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Televisão Digital Terrestre Em Portugal
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UNIVERSITAT AUTÒNOMA DE BARCELONAFacultad de Comunicación
A Televisão Digital Terrestre em Portugal:consequências e perspectivas da digitalização.
Edgar Félix Vítor Vilas Boas
Trabalho no ámbito da unidade curricular de
Estructura de la Comunicación(Erasmus)
Professora: Isabel Fernández
Barcelona, Maio de 2014
Índice
1. Televisão analógica em Portugal: contexto histórico.
1.1 A Televisão durante o Estado Novo (1956-1974).
1.2 Televisão Pública no Pós-25 de Abril (1974-1992).
1.3.1 A SIC como líder sob a influência da Globo.
1.3.2 A Televisão Independente (TVI): do surgimento à liderança.
1.3.3 Audiência televisiva: no surgimento das televisões privadas.
2. O processo de transição digital em Portugal
2.1 A televisão digital: contexto Europeu.
2.2 A migração digital em Portugal: atores políticos e económicos.
2.2.1 Emissoras de TV aberta.
2.2.2 Grupos interessados em canais na TDT.
2.2.3 Grupos de comunicação internacionais.
2.2.3 Atores políticos e entidades reguladoras.
3 - Panorama atual da televisão em Portugal: operadores e resultados dos
canais generalistas.
3.1 A televisão por subscrição de serviço: atores económicos
3.2 Os canais generalistas: audiências pós-implantação do TDT
Referencias Bibliográficas.
1
Introdução
Em Portugal, desde o surgimento da televisão até aos dias de hoje existiram pontos
muito relevantes nos processos de desenvolvimento deste meio que é para os portugueses
uma das principais formas de entretinimento dos seus dias. Desde os tempos da ditadura
portuguesa, à criação de estações de televisão privada, ao processo de implantação da TDT
até à forma de ver televisão que hoje está em vigor são os temas que motivaram o
sentimento de necessidade de investigar, estudar e compreender melhor tudo o que é a
televisão portuguesa.
O nosso objecto de estudo é a Televisão Terrestre em Portugal, pois considera-se um
assunto que, de tempos a tempos, é significativo para os diferentes meios de comunicação. A
digitalização foi uma mudança instituída pelas estâncias governamentais superiores o que,
aparentemente, pouca diferença provocou na televisão portuguesa, já que não são claros os
efeitos práticos da transição da TV analógica para a TV digital, gerando uma discussão
sobre qual o futuro da televisão terrestre em Portugal.
A discussão sobre a migração de uma tecnologia para a outra são tema de discussão
viva em Portugal e assim, este estudo pretende fazer, em primeiro lugar uma perspectiva da
televisão portuguesa nestes últimos dois anos seguintes à conclusão da implantação da TDT.
Desta forma, perceber se existiram e/ou quais os fracassos y proveitos de este serviço.
Por outro lado, procuramos com este estudo tentar compreender como o processo da
TDT poderá mudar o futuro da televisão em Portugal, isto é, se há possibilidades de
surgirem novos canais e se os consumidores trocaram ou não os seus hábitos de consumo.
Podendo assim, sistematizar os nossos objectivos deste estudo em dois pontos: conhecer as
implicações da digitalização para a TV terrestre; e registar as perspectivas de futuro deste
sector.
A metodologia desenvolvida será totalmente qualitativa, utilizando como técnica de
investigação análises documentais fundamentadas com leitura de livros e artigos
relacionados com o tema, assim, como uma análise da abordagem realizada pela cobertura
mediática sobre este mesmo tema. Tento em conta os objectivos apresentados, também, ter
em atenção os desafios da televisão atual e sobre o seu funcionamento no futuro.
Para o desenvolvimento e melhor compreensão os objectivos estabelecidos, também
elaborámos uma entrevista em profundidade a três professores universitários portugueses,
sendo dos investigadores mais interessados no tema que neste estudo é desenvolvido. Os
2
professores para os quais dirigimos a nossa entrevista são também autores citados em vários
momentos ao longo deste trabalho.
As fontes utilizadas são maioritariamente destes professores e de outros
investigadores portugueses interessados explicar e perceber estes temas bem como as
preferências dos consumidores de televisão portugueses.
A estrutura adotada para a leitura e compreensão deste estudo está baseada na
ordem cronológica dos acontecimentos que marcaram a televisão em Portugal.
Apresentamos uma perspectiva da televisão antes e após o surgimento das estações privadas,
bem como uma ideia da televisão pública antes e depois da ditadura. No tema central deste
estudo, a implantação do TDT, apresentamos o processo e os principais traços do seu
desenvolvimento.
Por fim, procuramos aclarar o atual estado televisivo quer ao nível dos operadores
de serviços desta natureza, bem como das preferências dos telespectadores, contando,
também, compreender as consequências do desenlace (positivo, negativo ou neutro) que
tomou a implantação da TDT, nos dias de hoje.
3
1. Televisão analógica em Portugal: contexto histórico.
A televisão, inventada na década de 1920, começou a ser comercializada a partir da
década de 1930, com vários países a aderir rapidamente a este avanço tecnológico
(destacando-se os Estados Unidos da América e o Reino Unido), no entanto, a TV deu os
seus primeiros passos em Portugal apenas 20 anos mais tarde, no início da década de 1950,
sendo que as primeiras emissões experimentais se iniciaram em 1956, passando a existir
uma emissão regular a partir do ano seguinte.
1.1 A Televisão durante o Estado Novo (1956-1974).
A implementação da televisão em Portugal ocorreu numa época em que o país se
encontrava ainda governado pelo Estado Novo, também conhecido por Salazarismo (sob o
governo de António de Oliveira Salazar) , uma ditadura militar que se estendeu desde 1933
até 1974, sendo esta uma das principais responsáveis pelo atraso no desenvolvimento
tecnológico do país e do meio audiovisual, não sendo no entanto de descurar a importância
deste durante o período ditatorial que afectou Portugal , sendo que, nas palavras do
investigador Francisco Rui Cádima (1993) :
”Ao longo dos cerca de dezassete anos de estreitas relações entre o salazarismo, o
caetanismo1 e a RTP, a televisão revelou-se inquestionavelmente um aparelho – técnico e discursivo,
determinante para a legitimação e a longevidade da ditadura”
Por isso, tal como os restantes meios de comunicação, a televisão encontrava-se
fortemente vigiada e afectada por uma censura que impedia toda a programação que fosse
considerada imprópria, destacando-se uma forte transmissão de valores católicos, e
funcionando como uma forma de propagar os ideais do Estado, como afirma Cádima
(1993) :
“(a televisão) foi estruturada e orientada segundo um modelo jurídico-administrativo que
tinha como estratégia fundamental a subordinação do mundo da vida aos imperativos do sistema
político monopartidário e, enfim, a subordinação e repressão da virtude civil e da experiência social
ao sistema político-televisivo autocrático -como meio para a sua perpetuação e para a sua auto-
celebração”.
1 Período referente ao governo de Marcelo Caetano (1968-1974) que substituiu Salazar no cargo de Presidente do Conselho de Ministros.
4
Estas primeiras emissões de televisão em Portugal tiveram origem num serviço
público : a RTP - RádioTelevisão Portuguesa ,SARL ,que surgiu como uma sociedade
anónima fundada por capital do Estado e de vários outros acionistas, como emissoras de
radiodifusão e capitais particulares de algumas instituições bancárias (Sobral, 2012). A
RTP1 foi primeiro canal de televisão português e o único até 1968, ano em que surgiu a
RTP2, também este um canal de serviço público que funcionava como alternativa ao nível
da cultura e do desporto. Ainda durante o regime ditatorial , no ano de 1972, surgiu a RTP
Madeira2, um canal de características regionais que assume a responsabilidade da prestação
do serviço público de televisão na Região Autónoma da Madeira2 .
Além do intervencionismo estatal a RTP destacou-se, desde o seu surgimento , pela
inclusão de publicidade 3, aspecto este que tem marcado o canal até à atualidade , devido ao
choque com seu carácter de serviço público, que significa que é um canal que deve procurar
manter um maior grau de independência da sua programação, uma vez que esta não se
encontra puramente ligada a critérios comerciais e orientada por índices de audiência (Lima,
2005).
Quanto à grelha de programação destacam-se neuma fase inicial as emissões de
peças teatrais, o teleteatro, e mais tarde o aparecimento de talk-shows , como o Zip-Zip
(1969) , que se diferenciavam pelo seu tom humorístico e maior abertura do conteúdo
(relativo a assuntos da atualidade). Por volta do inicio da década de 1970, o país encontrava-
se cada vez mais fragilizado, sobretudo devido à Guerra Colonial, no entanto a influência
dos valores governamentais era ainda muita, sendo a televisão cada vez mais utilizada para
os tentar manter vivos , sobressaindo o programa “Conversas de Família” , no qual Marcelo
Caetano tentava comunicar diretamente com o povo via televisão a sua visão sobre vários
assuntos (Sobral,2012) .
1.2 Televisão Pública no Pós-25 de Abril (1974-1992).
2 A partir de 9 de outubro de 2011 a RTP Madeira Passou a emitir apenas 5 horas diárias, sendo que no restante tempo emite em simultâneo com o canal da televisão por cabo RTP Informação.3 A integração de publicidade encontra-se clara nos estatutos que constituíram a RTP (alínea b do artigo 3º do Decreto-Lei nº 40 341 de 15 de Setembro de 1955) (Sobral, 2012).
5
No dia 25 de Abril de 1974 ocorre a chamada “Revolução dos Cravos”, que resulta
na queda do regime totalitário que dominou Portugal durante 18 anos. Após este golpe de
estado que restaurou a democracia em Portugal e consequente restauração das liberdades dos
cidadãos, verificou-se um grande crescimento do numero de telespectadores ,sendo que o
estatuto da RTP foi alterado, sendo esta nacionalizada e transformada em empresa pública4.
Nos anos seguintes à mudança de regime político são várias as alterações que ocorrer
na televisão portuguesa. Em 1975 inicia-se um segundo canal de serviço público de âmbito
regional, a RTP Açores5 . Em 1976 iniciam-se as primeiras emissões a cores, embora estas
se tenham tornado regulares apenas em 1980 (a ter em conta que nos Estados Unidos da
América tal já ocorre desde 1953, época em que em Portugal apenas se discutia a hipótese
de criar o primeiro canal, o que demonstra o atraso que o país sofreu durante o Estado
Novo).
Ao nível da programação, existe um claro aumento dos programas de
entretenimento, entre os quais se destacam Gabriela (1977), a primeira telenovela brasileira
a ser emitida (algo que se foi tornando um hábito, influenciando, ja nos anos 80, as
primeiras telenovelas portuguesas6, marcando ainda mais o gosto do público português por
este formato), assim como A Visita da Cornélia(1977), o primeiro concurso televisivo
totalmente nacional (Sobral,2012). Estes dois programas são bastante importantes na medida
em que marcam uma mudança na TV portuguesa, originando uma sociedade mais centrada
em consumo mediático, nomeadamente de televisão, tal como ocorre até aos dias de hoje
(Cunha,2003).
A partir da segunda metade da década de 80, na qual Portugal era dos poucos países
a possuir apenas canais de serviço público, começam a surgir pressões de mudança, “ecos
europeus de necessidade de diversificação da oferta televisiva, vindos de países onde
predominavam as televisões estatais e onde os gostos se tornavam mais variados ”
(Sobral,2012). Esta necessidade de reorganização leva a uma revisão constitucional em
1989, que abre por fim as portas da televisão portuguesa ao sector privado.
1.3 - O início da televisão privada em Portugal: os canais e os seus resultados.
4 O Decreto-Lei nº 674/75 de 2 de Dezembro de 1975 nacionaliza as posições sociais da RTP que não pertenciam ao Estado, surgindo assim a empresa pública RTP-Radiotelevisão Portuguesa, Ep (Sobral,2012). (Cádima, 1993).5 A partir de 4 de junho de 2012 o canal passou a concentrar a produção regional em seis horas de emissão, emitindo no restante tempo em simultâneo com a RTP Informação (à semelhança do que já ocorria com a RTP Madeira).6 Vila Faia (1982) foi a primeira telenovela portuguesa.
6
Em Portugal, em média, cada português “passa três horas e quarenta e quatro
minutos por dia diante de um televisor” (Rebelo, 1993), sendo um dos países da Europa
onde mais de consume televisão. A estes valores segue-se a Irlanda e a Grã-Bretanha com
três horas e vinte minutos. Revela José Rebelo sobre o consumo de televisão em Portugal.
Neste ano, ainda existia apenas a televisão estatal. Dois anos mais tarde, deu-se inicio à
televisão privada portuguesa.
A 6 de Outubro de 1992, surge a Sociedade Independente de Comunicação (SIC)
como a primeira estação televisiva independente em Portugal. A televisão estatal
permaneceu sozinha durante 35 anos, até que Francisco Pinto Balsemão, responsável pela
Impresa - grupo de comunicação social português - funda a primeira estação privada de
televisão.
A SIC passados três anos da sua criação ultrapassa a televisão pública nas
audiências, exatamente, em Maio de 1995. Seguindo-se o ano de 1997 como determinante
para esta estação de televisão: cria em 1997 a SIC Internacional com o objectivo de alcançar
os países de Língua Oficial Portuguesa. Como refere José Rebelo, nesta altura, o hábito de
ver televisão era insubstituível para a maioria da população portuguesa, pois “a televisão
constitui o meio, por excelência, de divertimento e de informação. Preenche, quase
integralmente, os seus espaços de lazer” (Rebelo, 1993).
1.3.1 A SIC como líder sob a influência da Globo.
A Rede Globo é um caso de sucesso no Brasil e logo procurou a sua expansão no
resto do mundo. Esta rede é considerada a quarta maior rede de televisão do mundo em
termos de audiência e é, também, uma das principais influências no início da televisão
privada em Portugal, através do canal de televisão SIC. Em Portugal não existiam
problemas como concorrência ou obstáculos linguísticos o que permitia uma fácil
implementação dos seus produtos neste país – sendo o primeiro país com mercado externo
da rede Globo7.
Quando surgiu a SIC, a rede Globo já continha o máximo de cota que poderia obter desta
estação privada - tendo 15 por cento estabelecidos por lei. Com o decorrer dos anos o
“modelo Globo” influenciou os primórdios SIC fazendo com que esta estação televisiva
alcançasse o sucesso e, também, influenciasse “todo o sistema televisivo português. (Sousa,
7 Iniciado com a venda da telenovela Gabriela à RTP em 1976
7
1999). As medidas estabelecidas pela SIC davam resultados e, consequentemente, elevadas
receitas publicitárias que “as outras estações adoptaram frequentemente lógicas de imitação
ao nível de produtos e de programação.” (Sousa, 1999)
1.3.2 A Televisão Independente (TVI): do surgimento à liderança.
No ano seguinte da criação da SIC, em 1993, surge a TVI como a segunda estação de
televisão portuguesa com proprietários privados. Esta estação de televisão surge associada a
entidades católicas. Como refere o caso de estudo TVI: O turnaround até à liderança de
audiências (Ferreira, 2011) “A associação da TVI à Igreja Católica parecia ser garantia de
sucesso, pela influência da instituição no país. Contudo, a programação feita com inspiração
cristã oferecida não colheu as audiências desejadas.” Contudo, em 1997 o grupo Media
Capital, atualmente detida pelo Grupo Prisa, com 94,4 por cento do seu capital passou a
liderar a TVI. O momento da aquisição realizada por parte da Media Capital sobre a TVI
marca a história do canal, pois até ao momento, o canal registava fracas audiências, não
alcançando os consumidores de televisão.
Em 1998, a TVI levou a cabo uma mudança de programação que permitiu que
ganhasse relevância e, assim, obter maiores receitas publicitárias. Antes de este ano, esta
estação de televisão investiu em concurso, séries e novelas estrangeiras sem conseguir
alcançar uma meta aceitável, no entanto, depois de 1998, começou a conter nas suas grelhas
de programação ficção nacional, talk shows e reality shows. Sendo que, estes últimos foram
importantes para o seu destaque e para que os consumidores lhe atribuíssem maior atenção.
Em 1999, a Media Capital alcança a totalidade da TVI e em 2000 a sua audiência aumenta
com a emissão do reality show “Big Brother”. No ano de 2005 é líder de share all day o que
acontece até aos dias de hoje. Ficando a SIC e a RTP atrás desta estação privada. A TVI
conseguiu gloriar neste anos através da sua aposta na ficção nacional e, nunca,
desvalorizando os reality shows que sempre fizeram com que se destaca-se.
1.3.3 Audiência televisiva: no surgimento das televisões privadas.
O conceito de audiência televisiva adquire duas formas distintas quando se associa à
estação de televisão pública e quando se associa à estação de televisão privada. Pois a
primeira encara a audiência televisiva como “público” e a segunda como “mercadoria”. Isto
acontece devido as missões que cada estação de televisão assume. A RTP como estação
8
pública tem “uma responsabilidade social e cultural para com o publico” (Fernandes, 2000),
enquanto as estações privadas assumem “uma vertente comercial dirigida para o índice de
audiências mais elevado que cative os anunciantes” (Fernandes, 2000), como afirma Ana
Fernandes.
Com a chegada do ano 2000, as estações de televisão procuram traçar melhor o perfil
do seu público e quais os programas a que oferece maior atenção. Esta preocupação aparece
com o objectivo “que a publicidade emitida seja dirigida ao público a que se destina,
fazendo coincidir a oferta televisiva aos interesses dos anunciantes e do público. Isto torna a
economia da televisão inseparável do mercado publicitário” (Fernandes, 2000).
Quando se fala do objectivo das estações de televisão adquirirem maiores receitas
publicitarias, Ana Fernandes refere Francisco Cádima quando este diz que “as soluções
encontradas geram um fenómeno publicitário mais agressivo, que se pauta por excessivos
blocos publicitários, patrocínios, programas com sorteios, produtos dentro dos programas, o
“teleshopping”8, entre outras” (Cádima, 1997).
Antes de apresentar de compreender-mos como o processo da TDT foi distinto da
restante Europa, é importante compreender como os canais generalista em Portugal
evoluíram o seus resultados de share:
2. O processo de transição digital em Portugal.
8 Em português: Televendas.
9
Imagem 1 – Evolução do share de TV generalista (1999-2010)
A TDT, Televisão Digital Terrestre, surgiu em 1998 em Inglaterra, e logo nesse
mesmo ano Portugal realizou alguns dos primeiros testes nesta plataforma por ocasião da
Expo 98 em Lisboa9, com o intuito de ser um dos percussores deste novo sistema, o que ,no
entanto, não se veio a verificar.
Efetivamente , a TDT chega a terras lusas apenas em Outubro de 2008, quando se
iniciam as emissões experimentais que se estendem até 29 de Abril do ano seguinte, data em
que se iniciaram as emissões regulares, tudo isto depois de já terem ocorridas 2 tentativas
falhadas de introdução da TDT , em 2002 e 2003. O inicio destas emissões deu início a um
período de 3 anos em que coexistiram as emissões analógica e digital (simulticast), que
terminou em 2012 , prazo final definido pela União Europeia para que os países membros
desligassem de forma definitiva os sinais de emissão da televisão analógica terrestre
(Denicoli e Sousa, 2008).
2.1 A televisão digital: Contexto Europeu.
Em 1991 foi formado o ELG , European Launch Group, uma organização de
emissores e fabricantes de equipamento electrónico que procuram formar a estrutura de uma
televisão digital relativa a todos os países europeus e de procurar o desenvolvimento da
televisão digital (Denicoli e Sousa, 2007). Em 1993, este grupo tornou-se o DVB Group,
dedicando-se à “produção de standards para a transmissão de televisão digital (...) que têm
como base o chamado Digital Video Broadcasting (DVB)” ( Denicoli e Sousa, 2007).
Revendo a implantação da TDT em território Europeu destacam-se três países
enquanto pioneiros na adesão a esta: o Reino Unido, que foi o primeiro país do mundo a
disponibilizar a televisão digital terrestre , iniciando a sua implantação em 1995 e emissões
efetivas em 1998, sendo estabelecido que o serviço de TDT iria comportar canais livres e
outros pagos (Denicoli , 2012);a Suécia, que foi o segundo país europeu a disponibilizar o
serviço TDT e um dos primeiros no mundo, iniciando emissões em 1999 , e por fim Espanha
que iniciou a emissão de televisão digital terrestre em 2000,no entanto, a primeira tentativa
espanhola não foi bem sucedida , o que levou à extinção do serviço em 2002, embora este
ressurgisse de forma remodelada em 2005 (Denicoli , 2012). Estes países realizaram o
apagão da emissão e televisão analógica terrestre em 2001, 2007 e 2010 (Denicoli , 2012),
9 TDT: TeleExpo e a Televisão Digital Terrestre, reportagem em vídeo realizada pela RTP2, disponível em http://videos.sapo.cv/AcqJc2hCHlA0sqJwLZIE .
10
anos antes do prazo estipulado pela União Europeia, no entanto , nem todos os restantes
países demonstraram tal preparação, alguns iniciando as suas emissões de televisão digital
na mesma época em que os pioneiros deste serviço já se encontravam sem televisão
analógica ou a preparem-se para tal, como é o caso de Portugal, que apenas dá início efetivo
da TDT no ano de 2009.
Assim, um ano antes do inicio das transmissões de TV digital em Portugal (2008), o
panorama dos 27 países da União Europeia era o seguinte: cinco já haviam desligado o seu
sinal analógico terrestre(Alemanha, Luxemburgo, Holanda e Suécia)e sete, para além de
Portugal, ainda não haviam iniciado a transmissão da TDT (Eslováquia, Bulgária, Letónia,
Roménia, Polónia, Irlanda e Chipre) e os restantes já tinham iniciado o processo transição e
procuravam adaptá-lo as exigências da UE (Denicoli e Sousa, 2007). Esta conjuntura,
mostra que “Portugal é um dos países mais atrasados da União Europeia no lançamento da
TV digital terrestre” (Denicoli e Sousa ,2008), depois de uma primeira tentativa falhada em
2001, a retoma da implantação da TV digital apenas quatro anos antes do “switch-off
analógico” programado, o país encontra-se então “numa situação de urgência para não
deixar de cumprir o calendário” (Denicoli e Sousa, 2008).
2.2 A Migração Digital em Portugal: atores políticos e económicos.
A realização de alterações em grande escala que afectam a grande maioria da
população de um país, como é o caso da transição do serviço analógico de televisão para um
serviço de televisão terrestre, implica a interveniência e interação de vários atores ao longo
de todo o processo , existindo assim uma variedade de interesses que se acoplam a criação
da TDT em Portugal.
Em 2008, os investigadores Sergio Denicoli e Helena Sousa expuseram no artigo Os
bastidores da TV digital terrestre em Portugal: actores políticos e económicos uma análise
do conflito das diferentes partes que intervieram na implementação da TDT em Portugal,
identificando 13 atores principais neste processo, divididos entre : emissoras de TV aberta,
grupos interessados em canais na televisão digital terrestre , grupos de comunicação
internacionais e atores políticos e entidades reguladoras.
2.2.1 Emissoras de TV aberta.
11
As emissoras que possuíam canais generalistas na televisão aberta analógica tiveram
automaticamente direito a um multiplex (conjunto de quatro canais) na TDT, emissoras
essas que são a SIC, do grupo Impresa, a TVI, da Media Capital10; e a RTP (que emite os
canis RTP1 e RTP2), que é uma entidade pública. Todas elas já se encontravam preparadas a
nível técnico para a mudança para a televisão digital, sendo que as emissoras privadas se
mostravam na época interessadas na adoção de televisão de alta definição (TVHD)
(Denicoli,2012) assim como numa possível ampliação dos canais que tinham disponíveis
para emitir na TDT: a SIC mostrou-se receptiva à possibilidade de emitir em sinal aberto um
ou mais canais que já disponibiliza através da TV Cabo, embora descartasse a possibilidade
de apostar em canais pagos na TDT, enquanto que a TVI ponderasse qualquer uma das duas
possibilidades, sendo que a RTP sairia prejudicada uma vez que seria incapaz de competir
diretamente com os emissoras comerciais uma vez que o mercado publicitário português não
seria grande o suficiente para “alimentar” tantos canais televisivos (Denicoli e Sousa,2008).
2.2.2 Grupos interessados em canais na TDT.
Uma vez que o governo anunciou a possibilidade de serem criados novos canais
abertos na TDT , de imediato algumas empresas se mostraram interessadas no projeto e
possível obtenção de um canal, e entre elas Denicoli e Sousa (2008) destacam : a PT, a
Cofina, a Controlinveste, a AR Telecom e a Sonae.
A Portugal Telecom(PT) é o principal grupo português do sector das comunicações,
que acaba irremediavelmente por ter elevada importância na TDT “não apenas como grupo
que pretende obter um canal de televisão , mas também como distribuidora do sinal
(juntamente com a RETI, distribuidora da TVI), embora o Governo tivesse anunciado que a
PT não poderia concorrer para a obtenção de um canal TDT , uma vez que , que detinha
mais de 50% da TV Cabo, o que que se opunha as leis da concorrência.
A Cofina é uma holding11 que exerce as suas acções na área dos media e conteúdos
destacando-se sobretudo na imprensa com os diários “Correio da Manhã”(o mais vendido
em Portugal), “Record”(desportivo) e Destak (gratuito). Em 2002 tentou adquirir o canal
público RTP2 , mas este acabou por não ser privatizado, com o surgimento da TDT a Cofina 10 Na época 73,76% da Media Capital pertencia ao grupo de comunicação espanhol Prisa (percentagem que atualmente já se encontra nos 94,69%).11 “Uma holding corresponde a uma empresa que serve de elo fundamental de uma rede de outras empresas (que eventualmente podem formar um grupo) e cuja atividade se limita normalmente à gestão (aquisição, detenção, alienação, etc.) de participações no capital de outras empresas.” In Infopédia [Em linha]
12
anunciou estar interessada em obter uma concessão para um canal generalista, procurando
inclusive lança-lo antes de ser realizado o concurso de atribuição do possível canal (por
meio de uma autorização que poderia ser dada pelo Governo), mas tal acabou por não
ocorrer.
A Controlinveste é também ela uma holding que se encontra presente em várias
empresas relacionadas com comunicação, desde rádio, imprensa e televisão a publicidade,
comunicação multimédia, produção de conteúdos e design, destacando-se o seu domínio no
sector desportivo, não apenas com o diário “o Jogo” mas sobretudo com o canal “SportTV”
que lidera as audiências dos canais por subscrição.
Por sua vez a AR Telecom é um operador de telecomunicações pertencente ao grupo
SGC Telecom, que opera não apenas no ramo das comunicações como também nos sectores
financeiro, automóvel, energia, agrícola e imobiliário, estando presente em vários países:
Portugal, Brasil, Argentina, EUA e Espanha. A SGC teve um papel importante nas primeiras
atribuições de licenças para TDT em Portugal, no projeto de implantação falhado de 2001,
uma vez que era o grupo líder do consorcio que estava destinado a implantar a televisão
digital terrestre no país.
Por fim, a Sonae é um grupo que opera em vários países e em variados sectores,
desde derivados de madeira, áreas de centros comerciais, supermercados , imobiliário ,
transporte, entre outros. Ao nível das telecomunicações, media e software a gestão é
realizada pela Sonaecom, com presença nos mercados de telefonia móvel (com a operadora
“Optimus”) , internet (“Clix”), e imprensa (jornal “O Público”).
2.2.3 Grupos de comunicação internacionais.
No que diz respeito à ação de grupos estrangeiros relativamente à implantação da
televisão digital terrestre o grande foco de interesse provêm de Espanha, país que conta com
grande participação no mercado das comunicações em Portugal, tome-se o já referido
exemplo da detenção do grupo Media Capital por parte da espanhola Prisa. A esta somam-se
a Telefónica, que possuí ações na Portugal Telecom, e também o grupo Abertis Telecom,
que constituem o conjunto de grupos espanhóis que tomaram em consideração a
participação num possível concurso para a TDT, comunicando a ANACOM a intenção de
entrar no mercado português. Comunicado este que também foi efectuado pela francesa
TDF, que já se encontrava na altura presente em vários países (França, Finlândia, Espanha,
Polónia, Mónaco, Países Baixos e Hungria). No entanto, várias outras empresas
13
equacionarão o possível investimento numa presença no espectro da TDT portuguesa, como
por exemplo a alemã Bertelsmann, detentora da RTL, a maior empresa televisiva da Europa.
Denicoli e Sousa destacam ainda as empresas “ inseridas no consórcio DVB Group,
do qual fazem parte radiodifusores, fabricantes de equipamentos para o sector audiovisual,
empresas de softwares, entidades reguladoras, entre outros, da Europa ou não”, e que
tiveram também elas uma palavra a dizer no processo português de transição para a TV
digital (entre estas empresas encontram-se “gigantes” como a Microsoft, Nokya, Samsung,
Motorola, entre outras).
2.2.3 Atores políticos e entidades reguladoras.
No panorama político nacional, Denicoli e Sousa destacam o PS e o PSD, os dois
partidos “que, desde o período revolucionário de 1974-75, conduzem as mais expressivas
mudanças dos media portugueses”. O PS, que já em 2001 tinha procurado lançar TDT
portuguesa, voltou a ser a figura central com a alteração da Lei da Televisão em 2007, que
passa a prever/preparar o inicio da televisão digital terrestre no país. Num cenário mais
alargado, internacional, sobressai a ação da União Europeia, que procura estabelecer normas
semelhantes em todos países que a ela pertencem, sendo que ao que ,TDT diz respeito, foi o
órgão que definiu o ano de 2012 como o prazo final para o fim da transmissão analógica.
Por fim, as principais entidades reguladoras são: a Autoridade da Concorrência, o
GMCS e a ANACOM.
A Autoridade da Concorrência tem como “tem por missão garantir a aplicação da
política de concorrência em Portugal” e “a responsabilidade de assessorar o Governo, a
pedido deste ou por iniciativa própria, na definição das linhas estratégicas e das políticas
gerais, tendo em vista o funcionamento eficiente dos mercados, a repartição eficaz dos
recursos e os interesses dos consumidores, sugerindo ou propondo medidas de natureza
política ou legislativa”12
O GMCS, Gabinete para os Meios de Comunicação Social, é um órgão de apoio ao
Governo nas politicas relacionadas com a comunicação social, e tem por missão “apoiar o
Governo na concepção, execução e avaliação das políticas públicas para a comunicação
social, procurando a qualificação do sector e dos novos serviços de comunicação social,
tendo em vista a salvaguarda da liberdade de expressão e dos demais direitos fundamentais,
12 Autoridade da Concorrência: Missão e Atribuições [Em Linha] Disponível em : http://www.concorrencia.pt/vPT/A_AdC/Missao_e_atribuicoes/Paginas/missao-e-atribuicoes.aspx
14
bem como do pluralismo e da diversidade.”13
A ANACOM é a Autoridade Nacional das Comunicações, pelo que é o órgão que
“regula e supervisiona o sector das comunicações electrónicas e postais em Portugal,
assegurando a representação nacional nos diversos fora internacionais
relevantes” ,“promove a concorrência e defende os interesses dos cidadãos, garantindo a
prestação de informações claras e a transparência nas tarifas e nas condições de utilização
dos serviços. Visa também o desenvolvimento dos mercados e das redes de comunicações” 14
2.3 Descrição do serviço de TDT em Portugal.
Em 2008 a ANACOM emitiu à Portugal Telecom um titulo habilitante 15 referente à
utilização de frequências relativas ao multiplex de televisão digital terrestre português, que
determina as várias responsabilidades da PT relativamente ao serviço de TDT, entre as quais
as seguintes: garantia de uma cobertura de 90.12% da população em território continental,
87,36% na Região Autónoma dos Açores e 85,97% na Região Autónoma da Madeira ;
cobertura complementar via satélite das “zonas de sombra” onde o sinal da TDT não fosse
disponibilizado; implementação de um plano de informação e promoção da TDT, assim
como medidas de apoio ao consumidor; realização e divulgação de inquéritos e estudos
sobre a transição pra a televisão digital terrestre; salvaguarda de capacidade para a
transmissão em alta definição, de acesso livre até ao fim das transmissões analógicas dos
canais RTP1, RTP2,SIC,TVI (bem como RTP Açores e RTP Madeira nas respectivas
Regiões Autónomas) e mais um quinto canal generalista, com transmissãoo de serviços e
programas em formato 16:9; e disponibilização de guia de programação electrónico,
teletexto, e funcionalidades que permitam o acesso a indivíduos com limitações visuais e
auditivas
Contudo, nem todas as cláusulas foram compridas, o que fez com que o modelo final
não correspondesse exatamente ao esperado. Assim, Denicoli (2012) ressalva algumas
características da TDT portuguesa que ficaram aquém do que seria pretendido: a qualidade
de imagem concretizou-se com definição standard (sem HD);ausência de um serviço
opcional de TDT paga; interatividade resumida ao guia electrónico de
13 GMCS: Quem somos e o que fazemos [Em linha] Disponível em : http://www.gmcs.pt/pt/gmcs14 ANACOM: Quem somos [Em linha] Disponível em : http://www.anacom.pt/render.jsp?categoryId=168015 Deliberação nº6/2008 de 9 de Dezembro, disponível em: http://www.agefe.pt/downloads/file26_pt.pdf
15
programação; ,inexistência de planos para TV móvel e ausência da criação de um quinto
canal generalista .
No que ao número de canais diz respeito ,e apesar do número de interessados
mencionados num ponto anterior, a implementação da TDT contemplou apenas os quatro
canais já existentes na TV analógica ,sendo “o país com menor oferta de TDT entre 34
países europeus” (Público,2013), o que foi contra as expectativas da população portuguesa ,
que de imediato mostrou o seu desagrado sobretudo através da internet através de blogs,
páginas em redes sociais e fóruns (Denicoli,2012)
3 - Panorama atual da televisão em Portugal: operadores e resultados dos canais generalistas.
3.1 A televisão por subscrição de serviço: atores económicos
A implantação da TDT não condicionou, em qualquer instante, a oferta de
programação que sempre foi praticada pelas estações de televisão, nos anos anteriores a esta
implantação. Ao nível das audiências, algo começa a mudar com a televisão por cabo
adquirindo terreno e conseguindo maior destaque do que as estações de televisão
generalistas. Com todo o processo da implementação da TDT – e devido ao conturbado
desenvolvimento do mesmo – muitos interesses dos privados foram satisfeitos, atribuindo
mais importância aos contratos com operadores de TV paga, principalmente, a MEO da PT
(Portugal Telecom). Desta forma, neste capítulo sintetizamos as principais alterações desde
o fim do processo da implantação da TDT, quer ao nível da programação, quer ao nível das
audiências.
Em 2011, o mercado televisivo português contava com 2,98 milhões de assinantes
com TV por subscrição (dados Zon Multimédia, 2011). A ANACOM16, em 2012, apresenta
dados que garantem que, das tecnologias utilizadas para transmissão dos sinais televisivos
da TV paga, 48% dessas transmissões pertencem ao cabo. A tecnologia por satélite fica-se
pelos 22,9% (Anacom, 2012).
Nestes dois anos seguintes à implantação da TDT, é notório o crescimento dos
assinantes das subscrições da TV paga. O jornal Correio da Manhã apresenta dados que
confirmam 3,13 milhões de clientes que subscrevem serviços de televisão paga. Apesar de o
grupo ZON continuar a liderar com o número de clientes (49,7%) a MEO é a que mais 16 Autoridade Nacional de Comunicações.
16
cresce, no primeiro trimestre de 2013 teve “um crescimento de 0,7% em comparação com os
últimos três meses de 2012, para uma quota de mercado de 39,9%” (Correio da manhã,
2013).
Para combater a concorrência (MEO), a ZON anunciou, em 2012 a fusão com o
serviço de telecomunicações Optimus, para conseguir oferecer os mesmos serviços que o
MEO (voz, televisão e Internet). No final do mês de janeiro de 2014, a PT anuncia a
absorção completa do serviço da TMN pela marca MEO ditando, assim, o fim primeira
marca de telecomunicações portuguesa. Para o especialista em publicidade, Carlos Coelho,
faz sentido que esta decisão seja tomada, pois “já não é o móvel que toma a dianteira da
modernidade, mas sim o acesso aos conteúdos” (Brands News, 2014) e, assim, a MEO
poderá apresentar-se mais forte neste ramo.
3.2 Os canais generalistas: audiências pós-implantação do TDT
A possibilidade de poder ter acesso aos canais por cabo, que permitem uma melhor
adequação às preferências dos consumidores de TV e, também, através das tecnologias que
permitem a gravação de programas para que cada telespectador possa assistir ao que mais
quer, quando bem quer, fez com que as audiências nos canais generalistas diminuíssem e
perdessem algum poder para os canais, unicamente, na televisão por cabo.
Na seguinte tabela, temos os dados relativamente às audiências mensais do ano de
2013. Um ano que foi marcado pela única e exclusiva forma de transmitir o sinal televisivo
– a digital.
A TVI mantem a liderança, mas no início do ano tem a SIC está muito próxima dos
seus resultados, pois a estação de televisão de Francisco Pinto Balsemão apostou na ficção
17
Imagem 2 - Audiências mensais de 2013 (Casanova, 2014)
nacional e colheu resultados disso mesmo, apesar de não conseguir vencer a concorrência
que continua a apostar em reality shows (Casa dos Segredos 4), alcançando a preferência
dos telespectadores. No final do ano, a SIC apresentou uma grande queda face aos
resultados conseguidos no início do ano.
A RTP1 manteve-se com uma média próxima dos 15% o que permite constatar que
no final do ano de 2013 existe uma diferença que ronda os 5% entre os generalistas.
No final
do ano de 2013 podemos assim percebe que a TVI leva a melhor com uma média de
“24,6%, destacada da SIC que alcançou uma média de 21,2% e ficando na segunda posição
das generalistas.” (Casanova, 2014) A RTP1, a estação pública, apenas alcança uma média
anual de 13,2% neste ano ficando longe dos resultados obtidos pelas estações privadas.
É de destacar que o Cabo é o que mais sucesso alcança, criando um grande fosso
entre os canais generalistas e os que apenas estão existem por cabo terminando, assim, o ano
de 2013 com uma média de 38,6% dos telespectadores.
Desta forma, o início do ano 2014 não apresentou mudanças consideradas em relação
aos resultados obtidos pelas estações de televisão generalistas.
A SIC continua a liderar no horário em que apresenta a sua ficção nacional, apesar de não
conseguir resultados
que a permitam ultrapassar a concorrência nos restantes períodos de tempo. A TVI mantém-
18
Imagem 3 - Audiências globais do ano de 2013 (Casanova, 2014)
Imagem 4 – Audiências de Janeiro de 2014
se próxima dos 25% de média global, enquanto a SIC se encontra, mais ou menos, cinco
pontos percentuais abaixo desta. A Estação pública continua obtendo maus valores, que já se
tornam habituais para esta estação generalista. O Cabo mantem a sua liderança com 38,2%
dos telespectadores do mês de Janeiro do ano atual.
Assim, percebemos que, atualmente, a as estações de televisão generalistas procuram
não perder os telespectadores adaptando-se “aos novos hábitos de consumo de um público
espectador que dispersa a atenção para outro tipo de ecrãs, como o computador e o
telemóvel” (Sobral, 2012), como afirma Filomena Sobral. Apesar das dificuldades
económicas e da crise financeira, as estações de televisão privadas procuram se promover
nas redes sociais e, também, apresentar uma maior variedade de conteúdos disponibilizados
online.
Referencias Bibliográficas
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liderazgo
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