra, C.M.B. & Nascimento, M.L. (2005). Ser jovem, ser pobre ser perigoso? [ Links ] Consultado em !"0#"2005 de $tt%&""'''.slab.u(("e)ibete)to2.%$%*link+.,2-te)to2#.$tm&codte)to+2#&cod.2#&t%.t&nome/autorSo perigosos,So to perigososruins demais.Fingem que gemem nas macas,que sangram nas facas,que morrem.Tem televisoqualquer barracoda escria desse pas.Comque direito,pedem os leitoslimpos dos meus guris?(orge Simas!"aulo Cesar Feital#Este trabalho coloca em anlise algumas caractersticas atribudas juventude, tomadascomosefossemumanaturea, tornando!se, assim, in"uestionveis. #aratal a$ontaremosalgumas $rodu%&es ocorridas, em es$ecial no Brasil, durante o s'culo (("ue t)m caracteriadoo jovem $obre como$erigoso, criminoso e, $ortanto, n*o humano. + seguir, discutiremos algunsefeitos forjados hoje em nosso mundo globaliado $elas $rticas "ue t)m associado$ericulosidade, criminalidadeecondi%*oden*ohumanidadesitua%*ode$obrea.+lgunsdessesefeitos$odemser e,$ressos, $or e,em$lo, $eloaumentodose,termniosocorridoscotidianamente contra a juventude $obre, $elo significativo n-mero de jovens cum$rindomedidas de reclus*o, dentre alguns outros as$ectos "ue ser*o a"ui assinalados. .inaliaremoscitandouma $es"uisa $or n/s realiada onde, atrav's de levantamentos feitos em $rocessosvinculados ao antigo 0uiado de Menores, hoje 0uiado da 1nf2ncia e da 0uventude, $ercebemoscomo os diferentes $rofissionais $resentes nesse estabelecimento, muitas vees, t)mfortalecido com suas $rticas um determinadomodo de ser e de e,istir$araa"ueles "ue t)m $rocurado esse /rg*o.1Majoritariamente, na sociedade ca$italista, o jovem tem sido construdo como um seremforma%*o, em crescimento, emdesenvolvimento, emevolu%*o. 3al $erodode vida,considerado comosendodetransi%*o, carrega certasmarcas"uet)msidoafirmadascomonatureas.+lgumas$rticasbaseadasnosconhecimentoshegem4nicosda Medicinae daBiologia, dentre outros, t)m afirmado, $or e,em$lo, "ue determinadas mudan%as hormonais,glandulares e fsicas, t$icas dessa fase, s*o res$onsveis $or certas caractersticas $sicol/gico!e,istenciais"ueseriam$r/$riasdajuventude. 5escrevem, assim,suasatitudes,com$ortamentose formasdeestar nomundo comomanifesta%&esdessascaractersticas,$ercebidascomoumaess)nciae, $ortanto, comoimutveis. 5essamaneira, 6"ualidades7 e6defeitos7 considerados t$icos do jovemcomo entusiasmo, vigor, im$ulsividade, rebeldia,agressividade, alegria, intros$ec%*o, timide, dentre outros, $assam a sersin4nimos da"uilo "ue' $r/$rio de sua naturea.#or "uetal formadecaracteriar ajuventudetemsidoa$licadaa$enasaalgunssegmentos sociais8 #or "ue o jovem $obre encontra!se e,cludo desse "uadro8 9ue outras articula%&es foram sendo $roduidas e fortalecidas, ao longo do s'culo ((, $ara a juventude$obre8 Articulando pobreza, periculosidade, criminalidade : anos trabalhando com algumas ferramentas $ro$ostas $or Michel .oucault ;>?,entendemos, como ele, "ue sejaim$ortante $ensar a emerg)ncia do ca$italismo industrial e do "ue esse autor chamou desociedade disci$linar, "uando as elites $assam a se $reocu$ar, n*osomente com as infra%&es cometidas $elo sujeito, mas tamb'm com a"uelas "ue $oder*ovir aacontecer. +ssim, o controle n*o se far a$enas em cima do "ue se ', do "ue se fe, mas$rinci$almentesobreo"uese$odervir aser, do"uese$odervir afaer, sobre asvirtualidades. Emnosso $as, "ue tra como heran%a mais de treentos anos de escravid*o,considerada '$oca como fato natural, o controle das virtualidades e,ercer um$a$elfundamental na constitui%*o de nossas $erce$%&es esubjetividades sobre a $obrea. #aratal, muitot)mcontribudoalgumasteoriascomoasracistaseeug)nicas, "ueemergemno s'culo (1(, na Euro$a, condenando as misturas raciais e caracteriando!as comoindesejveis, $rodutoras de enfermidades, dedoen%as fsicas e morais ;imbecilidades, idiotias,retardos, defici)ncias em geral, indol)ncia, dentre outras?. @ interessante notarmos "ue, nessemesmo$erodo, ocorrem, tamb'mna Euro$a, movimentos"ue$ro$ugnameinfluenciamas$ro$ostas de aboli%*o da escravatura negra nas +m'ricas. Au seja, ao mesmo tem$o em "ueemerge a figura de um certo trabalhador livre B segundo os interesses econ4micos vinculados aoca$italismo liberal da '$oca B $rodu!se uma ess)ncia $ara esse mesmo trabalhador.5efinindo!se formas consideradas corretas e verdadeiras de ser e de e,istir, forjam!sesubjetividades sobre a $obrea e sobre o $obreC di!se o "ue dever*o ser.Degundoal/gicadoca$italismoliberal, ostrabalhadoreslivrest)m liberdade $ara oferecer e vender sua for%a de trabalho no mercado, desde "ue se mantenham no seu devidolugar, desde "ue n*o $artici$em dessas misturas indesejveis, mantendo!se dentro das normasvigentes, desde"ue, $ortanto, res$eitemasregrasim$ostas$orumasociedadedeclasses.Dociedade essa "ue, $arado,almente, a $artir de certos $rinc$ios defendidos $or uma elite "ueascende ao $oder, $ro$ugna em seus discursos "ue os direitos humanos, $olticos, econ4micos,2sociais e culturais s*o direitos de todos, $roduindo!os, assim, como direitos universais atrav'sde suas famosas $alavras de ordemE liberdade, igualdade e fraternidade. Entendemos B como nos a$ontou Mar, B "ue a forma%*o da ri"uea, a acumula%*o doca$ital $rodu, tamb'm, oseucontrrio, amis'ria. #ela /ticae 6'tica7 doca$italismoesta$assa a ser naturalmente $ercebida como advinda da ociosidade, da indol)ncia e dos vciosinerentes aos $obres. #ortanto, esses$rinc$iosburguesesn*o$odem ser estendidos a todosecaracteriados como universais, $oisnumasociedadeondea liberdade'uma"uimera,adesigualdade e a com$etitividade s*o as regras do bom viver,uma e,ist)ncia livre, igualitria efraterna n*o tem lugar .+inda no s'culo (1(, na Euro$a, $ari $assu s teorias racistas e ao movimento eug)nicoe lhes servindo de base, temos a obra de Morel ;FG?, o63ratado das 5egeneresc)ncias7 ondea$arece o termo 6classes $erigosas7, definindo!o da seguinte maneiraE ;...? no seio dessa sociedade t*o civiliada e,istem 6verdadeiras variedades7 ;...? "uen*o$ossuem nem a intelig)ncia do dever, nem o sentimento damoralidade dos atos,e cujo es$rito n*o ' suscetvel de ser esclarecido ou mesmo consolado $or "ual"uerid'ia de ordem religiosa. 9ual"uer uma destas variedades foidesignada sob o justottulode classes$erigosas;...?constituindo $araasociedadeumestadode$erigo$ermanente. ;+$ud Lobo,