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SOBRE OS EFEITOS AMBIENTAIS E ECONÓMICOS
DE UMA NOVA TRIBUTAÇÃO DO CARBONO
EM PORTUGAL
RELATÓRIO TÉCNICO DE AVALIAÇÃO
A SUBMETER À
COMISSÃO DE REFORMA FISCAL AMBIENTAL
25 de Junho de 2014
2
Table of Contents 1. INTRODUÇÃO ..........................................................................................................................5
1.1 Objectivo deste estudo .....................................................................................................5
1.2 Composição do grupo de trabalho ...................................................................................5
2. ENQUADRAMENTO METODOLÓGICO ....................................................................................6
2.1 Breve descrição dos quatro modelos utilizados nesta análise .........................................6
2.1.1 O Modelo TIMES_PT ..................................................................................................6
2.1.2 O Modelo DGEP .........................................................................................................7
2.1.3 O Modelo MODEM e o modelo I-O de preços...........................................................9
2.1.4 O Modelo GEM ....................................................................................................... 10
2.2 Relacionamento conceptual dos quatro modelos......................................................... 12
2.2.1 TIMES e DGEP ......................................................................................................... 12
2.2.2 MODEM e GEM....................................................................................................... 12
2.3 Hipóteses de trabalho comuns a todos os modelos ..................................................... 15
2.3.1 Cenários de evolução das variáveis macroeconómicas.......................................... 15
2.3.2 Cenários de evolução dos preços dos combustíveis fósseis................................... 16
2.4 Hipótese de trabalho específica do modelo TIMES_PT: quadro de política ................. 18
3. ANÁLISE DOS IMPACTOS NAS EMISSÕES E NA ECONOMIA ................................................ 19
3.1 Considerações Gerais .................................................................................................... 19
3.1.1 Efeitos da evolução dos preços internacionais dos combustíveis fósseis [DGEP].. 19
3.1.2 Potencial para o aumento da eficiência energética [TIMES_PT e DGEP] ............... 24
3.2 Avaliação dos efeitos de um imposto sobre o carbono. Considerações preliminares .. 26
3.2.1 Valor de referência para o imposto sobre o carbono e suas variantes .................. 26
3.2.2 Efeitos do imposto sobre o carbono nos preços da energia final .......................... 27
3.3 Efeitos de uma taxa de carbono de 15 euros sem reciclagem das receitas fiscais do
imposto ................................................................................................................................ 31
3.3.1 Redução nas emissões por via tecnológica [TIMES_PT] ......................................... 31
3.3.2. Redução nas emissões por factores económicos – efeitos agregados [DGEP] ..... 33
3.3.3 Redução nas emissões devido a factores económicos – efeitos sectoriais {GEM] 34
3.3.4 Efeitos económicos agregados - PIB e emprego [DGEP, MODEM, e GEM] ............ 36
3.3.5 Efeitos económicos agregados - efeito nos preços [MODEM e GEM] ................... 37
3.3.6 Efeitos económicos agregados - Efeitos nas importações e contas com o exterior
[DGEP, MODEM, GEM] .................................................................................................... 39
3
3.3.7 Efeitos económicos sectoriais [GEM] ..................................................................... 41
3.3.8 Efeitos orçamentais [TIMES_PT, DGEP e MODEM] ................................................ 43
3.4 Efeitos de uma taxa de carbono de 15 euros com reciclagem das receitas fiscais para
fins de eficiência económica ............................................................................................... 46
3.4.1 Considerações gerais .............................................................................................. 46
3.4.2 O ponto de vista da tecnologia do sistema energético [TIMES_PT] ...................... 46
3.4.3 Reciclagem através de mecanismos do lado da procura [DGEP] ........................... 47
3.4.4 Reciclagem através de mecanismos do lado do mercado de trabalho [DGEP] ...... 48
3.4.5 Reciclagem através de mecanismos de promoção ao investimento [DGEP] ......... 49
3.4.6 Estratégias mistas de reciclagem [DGEP] ............................................................... 51
3.4.7 Outra visão de um ponto de vista económico das estratégias de reciclagem [GEM]
......................................................................................................................................... 52
3.4.8 Efeitos de estratégias de reciclagem de um ponto de vista económico de curto
prazo [MODEM] ............................................................................................................... 54
3.5 Efeitos de uma taxa de carbono de 15 euros com reciclagem parcial das receitas ...... 58
3.5.1 Modelização de outras aplicações das receitas fiscais [DGEP] .............................. 58
3.6 Avaliação: Efeitos de uma taxa de carbono de 15 euros por tonelada. Outras
considerações ...................................................................................................................... 61
3.6.1 Efeitos dos preços internacionais dos combustíveis - análise tecnológica
[TIMES_PT] ...................................................................................................................... 61
3.6.2 Efeitos preços internacionais dos combustíveis: considerações económicas [DGEP]
......................................................................................................................................... 62
3.6.3 Efeitos da capacidade de substituição entre os diferentes combustíveis [DGEP] . 65
3.6.4 Efeitos do comportamento económico do sector público [DGEP]......................... 68
3.7 Efeitos de outros níveis de imposição sobre o carbono ................................................ 70
3.7.1 Possíveis indicações sobre a insuficiência de um imposto de 15 euros ................. 70
3.7.2 Curva de redução de emissões – análise tecnológica [TIMES_PT] ......................... 71
3.7.3 Curvas de redução de emissões – considerações económicas [DGEP] .................. 73
3.7.4 Curvas de redução de emissões – considerações económicas [GEM] ................... 75
3.8 Efeitos de outros níveis de imposição com estratégias mistas de reciclagem .............. 77
3.8.1 Caso de reciclagem mista – 50% CFIP; 40% IRS; 10% TSU ...................................... 77
3.8.2 Caso de reciclagem mista - 50% CFIP; 50% TSU ..................................................... 81
3.8.3 Caso de reciclagem mista – 50% CFIP; 50% IRS ...................................................... 85
3.8.4 Caso de reciclagem mista - 50% CFIP; 40% IRS; 10% TSU ...................................... 89
4
3.8.5 Sumário ................................................................................................................... 93
3.9 Limitações e qualificações ............................................................................................. 95
3.9.1 Modelização explícita dos sectores CELE ............................................................... 95
3.9.2 Limitações da abordagem ...................................................................................... 96
3.9.3 Limitações de natureza metodológica ....................................................................... 97
4. REFLEXÕES FINAIS................................................................................................................ 98
4.1 Sumário dos resultados da análise ................................................................................ 98
4.2 Outras reflexões inspiradas pelos resultados da análise............................................. 100
4.3 Outras reflexões gerais ................................................................................................ 104
REFERÊNCIAS ......................................................................................................................... 105
5
1. INTRODUÇÃO
1.1 Objectivo deste estudo
O objectivo deste estudo é o de analisar os efeitos ambientais (nas emissões de gases
com efeito de estufa) e económicos da tributação das emissões de dióxido de carbono
usando os modelos tecnológicos e económicos disponíveis aplicados à economia
portuguesa.
Os resultados desta análise, que são o resultado do esforço dos quatro grupos de
trabalho mencionados no tópico seguinte, são apresentados de uma forma coerente e
sistemática neste Relatório Técnico conjunto. Este Relatório Técnico, por sua vez, é
complementado com seis Anexos que detalham, nomeadamente para cada um dos
grupos de trabalho, as considerações e resultados aqui apresentados. As considerações
aqui apresentadas não só em termos gerais mas também relativamente a cada um dos
modelos comprometem apenas os respectivos autores, também identificados no tópico
seguinte, não vinculando a Comissão para a Reforma da Fiscalidade Verde.
1.2 Composição do grupo de trabalho
Coordenação: Alfredo Marvão Pereira
Modelos de Avaliação:
TIMES – Júlia Seixas e Patrícia Fortes, CENSE, Faculdade de Ciências e
Tecnologia, Universidade Nova de Lisboa
DGEP – Alfredo Pereira e Rui Pereira, Department of Economics, The
College of William and Mary.
MODEM – Ana Dias e Manuela Dias, Agência Portuguesa do Ambiente, I.P.
GEM – Margarita Robaina-Alves, GOVCOPP, Departamento de Economia,
Gestão e Engenharia Industrial, Universidade de Aveiro
Apoio Técnico: Paulo Sena Esteves
Acompanhamento da Comissão: Jorge Vasconcelos, Rui Ferreira Santos, Catarina
Roseta
6
2. ENQUADRAMENTO METODOLÓGICO
Nesta secção apresentam-se brevemente os modelos usados neste estudo (2.1) bem
como o modo como se entrosam (2.2) e as hipóteses de trabalho comuns que foram
usadas (2.3).
2.1 Breve descrição dos quatro modelos utilizados nesta análise
2.1.1 O Modelo TIMES_PT
1. TIMES_PT é um modelo tecnológico de optimização linear, que resulta da
implementação para Portugal do gerador de modelos de optimização de economia -
energia - ambiente de base tecnológica TIMES desenvolvido pelo Energy Technology
Systems Analysis Programme da Agência Internacional para a Energia. O modelo tem
como objectivo produzir a configuração do sistema energético, capaz de assegurar, ao
menor custo, a satisfação da procura de serviços de energia, fornecida exogenamente.
São consideradas em simultâneo opções de investimento e operação/manutenção de
tecnologias de produção e uso de energia, fontes de energia primária e importações e
exportações de energia, bem como restrições impostas (e.g. potencial nacional de
recursos energéticos renováveis, tectos de emissões de CO2). O modelo é suportado
por uma base de dados de mais de 2000 tecnologias de energia, caracterizadas por
parâmetros técnicos e económicos que variam ao longo do tempo. O modelo optimiza
a solução com base no critério de custo-eficácia, considera a existência de um
mercado perfeito, com consumidores na posse de toda a informação, e com
conhecimento do futuro (foresight simulation). Para este exercício, considera-se que
não existe limitação de investimento por parte de nenhum agente. Nestas condições, a
solução fornecida para a configuração do sistema energético traduz o seu custo-
eficácia em cada momento no tempo, o que tem a bondade de mostrar onde (em que
sectores e em que forma de energia) e quando deve a política pública intervir no
sentido do objetivo que tem em vista.
7
2. O modelo TIMES_PT representa o sistema energético Português de 2000 a 2050,
incluindo os seguintes sectores:
- oferta de energia primária (refinação e produção de combustíveis sintéticos,
importação e recursos endógenos);
- geração de electricidade; indústria (cimento, vidro, cerâmica, aço, química,
pasta de papel e papel, cal e outras industriais);
- residencial;
- terciário;
- agricultura,
- silvicultura e pescas (apenas o consumo de energia) e
- transportes (desagregado em passageiros e mercadorias, e nos respectivos
modos de transporte).
Em cada sector são modelados, em detalhe, os fluxos monetários, de energia e de
materiais associados às diversas tecnologias de produção e consumo de energia,
incluindo o atual quadro fiscal.
O modelo TIMES_PT foi calibrado para Portugal para 2005 e validado para 2010,
com base nos balanços energéticos da DGEG e, para sectores específicos, por agentes
das indústrias da energia e indústria transformadora. Tem sido usado com frequência
em estudos técnicos de suporte à política nacional (APA) de mitigação climática.
2.1.2 O Modelo DGEP
1. Este modelo incorporara um comportamento de optimização totalmente dinâmico,
bem como o crescimento endógeno e a modelação detalhada de actividades do sector
público, tanto ao nível das receitas como dos gastos de consumo e de investimento.
Versões anteriores do modelo foram utilizadas para avaliar o impacto de políticas
fiscais (Pereira e Rodrigues, 2004), da reforma da segurança social (Pereira e
Rodrigues, 2007) e, mais recentemente, de políticas energéticas e ambientais (Pereira
e Pereira, 2014a, 2014b, 2014c).
8
2. O DGEP é um modelo descentralizado e dinâmico, com antecipação perfeita
(perfect foresight), de equilíbrio geral da economia Portuguesa. Há quatro sectores na
economia – o sector da produção, o sector doméstico, o sector público e o sector
externo. Os três primeiros têm um comportamento endógeno, mas todos os quatro
sectores estão interligados através de condições de equilíbrio em mercado
competitivo, bem como da evolução das variáveis de stock. A trajectória da economia
é descrita pela evolução óptima de oito variáveis stock – capital privado, capital de
energia eólica, capital público, capital humano, dívida pública, dívida externa, riqueza
financeira privada e riqueza humana. No longo prazo, o crescimento endógeno é
determinado pela acumulação ótima de capital privado, capital público e capital
humano. Os dois últimos são fornecidos publicamente.
3. O modelo é implementado numericamente, usando dados detalhados e conjuntos de
parâmetros. Os dados foram extraídos do Anexo Estatístico da União Europeia
(Comissão Europeia, 2012), do Ministério das Finanças (2012) e da Direcção-Geral
de Energia e Geologia. A decomposição das variáveis agregadas segue a média para o
período 2000-2013 para dados macroeconómicos e 2000-2013 para variáveis
energéticas. O período em questão foi escolhido de modo a retractar a informação
disponível mais recente e a cobrir diversos ciclos económicos, reflectindo, assim, a
natureza de longo prazo do modelo. A dívida pública e a dívida externa, bem como
os stocks de capital, reflectem os valores respectivos de 2013. A documentação
completa do modelo – com descrições detalhadas das equações, parâmetros, dados,
calibragem e implementação numérica do mesmo – podem ser consultados em Pereira
e Pereira (2012).
4. O sector energético é uma componente integral das decisões de optimização da
empresa. O modelo DGEP considera o consumo de energia primária, por parte das
empresas, de petróleo, carvão, gás natural e energia eólica. Com a tributação do
consumo de energia primária pelas empresas, os custos são repercutidos sobre os
consumidores e sobre os bens de consumo de forma consistente com o teor energético
do bem. A procura agregada de energia primária é gerada considerando uma
elasticidade de substituição constante (CES) na tecnologia, na qual o petróleo e
9
combustíveis não destinados ao transporte são substituíveis a uma taxa menor que a
unidade. Esta formulação, reflecte a predominância de produtos petrolíferos na
procura de energia para transporte, e a de carvão, gás natural e, em menor escala,
energia eólica na energia eléctrica e na indústria. Combustíveis não destinados ao
transporte são produzidos através de uma tecnologia Cobb-Douglas, reconhecendo os
relativamente maiores efeitos de substituição potenciais na energia eléctrica e na
indústria. Decisões de investimento em energia eólica são internas à economia,
enquanto o carvão, o gás natural e o petróleo são importados.
2.1.3 O Modelo MODEM e o modelo I-O de preços
1. Utilizou-se nesta avaliação um modelo multissectorial de base input-output
(MODEM 7), articulado com um modelo input-output de preços (inspirado na
metodologia descrita em Martins, 2002), ambos calibrados com base num sistema
simétrico de matrizes input-output construído para Portugal para o ano de 2008 (Dias
e Domingos, 2011), desagregado a 85 produtos e ramos de actividade, contemplando
três tipos de combustíveis fósseis utilizados em combustão: carvão, refinados do
petróleo e gás natural. Este modelo contempla cinco sectores institucionais: Famílias,
Instituições sem Fins Lucrativos ao Serviço das famílias, Administrações Públicas,
Sociedades e Resto do Mundo. A versão do modelo utilizada neste trabalho (MODEM
7) foi desenvolvida em 2014, correspondendo a uma actualização e aperfeiçoamento
da versão implementada em 2010 (MODEM 6C, descrito em Dias e Lopes, 2010).
2. O modelo MODEM assenta no pressuposto de que a produção é determinada pela
procura final que lhe é dirigida, sendo exógenas todas as componentes da procura
final com excepção do consumo privado, o qual é determinado pelo rendimento
disponível dos particulares, por seu turno resultante do nível da actividade económica
combinado com variáveis fiscais (impostos e transferências do Estado para os
particulares).
O modelo determina o PIB, o Consumo Privado, as importações por produtos, o VAB
e o emprego por ramos de actividade e a taxa de desemprego. O modelo possui
também um bloco fiscal que determina o défice e a dívida públicos, utilizando valores
10
simulados para as receitas de impostos (decompostos em impostos directos sobre os
particulares e sobre as sociedades, impostos e subsídios sobre os produtos e outros
impostos à produção para cada um dos 85 produtos/ramos contemplados no modelo) e
de contribuições sociais e para outras componentes da receita e despesa públicos.
3. Sendo um modelo essencialmente estático, o MODEM possui, contudo, uma
variável dinâmica - a dívida pública, sendo, por isso, passível de simulação dinâmica.
A simulação dinâmica do modelo não foi, contudo, efetuada, nesta fase, por manifesta
falta de tempo para projectar as variáveis exógenas e os coeficientes técnicos do
modelo no horizonte pretendido de cenarização (2015-2030).
4. O modelo input-ouput de preços assenta no princípio de que os preços dos produtos
são determinados pelos respectivos custos de produção, a que acrescem, para o
consumidor (intermédio e final) desses produtos, os impostos, líquidos de subsídios,
sobre os produtos. Este modelo permite determinar os aumentos de preços dos
diversos produtos a preços de base (preços de produção) e a preços de aquisição
(preço que é pago pelo utilizador, intermédio ou final), resultantes de um aumento de
preços de inputs primários (VAB, importações e fiscalidade), considerando os
respectivos efeitos directos e indirectos. No caso vertente, este modelo foi utilizado
para avaliar o impacto da introdução de uma taxa de carbono sobre os preços dos
diversos produtos e, consequentemente, sobre os coeficientes técnicos do modelo
MODEM avaliados a preços correntes.
2.1.4 O Modelo GEM
1. O GEM é um modelo estático de equilíbrio geral, que é uma representação
matemática de todo o sistema económico. Este tipo de modelo é uma ferramenta
muito útil para simular políticas energéticas e ambientais, uma vez que leva em conta
a interacção de múltiplos agentes económicos em todos os mercados, sujeitos a
restrições comportamentais e institucionais. Por isso, o modelo é capaz de representar
as mudanças estruturais de políticas e choques externos.
11
2. Este modelo estático é altamente desagregado por distinguir 31 sectores
económicos. Como resultado, o GEM permite simular os efeitos de substituição entre
os sectores e factores produtivos, bem como as mudanças no consumo de energia,
mão-de-obra, bens e serviços, etc. Por outras palavras, o modelo tem a capacidade de
simular qualquer mudança estrutural, tanto na economia como no mix de energia. Esta
característica é de grande importância, dado que muitas das mudanças na intensidade
de energia nos países da OCDE são induzidos por esse facto. O modelo considera
ainda três sectores institucionais: o sector público, o sector privado (que inclui as
famílias, empresas financeiras e não financeiras e as instituições sem fins lucrativos
ao serviço das famílias) e o sector externo.
3. O submodelo ambiental simula as emissões de CO2 internas, ou seja, aquelas que
são geradas pelos diferentes sectores económicos e pelas famílias residentes. Com
essa finalidade, foi calibrado um coeficiente de emissão, que relaciona com o
consumo de cada um dos diferentes produtos de energia primária com as emissões
geradas durante a sua combustão.
12
2.2 Relacionamento conceptual dos quatro modelos
No sentido de permitir uma interpretação e apresentação harmoniosa dos resultados
dos diferentes modelos é importante conceptualizar como os seus diferentes âmbitos e
estratégias de modelação se relacionam. Algumas das características dos quatro
modelos importantes para esta visão de conjunto são apresentadas no Quadro 1.
2.2.1 TIMES e DGEP
1. O TIMES e o DGEP são ambos modelos dinâmicos intertemporais. O modelo
TIMES captura os efeitos dinâmicos a nível da tecnologia energética sem grande
feedback da componente económica ao passo que o modelo DGEP captura os efeitos
económicos dinâmicos sem grande feedback da parte tecnológica energética.
2. Neste sentido, é possível conjecturar, algo que de facto foi testado e confirmado:
que os resultados dos dois modelos em termos de emissões são aproximadamente
aditivos. Isto é corroborado pelo facto de as variações nas reduções de emissões
geradas pelo DGEP por via das elasticidades de substituição (que configuram
potenciais substituições tecnológicas) serem muito pequenas.
3. Assim sendo, na interpretação dos resultados, os efeitos de estratégias análogas nas
emissões são considerados cumulativos, ao passo que os efeitos tecnológicos são
exclusivamente extraídos dos resultados do modelo TIMES e os efeitos económicos
agregados – no produto, emprego, contas públicas e contas externas –exclusivamente
dos resultados do modelo DGEP. Cabe assinalar que para manter coerência e os
resultados serem aproximadamente aditivos, os resultados apresentados da DGEP não
incluíram qualquer medida de eficiência energética importada do TIMES.
2.2.2 MODEM e GEM
1. Os modelos MODEM (combinado com um modelo I-O de preços) e GEM são
modelos económicos estáticos mas além da informação económica agregada, incluem
13
informação detalhada sobre efeitos na economia por ramos de actividade e nos preços
dos produtos.
2. O MODEM é um modelo estático com enfase na óptica da procura e que, portanto,
pode ser conceptualizado como medindo, essencialmente, os efeitos de curto-prazo na
economia. Pela sua própria natureza os efeitos detectados em termos de emissões são
menos informativos, uma vez que resultam apenas da variação dos níveis da
actividade económica e de consumo, não incorporando os efeitos procura-preço.
3. O modelo GEM, por sua vez, pode ser interpretado como um modelo estático de
longo prazo em que, quer a procura quer a oferta, têm papel importante. Os seus
resultados tendem a reflectir os efeitos no longo prazo das medidas em consideração.
Os efeitos medidos nas emissões são determinados – como no modelo DGEP - apenas
por mudanças económicas comportamentais.
4. Poder-se-ia assim conceptualizar o modelo DGEP como dando a trajectória
agregada de resposta a medidas de politica, com o modelo MODEM a dar uma visão
detalhada dos resultados de curto prazo no impacto do lado da procura e o modelo
GEM a oferecer uma visão detalhada dos efeitos finais no longo prazo.
5. Os resultados destes dois modelos MODEM e GEM são, em termos muito gerais,
consistentes. Por exemplo, os resultados económicos agregados dos modelos GEM e
DGEP são geralmente comparáveis - no que pode ser comparado - em termos dos
efeitos nas emissões e nos efeitos económicos agregados.
6. Os modelos MODEM e GEM foram usados extensivamente para discutir os efeitos
desagregados dos diferentes cenários nos preços (ambos), os efeitos desagregados de
curto prazo do lado da procura (MODEM), os efeitos desagregados de longo prazo
(GEM). Em ambos foi possível distinguir os efeitos de diferentes cenários ao nível
dos sectores da economia considerados transaccionáveis e não-transaccionáveis e,
portanto, os possíveis efeitos na competitividade internacional da nossa economia.
14
Quadro 1 Os quatro modelos de análise: aspectos comparativos
Natureza do modelo TIMES DGEP MODEM GEM
Tecnológico / Economico Tecnológico Económico Económico Económico
Estático / Dinâmico Dinâmico Dinâmico
Dinâmico para a dívida pública e estático para as
restantes variáveis; com enfoque de curto
prazo e no lado da procura
Estático de longo prazo
Optimização Sim Sim Não Sim
Comportamental Não. Sim Sim (para algumas
variáveis) Sim
Agregado ou Desagregado Desagregado por
utilizadores de energia Agregado
Desagregado por 85 ramos de actividade
Desagregado por sectores de actividade
Sector Público detalhado Não Sim
Sim, com particular detalhe na
determinação dos impostos indirectos e
subsídios (por 85 produtos/ramos)
Algum detalhe
15
2.3 Hipóteses de trabalho comuns a todos os modelos
Para permitir a comparação dos resultados dos vários modelos foram usadas várias
hipóteses de trabalho comuns.
2.3.1 Cenários de evolução das variáveis macroeconómicas
1. São apresentados três cenários para a evolução das variáveis macroeconómicas. O
cenário central está directamente baseado nas projecções apresentadas no DEO 2014-
2018. Os outros representam uma alternativa mais optimista e outra mais pessimista
sobre a evolução destas variáveis. Os diferentes cenários macroeconómicos são
apresentados no Quadro 2, sendo detalhe apresentado no Anexo I.
2. Estes cenários são usados de forma directa pelo TIMES e MODEM nos quais estes
valores são introduzidos como exógenos e são usados de forma indirecta pelo DGEP e
GEM nos quais estes valores são usados para calibrar os modelos mas nos quais estas
variáveis são endógenas. A enfase destes modelos neste relatório é exclusivamente no
cenário central.
Quadro 2 Cenários macroeconómicos
(taxas médias de variação anual em volume)
2011-2015 (DEO) 2016-20 2021-25 2026-30
Cenário Central Alto Baixo Central Alto Baixo Central Alto Baixo Central Alto Baixo
PIB -0.64%
-
0.64%
-
0.64% 1.78% 3.00% 1.00% 2.00% 3.00% 1.00% 2.00% 3.00% 1.00%
Consumo privado -1.78%
-
1.78%
-
1.78% 0.80% 2.50% 0.60% 1.20% 2.50% 1.00% 1.80% 2.50% 1.00%
Consumo público -2.91%
-
2.91%
-
2.91% -0.24% 0.00% -0.30% 0.00% 0.00% 0.00% 0.00% 0.00% 0.00%
Investimento -5.16%
-
5.16%
-
5.16% 3.96% 4.50% 2.00% 3.90% 4.50% 2.00% 3.90% 4.50% 2.00%
Exportações 5.52% 5.52% 5.52% 5.06% 7.00% 4.00% 6.00% 7.00% 4.00% 5.13% 7.00% 4.00%
Importações -0.28%
-
0.28%
-
0.28% 4.07% 6.12% 3.62% 5.58% 6.52% 4.22% 5.48% 6.88% 4.22%
16
2.3.2 Cenários de evolução dos preços dos combustíveis fósseis
1. São apresentados cinco cenários para a evolução dos preços internacionais do
carvão, petróleo e gás natural. O cenário central resultou de se ter assumido um valor
médio entre os preços dos mercados internacionais e os preços objecto de previsão
pela Comissão Europeia. Incluem-se, também, dois cenários reflectindo uma evolução
mais favorável e dois com uma evolução menos favorável. As variáveis nucleares
destes cenários são apresentadas no Quadro 3, sendo os pressupostos subjacentes
detalhados Anexo II.
Quadro 3 Cenários referentes à evolução dos preços dos combustíveis fósseis
2013 2015 2020 2025 2030
Brent Extr. Sup 77.1 88.6 97.9 100.1 102.3
Sup 77.1 80.5 89.0 91.0 93.0
Ref 77.1 74.9 71.3 72.9 74.5
Inf. 77.1 69.3 53.5 54.7 55.9
Extr. Inf 77.1 62.4 48.2 49.2 50.3
Gás Nat. Extr. Sup 55.2 62.9 68.2 69.9 71.5
Sup 55.2 57.1 62.0 63.5 65.0
Ref 55.2 53.0 51.7 53.0 54.2
Inf. 55.2 48.9 41.4 42.4 43.4
Extr. Inf 55.2 44.0 37.3 38.2 39.1
Carvão Extr. Sup 13.4 17.8 25.3 25.9 26.4
Sup 13.4 16.2 23.0 23.5 24.0
Ref 13.4 14.4 17.9 18.2 18.6
Inf. 13.4 12.7 12.7 13.0 13.3
Extr. Inf 13.4 11.4 11.4 11.7 11.9
Unidades: €/boe (preços constantes 2010)
2. Estes cenários são usados de forma directa pelos modelos dinâmicos TIMES e
DGEP e de forma indirecta e estilizada pelos modelos estáticos MODEM e GEM.
17
3. É importante considerar como estes cenários para os preços dos combustíveis
fósseis se repercutem nos preços dos combustíveis ao consumidor, assumindo várias
hipóteses simplificadoras, nomeadamente: que os impostos são definidos em termos
percentuais do valor dos produtos e estas taxas se mantêm; que, quando aplicável, a
evolução dos custos de produção estão alinhados com a evolução dos custos das
matérias-primas. Os efeitos nos preços da energia final são apresentados no Quadro 4,
sendo a evolução das referências directamente retirada das estimativas apresentadas
no quadro anterior.
Quadro 4 Efeitos do cenário central preços dos combustíveis fósseis nos preços da energia final
Produto Refª 2015 2020 2025 2030
Gasolina IO98 Brent 3.0% -2.1% 0.1% 2.3%
Gasolina IO95 3.0% -2.1% 0.1% 2.3%
Gasóleo 3.0% -2.1% 0.1% 2.3%
Gasóleo aquecimento 3.0% -2.1% 0.1% 2.3%
Gasóleo agrícola 3.0% -2.1% 0.1% 2.3%
Petróleo (Brent) 3.0% -2.1% 0.1% 2.3%
Fuelóleo 3.0% -2.1% 0.1% 2.3%
Jet's 3.0% -2.1% 0.1% 2.3%
Carvão, coque, lenhite Carvão 20.4% 48.9% 52.1% 55.4%
Coque de petróleo 20.4% 48.9% 52.1% 55.4%
GN (carburante) Gas Nat. 12.0% 12.0% 12.0% 12.0%
GN (combustível - Doméstico D2) 12.0% 12.0% 12.0% 12.0%
GN (combustível - Indústria I3) 12.0% 12.0% 12.0% 12.0%
GPL (carburante) 12.0% 12.0% 12.0% 12.0%
Butano (garrafas) 12.0% 12.0% 12.0% 12.0%
Butano (granel) 12.0% 12.0% 12.0% 12.0%
Propano (garrafas) 12.0% 12.0% 12.0% 12.0%
Propano (granel) 12.0% 12.0% 12.0% 12.0%
Propano (canalizado) 12.0% 12.0% 12.0% 12.0%
18
2.4 Hipótese de trabalho específica do modelo TIMES_PT: quadro de política
1. Em nenhum dos modelos económicos são dados como adquiridos os objectivos de
política climática e de energia que Portugal deve atingir em 2020, como sejam: 31%
do consumo total de energia final deve ser fornecido por fontes de energia renovável;
as emissões de gases com efeito de estufa gerados pelas actividades antropogénicas
não abrangidas pelo Comércio Europeu de Licenças de Emissão não devem ser
superiores a 1% das emissões registadas em 2005.
2. A análise de um instrumento como a tributação do CO2 no sistema energético e
industrial Português deve ser enquadrada pelo quadro de política energética-climática
em vigor e expectável para o curto-médio prazo, isto é, 2020-2030. Como é sabido,
Portugal tem um conjunto de objectivos a atingir em 2020 e um leque variado de
medidas e instrumentos, apresentados em documentos específicos, como o PNAER,
PNAEE, e PNAC, para além do Comércio Europeu de Licenças de Emissão (CELE)
(em 2013, regulava 24,5 Mt CO2, ou seja, aproximadamente 45% das emissões
nacionais de gases com efeito de estufa relativas à energia e processos industriais).
Assim, o impacto da tributação de CO2 é avaliado pelo modelo TIMES_PT
considerando a imposição do quadro de objectivos de política em 2020 com o intuito
de identificar o seu efeito adicional.
19
3. ANÁLISE DOS IMPACTOS NAS EMISSÕES E NA ECONOMIA
Nesta secção são apresentados os resultados desenvolvidos pelos diferentes modelos.
Começa-se por analisar a relevância de alguns factores de inercia (3.1), procede-se
depois à apresentação dos resultados referentes à introdução de um imposto sobre as
emissões de carbono no valor de 15 euros por tonelada (3.2 a 3.6), o que é
complementado pela apresentação dos efeitos nas emissões e económicos de outros
níveis de imposição (3.7). Finalmente são apontadas algumas limitações da análise
desenvolvida (3.8).
3.1 Considerações Gerais
Foram identificados importantes efeitos económicos e nas emissões de dois factores
de inercia: primeiro, a evolução dos preços internacionais dos combustíveis fosseis; e
segundo, a existência de um elevado potencial de aumento na eficiência energética
através de uso de tecnologias custo-eficazes.
3.1.1 Efeitos da evolução dos preços internacionais dos combustíveis fósseis [DGEP]
1. Foram identificados importantes efeitos ambientais e económicos da evolução
esperada dos preços internacionais dos combustíveis fósseis. Os seus efeitos
ambientais vão em termos gerais no sentido de levar a uma redução significativa das
emissões de CO2, a qual, contudo, está associada a efeitos económicos negativos. Os
efeitos da evolução dos preços internacionais são apresentados nos Quadro 5 e no
Quadro 6.
2. Os preços dos combustíveis afectam directamente as emissões através do seu
impacto nos custos de energia, na procura de energia, e na adopção de novas
tecnologias energéticas. Preços elevados dos combustíveis fósseis reduzem a procura
de energia e pode estimular a eficiência energética e a adopção de tecnologias de
20
energia renovável, levando a uma redução das emissões. A evolução dos preços
relativos, no entanto, pode favorecer uma maior utilização do carvão na energia
eléctrica e de combustíveis sintéticos no transporte, desse modo levando a um
aumento das emissões. Os preços dos combustíveis podem também afectar
indirectamente as emissões através do seu impacto sobre o crescimento económico e
seus feedbacks dinâmicos com a procura de energia.
3. O impacto macroeconómico dos preços dos combustíveis fósseis está
fundamentalmente definido pela mudança total nos custos do sistema energético, mais
que à mistura de combustível no sistema energético. Os preços mais altos dos
combustíveis e os gastos maiores em produtos energéticos que daí advêm têm um
impacto negativo sobre as receitas líquidas das empresas. Assim, as empresas
reduzem o investimento em 1,5 por cento em 2030. A redução do investimento
privado reduz o stock de capital privado, que por sua vez tem um impacto negativo
sobre o crescimento económico. Do mesmo modo, a longo prazo, o aumento dos
preços da energia têm um impacto negativo sobre o emprego, uma redução de 0,4 por
cento em relação aos níveis de referência em 2050. Reduções menores no capital
privado e no emprego relativamente às do consumo de energia sugerem que, com os
preços de combustível a subir, as empresas substituem o uso de energia a favor de uso
mais intensivo de capital e especialmente de trabalho.
4. Dado o impacto dos preços dos combustíveis nos factores de produção privados
(que veremos é espelhado por reduções no investimento de capital público e humano),
não surpreende que preços dos combustíveis mais altos, impulsionado principalmente
pelos preços do petróleo mais elevados, têm um impacto negativo sobre o PIB. Em
2030, o PIB é de 0,5 por cento abaixo dos níveis de estado estacionário.
5. O feedback entre a procura interna, a produção e o rendimento define o impacto dos
preços dos combustíveis no consumo privado. O efeito líquido deste processo é uma
redução no consumo privado de 1,0 por cento. O comportamento de alisamento do
consumo por parte das famílias implica que essas reduções sejam relativamente
constante ao longo do horizonte do modelo.
21
6. A redução dos níveis de actividade económica, devido ao aumento da despesa com
combustíveis fósseis afecta a dimensão das bases fiscais e assim as receitas fiscais do
sector público. A contracção das bases fiscais conduz a uma redução de 0,6 por cento
da receita fiscal em 2030. Estas mudanças são impulsionadas principalmente pela
redução das receitas fiscais de IVA, a maior fonte de receitas públicas, em 1,1 por
cento. Essas mudanças, por sua vez estão directamente relacionados às mudanças no
consumo privado, a maior componente de sua base fiscal. A percentagem de queda da
receita do IVA em ambos os cenários é acompanhada pelo aumento da componente
das contribuições para a segurança social, reflectindo uma mudança no sector
produtivo para uma maior intensidade de emprego.
7. Do lado da despesa, o sector público ajusta de forma óptima os seus padrões de
gastos em resposta a variações de preços dos combustíveis. A despesa pública total
cai 2,2 por cento, enquanto o consumo público em si cai 3,1 por cento. Igualmente
importante, o investimento de capital público cai 1,3 por cento, enquanto o
investimento público em capital humano cai 0,6 por cento. Esta redução nas
actividades de investimento público reforça ainda mais o efeito negativo da queda nos
factores de produção privados e tem um impacto negativo sobre o desempenho
económico.
8. No geral, apesar das perdas de receitas fiscais, a redução dos níveis de despesa leva
à redução dos níveis da dívida pública em 2030 por 5,2 por cento em relação aos
níveis de estado estacionário. A resposta do sector público ao aumento do custo de
oportunidade dos fundos públicos é fundamental para a obtenção destes efeitos
orçamentais positivos. Na ausência desta, a contracção das bases fiscais produziria um
aumento nos níveis da dívida pública.
9. De uma perspectiva de política económica os aspectos mais importantes destes
resultados são que, independentemente da introdução de um imposto sobre as
emissões de carbono, a evolução esperada dos preços dos combustíveis fósseis
induzirá no cenário de referência uma redução das emissões de cerca de 6.1%. em
22
2030. Esta redução vinda à custa de grande aumento nos valores das importações de
combustíveis fósseis representa uma saída de recursos financeiros do país e está
naturalmente associado a uma redução do PIB. Contudo, ao contrário de um imposto
sobre as emissões que também pode levar a efeitos negativos no PIB, os resultados
indesejáveis na economia neste caso não tem modo de ser mitigados ou invertidos
uma vez que não há recursos a reciclar.
Quadro 5 Impacto nas emissões e na economia
da evolução dos preços dos combustíveis fósseis no cenário de preços de referência (comparação percentual face a um cenário de referência)
2020 2030 2040 2050
Emissões de Dióxido de Carbono
Extr. Sup -13,23 -16,67 -19,28 -21,80
Sup -9,37 -12,75 -15,36 -17,92
Ref -3,34 -6,07 -8,61 -11,15
Inf 5,29 3,63 1,17 -1,38
Extr. Inf 10,35 8,81 6,33 3,72
Emprego
Extr. Sup 0,42 -0,11 -0,53 -0,92
Sup 0,40 -0,04 -0,40 -0,75
Ref 0,34 0,12 -0,12 -0,38
Inf 0,27 0,29 0,18 0,02
Extr. Inf 0,26 0,35 0,27 0,14
PIB
Extr. Sup -0,89 -2,00 -2,86 -3,65
Sup -0,59 -1,49 -2,23 -2,93
Ref -0,02 -0,45 -0,94 -1,45
Inf 0,60 0,70 0,50 0,19
Extr. Inf 0,85 1,10 0,99 0,75
Dívida Pública
Extr. Sup -5,02 -9,84 -13,47 -16,10
Sup -4,22 -8,45 -11,72 -14,10
Ref -2,28 -5,22 -7,70 -9,58
Inf -0,08 -1,57 -3,17 -4,49
Extr. Inf 0,52 -0,50 -1,81 -2,95
23
Quadro 6 O impacto detalhado dos preços dos combustíveis fósseis no cenário de preços de referência
(comparação percentual face a um cenário de referência)
2020 2030 2040 2050
Energia
Energia -2,17 -3,74 -5,32 -6,96
Combustíveis Fosseis -3,43 -6,16 -8,70 -11,19
Petróleo Bruto -2,20 -4,45 -6,60 -8,75
Carvão -4,60 -8,32 -11,58 -15,34
Gás Natural -7,30 -10,99 -14,35 -16,94
Investimento em Energia Eólica 13,46 16,60 18,69 21,52
Infra-estruturas de Energia Eólica 4,98 9,94 13,80 16,98
Emissões de Dióxido de Carbono -3,34 -6,07 -8,61 -11,15
Macroeconómica
Taxa de Crescimento (variação percentual em relação ao ano anterior) 0,95 0,94 0,94 0,94
PIB -0,02 -0,45 -0,94 -1,45
Consumo Privado -0,94 -0,95 -0,97 -0,98
Investimento -0,81 -1,47 -2,10 -2,73
Capital Privado -0,20 -0,67 -1,22 -1,81
Emprego 0,34 0,12 -0,12 -0,38
Salários -0,46 -0,71 -0,99 -1,28
Importações de Energia 4,23 6,92 9,45 11,96
Dívida Externa -7,83 -18,16 -27,13 -34,13
Sector Público
Dívida Pública -2,28 -5,22 -7,70 -9,58
Despesas Públicas -2,09 -2,15 -2,20 -2,25
Consumo Público -3,21 -3,12 -3,02 -2,91
Investimento Público -0,67 -1,29 -1,90 -2,53
Investimento em Capital Humano -0,49 -0,60 -0,70 -0,80
Capital Público -0,19 -0,68 -1,24 -1,84
Capital Humano -0,03 -0,08 -0,14 -0,20
Receitas Fiscais -0,33 -0,64 -0,96 -1,30
Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Singulares (IRS) -0,22 -1,04 -1,86 -2,62
Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Colectivas (IRC) 0,16 -0,30 -0,84 -1,42
Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) -1,02 -1,13 -1,23 -1,34
Contribuições Sociais (TSU) -0,15 -0,68 -1,25 -1,86
24
3.1.2 Potencial para o aumento da eficiência energética [TIMES_PT e DGEP]
1. Foram identificadas importantes oportunidades tecnológicas que através do
aumento da eficiência energética poderiam levar a uma redução significativa das
emissões de CO2 e ao mesmo tempo induzir benefícios económicos e orçamentais
desejáveis.
2. A análise do sistema energético Português, que inclui a oferta e procura de energia
e processos industriais, simulado com o modelo TIMES_PT e em regime de steady
state, ou seja, na ausência de qualquer objectivo de política, incluindo a ausência de
um preço de CO2, mostrou um potencial de stock de eficiência energética custo-eficaz
equivalente a uma poupança média anual de energia primária no PIB, de 2% no
período de 2015 a 2030, a que equivale a um stock de redução de emissões de
20MtCO2 no período de 2010 a 2030. Considerando um andamento mais conservador
que preconiza a continuidade atual da estrutura do consumo final de energia do
sistema energético Português, a redução potencial de emissões é de cerca de 6 MtCO2
em 2020 e de 12 MtCO2 em 2030. Estes montantes são significativos no balanço
nacional de emissões de CO2 (a título ilustrativo representam 8% e 17%
respectivamente do total nacional de emissões em 2012 reportado por Portugal).
3. Este aumento potencial de eficiência energética é por sua vez importado para o
modelo económico DGEP para avaliar os seus efeitos nas emissões e na economia. Os
resultados para um aumento anual de eficiência energética de 2% são apresentados no
Quadro 7 e detalhadas no Quadro 8. Verifica-se em 2030 no cenário de preços de
referência uma descida de emissões no valor de 17,4% da qual 11,3% estariam
directamente ligadas ao aumento de eficiência energética e o restante à evolução dos
preços dos combustíveis fosseis como acima discutido. Mais relevante é o facto de
este aumento de eficiência energética estar associado em 2030 a um aumento do PIB
de 1,1% representado a inversão da perda de -0,45 induzida pela evolução dos preços
dos combustíveis fósseis e portanto representando um ganho total de 1,6%.
25
Quadro 7 Impacto nas emissões e na economia de uma melhoria na eficiência energética de 2 por cento ao ano
(comparação percentual face a um cenário de referência)
2020 2030 2040 2050
Emissões de Dióxido de Carbono -8.19 -17.41 -25.54 -32.78
PIB -0.21 1.08 2.62 4.21
Emprego -1.14 -0.46 0.31 1.09
Dívida Pública 6.89 16.68 25.34 32.02
Quadro 8 O impacto detalhado de melhoria de eficiência energética de 2%
(comparação percentual face a um cenário de referência)
2020 2030 2040 2050
Energia
Energia -8,04 -17,30 -25,53 -33,27
Combustíveis Fosseis -8,19 -17,41 -25,54 -32,78 Petróleo Bruto -8,16 -17,39 -25,54 -32,85
Carvão -8,25 -17,46 -25,54 -32,61 Gás Natural -8,25 -17,46 -25,54 -32,61
Investimento em Energia Eólica -20,82 -29,00 -37,67 -50,60
Infra-estruturas de Energia Eólica -7,28 -16,75 -25,52 -35,29
Emissões de Dióxido de Carbono -8,19 -17,41 -25,54 -32,78
Macroeconómica
Taxa de Crescimento (variação percentual em relação ao ano anterior) 1,06 1,09 1,10 1,10 PIB -0,21 1,08 2,62 4,21 Consumo Privado 2,73 2,77 2,80 2,84
Investimento 1,92 4,17 6,24 8,16 Capital Privado 0,39 1,71 3,43 5,29 Emprego -1,14 -0,46 0,31 1,09 Salários 1,11 1,93 2,86 3,80 Importações de Energia -8,18 -17,41 -25,54 -32,80 Dívida Externa 25,12 68,04 115,48 161,25
Sector Público
Dívida Pública 6,89 16,68 25,34 32,02
Despesas Públicas 6,14 6,32 6,46 6,58 Consumo Público 9,66 9,35 8,99 8,62 Investimento Público 1,51 3,63 5,63 7,54 Investimento em Capital Humano 1,32 1,61 1,88 2,12 Capital Público 0,33 1,71 3,50 5,38
Capital Humano 0,08 0,21 0,36 0,52
Receitas Fiscais 0,76 1,72 2,77 3,82 Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Singulares (IRS) 0,33 2,83 5,49 8,01 Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Colectivas (IRC) -0,83 0,51 2,27 4,20 Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) 2,90 3,27 3,60 3,90 Contribuições Sociais (TSU) 0,04 1,68 3,55 5,47
26
3.2 Avaliação dos efeitos de um imposto sobre o carbono. Considerações preliminares
Para facilitar a apresentação dos resultados em todo o seu detalhe concentramos a
atenção num imposto de 15 euros por tonelada de CO2 emitida e depois, mais
geralmente, noutros níveis de imposição. Como tais níveis de imposição se reflectem
nos preços finais dos combustíveis é aqui também abordado.
3.2.1 Valor de referência para o imposto sobre o carbono e suas variantes
1. Usa-se, como ponto de partida, um imposto sobre as emissões de carbono no valor
de 15 euros por tonelada. Este valor é mencionado num relatório recente da EEA
(2013) e baseia-se num valor apontado em Pereira e Pereira (2013. É também um
valor do imposto sobre carbono recentemente introduzido na Irlanda para os sectores
que não participam no mercado europeu de emissões.
2. O valor de 15 euros por tonelada corresponde também muito aproximadamente à
média do preço observado no mercado europeu de emissões entre o seu início em
2006 e 2011. Neste período o valor máximo atingido for de 34 euros. Por outro lado,
reconhecidamente, não só estes preços são muito voláteis mas, mais importante ainda,
a partir de 2012 as médias desceram substancialmente para cerca de 8 euros em 2012,
4,7 in 2013, e uma média de 5,96 para 2014. Mais relevante, na nossa perspectiva, o
valor de 15 euros é sensivelmente o ponto médio da evolução usada no cenário de
referência 2013 para os sectores abrangidos pelo CELE para a União Europeia no
período 2015 a 2030 (EC, 2013) e no qual se projecta que o preço de mercado do
carbono atingirá os 35 euros em 2030. O valor de 15 euros por tonelada pode assim
ser conceptualizado como a implementação de um imposto crescente no tempo mas
que em média corresponderia a este valor.
3. Com o intuito de estabelecer o potencial global do imposto sobre o carbono
assume-se que este valor se aplica a todos os sectores. Esta hipótese é equivalente a
todos os sectores da economia – CELE e não CELE – fazerem face ao mesmo preço
27
de mercado sobre o carbono num contexto em que as emissões no mercado CELE são
leiloadas. Assim, os sectores não CELE recebem um sinal de preço através do
imposto e os CELE através do preço de mercado nas emissões. Reconhecendo que o
preço de mercado das emissões é actualmente bem inferior a 15 euros por tonelada,
poderia conceptualizar-se a situação, no caso dos sectores CELE, como reflectindo a
evolução média do preço das emissões projectado pela União Europeia para o período
2015 a 2030 (EC, 2013), como acima já foi mencionado. Esta hipótese de a taxa de
carbono se aplicar a todos os sectores igualmente é relaxada posteriormente.
4. Reconhecendo a utilidade de considerar um imposto de referência de 15 euros para
permitir estudar, na sua complexidade, os efeitos de um imposto sobre o carbono nas
emissões, na economia, e nas contas públicas, também se reconhece o interesse de
considerar outros níveis de imposição. Assim serão igualmente considerados (3.7),
ainda que de modo mais geral, os efeitos de outros níveis de imposição entre 5 e 50
euros por tonelada.
5. O uso de um imposto de 15 euros por tonelada não implica uma sugestão da parte
do grupo de trabalho no sentido de este valor ser adoptado e implementado em
Portugal. Deve, isso sim, ser entendido como um ponto de referência para perceber os
efeitos dos impostos sobre o carbono. De facto, e especificamente, os resultados
tendem a indicar que uma taxa de 15 euros é muito baixa na prossecução de
objectivos ambientais.
3.2.2 Efeitos do imposto sobre o carbono nos preços da energia final
1. A introdução de um imposto sobre as emissões de carbono afecta necessariamente
os preços de mercado dos utilizadores directos da energia final, nomeadamente da
electricidade e dos combustíveis fósseis, ao qual se junta o imposto relacionado com o
seu conteúdo de carbono. Claramente este efeito não deixará de se repercutir (por via
indirecta, devido ao aumento do custo dos consumos intermédios) também nos preços
da generalidade dos produtos (preços de base e preços de aquisição), sendo a
28
intensidade desse aumento função do conteúdo (directo mais indirecto) de
combustíveis fósseis desses produtos.
2. Como ponto de referência apresentamos aqui também os efeitos directos de um
imposto de 15 euros por tonelada nos preços finais dos produtos energéticos
(incluindo IVA). Por outro lado, consideram-se também os efeitos para outros valores
do nível de imposição sobre o carbono – 5, 15, 30 euros. Os valores correspondentes
são apresentados no Quadro 9.
3. A título de exemplo, um imposto de 15 € relacionado com a emissão de CO2 pela
gasolina 95 traduzir-se-ia num sobrecusto de 4.4 cêntimos, correspondendo a um
acréscimo de 2.9% no seu preço. No gás natural de uso doméstico esse imposto
agravaria o seu preço em 4.2%. A mesma lógica aplicada ao carvão faria com que as
importações saíssem mais caras cerca de 68.1%.
4. Para o caso do impacto no custo da electricidade, este deriva do modelo
TIMES_PT, uma vez que é gerado endogenamente considerando as opções
tecnológicas do sector. O impacto no custo de produção de electricidade (incluindo
electricidade gerada através de cogeração) é apresentado no Quadro 10.
Independentemente da existência de uma taxa de CO2 é preconizado um aumento do
custo de produção de electricidade em função do aumento do preço de importação de
combustíveis fósseis (i.e. carvão e gás natural) e das opções tecnológicas do modelo.
É expectável que em 2030 o aumento seja inferior a 2020, uma vez que os custos de
investimento das tecnologias menos maduras, e.g. solar fotovoltaico diminuem ao
longo do tempo em função do aumento da sua quota de mercado, observando-se este
comportamento quando se aplica a tributação do CO2.
29
Quadro 9 Efeito nos preços da energia final da introdução de um imposto sobre o carbono
Produtokg CO2/GJ kg CO2/unid unid.
Gasolina IO98 r 1 626.00 €/1000 l 33.175 GJ/1000 l 73.00 2 421.8 1000 lGasolina IO95 r 1 540.67 €/1000 l 32.823 GJ/1000 l 73.00 2 396.1 1000 lGasóleo r 1 348.00 €/1000 l 35.785 GJ/1000 l 68.90 2 465.5 1000 lGasóleo aquecimento r 1 281.33 €/1000 l 35.998 GJ/1000 l 74.10 2 667.4 1000 lGasóleo agrícola r 979.67 €/1000 l 35.785 GJ/1000 l 68.90 2 465.5 1000 lPetróleo (Brent) g 496.03 €/1000 l 38.480 GJ/1000 l 71.90 2 766.7 1000 lFuelóleo r 788.45 €/ton 40.001 GJ/ton 77.40 3 096.1 tonJet's g 644.32 €/1000 l 34.399 GJ/1000 l 70.60 2 428.6 1000 lCarvão, coque, lenhite g 56.24 €/ton 25.037 GJ/ton 102.00 2 553.8 tonCoque de petróleo g 43.50 €/ton 32.000 GJ/ton 100.80 3 225.6 tonGN (carburante) r 782.33 €/ton 26.671 GJ/1000 l 55.82 1 488.8 1000 lGN (combustível - Doméstico D2) r 24.580 €/GJ 1.000 56.10 56.1 GJGN (combustível - Indústria I3) r 11.660 €/GJ 1.000 56.10 56.1 GJGPL (carburante) r 1 350.47 €/ton 46.000 GJ/ton 63.10 2 902.6 tonButano (garrafas) r 1 920.00 €/ton 46.000 GJ/ton 61.56 2 832.0 tonButano (granel) r 1 496.00 €/ton 46.000 GJ/ton 61.56 2 832.0 tonPropano (garrafas) r 2 275.00 €/ton 46.000 GJ/ton 59.78 2 749.9 tonPropano (granel) r 1 536.00 €/ton 46.000 GJ/ton 59.78 2 749.9 tonPropano (canalizado) r 2 064.00 €/ton 46.000 GJ/ton 59.78 2 749.9 ton
r = mercado retalhista // g = mercado grossista, geralmente preços internacionais (sem impostos nacionais)
Preço Conversão Energética Factor Emissão
Produto5 €/ton CO2 15 €/ton CO2 30 €/ton CO2
Gasolina IO98 * 14.89 0.92% 44.68 2.75% 89.36 5.50%Gasolina IO95 * 14.74 0.96% 44.21 2.87% 88.42 5.74%Gasóleo * 15.16 1.12% 45.49 3.37% 90.98 6.75%Gasóleo aquecimento * 16.40 1.28% 49.21 3.84% 98.43 7.68%Gasóleo agrícola * 15.16 1.55% 45.49 4.64% 90.98 9.29%Petróleo (Brent) 13.83 2.79% 41.50 8.37% 83.00 16.73%Fuelóleo * 19.04 2.41% 57.12 7.24% 114.24 14.49%Jet's 12.14 1.88% 36.43 5.65% 72.86 11.31%Carvão, coque, lenhite 12.77 22.70% 38.31 68.11% 76.61 136.22%Coque de petróleo 16.13 37.07% 48.38 111.22% 96.77 222.43%GN (carburante) * 9.16 1.17% 27.47 3.51% 54.94 7.02%GN (combustível - Doméstico D2) * 0.345 1.40% 1.035 4.21% 2.070 8.42%GN (combustível - Indústria I3) 0.281 2.41% 1.035 8.88% 2.070 17.75%GPL (carburante) * 17.85 1.32% 53.55 3.97% 107.11 7.93%Butano (garrafas) * 17.42 0.91% 52.25 2.72% 104.50 5.44%Butano (granel) * 17.42 1.16% 52.25 3.49% 104.50 6.99%Propano (garrafas) * 16.91 0.74% 50.74 2.23% 101.47 4.46%Propano (granel) * 16.91 1.10% 50.74 3.30% 101.47 6.61%Propano (canalizado) * 16.91 0.82% 50.74 2.46% 101.47 4.92%
* inclui IVA
Preços unitários em € para vários preços das EUA
30
5. A aplicação de 15€/tCO2 induz um aumento do preço de produção de electricidade
face aos valores atuais em cerca de 24% e 10% em 2020 e 2030, 8 e 2 pontos
percentuais acima da inexistência de qualquer sinal de preço, respectivamente. Em
2030 e para 30€/t o aumento é mais relevante ao passo que um valor de 5€/t tem um
impacto marginal, comparativamente a 15€/t. Este facto é explicável pela elevada
penetração custo-eficaz de renováveis na geração de electricidade, sobretudo em
2030.
Quadro 10
Efeito no preço da electricidade da introdução de um imposto sobre o carbono (variação face aos preços actuais)
2020 2030
Sem taxa de CO2 16% 8%
Taxa de CO2 (€/t)
5 19% 10%
15 24% 10%
30 32% 16%
Nota: Considera-se que os preços de distribuição e transporte de electricidade se mantêm constantes para o futuro pelo que a evolução do preço de produção se apresenta sensivelmente semelhante à evolução dos preços no consumidor final.
31
3.3 Efeitos de uma taxa de carbono de 15 euros sem reciclagem das receitas fiscais do imposto
A introdução de uma taxa de carbono na sua versão mais simples ou seja quando as
suas receitas fiscais são usadas para fins orçamentais gerais como seja a redistribuição
através de transferências lump-sum para as famílias ou a diminuição da dívida
pública, leva tipicamente a resultados favoráveis em termos de emissões mas
desfavoráveis em termos dos impactos económicos e por vezes mesmo orçamentais.
Apresentamos e discutimos aqui os resultados correspondentes.
3.3.1 Redução nas emissões por via tecnológica [TIMES_PT]
1. O Quadro 11 apresenta a redução das emissões associadas à aplicação de um preço
de 15€/tCO2 sobre todas as actividades emissoras de CO2 do sector energético e
industrial (i.e. inclui as emissões de combustão em sectores tais como residencial,
transportes e serviços, bem como as emissões de processo geradas na produção
industrial, e.g., produção de cimento).
Quadro 11 Efeitos por via tecnológica nas emissões de um imposto de 15€ por tCO2a
[∆ taxa 15€/tCO2] 2015 2020 2030 2015 2020 2030
(Mt CO2) (%)
Produção de Electricidade -0.1 0.0 -0.1 -0.4 -0.2 -3.0
Indústria b -0.7 -0.5 -0.7 -5.0 -4.1 -5.6
Refinação 0.0 0.0 -0.0 0.0 -0.2 -0.1
Serviços 0.0 0.0 0.0 -1.4 -1.5 -4.0
Residencial 0.0 0.0 0.0 1.1 0.0 0.0
Transportes 0.0 0.0 0.0 0.0 -0.2 -0.1
Agricultura 0.0 0.0 0.0 0.0 -2.5 -2.5
Totalc -0.7 -0.6 -0.8 -1.4 -1.4 -2.4
2020 2030
CELE (%/2005) -37 -62
NÃO-CELEc (%/2005) -38 -40
TOTAL (%/1990) -4 -27
aInclui CO2 de energia e processo industriais excepto f-gases; bIncluindo CHP; cExclui Fgases, resíduos, agricultura
32
2. Em termos absolutos, a aplicação de uma taxa de CO2 de 15€/t em todas as
atividades emissoras poderá induzir uma redução nas emissões de CO2 em cerca de
0.6 e 0.8 Mt CO2e, em 2020 e 2030 respectivamente. Estes valores são pouco
significativos, sobretudo quando os comparamos com os valores contidos no stock da
eficiência energética. A redução de emissões ocorre essencialmente no sector
industrial, incluindo cogeração. Ainda que as emissões dos sectores não CELE
estejam muito abaixo dos compromissos a que Portugal está sujeito (+1% em 2020
face a 2005) e que se verifiquem reduções muito significativas para os sectores CELE,
a nível total esta redução não será suficiente para atingir uma redução de 40% em
2030 face a 1990, ficando-se pelos 27%. Importa referir todavia que as reduções
induzidas pelo preço de 15€/t se referem somente a opções de cariz tecnológico
(tecnologias mais eficiência e substituição de combustíveis fósseis para alternativas
low carbon), sendo necessário levar em conta possíveis alterações na procura por
serviços de energia (governadas por decisões comportamentais) que não estão a ser
contabilizadas.
Quadro 12
Impacto nas emissões por via tecnológica de uma taxa de 15 Euro / tCO2 assumindo a continuidade do perfil actual de consumo de energia final
(comparação percentual face a um cenário de referência sem preço de CO2)
∆ preço 15€/t (Mt CO2e) ∆ preço 15€/t (%)
2015 2020 2030 2015 2020 2030
Produção de Electricidade 0.0 0.0 -0.2 0.0 -0.2 -3.7
Indústria -0.7 -0.4 -0.8 -5.2 -3.0 -6.0
Serviços 0.0 0.0 0.0 0.0 -1.3 -1.6
Residencial 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
Transportes 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
Refinação 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 -0.1
Agricultura 0.0 0.0 0.0 0.0 -2.5 -2.5
Total -0.7 -0.5 -1.1 -1.4 -1.0 -2.6
CELE (%/2005) -30.2% -46.5% NÃO-CELE (%/2005) -34.6% -37.2%
TOTAL (%/1990) 2.9% -12.5%
33
3. Considerara-se agora a continuidade atual do perfil de consumo de energia final, o
que contribui para uma redução significativa da eficiência energética projetada, como
apresentado anteriormente. Neste caso, a aplicação de uma taxa de 15€/t atingirá
reduções que não ultrapassam as 1.1 Mt, o equivalente a -2.5% em 2030,
correspondendo a uma redução de 4,4% nos sectores CELE e -0,4% nos não CELE
face a um cenário otimista em termos de eficiência energética. Esta redução será
sobretudo sentida nos sectores abrangidos pelo CELE, especialmente no sector
industrial onde se inclui a cogeração, como se pode ver no Quadro 12.
3.3.2. Redução nas emissões devido a factores económicos – efeitos agregados [DGEP]
1. Os efeitos, na procura de energia e nas emissões, por via dos mecanismos
económicos de um imposto sobre o carbono no valor de 15 euros por tonelada são
apresentados no Quadro 13. O imposto sobre as emissões de CO2 aumenta o preço
dos combustíveis de origem fóssil em relação aos recursos energéticos renováveis e
muda os preços relativos dos diferentes combustíveis fósseis de modo a reflector os
seus teores de carbono. Isto tem um profundo impacto no sector da energia, levando a
uma redução no consumo de combustíveis fósseis de 9,9 por cento em 2030 e
aumentando a infra-estrutura de energia eólica em 11,6 por cento. Este impacto do
imposto sobre as emissões de CO2 impostos na procura global de combustíveis
fósseis, no entanto, esconde importantes alterações na composição desta procura. Em
particular, pode-se observar uma redução de 29,4 por cento no consumo de carvão
com o petróleo a cair 6,8 por cento e o gás natural, 2,1 por cento. Como tal, o imposto
sobre as emissões de CO2 estimula uma mudança no mix energético que favorece a
energia eólica à custa de carvão.
2. O impacto dos impostos sobre o sector de energia reduz as emissões de CO2
limitando a sua taxa de crescimento. Assim, as emissões de CO2 que resultam são de
11,0 por cento menor em 2030. No longo prazo, no entanto, as emissões de CO2
continuam a crescer levando a uma redução de 10,3 por cento nas emissões em
34
relação aos níveis de estado estacionário. Metas mais ambiciosas a longo prazo,
naturalmente, sugerem a necessidade de níveis de tributação maiores e crescentes.
Quadro 13 Impacto nas emissões de CO2 por via económica – efeitos agregados
(comparação percentual face a um cenário de referência)
2020 2030 2040 2050
Ambiente
Emissões de Dióxido de Carbono -11,07 -10,97 -10,70 -10,32
Energia
Energia -7,09 -6,38 -6,02 -5,72
Combustíveis Fósseis -9,97 -9,93 -9,71 -9,39
Petróleo Bruto -6,68 -6,77 -6,71 -6,60
Carvão -30,22 -29,39 -28,38 -27,20
Gás Natural -2,12 -2,63 -2,71 -2,78
Investimento em Energia Eólica 16,19 11,57 9,96 9,07
Infra-estruturas de Energia Eólica 7,86 10,78 10,71 10,07
3.3.3 Redução nas emissões devido a factores económicos – efeitos sectoriais {GEM]
1. A redução agregada das emissões devido a factores económicos simulada pelo
modelo GEM é apenas marginalmente diferente da estimada pelo modelo DGEP.
Naturalmente, as reduções das emissões não são uniformes em termos dos diferentes
sectores económicos e aqui o modelo GEM dá-nos informação importante.
2. As reduções a nível sectorial são apresentadas no Quadro 14. Os sectores que
exercem mais esforços na redução de emissões em termos relativos (em comparação
com o nível inicial de emissões), são sectores como o gás (18.5%), produtos
petrolíferos refinados (16.7%), indústria química (16.7%), mineração (15.5%) e outras
indústrias (15.5%). No geral sectores de serviços privados e públicos tendem a ser os
que mostram menores reduções nas emissões.
35
Quadro 14 Impacto nas emissões de CO2 por via económica – efeitos sectoriais
(variações em % das emissões de CO2 iniciais)
Produção e distribuição de gás e água quente -18.5
Fabricação de coque e produtos petrolíferos refinados e combustível nuclear produtos -16.7
Fabricação de produtos químicos e produtos químicos e fibras sintéticas ou artificiais -16.7
Mineração com excepção dos produtos energéticos -16.0
Outras indústrias transformadoras -15.5
Fabricação de madeira e de produtos de madeira e cortiça, excepto mobiliário; -14.6
Fabricação de outros produtos minerais não metálicos -14.0
Indústrias metalúrgicas de base -13.0
Fabricação de máquinas e equipamentos n.e. -12.5
Fabricação de têxteis -11.6
Fabricação de equipamento eléctrico e de óptica -11.1
Construção -10.9
Fabricação de equipamentos de transporte -10.8
Transportes, armazenagem e comunicações -10.5
Fabricação de produtos de borracha e plástico -10.5
Pesca -9.6
Saúde e acção social -9.6
Comércio por grosso e a retalho e reparação de veículos automóveis, motociclos e de bens de uso doméstico e pessoal -9.5
Fabricação de couro e produtos relacionados -9.4
Agricultura, produção animal, caça e silvicultura -9.2
Fabricação de papel e produtos de papel; Impressão e reprodução de suportes gravados -8.8
Atividades imobiliárias, de arrendamento mercantil e de apoio às empresas -8.6
Administração pública e defesa; segurança social obrigatória -8.6
Captação e fornecimento -8.6
Atividades de alojamento e serviços de alimentação -8.4
Fabricação de produtos alimentares, bebidas e tabaco -8.4
Outras actividades de serviços colectivos, sociais e pessoais + Actividades das famílias empregadoras; bens e serviços actividades de produção das famílias para uso próprio indiferenciadas
-8.2
Educação -7.2
Serviços de actividades financeiras e de seguros + de intermediação financeira indirectamente medidos -6.9
Produção e distribuição de electricidade -4.7
36
3.3.4 Efeitos económicos agregados - PIB e emprego [DGEP, MODEM, e GEM]
1. Do ponto de vista económico dinâmico, o imposto sobre o CO2 funciona
principalmente através de dois mecanismos. Em primeiro lugar, ao afectar os preços
relativos, o imposto sobre o CO2 impulsiona mudanças na estrutura de procura de
factores produtivos pelas empresas o que afecta a produtividade marginal dos factores
produtivos. Em segundo lugar, o imposto sobre o CO2 aumenta o custo da energia e
reduz o fluxo líquido de caixa das empresas, o rendimento familiar e a procura
doméstica. Estes efeitos de escala e de substituição são centrais na definição do
impacto da tributação do CO2.
2. A tributação do CO2, aumentando os custos do sistema energético, tem um impacto
negativo sobre o fluxo de caixa líquido o que limita a procura de factores de produção
pelas empresas. A procura de trabalho cai 0,5 por cento em 2030, menos do que a
redução do investimento privado de 1,8 por e substancialmente menos do que a queda
na procura de combustíveis fósseis de 9,9 por cento. Isto é consistente com uma
redução geral nos níveis de procura de factores, juntamente com uma mudança na
estrutura destes factores no sentido de menor incidência na procura de factores
energéticos e um papel crescente para o capital e, especialmente, de trabalho. Esta
faceta dos mecanismos de substituição por detrás do impacto da tributação do CO2
também é visível em mudanças no investimento público em capital humano e em
capital público.
3. Dadas as reduções na procura de factor, não é nenhuma surpresa que a tributação
do CO2 tenha um impacto negativo no crescimento económico e níveis de actividade.
A redução do fluxo de caixa líquido das empresas tem um impacto directo sobre o
rendimento das famílias, uma vez que é parte integrante da riqueza total. Isso leva o
consumo privado e inicia um importante feedback dinâmico entre rendimento,
consumo e produção. Como resultado, o consumo privado cai 0,4 por cento. O efeito
líquido dessa interacção é a redução dos níveis do PIB de 1,1 por cento em 2030 e 1,4
por cento em 2050.
37
Quadro 15 O impacto económico de um imposto de 15 Euro por tCO2 – efeitos agregados
(comparação percentual face a um cenário de referência)
2020 2030 2040 2050
Impactos económicos
Taxa de Crescimento (variação percentual em relação ao ano anterior) 0,90 0,92 0,93 0,93
PIB -0,76 -1,12 -1,29 -1,40
Consumo Privado -0,42 -0,40 -0,39 -0,37
Investimento -1,90 -1,82 -1,81 -1,85
Capital Privado -0,74 -1,29 -1,54 -1,68
Emprego -0,29 -0,45 -0,53 -0,58
Salários -0,78 -0,93 -0,97 -0,98
Importações de Energia -7,56 -7,65 -7,56 -7,40
Dívida Externa -5,05 -10,26 -14,31 -17,63
4. Os resultados acima apresentados e derivados do modelo DGEP, são comparáveis
com os obtidos com o modelo GEM. De acordo com o GEM, a introdução de um
imposto de 15 euros leva a uma redução do PIB real em 0.8% e uma redução do
emprego em 0.4%.
5. Além destes efeitos mais de longo prazo é importante considerar os efeitos de curto
prazo no impacto desta medida. De acordo com o modelo MODEM, na ausência de
reciclagem da receita, a introdução de uma taxa de carbono de 15€ implicará, por via
do aumento dos preços, uma quebra do rendimento real disponível das famílias,
implicando uma redução do consumo privado real estimada em 0,8% face ao cenário
de referência. Esta quebra, associada às possíveis reduções (em termos reais) das
outras componentes da procura final (Consumo Público, Investimento e Exportações,
seja por efeito de restrições orçamentais ou por reacção ao aumento dos preços),
induzirá uma quebra no PIB real estimada em 0,5%.
3.3.5 Efeitos económicos agregados - efeito nos preços [MODEM e GEM]
1. De acordo com as simulações do modelo GEM, a introdução de uma taxa de
carbono de 15€/tCO2 que se traduz na subida do preço dos combustíveis fósseis, leva
38
a que o nível geral de preços suba 1.1%. Este poderá ser interpretado como um efeito
permanente de longo-prazo.
2. Por outro lado, utilizando o modelo de preços input-output pode-se aferir o efeito
(directo mais indirecto) da introdução de uma taxa de carbono de 15€ (aplicada a
todos os sectores) por via do aumento dos custos de produção (a que acrescem, para o
consumidor (intermédio e final) desses produtos, os impostos, líquidos de subsídios,
sobre os produtos) sobre os preços na economia. Estima-se um efeito global sobre os
deflatores do PIB e do Consumo das Famílias estimado em +0,5% e + 0,4%,
respectivamente, e de +0,4% nas Exportações, +0,1% no Consumo Público e +0,3%
na FBCF. Por produtos, estima-se que os efeitos mais significativos sejam no preço da
electricidade (+3,9% nos preços de produção e de exportação; + 3,7% no preço de
consumo das famílias), do gás natural (+8,6% no preço de consumo final), dos
refinados do petróleo (+3,4%, em média, para o consumo das famílias), dos produtos
Quadro 16
Impacto nos preços de uma taxa de carbono de 15€ por tCO2 (comparação percentual face a um cenário de referência)
NPCN Produtos Preços de Produção (de base)
Preços de Aquisição
(Consumo das Famílias)
Preços das
Exportações
Total da Economia 0.5% 0.4% 0.4%
Produtos com maior impacto nos preços:
351+353 Electricidade, vapor e água quente e fria e ar frio 3.9% 3.7% 3.9%
352 Gás natural distribuído 2.7% 8.6% 2.7%
23 Outros produtos minerais não metálicos 1.6% 0.5% 1.6%
49 Serv. transporte terrestre e por condutas (pipelines) 1.3% 1.2% 1.3%
07+08+09 Outras Extractivas 1.1% 0.3% 1.1%
51 Serviços de transporte aéreo 1.1% 0.6% 1.1%
17 Papel e cartão e seus artigos 0.7% 0.2% 0.7%
21 Produtos farmacêuticos de base preparações e artigos farmacêuticos 0.7% 0.1% 0.7%
20 Produtos químicos e fibras sintéticas ou artificiais 0.6% 0.1% 0.6%
19 Coque, produtos petrolíferos refinados e aglomerados de combustíveis 0.5% 3.4% 0.5%
Observação: Avaliação com utilização de coeficientes input-output (baseados num sistema de matrizes I-O para Portugal, 2008)
39
minerais não metálicos (+1,6% para os preços de produção e exportação), dos
transportes (+1,3% para os preços de produção e de exportação dos transportes
terrestres e + 1,1% para os mesmos preços dos transportes aéreos) e dos produtos das
indústrias extractivas (+1,1% para os preços de produção e de exportação). Ver
Quadro 16.
3.3.6 Efeitos económicos agregados - Efeitos nas importações e contas com o exterior [DGEP, MODEM, GEM]
1. Estima-se, para o ano de introdução deste imposto (com utilização do modelo
MODEM), uma quebra do PIB real de 0,5% face ao cenário de referência, implicando
uma redução de intensidade semelhante nas importações (nominais e reais,
considerando-se que a introdução da taxa de carbono não tem impacto no preço das
importações). Admitindo que as exportações não variavam (em termos nominais) face
ao cenário de referência (admitindo uma elasticidade procura-preço das exportações
=-1), tal evolução implicaria uma ligeira melhoria da Balança de Bens e Serviços
(avaliada a preços correntes). Considerando esta mesma hipótese e o aumento
estimado no preço médio das exportações (de +0,4%), as exportações reduzir-se-iam,
no seu conjunto, em termos reais (com a introdução da taxa de carbono em todos os
sectores e sem reciclagem da receita), em 0, 4%, no ano de introdução do imposto. As
maiores reduções das exportações em volume verificar-se-iam para os produtos com
maior aumento de preços (electricidade, produtos minerais não metálicos, transportes
terrestres e aéreos e produtos das indústrias extractivas – ver quadro 15, ponto 3.3.5.).
2. Verifica-se, contudo e de acordo com o modelo GEM e os resultados apresentados
no Quadro 17, que no longo prazo as exportações são afectadas de modo
significativo. Os sectores do Gás e Produtos Refinados de Petróleo diminuem as suas
exportações em 21.7% e 21.6% respectivamente, enquanto por exemplo, os sectores
da indústria alimentar, ou das peles experienciam aumentos ligeiros nas exportações.
De uma forma geral as exportações diminuem em quase todos os sectores.
40
Quadro 17 Efeitos na balança comercial de uma taxa de carbono de 15€ por tCO2
Variações em %
Exportações Importações
Agricultura, produção animal, caça e silvicultura -0.4% 0.1%
Pesca -0.8% 1.0%
A extracção de produtos energéticos -11.6%
Mineração com excepção dos produtos energéticos -4.0% 0.3%
Fabricação de produtos alimentares, bebidas e tabaco 0.2% 0.0%
Fabricação de têxteis -0.5% -0.1%
Fabricação de couro e produtos relacionados 1.6% 0.8%
Fabricação de madeira e de produtos de madeira e cortiça, excepto mobiliário; -2.2% -1.4%
Fabricação de papel e produtos de papel; Impressão e reprodução de suportes gravados -0.9% -0.4%
Fabricação de coque e produtos petrolíferos refinados e combustível nuclear produtos -21.6% 4.3%
Fabricação de produtos químicos e produtos químicos e fibras sintéticas ou artificiais -1.8% 0.2%
Fabricação de produtos de borracha e plástico -1.1% -0.4%
Fabricação de outros produtos minerais não metálicos -2.9% -0.4%
Indústrias metalúrgicas de base -2.3% -0.9%
Fabricação de máquinas e equipamentos n.e. -1.7% -1.5%
Fabricação de equipamento eléctrico e de óptica -1.1% -1.3%
Fabricação de equipamentos de transporte -0.6% -0.7%
Outras indústrias transformadoras -0.8% -0.1%
Produção e distribuição de electricidade -7.5% 6.4%
Produção e distribuição de gás e água quente -21.7% -0.1%
Captação e fornecimento -2.7% 1.7%
Construção -3.3% -1.3%
Comércio por grosso e a retalho e reparação de veículos automóveis, motociclos e de bens de uso doméstico e pessoal
-1.3% -1.2%
Atividades de alojamento e serviços de alimentação -1.4% 0.0%
Transportes, armazenagem e comunicações -4.6% -0.9%
Serviços de actividades financeiras e de seguros + de intermediação financeira indirectamente medidos (SIFIM)
-1.0% -0.5%
Atividades imobiliárias, de arrendamento mercantil e de apoio às empresas 0.1% -0.8%
Administração pública e defesa; segurança social obrigatória
Educação
Saúde e acção social
Outras actividades de serviços colectivos, sociais e pessoais + Actividades das famílias empregadoras; bens e serviços actividades de produção das famílias para uso próprio indiferenciadas
0.0% -0.3%
41
3. Verifica-se então uma redução das exportações ao mesmo tempo que naturalmente
se verifica uma redução nas importações em particular das de combustíveis fósseis. A
redução destas importações é avaliada pelo modelo DGEP em cerca de 7,7% em
2030. No cômputo geral, o modelo DGEP sugere a introdução deste imposto leva uma
redução da dívida externa de 10,3% em 2030.
3.3.7 Efeitos económicos sectoriais [GEM]
1. Como esperado, e comprovado pelos resultados do modelo GEM como
apresentados no Quadro 18, a aplicação do imposto tem um efeito negativo sobre o
nível de actividade de sectores que produzem e comercializam bens energéticos
primários, como produtos petrolíferos e gás natural. Por outro lado, outros sectores
beneficiam, como a indústria das peles, educação, produção de alimentos, saúde,
serviços e administração pública.
2. Em relação aos preços, os efeitos do imposto também diferem entre setores. Os
sectores energéticos como produtos petrolíferos, gás natural e carvão são os que
sofrem os maiores aumentos nos preços. Há também impactos positivos nos preços do
sector de transportes e comunicações e do sector eléctrico porque este sector
transforma fontes primárias de energia em fontes de energia secundária. A indústria
das peles e educação estão entre os sectores que se tornam mais baratos.
3. Os impactos assimétricos a nível sectorial vão beneficiar os sectores mais limpos.
Como consequência, a reforma pode estimular a inovação e o crescimento verde.
4. Além disso, verificou-se que os sectores que se beneficiam com esta reforma do
ponto de vista da produção (aumento) e os preços (redução) são geralmente
considerados sectores não transaccionáveis (do ponto de vista do comércio
internacional). Exemplos incluem a educação, saúde, serviços e administração
pública. A produção de bens não-transaccionáveis, pode impulsionar a economia
local, mas dificilmente vai servir como fonte de moeda estrangeira. Há excepções,
como por exemplo no caso em que a produção possa atrair turistas.
42
Quadro 18 Efeitos económicos sectoriais de uma taxa de carbono de 15€ por tCO2
Variação %
Produção Preços
Fabricação de coque e produtos petrolíferos refinados e combustível nuclear produtos -12.6% 23.2%
Produção e distribuição de gás e água quente -11.8% 23.2%
Mineração com excepção dos produtos energéticos -2.7% 1.1%
Fabricação de outros produtos minerais não metálicos -2.1% 0.7%
Indústrias metalúrgicas de base -2.1% 0.3%
Transportes, armazenagem e comunicações -2.0% 1.8%
Fabricação de madeira e de produtos de madeira e cortiça, excepto mobiliário; -1.9% 0.2%
Fabricação de produtos químicos e produtos químicos e fibras sintéticas ou artificiais -1.9% 0.5%
Construção -1.8% 0.8%
Fabricação de máquinas e equipamentos n.e. -1.7% 0.1%
Comércio por grosso e a retalho e reparação de veículos automóveis, motociclos e de bens de uso doméstico e pessoal
-1.3% 0.0%
Fabricação de equipamento eléctrico e de óptica -1.1% 0.0%
Produção e distribuição de electricidade -1.1% 2.6%
Fabricação de produtos de borracha e plástico -0.9% 0.1%
Fabricação de papel e produtos de papel; Impressão e reprodução de suportes gravados -0.7% 0.1%
Outras indústrias transformadoras -0.7% 0.2%
Fabricação de equipamentos de transporte -0.6% 0.0%
Captação e fornecimento -0.6% 0.8%
Serviços de actividades financeiras e de seguros + de intermediação financeira indirectamente medidos (SIFIM) -0.6% 0.2%
Atividades imobiliárias, de arrendamento mercantil e de apoio às empresas -0.6% -0.4%
Saúde e acção social -0.6% 0.9%
Fabricação de têxteis -0.4% 0.1%
Atividades de alojamento e serviços de alimentação -0.4% 0.5%
Agricultura, produção animal, caça e silvicultura -0.3% 0.1%
Pescaria -0.3% 0.3%
Outras actividades de serviços colectivos, sociais e pessoais + Actividades das famílias empregadoras; bens e serviços actividades de produção das famílias para uso próprio indiferenciadas
-0.2% -0.1%
Administração pública e defesa; segurança social obrigatória 0.0% 0.1%
Fabricação de produtos alimentares, bebidas e tabaco 0.2% 0.0%
Educação 0.4% -0.3%
Fabricação de couro e produtos relacionados 1.3% -0.3%
A extracção de produtos energéticos 11.4%
5. O fato de que alguns sectores transaccionáveis se contraiam com a reforma
(essencialmente os sectores de energia), não tem impacto significativo sobre a balança
comercial, porque não são sectores exportadores líquidos, mas importadores líquidos.
43
A sua contracção resultante da aplicação do aumento de impostos e do preço leva a
substituir o seu consumo por outros produtos, e, no caso dos combustíveis fósseis, por
energia renovável.
3.3.8 Efeitos orçamentais [TIMES_PT, DGEP e MODEM]
1. A presença de uma taxa de CO2, acarretará um aumento significativo da receita
fiscal. Com taxa de 15€/t e assumindo a continuidade dos actuais padrões de consumo
de energia, ou seja não considerando o potencial de ganho de eficiência energética, a
receita atingida seria 5% e 15% superior em 2020 e 2030 face a um cenário de
eficiência energética otimista, e o equivalente a cerca de 189M€ e 444 M€ em 2020 e
2030, respetivamente. Importa referir todavia, que os valores apresentados não
excluem as emissões gratuitas do CELE, isentas do pagamento de uma taxa pelo que
for considerada a continuidade deste instrumento os acrescimento de receita fiscal
associados à manutenção dos padrões atuais de consumo serão mais reduzidos.
2. No curto prazo e de acordo como o modelo MODEM a receita fiscal proporcionada
por este novo imposto (interagindo com o respectivo IVA adicional) será positiva
(estimada em 848 milhões de euros, com base nos parâmetros de 2008) mas reduzir-
se-ão as receitas de todos os outros impostos e contribuições devido à quebra no nível
de actividade económica e de consumo e aumentará a despesa com subsídios de
desemprego (devido à redução do emprego), implicando um impacto líquido na
redução do défice público de apenas 510 milhões de euros. Estima-se que a Dívida
Pública em percentagem do PIB se reduza em 0,3 pontos de percentagem no ano de
introdução do imposto. Ver Quadro 19. Note-se, contudo, que, nos anos
subsequentes, o impacto na redução na dívida será progressivamente mais
significativo, devido à acumulação de menores défices primários anuais conjugado
com a redução cada vez maior da despesa com juros. Nessa perspectiva, admitindo
que o imposto era introduzido em 2015 e que os níveis da taxa de carbono e o
respectivo impacto no défice primário das contas públicas e no PIB nominal se
mantinham constantes (em euros) ao longo dos anos, estima-se, considerando um
cenário de referência para o crescimento nominal do PIB e para a taxa média de juro
44
da dívida pública, que o impacto desta taxa de carbono na Dívida Pública em
percentagem do PIB seja, em 2030, de -3,6 pontos de percentagem.
Quadro 19 Impacto orçamental de curto prazo de uma taxa de carbono de 15€ / tCO2, sem reciclagem da receita
(milhões de euros) Receitas:
Impostos s/ combustíveis fósseis 848
Impostos s/ rendim. Particulares -36
Impostos s/ rendim. e patrim. Sociedades -35
Outos impostos indiretos -124
Contribuições Sociais recebidas pela AP -95
Outras receitas -27
Despesas:
Despesa c/ subsídios de desemprego 46
Despesa c/ subsídios aos produtos -3
Despesa c/ juros -22
Défice público -510
Dívida Pública em % do PIB (desvio em pp no ano da introdução do imposto) -0.3
3. De uma perspectiva mais dinâmica os resultados do modelo DGEP, como
apresentados no Quadro 20, sugerem que a introdução do imposto levará uma
redução na dívida pública em 1,9% em 2013 (equivalente em valores de 2014 a uma
redução de 2,5 pontos percentuais no rácio da divida pública no PIB). Este efeito
deve-se essencialmente à contracção das despesas e mais parcialmente a um aumento
global das receitas fiscais com o novo imposto.
4. Do lado das receitas fiscais, reduções no rendimento, consumo e factores de
produção resultam na contratação das bases fiscais. Assim, observa-se uma redução
nas receitas de IRS, IRC, VAT e TSU. Estas reduções são claramente compensado
pelas receitas fiscais de CO2. Como resultado, a receita fiscal total cresce 0,4 por
cento em 2020, de 0,1 por cento em 2030 e decresce marginalmente em 2050. A
redução das receitas fiscais é particularmente pronunciada em 2050 liderada por uma
redução das receitas de IRS de 1,8 por cento, IRC de 1,6 por cento, VAT de 0,7 por
cento e em TSU de 1,7 por cento.
45
5. Do lado das despesas, e considerando uma resposta adequada altos níveis de
endividamento público, os gastos públicos caem 1,9 por cento em 2030. Este aumento
reflecte uma mudança na recomposição dos gastos públicos do consumo para o
investimento. Consumo público cai 2,4 por cento em 2030, enquanto o investimento
de capital público cai 1,7 por cento e investimento em capital humano cai 0,5 por
cento. A queda do investimento público está mais uma vez na linha das mudanças na
estrutura de produção das empresas para o uso mais intensivo do factor trabalho.
Quadro 20 O impacto orçamental intertemporal de um imposto de 15€ por tCO2
(comparação percentual face a um cenário de referência)
2020 2030 2040 2050
Sector Público
Dívida Pública -1,06 -1,91 -2,38 -2,65
Despesas Públicas -1,75 -1,71 -1,70 -1,70
Consumo Público -2,44 -2,35 -2,30 -2,27
Investimento Público -1,71 -1,70 -1,75 -1,81
Investimento em Capital Humano -0,40 -0,46 -0,51 -0,55
Capital Público -0,83 -1,35 -1,58 -1,70
Capital Humano -0,03 -0,07 -0,11 -0,15
Receitas Fiscais 0,36 0,14 0,03 -0,04
Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Singulares (IRS) -0,81 -1,36 -1,63 -1,78
Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Colectivas (IRC) -0,70 -1,24 -1,49 -1,63
Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) -0,74 -0,71 -0,70 -0,69
Contribuições Sociais (TSU) -1,10 -1,44 -1,61 -1,71
46
3.4 Efeitos de uma taxa de carbono de 15 euros com reciclagem das receitas fiscais para fins de eficiência económica
Os efeitos menos positivos a nível económico e orçamental podem ser mitigados,
eliminados, ou mesmo invertidos através de uma criteriosa reciclagem das receitas
fiscais geradas pelo imposto sobre as emissões de CO2.
3.4.1 Considerações gerais
1. Por razões de natureza metodológica nem todos os modelos tem a capacidade de
considerar as mesmas estratégias de reciclagem. Ainda assim é possível identificar
alguns padrões comuns aos diferentes resultados.
2. Os efeitos das diferentes estratégias de reciclagem mas emissões são relativamente
pequenos. O grosso da mudança nas emissões deve-se à existência do imposto sobre o
carbono e as diferenças entre os diferentes casos de reciclagem são apenas efeitos de
segunda ordem induzidos pelos efeitos da reciclagem no produto e emprego – o
chamado “rebound effect”. Os efeitos das diferentes estratégias de reciclagem mas
emissões, contudo, podem ser muito significativos.
3.4.2 O ponto de vista da tecnologia do sistema energético [TIMES_PT]
1. Não há impactos dignos de registo nas emissões de CO2 devido às diferentes
estratégias de reciclagem da receita. Apenas se poderia esperar alguma diferença
significativa se a reciclagem da receita fosse canalizada diretamente para a eliminação
de barreiras à eficiência energética, ou para a promoção e aceleração de tecnologias
de baixo carbono com retorno positivo nacional, como seria o caso eventual da
mobilidade eléctrica. No entanto, estas estratégias de reciclagem específica não foram
avaliadas no presente estudo.
47
3.4.3 Reciclagem através de mecanismos do lado da procura [DGEP]
1. Para as duas reformas do lado da procura, a receita fiscal do CO2 é usado para
estimular actividades de consumo privado e público, por compensação das receitas do
IVA e pelo financiamento directo de consumo público. Ver Quadro 21. As receitas
fiscais resultantes da tributação do CO2 podem financiar uma redução de 5,0 por
cento no valor adicionado taxa de imposto ou de um aumento de 3,7 por cento do
consumo público em relação ao caso de lump sum. Estas políticas do lado da procura
geram uma pequena melhoria no desempenho da economia por comparação com o
caso lump sum, levando assim a uma realização fraca do segundo dividendo. Em
ambos os casos, o PIB cai 0,6 por cento, enquanto o emprego cai 0,2 por cento em
2050 para a política de substituição do IVA e de 0,3 por cento para a política de
financiamento ao consumo público. Esta pequena melhora do PIB e os resultados do
emprego reflecte as relativamente pequenas distorções associadas à tributação
indirecta.
2. Por sua vez, ambas as políticas de reciclagem do lado da procura permitem um
terceiro dividendo como resultado de reduções óptimas nos gastos públicos. As
reduções na dívida pública, no entanto, são menores do que para a política de
reciclagem lump sum. A política de substituição através do IVA leva a ganhos de
dívida pública menores do que a política de financiamento do consumo público,
porque o sector público é livre para aumentar os níveis de consumo público no caso
do IVA, enquanto na política de financiamento ao consumo público os níveis de
consumo público são fixos nos níveis do caso lump sum aos quais acresce a despesa
adicional tornada possível pela reciclagem das receitas fiscais CO2. A principal
distinção entre estas duas políticas encontra-se no seu impacto sobre o comportamento
do consumo privado e público. A política de substituição tributária pelo IVA estimula
o aumento do consumo privado; a política de financiamento ao consumo público, ao
contrário, estimula o aumento do consumo público.
48
Quadro 21 Impacto de um imposto de 15€ / tCO2
com reciclagem através de mecanismos do lado da procura (comparação percentual face a um cenário de referência)
Emissões de Dióxido de Carbono
Emprego PIB Dívida Publica
2030 2050 2030 2050 2030 2050 2030 2050
Reciclagem lump sum -10,97 -10,32 -0,45 -0,58 -1,12 -1,40 -1,91 -2,65
Reciclagem através do IVA -10,70 -9,96 -0,14 -0,21 -0,81 -1,00 -1,30 -1,68
Reciclagem através de consumo público -10,81 -10,15 -0,25 -0,33 -0,94 -1,22 -4,41 -9,15
3.4.4 Reciclagem através de mecanismos do lado do mercado de trabalho [DGEP]
1. Agora voltamos a nossa atenção para o caso dos mecanismos de reciclagem
impulsionadores de emprego: a substituição do IRS, de substituição da TSU, e
políticas de financiamento do investimento em capital humano. Ver Quadro 22. Estes
permitem-nos avaliar as respostas da procura de trabalho a redução da carga fiscal
sobre as famílias e empresas, bem como as respostas ao financiamento para aumentar
a produtividade do trabalho através do investimento público em educação. A receita
de impostos CO2 permite um financiamento de uma redução de 18,0 por cento na taxa
de IRS, ou de, uma redução de 7,4 por cento na TSU ou de um aumento de 7,1 por
cento do investimento público em educação.
2. Políticas de reciclagem impulsionadoras de emprego geram melhorias maiores no
desempenho económico e maiores reduções nos custos de política climática do que as
políticas do lado da procura. Estas políticas resultam numa redução de 0,2 por cento
do PIB para a política de reciclagem IRS, de 0,3 por cento no caso da TSU. A política
de financiamento de investimento de capital humano produz uma realização forte do
segundo dividendo, com um aumento do PIB de 1,3 por cento em 2050.o caso de
reciclagem IRS e TSU resultam num forte duplo dividendo no que diz respeito ao
emprego, isto é, uma melhoria no desempenho ambiental com ganhos de emprego,
enquanto que o financiamento dos investimentos de capital humano o faz somente no
longo prazo. Emprego aumenta em 0,4 por cento na política de reciclagem IRS e de
49
0,3 por cento na de reciclagem TSU, enquanto ele cai 0,5 por cento na política de
financiamento de capital humano em 2020, contudo, com um aumento de 0,3 por
cento em 2050 em relação aos níveis basais.
3. A principal diferença entre a estratégia de reciclagem IRS e as outras duas políticas
de emprego é o efeito sobre os salários. A reciclagem TSU representa um choque na
procura de trabalho que leva a um aumento de curto prazo nos salários. Em
contrapartida, o aumento da oferta de trabalho para a política de substituição de IRS
representa um choque de oferta de trabalho que produz uma queda de 1,0 por cento
nos salários. Da mesma forma, o investimento em capital humano serve como um
substituto relativo de horas de trabalho e rende salários mais baixos.
4. Tanto a reciclagem IRS como a TSU levam à realização do terceiro dividendo,
enquanto a política de financiamento de investimento de capital humano não. Dívida
pública cai 3,5 por cento na política de substituição de IRS, de 3,2 por cento na da
TSU. Aumenta 11,3 por cento na política de financiamento dos investimentos de
capital humano, o que torna esta uma opção bastante indesejável.
Quadro 22
Impacto de um imposto de 15€ / tCO2 com reciclagem através de mecanismos do lado do mercado de trabalho
(comparação percentual face a um cenário de referência)
Emissões de Dióxido de Carbono
Emprego PIB Dívida Pública
2030 2050 2030 2050 2030 2050 2030 2050
Reciclagem através do IRS -10,45 -9,93 0,30 0,09 -0,54 -0,97 -2,05 -3,47
Reciclagem através da TSU -10,53 -9,94 0,16 -0,01 -0,63 -0,98 -1,98 -3,21
Investimento em capital humano -10,01 -7,89 -0,29 0,27 -0,05 1,27 5,62 11,33
3.4.5 Reciclagem através de mecanismos de promoção ao investimento [DGEP]
1. Finalmente, consideramos os casos em que usam as receitas fiscais de CO2 para
financiar o investimento em capital físico, seja, crédito ao investimento privado e em
50
energia eólica investimento e financiamento de investimento de capital público. Ver
Quadro 23. As receitas fiscais resultantes do imposto sobre o carbono poderiam ser
utilizados para financiar ou investimento significativamente maior em energia eólica,
de um aumento de 5,3 vezes no crédito fiscal ao investimento privado ou de um
aumento de 16,1 por cento do investimento público, todos em relação ao caso lump
sum.
2. A política de crédito fiscal ao investimento privado estimula um aumento de 3,6
por cento do investimento privado, aumenta o PIB em 0,2 por cento em 2020 e 1,0 por
cento em 2050. Por sua vez, a política de financiamento de investimento público
induz um aumento no investimento privado de 2,7 por cento e leva a uma expansão de
1,0 por cento da actividade económica em 2020 e de 3,6 por cento em 2050. Assim,
ambas as políticas produzem um forte duplo dividendo. Além disso, a longo prazo,
ambas as políticas levam a um aumento do emprego. O emprego aumenta 0,2 por
cento em 2050 na política de financiamento de crédito fiscal ao investimento privado
e de 0,8 por cento para a política de financiamento de capital público. Estes ganhos de
emprego, no entanto, ocorrem somente após menores perdas de curto prazo. O caso da
política de crédito fiscal ao investimento de energia eólica difere das outras duas no
sentido de que só dá um fraco duplo dividendo.
3. Os méritos relativos do crédito fiscal ao investimento privado e as políticas de
financiamento do investimento público dependem principalmente dos produtos
marginais de cada tipo de investimento, das taxas de depreciação e dos custos de
ajustamento. Em ambas as políticas, o aumento marginal no financiamento do
investimento é igual à receita fiscal CO2. Como resultado, a política de investimento
público está sujeita a maiores custos de ajustamento devido ao stock existente ser
relativamente menor. A longo prazo, no entanto, a taxa de depreciação inferior e o
produto marginal ligeiramente maior fazem prever uma contribuição substancial para
o crescimento económico. Á medida que mais investimento em energia eólica é
realizado este trará custos substanciais de ajustamento, não-linearidades na
substituição da energia eólica para outras fontes de energia, e um produto marginal
51
decrescente consistente com a ideia de que a capacidade adicional é mais susceptível
de ser instalado em locais menos produtivos.
4. Nenhuma das três políticas dirigidas ao investimento produz um terço de
dividendos, redução da dívida pública. A política de financiamento de crédito fiscal
ao investimento privado aumenta a dívida pública em 3,3 por cento. A política de
financiamento de capital público aumenta a dívida pública em 13,8 por cento, o que o
torna uma opção bastante indesejável. A política de financiamento de crédito fiscal ao
investimento de energia eólica aumenta a dívida pública de 0,3 por cento em relação
aos níveis basais em 2050.
Quadro 23 Impacto de um imposto de 15€ por tCO2 com reciclagem através de mecanismos de
promoção do investimento (comparação percentual face a um cenário de referência)
Emissões de Dióxido de Carbono
Emprego PIB Dívida Pública
2030 2050 2030 2050 2030 2050 2030 2050
Créditos fiscais ao investimento em eólicas -13,78 -13,52 -0,12 -0,09 -0,56 -0,54 -0,03 0,28
Créditos fiscais ao investimento privado -9,39 -8,18 0,07 0,21 0,63 0,95 2,49 3,31
Investimento em capital público -7,64 -5,77 0,30 0,75 2,57 3,59 9,18 13,84
3.4.6 Estratégias mistas de reciclagem [DGEP]
1. As diferenças marcantes no que diz respeito aos efeitos no emprego e dívida
pública entre as políticas de reciclagem estimulantes do emprego e as políticas de
reciclagem de estímulo ao investimento sugerem que a combinação dos dois tipos de
políticas pode aliviar algumas das perdas de emprego e produto a curto prazo nas
políticas de financiamento de investimento de capital - bem como os efeitos
orçamentais de longo prazo – e ao mesmo tempo incentivando o crescimento de longo
prazo através do investimento em capital físico. Na verdade usando a metade da
receita fiscal de CO2 para reduzir o IRS e a outra metade para financiar o aumento do
crédito fiscal ao investimento privado crédito pode reduzir as emissões, estimular
ganhos marginais de emprego e neutralizar os efeitos negativos de longo prazo sobre
52
o emprego, sem comprometer a sustentabilidade a longo prazo das contas do sector
público.
2. No geral, a reciclagem usando créditos fiscais ao investimento privado e uma
combinação de reduções de IRS e TSU parece ser a mais promissora levando a
benefícios no emprego e produto e a efeitos marginais no orçamento. Esta estratégia
tem ainda como vantagem permitir internalizar através destes mecanismos quaisquer
preocupações com os efeitos do imposto ao nível distributivo para as famílias e ao
nível da competitividade das empresas.
Quadro 24 Impacto de um imposto de 15€ por tCO2 com estratégias de reciclagem mistas
(comparação percentual face a um cenário de referência)
Crédito fiscal ao invest. privado
TSU
IRS
Emissões de Dioxido de Carbono
Emprego PIB Dívida Pública
2030 2050 2030 2050 2030 2050 2030 2050
50% 25% 25% -9.93 -9.04 0.15 0.13 0.04 0.01 0.26 0.02
50% 50% -9.95 -9.04 0.12 0.10 0.02 0.00 0.27 0.08
50% 50% -9.91 -9.03 0.19 0.16 0.06 0.01 0.25 -0.04
50% 10% 40% -9.91 -9.04 0.17 0.15 0.05 0.01 0.25 -0.02
3.4.7 Outra visão de um ponto de vista económico das estratégias de reciclagem [GEM]
1. De um ponto de vista de efeitos de longo prazo, a partir das simulações realizadas
pelo GEM e apresentadas no Quadro 25, verifica-se que todas as reciclagens
alternativas ao lump-sum produzem um segundo dividendo na sua versão fraca. Uma
realização forte do segundo dividendo no sentido da completa neutralização ou
mesmo inversão dos efeitos negativos do imposto não se verifica em nenhum caso no
que se refere ao PIB mas verifica-se em termos do emprego e preços.
2. Pode-se apontar a hipótese de reciclagem que reduz as Contribuições para a
Segurança Social (SSC) a cargo das empresas como a que apresenta melhores
53
resultados globais, ao nível do produto, emprego e preços. O efeito imediato de um
imposto sobre o carbono nesse contexto é um aumento nos preços de combustíveis
fósseis, juntamente com uma redução dos custos do factor trabalho. Portanto, haverá
dois principais canais de condução os resultados socioeconómicos da reforma: (i) o
mercado de trabalho e (ii) o mercado de energia. Para o primeiro, a redução
significativa das SSC dos empregadores (custos de trabalho) pode estimular uma
maior procura de mão-de-obra por parte das empresas. Não devemos esperar qualquer
mudança significativa nos salários, uma vez que existe presentemente um nível de
desemprego considerável na economia Portuguesa. Do ponto de vista
macroeconómico, essas mudanças que ocorrem no mercado de trabalho provocam
efeitos positivos sobre o consumo privado, com efeitos negativos sobre o PIB real
pouco significativos.
3. Reciclagem através da subida da despesa pública final é a segunda melhor em
termos de resultados no emprego, embora seja o que provoca mais inflação (mas a
diferença é pouco significativa). Em termos sectoriais não se verificam tendências
muito distintas das referidas para o caso de reciclagem “lump sum”, para os efeitos
nos preços e produção.
4. Para lá das especificidades dos resultados e de algumas diferenças de mais detalhe
os resultados dos modelos DGEP e GEM proporcionam resultados de ordens de
magnitude comparáveis usando como ponto de referência por exemplo os resultados
do DGEP para 2020 e 2030.
Quadro 25 Outra visão sobre os efeitos das diferentes estratégias de reciclagem [GEM]
Variação %
Tipo de Reciclagem PIB real Emprego Preços
Contribuições sociais -0.3% 0.6% 1.0%
Impostos diretos sobre as sociedades -0.5% 0.1% 1.0%
Aumento do consumo publico -0.5% 0.2% 1.1%
Impostos diretos sobre os particulares -0.6% 0.0% 1.0%
Transferências para famílias ("lump sum") -0.8% -0.4% 1.1%
54
3.4.8 Efeitos de estratégias de reciclagem de um ponto de vista económico de curto prazo [MODEM]
1. Ensaiaram-se, com o modelo MODEM, diversas hipóteses de reciclagem da receita
adicional potenciada por este imposto (líquida de despesa adicional e da quebra de
outras receitas fiscais), impondo um défice global público igual ao do cenário de
referência, designadamente através da redução de outros impostos (sobre os
particulares e sobre as sociedades), do aumento das transferências para as famílias e
do aumento de diversas componentes da despesa do Estado, designadamente despesas
(finais) com serviços de educação e formação (correspondendo a um investimento em
capital humano), despesas de I&D, investimento em infra-estruturas e ajudas ao
investimento privado (particularizadas para o caso do investimento em produtos
metálicos, por corresponder ao principal tipo de equipamento da energia eólica). Ver
Quadro 26 e Quadro 27.
2. As melhores hipóteses de reciclagem são, de entre as testadas, em primeiro lugar o
investimento em capital humano, seguido da despesa com Investigação e
Desenvolvimento e do investimento em infra-estruturas, com impactos positivos no
PIB estimados (para o ano de introdução do imposto) em, respectivamente, +0,6, +
0,4 e +0,2%.
Quadro 26 Efeitos gerais de curto prazo de diferentes estratégias de reciclagem [MODEM]
% PIB Em pontos percentuais
da dívida pública em % do PIB
1 Despesas de Educação (investimento em capital humano) 0,6 -1,4
2 Despesas de I&D 0,4 -1,1
3 Investimento em infra-estruturas (c) 0,2 -0,9
4 Redução de impostos (IRS) ou aumento das transferências para as famílias -0,1 -0,6
5 Ajudas ao Investimento Privado (equipamento - produtos Metálicos) -0,2 -0,3
6 Redução do défice público (não reciclar receita) -0,5 -0,3
7 Redução de impostos sobre sociedades (IRC) -0,5 0,0
(a) da receita adicional (líquida de despesa pública adicional).
(b) admitindo que este imposto é introduzido em 2015 e se mantém ao mesmo nível até 2030.
55
(c) construção - obras de engenharia civil.
Quadro 27 Efeitos detalhados de curto prazo de diferentes estratégias de reciclagem [MODEM]
Impactos da aplicação de taxa de 15€/ton CO2 aplicada a todos os setores
Avaliação com o MODEM 7 (combinado com um modelo I-O de preços)
desvios face ao cenário de referência, no ano de introdução do imposto
Opções de reciclagem (a)
IMPACTOS
Redução do
défice
público
(não
reciclar
receita)
redução
de
impostos
s/ famílias
redução de
impostos
sobre
sociedades
Despesas
de I&D
Despesas de
educação
(capital
humano)
Investimento
em
infraestruturas
Ajudas ao
Investim.
Privado
(equip -
prod.
metálicos)
IMPACTOS NA ECONOMIA (desvios percentuais)
Impactos reais (em volume):
PIB -0,5 -0,1 -0,5 0,4 0,6 0,2 -0,2
Consumo Privado -0,8 0,2 -0,8 -0,1 0,1 -0,3 -0,6
Consumo Público -0,1 -0,1 -0,1 2,9 3,5 -0,1 -0,1
FBCF -0,3 -0,3 -0,3 -0,3 -0,3 2,4 1,5
Exportações -0,4 -0,4 -0,4 -0,4 -0,4 -0,4 -0,4
Importações -0,5 -0,1 -0,5 -0,1 -0,1 0,0 0,1
Emprego -0,5 -0,1 -0,5 0,2 0,7 0,2 -0,2
Impactos nos preços (deflatores):
PIB 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5
Consumo Privado 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4
Consumo Público 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1
FBCF 0,3 0,3 0,3 0,3 0,3 0,3 0,3
Exportações 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4
IMPACTOS NAS CONTAS PÚBLICAS (desvios em milhões de euros)
Receitas:
Receita Fiscal fiscal total 653 28 163 957 958 947 752
da qual:
Impostos s/ combustíveis fósseis 848 884 848 879 883 901 863
Outros Impostos indiretos -124 12 -123 6 17 29 -78
Impostos diretos s/ Particulares -36 -865 -35 30 52 13 -16
Impostos diretos s/ Sociedades -35 -2 -526 40 5 5 -18
Contribuições Sociais -95 -19 -94 53 227 50 -37
Outras receitas -27 -2 -27 32 4 4 -14
Despesas:
Consumo Público (b) 0 0 0 1062 1255 0 0
FBCF (pública ou ajudas a privado) 0 0 0 0 0 1026 685
Despesa c/ subsídios de desemprego 46 8 46 -20 -65 -23 18
Despesa c/ subsídios aos produtos -3 -1 -3 -1 -1 -2 -3
Despesa c/ juros -22 0 0 0 0 0 0
Défice Público -510 0 0 0 0 0 0
(a) da receita líquida adicional (líquida de despesa pública adicional).
(b) As despesas de I&D passarão, a partir de setembro de 2014, com a introdução do novo sistema de contas nacionais, SEC2010, a ser
contabilizadas como investimento (FBCF), em vez de consumo (intermédio ou final).
56
3. As restantes opções não conseguem anular totalmente os efeitos negativos da
introdução deste imposto no PIB, traduzindo-se num efeito global negativo, variando
entre -0,1% para a reciclagem em transferências para as famílias (ou em redução dos
seus impostos), -0,2% para o apoio ao investimento privado e -0,5% para a redução da
carga fiscal sobre as empresas. Todos estes impactos se referem ao ano de introdução
do imposto (por hipótese, 2015), reduzindo-se depois a intensidade do impacto da
reciclagem (face à não reciclagem da receita) ao longo dos anos, à medida que a
economia cresce (em volume e em valor) e a receita deste imposto não aumenta ou se
reduz (por efeito da redução das emissões de CO2), mantendo-se, no entanto, a
hierarquia acima mencionada dos efeitos no PIB (e no Emprego) e,
consequentemente, na dívida em percentagem do PIB, dos diferentes tipos
considerados para a reciclagem.
4. Os melhores resultados obtidos com as opções de aplicação da receita em despesas
de educação e de I&D face, por exemplo, à hipótese de redução da carga fiscal sobre
as famílias, prende-se com o facto de aquelas despesas se traduzirem, de imediato,
num aumento da produção nacional (oferta de serviços de Educação e de I&D),
possuindo um conteúdo importado directo nulo e muito baixo em termos indirectos
(3% e 6%, respectivamente, de acordo com estimativas para 2005) para além do efeito
induzido pelo aumento do consumo decorrente do rendimento disponível associado a
essa produção adicional. Note-se que quando falamos em aumento de despesas com
educação (ou I&D) estamos a considerar aumentos em volume (quantidade e/ou
qualidade dos serviços prestados) e não de aumentos por efeito-preço (decorrentes,
por exemplo, de aumentos de salários dos professores sem contrapartida no aumento
ou melhoria dos respectivos serviços prestados).
5. Quanto à redução dos impostos sobre (ou aumento das transferências para) as
famílias, o seu impacto no nível de actividade económica não é directo, decorrendo
apenas do consumo privado induzido pelo aumento do rendimento disponível que lhes
está associado.
57
6. A hierarquia de impactos dentro dos diversos tipos de despesa pública (com
incidência na procura final) no PIB está relacionada com o conteúdo (directo mais
indirecto) de valor acrescentado nacional por unidade de despesa efectuada, sendo
essa a explicação (do ponto de vista da lógica do modelo MODEM) para o menor
impacto da reciclagem pelo apoio ao investimento privado em equipamento, face às
despesas de educação e de I&D, devido ao maior conteúdo importado (e portanto
menor conteúdo de VAB) daquelas despesas.
7. Na óptica do MODEM, a intensidade do impacto do investimento público ou dos
apoios ao investimento privado no PIB e no emprego depende dos conteúdos
importados (directos mais indirectos) desse investimento e, no caso do emprego,
também da produtividade média do trabalho que está associada à produção adicional
gerada numa óptica de procura por esse investimento: para o mesmo nível de
produção gerada, o impacto no emprego é tanto maior quanto menor for essa
produtividade.
8. A reciclagem por redução do IRC, não gera na avaliação com o MODEM qualquer
impacto positivo na economia face à não reciclagem, sendo, por isso (na óptica deste
modelo) pior do que a hipótese de não se reciclar a receita, que tem, pelo menos, o
benefício de reduzir a dívida pública, potenciando efeitos positivos futuros na
economia.
58
3.5 Efeitos de uma taxa de carbono de 15 euros com reciclagem parcial das receitas
Se bem que a cuidada reciclagem das receitas fiscais da taxa sobre as emissões de
CO2 seja importante de um ponto de vista económico e orçamental, reconhece-se que
existem outros imperativos - aplicações ecológicas, com fins distributivos, para
compensação do défice tarifário eléctrico - que podem levar a fugas no montante que
e reciclado.
3.5.1 Modelização de outras aplicações das receitas fiscais [DGEP]
1. Mudanças nos valores reciclados no geral não mudam a hierarquização do ponto de
vista económico e orçamental das estratégias de reciclagem. Contudo, quanto maiores
as fugas através destes mecanismos menor a fracção dos efeitos perversos que são
neutralizados.
2. A reciclagem parcial das receitas fiscais de CO2 reduz os efeitos positivos de cada
política em relação ao caso de lump sum. Tanto a reciclagem através de IRS, quer
através de TSU requerem que pelo menos 50 por cento da receita sejam directamente
dedicadas à redução das taxas de imposto efectivas, a fim de produzir ganhos de curto
prazo no mercado de trabalho. Os ganhos de longo prazo (ou efeitos nulos)
materializam-se apenas quando mais de 75 por cento da receita é reciclado. Da mesma
forma, os ganhos positivos no emprego e no produto no caso do crédito fiscal ao
investimento só se materializam quando mais de metade da receita é usada para este
fim, com resultados positivos a surgir no caso de reciclagem a 75 por cento mas não a
50 por cento. Ver Quadro 28 e Quadro 29.
59
Quadro 28 Impacto de um imposto de 15 Euros por tCO2
com reciclagem parcial das receitas fiscais do imposto: estratégias de reciclagem puras (comparação percentual face a um cenário de referência)
Emissões
de Dióxido de Carbono Emprego PIB Dívida Pública
2030 2050 2030 2050 2030 2050 2030 2050
Reciclagem através do IRS
0.10 -10,92 -10,28 -0,37 -0,51 -1,06 -1,36 -1,92 -2,72
0.15 -10,89 -10,26 -0,33 -0,48 -1,03 -1,33 -1,93 -2,76
0.20 -10,86 -10,24 -0,30 -0,45 -1,00 -1,31 -1,93 -2,80
0.25 -10,84 -10,22 -0,26 -0,41 -0,97 -1,29 -1,94 -2,83
0.30 -10,81 -10,20 -0,22 -0,38 -0,94 -1,27 -1,94 -2,87
0.35 -10,79 -10,18 -0,18 -0,34 -0,91 -1,24 -1,95 -2,91
0.40 -10,76 -10,16 -0,15 -0,31 -0,88 -1,22 -1,95 -2,95
0.45 -10,73 -10,14 -0,11 -0,28 -0,85 -1,20 -1,96 -2,99
0.50 -10,71 -10,12 -0,07 -0,24 -0,82 -1,18 -1,97 -3,03
0.55 -10,68 -10,10 -0,03 -0,21 -0,79 -1,16 -1,97 -3,07
0.60 -10,65 -10,08 0,00 -0,17 -0,77 -1,14 -1,98 -3,12
0.65 -10,63 -10,06 0,04 -0,14 -0,74 -1,11 -1,99 -3,16
0.70 -10,60 -10,04 0,08 -0,11 -0,71 -1,09 -2,00 -3,20
0.75 -10,58 -10,02 0,12 -0,07 -0,68 -1,07 -2,01 -3,25
0.80 -10,55 -10,00 0,16 -0,04 -0,65 -1,05 -2,02 -3,29
0.85 -10,52 -9,98 0,19 -0,01 -0,62 -1,03 -2,02 -3,33
0.90 -10,50 -9,97 0,23 0,03 -0,59 -1,01 -2,03 -3,38
Reciclagem através da TSU
0.10 -10,93 -10,28 -0,39 -0,53 -1,07 -1,36 -1,92 -2,70
0.15 -10,90 -10,26 -0,36 -0,50 -1,04 -1,34 -1,92 -2,73
0.20 -10,88 -10,24 -0,33 -0,47 -1,02 -1,32 -1,92 -2,75
0.25 -10,86 -10,22 -0,30 -0,44 -0,99 -1,29 -1,93 -2,78
0.30 -10,84 -10,20 -0,27 -0,41 -0,97 -1,27 -1,93 -2,81
0.35 -10,82 -10,18 -0,24 -0,38 -0,94 -1,25 -1,93 -2,83
0.40 -10,79 -10,17 -0,21 -0,35 -0,92 -1,23 -1,94 -2,86
0.45 -10,77 -10,15 -0,18 -0,32 -0,89 -1,21 -1,94 -2,89
0.50 -10,75 -10,13 -0,15 -0,30 -0,87 -1,19 -1,94 -2,92
0.55 -10,73 -10,11 -0,11 -0,27 -0,85 -1,16 -1,95 -2,94
0.60 -10,71 -10,09 -0,08 -0,24 -0,82 -1,14 -1,95 -2,97
0.65 -10,68 -10,07 -0,05 -0,21 -0,80 -1,12 -1,95 -3,00
0.70 -10,66 -10,05 -0,02 -0,18 -0,77 -1,10 -1,96 -3,03
0.75 -10,64 -10,03 0,01 -0,15 -0,75 -1,08 -1,96 -3,06
0.80 -10,62 -10,01 0,04 -0,12 -0,72 -1,06 -1,97 -3,09
0.85 -10,60 -9,99 0,07 -0,09 -0,70 -1,04 -1,97 -3,12
0.90 -10,57 -9,97 0,10 -0,07 -0,68 -1,02 -1,97 -3,15
60
Reciclagem através de crédito fiscal ao investimento privado
0.10 -10,81 -10,11 -0,40 -0,50 -0,94 -1,16 -1,48 -2,06
0.15 -10,73 -10,00 -0,37 -0,46 -0,85 -1,05 -1,26 -1,77
0.20 -10,65 -9,89 -0,34 -0,42 -0,76 -0,93 -1,04 -1,47
0.25 -10,57 -9,78 -0,32 -0,38 -0,67 -0,81 -0,82 -1,18
0.30 -10,49 -9,67 -0,29 -0,34 -0,58 -0,69 -0,60 -0,88
0.35 -10,41 -9,57 -0,26 -0,30 -0,49 -0,57 -0,38 -0,59
0.40 -10,33 -9,46 -0,24 -0,26 -0,41 -0,45 -0,16 -0,29
0.45 -10,25 -9,35 -0,21 -0,23 -0,32 -0,34 0,06 0,01
0.50 -10,17 -9,24 -0,19 -0,19 -0,23 -0,22 0,28 0,31
0.55 -10,09 -9,14 -0,16 -0,15 -0,14 -0,10 0,50 0,60
0.60 -10,01 -9,03 -0,14 -0,11 -0,06 0,02 0,72 0,90
0.65 -9,94 -8,92 -0,11 -0,07 0,03 0,14 0,94 1,20
0.70 -9,86 -8,82 -0,08 -0,03 0,12 0,25 1,16 1,50
0.75 -9,78 -8,71 -0,06 0,01 0,20 0,37 1,38 1,80
0.80 -9,70 -8,60 -0,03 0,05 0,29 0,49 1,60 2,10
0.85 -9,62 -8,50 -0,01 0,09 0,38 0,60 1,83 2,40
0.90 -9,55 -8,39 0,02 0,13 0,46 0,72 2,05 2,71
Quadro 29 Impacto de um imposto de 15 Euros por tCO2
com reciclagem parcial das receitas fiscais do imposto: estratégias de reciclagem mistas (comparação percentual face a um cenário de referência)
Emissões de
Dióxido de Carbono Emprego PIB Dívida Pública
2030 2050 2030 2050 2030 2050 2030 2050
50 (CFIP) 25 (TSU) 25 (IRS)
0,25 -10,71 -10,00 -0,30 -0,40 -0,82 -1,05 -1,37 -1,99
0,50 -10,45 -9,68 -0,15 -0,23 -0,53 -0,70 -0,83 -1,33
0,75 -10,19 -9,36 0,00 -0,05 -0,25 -0,34 -0,29 -0,66
50 (CFIP) 50 (TSU)
0,25 -10,71 -10,00 -0,31 -0,41 -0,83 -1,05 -1,37 -1,98
0,50 -10,46 -9,68 -0,17 -0,24 -0,55 -0,70 -0,82 -1,30
0,75 -10,20 -9,36 -0,02 -0,07 -0,26 -0,35 -0,28 -0,61
50 (CFIP) 50 (IRS)
0,25 -10,70 -10,00 -0,29 -0,40 -0,82 -1,05 -1,38 -2,00
0,50 -10,44 -9,68 -0,13 -0,21 -0,52 -0,69 -0,84 -1,35
0,75 -10,17 -9,36 0,03 -0,03 -0,23 -0,34 -0,30 -0,70
50 (CFIP) 10 (TSU) 40 (IRS)
0,25 -10,70 -10,00 -0,29 -0,40 -0,82 -1,05 -1,37 -2,00
0,50 -10,44 -9,68 -0,14 -0,22 -0,53 -0,69 -0,83 -1,34
0,75 -10,18 -9,36 0,02 -0,04 -0,24 -0,34 -0,29 -0,68
61
3.6 Avaliação: Efeitos de uma taxa de carbono de 15 euros por tonelada. Outras considerações
Os resultados até agora apresentados partem de hipóteses de referência comuns mas
também de hipóteses de modelização específicas a cada modelo. Assim sendo estão
naturalmente condicionados por estas hipóteses. Aqui apresentam-se de um modo
muito geral resultados alternativos referentes a situações em que as hipóteses de
referencia sobre os preços dos combustíveis fósseis, sobre as possibilidades de
substituição entre diferentes tipos de combustíveis através de mecanismos de preços, e
sobre diferentes graus de racionalidade económica nas decisões do sector público.
3.6.1 Efeitos dos preços internacionais dos combustíveis - análise tecnológica [TIMES_PT]
1. Os Quadros 30 e Quadro 31 apresentam respectivamente, o diferencial das
emissões e do preço de produção de electricidade para os diferentes cenários de
preços de combustíveis fósseis quando comparado com o respectivo cenário sem taxa.
Quadro 30 Efeitos nas emissões por via tecnológica dos diferentes cenários de preços dos combustíveis fósseis
Cenários preços de importação ∆ face a um cenário sem taxa (MtCO2)
∆1990 (%)
2020 2030 2020 2030
ExtraSup -0.7 -0.7 -5% -28%
Sup -0.5 -1.6 -5% -28%
Inf -1.1 -2 -4% -29%
ExtraInf -2.1 -2.5 -3% -28%
2. Considerando diferentes evoluções no preço de importação de combustíveis fósseis
verifica-se que de modo geral quanto maior for o seu preço, menor será a redução
quando se considera uma taxa de CO2. Esta situação é explicada pelo facto de que
preços elevados provocam por si só uma redução das emissões, pelo que o efeito da
taxa não será tão relevante. Considerando as emissões de 1990 como referência,
verifica-se que para nenhum dos cenários se atinge uma redução superior a 29%.
62
Quadro 31 Evolução do preço da electricidade para os diferentes cenários de preços
3. Tal como expectável a presença de preços de combustíveis fósseis mais elevados
induz um aumento superior no preço de produção de electricidade face aos valores
atuais, ainda que esta relação não seja linear na medida em que depende igualmente
das opções tecnológicas consideradas. A presença de uma taxa de 15€/t irá provocar
um acréscimo no custo de produção o qual se reflete no seu preço final. Em 2020,
independentemente do cenário de preços considerado o diferencial do preço de
produção com e sem taxa é de cerca de 9 pontos percentuais. Todavia, em 2030 os
cenários com preços de combustíveis fósseis mais elevados estão sujeitos a aumentos
mais significativos aquando da aplicação de uma taxa.
3.6.2 Efeitos preços internacionais dos combustíveis: considerações económicas [DGEP]
1. Cada um dos cenários de preços apresenta uma variação variações de nível e de
preços relativos em 2030, incluindo um aumento dos preços do petróleo bruto de
10,8% no cenário de referência, 38,2% no cenário superior e uma redução de 16,6 %
no cenário inferior. Os diferentes cenários também sugerem uma evolução nos preços
do carvão mudando de 25,5%, 21,23% e 16,9% nos cenários de alto, de referência e
de baixo preço, respectivamente, o menor intervalo de variação entre os combustíveis
fósseis considerados. Em contraste, os preços de gás natural mostram variabilidade
mais substancial com as mudanças nos preços de 59,5%, 24,9% e -9,7% nos cenários
alto, de referência e baixo, respectivamente. Os preços relativos do carvão e do gás
natural diferem acentuadamente nos dois cenários; os preços do carvão aumentam em
2020 2030
ExtraSup Sem taxa 31% 27%
Taxa de 15€/t 40% 34%
Sup Sem taxa 28% 22%
Taxa de 15€/t 37% 33%
Inf Sem taxa -2% -3%
Taxa de 15€/t 7% 5%
ExtraInf Sem taxa -3% 3%
Taxa de 15€/t 6% 4%
63
29,5% em relação aos preços de gás natural no cenário de preços baixos e caiem num
valor de 21,3% em relação aos preços de gás natural no cenário de preço elevado.
Como tal, o cenário superior e o inferior não devem ser interpretados simplesmente
como cenários de preços altos e baixos.
2. Em geral os cenários de preços baixos sugerem uma grande mudança no uso do
carvão para o gás natural. Em contraste, o cenário de preço elevado implica uma
mudança no sentido de carvão, e menos de gás natural e petróleo. No cenário de preço
elevado em 2050 o consumo de gás natural é de 33,5 por cento abaixo dos níveis de
estado estacionário e consumo de petróleo é de 21,4 por cento, enquanto o consumo
de carvão é de 16,4 por cento menor. Para o cenário de baixo preço cenário o
consumo de carvão é igualmente inferior (16,2 por cento), enquanto tanto o gás
natural como o petróleo estão acima dos níveis de estado estacionário. Além disso, os
cenários de preços alto reflectem um impacto negativo substancial do PIB, enquanto
os cenários de preços baixos reflectem um aumento.
3. Dadas estas considerações, os cenários Sup geralmente implicam efeitos
económicos e orçamentais menores que o cenário de referência, enquanto os cenários
Inf sugerem maiores custos associados à tributação do carbono. Isto pode ainda ser
impulsionado pelo facto de a unidade de imposto sobre as emissões de CO2 produz \ir
implicitamente um aumento percentual inferior no preço dos diferentes combustíveis
nos cenários Sup que nos cenários Inf. Como tal, os efeitos - relativamente às suas
respectivas linhas de base - são menores para os cenários Sup e maior nos cenários
Inf. Geralmente, no entanto, esses valores caem dentro de uma faixa relativamente
estreita. Os cenários geram uma redução de entre 0,54 e 0,64 no emprego, uma
redução de 1,3 e 1,5 por cento do PIB e uma redução da dívida pública entre 2,5 e 2,9
por cento em relação aos seus respectivos níveis de base em 2050.
64
Quadro 32 Efeitos dos diferentes cenários de preços dos combustíveis fósseis
(comparação percentual face a um cenário de referência)
Emissões de Dioxido de
Carbono Emprego PIB Dívida Pública
2030 2050 2030 2050 2030 2050 2030 2050
Central Fuel Price Assumptions
IRS -10,45 -9,93 0,30 0,09 -0,54 -0,97 -2,05 -3,47 TSU -10,53 -9,94 0,16 -0,01 -0,63 -0,98 -1,98 -3,21 CFIP -9,39 -8,18 0,07 0,21 0,63 0,95 2,49 3,31 50 (CFIP) 25 (TSU) 25 (IRS) -9,93 -9,04 0,15 0,13 0,04 0,01 0,26 0,02 50 (CFIP) 50 (TSU) -9,95 -9,04 0,12 0,10 0,02 0,00 0,27 0,08 50 (CFIP) 50 (IRS) -9,91 -9,03 0,19 0,16 0,06 0,01 0,25 -0,04 50 (CFIP) 10 (TSU) 40 (IRS) -9,91 -9,04 0,17 0,15 0,05 0,01 0,25 -0,02
Extra Sup IRS -9,49 -9,02 0,28 0,08 -0,50 -0,94 -2,00 -3,51 TSU -9,57 -9,01 0,15 -0,02 -0,58 -0,93 -1,96 -3,28 CFIP -8,46 -7,32 0,08 0,20 0,63 0,91 2,35 3,13 50 (CFIP) 25 (TSU) 25 (IRS) -8,98 -8,16 0,15 0,12 0,06 0,00 0,21 -0,10 50 (CFIP) 50 (TSU) -9,00 -8,16 0,11 0,09 0,03 0,00 0,21 -0,05 50 (CFIP) 50 (IRS) -8,96 -8,15 0,18 0,14 0,08 0,00 0,20 -0,15 50 (CFIP) 10 (TSU) 40 (IRS) -8,97 -8,15 0,17 0,13 0,07 0,00 0,20 -0,13
Sup IRS -10,21 -9,68 0,29 0,08 -0,52 -0,95 -2,02 -3,51 TSU -10,29 -9,68 0,15 -0,02 -0,60 -0,95 -1,98 -3,27 CFIP -9,17 -7,97 0,07 0,20 0,63 0,92 2,40 3,19 50 (CFIP) 25 (TSU) 25 (IRS) -9,70 -8,81 0,15 0,12 0,05 0,00 0,22 -0,06 50 (CFIP) 50 (TSU) -9,72 -8,82 0,11 0,10 0,03 0,00 0,23 -0,01 50 (CFIP) 50 (IRS) -9,68 -8,81 0,19 0,15 0,07 0,01 0,21 -0,12 50 (CFIP) 10 (TSU) 40 (IRS) -9,68 -8,81 0,17 0,14 0,06 0,00 0,22 -0,09
Inf IRS -11,10 -10,57 0,32 0,11 -0,57 -1,01 -2,13 -3,51 TSU -11,19 -10,59 0,17 0,00 -0,67 -1,02 -2,02 -3,20 CFIP -10,02 -8,76 0,06 0,22 0,63 1,00 2,62 3,50 50 (CFIP) 25 (TSU) 25 (IRS) -10,57 -9,65 0,16 0,14 0,02 0,01 0,30 0,11 50 (CFIP) 50 (TSU) -10,60 -9,66 0,12 0,11 0,00 0,00 0,33 0,18 50 (CFIP) 50 (IRS) -10,55 -9,65 0,19 0,17 0,05 0,02 0,28 0,04 50 (CFIP) 10 (TSU) 40 (IRS) -10,56 -9,65 0,18 0,16 0,04 0,02 0,29 0,07
Extra Inf IRS -12,04 -11,45 0,33 0,12 -0,59 -1,03 -2,19 -3,56 TSU -12,13 -11,47 0,17 0,00 -0,69 -1,05 -2,06 -3,24 CFIP -10,95 -9,61 0,06 0,22 0,64 1,02 2,69 3,59 50 (CFIP) 25 (TSU) 25 (IRS) -11,50 -10,52 0,16 0,14 0,02 0,01 0,32 0,13 50 (CFIP) 50 (TSU) -11,53 -10,53 0,12 0,11 -0,01 0,00 0,34 0,21 50 (CFIP) 50 (IRS) -11,48 -10,51 0,20 0,17 0,04 0,02 0,29 0,06 50 (CFIP) 10 (TSU) 40 (IRS) -11,49 -10,52 0,18 0,16 0,03 0,01 0,30 0,09
65
3.6.3 Efeitos da capacidade de substituição entre os diferentes combustíveis [DGEP]
1. É amplamente reconhecido na literatura que a elasticidade de substituição entre o
VAB e energia, bem como entre os diferentes tipos de energia desempenham um
papel significativo numa análise de equilíbrio geral das questões relacionadas com a
energia. A elasticidade de substituição entre VAB e a energia mede a facilidade com
que as empresas podem substituir por capital e trabalho a procura de energia. A
elasticidade de substituição entre o petróleo e outros tipos de energia mede a
facilidade com que as empresas podem substituir entre petróleo e dos combustíveis
tipicamente usados para outros fins que não o transporte - carvão, gás natural e
energia eólica. As consequências económicas e orçamentais dos limites de emissões
de CO2 e tributação do CO2 são mais sensíveis à especificação da elasticidade de
substituição entre o VAB e energia do que entre os diferentes factores energéticos. Os
resultados são apresentados nos Quadro 33 e Quadro 34.
2. Uma menor elasticidade de substituição implica que um maior grau de redução de
emissões é obtido à custa de reduções na produção em vez de à custa da substituição
dos combustíveis fósseis na produção. Isto significa que um maior imposto é
necessário para atingir o objectivo de emissões e os impactos no PIB. Da mesma
forma, um imposto mais pesado também significa maiores receitas e um efeito mais
positivo sobre os níveis da dívida pública. Em contraste, maior elasticidade de
substituição implica maiores efeitos de interacção fiscal e maiores custos associados
ao imposto.
3. A magnitude dos resultados, embora não a hierarquização das diferentes políticas
nem considerações gerais sobre a realização do terceiro dividendo, são mais sensíveis
em relação à facilidade com que as empresas podem usar menos energia na produção.
Geralmente, a ordem de grandeza das mudanças nos resultados económicos e
orçamentais devido a diferenças nas elasticidades de substituição, são comparáveis
com as mudanças geradas pelos mecanismos de crescimento endógeno e pelo
comportamento endógeno do sector público.
Quadro 33
66
Análise de sensibilidade em relação à elasticidade de substituição entre valor acrescentado bruto e energia
(comparação percentual face a um cenário de referência)
Emissões de Dioxido de
Carbono Emprego PIB Divida Publica
2030 2050 2030 2050 2030 2050 2030 2050
� � 0.125
IRS -6,25 -6,16 0,33 0,11 -0,41 -0,91 -2,31 -3,97
TSU -6,34 -6,17 0,18 -0,01 -0,51 -0,91 -2,17 -3,57
CFIP -5,07 -4,15 0,07 0,23 0,84 1,21 2,73 3,72
50 (CFIP) 25 (TSU) 25 (IRS) -5,67 -5,14 0,17 0,15 0,21 0,17 0,28 0,03
50 (CFIP) 50 (TSU) -5,69 -5,14 0,13 0,12 0,18 0,17 0,31 0,12
50 (CFIP) 50 (IRS) -5,64 -5,13 0,21 0,17 0,23 0,18 0,25 -0,06
50 (CFIP) 10 (TSU) 40 (IRS) -5,65 -5,13 0,19 0,16 0,22 0,18 0,27 -0,03
� � 0.400
IRS -10,45 -9,93 0,30 0,09 -0,54 -0,97 -2,05 -3,47
TSU -10,53 -9,94 0,16 -0,01 -0,63 -0,98 -1,98 -3,21
CFIP -9,39 -8,18 0,07 0,21 0,63 0,95 2,49 3,31
50 (CFIP) 25 (TSU) 25 (IRS) -9,93 -9,04 0,15 0,13 0,04 0,01 0,26 0,02
50 (CFIP) 50 (TSU) -9,95 -9,04 0,12 0,10 0,02 0,00 0,27 0,08
50 (CFIP) 50 (IRS) -9,91 -9,03 0,19 0,16 0,06 0,01 0,25 -0,04
50 (CFIP) 10 (TSU) 40 (IRS) -9,91 -9,04 0,17 0,15 0,05 0,01 0,25 -0,02
� � 1.000
IRS -18,89 -17,59 0,25 0,07 -0,76 -1,05 -1,59 -2,57
TSU -18,96 -17,60 0,12 -0,01 -0,84 -1,06 -1,63 -2,52
CFIP -18,07 -16,29 0,06 0,17 0,25 0,51 2,04 2,58
50 (CFIP) 25 (TSU) 25 (IRS) -18,49 -16,94 0,12 0,10 -0,26 -0,27 0,23 0,03
50 (CFIP) 50 (TSU) -18,51 -16,94 0,09 0,08 -0,29 -0,27 0,21 0,03
50 (CFIP) 50 (IRS) -18,47 -16,93 0,16 0,12 -0,24 -0,26 0,24 0,02
50 (CFIP) 10 (TSU) 40 (IRS) -18,48 -16,94 0,14 0,11 -0,25 -0,26 0,24 0,02
67
Quadro 34 Análise de sensibilidade em relação à elasticidade de substituição entre petróleo bruto e
outros tipos de energia primária (comparação percentual face a um cenário de referência)
Emissões de Dioxido de
Carbono Emprego PIB Divida Publica
2030 2050 2030 2050 2030 2050 2030 2050
� � 0.125
IRS -10,44 -9,94 0,31 0,09 -0,54 -0,97 -2,06 -3,48
TSU -10,52 -9,95 0,16 -0,01 -0,63 -0,98 -1,99 -3,21
CFIP -9,38 -8,19 0,07 0,21 0,63 0,96 2,50 3,32
50 (CFIP) 25 (TSU) 25 (IRS) -9,91 -9,05 0,15 0,13 0,04 0,01 0,26 0,02
50 (CFIP) 50 (TSU) -9,94 -9,06 0,12 0,10 0,02 0,00 0,28 0,08
50 (CFIP) 50 (IRS) -9,89 -9,05 0,19 0,16 0,06 0,01 0,25 -0,04
50 (CFIP) 10 (TSU) 40 (IRS) -9,90 -9,05 0,17 0,15 0,05 0,01 0,26 -0,01
� � 0.400
IRS -10,45 -9,93 0,30 0,09 -0,54 -0,97 -2,05 -3,47
TSU -10,53 -9,94 0,16 -0,01 -0,63 -0,98 -1,98 -3,21
CFIP -9,39 -8,18 0,07 0,21 0,63 0,95 2,49 3,31
50 (CFIP) 25 (TSU) 25 (IRS) -9,93 -9,04 0,15 0,13 0,04 0,01 0,26 0,02
50 (CFIP) 50 (TSU) -9,95 -9,04 0,12 0,10 0,02 0,00 0,27 0,08
50 (CFIP) 50 (IRS) -9,91 -9,03 0,19 0,16 0,06 0,01 0,25 -0,04
50 (CFIP) 10 (TSU) 40 (IRS) -9,91 -9,04 0,17 0,15 0,05 0,01 0,25 -0,02
� � 1.000
IRS -10,47 -9,89 0,30 0,09 -0,53 -0,96 -2,05 -3,46
TSU -10,55 -9,90 0,16 -0,01 -0,62 -0,97 -1,98 -3,20
CFIP -9,42 -8,15 0,07 0,21 0,63 0,95 2,47 3,29
50 (CFIP) 25 (TSU) 25 (IRS) -9,95 -9,01 0,15 0,13 0,04 0,01 0,25 0,01
50 (CFIP) 50 (TSU) -9,97 -9,01 0,11 0,10 0,02 0,00 0,27 0,07
50 (CFIP) 50 (IRS) -9,93 -9,00 0,19 0,16 0,06 0,01 0,24 -0,05
50 (CFIP) 10 (TSU) 40 (IRS) -9,94 -9,00 0,17 0,15 0,06 0,01 0,24 -0,02
68
3.6.4 Efeitos do comportamento económico do sector público [DGEP]
1. A mensagem geral é que somente em um número muito limitado de casos pode
resultados orçamentais positivos ser sustentada através da combinação de receitas
obtidas directamente pelo imposto sobre o CO2 e os efeitos líquidos positivos de
segunda ordem. Ou seja, reduzir os gastos, o consumo público particularmente, é uma
componente essencial das políticas de reforma fiscal ambiental capaz de produzir o
terceiro dividendo.
2. Decisões exógenas de consumo público afectam a magnitude e a natureza do
segundo dividendo, particularmente no que diz respeito ao emprego. Podem produzir
efeitos favoráveis no mercado de trabalho e permitem uma realização do forte duplo
dividendo o que não se materializaria na presença de ajustes óptimos no consumo
público. Este é mais óbvio para a política de reciclagem através do financiamento do
consumo público e da política de financiamento do crédito fiscal ao investimento de
energia eólica, em que uma forte dividendo e m termos de emprego se materializa no
caso de uma trajectória exógena consumo público.
3. Decisões exógenas de investimento por parte do sector público também afectam a
magnitude do segundo dividendo. Ao impedir reduções nestes investimentos
induzidas pelos impostos sobre o carbono levam a efeitos positivos no crescimento
económico sugerindo custos de política económica mais baixos do que na presença
dos mecanismos de crescimento endógeno. Geralmente, os níveis de investimento
público exógenos servem para amortecer os efeitos das políticas ambientais.
4. Considere-se agora o terceiro dividendo. Uma trajectória exógena para consumo
público implica que, na maioria dos casos, a redução óptima do consumo público não
se materializar. Isso elimina efectivamente os ganhos de consolidação orçamental em
todos os casos com excepção da reciclagem pela TSU. Em contraste, os níveis mais
baixos de consumo público na política de reciclagem através do investimento público
permitem um terceiro dividendo onde ele não existia antes. Em geral, é claro que
decisões responsáveis de consumo público são fundamentais para que o terceiro
dividendo se materialize.
69
Quadro 35 Análise de sensibilidade em relação à estrutura do modelo
(comparação percentual face a um cenário de referência)
CFIP TSU IRS
Emissões de Dióxido de Carbono
Emprego PIB Dívida Pública
2030 2050 2030 2050 2030 2050 2030 2050
Hipóteses centrais 100% -10,45 -9,93 0,30 0,09 -0,54 -0,97 -2,05 -3,47
100% -10,53 -9,94 0,16 -0,01 -0,63 -0,98 -1,98 -3,21
100% -9,39 -8,18 0,07 0,21 0,63 0,95 2,49 3,31 50% 25% 25% -9,93 -9,04 0,15 0,13 0,04 0,01 0,26 0,02 50% 50% -9,95 -9,04 0,12 0,10 0,02 0,00 0,27 0,08 50% 50% -9,91 -9,03 0,19 0,16 0,06 0,01 0,25 -0,04 50% 10% 40% -9,91 -9,04 0,17 0,15 0,05 0,01 0,25 -0,02
Consumo Públic Exógeno (1)
100% -10,50 -9,99 0,25 0,07 -0,59 -1,04 0,36 2,36
100% -10,62 -10,07 0,06 -0,11 -0,73 -1,13 -1,06 -0,90
100% -9,32 -8,08 0,14 0,27 0,71 1,06 0,95 -0,37 50% 25% 25% -10,23 -9,35 0,10 0,07 -0,02 -0,08 0,26 0,12 50% 50% -10,27 -9,38 0,05 0,02 -0,06 -0,11 -0,11 -0,72 50% 50% -10,16 -9,27 0,19 0,16 0,06 0,01 0,66 0,97 50% 10% 40% -10,18 -9,28 0,17 0,14 0,05 0,00 0,51 0,63
Crescimento Exógeno (2)
100% -10,15 -9,27 0,29 0,24 -0,21 -0,24 -0,34 -0,43
100% -10,24 -9,35 0,15 0,12 -0,30 -0,33 -0,47 -0,61
100% -9,46 -8,40 0,08 0,15 0,55 0,71 1,88 2,20 50% 25% 25% -9,83 -9,04 0,25 0,21 0,15 0,01 2,08 5,17 50% 50% -9,97 -9,00 0,10 0,12 -0,01 0,06 -0,57 -0,58 50% 50% -9,79 -8,82 0,20 0,22 0,19 0,25 2,47 5,14 50% 10% 40% -10,01 -8,97 0,17 0,22 -0,05 0,09 0,03 0,40
Sector Público Exógeno (1+2)
100% -10,13 -9,24 0,32 0,29 -0,19 -0,21 1,06 2,82
100% -10,26 -9,38 0,12 0,08 -0,33 -0,36 -0,54 -0,86
100% -9,43 -8,37 0,13 0,18 0,59 0,74 0,78 -0,33 50% 25% 25% -10,12 -9,14 0,08 0,10 0,11 0,16 0,47 0,25 50% 50% -10,16 -9,18 0,03 0,05 0,07 0,12 0,06 -0,71 50% 50% -10,09 -9,10 0,13 0,15 0,14 0,20 0,88 1,20 50% 10% 40% -10,10 -9,12 0,11 0,13 0,13 0,18 0,72 0,82
70
3.7 Efeitos de outros níveis de imposição sobre o carbono
Ainda que o uso de um valor de referência para o imposto sobre as emissões de
carbono no valor de 15 euros por tonelada nos tenha permitido uma análise muito
detalhada dos efeitos de um imposto sobre as emissões de carbono, fica a questão –
quer por razões de tecnologia energética, quer de natureza económica, quer de
natureza politica – de identificar os efeitos de outros níveis de imposição. Tal é o
objectivo desta secção. Em todos os casos nesta secção assume-se que as receitas do
imposto são recicladas através de um mecanismo lump-sum, o nosso cenário de
referência neste contexto.
3.7.1 Possíveis indicações sobre a insuficiência de um imposto de 15 euros
1. [DGEP] Em termos do impacto económico, a evidência é que para obter, apenas
por via de um imposto sobre carbono, uma redução de 40% nas emissões de gases
com efeito de estufa em 2030 face a 1990 seria necessário um imposto de cerca de 75
- 80 euros por tonelada. Claro que deverão ser facilitados outros canais como os da
eficiência energética.
2. [TIMES_PT] Existe a evidência que 15€/tCO2 pode ser um valor baixo para induzir
mudanças tecnológicas interessantes com impacto na redução de emissões, em
particular na ausência de mecanismos económicos e sociais que induzam a
implementação real dos ganhos de eficiência potenciais que foram detectados. De
facto, o efeito puro da taxa, i.e. o impacto da taxa de CO2 na evolução das emissões
nacionais considerando preços de importação de energia primária constantes e sem
qualquer política ambiental induz uma redução de 2% em 2020 e 6% em 2030, face a
um cenário equivalente sem a aplicação de qualquer taxa sobre o CO2, como ilustrado
no Quadro 36.
3. [TIMES_PT] Os transportes (onde se inclui o transporte privado) são o sector
económico em que se verificam as reduções mais significativas (1.2 Mt em 2030),
como seria de esperar já que é o sector onde se fazem sentir com mais incidência as
71
variações do preço de importação do petróleo. As reduções neste sector são devidas
ao aumento de utilização de biocombustíveis (dobro dos valores atuais), e ao aumento
do stock veículos híbridos convencionais (25%), e eclétricos ligeiros de mercadorias
(5%). A indústria é o segundo sector onde também se verifica uma redução de
emissões.
Quadro 36 Evolução das emissões de CO2e com uma taxa de 15€/t
face a um cenário sem taxa de carbonoa e com preços de importação de energia constantes ∆ taxa 15€/t (Mt CO2e) ∆ taxa 15€/t (%)
2015 2020 2030 2015 2020 2030
Electricidade -0.1 -0.1 -0.1 -1% -1% -5%
Indústriab -0.7 -0.6 -0.9 -5% -5% -7%
Refinação 0.0 0.0 0.0 0% -1% 0%
Serviços 0.0 0.0 0.0 -1% 0% 0%
Residencial 0.0 0.0 0.0 2% 0% 0%
Transportes 0.0 -0.1 -1.2 0% 0% -8%
Agricultura 0.0 0.0 0.0 -2% -3% -3%
Totalc -0.8 -0.8 -2.3 -2% -2% -6%
Redução face a 1990 (%) 4% 29%
aInclui CO2e de energia e processo industriais excepto f-gases; bIncluindo CHP; cExclui Fgases, resíduos, agricultura
3.7.2 Curva de redução de emissões – análise tecnológica [TIMES_PT]
1. O Quadro 37 apresenta a importância do preço de CO2 para a redução das
emissões nacionais e o seu impacto quando conjugado com a actual política
energética e climática (e.g. preservação de licenças gratuitas), e na ausência de
qualquer quadro de política. Independentemente das condições de política
consideradas uma taxa até 30€/t não acarreta impactes significativos a nível da
redução das emissões, considerando somente alterações de cariz tecnológico.
Assumindo as características do sistema energético nacional, apenas valores acima
dos 50€/t se tornam interessantes atingindo reduções acima dos 10%. Não é possível
estabelecer uma relação directa entre as emissões reduzidas e a existência ou não das
condições de política energética actual, na medida em que diferentes anos e preços de
CO2 resultam em diferentes impactos. Todavia, no curto prazo e para taxas de CO2
72
reduzidas é possível afirmar que a conjugação de metas de consumo de energia
renovável associadas a uma taxa de CO2 pode ser uma mais-valia em termos de
redução das emissões, ainda que o seu efeito seja muito marginal.
Quadro 37
Curva de redução por via tecnológica das emissões nacionais para diferentes taxas de CO2 [TIMES_PT]
-25%
-20%
-15%
-10%
-5%
0%
0 10 20 30 40 50 60 70 80
CO
2e
red
uzi
do
(%
)
Taxa de CO2 (€/t CO2e)
Com Política Actual
2020 2025 2030
-25%
-20%
-15%
-10%
-5%
0%
0 10 20 30 40 50 60 70 80
CO
2e r
edu
zid
o (
%)
Taxa de CO2 (€/t CO2e)
Sem Política Actual
2020 2025 2030
73
3.7.3 Curvas de redução de emissões – considerações económicas [DGEP]
1.O Quadro 38 apresenta as curvas de custo marginal de abatimento para 2020 e 2050
incorporando plenamente os feedbacks dinâmicas entre emissões, custos de energia, a
actividade económica e as contas públicas. As reduções nas emissões são medidas
como desvios percentuais face ao caso de base definido pelo cenário de preços de
combustível de referência. São apresentados os efeitos correspondentes a níveis de
tributação até 50,00 euros por tCO2 em incrementos de 0,50 Euros. As receitas fiscais
são transferidas para as famílias de uma forma lump sum.
2. Consideramos mais três curvas de custo de redução de emissões. Os segundo e
terceiro painéis retractam os impactos económico sobre o emprego e do PIB, enquanto
o quarto painel, retracta o impacto na dívida pública, sempre associados a diferentes
níveis de reduções de emissões através de impostos sobre o carbono. Estas curvas
complementares sugerem que , no geral e no nosso contexto de reciclagem através de
mecanismos lump sum, a redução das emissões de CO2 têm um impacto negativo
sobre o desempenho económico, especialmente a longo prazo. Além disso, tem efeitos
orçamentais positivos, contribuindo para a redução da dívida pública, os efeitos de
longo prazo, sendo novamente mais pronunciados.
3. Taxas de imposição mais elevadas permitem maiores reduções nas emissões a
níveis consistentes com aqueles necessários para reduzir até 2030 as emissões em 20
por cento em relação aos níveis de 1990 até 2030. Os impactos económicos e
orçamentais que acompanham estas políticas também são substancialmente maiores.
A partir das curvas de custo marginal de abatimento notamos que um imposto de 50
euros por tCO2 pode reduzir as emissões em 25,2 por cento em relação aos níveis em
2030, reduzindo o emprego, a longo prazo de 1,7 por cento e o PIB em 4,2 por cento
No lado positivo, isto é acompanhado por uma redução de 8,2 por cento na dívida
pública. Um imposto de 75 euros por tCO2 pode reduzir as emissões em 31,7 por
cento em 2030, com o custo de uma redução de 2,5 por cento do emprego e uma
redução de 6,1 por cento do PIB em 2050. Aqui, os níveis da dívida pública em 2050
são 11,8 por cento abaixo dos níveis de referência.
Quadro 38
74
Curva de redução por via económica das emissões para diferentes taxas de CO2 [DGEP]
Painel 1 – Emissões de Dióxido de Carbono
Painel 2 – Emprego
Painel 3 – PIB
Painel 4 – Dívida Pública
-30
-25
-20
-15
-10
-5
0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
Per
cent
agem
Imposto sobre Carbono (Euros per tCO2)Lump Sum (2030) Lump Sum (2050)
-2.0
-1.5
-1.0
-0.5
0.0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
Per
cen
tage
m
Imposto sobre Carbono (Euros per tCO2)Lump Sum (2030) Lump Sum (2050)
-5
-4
-3
-2
-1
0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
Per
cent
agem
Imposto sobre Carbono (Euros per tCO2)Lump Sum (2030) Lump Sum (2050)
-10
-8
-6
-4
-2
0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
Per
cen
tage
m
Imposto sobre Carbono (Euros per tCO2)Lump Sum (2030) Lump Sum (2050)
75
3.7.4 Curvas de redução de emissões – considerações económicas [GEM]
1. O Quadro 39 mostra o impacto estimado pelo GEM, nas emissões de CO2, no
produto real e no emprego na economia portuguesa, decorrente da aplicação de vários
níveis de imposto sobre o carbono, com reciclagem lump-sum.
2. Apresenta-se a variação de CO2 relativamente à emissões existentes antes da
aplicação da política. Como podemos observar, as reduções de emissões de CO2
podem ir de 3.3% a 16.5% das emissões iniciais, dependendo do valor do imposto.
3. Mas a significativa melhoria ao nível ambiental tem custos económicos que ao
nível do produto real se traduzem em perdas de longo prazo que podem ir desde os
0.3% aos 1.6%. Em relação ao emprego as perdas podem ir dos 0.1% aos 0.6%. Note-
se que outras hipóteses de reciclagem, nomeadamente a redução das CSS poderiam ter
impactos económicos mais positivos, ao nível do emprego e produto real.
4. Note-se ainda que a função marginal para as emissões é bastante mais inclinada
que as funções do emprego e do PIB real, o que siginifica que considerando valores
superiores de imposto conseguiremos reduções substanciais nas emissões, sem que o
impacto no PIB ou no emprego sejam comparativamente muito significativos. Por
exemplo, se compararmos os impactos de um imposto de 15€ com um imposto de
30€, vemos que em relação às emissões, a redução passa de 9.4% para 16.4% (7
pontos percentuais), enquanto os custos para o PIB e para o emprego aumentam
apenas 0.8 e 0.2 pontos percentuais respectivamente.
76
Quadro 39 Curva de redução por via económica das emissões nacionais para diferentes taxas de CO2
[GEM]
Painel 1 – Emissões de Dióxido de Carbono
Painel 2 - Emprego
Painel 3 - PIB
-17.0%
-15.0%
-13.0%
-11.0%
-9.0%
-7.0%
-5.0%
-3.0%
5 7 10 15 20 25 30
vari
atio
n
Carbon Tax €/ton
-0.8%
-0.6%
-0.4%
-0.2%
0.0%
5 7 10 15 20 25 30
vari
atio
n
Carbon Tax €/ton
-2.0%
-1.5%
-1.0%
-0.5%
0.0%
5 7 10 15 20 25 30
vari
atio
n
Carbon Tax €/ton
77
3.8 Efeitos de outros níveis de imposição com estratégias mistas de reciclagem
Na secção anterior consideram-se os efeitos de diferentes níveis de imposição sobre as
emissões de carbono assumindo o caso de referência de reciclagem das receitas
através de um mecanismo de lump sum. Nesta secção consideram-se em detalhe os
efeitos das estratégias de reciclagem mista atrás consideradas.
3.8.1 Caso de reciclagem mista – 50% CFIP; 40% IRS; 10% TSU
Quadro 40 Impacto nas emissões de CO2 por via económica –Ambiente e Energia
(comparação percentual face a um cenário de referência)
2020 2030 2040 2050 5 Euro por tCO2
Ambiente Emissões de Dióxido de Carbono -4,19 -3,95 -3,74 -3,52
Energia Energia -2,59 -2,14 -1,91 -1,74
Combustíveis Fósseis -3,68 -3,47 -3,29 -3,11 Petróleo Bruto -2,14 -2,01 -1,92 -1,85
Carvão -13,02 -12,35 -11,71 -11,03 Gás Natural -0,16 -0,23 -0,22 -0,25
Investimento em Energia Eólica 6,35 4,72 4,13 3,79 Infra-estruturas de Energia Eólica 3,10 4,29 4,34 4,14
10 Euro por tCO2 Ambiente
Emissões de Dióxido de Carbono -7,58 -7,18 -6,83 -6,48 Energia
Energia -4,69 -3,86 -3,46 -3,17 Combustíveis Fósseis -6,72 -6,37 -6,07 -5,77
Petróleo Bruto -4,14 -3,90 -3,74 -3,60 Carvão -22,49 -21,49 -20,52 -19,47
Gás Natural -0,67 -0,76 -0,71 -0,74 Investimento em Energia Eólica 12,25 9,12 7,99 7,34 Infra-estruturas de Energia Eólica 5,88 8,24 8,36 7,99
15 Euro por tCO2 Ambiente
Emissões de Dióxido de Carbono -10,43 -9,93 -9,49 -9,04 Energia
Energia -6,46 -5,31 -4,76 -4,37 Combustíveis Fósseis -9,32 -8,87 -8,48 -8,10
Petróleo Bruto -6,01 -5,68 -5,45 -5,26 Carvão -29,70 -28,55 -27,41 -26,15
Gás Natural -1,40 -1,48 -1,38 -1,39 Investimento em Energia Eólica 17,81 13,27 11,63 10,70 Infra-estruturas de Energia Eólica 8,42 11,92 12,14 11,61
20 Euro por tCO2 Ambiente
Emissões de Dióxido de Carbono -12,91 -12,33 -11,81 -11,30 Energia
Energia -8,00 -6,54 -5,87 -5,41 Combustíveis Fósseis -11,61 -11,09 -10,63 -10,18
Petróleo Bruto -7,77 -7,35 -7,06 -6,83 Carvão -35,41 -34,20 -32,96 -31,59
Gás Natural -2,26 -2,32 -2,17 -2,15 Investimento em Energia Eólica 23,07 17,22 15,09 13,89 Infra-estruturas de Energia Eólica 10,77 15,39 15,71 15,05
78
30 Euro por tCO2 Ambiente
Emissões de Dióxido de Carbono -17,07 -16,38 -15,78 -15,17 Energia
Energia -10,59 -8,59 -7,71 -7,13 Combustíveis Fósseis -15,51 -14,89 -14,34 -13,79
Petróleo Bruto -10,97 -10,42 -10,04 -9,74 Carvão -43,90 -42,68 -41,39 -39,94
Gás Natural -4,20 -4,22 -3,96 -3,86 Investimento em Energia Eólica 32,92 24,63 21,57 19,87 Infra-estruturas de Energia Eólica 15,01 21,80 22,36 21,48
Quadro 41 O impacto económico de um imposto de CO2 – Impactos económicos
(comparação percentual face a um cenário de referência)
2020 2030 2040 2050 5 Euro por tCO2
Taxa de Crescimento (variação percentual em relação ao ano anterior) 0,96 0,95 0,94 0,94 PIB -0,01 0,03 0,03 0,02 Consumo Privado 0,00 0,00 0,01 0,01 Investimento 0,53 0,43 0,37 0,33 Capital Privado 0,23 0,34 0,37 0,36 Emprego 0,04 0,06 0,06 0,05 Salários -0,07 -0,03 -0,02 -0,01 Importações de Energia -2,57 -2,43 -2,32 -2,23 Dívida Externa 0,51 0,72 0,61 0,36
10 Euro por tCO2 Taxa de Crescimento (variação percentual em relação ao ano anterior) 0,96 0,95 0,94 0,94 PIB -0,03 0,04 0,04 0,02 Consumo Privado -0,01 0,00 0,00 0,01 Investimento 0,99 0,80 0,70 0,62 Capital Privado 0,42 0,65 0,70 0,68 Emprego 0,08 0,11 0,11 0,09 Salários -0,15 -0,08 -0,05 -0,03 Importações de Energia -4,84 -4,60 -4,40 -4,24 Dívida Externa 0,94 1,30 1,06 0,59
15 Euro por tCO2 Taxa de Crescimento (variação percentual em relação ao ano anterior) 0,97 0,95 0,94 0,93 PIB -0,05 0,04 0,05 0,01 Consumo Privado -0,03 -0,02 -0,01 0,00 Investimento 1,41 1,15 1,00 0,89 Capital Privado 0,60 0,92 1,00 0,97 Emprego 0,12 0,15 0,15 0,13 Salários -0,23 -0,13 -0,08 -0,06 Importações de Energia -6,90 -6,57 -6,30 -6,08 Dívida Externa 1,29 1,77 1,39 0,68
20 Euro por tCO2 Taxa de Crescimento (variação percentual em relação ao ano anterior) 0,97 0,95 0,94 0,93 PIB -0,08 0,04 0,04 -0,01 Consumo Privado -0,05 -0,04 -0,03 -0,02 Investimento 1,80 1,46 1,28 1,13 Capital Privado 0,77 1,18 1,27 1,24 Emprego 0,15 0,19 0,19 0,16 Salários -0,31 -0,18 -0,12 -0,09 Importações de Energia -8,78 -8,38 -8,06 -7,78 Dívida Externa 1,59 2,15 1,62 0,67
30 Euro por tCO2 Taxa de Crescimento (variação percentual em relação ao ano anterior) 0,98 0,95 0,94 0,93 PIB -0,14 0,01 0,01 -0,07 Consumo Privado -0,11 -0,10 -0,08 -0,07 Investimento 2,48 2,02 1,76 1,56 Capital Privado 1,06 1,63 1,75 1,71 Emprego 0,21 0,27 0,26 0,23 Salários -0,48 -0,30 -0,22 -0,18 Importações de Energia -12,15 -11,64 -11,23 -10,88 Dívida Externa 2,06 2,68 1,81 0,35
79
Quadro 42 O impacto orçamental intertemporal de um imposto sobre as emissões de CO2
(comparação percentual face a um cenário de referência)
2020 2030 2040 2050 5 Euro por tCO2
Dívida Pública 0,09 0,11 0,07 0,02 Despesas Públicas -0,04 -0,04 -0,05 -0,05
Consumo Público 0,02 0,01 0,02 0,02 Investimento Público -0,12 -0,08 -0,09 -0,11 Investimento em Capital Humano -0,12 -0,14 -0,15 -0,16 Capital Público -0,09 -0,09 -0,09 -0,09 Capital Humano -0,01 -0,02 -0,03 -0,05
Receitas Fiscais -0,04 -0,01 -0,01 -0,01 Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Singulares (IRS) -0,87 -0,77 -0,74 -0,73 Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Colectivas (IRC) -3,12 -2,95 -2,87 -2,81 Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) 0,07 0,06 0,05 0,05 Contribuições Sociais (TSU) (Empregador) -0,71 -0,66 -0,64 -0,64 Contribuições Sociais (TSU) (Trabalhador) -0,04 0,00 0,01 -0,01
10 Euro por tCO2 Dívida Pública 0,15 0,19 0,12 0,03 Despesas Públicas -0,10 -0,10 -0,11 -0,11
Consumo Público 0,01 0,00 0,01 0,02 Investimento Público -0,25 -0,17 -0,19 -0,23 Investimento em Capital Humano -0,25 -0,27 -0,29 -0,32 Capital Público -0,17 -0,19 -0,18 -0,20 Capital Humano -0,02 -0,04 -0,07 -0,09
Receitas Fiscais -0,08 -0,03 -0,02 -0,03 Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Singulares (IRS) -1,68 -1,50 -1,45 -1,44 Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Colectivas (IRC) -6,02 -5,72 -5,56 -5,47 Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) 0,12 0,10 0,09 0,08 Contribuições Sociais (TSU) (Empregador) -1,38 -1,29 -1,26 -1,26 Contribuições Sociais (TSU) (Trabalhador) -0,08 -0,01 -0,01 -0,03
15 Euro por tCO2 Dívida Pública 0,21 0,26 0,16 0,02 Despesas Públicas -0,17 -0,17 -0,18 -0,19
Consumo Público -0,02 -0,03 -0,02 0,00 Investimento Público -0,39 -0,27 -0,30 -0,36 Investimento em Capital Humano -0,37 -0,40 -0,44 -0,47 Capital Público -0,26 -0,29 -0,28 -0,31 Capital Humano -0,03 -0,06 -0,10 -0,13
Receitas Fiscais -0,12 -0,06 -0,05 -0,06 Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Singulares (IRS) -2,45 -2,20 -2,13 -2,12 Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Colectivas (IRC) -8,76 -8,34 -8,13 -8,00 Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) 0,16 0,13 0,12 0,11 Contribuições Sociais (TSU) (Empregador) -2,02 -1,89 -1,85 -1,86 Contribuições Sociais (TSU) (Trabalhador) -0,14 -0,04 -0,03 -0,06
20 Euro por tCO2 Dívida Pública 0,26 0,31 0,18 0,00 Despesas Públicas -0,25 -0,25 -0,26 -0,27
Consumo Público -0,07 -0,08 -0,06 -0,04 Investimento Público -0,53 -0,38 -0,41 -0,49 Investimento em Capital Humano -0,49 -0,53 -0,58 -0,63 Capital Público -0,35 -0,39 -0,39 -0,43 Capital Humano -0,03 -0,08 -0,13 -0,18
Receitas Fiscais -0,17 -0,09 -0,08 -0,10 Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Singulares (IRS) -3,19 -2,88 -2,79 -2,79 Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Colectivas (IRC) -11,37 -10,84 -10,58 -10,42 Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) 0,19 0,15 0,14 0,12 Contribuições Sociais (TSU) (Empregador) -2,64 -2,48 -2,43 -2,44 Contribuições Sociais (TSU) (Trabalhador) -0,19 -0,07 -0,06 -0,11
80
30 Euro por tCO2 Dívida Pública 0,33 0,38 0,17 -0,09 Despesas Públicas -0,43 -0,43 -0,45 -0,46
Consumo Público -0,19 -0,20 -0,18 -0,15 Investimento Público -0,82 -0,61 -0,66 -0,77 Investimento em Capital Humano -0,72 -0,79 -0,86 -0,94 Capital Público -0,54 -0,61 -0,62 -0,68 Capital Humano -0,05 -0,12 -0,20 -0,27
Receitas Fiscais -0,27 -0,16 -0,15 -0,18 Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Singulares (IRS) -4,58 -4,16 -4,06 -4,06 Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Colectivas (IRC) -16,26 -15,56 -15,22 -15,01 Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) 0,23 0,18 0,15 0,13 Contribuições Sociais (TSU) (Empregador) -3,81 -3,60 -3,54 -3,56 Contribuições Sociais (TSU) (Trabalhador) -0,32 -0,16 -0,15 -0,22
81
3.8.2 Caso de reciclagem mista - 50% CFIP; 50% TSU
Quadro 43 Impacto nas emissões de CO2 por via económica –Ambiente e Energia
(comparação percentual face a um cenário de referência)
2020 2030 2040 2050 5 Euro por tCO2
Ambiente Emissões de Dióxido de Carbono -4,20 -3,95 -3,74 -3,53
Energia Energia -2,60 -2,15 -1,92 -1,75
Combustíveis Fósseis -3,69 -3,48 -3,30 -3,12 Petróleo Bruto -2,15 -2,02 -1,93 -1,86
Carvão -13,03 -12,36 -11,71 -11,03 Gás Natural -0,17 -0,24 -0,23 -0,25
Investimento em Energia Eólica 6,34 4,71 4,13 3,80 Infra-estruturas de Energia Eólica 3,09 4,28 4,34 4,14
10 Euro por tCO2 Ambiente
Emissões de Dióxido de Carbono -7,59 -7,19 -6,84 -6,49 Energia
Energia -4,70 -3,88 -3,47 -3,17 Combustíveis Fósseis -6,74 -6,39 -6,08 -5,77
Petróleo Bruto -4,16 -3,92 -3,75 -3,61 Carvão -22,50 -21,50 -20,53 -19,47
Gás Natural -0,69 -0,77 -0,72 -0,74 Investimento em Energia Eólica 12,23 9,11 7,99 7,35 Infra-estruturas de Energia Eólica 5,87 8,23 8,35 7,99
15 Euro por tCO2 Ambiente
Emissões de Dióxido de Carbono -10,46 -9,95 -9,50 -9,04 Energia
Energia -6,48 -5,33 -4,78 -4,38 Combustíveis Fósseis -9,34 -8,90 -8,50 -8,10
Petróleo Bruto -6,04 -5,70 -5,46 -5,26 Carvão -29,72 -28,57 -27,42 -26,16
Gás Natural -1,42 -1,50 -1,40 -1,39 Investimento em Energia Eólica 17,77 13,25 11,63 10,71 Infra-estruturas de Energia Eólica 8,41 11,90 12,12 11,61
20 Euro por tCO2 Ambiente
Emissões de Dióxido de Carbono -12,94 -12,35 -11,83 -11,30 Energia
Energia -8,03 -6,57 -5,89 -5,42 Combustíveis Fósseis -11,64 -11,11 -10,65 -10,18
Petróleo Bruto -7,80 -7,38 -7,08 -6,83 Carvão -35,43 -34,22 -32,97 -31,60
Gás Natural -2,29 -2,35 -2,19 -2,15 Investimento em Energia Eólica 23,02 17,19 15,09 13,91 Infra-estruturas de Energia Eólica 10,75 15,36 15,69 15,05
30 Euro por tCO2 Ambiente
Emissões de Dióxido de Carbono -17,11 -16,42 -15,80 -15,17 Energia
Energia -10,63 -8,63 -7,73 -7,14 Combustíveis Fósseis -15,55 -14,92 -14,36 -13,80
Petróleo Bruto -11,01 -10,46 -10,07 -9,74 Carvão -43,92 -42,70 -41,41 -39,94
Gás Natural -4,24 -4,26 -3,98 -3,87 Investimento em Energia Eólica 32,85 24,59 21,57 19,90 Infra-estruturas de Energia Eólica 14,98 21,76 22,33 21,47
82
Quadro 44 O impacto económico de um imposto de CO2 – Impactos económicos
(comparação percentual face a um cenário de referência)
2020 2030 2040 2050 5 Euro por tCO2
Taxa de Crescimento (variação percentual em relação ao ano anterior) 0,96 0,95 0,94 0,94 PIB -0,02 0,02 0,02 0,01 Consumo Privado -0,02 -0,02 -0,02 -0,01 Investimento 0,51 0,42 0,37 0,33 Capital Privado 0,22 0,34 0,36 0,36 Emprego 0,03 0,04 0,04 0,04 Salários 0,02 0,06 0,07 0,07 Importações de Energia -2,58 -2,44 -2,33 -2,23 Dívida Externa 0,54 0,80 0,78 0,62
10 Euro por tCO2 Taxa de Crescimento (variação percentual em relação ao ano anterior) 0,96 0,95 0,94 0,94 PIB -0,05 0,02 0,03 0,01 Consumo Privado -0,05 -0,05 -0,04 -0,04 Investimento 0,97 0,79 0,70 0,63 Capital Privado 0,41 0,63 0,69 0,68 Emprego 0,05 0,08 0,08 0,07 Salários 0,03 0,10 0,12 0,13 Importações de Energia -4,86 -4,62 -4,41 -4,24 Dívida Externa 0,98 1,47 1,40 1,09
15 Euro por tCO2 Taxa de Crescimento (variação percentual em relação ao ano anterior) 0,97 0,95 0,94 0,94 PIB -0,08 0,02 0,03 0,00 Consumo Privado -0,09 -0,08 -0,08 -0,07 Investimento 1,38 1,13 1,00 0,90 Capital Privado 0,59 0,90 0,98 0,97 Emprego 0,08 0,12 0,12 0,10 Salários 0,04 0,12 0,16 0,18 Importações de Energia -6,92 -6,59 -6,32 -6,08 Dívida Externa 1,36 2,02 1,89 1,43
20 Euro por tCO2 Taxa de Crescimento (variação percentual em relação ao ano anterior) 0,97 0,95 0,94 0,93 PIB -0,11 0,00 0,02 -0,02 Consumo Privado -0,13 -0,12 -0,11 -0,10 Investimento 1,75 1,44 1,27 1,15 Capital Privado 0,75 1,15 1,25 1,23 Emprego 0,10 0,15 0,15 0,13 Salários 0,03 0,14 0,20 0,22 Importações de Energia -8,81 -8,41 -8,08 -7,79 Dívida Externa 1,68 2,48 2,28 1,65
30 Euro por tCO2 Taxa de Crescimento (variação percentual em relação ao ano anterior) 0,98 0,95 0,94 0,93 PIB -0,19 -0,03 -0,02 -0,07 Consumo Privado -0,23 -0,21 -0,20 -0,19 Investimento 2,42 1,99 1,76 1,59 Capital Privado 1,03 1,59 1,73 1,70 Emprego 0,14 0,20 0,20 0,18 Salários 0,01 0,16 0,24 0,27 Importações de Energia -12,19 -11,68 -11,25 -10,88 Dívida Externa 2,19 3,18 2,79 1,82
83
Quadro 45
O impacto orçamental intertemporal de um imposto sobre as emissões de CO2 (comparação percentual face a um cenário de referência)
2020 2030 2040 2050 5 Euro por tCO2
Dívida Pública 0,08 0,11 0,08 0,04
Despesas Públicas 0,00 0,00 0,00 0,00 Consumo Público 0,09 0,08 0,08 0,09 Investimento Público -0,13 -0,09 -0,09 -0,11 Investimento em Capital Humano -0,10 -0,11 -0,12 -0,13 Capital Público -0,09 -0,10 -0,09 -0,10 Capital Humano -0,01 -0,02 -0,03 -0,04
Receitas Fiscais -0,01 0,01 0,02 0,01 Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Singulares (IRS) -0,09 0,00 0,02 0,01 Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Colectivas (IRC) -3,13 -2,96 -2,87 -2,82 Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) 0,05 0,04 0,04 0,03 Contribuições Sociais (TSU) (Empregador) -1,30 -1,24 -1,21 -1,19 Contribuições Sociais (TSU) (Trabalhador) 0,04 0,08 0,09 0,08
10 Euro por tCO2 Dívida Pública 0,15 0,20 0,15 0,06
Despesas Públicas -0,01 -0,01 -0,02 -0,02 Consumo Público 0,14 0,14 0,14 0,15 Investimento Público -0,27 -0,18 -0,19 -0,23 Investimento em Capital Humano -0,21 -0,23 -0,25 -0,27 Capital Público -0,19 -0,20 -0,19 -0,20 Capital Humano -0,01 -0,03 -0,06 -0,08
Receitas Fiscais -0,03 0,01 0,02 0,01 Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Singulares (IRS) -0,17 -0,02 0,01 0,00 Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Colectivas (IRC) -6,04 -5,74 -5,58 -5,47 Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) 0,09 0,07 0,06 0,06 Contribuições Sociais (TSU) (Empregador) -2,52 -2,41 -2,35 -2,33 Contribuições Sociais (TSU) (Trabalhador) 0,07 0,14 0,15 0,13
15 Euro por tCO2 Dívida Pública 0,21 0,27 0,20 0,08
Despesas Públicas -0,04 -0,04 -0,05 -0,05 Consumo Público 0,18 0,17 0,17 0,19 Investimento Público -0,42 -0,29 -0,30 -0,35 Investimento em Capital Humano -0,31 -0,34 -0,37 -0,40 Capital Público -0,28 -0,31 -0,30 -0,32 Capital Humano -0,02 -0,05 -0,08 -0,11
Receitas Fiscais -0,06 0,01 0,02 0,01 Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Singulares (IRS) -0,26 -0,05 0,00 -0,02 Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Colectivas (IRC) -8,78 -8,37 -8,15 -8,01 Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) 0,12 0,09 0,08 0,07 Contribuições Sociais (TSU) (Empregador) -3,68 -3,52 -3,45 -3,41 Contribuições Sociais (TSU) (Trabalhador) 0,09 0,19 0,20 0,17
20 Euro por tCO2 Dívida Pública 0,26 0,33 0,23 0,08 Despesas Públicas -0,08 -0,08 -0,09 -0,10
Consumo Público 0,19 0,18 0,19 0,21 Investimento Público -0,57 -0,40 -0,42 -0,48 Investimento em Capital Humano -0,41 -0,45 -0,49 -0,53 Capital Público -0,38 -0,42 -0,41 -0,43 Capital Humano -0,03 -0,07 -0,11 -0,15
Receitas Fiscais -0,09 -0,01 0,01 -0,01 Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Singulares (IRS) -0,35 -0,08 -0,02 -0,04 Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Colectivas (IRC) -11,39 -10,87 -10,61 -10,44 Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) 0,13 0,10 0,08 0,07 Contribuições Sociais (TSU) (Empregador) -4,79 -4,59 -4,50 -4,46 Contribuições Sociais (TSU) (Trabalhador) 0,10 0,22 0,24 0,20
84
30 Euro por tCO2 Dívida Pública 0,33 0,42 0,26 0,04 Despesas Públicas -0,19 -0,18 -0,19 -0,21
Consumo Público 0,18 0,17 0,18 0,21 Investimento Público -0,88 -0,64 -0,66 -0,75 Investimento em Capital Humano -0,61 -0,66 -0,72 -0,79 Capital Público -0,57 -0,65 -0,65 -0,68 Capital Humano -0,04 -0,10 -0,16 -0,23
Receitas Fiscais -0,15 -0,05 -0,03 -0,05 Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Singulares (IRS) -0,53 -0,17 -0,09 -0,12 Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Colectivas (IRC) -16,29 -15,60 -15,25 -15,03 Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) 0,15 0,10 0,08 0,06 Contribuições Sociais (TSU) (Empregador) -6,88 -6,62 -6,51 -6,46 Contribuições Sociais (TSU) (Trabalhador) 0,10 0,26 0,28 0,22
85
3.8.3 Caso de reciclagem mista – 50% CFIP; 50% IRS Quadro 46
Impacto nas emissões de CO2 por via económica –Ambiente e Energia (comparação percentual face a um cenário de referência)
2020 2030 2040 2050 5 Euro por tCO2
Ambiente Emissões de Dióxido de Carbono -4,18 -3,94 -3,73 -3,52
Energia Energia -2,58 -2,13 -1,91 -1,74
Combustíveis Fósseis -3,67 -3,47 -3,29 -3,11 Petróleo Bruto -2,14 -2,00 -1,92 -1,85
Carvão -13,02 -12,34 -11,70 -11,03 Gás Natural -0,15 -0,22 -0,21 -0,25
Investimento em Energia Eólica 6,36 4,73 4,14 3,79 Infra-estruturas de Energia Eólica 3,10 4,30 4,35 4,14
10 Euro por tCO2 Ambiente
Emissões de Dióxido de Carbono -7,56 -7,16 -6,82 -6,48 Energia
Energia -4,67 -3,85 -3,45 -3,17 Combustíveis Fósseis -6,70 -6,36 -6,06 -5,76
Petróleo Bruto -4,13 -3,89 -3,73 -3,60 Carvão -22,47 -21,48 -20,51 -19,47
Gás Natural -0,65 -0,74 -0,70 -0,73 Investimento em Energia Eólica 12,28 9,14 8,00 7,34 Infra-estruturas de Energia Eólica 5,89 8,26 8,37 7,99
15 Euro por tCO2 Ambiente
Emissões de Dióxido de Carbono -10,41 -9,91 -9,47 -9,03 Energia
Energia -6,44 -5,28 -4,75 -4,37 Combustíveis Fósseis -9,30 -8,85 -8,47 -8,09
Petróleo Bruto -5,99 -5,66 -5,43 -5,26 Carvão -29,69 -28,54 -27,40 -26,15
Gás Natural -1,37 -1,45 -1,37 -1,38 Investimento em Energia Eólica 17,84 13,29 11,64 10,69 Infra-estruturas de Energia Eólica 8,44 11,94 12,15 11,62
20 Euro por tCO2 Ambiente
Emissões de Dióxido de Carbono -12,88 -12,30 -11,80 -11,29 Energia
Energia -7,97 -6,52 -5,86 -5,41 Combustíveis Fósseis -11,58 -11,06 -10,61 -10,17
Petróleo Bruto -7,74 -7,32 -7,04 -6,82 Carvão -35,39 -34,18 -32,95 -31,59
Gás Natural -2,22 -2,29 -2,15 -2,14 Investimento em Energia Eólica 23,12 17,24 15,10 13,87 Infra-estruturas de Energia Eólica 10,79 15,42 15,73 15,06
30 Euro por tCO2 Ambiente
Emissões de Dióxido de Carbono -17,03 -16,35 -15,76 -15,16 Energia
Energia -10,55 -8,55 -7,69 -7,13 Combustíveis Fósseis -15,47 -14,85 -14,31 -13,79
Petróleo Bruto -10,93 -10,38 -10,02 -9,73 Carvão -43,87 -42,65 -41,38 -39,94
Gás Natural -4,15 -4,18 -3,93 -3,86 Investimento em Energia Eólica 32,99 24,66 21,57 19,84 Infra-estruturas de Energia Eólica 15,04 21,85 22,39 21,48
86
Quadro 47 O impacto económico de um imposto de CO2 – Impactos económicos
(comparação percentual face a um cenário de referência)
2020 2030 2040 2050 5 Euro por tCO2
Taxa de Crescimento (variação percentual em relação ao ano anterior) 0,96 0,95 0,94 0,94 PIB 0,00 0,03 0,03 0,02 Consumo Privado 0,02 0,03 0,03 0,03 Investimento 0,54 0,43 0,37 0,33 Capital Privado 0,23 0,35 0,38 0,36 Emprego 0,06 0,07 0,07 0,06 Salários -0,16 -0,12 -0,10 -0,10 Importações de Energia -2,56 -2,42 -2,32 -2,22 Dívida Externa 0,49 0,63 0,44 0,11
10 Euro por tCO2
Taxa de Crescimento (variação percentual em relação ao ano anterior) 0,96 0,95 0,94 0,93 PIB -0,01 0,05 0,05 0,02 Consumo Privado 0,03 0,04 0,05 0,05 Investimento 1,01 0,81 0,71 0,62 Capital Privado 0,44 0,66 0,71 0,68 Emprego 0,11 0,13 0,13 0,11 Salários -0,33 -0,25 -0,21 -0,20 Importações de Energia -4,83 -4,59 -4,39 -4,23 Dívida Externa 0,89 1,13 0,73 0,08
15 Euro por tCO2
Taxa de Crescimento (variação percentual em relação ao ano anterior) 0,97 0,95 0,94 0,93 PIB -0,03 0,06 0,06 0,01 Consumo Privado 0,03 0,04 0,05 0,06 Investimento 1,44 1,16 1,01 0,88 Capital Privado 0,62 0,94 1,01 0,98 Emprego 0,16 0,19 0,18 0,16 Salários -0,49 -0,38 -0,33 -0,30 Importações de Energia -6,87 -6,55 -6,29 -6,07 Dívida Externa 1,23 1,52 0,89 -0,08
20 Euro por tCO2
Taxa de Crescimento (variação percentual em relação ao ano anterior) 0,97 0,95 0,94 0,93 PIB -0,05 0,07 0,06 0,00 Consumo Privado 0,03 0,04 0,05 0,06 Investimento 1,84 1,48 1,28 1,12 Capital Privado 0,79 1,20 1,29 1,24 Emprego 0,20 0,24 0,23 0,20 Salários -0,65 -0,51 -0,44 -0,41 Importações de Energia -8,75 -8,36 -8,04 -7,78 Dívida Externa 1,50 1,81 0,95 -0,34
30 Euro por tCO2
Taxa de Crescimento (variação percentual em relação ao ano anterior) 0,98 0,95 0,93 0,93 PIB -0,10 0,05 0,03 -0,06 Consumo Privado 0,00 0,02 0,03 0,05 Investimento 2,54 2,05 1,76 1,54 Capital Privado 1,09 1,66 1,78 1,71 Emprego 0,29 0,34 0,32 0,27 Salários -0,97 -0,77 -0,67 -0,62 Importações de Energia -12,11 -11,61 -11,20 -10,87 Dívida Externa 1,92 2,17 0,81 -1,15
87
Quadro 48
O impacto orçamental intertemporal de um imposto sobre as emissões de CO2 (comparação percentual face a um cenário de referência)
2020 2030 2040 2050 5 Euro por tCO2
Dívida Pública 0,09 0,10 0,06 0,00
Despesas Públicas -0,09 -0,09 -0,09 -0,10 Consumo Público -0,05 -0,06 -0,05 -0,05 Investimento Público -0,11 -0,07 -0,09 -0,11 Investimento em Capital Humano -0,14 -0,16 -0,17 -0,19 Capital Público -0,08 -0,08 -0,08 -0,09 Capital Humano -0,01 -0,02 -0,04 -0,05
Receitas Fiscais -0,06 -0,03 -0,03 -0,03 Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Singulares (IRS) -1,65 -1,53 -1,49 -1,48 Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Colectivas (IRC) -3,11 -2,94 -2,86 -2,81 Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) 0,09 0,07 0,07 0,06 Contribuições Sociais (TSU) (Empregador) -0,12 -0,08 -0,08 -0,09 Contribuições Sociais (TSU) (Trabalhador) -0,12 -0,08 -0,08 -0,09
10 Euro por tCO2 Dívida Pública 0,16 0,19 0,10 -0,01
Despesas Públicas -0,19 -0,19 -0,20 -0,20 Consumo Público -0,13 -0,13 -0,13 -0,11 Investimento Público -0,23 -0,16 -0,19 -0,24 Investimento em Capital Humano -0,29 -0,31 -0,34 -0,37 Capital Público -0,16 -0,17 -0,17 -0,19 Capital Humano -0,02 -0,05 -0,08 -0,10
Receitas Fiscais -0,12 -0,07 -0,07 -0,08 Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Singulares (IRS) -3,18 -2,98 -2,91 -2,88 Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Colectivas (IRC) -6,01 -5,70 -5,55 -5,46 Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) 0,15 0,13 0,12 0,11 Contribuições Sociais (TSU) (Empregador) -0,24 -0,17 -0,16 -0,19 Contribuições Sociais (TSU) (Trabalhador) -0,24 -0,17 -0,16 -0,19
15 Euro por tCO2 Dívida Pública 0,21 0,25 0,12 -0,04
Despesas Públicas -0,30 -0,30 -0,31 -0,32 Consumo Público -0,22 -0,23 -0,22 -0,20 Investimento Público -0,36 -0,25 -0,29 -0,37 Investimento em Capital Humano -0,43 -0,47 -0,51 -0,55 Capital Público -0,25 -0,27 -0,27 -0,31 Capital Humano -0,03 -0,07 -0,11 -0,16
Receitas Fiscais -0,18 -0,12 -0,11 -0,13 Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Singulares (IRS) -4,64 -4,35 -4,26 -4,23 Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Colectivas (IRC) -8,74 -8,32 -8,11 -7,98 Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) 0,21 0,18 0,16 0,15 Contribuições Sociais (TSU) (Empregador) -0,36 -0,26 -0,26 -0,30 Contribuições Sociais (TSU) (Trabalhador) -0,36 -0,26 -0,26 -0,30
20 Euro por tCO2 Dívida Pública 0,26 0,29 0,12 -0,09 Despesas Públicas -0,42 -0,42 -0,43 -0,45
Consumo Público -0,33 -0,33 -0,32 -0,29 Investimento Público -0,49 -0,36 -0,41 -0,50 Investimento em Capital Humano -0,56 -0,62 -0,67 -0,73 Capital Público -0,33 -0,37 -0,37 -0,42 Capital Humano -0,04 -0,10 -0,15 -0,21
Receitas Fiscais -0,25 -0,17 -0,16 -0,19 Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Singulares (IRS) -6,02 -5,67 -5,56 -5,53 Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Colectivas (IRC) -11,34 -10,81 -10,56 -10,41 Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) 0,25 0,21 0,19 0,17 Contribuições Sociais (TSU) (Empregador) -0,49 -0,36 -0,36 -0,42 Contribuições Sociais (TSU) (Trabalhador) -0,49 -0,36 -0,36 -0,42
88
30 Euro por tCO2 Dívida Pública 0,32 0,34 0,08 -0,22 Despesas Públicas -0,67 -0,68 -0,70 -0,72
Consumo Público -0,57 -0,58 -0,55 -0,51 Investimento Público -0,77 -0,58 -0,65 -0,79 Investimento em Capital Humano -0,84 -0,92 -1,00 -1,09 Capital Público -0,51 -0,58 -0,60 -0,67 Capital Humano -0,06 -0,14 -0,23 -0,31
Receitas Fiscais -0,39 -0,28 -0,27 -0,31 Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Singulares (IRS) -8,63 -8,17 -8,03 -8,00 Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Colectivas (IRC) -16,22 -15,52 -15,18 -14,99 Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) 0,30 0,25 0,22 0,20 Contribuições Sociais (TSU) (Empregador) -0,74 -0,58 -0,58 -0,66 Contribuições Sociais (TSU) (Trabalhador) -0,74 -0,58 -0,58 -0,66
89
3.8.4 Caso de reciclagem mista - 50% CFIP; 40% IRS; 10% TSU
Quadro 49 Impacto nas emissões de CO2 por via económica –Ambiente e Energia
(comparação percentual face a um cenário de referência)
2020 2030 2040 2050 5 Euro por tCO2
Ambiente Emissões de Dióxido de Carbono -4,18 -3,94 -3,73 -3,52
Energia Energia -2,59 -2,14 -1,91 -1,74
Combustíveis Fósseis -3,68 -3,47 -3,29 -3,11 Petróleo Bruto -2,14 -2,01 -1,92 -1,85
Carvão -13,02 -12,34 -11,71 -11,03 Gás Natural -0,16 -0,22 -0,22 -0,25
Investimento em Energia Eólica 6,36 4,73 4,13 3,79 Infra-estruturas de Energia Eólica 3,10 4,30 4,34 4,14
10 Euro por tCO2 Ambiente
Emissões de Dióxido de Carbono -7,57 -7,17 -6,83 -6,48 Energia
Energia -4,68 -3,86 -3,46 -3,17 Combustíveis Fósseis -6,71 -6,36 -6,06 -5,77
Petróleo Bruto -4,13 -3,89 -3,73 -3,60 Carvão -22,48 -21,48 -20,51 -19,47
Gás Natural -0,66 -0,75 -0,71 -0,73 Investimento em Energia Eólica 12,27 9,13 7,99 7,34 Infra-estruturas de Energia Eólica 5,89 8,25 8,37 7,99
15 Euro por tCO2 Ambiente
Emissões de Dióxido de Carbono -10,42 -9,91 -9,48 -9,04 Energia
Energia -6,44 -5,29 -4,75 -4,37 Combustíveis Fósseis -9,31 -8,86 -8,47 -8,09
Petróleo Bruto -6,00 -5,66 -5,44 -5,26 Carvão -29,69 -28,54 -27,40 -26,15
Gás Natural -1,38 -1,46 -1,37 -1,38 Investimento em Energia Eólica 17,83 13,28 11,63 10,69 Infra-estruturas de Energia Eólica 8,43 11,94 12,15 11,62
20 Euro por tCO2 Ambiente
Emissões de Dióxido de Carbono -12,89 -12,31 -11,80 -11,30 Energia
Energia -7,98 -6,53 -5,86 -5,41 Combustíveis Fósseis -11,59 -11,07 -10,62 -10,17
Petróleo Bruto -7,75 -7,33 -7,05 -6,83 Carvão -35,40 -34,18 -32,95 -31,59
Gás Natural -2,24 -2,31 -2,16 -2,14 Investimento em Energia Eólica 23,10 17,23 15,09 13,88 Infra-estruturas de Energia Eólica 10,78 15,41 15,72 15,06
30 Euro por tCO2 Ambiente
Emissões de Dióxido de Carbono -17,05 -16,36 -15,76 -15,17 Energia
Energia -10,56 -8,57 -7,70 -7,13 Combustíveis Fósseis -15,49 -14,87 -14,32 -13,79
Petróleo Bruto -10,95 -10,40 -10,03 -9,73 Carvão -43,88 -42,66 -41,38 -39,94
Gás Natural -4,17 -4,20 -3,94 -3,86 Investimento em Energia Eólica 32,97 24,65 21,57 19,85 Infra-estruturas de Energia Eólica 15,03 21,83 22,38 21,48
90
Quadro 50 O impacto económico de um imposto de CO2 – Impactos económicos
(comparação percentual face a um cenário de referência)
2020 2030 2040 2050 5 Euro por tCO2
Taxa de Crescimento (variação percentual em relação ao ano anterior) 0,96 0,95 0,94 0,94 PIB -0,01 0,03 0,03 0,02 Consumo Privado 0,01 0,02 0,02 0,02 Investimento 0,53 0,43 0,37 0,33 Capital Privado 0,23 0,35 0,37 0,36 Emprego 0,05 0,06 0,06 0,05 Salários -0,13 -0,09 -0,07 -0,06 Importações de Energia -2,56 -2,43 -2,32 -2,22 Dívida Externa 0,50 0,67 0,50 0,21
10 Euro por tCO2 Taxa de Crescimento (variação percentual em relação ao ano anterior) 0,96 0,95 0,94 0,94 PIB -0,02 0,05 0,05 0,02 Consumo Privado 0,02 0,02 0,03 0,03 Investimento 1,00 0,81 0,71 0,62 Capital Privado 0,43 0,66 0,70 0,68 Emprego 0,10 0,12 0,12 0,10 Salários -0,26 -0,18 -0,15 -0,13 Importações de Energia -4,83 -4,59 -4,40 -4,23 Dívida Externa 0,91 1,20 0,86 0,28
15 Euro por tCO2
Taxa de Crescimento (variação percentual em relação ao ano anterior) 0,97 0,95 0,94 0,93 PIB -0,04 0,05 0,06 0,01 Consumo Privado 0,01 0,02 0,03 0,03 Investimento 1,43 1,16 1,00 0,88 Capital Privado 0,61 0,94 1,00 0,97 Emprego 0,14 0,17 0,17 0,15 Salários -0,38 -0,28 -0,23 -0,20 Importações de Energia -6,88 -6,56 -6,30 -6,07 Dívida Externa 1,25 1,62 1,09 0,23
20 Euro por tCO2
Taxa de Crescimento (variação percentual em relação ao ano anterior) 0,97 0,95 0,94 0,93 PIB -0,06 0,05 0,05 -0,01 Consumo Privado 0,00 0,01 0,02 0,03 Investimento 1,82 1,47 1,28 1,12 Capital Privado 0,78 1,19 1,28 1,24 Emprego 0,18 0,22 0,22 0,19 Salários -0,51 -0,38 -0,31 -0,28 Importações de Energia -8,76 -8,37 -8,05 -7,78 Dívida Externa 1,54 1,95 1,22 0,06
30 Euro por tCO2
Taxa de Crescimento (variação percentual em relação ao ano anterior) 0,98 0,95 0,94 0,93 PIB -0,12 0,03 0,02 -0,06 Consumo Privado -0,04 -0,03 -0,01 0,00 Investimento 2,52 2,03 1,76 1,55 Capital Privado 1,08 1,65 1,77 1,71 Emprego 0,26 0,31 0,30 0,25 Salários -0,77 -0,58 -0,49 -0,45 Importações de Energia -12,12 -11,62 -11,21 -10,87 Dívida Externa 1,98 2,38 1,21 -0,55
91
Quadro 51
O impacto orçamental intertemporal de um imposto sobre as emissões de CO2 (comparação percentual face a um cenário de referência)
2020 2030 2040 2050 5 Euro por tCO2
Dívida Pública 0,09 0,11 0,07 0,01
Despesas Públicas -0,07 -0,07 -0,07 -0,08 Consumo Público -0,03 -0,03 -0,02 -0,02 Investimento Público -0,11 -0,08 -0,09 -0,11 Investimento em Capital Humano -0,14 -0,15 -0,16 -0,18 Capital Público -0,08 -0,08 -0,08 -0,09 Capital Humano -0,01 -0,02 -0,04 -0,05
Receitas Fiscais -0,05 -0,02 -0,02 -0,03 Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Singulares (IRS) -1,33 -1,23 -1,19 -1,18 Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Colectivas (IRC) -3,11 -2,95 -2,86 -2,81 Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) 0,08 0,07 0,06 0,06 Contribuições Sociais (TSU) (Empregador) -0,36 -0,31 -0,30 -0,31 Contribuições Sociais (TSU) (Trabalhador) -0,09 -0,05 -0,04 -0,06
10 Euro por tCO2 Dívida Pública 0,16 0,19 0,11 0,01
Despesas Públicas -0,15 -0,15 -0,16 -0,17 Consumo Público -0,08 -0,08 -0,07 -0,06 Investimento Público -0,24 -0,16 -0,19 -0,23 Investimento em Capital Humano -0,27 -0,29 -0,32 -0,35 Capital Público -0,17 -0,18 -0,17 -0,20 Capital Humano -0,02 -0,05 -0,07 -0,10
Receitas Fiscais -0,10 -0,05 -0,05 -0,06 Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Singulares (IRS) -2,58 -2,39 -2,32 -2,31 Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Colectivas (IRC) -6,01 -5,71 -5,56 -5,46 Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) 0,14 0,12 0,11 0,10 Contribuições Sociais (TSU) (Empregador) -0,70 -0,62 -0,60 -0,62 Contribuições Sociais (TSU) (Trabalhador) -0,18 -0,11 -0,10 -0,13
15 Euro por tCO2 Dívida Pública 0,21 0,25 0,14 -0,02
Despesas Públicas -0,25 -0,25 -0,26 -0,27 Consumo Público -0,14 -0,15 -0,14 -0,12 Investimento Público -0,37 -0,26 -0,30 -0,36 Investimento em Capital Humano -0,40 -0,44 -0,48 -0,52 Capital Público -0,25 -0,27 -0,27 -0,31 Capital Humano -0,03 -0,07 -0,11 -0,15
Receitas Fiscais -0,16 -0,09 -0,08 -0,10 Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Singulares (IRS) -3,76 -3,49 -3,41 -3,39 Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Colectivas (IRC) -8,75 -8,33 -8,12 -7,99 Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) 0,19 0,16 0,14 0,13 Contribuições Sociais (TSU) (Empregador) -1,03 -0,92 -0,90 -0,92 Contribuições Sociais (TSU) (Trabalhador) -0,27 -0,17 -0,17 -0,21
20 Euro por tCO2 Dívida Pública 0,26 0,30 0,15 -0,05 Despesas Públicas -0,35 -0,35 -0,37 -0,38
Consumo Público -0,22 -0,23 -0,22 -0,19 Investimento Público -0,51 -0,37 -0,41 -0,50 Investimento em Capital Humano -0,53 -0,58 -0,64 -0,69 Capital Público -0,34 -0,38 -0,38 -0,43 Capital Humano -0,04 -0,09 -0,14 -0,20
Receitas Fiscais -0,22 -0,14 -0,13 -0,15 Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Singulares (IRS) -4,89 -4,55 -4,45 -4,43 Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Colectivas (IRC) -11,35 -10,82 -10,57 -10,41 Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) 0,23 0,19 0,17 0,15 Contribuições Sociais (TSU) (Empregador) -1,35 -1,21 -1,19 -1,23 Contribuições Sociais (TSU) (Trabalhador) -0,37 -0,25 -0,24 -0,29
92
30 Euro por tCO2 Dívida Pública 0,33 0,35 0,12 -0,17 Despesas Públicas -0,58 -0,58 -0,60 -0,62
Consumo Público -0,42 -0,43 -0,40 -0,37 Investimento Público -0,79 -0,59 -0,66 -0,78 Investimento em Capital Humano -0,79 -0,87 -0,95 -1,03 Capital Público -0,52 -0,59 -0,61 -0,67 Capital Humano -0,06 -0,14 -0,22 -0,30
Receitas Fiscais -0,34 -0,23 -0,22 -0,26 Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Singulares (IRS) -7,01 -6,57 -6,44 -6,42 Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Colectivas (IRC) -16,24 -15,53 -15,20 -15,00 Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) 0,27 0,22 0,19 0,17 Contribuições Sociais (TSU) (Empregador) -1,97 -1,79 -1,77 -1,82 Contribuições Sociais (TSU) (Trabalhador) -0,57 -0,41 -0,41 -0,49
93
3.8.5 Sumário
1. As estratégias mistas de reciclagem de receitas têm a capacidade de reduzir as
emissões de CO2 e gerar efeitos positivos no emprego, eliminar os efeitos negativos
sobre o PIB e manter os níveis do saldo do orçamento do sector público.
2. Para uma taxa de 15 euros por tCO2, resultados mais favoráveis ocorrem quando
metade das receitas fiscais do imposto são utilizados para financiar o aumento do
crédito fiscal ao investimento privado em sede de IRC e metade das receitas são
utilizadas para financiar uma redução no IRS. Esta política reduz as emissões de CO2
em 9,91% em relação aos níveis de referência, um aumento do emprego de 0,16% e
do PIB de 0,06% em 2030. A neutralidade para o sector público é alcançada a longo
prazo, com os níveis de dívida pública inalterados em 2050.
3. Níveis mais baixos de tributação reduziriam os resultados ambientais e económicos
positivos associados à reforma fiscal verde, enquanto aumenta os níveis de tributação
aumentariam a eficácia ambiental e marginalmente aumentariam os ganhos de
emprego. Os efeitos sobre a produção para os diferentes níveis de tributação são
mínimas. Os efeitos sobre a dívida pública, no entanto, tornar-se-iam mais benéfico,
promovendo a consolidação fiscal no longo prazo, com níveis mais elevados de
tributação.
94
Quadro 52 Impacto de um imposto sobre as emissões de CO2
com estratégias de reciclagem mistas (comparação percentual face a um cenário de referência)
Crédito fiscal ao invest,
privado
TSU
IRS
Emissões de Dioxido de Carbono
Emprego PIB Dívida Pública
2030 2050 2030 2050 2030 2050 2030 2050
5 Euros por tCO2
50% 25% 25% -3,95 -3,52 0,06 0,05 0,03 0,02 0,11 0,02
50% 50% -3,95 -3,53 0,04 0,04 0,02 0,01 0,11 0,04
50% 50% -3,94 -3,52 0,07 0,06 0,03 0,02 0,10 0,00
50% 10% 40% -3,94 -3,52 0,06 0,05 0,03 0,02 0,11 0,01
10 Euros por tCO2
50% 25% 25% -7,18 -6,48 0,11 0,09 0,04 0,02 0,19 0,03
50% 50% -7,19 -6,49 0,08 0,07 0,02 0,01 0,20 0,06
50% 50% -7,16 -6,48 0,13 0,11 0,05 0,02 0,19 -0,01
50% 10% 40% -7,17 -6,48 0,12 0,10 0,05 0,02 0,19 0,01
15 Euros por tCO2
50% 25% 25% -9,93 -9,04 0,15 0,13 0,04 0,01 0,26 0,02
50% 50% -9,95 -9,04 0,12 0,10 0,02 0,00 0,27 0,08
50% 50% -9,91 -9,03 0,19 0,16 0,06 0,01 0,25 -0,04
50% 10% 40% -9,91 -9,04 0,17 0,15 0,05 0,01 0,25 -0,02
20 Euros por tCO2
50% 25% 25% -12,33 -11,30 0,19 0,16 0,04 -0,01 0,31 0,00
50% 50% -12,35 -11,30 0,15 0,13 0,00 -0,02 0,33 0,08
50% 50% -12,30 -11,29 0,24 0,20 0,07 0,00 0,29 -0,09
50% 10% 40% -12,31 -11,30 0,22 0,19 0,05 -0,01 0,30 -0,05
30 Euros por tCO2
50% 25% 25% -16,38 -15,17 0,27 0,23 0,01 -0,07 0,38 -0,09
50% 50% -16,42 -15,17 0,20 0,18 -0,03 -0,07 0,42 0,04
50% 50% -16,35 -15,16 0,34 0,27 0,05 -0,06 0,34 -0,22
50% 10% 40% -16,36 -15,17 0,31 0,25 0,03 -0,06 0,35 -0,17
95
3.9 Limitações e qualificações
Apesar da riqueza dos resultados apresentados é crucial reconhecer algumas
limitações significativas na abordagem que foi feita e nos modelos que foram
considerados e que importa deixar claras.
3.9.1 Modelização explícita dos sectores CELE
1. Em toda a discussão até aqui apresentada, foi considerado que o preço de mercado
das emissões de carbono era igual para todos os sectores. Os sectores CELE fariam
face a tal preço através do leilão de licenças de emissão e do mercado das emissões e
os não–CELE através do imposto. Deve-se reconhecer claro está que tal não
corresponde à situação actual em que existem sectores CELE e não CELE e que entre
aqueles há os que beneficiam de licenças gratuitas. Este foi um aspecto apenas
parcialmente explorado por limitações de tempo.
2. [DGEP] Em termos muito gerais, e como ponto de referencia, no contexto da
modelização do modelo DGEP os efeitos de por exemplo ter uma taxa de 5 euros nos
sectores CELE correspondendo ao preço no mercado das emissões e de 15 euros nos
sectores não CELE correspondendo ao imposto sobre o carbono seriam comparáveis
ao efeito de uma taxa média de carbono sobre a economia no valor de 11.225 euros.
Este é um calculo aproximado baseado na ideia de que os sectores não CELE
representam certa de 63% das emissões. Assim informação indicativa sobre uma
situação deste tipo poderá ser obtida das curvas de redução de emissões incluídas na
secção 3.7.
3. [GEM] O modelo GEM começou uma avaliação do impacto da taxa em termos de
emissões totais, quando é considerada a existência de licenças gratuitas nos sectores
em CELE, as quais tendem a diminuir ao longo do tempo até desaparecerem em 2027.
Os resultados mostraram que a preservação das licenças gratuitas não acarretará
diferenças significativas. Em termos de emissões totais, as diferenças em 2020 são
inferiores a 0.5%, ainda que as diferenças em termos dos sectores CELE e não CELE
96
sejam -1% e -5% respectivamente. Este diferencial representa no entanto uma redução
da receita fiscal líquida de 9% em 2020, cerca de 287 M€2010, correspondo a 38% de
emissões gratuitas nos sectores CELE. Importa referir que é considerado o actual
quadro de ISP do qual os sectores em CELE estão isentos. Uma alteração a esta
condição pode contribuir para diferenças mais relevantes a nível das emissões e na
receita fiscal.
4. [MODEM] No contexto do modelo MODEM, aplicando a taxa de 15€/tCO2 apenas
aos sectores Não CELE estimaram-se impactos directos na receita fiscal relativa a
impostos sobre os combustíveis fósseis representando cerca de 62% do impacto
estimado aplicando essa taxa a todos os sectores, tendo-se estimado (como modelo de
preços acoplado ao MODEM) um impacto no deflator do PIB de 0,3%. O impacto no
PIB, estimado com o MODEM, sem reciclagem da receita, é também negativo (-
0,3%).
3.9.2 Limitações da abordagem
1. Os resultados acima apresentados saíram de quatro modelos que representam
âmbitos e tradições muito díspares e nem sempre possíveis de compatibilizar. A forma
harmoniosa como os resultados foram apresentados, procurou minimizar este facto
mas não pode nem deve escondê-lo.
2. Quando se usam modelos tão diferentes – algo que aliás é comum na literatura
sobre esta temática – é sempre feito um esforço para compatibilizar os modelos. Este
esforço vai por vezes ao ponto de os integrar num todo computacionalmente coerente
e outras vezes de modo a permitir a transmissão de informação entre modelos. Em
muitos outros casos, os modelos são considerados na sua individualidade e fica à arte
dos modeladores sincronizar os modelos como possível. Este é o caso da presente
análise já que limitações de tempo não permitiriam uma integração mais profunda.
De qualquer modo, a sincronia completa entre os diferentes modelos aqui usados seria
impossível de atingir mas a sua ausência implica alguma variação nos resultados entre
modelos.
97
3.9.3 Limitações de natureza metodológica
1. Ausência de análise de efeitos distributivos. Os efeitos de bem-estar sobre os
diferentes grupos de consumidores resultantes do imposto sobre o carbono estão
directamente relacionada com a parte das despesas de consumidor que são dedicadas a
bens energéticos. Produtos energéticos são bens necessários para as famílias. Assim, a
fracção da despesa familiar afecta à energia é maior entre as famílias de mais baixo
rendimento. Como resultado, as variações compensatórias induzidas pela introdução
do imposto são maiores para as famílias de mais baixos rendimentos. Estas diferenças
podem ser substanciais com os efeitos de bem-estar entre os grupos de mais baixo
rendimento a serem por vezes quatro vezes maiores do que aqueles entre os grupos de
rendimento mais elevado. Esta regressividade do imposto sobre o carbono deve ser
abordada através dos necessários ajustamentos em sede de IRS e no contexto de uma
visão mais abrangente da reforma fiscal.
2. Como já referido o modelo TIMES_PT assume condições muito particulares como
a existência de um mercado perfeito, com consumidores na posse de toda a
informação, e com conhecimento do futuro (foresight simulation), e não considera
qualquer limitação de recursos financeiros por parte de nenhum agente. Nestas
condições, a solução fornecida traduz o ótimo global para o sistema energético no
período de tempo em análise. Esta abordagem tem a desvantagem de traduzir um
contexto pouco realista, mas ao apresentar resultados puros do ponto de vista da
tecnologia, permite identificar, sem dúvidas, o impacto potencial dos instrumentos de
política na sua adoção ou aceleração. Neste contexto, os resultados derivados do
modelo TIMES_PT são potenciais otimistas. Os comportamentos dos agentes
económicos, normalmente pautados por níveis de inércia, e a limitação de recursos
financeiros, são dois dos principais fatores que moldam novos investimentos e
atitudes no sistema energético e que não são considerados no presente exercício.
98
4. REFLEXÕES FINAIS
Apresenta-se aqui um sumario dos resultados e das recomendações que deles derivam
(4.1) bem como um conjunto de reflexões que não saído directamente dos resultados
são por ela inspirados (4.2) e finalmente alguma reflexões avulsas de natureza mais
geral (4.3).
4.1 Sumário dos resultados da análise
Apresentam-se aqui recomendações directamente saídas dos resultados da análise.
1. Do ponto de vista estritamente tecnológico, o impacto máximo esperado da
aplicação do imposto de 15 euros é uma redução de emissões pouco significativa,
quer em valor absoluto, quer quando comparado com o resulta do stock de eficiência
energético identificado para o sistema energético nacional. Isto significa que o valor
de 15 euros é um sinal fraco para que possamos esperar alterações tecnológicas.
2. Em termos da análise económica, foram identificados importantes efeitos
ambientais, económicos, e orçamentais associados a introdução de um imposto de 15
euros sobre as emissões de CO2. Na sua versão mais simples este imposto teria efeitos
positivos nas emissões mas negativos na economia – PIB e emprego.
3. É possível, contudo, desenhar uma taxa de carbono com três dividendos ou seja, um
imposto que ao mesmo tempo gere efeitos importantes em termos de redução de
emissões e que tenha efeitos económicos e orçamentais duradoiros que sejam ou
positivos ou pelo menos neutrais. Isto depende do uso criterioso das receitas fiscais
por ele geradas de modo a neutralizar ou inverter os seus efeitos económicos e
orçamentais negativos. As formas de reciclagem das receitas fiscais do imposto sobre
o carbono que parecem mais prometedoras consistem em usar tais receitas para
financiar reduções das contribuições sociais, do IRS bem como subsídios ao
investimento privado. A ideia de usar as receitas fiscais de um imposto sobre carbono
99
de modo a ajudar a consolidação orçamental está em sintonia com as recomendações
das instâncias internacionais – OCDE e FMI por exemplo.
4. Foram identificados importantes efeitos ambientais, económicos e orçamentais da
evolução esperada dos preços internacionais dos combustíveis fósseis. Os seus efeitos
ambientais vão em termos gerais no sentido de levar a uma redução significativa das
emissões de CO2 a qual contudo está associada a efeitos económicos e orçamentais
negativos.
5. Foram identificadas importantes oportunidades tecnológicas que através do
aumento da eficiência energética poderiam levar a uma redução significativa das
emissões de CO2 e ao mesmo tempo induzir benefícios económicos e orçamentais
desejáveis.
6. Do ponto de vista tecnológico um imposto de 15 euros por tonelada de CO2 pode
levar a uma redução de 2,4% em relação ao status quo; a evolução dos preços dos
combustíveis fósseis a 1.5%; e o aumento de eficácia energética a mais cerca de 20%
em 2030. O total acumulado destes efeitos rondaria os 23,9%.
7. Em termos económicos gerais, um imposto sobre o carbono de 15 euros por
tonelada pode levar a reduções de emissões de cerca de 10,9% em relação ao status
quo; a evolução dos preços dos combustíveis fósseis a 6,1%; e o aumento de eficácia
energética a cerca de 11,3%, todos 2030 e em relação ao status quo. O total
acumulado destes efeitos rondaria os 28,3%.
8. De acordo com a hipótese de trabalho inicialmente assumida de que os efeitos
tecnológicos são melhor captados pelo modelo TIMES_PT e os económicos melhor
captados pelo modelo DGEP, o potencial para a redução de emissões alcançado pode
atingir os 39,4% dos quais 13,3% ou seja cerca de um terço seria associado à
introdução de um imposto sobre o carbono no valor de 15 euros. O restante seria
devido à evolução dos preços internacionais dos combustíveis – 6,1%, e ao aumento
de eficiência energética.
100
4.2 Outras reflexões inspiradas pelos resultados da análise
Apresentam-se aqui reflexões não necessariamente saídas dos resultado da avaliação
técnica mas directamente inspiradas pelos resultados apresentados.
1. É importante que o imposto sobre o carbono seja implementado como um imposto
autónomo sobre as emissões de carbono - fora dos impostos já existentes. Isto seria
um sinal importante para o público no sentido de incentivar comportamentos
ambientalmente favoráveis o que é fundamental para também se poder captar e fazer
materializar o grande potencial de eficiência energética que identificamos. Um
imposto de carbono mascarado de outra coisa perderia este efeito e poderia ser visto
pelo público apenas como mais um imposto. Claro que existe também a preocupação
política com introduzir um novo imposto mas aqui ter-se-ia que capitalizar a
sensibilidade do público para com as questões ambientais. Tem-se contudo a noção de
que em primeiro lugar na comissão já foi decidido adoptar a versão sem criação de
novos impostos e que por outro lado o recente exemplo francês parece mostrar que
esta abordagem é mais fácil de passar nos tribunais e na opinião pública. Assim
mesmo esta ideia vai no sentido das recomendações das instâncias internacionais que
impostos ambientais devem directamente e claramente atingir os comportamentos
indesejáveis do ponto de vista ambiental – ver por exemplo a OCDE e o FMI.
2. O imposto ambiental deve ser credível e previsível para induzir comportamentos
ambientais desejáveis. Isto enquadra-se directamente na problemática dos efeitos de
inercia da evolução dos preços internacionais dos combustíveis fósseis. A
imprevisibilidade destes traduz-se num sinal de mercado instável por parte do imposto
sobre o carbono. Com uma evolução negativa dos preços de combustíveis fósseis
(preços a subir) o imposto escolhido pode ser excessivo para os seus objectivos
ambientais ao passo de que uma evolução positiva dos preços (preços a descer)
significa que o imposto não é4 suficiente para alcançar os objectivos propostos. Uma
maneira de evitar isto seria ter um preço de mercado dos combustíveis pré-
determinado e deixar o imposto absorver as flutuações de preço. Compreendem-se
101
naturalmente as preocupações orçamentais com esta incerteza já que seria o
orçamento a absorver a incerteza no custo dos combustíveis. Esta ideia esta conforme
as recomendações das instâncias internacionais.
3. Seria importante garantir que todos os tipos de utilizadores e de emissores pagam o
mesmo preço do carbono. A ideia de que o custo das emissões deve ser tao abrangente
como possível e proporcional aos danos causados está na linha das recomendações
das organizações internacionais – OCDE e FMI por exemplo.
4. Neste contexto, a existência de sectores CELE e não CELE deve ser motivo de
reflexão. Não se pode introduzir um imposto sobre o carbono que crie um preço do
carbono diferente para os dois sectores. Dados ao baixos valores do carbono no
mercada de emissões isso efectivamente tornaria as emissões muito mais baratas para
os sectores CELE. Por muito controversa que possa ser pode ser necessária uma
sobretaxa de carbono para os sectores CELE para normalizar o preço de mercado do
carbono por cima. A normalização por baixo ou seja ao nível do preço de mercado
que os CELE fazem face seria uma possibilidade. Neste caso, imposto sobre as
emissões de dióxido de carbono poderia ser indexado ao preço do carbono no
mercado das emissões. Esta alternativa contudo levaria a efeitos nas emissões
negligenciáveis. Esta hipótese assume relevância sobretudo num contexto de marcar
progresso na área ambiental através da introdução pela primeira vez de um
instrumento fiscal de tributação das emissões de dióxido de carbono. Para além disso
projectam-se subidas significativas nos próximos trinta anos no valor do preço do
carbono no mercado das emissões pelo que os efeitos ambientais tenderiam a tornar-
se eles próprios mais significativos. De todos os modos e também neste contexto o
leilão de emissões a todos os sectores CELE é fundamental.
5. A reciclagem das receitas do imposto sobre as emissões de dióxido de carbono
através de um mix de reduções de IRS, TSU e aumento do crédito fiscal ao
investimento privado levaria a uma mudança muito desejável na estrutura de custos de
produção da nossa economia, aumentando o custo do uso de energia em particular a
102
com efeitos negativos em termos de emissões, e ao mesmo tempo diminuir os custos
do factor trabalho e do factor capital.
6. A reciclagem através de reduções das contribuições patronais para a segurança
social – TSU - apesar de desejável de um ponto de vista económico em termos de
produto e emprego no desenho do imposto sobre as emissões de carbono (funciona de
modo parecido a uma desvalorização fiscal) tem de ser acompanhada de mecanismos
que garantam que esta situação não prejudica a sustentabilidade de longo prazo das
contas da segurança social. Por outro lado esta forma de reciclagem tem de ser
implementada de forma muito cuidada para evitar problemas de economia política
como os que se observaram há cerca de um ano em Portugal.
7. Compensar se e quando necessário preocupações de equidade fora do âmbito do
imposto sobre o carbono para não neutralizar os efeitos sobre as emissões do dito. Por
exemplo compensações as famílias deveriam ser feitas se necessário em sede de IRS.
Esta sugestão esta de acordo com as recomendações das instancias internacionais –
OCDE e FMI por exemplo. De notar que a possibilidade de reciclar receitas através de
reduções do IRS acima mencionada, além dos seus efeitos a nível de eficiência
económica, prestar-se-ia também a esta função – bastaria de facto introduzir uma
redução do IRS que privilegiasse as famílias de menores rendimentos.
8. Compensar se e quando necessário preocupações de competitividade fora do
âmbito do imposto sobre o carbono para não neutralizar os efeitos sobre as emissões
do dito. Esta é em particular o caso da perda de competitividade dos sectores CELE
(na componente apenas dos que têm licenças gratuitas) face aos seus congéneres
europeus, pelo menos. É esse o objectivo para que foram criadas as licenças gratuitas
que aqui poderiam ser revogadas. Em termos gerais, as compensações às empresas
deveriam se necessário ocorrer separadamente em sede de IRC e não em termos
directamente ambientais. Esta sugestão esta de acordo com as recomendações das
instancias internacionais – OCDE e FMI por exemplo. De notar que a possibilidade de
reciclar receitas através de reduções do TSU ou através dos créditos fiscais ao
investimento, como acima mencionados, além dos seus efeitos a nível de eficiência
103
económica, prestar-se-iam também a esta função – bastaria de facto introduzir uma
redução da TSU ou incentivos fiscais ao investimentos que descriminassem
positivamente os sectores mais vulneráveis.
9. Uma vez que a utilização de transporte individual pelas famílias é responsável por
cerca de 20% do total de emissões de CO2 associadas a combustão, (apresentando o
seu peso uma tendência crescente) poderia ser também interessante aplicar a receita
da taxa de carbono em medidas para incentivar a utilização de transportes colectivos
em alternativa ao transporte individual, sugerindo-se, designadamente: aumentar os
subsídios aos transportes colectivos (subsídio ao produto), reduzindo o seu preço, com
particular incidência nos menos poluentes (comboio eléctrico, metros, carros
eléctricos); construção de parques de estacionamento junto às estações de
comboio/metro dos subúrbios das grandes cidades (designadamente, Lisboa), com
preço de utilização nulo ou apenas simbólico para os detentores de passe social;
investimentos com vista à melhoria da oferta de transportes públicos urbanos e
suburbanos, designadamente em infra-estruturas e equipamentos ferroviários e metros
e em transportes rodoviários mais eficientes do ponto de vista energético e ambiental.
10. Pode ser importante explorar a possibilidade de reciclagem da receita através de
uma despesa final (consumo público ou investimento) que possua um elevado
conteúdo de valor acrescentado nacional (directo e indirecto) para possibilitar um
impacto positivo de curto-prazo na economia e que simultaneamente tenha efeitos
positivos expectáveis no longo-prazo, em termos de potenciar o aumento da
capacidade produtiva da economia e da qualidade da sua produção. Tal parece ser o
caso das despesas que contribuam para o aumento do capital humano (despesas de
educação e formação) e o progresso científico e tecnológico (caso das despesas com
I&D). A longo-prazo o maior efeito multiplicador do investimento em capital humano
no PIB relativamente às outras despesas decorre do maior impacto deste investimento
no aumento do produto potencial. Há ainda a considerar os possíveis efeitos positivos
na coesão social que poderão advir do investimento em capital humano (despesas com
educação e formação) ao potenciar maior igualdade de oportunidades para pessoas
104
originárias de camadas mais desfavorecidas por via da melhoria do seu nível de
educação e formação.
4.3 Outras reflexões gerais
Trata-se agora de apresentar reflexões sobre a problemática da imposição sobre o
carbono que não são nem directamente dos resultados da anlise nem são por eles
inspirados.
1. Existe necessidade imperiosa de usar da maior transparência e de desenvolver os
maiores esforços de comunicação activa com os stakeholders para garantir o sucesso
da reforma.
2. Futuramente poder-se-ia pensar em fazer incidir o imposto sobre o carbono não
apenas sobre o consumo de combustíveis fósseis mas também sobre os outros bens de
consumo, considerando o seu conteúdo total (directo mais indirecto mais o
incorporado nos produtos importados) em emissões de CO2 equivalente (gases com
efeito de estufa) por euro de consumo, isto é, associadas a toda a respectiva cadeia
produtiva (dentro e fora do país), desde a extracção das matérias-primas,
transformação, transporte e comercialização do produto.
3. Um imposto sobre o carbono é apenas uma peça no arsenal que tem de ser usado
para abordar os problemas das emissões. A limpeza dos subsídios a actividades
nocivas ao ambiente é pelo menos igualmente importante.
4. Finalmente, poder-se-ia pensar em taxar, no futuro, não apenas as emissões de CO2
e de outros gases com efeito de estufa, mas também as emissões de outros poluentes e
a produção de resíduos.
105
REFERÊNCIAS
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Planeamento e Relações Internacionais (DPP), Documento de Trabalho nº 2.
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Portugal, 2008, Lisboa, Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais (DPP),
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Heine, Dick, John Norregaard, e Ian Parry. 2012. Environmental Tax Reform: Principles from theory
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Seixas, Júlia e Patrícia Fortes. 2014. “Avaliação do Impacto da Taxa de CO2 no Sistema
Energético Nacional e Indústria em Portugal: modelação com o modelo tecnológico TIMES_PT”.
Center for Environmental and Sustainability Research (CENSE). Faculdade de Ciências e
Tecnologia, Universidade Nova de Lisboa. Caparica. Ver ANEXO III.
Seixas, J., Sofia Simões, João Cleto. 2007. TIMES_PT - O modelo TIMES e sua aplicação a Portugal.
Junho 2007. Center for Environmental and Sustainability Research (CENSE). Faculdade de Ciências e
Tecnologia, Universidade Nova de Lisboa. Caparica.
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