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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
O ENSINO DE ARQUIVOLOGIA NAS UNIVERSIDADES
BRASILEIRAS: HISTÓRIA, CONTEXTO E POSSIBILIDADES
Por: Marcelo Nogueira de Siqueira
Orientadora
Professora Diva Nereida Marques Machado Maranhão
Rio de Janeiro
2007
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
O ENSINO DE ARQUIVOLOGIA NAS UNIVERSIDADES
BRASILEIRAS: HISTÓRIA, CONTEXTO E POSSIBILIDADES
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como requisito parcial para
obtenção do grau de especialista em Docência do
Ensino Superior.
Por: Marcelo Nogueira de Siqueira
3
AGRADECIMENTOS
A conclusão dessa pós-graduação só foi possível graças aos inúmeros
apoios que recebi durante os doze meses de sua duração. Deixo aqui
registrado minha gratidão para com essas pessoas.
Aos meus amigos de trabalho do Arquivo Nacional, em especial a
Ramon Henrique, Rodrigo Queiros, Rodrigo Rangel, Sheila Mueller, Julia
Pontes e Brenda Rocco, que sempre que puderam me ajudaram com
incentivos, apoio e informações valiosas para a elaboração de trabalhos e
desta monografia.
Aos meus amigos da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro,
a UNIRIO, em especial a Tatiane Balbino, que se dispuseram a me repassar
dados que imprescindíveis em minhas pesquisas.
Aos meus antigos professores da graduação, em especial a Professora
Doutora Anna Carla Mariz, Professora Doutora Julia Belesse, Professor Doutor
Franklin Leal e Professor Doutor Luiz Cleber Gak, que hoje são verdadeiros
amigos e colegas de trabalho, pelos incentivos, conselhos e pelo
acompanhamento desta monografia.
Aos professores e amigos do curso de Docência do Ensino Superior da
Universidade Cândido Mendes.
4
Aos meus amigos Thiago Vieira e Paola Bittencourt, pelo
companheirismo e cumplicidade.
A minha mãe por tudo que fez e faz por mim, ao meu pai que me
ensinou a ser um homem de bem, a meus filhos que me enchem de orgulho a
cada dia e a minha mulher Suzana, da qual a minha vida é conseqüência.
6
RESUMO
O presente trabalho tem por objetivo analisar o ensino de Arquivologia
nas universidades brasileiras, contextualizando seu surgimento, historicisando
seu desenvolvimento e avaliando seu momento atual, refletindo sobre o
desenvolvimento da área.
Destaca a crescente demanda mercadológica do profissional arquivista
que se contrapõe a ausência de cursos de graduação em Arquivologia em
inúmeros estados e regiões do Brasil, bem como a falta de professores
arquivistas nestes cursos e da quase inexistência de cursos de pós-graduação
em Arquivologia no país, provocando um empecilho na consolidação da área.
7
METODOLOGIA
A metodologia deste estudo baseou-se na pesquisa bibliográfica
(artigos, textos, livros, etc.) sobre Arquivologia, educação superior, educação a
distância, mercado profissional e concursos públicos em arquivologia,
entrevistas com professores e coordenadores de cursos de arquivologia, de
profissionais arquivistas e de diretores de associações profissionais, de
análises estatísticas de dados coletados junto ao Ministério da Educação,
universidades e associações profissionais.
8
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO --------------------------------- 09
CAPÍTULO I - Breve História dos Arquivos --------------------------------- 12
CAPÍTULO II - Educação Superior no Brasil --------------------------------- 18
CAPÍTULO III – O Ensino de Arquivologia ---------------------------------- 27
CONCLUSÃO ---------------------------------- 33
BIBLIOGRAFIA ---------------------------------- 36
INDICE ---------------------------------- 39
FOLHA DE AVALIAÇÃO ---------------------------------- 40
ANEXO – ATIV. CULTURAIS ----------------------------------- 41
9
INTRODUÇÃO
Este trabalho de conclusão de curso nasceu do inevitável e constante
questionamento de pessoas das minhas mais variadas esferas de
relacionamento sobre a Arquivologia. O que é Arquivologia? O que faz um
arquivista? Existe faculdade de Arquivologia? São necessários quatro anos
para se graduar em Arquivologia? O que se aprende? Existe mercado de
trabalho?
Tais questionamentos, invariavelmente, vinham acompanhados de certa
ironia jocosa. Coube a nós arquivistas a defesa de nossa área apresentando-a
como um campo de conhecimento onde os arquivos e as informações neles
contidos são nossos objetos de estudo e de trabalho.
A Arquivologia, que para muitos é uma ciência, para outros uma técnica
e para os que usam de diplomacia uma disciplina, por ser uma atividade
genuinamente interdisciplinar oferece para quem deseja enveredar-se por ela
uma ampla gama de opções profissionais. Em qualquer atividade é produzido
registros de seu funcionamento, ou seja, qualquer instituição, seja ela pública
ou privada, de grande ou pequeno porte, a produção, o recebimento ou o
acúmulo de documentos é necessário e obrigatório. Empresas, escolas,
hospitais, na administração pública e privada, em qualquer lugar onde seja
10
promovida algum tipo de atividade, os documentos serão produzidos, sejam
eles na forma de recibos, cartas, memorandos, ofícios, fotografias, discos, fitas
de vídeo, películas cinematográficas, documentos eletrônicos ou digitais.
Para a gestão dessa documentação, produzida, recebida ou acumulada,
para sua correta ordenação, respeitando princípios arquivísticos, para o
controle daquilo que deve ser guardado e daquilo que deve ser descartado,
para o auxílio na administração, para tornar acessível informações relevantes
através da descrição e da indexação, para o auxilio no processo de
conservação e reformatação, o profissional arquivista cada vez mais é
necessário nas instituições que almejam uma otimização em sua gestão
informacional ou na disponibilização das informações para o público em geral.
Há exatos trinta anos, ou seja em 1977, o Curso Superior de Arquivos
oferecido pelo Arquivo Nacional passou a ser oferecido pela FEFIERJ, hoje
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, a UNIRIO. Atualmente dez
universidades públicas oferecem o curso de Arquivologia pelo Brasil, contudo
inúmeros estados brasileiros não dispões de destes cursos e a Região Norte
do país não dispõe de nenhum.
Nas últimas décadas o ensino de Arquivologia tem passado por diversas
transformações, resultantes das próprias necessidades do mercado, em busca
de profissionais habilitados a atuar na produção, no uso, na disseminação e no
armazenamento da informação.
11
Esta monografia tem por objetivo analisar o ensino de Arquivologia nas
universidades brasileiras, contextualizando seu surgimento, historicisando seu
desenvolvimento e avaliando seu momento atual, refletindo sobre o
desenvolvimento da área.
Destaca a crescente demanda mercadológica do profissional arquivista
que se contrapõe a ausência de cursos de graduação em Arquivologia em
inúmeros estados e regiões do Brasil, bem como a falta de professores
arquivistas nestes cursos e da quase inexistência de cursos de pós-graduação
em Arquivologia no país, provocando um empecilho na consolidação da área.
12
CAPÍTULO I
BREVE HISTÓRIA DOS ARQUIVOS
Conhecer a história dos arquivos e sua conceituação atual é
imprescindível para que tenhamos uma maior compreensão do tema estudado
e com isso termos uma abordagem crítica acerca da necessidade da formação
profissional qualificada e do surgimento dos cursos de graduação em
Arquivologia no Brasil .
A história dos arquivos no mundo ocidental vem desde o que se
convencionou chamar de antiguidade oriental (3000 a 500 a.C.) quando, entre
os povos sumérios, egípcios, assírios e babilônios, os arquivos estavam
exclusivamente a serviço das autoridades, eram arquivos reais, religiosos,
diplomáticos, onde se achavam leis, tratados, normas e preceitos, tendo sido
encontrados, nas escavações arqueológicas, também documentos privados
como contas, receitas terapêuticas, etc.
Na antiguidade clássica (gregos, de 1500 a.C. a 146 d.C., e romanos, de
753 a.C. a 476 d.C.), os arquivos continuaram a serviço das autoridades, mas
os cidadãos começaram a já poder ter alguma aproximação com seus
registros, ao menos através dos arquivos notariais. O direito romano vai
imprimir grande importância aos arquivos, por causa do peso, na sua
normativa, do ato escrito.
13
Na idade média (476 a 1453), com a vinda dos povos bárbaros para a
Europa ocidental, a decadência da vigência do direito romano e das
autoridades centralizadas, os arquivos circunscrevem-se às autoridades
feudais. No século XII, passa a haver um certo renascimento das provas
documentais escritas, surgindo os títulos e registros como armas jurídicas,
sobretudo relativamente aos direitos sobre as propriedades de terras, dando
origem aos arquivos de autoridades feudais.
Com a criação e evolução dos estados modernos na Europa, na idade
moderna (1453 a 1789), surge à centralização do poder e passam a existir
grandes arquivos reais e também os arquivos notariais organizados. O uso dos
arquivos ainda é totalmente jurídico-administrativo, não havendo a utilização
para a pesquisa histórica. Os países da Europa ocidental, dos quais vai derivar
a arquivística na América, tais como a França, Itália, Espanha, Portugal,
Vaticano, Alemanha, Holanda e outros, nesta época já tem uma organização
arquivística, que inclui legislação própria.
O início da idade contemporânea, em 1789, com a Revolução Francesa,
é uma baliza na história dos arquivos. Isso porque ocorre uma certa abertura
dos arquivos públicos aos cidadãos e se procede à reunião da documentação
oficial dispersa, em Paris, criando-se um arquivo nacional, o primeiro da
história com esse caráter. O uso, no entanto, prosseguia sendo o jurídico-
administrativo, isto é, os documentos servindo somente como instrumentos de
14
informação administrativa e como arsenal de testemunhos das relações
Estado-cidadão.
Na segunda metade do século XIX, surge, nos arquivos, a pesquisa feita
por historiadores, na esteira da “história científica”, da história positivista, cujas
práticas então se iniciavam e nas quais era dado um valor excessivo e único
aos dados contidos nos documentos de arquivo. Durante o século XIX, foram
nascendo os arquivos nacionais, em vários países (inclusive o nacional
brasileiro, nascido Arquivo Público do Império), todos destinados a recolher e
organizar a documentação inativa existente nas diversas dependências
governamentais.
No século XX, pouco a pouco, vai se desenvolvendo, em paralelo, o
aperfeiçoamento dos arquivos administrativos, correntes, ligados à área da
administração pública e privada, e o dos chamados arquivos históricos, ligados
à pesquisa. Somente em 1946, nos Estados Unidos, foi viabilizada uma
aproximação entre o valor primário e o valor secundário dos documentos, isto
é, entre a fase do primeiro uso, o jurídico-administrativo, e a fase do uso pela
pesquisa, dos documentos já inativos do ponto de vista jurídico (BELLOTTO,
2004). Estudou-se nesse país, no interior de uma comissão especial designada
para tratar desta questão, a possibilidade de um fluxo contínuo entre eles.
Surgiu, então, a melhor definição da atuação das duas áreas: de um lado,
records management (gestão de documentos), e de outro, archives
administration (administração de arquivos históricos). Deveria a primeira
15
ocupar-se pontualmente da criação, planificação, controle, organização
(classificação, arquivamento, armazenamento), utilização primária (pela
administração) e destinação (avaliação, eliminação e/ou transferências e
recolhimentos aos arquivos intermediários e/ou históricos); e a segunda, do
arranjo, descrição, difusão e utilização secundária (pela pesquisa) dos
documentos chamados permanentes ou “históricos”. As duas áreas já não
atuariam isoladamente, mas ambas buscando a possibilidade de fluxo.
Institucionalmente isso se tornou possível, primeiramente, nos Estados Unidos
(em sistemática logo adotada por outros países), com a criação formal dos
chamados arquivos intermediários, que se encarregavam de gerir o desejado
fluxo onde parte da documentação aguardava seu prazo de guarda para
posterior eliminação ou recolhimento para permanente guarda.
Alguns conceitos de arquivo:
“Arquivo é o conjunto de documentos que,
independentemente da natureza ou do suporte, são reunidos
por acumulação ao longo das atividades de pessoas físicas ou
jurídicas, públicas ou privadas”.
(Dicionário de Terminologia Arquivística, 1996)
“Arquivo é um sistema (semi-) cerrado de informação
social materializada em qualquer tipo de suporte, configurado
por dois fatores essenciais – a natureza orgânica (estrutura) e
16
a natureza funcional (serviço / uso) – às quais se associa um
terceiro: a memória, imbricada nos anteriores”.
(Silva, 1998)
“1.Designação genérica de um conjunto de documentos
produzidos e recebidos por uma pessoa física ou jurídica,
pública ou privada, caracterizado pela natureza orgânica de
sua acumulação e conservado por essas pessoas ou por seus
sucessores, para fins de prova ou informação. 2.O prédio ou
uma de suas partes, onde são guardados os conjuntos
arquivísticos. 3. Unidade administrativa cuja função é a de
reunir, ordenar, guardar e dispor para o uso, conjuntos de
documentos, segundo os princípios e técnicas arquivísticas”.
(Paes, 1986)
“1. Conjunto de documentos produzidos e acumulados
por uma entidade coletiva, pública ou privada, pessoa ou
família, no desempenho de suas atividades,
independentemente da natureza do suporte. 2. Instituição ou
serviço que tem por finalidade a custódia, o processamento
técnico, a conservação e o acesso a documentos. 3.
Instalações onde funcionam arquivos. 4. Móvel destinado à
guarda de documentos”.
(Dicionário Brasileiro de Terminologia Arquivística, 2006)
17
Segundo Bellotto (2004):
“A natureza dos arquivos é administrativa, é jurídica, é
informacional, é probatória, é orgânica, é serial, é contínua, é
cumulativa. É esta natureza, soma de todas estas
características, que faz do arquivo uma instituição única e
inconfundível”.
18
CAPÍTULO II
EDUCAÇÃO SUPERIOR NO BRASIL
Para uma maior compreensão do ensino de Arquivologia pelas
universidades brasileiras, um maior conhecimento sobre a educação superior
no Brasil torna-se imprescindível.
A educação é direito de todos e dever do Estado e da família, sendo
promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, segundo o Artigo 5º
da Constituição Federal promulgada em 1988. Entre os níveis da educação
formal brasileira está a Educação Superior, ministrada em Instituições de
Ensino Superior, públicas ou privadas.
Entre os níveis da educação formal brasileira está a Educação Superior,
ministrada em Instituições de Ensino Superior, públicas ou privadas.
Segundo Duarte(1986):
“Educação Superior é o grau de
ensino que tem por objetivo a pesquisa, o
desenvolvimento das ciências, letras e artes e
a formação de profissionais de nível
universitário”
19
As diretrizes gerais do sistema educacional brasileiro estabelecidas pela
Constituição Federal de 1988 foi redefinida pela Lei Nº 9.394 de 20 de
dezembro de 1996, que estabelece as Diretrizes e Bases da Educação
Nacional, definindo que a Educação Superior tem por finalidade:
“I - estimular a criação cultural e o
desenvolvimento do espírito científico e do
pensamento reflexivo;
II - formar diplomados nas diferentes
áreas de conhecimento, aptos para a inserção
em setores profissionais e para a participação
no desenvolvimento da sociedade brasileira, e
colaborar na sua formação contínua;
III - incentivar o trabalho de pesquisa e
investigação científica, visando o
desenvolvimento da ciência e da tecnologia e
da criação e difusão da cultura, e, desse
modo, desenvolver o entendimento do homem
e do meio em que vive;
IV - promover a divulgação de
conhecimentos culturais, científicos e técnicos
que constituem patrimônio da humanidade e
comunicar o saber através do ensino, de
20
publicações ou de outras formas de
comunicação;
V - suscitar o desejo permanente de
aperfeiçoamento cultural e profissional e
possibilitar a correspondente concretização,
integrando os conhecimentos que vão sendo
adquiridos numa estrutura intelectual
sistematizadora do conhecimento de cada
geração;
VI - estimular o conhecimento dos
problemas do mundo presente, em particular
os nacionais e regionais, prestar serviços
especializados à comunidade e estabelecer
com esta uma relação de reciprocidade;
VII - promover a extensão, aberta à
participação da população, visando à difusão
das conquistas e benefícios resultantes da
criação cultural e da pesquisa científica e
tecnológica geradas na instituição”.
A composição da Educação Superior é constituída por cursos de
graduação, sendo fundamental, conforme a Constituição de 1988 em seu
Capítulo III, Art. 207, a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão,
21
incluindo-se ainda em educação superior a pós-graduação strictu-sensu e lato-
sensu, os cursos seqüenciais, os cursos tecnológicos e os cursos de extensão.
No Brasil os sistemas de ensino estão organizados em colaboração
entre o sistema federal, estaduais e municipais. Ao sistema federal cabe a
organização e manutenção do ensino superior, garantido qualidade e igualdade
de oportunidades. Ao sistema estadual cabe a gestão do ensino médio e
fundamental, este último sendo de responsabilidade também dos municípios.
Porém, há alguns anos os governos estaduais vêm atuando também na gestão
do ensino superior, como por exemplo no caso do Estado do Rio de Janeiro
que possui a Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ.
Os sistemas de ensino têm sua estruturação dada pela Constituição
Federal de 1988, pela Lei 9.394 de 1996 e por diversos Decretos e outras
regulamentações. A educação superior no Brasil compreende nos dias atuais
um sistema complexo e diversificado de instituições públicas e privadas com
diferentes tipos de cursos e programas, incluindo vários níveis de ensino,
desde a graduação até a pós-graduação lato-sensu e stricto-sensu.
22
O Sistema de Educação Superior está organizado em:
• Universidades
• Universidades Especializadas
• Centros Universitários
• Centros Universitários Especializados
• Faculdades Integradas
• Faculdades
• Instituições Superiores ou Escolas Superiores
• Centros de Educação Tecnológica
23
Entre o sistema de ensino superior encontram-se os cursos de nível
superior, que estão divididos em:
• Cursos seqüenciais que tem como finalidade obtenção ou atualização
de qualificações técnicas, profissionais ou acadêmicas. É dividido em 2
modalidades: curso superior de formação específica e curso superior de
complementação de estudos. Podem ter duração de até dois anos e é
possível, posteriormente, fazer curso de graduação com aproveitamento
dos créditos correspondentes às disciplinas já cursadas.
• Cursos de graduação que podem possuir diferentes habilitações de um
mesmo curso e devem, necessariamente, compartilhar um núcleo
comum de disciplinas e atividades. A maioria com quatro anos de
duração, havendo, porém, cursos de formação tecnológica, com dois ou
três anos de duração, e cursos com cinco ou seis anos, como os de
engenharia e de medicina.
24
• Curso Superior de Formação Específica: com formação de estudantes
em qualificações técnicas, profissionais ou acadêmicas, que confere um
diploma aos concluintes. É constituído por um conjunto de disciplinas e
atividades organizadas, com carga horária e duração mínimas de 1.600
horas e 400 dias letivos, respectivamente.
• Curso Superior de Complementação de Estudos: com formação de
estudantes em qualificações técnicas, profissionais ou acadêmicas, com
destinação coletiva ou individual,é vinculado a curso de graduação
existente na IES e confere certificado. É constituído por um conjunto de
disciplinas e atividades com finalidade educacional definida pela
instituição.
• Concluída a graduação, há uma série de opções para a pós-graduação:
� Pós-graduação lato sensu (cursos de especialização e MBA ou
equivalentes)
� Programas de pós-graduação stricto sensu, compreendendo o
Mestrado (Acadêmico e Profissional) e o Doutorado.
Os cursos de nível superior possuem ainda diferentes tipos de
diplomação, sendo:
25
• Graduação: conferem diploma com o grau de Bacharel (ex.: Bacharel
em Física), Licenciado (ex.: Licenciado em Letras), Tecnólogo (ex.:
Tecnólogo em Hotelaria) ou título específico referente à profissão (ex:
Médico).
• O Bacharelado ou o título específico referente à profissão habilita ao
exercício de uma profissão de nível superior.
• A Licenciatura habilita para o magistério no ensino fundamental e
médio.
A obtenção dos diplomas de Bacharel e de Licenciado conjuntamente é
possível caso seja cumprido os currículos específicos de cada uma destas
modalidades. Além das disciplinas de conteúdo da área de formação, a
licenciatura requer também disciplinas pedagógicas e 300 horas de prática de
ensino.
Todos os tipos de cursos e habilitações do ensino superior seguem
regras determinadas pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional,
conforme seu artigo 47, sendo:
Art. 47. Na educação superior, o ano
letivo regular, independente do ano civil, tem,
no mínimo, duzentos dias de trabalho
acadêmico efetivo, excluído o tempo
reservado aos exames finais, quando houver.
26
§ 1º As instituições informarão
aos interessados, antes de cada período
letivo, os programas dos cursos e demais
componentes curriculares, sua duração,
requisitos, qualificação dos professores,
recursos disponíveis e critérios de avaliação,
obrigando-se a cumprir as respectivas
condições.
§ 2º Os alunos que tenham
extraordinário aproveitamento nos estudos,
demonstrado por meio de provas e outros
instrumentos de avaliação específicos,
aplicados por banca examinadora especial,
poderão ter abreviada a duração dos seus
cursos, de acordo com as normas dos
sistemas de ensino.
§ 3º É obrigatória a freqüência
de alunos e professores, salvo nos programas
de educação a distância.
§ 4º As instituições de educação
superior oferecerão, no período noturno,
cursos de graduação nos mesmos padrões de
qualidade mantidos no período diurno, sendo
obrigatória a oferta noturna nas instituições
públicas, garantida a necessária previsão
orçamentária.
27
CAPÍTULO III
O ENSINO DE ARQUIVOLOGIA NO BRASIL
A formação dos profissionais de arquivo no Brasil começou a funcionar
de maneira regular a partir de 1958, com o Curso Permanente de Arquivos do
Arquivo Nacional, na direção de José Honório Rodrigues.
O Conselho Federal de Educação, em 1972, autorizou a criação de
cursos de graduação em Arquivologia, concedendo às universidades brasileiras
o poder de organizar programas de graduação em Arquivologia.
A formação de arquivistas no Brasil recebeu mandato universitário
quando o Curso Permanente de Arquivos do Arquivo Nacional, estabelecido a
partir de 1960, passa a ser reconhecido pela Universidade Federal do Rio de
Janeiro (UFRJ) em 1973. No ano seguinte o currículo mínimo do curso de
graduação em Arquivologia é aprovado. Este currículo deveria ser
obrigatoriamente cumprido nos cursos de Arquivologia e foi constituído de doze
matérias que deveriam ser desdobradas em disciplinas nos cursos plenos. São
elas:
Ü Introdução ao Direito
28
Ü Introdução ao Estudo de História
Ü Noções de Contabilidade
Ü Noções de Estatística
Ü Arquivo I, II, III e IV
Ü Documentação
Ü Introdução à Administração
Ü Paleografia e Diplomática
Ü Introdução à Comunicação
Ü Notariado
Ü História Administrativa, Econômica e Social do Brasil
Ü Língua Estrangeira Moderna
O Conselho Federal de Educação, nessa mesma resolução, fixou um
mínimo de 2.160 horas-aula, distribuídas entre três e cinco anos, aí incluído o
estágio supervisionado em instituições especializadas com 10% do total das
horas previstas. Além da habilitação geral, possibilitava-se criar habilitações
específicas, como Arquivos Históricos, Arquivos Empresariais, Arquivos
Escolares, Arquivos Científicos, etc.
A partir do ano de 1977 o Curso Permanente de Arquivos passa então a
integrar a FEFIERJ – Federação das Escolas Federais Isoladas do Rio de
Janeiro, antiga FEFIEG – Federação das Escolas Federais Isoladas do Estado
da Guanabara. Pela Lei 6.655 de 5 de junho de 1979 a FEFIERJ é
29
transformada em UNIRIO – Universidade do Rio de Janeiro, hoje Universidade
Federal do Estado do Rio de Janeiro.
No mesmo ano de 1977 é criado o curso de Arquivologia na
Universidade Federal de Santa Maria – UFSM. Em seguida na Universidade
Federal Fluminense – UFF, em 1979. E o quarto curso em 1991, na
Universidade de Brasília – UnB.
Atualmente são dez cursos de Arquivologia no país, nas seguintes
universidades
Ü UNIRIO – Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro
Ü UFSM – Universidade Federal de Santa Maria
Ü UFF – Universidade Federal Fluminense
Ü UnB – Universidade de Brasília
Ü UEL – Universidade Estadual de Londrina
Ü UFBA – Universidade Federal da Bahia
Ü UFES – Universidade Federal do Espírito Santo
Ü UFRGS – Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Ü UNESP – Universidade Estadual de São Paulo
Ü UEPB – Universidade Estadual da Paraíba
Os dez cursos oferecem, aproximadamente 500 vagas por ano. A forma
de admissão é o vestibular, mas a UNIRIO já oferece há alguns anos a opção
30
de ingresso pelo ENEM – Exame Nacional do Ensino Médio. A duração dos
cursos é de quatro anos e é exigida a entrega de trabalho de conclusão de
curso em todos as universidades.
Os cursos somam aproximadamente 1600 alunos regularmente
matriculados e por ano são formados cerca de 300 novos arquivistas. A maioria
dos cursos de graduação em Arquivologia está ligado a departamentos de
Biblioteconomia, ou de Ciência da Informação. O único curso independente de
áreas afins é o da UNIRIO.
Dois cursos estão no Rio de Janeiro (UNIRIO e UFF), dois no Rio
Grande do Sul (UFSM e UFRGS), um no Paraná (UEL), um em São Paulo
(UNESP), um no Espírito Santo (UFES), um na Bahia (UFBA), um no Distrito
Federal (UnB) e um na Paraíba (UEPB). Ou seja, quatro cursos na Região
Sudeste, três na Região Sul, dois na Região Nordeste e um na Região Centro-
Oeste, não havendo nenhum curso na Região Norte do país.
Também não existem programas de pós-graduação sricto-sensu em
Arquivologia. Os cursos de especialização em arquivos são poucos, com
destaque para o da Universidade de São Paulo e o da Universidade Federal
Fluminense que matem uma parceira em forma de convênio com o Arquivo
Nacional.
31
O Brasil, que possui 5 regiões, 27 estados e 5.561 municípios têm
apenas dez cursos de graduação em Arquivologia, três especializações e
nenhum mestrado ou doutorado. A ausência de cursos leva à falta de
profissionais, tanto para o mercado quanto para a área acadêmica, e
conseqüentemente a ausência de profissionais se reflete na formação do corpo
docente dos poucos cursos existentes, onde grande parte dos professores são
graduados em História e Biblioteconomia, e na estruturação de um corpo
docente para abertura de novos cursos.
A ausência de profissionais com perfil e habilidades para desenvolver
carreira acadêmica é resultado também da ausência de incentivo por parte do
governo, tanto político quanto econômico. Tal fator tem como conseqüência
direta à falta de docentes para implantação de curso superior em Arquivologia
em qualquer modalidade, presencial ou à distância.
A necessidade de implantação de cursos de graduação em Arquivologia
é urgente. À medida que aumenta a complexidade de organização do Estado e
que se desenvolvem órgãos públicos e privados, com o objetivo de suprir as
necessidades sociais, torna-se maior a carência de programas de educação a
distância que contemplem o ensino superior de Arquivologia.
A educação à distância pode ser encarada como uma solução imediata
para um problema que exige soluções a curto e médio prazo na área da
Arquivologia. A implantação de cursos de graduação a distância na área pode
32
suprir as necessidades de mercado em regiões do país como Norte não possui
nenhum curso de graduação e onde as dificuldades de implantação de cursos
presenciais são ainda maiores do que em outras regiões do país.
Principalmente pela ausência de profissionais com formação básica em
Arquivologia para integrar o corpo docente, conforme citado anteriormente.
As perspectivas da graduação em Arquivologia à distância é uma
iniciativa que deve ser encarada não apenas como forma de atender as
necessidades do mercado, mas também para que se possa estimular a
produção científica e a formação de professores para que futuramente se tenha
condições estruturais de implantação de cursos de graduação presenciais de
Arquivologia em regiões mais afastadas do centro do país.
33
CONCLUSÃO
Observamos que nos trinta anos que separam a criação do primeiro
curso de arquivologia no Brasil com o momento atual, que o desenvolvimento
da área continua lenta.
O Brasil possui mais de 5000 municípios, todos têm ou deveriam ter
arquivos municipais. Se estes arquivos fossem geridos, ou se pelo menos
tivessem um arquivista em seus quadros funcionais, faltariam arquivistas no
país. Esta situação reflete o quadro em que se encontra a Arquivologia, pois ao
mesmo tempo em que existe uma grande demanda ao profissional arquivista,
há uma grande carência na formação do mesmo.
Em muitas universidades que oferecem o curso de Arquivologia, não há
entre docentes graduados em Arquivologia. Chega-se ao cúmulo de existir
mais professores graduados em outras áreas, como História e Biblioteconomia
do que os graduados em Arquivologia, isso se somarmos todos os docentes
que estão ligados ao cursos de Arquivologia no Brasil.
Existem várias razões para tal fato. Primeiro porque o curso de
Arquivologia é relativamente recente em comparação com os de História e os
de Biblioteconomia. Segundo porque existem muito mais cursos nessas áreas
do que os de Arquivologia. Terceiro porque o mercado de trabalho absorve
34
mais rapidamente o profissional recém formado o que impede, ou inibe, que
este profissional faça mestrado e doutorado e se dedique à vida acadêmica.
Como existem poucas universidades que oferecem o curso em
Arquivologia, logo existem poucas vagas nas universidades para docentes, o
que não acontece fora das universidades. Cada vez mais empresas e
instituições necessitam do profissional arquivista o que se reflete na criação
crescente de associações profissionais por todo o país, de congressos e
encontros em nível nacional e no considerável aumento no número de
concursos públicos, acarretando aumentos salariais e valorização profissional.
A ausência de cursos de pós-graduação é um empecilho para a
formação de arquivistas voltados para a academia, assim como o pequeno
número de universidades que oferecem a graduação impede um aumento do
número de arquivistas e futuros professores.
Na verdade existe um verdadeiro circulo vicioso nesse quadro. Como
não há um número maior de cursos de graduação da área, não há um grande
crescimento de profissionais arquivistas. Com um número reduzido de
profissionais o mercado rapidamente os absorve, inibindo uma continuação em
estudos acadêmicos o que viria a propiciar mestres e doutores arquivistas, que
são necessários para a abertura de novos cursos de graduação e primordiais
para a criação de programas de pós-graduação na área.
35
Ultimamente, com a valorização profissional do arquivista pelo mercado,
tem havido um aumento crescente na procura pelo curso de arquivologia,
assim como da busca de jovens formados por cursos de mestrado e doutorado.
Talvez seja aí a solução para esse dilema. Com a valorização do profissional, e
a conseqüente melhoria salarial, um novo perfil de estudantes oriundos do
ensino médio têm buscado o curso de Arquivologia. Este novo perfil poderá,
caso haja incentivo das universidades, estabelecer novos desafios e promover
uma revolução na área.
Somente com um maior número de cursos de graduação, com a
instalação de uma política de educação à distância em Arquivologia, com o
surgimento de mais cursos de pós-graduação e com a formação de
professores de Arquivologia que sejam arquivistas , é que, definitivamente
haverá uma amplo e contínuo processo de crescimento da área, promovendo
uma melhor gestão documental no Brasil.
36
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
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panorâmica da educação a Distância no Brasil. Tecnologia Educacional:
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39
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 5
RESUMO 6
METODOLOGIA 7
SUMÁRIO 8
INTRODUÇÃO 9
CAPÍTULO I – Breve História dos Arquivos 12
CAPITULO II – Educação Superior no Brasil 18
CAPITULO III – O Ensino de Arquivologia no Brasil 27
CONCLUSÃO 33
BIBLIOGRAFIA 36
ÍNDICE 39
FOLHA DE AVALIAÇÃO 40
ANEXO I – ATIVIDADE CULTURAIS 41
40
FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome da Instituição:
Título da Monografia:
Autor:
Data da entrega:
Avaliado por: Conceito:
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