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SÃO PAULO, 05 DE NOVEMBRO DE 2015.
Árvore de Natal do Ibirapuera começa a ser montada na Zona Sul de SP
A estrutura da árvore de Natal do Ibirapuera, na Zona Sul de São Paulo, começou a ser
montada no domingo (1º). Os detalhes sobre a decoração e os custos da árvore,
instalada na área externa do Parque Ibirapuera, na Praça Aldo Chioratto, ainda não
foram divulgados pela Prefeitura porque, segundo a SPTuris, o projeto completo do
Natal Iluminado 2015 está em finalização.
Sem patrocínio da iniciativa privada, a estrutura foi totalmente paga pela Prefeitura de
São Paulo em 2014. O custo foi de R$ 1,9 milhão, de acordo com empresa municipal de
turismo e eventos responsável pela organização da programação de fim de ano na
capital paulista. Com 54 metros de altura e 30 metros de diâmetro, a árvore do
Ibirapuera era equivalente a um prédio de 20 andares.
A decoração tinha 60 bolas coloridas com até 1,5 metro cada, 20 estrelas cadentes de
até 2 metros com micro lâmpadas, 50 estrelas de até um metro de diâmetro com
lâmpadas especiais e cerca de 40 laços vermelhos, além de outros adornos e luzes.
Até outubro, a Prefeitura recebeu propostas de parceria com a iniciativa privada para a
decoração na Avenida Paulista, Parque Ibirapuera, Mercado Municipal (Mercadão),
Theatro Municipal, Represa de Guarapiranga, Praça Charles Miller, Vale do
Anhangabaú, entre outros.
Câmara discute projetos relacionados ao meio ambiente
Assista, aqui.
Ação para prevenir câncer de próstata deixa azul monumentos de SP
Campanha é para conscientizar e prevenir o câncer de próstata.
Viaduto do Chá e Estádio do Pacaembu estão iluminados.
A campanha “novembro azul” está iluminando de azul alguns monumentos de São
Paulo. A ação tem o objetivo de orientar os homens a procurarem o médico para
prevenir o câncer de próstata.
O Viaduto do Chá, a Biblioteca Mário de Andrade, o Monumento às Bandeiras, o
Estádio do Pacaembu e o Instituto do Câncer estão iluminados.
A recomendação dos médicos é que a partir do 50 anos os homens façam anualmente
os exames preventivos. Quando a doença é descoberta cedo as chances de cura são de
90%.
O "novembro azul" veio logo após o "outubro rosa", que alerta sobre a importância da
prevenção e o combate ao câncer de mama. Em outubro, os relógios da cidade ficaram
rosas e o Parque do Ibirapuera recebeu uma roda gigante iluminada.
Cantareira sobe pelo 3º dia seguido, mas chuvas dão trégua
O nível do Sistema Cantareira subiu pela terceira vez seguida nesta quarta-feira (4),
passando de 16,4% para 16,5%, conforme boletim da Companhia de Saneamento
Básico do Estado de São Paulo (Sabesp).
Em outubro, as represas que abastecem 5,3 milhões de consumidores na Grande São
Paulo receberam 47,8 mm de chuva, 29,8% do esperado para o mês. O reservatórios,
no entanto, seguem operando no chamado “volume morto”.
Os sistemas Alto Tietê, Alto Cotia, Guarapiranga, Rio Grande, Alto Cotia e Rio Claro
também tiveram aumento no nível de água.
O índice de 16,5% do Sistema Cantareira considera o cálculo feito com base na divisão
do volume armazenado pelo volume útil de água.
Após ação do Ministério Público (MP), aceita pela Justiça, a companhia passou a
divulgar outros dois índices para o Sistema Cantareira. O segundo índice leva em
consideração a conta do volume armazenado pelo volume total de água do Cantareira
e era de 12,8% nesta segunda. O terceiro índice leva em consideração o volume
armazenado menos o volume da reserva técnica pelo volume útil e era de -12,8 % na
manhã de quarta-feira.
Balanço de inverno – O Cantareira teve o inverno mais chuvoso desde 2009, segundo
levantamento do G1 feito com base nos dados divulgados diariamente pela Sabesp. A
estação, que começou em 21 de junho, terminou às 5h20 do dia 23 de setembro.
O manancial recebeu 188,9 milímetros de chuva no período, maior marca dos últimos
seis anos. A precipitação é 82% maior que a do inverno do ano passado, quando
choveram 103,5 mm, mas muito menor que a marca de sete anos atrás: 323,8 mm, em
2009.
Apesar do balanço positivo de chuvas, o sistema seguiu perdendo água durante a
estação e ainda está operando no volume morto.
Brasil precisa de impostos verdes e equipes para proteger meio
ambiente, alerta OCDE
A acentuada redução do desmatamento na Amazônia diminuiu a pegada de carbono
do Brasil em 40 por cento desde 2000, mas o país deve fazer mais para atingir um meio
ambiente sustentável, afirmou a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
Econômico (OCDE) nesta quarta-feira.
O país deve aumentar o uso de impostos verdes para limitar os crescentes níveis de
emissões de gás carbônico nas cidades, que estão crescendo rapidamente,
recomendou a OCDE em um relatório sobre a performance ambiental brasileira.
O Brasil também precisa mobilizar mais pessoas e recursos para gerenciar áreas
protegidas que são importantes para o combate ao desmatamento e reconciliar a
conservação da biodiversidade com o desenvolvimento econômico, notavelmente na
agricultura, disse a OCDE.
O novo Código Florestal, o Cadastro Ambiental Rural e um sistema negociável de cotas
de florestas devem ser plenamente implementados para ajudar a conservação e
complementados por programas que criam opções de subsistência mais atrativas para
desencorajar o desmatamento ilegal, segundo a organização.
As Áreas de Proteção Ambiental, importante no combate ao desmatamento,
aumentaram de maneira impressionante até alcançar 17 por cento do território do
país, mas a maior parte delas tem poucas equipes e nenhum plano de gerenciamento,
apontou o relatório. O ecoturismo deve ser encorajado nestas áreas, recomendou a
OCDE.
O desmatamento anual da Amazônia caiu em 75 por cento, em relação aos níveis de
meados da década de 2000, embora o ritmo atual ainda signifique uma perda florestal
do tamanho do Estado de Sergipe a cada quatro anos.
Sobre a mudança climática, a queda nas emissões de gases do efeito estufa devido a
uma diminuição drástica do desmatamento mais do que compensou o rápido
crescimento das emissões na agricultura e na energia, setores que hoje respondem
pela maior parte das emissões.
Uma década de crescimento econômico, rápida urbanização e aumento dos níveis de
renda tem impulsionado a demanda por energia e recursos naturais, dobrado a frota
de veículos e elevado as pressões ambientais.
O Brasil deveria contar mais com impostos relacionados ao meio ambiente, que
corresponderam a somente 1,9 por cento do total de receitas provenientes de
impostos em 2013, na comparação a 5,1 por cento, em média, para países da OCDE,
segundo o relatório.
Seminário destacará tecnologias sustentáveis de manejo e conservação
da água e do solo
O Seminário "Solo e Água no Contexto de Desenvolvimento em Bacias Hidrográficas" já
está com as inscrições abertas para receber trabalhos de técnicos e estudantes de
graduação e pós-graduação que atuam na área de manejo de água e solo. O evento,
que será realizado do dia 4 de dezembro, tem por objetivo divulgar pesquisas e
socializar metodologias e tecnologias sustentáveis de manejo e conservação da água e
do solo em bacias hidrográficas.
O seminário é organizado pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São
Francisco e do Parnaíba (Codevasf), empresa pública vinculada ao Ministério da
Integração Nacional (MI).
A temática poderá abranger desde economia e reuso de água até identificação de
solos, revegetação, recomposição de nascentes e outras vertentes. Todos os trabalhos
inscritos serão publicados no site do seminário. A comissão científica selecionará 50
para exposição no Espaço Cultura da Codevasf.
O evento é realizado em parceria com o Sindicato Nacional dos Trabalhadores de
Pesquisa e Desenvolvimento Agropecuário (Sinpaf).
Programação
A programação do seminário contará com mesas-redondas que abordarão temáticas
como governança e preservação dos solos e da água, o papel do governo na
governança e a gestão do uso do território e dos solos não urbanos, a otimização do
uso da água em perímetros públicos de irrigação e outros.
O evento conta com o apoio de Embrapa Cerrados, Embrapa Semiárido, Universidade
de Brasília (UnB), Tribunal de Contas da União, Divisão de Meio Ambiente do
Ministério das Relações Exteriores (MRE) e Agência Nacional de Águas (ANA).
Espetáculo sobre a importância da preservação do meio ambiente será
apresentado gratuitamente no ABC
Durante os dias 10 a 12 de agosto, alunos das escolas municipais Padre Fiorente
Helena e Marineida Meneghelli de Lucca poderão se divertir e, ao mesmo tempo, se
emocionar com o espetáculo ‘’GALERA DO PLANETA NA FAZENDA 2”. O projeto é
patrocinado pela Tegma-Gestão e Logística, e tem como objetivo levar arte,
entretenimento e conscientização para as crianças, por meio de apresentações
gratuitas.
Produzida pelo Grupo Komedi e encenado pela Cia. Metrópole, ‘Galera do planeta na
fazenda 2’ mescla o universo lúdico da criança com questões sobre a importância da
preservação do meio ambiente e o respeito à natureza e alimentação saudável.
Escrita por Sérgio Valle e dirigida por Adriano Veríssimo, a peça traz à cena os
personagens Julinha Relógio, Gaivota Gabriel, Baleia Balu e Sr Pinguinho em uma
aventura divertida e envolvente. Ao visitarem a serelepe e simpática Vó Ana, que mora
na Fazenda Recanto Feliz, eles aprendem um pouco sobre o universo da vida no
campo, as tradições rurais e o respeito à natureza. Como muitas crianças da cidade
grande, eles não sabiam que grande parte dos alimentos não são fabricados em
grandes estabelecimentos, mas cedidos gentilmente pela natureza, a quem tanto
maltratamos. Entre risadas e trapalhadas, descobrem inclusive que o leite não vem do
supermercado, mas sim da vaca. Seu Antônio, outro morador dessa linda fazenda,
conduz os personagens a uma história repleta de ensinamentos, que enfatiza a
importância da boa alimentação Lançando mão de uma história envolvente e que
utiliza melodias cantadas e narrativas em tom de comédia, para facilitar a
compreensão dos alunos, a peça também desperta o respeito à água.
Aplicativo recebe denúncias de falta de água em São Paulo
O aplicativo “Tá Faltando Água” é uma plataforma social de mobilização e
conscientização, que está mapeando a falta de água na região metropolitana de São
Paulo e já recebeu milhares de denúncias desde seu lançamento, em setembro.
Divulgado pela Aliança Pela Água, rede que reúne mais de 60 entidades entre ONGs,
especialistas e movimentos sociais, incluindo a Fundação SOS Mata Atlântica, o
aplicativo usa os sistemas de geolocalização do próprio celular ou o CEP do imóvel
atingido para possibilitar que as pessoas que registrem a falta de água em seu imóvel.
Assim como no aplicativo de trânsito “Waze”, é possível ver a incidência de falta de
água em tempo real em toda a cidade.
Estão disponíveis duas versões do mesmo aplicativo: uma na internet, desenvolvido
pelo Instituto Socio Ambiental (ISA), para acesso via navegador, e outro para celulares
com sistema operacional Android e iOS (a partir de 25 de setembro), desenvolvido por
voluntários da empresa Autbank.
O app permite a produção de relatórios detalhados sobre a situação da escassez
hídrica, que serão divulgados periodicamente no site Sala de Crise
(www.saladecrise.com.br), da Aliança Pela Água, em formato de relatório e base de
dados aberta para análises independentes.
“Os relatórios criados a partir da notificações do aplicativo podem servir como
elemento de prova para adoção de medidas judiciais pertinentes”, afirmou Ricardo
Manuel Castro, promotor de Justiça do Estado de São Paulo.
A campanha “Tá Faltando Água” é um esforço conjunto de diferentes organizações que
integram a Aliança Pela Água, e que vão envolver suas redes, além de promover
encontros e aulas públicas em diferentes regiões. Conta ainda com a adesão do
Coletivo de Luta pela Água, que reúne organizações e movimentos sociais.
País poderá viver drama climático em 2040
Em 25 anos, Brasil conviverá com calor extremo, falta d’água e de energia, queda
na produção agropecuária, doenças e prejuízo por ressacas, sugere maior
levantamento já feito sobre impactos do clima.
Daqui a apenas 25 anos, no tempo de vida da maior parte dos leitores deste texto, o
Brasil poderá ter seu cotidiano e sua economia transformados – para pior – pela
mudança do clima. Secas violentas impedirão o parque hidrelétrico de gerar energia
para atender à população e tornarão fúteis investimentos bilionários em barragens na
Amazônia. Culturas como a soja poderão ter redução de até 39% em sua área. A
elevação do nível do mar deixará exposto a alto risco de destruição um patrimônio
imobiliário de até R$ 124 bilhões apenas na cidade do Rio de Janeiro. Mais idosos
morrerão por ondas de calor, especialmente no Norte e no Nordeste
As más notícias vêm do maior estudo já realizado sobre impactos da mudança
climática no Brasil. Trata-se do “Brasil 2040 – Alternativas de Adaptação às Mudanças
Climáticas”, encomendado pela Secretaria de Estudos Estratégicos da Presidência da
República a diversos grupos de pesquisa do país e divulgado nesta quinta-feira (29/10),
sem alarde, na página do extinto ministério na internet. O Ministério do Meio
Ambiente, que herdara o estudo após a demissão de seus idealizadores pela SAE em
março, se preparava para publicá-lo nos próximos dias.
O trabalho busca entender como o clima poderá variar no Brasil nos próximos 25, 55 e
85 anos, de forma a embasar políticas públicas de adaptação em cinco grandes áreas:
saúde, recursos hídricos, energia, agricultura e infraestrutura (costeira e de
transportes).
Os cenários para os diversos setores foram construídos a partir de dois modelos
climáticos globais usados pelo IPCC, o painel do clima das Nações Unidas, e
regionalizados para o Brasil pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).
Esses modelos são grandes simulações da Terra, onde são incluídas variáveis como
vento, oceanos e florestas. Alimentando-os com dados sobre a taxa de emissões de
gases de efeito estufa, eles conseguem estimar como o clima vai variar nas próximas
décadas ou séculos.
Os modelos do IPCC têm a vantagem de enxergar o planeta inteiro, porém são
“míopes”: eles dividem o mundo em células de 200 km x 200 km, grandes demais para
permitir investigar variações climáticas dentro de uma região geográfica menor ou um
país. O que o Inpe fez foi usar dois desses modelos e aumentar sua resolução para 20
km x 20 km, dando um zoom na América do Sul. Isso permitiu montar pela primeira
vez cenários detalhados de chuva e temperatura para as próximas décadas no Brasil.
Dois modelos foram utilizados: o britânico HadGEM-2 e o japonês Miroc-5. Por uma
questão de personalidade matemática, por assim dizer, ambos “enxergam” o clima no
futuro de jeitos diferentes: o britânico tende a apontar um mundo mais seco no
futuro, enquanto o japonês vê um mundo mais chuvoso.
Cada modelo, por sua vez, foi rodado em dois cenários de emissão de gases de efeito
estufa do IPCC, as chamadas “trajetórias representativas de concentração”: o RCP 8,5,
que assume que a humanidade não fará nada para controlar as emissões de CO2; e o
RCP 4,5, que assume esforços limitados de controle de emissões, mas ainda fora da
trajetória dos 2oC considerados o limite máximo “seguro” de aquecimento.
O que a modelagem revelou foi que, em todos os cenários, o Brasil de 2040 será um
país mais quente e mais seco. As temperaturas médias nos meses mais quentes do ano
podem subir até 3oC em relação às médias atuais no Centro-Oeste. A região Sul tende
a ficar mais chuvosa, enquanto o Sudeste, o Centro-Oeste e partes do Norte e
Nordeste teriam reduções nas chuvas, em especial nos meses de verão.
O primeiro efeito disso é uma redução na vazão dos rios que abastecem a maior parte
da população brasileira, como mostraram os estudos sobre recursos hídricos do “Brasil
2040”.
Um grupo liderado por Francisco de Assis Souza e Eduardo Martins, da Universidade
Federal do Ceará e da Fundação Cearense de Meteorologia, usou os dados de chuva
para construir um modelo de vazão – não é possível estimar quanto um rio enche ou
seca apenas olhando para a média de chuvas.
O resultado é dramático para quem acha que o Sudeste do Brasil já sofreu o suficiente
com falta d’água e ameaça de racionamento de energia nos últimos três anos: no
melhor cenário, vários rios de Minas Gerais, São Paulo, Goiás, Tocantins, Bahia e Pará
terão reduções de vazão de 10% a 30%.
Transpostos para as usinas hidrelétricas, os dados de vazão trazem um desafio para o
setor de energia no Brasil: as mais importantes usinas do país – Furnas, Itaipu,
Sobradinho e Tucuruí – teriam reduções de vazão de 38% a 57% no pior cenário.
Na Amazônia, região eleita pelo governo a nova fronteira da hidroeletricidade no país,
as quedas também seriam significativas, como adiantou o OC em abril: a vazão de Belo
Monte cairia de 25% a 55%, a de Santo Antônio, de 40% a 65%, e a da usina planejada
de São Luís do Tapajós, de 20% a 30%.
Vazões estimadas de algumas das principais hidrelétricas do país para o período 2011-
2040. A linha verde mostra o melhor cenário; a vermelha, o pior.
Hidrelétricas em colapso
À exceção de São Luís, a maioria das novas usinas na Amazônia é a fio d’água, ou seja,
não possui grande reservatório. Isso significa que seu fator de capacidade, ou seja, a
quantidade de energia constante gerada ao longo do ano, é reduzido, já que a vazão
dos rios amazônicos varia enormemente entre a estação da seca e a da chuva. Belo
Monte, por exemplo, tem um fator de capacidade de cerca de 40%, que, reduzido à
metade, daria à hidrelétrica de R$ 30 bilhões um fator de capacidade menor que o de
usinas eólicas – para as quais os planejadores energéticos brasileiros e a presidente
Dilma Rousseff torcem o nariz, já que essas usinas não são capazes de gerar “energia
firme” nos períodos sem vento. No total, a geração hidrelétrica cai de 8% a 20% no
país.
“O planejamento energético precisa ser revisto urgentemente à luz dos dados do
‘2040’, sob pena de a sociedade enterrar bilhões de reais em projetos que não se
pagam”, disse Carlos Rittl, secretário-executivo do OC.
Os dados de Martins e Souza foram utilizados por uma equipe de pesquisadores da
Coppe-URFJ liderada por Roberto Schaeffer para analisar o que acontece com a
eletricidade do Brasil nos próximos 25 anos caso se confirmem os cenários de
mudança do clima.
O grupo usou em sua análise, por sua vez, dois modelos computacionais: um deles leva
em conta a matriz energética, a demanda por eletricidade e o crescimento do PIB para
estimar o comportamento do sistema elétrico brasileiro – que fontes crescem na
matriz, que fontes diminuem, de acordo com o custo e o fator de capacidade. O outro
modelo simula como as usinas hidrelétricas e termelétricas operam no mundo real de
acordo com a disponibilidade de água nos reservatórios.
A principal conclusão do estudo de Schaeffer e colegas é filosófica: o planejamento
elétrico no Brasil não poderá mais ser feito como vem sendo. Hoje, os responsáveis
pelo setor no governo trabalham segundo a filosofia do “estado estacionário” de
variáveis climáticas, ou seja, o comportamento dos rios no futuro seguirá o
comportamento do passado.
“Não dá mais para fazer isso. O futuro não vai obrigatoriamente repetir o passado”,
disse Schaeffer ao OC.
A análise dos pesquisadores mostra que, em todos os cenários analisados, há uma
queda na vazão das principais bacias hidrográficas brasileiras, que empurra o sistema
elétrico para uma situação de desequilíbrio estrutural: o sistema não dá conta de
atender a demanda, provocando cortes de carga – em português claro, apagões.
Sem medidas de corte de emissões (ou seja, no RCP 8,5), no pior cenário, a vazão dos
reservatórios cai 30% e o risco de déficit em alguns anos se aproxima de 100% – a
margem considerada “segura” pelo governo para evitar apagões é de 5%. No melhor
cenário, a queda de vazão das hidrelétricas chega a 10%, e o risco de déficit, a 60% em
alguns anos. O custo de operação do sistema, que leva em conta inclusive o
acionamento de térmicas, sobe em oito vezes no melhor cenário e em 16,7 vezes no
pior.
A consequência do colapso das hidrelétricas é o aumento do uso de carvão mineral e
gás natural na matriz brasileira, o que tanto aumenta o custo de operação do sistema
quanto as emissões de carbono, agravando ainda mais o efeito estufa. Outra
consequência pode ser o retorno das usinas com grandes reservatórios, em especial na
região Sul, onde vai chover mais.
Os resultados surpreenderam até os pesquisadores. “Se isso acontecer, o país para se
não tiver um seguro”, disse Schaeffer.
Parte desse “seguro” não depende apenas do Brasil: é o corte de emissões dentro de
um acordo global do clima. Segundo o estudo, somente o custo de expansão do
sistema elétrico cairia em R$ 122 bilhões entre o cenário RCP 8,5 (sem mitigação da
mudança do clima) e o cenário RCP 4,5 (com mitigação).
O “seguro” cabe ao país contratar, segundo o pesquisador, é a adaptação do sistema. E
a melhor maneira de adaptar, curiosamente, é reduzindo emissões: aumentando em
muito a eficiência energética e o uso de renováveis, de modo a reduzir a dependência
de termelétricas fósseis e de hidrelétricas, e colocando um preço nas emissões de
carbono – não necessariamente uma taxa, Schaeffer apressa-se a dizer.
Os dados de energia e recursos hídricos do “Brasil 2040” foram apresentados ao
governo federal ao longo do ano e recebidos com algumas críticas – o estudo da UFCE
foi considerado “alarmista” pela própria SAE.
“Uma crítica que a gente pode receber é que há incerteza. Mas também há incerteza
sobre se você vai ficar doente, e nem por isso você deixa de fazer um plano de saúde”,
compara Roberto Schaeffer.
Mico no Mapitoba
Os relatórios sobre agricultura, elaborados por equipes da Embrapa e do Agroicone,
também devem causar arrepios no governo. Eles mostram que a maior aposta da
ministra Kátia Abreu (Agricultura) para a futura expansão da produção no país, o
chamado Mapitoba (uma zona de cerrados entre Maranhão, Piauí, Tocantins e Bahia),
pode virar um mico na mão de investidores.
Uma das análises aponta para a tendência de desvalorização das terras por
decorrência das mudanças na produção e aumento do risco climático. Em
Pernambuco, as terras podem perder até 43% do seu valor. No Pará, a perda pode ser
de até 36%.
No estado do Maranhão, as perdas podem variar de 2% a 16%, no Tocantins de 14% a
26% e de 3% a 14% no Piauí. Um dos cenários aponta valorização das terras na Bahia,
mas esse estado também pode ter perdas de 5% no valor das terras.
Os impactos das mudanças do clima na agricultura podem levar a perdas de
área agriculturável em quase todas as culturas avaliadas – o efeito mais grave deve
recair sobre a área de cultivo de soja, com perdas de até 39%. O feijão, arroz e milho
safrinha podem ter redução de área cultivável de 26%, 24% e 28%, respectivamente.
No caso da cana-de-açúcar, as áreas cultiváveis podem aumentar, por ser um gênero
que precisa de calor, em especial para a produção de etanol. Porém, o cultivo deve
migrar para regiões que hoje são mais frias. A produção de mandioca deve sair do
Nordeste, muito seco, e migrar para áreas de Cerrado e Amazônia. O caupi, ou feijão-
de- corda, já está migrando do Nordeste para o Centro-Oeste.
A pesquisa sugere que a própria dinâmica do mercado vai ser uma das medidas de
adaptação: a redução de áreas aptas para produção deve afetar os preços das
commodities agrícolas; as regiões de maior aptidão produtiva devem responder
positivamente, enquanto outras regiões deverão perder produção; haverá impactos
sobre os preços ao produtor e ao consumidor final; novos equilíbrios de oferta,
demanda e preços serão gerados, influenciando na produção.
Calor
O capítulo de saúde, que não está entre os relatórios disponibilizados pela SAE mas ao
qual o OC teve acesso, avaliou apenas os impactos das ondas de calor sobre taxas de
mortalidade. Os efeitos são heterogêneos, de acordo com a faixa etária, clima regional
e as condições de saneamento. Os idosos são o grupo populacional mais vulnerável,
enquanto na avaliação por região, Norte e Nordeste devem ser as mais afetadas.
No Tocantins, por exemplo, o aumento do número de mortes entre idosos pode
chegar a 9%, em decorrência de doenças respiratórias agravadas por ondas de calor.
Rio Grande do Norte e Paraíba também devem ter aumento superior a 5% nos índices
de mortalidade no mesmo grupo.
“Temos o dado demográfico: a população vai envelhecer. Então, o Brasil vai se tornar
mais vulnerável às mudanças do clima”, diz o coordenador do estudo, José Feres, do
IPEA (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas).
O estudo também alerta para a disseminação de doenças infecciosas endêmicas, que
podem aumentar de acordo com as condições climáticas, como malária, dengue e
leptospirose. Outra preocupação são eventos climáticos extremos como tempestades,
ocasionando inundações, afogamentos, desabamentos, aglomerações, entre outros.
“Nossa principal recomendação é a criação de um sistema de alerta para ondas de
calor e outros eventos climáticos extremos. É uma medida simples, mas que o Brasil
ainda não tem”, diz Feres.
Estradas ruins
A avaliação dos impactos sobre a infraestrutura de transportes traz a informação que
os brasileiros que viajam de carro ou ônibus já sabem: nossa malha rodoviária já é
ruim. Mas pode piorar. O estresse por chuvas intensas, acúmulo de umidade e altas
temperaturas demanda altos investimentos em adaptação.
Combinando informações sobre sinalização, qualidade do asfalto e condições das
rodovias, elaborou-se o Índice de Vulnerabilidade da Infraestrutura Rodoviária (IVIR).
Quanto mais alto, mais vulneráveis são as rodovias. Observando os mapas, é possível
comparar o número de rodovias vulneráveis hoje e em 2040.
As regiões Sudeste e Sul, que hoje já apresentam estradas em boas condições, serão as
menos afetadas. Atualmente, apenas oito estados apresentam segmentos vulneráveis,
contra 22 estados no cenário futuro, além do Distrito Federal. A região Nordeste é
campeã em vulnerabilidade, em especial no litoral – tanto pela possibilidade de
aumento de temperaturas quanto pelas condições das rodovias.
“No Brasil, não há um banco de dados consistente sobre os efeitos de eventos
climáticos na infraestrutura rodoviária e não há indícios de que essa situação irá mudar
no curto prazo”, diz o relatório. “Tal banco de dados é importante para determinar a
resiliência atual e para prover a base para estudos sobre impactos relacionados ao
clima futuros.”
A análise ressalta que os custos de adaptação e reparos podem ser muito superiores à
economia feita com obras mais baratas, que não serão satisfatórias em médio e longo
prazo. Também recomenda o desenvolvimento de estudos sobre o risco de
afogamento da infraestrutura rodoviária em decorrência de chuvas fortes, em todo o
território nacional.
“São soluções de engenharia tradicional, mas que sairão caríssimas por causa do
tamanho da rede”, disse Sérgio Margulis, economista carioca que idealizou o “Brasil
2040”.
Olha a onda
A equipe do engenheiro Wilson Cabral Jr., do ITA (Instituto Tecnológico de
Aeronáutica) também criou um índice de vulnerabilidade para a infraestrutura costeira
e portuária do Brasil, na tentativa de estimar o que aconteceria com o litoral em caso
de elevação do nível do mar conforme previsto pelo IPCC.
Os pesquisadores tiveram de lidar com um problema adicional: a absoluta falta de
informações sobre como o nível do mar vem subindo no país nas últimas décadas e
sobre como as ondas vêm ficando mais fortes. “A rede de marégrafos no Brasil é
incipiente, e a de ondógrafos mais ainda”, disse Márcia Oliveira, coordenadora de
Gerenciamento Costeiro do Ministério do Meio Ambiente.
Segundo Cabral, nem mesmo as bases de dados usadas para estimar a altimetria (a
altura do terreno acima do nível do mar) e a batimetria (o perfil do fundo oceânico),
dois dados que precisam ser combinados para informar a elevação da lâmina d’água e
o risco de inundação, conversam entre si. Há um erro sistemático nas medições que os
pesquisadores não conseguem nem mesmo estimar.
Cabral e seu aluno Vítor Zanetti usaram, então, as projeções de nível do mar do IPCC
para estimar risco de alagamento e ressacas em Santos e no Rio de Janeiro. Um outro
grupo, da USP, estimou o impacto nos portos e as medidas de adaptação necessárias.
Os resultados mostram que quase todos os portos do país precisam já hoje de medidas
de adaptação, seja para aumentar a chamada “borda livre”, o espaço seco entre o cais
e a água, seja para aumentar o calado por causa de assoreamento. O custo dessas
medidas, que inclui a construção de quebra-mares, foi calculado em R$ 7 bilhões –
mais do que o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) investiu em portos.
Para Santos e para o Rio, foram mapeadas as zonas em risco alto e muito alto de
deslizamento, ressaca e inundação, o que inclui hospitais e a infraestrutura de
transporte público, além de estações de tratamento de esgotos. A Linha Vermelha, no
Rio, está longe da praia, mas deve alagar com frequência ainda maior devido ao efeito
de “barragem” que o mar mais alto exerce sobre os canais que a rodovia cruza. O
quadro que emerge nas duas cidades é o de colapso urbano em caso de ressacas e
inundações muito graves no futuro. Apenas no Rio, o patrimônio imobiliário sob alto
risco foi estimado em R$ 124 bilhões.
“É de se esperar que tomadores de decisão, em seus diversos níveis, tenham
conhecimento destes estudos e resultados e possam utilizá-los em abordagens de
planejamento de curto, médio e longo prazos”, escreveram os pesquisadores.
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