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Várias “cristologias”
A cristologia Histórica: de Walter Kasper. A história é a chave hermenêutica essencial para decifrar o acontecimento Cristo. A cristologia de Kasper é histórica porque:
1. O objeto da revelação é percebido como história.
2. A história constitui a metodologia adequada para oanuncio de Cristo ao mundo contemporâneo
3. A cristologia histórica realiza o círculo hermenêuticode teoria e práxis, sujeito e objeto.
Círculo Hermenêutico - A hermenêutica é o modo de leitura, ou seja como eu leio e interpreto alguma coisa.
Conjunto de preceitos e/ou técnicas para a interpretação de textos religiosos e filosóficos, especialmente dos textos sagrados.
Interpretação do sentido das palavras.
Várias “cristologias”
A cristologia “transcendental”:de K. Rahner. O ser humano não é só histórico, mas transcendente (vai além). Esta cristologia parte deste dado, e do fato de o ser humano transcendente ser capaz de conhecimento, amor e liberdade. Estas três dimensões da existência encontram plenitude na pessoa de Jesus.
Segundo K. Rahner, a investigação cristológica deve partir da existência humana, considerada no aspecto que ele chama de "transcendental"; este aspecto consiste fundamentalmente em conhecimento, amor e liberdade. Portanto, estas dimensões da existência encontram sua plenitude na pessoa de Jesus, no curso de Sua vida terrena. Através de sua ressurreição, sua vida na Igreja e através do dom da fé, concedida aos fiéis pelo Espírito Santo, Cristo faz com que o projeto humano alcance uma completa realização, que, sem Ele, nunca seria possível.
Várias “cristologias”A cristologia ortodoxa. Parte de um esforço em participar, o quanto mais íntimo possível, do mistério salvífico de Cristo.
É uma cristologia “de cima” e parte da afirmação joanina: “O Verbo se fez carne”.
Esta participação no mistério salvífico de Cristo leva consigo iluminação, contemplação, adoração, ascese e louvor contínuo, sobretudo na liturgia.
Não se trata da reinterpretação contemporânea do acontecimento Cristo e de seu influxo concreto na práxis eclesial e social. Está muito ancorada nos Padres da Igreja, até João Damasceno.
Várias “cristologias”Cristologia Luterana. Parte da Teologia da Cruz, que é a visão de fundo de Lutero.
Para Lutero a cruz não é só parte do mistério cristão, mas sim o coração da mensagem cristã.
A paixão e a cruz de Cristo são os autênticos sinais da presença de Deus e constituem o único conhecimento indireto e proporcionado que o homem pode ter dele.
Várias “cristologias”
O Cristo “libertador” latinoamericano: Exemplo concreto de uma cristologia contextual inspirada na Teologia da Libertação.
“A cristologia que proclama a Jesus Cristo como libertador quer comprometer-se na libertação econômica, social e política dos grupos oprimidos e dominados”. (L. Boff, Jesus Cristo libertador).
Várias “cristologias”
O Cristo “libertador” latinoamericano Valorização: Esta perspectiva traz de modo positivo como que a fé em Cristo, vivida e pensada de maneira histórica, orienta para um compromisso de transformação social.
Contudo nos perguntamos se não há o risco de elevar a critério absoluto de verdade somente a o princípio da eficácia prática do acontecimento Cristo, se isso se verifica perder-se-ia o mistério central da redenção e da libertação cristã, representado pelo sofrimento, pela cruz e pela ressurreição de Jesus.
Ainda mais, corre-se o perigo de deixar no esquecimento o Cristo bíblico-eclesial.
Várias “cristologias”
O Cristo “religioso-popular” de Puebla: faz uma opção pela religiosidade popular, considerando-a como manifestação primaria da própria identidade cristã.
A RP como autêntico instituto evangélico constitui o critério de valorização da encarnação prática do cristianismo latino-americano.
A Terceira Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano realizou-se em Puebla de los Angeles no período de 27 de janeiro a 13 de fevereiro de 1979.
Várias “cristologias”
O Cristo “religioso-popular” de Puebla: o documento anuncia sem reducionismos nem opções preconcebidas a figura do Cristo bíblico-eclesial:
“Cristo, nossa esperança, está no meio de nós, como enviado do Pai, animando com seu Espírito a Igreja e oferecendo sua palavra e sua vida ao homem de hoje, para levá-lo à sua libertação integral”. Puebla, 166
Várias “cristologias”
O Cristo “religioso-popular” de Puebla:
“Não podemos desfigurar, parcializar ou ideologizar a pessoa de Jesus Cristo, nem fazendo dele um político, um líder, um revolucionário ou um simples profeta, nem reduzindo ao campo do meramente privado Aquele que é o Senhor da História.” Puebla, 178
Várias “cristologias”
O Cristo Bíblico-Eclesial.
Qual o verdadeiro rosto de Jesus e onde podemos encontrá-lo?
Nossa opção é pelo Cristo bíblico-eclesial, tal como a Igreja nos entrega nas Escritura e na sua existência de fé.
A vida espiritual do povo de Deus, seu compromisso de santidade, de apostolado e de missão, a atenção ecumênica, têm sua fonte em Jesus Cristo, Filho de Deus encarnado e redentor, verdadeiro homem e verdadeiro Deus, consubstancial ao Pai e a nós.
Uma cristologia não suficientemente fundada no Cristo bíblico-eclesial decai a nível de anuncio humanístico.
O Êxito da salvação de toda a humanidade permanece assegurado somente por esta densidade pessoal, divina e humana de Cristo.
Várias “cristologias”
O Cristo Bíblico-Eclesial.
O Cristo bíblico-eclesial, único mediador entre Deus e os homens (cf. 1Tm 2,5) tem seu lugar privilegiado na vida da comunidade dos que creem nele.
Na Igreja em sua experiência de salvação universal, é onde aparece o verdadeiro rosto vivente de Cristo.
Nossa confissão cristológica, mais que fruto de nossa busca humana, é antes de tudo iluminação divina na fé.
Conteúdo essencial da perspectiva bíblico-eclesial
Quatro pilares para uma compreensão global do acontecimento Cristo:
A História de Jesus
Cristo
A continuidade pessoal entre
o Jesus da história e o Cristo do
dogma e da fé eclesial
A confissão de Jesus
Cristo como
salvador absoluto e definitivo
A impor-tância
salvífica do Cristo bíblico-eclesial
hoje.
Bíblico Eclesial
Com os critérios apresentados anteriormente pretende-se responder a algumas interrogações:
O Cristo bíblico-eclesial é um mito, uma ideia atemporal, uma criação a-histórica da comunidade cristã primitiva, ou ao contrário é um personagem histórico concreto, fundador do cristianismo?
O Cristo bíblico eclesial anunciado e vivido pela comunidade eclesial é o autêntico Jesus histórico, ou, ao contrário, é uma dilatação dogmática indevida?
Bíblico Eclesial
Onde se funda a pretenção do Cristo bíblico-eclesial de ser o salvador absoluto, definitivo e universal?
Em que consiste a salvação e a libertação trazidas pelo Cristo bíblico-eclesial?
Cristologia pré-pascal
Os primórdios da cristologia.
A compreensão (ou não) dos discípulos.
A importância do Jesus pré-pascal. Onde e como Jesus nos salva?
O Cristo pascal não é outro senão o Crucificado ressuscitado.
Os primórdios da Cristologia
Gli risposero: «Concedici di sedere, nella tua gloria, uno alla tua destra e uno alla tua sinistra». Mc 10,37. Os discípulos estavam concentrados em esperanças messiânicas terrenas.
Cristologia pré-pascal
O significado cristológico e soteriológico do Cristo pré-pascal. Nele temos a manifestação da bondade divina que se encarna e que salva.
A “Memória” do Jesus histórico desempenhava papel decisivo no desabrochar da fé cristológica dos discípulos.
Sua vida terrena não é simples preparação para a páscoa. O seu nascimento e toda a sua existência são acontecimentos salvíficos plenos junto com a
páscoa. A memória do Jesus histórico era importante porque oferecia o elo entre o próprio Jesus e a interpretação de fé que os discípulos fizeram dele após a
ressurreição.
Cristologia pré-pascal
Cristologia “implícita” ou aberta?
A cristologia aberta seria a cristologia pré-pascal, ou seja, a fé incipiente dos discípulos, que tem já os elementos fundamentais em que se apoiar.
Segundo J. Dupuis há continuidade na descontinuidade entre a “cristologia implícita” de Jesus e a “cristologia explícita” da Igreja apostólica.Este princípio se aplica tanto a Jesus que com a real transformação de sua humanidade na ressurreição passou do estado de "Kenosis" (abaixamento, descida) à condição gloriosa, quanto aos discípulos, que pela experiência pascal migram do simples discipulado para a fé cristã.
A cristologia permanece aberta à iluminação definitiva da ressurreição. Confessá-lo antes e depois da páscoa segue sendo sempre um dom exclusivo do Pai no Espírito.
Cristologia pré-pascal
A pregação e a missão de Jesus.
Ele se apresentou como MESTRE (Mc 9,17.38; Mt 8,19; Lc 10,25)
Ele é um mestre que ensina com autoridade, uma autoridade que só pertencia a Deus (Mc 1,22: Lc, 4,32).
Ele não era, portanto, um simples profeta.
Traduz o hebraico “rabi”
Cristologia pré-pascal
O Reino de Deus e sua vinda formam o tema central da pregação de Jesus.
A espera do Reino deve ser paciente e confiante
Reino de Deus = soberania de Deus sobre a humanidade. Por isso a vinda do Reino é Boa Notícia.
A paciência na espera do Reino se fundamenta nas parábolas do grão de mostarda, do fermento e da semente que cresce sozinha: Mc 4,3032; Mt 13,33; Mc 4,26-29).
A vinda do Reino não se refere a um território em particular. O Reino atuará onde e quando se cumprir a vontade de Deus.
Cristologia pré-pascal
O Reino de Deus está já presente ou é um projeto futuro?
Segundo Jesus, é nos acontecimentos que constituem sua vinda e sua missão que o Reino de Deus começa a surgir e se faz presente e atuante.
Contudo o Reino é uma realidade última, escatológica.
Enfim, o Reino de Deus é um dom oferecido pelo Pai em Jesus e que começa a dar seus frutos na história.
E voltando-se para os discípulos, disse-lhes em particular: Bem-aventurados os olhos que vêem o que vós vedes.Lc 10,24 Pois vos digo que muitos profetas e reis desejaram ver o que vós vedes, e não o viram; e ouvir o que ouvis, e não o ouviram.
Cristologia pré-pascal
As ações de Jesus
Jesus diante da Lei: é um dos pontos chaves da leitura histórico-teológica de sua existência.
Jesus se considera livre diante da lei. “Pois se crêsseis em Moisés, creríeis em mim; porque de mim ele escreveu” - (Jo 5,46). A Lei e os profetas apontam para Jesus e encontram nele a referência definitiva.
Cristologia pré-pascal
As ações de Jesus
Jesus não só exerce a função de comentar a Lei, mas ele se coloca acima: “Ouvistes o que foi dito… Mas eu vos digo…” ele se situa no mesmo nível do legislador (Deus mesmo).
Cristologia pré-pascal
As ações de Jesus
Em relação ao templo. Embora respeite e ele mesmo faz uso do templo, Jesus no seu gesto de purificação mostra sua liberdade em relação templo. (Cf. Mt 21,12-17; Mc 11,15-17; Lc 19,45-48 Jo 2,13-22).
A morte de Jesus marca o fim do templo e do culto antigo.
O novo culto consiste na adoração Trinitária de Deus Pai no Espírito e na Verdade que é Jesus. (cf. Jo 4,21).
Cristologia pré-pascal
As ações de Jesus
As ações de Jesus em relação aos marginalizados é um dos aspectos mais atestados do Jesus histórico.
A mensagem de Jesus da proximidade do reino, significa a proximidade salvífica de Deus aos publicanos, às prostitutas, aos samaritanos, aos leprosos, às viúvas, às crianças, aos ignorantes, aos pagãos, aos enfermos.
Cristologia pré-pascal
As ações de Jesus
Jesus anuncia que também os perdidos estão convidados à mesa do Reino.
De fato os pecadores e os marginalizados são as pessoas prediletas de Jesus.
Jesus perdoava os pecados.
Enfim, ele chamava discípulos. Sua palavra de vocação é efetivamente uma palavra criadora. Transforma os chamados em discípulos.
"Disse-lhe Jesus: Hoje veio a salvação a esta casa, porquanto também este é filho de Abraão". Lc 19,9
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