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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES
CURSO DE PEDAGOGIA
CRISTIANE APARECIDA DA SILVA
TATIANA BELINKY: UMA POSSIBILIDADE DE APRENDIZAGEM E ENCANTOS PARA CRIANÇAS
MARINGÁ
2012
CRISTIANE APARECIDA DA SILVA
TATIANA BELINKY: UMA POSSIBILIDADE DE APRENDIZAGEM E ENCANTOS PARA CRIANÇAS
Trabalho de Conclusão de Curso – TCC, apresentado ao Curso de Pedagogiana disciplina 4728 – Trabalho de Conclusão de Curso como requisito parcial para cumprimento das atividades exigidas. Coordenação: Profª. Drª Aline Frollini Lunardelli Lara. Orientação: Profª Drª Marta Chaves.
MARINGÁ
2012
CRISTIANE APARECIDA DA SILVA
TATIANA BELINKY: UMA POSSIBILIDADE DE APRENDIZAGEM E ENCANTOS
PARA CRIANÇAS
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Estadual de Maringá comorequisito parcial para a obtenção do título de Graduação em Pedagogia.
BANCA EXAMINADORA
____________________________________________
Profa. Dra. Marta Chaves (Orientadora)
Universidade Estadual de Maringá
_____________________________________________
Profa. Ms. Eloiza Elena da Silva
Universidade Estadual de Maringá
_____________________________________________
Profa. Ms. Maria Eunice França Volsi
Universidade Estadual de Maringá
Aprovado em: 19 de novembro de 2012
DEDICATÓRIA
À Tatiana Belinky,
com muito carinho.
À Marta Chaves,
defensora de encantos e excelência para a educação.
Ao GEEI,
querido Grupo de Estudos.
À Helena e Armindo,
pais batalhadores mesmo em meio a tantas dificuldades.
A João Paulo,
noivo amável e compreensivo.
AGRADECIMENTOS
A importância de algumas pessoas no processo de elaboração desta pesquisa não
poderia deixar de ser aqui registrada, pois sem elas o resultado e o significado deste
trabalho não seriam o mesmo para mim. De maneira especial agradeço:
À minha professora e orientadora Dra. Marta Chaves, pelo amparo na pesquisa,
ensinando com muita sabedoria que a educação para crianças precisa ser cheia de
encantos e aprendizagens, e também pelo seu carinho e compreensão nessa
trajetória;
Aos professores do curso de Pedagogia dessa universidade, por seus
ensinamentos; em especial às professoras da banca examinadora, Profa. Ms. Eloiza
Elena da Silva e Profa. Ms. Maria Eunice França Volsi, por terem aceitado com
carinho nosso convite;
Ao Grupo de Pesquisas e Estudo em Educação Infantil (GEEI), que sob a orientação
da Profª. Dra. Marta Chaves muito significativamente marcou minha formação, e a
seus membros que me acolheram com afeto e compartilharam muitas alegrias;
Às amigas Andressa, Regiane, Priscila, Cynthia, Natália e Andréia, amizades que se
iniciaram durante o curso de graduação, mas que vão perdurar ainda por muito
tempo; a contribuição de cada uma e tudo o que passamos juntas não poderá ser
esquecido;
Às queridas amigas Marcia e Eliane, e a sua mãe Sebastiana, por toda a forma de
ajuda que me prestaram em todos os momentos, para além da amizade sempre;
À minha sogra Vilma, pelo incentivo, afeto e tantas colaborações durante o percurso;
À minha irmã Maria Carolina, que a seu modo também contribuiu, além de me
brindar com uma linda sobrinha;
Aos cunhados Angélica, José Antônio e Ricardo, sempre prestativos;
Às colegas, que se fizeram presentes de algum modo; às colegas de trabalho, pela
compreensão; aos que contribuíram direta ou indiretamente para minha conquista;
À Secretaria Municipal de Educação de Paiçandu, por todo o apoio e colaboração;
A Deus, que me deu forças para prosseguir por muitas vezes;
Aos meus queridos pais de afeto Helena e Armindo, e à minha mãe Ely, que durante
esses anos de graduação simplesmente me apoiaram e me incentivaram
constantemente;
Ao meu querido noivo João Paulo, que foi sempre companheiro, compreensivo,
paciente e amável, trazendo motivação quando o cansaço parecia me vencer e
compartilhando de meus sentimentos, dificuldades, expectativas e sonhos.
EPÍGRAFE
Sou ‘antiga’, mas não sou ‘velha’, pelo menos por dentro.
Porque dentro de mim continua vivinha a criança que fui em
anos passados. Isto me permite estar sempre em sintonia com
crianças e jovens, com quem procuro repartir as minhas
curtições de ontem e de hoje.
Tatiana Belinky
RESUMO
Este trabalho objetiva apresentar estudos e reflexões sobre como a Literatura Infantil tem se apresentado nas instituições educativas escolares, principalmente na Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental. Intencionamos também apresentar uma proposta de intervenção pedagógica nominada Caixa de Encantos e Vida a partir da biografia de Tatiana Belinky. A pesquisa constitui-se bibliográfica, com base nos autores da Teoria Histórico-Cultural para amparar nossas discussões, por considerar que seus pressupostos respondem aos nossos questionamentos. Consideramos a importância de relacionar as vivências da infância de Tatiana Belinky com a sua produção literária e ressaltar que quanto mais experiências enriquecedoras a criança puder vivenciar, mais rica será sua aprendizagem. E para melhor atender nossos objetivos, organizamos primeiramente os aspectos históricos da Literatura e da Literatura Infantil, bem como sua definição; na sequência, apresentamos a pesquisa sobre a biografia da escritora Tatiana Belinky e finalizamos com os escritos sobre a possibilidade de intervenção pedagógica com o recurso didático mencionado.
Palavras-chave: Literatura Infantil; Teoria Histórico-Cultural; Tatiana Belinky; Caixa
de Encantos e Vida.
ABSTRACT
This research aims to present considerations about how Children’s Literature has been featured in schools, especially in Kindergarten and the first years of Elementary School. It is also intended to present a new pedagogical intervention proposal called “Caixa de Encantos e Vida” inspired by the biography of Tatiana Belinky. This research is bibliographical, based in the authors of Cultural-Historical Theory, considering that their assumptions may support and answer our questions. We highlight the importance of relating the experience from Tatiana Belinky’s childhood with her literature, and from that we take that the richer one child’s experience is, his/her learning process will also be richer. And in order to reach our goals, we will first understand the historical aspects of Literature and Children’s Literature, as well as its definition; present the research about Belinky’s biography and then analyze the possibility of creating a pedagogical intervention using the teaching resource previously mentioned.
Keywords: Children’s Literature; Historical-Cultural Theory; Tatiana Belinky; Caixa
de Encantos e Vida.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO....................................................................................................10
2 LITERATURA E LITERATURA INFANTIL: ASPECTOSHISTÓRICOS...........14
3 LITERATURA INFANTIL: ASPECTOSHISTÓRICOS NO BRASIL..................18
4 LITERATURA E LITERATURA INFANTIL: APRENDIZAGENS E ENCANTOS
PARA CRIANÇAS.................................................................................................22
5 TATIANA BELINKY:
SUA HISTÓRIA E SUAS HISTÓRIAS PARA CRIANÇAS.....................................25
5.1. A História de um país na vida de Tatiana Belinky ..............................................26
5.2. Tatiana Belinky: lembranças emocionantes de uma pequena russa .................29
5.3. Tatiana Belinky:
uma imigrante e seu legado para a Literatura Infantil brasileira..............................33
6 LITERATURA INFANTIL E TEORIA HISTÓRICO-CULTURAL: UMA
POSSIBILIDADE DE INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA COM A CAIXA DE
ENCANTOS E VIDA....................................................................................................40
6.1. A confecção da Caixa de Encantos e Vida
................................................................................46
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................48
REFERÊNCIAS...........................................................................................................50
ANEXOS.....................................................................................................................53
10
1 INTRODUÇÃO
A realização desta pesquisa, cujo tema é “Tatiana Belinky: uma possibilidade de
aprendizagem e encantos para crianças”, tem por base os questionamentos
desenvolvidos a partir das vivências no estágio obrigatório, de exigência curricular1,
e também nas experiências de estágio remunerado, não-obrigatório, por meio do
qual atuamoscom a oficina de Literatura.
O estágio obrigatório, realizado na Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino
Fundamental, aconteceu sob a forma de observação participativa, na qual era
possível observar a rotina desenvolvida em sala de aula por professores e alunos,
bem como as práticas educativas proporcionadas às crianças.
No estágio não-obrigatório, pudemos trabalhar no Programa Mais Educação2 em
escolas de Ensino Fundamental, no município de Maringá, Distrito de Iguatemi, em
2011; e no município de Paiçandu, Distrito de Água Boa, em 2012. Em ambas as
escolas, tivemos a oportunidade de trabalhar com a oficina de Literatura, na qual
desenvolvíamos atividades como contação de histórias, músicas e poesias. E por
meio de nossa atuação com as crianças foi possível perceber que elas pouco
conheciam sobre os autores de Literatura Infantil que já foram discutidos e
apresentados a elas anteriormente, em outras situações de ensino e aprendizagem.
Além dessas experiências obtidas nas instituições educativas escolares, as
vivências e estudos realizados a partir do ano de 2010, devido ao ingresso no Grupo
1 As Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Pedagogia, aprovadas pelo Parecer CNE/CP
nº3/2006, deliberam a obrigatoriedade do estágio curricular no curso de graduação em Pedagogia, sendo estes estágios na Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental, além de outras modalidades de ensino e gestão dos processos educativos (BRASIL, 2006). 2 O Programa Mais Educação (instituído pela Portaria Interministerial n.º 17/2007) integra as ações do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) como uma estratégia do Governo Federal para induzir a ampliação da jornada escolar e a organização curricular na perspectiva da Educação Integral. Atende, prioritariamente, a escolas de baixo IDEB, situadas em capitais, regiões metropolitanas e grandes cidades em territórios marcados por situações de vulnerabilidade social que requerem a convergência prioritária de políticas pública e educacional (BRASIL, 2007).
11
de Pesquisas e Estudos em Educação Infantil (GEEI) 3 , foram também muito
relevantes nessa trajetória, pois nos capacitaram a perceber e a identificar outras
oportunidades de desenvolver o trabalho com a Literatura Infantil por meio de
recursos didáticos e estratégias de ensino que possibilitem à criança ter acesso aos
bens culturais produzidos historicamente pela humanidade.
Partindo das observações e vivências de estudos citadas, se desenvolveu a
necessidade de pensar em alternativas para a realização deste trabalho com a
Literatura e seus autores nas instituições educativas escolares, buscando
estratégias sobre o que poderia ser feito para mudar esse contexto e aprimorar a
aprendizagem dos alunos. Considerando que diversos autores realizaram estudos
sobre a Literatura (CARVALHO, 1982; CHAVES, 2010; CHAVES, 2011; COELHO,
2000; MACHADO, 1999; MEIRELES, 1984; para mencionar alguns), pretendemos
nos pautar no que está feito para buscar novas contribuições, ainda que iniciais,
para o trabalho com os autores dos textos infantis, destacando a autora Tatiana
Belinky. E a escolha por essa escritora russa se deu pelo apreço de suas obras,
bem como pelo interesse em conhecer mais sobre sua trajetória ligada à Literatura
Infantil e aos trabalhos realizados para crianças.
A importância desta pesquisa se dá à medida que pretendemos relacionar aspectos
biográficos sobre a infância da referida autora, Tatiana Belinky, com a sua produção
literária, o que pode ser ressaltado citando algumas das experiências da escritora
enquanto pequena e que podem indicar possibilidades às crianças da atualidade.
Além disso, pretendemos apresentar um recurso didático, a Caixa de Encantos e
Vida4, que pode instrumentalizar a prática de professores da Educação Infantil e dos
primeiros anos do Ensino Fundamental a fim de aprimorar o ensino e possibilitar
aprendizagens significativas para os escolares.
3 Grupo de Pesquisas e Estudos em Educação Infantil – GEEI, coordenado pela professora Drª Marta
Chaves, formalizado pela Universidade Estadual de Maringá. Este grupo realiza estudos afetos à Educação Infantil, amparado nos pressupostos teóricos do Materialismo Histórico e sob a perspectiva da Teoria Histórico-Cultural. 4
Recurso didático desenvolvido pela Profª Drª Marta Chaves, sobre o qual trataremos mais detalhadamente no decorrer deste trabalho.
12
Discutiremos brevemente sobre a forma como a Literatura Infantil tem se
apresentado nas instituições educativas escolares, fazendo uma breve retomada
histórica. Este estudo contempla ainda aspectos biográficos da autora Tatiana
Belinky, preferencialmente os de sua infância, porque estudos revelam que muitas
das vivências desse período tiveram e têm relação com sua obra.
Na sequência, partindo do estudo da biografia da autora e das considerações sobre
a importância da Literatura Infantil nas instituições educativas escolares, traremos
uma proposta de intervenção pedagógica por meio da Literatura Infantil e do
trabalho com a biografia de autores, em especial a de Tatiana Belinky, com a Caixa
de Encantos e Vida5, embasados nos pressupostos da Teoria Histórico-Cultural.
Essa proposta se dá por considerarmos que há a possibilidade de trabalhar com
biografias de autores no cotidiano escolar e enriquecer o trabalho de professores
que atuam nessas instituições educativas e também a aprendizagem de seus
alunos.
Nesse sentido, com base nas experiências de estágio mencionadas, questionamos:
Por qual motivo, quando se realizam atividades com a Literatura Infantil, os aspectos
biográficos dos autores não são explorados com os alunos de modo a ampliar-lhes o
conhecimento? Foi possível observar em algumas instituições escolares que alguns
profissionais chegaram a trabalhar a biografia de Tatiana Belinky, mas dificilmente
os alunos lembram dados simples sobre essa autora, como o local de seu
nascimento, o que ela gostava de fazer quando pequena; desconhecendo a vastidão
de suas elaborações, seu trabalho como tradutora, bem como suas premiações e
reconhecimentos por seu trabalho. Verificamos também que os alunos não sabiam
o quanto ela se alegra em escrever para crianças pequenas, conforme a própria
escritora menciona em muitos de seus livros, por exemplo. Como explicar esse fato,
se a autora foi apresentada a esses alunos por um professor? A partir dessa
constatação, questionamos ainda: De que maneira essa biografia foi apresentada?
Como foi explorada posteriormente? Essas e outras questões pretendem nortear os
5 Faremos uma proposta de construção da Caixa de Encantos e Vida da escritora Tatiana Belinky,
que poderá ser utilizada como um recurso didático com crianças da Educação Infantil e anos iniciais do Ensino Fundamental.
13
rumos desta pesquisa, de modo a buscar uma forma de contribuição para essas
questões, bem como uma possibilidade de intervenção pedagógica por meio das
Caixas de Encantos e Vida que venham ao encontro dos objetivos traçados.
Convém mencionar também um pouco da trajetória de nossa pesquisa, destacando
que na busca de dados sobre a biografia de Tatiana Belinky encontramos vários
materiais abordando, em sua maioria, sua atuação voltada para o teatro, e as
informações referentes à sua produção literária para crianças foram encontradas nos
próprios livros de literatura, os quais sempre apresentam a autora, mesmo que
brevemente.
Nosso estudo, de cunho bibliográfico, está organizado da seguinte forma: trazemos
uma breve revisão da literatura sobre Literatura e Literatura Infantil; na sequência,
apresentamos a pesquisa sobre a biografia da escritora Tatiana Belinky; e
finalizamos com os escritos acerca da possibilidade de intervenção pedagógica com
a Caixa de Encantos e Vida. A escolha do referencial teórico embasado na Teoria
Histórico-Cultural, mesmo que ainda em estudos iniciais, ocorre por acreditarmos
que sejam seus pressupostos os que melhor explicam os questionamentos
elaborados em relação ao tema e que dão suporte para o desenvolvimento da
compreensão do problema da pesquisa, bem como a busca de uma possível
resposta à questão levantada. Para melhor nos firmarmos em nossos
posicionamentos, tomamos como base os escritos que contemplam a Teoria
Histórico-Cultural e clássicos como Leontiev (1979) e Vigotski (2009; 2010).
14
2. LITERATURA E LITERATURA INFANTIL – ASPECTOS HISTÓRICOS
A definição de Literatura é muito peculiar à época que se escreve sobre ela, pois
conforme Nely Novaes Coelho i (2000), cada período da história produziu a sua
Literatura, a seu próprio modo, e conhecê-los leva à compreensão da singularidade
de cada momento do desenvolvimento humano; tanto que conhecer historicamente
a Literatura propicia o conhecimento dos ideais e valores que as diferentes
sociedades se fundamentaram e se fundamentam.
Para Cecília Meirelesii (1984, p. 19), “a Literatura precede o alfabeto”, cada povo,
mesmo os primitivos, possui a sua forma de memória dos fatos, que primeiramente
eram narrados de boca em boca. Essa literatura oral é considerada folclórica.
Complementando com os dizeres de Bárbara Vasconcelos de Carvalhoiii (1982, p.
49), “as fontes próximas da Literatura Infantil encontram-se no acervo medieval e, de
modo especial, no século XVII”. Essa escritora faz uma longa retomada, escrevendo
que já no século II encontrava-se a notável obra satírica, cheia de argumentos
fantásticos, que posteriormente daria base para os contos maravilhosos; tanto que a
influência dessa obra chegaria a inspirar literaturas da época moderna. Já o
pensamento mítico tem destaque na Idade Média, período que prepara fontes da
Literatura Infantil, fontes estas retomadas no século XVII pelos novelistas que
souberam dar seu toque especial aos escritos.
Também escreve Carvalho (1982, p.51) que: “a migração dos contos orientais
povoou e enriqueceu o medievalismo ocidental” [...] (p. 52); “a contribuição das
traduções indianas tornou a Idade Média um celeiro e um centro de irradiação da
novelística e do fabulário”; que [...] “muitas Fábulas que enriqueceram a obra de La
Fontaine, no século XVIII [...] encontram-se no Calila”; e ainda que:
em todas essas obras que transitaram pela Idade Média foram abeberar-se aqueles, cujas obras foram eleitas pela criança, ou seja, os clássicos da Literatura Infantil. Mais especificamente, em O Conto de Lucanor, [...] Andersen foi buscar o seu notável conto satírico-
humorístico ‘A Roupa Nova do Imperador’”, mas o que a autora mais quer destacar é que todas essas obras tiveram as duas vias de
15
divulgação: a escrita e a oral ou Folclórica, “por isso o Folclore é uma fonte natural da Literatura Infantil (CARVALHO, 1982, p.53).
Feitos esses apontamentos, a autora continua, tratando especificamente da
constituição do que hoje chamamos de Literatura Infantil:
Para haver Literatura Infantil é necessário que haja Criança e Escola. Sem Escola não há livros ao alcance de todas as classes. E, por isso, ambas, Criança e Escola, começaram a dar seus primeiros passos rumo ao Sol, no século XVII, quando se inicia a Literatura da criança, embora esta só viesse encontrar o seu verdadeiro lugar com o advento da burguesia, entre os bem-nascidos, nos fins do século XVIII e início do século XIX. Se, para que haja Literatura escrita, são necessárias duas condições básicas: livro e Escola; para que haja Literatura Infantil, acrescenta-se mais uma: o apelo da criança. E é nesse fato que se baseia a história da Literatura Infantil, para assinalar seu início no século XVII, século que marca o calendário artístico-literário da criança, com Perrault e Comenius (CARVALHO, 1982, p. 75).
A autora escreve que é necessário haver a concepção de criança para que se pense
em uma Literatura voltada para esse público. Registra (CARVALHO, 1982) ainda
que é no contexto histórico do século XV que se organiza a reação contra essa
mistura de idades, com a estruturação da instituição escolar. Nos séculos XV e XVI,
os colégios modificaram o recrutamento dos alunos, incluindo também as famílias
mais populares, ou seja, “o século XVII separou apenas as crianças dos adultos”
(CARVALHO, 1982, p. 76). Mas as histórias se repetiam na tradição oral, com os
contos de fadas, o folclore, e a primeira expressão de Literatura Infantil.
Para tratar da Literatura Infantil, Carvalho (1982) pontua que esta teve início com
Charles Perrault (1628-1703), o clássico dos contos de fadas, no século XVII, o qual
retratava sua época nas histórias infantis que escrevia, criticando a sociedade em
que estava inserido. Mas como em todos os escritores infantis, a crítica é sutil, e
com o passar do tempo e das épocas a sátira feita pertence somente à época em
que foi escrita, esvaziada de conteúdo crítico. Ainda no mesmo século, outro escritor
admirável é Fénelon, o indócil neto de Luís XIV, que escreve o seu “Telêmaco”, um
verdadeiro tratado de educação.
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É importante ressaltar que se Perrault tem esse destaque nesse período, isso se
deve a um contexto histórico que favorecia tal situação, pois conforme Carvalho, o
século XVIII, com França como berço, alcança seu esplendor em sua segunda
metade. “A Literatura deixa de ser um jogo verbal, para se caracterizar pela busca
do conhecimento. Instruir era a palavra de ordem do Iluminismo. ‘O tipo de educador
era o pedagogo’” (CARVALHO, 1982, p. 86).
Dando seguimento ao contexto histórico, temos que:
A criança, que começa a existir como criança a partir de sua separação dos adultos, com a criação das primeiras Escolas e a formação escolar que se desenvolve no século XVII, tem, na segunda metade do século XVIII, com a revolução industrial e a consequente ascensão da burguesia, o seu lugar definitivamente conquistado na família e na sociedade burguesa. Na verdade, embora a Literatura da Criança tenha nascido com o conto de Fadas, a preocupação da Literatura dirigida à criança vai realizar-se com a sociedade burguesa, porque só então se descobre a criança como um ser especial. [...] Na família burguesa a criança conquista seu espaço, onde se encontram também os livros (CARVALHO, 1982, p. 86).
À medida que se rompe a tradição oral de as pessoas se reunir em grupos para
contar histórias, se estabelece o hábito de leitura; a família assume o costume de ler
para as crianças, abolindo o hábito da sociabilidade. “Mas, infelizmente, isso é um
privilégio das crianças bem-nascidas, [...] as pobres crianças malnascidas exibiam a
sua miséria, como limpador ou faxineiro, nos empregos que lhes eram impostos”
(CARVALHO, 1982, p. 87).
O século XVIII cultiva um novo gênero na Literatura Infantil (mais exatamente o juvenil), mas isso não significa que ela tenha nascido nesse século, [...], pois é óbvio e indiscutível a consagração dos contos de Perrault, no século XVII, por todas as crianças do mundo, além de outros, como a Condessa Murat, [...]; Madame D’Aulnoy, [...]; para citar apenas os contos maravilhosos, que são os preferidos pela criança, porque respondem à sua estrutura psicológica, ao contrário da Literatura vigente no século XVIII, cuja preocupação maior estava voltada para a iniciação científica e pedagógica(CARVALHO, 1982, p. 89).
17
Se no século XVIII há um cultivo desse novo gênero na Literatura, temos aí um
marco histórico do desenvolvimento da Literatura Infantil. E, finalizando esses
apontamentos, a autora considera o século XVIII como o berço das grandes
revoluções: a Revolução Industrial, no plano socioeconômico, culminando com a
Revolução Francesa. Comprometida com valores tão racionalistas e pragmatistas, a
literatura desse período era incompatível com a fantasia devido ao seu contexto
histórico, embora a descoberta da criança tenha acontecido nesse mesmo século,
por meio de Rousseau (CARVALHO, 1982).
18
3. LITERATURA INFANTIL – ASPECTOS HISTÓRICOS NO BRASIL
Feitas as considerações anteriores sobre a trajetória do desenvolvimento da
Literatura e da Literatura Infantil em aspectos gerais, faremos algumas ponderações
sobre a trajetória da Literatura Infantil no Brasil, visto que não poderia ter acontecido
em nosso país a mesma correspondência entre a cronologia mundial desse
desenvolvimento pelo fato de sua própria constituição ser mais tardia em relação
aos países da Europa que tiveram destaque como sendo o berço da Literatura
Infantil mundial.
A própria Cecília Meireles já escreve que
o século XIX, no Brasil, oferece já um panorama variado de leituras infantis. Mas o mesmo não se pode dizer dos séculos anteriores. A incipiente instrução dos tempos coloniais era impedimento natural ao uso de livros, principalmente dessa espécie. Pelo menos do seu uso generalizado. A leitura não era uma conquista popular (MEIRELES, 1984, p. 37).
Partindo do breve panorama social apresentado por Cecília Meireles, temos dados
que indicam que, diferentemente do Brasil, na mesma época a Europa já possuía
livros que só mais tarde viríamos a conhecer; alguns foram escritos especialmente
para certos leitores, e depois se divulgaram; outros foram desde o princípio
pensados para todas as crianças. Assim, “se La Fontaine deu a velhas fábulas a
forma incomparável do livro destinado ao Delfim de França, os contos de Perrault e
os de Mme. d’Aulnoy foram recolhidos da tradição popular como quem salva um
tesouro para todas as crianças do mundo” (MEIRELES, 1984, p. 38).
Muitos são os registros de leituras que podem ser encontrados no passado, como,
por exemplo, as de Hans Christian Andersen (1805-1875),
o adorável escritor que deveria ser, por sua vez, um dos mais queridos autores infantis. Com que amor se referia ele à pobre,
19
mas poética infância que lhe tocou viver! Frequentemente, o pai lia, de noite, em voz alta, trechos da Bíblia, para a família. Mas lia, também, trechos de La Fontaine, de Holberg ou das Mil e uma noites. Um dia, também, o menino, graças a umas
vizinhas, veio a ter notícia de Shakespeare. Grande acontecimento, na verdade[...] (MEIRELES, 1984, p. 40).
Os escritos de Andersen eram fabulosos, como aponta Cecília Meireles, mas só
tinham acesso a eles aqueles que faziam parte de uma cultura letrada, o que não
era o caso do Brasil à época, conforme vimos anteriormente. Temos então que, de
acordo com Carvalho (1982, p. 125), “até o início do século XIX, a Escola não
existia, praticamente, entre nós, uma vez que não havia formação de professores e
nem mesmo o livro de textos para a sala de aulas era cogitado”. A autora pontua
que com a chegada da família real houve várias mudanças no contexto político,
econômico e cultural da colônia. Inclusive se pensa na formação de professores. A
partir de 1808, criam-se Colégios em todo o país, bem como cuida-se da instrução
pública, e na Constituição de 1824 já se declarava a gratuidade da instrução
primária; e a partir de 1811 temos a primeira tipografia, seguida pela criação do
primeiro jornal infanto-juvenil em 1831, em Salvador, e assim se seguem outros de
mesma natureza.
E ainda nos relatos de Carvalho (1982, p. 126) podemos conferir que “a Literatura
Infantil, no Brasil, é antecedida por uma intensa atividade representada pelo
jornalismo e por traduções, o que nos permite admiti-la como a primeira fase da
Literatura Infantil, num período preparatório, de amadurecimento”.
A autora menciona também alguns dos precursores da Literatura Infantil brasileira6,
enfatizando que a arte de escrever para a criança é muito complexa e difícil, pois as
6 Carvalho (1892) faz uma breve cronologia de autores que publicaram para as crianças no século
XIX no Brasil, tais como: Alberto Figueiredo Pimentel, que publicou os “Contos da Carochinha”, trazendo traduções de contos adaptados de outros países, em 1894, reescritos em 1896 como “Histórias da Baratinha”; Arnaldo de Oliveira Barreto, com “O Velocino de Ouro”, além de traduzir “O Patinho Feio” de Andersen; Manoel José Gondim da Fonseca, com o “Conto do País das Fadas” e outros; Thales Castanho de Andrade, pioneiro da obra infantil regional publicando “A Filha da Floresta”, “Saudade” e outros; Viriato Correia, com “A Arca de Noé” e outras histórias; Renato Sêneca Fleury, com “O Príncipe e o Juiz”, “A Escrava que se tornou Princesa” e outros, destinados à leitura escolar; Vicente Paulo Guimarães e “O Pastorzinho de Pouy”, além de muitos outros contos; Érico Veríssimo, com “Os Três Porquinhos Pobres” e outras histórias; Cecília Meireles, com “Ou Isto ou Aquilo”, trazendo cor, movimento e beleza para as crianças por meio da poesia; Vinícius de Moraes e
20
crianças são muito exigentes. “A imaginação, a extratemporalidade, as
metamorfoses, o maravilhoso, a intenção recreativa por excelência e, sobretudo, a
dramaticidade são caracteres literários que mais agradam às crianças” (CARVALHO,
1982, p. 127).
E, talvez, devido à delicadeza do assunto e não havendo grande preocupação
dirigida realmente à educação e à cultura infanto-juvenil, a Literatura Infantil no
Brasil só começou a se esboçar nos fins do século passado, quando a preocupação
educacional se tornou uma realidade. Podemos pontuar aqui como um dos
reformadores desse cenário Rui Barbosa, que desempenhou papel importante na
pedagogia moderna no Brasil, e como ele vários outros, como Guilhermina Loureiro,
Teodoro Morais, João Kopke e outros (CARVALHO, 1982).
Ressaltamos aqui, com as palavras de Coelho (2000, p.138), que “foi Monteiro
Lobato que abriu caminho para que as inovações que começavam a se processar no
âmbito da literatura adulta (com o Modernismo) atingissem também a infantil”.
A respeito de Monteiro Lobato, voltamos a citar Carvalho (1982, p. 133), a qual
assevera que:
Ao contrário dos clássicos estrangeiros, ele não recriou seus contos de outros; ele os criou. Embora se utilizasse do rico acervo maravilhoso da Literatura Clássica Infantil de todo o mundo, a inspiração maior e básica de Lobato foi a própria criança, os motivos e os ingredientes de sua vivência: suas fantasias, suas aventuras, seus objetos de jogos e brinquedos, suas travessuras e tudo o que povoa sua imaginação... Reencontrou a criança, amealhou toda a riqueza e criatividade de seu mundo maravilhoso e construiu um universo para ela, num cenário natural, enriquecido pelo Folclore de seu povo, aspecto indispensável à obra infantil.
Mesmo reiterando Coelho (2000) que a verdadeira fusão entre o real e o
maravilhoso não tenha acontecido logo na primeira versão de A Menina do Narizinho
Arrebitado, em 1920, por conter muitos aspectos que serviam ao mundo escolar,
“A Arca de Noé”, cujos poemas infantis foram adaptados para música, televisão e teatro por Chico Buarque de Holanda. Na poesia, destacamos os nomes de Francisca Júlia, Zolina Rolim, Priciliana Duarte de Almeida, Correia Júnior, para citar os mais representativos dessa primeira fase.
21
esse livro leva seu autor a escrever outras historietas que lhe permitam alcançar seu
estilo. É em 1934, com a publicação definitiva de Reinações de Narizinho que
Monteiro Lobato faz a fusão entre o real e o maravilhoso.
E para contribuir com essas considerações em relação à Literatura Infantil brasileira
contemporânea, Coelho (2000) traz estudos que mostram parte da produção literária
mais recente com processos narrativos arcaicos sendo redescobertos ou recriados.
Há também uma tendência em fundir temas ou recursos antigos com novos
processos.
Podemos perceber, com todas essas afirmações e posicionamentos das autoras
pesquisadas, que independentemente do local em que se dá a Literatura, seja na
Europa ou em contexto nacional, ela é composta em consonância com o contexto
histórico vivenciado pelos homens. Reafirmamos que a Literatura é um fenômeno
humano e, portanto, dinâmico assim como o próprio homem, se modificando de
acordo com a sociedade em que é criada, bem como segundo a historicidade dessa
sociedade.
22
4. LITERATURA E LITERATURA INFANTIL: APRENDIZAGENS E
ENCANTOS PARA CRIANÇAS
Para o aprofundamento de nossos estudos, faz-se necessário buscar a definição de
“Literatura” e de “Literatura Infantil” propriamente dita, conforme o posicionamento
de alguns autores mais conceituados nessa área.
Para iniciar, vejamos o que afirma Cecília Meireles em seu livro Problemas da
Literatura Infantil:
Sempre que uma atividade intelectual se manifesta por intermédio da palavra, cai, desde logo, no domínio da Literatura. A Literatura, porém, não abrange, apenas, o que se encontra escrito, se bem que essa pareça a maneira mais fácil de reconhecê-la, talvez pela associação que se estabelece entre ‘literatura’ e ‘letras’ (MEIRELES, 1984, p. 19).
Percebemos pelas palavras de Meireles que a Literatura é uma atividade intelectual
ampla, vai além de tudo o que está escrito, pois precisa contar com a imaginação de
quem lê, e é necessária a interpretação das palavras, e as crianças estimuladas
para isso fazem muito bem.
Bárbara Vasconcelos de Carvalho, no livro A literatura infantil: visão histórica e
crítica, assim complementa essa definição:
Literatura é a arte de ouvir e de dizer, logo, nasce com o homem. [...] o homem aprendeu a falar – dizer – antes de ler e escrever, como, ontogeneticamente, acontece à criança, portadora de sua bagagem linguística, antes de alfabetizar-se (CARVALHO, 1982, p. 47).
Carvalho (1982) nos mostra que a Literatura é essencialmente pertencente e
desenvolvida pelo ser humano, o que implica pensar como se dá a transmissão
desse fenômeno social.
23
Trazemos ainda a definição de Nelly Novaes Coelho (2000) em seu livro Literatura
Infantil – teoria, análise e didática de que “Literatura é uma linguagem específica
que, como toda linguagem, expressa uma determinada experiência humana, e
dificilmente poderá ser definida com exatidão” (COELHO, 2000, p. 27). A mesma
autora também assinala que, por ser um fenômeno humano, a criação literária é tão
complexa, fascinante e misteriosa tanto quanto a própria existência humana.
Essas palavras vêm ao encontro do postulado anteriormente por outras escritoras,
que tratam a Literatura como essencialmente humana e desenvolvida nas relações
sociais entre os homens. E sobre a especificidade da Literatura Infantil, escreve
ainda Coelho (2000, p.27) que:
A literatura infantil é, antes de tudo, literatura; ou melhor, é arte: fenômeno de criatividade que representa o mundo, o homem, e a vida, através da palavra. Funde os sonhos e a vida prática, o imaginário e o real, os ideais e sua possível/impossível realização.
Essa definição de Coelho não se diferencia, em essência, do posicionamento de
Meireles (1984), a qual alega que existem livros para crianças, e o trabalho árduo
reside em classificá-los na Literatura Geral como livros infantis devido à forma com
que alguns estão escritos. Em suas próprias palavras,
[...] evidentemente, tudo é uma Literatura só. A dificuldade está em delimitar o que se considera como especialmente do âmbito infantil. São as crianças, na verdade, que o delimitam, com a sua preferência. Costuma-se classificar como Literatura Infantil o que para elas se escreve. Seria mais acertado, talvez, assim classificar o que elas lêem com utilidade e prazer (MEIRELES, 1984, p. 20).
A autora ainda enuncia que “um livro de Literatura Infantil é, antes de mais nada,
uma obra literária” (MEIRELES, 1984, p. 123), o que nos remete à importância dada
ao livro escrito voltado para as crianças, algo que, como veremos adiante, a
escritora Tatiana Belinky consegue fazer com maestria.
Com as palavras e afirmações das já referidas estudiosas da Literatura, obervamos
que não é possível separar a Literatura Infantil da Literatura Geral, se é que
24
podemos utilizar esses termos, pois ambas possuem a mesma essência. Ao se
tratar de Literatura infantil, primeiramente reportamo-nos à Literatura e a tudo o que
ela pode significar enquanto arte e expressão humana.
Tal consideração se faz importante nesta pesquisa, principalmente quando, mais
adiante, escrevemos sobre os enlaces da Literatura com a aprendizagem da criança
com base nos pressupostos da Teoria Histórico-Cultural, que conforme já
aventamos, acreditamos ser o referencial teórico que responde aos nossos
questionamentos e indagações referentes ao tema estudado. Em seus estudos,
Marta Chavesiv (2010) argumenta que trabalhos literários para e com as crianças
podem ser elaborados e realizados como amparo da Teoria Histórico-Cultural.
A seguir, abordamos aspectos biográficos de uma das escritoras da Literatura
Infantil e Infanto Juvenil brasileira que se destaca pelo trabalho realizado: trata-se de
Tatiana Belinky, que consegue mostrar em sua escrita essa preocupação com o
conteúdo de suas obras e a responsabilidade para com seu público.
25
5. TATIANA BELINKY: SUA HISTÓRIA E SUAS HISTÓRIAS PARA
CRIANÇAS
Para tratarmos da escritora Tatiana Belinky7, podemos nos valer de suas próprias
palavras contando sua longa história de vida, dentre estas as contidas no livro
Tatiana Belinky ...e quem quiser que conte outrav, o qual norteia grande parte dos
dados para esta pesquisa, bem como em trechos retirados de livros8 escritos ou
adaptados por ela e que contêm uma breve biografia sua.
E sua história é longa mesmo, pois já há muito tempo que o mundo pode se
encantar com a presença de Tatiana9, o que ela reafirma dizendo na entrevista para
Roverivi (2007, p.24; p.31) “eu nasci na Rússia, na cidade de São Petersburgo10, que
na época era chamada de Petrogrado. [...] Vim ao mundo no dia 18 de março de
1919, emplena guerra civil; a Revolução Russa havia eclodido em 1917, dois anos
antes” [...] “Quando eu nasci, a Rússia continuava sofrendo os efeitos de uma guerra
civil. Não havia comida, não havia nada naqueles anos, logo após a revolução”.
Partindo de suas afirmações, destacaremos a seguir o contexto histórico em que
Tatiana nasceu, sendo que este influenciou muito o curso de sua vida, como
poderemos verificar posteriormente.
7 O sobrenome Belinky, em russo, quer dizer branquinho.
8 Livros de Tatiana Belinky consultados: Bidínsula e outros retalhos, Editora Atual, 1990 (Série conte
outra vez); Dez sacizinhos, Editora Paulinas, 2007. (Coleção sabor amizade. Série estação criança); Ielena, a sábia dos sortilégios e outras histórias,. Editora Ática, 2001; Medroso! Medroso! Editora Ática, 2008 (Coleção lagarta pintada); Transplante de menina, Editora Moderna, 2003 (Coleção Veredas); Um caldeirão de poemas / 62 poemas traduzidos, adaptados ou escritos por Tatiana Belinky. Editora Companhia das Letrinhas, 2003; A história da ursa-parda. Aleksandr Puchkin (Tradução e adaptação de Tatiana Belinky). Editora Scipione, 2010(Coleção Dó-ré-mi-fá); O relógio e Mumu. Ivan Turguêniev (Tradução e adaptação de Tatiana Belinky). Editora Scipione, 1990. 9 A partir desse ponto do texto, na maioria das vezes optamos por nos referir à escritora Tatiana
Belinky apenas como Tatiana, sem a intenção de diminuir sua importância, mas a fim de deixar o texto menos cansativo para o leitor. 10
O tsar Pedro, o Grande (1672-1725), que governou a Rússia entre 1682 e 1721, teve a iniciativa de construir uma cidade que defendesse seu país dos ataques dos suecos. Por isso, transferiu a capital de Moscou para São Petersburgo, em 1721. Ao longo dos anos, a cidade teve diferentes nomes: Petersburgo (séculos XVIII-XIX), Petrogrado (1914-1924) e Leningrado (1924-1992). Após o fim da União Soviética, a cidade voltou a adotar (após plebiscito popular) o nome original - São Petersburgo (PRESTES, 2010, p. 27).
26
5.1 A História de um país na vida de Tatiana Belinky
Dados históricos mostram que o final do século XIX e início do século XX são
bastante conturbados no mundo. Segundo dados de Zoia Ribeiro Prestesvii (2010),
em 1905 ocorre a primeira tentativa de realizar uma Revolução Socialista na Rússia,
mas obtendo fracasso, foi considerada como um ensaio geral pelos seus líderes.
Com base nos dados trazidos pelo historiador Figueira (2003), no início do século
XX a Rússia era predominantemente agrícola, e sua população era constituída em
sua grande maioria por camponeses, os quais viviam em condições de miséria e
fome. As indústrias, que começaram a se esboçar no final do século XIX, se
concentravam nas cidades de São Petersburgo, Moscou e Kiev, e reuniam grande
quantidade de operários nessa área, que também viviam em condições precárias,
com jornadas diárias de até 15 horas de trabalho; a esse contexto se somava a
monarquia absolutista do czarismo11.
Ainda com base em dados de Figueira (2003), temos que em 1905 a Rússia se
envolveu em uma guerra com o Japão pelo controle do território da Manchúria, e
acabou derrotada, o que agravou ainda mais problemas internos como a fome e a
miséria, além de aumentar o descontentamento com o regime czarista. As camadas
mais baixas da população fizeram manifestações populares, e muitos foram mortos
pela polícia.
Essa situação seria agravada ainda mais durante a Primeira Guerra Mundial
(ocorrida de 1914 a 1918), somada ao elevado número de mortos, feridos,
desaparecidos e prisioneiros. No início de 1917, houve escassez de alimentos no
país, e isso fez com que eclodissem greves em todos os pontos da Rússia,
especialmente na então capital São Petersburgo.
De acordo com Prestes (2010), em meio a todos esses fatores, na Rússia do final do
século XIX havia se formado uma intelectualidade munida das ideias revolucionárias
de Karl Marx (1818 - 1883), capaz de organizar um partido político atuante e com
11
Csarismo (ou czarismo) – regime político comandado pelos csares (ou czares, ou tzares), que ocorreu na Rússia até a Revolução Comunista de 1917.
27
liderança entre as classes trabalhadoras, o qual se intitulava “Partido Operário
Social-Democrata Russo”12.
A mesma autora (PRESTES, 2010, p. 27) pontua que “as obras de Marx começaram
a entrar na Rússia muito antes da Revolução de 1917. Em março de 1872, a
primeira edição russa de ‘O capital’ cai nas mãos da censura tsarista”. Mas essa
censura permitiu sua publicação, afirmando que poucas pessoas na Rússia a leriam
e ainda menos a compreenderiam. Tal decisão surpreendeu os editores, pois
qualquer obra que expusesse as doutrinas do socialismo e do comunismo,
consideradas como nocivas, deveria ser proibida. Assim aconteceu também com
outras obras de outros autores, como “Ética”, de Spinoza, “Leviatã” de Hobbes,
“Filosofia da história” de Voltaire e “História da moral européia” de Lecky.
Assim, O Capital de Marx foi lançado na Rússia. Foi a primeira
edição estrangeira do livro, apenas cinco anos depois da tiragem original de Hamburgo e quinze anos antes de sua primeira publicação inglesa. Ao contrário das expectativas de todos, inclusive do autor e dos censores, a obra levou a Rússia a fazer a revolução russa mais cedo do que qualquer outra sociedade ocidental à qual se dirigia (FIGES, 1999, p. 193 apud PRESTES, 2010, p. 28).
Com a influência teórica dessa obra, eclodiu a Revolução de Outubro de 1917, que
ocorreu não só na Rússia, mas também nas repúblicas e regiões vizinhas. Para
Prestes (2010), dadas tais condições objetivas, a queda do Império Tsarista era
inevitável.
Figueira (2003) alega que o desfecho da crise se deu em 25 de outubro de 1917,
quando os bolcheviques depuseram o Governo Provisório, sendo anunciada por
Vladimir Lênin (1870-1924) a formação do Conselho de Comissários do Povo. O
12
Para fazermos uma breve definição do “Partido Operário Social-Democrata Russo” utilizaremos o destaque de José Octávio ao traduzir a obra “Os dez dias que abalaram o mundo”, de John Reed. O tradutor menciona que (REED, s/d, p.18), “na sua origem, os social-democratas eram socialistas marxistas. Por ocasião de um congresso realizado em 1903, o Partido Social -Democrata dividiu-se em duas facções quanto à questão da tática a ser adotada: a maioria (bolchinstvo) e a minoria (menchinstvo). Daí procedem os nomes ‘bolcheviques’ e ‘mencheviques’, isto é, ‘membros da maioria’ e ‘membros da minoria’, respectivamente. Essas duas alas tornaram-se dois partidos distintos, reivindicando ambos o nome de "Partido Operário Social -Democrata Russo", e dizendo-se igualmente marxistas. Desde a Revolução de 1905 que os bolcheviques passaram a ser minoria; conservaram, contudo, o mesmo nome que os vinha designando até então. Somente em setembro de 1917 é que os bolcheviques readquiriram a posição de maioria .
28
novo governo, para cumprir as promessas da Revolução, tomou algumas medidas
frente à situação como a institucionalização dos sovietes como órgão de poder, a
reforma agrária ampla aos camponeses, a nacionalização dos bancos e outras mais
e ainda afastou a Rússia da Guerra, devendo pagar por isso uma grande
indenização de um bilhão e meio de dólares à Alemanha e perdendo grande parte
de seu território.
Os proprietários de terras e os capitalistas, inconformados com a situação, se
aliaram a vários países europeus também temerosos de que os ideais socialistas se
difundissem e organizaram uma guerra civil, iniciada em 1918, que duraria três anos
e devastaria a Rússia.Para enfrentá-la, Lev Trotski (1879-1940) foi nomeado
ministro de guerra para comandar o chamado Exército Vermelho13, que esmagou os
inimigos, e Lênin tomou medidas radicais como a abolição dos salários, a
estatização de fábricas com mais de cinco operários e a obrigatoriedade de os
camponeses entregarem a colheita ao governo, o que foi chamado de comunismo
de guerra; por esse período o partido dos bolcheviques passou a se chamar Partido
Comunista (FIGUEIRA, 2003).
Ao término dos conflitos, os bolcheviques venceram a guerra e o país ficou
arrasado. A produção foi reduzida e os camponeses se revoltavam, não querendo
mais entregar o que produziam ao governo. Calcula-se que cerca de 5 milhões de
pessoas tenham morrido de fome no ano de 1921. No mesmo ano, Lenin retornou
às formas de economia capitalista para o país se recuperar da crise, e entre 1922 e
1924 a produção da Rússia aumentou quatro vezes; no mesmo período, o país
mudou oficialmente seu nome para União das Repúblicas Socialistas Soviéticas
(URSS) (FIGUEIRA, 2003).
Com a instalação do novo poder, o primeiro país socialista encontrava-se diante de
muitos desafios políticos, econômicos, culturais e sociais. Prestes (2010, p.28)
assinala que “a prioridade era a educação, que deveria deixar de ser um privilégio
de poucos para se transformar em um dos direitos de qualquer cidadão, criando-se,
para isso, um novo sistema de instrução”.
13
Exército Vermelho – exército formado por operários e camponeses para defender a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas durante a guerra civil (GOMES, 2007, p.79).
29
Tal necessidade se dava em decorrência da situação econômica, política e social
em que Rússia se encontrava, considerada um país atrasado em relação a outros
países da Europa: com uma indústria subdesenvolvida, arrasada pelas guerras
(mundial e civil), 90% da população analfabeta, proletariado pequeno, e milhões de
crianças órfãs perambulando pelas ruas.Diante desse contexto, muitos cientistas,
pesquisadores e especialistas decidiram permanecer no país e colaborar com o
novo regime, da mesma forma que muitos também buscaram outras saídas. A
Rússia comunista se empenhou em elaborar os fundamentos da psicologia e da
pedagogia soviéticas, que objetivavam a formação do homem novo (PRESTES,
2010; CHAVES, 2011); essa ciência culminou nas elaborações da Teoria Histórico-
Cultural, nesta pesquisa apontada como referencial teórico.
5.2 Tatiana Belinky: lembranças emocionantes de uma pequena russa
Com este breve estudo do contexto social e histórico em que nasceu Tatiana
Belinky, podemos compreender muitas das mudanças ocorridas em sua infância.
Uma delas é o regresso de seus pais ao país de origem, a Letônia, antes mesmo de
a menina completar dois anos de idade, devido à derrota pela crise econômica que
assolara o país, somada aos problemas respiratórios da menina devido ao frio muito
rigoroso de São Petersburgo, que chegava a vinte graus abaixo de zero. Na Letônia,
a família foi morar na capital, Riga, onde nasceram os dois irmãos mais novos de
Tatiana: Abram e Benjamim.
O nome de sua mãe era Rosa, a qual era formada em odontologia na Estônia, uma
“comunista-dentista”, como afirma a própria Tatiana na entrevista para o jornalista
Roveri:
“quando eu nasci, minha mãe tinha consultório montado em São Petersburgo. Ficava perto de uma fábrica. Então eu tinha muito contato com operários, desde pequena. Até nisso minha mãe mostrava o quanto era comunista”, tanto que ela “apoiou a Revolução, como toda gente boa da época” (ROVERI, 2007, p. 24-26).
30
Seu pai, chamado Aron, quando menino teve um cavalinho (um pônei), pois o pai
dele era dono de cavalos e carruagens; chegou a ter também um barco só dele,
cresceu como um principezinho. Ele foi o décimo quinto filho em um tempo em que
as famílias tinham inúmeros filhos. Sua mãe também teve 14 irmãos. Aron estudou
psicologia em um liceu de São Petersburgo, ainda no início do século XX, e era um
democrata-liberal. Seus pais tinham opiniões diferentes em tudo, afirma Tatiana em
entrevista concedida a Roveri (2007).
Seus pais eram filhos de gente abastada, o que permitiu a Tatiana uma infância com
muitas possibilidades, como as vivências que ela relata no livro “Transplante de
menina”, escrito por ela mesma contando sua história de vida desde a infância até
próximo à vida adulta. Consta nesse livro que enquanto menina, Tatiana teve
oportunidade de visitar museus e assistir a espetáculos de circo e teatro.
Detalhando um pouco a infância da menina russa, que precisou ir morar na Letônia,
Tatiana conta que em Riga o frio era demasiadamente intenso, pouco menos que
em São Petersburgo, sendo preciso utilizar tanta roupa a ponto de ficarem mais
duros que boneca de pano, feito a Emília do Monteiro Lobato. Mas quando o frio
amenizava um pouco, por volta dos -3°C, a “Fräulein”, governanta alemã, levava
Tatiana e seu irmão menor para passear e brincar no parque.
Já à noite era a vez de seu pai lhe contar histórias antes de dormir; havia as
histórias verdadeiras, as inventadas, uma mais fantástica que a outra, e revela
Tatiana: “tudo isso me dava uma vontade crescente de ler, os livros me fascinavam
desde muito cedo. Não foi à toa que aprendi a ler – brincando com bloquinhos de
letra, com pouco mais de quatro anos de idade – e nunca mais parei” (BELINKY,
2003, p.14).
A autora descreve que enquanto isso, sua mãe, Rosa,
com voz de soprano dramático, quente e modulada, cantava com sentimento e expressão, tanto cantigas de ninar como canções ciganas, românticas e populares, árias de ópera e opereta, músicas folclóricas e humorísticas, canções de protestos e marchas revolucionárias, em russo, alemão e iídiche (BELINKY, 2003, p.15).
31
Quanto às histórias14 contadas por seu pai na Rússia, Tatiana diz que adorava ouvi-
las. Eram histórias superinteressantes, emocionantes e empolgantes. Histórias de
rir, de torcer e até de se arrepiar de medo. E a menina gostava de todas elas, que
estimulavam sua imaginação a sempre querer mais e mais (BELINKY, 2001). Há
ainda as boas lembranças dos avós e das reuniões familiares; seus avós maternos
moravam em uma cidade de entroncamento ferroviário chamada Proitka, na Letônia,
pertinho de Riga.
E além das experiências com os livros, Tatiana aproveitava o inverno para, com seu
irmão, dramatizar peças e cenas teatrais em seu quarto, que dava para o dormitório
dos pais, os quais eram a plateia. Improvisavam seus “jogos dramáticos” como dizia
ela, e as peças já conhecidas do teatro, dos musicais da época (opereta) que seus
pais os levavam para conhecer (BELINKY, 2003).
Em um de seus contos no livro Bidínsula e outros retalhos, Tatiana Belinky conta
que:
Desde pequenos, papai e mamãe nos levavam, a mim e a meus dois irmãos menores, a espetáculos importantes. Íamos ao teatro, aos concertos e recitais musicais, ao balé. Sem prejuízo de cinemas, circo, mágicos e tudo o mais a que criança tem – ou deveria ter – direito. E, naturalmente, tínhamos os livros – líamos muito. E brincávamos muito também, e fazíamos passeios e piqueniques. Tudo muito divertido e estimulante – e tudo de dia: sair à noite, só em casos excepcionais (BELINKY, 1990, p. 15).
A escritora narra ainda que brinquedos eles tinham poucos, se recordando mais de
um trenó azul e um triciclo de seu irmão, mas gostavam muito era de inventar
brincadeiras e fabricar seus próprios brinquedos. Para tanto, se utilizavam de vários
14
Dentre essas histórias ouvidas por Tatiana quando pequena, e que são muito antigas, contadas pelas babás, camponeses, vovôs e vovós, eram histórias contadas de viva voz por gente simples, do povo, e passadas de geração em geração, durante anos, decênios e até séculos, que foram recolhidas e registradas por grandes poetas e escritores, impressas e publicadas em livros, como um dos que foi traduzido por Tatiana Belinky, “Ielena, a sábia dos sortilégios e outras histórias”, trazendo algumas daquelas histórias populares, skaskas maravilhosas. A escritora traduziu e recontou essas historias da tradição russa para que as mesmas fossem do conhecimento também de crianças brasileiras, para que também se distraíssem e se emocionassem como ela quando menina. “Histórias ‘sem tempo’, contos e magias, de fantasia e de poesia, que tanto enriquecem e embelezaram a minha infância...” (BELINKY, 2001).
32
materiais como lápis e papel, aquarela, tesoura, cartolina, barbante, ráfia, grude
caseiro feito de amido de milho, e muitos outros. Ela também escreve que
fazia toalhinhas de renda e bonecas recortadas com tesoura, bonecas de cartolina que dançavam ao se puxar a cordinha, casas de boneca com mobília feita de papelão ou de cartas de baralho usadas, dobraduras tipo ‘origami’ primitivo, máscaras e roupas de crepom para o nosso cargo (BELINKY, 2003, p.17).
Lembrando-se de sua casa em Riga, fala das vistas que se tinha da janela da sala
de jantar, de onde era possível ver a chegada de cada estação do ano e das
mudanças especiais da natureza. E as mais esperadas estações do ano eram a
primavera e o outono, durante as quais se podia passear pela rua e pelo parque
mais próximo, que segundo Tatiana era lindo. Nessas ocasiões, as crianças eram
acompanhadas pela fräulein, a governanta alemã e por isso o passeio era “em
alemão”.
Foi assim que Tatiana teve contato com essa língua estrangeira, e além disso, os
nomes das ruas de Riga eram escritos em letão, em alemão e em russo, portanto
"falar em três ou quatro idiomas era coisa comum em nosso meio" (BELINKY, 2003,
p.30), e foram essas experiências que deram à escritora o prazer de poder ler seus
amados livros no original, em vários idiomas, permitindo-lhe entrar em contato com
outras terras, conhecer outros povos e culturas, possibilitando que a menina viajasse
mais depressa que a velocidade de qualquer foguete – com a rapidez do
pensamento e da imaginação.
Outra emoção vivida por Tatiana em sua infância foi uma visita ao circo que a
marcou muito; estava ela na plateia, "de olhos arregalados" (BELINKY, 2003, p.41)
para o espetáculo quando, de repente, "a música pára e o clown branco que
comandava os cavalinhos olha para o público, [...] estende o braço" e escolhe
Tatiana para montar no pônei e dar três voltas no picadeiro. Sua alegria foi imensa,
e ela nunca mais se esqueceu daquele momento, e é por isso que diz que até hoje
ama o circo e a gente do circo.
33
Mais um acontecimento marcante foi uma visita à cidade de Leningrado (atual São
Petersburgo) onde nasceu, na qual teve a oportunidade de visitar o Museu do
Ermitage, o maior do mundo em peças de exposição, riquíssimo, segundo a própria
Tatiana. Mesmo que ela não tenha visto tudo, pôde conhecer “várias coleções de
obras-primas de alguns dos maiores pintores e escultores do mundo, e foram visões
que não esqueci mais, e que fizeram nascer em mim o interesse e a vontade de
conhecer e amar as obras de arte, pelo resto da vida” (BELINKY, 2003, p.44).
Tantas foram as experiências de Tatiana quando menina que estas permeiam
também sua vida adulta, seu trabalho, seus escritos e suas palavras. Mas tanto
aprendizado não se limita à vida na Rússia e em Riga, pois lá ela viveu apenas
cerca de dez anos, como vemos a seguir; depois precisou mudar de país, de
continente, de contexto social, político e cultural.
5.3 Tatiana Belinky: uma imigrante e seu legado para a Literatura Infantil
brasileira
Quando encontramos algo da biografia de Tatiana Belinky, seja por meio de suas
próprias palavras ou pela narração de alguém, é comum encontrarmos os dados de
nascimento (local e ano) e a mudança de país com dez anos de idade. Podemos
constatar esse fato, por exemplo, em sua biografia no livro “Dez sacizinhos”,escrito
pela própria autora: “nasci na Rússia, em 1919, e cheguei ao Brasil aos dez anos de
idade. Aqui estudei, me casei, tive filhos e netos, e agora já tenho bisnetinhos”
(BELINKY, 2007). Mas o que queremos ressaltar é que a vinda de Tatiana para
nosso país, especialmente para a cidade de São Paulo, não foi algo tão simples
como parece ser.
Retomando o contexto histórico, social, político e econômico de seu país de origem,
a Rússia, verificamos que lá não estava muito favorável para viver com a família,
tanto que a família de Tatiana mudou-se para Riga, capital do país vizinho. Ao narrar
sua própria biografia em “Tatiana Belinky... e quem quiser que conte outra”, obra já
mencionada, a escritora nos traz uma importante informação sobre a vinda de sua
família para o Brasil:
34
Aqui não havia nenhum tipo de prevenção contra judeus, mas lá estava começando. E na Europa sempre houve anti-semitismo. Meus avós não sofreram com isso, no início, porque eram madeireiros ricos. Tanto que meu avô podia morar na capital. Mas, depois que o partido nazista chegou ao poder na Alemanha e Hitler começou a invadir os países europeus, toda a nossa família e nossos amigos foram mortos, em campos de concentração ou fuzilados. Eu tinha um primo de onze anos que, no dia em que partimos de Riga, ele nos acompanhou até a estação ferroviária. [...] Foi a última vez que o vi. Alguns anos depois, ele foi morto pelos alemães (ROVERI, 2007, p. 35).
Observamos, então, que a mudança, de país, cultura, de vida, não foi algo simples
para Tatiana. Era preciso “fazer América”, como se dizia naqueles tempos. E isso
significava, para sua família, vir para o Brasil, porque para ir aos Estados Unidos da
América era preciso pagar “cotas”, enquanto que o Brasil estava aberto para os
imigrantes naquelas décadas de 1920 e 1930, oferecendo-lhes facilidades para se
fixar aqui (BELINKY, 2003). Desse modo, Tatiana, sua mãe Rosa e seus dois irmãos
menores chegaram ao Brasil no dia 29 de setembro de 1929, após três semanas de
viagem a bordo do transatlântico alemão General Mitre, que zarpou do porto de
Hamburgo. Seu pai Aron veio três meses antes para preparar a chegada da família.
A viagem para o Brasil foi cheia de expectativas para a menina. Mesmo que ela, a
mãe e os dois irmãos tenham embarcado na terceira classe, para imigrantes, e
depois o capitão do navio conseguiu uma cabine especial para a jovem senhora e as
três crianças terminar a viagem, pois vira que não eram de uma família de operários
ou camponeses como os demais. E após vinte e um dias no mar, chegaram ao Rio
de Janeiro, na Baía de Guanabara, onde seu pai estava os esperando. Tiveram de
ficar no Rio de Janeiro ainda por alguns dias, para depois dirigirem-se para São
Paulo, onde seu pai morava provisoriamente na Rua Jaguaribe.
Tatiana conta que em cerca de uma semana que passaram no Rio de Janeiro deu
para conhecer algumas coisas do Brasil, como o cacho de bananas, nunca visto
antes pela menina, além de outras frutas tropicais que só conhecia de nome ou
degustava raramente em Riga. Também fizeram passeios turísticos pelo Estado, e
ela pôde conhecer lugares lindos. Mas o que marcou sua chegada foi a viagem de
trem para São Paulo; ela já andara de trem em Riga, mas não era como o do Brasil,
35
puxado por cabos de aço, e isso foi surpreendente demais para a pequena menina.
E para não perder as raízes da língua de origem, assim como para manter o contato
com a cultura, Tatiana declara ao entrevistador que:
quando chegamos a São Paulo, imediatamente meus pais se inscreveram em duas bibliotecas circulantes, uma alemã e outra russa, baratinhas, é claro, pois viemos com uma mão na frente e outra atrás. Eles não queriam perder o contato com a literatura alemã e russa, e não queriam que os filhos também perdessem. Eu nunca perdi. Um pouco mais tarde é que fomos aprender português. Meu pai era poliglota, falava inglês e francês além do alemão e do russo. Português ele aprendeu no navio. Como ele havia estudado latim, acredito que não tenha encontrado muitas dificuldades para aprender o português. Ele tinha um talento impressionante para idiomas (ROVERI, 2007, p. 36).
Mas não era somente seu pai que era poliglota, a pequena russa de apenas dez
anos de idade também era muito hábil com as línguas, como ela mesma afirma:
Não tive problemas sérios para aprender o português pois, quando cheguei, eu falava três idiomas e meio – russo, alemão, latão e iídiche, que era a língua falada pelos meus avós. E é fato que as crianças aprendem uma língua nova com muito mais facilidade que os adultos. Criança não tem medo de língua, não tem bloqueio. E quando se dominam três idiomas, é fácil perceber que existem palavras parecidas, ou construções comuns, em todos eles. Há palavras que vieram do latim, há aquelas que trazem uma combinação de alemão com inglês. É tudo uma salada. E o português carrega um pouco de tudo (ROVERI, 2007, p.62).
O hábito de leitura na família de Tatiana vinha desde a infância na Europa, tanto que
ela aprendeu a ler ainda muito pequena, como ela mesma conta na entrevista
concedida a Roveri (2007, p. 39):
Eu comecei a ler aos quatro anos, em casa. Lia muito, comecei a ler e nunca mais parei. E via meu pai, minha mãe e meu avô com livros na mão. Mas isso não era um hábito apenas da nossa família, ler fazia parte da classe social a que pertencíamos. Eu aprendi a ler muito cedo porque tinha uma gana de saber as histórias que meus pais me contavam.
36
Dentre as memórias de sua infância, Tatiana se lembra muito das histórias que seu
pai lhe contava quando pequena, o que também a incentivou muito, pois ela quis
seguir esse exemplo: “depois fui pegar os livros que ele lia para mim e cujas
histórias eu sabia de cor. Com isso, aos cinco anos eu estava lendo fluentemente e
nunca mais parei”, declara a escritora na entrevista para Roveri (2007, p. 40).
E não era só com livros que Tatiana tinha contato, quando ela veio para o Brasil já
tinha muitas vivências, inclusive no que tange ao teatro: “eu sabia o que era teatro.
Eu lia peças de teatro. Como eu conseguiria, mais tarde, escrever peças de teatro
sem nunca ter tido aulas de dramaturgia? Eu sabia como se escreve teatro”
(ROVERI, 2007, p. 47). Isso possibilitou que depois de adulta, além de escrever
muitos livros de literatura infantil, escrevesse também peças teatrais, algo que nossa
escritora gosta muito de fazer também. “Como se põe um personagem, as
marcações, as rubricas, o cenário, eu sabia porque já tinha lido. E quando
aconteceu de eu precisar fazer isso, eu sabia como fazer (ROVERI, 2007, p. 48).
O tempo foi passando, Tatiana “tornou-se uma verdadeira brasileira: por um
processo de naturalização e, principalmente, pelos laços do coração”
(TURGUÊNIEV, 1990). Quanto à sua cidade de infância, ela conta que voltou lá uma
vez como turista, quando tinha 45 anos, e até dispensou o guia turístico porque se
lembrava muito bem das ruas, do apartamento onde morava... Assim como quando
visitou São Petersburgo também se lembrou de muitas coisas de lá.
Estes últimos relatos já nos remetem à outra etapa da vida de Tatiana Belinky, sua
vida adulta. Os relatos e memórias da infância, tão cheia de acontecimentos, nos
permitem compreender melhor como essa russa que se tornou uma brasileira nata
pôde se transformar na grande profissional que é, atuando como escritora de
Literatura Infantil e infanto-juvenil, poeta, escritora de peças teatrais, atriz de teatro,
tradutora; “além de continuar escrevendo, adaptando e traduzindo livros, faz artigos
e resenhas para jornais e participa de conferências e debates” (TURGUÊNIEV,
1990).
A própria escritora relata um pouco de sua vida em uma das biografias que escreveu
para a Editora Scipione, na tradução do livro “A história da ursa-parda”, de Aleksandr
37
Puchkin: “trabalhei como secretária bilíngue durante algum tempo, até me casar com
Julio Gouveia, com quem tive dois filhos, cinco netos e três bisnetos” (PUCHKIN,
2010).
E também pelos escritos da Editora Companhia das Letrinhas temos um pouco mais
de dados sobre Tatiana:
‘Não sou poeta, sou uma ‘trança-rimas’’ – é assim que Tatiana Belinky se define quando alguém lhe pergunta sobre seus poemas. Na verdade, várias palavras são necessárias para explicar suas atividades em décadas de dedicação à literatura e à cultura: poeta, tradutora, dramaturga e pioneira da televisão no Brasil, Tatiana consagrou-se principalmente por sua obra para crianças (BELINKY, 2003 b).
Tatiana cursou também a faculdade de Filosofia, que não chegou a concluir, mas
seus trabalhos foram sempre muito reconhecidos e premiados; dentre os vários
prêmios que a escritora recebeu alguns estão listados no Anexo A. É importante
destacar ainda que, dentre os tantos trabalhos que desenvolveu, foi Tatiana Belinky,
em parceria com o marido e psiquiatra Júlio Gouveia, quem fez a primeira adaptação
de O Sítio do Picapau Amarelo de Monteiro Lobato para a televisão. O contato com
essa obra e seu autor tem um significado especial para Tatiana, e como leitura sobre
esses detalhes indicamosa crônica “Lobato e o rei”, que está em seu livro Bidínsula
e outros retalhos, devidamente citado nas referências deste trabalho, ou no artigo
Teatro para crianças e adolescentes: a experiência do TESP15, escrito por Tatiana
Belinky e Júlio Gouveia.
Feita a pesquisa sobre a biografia de Tatiana Belinky, pontuamos que muitos outros
dados não foram expostos neste trabalho, visto que nosso propósito era, desde o
início, determo-nos nos aspectos relevantes de sua infância. Em relação às suas
obras, percebemos que são histórias para crianças sempre com conteúdos que, ao
mesmo tempo em que atraem a atenção da criança pela forma como são escritas e
contadas, são também significativas para os pequenos por se tratar de temas que
15
O referido artigo está publicado no livro A produção cultural para a criança, organizado por Regina
Zilberman, Editora Mercado Aberto, Porto Alegre, 1984.
38
lhes interessa, o que se justifica pelo fato de a autora buscar em suas vivências de
criança o que poderia atrair o gosto de leitura nos pequenos da atualidade, como a
própria escritora registra nas biografias contidas em seus livros.
Por exemplo, no livro de Aleksandr Puchkin, traduzido por Tatiana Belinky, ela assim
escreve:
A história da ursa-parda era um dos meus livros de chorar preferidos.
Eu lia esse livro para chorar. É tão bom chorar, alivia. [...] E crianças gostam de histórias de terror. Meu marido dizia que é um treino de emoções. A criança sabe que é um jogo de faz de conta, mas ela chora, ri, fica com raiva. Vai calejando as emoções, se preparando com essas emoções de faz de conta para a chegada das emoções verdadeiras (PUCHKIN, 2010).
Também no livro Dez Sacizinhos, a autora narra da seguinte maneira as
recordações da infância e seu trabalho voltado para as crianças:
Sou “antiga”, mas não sou “velha’, pelo menos por dentro. Porque dentro de mim continua vivinha a criança que fui em anos passados. Isto me permite estar sempre em sintonia com crianças e jovens, com quem procuro repartir as minhas curtições de ontem e de hoje. Há mais de quarenta anos que escrevo. Já traduzi muitos livros de várias línguas. Escrevi para teatro e televisão, contei muitas histórias, verdadeiras e inventadas. Já ganhei muitos prêmios, mas o prêmio maior é saber que meus livros irão para as mãos das crianças, e se elas sorrirem, ou se emocionarem, ou ficarem pensativas – eu ficarei feliz (BELINKY, 2007).
É possível percebermos em sua escrita o quanto a atividade de realizar o trabalho
voltado para o público infantil dá prazer a Tatiana Belinky; ao mesmo tempo ela
consegue trabalhar e recordar de sua infância permeada por emoções. Podemos
verificar o resultado disso lendo suas obras, a qual possui uma escrita envolvente a
cada palavra, como se pudesse transportar o leitor para viajar em outros mundos,
contemplando o encanto que a leitura pode oferecer. Dentre os mais de cem livros
de Tatiana Belinky, elegemos apenas alguns títulos para ilustrar a vastidão de seu
trabalho, os quais listamos no Anexo B.
39
6. LITERATURA INFANTIL E TEORIA HISTÓRICO-CULTURAL: UMA
POSSIBILIDADE DE INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA COM A CAIXA DE
ENCANTOS E VIDA
Como observamos mediante a leitura da biografia de Tatiana Belinky, sua infância
foi permeada por muitas histórias (dos mais variados gêneros), bem como por
poesias, músicas e teatro. Essas vivências enquanto criança, dentre outras,
possibilitaram o desenvolvimento de suas habilidades com a escrita, teatro e tantas
outras atividades exercidas por ela, em especial os escritos voltados para o público
infantil.
Pautados nessa constatação de fatos e respaldados pela Teoria Histórico-Cultural,
concepção que norteia esta pesquisa, entendemos que seja de grande importância
para o desenvolvimento da criança, enquanto ser humano, ouvir e conhecer tais
informações sobre a vida (em especial a infância) de uma escritora como Tatiana
Belinky.
Com o entendimento de que a Literatura Infantil não se limita às histórias, mas
compreende também músicas, poesias, histórias e as mais diversas formas de
expressão e registro popular, a utilização desses recursos da Literatura Infantil nos
permite atender “a um dos preceitos da Teoria Histórico-Cultural e firmaríamos, em
essência, uma educação plena para quem ensina e para quem precisa aprender”
(CHAVES, 2011b, p. 98).
Essa afirmação de Chaves (2011), indicando que a Literatura pode ser um recurso
para a educação plena se harmoniza com os escritos de Leontiev (1979), que
registra a importância, para o homem, de entrar em contato com a cultura por meio
da vida em sociedade com outros homens para seu desenvolvimento intelectual,
pois é por meio do contato com o conhecimento já elaborado pelas gerações
precedentes que este será capaz de se desenvolver como homem, em um processo
de hominização. Tal processo é de suma importância para os homens, pois é por
meio dele que se aprende a ser homem, e esse aprendizado se configura como
possibilidade de formação de novas aptidões e novas funções psíquicas:
40
As aquisições do desenvolvimento histórico das aptidões humanas não são simplesmente dadas aos homens nos fenômenos objetivos
da cultura material e espiritual que os encarnam, mas são aí apenas postas. Para se apropriar destes resultados, para fazer deles as suas
aptidões, “os órgãos da sua individualidade”, a criança, o ser humano, deve entrar em relação com os fenômenos do mundo circundante através doutros homens, isto é, num processo de comunicação com eles. Assim, a criança aprende a atividade
adequada. Pela sua função, este processo é, portanto, um processo de educação (LEONTIEV, 1979, p. 272).
E sendo a literatura um processo de educação, precisa contar com meios e
estratégias que garantam a sua eficácia. Se uma criança for submetida ao contato
com expressões empobrecidas, somente lhe resultará um aprendizado também
empobrecido; mas pelo contrário, se lhe forem ofertados o que a humanidade
melhor produziu, estará garantida a possibilidade de desenvolvimento de suas
funções psicológicas superiores.
A esse respeito, temos os escritos de outro clássico da Teoria Histórico-Cultural,
Vigotskiviii (2010), acerca do papel desempenhado pelo meio no desenvolvimento da
criança. Para esse psicólogo russo, a criança se modifica nesse processo, mesmo
que os elementos que compõem seu meio se mantenham inalterados, e é com o
passar da idade que cada um desses elementos terá um significado diferente para
essa criança. O mesmo autor assevera que “[...] não é esse ou aquele elemento
tomado independentemente da criança, mas, sim, o elemento interpretado pela
vivência da criança que pode determinar sua influência no decorrer de seu
desenvolvimento futuro” (VIGOTSKI, 2010,p. 684).
Com esses dizeres, o autor alerta para importância dese considerar o meio que a
criança vive, suas experiências e a relação que estes têm com seu desenvolvimento.
A partir desse posicionamento, assinalamos que, para as crianças da Educação
Infantil ou dos primeiros anos do Ensino Fundamental, as vivências com a Literatura
precisam acontecer desde muito cedo, para que possam compor esse cabedal de
conhecimento e de elementos que propiciarão um avanço futuro em seu
desenvolvimento.
Nesse sentido, cabe mencionar aqui nossas impressões sobre a apresentação da
Literatura Infantil nas instituições educativas escolares onde trabalhamos nos anos
41
de 2011 e início de 2012, no Distrito de Iguatemi (Maringá) e no Distrito de Água Boa
(Paiçandu), respectivamente, que resultaram no problema desta pesquisa. Nessas
escolas, observamos que na maioria das vezes os alunos podiam até conhecer
alguns títulos da literatura, mas lembrar seu autor já era tarefa difícil; ou então,
lembravam-se de um ou outro nome de autor da Literatura Infantil, mas não
conseguiam relacionar a ele nomes de obras desse autor.
Indagamo-nos, então, sobre como poderia ter ocorrido o contato com a Literatura
para essas crianças, ao ponto de elas nem conseguirem estabelecer relações
mínimas entre autor e obra. Esse fato nos prova que realmente é preciso pensar em
estratégias que levem essas crianças a um contato mais efetivo com a literatura
infantil e seus autores, de modo que seu desenvolvimento não seja comprometido,
mas sim impulsionado por tais vivências.
Cabe aqui citarmos outro trecho escrito por Vigotski (2010, p. 697):
[...] o meio desempenha, com relação ao desenvolvimento das propriedades específicas superiores do homem e das formas de ação, o papel de fonte de desenvolvimento, ou seja, a interação com o meio é justamente a fonte a partir da qual essas propriedades surgem na criança. E se essa interação com o meio for rompida, só por força das inclinações encerradas na criança as propriedades correspondentes nunca surgirão por conta própria.
Se não houver no meio um modelo para que a criança tome como referencial, seu
desenvolvimento não atingirá sua forma plena; do contrário, quando a criança é
sujeita ao contato com o meio repleto de vivências que contenham as máximas
elaborações humanas, seu desenvolvimento terá grandes chances de atingir sua
forma mais avançada. Nesse sentido, destacamos a importância de apresentar às
crianças o contato mais belo e prazeroso possível com a Literatura Infantil,
considerada como uma expressão das elaborações humanas, que pode elevar o
potencial do desenvolvimento da criança.
Ainda citando Vigotski (2010, p. 698), “no meio existem essas formas ideais
desenvolvidas, elaboradas pela humanidade, aquelas que deverão surgir ao final do
desenvolvimento”. Precisamos então considerar a utilização dessas formas ideais
42
existentes no meio para pensarmos as intervenções pedagógicas com nossas
crianças.
Assim, avaliamos que a proposta de intervenção pedagógica denominada e criada
pela professora Dra. Marta Chaves como Caixa de Encantos e Vida pode ser um
recurso didático que apresente às crianças um conteúdo não empobrecido, mas de
qualidade, e que pode auxiliar o professor no processo de ensino e aprendizagem
dos seus alunos, alavancando seu desenvolvimento para a forma mais plena
possível.
Observemos o que escreve Mukhina (1995, p. 139) sobre a utilização, pelo homem,
de signos linguísticos:
A utilização dos signos e de sistemas de signos é uma das particularidades mais características do homem. A sociedade criou enormes sistemas de signos, como a linguagem, os símbolos matemáticos ou os vários ramos da arte, que refletem o mundo em quadros, em melodias musicais e em movimentos de dança. Qualquer tipo de signo serve para comunicação entre os humanos, substituindo certos objetos, fenômenos, relações ou propriedades reais por outros simbólicos.
Acima, os escritos da autora referida se reportam à utilização dos signos pelo
homem para sua comunicação, que se dá por meio de diferentes meios. Podemos
apontar a Caixa de Encantos e Vida como um signo possível de ser utilizado na
comunicação literária entre professor e aluno, pois entendemos que a linguagem
presente na disposição e a feitura do material didático pode melhor aproximar o
aluno do contato com dados biográficos daquele determinado expoente da literatura,
da música ou da arte ali representado.
Pensando que esse processo de contato das crianças com a Caixa de Encantos e
Vida será mediado pelo professor, temos aí um processo de comunicação.
Podemos afirmar, com base em Leontiev ix (1979), que nas relações dos homens
com outros homens está sempre presente a comunicação, que se dá de forma
exterior, verbal ou mental, considerada como condição necessária e específica para
o desenvolvimento do homem na sociedade.
43
Com base no mesmo autor, afirmamos que uma geração se apropria das riquezas
deste mundo, produzidas pelo trabalho humano, sem precisar refazer todo o
percurso histórico que a humanidade realizou até o desenvolvimento atual. Portanto,
afirma o psicólogo russo que “quanto mais progride a humanidade, mais rica é a
prática sócio-histórica acumulada por ela, mais cresce o papel específico da
educação e mais complexa é a sua tarefa” (LEONTIEV, 1979, p 273).
Percebemos na citação de Leontiev que quanto mais a humanidade avança, mais
conhecimento tem a oferecer para as gerações posteriores, e nesse processo a
educação deve ser responsável por transmitir esses conhecimentos historicamente
acumulados para propiciar o desenvolvimento humano. Assim, ao oferecer aos
escolares da Educação Infantil ou do Ensino Fundamental o contato amplo com
dados biográficos de um expoente da Literatura é entender que, desde o início da
escolarização, as crianças precisam ter acesso ao conhecimento mais elaborado
para que suas funções psíquicas sejam desenvolvidas. E essa apresentação de
dados biográficos não pode ocorrer de forma empobrecida, uma vez que nossa
condição histórica nos permite contar com recursos como a Caixa de Encantos e
Vida.
Considerando que esse contato com autores, mais que apenas ler ou ouvir suas
histórias, amplia a aprendizagem das crianças, citamos os escritos de
Bogoyavlensky e Menchinskaya (1991, p. 41), afirmando que “a ‘experiência
precedente’ está representada por sistemas de conexões temporais registradas no
córtex cerebral, constituída sob a influência de estímulos exteriores, ou seja, sob a
influência do ensino e da educação”.
O que estas autoras argumentam é que no processo de aprendizagem, quanto mais
experiências anteriores a criança tiver, mais relações com outros conteúdos ela
poderá realizar em sue córtex cerebral, ou seja, independente da idade biológica da
criança, quanto mais oportunidades de acesso ao conhecimento ela tiver, maiores
serão suas possibilidades de desenvolver suas funções psicológicas superiores.
A afirmação acima implica no fato de o professor pensar em estratégias para as
situações de ensino e aprendizagem no momento de seu planejamento, e
44
considerando a Caixa de Encantos e Vida, podemos indicá-la como recurso
didático, pois seu conteúdo é amplo e permite ao professor estabelecer com os
estudantes muitas relações com diversos conteúdos, relações estas que se
consolidarão, para aquele que aprende, como experiências precedentes para outras
conexões cerebrais.
Pensando nessas considerações, podemos novamente nos reportar a Leontiev, que
escreve:
O homem não nasce dotado das aquisições históricas da humanidade. Resultando estas do desenvolvimento das gerações humanas, não são incorporadas nem nele, nem nas suas disposições naturais, mas no mundo que o rodeia, nas grandes obras da cultura humana. Só apropriando-se delas no decurso da sua vida ele adquire propriedades e faculdades verdadeiramente humanas. Este processo coloca-o, por assim dizer, aos ombros das gerações anteriores e eleva-o muito acima do mundo animal (LEONTIEV, 1979, p. 282).
E se o homem não nasce dotado dessas aquisições históricas da humanidade, pois
elas estão incorporadas à cultura humana, é preciso que as gerações atuais se
apropriem também dessas aquisições. A esse respeito, quando nos referimos à
educação, queremos destacar que são nas instituições educativas escolares que,
primordialmente, esse contato com a cultura humana historicamente elaborada deve
acontecer, pois vivências empobrecidas no que se referem à arte, à música, à
cultura, ao vocabulário as crianças já possuem em demasia em suas relações fora
da escola.
Nesse sentido, vale destacar a concepção de educação defendida por Demerval
Savianix (1985, p. 28) quando se reporta ao pedagogo escolar e sua atuação nesse
espaço de formação humana, aponta que a escola deve ser o espaço que oferta a
cultura erudita em detrimento do popular, em especial na escola pública; “isto
porque, se os membros das elites podem compensar as deficiências da escola
através de outros mecanismos de acesso à cultura erudita, os membros da classe
trabalhadora frequentemente têm na escola a única via de ingresso nesse tipo de
cultura” (SAVIANI, 1985, p. 28).
45
Nessa afirmação, percebemos a função da escola em transmitir o conhecimento
científico e sua responsabilidade com a formação humana de seus alunos. E nesse
âmbito, acreditamos que a escola, seja ela pública ou privada, precisa primar pela
qualidade de seu ensino, oferecendo sempre o que há de mais elaborado para
ensinar, em todos os campos do conhecimento.
6.1 A confecção da Caixa de Encantos e Vida
A Caixa de Encantos e Vida é um recurso didático desenvolvido pela Profª Drª
Marta Chaves, cujos dados pontuais e fundamentação encontram-se registrados no
trabalho de pós-doutoramento desta pesquisadora. Podemos propalar que sua
elaboração é coletiva e com a efetiva participação de professores e crianças que
escolhem um expoente da literatura, da poesia, da música ou das artes plásticas a
ser estudado. Em sua composição estão textos, fotografias, objetos e outros
recursos variados (miniaturas de instrumentos musicais), a qual contempla os
“encantos” que, em geral, são representados por cinco temáticas, quais sejam:
infância, amigos, obra, viagens, família e realizações que dizem respeito ao
reconhecimento ou premiações que o expoente tenha obtido ao longo de sua
trajetória profissional. Para Chaves (2011a), o objetivo é apresentar às crianças e
aos educandos em geral, o percurso de trabalho, desafios, conquistas dos mestres
das artes. Com este recurso firma-se a defesa de apresentar e ensinar às crianças
as máximas elaborações humanas, proposição fundamental da Teoria Histórico-
Cultural .
Destarte, nossa proposta de intervenção pedagógica neste trabalho é a construção
de uma dessas Caixas cujo expoente da Literatura escolhido é a escritora Tatiana
Belinky. Para sua construção, após a escolha do expoente a ser tratado, é
imprescindível que se faça uma pesquisa detalhada sobre ele, o que dará
sustentação para a elaboração da Caixa de Encantos e Vida. Depois de realizada a
pesquisa, será possível escolher quais elementos da vida e obra do expoente são
mais relevantes e serão destacados na execução do material. Dentre os elementos
encontrados será possível eleger aspectos como vida, infância, amigos, viagens,
obras, trabalho, conquistas do expoente, limitando a escolha em cerca de cinco
desses itens, os quais se tornarão na composição da caixa saquinhos, pacotes,
46
envelopes ou algo parecido que possa conter as informações sobre o autor. Além da
pesquisa, para tornar o conteúdo da Caixa de Encantos e Vida mais significativo, é
importante colocar fotos referentes ao tema e objetos que possam lembrar os dados
do expoente.
Na construção da Caixa de Encantos e Vida de Tatiana Belinky, após a pesquisa,
escolhemos fazer saquinhos de tecido com os seguintes temas: infância, trabalho,
obras, êxitos, e palavras de Tatiana (Anexo C). Dentro de cada um desses
saquinhos encontram-se os dados da pesquisa referentes a cada um desses temas,
devidamente referenciados, com as fotos e objetos que possam ter relação com o
expoente e o tema tratado (Anexo D).
Outro aspecto que merece ênfase é justamente o cuidado com o acabamento da
Caixa, que preferencialmente deve ter relação com o conteúdo da pesquisa, sem
deixar de ser “bela e encantante” (CHAVES, 2010, p. 67) aos olhos de quem dela se
aproxima, ainda mais porque se trata de um expoente da Literatura, pois conforme
escreve Ana Maria Machadoxi (1999, p. 99):
O melhor estímulo para a leitura é a curiosidade. Ela é despertada quando alguém nos fala com entusiasmo de um livro que está lendo ou leu, ou quando sabemos da existência de uma obra cujo autor já admiramos ou que, de alguma forma, relacionamos a outra leitura.
Como traz a autora mencionada, a curiosidade precisa ser estimulada para que a
leitura se torne mais significativa, e esse resultado pode ser obtido a partir da
exploração de recursos didáticos como a Caixa de Encantos e Vida, quando o
professor a utiliza para instigar seus alunos a querer saber o que há dentro da caixa,
o que há dentro dos saquinhos ou envelopes, de quem trata, quem foram as
pessoas próximas daquele expoente, o que ele fez de interessante, as conquistas
que obteve a partir de seu trabalho, ou uma série de outros questionamentos
possíveis.
Possibilitar esse acesso aos pequenos escolares enriquece sua experiência
precedente, como postulam Bogoyavlenski e Menchinskaya, anteriormente citadas,
47
ou ainda como afirma o psicólogo russo Vigotski (2009, p. 22), que “[...] quanto mais
rica a experiência da pessoa, mais material está disponível para a imaginação dela.
Eis por que a imaginação da criança é mais pobre que a do adulto, o que se explica
pela maior pobreza de sua experiência”, pois, continua o mesmo autor e obra
“quanto mais a criança viu, ouviu e vivenciou, mais ela sabe e assimilou; quanto
maior a quantidade de elementos da realidade de que ela dispõe em sua experiência
[...] mais significativa e produtiva será a atividade de sua imaginação” (VIGOTSKI,
2009, p. 23).
As afirmações de Vigotski acerca de a criança ter uma ampla bagagem de
experiências precedentes e sua importância para a aprendizagem significativa nos
remetem à ideia de que a experiência precedente da criança pode ser ampliada com
o contato de recursos didáticos como a Caixa de Encantos e Vida, pois aquilo que
ela puder ver, ouvir, tocar, perguntar e sentir sobre a biografia de um expoente da
literatura, da música ou da arte lhe será significativo a ponto de ter interesse em
saber mais sobre aquele autor e suas obras, e para tanto realizar leituras, pesquisas
iniciais, mesmo que sucintas, desenvolvendo sua curiosidade, que também é uma
função psicológica superior.
Com esses escritos aqui apresentados, ainda que com nossas limitações, referentes
às questões que se apresentam neste estudo, avaliamos que o estudo da Literatura
Infantil e a elaboração do recurso didático Caixa de Encantos e Vida oferece a
possibilidade de contribuições para aprendizagens e encantos para todas as
crianças. Na sequência, apresentamos nossas considerações finais sobre este
estudo inicial.
48
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao finalizarmos nosso trabalho, a título de considerações finais, faremos uma
síntese do que discutimos e apresentamos até aqui, mencionando nossa experiência
obtida com o processo de realização desta pesquisa.
Inicialmente, empreendemos neste trabalho uma breve revisão de literatura para
tratar dos aspectos históricos da Literatura e da Literatura Infantil; em seguida,
buscamos a definição de literatura para alguns autores mais conceituados na área,
bem como nosso entendimento a partir do referencial teórico escolhido para
direcionar nossa pesquisa.
Na sequência, trouxemos a biografia de Tatiana Belinky, juntamente com a
contextualização histórica da época em que ela nasceu, e suas recordações de
criança, para então mencionar a relação de suas obras com suas vivências. E para
finalizar, escrevemos sobre a Literatura Infantil e a possibilidade de intervenções
pedagógicas com a Caixa de Encantos e Vida com base nos pressupostos da
Teoria Histórico-Cultural e seus autores.
Ao considerarmos a literatura como uma elaboração humana resultante do contexto
histórico e social de seus autores, podemos compreender que ela é parte do
conhecimento historicamente acumulado pelos homens e uma das expressões da
arte. Por isso merece grande importância ao pensarmos em apresentar uma
Literatura Infantil de qualidade nas instituições educativas escolares àquelas
crianças que poucas ou raras vezes têm a possibilidade de acesso às expressões
da arte, e quando têm, contam com modelos empobrecidos que só ajudam a manter
estagnado o seu conhecimento.
Nesse sentido, trouxemos dados biográficos da escritora Tatiana Belinky, com
ênfase em aspectos de suas vivências da infância, que com base nos dados obtidos,
aparecem muito frequentemente em seus escritos. E como pudemos observar,
desde muito pequena Tatiana teve os mais variados contatos com as expressões da
arte, da música e da literatura, o que enriqueceu seu conhecimento, seu vocabulário
e sua sensibilidade para a escrita de qualidade e significado para quem tem a
49
oportunidade de contato com seus trabalhos e suas histórias para crianças que
encantam também aos adultos.
A proposta de recurso didático apresentada, a Caixa de Encantos e Vida, é
entendida como meio de enriquecer esse contato com a literatura nas intervenções
pedagógicas realizadas pelos professores. A exploração do material de forma ampla
pode propiciar às crianças um contato mais amplo e prazeroso com a literatura e
seus autores, de modo que a contação de história pode ser mais prazerosa e
carregada de sentido e significado para a criança.
Com base nessas afirmativas, podemos pensar que, se for propiciado às crianças
desde a mais tenra idade esse contato amplo e cheio de encantos com a literatura e
com as expressões da arte enquanto elaborações humanas, sua aprendizagem
poderá ser ampliada, de modo a capacitá-las com experiências precedentes
suficientes para outras aprendizagens cada vez mais significativas. Desse modo, as
crianças poderiam ser ensinadas a serem pesquisadoras ao invés de aprenderem
sempre a esperar para ler apenas aquilo que lhes é permitido.
Assim como foi a infância de Tatiana Belinky precisa ser a infância de nossas
crianças dos dias atuais, rica em experiências com as mais elaboradas produções
da humanidade. Considerando o tempo que passamos com as crianças nas
instituições educativas escolares, seja da Educação Infantil ou dos anos iniciais do
Ensino Fundamental, precisamos preenchê-lo não com atividades para passar as
horas, mas com conteúdos que realmente contribuam com a aprendizagem de tais
crianças.
Destacamos aqui que, para a efetivação de tal ideia se faz necessário também
capacitar os professores para pensarem nessas ações apontadas e na possibilidade
de desenvolverem recursos como o apontado, pois a formação inicial (seja a
graduação) é apenas a base para sempre aprimorar o conhecimento. Assim,
ressaltamos a importância das nossas vivências no Grupo de Estudos e Pesquisas
em Educação Infantil (GEEI), que nos propiciam momentos de formação como este
de elaboração da Caixa de Encantos e Vida e nos auxiliam a pensar estratégias
para desenvolver nas crianças aprendizagens permeadas por encantos.
50
REFERÊNCIAS
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Paulo; ano XI, n. 1, p. 113-118, jan/abr 2006.
BELINKY, Tatiana. Bidínsula e outros retalhos. São Paulo: Atual, 1990 (Série
Conte Outra Vez).
BELINKY, Tatiana. Dez sacizinhos. Ilustrações de Roberto Weigand. 6. ed. São Paulo: Paulinas, 2007 (Coleção Sabor Amizade. Série Estação Criança).
BELINKY, Tatiana. Ielena, a sábia dos sortilégios e outras histórias. Ilustrações
de Alexandre Coelho. São Paulo: Ática, 2001.
BELINKY, Tatiana. Medroso! Medroso! 14. ed. Ilustrações de Alcy. São Paulo:
Ática, 2008 (Coleção Lagarta Pintada)
BELINKY, Tatiana. Transplante de menina. 3. ed. São Paulo: Moderna, 2003(Coleção Veredas).
BELINKY, Tatiana. Um caldeirão de poemas / 62 poemas traduzidos, adaptados ou
escritos por Tatiana Belinky. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 2003.
BOGOYAVLENSKY, D. N.; MENCHINSKAYA, N. A. Relação entre aprendizagem e desenvolvimento psicointelectual da criança em idade pré-escolar. In: LEONTIEV, A.; VYGOTSKY, L. S.; LURIA, R. (et al). Psicologia e pedagogia: bases
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CARVALHO, Bárbara Vasconcelos de. A literatura infantil: visão histórica e crítica. 2.ed. São Paulo: Edart, 1982.
51
CHAVES, M. A formação e a educação da criança pequena: os estudos de
Vigotski sobre a arte e suas contribuições às práticas pedagógicas para as instituições de educação infantil. Araraquara, 2011. Trabalho de Pós- Doutoramento junto à Faculdade de Ciências e Letras de Araraquara, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), sob a supervisão do Prof. Dr. Newton Duarte.
CHAVES, Marta. Enlaces da Teoria Hitórico-Cultural com a literatura infantil. In: ______ (Org.). Práticas pedagógicas e literatura infantil. Maringá: EDUEM, 2011.
CHAVES, Marta. Intervenções pedagógicas humanizadoras: possibilidades de práticas educativas com artes e literatura para crianças na educação infantil. In: CHAVES, Marta; SETOGUTI, Ruth Izumi; MORAES, Silvia Pereira Gonzaga de (Orgs.). A formação do professor e intervenções pedagógicas humanizadoras.
Curitiba: Instituto Memória Editora, 2010.
COELHO, Nelly Novaes.Cecília Meireles: vida e obra. In: ______ Dicionário crítico de escritoras brasileiras. São Paulo: Escrituras Brasileiras, 2002. Disponível em:
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COELHO, Nelly Novaes. Literatura infantil: teoria, análise, didática. São Paulo: Moderna, 2000.
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FIGUEIRA, Divalte Garcia. A Revolução Russa. In: _____ História. Ensino médio. Volume único. 2.ed. São Paulo: Ática, 2003. p. 291-295.
GOMES, Américo. O exército vermelho dos operários e camponeses da República Soviética. Marxismo Vivo. n. 16; 2007. p. 79-90.
JACOMEL, Mirele Carolina Werneque. Ana Maria Machado: uma voz entre a repressão e a resistência. Luminaria, União da Vitória – PR, v.1, n.9, p. 51-59, 2008.
LEONTIEV, Alexis. O homem e a cultura. In: ______ O desenvolvimento do psiquismo. Lisboa: Livros Horizonte, 1979. p. 200-284.
MACHADO, Ana Maria. Contracorrente: conversas sobre leitura e política. São Paulo: Ática, 1999.
MEIRELES, Cecília. Problemas da literatura infantil. 3.ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984.
MUKHINA, Valéria. Psicologia da idade pré-escolar. Trad. Cláudia Berliner. São
Paulo: Martins Fontes, 1995.
52
OLIVEIRA, Fernando Rodrigues de. Compêndio de literatura infantil (1959), de Bárbara Vasconcelos de Carvalho, e o ensino da literatura infantil no Brasil. (Comunicação) Universidade Estadual Paulista, Marília-SP, s/d. Disponível em: <http://alb.com.br/arquivo-morto/edicoes_anteriores/anais17/txtcompletos/sem15/COLE_3669.pdf> Acesso em: jun. de 2012.
PAPES, Cleide da Costa e Silva. A palavra de Nelly Novaes Coelho. Revista Crioula, São Paulo; n. 7, maio de 2010. Disponível em: <http://www.fflch.usp.br/dlcv/revistas/crioula/edicao/07/Perfil%20-%20Nelly%20Novaes%20Coelho.pdf>Acesso em: jul. de 2012.
PRESTES, Zoia Ribeiro. Quando não é quase a mesma coisa: Análise de traduções de Lev SemionovitchVigotski no Brasil. Repercussões no campo educacional. 2010. 295 f. Tese (Doutorado em Educação). Universidade de Brasília, Brasília, 2010.
PUCHKIN, Aleksandr (tradução e adaptação de Tatiana Belinky). A história da ursa-parda. Ilustrações de Mateus Rios. 7. ed. São Paulo: Scipione, 2010 (Coleção
Dó-ré-mi-fá).
REED, John. Dez dias que abalaram o mundo. Tradução de José Octávio. São Paulo: L&PM Pocket, s/d.
ROVERI, Sérgio. Tatiana Belinky:... e quem quiser que conte outra. São Paulo:Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2007.240p. (Coleção aplauso. Série Perfil).
SAVIANI, Dermeval. Sentido da pedagogia e papel do pedagogo. Revista da ANDE, São Paulo, n. 9, 1985, p. 27-28.
SOUZA, Francielle Diogo de; CHAVES, Marta. Ana Maria Machado: contribuições e
aprendizado no trabalho com a literatura infantil. 2011. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) Curso de Pedagogia, Universidade Estadual de Maringá, Maringá, 2011.
SP ESCOLA DE TEATRO. Sérgio Roveri. Disponível em: <http://www.spescoladeteatro.org.br/enciclopedia/index.php/S%C3%A9rgio_Roveri> Acesso em: nov. de 2013.
TURGUÊNIEV, Ivan. Tradução e adaptação em português de Tatiana Belinky. O relógio e Mumu. São Paulo: Scipione, 1990.
VIGOTSKI, Lev Semionovich. (Trad. De Márcia Pileggi Vinha). Quarta aula: a questão do meio na pedologia. Psicologia USP, São Paulo, v. 21, n.4, 2010, p. 681-
701.
VIGOTSKI, Lev Semionovich. Imaginação e criação na infância (Tradução de Zoia
Prestes). São Paulo: Ática, 2009.
53
ANEXOS
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ANEXO A– PRÊMIOS RECEBIDOS POR TATIANA BELINKY
1. 1960 - Melhor Escritora de TV, Revista Manchete.
2. 1978 - “Mérito Educacional”, EXPO ESTUDANTIL, CBL (Câmara Brasileira do
Livro).
3. 1979 - Prêmio APCA por 30 anos de atividades em Teatro e Literatura
Infanto-Juvenil (Associação Paulista de Críticos de Artes).
4. 1982 - Prêmio Fernando Chinaglia, “Personalidade Cultural da UBE” (União
Brasileira de Escritores).
5. 1988 - Prêmio homenagem da 4° Bienal Nestlé de Literatura Brasileira na
área de Literatura Infanto-Juvenil.
6. 1988 - Prêmio “Monteiro Lobato”, de tradução, da FNLIJ – Fundação Nacional
do Livro Infantil e Juvenil (por “Salada Russa”);
7. 1989 - Prêmio Jabuti, da CBL, (Câmara Brasileira do Livro) de “Personalidade
Literária do Ano”.
8. 1990 - Prêmio “Monteiro Lobato”, de Tradução, da FNLIJ (por “Diversos
Russos”).
9. 1991 - Prêmio ABRINQ – Homenagem da associação brasileira de fabricantes
de brinquedos – Fundação ABRINQ pelos direitos da criança.
10. 2010 - Prêmio Monteiro Zilka Sallaberry de Teatro Infantil.
11. A escritora Tatiana Belinky também é integrante da Academia Paulista de
Letras.
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ANEXO B– ALGUMAS DAS OBRAS LITERÁRIAS DE TATIANA BELINKY
1. Andrócles e o leão – Editora Amarilys (Manole)..
2. História da tigela achada – Editora Manole.
3. Um caldeirão de poemas– Editora Companhia das Letrinhas.
4. Monstros e medos – Editora Caramelo (Grupo Siciliano).
5. Língua de criança: limeriques às soltas – Editora Global.
6. A alegre vovó Guida, que e um bocado distraída – Editora do Brasil.
7. ABC e numerais pra brincar é bom demais – Editora Cortez.
8. Teatro para a juventude – Editora Nacional.
9. As três respostas – Editora FTD.
10. Ali Babá e os quarenta ladrões– Editora Martins.
11. Baba Iagá no pantanal–Editora Olho d água.
12. Limeriques do bípede apaixonado–Editora 34.
13. Contas meio tontas e figuras sem chaturas– Editora Elementar.
14. Rita, Rita, Rita! - Editora Ave Maria
15. Bidínsula e outros retalhos – Editora Atual
16. Dez sacizinhos – Editora Paulinas
17. Ielena, a sábia dos sortilégios e outras histórias – Editora Ática
18. Medroso! Medroso! – Editora Ática.
19. História de fantasma – Editora Ática.
20. Olhos de ver – Editora Moderna.
56
21. Transplante de menina – Editora Moderna.
22. A história da ursa-parda (Aleksandr Puchkin, tradução e adaptação de
Tatiana Belinky) – Editora Scipione.
23. O relógio e Mumu (Ivan Turguêniev, tradução e adaptação de Tatiana
Belinky) – Editora Scipione.
57
ANEXO C – COMPOSIÇÃO DA CAIXA DE ENCANTOS E VIDA
Figura 1: Caixa de Encantos e Vida de Tatiana Belinky – vista externa
ACERVO: Profª Drª Marta Chaves, Universidade Estadual de Maringá, 2012.
58
Figura 2: Caixa de Encantos e Vida de Tatiana Belinky – Interior da caixa, também
devidamente encapado
ACERVO: Profª Drª Marta Chaves, Universidade Estadual de Maringá, 2012.
Figura 3: Caixa de Encantos e Vida de Tatiana Belinky – Saquinhos com os temas
ACERVO: Profª Drª Marta Chaves, Universidade Estadual de Maringá, 2012.
59
ANEXO D – COMPOSIÇÃO DOS SAQUINHOS QUE COMPÕEM A CAIXA DE
ENCANTOS E VIDA
Figura 4: Caixa de Encantos e Vida de Tatiana Belinky – Infância: contém dados da infância
Da escritora e uma pequena boneca de pano, pois tem relação com este período de sua
vida
ACERVO: Profª Drª Marta Chaves, Universidade Estadual de Maringá, 2012.
Figura 5: Caixa de Encantos e Vida de Tatiana Belinky – Trabalho: contém as informações
dos trabalhos desenvolvidos por Tatiana Belinky
ACERVO: Profª Drª Marta Chaves, Universidade Estadual de Maringá, 2012.
60
Figura 6: Caixa de Encantos e Vida de Tatiana Belinky –Interior dos envelopes com a
pesquisa e fotos de trabalhos desenvolvidos pela escritora
ACERVO: Profª Drª Marta Chaves, Universidade Estadual de Maringá, 2012.
Figura 7: Caixa de Encantos e Vida de Tatiana Belinky – Obras: contém informações sobre
alguns livros da referida escritora, imagens da capa de alguns desses livros e uma de suas
histórias com fantoches.
ACERVO: Profª Drª Marta Chaves, Universidade Estadual de Maringá, 2012.
61
Figura 8: Caixa de Encantos e Vida de Tatiana Belinky – Prêmios: dados sobre as
premiações recebidas pela autora
ACERVO: Profª Drª Marta Chaves, Universidade Estadual de Maringá, 2012.
Figura 9: Caixa de Encantos e Vida de Tatiana Belinky – Palavras de Tatiana: contém
algumas entrevistas de Tatiana Belinky falando de seu trabalho voltado para o público
infantil
ACERVO: Profª Drª Marta Chaves, Universidade Estadual de Maringá, 2012.
62
Figura 10: Caixa de Encantos e Vida de Tatiana Belinky – Todos os envelopes, fotos,
entrevistas e demais dados da pesquisa são devidamente referenciados no verso e
encapado com papel “contact”, de modo que a criança tenha acesso às fontes de pesquisa.
ACERVO: Profª Drª Marta Chaves, Universidade Estadual de Maringá, 2012.
i Nelly Novaes Coelho é paulistana, nascida em 1922, e tem como paixões desde a infância a literatura e a música. Iniciou sua carreira acadêmica em Letras na Universidade de São Paulo; é doutora, livre docente e professora titular oficialmente "inativa", porém ainda está em plena atividade. Pesquisadora e crítica literária, criou em 1980, na área de Letras da USP, a disciplina de Literatura Infantil, em nível de graduação e pós-graduação, visando à formação especializada dos professores que se destinam à educação de crianças. Fez estágios de estudo em Portugal e nos Estados Unidos. Ministrou cursos de Cultura e Literatura Brasileira na Universidade da Califórnia/Los Angeles e na Faculdade de Letras de Lisboa. Como escritora, publicou mais de uma dezena de livros sobre literatura contemporânea, teoria literária e estratégias de ensino de literatura (ENCICLOPÉDIA ITAÚ CULTURAL, s/d; PAPES, 2010). ii Cecília Benevides de Carvalho Meireles nasceu em 07 de novembro de 1901, na cidade do Rio de
Janeiro, filha de Carlos Alberto de Carvalho Meireles e de Mathilde Benevides Meireles. Antes mesmo de nascer, perdeu seu pai e dois irmãos; aos três anos, perdeu a mãe e foi educada pela avó materna, Jacintha Garcia Benevides. Em 1917, diplomou-se pela Escola Normal do Distrito Federal e passou a exercer a profissão. Em 1919, publicou seu primeiro livro “Espectros”, e depois dessa muitas outras obras se seguiram, resultando em uma vasta publicação. Cecília Meireles é conhecida como autora de textos literários como poesia, prosa, conto e crônica, e também desenvolveu intensa e marcante atividade como educadora. Faleceu no Rio de Janeiro a 9 de novembro de 1964, sendo-lhe prestadas grandes homenagens públicas; seu corpo foi velado no Ministério da Educação e Cultura (BACCEGA, 2006; CANELA; CHAVES, 2011; COELHO, 2002). iii Bárbara Vasconcelos de Carvalho nasceu em Salvador, Bahia, em 1915. Licenciou-se em Letras
Neolatinas em 1948. Mudou-se para São Paulo em 1953, atuando como professora no Colégio
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Estadual e Escola Normal "Jácomo Stavale" e na Faculdade de Filosofia de Itu. Tanto no Rio de Janeiro quanto em São Paulo, Carvalho se dedicou ao estudo e ao ensino da literatura infantil e na organização pioneira de uma exposição de literatura infantil, no Departamento de Educação de São Paulo, durante a Semana da Normalista, em 1959. Além dessa atuação, Carvalho integrou importantes instituições e centros relacionados à literatura infantil e juvenil no Brasil. Após vários anos de dedicação ao estudo e ao ensino da literatura infantil no Brasil, Carvalho faleceu no ano de 2008, aos 93 anos de idade (OLIVEIRA, s/d). iv Possui graduação em Pedagogia pela Universidade Estadual de Maringá (1993), mestrado em
Educação pela Universidade Estadual de Maringá (2000), doutorado em Educação pela Universidade Federal do Paraná (2008) e Pós-Doutorado junto ao Departamento de Psicologia da Educação, na Faculdade de Ciências e Letras do Campus de Araraquara - Unesp (2011). Atualmente é professora adjunto do Departamento de Teoria e Prática da Educação da Universidade Estadual de Maringá, do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Estadual de Maringá e líder do Grupo de Pesquisa e Estudos em Educação Infantil. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em História da Educação, atuando principalmente nos seguintes temas: educação infantil, educação, teoria histórico-cultural, arte e intervenções pedagógicas, sendo que sua defesa é por uma educação plena e de excelência. (Dados baseados no Currículo Lattes da autora). Há que se destacar que é uma grande defensora da Educação com excelência para todos. v Livro organizado por Sérgio Roveri que integra a Coleção Aplauso, da Editora Imprensa Oficial. A
coleção objetiva reabilitar e resgatar a memória da cultura nacional, biografando atores, atrizes e diretores que compõem a cena brasileira nas áreas do cinema, do teatro e da televisão, da qual Tatiana Belinky faz parte. Tem a característica de trazer os relatos dos entrevistados em primeira pessoa, mantendo o aspecto da tradição oral dos fatos. Assim, poderá parecer estranho ao leitor que as falas de Tatiana Belinky serão aspeadas como sendo dela e referenciadas como Roveri, porém pretendemos esclarecer possíveis dúvidas a esse respeito no decorrer da leitura. vi Sérgio Roveri nasceu em Jundiaí, SP, no dia 15 de setembro de 1960. É jornalista e dramaturgo.
Formado pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas, trabalhou na Editora Abril e no Jornal da Tarde, do grupo O Estado de S. Paulo, onde foi repórter, redator e editor de Variedades. Estreou como autor teatral em 2003, com a peça "Vozes Urbanas", selecionada para o projeto Agora Metrópoles do Século 21. Atuou como consultor na criação da Faculdade de Artes Cênicas do Senac. (SP ESCOLA DE TEATRO) vii
Zoia Ribeiro Prestes é graduada em Pedagogia e Psicologia Pré-Escolar pela Universidade Estatal de Pedagogia de Moscou (1985), Mestre em Pedagogia e Psicologia Pré-Escolar pela Universidade Estatal de Pedagogia de Moscou (1985) e Doutora em Educação pela Universidade de Brasília (2010). Exerceu o cargo de professora assistente na Universidade de Brasília (UnB), lecionando as disciplinas Didática Fundamental, Estágio Supervisionado e Educação Infantil, de 2004 a 2006; exerceu o cargo de assessora técnica do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome de 2005 a 2007. Integrou a equipe técnica da Coordenação Geral de Educação Infantil do Ministério da Educação. Também lecionou algumas disciplinas no Curso de Psicologia do Centro Universitário de Brasília (UniCEUB) de 2010 a 2011. Atualmente, é professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal Fluminense. Além disso, traduziu do russo para o português diversas obras literárias e técnico-científicas que foram publicadas no Brasil, dentre elas o livro Imaginação e criação na infância de Vigotski. A referida pesquisadora integra o Grupo de Pesquisa e Estudos em Educação Infantil (GEEI) da Universidade Estadual de Maringá (Dados do Currículo Lattes da autora). viii
Lev Semionovitch Vigotski - (1896 - 1934) – psicólogo russo que juntamente com A. N. Leontiev e A. R. Luria formaram o grupo de pesquisas denominado troyka e, juntamente com outros pesquisadores como P. P. Blonski, V. M. Borovski, L. V. Zankov, L. S. Sarrarov, I. M. Soloviov foram responsáveis pela construção dos fundamentos filosóficos e metodológicos marxistas da psicologia e da pedagogia. A teoria histórico-cultural, nos anos 1920, deu início à pesquisa sobre a condição social da gênese da consciência do indivíduo. As pesquisas teóricas e experimentais levaram a um novo entendimento sobre a origem e a estrutura das funções psíquicas superiores, que se diferenciavam radicalmente da psicologia idealista dominante (PRESTES, 2010).
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ix Aleksei Nikolaievitch Leontiev (1903 - 1979) – psicólogo russo que juntamente com L. S. Vigotski e
A. R. Luria – formaram o grupo de pesquisas denominado troyka, e juntamente com outros pesquisadores como P. P. Blonski, V. M. Borovski, L. V. Zankov, L. S. Sarrarov, I. M. Soloviov, foram responsáveis pela construção dos fundamentos filosóficos e metodológicos marxistas da psicologia e da pedagogia. A Teoria Histórico-Cultural, nos anos 1920, deu início à pesquisa sobre a condição social da gênese da consciência do indivíduo. As pesquisas teóricas e experimentais levaram a um novo entendimento sobre a origem e a estrutura das funções psíquicas superiores, que se diferenciavam radicalmente da psicologia idealista dominante (PRESTES, 2010). x Demerval Saviani(1943 - ) possui graduação em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica de
São Paulo (1966) e doutorado em Filosofia da Educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1971). Em 1986, obteve o título de livre-docente; em 1990, foi aprovado no Concurso Público de Professor Adjunto de História da Educação da Unicamp; e em 1993 foi aprovado no Concurso Público de Professor Titular de História da Educação da Unicamp. Atualmente, é professor aposentado da Universidade Estadual de Campinas; Professor Emérito da Unicamp, Pesquisador Emérito do CNPq e Coordenador Geral do Grupo de Estudos e Pesquisas " História, Sociedade e Educação no Brasil" (HISTEDBR).Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Filosofia e História da Educação, atuando principalmente nos seguintes temas: educação brasileira, legislação do ensino e política educacional, história da educação, história da educação brasileira, historiografia e educação, história da escola pública, pedagogia e teorias da educação(Dados do Currículo Lattes do autor). xi Ana Maria Machado nasceu em 24 de dezembro de 1941, no Rio de Janeiro. A escritora, jornalista,
professora e pintora é a filha mais velha de Mário de Souza Martins e Dinah Almeida de Souza Martins. A própria Ana Maria Machado ressalta que quando criança foi uma menina que aprendeu a ler antes mesmo de completar cinco anos de idade (assim como Tatiana Belinky) e passava horas de seu tempo fazendo leituras de livros como Reinações de Narizinho, seu preferido. Atualmente representa, de forma grandiosa, a Literatura Infantil brasileira (SOUZA e CHAVES, 2011).Premiada diversas vezes, Ana Maria Machado deixou os trabalhos jornalísticos para dedicar-se à literatura (JACOMEL, 2008).
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