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Jornal do ECB
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DESTAQUES
TOQUE DE SAÍDA
DirectorAlfredo Lopes
Chefe de RedacçãoSoledade Santos
Externato Cooperativo da BeneditaRua do Externato CooperativoApartado 197 2476-901 Beneditaecb.jornal@gmail.com
externatobenedita.net
Trianual - Dezembro de 2007
Ano 3 - Número 6 - 1,00 €
As professoras Patrícia Azinhaga e Paula Cas-
telhano, que entre os dias 19 e 21 de Outubro esti-
veram em Espanha a representar a escola na final
do concurso “Ciencia en Acción 8”, voltaram a
Portugal com um 1º prémio, tendo apresentado em
Saragoza um modelo analógico a que chamaram
“Dinâmica de um Rio” e que simulava um caudal
fluvial. Com este trabalho, as duas professoras
ganharam o 1º prémio na modalidade de Labora-
tório de Biologia e Geologia, no valor pecuniário
de 1500 euros.
«Esta vitória», afirmam as duas professoras, «é
a prova de que se podem ensinar conceitos com-
plexos com muita simplicidade. Este é um traba-
lho que pode ser feito por qualquer professor, em
qualquer estabelecimento de ensino, com recurso
a materiais de fácil acesso. Outra das suas vanta-
gens é que pode ser apresentado, com a mesma
eficácia, a alunos de diferentes níveis etários».
Depois de uma experiência que reconhecem ter
sido muito interessante, Patrícia Azinhaga e Paula
Castelhano consideram este prémio «um incentivo
para continuar a trabalhar em formas de ensino al-
ternativas que consigam estimular, até nos alunos
mais desinteressados, o gosto pela Ciência».
Professora Patrícia Azinhaga
CIENCIA EN ACCIÓN 8 - CONCURSO INTERNACIONAL
ECB ALCANÇA PRIMEIRO LUGAR
“Com o nascimento do herói – aqui baptizado
Hans – começa a peça.” Uma peça marcada por
uma constante e iminente luta – a luta do amor
– capaz de nos prender ao palco durante cerca de
duas horas.
Com um cenário caracterizado pela pouca pre-
sença de elementos figurativos, e acolhendo mui-
tas entradas e saídas de personagens, a peça re-
trata um amor e um casamento proibidos.
Hans (Carlos Boita) é impedido, pelo rei, de ca-
sar com a princesa Solveig (Inês Grosa). Não con-
formado com tal imposição, aceita o desafio do rei
e, durante sete anos, entra numa viagem “ao fim
do mundo”. Acompanhado pelo Ministro dos Negó-
cios Estrangeiros, incumbido da oculta missão de
assassinar o herói, Hans tinha como missão trazer
os três cabelos de ouro do diabo para, em troca,
ter a sua amada. Um objectivo alcançado…
Todos os actores apresentaram uma prestação
notável em palco. Tó Zé Rocha, que encarnava
o Diabo, merece um especial destaque da nossa
parte, pois conseguiu mostrar ao público, no final
da peça, que afinal os diabos também podem ter
corações moles!...
Mas nada melhor do que ver, para melhor en-
tender…
Mais uma vez os nossos parabéns a todo o elen-
co e, claro, não esquecendo todas as pessoas que
nesta peça estão envolvidas, mesmo não dando
cara no palco! O seu trabalho não é esquecido!
Vejam… Vale a pena!
André Perre, Cristiana Morais, João André e Susana Roxo, 11º B
Viagem até ao fim do mundo
GAMBUZINOS REGRESSAM AOS PALCOS!
MINUTOS QUE VALEM OUROA psicóloga do ECB dirige-se aos paisPágina 4
CONTOS MÁGICOS Festival InternacionalPágina 6
OS NOSSOS TALENTOS1ª Gala de Talentos do ECBPágina 7
INTERNET SEGURA Prevenir, acompanharPágina 8
TGVPopulação de Alcobaça protestaPágina 9
ENTREVISTA A ARMANDO BALTAZAR «Os Beneditenses são progressistas…»Página 11
ALTA ENTRE VISTAS Univ. Coimbra: Património da Humanidade?Página 12
PORQUE ENSINO XADREZ?«O xadrez para mim é uma filosofia de vida…»Página 18
2
ANO 3 - Nº 6TOQUE DE SAÍDA
ESCOLA VIVA
SUMÁRIOEscola viva
Mais um ano lectivo 3
Acontecendo 3
Minutos que valem ouro 4
Uma escola transparente 4
Recolha de alimentos 4
Projecto Viver a Escola 4
Encontros de Educação Especial 5
Cursos Profissionais 5
Quem foi Isac Newton? 5
1º Gala de Talentos ECB 7
Ano Vieirino 7
Memorial no Convento 7
A Pirâmide 17
Notícias da Física e da Química 19
Olhar Circundante
Baía de S. Martinho do Porto mais limpa 9
TGV - População de Alcobaça rejeita traçados 9
Entrevista a Armando Baltazar 11
A probreza tem um rosto de mulher 16
Terrorismo e ética 16
Tomboco - Angola 17
Arte e Cultura
Festival Intenacional de Contos Mágicos em 2007 6
Sugestão de Leitura – Combateremos a Sombra 10
Sugestão de Leitura – O Silêncio dos Livros 11
Exposição Alta Entre Vistas 12
Alta Entre Vistas - Reflexão 12
Sugestão de Leitura – A Rapariga das Laranjas 13
Do pensamento crítico à crítica do pensamento 14
Crítica literária – O Monte dos Vendavais 14
2007 - Centenário de Hergé 20
A Noite Estrelada, de Van Gogh 20
Ciência, Tecnologia e Ambiente
Navegar na Internet de forma segura 8
Projecto Casas-Ninho 8
Observatório da Natureza 8
O Lugar da Memória
Casamento na antiga Igreja Paroquial 10
A Praça, o ABCD e a Água 10
Recriar o Mundo
Meu Pé de Laranja Lima 13
Trilhos de emoções 13
A Escola é Fixe 15
Sol metáfora da vida 15
À maneira dos trovadores medievais 15
Gostava que a poesia fosse fácil 15
Mente Sã em Corpo São
Porque ensino xadrez? 18
Academia de xadrez 18
Enigmas 16
Saúde, nutrição, exercício físico e envelhecimento 19
Projecto Viver+ 19
Notícias de Educação Física 19
Culinária - Brindeiras doces dos Santos 19
Vivemos hoje num espaço global em que o avanço científico e tecnológico obrigou a uma redefinição do homem e da sua cir-cunstância. A globalização e o desenvolvi-mento das novas tecnologias de informação e comunicação definiram um novo contex-to mundial e colocaram novos desafios aos Estados, às empresas e aos indivíduos. O conhecimento tornou-se a principal riqueza que pode levar à competitividade e aos de-safios de um mundo em mudança.
Em Março de 2002, o Conselho da Eu-ropa, reunido em Lisboa, definiu uma es-tratégia para os países da União Europeia, considerando o emprego, as reformas eco-nómicas e a coesão social como elementos fundamentais de uma economia baseada no conhecimento. Com a Estratégia de Lisboa, a UE propôs-se desenvolver mecanismos que tornem a sociedade europeia mais com-petitiva e mais dinâmica, com a finalidade de criar um desenvolvimento sustentável, de criar mais e melhor emprego e de desen-volver maior coesão social.
Uma das medidas consagradas centrou-se na melhoria da qualidade de vida dos ci-dadãos em termos de educação, lançando novos desafios à escola.
A progressiva democratização do ensino conduziu à sua massificação, e a educação tornou-se um valor universal. Mas a diver-sidade económica, social e cultural que ca-racteriza a escola a partir da segunda meta-de do século XX, não se revê nos currículos fechados e centralizadores, expressão de concepções ideológicas redutoras e unifica-doras. Os currículos eram os instrumentos de que a escola dispunha para perpetuar um paradigma de transmissão de saberes. Mas, num mundo em constante mudança, tor-nam-se objecto de discussão. A escola não pode ser uma instituição que “subsiste em si mesma”, fechada ao mundo. Para além do conhecimento teórico e científico, o co-nhecimento “vivido”, adquirido nas vivências do aluno, torna-se igualmente importante e fundamental, e os currículos tornam-se di-nâmicos, perdendo o seu carácter fechado.
Como parte integrante da sociedade, os sistemas de ensino e a escola devem en-contrar resposta para os problemas que se lhes colocam. A sua missão é garantir que as crianças e os jovens desenvolvam compe-tências-chave e motivá-los para uma apren-dizagem que não se confina à escola, mas que deverá ocorrer ao longo da vida. Numa sociedade competitiva, são mais aptos os mais competentes, isto é, os que têm maior capacidade de se adaptar a novas situações e de dar respostas eficazes e inovadoras. Por isso, a escola deve ser um espaço de formação para o exercício da cidadania, aberta à comunidade e ao mundo.
Para além da aquisição de competências científicas e tecnológicas, a escola deve motivar os jovens para experiências estéti-cas, quer como participantes, quer como es-pectadores; deve propiciar condições para o seu desenvolvimento cívico, incentivando-os a colaborar em projectos ligados à co-
munidade; deve fomentar o intercâmbio e a troca de experiências científicas e culturais com outras escolas, dentro e fora do país.
A escola do século XXI deve ser uma es-cola aberta e exigente, preocupada em mo-tivar os seus alunos para o desenvolvimen-to de novas competências, para a formação contínua, para a aquisição de novos conhe-cimentos e para o exercício da cidadania. De certa forma, retomamos hoje o conceito grego da Paideia – a educação como for-mação do homem concreto, do cidadão, en-quadrado no seu tempo e participante ac-tivo na polis. As exigências civilizacionais são outras, a comunidade já não é apenas a cidade, mas o mundo. Porém, tal como no passado, ao formular e definir estratégias que respondam eficazmente às mudanças, a escola, enquanto espaço da educação, continua no centro de todas as discussões e tomadas de decisão.
Implementar estes objectivos é a difícil tarefa que se nos coloca. A nossa escola, confrontada com a sua realidade, ao longo de quarenta anos de existência tem procu-rado responder aos desafios. Consciente de que deve educar e formar para um mundo em mudança e para uma sociedade cada vez mais competitiva, o ECB, no seu Pro-jecto Educativo, estabeleceu como missão contribuir para o crescimento do aluno,
orientando-o para que descubra, aprenda,
crie, receba, partilhe, faça, aprenda a ser e
a intervir com autonomia, flexibilidade, res-
ponsabilidade, solidariedade e sentido críti-
co, no mundo de que faz parte.
A Direcção Pedagógica do Externato Cooperativo da Benedita
Director do Jornal: Alfredo Lopes
Redacção:
Deolinda Castelhano
Luísa Couto
Soledade Santos (Chefe de redacção)
Teresa Agostinho
Marketing e vendas:
Maria José Jorge
Composição gráfica:
Nuno Rosa
Paulo Valentim
Samuel Branco
Equipa de Reportagem:
Acácio Castelhano
Ana Duarte
Clara Peralta
Fátima Feliciano
Graça Silva
José Cavadas
Laura Boavida
Maria de Lurdes Goulão
Miguel Fonseca
Sérgio Teixeira
Valter Boita
Impressão: Relgráfica, Lda
Tiragem: 500 exemplares
Preço avulso: 1,00 €
EDITORIAL
A ESCOLA, HOJE
ESCOLA VIVA 3
ANO 3 - Nº 6 TOQUE DE SAÍDA
No presente ano lectivo matricularam-se no
ECB 1235 alunos no ensino diurno, distribuí-
dos por 53 turmas do Ensino Básico e Secun-
dário, e 69 alunos no Ensino Nocturno.
À semelhança dos anos anteriores, iniciá-
mos as actividades recebendo os novos alunos
e os seus encarregados de educação no audi-
tório do Centro Cultural Gonçalves Sapinho.
Esta sessão de boas-vindas foi presidida pelo
director pedagógico, Dr. Alfredo Lopes, e con-
tou com a presença da directora do 3.º Ciclo,
da coordenadora de ano e dos directores de
turma do 7.º Ano. O director, depois de saudar
os presentes e de lhes desejar um bom ano
de trabalho, apelou aos alunos para o cumpri-
mento das regras de funcionamento do Exter-
nato e para a desejada cultura de excelência
alicerçada no empenho e na colaboração de
todos. Finda a sessão, o director reuniu ape-
nas com os pais e encarregados de educação,
dando-lhes a conhecer as linhas orientadoras
do Projecto Educativo, enquanto os directores
de turma acompanharam os seus alunos numa
visita guiada às instalações da escola, depois
da qual reuniram com as respectivas turmas,
a quem prestaram todos os esclarecimentos
acerca da escola e do novo ciclo de ensino
que iniciam. Os outros anos de escolaridade
foram também recebidos pelos seus directo-
res de turma, segundo calendário previamente
divulgado.
Nos dias 24, 26, 31 de Outubro e 2 de No-
vembro, tiveram lugar os Conselhos de Turma
Intercalares. A maioria destas reuniões decor-
reu sem prejuízo de aulas e, quando tal não
foi possível, os alunos tiveram à sua dispo-
sição um conjunto diversificado de activida-
des planeadas pelo clube “Viver a Escola”. As
reuniões intercalares visam essencialmente
um melhor conhecimento dos alunos a nível
sócio-afectivo e académico, com vista à de-
tecção de potencialidades e de dificuldades,
para que os conselhos de turma possam gizar
e adequar estratégias que respondam às situ-
ações diagnosticadas. É nestes conselhos de
turma que se delineia o Projecto Curricular de
Turma, que se planificam os apoios, os projec-
tos, as visitas de estudo, em suma, as activi-
dades que a turma deve concretizar ao longo
do ano, numa perspectiva integrada e multi-
disciplinar. Nestas reuniões são indicados os
alunos que disporão de apoio: tutorias, apoio
pedagógico acrescido, Gabinete de Dificulda-
des Específicas de Aprendizagem, “Aprender
a Aprender”. Este ano foi ainda introduzido o
desdobramento de um bloco de 90 minutos a
Língua Portuguesa e Matemática no 9º Ano,
bem como a criação, nas mesmas disciplinas,
de pares pedagógicos no 7º Ano.
O Quadro de Mérito mantém-se em funcio-
namento como forma de reconhecer o mereci-
mento e o empenho dos alunos, e de divulgar
na comunidade comportamentos de excelên-
cia que sirvam de incentivo.
Implementando o seu Plano Tecnológico, o
ECB continua a investir na aquisição de equi-
pamento, como computadores portáteis e qua-
dros interactivos; no alargamento da ligação
à Internet; no desenvolvimento da plataforma
Moodle; e na formação em TIC de professores
e pessoal não docente.
Damos também continuidade ao proces-
so, iniciado no ano anterior, de avaliação do
ECB através do método CAF (ferramenta de
gestão da qualidade inspirada no Modelo de
Excelência da União Europeia): concluído o
diagnóstico do desempenho da nossa escola e
definidas as medidas de melhoria prioritárias,
avançamos este ano para a sua execução,
num esforço que congrega todos os docentes
e todo o pessoal não docente do ECB.
A equipa da Escola Viva
MAIS UM ANO LECTIVO…
ACONTECENDOTeatro, promovido pelas professoras
de Português: no auditório do CCGS, “Auto da Barca do Inferno”, a 10 de Dezembro, para o 9º Ano; 18 de Maio, “Falar Verdade a Mentir”, para o 8º Ano; “Frei Luís de Sousa”, para o 11º Ano, no 2º Período. O 12º Ano assistirá em Gaia à peça “Felizmente Há Luar!”, pelo Tea-tro Experimental do Porto.
Olimpíadas de Matemática: 1ª Elimi-natória, 14 de Novembro; 2ª Eliminató-ria, 9 de Janeiro; Final, 13 a 16 de Março na Escola Secundária José Falcão, em Coimbra. IV Campeonato Nacional de Jogos Matemáticos: dia 29 de Feverei-ro, na Universidade do Minho. Os alunos devem informar-se atempadamente jun-to dos respectivos professores de Mate-mática.
A 15 de Novembro, em parceria com a Fundação do Gil (que presta apoio a crianças em situação de doença prolon-gada), sessão de esclarecimento acerca da missão da fundação, promovida pelos alunos de EMRC do 12º Ano.
Corta-mato, a 21 de Novembro, orga-nizado pelo grupo de Educação Física, e aberto à participação de todos os alu-nos.
A 28 de Novembro, conferência inti-tulada “Os Perigos da Internet”, por um inspector da PJ de Coimbra, destinada a sensibilizar os jovens para a utilização segura da Internet.
Também em Novembro, visita dos alu-nos de Artes a Madrid, ao Centro de Arte Reina Sofia, onde se expõe uma mostra do trabalho da pintora Paula Rego.
Duas horas na cozinha: o clube Sa-beres e Sabores realiza em cada mês actividades culinárias com grupos de alunos.
Dinamizadas pelos professores de EMRC e pelo Projecto Crescer, a come-moração do S. Martinho e a celebração do Natal, em colaboração com alunos e encarregados de educação.
Sob orientação dos professores de Educação Visual, os alunos do 3º Ciclo elaboram as decorações de Natal que embelezam a nossa escola nesta qua-dra.
O “Projecto Crescer” desenvolve ao longo do ano sessões para pais e alu-nos, orientadas para as relações inter-pessoais, a segurança, saúde e bem-estar, sexualidade, consumo, educação ambiental…
O I Festival de Xadrez do ECB de-corre ao longo do ano lectivo, incluindo actividades diversas destinadas a pro-mover o convívio entre xadrezistas e a divulgação da modalidade.
4
ANO 3 - Nº 6TOQUE DE SAÍDA
ESCOLA VIVA
Apresentar sugestões para um decorrer de ano lectivo sem, ou com o mínimo de sobres-saltos, é uma tarefa quase impossível, dado o elevado número de factores que nele inter-vêm. Mas o acompanhamento que os pais da-rão aos seus filhos será com certeza um po-deroso determinante para o sucesso escolar.
Pretendemos, com este primeiro artigo destinado ao tema, pedir aos pais que reflic-tam sobre o acompanhamento que prestam aos filhos em idade escolar e que procurem aumentar a sua participação nas actividades da escola.
Com calma e boa vontade, vão descobrir minutos que valem ouro.
• Reserve um período específico do seu tem-po, todas as semanas, para estar com o seu filho. Durante este tempo, dê-lhe total aten-ção e afecto.
• Use o tempo do trajecto até à escola para conversar com o seu filho.
• O hábito da leitura não é espontâneo, pre-cisa de ser cultivado: Tente quebrar as regras da hora de ir para a cama: uma vez por semana, nos fins-de-se-mana – deixe que o seu filho saiba que pode ficar acordado até à hora que quiser, desde que fique a ler na cama; ajude-o a começar a sua própria biblioteca; encoraje-o a trocar livros com os amigos; dê-lhe livros de pre-sente; deixe que o seu filho o veja a ler; crie em casa um horário de leitura; durante esse horário, todos, na família, se sentam para um tempo de leitura, livre de interrupções.
• O melhor remédio ainda é a prevenção. É seu dever saber o que ele anda a fazer:Tente dar uma vista de olhos ao material de estudo e coloque-lhe questões para ele estu-dar, simulando testes; fale com a escola “du-rante os tempos de tranquilidade”, antes que os problemas surjam; seja cuidadoso, pois as suas atitudes em relação à escola afec-
tam directamente o seu filho, muito mais do que pensa – se não gosta de uma disciplina, seja cuidadoso e, acima de tudo, discreto nas suas opiniões.
• O acto de ajudar nos TPC cria no seu filho uma sensação de confiança:Proponha-lhe uma aposta contra-relógio; es-tipule um tempo e mostre-lhe quanto tempo levou a executar a tarefa; mas seja flexível, permita-lhe um tempo extra; não serão ne-cessários prémios, há uma grande satisfa-ção em conseguir realizar o trabalho no tem-po previsto; reserve um local regular para o seu filho fazer o TPC.
• Os pais podem determinar regras, como: “Nada de TV até que a tarefa esteja conclu-ída”:Durante a realização do TPC, desligue o rá-dio e a TV; ajude o seu filho a planear a ges-tão do tempo; enquanto ele estiver a fazer as tarefas escolares, aproveite para fazer também alguma coisa (pode ler e trabalhar com ele) e, quando a tarefa estiver concluí-da, podem conversar sobre o que acabaram de fazer; ensine-o a fazer as tarefas mais di-fíceis primeiro e a deixar as mais fáceis para quando já estiver cansado; faça o que é mais necessário em primeiro lugar.
• Verifique o TPC do seu filho todos os dias e elogie os bons trabalhos. O seu interesse vai motivá-lo.
Resumindo, tudo simples e óbvio. Mas pode marcar a diferença.
Um ano lectivo cheio de sucesso para todas as famílias!
Margarida Ferreira, Psicóloga do ECB
MINUTOS QUE VALEM OURO
“A edição deste Anuário era inadiável,
quer para instrução das gerações futu-
ras, quer para dar a conhecer à Comuni-
dade Educativa a excelência da qualida-
de das nossas instalações, dos nossos
eventos, do nosso desempenho, do nos-
so ensino, dos nossos alunos… é por
eles que nós existimos.”
São estas as últimas linhas do Prefácio,
assinado pelo Dr. Alfredo Lopes, Director
Pedagógico do ECB, que abre o Anuário
2006/2007 da nossa Escola.
Respondendo a um desafio lançado no
início do ano transacto, um grupo de pro-
fessores, em estreita colaboração com toda
a comunidade escolar, deu à estampa um
livro de vivências, não para mostrar como
somos, mas para evidenciar como as cir-
cunstâncias nos obrigam a ser: as novas
respostas aos problemas actuais, as novas
exigências ao nível do processo de ensino-
aprendizagem, as novas realidades sócio-
culturais, não esquecendo o papel de va-
lorização da escola enquanto entidade de
formação pessoal.
Nas suas coloridas e ricas páginas, en-
contram-se a Escola e os seus órgãos de
gestão, o pessoal docente e não docente,
as actividades, os clubes, os projectos e os
alunos, porque também aqui os últimos são
os primeiros.
Num contexto em que pairam no ar si-
nais de desvalorização social da escola
e dos professores, esta edição pretende
mostrar a escola tal e qual como a vivemos
no dia a dia: transparente. E de que outra
maneira podíamos fazer, se é assim que a
entendemos?
Professor Ricardo Miguel
UMA ESCOLATRANSPARENTE
A Associação Sorriso Amigo
continua a le-
var a efeito a
campanha de
recolha de ali-
mentos destina-
da a amenizar o
sofrimento de
muitas famílias
na época de Natal. Aproveitamos
para agradecer a todos aqueles
que tornaram possível esta iniciati-
va: alunos, comerciantes e comuni-
dade em geral, lembrando que são
“todas estas pequenas gotas que
enchem o oceano”.
A todos vós, o nosso muito obri-
gado e votos de um solidário e san-
to Natal.
RECOLHA DE ALIMENTOS
O Externato Cooperativo da
Benedita tem oferecido aos alu-
nos do Ensino Básico, no final
do ano lectivo, um conjunto de
actividades que decorrem na
“Semana Cultural”e que têm
tido um número considerável
de participantes nos ateliers
dinamizados por alguns
professores da escola.
No presente ano lectivo,
inicia-se o projecto Viver
a Escola, coordenado
pela professora Helena
Rodrigues em colabo-
ração com as professo-
ras Lina Afonso e Luísa
Couto, que visa dinami-
zar actividades cultu-
rais, lúdicas e desportivas nos
momentos em que, por força de
reuniões de avaliação, ocorrem
interrupções de actividades lec-
tivas. Assim, nos dias 2 de No-
vembro, 14 de Dezembro, 1 de
Fevereiro, 14 de Março, e na
semana de 9 a 13 de Junho, os
alunos dos ensinos básico e se-
cundário poderão participar nas
diversas actividades que serão
divulgadas em locais visíveis
no espaço da escola e também
na página do Externato.
Os objectivos que presidiram
à criação deste projecto enqua-
dram-se no Projecto Educativo
da Escola e têm em vista o de-
senvolvimento biopsicossocial
dos alunos, a criação de hábi-
tos de frequência de activida-
des culturais e desportivas, a
melhoria do ambiente educativo
e o reforço da ligação com a co-
munidade.
PROJECTO VIVER A ESCOLA
ESCOLA VIVA 5
ANO 3 - Nº 6 TOQUE DE SAÍDA
Primeiro Encontro
No passado dia 5 de Setembro, no auditório do Centro Cultural Gonçalves Sapinho (CCGS), decorreu a Jornada de Educação Especial in-titulada “Consola vs Escola, da Perplexidade à Intervenção”, cuja organização esteve a cargo do Gabinete de Dificuldades Específicas de Aprendizagem do Externato Cooperativo da Benedita.
O evento teve um duplo objectivo: sensibili-zar o público-alvo (educadores, professores e encarregados de educação) para a importância da contemplação das Dificuldades de Aprendi-zagem em casa e na escola; e partilhar conhe-cimentos sobre temáticas específicas: dislexia, hiperactividade, memória, consciência fonoló-gica, competência comunicativa… O público (cerca de 140 pessoas) pôde assistir a seis co-municações, três de manhã e três à tarde, de teor teórico-prático.
A começar, o Doutor Vítor Cruz, da Facul-dade de Motricidade Humana, brindou os pre-sentes com conhecimentos relativos à dislexia enquanto perturbação do desenvolvimento da
linguagem com origem em alterações biológi-cas, realçando a componente neurobiológica. De seguida, a Doutora Fátima Trindade, técnica do Centro de Intervenção da Malveira, reforçou a importância de uma actuação consistente a nível psicopedagógico. A última comunicação da manhã, a cargo da Psicóloga do ECB, teve como tema central a importância da avaliação psicológica para o estudo das capacidades in-telectuais, do funcionamento emocional e afec-tivo e das componentes interpessoais e moti-vacionais.
À tarde, a pediatra da consulta de desen-volvimento do Hospital de Stº André, em Leiria, Dr.ª Arlete Crisóstomo, esclareceu os presentes acerca dos objectivos daquele tipo de consulta: a avaliação global da criança do ponto de vista holístico, ou seja, através de um diagnóstico médico e de uma avaliação das capacidades, potencialidades e dificuldades da criança, pers-pectivar uma intervenção e melhorar as com-petências. Posteriormente, foi possível ouvir os conselhos extremamente úteis da Mestre Inês Silva, professora de Português do ECB, que deu ênfase à urgência do colmatar as dificulda-des de escrita dos alunos, sendo ou não dislé-xicos. Na sua perspectiva, poder-se-á trabalhar o código “fixo” da ortografia de forma metódi-ca, com estratégias adequadas, contrariando a ideia de que os alunos apreendem o desenho da imagem gráfica de uma palavra pela leitura. A última comunicação, da responsabilidade da Mestre Paula Cristina Ferreira, professora de Português e Francês do ECB, realçou a neces-sidade de prevenção das dificuldades, apre-sentando a importância do treino estruturado e planificado da consciência fonológica, no ensi-no pré-escolar, enquanto desenvolvimento da expressão oral e incremento da competência emergente da leitura e da escrita.
Um longo dia de trabalhos… informação pertinente veiculada… interesse manifestado… e por isso mesmo profícuo. Os verdadeiros be-neficiados serão, indubitavelmente, os alunos que usufruirão das estratégias pedagógicas adequadas às suas capacidades de aprendiza-gem.
Segundo Encontro
No dia 17 de Outubro, o Gabinete DEA-LE encerrou o ciclo de encontros de Educação Especial previsto para o início do ano lectivo 2007/2008. Após as aulas da manhã, cerca de 140 professores da região puderam participar numa Acção de Formação sobre o novo Pla-
no Educativo Individual que passará a denomi-nar-se Programa Educativo Individual, após a publicação da nova legislação relativa aos alu-nos com Necessidades Educativas Individuais. Esta palestra esteve a cargo da Dr.ª Filomena Pereira, do Gabinete de Educação Especial, do Ministério da Educação.
Pretendeu o Gabinete DEA-LE, com esta acção, que educadores e pais pudessem obter informação directamente do Ministério da Edu-cação sobre o novo instrumento de trabalho e acerca da CIF (Classificação Internacional para a Funcionalidade) que é um documento extremamente complexo, exigindo uma equipa multidisciplinar com o objectivo não só de ca-racterizar as inabilidades dos jovens, mas tam-bém as suas competências e funcionalidades.
Pretende-se que a tríade, forte e coesa, – aluno com NEE, Família e Escola – lute afinca-damente pelo sucesso do aluno de hoje, futuro cidadão activo de amanhã.
Professora Paula Cristina Ferreira
ENCONTROS DE EDUCAÇÃO ESPECIAL
O Externato Cooperativo da Benedita tem este ano lectivo em
funcionamento dois Cursos Profissionais. Abriram duas Turmas do
Curso Profissional de Comunicação, Marketing, Relações Públicas
e Publicidade, e uma outra do Curso Profissional de Informática
de Gestão.
Os Cursos têm uma estrutura modular e incluem a realização de
uma Prova de Aptidão Profissional e um alargado período de For-
mação em Contexto de Trabalho (Estágio), de molde a poderem
proporcionar aos alunos o 12º ano de escolaridade e uma certifi-
cação profissional de nível III. Trata-se de um novo paradigma de
ensino que substitui os Cursos Tecnológicos, agora em extinção,
que prepararam gerações de jovens que têm constituído uma parte
muito considerável e qualificada do tecido técnico e económico de
toda a região.
Este é um desafio pedagógico acrescido que vai exigir novos
modelos organizacionais e a colaboração empenhada de toda a
comunidade escolar, desde logo os alunos e suas famílias, pois
que se pretende que os estudantes adquiram não só uma sólida
formação técnica, mas também relacional e social, terminando o
Ensino Secundário com as capacidades necessárias para uma boa
integração no mercado de trabalho.
A Directora de Ciclo dos Cursos Profissionais
CURSOSPROFISSIONAIS
Físico e matemático inglês, nasceu em Lincolnshire, em 1642, e
morreu em Middlesex, em 1727.
Newton é conhecido pela formulação das três leis do movimento,
consideradas os princípios da Física moderna, de onde resultou a
formulação da lei da gravitação. Os trabalhos realizados sobre a
teoria da gravitação foram expostos na obra “Philosophiae Naturalis
Principia Mathematica”, publicada em 1687, onde Newton mostra
que a lei da gravitação é universal.
Como matemático, inventou o cálculo infinitesimal e descobriu o
teorema do binómio. Em 1668 completou o seu primeiro telescópio
de refracção, com que observou os satélites de Júpiter.
A partir de 1672, passou a fazer parte da Royal Society, onde
apresentou a sua teoria intitulada Nova Teoria sobre a Luz e a Cor,
na qual enuncia que a luz branca é composta por muitas cores,
tendo chegado a este resultado através de um prisma óptico. Todas
as suas investigações sobre a luz e a cor foram reunidas na obra
“Óptica”.
Quem foi
ISAAC NEWTON
ARTE E CULTURA6
ANO 3 - Nº 6TOQUE DE SAÍDA
Este evento, iniciado no primeiro dia de
Setembro, terminará efectivamente com a
edição de um calendário para 2008 (com
ilustração/texto e CD rom) que publicitará os
premiados no concurso Lendas sem Frontei-
ras. Trata-se de uma parceria entre a Terra
Mágica das Lendas, a cooperativa cultural da
Benedita promotora do Festival, e a Bibliote-
ca Municipal de Alcobaça.
No Simpósio inaugural LENDAS, IDENTI-
DADES E TURISMO CULTURAL, moderado
por Pedro Penteado e presidido pelo presi-
dente da CMA, José Gonçalves Sapinho,
também membro dos corpos sociais da Terra
Mágica, colaboraram os seguintes especia-
listas: Fernanda Frazão (Lendas), J. Sirgado
(Turismo Cultural), Adriano Monteiro (D. Fuas
Roupinho) e Cristina Taquelim (contadora de
histórias).
E a arte de contar histórias ficou ain-
da demonstrada pelos conhecidos mestres
A. Fontinha, A. Castanheira, J. Craveiro; e
a sua animação através dos grupos Macapi
de Almada e as Contrabandistas de Oeiras
(em Leiria), ora dirigida mais a crianças, ora
a adultos. A prata da casa brilhou com as in-
tervenções de Henriqueta Beato de Oliveira,
Dulce Silva, Áurea Mata e pela associada da
Terra Mágica, Vanda Marques, com “O amor
de Pedro e Inês, contado aos pequenotes”. A
transmissão destas “mágicas” teve palco em
Turquel, numa oficina de um dia com vinte
participantes, orientada por Liliana Lima.
Todas as grandes e pequenas salas de
espectáculos receberam peças de teatro de
profissionais e amadores, regionais e da Ga-
liza. De Lugo chegou-nos a história lendá-
ria da famosa Maria Peres, a Balteira, pelo
grupo Achádego que actuou no Teatro Cha-
by Pinheiro e no Centro Cultural Gonçalves
Sapinho. Esta participação foi um intercâm-
bio com Os Gambuzinos que levaram à cena,
na cidade da Muralha, património da Huma-
nidade, a adaptação de “Os três cabelos de
oiro do diabo”, um conto dos Irmãos Grimm,
adaptado e encenado, para este Festival In-
ternacional de Contos Mágicos, com o título
“Viagem até ao fim do mundo”.
O repertório atrás descrito encadeou-se
de 1 a 9 de Setembro nos concelhos de Alco-
baça e da Nazaré, nos rostos iluminados de
diversos especialistas, contadores de contos,
actores, bailarinos e bonecos de luva e de
fios. “A Dama de Pé de Cabra”, “Duetos de
Amor – Missa Crioula”, “A culpa foi de Inês”,
“O canto do cisne”, “Confusão de Maria Bal-
teira”, “A lenda de D. Fuas Roupinho” e “Via-
gem até ao fim do mundo”, estiveram a cargo
de Antónia Terrinha, CêDêCê, S.A. Marione-
tas, O Nariz, Achádego, Teatro em Curso e
Os Gambuzinos, respectivamente. Grande
parte do apoio financeiro angariado aplicou-
se na produção de dois espectáculos maravi-
lhosos e muito diferentes: a peça “Viagem até
ao fim do mundo”, encenada pelo actor ber-
linense L. Hollburg, na Benedita, e “D. Fuas
Roupinho”, no Sítio-Nazaré. Foi um trabalho
generoso e magnífico de cerca de três deze-
nas de jovens estudantes e trabalhadores na
Benedita, e de alguns profissionais de Lisboa
e de Leiria que, durante os meses de Julho
e Agosto, de boa vontade trocaram as férias
pelo trabalho cultural. Estiveram apoiados
por um grupo também excelente de técnicos
e responsáveis que asseguraram o guarda-
roupa, a iluminação, o som e a publicidade.
Houve composição de música original e uma
enorme boa vontade, em ofertas de privados
e cedências de pessoas individuais, para su-
prir falhas de materiais e adereços necessá-
rios. Apesar da questionada data do Festival
exigir um esforço redobrado, movimentando
quase meia centena de pessoas, conseguiu-
se cumprir um calendário rigoroso desde o
final de um ano lectivo, sempre esgotante!
Fazer a tradução do texto alemão, discutir-
se o mesmo, a sua cenografia e dramaturgia
com o autor e encenador, providenciar ac-
tores e ensaiar, respeitando o planeamento
dos horários para ensaios ... Mas as pessoas
satisfizeram a proposta do encenador, nada
fácil em termos de exigências técnicas e de
cenografia. A encenação tira partido exaus-
tivamente do espaço físico da sala do Cen-
tro Cultural, intensificando uma interacção
bem doseada entre aproximações e distan-
ciações com o público, que se podem verifi-
car em risadas saudáveis das crianças mais
pequenas em certos momentos e dos adul-
tos noutros. Este facto desafia ainda mais
os actores quando têm de representar fora
desse espaço. Isso já aconteceu no Cinete-
atro de Alcobaça e em Lugo onde o repto foi
total, mas com boa vontade sempre se con-
segue. A frescura dos actores, as cores do
guarda-roupa, a beleza da representação
dos animais em cena, sobretudo do incansá-
vel cavalo, as subtilezas do vilão, enfim, um
conto tradicional num contexto multicultural
deixa-nos a pensar nas dificuldades que há
por resolver neste mundo e mostra-nos que
o herói, lutando pela sua princesa, conseguiu
ajudar ao mesmo tempo todos os que no per-
curso dessa caminhada se lhe depararam.
O “D. Fuas Roupinho”, espectáculo de
rua, concebido e desenhado por A. Terrinha,
que simultaneamente encerrou o Festival e
as festas de Nossa Senhora da Nazaré, pro-
porcionou uma noite inesquecível às quase
setecentas pessoas que encheram o Largo
em frente da basílica e da capela da memó-
ria, no Sítio. Foi daí que ‘apareceu’ Nossa
Senhora. As velas que cada um tinha recebi-
do acenderam-se repentinamente como que
por milagre! Ouviram-se cânticos e uma pro-
cissão, tal círio renascido, recolocou os seus
olhares ao local inicial, ao cimo da escadaria,
onde em vez do relator da lenda está agora
a Virgem sob um céu estrelado de Setembro.
Aí a comoção abateu-se sobre os presentes
quando, após os aplausos, A. Terrinha, dedi-
cou o seu trabalho à sua mãe que, do cimo,
em qualquer estrelinha, a podia estar a ver, e
à sua filha, também uma das crianças ‘actri-
zes’ que fazia nesse dia cinco anos.
Todos os que colaboraram neste evento
estão de parabéns e a todos eles dirijo estas
linhas, incluindo a imprensa que nos ajudou,
pedindo desculpa de não os nomear, pois o
espaço não chegaria. Contudo, há que men-
cionar, no mínimo, três pessoas: professora
Dalila Sousa, professor J. Saramago e Dr.
Alfredo Lopes, Director do Externato Coope-
rativo da Benedita.
Bem-hajam!
Professora Lúcia Serralheiro
Presidente do Conselho Executivo da EB2 da Benedita
Benedita e Arredores!
FESTIVAL INTERNACIONAL DE CONTOS MÁGICOS EM 2007
ESCOLA VIVA 7
ANO 3 - Nº 6 TOQUE DE SAÍDA
No dia 30 de Junho, pelas
22h15m, teve início aquela que vi-
ria a ser uma noite diferente para
todos. A noite em que muitos de
nós descobriram que, para além
de alunos, existem talentos es-
condidos aqui bem perto de nós.
A 1ª Gala Talentos ECB come-
çou com Dimitri Scoropad que,
ao piano, surpreendeu todos os
que assistiram, perplexos, a tama-
nho virtuosismo. Da música para
as artes visuais, a Ângela Santos
mostrou a sua forma de sentir o
desenho, a pintura e a fotografia.
E é a vez da Patrícia Felizardo
aparecer, descendo de um baloi-
ço para mostrar que sabe dançar,
que gosta de dançar e que a dan-
ça irá estar sempre ligada à sua
vida. Quando surgiu na tela o 20 a
Matemática do Pedro Rodrigues,
toda a plateia aplaudiu. Ele gosta
do desafio que as disciplinas da
área das Ciências lhe proporcio-
nam, gosta de estudar para alcan-
çar objectivos, e nos tempos livres
é ao xadrez que se dedica.
“Assim como o teatro não de-
sapareceu com o cinema, os li-
vros também não hão-de desapa-
recer com a Internet” – foi assim
que a Margarida Costa, a nossa
escritora, mostrou a paixão pelos
livros e pela escrita. Ela não com-
preende como é que para alguns
dos seus colegas e amigos ler um
livro é tão aborrecido... Mas a
plateia estremece, acaba de subir
ao palco o rapaz que gosta de fa-
zer rir os outros. Paulo Batista,
com um sotaque muito british, pôs
o público ao rubro com a sua “Uni-
versidade de Carvalhal”. A empa-
tia com o público provou que este
senhor nasceu para o palco.
E sobre rodas continuou o es-
pectáculo, desta vez com o Diogo
Rafael, de Turquel, o nosso inter-
nacional que joga hóquei em pa-
tins desde que “nasceu”. Joga no
Benfica e sonha vir a representar
o Barcelona e a nossa Selecção
Nacional. Começam a ouvir-se
umas batidas, chamam-lhe be-
atbox, mas aqui a caixa é outra,
é bem natural, sem o auxílio de
qualquer caixa de ritmos – o Da-
niel Lopes compõe uma música
de forma surpreendente. Conse-
gue ainda mostrar um pouco mais
da cultura hiphop, com uma core-
ografia de breakdance. O seu so-
nho é participar na BCOne.
A timidez da Patrícia Silva de-
saparece quando lemos os seus
poemas, é aí que ela consegue
mostrar o que sente naquele dia,
àquela hora. Como ela diz, “há
dias em que as palavras encai-
xam na perfeição”. Um dos seus
sonhos era poder editar um livro.
Com a guitarra sempre às costas,
o Miguel Luís mostra-nos como
esse instrumento pode ser explo-
rado, e conquista, com a sua ca-
pacidade de improviso, o público
presente. As palmas ouviam-se
compassadas com a música ori-
ginal que compôs para este es-
pectáculo. Outras músicas virão,
mas para bebés, como ele tanto
deseja.
Ao som de Hakuna Matata do
conhecido filme “Rei Leão”, ficá-
mos a conhecer o trabalho da Flá-
via Grilo, amante da banda dese-
nhada. O preciosismo dos seus
desenhos a lápis de cor (material
preferido) não deixou ninguém in-
diferente. As palmas ouviam-se à
medida que caricaturas (outra pai-
xão) apareciam. Um Hamlet em
banda desenhada vem a caminho,
é o grande projecto do momento
desta aluna que, quando não está
a estudar, é a desenhar que se
sente bem.
Foi ao Fábio Santos, aluno do
ESUC, que coube a responsabi-
lidade de terminar a apresenta-
ção dos doze finalistas. O Fábio
sonha ser coreógrafo e diz que a
dança é o seu oxigénio. Com uma
apresentação bem trabalhada em
termos coreográficos (grande pre-
ocupação no estudo dos passos,
luzes e da música), conseguiu ca-
tivar o público, e a votação que se
seguiu assim o comprovou.
Durante o processo de vota-
ção, os finalistas subiram ao palco
e tiveram uma surpresa, a banda
The Gift, de Alcobaça, tinha-lhes
deixado uma mensagem especial
de esperança e persistência para
a concretização dos seus sonhos.
Após a recolha dos talentos
(denominação dada na Antiguida-
de ao dinheiro), que neste espec-
táculo tinham a forma de pedras
decorativas, estavam encontrados
os vencedores da 1ª Gala Talen-
tos ECB: 1º lugar, Fábio Santos;
2º lugar, Miguel Luís; e em 3º lu-
gar, Flávia Grilo. Foram entregues
bolsas a todos os participantes.
A Comissão de Talentos agra-
dece a colaboração do Grupo de
Educação Física, ao Clube Corel,
aos alunos Carla Serralheiro e
João Prisciliano pela apresenta-
ção do espectáculo, ao Júri convi-
dado e ao incansável Sr. Baltazar,
entre muitos que nos apoiaram e
permitiram que este projecto se
pudesse concretizar. Até 2009!
Professora Rita Pedrosa
Os 12 Finalitas: Diogo Rafael, Daniel Lopes, Flávia Grilo, Pedro Henriques, Ângela
Santos, Margarida Costa, Patrícia Felizardo, Patrícia Silva, Dimitri Scoropad, Paulo
Batista. Em baixo: Miguel Luís e Fábio Santos
Em 2008, quando se cumprem 400 anos sobre o
nascimento do Padre António Vieira, a Universida-
de Católica de Lisboa, a Universidade de Lisboa e a
Companhia de Jesus promovem o Ano Vieirano, em
memória e celebração desta figura ímpar da nossa
cultura. A iniciativa incluirá acções de divulgação
da vida, da obra e do pensamento de Vieira, «im-
perador da língua portuguesa», como lhe chamou
Fernando Pessoa, e homem de todos os tempos.
As instituições organizadoras convidam escolas
e outros organismos a juntarem-se a esta celebra-
ção. Mais informações em:
http://www.anovieirino.com
ANO VIEIRINO
Era uma vez um rei que fez promessa de levantar um convento em Mafra.
Era uma vez um homem que há 25 anos resolveu contar a história.
Era uma vez um Palácio que abriu as portas para ouvir contar tudo aquilo…
Assim se pode ler no folheto que divulgou as
comemorações, em 17 de Novembro, na mesma
semana em que o escritor completa 85 anos, da
1ª edição do romance de José Saramago, “Memo-
rial do Convento”, comemorações que reuniram,
além de um público fascinado pelos imponentes
edifícios – o literário e o arquitectónico – historia-
dores, arquitectos, musicólogos, literatos. E tam-
bém actores do Teatro Nacional D. Maria II, numa
excelente recriação e encenação do romance.
MEMORIAL NO CONVENTO
Os nossos talentos!1ª GALA TALENTOS ECB
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E AMBIENTE8
ANO 3 - Nº 6TOQUE DE SAÍDA
A Internet, classificada por muitos como a
invenção mais importante da última década,
é um fenómeno indissociável da denominada
“Sociedade do Conhecimento”. As práticas
mais comuns do nosso quotidiano, como por
exemplo ir ao supermercado ou ao café, vi-
sitar um museu, consultar a conta bancária,
etc., estão agora à distância de um click nos
hipermercados on-line, ciber-cafés, lojas vir-
tuais, homebanking, etc.
O desenvolvimento “supersónico” destas
novas tecnologias traz consigo alguns proble-
mas – a elevada variedade de serviços dis-
poníveis on-line é extremamente cómoda para
o utilizador, mas também uma oportunidade
apetecível para indivíduos mal intencionados:
aproveitamento económico, acções terroris-
tas, alteração e remoção de dados, roubo de
identidade, abuso de menores, pornografia in-
fantil... Merece ainda atenção a percentagem
da população que, pouco habituada a lidar
com as tecnologias modernas, se torna um
potencial alvo de ciber-crimes.
Por todo o mundo têm surgido acções de
sensibilização para alertar sobre os muitos pe-
rigos que a Rede esconde. Em Portugal surgiu,
em 2006, um projecto denominado “Internet
Segura” (www.internetsegura.pt) que preten-
de envolver pais, alunos, professores e toda a
sociedade civil na promoção de competências
que permitam uma utilização mais consciente
da Internet. As duas grandes linhas de acção
deste projecto são, por um lado, a formação
de cidadãos e de profissionais na utilização
segura da Internet; por outro, a denúncia de
actividades ilícitas levadas a cabo no ciberes-
paço, através da criação de uma linha ope-
racional de atendimento a conteúdos ilegais.
A linha www.linhaalerta.internetsegura.pt tem
como objectivo a luta contra conteúdos ilegí-
timos, recebendo denúncias anónimas que,
caso se justifique, encaminha directamente
para as entidades judiciais.
A escola desempenha um papel fulcral na
formação e sensibilização das crianças e dos
jovens. Aos pais cabe garantir o devido acom-
panhamento no modo como os seus filhos uti-
lizam a Internet.
Ao longo do presente ano lectivo, será de-
senvolvido no ECB um conjunto de activida-
des de sensibilização para a importância da
navegação segura na Internet, bem como a
divulgação de mecanismos e soluções para a
alcançar.
Professor Alexandre Lourenço
NAVEGAR NA INTERNET DE FORMA SEGURA
OBSERVATÓRIO DA NATUREZA
Defesa da Fauna portuguesa
O ECB é uma das 5
eco-escolas da nossa re-
gião que acolhe casas-ni-
nho construídas com ma-
deiras reutilizadas para
a preservação de nove
espécies de aves selvagens.
ECB recebe Galardão Eco-Escolas
No dia 19 de Outubro de 2007, a Associação Ban-
deira Azul da Europa, ABAE, em parceria com a secção
Portuguesa da Fundação para a Educação ambiental,
FEE, promoveu a cerimónia de entrega do Galardão
Eco-Escolas “Bandeira Verdes 2007”, num encontro na-
cional em Pombal. O Externato Cooperativo da Benedita
recebeu a bandeira verde, símbolo do reconhecimento
da metodologia do programa aplicada com sucesso na
nossa escola e da existência de um empenhado traba-
lho na área da educação ambiental e educação para a
sustentabilidade.
Anfíbio encontrado no ECB
Alunos do 10º B sur-
preendidos por uma Rã
Verde (Rana perezi).
Esta espécie de anfíbio
é a que existe em maior
abundância em Portu-
gal, mas a sua existên-
cia encontra-se ameaçada pela crescente procura do
famoso petisco “perninhas de rã”, embora se trate de
uma espécie protegida, que não pode ser capturada da
Natureza. As manchas que esta rã apresenta no corpo
são como as nossas impressões digitais, não há duas
com o mesmo padrão de pintas. Possuem membranas
interdigitais para uma natação eficaz e não têm orelhas,
mas têm tímpanos, situados atrás dos olhos.
Alunos do 10º B
PROJECTO CASAS-NINHO
No âmbito da comemoração do Dia Mundial do Animal, realizou-se, a 9 de Outubro de 2007, uma acção de sen-sibilização sobre a implementação de Casas-Ninho na escola, para promover a criação de habitat para nove espé-cies de aves selvagens: o Chapim Azul (Parus caeruleus), o Pardal dos Telha-dos (Passer domesticus), o Pica-Pau Malhado Grande (Dendrocopus major), a Carriça (Troglodytidae), a Trepadei-ra-Comum (Certhia brachydactylas), o Chapim-Carvoeiro (Parus ater), o Ra-birruivo-Preto (Phoenicurus ochuros), o Pardal-Montês (Passer montanus) e o Chapim-Real (Parus major).
Devido às alterações climáticas que já se fazem sentir no nosso país, muitas outras aves, alóctones, podem instalar-se aqui, competindo com as nossas aves autóctones pelo alimento e pelo habitat, podendo assim conduzir à sua mitigação e até mesmo à extin-ção.
As aves em estudo são insectívo-ras, tendo um papel crucial no contro-lo natural de pragas cuja incidência é maior com o aumento da temperatura. Estas aves são também consideradas bons bio-indicadores, pois preferem habitar em locais com baixo índice de poluição, e por isso é URGENTE a sua PRESERVAÇÃO!
Esta acção, participada pelos alunos do 10º B e do 12º B, foi desenvolvida pela Dr.ª Sofia Quaresma, Bióloga da Câmara Municipal de Alcobaça. A nos-sa escola é uma das 5 Eco-Escolas da região que acolhem as Casas-Ninho, construídas com madeiras reutilizadas, para a preservação destas nove espé-cies de aves selvagens.
Ao ECB foram entregues quatro ninhos repartidos por estas duas tur-mas que os irão colocar em locais es-tudados a priori para obter melhores resultados. Os dados finais serão ar-quivados em dossiers onde constarão informações sobre a caracterização das espécies, a sua forma de vida e outros dados considerados relevantes para o estudo. A escola que construir o melhor dossier receberá guias de cam-po para a identificação de aves, assim como mais Casas-Ninho.
Os alunos do 10ºB e do 12ºB
(Programa Eco-Escolas)
OLHAR CIRCUNDANTE 9
ANO 3 - Nº 6 TOQUE DE SAÍDA
Nas zonas urbanas que pos-
suem tratamento de esgotos, os
efluentes são encaminhados para
uma ou várias Estações de Trata-
mento de Águas Residuais. Estas
unidades permitem retirar alguns
poluentes às águas residuais, in-
dustriais ou domésticas, através
de tratamentos que visam melho-
rar a qualidade dos efluentes an-
tes de serem lançados no meio
ambiente.
A ETAR de S. Martinho do Por-
to, inserida no Sistema de Sane-
amento de S. Martinho do Porto,
serve parte dos municípios de Al-
cobaça (freguesias de Alfeizerão,
Benedita, Cela, Évora, S. Marti-
nho do Porto, Turquel, Vimeiro) e
de Caldas da Rainha (freguesia
de Salir do Porto). Esta unidade,
inaugurada no dia 29
de Março, faz parte
do Projecto de Des-
poluição da Baía de
S. Martinho do Por-
to, disponibilizando
a toda a população
abrangida pela Bacia
Hidrográfica do rio
de Tornada (Baía de
S. Martinho) um ser-
viço de drenagem e
tratamento das águas
residuais urbanas.
Consegue-se, assim, um aumento
na melhoria da qualidade da água
balnear na Baía de S. Martinho.
As águas residuais afluem à
nova ETAR através de um emissá-
rio (o emissário da ribeira de Alfei-
zeirão), sendo depois submetidas
a tratamento apropriado. Após tra-
tamento, as águas são descarre-
gadas em mar aberto, através do
emissário final e dum exutor sub-
marino. Os efluentes que chegam
à ETAR são sujeitos a dois níveis
de purificação: tratamento primá-
rio e tratamento secundário. Pode
ainda ser feito um tratamento terci-
ário ou avançado, sendo este últi-
mo muito pouco utilizado, uma vez
que é muito dispendioso.
O tratamento primário é um
processo mecânico, durante o
qual se filtram sólidos de grandes
dimensões (paus, pedras, trapos,
etc.) e é decantada grande par-
te da matéria sólida, removendo
cerca de 60% desta matéria em
suspensão e 30% dos resíduos or-
gânicos oxidáveis das águas resi-
duais.
O tratamento secundário é um
processo biológico, no qual bacté-
rias aeróbias removem até 90% da
matéria orgânica oxidável – tam-
bém designados resíduos biode-
gradáveis. Para este processo são
usados tanques de lamas activa-
das. Nestes, as águas são bombe-
adas para um tanque aerificado de
grandes dimensões, no qual são
misturadas, durante várias horas,
com lamas contendo bactérias
decompositoras. De seguida são
conduzidas a um decantador onde
ocorre a sedimentação e, conse-
quentemente, uma separação de
fases. Os sólidos acumulam-se no
fundo e o efluente clarificado à su-
perfície.
Após decantação secundária, o
efluente é sujeito a uma desinfec-
ção por radiações ultra-violeta. As-
sim é removida a sua componente
microbiológica, possibilitando a
reutilização para fins diversos, tais
como lavagens e rega. O exceden-
te é descarregado no mar.
A combinação destes dois tra-
tamentos remove quase toda a
matéria sólida em suspensão e a
maioria da matéria orgânica oxidá-
vel, bem como muitos metais tóxi-
cos e alguns químicos orgânicos
sintéticos degradáveis. Porém,
substâncias orgânicas não degra-
dáveis, como alguns pesticidas,
não são removidas.
Durante todo o processo são
produzidas grandes quantidades
de lamas que, após tratamento
adequado, apresentam caracterís-
ticas apropriadas para valorização
agrícola. De forma a evitar a liber-
tação de odores, esta instalação
encontra-se dotada de uma unida-
de de Tratamento de Gases.
Foi dado um grande passo, mas
o impacto do homem no seu meio
ambiente é inevitável! É, acima de
tudo, urgente que as pessoas to-
mem consciência de que estamos
a usar demasiados recursos, a
criar demasiada poluição e a cau-
sar a destruição de outras espé-
cies, sendo importante investir em
soluções cada vez mais eficientes
para minimizar os efeitos produzi-
dos na natureza.
Professor Sérgio Teixeira
BAÍA DE S. MARTINHO DO PORTO MAIS LIMPA!
No dia 27 de Setembro, no Sa-lão Nobre da Casa da Vila da Be-nedita, foi promovida pela Junta de Freguesia da Benedita, à qual se associou a Junta de Freguesia de Turquel e a Câmara Municipal de Alcobaça, uma sessão de es-clarecimento acerca dos possí-veis traçados do TGV.
Esta sessão pretendia dar resposta aos pedidos de escla-recimento da população que se mostrou indignada face à indispo-nibilidade da Rede Ferroviária de Alta Velocidade, SA (RAVE). De-fendendo a passagem do TGV a Este da Serra dos Candeeiros, os
autarcas apelaram a uma partici-pação activa das populações na fase de consulta pública que ter-minou no dia 9 de Outubro.
Dias após esta sessão, foi fun-dado na Benedita o Movimento Anti-TGV, o qual veio a expandir-se para outras freguesias do con-celho. Este movimento tem como objectivo mostrar o descontenta-mento da população face ao troço de ligação entre Alenquer (Ota) e Pombal que tem como traçados possíveis: atravessar a vila da Benedita, passando por duas das suas principais artérias, ao mes-mo tempo que ameaça uma das maiores urbanizações da fregue-sia; ou mais próximo da Serra dos Candeeiros, o que inviabiliza a construção da futura Área de Lo-calização Empresarial da Benedi-ta.
No dia 4 de Outubro, às 19h30m, cerca de cem automóveis identi-ficados com cartazes onde se lia “TGV por aqui NÃO” saíram do
Largo da Venda das Raparigas, na Benedita, passando em mar-cha lenta, pelo IC2, em direcção à Moita do Poço, de onde seguiram por estradas secundárias até Al-cobaça, para assistirem à sessão extraordinária da Assembleia Mu-nicipal. A iniciativa partiu do Movi-mento Anti-TGV.
À chegada a Alcobaça, cerca de duas horas mais tarde, os ma-nifestantes dirigiram-se ao Auditó-rio da Biblioteca Municipal, onde decorria a sessão cujos trabalhos foram suspensos devido aos pro-testos dos munícipes que preten-diam, no exterior, ouvir o que se passava no interior da sala. Assim, os trabalhos foram transferidos para o Cine-Teatro, onde reco-meçaram por volta das 23 horas. Cerca de três horas mais tarde, a sessão extraordinária chegou ao fim com a aprovação, por 32 votos a favor e 4 abstenções, de uma moção apresentada pelo líder da bancada social-democrata, Pedro
Guerra, rejeitando os traçados do TGV actualmente em discussão e exigindo à RAVE explicações para a anulação, em 2004, dos estudos do Lote C2, que passaria a Este da Serra dos Candeeiros.
É de salientar que as alterna-tivas propostas têm um impacto em oito das dezoito freguesias do Concelho de Alcobaça: Benedita, Turquel, Évora de Alcobaça, Pa-taias, Alpedriz, Prazeres de Alju-barrota, São Vicente de Aljubar-rota e Cós. A passagem do TGV causará a destruição de 1427 edi-fícios, de 5 áreas de património natural, de 4 zonas de património cultural, sem falar do impacto a nível económico.
No dia 9 de Outubro, as contas eram claras. Se em Turquel foram entregues 886 queixas contra o comboio de alta velocidade, na freguesia da Benedita os descon-tentes são 1873.
Marina Rosário, 12º E
POPULAÇÃO DE ALCOBAÇA REJEITA POSSÍVEIS TRAÇADOS TGV
O LUGAR DA MEMÓRIA10
ANO 3 - Nº 6TOQUE DE SAÍDA
Actualmente, quando pensamos numa
noiva, imaginamo-la sempre vestida de
branco, e até achamos estranho se assim
não é. Mas se pensarmos como era a Be-
nedita há cinquenta e muitos anos atrás,
bastante rural e conservadora, e segundo
pessoas mais velhas, as noivas iam nor-
malmente vestidas de bege ou cinzento.
Também o fato de noiva não era o vestido
que hoje conhecemos, mas sim um saia e
casaco bastante simples, ou até uma rou-
pa que apenas se diferenciava da do dia-
a-dia por ser um pouco mais cuidada.
Corria o ano de 1952 quando na Bene-
dita teve lugar o primeiro casamento onde
a noiva estava vestida de branco e, pas-
me-se, ia acompanhada por quatro damas
de honor. Este casamento causou grande
expectativa na terra porque, para além da
diferença na roupa da noiva, esta vinha
de Lisboa, e esse facto espevitou a curio-
sidade da aldeia e levou muitos curiosos
a deslocarem-se até à Igreja.
Também é interessante repararmos no
bonito pórtico da velha Igreja Paroquial a
cuja demolição, infelizmente, os benedi-
tenses da altura não tiveram a perspicácia
ou a coragem para se oporem, e a Bene-
dita acabou por perder o único monumen-
to herdado dos Monges de Cister.
A fotografia que apresentamos foi gen-
tilmente cedida pelo casal a que nos re-
ferimos e que vemos na fotografia: o Sr.
Armando Baltazar e esposa, a Sra. D. Ar-
lete Baltazar.
Professora Maria José Jorge
CASAMENTO NA ANTIGA IGREJA PAROQUIALCorria o ano de 1952 quando na Benedita teve lugar o primeiro casamento onde a noiva estava vestida de branco ....
Fernando Maurício publicou três novos
cadernos culturais sobre a freguesia da
Benedita, cujos títulos são: “A Praça/Mercado e
a Feira dos 6”, “45º Aniversário da Associação
Beneditense de Cultura e Desporto” e “A
Água”.
No primeiro caderno, refere as alterações
da praça/mercado do Largo Pe. José António,
ao Largo do Poço Novo (1951), à Praça
Damasceno Campos (1954) e até ao espaço
coberto para que se mudou a partir de 1985,
com registos fotográficos e documentais muito
interessantes. Recolhe também documentação
acerca da feira mensal e da taberna de
Diamantino Lucas, aberta em 1964, no antigo
terreiro da feira, para servir os feirantes e
clientes da feira. Particularmente interessante,
para mim, é o registo da linha de horizonte na
foto do estacionamento no dia de feira (pág.
15): a escola primária, o Salão Paroquial, o
Externato e a silhueta da Igreja Paroquial. Os
edifícios mudaram, as árvores cresceram, o
espaço aberto da Serradinha fechou-se.
As peripécias desportivas de que há registo
na freguesia são o assunto do caderno nº 6: da
União Desportiva Beneditense e da Associação
Desportiva e Recreativa Beneditense até ao
45º aniversário do ABCD. Fernando Maurício
beneficia aliás de uma posição privilegiada
para falar sobre desporto na freguesia, pois
acompanhou a evolução do ABCD, quer como
atleta (1967 a 1972), quer como dirigente
desportivo. Refere os momentos importantes
da história desportiva local, como a primeira
presença no campeonato Distrital da 1ª Divisão
da A.F.L., a inauguração do arrelvamento do
Parque de Jogos da Fonte da Senhora, o jogo
contra o Sporting em 1999, as maiores vitórias
e derrotas na 1ª e 2ª divisão distrital e na 2ª e
3ª divisão nacional. Retrata, neste caderno, os
seus actores, desde a geração de desportistas
de 1948 – Zito, Ramiro, José Patrício, António
Mateus, Cartaxo, Benedito, José Figueiredo,
Necas, José Inácio, António Marques e Olímpio
– em acção no Campo da Feira, com balizas
de madeira. Na fotografia da inauguração do
Campo da Feira podem ver-se outros dois
desportistas e dinamizadores desportivos
de sempre desta freguesia, Manuel Mateus
Ferreira e António F. Marques, ambos falecidos
neste Outono. O presidente da Direcção do
ABCD era, ao tempo, João Vinagre.
O último caderno do trio agora publicado
ocupa-se de outro assunto vital: a água. Há
mais de duas décadas que nas torneiras da
freguesia corre água de Chaqueda, antecedidas
por dezasseis anos de abastecimento com
águas da Fonte da Senhora, puxadas por
uma bomba para o centro da freguesia.
Os tempos de escassez, do cântaro para o
abastecimento dos que não tinham poço ou
cisterna de aproveitamento de águas pluviais,
devem parecer remotos e estranhos aos mais
novos… Há poucos meses, na Fonte Mariana,
o regressar de cântaro cheio à cabeça –
antiquíssimo registo do elo fundamental da
ligação das águas à sustentação da vida – foi
revivido pelas mulheres dos Moinhos Novos,
como neste caderno se regista.
Além de fotografias de poços, fontes,
cisternas e lagoas da freguesia, a localização
dos reservatórios de água da freguesia, ainda
fornece dados interessantes sobre o consumo
de água no concelho de Alcobaça em 2004.
Fernando Maurício permite-nos vislumbrar
a luz, as cores, os locais ou as ocasiões
que nalgumas memórias brilham… e isso é
inestimável.
Professora Ana Luísa Quitério
A PRAÇA, O ABCD E A ÁGUA
SUGESTÃO DE LEITURA
COMBATEREMOS A SOMBRA
No romance Com-
bateremos a Sombra,
Lídia Jorge constrói
um tecido narrativo a
partir das narrativas
que os pacientes de
Osvaldo Campos, a
personagem principal,
lhe vão contando no
seu gabinete de psi-
canalista. Este auto-intitulado decifrador
de histórias vai ser confrontado com uma
realidade que o ultrapassa, arrastando-o
para a teia que se vai progressivamente
construindo.
À semelhança de romances anterio-
res, a autora apresenta-nos, a par da
realidade, um universo marcadamente
onírico, no qual mergulhamos com pra-
zer porque ao leitor é concedido um lu-
gar privilegiado de observação da acção,
que nos surpreende ao virar de cada pá-
gina.
Combateremos a Sombra
Lídia Jorge
Dom Quixote
Professora Luísa Rocha
OLHAR CIRCUNDANTE 11
ANO 3 - Nº 6 TOQUE DE SAÍDA
Sabemos que fez parte da fundação do
Externato. Lembra-se como surgiu a ideia de
criar uma escola secundária na Benedita?
Lembro-me perfeitamente. Como tinha “casa
aberta”, contactava todos os dias com muitas
pessoas e fui-me apercebendo de que havia
famílias que manifestavam desejo de que os
seus filhos continuassem os estudos para além
da primária. Mas só quem tinha bons recursos
económicos é que punha os filhos a estudar fora
da Benedita, e muita gente não podia suportar
as despesas. Então fomos conversando uns com
os outros e o primeiro passo foi conseguir um
espaço, que veio a ser uma fábrica desactivada,
situada junto à actual Santa Casa da Misericórdia.
E pronto, foi o início. Em 1964 inicia-se o primeiro
ano lectivo, com 16 alunos matriculados, e ao fim
de um ano já tínhamos uma direcção, digamos,
oficializada, e pronta a trabalhar para que se
pudessem melhorar as condições. Não esqueço
as ajudas que tivemos de pessoas da freguesia.
O Sr. Manuel Ferreira Ramalho, construtor civil,
ofereceu-se para dirigir as obras que iam ser
feitas, sem remuneração. Foi uma grande ajuda
na altura. Aliás, sem a ajuda da população, teria
sido ainda mais difícil.
Que sente quando vê agora uma escola
organizada, apetrechada e com boas
instalações, e a compara com a do passado?
É com muito orgulho que olho para o Externato e
sinto que desde a sua fundação tem vindo sempre
a crescer, a modernizar-se, enfim, a seguir um
percurso de sucesso. Como pioneiro, não deixo
de me sentir imensamente feliz por ter dado o
meu contributo para o seu aparecimento. Os
tempos de antigamente eram muito difíceis e foi
com muito espírito de sacrifício e perseverança
que se conseguiu pôr a escola a funcionar,
como já disse. Houve sobretudo muita força de
vontade.
No fundo acaba por elogiar a população da
Benedita em geral. Como define o espírito
beneditense?
Os beneditenses são progressistas por natureza.
Investem sem medo e são óptimos colaboradores.
Fui Regedor da Junta de Freguesia durante 20
anos e apercebi-me claramente disso. Parece-
me que o sucesso vem daí, do empenho e da
dedicação a uma causa. Tomei parte na criação
do ABCD, Associação Desportiva e Cultural da
Benedita, e ainda estou ligado a ela, e encontrei
sempre pessoas que se disponibilizavam
a colaborar. Também fui um
dos fundadores dos Bombeiros
Voluntários e sempre senti muitas
pessoas prontas a voluntarizar-se,
nomeadamente jovens. A juventude
adere às iniciativas e, sem a sua
força empreendedora, seria muito
complicado ter-se hoje o que se
tem. A fanfarra é um exemplo disso
mesmo. Os beneditenses são,
sobretudo, uns grandes lutadores.
Fale-nos um pouco da sua
profissão. Parece estar em vias
de extinção…
Sem dúvida, em extinção. Os
jovens actualmente saem mais tarde das
escolas e têm outras ambições, não se sentem
atraídos pela profissão. A vida é diferente, mais
consumista, e o pronto-a-vestir tornou-se mais
prático e adaptado às novas formas de vida.
Por outro lado, a industrialização propagou-se
e a confecção artesanal decresceu, as grandes
superfícies ganharam terreno e este tipo de
actividade não tem grandes motivos para
continuar. Embora haja ainda muita gente que
gosta de roupa feita à mão, por medida. Por isso
mesmo vou-me mantendo activo. Estabeleci-me
em 1952, cheguei a ter 13 pessoas a trabalhar
comigo, a clientela era bastante e tínhamos
sempre que fazer. Três anos mais tarde chega
a electricidade à Benedita e a partir daí a terra
começou a desenvolver-se muito. Havia pessoas
que migravam para trabalhar nas fábricas que
foram surgindo rapidamente e por aqui se iam
fixando.
Actualmente está ligado a alguma instituição
da vila?
Mantenho-me ligado aos Bombeiros e ao ABCD,
apoiando na medida do possível, e vou-me
entretendo com o ofício que aprendi e que ainda
hoje me dá gosto exercer.
O Toque de Saída agradece a disponibilidade
do Sr. Armando Baltazar, fazendo votos para
que continue a apoiar as instituições da
terra, facilitando e permitindo o progresso
da vila mais industrializada do concelho de
Alcobaça. Bem-haja!
Entrevista feita pela professora Clara Peralta
ENTREVISTA A ARMANDO BALTAZAR
“OS BENEDITENSES SÃO PROGRESSISTAS POR NATUREZA.”Armando Ferreira Baltazar nasceu em 1928 na freguesia da Benedita e desde
sempre esteve ligado à Indústria de Alfaiataria. Actualmente “vai-se entretendo”
por amor à profissão. Foi um dos doze fundadores do Externato Cooperativo da
Benedita, tendo sido Presidente da Mesa entre 1965-1968. Dos doze membros
que faziam parte da 1ª Direcção, apenas cinco estão vivos. Foi o 1º presidente
dos Bombeiros Voluntários da Benedita.
SUGESTÃO DE LEITURA
O SILÊNCIO DOS LIVROS
George Steiner
mantém a par de
uma carreira bri-
lhante de profes-
sor universitário
a publicação de
ensaios, de crítica
literária, de obras
de ficção e colabo-
rações regulares
em jornais como
o New Yorker e
o The Guardian. No ensaio O Silêncio
dos Livros seguido de Esse Vício Ain-
da Impune, de Michael Crépu, Steiner
apresenta-nos o seu olhar sobre o “li-
vro” e a vulnerabilidade do mesmo que,
segundo ele, não se verifica só no nos-
so tempo, por esse ser um factor ine-
rente ao próprio livro desde o seu iní-
cio. Além disso, desafia-nos a olhar o
convívio com os livros como um factor
de desumanização e de afastamento da
realidade.
O ensaio de George Steiner é uma
interessante visão do livro e da cultura
livresca, num tempo em que este está
cada vez mais ameaçado pelas novas
formas de leitura.
O Silêncio dos Livros
George Steiner
Gradiva
Professora Luísa Rocha
ARTE E CULTURA12
ANO 3 - Nº 6TOQUE DE SAÍDA
Em Portugal, existem treze bens classifica-dos pela UNESCO como Património da Huma-nidade – entre eles, o Mosteiro de Alcobaça; por todo o mundo, distribuídos por três conti-nentes e quinze países, há outros vinte e um monumentos ou cidades de origem portuguesa que também fazem parte desta lista de bens notáveis e únicos que constituem a memória viva das civilizações.
A Universidade de Coimbra quer jun-tar a Alta Universitária a este conjunto. Os critérios da UNESCO (Organização da Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) são extremamente rigorosos. Cada país só pode submeter uma candidatura de cada vez, duas em situações especiais, sendo necessário provar que se mantêm as característi-cas históricas que lhe dão notabilidade, que se trata de valor genuíno e não arti-ficialmente elaborado para a candidatu-ra, que mantém, juntamente com o pa-pel histórico, a sua total capacidade de servir o tempo presente e, sob pena de exclusão a qualquer momento, que se assume o compromisso de conservar esse lugar ou construção para usufruto das gerações futuras.
A Universidade de Coimbra, a sua Torre com a cabra, a Biblioteca Joanina, a Ca-pela Manuelina, toda a Rua da Sofia, a mito-logia construída à volta dos amores de Pedro e Inês, as capas e batinas, o fado e as bala-das de Coimbra, o Mondego, as antigas igre-jas e praças, os poetas (Camões, Torga, Ma-nuel Alegre, José Afonso, Adriano…), a vida estudantil e a Queima das Fitas, enfim, toda a mística de Coimbra e da sua Universidade simbolizam a juventude e os sonhos de incon-táveis gerações de portugueses, são símbolos
de Portugal no Mundo, de conhecimento e de progresso. Representa também a antiguidade de um país de longo percurso histórico, aon-de se mantêm vestígios visigóticos, romanos, árabes. A própria Universidade, uma das mais antigas da Europa, alberga edifícios de muitos períodos, que se foram substituindo, alteran-do, soterrando, reconstruindo. Cidade históri-ca, nela repousam os dois primeiros Reis de
Portugal, ao mesmo tempo que na segunda metade do século vinte os seus estudantes arriscaram vidas e carreiras na luta contra o fascismo.
Coimbra faz parte do Património de Portu-gal e do Mundo. Material e emocionalmente. Só falta o reconhecimento e integração na lis-ta da UNESCO.
O Externato da Benedita aliou-se a esta candidatura ao trazer a Exposição Alta Entre
Vistas, que divulga a candidatura e os traba-
lhos preparatórios já executados e a execu-tar. A Exposição integra também conferências acerca da candidatura, mas que vão muito para além dela. As três conferências reali-zadas (tendo com oradores, por ordem cro-nológica, o Arq. Nuno Ribeiro Lopes, o Prof. Doutor Mendes da Silva, o Arq. Victor Mestre e o Arq. Gonçalo Byrne) constituíram verda-deiras aulas para todos, professores, alunos
e visitantes. Especialmente para os alunos das Artes e das Huma-nidades, foram momentos notáveis de compreensão dos fenómenos da Arquitectura, da conservação e valorização do Património e do De-senvolvimento Sustentável. Pos-sibilitaram a análise crítica de um caso prático de gestão integrada de um conjunto monumental que se mantém apoiado em três vértices: a necessidade e a capacidade de responder a uma utilização diária por uma alargada comunidade de estudantes, a preservação do va-lor monumental e a visita diária de muitas centenas de turistas.
Por último, uma referência à comunidade escolar do Externato. Muitos alunos e professores tira-
ram o máximo proveito da exposição que foi visitada por toda a escola, ao contrário das escolas vizinhas que não se sentiram mobili-zadas para a visitar, desperdiçando assim uma oportunidade cultural muito rara nesta zona do país e que nós teríamos tido muito prazer em partilhar.
Professora Maria da Conceição Raimundo
EXPOSIÇÃO ALTA ENTRE VISTAS
Frequentemente, a imagem mais generalizada de um centro urbano relaciona-se com o seu sítio original. No estudo actual de uma aglomeração urbana, é difícil avaliar qual a relação que existe entre o sítio e as funções que desempenha ou desempe-nhou. Por vezes, as funções que estiveram na base da escolha do sítio já deixaram de existir ou perderam muito do seu significa-do.
É aqui que enquadro a cidade de Coimbra, e vejo este conjunto de prestigiados arquitectos como mediadores entre a transforma-ção do corpo social do núcleo da Universidade de Coimbra e a or-denação da sua imagem. Sobre o modo dessa mediação, cabe-nos aplaudir e reflectir… foi o que fiz.
Para a larga maioria das dis-ciplinas humanísticas, o “habitar” está essencialmente relaciona-
do com a procura de um abrigo. Contudo, utilizamos o termo a partir da obra do filósofo Martin Heidegger (1889-1976). “Habita-ção quer então dizer algo mais do que um refúgio: implica que os espaços onde a vida se de-senvolve sejam lugares no ver-dadeiro sentido da palavra”. E esses lugares implicam precisa-mente a procura de um significa-do, atribuindo qualidades quer ao interior, quer ao exterior. Ou seja, criando também o espaço que está lá fora.
É esta relação que se vai assumir como central à própria história da cidade, traduzida na dualidade casa-rua. A casa é in-dissociável da cidade enquanto fenómeno civilizacional. É aí que se contrapõem o colectivo e o privado, a sociedade e o indiví-duo. É inegável que a habitação constrói a cidade ao longo dos séculos e define as várias identi-
dades que a estruturam.Instala-se o dilema: Para que
serve a arquitectura do passa-do? Como intervir projectual-mente nestes lugares? O arqui-tecto pode e deve trabalhar a possibilidade de relançar a tra-dição. Este é para mim o mais atraente desafio que o estudo da arquitectura apresenta, e foi este o sentimento que eu encontrei nestas palestras pela voz destes arquitectos.
É aqui que recai a minha re-flexão, não só como arquitecta, mas também como professora… Temos de falar mais em experi-mentar e não em rentabilizar, em inventar e não em calcular, em provocar e não em acomodar. Poderão vocês perguntar – mas isso não significa andar contra a corrente? É esta a minha função enquanto professora: fazer com que os alunos acreditem que a realidade no mundo da arqui-
tectura se condiciona também à construção do sonho e do dese-jo.
O futuro da arquitectura mede-se pela capacidade de transgre-dir os mistérios da concepção. Assim, conceber é libertar os domínios da imaginação gerida e fortalecida no conhecimento, na memória, na tradição. A cir-cunstância é também o ponto de partida do processo do dese-nho. O tema, o programa e o lu-gar determinam a geometria dos elementos arquitectónicos… Alta
Entre Vistas é a prova disso. Estamos perante uma can-
didatura a Património Mundial da Unesco, em que a cidade de Coimbra é protagonista, não só pelas expectativas criadas, como pelas diferenças futuras que es-tes projectos concretizam.
Boa sorte, Coimbra!
Professora Fernanda Baptista
ALTA ENTRE VISTAS - REFLEXÃO
RECRIAR O MUNDO 13
ANO 3 - Nº 6 TOQUE DE SAÍDA
O grupo de teatro Os Gambuzinos adap-
tou aos palcos o romance Meu Pé de Laranja
Lima, de José Mauro Vasconcelos, escritor
brasileiro do século XX, fazendo-me relem-
brar o pequeno Zezé, o Portuga, o Maran-
gatiba, Glória, e árvores com nomes. Ao ver
a peça muitos anos após ter lido o livro, a
história ganhou mais vida. Bem como per-
sonagens que nunca existiram. Serão pura
ficção? Shakespeare disse: “O mundo é um
palco” – no teatro não estaremos a reencon-
trar-nos com o mundo, a ouvir e ver algo que
alguém acha importante dizer-nos?
O deslumbramento começou pelo cenário.
Tão simples quanto belo, laranja e branco. E
continuou: começada a peça, deparamo-nos
com um interessante jogo de identidades:
são actrizes a representar o papel de rapa-
zes (Zezé, Totoca e o menino da bicicleta).
Ainda há não muito tempo – algo como 400
anos, durante o Renascimento – às mulheres
era interdito representar, pelo que tinham de
ser homens a dar voz ao timbre feminino.
A história é-nos contada pelo diálogo en-
tre as personagens que vão surgindo com as
subtis mudanças de cena. Mas só quando
Zezé descobre um amigo e confidente – um
pequeno pé de laranja lima, uma árvore – en-
contrando finalmente alguém do seu tama-
nho, começamos a conhecer realmente esta
criança de cinco anos que gosta de dizer que
tem quase seis. Mas uma árvore?! É alguém
que o ouve, que cresce com ele e com as coi-
sas que lhe vão acontecendo, porque Zezé
lhe conta tudo. A visão do mundo que a La-
ranja Lima tem é a visão das coisas que Zezé
lhe dá a conhecer com as suas palavras. E
dá a conhecer ao espectador. A nós.
A qualidade da peça vai crescendo, tal
como a capacidade de despertar emoções no
espectador, à medida que nos apercebemos
da pobreza em que Zezé vive – uma pobreza
que é de bens materiais, mas ainda mais do
que isso, de ternura e afecto. A história vai fi-
cando mais comovente à medida que nos va-
mos identificando cada vez mais com Zezé,
com a forma como ele desejaria que o mundo
fosse, com o seu brilho de criança e, apesar
de todas as traquinices e pequenas malda-
des, a sua honestidade e verdade.
Os Gambuzinos conseguiram transmitir a
mistura de tristeza e humor que o romance
contém (como a vida). Por vezes o público riu
quando a situação era séria, e por vezes co-
moveu-se quando poderia rir: «Eu não presto
para nada. Sou muito ruim. Por isso é o diabo
que nasce pra mim no dia do Natal e eu não
ganho nada.»
O som e o jogo de luzes foram utilizados
com mestria. O diálogo surgiu por vezes ilu-
minado no meio da escuridão e da atenção
do público. Também houve música. Foi con-
seguida a proeza de tornar um romance para
crianças de 6 anos (idade da leitura) numa
peça de teatro para gente a partir dos 3 (eu
vi pelo menos uma, um menino que estava
com atenção).
Meu Pé de Laranja Lima vai-nos arreba-
tando. Zezé partilha a riqueza proporcionada
pela sua imaginação, desejos e vontade de
ser, com o primeiro amigo: cavalga em liber-
dade pelas pradarias, saindo dos limites do
seu bairro com uma árvore. Depois descobre
um outro amigo, mais real. Zezé descobre a
ternura para logo a perder. Com isto todos
ficamos a saber melhor qual o valor desta.
O Zezé, para mim, é um menino que en-
contro de vez em quando na rua e me conta
uma pequena parte de si. Poderá a adapta-
ção ao teatro de um romance escrito há 40
anos atrás contribuir para a sua leitura? Para
o valor da palavra e do diálogo? Para tor-
nar as personagens mais reais? A vida mais
real? Façamos o nosso papel. Actuemos.
Luís Lucas, ex-aluno do ECB
Teatro no ECB
MEU PÉ DE LARANJA LIMA
Caíram sobre mim pedaços de
mágoa envolvidos em nevoeiro trans-
parente. Essa transparência era de-
vido à falta de cor, à falta de razões
para tais caminhos que apareceram
inesperadamente. Tentei segui-los,
mas senti que aquelas não eram as
minhas estradas, então senti-me sem
caminho.
O melhor seria sentar-me, fechar
os olhos e esperar por um sinal…
Não tinha vontade nem de ficar para-
da, nem de mexer, simplesmente não
percebia a razão dos caminhos que
me foram apresentados.
Depois de balançar sem tombar
para lado nenhum, apercebi-me de
que tinha de conjugar o verbo “agir”.
E foi então que agi, meti a mão no
bolso do casaco e tirei um lenço de
papel, enxuguei as lágrimas de de-
sespero, respirei fundo, tão fundo que
senti, perfeitamente, o ar a entrar nos
pulmões… Apercebi-me de que sozi-
nha tombava e precisava de alguém
que me incentivasse a atravessar a
corda sem cair.
De repente, surgiu aquela for-
ça vinda do nada, surgiram aqueles
abraços cheios de conforto e ternura
que aconchegaram a alma e reforça-
ram a energia.
Estou agora sentada, não porque
não tenha estrada, mas porque as
estradas que tenho são aquelas que
tanto desejei, então sento-me, sere-
na, numa vida desejada.
Num ápice tudo pode voltar… Mas
será por isso que vou deixar de sorrir,
só porque me podem apresentar ca-
minhos pelos quais não optei? Faço
perguntas, vezes sem conta, sobre o
que me rodeia e não percebo. Muitas
das respostas que procuramos são
como as estrelas, sabemos que exis-
tem, sabemos que são importantes,
mas não lhes conseguimos chegar!
Cada estrada é um sentimento,
uma emoção…
Apresenta-nos trilhos, são trilhos
de emoções…
Lea Fonseca, 10.º E
TRILHOS DE EMOÇÕESO que será que eu faria se en-
contrasse uma carta para mim, do
meu pai já falecido? Provavelmen-
te ficaria como Georg, perplexo.
Pois bem, quando Georg descobriu
a carta do pai, leu-a atentamente.
Na carta, o pai fazia-lhe perguntas
às quais Georg iria tentar respon-
der: «O que é um ser humano, Ge-
org? Quanto vale um ser humano?
Somos apenas poeira que se es-
palha em remoinho pelos quatro
ventos?». Entabula-se assim um diálogo entre o pai,
precocemente falecido, e o filho.
O pai conta-lhe também uma história muito interes-
sante, revelando-lhe o quanto ele e a mãe de Georg
tinham batalhado para conseguir ficar juntos, os encon-
tros e desencontros, as alegrias e as desavenças.
A Rapariga das Laranjas, de Jostein Gaarder (Edito-
rial Presença, 2003), é um livro cuja leitura recomendo,
um livro que nos envolve de tal maneira que só conse-
guimos parar de ler quando realmente o acabamos.
Gaarder, JOSTEIN,
A Rapariga das Laranjas,
Editorial Presença, 1.ª edição
Maria do Rosário Ferreira, 11º D
A RAPARIGA DAS LARANJAS
ARTE E CULTURA14
ANO 3 - Nº 6TOQUE DE SAÍDA
Inevitavelmente, todos nós pen-samos, embora o façamos de um modo esparso, espontâneo e acrí-tico. Este modo de pensar consiste numa recusa em analisar de forma cuidadosa e imparcial muitas das ideias que aceitamos. Assim, toma-mos por verdadeiras determinadas ideias, sem sabermos se de facto o são. A esta recusa de avaliar criti-camente as ideias, os especialistas chamam pensamento egocêntri-co, o qual se baseia nos seguintes princípios: algo é considerado cer-to porque sempre o foi (sociocen-trismo inato); algo é considerado verdadeiro porque eu acredito que seja verdadeiro (egocentrismo ina-to); uma ideia é verdadeira porque eu quero que seja verdadeira; uma ideia é verdadeira porque me con-vém acreditar que o seja (egoísmo inato); finalmente, ainda que não tenha justificação para acreditar na verdade de uma ideia, faço-o por-que assim o tenho feito (auto-vali-dação inata). Este modo de usar o pensamento reflectir-se-á nas atitu-
des dos indivíduos, comprometendo a vivência social e a abertura men-tal; por outro lado, torna-se visível a aceitação dogmática de padrões de pensamento que são tomados por verdadeiros sem qualquer prova ra-cional, encontrando-se, assim, legi-timada a imposição destas ideias a todos os indivíduos. Este modo de pensar contrasta com o objecto da nossa reflexão, o pensamento crí-tico.
Sócrates, no século V a.C., con-siderava-se um parteiro da consci-ência, pois tinha por função, não dar à luz a consciência do seu interlo-cutor, mas auxiliá-lo nesse proces-so que visa examinar criticamente as ideias, isto é, verificar racional e imparcialmente se são verdadeiras ou falsas. O resultado deste proces-so seria a constituição de um novo pensar. No século XX, o filósofo inglês Bertrand Russell defendia a noção de higiene mental, entendida enquanto capacidade para esclare-cer e fundamentar as nossas cren-ças mais básicas, que influiriam no nosso comportamento.
Actualmente, tem proliferado pe-las universidades a preparação dos estudantes no pensamento crítico. Recentemente, um dos cursos de engenharia oferecidos pela Univer-sidade Nova de Lisboa inaugurou, entre nós, a cadeira de Pensamen-to Crítico. Também os programas das disciplinas do ensino secundá-rio apontam como finalidade a aqui-sição de um pensamento crítico e
autónomo. Mas a verdade é que muitos alunos terminam o ensino se-cundário sem terem experimentado o pensamento crítico. Até se pode julgar, do ponto de vista do profes-sor, que se criaram condições para a aquisição dessas competências, seja através das estratégias imple-mentadas, seja pela formulação de questões sujeitas a avaliação. No entanto, o pensamento crítico adqui-re-se pelo exercício e pelo trabalho socrático do professor, ao auxiliar a irrupção de uma nova consciên-cia. Ou seja, o professor deve dar o exemplo de como se pensa criti-camente, de modo a que os alunos possam orientar-se por um modelo, em vez de se julgar, em linguagem construtivista, que o aluno desco-bre por si mesmo os padrões de um pensamento autónomo e crítico. De facto, a leitura construtivista, a meu ver, não se enquadra neste modo de aprender.
Afinal, o que é o pensamento crítico? Trata-se de um modo de usar o pensamento sobre qualquer tema ou problema, em que o pen-sador testa a qualidade do seu pen-samento e revela um conjunto de destrezas, tais como: 1) questionar a informação trabalhada; 2) escla-recer os conceitos utilizados; 3) ser claro e preciso; 4) apresentar ideias relevantes; 5) avaliar as inferências realizadas; 6) avaliar a implicação das ideias defendidas; 7) defender uma posição; 8) analisar diferentes pontos de vista; em suma, pensar
criticamente e criticar o pensamen-to. Criticar o pensamento é o resul-tado do pensamento crítico, que se avalia nas virtudes intelectuais que o aluno apresenta – autonomia, hu-mildade, empatia, imparcialidade, confiança na razão, perseverança, curiosidade.
Repare-se que o pensamento crítico não é apenas apanágio dos filósofos, mas o modo de usar o pensamento sobre qualquer tema ou problema. De facto, filosofar é pensar de um modo crítico sobre determinados problemas específi-cos da Filosofia, mas isso não inva-lida que este modo de pensar seja usado pelas várias áreas do saber. A um cientista também se pede um pensamento auto-analisado e des-centrado, tal como aos demais pro-fissionais.
Com a implementação do Pla-no de Bolonha nas universidades, o sucesso dos alunos dependerá da sua capacidade de usar autóno-ma e criticamente o pensamento. O sucesso da assimilação destas capacidades está causalmente li-gado à sua exercitação. Ainda que, ao nível teórico, estas capacidades sejam analisadas e exercitadas na disciplina de Filosofia, a proficiên-cia do seu uso dependerá da apli-cação deste modo de pensar nas restantes áreas do saber.
Professor Valter Boita
DO PENSAMENTO CRÍTICO À CRÍTICA DO PENSAMENTO
O Monte
dos Venda-
vais, de Emily Brontë, é um livro românti-co. Apesar de não apreciar algumas ca-racter íst icas do Romantis-mo, confesso que este livro
me surpreendeu e que gostei bas-tante da sua leitura.
É uma história de amor levada ao extremo, em que a resolução dos conflitos e a felicidade são en-contradas pela geração seguinte. Heathcliff e Catherine, os protago-nistas, apesar de se amarem, não conseguem consumar o seu amor e a maior parte da história é regida pelo desejo de vingança de Hea-thcliff.
A minha personagem favorita é justamente Heathcliff. De início,
senti pena pela sua condição de ór-fão e pela maneira como foi tratado. Mas, com o avançar da narrativa, pude perceber que era cruel e se-dento de vingança. Aliás, o seu de-sejo de vingança tornou-se tão forte que não se importou de arruinar a vida de personagens que nada ti-nham que ver com as suas mágo-as, revelando não ter escrúpulos. No entanto, o ambiente de mistério criado em volta desta personagem fascinou-me! No fundo, as únicas personagens por quem o implacá-vel Heathcliff nutria afecto eram Ca-therine, por quem sentia uma pai-xão avassaladora, e Hareton que, por estranho que pareça, idolatrava Heathcliff.
O final de Heathcliff é assusta-dor: termina louco, implorando pelo fantasma de Catherine, No entanto, consegue aquilo que sempre dese-jou, repousar junto de Catherine.
As passagens da narrativa de que mais gostei correspondem ao
momento em que Heathcliff conta as suas intenções em relação às sepulturas: «Induzi o coveiro (…) a remover a terra de cima do caixão dela, e abri-o. Naquele momento pensei que iria ficar lá: quando lhe vi o rosto… era ainda o seu… foi difí-cil ao homem arredar-me dali. (pág. 221); e ao momento em que Hea-thcliff admite a sua loucura: «Sabes que a sua morte me deixou como louco. Sempre, de uma alvorada a outra, implorei que a sua alma me visitasse. (…) No dia em que foi en-terrada caiu imensa neve. À noite, fui ao cemitério. (…) Estando só, e consciente de que duas jardas de terra solta eram a única barreira que nos separava, (…) Tirei uma pá do telheiro das ferramentas e comecei a retirar a terra. A pá bateu no cai-xão. Trabalhei depois com as mãos. A madeira principiou a estalar junto dos parafusos e eu estava já pres-tes a atingir o meu objectivo quando me pareceu ouvir um suspiro como
de alguém à beira da cova, inclina-do sobre mim.» (pág. 222, capítulo XXIX).
Apesar do ambiente assustador e triste durante a maior parte do li-vro, apreciei bastante o final, por-que penso que o amor de Heathcliff e Catherine ficou resolvido por Ca-thy e Hareton. A geração seguinte não cometeu os mesmos erros que a anterior e foi feliz.
Na minha opinião, o livro está escrito numa linguagem clara e não muito complicada e a narração tor-na a história emocionante, pois a acção vai-se desenrolando sempre de forma inesperada.
BRONTË, EMILY,
O Monte dos Vendavais,
Publicações Europa-América
Marina Rosário, 12º E
O MONTE DOS VENDAVAIS
RECRIAR O MUNDO 15
ANO 3 - Nº 6 TOQUE DE SAÍDA
Olho para o inspirador Tejo,
Penso em mim e no que desejo!
As Tágides levaram-me o amigo,
Rio que tens meu amado,
Traz-mo de volta para o meu lado.
Olho para o inspirador rio,
Penso em ti e no que confio!
As Tágides levaram-me o amigo,
Rio que tens meu amado,
Traz-mo de volta para o meu lado.
Penso em mim e no que desejo,
Como eu queria dar-te um beijo!
As Tágides levaram-me o amigo,
Rio que tens meu amado,
Traz-mo de volta para o meu lado.
Penso em ti e no que confio,
Ó meu amado, ó meu amigo!
As Tágides levaram-me o amigo,
Rio que tens meu amado,
Traz-mo de volta para o meu lado.
Como eu queria dar-te um beijo!
Ó meu amado, meu pescador!
As Tágides levaram-me o amigo,
Rio que tens meu amado,
Traz-mo de volta para o meu lado.
Ó meu amado, ó meu amigo!
Água do rio trá-lo contigo!
As Tágides levaram-me o amigo,
Rio que tens meu amado,
Traz-mo de volta para o meu lado.
Lea Fonseca, 10.º E
À MANEIRA DOS TROVADORES MEDIEVAIS
O Sol acompanhou o nascimen-
to da Terra há muitos milhões de
anos e é ele a nossa principal fonte
de luz, assim como uma fonte de
aquecimento, possibilitando por
isso a existência de vida na Terra,
tendo sido adorado como um deus
no Antigo Egipto: aquele que orga-
nizou o mundo e que o susteve.
As plantas necessitam da luz
solar para realizar a fotossíntese,
e possibilitam lindas paisagens e
magníficos espaços verdes, assim
como são essenciais para a vida
humana, pois enviam oxigénio para
o meio ambiente. Os animais pre-
cisam da luz solar para sobreviver,
e a diversidade e as características
das espécies são espectaculares e
magníficas. O Sol permite o desen-
volvimento da vida humana e é útil
para a produção de energia eléctri-
ca, tão necessária ao Homem, sen-
do uma fonte renovável que não
polui e não se esgota. Contudo,
devido aos nossos comportamen-
tos, o Sol tornou-se uma das maio-
res ameaças para a Terra, pois os
seus raios ultravioleta são enviados
para a Terra, e a quantidade retida
pelos gases de estufa é cada vez
maior, devido à poluição. Isto leva
ao aquecimento global que acarre-
ta diversos problemas, como o au-
mento de temperatura terrestre, o
degelo, a destruição de habitats, a
desertificação…
Revelando e contagiando o céu
com toda a sua beleza, o Sol pro-
porciona-nos magníficas paisagens,
desde o nascer ao pôr-do-sol, às
fascinantes fases da Lua que es-
timulam os artistas a transpor tais
belezas para as mais diversas ar-
tes.
Parceiro das mais belas viagens
a praias e locais tropicais deste
mundo, o Sol convida-non ao pra-
zer, quer seja o descanso ou a prá-
tica de desporto nas maravilhas na-
turais da Terra.
Metáfora da vida, metáfora em si
mesmo. Assim como a Terra gira à
volta do Sol, a sua fonte de luz, nós
também devemos seguir em torno
dos nossos sonhos, procurando a
nossa fonte de luz e de vida. Cum-
prido o sonho, basta viver em torno
da nossa órbita.
Perante tal grandeza, inspiro-me
com a luz que ele irradia e que nos
proporciona a vida. Não pares de
brilhar, não apagues a tua luz, ve-
lho companheiro cintilante
João Luís Santos, 11º C
SOL METÁFORA DA VIDA
Ó águas do Sado,
Levastes o meu amado.
Quando volta para mim?
Ó águas do rio,
Levastes o meu amigo.
Quando volta para mim?
Levastes o meu amado,
Ai, o quanto tenho chorado!
Quando volta para mim?
Levastes o meu amigo.
Estará ele em perigo?
Quando volta para mim?
Ai, o quanto tenho chorado
Neste mar alvoroçado!
Quando volta para mim?
Estará ele em perigo?
Diz-me, ó sol, meu porto de abrigo!
Quando volta para mim?
Joana Dinis, 10.º E
Ondas do mar,
Queirais vós andar!
Viestes para me ver
e morrestes no amanhecer!
Liberta o meu ser!
Ondas marinhas,
Trazei as andorinhas!
Vida que quereis ter
E sonhastes no amanhecer!
Liberta o meu ser!
Queirais vós andar,
Num dia à beira-mar!
Viestes para me ver
E morrestes no amanhecer!
Liberta o meu ser!
Trazei as andorinhas
E levai saudades minhas!
Vida que quereis ter
E sonhastes no amanhecer!
Liberta o meu ser!
Joana Matias, 10.º E
GOSTAVA QUE A POESIA FOSSE FÁCIL
Gostava que a poesia fosse fácilGostava de ter um tema, de o desenvolverDe fazer sonetos em verso decassilábicoa rimar abba abba cde cdeGostava que me ocorressem frases bonitase figuras de estilometáfora, hipérbole, antíteseGostava de falar de amore de natureza, amizade e floresMas é difícil quando já não se sente nadaquando já não existem cores ou músicaDe todo não sei o que escrever ou o que dizer quando não existe mundo lá fora
Marta Santos, 11º A
A ESCOLA É FIXE!
QUADRO DE MÉRITO
Os nomes dos alunos que em
2007 se destacaram pelo seu
desempenho e aproveitamento
constam do Quadro de Mérito
que pode ser consultado no web
site da nossa escola. A estes
alunos, o Toque de Saída apre-
senta congratulações.
Beatriz Serrazina, 10F
OLHAR CIRCUNDANTE16
ANO 3 - Nº 6TOQUE DE SAÍDA
Termina o ano 2007 que o Par-lamento e o Conselho Europeus decretaram como Ano Europeu da Igualdade de Oportunidades para Todos. Daí ter ido repescar um arti-go que escrevi em 2003 para a re-vista Vértice, da Editorial Caminho e que, pela sua actualidade, aqui publico em versão condensada. Este artigo teve por base um traba-lho de investigação realiza do sob orientação do Prof. Dr. Herculano Cachinho, na Faculdade de Letras de Lisboa, intitulado “A feminização da pobreza”.
Simone de Beauvoir, no seu li-vro O Segundo Sexo, cita Poulaine de Ia Barre: «Tudo o que é escri-to pelos homens sobre as mulhe-res deve ser suspeito porque eles são ao mesmo tempo juiz e parte». Mesmo assim, arrisco. Em que sen-tido deve ser entendido o conceito de feminização da pobreza?
Este con ceito refere-se não ao aumento da pro porção de mulheres entre os pobres, pois o sexo femi-nino sempre esteve sobre-repre-sentado na população pobre, mas ao facto de na actualidade a trans-formação dos modelos familiares e das relações laborais serem uma agravante à precariedade dos re-cursos pessoais das mulheres,
quer do ponto de vista material, quer em ter mos de privação cultu-ral. Há maior incidência da pobreza no sexo feminino; a pobreza femini-na tem maior visibilidade e há uma maior consciência da mesma, em especial por parte das próprias mu-lheres.
Os factores demográficos e bio-lógicos, como o envelhecimento e o estado de saúde, contribuem for-temente para o agravamento deste flagelo, mas é a alteração da estru-tura familiar, onde as mulheres sur-gem como um grupo de risco, tendo em conta o aumento dos divór cios e das famílias monoparentais, uma das suas principais causas. Ge-neralizados os processos de in-dustrialização e urbanização nas sociedades ocidentais, surgiu um novo modelo de família, sobre tudo após os anos 60: pessoas isoladas, famílias monoparentais, casais sem filhos, uniões de facto, etc. As mulheres com encargos familiares não partilhados revelam-se extre-mamente vulneráveis a processos bruscos de empobrecimento. Kauf-mann, em obra publicada em 1990, afirmava que «A monoparentalida-de é, em certos casos, o próprio exemplo de uma nova modalidade de entrada na pobreza a partir de factores familiares». Isto poderá decorrer de dificuldades de adapta-ção a uma nova situação na qual se verifica em simultâneo a insufi-ciência de recursos sociais e de ca-pacidades pessoais que permitam um ajustamento não precarizante à nova realidade. Acresce a perda de solidariedade familiar, em certos casos.
O baixo nível de rendimentos das famílias monoparentais liga-se a uma série de factores: há um único produtor de rendimentos que é, na maioria dos casos, uma mu-lher, logo, dispõe de um salário
geralmente baixo; e as exigências do cuidado das crianças limi tam as hipóteses de trabalho da mu-lher. Ora, para ter o mesmo nível de vida, uma família monoparental precisaria de maior rendimento per capita do que uma família biparen-tal, na medida em que do divórcio resulta geralmente a constituição de dois lares. O facto de as famí-lias monoparentais femininas, titu-lares do rendimento mínimo, serem 21%, enquanto as monoparentais masculinas serem 1%, concorre para o aumento da fe minização da pobreza.
A reestruturação económica e a recomposição do mercado de emprego são também factores de grande influência numa possível si-tuação de pobreza, essencialmente devido ao aumento do desemprego e ao facto de os salários serem re-duzidos. As mulheres são normal-mente os principais alvos desta re-alidade, na medida em que, muitas das vezes, os seus salários são en-tendidos como sendo complemen-tares e secundários em relação ao do cônju ge, pois o salário des-te constitui o suporte principal do rendimento familiar. Perante esta realidade e com um eventual divór-cio, a mulher fica numa situação extremamente complicada, com um rendimen to insuficiente para uma digna sobrevivência da família.
Dados específicos relativos às mulheres confirmam que em Portu-gal há profundas desigualdades de género que se agravam com o re-trocesso nas políticas económicas e sociais. O facto de o maior núme-ro de desempregados serem mu-lheres, as discriminações salariais a que estão sujeitas, a maior pre-cariedade no emprego que atinge o sexo feminino, bem como o facto de serem mulheres o maior número de beneficiárias do Rendi mento Mí-
nimo Garantido, são factores que indicam e podem tor nar-se expli-cativos da maior incidência deste fenómeno no sexo fe minino.
Também o acesso das mulheres à protecção social é decorrente do exercício de uma actividade profis-sional. Sabendo que a atribu ição das prestações está correlaciona-da com as condições da activi dade profissional das mulheres, e peran-te as suas limitações de inte gração e participação no mercado de tra-balho, os seus efeitos vão repercu-tir-se indirectamente no acesso de-sigual à protecção so cial. Aliás, um dos problemas fundamentais das mulheres activas reside no facto de usufruírem de uma deficiente pro-tecção social devido ao tipo de ac-tividade profissional que desempe-nham ou desempenha ram: serviços pouco qualificados, trabalho a tem-po parcial como forma de subem-prego e outros empregos atípicos a que cor respondem as mais baixas remunerações. Assim, os baixos salários das mulheres determinam um baixo nível de protecção social ao longo da sua vida: nos valores dos subsídios de desemprego, de doença, de maternidade e também no das pensões e das reformas. A pobreza tem um rosto de mulher e os factores enunciados concorrem para o aumento da pobreza entre as mulheres.
No entanto, a pobreza não é uma questão genética nem uma fatalidade, mas sim um fenómeno construído económica, cultural e socialmente. Lutar pela erradica-ção da pobreza é um desafio que se coloca a todos neste novo milé-nio. Que ninguém se demita de dar o seu contributo.
Professor Ricardo Miguel
A POBREZA TEM UM ROSTO DE MULHER
Setembro…, o regresso às au-las, mas também um mês de más memórias. A recordação de um dos mais trágicos problemas do nos-so tempo: o terrorismo. Entendi-do como «uso da violência contra inocentes para fins políticos e mi-litares», apresenta diversas faces que, como a mítica Hidra, parecem não ter fim.
Não podemos deixar de nos pre-ocupar com este monstro do nosso tempo que, ampliado pelas novas tecnologias, ganha dimensão glo-bal. Este problema de ética práti-ca, também objecto de estudo em filosofia social e política, é anali-sado por Martha Nussbaum e Lois Pojman, dois filósofos americanos contemporâneos.
Martha Nussbaum, especialista em filosofia das emoções, propõe
o sentimento de compaixão como complemento da dignidade huma-na, característica fundamental da natureza humana tal como era en-tendida por Kant. Este sentimen-to aplica-se não só aos humanos, mas a todos os sencientes (seres com capacidade de sentir dor ou prazer). Considera que a simpatia e a compaixão, só por si, não são suficientes, pois estes sentimentos são muito instáveis; quando liga-mos a TV ou folheamos o jornal, fi-camos chocados e indignados, mas depressa esquecemos e voltamos ao nosso relativo conforto quotidia-no. Por outro lado, o respeito pela dignidade humana como razão su-ficiente para o respeito moral, não só deixa de lado outros seres sen-cientes, como é impessoal e pode levar ao conservadorismo, tolhen-
do na prática a simpatia de que é feita a luta por bens essenciais e condições de vida mais dignas. A solução passaria pela sua comple-mentaridade.
Lois Pojman defende que os pro-blemas actuais não têm fronteiras, por isso a solução, a ser possível, seria global. Um determinado esta-do não tem direito ético aos recur-sos naturais, visto a sua pertença ser aleatória e depender da sorte. Propõe a criação de leis internacio-nalmente eficazes que combatam o terrorismo e promovam a paz. Tal implicaria um governo mundial, compatível com os nacionalismos que teriam de ser moderados e as riquezas básicas redistribuídas. A dignidade humana e o imperativo moral cosmopolita seriam a base da cidadania planetária, apoiada
nos direitos humanos fundamen-tais.
Estas ideias não são isentas de dificuldades: os terroristas também seriam dignos de compaixão? Que tipo de instituição asseguraria o governo mundial? E a ser criada, o fantasma da corrupção e do tota-litarismo não assombraria tal insti-tuição? Talvez não haja soluções…, parte da solução talvez passe pela educação: a compaixão crítica é serena, aprende-se, e a cidadania planetária cultiva-se, faz parte do trabalho de cada um de nós, para que as crianças e os jovens conti-nuem a sonhar e nos presenteiem com os seus sorrisos.
Professora Graça Silva
TERRORISMO E ÉTICA
OLHAR CIRCUNDANTE 17
ANO 3 - Nº 6 TOQUE DE SAÍDA
Tomboco, uma província angolana caracte-rizada pela extrema pobreza, não possui água (andam perto de 4 km para trazer água à ca-beça); a luz vem de pequenos geradores ou velas; as acessibilidades são uma autêntica adversidade (para percorrer 80 km são ne-cessárias 5 horas), ainda mais quando as es-tradas são constituídas por pó. As casas não têm mais que uma ou duas divisões, a cozinha é na rua, e no chão andam ratazanas o que faz com que os focos de doença aumentem. A vida da população é bastante difícil: com um solo bastante seco, infértil e a dependência da agricultura, vivem do que produzem, o que não é muito. Contudo, estes mesmos campos de cultivo estão cheios de minas deixadas pela guerra.
No entanto, existe algo de invulgar nesta população: antes de iniciarem o dia de traba-lho, vão à missa, pedindo a Deus que lhes dê
força para mais um dia. A extrema pobreza traz também uma alimentação incompleta. Maiori-tariamente, a população só tem uma refeição por dia, normalmente constituída por farinha de mandioca e água. Nestas pessoas, pode observar-se que, embora muito sofredoras, não tendo nada, dão a maior importância à mais pequena coisa, ao invés da nossa socie-dade fútil e consumista. Nota-se que a riqueza está em cada pessoa, na sua simplicidade, no modo de enfrentar a vida com um sorriso.
«A recepção do nosso trabalho por parte das populações é das melhores possíveis» - diz-me uma voluntária. Ao chegar às comuni-dades, as pessoas olham para os voluntários com curiosidade, por verem tantas pessoas de raça branca, mas desde logo se estabe-lece uma empatia. Abrindo os seus corações, recebem estes missionários com danças e cânticos, dando o melhor que têm, às vezes
abdicando de uma peça de fruta e sempre sor-ridentes…
Estes missionários abandonam os seus tra-balhos, fazem férias de outra forma, deixam as famílias, dando tudo o que têm. A mesma voluntária leiga explica o porquê desta deci-são. «Eu decidi entregar-me à missão porque já era um sonho de pequena, um sonho que sempre tive, ir em missão voluntária para Áfri-ca, estar com crianças maltratadas e abando-nadas. Participo nestes voluntariados porque sinto uma paixão pelos outros, sejam pobres ou ricos, crianças ou idosos». Para este esfor-ço, para que seja possível realizar este sonho, é preciso muita determinação e motivação. Ao longo da conversa, admiro esta voluntária pelo ser humano que tem dentro de si. Interrogo-a sobre o que a motiva, ela responde-me da se-guinte forma:
«Não nos podemos esquecer que Alguém nos ama e sempre disse: temos de amar-nos uns aos outros… Considero-me um ser huma-no com coração, disponível para amar e ajudar quem precisa, seja rico ou pobre. Este povo mostra o seu amor de uma forma extraordiná-ria, a simplicidade e a humildade de uma for-ma tão sincera, são os outros que me cativam para continuar a ser leiga…».
(Esta reportagem foi elaborada com a aju-
da de Gabriela - leiga missionária do Grupo
Diálogos, associado à Congregação do Verbo
Divino. Sem a sua ajuda nada disto seria pos-
sível, recebeu-me em sua casa como se fos-
se um membro da família. Agradeço-lhe por
isso. Agradeço também ao jornal por dar estas
oportunidades aos alunos.)
Ricardo Paulo, 10º H
TOMBOCO - ANGOLA
Quando pensamos em Resídu-os, o nosso primeiro pensamento devia ser a Redução, porque isso implica fazermos planeamento do que realmente nos é essencial. Seguidamente, e em termos de valorização dos resíduos, deví-amos pensar na Reutilização, o que não pressupõe qualquer tipo de modificação ou alteração dos materiais. E somente depois deví-amos pensar na Reciclagem que, ao contrário do processo anterior, implica um manuseamento do re-síduo para ser (re)utilizado no mesmo fim, ou em fins diferentes.
Incluída no processo de reci-clagem, a compostagem e a di-
gestão anaeróbia (processo que envolve a degradação biológica da matéria orgânica em condições de ausência de oxigénio) são con-sideradas reciclagem porque são processos quase naturais de de-gradação dos resíduos. Claro que não são totalmente naturais, pois o homem cria as condições para o processo decorrer, mas, no fim, teremos a tal fracção de compos-to que pode voltar ao solo e, neste caso, fechar o ciclo.
Em termos de hierarquia, po-demos dizer que temos uma pi-râmide. Na base está a redução, depois a reutilização e, no topo, a reciclagem.
Em Portugal temos uma pirâ-mide que se encontra invertida. Invertida porque coloca no topo a eliminação dos resíduos e não a sua valorização. Nós estamos exactamente a privilegiar a eli-minação, uma vez que os des-perdícios são colocados no solo, em aterros sanitários, já que nos-
so país a deposição em aterro é o destino principal dos resíduos; de seguida temos a reciclagem e, bem lá no fundo, a reutilização.
Entre nós, a reciclagem come-ça a ganhar alguma expressão. Já existem algumas centrais de tria-gem, às quais, de forma tímida, algumas pessoas vão aderindo, através dos Ecopontos. Contudo, representam uma percentagem muito pequena da população. Esta falta de hábitos ecológicos tem a ver com questões culturais e com falta de motivação, pois a reciclagem só tem sentido se a separação se realizar na fonte. As pessoas olham para os resíduos como um mal de que têm de se livrar. Ora temos de os encarar, não como um desperdício ao qual atribuímos um valor negativo, mas como uma fonte de matéria-prima que podemos valorizar ou reciclar.
No âmbito do processo de au-toavaliação da escola (C.A.F.),
uma das equipas responsáveis pela implementação de medidas de melhoria tem por objectivo pro-mover no seio da comunidade es-colar acções que visam a redução e a reciclagem de desperdícios. Trata-se de uma equipa multidis-ciplinar, constituída por professo-res que pretendem intervir activa-mente neste processo de redução de consumos e na reciclagem.
Intervir como? Quando?Esta acção desenvolver-
se-á durante o ano lectivo de 2007/2008, através de actividades de promoção e de sensibilização para as boas práticas. Tendo como alvo toda a comunidade escolar, a premissa assenta na máxima: agir localmente, mas pensar global-mente, para que as boas práticas realizadas dentro da comunidade escolar possam ser adoptadas nas casas de cada um…
Professora Ana Duarte
(membro da equipa de melhoria 3)
A PIRÂMIDE
Em Portugal temos uma pirâmide que se encontra invertida. Invertida porque colo-
ca no topo a eliminação dos resíduos e não a sua valorização.
MENTE SÃ EM CORPO SÃO
ANO 3 - Nº 6TOQUE DE SAÍDA
18
O Xadrez para mim é uma filosofia de
vida, um jogo, uma ciência, uma arte!
Spassky, ex Campeão do Mundo que
perdeu o título para o americano Bobby Fis-
cher em 1972, em plena Guerra Fria, defi-
niu o xadrez da seguinte forma: «O xadrez
é como a vida». E ele mostra coerência na
sua afirmação. Repare-se que o jogo de
xadrez tem três fases: a abertura, o meio-
jogo e o final. Na vida temos a infância, a
meia-idade e a velhice. No xadrez, se tiver-
mos uma boa abertura, se sairmos bem e
com vantagem, teremos um meio-jogo con-
sistente e um final seguro, ganhando facil-
mente a partida. Na vida, se tivermos uma
boa infância, temos estrutura para aguentar
uma boa meia-idade e, provavelmente, uma
velhice estável.
Por tudo isto, defendo que a criança deve
ser iniciada no xadrez desde tenra idade, 6
ou 7 anos, para que aprenda a pensar. E,
sem se aperceber, entrará no raciocínio ma-
temático, na aprendizagem do Português,
no desenho, nas línguas estrangeiras (os
livros sobre xadrez são sobretudo em es-
panhol e em inglês), na informática (com a
Internet é possível buscar informação, jogar
on-line, acompanhar ao segundo as parti-
das que estão a decorrer, verificar que tor-
neios estão a realizar-se ou se realizaram).
Também há material de treino on-line, des-
de a iniciação até ao alto nível (ver em www.
chessbase.com).
Quando começo a dar os primeiros trei-
nos a crianças do 1º ciclo, solicito-lhes que
tragam um caderno quadriculado, lápis, bor-
racha e régua. Para quê? Para desenharem
os diagramas (tabuleiros) e aí colocarem as
posições estudadas. Assim, aplicam técni-
cas de desenho. Depois visualizam no es-
paço, mentalmente, os movimentos a efec-
tuar e as suas variantes, repetidas vezes,
desenvolvendo a memória visual. Têm de
conhecer bem o tabuleiro, saber a localiza-
ção das várias casas, por exemplo: a casa
“a1” é uma casa preta do lado das brancas
onde está situada uma das Torres no início
do jogo. Outro exemplo: saber (sem ver o
tabuleiro) todas as coordenadas da diago-
nal maior preta “ a1 a h8”. É possível treinar
a mente para este tipo de desafios.
As competições escolares e federadas
são muito importantes porque implicam jo-
gar com relógio. Têm por isso de aprender a
gerir o tempo, pois se ultrapassarem um de-
terminado tempo perdem a partida. Treinam-
se assim para ser metódicos, ter regras,
respeitar o adversário. As competições são
também importantes porque abrem os ho-
rizontes nas relações humanas e permitem
fazer novas amizades. As competições in-
ternacionais fomentam além disso a apren-
dizagem de línguas estrangeiras.
Nas competições em ritmo clássico, onde
uma partida poderá demorar 4 horas, é pre-
ciso ter uma grande preparação física para
manter um nível elevado de concentração.
Uma falha de concentração pode ditar a der-
rota ou mesmo o empate quando a vitória é
o que se procura. Neste ritmo de jogo, exis-
tem registos dos lances efectuados, logo, é
possível reproduzir toda a partida que pode-
rá ser analisada para identificar os erros co-
metidos e evitar que se repitam. Um jogador
que cometa muitos erros, por exemplo na
abertura, não sabe jogar os primeiros lan-
ces, que são teóricos. Terá de investigar em
livros, na Internet ou nas bases de dados
de partidas, a abertura que jogou, verificar
onde cometeu o erro e apreender os planos
estratégicos da abertura em causa. Entra-
mos assim no campo da investigação e apli-
cação do método científico. Na análise das
suas próprias partidas, os jogadores têm de
justificar – a si próprios e ao treinador – os
lances que fizeram. E têm de saber eliminar
o erro da partida e aprender a recuperar, no
jogo tal como vida! Dar a volta por cima!
Percebem agora porque é que eu ensino
xadrez? Para formar os Homens de ama-
nhã, com princípios éticos e competitivos.
Professor José Cavadas
“A” CAMPEÃ DISTRITAL DE LEIRIA EM
RITMO SEMI RÁPIDO
No passado dia 9 Setembro realizou-se
o Campeonato Distrital Equipas em ritmo
semi-rápido, com a presença de 6 equipas.
O sistema utilizado foi o de Todos contra
Todos, no ritmo de 20 minutos por jogador
e por partida.
A Equipa “A” da Academia Xadrez da
Benedita (Iskren Dzambazov, Pedro Ro-
drigues, Jorge Bastos e Mariana Silva) é a
nova Campeã Distrital 2006/07.
Professor José Cavadas
ACADEMIA XADREZ
PORQUE ENSINO XADREZ?
1. Os Hóspedes
Num hotel para gatos e cães, 10% dos cães
julgam que são gatos e 10% dos gatos julgam
que são cães. Após cuidadosas observações,
conclui-se que 20% de todos os hóspedes
pensam que são gatos e que os restantes
80% pensam que são cães. Se no hotel es-
tão hospedados 10 gatos, quantos cães estão
hospedados no hotel?
2. A toalha da Alice
A Alice queria uma toalha rectangular, mas
só tinha uma redonda (circular). Então do-
brou-a em 4 partes iguais e cortou-a da forma
indicada a tracejado na figura. Qual a medida
da área do tecido desperdiçado?
SOLUÇÕES - TOQUE DE SAÍDA Nº5
Sou uma palavra de 6 letras.Resposta: Escola
Quem namora com quem? Resposta:A Inês namora com o João e dança com o
Luís. A Carla namora com o Tiago e dança com o Bruno. A Helena namora com o Luís e dança com o Tiago. A Mónica namora com o Bruno e dança com o João.
Os ovosResposta: 7 ovos
O Xico comprou esta barra de chocolate.
Qual destas 3 casas é maior?As que têm escala uma 1/1000 e 1/500 são
iguais e maiores que a que tem uma escala 1/250.
Problema dos interruptoresAcendemos o interruptor nº 1 e deixámo-lo
ligado alguns minutos. Passado esse tempo, desligámos esse interruptor e ligámos o in-terruptor nº 2. De imediato entrámos na sala e tocámos na lâmpada. Se a lâmpada estiver apagada e quente, é porque o interruptor cor-recto é o nº 1. Se estiver acesa, o interruptor correcto é o nº2. Se estiver apagada e fria, o interruptor correcto é o nº 3.
Problema do sapateiroO comerciante perdeu o valor dos sapatos
mais 10€ que deu de troco mais 50€ que teve de entregar ao vizinho, ou seja, perdeu 100€.
ENIGMAS
MENTE SÃ EM CORPO SÃO
ANO 3 - Nº 6 TOQUE DE SAÍDA
19
Este projecto surge pela ne-
cessidade de, cada vez mais,
ter de ser a escola a fomen-
tar boas práticas nos nossos
jovens, relativamente ao exer-
cício físico, à alimentação e à
saúde em geral.
O aumento do urbanismo
nas sociedades industrializa-
das conduz, frequente e facil-
mente, a estilos de vida pou-
co saudáveis: sedentarismo
e “fast-food”. A obesidade daí
resultante constitui já uma das
grandes epidemias do séc.
XXI, epidemia que os serviços
de saúde terão de enfrentar.
É neste momento a doença
nutricional prevalente a nível
mundial, atravessando todas
as raças, etnias e grupos so-
ciais.
Assim, este projecto pro-
cura dispensar orientação,
acompanhamento e informa-
ção aos alunos que revelem
problemas de saúde, como
por exemplo obesidade in-
fantil, anorexia e bulimia que
muitas vezes derivam de uma
ausência de actividade física
e de uma alimentação equili-
brada. Viver+ procura orientar
estes alunos para uma prática
autónoma e saudável de acti-
vidade física, bem como para
hábitos alimentares saudáveis
e adequados.
Assim, colocámos à dispo-
sição dos alunos, professores
e funcionários da escola um
gabinete onde se podem di-
rigir para esclarecer dúvidas
relacionadas com alimentação
e prática de exercício físico. O
gabinete atende à 3ª feira, das
15 às 16 horas.
Integram este projecto os
professores Isabel Paixão, Lu-
ísa Fonseca, Miguel Fonseca
e Pilar Peres.
Professor Miguel Fonseca
PROJECTO VIVER +
Como todos sabemos, nada se pode fazer para evitar o en-velhecimento humano, no en-tanto está provado que um estilo de vida saudável pode atrasá-lo, bem como evitar que seja acom-panhado por doenças degene-rativas como a arterosclerose, o reumatismo, as cataratas, o cancro e outras, cuja incidência costuma aumentar na terceira idade.
Causas do envelhecimento
1º O relógio biológico – en-contra-se em cada uma das cé-lulas do organismo. Chegada uma determinada idade, desen-cadeia-se o envelhecimento e a morte, por muito saudáveis que tenham sido e continuem a ser a alimentação e o estilo de vida.
2º Os radicais livres – são moléculas dotadas de acção pró-oxidante. Recentes inves-tigações mostram que os radi-cais livres atacam as células, produzindo danos na sua estru-
tura química. O resultado é a degeneração das células, o en-velhecimento precoce e a doen-ça (incluindo o cancro). De onde surgem estes radicais livres?
- do nosso próprio organis-mo, como resultado da activida-de metabólica;
- da contaminação exterior (fumo do tabaco, as drogas em geral, muitos medicamentos, etc.)
Como Atrasar o Envelheci-mento
Nada podemos fazer para controlar o “relógio biológico” das nossas células. No entan-to, existem pelo menos quatro formas eficazes de lutar contra os radicais livres, a outra causa importante de envelhecimento precoce:
1 – Favorecer os processos depurativos: através deles elimi-nam-se os radicais livres forma-
dos pela actividade do próprio organismo ou provenientes de contaminação exterior. Para tal, devemos aumentar a produção de urina consumindo mais água, fruta e hortaliças, bem como fa-vorecer os processos de desin-toxicação hepática através das frutas e das hortaliças.
2 – Evitar a contaminação por substâncias químicas e por dro-gas e, tanto quanto possível, au-mentar o consumo de produtos cultivados biologicamente.
3 – Consumir antioxidantes, que se encontram em abundân-cia na fruta, nas verduras e nas hortaliças frescas.
4 – A actividade física que nos faz suar, promovendo desta forma a saída de radicais livres do organismo através da trans-piração.
Professor Miguel Fonseca
SAÚDE, NUTRIÇÃO, EXERCÍCIO FÍSICO E ENVELHECIMENTO
CULINÁRIABRINDEIRASDOCES DOS SANTOS
Ingredientes:
2 kg de farinha1 kg de açúcar100 g de manteiga50 g de fermento de padeiro1 colher de sopa de bicarbonato 1 fio de azeite1 pitada de sal1 pouco de canela em pó1 pouco de erva doceRaspa de limão q.b.
Preparação:
Derrete-se o fermento de padei-ro e o sal em água morna (pouca). Mistura-se a farinha juntamen-te com os outros ingredientes e amassa-se bem. Se for necessário acrescenta-se um pouco de água. Deixa-se descansar a massa até le-vedar. Tendem-se pequenas bolas de massa que vão a cozer em forno previamente aquecido.
Professora Isabel Neto
Após um ano de intervalo, o grupo de Edu-cação Física irá novamente rea-lizar a Noite Es-tapafúrdia, no dia 15 de Mar-ço de 2008. Os treinos decor-
rem à 5ª feira, das 17:30 às 18:30, nas modalidades de Ginástica Solo, Aparelhos e de Dança.
Este ano, no âmbito do Desporto Escolar estão disponíveis para os alunos as modalidades de Voleibol e de Multiactividades, sob a res-ponsabilidade, respectivamente, da professora Estela Santana e do
professor Tobias Marquês.Está também a funcionar o clube
dos pré-requisitos que tem como objectivo preparar os alunos que pretendam ingressar em cursos ou carreiras em que sejam exigidas provas físicas (Força Aérea, Mari-nha, Exército…). Este clube está sob a responsabilidade do profes-sor João Simões.
Como vem sendo hábito, reali-zou-se no dia 21 de Novembro de 2007 o corta-mato escolar que foi organizado pelos alunos 11º ano do Curso Tecnológico de Desporto, com o apoio do 12º ano do mesmo curso, bem como do Grupo de Edu-cação Física.
NOTÍCIAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA
O grupo de Física e Química tem promovido ao longo dos últimos
anos actividades que envolvem a comunidade educativa local e as ou-
tras escolas da Benedita. O “Clube Arquimedes”, destinado principal-
mente aos jovens do 3º ciclo; os “Laboratórios Abertos”; o Projecto
SmartBoard, em cooperação com as escolas locais do ensino pré-es-
colar, 1º ciclo e 2º ciclo; bem como o projecto “Ciência de Palmo e
Meio”, do programa Ciência Viva, para alunos do 1º ciclo, em colabora-
ção com o Agrupamento de Escolas da Benedita, são alguns dos pro-
jectos que têm continuidade este ano, dinamizados pelos professores
do grupo de Física e Química.
NOTÍCIAS DA FÍSICA E DA QUÍMICA
ARTE E CULTURA20
ANO 3 - Nº 6TOQUE DE SAÍDA
A Noite Estrelada, pintada em 1889, ano
em que o artista esteve internado na clíni-
ca de Saint-Rémy, vítima de depressão, é
uma das obras mais célebres de Vincent
Van Gogh.
Nesta tela, o pintor retrata uma estra-
nha paisagem nocturna. Mas o que estará
por detrás deste quadro? O que esconde-
rão as curvas e abstracções que dão forma
ao céu, que contrastam com os traços rec-
tos e lineares que evidenciam a aldeia num
segundo plano?
Penso que este quadro é uma espécie
de retrato da alma do pintor. Esta compo-
sição mostra um universo sombrio e ator-
mentado que só Van Gogh podia vislum-
brar: o seu próprio mundo interior.
No céu é evidente a magnitude da(quela)
noite, como se fosse diferente de todas as
noites, única, absoluta . Como se o céu se
enchesse de estrelas monumentais que
cintilam, de forma tão extraordinária, que
atravessam a noite com os seus raios de
luz. Como se a lua brilhasse tão intensa-
mente que iluminasse o horizonte e o ven-
to como nunca o tivera feito.
Neste quadro é visível a superioridade
do céu, ao qual o pintor dá excessivo des-
taque, projectando-o para primeiro plano.
É notória também a escolha e distribuição
das cores, como o branco, vários tons de
azul e o amarelo, provocatoriamente pre-
sente em formas ampliadas de astros que
bailam ao sabor do vento. Mais perto do
espectador, uma árvore lança os seus ra-
mos sombrios para o alto, como uma laba-
reda ondulante que contrasta com os tons
da aldeia, ao fundo, quieta e serena, alheia
ao fantasmagórico bailado das estrelas e
da lua.
A Noite Estrelada é um auto-retrato.
Olhando a paisagem, o pintor reviu-se
nela. O tema deste quadro não é uma pai-
sagem nocturna de Saint-Rémy, mas a me-
táfora de uma paisagem interior, da alma
de Van Gogh.
Beatriz Severes Lopes, 11º E
“A NOITE ESTRELADA”
A Noite Estrelada, 1889, Van Gogh
A 22 de Maio de 1907, nasceu em Bru-
xelas o criador de Tintim cuja criação, em
1929, estabeleceu uma forte ligação entre
Hergé, o desenhador, e o jovem repórter
aventureiro, a personagem: «Tintim sou
eu.», disse Hergé.
Tintim é até hoje a mais famosa persona-
gem da banda desenhada europeia.
Já no ano de 1930, Hergé tinha criado as
Aventuras de Quim e Filipe, publicadas em
Portugal, aventuras essas que reflectem a
Bruxelas dos anos 30. Em 1935, desenhou
Joana, João e o macaco Simão, série de fic-
ção científica também editada em Portugal.
As aventuras de Tintim a cores foram edita-
das em Portugal no jornal O Papagaio, em
1936.
Hergé morre aos 76 anos, deixando ex-
presso que ninguém poderia continuar a sua
obra.
A Bélgica comemora o centenário do nas-
cimento de Hergé, assinalando-o com a co-
locação da primeira pedra do futuro Museu
Hergé, em Louvain-la-Neuve, cidade onde o
cartoonista faleceu.
Em Portugal, a Editorial Verbo e o Festival
de Banda Desenhada de Almada assinalam
este centenário com uma exposição em par-
ceria com a Fundação Hergé. E, para 2009,
está planeada uma exposição retrospectiva,
a mesma que o Centro Georges Pompidou
acolheu até ao passado mês de Fevereiro.
Professora Maria de Lurdes Goulão
2007 - Centenário de Hergé
«TINTIN SOU EU»
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