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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO VEZ DO MESTRE
SUPERVISÃO DERRUBANDO MITOS DA
INCLUSÃO
POR: ENEIDA FERREIRA CARDOSO
ORIENTADOR: CARLOS ALBERTO CEREJA DE BARROS
RIO DE JANEIRO
MARÇO/2004
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO VEZ DO MESTRE
SUPERVISÃO DERRUBANDO MITOS DA INCLUSÃO
POR: ENEIDA FERREIRA CARDOSO
Apresentação de monografia a
Universidade Candido Mendes – Projeto
A Vez do Mestre, como condição prévia
para a conclusão do curso de
especialização em Supervisão Escolar.
RIO DE JANEIRO
MARÇO/2004
AGRADECIMENTOS
A Deus, por ter concedido a oportunidade de ter uma família que
compreende, ajuda e ama;
Ao meu marido Gilberto Franco Cardoso e minha filha Camila
Ferreira Cardoso.
DEDICATÓRIA
Ao meu filho Caio Ferreira Cardoso por me oferecer a
experiência de vida necessária à Educação com alunos tão
especiais.
RESUMO
Portadores de necessidades educacionais especiais devem ser incluídos em
salas regulares, para demonstrar que a inclusão é benefício para todos, e que sadios
sentimentos de respeito às diferenças, como cooperação e solidariedade, podem ser
desenvolvidos em todos os alunos. É na escola que ajudaremos a formar cidadãos
comprometidos com a legitimação de uma sociedade melhor. É com uma Escola
comprometida com a formação integral do educando para que os “anormais” e os
“diferentes” de hoje sejam aceitos e respeitados pela sociedade vigente ou, quem sabe,
futura.
METODOLOGIA
O suporte metodológico foi dado por material teórico para discutir conceitos
como educação inclusiva e por documentos e leis referentes ao tema, tais como a
Declaração de Salamanca (1994), o Núcleo Curricular Básico Multieducação (1996) a
Leis de Diretrizes e Bases Nacionais (1996) e as Diretrizes Nacionais para a Educação
Especial na Educação Básica (2001) e pesquisa de campo realizada através de
entrevistas com professores de classes especiais, professores de classes regulares e
professores de classes regulares com alunos integrados a fim de estabelecer
comparações e opiniões adversas a respeito do assunto.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 7
1. INCLUSÃO: CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES 10
2. EDUCAÇÃO INCLUSIVA: UM DESAFIO EM PROCESSO 19
3. OS BENEFÍCIOS DA INCLUSÃO 34
4. PESQUISA DE CAMPO: OS PROFESSORES DO CONTEXTO
INCLUSIVO 43
CONCLUSÃO 65
BIBLIOGRAFIA 67
ANEXOS 69
ÍNDICE 70
FOLHA DE AVALIAÇÃO 71
INTRODUÇÃO
Na história da educação brasileira percebemos que durante muitos anos a
educação especial foi desprestigiada e, muitas vezes, mal interpretada tanto pelos
dirigentes de nosso país como por toda sociedade.
Como decorrência dos debates sobre a universalização da educação, na
Conferência Mundial sobre Necessidades Educativas Especiais, onde reuniu delegados
de 92 governos e 25 ONGS em Salamanca na Espanha em junho de 1994.
Em Salamanca foram reafirmados o direito à educação de cada indivíduo,
conforme a Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948) incluindo nele, por
extenso, as nossas crianças especiais. Ela reflete a decisão política e pedagógica de se
promover uma educação para todos.
A Declaração de Salamanca contém ainda, linhas de ação para a elaboração
de planos nacionais de educação para todos, inspirados na vontade política e popular de
cunho democrático.
Nesta proposta, a educação destes alunos ocorre dentro do sistema regular
de ensino.
Porém, a declaração não deixa de enfocar as necessidades decorrentes tanto
das deficiências quando das dificuldades de aprendizagem.
A declaração coloca que pelo fato de já termos experimentado dificuldades
de aprendizagem em algum ponto de nossa escolarização, podemos dizer que já fomos
portadores de necessidades educacionais em algum momento de nossa vida. Então, as
escolas inclusivas devem adotar uma pedagogia centrada na criança. Eles têm de
respeitar sua diversidade e sua individualidade e ser capaz de educar, com qualidade
todas elas.
Em tal proposta, aos sistemas de ensino cabem aprimorar seus sistemas
educacionais para incluir a todos. Para que isso seja uma realidade, a educação inclusiva
deve ser adotada em forma de lei, matriculando todas as crianças em escolas regulares.
Além disso, deve ser assegurado o treinamento especializado aos professores de escolas
regulares no que diz respeito às necessidades especiais.
O processo de inclusão no Brasil, está ocorrendo gradativamente e, muitas
vezes, de maneira equivocada. A inclusão, assim como tudo que é novo, causa grandes
impactos principalmente por parte dos profissionais da educação, que ainda resistem em
acertar um aluno portador de necessidades especiais em suas classes regulares.
Essa resistência diz respeito principalmente, à sua formação, pois eles ainda
se consideram muito despreparados para interagir com esses alunos. Tal receio reflete
explicitamente uma falha na formação desses profissionais.
Além da resistência dos profissionais, o processo de inclusão tem
encontrado dificuldades tais como a desinformação do público em geral a respeito deste
processo; o desconhecimento das adaptações necessárias para atender as necessidades
do aluno; a estrutura física dos prédios escolares, muitas das vezes não-adaptados para
os portadores de necessidades; as dificuldades em realizar mudanças no currículo; na
organização da escola, na avaliação e na filosofia da escola. Percebemos que nos
sistemas estadual e municipal do Rio de Janeiro há uma mobilização e um
comprometimento em promover, além da inclusão escolar, a inclusão social do
indivíduo portador de necessidades educacionais especiais.
Nesta pesquisa procurei responder as seguintes questões: (a) que ações
devem ser realizadas para que a inclusão aconteça de fato nas escolas de ensino
fundamental; (b) quais as principais dificuldades encontradas pelos professores para
desenvolver o trabalho educativo com alunos especiais nas classes regulares; (c) de que
modo os professores devem ser preparados para a inclusão de alunos especiais em
classes regulares.
O suporte metodológico foi dado por material teórico para discutir conceitos
como educação inclusiva e por documentos e leis referentes ao tema, tais como a
Declaração de Salamanca (1994), o Núcleo Curricular Básico Multieducação (1996) a
Leis de Diretrizes e Bases Nacionais (1996) e as Diretrizes Nacionais para a Educação
Especial na Educação Básica (2001). Tal teorização se mostra imprescindível para a
análise das entrevistas com professores de classes especiais, professores de classes
regulares e professores de classes regulares com alunos integrados a fim de estabelecer
comparações e opiniões adversas a respeito do assunto.
Os resultados estão organizados no presente trabalho de conclusão através
de quatro capítulos. No capítulo 1, Inclusão: considerações preliminares;
contextualizamos a inclusão historicamente através de seus aspectos legais e define o
aluno que está sendo incluído nas turmas regulares do Ensino Fundamental. No capítulo
2, Educação inclusiva: desafio em processo, procuramos definir os conceitos oriundos
da educação inclusiva e ressaltar algumas ações dos secretários de educação e das
unidades escolares a fim de garantir a inclusão de alunos P.N.E. no ensino fundamental.
Procuramos também destacar algumas contribuições de teoria histórico-cultural de
Vygotsky para a construção do aprendizado do aluno estudado. No capítulo3, o título é
Os Benefícios da Inclusão, ressaltamos o oferecimento de uma educação de qualidade
nas escolas inclusivas, os valores e atitudes inerentes ao processo de inclusão e a
avaliação nas salas de aula inclusive. No capítulo 4 apresentamos o resultado da
pesquisa de campo buscando averiguar as opiniões e questionamentos dos professores a
respeito do processo inclusivo que está sendo implementado nas escolas regulares do
ensino fundamental.
Acredito que esta pesquisa contribua para a inclusão no tocante a formação
dos professores, e sua conseqüente preparação para atender os alunos portadores de
necessidades especiais, a conscientização sobre a questão do preconceito devido a
estigmas históricos e culturais construídos ao longo dos anos pela sociedade e a busca
da qualidade na inclusão derrubando mitos.
1. INCLUSÃO: CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
1.1 – Histórico e Fundamentação Legal
Na época do Brasil-Império, a Constituição de 1824 consagrou o direito a
educação para todos os brasileiros. Esse direito se manteve nas constituições de 1934,
1937 e 1946.
Em 1848, a Declaração Universal dos Direitos do Homem, aprovada pela
Assembléia Geral das Nações Unidas também proclama do direito de toda pessoa à
educação, porém incorpora um outro princípio de fundamental importância: o princípio
da não-discriminação. As décadas de 50 e 60, as tendências segregativas e
centralizadoras com que as crianças especiais eram atendidas começaram a ser
questionadas. Estes surgiram a partir da discussão sobre o conceito de normalização,
que tinha como fundamento fazer com que a pessoa retardada, se assemelhasse as
condições normais da sociedade. A educação especial do Brasil, apesar de manter
características assistencialistas, começa a ter um teor educacional. Assim, a partir dos
princípios de normalização a Educação Especial no Brasil, passou por várias mudanças.
A Declaração dos Direitos da Criança, aprovada em 1959, assegura no seu capítulo
sétimo, o direito a educação gratuita de obrigatória, ao menos em nível elementar. Estes
direitos foram mantidos nas constituições brasileiras de 1969 e 1976.
Em nossa atual constituição (1988), a gratuidade e a obrigatoriedade não
foram só garantidos, como entendidos no seu artigo 205, como sendo dever do estado e
da família, como também prevê em seu artigo 208 “... atendimento educacional
especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de
ensino”. O Estatuto da Criança e do Adolescente nos seus artigos 54 e 56, faz referência
aos portadores de necessidades especiais e seus direitos, não só a educação, mas
também ao trabalho.
A educação para os portadores de necessidades especiais, está sendo uma
preocupação mundial, ela tem sido motivo de vários encontros e estudos. No ano de
1990 na Tailândia aconteceu a Conferência Mundial de Jomtiem sobre “Educação para
Todos”. Destacou-se nesta reunião a necessidade de oferecer oportunidades de uma
educação duradoura para todos. Na Espanha, no ano de 1994, durante a Conferência
Mundial de Necessitados Educacionais Especiais, foi aprovada a Declaração de
Salamanca, cujos principais norteadores são o reconhecimento das diferenças;
atendimento as necessidades de cada um; a promoção de uma educação de qualidade
para todos, o reconhecimento da importância da escola para todos” e a formação dos
professores. Os aspectos político-ideológicos que estão embutidos nos princípios desta
declaração nos levam a pensar num mundo inclusivo dentro do qual todos tem direito a
participação na sociedade.
A lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 9394/96,
regulamentou as grandes linhas estabelecidas pela constituição. Nestas leis temos pela
primeira vez um a capítulo (V) destinado a educação especial, cujos detalhamentos são
fundamentais: garantia de matrícula para os portadores de necessidades especiais,
preferencialmente na rede regulas de ensino; criação de apoio especializado, para
atender as peculiaridades dos alunos especiais; especialização dos professores. Alguns
outros destacam a importância da lei 9394/96 ter um capítulo destinado a essa
modalidade de ensino.
Com a elaboração dos parâmetros curriculares nacionais em 1997 nos quais
é abordada a diversidade. Vemos, no tocante a adaptação, curricular, a clara necessidade
de adequar objetivos, conteúdos e critérios de avaliação, de forma a atender as
peculiaridades dos alunos. Numa abordagem geral, temos o tema interação e
cooperação, que coloca um dos objetivos da educação escolar como ensinar alunos a
conviver em grupos valorizando sua contribuição e respeitando suas características e
limitações, e de uma forma mais específica, temos as adaptações curriculares-
estratégicas para a educação de alunos com necessidades especiais.
Contudo, mesmo com todas essa leis e adaptações, estabelecimentos de
parâmetros, e tantas outras ações pensadas e elaboradas, o que está sendo feito ainda é
muito pouco o que se oferece. Na prática deparamos com obstáculos e resistências de
toda ordem. Precisamos superar práticas excludentes em nossa sociedade, e a escola é o
ponto de partida para as mudanças de valores e atitudes. É na que vamos começar
aprender desde pequeno a conviver e respeitar não só as diferenças, mas também as
especificidades de cada ser humano, por isso a escola é o ponto das mudanças. É na
escola que ajudamos a formar cidadãos comprometidos com a legitimação de uma
sociedade melhor. Pois esta é um espaço político de construção de conhecimentos, de
consciências críticas, de valores e de atitudes. Portanto, é uma escola comprometida
com a formação integral do educando que contribuiremos para que os “anormais”, os
“diferentes” de hoje sejam aceitos e respeitados pela sociedade de hoje ou quem sabe,
futura. A inclusão atualmente é um processo que já não é mais uma proposta para a
educação, ela é um fato que exige de nos, não só mudanças de postura, mas uma busca
constante de caminhos para sua efetivação.
O que acreditamos de fato é que o melhor caminho para combater a
exclusão, e que todos sejam incluídos dando-lhes igualdade inicial de oportunidades,
através da convivência com as pessoas “ditas normais” dentro de escolas nas quais
estariam inseridas se não tirassem deficiência ou dificuldades.
O mundo é dotado de diversidade e se até agora os profissionais da
educação não se conscientizaram de que os indivíduos são parte da diversidade, então,
estabelecemos uma escola inclusiva, se faz urgente, para que os profissionais da
educação entendam o que na prática, está diante de nós desde que a escola foi
institucionalizada que os alunos não são iguais e que sempre nos exigem adaptações e
atividades diversificada para que a aprendizagem se dê efetivamente com qualidade.
Lutemos nós: pais, professores, instituições, etc para que as lei realizem-se
para que a sociedade se adapte às particularidades e necessidades de cada indivíduo e
conscientize-se dos direitos que nossas crianças especiais têm.
1.2 - O Portador De Necessidades Educacionais Especiais
A expressão alunos ou crianças excepcionais foi substituída por crianças,
jovens e adultos com necessidades educacionais especiais e ratificada
internacionalmente na Declaração de Salamanca. No Brasil, em 1986, o MEC já
adotava tal designação que passou afigurar como portadores de necessidades
educacionais especiais (P.N.E.E.) na Política Nacional de Educação Especial
(SEESP/MEC/1 994), na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN, Lei
n. 9.394/96) e, finalmente, nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a educação
especial (MEC, 2001). Portanto, a nomenclatura está oficialmente consagrada até que
seja destituída pela hegemonia de uma nova concepção.
Segundo a Declaração de Salamanca, os P.N.E.E. são “todas aquelas
crianças ou jovens cujas necessidades educacionais especiais se originam em função de
deficiências ou dificuldades de aprendizagem” UNESCO (1994, p. 18). Tal conceito
também está relacionado às crianças ou jovens que por algum motivo não estão
conseguindo se beneficiar com a escola. Tal assertiva pode ser visto neste parágrafo do
ensaio “Era uma vez” Mantoan (2001, p. 4) de Silvana Santos.
“Dessa maneira, o conceito de
necessidades educacionais especiais
passou a incluir, além das crianças com
deficiência, aquelas que estão
experimentando dificuldades temporárias
ou permanentes na escola, as que estão
repetindo continuamente o ano escolar, as
que são forçadas a trabalhar, as que
vivem nas ruas, as que moram distantes
de qualquer escola, as que vivem em
condições de extrema pobreza ou que
sejam desnutridas, as que sejam vítimas
de guerras e conflitos armados, as que
sofrem de abusos contínuos, sejam eles
físicos, emocionais ou sexuais, ou as que
por variadas razões estão marginalizadas
ou excluídas do processo educacional, ou
seja, as que estão fora da escola seja por
que motivo for.”
De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais para a
educação especial SEESP/MEC (1999, p. 21):
“a expressão necessidades educacionais especiais pode ser
utilizada para referir-se a crianças e jovens cujas necessidades
decorrem de sua elevada capacidade ou de suas dificuldades
para aprender. Está associada, portanto, a dificuldades de
aprendizagem, não necessariamente vinculada a
deficiência(s)”.
No entanto, a atual Política Nacional de Educação classifica os alunos
P.N.E.E. como portadores de deficiência física, auditiva, visual, mental e múltipla e
portadores de superdotação e de condutas típicas.
De acordo com a Secretaria de Educação Especial do Ministério da
Educação, a deficiência física é uma:
“...variedade de condições não sensoriais
que afetam o indivíduo em termos de
mobilidade, de coordenação motora ou da
fala, como decorrência de lesões
neurológicas, neuromusculares e
ortopédicas, ou, ainda, de malformações
congênitas ou adquiridas.” PCN (1999,
p.26)
Enquanto a auditiva é a “perda total ou parcial, congênita ou adquirida, da
capacidade de compreender a fala por intermédio do ouvido. Manifesta-se como surdez
leve/ moderada (...) e surdez severa/profunda...“ SEESP/MEC (1999, p.25).
A deficiência visual é caracterizada como “a redução ou perda total da
capacidade de ver com o melhor olho e após a melhor correção ótica.Manifesta-se
como cegueira (...) e visão reduzida...” SEESP/MEC (1999, p. 26).
Com relação à deficiência mental, a Secretaria de Educação
Especial do Ministério da Educação menciona que:
“Caracteriza-se por registrar um funcionamento intelectual
geral significativamente abaixo da média, oriundo do período
de desenvolvimento, concomitante com limitações associadas a
duas ou mais áreas da conduta adaptativa ou da capacidade do
indivíduo em responder adequadamente às demandas da
sociedade, nos seguintes aspectos: comunicação, cuidados
pessoais; habilidades sociais; desempenho na família e
comunidade; independência na locomoção; saúde e segurança;
desempenho escolar; lazer e trabalho. “ SEESP/MEC (1999, p.
26)
A deficiência múltipla se afigura como “a associação, no mesmo indivíduo
de duas ou mais deficiências (mental/visual/auditiva/física); com comprometimentos
que acarretam atrasos no desenvolvimento global e na capacidade adaptativa”
SEESP/MEC (1999, p.27).
Enquanto a superdotação é caracterizada como:
“Notável desempenho e elevada potencialidade em qualquer
dos seguintes aspectos isolados ou combinados: capacidade
intelectual geral; aptidão acadêmica específica; pensamento
crítico ou produtivo; capacidade de liderança; talento especial
para artes; capacidade psicomotora.” SEESP/MEC (1999, p.
25)
As condutas típicas são colocadas como:
“Manifestações de comportamento típicas de portadores de
síndromes e quadros psicológicos, neurológicos ou
psiquiátricos que ocasionam atrasos no desenvolvimento e no
relacionamento social, em grau que requeira atendimento
especializado.” SEESP/MEC (1999, p. 25)
Portadores de necessidades educacionais especiais são, para nós, todas as
pessoas que necessitam de recursos diferenciados ou especializados para que possam
desenvolver plenamente suas potencialidades e/ou superar ou minimizar suas
dificuldades.
Consideramos que o termo “necessidades educacionais especiais” contribui
para a superação da conotação pejorativa que sempre foi dada ao termo portador de
deficiências e amplia o número de educandos que exigem das escolas respostas
específicas e adequadas às suas necessidades especiais. Portanto, este termo considera
que qualquer aluno pode necessitar, mesmo que temporariamente, de uma atenção
especial por parte do sistema escolar.
Para alguns autores a extensão do termo é tão ampla que se torna difícil
perceber quem não apresenta necessidades educacionais especiais, por isso, podemos
dizer que todo aluno é especial e toda escola é especial em sua singularidade, em sua
configuração natural ou física e histórico-social.
Focalizando a educação de alunos com deficiências físicas, sensoriais
(visuais e auditivas) ou mentais, é importante salientar que, da mesma maneira que os
demais alunos em uma determinada realidade escolar, esses educandos apresentarão
necessidades educacionais comuns e especiais em relação ao que deles se espera e ao
que lhes é oferecido na escola. Portanto, somente nas situações concretas em que se
encontram os alunos nas escolas é que poderemos chegar a interpretar as necessidades
educacionais escolares como comuns ou especiais. Assim sendo, será mediante a análise
de cada relação aluno-escola, em particular, que poderão ser identificadas as
necessidades educacionais comuns e especiais a atender.
No entanto, é importante lembrar que:
“um aluno tem necessidades educativas
especiais quando apresentar dificuldades
maiores que o restante dos alunos da sua
idade para aprender o que está previsto
no currículo, precisando assim de
caminhos alternativos para aprender.”
S.M.E./RJ (1996, p.194)
Com esta afirmação, consideramos pertinente atentar para o fato de que
antes de rotular um aluno como P.N.E.E. é necessário fazer uma observação constante e
se utilizar os mais variados recursos pedagógicos a fim de desafiar estas necessidades na
tentativa de superá-las. Caso as tentativas não obtenham sucessos, poderemos
considerar um aluno como P.N.E.E.
Os alunos P.N.E.E. têm condições e são capazes de aprender, contudo, além
dessa aprendizagem ocorrer por caminhos diferenciados, estes alunos também
necessitam de mais ajuda que os seus companheiros da mesma idade para se
desenvolver e/ou aprender. Essa ajuda pode ser dada pelo professor e pelos colegas da
classe em atividades do dia-a-dia e na resolução das tarefas escolares. Da mesma forma,
os recursos pedagógicos utilizados pelo P.N.E.E., ao nosso ver, são igualmente uma
forma de ajuda em seu desenvolvimento e aprendizado.
Com isso, é necessário que o professor tenha claro em sua prática
pedagógica que o aluno P.N.E.E. tem limitações, mas que estas não impedem sua
aprendizagem, elas apenas impõem um respeito aos ritmos de aprendizagem de ~te
alunado com relação aos seus colegas de classe que certamente também possuem ritmos
diferenciados de aprendizagem entre si, pois são diferentes e possuem cada um o seu
próprio “tempo” para aprender.
A partir da constatação de que os alunos são diferentes e que têm seus
ritmos próprios de compreensão dos conhecimentos necessários para sua escolarização,
enfatizamos a necessidade das escolas considerarem a diversidade existente nas salas de
aula.
Vemos em nosso cotidiano escolar vários alunos sendo enviados às classes
ou escolas especiais por conta do sistema regular de ensino considerar que o aluno
P.N.E.E. não está apto para freqüentar estas salas de aula, devido à falsa crença de que
as salas de aula regulares são compostas por alunos homogêneos.
Alguns educadores possuem o receio de trabalhar com um aluno especial,
pois não querem se permitir conviver com o que para eles é o heterogêneo, isto é, com o
aluno que não está dentro dos padrões da normalidade estabelecidos pela sociedade.
Consideramos isso algo que afronta o princípio da igualdade que tanto pregamos em
nossos discursos.
Sabemos que para algumas pessoas nossa proposta de Educação Inclusiva
parece utópica, já que o sistema regular, infelizmente, não está conseguindo superar as
expectativas e as necessidades da clientela “normal”, oferecendo-lhes uma educação de
pouca qualidade.
No entanto, verificamos que as escolas ou classes especiais não estão na
vanguarda do oferecimento de uma educação de qualidade para nossos alunos especiais,
muito menos garantindo a solução dos problemas encaminhados a elas.
Diversos dados apontam que o nível de fracasso escolar verificado na
clientela da educação especial é quase tão alarmante quanto o do alunado da classe
regular, por isso consideramos importante que a educação especial atue como:
“... um ensino especializado que complemente a provisão
educacional regular, fazendo, portanto, parte desta, e não
constituindo-se em um sistema à parte, com instituições próprias
que encarecem ainda mais os serviços, sem necessariamente
melhorar a qualidade.” ANO XX (p. 5)
Por isso, defendemos a fusão desses dois tipos de ensino: o regular e o
especial, pois para nós não há necessidade de se manter dois sistemas paralelos de
ensino, já que todos nós podemos ou poderemos possuir temporária ou
permanentemente necessidades educacionais especiais.
Acreditamos que unificando a educação regular e a especial num sistema
educacional único, poderemos promover uma educação de qualidade partindo do
princípio de que todos os seres humanos possuem o mesmo valor os mesmos direitos,
por mais “especiais” que eles possam ser ou estar.
É com este pensamento que queremos construir escolas inclusivas que se
firmem como um espaço privilegiado das relações sociais para todos, não ignorando,
portanto, aqueles que apresentem necessidades educacionais especiais.
2. EDUCAÇÃO INCLUSIVA: UM DESAFIO EM PROCESSO
É importante começar a discussão a respeito deste tema com uma pergunta
necessária para compreensão do assunto: O que é INCLUSÃO?
A partir dos vários materiais que tivemos acesso, construímos nossos
próprios conceitos de inclusão.
Para nós, a inclusão está diretamente ligada ao respeito às diferenças e às
peculiaridades que cada ser humano tem ao se desenvolver, ao aprender.
Incluir é “aceitar todas as crianças como pessoas, como seres humanos
únicos e diferentes entre si” Melli (2001, p. 17) e experimentar um olhar mais humano
diante das deficiências ou dificuldades que um indivíduo apresenta.
Com isso, podemos dizer que a inclusão vê além das deficiências,
permitindo-nos enxergar, através deste olhar mais humano, as possibilidades e
potencialidades que cada pessoa possui.
Dar oportunidades para que o indivíduo Portador De Necessidades:,
Educacionais Especiais (P.N.E.E.) se desenvolva da melhor forma possível, na
convivência com as crianças “ditas normais”, preferencialmente na rede regular de
ensino é para nós o princípio fundamental da Inclusão.
Incluir é não rotular, é contribuir para a não-discriminação e para a
eliminação do preconceito, é repensar nossas práticas educativas enquanto educadoras, é
refletir sobre a Escola que temos hoje e a que almejamos construir para as futuras
gerações.
Pensar na formação do ser humano enquanto cidadão que não é somente
dotado de conhecimentos, mas também de valores fundamentais e tão raros na
sociedade em que vivemos, tais como a solidariedade, a cooperação, a tolerância, a
colaboração, a responsabilidade e o companheirismo são para nós um dos conceitos de
maior necessidade para a construção do processo de Inclusão nas escolas.
Algumas experiências bem-sucedidas em Inclusão, nos levam a acreditar
que esta por ter como princípio uma Pedagogia centrada na criança que impõem a
individualização e a diversificação do ensino, aumenta qualitativamente o rendimento
dos alunos e diminui os índices de evasão e repetência, sem contar que atitudes
positivas ou, como dissemos acima, valores são observados entre os alunos dentro das
salas de aula inclusivas.
Com isso, afirmamos que a Inclusão não deve ser entendida como de
interesse apenas para os alunos deficientes, mas igualmente para os alunos ditos
“normais” e seus professores, pois esta enriquece a todos.
Quando falamos em inclusão, percebemos muitas vezes que as pessoas de
um modo geral a relacionam apenas às pessoas portadoras de deficiências incluídas em
turmas regulares.
Contudo, o conceito de inclusão é muito mais amplo, pois além de estar
intimamente ligado com o oferecimento de uma educação de qualidade para todos,
também estabelece que as escolas devem ser inclusivas, ou seja, devem estar abertas e
preparadas para atenderem e satisfazerem às necessidades de todas as crianças “...
independentemente de suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais,
lingüísticas ou outras...” UNESCO (1994, p.18).
Com isso, podemos acreditar que o equívoco descrito anteriormente se dá
porque não há a devida discussão e conscientização a respeito do tema, o que gera a
desinformação sobre o assunto.
Por isso, como afirma Moura (2001, p.10) “Os encantos da inclusão
escolar precisam ser democratizados, para que produzam a metamorfose necessária à
sua efetivação!”. Através desta afirmativa, podemos concluir que a inclusão é um
processo que se efetivará se todas as pessoas acreditarem que esta é uma realidade
possível, viável e conhecerem seus benefícios, pois só assim conseguiremos realizar as
transformações necessárias para que as Escolas sejam realmente Inclusivas.
Reconhecemos que esta não é uma tarefa fácil, pois estas transformações
geram mudanças, que no caso, são tanto estruturais quanto atitudinais, mas necessárias
para construção não só de uma escola, mas também de uma Sociedade Inclusiva.
Por isso consideramos que a Inclusão é um desafio que deve ser assumido
por toda sociedade e, em especial, por nós educadores, já que estamos diretamente
ligados a este processo e, para tanto, necessitamos desenvolver uma competência
fundamental: olhar a heterogeneidade das salas de aula inclusivas como um fator de
enriquecimento e não de medo, angústia e/ou obstáculo.
Contudo, mesmo conhecendo a abrangência do conceito de Inclusão,
focalizaremos nosso estudo no tocante ao aluno portador de algum tipo de deficiência e
na perspectiva do professor, procurando evidenciar suas dúvidas, anseios,
posicionamentos e experiências com relação a este processo.
2.1 - Inclusão: Responsabilidade de Todos
No decorrer deste subtítulo, procuramos evidenciar algumas ações que
podem ser assumidas pelas Secretarias de Educação e pelas Unidades Escolares, a fim
de garantir a inclusão de alunos P.N.E.E. (Portador de Necessidades Educacionais
Especiais) no Ensino Fundamental.
Entendemos, pois, que a inclusão é responsabilidade de todos, portanto,
podemos dizer que as SMEs (Secretarias Municipais de Educação), as S.E.Es
(Secretarias Estaduais de Educação) e as UEs (Unidades Escolares) não devem ser as
únicas a assumir esta responsabilidade, mas pensamos que é através de ações
organizadas destas que conseguiremos atingir a sociedade, para que esta abrace o
desafio que hoje se faz urgente: inserir, incondicionalmente, todas as pessoas P.N.E.E.
no Ensino Fundamental e na Sociedade em geral.
Acreditamos que a inclusão do aluno P.N.E.E. no ensino regular, constitui
fator determinante para a construção de uma sociedade mais justa e solidária, onde o
princípio da igualdade seja garantido pela oferta de iguais condições de oportunidades
educacionais, para que todos possam desenvolver suas possibilidades e participar
ativamente na sociedade
2.1.1 - Ações das Secretarias de Educação
Quando propomos a inclusão do aluno P.N.E.E. nas escolas de ensino
regular, estamos propondo que o “eu” se transforme em “nós” e que todos abracem essa
causa reconhecendo a sua parcela de responsabilidade e de importância no
desenvolvimento desse processo.
As Secretarias de Educação à medida que enfrentam essas situações sob a
ótica da “possibilidade” e não do “obstáculo” promovem uma mudança de postura, de
olhar e de perspectiva de futuro, possibilitando construir um novo paradigma,
conquistado na convivência com a diversidade que possibilita uma realidade
transformadora.
Na verdade, acreditamos que a função das Secretarias de Educação é
garantir a todos os profissionais de educação e aos PNEE a acessibilidade (recursos); a
conscientização através de cursos de capacitação; e a criação de Programas e Projetos
que permitam um grande dinamismo em toda rede, além de um aprendizado profundo
sobre as questões teóricas e práticas que envolvem a Inclusão.
Temos como ideal propor um modo de se constituir o Sistema Educacional
de forma a considerar as necessidades de todos os alunos, estruturando-se a partir das
necessidades de cada um.
Sabemos que incluir alunos P.N.E.E. exigirá de cada professor e do sistema
de ensino uma mudança radical na forma de conceber, praticar e ser profissional da
educação. Na realidade, o objetivo da implantação dessa proposta é a busca de uma
maior compreensão deste aluno, afastando de vez o preconceito gerador de exclusão
social e, conseqüentemente, escolar.
É fundamental haver por parte da Secretaria de Educação um trabalho
pedagógico efetivo de inserção de alunos P.N.E.E. no ensino regular. Serão os
pressupostos políticos e pedagógicos da Secretaria que nortearão a construção de uma
escola aberta a todos os alunos com uma educação de qualidade.
A Prefeitura Municipal de Sorocaba, conveniada com a Universidade
Estadual de Campinas - UNICAMP, em sua experiência de inclusão de deficientes no
ensino regular da rede, propõe inicialmente, a formação de profissionais para que o
objetivo do trabalho seja alcançado com sucesso. Nesta experiência de Inclusão, houve
uma intervenção significativa por parte da S.E.C. (Secretaria de Educação e Cultura),
uma vez que forneceu condições para a disseminação do assunto entre os profissionais,
capacitando-os de forma que, ao final de sua formação, estes fossem capazes de obter
resultados relevantes quanto ao desenvolvimento global de todos os alunos, com ou sem
deficiência. Cabe ressaltar que o município de Sorocaba inicialmente trabalhou com a
integração escolar, ou seja, a inserção parcial dos alunos P.N.E.E. nas escolas de ensino
regular.
Em nossa opinião, a capacitação de professores deve proporcionar a
aplicação de um modo de intervenção que considere a diversidade dos níveis de
aprendizagem dos alunos, a fim de que esse profissional consiga adaptar um mesmo
conteúdo para níveis diferentes de desenvolvimento por meio de uma aprendizagem
ativa e cooperativa. Essa formação deverá ensinar como se constrói o conhecimento e
de que maneira estes profissionais podem intervir adequadamente na sala de aula com
qualquer aluno, oferecendo-lhe um meio escolar rico em desafios.
É de extrema importância que a Secretarias de Educação, além de manter o
atendimento educacional aos alunos PNEE, mantenha convênios com entidades
prestadoras de serviços e com entidades beneficentes na área de educação especia1
destinando a contratação de profissionais. Deverá contar também, com o serviço de
Orientação Psicológica e Atendimento Terapêutico que se divida entre os seguintes
trabalhos: orientações e treinamentos a professores nos encontros promovidos pela
Secretaria; atendimento psicoterapêutico às crianças, individual e grupal; supervisão
clínica, objetivando a qualidade dos atendimentos oferecidos; atendimentos grupais na
área psicopedagógica e atendimentos grupais para pais sobre temas específicos e no
trabalho de inclusão de alunos P.N.E.E.
Deve-se buscar na parceria avaliar os casos e atendê-los, objetivando um
desenvolvimento individual pleno dos educandos. Sendo assim, podemos afirmar que as
atribuições das Secretarias são manter um trabalho de acompanhamento e orientação no
trabalho com alunos P.N.E.E., por meio de visita de profissionais especializados às
classes; orientar diretores, coordenadores pedagógicos e professores; assegurar o
atendimento aos alunos P.N.E.E.; garantir condições físicas dos prédios para tal
atendimento e orientar sempre que possível à comunidade escolar, professores e alunos
visando a um atendimento adequado, objetivando uma estrutura que favoreça um
ambiente menos restritivo possível para os alunos P.N.E.E.
A experiência feita em Sorocaba desde 1993 nos prova ser difícil, mas
possível implementar uma inclusão que mobilize a comunidade a pensar sobre esta, não
só na educação mas também na sociedade.
As capacitações de professores devem ter como objetivo aprofundar
conhecimentos e práticas referentes à inclusão escolar dos alunos P.N.E.E. a fim de
provocar a tomada de consciência dos professores sobre as ações que lhe permitam
implantar a educação inclusiva.
2.1.2 - Ações das Unidades Escolares
A inclusão institui a inserção do indivíduo P.N.E.E. de uma forma mais
radical, completa e sistemática. Para tanto, é preciso uma mudança de postura, ou seja,
uma atitude inclusiva em que as respostas sejam buscadas no coletivo.
É, pois, nesse momento, que questionamos: Como pode a escola auxiliar
para viabilização desse processo?
Vivemos em uma Sociedade Capitalista organizada em classes, ou seja, é
baseada na classificação. Essa lógica das classes coloca os “iguais”, os que respondem
ao mesmo critério, em um mesmo lugar. Esta idéia é muito poderosa na prática.
Poderosa, porém, na condição de que, para reunir, seja necessário excluir, deixar de fora
os que nã6 caibam no critério. No que diz respeito aos “excepcionais”, aos portadores
de deficiência auditiva, física, visual, etc., foi esse o raciocínio reinante na nossa
educação. Eles estavam excluídos da escolaridade normal porque não entravam na
categoria privilegiada e formavam uma outra classe de pessoas, uma outra classe de
alunos. Não queremos dizer que classificar seja algo errado, a classificação é uma fonte
de conhecimento e sem ela fica difícil aprender ou conhecer. O problema reside no uso
político, nas visões educacionais decorrentes de um raciocínio de classe, que cria
preconceitos, separa, aliena.
Ratificamos que a função das Secretarias de Educação devem ser a de tomar
iniciativas voltadas para acessibilidade dos prédios, conscientização dos profissionais
através dos cursos de capacitação e elaboração de projetos que possibilitem a aplicação
da educação inclusiva.
No caso das Unidades Escolares, estas devem atuar na preparação da
comunidade e dos professores para aceitação do aluno P.N.E.E. e para o entendimento
do processo de inclusão e a construção de um Projeto Pedagógico que tenha a inclusão
como princípio básico, apontando para um novo horizonte educacional que vê o ser
humano como um ser integral, pleno, criativo, inventivo, descobridor, participativo e
crítico.
A inclusão deve ser feita com a conscientização de todos a respeito do
assunto, e não somente dentro da escola, é preciso chegar até a comunidade.
Preparar pais e todos os profissionais da escola é imprescindível para evitar
preconceitos, resistências dos pais dos alunos “normais” e profissionais que
diferentemente do professor, não estão diretamente ligados ao aluno P.N.E.E.
Salientamos que os pais, as crianças e demais pessoas envolvidas refletem a
postura, o olhar e a ação do mediador que está com elas. Sendo assim, cabe à Gestão
Escolar e aos profissionais sustentar um novo olhar que reconheça as crianças como
sujeitos, especialmente as com deficiência, destacando-as do lugar onde o preconceito, o
discurso médico e parental, as situou.
Não temos dúvidas de que só uma Gestão Democrática poderá ministrar
uma proposta pedagógica, um trabalho de conscientização em todos os segmentos de
ensino para que a inclusão aconteça com maior facilidade.
Nos remeteremos novamente à experiência das Escolas Municipais de
Sorocaba para exemplificar um fato de extrema importância:
Segundo Regimento criado pelo Conselho Estadual de Educação de São
Paulo deveria ser reservada 5% das vagas a alunos com deficiência. Em seu relato, a
Professora Elaine Cristina M. F. Perez, afirma ter havido resistência das escolas à
reserva de vagas, algumas de forma bem visíveis e outras, nas entre linhas. Diz ter sido
notório que nas escolas onde as lideranças não defendiam a inclusão, o trabalho ficava
muito truncado e a desejar.
Consideramos importante destacar que incluir não se reduz à criação de
vagas. A inclusão de fato tem que ser construída por todos. Como pode ser visto na
afirmação de Perez “O trabalho de inclusão de alunos com deficiência representou um
salto para a melhoria da qualidade de toda a educação da rede municipal de
Sorocaba.” Manton (2001, p.70).
Para se oferecer uma educação inclusiva de qualidade para todos, é
necessário democratizar o ensino, garantir não só que todas as crianças vão à escola,
permaneçam nela, mas também aprendam com vontade e prazer. Essa educação
considera a interação pessoa/meio e a valorização dos papéis sociais, e das ações
pedagógicas significativas ao aluno, contextualizadas na sua experiência de vida.
Somente um trabalho conjunto entre Secretaria - Escola - Comunidade é
capaz de fornecer uma educação de qualidade que respeita as diferenças, não as
convertendo em desigualdades e obstáculos, mas em um fator de enriquecimento.
Essa intenção confirma-se na Gestão Democrática que vê no coletivo uma
maior possibilidade de encontrar caminhos para atender às expectativas da sociedade
com relação à escola.
Afinal, com a ampliação do número de pessoas participando da vida escolar
conseguimos estabelecer relações mais humanas, flexíveis e menos autoritárias no
interior das escolas.
Para a consolidação da Gestão Democrática, a equipe escolar e a
comunidade terão num esforço conjunto que elaborar a Proposta Pedagógica (P.P.P.)
Inclusiva, analisando a situação da escola, definindo o que se pretende atingir,
elaborando novas formas de ações pedagógicas, do processo de acompanhamento e de
avaliação da proposta. Inserindo nessa proposta estratégias inovadoras na condução das
aulas e da avaliação, ressaltando a importância de um trabalho interdisciplinar no qual
os alunos sintam a unidade do conhecimento; preparar um novo Regimento Escolar com
diretrizes e normas para o funcionamento da Unidade Escolar; construir o Plano de
Gestão Escolar para se cumprir as medidas e as propostas pedagógicas previstas no
Regimento Escolar e estabelecer parceria com o Conselho Escolar e Conselho de
Classe, com as Associações de Pais e Mestres, com o Grêmio Estudantil, visando a
participação da comunidade escolar nas decisões tomadas no âmbito escolar.
A Proposta Pedagógica (P.P.P) Inclusiva é um documento vivo que
identifica a escola, sendo assim, em sua elaboração a equipe escolar deverá analisar a
situação atual em que a escola está inserida, identificando os pontos fortes, fracos e os
problemas, no sentido de não configurarem obstáculos nessa nova forma de conceber a
educação.Levantar prioridades, estabelecer objetivos, propor metas e ações também são
fundamentais para concretizá-lo. Muitas mudanças ocorrerão nesse processo,
acreditamos ser esse o caminho, as respostas virão do coletivo, elas darão significado a
novas ações, perseguindo sempre os princípios inclusivos e o direito de todos a uma
educação de qualidade.
Outro fator importante é a elaboração de Projetos que devem ser construídos
em conjunto, através da convivência entre diretores, especialistas, professores, pais e
equipe técnica da Secretaria de Educação. Essa cooperação e esse trabalho em equipe
permitem que mudanças estruturais internas e externas ocorram, como também levam
ao auto-conhecimento, contribuindo para a mudança interior das pessoas, pois sem essa
transformação exterior certamente não se efetivará.
A Educação Inclusiva não se refere apenas à inserção de alunos com
deficiência no ensino regular. É um conceito mais amplo que inclui o respeito às
diferenças individuais, culturais, raciais, religiosas, políticas sociais, vendo o indivíduo
como um ser pleno e com talentos a serem desenvolvidos.
2.1.3 - As Contribuições de Vygotsky para a Inclusão
Lev Semiónovic Vygotsky impõe-se como um paradigma, pois sua
contribuição é marcadamente interdisciplinar.
A dimensão pedagógica é imediatamente acoplada por Vygotsky, quando
este sugere a existência de zonas de desenvolvimento proximal e a necessidade de se
avaliar as mesmas e mediar o processo de aprendizagem.
É a partir da riqueza e ao mesmo tempo complexidade interdisciplinar da
obra Vygotskyniana que analisamos algumas categorias constituintes do seu corpo
teórico conceitual considerando as questões pertinentes à educação inclusiva.
Destacamos a ênfase de Vygotsky às implicações sociais da deficiência, ou
seja, para ele, esta deve ser analisada, quanto às limitações psicossociais decorrentes.
Aliás, na sua opinião, é exatamente nesse eixo que os esforços educacionais e
terapêuticos devem se concentrar.
De acordo com sua ênfase sócio-histórica, gostaríamos de chamar a atenção
para a importância, no pensamento de Vygotsky, da tarefa pedagógica de
instrumentalização da pessoa P.N.E.E., ou seja, que esta não deve ficar privada
do acesso aos significados presentes no mundo cultural.
Segundo Vygotsky apud Beyer (1999/2000, p.29), o “importante é o
significado, não o signo. Mudaremos o signo (e) reteremos o significado.”
A distinção fundamental que Vygotsky faz entre os processos psicológicos
superiores, culturalmente desenvolvidos, e processos naturais, encontra seu contraponto
na distinção entre defeito físico e suas conseqüências psicossociais. Para ele, não fazia
sentido a educação especial deter-se na compensação do déficit sensorial ou físico, e
sim se concentrar no desenvolvimento dos processos mentais superiores, como memória
lógica, inteligência verbal, dentre outros.
Para Vygotsky, os esforços pedagogicos devem estar concentrados nas
dificuldades que o indivíduo possui no âmbito social.
Uma segunda contribuição de Vygotsky diz respeito à abordagem
instrumental de sua teoria, afirmando que a principal função dos instrumentos culturais
é a viabilização de uma troca significativa da pessoa com o seu meio social e material.
Um outro ponto importante a ser destacado é o conceito de Zona de
Desenvolvimento Proximal (Z.D.P.). Para uma criança deficiente é muito importante a
identificação desta zona, uma vez que, em termos práticos, significa que qualquer
atividade de uma criança P.N.E.E. deve primeiro tomar a forma de uma atividade
compartilhada com educador.
Outro enfoque Vygotskyniano importante é o das trocas entre os pares de
crianças, se aplicando também, aos grupos de crianças deficientes, que ao se integrarem
no ensino regular, terão o auxílio das não atingidas pela deficiência, “as normais”, que
se constituirão como mediadoras das demais.
Conforme Vygotsky explora em sua teoria sócio-histórica, a criança
desenvolve estruturas do pensamento e da linguagem em sentido crescente como
resultado das trocas contínuas que faz com o grupo social. As oportunidades da criança
de interagir social e afetivamente constituirão fatores significativos para o
desenvolvimento cognitivo, afetivo e moral.
Em outras palavras, a educação inclusiva constitui uma oportunidade para
que a criança P.N.E.E. promova trocas sociais, para que se enriqueça com elas,
possibilitando um desenvolvimento bastante significativo da linguagem e do
pensamento.
Num primeiro aspecto, Vygotsky opõe-se a tendência quanto à
categorização historicamente praticada pela educação especial centrada no déficit, diz
que no momento em que se deixa de medir desvios, o exercício de discriminação perde
sua força. Esta não comparatividade ampara-se na concepção de que cada ser humano
tem sua singularidade. Comparar por meio de uma norma significa desconsiderar esta
singularidade, impondo-se uma média culturalmente elaborada.
Um outro aspecto a ser destacado é a ênfase de Vygotsky na questão social.
Para ele, deficiência deve ter seu primeiro ângulo de análise não a partir do déficit
orgânico, mas do ponto de vista da (des)funcionalidade social, objetivando constituir
uma Pedagogia possível em termos de promoção social da pessoa, que não se concentre
no indivíduo, e no defeito orgânico, mas na possibilidade de superação de compensação
social.
“O problema da deficiência infantil na psicologia e na
pedagogia deve-se colocá-lo e compreendê-lo como um
problema social, porque seu momento social, não detectado
anteriormente, que se tem considerado geralmente de forma
secundária, na realidade resulta ser primário, principal.” Beyer
(1999/ 2000, p.35)
Para Vygotsky, o ser humano busca a inteireza, a totalidade e integridades
crescentes, à semelhança do conceito piagetiano de organização crescente do
organismo, no sentido de totalidades cada vez mais completas e complexas. Entende
também que a pessoa com necessidades especiais busca totalidades e integridades tanto
no ser (aspecto estrutural) como no fazer (aspecto funcional). Isto é o que ele denomina
de (super) compensação dos estados de carência (orgânica, psicológica, etc). Segundo
Vygotsky, estas carências não ocorrem a nível biológico ou orgânico, mas
fundamentalmente no âmbito social.
Face ao prejuízo sensorial ou físico, o indivíduo busca compensações
psicológicas ou o equilíbrio psicossocial. Existe um paralelo com o conceito piagetiano
de equilibração progressiva, só que é concebido por Piaget numa esfera
fundamentalmente cognitiva, lógico-matemática. Em Vygotsky, o conceito de
equilibração progressiva é situado no âmbito psicossociais, isto é, as estruturas
psíquicas buscam equilíbrio não em face de desacomodações de natureza lógico-
matemática, mas em função da complexa rede de relações interpessoais e sócio-
históricas do indivíduo. É através das intensas trocas sociais, desde a mais tenra idade,
que a criança passa por uma metamorfose das estruturas de pensamento e da linguagem.
Portanto, as estruturas do pensamento e da linguagem se tornam mais complexas através
da história social de cada criança.
Outro aspecto importante é a concepção Vygotskiniana da avaliação. O
avaliador não deve se limitar à averiguação das habilidades atuais do indivíduo, mas
deve buscar apreender a zona de desenvolvimento proximal (Z.D.P.) do mesmo. Esta
zona não existe a princípio nem são de recepções passivas, elas representam, sempre, a
atividade infantil através das construções ativas que a criança realiza no âmbito
cognitivo, sócio-afetivo e lingüístico. Assim, na pessoa com necessidades especiais, a
compensação sócio-cultural também vai incluir a efetivação das ZDP, através das
atividades e do exercício instrumental culturalmente mediado.
Conforme esta perspectiva, a prática pedagógica terá objetivos delineados a
partir das ZDP, o que significa voltar a atenção para as possibilidades de crescimento da
pessoa com necessidades educacionais especiais, evitando-se o fazer pedagógico pelo
déficit individual.
As conclusões pedagógicas, a partir desta abordagem, não são difíceis de
serem traçadas. A Psicologia e a Pedagogia do aluno com necessidades educacionais
especiais não cumprem seu papel diagnóstico quando simplesmente categorizam ou
enquadram. A linha de ação deve ser orientada para as possibilidades futuras da criança.
Aquilo que Vygotsky denomina Pedagogia Revolucionária. Na opinião dele, o
diagnóstico não é suficiente caso seja composto apenas pelas informações sobre os
déficits orgânicos e funcionais da criança, este deve incluir também os dados
indicadores de zonas de crescimento, possivelmente ocultas ao diagnóstico.
Para tanto, a tarefa da educação inclusiva consiste em possibilitar, da forma
mais eficaz possível, o acesso da pessoa com necessidades especiais aos instrumentos
culturalmente mediados e deve favorecer a apropriação instrumental da pessoa com
deficiência.
Não é tarefa da educação modificar as pessoas, mas possibilitar que estas se
apropriem dos instrumentos culturais. Somente assim podem ocorrer aprendizagens
significativas. Isto representa a necessidade de se adaptar as metodologias de ensino,
levando-se em conta as peculiaridades das crianças com necessidades especiais, e suas
possibilidades diferenciadas de acesso aos instrumentos culturais.
Vygotsky defende a idéia de um acesso irrestrito à cultura, ou seja, não há
apenas uma forma de apropriação da cultura, mas pode haver instrumentos muito
variados de apropriação cultural. É exatamente pela possibilidade de adaptação dos
instrumentos culturais que a pessoa com necessidades especiais pode ter acesso à
cultura, desenvolvendo assim, os processos superiores do pensamento e da linguagem:
“O desenvolvimento cultural é a esfera onde é possível a
compensação da deficiência. Onde é impossível o
desenvolvimento orgânico sucessivo, ali está aberta, de um
modo limitado, a via do desenvolvimento cultural.” Beyer
(1999/ 2000, p. 41).
A teoria Vygotskiniana é análoga à teoria de inclusão de alunos P.N.E.E. no
ensino regular, a qual defendemos, sem deixar-nos dúvidas de que todos ganharão e se
beneficiarão com ela. Por isso perseguimos uma educação humanista, pois acreditamos
que somente assim nos tornaremos mais humanos, mais inteiros e mais felizes.
3. OS BENEFÍCIOS DA INCLUSÃO
3.1. Qualidade da Educação
“‘Educação de qualidade para todos’, que respeita as
diferenças, não convertendo em desigualdades e obstáculos,
mas em um fator de enriquecimento. Essa intenção confirma-se
na gestão democrática, que acredita que todos juntos têm mais
possibilidades de encontrar caminhos para atender às
expectativas da sociedade sobre a escola”. Montoan (2001, p.
20).
Consideramos que para a inclusão dar certo totalmente se faz necessário
lutar muito, como também haverá muitos conflitos, movimentos organizados e
insistentes, porque a educação inclusiva não surgiu por acaso, existe todo um contexto
histórico de realidades educacionais contemporâneas. A busca será pelo possível e
impossível no que se diz respeito ao plano pessoal e coletivo. Respeitando as diferentes
atitudes e pensamentos para o crescimento diário da Inclusão.
Os resultados serão ao longo do tempo, mas para isso:
“Se faz necessário rever também os conteúdos
cognitivos/informativos no processo de formação dos
educadores para o paradigma da Inclusão, pois se eles não
tiverem o desejo do saber instaurado, por mais conteúdos que
possamos lhe dar, ainda assim permanecerão na mesma
posição.“ Almeida (2001).
Com esta afirmação, verificamos que os professores necessitam rever sua
ação pedagógica, produzindo e assimilando novos conhecimentos para se adequar às
exigências da atualidade, para que o aluno deficiente seja um membro integrante e
valorizado na sala de aula.
Para melhor eficácia na Inclusão as leis e prioridades precisam devidamente
ser cumpridas e os investimentos aplicados com justiça e eficiência; que todos
envolvidos na Educação como: educadores, pais, especialistas, etc, encarem a inclusão
como um direito e como um dever e não como um pesadelo e principalmente que se
invista primeiro na formação em serviço dos educadores da Inclusão Escolar. Levando
em consideração os aspectos acima citados e investindo na formação dos professores,
certamente ofereceremos uma educação de qualidade para todos.
3.2 - Valores e Atitudes Inclusivas
Um aluno normal que convive com o PNEE terá a oportunidade de
vivenciar conflitos e de confrontar valores, praticando a cooperação e a solidariedade.
Não estará alheio sobre a existência de pessoas de todos os tipos existentes no mundo
com necessidades diferentes das suas. Lidando com as diferenças, aprende a encará-las
de maneira natural em seu dia-a-dia. Expandindo o horizonte das diversas experiências
vividas por ele, melhorando a capacidade de entendimento em relação a valores que são
tão egoístas na sociedade atual, mas revertendo-os ao serviço do bem comum.
Incluir um aluno P.N.E.E numa classe “normal” não o transforma em
“normal” no sentido de que suas dificuldades foram superadas, pelo contrário, continua
com suas dificuldades que precisam ser respeitadas e atendidas. O educador nesta hora
entra com sua capacidade afetiva e pedagógica para perceber todas essas sutilezas e
respeitá-las.
Freire (1989, p. 206) resume esse entendimento:
“é importante não homogeneizar a classe. As crianças são
diferentes no início e continuarão sendo no final do processo
educativo. Não adianta querer transformá-las em iguais,
segundo padrões estabelecidos. Quem é igual não tem o que
trocar; por isso, é necessário conservar-se diferente. As
relações, os direitos, as oportunidades é que têm que ser iguais;
não os gestos, os comportamentos, os pensamentos, as
opiniões.”
O impulso de alguns educadores é desejar que todos sejam iguais, mas na
realidade é preciso respeitar as características de cada indivíduo, com o conhecimento e
a experiência de cada um, sem fazer um pré- julgamento de sua capacidade intelectual,
motora, etc ... Tratando-os como únicos, não há necessidade de excluir alguém que
esteja fora do padrão. Outro aspecto importante para uma inclusão de qualidade é
desenvolver os aspectos afetivos nos educandos, possibilitando maior independência,
autoconfiança e liberdade para resolverem suas diferenças e se relacionarem. Uma das
atividades que ajudam a desenvolver estes aspectos de modo mais rápido é a Educação
Física onde existem atividades direcionadas para os diversos problemas existentes,
sendo que é de forma tão sutil que os educandos não se sentem pressionados pelas
atividades, sem cobranças de rendimentos e de resultados, visto que também é a melhor
forma de aliviar e relaxar os alunos.
Segundo Marina: “para uma inclusão bem sucedida tanto depende do desejo
do professor, dos pais assim como o desejo do aluno querer fazer ou não esta mudança”.
As pessoas com deficiências têm o direito, por lei, de freqüentar escolas
comuns. Desde 1996, os portadores de qualquer tipo de deficiência tem o direito
adquirido por lei de estudar em escolas comuns, entretanto, como muitas leis neste país
não são cumpridas, constatamos que é somente através dos esforços do próprio
deficiente e dos seus parentes, ou de alguns professores e até mesmo diretores, que esses
indivíduos conseguem um espaço nas escolas, como se estivessem pedindo algum favor
ou até mesmo burlando a lei. Depois de cinco anos de lei, o MEC resolveu determinar
as normas que as escolas terão de seguir para se adaptar aos alunos deficientes. O
objetivo é envolver todas as escolas para que seja possível a inclusão dos alunos
P.N.E.E nas turmas regulares, extinguindo assim, as classes especiais que existirão
apenas em algumas raras exceções.
A proposta encontra muitas resistências: das escolas, por medo da
responsabilidade e por possuírem muitas limitações dos pais, por medo do preconceito
em tomo do seu filho deficiente; dos parentes “normais”, por estarem desinformados a
respeito deste processo. Reconhecemos, portanto, que a Escola necessita urgentemente
se transformar, porque existe um temor de realizar a mistura entre “normais” e
“deficientes” alegando prejuízo para os alunos “normais”, e este preconceito na maioria
das vezes vem dos, pais e não das crianças. É por isso que a maioria das Escolas resiste
à idéia de inclusão: para não se expor tanto, pois é bem mais cômodo preparar um local
somente para esses alunos, e argumentar pedagogicamente que as classes especiais são
o melhor caminho para os alunos deficientes.
Ao avaliarmos historicamente esta posição, percebemos que a maior
preocupação está voltada para descobrir de quem é a culpa. Coloca na família ou na
própria criança, a culpa sobre as dificuldades de aprendizagem, sem se importar com o
aluno e sim com o conteúdo que é preciso “ser dado”, sem se importar com as crianças
em seu processo de desenvolvimento.
Apesar das diferentes impressões sobre a inclusão, esta promete um
crescimento do professor e do aluno, assumindo não só, um compromisso com cada
criança, mas também resultando numa escola mais aberta e mais bem sucedida para
todos os alunos, sendo portanto, uma maneira diferente de oferecer educação para todos.
Segundo Werneck (1999, p.44), “a indiferença em relação às necessidades
e às dificuldades específicas das pessoas com deficiência é uma ameaça ao
desenvolvimento cultural de uma nação.”
Na inclusão a interação entre pares é fundamental, para o desenvolvimento
total de uma pessoa, trabalhando assim os diferentes aspectos: cognitivo, afetivo e
social. Em suma, isso somente acontece quando o currículo escolar também é
modificado de forma que esteja refletindo todos os aspectos acima citados. É a partir do
planejamento coletivo que será concretizado tudo o que foi modificado no currículo
escolar, colocando em prática as propostas da equipe técnico-pedagógica, contando com
a participação dos alunos no planejamento e transformando a aprendizagem destes
alunos em uma aprendizagem significativa, porque ouviu e respeitou as suas idéias,
demonstrando a valorização de seus interesses, criando assim um clima de respeito
mútuo e de colaboração em toda a escola.
Quando analisamos a questão “inclusão” não falamos somente deste
aspecto, mas também do fracasso e da evasão de uma parte significativa de alunos
através do especial da educação que é a capacidade da escola atender às diferenças nas
salas de aula, sem discriminar, etc. porque tem haver com a inclusão total, não somente
para os alunos com deficiência, mas para todos, qualificando as escolas que são capazes
de incluir os alunos excluídos. Existe um grupo grande de pessoas desmotivadas,
marginalizadas pela falta de sucesso e baixa auto-estima que é resultado da exclusão
escolar e social, como também muitas vezes são vítimas dos pais, professores, e da
pobreza nos diferentes sentidos. Repetindo várias vezes a mesma série, por isso se
fazem conhecidos na escola, depois são expulsos, evadem e ainda são rotulados com
motivos, na maioria das vezes, injustos. Normalmente isso não acontece com alunos
especiais, e sim com alunos tidos como “normais”, que acabam indo um dia para a
classe de alunos especiais, devido a escola não se adequar satisfatoriamente às suas
necessidades.
Acreditamos que os professores têm que desenvolver um ambiente de
trabalho seguro e pacífico, pois estes elementos são fundamentais. Afinal, se um aluno
não confia no ambiente escolar como sendo protetor e gratificante, ele não se sentirá à
vontade e não conseguirá dar significado à sua aprendizagem que, portanto, não será
eficiente.
3.3 - Avaliação
Como afirma Maria Teresa apud (Mantoan, 2001, p. 34) “quanto à
avaliação, não a empregamos para classificar, fomentar a competição entre os
estudantes ou a idéia de que só os mais inteligentes e os mais capazes merecem a nossa
aprovação.”
Esse conceito citado pela autora a princípio parece próprio do conceito de
avaliação. Daqui por diante o que tentaremos expor será justamente palavras contrárias
a estas escritas acima, porque a avaliação que analisamos é para alunos especiais, mas o
que não nos proíbe repensar o nosso atual modelo de avaliar.
Na avaliação é importantíssimo a todo o momento o acompanhamento do
progresso e da necessidade do educando, como também a qualidade do trabalho
desenvolvido pelo professor, e para isso é necessário tempo e objetivos determinados.
Integrando as diversas áreas do conhecimento, com estratégias contextualizadas,
criando instrumentos para uma avaliação continua de todo desenvolvimento do aluno e
adequando-os de acordo com cada caso apresentado, o professor tem condições de
desempenhar uma avaliação que considera a “qualidade” da educação e não a
“quantidade” de educação.
A arte de avaliar não é tão simples quanto se imagina, e esta tarefa recai
sobre o professor que, sem consciência de sua tão grande responsabilidade, não age de
forma segura e consciente. A tomada de decisão à respeito do que, como e quando
ensinar, necessita que avaliemos todo o processo ensino/aprendizagem. Com relação à
avaliação do processo, esta apresenta também caráter interativo pois é preciso termos a
consciência de que o conceito de aluno portador de necessidades educacionais especiais,
implica reconhecermos que as dificuldades podem ocorrer tanto dos problemas que o
aluno apresenta, quanto das limitações do contexto educativo. É importante levar em
conta os aspectos positivos ou que favoreçam a aprendizagem do aluno, não somente as
dificuldades.
Se pensarmos avaliação nos diferentes aspectos, como: educação, família,
sociedade, empresas, enfim, seja onde for, avaliação é sempre uma atitude difícil e com
grande peso em qualquer área. Na educação não é diferente, pois o que se faz necessário
é o avaliar esgotando todos os ângulos do desenvolvimento do educando, como: o
desenvolvimento real e o desenvolvimento proximal, ou seja, o que ele que produz de
forma independente e o que é capaz de produzir com a ajuda de outras pessoas. Como
afirma Vygotsky, “aquilo que uma criança pode fazer com assistência hoje, ela será
capaz de fazer sozinha amanhã .“ O que acontece na maioria das vezes é que se usa um
modelo arcaico de avaliação, sem nem ao menos levar em conta a realidade de cada
educando. Existe uma dificuldade por parte do educador porque o próprio sistema não
promove cursos e quando existem esses cursos ou não são divulgados, ou o professor é
vetado pelo seu Gestor por causa da mentalidade de que não se faz necessário saírem da
escola. Mas então como exigir que o professor esteja pronto para avaliar se ele não sabe
nem ao menos avaliar a sua prática educacional?
A SME/RJ (p. 211) afirma que:
“a avaliação deverá ser uma prática que mostre a
responsabilidades dos alunos e contribua para uma prática
educativa competente, voltada para a construção de um saber
autêntico e relacionada à experiência vivida pelo aluno.“
Avaliar, portanto, ultrapassa todas aquelas imensas provas escritas,
trabalhos escritos, mas perpassa pelas atitudes e responsabilidades dos educandos.
A avaliação no caso de alunos especiais é feita processualmente, entretanto
existem casos que precisam de uma avaliação mais atenta desde o início, com a ajuda de
outros profissionais, sem que haja um caráter classificatório nesta avaliação, para
somente inseri-lo numa turma, mas deve orientar para as tomadas de decisões e ajudar
no que se deve fazer com aquele aluno de maneira consciente e responsável. Buscando a
forma de interação mais adequada, vendo na avaliação, momentos de aprendizagem
tanto para o educador quanto para o educando.
De acordo com Maria Tereza apud Mantoan ( 2001, p. 20), “a avaliação da
aprendizagem torna-se um processo de duas mãos em que não se analisa apenas um de
seus lados, o do aluno, sem conhecer o outro, o do ensino e atuação do professor.”
Em nossa opinião, os beneficiados neste processo de inclusão não serão
somente os alunos especiais, mas também os ditos “normais” pois ambos enriquecem-se
por terem a oportunidade de aprender uns com os outros, desenvolvem-se para
cuidarem-se mutuamente e conquistam as atitudes, as habilidades e os valores
necessários para nossas comunidades.
O currículo básico rico em conteúdos é de acesso de todos os alunos, o que
na realidade é necessário ser diferente são as estratégias especificas para a facilitação da
aprendizagem. Não se deve privar o aluno deficiente do currículo mas pensar em meios
para a sua facilitação, criando novas estratégias para a sala de aula.
Quando analisamos avaliação chegamos a conclusão de que esta é um
componente fundamental do processo e o professor deve ter um grande conhecimento
dos seus alunos para criarem um bom ambiente de aprendizagem para cada um deles.
Existem muitos tipos de avaliação utilizados na educação, tais como a avaliação formal
e a informal. A primeira é aquela desenvolvida com procedimento padrão específico de
aplicação, que devem ser seguidos à risca para chegarem a resultados precisos, enquanto
a segunda é aquela que se faz com qualquer tipo de procedimento utilizado ou criado
para serem usado de modo a permitir o máximo de pontuação, segundo as necessidades
de cada indivíduo avaliado. Embora não sejam padronizadas, são testes cuidadosamente
planejados. Um tipo específico de avaliação informal é a avaliação autêntica, nesta
avaliação os alunos são incentivados a criar sua própria resposta, sendo solicitados a
realizar tarefas complexas e significativas, usando a aprendizagem recente. Exemplos de
avaliação autêntica são: exibições. investigações, demonstrações, respostas escritas ou
orais, diários e portfólios. Existe também outro tipo de avaliação informal chamada
avaliação baseada no currículo que proporciona aos professores ótimos dados para a
tomada de decisão, como o nome já a diz, envolve medidas desenvolvidas a partir do
currículo escolar que são aplicadas a todos os alunos em um grupo-alvo. Outra
avaliação é a avaliação de portfólio nesta avaliação os trabalhos dos alunos são
avaliados, incluindo amostras de trabalho de vários temas ou várias amostras de
trabalhos dentro de uma única área temática, envolvendo o tempo destinado a tarefa, o
número de tentativas em rascunhos e as condições pelas quais o desempenho foi gerado.
Entendemos, portanto, que os professores têm em suas mãos, inúmeras
possibilidades de realizar a avaliação dentro das salas de aula.
O importante é saber utilizar estas forças de avaliação da forma mais
eficiente possível para que esta seja acima de tudo justa.
Com esta consideração, partimos do princípio de que a avaliação dentro das
salas de aula inclusivas exige do professor não só a realização de um diagnóstico
constante e permanente, como também, da observação incessante do nível do
desenvolvimento dos alunos, considerando suas possibilidades a fim de, superar suas
dificuldades.
4. PESQUISA DE CAMPO: OS PROFESSORES NO CONTEXTO
INCLUSIVO
No desenvolvimento desta pesquisa, em que um dos objetivos é verificar a
opinião dos professores a respeito do processo de Inclusão, foram definidos alguns
aspectos sobre os quais os professores manifestaram-se como apresentamos a seguir.
4.1 - Professores de Classes Especiais
A posição desses professores com relação à Inclusão do aluno P.N.E.E. em
turmas regulares foi expressa do seguinte modo:
Professora Maura: deve “ser avaliada de acordo com as condições do
professor, da escola, do aluno P.N.E.E. e do sistema em geral.”
Professora Lúcia: “só é válida se houver apoio e orientação profissional.”
Professor Sula: “sou favorável, mas um processo anterior é necessário, o
aluno P.NE.E. precisa de profissionais especializados paralelo a Inclusão.”
Professora Neuza: “sou a favor, se houver capacitação e preparo dos
professores.”
Professora Célia: “sou contra, porque os alunos incluídos ficam afastados na
sala de aula e porque a inclusão não atende a nível de aprendizagem.”
Professora Julia: “sou a favor, desde que a escola tenha recursos e esteja
preparada para isso.”
As falas dos professores revelam que alguns deles ainda não apresentam
uma definição clara. Entretanto, muitos outros apontam a necessidade de capacitação e
apoio para os professores e acompanhamento especializado para os alunos.
Do mesmo modo, as escolas e os sistemas educacionais precisam estar
sendo reorganizados para garantir essa ação diferenciada que é a inclusão do P.N.E.E.
nas chamadas turmas regulares.
Com relação à clientela que não deve ser incluída nas turmas regulares, a
maioria dos professores considera que os alunos com grande comprometimento, como
os portadores de Condutas Típicas, não têm condições de serem incluídos.
No entanto, outros professores como a professora Maura e a professora
Lucia, acreditam que os surdos e os alunos que podem vir a atrapalhar o rendimento da
turma, respectivamente, não devem ser incluídos.
Através dessas opiniões verificamos o receio dos professores em atuar, de
uma maneira geral, com alunos com problemas comportamentais e com alunos que de
alguma forma precisam de formas alternativas para sua comunicação.
Acreditamos que a inclusão é para todos, não cabendo a ausência destes
indivíduos no processo inclusivo, um aluno surdo ou com comprometimentos graves
necessita de apoio especializado, mas não precisa estar excluído deste processo.
Quando a professora Lucia entende que se um aluno P.N.E.E. atrapalhar o
rendimento da turma este não deve ser incluído, percebemos que este professor tem em
seu imaginário turmas homogêneas em que não há necessidade de trabalho
diversificado, o que não corresponde a realidade mesmo nas chamadas turmas regulares.
Um aluno P.N.E.E. quando tem suas necessidades satisfeitas, não atrapalha
o rendimento da turma, pelo contrário, enriquece-a.
No tocante às atitudes que os professores de turmas regulares necessitam
possuir para atender um aluno P.N.E.E., os professores acreditam que é fundamental:
Professora Lucia: “Ter vontade, desejo de estar com esse aluno e sentimento
de justiça e igualdade para não rotular o P.N.E.E.”
Professora Neuza: “Não compará-los com os alunos normais, considerar os
esforços e avanços dos alunos, observar o desenvolvimento dos mesmos e ter noção de
que cada um tem seu tempo para aprender.”
Professora Célia: “Ter boa vontade. Às vezes a pessoa tem habilitação,
experiência, mas o que precisa mesmo lhe falta: boa vontade.”
Professora Neuza: “Não ter medo de errar, não discriminar o aluno, procurar
ajuda quando necessário, pesquisar, estudar, ser persistente.”
Contudo, os professores Maura e Sula não descreveram as atitudes
necessárias, apenas frisaram que os professores precisam ser capacitados para atender
alunos P.N.E.E.
Nas opiniões dos professores, atitudes como boa vontade, respeito ao tempo
de aprender que cada pessoa possui e a negação da discriminação, da comparação ou da
rotulação é fundamental para professores com alunos incluídos.
Apesar das respostas diferentes dadas pelos professores, consideramos que
estas se complementam e nos faz pensar em algumas atitudes que são necessárias à estes
profissionais, mesmo quando não estão atuando com alunos P.N.E.E.Essas atitudes são:
a dedicação, o desejo de estar sempre se atualizando, a aceitação e o respeito às
diferenças e limitações que este indivíduo apresenta, a sensibilização da turma para a
recepção deste aluno, a busca de estratégias de ensino eficazes para que o mesmo
consiga desenvolver suas potencialidades, procurando não ter preconceitos com este
aluno e não permitindo qualquer forma de discriminação em sala de aula por parte dos
alunos considerados normais e, principalmente, a reflexão constante sobre sua prática
pedagógica.
Com relação ao auxílio dos professores de classes especiais aos professores
de turmas regulares e como seria este auxilio, as entrevistas demonstram que a maioria
dos professores acredita que este auxilio e válido e que a troca de conhecimentos,
experiências e recursos entre estes profissionais viabilizará o melhor atendimento destes
alunos nas turmas regulares. As professoras Neuza e Julia complementam esta visão
expressando que:
Professor Neuza: “Essa troca só será possível, caso o professor de classe
especial tenha a prática em Educação Especial e seja capacitado para dar orientação aos
professores no sentido de como estes podem lidar com os alunos, nunca do que ensiná-
los, pois isto só o dia-a-dia pode dizer .”
Professora Julia: “Esta troca só dará certo se os professores estiverem
dispostos a trocar e a aprender.”
Entretanto, a professora Célia acredita nesta troca, diz que “os professores
de classes especiais não são vistos como professores normais, são tidos como especiais
e que os professores de turmas regulares não lhes dariam atenção, por isso essa troca
não teria sucesso.”
Concordamos com os professores e acreditamos que esta interação é valiosa,
entretanto, ao estabelecer as trocas, é necessário um comprometimento entre ambos os
profissionais e uma organização dos sistemas de ensino, no sentido de favorecer o
diálogo entre estes profissionais.
Entendemos a posição da professora Célia, contudo pensamos que se os
professores de classes especiais não mostrarem suas competências e o trabalho que
desempenham com os alunos cuja presença tanto afeta aos professores de classes
regulares, estes jamais contribuirão para a superação deste pensamento historicamente
inculcado na mente dos professores de turmas regulares.
Em se tratando da questão que diz respeito à inclusão como sendo o melhor
caminho para o aluno P.N.E.E., cinqüenta por cento dos professores demonstram estar
divididos, colocando que alguns ainda necessitam das classes especiais, já que precisam
de um atendimento individual, pois não estão aptos ao convívio social.
Estes professores retomam que o grau de comprometimento do aluno é
determinante para a Inclusão.Sendo assim, para os alunos com grande
comprometimento, a Inclusão não é o melhor caminho.
As professoras Célia e Julia são mais específicas e pensam que a Inclusão
não é o melhor caminho para o P.N.E.E. A professora Célia coloca que a Inclusão
satisfaz o P.N.E.E. em sua socialização e a professora Julia diz que os alunos estão
sendo “jogados” nas salas de aula, por isso não é o melhor caminho.
No entanto, a professora Neuza acredita na inclusão como o melhor
caminho para o P.N.E.E. e expressa sua opinião da seguinte maneira:
Professor Neuza: “A Inclusão faz com que os alunos P.N.E.E. tenham uma
visão mais ampla do mundo e do cotidiano escolar, amplia também sua linguagem, dá-
lhes o direito ao convívio social e contribui para que, através do convívio com as
diferenças, superemos a visão de coitado que temos dos deficientes.”.
Percebemos as diversas falas dos professores e reafirmamos que a inclusão
sendo bem feita e bem pensada não contribuirá para a socialização ou a discriminação
deste aluno.Esta será a maneira mais eficaz de superarmos preconceitos, estigmas e de
contribuirmos para que os P.N.E.E. consigam exercer sua cidadania, sendo integrados
na sociedade.
Com relação a opinião dos professores a respeito das escolas estarem
preparadas para realizar a Inclusão, as respostas de todos os professores convergem para
as mesmas questões.Todos os professores entrevistados colocam que as escolas não
estão preparadas para receber o aluno P.N.E.E.,pois falta apoio pedagógico e
psicológico para alunos, pais e professores; o espaço físico é inadequado; falta material
adequado para trabalhar com esses alunos e não há investimento em capacitações para
os profissionais das U.Es. Contudo, as professoras Célia e Julia aprofundam a questão
expressando que:
Professora Célia: “A Educação em geral não está ministrando uma
Educação de qualidade, existe muito idealismo no papel que precisa ser pautado na
prática.”.
Professor Julia: “A Inclusão veio de cima para baixo e o profissional quase
nunca é ouvido.”
Desta maneira, consideramos que é urgente a adequação física e pedagógica
das escolas, pois para incluir é necessário transformar. Sendo assim, as estruturas
precisam estar adaptadas para a inclusão, como também se faz necessário que os
sistemas educacionais discutam o processo de inclusão e o implementem de acordo com
a realidade e as necessidades da escola e de seus profissionais. As mudanças que
esperamos só acontecerão quando todos os envolvidos acreditarem nos benefícios deste
processo e se engajarem na luta por uma educação de qualidade para todos.
No tocante à contribuição da formação profissional para a prática educativa,
a maioria dos professores considerou que a formação acadêmica e as capacitações são
muito valiosas e importantes, mas que é a experiência e a vivência em sala de aula, ou
seja, a prática, que lhes fornecem o aprendizado e o aperfeiçoamento necessários para a
prática educativa.
Como coloca a professora Célia: “O diploma e o conhecimento são
importantes, mas o principal é a doação do professor durante as quatro horas que está
diante do aluno.”
Para complementar é preciso colocar outras opiniões que nos fazem
repensar sobre a formação dos profissionais da educação:
Professora Maura: “A formação contribui, mas ainda sinto necessidade de
estar sempre estudando e pesquisando.”
Professora Lúcia: “A formação superior abriu minha visão e auxiliou na
prática do dia-a-dia.”
Professora Neuza: “As capacitações dão um norte para pesquisarmos e
buscarmos vários caminhos para que os alunos avancem no dia-a-dia.”
Professora Júlia: “Vi muito pouco sobre educação especial na Faculdade e
no Magistério.”
A partir destas falas consideramos a formação do professor importantíssima,
mas é necessário que o professor seja um pesquisador e mantenha-se sempre atualizado,
como também ressaltamos que os cursos de formação de professores e de nível
superior em áreas da educação devem dar especial atenção à educação especial, afinal,
todo professor terá um dia em sua sala de aula um aluno P.N.E.E.
Não desmerecemos com estas observações o saber da experiência, ao
contrário, entendemos que a prática, assim como a teoria, é fundamental para a
formação de qualquer profissional, por isso, pregamos que a formação dos
professores deve ser essencialmente baseada nestes dois pilares, portanto, esta formação
tem que ser teórico-prática.
Com relação a capacitação para o atendimento dos alunos P.N.E.E.,
cinqüenta por cento dos professores sentem-se capacitados para tal atendimento, por
possuírem formação em serviço ou alguma especialização em Educação.
Contudo, a professora Maura diz que ainda lhe falta capacitação e
informação.
As professoras Neuza e Célia acreditam que nunca sentirão-se capacitados,
porque cada grupo de alunos é um novo desafio. Estes professores colocam que estão
preparados para trabalhar com a turma que estão no momento atual e que não sabem se
saberão trabalhar com um novo grupo de alunos.
As opiniões dos professores novamente demonstram o quanto a formação
teórica os deixam seguros em sua prática profissional.
Por isso, ratificamos a importância que os sistemas educacionais e as
escolas precisam dar à formação em serviço e aos cursos de nível superior.É preciso
incentivar, estimular e dar subsídios para que os profissionais possam estudar e se
aperfeiçoar.Lembrando sempre que isso não é um privilégio para poucos, todos
merecem a oportunidade de se enriquecer e crescer enquanto profissional.
Com relação às mudanças ou às medidas necessárias para realizar a inclusão
dos alunos P.N.E.E. em turmas regulares os professores consideram que é necessário:
Professora Maura: “Capacitar os professores e funcionários da escola;
reduzir o número de alunos nas salas de aula; trabalhar a auto-estima de pais e alunos;
viabilizar os espaços da escola e realizar projetos a fim de aproximar os pais e informá-
los das capacidades e necessidades dos alunos P.NE.E.”
Professora Lúcia: “Capacitar orientadores pedagógicos e educacionais sobre
as deficiências, para que estes possam auxiliar e orientar os professores, como também,
fazer o levantamento dos professores que realmente desejam trabalhar com alunos P. N
E. E.”
Professor Sula: “Fazer primeiramente a integração, formando classes
especiais nas escolas, para depois partir para a Inclusão.”
Professora Neuza: “Ouvir os professores antes de incluir o aluno e
sensibilizar a comunidade.”
Professora Célia: “Integrar saúde e educação para que estes sistemas
caminhem juntos e haver um comprometimento real das autoridades com relação a
Inclusão.”
Professora Júlia: “Preparar a comunidade para receber o P.NE.E.,
conscientizando esta a respeito dos direitos do P.N.E.E. e informando-a das leis de
Inclusão através de reuniões; estruturar, organizar e planejar a escola para que esteja
preparada para inserir o aluno P. N E. E.”
Através das opiniões dos professores percebemos que além das questões
expostas anteriormente, é necessário haver a integração entre Educação e Saúde,
sensibilizar e informar à comunidade, trabalhar conjuntamente com pais, fornecer apoio,
capacitações e recursos pedagógicos aos professores, adaptar o espaço físico da escola,
bem como, realizar projetos.
Entendemos que para a inclusão ser uma realidade na prática a escola
precisa estar totalmente estruturada e organizada para receber este aluno.Para isso, as
mudanças serão muitas. Sabemos que os sistemas educacionais e as escolas terão um
longo caminho a percorrer para implementar uma educação inclusiva de qualidade e que
as dificuldades serão grandes, contudo, cremos que estas não impedirão o processo. Elas
refletirão nossa vontade de lutar nosso trabalho, nos farão acreditar quando vermos que
obtivemos o sucesso almejado: Incluir todos os alunos incondicionalmente nas turmas
regulares do ensino fundamental.
4.2 - Entrevistas com Professores de Classes Regulares
Para o desenvolvimento desta pesquisa foram realizadas entrevistas com
professores de classes regulares de diferentes Unidades Escolares, pretendendo colher o
maior número de opiniões possível, visando observar qual o nível de informação que
estes profissionais possuem a respeito da inclusão. Saber se concordam com ela, se
apresentam alguma resistência a esse aluno, se a formação profissional que tiveram foi
suficiente para enfrentar esse novo desafio enfim, acreditamos que conseguiremos
através desses questionamentos traçar o perfil atual de nossos educadores, identificando
suas carências, seus medos, suas limitações, suas reivindicações, tornando possível
conhecer melhor a estrutura do Sistema Educacional de um modo geral, se está
preparado para receber um aluno PNEE em suas escolas e caso não esteja, identificar
quais ações estão sendo realizadas para que ocorra de forma efetiva.
Objetivando saber dos professores de classe regular qual o conhecimento
que possuem a respeito do assunto: Inclusão de aluno PNEE em classes regulares,
observamos que alguns deles ainda não apresentam uma definição muito clara sobre o
assunto. Entretanto muitos outros apontam e apresentam uma visão mais ampla e crítica
em torno do assunto. Citaremos como exemplo as falas dos professores 5 e 6:
Professor 5: “Inserir os aluno com necessidades especiais na rede regular de
ensino significa o primeiro passo para a jornada da Inclusão.”
Professor 6: “Inclusão é pensar na igualdade, é incluir quem está excluído
da sociedade e organizar a escola estruturalmente para isso, não é deixar esse aluno
jogado na saIa, excluindo o mesmo dentro da escola.”
A fala desses professores demonstra existir uma grande preocupação de
como vai se realizar essa Inclusão, até aqueles professores que apresentaram uma visão
restrita e confusa sobre o assunto hesitam que esta ocorra de forma inadequada, e que ao
invés de trabalhar a favor da igualdade, de uma educação mais humana e justa, esta
acabe transferindo para o professor toda a sobrecarga e a responsabilidade que o assunto
envolve. Promovendo de forma perversa e sutil a exclusão desses indivíduos dentro dos
muros da escola, gerando para estas crianças danos irreparáveis.
Ao indagarmos a estes profissionais se concordam com a inclusão do aluno
PNEE em turmas de ensino regular, verificamos que as opiniões mostram-se bastante
divididas conforme verificaremos a seguir:
Professor 1: “Sim. Possibilita a integração social para os alunos P.NE.E. e a
solidariedade para os ditos normais.”
Professor 2: “Sim. Todos têm o mesmo direito e eles precisam conviver com
os outros para se desenvolverem normalmente.”
Professor 3: “Não. Porque os professores precisam de curso de capacitação
para saberem lidar com essa situação.”
Professor 4: “Não. Porque necessitam de atenção especial dos
profissionais.”
Professor 5: “Sim. É um caminho eficiente para a construção da cidadania e
da participação social mediante a perspectiva da educação para todos e com todos.”
Professor 6: “Depende. Sim, se tiver professor capacitado, espaço físico
ideal e a escola tiver condições para tanto.”
Observamos a partir das falas dos professores que todos convergem, até
aqueles que não concordam com a inclusão, consideram que esta é um caminho, é uma
forma eficiente de promover uma sociedade mais solidária, mais tolerante, mais
humana, mais igualitária e menos preconceituosa. Entretanto, muitos apontam a
necessidade de um trabalho de capacitação e acompanhamento para o professor e de
uma reestruturação da educação em geral, pois somente assim a ações serão realmente
significativas e o crescimento será coletivo.
Quanto à resistência em trabalhar com um aluno PNEE incluído em turma
regular os professores se posicionaram da seguinte forma:
Professor 1: “Absolutamente. Acredito que assim, no futuro, teremos uma
sociedade plenamente inclusiva.”
Professor 3: “Sim. Por não me achar preparada profissionalmente.”
Professor 5: “Sim. Por não me sentir despreparada para assegurar o
desenvolvimento integral do educando com necessidades especiais.”
Professor 6: “Tenho medo. Nunca estudei sobre Educação Especial. Pra
mim o aprendizado deles é diferente dos demais alunos. Por falta de conhecimento não
sei como lidar com eles. Temo o desconhecido.”
Observamos a partir destes depoimentos que boa parte dos professores
apresentam, uma certa resistência à inclusão do aluno deficiente em turma regular.
Resistência esta gerada pela carência de informações sobre educação especial, pelo
despreparo profissional, destacado aqui como fator de grande relevância nesse processo,
pela falta de estrutura do próprio sistema educacional para garantir que a inclusão se
consolide dentro das escolas de ensino regular.
Consideramos esta postura por parte dos profissionais de educação bastante
madura e prudente. Demonstra que todos reconhecem a importância da sua atividade,
bem como, da necessidade de orientação e estudo para o desenvolvimento e para
possibilidade de uma real inclusão social do indivíduo com deficiência. Sendo assim,
ratificamos a importância da qualificação profissional a todos os agentes educacionais
para que a inclusão aconteça com qualidade.
No que diz respeito ao preparo, a aptidão para trabalhar com alunos PNEE
em sua classe, a maioria dos professores entrevistados disse estar despreparados para
assegurar o desenvolvimento integral do aluno com necessidades especiais. Atribuíram
essa ‘incapacidade’ aos cursos de formação, tanto a nível médio quanto a nível superior.
Nenhum deles apresentam como disciplina obrigatória educação especial, o assunto não
é abordado em seminários, em disciplinas eletivas, não existe uma discussão, mesmo
que superficial, sobre o tema. Sequer faz parte da grade curricular dos cursos de
magistério.
Professor 5: “Não me sinto preparada para trabalhar com um aluno PNEE,
pois o curso a qual obtive minha habilitação ao Magistério (ensino médio) não me
ofereceu tal preparo, e não se observa um currículo que se adeqüe e atenda às reais
necessidades desses alunos.”
É comum observamos à fala de todos os professores que os mesmos se
sentirão impotentes ao se defrontarem com um aluno PNEE em suas turmas. Mais uma
vez há um destaque para a questão da qualificação profissional, da importância de se
oferecer aos profissionais atuantes cursos de capacitação, e para aqueles que estão se
formando uma adaptação curricular para que saibam lidar futuramente com esse aluno.
Outro fator determinante é a participação efetiva do sistema de ensino, propondo um
trabalho pedagógico de inserção de alunos com deficiência no ensino regular que vise
uma educação de qualidade para todos. Até o momento, este tem se mostrado omisso.
A professora 6 relata um fato ocorrido em sua turma de ensino regular.Nesta
turma, foi incluído um aluno com problemas psicológicos sérios e a professora diante da
nova circunstância admite não saber lidar com este aluno, sente-se incompetente
pedagogicamente conforme expresso abaixo:
“Sinceramente, ele chega na sala, fica sentado e eu não sei o que fazer com
ele. Passo os deveres, ele não consegue acompanhar, eu não tenho apoio da equipe
pedagógica da escola. Creio que não saibam trabalhar com a inclusão. Dessa forma, não
me sinto preparada para trabalhar também.”
Ao questionarmos os professores se as escolas em que lecionam se
encontram a adaptadas para receber um aluno PNEE, estes se posicionaram da seguinte
maneira:
Professor 3: “Não. Eu acho que precisa de orientação para os alunos, pais
e professores.”
Professor 4: “Não. Faltam recursos especiais que devem ser adequados a
cada deficiência.”
Professor 5: “Não. Necessitaria de algumas estruturações de forma a atender
tais alunos como.’ salas adaptadas, adaptações organizativas (organizações didáticas das
aulas), adaptações relativas aos objetivos e conteúdos (seleção, inclusão e priorização
dos conteúdos) enfim, adaptações curriculares deforma a permitir uma melhor
compreensão das atividades.”
Professor 6: “Não. Falta espaço físico até para os alunos normais. Se
recebermos um cadeirante, por exemplo, ele ficará no corredor.”
É incontestável que a maioria das unidades escolares ainda apresentam um
ambiente inadequado e pouco propício para receber os alunos PNEE. A ausência de
rampas, o mobiliário inadequado, a falta de recursos diferenciados para tratar com os
diversos tipos de deficiência, acompanhado à falta de preparo dos professores e
da equipe pedagógica, acabam se configurando em obstáculos para consolidação dessa
nova forma de conceber a educação.
Podemos verificar que o meio escolar exige alterações estruturais, fisicas e
humanas. A inclusão implica em uma mudança de postura onde a sensibilidade tem de
ser vista como uma das prioridades para que a transformação da escola, da comunidade
e órgãos governamentais possa acontecer.
Pudemos constatar que a maioria das escolas está despreparada para incluir
um aluno PNEE em seu interior, dessa maneira, achamos pertinente indagar aos
professores quais mudanças estes consideram fundamentais para que a escola em que
trabalham promovam a inclusão. Os professores se expressaram da seguinte forma:
Professor 2: “A escola em que trabalho possui rampas de acesso às salas
para atender tais alunos, mas faltam salas de recursos bem aparelhadas e turmas
regulares com menor número de alunos.”
Professor 4: “Uma melhor atuação da equipe pedagógica na preparação dos
trabalhos ajudando o professor a proceder com o aluno PNEE deforma ‘normal’.”
Professor 5: “Preparação e dedicação dos professores, apoios especializados
para os que necessitam e a realização de adaptações curriculares e de acesso ao
currículo.”
Professor 6: “Além das adaptações físicas é necessário trabalharmos junto
com a comunidade. Se os pais não nos ajudarem, o professor não conseguirá fazer nada
para incluir esse aluno. Trabalhar não só com o pai do aluno portador de necessidades,
como com os outros pais também, para que o preconceito não venha ser fator
determinante para a não inclusão.”
Observamos através das falas dos professores que estes apontam
necessidades diversas para que escola possa ser inclusiva. Sugerem não só
adaptações físicas, como também, aperfeiçoar continuamente o pessoal em serviço,
levar a comunidade a pensar a inclusão não só na educação mas também na sociedade,
fornecer orientação sempre que possível a comunidade escolar, aos professores e alunos
visando um atendimento adequado.
Sem dúvidas a inclusão ocorrerá mais facilmente e de forma eficaz se for
realizado um trabalho conjunto entre Escola, Comunidade e Secretaria de Educação,
propondo sempre discutir e refletir como se dá aos portadores de necessidades a
acessibilidade, a saúde, os encaminhamentos, o transporte, os direitos os deveres e etc.
Desenvolvendo ações que visem transformar não só as escolas como a sociedade na
direção da inclusão.
Uma vez que a inclusão está ocorrendo em escolas de ensino regular,
gradativamente, consideramos pertinente questionar a estes profissionais se consideram
a educação inclusiva o melhor caminho para o aluno PNEE e obtivemos as seguintes
afirmações:
Professor l: “Sim. A convivência com os alunos ditos ‘normais’ é a chave
para a inclusão.”
Professor 3: “Se a escola estiver adaptada com seus professores preparados
esses alunos se sentirão mais inclusos no social.”
Professor 5: “Sim. Por que segundo Mantoan (1997, p. 68): ... cabe à escola
encontrar respostas educativas para as necessidades de seus alunos...”
Professor 6: “Fico dividida, pois acredito que o aluno PNEE mereça um
tratamento especial diferente daquele fornecido ao aluno normal.”
Verificamos que a grande maioria dos professores admite que para o aluno
PNEE a inclusão realmente é o caminho mais apropriado e mais enriquecedor,
resultando a esse indivíduo um melhor desempenho não somente no âmbito escolar,
como no social e no afetivo.
Certamente esse crescimento será mútuo, não se restringindo ao indivíduo
com necessidades especiais, pois quando aceitamos o “diferente” estamos exercitando a
tolerância, a compreensão e o amor. Estamos nos (re)educando.
Contudo, não podemos desconsiderar que esse processo só se efetivará na
prática se a escola estiver bem trabalhada e estruturada pelo sistema de ensino que terá
de fornecer subsídios para tal intento.
O posicionamento dos professores em torno das ações que devem ser
realizadas a fim de que a inclusão aconteça com eficiência e eficácia em turmas
regulares se mostrou da seguinte forma:
Professor 2: “Deve ser incluída nos currículos dos cursos de magistério e
das Universidades, a Educação Especial como disciplina obrigatória.”
Professor 3: “Escola adaptada para atender às necessidades desses alunos
além de profissionais preparados e conscientes.”
Professor 6: “Uma renovação pedagógica que requeira uma série de
estratégias organizativas e metodológicas, que envolva trabalhos em grupos. Não é
jogar’ o aluno PNEE em sala de ensino regular e achar que ele foi incluído.”
É importante atentarmos para o fato de que todas ações sugeridas pelo
professores entrevistados estão mais uma vez, voltadas para a capacitação profissional e
para adequação do ambiente escolar tal como adequação curricular para os cursos de
formação. Ações estas de responsabilidade dos Sistemas Educacionais de Ensino.
Existe por parte dos profissionais de educação uma conscientização de que o
próprio sistema necessita fornecer as condições adequadas, realizar ações apropriadas
que repensem e reestruturem o modo de funcionamento institucional pautado na lógica
da exclusão.
Dentre todos os questionamentos apresentados, a capacitação dos
professores foi o fator mais abordado, sendo citado como um dos fatores fundamentais
para que a Inclusão aconteça de forma promissora. Sendo assim, consideramos
pertinente indagar aos entrevistados o que eles acreditam que tenha faltado em sua
formação profissional para que atendam um aluno PNEE. Os professores expressaram-
se do seguinte modo:
Professor 3: “Um curso de capacitação com um estágio supervisionado para
que não seja um aprendizado teórico.”
Professor 5: “Um maior esclarecimento sobre o assunto, uma disciplina
específica que abordasse a realidade da educação regular onde estão envolvidos alunos
‘ditos normais’ e alunos excluídos.”
Professor 6: “Faltou muita discussão. Os cursos de formação quase não
exploram, não trabalham o assunto. Creio que o tema deveria ser trabalhado na área de
gestão. Como um gestor vai administrar esse caso? Irá somente matriculá-lo e jogá-lo’
em sala de aula? É difícil encontrarmos numa escola um professor que tenha se
especializado nessa área.”
É incontestável, quando o assunto é Inclusão de aluno PNEE, observarmos
que os cursos de formação profissional não atentaram para o fato de que esta é uma
realidade que se dá de forma cada vez mais incisiva no dia-a-dia escolar. Mais uma vez
é exigido maior apoio e participação das Secretarias quanto a questão da inclusão. É
fundamental a promoção de cursos de capacitação e o desenvolvimento de ações que
implementem mudanças curriculares onde o tema seja abordado como disciplina
obrigatória.
Ratificamos que incluir alunos PNEE no ensino regular exigirá de cada
professor e do sistema educacional uma mudança radical. Todos estamos nesse
processo, cada qual com suas verdades, seus medos, suas incertezas. O trabalho deve ser
contínuo e voltado para desenvolver o respeito, a convivência fraterna, a democracia e a
integridade moral.
Observamos ao longo do tempo que foi colocado sob responsabilidade da
educação uma série de problemas que não são especificamente educacionais,
significando na verdade, uma crença ingênua no poder redentor da educação.
Atribuindo-se a educação um conjunto de papéis que no limite abarcam as diferentes
modalidades de política social. Temos receio de que a o defesa de uma Educação
Inclusiva crie no imaginário das pessoas, a idéia de que esta, é suficiente para reduzir as
diferenças sociais, que é capaz de redimir a sociedade através da ação pedagógica.
Reafirmamos que a atitude inclusiva busca respostas no coletivo, não é uma medida
milagrosa e exclusiva da escola.
4.3 - Professores de Classes Regulares com Alunos Integrados
Ao serem questionados em relação à inclusão em classes regulares com
alunos integrados, a maioria dos professores respondeu que são a favor, mas desde que
exista um acompanhamento aos profissionais que trabalham direta e indiretamente com
esses alunos, como: Professores, orientadores e funcionários. Demonstrando uma
insegurança, pela falta de acompanhamento do próprio Sistema Educacional, porque as
exigências são feitas e com prazos estabelecidos mas falta a preocupação de preparar
estes profissionais para enfrentarem mais este desafio.
Vimos que as maiores dificuldades encontradas para atender um aluno
PNEE na classeregular, são:
Professor 1: “O preconceito dos alunos e funcionários.”
Professor 4: “A falta de tempo para dar atenção ao aluno”.
Professor 6: “A falta de preparação para lidar com o aluno.”
De acordo com as colocações acima citadas, observamos que algumas
barreiras necessitam de serem quebradas, pois todos os itens acima, somente reafirmam
a falta de preparo, até mesmo dos alunos ditos “normais”, pois o preconceito só será
quebrado quando as pessoas inseridas no processo de algum modo tenham
conhecimento do que é inclusão e como acontece.
Quanto as maiores dificuldades do aluno PNIEE inserido numa turma
regular percebe-se que a maioria dos professores vê a socialização o mais difícil de ser
trabalhado, justamente pela falta deste preparo, até dos próprios alunos incluídos,
faltando o período de adaptação para eles também. A dificuldade existente no educador
também está presente no educando, por falta de uma assistência maior da Unidade de
Ensino e do Sistema Educacional.
Em relação à capacidade do aluno PNEE aprender como os demais alunos,
os professores responderam o seguinte:
Professor 2: “Depende do caso, cada caso é um caso.”.
Professor 5: “Sim. E necessário um tempo maior, pois tem muita
c4ficuldade de aprendizado.”
A maioria dos professores expressou as opiniões acima citadas, usando
palavras diferentes, que na realidade queriam chegar a mesma conclusão. A realidade de
cada aluno é diferente, até para o aluno “Normal”, ainda mais para o aluno PNEE, o que
não se pode é comparar o desenvolvimento de um aluno com o outro. Certamente este
aluno normal ensina a tanto quanto aprende com um aluno PNEE.
Para que a aprendizagem aconteça tanto cm termos de adaptações
curriculares quanto de acesso, os professores acreditam que será necessário ter
conhecimento das necessidades de cada um, com atividades voltadas para o que precisa
aprender, incentivá-los a trabalharem em grupo, dar atenção individualizada, oferecer
recursos pedagógicos e também a criatividade do professor. Existe da maioria dos
profissionais entrevistados uma preocupação com a sua atitude diante dos alunos
incluídos, apesar de todas as dificuldades encontradas, eles acreditam que podem fazer
um trabalho mais elaborado, com a expectativa de terem um atendimento melhor por
parte do sistema educacional.
A inclusão gerou algumas mudanças de pensamentos e atitudes neste
professores. Observe as citações abaixo:
Professor 1: “Atenção redobrada na hora de explicar a matéria.”
Professor 3: “Na afetividade, alegria nos pequenos avanços.”
Professor 6: “Fiquei mais solidária, compreendendo melhor as necessidades
do aluno.”
Pelas respostas dos professores, nota-se que a mudança gerada não é
somente nos alunos, entretanto, o educador fica mais sensível as questões que até então
eram ignoradas por ele. A inclusão é positiva para o aluno como também para o
professor, que aprende muito mais a lidar com as diferentes situações de sala de aula.
Percebendo as facilidades e dificuldades existentes na educação.
Quando perguntamos se os demais alunos demonstravam atitudes positivas
em relação a um PNEE todas as respostas foram satisfatórias, com experiências
estimulantes, no que se diz respeito à socialização. Podemos concluir então que o
grande problema da inclusão não é a dificuldade de socialização e muito menos a
discriminação dos alunos “normais”.
No que diz respeito a mudanças na prática deste professor, após a inclusão
deste aluno. Eles se colocaram da seguinte forma:
Professor 3: “Passei a dar mais importância as pequenas aprendizagens do
dia-a-dia.”
Professor 4: “Me fez repensar a minha prática pedagógica, fazer auto-
avaliação.”
Professor 5:“Faço um planejamento para a turma e outro para a aluna.”
Quanto à prática pedagógica, na maioria das vezes, é mais lenta, acontece
devagar, isso não quer dizer que não acontece, mas demonstra que os professores
precisam, mais do que nunca de um preparo para atuarem nesta área, o que se entende é
que estão perdidos precisando de direção. Quem os direcionará?
Para os professores que responderam esta pesquisa nem tudo está perdido
pois quando foram questionados sobre a evolução deste indivíduo incluído, a maioria
respondeu que existe evolução quando conseguem prender a atenção, quando a criança
consegue conquistar sua autonomia, relaciona-se com os colegas. A inclusão é super
positiva para o aluno incluído, para o aluno “normal” e para o profissional atuante,
todos evoluem, em proporções diferentes mas o importante é o crescer, seja em que área
for.
E por fim, os professores sabem quais são as competências do educador para
lidar com um aluno PNEE incluído porque todos responderam: Capacitação
profissional, pesquisa e principalmente o amor à profissão. Iniciamos falando sobre a
capacitação e finalizaremos com a mesma, pois é de suma importância a capacitação
profissional mas existe também algo que impulsiona o profissional a fazer e fazer o
melhor é o amor a profissão citado aqui nesta pesquisa, porque com isso, decerto haverá
esforço para estudar, pesquisar e se especializar.
Com base nestas entrevistas dividas em três grupos de professores:
professores de classes especiais, professores de classes regulares e professores de
classes regulares com alunos integrados. Realizamos uma análise comparativa do
pensamento destes profissionais objetivando enfatizar os pontos de concordância e
divergência que estes grupos apresentam a respeito da Inclusão.
Constatamos que os três grupos de professores possuem mais pontos de
concordância que de divergência.Todos entendem que a educação inclusiva é um
processo gradual e dinâmico, sendo fundamental uma Pedagogia centrada nas
capacidades possíveis do alunado com necessidades especiais e materiais específicos
para este atendimento, assim como, um ambiente próprio e adequando para o
aprendizado. Se assim for, a inclusão será um dos caminhos para se promover uma
sociedade mais solidária e menos preconceituosa.
Admitem que inserir alunos PNEE em classes regulares é uma boa
alternativa, já que reconhecem que o meio inclusivo faz com que o indivíduo tenha um
crescimento significativo. No entanto, afirmam ser necessário dar condições à eles para
que essas pessoas possam se desenvolver e construir os seus so1ihos e objetivos, tendo,
contudo, que vencer os desafios e criar opções que as leve, mesmo dentro das suas
condições atípicas, manter um convívio com as pessoas consideradas normais. Ou seja,
todo esse processo exige alterações estruturais, físicas e humanas, onde as iniciativas
terão de partir, primeiramente, dos sistemas educacionais, a fim de eliminar todo o
conservadorismo institucional ainda existente.
Fornecer condições ao desenvolvimento desse indivíduo baseadas numa
educação inclusiva seria: capacitar profissionalmente todos os agentes escolares;
realizar um trabalho de conscientização objetivando preparar e informar toda a
comunidade e mostrar que a família é crucial em qualquer relacionamento. Sendo assim,
a escola tem de estar sempre desenvolvendo um trabalho junto com os pais.Os
educadores entrevistados também enfatizam a importância de se haver um apoio
psicológico para os alunos, pais e professores; além da dedicação e do amor à profissão
citados como uma maneira de se lutar contra as próprias barreiras e preconceitos
inerentes à proposta inclusiva.
Comprovamos que a Inclusão exige das escolas novos posicionamentos
diante dos processos de ensino-aprendizagem, provoca o aprimoramento da formação
dos professores e determina que a escola se modernize para que atenda às exigências de
uma sociedade que não admite preconceitos, discriminação, barreiras entre os seres,
povos e culturas. Sendo assim, acaba por transformar os sistemas educativos para que
possam oferecer oportunidades educacionais iguais e justas a seus alunos. Não nos
restando dúvidas de que todos nós só temos a ganhar com a prática inclusiva nas
escolas.
CONCLUSÃO
Reconhecemos que os aspectos legais que envolvem a inclusão não
garantem por si mesmo sua realização, mas entendemos que as leis foram feitas para
serem cumpridas e, sendo assim, temos o dever e o direito de lutarmos para que estas
sejam efetivadas na prática, garantindo o direito fundamental que todos temos enquanto
agentes sociais, que é o direito incondicional de sermos cidadãos e exercermos
plenamente nossa cidadania.
Se nossos alunos especiais ainda não têm condições de lutar para que seus
direitos sejam efetivados, então, lutemos nós: pais, professores, instituições, etc.
Lutemos para que as leis realizem-se, para que a sociedade se adapte às particularidades
e necessidades de cada indivíduo e conscientize-se dos direitos que nossas crianças
especiais possuem. Lutemos, enfim, para que todas as escolas estejam abertas para
todos e, principalmente, para que os indivíduos P.N.E.E. Consigam, assim como nós,
exercer sua cidadania de forma completa, atuando na sociedade de forma ativa e
participativa.
Sabemos que, para alguns, a inclusão é vista como uma forma que os
governos encontraram para acabar com as classes especiais e conseqüentemente, com os
recursos a ela destinados. As verdadeiras intenções governamentais que •a originaram,
nós realmente não sabemos, a única coisa que pretendemos de fato é contribuir para um
processo justo de inclusão, onde “Todos” sejam incluídos, pois acreditamos que o
melhor caminho para se combater a segregação destes indivíduos é dando-lhes a
igualdade inicial de oportunidades, através da convivência com as pessoas “ditas
normais” dentro de escolas nas quais estariam inseridos se não tivessem deficiências ou
dificuldades. Portanto, podemos concluir que é através da educação em escolas
inclusivas que estaremos construindo uma educação democrática e indo contra a
exclusão social e escolar que estes grupos estão subordinados.
A declaração coloca que pelo fato de já termos experimentado
dificuldades de aprendizagem em algum ponto de nossa escolarização, podemos dizer
que já fomos portadores de necessidades educacionais especiais em algum momento de
nossa vida. Então, as escolas inclusivas devem adotar uma pedagogia centrada na
criança. Aquelas têm de respeitar sua diversidade e sua individualidade e ser capaz de
educar, com qualidade, todas elas.
Contudo, mesmo com todas essas leis, adaptações, estabelecimentos de
parâmetros e tantas outras ações pensadas e elaboradas, o que está sendo feito ainda é
muito pouco o que se oferece. Nos deparamos na prática com obstáculos e resistências
de toda ordem. Entendemos que precisamos superar estas práticas excludentes em nossa
sociedade e a escola, em nossa opinião, é o ponto de partida para as mudanças de
valores e atitudes. É através da convivência e da valorização do respeito mútuo, da
solidariedade e da cooperação entre os indivíduos que a escola poderá superar
preconceitos e resistências com relação à inclusão do aluno P.N.E.E. É na escola que
vamos começar a aprender desde pequenos a conviver e a respeitar não só as diferenças,
mas também as especificidades de cada ser humano, por isso a escola é, para nós, o
ponto crucial das mudanças. Sabemos que cada indivíduo é único e diferente e tem suas
limitações e dificuldades que devem ser consideradas, portanto, nesse caso especifico
que é a inclusão, a educação pode superar as práticas excludentes, no sentido de
contribuir para a formação de uma sociedade cujos membros aceitem e respeitem a
diferenças individuais e as peculiaridades de cada ser humano. É na escola que
ajudaremos a formar cidadãos comprometidos com a legitimação de uma sociedade
melhor, pois esta é um espaço político de construção de conhecimentos, de consciências
críticas, de valores e de atitudes. Portanto, é numa escola comprometida com a
formação integral do educando que contribuiremos para que os “anormais”, os
“diferentes” de hoje sejam aceitos e respeitados pela sociedade vigente ou, quem sabe,
futura.
BIBLIOGRAFIA
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WERNECK, Claudia. Quem cabe no seu todos? Rio de Janeiro: WVA, 1999.
ANEXOS
ÍNDICE
INTRODUÇÃO 7
1. INCLUSÃO: CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES 10
1.1 - Histórico e Fundamentação Legal 10
1.2 - O Portador de Necessidades Educacionais Especiais 13
2. EDUCAÇÃO INCLUSIVA: UM DESAFIO EM PROCESSO 19
2.1 - Inclusão: Responsabilidade de Todos 21
2.1.1 - Ações das Secretarias de Educação 22
2.1.2 - Ações de Unidades Escolares 24
2.1.3 - As Contribuições de Vygotsky para a Inclusão 28
3. OS BENEFÍCIOS DA INCLUSÃO 34
3.1 - Qualidade de Educação 34
3.2 - Valores e Atitudes Inclusivas 35
3.3 - Avaliação 38
4. PESQUISA DE CAMPO: OS PROFESSORES DO CONTEXTO INCLUSIVO 43
4.1 - Professores de Classes Especiais 43
4.2 - Entrevistas com Professores de Classes Regulares 51
4.3 - Professores de Classes Regulares com Alunos Integrados 60
CONCLUSÃO 65
BIBLIOGRAFIA 67
ANEXOS 69
ÍNDICE 70
FOLHA DE AVALIAÇÃO 71
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