View
240
Download
20
Category
Preview:
DESCRIPTION
O presente trabalho apresenta uma reflexão sobre a educação e como, a mesma, vem mudando ao longo do tempo. Muitas dessas mudanças foram ocasionados pela evolução tecnológica, propiciada, pelo ser humano. Os resultados, de tais mudanças, são palpáveis, sobretudo, no campo educacional. Apresenta, subsequentemente, a proposta do Projeto Reinventando o Ensino Médio (da Secretaria Estadual de Educação de Minas Gerais) e a oferta de áreas de empregabilidades. Tal projeto apresenta diversas características, dentre elas, a oportunidade de reformular o ensino médio, ao oferecer uma nova forma de ensino e de aprendizagem. Adiante, o respectivo trabalho, apresenta uma análise da implantação do projeto na Escola Estadual Odilon Behrens, Guanhães – MG, no ano de 2013. Ainda irá verificar quais as mudanças ocorridas no ambiente escolar, a níveis de estrutura e organização. Verificando qual o impacto da implantação do Projeto Reinventando o Ensino Médio e suas respectivas áreas de empregabilidade.
Citation preview
UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO
CENTRO DE EDUCAÇÃO ABERTA E A DISTÂNCIA - CEAD
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PRÁTICAS PEDAGÓGICAS
FABIANO JUNIOR DOMINGOS
A ESCOLA ESTADUAL ODILON BEHRENS E O PROJETO
REINVENTANDO O ENSINO MÉDIO
Ouro Preto
2014
UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO
CENTRO DE EDUCAÇÃO ABERTA E A DISTÂNCIA - CEAD
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PRÁTICAS PEDAGÓGICAS
FABIANO JUNIOR DOMINGOS
A ESCOLA ESTADUAL ODILON BEHRENS E O PROJETO
REINVENTANDO O ENSINO MÉDIO
Monografia apresentada ao Curso de
Especialização em Práticas Pedagógicas
do Centro de Educação Aberta e a
Distância da Universidade Federal de
Ouro Preto – UFOP, como requisito
parcial para obtenção do título de
Especialista em Práticas Pedagógicas.
Orientadora: Profª Dr. Mônica Versiani
Machado
Ouro Preto
2014
FABIANO JUNIOR DOMINGOS
A ESCOLA ESTADUAL ODILON BEHRENS E O PROJETO REINVENTANDO O ENSINO MÉDIO
Monografia apresentada por FABIANO JUNIOR DOMINGOS, em ___ de _________ de 2014, ao Curso de Especialização em Práticas Pedagógicas d o Centro de Educação Aberta e a Distância da Universidade de Ouro Preto – UFOP, e aprovada pela banca examinadora constituída dos professores:
Aprovada em: ___ de _______ de 2014.
Prof.ª MONICA VERSIANI MACHADO – Orientadora Universidade Federal de Ouro Preto - UFOP
Universidade Federal de Ouro Preto - UFOP
_______________________________________________________________
Universidade Federal de Ouro Preto - UFOP
DEDICATÓRIA Aos meus alunos, colegas e amigos da E. E. Odilon Behrens que se fazem presentes em vários aspectos do meu dia a dia.
AGRADECIMENTOS
Agradeço, em primeiro lugar, a Deus; pois quando fraquejei, Nele
busquei forças.
À minha família que sempre me apoiou, em especial minha mãe que
sempre compreendeu a importância do ato da busca do conhecimento e ao
meu pai que me ensina até hoje a importância do esforço.
À Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) e sua equipe docente
que oportunizou esta graduação e os meios para a sua realização através do
Polo de Apoio Presencial Prof. José Coelho Perpétuo em Divinolândia de
Minas.
À minha orientadora Monica Versiani Machado, professora e orientadora
do TCC, pela competência notória, sempre solícita, oferecendo-me grande
suporte durante a confecção deste trabalho, conduzindo-me de maneira eficaz
e incentivadora na elaboração e apresentação deste trabalho.
E finalmente à Escola Estadual Odilon Behrens, onde dei os primeiros passos,
ainda que vacilantes, no campo da docência.
A todos a minha profunda gratidão.
Eu estava com a cabeça quente. Queria descansar, parar de pensar. Para parar de pensar nada melhor que trabalhar com as mãos. Peguei minha caixa de ferramentas, a serra circular e a furadeira e fui para o terceiro andar, onde guardo os meus livros. Iria fazer umas estantes. As tábuas já estavam lá. Nem bem comecei a trabalhar de carpinteiro e fui interrompido com a chegada da faxineira. Com ela, sua filhinha de 7 anos, Dinéia. Carinha redonda, sorriso mostrando os dentes brancos, trancinhas estilo afro. O que era de se esperar numa menina da idade dela era que ficasse com a mãe. Não ficou. Preferiu ficar comigo, vendo o que eu fazia. Por que ela fez isso? Curiosidade. Curiosidade é uma coceira que dá nas ideias... Aquelas ferramentas e o que eu estava fazendo a fascinavam. Ela queria aprender. “O que é isso que você tem na mão?”, ela perguntou. “É uma trena”, respondi. “Para que serve a trena?”, ela continuou. “A trena serve para medir. Preciso de uma tábua de um metro e vinte. Assim, vou medir um metro e vinte. Veja!” respondi. Puxei a lâmina da trena e lhe mostrei os números. Ela olhou atentamente. “Você já sabe os números?”, perguntei. “Sei”, ela respondeu. Continuei: “Veja esses números sobre os risquinhos. O espaço entre esses risquinhos mais compridos é um centímetro. Um metro tem cem centímetros, cem desses pedacinhos. Note que de dez em dez centímetros o número aparece escrito em vermelho. É que, para facilitar, os centímetros são amarrados em pacotinhos de dez. Um metro é feito com dez pacotinhos de dez centímetros. Um metro e vinte são dez desses pacotinhos, para fazer um metro, mais dois, para completar os vinte centímetros que faltam”. Marquei um metro e vinte na tábua com um lápis e me preparei para riscar a tábua. Assim se iniciou uma das mais alegres experiências de ensino e aprendizagem que tive na minha vida. A Dinéia queria saber de tudo. Não precisei fazer uso de nenhum artifício de “motivação” para que ela estivesse motivada. O que a motivava era o fascínio daquilo que eu estava fazendo e das ferramentas que eu estava usando. Seus olhos e pensamentos estavam coçando de curiosidade. Ela queria aprender para se curar da coceira... Os gregos diziam que a cabeça começa a pensar quando os olhos ficam estupidificados diante de um objeto. Pensamos para decifrar o enigma da visão. Pensamos para compreender o que vemos. (Alves, Rubem. O Desejo de Ensinar e a Arte de Aprender/Rubem Alves. - Campinas: Fundação EDUCAR DPaschoal, 2004.)
RESUMO
O presente trabalho apresenta uma reflexão sobre a educação e como, a mesma, vem mudando ao longo do tempo. Muitas dessas mudanças foram ocasionados pela evolução tecnológica, propiciada, pelo ser humano. Os resultados, de tais mudanças, são palpáveis, sobretudo, no campo educacional. Apresenta, subsequentemente, a proposta do Projeto Reinventando o Ensino Médio (da Secretaria Estadual de Educação de Minas Gerais) e a oferta de áreas de empregabilidades. Tal projeto apresenta diversas características, dentre elas, a oportunidade de reformular o ensino médio, ao oferecer uma nova forma de ensino e de aprendizagem. Adiante, o respectivo trabalho, apresenta uma análise da implantação do projeto na Escola Estadual Odilon Behrens, Guanhães – MG, no ano de 2013. Ainda irá verificar quais as mudanças ocorridas no ambiente escolar, a níveis de estrutura e organização. Verificando qual o impacto da implantação do Projeto Reinventando o Ensino Médio e suas respectivas áreas de empregabilidade no ambiente escolar, e se sua implementação atendeu os pressupostos estabelecidos originalmente.
Palavras-chave: Escola. Reinventando o Ensino Médio. Áreas de empregabilidade. Educação.
ABSTRACT
This paper presents a reflection on education and how the same has been changing over time. Many of these changes were brought about by technological change, brought about by humans. The results of such changes are palpable, especially in the educational field. Subsequently presents the proposed Project Reinventing High School (State Department of Education of Minas Gerais) and the provision of areas empregabilidades. This project has several characteristics, among them, the opportunity to redesign the high school to offer a new way of teaching and learning. Further, their work presents an analysis of the implementation of the project in the State School Odilon Behrens, Guanhães - MG, in 2013. Still will check what the changes in the school environment, the level of structure and organization. Noting the impact of the implementation of the Project Reinventing High School and their respective areas of employment in the school environment, and its implementation met the assumptions originally established. Keywords: School. Reinventing High School. Areas of employability. Education.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................. P. 09
2. DESENVOLVIMENTO ..................................................................................... P. 12
2.1 IDENTIFICAÇÃO DA ESCOLA ..................................................................... P. 14
3. REINVENTANDO O ENSINO .......................................................................... P. 16
3.1 A ESCOLA ESTADUAL ODILON BEHRENS E O REINVENTANDO O
ENSINO MÉDIO ................................................................................................... P. 17
3.2 O PROGRAMA REINVENTANDO O ENSINO MÉDIO AO LONGO DO
ANO ESCOLAR DE 2013 .................................................................................... P. 19
3.3 ANALISANDO O REINVENTANDO O ENSINO MÉDIO NA ESCOLA
ESTADUAL ODILON BEHRENS ........................................................................ P. 20
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................. P. 23
4.1 CONCLUSÕES .............................................................................................. P. 24
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS ................................................................ P. 26
9
1 – INTRODUÇÃO
Desde o início dos tempos o ser humano aprendeu que para sobreviver
e evoluir ele tinha que viver em sociedade; como resultado, surgiram as
primeiras formas de agrupamentos humanos. Como parte de um processo,
percebeu-se a necessidade de “educar” os mais jovens, o que mais tarde
resultou no surgimento das primeiras escolas.
É na escola que o jovem é estimulado a evoluir de forma intelectual e,
também, em nível social. O educando socializa-se com indivíduos de sua faixa
etária e recebe as diversas formas de conhecimento.
Daí se infere imediatamente que a cultura, quer enquanto processo, quer enquanto produto, tem uma exigência de continuidade. De um lado, a continuidade do processo está ligada à própria sobrevivência de sua condição humana. De outro, os bens culturais conquistados exigem, sob pena de se perderem, que sejam preservados. A continuidade do processo e a preservação dos bens estão interligados e fornecem a motivação básica para a comunicação interpessoal, seja no sentido horizontal relativo aos membros de uma mesma geração, seja no sentido vertical, referente à transmissão das conquistas de uma geração para a outra. É por isso que a cultura não sobrevive a não ser no meio social. E o instrumento de que ela se utiliza para sobreviver será inevitavelmente aquele que definirá o processo educativo. (ROMANELLI, 1986, p. 20.)
E é graças a esse processo evolutivo que, mais tarde, surgiram as
instituições de ensino, responsáveis pelo processo socioeducativo. E, no
ambiente escolar, o educando depara-se com um ambiente diferente de tudo
até então. Ele recebe o conhecimento e socializa com outros de sua classe
e/ou faixa etária. ROMANELLI, ainda afirma que:
A educação para o desenvolvimento numa realidade complexa, como é a brasileira, teoricamente não é um conceito fácil de se construir, já que se trata de pensar a educação num contexto profundamente marcado por desníveis. E pensar a educação num contexto é pensar esse contexto mesmo: a ação educativa processa-se de acordo com a compreensão que se tem da realidade social em que se está imerso. (ROMANELLI, 1986, p. 23.)
O nosso país é claramente marcado pelos ‘desníveis’ que ROMANELLI
cita.
10
As salas de aula, atualmente, são compostas por alunos das mais
variadas origens, desde alunos com uma condição social elevada, aos que a
família depende de ajuda financeira do governo. Lembrando que, o nível
cultural e de desenvolvimento humano, dessas pessoas são variados.
Talvez, tais ‘desníveis’, fizeram com que o governo tomasse medidas
para valorizar cada vez mais a educação; assim como já acontece em outros
países. Um exemplo de tal fato é o que é descrito por Castro (1998, p. 14):
Nos últimos 30 anos, conforme já foi mencionado, o sistema educacional brasileiro sofreu uma acelerada expansão, registrando-se neste período um vigoroso crescimento das matrículas em todos os níveis de ensino. Dentre os fatores que contribuíram para impulsionar este processo, além da natural pressão demográfica, cabe destacar a forte demanda por serviços educacionais criada em decorrência da rápida urbanização do País e o correspondente esforço realizado pelo Poder Público para expandir o acesso à escolaridade obrigatória.
A sociedade mudou, e com ela as políticas educacionais. E tal fato é
retratado na Lei de Diretrizes e Bases (LDB):
Art. 1º A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais.
§ 1º Esta lei disciplina a educação escolar, que se desenvolve, predominantemente, por meio do ensino, em instituições próprias.
§ 2º A educação escolar deverá vincular-se ao mundo do trabalho e à prática social. (LDB: Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996)
Há muito que o dever da escola deixou de ser apenas o de ensinar a ler
e a escrever. Atualmente a função da escola é fornecer as ferramentas
necessárias para que nossos jovens adquiram habilidades no intuito de
ingressar, mais tarde, no mundo do trabalho. Mas para que essa premissa, a
priori, seja real é imperativo que sejam ofertadas as ferramentas ideais aos
nossos jovens. E, de uma forma ou de outra, isso já vem ocorrendo, em todo o
país, através das mais diversificadas políticas públicas de âmbito educacional.
E tais políticas voltadas para o campo da educação e do ensino vêm em uma
11
hora em que as escolas necessitam de modificações para incluírem-se no novo
século.
O Estado de Minas Gerais, através da Secretaria Estadual de Educação
(SEE MG), implementou o Projeto Reinventando o Ensino Médio, no ano de
2012. Tal projeto foi implantado em caráter probatório em onze escolas de
ensino médio da região metropolitana de Belo Horizonte - MG, no ano seguinte,
foi ofertado para algumas escolas do Estado de Minas Gerais; e no ano de
2014 o projeto foi implementado em toda rede escolar mineira.
A implementação de um projeto de grande magnitude como esse não é
fácil. Pensando assim, pretende-se, através deste, estudar o caso da
implantação do Projeto Reinventando o Ensino Médio, na Escola Estadual
Odilon Behrens, in loco, (Guanhães – MG).
Este estudo busca saber:
Que mudanças foram necessárias para que o projeto funcionasse;
Se a implantação do projeto está alcançando as premissas em
que se baseia.
Responder a tais questões é algo pertinente ao momento; afinal de
contas estudar projetos, como o Reinventando o Ensino Médio, poderá ser
benéfico para referências futuras. Em muitos casos, aceita-se um projeto, em
nível municipal, regional ou estadual; sem antes saber se, o mesmo, será
pertinente ao desenvolvimento do educando. A exemplo de outros cursos que
foram implantados, mas, logo, foram suspensos. Os motivos são variados:
mudanças de gestão governamental, falta de apoio político, não cumprimento
de metas pré-estabelecidas, dentre outros.
12
2 – DESENVOLVIMENTO
O Ensino Médio, a partir dos anos de 1990, passou por uma expansão;
como afirma Castro (1998, p. 30):
O principal fenômeno educacional observado no Brasil na década de 90 tem sido a velocidade com que vem se dando à expansão do ensino médio, que repete com maior intensidade o movimento verificado nas décadas de 70 e 80 em relação ao ensino fundamental. Por isso, pode-se afirmar, sem nenhum exagero, que os anos 90 se caracterizaram como a década da democratização do acesso ao ensino médio. De fato, no período de 1990 a 1998, a matrícula neste nível de ensino praticamente dobrou, saltando de 3,5 milhões de alunos para aproximadamente 6,9 milhões, segundo aponta o resultado preliminar do Censo Escolar deste ano. O número de concluintes também duplicou, passando de 658 mil em 1990 para 1,3 milhão, em 1997. A estimativa para 1998 é de 1,5 milhão de concluintes. Este aumento pressiona fortemente a demanda por vagas no ensino superior e, também, em cursos profissionalizantes pós-médio.
A partir da afirmação acima, pode-se perceber que a sociedade
brasileira passou a oferecer melhores condições de acesso a educação,
direcionada aos jovens. De certa forma, aqueles que antes não tinham a
oportunidade de frequentar o Ensino Médio e, possivelmente, o Ensino
Superior, agora poderiam. Mais tarde, outras políticas que garantissem esse
acesso surgiriam, como descrito abaixo:
Com a aprovação da Emenda Constitucional nº 59, de 11 de novembro de 2009, a obrigatoriedade do ensino dos 04 aos 17 anos deverá estar garantida até 2016, o que vai ao encontro da Meta 3 do novo Plano Nacional da Educação (em tramitação), que propõe a universalização do Ensino Médio até 2020 (15 a 17 anos), com taxa líquida de 85% de atendimento para essa faixa etária. Assim, para que este atendimento seja efetivo, é ímpar garantir o acesso à educação de qualidade e atender as necessidades e expectativas dos jovens brasileiros. (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Programa Ensino Médio Inovador: Documento Orientador. 2013. p. 03.)
Outro fator interessante que vem à baila é a questão de que a sociedade
vem experimentando uma verdadeira revolução tecnológica. De acordo com
Castells (2005):
A primeira Revolução em Tecnologia da Informação concentrou-se nos Estados Unidos e, até certo ponto, na Califórnia nos anos 70,
13
baseando-se nos progressos alcançados nas décadas anteriores e sob a influência de vários fatores institucionais, econômicos e culturais. Mas não se originou de qualquer necessidade preestabelecida. Foi mais o resultado de indução tecnológica do que uma determinação social (CASTELLS, 2005, p. 69).
Nesse sentido, afirma o autor:
[...] é claro que a tecnologia não determina a sociedade. Nem a sociedade escreve o curso da transformação tecnológica, uma vez que muitos fatores, inclusive criatividade e iniciativa empreendedora, intervêm no processo de descoberta científica, inovação tecnológica e aplicações sociais, de forma que o resultado final depende de um complexo padrão interativo. Na verdade, o dilema do determinismo tecnológico é, provavelmente, um problema infundado, dado que a tecnologia é a sociedade e a sociedade não pode ser entendida ou representada sem suas ferramentas tecnológicas (CASTELLS, 2001. p. 43).
A sociedade mudou e com ela seus antigos paradigmas. No que diz
respeito à educação, há um interesse cada vez maior em preparar o educando
para que ele, o educando, seja protagonista no cenário educacional.
Não é novidade que as escolas buscam cada vez mais integrar-se ao
novo século. Seja através de novas metodologias ou tecnologias. O governo,
nas diferentes esferas, também apercebe-se de tal singularidade. E, como
reação, têm-se a implementação de novos projetos que visam à melhoria do
ensino, mais verbas para o seu financiamento e novas políticas de ensino.
No Estado de Minas Gerais, em 2011, surgiu a ideia do Projeto
Reinventando o Ensino Médio, com uma proposta de inserção de áreas de
empregabilidade no currículo escolar do ensino médio:
Os percursos curriculares propostos adicionam os conteúdos das áreas de empregabilidade ao atendimento do que é estabelecido pelo Currículo Básico Comum (CBC) e estão consubstanciados na Resolução 2.030 da SEE/MG. Dessa forma, o estudante percorre, simultaneamente, dois eixos formativos inter-relacionados com identidade clara, de modo que, ao concluir o Ensino Médio como uma etapa significativa da vida escolar, além da formação que lhe permite o prosseguimento dos estudos, conte, também, com os instrumentos proporcionados pela área de empregabilidade cursada. Considerando o percurso curricular, o estudante contará, a todo o tempo, com um instrumento de tutoria na escola, que lhe permitirá, não apenas o acesso progressivo ao conhecimento das possibilidades profissionais inerentes às áreas de empregabilidade, como também contar com informações suficientes para a escolha adequada, a cada matrícula, entre as disciplinas disponibilizadas. Uma tal orientação é necessária, seja para a matrícula em disciplinas pertencentes ou não à área de empregabilidade de opção, seja para a matrícula em atividades não disciplinares. (MINAS GERAIS, 2013. p. 08)
14
Com a implantação do referido projeto, o estudante poderá optar por
uma área de empregabilidade que esteja disponível na instituição de ensino
estadual, ao ingressar no 1º ano do ensino médio.
A Escola Estadual Odilon Behrens (Guanhães-MG), atualmente, oferece
três áreas de empregabilidade: Meio Ambiente e Recursos Naturais,
Comunicação Aplicada e Tecnologia da Informação.
Embora o Estado de Minas Gerais tenha implantado, em caráter
obrigatório, o Projeto Reinventando o Ensino Médio em 2014, a Escola
Estadual Odilon Behrens (Guanhães-MG) foi selecionada em 2013 para ofertar
áreas de empregabilidade.
2.1 - Identificação da Escola
A Escola Estadual Odilon Behrens, situada na Praça Benedito Pereira,
263, Guanhães, Minas Gerais, é reconhecida pela portaria nº 062966-
08/11/1946.
A estrutura física deste estabelecimento é de excelente qualidade, e
conta com manutenção assídua da direção e muito zelo por todos.
A escola contém 22 salas de aula, 02 laboratórios de informática, 01
laboratório de Química/Física/Biologia, biblioteca ampla, refeitório, quadra
poliesportiva coberta, sala para os professores, a direção e vice direção, as
especialistas, a secretaria e 12 banheiros em perfeito estado de conservação e
funcionamento. Pátios amplos, dois tablados, além de jardins e mesas de jogos
de tabuleiro (uma iniciativa positiva para horários vagos e recreios).
Possui vários recursos tecnológicos possíveis para desenvolver projetos
usando mídias; laboratórios de informática com computadores interligados à
internet, diversos aparelhos de TV e DVD, 1 câmera digital, 3 Microsystems, 2
aparelhos de Datashow, lousa digital e um sistema de sonorização moderno
distribuído por toda a escola.
A escola conta, no corrente ano de 2014, com 1844 alunos regularmente
matriculados nos três turnos, assim distribuídos: período da manhã 705 alunos;
15
período da tarde, 719 alunos e noite, com 420, com ensino regular, EJA e
PRONATEC (120 destes).
O corpo docente apresenta faixa etária entre 21 a 52 anos, com
formação superior completa, sendo que alguns cursam ou concluíram
Mestrado. Muitos possuem jornada dupla ou tripla de trabalho (atuando na rede
pública, privada e federal). O quadro de professores efetivos alcança o número
41, sendo, nesta escola, 47 docentes designados atuando nas várias áreas
disciplinares. Esta escola é referência e pertence à 14ª SRE de Guanhães.
Conta, na atualidade, com grande predominância de alunos da zona
rural. Os alunos que compõem esta escola apresentam entre 11 a 68 anos. O
perfil cultural é diversificado, haja vista heterogeneidade da clientela. A escola
recebe alunos da classe média alta e também discente que necessitam de
ajuda econômica para sobreviver. Sendo assim, os alunos da zona rural se
desnudam do acesso à internet, tendo contato com esta mídia apenas na
escola.
Portanto a escola atende alunos de variadas condições sociais e com
uma carga cultural e social variadas.
Entre tantas diversidades delineadas nesta escola, edifica-se aqui, a
construção do saber e do conhecimento, com o intuito de formar cidadãos
conscientes da sua participação na sociedade. Uma escola pioneira na
formação da tradição guanhanense, palco de muitos eventos e encontros,
reconhecida entre as três maiores do estado de Minas Gerais, uma vez que
não segue a arquitetura padrão das escolas públicas do Estado.
16
3 – REINVENTANDO O ENSINO
O projeto Reinventando o Ensino Médio é uma iniciativa do Governo de
Minas Gerais que tem diversos objetivos, dentre eles um ensino que forneça ao
aluno uma educação técnica, tornar a escola mais atrativa ao educando e o
oferecimento de áreas de empregabilidade:
O projeto Reinventando o Ensino Médio, através da reformulação curricular da rede pública de Ensino Médio em Minas Gerais, tem como objetivo a criação de um ciclo de estudos com identidade própria, que propicie, simultaneamente, melhores condições para o prosseguimento dos estudos e mais instrumentos favorecedores da empregabilidade dos estudantes ao final de sua formação nesta etapa de ensino. Ao se associar a políticas que contribuem para a ressignificação da escola pública em Minas Gerais, o projeto assinala a importância do acesso ao conhecimento como condição para o exercício da plena cidadania na sociedade contemporânea. (MINAS GERAIS, Reinventando o Ensino Médio. 2013. p. 11)
A sua implementação aconteceu por etapas, inicialmente em onze
escolas na área metropolitana de Belo Horizonte (MG) e, já no ano seguinte,
em diversas escolas estaduais de Minas Gerais (dentre elas a Escola Estadual
Odilon Behrens, em 2013) e no ano de 2014, foi implantada oficialmente em
toda a rede mineira de educação.
Mas para que fosse possível a implantação do Reinventando o Ensino
Médio, o currículo escolar do ensino médio necessitou passar por alterações,
principalmente no que diz respeito à carga horária do aluno.
Até o ano de 2013, a carga horária anual do aluno, do ensino médio
diurno, era composta de um currículo de vinte e cinco aulas semanais –
totalizando 883:20 horas aulas. Com o reinventando esse mesmo currículo é
acrescido de 166:40 horas aulas; totalizando 1.000 horas aulas (em cada
série). E os módulos semanais de aulas, que até 2013 eram de vinte e cinco
aulas na semana, passam agora para trinta aulas semanais. No que diz
respeito ao ensino médio noturno:
Extensivo a todo o Ensino Médio mineiro, o projeto amplia a carga horária da formação, seja a diurna, seja a noturna, para 3.000 horas. No turno diurno, o instrumento do 6º horário permite o cumprimento do total de horas nos 200 dias letivos. No turno noturno, a
17
integralização do percentual de crescimento de 2.500 para 3.000 horas será viabilizada através de atividades extra classe, em parte decorrentes da área de empregabilidade e em parte decorrentes dos Conteúdos Interdisciplinares Aplicados.(MINAS GERAIS, 2013. p. 18)
Para o aluno, um dos pontos mais impactantes foi a modificação de tais
horários. Para cumprir as 1.000 horas aulas anuais previstas no currículo, foi
implantado o sexto horário. Inicialmente, no ano de 2013, o sexto horário era
específico para as aulas do Reinventando. Já no ano de 2014, o sexto horário
não é reservado mais para as aulas do Reinventando, sendo colocadas aulas
de outras disciplinas.
3.1 - A Escola Estadual Odilon Behrens e o Reinventando o Ensino Médio
Para a segunda fase do projeto piloto do Reinventado o Ensino Médio,
as escolas, para serem selecionadas, deveriam possuir certas características:
Como critério inicial para a expansão em 2013, entendemos que o projeto, até este momento circunscrito à Superintendência Regional C, deverá estar presente na totalidade das Superintendências Regionais, incluídas as outras duas Superintendências Metropolitanas (Superintendências A e B). Em cada uma das demais 46 Superintendências, foram escolhidas, de início, duas escolas. Foi selecionada em 1º lugar, em cada SRE, no município sede, a escola que apresentou o maior número de alunos matriculados no 1º ano do Ensino Médio em 2011, conforme Censo Escolar 2011, obedecidos um mínimo de 3 e um máximo de 12 turmas. Foi selecionada em 2º lugar, em cada SRE, no município mais populoso da área coberta pela Superintendência, à exceção do município sede, a escola que apresentou o maior número de alunos matriculados no 1º ano do Ensino Médio em 2011, obedecidos um mínimo de 3 e um máximo de 12 turmas. (MINAS GERAIS, 2013. p. 21)
A Escola Estadual Odilon Behrens situada na cidade de Guanhães
(MG), pertencente à Superintendência Regional de Ensino de Guanhães (MG),
foi seleciona para fazer parte da segunda fase do projeto piloto.
A partir daí a escola passou por modificações para atender ao projeto. A
carga horária do aluno do primeiro ano do ensino médio foi reformulada para
atender a carga horária de 1.000 horas aulas, foi implantado o sexto horário, o
laboratório de informática foi modificado para atender às áreas de
empregabilidade, foram feitas reuniões com a comunidade escolar (alunos,
18
pais e professores) para explicar o que era o Reinventando o Ensino Médio e
foram realizadas palestras explicativas a respeito de cada área de
empregabilidade (para que o aluno tivesse a opção de escolher por uma
matéria específica).
A Secretaria Estadual de Educação de Minas Gerais disponibilizou para
respectiva escolha dezesseis áreas de empregabilidade:
1) Recreação Cultural
2) Produção Cultural
3) Reciclagem
4) Turismo
5) Comunicação aplicada
6) Meio Ambiente e Recursos Naturais
7) Tecnologia da Informação
8) Gestão Pública
9) Estudos avançados: Linguagens
10) Estudos avançados: Ciências
11) Estudos avançados: Humanidades e Artes
12) Lazer
13) Empreendedorismo e Gestão
14) Desenvolvimento de Habilidades Cognitivas
15) Vida e Bem estar
16) Webdesign
Através de consenso optou-se por três áreas específicas de
empregabilidade: Tecnologia da Informação, Comunicação Aplicada e Meio
Ambiente e Recursos Naturais. Lembrando que a escolha das referidas áreas
de empregabilidades aconteceu somente após as orientações fornecidas em
reunião com a comunidade escolar. Posteriormente, os alunos receberam um
formulário de inscrição para ser preenchido com a família. Nesta ficha o aluno
iria escolher a área de empregabilidade que gostaria de cursar e os motivos de
sua escolha.
Através da implementação do Reinventando o Ensino Médio o aluno da
Escola Estadual Odilon Behrens, passou a ter a oportunidade de estudar uma
área de empregabilidade (que ele e sua família escolheram) que lhe oportuniza
uma chance a mais de conhecimento.
19
3.2 - O Programa Reinventando o Ensino Médio ao longo do ano escolar
de 2013
Após a escolha das áreas de empregabilidade, a escola teve como
passo seguinte a escolha dos professores para ministrar as aulas e agiu de
acordo com a CIRCULAR DGDC/SRH nº 03/2013 (Belo Horizonte, 31-01-
2013):
Tendo em vista a implantação do Projeto Reinventando o Ensino Médio em turmas de ensino médio de escolas estaduais dessa circunscrição, encaminhamos a V. S.ª orientações para a composição do corpo docente que irá lecionar as disciplinas específicas das áreas de empregabilidade, que integram o citado Projeto. As disciplinas serão ministradas por servidores da escola, efetivos ou efetivados, detentores de curso de licenciatura plena ou de Pedagogia, que participaram do curso de capacitação oferecido no centro de Formação e Experimentação Digital – Plug Minas. (...) Não havendo na escola servidores em número suficiente para assumirem as aulas, a escola disponibilizará a vaga para outros servidores lotados em escolas do município, habilitados, que atendam ao perfil desejado e que tenham interesse em trabalhar em prol do desenvolvimento do Projeto.
A procura por profissionais, habilitados, para trabalhar com o projeto foi
um desafio, visto que, inicialmente, eram poucas as orientações de
funcionamento do projeto e nenhum material específico para as aulas iniciais.
O nome “Reinventando o Ensino Médio” foi justificável. O professor que
ministrasse as aulas de empregabilidade deveria ter que, literalmente, se
reinventar.
Diferentemente das disciplinas já consolidadas que contam com um
CBC (Currículo Básico Comum) específico com orientações ou eixos temáticos
da disciplina, as áreas de empregabilidade, até então, não contavam com este
recurso; afinal de contas; seria da experiência das futuras aulas que surgiria,
posteriormente, algum material orientador.
Após as reuniões com a comunidade escolar, com o objetivo de
apresentar o Projeto Reinventando o Ensino Médio; o período de escolha das
áreas de empregabilidades e a contratação dos profissionais que iriam
ministrar as aulas foi oficializado o início das mesmas.
Ao longo do ano, cada professor da área de empregabilidade trabalhou
dentro de uma proposta didática pré-estabelecida pela Secretaria de Educação
20
de Minas Gerais (após o início das aulas). O professor, se assim desejasse,
poderia modificar e complementar essa proposta didática.
Foi graças a essa oportunidade que, mais tarde, surgiu para cada área
de empregabilidade um currículo que previa a matéria que deveria ser vista
pelo aluno, a exemplo do CBC de disciplinas já consolidadas.
Outra fonte de ajuda que surgiu mais tarde foi a criação de um ambiente
virtual de aprendizagem, de responsabilidade da Magistra-MG. Nesse ambiente
de aprendizagem virtual havia a proposta de troca de conteúdo entre os
professores das áreas de empregabilidade das escolas piloto, da rede estadual
de educação mineira. Além disso, cada área de empregabilidade, da Escola
estadual Odilon Behrens, foi responsável pela criação de projetos
interdisciplinares e visitas técnicas com seus alunos.
No decorrer dos bimestres, nas reuniões de conselho de classe ou
reuniões com as áreas de empregabilidade, foram feitos balanços e
investigações sobre o projeto. Tais reuniões se mostravam positivas em
quesitos como a satisfação do aluno e seu aprendizado. A troca de
experiências oportunizadas pelo projeto foi benéfica. A queixa maior dos
discentes era com relação a implantação do sexto horário.
No turno da manhã, os alunos demoram a se habituar com um horário a
mais, diariamente. Após a reformulação da logística da escola, para evitar as
fugas e conversas com os alunos eles se habituaram ao contexto.
Com relação ao turno da tarde havia um agravante a mais: a questão do
transporte dos alunos, visto que a maior parte da clientela deste horário é
composta por alunos provenientes de localidades rurais ou áreas distantes da
escola. Ao fim, as orientações posteriores estabeleciam que o aluno
pertencente a zona rural estaria dispensado do sexto horário escolar, e que
levaria atividades escolares complementares para cumprir com planejamentos
didáticos e carga horária estabelecidos.
3.3 - Analisando o Reinventando o Ensino Médio na Escola Estadual
Odilon Behrens
Sabe-se que o Projeto Reinventando o Ensino Médio, em Minas Gerais,
é um projeto inovador que surge em um momento oportuno. Momento este
21
caracterizado por mudanças tecnológicas em nossa sociedade, o amplo
acesso às tecnologias e a necessidade de fornecer aos jovens conhecimentos
que oportunizem a permanência do aluno na escola e a continuidade de seus
estudos.
O aumento crescente da demanda por mais escolaridade, a busca urgente por novas formações, a necessidade de estruturas e percursos curriculares dotados de flexibilidade, os novos papéis exigidos do professor, a chegada de mercado e recursos pedagógicos tecnologicamente avançados, a evidente limitação das metodologias mais ortodoxas, somados a tantos outros fatores, constituem um desafio para quaisquer sociedades, particularmente para as instituições que nelas estão mais estritamente associadas à educação. Em especial, as instâncias públicas, em vista das funções constitucionais que lhes concernem e dada a extensão do atendimento de que estão encarregadas, acham-se diante de uma tarefa de grandes proporções, seja no sentido de possibilitar uma formação pertinente aos novos tempos, seja no sentido de aumentar as taxas de desempenho escolar, seja no sentido de difundir de forma significativa a chamada propensão para aprender. É bem provável que estejamos diante, no que se refere à instituição escolar, não apenas de uma mutação de grau, mas de uma modificação mais aprofundada, cujas consequências apenas começam a ser entrevistas. (MINAS GERAIS, 2013. p. 05)
Nesse sentido, a Escola Estadual Odilon Behrens, Guanhães – MG,
aceitou no ano de 2013, em caráter experimental, o projeto. E, como discutido
anteriormente, foi necessária uma grande mudança em vários aspectos como:
a reestruturação da grade curricular do aluno do 1º ano do ensino médio, a
adoção de um sexto horário, a procura de profissionais adequados para
ministrar as novas aulas e o esforço dos distintos discentes na busca de
materiais que contemplassem suas respectivas matérias.
O jovem é curioso por natureza, como escreve Rubem Alves (2004. p.
10):
Lembrei-me da afirmação com que Aristóteles inicia a sua Metafísica: “Todos os homens têm, por natureza, um desejo de conhecer: uma prova disso é o prazer das sensações, pois, fora até de sua utilidade, elas nos agradam por si mesmas e, mais que todas as outras, as visuais...”. Acho que Aristóteles errou. Isso não é a verdade dos adultos. Os adultos já foram deformados. Acho que ele estaria mais próximo da verdade se tivesse dito: “Todos os homens, enquanto crianças, têm, por natureza, desejo de conhecer...”.
Nesse sentido o aluno, quando se depara com algo novo ou mesmo
diferente, ele pode aprender de forma mais entusiasta pelo fato de que, o que
lhe é apresentado, lhe despertou o interesse; aguçou-lhe a curiosidade.
22
E assim foi com a novidade do Reinventando o Ensino Médio e suas
respectivas áreas de empregabilidade. Os alunos, em sua maioria, após o
estranhamento inicial, se colocaram em uma nova jornada de conhecimento,
que associada com as matérias do currículo comum de ensino, proporcionou
uma visível melhora no ambiente escolar da Escola Estadual Odilon Behrens.
Tal fato, auxiliado, por projetos interdisciplinares, tendo o aluno como
protagonista, que, em alguns casos, até modificaram o espaço escolar; e que
ainda foi contemplado e enriquecido com viagens técnicas que alargaram as
oportunidades de aprendizagem dos mesmos.
23
4 – CONSIDERAÇÕES FINAIS
No que diz respeito à educação não existe uma “receita pronta e
acabada”. Ela sempre passa por mudanças que visam um aprendizado de mais
qualidade para o educando. Que o forme, ou que o habilite a ser um cidadão.
Assim, podemos dizer que o Reinventando o Ensino Médio resulta de múltiplos fatores e permite ampliar um repertório de informações e desenvolvimento de habilidades compostas por uma pluralidade de conhecimentos teórico-práticos, capazes de consolidar a formação de jovens, ressignificando-lhes a aprendizagem, preparando-os para o mundo do trabalho, pautando-se para tal em princípios de interdisciplinaridade, contextualização, transdisciplinaridade, democratização, privilegiando a pertinência e a relevância social, ética, estética tornando esse jovem partícipe de sua história, capaz de alterar e intervir positivamente na sociedade e, principalmente, na comunidade em que estiver inserido. (MINAS GERAIS, 2013. p. 22)
Um projeto educacional, assim como o Reinventando o Ensino Médio,
visa à cidadania do aluno. Uma formação que lhe forneça as habilidades
necessárias para a atual sociedade. É uma oportunidade que o aluno encontra
para conhecer um pouco mais sobre uma área de empregabilidade, e um
possível impulso para que o mesmo não pare quando concluir o segundo grau.
De certa forma é uma busca por uma educação mais qualitativa, onde o
aluno é o protagonista da construção do conhecimento. O Projeto
Reinventando o Ensino Médio se destaca neste ponto. Afinal de contas ele não
chega com um modelo padronizado e/ou definitivo. Ele está sendo construído
através do dia a dia nas escolas em que está presente. E o aluno é “sujeito de
sua própria educação” (FREIRE, 1979, p.14), uma ação iniciada em sala de
aula, mas que ultrapassa os limites da sala de aula; assim como escreve
FREIRE (1979. p. 14):
A educação é uma resposta da finitude da infinitude. A educação é possível para o homem, porque este é inacabado e sabe-se inacabado. Isto leva-o à sua perfeição. A educação, portanto, implica uma busca realizada por um sujeito que é o homem. O homem deve ser o sujeito de sua própria educação. Não pode ser o objeto dela. Por isso, ninguém educa ninguém. Por outro lado, a busca deve ser algo e deve traduzir-se em ser mais: é uma busca permanente de “si mesmo” (eu não posso pretender que meu filho seja mais era minha busca e não na dele).
24
Sem dúvida, ninguém pode buscar na exclusividade, individualmente. Esta busca solitária poderia traduzir-se em um ter mais, que é uma forma de ser menos. Esta busca deve ser feita com outros seres que também procuram ser mais e em comunhão com outras “consciências”, caso contrário se faria de umas consciências, objetos de outras. Seria “coisificar” as consciências.
Assim foi, ao longo do ano de 2013, a construção de saberes dentro do
Projeto Reinventando o Ensino Médio, na Escola Estadual Odilon Behrens:
Partiu-se do zero com a oportunidade de reinventar o ensino na escola e, a
partir disso, servir de referência para as outras instituições da região, que no
ano de 2014 teriam a oportunidade de trabalhar com o referido projeto em suas
instituições.
4.1 - Conclusões
Ao longo deste trabalho, pode-se perceber as mudanças oportunizadas
pelo Projeto Reinventando o Ensino Médio e suas respectivas áreas de
empregabilidade. Pode-se considerar que um projeto deste cunho apresente
um forte impacto no ambiente em que se faz presente. Assim foi na Escola
Estadual Odilon Behrens que no ano de 2013 passou a oferecer em seu
currículo escolar três áreas específicas de empregabilidade que foram
escolhidas pela comunidade escolar (pais e alunos).
Ademais, a logística da referida instituição de ensino foi,
consequentemente, alterada para atender às especificações do projeto. Foram
alterados: a carga horária do educando, os horários dos módulos semanais de
aula, o currículo escolar e a inclusão de profissionais para as áreas de
empregabilidade.
Ao aluno oportunizou-se uma nova forma de ensino e aprendizagem que
dialoga com as demais disciplinas escolares e uma construção mais interativa
do conhecimento. Ainda, ao alunado pertencente às áreas de empregabilidade,
foram propiciadas viagens e/ou visitas técnicas, relacionadas ao objeto de
estudos. Lembrando que ao longo do ano de 2013, na escola, aconteceram
projetos que foram responsáveis pela alteração do meio ambiente escolar.
25
Observa-se, também, que através de reuniões e conselhos de classe,
promovidos pela escola ao longo do ano de 2013, entre os professores, notou-
se uma significativa melhora do ensino e da aprendizagem. Os alunos
mostraram-se mais interessados e dispostos a aprender.
Vale ainda ressaltar que, o presente trabalho é uma amostragem que
aborda apenas o 1º ano do ensino médio de 2013, enquanto que o Projeto
Reinventando o Ensino Médio era, ainda, de caráter experimental e que a sua
implantação definitiva em toda a rede educacional pública mineira, só ocorreria
em 2014. Ressalta-se ainda que, para um estudo definitivo seria necessário o
estudo dos anos escolares do projeto em 2014 e 2015.
26
5 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVES, Rubem. O Desejo de Ensinar e a Arte de Aprender/Rubem Alves. Campinas: Fundação EDUCAR DPaschoal, 2004. Brasil. [Lei Darcy Ribeiro (1996)]. LDB: Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional [recurso eletrônico]. – 8. ed. – Brasília: Câmara dos Deputados, Edições Câmara, 2013. CASTELLS, Manuel. O poder da identidade. Tradução de Klauss Brandini Gerhrdt. 5. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2005. CASTRO, Maria Helena Guimarães de. Avaliação do Sistema Educacional Brasileiro Tendências e Perspectivas. Brasília: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais, 1998. FREIRE, Paulo. Educação e Mudança. 12ª Edição. Paz e Terra. Rio de Janeiro, 1979. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO; Secretaria de Educação Básica; Diretoria de Currículos e Educação Integral; Coordenação Geral do Ensino Médio: Programa Ensino Médio Inovador: Documento Orientador. 2013 ROMANELLI, Otaíza de Oliveira. História da Educação no Brasil (1930-1973).8ª ed. Petrópolis. Vozes, 1986. MINAS GERAIS. Educação. Reinventando o Ensino Médio. Disponível em: < http://www2.educacao.mg.gov.br/images/documentos/Reinventando%20o%20Ensino%20Medio.pdf> Acessado em 24 de agosto de 2014. MINAS GERAIS. Educação. Reinventando o Ensino Médio. Disponível em: <https://docs.google.com/file/d/0B0KdYWQ4CVAcekVlSkIzSm1jNXM/edit?usp=sharing>. Acessado em 13 de setembro de 2014.
Recommended